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Sociologia das organizações

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Page 1: Fundamentos de Sociologia Unidade V
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Page 3: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Responsável pelo Conteúdo:

Prof Ms Avelar Cesar Imamura

Revisão Textual:

Prof. Ms. João Paulo Feliciano Magalhães

Page 4: Fundamentos de Sociologia Unidade V
Page 5: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Sociologia das Organizações

Para iniciar a Unidade, acesse o item Material Didático. Em

primeiro lugar, você acessará o conteúdo com o Material

Teórico da Unidade. Lerá o texto que apresenta a “Sociologia

das Organizações”.

Em seguida, teste seus conhecimentos, respondendo as

perguntas das Atividades de Sistematização acerca do assunto

abordado.

Você encontrará também dicas de Materiais Complementares,

que enriquecerão ainda mais seu estudo sobre o tema.

Por fim, realize a Atividade de Aprofundamento da Unidade.

Ela o levará a refletir acerca da teoria estudada a partir de um

Fórum de Discussão.

Então, bom estudo e lembre-se em caso de dúvidas, estarei

em contato com você através do ambiente virtual.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar

as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

Page 6: Fundamentos de Sociologia Unidade V

No final do século XX vários acontecimentos colocaram em xeque as estratégias

organizacionais das empresas (quase todas elas baseadas no modelo fordista/taylorista).

Tivemos grandes abalos econômicos com o choque do petróleo; o surgimento de

novas tecnologias da informação; a criação de uma rede mundial de computadores: a

internet. Tudo isso colocou novos desafios para o mundo corporativo e as empresas tiveram

que rever as suas estratégias organizacionais.

Vamos iniciar esse estudo introdutório à sociologia das organizações, buscando

compreender as principais transformações no mundo corporativo na época atual.

Contextualização

Page 7: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Introdução

Para a sociologia, as organizações são unidades sociais artificialmente criadas e

estruturadas com a função de obter resultados específicos que satisfaçam a necessidades de

seus clientes ou de seus participantes. Uma das formas de organização são as empresas,

cujos clientes trocam seu dinheiro pelos bens ou serviços que ela produz (BERNARDES;

MARCONDES, 2000).

A Empresa Fordista

Um tipo inovador de empresa industrial no início do século XX foi a empresa

automobilística de Henry Ford (1862-1947). Em 1903, ele criou na cidade americana de

Detroit a primeira fábrica da Ford Motor Company, durante muito tempo a maior fabricante

mundial de automóveis (PINTO, 2007).

Material Teórico

Page 8: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Contrariando os empresários do ramo automobilístico da época, o objetivo de Ford era

a produção em massa da maior quantidade possível de unidades de veículos para torná-los

objeto de consumo de massa. A ideia básica era criar produtos padronizados que eram

fabricados em larga escala, diminuindo assim os custos de produção. Com os preços mais

baixos haveria aumento do consumo (PINTO, 2007). A planta industrial desse tipo de

empresa também era enorme.

Uma novidade importante introduzida por Ford foi a linha de produção em série. O

objeto do trabalho foi colocado sobre uma esteira mecânica e sobre ele era realizada uma

série de operações pelos operários da fábrica até o produto final. Isso exigia uma rígida

divisão do trabalho (PINTO, 2007). Os operários faziam operações manuais repetitivas e a

gerência cuidava da parte do planejamento, por isso esse tipo de empresa ficou conhecido

como empresa vertical.

O sistema fordista expandiu-se pelas economias capitalistas do mundo durante as duas

guerras mundiais.

A partir dos anos 1970 as economias capitalistas sofreram transformações de várias

ordens. Começando pela economia, as contas externas da maioria dos países foram

desequilibradas em meio aos choques ocasionados pelo súbito aumento de preços do petróleo

em 1973 e em 1979 (choque do petróleo) e as sucessivas valorizações e desvalorizações do

dólar impostas pelos EUA. Como consequência desse quadro, houve grandes variações nas

taxas de câmbio dos países, acentuando o processo de internacionalização econômica.

