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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “lato sensu” PROJETO A VEZ DO MESTRE A DISTÂNCIA FRACASSO ESCOLAR NA APRENDIZAGEM POR: LUCIANA MEROLA DA SILVA ORIENTADOR: NELSON JOSÉ VEIGA DE MAGALHÃES RIO DE JANEIRO 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “lato sensu”

PROJETO A VEZ DO MESTRE A DISTÂNCIA

FRACASSO ESCOLAR NA APRENDIZAGEM

POR: LUCIANA MEROLA DA SILVA

ORIENTADOR: NELSON JOSÉ VEIGA DE MAGALHÃES

RIO DE JANEIRO 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “lato sensu”

PROJETO A VEZ DO MESTRE A DISTÂNCIA

FRACASSO ESCOLAR NA APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes, como condição prévia para conclusão do curso de Pós Graduação “lato sensu” em Psicopedagogia. Por: Luciana Merola da Silva

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Agradecimentos:

A Deus que me concedeu a oportunidade de concluí mais uma etapa em minha vida. Ao meu filho Matheus e ao meu marido Marcelo, pela compreensão pela minha ausência, em função da dedicação aos estudos. Aos meus familiares, pois me deram muita força nas horas que mais precisei. E especialmente a minha amiga Carolina, que me ajudou fornecendo material de pesquisa.

Aos meus professores, pela orientação dada no decorrer do curso que foi de grande importância para a conclusão deste trabalho.

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RESUMO O fracasso escolar, observado entre alunos do primeiro ciclo do

ensino fundamental,das escolas da rede pública brasileira, é um problema antigo e

tem merecido a atenção de educadores, psicólogos, psicopedagogos, sociólogos e

também de órgãos relacionados à educação, que através de estudos e da

implantação de novas propostas pedagógicas, têm procurado verificar os fatores que

interferem no sucesso escolar destes alunos e melhorar a atual situação do ensino

no Brasil.

Neste trabalho serão analisadas situações que interferem no ensino,

para que a aprendizagem ocorra de forma significativa para o aluno, que ele tenha

oportunidade de elaboração e organização de seus conhecimentos.

É de fundamental importância o desenvolvimento de atividades que

estimulam habilidades cognitivas e motoras, facilitando a comunicação e a

expressão entre os integrantes do processo.

Há também a necessidade de convencer aos pais e professores que a

inteligência pode ser modificada até mesmo com crianças portadoras de

necessidades especiais, e cada uma delas apresentam o seu próprio ritmo.

Por sua vez, o professor, deve acompanhar o aprendiz nos processos de

aquisição e elaboração do conhecimento, dando condição para que isso ocorra e

oportunizando caminhos para que ele supere as possíveis dificuldades que o

impedem de aprender.

Esse ritmo próprio de cada indivíduo precisa ser respeitado para que não

atrapalhe o processo educacional, o professor, por sua vez, também deve aproveitar

toda a bagagem de aprendizagem que o aluno adquire antes de entrar na escola.

Dessa forma, o aluno se sentirá importante e as aulas desses professores serão

mais ricas.

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SUMÁRIO CAPÍTULO I UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A PRODUÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR CAPÍTULO II DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: AS POSSÍVEIS CAUSAS DA INAPTAÇÃO ESCOLAR CAPÍTULO III FRACASSO ESCOLAR E A ESCOLA EM QUESTÃO CAPÍTULO IV MOTIVOS QUE LEVAM A EVASÃO ESCOLAR

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como estudo o tema fracasso escolar na aprendizagem,

onde se pode afirmar que o processo de ensino-aprendizagem é o ponto principal do trabalho

docente, é dinâmico na comunicação entre educando e educador. Essa comunicação é

recíproca e interativa. Dessa forma originará a aprendizagem, porém, alguns alunos

apresentam dificuldade na compreensão de conteúdos e por isso esses educadores se deparam

com uma questão um tanto quanto preocupante que é quais os problemas que causam o

fracasso escolar.

É por isso que considerando o alto índice de defasagem no contexto escolar,faz-se

necessário buscar informações detalhadas o suficiente para se respeitar à criança e a interação

da habilidade de assimilação de informação em determinadas situações.

As crianças que não aprendem não são necessariamente não-inteligentes, e sim, podem

estar respondendo a um ambiente familiar ou a uma instituição educacional que não lhes dá

muita opção.

A escola, como comunidade de instância educacional, deve ter um ambiente

acolhedor, agradável e atrativo, que venha ao encontro das expectativas desses alunos.

Pode-se dizer que há casos onde a problemática da aprendizagem transcende a questão

escolar, ela esta enraizada na própria história do sujeito, na sua dinâmica familiar.

Existe articulação entre estrutura afetiva e cognitiva, que não se pode separar as

questões de baixa o rendimento escolar provocado por questões incidentais como: doenças,

mudanças de residência, de escola, de professor e outros acontecimentos.

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Das crianças com dificuldades, muitas não são identificadas no início de sua vida

estudantil e algumas são encaminhadas para avaliações especiais, por razões que não estão

diretamente relacionadas com suas habilidades cognitivas específicas visando garantir a

continuidade e o sucesso desta proposta pedagógica

À falta de sucesso na alfabetização, acabou levando por usa vez, a reintrodução nos

meios escolares, a concepção de que as causas do fracasso escolar encontram-se no aluno e

em sua família. Dentre as causas que tentam explicar o insucesso escolar cita-se: pobreza,

subnutrição, problemas físicos (audição e visão), problemas neurológicos e emocionais,

déficits de inteligência, imaturidade percepto-motora, entre outras.

Como conseqüência, apesar das tentativas de reversão do fracasso escolar, o índice de

alunos que enfrentam dificuldades escolares nas séries iniciais do ensino fundamental ainda

continua elevado.

A impossibilidade evidenciada pelos professores para trabalhar com tais dificuldades

faz com que pré-diagnostiquem esses alunos como tendo "dificuldades de aprendizagem".

Porém, muitos psicólogos, ao se basearem apenas em resultados de teses não

padronizados no Brasil, acabam por reforçar os diagnósticos dos professores, onde a criança

recebe um rótulo de aluno especial com dificuldades de aprendizagem.

Outro motivo para a escolha do tema é que pesquisas recentes têm demonstrado que,

apesar de todas as dificuldades, a escola pública tem um importante papel no desenvolvimento

das crianças de classes pobres, representando talvez a única oportunidade que esses setores

encontram para uma efetiva participação na sociedade.

Acredita-se que a tentativa de desmistificar o fracasso das crianças carentes é o

primeiro passo a se pensar é a verdadeira função da escola pública, bem como o da sociedade,

omissa diante da gravidade dos altos índices de crianças que fracassam nos primeiros anos de

escolarização.

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Para equacionar a problemática ora constituída em alcançar os objetivos aqui

propostos, este trabalho será desenvolvido através de uma revisão das pesquisas sobre o

fracasso escolar, definição de dificuldades de aprendizagem e as possíveis causas da

inaptação escolar, a escola em questão e os motivos que levam a evasão escolar.

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CAPÍTULO I

UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A PRODUÇÃO DO

FRACASSO ESCOLAR

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UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A PRODUÇÃO DO FRACASSO

ESCOLAR

Este capítulo faz um levantamento das pesquisas que visam levantar as causas do

fracasso escolar nas séries iniciais do ensino fundamental. Tal preocupação é antiga, os

pesquisadores procuram explicar o insucesso escolar através de características físicas e

psicológicas, estudando as condições sociais e os métodos educacionais.

