flora etnobotânica cerrado
TRANSCRIPT
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
1/23
LEVANTAMENTO ETNOBOTNICO DE PLANTAS MEDICINAISNO DOMNIODO CERRADO NA REGIO DO ALTO
RIO GRANDE MINAS GERAIS1
VALRIA EVANGELISTA GOMES RODRIGUES2
DOUGLAS ANTNIO DE CARVALHO3
RESUMO - Levantaram-se junto s comunidadesrurais do sul do Estado de Minas Gerais, microrregiodo Alto Rio Grande, municpios de Lavras, Carrancas,Inga, Itumirim e Itutinga, quais, como e para que finsas espcies nativas de algumas formaes vegetais(cerrados sensu stricto, campos sujos, campos limpos,campos rupestres, bordas de matas de galeria e deencosta) e as plantas colonizadoras dessas formaesso utilizadas na medicina popular. Contou-se com a
colaborao de 13 raizeiros em campo. Foramlevantadas em 37 reas de amostragens, 527indivduos, pertencentes a 55 famlias, 115 gneros e167 espcies. As espcies mais utilizadas na medicina
popular, so: Baccharis trimera (carqueja),Banisteriopsis argyrophylla (cip-prata), Bauhiniaholophylla (unha-de-vaca), Bidens pilosa (pico),
Brosimum gaudichaudii (mamacadela), Cayaponiatayuya (taiui), Caryocar brasiliense (pequi), Crotonantisyphiliticus (canela-de-perdiz), Dorsteniabrasiliensis (carapi), Herreria salsaparilha
(salsaparilha), Heteropteris anceps (guin-do-campo),Jacaranda decurrens (carobinha), Lychnophorapinaster (arnica), Mikania smilacina (guaco), Rudgeaviburnoides (bugre), Smilax campestris (japecanga),Strychnos brasiliensis (quina-cruzeiro), Strychnos
pseudo-quina (quina-mineira), Stryphnodendronadstringens (barbatimo) e Vernonia polyanthes (assa-
peixe). As plantas so utilizadas principalmente para:afeces dos rins, reumatismo, facilitar a secreo
urinria, diabetes, m circulao do sangue,arteriosclerose, depurativo do sangue, inflamaes,sfilis, colesterol alto, hemorragias, hemorridas, doresestomacais, cicatrizao, paralisias, dores lombares,lceras, afeces do aparelho respiratrio,hematomas, contuses, pancadas, anestesiar,molstias do fgado, doenas venreas, afeces doaparelho urinrio, diarrias, febres, regular regrasmenstruais, afeces da pele e vermes. As
principais formas de util izao das plantas na regioso os chs, em decocto ou infuso.
TERMOS PARA INDEXAO: Espcies nativas, formaes vegetais, plantas colonizadoras, medicina popular,
espcies utilizadas, utilizadas principalmente para, formas de utilizao.
ETNOBOTANICAL SURVEY OF MEDICINAL PLANTS IN THEDOMINION OF MEADOWS IN THE REGION OF THE ALTO RIO
GRANDE - MINAS GERAIS
ABSTRACT - A survey was carried out next ruralcommnunities, in the south of Minas Gerais State,microregion of Alto Rio Grande, cities of Lavras,Carrancas, Inga, Ituimirim and Itutinga, in order toknow which and for what purpose, the native species of
some vegetation formation ( sensu stricto meadow,scrubland, savanna, rupestrian, borders of riversideforest and of hillside) and of colonizer plants of that
formation , are used in the popular medicine. Thesurvey counted with collaboration of 13 herb doctors onfield level. The investigation was carried out in 37sampling areas, 527 individuals, belonging to 55families, 115 genuses and 167 species. The most
applied species in the popular medicine, are:Baccharistrimera (carqueja), Banisteriopsis argyrophylla (cip-
prata), Bauhinia holophylla (unha-de-vaca), Bidens
1. Parte da tese de Mestrado do primeiro autor, apresentada UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA).2. Professora do Departamento de Biologia/UFLA, Caixa Postal 37, 37200.000 Lavras, MG.3. Professor do Departamento de Biologia/UFLA
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
2/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
103
pilosa (pico), Brosimum gaudichaudii (manac-do-campo), Cayaponia tayuya (yaiui), Caryocarbrasiliense (pequi), Croton antisyphiliticus (canela-de-
perdiz), Dorsteniabrasiliensis (carapi), Herreriasalsaparilha (sasaparilha), Heteropteris anceps (guin-do-campo), Jacaranda decurrens (carobinha),
Lychnophora pinaster (arnica), Mikania smilacina(guaco), Rudgea viburnoides (bugre), Smilaxcampestris (japecanga), Strychnos brasiliensis (quina-cruzeiro), Strychnos pseudo-quina (quina-mineira),Stryphnodendron adstringens (barbatimo) and
Vernonia polyanthes (assa-peixe). The plants are usedmainly for: kidney affections, rheumatism, to facilitatethe urinary secretion, diabetes, bad blood circulation,
arteriosclerosis, blood depurative, stomach aches,cicatrization, paralysis, back pains, ulcers, respiratorysystem affections, hematomas, contusions, blows,anesthetize, liver affections, venereal disease, urinarysystem affections, diarrhea, fevers, irregularmenstruation, skin affections and worms. The mainmethods of application in the region are through theteas, by boiling or infusion.
INDEX TERMS: native species, vegetation formation, colonizer plants, popular medicine, most used species,used mainly for, methos of application.
INTRODUO
A explorao de recursos genticos de plantasmedicinais no Brasil est relacionada, em grande parte, coleta extensiva e extrativa do material silvestre.Apesar do volume considervel da exportao de vriasespcies medicinais na forma bruta ou de seussubprodutos, pouqussimas espcies chegaram ao nvelde ser cultivadas, mesmo em pequena escala. O fatotorna-se mais marcante quando consideramos asespcies nativas, cujas pesquisas bsicas ainda soincipientes (Vieira, 1994).
Vrios so os exemplos de espcies medicinaisnativas do nosso pas, em que laboratriosinternacionais possuem total domnio da tecnologiaagrcola e de produo, como no caso do jaborandi-
brasileiro (Pilocarpus pinnatifolius Engl.), do qual seextraem os sais de policarpina, desde 1876, pela Merck.Atualmente, atravs da Vegetex, exporta para Amrica,sia e Europa, alm de atender s necessidadesnacionais.
Considerando ainda a grande biodiversidadeque detm o nosso pas e a dificuldade de se colocar em
prtica o Captulo do Meio Ambiente do Ttulo VIII daConstituio Brasileira, que trata da conservao danatureza e a estratgia mundial para conservao dosrecursos vivos para um desenvolvimento sustentado.
Torna-se tambm necessria a realizao de estudos querelatem a diversidade biolgica de cada complexovegetacional, as interrelaes e a qualidade de vida dosseres vivos ali presentes.
A Etnobotnica inclui todos os estudosconcernentes relao mtua entre populaestradicionais e as plantas (Cotton, 1996). Apresentacomo caracterstica bsica de estudo o contato diretocom as populaes tradicionais, procurando uma
aproximao e vivncia que permitam conquistar a
confiana das mesmas, resgatando, assim, todoconhecimento possvel sobre a relao de afinidadeentre o homem e as plantas de uma comunidade.Portanto, o estudo etnobotnico o primeiro passo paraum trabalho multidisciplinar envolvendo botnicos,engenheiros florestais, engenheiros agrnomos,antroplogos, mdicos, qumicos, entre outros, para seestabelecer quais so as espcies vegetais promissoras
para pesquisas agropecurias e florestais, justificandoassim seu uso e sua conservao. Ainda, por ser oBioma Cerrado um complexo vegetacional que detmgrande diversidade biolgica, que ocupa extensa reaterritorial nas regies centrais do nosso pas, e com
maior concentrao populacional, que se justifica aimportncia deste estudo. Nesse contexto, este trabalhotem como objetivo: levantar junto s comunidadesrurais, raizeiros e ou curandeiros da regio do Alto RioGrande, nos municpios de Lavras, Itumirim, Inga,Itutinga e Carrancas/MG, quais, como e para que finsas espcies nativas e colonizadoras desse complexovegetacional e de outros que compem a regio soutilizadas na medicina popular.
