fundaÇÃo oswaldo cruz centro de pesquisas … · mestrado profissional em saúde pública ... os...

107
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES Mestrado Profissional em Saúde Pública JORGE LUIS SAMARTIM DE SOUSA E SILVA A TENTATIVA DA PROFISSIONALIZAÇÃO DO GESTOR PÚBLICO HOSPITALAR: O CASO DA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PIAUÍ. RECIFE 2013

Upload: phamtuyen

Post on 21-Jan-2019

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES

Mestrado Profissional em Saúde Pública

JORGE LUIS SAMARTIM DE SOUSA E SILVA

A TENTATIVA DA PROFISSIONALIZAÇÃO DO GESTOR PÚBLICO

HOSPITALAR: O CASO DA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PIAUÍ.

RECIFE

2013

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES

JORGE LUIS SAMARTIM DE SOUSA E SILVA

A TENTATIVA DA PROFISSIONALIZAÇÃO DO GESTOR PÚBLICO

HOSPITALAR: O CASO DA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PIAUÍ.

OOEITOSDA PROF:

O CASO DA SECRETRIA DE SAÚDE DO E

SO DO PIAUÍ. OS EFEITOS DA PROFISSIONALIÃO DO SSIOÃO DO GESTOR PÚBLICO

HOSPITALAR: O CASO DA SECRETRIA DE SDO ESTAD SAE DO ESTADO DO PIAUÍ.

Orientador: Dr. Garibaldi Dantas Gurgel Junior.

RECIFE

2013

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Saúde Pública do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, para obtenção do grau de Mestre em Saúde Pública.

Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

S586p

Silva, Jorge Luis Samartim de Sousa e.

A profissionalização do gestor público hospitalar: o caso da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí / Jorge Luis Samartim de Sousa e Silva. — Recife: O autor, 2013.

106 p.: il. Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde

Pública) – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz.

Orientador: Dr. Garibaldi Dantas Gurgel Junior. 1. Gestor de Saúde. 2. Inovação Organizacional. 3.

Administração Hospitalar. I. Gurgel Junior, Garibaldi Dantas. II. Título.

CDU 331.101.262

JORGE LUIS SAMARTIM DE SOUSA E SILVA

A TENTATIVA DA PROFISSIONALIZAÇÃO DO GESTOR PÚBLICO

HOSPITALAR: O CASO DA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PIAUÍ.

Data de defesa: 19/08/2013

Banca Examinadora

__________________________________________

Dr. Garibaldi Dantas Gurgel Junior Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães - FIOCRUZ

__________________________________________

Drª. Kátia Rejane de Medeiros Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães - FIOCRUZ

_______________________________________ Dr. James Anthony Falk

Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Saúde Pública do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, para obtenção do grau de Mestre em Saúde Pública.

Dedico esta dissertação a minha família,

em especial a minha esposa Salvina que

tanto me incentivou e também as minhas

filhas por compreenderem a minha

ausência, durante este período.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e pela inspiração.

A todos os meus familiares pelo afeto, apoio e compreensão.

Ao meu orientador, professor Dr. Garibaldi Dantas Gurgel Junior, pela

orientação acadêmica, pela paciência, pela instigação na busca do conhecimento,

pela disponibilidade e pela dedicação, compartilhando suas experiências, para tornar

real esta pesquisa.

Aos meus queridos colegas de mestrado, pelas ricas discussões nos

encontros dos módulos presenciais, pela troca de experiência e conhecimento, pela

receptividade e carinho, que tanto enriqueceram a minha vida. Em especial aos

membros cativos do ACIM (Anexo Criativo Itinerante do Mestrado) pelas fervorosas

discussões filosóficas, sobre os mais variados temas, inclusive a saúde pública no

Brasil. Nesta ocasião, não poderia deixar de agradecer à Mauricéa Santana, amiga

incomparável, que tanto me ajudou nesta caminhada.

Aos professores do Mestrado Profissional, pelas lições assimiladas e

acolhimento das idéias da turma, tornando os encontros num momento enriquecedor

para o conhecimento.

Aos entrevistados, pela paciência, pelo auxílio e disponibilidade de tempo

para a realização das entrevistas, as quais foram fundamentais para a concretização

desta pesquisa.

Aos meus comandantes imediatos, pela autorização para frequentar este

curso e pela compreensão da minha ausência nos encontros presencias.

“Todo pesquisador, como já está consagrado pelas

discussões sobre o “fazer ciência”, é, além de

sujeito epistêmico, ou seja, portador de teorias e

métodos que lhe permitem se debruçar e estudar

certos objetos da ciência, um sujeito ideológico,

um sujeito “cultura”, ou seja, um sujeito

interessado que dá valor a certas coisas e não

outras, que tem certas opções e não outras, que

tem certas concepções ideológicas e não outras.

Porém, este não é o todo do seu problema. O seu

problema é que além de sujeito interessado,

também é um sujeito implicado” (MERHY, E. E.

2004. In: O conhecer militante do sujeito implicado:

o desafio em reconhecê-lo como saber válido).

SILVA, J. L. S. S. A tentativa da profissionalização do gestor público hospitalar: o caso da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí. 2013. 106 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde Pública) - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2013.

RESUMO

Os serviços prestados em âmbito hospitalar sem dúvida são um desafio para o sistema público de saúde em nosso país. Haja vista o modelo hospitalocêntrico adotado. Nesse contexto, destaca-se a gestão hospitalar, pois nela o processo de tomada de decisões quanto aos procedimentos realizados é ininterrupto. Corroborando esse fato, a Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (SESAPI), no início do ano de 2011, divulgou um edital para seleção de gestores, com o fim de atuarem como diretores gerais de Hospitais Regionais, sediados no interior do estado, objetivando a melhoraria do desempenho dessas casas de saúde. Numa reflexão sobre o processo de reforma do Estado brasileiro, o funcionamento do Sistema Único de Saúde e a estruturação do sistema de saúde a nível hospitalar, em especial no Estado do Piauí, tornam-se importante entender o desenrolar do referido certame. Constata-se que no processo não somente os aspectos relacionados à gestão foram envolvidos. Como consequência da sua aplicabilidade, ocorreram mudanças na maneira de investir, nos valores dos repasses financeiros, na aquisição de equipamentos e nas instalações físicas. Diante disso, esta pesquisa buscou esclarecer as razões que levaram a SESAPI a tentar profissionalizar a gestão pública hospitalar, a partir do momento em que adotou critérios técnicos, para nomeação de cargo comissionado, abrangendo as consequências dessa ação inovadora. Para tanto, utilizou-se como estratégia metodológica o estudo de caso, numa abordagem qualitativa. Foi empregada uma triangulação de fonte de dados com entrevistas semi-estruturadas e análise documental de domínio público. Agruparam-se os dados por categorias emergentes, aglutinando os resultados em tópicos. Os principais frutos positivos percebidos durante a realização da pesquisa foram: A criação de serviços em locais antes inexistentes; a ampliação; a reforma das instalações físicas dos hospitais estudados; a implantação de sistema informatizado no controle administrativo e um maior número de cursos para qualificação de funcionários. Destaca-se dentre as dificuldades encontradas o não acompanhamento do programa pela secretaria. Conclui-se que o projeto possui fragilidades e alcançou seus objetivos parcialmente. O trabalho contribuiu para identificar elementos importantes desse processo seletivo, transmutando-se em subsídio para análise ante a potencialidade de servir como modelo de inovação da gestão, para outros entes federativos da república, em benefício da administração hospitalar.

Palavras-chave: Gestor de Saúde; Inovação Organizacional; Administração Hospitalar.

SILVA, J. L. S. S. The attempt at the professionalization of the public hospital manager: the case of the Secretariat of Health of the State of Piauí. 2013. 106 f. Dissertation (Professional Master Program in Public Health) - Center of Research Aggeu Magalhães, Oswaldo Cruz Foundation, Recife, 2013.

ABSTRACT

Without a doubt, the services given in the hospital field are a challenge for the public system of health in our country. This is due to the Hospital centric model adopted. In this context, hospital management stands out, since within it the process of decision making, with regards to the procedures developed, is uninterrupted. Corroborating this fact, the Secretariat of Health of the State of Piauí (SESAPI), at the beginning of the year 2011, divulged a summons for selection of managers, with the objective of acting as general directors of Regional Hospitals, located in the interior of the state, seeking to improve the performance of these health institutes. In a reflection on the process of reform of the Brazilian State, the functioning of the National Health System (SUS) and the structuring of the health system at the hospital level, especially in the State of Piauí, it becomes important to understand the evolution of this cited endeavor. It should be noted that in the process not only the aspects of management were involved. As a consequence of its applicability, changes occurred in the way of investing, in the values of financial transfers, in the purchase of equipment and in the physical plant. In the face of this, the study sought to clarify the reasons that led SESAPI to try to professionalize public hospital administration, from the moment it adopted technical criteria for the appointment of commissioned positions, covering the consequences of this innovative action. To do this, the methodological strategy of a case study was applied with a qualitative approach. Triangulation of data sources was employed with semi-structured interviews and analysis of documents of public domain. The data were grouped by emerging categories, bringing together the results into specific topics. The main positive results discovered during the research were: The creation of services in places previously nonexistent; expansion; reform of the physical facilities of the hospitals studied; the implementation of a computerized system for administrative control and a greater number of courses for employee qualification. What stands out among the difficulties encountered is the no monitoring of the program by the Secretariat. The study concludes that the project has weaknesses and has only partially achieved its objectives. The study helped identify important elements of this selection process, however, transmuting them as subsidies for analysis when faced with the potential to serve as a model of innovation management for other federal entities of the Republic, in the benefit of hospital administration. Keywords: Health Manager; Management Innovation; Hospital administration.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CPqAM – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

DATASUS – Departamento de Informática do SUS

FACIME – Faculdade de Ciências Médicas

FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz

HEMOPI – Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Piauí

HPP – Hospital de Pequeno Porte

HRCF – Hospital Regional Cândido Ferraz

HRCR – Hospital Regional Chagas Rodrigues

LACEN – Laboratório Central de Saúde Pública

PDV – Programa de Demissão Voluntária

SESAPI – Secretaria de Saúde do Estado do Piauí

SUS – Sistema Único de Saúde

TCE – Tribunal de Contas do Estado

UBS – Unidade Básica de Saúde

UESPI – Universidade Estadual do Piauí

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 15

2 MARCO TEÓRICO 17

2.1 A REFORMA DO ESTADO E A NOVA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA SAÚDE 17

2.2 O GOVERNO E A GOVERNABILIDADE 19

2.3 O SERVIÇO PÚBLICO NO BRASIL 20

2.4 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA 21

2.5 A ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE 22

2.6 AS HABILIDADES DO GESTOR 25

2.7 A GESTÃO PÚBLICA HOSPITALAR 26

2.8 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 28

3 OBJETIVOS 30

3.1 GERAL 30

3.2 ESPECÍFICOS 30

4 CAMINHO METODOLÓGICO 31

4.1 TIPO DE PESQUISA 31

4.2 ÁREA DO ESTUDO 31

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA 32

4.4 PERÍODO DE ESTUDO 33

4.5 COLETA E FONTES DE DADOS 33

4.6 ANÁLISE DOS DADOS 36

4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 37

5 RESULTADOS E ANÁLISES 38

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS HOSPITAIS 39

5.2 PERFIL DO GESTOR HOSPITALAR ESTUDADO 45

5.3 IMPLANTAÇÃO E CONTINUIDADE DA TENTATIVA DE

PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO HOSPITALAR 47

5.4 INCREMENTO NO ORÇAMENTO E INVESTIMENTO 50

5.5 REDUÇÃO DAS TRANSFERENCIAS DE PACIENTES 52

5.6 MONITORAMNETO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DA TENTATIVA DE

PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO 57

5.7 IMPARCIALIDADE DO PROCESSO SELETIVO 58

5.8 LIMITAÇÕES DO EDITAL 60

5.9 COMPARATIVO DO DESEMPENHO DA GESTÃO HOSPITALAR 62

6 DISCUSSÃO 71

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 82

8 RECOMENDAÇÕES DO ESTUDO 85

REFERÊNCIAS 86

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GESTOR HOSPITALAR 92

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO AOS GESTORES

HOSPITALARES 95

APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO AOS FUNCIONÁRIOS

DA SESAPI 96

APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO AOS FUNCIONÁRIOS

DOS HOSPITAIS 97

APÊNDICE E – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 98

ANEXO A – EDITAL Nº 1/2011 99

ANEXO B – CARTA DE ANUÊNCIA 105

ANEXO C – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO CPqAM 106

12

1 INTRODUÇÃO

Em 2008, deu-se a substituição do diretor geral do Hospital da Polícia

Militar do Piauí (HPMPI), onde o autor desse trabalho desenvolvia, e ainda

desenvolve suas atividades profissionais. Assumia um oficial da corporação, sem

formação na área de gestão em saúde, substituindo um gestor médico. Ele,

surpreendentemente, conseguiu fazer mudanças significativas na gestão daquela

unidade de saúde, resultando daí uma relação mais adequada daquela casa de

saúde com o SUS do estado. Tempos depois, a Secretaria Estadual de Saúde lança

um edital de seleção para contratação de gestores hospitalares, estabelecendo

alguns critérios para assunção do cargo. A partir daí surge o interesse nesta área da

Saúde Pública.

Assim, este estudo partiu da necessidade de entender melhor esse

campo, através de uma investigação científica, analisando a ação de tentativa de

Profissionalização da Gestão Pública Hospitalar no Estado do Piauí, iniciada através

de seleção de gestores por edital, ocorrido no início do ano de 2011.

Ao aprofundar o estudo dos modelos organizacional e de gestão,

percebe-se que a situação da gestão hospitalar no Piauí, não difere muito do que se

observa nos demais entes federativos do país. Os gestores hospitalares geralmente

tem sua nomeação definida por critérios políticos. Este aspecto tem sido bastante

criticado, tendo em vista a má qualidade dos serviços prestados pelos hospitais

públicos, não ocorrendo a adequação aos princípios do Sistema Único de Saúde

(SUS), como a: universalidade de atendimento a todos aqueles que necessitem do

serviço hospitalar, no tocante a redução de agravos; equidade para tentar reduzir as

disparidades sociais e regionais existentes e integralidade na estruturação de redes

hospitalares de maneira hierarquizada, com níveis crescentes de complexidades dos

serviços. O que orienta os critérios de racionalidade humana, administrativa e

econômica para a gestão hospitalar, visando acolher a demanda.

Os serviços de saúde têm por missão atender necessidades complexas

dos cidadãos, determinadas por variáveis que se conjugam nas dimensões

biológica, psicossocial e econômica. Tais necessidades se transformam em

demandas institucionais que variam em função da classe social e das respectivas

representações da saúde, da doença e da morte. O cuidado com a saúde em si

apresenta especificidades ligadas aos ciclos da vida, raça, gênero e variações

13

individuais que tornam até certo ponto cada problema único, mesmo diante da

necessidade de padronização da prestação dos serviços. Nesse sentido, o ato de

gerenciar as organizações de saúde exige dedicação e cuidado, pois até mesmo os

casos mais simples comportam elementos de risco pela própria natureza dessas

instituições. Portanto, uma má administração nessas instituições pode causar graves

danos aos indivíduos e a coletividade.

Nesse contexto, o gerenciamento de hospitais é considerado uma das

atividades mais complexas carregada de tensões e paradoxos. Tendo em vista que

além de respeitar normas de qualidade e protocolos de cuidado, ao mesmo tempo,

não podem ser formalizadas demais (DUSSAULT, 1992).

Ainda há outros problemas, chama a atenção Moliani (2000), ao concluir

que nas organizações hospitalares, a fonte principal do conflito tem origem na

multiplicidade de atores, profissões e racionalidades existentes no seu interior.

A gestão dos serviços de saúde utiliza também práticas de controle,

visando à produtividade, assemelhando-se a produção fabril, como a

compartimentalização, padronização e hierarquia. Mas, ao contrário desta última, o

setor saúde não pode aplicar a fórmula básica do controle da produção, fazendo a

dissociação do processo de trabalho ou a imposição de uma forma de executar o

trabalho que retire o conhecimento/poder técnico do trabalhador, centralizando-os na

gerência. Isso não se aplica às funções complexas e intelectuais, inerentes ao

trabalho de profissionais de saúde, que são elementos centrais na operação dos

serviços e, cujo desempenho, requer autonomia de ação para atuar de acordo com

as necessidades que cada situação exige. Assim, a padronização dos serviços

prestados em saúde é difícil de serem realizados (ESCOLA POLITÉCNICA DE

SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO, 2001).

Diante de tais peculiaridades, o gerente de uma unidade de saúde tem

como atividade precípua a organização da produção de bens e serviços de alta

relevância e valor para a sociedade (PASSOS; CIOSAK, 2006). Em sistemas de

saúde articulados em rede de serviços, desde o gerenciamento de uma Unidade

Básica de Saúde (UBS) até grandes hospitais de alta complexidade, os gerentes da

cúpula estratégica necessitam dominar uma gama de conhecimentos e habilidades

das áreas de saúde e administração, bem como, ter uma visão geral do contexto em

que elas estão inseridas com elevado compromisso social e profissional.

Dessa maneira, garantir melhor desempenho em face de desafios como a

14

integralidade da atenção e a integração à rede de serviços de saúde, em sistemas

universais, são desafios colocados para os gestores dessas organizações. Nessa

perspectiva, o planejamento e a gestão destas unidades assumem um papel

fundamental e o debate em torno de modelos gerenciais mais adequados às suas

especificidades ganha corpo na última década no Sistema Único de Saúde (LIMA;

FAVERET; GRABOIS, 2006).

De um lado, processos de reforma administrativa do próprio estado e, do

outro, a construção de um sistema nacional de saúde demandam iniciativas de

profissionalização da gestão que garanta melhores resultados no uso dos recursos

disponíveis, face aos desafios apontados. Assim, as mudanças que ocorrem no

interior de um hospital afetam todo sistema de saúde.

O Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria de Saúde do Estado

(SESAPI) publicou um edital de seleção, no início do ano de 2011, estabelecendo

critérios para selecionar dirigentes e profissionalizar a gestão dos hospitais da rede

pública, incluindo itens como análise de currículo e carta com proposta de trabalho,

para escolha do gestor hospitalar público.

Um dos objetivos da SESAPI ao publicar o edital era melhorar a

resolutividade dos serviços de saúde ofertados no interior do Estado do Piauí,

procurando evitar transferências e deslocamentos desnecessários de pacientes para

a capital que demandam atendimentos não encontrados nos seus municípios de

origem, supostamente relacionados ao mau desempenho hospitalar. Esse trabalho

de pesquisa buscou compreender esse processo de tentativa da profissionalização

da gestão dos hospitais públicos da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí

produzido na forma de dissertação de mestrado profissional.

15

1.1 ROBLEMA DE PESQUISA

Pode-se afirmar que o processo de Reforma do Estado Brasileiro, que

reestruturou mais de uma vez os serviços públicos, nas últimas duas décadas,

objetivava-se ao mesmo tempo, o corte de déficits e o aperfeiçoamento da

burocracia. Entretanto, os serviços públicos, sobretudo no campo da saúde,

continuam apresentando processos confusos e contraditórios. Ao mesmo tempo em

que o país investe na construção de um sistema de saúde de porte, com gastos

crescentes, pouco estimula e controla o desempenho dessas organizações.

Enquanto isso, um forte clientelismo político e uma tradição frágil no comando

gerencial se somam para resultar na baixa qualidade e produtividade observada

(ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO, 2001).

Esse processo de reforma não ocorreu da mesma maneira em todos os

entes federados da república. No Estado do Piauí, estas mudanças começaram a

acontecer de maneira tardia, na tentativa de adequar-se a realidade gerencial da

Nova Administração Pública (NAP). O governo do estado modificou a estrutura

administrativa, no final da década de 90, extinguindo instituições e promovendo

junções de outras, como as secretarias de estado, e implementou o Programa de

Demissão Voluntária (PDV), com o intuito de diminuir o número de funcionários,

privatizando empresas públicas, como o Banco do Estado do Piauí (BEP). Além

disso, implantou reformas no Instituto de Assistência e Previdência do Estado

(IAPEP), bem como incentivou parcerias entre o setor público e privado mais

recentemente.

Esse fenômeno brasileiro de reforma é lento e tortuoso, já que ainda

acontecem modificações em seus próprios fundamentos, adequando-se as

contingências setoriais, especificidades da realidade local e resultados alcançados.

Assim, fazendo parte deste processo mais amplo de reforma, a SESAPI, no início do

ano de 2011, divulgou um edital de seleção para gestores públicos hospitalares,

adotando critérios técnicos para o preenchimento desses cargos. Essa iniciativa

local chama a atenção e demanda novos estudos científicos, pois existem muitas

lacunas a serem exploradas.

A tendência recente da profissionalização do gestor hospitalar está

associada à alta expectativa por parte da SESAPI quanto à solução de vários

problemas relacionados à administração dessas organizações. Partindo dessa

16

premissa, esse projeto de pesquisa tem as seguintes perguntas condutoras:

1) Quais as razões que levaram a SESAPI mudar a forma de

preenchimento dos cargos de gestor hospitalar?

2) Como a SESAPI implementou o processo de profissionalização do

gestor público hospitalar?

3) Quais as resultados alcançados com essa mudança?

17

2 MARCO TEÓRICO

Quando nos referimos ao Estado, grafado com inicial maiúscula, estamos

tratando da organização que exerce o poder legitimo exclusivo e coercitivo sobre

seus cidadãos e para aqueles que ocupam um determinado território. O governo

executivo é responsável por transformar em atos a vontade do Estado, exigindo dos

legisladores um contínuo aperfeiçoamento das normas que regem o funcionamento

do Estado e regulam suas relações com a sociedade, e dos tribunais a constante

vigilância da adequação dos atos de governo à legislação (COELHO, 2009). Da

mesma forma, compreendem-se políticas de estado como aquelas que orientam as

ações das instituições públicas para além dos governos, sendo os hospitais públicos

instrumentos da política de saúde.

2.1 A REFORMA DO ESTADO E A NOVA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA SAÚDE

A Reforma do Estado contemporâneo surgiu em resposta à crise

estrutural que reduziu a capacidade dos estados nacionais de conduzir as políticas

públicas. A crise do Estado assumiu plena definição no inicio dos anos 80. No Brasil,

esta reforma começou nesse momento, em meio a uma grande crise econômica,

que chega ao auge em 1990 (BRESSER PEREIRA, 2008).

No entanto na elaboração da constituição 1988, após um longo período

de ditadura, foram aprovadas mudanças profundas no Estado Brasileiro em pleno

processo de crise fiscal. Após 20 anos de centralismo político, financeiro e

administrativo, a redemocratização abriu oportunidades para maior participação

cidadã e para inovações no campo da gestão pública. Impulsionadas por esta

mudança, várias políticas públicas foram reinventadas e disseminadas pelo país,

incluindo a construção do Sistema Único de Saúde, capitaneado pelo Movimento de

Reforma Sanitária. Numa linha mais ligada a administração do estado propôs-se,

ainda com a nova constituição, completar a chamada reforma do serviço civil, por

meio da profissionalização da burocracia. Assim, houve ações importantes, como o

princípio da seleção meritocrática e universal, consubstanciada pelo concurso

público como forma de ingresso nos serviços (ABRUCIO, 2007).

No entanto esse processo de reformas carrega profundas contradições de

tal sorte que o Brasil entra no século XXI com persistentes desafios, do ponto de

18

vista da intervenção do Estado no âmbito das políticas sociais, sobretudo no campo

da saúde. Esses desafios se tornam ainda mais importantes em função de

processos históricos inconclusos, marcados por uma trajetória ambígua e tortuosa

de Reformas Macroestruturais – a Reforma Sanitária e a Reforma do Estado- onde

se observam profundas e contraditórias mudanças no papel e atuação do Estado no

setor saúde, como o fenômeno complexo de construção do Sistema Único de Saúde

(SUS) conduzido por mais de duas décadas (COSTA, 2009).

