fundamentos biológicos, ferramentas operacionais e inovação em quarentena vegetal
TRANSCRIPT
“Fundamentos biológicos, ferramentas operacionais
e inovação em quarentena vegetal”
Marques A.S.A., Lopes-da-Silva M., Gonzaga V., Fernandes F.R., Benito N.P., Veiga R.F.A.
PAB 51(5):483-493. 2016.
Abi Soares dos Anjos Marques (1), Marcelo Lopes-da-Silva (2), Vilmar Gonzaga (2), Fernanda Rausch Fernandes (1), Norton Polo Benito (2) e Renato Ferraz de Arruda Veiga (3)
(1)Embrapa Quarentena Vegetal (2)Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia(3)Instituto Agronômico de Campinas
Aut
ores
Termos para indexação:
defesa fitossanitária intercâmbio de germoplasma vegetal pragas agrícolas quarentena segurança alimentar
Obj
etiv
os Contextualizar Risco de introdução de novas pragas
Agricultura pujanteIntensificação do intercâmbio comercial
Analisar Desafios para ações de quarentena vegetal
Bases biológicas para a regulação fitossanitária
Formulação de dispositivos legais
Est
raté
gia
Sanidade vegetal e quarentena: o papel estratégico de uma atividade indispensável
Ferramentas operacionaisLegais: local e internacionalAnalíticas: - regras internacionais
- diagnóstico / acurácia Consolidação: Análise de Risco de Pragas (ARP)
Perspectivas de inovação
Comércio e questões fitossanitárias
- Interceptações de pragas quarentenárias e ausentes não regulamentadas em material vegetal importado (PAB 51(5):494-501. 2016.) --
Desafio“Movimentar espécies vegetais
ao redor do mundo sem transferir pragas a elas associadas,
é um dos maiores desafios para a humanidade”
fonte: http://www.knowledgebank.irri.org/ricedoctor
Xanthomonas oryzae pv. oryzae
Schumann & D’Arcy
(Hungry Planet, APS, 2012)
fonte: http://www.knowledgebank.irri.org/ricedoctor
Pragas quarentenáriasreferencial
FAO (2006) Agentes causadores de injúrias às plantas, antes agrupados como pragas e patógenos, são, atualmente, abrigados por um único termo, “praga”.Assim, praga é qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou agentes patogênicos, nocivos para os vegetais ou produtos vegetais (insetos, ácaros, bactérias, fungos, nematoides, fitoplasmas, vírus, viroides e plantas invasoras).
FAO. Glossary of phytosanitary terms. Secretariat of the International Plant Protection Convention of the Food and Agriculture Organization (FAO) of the United Nations. ISPM Nº 5. Rome. 2006. 23p.
Pragas quarentenáriasfundamentos
• Organismo de importância quarentenária- exótico- se presente, sob programa de supressão- potencial de dano e de dispersão- ciclo de hospedeiros
• Lista de pragas quarentenárias dos países- elaborada segundo critérios de ARP
Cha
ve d
e av
alia
ção
dos
risco
s fit
ossa
nitá
rios
pelo
pro
cedi
men
to d
e A
nális
e de
Ris
co d
e P
raga
s (A
RP
) (S
egun
do L
epoi
vre,
200
3)
Impacto econômico potencialmente
importante
Organismo é objeto de controle oficial ativo
Distribuição limitada no país
Elevada probabilidade de introdução
Sim
Sim
Sim
Presente no país em questão
Agente a ser avaliado
Zona apresentando risco de
estabelecimento
Impacto econômico potencialmente
importante
Elevada probabilidade de introdução
Organismo de quarentena
Escolha das modalidades de quarentena
Interrupção do procedimento
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não Não
Não Não
Não Não
Não
Lista 1/Brasil - IN Nº 38 de 14/10/1999 Lista atual – IN Nº 52 de 21/11/2007 e IN Nº 41 de 2/07/2008
Classificação e nomenclatura: “pragas A1” e “pragas A2” são termos em desuso - Pragas quarentenárias A1 = Pragas Quarentenárias Ausentes (PQA)- Pragas quarentenárias A2 = Pragas Quarentenárias Presentes (PQP)- Pragas Não Quarentenárias Regulamentadas (PNQR)- ANR - termo “pragas ausentes não regulamentadas”
Pragas quarentenáriasclassificação
PNQR refere-se ao grupo de pragas cuja presença em plantas, ou partes destas, para plantio,
tem influência no uso proposto com impactos
econômicos considerados inaceitáveis
PQA Praga de importância
econômica potencial para uma área em perigo, cuja presença não foi relatada
na referida área
PQP Praga de importância
econômica potencial para uma área em perigo, presente no país, não
amplamente distribuída e encontra-se sob controle
oficial ativo
ANR“pragas ausentes
