lisboa cultural | 13 / 26 março´12
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MONSTRA 2012 - FESTIVAL DE ANIMAÇÃO DE LISBOA | DIA MUNDIAL DA POESIA | TÓNAN QUITO fala sobre HISTÓRIAS DOS BOSQUES DE VIENA (entrevista) | A MORTE DE DANTON (teatro) | NOITES NO TEATRO: O RAPAZ DA ÚLTIMA FILA e O HOMEM QUE NÃO ESTÁ LÁ | LA BOHÈME (música) | BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRIINCIPETRANSCRIPT
13 // 26 de março
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I Índice #24613 a 26 de março de´12
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Edição: CML | Direção Municipal de Cultura
Departamento de Ação Cultural | Divisão de Promoção
e Comunicação Cultural
Editor: Frederico Bernardino
Redação:Frederico Bernardino, Raquel Antunes,
Sara Simões
Designer: Ana Filipa Leite
Capa: cena de Koya, filme integrado no Monstra 2012
Contactos: Rua do Machadinho, 20,
1249-150 Lisboa | Tel. 218 170 900
Ficha técnica
DestaqueMonstra 2012| Pág. 2
Homeagem a José Abel | Pág. 6
Efemérides Dia Mundial da Poesia | Pág. 8
Entrevista
Tónan Quito - Histórias dos Bosques de Viena | Pág. 10
TeatroA Morte de Danton | Pág. 14
Noites no Teatro | Pág. 15
MúsicaLa Bohème | Pág.16
ExposiçõesBienal de São Tomé e Príncipe | Pág. 18
Curtas | Pág. 20
Em Agenda | Pág. 22
D Destaque/Capa A Monstra invade Lisboa
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“Um festival não deve ser apenas um curriculum de obras
organizadas dentro de uma grelha.” As palavras são de
Fernando Galrito, diretor artístico da Monstra, que uma
vez mais traz a Lisboa o melhor cinema de animação do
mundo inteiro. Por isso, mais do que uma mostra de fil-
mes, o Festival de Animação de Lisboa é um espaço de reflexão
sobre o cinema que, este ano, se debruça sobre uma das
mais influentes e arrojadas cinematografias mundiais na
área da animação: a alemã. Dos anos 20 do século passa-
do à atualidade, mais de 100 filmes revisitam a história, as
tendências e as vanguardas artísticas do cinema alemão e
propõem um olhar sobre o modo como a arte interpreta e
pensa o indivíduo e a sociedade. Lotte Reiniger, Bruno Böt-
tge e Raimund Krumme, três dos mais sonantes nomes do
cinema de animação germânico, são alvo de retrospetivas,
estando o último presente em Lisboa no dia 19, na sessão de
abertura do festival.
Mas, para a Monstra e para o cinema de animação produ-
zido em Portugal, este é um ano marcante. Com o patrocí-
nio da Sociedade Portuguesa de Autores, o festival institui
pela primeira vez um prémio (no valor de cinco mil euros)
para o melhor filme produzido no país no ano transato.
A grande festa do cinema de animação está de regresso
à cidade. Na sua 12.ª edição, a Monstra – Festival de Ani-
mação de Lisboa celebra o cinema alemão – com a exibi-
ção de mais de uma centena de filmes e uma fabulosa
exposição de Marionetas de Animação provenientes
do estúdio de animação DEFA, da ex-RDA –, e traz no-
vidades, nomeadamente, o reconhecimento do cinema
de animação feito em Portugal, através do Prémio SPA
/ Vasco Granja que vai distinguir, pela primeira vez,
o melhor filme de animação de produção nacional. A
Monstrinha para os mais jovens passa também a levar
o cinema de animação às escolas de Lisboa, e na área
dos workshops e masterclasses, destaca-se a presença em
Lisboa do norte-americano Ron Diamond e do cana-
diano Pierre Heber. De 19 a 25 de março, abram alas
para a Monstra.
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Simultaneamente, o prémio é uma homenagem a Vasco
Granja, um dos nomes maiores do cinema de animação em
Portugal, não pela criação mas pelo papel exemplar
que teve na divulgação do género ao longo de décadas,
tanto que há quem garanta ter sido o maior divulgador
do cinema de animação nas televisões europeias.
