freud - erotismo anal e o complexo de castraÇÃo --- impresso

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  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRAO

    Devo pedir ao leitor que tenha e ente o !ato de que o"tive e#te hi#t$ri%o de ua neuro#e

    in!antil %oo u #u"produto& por a##i di'er& durante a an(li#e de ua doen)a na idade

    adura* +ui& portanto& o"ri,ado a reunir dado# ainda ai# !ra,ent(rio# do que aquele# que

    ha"itualente #e en%ontra - no##a di#po#i).o para !in# de #/nte#e* E##a tare!a& que n.o 0

    di!/%il e outro# a#pe%to#& depara %o ua liita).o natural quando #e trata de ua

    que#t.o de !or)ar ua e#trutura que te& por #i& v(ria# dien#1e#& #o"re o plano de#%ritivo

    "idien#ional* Devo& portanto& %ontentar2e e e3por parte# !ra,ent(ria#& que o leitor

    pode reunir nua totalidade viva* A neuro#e o"#e##iva que !oi de#%rita de#envolve2#e& %oo

    #e en!ati'ou repetida# ve'e#& %o "a#e nua %on#titui).o anal2#(di%a* At0 a,ora& por0&di#%utio# apena# u do# doi# prin%ipai# !atore# 4 o #adi#o do pa%iente e a# #ua#

    tran#!ora)1e#* Tudo o que di' re#peito ao #eu eroti#o anal !oi inten%ionalente dei3ado

    de lado& de odo que pude##e #er e3po#to e di#%utido ne##a etapa po#terior*

    5( uito que o# anali#ta# %on%orda que o# ipul#o# in#tintuai# ulti!(rio# %opreendido#

    #o" a denoina).o de eroti#o anal de#epenha u papel de e3traordin(ria iport6n%ia&

    que #eria u tanto ipo##/vel #upere#tiar& na ela"ora).o da vida #e3ual e da atividade

    ental e ,eral* 7 ponto pa%/!i%o ta"0 o !ato de que ua da# ai# iportante#ani!e#ta)1e# do eroti#o tran#!orado que deriva de##a !onte& pode #er en%ontrado no

    trataento que #e d( ao dinheiro& poi#& no de%orrer da vida& e##e aterial pre%io#o atrai para

    #i o intere##e p#/qui%o que era ori,inalente pr$prio da# !e'e#& o produto da 'ona anal*

    E#tao# a%o#tuado# a rela%ionar o intere##e pelo dinheiro& na edida e que 0 de %ar(ter

    li"idinal& e n.o ra%ional& %o o pra'er e3%ret$rio& e e#perao# que a# pe##oa# norai#

    antenha a# #ua# rela)1e# %o o dinheiro inteiraente livre# de in!lu8n%ia# li"idinai# e a#

    re,ule de a%ordo %o a# e3i,8n%ia# da realidade*

    E no##o pa%iente& na 0po%a da #ua en!eridade de adulto& e##a# rela)1e# e#tava

    pertur"ada# e ,rau parti%ularente ,rave e o !ato n.o era u eleento a #er

    de#%on#iderado& e rela).o - #ua !alta de independ8n%ia e - #ua in%apa%idade de lidar %o

    a vida* +i%ara uito ri%o& ,ra)a# a heran)a# do pai e do tio9 era $"vio que dava ,rande

    iport6n%ia a que o toa##e por ri%o e era #u#%et/vel ne##e ponto& #entindo2#e a,oado

    - 1 -

  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    #e o #u"e#tiava ne##e a#pe%to* Ma# n.o tinha id0ia de quanto po##u/a& de qual era a #ua

    de#pe#a& e a##i por diante* Era di!/%il di'er #e devia #er %haado #ovina ou perdul(rio*

    Coportava2#e ora de ua !ora& ora de outra& por0 :aai# de ua aneira que

    o#tra##e qualquer inten).o %oerente* Deterinada# %ara%ter/#ti%a# #urpreendente#& que

    pa##arei a e3por ai# adiante& podia levar a pe##oa a %on#ider(2lo u pluto%rata

    in#en#/vel& que %on#iderava a rique'a %oo a #ua aior vanta,e pe##oal e que n.o

    peritia por u #$ oento que o# intere##e# eo%ionai# vale##e ai# que o#

    pe%uni(rio#* Ainda a##i& n.o avaliava a# outra# pe##oa# pelo dinheiro e& pelo %ontr(rio&

    o#trava2#e e diver#a# o%a#i1e# ode#to& pre#tio#o e ,enero#o* O dinheiro& na verdade&

