flora de mirandiba

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FLORA  DE MIRANDIBA EDITORES M  ARCCUS A LVES M  ARIA  DE F  ÁTIMA  A RAÚJO  JEFFERSON R ODRIGUES M  ACIEL SHIRLEY  M  ARTINS R ECIFE - 2009 FINANCIAMENTO FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO  À  N  ATUREZA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

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7/22/2019 Flora de Mirandiba

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FLORA  DE MIRANDIBA 

EDITORES

M ARCCUS A LVES

M ARIA  DE F ÁTIMA  A RAÚJO

 JEFFERSON R ODRIGUES M ACIEL

SHIRLEY  M ARTINS

R ECIFE - 2009

FINANCIAMENTO

FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO  À  N ATUREZA 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

7/22/2019 Flora de Mirandiba

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República Federativa do Brasil

PresidenteLUIZ INÁCIO LULA  D A  SILVA 

 Vice-Presidente José Alencar Gomes da Silva

Ministério da Ciência e TecnologiaMinistroSérgio Machado Rezende 

Secretário-ExecutivoLuiz Antonio Rodrigues Elias

Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisas e De-senvolvimento – SEPED/MCTSecretárioLuiz Antonio Barreto de Castro

Coordenação Geral de Gestão de Ecossistemas –

CGEC/SEPED/MCTCoordenadoraMaria Luiza Braz Alves

PROBIO – Projeto e Conservação e Utilização Susten-tável da Diversidade Biológica BrasileiraCoordenador ExecutivoLuiz Antonio Barreto de Castro

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico – CNPqPresidenteMarco Antonio Zago

Ministério da Ciência e Tecnologia – MCTEsplanada dos Ministérios, Bloco ECEP: 70067-900, Brasília, DF Telefone: (61) 3317-7500http://www.mct.gov.br/

EDITORES  (LABORATÓRIO  DE  MORFO-TAXONOMIA   VEGETAL DA  UFPE)Marccus alvesMaria de fátima de araújo Jefferson rodrigues maciel

Shirley martins

 A POIO

Ministério da ciência e tecnologia - mctProjeto de conservação e utilização sustentável da di- versidade biológica brasileira-probioConselho nacional de desenvolvimento científico e tec-nológico – cnpqFundação o boticário de proteção à natureza (processo0688/2005) Associação plantas do nordeste

R EALIZAÇÃO

Universidade federal de pernambuco

R EVISÃO DE TEXTO

Marccus alves

PROJETO GRÁFICO E C APA 

Diogo César

FOTOS

Banco de imagens do laboratório de morfo-txonomia

 vegetal da ufpe

PLANTAS DA  CAPA 

Dioclea violacea mart. Ex benth. Jatropha mollissima (pohl) baill. Jacquemontia sp.

ILUSTRAÇÕES

Bruno MaiaFrank SilvaRegina carvalhoRodrigo Aguiar

EDITOR  PARA  CORRESPONDÊNCIA :Marccus Alves – [email protected]

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Os organizadores da Flora Vascular de Mirandiba agradecem a todos os coletores que

 participaram as expedições realizadas, aos autores de monograas que gentilmente aceitaramnosso convite, aos incansáveis e atenciosos revisores que sempre estiveram prontos a colobo- 

rar na leitura crítica dos material encaminhado a cada um e aos ilustradores que aceitaram

 participar deste ambicioso projeto. Agradecemos ainda a curadora Biól. Marlene Barbosa e a

equipe do Herbário Geraldo Mariz, da Universidade Federal de Pernambuco pela indispen- 

sável logística no manejo da coleção; aos proprietários das fazendas visitadas em Mirandiba.

 Especial agradecimento aos motoristas e auxiliares de campo que muito contrinbuiram para o

bom andamento das expedições de coleta. E nalmente, ao apoio nanceiro recebido pelo Pro-  grama de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, da Universidade Federal de Pernambuco, pela

Fundação O Boticário de Proteção a Natureza através do nanciamento de diversos projetos

na área e ao Ministério do Meio Ambiente, através do PPBio, que viabilizou a impressão do

livro. Toda esta colaboração foi de fundamental importância na confecção da idéia, na coleta

dos dados, no manejo da coleção e na confecção do produto nal.

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SUMÁRIO

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

1. Acanthaceae .............................. ............................... .....42

2. Alismataceae .................................................................45

3. Alstroemeriaceae ............................. .............................46

4. Amaranthaceae .......................... ............................... ....47

5. Amaryllidaceae .............................................................52

6. Anacardiaceae ............................ ............................... ....53

7. Annonaceae ..................................................................56

8. Apocynaceae .............................. ............................... ....57

9. Araceae .........................................................................64

10. Arecaceae ....................................................................66

11. Aristolochiaceae ............................ .............................67

12. Asteraceae ...................................................................68

13. Bignoniaceae ............................. ............................... ...8114. Boraginaceae ..............................................................86

15. Bromeliaceae ..............................................................93

16. Burseraceae ........................... ............................... .......96

17. Cactaceae .............................. ............................... ........98

18. Capparaceae ............................... .............................. 103

19. Chrysobalanaceae ........................... ........................ 111

20. Combretaceae ............................ .............................. 112

22. Convolvulaceae ............................... ........................ 118

24. Cyperaceae ............................ ............................... .... 134

25. Dioscoreaeceae.......................... .............................. 142

26. Erythroxylaceae ............................... ........................ 143

27. Euphorbiaceae s.l. ........................... ........................ 145

28. Gentianaceae ............................. .............................. 171

29. Hydroleaceae ............................. .............................. 17330. Hydrocharitaceae ............................ ........................ 174

Prefácio ...................................................................................7

 Autores Colaboradores ............................ ............................9

 Apresentação ............................ ............................... ........... 15

PRANHCAS

Referências básicas de consulta ........................... ............. 21

para os estudos realizados .............................. ................... 21Descrição geral da Área de trabalho ............................. .. 23

Diversidade taxonômica, conservação e ......................... 27

usos da ora local ........................... ............................... ..... 27

Fitosonomia ............................ ............................... ........... 31

Nectários Extraorais ............................... ......................... 33

Palinologia de Leguminosae .......................... ................... 37

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31. Iridaceae ...................................................................175

32. Lamiaceae ................................................................177

33. Leguminosae ...........................................................180

34. Limnocharitaceae....................................................23135. Loasaceae .................................................................232

36. Loganiaceae .............................................................233

37. Loranthaceae ...........................................................236

38. Lythraceae s.l. ..........................................................237

39. Malpighiaceae ..........................................................241

40. Malvaceae s.l. ...........................................................242

41. Marsileaceae ............................................................259

42. Menispermaceae .....................................................260

43. Molluginaceae .........................................................262

44. Moringaceae ............................................................263

45. Myrtaceae .................................................................264

46. Nyctaginaceae .........................................................266

47. Nymphaeaceae ........................................................268

48. Onagraceae .............................................................270

49. Orchidaceae .............................................................271

50. Oxalidaceae ............................................................272

51. Papaveraceae ...........................................................274

52. Passioraceae  ..........................................................277

33. Piperaceae ................................................................279

54. Phytolaccaceae .......................................................281

55. Plumbaginaceae ......................................................283

56. Poaceae .............................. ............................... ........284

57. Polygalaceae ............................ ............................... ..300

58. Polygonaceae ..........................................................302

59. Pontederiaceae ........................................................30560. Portulacaceae...........................................................309

61. Pteridaceae ............................... .............................. ..314

62. Rhamnaceae ............................................................316

Rita Baltazar de Lima ...................................................316

63. Rubiaceae ............................ ............................... ......318

64. Salicaceae .................................................................325

65. Santalaceae ............................... ............................... .327

66. Sapindaceae ............................................................329

67. Sapotaceae ...............................................................332

68. Schrophulariaceae ............................... ....................333

69. Selaginellaceae ............................... .......................... 335

70. Solanaceae ..............................................................336

71. Turneraceae .............................................................341

72. Urticaceae ................................................................345

73. Verbenaceae .............................. ............................... 346

74. Violaceae .............................. ............................... .....347

75. Vitaceae ....................................................................350

76. Zygophyllaceae .......................................................352

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7- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Para entender a importância deste trabalho é preciso contextualizar duas questões: a primeiraé que das províncias biogeográcas do território brasileiro, a da Caatinga, com aproximadamente osmesmos limites da área de clima semi-árido do nordeste brasileiro, é uma das maiores e mais descon-hecidas. A heterogeneidade da ora dessa província decorre de dois gradientes de umidade, um nosentido Norte-Sul, que se manifesta em uma diminuição das precipitações e outro Oeste-Leste, que seexpressa com um aumento do efeito da continentalidade. Outro fator importante na diversicação da

ora é a história dos eventos geológicos e as variações topográcas. A Caatinga é a vegetação caracterís-tica da província e ocorre principalmente nas superfícies cristalinas, a chamada Depressão Sertaneja.

 A segunda questão é a de que a Depressão Sertaneja representa um extenso conjunto depediplanos ora rodeado por extensos planaltos como o da Ibiapaba, entre o Piauí e o Ceará, ora en-tremeado por relevos sedimentares de variadas dimensões como as chapadas e bacias sedimentares,onde o conhecimento botânico é ainda mais limitado que nas áreas do cristalino. Neste sentido, deve-mos comemorar este trabalho sobre a diversidade vegetal de uma área sedimentar em plena DepressãoSertaneja.

 A necessidade deste tipo de publicação é cada vez mais reconhecida pelo crescente número deprossionais interessados em biodiversidade. Na verdade, apesar de sua audiência claramente alinhada

com botânicos, o livro pode servir a um maior número de leitores, englobando diversos prossionaisinteressados na conservação de Caatinga como: ecólogos, agrônomos, engenheiros orestais, geógra-fos, entre outros.

 A realização da Flora de Mirandiba permitiu coletar cerca de 5.000 amostras que estão de-positadas no herbário Geraldo Mariz - UFP, com duplicatas distribuídas em cerca de 20 herbários doBrasil e exterior. O esforço de cerca de 25 coletores, incluídos alunos de pós-graduação e de graduação,e dos cerca de 80 taxonomistas que participaram elaboração das monograas, resultou em um trabalhocom aproximadamente 450 espécies distribuídas em 76 famílias de plantas vasculares (angiospermase pteridótas). Além da descrição e ilustração das espécies, são apresentados chaves de identicação,comentários sobre seu ambiente local de ocorrência, distribuição geral, espécies raras ou endêmicas ou

ameaçadas, e comentários ecológicos.Espero que os leitores compartilhem a motivação dos autores para realização deste livro e queisso ajude na compreensão e conservação da ora da Caatinga.

Profa. Dra, Maria Jesus Nogueira Rodal, UFRPE.

PREFÁCIO

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9- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

BIÓL. A LENA  DE SOUSA  MELO (R UBIACEAE) - Departamento de Sistemática e Ecologia, UniversidadeFederal da Paraíba. CP 5065. 58051-970. João Pessoa, Paraíba.

DR . A LESSANDRO R  APINI (Apocynaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade Estadualde Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3, s.n. 44031-460. Feira de Santana, Bahia.

DRA . A LEXA  A RAÚJO DE OLIVEIRA  P AES COELHO (Portulacaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal,Universidade Estadual de Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3, s.n. 44031-460. Feira de Santana,Bahia.

MSC. A LINE FERNANDES PONTES (Annonaceae) - Núcleo de Estudos da Biodiversidade da AmazôniaMato-grossense, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Sinop. Sinop, Mato Grosso.

BIÓL. A LINE MELO (Gentianaceae, Loganiaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Depar-tamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901.Recife, Pernambuco.

MSC. A NDERSON A LVES-A RAÚJO (Alismataceae, Amaryllidaceae, Araceae, Gentianaceae, Hydrochari-

taceae, Iridaceae, Limnocharitaceae, Loganiaceae, Nymphaeaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego,1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

DRA . A NA  LUIZA  DU BOCAGE NETA  (Malvaceae) - Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária,Herbário IPA-Dárdano de Andrade Lima. Av. Gal. San Martin 1371. 50761-000. Recife, Pernambuco.

BIÓL. A NDRÊSA  SÚANA  A RGEMIRO A LVES (Anacardiaceae, Bignoniaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos.Recife, Pernambuco. Dr. Augusto César Pessoa Santiago (Marsileaceae, Pteridaceae, Selaginellaceae) -Núcleo de Biologia, Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco. Rua do Altodo Reservatório, s/n. 55608-680. Vitória de Santo Antão, Pernambuco.

MSC. BRUNO S AMPAIO A MORIM (Malvaceae, Nymphaeaceae, Violaceae) - Laboratório de Morfo-Tax-onomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Av. Prof.Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

MSC. CLARA  EMANUELA  LIMA  LOURENÇO (Rubiaceae) - Departamento de Sistemática e Ecologia, Uni- versidade Federal da Paraíba. CP 5065. 58051-970. João Pessoa, Paraíba.

DRA . C YNTIA  K  AMEYAMA  (Acanthaceae) - Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambi-ente, Divisão de Fitotaxonomia. Av. Miguel Estéfano 3687, Herbário. CP 3005. 04301-012. São Paulo,São Paulo.

 A UTORES COLABORADORES

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

DRA . D ANIELA  CRISTINA  Z APPI  (Cactaceae) - Royal Botanic Gardens, Kew, RBG, Kew, TW9 3AE.

Richmond, Inglaterra.MSC. DIOGO A MORIM DE A RAÚJO (Arecaceae, Aristolochiaceae, Cucurbitaceae, Dioscoriaceae, Passi-oraceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Fed-eral de Pernambuco (UFPE). Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco. Endereçoatual: Herbário, Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina, Pernambuco.

 A CAD. EDLLEY  M AX PESSOA  DA  SILVA  (Burseraceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, De-partamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Av. Prof. Moraes Rego, 1235.50670-901. Recife, Pernambuco.

MSC. EDUARDO BEZERRA  DE A LMEIDA  JR . (Chrysobalanaceae, Sapotaceae) - Laboratório de Florística

de Ecossistemas Costeiros, Universidade Federal Rural de Pernmabuco. Rua Dom Manoel de Me-deiros. Recife, Pernambuco. Dr. Egênia de Melo (Polygonaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal,Universidade Estadual de Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3, s.n. 44031-460. Feira de Santana,Bahia.

MSC. ELISABETH CÓRDULA  (Leguminosae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamentode Botânica, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901.Recife, Pernambuco. Endereço atual: Cefet. Recife, Pernambuco.

DR . EMERSON A NTONIO R OCHA  (Cactaceae) - Herbário UESC, Departamento de Ciências Biológicas,Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Rodovia Ilhéus-Itabuna, Km 16, 45650-000. Ilheus,

Bahia.DR . FRANCISCO DE A SSIS R IBEIRO DOS S ANTOS (Palinologia) - Laboratório de Micromorfologia Vegetal,Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade Estadual de Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3,s.n. 44031-460. Feira de Santana, Bahia.

 A CAD. G ABRIEL DE MELO F ARIA  (Orchidaceae) - Herbário, Departamento de Botânica, UniversidadeFederal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

BIÓL. GÉSSICA  GOMES-COSTA  (Turneraceae) - Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, UniversidadeFederal da Paraíba, CP 5009. 58049-430. João Pessoa, Paraíba.

DRA . J ANICE S ANDERS (Malvaceae) - Herbario, Instituto Darwinion. San Isidro. Argentina.

DR . JEFFERSON R ODRIGUES M ACIEL (Alismataceae, Araceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Commelinace-ae, Hydrocharitaceae, Iridaceae, Limnocharitaceae, Onagraceae, Orchidaceae, Poaceae, Salicaceae, Zy-gophyllaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, UniversidadeFederal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco. Endereço atual:Herbário, Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina, Pernambuco.

DR . JOSÉ IRANILDO MIRANDA  DE MELO (Boraginaceae, Hydroleaceae, Loasaceae) - Departamento deBiologia, Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande, Paraíba.

MSC. JULIANA  S ANTOS SILVA  (Chrysobalanaceae, Lamiaceae, Piperaceae, Polygalaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife,

 A UTORES COLABORADORES

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11- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Pernambuco. Biól. Juliana Silva Santos (Lamiaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade

Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife, Pernambuco. Dr. Julio AntonioLombardi (Vitaceae) - Departamento de Botânica, Instituto de Biociências de Rio Claro, UniversidadeEstadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Av. 24-A 1515. CP 199. 13506-900. Rio Claro, São Paulo.

BIÓL. JUSSARA  M ARIA  DE OLIVEIRA  GOMES (Erythroxylaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Veg -etal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235.50670-901. Recife, Pernambuco.

BIÓL. K  ALINNE MENDES (Apocynaceae, Moringaceae, Urticaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego,1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

MSC. K  ATARINA  R OMÊNIA  N ASCIMENTO PINHEIRO (Molluginaceae, Plumbaginaceae, Fitosionomia)- Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Per-nambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

MSC. K IRIAKI  NURIT-SILVA   (Turneraceae) - Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, UniversidadeFederal da Paraíba, CP 5009. 58049-430. João Pessoa, Paraíba.

DR . LUCIANO P AGANUCCI DE QUEIROZ (Leguminosae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universi-dade Estadual de Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3, s.n. 44031-460. Feira de Santana, Bahia.

MSC. LUCILENE LIMA  DOS S ANTOS (Anacardiaceae, Bignoniaceae) - Laboratório de Etnobotânica Apli-cada, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife, Pernambuco.

DR . M ARCCUS A LVES (Alstroemeriaceae, Amaranthaceae, Apocynaceae, Bromeliaceae, Commelinace-ae, Cyperaceae, Euphorbiaceae, Gentianaceae, Leguminosae, Loganiaceae, Malvaceae, Molluginaceae,Moringaceae, Nyctaginaceae, Nynphaeaceae, Onagraceae, Plumbaginaceae, Pontederiaceae, Salicaceae,Urticaceae, Violaceae, Zygophyllaceae, Fitosionomia, Nefs, Palinologia) - Laboratório de Morfo-Tax-onomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. MoraesRego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

DR . M ARCONDES A LBUQUERQUE DE OLIVEIRA  (Sapindaceae) - Herbário, Universidade Federal do Valedo São Francisco. Petrolina, Pernambuco.

DR . M ARCOS SOBRAL (Myrtaceae) - Herbário BHCB, Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Antônio

Carlos 6627. 31270-110. Belo Horizonte, Minas Gerais.DRA . M ARGARETH  FERREIRA   DE  S ALES  (Anacardiaceae, Bignoniaceae, Oxalidaceae, Polygalaceae) -Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel deMedeiros. Recife, Pernambuco. Dra. Maria Bernadete Costa e Silva (Capparaceae, Poaceae) - EmpresaPernambucana de Pesquisa Agropecuária, Herbário IPA-Dárdano de Andrade Lima. Av. Gal. San Mar-tin 1371. Bonji. 50761-000. Recife, PE – Brasil.

MSC. M ARIA  C AROLINA  DE A BREU (Oxalidaceae, Piperaceae) - Laboratório de Taxonomia Vegetal, Uni- versidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife, Pernambuco.

 A UTORES COLABORADORES

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

DRA . M ARIA  DE F ÁTIMA  A GRA  (Solanaceae, Turneraceae) - Laboratório de Tecnologia Farmacêutica,

Universidade Federal da Paraíba, CP 5009. 58049-430. João Pessoa, Paraíba.DRA . M ARIA   DE  F ÁTIMA   DE  A RAÚJO  LUCENA   (Burseraceae, Euphorbiaceae, Loranthaceae, Papaver-aceae, Santalaceae, Nefs) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Uni-

 versidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

MSC. M ARIA  DO CÉO R ODRIGUES (Rubiaceae) - Departamento de Sistemática e Ecologia, UniversidadeFederal da Paraíba. CP 5065. 58051-970. João Pessoa, Paraíba.

DRA . M ARIA  IRACEMA  BEZERRA  LOIOLA  (Combretaceae, Erythroxylaceae) - Laboratório de Sistemáti-ca de Fanerógamas, Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia, Universidade Federal do RioGrande do Norte. Natal, Rio Grande do Norte.

DRA . M ARIA  JESUS NOGUEIRA  R ODAL (Fitosionomia) - Laboratório de Fitossociologia, UniversidadeFederal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife, Pernambuco. Dra. Maria Regina

DE V  ASCONCELLOS B ARBOSA  (Rubiaceae) - Departamento de Sistemática e Ecologia, Universidade Fed-eral da Paraíba. CP 5065. 58051-970. João Pessoa, Paraíba.

DRA . M ARIA  R ITA  C ABRAL S ALES DE MELO (Asteraceae) - Laboratório de Taxonomia, UniversidadeFederal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros. Recife, Pernambuco. MSc. Maria Te-

resa A URELIANO BURIL V ITAL (Convolvulaceae, Palinologia) - Laboratório de Micromorfologia Vegetal,Laboratório de Taxonomia Vegetal, Universidade Estadual de Feira de Santana. Rodovia BR 116, km3,s.n. 44031-460. Feira de Santana, Bahia. Endereço atual: Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal,

Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

MSC. NIARA  MOURA  PORTO (Menispermaceae) - Laboratório de Fitiquímica, Departamento de Botâni-ca, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernam-buco.

DR . NIGEL P. T AYLOR  (Cactaceae) - Royal Botanic Gardens, Kew, RBG, Kew, TW9 3AE. Richmond,Inglaterra.

MSC. POLYHANNA  GOMES (Amaranthaceae, Apocynaceae, Pontederiaceae) - Laboratório de Morfo- Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Mo-

raes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

BIÓL. R  AFAEL  COSTA -SILVA   (Turneraceae) - Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, UniversidadeFederal da Paraíba, CP 5009. 58049-430. João Pessoa, Paraíba.

DRA . R EGINA  CÉLIA  DE OLIVEIRA  (Poaceae) - Departamento de Ciências Vegetais, Universidade Fed-eral Rural do Semi-Árido, BR 110, Km 47. 59625-900. Mossoró, Rio Grande do Norte. Endereço atual:Herbário, Universidade de Brasília. Brasília, Distritio Federal.

DRA . R ITA  B ALTAZAR  DE LIMA  (Rhamnaceae) - Departamento de Sistemática e Ecologia, UniversidadeFederal da Paraíba. CP 5065. 58051-970. João Pessoa, Paraíba.

 A UTORES COLABORADORES

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13- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

DRA . R ITA  DE C ÁSSIA  DE A RAÚJO PEREIRA  (Asteraceae) - Empresa Pernambucana de Pesquisa Agro-

pecuária, Herbário IPA-Dárdano de Andrade Lima. Av. Gal. San Martin 1371. 50761-000. Recife, Per-nambuco.

DR . SÉRGIO R OMERO DA  SILVA  X AVIER  (Marsileaceae, Pteridaceae, Selaginellaceae) - Centro de CiênciasBiológicas e Sociais Aplicadas, Universidade Estadual da Paraíba, Campus V. R. Neuza de Souza Sales,s/n. 58058-420. Campina Grande, Paraíba.

DRA . SHIRLEY  M ARTINS (Cyperaceae) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento deBotânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Per-nambuco. Endereço atual: Departamento de Botânica, Instituto de Biociências de Rio Claro, Univer-sidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Av. 24-A 1515. CP 199. 13506-900. Rio Claro, São

Paulo.DRA . SILVIA  R ODRIGUES M ACHADO (Nefs) - Departamento de Botânica, Instituto de Biociências deBotucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Botucatu, São Paulo.Dra. Taciana Barbosa Cavalcanti (Lythraceae) - Laboratório de Sistemática Vegetal, Herbário CEN,Embrapa-Cenargen. Recursos Genéticos e Biotecnologia.CP 02372. 70770-900. Brasília, Distrito Fed-eral.

BIÓL. TIAGO PONTES A RRUDA  (Araceae, Loranthaceae, Papaveraceae, Salicaceae, Santalaceae) - Labo-ratório de Morfo-Taxonomia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernam-buco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235. 50670-901. Recife, Pernambuco.

MSC

. Y  ANNA 

 MELO

 (Alstroemeriaceae, Nyctaginaceae, Nefs) - Laboratório de Morfo-Taxonomia Veg -etal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235.50670-901. Recife, Pernambuco.

COLETORES

 Aline Melo, Anderson Alves-Araújo, Bruno Sampaio Amorim, Clara Emanuela Lima Lourenço, Diogo Amorim de Araújo, Elizabeth Córdula, Jefferson Maciel Rodrigues, Juliana Santos Silva, Jussara Mariade Oliveira Gomes, Kalinne Mendes, Katarina Romênia Nascimento Pinheiro, Leonardo Biral, Lu-

cilene Lima dos Santos, Luiz Gustavo de Souza, Marccus Alves, Maria do Céo Rodrigues, Maria deFátima de Araújo Lucena, Maria Teresa Aureliano Buril Vital, Polyhanna Gomes, Scott Heald, SimoneSchimidt, Shirley Martins, Yanna Melo.

 A UTORES COLABORADORES

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

R EVISORES

MSC.A NDERSON A LVES A RAÚJO – Universidade Federal de Pernambuco

DRA .  NGELA  MIRANDA  - Universidade Federal Rural de Pernambuco

DRA . G ARDENE M ARIA  DE SOUSA  – Universidade Federal do Piauí

DRA . I VANILZA  MOREIRA  DE A NDRADE - Universidade Federal do Piauí

MSC. JEFFERSON R ODRIGUES M ACIEL – Universidade Federal do Vale do São Francisco

DR . JOSÉ IRANILDO MIRANDA  DE MELO – Universidade Estadual da Paraíba

DR . JOSÉ R UBENS PIRANI – Universidade de São Paulo

DR . I VA  C ARNEIRO LEÃO - Universidade Federal de Pernambuco

DR . M ARCCUS A LVES - Universidade Federal de Pernambuco

DRA . M ARGARETH FERREIRA  DE S ALES - Universidade Federal Rural de Pernambuco

DRA . M ARIA  DE F ÁTIMA  DE A RAÚJO – Universidade Federal de Pernambuco

DRA . M ARIA  DAS GRAÇAS L APA  W ANDERLEY  – Instituto de Botânica de São Paulo

DRA . M ARIA  R EGINA  DE V  ASCONCELLOS B ARBOSA  - Universidade Federal da Paraíba

DR . R  AFAEL TREVISAN – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

MSC. R OSÂNGELA  L YRA -LEMOS – Instituto de Meio Ambiente de Alagoas

DRA . R OSELI DE B ARROS - Universidade Federal do Piauí

DRA . SILVIA  TERESINHA  SFOGGIA  MIOTTO - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

MSC. SHIRLEY  M ARTINS – Universidade Estadual Paulista

 A UTORES COLABORADORES

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15- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Em 2006, foram realizadas as primeiras coletas botânicas no município de Mirandiba atravésdo apoio nanceiro da Fundação O Boticário de Conservação da Natureza. As excursões de coletaforam iniciadas de maneira tímida e direcionadas aos grupos taxonômicos de interesse direto da equipedo Laboratório de Morfo-taxonomia Vegetal, da UFPE.

Devido a posição estratégica no sertão pernambucano e a indicação pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2002, como uma área prioritária para pesquisas cientícas, particularmente a elaboração

de inventários orísticos, o município de Mirandiba foi escolhido como foco de parte das pesquisasdesenvolvidas pela.

 Após as primeiras expedições, a equipe despertou para a necessidade de atrair botânicos e de-mais pesquisadores envolvidos com plantas do Nordeste para participar de um projeto mais amplo. Oobjetivo esteve sempre focado na produção de um material cientíco de fácil manuseio e com plantasda caatinga.

 A partir disto, as expediçoes cientícas de 2007, foram organizadas e direcionadas a coletas dediversos grupos botânicos, com o intuito de gerar a médio prazo, a obra que posteriormente passou aser conhecida por Flora de Mirandiba. Entre as diversas expedições realizadas, deve ser destacada a quefoi planejada como parte das atividades da disciplina “Curso de Campo em Taxonomia de Angiosper-

mas”, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, da Universidade Federal de Pernambuco.Esta expedição envolveu cerca de 15 pós-graduandos que realizaram inúmeras coletas e monografaramdiversas das famílias aqui apresentadas.

Em três anos de visitas periódicas ao município de Mirandiba foram realizadas cerca de 20expediçoes cientícas com duração de 5 a 15 dias, envolvendo aproximadamente de 30 pesquisadores.O esforço conjunto resultou em cerca de 5.000 amostras coletadas e depositadas no Herbário GeraldoMariz (UFP), da UFPE. As duplicatas foram distribuídas aos herbários dos pesquisadores que atuaramcomo autores e co-autores de monograas. Além disto, quando disponíveis, algumas amostras foramenviadas aos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB), Missouri Botanical Garden (MO),

 The New York Botanical Garden (NY) e Kew Gardens (K).

 As visitas percorreram as mais variadas sionomias do município e incluíram áreas consid-eradas, pela comunidade local, como preservadas e aquelas com diferentes históricos de uso. Nesteâmbito foram visitadas diversas propriedades rurais de pequenos e médios agricultores que gentilmentecederam e incentivaram as visitas cientícas em suas propriedades.

Com um banco de amostras crescendo a cada expedição realizada, foi necessário um melhorplanejamento das estratégias de trabalho. Inicialmente pensada como um inventário orístico, logo otrabalho assumiu um caráter de ora em função da ausência de trabalhos locais com este perl. Paratanto, foi empregada a Flora Vascular do Estado de São Paulo, como um modelo, adaptado às necessi-dades e logística locais.

 Após o estabelecimento de regras gerais e padronizadas para a a elaboração das monogra-

 A PRESENTAÇÃO

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

as de famílias, foi iniciada a construção de uma rede de colaboradores. Esta rede de colaboradores

conta com cerca de 100 prossionais e inclui coletores, autores de monograas, revisores e ilustradorescientícos. Esta rede de prossionais altamente qualicados, com diferentes graus de experiência e ori-undos de diversos estados brasilieros foi construída gradativamente. Importante ressaltar que a rede decolaboradores incluiu além de pesquisadores experientes, recém-doutores, doutorandos, mestrandos ealunos de iniciação cientica, especialmente da Universidade Federal de Pernambuco e da UniversidadeFederal Rural de Pernambuco.

Para a apresentação das famílias, gêneros e espécies, optou-se pela ordenação alfabética. Paracada família monografada é apresentada uma breve descrição com comentários gerais sobre distribuiçãogeográca e referências selecionadas sobre a taxonomia do grupo. No caso de famílias com dois oumais representantes, acompanha uma chave dicotômica de identicação. Para cada espécie é oferecida

uma breve descrição com os caracteres mais relevantes à sua identicação, acompanhada de comentári-os sobre a distribuição geográca, habitat de ocorrência no município de Mirandiba, nomes popularese usos locais quando conhecidos. Para a citação do material examinado foram selecionadas amostrasque melhor represnetassem as espécies em estudo. Quando necessário estão citados materiais adicio-nais. As demais amostras coletadas na área de estudo e que não estão citadas podem ser consultadas noHerbário Geraldo Mariz (UFP). Algumas famílias não tiveram as monograas nalizadas a tempo parapublicação. Neste caso, os editores elaboraram uma chave de identicação para as espécies.

Paralelamente a a esta ora, as amostras coletadas na área permitiram a elaboração de umamonograa de conclusão de graduação, cinco dissertações de mestrado e uma tese de doutorado.

 Através de um dos trabalhos ainda em andamento (Dissertação de Mestrado de Katarina Pinheiro)

foram recentemente coletadas espécies não incluídas nas monograas já elaboradas. Para estes casosespecícos, os editores decidiram pela incluisão para cada família com uma nova citação os seguintesdados: nome da espécie, amostras coletadas e um pequeno comentário sobre a mesma.

 Ao nal, esta obra apresenta aos leitores, ao longo de suas páginas, citações e descrições, ilus-trações, fotograas, chaves de identicação e referências bibliográcas referentes a cerca de 500 espé-cies, distribuídas em aproximadamente 80 famílias de Angiospermas e Pteridótas.

 A PRESENTAÇÃO

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P

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 A- Fazenda Baixio GrandeB- Fazenda CatolésC-Fazenda Pedra CompridaD-Fazenda SalinasE-Fazenda TigreF-Fazenda Tupan

G-Serra das UmburanasH-Serra das moçasI-Serrotinho

 J-Sítio CabaçasH- Melochia tomentosa L.I- Ptilochaeta bahiensis Turcz.

 J- Eugenia dysenterica DC.

B

C D

E

JI

F G

H

A

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B

C D

E

JI

F

G H

 A- Ruellia asperula (Nees) LindauB-  Aspidosperma pyrifolium Mart.C-  Arrabidaea corallina  (Jacq.) Sand.D- Cordia leucocephala  Moric.E-  grandiflora  (Cham. & Schltdl.) Steud.

F- Ipomoea marcellia  Meisn.G- Serjania glabrata  Kunth.H-  Melochia tomentosa  L.I- Ptilochaeta bahiensis  Turcz. J-  Eugenia dysenterica  DC.

A

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 A- Vitex gardneriana Schau-

er

B-Ditaxis malpighiacea  (Ule) Pax & K. Hoffm.

C- Erythroxylum pungens  O.

E. Schulz

D- Passiflora luetzelburgii  Harms

E- Cissus simsiana  Schult.

F-  Arrojadoa rhodantha  (Gürke) Britton & Rose

G- Tacinga inamoena  (Brit-

ton & Rose) N.P. Taylor &

Stuppy

H- Triplaris gardneriana   Wedd

I- Cyperus eragrostis  Lam.

 J- Tillandsia streptocarpa  Baker

A  B

C

D

E

J

I

FG

H

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21- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 AB’SABER, A. Contribuição à geomorfologia dos cerrados. In: FERRI, M.G. (Coord.). Simpósio

sobre o Cerrado. São Paulo: Edgar Blucher, 1971, p. 97-103.

 ANDRADE, T.L.C. 2003. Formação do Território Pernambucano: Situação e Localização. In: AN-

DRADE, M.C.(Coord.) Atlas Escolar de Pernambuco. Grafset. 2003. 160p.

 ANDRADE-LIMA, D. 1981. The caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica, 4: 149-453.BARBOSA, M. R. de V.; SOTHERS, C.; MAYO, S.; GAMARRA, C. F. L.; MESQUITA, A. C. (org.).

Checklist das Plantas do Nordeste Brasileiro: Angiospermas e Gymnospermas. Brasília: Ministério

da Ciência e Tecnologia, (1): 71-74.

BARROSO, G. M. 1978. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Editora da Universidade de São

Paulo, São Paulo, SP.

BELTRÃO, A.B., MASCARENHAS, J.C., MIRANDA, J.L.F., JÚNIOR, L.C.S.; GALVÃO, M.J.T. &

PEREIRA, S.N. 2005. Diagnóstico do município de Mirandiba. Projeto Cadastro de Fontes de

 Abastecimento por Água Subterrânea do Estado de Pernambuco. Ministério de Minas e Energia.

PRODEEM/CPRM.

BRAGA, R. 1960. Plantas do Nordeste, Especialmente do Ceará. Fortaleza, Ceará.