não regulamentadas”
Est
raté
gia
Sanidade vegetal e quarentena: o papel estratégico de uma atividade indispensável
Ferramentas operacionaisLegais: local e internacionalAnalíticas: regras internacionais
diagnóstico / acurácia
Consolidação: Análise de Risco de Pragas (ARP)
Perspectivas de inovação
Comércio e questões fitossanitárias
- Interceptações de pragas quarentenárias e ausentes não regulamentadas em material vegetal importado (PAB 51(5):494-501. 2016.) -
Perspectiva temporal das normas fitossanitárias no Brasil
1909 – primeira organização de
cunho fitossanitário no Brasil: “Serviço
de Inspeção Agrícola”
1934 – o presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto n° 24.114, aprovando o “Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal”, em vigor.
1887 – Criação do IAC1920, 1930 – quarentena1997 – novo complexo Q1998 – oficializado EQ
1977 – credenciamento Cenargen
1998 – IN 01/1998, substituindo a legislação anterior (parâmetros: importação livre, restrita, condicional)
Credenciamentos como EQ nível 1: 1998 – IAC2002 – Cenargen
Quarentena / exclusãoIntrodução de pragas / catástrofes– Phytophthora infestans, 1845, Europa – Viteus vitifoliae, 1851, Europa
www.bayercropscience.com.mxViteus (Phylloxera) vitifoliae
Pragas emergentes
quando uma praga é, acidentalmente, introduzida em uma nova área, a ameaça de ocorrer um desastre é grande, por causa da resistência reduzida e da pequena diversidade genética dos cultivos
http://www.pimenta.blog.br/tag/helicoverpa-armigera/
“estado de emergência fitossanitária"
- Relatada em 2013- Perdas de 1,7 bilhão
de reais em dois anos
Helicoverpa armigera: pesadelo muito longe do fim
Est
raté
gia
Sanidade vegetal e quarentena: o papel estratégico de uma atividade indispensável
Ferramentas operacionaisLegais: local e internacionalAnalíticas: regras internacionais
diagnóstico / acurácia
Consolidação: Análise de Risco de Pragas (ARP)
Perspectivas de inovação
Comércio e questões fitossanitárias
- Interceptações de pragas quarentenárias e ausentes não regulamentadas em material vegetal importado (PAB 51(5):494-501. 2016.) -
Comércio e questões fitossanitáriasorganizações afetadas, acordos, resoluções
Organização Mundial do Comércio (OMC)Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias
(Acordo SPS)Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (Gatt)Código de Normas (1973-1979)Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)
Est
raté
gia
Sanidade vegetal e quarentena: o papel estratégico de uma atividade indispensável
Ferramentas operacionaisLegais: local e internacionalAnalíticas: regras internacionais
diagnóstico / acurácia Consolidação: Análise de Risco de Pragas (ARP)
Perspectivas de inovação
Comércio e questões fitossanitárias
- Interceptações de pragas quarentenárias e ausentes não regulamentadas em material vegetal importado (PAB 51(5):494-501. 2016.) -
FAO Organizações regionais de proteção de plantas
(Regional Plant Protection Organizations - RPPO) (Segundo Lepoivre, 2003)
Organização Ano de fundação
EPPOEuropean and Mediterranean Plant Protection Organization 1951OIRSAOrganismo Internacional Regional de Sanidad Agropecuária 1953IAPSCInterafrican Phytossanitary Council 1954APPPCAsia and Pacific Plant Protection Commission 1956CPPCCaribbean Plant Protection Commission (abolida em 2014) 1967CA - Comunidad Andina 1969NAPPONorth American Plant Protection Organization 1976COSAVEComite Regional de Sanidad Vegetal para el Cono Sur 1980PPPOPacific Plant Protection Organization 1995
Est
raté
gia
Sanidade vegetal e quarentena: o papel estratégico de uma atividade indispensável
Ferramentas operacionaisLegais: local e internacionalAnalíticas: regras internacionais
diagnóstico Consolidação: Análise de Risco de Pragas (ARP)
Perspectivas de inovação
Comércio e questões fitossanitárias
- Interceptações de pragas quarentenárias e ausentes não regulamentadas em material vegetal importado (PAB 51(5):494-501. 2016.) -
Análise de Risco de PragasARP
• Processo de avaliação biológica ou outra evidência científica e econômica para determinar se um organismo é uma praga, se ela deve ser regulamentada, e a intensidade de quaisquer medidas fitossanitárias a serem adotadas.