Incontornável em qualquer festival de cinema de anima-
ção é a presença do Japão. Este ano, para além de uma
grande retrospetiva dedicada ao cineasta Isao Takahata,
um dos fundadores dos estúdios Ghibli, destacam-se as
exibições de Ghost in the Shell II, inspirado numa manga de
influência cyberpunk dirigido por Mamoru Oshii, e Win-
ter Days, do recentemente falecido Kihachiro Kawamoto.
Entretanto, a realizadora e performer Noriko Morita, antiga
colaboradora de Kawamoto, estará em Lisboa para apre-
sentar uma performance que liga a animação às artes per-
formativas, com acompanhamento ao vivo pelo músico
irlandês Tom Selleck.
Ao público mais jovem está reservada a já habitual Mons-
trinha, que leva a diversos espaços o melhor da animação
infanto-juvenil. Este ano, para além de sessões para esco-
las nos auditórios do Agrupamento de Escolas de Telheiras,
Escola Rainha D. Leonor e Escola Secundária D. Dinis, a
Monstrinha vai andar à solta no Cinema São Jorge, Cinema
City Alvalade, Museu de Etnologia e Teatro Meridional.
Mas, também fora de portas, com uma ida a Troia, no sá-
bado, dia 24, numa sessão comemorativa dos 70 anos de
Bambi. A boa notícia: para aqueles que queiram ir de Lisboa
a Troia, assistir ao clássico produzido por Walt Disney, a or-
ganização garante transporte gratuito.
Frederico Bernardino
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MONSTRA
Cinema São Jorge, Fundação Calouste
Gulbenkian, FNAC Chiado, Museu da Marioneta,
Cinema City Alvalade
Programação integral em
www.monstrafestival.com
MONSTRINHA
Para mais informações contacte
HOMENAGEM A JOSÉ ABEL
Em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG),
a Monstra homenageia este ano o cineasta português José
Abel com uma exposição que vai ocupar as vitrinas do Ci-
nema São Jorge e o átrio da fundação. A ocasião será ain-
da enriquecida pela exibição de Opéra Imaginaire (1993), no
âmbito de uma programação especial sobre Música e Ani-
mação, incluída no programa Descobrir da FCG. Em Opéra
Imaginaire (sexta, 23 de março), conjunto de curtas-metra-
gens de animação inspiradas em óperas bem conhecidas
do repertório clássico, figura o último trabalho do cineasta,
já estreado após a sua morte, E lucevan le stelle, a partir de
Tosca, de Puccini.
Formado na La Cambre, de Bruxelas, com uma carrei-
ra praticamente toda feita em França e nos Estados Uni-
dos da América, José Abel foi uma das figuras maiores da
animação portuguesa, tendo trabalhado em filmes tão co-
nhecidos como Os 12 Trabalhos de Ásterix (1973), Heavy Metal
– Universo em Fantasia (1981) ou Poltergeist – O Fenómeno (1982),
aqui enquanto técnico de animação da Industrial Light and
Magic, de George Lucas. Para além do cinema, Abel passou
também pela banda desenhada, tendo feito ilustração para
a editora Humanoides Associés. O Cinenima – Festival Interna-
cional de Animação de Espinho atribui, anualmente, um pré-
mio que distingue o melhor filme de produção europeia ao
qual foi dado o nome do cineasta.
Frederico Bernardino
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E lucevan le stelle, de José Abel, fragmento de Opéra Imaginaire
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Numa altura em que a crise se instalou por todo o país,
agarramos no poema Não pode tirar-me as esperanças, de um
dos maiores poetas portugueses, Luíz Vaz de Camões, para
lhe dar a conhecer as iniciativas de mais um Dia Mundial
da Poesia (21 de março) e assim mostrar que ainda temos
motivos para sorrir.
A abrir as comemorações, que se prolongam entre os dias
19 a 24 de março, a Casa Fernando Pessoa organizou a Feira
do Livro de Poesia, aberta ao longo destes seis dias, entre as
10 e as 20 horas.
No dia 21, a partir das 21h30, o auditório da Biblioteca Mu-
nicipal Orlando Ribeiro serve de palco a Palavras Cantadas,
com Canto Hondo. Um espetáculo em que cantos de au-
tores inquietos, tradicionais e romanceiros de outrora,
surgem encostados clandestinamente às cordas de uma
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Pois não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
guitarra flamenca. Ainda no dia 21, desta feita na Bibliote-
ca Quiosque Jardim da Estrela, alunos e professores come-
moram não só o Dia da Poesia como também o da Árvore,
com sessões de histórias, ateliês de escrita criativa, artes
plásticas, reciclagem e inglês.
