MICRONUTRIENTES ESSENCIAIS AOS CITROS
INTRODUÇÃO
A nutrição dos citros apresenta aspectos de grande
importância que devem ser considerados atentamente
para que seja proporcionado um bom desenvolvimento
das plantas. É necessário que haja um bom equilíbrio
entre as quantidades dos diferentes nutrientes, para
atender às exigências das plantas.
São aceitos como principais macronutrientes em peso o
carbono – C, oxigênio – O e hidrogênio – H que as
plantas retiram do ar e da água e que constituem cerca
de 95% do seu peso. Os outros 5% compõem-se de:
macronutrientes minerais que somam cerca de 4,5% do
peso total e 0,5% correspondendo a micronutrientes,
que entram em quantidades bem menores, na nutrição.
São seis os macronutrientes minerais mais importantes:
nitrogênio – N, fósforo – P, potássio – K, cálcio – Ca,
magnésio – Mg e enxofre – S. São também seis, os
micronutrientes essenciais para os citros: zinco – Zn,
boro – B, manganês – Mn, cobre – Cu, ferro – Fé e
molibdênio – Mo.
Cada um dos nutrientes tem, em associação com outros ou isoladamente, funções específicas que influenciam o comportamento das plantas quanto a seu crescimento, produção de frutas e sua qualidade interna e externa, longevidade, resistência a pragas e moléstias, etc. Para exemplificar, o nitrogênio, que é considerado o nutriente mineral mais importante para os citros, quando está em deficiência, provoca a diminuição ou até, em casos mais graves, a paralisação de crescimento das plantas, culminando com o secamento das extremidades dos ramos e, em consequência, prejuízos sérios à produção de frutas.
MICRONUTRIENTES
Tratando especificamente dos micronutrientes, embora
sua quantidade em peso seja muito reduzida, eles
exercem funções enzimáticas importantes e participam
ativamente do metabolismo dos citros.
A seguir são apresentadas as características que
permitem reconhecer visualmente a deficiência de cada
micronutriente, bem como as funções que
desempenham no complexo nutricional. Já que os
sintomas descritos referem-se à falta acentuada do
micronutriente, isto indica que as plantas com tais
sintomas estão sofrendo a carência apontada.
ZINCO – Zn
Funções: É elemento essencial para a vida das plantas embora não sejam bem claras suas funções. Suas carência provoca uma queda acentuada da clorofila, o que leva a pensar que ele interfere na sua produção. É Geralmente aceito que o zinco participa da formação de auxinas de crescimento e da ativação de enzimas estimulando o crescimento vegetativo, tamanho das folhas e sua cor verde.
Sintomas de carência: Com a falta de zinco há redução de tamanho das brotações novas e das folhas. Há clorose acentuada do limbo, em faixas entre as nervuras. Em casos agudos, aparece o aspecto de “zebradas”. Os internódios são curtos. Há tufos de folhinhas. Há redução de botões, ocorrendo pequena produção de frutos de tamanho reduzido, de casca lisa, pálidos e com pouco suco.
BORO B no solo: Tem sido encontrado B no solo na faixa de 2 a 100ppm
o que, por si só, tem pouco valor para saber de sua disponibilidade. Ele se encontra no solo como parte de alguns silicatos. Alguns fatores influem na sua disponibilidade, sendo importantes a acidez ou a alcalinidade do solo, a quantidade de colóides, a matéria orgânica, o cálcio e outros. É mais comum a deficiência de boro nas plantas em solos naturalmente ácidos, em que o B foi lavado; em solos arenosos; em solos alcalinos; em solos pobres em matéria orgânica, etc.
A faixa de segurança entre a deficiência e o excesso d B é pequena. A toxidez é tão grave quanto a sua falta, manifestando-se nas folhas por um amarelecimento das pontas, que se estende para as margens. Mais tarde pode haver a formação de resinas na face inferior seguindo-se queda de grande número delas com grave deprecimento e até morte de plantas.
