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Fundamentos Metodológicos e Teóricos da Educação Física na Formação

de Docentes da Educação Infantil: Um Novo Olhar1

DE ROSIS, Leandra Aparecida de Carvalho2

RESUMO

Este estudo teve como objetivo reunir algumas ideias acerca das mudanças curriculares, para o Ensino Médio – Formação de Magistério, evidenciando a contribuição da Educação Física para a melhoria pedagógica nesse nível de ensino. A questão educacional na Educação Infantil teve uma maior atenção após a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN) nº 9394/96, que organizou este segmento como área educacional e não apenas como espaço de “guarda”, no qual a criança possa através do trabalho de profissionais capacitados e a utilização de materiais pedagógicos apropriados se desenvolver como lhe é de direito e fato. Tendo em vista que a integração do brincar, cuidar e educar permanece sem efetivar-se na prática cotidiana da maioria das instituições que oferecem a Educação Infantil, é importante reconhecer a atuação da Educação Física no desenvolvimento infantil e a sua valorização nos aspectos organizacionais de sua prática pedagógica como componente curricular que acompanha as mudanças nas propostas curriculares. Nessa perspectiva cabe à escola se adequar às transformações propostas pelas mudanças sociais, políticas e econômicas. Assim sendo, se faz necessário que o aluno deste nível de formação tenha um conhecimento amplo e de qualidade, uma fundamentação teórica que o leve a maior compreensão didático-metodológica, desenvolvendo esse conhecimento de modo a estimular o debate sobre questões de ensino aprendizagem dessa disciplina nessa modalidade de ensino, possibilitando sua atuação na sociedade de forma competente, responsável, ética, autônoma, cooperativa e criativa.

Palavras chaves: Educação Física. Educação Infantil. Postura didático-

pedagógica.

1 Artigo científico apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) ofertado pela

Secretaria de Estado da Educação do Paraná, sob a orientação do Professor Me. Almir de Oliveira

Ferreira (Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Jacarézinho/Centro de Ciência e

Saúde/ Colegiado de Educação Física)

2 Pós-graduação: Metodologia e Didática de Ensino/1996 e Gestão e Administração Escolar/2003,

Graduação Educação Física / 1982/ Universidade Estadual de Londrina; professora da rede

estadual de educação desde 1988, lotação Colégio Estadual Cristo Rei – Ensino Normal/ Cornélio

Procópio – PR.

2

INTRODUÇÃO

As constantes reformas educacionais alteraram por diversas vezes a

terminologia do curso de formação de docentes, em nível médio,

acompanhada de reformulações curriculares. Até os anos 1960, o referido

curso era denominado “Normal”, a partir dos anos 1970, de “Magistério” e,

novamente, de “Normal”, após 1996.

A descontinuidade das políticas, a distância entre as intenções

expressas na legislação e a efetiva construção das condições para realizar

esses objetivos são uma constância dentro deste nível de ensino. Já a

Educação Física, componente curricular do curso, teve maior atenção após a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº9394/96), com a

organização da Educação Infantil como campo educacional e não como campo

de “guarda”, no qual a criança possa se desenvolver com profissionais

capacitados, com materiais pedagógicos como lhe é de direito.

A realização desta investigação faz-se necessária para uma melhor

compreensão da realidade atual da Educação Física na Educação Infantil e,

consequentemente, auxiliar na melhoria de qualidade de ensino desta

disciplina no curso Ensino Normal – Formação de Docentes do Colégio

Estadual Cristo Rei. A principal proposta deste trabalho é, portanto, fazer uma

reflexão sobre a disciplina de Educação Física no curso de formação de

docentes – Ensino Normal do Colégio Estadual Cristo Rei, para atuarem

na Educação Infantil.

A educação infantil sempre foi compreendida como assistencialista,

mas a questão do “cuidar pelo cuidar” está sendo superada com o maior

empenho de professores através de propostas pedagógicas e fundamentação

teórica, que leve a maior compreensão da didática metodológica, que se faz

necessária para desenvolver esse conhecimento, vindo a proporcionar um

sucesso maior no ensino, na aprendizagem e no compromisso profissional,

tratando a educação infantil como campo educacional e não mais como campo

de “guarda”.

Para que futuros docentes da educação infantil sintam-se convictos de

seu papel na educação, precisam entender que, como qualquer outro

educador, seu aperfeiçoamento deve ser constante, pois não se pode esperar

3

que a formação inicial seja o fim de seus estudos, já que as mudanças ocorrem

rapidamente na sociedade e, portanto, é necessário que se tenha

conhecimento sobre elas.

Diante deste novo papel, surgiu o problema de pesquisa: Quais as

metodologias mais adequadas para a prática pedagógica voltada à melhoria do

desempenho dos alunos do Colégio Estadual Cristo Rei?

Considerando tal problema, elencamos como objetivo geral: Avaliar as

práticas pedagógicas de Educação Física no curso de Formação de Docentes,

a fim de melhorar o desempenho dos discentes da 1ª série do Colégio Estadual

Cristo Rei. E, ainda, como específicos: Conhecer a trajetória histórica do curso

de Formação de Docentes desde a sua implementação até os dias de hoje,

bem como as alterações ocorridas na sua matriz curricular; rever as práticas

atuais dos discentes do curso de Formação de Docente, diante da evolução do

desenvolvimento infantil em sua dimensão global e que proporcione um

sucesso maior sua atuação na sociedade de forma competente, responsável,

ética, autônoma, cooperativa e criativa e propor práticas pedagógicas, bem

como atividades que estimulem o debate sobre as questões de ensino-

aprendizagem na disciplina de Educação Física como componente curricular.

1 O CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES

A inclusão do ensino médio como etapa que compõe a Educação Básica

na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9394/96 foi

importante. Com o Decreto 2208/96 e a reforma do antigo ensino de segundo

grau, este período passou a ser denominado de Ensino Médio.

Houve uma radical separação entre a Educação Profissional e a

Formação Geral, cujo objetivo foi o de transferir para o próprio indivíduo a

responsabilidade de se educar para o trabalho tendo ele, por si só, de buscar

sua educação profissionalizante.

Segundo Araújo (2008), em outubro de 1996, a Secretaria de Estado da

Educação do Paraná (SEED – PR) ordenou o fechamento das matrículas de

todos os cursos profissionalizantes, inclusive a do Magistério, impondo o

Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio (PROEM) que previa a

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estruturação do Ensino Profissionalizante como Pós-Médio.

O processo de fechamento dos cursos profissionalizantes da rede

pública não foi sem resistência. Como a data de promulgação da LDBEN foi em

20/12/1996, em outubro de 1996, algumas escolas de magistério não

obedeceram à orientação para aderirem ao PROEM, e com base legal na

legislação específica (Deliberação 02/90 – CEE) garantiram a continuidade de

seu funcionamento.

A comunidade do Colégio Estadual Cristo Rei teve papel de destaque

nessa luta, pois foi uma das quatorze escolas a não aceitar a adesão ao

PROEM.

