fortaleza 290 anos - 13/04/2016

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Fortaleza, Ceará, quarta-feira, 13 de abril de 2016

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Jornal O Estado (Ceará)

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Fortaleza, Ceará, quarta-feira, 13 de abril de 2016

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FORTALEZA 290 anos

2 Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016 O ESTADO

EDITORIAL

Pequenos gestos, grandes resultados

Ao completar 290 anos em abril deste ano, a cidade tem muito o que comemorar em sua trajetória de vila, cidade e, finalmente, capital do Ceará. Neste percurso,

muita coisa aconteceu. As ruas, que eram tortas, chamavam-se direitas; os cajuei-ros, que eram muitos, se destacavam na paisagem, e pelo menos dois deles entraram para a História: o Cajueiro da Mentira e o do Fagundes. Como o solo era arenoso, muita gente dizia que Fortaleza nunca teria prédios de dois andares, quanto mais

de noventa e cinco metros (trinta andares) como acontece hoje, até que um arquite-to resolveu arriscar e construiu o primeiro deles em meados do século XIX. Tudo isso faz parte da história de Fortaleza contada neste caderno especial

de aniversário publicado pelo jornal O Estado.Os pequenos gestos realizados com afeto e carinho na nossa cidade, acendem a es-

perança de almejar um futuro ainda melhor para as próximas gerações. Nesta edi-ção apresentamos diversos exemplos de pessoas que abrem mão das suas obrigações

para ajudar no desenvolvimento de crianças residentes em bairros que possuem IDH abaixo de 0.140, exemplos que nos inspiram e suprem uma necessidade de

ouvir boas notícias, por exemplo: a escolinha de futebol Atletas de Futuro, que no início, tinha 30 meninos, hoje já atende 180, de sete a 17 anos. No Morro de Santa Terezinha, no Vicente Pinzón, o Projeto Enxame promove ações educativas através de oficinas de rap, break, grafite, teatro, artes plásticas, oficinas de DJ, contação de

histórias, fotografia e eventos culturais à comunidade do entorno do Mucuripe.Treze de abril de 1726 foi a data em que Fortaleza foi elevada à categoria de vila. O nome Fortaleza, no entanto, deve-se a três fortes: o de Santiago, levantado por

Pero Coelho de Sousa, em 1603, às margens do Rio Ceará; o de São Sebastião, cons-truído por Martim Soares Moreno, em 1612, no mesmo local, e o de Schoonenborch, que se chama Nossa Senhora de Assunção, atualmente, e foi erguido às margens do

Rio Pajeú pelos holandeses. Daqui a dez anos chegaremos ao nosso número 300, esperamos que seja com muitas boas histórias para contar.

COORDENADOR GERAL: Glauber Luna. JORNALISTA RESPONSÁVEL: Anatália Batista. FOTOS: Beth Dreher e Nayana Melo. DIAGRAMAÇÃO: Andy Monroy Osorio e J. Júnior

logo novo mar 2016.indd 2-3 18/03/2016 11:07:58

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FORTALEZA 290 anos

3O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016

Nas redes sociais, acervos de fotos e histórias pouco conhecidas sobre a cidade são compartilhadas e atraem o público jovem

Recordações de uma Fortaleza não contada em livros

Fortaleza é uma cidade com quase três séculos de his-tórias e transformações. Hoje, completando 290 anos, a his-tória é contada, aos mais jo-vens, de um jeito diferente. As redes sociais têm sido gran-des aliadas para manter viva a memória antiga da capital cearense. Através de fotos e lembranças, os fortalezenses se encantam com as imagens, lembram da infância e de lu-gares que já não existem mais ou que passaram por modi-ficações. As fotos retratam uma Fortaleza longe do fluxo de trânsito, perto da simplici-dade, e com ares franceses.

Apaixonada pelo passa-do da cidade, a pesquisadora e memorialista Leila Nobre criou, em 2009, o blog For-taleza Nobre – resgatando a Fortaleza antiga, onde publi-ca fotos e fatos de como era a Terra do Sol. “Eu sempre fui apaixonada pela História da cidade. Sempre gostei de pesquisar sobre nossas pra-ças, sobre os ilustres que dão

nomes aos nossos logradou-ros, as mudanças nos nomes das ruas, enfim, sempre me vi mergulhada nesse mundo, procurando ouvir com aten-ção aos mais velhos, queren-do saber como era a Fortaleza da juventude deles”, conta.

A pesquisadora fala que no começo foi difícil atrair o pú-blico jovem. “Com o tempo, fui percebendo que o interes-se pela cidade só aumentava, ao ponto de começar a rece-ber e-mails de professores, me contando que estavam

usando o conteúdo do Forta-leza Nobre em salas de aula, estudantes pedindo material para trabalhos e querendo fa-lar sobre a cidade, mostrando interesse em aprender sobre nossa cultura”, observa.

Em 2011, Leila resolveu fazer

a fan page do blog no Facebook. Atualmente, a página já tem mais de 45 mil curtidas. Fre-quentemente, são postadas as pesquisas e fotos de lugares de antigamente. A pesquisadora conta que, quando coloca uma foto, os comentários são nostál-

gicos. “Eles revivem aconteci-mentos, momentos importan-tes que passaram naquela praça, naquela praia, numa determina-da rua. Hoje, muitos cearenses, que moram em outros estados ou até fora do Brasil, seguem a página para matar a saudade, para mostrar para os filhos e ne-tos como era Fortaleza que eles conheceram”, ressalta.

GruposAssim como o Fortaleza

Nobre, no Facebook também existe o grupo público, Forta-leza Antiga, que já tem mais de 43 mil membros. Quem participa pode publicar arqui-vos de como foi Fortaleza e interagem entre si. De hora em hora, há conteúdo novo. Ou-tro grupo público que une os apaixonados por Fortaleza, é o Cardápio Cultural. Mas, com eles, as recordações não ficam só em fotos, saem do Facebook e se reúnem, pessoalmente, para explorar os lugares ex-postos nas publicações e veri-ficar como está no presente.