Algumas práticas culturais podem interferir na disponibilidade de B às plantas:
a) a água de irrigação com 0,10 a 0,20ppm de B dificulta o aparecimento da deficiência, mas se o conteúdo de B for maior que 0,75ppm, os citros podem mostrar toxidez; b) adubações orgânicas freqüentes reduzem a deficiência de B; c) o salitre do Chile (nitrato de sódio contém impurezas das quais o B faz parte, podendo diminuir a deficiência de B; d) o mesmo acontece em São Paulo, com os calcários sedimentares da região de Limeira – Piracicaba – Rio Claro nos quais são encontrados alguns micronutrientes; e) as calagens pesadas podem interferir na utilização do B pelas plantas, tornando-o insolúvel.
MANGANÊS – Mn
Funções: O manganês ocupa posição semelhante à do zinco na nutrição das plantas, quanto à quantidade. Sua função não é bem conhecida, mas parece ser necessário para a síntese da clorofila. O Mn parece exercer também função catalítica, ajudando na atividade respiratória das plantas, na translocação do ferro, etc.
Sintomas de carência: Em folhas de tamanho normal, com maior freqüência nas partes mais sombreadas das plantas, aparecem cloroses entre as nervuras, menos acentuadas do que as de zinco. Seria como que uma leve deficiência de zinco, sem redução do tamanho das folhas.
Mn no solo: O Mn ocorre nos solos normalmente na
forma de óxidos. Compostos de Mn, como o dióxido de
Mn, apresentam baixa disponibilidade às plantas,
diminuindo a acidez do solo, a solubilidade do Mn
decresce, tornando-se pouco disponível, com pH acima
de 6,5. Certas condições do solo podem influenciar a
deficiência de Mn, a saber: solos de aluvião derivado de
material calcário; solos calcários mal drenados e com
alto teor de matéria orgânica, solos muito arenosos e
pobres originalmente em Mn, etc.
Algumas práticas culturais influenciam na
disponibilidade de Mn no solo: a) calagens exageradas
neutralizando a acidez no solo, comumente originam
deficiência de Mn por sua insolubilização; b) a queima
de matéria orgânica em solos ricos em cálcio, produz
alcalinidade que induz a deficiência de Mn; c) em solos
muito ácidos, o excesso de Mn livre causa toxidez, com
prejuízos à produção.
COBRE – Cu
Funções: Dentre os micronutrientes, o cobre participa na nutrição dos citros em doses reduzidas, em torno de 5 a 10 ppm nas folhas. Sua função é também pouco conhecida, admitindo-se ser do tipo catalítico como a do manganês, ajudando em outras funções de planta.
Sintomas de carência: É comum, na carência de cobre, aparecer uma folhagem de cor verde escuro, com brotos tenros, angulosos, em forma de S, com folhas gigantes. Com o prosseguimento da carência, as brotações novas aparecem com a coloração verde amarelada, param de crescer e perdem as folhas. Aparecem bolsas de goma nos ramos novos, o que também tem ocorrido em plantas muito jovens em viveiros.
Quando há produção de frutos, eles podem apresentar
sintomas de goma externamente, na casca, com
fendilhamentos transversais, ou longitudinais, e na parte
estilar, antes mesmo dos sintomas foliares. Tais frutos
geralmente apresentam formações de goma junto às
sementes, paralisam precocemente seu
desenvolvimento e caem antes de amadurecer.
A casca dos frutos é grossa e a quantidade de suco é
reduzida. O florescimento de plantas carentes em cobre
é abundante, há bom pegamento de frutinhos, mas
ocorre grande queda deles no verão, ainda verdes.
FERRO – Fe
Funções: O ferro é elemento essencial para a formação de clorofila, embora não faça parte dela.
Sintomas de carência: Com a falta de ferro, as folhas jovens tornam coloração amarelada, bem pálida, permanecendo verdes todas as nervuras. Fica bem destacada uma malha de nervuras verdes, em um limbo verde amarelado, mais claro, é comum a deficiência de ferro em solos alcalinos, ricos em carbonato de cálcio e mais úmidos, quando o nutriente é pouco assimilado pelas plantas, embora esteja presente em abundância. Nos solos ácidos de São Paulo, que contém teores razoáveis de ferro, não têm sido verificados sintomas de deficiência desse nutriente.
