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  • Fichas tcnicas sobre a Unio Europeia - 2015 1

    IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES

    A igualdade entre homens e mulheres constitui um dos objetivos da Unio Europeia. Alegislao, a jurisprudncia e as alteraes aos Tratados tm contribudo, ao longo do tempo,para reforar este princpio e a sua aplicao na Unio Europeia. O Parlamento Europeusempre foi um acrrimo defensor do princpio da igualdade entre homens e mulheres.

    BASE JURDICA

    O princpio da igualdade de remunerao por trabalho igual entre homens e mulheres estconsagrado, desde 1957, nos tratados europeus (atualmente: artigo 157. do TFUE). Almdisso, o artigo 153. do TFUE permite que a Unio Europeia aja no domnio mais amploda igualdade de oportunidades e de tratamento em matria de emprego e de trabalho. Nestecontexto, o artigo 157. do TFUE autoriza tambm as aes positivas para reforar a autonomiadas mulheres. Finalmente, o artigo 19. do TFUE contempla a possibilidade de adoo delegislao para combater todas as formas de discriminao, designadamente em razo do sexo.A regulamentao para combater o trfico de seres humanos, em especial de mulheres e decrianas, foi adotada com base nos artigos 79. e 83. do TFUE, enquanto o programa Direitos,Igualdade e Cidadania financia, nomeadamente, as medidas que contribuem para a erradicaoda violncia contra as mulheres, com base no artigo 168. do TFUE.

    OBJETIVOS

    A Unio baseia-se num conjunto de valores, entre os quais a igualdade, e promove a igualdadeentre as mulheres e os homens (artigos 2. e 3., n. 3, do Tratado da Unio Europeia). Estesobjetivos esto igualmente consagrados no artigo 21. da Carta dos Direitos Fundamentais.Alm disso, o artigo 8. do TFUE atribui Unio a tarefa de eliminar as desigualdades epromover a igualdade entre homens e mulheres em todas as suas atividades (o chamado princpioda integrao da perspetiva de gnero). Neste contexto, a Unio e os Estados-Membroscomprometeram-se, na Declarao n. 19 anexa Ata Final da Conferncia Intergovernamentalque adotou o Tratado de Lisboa, a lutar contra todas as formas de violncia domstica [...] paraprevenir e punir tais atos criminosos, bem como para apoiar e proteger as vtimas.

    REALIZAES

    A. Principais atos legislativosEntre a legislao da Unio, adotada, na sua maioria, de acordo com o processo legislativoordinrio, encontram-se os seguintes atos: Diretiva 79/7/CEE do Conselho, de 19 de dezembro de 1978, que obriga os Estados-

    Membros a aplicar progressivamente o princpio da igualdade de tratamento entre homense mulheres em matria de segurana social;

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    Diretiva 92/85/CEE, de 19 de outubro de 1992, que introduz medidas destinadas apromover a melhoria da segurana e da sade das trabalhadoras grvidas, purperas oulactantes no trabalho; a Comisso props uma reviso desta diretiva (ver infra);

    Diretiva 2004/113/CE, de 13 de dezembro de 2004, que aplica o princpio de igualdadede tratamento entre homens e mulheres no acesso a bens e servios e seu fornecimento;

    Em 2006, os antigos atos legislativos foram revogados e substitudos pela Diretiva2006/54/CE, de 5 de julho de 2006[1], relativa aplicao do princpio da igualdadede oportunidades e igualdade de tratamento entre homens e mulheres em domniosligados ao emprego e atividade profissional (reformulao). Esta diretiva contm umadefinio de discriminao direta e indireta, de assdio e de assdio sexual. Alm disso,incentiva o patronato a adotar medidas preventivas para combater o assdio sexual,refora as sanes em caso de discriminao e prev a criao, nos Estados-Membros,de organismos responsveis pela promoo da igualdade de tratamento entre homens emulheres. Atualmente, o Parlamento Europeu defende a reviso das disposies da diretivaem matria de igualdade de remunerao[2];

    Diretiva 2010/18/UE do Conselho, de 8 de maro de 2010, que aplica o Acordo-Quadrorevisto sobre licena parental celebrado entre a Businesseurope, a Ueapme, o CEEP e aCES e que revoga a Diretiva 96/34/CE.