Leila Nobre é idealizadora do blog e fan page Fortaleza Nobre

FOTO DIVULGAÇÃO

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FORTALEZA 290 anos

4 Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016 O ESTADO

Pontos históricos e turísticos estão sendo desbravados nos passeios de bicicletas e ganham novos adeptos a cada dia

As ruas de Fortaleza ganharam mais bicicletas e a cidade um novo olhar

Andar de bicicleta é desace-lerar do mundo e aguçar a per-cepção. A cada parada, uma oportunidade de observar lugares, quase nunca perce-bidos na pressa do dia a dia. É ir mais longe, conhecer no-vos caminhos. Em Fortale-za, os passeios de bicicletas tornaram-se hábitos e cada vez mais, ganham novos adeptos, que além da busca pela prática do esporte, estão utilizando como forma de ex-plorar a cidade.

Com 148,5 quilômetros de infraestrutura cicloviária na cidade, o modal já se fir-mou como meio alternativo de transporte. Contribui com a redução dos gases que pro-vocou o efeito estufa e ainda com a mobilidade urbana. Do total, 85,2 quilômetros são de ciclovias e 63,3 quilômetros de ciclofaixas.

Aos domingos, as ciclofai-xas de lazer passaram a ser uma opção de divertimento, sozinho ou em grupo. O tra-jeto contempla pontos turísti-cos e históricos de Fortaleza, como a Praça dos Mártires, a Praça do Ferreira, o Forte Nossa Senhora da Assunção, a Praia de Iracema, entre outros, até chegar ao Parque do Cocó.

O vendedor Paulo Furta-do começou a pedalar acom-panhando grupo de amigos. Depois, passou a utilizar a bicicleta com mais frequên-

cia, transformando-a no seu principal meio de transporte. Ele conta que o modo como observa a cidade mudou. Por morar no Conjunto Ceará, re-

descobriu o centro da cidade nos passeios de bike. “Acos-tumado a ver o Centro lotado de gente, aquela loucura nas lojas, depois que comecei a

fazer as rotas de lazer, pude ter uma outra visão. Tem os pontos já conhecidos, como a Praça do Ferreira, o Mercado Central, mas, com os passeios

aos domingos, reparei melhor nos prédios históricos, no Parque das Crianças. Temos uma cidade linda, e quase não notamos”, falou.

SegurançaA psicóloga Thaís Azevedo,

mora na Barra do Ceará, mas, desde que criou o hábito de pedalar, vai com amigos até a estação de bicicletas compar-tilhadas, na Avenida Bezerra de Menezes, onde seguem até a Avenida Beira Mar. “Eu an-dava muito pouco por esses lugares, quase não ia à Beira Mar, e depois que peguei o costume de andar de bicicleta, vou sempre. Hoje, com as ci-clofaixas, me sinto mais segu-ra”, disse, apesar de reclamar por não ter ainda as ciclofai-xas em seu bairro.

A amiga, Iara Lyandra conta que começou a peda-lar ainda criança. “Andar de bicicleta era minha brin-cadeira preferida, mas fui crescendo e tive que deixar de lado esse prazer, que era pedalar, por conta da violên-cia, principalmente por ser mulher, e pela cidade não ser adaptada para ciclistas”, disse a universitária.

Hoje, com o aumento da implantação das ciclofaixas, Iara sente-se mais segura em realizar os passeios. “Gran-de parte das ruas agora são adaptadas, têm vários pontos de bicicletas nos bairros mais movimentados. Na Beira Mar é por onde mais gosto de pas-sear. Acho mais tranquilo, tanto para andar como para apreciar”, falou.

Com 148,5 quilômetros de infraestrutura cicloviária na cidade, o modal já se firmou como meio alternativo de transporte

FOTO BETH DREHER

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FORTALEZA 290 anos

5O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016

Moradores podem denunciar desrespeitos aos direitos dos consumidores, fazer reclamações, sugerir e informarem-se sobre horários de ônibus e estações de bicicletas

Fortaleza na palma da mão: aplicativos auxiliam cidadãos a utilizarem serviços

A praticidade e conveniên-cia fazem dos aplicativos, em celulares, itens essenciais no auxílio de atividades do dia a dia. Bastante utilizados por empresas para fidelizar os clientes e oferecer comodida-de, não demorou muito para tornar-se um canal, mais es-treito, de comunicação entre as prefeituras do Brasil e a população. Em Fortaleza, já não é diferente. Iniciativas tecnológicas estão facilitan-do a aproximação dos forta-lezenses aos órgãos públicos.

Atualmente, a Prefeitu-ra de Fortaleza possui cinco aplicativos, cuja funções per-mitem denunciar os desres-peitos aos direitos dos consu-midores, fazer reclamações, sugerir e informarem-se so-bre horários de ônibus e es-tações de bicicletas. São eles: Prefeitura de Fortaleza, Bici-cletar, Meu Ônibus, o Zona Azul Beira Mar e Central 156. Quem usa, garante que ser útil no cotidiano.

A estudante de Publicida-de Marília Lima disse que, frequentemente, utiliza o Meu Ônibus, principalmente para ir à faculdade. “É legal, porque dá a opção de colocar nossos ônibus favoritos, ou seja, os que mais utilizamos com a informação do horá-rio. Isso ajuda muito, mais ainda em época de prova”. Já o técnico eletricista, Sergio

Bezerra, possui o Bicicletar e confessa que recentemente baixou o Central 156 tam-bém. “O Bicicletar eu tenho por utilizar o sistema de bi-cicleta compartilhada e o Central 156 faz pouco tempo que baixei, ainda não usei, mas achei interessante por ser uma alternativa ao dis-que 156 e não precisar per-der tempo em ligação. Parece mais ágil, vou testar dia des-ses”, garantiu.

