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SEGUNDA AULA CITRUS Professor: Adriano de Almeida Franzon Fruticultura

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SEGUNDA AULA CITRUS

Professor: Adriano de Almeida Franzon

Fruticultura

MICRONUTRIENTES ESSENCIAIS AOS CITROS

INTRODUÇÃO

A nutrição dos citros apresenta aspectos de grande

importância que devem ser considerados atentamente

para que seja proporcionado um bom desenvolvimento

das plantas. É necessário que haja um bom equilíbrio

entre as quantidades dos diferentes nutrientes, para

atender às exigências das plantas.

São aceitos como principais macronutrientes em peso o

carbono – C, oxigênio – O e hidrogênio – H que as

plantas retiram do ar e da água e que constituem cerca

de 95% do seu peso. Os outros 5% compõem-se de:

macronutrientes minerais que somam cerca de 4,5% do

peso total e 0,5% correspondendo a micronutrientes,

que entram em quantidades bem menores, na nutrição.

São seis os macronutrientes minerais mais importantes:

nitrogênio – N, fósforo – P, potássio – K, cálcio – Ca,

magnésio – Mg e enxofre – S. São também seis, os

micronutrientes essenciais para os citros: zinco – Zn,

boro – B, manganês – Mn, cobre – Cu, ferro – Fé e

molibdênio – Mo.

Cada um dos nutrientes tem, em associação com outros ou isoladamente, funções específicas que influenciam o comportamento das plantas quanto a seu crescimento, produção de frutas e sua qualidade interna e externa, longevidade, resistência a pragas e moléstias, etc. Para exemplificar, o nitrogênio, que é considerado o nutriente mineral mais importante para os citros, quando está em deficiência, provoca a diminuição ou até, em casos mais graves, a paralisação de crescimento das plantas, culminando com o secamento das extremidades dos ramos e, em consequência, prejuízos sérios à produção de frutas.

MICRONUTRIENTES

Tratando especificamente dos micronutrientes, embora

sua quantidade em peso seja muito reduzida, eles

exercem funções enzimáticas importantes e participam

ativamente do metabolismo dos citros.

A seguir são apresentadas as características que

permitem reconhecer visualmente a deficiência de cada

micronutriente, bem como as funções que

desempenham no complexo nutricional. Já que os

sintomas descritos referem-se à falta acentuada do

micronutriente, isto indica que as plantas com tais

sintomas estão sofrendo a carência apontada.

ZINCO – Zn

Funções: É elemento essencial para a vida das plantas embora não sejam bem claras suas funções. Suas carência provoca uma queda acentuada da clorofila, o que leva a pensar que ele interfere na sua produção. É Geralmente aceito que o zinco participa da formação de auxinas de crescimento e da ativação de enzimas estimulando o crescimento vegetativo, tamanho das folhas e sua cor verde.

Sintomas de carência: Com a falta de zinco há redução de tamanho das brotações novas e das folhas. Há clorose acentuada do limbo, em faixas entre as nervuras. Em casos agudos, aparece o aspecto de “zebradas”. Os internódios são curtos. Há tufos de folhinhas. Há redução de botões, ocorrendo pequena produção de frutos de tamanho reduzido, de casca lisa, pálidos e com pouco suco.

BORO B no solo: Tem sido encontrado B no solo na faixa de 2 a 100ppm

o que, por si só, tem pouco valor para saber de sua disponibilidade. Ele se encontra no solo como parte de alguns silicatos. Alguns fatores influem na sua disponibilidade, sendo importantes a acidez ou a alcalinidade do solo, a quantidade de colóides, a matéria orgânica, o cálcio e outros. É mais comum a deficiência de boro nas plantas em solos naturalmente ácidos, em que o B foi lavado; em solos arenosos; em solos alcalinos; em solos pobres em matéria orgânica, etc.

A faixa de segurança entre a deficiência e o excesso d B é pequena. A toxidez é tão grave quanto a sua falta, manifestando-se nas folhas por um amarelecimento das pontas, que se estende para as margens. Mais tarde pode haver a formação de resinas na face inferior seguindo-se queda de grande número delas com grave deprecimento e até morte de plantas.

