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FRENTE EM DEFESA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS, ESTATAIS E DE QUALIDADE [email protected] DESMONTE Este jornal é um alerta à população de Santos e dos municípios vizinhos. Também é dirigido às categorias profissionais da região que já sentiram na pele os danos da precarização do trabalho e redução dos salários provocados pelas privatizações e terceirizações FECHAMENTO AUTORIZADO. PODE SER ABERTO PELA E.C.T.

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Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe

[email protected]

DESMO

NTE Este jornal é um alerta à população de Santos e dos municípios vizinhos. Também é dirigido às categorias profissionais da região que já sentiram na pele os danos da precarização do trabalho e redução dos salários provocados pelas privatizações e terceirizações

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MAIS ATAQUES AOS SEUS DIREITOS

Isso não tem sido manchete nos jornais e TVs: Os dados do IBGE de 2013 mostram que os 10% mais pobres da população brasileira detém apenas 1,1% de toda a riqueza produzida pelo conjunto dos assalariados. Enquanto isso os 10% mais ricos ficam com nada menos que 41,9% da mesma riqueza. E mais: 15 famílias acumularam um patrimônio de 270 bilhões de reais ao final do referido ano. O indecente acúmulo de riqueza nas mãos de poucos tem sua origem na explo-ração do trabalho humano e nos processos de privatização e de terceirização, tanto no setor pú-blico quanto no privado, gerando precarização do trabalho e grande rebaixamento dos salários.

Esse ataque se iniciou na década de 90 sob o argumento de que seria necessária uma trans-formação na produção industrial e nos serviços do Estado brasileiro. De braços dados com os patrões, os governos promovem uma gigantes-ca reestruturação produtiva, pela privatização e terceirização dos setores estratégicos da produção e dos serviços, tais como: Indústria de base, setor energético, telecomunicações, setor bancário, mineração, portos etc. Na nos-sa região isto teve impacto ainda mais devas-tador, por tratar-se de importante pólo portuário e industrial. As consequências foram sentidas por diversas categorias, centenas de milhares de trabalhadores e suas famílias.

Mas isso ainda não é suficiente para a fome de lucro dos empresários. A partir da Lei Fede-ral n° 9637, que de forma inconstitucional abriu as portas do Estado brasileiro para a privatiza-ção e terceirização dos serviços públicos, di-versas empresas privadas, disfarçadas de Or-ganizações Sociais e de não lucrativas, foram criadas para abocanhar serviços públicos. São contratadas sem licitação, cobram das prefei-turas valores comprovadamente maiores que aqueles gastos pela administração direta, pres-tam serviços de péssima qualidade na maioria dos casos, produzem descontinuidade nos ser-viços quando são substituídas ou quando elas próprias terceirizam seus serviços, são terreno fértil para a corrupção entre empresas, gesto-res públicos e partidos políticos.

Pelo fato do Sr. Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), prefeito de Santos, com a conivência da maioria dos vereadores da cidade, estar aprofun-dando esse processo de desmonte da máquina pública para beneficiar o lucro das empresas, nós, pessoas e instituições da sociedade nos uni-mos para denunciar esse atentado contra o povo de Santos e região. Vale lembrar que, para o bem e para o mal, o que acontece em Santos se pro-paga para os outros municípios da região.

Todos ao bom combate.

Editorial

2 SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE SANTOS

ANTES DO NATALELES APROVAM A LEI

QUE AUTORIZA O DESMONTEEsses vereadores, sob coordenação de Sadao Nakai (também do PSDB de Paulo Alexandre), sem nenhum debate com os

munícipes e com os servidores (que tocam as políticas públicas municipais) e ignorando as bandalheiras praticadas em larga escala pelas Organizações Sociais Brasil afora, aprovaram a lei nº 2.947, enviada pelo Prefeito, que permite a privatização de quase TODAS as unidades da PMS.

