fundaçoes muito boa

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  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    ANLISE DOS MODELOS ESTRUTURAISPARA DETERMINAO DOS ESFOROSRESISTENTES EM SAPATAS ISOLADAS

    EDJA LAURINDO DA SILVA

    Dissertao apresentada Escola de Engenhariade So Carlos, da Universidade de So Paulo,como parte dos requisitos para obteno do Ttulode Mestre em Engenharia de Estruturas

    ORIENTADOR: Jos Samuel Giongo

    So Carlos

    1998

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    A meus paisMaria Jos e Luis (in memorian).

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    AGRADECIMENTOS

    Ao Professor Jos Samuel Giongo, pela cuidadosa orientao, pelo

    incentivo e pelo apoio na elaborao deste trabalho.

    CAPES, pela bolsa de mestrado.

    A todos os funcionrios e professores dos Departamento de

    Engenharia de Estruturas e de Geotecnia, que de alguma forma contriburampara a realizao deste trabalho.

    A meu marido, Fernando, pela compreenso e incentivo; e a todos

    meus familiares pelo grande apoio.

    Aos amigos: Fabiana, Flvio, Joo, Suzana, Tatiana e Zelma pelo

    companheirismo e apoio.

    A todos que direta ou indiretamente contriburam para realizao

    deste trabalho.

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    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS.................................................................................... i

    LISTA DE TABELAS.................................................................................... iv

    LISTA DE SIGLAS....................................................................................... v

    LISTA DE SMBOLOS ................................................................................. vi

    RESUMO ..................................................................................................... xi

    ABSTRACT..................................................................................................xiii

    1 INTRODUO................................................................................................................... 1

    1.1 Generalidades........................................................................................ 1

    1.2 Tipologia das fundaes rasas .............................................................. 2

    1.2.1 Sapatas............................................................................................... 2

    1.2.2 Radier ................................................................................................. 5

    1.2.3 Blocos................................................................................................. 6

    1.3 Histrico................................................................................................. 7

    1.4 Objetivo do trabalho............................................................................... 9

    1.5 Planejamento ......................................................................................... 9

    1.6 Rigidez da sapata .................................................................................. 10

    1.7 Detalhes construtivos............................................................................. 11

    2 ALGUNS ASPECTOS GEOTCNICOS PARA O PROJETO DE SAPATAS

    2.1 Investigaes geotcnicas..................................................................... 14

    2.2 Escolha do tipo de fundao.................................................................. 15

    2.3 Dimensionamento geomtrico ............................................................... 19

    2.4 Distribuio das tenses sob a base da sapata..................................... 22

    2.4 1 Sapatas sob aes excntricas .......................................................... 22

    2.4.2 Limitao das tenses admissveis do terreno, no caso de aes excntricas.......... 24

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    2.5 Recalques.............................................................................................. 33

    2.6 Interao solo-estrutura ......................................................................... 37

    2.7 Coeficientes de Segurana.................................................................... 372.8 Tenso admissvel ................................................................................. 38

    3 MODELOS DE CLCULO................................................................................................. 41

    3.1 Mtodo clssico ..................................................................................... 42

    3.2 Critrios do ACI 318/1995 ..................................................................... 46

    3.2.1 Determinao do momento fletor........................................................ 46

    3.2.2 Distribuio da armadura Inferior........................................................ 473.3 Recomendaes do CEB-FIP/1970 ....................................................... 50

    3.3.1 Determinao do momento fletor........................................................ 50

    3.3.2 rea da seo transversal da armadura inferior ................................. 50

    3.3.3 Disposio da armadura ..................................................................... 51

    3.4 Mtodo das bielas.................................................................................. 52

    3.4.1 Determinao dos esforos de trao na armadura ........................... 53

    3.4.2 rea da seo transversal da armadura inferior ................................. 553.5 Verificaes ........................................................................................... 55

    3.5.1 Verificao da estabilidade ................................................................. 55

    3.5.2 Puno nas sapatas ........................................................................... 57

    3.5.3 Esforo cortante.................................................................................. 65

    3.5.4 Aderncia............................................................................................ 73

    3.5.5 Ancoragem.......................................................................................... 75

    3.5.6 Transmisso dos esforos do pilar a sapata segundo critrios do ACI 318/1995 ...... 76

    3.5.7 Comprimento de ancoragem da armadura de ligao ........................ 78

    4 EXEMPLOS ....................................................................................................................... 79

    4.1 Exemplo 1 .............................................................................................. 79

    4.2 Exemplo 2 .............................................................................................. 98

    4.3 Exemplo 3.............................................................................................102

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    4.4 Exemplo 4.............................................................................................110

    5 CONCLUSES........................................................................................116

    ANEXOS.....................................................................................................119

    BIBLIOGRAFIA...........................................................................................122

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    i

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 - Sapatas isoladas ................................................................. 2

    Figura 1.2 - Sapata associada retangular ............................................... 3

    Figura 1.3 - Sapata associada em divisa................................................. 3

    Figura 1.4 - Sapata com viga de equilbrio .............................................. 4

    Figura 1.5 - Sapata corrida para pilares................................................... 5

    Figura 1.6 - Sapata corrida sob carregamento contnuo.......................... 5

    Figura 1.7 - Sapata pr-fabricada ............................................................ 6

    Figura 1.8 - Radier com vigas superiores ................................................ 6

    Figura 1.9 - Blocos................................................................................... 7

    Figura 1.10 - Sapatas com grelhas............................................................ 8

    Figura 1.11 - Dimenses da sapata......................................................... 10

    Figura 1.12 - Fundaes prximas, mas em cotas diferentes ................. 12

    Figura 2.1 - Dimenses de uma sapata em planta ................................ 20

    Figura 2.2 - Pilar de seo transversal em forma de L .......................... 21

    Figura 2.3 - Distribuio de tenses nas sapatas rgidas ...................... 23

    Figura 2.4 - Distribuio de tenses nas sapatas flexveis .................... 23

    Figura 2.5 - Sapata sob ao excntrica ............................................... 24

    Figura 2.6 - Tenses mximas para aes excntricas......................... 27

    Figura 2.7 - Excentricidade nas duas direes ...................................... 27

    Figura 2.8 - Zonas de aplicao da ao............................................... 29

    Figura 2.9 - Parmetros das reas comprimidas ................................... 30Figura 2.10 - baco para determinao das tenses mximas nas sapatas................... 31

    Figura 2.11 - Construes simultneas ................................................... 34

    Figura 2.12 - Construes no simultneas (caso 1)............................... 35

    Figura 2.13 - Construes no simultneas (caso 2)............................... 36

    Figura 2.14 - Construes no simultneas (caso 3) .............................. 36

    Figura 2.15 Estimativa de N.................................................................. 40

    Figura 3.1 - Totalidade da ao nas duas direes ............................... 43Figura 3.2 - Regra dos tringulos........................................................... 44

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    ii

    Figura 3.3 - Regra dos trapzios............................................................ 45

    Figura 3.4 - Distribuio de tenses sob a base da sapata ................... 47

    Figura 3.5 - Seo de referncia para clculo do momento fletor (planta) ......................................................................................................................................... 48

    Figura 3.6 - Seo de referncia para clculo do momento fletor (corte) ..........................

    ................................................................................................................. 48

    Figura 3.7 - Momento fletor na sapata ................................................... 49

    Figura 3.8 - Distribuio da armadura.................................................... 49

    Figura 3.9 - Seo S1 para clculo do momento fletor........................... 51

    Figura 3.10 - Disposio da armadura nas sapatas quadradas.............. 51

    Figura 3.11 - Teoria das bielas ................................................................ 52Figura 3.12 - Bielas de concreto comprimidas......................................... 53

    Figura 3.13 - Determinao de d0 ............................................................ 54

    Figura 3.14 - Sapata submetida a momento e fora horizontal ............... 56

    Figura 3.15 - Considerao do permetro crtico para pilares alongados. 61

    Figura 3.16 - Permetro do contorno crtico ............................................. 65

    Figura 3.17 - Seo crtica para clculo do esforo cortante ................... 67

    Figura 3.18 - Definio da seo de referncia S2................................... 69Figura 3.19 - Sapatas alongadas ............................................................. 69

    Figura 3.20 - Tenso de aderncia em peas fletidas ............................. 74

    Figura 3.21 - Transmisso dos esforos para a barra atravs da aderncia................... 74

    Figura 3.22 - Comprimento de ancoragem .............................................. 75

    Figura 3.23 - Ligao pilar-sapata ........................................................... 77

    Figura 3.24 - Definio de Aco e Ac1 ......................................................... 77

    Figura 4.1 - Dimenses da sapata em planta ........................................ 81

    Figura 4.2 - Corte transversal ................................................................ 81

    Figura 4.4 - Detalhamento da sapata do item 4.1.4.............................. 97

    Figura 4.5 - Dimenses da sapata em planta ........................................ 98

    Figura 4.6 - Corte transversal ................................................................ 99

    Figura 4.7 - Detalhamento sapata rgida.............................................. 101

    Figura 4.8 - Tenses sob a base da sapata......................................... 104

    Figura 4.9 - Dimenses em planta ....................................................... 104

    Figura 4.10 - Corte transversal sapata................................................... 105

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    iii

    Figura 4.11 - Tenses nas sees de referncia................................... 106

    Figura 4.12 - Seo de referncia para o clculo do esforo cortante... 108

    Figura 4.13 - Detalhamento sapata........................................................ 109Figura 4.14 - Dimenses em planta....................................................... 111

    Figura 4.15 - Tenses sob a base da sapata em x ................................ 112

    Figura 4.16 - Tenses sob a base da sapata em y ................................ 114

    Figura 4.17 - Sees de referncia para o clculo do esforo cortante nas direes x

    e y respectivamente............................................................................ 118

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    iv

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 -Coeficiente ke, em funo de ex /a e ey /b..................................32

    Tabela 2.2 - Fatores que influenciam na escolha do coeficiente de

    segurana ................................................................................39

    Tabela 3.1 -Valores de Rd ............................................................................62

    Tabela 3.2 -Valores de K ..............................................................................64

    Tabela 4.1 Resumo do exemplo 1 .............................................................97