Algumas práticas culturais podem interferir na disponibilidade de B às plantas:

a) a água de irrigação com 0,10 a 0,20ppm de B dificulta o aparecimento da deficiência, mas se o conteúdo de B for maior que 0,75ppm, os citros podem mostrar toxidez; b) adubações orgânicas freqüentes reduzem a deficiência de B; c) o salitre do Chile (nitrato de sódio contém impurezas das quais o B faz parte, podendo diminuir a deficiência de B; d) o mesmo acontece em São Paulo, com os calcários sedimentares da região de Limeira – Piracicaba – Rio Claro nos quais são encontrados alguns micronutrientes; e) as calagens pesadas podem interferir na utilização do B pelas plantas, tornando-o insolúvel.

MANGANÊS – Mn

Funções: O manganês ocupa posição semelhante à do zinco na nutrição das plantas, quanto à quantidade. Sua função não é bem conhecida, mas parece ser necessário para a síntese da clorofila. O Mn parece exercer também função catalítica, ajudando na atividade respiratória das plantas, na translocação do ferro, etc.

Sintomas de carência: Em folhas de tamanho normal, com maior freqüência nas partes mais sombreadas das plantas, aparecem cloroses entre as nervuras, menos acentuadas do que as de zinco. Seria como que uma leve deficiência de zinco, sem redução do tamanho das folhas.

Mn no solo: O Mn ocorre nos solos normalmente na

forma de óxidos. Compostos de Mn, como o dióxido de

Mn, apresentam baixa disponibilidade às plantas,

diminuindo a acidez do solo, a solubilidade do Mn

decresce, tornando-se pouco disponível, com pH acima

de 6,5. Certas condições do solo podem influenciar a

deficiência de Mn, a saber: solos de aluvião derivado de

material calcário; solos calcários mal drenados e com

alto teor de matéria orgânica, solos muito arenosos e

pobres originalmente em Mn, etc.

Algumas práticas culturais influenciam na

disponibilidade de Mn no solo: a) calagens exageradas

neutralizando a acidez no solo, comumente originam

deficiência de Mn por sua insolubilização; b) a queima

de matéria orgânica em solos ricos em cálcio, produz

alcalinidade que induz a deficiência de Mn; c) em solos

muito ácidos, o excesso de Mn livre causa toxidez, com

prejuízos à produção.

COBRE – Cu

Funções: Dentre os micronutrientes, o cobre participa na nutrição dos citros em doses reduzidas, em torno de 5 a 10 ppm nas folhas. Sua função é também pouco conhecida, admitindo-se ser do tipo catalítico como a do manganês, ajudando em outras funções de planta.

Sintomas de carência: É comum, na carência de cobre, aparecer uma folhagem de cor verde escuro, com brotos tenros, angulosos, em forma de S, com folhas gigantes. Com o prosseguimento da carência, as brotações novas aparecem com a coloração verde amarelada, param de crescer e perdem as folhas. Aparecem bolsas de goma nos ramos novos, o que também tem ocorrido em plantas muito jovens em viveiros.

Quando há produção de frutos, eles podem apresentar

sintomas de goma externamente, na casca, com

fendilhamentos transversais, ou longitudinais, e na parte

estilar, antes mesmo dos sintomas foliares. Tais frutos

geralmente apresentam formações de goma junto às

sementes, paralisam precocemente seu

desenvolvimento e caem antes de amadurecer.

A casca dos frutos é grossa e a quantidade de suco é

reduzida. O florescimento de plantas carentes em cobre

é abundante, há bom pegamento de frutinhos, mas

ocorre grande queda deles no verão, ainda verdes.

FERRO – Fe

Funções: O ferro é elemento essencial para a formação de clorofila, embora não faça parte dela.