 JATOBÁ, L. 2000. Introdução à Geomorfologia. 4. ed.Recife, Edições Bagaço.166p.

LORENZI, H. 1998. Árvores brasileiras: manual de identicação e cultivo de plantas arbóreas nativas

do Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Editora Plantarum. 352p.

KUBITZKI, K.; HUBER, H.; RUDALL, P.J.; STEVENS, P.S. & STÜTZEL, T (eds.). 1998. The Fam-

ilies and Genera of Vascular Plants. Flowering Plants. Springer - Verlag, Berlin. Volumes diver-sos.

PARAHYBA, R. da B.V; SILVA, F.H.B.B.; FILHO, J.C. A.; SILVA, F.B.R. & MAIA, J.L.T. 2000. Di-agnóstico Ambiental do município de Mirandiba: destaque antecipado do projeto de Zonea-

mento Agroecológico do estado de Pernambuco. Recife: Embrapa, 40p.

QUEIROZ, L..P. de. 2006. The Brazilian caatinga: phytogeographical patterns inferred from

distribuition data of the Leguminosae. In: PENNINGTON, R.T.; LEWIS, G.P. & RATTER, J.A.

(eds.). Neotropical savannas and dry forests: Plant diversity, biogeography, and conservation. Taylor &

R EFERÊNCIAS BÁSICAS DE CONSULTA PARA  OS ESTUDOS REALIZADOS

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Francis CRC Press, Oxford. 113-149.

SMITH, N.; MORI, S. A.; HENDERSON, A.; STEVENSON, D. Wm. & HEALD, S. V. (eds.). 2004.

Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton, New Jersey, 409–410.

SOUZA, V. C. & LORENZI, H. 2005. Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identicação

das famílias de Angiospermas da ora brasileira, baseado em APG II . Nova Odessa: Instituto

Plantarum.

R EFERÊNCIAS BÁSICAS DE CONSULTA  PARA  OS ESTUDOS REALIZADOS

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 Á REA  DE ESTUDO

LOCALIZAÇÃO E EXTENSÃO: O Estado de Pernambuco (7º15’-9º27’S, 34º48’-41º19’W) ocupa aporção Oriental da região Nordeste com área de 98.526,60km². Está dividido em cinco Mesorregiões:Sertão, São Francisco, Agreste, Mata e Metropolitana do Recife. A Mesorregião do Sertão compreende

as Microrregiões de Araripina, Salgueiro, Pajeú e Sertão do Moxotó (Andrade 2003).O município de Mirandiba (Figura 1, 8º7’13’’S, 38º43’46’’W), a cerca de 500Km do Recife, está

localizado na Mesorregião do Sertão e Microrregião de Salgueiro. Ocupa a porção mais setentrional daEcorregião da Depressão Sertaneja Meridional. Limita-se a norte com o município de São José do Bel-monte, a sul com o Carnaubeira da Penha, a leste com o Serra Talhada, e a oeste com os de Verdejante eSalgueiro. Abrange um área de pouco mais de 800km2, com cota altitudinal entre 450-750m (Parahybaet al. 2000; Beltrão et al. 2005). A população é majoritariamente rural, não superando 20.000 habitantes,distribuídos na sede do município e nos diversos pequenos distritos e povoados.

Na Pedra Comprida, localizada a cerca de 10km da sede do município e com aproximada-mente 50m de altura, foram encontrados registros de inscrições rupestres, possivelmente relaciondados

a tradição Agreste. Não há informação na literatura das inscrições encontradas no município, mas osregistros geométricos e circulares podem ser facilmente associados as inscrições rupestres já estudadasem outras regiões do semi-árido brasileiro.

 A SPECTOS FISIOGRÁFICOS: Situado na Unidade de Paisagem típica do semi-árido (DepressãoSertaneja), o município apresenta clima do tipo Tropical Semi-Árido (BSh), com chuvas de verão. Operíodo chuvoso se inicia em novembro com término em abril. De acordo com o Itep (2008, on line),a temperatura media anual é de 25,1°C e precipitação media anual 687mm, com pico de chuva entremarço e abril (156 e 145mm, respectivamente). Os meses mais secos são agosto e setembro (4 e 5mm,respectivamente). O tipo vegetacional predominante é a caatinga.

HIDROGRAFIA : O sistema de drenagem de Mirandiba está inserido na Bacia Hidrográca doRio Pajeú, que constitui o maior auente do rio São Francisco. Todos os cursos d’ água, no município,têm regime de escoamento intermitente. O açude Juá e as lagoas Pau Preto, Favela, Grande, Caroá,Pedra Branca, Pinhões, Catolé, Xerém e dos Veados, representam os principais sistemas de acumulo eabastecimento de água na região.

GEOLOGIA : De modo geral, a microrregião é litologicamente caracterizada, por rochas cristali-nas (granitos, gnaisses, litos, sienitos e metassiltitos) do período Pré-Cambriano (Beltrão et al. 2005).

DESCRIÇÃO GERAL DA  Á REA  DE TRABALHO

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Há registro ainda de depósitos mais recentes ao longo dos rios, riachos e açudes. Para Jatobá (2000), o

município apresenta terrenos sedimentares do Siluriano-Devoniano e terrenos ígneos e metamórcosdo Pré-Cambriano.

GEOMORFOLOGIA  E R ELEVO: Parahyba et al. (2000) divididiu o município em 18 segmentos e 6subunidades geoambientais em função do arranjo e distribuição dos diferentes solos em topossequên-cias, do aspecto geral da vegetação, das diferenças geológicas e das dimensões das serras e serrotes.

Predominam na área grandes superfícies aplanadas, mas também áreas com relevo suave eondulado, além de serras e/ou serrotes. Diversas classes de solos podem ser observadas no municí-pio. São registrados quatro tipos predominantes: Luvissolo, Neossolo Litolítico, Argissolo e NeosoloQuartzarênico, este último ora de coloração branca, ora de coloração vermelha. Os três primeiros tipos

citados, em sua maioria, são rasos e pedregosos, onde muitas vezes a matriz cristalina encontra-se ex-posta, da qual são originados. Os solos de origem cristalina ocupam a maior parte da área do municí-pio, contudo, cerca de 50% do território é dominado pelo Luvissolo. O tipo Neosolo quartzarênicoapresenta maior profundidade que os demais, devido a sua origem ser de formação sedimentar. Porém,este ocupa uma área territorial menor em relação aos demais, na qual é responsável pela formação depequenas bacias sedimentares.

 Á REAS INVENTARIADAS: Foram inventariadas, do ponto de vista orístico-sionômico, 23 áreasde caatinga no município. As coletas foram efetuadas nos períodos seco e chuvoso.

Nove áreas são consideradas como sedimentares de superfícies aplanadas com Neossoloquartzarênico: Ajuntador, Cacimba Nova, Fazendas Areias, Malhada d’Areia São Gonçalo e Salinas(trecho oeste do Rio Pajeú), Serrotinho, Sítio Vertentes e Sítio Chacal.

Quatorze áreas ocupam solos de origem cristalina localizadas principalmente em topos de ser-ras e serrotes com altitudes até 700m: Areia dos Lopes, Barra da Cachoeira, Catolés, Fazendas BaixioGrande, Boa Esperança, Formiga, dos Lucas e Pau de Leite, Ipueirinha, Serras da Jia, das Umburanase do Tigre, Várzea do Tiro, Sipaúba e arredores da BR-252.

 A ocorrência de caatingas situadas em topos de serras, fora dos limites das depressões inter-montanas, como sugerida por Ab’Saber (1971), já havia sido registrada por Andrade Lima (1981), noPlanalto da Borborema, da Paraíba e Rio Grande do Norte.

Parte dos ambientes estudados é formada por depósitos arenoso-sedimentares, preenchendo

uma grande fossa, entre rochas cristalinas, nos arredores da cidade. Estas áreas possuem superfície emforma de chapada, solos profundos e fortemente drenados. Ocorrem no extremo noroeste, no cen-troeste e no sudeste do município. A altitude varia de 440-510m e os solos são do tipo Neossolo quart-zarênico. Os sedimentos arenosos em Cacimba Nova, Serrotinho e Vertentes são amarelo-alaranjados,devido à mistura com Areias Latossólicas de textura média, que segundo Parahyba et al. (2000) sãosolos de baixa fertilidade e com capacidade de água disponível. Nas localidades de Chacal e Fazenda

 Areias os sedimentos são brancos.

DESCRIÇÃO GERAL DA   ÁREA  DE TRABALHO

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 V EGETAÇÃO E FLORA : Fisionomicamente as chapadas são recobertas por caatingas arbustivas

abertas com árvores esparsas na paisagem. Foram registrados trechos de caatinga com predomínio de vegetação herbácea e áreas abertas com aoramentos rochosos, reconhecidos localmente como laje-dos. No trecho drenado pelo rio Mirandiba, a sionomia predominante é a caatinga arbustiva arbóreaaberta.

 As áreas de caatinga estudadas, situadas nas serras e serrotes, apresentam trechos com sio-nomia arbórea-arbustiva densa e de difícil penetração (Serras da Jia, do Tigre e das Umburanas) e in -tercalado por caatinga arbórea-arbustiva aberta (Fazenda Baixio Grande). Em todas elas, foi registradaa presença de aoramentos rochosos. Na porção leste do município, foi estudado outro expressivofragmento de caatinga localizado na serra da Jia. Sua sionomia é marcada por uma vegetação arbustivadensa, em relevo íngreme e de difícil acesso.

 A área de caatinga visitada na região de Catolés destaca-se pela abundância de aoramentosrochosos, córregos e lagoas temporárias, apresentando sionomia semelhante à encontrada nos Caririsparaibanos.

 As áreas de caatinga arbustiva aberta, especialmente em chapadas e serrotes, apresentam ár- vores esparsas na paisagem. Caesalpinia ferrea, Cnidoscolus quercifolius e  Enterolobium   contortisiliquum   sãomais comuns. Complementando a paisagem, porém com menor estatura, podem ser observadas commaior incidência Bauhinia acuruana, Cnidoscolus vitifolius, Erythroxylum caatingae, Eugenia disenterica, Jatrophamutabilis, Jatropha mollisima, Poeppigia procera, Poincianella bracteosa e Sapium glandulosum. O estrato herbáceoé abundante e diverso durante o período de chuvas, com larga ocorrência de representantes de Malva-ceae, Poaceae, Polygalaceae, Portulacaceae e Verbenaceae, entre outras famílias.

Os trechos de caatinga arbórea são raros na área de estudo. Em geral, estao localizados na en-costa de serras e em áreas de difçil acesso para plantio e pasto. Nesta paisagem são comuns indivíduoscom altura entre 8-15(-20)m de Anadenanthera colubrina, Ceiba glaziovii, Chloroleucon foliolosum, Manihotdichotoma, Myracrodrun urundeuva e Pseudobombax marginatum , entre outras espécies arbóreas.

 Alguns dos aoramentos rochosos visitados apresentam sionomia e ora distintas das áreasdo entorno. Arrojadoa rhodantha, Cleome spinosa, Cnidoscolus loefgrenii, Cnidoscolus quercifolius, Croton heliotro- 

 piifolis, Enterolobium contortisiliquum, Pilosocereus gounelei, Senna spectabilis var. excelsa, Senna macranthera var. pudibunda, Mimosa arenosa  e Ziziphus cotinifolia , são algumas das espécies com ocorrência na área.

Nas áreas drenadas por rios e os terraços aluviais predomina a sionomia de caatinga arbus -tiva-arbórea aberta. Combretum hilarianum, Harpochilus neesianus, Herissantia crispa, Jatropha ribifolia, Pityro- carpa moniliformis, Pithecellobium diversifolium, Schinopsis brasiliensis, Syderoxylon obtusifolium e Trischidium molle  são espécies comuns a esta sionomia na área de estudo.

O estrato herbáceo-arbustivo, relacionado a ambinetes de origem de solo cristalino e aora-mentos rochosos, é extremamente diverso no período de chuvas. Algumas espécies se destacam porserem perenes na paisagem, tais como Bromelia laciniosa, Croton rhamnifolioides, Laelia americana, Neoglazio- via variegata , entre outras.

Schinopsis brasiliensis, Spondias tuberosa e Ziziphus cotinifolia são espécies arbóreas regularmenteobservadas em áreas de caatinga arbustiva-arbórea. Também são registradas em ambientes que sofre-ram corte raso ou seletivo para extração de madeira ou plantio. Neste caso, podem ser consideradascomo remanescentes de uma vegetação exuberante no passado recente. Em algumas áreas em regen-

DESCRIÇÃO GERAL DA   ÁREA  DE TRABALHO

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

eração, Croton blanchetianus  é uma das espécies mais abundantes, dominando uma parte considerável

da paisagem. Sua abundância está relacionada tanto aos aspectos biológicos da planta quanto ao seumanejo empirico realizado pela comunidade local.

 As trepadeiras estão amplamente distribuídas nas distintas sionomias no município. Rep-resentantes herbáceos e lenhosos de Convolvulaceae, Sapindaceae e Vitaceae são os mais comuns.Durante o período de chuvas, ocupam grandes trechos do estrato herbáceo (especialmente Jacquemontiaspp. e Ipomoea  spp.) e do subosque das áreas de caatinga arbustiva-arbórea.

 A riqueza de epitas, hemiepítas, parasitas, hemiparasitas e saprótas é reconhecidamentebaixa em Caatinga. Na área de estudo, foram registradas poucas espécies com estas formas de vida,com maior destaque para Tillandsia  spp. No entanto, estas espécies, aparentemente não tem relevânciana sionomia da área.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Este estudo estão monografadas 444 espécies de plantas vasculares districuídas em de 76famílias. Importante salientar, que novas excursões realizadas após a elaboração da ora permitiram oregistro de cerca de 20 novas espécies para a área, que no entanto, não estão incluídas neste estudo.

 As Pteridótas estão representadas por très famílias e quatro espécies nativas e as Angiosper-mas por 73 famílias e 440 espécies nativas. Foram registradas ainda cerca de 20 espécies com origemexóticas ao ambiente da Caatinga, encontradas na arborização urbana e em ambientes antropizados

mas associados a áreas de caatinga. As 73 famílias de espécies de Angiospermas encontradas em Mirandiba representam 75% das

famílias registradas para a caatinga do semi-árido do Nordeste do Brasil por Queiroz et al. (2006).A áreade estudo apresenta cerca de 35% dos táxons registrados para caatinga. Um número expressivo levandoem consideração os limites da área estudada em Mirandiba. Não obstante, dentre das cerca de 450 es-pécies registradas neste trabalho muitas não constam na lista elaborada para a caatinga (Queiroz et al .2006). Como exemplos podem ser citados os casos de Aneilema brasiliense  C.B. Clark, Bulbostylis tenuifolia(Rudge) J.F. Macbr., Cypella gracilis  (Herb.) Klatt, Cissus tinctoria  Mart., Prockia crucis  P. Browne ex L.,Schultesia pohliana Progel, entre outras. Também merecem destaque, os registros de várias espécies dosgêneros Tillandsia (Bromeliaceae), Croton  (Euphorbiaceae), Waltheria e Sida  (Malvaceae), entre outros, as

quais não haviam sido registradas na lista acima citada. As dez famílias que encabeçam a lista das mais ricas neste estudo foram Leguminoseae (83

spp.), Euphorbiaceae (47 spp.), Poaceae (36 spp.), Convolvulaceae (32 spp.), Malvaceae s.l. (24 spp.), Asteraceae (17 spp.), Cyperaceae (14 spp.), Capparaceae (10 spp.), Apocynaceae s.l. (9 spp.) e Rubiaceae(9 spp.). Juntas estas famílias somam mais que 60% do total de espécies estudadas em Mirandiba. Umpadrão que conrma diversos estudos realizados na ora da caatinga, inclusive os encontrados porQueiroz et al. (2006), que registraram cinco destas famílias citadas acima como as 10 mais ricas.

Em Mirandiba foram registradas cerca de 70 espécies consideradas endêmicas do semi-áridobrasileiro o que representa cerca de 15% do total de espécies coletadas no município. Destaque para afamília Leguminoseae que contabilizou 19 registros de espécies endêmicas da caatinga.

Dentre as espécies de importância econômica para a comunidade local, destacam-se no usocomo madeireira, fonte de lenha e para a produção de cercas o “angico” [  Anadenanthera colubrina var.colubrina (Vell.) Brenan, Leguminoseae], o “angico-de-caroço” [  Anadenanthera colubrina  var. cebil (Griseb.)Reis], o “marmeleiro” [ Croton blanchetianus Baill., Euphorbiaceae], a “imburana” [ Commiphora leptophloeos  (Mart.) Gillet, Burseraceae] e a “algaroba” [Prosopis juliora (Sw.) DC., Leguminosae], a qual também éusada como forrageira. Como melíferas destacam-se o “velame” [ Croton heliotropiifolius Kunth, Euphor-biaceae], e o “alecrim” [ Lippia sidoides Cham ., Verbenaceae], assim como diversas espécies das famíliasConvolvulaceae, Lamiacae e Malvaceae. Na alimentação o “umbu” [Spondias tuberosa Arruda, Anac-ardiaceae] e o “caju” [  Anacardium occidentale L., Anacardiaceae] são duas das plantas mais importantes e

 versáteis em usos na caatinga, pois além da alimentação sob a forma de sucos, geléias, doces em con-

DIVERSIDADE TAXONÔMICA , CONSERVAÇÃO EUSOS DA  FLORA  LOCAL

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

servas, e castanhas, a madeira é amplamente empregada na construção civil e folhas, ores e frutos são

empregadas como toterápicos locais. Como fonte de bra o destaque é do “ouricuri” [ Syagrus coronata( Mart.) Becc., Arecaceae], a qual possui também os frutos secos utilizados no artesanato local.

 Vale ressaltar que estão monografadas neste trabalho apenas as espécies encontradas em áreaspreservadas ou com o mínimo de intervenção antrópica. Três casos peculiares são pertinentes e mere-cem atenção pela ocorrência em áreas de capoeira em regeneração, recentemente cortada ou em áreade contato com a caatinga preservada. A “or-de-cera” [ Calotropis procera (Aiton) W. T. Aiton, Apoc-ynaceae], “algaroba” [ Prosopis juliora  (Sw.) DC., Leguminosae], e “moringa” [Moringa oleifera Lam.,Moringaceae] são exemplos de plantas exóticas lenhosas que gradativamente avançam pelas áreas decaatinga do município.

 A arborização urbana, como na maioria das cidades do interior de Pernambuco, recebe pouca

atenção dos gestores públicos e não exerce uma das suas funções primordiais que é a amenização datemperatura. Na área urbana do município, são poucas as árvores plantadas em praças, parques e jardinspúblicos. As existentes passam por podas radicais regularmente. As principais espécies encontradas nacidade são: “algaroba” [ Prosopis juliora  (Sw.) DC., Leguminosae], “brasileirinho” [  Erythrina indica  Lam.

 var. picta Hort., Leguminosae], “cajueiro” [  Anacardium occidentale  L., Anacardiaceae], “cássia-amarela”[ Senna siamea (Lam.) H.S. Irwin & R.C. Barneby, Leguminosae], “coqueiro-da-bahia” ( Cocos nuciferaL., Arecaceae), “gueira-beijamina” [ Ficus benjamina  L., Moraceae], “lício” [ Filicium decipiens   (Wight& Arn.) Thw., Sapindaceae], “guamuxil” [ Pithecellobium dulce  (Roxb.) Benth., Leguminosae], “jasmim-manga” [ Plumeria rubra L., Apocynaceae], “juazeiro” [ Ziziphus joazeiro Mart., Rhamanaceae], “leucena”[ Leucena leucopcephala (Lam.) R. De Wit., Leguminosae], “mangueira” [  Mangifera indica  L., Anacardiaceae],

“moringa” [  Moringa oleifera Lam., Moringaceae], “murta” [  Murraya paniculata  (L.) Jacq., Rutaceae], “niim”[  Azadirachta indica  A. Juss., Meliaceae], “pau-brasil” [ Caesalpina echinata Lam., Leguminosae], “pau-de-cola” ( Cordia abyssinica  R. Br., Boraginaceae) e “sete-copas” [ Terminalia catappa L., Combretaceae]. As

 visualmente mais abundantes são “algaroba”, “cássia-amarela”, “gueira-beijamina” e “pau-de-cola”.Percebe-se facilmente que o emprego de espécies nativas da Caatinga na arborização urbana é

praticamente inexistente e faz-se restrito a exemplos pontuais, em geral, associados as ações individuaisdos moradores.

Nos últimos meses de trabalho de campo foi vericado um aumento signicativo da explo-ração de madeira para produção de carvão vegetal. O produto visa abastecer o crescente mercado decalcinação da gipsita na região da Chapada do Araripe, sertão pernambucano. Apesar da exploração

madeireira estar direcionada a áreas de plantio de “algaroba” [ Prosopis juliora 

 (Sw.) DC., Leguminosae],foi constatado o corte e transporte de madeiras de espécies nobres e nativas da caatinga como “braúna”[Schinopsis brasiliensis Engl., Anacardiaceae], “angico” [  Anadenanthera colubrina   (Vell.) Brenan., Legu-minosae], “pau-ferro” [ Caesalpinia ferrea  Mart. ex Tul., Leguminosae] e “aroeira” [  Myracrodruon urundeuva  

 Allemão, Anacardiaceae], entre outras. Apesar de nenhuma das espécies apresentada ao longo deste livro estar incluída na lista de

espécies ameaçadas publicada recentemente pelo o MMA (2008) é evidente que muitas delas sofremforte pressão pela fragmentação do habitat, exploração excessiva e ação de caprinos e bovinos.

Os resultados aqui apresentados conrmam as previsões do MMA (2002) que indica- vam a região de Mirandiba como importante centro para realização de inventários sobre a diversidade

DIVERSIDADE TAXONÔMICA , CONSERVAÇÃO E USOS DA  FLORA  LOCAL

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 vegetal. Resta agora que este trabalho venha a nortear políticas públicas que garantam o manejo e a

consErvasção das áreas de caatinga ainda existentes no município de Mirandiba. E nalmente, que oMinistério do Meio Ambiente promova área de estudo à categoria de “Prioritária para conservação

 vegetal” no bioma Caatinga.

DIVERSIDADE TAXONÔMICA , CONSERVAÇÃO E USOS DA  FLORA  LOCAL

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 A elevada heterogeneidade ambiental encontrada no semi-árido do nordeste brasileiro querseja em termos geomorfológicos, climáticos ou pedológicos, é o principal condicionante na repartiçãoespacial das diferentes comunidades vegetais (Andrade-Lima 1981). Mesmo em uma escala local, domi-nada por aparente homogeneidade sionômica, estudos detalhados mostram que as sinúsias apresen-tam diferentes organizações e variam de acordo com as condições ambientais, tais como regime deprecipitação, temperatura e altitude (Ferraz et al. 2003; Sampaio 2003).

Estes fatores são os principais responsáveis a determinar a variabilidade de ambientes obser- vada na Caatinga, na qual apresenta grande diversidade na cobertura vegetal, tanto em termos sion-ômicos quanto orísticos (Cardoso & Queiroz 2007). A variação sionômica relacionada ao porte,inclui desde formações orestais a arbustivas. Enquanto que para as orísticas, é seguramente compro-

 vada a existência de grupos orísticos especícos de determinados locais, formando duas biotas distin-tas, localizadas sobre as duas principais unidades de solo de ambientes semi-áridos de origem cristalinae sedimentar (Cardoso & Queiroz 2007).

  Tal variação tosionômica constatada para a Caatinga, tem causado controvérsias edicultado a delimitação de suas tipologias e, consequentemente, sua classicação (Amorim et al. 2005).Contudo, alguns estudos realizados em ambientes de Caatinga atribuem estas mudanças vegetacionais

como uma resposta às ações antrópicas (Pereira et al. 2003). Apesar da importância deste fator, o mes-mo não deve ser levado em consideração isoladamente para explicar esta variabilidade vegetacional.

  As cotas altitudinais no município variam de 420 a 610m e associado às variações derelevo e as distintas tipologias de solos, vêm afetar consideravelmente a disponibilidade hídrica local econsequentemente a vegetação.

  Devido à plasticidade das condições ambientais existentes no município, é possível per-cber, em escala local, diferentes sionomias de caatinga sensu stricto. Para Mirandiba, através do mapa daárea (EMBRAPA 2008), pode-se comprovar a existência de diferentes tipologias de solo, onde há a pre-dominância de quatro tipos, sendo os principais Luvissolo, Neossolo litolítico e Argissolo, originadosda matriz cristalina, e Neossolo quartzarênico de origem sedimentar. O Luvissolo ocupa cerca de 50%

da área, porém também é encontrada a presença de solo do tipo Neossolo litolítico na porção central enoroeste da área. Além destes, são encontrados os tipos Argissolo, ao norte, e Neossolo quarzarênicoao sul, que aparentam ser mais profundos.

No Luvissolo é observada uma vegetação arbustiva aberta, com árvores espaçadas, onde noestrato arbustivo há predominância de Croton blanchetianus Baill. (Euphorbiaceae), enquanto que no ar-bóreo Schinopsis brasiliensis  Engl. (Anacardiaceae) é a mais freqüente.

Em solos do tipo Neossolo litolítico, a vegetação é arbustiva-arbórea densa, onde o estratoarbustivo é constituído basicamente por Croton rhamnifolioides  Pax & K. Hoffm. (Euphorbiaceae). No es-trato arbóreo, existe uma mescla de várias espécies não havendo uma abundância clara de determinadotáxon sobre os demais. Além destes hábitos, o trepador também é bastante comum a tipo de solo.

FITOFISONOMIA 

Katarina Pinheiro, Maria Jesus Nogueira Rodal & Marccus Alves 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Para o Argissolo, a vegetação é do tipo arbustiva aberta formada predominantemente por Cro- 

ton blanchetianus  Baill., com poucas árvores espaçadas e sem doiminância clara de uma espécie arbórea.O Neossolo quartzarênico, é o único existente de origem sedimentar, onde sua vegetação é do

tipo abustiva densa com a reduzida presença de árvores de maior porte. Porém, é a única com registrode Syagrus coronata  (Mart.) Becc. (Arecaceae).

Merece atenção observar que para as sionomias inseridas no embasamento cristalino, é evi-dente a dominância de C. blanchetianus Baill. Após alguns trabalhos realizados na Caatinga, levantou-sea hipótese que esta planta tende a predominar em áreas antropizadas. No entanto, a ocorrência destaespécie parece está mais relacionada com sua capacidade de adaptação a solos com condições de esta-belecimento mais adversas. Pois, em algumas sionomias estudadas, a espécie é dominante indepen-dente de atividades antrópicas.

Desta forma, ca evidente a diversidade sionômica encontrada para o município de Miran-diba. Contudo, assim como outros locais de Caatinga, tais variações sionômicas reladas não são es-sencialmente relacionadas à intervenção antrópica. Toda a variedade de fatores abióticos descrita acima,parece ser a principal inuenciadora para a variabilidade tosionômica encontrada para o município.

 

 ANDRADE-LIMA, D. 1981. The caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica, 4: 149-453.

 AMORIM, I. L.; SAMPAIO, E. V. S. B. & ARAÚJO, E. L. 2005. Flora e estrutura da vegetação arbus-

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CARDOSO, D. B. O. S. & QUEIROZ, L. P. 2007. Diversidade de Leguminosae nas Caatingas de

 Tucano, Bahia: implicações para a togeograa do semi-árido do Nordeste do Brasil. Rodriguésia, 58:

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EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 2008. acessado em 20.02.2008. < http://

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PEREIRA, I. M.; ANDRADE, L. A.; SAMPAIO, E. V. S. B. & Barbosa, M. R. V. 2003. Use-historyeffects on structure and ora of caatinga. Biotropica, 35: 154-165.

SAMPAIO, E. S. V. B. 2003. A caracterização da caatinga e fatores ambientais que afetam a ecologia das

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FITOFISIONOMIA 

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33- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Nas Angiospermas, é comum a presença de glândulas com funções variadas como a secreçãode resina, óleo, substâncias urticantes, entre outros aspectos. A função das glândulas e do conteúdosecretado é denida pela condição ecológica da planta e suas adaptações ao meio (Bentley & Elias1983). Segundo estes autores, nectários extraorais (NEFs), assim como os nectários orais (NFs), sãoglândulas responsáveis pela secreção de néctar, sendo que difere destes por se localizar nos órgãos veg -etativos ou em ramos reprodutivos (pedúnculo da inorescência, pedicelo oral) sem estar diretamente

localizado na or (a partir do receptáculo).O néctar é uma substância açucarada, rica energeticamente e que garante a interação entre os

 vegetais e os elementos da fauna, especialmente, formigas. Estas, em geral são tem comportamentoagressivo, e em troca do recurso ofertado mantêm distantes os herbívoros. Embora os NEFs não este-jam diretamente relacionados à polinização, há registros de polinizadores que visitam essas glândulas.

 A visita do polinizador ao NEF parece ser uma questão de oportunidade, devido à disponibilidade dorecurso durante a passagem do agente pela planta. No entanto, não se deve descartar, a possibilidadedo NEF ser mais um mecanismo relacionado direta ou indiretamente a polinização.

 Além da função ecológica, os NEFs têm sido uma importante ferramenta nos estudos detaxonomia e logenia. Essas glândulas apresentam diversos caracteres como coloração, formato e ta -

manho, que podem fornecem dados taxonômicos importantes. Os NEFs também apresentam car-acterísticas anatômicas e ultra-estruturais bastante peculiares aos táxons em que ocorrem e inteiramenterelacionadas à secreção do néctar.

Os NEFs são distribuídos em diferentes grupos de vegetais (Keeler 2008). Atualmente estãoregistradas cerca de 4.000 espécies de Angiospermas com NEFs distribuídas em mais de 100 famílias,e nove espécies de Pteridótas distribuídas em quatro famílias. Dentre as Angiospermas, a família Le-guminosae é a mais representativa (cerca de 1000 spp), seguida de Passioraceae (cerca de 400 spp),Euphorbiaceae (cerca de 300 spp), Malvaceae (cerca de 300 spp) e Rosaceae (cerca de 250 spp).

Os registros de plantas com NEFs englobam todos os continentes terrestres se estendendodas Américas até a Oceania. São diversos os ecossistemas em que ocorrem, assim como o hábito e as

formas de vida. Há registros de plantas com NEFs em orestas úmidas, cerrado, caatinga, manguezal,áreas litorâneas e até desertos. Os táxons com NEFs apresentam-se sob formas diversas, sendo desdeErvas até árvores, incluindo subarbustos aquáticos [  Neptunia plena  (L.) Benth – Leguminosae].

No Brasil, existem citações de Nefs para a Amazônia, o Cerrado e a Caatinga e Manguezal(Oliveira & Leitão-Filho 1987; Lewis & Owen 1989; Morellato & Oliveira 1991; Machado et al. 2008;

 Araújo inédito; Melo inédito). Em Mirandiba, foram observados Nefs em Leguminosae (Prancha 2, g. A D), Euphorbiaceae (Prancha 2, g. E F), Capparaceae, Malvaceae e Turneraceae. Foram encontradosdiferentes tipos de glândulas, incluindo tricomas glandulares nectaríferos, distribuídas nas folhas e nopedicelo oral.

O número de espécies de Leguminosae com NEFs demonstra a representatividade na família.

NECTÁRIOS EXTRAFLORAIS

Yanna Melo, Maria de Fátina de Araújo Lucena, Silvia R. Machado & Marccus Alves 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

No entanto, é importante destacar a distribuição também em Euphorbiaceae, que está entre os princi-

pais grupos de plantas com NEFs.Embora a Caatinga seja um ambiente considerado inóspito, devido à escassez hídrica, é no-

tável a distribuição de plantas com NEFs nesse ecossistema. Essas glândulas possivelmente conferemrecursos alimentares para a fauna local.

BENTLEY, B. & ELIAS, T. S. 1983. The Biology of Nectaries. New York: Columbia University

Press.

KEELER, K. H. 2008. World list of Angiosperm species with extraoral nectaries. http://www.

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LUCENA, M. F. A. Inéd. Diversidade de Euphorbiaceae no semi-árido do Brasil. Dados não publica-

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LEWIS, G. P & OWEN, P. E. 1989. Legumes of the Ilha de Maracá. Surrey: Royal Botanic Gar-

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MACHADO, S. R..; MORELLATO, L. P. C.; SAJO, M. G. & OLIVEIRA, P. S. 2008. Morphological

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MELO, Y. Inéd. Diversidade de nectários extraorais em Leguminosae em áreas de caatinga – PE.

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and Abundance in the Woody Flora of Cerrado Vegetation in Southeast Brazil. Biotropica, 19(2): 140-

148.

NECTÁRIOS EXTRAFLORAIS

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35- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 2.  Nectários extra-florais em espécies de Leguminoseae e Euphorbiaceae de

Mirandiba. Figuras A-D. Néctarios em Leguminoseae. E-F. Néctarios em Euphorbiaceae.

NECTÁRIOS EXTRAFLORAIS

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 A família Leguminosae é representada no Brasil por cerca de 270 gêneros e 6.700 espéciese desponta como a família com maior número de espécies e de endemismos na caatinga (Giullieti etal. 2002). A morfologia polínica das leguminosas é bastante variável, caracterizando-a como famíliaeuripolínica, e os caracteres polínicos são utilizados principalmente na separação das subfamílias, dosgêneros e de algumas seções (Guinet 1981). Caesalpinioideae tem grãos de pólen de oblato-esferoidais aprolato-esferoidais, tricolporados, com superfície de reticulada a rugulada ou fossulada-foveolada (Gra-

ham & Baker 1981). Em Mimosoideae são encontrados desde grãos de pólen em mônades até tétradese políades, porados (Sorsa 1969, Guinet 1981). Papilionoideae tem grãos de pólen de prolatos a sub-prolatos ou sub-oblatos a oblato-esferoidais, tricolporados, colpados ou porados, e a exina é geralmentereticulada com margens psiladas na região apertural (Ferguson & Skvarla 1981).

Os estudos de palinoora, ainda raros no Brasil, são importantes não apenas para o conheci-mento da ora local como também para subsidiar pesquisas paleobotânicas, taxonômicas, melissopal-inológicas e de ecologia da polinização. O cenário de trabalhos de oras polínicas é ainda mais carentena Caatinga. Pioneiramente, Gomes (1966) descreveu os grãos de pólen de 15 espécies das quais duassão de Leguminosae. A palinologia de leguminosas na caatinga foi abordada novamente apenas 40 anosdepois, quando em 2006 Lima et al. publicaram a descrição polínica de espécies do gênero  Mimosa  do

semi-árido. O maior estudo para a caatinga foi publicado no ano seguinte por Silva, que descreveu amorfologia polínica de 144 espécies da Reserva de Canudos, na Bahia, das quais 30 são leguminosas.

Diante da notável representatividade das leguminosas na caatinga de Mirandiba (Córdula et al.2008), o presente trabalho, que foi tema de dissertação da primeira autora, teve como principal objetivodescrever a morfologia polínica das espécies de Leguminosae que ocorrem em Mirandiba.