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    v

    LISTA DE SIGLAS

    ACI - American Concrete Institute

    CEB - Comit Euro-Internacional du Bton

    EC-2 - Eurocode N 2

    FIP - Fdration Internationale de la Prcontrainte

    NB - Norma Brasileira

    NBR - Norma Brasileira Registrada

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    vi

    LISTA DE SMBOLOS

    A rea da base da sapata

    Ac rea da seo transversal da base do pilar

    Ac0 rea carregada na base do pilar

    Ac1 rea geometricamente similar e concntrica rea carregada na

    base do pilar

    As rea da seo transversal da armadura inferior de trao das

    sapatas

    As1 rea da seo transversal da armadura inferior de trao,

    distribuda na faixa prxima do pilar de largura b nas sapatas

    retangulares, definida pelo ACI 318 [1995] e CEB [1970]

    As2 rea da seo transversal da armadura inferior de trao,

    distribuda na faixa de largura (a - b) nas sapatas retangulares,definida pelo ACI 318 [1995] e CEB[1970]

    Asl, rea da seo transversal de armadura na ligao pilar-sapata

    Asl, min rea mnima da seo transversal de armadura na ligao pilar-

    sapata

    As,min rea mnima da seo transversal de armadura longitudinal

    mnimaAsx rea da seo transversal da armadura inferior de trao na

    direo x

    Asy rea da seo transversal da armadura inferior de trao na

    direo y

    F esforo de compresso na biela

    Fh

    ao horizontal atuante na sapata

    FTx esforo de trao na armadura inferior da sapata na direo x

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    vii

    FTy esforo de trao na armadura inferior da sapata na direo y

    FTxd esforo de trao de clculo na armadura inferior da sapata na

    direo x

    FTyd esforo de trao de clculo na armadura inferior da sapata na

    direo y

    Fv ao vertical total atuante na sapata

    Fvd ao vertical total atuante de clculo na sapata

    Fvd, exc esforos excedentes resistncia da base do pilar

    Fvd, red ao vertical atuante de clculo reduzida, considerada na

    verificao de puno

    G ao vertical permanente atuante na sapata

    Gpp peso prprio da sapata

    I momento de inrcia da base da sapata

    K coeficiente definido pelo CEB [1991] na verificao da puno,

    que fornece a parcela de momento transmitida sapata por

    cisalhamento e depende da relao c1 /c2

    M momento devido excentricidade da ao

    MSx momento fletor solicitante na direo x

    MSy momento fletor solicitante na direo y

    MSdx momento fletor solicitante de clculo na direo x

    MSdy momento fletor solicitante de clculo na direo y

    N valor mdio da resistncia penetrao (SPT)

    Q ao vertical varivel atuante na sapata

    S1 seo de referncia para clculo do momento fletor (CEB/1970)

    S2 seo de referncia para clculo do esforo cortante (CEB/1970)

    Vccd componente da fora na zona de compresso paralela a VSd

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    viii

    VSd esforo cortante solicitante de clculo

    VSdx esforo cortante solicitante de clculo na direo x

    VSdy esforo cortante solicitante de clculo na direo y

    Vtd componente da fora na zona de trao paralela a VSd

    W1 definido pelo CEB [1991] como sendo o parmetro referente ao

    permetro crtico na verificao da puno

    Y distncia do eixo central da sapata ao ponto onde a tenso

    mxima do solo est sendo calculada

    a dimenso do maior lado nas sapatas retangulares, ou dimenso

    do lado nas sapatas quadradas

    a0 dimenso do maior lado dos pilares retangulares ou dos lados dos

    pilares quadrados

    b dimenso do menor lado nas sapatas retangulares

    b0 dimenso do menor lado dos pilares retangulares

    c valor da coeso do solo

    cd valor de clculo da coeso do solo

    c1 dimenso do pilar paralela excentricidade da ao, definida pelo

    CEB [1991] na verificao da puno

    c1 dimenso do pilar perpendicular excentricidade da ao,

    definida pelo CEB [1991] na verificao da puno

    d altura til

    d0 cota vertical da biela comprimida com relao a base da sapata

    e excentricidade da ao

    ex excentricidade da ao na direo x

    ey excentricidade da ao na direo y

    fcd resistncia de clculo do concreto compresso

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    ix

    fcd2 parmetro definido pelo CEB [1991], utilizado na verificao de

    puno

    fyd tenso de escoamento de clculo da armadura de trao

    h altura da sapata

    h1 distncia entre os pontos de atuao da ao horizontal e a base

    da sapata

    k coeficiente definido pela NBR 6118 [1982] e pelo EUROCODE

    N2 [1992]

    l balano da sapata

    n nmero de barras por unidade de largura

    s parmetro que define o eixo neutro nas sapatas submetidas a

    flexo oblqua com ao atuante na zona 3

    t parmetro que define o eixo neutro nas sapatas submetidas a

    flexo oblqua com ao atuante na zona 4

    u permetro crtico na verificao de puno

    x direo x

    y direo y

    coeficiente definido pela NBR 6118 [1982] e EUROCODE N 2

    [1992]

    s coeficiente utilizado pelo ACI 318 [1995];

    coeficiente definido pelo EUROCODE N 2 [1992], que leva em

    conta os efeitos da excentricidade da ao

    c coeficiente definido pelo ACI 318 [1995] e que representa a razo

    entre os lados mais longo e mais curto do pilar

    coeficiente de minorao da resistncia ao cisalhamento do

    concreto, definido pelo ACI 318 [1995]

    ngulo de atrito nos solos arenosos

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    x

    d ngulo de atrito de clculo nos solos arenosos

    c coeficiente de majorao das aes e minorao da resistncia

    do concreto

    1 coeficiente de segurana ao tombamento

    2 coeficiente de segurana ao deslizamento

    ngulo

    taxa de armadura de trao

    adm tenso admissvel do solo

    Sd tenso cisalhante atuante de clculo

    Rd tenso cisalhante resistente de clculo

    wd tenso cisalhante atuante de clculo, definida pela NBR

    6118 [1982] anexo da NBR 116 [1989]

    wd, red tenso cisalhante atuante de clculo reduzida

    wu1 tenso cisalhante resistente de clculo, definida pela NBR

    6118 [1982] anexo da NBR 116 [1989]

    bd tenso de aderncia atuante de clculo da armadura de trao

    bdu tenso de aderncia resistente de clculo da armadura de trao

    4 coeficiente utilizado no clculo dos esforos resistentes de

    cisalhamento.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    xi

    RESUMO

    SILVA, E.L. (1998) Anlise dos modelos estruturais para determinao dos

    esforos resistentes em sapatas isoladas. So Carlos, 129p. Dissertao

    (mestrado) - Escola de Engenharia de So Carlos. Universidade de So

    Paulo.

    Esta dissertao de mestrado discute e analisa os critrios

    especificados em normas brasileiras e internacionais sobre projetos de

    sapatas isoladas em concreto armado, com relao a determinao dos

    esforos solicitantes, dimensionamento e detalhamento das armaduras. O

    trabalho contm as recomendaes essenciais para o projeto e a construo

    de sapatas isoladas, como o tipo de fundao rasa mais freqentemente

    utilizado. So discutidos os critrios apresentados no Boletim nmero 73 doCEB(1970), da norma brasileira Projeto e execuo de obras de concreto

    armado , NBR 6118(1982), do Cdigo Modelo do CEB - FIP(1991), Cdigo

    de Projeto de Edifcios do ACI 318/1995, Eurocode 2 (1992) e do Texto Base

    para Reviso da NB 1/78(1992) e alguns modelos de clculo no

    normalizados mas encontrados na literatura tcnica. Observa-se em alguns

    desses cdigos a omisso com relao ao dimensionamento no estado

    limite ltimo de sapatas isoladas, onde foram, portanto, adaptados critrios

    indicados para lajes macias. Exemplos de projetos de sapatas isoladas

    submetidas a ao centrada, excntrica com plano de ao do momento

    paralelo a um dos lados do pilar e sapata com ao centrada e momentos

    paralelos aos dois lados do pilar so analisados para facilitar o entendimento

    dos conceitos emitidos pelas vrias normas citadas e que so utilizadas

    comumente pelo meio tcnico. Observou-se nos exemplos apresentados

    que para as tenses normais de trao foram encontradas armaduras

    mnimas ou valores prximos aos mnimos. Para os valores das foras

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

    18/145

    xii

    cortantes e foras para verificar a puno, em alguns casos, se aproximaram

    das foras ltimas. Foi notado que geralmente os efeitos das tenses

    cisalhantes determinam no s as alturas das sapatas mas tambm todo oseu dimensionamento.

    Palavras-chaves: Concreto armado; Sapatas isoladas; Dimensionamento.

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    xiii

    ABSTRACT

    SILVA, E.L. (1998) Analysis of structural models to determine limits forces

    in spread footings. 129p. Dissertao (mestrado) - Escola de Engenharia

    de So Carlos. Universidade de So Paulo.

    This paper discusses the changes contained in the most recentversions of Brazilian and international codes on reinforced concrete design in

    regard to footing design criteria. The papersets forth the essential concepts

    and recommendations for the design and construction of spread footings,

    such as the most frequently used type of shallow foundation. The author

    engages in a discussion of the criteria presented in the CEB/1970, NBR

    6118/1982, CEB MC-90, ACI 318/1995, EC-2/92, e text which serve as the

    basis for the revised version of the Brazilian code NBR 6118/1997 , as wellas of some design models that are not yet normalized. Since some of these

    codes do not take into consideration the ultimate limit state in spread footing

    design, some criteria that are applicable to slabs were adapted for this study.

    Several examples are analysed to facilitate understanding of the concepts

    and recommendations outlined in the codes. One of these examples, in

    which a comparison is made of the results of different codes, shows that the

    limit values of shear force drawn up in the CEB Bulletin dInformation

    n.73[1970] are low.

    Keywords: Reinforced Concrete; Spread Footings; Design.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

    20/145

    1 INTRODUO

    1.1. GENERALIDADES

    Fundao o elemento estrutural que transmite para o terreno as

    aes atuantes na estrutura. Uma fundao deve transmitir e distribuir

    seguramente as aes da superestrutura ao solo, de modo que no cause

    recalques diferenciais prejudiciais ao sistema estrutural, ou ruptura do solo.

    De acordo com a NBR-6122 [1996], pode-se ter as seguintes classes

    de fundaes:

    Fundao superficial (ou rasa ou direta)

    Elemento de fundao em que a ao transmitida

    predominantemente pelas presses distribudas sob a base da fundao, e

    em que a profundidade de assentamento em relao ao terreno adjacente

    inferior a duas vezes a menor dimenso da fundao.