Para a corretora de imóveis Aline Barbosa, que usa o Bici-cletar, todo tipo de iniciativa que pretende aproximar a po-pulação aos serviços públicos e a exercer a cidadania é vá-lida. “Hoje em dia, ninguém mais vive sem o celular. En-tão, acho que qualquer tipo de aplicativo que vem para contribuir com a nossa corre-ria é bem vindo. E quando es-sas ferramentas surgem para informar sobre os meios de transporte e abrir um canal de comunicação, acho que só tem a acrescentar a nossa ci-dade”, considerou.

Meu ÔnibusCom mais de 100 mil do-

wnloads, o app Meu Ôni-bus está disponível nas lojas Google Play e Apple Store. O principal objetivo, é infor-mar aos usuários do trans-porte público, os horários e chegada dos ônibus nos pon-

tos. Com o aplicativo, o pas-sageiro pode identificar no mapa a parada mais próxima utilizando o GPS do celular ou digitando um endereço para localizar os pontos mais próximos. Assim, é possível verificar o ponto mais próxi-

mo e as previsões de chegada dos ônibus. Se desejar, pode ver o trajeto do veículo no mapa. O aplicativo também dá a opção de ver notícias.

Central 156Esse aplicativo é um ca-

nal de comunicação entre a Prefeitura de Fortaleza e o cidadão. Permite o registro de solicitações de serviços. Nele, a população pode en-viar reclamações sobre ilu-minação pública, informar sobre luzes apagadas, en-

viando comentário que irá gerar um protocolo. Tam-bém, é possível, na opção Fiscal Cidadão, denunciar lixos jogados em locais ina-dequados por meio de fotos, basta se cadastrar. O app já foi baixado por mais de 10 mil pessoas e além disso, é um meio para elogiar, fazer sugestões e solicitações.

BicicletarCom a implantação do

sistema de bicicletas compar-tilhadas, o Bicicletar já tem mais de 50 mil downloads. A utilização dele permite se cadastrar para alugar as bici-cletas, adquirir passes de uti-lização, retirar bicicletas das estações e localizar estações.

Prefeitura de Fortaleza

A ideia do aplicativo, ain-da em desenvolvimento, é reunir serviços de saúde, educação, mobilidade, even-tos e mapas da cidade. Nele, o Central 156 já foi inserido e há a opção de reclamar e denunciar o desrespeito aos direitos dos consumidores, através do Procon Fortaleza, órgão responsável pela defesa do Direito do Consumidores.

Zona Azul Beira MarPermite o estacionamen-

to rotativo na zona azul Na Avenida Beira Mar.

Encantadora. Assim é Fortaleza. Com paisagens

que conquistam os olhos e espaços de convívio

tão aconchegantes, a cidade é perfeita para as

atividades ao ar livre. Por isso, o Hapvida presenteou

a cidade com o Hapvida +1K, o projeto de assessoria

gratuita de corrida. E, como era de se esperar, os

fortalezenses abraçaram a prática saudável,

que já se tornou parte da rotina urbana. Amor é o

que sentimos por essa cidade. E, hoje, ela nos

dá mais um grande motivo para comemorar.

Parabéns pelos seus 290 anos, Fortaleza.

/hapvidasaude /hapvida.saude www.hapvida.com.br

Uma cidade que completa290 anos sendo um exemplo

em práticas saudáveis sópoderia receber o dobro

em parabéns.

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FORTALEZA 290 anos

6 Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016 O ESTADO

Projetos sociais incentivam o esporte, a cultura e a arte no Pirambu, Vicente Pinzón e Genibaú

Movidos pela vontade de mudar a realidade de crianças e adolescentes da periferia

ANATÁLIA [email protected]

Mudar a realidade de crianças e adolescentes, que moram em áreas periféricas de altos índices de violência, homicídios, falta de políticas públicas e fácil acesso as dro-gas, é tarefa difícil. Mas, não impossível, para quem acre-dita na força do esporte, da arte e da cultura como ins-trumentos de transformação.

Eles deixam seus compro-missos, conciliam os horários de trabalho e estudo para doar um pouco de tempo e de co-nhecimento àqueles que só precisam de uma oportunida-de para acreditarem em seus potenciais. Em três bairros po-bres de Fortaleza, três projetos sociais se sustentam no volun-tariado e dão nova perspectiva de vida aos meninos da peri-feria. Eles atendem às comu-nidades do Pirambu, Vicente Pinzón e Genibaú, cujo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), são, respectivamente, 0,229; 0,331 e 0,138.

No Pirambu, Projeto Aspas dá lições de cidadania através do surf e do skate

Surfar é sagrado. É assim que dizem os surfistas que fazem do mar o seu lar. Ter o mar no quintal de casa é privilégio. E com boas ondas, então. Para um grupo de me-ninos que mora no Grande Pirambu, descer até a praia da Saquarema, no calçadão da Avenida Vila do Mar, car-regando as pranchas debaixo do braço, é a melhor hora do dia. A alegria no rosto entre-ga. Antes de entrar na água, instruções e alongamento. Depois disso, as ondas pare-cem brinquedo. Através das

aulas de surf e de skate, a As-sociação de Surf do Pirambú e Adjacências (Aspas), tem contribuído em tornar crian-ças e adolescentes da região em campeões de cidadania.

