fundinho cultural 26 parte 2

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8 A QUESTÃO DA LINGUAGEM NA POE- SIA DE ARICY CURVELLO 9 Guido Bilharinho De Barravento (1961) à Idade da Terra (1980), Gláuber Rocha construiu filmografia autoral, nunca desviando-se desse objetivo para tentar conquistar plateias e aufe- rir rendimentos. A circunstância de sua obra conter filmes desiguais não empana nem afeta a diretiva artística, sendo fato ocorrente com a maioria dos autores, senão com to- dos. O importante, no caso, é, além da qualidade de seus melhores filmes, o propósi- to que perseguiu, que nem o exílio nem as dificuldades de produção abateram, não obstante o tenham prejudicado. Na Espanha, Gláuber realizou Cabeças Cortadas (Cabezas Cortadas), em 1971. Todavia, não é filme, tematicamente, de linhagem diversa da que vinha pratican- do no Brasil. Suas apreensões e perplexidades (estas até agravadas) continuaram as mesmas na contextualização de suas diretrizes básicas, a saga nordestina (Deus e o Diabo na Terra do Sol, 1964; O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, 1969) e o destino nacional (Terra em Transe, 1967). Cabeças Cortadas insere-se nessa última direção ao focalizar o país de Eldorado, sem, contudo, restringir-se aos limites lógico-convencionais da narrativa. Antes que subvertê-la, a constrói como paráfrase da realidade, incidindo no registro mitológi- co de alusões e projeções superadoras de suas demarcações e imposições. Não se satisfaz e menos ainda se contenta e se confina aos lindes materiais. Extrapola-os surrealisticamente, estabelecendo situações apenas alusivas ou ale- góricas. As sequências não se encandeiam num inventário lógico cronológico, mas, refe- rencial, exigindo leitura decodificadora. Se algumas cenas parecem gratuitas ou arbitrárias, apenas fruto de delírio ima- ginativo (os atos da personagem com a ceifa, por exemplo), que ao invés de signi- ficar a morte, inicialmente pratica milagres, sua simbologia remete a crenças mile- nares, oriundas das civilizações da antiguidade, herdadas pelo Ocidente, que as assimila, incorporando-as a seu arcabouço mental, idealizando-as. Nesse passo, como na estrutura do filme, Gláuber parafraseia certas inquieta- ções de Buñuel, externalizadas desde L´Age d´Or (Idem, França, 1930) e encontrá- veis, entre outros filmes, em O Discreto Charme da Burguesia (Le Charme Discret de la Bourgeoisie, França / Espanha/Italia, 1972). Do primeiro, aufere a concepção e prática surrealista e, antes deste último, mas quase simultaneamente, manifesta a preocupação (ou angústia) temática, cons- truindo uma mitopolítica sul-americana de inexcedível beleza composicional e agu- da crítica sócio-econômica, numa sublimação da cotidianidade e do prosaísmo do real, bipartindo-se em realidade visualizada esbatida na paisagem agreste e dura da Espanha (o filme, suas personagens, décors, locações, paisagens, relaciona- mentos, diálogos e ações das personagens) e na construção alusiva (e conteúdo das imagens, dos diálogos e dos atos dos figurantes). As tomadas e cenas compõem planos, cujo enquadramento, posição dos atores, dos objetos e construções obedecem à consciente organização pictórico-arquitetu- ral, instrumentalizada a câmera não apenas como captadora de imagens, mas cria- dora de refinamento plástico-visual e veiculadora de concepções e formulações in- telectuais. As personagens e seus gestos, os objetos e suas posições, as paisagens e eventuais edificações não se distribuem nem se postam nos quadros fílmicos alea- toriamente, mas, obedientes a planejamento orientado para atingir perfeição ima- gética. O objetivo não é contar a (ou uma) estória, mas, refletir e produzir beleza sígnica em cima do (ou sobre o) tema. (do livro Seis Cineastas Brasileiros, editado pelo Instituto Triangulino de Cultura em 2012-www.institutotriangulino.wordpress.com) Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba e editor da revista inter- nacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000, sendo ainda autor de livros de literatura, cinema e história regional e nacional. CABEÇAS CORTADAS Alusões e Referências Cinema OSCAR VIRGÍLIO PEREIRA, eminen- te presença em Uberlândia. Advoga- do, memorialista, pesquisador, um guardador de memórias, um curador de histórias e o seu trabalho de real- ce em prol da cidade. O merecido destaque para o trabalho desenvol- vido por este mestre, autor do Best seller: “DAS SESMARIAS AO POLO URBANO: Formação e transformação de uma cidade”. . Uberlândia é uma referência feliz de cidade em seu destino? É minha terra natal, onde sempre vivi, me casei, criei família, trabalhei, me realizei profissionalmente. Minha vida é Uberlân- dia. . E o guardador de memórias, quando surgiu esta vocação? È um costume que aprendi com meus pais, que tinham o gosto de conservar bole- tins, jornais, convites, retratos, tudo en- fim que fosse belo, querido ou importan- te. As reflexões que as pessoas fazem sobre os fatos da vida têm muito a ver com os registros que conservam. . O seu espaço de pesquisa e acervo no bairro Tabajaras abriga quantos volumes em sua biblioteca e quais são os outros direcionamentos? A biblioteca que venho compondo ao longo da vida é útil para elaboração de estudos técnicos e jurídicos, con- tendo também assuntos diversos. São pouco mais de 6.000 volumes. . O senhor habitou o Fundinho por quanto tempo e quais as suas anotações do lu- gar? Residi na Rua Bernardo Guimarães, por cerca de 15 anos. Ali conheci pessoas admiráveis. Naquela região minha fa- mília adquiriu várias amizades, que conservamos com muita honra. . O seu livro, um best seller, um tratado histórico importante que se tornou um grande sucesso, terá continuidade em novas edições? O livro “Das Sesmarias ao Polo Urbano” é destinado a facilitar trabalhos de pes- quisa sobre a dinâmica de formação de cidades como a nossa e os impactos que são vividos por seus habitantes. O ponto que pretendi desta- car foi o comportamento da cidade nos seus momentos decisivos, inclusive quan- do submetida a um processo acelerado de concentração urbana. Penso em es- crever sobre outros temas, lembrando lances de trabalho, idealismo e fraterni- dade que são muito importantes. Existe um momento específico que o senhor tenha considerado vital para a afirmação da cidade diante do país? Uma característica da formação de Uber- lândia tem sido um elevado espírito co- munitário aliado a uma aspiração geral de progresso. Sem aquela ingenuidade dos índios perante os espelhinhos mostrados pelo branco, o povo de Uberlândia, natu- rais e adotivos, aprendeu a exigir que todos os comportamentos e ações re- sultem no benefício geral . Esta cultura de cobrança participativa consegue manter a predominância de trazedores e fazedores sobre simples buscadores e des- frutadores. Continuando as- sim, cada um fa- zendo o pouco ou muito que puder para a tribo, res- peitando sempre o que já tiver sido feito, a cidade pro- gredirá, superando com força o inevi- tável assédio de mediocridades. A cidade de Uber- lândia, sejam quais forem seus destinos políticos, já evidenciou pre- ocupações cultu- rais ou artísticas? Cultura e arte sem- pre correram ris- co de serem engo- lidas pelo execrá- vel binômio do” pão e circo”. A meu ver, cultura e arte , quando autênticas, pres- supõem criativi- dade e esta não exige sem liberda- de inteira para se pensar e criar. Os artistas rupes- tres, corpos estra- nhos entre guer- reiros e caçadores, para criar tiveram que fazê-lo dentro de cavernas, com certeza sem agrados e sem patrocínios. E, certamente, burlando a censura daqueles tempos, já distantes, mas volta e meia revivi- dos. Quanto a preocupações relativas à arte e à cultura, considero, sim, que elas existem em Uberlândia. Através dos anos a cidade tem cons- truído espaços e atividades para abri- gar o pensamento e a arte. Recente- mente, o nosso povo construiu o mag- nífico projeto de Niemeyer, o Teatro Municipal , que se integrou ao conjun- to de realizações que vem sendo fei- tas, com sacrifício, a duras penas, des- de os tempos de Felisberto Alves Carrejo. Certamente a tal obra serão acresci- dos outros aperfeiçoamentos, para se começar logo uma segunda etapa, que há de ser o estímulo à livre e sadia cri- atividade, tanto de rupestres quanto de cibernéticos. . O passado, o presente ou o futuro? Um tópico para seu legado reflexivo. Todas as etapas da vida, todos os tem- pos, tudo será bom enquanto o ser hu- mano se sentir superior às adversida- des e puder superá-las. E tudo há de ser ótimo quando a Humanidade unida encontrar caminhos para não ser a principal criadora de antagonismos. . Um livro que todo mundo deveria ler. A Cidadela, de A. J. Cronin (depois de “Das Sesmarias ao Polo Urbano”). . Uma música que marcou sua trajetó- ria e ainda permanece. A Marselhesa . Uma personalidade local que gravou seu nome na história Augusto Cezar Ferreira e Souza Perfil Oscar Virgílio Pereira, um guardador de memórias

