florianópolis e os territórios negros · recreativos, escolas de samba, terreiros de umbanda,...

12
Anais do XV Encontro Estadual de História 1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado, 11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis “Territórios Negros” em Florianópolis na primeira metade do século XX 1 Karla Leandro Rascke 2 Resumo: Este artigo procura compreender aspectos formativos e organizacionais de agremiações de origem africana em Florianópolis na primeira metade do século XX. Jornais, documentos de associações formadas por afrodescendentes e entrevistas com antigos membros destas entidades indicam uma reconfiguração política da cidade e novas formas de vivenciar o público por parte das culturas de matriz africana. Além disso, percebemos o esforço de diferentes associações (Clubes Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, Irmandades Católicas, Clubes de Futebol, Comunidades Negras) para a alfabetização de seus membros ou de grupos populares empobrecidos, ressaltando que neste período emergiram, no espaço das instâncias políticas, muitos homens e mulheres de origem africana. Deste modo, busca-se entender como estas agremiações articulavam solidariedades e sociabilidades das populações afrodescendentes em meio a nova conjuntura política e cultural de Florianópolis, pautada na reformulação das elites políticas e nas mudanças de configuração da República, em especial com o Estado Novo. Palavras-chave: História, Territórios, afrodescendente, agremiações. Florianópolis e os territórios negrosA região central de Florianópolis, localizada nas proximidades do porto, movimentava grande concentração de trabalhadores do mar que compunham a paisagem daquela área, além de inúmeros homens e mulheres em diferentes afazeres necessários ao cotidiano citadino. Centenas de marinheiros, praças da Marinha de Guerra, estivadores, quitandeiras e tantos outros populares, indicavam um cenário espantoso para as elites do período, visto agrupar muitos populares de origem africana (CARDOSO; RASCKE, 2014). Tais personagens constituíam, nos dizeres de Cardoso (2008), grupos sem vínculo com as elites locais, sendo que “soldados de diferentes corpos militares, imperiais marinheiros, homens do mar de todo o tipo, estivadores e outros trabalhadores urbanos viviam a protagonizar inúmeras rusgas nas áreas centrais da cidade” (p. 202), especialmente na região do bairro da Figueira. Esta região, assim como a Tronqueira e a Toca, eram territórios formados por populações de origem africana, que compreendiam, nos dizeres de Cardoso e Mortari (1999), “territórios negros”. Para os autores, com a instalação de serviços de bondes, água e esgoto, 1 O presente trabalho apresenta considerações iniciais relativas ao estudo em andamento desenvolvido em meu doutorado, sendo o projeto intitulado “Enredos de Agremiações Afrodescendentes em Florianópolis (SC) – 1920 a 1950”, sob a orientação da profa. Dra. Maria Antonieta Martines Antonacci. 2 Doutoranda em História Social pela PUC-SP, mestrado em História pela PUC-SP, graduação em História pela UDESC. Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD da UDESC, professora formadora e coordenadora de tutoria no curso de Formação de Professores do NEAB-UDESC e atua na secretaria executiva e da Revista da ABPN.

Upload: trananh

Post on 16-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

“Territórios Negros” em Florianópolis na primeira metade do século XX1

Karla Leandro Rascke2

Resumo: Este artigo procura compreender aspectos formativos e organizacionais de agremiações de

origem africana em Florianópolis na primeira metade do século XX. Jornais, documentos de

associações formadas por afrodescendentes e entrevistas com antigos membros destas entidades

indicam uma reconfiguração política da cidade e novas formas de vivenciar o público por parte das

culturas de matriz africana. Além disso, percebemos o esforço de diferentes associações (Clubes

Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, Irmandades Católicas,

Clubes de Futebol, Comunidades Negras) para a alfabetização de seus membros ou de grupos

populares empobrecidos, ressaltando que neste período emergiram, no espaço das instâncias

políticas, muitos homens e mulheres de origem africana. Deste modo, busca-se entender como estas

agremiações articulavam solidariedades e sociabilidades das populações afrodescendentes em meio

a nova conjuntura política e cultural de Florianópolis, pautada na reformulação das elites políticas e

nas mudanças de configuração da República, em especial com o Estado Novo.