Já no dia 24, criadores e ilustradores juntam-se no Largo
Camões, das 11 às 18 horas, num Mercado de Texturas e Cores,
onde, entre outras atividades, pode aproveitar para com-
prar alguns livros de literatura infantil das livrarias Gata-
funho e Cabeçudos. Nesse mesmo dia, a partir das 17h30,
a atriz Dalila Carmo, que protagoniza o último filme de Vi-
cente Alves do Ó, Florbela, vai estar na Biblioteca Camões a
declamar poemas de Florbela Espanca.
Para conhecer as restantes propostas para o Dia Mundial
da Poesia, visite o sítio das Bibliotecas Municipais de Lis-
boa, http://blx.cm-lisboa.pt, ou da Casa Fernando Pessoa
em http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt.
Sara Simões
Efemérides Dia Mundial da PoesiaE //
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Entrevista Tónan QuitoHistórias dos Bosques de Viena
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Dois anos depois do grande sucesso de Ivanov, a Tru-
ta regressa ao Maria Matos Teatro Municipal, nova-
mente sob direção de Tónan Quito. Uma vez mais, a
opção recaiu numa peça de repertório, raramente
encenada em Portugal: Histórias dos Bosques de Vie-
na, de Ödon Von Horváth. A poucos dias da estreia,
a Lisboa Cultural encontrou Tónan Quito no Centro
Cultural de Belém, e desafiou o responsável pela di-
reção do espetáculo – já que recusa intitular-se en-
cenador – a desvendar um pouco daquilo que se vai
passar em palco já a partir de 17 de março.
Depois de Tchekhov, a Truta regressa ao Maria Matos
com Ödon Von Horváth, um dramaturgo muito pouco co-
nhecido em Portugal. Porquê esta escolha?
A razão mais óbvia, mas talvez a menos relevante, é que
alguns dos membros da Truta já tinham trabalhado este
texto no Conservatório e sempre desejaram fazê-lo pro-
fissionalmente. Depois de Ivanov, achámos que devería-
mos escolher uma peça que tivesse alguma relação com
o retrato de uma sociedade decadente, falha de valores
morais, em que o dinheiro e as ambições parecem co-
mandar a vida das personagens. No fundo, esta peça en-
caixa naquilo que podemos considerar um mini ciclo,
onde se propõe uma reflexão sobre a crise e as pessoas
em falência financeira e moral.
Mas, apesar de ser possível traçar esse paralelismo com
Ivanov, esta é uma peça diferente…
Sobretudo se pensarmos que Ivanov se centrava muito no
espaço doméstico. Aqui, tudo se abre para o exterior. A
ação decorre quase toda na rua e essa passagem do pri-
vado para o público interessava-me bastante explorar. É
preciso sublinhar que a intenção do Horváth era espica-
çar a consciência do público para a sua própria condi-
ção. Para isso, ele constrói personagens que incorporam
a mesquinhez e o conservadorismo subjacente aos valo-
res da época. Até que há uma personagem, a Mariana,
que tenta romper com esse estado de coisas.
Em Ivanov, tínhamos Tchekhov ao som de música klez-
mer; agora, iremos ter Horvath ao som de valsa?
No Ivanov foi uma sorte ter tido os Melech Mechaya em
palco, introduzindo a música onde originalmente ela
não existia. Agora, nas Histórias dos Bosques de Viena tudo
é diferente. Esta peça tem muita música, e até o título
que nos remete para uma célebre valsa de Strauss com o
mesmo nome. Mas, isso é num sentido de desconstrução
daquele mito de sumptuosidade que rodeava a vida dos
vienenses. Por isso, a nossa abordagem musical ao texto
E //
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foto
graf
ia d
e Humberto Mouco
vai ser feita através da “destruição” das próprias valsas,
com o pianista Simão Costa a fazer a manipulação ele-
trónica da música da época, reforçando ainda mais a in-
temporalidade do próprio texto.
Para muitos, Histórias dos Bosques de Viena (escrito
em 1931) é uma peça que anuncia o triunfo do nazismo
numa Europa em crise. De que maneira esta peça faz re-
ver hoje essa época tão trágica para a humanidade?