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Jornal Fundinho Cultural parte 2 - Abril 2013 LEIA, COLABORE, DIVULGUE

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Page 1: Fundinho Cultural 26  parte 2

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A QUESTÃO DA LINGUAGEMNA POE-SIA DEARICY

CURVELLO

9

Guido Bilharinho

De Barravento (1961) à Idade da Terra (1980), Gláuber Rocha construiu filmografiaautoral, nunca desviando-se desse objetivo para tentar conquistar plateias e aufe-rir rendimentos.

A circunstância de sua obra conter filmes desiguais não empana nem afeta adiretiva artística, sendo fato ocorrente com a maioria dos autores, senão com to-dos.

O importante, no caso, é, além da qualidade de seus melhores filmes, o propósi-to que perseguiu, que nem o exílio nem as dificuldades de produção abateram, nãoobstante o tenham prejudicado.

Na Espanha, Gláuber realizou Cabeças Cortadas (Cabezas Cortadas), em 1971.Todavia, não é filme, tematicamente, de linhagem diversa da que vinha pratican-

do no Brasil. Suas apreensões e perplexidades (estas até agravadas) continuaramas mesmas na contextualização de suas diretrizes básicas, a saga nordestina (Deus

e o Diabo na Terra do Sol, 1964; O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, 1969)e o destino nacional (Terra em Transe, 1967).

Cabeças Cortadas insere-se nessa última direção ao focalizar o país de Eldorado,sem, contudo, restringir-se aos limites lógico-convencionais da narrativa. Antes quesubvertê-la, a constrói como paráfrase da realidade, incidindo no registro mitológi-co de alusões e projeções superadoras de suas demarcações e imposições.

Não se satisfaz e menos ainda se contenta e se confina aos lindes materiais.Extrapola-os surrealisticamente, estabelecendo situações apenas alusivas ou ale-góricas.

As sequências não se encandeiam num inventário lógico cronológico, mas, refe-rencial, exigindo leitura decodificadora.

Se algumas cenas parecem gratuitas ou arbitrárias, apenas fruto de delírio ima-ginativo (os atos da personagem com a ceifa, por exemplo), que ao invés de signi-ficar a morte, inicialmente pratica milagres, sua simbologia remete a crenças mile-nares, oriundas das civilizações da antiguidade, herdadas pelo Ocidente, que asassimila, incorporando-as a seu arcabouço mental, idealizando-as.

Nesse passo, como na estrutura do filme, Gláuber parafraseia certas inquieta-ções de Buñuel, externalizadas desde L´Age d´Or (Idem, França, 1930) e encontrá-veis, entre outros filmes, em O Discreto Charme da Burguesia (Le Charme Discret dela Bourgeoisie, França / Espanha/Italia, 1972).

Do primeiro, aufere a concepção e prática surrealista e, antes deste último, masquase simultaneamente, manifesta a preocupação (ou angústia) temática, cons-truindo uma mitopolítica sul-americana de inexcedível beleza composicional e agu-da crítica sócio-econômica, numa sublimação da cotidianidade e do prosaísmo doreal, bipartindo-se em realidade visualizada esbatida na paisagem agreste e durada Espanha (o filme, suas personagens, décors, locações, paisagens, relaciona-mentos, diálogos e ações das personagens) e na construção alusiva (e conteúdodas imagens, dos diálogos e dos atos dos figurantes).

As tomadas e cenas compõem planos, cujo enquadramento, posição dos atores,dos objetos e construções obedecem à consciente organização pictórico-arquitetu-ral, instrumentalizada a câmera não apenas como captadora de imagens, mas cria-dora de refinamento plástico-visual e veiculadora de concepções e formulações in-telectuais.

As personagens e seus gestos, os objetos e suas posições, as paisagens eeventuais edificações não se distribuem nem se postam nos quadros fílmicos alea-toriamente, mas, obedientes a planejamento orientado para atingir perfeição ima-gética.

O objetivo não é contar a (ou uma) estória, mas, refletir e produzir beleza sígnicaem cima do (ou sobre o) tema.

(do livro Seis Cineastas Brasileiros, editado pelo Instituto Triangulino de Culturaem 2012-www.institutotriangulino.wordpress.com)

Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba e editor da revista inter-

nacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000, sendo ainda autor de livros de

literatura, cinema e história regional e nacional.

CABEÇAS CORTADASAlusões e ReferênciasCinema

OSCAR VIRGÍLIO PEREIRA, eminen-

te presença em Uberlândia. Advoga-

do, memorialista, pesquisador, um

guardador de memórias, um curador

de histórias e o seu trabalho de real-

ce em prol da cidade. O merecido

destaque para o trabalho desenvol-

vido por este mestre, autor do Best

seller: “DAS SESMARIAS AO POLO

URBANO: Formação e transformação

de uma

cidade”.

. Uberlândia é uma referência feliz de

cidade em seu destino?

É minha terra natal, onde sempre vivi, mecasei, criei família, trabalhei, me realizeiprofissionalmente. Minha vida é Uberlân-dia.

. E o guardador de memórias, quando

surgiu esta vocação?

È um costume que aprendi com meus pais,que tinham o gosto de conservar bole-tins, jornais, convites, retratos, tudo en-fim que fosse belo, querido ou importan-te. As reflexões que as pessoas fazemsobre os fatos da vida têm muito a vercom os registros que conservam.

. O seu espaço de pesquisa e acervo

no bairro Tabajaras abriga quantos

volumes em sua biblioteca e quais

são os outros direcionamentos?

A biblioteca que venho compondo aolongo da vida é útil para elaboração

de estudos técnicos e jurídicos, con-tendo também assuntos diversos.São pouco mais de 6.000 volumes.

. O senhor habitou o Fundinho por quanto

tempo e quais as suas anotações do lu-

gar?

