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04 - Editorial Paulo Rocha06 - Entrevista Marcelo Rebelo de Sousa12 - Natal nas Dioceses de Portugal

96 - Multimédia98 - Programação Religiosa100 - Liturgia102 - Fundação AIS104 - LusoFonias

Foto de capa: Diocese do PoretoFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração:Quinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8-121549-025 LISBOATel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Não é necessário estimular extraordinariamente acuriosidade para tentar perceber como teráacontecido o nascimento de Jesus no ambientede uma cidade, Belém, sem lugares para quemchegava, por ocasião de um recenseamento emtodo o Império Romano. Relegado para um sítioermo, numa gruta, Jesus nasceu em dias deocupação máxima na região. A condição da suaencarnação aconteceu, assim, desde o primeiromomento entre periferias, próximo da pobreza edistante de ritmos soberbos do quotidiano.Como há dois mil anos, quando não foi possívelencontrar um lugar para que chegasse o Natal,nesta quadra perece também não ser possívelcelebrá-lo. E pelos mesmos motivos: está tudocheio, nos supermercados, lojas, ruas, casas,corações... Até os parques de estacionamentoficam completos e impedem que se procure o“indispensável” para que se celebre, dignamenteo Natal: é necessário encontrar os sabores damesa que “fazem” cada Natal e são muitas asfilas dos supermercados; programam-seencontros à volta de trocas de prendas e tardamos embrulhos nas esquinas comerciais; hásempre uma compra de última hora e o trânsitoimpede que se chegue a horas, as filas geramimpaciência, pânico até!

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E como no início da era cristã,quando tudo aconteceu noescondimento, entre pastores evisitantes vindos de longe, o Natalem cada era emerge, por certo,longe da azáfama com que se vive,em recantos escondidos, no silênciode mulheres e homens.Hoje, como há dois mil anos, é realo risco de colocarmos à entrada decasas e corações a indicação“completo”. Depois, é necessárioprocurar as grutas deste tempo edeixar-se guiar por uma estrela paraO encontrar. E hoje felizmente hámuitas! Também entre ornamentose luzes de dias "mágicos", em cadaano.

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“Dispensaria” este Natal– Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa vive o Natal como festa da família e da partilha.Este Natal, vai estar em Pedrógão Grande, com as vítimas dos incêndios.Diz, por isso, que “preferia um Natal diferente”! Seria sinal que “não tinhahavido a tragédia”...

Entrevista conduzida por Paulo RochaFotografias: www.presidencia.pt

Agência Ecclesia – Qual osignificado desta quadra natalíciapara o presidente da República?Marcelo Rebelo de Sousa - EmPortugal há uma tradição,transformada em vida todos osanos, relativamente ao Natal: é umafesta de família, para uma parteuma festa religiosa, partilhada, cadavez mais ecuménica, porque temoso Natal dos católicos que são,dentro dos crentes, a grandemaioria, mas depois há outrasigrejas cristãs, por exemplo osortodoxos que não pertenciam ànossa tradição e vieram enriquecê-la; isso também aconteceu com apartilha que há com outras crençase outras fés - a judaica, amuçulmana – e depois também há,no encontro da família, o partilhardaquilo que foi o balanço de umano, nas alegrias

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e nas tristezas: os que partiram, osque chegaram, os que seintegraram na famílias, os quemigraram... E depois as alegriaspessoais, profissionais e osdesgostos

e choques coletivos. Este ano, é umNatal muito cheio de muitas alegriase muitas tristezas. AE - Sobretudo tristezas?MRS - Diria que algumas alegrias:saímos um pouco mais da crise eisso melhorou a situação debastantes

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pessoas em relação a nataisanteriores que foramparticularmente penosos. Mas tivemos grandes tragédias, queapanharam partes do nosso país,onde a hora ainda é de bastanteluto ou de saída do luto. Tudoaconteceu nuns casos há seismeses e noutros casos há doismeses, o que é ontem. Por isso,esta partilha, no que tem de alegriae tristeza e sempre desolidariedade, dá uma força enormeao Natal, porque além de ser afamília é a solidariedade do todoque formamos em Portugal.

AE - É assim que o vive?MRS - Vivo-o assim, comopresidente da República, mas vivo,do ponto de vista pessoal e familiar,no reencontro, porque tambémsomos um povo de emigrantes.Queria deixar uma palavra aosnossos compatriotas espalhadospelo mundo, nos quais se integra aminha família. A chegada dos meusnetos, que infelizmente não podemvir com o pai, para passarem umtempo junto das raízes, é muitoportuguês e também dá um sabormuito especial a este Natal.

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AE - O Natal do presidente daRepública será vivido sobretudo emPedrógão?MRS - Sim. O meu Natal, este ano,é um Natal que, por um lado, vaiencher muito o meu coração, maspor outro dispensaria ter de estar lá,porque era sinal que não tinhahavido a tragédia. Teria preferidoque que fosse um Natal diferentepara aqueles que perderamfamiliares, que tiveram um choquena vida brutal e ainda o estãointeriorizar (e estou a pensar emPedrógão, mas no fim do ano estoua pensar na área atingida emoutubro). Vai ser muitointensamente vivido!

Mas o ideal seria que a tragédia nãotivesse chegado lá e estivessem aviver as cento e tal pessoas quepartiram prematuramente... AE - Paz é um tema desta quadra: éo Príncipe da paz que nasce, maspermanecem ameaçassignificativas... MRS - Este Natal, apesar de tudo, éum Natal em que não seconcretizaram ameaças na Coreiado Norte, o agravamento na zona doMediterrâneo, nomeadamente noPróximo e Médio Oriente, apesar datensão estar alta, relativamente

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ao daesh houve uma evoluçãopositiva comparativamente a nataisanteriores; permanece o terrorismo,muitas guerras, confrontos; sobe opopulismo, xenofobia eintransigência que é preocupante,mesmo em sociedades que sãotradicionalmente tolerantes.Mas, o Natal é apelo de Paz. E nissotem razão o nosso compatriotasecretário-geral das Nações Unidas,António Guterres, quando sedesmultiplica pelo mundo a tentarconstruir a paz.

AE - Porque é que ela não surge?MRS - Acho que tem muito a vercom a educação das pessoas, comas condições económicas e sociaisda vida, mas com a educação: acapacidade de aceitar os outros, deconviver com os outros, com atolerância e a fraternidade. Quandoisso não é assumido como programade vida, é muito difícil fazer vingar apaz em vez da guerra.

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AE - Que ameaça pode constituir oagudizar de posições entre os EUAe a Coreia do Norte?MRS - Chegou a ser um momentopreocupante. Foi ultrapassado parajá! Para já também foramultrapassados outros riscos queestavam no horizonte. Mas é umaluta de todos os dias. Todos os diasé preciso evitar que as Nações, ospolíticos os

responsáveis económicos, em vezde caminharem no sentido daconvivência, cedam à tentação deafirmarem a sua supremacia, a suaintolerância, o seu egoísmo. E isso énão uma luta só dos presidentes,dos primeiros-ministros, dosgovernos, mas uma luta dos povos.É por aí que começa. Por isso, eudigo que é um problema sobretudode educação e de cultura.

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O nosso NatalDe norte a sul de Portugal, continental e ilhas, o Natal tem muitasconfigurações. Todas em torno do acontecimento que constitui a suaorigem: o nascimento de Jesus Cristo, numa gruta de Belém. Comfundamento único, vai-se expressando no litoral e no interiorportuguês, a norte e a sul, nos arquipélagos da Madeira e dos Açoresa partir de marcas culturais de cada região. Neste semanário,mostramos tradições, acontecimentos e projetos que marcam o Natal2017, em todas as dioceses de Portugal

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ALGARVE

Presépio tradicional algarvioNo Algarve, as festas associadas aoNatal têm início no dia 8 dedezembro, dia de Nossa Senhorada Conceição. Nessa data,“deitam-se os trigos”, ou seja,pequenas sementes de cereais(geralmente trigo, cevada oucenteio) são colocadas empequenos pires ou chávenas delouça ou de barro para germinar as“searinhas” que enfeitarão opresépio, também ele diferente doshabitualmente feitos noutras regiõesdo país.O presépio tradicional do Algarve,de raiz medieval, não representa ocenário da lapa de Belém. É antesarmado em escadaria (trono) com oMenino Jesus em pé, no topo damesma. No século XIX, nove diasantes do Natal, preparava-se a casapara armar o presépio. No chão da“casa de fora”, colocava-se umaesteira de empreita à frente dacómoda, em cima da qual seconstruía o trono, tambémconhecido por “altarinho”,“escadaria”, “penha” ou “charola”.Regra geral, era feito com recursoàs gavetas dos móveis, imitando oaltar-mor das igrejas, sendo o maiscomum formado por três degraus ecoberto por um lençol nas casasmais humildes ou por toalhas delinho rendadas e bordadas à mãonas mais abastadas.Junto à imagem artesanal do

Menino (esculpida por santeiroslocais), iluminada por uma lamparinade azeite, para além das “searinhas”colocavam-se também laranjas,frutos secos e flores ou verdurasdiversas, como a murta, o loureiro, oalecrim, a aroeira ou a nespereira.Antigamente, a laranja, a par dosfrutos secos, era no Algarveentendida como um bem precioso esinal de distinção,

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ALGARVE

constituindo uma das melhoresofertas que se podia dar.A presença das “searinhas” nopresépio era compreendida comouma bênção. Eram colocadas parao Menino “as abençoar” e para “darmuito pão às sementeiras”. No Diade Reis, as abençoadas sementesgerminadas eram transplantadas nocampo para crescerem.Na comunidade piscatória de Olhão,nas primeiras décadas do séculoXX, as pequenas searasgerminavam dentro das latas deconserva de sardinha e ainda hojehá quem as faça nas vulgares latasde atum.Esta tradição do presépio algarvio,atualmente recuperada, foiresgatada pelo padre e investigadorJosé da Cunha Duarte quando veioem 1981 para a diocese e aencontrou em desuso. O sacerdote,autor de um intenso trabalhoetnográfico de recolha e divulgaçãodas tradições culturais algarvias,explica que a origem medieval dopresépio local remonta à iniciativado cardeal Bérulle (1575-1629), queintroduziu em Avignon (França) atradição das “searinhas” e daslaranjas ao lado do Menino, paraEle abençoar as sementeiras e asárvores de fruto.

Samuel Mendonça

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ANGRA

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"Mijinhas do Menino"As “Mijinhas do Menino” e ospresépios marcam o espirito daquadra natalícia nos Açores A tradição está viva no mundo rural,mas nas cidades a pergunta quemais se ouve nesta quadra, em todoo arquipélago, é se “o Menino mija”A tradição do Natal açoriano “OMenino mija”, que junta grupos emperegrinação por casas de amigos efamiliares, tem perdurado no tempo,constituindo um símbolo dopatrimónio etnográfico doarquipélago.Entre os dias 24 de Dezembro e ode Reis (6 de Janeiro), váriosgrupos de homens e mulheresandam de casa em casa, cantandoe visitando familiares e amigos,degustando doces e licorestradicionais caseiros, de amora,tangerina, leite ou café, que estãosempre expostos por esta altura nasmesas.Antes de entrarem, e chegados aestas casas, os grupos perguntam:"O Menino mija?".“Para mim é a quadra mais bonitado ano. Fui criado neste ambiente epor isso é-me familiar esta tradição”referiu à Agência Ecclesia HernâniRocha, um dos 12 elementos doGrupo de Reises, da FonteBastardo, na ilha Terceira, quedesde 2006,

depois de um desafio lançado peloPresidente da Câmara Municipal daPraia, Roberto Monteiro, todos osanos, a 6 de janeiro, desfila pelasprincipais ruas da cidadeterceirense cantando e bebendonas casas dos amigos. A música éalusiva à quadra natalícia mastambém vive de uma boa dose deimproviso, inspirado nas cantigas aodesafio e nas velhas, adequando-sea cada anfitrião.Além dos licores e dos figospassados, nas mesas das casasonde entram, também se veem porvezes laranjas, as mesmas queenfeitam os “Altarinhos do MeninoJesus”, que muitas vezes surgem emalternativa ao presépio.O “Altarinho” dispõe-se sobre acómoda do quarto principal da casa,ou numa mesa encostada à parede.Entre o dia de Santa Bárbara e o daImaculada Conceição, ou então nodia de Santa Luzia, colocam-se agrelar tigelas e pratinhos comervilhaca, trigo, milho e tremoçopara, juntamente com laranjas etangerinas, enfeitar o presépio ou oaltar do Menino Jesus. Além dos“Altarinhos”, também se destaca natradição açoriana, sobretudo emSão Miguel, armar a “Lapinha”, umpresépio em miniatura dispostosobre rochas e ornamentado commateriais da terra,

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ANGRA

desde musgo às conchas do mar,passando pelas figurinhas emminiatura feitas em barro e pintadasà mão, reproduzindo os quadros davida de Jesus. Mas, o que anuncia aaproximação do Natal são mesmo asnovenas do Menino Jesus, que secelebram um pouco por todo oarquipélago. É com elas quecomeça a preparação espiritual doNatal, festa que tem sempre umamesa recheada. Nos meios rurais,ainda hoje, se costuma matar oporco, tradição fortementeenraizada que constituía e constituiuma fartura para a casa.