O nosso objectivo não é retratar a Viena de 1930, mas sim
procurar naquele ambiente um olhar sobre o hoje. Não
quero propriamente pensar o nazismo, mas sim o pen-
samento nacionalista que surge com um preocupante
facilitismo em épocas de crise. Isso fecha-nos no nosso
próprio casulo, torna-nos cada vez mais individualistas
no sentido de apenas pensarmos em nós. Apesar de não
acreditar que estamos perante uma ameaça como a que
pairava na Europa naquele tempo, sinto que a estupidez
e a ignorância triunfam mais facilmente quando uma
sociedade está em decadência. E, Horváth abre precisa-
mente esta peça dizendo “nada reproduz melhor o senti-
mento de infinitude do que a estupidez.” E isso é preocu-
pantemente atual.
Nestes difíceis dias de austeridade, este é um teatro que
pretende intervir socialmente?
O objectivo confesso do Horváth é fazer inventar uma
vida coletiva. Nesse caso, faz sentido falar num teatro
que intervém socialmente, tanto ontem como hoje. Vol-
tando ao Ivanov, o Tchekhov dizia “somos tão poucos e
há tanto por fazer.” Eu acredito nisso, e o que o Horváth
aqui sugere é que cada um de nós, individualmente, pos-
sa romper com este mau viver e depois, coletivamente,
seja possível fazer algo novo e transformador.
Mesmo sendo Histórias dos Bosques de Viena uma
tragédia?
Se bem que o Horváth considerasse que as suas peças
eram tragédias, elas tornavam-se comédias porque eram
muito humanas… E aqui, de facto, quase parece não ha-
ver esperança – a peça acaba com a morte trágica de uma
criança. Apesar disso, ele acredita que cada pessoa é ca-
paz de mudar e nós, na Truta, ao pegarmos neste autor e
nesta peça, queremos acreditar também que é possível.
Frederico Bernardino
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HISTÓRIAS DOS BOSQUES DE VIENA
Maria Matos Teatro Municipal
De 17 a 27 de março
(excepto dia 21)
segunda a sábado | 21h30
domingo | 18h
www.teatromariamatos.pt
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T Teatro A morte de Danton
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Parece haver no texto de A Morte de Danton o presságio da
própria morte do autor, Georg Büchner, que o escreve por
volta de 1835, apenas dois anos antes de falecer com ape-
nas 33 anos. Jorge Silva Melo, o encenador que cumpre “o
desejo profundo” de o levar à cena, sublinha mesmo que
esta é “a peça sangrenta de um rapaz olhando a morte.” Tal
como o seu protagonista, Danton (Miguel Borges) – um dos
líderes das forças revolucionárias antimonárquicas que, ao
erguer-se contra o poder da “virtude” encarnado por Ro-
bespierre (Pedro Gil) e seus correligionários, é condenado
à guilhotina –, se assemelha ao jovem Büchner, esse “rapaz
perplexo perante a morte.”
A história, “um pesadelo noturno”, acompanha o conflito
estabelecido entre o prazer e a virtude em plena era do Ter-
ror, durante a Revolução Francesa. Se Robespierre simbo-
liza a “virtude”, mesmo que à custa da guilhotina, Danton
é o homem que “defende a vida no limite do prazer”, como
frisa Silva Melo. Nessa fantasmagoria da “liberdade” que se
A MORTE DE DANTON
Produção Artistas Unidos
Teatro Nacional D. Maria II
15 de março a 22 de abril
Quarta a sábado | 21h
Domingo | 16h
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e Fr
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sco Levita
abate sobre a jovem república, esse homem que adivinha
a morte não consegue entender como a Revolução pode
ser virtuosa se quem se deveria libertar não a entende. E
conclui, na tranquilidade do regaço da prostituta Marion
(Sylvie Rocha): “a Revolução é como Saturno, devora os
próprios filhos.”
Ao olhar nos olhos a morte, Danton, logo a abrir a peça,
declara à mulher, Julie (Rita Brütt) “eu amo-te, como amo
a sepultura.” Parece uma observação insólita, mas é como
que se a vertigem de morrer se perfilasse como o mais pre-
zado e ansiado dos prazeres. E, é por toda essa busca fu-
nesta que o seu destino se confunde com o da própria Re-
volução. O mesmo que, auguram os seus defensores, está
a “afogar a República em sangue.” Conta a História, não
Büchner, que, poucos meses depois de Danton padecer na
guilhotina, também o “príncipe da virtude”, Robespierre,
a enfrentou.