O amor ao surf, ao skate e à comunidade foi o que moti-vou dois amigos, no Pirambu, a idealizarem o projeto social com o propósito de inserir os jovens no esporte, dando--lhes uma nova perspectiva de vida. Em 2012, nascia a Aspas. A vontade dos amigos Jean Carlos e Cássio Weslley logo foi abraçada por mais 12 voluntários do bairro. A asso-ciação ganhou uma sede no centro social urbano do bair-ro Cristo Redentor, onde eles

são atendidos todos os dias.“Tanto na área psicológica,

como de família, de estudo e do próprio surf, a gente perce-be que eles melhoraram muito. Em todos os aspectos, incluin-do questão de drogas e violên-cia, nós trabalhamos com eles. Temos um aluno que era depri-mente, tímido, não tinha visão de nada, nenhuma perspectiva e, hoje, é o melhor aluno dentro do projeto”, destaca Jean, pre-sidente do Aspas.

Cássio, o vice-presidente da associação, descreve que o foco é manter uma relação de diálogo e amizade com os par-ticipantes. “A gente acaba con-versando com eles coisas que eles não comentam com os

pais nem com os professores”, ressalta. Os próprios alunos confirmam. João Kléber, 15 anos, está no 1º ano do ensino médio e afirma: “Através das atividades, das experiências, dos conselhos que nos dão, o projeto mudou minha vida”. Já Gabriel Inácio Silva, 16, a pai-xão pelos dois esportes come-çou desde os dez. No projeto, ele sonha ser skatista profissio-nal. “Eu gosto de vir, se eu ficar em casa, fico sem fazer nada. Aqui, tenho meus amigos, a gente se diverte e aprende”, disse. João e Gabriel praticam tanto o surf como o skate.

Às segundas e quartas, os alunos dedicam-se aos ensi-namentos teóricos e práticos

do skate. Às terças e quintas, caem no mar para as aulas de surf, e às sextas são dedicadas à rodas de conversas e debates, onde abordam temas de famí-lia, direitos humanos e como se comportar em público. Além disso, eles têm cursos de shaper e design gráfico para consertos e fabricação de pranchas e, em parceria com o Cuca Barra do Ceará, participam de cursos profissionalizantes. Os aten-didos do Aspas também rea-lizam, dentro da comunidade, ações sociais voltadas para a terceira idade e preservação do meio ambiente.

Para fazer parte do projeto, é preciso estar em sala de aula. Atualmente, o projeto atende

59 crianças e adolescentes, de 12 a 18 anos. Conforme Jean Carlos, o Aspas conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (SCDH) e da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas de Ju-ventude. No entanto, finan-ceiramente, se mantem com doações, rifas e bazares entre a comunidade, para oferecer um lanche, todos os dias, e o material necessário para prá-tica dos esportes. Necessita constantemente de doações de pranchas, skate, parafinas e protetor solar. “Temos uma amizade tão grande com eles, que são alunos fiéis. Faça chu-va, faça sol, estão aqui”, con-cluiu oi presidente do Aspas.

Temos uma amizade tão grande com eles, que são alunos fiéis. Faça chuva,

faça sol, estão aqui.

Presidente da Aspas, Jean Carlos

Aula de surf na praia de Saquarema da Associação de Surf do Pirambu e Adjacências (Aspas)

FOTO NAYANA MELO

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FORTALEZA 290 anos

7O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016

É o sol, o mar e as pessoas que fazem de ti uma cidade singular. Terra de gente do sorriso fácil e hospitaleira. Que a brisa suave do teu litoral te leve para um futuro cheio de saúde e amor.

A UNIMED CEARÁ PARABENIZA FORTALEZA POR SEUS 290 ANOS.

#esseéoplano

Ter orgulho de cuidar dessa cidade.

Atletas de Futuro, no Genibaú, já revelou talento

nacional no futebolA escolinha de futebol

Atletas de Futuro é nova. Surgiu há dois anos, ideali-zada pelo estudante de Edu-cação Física, Tiago Xavier. O sonho de poder tirar da vul-nerabilidade os meninos da Comunidade do Capim, no Genibaú, e bairros adjacen-tes, dando aulas de futebol, alcançaram novas dimen-sões após a construção da areninha, de mesmo nome do bairro. No início, eram 30 meninos, hoje, já atende 180, de sete a 17 anos.

“Aqui, no bairro, existe a Comunidade do Capim. Fica a três quadras da Are-ninha do Genibaú. Lá, tem uma carência muito grande de esportes”, justifica Tiago. Com a areninha, entregue pela Prefeitura de Fortaleza, os moradores, que convi-vem com a falta de infraes-trutura e vivem cercados de lixo, veem no equipamento uma esperança. Esperança essa que Tiago, sozinho, luta para conquistar mais apoio ao projeto. “No momento, é

mantido só por mim e só eu dou todas as aulas. Conto so-mente com o apoio dos pais dos alunos. Eles ajudam no que podem e não cobro nada para treiná-los”, disse.

Os treinos do Projeto Atle-tas de Futuro acontecem to-dos os dias e têm a duração de duas horas. Dois dias no cam-po e dois na quadra de futsal. Segundo Tiago, de dois em dois meses, é realizado uma reunião com os pais e alu-nos. “Falamos sobre a cons-cientização contra as drogas, violência. Como eles não querem perder o esporte que mais gostam, que é o futebol, se afastam das más amizades. A questão da escola também é cobrada, tem que estudar”.

Victor Manoel, de 14 anos, é um apaixonado por fute-bol. “Só fico ausente quando estou doente”, diz ele. O so-nho de Victor é ser um joga-dor de futebol profissional. Atualmente, ele joga na po-sição de centroavante. “Gos-to muito de vir, porque tira a gente de casa e faz a gente se exercitar também. É mui-to bom”, falou e logo correu para o campo.

O projeto já levou oito atletas para jogar no Sumov Atlético Clube, time de des-taque do futsal de Fortaleza, onde participaram do cam-peonato cearense. Também revelou o jogador Gabriel Morais, que hoje joga no Criciúma. Conforme Tiago, ao notar que Gabriel tinha talento, o incentivou a reali-zar testes para times de fora e o acompanhou em todos. Ao ver Gabriel passar pelos times do Santos, Juventude e, agora, Criciúma, Tiago se sente realizado. “A gente se sente bem, feliz. Até hoje o Gabriel reconhece meu in-centivo e me agradece pela força e motivação”, disse o treinador, que faz pelos ou-tros, o que fez com Gabriel e que pretende, ainda, estender a escolinha para as meninas.