    Fundao profunda

    Elemento de fundao que transmite as aes ao terreno pela base

    (resistncia de ponta), por sua superfcie lateral (resistncia de fuste) ou por

    uma combinao das duas e que est assente em profundidade superior ao

    dobro de sua menor dimenso em planta e no mnimo 3m. Neste tipo de

    fundao incluem-se as estacas, os tubules e os caixes.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

    21/145

    2

    1.2 TIPOLOGIA DAS FUNDAES RASAS

    1.2.1. SapatasElemento de fundao superficial de concreto armado, dimensionado

    de modo que as tenses de trao nele produzidas no sejam resistidas

    pelo concreto, mas sim pelo emprego da armadura.

    As sapatas podem ser divididas em:

    Sapatas isoladas

    Transmitem aes de um nico pilar. o tipo de sapata mais

    freqentemente utilizado. Estas podem receber aes centradas ou

    excntricas. Podem ser quadradas, retangulares ou circulares. E podem

    ainda ter a altura constante ou varivel (chanfrada), (figura 1.1).

    a) altura constante b) altura varivel

    Figura 1.1 - Sapatas isoladas

    Sapatas associadas ou combinadas

    Transmitem aes de dois ou mais pilares adjacentes. So utilizadas

    quando a distncia entre as sapatas relativamente pequena, onde este tipo

    de fundao oferece uma opo mais econmica. Com condies de

    carregamento similares, podem ser assentes em uma sapata corrida

    simples(figura 1.2), mas quando ocorrem variaes considerveis de

    carregamento, um plano de base trapezoidal satisfaz mais adequadamente

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

    22/145

    3

    imposio de coincidir o centro geomtrico da sapata com o centro das

    aes. Podem ser adotadas tambm no caso de pilares de divisa, quando h

    um pilar interno prximo, onde a utilizao de viga-alavanca no

    necessria (figura 1.3); a viga de rigidez funciona tambm como viga-

    alavanca.

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    4

    Sapatas com vigas de equilbrio

    Utilizadas em pilares de divisa, onde o momento produzido por um

    pilar extremo, colocado excentricamente sobre a sua base, balanceado por

    um pilar interno, atravs de uma viga de equilbrio (ligao rgida), Da

    utilizao da viga de equilbrio resultam cargas nas fundaes, diferentes

    das aes dos pilares nelas atuantes (figura 1.4). A NBR 6122 [1996] indica

    que, quando ocorre uma reduo das aes, a fundao deve ser

    dimensionada, considerando-se apenas 50% desta reduo; e quando da

    soma dos alvios totais puder resultar trao na fundao do pilar interno, o

    projeto deve ser reestudado.

    Sapatas corr idas para pilares

    Os pilares so locados freqentemente em uma fila com

    espaamentos relativamente curtos, de maneira que, se fossem utilizadas

    sapatas isoladas, estas se aproximariam ou mesmo se sobreporiam a uma

    base adjacente. Uma sapata corrida contnua ento desenvolvida na linha

    dos pilares (figura 1.5).

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    5

    Sapatas corridas sob carregamento contnuo

    Semelhantes s anteriores, no entanto suporta ao de paredes ou

    muros (figura 1.6).

    Sapatas para pilares pr-moldados

    Sapatas com pedestal vazado de encaixe para vinculao de pilares

    pr-moldados (figura 1.7).

    1.2.2. Radier

    Quando a rea da base das sapatas totaliza em mais de 70% da rea

    do terreno, recomendado o emprego de radier. Trata-se de uma sapata

    associada, formando uma laje espessa, que abrange todos os pilares da

    obra ou aes distribudas. Podem ser executados sem vigas ou com vigas

    inferiores ou superiores (figura 1.8).

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    6

    1.2.3. Blocos

    So elementos de grande rigidez, executados com concreto simples

    ou ciclpico, dimensionados de modo que as tenses de trao neles

    produzidas possam ser resistidas pelo concreto. Podem ter suas faces

    verticais, inclinadas ou escalonadas e apresentar normalmente em planta

    seo quadrada ou retangular (figura 1.9).

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    7

    a) altura constante b)altura varivel

    Figura 1.9 - Blocos

    1.3. HISTRICO

    Segundo LEONARDS [1962], as sapatas indubitavelmente

    representam o modo mais antigo de fundaes. As sapatas isoladas, que

    sero abordadas neste trabalho, surgiram durante a idade mdia, com o

    desenvolvimento da arquitetura gtica e, conseqentemente, das colunas

    individuais. Nenhuma regra de projeto era seguida. A largura da sapata

    freqentemente era determinada a partir da resistncia do solo. Portanto,

    para solos mais resistentes, empregavam-se sapatas com reas menores do

    que para solos de maior resistncia. Raramente se associava o tamanho da

    sapata ao que essa iria receber, e sim ao espao disponvel e forma

    da coluna ou parede que ela suportava. Na ocorrncia de falhas, alargavam-

    se as fundaes afetadas. Os recalques de tais fundaes com freqncia

    eram grandes.

    At o meados do sculo XIX, muitas sapatas eram construdas de

    alvenaria. A evoluo da arquitetura, com projetos cada vez mais arrojados,

    trouxe os edifcios altos e de grande peso prprio, resultando, portanto, em

    difceis casos de fundaes, despertando maior interesse em projeto nessa

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    8

    rea. As sapatas, para suportarem maiores aes, tornaram-se mais largas,

    profundas e, portanto, com maior peso prprio, contribuindo com uma

    grande parte do peso da estrutura. Uma soluo encontrada para o

    problema do peso das fundaes foi a construo de grelhas, executadas

    em camadas perpendiculares entre si, constitudas de madeira ou ao (figura

    1.10). As sapatas convencionais de alvenaria eram construdas sobre estas

    grelhas. Utilizadas primeiro em Chicago (EUA), no final do sculo XIX, essas

    grelhas, principalmente as de ao, representaram um importante avano na

    diminuio de peso e profundidade das sapatas. Com o desenvolvimento do

    concreto armado no incio do sculo XX, o custo das fundaes diminuiuconsideravelmente, substituindo, portanto, as sapatas com grelhas.

    Um significante avano na rea de fundaes foi obtido com a

    concepo de que a rea da fundao deveria ser proporcional ao

    aplicada e que o centro de aplicao deveria ser alinhado com o centro de

    gravidade da sapata. Esta grande contribuio foi dada por Frederick

    Baumann em Chicago, no ano de 1873.

    Ainda, segundo LEONARDS[1962], a engenharia de fundaes

    progrediu rapidamente, com o desenvolvimento recente da mecnica dos

    solos. Muito deste avano deve-se a Karl Terzaghi quando, em 1925,

    publicou um trabalho, fornecendo a primeira anlise integrada do

    comportamento dos solos e particularmente dos recalques, encontrando

    soluo para muitos problemas de fundaes.

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    9

    Na engenharia estrutural, os processos de clculo vm se

    desenvolvendo. No entanto poucos ensaios experimentais so realizados,

    para melhoria dos atuais modelos de clculo. Com o advento do

    computador, os mtodos numricos ganham espao para o

    dimensionamento automatizado. Hoje, muitos softwares, trazem rotinas para

    dimensionamento de fundaes.

    1.4. OBJETIVO DO TRABALHO

    O objetivo deste trabalho a anlise dos modelos para determinao

    dos esforos resistentes em sapatas isoladas. Pretende-se comparar

    resultados com modelos e critrios de verificaes, baseados no Cdigo

    Modelo CEB [1991], ACI 318 [1995], EUROCODE 2 [1992], NBR 6118

    [1982] e Texto Base para reviso da NB 1 [1993]. Frente aos resultados, dar

    condies de opo ao engenheiro de projetos estruturais com relao ao

    mtodo de clculo a ser escolhido para o dimensionamento econmico de

    sapatas isoladas. Pretende-se contribuir para o meio tcnico, com formas e

    disposies construtivas mais freqentemente utilizadas.

    1.5. PLANEJAMENTO

    No captulo 2, sero apresentados conceitos bsicos, da rea de

    geotecnia, relacionados ao projeto de fundaes.

    No captulo 3, sero apresentados os modelos existentes para

    determinao dos esforos resistentes em sapatas isoladas, como tambm

    as recomendaes de normas brasileiras e internacionais.

    No captulo 4, sero resolvidos diversos exemplos com os diferentes

    modelos estudados, apresentando forma, detalhes construtivos e detalhes

    das armaduras.

    No captulo 5, sero apresentadas as concluses finais do trabalho.

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    10

    Por fim, ser relacionadas a bibliografia utilizada para realizao do

    trabalho.

    1.6. RIGIDEZ DA SAPATA

    Pela relao entre suas dimenses, uma sapata pode ser rgida ou

    flexvel. Em MONTOYA [1973], diz-se que a sapata flexvel, quando l > 2h

    e rgida quando h2l (figura 1.11). A rigidez influi, principalmente, no

    processo adotado para determinao das armaduras.

    Um outro fator determinante na definio da rigidez da sapata a

    resistncia do solo. Para baixas tenses indica-se sapata flexvel, e para

    tenses maiores sapata rgida. ANDRADE [1989] sugere a utilizao de

    sapatas flexveis para solos com tenso admissvel abaixo de 150 kN/m2.

    Nas sapatas flexveis, o comportamento estrutural de uma pea

    fletida, devendo-se, alm de dimensionar a pea para absorver o momento

    fletor, verificar o cisalhamento oriundo da fora cortante e o puncionamento.

    J nas sapatas rgidas no necessria a verificao da puno.

    1.7. DETALHES CONSTRUTIVOS

    A base de uma fundao deve ser assente a uma profundidade tal

    que garanta que o solo de apoio no seja influenciado pelos agentes

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    atmosfricos e fluxos dgua. Na divisa com terrenos vizinhos, salvo quando

    a fundao for assente sobre rocha, tal profundidade no deve ser inferior a

    1,5m. E na escolha do nvel da base da sapata, devem ser considerados osseguintes fatores:

    a) altura da sapata;

    b) altura dos baldrames;

    c) dificuldades de execuo das formas e das concretagens;

    d) necessidade de espao acima das sapatas para passagem de

    dutos, pisos rebaixados, etc;

    e) profundidade da camada de solo de apoio;

    f) volume de terra resultante das escavaes;

    g) presena de gua subterrnea;

    h) necessidade de aumentar as cargas permanentes.