Para tal estudo, o material polínico foi preparado pelo método padrão de acetólise (Erdtman1960) para posterior análise em microscopia óptica (MO), e para a microscopia eletrônica de varredura(MEV) foram utilizados grãos de pólen não acetolisados. As descrições seguiram a nomenclatura dePunt  et al. (2007) e as lâminas foram depositadas na Palinoteca do Laboratório de Micromorfologia

 Vegetal (LAMIV), da Universidade Estadual de Feira de Santana.

  Com as descrições palinológicas das Leguminosae de Mirandiba, são inéditas as de-scrições e ilustrações para 40 espécies, 55% do total das espécies estudadas na área, além de seremadicionados novos dados, especialmente imagens de microscopia eletrônica de varredura, para mais23 espécies. Dentro de cada subfamília foram estabelecidos, sempre que possível, tipos polínicos parafacilitar a identicação de grupos de espécies.

Em Caesalpinioideae, foram identicados cinco tipos polínicos distintos: 1. tipo Bauhinia  (2spp.)com grãos de pólen grandes com exina microrreticulada e gemada; 2. tipo Senna  (Senna – 8 spp. eChamecrista – 6 spp.), grãos de pólen médios, subprolatos a prolatos, psilados a microrreticulados, 3-col-porados com colpos longos, fusionados ou não nos polos; 3. tipo Caesalpinia  (3 spp.), grãos de pólengrandes, suboblatos, 3-colporados, aspidados, reticulados, heterobrocados; 4. tipo Parkinsonia  (1 sp.),

P ALINOLOGIA  DE LEGUMINOSAE

 Maria Teresa Buril & Francisco de Assis Ribeiro dos Santos 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

grãos de pólen pequenos a médios, prolatos-esferoidais, endoabertura lalongada, reticulados e muro

muito delgado; 5. tipo Poeppigia (1 sp.), grãos de pólen pequenos, subprolatos, endoabertura circular,microrreticulado, heterobrocado.

Entre as espécies de Mimosoideae, a notável variação das formas de unidades de dis-persão expressou toda a diversidade polínica já citada para a família (Sorsa 1969). Foi possível esta-belecer sete tipos polínicos: 1. mônades, em Desmanthus pernambucanus e Neptunia plena ; 2. tétrades emespécies de Mimosa ; 3. políades com oito grãos de pólen heteromórcos (um grão muito diferenciadodos demais) em Calliandra depauperata ; 4. ditétrades em espécies de Mimosa e Pityrocarpa moniliformis ; 5.políades com 12 grãos de pólen em Piptadenia ; 6. políades com 16 grãos de pólen nas espécies de  An- adenanthera, Inga, Parapiptadenia, Pithecellobium e Senegalia ; 7. políades com mais de 16 grãos de pólen emChloroleucon e Pithecellobium.

Papilionoideae foi a subfamília com morfologia polínica mais homogênea. A variaçãomais marcante entre as espécies estudadas está relacionada às aberturas, sendo encontrados cólporos,colpos e também poros. No geral, são todos mônades, prolato-esferoidais, amb subtriangular a triangu-lar, e de superfície reticulada com margens psiladas, sendo esse o padrão já apontado por outros autores(Ferguson & Skvarla 1981, Silvestre-Capelato & Melhem 1997).

 As Leguminosae ocorrentes em Mirandiba são uma amostragem representativa de todoo espectro da diversidade polínica encontrada na família, sendo detectadas variações na forma, âmbito,tipo e número de aberturas, ornamentação e também na presença de estruturas especiais.

CÓRDULA, E.; QUEIROZ, L. P. & ALVES, M. 2008. Checklist da ora de Mirandiba, Per-

nambuco: Leguminosae. Rodriguésia, 59(3): 597-602.ERDTMAN, G. 1960. The acetolysis method. A revised description. Svensk Botanisk Tid-skrift, 39: 561-564.

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P ALINOLOGIA  DE LEGUMINOSAE

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39- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Semi-Árido.

PUNT, W.; HOEN, P. P.; BLACKMORE, S.; NILSSON, S. & LE THOMAS, A. 2007. Glos-sary of pollen and spores terminology. Review of Paleobotany and Palynology, 143: 1-81.

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SORSA, P. 1969. Pollen morphological studies on the Mimosaceae. Annales Botanici Fen-nici, 6: 1-34.

  Prancha 3.  Grãos de pólen de espécies de Leguminosae ocorrentes em Mirandiba. Figuras A-C

Caesalpinioideae: A. Bauhinia acuruana, vista polar (MO), notar gemas como ornamentação (MO).

B. Caesalpinia bracteosa, vista polar (MEV), notar ampla margem rugulada na região apertural. C.

Chamaecrista pilosa var. luxurians, vista polar (MEV), notar colpos fundidos). D-F Mimosoideae: D.

Calliandra depauperata, vista frontal (MO), políade, notar forma de gota e grão de pólen apical

modificado e sem apêndice. E. Desmanthus pernambucanus, vista polar (MEV), mônade. F.

Mimosa quadrivalvis  var. leptocarpa, vista frontal (MEV), tétrade. G-I Papilionoideae: G. Dioclea

grandiflora, vista polar (MO), tricolporado, notar presença de átrio. H. Erytrina velutina, vista polar

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43- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Ervas, subarbustos, arbustos, trepadeiras ou mais raramente árvores, hermafroditas; freqüente-mente com cistólitos. Folhas opostas, raramente alternas, verticiladas ou rosuladas, simples, sem es-típula. Inorescências racemosas ou cimosas, simples ou compostas. Flor hipógina; sépalas (4-)5(-16),unidas pelo menos na base, raramente cálice reduzido a um anel, persistente no fruto; corola gamopé-tala, pentâmera, zigomorfa, tubo cilíndrico ou infundibuliforme, geralmente a parte superior alargada,formando uma fauce, limbo 5-lobado, 2-labiado ou mais raramente 1-labiado; estames 4 didínamos ou

2, adnatos ao tubo da corola, alternos aos lobos, às vezes estaminódios presentes, anteras 1-2-tecas,iguais ou não, paralelas ou divergentes, inseridas na mesma altura no conectivo ou não, deiscência lon-gitudinal; disco nectarífero anular, cupular ou reduzido; ovário súpero, bicarpelar e bilocular, placenta-ção axial; óvulos 2-12 por lóculo, superpostos ou algumas vezes colaterais, raramente mais numerososem duas leiras em cada lóculo, freqüentemente com um funículo desenvolvido em forma de gancho(retináculo) ou papila; estilete simples, em geral longo, estigma freqüentemente bilobado. Fruto cápsulaloculicida com deiscência explosiva, parte basal freqüentemente estreitada, estéril e sólida formando umestípite; sementes, em geral planas, orbiculares ou suborbiculares, glabras ou pilosas, testa lisa, rugosaou reticulada, algumas mucilaginosas quando úmidas.

Família com cerca de 3250 espécies e 240 gêneros, distribuindo-se pelos trópicos e subtrópi-cos de todo o mundo, alcançando algumas regiões temperadas. Nas Américas ocorrem cerca de 85gêneros e 2000 espécies. No Brasil estima-se que ocorram cerca de 40 gêneros e 540 espécies, a maiorianas formações orestais do Sudeste e Centro-Oeste, especialmente em matas mesólas.

EZCURRA, C. 2002. El género Justicia en Sudamérica Austral.  Annals of the MissouriBotanical Garden, 89: 225-280.

NEES, C.G. 1847. Acanthaceae. In: MARTIUS, C.; EICHLER, A. G. & URBAN, I. (eds.).Flora Brasiliensis, 9:1-164.

 WASSHAUSEN, D. C. & WOOD, J. R. I. 2004. Acanthaceae of Bolivia. Contributions from

the U.S. National Herbarium 49:1-52.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE A CANTHACEAE

1. Flores dispostas em espigas. Estames férteis 2 ............................................................................................2

1’. Flores em inorescências cimosas. Estames férteis 4 ................................................................................3

2. Cistólitos presentes nas folhas; corola claramente bilabiada,

1. A CANTHACEAECíntia Kameyama 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

frutos com funículo em forma de gancho ...................................................................... Justicia aequilabris 

2’. Cistólitos ausentes nas folhas; corola não biblabiada,

frutos com funículo papiliforme ..................................................................................... Elytraria imbricata 

3. Corola vermelha, cápsula claviforme .............................. ............................... ................... Ruellia asperula 

3’. Corola lilás, cápsula cilíndrica ....................................................................................... Ruellia paniculata 

1.1. E  LYTRARIA IMBRICATA (Vahl) Pers., Syn. Pl. 1: 23. 1805.Ervas perenes; caule subcilíndrico, pubescente a viloso, glabrescente. Folhas  subopostas

agrupadas em roseta no ápice dos ramos, subsésseis ou com pecíolo até 1cm compr.; obovadas, 6,5-

8,5x1,9-3cm, ápice agudo a levemente acuminado, base longamente decorrente, margem levementecrenada a inteira, ciliada, pilosa nas nervuras em ambas as faces, mais densamente na abaxial. Ino-rescências axilares, pedunculadas, pedúnculo bracteado 3,5-9cm compr., brácteas imbricadas, sésseis,lanceoladas, acuminadas-cuspidadas, 1,5x5-6mm, face adaxial tomentosa, espigas simples ou compos-tas (panícula), 0,9-3cm compr., brácteas orais imbricadas, semelhantes porém um pouco maiores queas do pedúnculo, ca. 1,8x7mm, bractéolas 2, subuladas, ca. 0,7x3mm, com tricomas na nervura central.Flores, cálice 4-lobado, lobo anterior 2-partido no ápice, lobos lanceolados, ca. 0,8x4mm, vilosos noápice; corola lilás, bilabiada, tubo ca. 2,5mm compr., fauce muito curta, lábios 1-2mm compr, superior1-lobado, inferior 3-lobado; estames 2, inseridos na base da fauce, letes curtos; disco inconspícuo,estilete aplainado e curvo, óvulos 6-10 por lóculo. Fruto cápsula ovóide, ca. 5mm compr., glabra, 6-12

sementes, funículo papiliforme.Material examinado: Serra do Tigre, 04.X.2006, K. Pinheiro 204 (UFP, SP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro

& D. Araújo 123 (UFP, SP).

Comentários: ocorre desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina em locais de

 vegetação aberta, muitas vezes perturbada, de baixa altitude.

1.2. J USTICIA  AEQUILABRIS  (Nees) Lindau in  Engler & Prantl., Nat. Panzenfam. 4(3b): 350.1895.

 Justicia strobilacea  (Nees) Lindau in  Engler & Prantl., Nat. Panzenfam. 4(3b): 350. 1895 Arbustos ca. 1m alt., ramos subcilíndricos a cilíndricos, tomentosos, glabrescentes. Folhas 

semicarnosas, papiráceas, subssésseis, pecíolos ca. 1-3mm compr.; lâminas lanceoladas, elípticas e ob-longo-elípticas, 3,5-5x1,7-4cm, ápice agudo a acuminado, base acuminada, margem inteira a levementecrenada, vilosa, face adaxial glabrescente. Inorescências espigas terminais com ores decussadas,2-3,5cm compr. (sem incluir as corolas), pedúnculo ca. 4mm compr.; brácteas verdes, sésseis, ovais, 1,2-1,5x0,7-0,9cm, ápice agudo, mucronado, base arredondada, ciliada e vilosa em ambas as faces, sendomais densamente nas nervuras e na face abaxial, tricomas longos intercalados com tricomas muitocurtos e glandulares; bractéolas 2, estreitamente oblanceoladas a lineares, 6-8x0,7mm, ápice agudo,indumento como da bráctea. Flores, sépalas 5, unidas apenas na base, iguais entre si, linear-lanceola-

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45- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

das, 0,4-0,6mm, com tricomas muito curtos glandulares; corola vermelha, pubescente externamente,

bilabiada ca. 3cm compr., tubo ca. 2cm compr., lábio superior unidenteado, inferior 3-lobado, lobosiguais, estreitamento elípticos, 0,7mm compr., ápice arredondado; estames 2, anteras 2-tecas, tecas semapêndices, inseridas em alturas diferentes no conectivo; ovário ca. 2mm, estilete glabro. Fruto cápsulanão vista.

Material examinado: Faz. Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena 1489  (UFP, SP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Araripina. Serra do Jardim, estrada Araripina-Crato, 26.IV.1983, F. Galindo et

al. CEPE 518 (SPF, IPA)

Comentários: distribui-se do leste da Bolívia, noroeste do Paraguai ao Nordeste do Brasil (Ezcurra

2002). Em outras localidades esta espécie pode apresentar folhas bem mais amplas.

1.3. R UELLIA  ASPERULA (Nees) Lindau in  Engler, Nat. Panzenfam. 4(3b): 311. 1895.Subarbustos, 20-40cm alt., ramicados; ramos tetragonais quando jovens a subcilíndricos,

esparsamente hirsutos, glabrescentes. Folhas pecioladas, pecíolos 13-15mm compr., tomentosos; lan-ceoladas a oblongo-lanceoladas, 3-5,2x1,5-2,44cm, ápice agudo, às vezes levemente acuminado, mar-gem crenada, base arredondada, obtusa a aguda, às vezes levemente atenuada, tomentosa em ambasas faces. Inorescência tirsóides, algumas vezes pouco desenvolvidas, ores axilares e terminais; in-orescências totalmente hirsutas com tricomas glandulares entremeados de tricomas tectores, brácteasfoliáceas, um pouco menores que as folhas, cimeiras 1-8-oras; bractéolas sésseis a subsésseis, lanceo-

ladas, 8-10x2-4mm, ápice agudo. Flores sépalas 5, unidas a base, lineares, 8-10mm compr., subiguaisou uma mais longa que as demais, indumento igual ao das bractéolas; corola vermelha, pubescenteexternamente, tricomas glandulares e tectores, ca. 4,2cm compr., tubo (parte estreita) ca. 1,5cm compr.,fauce recurvada, estreitamente obcônica e gibosa, ca, 1,7cm compr, 0,5cm diâm. na porção mais larga,lobos 5, reexos na or madura, levemente desiguais, os 2 superiores um pouco mais unidos entre si,ca. 4x3mm, ápice levemente emarginado, os 3 inferiores ca. 5x4mm, o central um pouco mais estre-ito, ápice arredondado; estames 4, dídinamos, exsertos, anteras 2-tecas, ca, 1,6mm compr.; ovário ca.1,8mm compr., estilete hirsuto. Fruto cápsula subclavada, ca. 12mm compr., porção estéril ca. 7mmcompr., apiculada; sementes 4, lenticulares, ca. 3mm diâm.

Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1620 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, E. Córdula et al.

238 (UFP); id., 8.II.2007, Y. Melo et al. 118 (UFP).

Comentários: ocorre na caatinga nos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí e Pernambuco.

1.4. R UELLIA PANICULATA L., Sp. pl. 2: 635. 1753.Subarbustos, 0,4-1m alt., ramicado; ramos sub-tetragonais quando jovens a cilíndricos, re-

cobertos por tricomas glandulares, glabrescentes. Folhas pecioladas, pecíolos 1-3cm compr., com trico-mas glândulares esparsos e uma leira de longos tricomas tectores; elípticas a lanceoladas, as da base ca.7,5x4cm, diminuindo gradativamente em direção ao ápice do ramo, ápice agudo a levemente atenuado,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

2. A LISMATACEAE

 Anderson Alves-Araújo & Jefferson Rodrigues Maciel 

Ervas  aquáticas, perenes ou anuais, rizomatosas, cormófitas ou estoloníferas, laticíferas.Folhas  emersas e submersas diferenciadas. Folhas emersas, pecioladas, ovais a elípticas, obtusas,glabras, membranáceas, inteiras, base atenuada, nervação acródroma basal. Inflorescências tirsóides;escapo floral alado ou não, ereto; brácteas ovais, ápice caudado. Flor pedicelada; hipógina, actinomorfa,diclamídea, uni ou bissexuada, mono ou díclina, sépalas 3, persistentes, glabras, ovaladas, ápice agudoou revoluto; pétalas 3, livres, glabras, ovaladas; estames 6-numerosos, livres, anteras 2-loculares, rimosas;carpelos numerosos, livres, inseridos em receptáculo convexo. Fruto aquênio, glanduloso.

Família amplamente distribuída em ambos os hemisférios, com exceção das regiões polares.É formada por 12 gêneros e cerca de 80 espécies, sendo registrados no Neotrópico apenas os gênerosmais diversos da família, Sagittaria  e  Echinodorus . No domínio das caatingas, Matias (2005) confirmoua ocorrência de oito espécies e duas subespécies de  Echinodorus e duas espécies e duas subespécies deSagittaria . Em Mirandiba, Echinodorus  está representado apenas por Echinodorus  subalatus  (Mart.) Griseb.Este gênero se diferencia de Sagittaria , principalmente, pela presença de flores bissexuadas em toda ainflorescência.

HAYNES, R. R. & HOLM-NIELSEN, L. B. 1985. A generic treatment of Alismatideae in the

margem inteira a subcrenada, base arredondada, obtusa a aguda, às vezes levemente atenuada, pubes-

cente com tricomas glandulares e tectores entremeados em ambas as faces, glabrescente. Inorescên-cias dicásios axilares; hirsutas com tricomas glandulares entremeados de tricomas tectores; bractéolaslinear-lanceoladas, 12x2mm na base da inorescência, as mais distais gradativamente mais estreitase mais curtas, com tricomas glandulares entremeados de tricomas tectores. Flores sépalas 5, unidasa base, lineares, 12-15mm compr., iguais, indumento igual ao das bractéolas; corola lilás, pubescenteexternamente, tricomas glandulares e tectores, 2-2,5cm compr., tubo (parte estreita) ca. 1,2cm compr.,fauce obcônica, ca, 0,8cm compr, 0,5cm diâm. na porção mais larga, lobos 5, levemente desiguais,arredondados, ca. 4x4mm; estames 4, dídinamos, subexsertos, anteras 2-tecas, ca, 2mm compr.; ovárioca. 2mm compr., estilete hirsuto. Fruto cápsula cilíndrica, ca. 13mm compr., apiculada; sementes 10,lenticulares, sementes maduras não examinadas.

Material examinado: Fazenda Tigre, 03.X.2006, M. F. A Lucena et al . 1609 (UFP, SP); Vertentes, 21.VI.2007, Y.

 Melo et al. 232  (UFP, SP).

Comentários: ocorre do México ao Nordeste e Centro-Oeste do Brasil em ambientes abertos, muitas

 vezes perturbados em locais com uma estação seca bem denida.

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47- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Neotropics with special reference to Brazil. Acta Amazônica, Supl., 15: 153-193.

HAYNES, R. R. & HOLM-NIELSEN, L. B. 1994. The Alismataceae. Flora Neotropica, 64: 1-112.MATIAS, L. Q. Inéd.  Alismataceae no domínio da caatinga brasileira. Tese de Doutorado.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2005.

 2.1. E CHINODORUS  SUBALATUS  (Mart.) Griseb., Cat. Pl. Cub. 218. 1866.Ervas aquáticas, 30-75cm, perenes, rizomatosas. Folhas emersas e submersas. Folhas emersas

9-18x4-11,2cm, ovais a elípticas, 7-9 nervadas. Inflorescência em tirsos; escapo alado, ereto; brácteasovais, ápice caudado. Flores curto a longo-pediceladas; díclinas, sépalas 3, verdes glabras, ovaladas,ápice agudo ou revoluto; pétalas 3, brancas, glabras, ovaladas; estames 12; ovários numerosos, livres,inseridos em receptáculo convexo. Fruto não observado.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro. 153 (UFP, MO).

Comentários: espécie restrita à América do Sul e que pode ser encontrada em diversos tiposde ambientes aquáticos (intermitentes ou não). Matias (2005), com base na presença de alas no escapoda inflorescência, reconheceu a ocorrência na caatinga de dois táxons.  Echinodorus subalatus (Mart.)Griseb  var. subalatus . diferencia-se de E. subalatus var. andrieuxii  (Hook. & Arn.) R. R. Haynes & Holm-Niels. por apresentar o eixo da inflorescência alado. Na caatinga, o é popularmente conhecido como“Chapéu de couro” e muito utilizado para fins medicinais.

3. A LSTROEMERIACEAE

Yanna Melo & Marccus Alves 

Herbáceas  ou trepadeiras; geófitas, raízes tuberosas armazenadoras; rizomas simpodiais.Folhas simples, lineares a lanceoladas, alterno-espiraladas, pecioladas, geralmente ressupinadas, glabrasraro pilosas. Inflorescência  terminal, cimosa, freqüentemente umbeliforme, simples ou ramificada,brácteas foliáceas ou reduzidas. Flores  raramente isoladas, diclamídeas, homoclamídeas, trímeras,

bissexuadas, actinomorfas ou fortemente zigomorfas; nectários geralmente presentes; tépalas-6;estames-6; ovário ínfero, sincárpico, tricarpelar, unilocular ou trilocular, placentação axial ou parietal,lóculos pluriovulados, óvulos anátropos. Fruto cápsula loculicida, ocasionalmente explosivo, raramenteindeiscente; sementes globosas a elipsóides, sarcotesta às vezes presente.

 A família apresenta distribuição neotropical se estendendo da região central do México até osul da América do Sul, com centro de diversidade na região andina. É formada por cerca de 160 espéciesdistribuídas em cinco gêneros: Alstroemeria, Bomarea, Leontochir, Schickedantzia e Schickedantziella . No Brasilocorrem apenas os gêneros  Alstroemeria , com cerca de 40 espécies das quais 35 são exclusivamentebrasileiras; e Bomarea  apenas com Bomarea edulis. São encontradas em diversos habitats, especialmente

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

em ambientes úmidos e sombreados, mas também em ambientes xerofíticos e rochosos. Em Mirandiba,

apenas Alstroemeria longistaminea foi registrada.  Algumas espécies, principalmente do gênero Alstroemeria ,apresentam grande interesse ornamental despertado pela presença de flores vistosas com variedade decores no perianto e alta durabilidade.

 ASSIS, M. C. Inéd.  Alstroemeria   L.  (Alstromeriaceae) do Brasil. Tese de Doutorado.Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2001.

ROEMER, J. J. & SCHULTES, J. A. 1829. Alstroemeria. Systema Vegetabilium, 7: 732–751.

 3.1. A LSTROEMERIA  LONGISTAMINEA Mart. ex . Schult. & Schult.f. in Roem. & Schult., Syst. Veg.

7(1): 739-740. 1829.Ervas eretas, monóicas; ramos cilíndricos, glabros, verdes; raízes tuberosas. Folhas 3,0-8,5x0,5-1,9cm, simples, ressupinadas, alternas; membranáceas, oblanceolada, ápice agudo, baseatenuada, margem inteira, pecíolo alado; estípulas ausentes. Inflorescência terminal, umbela. Florestrímeras, bissexuadas, zigomorfas; tépalas externas 3, espatuladas, ápice cuspidado, base atenuada epapilosa, 2,5-3,0cmx8-10mm, variegadas em tons de rosa escuro, amarelo e verde, máculas vináceas;tépalas internas-3, 5cmx5mm, espatuladas, ápice acuminado, base atenuada e papilosa, variegadas emtons de verde e amarelo, máculas vináceas; eixo floral verde; estigma trífido, base do estilete papilosa;estames exsertos, antera rimosa, base do filete papilosa; ovário ínfero, sincárpico, tricarpelar, trilocular,placentação axial. Fruto cápsula loculicida, seco, deiscente, explosivo, ovóide, cicatriz apical, circular.

Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 178  (UFP); Fazenda Baixio Grande,

19.IV.2007, Y. Melo et al. 184 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1417 (UFP). Material adicional:

PERNAMBUCO: Bezerros, 09.IV.2005, Y. Melo et al. 24 (UFP), 31.VII.2005, Y. Melo et al. 47 (UFP).

Comentários: ocorre em regiões sombreadas do semi-árido pernambucano. Em Mirandibalocaliza-se nas áreas com solos rochosos de caatinga arbórea densa. A espécie é facilmente reconhecidapor apresentar flores pêndulas e folhas ressupinadas.

4. A MARANTHACEAEPolyhanna Gomes & Marccus Alves 

Ervas, arbustos, escandentes; monóicos ou dióicos. Folhas alternas ou opostas, simples,estípulas ausentes. Inflorescência espiga, glomérulo, tirso ou flor solitária; brácteas 1-3, escariosas, semelhantes às sépalas. Flor diminuta, actinomorfa, andrógina; tépalas 3-5 (geralmente consideradassépalas), escariosas; pétalas ausentes; androceu 3-5 estames (geralmente isostêmone), fusionados emum tubo; gineceu sincárpico, ovário súpero, carpelos 2-3, unilocular, estilete 1-8, estigma capitado oufiliforme, inteiro ou bífido. Fruto cápsula, núcula, aquênio, raro bacóide.

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49- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 Amaranthaceae ocorre em quase todos os continentes, exceto Antártida, com centro de diversidadenos trópicos e subtrópicos. Colonizam preferencialmente ambientes antropizados ou menos freqüentemente

formações florestais secas ou espinhosas. Compreende cerca de 70 gêneros e aproximadamente 1000 espécies

(Duke 1961, Siqueira 2003, Nee 2004). No Brasil ocorrem cerca de 100 espécies, distribuídas em 15 gêneros

(Siqueira 2002). Em Mirandiba, a família está representada por 4 gêneros e 5 espécies. Espécies de  Amaranthus

possuem frutos comestíveis e representantes de diferentes gêneros apresentam potencial ornamental (Nee

2004).

DUKE, J. A. 1961. Amaranthaceae. In: Flora of Panama. Part IV. Fascicle IV. Annals of the Missouri

Botanical Garden, 48(1): 1-106.

SIQUEIRA, J. C 2002. Amaranthaceae. In: WANDERLEY, M. G. L..; SHEPHERD, G. J & GIULIETTI, A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. FAPESP, HUCITEC, São Paulo, 2:11-30.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE A MARANTHACEAE

1. Inflorescência laxa; estames unidos formando um tubo longo

(3,5mm compr.); estigma penicilado ..................................................................... Froelichia humboldtiana 

1’. Inflorescência congesta; estames unidos formando um tubo curto(≤ 1mm); estigma não penicilado  .......................................................................................................................2

2. Tubo estaminal com pseudoestaminódios ....................................................................................................32’.Tubo estaminal sem pseudoestaminódios .....................................................................................................4

3. Inflorescência pedunculada; sépalas iguais entre si ........................................ Alternanthera brasiliana 

3’. Inflorescência séssil; sépalas desiguais entre si ........................................... Alternanthera ficoidea 

4. Subarbustos eretos ou escandentes; inflorescência pedunculada;

estilete presente, estigma bífido .............................................................................Gomphrena vaga 

4’.Ervas; inflorescência séssil; estigma séssil, inteiro ..................................................Pfaffia sp.

4.1. A LTERNANTHERA BRASILIANA (L.) Kuntze, Gen. Pl. 2: 537. 1891. Prancha 4, fig. A-B.

Ervas ou subarbustos, eretos, 0,2-1m alt.; ramos pilosos, creme-esverdeados, douradosou avermelhados. Folhas lanceoladas, elípticas ou lineares; 2,9-6,5x0,6-2,1cm, pilosas, ápice agudo,base cuneada; pecíolo 1-6mm compr., piloso. Inflorescências  1-12,3cm compr., glomeruliformes,congestas, terminais ou axilares, pedunculadas, pedúnculos pilosos a pubescentes. Flores andróginas,cremes, sépalas 5, livres, iguais entre si, oblongas, dorsalmente pilosas, trinervadas, nervura medianaultrapassando as laterais; brácteas 3, pilosas, sem nervura proeminente, central lanceolada, lateraisnaviculares; estames 5, unidos em tubo curto 1mm compr., ápice dos pseudoestaminódios lacerado;ovário orbicular, estilete presente, estigma capitado, inteiro, papiloso.

Material examinado: Chacal, 16.IV.2007, L. G. R. Souza et al. 3 (UFP); Fazenda Baixio Grande, 03.X.2006,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 M. F. A. Lucena et al. 1605 (UFP, RB); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, M. T. Vital et al. 91 (UFP).

Comentários: espécie amplamente distribuída na América do Sul (Siqueira 2002). Dentre asrepresentantes da família, é a mais comum no município de Mirandiba.

4.2. A LTERNANTHERA FICOIDEA (L.) R. Br., Prodr. 417. 1810. Prancha 4, fig. C-E.Ervas ou subarbustos, eretos, 0,2-1m alt.; ramos pilosos, pubescentes quando jovens, amarelo-

esverdeados. Folhas elípticas; 2-7,6x0,9-3,1cm, pilosas, ápice apiculado, base cuneada; pecíolo 3-5mm,piloso. Inflorescências 4-8mm compr., glomeruliformes, congestas, axilares, sésseis. Flores andróginas,brancas, sépalas 5, livres, desiguais entre si, dorsalmente pilosas, 3 maiores, lanceoladas,   externas,trinervadas, nervura mediana ultrapassando as laterais, 2, menores, aristadas, internas, uninervadas;brácteas 3, pilosas, central lanceolada, laterais aristadas; estames 5, unidos em tubo curto 1mm compr.,

ápice dos pseudoestaminódios lacerado; ovário obovóide, estilete presente, estigma capitado, inteiro,papiloso.

Material examinado: Chacal, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 95 (UFP, MO, RB); Fazenda Baixio Grande,

19.IV.2007, Y. Melo et al. 177 (UFP, RB, MO); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 282 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,

Y. Melo et al. 134 (UFP, RB).

Comentários:  Alternanthera ficoidea apresenta distribuição desde o México até a Argentina(Duke 1961). No Brasil, existem registros para os estados de Paraná, Rio de Janeiro e Bahia. De acordocom dados de herbários e de bibliografias este parece ser o primeiro registro de A. ficoidea para o estadode Pernambuco. Essa espécie é comumente confundida com A. polygonoides (L.) R. Br.. Segundo Duke(1961), o pseudoestaminódio lacerado e não ultrapassando em tamanho os estames em A. ficoidea são as

principais características que a distingue de A. polygonoides . Em Mirandiba, é encontrada como ruderal enas proximidades de cursos d’água.

4.3. F ROELICHIA HUMBOLDTIANA Seub. in  Mart., Fl. bras. 5(1): 166. 1875. Prancha 4, fig.F-H.

Ervas, decumbentes ou eretas, 50-70cm alt.; ramos pilosos, cremes ou enegrecidos. Folhaselípticas; 2,7-5x0,8-2cm, adaxialmente pilosas, abaxialmente pubescentes, ápice acuminado, basecuneada; pecíolo 7-8mm, pubescente.Inflorescências 14,2-45cm compr., espiciformes, laxas, terminais,pedunculadas, pedúnculos pubescentes. Flores andróginas, brancas, sépalas 5, soldadas, iguais entre si,lanceoladas, dorsalmente pilosas, sem nervura proeminente; brácteas 3, glabras, uninervadas, central

lanceolada, laterais ovadas; estames 5, unidos em tubo longo 3,5mm compr., ápice do tubo lobado;ovário turbinado, estilete presente, estigma penicilado, não papiloso.

Material examinado: estrada para o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 114 (UFP, RB, MO);

Fazenda Areias, 05.VI.2006, M. F. A. Lucena et al. 1459 (UFP); Fazenda Vertentes, Serra das Umburanas, 18.VI.2007, Y. Melo et

al. 170 (UFP).

Comentários: esta espécie se diferencia das demais encontradas na área de estudo por suasflores estarem agrupadas em inflorescências laxas, pela união dos estames formando um tubo longo epelo estigma penicilado

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51- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

4.4. G OMPHRENA VAGA Mart. Sp. Pl. 1: 224-225. 1753. Prancha 4, fig. I-J.

Subarbustos, eretos ou escandentes, até 1m alt.; ramos pilosos, alvos. Folhas elípticas alanceoladas; 3,3-4,3x1,5-1,7cm, adaxialmente pilosas, abaxialmente pubescentes, ápice acuminado, basecuneada; pecíolo 2-3mm compr., pubescente. Inflorescências  4-5cm, glomeruliformes, congestas,terminais ou axilares, pedunculadas, pedúnculos pilosos. Flores andróginas, brancas, sépalas 5,livres, desiguais entre si, lanceoladas, dorsalmente pilosas, 2 maiores,  externas, trinervadas, nervurasde tamanhos iguais, 3, menores,  internas, trinervadas, nervuras iguais entre si; brácteas 3, pilosas,uninervadas, apiculadas; estames 5, unidos em tubo curto 0,5mm compr., ápice do tubo lanceolado;ovário ovóide, estilete presente, estigma capitado, bífido, não papiloso.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.VI.2007, M. C. Pessoa et al. 137 (UFP, RB, MO), Y. Melo et al.

172 (UFP, RB, MO).

Comentários: a principal característica que diferencia Gomphrena vaga das demais espécies dafamília, na área de estudo, é o estigma bífido, um dos caracteres diagnósticos do gênero. Essa espécie éamplamente distribuída na América do Sul (Siqueira 2002). Em Mirandiba é encontrada em trechos decaatinga arbóreo-arbustiva densa, geralmente antropizada.

4.5. P FAFFIA sp.

Ervas,  0,3cm alt.; ramos pilosos, verdes. Folhas orbiculares a elípticas; lâminas 1,6-2,1x1-1,2cm,

tricomas esparsos, ápice apiculado, base oblíqua; pecíolo 2-3mm compr., piloso. Inflorescências  0,7-1cm

compr., glomeruliformes, congestas, axilares, sésseis. Flores andróginas, brancas, sépalas 5, livres, desiguais entre

si, dorsalmente pilosas, 2 maiores, lanceoladas, externas, trinervadas, nervuras iguais entre si, 3 internas, sendo 1

mediana, lanceolada, bordeada, trinervada e 2 menores, aristadas, uninervadas; brácteas 2, glabras, uninervadas,lanceoladas; estames 5, unidos em tubo curto, 0,5mm compr., ápice do tubo denteado; ovário orbicular, estigma

séssil, não capitado, inteiro, não papiloso.

Material examinado: Fazenda Troncão, 16.VI.2007, Y. Melo et al. 144 (UFP).

Comentários: o gênero  Pfaffia é facilmente reconhecido por suas flores com estigma séssil. Em

Mirandiba, é o único representante do genêro, sendo encontrada em trecho com vegetação de fisionomia

arbóreo-arbustiva densa, geralmente antropizada.

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52

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 4. Figuras A-B. Alternanthera brasiliana. A. Flor. B. Tépala. C-E. Alternanthera ficoidea. C. Ramo

com inflorescência. D. Flor. E. Androceu, com tubo de pseudoestaminódios, e gineceu. F-H. Froelichia

cf. humboldtiana. F. Ramo da inflorescência. G. Flor. H. Gineceu. Figuras I-J. Gomphrena cf. vaga. I.

Gineceu e androceu, sem dois dos cinco estames. J. Detalhe do estigma.