    #a/ra do #eu %ontrole %on#%iente e tinha& para ele& u #i,ni!i%ado "a#tante di!erente*

    ;( en%ionei ante# ?@ que eu via %o #u#peita# o odo pelo qual ele #e %on#olou

    pela perda da ir.& a qual #e tornara a #ua %opanheira ai# %he,ada no# ltio# ano# devida& %o o pen#aento de que n.o teria& ent.o& que repartir %o ela a heran)a do# pai#*

    Contudo& o que era talve' ainda ai# ipre##ionante !oi a %ala %o que %on#e,uiu relatar

    i##o& %oo #e n.o %opreende##e a a#pere'a de #entiento# que e#tava& de##a !ora&

    %on!e##ando* 7 verdade que a an(li#e rea"ilitou2o ao o#trar que a dor que #entira pela ir.

    #u"etera2#e #iple#ente a u de#lo%aento9 a#& depoi#& tornou2#e "a#tante

    ine3pli%(vel a ra'.o pela qual tentara en%ontrar u #u"#tituto para #ua ir. nu auento da

    !ortuna*Ele pr$prio o#trou2#e de#%on%ertado pelo #eu %oportaento e outro a#pe%to* Ap$# a

    orte do pai& a# po##e# dei3ada# !ora dividida# entre ele e #ua .e* A .e adini#trava a

    propriedade e& %oo ele pr$prio aditiu& atendia a# reivindi%a)1e# pe%uni(ria# do !ilho de

    odo irrepreen#/vel e li"eral* Me#o a##i& toda e qualquer %onver#a #o"re a##unto# de

    dinheiro entre o# doi# %o#tuava a%a"ar %o a# ai# violenta# reprienda# de #ua parte&

    ale,ando que ela n.o o aava& que e#tava querendo e%onoi'ar -# #ua# %u#ta# e que

    provavelente pre!eriria v82lo orto a ter que dei3(2lo a##uir todo o %ontrole #o"re o

    dinheiro* A .e %o#tuava prote#tar& ani!e#tando %o l(,ria# o #eu de#intere##e& e ele

    ent.o !i%ava enver,onhado de #i e#o e de%larava que n.o pen#ava de !ato nada di##o a

    re#peito dela* Entretanto& era %erto que repetiria a e#a %ena na prieira oportunidade*

    Diver#o# in%idente#& do# quai# vou relatar doi#& o#tra que& durante uito tepo& ante# da

    an(li#e& a# !e'e# havia tido para ele o #i,ni!i%ado de dinheiro* Nua 0po%a e que o#

    - 2 -

  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    inte#tino# n.o #e in%lu/a ainda na #ua en!eridade& !oi %erta ve' vi#itar u prio po"re

    nua %idade ,rande* Ao dei3(2lo %en#urou2#e a #i e#o por n.o dar apoio !inan%eiro a

    e##e parente e& iediataente depoi#& #entiu o que !oi Btalve' a ai# ur,ente ne%e##idade

    de aliviar o# inte#tino# que :( e3perientara na #ua vida* Doi# ano# ai# tarde& !i3ou de !ato

    ua anuidade a #er pa,a ao prio* Ei# o outro %a#o ao# de'oito ano#& quando #e preparava

    para o# e3ae# !inai# no %ol0,io& vi#itou u ai,o e %o"inou %o ele u plano& que

    pare%ia a%on#elh(vel por %au#a do pavor que a"o# #entia de !ra%a##ar no# e3ae#*

    De%idira2#e dar deterinada quantia a u epre,ado do %ol0,io e& de##a #oa& a parte

    aior #eria naturalente a do pa%iente* No %ainho para %a#a& pen#ava %on#i,o que daria

    de "o ,rado ainda ai#& #$ para ter %erte'a de que pa##aria& para e#tar #e,uro de que

    nada lhe a%onte%eria no e3ae 4 a#& ante# que tive##e atin,ido a porta da #ua pr$pria