A deficiência de ferro continuada causa redução no
número e tamanho das folhas, com a morte de ramos
novos. Nos casos mais graves os frutos podem ficar
amarelados, precocemente. Em condições normais de
cultivo dos pomares, não ocorrem prejuízos por excesso
de ferro. Um excesso desse nutriente pode reduzir a
assimilação de fósforo.
Ferro no solo: O ferro se encontra no solo na forma de
óxidos e outros sais, em quantidades que atendem às
necessidades das plantas, dependendo de sua
solubilidade, que é reduzida fortemente em solos
alcalinos.
Algumas práticas culturais em outros fatores
influenciam negativamente a disponibilidade de ferro
no solo: a) solos calcários e mal drenados; b) alta
concentração de metais pesados em solos ácidos,
especialmente zinco, manganês, cobre ou níquel;
presença de fungos e ou nematóides no solo.
MOLIBDÊNIO – Mo
Funções: O molibdênio é o micronutriente exigido em menores quantidades pelos citros, entrando na composição das folhas apenas com cerca de 0,1 a 1,0 parte por milhão. É, no entanto, necessário para a redução biológica dos nitratos que antecede a formação das proteínas.
Sintomas de carência: Aparecem nas folhas manchas amareladas de forma circular, grandes, entre as nervuras. Na face inferior das folhas estas manchas se tornam resinosas, com um halo amarelado. As folhas afetadas contém baixos teores de cálcio e magnésio, enquanto o potássio é alto. Somente em casos severos, podem aparecer manchas grandes, pardacentas, com halo amarelado, externas, sem afetar o albedo, nos frutos.
Molibdênio no solo: JOHNSON (1966) relatou que em análises de mais de
500 amostras de solo o valor médio de 2,5ppm é o normal.
O molibdato, como ánion, é fortemente absorvido por minerais e colóides de solo, quando a acidez apresenta pH abaixo de 6,0.
Em solos altamente podsolizados o Mo pode estar em níveis baixos e pouco disponível, por efeito da acidez elevada.
Algumas práticas culturais podem afetar a disponibilidade do Mo: a) calagem em solos ácidos, pode ser benéfica; b) o manganês poderá induzir a deficiência de Mo, por serem elementos antagônicos entre si; c) as plantas cítricas têm respondido à adubação com molibdênio na Flórida, Estado Unidos.
ÉPOCA
A recomendação usual é a aplicação de micronutriente,
em pulverização sobre a folhagem, na primavera e no
verão, após o florescimento e com enfolhamento
abundante.
CORREÇÃO DE DEFICIÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES
As deficiências de micronutrientes podem ocorrer de duas maneiras principais: pela falta real do micronutriente no solo em quantidade suficiente à necessidade das plantas; ou por estarem em baixa disponibilidade para as plantas, sob influência de alguns fatores. No primeiro caso é imprescindível o fornecimento do nutriente às plantas, enquanto, no segundo, a disponibilidade do nutriente pode ser melhorada quando for modificada a causa do seu não aproveitamento. É o caso do excesso de cobre e manganês; ou do cálcio, que ao elevar o pH do solo pode ocasionar deficiências de ferro e de zinco; ou do excesso de fósforo no solo, causando problemas na assimilação de cobre; etc.
De qualquer maneira, o fornecimento do micronutriente problema deve atender mais rapidamente às necessidade da planta, com benefícios para o seu desenvolvimento e produção.
MÉTODOS
De maneira geral, a aplicação de micronutrientes é feita por pulverização sobre a folhagem. Como a quantidade de micronutriente exigida pelas plantas é bastante reduzida, a fim de evitar problemas de toxidez com excesso de um dado nutriente, ou mesmo, de antagonismo entre eles, em geral não é recomendada a adubação sistemática de micronutrientes junto com macronutrientes, por períodos prolongados, no solo. É conhecido o problema devido ao uso prolongado de cobre em fórmulas de adubação na citricultura da Flórida, Estados Unidos. A acumulação desse nutriente no solo levou a problemas de toxidez para as plantas, com graves prejuízos ao seu comportamento (REUTHER & SMITH, 1954).