Desde os primórdios do período colonial verificou-se que a educação estava para a

elite ou classe dominante e ao povo era negado esse direito.A partir de então, até os dias de

hoje, faz-se levantamentos no intuito de diagnosticar o quadro da educação popular, que faz

parte do discurso político liberal. A educação popular visa a igualdade social e a

democratização da educação. PATT0 (1990)

No Brasil usaram-se muito as expressões "igualdade de oportunidades" e "educação

como direito para todos". Esse discurso, ora se preocupava com a quantidade de ofertas

educacionais, ora com a qualidade de ensino. Houve momentos, neste período, de mudanças

no jeito de administrar a prática pedagógica, oferecendo cursos de aperfeiçoamento aos

professores, introduzindo novas metodologias e reformulação da organização escolar.

Ao se falar em democratização da escola não se deve pensar que a escola pública é

uma doação do Estado ao povo, mas uma conquista do povo que, acontece de maneira lenta e

progressiva, pela luta da democratização do saber. Porém, nessa luta o povo não é ainda

vencedor, continua vencido, pois a escola que existe é, antes, contra o povo que para o povo.

Este raciocínio se esclarece de duas formas: em primeiro lugar, não há escola para

todos.

Segundo Cordié (Apud Bossa,2002,p19) :

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O fracasso escolar é uma patologia recente. Só pôde surgir com a instauração da escolaridade obrigatória no fim do século XIX e tomou um lugar considerável nas preocupações de nossos contemporâneos, em conseqüência de uma mudança radical na sociedade (...) não somente a exigência da sociedade moderna que causa os distúrbios , como se pensa muito freqüentemente, mas um sujeito que expressa seu mal estar na linguagem de uma época em que o poder do dinheiro e o sucesso social são valores predominantes. A pressão social serve de agente de cristalização para um distúrbio que se inscreve de forma singular na história de cada um.

Analisando o fracasso escolar, este ainda se impõe de forma alarmante e persistente.

O sistema escolar ampliou o número de vagas, mas não desenvolveu uma ação que tornasse

eficiente e garantisse o acesso à cidadania.

Segundo BOSSA, (2002 ,p.18) ,

A escola surge com objetivo de promover melhoria nas condições de vida da sociedade moderna e acaba por produzir na contemporaneidade a marginalização e o insucesso de milhares de jovens. Essa instituição está fundada em um ideal narcísico da humanidade e como tal , está fadada ao fracasso.

Vivemos num país em que a distribuição do conhecimento como fonte de poder

social é feito privilegiando alguns e discriminando outros.

No Brasil, a escola torna-se cada vez mais o palco de fracasso e de formação

precária, impedindo os jovens de se apossarem da herança cultural, dos conhecimentos

acumulados pela humanidade, conseqüentemente, de compreenderem melhor o mundo que os

rodeia.

A escola que deveria formar jovens capazes de analisar criticamente a realidade , a

fim de perceber como agir no sentido de transformá-la e ao mesmo tempo, preservar as

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conquistas sociais, contribui para perpetuar injustiças sociais que sempre fizeram parte da

história do povo brasileiro.

Segundo PATTO (1990,p.40),

A explicação das dificuldades de aprendizagem escolar articulou-se na confluência de duas vertentes: das carências biológicas e da medicina do século XIX de onde recebe a visão organicista das aptidões humanas, carregada , de pressuposto racista e elitista ; da psicologia e da pedagogia de onde herda uma influência ambiental, mais comprometida com os ideais liberais democráticos. A ambigüidade imposta por essas ciências dará origem ao discurso sobre os problemas de aprendizagem escolar e da própria política educacional, no decorrer de todo século XX.

Os primeiros especialistas que se ocupam de casos de dificuldade de aprendizagem

escolar foram os médicos. Datam do final do século XVIII e do século XIX as rígidas

classificações dos anormais conduzidos em laboratório anexos aos hospícios. Quando as

aprendizagens escolares começaram , os progressos da nosologia já haviam recomendado a

criação de pavilhão especial para os “duros da cabeça” ou idiotas, anteriormente confundidos

como loucos; a criação desta categoria facilitou o conceito de anormalidade dos hospitais para

as escolas; as crianças que não acompanhavam seus colegas na aprendizagem escolar

passaram a ser designadas com os anormais escolares e as causas do fracasso são procuradas

em alguma anormalidade orgânica. (BOSSA,2002)

De acordo com PATTO (1990, p.43) inicialmente a avaliação dos

“anormais escolares” ,durante os primeiro trinta anos do século XX, praticamente significava

avaliação intelectual ; nesta época , os testes de QI adquiriram um grande peso nas decisões

dos educadores a respeito do destino escolar das crianças que conseguiam ter acesso à escola.

A consideração da influência ambiental sobre o desenvolvimento da personalidade nos

primeiros anos de vida e a importância atribuída à dimensão afetivo-emocional na

determinação do comportamento e seus desvios provocou uma mudança na psicologia

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educacional: de anormal, a criança que apresentava problemas de ajustamento ou de

aprendizagem escolar passou a ser designada como criança problema. Essas expressões são

típicas dos anos trinta e tem mudanças na concepção das causas das dificuldades de

aprendizagem escolar; se antes eram tidas como instrumentos da medicina e de uma

psicologia que falam em anormalidades genéticas e orgânicas, agora são como instrumentos

conceituais da psicologia clínica, que buscam no ambiente sócio-familiar às causas dos

desajustes infantis. Aumentando os possíveis problemas na criança que podem explicar as

possíveis causas do seu insucesso escolar: as causas agora vão desde as físicas até as

emocionais e de personalidade, passando pelas intelectuais.

A nova palavra de ordem é a higiene mental escolar. Com intenções preventivas , as

clínicas de higiene mental e de orientação infantil propagaram-se no mundo a partir da década

de vinte e se propõe a estudar e corrigir os desajustamentos infantis. PATTO (1990)

O peso atribuído à hereditariedade e à raça na determinação do comportamento,

vinha progressivamente diminuindo. Dados que apontavam os negros e os trabalhadores

pobres como os detentores dos resultados sistematicamente mais baixos nos testes

psicológicos, a explicação começa a deixar de ser racial , para ser cultural

Ainda de acordo PATTO (1990, p. 45) passou-se, assim, à afirmação da

existência não tanto de raças inferiores , mas de culturas inferiores ou diferentes e também de

grupos familiares patológicos e de ambientes sociais atrasados que produziram crianças

desajustadas e problemáticas. Esta interpretação dos fatos atingiu os anos sessenta, passando a

ser a teoria da carência cultural .

O movimento de higiene mental escolar também ajudou, portanto, mesmo sem

saber e desejar, a instalar a escola seletiva, difícil de perceber e denunciar porque dissimulada

sob procedimentos técnicos e verdades científicas de difícil contestação na época. Este

movimento colaborou para justificar o acesso desigual das classes sociais aos bens culturais,

ao restringir a explicação de suas dificuldades de escolarização ao âmbito das disfunções

psicológicas.(PATTO, 1990)

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Tais pesquisas confirmam aos educadores a propriedade de sua visão preconceituosa das crianças pobres e de suas famílias, impedindo-os, assim, de olhar para a escola e a sociedade em que vivem com olhos mais críticos. Dizem para o oprimido que a deficiência é dele e lhe prometem uma desigualdade de oportunidades impossível através de programas de educação compensatória que supostamente reverterá às diferenças ou deficiências culturais e psicológicas de que as classes “menos favorecidas” seriam portadoras. Geram , desta forma, uma nova versão da idéia da escola redentora: será ela que redimirá os pobres, curando-os de suas deficiências psicológicas e culturais consideradas as responsáveis pelo lugar que ocupam na estrutura social. Em síntese, partem do senso comum e apenas devolvem à sociedade revestida de maior credibilidade. (PATTO, 1990, p. 50).