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53- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

5. A MARYLLIDACEAE

 Anderson Alves-Araújo

Ervas perenes ou anuais, terrestre ou epífita (raro), bulbosa ou ocasionalmente com rizoma.Folhas alternas, dísticas ou espiraladas, pauci a multifolias, geralmente caducas, simples, sésseis oupseudopecioladas, lineares, lanceoladas, falcadas, bifaciais ou circulares, glabras ou mais raramentepapilosas, margem lisa. Inflorescência umbelada, ereta, terminal ou axial, 1-multiflora escapo ricoem cera epicuticular, fistulado ou sólido, bráctea livre ou fusionada. Flores vistosas, monoclamídeas,trímeras, pediceladas ou sésseis; hipanto presente ou não; tépalas 6, vermelhas, lilases, róseas, alvas,

 verdes, cremes ou violetas, paraperigônio presente ou não; estames 5-6, corona estaminal presente ounão; estigma capitado, trilobado ou trífido, ovário ínfero.

 Amaryllidaceae s.s. possui distribuição pantropical e cerca de 60 gêneros e 850 espécies. A América

do Sul constitui um de seus centros de diversidade, abrigando representantes de seis de suas 15 tribos.No semi-árido nordestino podem ser encontradas, principalmente, as espécies Griffinia gardneriana  (Herb.) Ravenna, Habranthus itaobinus  Ravenna, Habranthus robustus  Herb. ex Sweet, Habranthus sylvaticus  Herb., Hippeastrum puniceum   (Lam.) Kuntze, Hippeastrum solandriflorum   (Lindl.) Herb., Hippeastrumstylosum  Herb. (Alves-Araújo et al. 2009). Por possuir folhas caducas e apresentarem um curto períodode florescimento, essa família é pobremente representada nas coleções botânicas. Algumas de suas

espécies são largamente cultivadas devido à beleza de suas flores e também utilizadas na medicinapopular contra enfermidades.

 ALVES-ARAÚJO, A.; DUTILH, J. & ALVES, M.  2009. Amaryllidaceae s.s.  e Alliaceaeocorrentes no Nordeste do Brasil. Rodriguésia 60(2): 311-331.

RAVENNA, P. F. 1975. Latin American Amaryllids. Plant Life, 31: 50-55. TRAUB, H. 1963. The Genera of Amaryllidaceae. American Plant Life Society, La Jolla.

 5.1. H  ABRANTHUS  SYLVATICUS  Herb., Amaryllidaceae: 166. 1837. Prancha 5, fig. A-B

Ervas bulbosas, bulbo obovado a ovado; colo 2-5cm compr. Folhas decíduas, dísticas, eretas,sésseis, ensiformes, canaliculadas, nervura central não conspícua, verde-escuras em ambas as faces, base

 vinácea, ápice acuminado, margens inteiras, retas. Inflorescência uniflora; escapo fistulado, cilíndrico, verde-escuro, base verde a vinácea; brácteas 2, 1,8-2,9cm compr., espatáceas, em parte fusionadas, ápiceslivres, hialinas, verdes a róseo-esverdeadas. Flores declinadas, pedicelo 3,5-8cm compr., crateriforme,zigomorfa, hipanto 1,3-2,5cm compr., paraperigônio formado por apêndices recurvados; tépalas 6,leve a fortemente reflexas, róseas, rosa-intenso a alaranjadas, anel alvo na fauce, base verde a vinácea;estames 6, declinado-ascendentes, tridínamos a heterodínamos, dialistêmones, anteras amarelas; ovário0,4-0,6cm compr., ínfero, trilocular, verde a vináceo; estilete 4,8-5,9cm compr., alvos a róseos, base

 verde, estigma trífido, alvo. Fruto não visto.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Material examinado: Fazenda Malhada de Areia, 09.II.2007, Y. Melo et al. 126 (UFP); estrada de acesso para

Carnaubeiras, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 46 (UFP); Estrada de acesso para Carnaubeiras, 07.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1652(UFP).

Comentários: dentre as espécies de Habranthus   ocorrentes no semi-árido nordestino, H.sylvaticus  Herb. juntamente com H. itaobinus  Rav. distribuem-se por todo o Nordeste brasileiro. Ocorremem diversos ambientes, em especial, áreas abertas e com solos bem drenados. Habranthus sylvaticus podeser distinta das demais, principalmente, pela presença de hipanto longo (1,3 a 2,5cm compr.) e floresróseas a alaranjadas com anel alvo na fauce.

6. A NACARDIACEAE

 Andrêsa Súana Argemiro Alves, Lucilene Lima dos Santos & Margareth Ferreira de Sales 

 Árvores, arbustos, subarbustos e lianas, inermes ou com espinhos, canais resiníferos presentes.Folhas geralmente alternas, simples, pinadas compostas ou raramente bipinadas, margem inteira ouprofundamente serreada. Inflorescências  em panículas terminais ou axilares. Flores  geralmenteinconspícuas, heteroclamídeas, dialipétalas, em geral bissexuais, apresentam disco nectaríferointraestaminal distinto; sépalas 5, verdes, amarelas ou marrons; pétalas 5, verdes, amareladas ou róseas;

ovário geralmente unilocular, uniovulado; estames 5 ou 10. Fruto aquênio, drupa, sâmara ou utrículo.

 Anacardiaceae possui distribuição predominantemente pantropical, incluindo 82 gêneros ecerca 700 espécies (Pell 2004). Porém, alguns gêneros podem ser encontrados em zonas temperadas.No Brasil, a família está representada por 15 gêneros e aproximadamente 68 espécies. As espéciesencontradas no município de Mirandiba são pertencentes às tribos Spondieae e Rhoideae. A importânciaeconômica da família é considerável, tendo alguns de seus representantes cultivados por todo o mundodevido aos frutos e sementes comestíveis, bem como em compostos medicinais, na indústria madeireirae na ornamentação. Apresenta também espécies que causam alergias e dermatites em pessoas alérgicasàs substâncias produzidas por algumas das espécies.

PIRES, M. G. M. Inéd. Estudo Taxonômico e área de ocorrência de Spondias tuberosa   Arr. Cam. (umbuzeiro) no Estado de Pernambuco, Brasil. Dissertação de Mestrado. UniversidadeFederal Rural de Pernambuco, Recife, PE, 1990.

 WOODSON JR, R. E. & SCHERY, R. W. 1967. Flora of Panama. Part VI. Family 101. Anacardiaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden, 54(3): 351-379.

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55- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE A NACARDIACEAE

1. Ramos armados; estames 5; fruto sâmara ...................................................Schinopsis brasiliensis 

1’. Ramos inermes; estames 10; fruto drupa .........................................................Spondias tuberosa 

 

6.1. S CHINOPSIS  BRASILIENSIS  Engl. in  Mart., Fl. bras. 12(2): 404. 1876. Figs. 1-2. Prancha5, fig. D-E.

 Árvores, 6-11m alt., ramos armados. Folhas compostas, imparipinadas, 13,5-12,0cm compr.,peciólulos sésseis a semi-sésseis, oblongos, 4,5-1,5x1,7-1,0cm. Inflorescências  4,5-7,5cm compr.Flores semi-sésseis, actinomorfas, sépalas 5, glabras, verdes, pétalas 5, glabras, creme-amarronzadas,

estames 5, 1mm compr.; filete glabro, ovário globoso. Fruto sâmara, marrom.Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, L. L. Santos et al. 237 (PEUFR, UFP). Material adicional:

PERNAMBUCO: Belo Jardim, 08.IX.1986, V. C. Andrade et al. s.n. (PEUFR); Fazenda Nova, 14.IX.1998, W. M. Andrade et al.

108 (PEUFR).

Comentários: Schinopsis brasiliensis  é conhecida vulgarmente na área por baraúna, ocorre noNordeste e Norte de Minas Gerais e Goiás até o Mato Grosso e Rondônia. Sua incidência é maisabundante no semi-árido, onde pode ser encontrada em áreas de caatinga arbustiva, caatinga arbóreae em matas de altitude crescendo sobre solos calcários ou em afloramentos pedregosos. A espécieapresenta alto padrão de utilização popular, desde usos para combustível, madeireiro, medicinal,ornamental, apícola, além da extração do tanino.

6.2. S PONDIAS  TUBEROSA  Arruda, Sp. Pl. 1: 371. 1753. Prancha 5, fig. F-H. Árvores, 5m alt; ramos inermes. Folhas compostas imparipinadas, 18cm compr., peciólulos

3-4mm compr., folíolos 5-9, elípticos, 5,5-2,5x2,0-1,1cm. Inflorescências 8,5-3,5cm compr. Flores pediceladas, actinomorfas, hermafroditas; sépalas 5, pilosas, marrons; pétalas 5, glabras, cremes; estames10, 1,5-1,0mm compr., filete glabro; ovário globoso, glabro, estigma trífido; masculinas, sépalas 5; pétalas5, glabras, cremes; estames 10, 1,5-1,0mm de compr. Fruto drupa, amarelo-esverdeado.

Material examinado: Serra do Tigre, 10.II.2007, K. Pinheiro et al. 209 (UFP). Serra das Umburanas, 18.IV.2007,

L. L. Santos et al. 261 (UFP); 18.IV.2007, L. L. Santos et al. 262 (UFP). Material adicional: PERNAMBUCO: Ibimirim, 15.IV.1988,

 M. G. M. Pires s.n. (PEUFR); Serra Talhada, 04.II.1998, A. Sacramento et al. 243 (PEUFR).

Comentários: Spondias tuberosa   é conhecida popularmente na área como umbuzeiro, suaocorrência se dá em abundância em toda região Nordeste e parte do estado de Minas Gerais, sendoendêmica da Caatinga. A espécie está distribuída desde áreas de caatinga mais baixas até matas dealtitude. No município de Mirandiba, os indivíduos ocorrem freqüentemente em solos argilosos. Nota-se grande valor econômico nesta espécie, sendo seu uso empregado na alimentação humana e animal,nas culturas apícolas, nos reflorestamentos, bem como medicinal e na extração de óleos essenciais.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 

Prancha 5. Figuras A-C. Habranthus sylvaticus. A. Hábito. B. Flor em vista lateral. C. Flor em vista

frontal. D-E. Schinopsis brasiliensis  D. Hábito. E. Flor. F-H. Spondias tuberosa. F. Hábito. G. Flor

masculina. H. Flor hermafrodita.

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57- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

7. A NNONACEAE Aline Fernandes Pontes 

 Árvores ou arbustos, raramente lianas; indumento constituído de tricomas simples, estreladosou escamiformes. Folhas simples, alternas, na maioria dísticas, broquidódromas, de margem inteira;domácias presentes ou ausentes na face abaxial. Inflorescência uni a multifloras, axilares, infra-axilares,supra-axilares, subaxilares, opositifólias, sub-opositifólias ou caulifloras; ou flores verdadeiramentesolitárias; brácteas presentes ou ausentes. Flores geralmente actinomorfas, em sua maioria, bissexuais,perianto geralmente carnoso; sépalas geralmente 3, livres ou soldadas, valvares ou imbricadas; pétalas 6,

na maioria dos gêneros, com apêndices dorsais aliformes (em Rollinia  ) ou não; geralmente bisseriadas,livres ou raramente soldadas (em Rollinia  ), valvares ou imbricadas, em cada série; estames numerosos,raramente 3 ou 6; anteras loceladas ou não; conectivo expandido sobre as anteras; estaminódios presentesou ausentes; gineceu apocárpico; carpelo 1 a mais de 250; óvulos 1 a numerosos por carpelo, geralmentemenos de 10; placentação lateral, basal ou, raramente, apical. Frutos apocárpicos ou sincárpicos (ouainda pseudosincárpicos); carpídios 1-400, sésseis ou estipitados, indeiscentes ou deiscentes, areoladosou não; semente 1-10(-a mais de 20 por carpídio), elipsóides a obovóides, ariladas ou não, glabras,endosperma ruminado.

Família com distribuição pantropical, apresentando ca. 130 gêneros e 2300 espécies. No Brasil,são encontradas ca. 300 espécies, distribuídas em 27 gêneros. Ocorrem na Floresta Atlântica (tambémnas restingas), Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga. Em Mirandiba, foi registrada uma espécie, Rollinia leptopetala R. E. Fr. que ocorre principalmente em vegetação de caatinga. Algumas espécies dogênero Annona : A. spinescesns Mart. e A. vepretorum Mart., também são típicas da caatinga.  A. coriacea  Mart. e Duguetia furfuracea   (A. St.-Hil.) Saff. podem ocorrer na caatinga e/ou em áreas de transiçãoentre caatinga e cerrado. Annona squamosa L. (pinha, ata ou fruta-do-conde) e A. muricata L. (graviola)são bastante cultivadas como árvores frutíferas em todo o país, sendo muito conhecidas e apreciadas.Rollinia mucosa  (Jacq.) Baill. também apresenta frutos comestíveis (araticum) e é bastante cultivada nosul e sudeste do país.

KESSLER, P. J. A. 1993. Annonaceae. In : KUBSTISKI, K.; ROHWER, J. G. & BITTRICH, V.(eds.). The families and genera of vascular plants. Flowering plants. Dicotyledons. Magnoliid,Hamamelid and Caryophyllid families. Springer-Verlag. Berlin, 2: 93-129.

MAAS, P. J. M; KAMER, H.; JUNIKKA, L.; MELLO-SILVA, R. & RAINER, H. 2002. Annonaceae from Central-eastern Brazil. Rodriguésia, 52(80): 61-94. (“2001”)

MAAS, P .J. M.; WESTRA, L. Y. T. & COLLABORATORS. 1992. Rollinia. Flora Neotropica, 57: 1-188.

PONTES, A. F.; BARBOSA, M. R. V. & MAAS, P. J. M. 2004. Flora Paraibana: Annonaceae. Acta Botanica Brasilica, 18(2): 281-293.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

7.1. R OLLINIA  LEPTOPETALA R. E. Fr., Kongl. Svenska Vetensk. Handl. 34(5): 50. t. 7, f. 3-4.

1900. Árvores, 3-7m alt. Folhas elípticas a ovado-elípticas, 1,7-9,8x1,2-4,1cm, cartáceas, ápice agudo

a obtuso, base obtusa, face abaxial tomentosa, face adaxial esparso-tomentosa a glabrescente, pecíolos2-9mm compr., tomentosos.  Inflorescências opositifólias ou supra-axilares, 1-3 flores; brácteas 2,diminutas, triangulares. Flor  vermelha a vinácea; sépalas 3, levemente soldadas na base, ovadas aovado-triangulares, 1,5-3,5x2,5-4mm; corola gamopétala; corola 2-4mm compr., 3-4mm diâm.; pétalas6, pétalas internas ovadas pétalas externas com apêndices dorsais aliformes, alas obovadas, 1-1,6cmcompr., 8-11mm, 1-2mm esp., pubescentes; estames numerosos, 0,5mm compr.; carpelos ca. 30, ca.1mm, glabros.  Fruto apocárpico, 18-30 carpídios; carpídios obovados, curto-estipitados, glabros aesparso-tomentosos; semente 1 por carpídio, elíptica. 

Material examinado:  estrada para Cacimba Nova, 31. III. 2006, K. Pinheiro et al. 80 (UFP); 31.III.2006, K.Pinheiro et al. 81 (UFP); estrada para o Sítio Malhada da Areia, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 226 (UFP);,16.IV.2007, K. Mendes et

al. 04 (UFP); Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 135 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 258 (UFP);

19.IV.2007, P. Gomes et al. 301 (UFP).

Comentários: ocorre principalmente em caatinga arbustivo-arbórea, podendo ser encontradapróxima a rios ou outros corpos d’água, e em áreas mais sombreadas, como os lajedos. É encontradatambém nos estados de: Ceará, Paraíba e Piauí. O gênero Rollinia  caracteriza-se por apresentar frutossincárpicos (na maioria das espécies) e flores com corola gamopétala, com um tubo da corola curtoe pétalas externas com apêndices dorsais em forma de alas. Rollinia leptopetala  distingue-se das demaisespécies do gênero por apresentar frutos apocárpicos e flores vermelhas a vináceas in vivo. Seus frutos

são citados como comestíveis.

8. A POCYNACEAE

Polyhanna Gomes, Kalinne Mendes, Marccus Alves & Alessandro Rapini 

Ervas, arbustos, árvores ou trepadeiras, latescentes. Folhas simples, opostas, alternas ou

 verticiladas; pecioladas ou subsésseis. Inflorescências  terminais ou (extra-)axilares, geralmentecimosas, panículas ou racemos, corimbiformes ou umbeliformes, raramente flores solitárias. Flores monoclinas, pentâmeras, diclamídeas, hipóginas; cálice com lacínios livres quase até a base, coléteresaxilares freqüentemente presentes; corola alva, rósea, verde ou vinácea, gamopétala, infundibiliforme,campanulada, urceolada, rotácea ou reflexa; androceu isostêmone, grãos de pólen em mônades, tétradesou polínios; gineceu bicarpelar, apocárpico, raramente sincárpico, carpelos geralmente pluriovulados,fundidos no ápice em uma cabeça estilar, conatos ou não ao androceu formando o ginostégio; coronacorolina ou estaminal freqüentemente presente. Frutos geralmente esquizocarpos com 2 foliculários,raramente cápsulas, drupas ou bagas; sementes 1-numerosas, geralmente comosas, raramente aladas ouariladas.

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59- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

São encontradas em todos os continentes, exceto Antártica, com maior diversidade na regiãotropical, ocorrendo desde florestas tropicais a ambientes semi-áridos. Compreendem cerca de 350gêneros e quase 5000 espécies, estando dentre as 10 maiores famílias de angiospermas em númerode espécies. No Novo Mundo, existem cerca de 100 gêneros e aproximadamente 1500 espécies. EmMirandiba, a família é representada por nove espécies, distribuídas em oito gêneros; duas espécies sãointroduzidas. A maior relevância econômica das Apocynaceae está no cultivo de plantas ornamentais,além de espécies que fornecem madeira de qualidade, compostos bioativos e, em alguns casos frutoscomestíveis, como a mangaba (Woodson 1951, Rapini 2004).

KLACKENBERG, J. 2001. Revision of the genus Cryptostegia   R. Br. (Apocynaceae,

Periplocoideae). Adansonia, 23(2): 205-218FONTELLA-PEREIRA, J. 1980. Estudos em Asclepiadaceae, XI. Chave para determinação

dos gêneros de Asclepiadaceae brasileiras e mais cultivadas no Brasil. Boletim do Museu BotânicoMunicipal de Curitiba, 42:1-16.

RAHMAN, M. A. & WILCOCK, C. C. 1991. A taxonomic revision of Calotropis  (Asclepiadaceae). Nordic Journal of Botany, 11: 301-308.

RAPINI, A. 2004. Apocynaceae. In: SMITH, N. et al.  (eds.). Flowering plants of theNeotropics. Princeton University Press, Princeton, 23-26.

RAPINI, A. 2006. Apocynaceae. In:  GIULIETTI, A. M., CONCEIÇÃO A. & QUEIROZ, L.P. (eds.). Diversidade e caracterização das fanerógamas do semi-árido brasileiro. APNE, Recife,

1: 47-52. SAKANE, M. & SHEPHERD, G. J. 1986. Uma revisão do gênero Allamanda  L. (Apocynaceae).Revista Brasileira de Botânica, 9: 125-149.

 WOODSON, R. E. 1951. Studies in the Apocynaceae. VIII. An Interim Revision of theGenus Aspidosperma Mart. & Zucc.  Annals of the Missouri Botanical Garden, 38: 119-204+206.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE A POCYNACEAE

1. Folhas alternas ou verticiladas; flores sem corona; grãos de pólenem mônades; sementes aladas, sem coma .........................................................................................................2

1’. Folhas opostas; flores com corona; grãos de pólen em tétrades oupolínios; sementes comosas, sem alas ................................................................................................................32. Arbustos, com até 2m alt.; folhas verticiladas, híspidas a pilosas;pecíolo ca. 1mm compr.; flores com mais de 6cm compr.; corola vinácea; ováriosincárpico; frutos do tipo cápsula, espinescentes .......................... ............................... .Allamanda blanchetii2’. Árvores, mais de 2m alt.; folhas alternas, glabras; pecíolo mais de 9mm compr.;flores com menos de 3cm compr.; corola alva a amarelada; ovário apocárpico;frutos do tipo esquizocarpo, com 2 folicários lisos ............................ ................. Aspidosperma pyrifolium3. Inflorescências terminais; corola infundibuliforme; grãos de pólenem tétrades; folicários costados ......................................................................Cryptostegia madagascariensis

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

3’. Inflorescências extra-axilares; corola rotácea ou campanulada; grãos de

pólen em polínios; folicários lisos, muricados, estriados, mas não costados ...............................................44. Arbustos; folicários globosos ............................... ............................... .............................Calotropis procera4’.Trepadeiras; folicários fusiformes a obclavados...........................................................................................55. Folhas decíduas na frutificação; polínios eretos;folicário ca. 20cm, minutamente estriado .........................................................................Marsdenia altissima5’. Folhas persistentes na frutificação; polínios horizontais ou pendentes; folicários com menos de20cm compr., lisos ou muricados, mas não minutamente estriados ............................ ............................... ..66. Inflorescências com mais de 6cm compr.; flores com mais de 1,5cm compr.; lobos da corona globosos;polínios ca. 1mm compr .....................................................................................................Funastrum clausum6’. Inflorescências com até 5cm compr.; flores com até 1,5cm compr.; lobos da corona retangulares,

tridenteados ou bifurcados no ápice; polínios ca. 0,5mm compr. ou menores..............77. Ramos e lâmina foliar glabros; pecíolo com até 5mm compr.; flores ca. 5mm compr.; corola rotácea;polínios ca. 0,1mm compr ..............................................................................................Petalostelma dardanoi7’. Ramos e lâmina foliar hirsutos ou pilosos; pecíolo com mais de 1cm compr.; flores com mais de7mm compr.; corola campanulada; polínios ca. 0,5mm compr .............................. ............................... ........88. Pecíolo com até 2,5cm compr.; flores alvas; ginostégio ca. 3,5mm compr.; lobos da corona tridenteados.........................................................................................................................................................Matelea harleyi8’. Pecíolo com mais de 3,5cm compr.; flores vináceas; ginostégio ca. 1cm compr.; lobos da corona

bifurcados ....................................................................................................................................... Matelea nigra 

8.1. A LLAMANDA BLANCHETII   A.DC., Prodr. 8: 319. 1844. Prancha 6, fig. A-E. Arbustos, 0,5-1,8m alt.; ramos pilosos. Folhas  verticiladas; lanceoladas a rotundifolias,

5-10,5x2-5cm, híspidas a pilosas; pecíolo ca. 1mm compr., coléteres intrapeciolares. Inflorescências7-13cm compr., terminais, dicásios, 2-8 f lores. Flores 7-10,5cm compr.; cálice glabro, coléteres ausentes;corola vinácea, campanulada, glabra; corona ausente; estames ca. 1cm compr., livre do gineceu, pólenem mônades; gineceu ca. 2,5cm compr., ovário sincárpico, cabeça estilar em carretel; disco nectaríferopresente. Frutos cápsulas espinescentes; sementes aladas, coma ausente.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 132 (UFP, MO, RB); Serra das

Umburanas, 18.IV.2007, C. E. Lourenço et al. 261 (UFP, MO, RB).

Comentários: comum na Caatinga, ocorrendo em lugares secos e pedreg osos do Nordeste do Brasil,

desde o Maranhão até a Bahia (Sakane & Shepherd 1986), com registros também em Goiás e Venezuela.Distingui-se das demais espécies do gênero devido às flores violáceas, que lhe proporcionam um altopotencial ornamental. Apresenta grande variação na forma das folhas, de lanceolada a rotundifolia.

8.2. ASPIDOSPERMA PYRIFOLIUM  Mart., Nov. Gen. Sp. Pl. 1: 60. 1824. Prancha 6, fig. I-J. Árvores, 2,5-3m alt.; ramos glabros, lenticelas proeminentes. Folhas alternas; (ob)ovadas,

3-7x2-4,5cm, glabras; pecíolo 1-1,6cm compr., coléteres nodais. Inflorescências  2-2,5cm compr.,extra-axilares, corimbiformes, 8-16 flores. Flores 2-2,5cm compr.; cálice piloso, coléteres ausentes;corola alva a amarelada infundibliforme, ambas as faces pilosas; corona ausente; estames ca. 1,2mm

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61- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

compr., livres do gineceu, pólen em mônades; gineceu ca. 3mm compr., ovário apocárpico, cabeça

estilar globosa; disco nectarífero ausente. Frutos esquizocarpos, 2 folicários obovados, lisos; sementesaladas, coma ausente.

Material examinado: Serra do Tigre, 08.II.2007, Y. Melo et al. 104 (UFP, RB); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,

C. E. Lourenço et al. 269 (UFP, RB).

Comentários: conhecida popularmente como pereiro, pau-pereiro, pereiro-preto ou peroba-paulista, esta espécie ocorre em caatinga, cerrado e floresta de várzea, com distribuição ampla noNordeste e Sudeste do Brasil e no Paraguai (Woodson 1951), com registros também na Bolívia e

 Argentina. Sua madeira é utilizada na construção civil.

8.3. C  ALOTROPIS  PROCERA (Aiton) W.T.Aiton., Hort. Kew. 2: 78. 1811.

 Arbustos, até 2m alt.; ramos glabros. Folhas opostas; ovadas, 14,5-16x8-11cm, coléteresbasais; pecíolo 0,5-2cm compr., coléteres intrapeciolares. Inflorescências 5,5-7cm compr., extra-axilares, corimbiformes, 5-15 flores. Flores 2,5-3,5cm compr.; cálice glabro, anel de cóleteres basais;corola alva com estrias lilás, campanulada, glabra; corona simples, lobos naviculares, indivisos; políniospendentes, elíptico-ovados, ca. 1,5mm compr.; ginostégio ca. 2,5mm compr., mamilado no ápice; ovárioapocárpico; disco nectarífero ausente. Frutos esquizocarpos, 2 folicários globosos; sementes comosas,ala ausente.

Material examinado: Serra do Tigre, 03.X.2006, Y. Melo et al. 82 (UFP), 17.IV.2007, P. Gomes et al. 293

(UFP).

Comentários: conhecida popularmente como algodão-de-cera, esta espécie é nativa da Ásia,

ocorrendo como invasora no leste do Brasil (Woodson et al. 1975), com populações raras no Sul eabundantes em algumas áreas de caatinga (Fontella-Pereira 1980). Em Mirandiba, é comum ao longode estradas, pastos e ambientes previamente utilizados para cultivos de subsistência.

8.4. C RYPTOSTEGIA  MADAGASCARIENSIS  Bojer. ex  Decne. in  A.DC., Prodr. 8: 494. 1844. Arbustos, ca. 2m alt.; ramos glabros, lenticelas proeminentes. Folhas opostas; ovadas(-

oblongas), 4,5-8x3,5-4cm, glabras, coléteres ausentes; pecíolo ca. 5mm compr., coléteres intrapeciolares.Inflorescências 6,5-11cm compr., terminais, cimeiras, 5-13 flores. Flores 2,9-3,8cm compr.; cálicepiloso, coléteres basais; corola infundibiliforme, roxa, pilosa abaxialmente; corona presente, simples,lobos com ápice deflexo, indivisos; pólen em tétrades; ginostégio ca. 3cm compr.; ovário apocárpico,

cabeça estilar globosa; disco nectarífero ausente. Frutos esquizocarpos, 2 foliculários ovados, costados;sementes comosas, ala ausente.

Material examinado: estrada de acesso a Carnaubeiras, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1608 (UFP, RB); estrada

 para a Serra das Umburanas, 03.I.2008, K. Pinheiro et al. 285 (UFP, MO, RB).

Comentários:  o gênero compreende duas espécies, ambas nativas do Velho Mundo eintroduzidas nos neotrópicos para ornamentação (Woodson et al. 1975, Klackenberg 2001). As duasespécies se distinguem pelo tamanho das ores e frutos e pela bifurcação da corona. O látex de C.madagascariensis  é irritante ao contato com a pele. Em Mirandiba, é encontrada ao longo de estradas.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

8.5. F UNASTRUM   CLAUSUM   (  Jacq.) Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 13: 283. 1914.Prancha 6, g. L-M.

Ervas trepadeiras; ramos pilosos, glabrescentes.  Folhas opostas; elípticas a oblongas, 3,2-4,7x0,8-1,5cm, pilosas, coléteres na base; pecíolo 3-7mm compr.Inorescências 7-10cm compr., extra-axilares, umbeliformes, 16-26 ores. Flores 2-2,5cm compr.; cálice tomentoso a hirsuto abaxialmente,coléteres basais alternissépalos; corola branca, rotácea, hirsuta abaxialmente, velutina na região do tuboadaxialmente, margem ciliada; corona levemente arroxeada, simples, lobos globosos; polínos pendentes,oblongos, ca. 1,1mm compr.; ginostégio ca. 1,2mm compr., cônico no ápice; ovário apocárpico; disconectarífero ausente. Frutos não observados.

Material examinado: Fazenda Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1629 (UFP, RB).

Comentários: encontrada desde o México até o sul da América do Sul (Woodson et al. 1975).Facilmente reconhecida pelas inorescências longipedunculadas, com ores rotáceas com lobos dacorona globosos.

8.6. M  ARSDENIA  ALTISSIMA (Jacq.) Dugand., Mutisia 9: 1. 1952.Ervas trepadeiras; ramos glabros a glabrescentes. Folhas decíduas na fruticação. [Folhas, 

inorescências  e ores não observadas] Frutos esquizocarpo, 2 folicários fusiformes, ca. 20 cmcompr., estriados, densamente seríceos; sementes ovadas, comosas, sem alas.

Material examinado: Fazenda Tigre, 03.X.2006, Y. Melo et al. 90 (UFP, RB).

Comentários: o fruto grande e seríceo desta planta permite reconhecê-la como M. altissima ,espécies de ampla distribuição na América do Sul, geralmente caducifólia durante a fruticação. Asfolhas são relativamente grandes e densamente indumentadas, e as ores, com corola roxa, reúnem-seem inorescências compactas, com 1-1,5cm compr. Este gênero possui polínios eretos, característicautilizada na chave. Em Mirandiba, é pouco abundante, tendo sido encontrada em locais com maioresaltitudes, como o topo da Serra do Tigre e exclusivamente em fenofase de fruticação.

8.7. M  ATELEA HARLEYI  Fontella & Morillo. Ernstia 3(3-4): 117. 1994. Prancha 6, g. K.Ervas trepadeiras; ramos hirsutos. Folhas opostas; ovadas, 3,6-10x1,2-5cm, híspidas a

estrigosas, com tricomas glandulosos abaxialmente, coléteres na base; pecíolo 1,2-2,5cm compr.

Inorescências 1-1,5cm compr., extra-axilares, cimeiras, 2-4 ores. Flores 9-12mm compr.; cálicepubescente abaxialmente, coléteres basais; corola alva com estrias amarelas, campanulada, hirsuta naporção apical abaxialmente, pilosa ao longo da fauce adaxialmente; corona simples, lobos subcuneados,tridenteados no ápice; polínios horizontais, orbiculares (-ovados) ca. 0,5mm compr.; ginostégio 1,2-2mm compr., plano no ápice; ovário apocárpico; disco nectarífero ausente. Frutos não observados.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.VI.2007, P. Gomes et al. 298 (UFP, MO, RB);Serra do Tigre, 17.IV.2007, K. Pinheiro et al 224 (UFP, MO, RB).

Comentários:  ocorre do Rio Grande do Norte à Bahia,  em caatinga. Assemelha-sesupercialmente à M. nigra , especialmente pelos caracteres vegetativos e pelos frutos com lenticelas alvasproeminentes brotando do exocarpo lenhoso, mas pode ser distinta pelas ores claras, sem nervação

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63- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

marcada e pelos lobos da corona, quase da altura do ginostégio e tridenteados no ápice. Em Mirandiba,foi encontrada na borda da vegetação, a cerca de 450 m de altitude.

8.8. M  ATELEA  NIGRA (Decne.) Morillo & Fontella, Ernstia 57: 2. 1990. Prancha 6, g. F-G.Ervas trepadeiras; ramos pilosos, suberosos para a base. Folhas opostas; elíptico-lanceoladas a

ovado-cordadas, 5-14x3-9cm, , esparsamente híspidas a pilosas, com tricomas glandulosos abaxialmente,coléteres basais; pecíolo 4-5,6cm compr., coléteres nodais. Inorescências 8-10mm compr., extra-axilares, cimeiras, 10-19 ores. Flores ca. 8mm compr.; cálice glabro, coléteres basais; corola vinácea,campanulada, glabra; corona simples, lobos planos bifurcados no ápice; polínios horizontais, orbiculares,ca. 0,5mm compr.; ginostégio ca. 1mm compr., plano no ápice; ovário apocárpico; disco nectarífero

ausente. Frutos não observados.Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital et al. 127 (UFP, RB); Serra do Tigre,

III.2006, K. Pinheiro s/nº (UFP).

Comentários: ocorre na Região Nordeste, chegando a Minas Gerais, geralmente em caatinga.Pode ser facilmente reconhecida pelas ores com corola esverdeada ou vinácea, com nervação bemmarcada, e pela corona com lobos mais altos que o ginostégio e bifurcados no ápice. Em Mirandiba,ocorre em caatinga arbustivo-arbórea, sob forte exposição à luz.

8.9. P  ETALOSTELMA DARDANOI  Fontella. Pabstia 5(1): 5. 1994. Prancha 6, g. H.Ervas trepadeiras; ramos glabros. Folhas opostas; elípticas, 2-3x0,9-1,5cm, ciliadas, 1 coléter

na base; pecíolo 2-4mm compr., coléteres nodais. Inorescências 8-10mm compr., subaxilares,corimbiformes, 3-5 ores por vez. Flores ca. 5mm compr.; cálice glabro; corola rósea, rotácea,adaxialmente puberulenta próximo à margem; corona dupla, a porção externa anular, fundida à corolaaté a altura da fauce, os lobos internos elevados, oblongos, patentes, levemente expandidos na base,subcarnosos; polínios horizontais, ovais, ca. 0,1mm compr.; ginostégio ca. 1mm compr., plano no ápice;ovário apocárpico; disco nectarífero ausente. Frutos não observados.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, K. Mendes et al. 8 (UFP).

Comentários: encontrada nas caatingas de Alagoas, Pernambuco e Ceará, esta espécie podeser reconhecida pela porção vegetativa quase glabra, com tricomas restritos à margem das folhas, oresdiminutas rosadas, com corona provida de uma porção inconspícua soldada à base da corola e uma

porção pentalobada, carnosa expandida região mediana do ginostégio, e os polinários minúsculos,com caudículos relativamente longos e delgados. O material tipo desse nome foi coletado entre osmunicípios de Serra Talhada e Salgueiro. Em Mirandiba, foi encontrada em caatinga arbustiva-arbóreadensa, sobre solo cristalino.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 

Prancha 6. Figuras A-E. Allamanda blanchetii . A. e B. folhas. C. corte longitudinal da flor no nível da

cabeça estilar. D. corte longitudinal na base flor, mostrando disco nectarífero pentalobado ao redor

do ovário. E. corte transversal do ovário. F-G.  Aspidosperma pyrifolium, I. fruto; J. semente. H-I.