Sintomas de carência: Com a falta de ferro, as folhas jovens tornam coloração amarelada, bem pálida, permanecendo verdes todas as nervuras. Fica bem destacada uma malha de nervuras verdes, em um limbo verde amarelado, mais claro, é comum a deficiência de ferro em solos alcalinos, ricos em carbonato de cálcio e mais úmidos, quando o nutriente é pouco assimilado pelas plantas, embora esteja presente em abundância. Nos solos ácidos de São Paulo, que contém teores razoáveis de ferro, não têm sido verificados sintomas de deficiência desse nutriente.

A deficiência de ferro continuada causa redução no

número e tamanho das folhas, com a morte de ramos

novos. Nos casos mais graves os frutos podem ficar

amarelados, precocemente. Em condições normais de

cultivo dos pomares, não ocorrem prejuízos por excesso

de ferro. Um excesso desse nutriente pode reduzir a

assimilação de fósforo.

Ferro no solo: O ferro se encontra no solo na forma de

óxidos e outros sais, em quantidades que atendem às

necessidades das plantas, dependendo de sua

solubilidade, que é reduzida fortemente em solos

alcalinos.

Algumas práticas culturais em outros fatores

influenciam negativamente a disponibilidade de ferro

no solo: a) solos calcários e mal drenados; b) alta

concentração de metais pesados em solos ácidos,

especialmente zinco, manganês, cobre ou níquel;

presença de fungos e ou nematóides no solo.

MOLIBDÊNIO – Mo

Funções: O molibdênio é o micronutriente exigido em menores quantidades pelos citros, entrando na composição das folhas apenas com cerca de 0,1 a 1,0 parte por milhão. É, no entanto, necessário para a redução biológica dos nitratos que antecede a formação das proteínas.

Sintomas de carência: Aparecem nas folhas manchas amareladas de forma circular, grandes, entre as nervuras. Na face inferior das folhas estas manchas se tornam resinosas, com um halo amarelado. As folhas afetadas contém baixos teores de cálcio e magnésio, enquanto o potássio é alto. Somente em casos severos, podem aparecer manchas grandes, pardacentas, com halo amarelado, externas, sem afetar o albedo, nos frutos.

Molibdênio no solo: JOHNSON (1966) relatou que em análises de mais de

500 amostras de solo o valor médio de 2,5ppm é o normal.

O molibdato, como ánion, é fortemente absorvido por minerais e colóides de solo, quando a acidez apresenta pH abaixo de 6,0.

Em solos altamente podsolizados o Mo pode estar em níveis baixos e pouco disponível, por efeito da acidez elevada.

Algumas práticas culturais podem afetar a disponibilidade do Mo: a) calagem em solos ácidos, pode ser benéfica; b) o manganês poderá induzir a deficiência de Mo, por serem elementos antagônicos entre si; c) as plantas cítricas têm respondido à adubação com molibdênio na Flórida, Estado Unidos.

ÉPOCA

A recomendação usual é a aplicação de micronutriente,

em pulverização sobre a folhagem, na primavera e no

verão, após o florescimento e com enfolhamento

abundante.

CORREÇÃO DE DEFICIÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES

As deficiências de micronutrientes podem ocorrer de duas maneiras principais: pela falta real do micronutriente no solo em quantidade suficiente à necessidade das plantas; ou por estarem em baixa disponibilidade para as plantas, sob influência de alguns fatores. No primeiro caso é imprescindível o fornecimento do nutriente às plantas, enquanto, no segundo, a disponibilidade do nutriente pode ser melhorada quando for modificada a causa do seu não aproveitamento. É o caso do excesso de cobre e manganês; ou do cálcio, que ao elevar o pH do solo pode ocasionar deficiências de ferro e de zinco; ou do excesso de fósforo no solo, causando problemas na assimilação de cobre; etc.

De qualquer maneira, o fornecimento do micronutriente problema deve atender mais rapidamente às necessidade da planta, com benefícios para o seu desenvolvimento e produção.