Através da Resolução 4394/96 da SEED, a adesão ao programa só se

daria por meio de referendo de uma assembléia com a comunidade, na qual

seria garantido o direito de manter os cursos para aquelas escolas que

deliberassem por esta decisão. A comunidade do colégio não aceitou fazer

parte deste programa entendendo que se aderissem ao mesmo estariam

assinando o seu fechamento, cessando suas atividades, já que ofertavam

apenas o Curso Normal, garantindo assim a oferta do Curso de Magistério.

O colégio não obteve assessoramento pedagógico por parte da SEED,

nem tampouco benfeitorias em seu espaço físico, seguindo por todo esse

período numa caminhada solitária.

Foram oito anos de pressão constante para que tudo desse errado nessas escolas, o que não aconteceu, pois ao contrário, essas escolas ganharam respeitabilidade e hoje contribuem na elaboração dessa proposta de retornar a oferta dos cursos na rede pública estadual. O Departamento de Educação Profissional (DEP) na nova gestão governamental (2003 – 2006),assumiu a responsabilidade do setor público na oferta da modalidade de ensino Formação de Docentes em Nível Médio.(PARANÁ/SEED/DET, 2006, p.22).

Araújo (2008), em seu artigo intitulado “A Construção da Integração

nos Cursos de Formação de Professores” faz uma análise ano a ano da

trajetória e consequência da organização da política educacional desde 1996

até o ano de 2007.

Com a Deliberação n.10/99, os colégios que não aderiram ao PROEM

puderam elaborar suas matrizes curriculares. Em 2001, houve a elaboração do

Projeto Político Pedagógico (PPP) pela comunidade escolar interna, tendo

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como fundamentação a Deliberação n. 14/99 do CEE e os Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Médio, teve também nova matriz curricular

implantada de forma gradativa com a proposta de oferta de Curso de Formação

de Docentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

No ano de 2003, com a mudança de governo, foi retomado o debate

sobre a reconfiguração das propostas de formação de professores em Nível

Médio no Estado do Paraná através da equipe do departamento de Educação

Profissional da SEED – PR, juntamente com professores da rede e dos

técnicos dos demais departamentos de Ensino da SEED – PR, direcionando

para a retomada de uma proposta de formação humana muito diferente

daquela que orientou as reformas dos últimos anos iniciando-se, assim, um

novo modo de atuação, desta vez coletivo. Processo este de cunho

emancipatório.

Em julho de 2003, o Departamento de Educação Profissional (DEP)

desenvolveu estudos por meio de uma comissão para a implantação do Curso

de Formação de Docentes para a Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino

Fundamental, tendo como consequência a elaboração de uma nova matriz

curricular organizada na concepção do currículo de ensino médio integrado ao

ensino profissional sendo esta apresentada no dia 03 de dezembro de 2003 no

Centro de Excelência em Tecnologia Educacional do Paraná (CETEPAR), onde

estavam presentes profissionais da educação dos colégios, dos municípios e

das Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado.

As constantes reformas educacionais alteraram por diversas vezes a

terminologia do curso de formação de docentes, em nível médio, acompanhada

de reformulações curriculares. Até os anos 1960, o referido curso era

denominado “Normal”, a partir dos anos 1970 de “Magistério” e, novamente, de

“Normal”, após 1996.

A descontinuidade das políticas, a distância entre as intenções

expressas na legislação e a efetiva construção das condições para realizar

esses objetivos são uma constância dentro deste nível de ensino.

Após um período de descaso com a educação profissional e com o

curso de Formação de docentes, em 2004, o curso voltou a ser ofertado, no

Paraná, visando à formação de docentes para atuação na Educação Infantil e

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Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Neste mesmo ano, foi implantada a nova

matriz curricular, além disso, foi implantado o Curso com Aproveitamentos de

Estudos (Subsequente) no noturno. A nova matriz curricular propõe a

Formação de Docentes pelo curso Integrado e Ensino Médio e Educação

Profissional, uma proposta progressista que tem como objetivo superar a

dualidade estrutural que acompanha tais modalidades.

Em 2005, o coletivo do colégio trabalhou durante todo o período letivo no

PPP (Projeto Político Pedagógico) na perspectiva do materialismo histórico,

com o questionamento voltado para a “escola ideal” que, após aprovado pelo

Conselho Escolar, foi encaminhado ao Núcleo Regional da Educação ao

término do ano escolar e retomado no início do ano de 2006 para a sua

realimentação. Destaca-se que os Simpósios do Curso de Formação de

Docentes tiveram contribuição efetiva para sua reelaboração, as quais foram

propostas pelo Departamento de Educação e Trabalho (DET).

A matriz curricular atingiu a sua totalidade no ano de 2007, de 1ª a 4ª

séries, ainda com muita discussão e dificuldades e com a contribuição do

coletivo do colégio, na perspectiva do materialismo histórico visando a

superação dessas dificuldades num processo de dedicação e estudo por parte

dos envolvidos.

O Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Nacional da Educação

(CNE) vêm propondo normas complementares, por meio de Pareceres,

Resoluções e Diretrizes Curriculares devido à necessidade de uma

regulamentação mais criteriosa para o curso de formação de professores para

atuarem na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental,

devido ao fato de diferentes interpretações em relação ao artigo 62 da LDBEN

9394/96, que estabelece

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatros primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Essas mudanças tiveram grande importância para os profissionais que

atuavam e que continuam atuando na educação infantil, pois passaram a ser

reconhecidos como profissionais com direito à formação e que hoje se traduz

7

num direito tanto dos docentes como também das crianças, uma vez que esses

atendimentos eram prestados em forma de “assistência social”, sem exigência

de um profissional habilitado na Educação Infantil o que demandou

profissionais habilitados para o exercício do magistério.

A história de luta pelo funcionamento do Colégio Estadual Cristo Rei –

Ensino Normal não difere muito da trajetória do curso de Formação de

Docentes.

[...] Este caminhar leva a acreditar que a escola é sim o espaço possível para se construir uma sociedade diferente, que remete a uma difícil tarefa: priorizar um processo educacional voltado para a democracia social e econômica. A Educação para a cidadania só pode ter como objetivo promover a igualdade, e não estabelecer distinções sociais. Daí a grande relevância social de sua ação (ARAÚJO, 2008, p.196).

Atualmente, o que se busca por meio do Ensino Médio Integrado é

romper com a dicotomia entre educação do ensino médio e da modalidade

técnica, resgatando o princípio da formação humana em sua totalidade. Nesse

sentido, o ensino profissionalizante não se pautaria pelos interesses do

mercado, mas constituir-se-ia numa possibilidade a mais para os estudantes na

construção de seus projetos de vida.

