friedrich wilhelm nietzsche

18
Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken , 15 de outubro de 1844 Weimar ,25 de agosto de 1900 ) foi um filólogo , filósofo , crítico cultural , poeta ecompositor alemão do século XIX . 1 Ele escreveu vários textos críticos sobre a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência, exibindo uma predileção por metáfora , ironia e aforismo . As ideias-chave de Nietzsche incluíam a dicotomia apolíneo/dionisíaca, operspectivismo , a vontade de poder , a "morte de Deus ", o Übermensch (Além-Homem) e eterno retorno . Sua filosofia central é a ideia de "afirmação da vida", que envolve questionamento de qualquer doutrina que drene uma expansiva de energias, porém socialmente predominantes essas ideias poderiam ser. 2 Seu questionamento radical do valor e da objetividade da verdade tem sido o foco de extenso comentário e sua influência continua a ser substancial, especialmente na tradição filosófica continental compreendendo existencialismo , pós-modernismo e pós-estruturalismo . Suas ideias de superação individual e transcendência além da estrutura e contexto tiveram um impacto profundo sobre pensadores do final do século XX e início do século XXI, que usaram estes conceitos como pontos de partida para o desenvolvimento de suas filosofias. 3 4 Mais recentemente, as reflexões de Nietzsche foram recebidas em várias abordagens filosóficas que se movem além do humanismo , por exemplo, otransumanismo . Nietzsche começou sua carreira como filólogo clássico — um estudioso da crítica textual grega e romana — antes de se voltar para a filosofia. Em 1869, aos vinte e quatro anos, ele foi nomeado para a cadeira de Filologia Clássica na Universidade de Basileia , a pessoa mais jovem a ter alcançado esta posição. 5 Em 1889, com quarenta e quatro anos de idade, ele sofreu um colapso e uma perda completa de suas faculdades mentais. A composição foi posteriormente atribuída a paresia geral atípica devido asífilis terciária , mas este diagnóstico vem entrado em

Upload: marcos-oliveira-lopes

Post on 16-Dec-2015

221 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

FILOSOFIA

TRANSCRIPT

Friedrich Wilhelm Nietzsche(Rcken,15 de outubrode1844Weimar,25 de agostode1900) foi umfillogo,filsofo,crtico cultural,poetaecompositoralemodosculo XIX.1Ele escreveu vrios textos crticos sobre a religio, a moral, a cultura contempornea, filosofia e cincia, exibindo uma predileo pormetfora,ironiaeaforismo.As ideias-chave de Nietzsche incluam a dicotomia apolneo/dionisaca, operspectivismo, avontade de poder, a "morte de Deus", obermensch(Alm-Homem) eeterno retorno. Sua filosofia central a ideia de "afirmao da vida", que envolve questionamento de qualquer doutrina que drene uma expansiva de energias, porm socialmente predominantes essas ideias poderiam ser.2Seu questionamento radical do valor e da objetividade da verdade tem sido o foco de extenso comentrio e sua influncia continua a ser substancial, especialmente na tradiofilosfica continentalcompreendendoexistencialismo,ps-modernismoeps-estruturalismo. Suas ideias de superao individual e transcendncia alm da estrutura e contexto tiveram um impacto profundo sobre pensadores do final dosculo XXe incio dosculo XXI, que usaram estes conceitos como pontos de partida para o desenvolvimento de suas filosofias.34Mais recentemente, as reflexes de Nietzsche foram recebidas em vrias abordagens filosficas que se movem alm dohumanismo, por exemplo, otransumanismo.Nietzsche comeou sua carreira comofillogo clssico um estudioso da crtica textual grega e romana antes de se voltar para a filosofia. Em 1869, aos vinte e quatro anos, ele foi nomeado para a cadeira de Filologia Clssica naUniversidade de Basileia, a pessoa mais jovem a ter alcanado esta posio.5Em 1889, com quarenta e quatro anos de idade, ele sofreu um colapso e uma perda completa de suas faculdades mentais. A composio foi posteriormente atribuda aparesiageral atpica devido asfilis terciria, mas este diagnstico vem entrado em questo.6Nietzsche viveu seus ltimos anos sob os cuidados de sua me at a morte dela em 1897, depois ele caiu sob os cuidados de sua irm,Elisabeth Frster-Nietzscheat a sua morte em 1900.Como sua cuidadora, sua irm assumiu o papel de curadora e editora de seus manuscritos. Frster-Nietzsche era casada com um proeminentenacionalistaeantissemitaalemo,Bernhard Frster, e retrabalhou escritos inditos de Nietzsche para se adequar a ideologia de seu marido, muitas vezes de maneiras contrrias s suas opinies expressas, que estavam fortemente e explicitamente opostas ao anti-semitismo e nacionalismo. Atravs de edies de Frster-Nietzsche, o nome de Friedrich tornou-se associado com omilitarismo alemoe onazismo, embora estudiosos posteriores dosculo XXtentaram neutralizar esse equvoco de suas ideias.