Palavras-chave: História, Territórios, afrodescendente, agremiações.

Florianópolis e os “territórios negros”

A região central de Florianópolis, localizada nas proximidades do porto, movimentava

grande concentração de trabalhadores do mar que compunham a paisagem daquela área, além

de inúmeros homens e mulheres em diferentes afazeres necessários ao cotidiano citadino.

Centenas de marinheiros, praças da Marinha de Guerra, estivadores, quitandeiras e tantos

outros populares, indicavam um cenário espantoso para as elites do período, visto agrupar

muitos populares de origem africana (CARDOSO; RASCKE, 2014). Tais personagens

constituíam, nos dizeres de Cardoso (2008), grupos sem vínculo com as elites locais, sendo

que “soldados de diferentes corpos militares, imperiais marinheiros, homens do mar de todo o

tipo, estivadores e outros trabalhadores urbanos viviam a protagonizar inúmeras rusgas nas

áreas centrais da cidade” (p. 202), especialmente na região do bairro da Figueira.

Esta região, assim como a Tronqueira e a Toca, eram territórios formados por

populações de origem africana, que compreendiam, nos dizeres de Cardoso e Mortari (1999),

“territórios negros”. Para os autores, com a instalação de serviços de bondes, água e esgoto,

1 O presente trabalho apresenta considerações iniciais relativas ao estudo em andamento desenvolvido em meu doutorado,

sendo o projeto intitulado “Enredos de Agremiações Afrodescendentes em Florianópolis (SC) – 1920 a 1950”, sob a

orientação da profa. Dra. Maria Antonieta Martines Antonacci. 2 Doutoranda em História Social pela PUC-SP, mestrado em História pela PUC-SP, graduação em História pela UDESC.

Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD da UDESC, professora formadora e coordenadora de

tutoria no curso de Formação de Professores do NEAB-UDESC e atua na secretaria executiva e da Revista da ABPN.

Page 2: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

2

aterros e demolições, foram sendo destruídos estes antigos territórios negros. Lugares como a

Tronqueira (atual Artista Bitencourt, por ironia da história, um dos poucos abolicionistas

populares), a Figueira (na Conselheiro Mafra), Toca (rua São Martinho), Beco do Sujo

(Hercílio Luz), foram sendo eliminados, “a bem da tranquilidade pública”.

Florianópolis era capital administrativa do estado de Santa Catarina, desde os tempos

coloniais, possuindo uma população que, segundo o recenseamento realizado em 1920, era de

41.338 mil habitantes, a sua parte central era habitada por aproximadamente 19.574 mil

habitantes (FELIPPE, 2001, p. 12). Neste período os recenseamentos não destacavam cor/raça

em suas pesquisas, mas a pensar pela quantidade de africanos/as e seus descendentes no

século XIX, estas primeiras décadas do século XX não indicavam uma condição muito

diferente, apesar das muitas expulsões para as regiões mais periféricas, por conta das obras

higienizadoras e modernizadoras.

No século XIX, dados enfatizados por Fernando Henrique Cardoso3, em relação aos

quantitativos populacionais, explicitam a presença das populações de origem africana,

depreendendo-se, destes números, por exemplo, que em 1866 a freguesia de Desterro tinha

4.361 brancos, 1.275 pretos e 838 pardos; em 1872, havia 5.884 brancos, 1.910 pretos e 1.296

pardos. Tais números permitem considerar que a população afrodescendente, nos dois

períodos, chegava, respectivamente, a 32,64% e 35,27% (CARDOSO, 2000, p. 136).

Nas décadas seguintes estes números também foram elevados, considerando-se a

constituição de famílias e a geração de descendentes, bem como, após a Abolição, um

significativo número de descendentes de africanos adentraram em Florianópolis a procura de

melhores opções de vida, constituindo não tanto a região central, mas principalmente seus

entornos, as costas dos morros (MARIA, 1997).