O Atletas de Futuro não tem apoio de nenhum órgão do po-der público. Tiago se prepara

para oficializá-lo em associa-ção e, assim, tentar concorrer a editais na Prefeitura de For-taleza. Para custear o projeto, o professor realiza bingos e rifas na comunidade. Com 180 alu-nos e uma única bola para trei-nar, ele desabafa: “oportunizar ocupação para esses jovens é prioridade nesse momento em nossa sociedade, peço aqui, hu-mildemente, apoio, para conti-nuar com nosso trabalho, pois trabalhar somente com uma bola, e que a mesma está quase se resgando, não dá”.

Mirante de Fortaleza torna palco de arte e cultura para o Projeto EnxameNo Morro de Santa Tere-

zinha, no Vicente Pinzón, o Projeto Enxame promove ações educativas através de oficinas de rap, break, grafite, teatro, artes plásticas, oficinas de DJ, contação de histórias, fotografia e eventos culturais à comunidade do entorno do Mucuripe. Fundado pela socióloga Glória Diógenes, em 2001, hoje, é mantido por equipe de educadores locais, presidido por Valber Alves e

na vice-presidência, Kleiton de Lima. Com mais 12 volun-tários, eles atendem ao públi-co entre 13 e 18 anos.

É ali, no ponto mais alto da cidade, na Praça do Mirante, lo-cal que, antes dos inúmeros pré-dios levantados, revelava uma visão panorâmica do mar, con-siderada uma das mais lindas, onde os encontros acontecem.

Em geral, o perfil dos par-ticipantes compreende em histórias de vidas marcadas pelo abuso sexual, uso de drogas, pichações e inseridos em famílias, quase sempre, sem a presença de um dos pais. “O Enxame atende aos desadaptados. Este é o perfil dos jovens atendidos no proje-to. Os que se sentem sem voz e sem vez nos espaços da famí-lia, da escola e/ou da cidade”, explica o secretário executivo, João Antonilson.

O Enxame já realizou a gra-vação de um CD e de um vide-oclipe. Promove shows, peças teatrais e mostras de artes den-tro da comunidade. Também há trabalho voluntário de au-las de bodyboard, na Praia de Iracema. Mas, o projeto está,

atualmente, sem sede. Antes, era desenvolvido com a pre-miação de edital da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Se-cultfor), porém, no momento, sobrevive do esforço dos vo-luntários. “Infelizmente, devi-do à falta de recursos, tivemos que entregar a casa onde era a nossa sede”, diz João.

O projeto venceu o Con-curso Cidadão 21, realizado pelo Instituto Ayrton Senna, em 2002, o qual tornou-se par-ceiro, e conquistou, em 2008, o prêmio de Ponto de Cultura de Fortaleza. Em 2010, foi realiza-do o curso “Museu e Cidadania Cultural”, em parceria com o Memorial da Cultura Cearen-se, onde foram formados 20 jovens que iniciaram o mape-amento cultural da comuni-dade do Mucuripe, o qual teve como resultado a montagem de uma exposição denomi-nada “Mucuripe no Mar das Memórias”, que permitiu uma reflexão sobre as vidas dos jo-vens e os cotidianos da comu-nidade em diversos aspectos: político, econômico, cultural, religioso e estético dissipados em múltiplos espaços eleitos no recorte da pesquisa.

Com mais de 10 anos de existência, o Enxame tem se consolidado como um equipa-mento cultural que proporcio-na à comunidade do Mucuripe um processo de auto-conheci-mento/reconhecimento, iden-tidade cultural e a possibili-dade de implantar o museu comunitário do Mucuripe.

SERVIÇOSPara conhecer mais sobre os

projetos, acesse as fan pages no Facebook e veja a galeria de

fotos no portal O Estado. www.facebook.com/surfaspas

www.facebook.com/atletadefuturowww.facebook.com/ProjetoEnxame

Oportunizar ocupação para esses jovens é

prioridade nesse momento em

nossa sociedade. Tiago Xavier

Break dance no Projeto Enxame

Escolinha de Futebol Atletas de Futuro

FOTO DIVULGAÇÃO

FOTO BETH DREHER

Page 8: Fortaleza 290 anos - 13/04/2016

FORTALEZA 290 anos

8 Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016 O ESTADO

É mantendo os costumes cearenses, que novos espaços de gastronomia surgem em Fortaleza

Nos restaurantes, inovação e criatividade sem perder as raízes regionais

Fortaleza é uma cidade para comer bem. Na praia, em restaurantes requintados, ou não, ou em barzinhos, a culinária cearense é marcan-te, com seus temperos pecu-liares e opções de prato que preservam a tradicional gas-tronomia, que vai da serta-neja à praiana, agradando os mais variados paladares.

Em grande parte dos res-taurantes, o ponto forte é apostar nos frutos do mar. A peixada cearense, sem dúvida, é destaque nos cardápios. A caranguejada já é tradicional, às quintas-feiras, e não falta

nas barracas de praias. Mas, pratos que servem camarão, lagosta e ostra também são carros-chefes de grandes co-zinhas. Do sertão, vem a car-ne de sol, o queijo coalho e o feijão verde. No café da tarde, o cuscuz e a tapioca chegam a ser indispensáveis.

É mantendo esses costumes cearenses, que novos espaços de gastronomia, em Fortale-za, mostram inovação e cria-tividade, sem deixar de lado as raízes regionais. O bairro Edson Queiroz tem se torna-do o novo polo gastronômico e de entretenimento da cidade.