ADEMIR PESTANA (PSDB) CACÁ TEIXEIRA (PSDB) ANTONIO CARLOS BANHA (PMDB) DOUGLAS GONÇALVES (DEM)

HUGO DUPRÉE (PSDB) CARABINA (PR) JOSÉ LASCANE (PSDB) MANOEL CONSTANTINO (PMDB)

PROFESSOR KENNY (DEM) ROBERTO OLIVEIRA (PMDB) SADAO NAKAI (PSDB) SANDOVAL SOARES (PSDB)

MARCUS DE ROSIS (PMDB) MURILO BARLETTA (PR)MARCELO DEL BOSCO (PPS) e sua suplente FERNANDA VANNUCCI

O MAIOR ATAQUE JÁ VISTOAOS SERVIDORES, A POPULAÇÃO

E AOS COFRES PÚBLICOSNenhum prefeito de Santos começou

a gestão com tanta gana de privatizar os serviços públicos municipais e prejudicar os servidores como esse que está aí.

Paulo Alexandre é um verdadeiro despachante dos grandes empresários. Ganhou a eleição prometendo trabalhar para a população e agora faz um governo voltado inteiramente para o favorecimen-to dos pagadores de campanha: Entrega serviços públicos de saúde e outros para empresas privadas; Mais privilégios para a indústria da construção civil; Busca verbas milionárias (federais e estaduais) para as grandes empreiteiras que farão túneis e pontes; Prepara a expansão da especulação imobiliária na Zona Noroes-te e Região Central etc.

Para a população trabalhadora, incluin-do os servidores da Prefeitura, só trouxe problemas. O número de mortes dos re-cém-nascidos na cidade aumenta, faltam vagas nas maternidades, a região central apresenta os maiores índices de tubercu-lose, a saúde e educação estão caindo aos pedaços, destruição dos postos de trabalho dos servidores e insegurança no futuro profissional e na aposentadoria.

No caminho da destruição dos serviços municipais, Paulo Alexandre aprovou no final de 2013 a lei para entregar grande número de serviços da PMS e divulgou o primeiro alvo do seu plano maquiavélico de privatização: o Complexo da Zona Noroeste (Hospital Arthur Domingues Pinto, Pronto Socorro ZN e Maternidade). Também quer entregar outras unidades que recebem enormes investimentos de dinheiro público, como é o caso da nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que substituirá o Pronto Socorro Central, o Pronto Socorro da Zona Leste, o Hospi-tal dos Estivadores, o Teatro Coliseu e o

1 - CAPEP (saúde) e o IPREV (aposentadoria) quebrarão porque não haverá mais concursos para as áreas privatizadas e, como consequência, a cada ano haverá menos gente na ativa con-tribuindo e mais aposentados usando a CAPEP e secando a poupança do fundo de Previdência. Somente a privatização das grandes unidades da saúde já é o suficiente para ameaçar o sistema de aposentadoria de todos os servidores municipais de Santos.

2 - Aumentará o número de transferências para outras unidades e quem ficar na unidade de origem sofrerá os mandos e des-mandos da OS;

3 - Quem ficar debaixo do chicote da OS terá que cumprir metas absurdas, além de ter que se submeter ao assédio moral;

4 - Outros Sindicatos dividirão os trabalhadores dentro da PMS e os servidores serão sempre menos e cada vez mais sem força para lutar por reajustes salariais;

5 - O atual Plano de Carreira dos servidores vai pelos ares porque não haverá mais como fazer avaliação dos servidores.

VEJA O QUE CAIRÁNA CABEÇA DOS SERVIDORES

3SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE SANTOS

Programa Escola Total da SEDUC.Esse Prefeito eliminará milhares de

postos de trabalho de servidores entre-gando os serviços públicos para as cha-

madas Organizações Sociais, empresas que usam recursos pagos pela população para enriquecimento de alguns empre-sários.

A MAnDO DE PAUlO AlExAnDRE, ESSES SãO OS vEREADORES QUE

APROvARAM A lEI DO DESMOnTEEsses vereadores, sob coordenação de Sadao Nakai (também do PSDB de Paulo Alexandre),

sem nenhum debate com os munícipes e com os servidores e ignorando as bandalheiras praticadas em larga escala pelas Organizações Sociais Brasil afora, aprovaram a lei nº 2.947, enviada pelo

Prefeito, que permite a privatização de quase TODAS as unidades da Prefeitura de Santos.