Funastrum clausum. H. ramo com inflorescência. I. Detalhe da base da lâmina foliar, mostrando os

coléteres na face adaxial. J. Matelea harleyi . Par de folhas com inflorescência. K-L. Matelea nigra. K.

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65- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

9. A RACEAE  Anderson Alves-Araújo, Jefferson Rodrigues Maciel & Tiago Pontes Arruda 

Ervas  terrestres, epítas ou hemi-epítas, raro aquáticas, ramos simpodiais ou menosfreqüentemente monopodiais, raro laticífera; monóicas ou dióicas. Folhas  alterno-espiraladas oudísticas, simples, freqüentemente pinatissectas ou palmatissectas, glabras, nervação peniparalelinérvea,peni ou paralelinérvea, pecioladas. Inorescência em espádice, subtendida por uma bráctea (espata);espata geralmente vistosa. Flores hipóginas, uni ou bissexuadas, actinomorfas, mono ou aclamídeas,sésseis; sépalas 4-6, unidas ou não; estames 3-6, livres ou unidos (sinândrio), anteras poricidas ou

rimosas; ovário 2-3-pluricarpelar, súpero, gamocarpelar. Fruto baga, raro drupa, às vezes formandoum sincarpo.

 Araceae possui distribuição cosmopolita, porém é essencialmente tropical. É constituída por105 gêneros e cerca de 3.200 espécies. No nordeste brasileiro estão citadas diversas espécies da família,principalmente nas áreas de orestas úmidas e brejos de altitude (Andrade et al. 2006). Entretanto, nodomínio das caatingas, são reportadas várias espécies dos gêneros Anthurium , Philodendron , Spathicarpa eTaccarum . No presente trabalho foram encontradas duas espécies, Spathicarpa gardneri Schott e Taccarumulei  Engl. & K. Krause, esta última tratada por Gonçalves (2002) como restrita à ao Nordeste.

 ANDRADE, I. M.; MAYO, S. J. & FRANÇA, F. 2006. Araceae In : GIULIETTI, A. M.;CONCEIÇÃO, A. & QUEIROZ, L. P. (eds.). Diversidade e caracterização das fanerógamas dosemi-árido brasileiro.  Associação Plantas do Nordeste, Recife, Associação Plantas do Nordeste,Recife, 1: 52-55.

BOGNER, J. 1989. A preliminary survey of Taccarum  (Araceae) including a new species fromBolívia. Willdenowia, 19: 191-198.

GONÇALVES, E. G. Inéd. Sistemática e evolução da tribo Spathicarpeae (Araceae).  Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2002.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE A RACEAE

1. Folhas inteiras, 2-3 inorescências por indivíduo,

espiga adnata à espata, ovário 1-locular ............................... ............................... .........Spathicarpa gardneri 

1’. Folhas bipinatídas, inorescências solitárias, espiga livre, ovário 6-locular. ................ Taccarum ulei 

 9.1. S PATHICARPA GARDNERI  Schott, Bonplandia 6: 124. 1858. Prancha 7, g. D.Ervas  geofíticas, tuberosas, sazonalmente dormentes. Folhas  1-4, eretas a prostradas,

obovadas a elípticas, glabras, membranáceas, inteiras, discolores, variegadas, base obtusa, sagitada a

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

cordada; pecíolo 3-12cm compr. Inorescência em espádice, 2-3 por indivíduo, eixo da inorescência

(espiga) adnato à espata; pedúnculo 11-18cm compr.; espata 2,3-6cm compr., membranácea, levementecurvada, base aguda, ápice acuminado, verde; espiga 2-5cm compr. Flores monoclamídeas, sésseis;ores masculinas 2mm compr., estames 3-4, sinândricos; ores femininas 1,5-2mm compr., ovário1-locular, estigma discóide, estaminódios 3-5. Fruto baga, ovóide, monospérmico; sementes globosas,

 verruculosas, negrescentes.Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel 418 (UFP, MO).

Comentários: espécie de distribuição exclusivamente neotropical, podendo ser encontradaem diferentes tipos vegetacionais como Caatinga, Cerradão e orestas mesofíticas. É popularmenteconhecida como Flor-de-Cobra ou Tajá-Cobra e freqüentemente utilizada como ornamental. Pode serdistinta dentre as outras espécies de Spathicarpa , segundo Gonçalves (2002), pela presença de folhas

 variegadas, tecas das anteras desalinhadas no sinândrio e sementes nitidamente verrucosas.

 9.2. T  ACCARUM 

 ULEI 

 Engl. & K. Krause, Notizbl. Konigl. Bot. Gart. Berlin 6: 116. 1914.Prancha 7, g. E-F.Ervas geofíticas, tuberosas, irregularmente dormentes. Folha 1, ereta, glabra, membranácea,

bipinatída, levemente discolor, base desnudada; pecíolo 42cm compr. Inorescência em espádice,solitária, espiga livre; pedúnculo 16cm compr.; espata 15cm compr., cartácea a subcoriácea, ovada,ápice agudo, marrom; espiga 13cm compr. Flores monoclamídeas, sésseis; ores masculinas 0,8-1mmcompr., estames 4-5, sinândricos; ores femininas 1,5-2mm compr., ovário 6-locular, estigma 5-lobado,estaminódios 4-5, clavados. Infrutescência com espata persistente. Fruto baga, fortemente sulcada,6mm compr.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, M. F. A. Lucena 1173 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,

Prancha 7.  Figuras A-C.  Lemna minuta A. Hábito. B. Vista lateral. C. Vista dorsal. D. Spathicarpa 

gardneri . Hábito. E-F. Taccarum ulei . E. Folha. F. Fruto.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 M. C. Pessoa 142 (UFP).

Comentários:  espécie com ampla distribuição no nordeste brasileiro, ocorrendo desde aMata Atlântica, orestas litorâneas de tabuleiro até as áreas de caatinga no semi-árido. É popularmenteconhecida como Piolho-de-Cobra, Milho-de-Cobra ou Banana-de-Urubu e não se tem registro de seuspossíveis usos. Taccarum ulei  foi sinonimizada por Bogner (1989) à T. peregrinum  (Schott) Engl.. Porém,segundo Gonçalves (2002), essa última apresenta padrão de dormência regular e frutos pouco sulcados,enquanto que T . ulei  apresenta dormência regular e frutos fortemente sulcados, sendo estes caracteresde grande importância para distinção entre os dois táxons.

10. A RECACEAE

Diogo Amorim de Araújo

Estipes freqüentemente lenhosos, solitários ou cespitosos, às vezes, subterrâneos, raramenteramicados ou lianescentes. Folhas geralmente pinatipartidas ou pinadas, abeliformes, espiraladas,alternas, raramente dísticas, paralelinérvias ou peninérvias espiraladas ou dísticas, palmadas, agrupadasno ápice dos ramos. Inorescências interfoliares ou intrafoliares, espiciformes ou racemiformes, sub-entendidas por uma bráctea (espata). Flores geralmente pouco vistosas, unissexuadas, raramente bis-

sexuadas, actinomorfas, diclamídeas e heteroclamídeas; cálice 2-3-mero, gamossépalo ou dialissépalo;corola 2-3-mera, gamopétala ou dialipétala; estames 3-numerosos, livres ou unidos entre si, anterasrimosas; gineceu geralmente gamocarpelar, ovário súpero, 3-10-carpelar, 3-10-locular, geralmente comum lóculo fértil, placentação freqüentemente axial, lóculos uniovulados; nectários septais, às vezes pre-sentes. Fruto drupa ou raramente baga, geralmente com uma semente.

Família de distribuição pantropical com cerca 200 gêneros e 2000 espécies. No Brasil ocorremcerca de 40 gêneros e 200 espécies encontradas em quase todas as formações vegetais, especialmente asmais úmidas. Várias espécies se destacam pela importância econômica como ornamentais ou alimentí-cias. Vários estados da região Nordeste se destacam pela produção de côco ( Cocos nucifera L.. ), palmeira

de maior importância econômica no mundo. Em Mirandiba, além das espécies cultivadas como orna-mentais na zona urbana (côco, palmeira-anã, entre outras) foi encontrada apenas Syagrus coronata  (Mart.)Becc. ocorrendo em apenas algumas das áreas onde foram realizadas coletadas.

HENDERSON, A.; GALEANO, G. & BERNAL, R. 1995. Field guide to the palms of the Americas. Princenton University Press, Princenton, New Jersey.

LORENZI, L.; SOUZA, H. M.; COSTA, J. T. M.; CERQUEIRA, L. S. C. & FERREIRA, E.2004. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

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10.1. S YAGRUS  CORONATA (Mart.) Becc., Agricultura Coloniale 10: 466. 1916.

Estipe solitário, ca. 10m alt., vestígios persistentes de pecíolos na metade superior dispostosem cinco leiras verticais. Folhas pinadas, 15-30, contemporâneas, dispostas em cinco leiras ver-ticais; bainha e pecíolo de 50-70cm compr., margens cobertas por bras achatas e rígidas, raque ca.2,8m compr.; pinas 80-130 em cada lado, lineares, rígidas, esbranquiçadas na face inferior, agrupadasde 2-5, dispostas em diferentes planos, as da porção média da folha de 35-55x2-3cm. Inorescências

interfoliares e ramicadas; brácteas pedunculares lenhosas e profundamente frisadas na parte externa;raque de 35-52cm compr., 34-78 raquilas de 20-35cm compr. Frutos elipsóides, amarelo-esverdeados,marrom-tomentosos, 2,5-3cm compr., mesocarpo carnoso.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel 451 et al. (UFP).

Comentários: conhecida como “ouricuri”, ocorre na Caatinga do norte do estado de MinasGerais até o sul de Pernambuco. Muito freqüente na Caatinga, ocorre também em Florestas Esta-cionais Semideciduais e Restingas (Henderson et al. 1995). O mesocarpo e a amêndoa dos frutos sãotradicionalmente apreciados em todo o semi-árido nordestino. Em Mirandiba os frutos secos e folhassão utilizados no artesanato local. Reconhecida pela disposição das folhas contemporâneas em cincoleiras verticais.

11. A RISTOLOCHIACEAE

Diogo Amorim de Araújo

Trepadeiras, herbáceas ou lenhosas, ervas, raramente árvores; caule com raios de xilemalargos, interfasciculares. Folhas alternas, simples, às vezes, com pseudo-estípulas, palminérveas, mar-gem frequentemente inteira. Inorescência cimosa ou racemosa, frequentemente reduzida a oressolitárias. Flores geralmente vistosas, monoclamídeas, bissexuadas, zigomorfas ou actinomorfas; cálicetrímero, gamossépalo, frequentemente petalóide e sigmóide dividido em: utrículo (parte basal inada),tubo e limbo (parte expandida); estames 6-12, frequentemente adnatos ao estilete formando o ginos-têmio, anteras rimosas; ovário ínfero, gamocarpelar, raramente dialicarpelar, 4-6 carpelar, 4-6 locular,placentação axial, raramente parietal, lóculos pluriovulados. Frutos geralmente cápsulas septicidas, fre-quentemente pêndula, com deiscência a partir da base, raramente folículos ou dividio em cocos.

 As Aristolochiaceae estão distribuídas pelas regiões tropicais e temperadas do mundo e so-mam cerca de 600 espécies distribuídas em sete gêneros. O maior destes é Aristolochia com cerca de 450espécies. No Brasil ocorrem três gêneros: Aristolochia  (ca. de 60 spp.), além de Holostylis  e Euglypha , am-bos monotípicos e restritos ao Centro-Oeste e países próximos. As plantas desta família são conhecidaspopularmente como “papo-de-peru” ou “cipó-milhomen” e são aplicadas na medicina popular para

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

dores relacionadas ao parto. Em Pernambuco apenas é conhecido o gênero Aristolochia .

MASTERS, M. T. 1875. Aristolochiaceae. In : MARTIUS, C.; EICHLER A. G. & URBAN, I.(eds.). Flora Brasiliensis, 4(2): 77-114.

HOENE, F. C. 1942. Aristolochiáceas. Flora Brasilica. São Paulo, Instituto de Botânica,15(2): 1-141.

11.1. ARISTOLOCHIA BIROSTRIS  Duch., in  Ann. Sci. Nat., Bot., ser. 4, 2: 60-62. 1854.

Trepadeiras herbáceas, caule glabro, fendido, suberoso, ramos estriados. Folhas membraná-ceas, 8,5-10x4,3-5,8cm, cordiformes, margem inteira, ambas as faces glabras, pseudoestípula ausente.Flores pouco vistosas, solitárias; pedúnculo 7-11cm compr., glabro; perigônio bilabiado, glabro, ar-

roxeado, fauce amarela; utrículo comprimido na porção mediana; lábio inferior curto-arredondado, oc-ultando a face interna, lobos 2, 1,3x0,5cm formando um angulo de 180º entre si, ápice obtuso, múcronentre os lobos, 0,1cm compr.; ginostêmio estipitado, anteras de ápice agudo. Fruto cápsula, 3,1x1,2cm;sementes cordiformes, plano-convexas, escabras na face plana.

Material examinado: Vertentes, 17.IV.2007, D. Araújo 269 et al.  (UFP). Material adicional: PERNAM-

BUCO: Tapera, 13.VI.1932, B. Pickel 1184 (IPA, NY); CEARÁ: s/ loc., s/ dat., Allemão & Cysneiros 1350, (SP-9525).

Comentários: espécie conhecida apenas para os estados do Ceará, Pernambuco, Sergipe eBahia. No estado de Pernambuco a espécie possui apenas mais um registro, para a região de Tapera,hoje municipio de São Lourenço da Mata. Na ocasião da Flora Brasilica  foi descrita a espécie Aristolochiaallemanii Hoehne, logo sinonimizada à A. birostris  pelo pelo próprio autor. Na medicina popular local,

bem como em todo o semi-árido, semelhante aos outros membros da família, é utilizada para facilitaro parto e para problemas na menstruação.

12. A STERACEAE

Rita de Cássia de Araujo Pereira & Maria Rita Cabral Sales de Melo

 A família Asteraceae com aproximadamente 23.000 espécies posicionadas em 1535 gênerosé uma das maiores entre as Angiospermae (Bremer 1994). Apresenta distribuição cosmopolita e am-plamente representada nas regiões semi-áridas e temperadas dos trópicos e subtrópicos (Stuessy 1977,Bremer 1994). No Brasil encontram-se estabelecidas em todo o território nacional, com aproximada-mente 180 gêneros e mais de 5.000 espécies (Pereira 2001). Em Pernambuco, as Asteraceae apresentamampla distribuição com cerca de 60 gêneros e 180 espécies (cerca de 90% no semi-árido), sendo algu-mas endêmicas (Pereira 1989). Considerando o grande número de espécies existentes, as Asteraceae sãocaracterizadas por apresentarem limites naturais bem estabelecidos, e uma uniformidade de caracteresorais, tais como: o agrupamento das ores em capítulos e o aspecto especial dos estames (sinanteria)

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

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e da corola (ligulada e tubulosa), que as diferenciam de outros grupos (Heywood et al . 1977). Na sua

grande maioria são plantas herbáceas, com cerca de 2% dos seus representantes arbóreos e arbustivos. Apresentam ores em capítulos orais involucrados, centripétalos, ovário ínfero com um único óvulobasal, anteras conatas em um tubo ao redor do estilete e sementes sem endosperma. Na área estudadaforam encontradas 17 espécies posicionadas em 16 gêneros.

BREMER, K. 1994. Asteraceae: cladistics & classication. Portland, Oregon: Timber Press.LORENZI, H.; MATOS, F. J. MATOS. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas.

Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, Nova Odessa, 2002.ROBINSON, H. 1988. Studies in the Lepidaploa  Complex ( Vernoniae : Asteraceae). IV. The new

genus, Lessingianthus . Proceedinngs of the Biological Society of Washington, 101: 929-921.

PEREIRA, R. DE C. A. Inéd. A tribo Heliantheae  Cassini (Asteraceae) no estado de Per-nambuco-Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE,1989.

PEREIRA, R. DE C. A. Revisão taxonômica do gênero Ichthyothere  Mart. (Helianthaea  - Asteraceae). Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife, PE, 2001.

SALES DE MELO, M. R. C. Inéd. Levantamento orístico e estudo citogenético da tribo

Vernonieae  Cass. (Asteraceae) no estado de Pernambuco, Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Federal

Rural de Pernambuco, Recife, PE, 2005.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE A STERACEAE

1. Plantas com glândulas oleíferas ......................................................................................................................2

1’. Plantas sem glândulas oleíferas ......................................................................................................................3

2. Folhas basais opostas, demais alternas com glândulas oleíferas apenas nas margens ....... Porophylum 

ruderales 

2. Folhas todas opostas, glândulas oleíferas em toda a superfície ........................................ Pectis linifolia 

3. Flores isomorfas ................................................................................................................................................4

3’. Flores dimorfas ................................................................................................................................................94. Capítulos com apenas 1 or, brácteas involucrais unidas formando um tubo ............ Lagascea mollis 

4’. Capítulos com mais de 1 or, brácteas involucrais livres ..........................................................................5

5. Capítulos com brácteas folhosas, cipsela sem carpopódio .........................Centratherum puncthatum

5’. Capítulos sem brácteas folhosas, cipsela com carpopódio ............................. ............................... ............6

6. Capítulos em cincínios, receptáculo nu .........................................................................................................7

6’. Capítulos não em cincínios, receptáculo faveolado ou paleáceo .............................. ............................... .8

7. Folhas com 6-12x2-4cm, margem serreada .............................................................Vernonia remotiflora 

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7’. Folhas com 1-4x0,5-3cm, margem inteira, ondulada, revoluta ........................... ....Vernonia chalibaea 

8. Folhas alternas, receptáculo faveolado, pápus setáceo ............................... ... Conocliniopsis prasiifolia 

8’. Folhas opostas, receptáculo paleáceo, pápus paleáceo .............................. ............ Ageratum conyzoides 

9. Capítulos em cachos formados por um invólucro samaróide com 1-3 ores ...............Dalilia biflora 

9’. Capítulos não em cachos, no mínimo 10 ores ............................. ............................... ........................... 10

10. Folhas com lâmina pinatída; receptáculo nu .................................................................... Egletes viscosa 

10’. Folhas com lâmina não pinatída; receptáculo paleáceo .............................. ............................... ......... 11

11. Flores todas brancas ....................................................................................................................................12

11’. Flores do raio brancas, as demais amarelas ou todas amarelas .............................. .............................. 1312. Capítulo até 40 ores, cipsela dimorfas .............................. ............................... ........Blainvillea acmella 

12’. Capítulo com mais de 100 ores, cipsela de 1 só tipo ............................................... Eclipta prostrata 

13. Flores do raio branca a do disco amarela, pápus plumoso ....................................Tridax procumbens 

13’. Flores todas amarelas, pápus não plumoso ............................ ............................... ............................... .. 14

14. Cipselas bicorniculadas, recobertas por numerosas cerdas em

forma de gancho, pápus ausente ............................... ............................... .......... Acanthospermum hispidum

14’. Cipselas de outros tipos, pápus presente ........................... ............................... ............................... ....... 15

15. Folhas glabras, receptáculo com páleas cunculadas ........................... ........................ Acmella uliginosa 

15’. Folhas pilosas, receptáculo sem páleas cunculadas............................................ ............................... ..... 16

16. Cipsela dimorfas, pápus providos de 3-4 aristas

eretas com tricomas rijos persistentes e retrosos ...................................................................... Bidens pilosa 

16’. Cipsela isomorfa, pápus com numerosas cerdas liformes, caduco .................. Melanthera latifolia 

12.1. ACANTHOSPERMUM  HISPIDUM  DC., Prod. 5: 522. 1836. Prancha 8, g. A-B.

Ervas eretas, até 1m alt.; ramos cilíndricos, sulcados, híspidos. Folhas opostas, sésseis; lâminainteira, membranácea, 1,5-8x0,5-4cm, ovado-oblonga, base atenuada, ápice obtuso ou agudo, margemserreada ou sub-inteira, faces adaxial e abaxial híspidas. Inorescência  capítulo, isolado; brácteasinvolucrais 12-14, duas séries, as exteriores 3,5-4,5mm compr. ovadas, ciliadas, híspido-pubescentes; asinteriores recobrem o ovário das ores do raio; receptáculo paleáceo, páleas obovadas, ciliadas. Flores dimorfas, as do raio femininas ca. 8, amareladas, liguladas, ápice bidenteado; lígula ca. 2x1mm, tubocurtíssimo, estilete glabro; ores do disco hermafroditas 5-7, tubulosas, amareladas, lacínias 4-5, ramosdo estilete lobados, papilas na parte engrossada da porção superior; anteras ápice obtuso a agudo, baseobtuso-auriculada. Fruto cipsela dimorfa, as do raio férteis, base alada, ápice alargado, obovadas,bicorniculadas, recobertas por numerosas cerdas em forma de ganchos, 5-6mm compr.; as do disco

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

estéreis, obovado-oblongas, cobertas por tricomas glandulosos; pápus ausente.

Material examinado:  Estrada para o Sítio Malhada da Areia, 16.IV.2007, D. Araujo et al. 213 (UPE, IPA);Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et. al 128 (UFP, IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Petrolândia, Mundo Novo,

17.VI.2004, K. A. Silva 654 (IPA); Serra Talhada, 9.V.2002, V. C. Lima 34 (IPA).

Comentários: Acanthospermum hispidum é uma espécie cosmopolita, distribuída principalmentenas regiões tropicais e subtropicais das Américas, e introduzida no Velho Mundo. Está representadano Brasil nas diversas regiões togeográcas. Em Pernambuco apresenta-se como erva ruderal eprincipalmente invasora, muito comum nos campos cultivados, sendo freqüente ao longo de todo oEstado (Pereira 1989). Acanthospermum hispidum , assemelha-se a A. australe  (Loe.) O. Kuntz., que ocorrena zona da mata de Pernambuco, da qual diferencia-se, principalmente por exibir cipselas do raio combase alada, ápice alargado, obovadas, bicorniculadas. Empregada como medicinal, onde toda a planta

(cozida) é muito utilizada no combate a tosse e bronquite. É popularmente conhecida como “espinhode cigano”.

12.2. ACMELLA ULIGINOSA (Sw.) Cass., Nov. Gen. Sp. Pl.: 110. 1788.Ervas  eretas a semi-rastejantes, 10-60cm alt.; ramos cilíndricos, sulcados, esparsamente

pubescentes. Folhas  opostas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 2-9x0,5-3,5cm, ovada alanceolada-ovada, base semi-cuneada, ápice agudo, margem serreada, glabra em ambas as faces.Inorescência  capítulo, isolado, terminal; brácteas involucrais ca. 8, duas séries, 4-6mm compr.,namente estriadas, lanceolada-ovadas, ápice agudo, margens laxamente ciliadas, glabras; receptáculocônico, paleáceo; páleas oblongo-lanceladas, cunculadas, glabras, ciliadas. Flores dimorfas, as do raio

femininas ca. 12, amarelas, liguladas, ápice inteiro; lígula 1x2mm, ramos do estilete papilosos acima dabifurcação; as do disco hermafroditas mais de 20, tubulosas, amareladas, lacínias 5, pubescentes, ramosdo estilete com ápice truncado, pilosos; anteras ápice ovado, base obtuso-auriculada. Fruto cipselaisomorfa, obovada, comprimida dorsiventralmente, ciliada nos vértices e glabra no restante, 2-3mmcompr.; pápus formado por 2 séries de aristas, cerdosas, de tamanho desiguais.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 134 (UFP, IPA); Fazenda Troncão, 16.V.2007,

 M. T. Vital et al. 92 (UFP, IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, 15.IV.1986, M .Ataide 626 (IPA); Serinhaém,

28.III.1988, R. Pereira et. al. s/n (IPA).

Comentários:  Acmella uliginosa   apresenta ampla distribuição na América Tropical, Índia,China, Filipinas até Austrália. No Brasil é encontrada praticamente em todo o país. Para Pernambuco

ocorre em todo o estado, de preferência em solos arenosos, úmidos ou bastante encharcados. Nasáreas mais secas da caatinga cresce nas margens e leitos de pequenos riachos, em locais sombreados.Diferencia-se das outras espécies encontradas na região pelo receptáculo cônico, provido de páleasoblongo-lanceladas, cunculadas, sem glândulas (Pereira 1989). Empregada como medicinal, no combatea problemas do estômago e intestino. É popularmente conhecida como “macela d’água”, ”pimentad’água” e “jambú”.

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73- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

12.3. AGERATUM  CONYZOIDES  L., Sp. pl. 2:839. 1753.

  Ervas eretas, 20-80cm alt.; ramos cilíndricos, multiestriados, pilosos. Folhas  oposta,;pecíoladas; lâmina inteira, membranácea, 3-9x1,5-6cm, ovada, margem crenada, base obtusa, truncadaou não, raro levemente cordada, ápice agudo, faces adaxial e abaxial pilosas, eventualmente glabras.Inorescência capítulo, pedunculado, corimboso-paniculado, denso; brácteas involucrais 3 séries, 3,5-5,5mm compr., oblongo-lanceoladas, binErvasdas, atenuadas a apiculadas no ápice, internas glabras,externas pilosas a eventualmente glabras; receptáculo paleáceo. Flores isomorfas, hermafroditas, 40-75, azuladas, tubulosas, 1,5-2,5mm compr., tubo glanduloso e limbo as vezes ligeiramente contraído nainserção das lacínias, pilosas no dorso e papilosas no ápice. Fruto cipsela, 5-angulosas, ângulos pilosos,1-2mm compr.; pápus constituído por 5 páleas, 2-2,5mm compr., carpopódio distinto.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 120 (UFP, IPA); K. Pinheiro et al. 164 (UFP,

IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Correntes, 4.XII.1985 V. C. Lima 29 (IPA); Betania, 01.VI.2002, C. H. M. Fernandes117 (IPA).

Comentários: espécie nativa das Américas Central e do Sul. Está representada no Brasilnas diversas regiões togeográcas, ocorrendo em qualquer tipo de solo (Aranha   et al. 1988). EmPernambuco encontra-se em todas as regiões, principalmente nas várzeas e locais úmidos e férteis.

 Apresenta-se como ruderal e principalmente invasora, muito comum nos campos cultivados, chegandoa apresentar três gerações por ano. É de fácil reconhecimento pelos capítulos densos, com inorescênciasazuladas, intensa pilosidade em todo planta e forte odor característico. Utilizada como medicinal compropriedades hemostática e cicatrizante, além de apresentar atividade analgésica (Lorenzi & Matos2002). É conhecida popularmente como “mentrasto”.

12.4. B  LAINVILLEA  ACMELLA  (L.) Philip., Blumea 6(2): 350 – 351. 1950Ervas  a subarbustos eretos, 0,2-2m alt.; ramos cilíndricos, estriados, pubescentes. Folhas 

opostas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 4-12x1,5-7cm, ovada, base atenuada, ápice agudo,margem serreada, faces adaxial e abaxial estrigosas. Inorescência capítulo,, isolado ou adensados;brácteas involucrais 9-12, em duas séries, 4-7mm compr., ovadas a lineares, laxamente pilosas, margenslisas; receptáculo paleáceo; páleas cunculadas, oblanceoladas, margem inteira ou lacerada. Flores dimorfas; as do raio femininas 8-12, brancas, obscuramente liguladas, ápice trilobado, tubo intumescidona base; ramos do estilete levemente pilosos acima da bifurcação; as do disco hermafroditas, 14-20,tubulosa-infundibiliformes, branco-hialinas, lacínias 5, pilosas; anteras ápice agudo, base auriculada.

Fruto cipsela, dimorfa; obovada; as do raio de seção triangular, base curvada; pápus com 2-4 aristasríjas; as do disco de seção quadrangular, base ereta, subcomprimidas, 0,15-0,2x0,5-0,1cm; pápus com2-3 aristas ríjas, inseridas na margem da cipsela.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 415 (UFP, IPA); Estrada próximo a FazendaTigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 236 (UPE, IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Ouricuri, 01.V.1984, G. Costa Lima

109 (IPA).

Comentários: Blainvillea acmella é uma planta cosmopolita, comum nas áreas tropicais. NoBrasil é citada para quase todas as regiões do país. Apontada como uma das espécies de maior abundanciaem todo o estado de Pernambuco, é invasora de culturas diversas e também como ruderal. Muitocomum na caatinga principalmente, em localidades abertas, onde mostra crescimento mais vigoroso

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

(Pereira 1989). A espécie destaca-se por apresentar capítulos obscuramente ligulados e pápus com

aristas inseridas na margem da cipsela. É popularmente conhecida como “bamburral” e “erva-palha”.

12.5. B IDENS  PILOSA L. Sp. pl. 2: 832. 1753Ervas  eretas, 0,2-2m alt.; ramos quadrangulares, pubescentes a glabros. Folhas  opostas,

pecioladas; lâmina inteira a pinatipartida, 2-5 folioladas, 3-13,5x1,5-4cm, folíolos inteiros a lobados,membranácea, margem serreada, faces adaxial e abaxial pubescentes. Inorescência capítulo, terminal,isolado ou em panícula, curtas; brácteas involucrais 7-25, duas séries, 3-7mm compr., linear - lanceoladas,ciliadas, pubescentes; receptáculo paleáceo; páleas lanceoladas, ciliadas. Flores dimorfas; as do raiofemininas ca. 8, amarelas, liguladas, ápice bipartido; lígula ca. 3x2mm, estilete piloso; as do discohermafroditas acima de 10, tubulosas, amareladas, lacínias 5, ramos do estilete lanceolados, pilosos

acima da bifurcação; anteras ápice ovado, base cordada-sagitada. Fruto cipsela dimorfa, negrescente;as do raio lineares, levemente curvadas, base e ápice sub-comprimidas, cerdosas, 4-7mm compr; as dodisco lineares, com estrias longitudinais, base e ápice sub-comprimidos, pilosas a glabras, obovadas,bicorniculadas, cobertas por cerdas em forma de ganchos, 0,4-1cm compr.; pápus com 3-4 aristas rijas,eretas, com tricomas rijos, retrorsos, persistentes.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. S. Silva et al. 170 (UFP,IPA); 17.IV.2007, M. C. Pessoa et

al. 133 (UFP, IPA), 30.V.2006, E. Córdula et al. 61 (UFP, IPA); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1408 (UFP,

IPA); 17.IV.2007, E. Córdula et al. 226 (UFP,IPA); 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 124 (UFP, IPA); 17.IV.2007, K. Pinheiro et al.

230 (UFP, IPA); Estrada para o sítio Malhada da Areia, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 216 (UFP, IPA).

Material adicional: PERNAMBUCO: Gravatá, 22.VII.1988, R. Pereira 250 (IPA); Alagoinha, 22.VI.1988, R.

Pereira 313 (IPA).Comentários: Bidens pilosa possivelmente é nativa do Caribe e considerada como cosmopolita.

Em Pernambuco cresce abundantemente ao longo de todo o Estado, preferencialmente em solosargilosos (Pereira 1989). Muito comum na caatinga, invade normalmente os campos cultivadosconstituindo sérios problemas para as culturas. A espécie apresenta grande diversicação intraespecíca,principalmente, em relação à morfologia das folhas. Próxima de Bidens bipinnata L.  outra espécieencontradas nas caatingas, porém separa-se pelas cipselas pretas, com pápus formado por aristas eretase rijas (Pereira 1989). Utilizada como medicinal, indicada como diurética, vermífuga, cicatrizante eno combate a diabete, entre outros. É usada ainda como forrageira. Popularmente é conhecida como“picão”, “fura-capa”, “carrapicho-de-agulha” e “picão-preto”.

12.6. C  ENTRATHERUM  PUNCTATUM  Cass., Dict. Nat.:384. 1817. Prancha 8, g. C-D.Ervas a subarbustos, eretos a subprostrados, 30-80cm alt.; ramos cilíndricos, estriados,

pubescentes, tricomas purpúreos. Folhas alternas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 2-5x1,5-3cm, lanceolada, oblongo-lanceolada a elíptica, base atenuada, ápice agudo, mucronado, margem serreada,ambas as faces, glabrescentes, vênula principal proeminente, demais pouco perceptíveis; Inorescência capitulo, terminal, folhoso, solitário ou reunido em panículas, laxas, sésseis a pedunculadas; brácteasinvolucrais 7-8 séries; invólucro subdividido em dois tipos; o externo folhoso, com brácteas involucraisdesiguais, o interno campanulado; receptáculo plano, subalveolado, raras aristas curtas. Flores isomorfas,

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75- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

hermafroditas, 75-140, púrpuras a liláses, 3-5,5mm compr.; anteras sagitadas; ovário com estilopódio

inconspícuo. Fruto cipsela, cilíndrica, glabra, multisulcada; carpopódio ausente; pápus unisseriado;páleas liformes, barbeladas, precocemente caducas.

Material examinado: Serra do Tigre 17.IV.2007, K. Mendes et al. 7 (UFP, IPA); 30.V.2006, K. Pinheiro et al.

112 (UFP, IPA); 17.IV.2007, K. Pinheiro 228 (UFP, IPA), Y. Melo et al. 147 (UFP, IPA); Sitio Malhada da Areia 16.IV.2007, D.

 Araujo et al. 211 (UFP, IPA); Estrada próxima a Fazenda Tigre 17.IV.2007, D. Araujo et al. 244 (UFP, IPA); Estrada para o Sítio

 Areia Malhada, 16.IV.2007, K. Mendes et al. 03 (UFP, IPA); Fazenda Tigre, subida da Ser ra, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al.

1437 (UFP,IPA).

 Material adicional: PERNAMBUCO: Sertania, 4.IV.2000, A. Bocage 368 (IPA).

Comentários: apresenta ampla distribuição na América Central e América do Sul. No Brasilocorre em vegetação de caatinga, bordas de matas, tabuleiros, campos rupestres e cerrados. A espécie

é reconhecida por apresentar as brácteas involucrais externas largamente foliáceas. É popularmentedenominada como “vassourinha-roxa”, “perpétua-brava-do-mato”, “perpétua-roxa-do-mato”,“perpétua-do-mato”, “melosa”, “aletria” e “suspiro-de-cachorro”.