As aplicações de micronutrientes no solo são de efeito
menor e mais lento, devido à pequena movimentação
que eles têm no solo. Por outro lado, a correção da
deficiência via solo poderá ser mais duradoura. SMITH e
RASMUSSEN (1959) constataram que a aplicação de Zn e
de Mn misturados na primeira camada de solo a 0 –
20cm de profundidade, em doses relativamente altas de
50g a 500g dos sais, por planta, supriram a deficiência
desses micronutrientes, por vários anos.
O B na forma de bórax ou de ácido bórico, pode ser aplicado, tanto na folhagem quanto no solo, mas convém fazer somente uma aplicação, uma só vez por ano, para evitar problemas de toxidez. O excesso de B pode ser atenuado com a aplicação de calcário ao solo e pela adubação nitrogenada.
A aplicação de Mo no solo não tem dado bom resultado para corrigir sua deficiência. Ela deverá ser corrigida com pulverização foliar de molibdato de sódio.
A deficiência de Fé em solos calcários não tem sido corrigida satisfatoriamente com o uso de quelatos, ao contrário dos solos ácidos, em que é sempre mais fácil. Todas as tentativas de fornecer ferro via foliar não tem dado bons resultados. Os quelatos via solo são ainda a melhor forma de corrigir a deficiência desse micronutriente.
DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS
Verrugose:
Manchas salientes, irregulares, corticosas que nas laranjas
doces se localizam quase que exclusivamente nas frutas,
sendo raras nas folhas. As lesões de coloração amarelada
depreciam o valor da fruta. Em limão-cravo ocorre
também nas folhas. A infecção nas frutas ocorre quando
ainda estão pequenas e os tratamentos preventivos com
fungicidas adequados tem dado excelentes resultados.
Controle
A época de controle mais indicada é a da florada
principal quando 2/3 das pétalas tenham caído, uma
segunda aplicação da 4 a 6 semanas após a primeira.
Os fungicidas recomendados são: (aplicação foliar)
GARANT, BRAVONIL 500, COBRE, E METILTIOFAM.
Pinta Preta
Pinta preta ou mancha preta dos citros é uma
doença causada pelo fungo Guignardia
citricarpa, que afeta todas as variedades de
laranjas doces, limões verdadeiros, tangerinas e
híbridos. Nunca foram observados sintomas da
doença em frutos de lima ácida Tahiti.
Sintomas
O aparecimento de sintomas pode demorar até
um ano, dependendo da variedade e das
condições ambientais. O aparecimento é
favorecido pela luminosidade combinada com altas
temperaturas, sendo comum encontrar frutos com
maior número de lesões na face exposta à luz do
sol.
Sintomas de pinta preta não são observados com
frequência em folhas. Quando ocorrem, são
evidentes nas duas faces da folha e as lesões são
semelhantes às da mancha preta ou dura
observada nos frutos.
Controle
- Histórico da doença na propriedade;
- Condições climáticas;
- Desenvolvimento da planta;
- Destino da produção (mercado ou indústria);
- Condições nutricionais e sanidade do pomar.
- Uma forma de economizar e racionalizar o uso
de fungicidas é conciliar o controle químico da
pinta preta com o de outras doenças fúngicas,
como a verrugose e a melanose.
- Pulverizações pós-florada realizadas para o
controle de verrugose e melanose dão uma
proteção parcial a pinta preta.
Podridão Floral
Agente Etiológico: uma raça virulenta do fungo
Colletotrichum que ataca flores e frutinhos.Seu ataque é
favorecido pela alta umidade na época da florada. Os
frutinhos afetados mostram lesões enegrecidas
Controle
Químico: por ocasião do lançamento dos botões florais,
repetindo-se após 10 a 15 dias, para proteger os botões
ainda fechados.sendo assim, utiliza-se um programa de
tratamento com fungicidas tais como: BENZIMIDAZOL,
CÚPRICO, DITIOCARBAMATO, TRIAZOFTALIMIDA,
FTALONITRILA, ANILAZINA.