Aumentou significativamente o volume de investimentos financeiros que, por meio da

tecnologia informacional, passaram a especular sobre as flutuações cambiais (PINTO, 2007).

Essa instabilidade macroeconômica ocorreu simultaneamente com o crescimento

dos investimentos no setor de serviços, como o comércio, finanças, saúde, etc., até

novas atividades relacionadas ao entretenimento e lazer.

Essas mudanças questionaram o modelo fordista de empresa e fez surgir novas

experiências nas estratégias organizacionais das empresas.

Page 9: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Economia Informacional

Uma nova economia surgiu em escala global nas últimas décadas do século XX. Ela é

informacional, global e em rede em suas características fundamentais. É informacional

porque a produtividade e a competitividade das unidades ou agentes nessa economia (sejam

empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e

aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque as

principais atividades produtivas, o consumo e o comércio, assim como seus componentes

(capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão

organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes

econômicos. É rede porque, nas novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a

concorrência é feita em uma rede global de interação entre redes empresariais. Essa nova

economia surgiu nas últimas décadas do século XX porque a revolução na tecnologia da

informação forneceu a base material indispensável para sua criação (CASTELLS, 2005).

Page 10: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Essa nova economia só pode surgir devido a emergência de um novo paradigma

tecnológico organizado em torno de novas tecnologias da informação, mais flexíveis e

poderosas, que possibilitam que a própria informação se torne o produto do processo

produtivo. Ao transformarem o processamento da informação, as novas tecnologias da

informação agem sobre todos os domínios da atividade humana e possibilitam o

estabelecimento de conexões infinitas entre diferentes domínios, assim como entre os

elementos e agentes dessas atividades.

Novo Paradigma Tecnológico

O conceito de paradigma tecnológico ajuda a entender a essência da

transformação tecnológica atual à medida que ela interage com a economia e a sociedade

(CASTELLS, 2005).

A primeira característica do novo paradigma é que a informação é sua matéria-prima:

são tecnologias para processar informação.

Page 11: Fundamentos de Sociologia Unidade V

O segundo aspecto refere-se à interatividade dos efeitos das novas tecnologias. Como

a informação é parte integrante de toda atividade humana, todos os aspectos da nossa vida

são moldados pelo novo meio tecnológico.

A terceira característica refere-se à lógica de rede em qualquer sistema ou conjunto

de relações usando essas novas tecnologias da informação

Em quarto lugar, o paradigma da tecnologia da informação é baseado na

flexibilidade. Não apenas os processos são reversíveis, mas organizações e instituições

podem ser modificadas pela reorganização de seus componentes. O que distingue a

configuração do novo paradigma tecnológico é sua capacidade de reconfiguração, um aspecto

decisivo em uma sociedade caracterizada por constante mudança e fluidez organizacional.

A quinta característica dessa revolução tecnológica é a crescente convergência de

tecnologias para um sistema altamente integrado. Assim, a microeletrônica, as

telecomunicações, a optoeletrônica e os computadores são todos integrados nos sistemas de

informação. As telecomunicações agora são apenas uma forma de processamento da

informação. As tecnologias de transmissão e conexão estão cada vez mais diversificadas e

integradas na mesma rede operada por computadores: a internet (CASTELLS, 2005).

A empresa horizontal e as Redes Globais de Empresas

Page 12: Fundamentos de Sociologia Unidade V

A própria empresa mudou seu modelo organizacional para adaptar-se às condições de

imprevisibilidade introduzidas pela rápida transformação econômica e tecnológica. A principal

mudança pode ser caracterizada como a mudança de burocracias verticais para a empresa

horizontal. A empresa horizontal é uma rede dinâmica e estrategicamente planejada de

unidades autocomandadas com base na descentralização, participação e coordenação. Essa

transformação do modelo corporativo, especialmente visível nos anos 1990 em algumas

importantes empresas norte-americanas, acompanha a percepção dos limites do modelo da

produção enxuta experimentado na década de 1980. Esse modelo enxuto (chamado pelos

seus críticos de enxuto e perverso) dependia fundamentalmente da economia de mão de obra,

usando uma combinação de automação, controle computadorizado de trabalhadores,

terceirização de trabalho e redução da produção (CASTELLS, 2005).