Ainda de acordo com PATTO (1990), o processo social de produção do fracasso

escolar se realiza no cotidiano escolar e é o resultado de um sistema educacional

reprodutivamente gerador de obstáculos à realização de seus objetivos; as relações

hierárquicas do poder, a segmentação e a burocratização do trabalho pedagógico criam

condições institucionais para adesão dos seus educadores a uma prática motivada, por

interesses particulares, a um comportamento caracterizado pelo descompromisso social.

Collares (Apud,BOSSA,2002,p. 24) , coloca que o fracasso escolar é um problema

social e politicamente produzido, é necessário desmistificar as famosas causas externas que

levam ao fracasso escolar, pelas articulações existentes nos próprios âmbitos escolares,

relativizando e até mesmo intervendo as muitas formas de compreendê-lo, dentre as quais a

atual caracterização do fracasso escolar como “problemas de aprendizagem, que dessa forma

seria pensado como” problemas de “ensinagem” “que não são produzidos exclusivamente

dentro da sala de aula”.

Segundo os trabalhos de PATTO, MELLO, BRANDÃO, COLLARES,aput BOSSA

2002, que representam a denúncia e o protesto relacionado com o descaso de nossos

governantes com a educação em nosso país, são de profunda relevância. É fundamental

abordar a questão do fracasso escolar do ponto de vista dos fatores sociológico , visto que

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dizem respeito à manutenção das más condições de vida e subsistência de grande parte da

população escolar brasileira, e não podemos consentir que o discurso científico se preste a

perpetuar tal estado de coisas.

Segundo pesquisas de órgãos do governo, há estados brasileiros em que a metade da

população em idade escolar (7 a 14 anos de idade) não freqüenta a sala de aula; em segundo

lugar a escola que existe é, antes, contra o povo que para o povo, pois existe alta taxa de

repetência, a não aprendizagem , a evasão e o abandono da escola. LIBANEO (1994)

Percebe-se, portanto, que a escola pública não está cumprindo seu papel pedagógico,

social e cultural onde está inserida. É a reprodução do sistema dominante.

Para Soares (1994) há três explicações: ideologia do dom, ideologia da deficiência

cultural e a ideologia das diferenças culturais.

A ideologia do dom é dar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto a ponto de

chegada, isto depende de cada um. A escola é um ponto de partida, do aluno depende o ponto

de chegada: sucesso ou fracasso. O sucesso ou fracasso na escola deve ser buscados nas

características de cada indivíduo.O bom aproveitamento destas oportunidades vai depender do

dom: aptidão, inteligência e talento de cada um.

Esta ideologia está ocultada e legitimada na Psicologia enquanto conhecimento

científico: desigualdades naturais, de diferenças individuais (aptidão intelectual, de prontidão

para a aprendizagem, de inteligência,...) que determinam o rendimento escolar do aluno. Desta

forma o fracasso do aluno não é culpa da escola. De acordo com SOARES (1994)

...a função da escola segundo a ideologia do dom , seria, pois a de adaptar, ajustar os alunos à sociedade, segundo suas aptidões e características individuais. Nessa ideologia, o fracasso do aluno explica-se por sua incapacidade de adaptar-se, de ajustar-se ao que lhe é referido. (SOARES, 1994, p.11)

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A ideologia da deficiência cultural tenta explicar que o fracasso do aluno estaria

relacionado com o lugar que ocupa na pirâmide social. Então, os alunos advindos de classe

pobre apresentam desvantagens, ou déficits, resultantes de problemas de "deficiências

culturais", "carência cultural", ou "privação cultural", o meio em que vivem seria pobre não só

do ponto de vista econômico - daí a privação alimentar, a subnutrição, que teriam

conseqüências sobre a capacidade de aprendizagem.

Enquanto a ideologia do dom diz que o aluno é portador de desvantagens

intelectuais, a ideologia da deficiência cultural afirma que o aluno é portador de déficits

socioculturais. Portanto, estas duas ideologias depositam a culpa no aluno.

Diante do ponto de vista das ciências sociais e antropológicas não existem culturas

superiores ou inferiores, porém há culturas diferentes, e qualquer comparação que pretenda

atribuir valor positivo ou negativo a essas diferenças é cientificamente errônea.

A ideologia das diferenças culturais visa orientar e estudar as diferentes culturas que

existem em nossa sociedade, valorizando-as em sua particularidade. Portanto, não é possível

caracterizar que um determinado grupo é deficiente ou privado de cultura. O que se deve

reconhecer é que há uma diversidade de cultura, diferente umas das outras. Onde cada uma é

igualmente estruturada, coerente e complexa. Porém, não são grupos isolados e

independentes, mas articulados entre si numa relação interdependente. É chamada de

subcultura a relação de convivência em determinados momentos e espaços. SOARES, (1994).

A escola como instituição a serviço da classe capitalista assume e valoriza a cultura

das classes dominantes, assim os alunos provenientes das classes dominadas encontram

padrões culturais que não são os seus e que são apresentados como "certos", enquanto os seus

próprios padrões são ou ignorados como inexistentes ou desprezados como "errados". Seu

comportamento é analisado de acordo com o protótipo da classe dominante, discriminando a

sua cultura levando-o ao fracasso. Sendo a escola responsável pelo fracasso, por tratar de

maneira preconceituosa à diversidade cultural, transformando diferenças em deficiências.

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A concepção liberal postula que o ensino público funciona como fator

democratizante da sociedade, na medida em que oportuniza a todos os indivíduos igual acesso

ao conhecimento, possibilitando o desenvolvimento pessoal, a ascensão social e o poder

econômico aos indivíduos desprivilegiados. Diante disso, o fracasso escolar deve-se única e

exclusivamente às características do indivíduo, imaturidade, desinteresse, problemas

emocionais, estruturas familiares , visto que todos são iguais perante o sistema escolar.

Em oposição a essa idéia "ingênua" que se tem da escola, surgiu à chamada "nova

sociologia da educação", que está embutida nas teorias da reprodução. Essa teoria tem a

finalidade de analisar como a escola reproduz as relações sociais e as atitudes necessárias para

manter o sistema de produção capitalista, que constituíram o primeiro esforço no sentido da

desmistificação da escola.

FREITAS (1994), classifica essas teorias de acordo com três modelos: o modelo

reprodutor econômico, o modelo reprodutor cultural e o modelo reprodutor de estado

hegemônico. Estes modelos de reprodução têm como principal objetivo a manutenção do

status quo, já que inculca desde cedo nas crianças os ideais da classe dominante e uma

"subcultura" para a classe dominada. A razão disso é que não pode impor a mesma ideologia

burguesa aos futuros exploradores e aos futuros explorados. Alguns especialistas em educação

observaram que os filhos da burguesia não recebem o mesmo ensino dos filhos da classe

popular.

O sistema educacional contribui para integrar os indivíduos no sistema econômico

através de uma correspondência estrutural entre suas relações sociais e as relações de

produção.

As relações sociais de educação acontecem de modo real entre diretores e professores,

professores e estudantes, estudantes e estudantes, e estudantes e seu trabalho, reproduzindo

uma divisão hierárquica do trabalho. As relações hierarquizadas acontecem na forma vertical.

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Dentro da unidade escolar, entre professores e alunos, a relação se dá através de notas

e recompensas externas, em vez da integração do estudante com o processo (aprendizagem)

ou com o resultado (conhecimento) do "processo de produção" educacional. Na relação

vertical o trabalho educacional é fragmentado e conduz a competição que, geralmente, é

destrutiva entre estudantes, através da avaliação e classificação meritocrática. Frente a esta

reflexão, Freitas (1994), argumenta:

...desta forma, o saber escolar, além de legitimar os interesses e valores da classe dominante, marginaliza e desconfirma os conhecimentos dos grupos oprimidos.

As teorias da reprodução dentro da visão liberal, possibilitam uma maior

compreensão da natureza política da escola e da sua inserção na sociedade capitalista.