As melhores galinhas e oscapões (ainda hoje o prato típico doNordeste) ainda hoje são guardadospara a consoada e para o dia defesta.O Natal é, sem dúvida, tempo detradições nos Açores, ilhas degrande religiosidade. Por isso, nanoite de Natal os sinos chamam osfiéis para a missa do galo. Em SãoCarlos, na Terceira, há meia dúziade anos que se celebra a Missa doGalito, destinada essencialmente àscrianças da catequese. E, no Faial,celebra-se a Missa da Aurora, antesdo sol nascer no dia 25.

Carmo Rodeia

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AVEIRO

À procura do presépioem ruas cheias de estrelasA mais universal das festascomeçou num pequeno curral (ougruta) de uma pequena aldeia deuma pequena província de umgrande império. Hoje, está em todasas rotundas e praças, nas avenidas,nos cinemas, nas páginas dasrevistas, nas redes sociais… Apesarde tudo, mesmo que a ligação aocurral – ou gruta – seja ignorada,ela existe. Mesmo que o Natal estejapaganizado, ainda há um resto debrasa. Ou que pisca. Os cristãoscristianizaram uma festa pagã, nosolstício de inverno, porque averdadeira luz que não se apaganasceu na gruta. Ou curral. Se afesta estiver a ficar paganizada, queconserve ao menos um pouco deluz, uma estrelinha.Fomos pelas praças e avenidas dosdez concelhos da área da Diocesede Aveiro ver que sinais cristãos osenfeites de Natal pagos peloscontribuintes têm. Começamos pelocentro: “Sorria, está em Aveiro”.Quem se lembraria de tal coisa emfrente ao Museu de Aveiro, que éonde está sepultada a beata JoanaPortugal, padroeira da cidade e dadiocese? E os peixinhos na árvorede Natal na Ponte-Praça? Um poucomais para o lado da estação,começa a Avenida LourençoPeixinho. Cá está.

“É por isso que há peixinhos naárvore de Natal da rotunda”, poderáimaginar o turista menos avisado. Eporquê um moliceiro no topo da“maior árvore de Natal”? Naverdade, em Aveiro o Natal até temsinais cristãos. Passa-se pelosPaços do Concelho e lá está umaSagrada Família de luzinhas.Passamos pela rotunda do HospitalInfante D. Pedro e lá está outraSagrada Família, bem perto damaternidade das criançasaveirenses, a desejar “Boas Festas”.Vamos, então, mais para o interior.Em Albergaria-a-Velha, há bolas efios de luz nas ruas. Junto aoCineteatro Alba, uma tenda enorme,o “Lugar das Cores”– será porqueDeus montou a sua tenda nahumanidade? Vimos lá o Olaf e oPanda. E meninos e meninas adeslizarem na pista de gelo. Gelomesmo? Não, plástico. Dá paraimitar os lagos gelados do norte daEuropa e fica mais barato.Albergaria e Águeda não dizem“temos uma pista de plástico”.Ninguém quereria deslizar numapista de plástico. “Pista de gelo” émais bonito. Mas é plástico. EmAlbergaria, na rotunda junto àCâmara Municipal, porém, há umpresépio de luzes com José, Maria eo Menino. E é só. Nos restantes oitoconcelhos, não encontramos maisnenhum Menino

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AVEIRO Jesus nos principais espaços.Em Sever do Vouga, há velas,bolas, estrelas, pais natais epresentes. Tudo feito de luzinhas. Aluz, sempre a luz. Em Estarreja,muitos anjos nas ruas e bonecos deneve no Natalim (desta vez semtenda), junto à Câmara Municipal.Na Murtosa, outra tenda, a do “Natalna Alameda” e mais anjinhos a tocarcorneta (ou flauta?). Mas vimos umsinal do Natal do Menino. Foi juntoaos Bombeiros da Murtosa. Joséguia o burrito que leva Maria (e o“fruto do ventre”). Deve estar achegar a Belém. Mal sabe que vaiter de se contentar com um curral.Ou gruta.Mais para o sul da Diocese, demoscom o maior Pai Natal do mundo,Águeda, pois claro. E nas costas doPai Natal, a tal pista de gelo que éde plástico. Águeda inventou eexporta a ideia dos guarda-chuvasnas ruas mais antigas da cidade. NoNatal, são feitos de luzinhas. Bembonito. Por falar em luzinhas, estãomuito giras as árvores de Natal juntoà igreja paroquial. Tem luzes queparecem cair do alto. O espaço é daparóquia e lá, claro, Maria, José e oMenino estão à vista de todos.Em Anadia, mais uma tenda deNatal. De Anatália, como lá se diz. Ealgumas luzes das ruas. E umaárvore de Natal feita de garrafas deespumante. Se

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noutros sítios põem peixinhos e

moliceiros na árvore…Subimos para Oliveira do Bairro.Logo à entrada, pela nova variante(Anadia-Aveiro), três enormesestrelas. No centro da cidade,muitas árvores reais enfeitadas comluzes. Neste concelho, diga-se, asparóquias parece que rivalizaramem enfeites e presépios. Podemosestar enganados nas fronteiras dasparóquias, mas em Oiã, até ascapelas estão enfeitadas… Masandamos a ver os enfeites feitospelas câmaras, não pelasparóquias.Em Vagos, não uma mas duastendas, na “Terra do Pai Natal”, maisluzes nas ruas. Diz-se que tempo dacorrida ao ouro da Califórnia, quemganhou dinheiro foram osfornecedores de picaretas e decalças de ganga. Parece que noNatal, o negócio é bom é para quemaluga tendas. Presépios, em Vagos,como em Ílhavo, é que nenhum.Neste último concelho do nossopériplo, mais bolas e luzes. Tambémvimos um grande anjo de luz, masestava apagado.Em conclusão. Muitas luzes. Muitasárvores, todas artificiais, de luzes.Parece que estamos num país semfloresta… Ou que não se sabe quenas florestas sustentáveis pode-secortar árvores de vez em quando.Algumas pistas de gelo, que são deplástico. E muitas estrelas. Aindabem. Uma delas pousou sobre agruta. Ou curral.

Jorge Pires Ferreira

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BEJA

Cante natalício alentejano:a legenda mais sublime do Natal

O cante de expressão alentejana,proclamado Património Imaterial daHumanidade a 27 de Novembro de2014, atinge a sua mais elevadaexcelência e sublimidade na quadranatalícia, no canto do Menino, Reis e Janeiras. Damos um leveapontamento do fenómeno.

1 - O CANTE DO MENINO. Doreferido tríptico natalício, é o cantedo Menino (cantado em família, àvolta do madeiro, ou na Igreja) quetem a letra mais diversificada evariada. São quadras repassadasde emoção, assombro, ternura,admiração e fé. Não é apenas aleitura do encanto do Menino quenasce na neve, no

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despojamento do presépio, mas oMenino que nasce para morrer edoar a vida por amor. O Menino dopresépio é o Salvador, o Emanuel, oDeus connosco cheio de ternura emisericórdia, como afirma o refrãodo Menino de S. Matias: - «Vossosolhos de misericórdia, amor». Esterefrão, em polifonia alentejana, fazlembrar o fabordão antigo.O Menino de Messejana nãoencontra palavras para celebrar eemoção e o misticismo que sedesprende do presépio, recorrendoao canto sem

palavras: - «Trai-la-ri, / Trai la-ri, la-ri-lo-lé / Menino nascido é. / Trai-la-ri, Trai-la-ri-lo-lé / Jesus Maria eJosé”. O Menino da Vidigueira “fazlembrar o rendilhado das capelasimperfeitas da Batalha, tal adelicadeza dos traços da melodia. Ode Vila Nova de S. Bento, pareceuma prece gregoriana, indecisa evaga» (P. Marvão, CancioneiroAlentejano). A maior parte destescorais natalícios não está aoalcance das comunidades cristãs,pela sua complexidade e mestria,exigindo um grupo ou cantadores apreceito. Para obviar a estadificuldade, o SecretariadoDiocesano de Liturgia de Bejapromoveu e divulgou o Menino dePias, mais silábico e cantável, masmuito lindo, a começar pelo refrão: -«Ponde em nós os Vossos olhos,misericórdia, amor», semelhante aode S. Matias. 2 - O CANTE DE REIS. A letra docante dos Reis é praticamenteuniforme na tradição natalícia doAlentejo. Também pela dificuldadedo seu canto, o mesmo Secretariadode Liturgia divulgou os Reis de VilaNova de S. Bento, porque maissimples e cantável. Diz assim: -Quais são os três cavalheiros, / Quefazem sombra no mar? / São os trêsdo Oriente, / Que a Jesus vêmbuscar. / Não perguntam porpousada, / Nem aonde irão poisar, /Perguntam por Deus Menino, /

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BEJA

Aonde O irão achar?» O cantedos Reis de Peroguarda, começacom tal energia, arte e vibração,que mais se assemelha a uma peçade teatro lírico, para depoisdescansar num coral de rara beleza,emoção e criatividade. Umassombro! 3 – O CANTE DAS JANEIRAS. Estatradição decorria de um a seis deJaneiro, pelas ruas e pelos montes,muitas vezes para matar a fome, aopedir as”sobras” de cada casa. Asua finalidade, além da utilitária,consistia em anunciar o nascimentode Jesus e desejar feliz Ano Novo. Ochefe batia à porta e perguntava:«quer que cante ou que reze?». Eagia em conformidade. A letra,inspirada na circuncisão de Jesus àluz pascal(Lc.2,21), diz assim: -«Esta noite é de Janeiras, /é degrande merecimento, /Por ser anoite primeira, / Em que Jesuspassou tormento. /Os tormentos quepassou, /Eu lhes digo de verdade: /Derramou Seu santo sangue, / Parasalvar a humanidade”. Em seguidaimprovisavam-se quadras alusivasàs pessoas da família visitada, comalguma dose de humor ecircunstância.