Residi na Rua Bernardo Guimarães, porcerca de 15 anos. Ali conheci pessoasadmiráveis. Naquela região minha fa-mília adquiriu várias amizades, queconservamos com muita honra.

. O seu livro, um best seller, um tratado

histórico importante que se tornou um

grande sucesso, terá continuidade em

novas edições?

O livro “Das Sesmarias ao Polo Urbano” édestinado a facilitar trabalhos de pes-quisa sobre a dinâmica de formação decidades como a nossa eos impactos que são vividos por seushabitantes. O ponto que pretendi desta-car foi o comportamento da cidade nosseus momentos decisivos, inclusive quan-do submetida a um processo aceleradode concentração urbana. Penso em es-crever sobre outros temas, lembrandolances de trabalho, idealismo e fraterni-dade que são muito importantes.

Existe um momento específico que o

senhor tenha considerado vital para a

afirmação da cidade diante do país?

Uma característica da formação de Uber-lândia tem sido um elevado espírito co-munitário aliado a uma aspiração geral deprogresso. Sem aquela ingenuidade dosíndios perante os espelhinhos mostradospelo branco, o povo de Uberlândia, natu-rais e adotivos, aprendeu a exigir quetodos os comportamentos e ações re-sultem no benefício geral .Esta cultura de cobrança participativaconsegue manter a predominância detrazedores e fazedores sobre simples

buscadores e des-frutadores.Cont inuando as-sim, cada um fa-zendo o pouco oumuito que puderpara a tribo, res-peitando sempre oque já t iver s idofeito, a cidade pro-gredirá, superandocom força o inevi-tável assédio demediocridades.

A cidade de Uber-

lândia, sejam

quais forem seus

destinos políticos,

já evidenciou pre-

ocupações cultu-

rais ou artísticas?

Cultura e arte sem-pre correram ris-co de serem engo-lidas pelo execrá-velbinômio do” pão ecirco”.A meu ver, culturae arte , quandoautênticas, pres-supõem criativi-dade e esta nãoexige sem liberda-de inteira para sepensar e criar.Os artistas rupes-tres, corpos estra-nhos entre guer-reiros e caçadores,para criar tiveram que fazê-lo dentrode cavernas, com certeza sem agradose sem patrocínios. E, certamente,burlando a censura daqueles tempos,já distantes, mas volta e meia revivi-dos.Quanto a preocupações relativas àarte e à cultura, considero, sim, queelas existem em Uberlândia. Através dos anos a cidade tem cons-truído espaços e atividades para abri-gar o pensamento e a arte. Recente-mente, o nosso povo construiu o mag-nífico projeto de Niemeyer, o TeatroMunicipal , que se integrou ao conjun-to de realizações que vem sendo fei-tas, com sacrifício, a duras penas, des-de os tempos de Felisberto AlvesCarrejo.Certamente a tal obra serão acresci-dos outros aperfeiçoamentos, para secomeçar logo uma segunda etapa, quehá de ser o estímulo à livre e sadia cri-atividade, tanto de rupestres quantode cibernéticos.

. O passado, o presente ou o futuro? Um

tópico para seu legado reflexivo.

Todas as etapas da vida, todos os tem-pos, tudo será bom enquanto o ser hu-mano se sentir superior às adversida-des e puder superá-las. E tudo há de serótimo quando a Humanidade unidaencontrar caminhos para não ser aprincipal criadora de antagonismos.

. Um livro que todo mundo deveria ler.

A Cidadela, de A. J. Cronin (depois de“Das Sesmarias ao Polo Urbano”).

. Uma música que marcou sua trajetó-

ria e ainda permanece.

A Marselhesa

. Uma personalidade local que gravou

seu nome na história

Augusto Cezar Ferreira e Souza

Perfil

Oscar Virgílio Pereira, um guardador de memórias

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Crônica

Assim como os nordestinos, nós aqui do“sul maravilha” também sempre nos em-balamos em algum tipo de rede. Das teci-das em grossas linhas, onde nos balançá-vamos até cansar na infância e depois,adultos, ao contrário, nos deitamos só pradescansar, às redes da vizinhança dos anos70 - 80, onde tecíamos e trocávamos todotipo de ajuda e informação. Na rede davizinhança da casa dos pais ou mais ain-da, dos nossos avós, eram comuns as no-vidades no cardápio, turbinadas pelas tro-cas entre as vizinhas: a xicrinha de açú-car emprestada, podia voltar num prati-nho com um pedaço de bolo de milho, ocopo (quase sempre o “americano”) deóleo, podia voltar em dois ou três pastéisquentinhos, os ovos voltavam em versõesde quitutes doces ou salgados.

Mas havia também a famigerada redede informação. Os boatos, fofocas, intri-gas, tudo se amarrando perfeitamentenessa rede da vizinhança, que tinha tam-bém os “momentos SOS”.

A vizinha que ouvisse gritos vindos darua largava tudo e corria pra acudir, fos-se briga de menino, queda de bicicleta,ou picada de marimbondo. Nessas horastodos se uniam e até alguns heróis se re-velavam. Se o filho de uma quebrava obraço jogando bola no campinho, o mari-do da outra que estivesse em casa já co-locava todos no carro - o menino aos ber-ros e a mãe desesperada - e levava prohospital. Tempos de pouca tecnologia emuita sinergia. Redes de sobrevivência seteciam, com os filhos sendo criados juntospelos quintais quase coletivos, pelas ruas,pelo democrático campinho de futebol dapraça (sim, eles existiam nos bairros).

Aprendíamos com os mais velhos a re-petir os gestos de solidariedade, de parti-lha e de fazer fofocas – rotuladas de “con-versa de adultos”. Essas deliciosas infor-mações secretas sobre a vida alheia –fosse artista famoso ou alguém da rua quesimplesmente estivesse ausente - muitasvezes se davam porque ninguém tinhaventilador em casa e era comum coloca-rem cadeiras na calçada para tomar uma“fresca” após o jantar, que era sempre às19 horas. Encontro de vizinhas era sinalde notícias frescas. Como as cadeiras eramsó para os adultos, eu me esparramavana calçada de cimento – que permaneciamorna nas noites de verão.

Hoje as nossas redes sociais - sejamelas da vizinhança, da escola, do trabalho,do clube, igreja ou outras, seguem bemmenos ativas. Mas não podemos nos quei-xar, afinal, vivemos intensamente nasredes virtuais.

Intercalamos o trabalho e os cuidadoscom a casa e a família, com as novidadesque brotam a cada segundo no Face, Ins-tagram, Twitter e similares. O barulhinhoda chegada de um post novo é o chama-riz. A gente interrompe a frase no telefonepara prestar atenção na foto, na conver-sa, no vídeo, que chegam sem parar. Equando o movimento diminui, a gente senteaté um tédio.

Alguns fazem do Twitter ou do Facebookum confessionário. A sensação de estarteclando sozinho – apenas a sensação, poisse está conectado com o mundo todo, fazcom que muitos se declarem, se enamo-rem, ou demonstrem a maior dor de coto-velo. E a gente também acompanha bri-

No embalo da redegas com chefes, com as amigas, com aoperadora de celular. Tudo o que se passana vida real vira argumento pra gente seentregar virtualmente.