JuventudeFriedrich Wilhelm Nietzsche (/nit/7ou/niti/8) nasceu numa famlialuterana, em 15 de outubro de 1844. Filho de Karl Ludwig, seus dois avs eram pastoresprotestantes.9O prprio Nietzsche pensou em seguir a carreira de pastor: entretanto, rejeitou a crena religiosa durante sua adolescncia e o seu contato com afilosofiaafastou-o da carreirateolgica. Iniciou seus estudos no semestre de inverno de 1864-1865 naUniversidade de Bonnemfilologia clssicae teologia evanglica. EmBonn, participou daBurschenschaftFrankonia, que acabou abandonando em razo de sua participao nesta organizao atrapalhar seus estudos. Transferiu-se, depois, para aUniversidade de Leipzig: isso se deveu, acima de tudo, transferncia do professorFriedrich Wilhelm Ritschl(figura paterna para Nietzsche) para essa Universidade. Durante os seus estudos na universidade deLeipzig, a leitura deSchopenhauer("O Mundo como Vontade e Representao", 1820) veio a constituir as premissas da sua vocao filosfica. Aluno brilhante, dotado de slida formaoclssica, Nietzsche foi nomeado, aos 24 anos, professor defilologiana universidade deBasileia. Adotou, ento, a nacionalidadesua. Desenvolveu, durante dez anos, a sua acuidade filosfica no contacto com o pensamentogrego antigo, com predileo para osPr-socrticos, em especial paraHerclitoeEmpdocles. Durante os seus anos de ensino, tornou-se amigo deJacob BurckhardteRichard Wagner. Em 1870, comprometeu-se como voluntrio (mdico10) naGuerra franco-prussiana. A experincia da violncia e o sofrimento chocaram-no profundamente.

Em 1879, seu estado de sade obrigou-o a deixar o posto de professor. Sua voz, inaudvel, afastava os alunos. Comeou, ento, uma vida errante em busca de um clima favorvel tanto para sua sade como para seu pensamento (Veneza,Gnova,Turim,Nice,Sils-Maria: "No somos como aqueles que chegam a formar pensamentos seno no meio dos livros - o nosso hbito pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando, danando (... )." Em 1882, encontrouPaul ReeLou Andreas-Salom, a quem pediu em casamento. Ela recusou, aps ter-lhe feito esperar sentimentos recprocos. No mesmo ano, comeou a escrever oAssim Falou Zaratustra, quando de uma estada em Nice. Nietzsche no cessou de escrever com um ritmo crescente. Este perodo terminou brutalmente em 3 de Janeiro de 1889 com uma "crise deloucura" que, durando at a sua morte, colocou-o sob a tutela da sua me e sua irm. No incio desta loucura, Nietzsche encarnou alternativamente as figuras deDionsioeCristo, expressas em bizarras cartas, afundando, depois, em um silncio quase completo at a sua morte. Uma lenda dizia que contraiusfilis. Estudos recentes se inclinam antes para umcancronocrebroque, eventualmente, pode ter tido origem sifiltica. Aps sua morte, sua irm, Elisabeth Frster-Nietzsche e Peter Gast, dileto amigo do filsofo, segundo um plano de Nietzsche, datado de 17 de maro de 1887, efetuaram umacoletneade fragmentos pstumos para compor a obra conhecida como "Vontade de Poder"11. Essa obra foi, amide, acusada de ser uma "deturpaonazista"; tal afirmao mostrou-se inverdica, frente s comparaes com a edio crtica alem, como denotaram os tradutores da nova traduo para o portugus12, e especialmente o filsofo Gilvan Fogel, que afirmou que " preciso que se enfatize: os textos so autnticos. Todos so da cunhagem, da lavra de Nietzsche. No foram, como j se disse e se insinuou, distorcidos ou adulterados pelos organizadores".13.Durante toda a vida, tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando concluso de que nascera pstumo, para os leitores do porvir. O sucesso de Nietzsche, entretanto, sobreveio quando um professor dinamarqus leu a sua obra Assim Falou Zaratustra e, ento, tratou de difundi-la, em 1888.Muitos estudiosos da poca tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua prpria maneira de minimizar os efeitos da sua doena).MORTE E COLAPSO MENTAL