Melanose:
Pequenas lesões arredondadas de cor escura que
ocorrem em galhos, folhas e frutos. Como a verrugose
deprecia o valor da fruta, deve ser combatida com
pulverização de produto à base de cobre, após uma
poda de limpeza de galhos secos.
Controle
Feito na época da florada, quando 2/3 das pétalas
tenham caído, a segunda aplicação é feita 6 semanas
após a primeira aplicação.
Os fungicidas recomendados são: GARANTE, BRAVONIL
500, COBRE SANDOZ BR, COPIDROL PM E METILTIOFAM.
Rubelose:
Manifesta-se pelo rompimento da casca e morte dos galhos; examinados, mostram-se estar revestidos pelo fungo, que se apresenta inicialmente como leve camada clara e que se torna amarelada ou salmão. Seu controle se realiza através de eliminação dos galhos secos e uso de uma pasta à base de cobre para proteger os cortes. Bons resultados tem sido conseguidos, efetuando-se o pincelamento dos ramos afetados com Carbolineum (produto utilizado para preservação de madeira). Inclusive em estágio inicial da doença desnecessário torna-se cortar o ramo atacado pois este deverá se recuperar.
Controle
Poda e queima dos ramos afetados, no período de
Junho-Julho.Os cortes devem ser protegidos com pasta
bordalesa ou calda cuprica concentrada.
Gomose:
Ataca a casca, a parte interna do tronco, raízes e ramos
das plantas. Geralmente o fungo invade a planta na
região próxima ao solo, e que foi acidentalmente ferida
por ferramentas. O local doente solta a casca e deixa
escorrer uma goma escura. As partes afetadas deverão
ser raspadas e pinceladas com uma calda à base de
cobre a 3%, ou mesmo carbolineum que também tem
sido utilizado com bons resultados.
Medidas preventivas: utilização de porta-enxertos
tolerantes; plantio alto, deixando as primeiras raízes
acima do nível do solo; evitar solos úmidos, pesados e
mal drenados; evitar ferimentos na planta, quando da
realização dos tratos culturais; evitar excesso de água na
base da planta; manter o controle adequado do mato sob
a planta; evitar adubação nitrogenada pesada e acúmulo
de adubo orgânico junto à base do tronco, etc.
Controle
MOLÉSTIAS CAUSADAS POR VÍRUS
As principais são: a sorose, a xiloporose e a exocorte.
Não há meio de controle. Devem ser prevenidas pelo
uso de borbulhas rigorosamente selecionadas, tiradas
de plantas sadias.
Sorose:
Pequenas pústulas aparecem nos ramos e galhos principais, normalmente quando as plantas atingem cerca de 10 a 15 anos.
Essas erupções vão aumentando e chegam a descascar. Há exsudação de goma quando a doença se torna severa. A planta degenera lentamente, ficando improdutiva e sendo necessária a sua eliminação.
Por ser uma doença que normalmente se manifesta em planta adulta e considerando o quadro anterior, ao observar-se a alta incidência da sorose, pode-se avaliar o perigo para citricultores que investem vultosas quantias nos seus pomares, quando estes podem estar contaminados, sem, entretanto, mostrarem ainda os sintomas.
Xiloporose:
É aparentemente uma doença pouco importante para a citricultura paulista. O vírus produz, na planta atacada, deformação no lenho. Há a formação de depressões profundas no lenho e correspondentes projeções salientes desenvolvendo-se na parte interna da casca. Há acúmulo de goma nos tecidos de casca que certamente prejudicam a circulação dos nutrientes, e a planta assim paralisa o seu crescimento. A laranja Barão é altamente contaminada e o porta-enxerto do limoeiro cravo é sensível. Assim deve-se evitar a enxertia da primeira no segundo.