António Aparício

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BRAGA

Presépios animados

Uma das tradições maisencantadoras da época natalícia, naregião do Minho, são os presépiosanimados. Com maior ou menornúmero de figurantes que se mexemsem saírem do sítio ou se deslocampor toda a área do presépio, recria-se diante dos nossos olhosextasiados um ambiente

predominantemente rural. Estão alirepresentados os ferreiros,malhando o ferro na bigorna; oscarpinteiros, serrando as madeirasou pregando pregos; os moleiros,moendo o milho; as tecedeiras,urdindo mantas e lençóis de linho;os cavadores revirando a terra; aslavadeiras, batendo a roupa noslavadouros; a peixeira, de canastrana cabeça,

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BRAGAapregoando gorazes ou carapaus;os pescadores nas margens dosribeiros, a ver se apanham oalmoço; padeiras enfornando;pastores, mugindo cabras eovelhas; enfim, cães, galinhas,patos, cavalos e burros, moinhos devento, carros de bois, bandas demúsica. É toda uma sociedade que,simbolicamente, trabalha e sediverte diante do Menino, exercendoas suas profissões, e mostrando osseus saberes herdados de pais eavós. Nalguns presépios maismodernos, já se vê o comboio ou ocarro dos bombeiros, a roda dosparques de diversões, e não faltasequer o elevador do Bom Jesus deBraga subindo a encosta quase apique. Parece que ainda ninguémse lembrou de construir uma linhade montagem de automóveis ou aredação de um diário comjornalistas batendo as teclas docomputador. Não é tarde. Ainventiva destes artistas não temlimites.Para lá do tom levemente ingénuoe, por vezes, até cómico destesmaquinismos, que todos osanos, infalivelmente, serepetem e atraem milharesde crianças e adultos,formula-se uma intuiçãoverdadeiramenteadmirável. Na sua

simplicidade, quer os artistas quemontam estes artefactos, quer aspessoas que vêm contemplá-losestão a afirmar que a nova terra e ohomem novo nascido com aencarnação do Menino Deus se vãoconstruindo também com ainfinitamente variada e quotidianaatividade humana. Estão a mostrarque o trabalho do homem, feito comdor ou com prazer, com êxito ou comfracassos, no silêncio do anonimatoou no vozear da fama, só adquire oseu sentido pleno quando realizadodiante de Deus Menino,acompanhando-o na construção deuma nova sociedade.

Luis Pereira

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BRAGANÇA-MIRANDA

Presente solidário - Natal és tuA Escola de Santa Clara, emcolaboração com o grupo Cáritas daParóquia de São João Batista da Sée o grupo “Sorrisos Missionários” daJuventude Eucarística Franciscana,em Bragança, lançou no dia 24 denovembro a campanha de Natal:“Presente Solidário – Natal és tu”.As crianças da escola, motivadaspara a participação nesta dinâmicafraterna, embrulharam a prendasolidária com mensagens de Natal eajudaram na venda dos cachecóisjunto de toda a comunidadeeducativa.O grupo Cáritas e o grupo “SorrisosMissionários” divulgaram também acampanha pela cidade deBragança, assim como a paróquiada Sra. da Encarnação, emMirandela. Na compra decada cachecol solidário (por3€), está a contribuição de 1,5€para pagamento de botijas de gás,contas da luz e medicamentos afamílias carenciadas, assim como

a distribuição de cabazes de Natal.Esta distribuição será feita pelogrupo Cáritas e o grupo de jovens“Sorrisos Missionários”.Na sequência da campanha dosanos anteriores, “Um gesto, umsorriso”, a Escola propôs, para esteano, uma experiência de partilhamais envolvente e com sentidoreparador.Esta campanha está enquadrada nonovo Projecto Educativo da Escolade Santa Clara “RE-para (n)omundo”. Como refere o PEE, o Papafrancisco, na Carta EncíclicaLaudato Si’, pede uma «conversãoecológica» que reconheça o mundo«como dom recebido do amor doPai». A espiritualidadecristã «encoraja um «estilo de vidaprofético e contemplativo, capaz degerar profunda alegria sem estarobcecado pelo consumo». E«propõe um crescimento nasobriedade e uma capacidade de sealegrar com pouco». A ecologiaintegral requer uma «atitude docoração, que vive tudo com serenaatenção, que sabe manter-seplenamente presente diante dumapessoa sem estar a pensar no quevirá depois».As Servas FranciscanasReparadoras de JesusSacramentado, congregaçãoreligiosa que tutela a Escola deSanta

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BRAGANÇA-MIRANDA

Clara e orienta o grupo de jovensenvolvido na campanha, têm no seucarisma o perfume da reparação.Através do Movimento Eucarísticode Leigos, que engloba as crianças,jovens e adultos, e das obrassociais onde estão presentes,semeiam gestos de paz e bem nocuidado da “Casa Comum”.

Ir. Conceição Borges

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COIMBRA

A natividade em xilogravura:revisitando Nunes PereiraO espaço museológico de NunesPereira, no Seminário Maior deCoimbra, está a acolher umaexposição temporária intitulada ‘Anatividade em xilogravura:revisitando Nunes Pereira’.A mostra, que percorre o tempo deAdvento e Natal, desde aAnunciação à Adoração dos ReisMagos, tem como objetivo dar aconhecer a obra artística domonsenhor Nunes Pereira sobreesta temática, e ao mesmo tempofunciona como um conjunto decatequeses sobre os episódios queenvolvem esta época.Quem visitar esta exposição, deentrada gratuita, poderá revisitar ouficar a conhecer representaçõesdas narrativas da Anunciação e doNascimento de Cristo de acordocom os relatos evangélicos de SãoMateus e São Lucas.Nas xilogravuras expostasencontramos Maria sentada a ler aSagrada Escritura quando surge oAnjo Gabriel com a Boa Nova deque vai ser mãe do Salvador.Vemos depois em destaqueepisódios como a deslocação deJosé e Maria a Belém para orecenseamento e o nascimento deCristo numa manjedoura.

Sobre a Adoração dos Pastores,encontramos xilogravuras com asfiguras de José com um ar deintrospeção e a figura de Maria acuidar de Jesus.Quanto à secção da exposiçãodedicada à Adoração dos ReisMagos, inspirada no Evangelho deSão Mateus, o Monsenhor NunesPereira representa os magos acarregarem cada um o respetivocofre com as prendas para o MeninoJesus: ouro, incenso e mirra.Ainda que São Mateus relate queaqueles reis do Oriente encontraramCristo junto a sua mãe Maria, omonsenhor Nunes Pereira opta poruma abordagem mais intimista,mostrando os viajantes apenas comJesus. BiografiaHomem multifacetado, Mons. NunesPereira tanto utilizava as frasessimples e profundas como a «pedrabruta» para dar a conhecer oCriador.Nascido a 3 de Dezembro de 1906,na pequena povoação da Mata(freguesia de Fajão), na Diocese deCoimbra, Monsenhor Nunes Pereiraaprendeu com o pai as primeirasletras,

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COIMBRA

depois do falecimento deste, 1915,foi para o Seminário e Coimbra.Ordenado em 1929, a primeiraparóquia onde exerceu o seu múnuspastoral foi em Montemor-o-Velhode onde transitou, em 1935, paraCoja.Foi pároco de S. Bartolomeu,Vigário Geral da diocese, membroda Comissão Diocesana de ArteSacra, professor no InstitutoSuperior de Estudos Teológicos deCoimbra e chefe de redação do«Correio de Coimbra» cerca de 20anos.Nos finais da década de cinquenta eapós viagens a França, Itália,Alemanha e Holanda, Nunes Pereiradedicou-se à aguarela.Desenhava com uma rapidezfulminante, esculpia e pintava deigual

modo e, dados os seusconhecimentos na área da madeira,aprendeu numa simples tarde, atécnica da gravura em metal comJosé Contente.Dominava igualmente a técnica dovitral, tendo executado o seuprimeiro trabalho na capela da Casade Saúde de Santa Filomena, emCoimbra; seguiram-se outros emVila de Rei, na capela de Montalto,em Arganil, nas Igrejas de SantaMaria de Celorico da Beira, deManteigas, de Ponte Sótão (Góis),Ponte da Barca, Cardigos, Guarda-Gare, Paleão (Soure) e Carnide(Pombal).Para além deste cunho pessoal nosvitrais deixou também painéis demadeira na Igreja da Tocha, deBustos, de Coja e no Seminário deCoimbra.

Desenhava com uma rapidez fulminante, esculpia e pintava de igual40

A forma peculiar como comunicavacom os outros e o saber polivalentefizeram deste sacerdote, jornalista,escritor, artista, poeta, professor ehumanista um «ex-libris» do seuFajão.Para tornar viva a sua memória foiinaugurado, a 13 de Setembro de1997, um museu cujo nome deram“Monsenhor Nunes Pereira”.Este guarda as raízes doshabitantes da terra – utensílios,artefactos, literatura, contos,tradições maneiras de criar e dizerpoesia, de cantar e rezar, formas devestir, de trabalhar, de agradecer aDeus e aos santos, de amar osanimais e as aves, de dizer a lenga-lenga e chamar o gado – e estáenriquecido com uma partesignificativa do espólio artísticocriado pelo homenageado.Nesta casa de xisto (um dosmateriais utilizados para as suasobras de arte) o

visitante encontra retalhos da vidae riquezas de ontem para apreciarhoje. Lições históricas quequestionam a rapidez do homemcontemporâneo.Polifacetado como sempre foi,Nunes Pereira dedicou-seigualmente a outras modalidades.Mas era a gravação em madeira eem xisto – ou «calhau rolado» - quemelhor retratava a sua sobriedadeexpressiva” – (Branco, J. Oliveira).O Monsenhor Nunes Pereira faleceua 01 de junho de 2001, tinha 94anos e mais de quarenta vividos nacidade universitária onde deixou aúltima obra: um vitral no altar-mor daIgreja de S. José (Coimbra).A obra de arte foi inaugurada a 16de Junho desse ano por D. AlbinoMamede Cleto, bispo das terras doMondego, mas os participantes naMissa do 7º dia puderam apreciá-laantecipadamente.

Para além deste cunho pessoal nos vitrais deixou também painéis de madeira na Igrejada Tocha, de Bustos, de Coja e no Seminário de Coimbra.

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Desenhava com uma rapidez fulminante, esculpia e pintava de igual

da Tocha, de Bustos, de Coja e no Seminário de Coimbra.A forma peculiar como comunicava com os outros e o saber polivalente fizeram destesacerdote, jornalista, escritor, artista, poeta, professor e humanista um «ex-libris» do seuFajão.Para tornar viva a sua memória foi inaugurado, a 13 de Setembro de 1997, um museucujo nome deram “Monsenhor Nunes Pereira”.Este guarda as raízes dos habitantes da terra – utensílios, artefactos, literatura, contos,tradições maneiras de criar e dizer poesia, de cantar e rezar, formas de vestir, detrabalhar, de agradecer a Deus e aos santos, de amar os animais e as aves, de dizer alenga-lenga e chamar o gado – e está enriquecido com uma parte significativa doespólio artístico criado pelo homenageado.Nesta casa de xisto (um dos materiais utilizados para as suas obras de arte) o visitanteencontra retalhos da vida e riquezas de ontem para apreciar hoje. Lições históricas quequestionam a rapidez do homem contemporâneo.Polifacetado como sempre foi, Nunes Pereira dedicou-se igualmente a outrasmodalidades. Mas era a gravação em madeira e em xisto – ou «calhau rolado» - quemelhor retratava a sua sobriedade expressiva” – (Branco, J. Oliveira).O Monsenhor Nunes Pereira faleceu a 01 de junho de 2001, tinha 94 anos e mais dequarenta vividos na cidade universitária onde deixou a última obra: um vitral no altar-morda Igreja de S. José (Coimbra).A obra de arte foi inaugurada a 16 de Junho desse ano por D. Albino Mamede Cleto,bispo das terras do Mondego, mas os participantes na Missa do 7º dia puderam apreciá-la antecipadamente.