2 3Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDeagosto 2014

agosto 2014

Qualquer pessoa concorda que um governante eleito deve gover-nar, ou seja, por em andamento um conjunto de ações que benefi-ciem a população de um lugar. To-dos também concordam que o voto não é um cheque em branco que pode ser usado de qualquer jeito, causando prejuízos à população eleitora e pagadora de impostos.

O prefeito de Santos, o Sr. Pau-lo Alexandre Barbosa (PSDB), não concorda com estes princípios mí-nimos de gestão pública. Ele acha que a população o elegeu para fa-zer o que quiser com o dinheiro dos santistas, sem consultar ninguém e sem considerar que determina-das experiências de administração servem mesmo é para “malandros” roubarem o dinheiro dos impostos pago pela população das cidades.

Demonstra claro desprezo pela opinião dos eleitores ao tentar ter-ceirizar a saúde e a educação do município, sem sequer debater com a cidade os riscos que esse tipo de iniciativa pode implicar. E pior, quando questionado, tenta iludir as pessoas com propaganda paga a peso de ouro que apresenta ter-mos bonitos e vazios como: eficiên-cia, modernização, novo modelo de gestão, publicização, etc.

Mas a realidade concreta é outra. O que o prefeito pretende é entregar os serviços de saú-de, educação, assistência social, cultura e outros, para empresas muito suspeitas criadas recente-mente no Brasil, chamadas Orga-nizações Sociais. Pode parecer exagero dizer que são suspeitas, mas são mesmo.

Já anunciou a terceirização de hospitais e de serviços da secreta-

Empresários e políticos querem encher os bolsos

lesando a população

ria de educação, a partir de uma lei que aprovou antes do natal de 2013, votada a toque de caixa pela maio-ria dos vereadores sob o comando do vereador Sadao Nakai, também do PSDB, sem nenhuma discussão com a população santista.

A Rede Globo e outras emissoras de TV, revistas, jornais, internet, pro-motores, juízes de direito, entidades de classe, procuradores do trabalho e advogados, vem denunciando por todo o país inúmeros esquemas de desvios de dinheiro público e cor-rupção envolvendo políticos e essas Organizações Sociais.

Elas chegam camufladas de “não lucrativas”, realizam con-tratos com prefeituras e esta-

dos, convencem a população que prestarão bons serviços e atendi-mentos e, no início, parece que tudo vai dar certo.

Passado algum tempo apare-cem os problemas. O atendimento a população fica igual ou pior ao que era realizado antes da tercei-rização; Os contratos entre governo e OS vão ficando cada vez mais ca-ros e a população não vê o resul-tado desses aumentos; Começam as denúncias de compras superfa-turadas (desvio de dinheiro) feitas pelas OSs.; Se inicia a enxurrada de processos trabalhistas de funcio-nários CLT envolvendo as OS e os governos (responsabilidade solida-ria); Aparecem os esquemas de pro-

pinas entre OS, governantes e ve-readores; Surgem as denúncias de contratação de parentes de políticos e de cabos eleitorais pelas OSs, Co-meçam as ameaças de rompimento dos contratos e do fechamento dos serviços, e por aí vai.

O paraíso vendido inicialmente com objetivo de convencer a popu-lação e os eleitores dos benefícios da terceirização, se transforma em inferno. Tudo começa a dar errado. Nesse momento fica claro que o negócio da terceirização só foi alta-mente lucrativo para os donos das OSs. e para os políticos corruptos. A população vê o dinheiro dos impos-tos pagos batendo asas e os servi-ços públicos ficando a deus dará.

É assim que os prefeitos fazem: Tentam impedir acesso da população à Câmara dos Vereadores

2 3Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDeagosto 2014

agosto 2014

A constitucionalidade da legis-lação que permite a instalação das Organizações Sociais no Brasil é questionada por uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, que está no Supremo Tribunal Federal e ainda não foi julgada. Enquanto isso, diversos fatos vem ocorren-do por todo o país demonstrando que a política de entrega de ser-viços públicos às Organizações Sociais, iniciada em 1998, tem trazido enormes prejuízos aos co-fres públicos, aos usuários e aos servidores.