Frederico Bernardino
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Um professor de literatura, que nos tempos
de juventude acalentou o sonho de trans-
mitir aos outros o seu amor pelos livros,
desafia os alunos a escrever uma redação
sobre o que fizeram no fim de semana. Por
entre a mediocridade reinante nos resul-
tados, uma redação destaca-se na forma e
conteúdo. Pertence ao rapaz que ocupa o
lugar na última fila, “aquela de onde vê to-
dos os outros sem ser visto.” Da autoria de
Juan Mayorga, O rapaz da última fila é a mais
recente produção dos Artistas Unidos. An-
tónio Filipe e Pedro Gabriel Marques lide-
ram o elenco.
Teatro da Politécnica | 15 de março | 21h30
A iniciativa da Direção Municipal de Cultura da Câ-
mara Municipal de Lisboa Noites no Teatro volta esta
quinzena com novos espetáculos gratuitos para estu-
dantes dos ensinos secundário e superior. Para marca-
res presença basta ligar o número 218 170 593, e indi-
car o nome, estabelecimento de ensino que frequentas
e o número do cartão de estudante. Não percas tempo e
sê bem-vindo ao teatro…
Noites no Teatro
//
O último rapaz da fila
Integrado no ciclo Try Better, Fail Better, orga-
nizado pelo Teatro da Garagem anualmente
no sentido de promover os novos criadores
e as novas experiências artísticas, O homem
que não está lá parte da revisitação de O Tio
Vânia, de Anton Tchekhov, para contar a
história de Ivan e Sofia (ele russo, ela por-
tuguesa) que se conhecem pela internet,
via skype; e se encontram na internet, via
skype. Uma comédia sobre a existência e a
não existência que depende de se estar, ou
não, online. Uma criação de Patrícia Carrei-
ra, com Ivan Karpenko e Sofia Ferrão.
Teatro Taborda | 17 de março | 21h30
O Homem que não está lá
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Já se passaram mais de 100 anos desde que foi escrita,
mas mantém-se tão atual quanto o era em 1896. Afinal,
instale-se a crise que se instalar, o amor é um dos senti-
mentos que continua a fazer o mundo girar. Composta
por Giacomo Puccini, La Bohème conta a história de Mimi,
uma florista, e Rodolfo, um poeta parisiense que se apai-
xona por Mimi. Esta ópera chega agora à sala principal do
São Luiz Teatro Municipal pela mão da Companhia de
Ópera do Castelo, que revela ir “mais fundo do drama de
Mimi e Rodolfo, pondo de parte cenários inúteis ou efeitos
cénicos supérfluos.” Fica então “a banalidade de mulheres
e homens que vivem a incerteza do dia seguinte e do amor,
mas que, apesar do frio, da fome, das dívidas e da doença,
atravessam os seus verdes anos com simplicidade, humor
e verdade.”
Com direção musical de Jeff Cohen, direção cénica de Mi-
chel Dieuaide e a interpretação a cargo de Catarina Molder,
Diogo Oliveira, Eduarda Melo, João Cipriano, João Olivei-
ra, Nuno Dias e Rui Baeta, esta proposta da Companhia de
Ópera do Castelo surge no seguimento do seu trabalho de
difusão deste género musical, levando-o a mais pessoas e
em locais inesperados. La Bohème é assim apresentada num
formato mais íntimo e numa nova versão em português.
Adaptada ao mundo contemporâneo, esta versão intensi-
fica a verdade gritante da sua história, que reflete o mun-
do de hoje, com as suas profundas interrogações em todas
as áreas sociais e humanas. Este trabalho apresenta ainda
uma forma possível de elevar a ópera a uma outra escala,
mais dramática e humana. Afinal, também Mimi, Rodol-
fo, Museta (jovem namoradeira que ama Marcello, mas a
quem está sempre a fazer ciúmes) e Marcello (pintor que
partilha o quarto com Rodolfo) vivem tempos de crise e lu-
tam pela sobrevivência.