MATERIAL E MTODOS
Os estudos foram realizados em reas decerradosensu stricto, campo sujo, campo limpo, camporupestre, bordas de matas de galeria e de encosta, e emreas de transio cerrado/mata, do Sul do Estado deMinas Gerais, microrregio do Alto Rio Grande, nosmunicpios de Lavras (537 Km2), Itumirim (238 Km2),Inga (305 km2), Itutinga (360 Km2) e Carrancas (702Km2).
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
3/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
104
Essa microrregio constituda de superfciesplanas e onduladas, de onde sobressai a elevao daSerra da Bocaina, com uma altitude aproximada de
1200m. Destacam-se entre os vrios mananciais, comsuas nascentes, o Rio Capivari e o Rio Grande, esteltimo formando as Represas de Camargos e Itutinga,cujas guas banham, entre outros, dois dos municpiosestudados: Itutinga e Carrancas.
O clima dominante na regio tropical dealtitude, com temperatura mdia anual variando de 19-21oC e de precipitao mdia anual entre 1.200-1.500m (Queiroz et al., 1980).
Dentre os solos que ocorrem namicrorregio, predominam em cada um dosmunicpios, as seguintes classes de solos:
- Lavras (das partes mais elevadas em direo
aos rios): Solos Litticos, Cambissolos, PodzlicosVermelho-Amarelos, Latossolos Vermelho-Amarelos,Solos Hidromrficos e Solos Aluviais (Curi et al.,1990).
- Carrancas: Latossolos Variao UNA,Cambissolos, Latossolos Vermelho-Escuros e SolosLitlicos (EMBRAPA, 1981; Giarola et al., 1997).
- Itumirim: Latossolos Vermelho-Escuros,Latossolos Vermelho-Amarelos e Cambissolos(EMBRAPA, 1981; Giarola et al., 1997).
- Inga: Latossolos Vermelho-Amarelos,Cambissolos, Latossolos Vermelho-Escuros(EMBRAPA, 1981; Giarola et al., 1997).
- Itutinga: Latossolos Variao UNA,Cambissolos, Latossolos Vermelho-Escuros e SolosLitlicos (EMBRAPA, 1981; Giarola et al., 1997).
A paisagem vegetacional nativa compostapelos cerrados, campos cerrados, matas de galeria,matas de encosta e campos rupestres (Queiroz et al.,1980). Atualmente, a vegetao nativa forma ummosaico com as pastagens e culturas diversas. Oscampos cerrados constituem a fisionomia vegetal
predominante na regio nas cotas at 900 m de altitude,dando lugar aos campos rupestres, no intervalo de 900e 1.100m de altitude, que ocorrem em grande extensoda Serra da Bocaina. As matas de galeriasacompanham os cursos dgua; as matas de encostanormalmente ocorrem nas depresses e em ondulaescom solo de melhor qualidade (Carvalho, 1992).
A atividade agropecuria na regio moderada em virtude da m qualidade do solo e/outopografia. O controle da eroso deve ser intensivo;s equipamentos mais leves devem ser utilizados namecanizao e so limitantes para plantas de razes
mais sensveis (Queiroz et al., 1980); e, segundo apotencialidade agrcola do solo, classificado comorea atualmente desaconselhvel utilizao agrcola,
por ter limitaes muito fortes de solos e/ou topografia(Anurio..., 1992).O uso atual da maior parte das terras da regio
sob influncia dos reservatrios das hidreltricas deItutinga/Camargos (MG) encontra-se em desarmoniacom a aptido agrcola, o que contribui em muito paraos problemas socioeconmicos e ambientais,atualmente muito evidentes nessa regio. Mesmo comos avanos tecnolgicos significativos na agricultura,isso no se aplica s condies das propriedadeslocalizadas na regio, pois a adaptao de tecnologia
para essas condies caminha lentamente, ao passo queo processo de degradao do solo avana a passos
largos (Giarola et al., 1997).As reas a serem amostradas foram escolhidasmediante referncias levantadas junto populao rurale raizeiros da regio. Tendo como guia 13 raizeiros daregio, foram amostradas 37 reas, assim distribudasnos municpios de: Carrancas - 9; Inga - 8; Itumirim -7; Itutinga - 7 e Lavras - 6. Com um mesmo raizeiroforam percorridas de 3-4 reas distintas com relao aalgumas das formaes do bioma cerrado (cerrado
sensu stricto, campos sujos e campos limpos), dasformaes vegetais de campo rupestre, matas de galeriae de encosta (bordas) e reas de transio cerrado/mata.E visando a possibilitar algumas comparaes do
conhecimento da relao homem-planta entre raizeiros,no mnimo dois raizeiros percorreram a mesma rea.
Na maioria das vezes as formaes vegetais dasreas amostradas encontram-se perturbadas pela aoantrpica, em intensidades que variam de pouco
perturbadas a bem perturbadas. Entre as que sofremhoje perturbaes antrpicas, esto em maior escala asocupadas pela pecuria de leite e de corte, em que
praticamente o nico manejo realizado cortar ossubarbustos e arbustos antes de se colocar o gado.Quanto ao manejo por queimadas, pode-se observar queest sendo pouco utilizado; apenas 5 das 37 reasamostradas apresentam vestgios de queimadas recentese programadas por meio do aceiramento. Nenhum tipode estratgia conservacionista foi observada nas reasamostradas.
Nota-se, contudo, que h necessidade de umesforo maior, com uma mudana substancial na
poltica e na ao conservacionista pblica e privada,principalmente de conscientizao, para que sejagarantida a conservao do solo e da biodiversidade,
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
4/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
105
entre os quais est a preservao dos recursos genticosdas plantas medicinais nas formaes vegetaisamostradas na microrregio do Alto Rio Grande.
Coletaram-se o material botnico e os dadosetnobotnicos em visitas semanais, quinzenais oumensais, de acordo com a disponibilidade dos raizeiros.Estes, num total de 13, foram disponibilizados nosmunicpios de Carrancas (3), Inga (2), Itumirim (2),Itutinga (3) e Lavras (3).
As visitas para coletas de dados foram realizadasem quatro etapas:
1 etapa - realizadas em cada municpio,com a finalidade de levantar junto populaourbana e rural, por meio de indagaes, quais osraizeiros e/ou curandeiros mais procurados para acura de enfermidades.
2 etapa -realizadas para contactar os raizeirose/ou curandeiros levantados na primeira visita, everificar a disponibilidade de cada um em transmitirseus conhecimentos sobre a cura de enfermidades pelas
plantas.3 etapa - realizadas, junto aos raizeiros, com a
finalidade de se escolherem as reas a serem amostradas.4 etapa - realizadas, junto a cada raizeiro, nas
reas amostradas, com a finalidade de se levantarem:quais, como e para que fins as plantas nativas ecolonizadoras das formaes vegetais em estudo soutilizadas na medicina popular, seguindo a ficha deinformaes (anexo 1).
Pela caracterstica peculiar de o estudo ter umenfoque qualitativo, utilizou-se o mtodo dequestionamento proposto por Ribeiro (1987), segundo oqual no impem, inadvertidamente, as prprias idiase categorias culturais a seus informantes ouconsultores culturais, mas estabelece o tom necessrio aum relacionamento compartilhado entre iguais, questionacom perguntas mais abertas, dando liberdade aoinformante para responder segundo sua prpria lgica econceitos, e seleciona palavras empregadas peloinformante, com base nas respostas iniciais, para obter ecompletar os dados.