A reforma administrativa do Estado de natureza eminentemente gerencial

se tornou um tema central no Brasil a partir de 1995, após a eleição e a posse de

Fernando Henrique Cardoso. E segundo seus proponentes, a sobrevivência do

patrimonialismo e do enrijecimento burocrático, muitas vezes perversamente

misturado, contribuem para a persistente da baixa qualidade da administração

pública brasileira (BRESSER PEREIRA, 2008).

O Plano Diretor de Reforma do Estado propôs um modelo de

administração gerencial com a publicização dos hospitais, uma vez que estes não

executam atividades exclusivas do estado e deveriam ser submetidos às forças

concorrenciais e mecanismos do mercado. Pretendeu-se com isso, flexibilizar e dar

autonomia a uma parte das instituições públicas, que passariam à condição jurídica

de organismos públicos de direito privado, com funcionamento baseado em

contratos de gestão (MARQUES, 2009).

Após longos anos de crise permanente dos serviços públicos, de certa

forma relacionada a medidas restritivas adotadas com a primeira geração de reforma

guiada pelo mercado, fortemente introduzidas ao longo da década de 90, o setor

público no Brasil entra na sua segunda geração de reformas, quando é retomado o

papel do Estado, porém com um novo desenho e objetivos institucionais para a

condução de políticas públicas.

Esse programa de reforma marca um longo período de desconstrução e

enfrentamento de resistência do aparato estatal da saúde ao objetivo de transferir

para as entidades privadas e terceirizadas a execução dos serviços de saúde. Na

saúde pública essa crise ainda se expressa de várias formas, dentre estas, pela

presença de uma expressiva rede hospitalar pública estatal carente de recursos e

autonomia, funcionando em condições inadequadas e muito além da sua

capacidade, comprometendo a qualidade do atendimento prestado.

19

Portanto, aumentar a transparência e a responsabilização do poder

público constitui um eixo estratégico desta nova agenda de reformas, mais

recentemente, com as propostas de profissionalização da gestão pública. Nesse

sentido, desde o inicio dos anos 2000, há um reescalonamento das políticas

assistenciais de saúde, com forte presença dos estados federados, na

contratualização de organizações de saúde, quer na forma de execução de serviços

diretos ou monitoramento daqueles repassados para a iniciativa privada (MELO,

2005).

2.2 O GOVERNO E A GOVERNABILIDADE

De maneira resumida, o Governo, ou o Poder Executivo, é quem

transforma em atos a vontade do Estado (COELHO, 2009). A Governabilidade é o

conjunto de condições necessárias ao exercício do poder que de forma legitima

pretende concretizar as ações de estado. Neste campo de conhecimento ainda há a

Governança, que se refere a capacidade de pactuar ou encontrar caminhos para

implementar as decisões tomadas. Em outras palavras significa a capacidade de

conduzir políticas púbicas em situações de disputa de interesses. Então,

Governabilidade relaciona-se a estrutura política, jurídica e social que permite a

elaboração das políticas públicas de forma institucional. Já a Governança é o

processo, a capacidade de bem articular os diversos atores para implantar a política

efetivamente (RUA, 2009).

Assim, chama-se a atenção para o termo “governance” que surge a partir

de reflexões conduzidas principalmente pelo Banco Mundial, “tendo em vista

aprofundar os conhecimentos das condições que garantem um estado eficiente”

(DINIZ, 1995, p. 400). Ainda segundo este autor, “tal preocupação deslocou o foco

da atenção das implicações econômicas da ação estatal para uma visão mais

abrangente, envolvendo as dimensões sociais e políticas da gestão pública”.

Os problemas de governabilidade não decorrem de “excesso de

democracia”, do peso excessivo das demandas sociais, mas da falta de um pacto

político ou de uma coalizão de classes que ocupe o centro do espectro político

(BRESSER PEREIRA, 2008).

Como um campo do conhecimento, a Governança de Sistemas e Serviços

de Saúde se apropria de um conjunto de técnicas qualitativas e quantitativas de

20

pesquisa para analisar o comportamento das organizações e sistemas de saúdes

inseridas em processos de reforma. Assim, são analisados os novos Modelos de

Gestão e a introdução de Arranjos Institucionais, como os propostos para o SUS,

seus mecanismos operacionais e incentivos, diante das particularidades do setor

saúde. Essas mudanças são analisadas tanto do ponto de vista político-institucional,

administrativo e econômico, sobre tudo quanto às consequências práticas para o

sistema de saúde e seus usuários. Nesse sentido, especial atenção é dada a

capacidade dos gestores, de forma participativa, de realizar pactos para coordenar

as organizações de saúde atuando em rede (GURGEL Jr., 2011).

2.3 O SERVIÇO PÚBLICO NO BRASIL

Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu art.

37, inciso II, assevera abaixo (BRASIL, 2012):

A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvada as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Explorando o assunto, Alexandrino e Paulo (2002) estabelece a diferença

entre servidor e empregado público. Este último é agente público que, sob regime

celetista, mantém vínculo de trabalho permanente com as entidades de natureza

privada da administração indireta. O outro é agente que mantém uma relação

permanente com o Estado, em regime estatutário, por integrarem o quadro funcional

das suas autarquias e fundações públicas.

Ainda segundo este autor, também há os cargos em comissão, os quais

são declarados em lei como de livre nomeação e exoneração. Significa isso que em

princípio, qualquer pessoa, mesmo que não seja servidor público de qualquer poder

ou esfera de governo, pode ser nomeada para exercer um cargo em comissão.

Acrescenta que a mesma autoridade competente para nomear é competente para, a

seu critério, exonerar o funcionário ocupante do cargo comissionado, a qualquer

tempo.

E como na maioria dos Estados federados brasileiros não há concurso

público para ocupar os cargos de gestores públicos hospitalares e estas funções são

por força da lei consideradas atividades de gestão estatal. Dessa maneira, estes

21

cargos são declarados legalmente como cargos em comissão. E estas pessoas que

desenvolvem tais atividades são consideradas agentes públicos, com livre

nomeação e exoneração.

As instituições prestadoras de serviços de saúde no Brasil, em especial os

hospitais, foram tradicionalmente organizadas em estruturas extremamente rígidas,

com vários níveis hierárquicos, com forte centralização do poder, com limitada

autonomia gerencial e com responsabilidade dos níveis intermediários – gerenciais e

operacionais, além da acentuada valorização das funções de fiscalização

(GUIMARÃES; ÉVORA, 2004).

Assim, a modernização administrativa induzida pela reinstitucionalização

do papel do estado passa pela profissionalização da burocracia, e soma-se a este

quatro eixos estratégicos: a profissionalização, a eficiência, a efetividade e a

transparência/accountability.

Sobre a profissionalização da gestão, pode-se entendê-la como uma

equipe composta por profissionais com estabilidade empregatícia e com capacidade

técnica para o desenvolvimento de sua função, em detrimento do uso de manobras

e indicações políticas tão comuns na gestão pública no país. As ações de

planejamento, de execução e de controle, assumem importância, para melhor

qualificar os serviços dos administradores, bem como a estabilidade empregatícia e

a capacidade técnica. Estas contribuem para atenuar os conflitos que são inerentes

às instituições hospitalares (RUTHES; CUNHA, 2007).

Assim, profissionalizar a burocracia e avaliá-la constantemente por meio

de metas e indicadores, visa reduzir a interferência política sobre a distribuição de

cargos e verbas públicas. Contribuindo em tese para amenizar os efeitos negativos

do “patrimonialismo profundo” brasileiro ainda persistente (ABRUCIO, 2007).

2.4 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA

Os cargos de gestores públicos hospitalares por tradição continuam

sendo ocupados na sua grande maioria por médicos. Este profissional por sua vez,

tem formação ainda fundamentada no modelo flexneriano, que dá ênfase à clínica

em sua dimensão biológica e no qual os aspectos sociológicos, políticos e

administrativos ficam relegados ao segundo plano. E estas questões são pouco

observadas nos currículos das escolas médicas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE

22

SAÚDE, 1994). Fato que dificulta a realização da boa gestão hospitalar, tendo em

vista que esta é continua guiada exatamente pelos aspectos acima referidos.

O gestor público da saúde é um negociador, pois sua missão é encontrar,

nos espaços institucionais de governança, os caminhos entre a macropolítica da

gestão e a estratégia das corporações internas, que atuam nas organizações

responsáveis pela operacionalização das ações de saúde. Esta característica

objetiva evitar o tracionamento da gestão para o interesse de segmentos específicos

das corporações profissionais mais fortes, pois, teoricamente, essa

profissionalização tem o potencial de afastar os gerentes desse campo de disputa

corporativa interna (GURGEL Jr.; MEDEIROS, 2003).

Para tanto, o perfil profissional e as competências assumem importância,

para permitir melhor desempenho no trabalho e colaborarem para a consecução dos

objetivos organizacionais da gestão hospitalar. Além disso, é necessário

compreender que as competências individuais possuem estreita relação com as

estratégias e com as competências da organização, ganhando destaque nos

âmbitos profissional e acadêmico (DUTRA, 2008).

Destarte, as ferramentas administrativas e financeiras são cada vez mais

necessárias (TOGNON, 2000). Neste sentido, as escolas de medicina e de

administração, localizadas nas grandes cidades brasileiras, influenciaram de forma

positiva na modernização dos hospitais, através dos cursos de administração

hospitalar ou correlatos, onde se podem obter conhecimentos para aplicá-los de

forma profissional e racional no gerenciamento destas unidades de saúde

(COELHO, 2008).

A eficiência, que pode ser alcançada com a profissionalização, é uma

dimensão importante da vida das organizações em saúde, mas não é a única. Têm-

se ainda os aspectos financeiros e recursos humanos (PENTEADO, 1991). Portanto,

para o crescimento e a complexidade alcançados pelos sistemas e instituições de

saúde já não comportam decisões fundamentadas apenas no bom senso e

experiências passadas (MOTTA, 1990).

2.5 A ADMNISTRAÇÃO EM SAÚDE

As guerras levaram à necessidade da criação de hospitais militares,

abundantes na Europa em séculos passados. A característica militar, principalmente

23

a disciplina, foi incorporada por estas instituições e influenciou o seu funcionamento

tal como conhecemos hoje, com fichamento dos pacientes, identificação por leitos e

a separação por doenças (FOUCAULT, 1981).

Nas primeiras décadas do século XX, a administração dos serviços

públicos de saúde buscava inspiração, notadamente, nas organizações militares.

Desde esta fase, a administração pública de saúde adquiriu fortes características

burocráticas – hierarquização, formalismo, normatização – que contribuíram para

torná-la pouco ágil (ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO,

2001).

Analisando a obra de Mintzberg: “Criando organizações eficazes”,

percebe-se que nas Burocracias Profissionais substitui-se a autoridade da posição

fundada na autoridade hierárquica pela autoridade de competência que se baseia na

padronização de habilidades. Esta é a configuração encontrada, sobretudo nos

hospitais, nas universidades e escolas que funcionam através das qualificações e

competências dos profissionais. Nesse tipo de organização, há mais relevo para a

especialização das qualificações individuais do que na divisão de trabalho (BILHIM,

2004).

Nas últimas duas décadas, algumas ações foram voltadas para o

crescimento e implementação da gestão profissional neste setor, com o suporte do

uso de sistemas de planejamento informatizados como apoio à gestão, cada vez

mais comuns. Ressalte-se que as organizações de saúde sempre estiveram

voltadas para a assistência sem preocupação com a gestão em si, mas que a partir

da crise econômica mundial dos anos 80, ocorreram mudanças neste cenário. Pois,

era necessário otimizar recursos. Estas alterações ocorreram não somente na

gestão da saúde, mais notadamente na profissionalização do gestor, conforme tese

de doutorado de Coelho (2008). Este autor ainda ressalta a importância do uso da

tecnologia como instrumento de apoio à gestão em saúde, modernizando o registro

e análise dos dados, auxiliando na tomada de decisões.

Inovações gerenciais, novos modelos institucionais e mecanismos de

governança vêm sendo propostos e introduzidos no setor público por governos de

matizes e orientação ideológica bastante distinta. Essas propostas vêm alterando o

modus operandi do SUS. Sobretudo, no que diz respeito à condução dos

instrumentos da política de assistência a saúde, materializadas nas organizações do

sistema e a forma como as ações passaram a ser executadas, fora dos modelos

24

tradicionais da administração pública, com forte indução pelos órgãos de

planejamento e controle do poder executivo (GURGEL Jr., 2011).

Nesse contexto, o conflito existente no interior das instituições

hospitalares se expressa como uma série de "pares de opostos" descritos por

Cecílio (2002). Destes, destacam-se duas antinomias: o alto grau de especialização

e autonomia dos profissionais versus a necessidade de coordenação do trabalho e

da organização; e o poder técnico concentrado nos profissionais da

organização versus o poder administrativo da direção.

No setor saúde, a gestão é difícil face à complexidade dos problemas a

resolver e da natureza dos serviços a produzir. Não se reduzindo a um simples

conjunto de técnicas ou de receitas. Porém, as condições organizacionais

congruentes com as peculiaridades e as exigências da produção de serviços

profissionais são fundamentais. Assim, a melhor compreensão das organizações de

saúde e da relação entre recursos – serviços/saúde – pode indicar estratégias para

organizar e gerir os serviços de maneira a atingir os resultados capazes de melhorar

o bem-estar dos indivíduos e das comunidades (DUSSAULT, 1992). Desse modo,

faz-se necessário ressaltar que os aspectos técnicos, assim como os subjetivos,

como a liderança, são essenciais para um bom desempenho na gestão hospitalar, a

prevalência de uma sobre a outra dependerá do momento da decisão a ser tomada.

Mas, ambos devem estar em harmonia.

Outro aspecto é a autonomia na gestão. Para Forgia e Couttolenc (2009),

embora seja um ingrediente necessário, a autonomia por si não é capaz de melhorar

o desempenho nos hospitais públicos. Também são necessários contratos de

serviço, cumprimento dos contratos, financiamento baseado em desempenho,

gerenciamento de recurso humano flexível e um sólido ambiente de informações.

Cecílio (2002), ainda corrobora com esta ideia, afirmando em seu trabalho que as

atividades no interior do hospital são complexas devido à natureza do seu objeto de

intervenção (pessoas doentes). Pois, a recuperação da saúde dessas pessoas exige

uma abordagem integral, usando-se as tecnologias disponíveis para prolongar a

vida.

Nessa situação delicada, poucos profissionais com formação

administrativa podem discutir com médicos sobre a afirmação de quais

procedimentos, diagnósticos ou terapias são prescritos com vistas ao bem-estar do

paciente (independente do tipo de financiamento dos serviços) ou de que

25

determinada despesa deve ser feita, sob pena de provocar a morte de algum

paciente, por culpa do administrador (MALIK; TELES, 2001).

Portanto, o desenvolvimento da gestão das unidades hospitalares está

ligado aos avanços relacionados a essas questões. Além dos mecanismos de

controle, avaliação e regulação dos sistemas de saúde, bem como a dotação dos

dirigentes hospitalares com instrumentos adequados para um melhor gerenciamento

dos hospitais vinculados à rede pública de saúde em nosso país (BRASIL, 2004).

2.6 AS HABILIDADES DO GESTOR

A gestão não é uma ciência, embora use o conhecimento das disciplinas

que estudam os processos de administração das organizações; não é uma técnica,

embora use um conjunto de métodos e instrumentos formais; não é uma arte, que só

pode ser praticada pelos indivíduos com vocação inata. Necessita, porém, de

intuição, empatia, visão e imaginação. Na verdade, gerir tem dimensões científicas,

técnicas, “artísticas”, da mesma forma que a medicina, por exemplo, embora em

proporções diferentes. Resta discutir se é possível formar dirigentes com esse perfil

(DUSSAULT, 1992).

De acordo com a nova administração pública, cabe ao administrador

planejar, organizar, supervisionar os serviços técnico-administrativos, utilizando

recursos financeiros e materiais, estabelecendo rotinas para assegurar a eficiência e

qualidade dos serviços prestados. E o gestor hospitalar, além destas atividades, tem

que possuir uma gama de conhecimentos legais específicos relacionados à área,

tais como forma de aquisição e consumo de medicamentos, atividades da vigilância

sanitária, bem como regras de licitações. Ainda é preciso liderança, mediação e boa

relação interpessoal (ANDRADE, 2001).

A complexidade do universo hospitalar é amenizada com algumas

habilidades do gestor, como grande capacidade de liderança, proatividade,

autoridade, sensatez e ação com base em princípios e valores éticos. O

administrador é, antes de tudo, um coordenador de pessoas, esforços, grupos,

atividades e tecnologias. É um profissional das relações humanas (FONTINELE,

2002).

Quaisquer esforços para melhorar a qualidade e a eficiência dos hospitais

públicos dependerão do aumento da motivação e “proatividade” de seus gerentes.

26

Nas condições atuais, mesmo os gerentes mais motivados e treinados terão

dificuldades para melhorar o desempenho. Muitas decisões-chave são tomadas fora

do hospital em níveis superiores dos sistemas de saúde. Restrições rígidas no

gerenciamento prejudicam os esforços para aumentar a responsabilização (FORGIA;

COUTTOLENC, 2009). Pode não haver desejo de mudança real em níveis

superiores da gestão. Se isso não ocorre, o desejo de mudar a organização por

esforço interno pode ser inútil. Acrescente-se a isso, as críticas constantes no Brasil

à atuação não “profissional” dos administradores deste setor, tanto na área privada

como na pública (MALIK; TELES, 2001).

A formação pode ajudar o gerente a aprender a comunicar-se, incluindo a

arte de “escutar”, a “ler” sua organização e seu ambiente, a tirar lições de seus

sucessos e fracassos, a tornar-se o formador dos seus colaboradores. Não há uma

decisão no que diz respeito a que tipo de profissional é mais adequado para gerir

uma organização de saúde. Pode ser um profissional de saúde ou de outra área. O

necessário é que possua as capacidades, o conhecimento, as atitudes compatíveis

com as exigências da gerência desse tipo de organização (DUSSAULT, 1992),

sobretudo capacidade de dialogo e negociação nos espaços de governança.

2.7 A GESTÃO PÚBLICA HOSPITALAR

A missão fundamental do hospital é a recuperação da saúde, para isso,

estão voltados todos os esforços administrativos, técnico-científicos e de pesquisa

sob a responsabilidade de uma equipe de profissionais, adequadamente preparadas

e selecionadas. Assim, segundo Fontinele (2002) a administração hospitalar é:

O conjunto normativo dos princípios e funções que visam ao controle, à ordenação e à avaliação dos fatores de expressão de qualidade e excelência no processo e dos resultados do desempenho do pessoal do hospital, alicerçado pela ordenação dos fatores de produção e/ou de prestação de serviço.

No entanto, o hospital público brasileiro, por razões históricas, não vem

respondendo adequadamente às necessidades de saúde da população,

principalmente, por falta e/ou inadequação da rede básica de saúde, que acarreta

uma sobrecarga de assistência ambulatorial e hospitalar. E por outro lado, a prática

gerencial é outro fator crítico encontrado no sistema de saúde em todo país. Para

Barbosa (1996), a crise do setor público de saúde como um todo tem

27

particularidades observadas na sua baixa prioridade histórica no Brasil, nos

problemas da má utilização de instrumentos de gestão e, por último, na

incompetência gerencial.

Por causa da sua importância social e econômica, o setor saúde é uma

área disputada por atores que têm interesses divergentes: os usuários, que querem

serviços de qualidade, mas baratos; os profissionais, que querem desenvolver seu

conhecimento, suas habilidade, sua profissão, obter uma boa renda, prestando bons

serviços; as empresas de materiais e produtos; os seguros; os estabelecimentos

privados que querem fazer bons negócios; o Governo, que quer benefícios políticos,

etc. A reflexão sobre a organização e a gestão dos serviços de saúde deve

considerar estas particularidades e não pode contentar-se em tratar o setor saúde

como qualquer outro (DUSSAULT, 1992).

A prestação de serviços de qualidade depende da força de trabalho bem

treinada, motivada e satisfeita com e no trabalho. Depende também de

equipamentos e instalações físicas em bom estado de funcionamento e limpeza.

Bem como compreender toda e qualquer etapa de trabalho como importante, pois a

falha de um setor pode comprometer a qualidade de todo o serviço. Assim, o bom

funcionamento de um serviço depende da participação de todos (ESCOLA

POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO, 2001).

A mudança na gestão do hospital é um processo cultural. Segundo Motta

(2002), quando valores fundamentais são ameaçados tendem a gerar reação (que

pode ser a não participação), uma vez que as mudanças geram quebras de relações

e padrões estabelecidos anteriormente no ambiente de trabalho.

As organizações modernas vêm passando por grandes transformações. O

desenvolvimento da tecnologia da informação e a realidade do mercado têm

obrigado essas entidades a manterem estruturas mais enxutas e flexíveis. É

importante ressaltar que o profissional responsável pela gestão nesse novo conceito

de organização, precisa adequar-se a esse novo cenário (SILVA, 2010).

Não se pode esquecer que no âmbito hospitalar há problemas de ética

biomédica, como os ligados ao sigilo, ao direito do usuário à informação sobre a sua

condição, à garantia de continuidade do tratamento (prematuros, pacientes na fase

terminal), intervenções experimentais, eutanásia. Há também problemas de ética

administrativa relativos à escolha das prioridades (crianças ou idosos, serviços

preventivos ou equipamentos superespecializados), à alocação dos recursos, o que

28

sempre implica custos de oportunidade num contexto de recursos limitados (o que

vai para um setor priva outro setor), ao aceso dos serviços, ao respeito dos usuários,

ao uso da informação relativa à eficácia das intervenções (DUSSAULT, 1992).

E apesar do conceito de qualidade ainda está em construção, pela

dificuldade intrínseca do tema, não é difícil perceber que o serviço prestado pelos

hospitais públicos no Brasil deixa a desejar. Para Vuori (1989), a noção da qualidade

varia entre os interesses dos diferentes grupos: planejadores de saúde,

administradores, prestadores de serviços e consumidores, os quais podem

conceituar a qualidade de diferentes maneiras, enfatizando mais de alguns dos

diversos aspectos que a constituem.

2.8 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

A avaliação é a dimensão básica de todo o processo de gerenciamento,

uma vez que consiste no processo de análise e comparação dos objetivos propostos

no planejamento e na organização com os resultados obtidos na operacionalização

das atividades das ações de saúde. No entanto, não é o que se observa no sistema

brasileiro de gestão hospitalar (PAIM; CICONELLI, 2007).

Entende-se que a avaliação de desempenho faz parte de um processo

em que se busca eficácia e eficiência. Desta forma, qualquer avaliação de

desempenho não tem outro propósito senão o de buscar a eficácia, nesse contexto

entendida como a competência em obter continuidade em um ambiente dinâmico e

de cumprir com sua missão (PEREIRA, 1999).

No entanto, há algumas características do serviço na área de saúde que

podem provocar dificuldades na avaliação de desempenho das atividades

desenvolvidas em um hospital, a partir do critério de eficiência tais como: a

variabilidade da assistência demandada, face ao comportamento subjetivo e

maneira diferente de expressar necessidades em saúde, o que dificulta uma rígida

padronização do processo de trabalho em saúde e a racionalização da oferta de

serviços (GURGEL Jr.; VIEIRA, 2002), com enorme assimetria de informações.

Existem algumas características importantes, conforme Rota (2004), que

devem ser observadas quando há proposta da utilização de indicadores econômicos

na área hospitalar, sobretudo aos trade-offs encontrados. Ainda segundo o autor, no

Brasil, verifica-se que a avaliação dos profissionais e dos hospitais baseia-se em

29

indicadores de mais fácil obtenção, na maioria dos processos, mas alguns também

de resultados e indicativos de produção e produtividade, tais como cirurgia por sala,

partos por leitos obstétricos, exames, vacinas, dispensação farmacêutica e taxa de

necropsias que torna essa atividade algo muito incipiente face à complexidade do

trabalho realizado no interior dessas organizações.