Os sucessivos governos do estado de São Paulo, foram os que mais praticaram este tipo de política no país. O próprio Tribunal de Contas do Estado realizou estu-do que demonstra que a gestão da saúde pública por Organizações Sociais (OSs) custa mais caro que o sistema da adminis-tração direta e apresenta vários efeitos negativos na qualidade dos serviços. O estudo compara hospitais estaduais geridos por OSs com hospitais geridos dire-tamente pelo governo. Fica claro, por exemplo, que os custos das OSs são mais altos, os do-entes ficam mais tempo sozinhos nos leitos, a taxa de mortalidade geral é maior e que há uma am-pliação da desigualdade salarial entre os trabalhadores. Enquanto os chefes ganham muito acima da média, os escalões inferiores re-cebem menos que seus pares dos hospitais geridos pelo Estado.

Para ter uma ideia, do ponto de vista do resultado econômico, os hospitais analisados custam 60 milhões de reais a mais nas OSs do que nas gestões diretas

– uma variação de 38,52 % de menor eficácia. Outro exemplo significativo: o custo do leito por ano nas OSs foi 17,60% maior que nos hospitais da administra-ção pública.

Além do estudo que demons-tra prejuízos aos usuários e aos cofres públicos e que a tão falada qualidade das OSs, na prática não existe, diversos casos de fraude têm sido flagrados tanto em São Paulo como nos demais estados brasileiros.

A Lei 9.637/98 que cria as Or-ganizações Sociais garante a es-sas a compra de bens e serviços

sem licitações e as mesmas não precisam prestar contas a órgãos internos e externos da adminis-tração pública. Isto tem aberto precedentes para desvios de di-nheiro. Deste modo, sem haver fiscalização, o desvio de recur-sos públicos tem ocorrido de for-ma mais intensa nos estados e municípios em que esse modelo de gestão já foi implantado.

Os servidores públicos tam-bém têm sido muito prejudicados pela instalação das OSs, porque a primeira consequência das pri-vatizações é a drástica redução

do número de concursos para ingresso, pois as áreas privati-zadas não serão mais ocupadas por servidores de carreira. Tal fato reduz sensivelmente o nú-mero de servidores e inviabiliza, os institutos de previdência e, consequentemente, as aposen-tadorias dos servidores. Inviabi-liza também os planos de saúde solidários custeados pelos traba-lhadores.

Através da eliminação de concurso público para contra-tação de pessoal, abre-se um precedente para o clientelismo, para a precarização do trabalho

frente à flexibilização dos vínculos, além da forma-ção de “currais eleitorais”, acabando com o caráter democrático do concurso público.

Outro grande problema para os servidores ocorre quando estes são cedidos para trabalharem para as OSs, tal fato os isola dos demais integrantes de sua categoria e os coloca em uma frágil posição perante o “novo” patrão, aumentan-do desta forma os casos

de perseguição e assédio moral.No que diz respeito à falta de

compromisso com a população usuária, constata-se que esta é a que mais tem sofrido com o des-monte do sistema, visto que a Lei 9.637/98 não contempla os con-troles próprios de funcionamento da Administração Pública e muito menos o controle social. Em re-sumo, a privatização oferece um grande risco para a efetivação dos direitos sociais, ameaçando assim a quebra do que foi con-quistado legalmente, fruto de lu-tas sociais.

nãO há cOMO DEfEnDER AS

“Organizações Sociais”

ExEMPlOS DE PROblEMAS:

1) Na capital de São Paulo, a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União, a Receita Federal e o Ministério Público

fizeram uma operação contra o desvio de recursos públicos “[...] Segundo a Polícia Federal a organização social investigada

faturou mais de R$ 1 bilhão nos últimos cinco anos. Desse total, R$ 300 milhões teriam sido desviados em favor de pessoas e

empresas que participavam de projeto envolvendo a entidade e o poder público”.

2) Os hospitais públicos geridos por OSs, em São Paulo, possuem um rombo equivalente a 147,18 milhões. Segundo pesquisas publicadas, de 2008 a 2010, foi comprovado que os hospitais terceirizados, geridos por OSs, custaram aos cofres públicos de SP mais de 50% do que os hospitais

administrados diretamente pelo setor público.

