folha de londrina - brasil adentro - música do pará

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10/01/2013 -- 00h00 Charles Gavin lança série sobre música do Pará Gaby Amarantos é a convidada da edição dedicada ao tecnobrega, estilo que ajudou a projetar músicas paraenses em outros Estados São Paulo - Acostumado a receber discos de artistas locais desconhecidos depois de fazer shows em diferentes cantos do País, na época em que integrava os Titãs, Charles Gavin estranhou o fato de que ninguém procurava a banda quando o grupo passava pelo Pará. Instigado com a cultura de lá, ele decidiu voltar ao Estado com uma equipe para saber quem está por trás da música na série "Brasil Adentro", que estreia hoje, às 20 horas, no Canal Brasil. "A gente está isolada no eixo Rio-São Paulo. A televisão cria um filtro que não é legal, fica tudo no nosso umbigo", reclama Gavin, que foi a Belém para correr atrás de patrocínio para a empreitada e firmou uma parceria com o governo estadual local. Dividido em cinco episódios, o programa aborda diferentes ritmos, como o carimbó, lundu e guitarrada. O ex-titã teve apenas oito dias na capital paraense para mostrar a cena local e entrevistar artistas como Dona Onete e Manoel Cordeiro, consagrados na região, mas com poucos registros em imagens e discos. "Lá, é quase uma transmissão de conhecimento via oral", conta. Para o apresentador, que também comanda "O Som do Vinil", no Canal Brasil, o Pará é a parte do Brasil onde culturas musicais distintas se misturaram mais. "Tudo do Caribe chega lá, pois as rádios alcançam. E eles também ouvem tudo o que a gente ouve e têm ritmos africanos, com uma negritude diferente. Eles são receptivos sem abandonar a própria cultura", analisa. Um dos episódios é dedicado ao tecnobrega, estilo que ajudou a projetar músicas paraenses em outros Estados, graças aos esforços de artistas jovens como Gaby Amarantos, uma das entrevistadas. "Ela

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Nova série no Canal Brasil, apresentado e dirigido por Charles Gavin

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Page 1: Folha de Londrina - Brasil adentro - Música do Pará

10/01/2013 -- 00h00

Charles Gavin lança série sobre música do Pará

Gaby Amarantos é a convidada da edição dedicada ao tecnobrega, estilo que ajudou a projetar músicas paraenses em outros Estados

São Paulo - Acostumado a receber discos de artistas locais desconhecidos depois de fazer shows em diferentes cantos do País, na época em que integrava os Titãs, Charles Gavin estranhou o fato de que ninguém procurava a banda quando o grupo passava pelo Pará. Instigado com a cultura de lá, ele decidiu voltar ao Estado com uma equipe para saber quem está por trás da música na série "Brasil Adentro", que estreia hoje, às 20 horas, no Canal Brasil. "A gente está isolada no eixo Rio-São Paulo. A televisão cria um filtro que não é legal, fica tudo no nosso umbigo", reclama Gavin, que foi a Belém para correr atrás de patrocínio para a empreitada e firmou uma parceria com o governo estadual local. Dividido em cinco episódios, o programa aborda diferentes ritmos, como o carimbó, lundu e guitarrada. O ex-titã teve apenas oito dias na capital paraense para mostrar a cena local e entrevistar artistas como Dona Onete e Manoel Cordeiro, consagrados na região, mas com poucos registros em imagens e discos. "Lá, é quase uma transmissão de conhecimento via oral", conta. Para o apresentador, que também comanda "O Som do Vinil", no Canal Brasil, o Pará é a parte do Brasil onde culturas musicais distintas se misturaram mais. "Tudo do Caribe chega lá, pois as rádios alcançam. E eles também ouvem tudo o que a gente ouve e têm ritmos africanos, com uma negritude diferente. Eles são receptivos sem abandonar a própria cultura", analisa. Um dos episódios é dedicado ao tecnobrega, estilo que ajudou a projetar músicas paraenses em outros Estados, graças aos esforços de artistas jovens como Gaby Amarantos, uma das entrevistadas. "Ela

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é uma embaixadora carismática e articulada da música de lá. O Brasil precisava de uma artistas como ela." Por causa do isolamento em relação à indústria fonográfica, Gavin observou que os cantores do tecnobrega vão na contramão do mercado. "Eles desenvolveram um sistema de autopirataria. O artista grava o CD e dá para o camelô, que funciona como um divulgador da obra dele. Isso gera os pedidos de shows." Com uma pesquisa sobre cantores de samba pouco conhecidos interrompida por causa da fusão de duas gravadoras, Charles Gavin pretende trabalhar em projetos para a iTunes. Após uma apresentação que reuniu os ex-Titãs, em 2012, o músico diz que não haverá outro. "Foi edição limitadíssima", avisa.

João Fernando Agência Estado