MÉTODOS

De maneira geral, a aplicação de micronutrientes é feita por pulverização sobre a folhagem. Como a quantidade de micronutriente exigida pelas plantas é bastante reduzida, a fim de evitar problemas de toxidez com excesso de um dado nutriente, ou mesmo, de antagonismo entre eles, em geral não é recomendada a adubação sistemática de micronutrientes junto com macronutrientes, por períodos prolongados, no solo. É conhecido o problema devido ao uso prolongado de cobre em fórmulas de adubação na citricultura da Flórida, Estados Unidos. A acumulação desse nutriente no solo levou a problemas de toxidez para as plantas, com graves prejuízos ao seu comportamento (REUTHER & SMITH, 1954).

As aplicações de micronutrientes no solo são de efeito

menor e mais lento, devido à pequena movimentação

que eles têm no solo. Por outro lado, a correção da

deficiência via solo poderá ser mais duradoura. SMITH e

RASMUSSEN (1959) constataram que a aplicação de Zn e

de Mn misturados na primeira camada de solo a 0 –

20cm de profundidade, em doses relativamente altas de

50g a 500g dos sais, por planta, supriram a deficiência

desses micronutrientes, por vários anos.

O B na forma de bórax ou de ácido bórico, pode ser aplicado, tanto na folhagem quanto no solo, mas convém fazer somente uma aplicação, uma só vez por ano, para evitar problemas de toxidez. O excesso de B pode ser atenuado com a aplicação de calcário ao solo e pela adubação nitrogenada.

A aplicação de Mo no solo não tem dado bom resultado para corrigir sua deficiência. Ela deverá ser corrigida com pulverização foliar de molibdato de sódio.

A deficiência de Fé em solos calcários não tem sido corrigida satisfatoriamente com o uso de quelatos, ao contrário dos solos ácidos, em que é sempre mais fácil. Todas as tentativas de fornecer ferro via foliar não tem dado bons resultados. Os quelatos via solo são ainda a melhor forma de corrigir a deficiência desse micronutriente.

DOENÇAS

DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS

Verrugose:

Manchas salientes, irregulares, corticosas que nas laranjas

doces se localizam quase que exclusivamente nas frutas,

sendo raras nas folhas. As lesões de coloração amarelada

depreciam o valor da fruta. Em limão-cravo ocorre

também nas folhas. A infecção nas frutas ocorre quando

ainda estão pequenas e os tratamentos preventivos com

fungicidas adequados tem dado excelentes resultados.

Controle

A época de controle mais indicada é a da florada

principal quando 2/3 das pétalas tenham caído, uma

segunda aplicação da 4 a 6 semanas após a primeira.

Os fungicidas recomendados são: (aplicação foliar)

GARANT, BRAVONIL 500, COBRE, E METILTIOFAM.

Pinta Preta

Pinta preta ou mancha preta dos citros é uma

doença causada pelo fungo Guignardia

citricarpa, que afeta todas as variedades de

laranjas doces, limões verdadeiros, tangerinas e

híbridos. Nunca foram observados sintomas da

doença em frutos de lima ácida Tahiti.

Sintomas

O aparecimento de sintomas pode demorar até

um ano, dependendo da variedade e das

condições ambientais. O aparecimento é

favorecido pela luminosidade combinada com altas

temperaturas, sendo comum encontrar frutos com

maior número de lesões na face exposta à luz do

sol.

Sintomas de pinta preta não são observados com

frequência em folhas. Quando ocorrem, são

evidentes nas duas faces da folha e as lesões são

semelhantes às da mancha preta ou dura

observada nos frutos.

Controle

- Histórico da doença na propriedade;

- Condições climáticas;

- Desenvolvimento da planta;

- Destino da produção (mercado ou indústria);

- Condições nutricionais e sanidade do pomar.

- Uma forma de economizar e racionalizar o uso

de fungicidas é conciliar o controle químico da

pinta preta com o de outras doenças fúngicas,

como a verrugose e a melanose.

- Pulverizações pós-florada realizadas para o

controle de verrugose e melanose dão uma

proteção parcial a pinta preta.