    %a#a& a%onte%eu2lhe realente u a%idente de outra nature'a*Durante a #ua en!eridade de adulto& #o!ria de o"#tinada# pertur"a)1e# da #ua !un).o

    inte#tinal& e"ora a# diver#a# %ir%un#t6n%ia# deterina##e %erta !lutua).o de inten#idade*

    uando ini%iou o trataento %oi,o& a%o#tuara2#e ao# enea#& que lhe era

    adini#trado# por u en!ereiro9 nua deterinada 0po%a a# eva%ua)1e# e#pont6nea# n.o

    o%orria durante e#e#& a n.o #er que intervie##e ua e3%ita).o #"ita por al,u otivo

    parti%ular& e ra'.o da qual a atividade noral do# inte#tino# era re#ta"ele%ida por al,un#

    dia#* O tea prin%ipal da# #ua# quei3a# era que& para ele& o undo e#tava o%ulto por uv0u& ou que ele e#tava #eparado do undo por u v0u* E##e v0u #$ era ropido nua

    ni%a o%a#i.o 4 quando& depoi# de u enea& o %ontedo do# inte#tino# dei3ava o %anal

    inte#tinal9 ent.o& #entia2#e "e e noral outra ve'*

    O %ole,a que re%oendei ao pa%iente para u dia,n$#ti%o #o"re a #ua %ondi).o inte#tinal !oi

    per#pi%a' o "a#tante para e3pli%(2la %oo !un%ional& ou e#o p#iqui%aente deterinada&

    e a"#ter2#e de qualquer trataento 0di%o ativo* Adeai#& ne u trataento de##e#& ne

    ua dieta& teria qualquer utilidade* Durante o# ano# de trataento anal/ti%o n.o houve

    eva%ua).o inte#tinal e#pont6nea 4 al0 da# in!lu8n%ia# repentina# que en%ionei* O

    pa%iente dei3ou2#e %onven%er de que& #e o $r,.o intrat(vel re%e"e##e trataento ai#

    inten#ivo& a# %oi#a# #$ !i%aria piore#& e %ontentava2#e e provo%ar ua eva%ua).o& ua ou

    dua# ve'e# por #eana& por eio de u enea ou de u pur,ativo*

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  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    Ao e3por e##a# pertur"a)1e# inte#tinai#& dei ai# e#pa)o - en!eridade po#terior do

    pa%iente do que havia plane:ado para e#te tra"alho& o qual di' re#peito - #ua neuro#e in!antil*

    +i2lo a##i por doi# otivo#9 prieiro& porque o# #intoa# inte#tinai# !ora& %o e!eito&

    tra'ido# da neuro#e in!antil %o pou%a# altera)1e# e& #e,undo& porque de#epenhara u

    papel de%i#ivo na %on%lu#.o do trataento*

    Sa"eo# %oo 0 iportante a dvida para o terapeuta que e#t( anali#ando ua neuro#e

    o"#e##iva* 7 a ara ai# podero#a do pa%iente& o e3pediente !avorito da #ua re#i#t8n%ia*

    E##a e#a dvida peritiu ao no##o pa%iente entrin%heirar2#e por tr(# de ua indi!eren)a

    re#peito#a& dei3ando que o# e#!or)o# do trataento pa##a##e !ora do #eu al%an%e durante

    ano#* Nada udava e n.o havia aneira de %onven%82lo* Por !i& re%onhe%i a iport6n%ia&

    para o que eu pretendia& da pertur"a).o inte#tinal9 repre#entava o pequeno tra)o

    %ara%ter/#ti%o da hi#teria que #e en%ontra re,ularente na rai' de ua neuro#e o"#e##iva*Proeti ao pa%iente ua re%upera).o %opleta da #ua atividade inte#tinal e& por eio de##a

    proe##a& tornei ani!e#ta a #ua in%redulidade* Tive ent.o a #ati#!a).o de ver a #ua dvida

    ur%har - edida e que& no de%orrer do tra"alho& #eu# inte#tino# %oe)ara& %oo

    $r,.o# hi#teri%aente a!etado#& a Bentrar na %onver#a& e& e pou%a# #eana#& re%uperara

    o #eu !un%ionaento noral& ap$# t.o lon,o per/odo de pertur"a)1e#*

    Folto a,ora - in!6n%ia do pa%iente 4 a ua 0po%a na qual era ipo##/vel que a# !e'e#

    pude##e ter tido para ele o #i,ni!i%ado do dinheiro*O# di#tr"io# inte#tinai# do pa%iente %oe)ara uito %edo& na !ora que 0 a ai#