Tem aqueles que – nem sempre porsolidão, mas por gosto mesmo, postam odia todo as mais diversas mensagens: mú-sicas, pensamentos, frases de auto-aju-da, fotos da família, de viagens, notíciaseconômicas e tudo o mais. Contam o quefizeram ontem ou farão hoje. São os re-pórteres-face. E os perfis dos usuários tam-bém vão se agregando. Há os defensoresde animais - com infinitas fotos de cachor-ro abandonado, adoentado e para adoção.E os que adoram crianças doentes, pes-soas deformadas, cenas chocantes e idei-as idem: Se você tem pena, compartilhe(ah, tenha dó... de mim!).

Felizmente existem os posts humorísti-cos para nos salvar. Esses são os melho-res, claro! Às vezes rimos alto, sozinhosno computador, com situações corriquei-ras da vida, nos reconhecendo nas situa-ções ridículas dos outros, e pensando: “se-ria trágico se fosse comigo”. O pessoalfaz piadas instantâneas sobre notícias queacabam de chegar. E os comentários? “Éfato!”; “Kkkkk”; “Linda!”; “Afff”; “Amo!” .E dá-lhe foto de comida, unhas com es-malte, festas, lua, bebês e namorados.

Dá pra compartilhar até insônia. Se vocêdesiste de tentar dormir e resolve entrarno face às 4h40 da madrugada, sempreencontra algum conhecido.

Somos todos fontes de notícias. E depolêmicas. Outro dia, postei uma frase quedizia: “Você ensinou seus filhos a respei-tarem os índios e seus filhos não viraramíndios, certo? Portanto, não precisa termedo de ensiná-los a respeitar os homos-sexuais”. Daí uma pessoa que não conhe-ço, postou: “Não é a mesma coisa”. E aresposta veio do meu filho, que retrucou:“Respeito é um conceito universal – queou você tem, ou não. Parece que vocêestá na segunda opção”.

Essas situações vão nos enredando navida virtual. Por isso, a cada dia ficamosmais tempo olhando para monitores, aoinvés de espiarmos a rua, pela janela.Mas também, a janela já não se abre maispra rua – como era nos anos 70-80, e simpara muros altos e cercas elétricas que nosisolam. Conectados, porém, navegamosinstantaneamente para todos os continen-tes. E é nessa rede que agora todo mundose embala – de gestando a caducando!

Stela Masson,jornalista e profissional de comunicação

PARA UMA CRIANÇA,COM AMOR

TEREZINHA MARIA MOREIRA

Tiquinho de gente(tão inocente!),que ri de tudoe é só ternura... Olhar curioso,carinha viva,ar buliçoso...sempre cativa. Bate palminhas,imita os que vê,faz caretinhas...Assim é você. Ao fim do dia,finda a folia,enfim descansa.Vidinha mansa!... Provém de Deus,do mundo o dono,Pai de bondade,tão suave sono.

* Poema do livro “A VOCÊ” utili-zado na seção FOCO da revistaCARAS, de 18/01/2013.

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No fim do ano passado, eu e Nízia pas-samos três semanas em Dresden. Nossafilha que trabalha no Ministério do MeioAmbiente foi fazer um curso patrocinadopelas Nações Unidas na Technische Uni-versität Dresden e pediu-nos ajuda paracuidar dos filhos pequenos. Seu maridotrabalharia via internet e não poderia cui-dar deles. Aceitamos com grande prazer.Alugamos um apartamento espaçoso e bemequipado para evitar os inconvenientes deum hotel e reproduzir o ambiente familiar.Valeu a pena em todos os sentidos.

Coincidentemente, o orientador de mi-nha dissertação em engenharia química noChile, em 1972, era professor da TU Dres-den e, após o golpe do general Pinochet,em 1973, já na Alemanha, me convidoupara realizar o doutorado com ele. Não deucerto, tive que ir para a Universidade deMerseburg, mais próxima de Halle, cidadepara onde fomos enviados como exiladospolíticos. Quase quarenta anos depois mi-nha filha frequentou a universidade ondedesejei estudar. A vida é assim, cheia desurpresas!

Dresden foi considerada uma das trêscidades mais bonitas da Europa, suas co-legas no pódio eram Paris e Praga. Nosestertores da segunda grande guerra mun-dial, em fevereiro de 1945, foi bombarde-ada por ingleses e americanos com tone-ladas de bombas de alto poder destrutivoe incendiárias. Seu maravilhoso centro his-tórico foi totalmente destruído e milharesde civis mortos, fundamentalmente mulhe-res e crianças. Este bombardeio é muitocriticado até hoje, os alvos escolhidos nãoeram militares, tampouco Dresden signifi-cava uma ameaça para os aliados. O fa-moso Winston Churchill participou de suaelaboração, mas, dada a repercussão al-tamente negativa, tirou o corpo fora.

Os nazistas alemães cometeram atroci-dades mil, entre elas o bombardeio da ci-dade espanhola de Guernica, em 1937,para ajudar o aliado general Franco. Adestruição da pequena cidade vasca foitotal, morreram centenas de civis. Os ge-nerais alemães ficaram muito satisfeitoscom o resultado do ataque aéreo, assimcomo os colegas fascistas italianos quetambém participaram do massacre. Am-bos os países consideravam esses bom-bardeios como testes para a segunda gran-de guerra que estavam tramando e quedesencadearam no ano seguinte. As ce-nas aterradoras vistas em Guernica forammagistralmente retratadas num quadroenorme (3,49 x 7,76 metros) por PabloPicasso. Dá horror vê-lo de perto. Entre-tanto, os aliados não podiam cometer asmesmas barbaridades, se igualando aosinimigos. O bombardeio de Dresden ilus-tra claramente como a violência gera vio-lência e torna os homens irracionais.

Em Dresden reencontrei o amigo Man-fred, colega de pós-graduação em 1975.Depois que ele se foi da universidade nun-ca mais nos vimos, mantivemos, porém, acorrespondência. Foi emocionante, depoisde trinta e sete anos sem nos ver, o papofluiu normalmente, nossa identificação con-tinua a mesma, embora tanto tempo e tan-tas mudanças tenham ocorrido nas nossasvidas.

Íamos muito a Dresden na época emque morávamos na Alemanha, pois vivi-am lá dois casais amigos, também exila-dos, e, coincidentemente, no mesmo pré-dio, Klaus e Eva Runge. Klaus foi meu co-orientador no Chile e com Eva, sua espo-sa, frequentemente nos convidavam parapassar o fim de semana com eles. Já noBrasil, em 1991, Klaus, Eva e Karen, a fi-lha mais nova, vieram nos visitar. Foi óti-mo, passeamos muito pelo país. Infelizmen-te Klaus faleceu precocemente em 2002.

Como não poderia deixar de acontecer,estivemos com Eva várias vezes durantenossa estadia em Dresden. Dia 31 de ou-tubro é feriado religioso na Saxônia (co-memoração da Reforma de Lutero) e elanos brindou com um jantar típico, em quenão faltaram vários pães feitos especial-mente para a data. Eva é médica com dou-torado em angiologia, está aposentada hámuitos anos. Atualmente vive num apar-tamento de 80 metros quadrados e sente-se feliz com a moradia e com as filhas,netos, amigos e atividades culturais e so-ciais. Sua condição econômica mostra bema distribuição de renda na antiga Alema-nha Oriental. Médica, casada com um ci-entista, o único bem material que acumu-lou na vida é um apartamento. E está feliz!Um povo culto sabe que riqueza concen-trada nas mãos de poucos e miséria paramuitos é sinônimo de infindáveis proble-mas sociais.