    Diretiva 2010/41/UE, de 7 de julho de 2010, que estabelece os objetivos para aaplicao do princpio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres que exeramuma atividade independente, incluindo a atividade agrcola, bem como proteo damaternidade, e que revoga Diretiva 86/613/CEE do Conselho;

    Diretiva 2011/36/UE, de 5 de abril de 2011, relativa preveno e luta contra o trficode seres humanos e proteo das vtimas. Substitui a Deciso-Quadro 2002/629/JAIdo Conselho e prev a harmonizao das sanes aplicveis ao trfico de seres humanosentre os Estados-Membros e das medidas de apoio s vtimas, e convida os Estados-Membros a considerar a possibilidade de tomar medidas a fim de estabelecer que autilizao de servios objeto de explorao () constitui um crime quando o utilizador temconhecimento de que a pessoa vtima de trfico, a fim de desencorajar a procura; almdisso, institui o cargo de Coordenador Europeu da luta contra o trfico de seres humanos;

    Diretiva 2011/99/UE, de 13 de dezembro de 2011, que estabelece a deciso europeia deproteo com vista a proteger uma pessoa contra um ato criminoso de outra pessoa quepossa pr em perigo a sua vida, integridade fsica ou psicolgica, dignidade, liberdadepessoal ou integridade sexual e a autorizar uma autoridade competente de outro Estado-Membro a continuar a proteo da pessoa no seu territrio; esta diretiva reforada peloRegulamento (UE) n. 606/2013, de 12 de junho de 2013, sobre o reconhecimento mtuode medidas de proteo em matria civil, a fim de garantir que as medidas de proteo civilsejam reconhecidas em toda a UE;

    Diretiva 2012/29/UE, de 25 de outubro de 2012, que estabelece normas mnimas relativasaos direitos, ao apoio e proteo das vtimas da criminalidade e substitui a Deciso-Quadro 2001/220/JAI do Conselho.

    [1]Esta diretiva de reformulao derroga igualmente a Diretiva 76/207/CEE, que tinha sido alterada pelaDiretiva 2002/73/CE.[2]Ver: Resoluo do Parlamento Europeu, de 24 de maio de 2012, com recomendaes ao Conselho relativas aplicao do princpio de igualdade de remunerao entre homens e mulheres por trabalho igual ou de valorigual Textos aprovados, P7_TA(2012)0225.

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    B. Evoluo da jurisprudncia do Tribunal de Justia Europeu (TJE)O TJE tem desempenhado um importante papel na promoo da igualdade entre os homens eas mulheres. Destacam-se nomeadamente os seguintes acrdos: Acrdo Defrenne II, de 8 de abril de 1976 (C-43/75): o Tribunal reconheceu o efeito

    direto do princpio da igualdade de remunerao entre homens e mulheres e determinouque esse princpio aplicvel no s ao das autoridades pblicas mas tambm a todosos acordos tendentes a regulamentar de forma coletiva o trabalho remunerado;

    Acrdo Bilka, de 13 de maio de 1986 (C-170/84): o Tribunal deliberou que qualquermedida que exclua os trabalhadores a tempo parcial de um regime de penses profissionaisconstitui uma discriminao indireta e viola, por isso, o antigo artigo 119. caso afeteum nmero muito superior de mulheres do que de homens, a menos que seja possveldemonstrar que essa excluso se justifica por razes objetivas e alheias a qualquer tipo dediscriminao em razo do gnero;

    Acrdo Barber, de 17 de maio de 1990 (C-262/88): o Tribunal deliberou que todas asformas de penses profissionais constituem uma remunerao na aceo do artigo 119. eque, por esse motivo, lhes aplicvel o princpio da igualdade de tratamento. O Tribunaldeterminou que os homens devem poder exercer os seus direitos em matria de penses namesma idade que as mulheres suas colegas;

    Acrdo Marschall, de 11 de novembro de 1997 (C-409/95): o Tribunal declarou que alegislao comunitria no se ope a uma regra nacional que exija que se d prioridade promoo das mulheres nos setores em que estas estejam representadas em menornmero que os homens (discriminao positiva), desde que essas vantagens no sejamautomticas e que as candidaturas dos homens sejam tidas em considerao e no sejamexcludas a priori.

