fotojornalismo e direito de autor - focus · construindo uma boa reputação ou ... clara para o...

76
1 MARIANA MENDES DE MORAES OLIVEIRA FOTOJORNALISMO E DIREITO DE AUTOR Monografiaa presentada à Escola Focus de Fotografia, como exigência parcial para obtenção do título de fotógrafo profissional, sob orientação do professor EnioLeite São Paulo 2016

Upload: duongnga

Post on 16-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  

1  

 

 

 

MARIANA MENDES DE MORAES OLIVEIRA 

 

 

 

FOTOJORNALISMO E DIREITO DE AUTOR 

 

 

 

 

Monografiaa

presentada  à  Escola  Focus  de 

Fotografia,  como exigência  parcial  para 

obtenção  do  título  de  fotógrafo 

profissional,  sob  orientação  do 

professor EnioLeite 

 

 

 

 

 

 

 

São Paulo 

2016 

  

2  

DEDICATÓRIA 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao  meu  pai,  que  não  pôde  ver  a 

conclusão  desta  importante  etapa  da 

minha vida. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

3  

 

AGRADECIMENTOS 

 

 

 

 

 

 

Agradeço a Enio Leite, Ricardo Quiles, Edinéia Zanuto, todos os meus colegas de 

turma e, principalmente, ao amor da minha vida. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

4  

SUMÁRIO 

 

PARTE I 

1 ‐ O que é fotojornalismo...............................................................................................6 

1.1 ‐ Fotojornalista...........................................................................................................6 

2 ‐ Fotojornalismo e os Paparazzi.....................................................................................7 

3 ‐ História da fotografia..................................................................................................8 

4 ‐ Ingresso da fotografia nos meios de comunicação.....................................................9 

4.1 ‐ Manipulação de Imagens pela mídia......................................................................10 

5 ‐ Fotojornalismo Diário e Fotojornalismo Documental...............................................11 

5.1 ‐ Fotojornalismo diário.............................................................................................12 

5.2 ‐ Fotojornalismo Documental...................................................................................13 

6 ‐ Remuneração em fotojornalismo..............................................................................15 

 

PARTE II 

 

1 ‐ Do Direito de Autor...................................................................................................16 

1.1 ‐ Conceito e noções gerais........................................................................................16 

2 ‐ Características...........................................................................................................17 

3 ‐ Titulares do Direito De Autor.....................................................................................18 

4 ‐ Cessão e Sucessão ....................................................................................................19 

5 ‐ Autor desconhecido...................................................................................................20 

6 ‐ Ingresso da obra em domínio público.......................................................................20 

7 ‐ Direitos Morais do Autor...........................................................................................20 

8 ‐ Direitos Patrimoniais do Autor..................................................................................21 

9 ‐ Obras protegidas.......................................................................................................22 

  

5  

10 ‐ Tutela no Direito Penal............................................................................................22 

10.1 Plágio, Contrafação e usurpação de nome ou pseudônimo...................................24 

11 ‐ Direito de Autor X Direito de Imagem.....................................................................25 

12 ‐ Direito de imagem X Fotojornalismo.......................................................................29 

13 ‐ Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros..............................................................31 

14 ‐ Direitos Patrimoniais do Autor................................................................................37 

 

Parte III 

I ‐ Fotógrafos brasileiros.................................................................................................38 

 

1 – Evandro Teixeira.......................................................................................................38 

2 – Pedro Martinelli........................................................................................................41 

3 – João Bittar.................................................................................................................45 

4 – Maurício Lima...........................................................................................................49 

 

II – Fotógrafos Internacionais. 

 

Filme – The bangbangclub.............................................................................................51 

1 – kurt klagsbrunn........................................................................................................54 

2 ‐ Don McCullin............................................................................................................56 

3 ‐ James Nachtwey.......................................................................................................60 

4 – Kevin Carter..............................................................................................................64 

5 ‐ Robert Doisneau........................................................................................................67 

6 ‐ Henri Cartier‐Bresson................................................................................................70 

 

Conclusão.......................................................................................................................74 

  

6  

Introdução 

   

  Este  trabalho  tem  como  objetivo  descrever  os  principais  pontos  acerca  da 

profissão  do  fotógrafo  que  atua  na  área  jornalística,  as  vantagens  e  desvantagens 

desse  tipo  de  atuação,  também  sobre  toda  a  legislação  e  todo  o  conhecimento 

necessário para o exercício da profissão, bem como as delicias de se aventurar nesse 

mundo. 

  

PARTE I 

 

1. O que é fotojornalismo 

 

  Etimologia da palavra: foto + jornalismo (Dicionário da Língua Portuguesa). 

Fotojornalismo  é  um  tipo  de  jornalismo  que  usa  fotografias  como  instrumento  de 

informação.  Por  isso,  pode  ser  considerado  uma  especialização  do  jornalismo,  bem 

como da fotografia. 

 

1.1 Fotojornalista 

 

  Com  efeito,  fotojoranalista  é  o  fotógrafo  que  por  meio  da  mídia  passa  uma 

informação através da imagem fotografada.  

Observamos  em  nosso  estudo  não  ser  incomum  que  alguns  fotógrafos  não  gostem 

dessa denominação, optando por serem chamados apenas de 'fotógrafos'.  

Contudo, acreditamos ser importante fazer essa diferenciação, ao passo que os demais 

tipos de trabalhos fotográficos, via de regra, são mais estáticos. 

Nosso  objeto  de  estudo  se  distingue  pelo  dinamismo  e,  principalmente,  por  seu 

caráter informativo. 

 

 

 

 

 

  

7  

2. Fotojornalismo e os Paparazzi 

   

  A palavra Paparazzo, ou no plural, 'Paparazzi' (origem italiana) originariamente 

se refere ao mosquito que fica em volta da pessoa provocando aborrecimento.  

Na  atualidade,  como  se  sabe,  é  relacionada  àqueles    fotógrafos    insistentes  que 

perseguem celebridades; na maioria das vezes para fotografar momentos indiscretos e 

comprometedores. 

   

  Veículos específicos para esse tipo de divulgação se aproveitam do fenômeno 

sócio‐cultural  "voyeurístico"  como  mecanismo  para  obtenção  de  lucro.  Por  certo, 

pessoas públicas na generalidade são tratadas como verdadeiros objetos. 

Todavia,  se  de um  lado  algumas pessoas  demonstram notória  ojeriza  a  esse  tipo de 

assédio, outras o utilizam como meio para se manterem em evidência. 

Há muita discussão sobre a ética dessa prática.  

 

  Nem todos os doutrinadores concordam com a ideia de que a proteção da vida 

privada  está  “condicionada”  ao  comportamento  da  pessoa  e  sua  inserção  na  vida 

social. 

 

  Concordamos com o posicionamento do  jurista Alexandre de Moraes, que em 

seu  livro  "Direitos  Humanos  Fundamentais"  afirma  que  "...  se  encontra  em  clara  e 

ostensiva  contradição  com  o  fundamento  constitucional  da  dignidade  da  pessoa 

humana (CF, art. 1 º,III), com o direito à honra, à intimidade e a vida privada (CF, art. 5 

º , X), converter em instrumento de diversão ou entretenimento assuntos de natureza 

tão  íntima  quanto  falecimentos,  padecimentos  ou  quaisquer  desgraças  alheias,  que 

não demonstrem nenhuma finalidade pública e caráter jornalístico em sua divulgação”. 

Para  ele,  "a  divulgação  de  fotos,  imagens  ou  notícias  apelativas,  injuriosas, 

desnecessárias  para  a  informação  objetiva  e  de  interesse  público  que  acarretem 

injustificado dano à dignidade humana autoriza a ocorrência de indenização por danos 

materiais e morais, além do respectivo direito à resposta". 

 

  

8  

  Consoante  esta  concepção,  julgamos  que  a  celebridade  possui  a  mesma 

proteção à vida privada que uma pessoa comum, a não  ser que a veiculação de  sua 

imagem  seja  destinada  à  divulgação  de  trabalho  artístico  e/ou  com  sua  autorização 

explícita. 

 

  Todavia, para um mais amplo entendimento do tema é necessária uma análise 

do direito  fundamental à  liberdade de  imprensa, bem como da ética que envolve os 

jornalistas que atuam nesse mercado. 

 

  O  conflito  entre  a  liberdade  de  imprensa  e  o  direito  à  privacidade  é  uma 

matéria  que,  conforme  já  amplamente  discutido  neste  estudo,  tem  grandes 

controvérsias  e  chegar  a  uma  conclusão  é  apenas  definir  diretrizes  de  pensamento 

acerca do assunto.  

 

http://www.ufjf.br/facom/files/2013/04/IVeiga.pdf 

 

https://caminhosdojornalismo.wordpress.com/fotojornalismo/recursos‐

jornalisticos/paparazzi/ 

 

http://www.resumofotografico.com/2014/03/paparazzo‐ate‐onde‐a‐vai‐etica‐e‐o‐

profissionalismo.html 

arreira em jornalismo. Construindo uma boa reputação ou  

http://eticadopaparazzi.blogspot.com.br/2011/09/o‐grupo‐formado‐por‐carolina‐

lima.html 

 

3. História da fotografia 

 

  O  surgimento  da  fotografia,  se  levado  ao  extremo,  deita  suas  raízes  na  pré‐

história.  As  pinturas  rupestres  do  homem pré‐histórico  foram uma  forma  de  nossos 

ancestrais retratarem o que viam.  

 

  

9  

  Essa forma de exposição do real evoluiu dando origem à pintura. Após, vieram 

os estudos relacionados às imagens fotográficas (estudos da luz, da câmera escura e de 

produtos  químicos  que  poderiam  viabilizar  a  captação  de  imagens  com  fidelidade).  

Conseguintemente surgiram as primeiras câmeras fotográficas. 

 

  O surgimento da fotografia é datado da primeira metade do século XIX, mas 

somente no século XX ela começou a ser utilizada nos jornais diários. 

 

http://portal.estacio.br/media/3327546/5‐uma‐breve‐analise‐critica‐evolucao‐

fotojornalismo‐brasileiro.pdf 

 

4. Ingresso da fotografia nos meios de comunicação 

 

  Há  um  atraso  evidente  entre  o  surgimento  e  a  divulgação  da  fotografia  nos 

meios  de  comunicação.  Esse  lapso  temporal  se  justifica  por  motivos  técnicos  e 

econômicos. 

 

http://portal.estacio.br/media/3327546/5‐uma‐breve‐analise‐critica‐evolucao‐

fotojornalismo‐brasileiro.pdf 

 

  Temos notícia de que o jornal 'Daily', de Nova Iorque, foi o primeiro a publicar 

uma imagem, em 1880.  

 

  Entretanto,  o  termo  fotojornalismo  surgiu  depois,  nas  primeiras  décadas  do 

século XX com o desenvolvimento das revistas ilustradas. Esse tipo de revista teve seu 

ápice na Alemanha em 1930. 

 

http://www.jornalista.com.br/fotojornalismo.html 

 

  A  inclusão  de  textos  não  verbais  jornais  e  revistas  ilustradas  causaram  uma 

enorme revolução na comunicação, pois barreiras idiomáticas foram quebradas.  

  

10  

  Embora  complementares,  ao  contrário  de  um  texto  escrito  ou  falado,  a 

fotografia é linguagem Universal e não se restringe a um país ou região.  

Segundo  Johan  Gutenberg  "Imprimir  letras  é,  com  certeza,  tarefa menos  árdua  que 

fazê‐lo com imagens". 

  Em  “Fotografia  e  sociedade”,  Freund  opina  a  respeito  da  introdução  da 

fotografia na imprensa:  

  “Até  então  o  homem  vulgar  apenas  podia  visualizar  fenômenos  que  se 

passavam perto dele, na rua, na sua aldeia. Com a fotografia abre‐se uma janela para 

o mundo (...). A fotografia inaugura as mídias visuais.”  

 

4.1 ‐ Manipulação de Imagens pela mídia 

 

  Barthes em sua obra “O óbvio e o obtuso", diz:  "A  linguagem verbal possui a 

tarefa de fixar, de complementar o que há na não‐verbal." 

   

  Contudo,  assevera  que,  "Seja  de  forma  autônoma,  dependente,  ou 

complementadora, a imagem jornalística há muito não é tratada por editores e leitores 

de jornais impressos de modo inocente. A capacidade de manipulação de imagens e de 

diagramações,  cada  vez mais modernas  graças  a  programas  de  computador  que  se 

superam sazonalmente, ampliou a  subjetividade das  fotos  jornalísticas. Possibilitou a 

elaboração de maior número de significados em uma só fotografia e a mescla de mais 

de um signo codificando um significado final, não único, dependente quase sempre do 

contexto. Se na linguística, o termo isotopia é utilizado para abordar planos de sentidos 

diferentes no texto verbal, no estudo da linguagem não‐verbal, há noção semelhante".  