A coleta e anlise de informaes basearam-seno mtodo de Trivios (1987), o qual sustenta que oideal que a anlise esteja presente durante os vriosestgios da pesquisa e que o tipo de tcnica que seemprega no admita vises isoladas, parceladas ouestanques, j que a coleta e anlise dos dados obedecema um processo unitrio integral, por meio do qualambas se retroalimentam constantemente e podeminfluenciar todo o processo de pesquisa.
As espcies de plantas medicinais levantadasforam identificadas e includas em famlias de acordocom o sistema de Cronquist (1981).
Os espcimes coletados foram numerados eacondiconados em sacos plsticos no campo eposteriormente levados ao Laboratrio do HerbrioESAL, do Departamento de Biologia da UniversidadeFederal de Lavras - UFLA (Lavras - MG), onde foram
prensados, secos, montados, etiquetados, registrados eincorporados ao mesmo.
As identificaes dos espcimes foram feitas pormeio de comparaes com exsicatas no Herbrio ESALe de consultas a especialistas e a obras clssicas.Visando, ainda, identificao de alguns espcimes,foram levadas duplicatas aos Herbrios SP (Instituto deBotnica de So Paulo- So Paulo/SP) e UEC
(Departamento de Botnica do Instituto de Biologia daUniversidade Estadual de Campinas - Campinas/SP).
RESULTADOS E DISCUSSO
Todos os raizeiros levantados so descendentesde avs indgenas, africanos ou ambos, e de faixa etriaentre 56-72 anos. Entre os treze, onze so do sexomasculino e apenas dois deles no constituram famlia;os dois do sexo feminino constituram famlia. Dos queconstituram famlia, apenas trs transmitiram seusconhecimentos sobre a utilizao, dosagem e preparodas plantas medicinais a alguns de seus filhos. Osmotivos apresentados pelos raizeiros, por no terem
passado a todos os filhos seus conhecimentos sobre asplantas medicinais, so, sobretudo:
- falta de tempo ocasionada ora pelo trabalho dosfilhos para ajudar na renda familiar (na maioria doscasos), ora ocasionada pelo estudo dos mesmos;
- falta de interesse por parte dos filhos,principalmente aps terem entrado na idade escolar;
- e, em alguns casos, porque os filhosconstituram famlia ainda jovens, distanciando-se dos
pais, dificultando, assim , o ensino - aprendizagem.Apenas trs raizeiros freqentaram a escola;
assim mesmo, apenas o 1 grau incompleto. Portanto,possuem uma linguagem teraputica popular quase queprpria de cada um no que se refere s enfermidades eaplicaes das plantas, com algumas expresses bem
particulares, como por exemplo: esta planta damesma famlia desta, o que significa que podem sermisturadas para se fazer um ch para a cura de umadeterminada doena, ou esta planta utilizada quandoo homem est acabrunhado, o que significa que para
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
5/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
106
cura da impotncia sexual. Isso ocasionou uma srie deentrevistas e indagaes com um mesmo raizeiro,visto
que a maioria deles apresenta uma maneira particularde se expressar, principalmente quando se trata dedoenas venreas, das afeces do aparelho reprodutorfeminino e masculino e da impotncia sexual,
justamente por no utilizarem uma linguagemteraputica cientfica. Todos os raizeiros acreditam, semsombra de dvida, nos efeitos das plantas medicinais
para a cura das enfermidades e se orgulham do quefazem. A maioria salienta que a dosagem utilizada fundamental para a cura das doenas, que o excesso
pode provocar intoxicao ou danos no organismo e queo tempo de utilizao das plantas medicinais no deve
ser muito prolongado, ou seja, mencionam que, mesmono caso de doenas de cura demorada ou incurveis, hnecessidade de intervalos de tempo sem o uso dosmedicamentos base de plantas. Esse tempo chamado
por alguns raizeiros de repouso e por outros derestabelecimento.
Verificou-se que nenhum tipo de desperdcioconsciente ocorreu por parte dos raizeiros nas coletasdas plantas medicinais, ou seja, colhem exatamente oque precisam. Geralmente no se preocupam com osdanos causados pelas coletas na planta e no aparentamter alguma conscincia sobre a conservao desses
recursos vivos para um desenvolvimento sustentado.Nota-se ento o enorme risco de desaparecimento, atmesmo rpido, de algumas espcies medicinais dasformaes vegetais estudadas na regio, comoconseqncia de um manejo inadequado das reas
pelos proprietrios rurais, ou pela retirada das mesmaspara uso medicinal.
Segundo a maioria dos raizeiros, eles erammuito procurados em dcadas passadas para a cura dedoenas utilizando-se plantas medicinais. Ocorreu umdeclnio na procura entre as dcadas de 70- 80,retomou por volta de 1985 e intensificou-se cada vez
mais at os dias de hoje.Verifica-se, assim, que o papel dos raizeiros dehoje, em alguns aspectos, se assemelha aos doscurandeiros antecedentes, ou seja, indivduos quedentro das suas comunidades detm a sabedoria
passada por seus ancestrais de preservar e utilizar asplantas do meio ambiente onde vivem, e em outros seassemelha aos dos indivduos que formavam as famlias
camponesas da regio: pessoas simples e fraternas, emesmo em funo da sabedoria que detm paraaliviar as dores e o mal-estar provocados pelas
doenas, atravs das plantas da regio, vivem semocupar qualquer posio de destaque ou privilgiosnas sociedades das quais fazem parte. Nenhumdeles utiliza-se de seus conhecimentos para finslucrativos, mesmo precisando de aumentar a rendafamiliar. Entretanto, aceitam qualquer tipo de ajudadada pelas pessoas que os procuram, pois a maioria de classe social de renda baixa. Tambmdesconhecem, nas suas comunidades, qualquer tipode retirada de plantas medicinais na regio para efeitode comercializao, a no ser aquelas que so por elesutilizadas
As espcies que correm mais risco so aquelascujas partes utilizadas para o preparo dosmedicamentos so razes, caule ou casca do caule,
pois, muitas vezes o dano causado planta podelevar morte. Como exemplos, podem ser citados:raiz-preta (Senna rugosa), da qual se usa a raizcomo vermfugo e nas mordeduras de cobra; velame-
branco (Macrosyphonia velame) em que a raiz utilizada como depurativa do sangue, e a planta todacomo depurativa do sangue, anti-reumtica e naslceras pcticas; (conseqentemente, na maioria dasvezes essas plantas, quando de porte menor, so
arrancadas inteiras).Segundo os raizeiros, vrios so os fatores que
influenciam na demanda diferenciada de plantas paracura de enfermidades. E entre eles, em ordemdecrescente de ocorrncia, tm-se:
- o preo elevado de certos medicamentossintticos;
- anseio no bem-estar e na cura mais rpida,fazendo uso dos dois tipos de medicamentos(quimioterpicos e fitoterpicos);
- e as irritaes causadas no organismo dosindivduos pelo uso constante dos medicamentos
sintticos.Foi identificado, nos cinco municpios, um total
de 167 espcies de plantas medicinais nas formaesvegetais amostradas; dessas, 118 so das formaesvegetais de cerrado e campos cerrados, listadas segundoindicaes de uso, parte utilizada e forma de preparo(Tabela 1). Esse resultado bastante expressivo secomparado aos estudos de Siqueira (1982), segundo o
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
6/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
107
qual foram apresentadas 81 espcies de cerrado de uso medicamentoso.
TABELA 1 - Espcies de plantas medicinais no domnio do cerrado, nos municpios de Carrancas, Inga,
Itumirim, Itutinga e Lavras- MG, com seus respectivos habitat, indicaes de uso*, parte usada* e preparo*.
Habitat: Cerrado = cer. Campo rupestre = c. r. Borda de mata = b. ma.
rea de transio = . tr. Colonizadora = col. Parasita = par.