Entretanto, estas teorias têm recebido várias críticas, pois, não articulam de maneira dialética

a estrutura escolar e ação humana oferecendo poucas opções para modificação das

características repressoras da escola.

A escola tem um papel "redentor" a desempenhar, ou seja, o papel de "libertar" o

aluno de sua "marginalidade" seja de cunho participativo e interativo em sala de aula ou de

traumas familiares que o impeça de tomar atitudes coerentes e dignas com os seus desejos.

SOARES,(1994).

No primeiro caso, a escola deve promover a erradicação das "deficiências" de

aprendizagem, utilizando metodologias e programas de educação compensatória que integre o

aluno à sociedade tal como ela é. No segundo caso, a escola, reconhece a existência de

diferenças e não de "deficiências", pode e deve promover a aquisição e integração da cultura

socialmente prestigiada para que o aluno se adapte à sociedade e esta ao aluno.

Embora a teoria da deficiência de aprendizagem, do primeiro caso, tenha perdido

totalmente a sua sustentação, desde o ponto científico (Antropologia e a Sociologia tenham

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contestado de forma irrefutável estes conceitos de "deficiências") quanto do ponto de vista

prático (percebeu os fracassos dos programas de educação compensatória e o insucesso das

metodologias de "cabresto"), é ainda essa teoria e a concepção de sociedade em que se

fundamenta que vêm, conscientes ou inconscientemente, informando a prática pedagógica do

ensino no Brasil.

No quadro em que se insere o segundo caso das diferenças culturais , tem-se

estudado uma proposta de diversidade cultural, procurando envolver todos os aspectos da

cultura popular. Infelizmente, ainda não é suficientemente conhecida, assimilada e

internalizada pelo professor a teoria das diferenças culturais, em oposição à teoria da

deficiência cultural. SOARES (1994).

As propostas pedagógicas fundamentadas na teoria da deficiência cultural e na teoria

das diferenças culturais tomam os grupos sociais como um "continuo", evoluindo da pobreza

à riqueza, através do processo da "ascensão social". É nessa perspectiva que a escola é vista

como redentora, o mais importante instrumento para a conquista de melhores condições

econômicas e sociais.

A perspectiva crítica da sociedade capitalista vê, ao contrário, os grupos sociais não

como uns continuam, mas divididos em classes antagônicas, discriminadas econômica e

socialmente pelo modo de produção capitalista que é responsável pelas desigualdades na

distribuição da riqueza e dos privilégios, e, para que se mantenha, é necessário que essa

distribuição desigual seja preservada e reproduzida. Nesse caso, a escola está modelada pêlos

ideais de relações econômicas e sociais da sociedade capitalista, ficando impotente enquanto

perdurar a estrutura de discriminações que são gerados fora dela.

A escola, nessa perspectiva além de impotente é perversa, porque colabora com o

ciclo vicioso provocado por essa estrutura capitalista, legitimando os privilégios das classes

dominantes e a dominação das classes populares.

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Ainda que a escola ou o professor deseje romper com o sistema, não conseguem, pois

a repressão e a resistência são tão fortes fora dela que repetem os objetivos da escola

reprodutora impostos pelo estado. FREITAS (1994).

Com isso, a escola se torna tão impotente que não consegue transformar o local em

que está inserida assumindo relações de contradições.

Na escola estão presentes as relações de dominação social e política caracterizando

uma sociedade antagônica e contraditória que determinam sua estrutura social em que se

insere, obtendo forças de atuação progressistas que a impele a uma transformação social pela

superação das desigualdades sociais.

Nesse sentido a escola é muito mais importante para as classes populares que para as

dominantes. Pois as classes dominantes já têm o ensino como parte de sua cultura (ensino de

privilégio) enquanto as classes populares obtêm o direito através de conquistas e lutas. Diante

disso o papel da escola é revitalizar e direcionar adequadamente as forcas progressistas nela

presentes e garantir às classes populares a aquisição dos conhecimentos e habilidades que as

instrumentalizem para a participação no processo de transformação social. A escola, para a

classe popular, é o meio por onde conquista sua participação cultural e política e de

reivindicação social. LIBANEO (1994).

A proposta pedagógica de uma escola transformadora incorpora a análise

sociológica das relações entre escola e sociedade e do papel de linguagem no contexto dessas

relações. É esta realidade que a prática pode construir (ou transformar). É sobre ela que nossa

ação tem poder direto, isto é, sobre ela é que podemos agir, sobretudo se considerarmos que

nós, os que dela participamos, também integramos essa realidade. Essa realidade é, por

exemplo, a nossa escola: lugar e fruto da nossa construção. É uma escola que busca articular

conhecimentos por diferentes teorias fazendo a partir de uma concepção política da escola,

vista como espaço de atuação de forças que podem levá-la a contribuir na luta por

transformações sociais. SOARES (1994)

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Desta forma, pode-se notar que os diferentes pontos de vista apresentados por

estudiosos do assunto mostram que ao longo da história o fracasso escolar teve diferente

justificativa. Inicialmente procurava-se explicar o fracasso através dos aspectos orgânicos da

aprendizagem, passando por explicações referentes a carência cultural a considerou-se mais

tarde os aspectos emocionais e sociais. Só depois passando para os aspectos intra-escolares e

os mecanismos subjacentes ao processo de aprendizagem.

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CAPÍTULO II

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: AS POSSÍVEIS

CAUSAS DA INAPTAÇÃO ESCOLAR

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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: AS POSSÍVEIS CAUSAS DA

INAPTAÇÃO ESCOLAR

Para os profissionais de saúde, participantes do estudo, as causas dos distúrbios de

aprendizagem seriam determinados pelos problemas orgânicos, senso - perceptivos e

emocionais, que impedem ou dificultam a aprendizagem da criança no contexto escolar.

As professoras atribuem os distúrbios de aprendizagem à deficiências de ordem

física, mental ou emocional, localizadas na criança e de fatores relacionados à família do

aluno (separação dos pais ou falta de incentivo familiar). Apenas uma professora apontou a

escola como causa de distúrbio de aprendizagem.: Falta de condições para se trabalhar

individualmente.(NUTTI,2004).

Esta resposta pode se referir ao número excessivo de alunos por classe pois,

segundo SCOZ (1994),

os professores geralmente atribuem à superlotação das salas de

aula a impossibilidade de atenderem de forma individualizada os

alunos que apresentam mais dificuldades, como também a

"generalização" dos conhecimentos, feita através de mecanismos

que acabam diminuindo a freqüência de contato do docente com

os alunos, como por exemplo à condução apressada e superficial

das atividades e a correção coletiva e impessoal das tarefas

pedagógicas.

De acordo com QUIMAS (2004), criança com amadurecimento intelectual,

emocional e físico suficientes para aceitar com naturalidade as importantes modificações da

rotina de vida que surgem com a vida escolar, que tenha sido previamente preparada para a

socialização extrafamiliar e que entre em uma escola com maleabilidade suficiente para

atender suas necessidades específicas, deverá se adaptar rapidamente. A inadaptação

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geralmente é revelada por queixas do tipo: recusa em ir à escola, agressividade, passividade,

desinteresse, instabilidade emocional, comportamento desordeiro, somatizações.

Quando surgem dificuldades, toda a relação "família-criança-escola" encontra-se

alterada. Frente a uma criança específica, em última análise, pode-se dizer que a escolha

daquela escola, naquele momento, não foi adequada; a criança é normal; porém, não

correspondem às expectativas da família, que escolheu a escola segundo suas expectativas; a

criança é normal, mas ainda imatura para a escolarização - a criança não é normal e precisa de

uma atenção mais diferenciada.

Ainda de acordo com QUIMAS (2004), a inadaptação escolar não resolvida

resulta, a maioria dos casos, em insucesso escolar. A abordagem da criança com mau

rendimento escolar inclui: os fatores individuais - a criança; os fatores sociais; os fatores

institucionais.