Fazia-se marcante nas ruas e suas esquinas a presença de mulheres e homens

marinheiros, quitandeiras, pombeiros, lavadeiras, carroceiros, aguadeiros, carregadores,

parecendo “tornar escura a face pública da capital catarinense. Estas ruas, mais do que

qualquer outro lugar, deveriam configurar um grande território africano.” (CARDOSO, 2008,

p. 124-125).

3 A obra de Fernando Henrique Cardoso, embora importante no rompimento com uma historiografia catarinense que incluía

as populações de origem africana apenas da perspectiva economicista e, mesmo assim, com participação irrelevante, o

trabalho do autor merece nota. Os dados e as bibliografias utilizadas são extremamente importantes e permitiram novos

estudos e discussões sobre relações raciais e história de africanos/as e seus descendentes em Florianópolis, em especial. No

entanto, Fernando Henrique Cardoso não conseguiu perceber táticas, estratégias e visões de mundo destas populações nos

documentos e informações que analisou. Sua visão prendeu-se aos limites da discussão sobre relações raciais, sem, no

entanto, aprofundar como “os oprimidos” neste processo, atuaram, lutaram e tentaram se impor enquanto sujeitos. (RASCKE,

2013).

Page 3: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

3

Figura 1 – Imagem aproximativa de alguns “territórios negros”

Mapa de Desterro - Localidades de Florianópolis (região central), com destaque para os antigos bairros.

Fonte: Mapa elaborado sob a organização de André Luiz Santos. Disponível em: SANTOS, André Luiz. Do Mar

ao Morro: a geografia histórica da pobreza urbana em Florianópolis. Tese (Doutorado em Geografia) –

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis, 2009, p. 517.

Page 4: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

4

Cosmologia e cosmogonia presente nas populações de origem africana, que ao

entrarem no “novo mundo” a partir do tráfico, trouxeram consigo experiências, expectativas,

visões de mundo que se recriaram e ressignificaram nestes espaços diaspóricos. Percebemos,

no caso dos sujeitos históricos de nossa pesquisa nas agremiações, que o passado e o presente

estão inter-relacionados no pós-Abolição e as mobilizações em torno de educação, a

organização do samba, seus blocos e escolas, além dos movimentos e enlaces dos clubes

recreativos, possuem propostas políticas nas suas dinâmicas, sugerindo emblemas políticos

em suas falas, versos e ritmos.

Estas formas de associações pautaram suas preocupações em diferentes âmbitos,

dentre os quais a educação e os processos de escolarização compunham repertório importante

para a mudança na situação de exclusão das populações de origem africana no pós-Abolição,

importando neste sentido, um distanciamento com a antiga condição cativa, vínculo com a

escravidão passada.

Em se tratando da instalação e legitimação da República e, especialmente, do Governo

Vargas e seus ideais de construção da identidade nacional, ritmos e músicas oriundas de

matrizes culturais africanas foram comprometidas pela ideia de mestiçagem numa proposta de

constituição da nacionalidade4. A cultura vive oscilações, perturbações e a questão

multicultural, no entendimento de Stuart Hall, está no centro do debate sobre identidade

nacional. Cultura, na perspectiva que Stuart Hall propõe nos estudos culturais, é um modo de

vida: “a cultura não é uma questão de ontologia, de ser, mas de se tornar” (HALL, 2003, p.

44). Para ele, a diáspora produz novas identidades culturais e a intenção é perceber como estas

acontecem, se transformam.

A República, bem como os processos de urbanização e modernização da cidade

também incidiram sobre a preocupação com a educação formal. Neste sentido, para além de

reformar ruas e calçadas, construir uma cidade mais digna de uma capital, constituía tarefa

importante educar, não apenas os filhos das elites, mas os das classes trabalhadoras também.

Neste sentido, de acordo com Dallabrida (2003), os grupos escolares São José e Padre

Anchieta, localizados em regiões periféricas em relação ao centro da cidade, tornaram-se

fundamentais para educar filhos de operários, artesãos, domésticas, estivadores e tantos outros

trabalhadores. Situados no bairro da Figueira e na Agronômica, respectivamente, estes dois

Page 5: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

5

espaços formais de educação indicam que havia uma preocupação com a formação dos mais

pobres (DALLABRIDA, 2003, p. 303-306).