 

http://portal.estacio.br/media/3327546/5‐uma‐breve‐analise‐critica‐evolucao‐

fotojornalismo‐brasileiro.pdf 

 

  A despeito do assunto, os editores fotográficos dos principais jornais brasileiros 

são  unânimes  em  condenar  a montagem  de  fotos.  Para  eles,  apenas  o  'retoque'  da 

composição  da  foto  é  legítimo  eis  que  o  intuito,  neste  caso,  é  apenas  torná‐la mais 

clara para o leitor. Todos também se dizem contra fotografias de situações forjadas. 

  

11  

  O editor de fotografia Alaor Filho reconhece que é tênue a linha que separa a 

composição  da  'armação',  cabendo  aos  fotógrafos  mais  experientes  orientarem  os 

mais novos. O editor de  fotografia Alexandre Sassaki é da mesma opinião, e  ressalta 

que "Uma foto dirigida, composta, é admissível. O que não se pode é deturpar, criar o 

que não existe.  Se o  fotógrafo procurar,  vai encontrar uma coisa mais espontânea e 

verdadeira." 

 

https://claudiavalls.wordpress.com/2010/01/03/fotojornalismo‐%E2%80%93‐

realidade‐ou‐subjetividade/ 

 

5. Fotojornalismo Diário e Fotojornalismo Documental 

 

  Há quem sustente que fotojornalismo diário e  fotojornalismo documental são 

segmentos completamente diversos.  

   

  Outros  autores  defendem  que  são  separados  apenas  por  uma  sutil 

conceituação. 

 

  Concordamos com a segunda linha de pensamento. 

  O  autor  Jorge  Pedro  Sousa  define  tais  terminologias  tanto  em  sentido  lato 

como em sentido estrito, a saber: 

   

  " No  sentido  lato,  o  fotojornalismo é  a  atividade de  realização de  fotografias 

informativas,  interpretativas,  documentais  ou  ilustrativas  para  a  imprensa  ou  outros 

projetos editoriais ligados à produção de informação de atualidade. No sentido estrito, 

entretanto, o  fotojornalismo é a atividade que visa  informar,  contextualizar, oferecer 

conhecimento,  formar, esclarecer ou marcar pontos de vista através da  fotografia de 

acontecimentos e da cobertura de assuntos de interesse jornalístico.  O fotojornalismo, 

em  sentido  exato,  tem  como  meta  transmitir  informação  de  maneira  objetiva  e 

instantânea,  diferenciando‐se  da fotografia  documental,  que  tem  como  prioridade 

desenvolver um trabalho mais interpretativo e elaborado." 

 

  

12  

  Constatamos que, na prática, as denominações mais usadas pelos profissionais 

da área são "fotojornalismo" e "foto documental" ou "documentário". 

 

5.1 ‐ Fotojornalismo diário 

 

  No fotojornalismo diário, pode‐se trabalhar em diversos meios de informação, 

tais  como  jornais,  revistas,  redes  ou  sites  de  noticias.  O  profissional  pode  atuar 

exclusivamente para uma dessas mídias, ou, ainda,  de modo autônomo, fotografando 

para vários meios de comunicação ao mesmo tempo.  

 

  A  atuação  independente  é mais  usual,  pois  os  jornais,  na maioria  das  vezes, 

contratam agências para obter fotos de lugares onde não podem ter um representante 

próprio. 

 

  Também têm crescido o número de outras  funções menos  tradicionais,  como 

nas  mídias não  visuais.  Exemplo:  estações  de  rádio  que  colocam  notícia  em  sites 

através da fotografia. 

 

  Insta  destacar  que,  mesmo  que  a  função  inicial  do  fotógrafo  seja  outra,  é 

preciso que ele esteja preparado para eventualidades. Afinal,  nunca  se  sabe quando 

haverá algum evento como, por exemplo, um acidente ou desastre, e pode ser que os 

jornais precisem dessa cobertura. 

 

 

 

  

13  

 

 

 

5.1 ‐ Fotojornalismo Documental 

 

  É o tipo de trabalho que exige mais do fotógrafo, visto que, nessa ramificação 

fotojornalística é necessário não só cobrir um acontecimento, mas conhecer a história 

e  vivenciá‐la.  Também  é  preciso  contá‐la  não  com  apenas  uma  foto, mas  com  uma 

série delas. 

 

  Nesse tipo de trabalho é comum um fotógrafo passar meses em outro país ou 

tribo indígena, por exemplo. 

 

  Num documentário, se não houver uma boa atitude do fotógrafo, aproximar‐se 

das pessoas será impossível; na maioria das vezes será preciso convencê‐las a se deixar 

fotografar a fim de que a narrativa possa ser feita.  

 

  Boas  histórias  não  vêm  facilmente,  mas  podem  se  tornar  comuns, caso  se 

consiga unir simpatia e determinação.  

 

  

14  

  Para  o  inglês  Derrick  Price   “o  arquetípico  projeto  documental  estava 

preocupado  em  chamar  a  atenção  de  um  público  para  sujeitos  particulares, 

frequentemente com uma visão de mudar a situação social ou política vigente”. 

 

http://www.fotografia‐dg.com/fotojornalismo‐fotografia‐documental/ 

 

  As fotografias documentais atuais possuem características da estrutura clássica, 

e foram solidificadas em 1930.  Tais características foram modeladas no século XIX com 

os  primeiros  documentaristas,  como  o  escocês  John  Thomson  (1837‐1921),  o 

dinamarquês  Jacob  Riis  (1849‐1914),  a  americana Margaret  Sanger  (1879‐1966)  e  o 

alemão Heinrich Zille (1858‐ 1929). 

  Esses fotógrafos se dedicaram à fotografia social.  

  Nos  anos  30,  auge  desse  tipo  de  fotografia,  os  fotodocumentaristas 

procuravam estabelecer em seu trabalho a verdade, a objetividade e a credibilidade.  

 

http://www.fotografia‐dg.com/fotojornalismo‐fotografia‐documental/ 

 

 

 

 

  

15  

6. Remuneração em fotojornalismo 

 

No caso dos profissionais  'freelancers', a  remuneração é definida pelos sindicatos ou 

pelas associações de jornalistas. 

A Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo 

(AFROC/SP) estipula valores para cada tipo de trabalho em uma tabela de referência: 

 

 

  

16  

 

http://www.arfoc‐sp.org.br/index.php/servicos/tabela 

 

PARTE II 

 

1. DO DIREITO DE AUTOR 

 

  Ligação com a fotografia: 

  Direito de autor é, ainda, um tema nebuloso entre fotógrafos no geral. 

Faz‐se  necessário  o  estudo  da  matéria  por  uma  questão  de  autopreservação 

profissional e, também, para não ultrapassar os limites de direito das demais pessoas. 

 

1.1 Conceito e noções gerais 

 

  De  acordo  com  a  Lei  9.610/98,  direito  de  autor  é  o  ramo  do Direito  Privado 

responsável  por  regular  as  relações  jurídicas  referentes  à  criação  e  utilização 

econômica de obras intelectuais, autorais e estéticas, seja na literatura, nas artes ou na 

ciência. 

   

  Muito tempo chamado de Direito Autoral, Direito de Autor passou a ser, hoje, a 

nomenclatura mais correta para nominar essa área jurídica. 

  

17  

  Para  melhor  compreensão  do  assunto  achamos  por  bem  apontar  as  duas 

principais disposições legais atinentes à matéria 

 

Lei de Direitos Autorais (LDA) 

 

  Art.  1º  Esta  Lei  regula  os  direitos  autorais,  entendendo‐se  sob  esta 

denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos. 

 

  Art. 11  Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica. 

Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá aplicar‐se às pessoas jurídicas 

nos casos previstos nesta Lei. 

   

2. Características do Direito De Autor     

 

  O  jurista  Carlos  Alberto  Bittar  entende  que,  “O  Direito  de  Autor  é  Direito 

especial, sujeito á denominação própria, apartada das codificações perante princípios e 

regras consagradas universalmente em sua esquematização estrutural”. 

 

  Dessa  análise  podemos  concluir  que,  em  comparação  com  as  demais 

legislações,  o  direito  de  autor  apresenta  individualidade  lógica  e  se  reveste  de 

características próprias, identificáveis na doutrina e na jurisprudência. 

   

  São elas: 

  a) a obra deve ser o resultado do talento criativo do homem; 

  b) essa proteção é reconhecida com independência do gênero da obra, sua 

  forma de expressão, mérito ou destino; 

  c) a obra deve ser original. 

 

  “Adentrando‐se em sua ossatura, percebe‐se, de  fato, que se destacam certas 

particularidades,  que  o  distinguem  dos  demais  direitos  privados,  e  se  acham 

cristalizadas no complexo normativo desse Direito, a saber:  

  

18  

  a)  dualidade  de  aspectos  em  sua  cunhagem,  que,  embora  separáveis  para 

efeito de circulação jurídica, são incindíveis por natureza e por definição; b) perenidade 

e inalienabilidade dos direitos decorrentes do vinculo pessoal do autor com a obra, do 

que decorre a impossibilidade de transferência plena  a terceiros, mesmo que queira o 

criador; c) Limitação dos direitos de cunho patrimonial; d) exclusividade do autor, pelo 

prazo  definido  em  lei,  para  a  exploração  econômica  da  obra;  e)  integração,  a  seu 

contexto, de cada processo autônomo de comunicação da obra, correspondendo cada 

qual a um Direito Patrimonial; f) limitabilidade dos negócios jurídicos celebrados para a 

utilização  econômica  da  obra;  g)  interpretação  estrita  das  convenções  firmadas  pelo 

autor; h) licença não voluntária pelo interesse de acesso à cultura depositado na obra.” 

 

Bittar, Carlos Alberto, Direito de Autor, 5ª edição, editora Forense, 2013 

 

 

3. Titulares do Direito De Autor   

 

  a)  Titular  originário:  Formalmente  falando,  é  aquele  que  concebe  a  obra,  ou 

seja,  quem a adquire no momento em que ela é exteriorizada, independentemente de 

sua idade, estado ou condição mental, e, até mesmo todos os níveis de incapacidade.  

 

  O titular originário traz ao mundo uma obra nova. 

Por  se  tratar  de  criação  primária,  o  titular  da  obra  deve  ser  mencionado, 

obrigatoriamente,  em  qualquer  tipo  de  mídia  aonde  sua  criação  venha  a  circular, 

indicando‐se, ainda, o local de onde foi retirada. 

 

  b) Titular derivado: É aquele que adquire, no todo ou em parte, direito acerca 

de uma obra.  Isso pode ocorrer por meio de convenção (contratos de edição, cessão 

ou concessão), ou por sucessão.  

 

  Dentre  essas modalidades  de  transferência  de  direitos,  as mais  usuais    são  a 

concessão e a sucessão. Passemos a analisá‐las: 

 

  

19  

http://legislacaoemcomunicacao.blogspot.com.br/2011/11/direito‐de‐imagem‐x‐

fotojornalismo.html 

 

 

4. Cessão e sucessão 

 

Contrato de Cessão 

 

  Cessão é a ação ou efeito de ceder, doar, transmitir ou atribuir. 

  O autor pode ceder um ou mais direitos exclusivos. 

 

  Cedente: 

  É quem transfere seu direito acerca de uma obra, a título oneroso ou não, 

sempre por meio de um contrato.  

 

  Cessionário: 

  É aquele a quem se convenciona receber os direitos da obra por meio de 

consentimento do titular do direito. 

  A averbação do quanto pactuado será feita no registro originário da criação. 

 

  Por  se  tratar  de  direito  personalíssimo,  não  pode  o  autor  abrir  mão  da 

totalidade de seus direitos autorais através da cessão. 

 

  Existem leis especiais que limitam o alcance da cessão. 

 

  Sucessão 

  Sucessão é a transferência do legado e das obrigações do autor em razão de 

sua morte. Pode ocorrer via norma jurídica ou testamento.  

   De acordo com a Lei 9.610,  os herdeiros devem  enfileirar‐se na mesma ordem 

seguida pelo Código Civil. 

 

  

20  

  Os herdeiros, tanto os legatários quanto os testamentários, também exercerão 

direitos de autor sobre obras póstumas. 