• Condicionamento da importação de espécies vegetais, suas partes, produtos e subprodutos à publicação dos requisitos fitossanitários específicos no Diário Oficial da União, estabelecidos por meio de Análise de Risco de Pragas - ARP, quando:
I - estas nunca tiverem sido importadas pelo Brasil;II - houver novo uso proposto;III - provierem de novo país de origem;IV - somente tiverem registro de importação em data anterior a 12/8/1997.
Análise de Risco de Pragas
Fase III – identificação de opções de manejo para redução dos riscos identificados
Fase I – envolve a identificação de praga(s) e a(s) vias de ingresso de interesse quarentenário que é(são) de interesse quarentenário e que deverá (ão) ser considerada(s) na análise de risco em relação á área identificada
Fase II – avaliação de pragas individuais para determinar se o critério para pragas quarentenárias foi atendido.
Etapas do processo
Xanthomonas oryzae pv. oryzaeDistribuição geográficaOcorre
em todos
os continente
s
América:México
EUACosta Rica
El SalvadorHondurasPanamáBolívia
ColômbiaEquador
Venezuela
**
********
Pragas exóticas
Fonte: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/ALERTA%20FITOSSANITARIO%20monoliase%281%29.pdf
Ataque direto nos frutos, causando prejuízos que variam de 50 a 100% na produção.
Está presente em todos os países produtores de cacau da América Central.
ColômbiaPeruVenezuelaBolívia
México – 2005Bolívia – 2012
Pragas exóticas
(Moniliophthora roreri)
Est
raté
gia
Sanidade vegetal e quarentena: o papel estratégico de uma atividade indispensável
Ferramentas operacionaisLegais: local e internacionalAnalíticas: regras internacionais
diagnóstico Consolidação: Análise de Risco de Pragas (ARP)
Perspectivas de inovação
Comércio e questões fitossanitárias
- Interceptações de pragas quarentenárias e ausentes não regulamentadas em material vegetal importado (PAB 51(5):494-501. 2016.) -
Perspectivas de inovação
Equilíbrio importação material pesquisax
Produtos agrícolas comércio internacional
Rede composta por Estações QuarentenáriasARP: utilização de programas
– mapas de distribuição atual– mapas do potencial de distribuição– informações georeferenciadas
“as quarentenas não devem ser tecnicamente estáticas”AutomaçãoInstalações apropriadas ao confinamentoEstruturas cuja forma atenda à funçãoAcreditação em Sistemas de Qualidade
2º a
rtigo
Sanidade vegetal e quarentena: o papel estratégico de uma atividade indispensável
Ferramentas operacionaisLegais: local e internacionalAnalíticas: - regras internacionais
- diagnóstico / acurácia Consolidação: Análise de Risco de Pragas (ARP)
Perspectivas de inovação
Comércio e questões fitossanitárias
- Interceptações de pragas quarentenárias e ausentes não regulamentadas em material vegetal importado (PAB 51(5):494-501. 2016.) --
Pragas quarentenárias:abordagens
Pragas emergentes e reemergentes. Avaliadas pelos danos que causaram
Exóticas. Estimativa. Avaliadas pelos danos que poderiam causar
Figura 1. Número de interceptações de pragas ausentes não regulamentadas e quarentenárias, por ano, sobre material vegetal importado obtido da base de dados do Sibrargen (Sistema Brasileiro de Informações sobre Recursos Genéticos) e relatórios de unidades laboratoriais. Dados da Estação Quarentenária de Germoplasma Vegetal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (1977-2013).