    !reqGente e& para a# %rian)a#& a ai# noral 4 ou #e:a& a in%ontin8n%ia* E#tareo#

    %ertaente %o a ra'.o& no entanto& ao re:eitar ua e3pli%a).o patol$,i%a de##a#

    o%orr8n%ia# preatura# e ao %on#ider(2la# apena# %oo ua evid8n%ia da inten).o do

    pa%iente de n.o #e dei3ar pertur"ar ou repriir no pra'er li,ado - !un).o da eva%ua).o*

    En%ontrava ua ,rande #ati#!a).o

  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    :( tive##e dei3ado de a%onte%er h( uito tepo* Ele n.o #e o#trava de !ora al,ua

    enver,onhado9 era ua e3pre##.o de de#a!io %ontra a ,overnanta*

    ano depoi#

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    ual pode ter #ido o #i,ni!i%ado de##a identi!i%a).o %o #ua .eJ

    Entre o u#o ipudente que !e' da #ua in%ontin8n%ia& quanto tinha tr8# ano# e eio& e o

    horror %o que a %on#iderou& ao# quatro ano# e eio& e#t( o #onho %o o qual #e ini%iou o

    #eu per/odo de an#iedade 4 o #onho que lhe deu ua %opreen#.o preterida da %ena que

    te#teunhara& %o u ano e eio ?@& e ua e3pli%a).o do papel de#epenhado

    pela ulher no ato #e3ual* 7 apena# outro pa##o para li,ar a udan)a da #ua atitude e

    rela).o - de!e%a).o %o e##a e#a ,rande revul#.o* Di#enteria era& evidenteente& o

    noe que ele dava - doen)a da qual ouvira a .e laentar2#e& e %o a qual era ipo##/vel

    %ontinuar a viver9 n.o %on#iderava a en!eridade da .e %oo #endo a"doinal& a# #i

    inte#tinal* So" a in!lu8n%ia da %ena pri(ria& %he,ou - %on%lu#.o de que a .e !i%ara doente

    por %au#a daquilo que o pai lhe !i'era9 e #eu edo de ter #an,ue na# !e'e#& de e#tar doente

    %oo a .e& era a #ua re%u#a a identi!i%ar2#e %o ela ne#ta %ena #e3ual 4 a e#a re%u#a%o a qual de#pertou do #onho* Ma# o edo era ta"0 ua prova de que& na #ua

    ela"ora).o po#terior da %ena pri(ria& %olo%ara2#e no lu,ar da .e e inve:ara2lhe e##a

    rela).o %o o pai* O $r,.o pelo qual #ua identi!i%a).o %o a# ulhere#& #ua atitude

    hoo##e3ual pa##iva para %o o# hoen#& e#tava apta a e3pre##ar2#e& era a 'ona anal* O#

    di#tr"io# na !un).o de##a 'ona havia adquirido o #i,ni!i%ado de ipul#o# !einino# de

    ternura& pre#ervado# ta"0 no %ur#o da #ua en!eridade po#terior*

    Ne#te ponto deveo# %on#iderar ua o":e).o& %u:a di#%u##.o pode %ontri"uir e uito parao e#%lare%iento da aparente %on!u#.o de %ir%un#t6n%ia#* +oo# levado# a pre#uir que&

    durante o pro%e##o do #onho& o enino %opreendeu que a# ulhere# #.o %a#trada#& que

    e ve' do $r,.o a#%ulino ela# t8 ua !erida que #erve para a# rela)1e# #e3uai# e que

    e##a %a#tra).o 0 a %ondi).o ne%e##(ria da !einilidade9 !oo# levado# a #upor que a

    aea)a de##a perda indu'iu2o a repriir a #ua atitude !einina e rela).o ao# hoen# e

    que ele de#pertou do #eu entu#ia#o hoo##e3ual e e#tado de an#iedade* A,ora %oo

    pode e##a %opreen#.o da# rela)1e# #e3uai#& e##e re%onhe%iento da va,ina& haroni'ar2