    Acrdo Test-Achats, de 1 de maro de 2011 (C-236/09): o Tribunal declarou a nulidadedo artigo 5., n. 2, da Diretiva 2004/113/CE por ser contrrio ao princpio da igualdadede tratamento entre homens e mulheres no acesso a bens e servios e ao seu fornecimento.Consequentemente, deve ser aplicado aos homens e mulheres o mesmo sistema de clculoatuarial para determinar os prmios e as prestaes para efeitos de seguros.

    C. Evoluo recenteAs aes mais recentes da Unio Europeia no domnio da igualdade entre homens e mulheresforam as seguintes:1. O quadro financeiro plurianual (QFP 2014-2020) e o programa Direitos, Igualdade eCidadaniaO novo programa Direitos, Igualdade e Cidadania foi concebido para o financiamentode projetos tendentes consecuo da igualdade de gnero e a pr termo violncia contramulheres (artigo 4.). Juntamente com o programa Justia (Regulamento n. 2013/1382), foramatribudos 15 686 milhes de euros at 2020 (regulamento n. 1311/2013 sobre o QFP) e emque se combinam seis programas do perodo de financiamento 2007-2013, nomeadamenteo programa Daphne III (Deciso 779/2007) e as seces antidiscriminao e diversidadee igualdade entre homens e mulheres do Programa Comunitrio para o Emprego e aSolidariedade Social (Progress) (Deciso 1672/2006/CE).O anexo especifica que a promoo da igualdade entre homens e mulheres ser financiada,juntamente com outras medidas de luta contra a discriminao, no grupo 1, a que correspondeuma parte equivalente a 57 % da dotao financeira do programa. A rubrica Combater a

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    violncia contra as mulheres est includa no grupo 2, com 43 % da dotao financeira globaldo programa.Para 2014, a rubrica oramental 33 02 02 (Promoo da no discriminao e da igualdade) foiaumentada pelo Parlamento para 31 151 000 euros em dotaes de autorizao a fim de atenuar asbita quebra no financiamento em comparao com exerccios anteriores. Alm disso, a rubricaoramental 33 02 01 foi dotada com 23 007 000 euros para ajudar, entre outros objetivos, aproteger e combater todas as formas de violncia exercida contra as mulheres.2. Instituto Europeu para a Igualdade de Gnero (EIGE)O Parlamento Europeu e o Conselho criaram, em dezembro de 2006, um Instituto Europeuda Igualdade entre Homens e Mulheres, instalado em Vilnius, na Litunia, com o objetivogeral de contribuir para o reforo da promoo da igualdade dos gneros, incluindo a integraoda dimenso do gnero nas polticas comunitrias e nacionais. Outros objetivos so o combate discriminao em razo do sexo e a sensibilizao para a questo da igualdade de gneroatravs da prestao de assistncia tcnica s instituies europeias, incluindo nomeadamentea recolha, a anlise e a difuso de dados e instrumentos metodolgicos (ver Centro de Dados eDocumentao do EIGE em linha: http://eige.europa.eu/content/rdc).3. A Carta das Mulheres e a Estratgia para a igualdade entre homens e mulheres(2010-2015)A Carta da Mulher, apresentada pela Comisso em outubro de 2010, e a Estratgia para aigualdade entre mulheres e homens 2010-2015, aprovada em 21 de setembro de 2010, fornecemum quadro global para a promoo da igualdade de gnero em todas as polticas da UE, econtemplam cinco mbitos primordiais de ao: Igualdade no mercado de trabalho e igual independncia econmica para as mulheres e os

    homens, especialmente atravs da Estratgia Europa 2020;

    Igualdade de remunerao por um trabalho igual ou de valor igual, em cooperao comos Estados-Membros, com vista a reduzir, de forma significativa, as disparidades salariaisentre homens e mulheres ao longo dos prximos cinco anos;

    Igualdade no processo de tomada de deciso da UE atravs de medidas de incentivo;

    Dignidade, integridade e erradicao da violncia de gnero atravs de uma estruturapoltica global;

    Igualdade entre as mulheres e os homens para alm das fronteiras da UE mediantea abordagem desta questo no mbito das relaes externas e junto de organizaesinternacionais.