 

  Os sucessores terão o direito de uso dos direitos sobre a obra pelo prazo de 70 

anos, contados de 1º de janeiro do ano subsequente ao falecimento do autor. 

Ressaltamos  que,  em  todos  os  casos,  os  vínculos morais  e  personalíssimos  do  autor 

devem ser preservados. 

 

5. Autor desconhecido 

 

  Quando não  for  conhecido o  autor  ou  estiver  ele  anônimo,  o  lapso  temporal 

para que a obra caia em domínio público é de 70 anos contados de 1º de  janeiro do 

ano imediatamente posterior ao da última publicação.  

Volta‐se ao regime comum se o autor se der a conhecer. 

 

6 ‐ Ingresso da obra em domínio público 

 

  Para essa situação foram instalados dois regimes básicos. São eles:  

  a) aquele que garante o uso livre por qualquer interessado 

  b) aquele que fica sob controle de órgão do Estado 

 

  Portanto, através do simples decurso do prazo, podemos verificar que o uso da 

obra será  livre, e, quando tombada pelo Estado, sua utilização estará condicionada à 

autorização. 

 

7. Direitos Morais do Autor 

 

  A LDA também confere ao autor os direitos morais definidos em seu artigo 24. 

I. o de reivindicar a autoria da obra 

II.  o de  ter  seu nome, pseudônimo ou  sinal  convencional 

indicado ou anunciado 

III. o de conservar a obra inédita 

  

21  

IV. o de assegurar a integridade da obra 

IV. o de modificar a obra antes ou depois de utilizada 

VI.  o  de  retirar  de  circulação  a  obra  ou  de  suspender 

qualquer  forma  de  utilização  já  autorizada,  quando  a 

circulação  ou  utilização  implicarem  afronta  à  sua 

reputação e imagem 

VII. o de ter acesso a exemplar único e raro da obra... 

 

  Em respeito ao direito moral, sempre é necessário citar o criador, ainda que em 

reproduções já permitidas ou autorizadas.  

 

  Os direitos morais, quando violados, podem ser reivindicados judicialmente até 

10 anos após o ilícito.  

Advinda a morte do autor, os direitos elencados nos incisos I a IV são transmitidos aos 

seus sucessores. 

 

 

8. Direitos Patrimoniais do Autor 

 

  Além dos direitos morais, a LDA confere aos autores direitos patrimoniais.  

Enquanto  os  direitos morais  são  personalíssimos,  intransferíveis  e  irrenunciáveis,  os 

direitos  patrimoniais  podem  ser  transferidos  total  ou  parcialmente,  por  meio  de 

licenciamento, concessão, cessão, autorização. Presume‐se onerosa a cessão quando o 

contrato não dispuser de forma contrária. 

 

  No domínio das ciências, a proteção patrimonial recairá sobre obra literária ou 

artística, não abrangendo seu conteúdo científico ou técnico, sem prejuízo dos direitos 

que protegem os demais campos da propriedade imaterial (artigo 7º da LDA, II,3º). 

 

 

 

 

  

22  

9. Obras Protegidas 

 

  São obras protegidas pelo direito brasileiro:  

‐ os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;  

‐ as conferências, alocuções e sermões;  

‐ as obras dramáticas e dramático‐musicais;  

‐ obras coreográficas;  

‐ as composições musicais;  

‐ as audiovisuais;  

‐ as fotográficas;  

‐ as de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;  

‐ as ilustrações, cartas geográficas;  

‐ os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia (artigo 7º da 

LDA, incisos de I a IX). 

 

  Também são protegidas as adaptações, traduções e outras transformações de 

obras  originais  apresentadas  como  criação  intelectual  nova;  os  programas  de 

computador;  as  coletâneas  ou  compilações,  antologias,  enciclopédias,  dicionários, 

bases  de  dados  e  outras  obras,  que,  por  sua  seleção,  organização  ou  disposição  de 

conteúdo, constituam uma criação intelectual (artigo 7º da LDA, incisos de X a XIII). 

 

10. Tutela no Direito Penal  

 

Os direitos autorais têm proteção especial no âmbito penal, o que vem desde 

os primeiros códigos, com a previsão do direito de contrafação. O código penal prevê 

crimes de violação, e de  natureza conexa a ele. 

 

Como são bens jurídicos tutelados também criminalmente, os direitos autorais 

têm  suas  peculiaridades;    se  lesados  em  quaisquer  de  seus  parâmetros,  serão 

diretamente considerados crimes contra a “propriedade intelectual”. 

 

  

23  

Mas  não  é  apenas  neste  campo  que  encontramos  ações  penais,  pois mesmo 

quando já em domínio público podem acontecer violações tais como as que afetam o 

patrimônio cultural da coletividade, que é responsabilidade do Estado. 

 

Nesta  trilha,  temos  que  salientar  que,  através  dos  direitos  morais  existe  a 

proteção da personalidade do autor,  e,  em contrapartida,  existe  a proteção da obra 

em seu estado mais puro  (acervo da coletividade). Por este motivo  recebem guarida 

especial da esfera penal. 

 

Assim sendo, com o passar do tempo certos delitos  foram criados nesta área, 

cada  um  com  sua  peculiaridade  conforme  a  evolução  doutrinária,  já  que    foram 

apresentadas teorias diferentes durante esse percurso. São algumas delas:  

a) teoria da falsificação; b) defraudação; c) do furto; d) da usurpação. 

 

No entanto, depois de feita uma nova analise de referidas teorias, notamos que 

elas  não mais  coadunam  com a  natureza  dos  delitos,  e, muito menos  com as  ações 

delituosas  previstas.  Em  conta  da  falta  de  amparo  doutrinário,  portanto,  não 

encontraremos em  todas  as ocasiões o delito de  falsificação, mas  apenas em alguns 

casos a seguir elencados. 

 ‐ falsa declaração de exemplares produzidos;  

‐ bilhetes falsos emitidos ou vencidos; 

Também não podemos cogitar a existência de defraudação pelo simples fato de 

que em seu bojo repousam múltiplas ações conexas. 

 

Os pontos básicos desses delitos  vêm sendo identificados pela doutrina.  

Podemos classificar esses delitos como sendo de ação comissiva. Assim, o dolo 

genérico é o elemento subjetivo exigido, (consiste na ciência e na consciência de, com 

o  próprio  fato,  violar  o  direito  de  outrem).  Porém,  existem  hipóteses  em  que  será 

cogitada a aplicação do dolo específico (reproduções e em representações com intuito 

de lucro). 

 

  

24  

Ao analisarmos a estruturação de ações possíveis, entendemos que, conforme 

o  caso  concreto,  estaremos  diante  de  situações  de  crime  único,  continuado  ou 

permanente  (crime  único  é  quando  a  ação  se  esgota  em  um  mesmo  momento  e 

continuado  é  o  delito  que  se  estende  no  tempo  em  razão  de  sucessivas 

manifestações), a exemplo das reproduções que se perfazem em momentos, períodos 

ou sequências diferentes.  

 

De acordo com o sistema normativo vigente, o delito‐matriz consiste em “violar 

direitos de autor e os que lhe são conexos”. As penas previstas são de reclusão de dois 

a quatro anos e multa (Art. 184, §1º do CP).   Todavia,  o  artigo  186  dispõe  sobre 

as modalidades de ação penal cabíveis, conforme o caso concreto. 

 

 

10.1 Plágio, Contrafação e usurpação de nome ou pseudônimo. 

 

    Usando  o  delito  base  como  referência,  temos  de  nos  atentar  para  a 

extensão do quadro de delitos possíveis, incluindo‐se aqueles tipificados na lei civil. 

 

    Os  mais  comuns  são  os  delitos  de  plágio  e  contrafação,  que  têm 

reconhecimento internacional e são há muito tempo encontrados na doutrina. 

  Podemos  definir  o  plágio  como  uma  imitação  servil  ou  fraudulenta  de  obra 

alheia, mesmo quando houver alegação de inexistência de intuito malicioso. Não existe 

em seu contexto o artifício denominado de "pequeno vulto". 

 

  Temos,  em  seguida,  a  contrafação,  entendida  como  uma  reprodução  ou 

publicação abusiva de obra alheia. Seu requisito principal é a falta de conhecimento do 

autor sobre tal reprodução ou publicação, a qual não deu sua autorização. 

     

   

 

 

  

25  

  Ao  se  aprofundar  mais  nestes  dois  temas,  observamos  que,  no  plágio,  o 

imitador  apresenta  a  obra  de  outrem  como  sendo  sua,  em  diferentes  graus  de 

dissimulação.  Isso  atenta  contra  a  personalidade  do  autor  ferindo  seu  direito  como 

criado  da  obra.  Já  na  contrafação  a  obra  alheia  pode  ser  reproduzida  total  ou 

parcialmente, representada sem a devida autorização ou conhecimento do autor.  

   

  Outrossim, os delitos acima apresentados se distanciam de outra  figura  típica 

tradicional:  a  usurpação  de  nome  ou  de  pseudônimo  atribuição  de  obra  estranha  a 

outrem para indevido proveito decorrente de sua condição, geralmente de prestigio). 

     

  Outras transgressões também podem ocorrer, tais como:  

‐tradução ou adaptação abusiva da obra alheia;  

‐modificação da obra sem o consentimento do autor;  

‐captação indevida de obra alheia comunicada. 

 

  Cada  vez  mais  nos  julgados  os  casos  de  contrafação  têm  sido  reprimidos 

(tradução de gramática japonesa, com modificação do título; reproduções indevidas de 

originais, etc), bem como o plágio em obras cientificas, literárias ou artísticas. 

 

 

11. Direito de Autor X Direito de Imagem  

 

  Não é  incomum que  fotógrafos não    saibam diferenciar "Direito de autor" de  

"Direito  de  imagem".  Tal  fato  não  é  de  se  estranhar  ao passo que  esses  tópicos,  ao 

mesmo tempo em que completamente ligados, são absolutamente contrapostos. 

 

  O direito de autor, como já explanado neste trabalho, consiste na proteção da 

obra  de  quem  a  cria,  enquanto  que  o  direito  de  imagem  se  refere  a  um  direito  da 

personalidade,  onde  terceiros  não  autorizados  não  podem  veicular,  como,  por 

exemplo, fotos (escopo do estudo em pauta) sem a devida autorização de seu titular. 

 

  

26  

  Veremos  a  seguir  onde  podemos  encontrar  em  nossa  legislação  vigente  a 

proteção ao direito de imagem 

 

Constituição Federal: 

Art. 5º... 

  X  –  São  invioláveis  a  intimidade,  a  vida  privada,  a  honra  e  a  imagem  das 

pessoas, assegurado o direito a  indenização pelo dano material ou moral decorrente 

de sua violação 

 

Lei de Direitos do Autor – art. 46 DA L 9610/98 

  I – a reprodução 

  c)  de  retratos,  ou  de  outra  forma  de  representação  da  imagem,  feitos  sob 

encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo 

a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros; 

 

Código Civil 

  Art.  12.  Pode‐se  exigir  que  cesse  a  ameaça,  ou  a  lesão,  a  direito  da 

personalidade,  e  reclamar perdas e danos,  sem prejuízo de outras  sanções previstas 

em lei. 

 

  Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 

manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão de palavra, ou a 

publicação,  a  exposição  ou  a  utilização  da  imagem  de  uma  pessoa  poderão  ser 

proibidas,  a  seu  requerimento  e  sem  prejuízo  da  indenização  que  couber,  se  lhe 

atingirem  a  honra,  a  boa  fama  ou  a  respeitabilidade,  ou  se  destinarem  a  fins 

comerciais. 

 

 

 

 

 

  

27  

POSIÇÃO DOUTRINÁRIA: 

 

Sílvio de Salvo Venosa: 

 

  "Faculta  ao  interessado  pleitear  a  proibição  da  divulgação  de  escritos,  a 

transmissão  da  palavra,  ou  a  publicação,  a  exposição  ou  a  utilização  da  imagem  de 

uma pessoa,  sem prejuízo da  indenização que couber,  se  for atingida a honra, a boa 

fama ou a  respeitabilidade ou se destinarem a  fins comerciais. Entretanto, não pode 

deixar  de  ser  levado  em  conta  o  aspecto  do  agente  que  se  recusa  a  divulgar  sua 

imagem  sob  qualquer  fundamento,  respeitando  sempre  o  interesse  público  nessa 

divulgação. Antes mesmo da divulgação, há que se  levar em conta o ato da captação 

da imagem, que também pode não ser de interesse do agente. A simples captação da 

imagem pode,  nesse  prisma,  configurar  ato  ilícito. O  princípio  geral  é  no  sentido  de 

que qualquer pessoa pode impedir tais formas de divulgação” 

 

 

  Sílvio Rodrigues, nos expõe o seguinte: 

 

  “Mas  é  óbvio  que  a  palavra  e  os  escritos  humanos,  bem  como  a  imagem de 

uma pessoa, constituem direitos da personalidade, pois é fora de dúvida que a parte 

lesada  pelo  uso  não  autorizado  de  sua  palavra,  ou  de  seus  escritos,  obtenha  ordem 

judicial interditando esse uso e condenando o infrator a reparar os prejuízos causados. 