Podridão Floral

Agente Etiológico: uma raça virulenta do fungo

Colletotrichum que ataca flores e frutinhos.Seu ataque é

favorecido pela alta umidade na época da florada. Os

frutinhos afetados mostram lesões enegrecidas

Controle

Químico: por ocasião do lançamento dos botões florais,

repetindo-se após 10 a 15 dias, para proteger os botões

ainda fechados.sendo assim, utiliza-se um programa de

tratamento com fungicidas tais como: BENZIMIDAZOL,

CÚPRICO, DITIOCARBAMATO, TRIAZOFTALIMIDA,

FTALONITRILA, ANILAZINA.

Melanose:

Pequenas lesões arredondadas de cor escura que

ocorrem em galhos, folhas e frutos. Como a verrugose

deprecia o valor da fruta, deve ser combatida com

pulverização de produto à base de cobre, após uma

poda de limpeza de galhos secos.

Controle

Feito na época da florada, quando 2/3 das pétalas

tenham caído, a segunda aplicação é feita 6 semanas

após a primeira aplicação.

Os fungicidas recomendados são: GARANTE, BRAVONIL

500, COBRE SANDOZ BR, COPIDROL PM E METILTIOFAM.

Rubelose:

Manifesta-se pelo rompimento da casca e morte dos galhos; examinados, mostram-se estar revestidos pelo fungo, que se apresenta inicialmente como leve camada clara e que se torna amarelada ou salmão. Seu controle se realiza através de eliminação dos galhos secos e uso de uma pasta à base de cobre para proteger os cortes. Bons resultados tem sido conseguidos, efetuando-se o pincelamento dos ramos afetados com Carbolineum (produto utilizado para preservação de madeira). Inclusive em estágio inicial da doença desnecessário torna-se cortar o ramo atacado pois este deverá se recuperar.

Controle

Poda e queima dos ramos afetados, no período de

Junho-Julho.Os cortes devem ser protegidos com pasta

bordalesa ou calda cuprica concentrada.

Gomose:

Ataca a casca, a parte interna do tronco, raízes e ramos

das plantas. Geralmente o fungo invade a planta na

região próxima ao solo, e que foi acidentalmente ferida

por ferramentas. O local doente solta a casca e deixa

escorrer uma goma escura. As partes afetadas deverão

ser raspadas e pinceladas com uma calda à base de

cobre a 3%, ou mesmo carbolineum que também tem

sido utilizado com bons resultados.

Medidas preventivas: utilização de porta-enxertos

tolerantes; plantio alto, deixando as primeiras raízes

acima do nível do solo; evitar solos úmidos, pesados e

mal drenados; evitar ferimentos na planta, quando da

realização dos tratos culturais; evitar excesso de água na

base da planta; manter o controle adequado do mato sob

a planta; evitar adubação nitrogenada pesada e acúmulo

de adubo orgânico junto à base do tronco, etc.

Controle

MOLÉSTIAS CAUSADAS POR VÍRUS

As principais são: a sorose, a xiloporose e a exocorte.

Não há meio de controle. Devem ser prevenidas pelo

uso de borbulhas rigorosamente selecionadas, tiradas

de plantas sadias.

Sorose:

Pequenas pústulas aparecem nos ramos e galhos principais, normalmente quando as plantas atingem cerca de 10 a 15 anos.

Essas erupções vão aumentando e chegam a descascar. Há exsudação de goma quando a doença se torna severa. A planta degenera lentamente, ficando improdutiva e sendo necessária a sua eliminação.

Por ser uma doença que normalmente se manifesta em planta adulta e considerando o quadro anterior, ao observar-se a alta incidência da sorose, pode-se avaliar o perigo para citricultores que investem vultosas quantias nos seus pomares, quando estes podem estar contaminados, sem, entretanto, mostrarem ainda os sintomas.

Xiloporose:

É aparentemente uma doença pouco importante para a citricultura paulista. O vírus produz, na planta atacada, deformação no lenho. Há a formação de depressões profundas no lenho e correspondentes projeções salientes desenvolvendo-se na parte interna da casca. Há acúmulo de goma nos tecidos de casca que certamente prejudicam a circulação dos nutrientes, e a planta assim paralisa o seu crescimento. A laranja Barão é altamente contaminada e o porta-enxerto do limoeiro cravo é sensível. Assim deve-se evitar a enxertia da primeira no segundo.