Exocorte:
Afeta somente o limoeiro-cravo, Poncirus trifoliata e seus híbridos, que são geralmente empregados como porta-enxerto. Quando variedades contaminadas são enxertadas nesses cavalos, o vírus provoca o aparecimento do escamamento e erupções na casca do porta-enxerto. Esse dano causado à casca interfere no desenvolvimento normal do sistema radicular e as plantas paralisam o desenvolvimento. Com exceção da variedade Pêra (8,4% contaminada), as demais variedades de importância comercial estão fortemente contaminadas.
Os sintomas dessa virose manifestam-se quando as plantas ainda são jovens, havendo casos raros de sintomas em mudas ainda no viveiro.
Leprose:
É causado por um vírus disseminado por um ácaro de coloração alaranjada intensa a vermelho, que apresenta corpo achatado, de tamanho reduzido, cerca de 0,3 mm, 4 pares de patas e movimentos lentos.
Os sintomas podem aparecer em ramos, folhas e frutos. Nas folhas aparecem manchas claras com halo claro característico e o centro quase sempre necrosado. Nos frutos verdes aparecem manchas verde-claras, rodeadas por um anel amarelado que sobressai da cor verde da parte roxa infectada do fruto. Com o amadurecimento deste, tais manchas tornam-se pardas ou escurecidas, ligeiramente deprimidas, de tamanho variável, às vezes com pequenas rachaduras.
Os frutos, quando atacados, ficam bastante depreciados
ou mesmo inutilizados para o mercado de frutas frescas
pela sua aparência repugnante. Nos ramos provocam
manchas que se transformam em pústulas salientes,
dando-se, finalmente, a soltura da casca. Evita-se a
disseminação da leprose controlando-se o “ácaro da
leprose”, com pulverizações de enxofre molhável a 0,3-
0,7% ou clorobenzilato a 0,12% ou ainda dicofol a
0,15%, além de outros acaricidas específicos.
“Tristeza”:
Não foi incluída no citado levantamento por ser
também e principalmente transmitida por um inseto,
que é o pulgão-preto (Toxoptera citricidus). Assim, é de
se esperar que todas as nossas plantas cítricas estejam
contaminadas por essa virose. Face ao abandono do
uso do porta-enxerto de laranja azeda, altamente
sensível à “tristeza”, as plantas hoje contaminadas
ainda vivem satisfatoriamente segundo os graus de
intensidade do ataque.
Entretanto, no caso de ataque forte do vírus da “tristeza” em plantas de laranja-pera em qualquer de seus cones e independentemente do porta-enxerto, seus ramos geralmente mostram sintomas de “caneluras” (“stem pitting”) associadas com a presença de goma nos tecidos. Paralisação no crescimento e produção de frutos pequenos e descoloridos são sintomas adicionais nas plantas atacadas. Limoeiro galego e pomeleiros também são sujeitos aos mesmos sintomas, razão da pequena longevidade dessas espécies de plantas cítricas. Não há medidas de prevenção, em virtude da presença do inseto vetor, que transmite o vírus de árvore a árvore, como também pela borbulha, na ocasião da “enxertia”.
Evidentemente, as doenças de vírus constituem hoje o
maior flagelo da citricultura. O único meio de controlá-
las é a prevenção. Assim, somente deve-se adquirir
mudas cítricas dos viveiristas que tenham seu viveiros
legalmente registrados no Instituto Biológico e
apresentem o “Certificado de Sanidade de
Estabelecimento Agrícola”.
Morte súbita
Sem causa ainda confirmada, a MSC é uma doença de
combinação copa/porta enxerto, que manifesta os
sintomas na região da enxertia em plantas sobre porta-
enxertos intolerantes. Suspeita-se que seja causada por
um vírus transmitido de forma bastante eficiente por
um vetor aéreo.
Sintomas
- O primeiro sintoma observado é a perda generalizada
do brilho das folhas, apresentando um aspecto pálido.
- Geralmente, ocorre perda de turgidez, acompanhado
de desfolha parcial. Em estágio mais avançado ocorre a
desfolha total.