Famlia/Nome Cientfico/ NomeVulgar/Habitat
Indicaes Parte Usada Preparo
AgavaceaeAgave americanaL.
(pita, piteira) / col.
a. depurativo e estomacalb. enfermidades dos rins e
fgadoc. sarnad. diurtica
a. folhas frescasb. folhas secas em
forma de pc. folhas frescasd. raiz
a. Infusob. Infuso
c. Cataplasmad. Infuso
AmaranthaceaeAlternanthera brasiliana (L.) O.Kuntze
(perptua- do- mato) / . tr., b. ma.
bquica flores Infuso
AnacardiaceaeAnacardium humileSt. Hil.
(cajuzinho) / cer.
a. diarria
b. bquicac. diabetes
a. folhas e casca docaule
b. floresc. folhas e casca do
caule
a. Tisana ou infusob. Infusoc. Decocto
Schinus terebinthifolius Raddi(aroeira-mansa) / b. ma.
a. hemoptises e diarriasb. gota e reumatismo
c. afeces cutneas
a. cascab. casca
c. folhas
a. Decoctob. Tisana
c. DecoctoTapirira guianensis Aubl.
(peito-de-pombo) / cer.a. dermatoses
b. sfilis e depurativoa. casca e folhas
b. casca e folhasa. Decocto
b. Infuso
AnnonaceaeAnnona dioica St. Hil.
(araticum) / cer.a. diarria crnica
b. emolientec. reumatismo
a. sementesb. frutoc. folhas
a Infusob. Cataplasmac. Infuso ou tisana
Annona crassifloraMart.(marolo) / cer.
diarria crnica sementes Decocto ou infuso
Duguetia furfuracea (St. Hil.)Benth. & Hook(araticum- seco) / cer.
Xylopia aromatica ( Lam. ) Mart.(pimenta-de-macaco) / cer.
Reumatismo
a. digestivob. antinflamatrio
ramos com folhas
a. frutosb. folhas e casca
do caule
Infuso ou tisana
a. Decocto ou infusob. Infuso ou tisana
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
7/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
108
continua...Continuao Tabela 1
ApiaceaeEryngium pristis Cham.& Schlecht.
(lngua-de-tucano) / cer., c. r.
a. diurtica, emenagoga
b. nas altas, lceras dagarganta e da boca
a. folhas
b. folhas
a. Infuso
b. Decocto ou infuso
ApocynaceaeHancornia speciosa Gomes
(mangaba) / cer.a. diabetes e obsidade
b. dermatosesa. casca do caule
b. casca do caulea. Decocto ou infuso
b. Ungento
Macrosyphonia velame(St. Hil.)Muel. Arg.
(velame-branco) / cer.
a. gripe, febres ehemorragias
b. depurativo e anti-sifiltico
c. depurativo, anti-sifiltico,
anti-reumtica e paralceras pcticas
a. folhasb. raizc. planta inteira
a. Decoctob. Decocto ou infusoc. Decocto ou infuso
AraliaceaeDidymopanax macrocarpum (C.& S.) Seem.
(cinco-folhas) / cer.
analgsico folhas Banho ou compressa
AristolochiaceaeAristolochia esperanzaeO. KuntzeAristolochia gilberttiHook
(papo-de-peru) / b. ma.
a. antissptico, sedativo,inapetncia, dispepsia,emenagoga, orquite,antifebril, diurtico,clorose e contra veneno
de cobrasb. hipertenso arterialc. reumatismo
a. raiz
b. folhasc. planta toda
a. DecoctoObs.: no tomar mais doque 3 xcaras de ch/dia.A planta abortiva.
b. Decoctoc. Infuso
Aristolochia melastomaManso ex.Duchtra
(capitozinho) / b. ma.
antifebril, antissptico,sedativo e emenagoga
raiz e folhas Decocto
AsteraceaeAcanthospermum australe(Loelf.)O. Kuntze
(carrapicho- de- carneiro) / col.
antidiarrico, anti-febril,tnico e vermfugo
ramos com folhas Decocto ou infuso
Achyrocline satureoides (Lam.)DC.
(marcela) / cer.
anti-emtica, estomticae calmante
folhas e floresfrescas ou secas
Decocto ou infuso
Ageratum conyzoides L.(erva-de-so-joo) / b. ma., . tr.
antiespasmdica,estomtica, para clicasuterinas e emenagoga
toda planta Decocto ou infuso
continua..
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
8/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
109
Continuao Tabela 1
Baccharis dracunculifolia DC.
( alecrim-de-vassoura) / cer.
antifebril ramos com folhas Decocto
Baccharis lymanii G. M. Bar.(alecrim-grande) / cer.
contuses, pancadas,tores, reumatismo
ramos com folhase inflorescncias
Cataplasma oucompressa
Baccharis trimera(Less.) DC.(carqueja) / cer.
a. antifebril, anti-reumtica, clculos
biliares, colagoga,diabete, estomtica,obesidade e obstruesdo figadoanti-helmntica
b. doenas do courocabeludo
a. planta toda,fresca ou seca
b. planta toda,fresca ou seca
a. Infuso
b. Decocto
Bidens brasiliensis Sherf.(pico- grande) / cer., . tr.
desobstrues do fgado,hepatite, ictercia e febre
planta toda Infuso
Bidens pilosa L.(pico) / cer., . tr.
a. desobstrues dofgado, hepatite,ictercia
a. planta toda a. Infuso
b. hepatite, ictercia eferidas
c. febres, afecesda garganta, tosses
d. reumatismo articular egonorria
b. folhas
c. planta toda
d. folhas
b. Banho ou compressa
c. Infuso.
d. Infuso
Gochnatia barrosiiCabrera(assa-peixe) / cer.
debilidade geral, tosse ramos com folhas Banho
Gochnatia velutina(Bong.) Cabrera(assa-peixe-branco) / cer.
debilidade geral, tosse ramos com folhas Banho
Eupatorium maximilianii Schrad.(pico-roxo) / col.
cura de feridas folhas Compressa
Lychnophora pinasterMart.
(arnica) / c. r.
a. contuses, pancadas,
tores e hematomas
ramos com folhas
e ou inflorescncia
a. Cataplasma ou
compressa
b. contuses, pancadas,tores, hematomas
desinfeco de picadasde insetos
b. ramos comfolhas e ou
inflorescncias,frescos ou secos
b. Alcoolatura
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
9/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
110
continua...
Continuao Tabela 1
Mikania hirsutissimaDC.(cip-cabeludo) / b. ma. a. calmante, paralisias,nevralgias, diurtica,nefrites, anti-reumticae diarria crnica
a. toda planta a. Decocto ou infuso
Mikania sessilifolia DC.(orelha-de-ona) / cer.
antifebril, tnica, contratosses e resfriados
ramos com folhas Infuso
Mikania smilacina DC.(guaco; sete-sangrias) / cer. c. r.
a. febre, paludismo, gota,reumatismo e sfilis
b. tosses rebeldes,bronquites e coqueluche
a. toda planta
b. caule e folhas
a. Decocto ou infuso
b. Xarope
Trixis divaricata (H.B.K.) Spreng.
(solidnia) / b. ma.
a. conjuntivite, lavagem
ocular, oftalmia
a. folhas e ramos
jovens
a. Decocto
Vernonia barbata Less.(orelha-de-ona) / cer.
bronquites, gripes eresfriados
toda planta Infuso
Vernonia ferruginea Less.(assa-peixe) / cer.
depurativa, diurtica raiz Infuso
Vernonia missionisGardn.(assa-peixe-preto) / cer.
tores, contuses eluxaes
folhas Emplasto
Vernonia polyanthes Less.(assa-peixe) / cer.
antifebril, nasbronquites, pneumonias,
gripes, resfriados etosses
planta toda Decocto ou infuso
BignoniaceaeJacaranda caroba (Vell.) DC.