    A altura da sapata pode ser varivel, linearmente decrescente, da

    face do pilar at a extremidade livre da sapata, proporcionando uma

    economia no volume de concreto. No entanto, a altura h0 (figura 1.11)

    limitada a um valor tal, que o cobrimento seja suficiente nas zonas de

    ancoragem, e no mnimo 15 cm; e o ngulo das superfcies laterais

    inclinadas do tronco de pirmide no dificulte a concretagem. Segundo

    MONTOYA [1973] este ngulo no deve ultrapassar 30, que corresponde

    aproximadamente ao ngulo do talude natural do concreto fresco.

    As sapatas de altura constante so mais fceis de construir, mas

    como o consumo de concreto maior; so indicadas quando h a

    necessidade de um volume elevado para aumentar o peso prprio e para

    sapatas de pequenas dimenses.

    No caso de sapatas de altura varivel, no topo da sapata deve existir

    uma folga para apoio e vedao da frma do pilar.

    No caso de sapatas prximas, porm situadas em cotas diferentes, areta de maior declive que passa pelos seus bordos deve fazer, com a

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    12

    vertical, um ngulo como mostrado na figura 1.12, com os seguintes

    valores:

    solos pouco resistentes: 60;

    solos resistentes: = 45;

    rochas: = 30;

    A fundao situada em cota mais baixa deve ser executada em

    primeiro lugar, a no ser que se tomem cuidados especiais.

    Figura 1.12 Fundaes prximas, mas em cotas diferentes NBR 6122

    Deve ser executada uma camada de concreto simples de 5 a 10 cm,

    ocupando toda a rea da cava da fundao. Essa camada serve para nivelar

    o fundo da cava, como tambm serve de frma da face inferior da sapata.

    Em fundaes apoiadas em rocha, aps o preparo da superfcie

    (chumbamento ou escalonamento em superfcies horizontais), deve-seexecutar um enchimento de concreto de modo a se obter uma superfccie

    plana e horizontal, nesse caso, o concreto a ser utilizado deve ter resistncia

    compatvel com a presso de trabalho da sapata.

    O cobrimento utilizado para as sapatas deve ser igual ou maior que

    5 cm, visto que se encontram num meio agressivo. Em terrenos altamente

    agressivos aconselha-se executar um revestimento de vedao.

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    2 ALGUNS ASPECTOS GEOTCNICOS

    PARA O PROJETO DE SAPATAS

    O projeto de uma fundao envolve consideraes de mecnica dos

    solos e de anlise estrutural. O projeto deve associar racionalmente, no caso

    geral, os conhecimentos das duas especialidades.

    Este captulo traz conceitos bsicos atinentes aos problemas de

    geotecnia no projeto de fundaes, que ajudam a prever e adotar medidas

    que evitem recalques prejudiciais ou ruptura do terreno, com conseqente

    colapso da estrutura.

    2.1. INVESTIGAES GEOTCNICAS

    O engenheiro de fundaes deve iniciar o seu projeto com um

    conhecimento, to perfeito quanto possvel, do solo onde ir se apoiar a

    fundao. importante que numa investigao geotcnica haja confiana

    nos resultados obtidos, portanto, deve ser realizada por empresas e

    profissionais experientes e de conhecimento confivel no mercado.

    Resultados de uma investigao geotcnica mal realizada, muitas vezes

    impem um perigo maior do que a ausncia de dados sobre um terreno, pois

    no segundo caso, o projetista torna-se altamente cauteloso. Os problemas

    causados em uma superestrutura por insuficincia de infra-estrutura so

    graves na maioria das vezes, e sempre de correo onerosa. recomendvel negligenciar economias nas investigaes geotcnicas, para

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    evitar desperdcio ou reforo nas fundaes, que poderia ser evitado com a

    realizao de ensaio complementar, cujo valor torna-se irrelevante quando

    comparado ao valor total do empreendimento, .

    O projetista deve saber acerca da extrema complexidade do solo, cujo

    comportamento funo das presses com que solicitado, e depende do

    tempo e do meio fsico, no sendo possvel uma definir precisamente a

    relao tenso-deformao. Uma investigao to completa quanto possvel

    da natureza do solo indispensvel, no entanto, sempre haver risco em

    relao a condies desconhecidas.

    A amplitude das investigaes geotcnicas funo de diversos

    fatores, entre eles: tipo e tamanho da obra; e o conhecimento prvio das

    caractersticas do terreno, obtidas atravs de dados disponveis de

    investigaes anteriores de terrenos vizinhos ou de mapas geolgicos.

    Atravs dessas investigaes geotcnicas so obtidas as

    caractersticas do terreno de fundao, natureza, propriedades, sucesso e

    disposio das camadas; e a localizao do lenol fretico, de maneira que

    se possa avaliar mais corretamente a tenso admissvel do solo.

    Para fins de projeto e execuo, as investigaes geotcnicas do

    terreno de fundao deve seguir as especificaes da NBR 6122.

    2.2. ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAES

    A qualidade e o comportamento de uma fundao dependem de uma

    boa escolha, que melhor concilie os aspectos tcnicos e econmicos de

    cada obra. Qualquer insucesso nessa escolha pode representar, alm de

    outros inconvenientes, custos elevadssimos de recuperao ou at mesmo

    o colapso da estrutura ou do solo.

    O engenheiro de fundaes, ao planejar e desenvolver o projeto, deve

    obter todas as informaes possveis, atinentes ao problema; estudar as

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    diferentes solues e variantes; analisar os processos executivos; prever

    suas repercusses; estimar os seus custos e, ento, decidir sobre as

    viabilidades tcnica e econmica da sua execuo.

    Os fatores que influenciam na escolha do tipo de fundao so:

    a) Relativos superestrutura

    Tipo de material: concreto, madeira, ao, etc.

    Funo: edifcios, galpes, pontes, silos, etc.

    Aes: grandeza, natureza, posio, tipo, etc.

    b) Caractersticas e propriedades mecnicas do solo

    As investigaes geotcnicas so primordiais e muito importantes

    para a definio do tipo de fundao mais adequado. Delas obtm-se dados

    do solo, tais como: tipo de solo, granulometria, cor, posio das camadas

    resistncia, compressibilidade, etc.

    c) Posio e caracterstica do nvel dgua

    Dados sobre o lenol fretico so importantes para o estudo de um

    possvel rebaixamento do lenol fretico. Considerveis variaes do nvel

    dgua podem ocorrer devido s chuvas. Um poo de reconhecimento

    muitas vezes uma boa soluo para observao dessas possveis

    variaes.

    d) Aspectos tcnicos dos tipos de fundaes

    Muitas vezes surgem algumas limitaes a certos tipos de fundaesdevido capacidade de carga, equipamentos disponveis, restries

    tcnicas, tais como: nvel dgua, mataces, camadas muito resistentes,

    repercusso dos provveis recalques, etc.

    e) Edificaes na vizinhana

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    Estudo da necessidade de proteo dos edifcios vizinhos, de acordo

    com o conhecimento do tipo e estado de conservao dos mesmos; como

    tambm a anlise da tolerncia aos rudos e vibraes so indispensveis.

    f) Custo

    Depois da anlise tcnica feito um estudo comparativo entre as

    alternativas tecnicamente indicadas. De acordo com as dificuldades tcnicas

    que possam elevar os custos, o projeto arquitetnico poder ser modificado.

    Um outro ponto relativo ao custo o planejamento de incio e execuo,

    pois, algumas vezes, uma fundao mais cara, garante um retorno financeiro

    mais rpido.

    g) Limitaes dos tipos de fundaes existentes no mercado

    Determinadas regies optam pela utilizao mais freqente de alguns

    poucos tipos que se firmaram como mais convenientes localmente, o

    mercado torna-se limitado, sendo, portanto, necessria uma anlise da

    viabilidade da utilizao de um tipo de fundao tecnicamente indicada, mas

    no existente na regio.

    O problema resolvido por eliminao escolhendo-se, entre os tipos

    de fundaes existentes, aqueles que satisfaam tecnicamente ao caso em

    questo. A seguir, feito um estudo comparativo de custos dos diversos

    tipos selecionados, visando com isso escolher o mais econmico. A escolha

    de um tipo de fundao deve satisfazer aos critrios de segurana, tanto

    contra a ruptura (da estrutura ou do solo), como contra recalques

    incompatveis com o tipo de estrutura.

    Muitas vezes um nico tipo impe-se desde o incio, e, ento, a

    escolha quase automtica. Outras vezes, apesar de raras, mais de um tipo

    igualmente possvel e de igual custo.

    Quando o terreno formado por uma espessa camada superficial,

    suficientemente compacta ou consistente, adota-se previamente uma

    fundao do tipo sapata, que o primeiro tipo de fundao a serpesquisada. Existe uma certa incompatibilidade entre alguns tipos de solos e

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    o emprego de sapatas isoladas, pela incapacidade desses solos de suportar

    as aes comuns das estruturas.

    ALONSO [1983] indica que, em princpio, o emprego de sapatas s

    vivel tcnica e economicamente quando a rea ocupada pela fundao

    abranger, no mximo, de 50% a 70% da rea disponvel. De uma maneira

    geral, esse tipo de fundao no deve ser usado nos seguintes casos:

    Aterro no compactado;

    Argila mole;

    Areia fofa e muito fofa;

    Solos colapsveis;

    Existncia de gua onde o rebaixamento do lenol fretico no se

    justifica economicamente.

    Segundo MELLO [1971], o encaminhamento racional para o estudo

    de uma fundao, aps o conhecimento das aes estruturais e

    caractersticas do solo, o seguinte:

    Analisa-se inicialmente a possibilidade do emprego de fundaes

    diretas. No caso da no ocorrncia de recalques devidos a camadas

    compressveis profundas, o problema passa a ser a determinao da cota de

    apoio das sapatas e da tenso admissvel do terreno, nessa cota. No caso

    de haver ocorrncia de recalques profundos, dever ainda ser examinada a

    viabilidade da fundao direta em funo dos recalques totais, diferenciais e

    diferenciais de desaprumo (isto , quando a resultante das aes dos pilares

    no coincide com o centro geomtrico da rea de projeo do prdio, ou

    quando h heterogeneidade do solo).