De acordo com a Proposta Pedagógica Curricular do curso de Formação

de Docentes da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em

Nível Médio, na Modalidade Normal, coerente com a política defendida para o

aluno de formação de docentes, tem como referência os princípios

pedagógicos que devem perpassar a formação inicial dos professores:

O Trabalho como Princípio Educativo

[...] o trabalho deve ser o centro da formação humana em todo ensino médio e não apenas naquele que tem o adjetivo de profissionalizante. Ter o trabalho como princípio educativo implica em compreender a natureza da relação que os homens estabelecem com o meio natural e social, bem como as relações sociais em suas tessituras institucionais, as quais desenham o que chamamos de sociedade. Assim, a educação é também uma manifestação histórica do estar e do fazer humano que fundamentam o processo de socialização. (PARANÁ/SEED/DET, 2006, p.23).

A Práxis como Princípio Curricular

Se o trabalho é um dos princípios educativos do currículo de formação de professores, então a prática docente deve ser encarada no sentido da práxis, o que significa dizer que a

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dimensão política torna-se a chave para a compreensão do saber e do fazer educativo. Ou seja, compreendem-se os processos de conhecimento científico e de todos os tipos de conhecimentos a partir de sua natureza social, como produto coletivo de relações amplas entre objeto-coletividade e não de indivíduo-objeto, numa dimensão tipicamente individualista. (PARANÁ/SEED/DET, 2006, p.25).

O Direito da Criança ao Atendimento Escolar

Assim, pode-se alinhar alguns princípios em relação aos direitos das crianças, considerando especificidades da faixa etária de 0 a 6 anos, para o seu atendimento afetivo, emocional e cognitivo, os quais devem estar transversalizando a formação dos professores, quais sejam: respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais , sociais, econômicas, culturais, étnicas,religiosas, etc.; direito das crianças de brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética; socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. (PARANÁ/SEED/DET, 2006, p.26).

Deste modo, o conceito de cuidar, educar, criança e aprendizagem,

devem ser integrados ao trabalho dos professores enquanto categorias,

reconhecendo que o conhecimento é resultado a ser desenvolvido como uma

necessidade fundamental na significação e ressignificação dos sentimentos da

existência humana e social.

1.1 EDUCAÇÃO INFANTIL

A educação infantil sempre foi compreendida como assistencialista mas

a questão do “cuidar pelo cuidar” está sendo superada com o maior empenho

de professores através de propostas pedagógicas, fundamentação teórica, bem

como do compromisso profissional, que leve a uma maior compreensão dos

recursos didático-metodológicos, o qual se fazem necessários ao

desenvolvimento do conhecimento que proporcione maior sucesso no ensino,

na aprendizagem das crianças em desenvolvimento ao tratar a educação

infantil como campo educacional e não mais como campo de “guarda”.

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Para que futuros docentes da educação infantil sintam-se convictos de

seu papel na educação, precisam entender que, como qualquer outro

educador, seu aperfeiçoamento deve ser constante, pois não se pode esperar

que a formação inicial seja o fim de seus estudos, já que mudanças ocorrem

rapidamente na sociedade e, portanto, é necessário que se tenha

conhecimento sobre elas.

Conforme a Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de

Docentes da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental em Nível

Médio, na Modalidade Normal, assim como o Ensino Médio, a Educação

Infantil também foi incluída como componente obrigatório da Educação Básica

na LDBEN de 1996, mas esta medida legal não se traduziu em estruturas,

garantias de financiamentos e formação de professores. Na verdade, ela não

foi bem direcionada para esta especificidade, ficando, assim, uma lacuna na

formação de profissionais plenamente qualificados para educarem crianças

desta faixa etária. A partir desta promulgação, a Educação Infantil passa a ser

definida como a primeira etapa da educação Básica. Essa conquista nacional é

de grande importância, pois reitera “[...] que a aprendizagem ocorre desde o

nascimento e requer educação e cuidado na primeira infância”, segundo a

Declaração Mundial de Educação para Todos, firmada em Jomtien, 1990.

Declara que

[...] nas últimas décadas várias pesquisas tem demonstrado que os primeiros seis anos de vida de uma criança se constituem em período intenso de aprendizado e desenvolvimento, em que se assentam as bases do “aprender a conhecer”, “aprender a viver junto”, “aprender a fazer” e “aprender a ser”. O atendimento educacional de qualidade, nessa fase da vida tem um impacto extremamente positivo no curto, médio e longo prazo, gerando benefícios educacionais expressivos do que qualquer outro investimento na área social. (BRASIL/UNESCO, 2005)

Quanto mais cedo a criança tiver acesso ao atendimento educacional de

qualidade, maior probabilidade ela terá de concluir os futuros ciclos / etapas

educacionais pois esta permanência afeta positivamente o itinerário escolar

dessa criança contribuindo, assim, para a sua realização pessoal e profissional.

Garantir uma educação de qualidade desde os primeiros anos de vida é

um dos investimentos mais importantes que uma nação pode fazer e também é

a principal estratégia do Programa do Milênio para a Primeira Infância, pois se

10

trata da formação de profissionais da Educação Infantil, levando-se em conta

que a qualificação desse educador é reconhecidamente um dos fatores mais

relevantes para a promoção de padrões de qualidade adequadas nesta

modalidade de ensino ou em qualquer outra fase. Neste caso em que o

profissional da Educação Infantil tem a dupla responsabilidade de cuidar e

educar bebês e crianças de até seis anos de idade, sua formação é de grande

impacto em se tratando de qualidade de atendimento.

A formação do profissional que irá desenvolver o trabalho junto à

Educação Infantil requer uma formação constante e exigente. Além disso,

deve-se ter em mente que a produção do saber se faz presente em todas as

etapas do processo educacional, o que deve ser um verdadeiro marco em sua

nova identidade.

Segundo Burger e Krug (2009), a educação Infantil deve ser realizada

numa perspectiva em que a criança precisa ser compreendida como um ser

humano em processo de desenvolvimento e que necessita de cuidados e de

educação e que perceba a criança em toda a sua potencialidade, em suas

características como a autonomia, a criticidade, a criatividade e a

solidariedade, tendo como desafio a construção de uma prática pedagógica na

qual a Educação Física seja coerente com essa concepção e atenda às

especificidades da criança na Educação Infantil.

De acordo com as Orientações Pedagógicas da Educação Física para

os Anos Iniciais do Ensino Fundamental de Nove Anos, as reflexões e

proposições na disciplina de Educação Física favorecem o momento de iniciar

o processo de interlocução entre os profissionais responsáveis pela educação

escolar da criança, através de ações que mobilizem e valorizem a

movimentação do corpo infantil nesta fase escolar.

Assim, tendo como premissa que os movimentos corporais se agrupam em diversas práticas se traduzem, em nossa sociedade, em linguagens ressaltamos que a escola tem como objetivo proporcionar à criança o conhecimento, a sistematização, a reflexão e a ressignificação das práticas de movimentação do seu corpo, por meio de conteúdos da disciplina Educação Física. Para isto, é necessário apostar em propostas de ensino e também em práticas docentes que atendam esta perspectiva educacional. (PARANÁ/SEED, 2010, p.79).