(caroba) / cer.a. adstringente, diurtica,
anti-sifiltica.b. anti-reumtica, anti-
sifiltica, nas coceiras edoenas da pele, nasinflamaes e tnica
c. ao sudorfica
a. casca do caule
b. folhas
c. casca da raiz
a. Infuso
b. Infuso
c. Infuso
Jacaranda decurrens Cham.
(carobinha) / cer.
a. depurativo do sangue,
afeces cutneas
a. casca do caule e
folhas
a. Decocto ou infuso
b. lceras externas b. folhas secas b. Cataplasma
Pyrostegia venustaMiers.(cip-de-so-joo) / . tr.
antidiarrica, dores deventre, tnica e para
bronquites
ramos com folhase ou flores
Decocto ou infuso
Tabebuia aurea (Mart.)Bur.(paratudo) / cer.
a. gripes, resfriados e tossesb. febrfuga e depurativo
a. razesb. casca do caule
a. Decocto ou infuso,e alcoolatura
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
10/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
111
b. Decocto ou infuso
Continua...
Continuao Tabela 1
Tabebuia impetiginosa (Mart.)Standl.
(ip-roxo) / cer.
adstringente, impetigo casca do caule Decocto ou infuso
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.(cinco-folhas) / cer.
anti-sifiltica e anti-blenorrgica
folhas Decocto ou infuso
Tynnanthus elegans Miers.(cip-cravo) / b. ma.
na impotncia sexual,tnico, anti-reumtico ena dispepsia
toda planta Decocto ou infuso
Zeyheria digitalis ( Vell.) Hoehne& Kuhln.
(bolsa-de-pastor) / cer.
a. nas afeces da peleb. anti-sifiltica
a. casca da raizb. casca do caule
a. Decocto ou infusob. Decocto ou infuso
BromeliaceaeAnnanas microstachys Lind.
(anans) / cer.diurtico e digestivo fruto Decocto ou infuso
Suco:Adoar com mel.
BuddlejaceaeBuddleja brasiliensis Jacq.
(verbasco) / col.a. calmante, bquica e
sudorficab. emoliente e anti-
hemorroidal
c. nas artrites, contuses ereumatismo
a. ramos comfolhas e flores
b. folhas frescas
c. toda planta
a. Decocto ou infuso
b. Cataplasma ou banho
c. Banho
CaesalpiniaceaeBauhinia holophylla(Steud.) Bong.Bauhinia rufaSteud.
(unha-de-vaca) / cer.
nas diabetes, diurtica,na obesidade eadstringente
toda planta Decocto ou infuso
Cassia rotundifolia Pers.(quebra-pedra-do-cerrado) / col.
diurtica, afeces dosrins
toda planta Decocto ou infuso
Copaifera langsdorffii Desf.(copaba) / cer.
afeces das viasrespiratrias,
cicatrizante, nas afecesdas vias urinrias, anti-inflamatrio
Hymenaea stigonocarpa Mart.(jatob-do-cerrado) / cer.
a. bronquites, tosses,coqueluche
b. adstringente, nasafeces da bexiga eprstata
a. casca e ramosmais velhos
b. casca e ramosmais velhos
a. Decocto ou infusoXarope
b. Decocto ou infuso
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
11/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
112
c. vermfugo c. fruto c. Infuso
Continua...
Continuao Tabela 1
Senna cathartica (L.) Irvin &Barneby
(seno) / cer.
depurativo, nasblenorragias e laxativo
ramos com folhase ou flores
Decocto ou infuso
Senna occidentalis (L.) Irvin &Barneby
(fedegoso) / col.
a. emenagogab. diurticac. molstias do fgadod. nas febres e nos
resfriados
e. vermfugo
a. folhasb. raizc. raizd. ramos sem
folhas ou cascado caule
e. toda planta
a. Infusob. Infusoc. Decoctod. Decocto
e. Decocto
Senna rugosa G. Don.(raiz-preta) / cer.
vermfugo raiz Decocto ou infuso
Senna splendida (Vogel)Irvin& Barneby
(fedegoso-grande) / b. ma.
emenagoga folhas Infuso
CampanulaceaeSiphocampylus duplosserratus
Cham.(bico-de-passarinho) / b. ma.
antinflamatrio(principalmenteinflamao dos seios delactantes)
amos com folhas eflores
Compressas
CaryocaraceaeCaryocar brasiliense Camb.
(pequi) / cer., c. r.a. asma, bronquite,
coquelucheb. asma, bronquite,
coqueluche e resfriadosc. afrodisaco e tnico
a. leo da castanha
b. caroos
c. caroos
a. Nas refeies. Extrai-se o leo das sementes
b. Nas refeies. leovegetal + caroos previa-mente aferventadosc. Alcoolatura
CecropiaceaeCecropia pachystachya Trc.
(embaba) / . tr., b. ma.a. asma, bronquite, tosse e
coquelucheb. diurticac. antiblenorrgica
a. raiz
b. folhas frescasc. brotos
a. Decocto ou infuso
b. Decocto ou infusoc. Infuso
Celastraceae
Austroplenkia populnea (Reiss.) Lund.(marmelinho-do-campo) /cer., c. r. alergias, feridas ramos com folhas Banho
Maytenus salicifolia Reiss.(cafezinho) / b. ma.
a. alergias, feridasb. lceras
a. toda plantab. folhas
a. Banhob. Infuso
ClusiaceaeKielmeyera coriaceaMart.Kielmeyera corymbosa Mart.
emoliente folhas Compressa
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
12/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
113
(pau-santo) / cer.Continua...
Continuao Tabela 1
ConvolvulaceaeMerremia tomentosa (Choisy) Hall.
(velame-do-campo) / cer.
depurativo do sangue ramos com folhase flores
Infuso
CucurbitaceaeCayaponia tayuya (Vell.) Cogn.
(taiui) / b. ma.a. laxante, nevralgias, anti-
sifiltica, depurativo ,anti-reumtica e nasdermatoses
b. lceras e dores diversas
a. raiz
b. folhas
a. Decocto ou infuso
b. Cataplasma
Melancium campestreNaud.
(melncia-do-campo) / cer.
vermfugo e nas dores do
ventre
ramos com folhas Infuso
Momordica charantia L.(melo-de-so-caetano) / col.
a. antileucorricaemenagoga, vermfuga e nasdiabetes
b. nas dermatoses e sarnasc. nas hemorridas
a. folhas frescas ousecas
b. folhas frescasc. fruto
a. Infuso
b. Compressa oucataplasma
c. Banho
CunnoniaceaeLamanonia ternata Vell.
(aoita-cavalo) / b. ma.
adstringente, nas feridas oulceras externas
casca do caule Banho ou compressa
DilleniaceaeDavilla elliptica St. Hil.
(pau-de-bugre) / cer.Davilla rugosa Poir.
(cip - caboclo) / cer.
a. adstringente, tnico elaxativo
b. sedativoc. no linfatismo,
inchaes e orquitesd. diurtico
a. raiz
b. raizc. folhas frescas
d. ramos jovens
a. InfusoObs.: purgativo drstico
b. Banhoc. Banho
d. Infuso
Doliocarpus dentatus (Aubl.)Standl.(cip-caboclo-vermelho) / cer.,. tr., b. ma.
diurtico, laxante e nascistites
ramos jovens eraiz
Infuso
ErythroxylaceaeErythroxylum campestreSt. Hil.
(cabea-de-negro) / cer.
laxante raiz Infuso
Erythroxylum tortuosumMart.(cabea-de-negro) / cer.
a. laxanteb. adstringente( no caso
de hemorragias)
a. raizb. casca do caule
a. Decocto ou infusob. Infuso
EuphorbiaceaeCroton antisyphiliticus Muel. Arg.
(canela-de-perdiz) / cer.depurativo, anti-sifiltico,anti-inflamatrio, naslceras, eczemas ,
toda planta Decocto ou infuso
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
13/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
114
reumatismo e cancrosvenreos
Continua...