    Sendo vivel a fundao direta poder-se- ento compar-la com

    qualquer tipo de fundao profunda para determinao do tipo mais

    econmico.

    No sendo vivel o emprego das fundaes diretas passa-se entopara fundaes profundas (estacas ou tubules).

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    O conhecimento dos avanos tecnolgicos na rea de fundaes

    necessrio para que no se esbarre em problemas associados a uma culturatcnica inercial. Na escolha de um tipo de fundao, o engenheiro precisa ter

    em mos os recursos mais modernos disposio da tecnologia, quer seja

    dos materiais disponveis no mercado, quer seja dos equipamentos

    executivos.

    2.3. DIMENSIONAMENTO GEOMTRICO DE SAPATAS

    As dimenses em planta necessrias para uma sapata isolada so

    obtidas a partir da diviso da ao caracterstica total do pilar pela tenso

    admissvel do terreno. Para levar em conta o peso prprio da fundao,

    deve-se considerar um acrscimo nominal na ao do pilar. Esse acrscimo

    pode ser de 5% para sapatas flexveis e 10% no caso das sapatas rgidas.

    Segundo ALONSO [1983], conhecida a rea da superfcie de contato,

    a escolha do par de valores a e b (figura 2.1), para o caso de sapatas

    isoladas, deve ser feita de modo que:

    a) o centro de gravidade da sapata deve coincidir com o centro de

    aplicao da ao do pilar;

    b) a sapata no dever ter nenhuma dimenso menor que 60 cm;

    c) sempre que possvel, a relao entre os lados a e b dever sermenor ou, no mximo, igual a 2,5;

    d) regularmente, os valores a e b devem ser escolhidos de modo que

    os balanos lda sapata, em relao s faces do pilar, sejam iguais nas duas

    direes.

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    Em conseqncia do item d, a forma da sapata fica condicionada

    forma do pilar; caso no existam limitaes de espao, podem ser

    distinguidos trs casos:

    1. Caso: Pilar de seo transversal quadrada (ou circular).

    Neste caso, quando no existe limitao de espao, a sapata mais

    indicada deve ter em planta seo quadrada, cujo lado igual a:

    adm

    vFa

    =

    (2.1)

    onde Fv a ao vertical do pilar e adm a tenso admissvel do solo.

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    2. Caso: Pilar de seo transversal retangular.

    Neste caso, com base na figura 2.1, quando no existe limitao de

    espao, pode-se escrever:

    adm

    vFba

    = (2.2)

    Para um dimensionamento econmico, consideram-se os balanos

    iguais nas duas direes, portanto:

    00 bbaa = (2.3)

    Com esta condio, as sees de armaduras resultam

    aproximadamente iguais nas duas direes.

    3.Caso: Pilar de seo transversal em forma de L, Z, U etc.

    Este caso recai facilmente no caso anterior ao se substituir a seo

    transversal do pilar por uma seo retangular equivalente, circunscrita

    mesma, e que tenha seu centro de gravidade coincidente com o centro de

    ao do pilar em questo (figura 2.2).

    Figura 2.2 - Pilar de seo transversal em forma de L

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    22

    2.4. DISTRIBUIO DAS TENSES SOB A BASE DA SAPATA

    As principais variveis que regem a distribuio das tenses sobre osolo em contato com uma fundao so a natureza do solo (rocha, areia ou

    argila) e a rigidez da fundao (rgida ou flexvel).

    A distribuio real no uniforme, mas por aproximao admite-se na

    maioria dos casos uma distribuio uniforme para as presses do solo,

    representada pelas linhas tracejadas (figuras 2.3 e 2.4). No

    dimensionamento estrutural, esta considerao eleva os valores dos

    esforos solicitantes quando comparados com a situao em que se usa adistribuio real.

    A NBR 6122 [1996] indica que para efeito de clculo estrutural de

    fundaes sobre rocha, o elemento estrutural deve ser calculado como pea

    rgida, adotando-se o diagrama bitriangular de distribuio (figura 2.3 a).

    Nas sapatas sobre solos coesivos, a distribuio uniforme de tenses

    no difere muito da distribuio real, o que pode ser observado nas figuras

    2.3.b e 2.4.b.

    No caso de sapatas flexveis apoiadas sobre solo arenoso, o

    diagrama triangular de distribuio o mais indicado (figura 2.4 c).

    2.4.1. Sapatas sob aes excntricas

    No caso de ao axial, a tenso admissvel a ser adotada nodimensionamento da sapata considerada em seu total. No entanto, a

    sapata pode ser sujeita a carregamento excntrico (figura 2.5) e, quando a

    excentricidade muito grande, tenses de trao podem ocorrer em um lado

    da sapata, o que no aceitvel, pois entre o solo e a fundao no pode

    haver tenses de trao.

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    23

    a) Rocha b) Argila c) Areia

    Figura 2.3 - Distribuio de tenses nas sapatas rgidas

    a) Rocha b) Argila c) Areia

    Figura 2.4 - Distribuio de tenses nas sapatas flexveis

    Diz-se que uma fundao solicitada ao excntrica quandosubmetida a:

    a) uma fora vertical cujo eixo no passa pelo centro de gravidade da

    superfcie de contato da fundao com o solo;

    b) foras horizontais situadas fora do plano da base da fundao;

    c) qualquer outra composio de foras que gerem momentos na

    fundao.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    24

    As vigas de equilbrio devem ser empregadas, como uma soluo

    estrutural, para absorver o momento fletor oriundo da excentricidade nos

    casos de sapatas dos pilares situados nas divisas de terrenos.

    2.4.2. Limitao das tenses admissveis do terreno, no caso de aes

    excntricas

    O valor da tenso mxima na borda mais comprimida da sapata deve

    ser limitado ao valor da tenso admissvel do solo, com a qual deve ser feito

    o dimensionamento estrutural da fundao.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

    43/145

    25

    Conforme a NBR 6122 [1996], quando forem levadas em

    considerao todas as combinaes possveis entre os diversos tipos de

    carregamentos previstos pelas normas estruturais, inclusive a ao do vento,poder-se-, na combinao mais desfavorvel, majorar 30% os valores

    admissveis das presses no terreno, logo 1,3adm. Entretanto, esses

    valores admissveis no podem ser ultrapassados quando consideradas

    apenas as aes permanentes e acidentais .

    O valor da tenso mxima obtido atravs de princpios bsicos da

    resistncia dos materiais, relacionados ao caso geral de ao excntrica. A

    distribuio de tenses depende do ponto de aplicao da ao; no entanto

    este ponto limita-se a uma regio, de modo que no ocorram tenses de

    trao entre o solo e a sapata.

    a) Excentric idade em uma direo

    Caso em que o ponto de aplicao da ao est dentro doncleo central de inrcia.

    Este caso, que pode ser observado na figura 2.6a, ocorre quando

    6/ae < .

    A partir da frmula de flexo composta da Resistncia dos Materiais,

    tem-se:

    I

    y.M

    A

    Fv = (2.5)

    Neste caso tem-se:

    I

    y.M

    A

    Fv > (2.6)

    A rea da base da sapata;

    M momento aplicado ou devido excentricidade da ao;

    I momento de inrcia da base da sapata;

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    26

    y distncia do eixo central ao ponto onde a tenso est sendo

    calculada.

    Fazendo-se a substituio na equao (2.4) pode-se obter:

    =

    a

    e.61

    b.a

    F xv (2.7)

    Onde a tenso mxima dada por:

    +=

    a

    e.61

    b.a

    F xvmax (2.8)

    A tenso mnima dada por:

    =

    a

    e.61

    b.a

    F xvmin (2.9)

    Caso em que o ponto de aplicao da ao est no limite doncleo central de inrcia.

    Este caso, pode ser observado na figura 2.6b, ocorre quando e = a/6.

    O valor da tenso mxima obtido atravs da seguinte expresso:

    b.a

    F2 vmax = (2.10)

    Neste caso tem-se:

    I

    y.M

    A

    Fv= (2.11)

    Caso em que o ponto de aplicao da ao est fora do ncleocentral de inrcia.

    Neste caso tem-se e > a/6. Apenas parte da sapata est comprimida.

    Para que no ocorram tenses de trao entre o solo e a sapata, o ponto de

    aplicao da ao deve estar alinhado com o centro de gravidade do

    diagrama triangular de presses. Portanto, a largura do tringulo de

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

    45/145

    27

    presses igual a trs vezes a distncia desse ponto a extremidade direita

    da sapata (Figura 2.6 c).

    A tenso mxima dada por:

    =

    e2

    ab3

    F2 vmax (2.12)

    b) Excentricidade nas duas direes (solicitao oblqua),

    O equilbrio obtido com o diagrama linear das presses atuando em

    apenas uma parte da seo (figura 2.7). Tem-se portanto:

    I

    z.M

    I

    y.M

    A

    F yxv = (2.13)

    a)6

    ae < b)

    6

    ae = c)

    6

    ae >

    Figura 2.6 - Tenses mximas para as aes excntricas

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    28

    Segundo CAPUTO [1978], dividindo-se a rea da base da sapata em

    regies, a obteno da tenso mxima depende das coordenadas ex e ey

    que definem o ponto de aplicao da ao e caracteriza a zona na qual estsendo aplicada tal ao.

    Zona 1

    Esta regio corresponde ao ncleo central de inrcia da sapata,

    aplicando-se a frmula j conhecida:

    ++=

    b

    e.6

    a

    e.61

    b.a

    F yxvmax (2.14)

    Zona 2

    inaceitvel a aplicao da ao nesta regio, pois o centro de

    gravidade da sapata estaria na regio tracionada.