Em 3 de janeiro de 1889, Nietzsche sofreu umcolapso mental. Nietzsche teria testemunhado o aoitamento de um cavalo no outro extremo da Piazza Carlo Alberto, e ento correu em direo ao cavalo, jogou os braos ao redor de seu pescoo para proteg-lo e em seguida, caiu no cho.1415Nos dias seguintes, Nietzsche enviou escritos breves conhecidos comoWahnbriefe("Cartas da loucura") para um nmero de amigos comoCosima WagnereJacob Burckhardt. Muitas delas assinadas "Dionsio".16Embora a maioria dos comentaristas considerem seu colapso como alheios sua filosofia,Georges Bataillechegou a insinuar que sua filosofia pudesse t-lo enlouquecido ("'Homem encarnado' tambm deve enlouquecer")17e a psicanlisepostmortemdeRen Girardpostula uma rivalidade de adorao com oRichard WagneAcultura ocidentale suasreligies, assim como amoraljudaico-crist, foram temas comuns em suas obras. Nietzsche se apresenta como alvo de muitas crticas na histria dafilosofia moderna, isto porque, primariamente, h certas dificuldades de entendimento na forma de apresentao das figuras e/oucategoriasao leitor ou estudioso, causando confuses devido principalmente aosparadoxosdos conceitos de realidade ou verdade.Nietzsche, sem dvida, considera ocristianismoe obudismocomo "as duas religies da decadncia", embora ele afirme haver uma grande diferena nessas duas concepes. O budismo, para Nietzsche, " cem vezes mais realista que o cristianismo". Religies que aspiram aonada, cujos valores dissolveram a mesquinhez histrica. No obstante, tambm se autointitula ateu:"Para mim oatesmono nem uma consequncia, nem mesmo um fato novo: existe comigo porinstinto" (Ecce Homo, pt.II, af.1)A crtica que Nietzsche faz doidealismometafsicofocaliza as categorias do idealismo e os valores morais que o condicionam, propondo uma outra abordagem: agenealogiados valores.Friedrich Nietzsche pretendeu ser o grande "desmascarador" de todos ospreconceitose iluses do gnero humano, aquele que ousa olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trs devaloresuniversalmente aceitos, por trs das grandes e pequenasverdadesmelhor assentadas, por trs dos ideais que serviram de base para acivilizaoe nortearam o rumo dos acontecimentos histricos. E, assim, a moral tradicional (e, principalmente, a esboada porKant), a religio e apolticano so, para ele, nada mais que mscaras que escondem uma realidade inquietante e ameaadora, cuja viso difcil de suportar. A moral, seja ela kantiana ouhegeliana, e at acatharsisaristotlica, so caminhos mais fceis de serem trilhados para se subtrair plena viso autntica da vida.Nietzsche criticou essa moral que leva revolta dos indivduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a classe superior e aristocrtica que, por um lado, pela adoo dessa mesma moral, sofre de m conscincia e cria a iluso de que mandar por si mesmo adotar essa moral.A vida s se pode conservar e manter-se atravs de imbricaes incessantes entre os seres vivos, atravs da luta entre vencidos que gostariam de sair vencedores e vencedores que podem a cada instante ser vencidos e, por vezes, j se consideram como tais. Neste sentido, a vida vontade de poderou de domnio ou de potncia. Vontade essa que no conhece pausas e, por isso, est sempre criando novas mscaras para se esconder do apelo constante e sempre renovado da vida; pois, para Nietzsche, a vida tudo e tudo se esvai diante da vida humana. Porm as mscaras, segundo ele, tornam a vida mais suportvel, ao mesmo tempo em que a deformam, mortificando-a base decicutae, finalmente, ameaando destru-la.No existe vida mdia, segundo Nietzsche, entre aceitao da vida e renncia. Para salv-la, mister arrancar-lhe as mscaras e reconhec-la tal como : no para sofr-la ou aceit-la com resignao, mas para restituir-lhe o seu ritmo exaltante, o seu merismtico jbilo.O homem um filho do "hmus" e , portanto, corpo e vontade no somente de sobreviver, mas de vencer. Suas verdadeiras "virtudes" so: o orgulho, a alegria, a sade, o amor sexual, a inimizade, a venerao, os bons hbitos, a vontade inabalvel, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de poder. Mas essas virtudes so privilgios de poucos, e para esses poucos que a vida feita. De fato, Nietzsche contrrio a qualquer tipo deigualitarismoe, principalmente, ao disfarado legalismo kantiano, que atenta para o bom senso atravs de uma lei inflexvel, ou seja, oimperativo categrico: "Proceda em todas as suas aes de modo que a norma de seu proceder possa tornar-se uma lei universal".Essas crticas se deveram hostilidade de Nietzsche em face doracionalismo, que logo refutou como pura irracionalidade. Para ele, Kant nada mais do que um fantico da moral, umatarntulacatastrfica.