Por fim, o desempenho hospitalar está intimamente relacionado ao arranjo

organizacional, que se traduz em grau de autonomia, obrigação de prestação de

contas e a exposição ao mercado, tendo cada organização reação diversa na sua

gestão aos mais variados estímulos (HARDING; PREKER, 2003). Mas, para estes

autores, os hospitais públicos em muitos países em desenvolvimento, têm baixo

desempenho por terem objetivos mal definidos e poucos claros, estruturas de

responsabilização e supervisão fracas ou inexistentes, falta de autonomia e

exposição ao mercado, interferência política e escassez de informação.

30

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Analisar as mudanças ocorridas na gestão pública hospitalar, em

determinadas unidades do interior, provocadas pelo processo de seleção de

gestores, como tentativa de profissionalizar a gestão, realizado pela SESAPI,

através de edital a partir de janeiro de 2011.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar os fatores que influenciaram a mudança de critério para o

preenchimento do cargo de gestores públicos hospitalares no âmbito da

SESAPI;

b) Caracterizar o processo de seleção que buscava a profissionalização do

cargo de gestor público hospitalar no estado;

c) Conhecer o perfil do gestor público hospitalar, selecionado para as unidades

de saúde disponível no edital;

d) Relacionar os resultados alcançados pelo programa da SESAPI, depois de

implementar as mudança dos gestores;

31

4 CAMINHO METODOLÓGICO

4.1 TIPO DE PESQUISA

O presente trabalho baseou-se num estudo de caso, com dados

qualitativos e quantitativos. Na concepção de Tobar e Yalour (2001), este tipo de

estudo se caracteriza por ser circunscrito a poucas unidades de análise, assim a

riqueza não está na extensão, mas na profundidade da pesquisa, que tem certo

nível de detalhes.

Ao mesmo tempo, usou-se o método descritivo. Pois, como afirma Rudio

(1999): “Na pesquisa descritiva o pesquisador não interfere no ambiente de estudo.

[...] A pesquisa está interessada em descobrir e observar os fenômenos, procurando

descrevê-los e interpretá-los.” É pertinente destacar a possibilidade de algum nível

de intervenção, uma vez que, o trabalho será repassado a Secretaria Estadual de

Saúde do Piauí cumprindo formalidades próprias do mestrado profissional.

Assim, a análise da mudança na forma do preenchimento de cargos de

administrador dos hospitais da SESAPI orientou todo trabalho de pesquisa de

campo, que buscou descrever o perfil do profissional, caracterizar o processo de

tentativa de profissionalização da gestão pública hospitalar e seus resultados.

4.2 ÁREA DO ESTUDO

Dentre os dez hospitais regionais que tiveram seus gestores indicados

pelo novo processo de seleção foram escolhidos dois. Esta amostra intencional

representa 20% dos gestores hospitalares que foram selecionados pelo edital da

SESAPI (ANEXO A). Desse modo, com a limitação do objeto, pode-se aprofundar

mais a pesquisa, conhecendo a realidade de cada unidade de saúde e podendo

analisar melhor como ocorreu o processo.

Restrições operacionais, tais como a falta de financiamento público para a

pesquisa de campo e distâncias geográficos a serem percorridas pelo pesquisador,

influenciaram a escolha das unidades hospitalares a serem estudadas. Ao mesmo

tempo, considerou-se a importância estratégica do município, incluindo-se entre os

critérios de escolha o tamanho da população da cidade sede do hospital e sua

relação com os municípios vizinhos, o valor de repasse financeiro e a distância do

32

município para a capital. Portanto, foram selecionadas duas regiões distintas que

representam a diversidade de contextos onde estão inseridas as unidades

hospitalares públicas no Estado do Piauí, dada as limitações operacionais já

pontuadas.

A primeira unidade escolhida foi o Hospital Regional Chagas Rodrigues

(HRCR), sediado no município de Piripiri, localizado a 180 km de distância ao norte

de Teresina, município sede do poder executivo estadual. O segundo foi o Hospital

Regional Candido Ferraz (HRCF), sediado no município de São Raimundo Nonato.

Esta cidade está localizada ao sul da capital, a 536 km de distância.

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Foram selecionados como informantes para a pesquisa os

administradores hospitalares e funcionários das unidades de saúde anteriormente

listadas, bem como servidores da Secretaria de Saúde do Estado envolvidos na

elaboração do processo seletivo dos gestores públicos hospitalares. A amostra foi

intencional, pois a seleção dos sujeitos da pesquisa passou pelo julgamento do

pesquisador, considerando que a escolha dos respondentes poderia oferecer as

informações solicitadas segundo orienta Mattar (1996).

Para cada hospital em estudo, selecionaram-se três respondentes: o

diretor geral, um funcionário que exercia cargo de chefia e um servidor não investido

em nenhum cargo de chefia. O diretor geral foi escolhido para obter o perfil do gestor

em análise e informações sobre o processo de seleção, bem como colher dados

sobre a situação da gestão do hospital em estudo. Estes informantes estão

identificados no resultado como Entrevistado 03 Piripiri e Entrevistado 03 São

Raimundo Nonato, que são respectivamente, diretor geral do HRCR e diretor geral

do HRCF.

Com relação àqueles que exerciam cargos de chefia, objetivava-se coletar

informações mais acuradas sobre a administração, com maiores detalhes, uma vez

que este entrevistado estava mais próximo do diretor geral da unidade hospitalar.

Fazendo parte da equipe administrativa, também responsável por implementar as

mudanças da nova gestão, ora em estudo. Estes estão identificados no resultado

como Entrevistado 01 Piripiri e Entrevistado 02 São Raimundo Nonato,

33

respectivamente, como o ocupante de cargo comissionado do HRCR e ocupante de

cargo comissionado do HRCF.

O servidor público não investido em nenhum cargo de chefia foi

selecionado com a intenção de fazer uma contra checagem das informações obtidas

à nível de gestão, pois este tem a percepção do serviço na outra ponta, bem próximo

do usuário do sistema hospitalar. Ou seja, era aquele que trabalhava diretamente

com o usuário do serviço e poderia mostrar a realidade do processo de mudança

sob outro angulo. Estes estão identificados no resultado como Entrevistado 02

Piripiri e Entrevistado 01 São Raimundo Nonato, respectivamente, como servidor do

HRCR e servidor do HRCF.

Visou-se com esta metodologia diminuir as divergências das informações

obtidas no estudo, havendo percepções distintas de uma mesma realidade, pois os

entrevistados estão em posições diferentes em relação à gestão. Podendo, ao final,

confrontar as informações, para enriquecer ainda mais o trabalho e obter

informações mais precisa sobre o caso.

Já no nível central, no âmbito da Secretaria de Saúde do Estado,

selecionaram-se quatro funcionários que tiveram diferentes tipos de envolvimento

com o processo. Pois, percebeu-se que na terceira entrevista as informações

começaram a se repetir, saturando o resultado. Além disso, segundo informações

prévias, somente oito pessoas compunha a equipe responsável pelo processo de

tentativa de profissionalizar a gestão hospitalar. Desse modo, neste grupo de

entrevistados, teve-se uma amostra de 50% dos servidores e assessores envolvidos

no processo.

4.4 PERÍODO DO ESTUDO

Setembro de 2012 a Março de 2013.

4.5 COLETA E FONTES DE DADOS

O estudo está fundamentado em dados primários com aplicação de

entrevistas, questionário e dados documentais, assim como fontes secundárias. Os

dados primários foram coletados por meio de uma entrevista semi-estruturada, com

roteiro específico para os administradores hospitalares, funcionários das unidades

34

de saúde e servidores lotados na SESAPI, envolvidos no processo de elaboração do

edital. As entrevistas foram encerradas a partir do momento da saturação quando as

informações prestadas pelos entrevistados começaram a se repetir.

Nesta metodologia de estudo, o investigador tem uma lista de questões

ou tópicos a serem cobertos (guia de perguntas), mas a entrevista em si permite

uma relativa flexibilidade (APENDICE B, C e D). As questões podem não seguir

exatamente a ordem prevista pelo entrevistador. Inclusive, podem ser colocadas

questões que não se encontram na guia, em função do decorrer da entrevista.

Assim, o entrevistado tem alguma liberdade para desenvolver as respostas,

explorando, de uma forma flexível e aprofundada, os aspectos mais relevantes.

Entre as principais vantagens das entrevistas semi-estruturadas, podem-se citar:

1) A possibilidade de acesso a uma grande riqueza de informação

(contextualizada e através das palavras dos atores e das suas perspectivas);

2) A possibilidade do investigador esclarecer alguns aspectos no seguimento

da entrevista, o que a entrevista mais estruturada ou questionário não permite;

3) É geradora, na fase inicial de qualquer estudo, de pontos de vista,

orientações e hipóteses para o aprofundamento da investigação, a definição de

novas estratégias e a seleção de outros instrumentos (QUIVY;

CAMPENHOUDT, 1998).

Houve também a aplicação de um questionário específico para o gestor

hospitalar (APENDICE A), para delineamento do perfil sócio-econômico e

profissional do gestor dessas unidades hospitalares selecionadas.

Ressalte-se que os envolvidos neste processo assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual está anexado ao final deste

trabalho (APENDICE E). Sendo a entrevista realizada em local adequado, a fim de

garantir a discrição do trabalho. Também não foram revelados os nomes dos

participantes, para assegurar o anonimato e o sigilo dos mesmos.

Estas entrevistas foram gravadas com auxílio de mídia digital, um

aparelho próprio para gravação de voz, depois transcritas as falas dos pesquisados

para análise do discurso. O ambiente onde ocorreram as gravações era isolado e

confortável, indicado pelo próprio entrevistado.

Foi realizado deslocamento de Teresina, capital do Estado do Piauí, a

cidade de Piripiri, município sede do Hospital Regional Chagas Rodrigues, onde

foram realizadas as entrevista com funcionários daquela unidade de saúde, com

35

agendamento prévio. A entrevista cedida pelo ex-diretor geral de um dos hospitais

aconteceu em Teresina por conveniência do entrevistador e entrevistando. Portanto,

marcada com antecedência o encontro, ela ocorreu em uma clínica privada.

Todas as entrevistas dos funcionários e diretoria do Hospital Regional

Candido Ferraz foram feitas no Hospital Estadual Getúlio Vargas, com sede em

Teresina. Estas pessoas se encontravam lá por ocasião de uma capacitação,

realizada pela SESAPI. Portanto, não houve o deslocamento até a cidade de São

Raimundo Nonato.

Com relação aos servidores da Secretaria de Saúde, as entrevistas foram

realizadas em salas apropriadas, no prédio da SESAPI, com exceção de uma já que

este entrevistado não trabalhava mais neste órgão. Todas as entrevistas dessa

categoria de entrevistados foram realizadas em Teresina.

Triangulando com essa fonte de dados, foram analisados documentos

oficiais, pela técnica de análise de conteúdo e levantados dados secundários, os

quais foram coletados a partir das fontes abaixo:

a) Relatórios de avaliação/monitoramento/auditoria realizados nos hospitais

pela SESAPI;

b) Relatórios de órgãos de controle externo, como o Tribunal de Contas do

estado do Piauí;

c) Departamento de Informática do SUS – DATASUS;

d) Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES.

As análises destes documentos e das entrevistas forneceram evidencias

para identificar as razões que provocaram a mudança de critério, para a nomeação

dos gestores públicos hospitalares e caracterizar este processo.

Para avaliar os resultados foram selecionados indicadores, como o

número de internações, cirurgias realizadas, transferência de pacientes, dentre

outros, obtidos no transcorrer da pesquisa, referentes ao período do ano de 2010 e

2011. Assim pode ser evidenciada a situação anterior e posterior ao processo de

seleção na mesma unidade de saúde. Não era objetivo comparar as instituições

distintas face às dificuldades metodológicas. O relatório de monitoramento foi

elaborado por uma equipe da SESAPI, composta por servidores de vários

segmentos, como setor de pessoal, auditoria, gestão hospitalar e financeiro.

Portanto, a avaliação retratada neste documento é uma das mais completas. Daí sua

importância para este estudo.

36

Não houve dificuldades em obter o relatório de auditoria do Tribunal de

Contas do Estado do Piauí acerca dos hospitais estudados, pois tais documentos

são de domínio público. Assim, a pesquisa teve acesso aos documentos do tribunal

relativos aos anos de 2010 e 2011 de cada hospital escolhido. Ou seja, antes e após

a implantação da mudança do critério de preenchimento para a escolha dos

gestores hospitalares. Este relatório tem ênfase na avaliação de conformidade

contábil e financeira, mas há outras informações relativas ao setor de pessoal,

estrutura e atendimento de pacientes.

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

Após a coleta dos dados documentais e as entrevistas transcritas, estas

tiveram seu conteúdo examinado, aplicando-se a técnica de análise de conteúdo.

Esta técnica de análise das comunicações vislumbra a possibilidade de fornecer

informações precisas e objetivas que sejam suficientes para garantir a descoberta do

verdadeiro significado; um sentido a ser resgatado em algum lugar, e de que o texto

seria seu esconderijo (ROCHA; DEUSDARÁ, 2005).

Para realizar esta etapa do estudo, as informações consideradas

importantes para a pesquisa contidas nos documentos, bem como aquelas

coletadas nas entrevistas foram agrupadas por categorias emergentes identificadas

pelo pesquisador. A definição destas categorias foi guiada pelos objetivos propostos

do trabalho de pesquisa. A intenção foi aglutinar os resultados sobre determinado

ponto analisado em tópicos, para facilitar a organização dos dados.

Portanto, o capítulo de resultado está subdividido por essas categorias

emergentes. Nas quais são agrupadas as evidencias pertinentes aquele subitem.

Assim, esta organização sistemática dos achados possibilitou uma melhor

exploração do conteúdo estudado. Proporcionando melhor uso dos dados obtidos,

pois a seleção das informações de forma sistemática orientou o trabalho qualitativo

realizado, tendo em vista a grande quantidade de dados coletados.

Além disso, foi consultado o site oficial do Departamento de Informática

do SUS e CNES, para confrontar as informações obtidas no decorrer do estudo.

Além de acrescentar outras consideradas relevantes ao trabalho.

37

4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), da Fundação

Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), com o Parecer de nº 14/2012 (ANEXO C). Ainda está

incluso neste documento a carta de anuência da SESAPI (ANEXO B).O estudo

seguiu as recomendações da Resolução 196/96 (CONSELHO NACIONAL DE

SAÚDE, 1996). Representou risco mínimo, pois não envolveu procedimentos

invasivos que pudessem afetar os participantes.

38

5 RESULTADOS E ANÁLISES

O programa de seleção de gestores hospitalares foi planejado pelo

governo estadual, ainda na fase de transição após as eleições, haja vista que o

governador assumiu o poder após a saída do titular da cadeira. Este último teve que

se afastar do cargo para se candidatar ao Senado Federal. Assumindo em seu lugar

o vice-governador, o qual se candidatou para o cargo eletivo que passou a ocupar

recentemente, logrando êxito. Assim, ainda no final do primeiro mandato eletivo do

atual governador, logo depois do resultado das eleições, começou-se a traçar as

metas para o futuro governo.

Entre as metas do futuro governo estava a melhoria dos serviços na

saúde. Nesta conjuntura, coube a SESAPI planejar. O que culminou na estruturação

de um programa que iria escolher pessoas para gerenciar os hospitais estaduais

regionais, sendo lançado o edital de seleção logo no início do segundo governo, em

janeiro de 2011. E os novos gestores tomariam posse nos cargos em março do

mesmo ano.

Na análise da secretaria, os gestores dos hospitalares regionais deixavam

a desejar, causando transtorno à administração, quando não prejuízos financeiros e

retardando o processo de melhoria do serviço prestado pelos hospitais, já que não

se consumavam as ações planejadas pela secretaria para organizar e sistematizar o

serviço. Dentre os motivos, foram identificados: ausência de compromisso dos

gestores com a gestão; falta de iniciativa; pouco tempo dedicado à gestão; não

qualificação técnica para exercício do cargo; inexistência de diálogo entre gestores

hospitalares pertencentes à mesma região, não havendo uma regulação da

demanda; o distanciamento gerencial do gestor com a secretaria, pois o diretor era

indicado por critério político, pouco se fazia presente na sede da secretaria,

promovendo a interação entre a gestão local e central e má qualidade do serviço,

provocada por falta de profissionais, matérias de consumo e equipamentos, gerando

insatisfação dos usuários.

Com a implantação do programa, a SESAPI objetivava melhorar a

qualidade do serviço, através do aumento do tempo de dedicação do gestor ao

hospital; colocando pessoas com preparação técnica para exercer o cargo;

existência de um plano de objetivos e metas a serem cumpridos pela gestão local

(carta de intenção); afastar o critério político para nomeação do diretor; surgimento

39

de condições favoráveis para realizar investimentos nas unidades de saúde,

adquirindo material e equipamentos hospitalares, uma vez que os desvios de

recursos seriam menores e haveria agilidade no processo; expandindo o serviço de

atendimento, como a ortopedia e unidade intensiva, promovendo atendimento do

paciente próximo de sua casa, evitando grandes deslocamentos; organizar a rede de

atendimento na região, através da interação entre os gestores hospitalares da

região, regulando a demanda dos HPP para as unidades de saúde estaduais, depois

seguindo aos hospitais regionais, por fim transferindo o paciente para a capital;

ampliar a qualificação dos profissionais que atuam no interior; proporcionar maior

integração entre a gestão do hospital com o serviço de saúde ofertado pelo

município.

Para tanto, a SESAPI acreditava que o gestor hospitalar era peça

fundamental, pois, todas as decisões administrativas precisavam ser respaldadas

pela gestão local. Além disso, exigia-se um maior entrosamento entre o gestor local

e gestão central. Daí, a necessidade de selecionar pessoas para o exercício deste

cargo.

Outro fato que chama atenção foi o pioneirismo na adoção de critérios

técnicos para a nomeação no cargo de gestor hospitalar, uma vez que este é um

cargo comissionado, com livre nomeação e exoneração, a critério do governador.

Pois, não foi encontrado relato em outros trabalhos pesquisados durante a

elaboração deste estudo. Somado a isso, tem-se a informação de que o Piauí, ente

federativo localizado no nordeste do Brasil, possui um dos mais baixos Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), quando comparado aos outros membros da

federação, com uma forte herança de patrimonialismo e clientelismo, na gestão

política e administrativa.

Exposto isto, passa-se a analisar os resultados obtidos durante a

realização da pesquisa de campo, os quais estão apresentados abaixo em forma de

tópicos, para facilitar a compreensão do trabalho.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS HOSPITAIS ESTUDADOS

Para melhor entendimento do aspecto geográfico relacionado ao estudo,

expõe-se abaixo o mapa do Estado do Piauí, dividido em territórios regionais, por

critérios geopolítico e administrativo, elaborada pela Secretaria de Planejamento do

40

Estado do Piauí (2013). Ressalte-se que a capital do Estado, Teresina, está

localizada no território Entre Rios, indicada na figura abaixo por uma seta angulada.

E o município de Piripiri está localizado no território de Cocais, sinalizado na figura

abaixo por uma seta reta. Já a cidade de São Raimundo Nonato, localizada no

território Serra da Capivara, está identificada na figura abaixo por uma seta curva.

Figura 1 - Mapa do Estado do Piauí, por território em desenvolvimento.

Fonte: Secretaria do Planejamento do Estado do Piauí (PIAUÍ, 2013).

O Hospital Regional Chagas Rodrigues sediado no município de Piripiri,

localizado ao norte do Estado está inserido no território dos Cocais, conforme mapa

dos territórios da Secretaria de Planejamento do Estado do Piauí, 2013. O município

sede está sinalizado na figura abaixo por uma seta reta. Este hospital regional é

referencia para dois hospitais estaduais, o Hospital Estadual Gerson Castelo Branco,

com 41 leitos, e o Hospital Local Júlio Hartman, com 45 leitos bem como a

população dos municípios adstrita a região (BRASIL, 2013). Ainda segundo o mapa

dos territórios da Secretaria de Planejamento do Estado do Piauí, este território está

41

inserido na microrregião Meio Norte (PIAUÍ, 2013), ocupando uma área de 17.513

km2 para uma população de 364.705 habitantes, segundo o IBGE (2007).

Correspondendo a 12, 1% da população do Piauí composto por 22 municípios.

Figura 2 - Segmento do mapa do Estado do Piauí, território dos Cocais.

Fonte: Secretaria do Planejamento do Estado do Piauí (PIAUÍ, 2013).

O HRCR, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

(BRASIL, 2013), possui 43 (quarenta e três) médicos, 22 (vinte e dois) enfermeiros,

09 (nove) fisioterapeutas, 04 (quatro) farmacêuticos, 02 (dois) nutricionistas, 02

(dois) cirurgiões-dentistas, 02 (dois) assistentes sociais, 59 (cinquenta e nove)

técnicos administrativos e 73 (setenta e três) técnicos de enfermagens e auxiliares

de enfermagens. Há 92 (noventa e dois) leitos, assim distribuídos: 03 (três) de

trauma-ortopedia, 15 (quinze) de pediatria, 20 (vinte) de cirurgia geral, 01 (um)

psiquiatria, 35(trinta e cinco) de clínica geral, 01 (um) de isolamento e 18 (dezoito)

de obstetrícia e ginecologia, subdivididos em 12 (doze) para cirurgia e 06 (seis) para

clínica. Este hospital ainda possui uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI),

inaugurada em novembro de 2011.

Os médicos que trabalham no HRCR estão qualificados para exercerem

as seguintes especialidades: Urologia, Medicina Intensivista, Cirurgia Geral, Clínica

42

Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Anestesiologia, Proctologia, Radiologia, Pediatria

e Ortopedia (BRASIL, 2013).

Não há nenhum registro de habilitação ou serviço de acreditação para

esta unidade hospitalar. Atualmente, existe uma construção de um prédio, que

deverá abrigar a nova sede da maternidade, abrangendo o serviço de obstetrícia e

ginecologia nesta unidade de saúde.

Os seguintes serviços de assistência estão disponíveis no Hospital

Regional Chagas Rodrigues, conforme relatório de monitoramento da SESAPI no

ano de 2012: ambulatorial, hospitalar, urgência/emergência, unidade de terapia

semi-intensiva, atenção primária e de apoio diagnóstico. Para a internação estão

disponíveis 92 (noventa e dois) leitos distribuídos em enfermarias de clínica

cirúrgica, clínica médica, clínica pediátrica (pediatria geral e neonatologia), clínica

gineco-obstétrica, parto normal, parto cesáreo, intercorrências clínicas da gravidez e

cirurgias ginecológicas).

A unidade realiza ainda atendimento ambulatorial especializado em

urologia, proctologia, cirurgia geral, ortopedia e cardiologia. O hospital também

dispõe de serviço de fisioterapia.

A estrutura administrativa deste hospital é confusa, já que o organograma

está desatualizado. O que existe é aquele criado na época de sua fundação, no ano

de 1962, com adaptações feitas com o passar dos anos. Também não tem estatuto

próprio, dificultando a organização dos serviços administrativos, pois as funções

existentes não têm respaldo legal, apenas arranjos administrativos. Fato que dificulta

precisar a real estrutura administrativa do hospital.

O Hospital Regional Candido Ferraz (HRCF) é sediado no município de

São Raimundo Nonato, localizado ao sul do Estado. Este hospital está inserido no

território da Serra da Capivara, conforme mapa dos territórios da Secretaria de

Planejamento do Estado do Piauí. O município sede está identificado na figura

abaixo por uma seta curva. Que conta ainda com um hospital estadual, sediado no

município de São João do Piauí: O Hospital Teresinha Nunes de Barros, com 38

leitos (BRASIL, 2013). Destarte, este hospital regional é referencia para um hospital

estadual, assim como para toda a população dos municípios circunvizinhos.