Sara Simões
Música O amor em tempos de crise
//M
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LA BOHÈME
São Luiz Teatro Municipal
16 a 18 de março
www.teatrosaoluiz.pt
E Exposições De São Tomé para Lisboa
//
BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Pavilhão Preto e Pavilhão Branco
Museu da Cidade
Até 20 de abril
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Integradas na 6.ª edição da Bienal de Arte e Cultura de São
Tomé e Príncipe (BSTP), que se realizou em novembro últi-
mo, chegam agora a Lisboa, ao Museu da Cidade, a expo-
sição internacional de residências artísticas Património(s) /
Arte Contemporânea e a exposição de arquitetura Inventar(iar)
as Roças de São Tomé e Príncipe. Patentes no Pavilhão Branco e
Pavilhão Preto, respetivamente.
Composta por criações inéditas, desenvolvidas em resi-
dências artísticas que tiveram por objetivo não só a forma-
ção em artes visuais, através de projetos que estimulassem
a experimentação como também contribuir para uma
maior articulação entre artistas estrangeiros e a comuni-
dade artística local, a exposição Património(s) / Arte Contem-
porânea apresenta uma seleção de obras de artistas vindos
dos cinco continentes. Destacam-se artistas como a fran-
cesa Amélie Bouvier, o cabo verdiano César Schofield ou a
portuguesa Patrícia Corrêa.
Da autoria dos arquitetos Duarte Pape e Rodrigo Rebelo
de Andrade, Inventar(iar) as Roças possibilita a descoberta
de um novo olhar sobre as roças de São Tomé e Príncipe,
património arquitetónico único no mundo. Organizada
em três momentos – conhecer, compreender e percorrer –,
a exposição incide sobre as antigas estruturas agrárias
de cacau e café que, nos séculos XIX e XX, estiveram na
base do desenvolvimento desta antiga colónia portuguesa,
dando a conhecer não só a sua organização, programas e
tipologias, mas aquilo que perdura no tempo: a memória,
a herança e a identidade.
Com curadoria de Adelaide Ginga, cuja entrevista pode
ler na próxima edição da Lisboa Cultural, a BSTP está ain-
da representada com exposições paralelas em galerias de
referência da cidade. A saber: Africando, na gAD – galeria
Antiks Design; César Schofield Cardoso. Maimuna Adam. René
Tavares, na Galeria Graça Brandão; e Mário Macilau – Taking
Place Tomando o Lugar, na Galeria Influx Contemporary Art.
Sara Simões
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C Curtas
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Por iniciativa da Fundação CCB, estão abertas as
candidaturas para um concurso de projetos artísticos
que podem vir a ser incluídos na programação do Centro
Cultural de Belém ao longo do triénio de 2013-2015.
Direcionado a todos os criadores culturais portugueses,
as propostas podem ser enviadas até 31 de março,
devendo ser acompanhadas por uma estimativa de custos,
calendário, patrocínios e outros elementos que sejam
úteis para a sua avaliação.
Mais informações em www.ccb.pt.
CCB procura projetos artísticos
A Praça de Toiros do Campo Pequeno recebe, nos dias 16
e 17 de março, a V Festa do Forcado. Trinta e oito grupos de
forcados mostram a sua valentia e paixão num evento
que pretende enaltecer os valores do companheirismo
entre os amantes desta arte. Este ano, para além da
já famosa entrega do Troféu José Veiga Teixeira para a
melhor parelha, vai ser apresentado um espetáculo sobre
o forcado, da sua origem até aos dias de hoje. Destacam-se
também as exposições e uma festa com dj´s.
Campo Pequeno acolhe Festa do Forcado
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A Fonte Luminosa da Alameda D. Afonso Henriques vai ser
restaurada pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), com
financiamento do PIPARU (Programa Prioritário em Ações
de Reabilitação Urbana), devendo a obra estar concluída
até ao próximo verão. De regresso vão estar os jogos de
água que tornavam este monumento – inaugurado na
década de 40 do século XX para comemorar a entrada das
águas do vale do Tejo na cidade – num dos objetos mais
singulares de Lisboa. Segundo a CML, a intervenção vai
permitir criar”uma plataforma na área central do espaço,
que funcionará como miradouro, e uma galeria com
exposições permanentes ou temporárias.”