Para Nietzsche, o homem individualidadeirredutvel, qual os limites e imposies de umarazoque tolhe a vida permanecem estranhos a ela mesma, semelhana de mscaras de que pode e deve libertar-se. Em Nietzsche, diferentemente de Kant, o mundo no temordem,estrutura,formaeinteligncia. Nele, as coisas "danam nos ps doacaso" e somente aartepode transfigurar a desordem do mundo embelezae fazer aceitvel tudo aquilo que h de problemtico e terrvel na vida.Mesmo assim, apesar de todas as diferenas e oposies, deve-se reconhecer uma matriz comum entre Kant e Nietzsche, como que um substrato tcito mas atuante. Essa matriz comum a alma doromantismodosculo XIXcom sua nsia de infinito, com sua revolta contra os limites e condicionamentos do homem. semelhana dePlato, Nietzsche queria que o governo da humanidade fosse confiado aosfilsofos, mas no a filsofos como Plato ou Kant, que ele considerava simples "operrios da filosofia".Na obra nietzschiana, a proclamao de uma nova moral contrape-se radicalmente ao anncioutpicode uma nova humanidade, livre pelo imperativo categrico, como esperanosamente acreditava Kant. Para Nietzsche, a liberdade no mais que a aceitao consciente de um destino necessitante. O homem libertado de qualquer vnculo, senhor de si mesmo e dos outros, o homem desprezador de qualquer verdade estabelecida ou por estabelecer e estar apto para se exprimir a vida, em todos os seus atos - era este no apenas o ideal apontado por Nietzsche para o futuro, mas a realidade que ele mesmo tentava personificar.Aqui, necessrio se faz perceber que, ao que superficialmente se parece, Nietzsche cria e cai em seu prprio "Imperativo Categrico": por certo, imperativo este baseado na completa liberdade do ser e ausncia de normas. Porm, a liberdade de Nietzsche est entre a aceitao consciente (livre escolha) de um objetivo moral superior (que transcende a racionalidade do ser humano) e a matria, a razo material kantiana. Portanto, a realidade est na escolha consciente entre a moral superior (instinto, vontade do corao) e a moral racional (somatrio de valores criados pelo homem). O que reside no nas palavras mas nos sentimentos (amor, msica etc.).Para Kant, a razo que se movimenta no seu mbito, nos seus limites, faz o homem compreender-se a si mesmo e o dispe para a libertao. Mas, segundo Nietzsche, trata-se de uma libertao escravizada pela razo, que s faz apertar-lhe os grilhes, enclaustrando a vida humana digna e livre.Em Nietzsche, encontra-se uma filosofia antiteortica procura de um novo filosofar de carterlibertrio, superando as formas limitadoras da tradio que s galgou uma "liberdade humana" baseada no ressentimento e na culpa. Portanto, toda ateleologiade Kant de nada serve a Nietzsche: a ideia do sujeito racional, condicionado e limitado rejeitada violentamente em favor de uma viso filosfica muito mais complexa do homem e da moral.Nietzsche acreditava que a base racional da moral era uma iluso e por isso, descartou a noo de homem racional, impregnada pela utpica promessa - mais uma mscara que a razo no autntica imps vida humana. O mundo, para Nietzsche, no ordem e racionalidade, mas desordem e irracionalidade. Seu princpio filosfico no era, portanto,Deuse razo, mas a vida que atua sem objetivo definido, ao acaso, e, por isso, se est dissolvendo e transformando-se em um constantedevir. A nica e verdadeira realidade sem mscaras, para Nietzsche, a vida humana tomada e corroborada pela vivncia do instante.Nietzsche era um crtico das "ideias modernas", da vida e da cultura moderna, do neonacionalismo alemo. Para ele, os ideais modernos comodemocracia,socialismo, igualitarismo,emancipao femininano eram seno expresses da decadncia do "tipo homem". Por estas razes, , por vezes, apontado como um precursor daps-modernidade.

A figura de Nietzsche foi particularmente promovida naAlemanha Nazi, tendo sua irm, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associao. Como diziaHeidegger, ele prprio nietzschiano, "na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche".Todavia, Nietzsche era explicitamente contra o movimentoantissemita, posteriormente promovido porAdolf Hitlere seus partidrios. A este respeito, pode-se ler a posio do filsofo:Antes direi no ouvido dos psiclogos, supondo que desejem algum dia estudar de perto o ressentimento: hoje esta planta floresce do modo mais esplndido entre os anarquistas e antissemitas, alis onde sempre floresceu, na sombra, como avioleta, embora com outro cheiro.19...tampouco me agradam esses novos especuladores em idealismo, os antissemitas, que hoje reviram os olhos de modo cristo-ariano-homem-de-bem, e, atravs do abuso exasperante do mais barato meio de agitao, a afetao moral, buscam incitar o gado de chifres que h no povo...19Sem dvida, a obra de Nietzsche sobreviveu muito alm da apropriao feita pelo regime nazista. Ainda hoje, um dos filsofos mais estudados e fecundos. Por vrios momentos, inclusive, Nietzsche tentou juntar seus amigos e pensadores para que um fosse professor do outro, numa espcie deconfraria. Contudo, esta ideia fracassou, e Nietzsche continuou sozinho seus estudos e desenvolvimento de ideias, ajudado apenas por poucos amigos que liam em voz alta seus textos, que, nos momentos de crise profunda, ele no conseguia ler.