    Zona 3

    A regio comprimida corresponde rea hachurada na figura 2.9a. O

    eixo neutro fica definido pelos parmetros s e (figura 2.9):

    O valor de s obtido atravs da seguinte equao:

    += 12e

    b

    e

    b

    12

    b

    s 2y

    2

    y (2.15)

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    29

    pode ser obtido da seguinte equao:

    y

    x

    es

    e.2a

    2

    3

    tg +

    = (2.16)

    A tenso mxima dada por:

    22

    vmax

    s.12b

    s.2b

    tg.b

    F.12

    +

    +

    = (2.17)

    Zona 4

    A regio comprimida corresponde rea hachurada na figura 2.9b. Oeixo neutro fica definido pelos parmetros t e :

    O valor de t obtido atravs da seguinte equao:

    += 12

    e

    a

    e

    a

    12

    at

    2x

    2

    x

    (2.18)

    enquanto obtido da equao:

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    30

    x

    y

    et

    e.2b

    2

    3tg

    +

    = (2.19)

    A tenso mxima dada por:

    22

    vmax

    t.12a

    t.2a

    tg.a

    F.12

    +

    +

    = (2.20)

    Zona 5

    Neste caso, a regio comprimida corresponde rea hachurada na

    figura 2.9c e a tenso mxima ser calculada pela frmula aproximada:

    ( ) ( ) ( )[ ]= 23,221169,312b.a

    Famax (2.21)

    onde

    b

    e

    a

    e yx += (2.22)

    tomando-se ex e ey sempre com o sinal positivo.

    a) Zona 3 b)Zona 4 c) Zona 5

    Figura 2.9 - Parmetros das reas comprimidas

    O clculo da presso mxima e da extenso da rea comprimida

    pode ser facilitado pelo emprego do baco da figura 2.10 ou tabela 2.1

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    31

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    33

    2.5. RECALQUES

    Os recalques so deformaes do solo, com conseqentesdeslocamentos dos apoios da estrutura. Os recalques de fundaes podem

    causar prejuzos boa utilizao da obra, como tambm ameaar a

    estabilidade.

    Os recalques totais das fundaes diretas so obtidos atravs da

    soma do recalque imediato, recalque de adensamento e recalque secular.

    O recalque imediato proveniente das deformaes com mudana de

    forma, sem diminuio de volume do solo. Ocorre simultaneamente com

    aplicao da carga. A grandeza desses recalques estimada com base na

    teoria da elasticidade; por exemplo: os solo arenosos, que devido alta

    permeabilidade, a gua flui to rapidamente que a expulso de gua dos

    poros praticamente instantnea. Portanto, as fundaes em areias

    recalcam quase imediatamente aplicao da carga.

    O recalque de adensamento resulta da expulso gradual de gua e de

    ar dos vazios do solo e ocorre lentamente com o decorrer do tempo; por

    exemplo: os solos argilosos, submetidos a carregamentos permanentes,

    onde os recalques se processam lentamente face baixa permeabilidade

    destes solos.

    Os recalques uniformes ocorrem quando as fundaes sofrem

    recalques iguais em toda extenso da obra. J quando os recalques so

    desiguais, so ditos recalques diferenciais.

    As principais causas dos recalques diferenciais so:

    a) superposio dos campos de presses de construes vizinhas

    (figuras 2.11 a 2.14);

    b) grande concentrao de presses no centro das edificaes

    submetidas a aes aproximadamente distribudas, devido lei da

    distribuio de presses no solo;

    c) distribuio irregular das aes da edificao;

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    34

    d) diferentes tipos de fundao em um mesmo edifcio;

    e) variao de espessura ou de caractersticas das camadas do solo

    que condicionam os recalques;

    f) fundaes assentes em cotas diferentes.

    Em geral, no so os recalques uniformes que prejudicam a estrutura

    e sim os diferenciais, por provocar solicitaes adicionais na estrutura,

    podendo comprometer a estabilidade da obra. No entanto, quando os

    recalques uniformes comeam a ultrapassar um certo limite e, dependendo

    do tipo de construo, a utilizao da mesma pode ficar bastante

    prejudicada. Os recalques diferenciais evidenciam-se por desnivelamentos,

    desaprumos e fissuras.

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    35

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    36

    As medidas (relativas ao solo ou s estruturas) a serem tomadas,

    visando minimizar os efeitos dos recalques, dependem da destinao da

    obra e do tipo da estrutura a serem adotados. As estruturas metlicas

    suportam melhor os efeitos dos recalques que as estrutura de concreto,

    enquanto as hiperestticas so mais sensveis que as isostticas; portanto,

    prevendo uma construo suficientemente rgida, pode-se minimizar os

    efeitos dos recalques diferenciais.

    No caso de solo compressvel, pode-se reduzir a um mnimo os

    recalques, retirando por escavao um peso de terra que se substitui pelo

    peso da construo.

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    37

    2.6. INTERAO SOLO - ESTRUTURA

    O comportamento real de uma estrutura apoiada sobre o solo envolve

    um processo interativo que comea com a fase de execuo, passa por um

    perodo de ajustamento de tenses e esforos na estrutura e no solo, e

    termina com um estado de equilbrio. O projetista no pode ignorar este

    comportamento, para que se possa estimar a magnitude dos recalques,

    adotar solues estruturais e ento avaliar o mrito da fundao escolhida.

    A concluso de que uma estrutura pode acomodar os recalques

    previstos, necessita de uma larga experincia do projetista. No entanto,critrios baseados em situaes similares na prtica podem ser adotados.

    A anlise da interao solo-estrutura de grande complexidade e

    est intimamente relacionada com a utilizao de mtodos numricos, pois

    os clculos de interao s se tornaram praticamente possveis com os

    computadores.

    Em algumas circunstncias, onde a estrutura no tem poder de

    acomodao, para os recalques diferenciais previstos pelo clculo

    geotcnico convencional, a estrutura pode ser projetada como isosttica

    (podendo acomodar os deslocamentos sem provocar solicitaes internas),

    introduzindo-se rtulas que permitam deslocamentos relativos sem, no

    entanto, causar prejuzos estticos, de durabilidade e de desempenho.

    2.7. COEFICIENTES DE SEGURANA

    Os coeficientes de segurana buscam refletir as incertezas quanto s

    aes e s resistncias, respectivamente majorando e minorando estes

    valores. Incertezas essas ligadas aos prprios fenmenos naturais aos quais

    as obras devem resistir (por exemplo, as incertezas hidrolgicas ou

    meteorolgicas), outras vezes devidas insuficincia de informaes (por

    exemplo, bolses de solo mole ou at vazios subterrneos que podem no

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    38

    ser detectados por sondagens de reconhecimento programadas e

    executadas dentro da melhor tcnica vigente).

    De acordo com HACHICH [1996], uma estrutura considerada segura

    quando puder suportar as aes que vierem a solicit-la durante a sua vida

    til sem ser impedida, quer permanentemente, quer temporariamente, de

    desempenhar funes para as quais foi concebida. Denomina-se estado-

    limite qualquer condio que impea a estrutura de desempenhar essas

    funes.

    Os estados-limites ltimos correspondem ao esgotamento da

    capacidade portante da estrutura; por exemplo: esgotamento da capacidade

    de carga de uma sapata. Os estados-limites de utilizao correspondem a

    situaes em que a estrutura deixa de satisfazer a requisitos funcionais ou

    de durabilidade; por exemplo: recalques excessivos.

    Tendo em vista que os dados bsicos necessrios para o projeto e

    execuo de uma fundao provm de fontes as mais diversas, a escolha do

    coeficiente de segurana de grande responsabilidade. A tabela 2.2 resume

    os principais fatores a considerar.

    Para maiores detalhes, critrios e valores bsicos relacionados

    segurana no projeto de fundaes, o leitor dever recorrer NBR 6122.

    2.8. PRESSO ADMISSVEL DO TERRENO

    De acordo com a NBR 6122 [1996], a presso admissvel pode ser

    estimada segundo mtodos tericos, empricos, semi-empricos e prova de

    carga sobre placa. Indica, tambm, que os seguintes fatores devem ser

    considerados na determinao da tenso admissvel:

    a) profundidade da fundao;

    b) dimenses e forma dos elementos de fundao;

    c) caractersticas das camadas de terreno abaixo do nvel dafundao;

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    39

    d) lenol dgua;

    d) modificao das caractersticas do terreno por efeito de alvio de

    presses, alterao do teor de umidade ou ambos;

    Tabela 2.2 - Fatores que influenciam a escolha do coeficiente de segurana

    [CAPUTO,1978].

    Fatores que

    influenciam a escolha

    Coeficiente de segurana

    do coeficiente de

    segurana

    Pequeno Grande

    Propriedade dos

    materiais

    Solo homogneo

    Investigaes

    geotcnicas amplas

    Solo no homogneo

    Investigaes

    geotcnicas escassas

    Influncia exteriores,

    tais como: vento,

    gua, tremores de

    terra, etc

    Grande nmero de

    informaes, medidas e

    observaes disponveis

    Poucas informaes

    disponveis

    Preciso do modelo

    de clculo

    Modelo bem

    representativo das

    condies reais

    Modelo grosseiramente

    representativo das

    condies reais

    Conseqncias em

    caso de acidentes

    Conseqncias

    financeiraslimitadas e sem

    perda de vidas

    humanas

    Conseqncias

    financeirasconsiderveis e

    risco de perda

    de vidas

    humanas

    Conseqncias

    financeirasdesastrosas e

    elevadas perdas

    de vidas

    humanas

    f) caractersticas da obra, em especial a rigidez da estrutura;

    g) recalques admissveis, definidos pelo projetista da estrutura.

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    40

    Em obra de pequeno vulto, o engenheiro muitas vezes levado a

    tomar decises em cima de poucos resultados de sondagens de percusso

    (SPT).A NBR 6122 [1996] apresenta uma tabela com os valores bsicos de

    tenso admissvel, que serve para orientao inicial.

    HACHICH [1996] apresenta rotina de mtodo emprico para estimativa

    das presses admissveis, que dada pela expresso:

    N02,0adm = (em MPa) (2.23)

    vlida para qualquer solo natural no intervalo 20N5 .

    N valor mdio representativo da camada de apoio, estimado dentro da

    profundidade do bulbo de tenses das sapatas (~1,5b). Este valor

    corresponde, na maioria das vezes, a mdia dos trs valores de SPT

    abaixo do apoio da sapata.

    No exemplo da figura 2.15, tem-se:

    3

    3v2v1vN

    ++= (2.24)

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    3 MODELOS DE CLCULO

    Este captulo apresenta processos de dimensionamento de sapatas

    rgidas e flexveis, como tambm critrios de verificao da segurana

    estrutural.

    O dimensionamento de sapatas deve ser feito no estado limite ltimo,

    onde duas condies devem ser satisfeitas:

    a) A resistncia de clculo tem que ser maior do que a solicitao

    interna de clculo. Para isto, as deformaes nos materiais concreto e ao,

    sob solicitaes de clculo, no deve ultrapassar valores limites . Assolicitaes internas so:

    Solicitaes internas resultantes de tenses normais, no caso das

    sapatas, momentos fletores;

    Solicitaes internas resultantes de tenses tangenciais, tais como:

    esforo cortante, puno, aderncia e ancoragem das armaduras.

    b) Equilbrio esttico da estrutura

    Este estado considera os riscos de tombamento e deslizamento das

    sapatas em condies desfavorveis, que o caso das sapatas submetidas

    a aes horizontais e aes excntricas.