    #e %o a e#%olha do inte#tino %o o o":etivo de identi!i%a).o %o a# ulhere#J N.o #.o o#

    #intoa# inte#tinai# "a#eado# no que 0 provavelente ua no).o ai# anti,a e que& de

    qualquer !ora& %ontradi' inteiraente o edo da %a#tra).o 4 ou #e:a& a no).o de que a

    rela).o #e3ual 0 !eita pelo 6nu#J

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  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    Na verdade& e##a %ontradi).o e#t( pre#ente9 e o# doi# ponto# de vi#ta #.o %opletaente

    in%oerente# entre #i* A ni%a que#t.o 0 #a"er #e pre%i#a #er %oerente#* No##o e#panto

    #ur,e apena# porque #oo# #epre in%linado# a tratar o# pro%e##o# entai# in%on#%iente#

    %oo o# %on#%iente# e a e#que%er a# pro!unda# di!eren)a# e3i#tente# entre o# doi# #i#tea#

    p#/qui%o#*

    uando o #onho do Natal& %o a #ua e3%ita).o e e3pe%tativa& evo%ou diante dele o quadro

    da rela).o #e3ual do# pai#& %oo !ora ante# o"#ervado

  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    pro%e##o 0 %ara%ter/#ti%o do odo pelo qual o in%on#%iente opera* a repre##.o 0 al,o

    uito di!erente de ua re:ei).o*

    uando e#tud(vao# a ,8ne#e da !o"ia ao# lo"o#& #e,uio# o e!eito de##a nova

    %opreen#.o interna

  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    !ato de que o no##o enino eva%uou& %oo #inal da #ua e3%ita).o #e3ual& deve #er

    %on#iderado %oo ua %ara%ter/#ti%a da #ua %on#titui).o #e3ual %on,8nita* A##uiu

    iediataente ua atitude pa##iva e deon#trou ai# in%lina).o no #entido de ua

    #u"#eqGente identi!i%a).o %o a# ulhere# do que %o o# hoen#*

    Ao e#o tepo& %oo qualquer outra %rian)a& !e' u#o do %ontedo do# inte#tino#& e u

    do# #eu# #i,ni!i%ado# ai# anti,o# e ai# priitivo#* A# !e'e# #.o a prieira ddiva da

    %rian)a& o prieiro #a%ri!/%io e noe da #ua a!ei).o& ua parte do #eu pr$prio %orpo que

    e#t( pronta a partilhar& a# apena# %o al,u0 a que aa* #ar a# !e'e# %oo ua

    e3pre##.o de de#a!io& %oo o no##o pa%iente !e' %ontra a ,overnanta& ao# tr8# ano# e eio&

    0 #iple#ente inverter e##e #i,ni!i%ado anterior& de ddiva& ao #eu ne,ativo* O Bgrumus

    merdaeB =onte de !e'e#? dei3ado pelo# %riino#o# na %ena do delito pare%e po##uir a"o#

    o# #i,ni!i%ado# o de o!en#a& e ua e3pre##.o re,re##iva de %orre).o* Sepre 0 po##/vel&quando !oi atin,ido u e#t(dio ai# alto& !a'er u#o ainda do ai# "ai3o& no #eu #entido

    aviltado e ne,ativo* A %ontrariedade 0 ua ani!e#ta).o de repre##.o*

    Nu e#t(dio po#terior do de#envolviento #e3ual& a# !e'e# adquire o #i,ni!i%ado de u

    beb* Poi# o# "e"8#& %oo a# !e'e#& na#%e atrav0# do 6nu#* O #i,ni!i%ado de Bd(diva da#

    !e'e# adite prontaente e##a tran#!ora).o* 7 %ou !alar2#e de u "e"8 %oo de ua

    Bd(diva* A e3pre##.o ai# !reqGente 0 a de que a ulher Bdeu ao hoe u "e"89 a#& no

    u#o do in%on#%iente& 0 dada i,ual aten).o :u#taente ao outro a#pe%to da rela).o& qual #e:a&ao !ato de a ulher ter Bre%e"ido o "e"8 %oo ua d(diva do hoe*