Continuao Tabela 1
FabaceaeBowdichia virgilioides Kunth
(sucupira-do-cerrado) / cer.
a. adstringente e na diabetes a. casca da raiz a. Decocto ou infusob.
Clitoria guyanensis ( Aubl.) Benth.(catuaba-falsa) / cer.
a. diurtica, nas cistites euretrites
b. laxante
a. raizb. sementes
modas
a. Infusob. Infuso
Desmodium adscendens (Sw.) DC.(carrapichinho) / col.
antidiarrico,antiespasmdico, naurinao excessiva e nastosses.
planta toda Decocto ou infuso
Desmodium incanumDC.(carrapicho) / b. ma.
na blenorragia planta toda Decocto ou Infuso
Desmodium uncinatumDC.(carrapicho) / cer.
nas afeces da pele(feridas)
planta toda Compressa ou banho
Eriosema glabrumMart. ex. Benth.(seno-verdadeiro) / cer.
Laxante folhas Decocto ou infusoObs.: plantaconsiderada txica, notomardoses elevadas.
Erythrina falcata Benth.(mulungu) / b. ma.
sedativa, no combate insnia, convulses e namenopausa
folhas e casca docaule.
InfusoBanho
Indigofera suffruticosaMill.(anileira) / col.
antiblenorrgica,diurtica, estomtica,febrfuga, sedativa e nasuretrites
toda planta Decocto ou infuso
FlacourtiaceaeCasearia sylvestris Sw.
(erva-de-lagarto) / cer.antidiarrica, antifebril,depurativo, anti-
reumtica, nas afecesda pele e nas mordedurasde cobras.
folhas e casca docaule
Decocto ou infuso
LamiaceaeHyptis carpinifoliaBenth.
(rosmaninho) / cer.a. gripes, resfriados e
reumatismob. reumatismo
a. folhas
b. folhas
a. Decocto ou infuso
b. Compressa
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
14/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
115
Hyptis marrubioidesEpling.(hortel-do-campo) / cer.
gripes, resfriados etosses
planta toda Infuso. Compressa nopeito.
Keithia denudata Benth.(poejo-do-campo) / cer. expectorante, sudorfica epara problemas cardacos flores e ramos Infuso
Peltodon radicans Pohl.(alevante) / cer.
a. asma, bronquite,coqueluche
b. diurtico, nasinflamaesdos rins e do figado
c. afeces da peled. vermfugo
a. planta toda
b. ramos comfolhas
c. folhas frescasd. toda planta
a. Decocto ou infuso
b. Decocto ou infuso
c. Cataplasmad. Infuso
Peltodon tomentosusPohl.(hortel-do-campo) / cer.
a. bquico, nas gripes eresfriados
b. vermfugo
a. ramos comfolhas
b. toda planta
a. Decocto ou infuso
b. InfusoLiliaceae
Herreria salsaparilha Mart.(salsaparilha-verdadeira) / b. ma.
depurativo, anti-sifiltica, sudorfera,estimulante
raiz Decocto ou infuso
LoganiaceaeStrychnos brasiliensis (Spreng)Mart.
(quina-cruzeiro) / cer.
molstias do estmago casca da raiz Decocto
Strychnos pseudo-quina St. Hil.(quina-mineira) / cer.
a.. molstias do estmago edo fgado
a. casca da raiz a. Decocto ou infuso
b. tnicac. febrfuga
b. casca da raizc. casca da raiz
b. Decocto ou infusoc. Infuso
LoranthaceaeStruthanthus flexicaulis Mart.
(erva-de-passarinho) / par.antiblenorrgica, nas
bronquites e pneumoniasfolhas Decocto
LythraceaeCuphea carthagenensis(Jacq.)Macbr.
(sete-sangrias) / col.
depurativa do sangue,afeces da pele, lcerase diafortica
toda planta Decocto ou infuso
MalpighiaceaeBanisteriopsis argyrophylla (A.Juss.) Gates
Banisteriopsis campestris (A. Juss.)Little
Banisteriopsis laevifolia (A. .Juss.)Gates
Banisteriopsis megaphylla(A.Juss.) Gates
a. antiinflamatrio, nashemorragias ovarianas,nefrites, blenorrias
b. diurtico, nosproblemas renais,clculos dos rins.
a. razes
b. ramos comfolhas e flores
a. Decocto ou infuso
b. Decocto ou infuso
Continua...Continuao Tabela 1
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
15/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
116
(cip-prata) / cer., c. r.Byrsonima crassaNied.
(murici) / cer., c. r.a. antifebril, adstringente,
nas doenas pulmonares
b. diurticoc. laxante brando
a. casca do cauleb. ramos com
folhasc. frutos
a.Infusob. Infuso
c. Infuso
Contunua...
Continuao Tabela 1
Byrsonima intermediaA. Juss.(murici-pequeno) / cer.
adstringente, nas diarriase desinterias
casca do caule Infuso
Byrsonima verbascifoliaRich. ex.A. Juss.
(murici-cascudo) / cer., c. r.
a. antifebril eadstringente
b. anti-sifiltica, diurticalaxante brando
a. casca do caule
b. ramos comfolhas
a. Infuso
b. Infuso
c. frutos c. Infuso ou in natura
Heteropteris ancepsNdz.(guin-do-campo) / cer. a. dores em geral
b. reumatismoa. planta toda
b. planta todaa. Infuso
b. Banho
MalvaceaeKrapovichasia macrodon (DC.)Fryxell
(amendoinzinho) / cer.
tnica (nas fraquezas einapetncia)
raiz Decocto, infuso ou innatura
Pavonia hastataCav.(erva-de-so-lucas) / b. ma.
a. emolienteb. bquica
a. ramos comfolhas
b. flores
a. Cataplasma oucompressa
b. Decocto ou infuso
Urena lobataL.(carrapicho-de-cavalo) / col.
a. emolienteb. diurticac. bquica e expectorante
a. ramos comfolhas
b. razesc. flores
a. Cataplasma oucompressa
b. Infusoc. Infuso ou decocto
MelastomataceaeMiconia rubiginosa(Bompl.) DC.
(capiroroquinha) / cer.afeces da garganta ramos com
folhasGargarejo
Clidemia cf. rubraMart.(mexeriquinha) / cer., c. r.
afeces da garganta folhas Gargarejo
MenispermaceaeCissampelos glaberrimaSt. Hil.
(abutinha) / b. ma.a. nas afeces das vias
urinrias, na dispepsia,diurtico e sudorfica.
b. antiasmticac. antifebril (tambm nas
febres intermitentes)
a. raiz
b. raizc. raiz
a. Decocto
b. Decoctoc. Decocto
Cissampelos ovalifolia DC.(orelha-de-ona) / cer., c. r.
a. diurtica, sudorficab. antifebril
a. raiz (sem casca)b. raiz (sem casca)
a. Decocto ou infusob. Decocto ou infuso
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
16/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
117
Mimosaceae
Calliandra dysanthaBenth.(sucupira-do-campo) / cer.
contra inapetncia ramos com folhas Decocto ou infuso
Continuao...
Continuao Tabela 1
Inga vera Willd. subsp. affinis(DC.) T. E. Penn.
Inga subnuda Salzm.subsp.luschnatiana(Benth.) T. E. Penn.
(ing) / b. ma.
a. adstringente (na cura deferidas)
b. contra aftas
a. casca do caule
b. casca do caule
a. Cataplasma oucompressas
b. Gargarejo
Stryphnodendron adstringens(Mart.) Coville
(barbatimo) / cer.
a. adstringente,cicatrizante, na
blenorragia, na diarria,
na hemorragia, naslceras e uretritesb. contra calvcie
a. casca do caule
b. casca do caule,raiz e folhas
a. Decocto
b. Aplicao cutneadireta
MonimiaceaeSiparuna guyanensisAubl.
