fundação iberê camargo

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projetos 093.01 Institucional: Sede da Fundação Iberê Camargo | vitruvius http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/08.093/2924[18/04/2011 16:21:48] Sede da Fundação Iberê Camargo Porto Alegre RS Brasil, 2008 [Álvaro Siza Vieira] Sede da Fundação Iberê Camargo, vista principal. Arquiteto Álvaro Siza, 2008 Foto Nelson Kon "A arte, para mim, foi sempre uma obsessão. Nunca toquei a vida com a ponta dos dedos. Tudo o que fiz, fiz sempre com paixão" Iberê Camargo Primeiro projeto assinado por Siza no Brasil, o prédio que abriga a nova sede da Fundação Iberê Camargo começou a ser construído em 2003, na avenida Padre Cacique, às margens do lago Guaíba, e é um dos mais desafiadores empreendimentos culturais do país. Desenho escritório

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Projeto vencedor da crítica de melhor dos ultimos 10 anos no cenário brasileiro

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Page 1: Fundação Iberê Camargo

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Sede da Fundação Iberê CamargoPorto Alegre RS Brasil, 2008[Álvaro Siza Vieira]

Sede da Fundação Iberê Camargo, vista principal. Arquiteto Álvaro Siza, 2008

Foto Nelson Kon

"A arte, para mim, foi sempre uma obsessão. Nunca toquei a vidacom a ponta dos dedos. Tudo o que fiz, fiz sempre com paixão"Iberê Camargo

Primeiro projeto assinado por Siza no Brasil, o prédio que abriga a novasede da Fundação Iberê Camargo começou a ser construído em 2003, naavenida Padre Cacique, às margens do lago Guaíba, e é um dos maisdesafiadores empreendimentos culturais do país.

Desenho escritório

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Vencedor do Troféu Leão de Ouro da 8ª Bienal de Arquitetura de Veneza,em 2002 – ano do lançamento da Pedra Fundamental –, láurea inédita naAmérica, o prédio, orçado em R$ 40 milhões, tem o patrocínio da Gerdau,Petrobras, Camargo Corrêa, RGE, De Lage Landen, Itaú e Vonpar. Do totalinvestido, R$ 24,3 milhões (60,8%) são oriundos de incentivos fiscais,por meio da Lei Rouanet e da Lei de Incentivo à Cultura do RS. Os demaisR$ 15,7 milhões (39,2%) são recursos próprios dos patrocinadores, partedeles com aproveitamento do benefício gerado pelo Certificado deUtilidade Pública concedido à Fundação Iberê Camargo.

A Fundação

A Fundação Iberê Camargo foi instituída em 1995 a partir do desejo deIberê Camargo e de Maria Camargo, hoje presidente de honra, com o apoiode amigos e a liderança de Jorge Gerdau Johannpeter, indicado para apresidência da instituição.

Desde o início da construção, em julho de 2003, a maquete da obra já foiexibida como um dos mais importantes projetos de Siza em Portugal,França, Itália, Espanha, China, Japão, Rússia e Coréia do Sul. Dezenasde periódicos especializados, que costumam apresentar somente projetosfinalizados, publicaram matérias sobre a nova sede enquanto ainda estavaem construção.

O prédio

Arquitetada com tecnologia de ponta, a nova sede é o primeiro prédiocultural do Brasil construído dentro de todas as normas internacionaisde segurança e atendimento. Considerado por profissionais da área ummarco internacional em arquitetura e soluções em engenharia, a obra járecebeu a visita de mais de oito mil pessoas, entre estudantes,estudiosos de arte e arquitetura, críticos e curiosos pelo projeto.

Sede da Fundação Iberê Camargo, croquis de concepção. Arquiteto Álvaro Siza,

2008

Desenho escritório

A coordenação da obra ficou a cargo do engenheiro José Luiz Canal,mestre e doutor em arquitetura e professor de pós-graduação daUniversidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A obra contou com umaequipe de consultores brasileiros para adaptar os materiais originais doprojeto aos existentes no país.