Compreende-se que os fatores que envolvem a criança são: Fatores Intelectuais

que são os retardos mentais associados ou não a determinadas doenças, particularmente

neurológicos; os Distúrbios da Linguagem que são as dislexias, dislalias e alterações na

percepção auditiva; os Distúrbios da Motricidade que são a hiperatividade e distúrbios da

dominação hemisférica; os Distúrbios Físicos que são os visuais, auditivos, lesões cerebrais,

doenças crônicas, inclusive desnutrição; os Distúrbios Emocionais Atividades

Extracurriculares- trabalho e esporte;

Os fatores que envolvem a escola recebem influência do sistema pedagógico

brasileiro, que falam na "Teoria do Dom" - onde o fracasso escolar estaria relacionado à

ausência de características individuais no bom aproveitamento dos ensinos escolares. A

influência desta teoria determinou uma nova forma de realização pedagógica, com a divisão

de classes mais ou menos homogêneas; sendo o critério discriminatório, o aprender com

facilidade, ou pelo contrário ter dificuldade. Os menos aptos são ainda encaminhados para

atendimento psicológico e pedagógico. QUIMAS, (2004)

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Existe também, a "Teoria da Carência Cultural" que nos fala das crianças provenientes de

baixas condições sócio-econômicas, apresentando em decorrência de seu ambiente

desprivilegiado, deficiência no seu desenvolvimento neuropsicomotor "normal".

A incapacidade de aprendizagem pode ser definida como: "desordem em um ou

mais dos processos psicológicos envolvidos com o entendimento e o uso da linguagem, falada

ou escrita, que podem ser manifestados sozinhos numa capacidade deficiente para ouvir, falar,

ler ou escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos" (LEI PÚBLICA 94-142 DE ATOS DE

EDUCAÇÃO PARA TODAS AS CRIANÇAS DEFICIENTES - US OFFICE OF EDUCATION,

1977).

QUIMAS (2004), cita as características das crianças com incapacidade de

aprendizagem:

PROBLEMAS DIFICULDADES

VISUAIS PERCEPTUAIS

• De distinção de vários formatos e

tamanhos;

• Falta de estabilidade no uso das

mãos; trocando a direita e a

esquerda muitas vezes para realizar

uma tarefa;

• Letras e palavras ao contrário.

• Dificuldade de colorir, escrever e

recortar;

MEMÓRIA E ATENÇÃO

• Dificuldade de concentração;

• Não ouve bem;

• Não é capaz de seguir instruções

com vários passos

• Esquece fácil;

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DEFICIÊNCIA DE LINGUAGEM:

• Demora no desenvolvimento da

linguagem;

• Tem dificuldades de formar

sentenças e encontrar palavras

certas.

Uma outra causa de fracasso escolar apontada freqüentemente é a hiperatividade

ou Disfunção Cerebral Mínima. A criança com esse diagnóstico é aquela que não consegue se

concentrar, perturba a aula, é irrequieta, através dela medicaliza-se o fracasso escolar, mas a

hiperatividade pode ser vista como expressão da inadequação do sistema de ensino às nossas

crianças, refletindo em nível da escola os graves problemas sociais que vivenciamos.

SUCUPIRA,(1985).

Segundo GOLDSTEIN (1998, p. 19)

A Hiperatividade pode ser o problema mais persistente e comum na infância,é persistente ou crônico porque não há cura e muitos problemas apresentados pela criança devem ser administrados, dia a dia, durante a infância e a adolescência.

É um transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, que é conhecida pela sigla

TDAH que tem três características básicas, a Desatenção, a Agitação ou Hiperatividade e a

Impulsividade.

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Ainda de acordo com GOLGSTEIN (1998), hiperatividade tem um grande

impacto na vida de uma criança ou até mesmo de um adolescente e das pessoas com as quais

convive, pois a desatenção, agitação, excesso de atividade, emotividade, impulsividade e

baixo limiar de frustração (dificuldades de adiar recompensas) acabam afetando a integração

da criança com o seu mundo, em casa, na escola e na comunidade em geral. O relacionamento

com os pais, os professores e irmãos são muitas vezes prejudicados pelo stress provocado pelo

comportamento inconstante e imprevisível.

A hiperatividade caracteriza–se por dois grupos de sintomas: O primeiro grupa

que é caracterizado pela desatenção, e o segundo grupo que se caracteriza pela Hiperatividade

(agitação)/ Impulsividade.

No grupo da Desatenção os sintomas do indivíduo podem ser: Não presta atenção a

detalhes ou comete erros por descuido, tem dificuldade para concentrar–se em tarefas ou em

jogos, não presta atenção ao que lhe é dito, tem dificuldade em seguir regras e instruções, o

que começa geralmente não termina, é desorganizado com tarefas e materiais, evita atividades

que exijam um esforço mental continuado, distrai–se facilmente com coisas que não tem nada

a ver com o que esta fazendo, esquece compromissos e tarefas. GOLDSTEIN (1998)

Ainda de acordo com autor citado, o grupo da Hiperatividade/Impulsividade os

indivíduos podem ter os seguintes sintomas: ficam remexendo as mãos e ou os pés, quando

sentado,não param sentados por muito tempo, pulam, correm excessivamente em situações

inadequadas, ou tem uma sensação interna de inquietude tem um “bicho carpinteiro por

dentro”, são muito barulhentos para jogar ou divertir-se, são muitos agitados “a mil por

hora”,como “um foguete”,falam demais, têm dificuldade de esperar a sua vez, respondem as

perguntas antes de terem sido terminadas, intromete-se em conversas ou em jogos do outros.

Diante do que é a Hiperatividade, suas causas, sintoma, é importante frisar que a

Hiperatividade quando não tratada pode associar- se a experiências negativas de ordem social,

pessoal, familiar e escolar, permanecendo durante a infância, adolescência e a vida adulta.

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Na vida adulta pode refletir ainda mais a falta de desatenção, agitação, podendo deixar

um indivíduo irritado. Por exemplo, conversando com um adulto que tem Hiperatividade e em

fase de conclusão da faculdade de Direito, comentou que se encontrava numa fase de muitas

expectativas por estar concluindo a faculdade, ele não conseguia se concentrar para estudar,

ficava inquieto, irritado e ao mesmo tempo eufórico por estar chegando ao final do curso, no

entanto não conseguia concentrar-se para finalizar as atividades devido a Hiperatividade.

GOLDSTEIN (1998)

Compreende-se que esclarecimento familiar sobre a Hiperatividade é algo

fundamental pois esse contato permite que noções erradas possam ser corrigidas e rótulos

como os de “preguiçoso” e/ ou “burro” possam ser removidos. Também possibilita a família

um momento para que possa expor suas angústias e as suas dúvidas sobre os vários aspectos

sobre a Hiperatividade.

Vale ressaltar que a intervenção psicoterápica é importante por que as crianças

necessitam de apoio psicoterápico. A decisão do tipo de intervenção a ser utilizada deve ser

sempre tomada por um profissional que estiver atendendo a criança e a sua família. É

essencial esse acompanhamento porque muitas vezes a Hiperatividade é acompanhados de

sintomas de ansiedade, de depressão e de baixa auto-estima, e só um profissional poderá

lançar mão de estratégias de apoio e de compreensão das dificuldades pelas quais a criança

esteja enfrentando.

É um trabalho que exige comprometimento e tempo e necessita lançar mãos de

estratégias de reforço positivo que possibilite um maior contato com a criança, através de

muito carinho, atenção, compreensão, diálogo, enfim trabalhando com atividades que permita

a criança aprender e conviver com regras e limites.