ÉVORA

Natal com “Pão e Paz” em Évora

Na passagem do milénio, em plenotempo de Natal, a Dra. Maria TeresaCaetano decidiu celebrar a quadracom um grupo de imigrantes deLeste que viviam em Évora.Aconteceu, no ano 2000, o primeiroencontro de Natal, no MonteAlentejano, que hoje já é umatradição na cidade eborense.A 28 de Janeiro de 2002, um grupode cristãos, encabeçado pela Dra.Maria Teresa Caetano,preocupados com a realidade socialem Évora, reuniu-se

pela primeira vez naquela que aindahoje é a sede provisória daInstituição que se veio a designarAssociação "Pão e Paz - Associaçãode Solidariedade Social". É umainstituição particular desolidariedade social (IPSS), sem finslucrativos, que há quase 16 anos,serve os mais carenciados,proporcionando-lhes uma refeiçãoquente diária.Desde 2006, a sua actividadedesenvolve-se diariamente (de

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segunda a sábado), “com ofornecimento de uma refeição acerca de 110 utentes. “Este númerojá foi superior, sendo que há doisanos e meio fornecíamos 150refeições diárias e chegámos a terlista de espera”, revela à Ecclesia,Ana Martins, assistente social daPão e Paz. “Na verdade,actualmente fornecemos aos nossosutentes, entre os quais famílias comcrianças, um almoço completo e umcomplemento para o jantar, o que

representa cerca de 220 refeiçõesdiárias”, explica a assistente social.Neste dia 22 de Dezembro de 2017volta a cumprir-se tradição com oalmoço de Natal da Pão e Paz, noMonte Alentejano, em Évora, que“procura reunir todos os nossosutentes para lhes proporcionar ummomento diferente, que além darefeição terá animação pelo grupo'Vozes dos Canaviais' e por doisjovens do movimento CVX”, apontaAna

Equipa de voluntários que serviu o almoço de Natal da Pão e Paz em 2016

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ÉVORA

Martins. A ementa contará com umacanja de peru, feita pelaAssociação, com bacalhau e lombo,oferecidos pelos hotéis da cidade, ecom doces, oferecidos porpastelarias locais. Para os maispequenos haverá ainda prendas.Para servir, como é tradição,estarão voluntários e amigos da Pãoe Paz. De há uns anos a esta parte,para os sem-abrigo e para aquelesque vivem mais sós, o proprietáriode uma unidade de turismo ruralservirá ainda no dia 24 deDezembro uma ceia e proporcionaráa estadia na noite de Natal naquelaunidade.O Arcebispo de Évora, D. JoséAlves, já é uma presença habitualnesta tradição da Pão e Paz econsidera que “esta celebraçãonatalícia é apenas um símbolo doque acontece no ano

inteiro, com um grupo de pessoas,com alma cristã, que se compadecedaqueles que se encontram emmaiores dificuldades”. “Esta tradiçãomantém-se e bem, porque é umaforma de chamar a atenção dapopulação para os mais carenciadose ao mesmo tempo para dizer aestes que há pessoas que queremajudá-los e que nessa ajuda queremexprimir o seu sentido cristão davida”, refere o Prelado.Importa sublinhar que todo estetrabalho só é possível graças a umnúmero significativo de voluntários,de empresas solidárias, quegarantem a existência da Pão e Pazporque

Arcebispo de Évora com a Dra. Maria Teresa Caetano, fundadora da Pão ePaz

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“a Associação não recebe qualquerapoio do Estado”, sublinha AnaMartins, que deseja que “2018 sejamelhor do que 2017, porqueestamos actualmente a passar pormuitas dificuldades”.

Pedro Miguel ConceiçãoFotografias: PMC/adefesa

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FUNCHAL

Natal na Madeira: Uma Festa quecomeça a ser celebrada com asMissas do Parto

As comunidades católicas naMadeira organizam as tradicionais‘Missas do Parto’, uma novena depreparações para o Natal quedecorrem habitualmente ao fim damadrugada, perpetuando vivênciasespirituais e sociais. “Somos mais nós, porque é umacoisa que nos identifica”, refere àAgência ECCLESIA a escritoramadeirense Graça Alves, a respeitodestas celebrações. “As Missas do Parto fazem partedesta preparação, destaantecipação da Festa, como sepreparássemos o nosso coraçãopara esse dia grande” do Natal,acrescenta.

As Missas de “louvor a NossaSenhora” somam à dimensãoespiritual o convívio no adro daIgreja, para preparação da ‘Festa’, aforma como é habitualmente referidaa celebração do Natal noarquipélago. “Aqui, quando nós falamos daFesta, não falamos apenas na noitedo dia 24 para o dia 25 dedezembro; a Festa aqui começamuito cedo: começa com as luzes,com a preparação das casas, com afeitura dos licores, das broas, dobolo de mel”, observa Graça Alves.Após a Missa, o adro da igrejacostuma acolher um momento deconvívio com comes e bebes típicosda quadra

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natalícia, “momentos em que as comunidades sepreparavam mesmo, se juntavam esocializavam”, assinala a escritora. “Todo este juntar de esforços, penso, é agrande preparação do Natal”, prossegue.As chamadas ‘Missas do Parto’ são uma tradiçãoparticular do Arquipélago da Madeira, ummomento exclusivo para cantar versospopulares, em honra da Virgem Maria e doMenino Jesus, alguns dos quais remontam aosprimeiros povoadores do arquipélago.Graça Alves fala a ainda da dimensão de“maternidade” na preparação do Natal.Na Madeira, refere, “tudo tem de estar preparadona noite de 24”, altura em que a imagem doMenino Jesus é colocada no presépio.Esvaziam-se armários, limpam-se copos,enfeitam-se as casas, uma preparação“simbólica” para viver “o momento em que oMenino Jesus nasce” na vida de cada de um.

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FUNCHAL

“A Festa é vivida em detalhes: comoé preparamos a nossa casa, onosso coração para receber essefilho que é de Deus, de umamulher? É aquele que nos vemtrazer uma esperança e aí há umaabertura para outro aspeto damaternidade: esperança, o amor,outra visão sobre os outros, sobre omundo, sobre a nossa vida”, declaraGraça Alves.

A Diocese do Funchal publicouum guião com sugestões para ashomilias das Missas do Parto de2017, com o tema ‘Maria de Nazaré,modelo de jovem de oração’.No final do guião, com a imagem deNossa Senhora, apresenta-se otradicional canto “Virgem do Parto,Ó Maria/Senhora da Conceição/Dai-nos as festas felizes/A paz e asalvação”.

O auto de Natal e as romagensA Noite de Natal na Madeira é preenchida em muitas partes da ilha,principalmente no norte, por uma representação tradicional que anuncia onascimento Menino: à meia-noite apagam-se as luzes e um anjo vestido debranco, normalmente uma criança, entoa uma melodia própria. Segue-se aentrada dos pastores - as “romagens” - em que tomam parte numerososfiéis, como embaixadores dos sítios de cada freguesia, normalmente aosom de uma canção com letra e música próprias, com os seus presentes,normalmente produtos da terra, animais vivos, fruta, ovos ou mesmodinheiro.

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Em Aldeia Viçosa – Guarda

O Magusto da Velha a pensar nospobres, em tempo de NatalEm plena oitava do Natal, AldeiaViçosa, povoação do concelho eDiocese da Guarda, vive umatradição secular que tem passadode geração em geração, o Magustoda Velha.O evento recorda o gestobenemérito de uma Velha que estálavrado num documento de 1698,numa época medieval instável,marcada pela miséria, pela fome epelas guerras. A herança queoriginou esta tradição é mencionadano “Livro de Usos e Costumes daIgreja do Lugar de Porco - Ano de1698”.A tradição remonta, pelo menos, aoséculo XVII, ao ano de 1698, e,apesar de ninguém sequer saber onome da velha a quemencomendam a alma, ainda hoje secumpre.O Magusto da Velha é um eventoúnico, singular em todo País e épatrimónio da antiga aldeia dePorco, agora Aldeia Viçosa.Todos os anos, no dia a seguir aoNatal, 26 de Dezembro, o povo saide casa para participar na Missa emque se recorda a Velha cujo nomese desconhece. Deixou ela emtestamento uma propriedade àIgreja de Porco com a condição delhe rezarem pela alma e dedistribuírem castanhas pelospobres.

"Têm obrigação de dar na primeiraoitava de Natal cinco meios decastanha e cinco alqueires de vinhopela alma de uma velha que deixounoventa e seis alqueires de centeioa esta Igreja impostos na Quinta doLagar de Azeite para que com estacastanha e vinho se fizesse nomesmo dia um magusto e todos delecomessem e rezassem na Igreja umPadre Nosso pela sua alma", diz odocumento.Para cumprir o testamento, esteano, a Junta de Freguesia vaidistribuir cerca de 150 quilos decastanhas e cerca de 150 litros devinho. De acordo com a tradição, aseguir ao almoço, os habitantes deAldeia Viçosa concentram-se noLargo da Igreja onde o Madeiro deNatal ainda arde. As castanhas,depois de terem sido içadas para ocimo da Torre da Igreja, sãolançadas para o adro e para o largoda aldeia, onde a multidão estáconcentrada.Nos últimos anos, a pensar nascrianças, a Junta de Freguesiatambém costuma lançar rebuçadospara o meio das pessoas.

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GUARDA

Quando as castanhas são atiradaspara a multidão, começam astradicionais ‘cavaladas’ (quando aspessoas se baixam para apanharemas castanhas do chão e os maisnovos saltam para cima das suascostas). As ‘cavaladas’ decorrem noadro, em frente da porta principal daIgreja. Jovens e menos jovenstentam apanhar os mais distraídos esaltam-lhe para as costas. Quandoalguém é apanhado todos lhe caemem cima. Como castigo pelo “mal”feito, levam com uma chuvada decastanhas.Na edição deste ano, a Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa vai acrescentar uma componentemais cultural a esta tradição. O testamento será cumpridocom a participação do grupo HEREDITAS, habituadoa

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representações, na cidade daGuarda, sobre temáticas medievais.O programa do Magusto da Velhacomeça às 14.00 horas, com acelebração da Missa em memória daVelha e beneméritos da freguesia.Segue-se um cortejo medievalencenado, que incluirá o transportedas castanhas, do vinho e dosrebuçados para a Torre da Igreja.Durante a tarde será feita a leituradramatizada do testamento da Velhapara o lembrar às geraçõesmais novas. As castanhas erebuçados serão lançados do altoda Torre da Igreja

Paroquial recordando o pedido departilha com os mais necessitadosem tempo de Natal. Há também apossibilidade de provar torradascom azeite produzido localmente.Para interpretar o testamentodeixado pela Velha algunsconvidados especiais vão conversarsobre o Magusto da Velha e outrostemas relacionados com aFreguesia de Aldeia Viçosa.Graças ao testamento da Velha,desde há muitos anos que o sentidoda partilha e de preocupação comos mais pobres, na época de Natal,está enraizado neste povo do valedo Mondego, nas proximidades dacidade da Guarda.

Francisco Barbeira

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LAMEGO

Um cheirinho a NatalTradições na área de LamegoQue palavra mágica é esta de Natal!Por todo o mundo, cristão ou não, oNatal é época de grandes tradiçõesque se foram formando e afirmandoano após ano, e chegaram até nós,

quase tão frescas como naquelanoite de Belém. Não foi oaparecimento de uma nova vida,mas o surgir de um vida nova, o quenão é um trocadilho de palavras,mas sim o caso único

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de Deus feito homem, em Jesus, onome escolhido e anunciado aMaria (S. Lucas) e a José (S.Mateus). Deus vem salvar!A partir daí o tempo percorreu umnovo caminho histórico, ahumanidade começou a viver umnovo período, hoje conhecido comoo «antes» e o «depois» de Cristo. Eapareceu a festa, a Festa do Natal.À sua volta se formaram novos usose costumes que se desenvolveramem várias vertentes sobressaindo areligiosa, a gastronómica e afamiliar; chamemos-lhes tradições,variando de região para região,determinadas muitas vezes pelaspossibilidades humanas ou recursosque se tornam usuais, formando aschamadas tradições.Lamego não fugiu à regra e se nãodiferem muito nas tradições do Natalportuguês, por aqui se tornoutradição o Presépio, que se foi«compondo» à medida que o dia 25de Dezembro aproximava; novenase cânticos começaram nas igrejas, aMissa do Galo atraiu muitos que, aolongo do ano mal se aproximavamdas igrejas e pouco se lembravamdo Jesus salvador; este recebia obeijo amigo, mesmo dos que sedespediriam

até ao ano seguinte. Mas, que seriao Natal sem esta homenagem aoJesus Menino? Há cânticostradicionais, grupos que vão deporta em porta desejar bom Natal,cantando os versos populares paraesta ocasião, muitas vezesreferindo-se aos senhores da casa.Entretanto, as famílias reuniram-separa a Ceia de Natal, onde obacalhau não faltava ao lado dabatata e da couve, tudo regado como azeite novo, verdadeiro dom deDeus a um povo que não odispensava na noite de Natal.Aletria, rabanadas ou filhós nãofaltavam em nenhuma mesa.Esperava-se pela meia-noite para aMissa; à volta da lareira ondecrepitava o velho tronco guardadopara esse dia ou noite; os maisnovos jogavam ao par-ou-pernão,rindo de alegria quando acertavamno número de rebuçados ouconfeitos escondidos na mão do queorientava o jogo, ou ao rapa, com asquatro palavras mágicas: rapa, põe,tira, deixa; se havia adultos emnúmero suficiente, as «cartas»batiam-se em cima da mesa,misturando o jogo com mais umarabanada ou filhó, um cálice dePorto, não fosse ele outra tradiçãode Natal, o «vinho cheirante deLamego».