Para operar na nova economia global, caracterizada pela onda de novos concorrentes

que usam novas tecnologias e capacidade de redução de custos, as grandes empresas tiveram

de se tornar principalmente mais eficientes que econômicas. As estratégias de formação de

redes dotaram o sistema de flexibilidade, mas não resolveram o problema da adaptabilidade

da empresa. Para conseguir absorver os benefícios da flexibilidade das redes, a própria

empresa teve de tornar-se uma rede e dinamizar cada elemento de sua estrutura interna:

esse é na essência o significado e o objetivo do modelo da empresa horizontal,

frequentemente estendida na descentralização de suas unidades e na crescente autonomia

dada a cada uma delas, até mesmo permitindo que concorram entre si, embora dentro de

uma estratégia global comum.

Empresa em Rede

Page 13: Fundamentos de Sociologia Unidade V

As novas trajetórias organizacionais não foram consequências automáticas da

transformação tecnológica. Algumas delas precederam o surgimento das novas tecnologias da

informação. Por exemplo, o sistema kan-ban foi introduzido na Toyota pela primeira vez em

1948 e sua implantação não precisou de conexões eletrônicas on-line. As instruções e as

informações eram escritas em cartões padronizados, colocados em diferentes pontos de

trabalho e trocados entre fornecedores e operadores da fábrica. A maior parte dos métodos de

envolvimento de trabalhadores experimentados pelas empresas japonesas, suecas e norte-

americanas exigia mais mudança de mentalidade do que mudança de máquinas. O

obstáculo mais importante na adaptação da empresa vertical às exigências de flexibilidade da

economia global era a rigidez das culturas corporativas tradicionais. Na década de

1980, nos Estados Unidos, uma tecnologia nova era com frequência considerada um

dispositivo para economizar mão de obra e oportunidade de controlar os trabalhadores e não

um instrumento de transformação organizacional (CASTELLS, 2005).

Desse modo, a transformação organizacional ocorreu independentemente da

transformação tecnológica, como resposta à necessidade de lidar com um ambiente

operacional em constante mudança. No entanto, uma vez iniciada, a realização da

transformação organizacional foi intensificada pelas novas tecnologias da informação.

A capacidade de empresas de pequeno e médio porte de se conectarem em redes,

entre si e com grandes empresas, também passou a depender da disponibilidade de novas

tecnologias, uma vez que as redes e as operações diárias tornaram-se global.

As grandes empresas ficariam simplesmente impossibilitadas de lidar com a

complexidade da rede de alianças estratégicas, dos acordos de subcontratação e do processo

decisório descentralizado sem o desenvolvimento da internet. Foi devido à necessidade de

utilização de redes pelas novas organizações – grandes e pequenas – que os computadores

pessoais e as redes de computadores foram amplamente difundidos. E em razão da

necessidade geral de manipulação flexível e interativa de computadores, o segmento de

software tornou-se o mais dinâmico do setor e da atividade ligada à produção de informação

e está moldando os processos de produção e gerenciamento (CASTELLS, 2005).

Nessas condições, a cooperação e os sistemas de rede oferecem a única possibilidade

de dividir custos e riscos, bem como de manter-se em dia com a informação constantemente

renovada. Mas as redes também atuam como porteiros. Dentro delas, novas oportunidades

são criadas o tempo todo. Fora das redes, a sobrevivência fica cada vez mais difícil. Com a

rápida transformação tecnológica, as redes – não as empresas – tornaram-se a

unidade operacional real. Em outras palavras, mediante a interação entre a crise

organizacional e a transformação e as novas tecnologias da informação, surgiu uma nova

forma organizacional como característica da economia informacional global: a empresa em

rede.