Seu estilo aforismtico, escrito em trechos concisos, muitas vezes de uma s pgina, e dos quais so pinadasmximas. Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distores e confuses. Algumas delas:1. "A filosofia o exlio voluntrio entre montanhas geladas."2. "Ns, homens do conhecimento, no nos conhecemos; de ns mesmo somos desconhecidos."3. "No me roube a solido sem antes me oferecer verdadeira companhia."4. "O amor o estado no qual os homens tm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas no so."5. "Como so mltiplas as ocasies para o mal-entendido e para a ruptura hostil!"6. "Deus est morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remdio? - Vitria!".7. "H homens que j nascem pstumos."8. "O Evangelho morreu na cruz."9. "A diferena fundamental entre as duas religies da decadncia: obudismono promete, mas assegura. Ocristianismopromete tudo, mas no cumpre nada."10. "Quando se coloca ocentro de gravidadeda vida no na vida mas no "alm" - no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade."11. "Para ler oNovo Testamento conveniente calar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude necessria."12. "Ocristianismofoi, at o momento, a maior desgraa da humanidade, por ter desprezado o Corpo."13. "A f querer ignorar tudo aquilo que verdade."14. "As convices so crceres."15. "As convices so inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."16. "At os mais corajosos raramente tm a coragem para aquilo que realmente sabem."17. "Aquilo que no me destri me fortalece."18. "Sem msica, a vida seria um erro."19. "E aqueles que foram vistos danando foram julgados insanos por aqueles que no podiam escutar a msica."20. "A moralidade o instinto do rebanho no indivduo."21. "Oidealista incorrigvel: se expulso do seu cu, faz um ideal do seu inferno."22. "Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder."23. "Umpolticodivide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos."24. "Quanto mais me elevo, menor eu pareo aos olhos de quem no sabe voar. "Je hher man steigt, desto mehr schwinden die Krfte aber umso weiter sieht man."(Ingmar Bergman)25. "Se minhas loucuras tivessem explicaes, no seriam loucuras."26. "O Homem evolui dos macacos? , existem macacos!"27. "Aquilo que se faz por amor est sempre alm do bem e do mal."28. "H sempre alguma loucura no amor. Mas h sempre um pouco de razo na loucura."29. "Torna-te quem tu s!"30. "Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar"31. "O desespero o preo pago pela autoconscincia"32. "O depois de amanh me pertence"33. "O padre est mentindo."34. "Deus est morto mas o seu cadver permanece insepulto."35. "Acautela-te quando lutares com monstros, para que no te tornes um."36. "Da escola de guerra da vida: o que no me mata, torna-me mais forte."37. "Ser o Homem um erro de Deus, ou Deus um erro dos Homens?"38. " preciso muito caos interior para parir uma estrela que dana."39. "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para no tornar-se tambm um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para voc." (NIETZSCHE, F. Beyond Good and Evil. New York: Dover Publications Inc., 1997)Longe de ser um escritor de simples aforismas, ele considerado pelos seus seguidores um grande estilista dalngua alem, como o provariaAssim Falou Zaratustra, livro que ainda hoje de dificlima compreenso estilstica e conceitual. Muito pode ser compreendido na obra de Nietzsche como exerccio de pesquisa filolgica, no qual se unem palavras que no poderiam estar prximas ("Nascer pstumo"; "Deus Morreu", "delicadamente mal-educado", etc ).Adorava aFranae aItlia, porque acreditava que eram terras de homens comespritos-livres. AdmiravaVoltaire, e considerava como ltimo grande alemoGoethe,humanistacomo Voltaire. Naqueles pases passou boa parte de sua vida e ali produziu seus mais memorveis livros. Detestava a prepotncia e oanti-semitismoprussianos, chegando a romper com a irm e comRichard Wagner, por ver neles a personificao do que combatia - o rigor germnico, o anti-semitismo, oimperativo categrico, o esprito aprisionado, antpoda de seu esprito-livre. Anteviu o seu pas em caminhos perigosos, o que de fato se confirmou catorze anos aps sua morte, com a primeira grande guerra e a gestao doNazismo.O valor da histria