Dresden se destaca pelas artes, ciênciae tecnologia. Depois da reunificação dasduas Alemanhas, em 1989, ela recebeutratamento especial e está mais bonita ain-da. Merece ser colocada na agenda turísti-ca de viajantes de bom gosto. As atraçõessão muitas e diversificadas, eu colocariacomo imperdíveis uma ópera na SemperOper, um passeio de barco pelo rio Elba euma visita aos museus Gemäldegalerie eGrünes Gewölbe. Tanto a ópera quanto osmuseus foram destruídos no bombardeiode 1945. Eva tinha 12 anos e acompanhouas três ondas de ataques aéreos desde aperiferia da cidade. Foi um horror, segun-do ela. Questionada sobre o porquê de ta-manha perversidade por parte dos aliados,ela respondeu emocionada: nossos com-patriotas nazistas fizeram também tantamaldade pelo mundo afora, foi uma res-posta à altura, maldade gera maldade!

Evandro Afonso do Nascimento.

Foto arteby Isabela Lima Revisita a Dresden, AlemanhaRevisita a Dresden, AlemanhaRevisita a Dresden, AlemanhaRevisita a Dresden, AlemanhaRevisita a Dresden, Alemanha

Viagem

BY NIGHT

[Homenagem ao aniversário de 147 anos deAracaju]

A noite é magra e altaTraz no peito um broche de luaE poços de petróleo no ventreAnda descalça e dormeNo ponto de encontro entreO sereno e a brisa

Guarda nos becos o cheirode urina e derrama o orvalhoda moringa no momento exatodo encontro entre dois braçosquando finda — a noite é linda!

ILM

A F

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TES

ILM

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TES

ILM

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HoróscopoHORÓSCOPOABRIL / MAIO DE 2013ÁRIES: tempo de reflexão, prudência, usode suas habilidades, economia, cor: verdeturquesa nº sorte:6 TOURO: tempo de iniciativas, tomar deci-sões rápidas, liderança, ação, cor: ver-melho rubi nº sorte: 9 GÊMEOS: tempo de isolamento, reflexão,termino de um ciclo, sensibilidade, cor:grená nº sorte: 7 CÂNCER: tempo de cultivar amizades.solidadariedade, assuntos transcendentais,cor: azul marinho nº sorte: 4 LEÃO: tempo de colheita, sucesso, deter-minação, maturidade, cor: bege nº sorte: 8 VIRGEM: tempo de expansões ou viagens,justiça, ética, verdade cor: azul celeste nºsorte: 3 LIBRA: tempo de transformações, deixarir o que não serve mais, cor: castanho cla-ro nº sorte: 9 ESCORPIÃO: tempo de buscar harmonia,justiça, beleza, companheirismo, cor: pinknº sorte: 6 SAGITÁRIO: tempo de limpeza,consertos,reformas, análises, escolhas,cor: azul nº sorte: 5 CAPRICÓRNIO: tempo de brilhar, se di-vertir, passear, liderar, amar, cor:laranja nº sorte: 1 AQUÁRIO: tempo de cuidar da família, dasemoções, do que bebe e come, cor: bran-co nº sorte: 2 PEIXES: tempo de cultivar intelecto, es-tudos, agilidade, intermediações, cor: ama-relo nº sorte: 5 Ivone vebberwww.vone333.no.comunidades.net

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Muitas vezes nos sentimos presos numverdadeiro torvelinho de palavras e deimagens, como que engolidos por umaavalanche de informações que nos enlei-am, emaranham e confundem. O que fa-zer no meio de informações tão numero-sas, variadas e por vezes contraditóriasque nos são fornecidas pelos mais varia-dos tipos de mídia: televisão, internet, ci-nema, jornais, cartazes, panfletos, livros,revistas... a nos sugerir, propor, seduzir,induzir? E a publicidade e propaganda anos mostrar produtos de toda ordem, quenunca param de surgir e de mudar, a nosbombardear com temas como saúde, reli-gião, viagens, música, moda...

O que toda essa balbúrdia cala? Os lin-güistas dizem que o que é dito oculta onão-dito. O que propostas como “beba”,“use”, “vote”, “compre”, “vá”, “seja” ca-lam? O que escondem? Pedimos aquelerefrigerante, ouvimos sempre aquele tipode música, compramos aquele sapato,vemos aquele filme, sem ao menos pen-sar numa alternativa. Isto é devastadorsobretudo para os jovens, pois oblitera suacapacidade de buscar, de pesquisar, deformar sua identidade, escolher seu lugarno mundo.

O massacre a que somos submetidosleva assim à passividade, à inércia, ao au-tomatismo, ao estereotipado. A liberdadefica comprometida e não nos pergunta-mos o que há no lado oculto desse painelgigantesco que se nos apresenta.

René Huygues, psicólogo e filósofo daarte, em “Os poderes da imagem”, falamesmo em “hipnotismo de larva”. O filó-sofo contrapõe a toda essa “ditadura men-tal” a ARTE.

POR QUE A ARTE?A arte, “signo e fermento da liberdade”,

criativa e não comprometida, desperta oser humano, leva-o a pensar, a refletir.Diante da arte é impossível se ficar indife-rente, inerte, “larvé”. A arte faz percebero outro lado, o avesso, o que se cala quan-do se diz ou se apresenta alguma coisa. Aconvivência com a arte, traz como conse-qüência a reflexão, um outro olhar sobreaquilo que nos é apresentado e nos trans-forma em seres criativos, capazes de dei-xar algo de original nas nossas pegadaspelo mundo.

O que se cala, então, é justamente aalternativa, a outra possibilidade, que sóa reflexão e a atividade intelectual permi-tem enxergar.

Neuza Gonçalves Travaglia

O que se cala

HaicaiA declaração de amorao imposto de renda

o leão comeu.Joaquim Pedro Barbosa

Com o intuito de ampliar, promover, in-teragir e cooperar, eu, cidadão profissio-nal com a experiência e o conhecimento,e participante ao longo de mais de qua-renta anos nas áreas da Arquitetura-Arte,desenvolvimento urbano-trabalho e lazer,constato uma significante insatisfação comrelação à qualidade de vida em nossa ci-dade.

O que é Arte e Cultura, Arquitetu-

ra, e Desenvolvimento Urbano? O que

é viver com qualidade de vida?

Estas e tantas outras questões, que nodia a dia encontramos dúvidas, entre o uni-verso que vivemos e o que sonhamos.Expresso minha opinião com relação a tudoisso, dentro de uma visão ética, na óticada Arquitetura, ao trabalhar, lidar e parti-cipar em conselhos, representando enti-dades, ocupando cargos, e promovendo evalorizando o ser humano. Não me cansode buscar oportunidades, com pelo menos600.000 habitantes, para que nossa cida-de de Uberlândia seja uma cidade com ex-celência em qualidade de vida.

Neste emaranhado de sonhos pessoais,ficções políticas – utopias, entre as váriasatividades dos setores e a quem possa in-teressar, proponho buscarmos realizar, fa-zer, executar, trabalhar, por em prática,sem demagogias, ações imediatas do po-der público, sem nos tornarmos figuras epersonagens de laboratórios.

Precisamos sair dos casulos que nosenvolvam. Precisamos criar uma cidadecom uma sociedade plural e excelente qua-lidade de vida, que não visa copiar, masque seja promovida pela capacidade deseus habitantes. Valorizar as pessoas porsuas qualidades específicas, sem a parti-cipação de valores das celebridades mun-diais. Procuremos reconhecer nossas ce-lebridades locais. Só assim teremos umaidentidade própria, e seremos modelo desociedade. Nossos antepassados construí-ram e nos deixaram tantos legados!