Page 14: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Por que a empresa em rede é a forma organizacional da economia informacional

global? Uma resposta fácil é dizer que é o que surgiu no período de formação da nova

economia e é o que parece estar atuando. Mas é intelectualmente mais satisfatório entender

que essa atuação parece estar de acordo com as características da economia informacional:

organizações bem-sucedidas são aquelas capazes de gerar conhecimentos e processar

informações com eficiência; adaptar-se às flutuações da economia global; ser flexível o

suficiente para transformar seus meios tão rapidamente quanto mudam os objetivos sob o

impacto da rápida transformação cultural, tecnológica e institucional; e inovar, já que a

inovação torna-se a principal arma competitiva. Essas são, na verdade, as características do

novo sistema econômico. Nesse sentido, a empresa em rede concretiza a cultura da economia

informacional global: transforma sinais em commodities, processando conhecimentos

(CASTELLS, 2005).

Novas estratégias organizacionais das empresas

A reestruturação econômica dos anos 1980 induziu várias estratégias

reorganizacionais nas empresas. Alguns analistas dizem que a crise econômica da década

de 1970 resultou da exaustão do sistema de produção em massa. Para outros, a difusão de

novas formas organizacionais foi a resposta à crise de lucratividade do processo de

acumulação de capital. Outros sugerem uma evolução de longo prazo do fordismo ao pós-

fordismo como expressão de uma transformação das relações entre produção e produtividade

de um lado e consumo e concorrência de outro. Outros ainda salientam a inteligência

organizacional, o aprendizado organizacional e a administração dos conhecimentos como

elementos principais das novas empresas da Era da Informação (CASTELLS, 2005).

Page 15: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Essas interpretações das principais transformações organizacionais nas últimas décadas

mostram uma excessiva propensão a fundir em uma única tendência vários processos de

transformação que são diferentes. É preciso considerar o desenvolvimento de diferentes

trajetórias organizacionais, ou seja, de procedimentos voltados para o aumento da

produtividade e competitividade no novo paradigma tecnológico e na nova economia

informacional global.

Vejamos abaixo algumas dessas novas trajetórias organizacionais.

a) Da produção em massa à produção flexível

A primeira e mais abrangente tendência de evolução organizacional é a transição da

produção em massa para a produção flexível, ou do fordismo ao pós-fordismo. O

modelo de produção em massa fundamentou-se em ganhos de produtividade obtidos por

economias de escala em um processo mecanizado de produção padronizada com base em

linhas de montagem, sob as condições de controle de um grande mercado por uma forma

organizacional específica: a grande empresa estruturada nos princípios de integração vertical e

na divisão social e técnica institucionalizada de trabalho. Esses princípios estavam inseridos

nos métodos de administração de Taylor e na organização científica do trabalho adotado por

Henry Ford (CASTELLS, 2005).

Quando a demanda de quantidade e qualidade tornou-se imprevisível; quando os

mercados ficaram mundialmente diversificados e, portanto, difíceis de ser controlados; e

quando o ritmo da transformação tecnológica tornou obsoletos os equipamentos de produção

com objetivo único, o sistema de produção em massa ficou muito rígido e dispendioso para as

características da nova economia. O sistema produtivo flexível surgiu como uma possível

resposta para superar essa rigidez.

Sistemas flexíveis de produção em grande volume, geralmente ligados a uma situação

de demanda crescente de determinado produto, coordenam grande volume de produção,

permitindo economias de escala e sistemas de produção personalizada reprogramável. As

novas tecnologias permitem a transformação das linhas de montagem típicas da grande

empresa em unidades de produção de fácil programação que podem atender às

variações do mercado (flexibilidade do produto) e das transformações tecnológicas

(flexibilidade do processo) (CASTELLS, 2005).

b) A crise da grande empresa e a flexibilidade da pequena empresa

A segunda tendência identificável é a crise da grande empresa e a flexibilidade das

pequenas e médias empresas como agentes de inovação e fontes de criação de

empregos. Para alguns autores, a crise da empresa de grande porte é consequência da crise

da produção padronizada em massa. O renascimento da produção personalizada e da

especialização flexível seria mais bem recebido pelas pequenas empresas (CASTELLS, 2005).