12.7. C ONOCLINIOPSIS  PRASIIFOLIA (DC.) R.M. King & H. Rob., Phytologia 23:308. 1972.Ervas a subarbustos, 30-80cm alt.; ramos cilíndricos, estriados, pubescentes. Folhas alternas,

eventualmente as inferiores opostas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 2-7x1,5-3cm, trinervada,deltóide a deltóide-oval-lanceolada, base truncada a levemente cordada, ápice agudo margem inciso-crenada a inciso-serrada, face adaxial glabrescente e abaxial glandulosa-pilosa. Inorescência capítulo,reunido em corimbos, paniculados,, terminais, subssésseis a curto-pedunculados; brácteas involucrais

4 series, 3,5-5,5mm larg., arroxeadas na parte superior, acuminadas, dorsalmente glandulosas a pilosas;receptáculo faveolado. Flores isomorfas, hermafroditas, 20-50, púrpuras, 3-4mm compr., glândulosasna metade superior. Fruto cipsela, isomorfa, angulosa, pápus hialino, 1,5-3x2,5-3mm; carpopódiooblíquo, proeminente; pápus setáceo, barbelado, unido na base, 2,5-3mm, larias persistentes.

Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, P. Gomes et al. 266 (UFP, IPA); 19.IV.2007, L. G. R.

Souza 39 (UFP, IPA).

Material adicional: PERNAMBUCO: Tupanatinga, 12.IX.2000, J. Calado 36 (IPA); Serra Talhada, 9.II.1996,

 M. L.Gomes 138 (IPA).

Comentários: espécie com ampla distribuição no norte da América do Sul, principalmentena Venezuela e na região leste brasileira (Aranha  et al . 1982). Em Pernambuco ocorre na caatinga

em ambientes de campos rupestres e nas orestas serranas. Diferencia-se das demais por apresentarores isomorfas, hermafroditas, púrpuras, com glândulas na metade superior de suas pétalas. Utilizadana medicina tradicional como analgésico, antiinamatório e antipirético. Conhecida popularmente naregião como “aleluia” e “mentrasto”.

12.8. D  ELILIA BIFLORA (L.) Kuntz., Bull. Sei. Sec. Philom. Paris. 3(10): 54. 1823. Prancha 8,g. E.

Ervas eretas a subsarmentosas, 0,3-0,9ma lt.; ramos cilíndricos, estrigosos. Folhas opostas,pecioladas; lâmina inteira 2,5-5x1-2,5cm membranácea, oval-lanceolada, base obtusa, ápice agudo,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

margem serreada, faces adaxial e abaxial estrigosas. Inorescência  capítulo, reunido, em cachos,

axilares e terminais, formados por um invólucro samaróide; brácteas involucrais 3 em duas séries,membranáceas, esverdeadas, namente reticuladas, 0,3-0,6x0,2-0,5cm, cordadas na base, arredondadasno ápice, pubescentes em ambas as faces, margens lobadas, as exteriores amplamente orbiculares, asinteriores ovadas; receptáculo nú. Flores dimorfas, as do raio femininas 1, amarelada, ligulada, ápicecurtamente trilobado; lígula ca. 0,15-0,3x0,1-0,2cm; do disco hermafroditas 1-2, funcionalmentemasculinas, tubulosas, amareladas, lacínias 5 ciliadas, ramos do estilete papilosos em toda sua extensão;anteras ápice acuminado, base cordada. Fruto cipsela isomorfa; comprimida dorsiventralmente obovada,com seção quadrangular, glabra; pápus ausente.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 125 (UPE, IPA); Estrada próxima a Fazenda

Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 242 (UPE, IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Parnamirim, 23.V.1984, F.

 Araújo 88 (IPA); Petrolina, 14.IV.1988, R. Pereira 298 (IPA).Comentários: Delilia biora  é uma espécie cosmopolita e considerada como ruderal e invasora.

S epara-se facilmente das outras espécies da região, por apresentar capítulos formados por um invólucrosamaróide, agrupados em cachos axilares e terminais, e brácteas involucrais exteriores amplamenteorbiculares. É popularmente conhecida como “espoleta”.

12.9. E CLIPTA PROSTRATA (L.) L., Mant. Pl.: 286. 1771.Ervas eretas ou decumbentes, 15-60cm alt.; ramos cilíndricos, estrigosos. Folhas opostas,

sésseis a sub-sésseis; lâmina inteira, membranácea, 0,6-12x0,2-4cm, lanceolada, base semi-decurrente,ápice agudo, margem inconspicuamente serreada, faces adaxial e abaxial estrigosas a seríceas.

Inorescência capítulo, axilar, pedunculado; brácteas involucrais 7-12, em duas séries, lanceolada-ovadas, estriadas, ápice agudo, estrigosas na face externa; receptáculo paleáceo, páleas liformes,ciliadas. Flores dimorfas; as do raio femininas, mais de 50, brancas, ligulada-liformes, ápice bilobado,pubescentes na base; lígula 0,2-0,3x0,1-0,2cm; ores do disco hermafroditas, mais de 80, tubulosas,branca-hialinas, lacínias 5, papilosas na face interna, pilosas glandulosas na externa; ramos do estiletepapilosos na face externa acima da bifurcação; anteras ápice agudo, base semi-sagitada. Fruto cipselaisomorfa; oblanceolada, com seção triangular a quadrangular, glabra, pubescente no ápice; as do raiomenores; pápus curto, coroniforme, ciliado.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 280 (UFP, IPA).

Material adicional: PERNAMBUCO: Agrestina. 28.VII.1988, R. Pereira 246 (IPA); Petrolina, 14.IV.1988, R.

Pereira 300 (IPA).Comentários: Eclipta prostrata  é cosmopolita, comum nas regiões quentes de todo o mundo.

Para o Brasil é abundante em várias regiões do país. Em Pernambuco ocorre em todo o estado, comumem solos mais úmidos, sendo considerada ruderal e invasora (Pereira, 1989). Destaca-se pelos capítulosbrancos, com páleas liformes, dotados de mais de 100 ores. Empregada como medicinal, suas folhase ores combatem problemas pulmonares como a asma. É popularmente conhecida como “erva-de-botão”.

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77- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

12.10. E GLETES  VISCOSA (L.) Less., Syn. Gen. Compos: 252. 1832

Ervas eretas a ascendentes, 40-80cm alt.; ramos estriados, pilosos, tricomas longos nos caulesjovens. Folhas alternas, sésseis a curtamente-pecioladas; lâmina pinatida, membranácea, 4-10x2-5cm,obovada, margens profundamente lobadas e grosseiramente denteadas, base auriculada nas folhasinferiores, híspidas, tricomas esparsos em ambas as faces. Inorescência capítulo,  pedunculado,terminal e axilar, solitário ou reunido em cimeira; brácteas involucrais 2-3 séries; receptáculo nu; Flores dimorfas, hermafroditas; as do raio 18-30, liguladas, alvacentas, 0,6-1mm compr.; as do centro mais de50 tubulosas, amarelas,1,2-1,7mm compr. Fruto cipsela, obovada, pápus coroniforme.

Material examinado: Fazenda Tigre, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1610 (UFP, IPA).

 Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, 08.VIII.2001, F. Galindo s/n (IPA).

Comentários: Nativa da América tropical. No Brasil, ocorre do Piauí ao Mato Grosso

(Lorenzi & Matos 2002) em leitos secos de rios, áreas semi-encharcadas, margens dos rios, lagos eaçudes do litoral ao sertão. Ocorre em solos pesados, arenosos, argilosos. Apresenta um conjuntode características morfológicas que torna fácil sua separação das outras espécies da região, comoos capítulos orais axilares e terminais, ores liguladas de pétalas alvas em torno da porção centralamarela que é formada por ores não liguladas. Apresenta suas folhas perfumadas. Suas ores sãoutilizadas no fabrico de travesseiros; na medicina popular, usualmente utilizada no tratamento dosdistúrbios gastrintestinais, cólicas, gases, azia, má digestão, diarréia e enxaqueca, bem como nos casosde irregularidades menstruais. É popularmente conhecida na região como “macela”.

12.11. L AGASCEA  MOLLIS  Cav. Anal. Cien. Nat. 6: 333, t 44.1803

Ervas  eretas, ramicadas dicotomicamente, 40-70cm alt.; ramos cilíndricos, sulcados,pubescentes. Folhas  inferiores opostas, superiores alternas, longamente-pecioladas; lâmina inteira,membranácea, 1,5-7x0,5-4cm, lanceolada-ovada, base cuneada, ápice agudo, margem serreada, facesadaxial e abaxial pubescentes. Inorescência capítulo, reunidos em glomérulos; brácteas involucrais doglomérulo ca 5, em uma série, foliáceas, lanceolada-ovadas, ápice agudo, lanosos; brácteas involucrais docapítulo unidas formando um tubo cilíndrico, com pontuações retangulares escuras ao longo das estrias,pentadenteadas, lanosas; receptáculo nu, diminuto. Flores uniora no capítulo, hermafrodita, tubulosa,exserta no invólucro, 0,4-0,5cm compr., branca, lacíneas 5, pubescentes na face interna; ramos doestilete pilosos em toda extensão na face externa; anteras ápice obtuso, base auriculada. Fruto cipsela,oblonga, estriada, pubescente no ápice; pápus curtíssimo, coroniforme, escamoso, pubescente.

Material examinado: Serra do Tigre, 18.IV.2007, L. G. R. Souza 30 (UFP, IPA).Material adicional: PERNAMBUCO: Salgueiro, 12.IV.1988, R. Pereira 110 (IPA); Petrolina 16.IV.1988, R.

Pereira 299 (IPA).

Comentários: Lagascea mollis  é nativa da América Tropical e introduzida na Índia e Malásia.Na Argentina cresce na zona de transição entre o Chaco e a Selva. No Brasil ocorre principalmente noNordeste (Pereira 1989) e em Pernambuco na caatinga, normalmente em solos mais argilosos. Lagascea  é um dos poucos gêneros das Asteraceae que possuem capítulos uniora, o que distingue esse táxondos outros ocorrentes na área. Não foi encontrado nome popular para a espécie na região.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

12.12. M  ELANTHERA  LATIFOLIA (Gardn.) Cabrera, Darwiniana 16: 411. 1970.

Ervas  eretas, 0,4-1,5m alt.; ramos cilíndricos, profundamente sulcados, híspidos. Folhas opostas, alternas nas extremidades, longamente pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 4-17x1-6cm,profundamente ovada até semi-linear, base cuneada, ápice agudo, margem denteada, faces adaxiale abaxial estrigosas. Inorescência capítulo, isolado, axilar; brácteas involucrais ca 12, duas séries,lanceolada-ovadas, ápice agudo, escabrosas; receptáculo paleáceo; páleas obovadas, inteiras ou laceradas,ciliadas. Flores dimorfas; as do raio femininas – neutras, ca. 7, amareladas, liguladas, ápice bilobado;lígula ca. 5-8x4-6 mm; ores do disco hermafroditas ca. 50, tubulosas, amareladas, lacínias 5, pilosas,ramos do estilete lanceolados, densamente pilosos acima da bifurcação; anteras ápice agudo, base semi-auriculada. Fruto cipsela, isomorfa; obovada, com seção triangular, pubescente no ápice; as do raiomenores; pápus com numerosas cerdas liformes, desiguais, caduco.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1409 (UFP, IPA). Material adicional: PERNAMBUCO: Correntes, 03.XII.1985, V. C. Lima 10 (IPA); Ibimirim, VI.1988, R.

Pereira 237 (IPA).

Comentários: Melanthera latifolia  ocorre no Brasil, Paraguai, Uruguai e nordeste da Argentina(Pereira, 1989). Em Pernambuco ocorre em todo o estado, com maior freqüência na caatinga, emcapoeiras e terrenos degradados Os espécimes de M. latifolia  exibem uma variedade macromorfológicaacentuada em relação à forma e tamanho das suas folhas, mostrando-se desde ovadas a semi-lineares(Pereira, 1989). Distingue-se das outras espécies da área pelas folhas opostas, alternas nas extremidades,longamente pecioladas e pápus caduco. Às vezes é usada como forrageira para o gado bovino.Popularmente é conhecida como “malmequer”.

12.13. P  ECTIS   LINIFOLIA L., Syst. Nat. 10: 1221. 1759.Ervas  eretas a subarbustos, 6-70cm alt.; ramos quadrangulares, estriados, pubescentes.

Folhas opostas, pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 0,25-0,6x0,15-5cm, linear, base obtusa, ápiceagudo mucronado, margem inteira, ciliada ou não, com glândulas oleíferas arredondadas ou alongadas,proeminentes ou não. Inorescência capítulo, terminal e lateral, isolado, tubuloso; brácteas involucraisfoliáceas 5-8, unisseriadas, com glândulas; receptáculo, paleáceo, páleas lineares, cunculadas, comglândulas alongadas; margem escariosa ou não. Flores dimorfas; as do raio femininas ca. de 5, amarelasou arroxeadas, liguladas, ápice arredondado ou tridenteado; lígula 1,2-2mm compr., com 1-2 glândulasalongadas; ores do disco hermafroditas 1-3, tubulosas, amareladas ou arroxeadas, lacínias 5, com

glândulas no ápice, ramos do estilete curtos, piloso-papilosos; ápice das anteras com apêndice curto,arredondado, base truncada a levemente sagitada. Fruto cipsela, isomorfa, dois tamanhos, tubulosas,muricadas, pubescentes, 3-6mm comp; pápus das ores do raio aristado, 2-3 aristas lisas, presença ounão de 3 páleas; as do disco aristadas ou coroniformes, aristas 2-6 lisas ou levemente ciliadas.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. T. Vital et al. 106 (UFP,IPA); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,

Y. Melo et al. 141 (UFP, IPA)

Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, 27.I.1984, E. Queiroz s/n (IPA): Parnamirim, 23.V.1984,

F. Araújo 86 (IPA).

Comentários: Pectis linifolia  é uma espécie com ampla distribuição, disseminada desde o Brasilaté os Estados Unidos. Entretanto sua ocorrência no Brasil é registrada apenas para o Nordeste e

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79- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

no estado de Pernambuco, em caatinga. É facilmente reconhecida, na área, pelas folhas lineares com

glândulas oleíferas, e capítulos tubulosos, diminutos com pequeno número de ores do disco 1-3. Épopularmente conhecida como “cravinho-brabo”.

12.14. P OROPHYLUM  RUDERALIS  (Jacq.) Cass. Dict. Sci. Nat. 43: 53. 1826Ervas eretas, 30-80cm alt.; ramos cilíndricos, estriados. Folhas basais opostas, demais alternas,

pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 1,5-5,5x1,0-3,0cm larg., ovada, elíptica ou obovada, ápiceapiculado, assimétrico, base cuneada, margem ondulada a crenada, glabras, com glândulas oleíferasmarginais. Inorescência capítulo, discóide, terminal, pedunculado, reunidos em corimbosos; brácteasinvolucrais 5 séries, glabras, linear-oblongas, planas, hialinas, glândulas oleíferas alongadas, marginais;receptáculo convexo, nu. Flores isomorfas, hermafroditas, 30-60, amareladas a esverdeadas, tubulosas,

8-15mm compr., esparsamente pilosas. Fruto cipsela, cilíndrica com base e ápice estreitado, pilosa,6-12mm comp; pápus setáceo, castanho amarelado a branco, 7-11mm compr.; carpopódio saliente erecurvado.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. Lucena 1432  (UFP,IPA).Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, Manga Pedra Branca, 15.V.1968, O. C. Lira 68-221 (IPA);

Igarassu, Mata dos Macacos, 16.IV.2008, J. Irapuan et al. 15 (IPA).

Comentários: Espécie amplamente distribuída, ocorrendo com maior freqüência em áreasantropizadas e de cultivo É de fácil reconhecimento por apresentar glândulas oleíferas nas margens dassuas folhas, com odor forte.

12.15. T RIDAX  PROCUMBENS  L., Sp. pl.: 900. 1753.Ervas eretas a decumbentes, 15-40cm alt.; ramos cilíndricos, densamente pubescentes. Folhas 

opostas, curtamente pecioladas; lâmina inteira, membranácea, 2-6-x1-3cm, ovada, base atenuada, ápiceagudo, margem profundamente denteada, glabra. Inorescência capítulo, terminal, isolado; brácteasinvolucrais ca. 8, em duas séries, 6-7mm compr., lanceoladas, híspidas; receptáculo paleáceo; páleasoblongas, laceradas. Flores dimorfas; as do raio femininas ca. 6, brancas, liguladas, ápice tridentado;lígula ca. 4x2mm compr.; ramos do estilete papilosos acima da bifurcação; ores do disco hermafroditasmais de 10, tubulosas, amarelo-escuras, lacínias 5; ramos do estilete com ápice truncado, pilosos; anterasápice ovado, base obtuso-auriculada.Fruto cipsela, isomorfa, subcilíndricas, densamente pilosas, 1-2mmcompr.; pápus plumoso.

Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, E. Córdula 229 (UFP, IPA).

Material adicional: PERNAMBUCO: Petrolândia, Novo Mundo, 20.III.2004, K. A. Silva, 391 (IPA); Arcoverde,

Serra das Varas, 22.II.2006, R. Pereira et al. 2623 (IPA).

Comentários: Tridax procumbens  ocorre nas regiões tropicais e subtropicais, principalmente na América do Sul alcançando até o México. É registrada para o Brasil como invasora agressiva, tanto emáreas urbanas com nas rurais. Destaca-se das outras espécies da área por apresentar ramos densamentepubescentes, ores do raio brancas, do disco amarelo-escuro, cipselas subcilíndricas, densamente pilosas.Não foi encontrado nome popular para a espécie na região.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

12.16. V  ERNONIA CHALIBAEA Mart. ex  DC. Prodr. 5: 54. 1836. Prancha 8, g. F-G.

Ervas  a subarbustos eretos, 0,5-1,5m alt.; ramos cilíndricos, sulcados, estrigosos. Folhas alternas, subsésseis; lâmina inteira, membranácea, 1-4 x 0,5-3cm, elíptica a oblanceolada, base atenuada,ápice obtuso, mucronado, margem lisa, ondulada, revoluta, faces adaxial e abaxial tomentosas.Inorescência capítulo, reunido em cincínios folhosos, escorpióides, sésseis, laxos; brácteas foliáceasoblongas; brácteas involucrais 6 séries, lilases, imbricadas, cunculares, ápice aristado, presença deglândulas translúcidas no dorso; receptáculo  nu, plano. Flores  isomorfas, hermafroditas, 18-20,excepcionalmente 21, lilases, 8-10mm compr., lacínias 5, não ciliadas, glandulosas, hialinas. Frutocipsela, isomorfa, estriada, com tricomas nos sulcos e nas costas, 1-2mm compr.; carpopódio nítido;pápus bisseriado, cerdas persistentes, série externa cerdosa; cerdas mbriadas; serie interna liforme,barbelada.

Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1474 (UFP, IPA); Fazenda Malhada da Areia, 8.II.2007, Y. Melo et al. 125 (UFP, IPA); Fazenda Vertentes, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 55  (UPE, IPA); Serra do

Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1406 (UPE, IPA).

Material adicional: PERNAMBUCO: Salgueiro 12.IV.1988, R. Pereira 260 (IPA); Tacaratu, 13.IX.1990, R.

Pereira et al. 550 (IPA).

Comentários: espécie endêmica do Nordeste brasileiro, com registro para os estados da Bahia,Ceará, Pernambuco e Piauí. Em Pernambuco, é encontrada em caatinga, inselbergues e mata serrana(Sales de Melo 2005). É de fácil reconhecimento por apresentar ramos estrigosos e inorescênciaterminal em cincínios escorpióides, com capítulos laxos. Não foi encontrado nome popular na região

12.17. V  ERNONIA REMOTIFLORA Rich., Act. Soc. hist. Nat. 1:112. 1792Ervas  a subarbustos eretos, 0,4-1m alt.; ramos cilíndricos, estriados, pubescentes. Folhas 

alternas, sésseis a subsésseis; lâmina inteira, membranácea, 6-12x2-4cm, oblonga a oblongo-lanceolada,base atenuada, ápice agudo, margem serreada, faces adaxial e abaxial pubescentes. Inorescência capítulo, reunida em cincínios, folhosos, sésseis; presença de brácteas foliáceas oblongas a lineares,1-5x0,1-1cm; brácteas involucrais 5-6 séries, arroxeadas no ápice, planas, ápice acuminado, tomentosas;receptáculo nu, plano. Flores isomorfas, hermafroditas, 15-20, lilases, 5-9cm compr.; lacínias 5, comglândulas amareladas no ápice; ramos do estilete bipartidos, densamente pilosos abaixo da bifurcação.Fruto  cipsela, isomorfa, cilíndrica, glandulosa, serícea, 1,5-2mm compr.; carpopódio nítido; pápusbisseriado, cerdoso hialino; série interna liforme, caduca, externa aplainada persistente.

Material examinado: Fazenda Tigre; Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 175 (UFP, IPA); Fazenda Tigre,no sopé da Serra, M. F. A. Lucena et al. 1447 (UFP, IPA).

Material adicional: PERNAMBUCO: Arcoverde 21.VII.1971, D. Andrade-Lima 71-6324 (IPA); Exu,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 8. Figuras A-B. Acanthospermum hispidum. A. Ramo florido. B. Fruto. C-D. Centratherum 

 punctatum. C. Hábito. D. Capítulo. E. Delilia  biflora. Hábito. F-G. Vernonia  chalibea. F. Ramo

florido. G. Ca ítulo.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

06.VIII.1986, V. C. Lima 314 (IPA).

Comentários: restrita à América do Sul (Robinson 1988). Em Pernambuco cresce na regiãoda caatinga além de outros ambientes (Sales de Melo 2005). Destaca-se pelos seus ramos oridos  desprovidos de folhas, caducos no início do orescimento, capítulos solitários ou em conjunto. Apresentabrácteas foliáceas com indumento setoso em ambas as faces e larias fortemente acuminadas (Sales deMelo 2005). Não foi encontrado nome popular para a espécie na região.

13. BIGNONIACEAE

Lucilene Lima dos Santos, Andrêsa Súana Argemiro Alves & Margareth Ferreira de Sales 

 Árvores, arbustos, ou trepadeiras lenhosas (lianas), raro herbáceas.Folhas opostas, compostas,raro simples, com o folíolo terminal freqüentemente substituído por uma gavinha; pseudoestípulasfreqüentemente presentes, foliáceas ou inconspícuas. Inorescências terminais ou axilares, racemos,tirsos ou panículas, às vezes fasciculadas ou reduzidas a uma única or. Flores andróginas, zigomorfas,diclamídeas; cálice tubuloso, campanulado, urceolado, com bordo truncado, denteado, lobado, bilabiadoou espatáceo; corola 5-lobada, gamopétala, tubular; estames inclusos ou exsertos didínamos, 4, raro 2ou 5, estaminódio geralmente presente, anteras biloculares, divaricadas ou paralelas, rimosas;  ovário

súpero, bicarpelar, bilocular, raramente unilocular, disco cupuliforme ou pulvinado, ou ausente, estileteterminal com estigma bilamelado. Fruto cápsula septígrafa ou loculicida, ou fruto indeiscente, bacáceo,sementes geralmente aladas.

 A família Bignoniaceae compreende 120 gêneros e cerca de 650 espécies com distribuiçãopredominantemente Neotropical. O Brasil caracteriza-se como o centro de diversidade da família(Gentry 1973), com cerca de 55 gêneros e 315 espécies. As espécies da família estão distribuídas emoito tribos, das quais Bignonieae e Tecomeae ocorrem em Mirandiba.

GENTRY, A .H. 1973. Flora of Panamá: Bignoniaceae. Annals of the Missouri Botanical

Garden, 60: 573-780.LOHMANN, L. G. & PIRANI, J. R. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Bignoniaceae.

Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, 21(1): 109-121.SANDWITH, N. Y. & HUNT, D. R. 1974. Bignoniáceas. In : Reitz, R. (ed.). Flora Ilustrada

Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues. Itajaí, SC.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE BIGNONIACEAE

1. Árvores, folhas digitadas ............................ ............................... .............................. Tabebuia impetiginosa 

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83- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

1’. Lianas, folhas 2-3-folioladas ...........................................................................................................................2

2. Flores amarelas, ovário estipitado ..................................................................................................................3

2’. Flores róseas a lilases, ovário não estipitado ............................. ............................... ............................... .....5

3. Pseudo-estípulas foliáceas, margem do folíolo revoluta ............................ ............. Anemopaegma laeve 

3’. Pseudo-estípulas inconspícuas, margem do folíolo não revoluta ............................. ............................... .4

4. Inorescência terminal, multiora ......................................................................... Anemopaegma gracile 

4’. Inorescência axilar, pauciora  .......................................................................... Anemopaegma citrinum

5. Flores róseas, anteras retrorsas  ...................................................................................Cuspidaria argentea 

5’. Flores lilases anteras não retrorsas ................................................................................................................66. Fruto elíptico, ornamentado por pequenos espinhos ......................................... ....Clytostoma binatum

6’ Fruto sem essas características........................................................................................................................7

7. Folíolos membranáceos, elípticos a ovados ............................... ............................... ..... Mansoa angunstidens 

7’. Folíolos cartáceos, oblongos ........................... ............................... ........................... Arrabidaea corallina 

13.1. A NEMOPAEGMA CITRINUM  Mart. ex  DC., Prodr. 9: 189. 1845. Prancha 9, g. A.Lianas; ramos cilíndricos, glabros, estriados; pseudoestípulas inconspícuas. Folhas 

2-folioladas, gavinha simples; folíolos 3,5-5x1,2-2,4cm, cartáceos, ovados, glabros, margem inteira, venação broquidódroma. Inorescência axilar, racemo, paucioro. Flores com cálice 5-6mm compr.,tubuloso, truncado, glabro; corola amarela, glabra, tubo ca. 3cm compr.; estames maiores ca. 2,3cmcompr., menores ca. 1,3cm compr., estaminódio 4mm compr.; pistilo 2,2cm compr., ovário elipsóide aovóide-elipsóide, estipitado, glabro; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula, elipsóidea suborbicular.

Material examinado: Serrotinho, 09.II.2007, M. T. Vital et al . 61 (UFP).

Comentário: o gênero está representado por cerca de 30 espécies na América tropical,ocorrendo desde o Brasil e Argentina até o México. Anemopaegma  é um gênero de taxonomia difícil entreos que constituem a família Bignoniaceae com muitas espécies mostrando grande variedade morfológica(Gentry 1973).  Anemopaegma citrinum  é pouco freqüente, diferenciando-se das demais ocorrentes emMirandiba por apresentar inorescência axilar, pauciora.

13.2. A NEMOPAEGMA GRACILE  Bureau & K.Schum., Fl. bras. 8(2): 132-133. 1896.Prancha 9, g. B.

Lianas; ramos cilíndricos, glabros, estriados; pseudo-estípulas foliáceas, orbiculares. Folhas 2-folioladas, gavinha simples; folíolos 3-6,4x1,8-2,5cm, cartáceos, lanceolados, glabros, margem inteira,

 venação broquidódroma. Inorescência  terminal, racemo, multioro. Flores  com cálice ca.1cmcompr., campanulado, truncado, glabro; corola amarela, tubo 5-6cm compr.; estames maiores ca. 2,5cmcompr., menores ca.1cm compr., estaminódio 6-8mm compr; pistilo 1,8-2cm compr, ovário elipsóide a

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

ovóide-elipsóide, estipitado, glabro; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula elipsóide

a suborbicular.Material examinado: Vertentes, 19.IV.2007, L. G. R. Souza et al. 53 (UFP)

Comentário: caracteriza-se por apresentar inorescência terminal, multiora, distinguindo-sedas outras duas Anemopaegma  que ocorrem em Mirandiba.

13.3. A NEMOPAEGMA  LAEVE  DC., Prodr. 9: 189. 1845. Prancha 9, g. C-D.Lianas; ramos cilíndricos, glabros, estriados; pseudo-estípulas foliáceas, orbiculares. Folhas 

2-folioladas, gavinha simples; folíolos 4-6,3x3,4cm, cartáceos, ovados, margem revoluta, glabros, venação broquidódroma. Inorescência  axilar, racemo, paucioro. Flores com cálice 0,6-1,4x1cm,campanulado, truncado, glabro; corola amarela, tubo 3,7-4,1x1,5cm; lobos brancos, glabrescentes,

estames maiores 2,2-2,3cm compr., menores 1,5-1,6cm compr., estaminódio 6-8mm compr; pistilo 1,8-2cm compr, ovário elipsóide a ovóide-elipsóide, estipitado, glabro; disco nectarífero transversalmenteelíptico. Fruto cápsula elipsóide a suborbicular, glabra.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 100 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,

 J. S. Silva et al. 191 (UFP); Serra do Tigre, 01.X.2006, K. Pinheiro et al. 195 (UFP); Serrotinho, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al.

1457 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Buíque, 17. III. 1995, A. Laurênio et al. 27 (PEUFR).

Comentários: Anemopaegma laeve  distribui-se do nordeste do Brasil ao norte de Minas Gerais,geralmente em áreas de caatinga ou em formações de carrasco (Lohmann & Pirani 2003). Em algunslocais é conhecida como saboneteira. Em Mirandiba e uma espécie comum às áreas de caatuinga

arbustiva.

13.4. ARRABIDAEA CORALLINA (Jacq.) Sand., Kew Bull. 1953(4): 460. 1954. Prancha 9, g.E.

Liana; ramos cilíndricos, glabros, estriados, lenticelas proeminentes; pseudo-estípulasinconspícuas, orbiculares. Folhas  3-folioladas, gavinha simples; folíolos 2,1-6,5x1-3,4cm, cartáceos,oblongos, tomentosos a velutinos, margem inteira, venação broquidódroma. Inorescência axilar,tirso, multioro. Flores cálice 2x0,9cm compr., tubuloso, truncado, glabro; corola lilás, tomentosa, tubo2,8-3,7cm compr.; estames maiores 1,8-1,9cm, menores com 1,3-1,4cm compr., estaminódio 6-8mmcompr.; pistilo 2,4-2,6cm compr.; ovário cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico.

Fruto cápsula 16,8-20,2cm compr., linear, tomentosa.Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 96 (UFP); Fazenda Baixio Grande, 03.X.2006,

Y. Melo et al. 95 (UFP); 08.II.2007, E. Córdula et al. 217 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, E. Córdula et al. 22 (UFP); Serrrotinho,

09.II.2007, M.T. Vital et al. 71 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, 10.X.1995, L. S. Figuêiredo et al. 233 (PEUFR).

Comentários: para  Arrabidaea   registram-se cerca de 70 espécies na América tropical doMéxico e Leste das Índias (raro) a Argentina (Gentry 1973). Ocorre também nos Estados de SantaCatarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Ceará (Sandwith & Hunt 1974). Arrabideae corallina  é uma espécie comumente encontrada em Mirandiba.

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85- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

13.5. C  LYTOSTOMA BINATUM  (Thunb.) Sand., Recueil Trav. Bot. Neerl. 34: 231. 1937.Prancha 9, g. F-G.

Lianas; ramos cilíndricos com estrias transversais, pseudoestípulas inconspícuas.Folhas  2-folioladas; folíolos 10x6,1 cm, cartáceos, elipticos, glabros, margem inteira, venaçãobronquidódroma. Inorescência  terminal, tirso, paucioro. Flores  com cálice ca. 3cm compr.,campanulado, truncado, glabro; corola rósea tubo ca. 5cm compr.; lobos brancos, glabrescentes,estames maiores ca. 2,5cm compr., menores ca. 1,5cm compr., estaminódio 6-8mm compr.; pistilo1,8-2cm compr,  ovário oblongo-cilíndrico,  lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula echinada, elíptica.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1600 (UFP).

Comentários: para o gênero ocorrem cerca de 10 espécies para a América tropical. Espéciecomumente citada para ambientes mais úmidos (Gentry 1973), podendo ocorrer também, em áreasde Caatinga, como em Mirandiba.

13.6. C USPIDARIA  ARGENTEA (Wawra) Sand., Kew Bull. 1954: 606. 1955. Prancha 9, g.I.

Lianas; ramos cilíndricos com estrias transversais, pseudoestípulas inconspícuas. Folhas 3-folioladas, gavinha simples; folíolos 2,5-5,5x2-2,7cm, membranáceos, ovados, vilosos a tomentosos,margem inteira, venação eucampdódroma. Inorescência  axilar, tirso, multioro. Flores cálice ca.3mm, campanulado, truncado, glabro; corola rósea, glabrescente, tubo ca. 4cm compr.; estames maioresca. 2,2cm compr., menores ca. 1,4cm compr., estaminódio 7mm compr, anteras retrorsas; pistilo 1,8-2cm compr, ovário cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula 3-4cmcompr., oblongo-linear com 4 alas cartáceas, glabra.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1185 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, 09. VII. 1995, L S. Figuêiredo et al. 110 (PEUFR).

Comentários: gênero com cerca de 10 espécies na América tropical continental do Panamáà Argentina, principalmente no Brasil (Gentry 1973). A espécie caracteriza-se por apresentar folíoloscom venação eucampdódroma e cápsula oblongo-linear com 4 alas cartáceas. Ocorre ocasionalmenteno município de Mirandiba. É facilmente reconhecida pela cor dos folíolos próximos a inorescência,que apresenta a mesma coloração das ores.

13.7. M  ANSOA  ANGUSTIDENS   Bureau & K.Schum.  in   Mart.,  Fl. bras. 8(2): 200. 1896.Prancha 9, g. H.

Lianas; ramos cilíndricos com estrias transversais, pseudoestípulas inconspícuas. Folhas 2-3-folioladas, folíolos 1,3-6,5cm compr., membranáceos, elípticos a ovados, glabros, margeminteira, venação bronquidódroma. Inorescência axilar e terminal, tirso, paucioro. Flores cálice3-4mm compr., campanulado, truncado, glabro; corola lilás, tubo 3,5-4cm compr.; estames maioresca. 3,6cm compr., menores ca. 1,4cm compr., estaminódio 4-4,5mm compr.; pistilo 3-3,4cm compr., ovário oblongo-cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula não

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 9. Figura A.  Anemopaegma citrinum. Hábito. B.  Anemopaegma gracile  Hábito. C-D.

 Anemopaegma laeve. C. Hábito. D. Fruto. E. Arrabidaea corallina. Ramo com flor e fruto. F-G. Clytostoma

binatum. F. Ramo com fruto. G. Flores. H. Mansoa angustidens. Hábito. I. Cuspidaria argentea. Hábito. J.

Tabebuia impetiginosa. Hábito.

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87- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

observada

Material examinado: Malhada da Areia, 16.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 252 (UFP); Serra do Tigre,31. V. 2006, M. F. A. Lucena et al. 1464 (UFP); M. C. Pessoa et al. 110 (UFP); M. F. A. Lucena et al. 1470 (UFP); Serrotinho,

09.II.2007, M. T. Vital et al. 74 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, 20.V.1995, E. Inácio et al. 56 (PEUFR).

Comentários:  o gênero apresenta 5 espécies nativas brasileira, entre elas  M. difcilis ,ocorrendo até a Bolívia, Paraguai e Argentina (Sandwith & Hunt 1974).  Mansoa angustidens ocorre,preferencialmente, em solos arenosos. Em Mirandiba é uma espécie ocasional.

13.8. T  ABEBUIA  IMPETIGINOSA  (Mart. ex  A.DC.) Standl., Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser.11(5): 176. 1936. Prancha 9, g. J.