    O PAPEL DO PARLAMENTO EUROPEU

    O Parlamento Europeu tem desempenhado um papel de grande relevo no apoio poltica daigualdade de oportunidades, em particular por via da Comisso dos Direitos da Mulher e daIgualdade dos Gneros (FEMM). No tocante igualdade de tratamento no mercado laboral,o Parlamento Europeu desenvolve a sua atividade com base no processo legislativo ordinrio(codeciso), como ocorreu, por exemplo, com: a proposta de diretiva relativa melhoria do equilbrio entre homens e mulheres no cargo

    de administrador no executivo das empresas cotadas em bolsa e a outras medidas conexas

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    (COM(2012)0614) (ver posio do Parlamento em primeira leitura, adotada no final de2013[3]).

    a reviso da Diretiva 92/85/CEE (ver acima); o Parlamento defendeu, em primeiraleitura[4], um perodo mais longo para a licena de maternidade, concretamente, 20 semanastotalmente remuneradas, encontrando-se, porm, a proposta atualmente bloqueada noConselho.

    Alm disso, o Parlamento contribui para o desenvolvimento geral das polticas relacionadas coma igualdade entre mulheres e homens, elaborando relatrios de iniciativa e chamando a atenode outras instituies para questes especficas, nomeadamente: a luta contra a violncia exercida sobre as mulheres atravs da aprovao de um relatrio

    de iniciativa legislativa que solicita uma iniciativa legislativa por parte da Comisso ea convidava a apresentar, at ao final de 2014, e com base no artigo 84. do TFUE,uma proposta de ato que estabelea medidas para promover e apoiar a ao dos Estados-Membros no domnio da preveno da violncia contra as mulheres e as raparigas; estaresoluo inclui uma srie de recomendaes[5];

    a igualdade de gneros em tempo de crise, tal como realado na confernciainterparlamentar realizada no Dia Internacional da Mulher de 2013 e a correspondenteresoluo sobre o impacto da crise econmica na igualdade de gneros[6];

    a igualdade entre homens e mulheres nas relaes internacionais, em particular tendo emconta a evoluo da situao desde a chamada Primavera rabe no Norte de frica[7].

    Atravs da comisso FEMM e do seu Grupo de Alto Nvel para a Igualdade de Gnero ea Diversidade, o Parlamento Europeu tambm reforou o dilogo e a cooperao com osparlamentos nacionais. Em 3 de outubro de 2012, teve lugar uma conferncia interparlamentarpara debater as aes empreendidas pelos parlamentos da Unio Europeia em matria deigualdade de gnero.Erika Schulze04/2014

    [3]Ver: Resoluo do Parlamento Europeu, de 20 de novembro de 2013, sobre o equilbrio entre homens emulheres no cargo de diretor no-executivo das empresas cotadas em bolsa Textos aprovados, P 7_TA(2013) 0488.[4]Ver: Resoluo do Parlamento Europeu, de 20 de outubro de 2010, sobre a implementao de medidasdestinadas a promover a melhoria da segurana e da sade das trabalhadoras grvidas, purperas ou lactantes notrabalho Textos aprovados, P 7_TA (2010) 0373.[5]Ver: Resoluo do Parlamento Europeu, de 25 de fevereiro de 2014, sobre o combate violncia contra asmulheres Textos aprovados, P 7_TA (2014) 0126.[6]Ver: Resoluo do Parlamento Europeu, de 12 de maro de 2013, sobre o impacto da crise econmica naigualdade de gneros e nos direitos da mulher Textos aprovados, P7_TA(2013)0073.[7]Ver: Resoluo do Parlamento Europeu, de 12 de maro de 2013, sobre a situao das mulheres no Norte defrica Textos aprovados, P7_TA(2013)0075.

    Igualdade entre homens e mulheresBase jurdicaObjetivosRealizaesO papel do Parlamento Europeu