Ainda segundo o mapa dos territórios da Secretaria de Planejamento do

Estado do Piauí, este território está inserido na microrregião Semi-árido (PIAUÍ,

43

2013), ocupando uma área de 22.787 km2 para uma população de 139.039

habitantes, segundo o IBGE (2007). Essa região é composta por 18 municípios.

Figura 3 - Segmento do mapa do Estado do Piauí, território Serra da Capivara.

Fonte: Secretaria do Planejamento do Estado do Piauí (PIAUÍ, 2013).

O HRCF, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

(BRASIL, 2013), possui 59 (cinquenta e nove) médicos, 10 (dez) enfermeiros, 06

(seis) fisioterapeutas, 02 (dois) farmacêuticos, 01 (um) nutricionista, 01 (um)

fonoaudiólogo, 01 auxiliar de saúde bucal, 43 (setenta e três) técnicos de

enfermagens e auxiliares de enfermagens. Há 46 (quarenta e seis) leitos, assim

distribuídos: 06 (seis) de pediatria, 24 (vinte e quatro) de cirurgia geral, 06 (seis) de

clínica geral, 01 (um) de isolamento e 10 (dez) de obstetrícia e ginecologia. Este

hospital ainda possui uma habilitação como “Amigo da Criança”, obtida na gestão do

ano de 2004.

Durante o período da pesquisa, constatou-se a existência de reformas

nas instalações físicas neste hospital, com o objetivo de melhorá-las. Mas, não havia

construção de novos espaços, apenas uma previsão informada pela SESAPI.

Descobriu-se também a instalação de um cemitério de placenta, achado implantado

durante a gestão do gestor selecionado pelo edital.

44

Os médicos que trabalham no HRCF estão qualificados para exercerem

as seguintes especialidades: Cirurgia Geral, Clínica Médica, Ginecologia e

Obstetrícia, Anestesiologia, Radiologia e Pediatria (BRASIL, 2013).

O Hospital Regional Cândido Ferraz dispõe de serviços na assistência,

divididos em serviço ambulatorial, hospitalar, urgência/emergência e de apoio

diagnóstico, conforme relatório de monitoramento da SESAPI no ano de 2011. Ele

oferta serviços especializados nas áreas de cirurgia geral, clínica geral, unidade de

isolamento, obstetrícia cirúrgica e pediatria clínica, além do serviço de fisioterapia.

Possui 46 (quarenta e seis) leitos distribuídos entre as enfermarias em

funcionamento no hospital.

Quanto à estrutura administrativa do HRCF, esta é anômala, com um

organograma ultrapassado. O existente é da época de sua fundação em 1975, com

adaptações feitas com o passar dos anos. Também não tem estatuto próprio,

dificultando a organização dos serviços administrativos, pois as funções existentes

não tem respaldo legal, apenas arranjos administrativos. Fato que dificulta precisar a

real estrutura administrativa do hospital.

Assim, a relação entre o número de leitos para cada mil habitantes na

região do hospital regional no município de Piripiri é 0,4/1000h, enquanto que em

São Raimundo Nonato essa relação sobe para 0,6/1000h. Porém, segundo o

Ministério da Saúde, explícita na Portaria n.º 1101/GM, datada de 12 de junho de

2002, em linhas gerais, estima-se a necessidade de leitos hospitalares em 2,5 a 3

leitos para cada 1.000 habitantes, a fim de assegurar uma assistência efetiva à

população (BRASIL, 2013). Dessa forma, esta relação de número de leitos para

cada mil habitantes, no Estado do Piauí, especificamente na região de realização

deste estudo, está muito longe do ideal, segundo a referência utilizada.

Há ainda outras unidades de saúde em algumas das cidades adscristas

ao território onde estão inseridos os hospitais estudados, mas todos são de pequeno

porte (BRASIL, 2013). São os chamados HPP – Hospitais de Pequeno Porte, e não

tem serviços especializados, contando apenas com estrutura semelhante a um

centro de saúde. Estas unidades de saúde estão sob a gestão do município que

enfrentam grandes dificuldades para manter os serviços em funcionamento contando

com pouquíssimos leitos, sendo destinados em sua maioria para a observação dos

pacientes e aplicação de medicamentos. Não existe sistema de plantão. Ou seja,

45

esses HPP oferecem poucos serviços e consequentemente sua resolutividade é

bem pequena. O que acarreta em maior demanda aos hospitais sediados na região.

5.2 PERFIL DO GESTOR HOSPITALAR ESTUDADO

Para caracterizar o perfil do cargo de gestor público e seus ocupantes foi

realizada uma análise das exigências do edital para tomar posse no cargo de diretor

hospitalar, sendo também aplicado aos selecionados o questionário em anexo.

Verificou-se que qualquer profissional portador de diploma de curso superior poderia

participar do processo de seleção. Exigia-se além de documentos comprobatórios,

uma Declaração de Disponibilidade de no mínimo 30 horas semanais, para em

caso de aprovação, exercer o cargo. No processo de seleção, após inscrições

homologadas, os candidatos passaram por uma entrevista para análise e arguição

sobre a Proposta de Trabalho. Nesta última, o candidato indicava ações

importantes e prioritárias a serem desenvolvidas na unidade de saúde para a qual

estava concorrendo.

Portanto, o edital de seleção não faz menção da necessidade do

participante do processo ter graduação em curso de administração hospitalar ou

pós-graduação em área afim, como um pré-requisito. Fato que levanta

questionamento quanto à intenção de profissionalizar a gestão. Além disso, a

seleção foi meritória, não houve um concurso público, com uma construção de uma

carreira, estruturação de cargos e níveis salariais. Também não há exigência de

experiência anterior no cargo de direção hospitalar.

O questionário auto referido permitiu obter diversos dados para delinear o

perfil dos ocupantes desses cargos nos hospitais estudados em maior profundidade.

O gestor do HRCF é uma jovem do sexo feminino, ocupando a faixa etária

entre 20 a 30 anos, com uma renda entre 5 a 10 salários mínimos. O nível de

formação apresentado é superior com pós-graduação lato senso, tendo graduação

em enfermagem e educação física, com especialização em urgência e emergência e

saúde da família. Para manter-se atualizada, participa de eventos na área hospitalar,

bem como tem acesso às publicações especializadas. No momento da aplicação do

questionário tinha como responsabilidade profissional apenas o cargo comissionado

de gestor hospitalar no serviço público estadual, tendo uma relação institucional

referida como ótima com a Secretaria de Saúde do Estado. Do ponto de vista da

46

liderança ela se auto classifica como ótima líder, reagindo positivamente e se

sentindo estimulada diante do fracasso. Ousa inovar para resolver conflitos,

valorizando seus colaboradores, distinguindo a relação profissional das relações

pessoal. Do ponto de vista da satisfação profissional declara um nível ótimo de

satisfação na administração hospitalar com dedicação superior a 40 horas semanais

à função. Possui entre 1 a 3 anos de experiência na gestão hospitalar.

Com o gestor do hospital de Piripiri, obteve-se o seguinte resultado: Trata-

se de um gestor do sexo masculino na faixa etária entre 31 a 40 anos, com uma

renda superior a 10 salários mínimos. O nível de formação apresentado é superior

completo, tendo graduação em medicina e especialização lato senso em pediatria e

administração hospitalar. Não tem por hábito participar de eventos na área

hospitalar, mas tem acesso às publicações na área. Quando da aplicação do

questionário, tinha como responsabilidade profissional o cargo comissionado de

gestor hospitalar no serviço público estadual, acumulado com o cargo de servidor

público estadual, admitido através de concurso público, exercendo a profissão

médica no hospital onde é gestor. Classifica sua liderança como boa, reagindo de

maneira estimulada perante o fracasso. Às vezes, ousa inovar para resolver

conflitos, valorizando seus colaboradores. Distingue a relação profissional da

pessoal. Refere ótima relação com a Secretaria de Saúde do Estado e possui nível

regular de satisfação profissional na administração hospitalar. Assim dedica-se entre

20 a 40 horas semanais à função e possui entre 1 a 3 anos de experiência na gestão

hospitalar.

Portanto, observa-se que houve algumas divergências nos resultados

encontrados com os dois gestores hospitalares pesquisados, através da aplicação

de questionário auto referido, que se encontra anexo neste trabalho. O que era

esperado, tendo em vista a individualidade de cada indivíduo envolvido na pesquisa,

levando-se em conta a sua formação profissional, tempo de dedicação a gestão e

afinidade com o trabalho realizado no cargo.

E para melhor entendimento do assunto, a fim de realizar uma melhor

comparação entre os perfis dos gestores hospitalares pesquisados, formulou-se o

quadro abaixo, baseado no questionário aplicado aos mesmos (Apêndice A), que

agrupa os aspectos mais relevantes neste segmento do trabalho.

47

Quadro 1 - Aspectos pesquisados dos gestores hospitalares.

ASPECTO PESQUISADO

GESTOR DO HRCF

GESTOR DO HRCR

Participação em eventos relacionados à gestão hospitalar como: seminários, congressos, palestras e etc.

Sim

Às vezes

Acesso às publicações em revistas relacionadas à gestão hospitalar.

Sim

Sim

Avaliação do nível da liderança do diretor geral (Referencial: Ótima, Boa, Regular e Ruim).

Ótima

Boa

Iniciativa do gestor para inovar na gestão para superar desafios.

Ousa inovar

Às vezes, ousa inovar

Auto avaliação do gestor sobre sua relação com a gestão central (Referencial: Ótima, Boa, Regular e Ruim).

Ótima

Ótima

Nível de satisfação no exercício da gestão hospitalar (Referencial: Ótima, Boa, Regular e Ruim).

Ótimo

Regular

Tempo dedicado pelo gestor ao exercício da gestão hospitalar.

Mais de 40h semanais

Entre 20 a 40h semanais

Período de experiência do gestor no exercício da gestão hospitalar.

Entre um a três anos

Entre um a três anos

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.3 IMPLANTAÇÃO E CONTINUIDADE DA TENTATIVA DE

PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO HOSPITALAR

A análise das entrevistas transcritas realizadas com os quatro servidores

da Secretaria de Saúde do Estado permitiu identificar que a decisão de adotar a

48

seleção para gestores hospitalares partiu do Governador do Estado e Secretária de

Saúde da época, com o apoio de uma equipe técnica, composta por servidores da

sede da SESAPI e da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), incluindo a

Faculdade de Ciências Médicas (FACIME) dessa universidade. Destacaram-se nos

trechos abaixo essa evidencia do ponto de vista da decisão de adotar a seleção por

critério técnico para ocupação desses cargos.

Entrevistado 01 SESAPI: “[...] com a autorização do governador e com a

participação dos técnicos da SESAPI... foi nomeada uma comissão com técnicos da

SESAPI, da FACIME, e também da UESPI... decidimos tentar uma coisa impessoal

para ver o resultado. São cargos comissionados de livre nomeação e exoneração do

governador, e dos quais ele resolveu abrir mão, então foi um gesto admirado pelos

outros Estados que souberam da proposta do governador do Piauí: abrir mão

desses cargos para que houvesse uma seleção, que foi extremamente positiva [...]”

(Informação verbal).

Entrevistado 03 SESAPI: “[...] Essa ideia surgiu do próprio Governador e

da Secretária de Saúde. O Governador gostaria que nesta gestão dele a saúde

deslanchasse, pois ele é médico. A secretária é enfermeira. Eles tinham o

entendimento que as pessoas que fossem trabalhar na área de gestão não fossem

apenas por indicação política [...]” (Informação verbal).

Ressalte-se que a secretária de saúde na época era esposa do

Governador do Estado do Piauí, fato que poderia ter facilitado o dialogo para a

tomada de decisão. Nas entrevistas ficou registrado que naquele momento da

escolha do secretariado pelo governador, ele afirmara que gostaria de uma gestão

eficiente e que os instrumentos utilizados para alcançar estes objetivos ficariam por

conta destes secretários.

O prazo para ocupação do cargo não foi determinado pelo edital. Mas, os

entrevistados se referem a um período de dois anos consecutivos, quando na

assinatura do contrato de serviço. Portanto, o prazo final para troca de gestores

estaria previsto para o mês de março do ano de 2013.

Entretanto, o gestor selecionado para o HRCR, antecipou sua

exoneração. Esta ocorreu em novembro de 2012, quatro meses antes de encerrar o

prazo. A motivação foi pessoal, somado a isso, o gestor alegou não mais conciliar

suas atividades de médico com as de diretor. O médico, em sua entrevista, afirma

ainda ter sido enriquecedor a experiência de gestor hospitalar, tendo conseguido um

49

bom desempenho, haja vista ter implementado boas mudanças no HRCR. No

entanto, sua saída antecipada não prejudicou o trabalho de pesquisa, pois os dados

levantados, quanto à gestão, vão até o período de seu afastamento.

Assim, no HRCR, após a saída voluntária do gestor selecionado pelo

processo seletivo, antes do prazo, levou a nomeação de pessoa que não foi

submetida à seleção do edital. O novo gestor foi indicado pelo secretário de saúde,

com a aprovação prévia do corpo clínico médico do referido hospital. Ocorrendo

neste caso específico uma quebra de continuidade do processo de tentativa de

profissionalização recentemente implantado, dentro do mesmo governo. Outro fato

relevante é a publicação da lista dos aprovados neste teste seletivo. Somente o

nome dos primeiros colocados selecionados para cada cargo comissionado

declarado no edital foi divulgado (PIAUÍ, 2013). O que compromete as informações

sobre as possíveis substituições de gestores hospitalares, já que não se publicou os

nomes dos demais classificados.

Portanto, trata-se de uma iniciativa dos representantes do poder executivo

a nível estadual, sem nenhuma participação da população ou de outros grupos

interessados, como o Conselho Estadual de Saúde. Ou seja, a decisão foi tomada

de cima para baixo com suporte técnico de membros das instituições e suas

equipes. O processo de implantação sofreu resistências por parte da categoria

médica em outros hospitais como demonstra o relato abaixo. Isso torna frágil a

decisão para a nomeação dos cargos, pois esta varia de acordo com os obstáculos.

Entrevistado 03 Piripiri: “[...] Em Picos, os médicos promoveram um

impasse com a direção. Na qual ela já vinha há quatro anos e fez o teste seletivo. Ao

assumir, houve um impasse e ocasionou a sua substituição... Lá foram os médicos

da unidade que escolheram o novo diretor [...]” (Informação verbal).

Esta imposição foi aceita pela SESAPI, que colocou no cargo de diretor

geral daquela unidade de saúde uma pessoa indicada pelos profissionais médicos

que compunham o corpo clínico do hospital. Isso demonstra que a implantação do

processo de tentativa de profissionalização não ocorreu de maneira homogênea.

Houve problemas com os gestores em outros hospitais regionais com mudanças na

direção. Em um deles, o gestor selecionado não quis assumir a função, por motivos

pessoais. Em outro, o diretor não se adaptou ao trabalho, resolvendo pedir

exoneração da função.

50

A formação profissional do Governador, que é médico, e da Secretária,

esposa do governador, que é enfermeira pode ter influenciado na decisão,

resolvendo adotar critérios profissionais para valorizar a saúde durante seu governo.

Além disso, criticas em relação à falta de autonomia dos gestores da saúde e

problemas de má gestão no passado, induziu fortemente a substituição dos

ocupantes de cargos políticos por técnicos. Ao que parece, esses fatos em conjunto

orientaram essa decisão. Porém, a institucionalização do processo de

profissionalização se mostra bastante variável pelas contingências apresentadas.

5.4 INCREMENTO NO ORÇAMENTO E INVESTIMENTOS

Paralelo ao processo de seleção dos gestores hospitalares, a SESAPI

promoveu melhoria nas instalações físicas dos hospitais, aquisição de materiais e

equipamentos hospitalares, bem como concurso público para contratação de

pessoal. Estas ações influenciaram positivamente as ações realizadas durante a

gestão dos diretores selecionados pelo edital. Observa-se também que houve maior

investimento na área hospitalar durante este período de estudo em todo o estado. A

SESAPI concluiu que estes gestores profissionalizados tinham maior capacidade de

gerenciar o hospital, existindo assim, uma condição favorável para este

investimento.

Entrevistado 01 SESAPI: “[...] E paralelo a isso a SESAPI ofereceu um

apoio aos hospitais, quanto a fornecimento de recursos humanos e equipamentos?

Claro. Inclusive foi feito concurso público no final de 2011, um dos maiores

concursos na saúde no Estado, com oferecimento de vagas nas mais diversas

especialidades [...]” (Informação verbal).

Entrevistado 03 SESAPI: “[...] Há pouco tempo enviamos cinco

mamógrafos para o interior. Nós não nos preocupamos apenas com a qualificação

do gestor, porque só isso não seria o bastante. É um ponto fundamental, mas por si

só não resolveria. Então a secretaria proporcionou apoio para os novos gestores

realizarem um bom trabalho? Claro, pois sem dá condições não poderíamos exigir

uma boa gestão [...]” (Informação verbal).

Entrevistado 03 Piripiri: “[...] a secretaria não mediu esforços em termo de

recursos financeiros para garantir o funcionamento do hospital. Então, nós tivemos a

retomada de obras que estavam paradas, de ampliação, a construção de uma

51

maternidade... a implantação de unidade de terapia intensiva, extremamente

importante para Piripiri [...]” (Informação verbal).

Entrevistado 03 São Raimundo Nonato: “[...] Foi solicitado um mamógrafo

para o hospital, que foi concedido. Iremos agora fazer um processo de ampliação,

reforma, mas mesmo assim o hospital não tem condição de suportar a demanda

com a estrutura física que ele tem hoje. No tocante a outras necessidades para uma

boa gestão como na parte financeira, a SESAPI vem nos dando muito suporte, não

consegue ainda dá o suporte ideal, mas já vem nos ajudando muito [...]” (Informação

verbal).

Analisando o relatório de auditoria do TCE (PIAUÍ, 2012b), verificou-se um

aumento do repasse financeiro feito ao Hospital Regional Candido Ferraz, no ano de

2011, comparado ao ano anterior. Fato que reforça a ideia exposta acima, que

houve investimento realizado pela SESAPI paralelo ao processo de tentativa de

profissionalização da gestão hospitalar.

Através de informação da Secretaria da Saúde, durante o exercício de

2010, o orçamento destinado ao Hospital Regional Cândido Ferraz totalizou o valor

de R$1.850.000,00. Já durante o exercício de 2011, o orçamento atualizado para o

mesmo hospital totalizou a quantia de R$2.738.860,00 (PIAUÍ, 2012b). E isso

representa um aumento de 48 % no orçamento dessa unidade.

Entretanto, no Hospital Regional Chagas Rodrigues, ao analisar o

relatório de auditoria do TCE (PIAUÍ, 2012a), percebe-se que ocorreu o contrário. O

orçamento destinado ao hospital, durante o ano de 2010, foi superior ao ano

posterior. O que a princípio contradiz a lógica do investimento paralelo realizado pela

SESAPI. A seguir, expõe-se a informação. No exercício financeiro de 2010, foi

orçado para o HRCR um valor de R$4.391.320,00. Para o ano seguinte, orçamento

de 2011 foi o montante de R$ 1.635.014,00 (PIAUÍ, 2012a). O que representa uma

diminuição de 62%. Diferença de valor que poderia comprometer a gestão.

Quadro 2 - Demonstrativa do orçamento dos hospitais, durante o período de estudo.

UNIDADE GESTORA 2010 2011

HRCF R$1.850.000,00 R$2.738.860,00

HRCR R$4.391.320,00 R$ 1.635.014,00 Fonte: Adaptado do TCE pelo autor da pesquisa.

Porém, o HRCR foi um dos que mais recebeu investimento do Estado,

durante o ano de 2011. Nesta unidade de saúde foi instalada uma unidade de UTI,

52

com contratação de uma equipe profissional especializada na terapia intensiva.

Concomitante, acontece uma construção de uma nova sede da maternidade. Além

disso, ocorreu repasse do tesouro estadual com diversas finalidades de uso entre

eles a implantação da nova maternidade e UTI. Fato que não ocorreu com o hospital

regional sediado na cidade de São Raimundo Nonato. Neste último foi observado

apenas o aumento do orçamento anual.

A estratégia da SESAPI em relação a investimentos foi distinta para

ambas as unidades. Dentre as razões da gestão central para justificar esta

diferença, destaca-se a avaliação das necessidades dos serviços prestados pelos

hospitais, a organização da rede hospitalar em nível regional e o empenho do

gestor, bem como a equipe profissional disponível na unidade hospitalar. Cabe

ressaltar que a estratégia usada pela secretaria foi concomitante ao processo, ou

seja, as soluções eram sugeridas na medida em que os problemas aconteciam. Haja

vista, que a avaliação da gestão realizada pela SESAPI não foi continua.

Assim, no Hospital Regional Cândido Ferraz se optou pelo aumento do

orçamento com ações de capacitação de pessoal. No Hospital Regional Chagas

Rodrigues enfatizou-se a realização de obras e ações diretas buscando a melhoria

do serviço, havendo intervenção mais diretamente na gestão.

Quadro 3 - Incremento e investimento realizado pela SESAPI, durante o período do estudo.

INCREMENTO E INVESTIMENTO HRCR HRCF

Ampliação do serviço Trauma-ortopedia/UTI

Trauma-ortopedia

Aquisição de equipamentos UTI Tomógrafo

Ampliação de instalações físicas Sim Sim

Aumento do número de profissionais Sim Sim Fonte: autor da pesquisa.

Mesmo com a diminuição do orçamento do HRCR, no ano de 2011, os

serviços continuaram sendo ofertados, inclusive foram ampliados, com a

implantação do UTI. O que pode significar que a gestão anterior, no ano de 2010,

teve dificuldade em gerir aquela unidade de saúde.

5.5 REDUÇÃO DAS TRANSFERÊNCIAS DE PACIENTES

A redução das transferências de pacientes entre unidades era um dos

objetivos para implantar a gestão profissionalizada nos hospitais. E isso ocorreu,

53

porém foi consequência de um conjunto de mudanças dos serviços prestados nos

hospitais regionais. Não sendo mérito exclusivo dos gestores hospitalares. Pois,

houve apoio da gestão central, SESAPI, que promoveu investimentos financeiros,

aquisição de equipamentos e material, reforma e ampliação das instalações físicas,

ampliação dos serviços prestados e outros, conforme já abordado no item anterior.

Além disso, houve ações sistêmicas para a organização da rede regional.

Porém, sem os novos gestores, provavelmente não ocorreria esta

mudança, pois sua presença na gestão dos hospitais regionais proporcionou uma

conjuntura favorável para que esta redução de transferência de pacientes

acontecesse. O empenho do gestor selecionado e a sintonia entre a gestão local e

central foram essenciais, não havendo grandes desperdícios dos investimentos.

Portanto, ocorreu a diminuição de transferência de pacientes para a

capital por diversos motivos, dentre eles a existência de um gestor com

conhecimento técnico na função de diretor geral dos hospitais regionais.

Transcrevem-se os trechos das entrevistas dos gestores centrais, que estão

associados a este segmento do estudo.

Entrevistado 02 SESAPI: “[...] Portanto, melhorando o atendimento nestes

hospitais regionais, poderemos diminuir o número de pacientes deslocados para

Teresina. Diminuir a “ambulancioterapia”... queremos que os problemas de saúde

sejam resolvidos no seu local de origem [...]” (Informação verbal).

Entrevistado 03 Piripiri: “[...] Diminuímos a transferência clinicas, por conta

da implantação da UTI. As transferências ortopédicas praticamente diminuíram

noventa por cento dos casos. Hoje nós transferimos um ou dois pacientes por mês

para Teresina... Os pacientes clínicos graves diminuíram em torno de setenta por

cento [...]” (Informação verbal).

