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Fórum Permanente: Hub Internacional para o desenvolvimento sustentável Desafios ao Desenvolvimento Sustentável na Macrometrópole Paulista: o papel e o lugar das pequenas cidades Sílvia Helena Zanirato PROCAM IEE - USP Pesquisa associada ao Projeto Temático Fapesp 2015/03804-9

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Fórum Permanente: Hub Internacional para o desenvolvimento sustentável

Desafios ao Desenvolvimento Sustentável na Macrometrópole Paulista: o papel e o lugar das

pequenas cidades

Sílvia Helena Zanirato

PROCAM – IEE - USP

Pesquisa associada ao Projeto Temático Fapesp 2015/03804-9

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Vinculações

Projeto: Vulnerabilidades das pequenas cidades da Macrometrópole Paulista à variabilidade climática

Objetivos:

Compreender as especificidades das pequenas cidades em relação às vulnerabilidades,

Identificar hotspots de vulnerabilidades multisetoriais.

Projeto temático Fapesp: Governança Ambiental da Macrometrópole Paulista face à variabilidade climática

Objetivo:

Pensar na articulação entre as instâncias de gestão responsáveis pelo controle e contingenciamento dos riscos e vulnerabilidades, associados às iniquidades socioambientais, de modo a prevenir e controlar os impactos das alterações climáticas.

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Estrutura da fala

1. Precisão conceitual: sustentabilidade, vulnerabilidade, pequenas cidades, hotspots

2. A Macrometrópole Paulista como um espaço heterogêneo;A Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte no contexto da MMP

3. As pequenas cidades como espaços de estudo;

4. Vulnerabilidade das pequenas cidades à variabilidade climática: fatores físico/ambientais e sócio/institucionais;

5. Arranjos institucionais em um espaço assimétrico

6. O papel e o lugar das pequenas cidades: refazendo sentidos

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Precisão conceitual4

O principal objetivo da sustentabilidade é criar condições desejáveis para as gerações futuras (Marchese, Reynolds, Bates, Morgan, Clark , Linkov, 2018)

Em cada definição da “sustentabilidade urbana” encontraremos, por certo, o embrião de diferentes projetos de futuro para as cidades (Acselrad, 2001).

Sustentabilidade Urbana: o processo ativo de integração e co-evolução sinérgica entre os subsistemas que compõem uma cidade, sem comprometer as possibilidades de desenvolvimento das áreas circundantes e contribuindo para reduzir os efeitos nocivos do desenvolvimento sobre a biosfera (Zhang, Li, 2018)

Os esforços de sustentabilidade entendidos em escala de tempo maior, pois os efeitos das políticas de sustentabilidade podem não influenciar diretamente as condições atuais, mas podem ter efeitos substanciais nas condições futuras (Marchese, Reynolds, Bates, Morgan, Clark, Linkov, 2018)

A sustentabilidade considera o papel da pobreza e da desigualdade e vê o alívio desses fatores como centrais para o bem-estar ambiental (Vallance, Perkins, Dixon, 2011).

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Precisão conceitual 5

Pequenas cidades: origem, tamanho e função (CORRÊA, 2003). Lugares que “apresentampouca ou quase nenhuma dinâmica econômica, que não conseguem nem mesmodesempenhar uma centralidade em uma microrregião” (MAIA, 2010, p. 22).

Vulnerabilidade: condições determinadas por fatores ou processos físicos, sociais,econômicos e ambientais que aumentam a suscetibilidade de uma comunidade para oimpacto da manifestação do perigo (UNISDR, 2015)

Hotspots – regiões particularmente vulneráveis a impactos climáticos atuais ou futuros, eonde a segurança humana pode estar em risco (Sherbinin, 2014)

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53,4 mil km2 – 21,5% do Estado de São Paulo;

174 municípios – 50% da área urbanizada do Estado;

74,7% da população estadual em 2018 e 81,9% do PIB estadual em 2016;

2,68 milhões de pessoas em setores subnormais (IBGE, 2010);

20% do patrimônio natural protegido do Estado (EMPLASA, 2019).

A Macrometrópole Paulista

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Assimetrias

São José dos Campos, PIB 2000: R$ 18.384,02,

Bananal PIB 2000: R$ 3.494,65,

Arapeí, Areias e São José do Barreiro: -1% do PIB de São José dos Campos.

São José dos Campos: polo tecnológico espacial, Centro Técnico da Aeronáutica, indústriaartefatos bélicos, de veículos automotores e autopeças

Bananal: produção e comercialização do artesanato de crochê.

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Por que pequenas cidades?

▫ As cidades de pequeno e médio porte responderão pelo maior número de desastres urbanos no século 21. Elas estão em grande parte "fora do mapa" no planejamento e nos diálogos sobre políticas (ROBINSON, 2002; BELL & JAYNE, 2009; PELLING, 2003, 2012).

▫ Espaços sub-teorizados. As teorias urbanas desenvolvidas têm 'foco exclusivo nas maiores cidades', e não consideram a diversidade de 'formas e funções urbanas' (Bell e Jayne, 2009, p. 683);

▫ Os textos acadêmicos concentram-se em lugares com altas populações, influência econômica e/ou cultural e/ou importância política.

▫ As pequenas cidades são pouco compreendidas em termos de suas estruturas, planejamento, experiências e imaginação de seus residentes.

▫ “A pequena cidade se explica pelo hábitos urbano; as maneiras de agir, a autoimagem, com estruturas sedimentadas de senso de pertencimento de lugar e de aspiração ”(Bell e Jayne, 2009, p. 5).