Reunindo barzinhos com mú-sica ao vivo, cafeterias e bis-trôs, as comidinhas servidas não fogem ao que é posto nas mesas de um bom cearense.

No Coppa Bar, o sócio Régis Nobre descreve que o estabelecimento, apesar de não ser 100% característico de um restaurante regional, a escolha no cardápio foi man-ter opções que valorizam ingredientes da terra. “To-dos os sócios são cearenses. Nossa intenção é manter as raízes então, servimos pratos com carne de sol, queijo coa-lho, rapadura”, disse. O mais

pedido é o queijo coalho as-sado na chapa, acompanha-do de farofa de rapadura e melaço de cana. Em seguida, o trio sertanejo não deixa a desejar: cubos de carne de sol refogados com cebola roxa, discos de calabresa e cubos de queijo coalho empanado.

Também no mesmo bairro, a cafeteria L’Café Art&Bistrô, além de ponto de encontro, o lugar divide o charme de bistrô com opções bem cearenses para acompa-nhar os cafés e shakes, como por exemplo: a tapioca de carne de sol, o omelete e o

querido cuscuz com ovo. O diferencial da cafeteria é ser-vir comidas típicas cearen-ses, na hora do café, com um toque requinte. “Somos uma cafeteria, mas mantemos o regionalismo nas nossas ta-piocas e cuscuz, que são os mais procurados”, disse o só-cio Rômulo Mourão.

Uma sugestão inusitada e inovadora, mas que atrai ce-arenses e turistas, é o sushi de carne de sol, no Oxente e Oriente, que fica na avenida Be-zerra de Menezes. O restauran-te, que apesar de o forte ser a culinária japonesa e as massas,

mantém características tipica-mente nordestina, com paredes revestidas em taipa e chapéu de cangaceiro para os clientes.

Mais lugaresNa Varjota e na Zona Sul

da cidade se concentram os locais com maior diversida-de de restaurantes e cozi-nhas, tanto da gastronomia nacional como regional. Al-gumas opções para apreciar os sabores cearenses são: o Colher de Pau, o Coco Bam-bu, o Chico do Caranguejo, o Lá na Roça, Maria Chica e o Cantinho do Frango.

Coppa Bar L’Cafe Art&Bistro

FOTO NAYANA MELOFOTO DIVULGAÇÃO

Page 9: Fortaleza 290 anos - 13/04/2016

FORTALEZA 290 anos

9O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016

Fortaleza é a capital de um Estado no qual a seca prepondera. Os bairros que compõem esta cidade, no entanto, lembram parques e jardins. Bom Jardim e Parquelândia são dois deles

Parques e jardins da capital cearense

Quer conhecer a história de sua cidade? Comece pela história de seu bairro. A Barra do Ceará, por exem-plo, em Fortaleza, é uma prova disso. Afinal foi ali que a cidade de Fortaleza e, depois dela, o Ceará, sur-giram após a vinda de Pero Coelho de Sousa, em 1603, e de Martim Soares More-

no, em 1612. Impressionado com o Rio Ceará, possivel-mente, que desembocava sua água doce no mar na-quela região, foi ali que Pero Coelho levantou o Forte de Santiago e Martim Soares Moreno o de São Sebastião.

Com a chegada dos ho-landeses em seguida, algu-ma coisa mudou. Mais inte-

ressados em explorar uma jazida de prata que, supos-tamente, havia em Maran-guape, os holandeses que ocuparam a Barra do Cea-rá, inicialmente, mudaram--se, depois, para o Morro de Marajaitiba, onde ergueram o Forte de Schoonenborch, em homenagem ao gover-nador holandês de Pernam-

buco, Walter van Schoonen-borch. E foi em torno deste forte, que fica no centro de Fortaleza, que a capital ce-arense se concentrou. Com o tempo, surgiram outros bairros e outras histórias que, somadas, contam a tra-jetória da capital cearense. A Aldeota, por exemplo, foi o primeiro bairro de Fortale-za, planejado. Até então os bairros surgiam aleatoria-mente. Com a Aldeota foi diferente. Fortaleza, nesta época, já dispunha de ilumi-nação pública; os carros já haviam invadido a cidade e os arranha-céus começavam a despontar às margens das avenidas. Assim, quando se pensou em um bairro como a Aldeota, tudo foi planeja-do: ruas, prédios e asfalto. Diferente de São João do Tauape que, no início, foi quase um campo de con-centração para onde os re-tirantes que fugiam da seca no interior do estado eram largados para morrer ou so-breviver à míngua.

Muitos, na verdade, são os bairros de Fortaleza. Al-guns deles têm nomes tão exuberantes quanto algu-mas ruas da cidade antes de virar nomes de políticos ou de datas comemorati-vas. Bela Vista, por exem-plo, é um destes nomes assim como Bom Futuro, Bom Jardim e Bom Suces-so. Jardim América, Jardim

Cearense, Jardim das Oli-veiras, Jardim Guanabara e Jardim Iracema são outros tantos nomes que encan-

tam pelo que dizem ainda que o que anunciam não corresponda, necessaria-mente, à realidade.