   

  A mesma proibição abrange a imagem. O artigo 20 do Código Civil que trata da 

matéria  contém  duas  ressalvas:  a  primeira  permitindo  esse  uso  se  necessário  à 

administração da justiça ou à manutenção da ordem pública; a segunda restringindo a 

proibição às hipóteses de a divulgação da palavra ou da imagem atingir a honra, a boa 

fama ou a respeitabilidade da pessoa, ou se destinar a fins comerciais.” 

 

 

 

 

  

28  

Ônus da suportabilidade: 

 

Sobre  o  tema  temos  um  interessante  artigo  publicado  no  site  "jusbrasil"  que 

brilhantemente trata do assunto, segue um trecho abaixo: 

 

"O uso não‐autorizado de  imagem encontra algumas  limitações firmadas,  tanto 

pela  doutrina,  como  pela  jurisprudência.  As  mais  relevantes  de  serem  comentadas 

neste  trabalho  são:  1)  o  chamado  ônus  da  suportabilidade"de  terem  suas  imagens 

expostas nos veículos de comunicação sem a devida autorização."  

 

"Porém,  é  preciso  que  se  enfatize,  desde  já,  que  essa  limitação  não  comporta 

abusos que eventualmente possam denegrir a pessoa, como os que ocorreram com os 

atores  Marcos  Pasquim,  Danielle  Winits  e  a  apresentadora  Daniella  Cicarelli  como 

comentaremos mais a frente." 

 

 

"A outra limitação refere‐se à hipótese da imagem estar vinculada a informação 

com claro  interesse público. O direito a  informação também se encontra consagrado 

pela  constituição  federal  e,  igualmente,  como  um  Direito  Fundamental  (artigo  5º, 

XXXIII)." 

 

"Desta  forma,  a  hipótese  do  uso  não  autorizado  de  imagem  em matéria  com 

claro  cunho  jornalístico  leva  a  um  inevitável  conflito  entre  direitos  fundamentais, 

onde,  via  de  regra,  deverá  prevalecer  o  interesse  público‐coletivo  sobre  o 

individual/privado nos moldes do princípio da proporcionalidade, tomando carona nas 

conclusões chegadas por Robert Alexy em sua festejada obra Teoria de Los Derechos 

Fundamentales." 

 

"Contudo,  além  da  aplicação  do  princípio  da  proporcionalidade  para  dirimir  o 

conflito  existente  entre  princípios  e  direitos  fundamentais,  é  indispensável  o  bom‐

senso nas decisões dos magistrados de acordo com o contexto do caso‐prático que se 

apresenta." 

  

29  

 

http://por‐leitores.jusbrasil.com.br/noticias/2995368/o‐direito‐de‐imagem‐e‐

suas‐limitacoes 

 

Por  outro  lado,  não  é  convencionado  quando  há  necessidade  do  registro  de 

autorização do uso da  imagem em eventos  públicos,  por  exemplo.  Antônio  Eduardo 

acredita  que  a  atividade  jornalística  (incluída  a  fotografia)  é  rentável  para  o  veículo, 

sendo assim, a imagem está sendo utilizada para fins econômicos ou comerciais e abre 

espaço para ações jurídicas, levando em consideração a Súmula 403 do STJ. 

 

"Súmula 403  ‐  Independe de prova ou prejuízo a  indenização pela publicação 

não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais." 

 

12 ‐ Direito de imagem X Fotojornalismo 

 

  O "blog" legislação e comunicação explana o assunto com maestria: 

 

A  regra  básica  é  “primeiro  a  gente  faz  [a  foto],  depois  pergunta  se  pode”.  A 

afirmação é da fotojornalista Margarida Neide, que atua no mercado jornalístico desde 

1982. Não precisa ser especialista para entender a relação intrínseca entre a fotografia 

e  os  produtos  noticiosos,  seja  para  complementar  as  informações  ou  apenas  de 

maneira  ilustrativa.    No  entanto,  pouco  são  os  espaços  que  discutem  as  questões 

relacionadas  ao  uso  de  imagem  e  as  delimitações  entre  o  dever  do  jornalista  em 

publicar uma imagem e direito do fotografado de ter sua imagem resguardada. 

 

Segundo  o  advogado  Antônio  Eduardo  Carvalho,  a  questão  do  direito  de 

imagem  já  existia  antes  da  promulgação  da  Constituição  Federal  em  1988.  “Era 

abordado em leis esparsas. A grande vantagem da Constituição de 1988, nesse caso, é 

que o direito de imagem foi colocado como um direito autônomo, ele pode ser exigido 

independentemente  de  estar  ligado  à  ofensa  de  outro  direito  de  personalidade  e  a 

proteção se dá através da possibilidade de indenização no caso do uso indevido dessa 

imagem”, explica. 

  

30  

 

Eventos públicos. 

Ao  ser  fotografado  em  eventos  públicos  o  cidadão  não  tem  direito  de  se 

queixar,  essa  é  uma  posição  quase  unânime  entre  os  fotojornalistas.  “As  pessoas 

reclamam, mas reclamam sem razão. Eu não sou paparazzi, eu ando com meu crachá 

azulzão,  com  minha  câmera  que  não  é  pequena,  todo  mundo  vê  que  estou 

fotografando. Não vejo razão em reclamarem depois”, argumenta Margarida Neide. 

 

Sobre  a  decisão  de  publicar  ou  não  uma  imagem  feita  sem  autorização,  a 

jornalista  e professora  da disciplina  Ética no  Jornalismo na  Faculdade  Social,  Tatiana 

Lima defende a necessidade do diálogo entre o setor jurídico dos veículos e os meios 

produtivos (fotógrafos, editores e repórteres) para que exista uma orientação ética da 

forma correta de se publicar um material.  

 

“Falta um pouco esse hábito, pelo menos no jornalismo baiano. Nesse processo 

vai pesar de um  lado o direito à  imagem, a privacidade daquela pessoa, e, de outro 

lado,  o  interesse  da  sociedade,  o  direito  à  informação  e  à  liberdade  de  expressão”, 

conta. 

 

Para a jornalista, é dever do editor de fotografia decidir o destino das imagens 

baseado  no  “tipo  de  interesse  público  [que]  há  nesse  material”  e  acrescenta  a 

necessidade  do  fotojornalista  sinalizar  ao  editor  quais  fotografias  devem  ser 

publicadas ou não, seguindo os conceitos éticos que tangem a profissão. 

 

Poucos  são  os  espaços  que  discutem  as  questões  relacionadas  ao  direito  de 

imagem e seu direito de uso.  

 

Se de um lado o fotojornalista tem o dever de publicar uma imagem, de outro 

há o direito do fotografado em ter sua imagem resguardada. 

Segundo  o  advogado Antônio  Eduardo  Carvalho,  a  questão  do  direito  de  imagem  já 

existia em leis esparsas antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, mas o 

assunto era abordado em leis esparsas. 

  

31  

 

Na  Constituição  Federal  vigente,  o  direito  de  imagem  está  resguardado  no 

inciso X do Artigo 5º, que determina:  “são  invioláveis a  intimidade, a vida privada, a 

honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material 

ou moral decorrente de sua violação”. 

 

Decorrência  disso  é  que  o  direito  de  imagem  foi  considerado  um  direito 

autônomo, podendo ser exigido independentemente de estar ligado à ofensa de outro 

'direito de personalidade'.  

 

Vale  ressaltar  que  direitos  da  personalidade  são  aqueles  considerados 

essenciais à pessoa humana a fim de resguardar sua dignidade. 

"...  estão  relacionados  com  as  características  que  identificam  o  ser  humano, 

englobando até o seu próprio nome". 

 

  Por  outro  lado,  não  é  convencionado  em  lei  quando  há  necessidade  de 

autorização do uso da imagem fotojornalística feita em eventos públicos.  

 

O  jurista  Antônio  Eduardo  assevera  que  a  atividade  jornalística  (incluída  a 

fotografia) é rentável para o veículo midiático, pois é empregada para fins econômicos 

ou comerciais. Desta feita, abre espaço para ações judiciais. 

 

http://legislacaoemcomunicacao.blogspot.com.br/2011/11/direito‐de‐imagem‐x‐

fotojornalismo.html 

 

13 ‐ Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros  

 

Capítulo I ‐ Do direito à informação 

Art.  1º  O  Código  de  Ética  dos  Jornalistas  Brasileiros  tem  como  base  o  direito 

fundamental do  cidadão à informação, que abrange seu o direito de informar, de ser 

informado e de ter acesso à informação. 

  

32  

Art.  2º  Como  o  acesso  à  informação  de  relevante  interesse  público  é  um  direito 

fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo 

de interesse, razão por que: 

I ‐ a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e 

deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica ‐ se pública, estatal ou 

privada ‐ e da linha política de seus proprietários e/ou diretores. 

II  ‐  a  produção  e  a  divulgação  da  informação  devem  se  pautar  pela  veracidade  dos 

fatos e ter por finalidade o interesse público; 

III ‐ a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica 

compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão; 

IV  ‐  a  prestação de  informações pelas organizações públicas  e privadas,  incluindo as 

não‐governamentais, é uma obrigação social. 

V  ‐  a  obstrução  direta  ou  indireta  à  livre  divulgação  da  informação,  a  aplicação  de 

censura  e  a  indução  à  autocensura  são  delitos  contra  a  sociedade,  devendo  ser 

denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante. 

 

Capítulo II ‐ Da conduta profissional do jornalista 

Art.  3º  O  exercício  da  profissão  de  jornalista  é  uma  atividade  de  natureza  social, 

estando sempre subordinado ao presente Código de Ética. 

Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, 

razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta 

divulgação. 

Art. 5º É direito do jornalista resguardar o sigilo da fonte. 

Art. 6º É dever do jornalista: 

I ‐ opor‐se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios 

expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos; 

II ‐ divulgar os fatos e as informações de interesse público; 

III ‐ lutar pela liberdade de pensamento e de expressão; 

IV ‐ defender o livre exercício da profissão; 

V ‐ valorizar, honrar e dignificar a profissão; 

VI  ‐  não  colocar  em  risco  a  integridade  das  fontes  e  dos  profissionais  com  quem 

trabalha; 

  

33  

VII  ‐  combater  e  denunciar  todas  as  formas  de  corrupção,  em  especial  quando 

exercidas com o objetivo de controlar a informação; 

VIII ‐ respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão; 

IX ‐ respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas; 

X  ‐  defender  os  princípios  constitucionais  e  legais,  base  do  estado  democrático  de 

direito; 

XI  ‐  defender  os  direitos  do  cidadão,  contribuindo  para  a  promoção  das  garantias 

individuais  e  coletivas,  em especial  as  das  crianças,  dos  adolescentes,  das mulheres, 

dos idosos, dos negros e das minorias; 

XII ‐ respeitar as entidades representativas e democráticas da categoria; 

XIII ‐ denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades e, quando for o 

caso, à comissão de ética competente; 

XIV  ‐  combater  a  prática  de  perseguição  ou  discriminação  por  motivos  sociais, 

econômicos,  políticos,  religiosos,  de  gênero,  raciais,  de  orientação  sexual,  condição 

física ou mental, ou de qualquer outra natureza. 