 Árvores; ramos cilíndricos com estrias transversais, pseudo-estípulas ausentes. Folhas digitadas; folíolos 5, anisólos; folíolos terminais 4-10,6x1,9-5,5cm, folíolos intermediários 5,2-9x2,3-3,7cm, folíolos basais 2,3-6,2x1,4-3,2cm, membranáceos a cartáceos, elípticos a ovais, glabros a pilosos,margem inteira, venação broquidódroma. Inorescência terminal, panícula, multiora. Flores comcálice 5-6x3-5mm, campanulado, 4-denticulado, glabro; corola rósea a lilás, glabrescente, tubo 4-5,6cmcompr.; estames maiores 1,2-2cm compr., menores 0,8-1,3cm compr., estaminódio 6-7mm compr.;pistilo 3-3,5cm compr, ovário oblongo-cilíndrico, lepidoto; disco nectarífero transversalmente elíptico. Fruto cápsula 11-18,9cm, linear, glabra.

Material examinado: Salinas, Sítio do Sr. Zildécio, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1631 (UFP)

Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, 06.XII.1996, A. P. S. Gomes et al. 360 (PEUFR).

Comentários: o gênero está representado por cerca de 45 espécies na América tropical(Sandwith & Hunt 1974). Tabebuia impetiginosa  é freqüentemente encontrada no Estado de Pernambuco.Espécie comum em áreas de Caatinga, popularmente conhecida como pau d’arco-roxo ou ipê-roxo. Éornamental, apresentando também potencial madeireiro e medicinal.

14. BORAGINACEAE 

 José Iranildo Miranda de Melo

 Árvores, arbustos, subarbustos, lianas ou ervas. Folhas alternas, subopostas ou raramente verticiladas, simples, desprovidas de estípulas; pecioladas ou sésseis; lâmina com distintos formatos.Inorescências  terminais, falsamente terminais, laterais, axilares ou internodais, escorpióides,espiciformes, glomerosas, glomérulo-globosas ou paniculiformes, laxas ou congestas. Flores bracteadasou desprovidas de brácteas; corola salverforme, tubular, tubular-salverforme, tubular-campanulada ouobcampanulada, creme, lilás ou alva, fauce geralmente amarela; estames 5, epipétalos, opostos aos lobosda corola, inclusos ou exsertos, anteras livres ou conatas, com ou sem apêndices, deiscência longitudinal;

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

ovário 2 ou 4 locular pela intrusão de um septo, súpero, óvulos 1-2 por lóculo, anátropos ou hemi-

anátropos, placentação axial ou basal; estilete inteiro, raro levemente bído no ápice, ou 2-bifurcado,terminal, cilíndrico ou subcilíndrico; estigma séssil, subséssil ou com estilete evidente, com distintosformatos. Frutos secos ou carnosos, deiscentes ou indeiscentes, drupáceos ou esquizocárpicos com 2ou 4 núculas; sementes 1-2 por loco; embrião plano ou curvo.

Esta família inclui aproximadamente 2.500 espécies em 130 gêneros, dispersos nas regiõestropicais, subtropicais e temperadas. No Brasil ocorrem ca. 150 espécies e 11 gêneros distribuídosem todas as regiões, habitando preferencialmente Caatingas, Cerrados, Floresta Amazônica e Floresta

 Atlântica. Na área de estudo, foram registradas oito espécies em três gêneros predominantementeassociadas à ambientes abertos.

FRESENIUS, G. 1857. Cordiaceae, Heliotropieae et Boragineae.In : MARTIUS, C.; EICHLER, A. G.; EICHLER, S. L. & URBAN, I. (eds.). Flora Brasiliensis, 8(1): 1-63.

GUIMARÃES, E. F.; BARROSO, G. M.; FALCÃO-ICHASO, C. L. & BASTOS, A. R. 1971.Flora da Guanabara: Boraginaceae. Rodriguésia, 38: 194-220.

MELO, J.I.M. & LEMOS, R.P.L. 2008. Sinopse taxonômica de Boraginaceae A. Juss. sensulato no estado de Alagoas, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 701-710,

MELO, J.I.M. & SALES, M.F. 2005. Boraginaceae na região de Xingó: Alagoas e Sergipe.Hoehnea 32(3): 369-380,

SMITH, L. B. 1970. Boraginaceae. In : REITZ, R. (ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Herbário

Barbosa Rodrigues, Itajaí, Fasc. Bora: 3-85. TARODA, N. 1984. Taxonomic studies on Brazilian species of Cordia  L. (Boraginaceae). 

 Tese de Doutorado. University of Saint Andrews, Escócia.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE BORAGINACEAE

1. Arbustos; estigmas 4, oriundos de 2 ramos estigmáticos bifurcados .......................................................2

1’. Ervas, subarbustos ou raramente arbustos; estigma 1, inteiro ou raro levemente bído no ápice .....5

2. Inorescências espiciformes  ...........................................................................................................................3

2’. Inorescências glomérulo-globosas ..............................................................................................................4

3. Lâmina foliar lanceolada, concolor, base atenuada .............................. ...................... Cordia curassavica 

3’. Lâmina foliar ovada, discolor, base levemente cordada ........................... .......................Cordia dardani 

4. Lacínios do cálice com ápice cirroso; corola ca. 4,5mm compr .......................... ............Cordia globosa 

4’. Lacínios do cálice com ápice agudo; corola 2,2-3,3cm compr ........................... ..Cordia leucocephala 

5. Arbustos; lobos da corola involutos ..................................................................Tournefortia salzmannii 

5’. Ervas ou subarbustos; lobos da corola patentes ou reexos ....................................................................6

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89- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

6. Ramos cinéreos; corola com lobos reexos; fruto

com 4 núculas, estrigoso ....................................................................................... Heliotropium procumbens 

6’. Ramos não cinéreos; corola com lobos patentes; fruto com 2 núculas, não estrigoso ........................7

7. Pecíolo parcialmente alado; fruto mitriforme, costado ............................. .....Heliotropium elongatum

7’. Pecíolo não alado; fruto subgloboso, vesiculoso ........................... .........Heliotropium angiospermum

14.1. C ORDIA CURASSAVICA (J  ACQ .) Roem. & Schult., Syst. Veg. 4: 460. 1819. Arbustos; ramos vilosos, sulcados. Folhas alternas; lâmina 5,5-10,6x2-3,7cm, membranácea,

lanceolada, ápice agudo, margem serreada, base atenuada, face adaxial glabrescente, face abaxial vilosa,

 venação semi-craspedódroma; pecíolo ca. 1,2cm compr., sulcado, viloso, decorrente. Inorescência

3,3-6cm compr., espiciforme, congesta, terminal e axilar; pedúnculo 3,5-4,7cm compr., viloso. Floresca. 4mm compr., sésseis; cálice ca. 3,7mm compr., obcampanulado, pubescente, lacínios ca. 1,2mmcompr., trulados; corola ca. 3mm compr., tubular-salverforme, vilosa internamente, lobos ca. 1mmcompr., oval-lanceolados; estames subsésseis, anteras ca. 0,5mm compr., oblongas, divaricatas, letesca. 0,5mm compr.; ovário ca. 0,5mm compr., ovóide; estilete ca. 1,5mm compr.; ramos estigmáticosca. 0,5mm compr., estigmas 4, ca. 0,3mm compr., clavados, vilosos, tricomas castanhos e ferrugíneos.Fruto drupa, ca. 4mm compr., ovóide.

Material examinado: Verte ntes, 19.IV.2007, D. Araújo 256 (MO, MOSS, RB, UFP).

Comentário: esta espécie se dispersa do norte do México ao nordeste da América do Sul,

incluindo as Antilhas (Miller 1988). No Brasil, pode ser encontrada em todas as regiões; em ambientesde cerrado, restinga e oresta (Taroda 1984). Na área de estudo, está associada à caatinga arbustivaaberta, em solos argilosos alcançando 483 m. Coletada com ores e frutos em abril. É espéciemorfologicamente semelhante à C. dardani , com a qual compartilha, principalmente, as inorescênciasespiciformes. Caracteriza-se, especialmente, pela lâmina foliar lanceolada, concolor, com base atenuada,além do cálice pubescente e fruto ovóide.

14.2. C ORDIA DARDANI   Taroda, Notes Roy. Bot. Gard. Edinburgh 44(1): 111. 1986. Prancha10, g. A-B.

Subarbustos ou arbustos, ca. 1m alt. Folhas alternas; lâmina 2,5-4,6x1,1-1,9cm, discolor,subcartácea, ovada a ovado-elíptica, ápice obtuso, margem crenulada, base levemente cordada, faceadaxial puberulenta, bulada, face abaxial vilosa, rufescente, venação semi-craspedódroma; pecíolo ca.0,6mm compr., viloso. Inorescência 1,5-3,4cm compr., espiciforme, congesta, terminal e axilar;pedúnculo 1,3-2cm compr., densamente viloso, rufescente. Flores ca. 5mm compr., sésseis; cálice ca.2,7mm compr., obcônico, tomentoso, lacínios diminutos, ovados; corola ca. 4,3mm compr., tubular-salverforme, pubescente externamente, internamente vilosa na região do tubo, lobos diminutos,truncados; estames subsésseis, anteras ca. 0,8mm compr., oblongas, divaricatas; ovário ca. 1mm compr.,piriforme; estilete ca. 2,7mm compr.; ramos estigmáticos ca. 0,2mm compr., estigmas 4, ca. 0,3mmcompr., foliáceos, vilosos. Fruto drupa, ca. 3,5mm compr., piriforme, cálice recobrindo quase todo o

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

fruto.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 267 (MO, MOSS, RB, UFP);Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 139 (MO, MOSS, RB, UFP).

Comentários: ocorre apenas no nordeste do Brasil, em vegetação de caatinga. Encontrada,até o momento, nos estados de Pernambuco (Taroda 1984), Sergipe (Melo & Sales 2005), Alagoas (Melo& Lyra-Lemos 2008), Paraíba e Rio Grande do Norte (Melo et al. inéd.). Em Mirandiba, está associadaà caatinga arbustivo-arbórea e em beira de estrada, sobre solos arenosos e em aoramentos rochosos,alcançando 457m. Coletada com ores e frutos em abril. Cordia dardani é reconhecida, principalmente,pelas inorescências espiciformes associadas à lâmina foliar ovada, discolor, com base levementecordada ou, ainda, pelo cálice rufescente e fruto piriforme quase inteiramente recoberto pelo cálice.

14.3. C ORDIA GLOBOSA (Jacq.) Kunth in H.B.K., Nov. Gen. Sp. 3: 76. 1819. Arbustos; ramos com lenticelas, vilosos. Folhas alternas; lâmina 5,3-6,7x1,8-2,6m, discolor,

membranácea, elíptica a lanceolada, ápice agudo, margem serreado-denteada, base oblíqua, faceadaxial vilosa, face abaxial tomentosa, venação craspedódroma; pecíolo 0,5-0,6mm compr., viloso.Inorescência glomérulo-globosa, congesta, axilar e supra-axilar; pedúnculo 1,8-4cm compr. Floresca. 4,5mm compr., sésseis; cálice ca. 3mm compr., campanulado, lacínios 1-1,2mm compr., ovados,com curtos tricomas ferrugíneos nas margens; corola ca. 4mm compr., infundibuliforme, creme, vilosainternamente e externamente, lobos ca. 1mm compr., orbiculares; estames subsésseis, anteras ca. 0,7mmcompr., oblongas, divaricatas, dorsixas; ovário 1-1,2mm compr., cônico; estilete ca. 3mm compr., vilosona porção superior; ramos estigmáticos ca. 0,5mm compr., estigmas 4, ca. 0,7mm compr., foliáceos,

pubescentes. Fruto drupa, ca. 5mm compr., elipsóide, quase inteiramente recoberta pelo cálice.Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 105 (MO, MOSS, RB, UFP).

Material adicional: RIO GRANDE DO NORTE: Campo Grande, Fazenda Horizonte, 06. VI. 1999, W. Castro

08 (MOSS).

Comentários: esta espécie distribui-se do sudeste da Flórida ao nordeste da América do Sul,incluindo Antilhas (Miller 1988). No Brasil, ocorre apenas na região Nordeste (CE, RN, PB, PE, AL, SE,BA). Na área de estudo, está associada à caatinga arbustiva, onde alcança 478m. Coletada com ores emmarço. Pode ser reconhecida facilmente pela lâmina foliar discolor, inorescências glomérulo-globosascom ores ca. 4mm e fruto elipsóide quase inteiramente recoberto pelo cálice.

14.4. C ORDIA  LEUCOCEPHALA Moric., Pl. Nouv. d´Americ. 148: 88. 1846.Prancha 10, g.C.Subarbustos, ca. 40cm alt.; ramos vilosos entremeados por tricomas diminutos. Folhas

alternas; lâmina 2,9-8,5x1,1-4,3cm, discolor, membranácea, estreitamente a largamente ovada, ápiceacuminado ou retuso, margem serreada, base cuneada, face adaxial estrigosa a vilosa, face abaxialpubescente a tomentosa, venação craspedódroma; pecíolo 0,3-0,9cm compr., viloso, tricomasferrugíneos. Inorescência glomérulo-globosa, terminal; pedúnculo 1,4-4,5cm compr., viloso. Flores2,2-3,3cm compr., sésseis; cálice ca. 5mm compr., pubescente, lacínios 1,5-2mm compr., ovados; corola2,3-3cm compr., infundibuliforme, alva, lobos 2-3x6,5-8mm, largamente ovados, emarginados; estames

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91- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

com letes 1,5-2mm compr., anteras ca. 1,7mm compr., oblongas, divaricatas, dorsixas; ovário ca.

1,5mm compr., estreitamente ovado; estilete ca. 2,5mm compr.; ramos estigmáticos ca. 0,2mm compr.,estigmas 4, ca. 1mm compr., foliáceos. Fruto drupa, ca. 6 mm compr., elipsóide.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1598 (MO, MOSS, RB, UFP);

 Malhada da Areia, 16.IV.2007, D. Araújo 221 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital 116 b (UFP); Serra do Tigre,

30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 57 (MOSS, UFP).

Comentários: ocorre apenas na região nordeste do Brasil, associada à vegetação de caatinga(Taroda 1984, Melo & Sales 2005) e no litoral, em ambientes de restingas (Melo & Sales 2005). EmMirandiba, está associada a áreas de caatinga arbustiva aberta e densa, inclusive em terrenos agricultáveis,e em caatinga arbórea, sobre solos areno-argilosos, estendendo-se desde 457m até 483m. Encontradaorida em abril e em dezembro. Pode ser reconhecida, principalmente, pelas inorescências glomérulo-

globosas portando ores com cálice de ápice agudo e corola com 2,3-3cm, infundibuliforme, alva.

14.5. H  ELIOTROPIUM   ANGIOSPERMUM  Murray, Prodr. stirp. Götting.: 217. 1770.Prancha 10, g. D.Ervas a subarbustos, ca. 20cm alt.; ramos sulcados, escabrosos, hirsutos. Folhas alternas

a subopostas; lâmina 2,6-8,6x1-4,5cm, membranácea, elíptica a largamente elíptica, ápice agudo aacuminado, base oblíqua, pubescente a vilosa em ambas as faces, venação broquidódroma; pecíolo0,3-1cm compr., sulcado, viloso. Inorescência 1,2-22cm compr., escorpióide, terminal e lateral;pedúnculo 0,8-7,5cm compr., viloso. Flores 3,5-4mm compr., sésseis; cálice ca. 3mm compr., pubescenteexternamente, lacínios 2,7-3x0,6-0,8mm, lanceolados; corola 3,5-4mm compr., vilosa externamente

na região do tubo, lobos ca. 1,5mm compr., suborbiculares, acuminados no ápice ou não; estamessubsésseis, anteras ca. 1,2mm compr., lanceoladas; ovário ca. 0,5mm compr., globoso; estigma ca.0,6mm compr., largamente cônico, séssil. Fruto esquizocarpo, ca. 1,8mm compr., subgloboso, comapêndices vesiculosos, núculas 2.

Material examinado: Areia Malhada, 16.IV.2007, L. L. Santos et al. 220 (MO, MOSS, UFP); Fazenda Baixa

Grande, 19.IV.2007, J. S. Silva et al. 195 (MOSS, UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo 240 (MO, MOSS, RB, UFP);

Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, L. G. R. Souza 40 (MOSS, UFP).

Comentários: encontrada desde o sul dos Estados Unidos da América até o Brasil, incluindo Antilhas (Frohlich 1981). No Brasil, ocorre nas regiões Nordeste e Sudeste (Melo & Sales 2005). Naárea de estudo, está associada à caatinga arbustivo-arbórea densa, em solos arenosos e areno-argilosos,

estendendo-se de 489m até 495m. Coletada com ores e frutos em abril. Esta espécie é reconhecidafacilmente pelas folhas alternas a subopostas, bem como pelo estigma largamente cônico e frutosportando duas núculas, com apêndices vesiculosos.

14.6. H  ELIOTROPIUM   ELONGATUM  (Lehm.) I.M. Johnst., Contr. Gray Herb. Harv. Univ. 81:18. 1928. Prancha 10, g. E-F.

Ervas, 30-35cm alt.; ramos sulcados, vilosos a hirsutos. Folhas alternas; lâmina 2,5-6,4x1,7-3,5cm, membranácea, bulada, ovada, ápice agudo, margem erosa, base obtusa, face adaxial pubescentea tomentosa, entremeada por longos tricomas aciculares, face abaxial pubescente a vilosa, venação

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

semi-craspedódroma; pecíolo 0,6-2,4cm compr., parcialmente alado, viloso. Inorescência 4,5-11,6cm

compr., escorpióide, terminal; pedúnculo 1,7-3,6cm compr., pubescente. Flores ca. 6mm compr.,sésseis; cálice ca. 2,6mm compr., pubescente externamente, lobos ca. 2mm compr., estreitamenteovados; corola 5,2-5,7mm compr., tubular-hipocrateriforme, híspida externamente, vilosa internamente,lobos ca. 1mm compr., orbiculares; estames sésseis, anteras ca. 1mm compr., lanceoladas; ovário ca.0,5mm compr., subgloboso; estilete ca. 0,5mm compr.; estigma ca. 0,5mm compr., capitado. Frutoesquizocarpo, 3,5-4mm compr., mitriforme, núculas 2.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 63 (UFP); Serra do Tigre, 04.VII.2007,

Y. Melo 275 (MOSS, UFP).

Comentários: distribui-se na América do Sul, alcançando à Bolívia, o Paraguai, a Argentina,Uruguai (Johnston 1928) e, no Brasil, em todas as regiões. Em Mirandiba é encontrada em caatinga

arbustiva densa e arbórea associada à ambientes de borda, em solos arenosos, alcançando 495m. Coletada com ores e frutos em março e em julho. Pode ser reconhecida, principalmente, pelopecíolo parcialmente alado, associado à corola tubular-hipocrateriforme, com lobos patentes, e frutosmitriformes com duas núculas.

14.7. H  ELIOTROPIUM  PROCUMBENS  Mill., Gard. Dict. 8: 10. 1768. Prancha 10, g. G-H.Ervas ou subarbustos, ca. 20-40cm alt., ereto ou prostrado; ramos cinéreos, estrigosos. Folhas

alternas; lâmina 1,1-2,8x0,3-1,1cm, subcarnosa, elíptica a obovada, ápice acuminado, margem levementerevoluta, base atenuada, estrigosa em ambas as faces, venação hifódroma; pecíolo 0,3-1cm compr.,

 viloso. Inorescência 1-4cm compr., escorpióide, axilar e terminal; pedúnculo 0,4-1cm compr., viloso.

Flores ca. 2mm compr., subsésseis; cálice ca. 1,2-1,5mm compr., viloso externamente, lacínios ca. 1mmcompr., estreitamente a largamente elípticos; corola ca. 1,5-1,7mm compr., tubular-hipocrateriforme,serícea externamente, vilosa internamente, lobos ca. 0,5mm compr., ovado-lanceolados; estames sésseis,anteras ca. 0,5mm compr., ovado-lanceoladas; ovário ca. 0,3mm compr.; estigma ca. 0,3mm compr.,cônico, pubescente, subséssil. Fruto esquizocarpo ca. 1mm compr., globoso, estrigoso, núculas 4.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 03.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1604 (UFP); Fazenda Tigre,

29.III.2006, M. F. A. Lucena 1158 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. T. Vital et al. 112 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, K.

Pinheiro 133 (UFP).

Comentários: esta espécie se dispersa do sul dos Estados Unidos da América até a Argentina(Frohlich 1981) e, no Brasil, em todas as regiões (Melo & Sales 2005). Na área de estudo, está associada

às caatingas arbustiva aberta e densa e arbustivo-arbórea densa, em ambientes de borda e no interior,sobre solos arenosos e pedregosos, estendendo-se desde 457m até 500m. Coletada com ores de marçoa maio e em dezembro, e com frutos em março, abril e em dezembro. Pode ser seguramente reconhecidapelos ramos cinéreos, corola com lobos ovado-lanceolados e, principalmente, pelo fruto com quatronúculas, estrigoso.

14.8. T OURNEFORTIA SALZMANNII   A.DC., Prodr. 9: 524. 1845. Prancha 10. Fig. I. Arbustos, ca. 1,7m alt.; ramos com lenticelas, vilosos quando jovens. Folhas alternas; lâmina

2-11x1-6,5cm, membranácea, estreitamente a largamente ovada, ápice acuminado, margem inteira,

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93- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

base cuneada, estrigosa em ambas as faces, rufescente em ambas as faces ou apenas na face abaxial,

 venação broquidódroma; pecíolo 0,3-1cm compr., subcilíndrico, viloso. Inorescência 1,8-11,2cmcompr., escorpióides com ramos secundioros, terminal e lateral; pedúnculo 0,7-1,7cm compr., viloso.Flores 3-5mm compr., subsésseis; cálice ca. 3mm compr., viloso, lacínios 1-2mm compr., estreitamenteelípticos, ápices cirrosos ou não; corola ca. 5mm compr., tubular, vilosa, lobos ca. 2mm compr.,lineares, involutos; estames subsésseis, anteras ca. 0,5mm compr., conatas, ovadas, tricomas no ápiceeste apiculado; ovário ca. 1mm compr., cônico; estilete ca. 1,6mm compr.; estigma ca. 0,4mm compr.,cônico, levemente bído no ápice, pubescente. Fruto drupa, ca. 3,5mm compr., subglobosa, 4 lobos.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 239 (MO, MOSS, UFP); Fazenda Tigre,

17.IV.2007, L. L. Santos et al. 225 (MO, MOSS, RB, UFP); Serra do Tigre, 10.II.2007, Y. Melo et al. 105 (UFP).

Material adicional: RIO GRANDE DO NORTE: Lagoa Nova, Santa Rita, 24. VI. 1980, O. F. Oliveira et al.

Prancha 10. Figuras A-B. Cordia dardani . A. Ramo florido. B. Flor. C. Cordia  leucocephala. Androceu. D.

Heliotropium angiospermum. Fruto. E-F. Heliotropium elongatum. E. Estigma. F. Fruto. G-H. Heliotropium

rocumbens. G. Flor. H. Fruto. I. Tourne ortia salzmannii . Ramo florido.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

1184 (MOSS).

Comentários: encontrada na Argentina, Paraguai, Bolívia (Johnston 1930) e, no Brasil, nasregiões Nordeste, Sudeste e Sul. Em Mirandiba, ocorre em caatinga arbustivo-arbórea densa, inclusiveem beira de estrada, associada a solos arenosos, alcançando 489m. Coletada com ores em fevereiroe abril, e com frutos em abril. Pode ser reconhecida pelo hábito arbustivo, mas, principalmente, pelacorola com lobos involutos, anteras conatas, estigma cônico levemente bído no ápice e fruto drupáceocom quatro lobos.

15. BROMELIACEAE

 Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves 

Ervas perenes, cespitosas, epítas ou terrestres, caulescentes, rizomatosas. Folhas em roseta,pauci ou multifolia, superando ou não o comprimento do escapo, linear a lanceolada, aguda, densa ouesparsamente pruinoso-lepidota em ambas as faces ou apenas na face adaxial, margem epinescente oulisa, espinhos retrorsos, verdes a cinzentas, por vezes maculadas. Inorescência espiciforme, racemosaou paniculada, ereta, 3-multiora; escapo escabro pruinoso-lepidoto ou glabro; brácteas na base ou aolongo do escapo, em geral vistosas. Flor vistosa, diclamídea, trímera, pedicelada ou subsséssil; sépalas3, livres ou soldadas na base, vermelhas, lilás, marrons a paleáceas; pétalas 3, livres, roxas, cremes a

 violetas; estames 3-6; ovário ínfero ou súpero. Fruto seco ou carnoso.

Família predominantemente neotropical com disjunção anatlântica, com cerca de 3000espécies e 60 gêneros em praticamente todos os biomas americanos. Para o semi-árido são citadas 98espécies ocorrentes em todos os ambientes, sendo que apenas cinco ocorrem na Caatinga (Wanderley2006). Vale ressaltar que entre as espécies do presente trabalho apenas  Encholirium spectabile Mart. exSchult. & Schult. f. foi citada por Wanderley (2006) para a Caatinga. Nas caatingas se destacam algumasespécies importantes na composição das paisagens como Neoglaziovia variegata  e Encholirium spectabile . Aclassicação tradicional da família reconhece três subfamílias. Dessas, duas possuem representantes em

Mirandiba, a saber, Bromelioideae e Tillandsioideae. A importância econômica das espécies da famíliana região está associada à ornamentação e extrativismo para a obtenção de bras para uso artesanal eindustrial.

SMITH, L. B. & DOWNS, R. J. 1977. Tillandsioideae (Bromeliaceae). Flora Neotropica, 14:663-1492.

SMITH, L. B. & DOWNS, R. J. 1979. Bromelioideae (Bromeliaceae). Flora Neotropica, 14:1493-2142.

 WANDERLEY, M. G. L. 2006. Bromeliaceae. In GIULIETTI, A. M., CONCEIÇÃO, A.,

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95- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

QUEIROZ, L. P. (eds.). Diversidade e Caracterização das fanerógamas do semi-árido brasileiro.

 APNE, Recife, 1: 76-78. 

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE BROMELIACEAE

1. Ervas terrestres .................................................................................................................................................2

1’.Ervas epítas  .....................................................................................................................................................4

2. Folhas maculadas irregularmente de cinza; inorescência racemosa .............. Neoglaziovia variegata 

2’. Folhas não maculadas; inorescência espiciforme  .....................................................................................3

3. Frutos carnosos, amarelo-intenso ............................................................................... Bromelia laciniosa 

3’. Frutos secos, marrom escuros ............................................................................  Encholirium spectabile 

4. Folhas eretas, 1-3cm compr., escapo 4,2-5cm compr ............................................... . Tillandsia loliacea 

4’. Folhas recurvadas, 3-15cm compr., escapo 5-26cm compr. ............................... ............................... ......4

5. Folhas 3-6cm compr.; inorescência espiciforme ...................................................Tillandsia recurvata 

5’. Folhas 8-15cm compr., inorescência paniculada .............................................Tillandsia streptocarpa 

15.1. B ROMELIA  LACINIOSA Mart. ex  Schult. & Schult. f., Syst. Veg. 7(2): 1278. 1830.

Ervas terrestres. Folhas 30-86cm compr., linear a lanceolada, ereto-patentes, não superando oescapo; margem epinescente, espinhos retrorsos; face adaxial e abaxial esparsamente pruinosa-lepidota,

 verde, sem máculas. Inorescência até 50cm compr., espiciforme, ereta, multiora; escapo ca. 0,4mcompr., glabro, brácteas ao longo de toda a sua extensão, vistosas. Flores 3,5-4cm compr., pediceladas;sépalas livres, esverdeadas com extremidades roxas; pétalas livres, esverdeadas; ovário ínfero. Frutobaga, 3-5cm compr., fusiforme, amarelo intenso a amarelo-esverdeado.

Material examinado: São Gonçalo, 11.VII.2008, K. Pinheiro 829 (UFP); Chacal, 19.VII.2008, K. Pinheiro 1090

(UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Alagoinha, 05.VII.1994, G. M. Souza 55 (UFP).

Comentários: citada apenas para o semi-árido, ocorrendo até Minas Gerais. Também

conhecida como macambira é encontrada em ambientes com solo argiloso-pedregoso, arenoso eaoramentos rochosos. Aparentemente não possui nenhuma importância econômica, mas em épocasde seca extrema pode ser útil na forragem de animais e apresenta potencial ornamental. As amostrascoletadas na área de estudo apresentava-se em fenofase de fruticação.

15.2. E  NCHOLIRIUM  SPECTABILE  Mart. ex  Schult. & Schult. f., Syst. Veg. 7(2): 1233. 1830.Ervas terrestres. Folhas  30-90cm compr., linear a lanceolada, patentes, não superando o

escapo; margem fortemente epinescente, espinhos retrorsos; face adaxial e abaxial esparsamentepruinosa-lepidota, verde, sem máculas. Inorescência até 1,2m compr., espiciforme, ereta, multiora;

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

escapo ca. 1,5m compr., glabro, brácteas ao longo de toda a sua extensão. Flores 3-4cm compr., curto-

pediceladas; sépalas livres, esverdeadas; pétalas livres, amarelo-esverdeadas; ovário ínfero. Fruto cápsula,piriforme, 0,8-1,5cm compr., marrom-escuro; sementes circulares, alada diminuta.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. Souza 30 (UFP).

Comentários: Conhecida como macambira-de-exa é encontrada em aoramentos rochososformando densas ilhas de vegetação. Em épocas de seca extrema pode ser útil na forragem de animaise apresenta potencial ornamental. Nas populações acompanhadas foi registrada intensa visitação dasores por diferentes espécies de beija-lor. 

15.3. N  EOGLAZIOVIA VARIEGATA Mez in  Mart., Fl. bras. 3(3): 427. 1894.Ervas terrestres. Folhas 1-2m compr., linear, paucifólia, eretas, superando o escapo; margem

epinescente, espinhos retrorsos; face adaxial esparsamente pruinosa-lepidota, face abaxial glabra, verde,maculada irregularmente de cinza. Inorescência 18-30cm compr., racemosa, ereta, multiora; escapo70-80cm compr., pruinoso-lepidoto, brácteas ao longo de toda a sua extensão, vistosas. Flores 1cmcompr., pediceladas; sépalas livres, vermelhas; pétalas livres, roxas; ovário ínfero.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 08.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1669 (UFP); Serra do Tigre,

17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 419 (UFP, RB); Serrotinho, 09.II.2007, M. T. Vital et al. 70 (UFP); Chacal, 19.VII.2008, K. Pinheiro

1089 (UFP); 25.X.2008, K. Pinheiro 1228 (UFP); Serra do Tigre, 23.VII.2008, K. Pinheiro 1196 (UFP).

Comentários: endêmica da Caatinga (Smith & Downs 1979). O caroá, como é conhecido,pode ser encontrado no sub-bosque de caatingas arbóreas a ambientes abertos, em solos compactos epouco profundos, sendo comum em frestas de aoramentos rochosos. Distingue-se das demais espécies

pelo hábito terrestre e folhas tipicamente variegadas. As folhas brosas foram largamente exploradaspor toda a caatinga. Atualmente, vem sendo empregada de forma local para produção de artefatosartesanais pelas comunidades visitadas. Esta espécie é bastante abundante nos ambientes de caatingaarbustiva e caatinga arbóreo-arbustiva.

15.4. T ILLANDSIA  LOLIACEA Mart. ex  Schult. f., Syst. Veg. Fl. Peruv. Chil. 7: 1204. 1830.Ervas  epítas. Folhas  1-3cm compr., linear, multifólia, eretas, não superando o escapo;

margem lisa; faces abaxial e adaxial densamente pruinoso-lepidotas, cinzas. Inorescência  3-4cmcompr., espiciforme, ereta, 5-oras; escapo 4,2-5cm compr., pruinoso-lepidoto, brácteas distribuídasao longo de toda a sua extensão, pouco vistosas. Flores 1,5-2cm compr., subssésseis; sépalas livres,

marrons; pétalas livres, cremes; ovário súpero.Material examinado: Carnaubeira, 07.II.2007, M. F. A. Lucena 1656 et al. (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2006,

 M. T. Vital et al. 100 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 417 (UFP, RB, MO).

Comentários: ocorre nos ambientes semi-áridos da Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil(Smith & Downs 1977). Amplamente distribuída nas áreas visitadas. Facilmente reconhecível por seupequeno porte e folhas tipicamente eretas. Sem valor econômico signicativo, além de um potencialpara uso ornamental, destaca-se por sua contribuição na paisagem como uma das mais característicasepítas da Caatinga.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

15.5. T ILLANDSIA RECURVATA (L.) L., Sp. pl. 1: 410. 1762.

Ervas epítas. Folhas 3-6cm compr., linear, multifólia, recurvadas, não superando o escapo;margem lisa; faces abaxial e adaxial densamente pruinoso-lepidotas, cinzas. Inorescência 1,2-1,5cmcompr., espiciforme, ereta, até 3-oras; escapo 5-6,5cm compr., glabro, brácteas concentradas na base,pouco vistosas. Flores  0,8cm compr., subssésseis; sépala 3, soldadas na base, liláses; pétalas livres,

 violetas; ovário súpero.Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. Souza 23 (UFP, RB).

Comentários: ocorre do sudeste dos EUA até a Argentina (Smith & Downs 1977). Aproxima-se de T. streptocarpa , mas apresenta porte menor, enquanto que de T. loliacea   se separa pelas folhasrecurvadas. Sem interesse econômico aparente.

15.6. T ILLANDSIA STREPTOCARPA Baker, J. Bot. 25: 241. 1887.Ervas epítas robustas. Folhas 8-15cm compr., linear, multifólia, recurvadas, não superando

o escapo; margem lisa; faces abaxial e adaxial densamente pruinoso-lepidotas, cinzas. Inorescência 12cm compr., paniculada, ereta, 5-10 oras; escapo 13-26cm compr., glabro, brácteas ao longo de todaa sua extensão, pouco vistosas. Flores 4cm compr., subssésseis; sépalas livres, paleáceas; pétalas livres,roxas; ovário súpero.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 444; Serra das Umburanas,

18.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 138 (UFP, RB); Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 182 (UFP, RB).

Comentários: ocorre desde o Peru ao Paraguai e Brasil (Smith & Downs 1977). Separa-sedas demais espécies do gênero aqui tratadas pelo hábito mais robusto e folhas maiores. Seu interesse

econômico se dá no campo das plantas ornamentais, devido à folhagem, odor e beleza das ores.