Antes de ocuparem o Forte, os holandeses se alojaram na Barra do Ceará

Aldeota foi o primeiro bairro projetado de Fortaleza

FOTO DIVULGAÇÃO

FOTO BLOG FORTALEZA ANTIGA

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FORTALEZA 290 anos

10 Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016 O ESTADO

Moradores descrevem suas relações de afetos com a cidade e revelam o que desejam no aniversário de 290 anos

DEPOIMENTOS

Leanderson AlcântaraMotion Designer

Edglê MartinsAssistente de Custos

Mayara MaiaPublicitária

Hamlet VictorJornalista

Jessika DutraOperadora de Caixa

Mayara SampaioJornalista

Monaliza HonórioAssistente Administrativo

A pesar da grande violência de nossa cidade, eu gosto de Fortaleza. Terra do sol, terra da alegria, lugar

de gente receptiva e feliz, mesmo quando tudo está ruim. Dos nossos pontos fortes, nós temos as praias, as melhores praias do Nordeste estão aqui. Adoro passar um tempo passeando e pensando na vida ali pela Beira Mar, Dragão do Mar e arredores. Gosto de ver a vizinhança nas calçadas, jogando papo fora, mesmo que hoje em dia só fiquem ate às 20 horas, mas é uma tradição que não morre nunca, “olhar o momento lá na calçada”. Da nossa cultura e tradição, do humor gaiato e simples que parece tão natural. Tenho orgulho. Sou de Fortal.

F ortaleza é aconchegante, é linda. Quando fria, tem uma sensação maravilhosa. Como o próprio nome já

diz, Fortaleza, algo sólido, forte, terra de gente vencedora, de gente que luta e vai ao fim até conseguir. Tem um pôr do sol maravilhoso, no qual só conferi apenas uma vez. Sem falar das nossas comidas, que são o nosso cartão postal. Aqui tem tapioca, baião de dois, queijo coalho e várias coisas que amo. Um dos locais que não consigo me cansar de ir nunca é a Catedral. Lá, eu me sinto em casa e consigo me sentir em paz comigo mesmo. Não posso esquecer, também, do Passeio Público, um ótimo local para namorar, estar com quem nos faz bem. Infelizmente, a violência ainda é um dos pontos que Fortaleza sofre muito e, apesar disso inibir alguns turistas, jamais perde o brilho da nossa cidade. Fortaleza é apaixonante! É uma cidade onde tudo pode acontecer, tudo pode começar, recomeçar, construir e reconstruir. Fortaleza sempre cabe mais no coração da gente e de quem chega.

N asci em Fortaleza e cresci nessa cidade linda, rodeada de praias e que tem o

povo mais hospitaleiro e carismático que já conheci. Acredito que o melhor dos fortalezenses é essa vontade de mostrar aos turistas o quanto nossa cidade é linda e o quanto a gente ama receber todo mundo. Apesar de já ter morado fora, em outra cidade praiana, nada chega aos pés de sentar em uma barraca na Praia do Futuro, comer um caranguejo, peixe frito com macaxeira, queijo quente ou um camarão vendido num balaio pelos ambulantes. É incrível termos várias opções de restaurantes na Varjota, onde podemos escolher entre frutos do mar, churrasco, comida japonesa e depois ainda se deliciar com os melhores sorvetes e brownies da cidade. Particularmente, não sou muito fã de baladas, mas se você curte forró ou sertanejo, nós temos. Se curte rock ou bandas alternativas, temos também. E pra quem quer uma coisa mais light, tem show de humor todos os dias da semana, o que faz com que Fortaleza seja agradável, não apenas pra quem mora aqui, mas para todos os milhares de turistas que nos visitam todos os anos. Eu amo essa cidade, e sinceramente, não consigo me imaginar morando em outro lugar. Mas, para o futuro dela, só desejo que torne-se um lugar mais seguro, para que meus filhos possam amá-la tanto quanto eu a amo.

V iver em Fortaleza é morar em uma cidade que

queima de intensidade em quase todos seus aspectos. Às vezes, quase literalmente, por conta da temperatura. Claro, nas praias isso é ótimo e dá um belo bronze como resultado. Nosso povo, em geral, consegue ser bem-humorado, mas falte com respeito e daremos patadas inesquecíveis. Apesar das belezas naturais e dos locais para visitar, Fortaleza ainda sofre muito com a violência e a sensação de insegurança, que parece crescer a cada dia. De longe, o ponto que mais me entristece em relação a cidade. Por sorte, passar uma tarde no Dragão do Mar consegue afastar esse problema, ao menos por algum tempo. Lá, é possível conferir um sambinha, ver alguma apresentação teatral, curtir um chopp de vinho no Bexiga, ou um pastel no Café Avião. Espero que o futuro reserve boas novas para uma cidade que merece tanto.

F ortaleza, pra mim, é a melhor cidade

que se tem no Brasil. O pessoal que vem de fora sempre pensa que a nossa cidade só tem seca, tristeza, mas quando chegam aqui, se sentem bem acolhidas, porque esse é o nosso diferencial, a receptividade. Gosto também do clima. Quando a gente tem chuva, é bastante chuva. quando tem sol, é bastante sol. Se a gente acorda com vontade de ir à praia, temos praia por perto, não temos o ar seco e abafado, e muito menos enchentes como em outras cidades. Adoro o fato de termos shoppings em quase todos os bairros, somos um povo acolhedor, empreendedor, porque sabemos acolher, sabemos vender, todo mundo sabe o jeito cearense de ser. O povo costuma dizer que falamos cantando, mas não falamos cantando não, a gente fala de um jeito convincente que a pessoa se diverte com aquilo. Infelizmente, as nossas estradas ainda precisam melhorar muito, nossa cidade não tem estrutura para grandes volumes de chuva. Mas, a acessibilidade aqui fala mais alto. Você pode ir para todo lugar, porque sempre tem um ônibus que vai te levar ao seu destino, e não é só ônibus não. Tem metrô, tem trem. A nossa segurança também está faltando bastante. Pra falar a verdade, está faltando muito. Mas, com tudo isso, com todos esses contras, Fortaleza é a melhor cidade para se morar. Melhor não há.