Façamos o que é certo e não busque-mos soluções para resolver o errado. Nes-te contexto, a Arte-Cultura-Arquitetura eo planejamento urbano tem muito a con-tribuir. As Universidades, duas escolas dearquitetura-artes-urbanismo, estão aí. Nos-sa cidade e região são o espaço. Precisa-mos cuidar melhor dele e descobrimos quenossa qualidade de vida depende somen-te de nós, os nós nos prendem e matam.

Vamos cultivar e valorizar nosso povo,nossa região, nossas celebridades. Vamosfazer do nosso prato, a prata da casa.

Paulo Carrara.Engenheiro, arquiteto e urbanista -

Arquitetopaulocarrara.arteblog.com.br

[email protected] facebook: Paulo Henri-

que Carrara Arantes

Arte, Cultura,DesenvolvimentoUrbano, Lazer...

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PoesiaNesse adeus sem palavrasVou me apegando aos restosDo que ontem chamei esperançaHavia um sorriso dentreOs meus favoritosQue iluminava teu rostoE acalentava meu coraçãoNa despedida silenciosaO sorriso se fez tristeza eA ausência de palavrasDava lugar ao tic... tac... do relógioNo apressado passar do tempoO último toque dos dedosOs olhos embaçados por lágrimasImpedindo a lembrançaE o abismo da separação se formandoCaminhos opostosMas caminhos que poderãoUm dia se cruzar novamenteOu não!

Jornalista . Radialista . Poeta .Secretária do MUnA – MuseuUniversitário de Artes – UniversidadeFederal de Uberlândia

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Publicações recebidasCircunstâncias . Diálogos Mínimos .Mini contos do escritor Guido Bilharinho,de Uberaba MG . Edição InstitutoTriangulino de Cultura . Uberaba MG

Revista Arraia PajéurBR nº 4Organização: Pipol/Carlos Emílio C.Lima/Claudio Portella . Fortaleza . CE

CONTOLOGIA: Os melhores novosficcionistas do Brasil . Organização:Pipol/Carlos Emilio C. Lima/ClaudioPortella . Fortaleza . CE

POEMANTOLOGIA: Os melhores novospoetas do Brasil . Organização: Pipol/Carlos Emilio C. Lima/Claudio Portella .Fortaleza . CE

CANDELABRO DE ÁLAMO . DiegoMendes Sousa . Poesia . Editor JorgeTufic . Parnaiba/Piaui

O CAPITAL Editado pela poetaIlma Fontes . Aracaju - SE

O PÁSSARO VOACARPE DIEM

Andaime a andaimeTijolo a tijoloPasso a passoMassa a massaConstruo a casaDa minha história.

O amanhã é depois;Eu sou agora,A vida me convocaE não demora.

Tudo o que buscoE não me bastaAgendo para agora.

Mergulhado em almaAproveito o diaQue o vento sopra,A vida passa.

PORTO ALEGRE

Porto mansoTenro amorDesde o primeiroInstante das águas.Porto Alegre, se alegraEm ti meu corpo,Âncora únicaNesse porto meu.

Só meu, só solidão,Amada busca sóAmada fugaE a brusca tentativaDe começar tudo de novo.

Porto Alegre é rima única,Quero-te por inteira,Amada selva!

LARI FRANCESCHETTO

“No meio da praça, ao meio-dia Alguém triste No meio da rua, à meia-noite Alguém triste”

Lari Fransceshetto

Sei que vamos sentir falta das car-tas deste amigo que se foi de repen-te para longe, bem longe, acima dasnuvens.Convivi com seus versos sutis du-rante dez anos de correspondência.E desde as cartas primeiras aprendia admirar sua caminhada.

LARÍ FRANCESCHETTO, o poeta deVeranópolis, sul do país, uma pes-soa incomum, deixando entrevernas suas palavras, a presença levede um cidadão preocupado com omundo. Noticiava sua lírica poesia,os prêmios recebidos, os recortes dejornal e os folders turísticos da ci-dade que amava. Falava mais alto apoesia sincera, autêntica, leitura deum cotidiano tecido com graça esensibilidade. Um escritor verdadei-ro que se apresentou através dascartas e a pura tradução de seu vi-ver/poesia, marcante presença du-rante dez anos.

LARÍ FRANCESCHETTO, a lírica poe-sia que veio de longe, o inspiradoamigo do sul. Através de seu pro-grama, pelas ondas do rádio, divul-gava a sua poesia, a poesia de to-dos, a cultura do país.Que falta você faz, poeta!Onde estiver, seja feliz e recolha nabrisa da manhã a mensagem do ven-to!Resta-nos a sua herança, versos se-mentes que plantou em nossos ca-minhos e florescem em nossos co-rações.

"o pássaro voasegue o seu destinoinspirado poetae tantas cartas sobre a mesao recado de longe sibila no coração"

Hélvio Lima

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História

educação do povo e pelosque ainda vivem – dr. Jo-aquim A. P. Alves, e espe-cialmente o ilustre e ínte-gro Juiz de Direito destaComarca, dr. DomingosPimentel de Ulhoa. Jamaispoderia dizer que uma sóvez deixei-me dominarpelo poder venal do ouro,graças a Deus. Jamais oinfeliz preso e criminosodeixou de ter por si a mi-nha voz fraca, incompe-tente, mas pronta e desin-teressada durante 33 anosde peregrinação pelo cam-po do Direito e da Justiça.Desde 1862 escrevo paraa Imprensa tendo diversascoleções de artigos de cu-nho moral e social. Admitisempre em meu escritório

grande número (superior a 30 rapazes) deindivíduos como aprendizes unicamentepara abrir-lhes carreira. Finalmente tenhosido o “flagello” dos déspotas arrogantes einjustos, pusilânimes.

Fui Delegado Literário e Inspetor Literá-rio do Araxá e Sacramento. Nomeado di-versas vezes oficial superior da GuardaNacional, jamais aceitei as nomeações,fazendo-as recair em amigos que mere-cessem essas distinções e mesmo por serinimigo de qualquer manifestação que pu-sesse em relevo minha individualidade. Noexercício de minha única e modesta pro-fissão jamais tentei e nem turbei direitosque os colegas adquirissem pelos contra-tos com seus constituintes, sendo sempre(apelo para o juízo de Deus que me ouve)o mais leal com todos. Como lavrador ini-ciei a cultura do café no Sacramento dei-xando ali uma propriedade com 20.000 pésde café e diversas casas edificadas por mimali e em outros lugares de Minas e São Pauloonde tenho residido.

Tenho exercido na maior escala o direi-to de agasalhar todos que me procuramno espaço de 45 anos sem a retribuição deum real. Pai de família, poderei com orgu-lho dizer que bem poucos terão enfrenta-do uma luta constante para criar e educardezenas de filhos, netos e pupilos expos-tos estes aos azares da sorte. Militando empolítica no Império, ao lado do Partido Con-servador, servi e exerci funções múltiplasaté nas mesas eleitorais de qualificaçãocom escrúpulos respeitadores dos direitos

dos adversários. No desempenho dos car-gos de confiança aliava o cumprimento dodever ao respeito devido ao adversário ede tal modo que sempre me considerandointransigente em princípios, jamais adquiriinimigos políticos tendo, ao contrário, mui-tos amigos e afeiçoados no campo adver-sário. Caído o Império retirei-me à vidaíntima convencido de que o meu desliga-mento de todo e qualquer grupo era umato de patriotismo e consciência conside-rando como meritório o meu isolamentodo cadastro eleitoral.