As agremiações pautaram suas preocupações em diferentes âmbitos, dentre os quais a

educação e os processos de escolarização compunham repertório importante para a mudança

na situação de exclusão das populações de origem africana no pós-Abolição, importando

neste sentido, um distanciamento com a antiga condição cativa, vínculo com a escravidão

passada. Assim, não apenas “homens brancos” teriam poder de registro escrito em atas e

prestações de contas de irmandades, associações e clubes, mas homens e mulheres

afrodescendentes, sujeitos atuantes quotidianamente na vida da cidade de Florianópolis,

poderiam expressar pontos de vista e argumentações a partir da escrita, de uma linguagem

formal. Uma linguagem combatente diante das tensões e rearranjos republicanos, neste

período de reformas urbanas, cujos hábitos e marcas nos corpos permeados por códigos

culturais africanos expressavam um passado escravista não condizente com os objetivos da

República.

Irmandades Católicas, Clubes Recreativos, Escolas de Samba, terreiros de Umbanda e

dança do Cacumbi estabeleceram-se enquanto territórios que “ao se constituírem além da

presença dos cidadãos negros também foram resultado das impressões simbólicas deixadas

por aqueles sujeitos históricos de descendência africana” (MARIA, 1997, p. 125),

compartilhando festas, celebrações e encontros comunitários demonstrando que a vida em

comunidade permanecia latente nas vivências destas populações.

Clubes Recreativos e Associação dos Homens de Cor

Os clubes recreativos ou sociedades recreativas eram associações organizadas por

“homens de cor”, uma “elite negra” bem trajada e com propostas de educação, moral e

visibilidade das pessoas que delas participassem. Foram comuns em Florianópolis e em tantos

outros municípios catarinenses com presença de origem africana. Além destes espaços, havia

a circulação de diferentes “homens de letras” de origem africana, como Cruz e Sousa5,

4 Estas ideias foram discutidas pela professora Dra. Martha Abreu na conferência “O legado das canções escravas: histórias

musicais e conflitos raciais no pós-abolição”. In: VI Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional.

Florianópolis: UFSC, 15 a 18 de maio de 2013. 5 Filho dos libertos Guilherme da Cruz, mestre pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, João da Cruz. “Em 1881, dirigiu o

jornal Tribuna Popular (...). Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885 lançou o primeiro

livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como

arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em fevereiro de 1893,

publica Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se

Page 6: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

6

Ildefonso Juvenal6 e Trajano Margarida7, por exemplo, ou de mulheres que se consolidaram

na carreira política e intelectual da época, como Antonieta de Barros8. Juvenal e Margarida,

em 1915, organizaram uma associação para compartilhar “seus sonhos e esperanças”, além de

“vislumbrar o levantamento social, cultural, intelectual e moral dos homens negros”

(DOMINGUES, 2011, p. 118-119). Em comemoração à Abolição, fundaram a Associação dos

Homens de Cor e organizaram um evento no Teatro Álvaro de Carvalho, “reunindo negros e

brancos, homens e mulheres, autoridades públicas, representantes da imprensa e de outras

associações da sociedade civil de Florianópolis” (DOMINGUES, 2011, p. 120).

Os clubes sociais negros ou chamadas sociedades recreativas surgiram no contexto da

vida urbana do início do século XX, momento em que se alteravam as relações que

compunham o tecido social de diversas cidades brasileiras em sua transmutação para

metrópoles (de tipo europeu), sob a influência de discursos urbano-higienistas, em resposta a

situações de exclusão profissional e marginalização social e cultural reforçada após a

Abolição e mantidas nas décadas seguintes.