    O #i,ni!i%ado de !e'e# %oo dinheiro#ai& e outra dire).o& do #i,ni!i%ado de Bd(diva*

    A #i,ni!i%a).o ai# pro!unda da prieira le"ran)a en%o"ridora do no##o pa%iente& no

    #entido de que tivera o prieiro a%e##o de raiva por n.o lhe tere #ido dado# #u!i%iente#

    pre#ente# de Natal& revela2#e2no# a,ora* Aquilo de que e#tava #entindo !alta era #ati#!a).o

    #e3ual& que ele toara %oo #endo anal* Sua# pe#qui#a# #e3uai# %he,ara - %opreen#.o&

    durante o %ur#o do #onho& daquilo para que havia #ido preparada# para de#%o"rir ante# do

    #onho& ou #e:a& que o ato #e3ual re#olvia o pro"lea da ori,e do# "e"8#* Me#o ante# do

    #onho& ele :( n.o ,o#tava de "e"8#* a ve'& ao en%ontrar u pa##arinho ainda #e pena#

    que havia %a/do do ninho& %on!undiu2o %o u "e"8 huano e !i%ou horrori'ado* A an(li#e

    deon#trou que todo# o# pequeno# aniai#& tai# %oo a# la,arta# e o# in#eto#& ao# quai#

    tanto altratara& havia tido& para ele& o #i,ni!i%ado de "e"8#* Sua po#i).o e rela).o -

    - 9 -

  • 5/28/2018 Freud - EROTISMO ANAL E O COMPLEXO DE CASTRA O --- impresso

    ir. ai# velha dera2lhe toda# a# oportunidade# para re!letir #o"re a rela).o entre %rian)a#

    ai# nova# e %rian)a# ai# velha#* A NanHa di##e2lhe ua ve' que a .e ,o#tava uito

    dele porque era o ai# novo& e i##o deu2lhe ua "a#e para de#e:ar que nenhua outra

    %rian)a& ai# nova& vie##e depoi# dele* Seu pavor a e##a %rian)a ai# nova !oi revivido #o"

    a in!lu8n%ia do #onho& que %olo%ou diante dele a rela).o #e3ual do# pai#*

    # %orrente# #e3uai# que :( #.o por n$# %onhe%ida#& deveo#& portanto& a%re#%entar ua

    outra& a qual& %oo a# deai#& partiu da %ena pri(ria reprodu'ida no #onho* Na #ua

    identi!i%a).o %o a# ulhere# ?? na verdade n.o

    #i,ni!i%ava ai# do que i#to BA,ora #ou o ni%o !ilho* A,ora o Pai ter( que aar a ai#&

    #oente* E"ora e##a re!le3.o !o##e& e #i& per!eitaente %apa' de tornar2#e %on#%iente&

    #eu !undo hoo##e3ual ainda a##i era t.o intoler(vel& que !oi po##/vel !a'82lo a!lorar&

    di##iulado na !ora da ai# #$rdida avare'a& %oo u ,rande al/vio*

    Ta"0& de aneira #eelhante& quando ap$# a orte do pai ele %en#urava a .e&

    in:u#ti!i%adaente& por querer en,an(2lo %o o dinheiro e por ,o#tar ai# do dinheiro do que

    dele =ver e =>? e #e,*?* O# anti,o# %ie# que #entia de #ua .e& por ter aado outra

    %rian)a al0 dele& pela po##i"ilidade de ter de#e:ado outro !ilho depoi# dele& levara2no a

    !a'er a%u#a)1e# que ele pr$prio #a"ia #ere in:u#ti!i%ada#*

    E##a an(li#e do #i,ni!i%ado da# !e'e# torna %laro que o# pen#aento# o"#e##ivo# que o

    o"ri,ara a rela%ionar Deu# %o o e3%reento tinha u outro #i,ni!i%ado& para al0 da

    - 10 -

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    %opara).o in:urio#a que ele pr$prio via ne##a# id0ia#* Era& na verdade& aut8nti%o#

    produto# %on%iliativo#& no# quai# n.o dei3ava de de#epenhar #eu papel ua %orrente