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Essa tese sofre críticas com base em dados dos Estados Unidos, Europa ocidental e

Japão, onde as empresas de grande porte continuam a concentrar uma proporção crescente

de capital e de mercados em todas as principais economias. As empresas de pequeno e médio

porte em geral continuam sob o controle financeiro, comercial e tecnológico das grandes.

Além de que as pequenas empresas são menos avançadas tecnologicamente e menos capazes

de introduzir inovações tecnológicas no processo e no produto do que as empresas maiores.

As empresas de grande porte tiveram que mudar suas estruturas

organizacionais. Algumas das mudanças implicaram o uso crescente da subcontratação

de pequenas e médias empresas, cuja vitalidade e flexibilidade possibilitavam ganhos de

produtividade e eficiência para as grandes empresas.

Então, ao mesmo tempo, é verdade que as empresas de pequeno e médio porte

parecem ser formas de organização bem adaptadas ao sistema produtivo flexível da economia

informacional e também é certo que seu dinamismo surge sob o controle das grandes

empresas, as quais permanecem no centro da estrutura do poder econômico na nova

economia global. Não estamos testemunhando o fim das poderosas empresas de

grande porte, mas estamos, sem dúvida, observando a crise do modelo corporativo

tradicional baseado na integração vertical e no gerenciamento funcional hierárquico

(CASTELLS, 2005).

c) Toyotismo

Uma terceira evolução diz respeito a novos métodos de gerenciamento, a maior

parte deles vindas de empresas japonesas, embora em alguns casos tivessem sido testados em

outros países. O enorme sucesso em produtividade e competitividade obtido pelas

companhias automobilísticas japonesas foi, em grande medida, atribuído a essa revolução

administrativa. O toyotismo se opõe ao fordismo, como a nova fórmula de sucesso, adaptada

à economia global e ao sistema produtivo flexível. O modelo original japonês tem sido muito

imitado por outras empresas frequentemente levando a enorme melhoria no desempenho

dessas empresas em comparação ao sistema industrial tradicional. Alguns elementos desse

modelo são bem conhecidos: sistema de fornecimento kan-ban (ou just-in-time), no qual os

estoques são eliminados ou reduzidos mediante entregas pelos fornecedores no momento

certo; controle de qualidade total dos produtos ao longo do processo produtivo; envolvimento

dos trabalhadores por meio de trabalho em equipe, iniciativa descentralizada, maior

autonomia na tomada de decisão, recompensa pelo desempenho das equipes e hierarquia

administrativa horizontal, com poucos símbolos de status na vida diária da empresa

(CASTELLS, 2005).

A verdadeira natureza diferencial do toyotismo em relação ao fordismo não diz respeito

às relações entre as empresas, mas entre os gerentes e os trabalhadores. O gerenciamento

japonês pode ser considerado pós-fordista? Sem dúvida, não é nem pré, nem pós-fordista,

mas um modo original e novo de gerenciamento de processo de trabalho: a característica

Page 17: Fundamentos de Sociologia Unidade V

central e diferenciadora do método japonês foi abolir a função de trabalhadores profissionais

especializados para torná-los especialistas multifuncionais.

d) Formação de redes entre empresas

Consideremos agora duas outras formas de flexibilidade organizacional na experiência

internacional, caracterizada por conexões entre empresas: a) o modelo de redes

multidirecionais posto em prática por empresas de pequeno e médio porte e; b) o modelo

de licenciamento e subcontratação de produção sob o controle de uma grande empresa

(CASTELLS, 2005).