De modo semelhante ao Guggenheim nova-iorquino, de 1959, a Fundaçãoconduz o visitante, ao chegar, a subir de elevador até o último andar.De lá, ele desce pelas rampas, percorrendo de cima para baixo as novesalas de exposição distribuídas nos três andares superiores. O prédiotem estrutura monolítica, sem pilares, vigas e lajes. São as paredesmaciças que suportam o carregamento da estrutura e garantem a

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estabilidade horizontal do conjunto – o que lhe dá ares de umagigantesca escultura. As poucas aberturas da construção foram calculadaspara enquadrar perfeitamente a paisagem e valorizá-la, sem tirar aatenção das obras expostas.

O andar térreo do prédio tem um grandioso átrio que dá acesso ao balcãoda recepção, à chapelaria e à loja cultural, e de onde se podevisualizar os andares superiores. Neste espaço está localizado ocafé/bistrô da Fundação, com uma vista privilegiada para o Guaíba.

No subsolo está instalado o ateliê de gravura, o ateliê do educativo, umauditório com recursos audiovisuais para receber, aproximadamente, 100pessoas, um estacionamento com capacidade para 100 veículos e a parte deinfra-estrutura. O local terá, ainda, um centro de documentação epesquisa com biblioteca especializada e banco de dados sobre a obra doartista, voltado ao atendimento de pesquisadores nacionais einternacionais e ao trabalho editorial.

No subterrâneo também ficou instalada a área de utilidades e reservatécnica, onde está localizado o sistema de ar-condicionado e a rede detratamento de esgoto. No acesso ao estacionamento foi incluída umapassarela subterrânea construída sob a Avenida Padre Cacique, ligando osdois lados da pista, para maximizar a segurança no acesso dosvisitantes. Todos os acessos à nova sede da Fundação Iberê Camargoatendem pessoas portadoras de necessidades especiais. Rampas eelevadores, por exemplo, foram projetados para oferecer maior comodidadedesde o estacionamento.

O terreno da nova sede foi doado pelo governo do Estado do Rio Grande doSul e a área do estacionamento foi cedida em comodato pela Prefeitura dePorto Alegre em 1996. Íngreme e densamente arborizado, o lote, de 8.250m2, tinha menos de 2 mil m2 de área plana. A solução encontrada por Sizafoi verticalizar a construção, edificando vários andares entre a mata ea Avenida Padre Cacique. O prédio é o único do país construído emconcreto branco, que dispensa pintura e acabamentos e oferece leveza àconstrução. O aço utilizado na construção foi galvanizado a fogo, paraevitar a oxidação.

Sede da Fundação Iberê Camargo, maquete. Arquiteto Álvaro Siza, 2008

Foto divulgação

A escavação foi feita sem o uso de explosivos. Por meio de uma parceriacom o Laboratório de Pesquisa Mineral da Universidade Federal do RioGrande do Sul (Ufrgs), foi encontrado um plano de clivagem onde asrochas estavam mais fragmentadas e poderiam ser retiradas com umequipamento pneumático. Foram retirados 30 mil metros cúbicos de terradas escavações. A Fundação doou a terra à Secretaria Municipal de Obrase Viação de Porto Alegre (Smov), para uso na pavimentação de vilas dacidade.

Iluminação

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O sistema de iluminação do prédio é controlado por sensorescomputadorizados, baseados na luz externa que entra pela clarabóia devidro leitoso do último andar. A luz é reproduzida com a mesmaintensidade por lâmpadas nos andares inferiores, conforme o dia nasce ouse põe, o que economiza uma grande quantidade de energia. Com o sistema,a luz interna do prédio se mantém a mesma durante todo o dia. Oposicionamento das lâmpadas foi pensado para não projetar sombras nassalas de exposição.

Controle de temperatura

A temperatura e a umidade interior são gerenciadas por um controleinteligente de monitoramento para garantir a proteção do acervo. Osistema de ar condicionado produz gelo à noite, quando o custo daenergia elétrica é mais barato, para refrigerar o ambiente durante odia, reduzindo os custos da operação e maximizando a utilização deenergia. O ar condicionado foi embutido nas paredes das salas deexposição, de modo a ficar invisível. O ar circula através de duasaberturas, localizadas nas extremidades superiores e inferiores de cadaparede.

As paredes são revestidas com lã de rocha, um potente isolante térmico eacústico. As paredes dos braços externos (suspensos) do prédio ocultamum sistema hidráulico de tubos capilares plásticos, por onde correconstantemente água fria durante o dia, o que mantém o prédio resfriadonaturalmente e economiza energia.