    O dimensionamento flexo das sapatas baseado na mesma teoria

    aplicada s vigas submetidas flexo simples. Basicamente, o que difere

    entre os critrios do ACI 318 [1995], CEB-FIP [1970] e o mtodo clssico a

    seo de referncia indicada para o clculo do momento fletor, que se

    desenvolve nas proximidades do pilar. Para maior simplificao, as sapatas

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    42

    so armadas nas duas direes principais. Os esforos solicitantes so

    determinados para uma distribuio uniforme de presses no solo como

    apresentado no captulo 2, e no se admite que as foras de atrito possam

    reduzir a fora de trao na armadura principal das sapatas.

    As sapatas podem ser dimensionadas por diferentes modelos de

    clculo, ou seja, podem ser consideradas rgidas ou flexveis em funo da

    relao entre a altura e o comprimento do balano.

    3.1. MTODO CLSSICO

    Segundo ANDRADE [1989] este modelo de clculo se aplica s

    sapatas flexveis e consiste em calcular o momento fletor no eixo central da

    sapata, enquanto o esforo cortante verificado na seo adjacente face

    do pilar. A rea da seo transversal da armadura, para absorver os

    momentos fletores, pode ser determinada no centro da sapata, como nas

    vigas submetidas flexo simples, e estendida ao longo da mesma sem

    reduo, ou seja, a armadura distribuda uniformemente nas duas

    direes.

    Uma dificuldade do mtodo est em fixar a proporo de

    carregamento para cada direo. Para esta repartio, critrios empricos

    so apresentados a seguir:

    a) Totalidade da ao nas duas direes

    Este critrio permite que cada direo trabalhe independentemente

    com toda a ao. Esta considerao eleva os valores do momento fletor e do

    esforo cortante, tornando a rea de armadura antieconmica. A parcela de

    ao considerada no clculo age no centro de gravidade da regio (figura

    3.1).

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    43

    No clculo do momento fletor na direo x tem-se:

    = 4

    a

    2

    F

    4

    a

    2

    F

    M

    0vdvd

    Sdx (3.1)

    simplificando a equao 3.1 obtm-se:

    ( )0vd

    Sdx aa8

    FM = (3.2

    Figura 3.1 - Totalidade da ao nas duas direes

    Para determinao do esforo cortante junto face do pilar tem-se:

    =

    2

    aab

    b.a

    FV 0vdSdx (3.3)

    donde pode-se obter:

    =

    a

    a1

    2

    FV 0vdSdx (3.4)

    Analogamente na direo y obtm-se:

    ( )0vd

    Sdy bb8

    FM = (3.5)

    =

    b

    b1

    2

    FV 0vdSdy (3.6)

    b) Diviso da rea da sapata em tringulos (regra dos tringulos)

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    44

    Esta regra apropriada quando a rea da base da sapata e a rea da

    seo transversal do pilar so homotticas. As reas so repartidas em

    tringulos, cabendo a cada uma da ao total (figura 3.2).

    Na determinao do momento fletor na direo x tem-se:

    =

    2

    a

    3

    2

    4

    F

    2

    a

    3

    2

    4

    FM 0vdvdSdx (3.7)

    donde, obtm-se:

    ( )0vd

    Sdx aa12

    FM = (3.8)

    Figura 3.2 - Regra dos tringulos

    Para determinao do esforo cortante considera-se:

    +=

    2

    aa

    2

    bb

    b.a

    FV 00vdSdx (3.9)

    logo, simplificando-se:

    +=

    a

    a1

    b

    b1

    4

    FV 00vdSdx (3.10)

    Analogamente na direo y obtm-se:

    ( )0vd

    Sdy bb12

    FM = (3.11)

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    45

    +=

    b

    b1

    a

    a1

    4

    FV 00vdSdy (3.12)

    c) Diviso da rea da sapata em trapzios (regra dos trapzios)

    Adequado, quando a rea da base da sapata e a rea da seo

    transversal do pilar no so homotticas. Este critrio tambm o mais

    indicado para as sapatas dimensionadas geometricamente com balanos

    iguais nas duas direes. A rea da sapata repartida em trapzios,

    enquanto a rea da seo transversal do pilar em tringulos (figura 3.3).

    Neste caso, uma parcela da ao age no centro de gravidade do trapzio.

    Uma simplificao adotada neste critrio a de considerar Fv/4 para

    cada direo; o que no acontece na realidade.

    Figura 3.3 - Regra dos trapzios

    Na determinao do momento fletor na direo x tem-se:

    +

    +

    +

    =

    2

    a

    3

    2

    4

    F

    2

    a

    bb

    bb2

    6

    aa

    4

    FM 0v0

    0

    00vdSdx (3.13)

    simplificando a expresso 3.13 obtm-se:

    +

    +

    +

    =

    6

    a

    bb

    bb2

    6

    aa

    4

    FM 0

    0

    00vd

    Sdx (3.14)

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    46

    Para determinao do esforo cortante junto face do pilar tem-se:

    +

    = 2

    aa

    2

    bb

    b.a

    F

    V00vd

    Sdx (3.15)

    logo

    +=

    a

    a1

    b

    b1

    4

    FV 00vdSdx (3.16)

    Analogamente na direo y

    +

    +

    +

    =

    6

    b

    aa

    aa2

    6

    bb

    4

    FM 0

    0

    00vd

    Sdy (3.17)

    +=

    b

    b1

    a

    a1

    4

    FV 00vdSdy (3.18)

    3.2. CRITRIOS DO ACI-318 [1995]

    3.2.1. Determinao do momento fletor

    Os critrios do ACI 318 [1995], aplicam-se no dimensionamento das

    sapatas flexveis. De acordo com a norma americana, o momento fletor

    calculado na seo adjacente face do pilar (figura 3.4), levando em

    considerao a presso do solo atuante na rea hachurada (figura 3.5).

    Tem-se portanto:

    ( ) ( )4

    aa

    2

    aab

    ba

    FM 00vdSdx

    = (3.19)

    Simplificando a expresso acima tem-se:

    ( )a

    aa

    8

    FM

    2

    0vd

    Sdx

    = (3.20)

    onde:

    Q7,1G4,1Fvd += (3.21)

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    47

    G aes permanentes

    Q aes variveis

    Analogamente na direo y tem-se:

    ( )b

    bb

    8

    FM

    2

    0vd

    y,Sd

    = (3.22)

    Figura 3.4 - Distribuio de presses sob a base da sapata.

    MACGREGOR [1992]

    A justificativa fsica da seo crtica na face do pilar deve-se ao fato

    do pilar, solidrio com a sapata, contribuir para a resistncia do prisma de

    base a0 b0, obrigando a sapata a romper fora deste prisma.

    Tais momentos devem ser resistidos pelas armaduras, cujas reas

    so calculadas nas duas direes principais.

    3.2.2. Distribuio da armadura inferior

    O momento fletor por unidade de comprimento varia ao longo do corte

    A-A, com o mximo ocorrendo na seo adjacente ao pilar (figura 3.7), no

    entanto, nas sapatas quadradas, a armadura dever ser distribuda

    uniformemente na largura total, em ambas as direes.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    48

    Figura 3.5 - Seo de referncia para o clculo do momento fletor (planta)

    Figura 3.6 - Seo de referncia para o clculo do momento fletor(corte A-A)

    J nas sapatas retangulares, a distribuio da armadura difere ao

    longo das duas direes. A armadura paralela ao maior lado pode ser

    distribuda uniformemente na largura b, enquanto, na outra direo, deve-se

    ter uma maior densidade de barras numa faixa prxima do pilar (figura 3.8).

    Esta faixa, de largura b, deve conter a armadura AS1 determinada atravs

    da equao 3.23, enquanto AS2, equao 3.24, deve ser distribuda

    uniformemente fora desta faixa central

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    49

    Tem-se portanto:

    ba

    b2AA

    s1s +

    = (3.23)

    e

    1ss2s AAA = (3.24)

    Figura 3.7 - Momento fletor na sapata

    Segundo BARROSO [1974], a distribuio concentrada prxima ao

    pilar desaconselhvel medida que aumenta a relao a/b da sapata,

    devido s grandes deformaes que ocorrem na direo do maior lado. Por

    tal motivo se recomenda limitar a retangularidade da sapata pela relao

    b2a = .

    Figura 3.8 - Distribuio da armadura

    3.3. RECOMENDAES DO CEB-FIP/1970

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    50

    Tais critrios so aplicveis a sapatas rgidas com a seguinte relao

    geomtrica:

    h22

    h l (3.25)

    onde l o menor balano.

    3.3.1. Determinao do momento fletor

    O momento fletor que determinar a armadura inferior calculado

    em cada direo principal, em relao a uma seo de referncia S1

    (figura 3.9), situada entre as faces do pilar, a uma distncia 0,15a0 na

    direo x e 0,15b0 na direo y, medida no sentido perpendicular seo

    considerada. Esta recomendao deve-se ao fato de que no caso dos

    pilares de seo alongada o valor do momento pode crescer sensivelmente

    alm da seo situada na face do pilar.

    A altura til d da seo S1 tomada igual altura da seo paralela a

    S1 e situada na face do pilar, salvo se esta altura exceder 1,5 vezes o

    comprimento do balano da sapata (1,5l), medida perpendicularmente a S1.

    Neste ltimo caso, a altura til deve ser limitada a 1,5 vezes o balano.

    3.3.2. rea da seo transversal da armadura inferior

    O clculo da rea da seo da armadura que atravessa S1 feito a

    partir das caractersticas geomtricas da seo de referncia S1, definidas no

    item anterior, e do momento fletor calculado.

    No caso de rede ortogonal de armaduras, a relao das reas das

    sees transversais das barras correspondentes a cada direo deve pelo

    menos ser igual a 1/5.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    51

    Figura 3.9 - Seo S1 para o clculo do momento fletor

    3.3.3. Disposio da armadura

    Em todos os casos a armadura deve ser prolongada sem reduo de

    seo sobre toda extenso da sapata.