3) Uma entidade criada por empresários da construção civil ganhou da Prefeitura de São Paulo o título de OS (Organização Social) e passou a receber dinheiro público para dirigir postos

de saúde municipais. Depois, com essa verba, a entidade contratou a empresa médica do filho de um de seus diretores para realizar as consultas em postos da Penha e de Ermelino

Matarazzo (Zona Leste).

http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/policia-federal-faz-operacao-contra-desvio-de-dinheiro-publico/

http://www.viomundo.com.br/denuncias/hospitais-publicos-de-sp-gerenciados-por-oss-a-maioria-no-vermelho.html?

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2010/08/781750-entidade-paga-firma-de-filho-de-diretor-com-verba-publica-em-sp.shtml

4 5Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDeagosto 2014

agosto 2014

UM OlhAR MAIS ATEnTO SObRE OS ARGUMEnTOS QUE TEnTAM

vEnDER O PEIxE DAS OSs

PÁgina 3 –

“MODERniZaÇÃO aDMiniSTRaTiVa”

“Neste cenário, uma das mais importantes ações é a parceria com

organizações sociais (OS) para a gestão compartilhada de unidades

e serviços, o que resultará principalmente na ampliação e melhoria da qualidade dos

atendimentos em várias áreas.”

O que a cartilha não revela: Não é gestão compartilhada e sim repasse de di-nheiro público sem controle. Para haver fis-calização do dinheiro repassado às empresas seria necessário a realização de auditorias periódicas nas mesmas, mas nem o Tribunal de Contas pode entrar nas OSs, já que elas não são empresas públicas. A OS se limita a entregar relatórios que ela mesma faz. É a ra-posa tomando conta do galinheiro.

PÁgina 10 –

“EXPERiÊnCiaS BEM-SUCEDiDaS”

“Por todo o Brasil, há inúmeras experiências

bem-sucedidas de parcerias da Administração

Pública com OS. Em Santos, um dos exemplos é a AME

(Ambulatório Médico de Especialidades),

do governo estadual, administrado desde

2010 por uma OS, por “duplicando o número

de atendimentos e tornando-se

referência na Baixada Santista.”

O que a cartilha não re-vela: O governo estadual nun-ca apresentou comparativos entre o custo do serviço dire-to e o terceirizado. Em outros hospitais estaduais terceiriza-dos já se constatou gigantes-cos desequilíbrios financeiros provocados pela terceirização. Quanto à duplicação dos aten-dimentos, nada foi feito por benevolência da OS e sim com aumento da despesa bancada pelos cofres do estado. Se o governo está gastando mais, por que não duplicou o aten-dimento no serviço direto? Já pretendiam repassar a bolada para a OS que iria administrar o AME?

PÁgina 11 –

“COMO FUnCiOna O PROgRaMa”

“A direção do Programa Municipal de Publicização cabe à Comissão

Municipal de Públicização, que é composta por membros não

remunerados: ”

O que a cartilha não revela: Não remunerados? Mas são todos da cúpula do governo municipal, ligados ao Prefei-to, e com altos salários. Além de ser uma comissão atrelada ao Prefeito, são res-ponsáveis por aprovar tudo sobre as OSs e os contratos, assim fica fácil!

PÁgina 5 –

“UM nOVO MODELO DE gESTÃO”

“...com ênfase na universalização, qualidade,

inovação e eficiência do atendimento à população”

O que a cartilha não revela: Universalização, qualidade, inovação e eficiência do atendimento à popula-ção são termos utilizados para iludir o leitor. Na prática das OSs, o que se observa é o inverso, e com gasto de dinheiro público superior ao necessá-rio nos serviços prestados diretamen-te pela gestão pública. Basta dizer que elas não precisam fazer licitação nas compras e repassam os gastos para o município.

PÁgina 17 – “PaPEL DO COnSELHO DE aDMiniSTRaÇÃO”

“Um dos requisitos essenciais à qualificação como Organização

Social diz respeito à existência de um Conselho de Administração na estrutura da entidade, como seu órgão de

deliberação superior.”