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LAMEGO

Na Catedral, assim como nas torresdas simples aldeias, o sino ou orelógio anunciavam, nas dozebadaladas, que o Natal chegara e oMenino esperava pela homenagemque o povo cristão não Lheregateava.A família, reunida à volta da mesaou mais perto da fogueira até aomomento, partia para rematar atradição religiosa, que começarapela Novena e continuaria pelaOitava, quase tudo se repetindo nanoite

do fim do ano: o Presépio lá estavae Jesus parecia esperar por todos,ele que veio para a todos salvar.A família que se reuniu com alegriae amizade sempre repetidas erenovadas voltou aos cuidados decada dia. Uns ficaram, outrospartiram, mas a despedida eradiferente: até para o ano! E voltou aser NATAL, agora em 2017.Um Santo Natal para todos!

P. e Armando Ribeiro

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Leiria-Fátima

O Natal mostrado em presépios

A representação da Natividade empresépio é uma das tradições maisantigas da época natalícia. Emcasa, no jardim, no adro da igrejaou dentro dela, ao vivo oumecânico, na Diocese de Leiria-Fátima esta é uma tradição emcrescimento.Na paróquia de Porto de Mós, porexemplo, a tradição do presépioestá nas ruas, pelo terceiro ano,depois da paróquia ter desafiado ascrianças da catequese a isso. “Ainiciativa serve, por um lado, paramotivar as crianças a viver o Natale, por outro, para que as famíliaspossam afirmar e proclamar a sua fépublicamente, transmitindo osvalores da paz, do amor, próprios doNatal”, explica o pároco, padre JoséAlves. Quem participou noconcurso

teve de enviar uma foto do presépiopara ser publicada na página dofacebook da paróquia. É aqui que oescrutínio está a ser feito, em“gostos” e interações, até ao dia dereis.Nos Milagres, são as pessoas quesão convidadas a entrar na basílicapara verem um dos presépios vivosmais emblemáticos da Diocese. “Éuma tradição que começou nadécada de 1990, que partiu doenvolvimento do grupo paroquial dejovens e dos escuteiros, tendo-seestabelecido desde então”, conta opároco, padre Jacinto Gonçalves. Ainiciativa envolve dezenas depessoas, sendo que a SagradaFamília é habitualmente

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LEIRIA-FÁTIMA

representada por uma família daparóquia onde, nesse ano, tenhanascido um bebé. Entre osfigurantes, há reis magos, anjos epastores, com capotes, queapascentam animais vivos durante arepresentação. No final, o presépiodeixa de ser vivo para funcionar deforma mecânica, com imagens emtamanho real que permanecem emmovimento, acionadas por umsensor colocado à entrada dabasílica. No dia de Reis, os magos,que estiverem no dia de Natal,voltam ao presépio para uma curtaencenação.Outro exemplo é a Bajouca, ondefazer um presépio de grandesdimensões no adro da igreja matrizjá se afirmou como tradição. Musgo,pedras,

madeira são os ingredientesprincipais para uma receita que vaisendo mantida geração apósgeração, resistindo ao tempo, contaFilipe Soares, que colabora naconstrução do presépio há oitoanos. O projeto começa a seridealizado em setembro, com a trocade ideias e a construção de umpequeno modelo. Depois, é metermãos à obra: quatro dias porsemana, sempre depois do horáriode trabalho, entre as 21h00 e as24h00, para que esteja tudo prontona meia-noite do dia 24 dedezembro, altura em que o presépioé inaugurado. Nos dias que seseguem, são muitas as pessoas queali vão para o visitar.

DCA/LMF

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LISBOA

O presépio na cidade,uma resposta à mensagem deFátima

Foi no ano 2000 que nasceu oPresépio na Cidade, com o objectivode sublinhar os parabéns a Jesus,que se fez homem para salvar oshomens de todos os tempos.Com o Sim de Maria, Deus tornou-se, palpável, matéria, um de nós.Com Maria, aprendemos a conhecê-Lo, e reconhecer que Jesus, é detodos, é o

único homem que afirmou ser Deus,que renova todas as coisas!Foi no ano 1917, há 100 anos queMaria, a de Nazaré, visitou Portugal,e em Fátima veio reafirmar esseamor de Jesus por nós. Veioensinar-nos, de uma forma muitosimples, como alcançar a Paz esalvar muitas almas de caírem noinferno. Uma mensagem tão clara,

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tão simples, mas que não se esgotano tempo. Rezar o terço e fazer detudo sacrifício, como sementes dePaz, quando oferecidas por amor.Acabamos de celebrar o centenáriodas aparições e esta celebraçãoveio lembrar a necessidade semprepresente de agarrar a “arma” doterço para alcançar a Paz no mundoe no coração da humanidade.Os pastores foram os primeiros aacolher o Salvador do mundo, daítrazermos os pastorinhos deFátima, para junto do Menino Jesus,de Maria e José, neste Presépio naCidade, um lugar especial onde sevive e experimenta aquela cenamaravilhosa que é a vida daSagrada Família no concretomomento do nascimento de Jesus.Com as imagens dos pastorinhos,os voluntários do Presépio naCidade sentem-se entusiasmados arezar Avé-Marias e a "agarrar" quempassa, para e contemplar a ternurado Presépio.São crentes e ateus, adultos ecrianças, jovens, famílias,portugueses e muitos estrangeiros; ignorantes e eruditos; Fomos aindaà prisão de Tires, à MaternidadeAlfredo da Costa, a Hospitais, aEscolas. Todos deram

o seu “donativo”: o terço pela Pazno Mundo. O grande desafio éperceberem que num gesto degrande humildade e gratuidadepodem fazer toda a diferença!Todos recebem um “guarda jóias”com um terço e um manual deinstruções para que, ao pegaremnele, se lembrem de rezar pela Paz.Uma, duas, três Avé Marias....distribuímos cerca de 1500 “guarda-jóias” feitos de amor.Estas centenas e centenas de Avé-Marias, materializadas em pequenasrodelas de cartolina e unidas umasàs outras, vão ser o presente deNatal que o Presépio na Cidade vaientregar a Nossa Senhora, emFátima.Acreditamos que Nossa Senhora vaigostar muito e, sobretudo, vai usarpara que cada vez mais pessoas seaproximem do seu Filho Jesus, quenasceu e morreu para a todos dar aVida Eterna.

Sofia Guedes

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PORTALEGRE-CASTELO BRANCO

Sardoal reinventa tradiçõespara dar nova cor ao Natal

O Concelho do Sardoal, naDiocese de Portalegre-CasteloBranco, é conhecido pelassuas tradições de SemanaSanta e procura agora recriara dinâmica religiosa e social notempo do Natal, com a ajudadas forças vivas do município.Miguel Borges, presidente daCâmara Municipal do Sardoal,refere à Agência ECCLESIAque a “fé e a religiosidade”

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das populações locais são um fatora ter em consideração nos planospara o desenvolvimento daautarquia.Este ano, foi feito um desafio paraque as Capelas e Igrejas doConcelho estejam adornadas comPresépios elaborados pelossardoalenses: nos próximos dias 23,30 e 31 de dezembro, os templosvão abrir as suas portas, entre as14 horas e as 17 horas, ostentando,no seu interior, trabalhos ímpares eoriginais.No dia 23 de dezembro, o Municípiodisponibilizará transporte paravisitar as Capelas e Igrejas doConcelho, com ponto de encontrono Centro Cultural Gil Vicente, pelas15 horas.O mesmo centro acolhe até 27 dejaneiro de 2018 uma Exposiçãosobre «Presépios de Portugal – OImaginário Tradicional».

Em exposição estão presépios,pertencentes à Diocese dePortalegre - Castelo Branco,representativos de diversas zonasdo país, que dão a conhecerdiferentes representaçõespopulares e etnográficas danatividade.Com o intuito de dinamizar eenvolver comerciantes, empresários,associações e a população em geralno espírito natalício, o Município,através do Gabinete de Apoio aoEmpresário, promove ainda umamostra de Presépios, destinada atodos os estabelecimentos decomércio, associações e serviçosabertos ao público no Concelho.Cerca de 40 participantes aceitaramo desafio de apresentar presépiosdecorados de forma original ecriativa, que estarão expostos aopúblico, no interior dosestabelecimentos até 6 de janeirode 2018.Miguel Borges considera que é“bonito de se ver” toda umacomunidade envolvida em torno datemática dos presépios, com“originalidade” de materiais e deinspiração, como, por exemplo,instrumentos antigos da BandaFilarmónica.“Ninguém fica insensível a estaquadra natalícia”, assinala oautarca.O presidente da Câmara Municipaldo Sardoal valoriza o “microclimacultural” do pequeno concelho, quese aplica em atividades que sãotambém de “coesão da comunidade”.

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PORTO

Natal com abrigo

Na Diocese do Porto ganhadestaque a iniciativa “Natal comabrigo”. Nasceu em 2015 edirige-se às pessoas sem-abrigo. Através de um concertomusical e de uma ceia, estainiciativa procura gerar convívioe encontro entre quem dá equem recebe transmitindoalegria “Natal com abrigo” é um projetodesenvolvido por jovens ligados aoCREU-Centro de Reflexão eEncontro

Universitário-Inácio de Loyola nacidade do Porto. Dirigido a pessoassem-abrigo tem lugar na Igreja dosClérigos e nasceu em 2015 dacolaboração de 40 voluntáriosmaioritariamente estudantesuniversitários.Concerto, convívio e distribuição debens são os vetores de uma noiteespecial. O concerto musicalfunciona como uma espécie de‘quebra-gelo’ para desbloquearinibições e barreiras

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à comunicação. Depois o tempo éde convívio vivido na partilha deuma ceia de Natal. Um momento emque o gesto procura proporcionarencontro e alegria àqueles que nãotêm casa. No final, são oferecidosobjetos de higiene pessoal e roupainterior que são o “’bilhete deentrada’ a todos aqueles queparticipam na iniciativa. São a senhaobrigatória dos que querem ajudaras pessoas sem-abrigo.No primeiro ano do “Natal comabrigo”, 2015, foram recolhidosbens

para distribuição que encheramduas carrinhas. Em 2016 e 2017 oprojeto cresceu substancialmentejuntando cerca de 500 pessoas nodia do evento. Do grupo que lançouesta ideia sobressaem dois nomes:Diogo Espregueira e ManuelBarbosa. O Diogo falou ao jornaldiocesano “Voz Portucalense” sobreo evento deste ano de 2017 queteve lugar no sábado dia 9 dedezembro:

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PORTO

VP: Na celebração deste ano de2017 quantos foram osvoluntários e os sem-abrigo queparticiparam na iniciativa?DE: No conjunto estavam presentescerca de 500 pessoas e contamoscom a colaboração de 120voluntários (70 coro + 50organização). Neste momento oprojeto dedica-se apenas a umanoite de “Natal com Abrigo” que é oculminar de vários meses detrabalho e preparação. Este anoconseguimos preparar e distribuircerca de 100 conjuntos. Um

conjunto base incluía pasta dosdentes, escova dos dentes, champô,sabonete, roupa interior.

VP: Qual a reação das pessoassem-abrigo a este Natal comAbrigo?DE: As pessoas com quem falámosestavam particularmentesensibilizadas pela oportunidade deterem um momento de família, umaconversa e uma refeição quente deigual para igual. Tambémrecebemos os parabéns pela músicae alegria contagiante.