Social, recreativo, cultural, literário, esportivo, as denominações que secundavam a

razão social dessas instituições variavam de acordo com o propósito da agremiação, não

sendo raro, porém, que uma mesma organização reunisse duas, três ou mesmo todas as

designações acima referidas, condizentes, em muitos casos, com a gama de atividades que

promoviam, variando de piqueniques intermunicipais a chás dançantes, passando pela

organização de recitais literários, concursos de beleza e apresentação de grupos teatrais e

bandas musicais, além dos bailes.

No entendimento de Maria das Graças Maria, pensando os clubes recreativos

organizados em Florianópolis (“Brinca Quem Pode”, Flor da Mocidade e 25 de Dezembro),

estes territórios permitiram a construção de laços de solidariedade e sociabilidades pautadas

estende até 1922.” Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa; Sobre a inserção de Cruz e Sousa no universo da

escolarização, consultar: SEBRÃO, 2010. 6 Ildefonso Juvenal (1894-1965) era “oficial da Força Pública, farmacêutico, jornalista, teatrólogo, participando de entidades

cívicas e literárias, sendo autor de dezesseis livros”. Consultar: GARCIA, Fábio. Intelectuais negros no pós-abolição:

associativismo negro em Florianópolis (1915-1925). Anais Eletrônicos ANPUH. Fortaleza, 2011. Disponível em:

http://www.snh2011.anpuh.org/site/anaiscomplementares. p. 01. 7 Trajano Margarida (1889- 1946), “amanuense da Secretaria do Interior do Estado de Santa Catarina, professor, jornalista,

educador, autor de diversas obras literárias e membro fundador de entidades cívicas e literárias”. Consultar: GARCIA, 2011,

p. 01. 8 Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis em 17 de julho de 1901, exercendo papel político e intelectual importante na

cidade e no estado, tendo sido a primeira mulher a participar da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Foi deputada à

Assembleia Legislativa de Santa Catarina na 1ª legislatura (1935 — 1937), como suplente convocada. Era filiada ao Partido

Liberal Catarinense (PLC), partido criado por um grupo das elites serranas catarinenses, da qual fazia parte Vidal Ramos e

Nereu Ramos. Antonieta também atuou como deputada estadual na 1ª legislatura (1947 — 1951), como suplente convocada,

afiliada ao Partido Social Democrático (PSD), partido nascido em 1945 com apoio de Getúlio Vargas.

Page 7: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

7

na constituição de uma visibilidade positivada, lutas políticas, conquista de prestígio social

das populações de origem africana.

Escolas de Samba: Protegidos da Princesa e Embaixada Copa Lord

A fundação das Escolas de Samba Protegidos da Princesa (1948) e Embaixada Copa

Lord (1955) possibilitou uma nova realidade para as populações de origem africana. Nos anos

1940 e 1950, os espaços de inserção destas populações voltavam-se mais ao mundo do samba

e do carnaval. Se, anteriormente, muitos afrodescendentes tinham sua imagem vinculada aos

casos de polícia, a emergência das escolas de samba permitiu uma visibilidade positiva,

baseada na cultura. No entendimento de Esiaba Irobi, trata-se de pensar as práticas culturais

trazidas por estas populações em suas bagagens, as chamadas “escritas performativas”

(IROBI, 2012). Importa compreender como o corpo constitui “local de múltiplos discursos

para esculpir história, memória, identidade e cultura” (IROBI, 2012, p. 277).

Segundo Cristiana Tramonte, a escola de samba “é uma ação cultural que processa e

organiza as relações sociais, econômicas e políticas da parcela que aí convive no que

convencionamos denominar o ‘Mundo do Samba’” (TRAMONTE, 2001, p. 08). Para a

autora, o samba constituiu e constitui tema de interesse de inúmeros estudiosos na questão da

identidade nacional, “na configuração do que se convencionou denominar cultura nacional”

(TRAMONTE, 2001, p. 13). Discutindo o samba desde sua formação, a autora aponta as

modificações do movimento ao longo do tempo, enquanto era entrudo, depois sua

pomposidade elitista e a mobilização das classes populares em torno do ritmo que as

representava, em especial nas regiões periféricas dos centros urbanos.