Entrevistado 03 São Raimundo Nonato: “[...] Nós reduzimos em oitenta

por cento o número de transferência de paciente de São Raimundo Nonato para

capital, acreditamos que a capacitação profissional foi bastante relevante assim

como o manuseio de equipamento tecnológico que hoje está disponível no hospital,

como desfibrilador, que até então não existia, monitor cardíaco, bomba de fusão e

demais equipamentos tecnológicos que são mediadores de um bom atendimento...

Hoje nós temos quatro ortopedistas que atendem nos finais de semana, de quinta a

domingo, que vem também efetivando a diminuição do número de paciente

54

transferido para Teresina, já que mais da metade de nossas transferências eram em

razão de trauma [...]” (Informação verbal).

Há também dados obtidos no site oficial do Governo que registram esta

diminuição, durante o ano de 2012. Principalmente, durante o período mais crítico,

que é o carnaval, devido o excesso de consumo de bebida alcoólica. Durante o

período de carnaval do ano de 2012, foram mais de quatro mil atendimentos em

todo Estado e pouco mais de cinquenta transferências para Teresina. No litoral do

Estado, por exemplo, onde a população de Luís Correia duplica durante a época do

carnaval, o Hospital Regional Dirceu Arcoverde, localizado no município de

Parnaíba, registrou apenas a transferência de quatro pacientes para a capital do

Estado (PIAUÍ, 2013).

Em linhas gerais, no ano de 2013, os hospitais regionais estaduais de

referência do Piauí registraram mais uma vez um baixo número de transferências

para Teresina durante o carnaval. Foram atendidas 4.949 pessoas em todo Estado,

com apenas 51 remoções para a capital. Número menor que do ano passado,

considerando o mesmo período, apesar de haver um aumento do número de

pacientes atendidos (PIAUÍ, 2013).

Mas, fazendo uma análise desses dados referentes apenas aos hospitais

estudados, percebe-se que houve um acréscimo do número de pacientes atendidos,

bem como um aumento de pacientes transferidos para a capital, quando comparado

os dados disponíveis do ano de 2012 com o ano de 2013. O primeiro se explica por

haver melhoria do serviço, conseguindo realizar mais procedimentos, como cirurgias.

O segundo é explicado pelo simples fato do aumento da demanda, sendo que a

elevação do número de atendimentos faz crescer a estatística de transferências para

a capital.

Essa redução se deve muito a implantação do serviço de trauma-

ortopedia, iniciado em outubro de 2011, nas unidades de saúde de Campo Maior,

Piripiri, e São Raimundo Nonato, locais onde antes não existiam (PIAUÍ, 2013). E

isso é um indicador que os hospitais estão conseguindo resolver seus atendimentos

no próprio município. Juntamente com a aquisição de material e equipamentos,

foram contratados profissionais especializados na área, como ortopedistas e

técnicos em radiologia. Alguns foram nomeados depois de concurso público, mas há

outros que foram contratados, como serviço temporário.

55

Tabela 1 - Número de pacientes atendidos e transferidos para a capital, por localidade, durante o período de carnaval, no ano de 2012.

MUNICÍPIO NÚMERO DE

ATENDIMENTOS

NÚMERO DE

TRANSFERÊNCIA

São Raimundo Nonato

399

05

Piripiri

350

03

Total 749 08

Fonte: Adaptado da SESAPI pelo autor.

Ressalte-se que não houve coleta de dados referente à transferência de

pacientes durante o ano de 2010. Portanto, não foi possível comparar este indicador,

entre a gestão com seu diretor selecionado pelo processo seletivo com a anterior,

neste período. Mas, a análise dos dados coletados referentes ao ano de 2012 e

2013 aponta para a melhoria do serviço, devido ao aumento de resolutividade os

serviços ofertados nos hospitais estudados.

Tabela 2 - Número de pacientes atendidos e transferidos para a capital, por localidade, durante o

período de carnaval, no ano de 2013.

MUNICÍPIO NÚMERO DE

ATENDIMENTOS

NÚMERO DE

TRANSFERÊNCIA

São Raimundo Nonato

378

03

Piripiri

692

20

Total 1070 23

Fonte: Adaptado da SESAPI pelo autor.

Entretanto, analisando os dados relacionados ao HRCR, fazendo um

comparativo entre a tabela acima e a que segue abaixo, estes apontam para um

aumento do número de pacientes transferidos para capital. Este aspecto se explica

pela falta do aparelho tomógrafo, que auxilia no diagnóstico dos pacientes, sendo

56

que muitos deslocamentos até a capital ocorrem para realizar este tipo de exame.

Além disso, a pequena distância entre estas cidades, cerca de 180 km, favorece a

remoção de pacientes, quando comparado com o HRCF, que fica a 536 km da

capital.

O atendimento está acontecendo de forma regionalizada. Se o hospital

não pode atender o caso, por ser de média ou alta complexidade, encaminha para a

cidade mais próxima que deverá possuir recurso para atender a demanda. Só depois

disso, transfere-se para Teresina. Entretanto, em 2013, a unidade que mais

transferiu paciente foi o Hospital Regional Chagas Rodrigues, sediado no município

de Piripiri. Das 692 pessoas atendidas, 547 só no pronto-socorro, 20 pacientes

foram transferidos para a capital (PIAUÍ, 2013).

Há outros pontos que merece ser abordado, como o tipo de serviço

ofertado nos atendimentos hospitalares, a cultura de enviar pacientes para a capital

e a melhoria salarial da classe médica. Esta última está fortemente associada à

diminuição do número de atendimentos de pacientes, por não haver mais a

produtividade. Portanto, todos exercem influência na transferência de pacientes e

que estão fora da competência da gestão local.

Entretanto, apesar de haver uma melhoria na prestação dos serviços, ao

analisar o relatório do TCE, este faz referencia a diminuição do número de

atendimento nos hospitais estudados, durante o ano de 2011, comparado ao ano de

2010, no setor de internação. Ou seja, antes e depois da implantação da gestão

profissionalizada. Havendo uma ampliação do atendimento em outros segmentos.

No HRCR, verificou-se que houve uma diminuição nos atendimentos

realizados em ambulatório e internação, com uma queda de 14,21% em ambulatório

e 7,46% em internação. Quanto aos pacientes atendidos na emergência houve um

acréscimo de 10,35% (PIAUÍ, 2012a). E no HRCF, verificou-se que houve um

aumento de 18,74% nos atendimentos ambulatoriais, uma diminuição de 1,49% nas

internações e um aumento de 33,71% nos atendimentos de emergência (PIAUÍ,

2012b).

57

5.6 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DA TENTATIVA DE

PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO

Não ocorreram processos contínuos de acompanhamento de iniciativas

da SESAPI. Apesar desta ser a mais interessada no processo, para validar seu

programa. Foi elaborado apenas um relatório de monitoramento pela secretaria para

cada unidade hospitalar escolhida para o estudo. A despeito de ser uma avaliação

pontual, esta foi realizada após a implantação da gestão profissionalizada. Portanto,

teve seu grau de importância para esta pesquisa. Além disso, este relatório de

monitoramento foi realizado por pessoas que pertencem aos mais diversos

segmentos da secretaria, gestão hospitalar, financeiro, pessoal e outros, tendo por

isso uma riqueza de detalhes e informações.

E isso tudo interfere na avaliação do processo pela SESAPI, dificultando a

análise deste programa, já que não houve acompanhamento por mais tempo.

Somado a isto, houve um incêndio na sede da secretaria com perda importante de

material. Em consequência, houve contenção de gastos, afetando diretamente as

viagens dos servidores para elaboração do relatório de monitoramento dos hospitais

estudados.

Com a perda total de todos os documentos, foi necessário contar com a

memória e boa vontade dos servidores, para acompanhamento das ações realizadas

pela secretaria (PIAUÍ, 2013). E os demais documentos que registraram o processo

de seleção do gestor hospitalar foram perdidos no incêndio. Transcrevem-se os

trechos das entrevistas que enfatizam isso.

Entrevistado 01 SESAPI: “[...] nenhum documento ficou a salvo. Todos

eles se foram de forma que a memória disso se prejudicou. Nós conseguimos ainda

recuperar alguma coisa em função dos próprios hospitais de origem, mas se eu lhe

dissesse que temos na íntegra seria uma inverdade. De um modo geral, tivemos que

retomar todo esse percurso, no momento em que estava no auge todo processo sua

parada foi forçada, até regredindo um pouco em função das viagens de

monitoramento que tiveram de ser replanejadas e tivemos um período de suspensão

[...]” (Informação verbal).

Entrevistado 03 SESAPI: “[...] Nós registramos tudo. O início, o meio e o

fim. Tudo foi registrado em ata. Desde o edital de abertura, o processo

classificatório, todas as matrizes utilizadas, mas lamentavelmente perdemos tudo

58

naquele incêndio ocorrido na sede da SESAPI... Então, por conta dessa catástrofe,

ficamos sem a memória física desse certame, tudo que temos está registrado na

nossa memória [...]” (Informação verbal).

Esses fatos corroboram com a ideia da fragilidade dos processos

avaliativos e o monitoramento da iniciativa de profissionalizar os gestores

dificultando a análise feita por esse estudo.

5.7 IMPARCIALIDADE DO PROCESSO SELETIVO

O processo seletivo ocorrido através do edital, que selecionou os gestores

hospitalares, ocorreu de maneira imparcial. A pesquisa não constatou interferências

políticas partidárias sobre a escolha de gestores no caso estudado, nem no nível

central, na secretaria, nem local, nos hospitais. Houve apenas registro de auxílio

prestado por representante do poder legislativo estadual, no sentido de facilitar a

obtenção de recurso público para serem aplicados no hospital regional sediado na

cidade de Piripiri.

Uma comissão foi responsável pela elaboração do edital e participou na

avaliação dos gestores, acompanhando os selecionados durante a capacitação com

uma equipe multidisciplinar. O Governador e a Secretária de Saúde não

influenciaram nas decisões tomadas pela comissão de seleção. Assim, as escolhas

dos gestores recaíram sobre essa comissão. Segundo evidencias colhidas, houve

tentativas de influencia política partidária, através de pessoas com mandatos

políticos, mas não foi aceita pelo chefe do executivo estadual, nem pela secretaria,

durante a realização do processo de seleção e depois que os gestores estavam

desempenhando suas funções.

Ressalta-se que houve eleições municipais no ano de 2012. E neste

período, mais uma vez as pessoas envolvidas no pleito eleitoral solicitaram a

substituição dos gestores profissionalizados, porém não obtiveram êxito.

Entrevistado 02 SESAPI: “[...] nós vimos pessoas que eram totalmente

contra o governo que assumiram estes hospitais e estão fazendo um ótimo trabalho.

E se afinaram com a equipe, tendo um bom desempenho na parte técnica. As

divergências políticas foram deixadas de lado, para focar a melhoria do serviço de

saúde, já que a população é a maior beneficiada [...]” (Informação verbal).

59

Entrevistado 03 SESAPI: “[...] Procuramos ser bem minuciosos para não

sermos injustos, até porque os próprios candidatos não estavam acreditando na

lisura do processo... O governador afirmava que todos os gestores hospitalares

deveriam ser submetidos ao processo seletivo, gostaria que fosse por mérito

pessoal, pela qualificação, técnica e experiência gerencial... Para se ter uma ideia,

em um dos municípios a pessoa selecionada era uma das maiores adversárias

políticas do Governador daquele município. E o próprio Governador só tomou

conhecimento quando nós enviamos a relação com o nome dos aprovados [...]”

(Informação verbal).

E na gestão local, os diretores e coordenadores, que auxiliam no trabalho

das unidades de saúde hospitalar, foram indicados pelos próprios diretores

selecionados pelo processo do edital. Também não foram influenciados pela política

partidária. Inclusive, todos os cargos comissionados de Direção e Assessoramento

Superior – DAS, bem como aqueles de Direção e Assessoramento Intermediário –

DAI, pertencentes à esfera administrativa dos hospitais regionais, foram remetidos à

direção do hospital, para que o próprio diretor escolhesse as pessoas que estariam

aptas a dirigir o hospital junto com ele.

Antes deste processo seletivo, a nomeação dos gestores hospitalares não

seguia um padrão, geralmente se adotava a indicação pelo apadrinhamento político,

pela amizade com o Governador ou com o Secretário de Saúde, com diretores da

secretaria e outros motivos. Esta prática era bastante comum na esfera

administrativa da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí, já que estes cargos têm

livre nomeação e exoneração, também conhecidos na gestão pública por cargos

comissionados.

Por outro lado, a exoneração desses gestores era dificultada por sua

ligação com os padrinhos políticos e sua relação de amizade, que proporcionavam

sua permanência no cargo por mais algum tempo, mesmo sabendo dos maus

resultados para a gestão.

Todos os novos gestores ao assumir a função sabiam que estavam no

cargo por mérito próprio. No entanto, se não houvesse um bom desempenho, eles

poderiam ser substituídos. Afinal, a seleção não garantiu estabilidade no emprego, já

que os cargos continuaram sendo comissionados. Abaixo, destacam-se alguns

trechos das entrevistas que demonstram estes resultados.

60

Entrevistado 01 SESAPI: “[...] nos sentimos mais a vontade em

estabelecer esse processo seletivo, até também para ficarmos mais a vontade num

momento de uma exoneração, caso fosse necessário [...]” (Informação verbal).

Entrevistado 02 SESAPI: “[...] uma seleção daquele tipo tira exatamente a

questão política e prioriza a capacidade técnica de cada um... algumas vezes, um

hospital não estava a contento e nós levávamos o problema para o secretário ou a

secretaria de saúde, relatando que o gestor daquela referida unidade não estava

desempenhando um bom papel [...]” (Informação verbal)

Entrevistado 03 SESAPI: “[...] Eles não eram selecionados, eles eram

indicados. A indicação era puramente por critério política partidário, não se levava

em conta a sua formação e preparo técnico. Não se avaliava a experiência e nem

currículo, para verificar a formação acadêmica [...] O desastre era grande. Por

diversas vezes, nos deparamos com situações adversas no serviço que facilmente

seriam contornadas por gestores que tivesse o mínimo de preparo [...]” (Informação

verbal).

Tentou-se com o edital evitar ações não planejadas por parte dos novos

gestores, pois todos teriam metas a cumprir, baseada na carta de intenção de

trabalho, a qual também foi usada para avaliar o candidato.

5.8 LIMITAÇÕES DO EDITAL

Um dos motivos alegados pela gestão central para não colocar os cargos

de diretores dos hospitais estaduais localizados em Teresina disponíveis para o

processo de seleção exposto no edital em estudo, sendo escolhidos somente os

localizados no interior do Estado, foi a dificuldade gerencial nos hospitais da capital.

Outro motivo seria a proximidade física entre os hospitais da capital com a sede da

secretaria, fato que facilita o contato mais próximo e melhorando a relação entre os

gestores.

Há também a ausência de relatos, nas entrevistas e documentos

pesquisados, a respeito de problemas administrativos gerados pelos diretores gerais

de hospitais da capital, que possam ter resultado em problemas, comprometendo a

gestão de alguma maneira. Não exigindo uma intervenção mais consistente por

parte da secretaria de saúde.

61

A dificuldade gerencial deriva da gestão plena do SUS existente em

Teresina. Em que o município tem autonomia administrativa sobre as verbas do

SUS, cabendo a ele decidir o destino, já que o repasse do ministério da Saúde vem

direto para o município. E os hospitais estaduais, que são especializados, estão sob

a gestão do estado. Então, o recurso destinado a estas unidades de saúde é feita

pela gestão municipal. Havendo assim, uma dificuldade na administração hospitalar,

quanto ao aspecto financeiro, para o recebimento de valores referentes aos

procedimentos realizados, correspondentes a Autorização de Internação Hospitalar

(AIH).

Ainda há complicações na contratualização dos serviços, pois estes são

acordados entre entes federativos distintos, município e estado, devendo haver as

contrapartidas. E isso leva a transtornos burocráticos. No final, há necessidade de

repasse do tesouro estadual para suplantar tais obstáculos.

Um fato interessante é que os hospitais de referencia na capital estão sob

a gestão do Estado, com exceção do Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

Assim, na capital, o Estado é o responsável administrativamente por estas unidades

de saúde, no entanto, não controla a aplicação da verba do SUS. E esta é realizada

mediante assinatura de convênio para a prestação de serviço.

Portanto, acredita-se que por estas razões, os hospitais estaduais

localizados na capital não tiveram seus gestores selecionados pelo edital, mesmo

prestando serviços altamente especializados, compondo o terceiro nível de atenção

na saúde no Estado do Piauí, sendo que estas unidades de saúde são referencia

para todo o Estado. Já que não existem outros hospitais no Piauí para prestar os

serviços de atendimento mais específico.

Entrevistado 01 SESAPI: “[...] Na capital, nós temos a gerência de saúde

do Estado e não temos a gestão. A gestão é de responsabilidade da prefeitura já

que aqui ocorre a gestão plena, os recursos do SUS vêm todo para o município de

Teresina. E o que vai para os hospitais do SUS, vai via Teresina... qualquer

problema de necessidade em um desses hospitais do Estado, o tesouro estadual é

que tem que garantir [...]” (Informação verbal).

Entrevistado 02 SESAPI: “[...] Em relação aos hospitais da capital, como

eles estão mais próximos da gente, da sede do Governo, no seu dia a dia, fica mais

fácil para a gente acompanhar seu desempenho. Temos melhor acesso aos

diretores, mantendo um contato mais próximo [...]” (Informação verbal).

62

O que a princípio parece ser contraditório, tendo em vista que os gestores

selecionados pelo edital proporcionaram uma melhoria no atendimento prestado nos

hospitais estudados sediados nos municípios do interior, conforme o resultado deste

estudo de caso realizado em duas unidades de saúde: Hospital Regional Chagas

Rodrigues e Hospital Regional Cândido Ferraz. O primeiro sediado, na cidade de

Piripiri e o segundo na cidade de São Raimundo Nonato.

Mas, fazendo-se uma relação com a situação encontrada na capital, já

mencionado acima, isso reforça a ideia de que a má gestão em função da indicação

política de pessoas sem comprometimento com a gestão, sem a adoção de critério

técnico, para o preenchimento dos cargos de diretor, pode ter motivado fortemente a

limitação do processo de seleção aos hospitais regionais estaduais.

5.9 COMPARATIVO DO DESEMPENHO DA GESTÃO HOSPITALAR

Neste tópico, relatam-se os resultados encontrados nas entrevistas, nos

relatórios do TCE e relatório de monitoramento realizado pela Secretaria de Saúde

do Estado, fazendo uma triangulação dos dados.

Fez-se uma comparação do relatório de controle externo do TCE, entre os

documentos elaborados no ano de 2010 e o ano de 2011. Ou seja, analisaram-se os

dados referentes ao período sem gestão profissional e após a nomeação do gestor

selecionado pelo edital. E como o relatório de auditoria externa seque um padrão,

este foi um bom instrumento de avaliação do programa. Outro detalhe é que esta

fiscalização é contínua, feita anualmente. Ao final, conflitaram-se estas informações

com o relatório de monitoramento e com as entrevistas.

O que já não foi possível fazer com o relatório de monitoramento, pois

este não foi contínuo. Não se podendo comparar os documentos desta natureza

com o antes e o depois da gestão profissionalizada. Este documento foi realizado

através de visita aos hospitais ora em apreço. Todas elas ocorrendo após a

implantação do programa. Possuindo uma riqueza de detalhes devido à equipe

multidisciplinar que o elaborou. Por este aspecto, este documento colaborou com a

pesquisa, no sentido de oferecer dados referentes aos hospitais estudados que não

se encontrava no relatório de auditoria do TCE. Outro ponto, as informações

63

encontradas neste documento são de natureza mais técnica, retratando com

fidedignidade o cotidiano do hospital. Também os dados aqui encontrados foram

comparados com aqueles obtidos no relatório de auditoria do TCE e nas entrevistas.

Os dados obtidos nas entrevistas foram confrontados com aqueles

existentes nos documentos oficiais acima expostos. Somente depois, elas foram

aceitas como coerentes. Além disso, houve observação de convergência nas

informações relatadas pelos entrevistados. Ou melhor, no material das entrevistas

ficou evidente um alinhamento de ideias quanto ao processo de implantação deste

programa pela SESAPI.

Assim, uma das melhorias encontrada foi o aumento da resolutividade. No

entanto, este achado não foi mérito exclusivo do gestor selecionado. Fato já

abordado em item acima deste trabalho.

Existem outros achados com aspectos positivos, como a implementação

de sistema informatizado, que auxiliou a gestão nas atividades cotidianas,

observado no relatório do TCE e nas entrevistas. Outro ponto favorável foi o

aumento do empenho dos gestores em suas administrações, que foi um pré-

requisito exigido pela SESAPI. Aqueles que não atendessem as expectativas da

secretaria seriam substituídos por outros. Ligado a este aspecto, ressalte-se que os

gestores dos hospitais em estudo são naturais dos municípios sede, tendo

residência fixa na cidade, conforme questionário. Há também o entrosamento da

equipe, já que esta foi escolhida pelo próprio gestor, sem interferência externa,

existindo uma relação de confiança.

Também ocorreram cursos de qualificação dos servidores, a maioria

solicitada pelos novos gestores locais, com o apoio da gestão central. Houve

intensificação da política de humanização no atendimento, inclusive promovendo a

acessibilidade aos portadores de necessidades especiais. Aconteceu a implantação

de serviços antes inexistente, como a ouvidoria, informações obtidas no relatório do

TCE, no relatório de monitoramento e nas entrevistas.

O aspecto liderança dos novos gestores também foi percebido, bem como

a aptidão de resolver conflitos, promovendo a harmonia na relação com as pessoas

pertencentes aos mais variados segmentos do serviço, no âmbito hospitalar. Quanto

a SESAPI, a gestão local estreitou a relação, estando mais presente na sede da

secretaria, reivindicando melhoria no serviço. Os resultados positivos relacionados

64

ao gestor foram melhores percebidos no Hospital Regional sediado em São

Raimundo Nonato.

Entretanto, algumas dificuldades persistiram. Entre elas, tem-se a

prestação de contas e controle dos servidores lotados nos hospitais, sistema de

saúde local desorganizado e a falta de alguns aparelhos essenciais para realizar

exames complementares que auxiliam no correto diagnóstico, informações obtidas

no relatório do TCE, no relatório de monitoramento e nas entrevistas.

Há muitas informações nos relatórios do TCE sobre esse tópico, pois nele

se analisa vários segmentos, como pessoal, licitação, almoxarifado, patrimônio,

prestação de contas, orçamento, despesa e desempenho dos serviços, neste está

relacionado o número de procedimentos realizados no hospital. Analisando estes

relatórios do TCE, percebe-se que o gestor permanece com dificuldades na gestão

administrativo-financeira, pois há várias irregularidades nesta área, como licitações e

contratos, prestação de contas e pagamentos de despesas. Ficou evidente ainda

que a equipe gestora não trabalha em conjunto ou não tem preparação técnica

suficiente para suprir estas dificuldades. Em sua defesa, os gestores locais

argumentaram que o tribunal muda constantemente os procedimentos de prestação

de contas. Fato também percebido no relatório de monitoramento da SESAPI.

Sequem as observações feitas ao Hospital Regional Candido Ferraz

durante análise dos relatórios do TCE, referente aos anos de 2010 e 2011, ou seja,

antes e depois da gestão profissionalizada:

Constatou-se que o hospital realizou dois procedimentos licitatórios para a

aquisição de material de higiene e limpeza, em um ano, o que demonstra falta de

planejamento (PIAUÍ, 2011b). A prestação de conta teve uma melhora, não havendo

grande divergência dos valores apresentados. No entanto, percebe-se que as

dificuldades na área financeiro-contábil permanecem, principalmente na adequada

classificação das despesas, apesar de existir o Manual Técnico de Orçamento do

Estado do Piauí (PIAUÍ, 2012b). Este último dado também se observou no relatório

de monitoramento.

O pagamento de diárias aparece novamente com irregularidade, quando

comparado ao ano anterior. Porém, o período sob a gestão profissionalizada

apresenta mais falhas, como valor incompatível com o cargo, número de diárias

acima do permitido no ano e realização do pagamento depois da viagem (PIAUÍ,

2012b).