- Raízes e radicelas apodrecem. Isso acontece porque
os vasos do floema, que transportam os produtos da
fotossíntese para toda a planta, ficam bloqueados. Pode
acontecer antes de aparecerem os sintomas na copa.
Controle
- A medida mais importante, é não transportar mudas, borbulhas e cavalinhos das regiões contaminadas para aquelas onde a doença ainda não foi constatada.
- Nas áreas afetadas, recomenda-se a subenxertia com porta-enxertos tolerantes - de tangerina Cleópatra, Sunki ou citrumelo Swingle - em árvores sobre limão Cravo. O subenxerto deve ser feito o mais cedo possível;
- Produzir e plantar mudas em diferentes porta-enxertos tolerantes;
- Subenxertia
- Esta técnica substitui o porta-enxerto e cria novas raízes para alimentar a planta doente.
DOENÇAS BACTERIANAS DOS CITROS
CANCRO CÍTRICO
A literatura registra cinco formas diferentes de cancro
cítrico (Stall & Civerolo, 1991). As principais diferenças
entre essas formas da doença são a gama de
hospedeiros, a severidade e a sintomatologia. A forma
Asiática, também conhecida como cancro ou cancrose
A, é a mais amplamente disseminada e a mais severa
das doenças.
O cancro cítrico, causado por Xanthomonas axonopodis
pv. Citri (Hasse, 1915) Vauterin et al. 1995, é originário
da Ásia e a primeira descrição da doença foi feita em
1912, quando de sua introdução na Flórida, Estados
Unidos, por meio de mudas de citros originárias do
Japão (Agrios, 1997). A doença é encontrada em pelo
menos 30 países, sendo endêmica em todos aqueles
produtores da Ásia e em vários outros da América do
Sul, como Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
(Feichtenberger et al., 1997 e Amorim & Bergamin Filho,
1999).
No Brasil, a primeira observação de ocorrência do
cancro cítrico deu-se em 1957, por A. A. Bitancourt, no
município de Presidente Prudente (SP), segundo
Rossetti et al. (1982). Disseminou-se para outras regiões
paulistas e outros estados, como Mato Grosso do Sul,
Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul (Feichtenberger, et al., 1997 e Cosave,
2000)
O cancro cítrico tem causado graves prejuízos à citricultura brasileira é um dos fatores responsáveis pela recente queda na safra de laranja, cuja produção vinha numa curva ascendente até atingir o pico de 428 milhões de caixas, na safra 1997/1998. No período 1998/1999, caiu para 330 milhões de caixas. O processamento na industria caiu de 318 milhões de caixas para 279 milhões, o que significa cerca de 500 mil toneladas de suco a menos. O reflexo imediato é a queda na movimentação do porto de Santos, menos divisas para o país e perda de espaço no mercado internacional, entre outros fatores (Fundecitrus, 2001).
O cancro cítrico causa lesões locais em folhas, frutos e ramos, as quais são levemente salientes, corticosas, da cor de palha ou pardacentas. Nas folhas, as lesões são salientes e correspondentes nas duas faces, circundadas por um halo amarelo que desaparece, quando as lesões ficam mais velhas. Nos frutos, elas podem atingir de 2 a 10mm. Os frutos atacados geralmente caem antes de atingir a maturação final. Nos frutos verdes, observa-se o anel claro que rodeia as lesões, o qual desaparece com o seu amadurecimento. As lesões podem-se juntar tomando grandes áreas e provocar o rompimento da casca, o que torna os frutos imprestáveis para o comércio. Nos ramos, as lesões podem-se unir formando crostas, que provocam a morte deles quando atingem grandes áreas.
Ataques severos da doença podem provocar desfolha com conseqüente depauperamento de plantas, e queda prematura de frutos. Alguns sintomas causados por outros patógenos podem ser confundidos com os sintomas do cancro cítrico, sendo importante uma diferenciação segura desses sintomas.