11

No Brasil considera-se como educação infantil o período de vida escolar

em que se atende, pedagogicamente, crianças com idade entre 0 e 5 anos e 11

meses. A LDBEN chama o equipamento educacional que atende crianças de 0

a 3 anos de “ creche” . O equipamento educacional que atende crianças de 4 a

6 anos se chama “pré-escola”. Na educação infantil a avaliação far-se-á

mediante acompanhamento a registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo

de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.

Recentes medidas legais modificaram o atendimento das crianças PRÉ-

ESCOLA, pois alunos com seis anos de idade devem obrigatoriamente estar

matriculados no primeiro ano do Ensino Fundamental.

Com o Projeto de Lei nº 144/2005, aprovado pelo Senado em 25 de

janeiro de 2006, os dispositivos legais estabelecem as seguintes modificações

O Projeto de Lei nº 144/2005, aprovado pelo Senado em 25 de janeiro de 2006, estabelece a duração mínima de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Essa medida deverá ser implantada até 2010 pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. Durante esse período os sistemas de ensino terão prazo para adaptar-se ao novo modelo de pré-escolas, que agora passarão a atender crianças de 4 e 5 anos de idade.

Seguidamente, o Projeto de Lei do Senado (PLS) 414/08, do senador

Flávio Arns (PSDB-PR), que foi aprovado em decisão terminativa pela

Comissão de Educação, Cultura e Esporte, altera

a redação dos arts. 4º, 6º, 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro

de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispõe

sobre a educação infantil até os 5 (cinco) anos de idade e o ensino

fundamental a partir desta idade. O relator do parecer, que modifica a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN 9394/96), foi o senador Sérgio

Zambiasi (PTB-RS).

Desse modo, o aluno deve ser matriculado no 1º ano do Ensino

Fundamental com 6 anos e não mais com 7 anos de idade, e a Educação

Infantil deverá ser oferecida a crianças até cinco anos de idade que se divide

em duas etapas: a creche (0 a 3 anos) e a pré-escola (4 a 5 anos),

e a garantia de atendimento gratuito em creches e pré-escolas para crianças

12

na faixa etária de zero até cinco anos de idade, modificando assim a redação

do inciso IV do art. 4º da LDB.

Com a Lei nº 11.274, de 2006, foi alterada a redação dos artigos 29, 30,

32 e 87 da LDBEN, tornando-se realidade a duração de nove anos para o

ensino fundamental.

O novo Fundo de Financiamento da Educação Básica (FUNDEB), pode

ser um importante apoio para este processo, uma vez que considera as

competências legais de cada esfera de governo sendo que a educação infantil

é da jurisdição da esfera municipal. Destaca-se que este fundo seja um

estímulo para que os governos, responsáveis por esse nível de educação,

desenvolvam o aprendizado de modo que o direito à educação seja garantido a

todos os cidadãos que procurarem vagas na educação infantil.

A educação infantil, no Brasil (que vai de 0 a 5 anos) ainda não atinge os

índices esperados. Muitas vezes não há vagas para todos. O índice vai

melhorando conforme aumenta a idade das crianças, mas em nenhum nível

passa de 70%. E a maioria das crianças tem acesso à educação infantil em

escolas particulares. Temos que analisar, no entanto, se essas mudanças irão

aprimorar o ensino nas escolas e irão melhorar o desempenho do aluno, ou se

essas modificações apenas servirão para se trocar o nome da última etapa do

ensino infantil pelo nome de primeira série ou primeiro ano do ensino

fundamental.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação

Infantil (RCNEI)

[...] a criança, como todo ser humana, é sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que esta inserida em uma sociedade com uma determinada cultura e um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca (BRASIL, 1998, p.21).

Desse modo, vale lembrar que é de fundamental importância para a

qualidade da saúde escolar da criança que a família, juntamente com a

comunidade escolar, possa compreender que a aquisição de conhecimento se

dá mediante o grau de amadurecimento desta criança e que existe uma

proposta curricular que visa atender as demandas de cada idade, sendo que se

13

esta demanda for antecipada poderá causar sérios danos no processo que

permeia o ensino e a aprendizagem.

2 A EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física está presente e é marcante no processo de ensino e

aprendizagem e na construção do conhecimento. Dentro da perspectiva de

disciplina articuladora, caracteriza-se de forma mais abrangente como área de

conhecimento da cultura corporal, aborda conteúdos dentro de um contexto de

conhecimentos historicamente acumulados e socialmente transmitidos.

Considerando o desenvolvimento histórico da disciplina de Educação

Física e os seus vários momentos de afirmação, contemplar a corporalidade

como premissa básica representa dar ainda maior densidade ao que se

convencionou chamar de cultura corporal do movimento. Daí a necessidade de

entendermos as inquietações atuais como momento de superação de formas

anteriores de concepção e atuação junto às escolas públicas.

Desde a aprovação da LDBEN nº9394/96 tem-se intensificado as

discussões sobre a Educação Física na Educação Infantil, conforme se

observa pelo disposto no § 3º, do artigo 26 que estabelece: “A educação física,

integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular na

Educação Básica, ajustando às faixas etárias e as condições da população

(...)”. A redação desta lei foi alterada no ano de 2003, por meio da Lei nº10.

793/03, na qual passou a constar que a Educação Física é componente

curricular obrigatório da Educação Básica.

De acordo com Garanhani (2004 apud PARANÁ / SEED, 2010, p.77), a

prática pedagógica da Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino

Fundamental deverá seguir os seguintes eixos para promover a aprendizagem:

a autonomia e identidade corporal infantil; a socialização e a ampliação de

práticas corporais, que deverão ser integrados no fazer pedagógico na

Educação Física, sendo definido conforme a idade de cada turma, reforçando

que um eixo de trabalho não exclui o outro e sim se complementam.

Compreender a Educação Física num contexto mais amplo significa

entender que esta área de conhecimento é parte integrante de uma totalidade

14

definida por relações que se estabelecem na realidade social e política. Assim,

faz-se necessário que os profissionais estudem, procurem saber o que, por

que, e para que os conteúdos devem ser desenvolvidos nas aulas de modo

que o seu desenvolvimento aconteça da melhor maneira e de consciência

plena do processo de ensino e aprendizagem.

O trabalho é, para o ser humano, o momento histórico em que há um

salto qualitativo na própria conformação da experiência humana. Este salto

qualitativo vai estabelecer a materialidade corporal humana.

Assim a cultura corporal evidencia a relação estreita entre a formação

histórica do ser humano, através do trabalho, e as práticas corporais que daí

decorreram e, a ação pedagógica da Educação Física deve estimular a

reflexão sobre o acervo de formas e representações do mundo que o homem

tem produzido, exteriorizadas pela expressão corporal através dos jogos,

danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, mímica, e outros. Estas

expressões podem ser identificadas como formas de representação simbólica

de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente

desenvolvidas.

Os conteúdos estruturantes da disciplina de Metodologia de Educação

Física estão relacionados ao entendimento de que: a Educação Física escolar

possui objetivos e conteúdos próprios e necessários ao desenvolvimento do

potencial motor de cada criança. Para que esses objetivos sejam alcançados, é

necessário superar o senso comum de que o tempo pedagógico das aulas de

Educação Física se resume a quadra ou ao pátio e ao tempo para a recreação,

para as vivências corporais e para o brincar descompromissado.