Franco sempre na manifestação do pen-samento, tenho adquirido muitos desafe-tos, o que considero como honroso à mi-nha pessoa, pois que jamais alimentei ahipocrisia. Em resumo, se não sou um cé-tico, alimento a convicção de que a since-ridade pessoal e política na época é ummito que campeia em todos as classes so-ciais, como o verme rói os resíduos daspodridões. Como esposo fui desvelado eextremoso para com a esposa querida echorada, muito embora essa contingentefraqueza humana que não abre senão ra-ríssimas exceções, não me julgasse impe-cável e sujeito aos avisos da consciênciapara erros cometidos.

Jamais abusei da confiança dos meuscomitentes nos contratos de valores nãodeterminados recebendo sempre módicasretribuições à vontade dos clientes. A usu-ra nunca achou agasalho em meu espíritoque foi também sempre avesso à ambiçãodo ouro. Só tendo bem nítida a consciên-cia de que avanço, que diante da corrup-ção avassaladora da consciência humana,da depressão do caráter individual (salvohonrosíssimas mas raríssimas exceções)os serviços que ofereço em minha Fé deOfício nenhum valor tem nos tempos quecorrem porque faltam-me dois elementosprimordiais por ser admirado e executa-do: o ser rico e bajular o poder e os fortes,mas...”

Augusto César nasceu em Três Pontas, esta-do de Minas Gerais, aos 24 de maio de 1845,filho de João Batista Ferreira e Urbana CarolinaBranquinho. Em 1850 mudou-se para Franca,onde ajudou os pais trabalhando na lavoura. Asprimeiras letras quem lhe ensinou foi um soldadoda polícia, seu amigo. Aos 18 anos começou atrabalhar por conta como professor inicialmentede apenas quatro alunos.

Antônio Pereira da Silva

Fonte: Augusto César

"Aos 18 anos ensinei, emaula particular, a 40 e tan-tos alunos, as primeiras le-tras. Aos 20 anos era jura-do na Franca, sendo suplen-te de 1871 a 1872 no Sa-cramento julgando muitascausas. Fui Escrivão de Pazinterino em Santo Antônioda Rifaina, São Paulo, de1869 a 1871. De 1890 atéhoje sou jurado em Ubera-binha, tendo sido suplentenesta cidade de Araguaryem dois anos. Advogandodesde 1873 até hoje tenhodefendido gratuitamentemuitas dezenas de crimino-sos, entre estes muitas pra-ças de polícia de Minas eSão Paulo. Amigos, ou quejulgara o serem, defendisem retribuição muitos en-tre estes funcionários públicos, em diver-sos lugares. Desde 1872 até 1890, fui ve-reador e a mor parte do tempo presidenteda Câmara de Sacramento neste Estado,onde também exerci cargos (gratuitamen-te) de Delegado de Polícia e Adjunto dePromotor Público pelo espaço de 15 anos.Este último cargo tenho exercido interina-mente sem retribuição dos cofres do Esta-do. Eleito Deputado Provincial no biênio1888-1889, embora sem preparo intelec-tual, representei um dos Distritos da anti-ga Província de Minas Gerais, com parti-dos bem disciplinados e honorificadores deum mandato. Fui nomeado primeiro Pro-motor Público desta Comarca, em sua ins-talação não aceitando o cargo por deverde consciência, pois entendia que a um fi-lho do lugar competia o início da justiça naComarca. De 1892 a 1895, fui Agente Exe-cutivo de Uberabinha, cargo que exerci semoutro intuito que o de ser útil ao Município,podendo apelar para todos os homens ho-nestos e justos da Comarca sobre meuprocedimento.

Como advogado desinteressado (embo-ra sem competência alguma), desde 1873,poderia sem receio algum pedir o “vere-dictum” de magistrados como os drs. A. T.de S. Magalhães, José Manuel Pereira Ca-bral, Francisco de O. Pinto Dias, João Bap-tista Rabello de Campos, Zeferino de Al-meida Pinto, infelizmente falecidos, masque foram brilhantes constelações que fi-guraram no firmamento da magistratura,quando era prestigiada pelo poder, pela

AUTOBIOGRAFIA DE AUGUSTO CÉSARAUTOBIOGRAFIA DE AUGUSTO CÉSARAUTOBIOGRAFIA DE AUGUSTO CÉSARAUTOBIOGRAFIA DE AUGUSTO CÉSARAUTOBIOGRAFIA DE AUGUSTO CÉSAR

sign” vai se criando... não quebra!Do lado interior, havia um recipiente comsal; pela minha percepção do olhar do sa-biá na linha ou rumo, já me veio àmente:_quem sabe ele pensa que é umalimento exótico e tem um desejo de comê-lo? Tirei o atrativo dali. Ele continua e nãome conta qual é a sua busca.Escuto este Tuc...Tuc...Tuc..., quando es-tou em outros espaços da casa: na Salados Florais, na Capela de Meditação, nacozinha.Sempre de dia, pois à noite, tem o seu re-fúgio que não é o pinheiro.Já chamei mais pessoas presentes na casae ele tem o mesmo comportamento quetem comigo. Foge e foge. Não tenta entrarpor outras grandes janelas escancaradas,nem pelas diversas portas de entrada, àsvezes , abertas, desejando a sua visita,como tantos outros pássaros o fazem, sem-pre felizes, leves, soltos...os beija-flores,

então, quanto já me surpreenderam!...Não aceita comida, não aceita seres hu-manos interferirem no seu mundo. Repa-rei que no vidro da janela escolhida para asua arte, dá para ver um espelho do lava-tório. Já imaginei se ele já não se enxergaali, ou pensa que há um outro da sua es-pécie... mas pelo jeito arredio,... seria umNarciso?_Há o que fazer por ele? Deve se fazê-lo?De vez em quando, some unsdias...contudo volta...;até quando? Comcerteza, sua obra não está pronta...Ah, sabiá, como eu gostaria de ouvir o seucanto...se soubesse como eu já o amava,criança, aos sete, oito anos, desde queGonçalves Dias já me dizia: “As aves queaqui gorjeiam não gorjeiam como lá”.Todavia fico com seu Tuc...Tuc...Tuc...e obendigo, e lhe agradeço.

Lourdinha Barbosa, escritora

Conto O pássaro esquisofrênicoTuc...Tuc...Tuc...Tuc...Tuc...Tuc... e o som continua até quealguém apareça do outro lado do vidro, nobasculante da “toilette” de uma casa, ondeocorre um trabalho de Meditação e outrode Florais de Bach.Se a gente aparece do lado de dentro , umsabiá, exuberante na sua beleza, voa ra-pidamente para um pinheiro que fica pró-ximo a esta janela, onde ocorrem as bica-das ou a sua fuga é para o telhado quetambém se situa nas proximidades.Muitas vezes, escondi atrás da porta e elevolta: Tuc...Tuc...Tuc... começo a conver-sar com ele e vou surgindo; ele vai embo-ra assustado.Tento dizer-lhe se ele querentrar; abro o basculante, que tem umaabertura pequena, ele não me ouve e nemtenta entrar no vão que lhe é oferecido,na hora da sua solitude, então a respeito.Mas continua: Tuc...Tuc...Tuc...O vidro está todo marcado e até um “de-

Parabéns a você, que neste ano de2013, em fevereiro, completou 81 anos.Você foi a maior riqueza de Uberlân-dia. Todos nós, ex-alunas, seus pais,familiares, sabemos disso. Quando nosencontramos, quase sempre o assun-to é o querido Colégio Nossa Senhora.Todos têm algo pra lembrar com sau-dade, principalmente das irmãs.