Exocorte:

Afeta somente o limoeiro-cravo, Poncirus trifoliata e seus híbridos, que são geralmente empregados como porta-enxerto. Quando variedades contaminadas são enxertadas nesses cavalos, o vírus provoca o aparecimento do escamamento e erupções na casca do porta-enxerto. Esse dano causado à casca interfere no desenvolvimento normal do sistema radicular e as plantas paralisam o desenvolvimento. Com exceção da variedade Pêra (8,4% contaminada), as demais variedades de importância comercial estão fortemente contaminadas.

Os sintomas dessa virose manifestam-se quando as plantas ainda são jovens, havendo casos raros de sintomas em mudas ainda no viveiro.

Leprose:

É causado por um vírus disseminado por um ácaro de coloração alaranjada intensa a vermelho, que apresenta corpo achatado, de tamanho reduzido, cerca de 0,3 mm, 4 pares de patas e movimentos lentos.

Os sintomas podem aparecer em ramos, folhas e frutos. Nas folhas aparecem manchas claras com halo claro característico e o centro quase sempre necrosado. Nos frutos verdes aparecem manchas verde-claras, rodeadas por um anel amarelado que sobressai da cor verde da parte roxa infectada do fruto. Com o amadurecimento deste, tais manchas tornam-se pardas ou escurecidas, ligeiramente deprimidas, de tamanho variável, às vezes com pequenas rachaduras.

Os frutos, quando atacados, ficam bastante depreciados

ou mesmo inutilizados para o mercado de frutas frescas

pela sua aparência repugnante. Nos ramos provocam

manchas que se transformam em pústulas salientes,

dando-se, finalmente, a soltura da casca. Evita-se a

disseminação da leprose controlando-se o “ácaro da

leprose”, com pulverizações de enxofre molhável a 0,3-

0,7% ou clorobenzilato a 0,12% ou ainda dicofol a

0,15%, além de outros acaricidas específicos.

“Tristeza”:

Não foi incluída no citado levantamento por ser

também e principalmente transmitida por um inseto,

que é o pulgão-preto (Toxoptera citricidus). Assim, é de

se esperar que todas as nossas plantas cítricas estejam

contaminadas por essa virose. Face ao abandono do

uso do porta-enxerto de laranja azeda, altamente

sensível à “tristeza”, as plantas hoje contaminadas

ainda vivem satisfatoriamente segundo os graus de

intensidade do ataque.

Entretanto, no caso de ataque forte do vírus da “tristeza” em plantas de laranja-pera em qualquer de seus cones e independentemente do porta-enxerto, seus ramos geralmente mostram sintomas de “caneluras” (“stem pitting”) associadas com a presença de goma nos tecidos. Paralisação no crescimento e produção de frutos pequenos e descoloridos são sintomas adicionais nas plantas atacadas. Limoeiro galego e pomeleiros também são sujeitos aos mesmos sintomas, razão da pequena longevidade dessas espécies de plantas cítricas. Não há medidas de prevenção, em virtude da presença do inseto vetor, que transmite o vírus de árvore a árvore, como também pela borbulha, na ocasião da “enxertia”.

Evidentemente, as doenças de vírus constituem hoje o

maior flagelo da citricultura. O único meio de controlá-

las é a prevenção. Assim, somente deve-se adquirir

mudas cítricas dos viveiristas que tenham seu viveiros

legalmente registrados no Instituto Biológico e

apresentem o “Certificado de Sanidade de

Estabelecimento Agrícola”.

Morte súbita

Sem causa ainda confirmada, a MSC é uma doença de

combinação copa/porta enxerto, que manifesta os

sintomas na região da enxertia em plantas sobre porta-

enxertos intolerantes. Suspeita-se que seja causada por

um vírus transmitido de forma bastante eficiente por

um vetor aéreo.

Sintomas

- O primeiro sintoma observado é a perda generalizada

do brilho das folhas, apresentando um aspecto pálido.

- Geralmente, ocorre perda de turgidez, acompanhado

de desfolha parcial. Em estágio mais avançado ocorre a

desfolha total.