65

No entanto, o item controle interno na nova gestão inovou, fazendo uma

pesquisa de satisfação com o paciente (PIAUÍ, 2012b). Mas, esta novidade fica difícil

de avaliar por não ter ocorrido no ano anterior este mesmo procedimento (PIAUÍ,

2011b). Esta informação também aparece nas entrevistas.

Cabe acrescentar que na pesquisa realizada com os pacientes, as

respostas obtidas indicaram que o Hospital Regional Cândido Ferraz apresenta uma

razoável higienização, bom atendimento, tanto por parte dos médicos, quanto por

parte dos demais profissionais, havendo bom diálogo entre médicos e pacientes.

Quanto ao tempo de espera para atendimento, 50% dos pacientes entrevistados

consideraram que há demora em ser atendido nas suas consultas (PIAUÍ, 2012b).

Detectou-se um sistema informatizado no almoxarifado e serviço de

nutrição, implantado na atual gestão, para o controle do setor, porém as entradas e

saídas são feitas em fichas manuais e diariamente são lançadas no sistema. O

controle de medicamentos é feito em um sistema informatizado, de forma que as

entradas são lançadas à medida que os medicamentos e materiais são recebidos e

as saídas são registradas diariamente (PIAUÍ, 2012b). Esta última informação foi

relatada nas entrevistas.

Observações feitas sobre o Hospital Regional Chagas Rodrigues nos

relatórios do TCE referente aos anos de 2010 e 2011, constatam os mesmos

problemas, antes e depois da gestão profissionalizada. Durante o exercício de 2011,

o hospital realizou procedimentos de dispensa de licitação para aquisição de

medicamentos, o qual ultrapassou o montante estabelecido na Lei nº 8.666/93, para

compras e contratações (PIAUÍ, 2012a).

A gestão do hospital não prioriza o cadastro dos profissionais no CNES,

dificultando assim o controle das informações, sendo necessário conferir a

autenticidade dos dados inseridos neste sistema, no sentido de coibir a permanência

de dados inconsistentes (ou não), tais como a de carga horária superior ao

permitido, o que pode piorar a qualidade de vida e a sua atuação dos profissionais

da saúde, podendo existir o estresse e/ou cansaço, que pode comprometer o

atendimento aos pacientes. Além disso, pode ocorrer rejeição da produção

ambulatorial e hospitalar (PIAUÍ, 2012a). O que também foi percebido pelo relatório

de monitoramento, inclusive fazendo recomendações a respeito.

Segundo o artigo 7º da Lei Complementar nº 63 de 11/01/06, que

regulariza as gratificações aos profissionais da saúde no âmbito do Estado do Piauí,

66

esta determina que tais gratificações absorvam a vantagem recebida a título de

plantões ou Plantões no Pronto Socorro, a gratificação de produtividade atualmente

paga, a gratificação por condições especiais de trabalho e a parcela denominada

vantagem pessoal. Mas, não existe esta discriminação de gratificações nos

pagamentos realizados aos servidores, tudo é produtividade (PIAUÍ, 2012a). Este

tipo de incentivo também foi registrado nas entrevistas.

Além disso, há outra portaria da SESAPI que estabelece valores máximos

a serem pagos a título de Gratificação de Incentivo à Melhoria da Assistência à

Saúde (GIMAS) para os setores integrantes da sede da SESAPI (com exceção do

LACEN, do HEMOPI e dos hospitais vinculados à SESAPI). Porém, foi constatado

que o hospital paga a GIMAS, sem haver critérios específicos definidos de valores,

sejam máximos ou mínimos (PIAUÍ, 2012a).

O relatório de monitoramento foi coordenado pela mesma pessoa, mas

algumas que compõem a equipe mudaram. Assim, todos os relatórios têm o mesmo

padrão de análise, pois possuem um só formato. O que ajudou na avaliação dos

hospitais.

Seque os achados no relatório de monitoramento sobre o Hospital

Regional Candido Ferraz, o qual foi realizado baseado na visita em loco, nos dias 30

e 31/08/2011. Portanto, cinco meses depois que a nova gestora assumiu o cargo. O

que pode ser pouco tempo para se realizar uma avaliação, mas que tais informações

foram fundamentais para guiarem esta pesquisa. Para preencher as possíveis

lacunas, os dados deste documento foram comparados com as informações

constantes nas entrevistas e relatórios de auditoria do TCE.

Não há Plano Operativo do Hospital elaborado ou em execução, portanto

sem Planejamento Estratégico definido pela equipe multiprofissional do Hospital. A

Missão não está descrita e visível aos usuários do SUS. Não existe Regimento

Interno do hospital.

Não existem Comissões constituídas e institucionalizadas, conforme

prevê a legislação do SUS: Comissão de Ética, Comissão de Controle de Infecção

Hospitalar, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), Núcleo de

Epidemiologia e Comissão de Investigação da Morte Materna e Infantil. Os

Protocolos Clínicos não estão institucionalizados como rotina da equipe

multiprofissional de saúde. Realizam a atenção à saúde de forma autodidata.

67

Para reforçar a dificuldade em administrar os recursos humanos, citam-se

dois casos: um servidor está ocioso, segundo informações do hospital ele se

encontra em Brasília. Outro servidor, que também está ocioso, tem suas faltas não

informadas por conta que em seu lugar está trabalhando sua esposa. Este fato está

registrado também no relatório de auditoria do TCE e nas entrevistas, de maneira

sucinta e com outra abordagem.

Outra evidencia é a prestação de serviço por 19 (dezenove) servidores

terceirizados pagos com a produtividade (GIMAS) do hospital, segundo a direção é

de extrema necessidade essa terceirização por conta da demanda do hospital. Na

analise aos prontuários dos servidores observou que as portarias de férias

comprovam o gozo, no entanto a direção vem tento dificuldade em cumprir os

exercícios que é de direito aos servidores por falta de pessoal. Esta informação

também consta nas entrevistas.

A seguir, destacam-se os achados sobre o Hospital Regional Chagas

Rodrigues, conforme relatório de monitoramento realizado pela SESAPI no ano de

2012, o qual foi realizado baseado na visita em loco, no dia 06 de março de 2012.

Portanto, um ano depois que o novo gestor assumiu o cargo. Tempo que se julga

adequado para registrar alguma mudança.

O hospital encontra-se com a Licença Sanitária vencida. Possui Alvará de

funcionamento e não tem registro de imóvel. O Plano de Gerenciamento de

Resíduos de Serviços de Saúde está em fase de elaboração por orientação da

Vigilância Sanitária, considerando ser necessário para o credenciamento da UTI e

organização da coleta seletiva de resíduos do hospital. A UTI foi inaugurada em

05/12/2011. Fato ressaltado pelo diretor na entrevista, de maneira resumida.

Não há Plano Operativo do Hospital elaborado ou em execução, portanto

sem Planejamento Estratégico definido pela equipe multiprofissional do Hospital.

Não foi apresentado o Regimento Interno do hospital e Manual de Normas e

Rotinas.

Das Comissões que devem ser constituídas e institucionalizadas,

conforme prevê a legislação do SUS, quais sejam: Comissão de Ética Médica;

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; Revisão de Prontuário; Grupo de

Trabalho de Humanização e Comitê Hospitalar de Prevenção da Morte Materna e

Infantil e Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) não estão

implantadas.

68

Devido à complexidade do hospital, foi implantado um sistema de

informatização dos Medicamentos para evitar desperdícios, assim ter uma economia

de escala e controle de estoque. No entanto, não existe computador na farmácia e o

controle é realizado por outro profissional que acompanha o setor. Este fato está

registrado também no relatório de auditoria do TCE e nas entrevistas, com outra

abordagem.

No almoxarifado não há um local reservado para armazenamento de

materiais de limpeza e de gêneros alimentícios. O controle de entrada e saída de

material é manual e feito através de fichas. Também observado no relatório de

auditoria do TCE.

O hospital não dispõe de um quadro próprio de pessoal, atuando

prestadores de serviço com vínculo; servidores efetivos da Secretaria de Saúde do

Estado, com lotação neste e prestadores de serviço sem qualquer vínculo. A direção

tem dificuldades em conceder as férias dos servidores, pois estas causam prejuízos

às atividades rotineiras do hospital. Outra informação também encontrada no

relatório de auditoria do TCE e nas entrevistas.

Constatou-se a inexistência de determinados equipamentos necessários à

rotina hospitalar, como o tomógrafo. Agrava-se o fato já que na cidade não há outro

equipamento conveniado ao SUS, o que obriga o transporte do paciente até

Teresina para fazer uma tomografia ou ser avaliado por um neurologista. Dado

obtido também nas entrevistas.

É considerável o número de Autorização de Internação Hospitalar (AIH)

que foram glosadas, o que compromete o financiamento do hospital, conforme relato

da diretoria por motivo do Código Brasileiro de Ocupação (CBO), porque há

problemas nos vínculos empregatícios dos médicos com outros estabelecimentos de

saúde. Fato percebido na análise do relatório do TCE. Ainda há dois apartamentos

que recebem pacientes privados, o que fere o princípio da universalidade do SUS.

A Secretaria Municipal de Saúde em conjunto com o hospital não tinha

providenciado o processo de habilitação dos leitos de UTI para a consequente

cobrança e pagamento de Autorização de Internação Hospitalar. Dado registrado

também nas entrevistas.

Outro achado nas entrevistas que merece destaque é a assistência

básica de saúde, especialmente a Estratégia Saúde da Família - ESF, nos

municípios onde estão sediados os hospitais em estudo, por não funcionar

69

adequadamente, faltam médicos e outros profissionais, além de material de

consumo, medicamentos e outros. O que acarreta uma sobrecarga no serviço

hospitalar, pois a população ao não receber atendimento básico, dirige-se ao serviço

na atenção de média e alta complexidade. Também observado no relatório de

monitoramento da SESAPI.

Quadro 4 - Resumo comparativo de desempenho dos hospitais analisados, durante o período do estudo.

ASPECTO COMPARADO HRCR HRCF

Aumento da resolutividade do serviço Sim Sim

Implantação de serviço informatizado Sim Sim

Aumento de empenho do gestor Sim Sim

Realização de cursos qualificantes para servidores

Sim Sim

Instalação de ouvidoria Não Sim

Dificuldades na prestação de contas Persiste Persiste

Dificuldades no controle de pessoal Persiste Persiste

Dificuldades na gestão administrativa e financeira

Persiste Persiste

Instalação de comissões institucionais Ausente Ausente Fonte: autor da pesquisa.

Assim, sequem segmentos das entrevistas para comprovação destes

resultados, enriquecendo este trabalho.

Entrevistado 01 São Raimundo Nonato: “[...] Houve melhoria?

Significativa, em termos de organização, de todos os setores, em termo da infra-

estrutura também, onde havia necessidade de melhorias de acessibilidade também,

em termos de capacitação de profissionais, valorização de profissionais, houve uma

melhoria bem significativa [...] A gente acredita que a dificuldade seja do PSF que

não executarem as suas funções, né? As pessoas vão, não acham atendimento, e

vem pro hospital [...]” (Informação verbal).

Entrevistado 03 SESAPI: “[...] Nós percebemos facilmente a diferença de

trabalhar com o gestor que tem preparo específico para um que não tem preparo

nenhum, que era apenas uma indicação política. Temos gestores selecionados por

este processo que tem surpreendido, por sua tomada de decisão. Pela sua

habilidade gerencial e capacitação [...] Não podemos dizer que foi cem por cento,

porque há outras variáveis envolvidas que são alheias a gestão hospitalar. Mas, na

medida do possível, eles são bastante resolutivos, correspondendo à expectativa

[...]” (Informação verbal).

70

Dessa maneira, evidenciou-se que são vários os fatores que influenciam a

qualidade da gestão hospitalar. O gestor público hospitalar é apenas um deles,

porém fundamental neste processo de mudança. Outro aspecto é o recurso humano

disponível. Este quando suficiente, é desqualificado. Daí, a importância da

qualificação deste na gestão hospitalar. O aspecto financeiro também tem

relevância, pois sem os investimentos, aquisição de material e equipamentos,

reformas e ampliações, bem como a realização de cursos para os funcionários, não

teriam alcançado estes resultados. Portanto, este avanço na melhoria da gestão

pública hospitalar no Estado do Piauí teve suas limitações, porém foi significativa,

tendo em vista a realidade referenciada anteriormente à tentativa da gestão

profissionalizada.

71

6 DISCUSSÃO

No trabalho de Coelho (2008), observa-se que a crise econômica mundial

dos anos 80 provocou mudanças profundas em todos os setores e desencadeou um

conjunto de reformas, incluindo aí todo o setor público. Esta crise atingiu gravemente

o Estado do Piauí, em virtude de sua economia frágil, baseada no setor primário. A

organização do sistema de saúde no Estado é o reflexo de todo processo de crise e

reforma que afeta a capacidade de gestão dos hospitais públicos nesse contexto.

Acrescente-se a esse cenário o forte patrimonialismo que marca tais organizações

capitaneadas por esquemas de sustentação política de longa data. As mudanças

observadas aconteceram de maneira lenta, devido à própria desorganização da

máquina pública, fato que retardou alguns processos como a profissionalização dos

cargos de gestor público hospitalar.

As organizações de saúde, antes voltadas para a assistência sem

preocupação com a gestão em si estão sendo forçadas a otimizar os recursos. Isso

fica demonstrado neste estudo, quando o Estado do Piauí lança o edital de seleção

para gestores públicos hospitalares. Fazendo lembrar Martins (1992), que defende a

busca pela qualidade e eficiência na agenda pública, revisando os conceitos e

valores na relação paciente e serviço de saúde, a fim de oferecer um atendimento de

qualidade.

E isso é perfeitamente visível no caso em estudo quando se fala das

motivações para a mudança, na forma de preencher os cargos de gestor público

hospitalar nos hospitais regionais do Sistema Único de Saúde no Piauí. E vai além,

pois assessoria dos membros docentes e técnicos da UESPI durante o processo,

bem como a seleção de profissionais disponíveis nos mais variados segmentos

estiveram presente neste processo analisado. E conforme Abrucio (2007), trazer

profissionais do mercado e da academia para “oxigenar” a gestão pública e

incorporar novas técnicas e conhecimentos para melhorar o serviço é de suma

importância para o processo.

Portanto, neste segmento, a mudança feita pelo Governo do Estado,

através da Secretaria de Saúde é parte da reforma do Estado brasileiro, ocorrida de

maneira tardia no Piauí. Este processo busca otimizar a burocracia, tentando

introduzir a profissionalização, eficiência, efetividade e transparência, além da

responsabilização do representante do poder público. Esse é o cerne da nova

72

administração pública observada em governos com orientação de diferentes matizes

ideológicas.

Assim, a implantação desse programa representa a transformação da

gestão hospitalar, refletindo também mudanças no sistema de saúde. Neste aspecto,

Lima, Faveret e Grabois (2006), afirma que nesta perspectiva a gestão destas

unidades e o debate em torno de modelos gerenciais mais adequados assumem um

papel fundamental. Entretanto, para aplicar este programa, o Governo precisa ter

capacidade administrativa e articulação com os outros entes envolvidos no processo.

Conforme Rua (2009), o primeiro requisito é a Governabilidade, que é a

legitimidades das propostas e seus proponentes para induzir mudanças na forma do

preenchimento de cargos da gestão. A segunda é a Governança, que é a

capacidade de bem articular os diversos interesses, para implantar o programa

efetivamente. No caso em estudo, percebe-se que o Governo do Estado do Piauí

enfrentou resistências para colocar em prática aquilo que foi planejado. Aspectos

importantes explorados pela pesquisa apontam para obstáculos no tocante a

governança e continuidade dos processos de mudança face à resistência da

corporação médica.

Ocorreu neste caso específico uma quebra de continuidade do programa

recentemente implantado. E este fato está associado ao que Bresser Pereira (2008),

comenta sobre o que ocorre durante a mudança da administração do Estado, em

que há a sobrevivência do patrimonialismo e do enrijecimento burocrático, muitas

vezes misturado, podendo gerar o alto custo e a baixa qualidade da administração

pública brasileira. Segundo a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio

(2001), um forte clientelismo político e uma tradição frágil no comando gerencial se

somam para resultar na baixa qualidade e produtividade do serviço em saúde

comprometendo iniciativas de mudança como se observa quando há substituição de

gestores por aqueles não selecionados pelo edital.

A imposição dos profissionais médicos aceita pela SESAPI, no transcorrer

do programa provoca questionamento da sua implementação, no tocante ao aspecto

da governabilidade e governança. Uma vez que, segundo o edital de seleção,

assumiriam a função de diretor geral dos hospitais regionais somente aqueles

aprovados pelo processo seletivo. Ressalte-se que este cargo é comissionado, com

livre nomeação e exoneração, a critério do governador. E este processo adotou

critérios técnicos para auxiliar na indicação de pessoas para o cargo. Mas, não se

73

pode esquecer que a disputa pelo poder é marcante no interior da administração

hospitalar. Assim, os problemas de governança podem decorrer da falta de um pacto

político ou de uma coalizão de classes que ocupe o centro do espectro político como

afirma Bresser Pereira (2008).

Desse modo, na gestão hospitalar existe disputa, provocada por atores

que têm interesses divergentes: os usuários; os profissionais; as empresas de

materiais e produtos; os estabelecimentos privados e o Governo. Portanto, a

reflexão sobre a organização e a gestão dos serviços de saúde deve considerar

estas particularidades (DUSSAULT, 1992). No entanto, o processo de seleção não

levou em consideração tais possibilidades. Em especial, a disputa entre os

profissionais de saúde e o Governo, representado pela SESAPI.

Este acontecimento também se encontra referenciado em Moliani (2000).

Onde este autor relata a presença de desafios nas organizações hospitalares, sendo

a fonte principal do conflito a multiplicidade de atores e profissões existentes no

hospital. Estes são melhores descritos por Cecílio (2002), como uma série de "pares

de opostos": o alto grau de especialização e autonomia dos profissionais versus a

necessidade de coordenação do trabalho e da organização; o poder técnico

concentrado nos profissionais da organização versus o poder administrativo da

direção. Segundo Gurgel Jr. (2011), essas inovações gerenciais, com novos

modelos institucionais e mecanismos de governança ainda requer um grande

esforço por parte do Estado brasileiro para transpor obstáculos dos modelos

tradicionais da administração pública.

Outro ponto, é que durante o exercício de 2010, o orçamento destinado

ao Hospital Regional Cândido Ferraz teve um aumento de 48%, transparecendo um

aumento da autonomia financeira. Mas, para Forgia e Couttolenc (2009), embora

seja um ingrediente necessário, a autonomia administrativa e financeira não é capaz

de melhorar o desempenho nos hospitais públicos, por si só. Também são

necessários contratos de serviço, bem como o seu cumprimento, além de um bom

gerenciamento de recursos humano e um sólido ambiente de informações.

Vale ressaltar que se deve saber que o serviço prestado na área da

saúde depende da força de trabalho bem treinada, motivada e satisfeita com e no

trabalho. Não se esquecendo dos equipamentos e instalações físicas em bom

estado de funcionamento e limpeza (ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM

74

VENÂNCIO, 2001). Esses aspectos foram observados no presente estudo ocorrendo

concomitante ao processo de seleção de gestores públicos.

Assim, ocorreu em paralelo ao processo de seleção dos gestores

hospitalares, uma melhoria nas instalações físicas dos hospitais, aquisição de

materiais e equipamentos hospitalares, proporcionada pela SESAPI.

Apesar da melhoria de indicadores de resultados como queda nas

transferências de pacientes, ainda se observa irregularidades e problemas

administrativos nas avaliações dos órgãos de controle na gestão administrativa e

financeira, continuando com sérias limitações face ao padrão de gestão exigido.

Abrucio (2007) chama a atenção para a necessidade de aprofundar esses

processos, pois a administração pública brasileira só será mais eficiente e efetiva

caso possa ser cobrada e controlada pela sociedade.

Desse modo, a Secretaria de Saúde buscou combater os problemas que

o Estado enfrentava. No Hospital Regional Chagas Rodrigues, o orçamento do ano

de 2010, foi superior ao ano posterior. Este hospital foi um dos que mais recebeu

investimentos do Estado, durante o ano de 2011. Nesta unidade de saúde foi

instalada uma unidade de UTI, com contratação de uma equipe profissional

especializada na terapia intensiva. E ainda há uma construção de uma nova sede da

maternidade. Além de repasse direto do tesouro estadual com diversas finalidades

de uso. A estratégia da SESAPI em ambas as situações estudadas foi distinta.

No Hospital Regional Cândido Ferraz aumentou o orçamento e promoveu

ações de capacitação de pessoal que refletiram na melhoria da gestão. Já no

Hospital Regional Chagas Rodrigues se enfatizou as ações diretas com ampliação e

aquisição de equipamentos. E isso reflete nos resultados já que muitas decisões-

chave são tomadas fora do hospital, em nível central e tem forte influencia sobre os

resultados da tentativa do processo de profissionalização.

Este fato pode inibir a autonomia dos gestores selecionados inicialmente

expressa na proposta da secretaria. Para Forgia e Couttolenc (2009), tais restrições

no gerenciamento prejudicam os esforços para aumentar a responsabilização do

gestor. No HRCR, a diminuição do orçamento pode significar que a gestão anterior

teve dificuldade em gerir aquela unidade de saúde. Porem, na gestão dita

profissionalizada, os serviços continuaram sendo ofertados, inclusive foram

ampliados, com a implantação do UTI. Dessa maneira, fica claro que a SESAPI

tentou atuar em várias frentes, colocando em prática iniciativas que pudessem

75

melhorar o serviço de saúde ofertado em âmbito hospitalar. Mas, fazendo as

adaptações conforme a realidade de cada local.

A diminuição de transferência de pacientes para a capital ocorreu por

diversos motivos, dentre eles, as mudanças na forma dos serviços prestados e

implantação de novos serviços nos hospitais regionais. Estas mudanças também

foram provocadas pelos novos gestores hospitalares, com o apoio da gestão central,

que promoveu investimentos na prestação do serviço. Desse modo, segundo Ruthes

e Cunha (2007), uma equipe composta por profissionais com estabilidade

empregatícia e com capacidade técnica para o desenvolvimento de sua função, em

detrimento do uso de manobras e indicações políticas tão comuns na gestão pública

no país, teve sua parcela de contribuição.

Esta melhoria do serviço contribuiu para diminuir as transferências de

pacientes para a capital. No período crítico do carnaval, durante este grande

movimento de pessoas, as unidades de saúde, após o novo modelo de gestão

adotado pela Secretaria de Estado da Saúde, enfrentou um grande desafio. Mas, ao

final, percebeu-se que foi cumprindo um dos objetivos do programa, que era

aumentar a resolutividade dos hospitais regionais e estaduais de referência no

Estado do Piauí.

Por outro lado, não se pode esquecer a existência da fragilidade da

organização do atendimento na assistência básica, representado principalmente

pela Estratégia da Saúde da Família, a nível municipal, que provoca aumento da

demanda para o serviço hospitalar.

Um motivo que ocasionou essa redução foi a implantação do serviço de

trauma-ortopedia, iniciado em outubro de 2011, nas unidades de saúde de Campo

Maior, Oeiras, Piripiri e São Raimundo Nonato, locais onde antes não existiam.

Também houve uma integração entre os gestores, promovendo atendimento dos

pacientes em hospitais próximos ao município de origem. Como observa Marques

(2009), ações sobre a rede hospitalar pública carente de recursos e autonomia,

funcionando em condições inadequadas e muito além da sua capacidade, são

fundamentais para melhorar o desempenho dos serviços de saúde.