Pensando o universo da cultura, as artes africanas e afro-diaspóricas necessitam de um

olhar atencioso. Nas palavras de Muniz Sodré (1998), existe na música africana a chamada

síncopa9, dita como a “batida que falta” e que, necessariamente, produz uma incitação ao

preenchimento dessa espécie de “espaço” temporal existente entre uma marcação e outra.

Segundo o autor, “tanto no jazz quanto no samba, atua de modo especial a síncopa, incitando

o ouvinte a preencher o tempo vazio com a marcação corporal – palmas, meneios, balanços,

dança” (SODRÉ, 1998, p. 11).

9 “Síncopa, sabe-se, é a ausência no compasso da marcação de um tempo (fraco) que, no entanto, repercute noutro mais

forte”; “A síncopa garantia a recriação ou reinvenção dos efeitos específicos dos instrumentos de percussão dos negros”.

SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Mauad, 1998. 2ª. ed., p. 11; 31.

Page 8: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

8

A síncopa brasileira é rítmico-melódica. Através dela, o escravo – não podendo

manter integralmente a música africana – infiltrou a sua concepção temporal-

cósmico-rítmica nas formas musicais brancas. Era uma tática de falsa submissão: o

negro acatava o sistema tonal europeu, mas ao mesmo tempo o desestabilizava,

ritmicamente, através da síncopa – uma solução de compromisso. (...) A síncopa

garantia a recriação ou reinvenção dos efeitos específicos dos instrumentos de

percussão negros. (SODRÉ, 1998, p. 25; 31)

O corpo, o ouvir, o falar, o cantar, produz movimento e, quando celebrado com vários

corpos, mãos, falares, cantares, recria experiências, reatualiza vivências culturais. Mobilizar o

corpo, a performance, movimenta saberes, modos de vida alterados e ressignificados na

diáspora. Era na festa que grupos culturais ressignificavam suas vidas. A música, as danças,

práticas instrumentais renovavam seus modos de vida, reatualizavam sua energia vital para a

continuação das atividades do restante dos meses. O samba já era primeiras décadas do século

XX um instrumento efetivo de luta para as populações de origem africana no quadro da vida

urbana brasileira.

O Figueirense Futebol Clube

O futebol já era prática em Florianópolis nos anos 1920, e no começo da década

ocorreu a fundação de um clube ainda presente e muito marcante na história da cidade, o

Figueirense. Trajano Margarida, Jorge Albino Ramos [barbeiro], João Savas Siridakis e

Domingos Joaquim Veloso, junto a outros amigos idealizaram a fundação de um clube de

futebol. Ulisses Carlos Tolentino, envolvido com as expectativas do grupo, cedeu “sua

residência que ficava ali próximo da barbearia, exatamente na rua Padre Roma, número 27

para fazer a tão anunciada reunião”. (FELIPPE, 2001, p. 20).

A barbearia de Jorge, situada no bairro da Figueira, era ponto de encontro para

conversas e aspirações sobre futebol e a criação de um clube, sendo ambiente de organização

da reunião a ser celebrada para fundação da agremiação esportiva. Agendou-se então, para 12

de junho de 1921, o encontro decisivo de fundação da agremiação esportiva.

A região da Figueira positivou olhares ao criar um clube de futebol. Bairro depreciado

e sob constantes suspeitas, era espaço de trabalho de “decaídas”10, marinheiros, estivadores e

tantos outros trabalhadores do mar. O Figueirense Foot-Ball Club levantou a autoestima do

“bairro da Figueira, tão depreciado pelas reformas urbanas e pelos discursos dos higienistas

que olhavam aquela localidade com arrogância.” (FELIPPE, 2001, p. 9). A região tão malvista

10 Como eram nomeadas mulheres prostituídas. Consultar: PEREIRA, 2004.

Page 9: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

9

pelas autoridades republicanas e higienistas tornou-se símbolo de um clube de futebol,

agremiação fundada por estivadores, trabalhadores do mar e tantos outros labutadores da

redondeza.