A Educação Física começa a ser, valorizada pelos outros professores e

profissionais de outras áreas. Na Educação Infantil a Educação Física

desempenha um papel de grande importância, pois a criança desta fase esta

em pleno desenvolvimento de suas funções motoras, cognitivas, emocionais e

sociais, passando da fase do individualismo, para a fase de vivências em

grupo. O movimento é a forma de comunicação predominante na vida humana,

através dele reivindicamos algo, organizamos, descobrimos nossa relação com

o mundo, objeto e pessoas.

15

A superação do conceito de movimento humano para o de cultura

corporal de movimento humano para o de cultura corporal de movimentos, sem

o qual não haverá integração com as orientações da Pedagogia Histórico-

Crítica.

Os pressupostos teóricos da Metodologia da Educação Física

apresentam desenvolvimentos caracterizados pelas situações práticas como as

fases e os estágios motores da primeira e segunda infância, bem como pela

prática de tarefas abertas e fechadas envolvendo brincadeiras, jogos e

atividades rítmicas.

A orientação aos alunos do curso de Formação de docentes é, num

primeiro momento, avaliar as mudanças qualitativas no próprio

desenvolvimento motor para que, posteriormente possam solucionar desafios a

partir de um conhecimento elaborado, integrado pelas demais dimensões da

vida cotidiana.

Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica - Educação

Física, o Ministério da Educação (MEC) apresentou os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN) para a disciplina de Educação Física propondo os Temas

Transversais, o que acarretou num esvaziamento dos conteúdos próprios da

disciplina. Temas como a ética, meio ambiente, saúde e educação sexual

tornaram-se prioridade no currículo, enquanto o conhecimento e a reflexão

sobre as práticas corporais passaram a ser tratados de uma forma superficial, o

que torna a proposta teórica incoerente, não oferecendo uma oportunidade de

promover a formação crítica do educando.

Portanto é importante destacar que o acesso do conhecimento

historicamente produzido pela humanidade foi garantido nas Diretrizes

Curriculares da Educação Básica do Paraná do Paraná, partindo de seu objeto

de estudo e de ensino, sendo a Educação Física uma Cultura Corporal,

reconhecendo-se como agente histórico, político, social e cultural.

É partindo dessa posição que estas Diretrizes apontam a Cultura Corporal como objeto de estudo e ensino da Educação Física, evidenciando a relação estreita entre formação histórica do ser humano por meio de trabalho e as práticas corporais decorrentes. A ação pedagógica da Educação Física deve estimular a reflexão sobre o acervo de formas e representações do mundo que o ser humano tem produzido, exteriorizadas pela expressão corporal em jogos e brincadeiras, danças, lutas, ginásticas e esportes (PARANÁ/DCE, 2008, p. 53).

16

Assim, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná –

Educação Física, propõe trabalhar com os seguintes conteúdos estruturantes:

- Esporte;

- Jogos e Brincadeiras;

- Ginástica;

- Lutas;

- Danças.

Ao propor esses temas têm o intuito de demonstrar como o alargamento

da compreensão das práticas corporais na escola pode representar uma

reorientação nas formas de concebermos o papel da Educação Física na

formação. Isso significa identificarmos as múltiplas possibilidades de

intervenção sobre a corporalidade que surgem no cotidiano de cada cultura

escolar na sua especificidade. Para isso o trabalho docente deve ser balizado

por uma intencionalidade que pretende repensar o papel do professor de

Educação Física na escolarização, na tentativa de desmistificar formas

“naturalizadas” de compreensão de sua função social.

A Educação Física deve ser tratada como uma disciplina que participa na

construção do conhecimento do movimento humano como está proposto com

os conteúdos estruturantes nas DCEB – Educação Física, que através destas

manifestações culturais do movimento humano, contribui para que seja

explorada a atividade motora, criando e recriando experiências vivenciadas

atingindo o conhecimento, que tanto na parte teórica da disciplina, procura

através de conteúdos bem elaborados e diversificados, dê oportunidade para

que os alunos desenvolvam suas potencialidades de forma democrática e não

seletiva, evitando a exclusão ou alienação. Contribuindo assim, para a

constituição de identidades afirmativas, persistentes e capazes de protagonizar

ações solidárias e autônomas, de constituição de conhecimentos e valores

indispensáveis à vida cidadã.

17

3 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

A ação pedagógica da Educação Física por meio da exteriorização da

expressão corporal em Jogos e Brincadeiras, Danças, Lutas, Ginástica e

Esportes deve proporcionar uma reflexão maior sobre o histórico de formas e

representações do mundo que o homem tem produzido, integrando e

interligando as práticas corporais de forma mais reflexiva e contextualizada

através dos Elementos Articuladores indicando múltiplas possibilidades de

intervenção pedagógica, pois devem transitar pelos Conteúdos Estruturantes e

Específicos, promovendo sua integração no cotidiano escolar.

A Cultura Corporal e a Ludicidade formam um dos Elementos

Articuladores dos Conteúdos Estruturantes para a Educação Básica que é de

grande relevância nesta pesquisa. Desta forma, a SEED “[...] reconhece e

valoriza, também, as formas particulares que os brinquedos e brincadeiras

tomam em distintos e diferentes momentos históricos, nas variadas

comunidades e grupos sociais.” (PARANÁ, 2008). O tema “Jogos e

Brincadeiras”, portanto, deve ser tratado com grande amplitude, em uma

complexidade que possa ser considerado como processo crescente no

ensino/aprendizagem, fazendo uma ponte entre os demais conteúdos e seus

elementos articuladores com o objetivo de contribuição, de modo que os

discentes do Colégio Estadual Cristo Rei – Ensino Normal se tornem capazes

de refletir criticamente sobre as práticas corporais, sistematizando este

conhecimento para desenvolver uma metodologia necessária às intervenções

pedagógicas que reelabore ideias e atividades para maior compreensão da

interação social no saber produzido e suas implicações para a vida. Nesse

sentido

A apropriação afetiva e consciente do conhecimento é uma das formas de emancipação humana. Por isso mesmo, o domínio de conhecimento permite ao professor tomar consciência de que não é um livro que ajudará a enfrentar os problemas de sala de aula, mas a sua própria reelaboração dos conhecimentos e de suas experiências cotidianas (COLETIVO AUTORES,1993, p.17 ).

Segundo Moyles (2006), um modelo simples de currículo da educação

infantil é aquele em que cada elemento se interliga em outro: o brincar; a

18

aprendizagem e matérias curriculares. Assim, o brincar em ambientes

educacionais deve ter como consequência a aprendizagem. É este conceito

que separa o brincar meramente recreacional do brincar educativo.