- Raízes e radicelas apodrecem. Isso acontece porque

os vasos do floema, que transportam os produtos da

fotossíntese para toda a planta, ficam bloqueados. Pode

acontecer antes de aparecerem os sintomas na copa.

Controle

- A medida mais importante, é não transportar mudas, borbulhas e cavalinhos das regiões contaminadas para aquelas onde a doença ainda não foi constatada.

- Nas áreas afetadas, recomenda-se a subenxertia com porta-enxertos tolerantes - de tangerina Cleópatra, Sunki ou citrumelo Swingle - em árvores sobre limão Cravo. O subenxerto deve ser feito o mais cedo possível;

- Produzir e plantar mudas em diferentes porta-enxertos tolerantes;

- Subenxertia

- Esta técnica substitui o porta-enxerto e cria novas raízes para alimentar a planta doente.

DOENÇAS BACTERIANAS DOS CITROS

CANCRO CÍTRICO

A literatura registra cinco formas diferentes de cancro

cítrico (Stall & Civerolo, 1991). As principais diferenças

entre essas formas da doença são a gama de

hospedeiros, a severidade e a sintomatologia. A forma

Asiática, também conhecida como cancro ou cancrose

A, é a mais amplamente disseminada e a mais severa

das doenças.

O cancro cítrico, causado por Xanthomonas axonopodis

pv. Citri (Hasse, 1915) Vauterin et al. 1995, é originário

da Ásia e a primeira descrição da doença foi feita em

1912, quando de sua introdução na Flórida, Estados

Unidos, por meio de mudas de citros originárias do

Japão (Agrios, 1997). A doença é encontrada em pelo

menos 30 países, sendo endêmica em todos aqueles

produtores da Ásia e em vários outros da América do

Sul, como Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai

(Feichtenberger et al., 1997 e Amorim & Bergamin Filho,

1999).

No Brasil, a primeira observação de ocorrência do

cancro cítrico deu-se em 1957, por A. A. Bitancourt, no

município de Presidente Prudente (SP), segundo

Rossetti et al. (1982). Disseminou-se para outras regiões

paulistas e outros estados, como Mato Grosso do Sul,

Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul (Feichtenberger, et al., 1997 e Cosave,

2000)

O cancro cítrico tem causado graves prejuízos à citricultura brasileira é um dos fatores responsáveis pela recente queda na safra de laranja, cuja produção vinha numa curva ascendente até atingir o pico de 428 milhões de caixas, na safra 1997/1998. No período 1998/1999, caiu para 330 milhões de caixas. O processamento na industria caiu de 318 milhões de caixas para 279 milhões, o que significa cerca de 500 mil toneladas de suco a menos. O reflexo imediato é a queda na movimentação do porto de Santos, menos divisas para o país e perda de espaço no mercado internacional, entre outros fatores (Fundecitrus, 2001).

O cancro cítrico causa lesões locais em folhas, frutos e ramos, as quais são levemente salientes, corticosas, da cor de palha ou pardacentas. Nas folhas, as lesões são salientes e correspondentes nas duas faces, circundadas por um halo amarelo que desaparece, quando as lesões ficam mais velhas. Nos frutos, elas podem atingir de 2 a 10mm. Os frutos atacados geralmente caem antes de atingir a maturação final. Nos frutos verdes, observa-se o anel claro que rodeia as lesões, o qual desaparece com o seu amadurecimento. As lesões podem-se juntar tomando grandes áreas e provocar o rompimento da casca, o que torna os frutos imprestáveis para o comércio. Nos ramos, as lesões podem-se unir formando crostas, que provocam a morte deles quando atingem grandes áreas.

Ataques severos da doença podem provocar desfolha com conseqüente depauperamento de plantas, e queda prematura de frutos. Alguns sintomas causados por outros patógenos podem ser confundidos com os sintomas do cancro cítrico, sendo importante uma diferenciação segura desses sintomas.

A disseminação a curtas distancias se dá, principalmente, por chuvas e ventos, mas o principal agente disseminador é o próprio homem, por meio do transito indiscriminado de pessoas pelos pomares, materiais de colheita e de veículos. A longas distancias, a disseminação ocorre por meio de material de propagação doente.