Considerações Finais

Associações, clubes ou grupos possuíam interesses, expectativas e formas diversas de

autodenominação, como de inserção de seus/suas afiliados/as. Em 1948, foi fundada

oficialmente, por afrodescendentes, a Escola de Samba Protegidos da Princesa, existente

ainda hoje em Florianópolis11. Assim como a Irmandade do Rosário, a Escola de Samba

Embaixada Copa Lord, o Clube “Brinca Quem Pode”, o Flor da Mocidade e o 25 de

Dezembro, o Figueirense Futebol Clube constituíam territórios marcados pela presença e

atuação de populações de origem africana em Florianópolis no pós-abolição. Territórios

marcados por códigos culturais de matriz africana e cujos traços envoltos no samba, na

religiosidade e nas expectativas de vida possibilitaram a criação e a consolidação de espaços

múltiplos de vivências, memórias e histórias.

Nossa proposta, nestas breves palavras que foram possíveis expressar na abordagem

aqui evidenciada, remontam a perspectivas pós-coloniais e a produção de saberes que

visibilizem sujeitos e histórias nem sempre presentes em nossos manuais didáticos, em nossas

memórias institucionais... Enfatizamos visualizar homens e mulheres afrodescendentes

enquanto pessoas, sujeitos históricos detentores de sonhos, projetos de vida, experiências e

anseios, muito além do que as elites os rotulavam, para além da ideia de ex-escravos. Deste

modo, nosso papel político, intelectual e ativo pauta-se num mundo “descoberto em outros

céus, outros horizontes”, onde a cultura nunca pode ser simplificada (BHABHA, 2013, p.

258).

Franz Fanon chama atenção ao papel do intelectual na construção de narrativas na

contramão, a partir de restos/resíduos que constituem sinais das existências dos sujeitos

colonizados. É preciso observar o fato de que as vítimas coloniais possuem signos e símbolos

representativos de seus próprios universos culturais. Assim sendo, nosso olhar enquanto

produtores de conhecimento, portanto, intelectuais, deve atentar para a realidade das colônias

(ou antigas colônias) e não se pautar nos desmandos coloniais, ou, “manter-se com a cabeça

11 Para maiores informações, acessar:

http://www.protegidos.com.br/index.php?action=megamod_01&icon=HISTORIA.png&sec=HIST%D3RIA

Page 10: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

10

na metrópole”, pois o “intelectual seduzido pela metrópole” jamais poderá compreender sua

tarefa e seu papel de mudança, de libertação (FANON, 2005).

Necessitamos de novas epistemologias, novos potenciais éticos que cada

conhecimento produz, buscando ouvir as vozes que se pronunciam e que não estamos

habituados a ouvir, pois nossos ouvidos ocidentais não se adaptaram a reconhecer os códigos

culturais enunciados pelos sujeitos históricos ditos como “outros”, refletir sobre sentidos,

expectativas e visões de mundo para além do universo eurocêntrico.

REFERÊNCIAS

ANTONACCI, Antonieta Martines. Memórias Ancoradas em Corpos Negros. São Paulo:

EDUC, 2013.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de História. In: Magia e técnica, arte e política:

ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BHABHA, Homi. O Local da Cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

CARDOSO, Fernando Henrique & IANNI, Octávio. Cor e Mobilidade Social em

Florianópolis. São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1960.

CARDOSO, Fernando Henrique. Negros em Florianópolis: Relações sociais e econômicas.

Florianópolis: Editora Insular, 2000.

CARDOSO, Paulino de Jesus Francisco. Negros em Desterro: experiências das populações

de origem africana em Florianópolis na segunda metade do século XIX. Itajaí: Casa Aberta,

2008.

___________________. A luta contra a apatia. Estudo sobre a instituição do Movimento

Negro Antirracista Na Cidade De São Paulo (1915-1931). Itajaí: Casa Aberta, 2013.

CARDOSO, Paulino de Jesus Francisco; RASCKE, Karla Leandro. Figueirense: o Bairro da

Figueira e o nascimento de um Clube. 2014. Texto não-publicado.