De acordo com Rolim, Guerra e Tassigny (2008), a brincadeira na

Educação Infantil tem sido fonte de pesquisa pela motivação interna dessa

atividade, proporcionando uma grande contribuição para o desenvolvimento da

criança. Percorrendo uma das principais contribuições do lúdico com o

desenvolvimento e a aprendizagem Vygotsky mostra o quanto o brincar é

importante para o desenvolvimento infantil e o quanto subsidia a

aprendizagem, mediada pelos brinquedos, atingindo avanços sociais e

cognitivos.

A criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida criança; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é que, no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço – ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo esta unido ao prazer – e ao mesmo tempo, aprende a seguir caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia a ação impulsiva constitui o caminho para o prazer do brinquedo. (VYGOTSKY, 1998, p.130)

Os jogos e brincadeiras permitem à criança uma aprendizagem mais

elaborada, fazendo com que o lúdico auxilie na proposta educacional, na

solução de problemas e dificuldades no processo de ensino-aprendizagem.

Auxiliando a criança na diferenciação entre a ação e o significado, adquirindo

independência aos estímulos básicos do ambiente concreto que a rodeia.

O brincar é importante em todas as fases da vida, e essencialmente na

infância, pois não se trata de um simples entretenimento, diversão ou distração,

mas sim de um auxílio importante para a construção de seus significados para

o seu desenvolvimento por meio de gestos e atitudes relacionados à

afetividade e emoções. Já a brincadeira facilita o aprendizado e ativa a

criatividade contribuindo diretamente na construção do conhecimento. Portanto

a contextualização de uma prática lúdica deve sempre fazer parte das ações

pedagógicas de modo que futuros docentes e educadores possam

compreender através desta pratica as reais necessidades das crianças em

19

suas diferentes fases de desenvolvimento.

O momento de “brincar” é onde a criança desenvolve regras de

convivência e normas de comportamento, pois o brincar esta relacionado com

as regras de formação cidadã e a criança passa a perceber seu

comportamento e amadurecimento, influenciando sua forma de encarar o

mundo e suas ações futuras.

4 PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: APRESENTANDO

RESULTADOS

O encaminhamento metodológico do Projeto de Intervenção

Pedagógica, proposto no início do PDE, foi baseado na realização de palestras

– contemplando temas relacionados à Metodologia da Educação Física na

Educação Infantil, a saber: Brinquedoteca, Fases do Desenvolvimento Motor, A

importância do Lúdico e a Recreação no Desenvolvimento Infantil – na

realização de oficinas de confecção de brinquedos com materiais recicláveis e

também na coleta de dados empíricos por meio de questionário.

Após a apresentação da intenção da pesquisa para a comunidade

escolar do colégio lócus de pesquisa e, ainda, da produção didática

pedagógica, observamos um grande destaque na discussão central da

produção metodológica, proporcionando uma grande integração dos

participantes em relação ao tema da pesquisa e a necessidade de ampliar o

conhecimento na questão do desenvolvimento psicomotor da criança na

disciplina de Educação Física. Com isso os participantes mostraram-se

solidários com a produção, no sentido de colaborar e participar nas ações

previstas.

As palestras foram proferidas por profissionais especialistas nos temas

abordados e conforme um cronograma de realização das atividades. Na

palestra sobre Brinquedoteca discutiu-se sobre as diferentes formas de

interpretação do referido espaço em relação a sua aplicabilidade e função. Ao

contrário do que muitos acreditam, a Brinquedoteca deve ter seu espaço

específico, brinquedos com objetivo de desenvolvimento psíquico e motor

contemplando as diferentes fases do desenvolvimento da criança, com o

20

objetivo de auxiliar a criança no seu desenvolvimento como também inseri-la

socialmente em seu ambiente.

Já a palestra que abordou sobre as fases do desenvolvimento motor, a

importância do lúdico e a recreação no desenvolvimento infantil foi de extrema

importância, destacando as diferentes fases relacionadas com a faixa etária em

que uma criança encontra-se e quais as atividades necessárias para a sua

compreensão e realização para o seu crescimento. A palestra que focou o tema

sobre a metodologia da Educação Física na educação infantil foi realizada de

modo que o futuro docente tivesse orientação sobre qual atividade de ensino a

ser utilizada na sua prática pedagógica, de uma forma reflexiva sobre sua ação

pedagógica coletiva, social e também individual, pois uma não existe

independentemente sem a outra. Essas vivências vão se constituindo e num

dado momento se justificam pela sua reflexão, a teoria só se concretiza através

de uma ação pratica, o professor é responsável por essa intermediação com a

construção de seu conhecimento. Não se pode querer assumir um caráter

imediatista em nenhum curso de formação pedagógica, quer queira de ensino

médio, profissionalizante ou mesmo superior, pois corre-se o risco de

comprometer a qualidade e valorização da formação acadêmica . A “Prática

pela Prática” adquire um caráter imediatista sem se dar tempo de adquirir o

processo científico para análise dos métodos e meios corretos de se

desenvolver o pensamento de análise rumo a formação do pensamento teórico

e de como produzir e realizar suas atividades pedagógicas de modo que possa

desenvolver seu próprio pensamento crítico em relação a sua pratica

pedagógica, tendo como consequência a busca de um novo sentido em educar.

Com a participação do corpo discente nos minicursos “Reestruturando

a Educação Física Escolar”, em parceria com a Faculdade Dom Bosco de

Educação Física, os alunos puderam constatar que a capacitação deve ser

uma prática constante em sua formação pedagógica e que esta ação tem como

objetivo oportunizar inovações em sua vivência cotidiana escolar, buscando

sempre meios e oportunidades de superar suas dificuldades e também

construir sua história como profissional de educação. Já na oficina “Confecção

de brinquedos” com materiais recicláveis, os alunos puderam adaptar os

materiais de acordo com sua criatividade, criando e recriando novas regras de

21

convivência na utilização desses brinquedos, podendo observar de uma

maneira concreta e direta a sua real necessidade para estar auxiliando no

processo de desenvolvimento da criança.

O lúdico tem a capacidade de inserir a criança, de uma forma

agradável, no seu convívio social, atendendo as diferentes fases de seu

desenvolvimento, auxiliando desta forma, uma maior integração com todos os

sujeitos envolvidos nesta ação pedagógica. Não devemos deixar passar

despercebido que a “infância” é um estado emocional que não se deve ser

perdido em nenhum momento de nossas vidas, pois poderá acarretar

problemas futuros irreparáveis na vida de qualquer indivíduo. Cabe ao

educador criar mecanismos que possam contornar tais situações, provocando

ações que busquem melhorias na ação pedagógica, no ato de educar.

A coleta de dados empíricos teve como objetivo diagnosticar e analisar

os conteúdos desenvolvidos na disciplina de Educação Física relacionados à

educação infantil. Desta forma, aplicamos um questionário investigativo sobre a

percepção dos alunos (as) do Colégio Estadual Cristo Rei em relação à

importância da citada disciplina no curso de Formação de Docentes, bem como

a participação dos alunos em curso de capacitação e, também, nas oficinas de

lutas, jogos e brincadeiras, dança, ginástica e esporte. Assim, aplicamos o

questionário em uma mostra de alunos (as) de todas as séries (1ª a 4ª), uma

turma de cada. Foram distribuídos oitenta e sete (87) questionários, da

seguinte forma: 15 (quinze) questionários para turma de 4ª série; 31 ( trinta e

um) questionários para turma de 3ª série; 21 ( vinte e um) questionários para

turma de 2ª série e 20 ( vinte) questionários para turma de 1ª série, sendo que

todos foram preenchidos e devolvidos.