Com certeza a intervenção psicopedagógica é fundamental porque muitas crianças

que apresentam a Hiperatividade necessitam de uma atenção especial. Para isso é necessário

buscar recursos de ensino flexíveis, até descobrir o estilo de aprendizado do aluno, é

importante e acredito numa estrutura para auto informação e monitorização. Por exemplo a

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cada semana sentar–se com a criança alguns minutos e dar-lhe um retorno sobre como o aluno

está se saindo em sala de aula. Todo esse trabalho é enriquecedor desde que um educador

saiba trabalhar com todas as crianças sem que nenhum se sinta excluído, pois é um processo

que exige dedicação, carinho, e muito compromisso. GOLDSTEIN (1998)

É importante frisar que muitos educadores acabam rotulando, discriminando uma

criança que talvez tenha muito a oferecer, e que não são compreendidas da melhor maneira.

A maioria dessas crianças Hiperativas convive com o fracasso, por isso acredito que

os professores podem transformar cada dia de aula um dia de novidade, pois crianças

Hiperativas adoram novidades elas respondem às novidades com entusiasmo e isto ajuda a

manter a atenção.

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CAPÍTULO III

FRACASSO ESCOLAR E A ESCOLA EM QUESTÃO

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FRACASSO ESCOLAR E A ESCOLA EM QUESTÃO

O sintoma escolar que se refere a todo tipo de empecilho, que leva ao fracasso

escolar, este ainda se impõe de forma alarmante e persistente no dias de hoje, decorrente de

aspectos culturais, sociais, familiares, pedagógicos, orgânicos, intrapsíquico, estes tipos de

sintomas, não acontece de forma isolada sendo que um interfere nos demais BOSSA (2002).

A reação a cada uma destas exposições faz-me compreender como os sintomas

estão interligados um a um. De modo que os fatos ocorrido fora escola, acaba refletindo

diretamente dentro dela de forma mais explosiva. Torna-se evidente que tem uma correlação

entre os diversos tipos de sintomas e a própria instituição.

Em primeiro lugar, faz notar que a escola antes de qualquer coisa, quer ser a escola

ideal imaginário de um mundo melhor, ideal esta que tudo tem que ser dentro dos “moldes”

dos adultos ideais, (estes se dizem certos na forma de conduta e nunca fracassam no seu modo

de ser), acredita que esta escola ideal esta “doente”, e por isso nossas crianças esta fadada ao

fracasso escolar. Para esta “escola doente”, as nossas crianças devem ser seres sentantes,

obedientes e os que saem deste padrão são taxados com algum desvio de conduta. PILETTI

(1999)

De fato a escola sempre tratou a criança como um pequeno adulto, um ser que

raciocina e pensa como nós, mas desprovido de conhecimentos e de experiências. Vendo a

criança como um adulto ignorante.

De acordo com, a filosofia adoriana,Apud BOSSA, 2002 “o destino da criança é

tornar-se o adulto infatilóide à medida que na infância desaparece e por esse motivo não tem

noção de autoridade e de responsabilidade”.

A história mostra-se que a relação entre criança e o adulto obteve várias relações, o

primeiro de que a socialização da criança não era controlada pela família e sim pela

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convivência com os adultos. No final do século XVIII é ocorre a mudança do lugar assumido

pela criança. A escola substitui a aprendizagem pela convivência, com meio de educação.

BOSSA (2002)

Visa prepará-las para a vida adulta pela redução da brincadeira e a implantação de

atividades intelectuais.

Acreditava-se, que por meio de uma disciplina racional as crianças poderiam

transformar-se em adultos responsáveis.

A família antes tratava a criança com paparicações, que era condenada pelos

moralistas e educadores da época, pois acreditavam que essas paparicações faziam a

manutenção da infância, portanto esta deveria ser superada e não mantida. BOSSA (2002)

Vale lembrar que isso ocorre nos dias de hoje, na qual a escola “tenta” fazer da

criança um adulto em miniatura.

Um outro assunto de interesse foi à variedade de caminhos seguidos pela

pedagogia, na expectativa de tornar a escola mais cativante,tentando deixar para trás os hiatos

que há dentro dela. A pedagogia se dá pelas exigências de cada sociedade da época. Assim

surge a pedagogia tradicional, com base na figura do professor, este é que detém o saber e de

ensino centralizado. Prática adota no dias de hoje dentro das maiorias das escolas.

Segundo LIBANEO, (1994, p.17),

a educação – ou seja, a prática educativa – é um fenômeno social, e universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades. Cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos, auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades, prepara-los para a participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social. A pratica educativa não é apenas um a exigência da vida em sociedade, mas

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também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social.

Assim a criança passa a ser vista como ”sementes das gerações futuras”

FOUCAULT, (Apud LIBANEO 1994, p.239).Torna-se evidente que para essas crianças

serem as “sementes das gerações futuras” teriam que ser adaptadas as regras estabelecidas de

ser obedientes, disciplinadas e eficientes, aquelas que não se enquadrarem nestas regras,

seriam vista como anormais.

A correlação entre fracasso escolar e a família é vista como um problema

contemporâneo, isso porque cada qual, não sabe que papel desempenhar. É evidente que a

desestruturação, familiar é um fato social.

Comprovadamente a família é uma instituição que influência diretamente no

desenvolvimento e no desempenho escolar do educando, pois se a família é desestruturada a

criança se desestruturará, com isso apresentará fracasso escolar e conseqüentemente se

excluirá da sociedade.

A escola a princípio seria uma instituição encarregada de transmitir conhecimentos

construídos culturalmente. Presenciando as instituições nos dias de hoje, segundo HARPER

(1982)

a criança é parafusada numa cadeira dura para estudar palavratório, durante horas e horas. Será por acaso que a criança em desenvolvimento, essa força da natureza, é mantida imóvel, petrificada, confinada, reduzida a contemplação das paredes, enquanto o sol brilha lá fora obrigada a prender sua bexiga e os intestinos por horas, exceto alguns minutos de recreio, durante oito anos ou mais? Haverá maneira melhor de aprender a submissão? Trata-se de uma verdadeira lição de totalitarismo (...) Não, não é um acaso. Ë um plano desconhecido para o que o cumprem. Trata-se de domar, domesticar fisicamente essa máquina fantástica de desejos e prazeres que é a criança..

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A citação dada refere-se ao aluno ideal que a escola idealiza, os que não consegue

realizar, são considerados indisciplinados (hiperativo, dispersos). Dentro da concepção de uma

infância normal, surgiram as crianças indisciplinadas, as portadoras de dificuldade de

aprendizagem. Não sendo reconhecidas em suas diferenças, são excluídas. A criança que faz

fracassar esse ideal de educação é excluída do cotidiano escolar, torna-se um incômodo para a

sociedade e para a família. Para a família se seu filho não corresponde ao esperado pela

escola, a família não reluta em procurar um especialista e quando reluta, a escola encarrega-se

de pressioná-la.

Uma vez que já existe o sintoma escolar este determina a direção de vida de muitas

crianças e de toda a sociedade.

Para LIBANEO (1994), um dos mais graves problemas do sistema escolar brasileiro é

o fracasso escolar, principalmente das crianças mais pobres. O fracasso escolar se evidência

pelo grande número de reprovações nas séries iniciais do ensino de 1O grau, insuficiente

alfabetização, exclusão da escola ao longo dos anos, dificuldades escolares não superadas que

comprometem o prosseguimento dos estudos.

De acordo com LIBANEO (1994), ao longo dos oito anos de escolarização observam-

se sucessivas perdas de alunos, esses fatos devem ser explicados por fatores externos à escola,

mas é evidente que a exclusão das crianças tem a ver, com aquilo que a escola e os professores

fazem ou deixam de fazer.

Uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas, de São Paulo, em 1981, investigou as

causas mais amplas da repetência escolar. Sua finalidade foi a de explicar a repetência não só

pelas deficiências dos alunos, mas por outros fatores como: características individuais dos

alunos, as condições familiares, o corpo docente, a interação professor – alunos e aspectos

internos e estruturais da organização escolar. Após o estudo dos dados coletados chegou-se à

conclusão de que a reprovação não pode ser atribuída a causas isoladas, sejam as deficiências

pessoais dos alunos, sejam os fatores de natureza sócio-econômica ou da organização escolar.

Mas, entre as causas determinantes da reprovação (entre as quais as condições de vida e as

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condições físicas e psicológicas), a mais decisiva foi fato de a escola, na sua organização

curricular e metodológica, não estar preparada para utilizar procedimentos didáticos

adequados para o trabalho com as crianças pobres. LIBANEO (1994)

São muitos os procedimentos didáticos que acabam discriminando socialmente as

crianças. Por exemplo, já no início do ano letivo o professor costuma “prever” quais os alunos

que serão reprovados. Geralmente, essa previsão acaba se concretizando, pois os reprovados

no final do ano são geralmente aqueles já “marcados” pelo professor. Além disso, alunos com

diferente aproveitamento recebem desiguais, pois o professor prefere os que melhor

correspondem às suas expectativas de “bom aluno”.

Os objetivos são planejados tendo-se em vista uma criança idealizada e não uma

criança concreta, cujas características de aprendizagem são determinadas pela sua origem

social; ignoram-se, portanto, os conhecimentos e experiências, suas capacidades e seu nível de

preparo para usufruir a experiência escolar.

Crianças que não se enquadram nesse modelo são consideradas carentes, atrasadas,

preguiçosas, essa atitude discriminada as crianças pobres, pois assimilação de conhecimentos

e o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos estão diretamente relacionados com

as condições (econômicas, sócio-culturais, intelectuais, escolares etc) de ingresso na escola,

que é o verdadeiro ponto de partida do processo de ensino aprendizagem. LIBANEO (1994)

É, comum o professor justificarem as dificuldades das crianças na alfabetização e nas

demais matérias pela pouca inteligência, imaturidade, problemas emocionais, falta de

acompanhamento dos pais. É verdade que esses problemas existem, mas nem por isso é

correto colocar toda a culpa do fracasso nas crianças ou nos pais.

Deste modo, a observação e a descoberta são fundamentais, para que os professores e a

equipe pedagógica da escola, possam juntas fazer um prévio diagnóstico, o mais rápido

possível para que o problema seja encaminhado corretamente.

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A escola e os professores têm sua parte a cumprir na luta contra o fracasso escolar, é

preciso enfrentar e derrotar o fracasso escolar, se quer de fato uma sociedade democrática

justa sem os preconceitos que existem nos dias hoje.

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CAPÍTULO IV

OS MOTIVOS QUE LEVAM A EVASÃO ESCOLAR

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OS MOTIVOS QUE LEVAM A EVASÃO ESCOLAR

Este capítulo trata dos motivos que levam a evasão escola. Portanto cabe ressaltar

que a noção de evasão é nos dias de hoje um grande questionamento, pois dá a entender que a

criança sai por vontade própria da escola ou porque não se adapta a ela, ou porque precisa

conseguir trabalho. A noção mais abrangente seria de “exclusão”. A escola se organiza e

funciona de tal maneira que não consegue contribuir para a aquisição de conhecimentos ou

melhoria de vida desses alunos. (VALLA,1994)

Para ARROYO (1991),

Falar em evasão sugere que o aluno se evade, deixando um espaço e uma oportunidade que lhe era oferecida por motivos pessoais e familiares. Ele é responsável pela evasão e, conseqüentemente, pela ignorância e pelos efeitos sociais que lhe acarretará essa sua ignorância ao longo da luta pela sobrevivência. (ARROYO,1991,p.21/22).

No entanto a busca de conhecer os elementos que deverão construir uma escola

que atenda aos reais interesses da classe trabalhadora, ARROYO (1991), defende a

necessidade de se recolocar a questão do fracasso em termos de excluídos da escola.

De acordo com NUTTI (2004) , o fracasso escolar, persistente problema sócio

educacional brasileiro, pode ser definido não somente pela dificuldade de uma parcela de

alunos em obterem um desempenho escolar satisfatório, como também pela ocorrência de

sucessivas repetências, de excessiva permanência e do conseqüente abandono da escola por

parte de estudantes, em sua maioria oriunda das classes populares. É um fenômeno complexo

que envolve não somente os escolares, seus familiares e os profissionais da educação, como

também os profissionais da área de saúde.

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O fracasso escolar é uma mistura de coisas. Têm algumas crianças que têm

dificuldades, mas a maior parte do fracasso escolar é (porque) a escola não se preocupa

com o aluno.

... as professoras têm os métodos delas e elas, as crianças têm que se adequar àqueles métodos, não elas procurarem se adequar à realidade da criança, à vivência da criança, aos potenciais que ela tem. A criança tem que se moldar ao método de trabalho delas com isso elas acabam se saindo mal.(NUTTI,2004.)

Segundo MAMMARELLA, Aput, OSÓRIO 2002,exclusão social identifica:

Os grupos e indivíduos que vêm sistematicamente perdendo seus direitos de cidadania, que se encontram carentes dos meios de vida e fontes de bem estar social, com baixíssimos rendimentos, falta de moradia, de acesso à educação e saúde, e que não encontram meios de se inserirem no mercado de trabalho.

Dois aspectos são considerados como base da cidadania: a possibilidade de acesso de

toda a população a um determinado padrão de qualidade de vida comum de um referido grupo

social, e às possibilidades objetivas da população decidir sobre os destinos e os rumos da

sociedade em que vivem.

Essa condição mínima para as pessoas conseguirem uma qualidade de vida aceitável

dentro dos parâmetros de cidadania vai além da manutenção da vida orgânica, dada pela

satisfação das necessidades alimentares e nutricionais elementares, estando também

intimamente ligada à obtenção de renda e de educação com qualidade, pois sem esses princípios

a inserção na sociedade e no mundo do trabalho torna-se o chamado 'fracasso' da educação

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brasileira faz com que a população considere esse problema, juntamente com o do salário, como

o mais grave com o qual se defronta o país. Ao mesmo tempo, o problema passará ocupar, com

a educação, o primeiro lugar na pauta das inquietações da população. DIMENSTEIN (1994)

Ao fazer uma análise desta situação sem levar em conta todos os pontos que a ela

estão interligados configura, em suas conseqüências sociais, formas de exclusão social em

nossos dias. Portanto, a educação serve como fonte de pensamento crítico que permite

modernizar, inovar e contestar verdades estabelecidas, provocando um pensamento

independente e democrático, imbuídos de ações de mudanças e de transformações.

De acordo com DEMENSTEIN (1994), a exclusão social se dá quando os alunos não

conseguem aprender; exclui-se do exercício da cidadania esses mesmos cidadãos, pois não

conhecem os valores morais e políticos que fundam a vida de uma sociedade livre, democrática

e participativa.

É neste ponto que acontece a ligação entre a educação e o mundo da violência. Há

uma integração recíproca entre esses dois mundos que, aparentemente, estão bem distantes um

do outro.

Neste momento histórico da globalização mundial da economia em que todos os

países seguem a regra de empregar funcionários mais qualificados , sabe-se que , no Brasil pelo

menos 52% da população não possuem requisito mínimo para disputar uma vaga no mercado

formal de trabalho. OSÓRIO (2002)

Considerando-se que a questão da qualificação profissional passa evidentemente pelo

analfabetismo funcional do adulto e também pelo fracasso escolar infantil, focalizar a exclusão

social transportadas pelas vias de evasão e repetência escolar tornou-se objeto importante de

estudo.