O que a cartilha não revela: Essa parte parece uma piada de mau gosto! A OS monta o conselho de ad-ministração do jeito dela, com partici-pação da cúpula da prefeitura na com-posição, e isso é colocado na cartilha como se fosse uma coisa boa e impor-tante para o munícipe. É demais!

PÁgina 9 – “O QUE SÃO aS ORganiZaÇÕES SOCiaiS (OS)”

“Os serviços precisam ser prestados da

mesma forma como são executados pelo Poder

Público: contínuos, submetidos a controle e fiscalização, e gratuitos.

O que a cartilha não re-vela: Na vida real é o oposto disso: há muita descontinuida-de dos serviços (vide ocorrido em Cubatão e Peruíbe), não é possível fazer controle de cus-to/benefício e a “gratuidade” sai bem cara para a população.

PÁgina 19 – “SELEÇÃO DaS EnTiDaDES”

“A Comissão Especial de Seleção será

composta por até 5 membros, e deverá

ser formada somente por servidores municipais.”

O que a cartilha não revela: Outra manobra com as palavras: a tal comissão será composta por 5 ser-vidores escolhidos a dedo pelo prefeito.

O prefeito lançou uma cartilha muito bem elaborada, e bem cara também, sob o título “Organizações Sociais e Gestão Compartilhada”, com a clara finalidade de criar uma opinião favorável à terceirização dos serviços públicos para as OSs. Quem não tem conhecimento prévio dos enormes problemas provocados

por essas empresas em todo o Brasil, ao dar uma folheada na cartilha marqueteira pode tornar-se defensor imediato desse tipo de terceirização. Toda a argumentação apresentada leva o leitor a “comprar” a terceirização como necessária e benéfica para a cidade. Como já sabemos o que está por trás desse

tipo de propaganda interessada e custeada com dinheiro público, decidimos apresentar fatos que a cartilha não revela.

4 5Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDeagosto 2014

agosto 2014

IlEGAl: Organizações Sociais

não têm respaldo jurídicoEm audiência pública sobre as Organizações Sociais no serviço de Saúde de Santos, o representante do

Ministério Público do Trabalho, Rodrigo Lestrade Pedroso, questionou a legalidade da terceirização de serviços públicos usando como base a Constituição Federal, a Lei de Licitações e a Lei das Organizações Sociais.

O Procurador do Trabalho também citou os princípios

constitucionais da Legalidade, Impessoalidade e Moralidade

"para que não beneficie nenhum apadrinhado".

constituiçÃo FeDeral (1988)Para Lestrade, a Constituição é clara em seu princípio de que o serviço público deve ser feito por trabalhadores que passaram por Concurso Público: “Uma pessoa que vai prestar serviço público, segundo a Constituição, tem que passar pelo crivo do Concurso Público. Pelo Concurso Público, vai ser aprovado aquele que têm melhores condições”.

6 7Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDeagosto 2014

agosto 2014

O Procurador do Trabalho,

Rodrigo Lestrade,

questionou a tentativa da

Prefeitura de terceirizar

serviços da Saúde

lei De licitaçÕes (lei 8.666/1993)Além da Constituição, o representante do MP disse não

encontrar qualquer margem na Lei de Licitações que enumera os serviços que podem ser terceirizados:

“Ou seja, se a administração quer terceirizar a construção de um Rodoanel, ela pode, mas não a gestão de um hospital”,

disse Lestrade.

lei Das organiZaçÕes sociais (lei 9.637/1998)O Procurador também leu trechos do próprio Decreto que disciplinou as Organizações Sociais: “Só pode

terceirizar atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituem área de

competência legal do órgão ou entidade. Eu não vejo o serviço de saúde em nenhuma das três hipóteses!”.

lei orgÂnica Do municÍPio De santosUma Lei Municipal não poderia contrariar a Constituição que rege todas as normas do país. Por isso, a Lei Orgânica de

Santos apenas reafirma que:

6 7Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDeagosto 2014

agosto 2014

mas, aPesar De toDa ilegaliDaDe...Mesmo diante de tamanha afronta à Constituição e todas as demais Leis do país, a única forma de barrar a tentativa do Paulo Alexandre Barbosa em terceirizar os serviços públicos de Santos é a mobilização da população. Não adianta “terceirizar” a luta para a Justiça, algum vereador “amigo”, ou qualquer outro meio. Ou a população santista se mobiliza e enfrenta diretamente esse ataque aos cofres públicos ou a Saúde pública de Santos vai pra UTI.