CLOROSE VARIEGADA OU AMARELINHA

Tem sido constatada em pomares do Norte do Estado

de São Paulo desde 1987 (Rossetti et al., 1990).

Caracteriza-se pela presença de manchas cloróticas nas

folhas, que evoluem para uma clorose variegada.

Inicialmente, os sintomas manifestam-se em um ramo

da planta, mas posteriormente toda a planta é afetada.

As plantas produzem frutos pequenos e endurecidos, e

tornam-se praticamente improdutivas.

São afetadas plantas de laranja doce das cultivares Natal, Pêra, Hamlin, Seleta e Valência enxertadas sobre limão ‘Cravo’, tangerina ‘Cleópatra’ e limão ‘Volkameriano’. Aparentemente, plantas de lima ácida Tahiti e tangerinas não apresentam sintomas (Rossetti et al., 1990).

No pomar, a doença ocorre inicialmente em plantas ao acaso, porém passa a ocorrer em reboleiras. As plantas mostram os primeiros sintomas dos três aos cinco anos de idade. A doença progride rapidamente e, em dois a três anos após a primeira constatação do problema, o pomar torna-se praticamente improdutivo. Sintomas de clorose variegada têm sido observados também em plantas de viveiros.

A causa da doença ainda não foi determinada.

Entretanto, a bactéria Xylella fastidiosa Wells et al tem

sido consistentemente encontrada em tecidos

vasculares de folhas e ramos de plantas cítricas com

clorose variegada (Leite & Leite, 1991).

Algumas medidas devem ser adotadas para prevenir a

introdução da doença no pomar. A recomendação

básica é a utilização de material propagativo sadio,

proveniente de plantas matrizes registradas ou de

plantas selecionadas de pomares sem histórico da

doença.<![endif]>

Células de Xylella fastidiosa (ME)

Transmissão

Onze espécies de cigarrinhas são comprovadamente

capazes de transmitir a bactéria Xylella fastidiosa e,

portanto, são responsáveis pela disseminação da CVC

em todas as regiões citrícolas do país. Ao se

alimentarem no xilema de árvores contaminadas, as

cigarrinhas adquirem a bactéria e passam a transmiti-la

para outras plantas sadias. Entre as medidas mais

importantes de manejo da doença está o controle de

cigarrinhas no pomar. O primeiro passo é saber

reconhecê-las:

Greening

- Também chamado de huanglongbing (HBL), o

greening, é uma doença de difícil controle.

- O agente causal é uma bactéria com

crescimento limitado ao floema (vasos que

distribuem a seiva elaborada), chamada

provisoriamente Candidatus Liberibacter spp.

Antes da constatação no Brasil, existiam duas

formas de bactérias causadoras do greening:

Candidatus Liberibacter africanus, associado à

forma africana da doença, e Candidatus

Liberibacter asiaticus associada à forma asiática.

Sintomas

- O sintoma inicial geralmente aparece em um ramo ou galho, que se destaca pela cor amarela em contraste com a coloração verde das folhas dos ramos não afetados. As folhas apresentam coloração amarela pálida, com áreas de cor verde, formando manchas irregulares (mosqueadas).

- O fruto fica deformado e assimétrico. Cortando-se um fruto afetado no sentido longitudinal, é possível verificar internamente filetes alaranjados que partem da região de inserção com o pedúnculo (haste que segura o fruto). A parte branca da casca, em alguns casos, apresenta um espessura maior que o normal.

Transmissão

- Vetor Diaphorina citri, é um pequeno inseto que mede de

3 a 4 mm e que é comum nos pomares brasileiro.

Controle

- As indicações se baseiam em três medidas de controle:

- O primeiro passo é adquirir mudas sadias, produzidas em

viveiros protegidos, que seguem a legislação fitossanitária;

- Eliminar as plantas doentes assim que apresentem os

primeiros sintomas.

- Fazer o controle químico do vetor com a aplicação de

inseticidas.

Greening

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