Segundo o Censo de 1991 do IBGE existem cerca de 29,4 milhões de indivíduos

analfabetos no Brasil, o que segundo HADDAD (1992), coloca o Brasil entre os países com

maiores taxas percentuais de analfabetismo. Quanto ao índice de reprovação nas primeiras

séries do primeiro grau nas escolas públicas brasileiras, apesar da democratização dos estudos e

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do acesso à escola, este se mantém desde de 1980 em torno de 50%, estes números referem-se

em sua maioria a crianças de zonas rurais e periféricas dos centros urbanos ou seja , de classes

mais economicamente desfavorecidas.

Ainda de acordo com HADDAD (1992), desigualdade social está presente na evasão e

na repetência dos alunos, no nível de ensino, reflexo direto da qualidade do professor e de

quanto ele ganha. Queira sim, queira não, a remuneração acaba determinando a qualificação e

qualidade do produto.

Mas a evasão e a repetência são os índices mais fiéis da desigualdade social. O aluno

evadido é uma mão-de-obra despreparada, que nem conhecem as regras básicas de segurança e

muitas menos seus direitos. Neste sentido DIMENSTEIN (1994), afirma que:

a educação é um dos pilares básicos da democracia. Quanto maior a politização, mais difícil será a vida dos demagogos. Não é apenas uma questão política, mas de reclamar por todos os seus direitos.O direito de não morrer numa fila do INSS, de ter seus direitos trabalhistas garantidos, de ser indenizado por ter ingerido produtos estragados.

Com a democratização do ensino, a Constituição Brasileira, em seu artigo 108

parágrafo 1° , defendeu a garantia a todo cidadão, de acesso ao ensino fundamental obrigatório

e gratuito. No entanto, cerca de quatro milhões de crianças entre 7 e 14 anos encontram-se fora

das escolas. 1,7 milhões de crianças evadidas das escolas públicas do 1°. Grau e 50% de

crianças em sua maioria, oriundas de classe baixa, são reprovadas todos os anos. Em referência

a América Latina , segundo a UNESCO, o Brasil é o país que tem o maior percentual de alunos

concluídos no primeiro grau. Enquanto a Bolívia aprova 64%, o Peru 70%, a Venezuela 73% e

o Uruguai 86%, no Brasil apenas 33% concluem o primeiro grau (OSÓRIO,2004)

Muitos estudos têm-se dedicado a compreensão das causas do fracasso escolar da

criança ao longo dos tempos. Dentre as causas apontadas nos estudos em geral, estes têm

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demonstrado a influencia da origem social, da prática pedagógica, do professor e da linguagem

sobre o padrão de estimulação intelectual das crianças.

Para o teórico inglês BERNSTEIN, Aput OSÓRIO (2002), estudioso das relações

entre classe e desigualdade, é vital que os indivíduos possam explorar os limites de sua

consciência e o autocontrole, por meio da linguagem, de modo a viabilizar-lhes a igualdade de

oportunidades de aprendizagem e de ação social. Segundo ele, a aprendizagem e a ação social

faz-se vital a orientação cognitiva e prática do homem, regulado, por um controle simbólico

adquirido nas instituições pedagógicas oficiais e locais, tais como na escola e na família. Em

síntese, a aprendizagem e o desempenho escolar para Bernstein, dependem primeiramente da

inter-relação entre mãe e filho, e posteriormente, entre professor e aluno.

Concluindo este capítulo pode-se salientar de acordo com ARROYO (1991), as

possíveis conseqüências da evasão escolar:

Alguém terá de ser responsabilizado por essa exclusão ou por essa negação do saber elementar as classes subalternas. Sobretudo quando os mesmos cidadãos – trabalhadores excluídos as escolas – são excluídos de outros direitos básicos: direito à saúde, alimentação, saneamento, habitação, organização, e sobre tudo excluídos da terra, dos bens de produção, do poder e da riqueza que produzem. As mesmas crianças excluídas das casas de escola são excluídas das casas de saúde, das casas de justiça e do direito. As únicas portas que facilmente se abrirão são as das casas de detenção, de correção, dos manicômios. Sobretudo abrir-se- ão as portas das fábricas, todas as manhãs , tardes e noite, de onde não lhes será permitido evadir-se sob pena de morrer de fome. Os índicies de evasão de fábricas, das casas de detenção são mais baixos do que os índicies das escolas do povo. Lá são obrigados a permanecer para ser explorados ou reeducados para o trabalho. Na escola são forçados a sair por incapazes para a educação ou por necessidade de bater na porta da fábrica, ou de lutar por comida no subemprego (ARROYO, 1991, p22).

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Em síntese, o fracasso escolar é visto como uma questão individual, própria de cada

aluno e seus problemas, mas não podemos responsabilizar apenas os alunos ou seus pais ou

seus professores pelos problemas da escola pública. Nenhum desses grupos sozinho, poderia

ser responsável pelo fracasso escolar. Na verdade não se trata de achar os “culpados” pelo

fracasso escolar, e sim que toda a sociedade acorde para esse problema.

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CONCLUSÃO

No presente trabalho, objetivei mostrar que, desde sua gênese, o uso de estratégias

filiadas a uma concepção da produção do fracasso escolar baseou-se em pressupostos teóricos

da época, em que favoreciam as classes dominantes da população. Esse problema ainda vigora

em nossos dias, tendo sido generalizada para caracterizar os indivíduos que desviam, de uma

forma ou de outra.

A atribuição ao fracasso escolar das crianças das classes populares a “desvios” e

“patologias” diversas é uma concepção funcionalista da sociedade.

Para explicar o fracasso escolar das crianças das classes populares também a do

déficit cultural, segundo o qual as crianças pobres ou carentes seriam intelectualmente

inferiores devido ao seu meio ambiente , considerando pobre em estímulos, em experiências e

em situação de interação e comunicação. (SOARES,1996)

Não se pode deixar de refletir sobre o aspecto político dessas concepções , pois

considerar as crianças do proletariado, em sua grande parte, com doentes, anormais, inferiores

ou incapazes significa legitimar-se o fato de sonegar-lhes a educação formal a que têm direito

por julgá-las inaptas para as mesmas.

A construção da escola possível passa pelo equacionamento correto da escola

fracassada e do Estado falido em seu suposto dever de garantir escola para o povo. Falar de

alunos evadidos é uma forma de inocentar o Estado há negação do direito de saber das

camadas populares.

Quando se fala de alunos evadidos,repetentes, defasados, pensa-se logo no baixo

Q.I.,nas diferenças individuais de capacidade, interesse ou motivação. Se o aluno é

responsável, a escola é inocentada do fracasso, o Estado e os grupos dirigentes da sociedade.

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Em síntese, falar em aluno evadido é responsabilizar o próprio povo pela sua

pobreza, subemprego, baixos salários, sua ignorância e fracasso escolar.

O fracasso escolar pode ser entendido como negação à cidadania na medida em

que a população não tem acesso aos bens universalmente distribuídos.

Pode-se concluir, portanto, que o combate ao fracasso escolar das crianças das

classes populares, não deveria passar pela proliferação de clínicas, instituições e escolas

especializadas, mas pela reestruturação da escola regular, a fim de que ela atenda aos

interesses e necessidades da grande parcela de sua clientela que fracassa na escola e dela é

expulsa.

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BIBLIOGRAFIA

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FREITAS, Lia Beatriz de Lucca. A Produção da Ignorância na Escola. São Paulo, Cortez,

1994.

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ÍNDICIE

Agradecimentos................................................................................................ 03

Resumo .............................................................................................................04

Sumário ............................................................................................................05

Introdução ........................................................................................................ 06

Capítulo I .........................................................................................................09

Capítulo II ....................................................................................................... 22

Capítulo III ...................................................................................................... 30

Capítulo IV .......................................................................................................37

Conclusão ..........................................................................................................44

Bibliografia .......................................................................................................46

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ATIVIDADE CULTURAL