Art. 7º O jornalista não pode: 

I ‐ aceitar ou oferecer trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial, a carga 

horária  legal  ou  tabela  fixada  por  sua  entidade  de  classe,  nem  contribuir  ativa  ou 

passivamente para a precarização das condições de trabalho; 

II  ‐  submeter‐se  a  diretrizes  contrárias  à  precisa  apuração  dos  acontecimentos  e  à 

correta divulgação da informação; 

III ‐ impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias; 

IV  ‐  expor pessoas ameaçadas,  exploradas ou  sob  risco de  vida,  sendo  vedada a  sua 

identificação,  mesmo  que  parcial,  pela  voz,  traços  físicos,  indicação  de  locais  de 

trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais; 

V ‐ usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime; 

VI ‐ realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre 

organizações  públicas,  privadas  ou  não‐governamentais,  da  qual  seja  assessor, 

empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido 

veículo  para  defender  os  interesses  dessas  instituições  ou  de  autoridades  a  elas 

relacionadas; 

VII ‐ permitir o exercício da profissão por pessoas não‐habilitadas; 

  

34  

VIII  ‐ assumir a responsabilidade por publicações,  imagens e textos de cuja produção 

não tenha participado; 

IX ‐ valer‐se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais. 

 

Capítulo III ‐ Da responsabilidade profissional do jornalista 

Art. 8º O  jornalista é  responsável por  toda a  informação que divulga, desde que seu 

trabalho não tenha sido alterado por  terceiros, caso em que a  responsabilidade pela 

alteração será de seu autor. 

Art 9º A presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística. 

Art.  10.  A  opinião  manifestada  em  meios  de  informação  deve  ser  exercida  com 

responsabilidade. 

Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações: 

I ‐ visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica; 

II  ‐  de  caráter  mórbido,  sensacionalista  ou  contrário  aos  valores  humanos, 

especialmente em cobertura de crimes e acidentes; 

III  ‐  obtidas  de maneira  inadequada,  por  exemplo,  com o  uso  de  identidades  falsas, 

câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse 

público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração; 

Art. 12. O jornalista deve: 

I  ‐  ressalvadas  as  especificidades  da  assessoria  de  imprensa,  ouvir  sempre,  antes  da 

divulgação  dos  fatos,  o maior  número  de  pessoas  e  instituições  envolvidas  em  uma 

cobertura  jornalística,  principalmente  aquelas  que  são  objeto  de  acusações  não 

suficientemente demonstradas ou verificadas; 

II ‐ buscar provas que fundamentem as informações de interesse público; 

III ‐ tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar; 

IV  ‐  informar  claramente  à  sociedade  quando  suas  matérias  tiverem  caráter 

publicitário ou decorrerem de patrocínios ou promoções; 

V  ‐  rejeitar  alterações  nas  imagens  captadas  que  deturpem  a  realidade,  sempre 

informando  ao  público  o  eventual  uso  de  recursos  de  fotomontagem,  edição  de 

imagem, reconstituição de áudio ou quaisquer outras manipulações; 

  

35  

VI  ‐  promover  a  retificação  das  informações  que  se  revelem  falsas  ou  inexatas  e 

defender o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas 

em matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável; 

VII  ‐  defender  a  soberania  nacional  em  seus  aspectos  político,  econômico,  social  e 

cultural; 

VIII ‐ preservar a língua e a cultura do Brasil, respeitando a diversidade e as identidades 

culturais; 

IX ‐ manter relações de respeito e solidariedade no ambiente de trabalho; 

X  ‐  prestar  solidariedade  aos  colegas  que  sofrem  perseguição  ou  agressão  em 

conseqüência de sua atividade profissional. 

 

Capítulo IV ‐ Das relações profissionais 

Art. 13. A cláusula de consciência é um direito do jornalista, podendo o profissional se 

recusar a executar quaisquer tarefas em desacordo com os princípios deste Código de 

Ética ou que agridam as suas convicções. Parágrafo único. Esta disposição não pode ser 

usada  como  argumento,  motivo  ou  desculpa  para  que  o  jornalista  deixe  de  ouvir 

pessoas com opiniões divergentes das suas. 

Art. 14. O jornalista não deve: 

I  ‐ acumular  funções  jornalísticas ou obrigar outro profissional a  fazê‐lo, quando  isso 

implicar substituição ou supressão de cargos na mesma empresa. Quando, por razões 

justificadas, vier a exercer mais de uma função na mesma empresa, o  jornalista deve 

receber a remuneração correspondente ao trabalho extra; 

II ‐ ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional, 

devendo denunciar tais práticas à comissão de ética competente; 

III ‐ criar empecilho à legítima e democrática organização da categoria. 

 

Capítulo V ‐ Da aplicação do Código de Ética e disposições finais 

Art.  15.  As  transgressões  ao  presente  Código  de  Ética  serão  apuradas,  apreciadas  e 

julgadas  pelas  comissões  de  ética  dos  sindicatos  e,  em  segunda  instância,  pela 

Comissão Nacional de Ética. 

§ 1º As referidas comissões serão constituídas por cinco membros. 

  

36  

§ 2º As comissões de ética são órgãos independentes, eleitas por voto direto, secreto e 

universal dos  jornalistas.  Serão escolhidas  junto  com as direções dos  sindicatos e da 

Federação  Nacional  dos  Jornalistas  (FENAJ),  respectivamente.  Terão  mandatos 

coincidentes, porém serão votadas em processo separado e não possuirão vínculo com 

os cargos daquelas diretorias. 

§ 3º A Comissão Nacional de Ética será responsável pela elaboração de seu regimento 

interno e, ouvidos os sindicatos, 

do regimento interno das comissões de ética dos sindicatos. 

Art. 16. Compete à Comissão Nacional de Ética: 

I ‐  julgar, em segunda e última instância, os recursos contra decisões de competência 

das comissões de ética dos sindicatos; 

II  ‐  tomar  iniciativa  referente  a  questões  de  âmbito  nacional  que  firam  a  ética 

jornalística; 

III ‐ fazer denúncias públicas sobre casos de desrespeito aos princípios deste Código; 

IV  ‐  receber  representação  de  competência  da  primeira  instância  quando  ali  houver 

incompatibilidade ou impedimento legal e em casos especiais definidos no Regimento 

Interno; 

V ‐ processar e  julgar, originariamente, denúncias de transgressão ao Código de Ética 

cometidas por  jornalistas  integrantes da diretoria  e do Conselho  Fiscal  da  FENAJ,  da 

Comissão Nacional de Ética e das comissões de ética dos sindicatos; 

VI  ‐  recomendar  à  diretoria  da  FENAJ  o  encaminhamento  ao Ministério  Público  dos 

casos  em  que  a  violação  ao  Código  de  Ética  também  possa  configurar  crime, 

contravenção ou dano à categoria ou à coletividade. 

Art. 17. Os jornalistas que descumprirem o presente Código de Ética estão sujeitos às 

penalidades  de  observação,  advertência,  suspensão  e  exclusão  do  quadro  social  do 

sindicato  e  à  publicação  da  decisão  da  comissão  de  ética  em  veículo  de  ampla 

circulação. 

 

Parágrafo  único  ‐  Os  não‐filiados  aos  sindicatos  de  jornalistas  estão  sujeitos  às 

penalidades  de  observação,  advertência,  impedimento  temporário  e  impedimento 

definitivo  de  ingresso  no  quadro  social  do  sindicato  e  à  publicação  da  decisão  da 

comissão de ética em veículo de ampla circulação. 

  

37  

Art.  18.  O  exercício  da  representação  de  modo  abusivo,  temerário,  de  má‐fé,  com 

notória intenção de prejudicar orepresentado, sujeita o autor à advertência pública e 

às  punições  previstas  neste  Código,  sem  prejuízo  da  remessa  do  caso  ao Ministério 

Público. 

Art. 19. Qualquer modificação neste Código só poderá ser feita em congresso nacional 

de  jornalistas  mediante  proposta  subscrita  por,  no  mínimo,  dez  delegações 

representantes de sindicatos de jornalistas. 

 

14. Direitos Patrimoniais do Autor 

 

  Além dos direitos morais, a LDA define ao autor direitos patrimoniais, que são 

devidos na utilização ou reprodução da obra e que dependem de autorização expressa 

do autor, salvo nos casos previstos das limitações.  

 

  Enquanto  os  direitos  morais  são  personalíssimos,  intransferíveis  e 

irrenunciáveis, os direitos patrimoniais podem ser transferidos total ou parcialmente, 

através  de  licenciamento,  concessão,  cessão,  autorização.  Presume‐se  onerosa  a 

cessão quando o contrato não dispuser de forma contrária. 

 

  No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a forma literária ou artística, 

não abrangendo o  seu  conteúdo científico ou  técnico,  sem prejuízo dos direitos que 

protegem os demais campos da propriedade imaterial (artigo 7º da LDA, ¶ 3º). 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

38  

CAPÍTULO III 

 

I ‐ Fotógrafos brasileiros 

 

1 – Evandro Teixeira 

 

Evandro  Teixeira  iniciou  sua  carreira  na  área  de  fotojornalismo  em  1958  no 

jornal carioca Diário da Noite. Em 1963, passou a trabalhar para o Jornal do Brasil.[1] 

onde  permaneceu  por  mais  de  40  anos.  As  fotos  de  Evandro  integram  acervos  de 

museus  como  o  de  Belas  Artes  de  Zurique,  na  Suíça;  Museu  de  Arte  Moderna  La 

Tertulha,  Colombia;  do Masp,  em  São  Paulo,  do MAM e  do MAR,  ambos  no  Rio  de 

Janeiro.  Um  de  seus  livros,  Fotojornalismo,  está  na  biblioteca  do  Centro  de  Artes 

George Pompidou,  em Paris.  Em 1994,  teve o  seu  currículo  inserido  na  Enciclopédia 

Suíça de Fotografia, que reúne os maiores fotógrafos do mundo. Em 2004, sua vida e 

obra foram retratados no documentário "Instantâneos da Realidade". Entre os prêmios 

recebidos, estão o da Unesco, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa. 

 

Editou cinco livros: "Fotojornalismo" / "Canudos 100 Anos" / "Livro das Águas" 

/  "Pablo  Neruda:  Vou  Viver"  /  "68  Destinos:  Passeata  dos  100  Mil".  O  novo  livro, 

"Evandro Teixeira: Retratos do Tempo, 50 anos de Fotojornalismo" será lançado no dia 

16 de novembro deste ano (2015). 

  

39  

 

 

  

40  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

41  

2 – Pedro Martinelli 

 

Pedrão  é  um  foto  jornalista  que  anda,  andou  muito,  continua  andando, 

navegando, há 30 anos, registrando histórias da Amazônia. 

 

Pedro  MartinelliParece  cumprir  o  destino  dos  Martinelli,  uma  família  de 

fuorimuri que deixou Luca na  Itália no  início do século e se radicou em Santo André, 

São  Paulo,  onde  Pedro  nasceu,  aprendeu  a  andar  no  mato,  a  pescar  e  a  cozinhar 

generosamente. 

 

Formado na escola fugaz da imprensa diária, que o levou de Santo André para 

alguns dos maiores periódicos do país, Pedro Martinelli  foi se  firmando nas redações 

como  um  fotógrafo  que  não  perdia  o  lance  crucial  do  jogo  de  domingo  e  sempre 

estava disposto a viajar para locais remotos e encarar pautas difíceis. 

 

O gol e o mato. 

 

Fez muito buraco de rua e  treino do Madureira, antes de chegar aos Fla‐Flus, 

`as copas do mundo, `as olimpíadas, os golpes de Estado na America Latina, `a guerra 

da Nicarágua, `as eleições de Papa, `as campanhas publicitárias, os editoriais de moda 

e de mulher e `a direção de um dos maiores estúdios fotográficos do país. 

  

42  

Em 1970, quando o  regime militar botou em marcha os primeiros acordes do 

chamado  Plano  de  Integração  Nacional  e  iniciou  a  construção  de  rodovias  que 

cortariam a floresta amazônica, Pedro, então com 20 anos, foi escalado pelo jornal O 

Globo para cobrir a  célebre expedição de “atração” dos chamados “índios gigantes”, 

na  rota da abertura da  rodovia Cuiabá‐Santarém. Foi  sua pós graduação de mato na 

Amazônia,  tendo  Claudio  Villas  Boas  como  mestre.  Durante  três  anos,  aguardou 

pacientemente na  rede, meses a  fio, o desfecho da história. Descobriu quanto custa 

fazer uma documentação  fotográfica profunda, numa região  imensa, desconhecida e 

onde o que dá o ritmo (ainda) é a natureza. 

 

 

 

Seus  registros memoráveis do cerco aos Kranhacãrore viriam se completar 25 

anos mais tarde, quando reencontrou os Panará – o verdadeiro nome da tribo – e pôde 

documentar o seu retorno ao que sobrou do território tradicional, depois do vendaval 

predatório  das  madereiras,  das  empresas  agropecuárias  e  dos  garimpos  que  se 

instalaram na região dos afluentes da margem esquerda do médio Xingu, no rastro da 

estrada. 