Tabela 1. Interceptações de espécies pragas quarentenárias e ausentes sem regulamentação por grupo de pragas, em material vegetal importado, em 106 processos de importação. Dados da Estação Quarentenária de Germoplasma Vegetal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (1977-2013).
Grupo Espécies Interceptações Total/grupo
Q(1) ANR(2) Q ANR Espécies Interceptações
Ácaros 4 8 6 10 12 16 Fungos 5 20 6 20 25 26 Insetos 6 1 6 1 7 7 Plantas 1 1 1 1 2 2 Nematoides 5 6 15 9 11 24 Bactérias 3 2 3 2 5 5 Vírus 4 9 24 10 13 34
Total/grupo 28 47 61 53 75 114
(1) Q = pragas quarentenárias, (2) ANR = pragas ausentes não regulamentadas
lírio
oliveira
uva
trigo
batata
outros
Figura 2. Número de importações com interceptações de pragas quarentenárias e ausentes sem regulamentação, por espécie de material vegetal importado. Dados da Estação Quarentenária de Germoplasma Vegetal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (1977-2013).
Tabela 2. Número de importações e porcentagem de
detecção de pragas por espécie vegetal. Dados da Estação Quarentenária de
Germoplasma Vegetal da
Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia (1977-2013).
Espécie vegetal ImportaçõesImportações com
detecção(%)
Milho (Zea mays) 755 0,40
Trigo (Triticum spp.) 326 2,15
Arroz (Oryza sativa) 274 1,82
Batata (Solanum tuberosum) 160 3,12
Algodão (Gossypium sp.) 126 0,79
Lírio (Lilium sp.) 59 40,68
Uva (Vitis spp.) 47 19,01
Pinus spp. 34 2,94
Eucalipto (Eucalyptus spp.) 30 3,33
Braquiária (Brachyaria spp.) 29 3,44
Kiwi (Actinidia deliciosa) 23 4,34
Batata-doce (Ipomoea batatas) 21 9,52
Milheto (Pennisetum glaucum) 21 3,57
Maçã (Pyrus malus) 16 18,75
Oliveira (Olea europaea) 15 73,33
Tulipa (Tulipa sp.) 10 10,00
Outras 77 16,83
0 10 20 30 40 50 60 70 80 900
2
4
6
8
10
12
14
16
Estados Unidos
França
Chile
Itália
Costa Rica
Argentina
Japão
Holanda
Alemanha
Uruguai
México
Filipinas
Israel
AustráliaColômbia
China
f(x) = 0.161879411729337 x + 1.14017054727904R² = 0.795443297309258
MPV (%)
IDP
(%)
Figura 3. Material de propagação vegetativa (mpv em %) e importações com detecção de pragas quarentenárias ou ausentes do Brasil sem regulamentação (idp em %). Regressão linear simples com F = 54,4382 e p<0,0001. Cada ponto representa as importações de germoplasma e material comercial de países. Estação Quarentenária de Germoplasma (EQGV) da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (1977-2013).
“a inovação é estratégica e imperativa, sobretudo para o crescimento e sustentação das ações no longo prazo”
RossiEcossistema Inovação, 2014
“as quarentenas vegetais inscrevem-se no contexto da segurança nacional e desempenham um papel importante na proteção da biodiversidade, na sustentabilidade alimentar e na provisão de energia”
“A história da raça humana é a história de uma criatura
faminta à procura de alimento”
Hendrik Van Loon (historiador)