Entretanto, o relatório do TCE faz referencia a diminuição do número de

atendimento nos hospitais estudados, durante o ano de 2011, comparado ao ano de

2010, no setor de internação, sem fazer especificação do procedimento. Em Gurgel

Jr. e Vieira (2002), há uma explicação para isso. Segundo estes autores, as

76

características do serviço na área de saúde podem provocar dificuldades na

avaliação de desempenho das atividades desenvolvidas em um hospital, como a

variabilidade da assistência demandada e por cada paciente se comportar

subjetivamente de maneira diferente. Também há uma produção do serviço

executado por uma grande variedade de profissionais de diversos níveis de

escolaridade e formação, dificultando o registro adequado dos procedimentos

realizados.

No HRCR, o relatório do TCE também verificou que houve uma

diminuição nos atendimentos realizados em ambulatório e internação, havendo

acréscimo na emergência. E no HRCF, houve um aumento nos atendimentos

ambulatoriais e na emergência, com uma diminuição nas internações. Mais uma vez,

não há detalhamento dos procedimentos realizados.

Por outro lado, observou-se que os dados são poucos valorizados. O

controle estatístico ainda não é uma prática comum em nosso país. Para Rota

(2004), no Brasil, a avaliação dos hospitais baseia-se em indicadores de mais fácil

obtenção, tais como cirurgia por sala, partos por leitos obstétricos, exames, vacinas,

dispensação farmacêutica e taxa de necropsias.

No entanto, nos documentos analisados, os indicadores usados para

avaliação não sequem esta lógica. Não há especificação dos procedimentos

hospitalares, como cirurgia por sala. Estes indicadores estão apresentados de

maneira global, por área de atuação hospitalar, como atendimentos realizados no

ambulatório. Fato que colaborou na dificuldade da avaliação de desempenho do

hospital.

Portanto, somente o gestor hospitalar não poderia promover estas

melhorias no serviço, sem os investimentos e o apoio da SESAPI. Mas, ele pode ter

sido um instrumento para a realização da mudança. Pois, Fontinele (2002), já

afirmava que o administrador é um coordenador de pessoas, esforços, grupos,

atividades e tecnologias e profissional das relações humanas.

Assim, houve um grande passo com a implantação da meritocracia.

Porém, se fosse implantando a profissionalização da gestão, através de concurso

público, com posterior criação do plano de carreira, cargos e salários os resultados

poderiam ser melhores. Pois, profissionais valorizados trabalham melhor.

No entanto, houve a persistência de problema nos relatórios de órgãos de

controle externo e monitoramento da SESAPI, com evidencias de irregularidades

77

administrativas mesmo após a tentativa do processo de profissionalização. E esse

fato estar em coerência com o que afirma Dussault (1992), em relação às

dificuldades enfrentadas na gestão hospitalar, como a ética administrativa relativa à

escolha das prioridades, a alocação dos recursos, o que sempre implica em custos

de oportunidade num contexto de recursos limitados.

Mas, os mecanismos de controle, avaliação e regulação dos sistemas de

saúde são fundamentais para o desenvolvimento da gestão e do gerenciamento

local das unidades hospitalares, a fim de produzir avanços significativos na

superação da crise do sistema hospitalar no país (BRASIL, 2004). Desse modo,

ficou marcante que apesar dos resultados serem melhores do ponto de vista dos

objetivos da profissionalização da gestão, persistiram os problemas de conformidade

e irregularidades. Pois, persiste grande fragilidade na observação de normas legais

e descontinuidade de processos avaliativos. E este fato acarretou prejuízos no

seguimento do processo.

Outro instrumento de controle do programa foi o relatório de

monitoramento realizado pela secretaria, que não foi contínuo, havendo apenas um

documento elaborado para cada hospital estudado. Isso pode significar o

descuidado quanto ao controle e avaliação do trabalho, principalmente no tocante ao

acompanhamento de projetos, como o programa ora estudado.

O processo seletivo ocorrido através do edital, que selecionou os gestores

hospitalares, ocorreu de maneira imparcial. O Governador e a Secretária de Saúde

não modificaram as decisões da comissão responsável pelo processo. Tentativas de

influencia política partidária ocorreram, mas não foram aceitas, durante a realização

do processo de seleção e nem depois que os gestores estavam desempenhando

suas funções.

E na gestão local, os diretores e coordenadores, que auxiliam no trabalho

das unidades de saúde hospitalar, foram indicados pelos próprios diretores

selecionados pelo processo do edital. Ressalta-se que houve eleições municipais no

ano de 2012. E neste período, mais uma vez as pessoas envolvidas no pleito

eleitoral solicitaram a substituição dos gestores profissionalizados, porém não

obtiveram êxito.

Assim, no contexto da reforma do Estado, a tentativa da

profissionalização da burocracia, como no caso do Piauí, através da seleção dos

gestores públicos hospitalares, é um passo importante para melhorar o desempenho

78

do serviço em conjunto com outras medidas já apontadas. Porém, este fato isolado

não foi capaz de induzir mudanças no padrão administrativo das unidades, haja vista

a permanência de dificuldades apontadas nos relatórios de auditoria do TCE,

principalmente no aspecto da gestão financeira, prestação de contas e licitação.

Apesar da função de diretor geral do hospital não deixar de ser um cargo

em comissão, houve avanço, já que foi colocado critério técnico para exercer tal

atribuição. Portanto, os novos gestores ao assumir a função sabiam que estavam no

cargo por mérito próprio, sem ligação com a política partidária. Pois, a meritocracia é

um sistema social no qual recompensas e ou posições hierárquicas são

conquistadas apenas com base nos méritos de cada um; não se leva em conta

outros fatores como origem, posição social, sexo, grupo racial, poder econômico e

político. Neste sentido, as posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com

base no merecimento (REIS JÚNIOR; PILATTI; KOVALESKI, 2006).

Esta metodologia foi adotada por ser, dentre as diversas ferramentas de

gestão utilizadas atualmente, a meritocracia a mais empregada, uma vez que esse

modelo apresenta resultados mais satisfatórios que os demais, face ao perfil

profissional dos concorrentes, centrado principalmente na coragem de encarar e

superar metas consideradas difíceis e no autogerenciamento do próprio

desempenho. (BARBOSA, 1999). Amenizando o poder político na gestão hospitalar.

No entanto, se os gestores não tivessem um bom desempenho, eles

poderiam ser substituídos. A seleção não garantiu estabilidade no emprego, já que

os cargos permaneceram comissionados.

Antes deste processo seletivo, a nomeação dos gestores hospitalares não

seguia um padrão, a maioria era por indicação de padrinho político. Esta prática era

bastante comum na esfera administrativa da Secretaria de Saúde do Estado do

Piauí, já que estes são cargos comissionados. Mas, a mudança também ocorreu

devido ao aumento da intervenção do Estado na saúde e a necessidade de melhorar

a gestão, fruto da segunda geração de reforma que aponta para a profissionalização

da gestão. Porém, a permanência do status do cargo em comissão na estrutura da

SESAPI limita o processo de profissionalização, pois a qualquer momento o gestor

pode ser exonerado da função e não há uma carreira de estado especifica para

essas funções. Havendo assim, a permanência de alguns problemas, como a

descontinuidade do trabalho desenvolvido pelos gestores.

79

A dificuldade para implantar a profissionalização dos hospitais púbicos da

capital foi o processo de gestão plena do SUS. Esse foi o motivo alegado para limitar

o edital aos hospitais regionais. Mesmo estas unidades de saúde prestando serviços

altamente especializados. O que a princípio parece ser contraditório, tendo em vista

que os novos gestores selecionados por este processo tenham proporcionado

melhoria no atendimento prestado nos hospitais sediados nos municípios do interior.

Um aspecto positivo encontrado foi a implementação de sistema

informatizado, que auxiliou a gestão nas atividades cotidianas. Ressalta Coelho

(2008), que ouso da tecnologia como instrumento de apoio à gestão em saúde, pode

modernizar o registro e análise dos dados, auxiliando na tomada de decisões.

Quanto ao aspecto da liderança, mediação e boa relação interpessoal,

citada por Andrade (2001), estes foram encontrados nos novos gestores. Também

foi constatada a aptidão de resolver conflitos, que promove a harmonia na relação

com as pessoas pertencentes aos mais variados segmentos do serviço. Estes

aspectos podem ser assimilados em sistema de ensino formal, como em faculdades,

ou através da experiência pessoal e profissional de cada indivíduo (DUSSAULT,

1992).

Além destas qualidades, o gestor hospitalar profissionalizado deve ter

conhecimentos específicos relacionados à área, tais como aquisição,

armazenamento e consumo de medicamentos, atividades da vigilância sanitária,

bem como preparação de alimentos e lavanderia (ANDRADE, 2001). Somado às

dificuldades de administrar o hospital, há também a falta de fornecimento de material

de consumo, alimentos e limpeza. Exigindo uma boa articulação com os

fornecedores e com a gestão central. E todas estas características foram

encontradas neste estudo, com graus de percepções diferentes para cada gestor

pesquisado.

Algumas dificuldades persistiram. Dentre elas, tem-se a prestação de

contas. Entretanto, Martins (1992), já alertava para estas áreas conflituosas, já que

finanças e a auditoria são apontadas como lacunas na formação profissional desses

gestores. Outra foi a gestão de recursos humanos. O que reflete a falta de

comunicação deste setor com a direção geral do hospital.

Quanto a avaliação do atendimento realizado no hospital, tem-se a

dificuldade de qualificar o serviço prestado. Pois, conforme Vuori (1989), a qualidade

envolve muitas variáveis, como a noção entre os interesses dos diferentes grupos:

80

planejadores de saúde, administradores, prestadores de serviços e consumidores,

os quais podem conceituar a qualidade de diferentes maneiras, enfatizando mais

alguns dos diversos aspectos que a constituem.

Conforme o Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo

(2009), existe a necessidade das seguintes competências: liderança, comunicação,

tomada de decisão, negociação, trabalho em equipe, relacionamento interpessoal,

flexibilidade, empreendedorismo, criatividade, visão sistêmica, planejamento e

organização, para gerir bem uma organização hospitalar. Estas competências foram

percebidas de maneira variada, de acordo com o perfil de cada gestor. O enfermeiro

ousou inovar para resolver conflitos. Já o médico, às vezes, ousa inovar para

resolver conflitos. Entretanto, ambos valorizam seus colaboradores.

Ressalte-se que os gestores entrevistados não tinham experiência

anterior na gestão hospitalar. Mas, têm ótima relação com a Secretaria de Saúde do

Estado. O gestor do hospital de Piripiri possui especialização em administração

hospitalar, enquanto o de São Raimundo Nonato não. Porém, para Dussault (1992),

as habilidades e as atitudes, podem ser desenvolvidas por atividades de formação

tanto autodidatas quanto formais. A formação pode ajudar o gerente a aprender a

comunicar-se, a tirar lições de seus sucessos e fracassos.

Sobre o perfil dos dois gestores, sua liderança foi classificada como boa,

reagindo de maneira estimulada perante o fracasso. Isso é importante, pois,

segundo Dutra (2008), as competências individuais possuem estreita relação com as

estratégias e com as competências da organização. Apesar dos gestores dos

hospitais em estudo serem naturais dos municípios sede, tendo residência fixa na

cidade, registrou-se uma diferença no tempo de dedicação a gestão hospitalar. E

isso se deve pela formação acadêmica dos gestores envolvidos.

Outro fato que pode influenciar o desempenho no cargo é o nível de

satisfação na administração hospitalar. Neste segmento, também houve diferença no

registro do perfil dos gestores estudados. E este resultado ajuda a explicar a

avaliação regular do gestor do HRCR feita pelos funcionários.

No entanto, nada sugere que tipo de profissional é mais adequado para

gerir uma organização de saúde. Pode ser um profissional de saúde ou de outra

área. O necessário é que possua as capacidades, o conhecimento, as atitudes

compatíveis com as exigências da gerência desse tipo de organização (DUSSAULT,

1992).

81

No caso específico da gestão hospitalar no estado do Piauí, a lei estadual

não exige qualificação específica para o cargo, pode ser nomeada qualquer pessoa,

independente de sua formação acadêmica. Mas, critério de nomeação para este

cargo comissionado deve ser levado em consideração, tendo em vista a sua

importância estratégica para a gestão em saúde. Assim, além das características

apontadas acima, a liderança, a dedicação e a satisfação profissional do gestor

devem ser apreciadas, pois são elementos importantes para garantir um bom

desempenho da função.

82

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após mais de vinte anos de criação do SUS, ainda persistem grandes

dificuldades, sobretudo no campo da gestão hospitalar, mesmo levando-se em

consideração que dois terço do orçamento da saúde são destinados para realização

de procedimentos nos hospitais. Por conseguinte, estas instituições de saúde estão

submetidas a fortes pressões para otimizar os recursos públicos.

E nesse contexto, uma nova forma de preenchimento do cargo de gestor

público hospitalar no Estado do Piauí surge como uma opção para equacionar

alguns problemas, tais como o excesso de transferências de pacientes para capital

em face da baixa capacidade resolutiva dos hospitais regionais e implementação de

serviços, como trauma-ortopedia, e sistema de comunicação onde antes não

existiam, como a Ouvidoria.

Essa experiência se caracteriza como um processo limitado e

descontinuo, já que a nomeação de gestores por capacitação técnica, com certa

experiência na área e compromisso por escrito com a função de acordo com o Edital

de Seleção analisado, não se enquadra em um processo de profissionalização da

gestão dentro de uma perspectiva estruturadora, diante das fragilidades

encontradas, como a ausência de um plano de cargo, carreira e salário para a

gestão hospitalar no âmbito do serviço público no Estado do Piauí. Houve uma

mudança de critério para a nomeação de gestores, em cargos comissionados. O

edital é restrito a critérios técnicos, ao invés do tradicional critério político, no

preenchimento do cargo de diretor, o que representa um avanço limitado no sentido

de uma equipe de gestão pública meritocrática.

Este aspecto levanta novas questões, como a estabilidade no serviço

público para os profissionais da área de saúde, principalmente para o cargo

específico de gestor, tendo em vista o surgimento de novos arranjos político e

administrativo, que possibilita a transferência da gestão da saúde pública para o

setor privado ou terceirizado. O que pode acarretar no fim da realização de concurso

público e sem um plano de carreira, cargos e salários satisfatório pode haver

comprometimento da qualidade da assistência e serviços prestados na área.

O processo estudado tem limitações quanto à continuidade face aos

problemas observados na substituição de diretores e ou nomeações não

selecionadas no próprio edital. Não há um parâmetro legal na legislação vigente no

83

Estado do Piauí que defina as exigências para o exercício do cargo em apreço. Daí,

o edital definir que qualquer pessoa portadora de diploma de curso superior, em

qualquer área de formação, poderia ter participado do processo seletivo. Conflitos de

interesse e o impacto observado sobre a continuidade do programa representam um

grande desafio a governança dos serviços de saúde no Piauí.

Ao longo do estudo, percebeu-se que houve impacto nos hospitais

selecionados com melhora do desempenho. Uma vez que ocorreu redução do

volume de transferências de pacientes. Porem esse êxito está associado a várias

outras medidas paralelas como investimentos em novos serviços, aquisição de

equipamentos e capacitações de profissionais por decisão da SESAPI.

A implantação dessas medidas foram adotadas numa decisão de

Governo, dando suporte à Secretária de Saúde da época, para resistir a pressões de

ordem política com constituição de uma equipe técnica, composta por servidores da

Secretaria de Saúde e da Universidade Estadual do Piauí para condução do

processo de seleção. A participação de membros da academia contribuiu com a

imparcialidade do processo.

Por outro lado, sem uma escolha por critérios técnicos, talvez não se

observasse o mesmo resultado, face aos investimentos na rede como evidenciamos.

Assim, a administração central proporcionava a autonomia administrativa e

financeira para os gestores, mas oferecia ainda outros instrumentos de suporte,

através das superintendências da secretaria, como curso de qualificação de pessoal

para os profissionais dos hospitais. Outra melhoria encontrada foi o uso de sistema

informatizado, como instrumento de apoio à gestão em saúde, auxiliando na tomada

de decisões.

Portanto, a seleção técnica através do edital foi um passo importante para

início da mudança na gestão pública hospitalar no estado. Os novos gestores ao

assumir a função sabiam que estavam no cargo por mérito próprio e que se não

houvesse um bom desempenho, eles poderiam ser substituídos. Embora que não

tivesse ocorrido um concurso público, apenas uma seleção, para exercer a função

durante dois anos e esses cargos continuaram sendo comissionados.

A avaliação deste processo por órgãos de controle assume grande

importância. No decorrer da pesquisa, percebeu-se que os mecanismos de controle

e monitoramento apontam para persistência de vários problemas de gestão

administrativa. Algumas dificuldades como prestação de contas, controle de pessoal

84

e pagamentos de despesas, conforme relatório do Tribunal de Contas do Estado do

Piauí, permanecem como problemas não resolvidos pelos novos gestores. O

relatório de monitoramento aponta a falta de registro de documentos legais para o

funcionamento do hospital, como regimento interno e licença sanitária.

Fatores importantes como o perfil dos ocupantes dos cargos podem ter

contribuído decisivamente para melhoria no que diz respeito aos resultados, porém

na perspectiva da conformidade dos processos administrativos não foi observado

mudanças significativas desses indicadores apurados pelo órgão de controle

externo. Tais qualidades aferidas não foram capazes de satisfazer aos parâmetros

de órgãos de controle, sobretudo nos aspectos administrativos e legais. Finalmente,

fatores subjetivos apurados como dedicação e satisfação no exercício da função,

somados ao tempo disponível para gestão podem ter influenciado no desempenho

observado.

85

8 RECOMENDAÇÕES DO ESTUDO

Após percorrer este longo caminho, este pesquisador teve uma

inquietude, que era contribuir de alguma maneira para aprimorar o serviço público

hospitalar. Assim, surgiu a ideia de elaborar este tópico, para formalizar algumas

recomendações:

a) Faz-se necessário fortalecer a assistência básica em saúde, para evitar a

saturação do serviço hospitalar. Evitando assim, sobrecarga das unidades

hospitalares;

b) Tem-se que revisar os conceitos e valores na relação paciente e serviço de

saúde, principalmente no atendimento em âmbito hospitalar, para quese tenha

de fato um serviço de qualidade. Pois, atender bem o paciente, foi um dos

motivos da criação do Sistema Único de Saúde;

c) A avaliação de todo processo deve acontecer, de maneira contínua, para

que realmente tenha o controle do trabalho e se preciso, fazer os ajustes

pontuais, a fim de obter o melhor resultado;

d) Em virtude da dificuldade na prestação de contas, é aconselhável promover

curso na área para os gestores, bem como aproximá-lo do Tribunal de Contas

do Estado do Piauí, a fim de integrar a gestão com a fiscalização, evitando

transtorno para a administração pública.

e) Um programa de profissionalização mais amplo e estável ainda se faz

necessário com formação de uma equipe capacitada para o exercício das

funções gestoras baseada numa carreira meritocrática. O ideal seria o ingresso

através de concurso público, com exigência técnica específica para o exercício

do cargo.

Espera-se que este trabalho colabore com os futuros programas ou

políticas públicas relacionadas à gestão, no tocante ao gestor público hospitalar.

Tendo em vista, a situação estratégica do hospital no sistema de saúde brasileiro

atualmente.

Com essas recomendações, julgo ter cumprido minha missão como

cidadão brasileiro, que deseja o engrandecimento do país, e consolidado o objetivo

do mestrado profissional em saúde pública proposto pelo CPqAM, contribuindo para

a melhoria do Sistema Único de Saúde.

86

REFERÊNCIAS

ABRUCIO, F. L. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 41, 2007. Número especial. Disponível em:<http://www.scielo.br/ scielo. php?script=sci_arttext&pid=S00342200700070 0005&lng =en&nrm=iso> . Acesso em: 8 jan. 2012. ALEXANDRINO, M.; PAULO, V. Direito administrativo. 2. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2002.

ANDRADE, N. Suporte administrativo de clínica oftalmológica. In: CENTURION, V. As bases da administração em oftalmologia. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2001. p.55-67.

BARBOSA, L. Igualdade e Meritocracia, a ética do desempenho nas sociedades Modernas. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999. BARBOSA, P. R. Gestão de hospitais públicos: maior autonomia gerencial, melhor performance organizacional com apoio em contratos de gestão. Revista do Serviço Público, Brasília, ano 47, v. 120, n. 2, maio/ago., 1996. BILHIM, J. Teoria Organizacional. 3. ed. Lisboa: ISCSP, 2004. BRASIL (Constituição de 1988). Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui %C3%A7ao.htm>. Acesso em: 16 jan. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Reforma do Sistema da Atenção Hospitalar Brasileira Brasília, DF, 2004. (Cadernos de Atenção Especializada). BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 1101/GM, de 12 de junho de 2002. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2002/Gm/GM-1101.htm. Acesso em 15 fev. 2013.

BRESSER-PEREIRA, L. C. O modelo estrutural de gerência Pública. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 42, n. 2, p. 391 – 410, 2008.

CECÍLIO, L. C. O. Mudar modelos de gestão para mudar o hospital: cadeia de apostas e engenharia de consensos. Revista Espaço para a Saúde, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 4-26, 2002.

BRASIL. Departamento de Informática do SUS: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES. Disponível em: <http://cnes.datasus.gov. br/Exibe_Ficha_Estabelecimento.asp?VCo_Unidade=2205802324288&VEstado=22&VCodMunicipio=220580>. Acesso em: 17 fev. 2013.

87

BRASIL. Departamento de Informática do SUS. Informações de saúde (TABNET) [em] rede assistencial. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ tabcgi.exe? cnes/ cnv/estabpi.def>. Acesso em: 17 fev. 2013.

COELHO, C. D. A gestão em saúde e as ferramentas gerenciais: a experiência com o sisplan do instituto nacional do câncer. 2008. 287 p. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. COELHO, R. C. Estado, Governo e Mercado. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração, UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009.

CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE (BRASIL). Resolutividade dos hospitais diminui transferência para capital. Disponível em: <http://www.conass. org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=474:sespi-resolutividade-dos-hospitais-diminui-transferencias-para-a-capital&catid= 4:nos-estados& Itemid = 18>. Acesso em: 15 fev. 2013. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Projeto Competências. São Paulo; 2009. Disponível em: <http://www.coren-sp.gov.br/ drupal6/sites/default/files/Projeto_Competencias.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2012.

COSTA, N.R. A proteção social no Brasil: universalismo e focalização nos governos FHC e Lula. Ciências e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 693 – 706, 2009.

DINIZ, E. “Governabilidade, Democracia e Reforma do Estado: Os desafios da construção de uma nova ordem no Brasil dos anos 90”. In: DADOS – Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, p. 385-415, 1995.

DUSSAULT, G. A gestão dos serviços públicos de saúde: características e exigências. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 8-19, abr./jun. 1992.

DUTRA, J.S. Prefácio. In: BALSANELLI, A.P.; CUNHA, I.C.K.O; FELDMAN, L.B.; RUTHES, R.M. (Org.). Competências Gerenciais: desafio para o enfermeiro. São Paulo: Martinari, 2008.

ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO. Texto de apoio em Administração. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2001. (Série Trabalho e Formação em Saúde).

FONTINELE, K. Administração Hospitalar. São Paulo: AB Ed. 2002.

FORGIA, G. M.; COUTTOLENC, B. F. Desempenho hospitalar no Brasil: em busca da excelência. São Paulo: Singular, 2009. Sumário Executivo.

88

FOUCAULT, M. O nascimento do hospital. In: ______. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1981. p. 99-111. GUIMARÃES, E.M.P; ÉVORA, Y.D.M. Sistema de informação: instrumento para tomada de decisão no exercício da gerência. Ciência Informativa, Brasília, v. 33, n.1, p.72-80, jan./abr. 2004.

GURGEL Jr., G.D. 2011. Grupo de pesquisa em governança de sistema e serviços de saúde: Texto guia distribuído em sala de aula. Recife: Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, 2011.