Iremos sim, tentar de todos os meios legais, mas somente com a população organizada e disposta a lutar contra mais esse ataque que sairemos vitoriosos!

02/09/12 - Fantástico denunciou desvio de milhões de reais do SUS para OSs em Peruíbe/SP, Taboão da Serra/SP, Natal/RN e Duque de Caxias/RJ http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/t/edicoes/v/idosos-e-criancas-sao-usados-para-desviar-milhoes-do-sus/2119456/18/07/14 - “18/07/14 - OS parou de pagar os médicos de Eldorado/SP... http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/jornal-tribuna-2edicao/videos/t/edicoes /v/medicos-de-eldorado-entram-em-greve-por-falta-de-pagamento/3507372/

14/01/14 - Hospital Municipal de Tiradentes/SP sucateado por OShttp://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-sao-paulo/t/edicoes/v/pacientes-ficam-em-macas-espalhadas-pela-sala-de-emergencia-de-hospital-da-zona-leste/3075854/18/04/13 - Funcionário público denuncia diversas irregularidades em hospital de Uberlândia/MG, gerido por uma OS. Nem o Secretário Municipal pode entrar no hospital para fiscalizarhttps://www.youtube.com/watch?v=oWw1cqJ_vJo

Confira a denúncia de servidora sobre a OS que faz a gestão de hospital de Sorriso/MThttps://www.youtube.com/watch?v=bbRf-u3OT2UCaos no Hospital Municipal de Itaboraí/RJ administrado por OShttps://www.youtube.com/watch?v=8SippBc4ATY16/08/11 - Ministério Público denuncia que OS contratada (sem licitação) pelo Estado de Goiás está envolvida em diversas irregularidades na gestão dodinheiro públicohttps://www.youtube.com/watch?v=ZEo0vxXZaGM

veja você mesmo o estrago que as OSs fazem brasil afora

E X P E D I E N T E

8 Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe

Frente em DeFesa Dos serviços PÚblicos, estatais e De QualiDaDe | [email protected]

agosto 2014

associaçÃo De base Dos trabalHaDores Do •JuDiciÁrio Do estaDo De sÃo Paulo (assoJubs)

consulta PoPular•

corrente sinDical uniDaDe classista•

csP-conlutas•

FÓrum Da ciDaDania De santos (conciDaDania)•

FÓrum PoPular De saÚDe Da baixaDa santista•

intersinDical - central Da classe trabalHaDora•

movimento mÉDicos JÁ•

Pcb•

Psol•

Pstu•

sinDicato Dos aDvogaDos Do estaDo De sÃo Paulo•

sinDicato Dos bancÁrios De santos e regiÃo•

sinDicato Dos serviDores e trabalHaDores •PÚblicos em saÚDe e PreviDÊncia e assistÊncia social Do estaDo De sÃo Paulo (sinsPrev/sP)

sinDicato Dos serviDores PÚblicos municiPais De •santos (sinDserv santos)

sinDicato Dos siDerÚrgicos e metalÚrgicos Da •baixaDa santista

sinDicato Dos trabalHaDores e serviDores •PÚblicos Do JuDiciÁrio estaDual na baixaDa santista, litoral e vale Do ribeira Do estaDo De sÃo Paulo (sintraJus)

sinDicato Dos trabalHaDores PÚblicos na saÚDe •Do estaDo De sÃo Paulo - baixaDa santista

ALERTA: Nesse exato momento, em Brasília, estão discutindo o escancaramento completo das terceirizações no Brasil. O STF está julgando processo de terceirização ilícita, a Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 4330 e o Senado o PLS 87. e o Senado o PLS 87. SÃO MAIS ATAQUES A CLASSE TRABALHADORA!

Jornalista Responsável: Victor Martins (MTB 46.282-SP)Diagramação: www.cassiobueno.com.br