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Vulnerabilidade das pequenas cidades à variabilidade climática

Os condicionantes de vulnerabilidades encontrados para as megacidades não devem ser projetadas sem críticas para as cidades menores, onde os contextos político, econômico, social e ambiental são diferentes (PELLING, 2003).

Vulnerabilidade: suscetibilidade das localidades e capacidade adaptativa

A vulnerabilidade entrelaça condições ambientais como a geomorfologia, a hidrografia, a declividade, a ocorrência de movimentos de massa e de enchentes, com condições sociais como o tipo de ocupação do solo, as estruturas de contenção de riscos, a capacidade de organização político/institucional e a condição de pobreza.

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Fatores físico/ambientais12

Geomorfologia;Altitude;Clima;Vegetação;Hidrografia;Cenários climáticos;Mapeamento riscos.

Paraibuna São Bento do SapucaíRedenção da

Serra

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Fatores sócio/institucionais13

Cresc. Populacional;Geração/formas de emprego;IPVS;IPRS;Normas de uso e ocupação do solo;Histórico de desastres.

Canas Santa BrancaParaibuna

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14Município Seca Plano de contingência p/

seca

Alagamento Processo erosivo

acelerado

Enxurrada ou

inundação brusca

Área atingida Escorregamento ou

deslizamento de encostas

Plano de contingência p/

deslizamento

Arapeí Sim, 2015 Não Não Não Não Não Não

Areias Não Não Não Não Não Não Não

Bananal Sim, 2015 Não Não Não Não Não Não

Canas Não Sim Sim Não Sim, 2014 Com ocupação regular Não Não

Cunha Não Não Sim Sim Sim, 2013 Naturalmente inundável Não Não

Igaratá Sim, 2015 Não Não Não Não Não Não

Jambeiro Não sabe Não Não Não Não Não Não

Lagoinha Não Não Não Não Não Não Não

Lavrinhas Sim, 2014 Não Sim Sim Sim, 2016 Com processo erosivo acelerado Não Não

Monteiro Lobato Sim, 2014 Não Sim Sim Sim, 2016 Naturalmente inundável e não

usualmente inundável, com

ocupação irregular

Sim, 2015 Não

Natividade da Serra Não Não Não Não Não Não Não Não

Paraibuna Sim, 2014 Sim Sim Sim Sim, 2015 Com ocupação irregular Não Não

Piquete Não Sim Sim Não Sim, 2016 Não usualmente inundável, com

ocupação regular

Sim, 2015 Sim

Potim Não Não Não Não Não Não Não Não

Queluz Sim, 2015 Não Sim Não Sim, 2015 Naturalmente inundável, com

ocupação irregular

Sim, 2015 Não

Redenção da Serra Sim, 2015 Não Sim Não Sim, 2015 Naturalmente inundável, com

ocupações regulares

Sim, 2013 Não

Santa Branca Sim, 2015 Não Não Sim Sim, 2015 Não usualmente inundável Sim, 2016 Não

St. Antônio do Pinhal Sim, 2016 Não Sim Não Não Não Não Não

S. Bento do Sapucaí Sim, 2014 Não Sim Sim Sim, 2014 Naturalmente inundável, com

ocupação irregular

Sim, 2016 Não

S. José do Barreiro Não Não Não Não Não Não Sim, 2016 Não

S. Luiz do Paraitinga Sim, 2013 Não Sim Não Sim, 2013 Naturalmente inundável Não Não

Silveiras Sim, 2014 Não Não Sim Não Não Não Não

IBGE,

2017

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Arranjos institucionais em um espaço assimétrico

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A relação de forças entre estados e municípios dificulta a expressão da voz destes últimos: fortemente dependentes dos repasses dos governos estaduais, os municípios acabam por ceder às pressões dos estados, como foi o caso da mudança de posição em relação à transposição do Jaguarí para o sistema Cantareira (RIOS, 2017, p. 10).

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As pequenas cidades no Plano de Desenvolvimento da Macrometrópole

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Os municípios com menos de 20 mil habitantes são “os que têm as maiores dificuldades, inclusive de ordem política, para arrecadar IPTU e ISS”;Os municípios com características agrícolas são os que têm “piores condições para auferir receita própria significativa” (EMPLASA, 2012, p. 23).

Por serem “desprovidas de condições de atração de investimentos produtivos”, têm baixa capacidade de investimento, por isso há que se “lançar mão de modelos de financiamento que considerem a condição de desigualdade entre os entes federativos com atuação nos espaços regionais” (EMPLASA, 2015, p. 290).

O lugar das pequenas cidades não é óbvio. Não há políticas de desenvolvimento para essas.

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As pequenas cidades nos contrafortes da Serra da Mantiqueira e na Serra da Bocaina/Serra do Mar.

Formações florestais ricas em biodiversidade e sumidouro de carbono.

Regulação do fluxo dos mananciais.

Patrimônio histórico e cultural.

Externalidades ambientais positivas da conservação florestal, um incentivo para a provisão de serviços ambientais.

Recompensar os que produzem ou mantêm os serviços ambientais.

- Rio Claro – RJ: Produtores de Água e Florestas Bacia Guandu / RJ pagamento pelo uso da água e incentivo à conservação da bacia do rio Gandú.- Guaratinguetá - Programa Produtor de Água

- São José dos Campos - Conservação de Recursos

Hídricos.

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O papel e o lugar: refazendo sentidos

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Obrigada

[email protected]

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