    a!etiva de devo).o& "e %oo ua %orrente ho#til de a"u#o* BDeu# 4 erda era

    provavelente a a"revia).o de ua o!erenda que #e ouve eventualente en%ionada de

    !ora n.o a"reviada* BCa,ar e Deu# >%& !inal da Se).o I?*

    uando& ai# tarde& %he,o a de#%rever o e#%lare%iento !inal do# #intoa# do eu

    pa%iente& o odo pelo qual a pertur"a).o inte#tinal #e %olo%ara a #ervi)o da %orrente

    hoo##e3ual e dera e3pre##.o - #ua atitude !einina e rela).o a #eu pai& torna2#e ua

    ve' ai# evidente* Entretanto& en%ionareo# u outro #i,ni!i%ado de !e'e#& que no# levar(

    a ua e3po#i).o do %ople3o de %a#tra).o*a ve' que a %oluna de !e'e# e#tiula a e"rana u%o#a er$,ena do inte#tino&

    de#epenha o papel de u $r,.o ativo e rela).o a e##a e"rana9 %oporta2#e

    e3ataente %oo o p8ni# o !a' na e"rana u%o#a va,inal e atua %oo #e !o##e o #eu

    pre%ur#or durante a 0po%a %loa%al* O ato de %eder a# !e'e# e !avor

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    ;( toao# %onhe%iento da atitude que o no##o pa%iente adotou& de in/%io& e rela).o ao

    pro"lea da %a#tra).o* Re:eitava a %a#tra).o e ape,ava2#e - #ua teoria de rela).o #e3ual

    pelo 6nu#* uando di,o que ele a havia re:eitado& o prieiro #i,ni!i%ado da !ra#e 0 o de que

    ele n.o teria nada a ver %o a %a#tra).o& no #entido de hav82la repriido* I##o n.o

    ipli%ava& na verdade& e :ul,aento #o"re a que#t.o da #ua e3i#t8n%ia& poi# era %o #e

    n.o e3i#ti##e* Tal atitude& no entanto& pode n.o ter #ido a #ua atitude !inal& e#o na 0po%a

    da #ua neuro#e in!antil* En%ontrao# ua #u"#eqGente evid8n%ia n/tida de que tenha

    re%onhe%ido a %a#tra).o %oo u !ato* E rela).o a i##o& ua ve' ai#& ele %oportou2#e

    da aneira que era t.o %ara%ter/#ti%a dele& a# que torna di!/%il dar ua ia,e %lara do#

    #eu# pro%e##o# entai# ou per%e"er o a%e##o a ele#* Prieiro& re#i#tiu e& depoi#& %apitulou9

    a# a #e,unda rea).o n.o anuloua prieira* A!inal& #eria en%ontrada# nele& lado a lado&

    dua# %orrente# %ontr(ria#& da# quai# ua a"oinava a id0ia de %a#tra).o& ao pa##o que aoutra e#tava preparada para a%eit(2la e %on#olar2#e %o a !einilidade& %oo ua

    %open#a).o* Para al0 de qualquer dvida& por0& ua ter%eira %orrente& a ai# anti,a e

    pro!unda& que ne #equer levantara ainda a que#t.o da realidade da %a#tra).o& era ainda

    %apa' de entrar e atividade* E outro tra"alho relatei ua alu%ina).o que e#te e#o

    pa%iente teve ao# %in%o ano# de idade e - qual pre%i#o apena# a%re#%entar aqui u "reve

    %oent(rio*

    Buando eu tinha %in%o ano#& e#tava "rin%ando no :ardi perto da "a"(& !a'endo %orte# %oeu %anivete na %a#%a de ua da# no,ueira# que apare%e e eu #onho ta"0* De

    repente& para eu ine3pri/vel terror& notei ter %ortado !ora o dedo /nio da .o

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    =>?? !eita pelo pa%iente n.o dei3a de ter intere##e* Se ele teve ua alu%ina).o %o a e#a

    e3peri8n%ia de horror que Ta##o na Gerusalemme Liberata& %onta do #eu her$i Tan%redo&

    e#tareo# talve' :u#ti!i%ado# ao %he,ar - interpreta).o de que a (rvore ta"0 #i,ni!i%a

    ua ulher para o eu pequeno pa%iente* E#taria& ent.o& de#epenhando o papel do pai e