Moro em Fortaleza há 11 anos. Sou mais uma dentre milhares que saem do Interior para

buscar oportunidades na Capital. Durante esses 11 anos, Fortaleza se tornou meu lar. Fez de mim uma pessoa melhor. Amadureci dentro dos ônibus lotados que peguei para ir para o colégio, faculdade, trabalho... A Fortaleza que eu vejo hoje é bem diferente da que eu conheci 11 anos atrás. Mudaram muitas coisas: o trânsito, a segurança, até recebemos uma Copa do Mundo. Em meio a tantas mudanças, deixei de frequentar meus pontos turísticos preferidos, por medo da violência. Já não vou mais à Ponte Metálica com tanta frequência nem mais ao Passeio Público sentar naqueles bancos. Hoje, desejo que Fortaleza se transforme de fato em uma Fortaleza, para aqueles que sempre estiveram aqui, para aqueles, que como eu, escolheram para ser um lar e para aqueles que ainda virão. Depois de 11 anos, posso dizer que amo minha cidade e que ela merece um futuro melhor que esse presente.

E u gosto de morar aqui. Nada contra morar em Fortaleza. Somos uma cidade dos

três climas. Quando se tem um bom inverno, gosto da minha cidade por ter praia, o nosso deslocamento fácil. Em outras cidades de outros estados, os ônibus demoram muito, aqui também demora, mas temos muita variedade. Adoro ir passear na avenida Beira Mar, porque lá eu ando à vontade, ando de patins, é um divertimento bom e barato. Também gosto muito de ir aos barzinhos, que têm música ao vivo, acho que Fortaleza nos proporciona grande variedade de diversão. Eu desejo que ela cresça, cada vez mais, e que aqueles que não vivem em boas condições, que possam conseguir o seu lugar. Possamos crescer todos juntos, com mais empregos, uma saúde bem melhor também, sem esquecer da segurança, que é o que mais precisamos. Nossa infraestrutura, apesar de sermos uma cidade bem evoluída, ainda temos muito que melhorar, como nas estradas, avenidas, existem bairros que podem crescer mais. Eu desejo muito que Fortaleza tenha, sim, um grande crescimento porque se a cidade crescer em todos esses pontos, sabemos que nós também vamos ser beneficiados.

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FORTALEZA 290 anos

11O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quarta-feira, 13 de abril de 2016

Confira programação gratuita nos equipamentos culturaisO que fazer em Fortaleza?

BIBLIOTECA MUNICIPAL DOLOR BARREIRAContação de HistóriasQuando: Terças e quintas-feiras, às 9 e

14 horas, mediante agendamento.

Cineminha na Biblioteca Dolor Barreira – Sessão PipocaQuando: Na segunda quarta-feira do

mês, às 9 e às 14 horas. Idade permitida: Até 10 anos.

Biblioteca além do espaço físicoO projeto oferece apresentação cênica

de contos, poesias, crônicas de autores universais, com o ator Cícero Teixeira. O projeto atende em bibliotecas, escolas, universidades, etc.

Quando: Sextas-feiras, mediante agen-damento.

MERCADO DOS PINHÕESQuarta ColetivaNa segunda quarta-feira do mês, o mer-

cado vira ponto de encontro da arte, da moda e do design. Nesse dia, um coletivo de artistas locais têm a chance de expor seus trabalhos e o público, por sua vez, fica à vontade para fazer umas compri-nhas descoladas.

Quando: Na segunda quarta-feira do mês, das 17 às 21 horas.

Feira Afins de VitrolaQuando: um sábado ao mês, a partir

das 17 horas.

Chorinho no MercadoQuando: Uma sexta-feira ao mês, das

20 às 23 horas.

Samba no MercadoO batuque do samba toma conta do

Mercado dos Pinhões, fazendo o público cair na dança.

Quando: Uma sexta-feira ao mês, das 20 às 23 horas.

#PartiuTertúlianoMercadoQue tal relembrar (ou conhecer) como

eram as festinhas de antigamente? A Ter-túlia no Mercado convida todos a dançar agarradinho.

Quando: Uma sexta-feira ao mês, das 20 às 23 horas.

Baila ComigoA programação mensal leva o som dos

anos 60 ao Mercado dos Pinhões. Além das atrações musicais, a atividade traz bai-larinos que prometem botar todo mundo para dançar ao som do iê-iê-iê.

Quando: Última sexta-feira do mês, das 20 às 23 horas.

Forró no MercadoO forrozim pé-de-serra, que já virou

tradição nos domingos do mercado, con-vida o fortalezense a fechar muito bem o fim de semana, ao som da sanfona, do tri-ângulo e da zabumba.

Quando: Domingos, das 19 às 21 horas.

PASSEIO PÚBLICOPasseio InstrumentalNo fim de semana, a dica para o almoço

é uma deliciosa feijoada com o melhor da música instrumental. Tudo isso numa das praças mais belas e arborizadas da cidade.

Quando: Sábados e domingos, das 12h30 às 15h30.

PiqueniqueProgramação voltada para toda família,

especialmente para a criançada, que além de curtir o piquenique nos jardins do pas-seio, aproveita diversas atividades lúdicas e recreativas.

Quando: Domingos, das 9h30 às 10h30.

ESTORILFeira de ArtesA feira reúne expositores de artesanatos

e antiguidades nos jardins do Estoril.Quando: No segundo domingo do mês,

das 17 às 21 horas.

Feira de Gastronomia RetrôUm resgate da cozinha dos nossos avós,

por meio da apresentação de receitas ori-ginais ou releituras de pratos das décadas passadas.

Quando: Uma quinta-feira de cada mês, das 17 às 21 horas.

Palco EstorilProgramação musical com grandes no-

mes do cenário local, que mistura estilos e ritmos

Quando: Na penúltima sexta-feira do mês, a partir das 20 horas.

RevivalProgramação voltada para tributos aos

grandes nomes da música nacional e inter-nacional, a partir de uma releitura de suas obras

Quando: Na última quinta-feira do mês, a partir das 20 horas.

MERCADO DA AEROLÂNDIAAos finais de semana, o equipamento

recebe programações variadas como es-petáculos, apresentações musicais, entre outras atividades.

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