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VP: Qual o significado destainiciativa para si e para osoutros voluntários?DE: “Recebeste de graça, dá degraça”. É isto que procuramos fazer!Mais do que servir uma simplesrefeição ou oferecer um concerto,procuramos acima de tudo transmitiralegria, estando atentos àsnecessidades dos outros.

VP: Esta celebração acontece noNatal mas existe um trabalho deapoio aos sem-abrigo durante osoutros meses do ano,desenvolvido por si e por outrosvoluntários?DE: Sim, sem dúvida! Muitos destesvoluntários fazem rondas durantetodo o ano. Uns dão apoio semanal,outros dão apoio mensal, consoanteas disponibilidades de cada um.Procuramos estabelecer relações, éisso que perdura.

Rui Saraiva

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SANTARÉM

O Natal na Diocese de SantarémD. José Traquina lançou um grandedesafio para o Natal deste ano atodos os diocesanos. Na suamensagem de Natal convidou oscristãos a não terem “medo deencontrar o Menino, acreditar n’Elee admitir a sua missão. Assim, onosso coração e a nossa vidaficarão cheios da alegria”.Nas terras do Ribatejo, não ficamosindiferentes ao nascimento deJesus. Cristãos e comunidadeprocuram acolher Deus que se fazpequeno, simples e humilde,assume a condição humana paranos dar amor, paz e alegria; Elemesmo.A preparação deste dia trás consigovárias tradições. Uma das maisvisíveis na diocese de Santarém é aconstrução do Presépio em espaçospúblicos e familiares. Nas ruas dascidades, vilas e aldeias, nos jardinse nos interiores das casasparticulares, o Presépio lembra-nosque o Natal é algo que se quercelebrar de modo atualizado e comsignificado para a vida. Existe daparte de todos um grande respeitopelo Presépio. Encontramosatualmente as pessoas, porcuriosidade ou tradição, aaproximarem-se dos presépios paratirarem fotografias. Tambémalgumas famílias aproveitam paratirar uma selfie junto de Jesus, Mariae José. Um pequeno gesto quemostra como ainda existe o desejode a Família de Nazaré fazer partedo quotidiano

das famílias do século XXI.Também o Natal é celebrado emfamília. As famílias reúnem-se nassuas casas devidamentepreparadas para a quadra.Procuram, seguindo a tradiçãoprópria familiar, viver com espírito deamor e de união a ceia de Natalonde fazem parte alguns pratos edoces típicos da época natalícia.Em muitas Paróquias, crianças,adolescentes, jovens, adultos eidosos reúnem-se na grande famíliaque é a comunidade paroquial paraaí celebrar, com fé e renovadoentusiasmo, o grande mistério doNatal. Na celebração, todosprocuram cantar com alegria onascimento de Jesus na vida decada um, nos seus corações e nassuas famílias. Muitos são os que,depois da consoada em suas casas,se reúnem na igreja paroquial para,como outrora os anjos, cantaremglória a Deus nas alturas e a paz naterra aos homens por Ele amados.Viver este tempo do Natal é procurarpôr em prática o convite lançadopelo nosso bispo: “é estranho quese fale tanto do Natal e não hajainteresse por saber quem foi quenasceu!” Que as terras do Ribatejo,incentivadas por este convite,saibam novamente acolher o Meninoque vem para ser o Emanuel – Deusconnosco.

Pe. Cláudio Jorge Rodrigues.Secretariado Diocesano das

Comunicações Sociais.

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ainda existe o desejo de a Família de Nazaré fazer parte do quotidiano

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SETÚBAL

“Searinhas do Menino Jesus” emSesimbra

Setúbal. Diocese de missão,tradicionalmente poucocristianizada, com um caminho apercorrer na revitalização das“sementes da fé”. Talvez por istomesmo, as tradições de Natal nãosão habituais por aqui.Setúbal é também Diocese deacolhimento, fruto dos fenómenosmigratórios internos e externos.Também por isso, as poucastradições que se conhecem foramtrazidas pelas gentes do Sul e doNorte que aqui encontraram a suacasa.

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É um destes exemplos que damos aconhecer: as “searinhas do MeninoJesus”, tradição de Natal típica deoutras zonas do país, e que étambém uma tradição da vila deSesimbra.O Padre Tiago Pinto, atual párocodo Seixal, tem 30 anos e cresceunaquela localidade. A tradição das“searinhas de Natal” nas famíliassesimbrenses é uma das suasmemórias de sempre. É ele que nosdescreve, em seguida, o significadodeste costume. Sementeira é feita no diade Nossa Senhora daConceiçãoSesimbra, como muitas outras terrasdo nosso país, tem a tradição das

"searinhas de Natal" ou "searinhasdo Menino Jesus".As famílias semeiam estas searasde trigo em pequenos pratos, pornorma no dia 8 de dezembro, dia deNossa Senhora da Conceição, diatambém muito celebrado emSesimbra.Estas searas crescem, até estarembonitas no dia de Natal, altura emque são colocadas no presépio dacasa, perto do estábulo onde está aimagem do Menino Jesus. O trigo: uma referência àEucaristiaAtentando no sentido mais profundodesta tradição, trata-se claramentede uma referência ao mistério daSagrada Eucaristia. Nosso Senhornasce, assume a nossa carne, paranos livrar do pecado, e oferece osacrifício de Si mesmo na cruz, paranos remir. Este sacrifício é sempreatualizado nos nossos altares naSanta Missa.Assim, o trigo é uma clara referênciaà Eucaristia. Nosso Senhoralimenta-nos com o seu Corpo ecom o seu Sangue. É sem dúvidauma bela tradição de Sesimbra, quedeve ser valorizada e conhecida.

Anabela Sousa/Pe. Tiago Pinto

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VIANA DO CASTELO

Agradecer: um modo de fazer“(re)nascer” Jesus1. «Somos Igreja que agradece».Eis o lema que nos é proposto porD. Anacleto Oliveira, Bispo de Vianado Castelo, para a vivência desteAno Pastoral, o primeiro de umTriénio Pastoral destinado aassinalar os quarenta anos dacriação da Diocese, datada de 03de novembro de 1977, no tempo doPapa Paulo VI.É nesta atitude de gratidão que D.Anacleto convida cada diocesano aviver este Natal: «Natal cristão temde ser tempo de graça e degratidão» (D. Anacleto Oliveira,Mensagem aos Diocesanos deViana do Castelo para a vivência doNatal 2017).Celebrar o Natal é, efetivamente,celebrar a gratidão: a gratidão quebrota da certeza de que, em JesusCristo, nascido de uma mulher esujeito à Lei (Cf. Gl 4,4), Deus –Todo-Poderoso, Eterno eOmnipotente – assume a nossanatureza humana e assume-a de talforma que se torna o «mais humanode todos os humanos», comoafirmava Bento XVI, porque,encarnando, dá sentido à nossahumanidade.É este acontecimento essencial danossa fé que nos preparamos paracelebrar. Não o fazemos apenas

como uma evocação de algo queaconteceu no passado, nem com umespírito de gratidão que corra operigo de se reduzir a merosentimentalismo e, assim, seesvaziar da sua essência. Fazemo-lo como atualização deste mistériocentral da nossa fé.Celebrar o Natal é, por conseguinte,agradecer a Deus o dom inefávelque nos deu em Seu Filho, mas,acima de tudo, fazer com que essagratidão se transforme em ação.Celebrar o Natal é fazer com queJesus Cristo (re)nasça, hoje, nocoração de cada homem e de cadamulher. 2. É neste espírito que podemosapreciar e valorizar as muitastradições que, por esta altura doano, encarnando tão bem agenuinidade alto-minhota, proliferampelas vilas e aldeias do Alto-Minho,enchendo-as de cor, de sabor, de(agradável) odor. São múltiplas evariadas. Desde as muitas novenas,como preparação próxima para acelebração do nascimento de Cristo,até aos muitos presépios (emCaminha, por exemplo, será feito umcom quinhentas figuras em torno deum cruzeiro construídoprecisamente há quinhentos anos),

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os convites à gratidão ativa ecomprometida são muitos ediversificados. Na verdade, as belastradições natalícias precisam de serhoje redescobertas, não apenaspelo seu valor histórico-cultural –tantas vezes inigualável –, mas,acima de tudo, por aquilo que elasnos apresentam de convite. Convitea redescobrirmos, nos caminhos domundo, o presépio onde cada umde nós hoje vive. Convite a vermosnas encruzilhadas da vida aquelesque clamam e reclamam que, nonosso

coração, nasça ou renasça JesusCristo. Convite a fazermos com queeste Cristo, (re)nascido em nós –qual sol capaz de iluminar e aquecer– se estenda a todos sem exceção.Também e, sobretudo por isso, estetempo, a par das muitas tradiçõesherdadas dos nossosantepassados, é uma oportunidadepara nos questionarmos: onde éque Cristo precisa de (re)nascerhoje? A questão é mesmo esta:precisamos de levar Cristo, nãoapenas nem primariamente ondenos dá mais jeito e/ou a quem nosdá mais jeito, onde é mais fácil,onde é mais cómodo. Jesus Cristotem de ser levado àqueles que delemais necessitam. Assim o vemos, nafigura do Bom-Samaritano (Cf. Lc10,25-37), a encher-se decompaixão e a ir ao encontrodaquele homem ferido e maltratado,ainda que os ditames de entãorecomendassem um afastamento,precisamente porque aquele queestava na beira do caminho não era“próximo”.

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VIANA

3. É, neste sentido, que o nossoBispo, D. Anacleto Oliveira, temprocurado assumir, ao longo dosúltimos anos, gestos proféticos einterpeladores, fazendo-se próximodaqueles que mais precisam dessaproximidade, mormente na épocanatalícia. Entre muitos outrosgestos, tem procurado, a cada ano,na tarde de 24 de dezembro,celebrar no EstabelecimentoPrisional de Viana do Castelo e,depois, cear com os “sós”, naParóquia de Nossa Senhora deFátima, no coração da cidade deViana. Trata-se de uma iniciativaque tem juntado pessoas quesofrem diversos tipos de carênciascom outras que,

nessa noite, simplesmente abdicamdo conforto do seu lar – nessa noiteparticularmente caro – para estaremjunto de quem mais precisa.Estes são gestos – tais como outrosde tantos homens e mulheres – quebrotam do coração de um Pastorque, dando corpo às inquietaçõesdo Papa Francisco que não sãomais do que as inquietações dopróprio Cristo, se abeira das suasovelhas, particularmente daquelasque estão nas periferias, tantasvezes somente porque nós asretiramos do centro.Mas, além disso, são gestos quenos podem interpelar. Cada um aseu modo, é chamado a viver oNatal nesta atitude: agradecendo aDeus

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o “milagre” da Sua encarnação emCristo, um agradecimento que se fazcom a vida – a nossa vida – feita“estábulo” onde Cristo quer eprecisa hoje de (re)nascer. Paraisso, precisamos de sair do nossocomodismo. Para isso, precisamosde nos questionar sobre o modocomo podemos hoje ser osanunciadores e portadores deCristo no seio das nossas famílias,das nossas comunidades, da nossasociedade. 4. É este o Natal que, de formasempre renovada, somos chamadosa viver em cada ano. É este o Natalque, de um modo muito especial,somos chamados a viver em Vianado Castelo neste ano em queagradecemos a Deus a Diocese queformamos. “Um Natal de Gratidão”diz D. Anacleto

na sua Mensagem para estaquadra.Que este Natal seja, então,oportunidade para agradecermos aquantos tornaram possível o Natalde Jesus Cristo na nossa Dioceseao longo destes quarenta anos(iremos agradecer de modo especiala vida fecunda de D. Júlio TavaresRebimbas, primeiro Bispo de Viana,que, na Solenidade da Epifania,será transladado para a Catedral deViana). Mas, acima de tudo, queeste tempo seja oportunidade paraque, olhando para o nosso passado,vivamos o presente e pensemos ofuturo na certeza de que o Natal deJesus Cristo continua hoje aacontecer na vida, e pela vida, decada um de nós. Santo e Feliz Natal!