    rela%ionava a# heorra,ia# da .e& que lhe era !ailiare#& %o a %a#tra).o da# ulhere#&

    que ele a,ora re%onhe%ia& 4 %o a B!erida*

    E##a alu%ina).o do dedo !erido !oi in#ti,ada& %on!ore relatou ai# tarde& pela hi#t$ria de

    ua %onhe%ida #ua& que havia na#%ido %o #ei# dedo# no# p0# e tivera e##e #e3to dedo

    de%epado& e %ada p0& por u a%hado& iediataente ap$# o na#%iento* A# ulhere#&

    ent.o& n.o tinha p8ni# porque e#te lhe# era %ortado ao na#%er* De##a aneira& %he,ou& no

    per/odo da neuro#e o"#e##iva& a a%eitar o que :( havia aprendido durante o #onho& a# ao

    e#o tepo havia re:eitado& por eio de repre##.o* Deve ta"0 ter toado%onhe%iento& durante a# leitura# e %onver#a# #o"re a hi#t$ria #a,rada& da %ir%un%i#.o ritual

    de Cri#to e do# :udeu# e ,eral*

    N.o e3i#te qualquer dvida de que& por e##a 0po%a& #eu pai e#tava #e %onvertendo na !i,ura

    aterrori'adora que o aea)ava %o a %a#tra).o* O Deu# %ruel %o o qual e#tava ent.o

    lutando 4 que %riava hoen# pe%adore#& apena# para puni2lo# depoi#& que #a%ri!i%ava o

    pr$prio !ilho e o# !ilho# do# hoen# 4& e##e Deu# reeteu #eu %ar(ter de volta ao pai do

    pa%iente& e"ora& por outro lado& o enino e#tive##e ao e#o tepo tentando de!ender#eu pai %ontra o Deu#* Ne##e ponto o enino havia que a:u#tar2#e a u padr.o !ilo,en0ti%o&

    e a##i o !e'& e"ora #ua# e3peri8n%ia# pe##oai# po##a n.o %on%ordar %o i##o*

    Conquanto a# aea)a# ou #u,e#t1e# de %a#tra).o %o que deparou tenha eanado de

    ulhere#& e##e !ato n.o poderia retardar e uito o re#ultado !inal* Ape#ar de tudo& !oi de

    #eu pai que ele veio a teer& a!inal& a %a#tra).o* Ne##e a#pe%to& a heran)a triun!ou #o"re a

    e3peri8n%ia a%idental9 na pr02hi#t$ria do hoe& era indu"itavelente o pai que prati%ava a

    %a#tra).o %oo u %a#ti,o& e que o #uavi'ou& depoi#& na %ir%un%i#.o* uanto ai# o

    pa%iente avan)ava na repre##.o - #en#ualidade durante o de#envolviento da neuro#e

    o"#e##iva& tanto ai# natural #e deve ter tornado para ele atri"uir e##a# (# inten)1e# a #eu

    pai& que era o verdadeiro repre#entante da atividade #en#ual*

    A identi!i%a).o que !e'& de #eu pai %o o %a#trador& tornou2#e iportante %oo #endo a !onte

    de ua inten#a ho#tilidade in%on#%iente %ontra ele

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    e de u #entiento de %ulpa que rea,ia %ontra e##a ho#tilidade* At0 e#te ponto& no entanto&

    ele e#tava #e %oportando noralente 4 i#to 0& %oo todo neur$ti%o que e#t( po##u/do de

    u %ople3o de 7dipo po#itivo* O ai# #urpreendente& %ontudo& 0 que e#o %ontra i##o

    havia ua %ontra%orrente operando nele& a qual& pelo %ontr(rio& %on#iderava o pai %oo

    aquele que havia #ido %a#trado e que apelava& portanto& para a #ua #ipatia*

    uando anali#ei o #eu %erionial de re#pirar para !ora #epre que via alei:ado#& endi,o# e

    ,ente i#er(vel& %on#e,ui o#trar que e##e #intoa podia ta"0 reeter2#e ao pai& a

    que a%hou tri#te quando o vi#itou no #anat$rio =ver e =>??* A an(li#e tornou po##/vel #e,uir

    e##a trilha ainda ai# reotaente* Nu per/odo uito pre%o%e& provavelente ante# da

    #ua #edu).o