As pequenas e médias empresas muitas vezes ficam sob o controle de sistemas de

subcontratação ou sob o domínio financeiro/tecnológico de grandes empresas. No entanto,

muitas vezes elas também tomam a iniciativa de estabelecer relações em redes com várias

empresas grandes e/ou com outras menores e médias, encontrando nichos de mercado e

empreendimentos cooperativos. Podemos lembrar as indústrias de Hong Kong. Seu

sucesso no setor de exportação baseou-se por um longo período (entre o final dos anos 1950

e o início da década de 1980) em redes de pequenos negócios domésticos competindo na

economia mundial. Mais de 85% das exportações de produtos manufaturados em Hong

Kong, até o início da década de 1980, eram fabricados em empresas familiares, 41 % das

quais eram pequenas empresas com menos de cinquenta trabalhadores. A maior parte delas

não era subcontratada de empresas maiores, mas exportava por intermédio da rede de

empresas importadoras/exportadoras de Hong Kong.

Um tipo diferente de rede produtiva é a exemplificada no chamado Modelo

Benetton. A malharia italiana, multinacional da região de Veneto, opera com franquias

comerciais e conta com milhares de lojas em todo o mundo para a distribuição exclusiva de

seus produtos, sob o mais rígido controle da empresa principal. Uma central recebe feedback

on-line de todos os pontos de distribuição e mantém o suprimento de estoque, bem como

define as tendências de mercado em relação a formas e cores. O modelo de redes também é

eficaz no nível da produção, fornecendo trabalho a pequenas empresas e domicílios na Itália e

em outros países do Mediterrâneo (CASTELLS, 2005).

e) Alianças corporativas estratégicas

Outro modelo organizacional que está surgindo nos últimos anos refere-se à

interligação de empresas de grande porte no que passou a ser conhecido como alianças

estratégicas. Essas alianças são muito diferentes das formas tradicionais de cartéis e outros

acordos oligopolistas porque dizem respeito a épocas, mercados, produtos específicos e não

excluem a concorrência em todas as áreas não cobertas pelos acordos. Foram especialmente

relevantes nos setores de alta tecnologia, à medida que os custos de pesquisa e

desenvolvimento (P&D) aumentaram muito e o acesso a informações privilegiadas tornou-se

Page 18: Fundamentos de Sociologia Unidade V

cada vez mais difícil em um setor em que a inovação representa a principal arma competitiva.

O acesso a mercados e a recursos de capital é frequentemente trocado por tecnologia e

conhecimentos industriais (CASTELLS, 2005).

Em outros casos, duas ou mais empresas empregam esforços conjuntos para

desenvolver um novo produto ou aperfeiçoar uma nova tecnologia, em geral sob o

patrocínio de governos ou órgãos públicos. A estrutura das indústrias de alta tecnologia em

todo o mundo é uma teia cada vez mais complexa de alianças, acordos e joint ventures em

que a maioria das grandes empresas está interligada. Essas conexões não impedem o

aumento da concorrência. Ao contrário, as alianças estratégicas são instrumentos decisivos

nessa concorrência, com os parceiros de hoje tornando-se os adversários de amanhã, embora

a colaboração em determinado mercado esteja em contraste com a luta feroz pela fatia de

mercado em outra região do mundo.

Essas novas tendências organizacionais ainda estão em curso, moldando os produtos, a

sociedade, a cultura e até a maneira de pensar e de agir dos indivíduos. Estamos observando,

ainda surpresos, essa nova Era da Informação e todos os seus desdobramentos tecnológicos e

comportamentais.

Page 19: Fundamentos de Sociologia Unidade V

Você vai encontrar material sobre a Unidade nos links abaixo:

http://www.emco.com.br/PDF/empresa_rede.pdf

http://www.scielo.br/pdf/raeel/v1n2/v1n2a15.pdf

http://www.anpec.org.br/encontro2006/artigos/A06A066.pdf

http://www.hp.com/latam/br/pyme/solucoes/may_solucoes_03.html

http://www.scielo.br/pdf/soc/n8/n8a15.pdf

http://read.adm.ufrgs.br/edicoes/pdf/artigo_293.pdf

Material Complementar

Page 20: Fundamentos de Sociologia Unidade V

BERNARDES, Cyro; MARCONDES, Reynaldo C. Sociologia aplicada à administração,

5.ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, 8.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

PINTO, Geraldo Augusto. A organização do trabalho no século 20: taylorismo, fordismo

e toyotismo. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

Referências

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Anotações

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