Pe. Renato Oliveira

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VILA REAL

O Natal cristão que sonho,me proponho e vos desejoEm cada região de Portugal, o bispo diocesano dirige uma Mensagem deNatal à Igreja local que coordena. Uma oportunidade para sublinhar temasque considera relevantes e propostas de atualização do Natal, emdeterminado contexto.Ao apresentar tradições e acontecimentos que marcam este Natal,publicamos parte da mensagem do bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás,nomeadamente nos apelos e interpelações que dirige aos transmontanos.

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“Como falar do Natal, no mundosecularizado, pós-cristão, enredadona fantochada celebrativa doregabofe do prazer divinizado? ONatal devia celebrar a vinda do Filhode Deus, feito carne, em tudo iguala nós, excepto no pecado, o qualcaminhou para o baptismo da morte,rumo ao triunfo da ressurreição,levando-nos à fonte inesgotável davida divina. Esta interpelação econformação ao pensar e agir deCristo está longe do coração ehorizonte das pessoas, que nãovêem nem entendem, prisioneirasdo curto-circuito do eclipse de Deuse da idolatria do progresso. Oshumanos tornaram-se insensíveis,já não se deixam tocar pelo amor deDeus, pela vinda intermédia deJesus, que bate à nossa parte e nosconvida à fidelidade, à prática dobem e à consagração da própriavida. Jesus Filho de Deus, quenasceu em Belém, e virá no finaldos tempos não nos larga, nemcessa de exortar a crescer, nasantidade e entrega, em prol dosoutros.Os cínicos, cheios de vento, dizem“comamos e bebamos que amanhãmorreremos” e, assim, negam a vidaque há-de vir e a Cristo que a dá,esfregando o próprio umbigo,

indiferentes ao pobre, sem pão esem tecto, no regabofe do carnavale esbanjamento, que é graveinjustiça a milhões de sereshumanos, sem acesso aos bens esem afecto, numa existênciaimerecida. Esquecem o destinouniversal dos bens e a Jesus queveio pregar a Boa Nova aos pobrese para que tenham a vida emabundância. Vivendo, deste modo, acelebração do Natal e do mistérioredentor de Cristo perverteu-se. Jánão há Natal do Filho de Deus, navida concreta e paganizada daspessoas.A Festa do Natal deve espelhar asantidade e a dignidade e levar-nosa Jesus, sempre disponíveis eabertos a Deus, como MariaSantíssima, os Pastores e osMagos. Unida a Jesus, Maria, SãoJosé, e os humildes, interiormentedesprendidos, procuram, recebem eanunciam o Menino, verdadeiroDeus e homem e redentor dogénero humano, na simplicidade davida quotidiana. Todos seconsagram e celebram o Meninoque é o centro, o ponto dereferência, a causa da alegria e dafesta natalícia. Ele nada nos rouba etudo nos dá. Viver, pensar e agir,sem Ele e contra Ele, é perder osentido da existência.

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VILA REAL Cristo revela-nos Deus e revela ohomem a si mesmo (G.S.22). Háque esperar a Sua vinda, vigiando,fazendo o bem e conformando avida ao Ressuscitado, que virátransformar o corpo mortal, para otornar semelhante ao Seu Corpoglorioso. (...)O Natal exige a Páscoa e orienta-separa ela, como saída e oferta denós mesmos, para a glória de Deuse benefício da humanidade. Nãonos envergonhemos nem dostrapos, nem da gruta, onde Jesusnasceu, nem dos cravos, nem dacruz, onde Ele se ofereceu, por nós,dado que não há outra via se nãoesta, que nos leva à ressurreição. Que Deus Menino vos encha debênçãos e, pelo mistério da Suamorte e ressurreição, Vos concedaa vida eterna e a alegria doRessuscitado, sentado à direita doPai, como nosso intercessor, apóster assumido uma humanidadesemelhante à nossa, no seio daVirgem Maria, por obra e graça doEspírito Santo. Assim, com os votosde feliz Natal, a bênção de DeusTodo-Poderoso, Pai, Filho e EspíritoSanto desça, sobre Vós, e fiqueconvosco, para sempre. Amen.”

D. Amândio José Tomás,bispo de Vila Real

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VISEU

Cantares de Natal

“Esta noite de Natal, noite de tantaalegria, já São José caminhava, amais a Virgem Maria:Viemos anunciar, viemos anunciar onascimento de Jesus; nasceu paranos salvar, nasceu para nos salvar,morreu pregado na Cruz.”Assim se inicia a série de cantaresnatalícios com que grupos decrianças,

ou adultos, visitam, noite dentro, ascasas mais abastadas da aldeia,pedindo contributos para obras debeneficência, ou, no caso dascrianças, obterem guloseimas, ou os“tostões” para as comprarem.Próximo do Ano Novo, cantam:“Janeiras são orações, que nóserguemos ao Céu, voz dos nossos

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corações, louvando o Menino Deus. Ossinos a repicar, no alto do campanário,rezam também, a cantar, as contas do seurosário”.Depois do Ano Novo, a fechar o ciclonatalício, soa nos ares: “Já os três Reisvão chegando à lapinha de Belém, p’raadorar o Deus Menino, que NossaSenhora tem”.Tradições que sobrevivem, graças agrupos culturais, dando especial encantoao Tempo de Natal, como os Presépiosmontados em Igrejas e outros lugarespúblicos, alguns construídos commateriais reciclados, desafiando acriatividade.

Ranchos Folclóricos ouGrupos Corais promovemFestivais de CantaresNatalícios, com intercâmbio departicipações, lembrandocantares tradicionais em louvordo Menino.O programa “Viseu Natal”,promovido pelo Município, até7 de Janeiro, com concertosmusicais, quer na Catedral,quer em Igrejas paroquiais,envolve grupos corais einstrumentais, tanto doConservatório RegionalAzeredo Perdigão, como oCoro Lopes Morago, o CoroMozart, a Orquestra Juvenil deViseu, o Orfeão de Viseu emuitos Grupos Corais deIgrejas paroquiais que acolhemesta vivência mais intensa doNatal.Iluminações natalícias, como a“árvore gigante”, de trezemetros de altura, em S. Pedrodo Sul, alinham com osMercados de Natal, propondo“prendas” diferentes – “Umpresente cheio de Natal”, comoem Tondela, na décima edição,com objectos de artesanato,ou produtos locais: vinhos,licores, compotas, mel, mantase peças oferecidas por artistaslocais, cuja venda reverterápara as vítimas dos incêndiosdeste

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VISEU

Verão. O mesmo se diga doMercado 2 de Maio, em Viseu. “Celebrar o Natal, em cada ano, érecordar o que aconteceu, nahistória, e é esperar o que há-deacontecer, no futuro” (D. Ilídio), naexpectativa convicta de que omelhor está para vir. O crenteespera que aconteça Natal

em si próprio, em cada ser humanoe nas estruturas sociais, visando ummundo mais sustentável, maishabitável e mais amigo do serhumano, como Deus quis e quer.Que apareça a Salvação! Felisberto Figueiredo, G.I.

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FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA

O Natal Castrense

Celebramos o Nascimento de JesusCristo, a festa que une o Céu àterra, Deus a toda a Humanidade.Deus derrama sobre a terra o seuSorriso e penetra nos corações detodos os homens de boa vontade,inclusive em todos aqueles queintegram o Ordinariato Castrense,as Forças Armadas e as Forças deSegurança de Portugal. Nestes que,apesar de todas as contingênciasinerentes à sua condição, apesar demuitas vezes incompreendidos eesquecidos, são os que diante das

dificuldades se apresentam semprecom um sorriso, neste mundo, queteima em inverter a escala dosvalores, defendendo com todas assuas forças e se necessário com aprópria vida os princípios que nuncapodem ser esquecidos nemretirados da consciência humana: alealdade, a união, a ordem, orespeito, a postura, a justiça.Daí que, o espírito do Natal secomeça a sentir bem cedo dentrodos muros dos quartéis, esquadrasou postos onde estas mulheres eestes homens

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se encontram: constroem-sePresépios belíssimos, um encantopara quem os contempla; ouvem-secânticos de Natal, dos coros que seconstituem para animar asCelebrações Eucarísticas;organizam-se peditórios e recolhasde bens essenciais, para acudir aosmais necessitados; sente-se e vive-se uma verdadeira família. E seassim acontece em TerritórioNacional, muito mais quando seencontram a cumprir missões noestrangeiro, espalhados pelosdiversos Teatros de Operações. Lá,longe das famílias, longe da terra,mais facilmente abrem o coraçãopara acolher o Amor e a Paz quebrota

das palhinhas de Belém e aosentimento de que, tal como os ReisMagos, também eles presenteiam omenino com a sua entrega a umacausa, a sua dedicação, e o seucompromisso a desempenharemsempre com esmerado afinco amissão que lhes foi confiada deserem construtores da paz. E se ajusta distribuição de bens écondição essencial para aconstrução da Paz, também nesseaspeto eles se evidenciam nasdiversas iniciativas de distribuiçãode roupas, material escolar,brinquedos e alimentos pelos maisdesfavorecidos.No Kosovo, na última Missão dos

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militares portugueses constituidosenquanto Força de Reserva daKFOR, foi essa a minhaexperiência.O Natal começou bem cedo com aconstrução dos inumeráveisPresépios e iluminações festivas.Na noite de Natal a capela encheu-se para a Celebração da SantaMissa, onde os instrumentos e asvozes do coro fizeram esquecer oimenso frio que se sentia;encaminhados para o jantar, todosos sentidos nos transportaram aPortugal. O cheiro do bacalhau edos fritos, os sons dos risos e dasconversas, o calor humano que

a todos fez transpirar de imensaalegria - estavamos longe, massentiamo-nos perto!Respeitando as tradições nacionais,também no dia de Reis nosjuntamos para cantar, correndotodas as secções e casernas doCampo Militar e comoviam os rostosde espanto e alegria de todos osque nos escutavam.No meio Castrense sabe-se viver etransmitir o Sorriso que Deus nosoferece na Quadra de Natal.

Pe. Fernando Monteiro

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A magia de reciclarhttp://www.amagiadereciclar.pt Porque temos cada vez mais de“cuidar da casa comum” estasemana a minha proposta passapela visita atenta ao sítioespecialmente criado, pelaSociedade Ponto Verde (SPV), paraesta época natalícia. A SPV é umaentidade privada, sem finslucrativos, que tem uma “missãocrucial para um futuro sustentável”,gerindo “a retoma e valorização dosresíduos de embalagens, através doSistema Integrado de Gestão deResíduos de Embalagens (SIGRE) -o Sistema Ponto Verde”.Ao digitarmos o endereçowww.amagiadereciclar.pt entramosnum dos sítios melhor concebidosque tenho sugerido neste espaço.Quer ao nível da forma deapresentação dos conteúdos, dainteratividade, do design gráfico edo uso das mais recentestecnologias de desenvolvimentoweb, estamos perante um fantásticoexemplo do que de melhor se podeproduzir para a presença online.Como bem sabemos o PapaFrancisco, no âmbito do Jubileu daMisericórdia, alertava para anecessidade de as

pessoas estarem atentas aos“comportamentos irresponsáveis eegoístas” que fossem “causadoresda destruição dos ecossistemas”.Chegou, inclusive, a sugerir um“complemento” às 14 obras damisericórdia, que foi “o cuidado dacasa comum”.Imbuídos neste espírito, aoentrarmos na página inicial,poderemos perceber que o grandemote que sustém este espaço passapor dar uma nova vida àsembalagens usadas neste Natal.Porque “são prendas e maisprendas, muita comida, festas comos amigos, os colegas, em família emuitos, mas muitos, resíduos”.Se formos navegando nesteambiente interativo poderemos verum spot promocional que alerta paraa necessidade da reciclagem. Paraaquelas pessoas que residem emLisboa ou que a visitam nesta altura,é sugerida uma deslocação aoParque Eduardo VII, durante o mêsde dezembro, e assim estarem naverdadeira cidade mágica do Nataltrabalhando o tema da reciclagem.A SPV está a oferecer mais de 100kits de reciclagem por dia, paradescobrir como é que os pode obter,basta que entre em “sacos dereciclagem”.