Em 1932, há 81 anos atrás, aqui che-gavam as queridas Missionárias de Je-sus Crucificado, vindas de Campinas-SP, enviadas pelos seus fundadores,conde Dom Francisco de Campos Bar-reto e Madre Maria Vilac.

O entusiasmo de meus pais, Joaquime Santinha Fonseca, e de todas as fa-mílias unidas, preparando a casa pararecebê-las. Era tudo tão pobre, sim-ples, mas o amor e o carinho eram muitograndes!

Em nome de Uberlândia, quero dei-xar aqui o meu “DEUS lhes pague!” SóEle pode agradecer tanta renúncia,tanta dedicação, tanto zelo!

Parece que ainda hoje vejo o traba-lho de vocês, durante a semana e aossábados, a missão era sagrada!

O primeiro local foi o Bairro Patrimô-nio, aliás, só existia naquele tempo,esse Bairro. A sala era uma árvore fron-dosa. As cadeiras eram o chão que fi-cava lotado. Adultos, jovens, crianças,até os idosos, atraídos pelas Irmãs láestavam para ouvir a palavra de Deus,conhecer a devoção à Mãe do Céu,Nossa Senhora, e aprender a amá-la.

As irmãs visitavam antes as famíliase as convidavam para o encontro aossábados e aos domingos. Parecia que

não se cansavam. Não existia tristeza,mas, a alegria de realizar a sua voca-ção. À noite, uma vez por semana, elasconseguiam reunir os jovens, que nun-ca iam à igreja para a evangelização.A capela ficava lotada.

Tanta coisa linda para contar sobreas Irmãs e o Colégio. Mas, jamais aspalavras seriam suficientes.

Ilzete Dantas Fonseca

Ex aluna do Colégio Nossa Senhora,onde estudou de 1932 até a formatura do

curso Normal em 1938

Não faltou nada para a festa

de comemoração dos 100 anos

de Dona Maria Isoleta, grata

personagem do Fundinho O

grande sucesso, o sorriso lindo

aberto no rosto de dona Maria

Isoleta e o carinho que ela irra-

diou a todos os seus convida-

dos. A família reunida, os ami-

gos do peito, a bela decoração

do espaço, o delicioso cardá-

pio, o samba legal, o alto nível

geral. E a lúcida mensagem da

aniversariante, ao microfone,

palavras sensatas e verdadei-

ras, o recado de fé. Uma mulher

de imenso valor e sua experi-

ência de vida, 100 anos bem vi-

vidos com muito amor, doçura

e simpatia.

Degusto a palavra

escrita

falada

consumida

tranco o silêncio

tudo volta ao normal

Mah Luporini

Segredo

Escrevo teu nome

Nos muros do passadoDissolvo meu coração em segredos

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Poesi

aFoto arte Jorge H. Paul

Maria Isoleta: 100 anos

Dia de festa

COLÉGIONOSSA SENHORA

Page 5: Fundinho Cultural 26  parte 2

Foto Arte O Fundinho no olhar de Joabe Romed

Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras. São Francisco de Assis

Faces do FundinhoQuem não conhece Maria Cecília Migliorine?

“Meus pais, exemplo de vida

para todos nós”

“Nasci na Rua Tiradentes 112, depois vim morar aqui naPraça Coronel Carneiro, onde se situava a antiga Casa Car-neiro. Meu pai comprou o imóvel, para fazer nossa casa, cujoprojeto foi realizado pelo arquiteto Fernando Graça, de BeloHorizonte, na década de sessenta. Há cerca de quatro anosfoi demolida para a construção de um mini shopping.

Minha infância aqui no Fundinho foi maravilhosa. No centroda praça tinha um monumento histórico, o famoso pirulito,onde a gente brincava muito. Minha vida foi junto com a famí-lia, com os meus primos Paulo Antônio, o Eduardo e o Toinzi-nho. A gente viajava sempre juntos. Como nós éramos seisirmãos, e a tia Lily não tinha filhas mulheres eu era sua filhado coração. Eu me comunicava com a casa da tia Lily por umapassagem que existe até hoje no fundo da casa da minhaavó, onde resido. Eu estou sempre com a minha família.

Então, o Fundinho para mim sempre será o Fundinho. Da-qui eu não vou sair não.

Vivi em função do meu pai e da minha mãe, porque sempremorei perto e todos os dias eu ia até seis vezes na casa delespara vê-los. E quando minha mãe morreu, eu passei a tomaro café da manhã todos os dias com o papai.

A casa do papai vivia cheia de políticos. Governadores, de-putados e outros. Eram hóspedes de meu pai, que era vicecônsul da Italia. Muitos ensinamentos importantes, meu paiGeraldo e minha mãe Yovette, nos legaram. Exemplos de vida

Natural do Fundinho, uma

personagem simpática

e carismática do Bairro,

Maria Cecília Migliorine

Fonseca Ribeiro, sempre

residiu na Praça Coronel

Carneiro. Possui uma multidão

de amigos atraídos por sua

meiga presença, facilidade de

comunicação com o próximo e

vida dedicada

à família e à sua religião.

Conhecida por seus

encantadores crivos, Cecília

é exímia artesã.

para os filhos, os netos e os bis-netos.

Meu pai se chamava Geraldo Mi-gliorine e minha mãe Yovete Fon-seca Migliorine. Eu, Maria Cecília Mi-gliorine Fonseca Ribeiro sou casa-da com Luiz Antonio Silva Ribeiro etenho mais 5 irmãos: Maria do Ro-sário Migliorine Cunha, casada comAntônio de Pádua Cunha, José Ro-berto Migliorine Fonseca (in memo-rian) casado com Valéria Rossetti,José Geraldo Migliorine Fonseca ca-sado com Sueli Miranda Migliorine,Maria Izabel Migliorine casada comFlávio Faria, e José Ricardo Fonse-ca Migliorine casado com Rosa Vi-lela Migliorine.

Estudei no Colégio Nossa Senhora a minha vida toda.

Tenho 2 filhos, o Lourenço Migliorine Fonseca Ribeiro que écasado com Cristina Braga Migliorine, é juiz de direito e temuma filhinha Ana Vitória Bastone Ribeiro Migliorine. O Luiz An-tonio Silva Ribeiro Junior, é solteiro e promoter. Meus dois filhossempre me deram gosto, muito amor e muito carinho. Minhaneta, que mora em Belo Horizonte, alegra bastante a nossacasa.

Eu acho que o Fundinho de hoje tirou um pouco a nossatranquilidade, porque antigamente, a gente ficava com as cri-anças na praça, não tinha perigo, não tinha nada. Agora vocêestá com as crianças, já vê a polícia chegando, aí você já saicorrendo, com medo de acontecer qualquer coisa... Mas, eu te-nho imenso amor e carinho pela praça, onde poucas pessoaspodem ter este convívio de tantas amizades, que a gente faz.Tem mês que eu sou convidada para 3 ou 4 festas de aniversá-rios de crianças, com as quais convivemos na praça. A amizadeé grande nesta praça Coronel Carneiro. Adoro as barraquinhasque a Paróquia Nossa Senhora das Dores promove aqui. NoFundinho a gente tem tudo o que a gente precisa, desde osmuitos supermercados, farmácias, lojas diversificadas e arte.Precisamos valorizar mais este lugar maravilhoso que é o Fun-dinho.”