 

 

  

43  

A  esta  altura,  Pedro  Martinelli  já  havia  deixado  o  emprego  fixo  e  estava 

andando por sua conta, sem a pressão das pautas de curto prazo e o jugo dos editores, 

para  se  dedicar  prioritariamente  `a  documentação  do  cotidiano  do  homem  da 

Amazônia, do qual este livro é um primeiro fruto. 

 

Carregando sempre uma tralha compacta, na qual não falta uma vara de pescar 

desmontável, Pedro é um fotógrafo artesanal, que só utiliza câmeras mecânicas sem 

adereços sempre depois de uma aproximação profundamente humana e alegre com as 

pessoas e comunidades protagonistas das histórias que está aprendendo para contar. 

Seus  fotogramas  são  tiros  de  armas  sempre  penduradas  a  tiracolo,  inseparáveis  até 

quando vai tomar banho de igarapé. 

 

Mulheres  Baniwa  do  Alto  Içana  na  lida  da mandioca  brava,  caboclos  do  Alto 

Solimões especialistas na pesca de pirarucu,  juteiros do Paraná do Supiá,piabeiros de 

Barcelos e pau‐rosistas do Nhamundá, carregadores do porto de Manaus , engenheiros 

da mina de  ferro de Carajás,  são alguns dos personagens,  registrados e datados por 

Pedro Martinelli, fragmentos representativos de um mural da humanidade amazônica 

em  rápida  transformação,  que  os  paparazzi  do  exotismo  e  as  fotos  de  satélite  não 

detectam, num país que chega aos 500 anos e na virada do milênio como recordista 

mundial da predação florestal e da ignorância sobre a sua diversidade socioambiental. 

 

  

44  

 

http://www.pedromartinelli.com.br/blog/saiba‐quem‐e‐pedro‐martinelli/ 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

45  

3 – João Bittar. 

 

 

 

Em 1966,  aos 15 anos,  João Bittar  foi à porta da Editora Abril, em São Paulo, 

pleitear uma vaga de jornalista. Recebeu um belo não, mas garantiu uma ocupação de 

office‐boy  no  departamento  de  fotografia  da  empresa.  Era  louco  por  reportagens  e, 

desde os 10 anos, estava convencido de que escrever seria seu destino. Mas o acaso 

tiraria  as  palavras  do  caminho  e  Bittar  escreveria  uma  trajetória  singular  no 

fotojornalismo brasileiro. 

  

46  

Transformação que teve  início com a descoberta de um universo  fascinante e 

de outras possibilidades narrativas ao manipular imagens de profissionais da Abril e de 

agências de notícia estrangeiras, como assistente do laboratório fotográfico da editora. 

 

Aos 17 anos, Bittar já empunhava a primeira câmera profissional.  Influenciado 

pelas  lições  de  mestres,  como  EugèneAtget  e  Henri  Cartier‐Bresson,  flanava  pela 

cidade em busca de imagens. Foi quando vieram as primeiras pautas profissionais nos 

jornais Diário de S.Paulo e Última Hora, nas revistas Placar, Quatro Rodas e Veja, onde 

teve  sua  primeira  ocupação  fixa.  Nos  anos  1970,  ele  integrou  a  equipe  da  revista 

Exame, colaborou com publicações da Costa Rica e do México, países onde morou, e 

viveu também um período em Recife, onde trabalhou para as editoras Bloch, Abril, o 

jornal O Estado de S.Paulo, e também clicou para veículos da imprensa nanica, como 

os jornais Movimento e Opinião, que faziam oposição ao regime militar. 

 

Em 1977, Bittar integrou, ao lado do também fotógrafo Hélio Campos Mello, a 

equipe inaugural da revista IstoÉ, fundada pelo jornalista Mino Carta. Bittar e Campos 

Mello cobriram para a IstoÉ as greves do ABC paulista, pólvora na fogueira que exigia a 

reabertura  política  no  País.  Dois  anos  mais  tarde,  na  Convenção  Nacional  dos 

Metalúrgicos,  em  Poços  de  Caldas  (MG),  Bittar  flagrou  o  então  líder  sindical  e  ex‐

presidente Lula de barriga despida, apontando o indicador direito para o umbigo. 

 

A  foto  permaneceu  inédita  por  quase  30  anos  e  tornou‐se  uma  das  mais 

emblemáticas  imagens de Lula. Sobre ela e o ofício de fotojornalista, Bittar depôs no 

documentário  João Bittar – Fotojornalismo com Caráter, uma homenagem do amigo 

Egberto Nogueira  (fundador  da  Imã  Foto Galeria,  vitrine de dezenas de  fotógrafos  e 

uma  importante  escola  de  São  Paulo,  onde  Bittar  foi  um  dos  mais  disputados 

professores):  “Para  se  fotografar  bem,  fazer  bom  fotojornalismo,  é  preciso  ter 

perspectiva histórica, intenção de documentação, conhecer a si mesmo e saber bem o 

que você quer. Ver algumas  fotos, depois de  tanto  tempo, é muito bom,  torna  tudo 

mais real. Existem fotos, como essa do Lula – certamente, a mais importante que fiz – 

que precisam de 30 anos ou até mais para serem divulgadas”. 

 

  

47  

Nos anos 1980, inspirado na mítica Magnum, de Robert Capa, Cartier‐Bresson, 

George  Rodger  e  David  Seymour,  Bittar  fundou  a  Agência  Angular,  um  marco  na 

produção autoral de conteúdo fotojornalístico no País. Na década seguinte, em 1994, 

convidado para ser editor de  fotografia da Folha de S.Paulo,  implementou processos 

digitais para a produção fotográfica do  jornal, antecipando uma revolução no fazer e 

publicar fotografia. Caminhos perseguidos com pioneirismo por ele e que se tornaram 

irremediáveis para todos os veículos de imprensa, na virada do século. 

 

Bittar, que recentemente  teve uma exposição em sua homenagem no Espaço 

Cultural  Conjunto  Nacional,  em  São  Paulo  (onde  foi  exibido  pela  primeira  vez  o 

documentário  de  Nogueira,  disponível  no  YouTube),  deixou  mulher,  a  também 

fotógrafa Heloisa Ballarini, e três filhos, Marina, 30 anos, André, 23, e Thays, 21. 

 

Sobre a importância de João Bittar – um obcecado por rock’n’roll e pela arte de 

documentar  a  história  –,  Campos  Mello,  hoje  diretor  de  redação  da  Brasileiros, 

sintetizou: “No final dos anos 1970, João, com caráter, lente grande angular e Rolling 

Stones, ajudou a empurrar o fotojornalismo brasileiro para fora do porão, para longe 

do mal humor e da burrice da subserviência. Fez e registrou história, mas foi embora 

cedo, muito cedo”. 

 

http://brasileiros.com.br/2014/12/joao‐bittarum‐olhar‐a‐servico‐da‐

historia/#.Us2vWtJDss8 

  

48  

 

 

 

 

 

  

49  

 

4 – Maurício Lima 

 

 

  

50  

 

 

Mauricio Lima [São Paulo, Brasil] formou‐se em Comunicação Social pela PUC‐

SP [1996‐2001], com ênfase em História da Arte e Fotografia, em paralelo a estudos de 

fotojornalismo  no  Senac  [1998].  Inspirado  pela  obra  dos  lendários  fotógrafos  Henri 

Cartier‐Bresson, Robert Capa e James Nachtwey, começou sua carreira em 1999 como 

fotógrafo estagiário do jornal Lance!. Um ano mais tarde, Mauricio foi convidado pela 

Agence  France‐Presse,  para  quem  fotografou  por  quase  11  anos,  antes  de  deixar  a 

agência para seguir a carreira de modo independente, no início de 2011. Desde 2001, 

Mauricio tem se preocupado em documentar questões sociais e conflitos que possam 

  

51  

se transformar em crises humanitárias, além da vida cotidiana que segue em paralelo a 

essas situações hostis, com sólidos trabalhos realizados em países como Afeganistão, 

Brasil, Iraque, Israel, Líbia, Portugal e Territórios Palestinos. Atualmente, Mauricio Lima 

desenvolve projetos pessoais em paralelo a frequentes trabalhos realizados para o The 

New York Times. Suas fotografias tem sido publicadas nos principais veículos editoriais 

do mundo,  como Time,  The New York  Times Magazine, Der  Spiegel,  Paris Match,  Le 

Monde, entre outros, e entidades como ONU, UNICEF e UNIDIR. 

http://docfoto.com.br/site/fotografo/mauricio‐lima/ 

 

 

II – Fotógrafos Internacionais. 

 

Filme – The bangbangclub 

 

A distribuição de filmes tem suas peculiaridades. Grandes produções movidas a 

estrelas, pirotecnias e verbas de marketing  têm mercado certo. Disputam o  restante 

das  salas  produções  de  nicho,  filmes  europeus  e  obras  de  origem  diversa  que 

eventualmente caem no gosto dos distribuidores. 

 

The  BangBang  Club,  produzido  em  2009,  parece  não  ter  se  encaixado  em 

nenhuma categoria. Se o filme foi exibido em algum cinema local, talvez tenha sido por 

cortesia de algum organizador de festival. A película foi baseada em livro homônimo, 

escrito pelos fotógrafos Greg Marinovich e João Silva, que formavam o clube do título, 

com Kevin Carter e Ken Oosterbroek. 

 

A história se passa no final do regime de Apartheid, na África do Sul, nos anos 

1990. Nelson Mandela havia  sido  libertado de um  longo período nas  prisões  da  Ilha 

Robben  e  de  Pollsmoor.  Os  guetos  negros  estavam  em  convulsão,  com  lutas 

frequentes entre partidários do Congresso Nacional Africano, de Mandela, e seus rivais 

do Partido da Liberdade Inkatha. Os quatro fotógrafos capturaram a violenta transição 

do país em direção ao regime democrático. 

 

  

52  

Eles arriscaram a vida na linha de frente. Oosterbroek foi mortalmente atingido 

por fogo amigo em abril de 1994, enquanto cobria um conflito em Thokosa, perto de 

Johannesburgo.  Tinha  31  anos.  Carter,  o  mais  sensível  e  turbulento  dos  quatro, 

cometeu  suicídio  em  julho  de  1994,  ligando  o  escapamento  à  cabine  de  seu  carro. 

Tinha 33 anos. 

 

As  imagens  dos  fotógrafos  do  BangBang  Club  provocaram  polêmica,  pela 

violência crua que revelaram. Eles foram cultuados e criticados. O filme transita entre 

temas pesados: os conflitos étnicos da África do Sul e os dilemas éticos dos fotógrafos 

diante da sordidez humana. O roteiro é centrado na história dos dois  fotógrafos que 

ganharam o Prêmio Pulitzer: Marinovich e Carter. 

 

O  filme tem o ritmo marcado por  sucessivas cenas de ação,  reconstituindo as 

incursões dos fotógrafos nos conflagrados guetos negros sul‐africanos. A única cena de 

evasão dura menos de um minuto e ocorre no meio do filme, quando os fotógrafos e 

suas companheiras  relaxam em um  lago encravado nas pedras, ao som de Pale Blue 

Eyes, cantada por Lou Reed, do Velvet Underground. 

 

O filme começa com uma entrevista radiofônica de Carter, realizada em abril de 

1994,  após  o  fotógrafo  ter  ganhado  o  Pulitzer,  por  uma  foto  feita  no  Sudão.  A 

entrevistadora pergunta: ‐ “Kevin, o que você acredita que faz uma grande fotografia?” 

Segue‐se um longo silêncio. A resposta vem apenas no final do filme: Carter responde, 

testando  as  palavras:  “Eu  não  sei,  realmente...  você  tira  a  foto  e  vê  o  que  você 

obteve... Mas talvez o que torne uma foto excepcional é que ela também questiona, 

sabe? Não é apenas espetáculo. É mais que isso (...) você sai a campo e vê coisas ruins, 

horríveis, e  você quer  fazer algo a  respeito. Então, o que você  faz é  tirar a  foto que 

mostra  isso. Mas nem todo mundo vai gostar do que vai ver. É preciso entender que 

eles podem querer matar o mensageiro”. 