Fonte Luminosa vai ser reabilitada
A candidatura do projeto internacional HOUSE on FIRE,
apresentada pelo Maria Matos Teatro Municipal, em
parceria com outros nove teatros e festivais europeus,
foi selecionada pela Comissão Europeia para receber um
financiamento durante os próximos cinco anos. Foram
apresentadas 54 candidaturas de onde o projeto português
saiu vencedor. HOUSE on FIRE propõe desenvolver uma
série de atividades culturais entre 1 de junho de 2012 e 31
de maio de 2017.
Maria Matos recebe financiamento da Comissão Europeia
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Cinema
Descobrir a EscritaO Padrão dos Descobrimentos recebe, durante os meses de março e abril, o ateliê de escrita criativa Descobrir a Escrita, orientado por Margarida Fonseca Santos e Leonor Tenreiro. Este ateliê, baseado nas influências dos Descobrimentos, pretende mostrar como as diferentes culturas e outras geografias trouxeram novas formas de escrever e ver o mundo. Inscrições pelo número 213 031 950 ou pelo e-mail [email protected]
Ateliês
FlorbelaO mais recente filme de Vicente Alves do Ó, Florbela, já está em exibição em cinemas de todo o país. Inspirado em episódios da vida de Florbela Espanca, esta é uma história de inquietação, melancolia, tristeza e fantasia à medida da obra da poetisa alentejana. Com Dalila Carmo, Ivo Canelas e Albano Jerónimo nos principais papéis.
Teatro
Dia Mundial do TeatroNo dia 27 de março comemora-se o Dia Mundial do Teatro, instituído em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro, no dia da inauguração do Teatro das Nações, em Paris. Em Lisboa, este dia será assinalado no São Luiz Teatro Municipal com uma série de iniciativas. No dia 26 de março há uma Maratona de Leituras, no Jardim de Inverno; dias 27 e 28, apresenta-se a peça Jôjô, o Reincidente, de Joseph Dama; e dia 27, o ciclo Ler Dom Quixote é dedicado ao teatro.
Tindersticks Os Tindersticks voltam a Lisboa no dia 26 de março, desta vez à sala do Cinema São Jorge, na Avenida da Liberdade. A banda britânica vem apresentar o seu último álbum, The Something Rain, e promete oferecer ao público português os sons melancólicos que tanto os caracterizam. Temas como This Fire of Autumn, A Night So Still e Medicine não serão certamente esquecidos. Bilhetes à venda nos locais habituais.
Música
A
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- 00/00/00 | de Daniel Antunes Pinheiro | Até 16 de março | Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Fotográfico | http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt
- Solo Pictórico | Pintura de Carlos Barretto | Até 16 de março | Museu do Fado | www.museudofado.pt
- Graça Caldas, Jorge Machado e Nuno Sousa Mendes – Trilogia latina | Até 22 de março | Biblioteca-Museu República e Resistência - Espaço Grandella
- Geografia Singular | de Rodrigo Hernández Ramírez | Até 27 de março | Casa da América Latina www.casamericalatina.pt
- Momentos de Vida | de Jindřich Štreit | Até 30 de março | Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Fotográfico
- Manuel da Fonseca | Até 30 de março | Biblioteca-Museu República e Resistência - Cidade Universitária | http://republicaresistencia.cm-lisboa.pt
- Puppets in Films | Até 15 de abril | Museu da Marioneta | www.museudamarioneta.pt
- Fernando Pessoa, Plural como o Universo | Até 29 de abril | Fundação Calouste Gulbenkian | www.gulbenkian.pt
- Fernando de Azevedo e os Outros | Até 30 de abril | Sociedade Nacional de Belas-Artes
Exposições
- Vermelho | Até 25 de março | Teatro Aberto | www.teatroaberto.com
Teatro
- 2.º Festival Tribal Lx | Comunidade Hindu de Portugal | 17 de março | 21h30 | Biblioteca Orlando
Ribeiro | http://blx.cm-lisboa.pt
- Desafinado | Grupo Dançando com a Diferença | São Luiz Teatro Municipal | 21 e 22 de março | 21h30
www.teatrosaoluiz.pt
Dança
- Arquivo Municipal de Lisboa: Um acervo para a História | 23 de março | CIUL (Picoas Plaza) | 218 862 332
- Ciclo Grandes Escritores Prémios Cervantes e Camões | Juan Carlos Onetti | 29 de março | 18h30 |
Livraria Bulhosa Campo Grande | www.casamericalatina.pt
Conferências
- Em Câmara Lenta | de Fernando Lopes | em exibição
Cinemaem Agenda
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