GURGEL Jr., G.D.; MEDEIROS, K. R. Conflito e resistência à mudança no setor de saúde: uma análise dos determinantes estruturais. In: BRASIL, Ministério da Saúde. Observatório de Recursos Humanos em Saúde no Brasil: Estudos e Análises. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 37-44.

GURGEL Jr., G.D.; VIEIRA, M. M. F. Qualidade total e administração hospitalar: explorando disjunções conceituais. Ciências e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 325-334, 2002.

HARDING, A.; PREKER, A. Arranjos organizacionais e desempenho dos hospitais brasileiros. In: FORGIA, G. M., COUTTOLENC, B. F. Desempenho hospitalar no Brasil: em busca da excelência. São Paulo: Singular, 2009. p.177-182.

IBGE. Contagem da população 2007. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home /estatistica/população/contagem2007/>. Acesso em: 15 fev. 2013.

LIMA, J. C.; FAVERET, A. C.; GRABOIS, V. Planejamento participativo em organizações de saúde: o caso do Hospital Geral de Bonsucesso, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 45-57. mar. 2006.

MALIK, A. M.; TELES, J. P. Hospitais e Programas de Qualidade no Estado de São Paulo. Revista de Administração de Empresas. Rio de Janeiro. v. 41, n. 3, p. 51-59, jul./set. 2001.

MARQUES, K. O. A. Auditoria dos hospitais públicos estaduais: desenvolvimento de instrumento de fiscalização a ser aplicado pelo tribunal de contas de Pernambuco. 2009. Dissertação (Mestrado) - Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2009.

MARTINS, P.E.M. O desafio de formar administradores para o Brasil do terceiro milênio. In: MARTINS, P.E.M. Recursos humanos: foco na modernidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. p. 233-245.

MATTAR, F. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas. 1996.

89

MELO, M.A. O sucesso inesperado das reformas de segunda geração: federalismo, reformas constitucionais e políticas sociais. DADOS: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 48, n.4, p. 845 – 889, 2005.

MOLIANI, M.M. Especialização e compartimentalização de saberes: efeitos sobre a produção de cuidados e administração em saúde. Revista FAE, São Paulo, v.3, p.61-74, 2000. MOTTA, P. R. Desenvolvimento gerencial como dimensão da liderança do setor saúde. Relatório apresentado a Organização Pan-Americana de Saúde. Washington, 1990. MOTTA, P. R.A ciência e a arte de ser dirigente. Rio de Janeiro: Record, 2002. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Contribuições sobre a gestão da qualidade em educação médica. Brasília, DF, 1994. (Série Desenvolvimento de Recursos Humanos, n.7). PAIM C.R.P.; CICONELLI, R.M. Auditoria de avaliação da qualidade dos serviços de saúde. Revista de Administração em Saúde. Rio de Janeiro, v.9, n.36, p.85-92, 2007.

PASSOS, J. P.; CIOSAK, S. I. A concepção dos enfermeiros no processo gerencial em Unidade Básica de Saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v.40, n. 4, p.35-47, dez. 2006.

PENTEADO, S. A. T. Participação na universidade: retrato em preto e branco. São Paulo: Ed. UNICEB, 1991.

PEREIRA, C.A. Avaliação de resultados e desempenhos. In: CATELLI, A. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. São Paulo: Atlas, 1999. P.47-59.

PIAUÍ. Secretaria do Planejamento. Mapa do Piauí por territórios. Disponível em: <: http://www.seplan.pi.gov.br/territorio.php>. Acesso em: 15 fev. 2013. PIAUÍ. Secretaria de Saúde. Um ano de incêndio não comprometeu metas. Disponível em: <http://www.saude.pi.gov.br/noticias/2012-10-23/4770/um-ano-incendio-nao-comprometeu-metas-da-sesapi.html>. Acesso em: 15 fev. 2013.

______. SESAPI expande atendimento ortopédico para o interior. Disponível em: <: http://www.saude.pi.gov.br/noticias/2012-10-29/4779/sesapi-expande-atendimento- ortopedico-para-o-interior.html>. Acesso em: 15 fev. 2013.

______. Hospitais transferiram apenas um paciente para Teresina no carnaval. Disponível em: <: http://www.saude.pi.gov.br /noticias/ 2013-02-15/4975/hospitais-

90

transferiam-apenas-1-de-pacientes-para-teresina-no-carnaval.html>. Acesso em: 15 fev. 2013. ______. Saúde divulga resultado de seleção para diretores de hospitais e regionais da saúde. Disponível em: <:http://www.saude.pi.gov.br/noticias/2011-02-17/3355/ saude-divulga-resultado-de-selecao-para-diretores-de-hospitais-e-regionais-da-saude.html>. Acesso em: 18 fev. 2013. PIAUÍ. Tribunal de Contas do Estado. Diretoria de Fiscalização da Administração Estadual. Relatório de fiscalização [do] Hospital Regional Chagas Rodrigues: Prestação de contas do exercício 2010. Teresina, 2011a. ______. Relatório de fiscalização [do] Hospital Regional Chagas Rodrigues: Prestação de contas do exercício 2011. Teresina, 2012a. ______. Relatório de fiscalização [do] Hospital Regional Candido Ferraz: Prestação de contas do exercício 2010. Teresina, 2011b. ______. Relatório de fiscalização [do] Hospital Regional Candido Ferraz: Prestação de contas do exercício 2011. Teresina, 2012b. QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. Manual de Investigações em Ciências Sociais. Lisboa, Gradiva, 1998. REIS JÚNIOR, D. R. dos; PILATTI, L. A.; KOVALESKI, J. L. A influência da meritocracia na qualidade de vida dos colaboradores. Trabalho apresentado no XIII Simpósio das Empresas Paulistas, Bauru, 2006. ROTA, C. S. G. Utilização de indicadores de desempenho hospitalar como instrumento gerencial. 2004. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. ROCHA, D.; DEUSDARÁ, B. Análise de Conteúdo e Análise do Discurso: aproximações e afastamentos na (re)construção de uma trajetória. Revista ALEA, Rio de Janeiro, v.7, n.2, p.305-322, jul./dez. 2005. RUA, M. G.. Políticas Públicas. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração, UFSC; [Brasília]: CAPES : UAB, 2009. RUDIO, F. V. Introdução ao Projeto de Pesquisa. 25. ed. Vozes: Petrópolis, 1999.

RUTHES, R.M.; CUNHA, I.C.K.O. Os desafios da administração hospitalar da atualidade. Revista de Administração em Saúde, Rio de Janeiro, v.9, n.36, p.93-104, 2007.

SILVA, M. G. O perfil do administrador hospitalar nos hospitais públicos do Estado do Maranhão. 2010. Monografia (Especialização) - Faculdades Integradas de Jacarepaguá, São Luís, 2010.

91

TOBAR, F.; YALOUR, M. R. Do problema ao projeto. In: Como fazer teses em saúde pública. 1. ed. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2001. p. 47-81.

TOGNON, I. V. Uma contribuição ao estudo dos custos hospitalares com o uso do custeio baseado em atividades: um estudo de caso do setor de pediatria do Hospital de Caridade de Carazinho. 2000. Dissertação (Mestrado)-Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.

VUORI, H. Research needs in quality assurance. International Journal for Quality in Health Care, Londres, v.1, p.147-159, 1989. Disponível em: http://intqhc. oxfordjournals.org/cgi/content/abstract/1/2-3/147. Acesso em: 23 jan. 2012.

92

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AO GESTOR HOSPITALAR

Questionário aplicado aos administradores públicos hospitalares das unidades de saúde que

tiveram seu gestor selecionado pelo edital 01/2011 – SESAPI.

PERFIL SÓCIO-ECONOMICO

1) Qual o sexo? Masculino( )

Feminino ( )

2) Qual a sua faixa etária? 20 - 30 anos ( )

31 – 40 anos ( )

41 – 50 anos ( )

Acima de 50 anos( )

3) Qual a sua renda ? Até 5 salários mínimos ( )

de 5 a 10 salários mínimos ( )

superior a 10 salários mínimos ( )

4) Qual o seu grau de instrução? Ensino Médio Incompleto ( )

Ensino Médio Completo( )

Superior Incompleto( )

Superior Completo ( ) Qual?________________

5) Qual o seu nível de qualificação educacional? Não tem especialização ( )

Outra capacitação ( ) Qual? _____________

Especialização( ) Qual?_______________

Mestrado( ) Qual?___________________

Doutorado ( ) Qual? _________________

PERFIL PROFISSIONAL

6 ) Na função de administrador hospitalar, você costuma participar de eventos científicos na

área da gestão hospitalar ? Sim( )

Não ( )

Às vezes ( )

Sem resposta( )

7 ) Você tem acesso à publicações na área de administração hospitalar? Sim( )

Não ( )

Às vezes ( )

Sem resposta ( )

8 ) Qual a sua situação de vínculo empregatício? Cargo comissionado( )

Contratado ( )

Serviços Prestados ( )

Através de concurso público( )

93

9 ) Na perspectiva de administrador, como você classificaria sua liderança? Conflituosa ( )

Regular( )

Boa( )

Ótima ( )

10 ) Como administrador, qual sua reação perante o fracasso? Desestimulante( )

Indiferente ( )

Normal ( )

Estimulante( )

11 ) Na gestão, você ousa inovar, criar novas ideias, para resolver conflitos? Sim( )

Não( )

Às vezes ( )

Sem resposta ( )

12 ) Como gestor hospitalar, você acha importante ter colaboradores? Sim( )

Não ( )

Às vezes ( )

Sem resposta ( )

13 ) No exercício da gestão, você distingue a relação profissional da pessoal? Sim ( )

Não( )

Às vezes ( )

Sem resposta ( )

14 ) Qual a sua relação com a hierarquia superior ( Secretaria de Saúde )? Ótima( )

Boa( )

Regular( )

Sem resposta( )

15 ) Qual o seu nível de satisfação na administração hospitalar? Ótimo ( )

Bom( )

Regular ( )

Sem resposta( )

16 ) Qual o número de horas dedicadas à função: Menos de 20 horas semanais ( )

entre 20 e 40 horas semanais ( )

superior à 40 horas semanais ( )

17 ) Quanto tempo de experiência na função de gestor hospitalar: Menos de 1 ano ( )

entre 1 e 3 anos ( )

entre 3 a 5 anos ( )

mais de 5 anos ( )

18 ) Em sua opinião, qual o problema na gestão hospitalar? Financeiro ( )

Recursos humanos ( )

Estrutura físico ( )

Falta de informação ( )

Qualificação dos gestores ( )

94

19 ) Existe algum incentivo para os membros da gestão hospitalar? Não( )

Sim ( ) Qual?________

20 ) Quais dessas ações você desenvolve em sua prática de trabalho?

# Nesta questão, selecione quantas alternativas desejar:

Gerenciamento de recursos humanos ( )

Planejamento de ações (tomada de decisão) ( )

Mediador entre serviço de saúde, profissionais e população( )

Fiscalização da produção ( )

Gestão clássica, com centralização do poder e limitada autonomia e responsabilidade dos

outros níveis gerenciais e operacionais ( )

Avaliação dos serviços prestados ( )

Coleta, organização e disponibilização de informação ( )

Treinamento de recursos humanos na área administrativa ( )

Gestão descentralizada, com atuação multiprofissional e participação popular ( )

Relações políticas (contato com vereadores, deputados, prefeitos, etc...) ( )

95

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO AOS GETORES HOSPITALARES

Roteiro de entrevista semi-estruturada aplicada aos administradores públicos hospitalares das

unidades de saúde que tiveram seu gestor selecionado pelo edital 01/2011 – SESAPI.

01 ) Quem montou a equipe administrativa? Quais os critérios usados?

02 ) Quais as maiores dificuldades na sua gestão?

03 ) Há apoio dos membros da Secretaria de Saúde para sua gestão no hospital?

04) Você usa alguma ferramenta gerencial para a gestão, como programas de computador

(software) ? Quais e como são usados?

05 ) Existe influência política partidária na gestão de sua unidade? Como é sua relação com

ela?

06 ) O que você acha do processo de seleção usado pela SESAPI para nomear gestores

hospitalares?

07 ) Conseguiu implementar as propostas feitas durante o processo de seleção do edital?

96

APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO AOS FUNCIONÁRIOS DA SESAPI

Roteiro de entrevista semi-estruturada aplicada aos funcionários da Secretaria de Saúde do

Estado do Piauí envolvidos com o processo de seleção dos administradores públicos

hospitalares, conforme edital 01/2011 – SESAPI.

01 ) Qual seu envolvimento com este processo de seleção?

02 ) Como surgiu a ideia de fazer este processo de seleção?

03 ) Antes deste processo, como era selecionado o gestor destas unidades de saúde?

04 ) Os resultados obtidos até o momento são satisfatórios?

05 ) Por que foram escolhidas aquelas unidades de saúde referenciadas no edital 01/2011?

06 ) O que você acha do processo de seleção usado pela SESAPI para nomear gestores

hospitalares?

97

APÊNDICE D - ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO AOS FUNCIONÁRIOS DOS HOSPITAIS

Roteiro de entrevista semi-estruturada aplicada aos funcionários dos hospitais que possuem o

gestor selecionado pelo edital 01/2011, da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí - SESAPI.

01 ) Como foi montada a equipe administrativa do hospital?

02 ) Existe algum problema entre a gestão e os membros da equipe do hospital?

03 ) A Secretaria de Saúde apoia de alguma maneira a gestão deste hospital? Qual?

04) Você percebeu alguma mudança depois que o gestor hospitalar selecionado pelo processo

seletivo assumiu a direção deste hospital? Houve melhoria?

05 ) Existe influência política partidária na gestão deste hospital? Como ela ocorre?

06 ) Quais seriam as maiores dificuldades na gestão hospitalar?

98

APÊNDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da pesquisa: A TENTATIVA DA PROFISSIONALIZAÇÃO DO GESTOR PÚBLICO HOSPITALAR:O CASO DA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PIAUÍ.

Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa: “A tentativa da profissionalização do gestor público hospitalar: o caso do Estado do Piauí,” de responsabilidade do pesquisador Jorge Luis Samartim de Sousa e Silva, cujo objetivo é analisar o processo de seleção dos gestores públicos hospitalares por critério de avaliação profissional, iniciado com a publicação do edital de seleção em janeiro de 2011 pela SESAPI. Esta pesquisa faz parte do trabalho de conclusão do Curso de Mestrado Profissional em Saúde Pública. Você irá responder um questionário semi-estruturado, o qual contém informações pessoais e profissionais. Sua entrevista será gravada, depois transcrita, a fim de melhor analisar o documento, com o intuito de obter maiores informações sobre os dados. A sua participação neste estudo é totalmente voluntária. Você pode escolher participar ou não participar sem sofrer nenhum prejuízo ou benefício. A sua identidade e os registros dos seus dados serão mantidos em sigilo, podendo se necessário serem consultados por entidades legalmente reconhecidas, ou por indivíduos, que trabalhem diretamente com o pesquisador responsável. Há a possibilidade de risco a você, entrevistado, desde que algumas das perguntas do questionário utilizado, nesta pesquisa, possam ocasionar constrangimento. Assim ocorrendo, você poderá se recusar a respondê-las, sem nenhum problema. Mas, não haverá dano material ou lesão física, moral ou profissional. Porém, sua participação trará grande contribuição para o aumento da qualidade da gestão pública no âmbito hospitalar, bem como auxiliará na melhoria do Sistema Único de Saúde – SUS, fortalecendo a política de qualificação do profissional. Além disso, as informações coletadas poderão embasar o aperfeiçoamento da política de saúde em nosso país, o que o beneficiará direta ou indiretamente. Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães – CPqAM (FIOCRUZ) que garantiu sua aprovação quanto ao conteúdo ético do trabalho. Caso você esteja interessado em participar os dados serão coletados através do preenchimento de um questionário anônimo. Em caso de dúvidas e novos esclarecimentos favor contatarem o pesquisador Jorge Luis Samartim de Sousa e Silva, nos números (86) 3223-3511, (86) 9922-4412 e (86) 8851-9834, no endereço eletrônico [email protected] ou no Departamento Odontológico do Hospital da Polícia Militar do Piauí. Eu, ________________________________________________________________________ abaixo assinado, RG n° _____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, de maneira voluntária, do projeto de pesquisa acima descrito apresentado, por meu livre consentimento.

Teresina (PI) _____ de ______________ de _______

Assinatura do pesquisado

Assinatura do pesquisador

99

ANEXO A - EDITAL Nº 1/2011

EDITAL Nº 1/2011 EDITAL DE SELEÇÃO PARA O PROVIMENTO DO CARGO

COMISSIONADO DE GESTOR DE SAÚDE

A SECRETÁRIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PIAUÍ, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II, do art. 109 da Constituição Estadual, e considerando a necessidade de valorização e reconhecimento dos serviços públicos da área de saúde do Estado do Piauí e de seus gestores, torna pública a abertura das inscrições para a seleção de candidatos ao provimento dos cargos em comissão de Diretor de Hospital Regional, Diretor de Hospital Estadual e Coordenador de Regional de Saúde conforme o decreto nº 14.382, de 05/01/2011 circunscrita às seguintes normas: 1 DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

A seleção, cujas inscrições são abertas pelo presente Edital, objetiva o preenchimento de 28 (vinte e oito) vagas para o Cargo Comissionado de Gestor de Saúde no Estado do Piauí. Poderão candidatar-se profissionais portadores de diploma de Curso Superior. Da distribuição das vagas

As 28 vagas disponíveis serão distribuídas como seguem: 10 (dez) vagas para Diretores de Hospital Regional, 07 (sete) vagas para Diretores de Hospital Estadual e 11 (onze) vagas para Coordenadores de Regional de Saúde (RS) (Anexo 1 contém a relação das RS e hospitais). 2 DAS INSCRIÇÕES

2.1 Local e período

As inscrições para os cargos de Diretores de hospitais, bem como de Coordenadores das RS serão realizadas no período de 12 a 26/01/2011 nas sedes das respectivas Regionais de Saúde.

As inscrições poderão ser feitas diretamente pelo candidato, ou por procurador com firma reconhecida em cartório. Não será permitida a complementação documental depois de efetivada a inscrição.

A inscrição do candidato implicará o conhecimento e a aceitação das normas e condições estabelecidas neste Edital, em relação às quais não poderá alegar desconhecimento.

Cada candidato só poderá se inscrever para um único cargo e para um único município.

2.2 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A INSCRIÇÃO: a) Formulário de inscrição preenchido e assinado pelo candidato ou procurador devidamente documentado;

100

b) Fotocópia da Carteira de Identidade, do CPF e do Título de Eleitor com comprovantes de votação ou justificativa na última eleição;

c) Comprovante do Serviço Militar (somente para brasileiros natos ou naturalizados do sexo masculino); d) Fotocópia do Diploma (autenticado ou com documento original para conferência). Os candidatos concludentes em 2010 poderão concorrer mediante entrega de declaração no ato da inscrição;

e) Fotocópia da inscrição no Conselho Profissional (autenticado ou com documento original para conferência);

f) Curriculum Vitae comprovado e devidamente pontuado pelo próprio candidato conforme planilha (Anexo II);

g) Declaração de disponibilidade de no mínimo 30 horas semanais, para em caso de aprovação, exercer o cargo. 3 DA SELEÇÃO E CRONOGRAMA

O processo de seleção será desenvolvido em 3 (três) etapas:

Etapa I – Verificação e homologação dos pedidos de inscrição

Esta etapa consiste da verificação dos pedidos de inscrição que serão homologados ou não. A inscrição do candidato será homologada depois de verificada a comprovação, pela Comissão de Seleção, da documentação exigida neste Edital (item 2.2). A relação das inscrições homologadas e das não homologadas será disponibilizada no “site” www.saude.pi.gov.br e na sede das Regionais de Saúde.

27 a 29/01/2011 Verificação e homologação dos

pedidos de inscrição. 31/01/2011 Divulgação do resultado da

Etapa I. 01 a 02/02/2011 Apresentação de recursos. 04/02/2011 Resultado dos Recursos.

Etapa II – Entrevista: Análise e Arguição da Proposta – Caráter eliminatório 07/02/2011

Entrega da Proposta (pré-projeto) indicando ações importantes e prioritárias a serem desenvolvidas na unidade de saúde para a qual está concorrendo. Esta proposta deverá conter no máximo 5 laudas, ser digitada em papel A4, fonte arial 12, espaço um e meio. Não será determinado um modelo padronizado da parte textual, ficando a critério de cada candidato.

09/02/2011

Divulgação do agendamento para argüição sobre o pré-projeto. (Local: site www.saude.pi.gov.br e na sede das Regionais de Saúde.

101

10 a 12/02/2011 Argüição dos candidatos acerca da proposta (pré-projetos). Esta etapa ocorrerá na sede da Escola Fazendária, situada na Av. Pedro Freitas, s/n, sala 1 e 2.

Etapa III – Curriculum vitae - Caráter classificatório. 14 a 16/02 /2011

Análise de Curriculum Vitae (conforme anexo II)

17/02/2011 Divulgação do resultado final - disponibilizada no “site”: www.saude.pi.gov.br e na sede das Regionais de Saúde.

4 DOS RESULTADOS DO PROCESSO SELETIVO

A classificação final dos candidatos será feita com base nos resultados obtidos nas etapas relativas ao processo seletivo. Será considerado aprovado o candidato que obtiver média final igual ou superior a 7,0 (sete).

Para o cálculo da nota final, cujo valor máximo é igual a 10,0 (dez) serão atribuídas notas para cada etapa. A proposta e a entrevista terão nota máxima = 7,5 (sete e meio) cada uma. Em seguida será aplicada a média das duas notas e somada com a nota do curriculum vitae. Aquele que obtiver maior pontuação no curriculum terá nota 2,5 (dois vírgula cinco) e para os demais, a nota será calculada utilizando-se regra de três simples com base no primeiro.

Em caso de empate da nota final, o desempate ocorrerá em observância à maior nota obtida pelo candidato nas etapas do processo seletivo, de acordo com a seguinte ordem de prioridade: 1º- nota obtida na entrevista 2º- nota obtida na análise da proposta

5 DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS a. A inscrição do candidato portador de diploma de curso concluído em instituição estrangeira estará sujeita a apresentação do documento de revalidação e/ou equivalência;

b. A falta de algum documento comprobatório exigido para a inscrição é de inteira responsabilidade do candidato e, portanto, não serão aceitos recursos nesse sentido.

c. A ausência do candidato no dia, local e hora da realização da arguição do pré-projeto significa desistência, sendo o candidato automaticamente eliminado do processo seletivo;

d. Serão classificados os vinte e oito primeiros candidatos aprovados no processo seletivo, conforme o número de vagas para cada instituição ofertada neste edital;

e. Os candidatos não aprovados e/ou não classificados deverão retirar seus documentos entregues no ato de inscrição, no período de 21 a 25/02/2011. Após esse período a Coordenação do Processo seletivo não se responsabilizará pela guarda dos mesmos;

102

f. Formulário de inscrição e Informações adicionais serão disponibilizados nas sedes das Regionais de Saúde e no “site” www.saude.pi.gov.br

g. Os casos omissos serão resolvidos pela Comissão de Seleção designada pela Secretária Estadual de Saúde.

Teresina, 11 de janeiro de 2011.

Lilian de Almeida Veloso Nunes Martins Secretária de Estado da Saúde do Piauí

103

ANEXO I

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

Hospitais Regionais (DAS 3 + Condição especial de trabalho, exceto HEDA de Parnaíba, cujo DAS é 4 + condição especial de trabalho)

Hospitais Estaduais (DAS 2 + Condição especial de trabalho)

Coordenações Regionais (DAS 3 + Condição especial de trabalho)

104

ANEXO II

TABELA DE PONTOS PARA ANÁLISE DE CURRICULUM VITAESELEÇÃO PARA

PROVIMENTO DE CARGO COMISSIONADO DE GESTOR DESAÚDE

105

ANEXO B - CARTA DE ANUÊNCIA

CARTA DE ANUÊNCIA

106

ANEXO C - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO CPqAM

PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO CPqAM