CARVALHO, Andréa Cândido De Moraes De. Negros Em Lages: Memória E experiência

de afrodescendentes no planalto catarinense. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) -

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Florianópolis: UFSC, 2001.

DALLABRIDA, Norberto. A fabricação Escolar das Elites: o Ginásio Catarinense na

Primeira República. Florianópolis: Cidade Futura, 2001.

_____________________. Colméia de virtudes: o Grupo Escolar Arquidiocesano São José e

a (re)produção das classes populares. In: DALLABRIDA, Norberto (Org.). Mosaico de

Page 11: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

11

Escolas: modos de educação em Santa Catarina na Primeira República. Florianópolis: Cidade

Futura, 2003, 281-308.

DOMINGUES, Petrônio. Uma história não contada: negro, racismo e branqueamento em

São Paulo no pós-abolição. São Paulo: Ed. Senac, 2004.

FANON, Franz. Os Condenados da Terra. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2005.

FELIPPE, Fábio. “No coração da torcida”: a fundação do figueirense Foot-Ball Club na

década de 1920. 2001. 50 f. Trabalho de conclusão de Curso (graduação) - Universidade do

Estado de Santa Catarina.

FILHO, Walter Fraga. Encruzilhadas da Liberdade: histórias de escravos e libertos na

Bahia (1870-1910). Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2006.

GARCIA, Fábio. Negras pretensões: a presença de intelectuais, músicos e poetas negros nos

jornais de Florianópolis e Tijucas no início do século XX. Florianópolis: Umbutu, 2007.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. da

UFMG, 2003.

IROBI, Esiaba. O que eles trouxeram consigo: carnaval e persistência da performance estética

africana na diáspora. Revista Projeto História. São Paulo, n. 44, p. 273-293, jun. 2012, p.

2012.

LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais.

BH/SP, CLACSO, 2005.

MACEDO, Lisandra Barbosa. Ginga, Catarina! Manifestações do samba em Florianópolis

na década de 1930. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade do Estado de Santa

Catarina (UDESC). Florianópolis, 2011.

MARIA, Maria das Graças. “Imagens Invisíveis de Áfricas Presentes”: experiências das

populações negras no cotidiano da cidade de Florianópolis – 1930 a 1940. Dissertação

(Mestrado em História) – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis:

UFSC, 1997.

MARIA, Maria das Graças. “Memória subterrânea: construção das representações de

identidade do negro em Florianópolis”. Esboços, Revista do Programa de Pós-Graduação em

História da UFSC, Florianópolis, vol. 2, n. 2, 1995, pp. 58-69.

MATTOS, Hebe Maria; RIOS, Ana Maria. O pós-abolição como problema histórico:

balanços e perspectivas. Revista TOPOI, v. 5, n. 8, jan-jun. 2004, pp. 170-198.

MATTOS, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. São Paulo: Contexto,

2007.

MORTARI, Claudia; CARDOSO, Paulino de Jesus. Territórios negros em Florianópolis no

século XX. In: BRANCHER, Ana (org.). História de Santa Catarina: estudos

contemporâneos. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1999, p. 83-101.

Page 12: Florianópolis e os territórios negros · Recreativos, Escolas de Samba, Terreiros de Umbanda, Grupos de Cacumbi, ... Atualmente é bolsista CAPES, tutora no curso de Pedagogia EaD

Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

12

MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/Projetos Globais: colonialidade, saberes subalternos,

pensamento liminar. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

PEDRO, Joana Maria et al. Negro em terra de branco: escravidão e preconceito em Santa

Catarina no século XIX. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. (Série Documenta – SC; 2).

SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Cia das

Letras, 2003.

SANTOS, André Luiz. Do Mar ao Morro: a geografia histórica da pobreza urbana em

Florianópolis. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC). Florianópolis, 2009.

SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Mauad, 1998. 2ª. ed.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: UFMG, 2010.

THOMPSON, E. P. Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial. In: Costumes em

comum. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

____________________. O termo ausente: experiência. In: A Miséria da Teoria ou um

planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar Editores,

1981.