A disseminação a curtas distancias se dá, principalmente, por chuvas e ventos, mas o principal agente disseminador é o próprio homem, por meio do transito indiscriminado de pessoas pelos pomares, materiais de colheita e de veículos. A longas distancias, a disseminação ocorre por meio de material de propagação doente.
CLOROSE VARIEGADA OU AMARELINHA
Tem sido constatada em pomares do Norte do Estado
de São Paulo desde 1987 (Rossetti et al., 1990).
Caracteriza-se pela presença de manchas cloróticas nas
folhas, que evoluem para uma clorose variegada.
Inicialmente, os sintomas manifestam-se em um ramo
da planta, mas posteriormente toda a planta é afetada.
As plantas produzem frutos pequenos e endurecidos, e
tornam-se praticamente improdutivas.
São afetadas plantas de laranja doce das cultivares Natal, Pêra, Hamlin, Seleta e Valência enxertadas sobre limão ‘Cravo’, tangerina ‘Cleópatra’ e limão ‘Volkameriano’. Aparentemente, plantas de lima ácida Tahiti e tangerinas não apresentam sintomas (Rossetti et al., 1990).
No pomar, a doença ocorre inicialmente em plantas ao acaso, porém passa a ocorrer em reboleiras. As plantas mostram os primeiros sintomas dos três aos cinco anos de idade. A doença progride rapidamente e, em dois a três anos após a primeira constatação do problema, o pomar torna-se praticamente improdutivo. Sintomas de clorose variegada têm sido observados também em plantas de viveiros.
A causa da doença ainda não foi determinada.
Entretanto, a bactéria Xylella fastidiosa Wells et al tem
sido consistentemente encontrada em tecidos
vasculares de folhas e ramos de plantas cítricas com
clorose variegada (Leite & Leite, 1991).
Algumas medidas devem ser adotadas para prevenir a
introdução da doença no pomar. A recomendação
básica é a utilização de material propagativo sadio,
proveniente de plantas matrizes registradas ou de
plantas selecionadas de pomares sem histórico da
doença.<![endif]>
Transmissão
Onze espécies de cigarrinhas são comprovadamente
capazes de transmitir a bactéria Xylella fastidiosa e,
portanto, são responsáveis pela disseminação da CVC
em todas as regiões citrícolas do país. Ao se
alimentarem no xilema de árvores contaminadas, as
cigarrinhas adquirem a bactéria e passam a transmiti-la
para outras plantas sadias. Entre as medidas mais
importantes de manejo da doença está o controle de
cigarrinhas no pomar. O primeiro passo é saber
reconhecê-las:
Greening
- Também chamado de huanglongbing (HBL), o
greening, é uma doença de difícil controle.
- O agente causal é uma bactéria com
crescimento limitado ao floema (vasos que
distribuem a seiva elaborada), chamada
provisoriamente Candidatus Liberibacter spp.
Antes da constatação no Brasil, existiam duas
formas de bactérias causadoras do greening:
Candidatus Liberibacter africanus, associado à
forma africana da doença, e Candidatus
Liberibacter asiaticus associada à forma asiática.
Sintomas
- O sintoma inicial geralmente aparece em um ramo ou galho, que se destaca pela cor amarela em contraste com a coloração verde das folhas dos ramos não afetados. As folhas apresentam coloração amarela pálida, com áreas de cor verde, formando manchas irregulares (mosqueadas).
- O fruto fica deformado e assimétrico. Cortando-se um fruto afetado no sentido longitudinal, é possível verificar internamente filetes alaranjados que partem da região de inserção com o pedúnculo (haste que segura o fruto). A parte branca da casca, em alguns casos, apresenta um espessura maior que o normal.
Transmissão
- Vetor Diaphorina citri, é um pequeno inseto que mede de
3 a 4 mm e que é comum nos pomares brasileiro.
Controle
- As indicações se baseiam em três medidas de controle:
- O primeiro passo é adquirir mudas sadias, produzidas em
viveiros protegidos, que seguem a legislação fitossanitária;
- Eliminar as plantas doentes assim que apresentem os
primeiros sintomas.
- Fazer o controle químico do vetor com a aplicação de
inseticidas.