A questo colocada por Nietzsche em1874 explicitamente a do valor dahistriae s pode ser colocada porque reporta ahistriaa uma instncia exterior, avida, qualificada ento como no histrica. Em1878, Nietzsche inverte sua interrogao e preconiza uma "filosofia histrica" que identificavidaehistria, abrindo assim a possibilidade de uma histria dos valores. O problema consiste agora em saber como concretizar esta ltima. Nietzsche recorre ento ao esquemautilitarista, com o qual comea uma longadiscusso, como testemunha muito bem, em1882, A gaia cincia. Em 1887, o prprio conceito de "genealogia" empregado para significar uma nova historicidade, cuja possibilidade mesma depende da liquidao prvia desse modelo, de modo que a crtica a Paul Re deve ser compreendida tambm como umaautocrtica.20Referncias nietzschianasContudo, no prprio legado do filsofo podemos inferir suas opinies em relao a outras filosofias e posies. sumamente importante notar que Nietzsche perdeu o pai muito cedo, seus primeiros livros publicados at 1878, que no expunham suas ideias mais cidas, ainda assim fizeram pouco ou nenhum sucesso. Que ele ficou extremamente desapontado com o sucesso deRichard Wagner, o qual se aproximou docristianismo. Teve uma vida errante, com poucos amigos, e sempre perseguido por surtos de doena.Nas suas obras vemos crticas bastante negativas aKant, Wagner,Scrates,Plato,Aristteles,Xenofonte,Martinho Lutero, metafsica, aoutilitarismo,anti-semitismo,socialismo,anarquismo,fatalismo,teologia, cristianismo, concepo deDeus, aopessimismo,estoicismo, aoiluminismoe democracia.Dentre os poucos elogios deferidos por Nietzsche, coletamos citaes, muitas vezescom ressalvasaSchopenhauer,Spinoza,Dostoivski,Shakespeare,Dante,Napoleo,Goethe,Darwin,Leibniz,Pascal,Edgar Allan Poe,Lord Byron,Musset,Leopardi,Kleist,Gogol,Voltairee ao prprio Wagner, grande amigo e confidente de Nietzsche at certo momento.Ele era, sem dvida, muito apreciador daNatureza, dospr-socrticose dasculturashelnicas. NIILISMOO legado da obra de Nietzsche foi e continua sendo ainda hoje de difcil e contraditria compreenso. Assim, h os que, ainda hoje, associam suas ideias aoniilismo, defendendo que para Nietzsche:"A moral no tem importncia e os valores morais no tm qualquer validade, s so teis ou inteis consoante a situao"; "A verdade no tem importncia; verdades indubitveis, objectivas e eternas no so reconhecveis. A verdade sempre subjectiva"; "Deus est morto: no existe qualquer instncia superior, eterna. O Homem depende apenas de si mesmo"; "O eterno retorno do mesmo: A histria no finalista, no h progresso nem objectivo". Ou ainda "...se existem deuses, como poderia eu suportar no ser um deus!? Por conseguinte no h deus." passagem que deixa evidente que a concluso no decorre da premissa, mas sim da pessoal inaceitao do autor a um ente superior ao que ele prprio poderia conceber, ou seja: que, no mnimo, o autor o ser de maior capacidade intelectiva que existe - isto portanto no o caracteriza como niilista. A superao do homem do seu tempo o eixo de sua filosofia.Outros, entretanto, no pensam que Nietzsche seja um autor do niilismo, mas ao contrrio um crtico do niilismo. Nagenealogia da moralo filsofo faz crticas abertas ao niilismo, que para ele seria uma "anseio do vazio", uma manifestao dos seres doentes aonde se conformam e idealizam o vazio e no um verdadeiro estado de fora. Alm disso, para ele o homem pode ser, alm de um destruidor, um criador de valores. E os valores a serem destrudos, como os cristos (na sua obra, faz meno doena, ignorncia), um dia seriam substitudos pela sade, a inteligncia, entre outros. Tal afirmao se baseia na obraAssim falou Zaratustra, onde se faz clara a vinda do Alm-homem, sendocriara finalidade do ser. Tal correspondncia totalmente contrria ao niilismo, pelo menos em princpio. Ou um "niilismo positivo", para Heidegger.Todavia, Nietzsche, contrrio ou no, no deixando escapar de suas crticas nem mesmo seu mestre Schopenhauer nem seu grande amigoWagner, procurou denunciar todas as formas de renncia da existncia e davontade. esta a concepo fundamental de sua obra Zaratustra, "a eterna, suprema afirmao e confirmao da vida". Oeterno retornosignifica o trgico-dionisacodizer sim vida, em sua plenitude e globalidade. a afirmao incondicional da existncia.Talvez a falta de consenso na apreciao da obra de Nietzsche tenha em parte a ver com os paradoxos no pensamento do prprio autor. As suas ltimas obras, sobretudo o seu autobiogrficoEcce Homo(1888), foram escritas em meio sua crise que se aprofundava. Em Janeiro de 1889, Nietzsche sofreu emTurimum colapso nervoso. Nietzsche passou os ltimos 11 anos da sua vida sob observao psiquitrica, inicialmente num manicmio emJena, depois em casa de sua me emNaumburge finalmente na casa chamada Villa Silberblick emWeimar, onde, aps a morte de sua me, foi cuidado por sua irm.Faleceu em 25 de agosto de 1900. Encontra-se sepultado emRcken Churchyard,Rcken,Saxnia-AnhaltnaAlemanha.21