 

 

 

  

53  

Uma  grande  fotografia  pode  conter  uma  narrativa  completa,  concentrando 

signos, significados e imagens que se materializam diante do fotógrafo, são capturados 

em uma fração de segundo e depois reinterpretados por quem a vê. O fotógrafo é o 

agente capaz de compreender o contexto, postar‐se diante da configuração exata de 

luz,  sombra,  objetos  e  pessoas,  e  definir  o  momento  exato  no  qual  a  intensa  e 

complexa bricolagem toma forma. O processo pode ser ao mesmo tempo intencional, 

intuitivo  e  aleatório.  Frequentemente,  para  o  próprio  fotógrafo,  o  resultado  parece 

mágico, uma epifania. 

 

Os  fotógrafos  do  BangBang  Club  ilustram  o  que  pode  ser  o  trabalho  em  seu 

sentido mais profundo de  realização, um  trabalho que  cria  algo marcante e provoca 

impacto social; que é recompensador, gera intenso prazer e sentimento de rea‐lização; 

que  provê  experiências  humanas  recompensadoras;  que  estrutura  o  dia  a  dia,  de 

forma  flexível,  sem  transformar  a  rotina  em  repetição  mecânica;  que  sustenta  e 

garante  a  autonomia  do  indivíduo;  que  é  moralmente  aceitável  e  vai  além, 

questionando o status quo e possibilitando novas interpretações e visões da realidade. 

Não é pouco e parece ser cada vez mais raro. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

54  

1 –kurtklagsbrunn 

 

Klagsbrunn, de ascendência judaica, chegou em 1939 à então capital brasileira 

como  refugiado do nazismo e descobriu aqui  sua  vocação para a  fotografia.  Logo  se 

tornou  um  dos  maiores  intérpretes  do  Rio  de  Janeiro,  construindo  uma  vasta  obra 

capaz de captar todas as singularidades da sociedade carioca daquele período – seus 

símbolos  e  contradições,  diferenças  e  transformações,  cruzamentos  de  classes  e 

culturas. 

Acompanhado de sua câmera Rolleiflex e de uma curiosidade incessante, Kurt 

Klagsbrunn  (1918‐2005)  retratou  cenas  corriqueiras,  do  cafezinho  no  balcão  ao 

glamour  das  corridas  no  Jockey  Club,  e  personagens  que  vão  do  engraxate  e  do 

vendedor ambulante a personalidades internacionais (como cineasta americano Orson 

Welles  durante  sua  marcante  passagem  pela  cidade,  1942).  Trata‐se  de  uma 

verdadeira antropologia da vida cotidiana no Rio, analisando a circulação de afetos e 

os sistemas de hierarquia social. 

  

55  

 

 

 

“Uma  das  características  do  Kurt  é  a  relação  muito  amorosa  com  o  Rio  de 

Janeiro. E essa amorosidade solidária  também passava por uma dimensão crítica. Ao 

mesmo  tempo  que,  para  sobreviver,  fazia  fotos  da  alta  sociedade,  ele  também 

observou muito a vida difícil das pessoas comuns – a lata d’água, a falta de transporte, 

a moradia precária. Klagsbrunn produz a imagem de uma cidade com alma, com suas 

contradições, perversidades e encantos”,  comenta Paulo Herkenhoff,  diretor  cultural 

do MAR e um dos curadores da exposição. 

 

Classificado  como  “humanista”,  o  olhar  delicado  de  Klagsbrunn  também  se 

debruçou  sobre  a  cultura  afro‐carioca  –  resistindo  à  forte  repressão  ao  samba,  ao 

candomblé e à capoeira – e fez uma crítica à sociedade brasileira ao lançar luz sobre o 

trabalho infantil em imagens que expõem a inocência das crianças em um país que não 

  

56  

lhes dava educação e saúde. Sua fotografia, no entanto,  jamais explorou a miséria: o 

objetivo sempre esteve relacionado à construção do futuro do país. 

 

http://www.obrasdarte.com/kurt‐klagsbrunn‐um‐fotografo‐humanista‐no‐rio‐

1940‐1960/ 

 

 

2 ‐ Don McCullin 

 

 

Donald "Don" McCullin, CBE Hon FRPS (09 de outubro de 1935) é um britânico 

fotojornalista , particularmente reconhecido por sua fotografia de guerra e as imagens 

da  contenda  urbana.  Sua  carreira,  que  começou  em  1959,  tem  se  especializado  em 

examinar  o  lado  de  baixo  da  sociedade  ,  e  suas  fotografias  têm  retratado  os 

desempregados, oprimidos e os pobres. 

 

Início da vida  

McCullin cresceu em FinsburyPark , no norte de Londres , mas ele foi evacuado 

para uma fazenda em Somerset , durante a Blitz . Ele é disléxico, mas exibiu um talento 

para o desenho na Escola Moderna Secundária ele participou. Ele ganhou uma bolsa 

para Hammersmith Escola de Artes e Ofícios, mas, após a morte de seu pai, ele deixou 

a  escola  aos  15  anos  de  idade,  sem  ressalvas,  para  um  trabalho  de  restauração  nas 

ferrovias . Ele foi então chamado para o Serviço Nacional com a Royal Air Force . 

 

  

57  

 

 

Carreira 

Durante o período de McCullin do Serviço Nacional da RAF que foi enviada para 

a zona do canal durante 1956 Crise do Suez , onde trabalhou como assistente de um 

fotógrafo. Ele não conseguiu passar o papel teoria escrita necessário para se tornar um 

fotógrafo na RAF, e assim passou seu serviço na câmara escura. Durante este período 

McCullin comprou sua primeira câmera, uma Rolleicord  . No  retorno à Grã‐Bretanha 

falta  de  fundos  levou  à  sua  penhorar  a  câmera.  Sua mãe  usou  seu  próprio  dinheiro 

para resgatar o compromisso.  

  

58  

 

Em 1959, uma foto que tirou de um local de quadrilha Londres foi publicado em 

The  Observer  .  Entre  1966  e  1984,  ele  trabalhou  como  correspondente  no  exterior 

para o Sunday Times Revista , a gravação de catástrofes ecológicas e provocados pelo 

homem,  tais  como  zonas  de  guerra  ,  entre  eles  Biafra  ,  em  1968,  e  as  vítimas  da 

epidemia  de  AIDS  Africano  .  Sua  cobertura  contundente  da  Guerra  do  Vietnã  eo 

conflito da Irlanda do Norte é particularmente altamente considerado. 

 

Ele  também  tomou  as  fotografias  de Maryon  parque  em  Londres,  que  foram 

usados em Michelangelo Antonioni filme de Blowup . 

 

Em 1968, sua Nikon câmera parou uma bala destinada a ele.  

 

Em  1982,  o  governo  britânico  recusou‐se  a  conceder  McCullin  um  passe  de 

imprensa para cobrir a Guerra das Malvinas  , alegando que o barco estava cheio. Na 

época, ele acreditava que era porque o governo Thatcher sentiu suas imagens pode ser 

muito perturbador politicamente. 

 

Ele é o autor de vários livros, incluindo As palestinos (com Jonathan Dimbleby , 

1980), Beirute: Uma Cidade em Crise (1983) e Don McCullin em África (2005). 

  

59  

Seu  livro,  em  forma  de  Guerra  (2010),  foi  publicado  para  acompanhar  uma 

grande  exposição  retrospectiva  no  Imperial War MuseumNorth  ,Salford  ,  Inglaterra, 

em  2010,  e  depois  na  ArtGallery  de  Victoria  ,  Batheo  Imperial  War  Museum  ,  em 

Londres.  Sua  publicação  mais  recente  é  Frontiers  do  Sul:  uma  viagem  através  do 

Império Romano , um estudo poética e contemplativa de ruínas pré‐romanos no Norte 

de África e no Médio Oriente selecionada e Romana. 

 

Em 2012, um documentário de sua vida intitulado McCullin e dirigido por David 

Morris e Jacqui Morris foi lançado. O filme foi indicado a dois BAFTA prêmios. 

 

Nos  últimos  anos,  McCullin  se  transformou  a  paisagem  ea  natureza‐morta 

obras e tomando retratos encomendados. 

 

Em  novembro  2015  McCullin  foi  nomeado  o  mestre  Photo  London  de 

Fotografia  de  2016,  durante  o  lançamento  do  Photo  London,  uma  feira  de  arte  que 

deve  ser  aberto na  SomersetHouse maio de 2016. A exposição especial  dedicada ao 

seu  trabalho  é  para  ser  encomendado.  Quando  perguntado  sobre  a  ascensão  da 

fotografia digital , ele disse: ". A fotografia digital pode ser uma experiência totalmente 

mentindo ‐ você pode mover o que você quer, a coisa toda não se pode confiar muito"  

 

https://translate.google.com.br/translate?hl=pt‐

BR&sl=en&u=https://en.wikipedia.org/wiki/Don_McCullin&prev=search 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

60  

 

 

3 ‐ James Nachtwey 

 

Norte‐americano nascido em Syracuse e  criado em Massachusetts,  formou‐se 

na  DartmouthCollege,  onde  estudou  História  da  Arte  e  Ciências  Políticas  (1966‐70). 

Trabalhou a bordo de navios da Marinha Mercante e, enquanto aprendia a fotografar 

sozinho  exerceu  as  funções  de  estagiário  de  edição  de  filmes  documentários  e 

motorista de caminhão. 

  

61  

 

 

 

As  imagens da Guerra do Vietnã  tiveram um forte  impacto sobre ele e  foram 

decisivas  para  a  descoberta  de  sua  vocação.  Ele  recorda  como,  nos  anos  1970,  foi 

profundamente afetado pela famosa foto de Nick Ut, da menina vietnamita correndo 

nua e com a pele queimada após um ataque americano. 

 

"Foi  uma  poderosa  denúncia  de  guerra,  da  crueldade  e  da  injustiça.  Decidi 

seguir esta tradição". 

 

Em 1976 começou a trabalhar como fotógrafo de jornais no Novo México e, em 

1980, mudou‐se para Nova Iorque para dar início a uma carreira como fotógrafo "free‐

lance"  para  revistas.  O  seu  primeiro  trabalho  como  fotógrafo  internacional  foi  a 

cobertura do movimento civil na  Irlanda do Norte em 1981 durante a greve de fome 

do IRA (Exército Republicano Irlandês). Desde então, James Nachtwey tem se dedicado 

a documentar guerras, conflitos e situações sociais precárias. 

 

 

 

  

62  

James  Nachtwey  é  considerado  por muitos  o mais  corajoso  fotojornalista  da 

atualidade  e  também  o mais  ocupado  dos  fotógrafos  profissionais  do mundo.  Além 

disso,  é  tido  como  um  homem  tímido,  empenhado  na  profissão  e  que  gosta  de 

mergulhar  em  pensamentos  filosóficos,  vem  usando  a  fotografia  ao  longo  de  sua 

experiência como uma arma pacífica para documentar desigualdade e conflitos sociais. 

 

 

 

James  Nachtwey  reforça  a  dificuldade  que  encontra  em  fazer  as  pessoas  se 

interessarem por seu objeto de trabalho. Nos últimos anos, tem sido difícil convencer 

os  editores  a  publicar  fotos  de  sofrimento  no  terceiro  mundo.  Está  cada  vez  mais 

complicado, pois a sociedade é obcecada por fotos de entretenimento, celebridades e 

moda. Ele reconhece que perseguir a dor, a morte e a desgraça alheia pode ser uma 

forma  de  exploração  e  sensacionalismo. Mas  a  alternativa  –  permitir  que  a miséria 

humana permaneça clandestina e fora do alcance de uma ação – seria ainda pior. 

 

Nachtwey  é  comparado  a  Robert  Capa,  sobretudo  por  ser  um  fotógrafo  de 

guerra.  Na  década  de  1990,  cobriu  os  massacres  de  Ruanda  e  a  intervenção 

humanitária na Somália. Em 1989, tinha reunido no livro Deedsof War as suas fotos da 

guerra  da  Nicarágua,  da  luta  do  IRA,  ações  dos  esquadrões  de  morte  na  América 

Central e da Guerra Civil do Líbano. 

  

63  

Realizou  extensos  trabalhos  fotográficos  em  lugares  tão  diversos  como  El 

Salvador, Nicarágua, Guatemala, Líbano, a Margem Ocidental e Gaza, Israel, Indonésia, 

Tailândia,  Índia,  Sri  Lanka,  Afeganistão,  Filipinas,  Coreia  do  Sul,  Somália,  Sudão, 

Ruanda,  África  do  Sul,  Rússia,  Bósnia  e  Herzegovina,  Chechênia,  Kosovo,  Romênia, 

Brasil e Estados Unidos. 