(negramina) / b. ma.
a. antiinflamatria,carminativa,estimulante, nacefalalgia, ,nas gripes,resfriados e reumatismo
b. reumatismo
a. planta toda
b. toda planta
a. Decocto ou infuso
b. Cataplasma,compressa ou banho.
MoraceaeBrosimum gaudichaudiiTrc.
(mamacadela) / cer.a. manchas da pele,
vitiligob. depurativo, na
m circulao dosangue.
c. gripes, resfriados ebronquites
a. raiz e casca docaule
b. ramos com
folhas
c. toda planta
a. Decocto ou infuso
b. Decocto, infuso, ou
no vinho (seco)c. Infuso (no vinho ou
gua)Obs.: Quando preparadocom vinho, no reco-mendado para crianas.
Dorstenia brasiliensisLam.(carapi) / cer.
a. antiinflamatrio,anestsico, nas dores dedentes
b. nas bronquites,emenagoga e nasclicas uterinas
a. rizoma
b. rizoma
a. Cataplasma ou usodireto
b. Decocto ou infuso
MyrsinaceaeRapanea umbellata (Mart.) Mez.(pororoca-do-mato) / . tr., b. ma.
nas picadas de cobra,tumores e feridas
ramos com folha Cataplasma ou usodireto
Rapanea guianensisAubl.(capiroroca) / cer.
nas picadas de cobra,tumores e feridas
ramos com folha Cataplasma ou usodireto
MyrtaceaeCampomanesia pubescens(DC.) afeces do aparelho folhas e casca do Decocto ou infuso
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
17/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
118
Berg.(gabiroba) / cer.
urinrio e na diarria caule
Eugenia involucrataDC.(pitanga-do-mato) / b. ma. antidiarrica, anti-reumtica, diurtica folhas Decocto ou infuso
Continua...
Continuao Tabela 1
Eugenia kunthiana DC.(aperta-guela-mida) / cer., c. r.
adstringente, anti-diarrica
casca do caule efolhas
Decocto ou infuso
Eugenia lividaBerg.(aperta-guela) / cer.
adstringente, anti-diarrica
casca do caule efolhas
Decocto ou infuso
Eugenia punicifolia(Kunth.) DC.(pitanga-de-folha-fina) / cer. adstringente, anti-diarrica e diurtica casca do caule efolhas Decocto ou infuso
Myrcia variabilisDC.(marmelinho- roxo) / cer.
na cicatrizao deferidas
folhas e ramos Cataplasma oucompressa
Psidium araaRaddi(ara-do-campo) / cer.
diurtico, antidiarrico raiz e casca docaule
Decocto ou infuso
OxalidaceaeOxalis hirsutissimaMart. et. Zucc.
(trevinho-do-campo) / cer., c. r.nas afeces do aparelho
bucal e inflamao dagarganta
caule e folhas Gargarejo
PassifloraceaePassiflora miersiiMart.(maracujazinho) / b. ma.
calmante, anti-depressiva, emenagoga enas tosses
ramos com folhas Infuso
PiperaceaePiper aduncumL.
(falso-jaborandi) / b. ma.a. adstringente, anti-
hemorrgica, anti-diarrico.
b. na queda de teroc. nas feridas
a. folhas
b. folhas
c. frutos
a. Decocto ou infusob.Uso interno: decocto
Uso externo: atravsde banhosc. Cataplasma,
compressa ou banho
PoaceaeAndropogon bicornisL.
(rabo-de-burro) / cer., . tr.
a. nas afeces das viasurinrias e do fgado,
diurtico.b. emoliente
a. razes
b. razes
a. Infuso
b. Cataplasma oucompressaEleusine indica (L.) Gaertn.
(capim-p-de-galinha) / col. a. diurtico, nas afeces doaparelho urinrio e
pulmonares,anticatarral.
b. adstringente e anti-diarrico
a. toda planta
b. raiz
a. Decocto ou infuso
b. Decocto ou infuso
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
18/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
119
Imperata brasiliensisTrin.(capim-sap) / cer., . tr. diurtico, nas afeces
das vias urinrias,
gonorria e leucorria
toda planta Decocto ou infuso
Melinis minutifloraBeauv.(capim-gordura) / cer.
antidesintrico e nasinfeces intestinais
toda planta Decocto ou infuso
Continua...
Continuao Tabela 1
PolygalaceaeBredemeyera laurifolia (St. Hil. &Mog.) Kl. ex. Bernn.
(joo-da-costa) / cer.
nas afeces do figadoe dos rins, nas clicasuterinas
casca da raiz Decocto ou infuso
Polygala paniculataL.
(barba-de-so-pedro) / col.nas afeces das vias
respiratrias,expectorante, nas afecesdo tero e das viasurinrias.
raiz Decocto ou infuso
RosaceaeRubus brasiliensisMart.
(amora-branca) / cer.a. diurtica e laxativa
b. diurticac. antiespasmdicad. tnica e antidiarrica
a. raizb. folhasc. brotos e floresd. frutos
a. Infusob. Decocto ou infusoc. Decocto ou infusod. In natura ou suco
RubiaceaeAlibertia sessilis (Vell.) Schum.(marmelada-do-campo) / . tr., cer.
afeces da pele folhas e ramos Cataplasma, compressaou banho
Borreria cf. galianthesBorreria latifolia (Aubl.) Schum.
(poaia-do-campo) / cer., . tr.Borreria verticillata(L.) G.F.W. Meyer
(vassourinha) / cer., . tr.
antidesintrica,expectorante evominativa
raiz Infuso
Palicourea rigidaH.B. K.(congonha-dourada) / cer.
depurativo, doenasrenais, nas inflamaesdo aparelho feminino
raiz, casca docaule e folhas
Decocto ou infuso
Psychotria coccineaPoit. ex. DC.(roxinha) / b. ma.
inchaes, dores nofgado e nos rins
toda planta Banho
Relburnium hirtumScham.(vassourinha) / . tr., b. ma.
problemas de estmago ramos com folhas Decocto
Rudgea viburnoides(Cham.)Benth.
(bugre) / cer.
a. raizb. folhas
a. Decoctob. Decocto
Sabicea canaHook(sangue-de-cristo) / cer., c. r.
a. nas doenas venreasb. na priso de ventre
a. raizb. ramos comfolhas e flores
a. Decocto ou infusob. Decocto ou infuso
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
19/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
120
SapindaceaeCupania vernalis Camb.
(camboat) / cer., b. ma., . tr.adstringente, contraasma e tosse convulsiva
casca do caule Decocto ou infuso
SmilacaceaeSmilax campestreGriseb.Smilax brasiliensisSpreng.Smilax cissoides Mart.Smilaxsp.1Smilax sp. 2Smilax sp. 3
(japecanga) / cer., c. r.
nas afeces da pele,anti-sifiltica, anti-reumtica, depurativo,contra gota, diurtica esudorfica
raiz Decocto ou infuso
Continua...
Continuao Tabela 1
SolanaceaeCestrum sendtnerianumMart.