OBRAS

Obras de Friedrich Nietzsche, na ordem em que foram compostas: O Nascimento da Tragdia no Esprito da Msica(Die Geburt der Tragdie aus dem Geiste der Musik, 1872); reeditado em 1886 com o ttuloO Nascimento da Tragdia, ou Helenismo e Pessimismo(Die Geburt der Tragdie, Oder: Griechentum und Pessimismus) e com um prefcio autocrtico. Contra a concepo dos sculosXVIIIeXIX, que tomavam a cultura grega comoeptomeda simplicidade, da calma e da serenaracionalidade, Nietzsche, ento influenciado peloromantismo, interpreta a cultura clssica grega como um embate de impulsos contrrios: odionisaco, ligado exacerbao dos sentidos, embriaguezextticaemsticae supremacia amoral dosinstintos, cuja figura Dionsio, deus dovinho, dadanae damsica, e oapolneo, face ligada perfeio, medida dasformase dasaes, palavra e ao pensamento humanos (logos), representada pelo deusApolo. Segundo Nietzsche, a vitalidade da cultura e do homem grego, atestadas pelo surgimento datragdia, deveu-se ao desenvolvimento de ambas as foras, e o adoecimento da mesma sobreveio ao advento dohomem racional, cuja marca a figura deScrates, que ps fim afirmao dohomem trgicoe desencaminhou acultura ocidental, que acabou vtima docristianismodurante sculos. A Filosofia na Idade Trgica dos Gregos(Philosophie im tragischen Zeitalter der Griechen- provavelmente os textos que o compem remontam a 1873 - publicado postumamente). Trata-se de um livro deixado incompleto, mas que se sabe ter sido inteno de Nietzsche publicar. Trata-se, no fundo, de um escrito ainda filolgico mas j de matriz filosfica disfarada por uma pretensa intenohistrica; mas o grande diferencial desta obra, sua inovao, consiste em sua interpretao psicolgica dos pensadores originrios. Considera os casos gregos deTales,Anaximandro,Herclito,ParmnideseAnaxgorassob uma perspectiva inovadora e interpretativa, relevadora da filosofia que de Nietzsche. Sobre a verdade e a mentira em sentido extramoral22(ber Wahrheit und Lge im auermoralischen Sinn, 1873 - publicado postumamente; edio brasileira, 2008). Ensaio no qual afirma que aquilo que consideramosverdade mera "armadura demetforas,metonmiaseantropomorfismos". Apesar de pstumo considerado por estudiosos como elemento-chave de seu pensamento. Consideraes ExtemporneasouConsideraes Intempestivas(Unzeitgemsse Betrachtungen, 1873 a 1876). Srie de quatro artigos (dos treze planejados) que criticam a cultura europia e alem da poca de um ponto de vista antimoderno, e anti-histrico, de crtica modernidade. David Strauss, o Confessor e o Escritor(David Strauss, der Bekenner und der Schriftsteller, 1873) no qual, ao atacar a ideia proposta porDavid Friedrich Straussde uma "novaf" baseada no desvendamento cientfico do mundo, afirma que o princpio davida mais importante que o doconhecimento, que a busca de conhecimento (posteriormente discutida no conceito de "vontade de verdade") deve servir aos interesses da vida; Dos Usos e Desvantagens da Histria Para a Vida(Vom Nutzen und Nachteil der Historie fr das Leben, 1874); Schopenhauer como Educador(Schopenhauer als Erzieher, 1874); Richard Wagner em Bayreuth(Richard Wagner in Bayreuth, 1876). Humano, Demasiado Humano, um Livro para Espritos Livres(Menschliches, Allzumenschliches, Ein Buch fr freie Geister, verso final publicada em 1886); primeira parte originalmente publicada em 1878, complementada comOpinies e Mximas(Vermischte Meinungen und Sprche, 1879) e comO Andarilho e sua SombraouO Viajante e sua Sombra(Der Wanderer und sein Schatten, 1880). Primeiro de estilo aforismtico do autor. Aurora, Reflexes sobre Preconceitos Morais(Morgenrte. Gedanken ber die moralischen Vorurteile, 1881). A compreensohedonsticadas razes da ao humana e da moral so aqui substitudas, pela primeira vez, pela ideia depoder,sensao de poder, incio das reflexes sobre avontade de poder, que s seriam explicitadas emAssim Falou Zaratustra. A Gaia Cincia, traduzida tambm comAlegre Sabedoria, ouCincia Gaiata(Die frhliche Wissenschaft, 1882). No terceiro captulo deste livro lanada o famoso diagnstico nietzschiano: "Deus est morto.Deuscontinua morto.E fomos ns que o matamos", proferido peloHomem Loucoem meio aos mercadores mpios (125). No penltimo pargrafo surge a ideia deeterno retorno. E no ltimo, apareceZaratustra, o criador da moral corporificada doBeme doMalque, como personagem na obra posterior, finalmente superar sua prpria criao e anunciar o advento de um novo homem, umAlm-Homem. Assim Falou Zaratustra, um Livro para Todos e para Ningum(Also Sprach Zarathustra, Ein Buch fr Alle und Keinen, 1883-85). Nessa trama centrada na figura do sbio solitrio Zarathustra, o conceito dosuper-Homemsurge necessrio quando o homem j no mais se identifica com os seus semelhantes, com os demais homens. A necessidade da superao, reafirmando os valores imutveis da natureza (como a fora vital, o amor e o devir) tornam-se indispensveis para que no se perca a prpria identidade em meio ao caos do mundo, mesmo que isso no seja aceito ou bem interpretado pela sociedade . Alm do Bem e do Mal, Preldio a uma Filosofia do Futuro(Jenseits von Gut und Bse. Vorspiel einer Philosophie der Zukunft, 1886). Neste livro denso so expostos os conceitos devontade de poder, a natureza