 

 

 

James Nachtwey é  fotógrafo da Revista  Time desde 1984.  Esteve associado a 

Black Star de 1980 a 1985 e foi membro da agência Magnum de 1986 a 2001. Em 2001, 

foi  um dos membros  fundadores  da  agência  de  fotografia  VII  Photo.  Fez  exposições 

individuais  no  International  Center  ofPhotography  em  Nova  Iorque,  na 

BibliothèqueNationale  de  France  em  Paris,  no  PalazzoEsposizione  em  Roma,  no 

MuseumofPhotographicArts em San Diego, na Culturgest em Lisboa, no El Círculo de 

Bellas  Artes  em Madrid,  na  Fahey/Klein  Gallery  em  Los  Angeles,  no  Massachusetts 

CollegeofArt  em  Boston,  na  Canon  Gallery  e  na  NieuweKerk  em  Amesterdã,  no 

Carolinum em Praga, e no Hasselblad Center na Suécia, entre outras. 

 

Em 2003, atuava como correspondente da revista Time em Bagdá e foi  ferido 

por  uma  granada  quando  acompanhava  uma  patrulha  dos  Estados  Unidos. 

Ficouinternadoinconscienteporalgunsdias. 

  

64  

 

Recebeudiversosprêmiostaiscomo  o  Common  Wealth  Award,  Martin  Luther 

King Award, Dr. Jean Mayer Global Citizenship Award, Henry Luce Award, Robert Capa 

Gold  Medal  (cincovezes),  o  World  Press  Photo  Award  (duasvezes),  Magazine 

Photographer of  the Year  (setevezes),  o  International  Center of  Photography  Infinity 

Award  (trêsvezes),  o  Leica  Award  (duasvezes),  o  Bayeaux  Award  for  War 

Correspondents  (duasvezes),  o  Alfred  Eisenstaedt  Award,  o  Canon  Photo  essayist 

Award  e  o  W.  Eugene  Smith  Memorial  Grant  para  Humanistic  Photography.É  um 

associado da Royal PhotographicSociety e Doutor Honorário de artes da Faculdade de 

Artes de Massachusetts. 

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Nachtwey 

 

4 – Kevin Carter 

 

Kevin  Carter  (Joanesburgo,  13  de  setembro  de  1960  —  Joanesburgo,  27  de 

julhode  1994)  foi  um  premiado  fotojornalista  sul‐africano  e  membro  do  Clube  do 

Bangue‐Bangue.  Em  1994,  Carter  ganhou  um  Prémio  Pulitzer  por  uma  fotografia  de 

sua autoria que retrata a fome no Sudão em 1993. Ele cometeu suicídio aos 33 anos de 

idade. Sua história é retratada no longa‐metragem de 2010 The BangBang Club, onde 

ele foi interpretado por Taylor Kitsch. 

 

Carter começou a  trabalhar como fotojornalista esportivo nos  fins de semana 

em  1983.  Em  1984,  ele  mudou‐se  para  trabalhar  para  o  jornal  Johannesburg  Star, 

empenhado em expor a brutalidade do apartheid. 

  

65  

Carter foi o primeiro a fotografar uma execução pública necklacing (um tipo de 

execução e tortura praticada ao colocar um pneu de borracha, cheio de gasolina, em 

torno  do  peito  e  dos  braços  da  vítima,  e  depois  atear  fogo)  de  negros  africanos  na 

África do Sul, por volta da década de 1980. A vítima era MakiSkosana, que havia sido 

acusada de ter um relacionamento com um policial.[3] Carter, depois,  falou sobre as 

fotografias: [...] "Fiquei chocado com o que eles estavam fazendo, eu estava chocado 

com o que eu estava fazendo, mas, em seguida, as pessoas começaram a falar sobre as 

fotos [...] então eu senti que talvez minhas ações não tinham sido de todo ruins. Ser 

testemunha de algo tão horrível não era necessariamente uma coisa ruim a se fazer" 

 

 

  

66  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

67  

5 ‐ Robert Doisneau 

 

 

 

Robert  Doisneau  (14  de  abril  de  1912  ‐  1  de  abril  de  1994)  foi  um  famoso 

fotógrafo nascido na cidade de Gentilly, Val‐de‐Marne, na França. Era um apaixonado 

por fotografias de rua, registrando a vida social das pessoas que viviam em Paris e em 

seus arredores, mas  também trabalhou em fotografias para publicações em revistas, 

assim como a famosa fotografia "O Beijo do Hotel de Ville" (Paris, 1950). 

 

Foi  um  dos  fotógrafos  mais  populares  da  França.  Era  conhecido  por  sua 

modéstia e  imagens  irônicas, misturando as classes  sociais das  ruas e cafés de Paris. 

Influenciado pela obra de Atget, de Kertész e de Cartier Bresson. Doisneau apresentou 

em mais de vinte livros uma visão encantadora da fragilidade humana e da vida como 

uma série de momentos calmos e incongruentes. 

 

As  maravilhas  da  vida  cotidiana  são  tão  emocionantes.  Nenhum  diretor  de 

filmes pode organizar o inesperado que você encontra na rua. 

 

  

68  

 

 

Prêmios e Comemorações 

Robert  Doisneau  foi  nomeado  Cavaleiro  da  Ordem  da  Légion  d'Honneur  em 

1984. Ele ganhou vários prêmios ao longo de sua vida, incluindo: 

Prêmio de Balzac, em 1986 (Honoré de Balzac ) 

Grand Prix National de laPhotographie, em 1983 

Prêmio Niépce em 1956 (NicéphoreNiépce) 

Prêmio Kodak em 1947 

 

A curta‐metragem, "Le Paris de Robert Doisneau", foi feitaparameno em 1973. 

 

Em  1992,  a  atriz  e  produtora  francesa  SabineAzéma  fez  o  filme  Bonjour 

Monsieur Doisneau. 

 

A  Maison  de  laPhotographie  Robert  Doisneau  em  Gentilly,  Val‐de‐Marne,  é 

uma galeria fotográfica batizada em sua homenagem. 

 

  

69  

Em  honra  da  sua  fotografia  da  "cultura  de  rua  das  crianças,  há  várias" 

EcolePrimaire (Escolas Primárias) em sua homenagem. Um exemplo é a Véretz (Indre‐

et‐Loire). 

 

Muitos dos seus retratos e fotos de Paris a partir do final da II Guerra Mundial 

até os anos 1950 foram transformadas em calendários e postais e tornaram‐se ícones 

da vida francesa. 

 

 

 

 

  

70  

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Doisneau 

 

6 ‐ Henri Cartier‐Bresson 

 

 

 

Henri  Cartier‐Bresson  (Chanteloup‐en‐Brie,  22  de  agosto  de  1908  — 

Montjustin,  3  de  agosto  de  2004)  foi  um  fotógrafo  do  século  XX,  considerado  por 

muitos como o pai do fotojornalismo. 

 

  

71  

 

 

Cartier‐Bresson  era  filho  de  pais  de  uma  classe média  (família  de  industriais 

têxteis), relativamente abastada. Quando criança, ganhou uma câmera fotográfica Box 

Brownie,  com  a  qual  produziu  inúmeros  instantâneos.  Sua  obsessão  pelas  imagens 

levou‐o a testar uma câmera de filme 35mm. Além disto, Bresson também pintava e 

foi para Paris estudar artes em um estúdio. 

  

72  

 

Em  1931,  aos  22  anos,  Cartier‐Bresson  viajou  à  África,  onde  passou  um  ano 

como caçador. Porém, uma doença  tropical obrigou‐o a  retornar à França.  Foi neste 

período,  durante  uma  viagem  a  Marselha,  que  ele  descobriu  verdadeiramente  a 

fotografia,  inspirado  por  uma  fotografia  do  húngaro Martin Munkacsi,  publicada  na 

revista Photographies  (1931), mostrando  três  rapazes negros a correr em direção ao 

mar, no Congo. 

 

A primeira câmera Leica de Henri Cartier‐Bresson 

Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, Bresson serviu o exército francês. 

Durante  a  invasão  alemã,  Bresson  foi  capturado  e  levado  para  um  campo  de 

prisioneiros de guerra. Tentou por duas vezes escapar e  somente na  terceira obteve 

sucesso. Juntou‐se à Resistência Francesa em sua guerrilha pela liberdade. 

 

Quando  a  paz  se  restabeleceu,  Cartier‐Bresson,  em  1947,  fundou  a  agência 

fotográfica Magnum  junto  com  Bill  Vandivert,  Robert  Capa,  George  Rodger  e  David 

Seymour "Chim". Começou também o período de desenvolvimento sofisticado de seu 

trabalho. 

 

Revistas como a Life, Vogue e Harper'sBazaar contrataram‐no para viajar pelo 

mundo  e  registrar  imagens  únicas. Da  Europa  aos  Estados Unidos,  da  Índia  à  China, 

Bresson dava o seu ponto de vista especialíssimo. 

 

Tornou‐se também o primeiro fotógrafo da Europa Ocidental a registrar a vida 

na  União  Soviética  de  maneira  livre.  Fotografou  os  últimos  dias  de  Gandhi  e  os 

eunucos imperiais chineses, logo após a Revolução Cultural. 

 

Na década de 1950, vários  livros com seus trabalhos foram lançados, sendo o 

mais  importante  deles  "Images  à  laSauvette",  publicado  em  inglês  sob  o  título  "The 

DecisiveMoment"  (1952). Em 1960, uma megaexposição com quatrocentos trabalhos 

rodou os Estados Unidos em uma homenagem ao nome forte da fotografia. 

 

  

73  

 

 

  

74  

 

 

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Cartier‐Bresson 

 

CONCLUSÃO 

 

  No fotojornalismo, mais do que em outros segmentos da fotografia, é preciso 

que o profissional goste de observar a natureza humana. 

Além da técnica, é preciso muita sensibilidade para que se possa transmitir ao mundo, 

de forma eficaz, uma fiel interpretação da realidade.  

   

  É  indispensável  ter  raciocínio  rápido e adequado;  ideal para pessoas que  têm 

uma percepção ampla do que os rodeia. Isso porque o objetivo das imagens, além de 

passar informação, é mostrar coisas significantes ou traumáticas. 

 

  Fotojornalistas precisam 'sentir' e enxergar o que acontece por traz do óbvio, e 

têm como anseio transmitir não só o que sentido ao fotografar determinada imagem, 

mas passar ao leitor a mesma emoção. 

 

  

75  

Talvez  nenhuma  outra  profissão  na  fotografia  seja  tão  livre  para  criar  como  no 

fotojornalismo.  

 

  Nada obstante, também será necessário no exercício do fotojornalismo, que o 

profissional tenha bom conhecimento da legislação vigente, regras e normas atinentes 

no que se refere à proteção de sua obra, bem como os  limites existentes acerca dos 

direitos de imagem de terceiros. 

 

  Embora a  legislação pátria  traga em seu bojo  todas regras acerca do assunto, 

seja  para  direito  de  autor  ou  direito  de  imagem,  é  importante  que  o  fotojornalista 

entenda  que  em  determinadas  situações  haverá  certa  subjetividade  quando  ao  que 

poderá, ou não, ser fotografado/divulgado. 

 

  Por  todo  o  exposto,  as  diretrizes  a  serem  seguidas  pelo  fotografo  não  serão 

apenas  as  leis  insertas  em  nossa  legislação,  mas  pela  junção  dessas  normas  com  o 

código de ética jornalística, somando‐se, também, ao bom senso do profissional diante 

das situações concretas apresentadas a ele.  

   

BIBLIOGRAFIA 

 

ABRÃO, Eliane Y.(2002). Direitos de Autor e Direitos Conexos. São Paulo: Ed. do Brasil. 

 

ASCENSÃO, José de Oliveira (1997). Direito Autoral. 2a Ed. São Paulo: Renovar. 

 

BITTAR, Carlos Alberto (2001). Direito de Autor. 3a Ed. São Paulo:Forense. 

 

CABRAL,  Plínio  (2003).  A  Nova  Lei  de  Direitos  Autorais‐Comentários.  4a  Edição.  São 

Paulo:Ed. Harbra. 

 

DRUMMOND, Victor. (2005). Manuel de Direito Autoral. Rio de Janeiro. : Lúmen Júris 

Editora. 

Bittar, Carlos Aleberto, Direito de Autor, 5ª edição, editora forense, 2013. 

  

76  

 

Menezes, Elisângela Dias, Curso de Direito Autoral, editora Del Rey, 2007 

 

Carboni, Guilherme C., O Direito de Autor na multimídia, editora QuartierLatin, 2003.