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Aí também encontrará umquestionário sobre a temática quesustém este sítio.Em “ideias para reciclar” dispomosde dez dicas, bastante úteis epráticas, que nos ajudam a reciclar.Por último em “faz uma criança feliz”,poderemos oferecer presentes àscrianças de várias instituições dopaís. Mas, perguntam vocês, comoo

poderemos fazer? Basta publicar umpost no Instagram com os sacos coloridos de reciclagem e a hashtag#aMagiaDeReciclar. A cada 10novas publicações a SPVcompromete-se com este serviçosocial.Não se esqueça que no Natalpodemos descobrir “a magia dereciclar”!

Fernando Cassola Marques

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia; Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 24 dedezembro - Presépios: deEstremoz para o mundo Segunda-feira, dia 25 dedezembro 07h30 - O Natalem Belém - Guiados pelocustódio na Terra Santa, freiFrancesco Patton. Terça-feira, dia 26 de dezembro, 15h00 -Informação e entrevista Henrique Joaquim, diretor-geral da Comunidade Vida e Paz Quarta-feira, dia 27 de dezembro, 15h00 -Presépios no Sardoal e entrevista a D. FranciscoSenra Coelho sobre os Cursilhos de Cristantede. Quinta-feira, dia 28 de dezembro, 15h00 -Informação e comentário à atualidade pelo padreAmérico Aguiar Sexta-feira, dia 29 de dezembro, 15h00 - Entrevista. Comentário à liturgia do domingo pelocónego António Rego e padre Armindo Vaz Antena 1Domingo, 17 de dezembro 06h00 - III Domingo doAdvento: a Alegria no percurso do monsenhor VitorFeytor Pinto. Segunda a sexta, 18 a 22 de dezembro - Alfabetodo Advento

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Ano B – 4.º Domingo do Advento Como Maria,dizer sim àternura deDeus

A liturgia deste último Domingo do Advento refere-serepetidamente ao projeto de vida plena e de salvaçãodefinitiva que Deus tem para nos oferecer.A primeira leitura apresenta a promessa de Deus aDavid, pela boca do profeta Natã. Deus nuncaabandonará o seu Povo nem desistirá de o conduzirao encontro da felicidade e da realização plenas. Essapromessa irá concretizar-se num filho de David,através do qual Deus oferecerá ao seu Povo aestabilidade, a segurança, a paz, a abundância, afecundidade, a felicidade sem fim.A segunda leitura chama a esse projeto de salvação,preparado por Deus desde sempre, o mistério, que semanifesta plenamente em Jesus e nos integra nafamília de Deus.O Evangelho refere-se ao momento em que Jesusencarna na história dos homens, através do sim deMaria, a fim de lhes trazer a salvação e a vidadefinitivas.A história de Maria de Nazaré mostra-nos como épossível fazer Jesus nascer no mundo: através de umsim incondicional aos projetos de Deus. É preciso que,através dos nossos sins de cada instante, da nossadisponibilidade e entrega, Jesus possa vir ao mundo eoferecer a salvação e a vida de Deus aos nossosirmãos, particularmente aos pobres, aos humildes, aosinfelizes, aos marginalizados.A exemplo de Maria, qual deve ser o nossocompromisso aos projetos de Deus: acolhemo-los semreservas, com amor e disponibilidade, numa atitude deentrega total a Deus, ou assumimos uma atitudeegoísta de defesa intransigente dos nossos projetospessoais e dos nossos interesses egoístas?Como é que se chega à confiança incondicional emDeus

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e nos seus projetos? Naturalmente,só com uma vida de diálogo, decomunhão, de intimidade com Deus.No meio da agitação de todos osdias, devemos encontrar tempo edisponibilidade para ouvir Deus,para viver em comunhão com Ele,para tentar perceber os seus sinaisnas indicações que Ele nos dá dia adia.Maria de Nazaré foi uma mulher defé para quem Deus ocupava oprimeiro lugar e era a prioridadefundamental. Maria ajuda-nos a daro salto da fé, ela é o nosso modelo,mas ao mesmo tempo é nossa Mãe.Já quase a chegar ao Natal,procuremos, com Maria, tomar uma

decisão que comprometa a nossafé, de encontrar um ritmo maisregular para a oração, de preveruma paragem espiritual, talvez umtempo de retiro, por breve que seja,para fazer o ponto da situação danossa vida com o Senhor.Como Maria, renovemos a nossaconfiança em Deus, que nasce emJesus. Como nos diz o PapaFrancisco, olhemos para Mariacomo «aquela que sabe transformarum curral de animais na casa deJesus, com uns pobres paninhos euma montanha de ternura».

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Fundação AIS lança livro para assinalar 70 anos devida

A elite da IgrejaPara assinalar os 70 anos doinício da Obra, a Fundação AISdecidiu publicar um livro com 70histórias publicadas nosemanário do Patriarcado deLisboa. São histórias de Cristãosque, um pouco por todo omundo, são exemplo da Igrejaperseguida. Todos elesconheceram a violência do ódioe da pobreza. Todos eles sãoexemplo para nós. Como dizia ofundador da AIS, os Cristãosperseguidos são a elite daIgreja. Cada um deles trazconsigo uma Cruz Escondida… Que têm em comum Akash, D. JoséAguirre, a Irmã Guadalupe, o PadreMartin Baani, a Rebecca, o PadreErnest e a Irmã Maria Goretti? Assuas histórias, que foram publicadasno semanário diocesano doPatriarcado de Lisboa, estãoincluídas num livro em que aFundação AIS decidiu assinalar os70 anos da Ajuda à Igreja que Sofre.Akash é paquistanês. Tinha apenas20 anos quando agarrou umbombista que se ia fazer explodirnuma igreja em Youhanabad. Akashnão impediu a explosão. Morreu ali,instantaneamente, mas evitou ummassacre terrível. Morreu parasalvar os outros. D. José Aguirre,Bispo de

Bangassou, na República Centro-africana, também sabe o que é aviolência extrema. E também ele nãoteve receio de arriscar a vida. Nasua diocese, quando os combatesentre grupos rivais, os Seleka e osanti-Balaka, estavam maisextremados, avançou sozinho parajunto de uma mesquita para evitarum banho de sangue. O que têm emcomum a irmã Maria Goretti e a irmãGuadalupe? Ambas viveram empaíses mergulhados em guerra,ambas procuraram, de mãos vazias,confortar os enfermos, ajudar asmães e os pais enlutados, ambasprocuraram levar uma semente deesperança no meio do caos. Amissão da irmã Maria Goretti levou-aaté ao Sudão do Sul, o mais jovempaís do mundo que praticamentenunca conheceu um dia de paz. Airmã Guadalupe estava em Alepo,na Síria, quando rebentou a guerracivil. E que dizer da experiência deRebecca, uma mulher cristãescravizada pelo Boko Haram, naNigéria? Raptada na aldeia ondevivia, Rebecca foi forçada a assistirà morte de um dos seus filhos elevada para o meio da floresta ondeo grupo islamita estava aquartelado.Tudo o que

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sofreu nesses meses de horrorestará sempre presente na suamemória até ao último dos seusdias, como uma ferida que teima emnão sarar. Ela não quer maislembrar o que lhe aconteceu masnão consegue esquecer os dias deultraje, a violência e o horror que seabateram sobre si. Iraque e AlbâniaMartin Baani era um jovemseminarista que sonhava com o diada sua ordenação sacerdotalquando, no Verão de 2014, osjihadistas do auto-proclamado“Estado Islâmico” irromperam peloIraque arrastando tudo em seuredor. Sem ninguém a defendê-los,os Cristãos foram forçados a fugirde suas casas para salvarem aprópria vida. Martin estava emKaramlesh quando os jihadistaschegaram. Só teve tempo parasalvar o Santíssimo da igreja. Fugiuapenas com a roupa que traziavestida. Fugiu, tal como milhares deoutros cristãos, para o norte dopaís, para o chamado CurdistãoIraquiano. Fugiu, mas continuou asonhar. E foi já ordenado sacerdote.Os jihadistas nunca conseguiramafastar Martin Baani do essencial,tal como os guardas nuncaconseguiram que o padre Ernestrenunciasse à sua fé em Jesus.Preso na Albânia por mais

de 11 mil dias, durante o regimecomunista, o Padre Ernesttransformou-se num símbolo deresistência, de coragem e de perdãoperante os opressores que oobrigaram a trabalhar nas minas enos esgotos e que o torturaram sempiedade. Que têm em comum Akash,D. José Aguirre, a Irmã Guadalupe,o Padre Martin Baani, a Rebecca, oPadre Ernest, ou a Irmã MariaGoretti? Todos eles fazem parte da“elite da Igreja” de que falava oPadre Werenfried van Straaten, ofundador da AIS. Todos eles trazemconsigo uma Cruz Escondida.

Paulo Aidohttp://www.fundacao-ais.pt

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Nasce uma Criança!

Tony Neves Espiritano

‘Nasceu o nosso filho, estamos babados, é bonitoporque sai à mãe’… esta é apenas uma dasmuitas mensagens que anunciam nascimentos.Não foi mandada só para mim, embora tenha umsignificado especial pois sou muito amigo dospais e presidi à Missa do seu Casamento. Aalegria na hora do Natal é contagiante quando ofilho que nasce foi querido e amado desde aconcepção. É muito bonito ver imagens de mãescom o recém-nascido ao colo: estão com arcansado de um parto (ou cesariana) que fezdoer, mas em nada apagou a felicidade extremade abraçar um filho pela primeira vez. E o mesmose diz do primeiro abraço de um pai.Celebrar o Natal de Cristo deve ter este mesmosabor, trazer esta profunda alegria de ver ahumanidade mais rica. Há dois mil e tal anos,como hoje, o Natal provoca o nosso sentido deresponsabilidade. Sendo a grande festa da vida,contesta frontalmente todas as formas de morteque andam por aí à solta e fazem milhões devítimas por esse mundo além. Tenho, nas minhasvisitas missionárias fora de portas, contactadocom situações dramáticas que me deixam maldisposto. Conversar com crianças que nuncasouberam quem eram os pais, ajudar a distribuiruma refeição quente a crianças de rua, perceberque as crianças que estão a falar comigo nuncaforam à escola, saber que a refeição distribuídaé a única quente que estas crianças comemdurante a semana toda… enfim, tomarconsciência destas realidades, como tomei nomercado abastecedor de Assunção, no

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Paraguai, dói muito e mostra-noscomo o mundo ainda é tão injusto!O Natal potencia a solidariedade,mas não tem conseguido resolveras desigualdades sociais gritantesque marcam o mundo e o seu ritmode caminho. É bonito ver aparticipação forte das populaçõesem campanhas de Natal, lançadaspelos meios de comunicação ou porgrandes organizações humanitárias.Tudo em nome da sensibilidade queo Menino do Presépio gera. Mas eratão bom que os problemas seresolvessem lá no fundo e, de umavez por todas, a injustiça fosseenterrada!Fernando Pessoa escreveu que ‘omelhor do mundo são as crianças’.Mas a verdade dos factos contesta esta convicção do nosso poetaporque não é normal que ‘o melhordo

mundo’ seja, em muitos contextos,maltratado e abusado. A tolerânciazero ao abuso de menores tem demanter-se firme e vigilante. E nãoolhemos só à questão sexual, mas atodos os âmbitos e ambientes ondeos direitos humanos das criançassão completamente espezinhados.É Natal. Compram-se prendas epessoas. Atam-se lacinhos ecompromissos. Doam-se ajudas elimpam-se consciências. Mas há queir mais longe e mais fundo, olhandopara a mensagem do Menino deBelém. Há que tomar a sério o‘Glória a Deus nas Alturas e Paz naTerra às Pessoas que Deus Ama’.Desejo a todas as pessoas umSanto e Feliz Natal com todas asBênçãos do Cristo que nasce.

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