da realidade considerada de dentro dela mesma, sem apelar a ilusrias instnciastranscendentes,perspectivismoe outras noes importantes do pensador. Critica demolidoramente as filosofias metafsicas em todas as suas formas, e fala da criao de valores como prerrogativa nobre que deve ser posta em prtica por uma nova espcie de filsofos. Genealogia da Moral, uma Polmica(Zur Genealogie der Moral, Eine Streitschrift, 1887). Complementar ao anterior como que sua parte prtica, aplicada este livro desvenda o surgimento e o real significado de nossos corriqueirosjuzosde valor. O Crepsculo dos dolos, ou como Filosofar com o Martelo(Gtzen-Dmmerung, oder Wie man mit dem Hammer philosophiert, agosto-setembro 1888). Obra onde dilacera as crenas, osdolos(ideaisou autores docnonefilosfico), e analisa toda a gnese daculpano ser humano. O Caso Wagner, um Problema para Msicos(Der Fall Wagner, Ein Musikanten-Problem, maio-agosto 1888). O Anticristo - Praga contra o Cristianismo(Der Antichrist. Fluch auf das Christentum, setembro 1888) - Apesar de apontarCristo, mesmo em sua concepo "prpria", como sintoma de uma decadncia anloga que possibilitou o surgimento doBudismo, nesta obra Nietzsche dirige suas crticas mais agudas aPaulo de Tarso, o codificador do cristianismo e fundador daIgreja. Acusa-o de deturpar o ensinamento de seu mestre pregador da salvao no agora deste mundo, realizada nele mesmo e no em promessas de um Alm forjando o mundo de Deus como a cima e alm deste mundo. "O nico cristo morreu na cruz", como diz no livro que seria o incio de uma obra maior a que deu sucessivamente os ttulos deVontade de PodereTransmutao de Todos os Valores: uma grande composio sintica da qual restam apenas meras peas (O Anticristo,O Crepsculo dos dolose oNietzsche contra Wagner) no menos brilhantes que a restante obra. Ecce Homo, de como a gente se torna o que a gente (Ecce Homo, Wie man wird, was man ist, outubro-novembro 1888) Uma autobi(bli)ografia, onde Nietzsche, ciente de sua importncia e acometido por delrios de grandeza, acha necessrio, antes de expor ao mundo a sua obra definitiva (jamais concluda), dizer quem ele , por que escreve o que escreve e por que " um destino". Comenta as suas obras ento publicadas. Oferece uma considerao sobre o significado deZaratustra. E por fim, dizendo saber o que o espera, anuncia oapocalipse: "Conheo minha sina. Um dia, meu nome ser ligado lembrana de algo tremendo de uma crise como jamais houve sobre aTerra, da mais profunda coliso de conscincias, de uma deciso conjurada contra tudo o que at ento foi acreditado, santificado, requerido. ( ) Tenho um medo pavoroso de que um dia me declarem santo: percebero que pblico este livro antes, ele deve evitar que se cometam abusos comigo. ( ) Pois quando a verdade sair em luta contra a mentira de milnios, teremos comoes, um espasmo de terremoto, um deslocamento de montes e vales como jamais foi sonhado. A noo de poltica estar ento completamente dissolvida em uma guerra de espritos, todas as formaes de poder da velha sociedade tero explodido pelos ares todas se baseiam inteiramente na mentira: haver guerras como ainda no houve sobre a Terra."23 Nietzsche contra Wagner(Nietzsche contra Wagner, Aktenstcke eines Psychologen, dezembro 1888).Manuscritos publicados postumamenteEscreveu ainda uma recolha de poemas, publicados postumamente, com o nome deDitirambos de Dionsio.Nietzsche deixou muitos cadernos manuscritos, alm de correspondncias. O volume desses textos maior do que o dos publicados. Os de 1870 desenvolvem muitos temas de seus livros publicados, em especial umateoria do conhecimento. Os de 1880 que, aps seu colapso nervoso, foram selecionados pela sua irm, que os publicou com o ttulo "A vontade de poder", desenvolvem consideraes maisontolgicasa respeito das doutrinas devontade de podere deeterno retornoe sua capacidade de interpretar a realidade. Entre essas especulaes e sob os esforos de intrpretes de sua obra, os manuscritos de 1880 estabelecem repetidamente que "no h fatos,somente interpretaes".Contudo, est disponvel a obraFragmentos Finais, que baseada na reestruturao feita aos seus manuscritos noArquivo.No Brasil, alguns trechos desses fragmentos pstumos podem ser encontrados no livroNietzscheda coleoOs Pensadores, publicada pela editoraAbril Cultural.Composies MusicaisAs composies de Friedrich Nietzsche no so to conhecidas como seus escritos filosficos ou seus poemas, mas o prprio Nietzsche, como um artista, pensou a msica como seu principal meio de expresso.Antes de se estabelecer plenamente como um filsofo, ele j havia criado uma miscelnea significativa de produes como poeta e compositor. A poesia permaneceu essencial para seus escritos filosficos, e a composio musical tornou-se menos importante para ele na medida em que seu envolvimento com a palavra escrita foi adquirindo "nome prprio". Como conseqncia, as suas obras musicais so geralmente consideradas de pouca importncia para a compreenso do seu pensamento filosfico.Ver tambm Anarquismo e Friedrich Nietzsche Anticristianismo Existencialismo Lei contra o cristianismo Morte de Deus Niilismo Perspectivismo Super-Homem (filosofia) Supervalorizao da igualdade Teoria do Eterno Retorno do mesmo