(guin-do-campo) / cer.
a. sedativo, diurticob. emoliente, sedativo
(principalmente nashemorridas)
a. folhasb. folhas
a. Decocto ou infusob. Banho ou compressa
Solanum aculeatissimum Jacq.(ju-bravo) / cer., tr.
a. nas afeces cutneas,tuberculose e edemas
b. nas manchas da pele efurnculos
a. toda planta
b. fruto
a. Banho ou compressab. Compressa
Solanum americanumMill.(maria-pretinha) / b. ma.
a. sedativa, expectorante,analgsico, depurativo eafrodisaca
b. nas queimaduras,dermatoses, eczemas efurnculos
a. toda planta
b. toda planta
a. Decocto
b. Cataplasma oucompressa
Solanum cernuumVell.(panacia) / b. ma.
a. anti- hemorrgicab. nos males do fgadoc. sudorfica, depurativo,
nas blenorragias,afeces da pele,diurtica e vermfugo
d. diurtica, nas afecesda pele e nas lceras
a. raizb. ramos com
folhas e floresc. folhas e flores
d. folhas secas
a. Decocto ou infusob. Decoctoc. Infuso
d. Infuso
Solanum lycocarpumSt. Hil.(lobeira) / cer.
a. emoliente, anti-reumticab. contra asma, gripes e
resfriados.c. tnica
a. folhab. flores e frutos
c. flores e frutos
a. Banho ou compressab. Infusoc. Infuso
Solanum paniculatumL.(jurubeba) / cer.
a. na diabete. ictercia,hepatite, febre e faltade transpirao
b. cicatrizante
a. raiz
b. folhas
a. Infuso
b. Pomada
c. problemas de fgado ede estmago, nasinflamaes do bao eda bexiga, tnica.
d. contra tumores internos
c. fruto
d. raiz, folha efruto
c. Suco
d. Infuso
Solanum subumbellatumVell.(velame-do-cupim) / cer.
utilizada para seradicionada a qualquer
toda planta Xarope. Misturar aosoutros chs na hora
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
20/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
121
outro ch de saboramargo, contra gripe,resfriado, bronquite, asmae diurticos
do uso, em partesiguais.
SterculiaceaeWaltheria indica L.
(malva-branca) / col.a. anti-sifiltica
b. na cura de feridasa. toda planta
b. toda plantaa. Decocto ou infuso
b. Compressa
StyracaceaeStyrax camporum Pohl.Styrax ferrugineusNess. et. Mart.
(laranjeirinha) / cer.
Antifebril ramos comfolhas
Infuso
Continuao Tabela 1TiliaceaeLuehea grandiflora Mart. et. Zucc.
(aoita-cavalos) / cer., tr.a. nas disenterias, anti-
hemorrgica e anti-
reumticab. nas lceras, feridas
gangrenosas equeimaduras
a. casca do caule
b. casca do caulee caule
Continua...
a. Banho
b. Infuso
Triumfetta bartramiaL.(carrapicho) / col.
adstringente, diurticae antiblenorrgica
planta toda Infuso
VerbenaceaeLantana camara L.
(cambar-vermelho) / cer., . tr.sudorfera, febrfuga, nasinfeces das viasrespiratrias, na
bronquite e rouquido,expectorante
folhas Infuso
Lippia lupulina Cham.(salva-do-campo) / cer.
nas infeces degarganta e da boca
folhas e flores Gargarejo
Stachytarphetta cayennensis(L. C.Rich.) Vahl.
(gervo-azul) / col.
febrfuga, bquica,vermfugo
toda planta Decocto ou infuso
Vitex polygamaCham.(maria-preta) / cer.
nas afeces dos rins,diurtica e anti-reumtica
folhas Decocto ou infuso
VochysiaceaeQualea grandiflora Mart.
(pau-terra) / cer.
nas diarrias comsangue, clicasintestinais e contraamebas
folhas Decocto ou infuso
* Todas as indicaes de uso, parte usada e preparo foram fornecidas pelos raizeiros da regio.
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
21/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
122
CONCLUSO
Considerando os dados levantados neste estudo, surpreendente verificar que mesmo se tratando dereas de formaes vegetacionais perturbadas pela aoantrpica e sem nenhum tipo de atividadeconservacionista de solo ou da biodiversidade, ainda setm ecossistemas ricos em espcies de plantasmedicinais.
Observou-se que a f depositada nos raizeirospela populao rural e urbana vem sendo atualmenteresgatada e a procura por esses tem sido intensificada,embora sejam poucos os que detm a sabedoria dosndios e caboclos antepassados de quais, como e paraque fins so utilizadas as espcies medicinais.
Diferentes raizeiros indicaram a mesma espcie
de planta medicinal, para o mesmo uso, com o mesmopreparo e posologia. Isso parece mostrar que devem ser,h muito tempo, utilizadas com eficcia na cura deenfermidades. Conseqentemente, h uma maior
probabilidade de elas conterem princpios ativos deinteresse medicinal e a raiz de origem dessesconhecimentos deve ser a mesma na regio.
Tambm o retorno a um mesmo raizeiro e aprocura por uma mesma planta parecem mostrar acapacidade desta em alterar o funcionamento do corpo,recuperando a manuteno da boa sade.
Tendo em vista que as espcies de plantasmedicinais mais procuradas so aquelas relacionadas
cura de enfermidades que necessitam de doses diriasde medicamentos e que na populao de baixa renda osremdios quimioterpicos esto sendo substitudos
pelos fitoterpicos para a cura dessas enfermidades,pode-se ainda constatar no s a eficcia das mesmas,como tambm que os medicamentos quimioterpicosesto influenciando, em muito, nos gastos das famliasmais carentes da regio.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ANURIO ESTATSTICO DO BRASIL. Rio deJaneiro: FIBGE, 1975-1992. v.1/15.
CARVALHO, D.A. Flora fanerogmica de camposrupestres da Serra da Bocaina, Minas Gerais:caracterizao e lista de espcies. Cincia e Prtica,Lavras, v.16, n.1, p.97-122, jan./mar. 1992.
COTTON, C.M. Ethnobotany: principles andapplications. New York: J. Wiley, 1996. 320p.
CRONQUIST, A. An integrated system ofclassification of flowering plants. New York:Columbia University Press, 1981. 5l9p.
CURI, N.; LIMA, J.M.; ANDRADE, H.;GUALBERTO, V. Geomorfologia, fsica, qumicae mineralogia dos principais solos da regio deLavras (MG). Revista Cincia e Prtica, Lavras,v.14, n.3, p.297-307, set./dez. 1990.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISAAGROPECURIA. Servio Nacional de Levanta-
mento e Conservao de Solos. Mapa de solos doBrasil: escala 1.000:000. Rio de Janeiro:EMBRAPA-SNLCS, 1981. 190p.
GIAROLA, N.F.B.; CURI, N.; SIQUEIRA, J.O.;CHAGAS, C.S.; FERREIRA, M.N. Solos daregio sob influncia do reservatrio dahidreltrica de Itutinga/Camargos (MG):
perspectiva ambiental. Lavras: CEMIG/UFLA,1997. 101p.
QUEIROZ, R.; SOUZA, A.G.; SANTANA, P.;ANTUNES, F.Z.; FONTES, M. Zoneamentoagroclimtico do Estado de Minas Gerais.Viosa: UFV, 1980. 114p.
RIBEIRO, B.G. Suma Etnolgica Brasileira. 2.ed.Petrpolis: FINEP, 1987. 120p. Etnobiologia, p.92-104.
SIQUEIRA, J.C. Plantas do cerrado na medicinapopular. SPECTRUM, Jornal Brasileiro deCincias, So Paulo,v.2, n.8, p. 41-44, 1982.
TRIVIOS, A.N.S. Introduo pesquisa emcincias sociais: a pesquisa qualitativa emeducao. So Paulo: Atlas, 1987. 175p.
VIEIRA, R.F. Coleta e conservao de recursos
genticos de plantas medicinais. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA ETERAPIAS NATURAIS, 1., 1994, Braslia.Trabalhos...So Paulo: Instituto MdicoSeraphis, 1994. p.44-49.
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
22/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
123
ANEXO 1
FICHA DE INFORMAES N
1 - RAIZEIRO (INFORMANTE):
Nome:
Endereo:
Municpio: Estado:
2 - ESPCIE MEDICINAL :
Nome Popular:
Nome cientfico:
Famlia:
Data da coleta:
Local da coleta:
Hbito: Habitat:
Grau de Ocorrncia: r o f a d
3 - INDICAES DE USO:
-
7/24/2019 Flora Etnobotnica Cerrado
23/23
Cinc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
124
4 PREPARO:
5 DOSAGEM:
6 - OBSERVAO:
7 - PROCURA: Muita Moderada Pouca