Utilização da água

O prédio possui um sistema de aproveitamento da água da chuva, que prevêsua a reutilização nos banheiros e a criação de uma estação de esgoto,responsável pelo tratamento dos resíduos sólidos e líquidos no própriolocal. A água tratada resultante do processo também serve para regar aárea verde do entorno. Com a atenção especial dedicada ao meio ambiente,a nova sede consome de 30% a 40% menos energia do que uma construçãoconvencional.

Mobiliário e sinalização

Todos os móveis, em madeira, foram desenhados por Siza e importados dePortugal, assim como as portas corta-fogo. As placas que indicam assaídas do prédio e os sanitários masculinos e femininos também foramcriadas pelo arquiteto.

Trilha ecológica

Por meio de uma parceria com a Fundação Gaia, hoje liderada por LaraLutzenberger, filha do professor José Lutzenberger, a mata nativa de 16mil m2 localizada às costas do prédio está recebendo cuidados especiais.Uma trilha de cerca de 200 metros na mata foi criada para que ovisitante possa associar a arte à natureza. Importante lembrar queLutzenberger, mestre do movimento ambiental no Brasil, foi quem assinoueste projeto para a FIC.

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Sede da Fundação Iberê Camargo, vista aérea. Arquiteto Álvaro Siza, 2008

Foto divulgação

A Fundação assumiu a repavimentação de cerca de 500 metros da avenidaPadre Cacique e a reconstrução da curva em frente à nova sede. Paramaximizar a durabilidade do asfalto, foram adicionados a ele polímerosde última geração. A via agora atende a padrões nacionais de segurança.

Ficha técnica

Projeto: Sede da Fundação Iberê Camargo

Diretor responsável: Domingos Matias Lopes

Coordenador do empreendimento: Eng. José Luiz Canal

Consultor geral: Arqto. Pedro Simch

Projeto arquitetônico

Arquitetura: Álvaro Siza Vieira

Arquitetos coordenadores: Bárbara Rangel e Pedro Polónia

Arquitetos colaboradores: Michele Gigante, Francesca Montalto e AtsushiUeno

Projetos executivos

Sondagens de fundações: Eng. Everton Luis Granado Ghignatti – CREA-RS056329

Projeto Implantação escavações/contenções: Eng. Antônio AlbertoNascimbem Kenan – CREA-SP 385584

Projeto estrutural: GOP, Lda. + Eng. Jorge Nunes da Silva e Eng. FaustoFavale – CREA-SP 0601093969

Hidráulica: Motter Engenharia Ltda + Eng. Antônio Motter – CREA-RS010880 / Grau Engenharia LTDA + Eng. Deborah Mota Parente – CREA-SP077221 e Eng. Valdernaque de Assis Melo – CREA-RS 150062

Elétrica: Motter Engenharia Ltda + Eng. Antônio Motter – CREA-RS 010880

Incêndio: Rcc Ltda + Eng. Alexandre Rava Campos – CREA-RS 059602

Segurança: Intellisistemas + Eng. Raphael Ronald Noal Souza – CREA-RS126723

Climatização: Heating Cooling Ltda + Eng. Antônio Carlos Zedik – CREA-SP0210037

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Projeto de pavimentação e sinalização de tráfego: Eng. Antônio RicardoFroner de Souza – CREA-RS 012489

Consultores especialidades para projeto executivo arquitetura

Estruturas: GOP, Lda. + Eng. Jorge Nunes da Silva, Eng. Ana Silva, Eng.Raquel Dias e Eng. Filipa Abreu

Elétrica: GOP, Lda. + Eng. Raul Serafim e Eng. Alexandre Martins

Hidráulica: GOP, Lda. + Eng. Raquel Fernandes

Climatização: GET + Eng. Raul Bessa

Acústica: Eng. Higini Arau

Consultores fiscais

Incêndio: Cláudio Hansen

Elétrica: Roberto Freire / AVAC + Mário Alexandre

Concreto branco / laudos: Leme – Engenharia Civil – UFRGS

Escavações: Lpm – Engenharia Minas – UFRGS

Obra

Início: 2003

Término: 2008

Área total: 8250 m²