O objetivo principal foi identificar o conhecimento dos envolvidos sobre

a importância da Educação Física no processo de ensino-aprendizagem e,

ainda, como a metodologia poderia contribuir para uma maior participação do

futuro docente na sua prática pedagógica, utilizando-se de estratégias que

auxiliem tanto na formação corporal quanto na formação bio-psico-social.

Ao analisar os dados observamos que ainda há muitos

estabelecimentos de educação infantil (Centro Municipal de Educação

Infantil/CMEI) que não possuem espaço físico, espaço/tempo, nomenclatura,

22

planejamento de atividades, materiais e recursos apropriados para a realização

de atividades física motora e que também muitos (as) dos (as) alunos (as)

pesquisados (as) não possuem uma compreensão maior da contribuição da

Educação Física no desenvolvimento psicomotor da criança.

Após a análise do questionário aplicado nas turmas selecionadas, uma

de cada série e dos três turnos, organizamos as informações, apresentando-as

na totalidade.

Na primeira questão “Qual é a importância da Educação Física no

curso de Formação de Docentes e de que forma ela poderia contribuir

para o trabalho na Educação Infantil?”. Identificamos que todas as respostas

foram positivas em relação à importância da Educação Física no curso de

Formação de Docentes, e também que a disciplina trabalha com os estímulos

necessários para o desenvolvimento cognitivo da criança englobando toda sua

psicomotricidade. Destacamos alguns depoimentos que chamaram a atenção

no referido questionamento:

“[...] é importante para que possamos trabalhar de forma correta, respeitando os limites corporais e intelectuais de cada criança e também para a sua interação no grupo. [...] vai além de desenvolver a coordenação motora e outros aspectos físicos, ela também pode desenvolver a criança para atuar na sociedade, desenvolver a fala, a se soltar. [...] é importante para adquirirmos conhecimento no momento de realizar a pratica pedagógica com as crianças, contribuindo no desenvolvimento de uma boa aula. [...], pois ensina a interagir com as crianças desde cedo, sabendo como lidar com elas. [...] faz com que a criança descubra partes de seu corpo, desenvolva aptidões físicas motoras nas crianças, como a flexibilidade, habilidade, elasticidade. [...] é de grande importância porque ensina como lidar com a criança, como nos comportar. [...] é uma disciplina adorada por todas as crianças. [...] é importante no curso porque precisamos das metodologias para utilizar no futuro quando depararmos com crianças problemas em sala de aula. [...] é importante porque trabalha com o lúdico, contribuindo pra deixar a criança à vontade para aprender brincando. [...] é importante para o benefício do corpo e hoje há um grande índice de obesidade infantil, para isso é necessário o conhecimento da educação física para termos base de como trabalhar na educação infantil”.

Identificamos que no segundo questionamento, quanto à

compreensão da Educação Física na colaboração do desenvolvimento

psicomotor da criança, que as alunas demonstraram um entendimento de

23

que, é necessário uma compreensão maior da disciplina de Educação Física

na questão das fases de desenvolvimento psicomotor da criança, pois essa

vivência desperta o interesse para uma melhor condição de vida e auxilia no

trabalho com crianças nos Centro Municipal de Educação Infantil (CMEIS ).

61,29% das alunas responderam afirmativamente que a Educação Física

colabora para a compreensão do desenvolvimento psicomotor da criança;

Todavia, 38,71% das alunas não responderam ao questionamento.

Quanto à terceira questão, que se transformou em seis itens, sobre a

realização de estágio no CMEI, e a observação se a Educação Física era

trabalhada e de que forma: 16,12% das alunas entrevistadas, responderam

que SIM, a atividade é trabalhada como Educação Física; 80,64% das alunas

entrevistadas, reponderam que NÃO, a atividade é trabalhada no formato de

“recreação”; 3,22% responderam que não é trabalhada, a atividade não é

trabalhada de nenhuma forma.

Diante do exposto, para as respostas positivas, pudemos perceber

que:

a) A denominação atribuída às aulas de atividade físico-motora na Educação

Infantil são voltadas à estimulação, massagem, atividade livre de pátio, hora de

brincar e recreação;

b) Em relação ao tempo destinado para a execução das atividades físico-

motoras, o tempo disponibilizado era diferente, girando em torno de trinta

minutos, uma hora e trinta minutos, duas sessões semanais, todos os dias,

uma hora, enfim, não se tem um tempo fixo, igual para os CMEIs.

Observamos que deste modo que não há uma preocupação maior por

parte das entidades em unificar ou mesmo igualar o tempo destinado para este

atendimento.

c) Em relação ao planejamento das atividades físico-motoras e quais os

recursos pedagógicos adotados, foi possível observar que, muitos dos

entrevistados (as) não expressaram muita clareza com o tema “planejamento”,

pois 54,83% dos participantes não responderam a questão e 45,16%

demonstraram a necessidade de um conhecimento teórico-prático maior em

relação ao planejamento, para que dessa forma ocorresse a superação dessa

problemática tão comum à prática da docência. Destacaram-se os

24

posicionamentos: “Planejamento de acordo com o nível de cada criança.”; “Não

utilizava planejamento para atividades”; “Não havia nada elaborado”; “São

planejados jogos diferenciados e uso de materiais como bola, corda, entre

outro”; “São utilizados cilindros, túnel, bolas, colchonetes”.

d) Quanto ao espaço ser apropriado para a pratica de atividade físico-motora

coletamos os seguintes dados: 48,38% - Responderam que utilizavam o

espaço de sala de aula, cantinho com tapete, quadra de futsal próxima ao

CMEIs, na rua em frente a escola; 51,62 % - Responderam que não existe

espaço apropriado para esta prática;

e) Em relação aos recursos materiais e espaços físicos utilizados na prática

da Educação Física ou atividade fisico-motora na Educação Infantil concluímos

que: 60 % não responderam ao questionamento e 40% responderam que

utilizam bolas, dominós, jogos de memória, bambolê, cones, papel, corda, e em

relação ao espaço utilizado destacaram os pátios de escolas, parques infantis,

campo de futebol, espaços de outras escolas próximas ao CMEIs.

f) Ao serem questionados sobre as metodologias utilizadas na aplicação de

jogos, brincadeiras, e música durante a atividade: 16,13% não responderam ao

questionamento; 83,87% responderam que era de acordo com a faixa etária da

criança e seu desenvolvimento tinha o objetivo de aprimorar percepções já

adquiridas, tais como jogos de queimada, cantigas de roda, corridas, mas

também houve um depoimento de que “[...] também observaram que em

algumas CMEIs não se utilizava metodologia alguma, pois os professores

ficavam sentados e os alunos fazendo o que bem queriam”.