    No caso das sapatas de base quadrada, a armadura pode ser

    uniformemente distribuda, paralelamente aos lados do quadrado. Um

    acrscimo de resistncia ao esforo cortante pode ser adquirido nas sapatas

    de altura constante, localizando uma maior densidade de armadura nas

    faixas paralelas aos lados do quadrado, centradas sob o pilar e de largura a0

    + 2h (figura 3.10).

    Figura 3.10 - Disposio de armadura nas sapatas quadradas

    Nas sapatas de base retangular a armadura distribuda de modo

    semelhante ao indicado no item 3.2.2. No entanto se h2ab 0 +< a equao

    3.23 deve ser substituda pela expresso 3.26 dada por:

    ( )h2aa

    h2a2AA

    0

    0

    s1s ++

    += (3.26)

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    52

    Neste caso As1 deve ser distribuda na faixa central de largura

    h2a0 + .

    3.4. MTODO DAS BIELAS

    Este mtodo foi proposto por LEBELLE apud GUERRIN [1955]1.

    Aplica-se s sapatas rgidas, baseado na teoria das bielas, onde se pode,

    ento, compreender a existncia de bielas inclinadas de compresso, que

    so resistidas pelo concreto e transmitem s barras de ao esforos de

    trao (figura 3.11).

    a) Isoststicas b) Bielas de compresso

    Figura 3.11. - Teoria das bielas

    Segundo GUERRIN [1955], ensaios mostraram que rupturas por

    excesso de compresso do concreto nas proximidades do pilar nunca se

    verificam, podendo-se, portanto, dispensar tal verificao.

    No se pode falar de flexo numa sapata rgida, por isso no h

    necessidade de verificar o esforo cortante.

    O mtodo consiste em calcular os esforos de trao na armadura,

    determinando posteriormente a rea de ao para resistir a tais esforos.

    3.4.1. Determinao dos esforos de trao na armadura

    1

    O mtodo de clculo proposto foi baseado nos numerosos ensaios sistemticos que foramrealizados pelo Bureau Securitas. LEBELLE, M. apud GUERRIN, A. Trait de BtonArm, Paris, Dunot, 1955. p.61

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    53

    Analisando inicialmente a sapata quadrada de lado a, tem-se a

    componente horizontal dFT do esforo dF transmitido pela biela DM

    equilibrada pelas tenses das duas barras, passando por M (x, y).

    De acordo com a figura 3.12 tem-se:

    dy.dxa

    F.dy.dxdF

    2

    vadmv == (3.27)

    Por semelhana de tringulos obtm-se:

    v

    0

    T

    0

    T

    v dF

    d

    rdF

    r

    d

    dF

    dF== (3.28)

    Figura 3.12 - Bielas de concreto comprimido GUERRIN [1955]

    Substituindo-se a expresso 3.27 na 3.28 pode-se obter:

    dy.dxad

    rFdF

    2

    0

    vT

    = (3.29)

    Como

    = cosdFdF TTy (3.30)

    Substituindo-se 3.29 em 3.30 obtm-se:

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    54

    dy.dxa.d

    y.FdF

    2

    0

    vTy = (3.31)

    Logo para o esforo total tem-se:

    =2/a

    0

    2/a

    2/a0

    2

    VTy dy.ydx

    d.a

    FF (3.32)

    Resolvendo as integrais obtm-se:

    0

    vTy

    d.8

    a.FF = (3.33)

    Pela figura 3.13 pode-se obter:

    2/a

    d

    2/)aa(

    dtg 0

    0

    =

    = (3.34)

    Logo

    0

    0aa

    dad

    = (3.35)

    Substituindo-se a equao 3.35 em 3.33 obtm-se:

    d

    )aa(

    8

    FF 0vTy

    = (3.36)

    Figura 3.13 - Determinao de d0

    Analogamente na outra direo tem-se:

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    55

    d

    )aa(

    8

    FF 0vTx

    = (3.37)

    No caso das sapatas retangulares com a seo transversal do pilar

    homottica da base, as equaes expostas para a base quadrada sero

    vlidas, portanto:

    d

    )aa(

    8

    FF 0vTx

    = (3.38)

    d

    )bb(

    8

    FF 0vTy

    = (3.39)

    3.4.2. rea da seo transversal da armadura inferior

    No mtodo das bielas a determinao da rea de ao bastante

    simples. Depois de determinados os esforos de trao na armadura, pode-

    se obter a rea da mesma por meio da seguinte equao:

    yd

    Txd

    sxf

    FA = (3.40)

    Analogamente na outra direo tem-se:

    yd

    Tyd

    syf

    FA = (3.41)

    3.5. VERIFICAES

    3.5.1. Verificao da estabilidade

    Para evitar que as sapatas possam estar sujeitas a movimentos de

    tombamento e deslizamento, suas dimenses a e b devem ser determinadas

    de modo a satisfazer s condies de estabilidade.

    a) Segurana ao tombamento

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    56

    Segundo MONTOYA [1973], a primeira verificao que deve ser feita

    em sapatas submetidas a momentos ou foras horizontais (figura 3.14) a

    segurana ao tombamento. O momento de tombamento majorado por um

    coeficiente de segurana deve ser inferior ao momento das foras que se

    opem ao tombamento, logo:

    ( ) ( )2

    aGFhFM ppv11h ++ (3.42)

    Gpp peso prprio da sapata;

    1 coeficiente de segurana ao tombamento que segundo MONTOYA

    [1973] deve ser igual a 1,5.

    Figura 3.14 - Sapata submetida a momento e fora horizontal

    A presso do solo no levada em considerao porque no existe

    na iminncia do tombamento.

    b) Segurana ao deslizamento

    Para sapatas isoladas com ao horizontal, o deslizamento evitado

    pelo atrito entre a base da sapata e o terreno ou a coeso do mesmo. O

    empuxo passivo sobre a superfcie lateral da sapata desprezado, a menos

    que se garanta sua ao permanentemente.

    Deve-se verificar a seguinte condio:

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    57

    ( ) h2dppv FtgGF + (solos arenosos) (3.43)

    v2d FcA (solos argilosos) (3.44)

    onde:

    =3

    2d

    c5,0c d =

    d ngulo de atrito de clculo (minorado);

    cd valor de clculo da coeso (minorado);

    A rea da base da sapata;

    2 coeficiente de segurana ao deslizamento que, segundo MONTOYA

    [1973], pode-se tomar o valor de 1,5.

    3.5.2. Puno nas sapatas

    O Texto Base para a reviso da NB 1/78 [1997] define puno como

    sendo o estado limite ltimo determinado por cisalhamento no entrno de

    cargas concentradas. Ela diferente do estado limite ltimo determinado por

    cisalhamento em sees planas solicitadas fora cortante. A puno

    basicamente a perfurao de uma placa devida s altas tenses de

    cisalhamento, provocadas por foras concentradas.

    Devido a fatores construtivos e econmicos recomendado evitar-se

    sapatas com armadura transversal, adotando-se uma altura suficiente paraque no ocorra ruptura por puno. Portanto, o efeito de puncionamento

    geralmente determina a altura da sapata.

    Nas sapatas rgidas para pilares isolados no h necessidade de

    verificao puno, no entanto nas flexveis no se pode deixar de verificar

    o puncionamento.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    58

    Os primeiros estudos do fenmeno do puncionamento foram

    realizados por TALBOT2

    apud FIGUEIREDO FILHO [1989] onde ensaiou,

    at a ruptura, 83 sapatas de concreto armado sob pilares, das quais

    aproximadamente 20 romperam devido ao puncionamento, com superfcie

    de ruptura tendo a forma de um tronco de cone, e as faces inclinadas a

    aproximadamente 45. Sua proposta foi para que a ao de puno fosse

    determinada a partir de uma tenso nominal dada pela expresso abaixo:

    du

    FvdSd

    = (3.45)

    onde u o permetro de um contorno crtico com lados paralelos aos lados

    do pilar, distante de um valor igual altura til d da sapata.

    RICHART3

    apud FIGUEIREDO FILHO [1989] numa extensa pesquisa,

    onde foram ensaiadas 164 sapatas, das quais 140 sob pilares, pde

    observar que so as tenses tangenciais, e no o momento fletor, que

    freqentemente causam situao crtica no projeto de sapatas.

    A resistncia puno das sapatas isoladas usualmente verificadapelo chamado mtodo clssico e foi utilizado j por TALBOT [1913]. Tal

    modelo, conhecido como modelo da superfcie de controle, considera como

    seo crtica uma superfcie vertical em torno do pilar, cuja distncia em

    relao a ele tem sido tomada como funo da altura til da sapata e varia

    conforme o regulamento utilizado. A tenso mdia nominal de cisalhamento

    Sd obtida nessa superfcie deve ento ser limitada a uma frao da

    resistncia do concreto, frao esta determinada com base em valores

    obtidos em ensaios de modelos fsicos. A NBR 6118 [1982], o EUROCODE

    n 2 [1992], o Cdigo Modelo CEB-FIP [1991], o ACI 318 [1995] e o Texto

    2TALBOT, A. N. (1913) Reinforced concrete wall footings and column footings.

    University of Illinois, Engineering Experiment Station. Bull. n.67, 114p. apud FIGUEIREDO

    F, J. R. (1989) Sistemas estruturais de lajes sem vigas: subsdios para o projeto eexecuo.So Carlos. Tese (doutorado), EESC-USP.

    3RICHART, F. E. (1948) Reinforced concrete wall and column footings. ACI Journal,

    v.45, n.2, p.97-127, n.3, p.237-260 apud FIGUEIREDO F, J. R. (1989) Sistemas

    estruturais de lajes sem vigas: subsdios para o projeto e execuo. So Carlos. Tese(doutorado), EESC-USP.

  • 7/27/2019 fundaoes muito boa

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    59

    Base para a reviso da NB 1/78 [1993] baseiam-se neste modelo, no entanto

    diferem basicamente na definio da superfcie de controle e na escolha do

    parmetro de resistncia.

    Alguns parmetros interferem na puno das sapatas isoladas sem

    armadura transversal; entre eles destacam-se:

    Resistncia compresso do concreto

    A resistncia ao cisalhamento da sapata proporcional resistncia

    compresso do concreto.

    Armadura de flexo

    A resistncia ao cisalhamento da sapata cresce proporcionalmente

    quantidade de armadura longitudina