Quanto a questão relacionada ao desenvolvimento das atividades

físico-motoras na Educação Infantil, na quarta questão, os discentes

possuem a concepção de que:

“[...] educar a criança em relação ao movimento traz vários benefícios à criança cresce gostando de atividade física. [...] estimula o desenvolvimento dos movimentos da criança; [...] auxilia na coordenação motora, organização do espaço; [...] criança saber correr desenvolve a confiança em si mesma; [...] melhor preparação dos movimentos do corpo; [...] melhor adaptação das potencialidades da criança em relação ao seu movimento, regras, força física desenvolvida; [...] para um bom desenvolvimento futuro, impedindo que a aprendizagem fique defasada; [...] desenvolver a aptidão física, a socialização da criança no esporte, a coordenação motora, lúdico e a diversão, estimulando a criança de

25

acordo com sua idade e capacidade; [...] pelas atividades esportivas a criança desenvolve a organização espacial, lateralidade, equilíbrio, coordenação motora, agilidade, flexibilidade; [...] interação maior entre o professor (a) e a criança; [...] para o bom desenvolvimento natural da criança, na sua função biológica, física e social”.

Na quinta questão, que se referiu aos conhecimentos necessários

de Educação Física para atuar na docência da Educação Infantil, podemos

observar que os discentes reconhecem a importância do tema e fizeram os

seguintes apontamentos:

“[...] é necessário um conhecimento aprimorado da metodologia de educação Física para ser melhor trabalhada; [...] é necessário conhecer o desenvolvimento da idade da criança para saber qual é a melhor atividade a ser realizada e como aplicá-la; [...] ter conhecimento de atividades lúdicas para saber desenvolver corretamente com as crianças o seu físico-motor; [...] observar quais as competências dos jogos e o envolvimento de cada criança com a brincadeira; [...] conhecimento sobre alimentação, socialização, postura, brincadeiras, jogos, dança, atividades fisico-motoras que proporcionem a educação do movimento; [...] domínio sobre o conteúdo e o que trabalhar em cada fase do desenvolvimento em que a criança se encontra, bem como saber diferenciar as atividades necessárias para cada fase correspondente e também como aplicá-las; [...] atividades adequadas para cada faixa etária, interdisciplinaridade; [...] conhecimentos teóricos e práticos, aquecimento e metodologia a serem usadas e a forma de como aplicá-las; [...] jogos e brincadeiras, atividades que desenvolvam a criança respeitando a sua individualidade; [...] o processo de desenvolvimento da criança de acordo com a faixa etária para melhor mediar a sal de aula; [...] comportamento da criança por idade, o que e como trabalhar; [...] objetivos das atividades físico-motoras; [...] como lidar com a criança introvertida e a extrovertida; [...] conhecer os limites físicos e emocionais da criança para poder ajudá-la no seu desenvolvimento, autoestima; [...] conhecer atividades e seus objetivos para ajudar a criança a avançar no seu crescimento; [...] noções de jogos sensoriais, psíquicos, intelectivo e motores; [...] conhecimento que possam fundamentar nossa aula; [...] saber se posicionar, ter paciência, compreender quando a criança não quer participar, incentivando até que ela queira participar”.

Constatamos que a integração do brincar, cuidar e educar ainda

permanece distante da atuação da Educação Física na maioria das instituições

que oferecem a Educação Infantil, mas também se fez notório a necessidade

dessa prática para o desenvolvimento infantil e a preocupação com a sua

valorização nos aspectos organizacionais em relação a sua prática pedagógica

26

como componente curricular, acompanhando as mudanças nas propostas

pedagógicas de uma maneira que evidencie a sua contribuição para a

Educação Integral da criança.

O profissional, para atuar na Educação Infantil, deve ter sempre a

preocupação constante em relação ao seu conhecimento, na sua capacitação,

de modo que o estimule a uma maior compreensão didático-pedagógica no

debate sobre questões de ensino aprendizagem da disciplina de Educação

Física nessa modalidade de ensino.

Olhando para essa perspectiva, no grupo de estudo em rede (GTR),

com profissionais de Educação Física da rede estadual de ensino, realizado

como tarefa de complementação de carga horária para o curso do PDE, uma

reflexão maior quanto às transformações propostas pelas mudanças sociais,

políticas e econômicas, na docência para este nível de formação.

Como tutora no Grupo de Trabalho em Rede (GTR) adquiri uma

experiência muito gratificante, pois as interações dos professores cursistas

foram extremamente enriquecedoras e significativas. As interações dos Fóruns

e as conclusões inseridas no diário contribuíram de forma bastante crítica e

reflexivas, defendendo seus pontos de vistas, buscando compreender melhor a

realidade escolar de cada cursista, dando retorno constante nas postagens,

interagindo entre si, proporcionando a oportunidade de trocas de experiências,

permitindo dessa maneira um enriquecimento da proposta, superando minhas

expectativas na conclusão deste trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das reflexões estabelecidas foi possível perceber a falta de

clareza das alunas do curso de formação magistério, em relação ao enfoque

dado na disciplina de Educação Física. Muitas delas apresentam a ideia de

“recreação” na prática das atividades diversas referente às atividades de

Educação Física aqui denominada de atividade físico-motora, não superando

questão educacional na educação infantil mesmo após a LDBEN nº 9394/96,

que trata a organizando deste segmento como área educacional e não mais

como espaço de guarda. No entanto, fica difícil formar profissionais qualificados

27

para atuar nesse campo, com os devidos conhecimentos a serem trabalhados

de forma eficiente, pois a formação hoje nos parece ser cada vez mais rápida

e superficial, em termos de carga horária e com isso a sua efetivação no

cotidiano escolar também fica sempre relegada a uma pratica sem espaço,

sem tempo, e nomenclatura definidas , deixando de se cumprir o que é de

direito para a Educação Infantil.

Esperamos, com a discussão realizada, auxiliar novas propostas

curriculares que possam contemplar um redimensionamento das aulas de

Educação Física dentro do ambiente escolar de forma que a recreação e lazer

sejam superados possibilitando, deste modo, um direcionamento mais coerente

da atividade físico-motora nesse âmbito.

A formação do profissional de Educação Física deve ser sólida, para

que possa contribuir e orientar no curso de Formação de Docentes e que

possibilite uma intervenção profissional com base na busca de uma formação

mais crítica e consciente de todo profissional de educação, além de

comprometer-se com um projeto transformador de sociedade com a intenção

de tomar a realidade mais justa e igualitária, respeitando as diferenças e

criando novas possibilidades de participação cultural e de democratização

social. Desta forma, a partir de uma perspectiva cidadã, devemos ampliar as

chances de que as discussões presentes em seu interior constituam em canais

de mobilização e engajamento político na efetivação das leis, possibilitando sua

atuação na sociedade de forma competente, responsável, ética, autônoma,

cooperativa e criativa.

REFERÊNCIAS

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