16. BURSERACEAE

 Maria de Fátima de Araújo Lucena & Edlley Max Pessoa da Silva

 Árvores, arbustos, raro epítas, aromáticos, resiníferos. Folhas alternas ou raramenteopostas, compostas, imparipinadas, raramente unifolioladas; estípulas ausentes, raramente alternas ou

 verticiladas, simples. Inorescência cimosa, axilar ou terminal. Flores pouco vistosas, actinomorfas,unissexuadas (ou bissexuadas), diclamídeas ou raramente monoclamídeas; cálice gamosépalo oudialisépalo, 3-5-mero, preoração valvar ou imbricada; corola dialipétala, 3-5-mera, induplicada-valvar,membranácea ou carnosa; estames diplostêmones, estames livres ou raramente unidos entre si; disconectarífero presente; gineceu gamocarpelar, ovário súpero, 2-5 carpelos, 1-5-locular, placentação axilar,lóculos biovulados; estilete apical, curto; estigma capitado ou discóide, algumas vezes, bilobado. Frutodrupa ou mais raramente pseudocápsulas, endocarpo ósseo.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Burseraceae possui distribuição pantropical com cerca de 20 gêneros e 500 espécies (Souza

& Lorenzi 2006). O centro de diversidade da família encontra-se nas regiões tropicais da África, Ásia e América, com destaque neste último continente, para a região amazônica, como importante centro dediversidade e endemismo (Daly 2004). Para o Brasil 7 gêneros e cerca de 60 espécies são registradas.Para o Nordeste brasileiro, Daly (2006) indica a ocorrência de 5 gêneros e 23 espécies com destaque paraProtium  Burm. f. e Tetragastris  respectivamente com 15 e 4 espécies. As espécies da família apresentamrico potencial econômico, principalmente pela produção de óleos e resinas de suas folhas e cascas,conferindo forte aroma a essas estruturas (Daly 2004). Em Mirandiba, a família está representadaapenas por uma espécie: Commiphora leptophloeos  (Mart.) J.B. Gillett.

GILLET, J.B. 1980. Commiphora  (Burseraceae) in South America and its relationship to Bursera .Kew Bulletin, 34 (3): 569-588.

DALY, D.C. 2006. Burseraceae. In : Maria Regina de V. Barbosa; Cynthia Sothers; SimonMayo; Cíntia F.L. Gamarra; Alyne Carneiro de Mesquita. (Org.). Checklist das Plantas do NordesteBrasileiro: Angiospermas e Gymnospermas. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, (1): 53.

LIMA, L.R., PIRANI, J.R. 2005. Burseraceae. In : WANDERLEY, M. G. L..; SHEPHERD, G. J.; MELHEM, T. S. & GIULIETTI, A. M. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Hucitec,São Paulo, 4: 163-168.

16.1. Commiphora leptophloeos  (Mart.) J.B. Gillett, Kew Bulletin 34(3): 582. 1980.

Bursera leptophloeos  Mart. In Mart., Fl. bras. 11(2): 393. 1828.

 Árvores a arvoretas, 6-10m alt.; ramos marrom-acinzentados, canaliculados, pubescentes.Folhas compostas, imparipinadas (5-7 folíolos), 3-8cm compr., folíolos 0,9-3,5cm compr., alternos,elípticos a obovadas, seríceo, nas margens e nervuras, base atenuada a arredondada, ápice acuminadoa arredondado, raro emarginado, margem inteira a discretamente sinuosa, nervação camptódroma.Inorescência cimosa axilar. Flores  bissexuais em cimeiras axilares; cálice gamosépalo, 4-mero,pubescente, 2-2,5mm compr., corola 4-mera, dialipétala, pétalas oblongas, recurvadas, 4-5mm compr.;estames-8, didínamos, anteras basixas, deiscência rimosa, letes livres; ovário súpero, globoso,sincárpico, rugoso, 2-carpelar, 2-locular, 1 óvulo por lóculo, placentação axial; estilete-1, discretamente

2-lobado, curto-cilíndrico.Fruto

 drupa, elipsóide, 1-1,5cm compr.; semente elípticas fortemente aderidaas paredes do fruto, testa creme-amarelada.Material examinado: Fazenda Riachária, 06.I.2008, Y. Melo 332  (UFP). Material adicional:

Ceará, Caucaia, 11.V.2005,  M. Oliveira 1719 & A. Galileu   (UFP); Paraíba, São José dos Cordeiros,20.XII.2002 , A. V. Leite 17   (UFP); Pernambuco, Altinho, Comunidade Carão, 26.IV.2007,  V. T

 Nascimento 86  (UFP).Comentários: Conhecida popularmente como imburana ou imburana de cambão Commiphora

leptophloeos  apresenta folhas aromáticas e caule com descamações. Suas folhas e entrecasca são usadaslocalmente para alivio de cólica, diarréia e vômito. Planta ocasional em interiores de caatinga arbóreahiperxeróla. Em Mirandiba, habita áreas de caatinga arbórea aberta com solos pedregosos. Confundida

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99- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

algumas vezes, na região, com “imburana-de-cheiro” (  Amburana cearensis  Allemão, Leguminosae), porém

diferencia-se desta pelo ritidoma de cor verde.

17. C ACTACEAE

 Emerson Antonio Rocha, Daniela Cristina Zappi & Nigel P. Taylor 

 Arbustos  a árvores, perenes, geralmente suculentas; cladódios crassos, externamente

esverdeados, fotossintetizantes, cilíndricos, globosos, costelados e compressos, suculentos efreqüentemente mucilaginosos. Aréolas (caules curtos originando folhas, espinhos, ramos e ores)sempre presentes. Folhas  reduzidas, raro presentes. Flores  de antese diurna ou noturna, vistosas,geralmente actinomorfas, monóclinas, partindo de aréolas, cefálios laterais ou terminais; hipanto denatureza receptacular, por vezes cobertos por escamas e aréolas dotadas de tricomas e espinhos, comou sem brácteas; segmentos do perianto variando em textura, formato e coloração, sendo os maisexternos sepalóides e os mais internos petalóides; estames numerosos, em séries contínuas ou separadas,espiraladas, inseridos no interior do tubo oral, às vezes formado por dois grupos, sendo o inferior(que protege a câmara nectarífera) com letes grossos e recurvados para o ápice, acompanhando oestilete, e o grupo superior com letes mais nos e retilíneos; anteras basixas, bitecas, deiscência

longitudinal; ovário geralmente ínfero, unilocular, pluriovular, óvulos com placentação parietal ou basal,campilótropos a anátropos; estigmas lobados, números de lobos igual ao de carpelos. Fruto baga cônicaa subglobosa, carnosa, suculenta, deiscente ou indeiscente, dotada ou não de remanescentes do perianto,pericarpo coberto de escamas, aréolas ou lisos, funículos formando polpa de diversas colorações etexturas, freqüentemente adocicada; sementes numerosas, 1-3,5mm compr., nuas ou cobertas por umarilo esclericado, aladas ou não, globosas a ovóides, tegumento no ou ósseo, com coloração escura acastanha, brilhante ou fosco.

 A família Cactaceae possui cerca de 124 gêneros e 1.438 espécies, distribuídas nas regiõestropicais do Novo Mundo (Hunt et al. 2006), ocorrendo principalmente em áreas quentes e secas. OBrasil é considerado o terceiro maior centro de diversidade das Cactaceae, totalizando 162 espécies

nativas, onde cerca de ¾ destas são endêmicas (Taylor & Zappi, 2004). Até o presente, a famíliaCactaceae está representada nos estados de Pernambuco por 30 espécies subordinadas a 15 gêneros. Naárea de estudo, o gênero mais representativo foi Tacinga .  A maioria das espécies tem ampla distribuiçãono Estado, com exceção Arrojadoa rhodantha  (Guerke) Britton & Rose, ocorrente em Pernambuco nasáreas mais ao Sul e Sudeste. Segundo Taylor & Zappi (2004), a maioria das espécies apresentam ampladistribuição na caatinga, ocorrendo em várias microrregiões de Pernambuco.

HUNT, D. R., TAYLOR, N. P. & CHARLES, G. 2006. The New Cactus Lexicon, (Text & Atlas). Dh books, Milborne Port, U.K.

 TAYLOR, N. P. 1991. The genus Melocactus  ( Cactaceae  ) in Central and South America. Bradleya, 

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FLORA  DE MIRANDIBA  -

9: 1-80.

 TAYLOR, N. P. & ZAPPI, D. C. 2004. Cacti of Eastern Brazil. Royal Botanic Gardens.Kew.

ZAPPI, D. C. Inéd. A família Cactaceae nos Campos Rupestres da Cadeia do EspinhaçoMinas Gerais, Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 1992.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE C ACTACEAE

1. Caules férteis globosos a subglobosos...................................................................... Melocactus zehntneri 

1’. Caules férteis não globosos ............................................................................................................................2

....2’. Flores róseas, vermelhas a alaranjadas, diurnas, menor do que 5cm de compr................................5

3. Árvores, ca. de 5-8m alt.; cladódio 5-6(-7) costelado ........................... ......................... Cereus jamacaru 

3’. Arbustos ou subarbustos, ca. de 1-3m de alt.; cladódio com mais de 7 costelas ...................................4

4. Cladódio 9-11 costelado; ores 7-9cm compr.; polpa funicular purpúrea ........Pilosocereus gounellei 

4’. Cladódio 8 costelado; ores 18-22cm compr.; polpa funicular alva ....................Harrisia  adscendens 

5. Cladódios cilídricos, com ores róseas dispostas em cefálios terminais

ou entre as ramicações  ................................................................................................. Arrojadoa  rhodantha 

5’. Cladódios achatadados lateralmente, com ores vermelhas a alaranjadasdispostas nos ápices dos cladódios terminais  ...................................................................................................6

6. Aréolas com espinhos; ores alaranjadas .............................. ............................... ........ Tacinga  inamoena 

6’. Aréolas sem espinhos; ores vermelhas ............................... ............................... .......Tacinga   palmadora 

17.1. ARROJADOA RHODANTHA (Gürke) Britton & Rose, Cact. 2: 171-172. 1920.Cereus rhodanthus Gürke, Monatsschr. Kakt.-Kunde 18:66. 1908.

 Arbustos álos, 0,6-1,1m alt. Cladódio cilíndrico ou às vezes articulado, pouco ramicado, 11-12 costelados; artículos curtos, geralmente crassos, pouco angulosos, com polpa mucilaginosa; aréolas

armadas, distanciadas de 0,7-0,9cm, entre si, 0,3-0,4cm diâm.; espinhos rígidos em número e tamanhodiferentes; os radiais 6-8, medindo 0,5-1,0cm, cinza ou amarelados; 4-6 espinhos centrais, medindo de1,5-2,1cm compr., aciculares, cinzentos ou dourados. Flores andróginas, isoladas ou agrupadas, sésseis,nascendo de um cefálio apical, inseridas nas articulações ou nos ápices, bastante ornamentais, diurnas,muito vistosas, com 2-2,5cm na antese; perianto cilíndrico, tubuloso, perfeitamente diferenciado emsépalas e pétalas; androceu formado por numerosos estames, com letes longos, inseridos no perianto; anteras globosas, biloculares, pequenas; gineceu constituído de ovário ínfero, unilocular, pluriovular.Fruto baga, deiscente, sucosa, ovóide a alogado-cônica, pequena, com 3,5-4,5x1,3-1,5(-1,7)cm, glabra; exocarpo róseo; mesocarpo mucilaginoso; sementes não expostas, negras e brilhantes, no frutomaduro.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro 74 & M. Alves (UFP); Distrito Vertentes, Fazenda

Baixio Grande, 03.X.2006, Y. Melo et al. 87 (UFP); Baixa Grande, 08.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1671 (UFP);   Estrada para oSítio Areia Malhada, 16.IV.2007, P. Gomes et al. 275 (UFP); Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, Y. Melo et al. 190 (UFP).

Comentários: conhecida popularmente na região como Rabo-de-raposa, espécie endêmica doBrasil, ocorrendo em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Piauí, ocorrendo exclusivamente em poucasáreas na caatinga (Taylor & Zappi 2004), sendo encontrada em solos areno-pedregosos e argilosos. Nomunicípio de Mirandiba, a espécie ocorre com poucos indivíduos habitando áreas de caatinga bempreservadas, em solos areno-pedregosos e geralmente em áreas sombreadas.

17.2. C  EREUS   JAMACARU  DC. subsp. jamacaru , Prodr. 3: 467. 1828. Árvores álas, 3-9m alt. Cladódio multiarticulado, em ramicações candelabriformes, 5-6(-7)

costelados; artículos alongados, geralmente crassos, anguloso-estrelados, com polpa mucilaginosa;aréolas armadas, distanciadas de 2,0-4,0cm, entre si, 0,5-1,0cm diâm.; espinhos rígidos em númeroe tamanho diferentes; os radiais 7-9, medindo 1,0-2,0cm, vermelho-alaranjados ou amarelados; 8-10espinhos centrais, medindo de 1,5-6,0cm compr., aciculares, cinzentos ou dourados. Flores andróginas,isoladas, sésseis, inseridas nos ângulos, laterais, acima das aréolas, bastante ornamentais, noturnas,muito vistosas, com 17-22(-24)cm na antese; perianto infundibiliforme, tubo longo, perfeitamentediferenciado em sépalas e pétalas; androceu formado por numerosos estames, com letes longos,inseridos no perianto; anteras globosas, biloculares, pequenas; gineceu constituído de ovário ínfero,unilocular, pluriovular. Fruto baga, deiscente, sucosa, ovóide, de grande tamanho, com 5-7(-8)x1,5-2,5(-3)cm, glabra; exocarpo vermelho ou róseo; mesocarpo mucilaginoso; sementes expostas, negras e

brilhantes, no fruto maduro.Material examinado: Serra do Tigre, 08.II.2007, Y. Melo et al. 120 (UFP). Comentários: conhecida popularmente na região como Mandacaru, espécie endêmica da

ora brasileira, com ampla distribuição no país. Segundo Taylor & Zappi (2004), é característica da vegetação de caatinga, mas pode ocorrer em áreas de Floresta Atlântica, habitando no Nordeste doBrasil desde o Maranhão até a Bahia. No município de Mirandiba, é uma espécie abundante, com váriosindivíduos habitando áreas de caatinga em solos pedregosos e argilosos.

17.3. H  ARRISIA  ADSCENDENS  (Gürke) Britton & Rose, Cact. 2: 155. 1920. Arbustos álos, 1,5-3m alt. Cladódio pouco articulado, ramicações escandentes, com alguns

pêndulos quando mais velhos; artículos alongados, geralmente crassos, pouco anguloso, costelas quaseimperceptíveis, com polpa mucilaginosa; aréolas armadas, distanciadas de 1,5-2cm, entre si, 0,5-0,8cmdiâm., formando pequenos tubérculos endurecidos; espinhos rígidos em número e tamanho diferentes;os radiais 4-9, medindo 0,2-1cm, de cor cinza; 2-3 espinhos centrais, medindo de 2-4cm de compr.,aciculares, cinzentos. Flores  andróginas, isoladas, sésseis, inseridas nos ângulos, laterais, no centrodas aréolas, bastante ornamentais, noturnas, muito vistosas, com 18-22cm compr. na antese; periantoinfundibiliforme, tubo longo, perfeitamente diferenciado em sépalas e pétalas; androceu formado pornumerosos estames, com letes longos, inseridos no perianto; anteras globosas, biloculares, pequenas; gineceu constituído de ovário ínfero, unilocular, pluriovular;. Fruto baga, deiscente, sucosa, globosa,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

de grande tamanho, com 3-5(-6)x2,5-3,5(-4)cm, areolado; exocarpo vermelho ou púrpura; mesocarpo

mucilaginoso; sementes expostas, negras e brilhantes, no fruto maduro.Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 50 (UFP); Serra do Tigre, 08.II.2007,

Y. Melo et al. 111 (UFP); Amburanas/Alto dos Corr eios, 10.II.2007, M. T. Vital et al. 86 (UFP); 3,5 Km BR Serra Talhada-Salgueiro,

17.IV.2007, L. L. Santos et al. 243a (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 317 (UFP).

Comentários: conhecida popula rmente na região como Rabo-de-raposa, é uma espécie da ora brasileira,exclusiva de caatinga, amplamente distribuída no Nordeste brasileiro (Taylor & Zappi 2004), ocorrendoem abundância e habitando diferentes tipos de solos, inclusive rochosos. No município de Mirandiba,ocorre com muitos indivíduos habitando áreas de caatinga bem preservadas, em solos pedregosos, emáreas abertas ou sombreadas.

17.4. M  ELOCACTUS   ZEHNTNERI  (Britton & Rose) Luetzelb., Estud. Bot. Nordeste 3: 111.1926.

Ervas globosas, mucilaginosas, álas, não ramicadas; 20-30x15-20cm, verde-claro, às vezesglauco, com 10-12 ângulos, dotados de aréolas com 0,7-1,0cm diâm., separadas entre si de 1,0-1,5cm, armadas com 9-10 espinhos, córneos, levemente recurvos, acinzentados ou marrom-avermelhados, de

 vários tamanhos, sendo os inferiores maiores. Cefálio globoso ou cilíndrico, central, terminal, 10-15cmdiâm., revestido por numerosos pêlos róseos, rígidos, onde se aglomeram, de forma espiralada, as ores eos frutos. Flores róseo-esbranquiçadas, pequenas, 1,5-2,0cm compr., quase completamente exsertas docefálio, 2,0-2,5x0,3-1,0cm; androceu formado por numerosos estames, inseridos na fauce do perigônio;letes alargados na base; anteras diminutas, globosas, biloculares; ovário ínfero, diminuto, unicarpelar,

pluriovular; estilete muito delgado; estigma com 4-5 lobos, alvacentos. Fruto baga, alongado-cônica,2,0-2,5x0,5-1cm, rósea na parte superior e esbranquiçada no 1/4 basal, sementes numerosas, diminutas(<0,2cm), globosas, pretas.

Material examinado: Estrada para Serra do Tigre, 10.XI.2007, Y. Melo et al. 110 (UFP).

Comentários: conhecida popularmente na região como Coroa-de-frade, esta espécie endêmicado Nordeste, encontrada principalmente na caatinga e nos campos rupestres da Bahia (Taylor 1991),habitando principalmente os solos rochosos, arenosos e graníticos. Atualmente, tem sido usada emjardinagem e comercializada com ns ornamentais. No município de Mirandiba, esta espécie apresentagrandes populações.

17.5. P ILOSOCEREUS   GOUNELLEI   (F.A.C.Weber) Byles & G.D.Rowley subsp.  gounellei ,Cact. Succ. J. Gr. Brit. 19: 67. 1957. 

 Arbustos eretos ou decumbentes, 0,8-1,8m alt. Cladódios multiarticulados em ramicaçõescandelabriformes, decumbentes; artículos cilíndricos, angulosos, 50-70cm compr., 9-11 costelas; aréolasarmadas, distanciadas entre si de 1-1,5cm; espinhos rígidos, aciculares, cinzentos ou esverdeados, emnúmero e tamanho diferentes: 12-15 radiais, 1-3cm compr.; 1-5 centrais, 3-6cm compr. Flores  deantese noturna, 6-8cm compr., isoladas, sésseis, inseridas nas áreolas, protegida por tricomas sedosos,cinéreos; perianto infundibuliforme, alvo-esverdeado, tubo 3-6cm compr.; letes curtos, inseridos no

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

perianto; anteras subglobosas; pericarpelo 0,6-1cm compr., ovóide. Fruto baga 3-6x4-6cm, suculenta,

subglobosa, deiscente lateralmente; epicarpo glabro, purpúreo; polpa funicular mucilaginosa, purpúrea;sementes ca. 2mm compr., obovóides a cordiformes, expostas no fruto maduro.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 08.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1670 (UFP).

Comentários: conhecida popularmente na região como Xique-xique, espécie endêmica doNordeste do Brasil, ocorrendo desde o Maranhão até a Bahia, com ampla distribuição na caatinga(Taylor & Zappi 2004), sendo encontrada em solos areno-pedregosos e aoramentos rochosos. Nomunicípio de Mirandiba, a espécie ocorre com poucos indivíduos habitando áreas de caatinga bempreservadas ou parcialmente antropizadas.

17.6. T  ACINGA  INAMOENA  (Britton & Rose) N.P. Taylor & Stuppy, Succ. Pl. Res. 6: 119.

2002.Opuntia inamoena   K. Schuman Fl. bras. 4, 2: 306. 1890.Subarbustos  eretos ou decumbentes, 30-60cm alt.. Cladódios  compressos, orbiculares,

ovais ou obovais, 5-13cm compr., 5-12cm larg., verde escuros a verde amarelados, com epiderme não verrucosa; aréolas castanho claras, distanciadas 1-2cm, desprovidas de espinhos, externamente comaparência punctiforme, imersas no cladódio, com secção oval, preenchidas por númerosos gloquídeos,2-3mm, agudos, translúcidos, dotadas de diminutas espículas reexas dispostas aos pares. Flores diurnas, localizadas no ápice dos cladódios terminais, 3,5-4,2cm; pericarpelo globoso, 1,8-2,0cm, verde;segmentos do perianto eretos na antese, (1,5-)1,7-2,2cm, laranja a alaranjados, com ápices apiculados,crassos externamente, ovais, internos obovais, delgados, venulosos; estames numerosos, expostos,

eretos; lobos do estigma exsertos. Frutos 3,5-4,5cm diâm., globoso a depresso globoso, amarelo aalaranjado, polpa funicular translúcida, muitas sementes; sementes 3-3,2mm compr., negras, protegidaspor um arilo esclericado anelar, testa lisa, fosca.

Material examinado: Serra do Tigre, 03.III.2006, K. Pinheiro 49 & M. Alves (UFP); Serra do Tigre, 08.II.2007,

Y. Melo et al. 164 (UFP); Fazenda Tigre, 17 .IV.2007,  M. T. Vital et al. 115 (UFP). Próximo a Serra das Umburanas, 18 .IV.2007, 

D. Araújo et al 254 (UFP). 

Comentários: conhecida popularmente na região como Palma-miúda ou Cambeba, estaespécie é endêmica do Brasil. No Brasil foi registrada para Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe (Taylor & Zappi 2004). No município de Mirandiba,foram registrados vários indivíduos sobre rochas ou em solos pedregosos e áreas abertas. Suas ores

 variam de vermelho a vermelho-alaranjadas. De acordo com Taylor & Zappi (2004), diferencia-se deT. saxatilis  por apresentar aréolas espaçadas, separadas por 1-2cm, cladódios geralmente sem espinhosna maturidade.

17.7. T  ACINGA PALMADORA (Britton & Rose) N.P. Taylor & Stuppy, Succ. Pl. Res. 6: 112.2002.

Opuntia palmadora Bitton & Rose, Cact. 1: 202 (1919).Subarbustos eretos, colunares, 60-140cm alt.. Cladódios compressos, ovais ou obovais, com

base cilíndrica, 10-15cm de compr., 5-8(-10)cm larg., verde escuros a verde-cinéreos, com epiderme

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 verrucosa; aréolas alvas alvo-cinéreas, dispostas em malhas não ortogonal, distanciadas 1-1,6cm, providas

de espinhos, armadas, externamente com aparência estrelada, imersas no cladódio, com secção oval acircular, preenchidas por númerosos gloquídeos, 2-3mm, agudos, dourados a castanhos, mergulhadosno feltro da aréola. Flores diurnas, tubulosas, localizadas no ápice dos cladódios terminais, 2,8-3,3cm;pericarpelo subgloboso a globoso, 1,3-1,5cm, verde; segmentos do perianto eretos na antese, 1,3-1,7cm,

 vermelhos, com ápices apiculados, crassos externamente, ovais, internos obovais, delgados,  venulosos;estames numerosos, geralmente inclusos, eretos; lobos do estigma inclusos. Frutos 2,5-3,5cm diâm.,globoso a depresso globoso,  verde-amarelados a avermelhados, polpa funicular translúcida,  muitassementes; sementes 2,5-3mm compr., negras, protegidas por um arilo esclericado anelar, testa lisa,fosca.

Material examinado: Distrito de Vertente, Fazenda Baixio Grande, 03.X.2006, Y. Melo et al. 88 (UFP).

Comentários: conhecida popularmente na região como Quipapá ou Palmatora, esta espécieé endêmica do Brasil. No Nordeste brasileiro ocorre desde o Rio Grande do Norte até a Bahia, comampla distribuição na caatinga (Taylor & Zappi 2004). No município de Mirandiba, a espécie ocorrecom vários indivíduos habitando áreas de caatinga, em geral aberta, em solos areno-pedregosos ousobre rochas. Suas ores variam de vermelho a vermelho-alaranjadas. Diferencia-se de T. inamoena  porapresentar espinhos, 0,7-1,3cm de comprimento e ores geralmente tubulosas e vermelhas.

18. C APPARACEAE

 Maria Bernadete Costa e Silva 

Ervas,  arbustos ou  árvores, raramente lianas; ramos glabros ou indumentados, inermesou aculeados. Folhas alternas, raro opostas, às vezes pseudoverticiladas, simples ou 1-12-folioladas;estípulas setáceas, espinescentes ou ausentes, nectários extra-orais, quando presentes, na axila dasfolhas. Inorescência em racemos, panículas ou corimbos terminais, ocasionalmente ores solitáriase axilares; brácteas geralmente presentes. Flores bissexuadas, algumas vezes receptáculo cônico, emgeral prolongado em disco ou glândulas nectaríferas; sépalas 4, livres ou unidas na base; pétalas 4, livres,ungüiculadas ou sésseis, freqüentemente imbricadas; estames 6-numerosos, anteras rimosas, leteslivres; ovário 2-carpelar, 1-locular, elevado pelo ginóforo, estilete liforme ou ausente; estigma discóideou capitado. Fruto baga, cápsula folicular ou cerácio, liso ou toruloso, sementes muitas, globosas oucoclear-reniformes, ariladas, testa lisa ou ornamentada, algumas vezes com tricomas.

Está distribuída nas regiões tropicais, subtropicais e temperada, especialmente das Américas, África e Ásia, com cerca de 40 gêneros e 700 espécies. No Brasil, a família está amplamente distribuída,com aproximadamente sete gêneros e 50 espécies, ocorrendo de norte a sul, em todas as regiões

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

togeográcas e habitando preferencialmente áreas abertas em ambiente ruderal, margens de rios

e lugares úmidos ou pedregosos. No Nordeste a família está bem representada, com 21 espécies,distribuídas em quatro gêneros, principalmente no semi-árido, e das quais 10 espécies em dois gênerosforam encontrados em Mirandiba.

COSTA E SILVA, M. B. 1996. Capparaceae. In:   SALES, M. F.; MAYO, S. J. & RODAL,M. J. N. (eds.). Plantas vasculares das orestas serranas de Pernambuco: um checklist da

ora ameaçada dos brejos de altitude de Pernambuco, Brasil.   Universidade Federal Rural dePernambuco (Imprensa Universitária), Recife.

COSTA E SILVA, M. B. 2002. Diversidade e Distribuição da família Capparaceae Juss. noestado de Pernambuco – Brasil. In:  TABARELLI, M. & SILVA, J. M. C. da (orgs.). Diagnóstico ds

Biodiversidade de Pernambuco. SECTMA, Recife. 1: 305-312.EICHLER, A.G. 1865. Capparideae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.). Flora

Brasiliensis, 13(1): 237-344.RUIZ-ZAPATA, T. & ILTIS, H.H. 1998. Capparaceae. In : P. BERRY, B.K. HOLST & K.

 YATSKIEVYCH (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana, 4: 132-157.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE C APPARACEAE

1. Arbustos ou arvoretas maiores que 1,5m alt.;pétalas sésseis,

 nectários orais ou extra orais presentes ......................................................................................................21’ Ervas de altura nunca superior a 1,5-2m, pétalas ungüiculadas, ausência de nectários .......................5

2 . Folhas opostas; corola amarela ................................................................................................Capparis yco

2’. Folhas alternas; corola branca, branco-esverdeada ou creme .............................. ............................... ......4

3. Folhas lineares; fruto bacóide  .......................................................................................Capparis jacobinae 

3’. Folhas elípticas a oval- arredondadas; fruto cápsula folicular ............................. ............................... .......5

4. Estames com letes totalmente brancos; frutos conspicuamente torulosos com apenas uma leira de

sementes ..................................................................................................................................Capparis flexuosa 

4’. Estames com letes com a base rósea a lilás; frutos cilíndricos com duas leiras de sementes

......................................................................................................................................... Capparis coccolobifolia 

5. Plantas de folhas digitadas; brácteas unifolioladas, diferentes das folhas ...................................... ..........6

5’ Plantas de folhas simples ou unifolioladas; brácteas quando presentes iguais às folhas .......................7

6. Flores maiores que 3cm compr.. Pétala pubérula; fruto pubérulo, toruloso, sempre maior que 5cm

compr ........................................................................................................................................... Cleome spinosa 

6’ Flores menores que 2cm compr.; pétala glabra; Fruto glabro, fusiforme não toruloso cerca de 3cm

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

compr ............................................................................................................................................Cleome diffusa 

7. Ervas decumbentes, pubérula-glandulares; folhas ovais a arredondadas ............. Cleome rotundifolia 

7’ Ervas eretas, glabras; folhas liformes a lanceoladas. ................................................................................8

8. Folhas lanceoladas; pecíolo 0,5-1,0cm compr ........................... ............................... ....Cleome lanceolata 

8’. Folhas liformes; sésseis ...............................................................................................................................9

9. Folhas congestas; fruto cilíndrico-linear .......................................................................Cleome guianensis 

9’. Folhas não congestas; fruto oval a arredondado .........................................................Cleome tenuifolia 

18.1. C  APPARIS  COCCOLOBIFOLIA Mart., Fl. bras. 13(1): 253. 1865. Prancha 11, g. C. Arbustos ou árvores, até 8m alt., ramos orais geralmente em zig-zag. Folhas  alternas;

nectário extra-oral intrapeciolar, globoso; lâmina 5-20x1,5-6cm, coriácea, largo-elíptica a largo-ovalou arredondada. Inorescência  racemosa a paniculada, pauciora. Flores  pediceladas; brácteasbrevemente caducas, diminutas; sépalas em dois verticilos, as externas 2, com 5-7x7-9mm, as internas 2,ca. 0,9x1cm, coriáceas, arredondadas, côncavas, branco-amareladas; nectários 4, inseridos no receptáculo;pétalas 1,5-4x1-3cm, obovais levemente côncavas, branca a creme; estames em torno de 100, inseridosnum disco de 1mm compr.; letes 2-4cm compr., brancos a róseos, pilosos na base; anteras creme aamarelo-pálido; ginóforo 3,5-8cm compr.; ovário cilíndrico-cônico, róseo-alaranjado; estigma discóide.Fruto cápsula folicular, 5-15cm compr. e 1,5-2,5cm diâm., superfície rugosa, constricções; sementes ca.45, elipsóides, distribuídas em duas leiras.

Material examinado: Serra do Tigre, 30. III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1175 (UFP).

Comentários: no Brasil é restrita a região Nordeste, preferencialmente na Bahia e emPernambuco. Está associada a vegetações de mata seca. Em Mirandiba foi encontrada em em solosargiloso-arenosos avermelhado e até pedregosos. É interessante mencionar que em solos arenosos, osindivíduos apresentam as ores e folhas maiores e folhas menos coriáceas e mais glabras. O período demaior oração foi de abril a junho enquanto o de fruticação foi de maio a julho. É próxima de Capparis

 exuosa  pelo hábito, tipo de fruto e presença de nectários extra-orais.

18.2. C  APPARIS  FLEXUOSA (L.) L., Sp. pl. 722. 1762.

 Arbustos ou arvoretas, até 9m alt. ramos exuosos, glabros a levemente pubescente. Folhas alternas, dísticas, planas a ligeiramente conduplicadas; nectários extra-orais axilares, globosos,menores que 1mm; lâmina 4-15x2,5-6cm, cartáceo-coriácea, elíptica a oblongo-elíptica e raramenteoval-elíptica, glabra em ambas as faces, face superior nítida, verde-escuro, face inferior opaca, verde-claro. Inorescência racemosa a pseudo-corimbosa, pauciora; brácteas foliáceas semelhante a folhas.Flores pediceladas, sépalas ca. 7-8mm larg., em dois verticilos, sub-coriáceas obovais a arredondadas;nectários orais 4, elípticos a arredondados, mergulhados no receptáculo entre as bases das pétalas;pétalas 1,7-2,3x1-1,5cm, obovais, côncavas, branco-esverdeadas, brevemente caducas; estames 70-130;disco cilíndrico ca. 2x4mm; letes de base ligeiramente dilatada e pilosa, brancos; anteras amarelas;ginóforo 2,5-6cm compr.; ovário alaranjado; estigma discóide. Fruto cápsula folicular, toruloso, l6-

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107- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

30cm compr., verde a castanho com estrias verde-escuras, endocarpo vermelho-vináceo; sementes 15-

30, elipsóides a ovóides, esverdeadasrecoberta por um arílo branco oleginoso.Material examinado: Serra do Tigre, 8. II. 2007, Y. Melo et al. 107 (UFP).

Comentários: no Brasil Capparis exuosa  ocorre em quase todas as regiões, em solos argilosose/ou arenosos. É encontrada em Pernambuco, em todas as zonas togeográcas, incluíndo o

 Arquipélago de Fernando de Noronha, onde apresenta porte arbóreo. Em Mirandiba foi coletada emcaatinga arbustiva densa. Floresce praticamente durante todo o ano e mais intensamente de outubro amaio e é conhecida popularmente como “feijão de boi”.

18.3. C  APPARIS   JACOBINAE  Moric. ex  Eichler in  Mart. Fl. bras. 13(1): 277. 1865.Prancha 11, g. D.

 Arbustos, com 1,5-6m alt., recobertos por tricomas estrelados cremes nos ramos, face inferiordas folhas, pecíolo, inorescência, pedicelo, cálice, disco e base dos estames. Folhas alternas, espiraladas,curto-pecioladas; lâmina 6-14,5x0,5-1,5cm, coriácea, linear a estreito-lanceolada. Inorescência racemosa terminal densiora; bráctea 1, linear-subulada, 1-6mm compr. Flores pediceladas; sépalas emdois verticilos, largo-ovais, côncavas; as duas externas 0,7-1x0,6-0,8cm, as internas 4-6x3-5mm, brancas,levemente indumentadas na porção mediana superior; nectários orais 4, localizados internamente nabase das sépalas, ca. 3x3mm, verde amarronzadas com estrias róseas; pétalas 1-1,2x0,6-0,8cm obovais,sésseis, levemente côncavas, glabras, margem ciliada, brancas a róseas; estames 40-50, inseridos numdisco ca. 1x3mm; letes brancos a rosados; anteras amarelo-clara; ginóforo 1-3cm compr.; ováriobotuliforme, glabro; estigma séssil, discóide. Fruto bacóide 12-15x3-5cm; sementes 13-27, 2-2,3cm

compr., creme.Material examinado: Serra das Umburanas, 10.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1290 (UFP).

Comentários: Capparis jacobinae apresenta distribuição exclusiva no Nordeste do Brasil. Suaocorrência foi conrmada nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia.Em Pernambuco a espécie está bem distribuída especialmente dentro do semi-árido, do agreste ao sertão,em vegetação de matas secas e caatingas arbórea-arbustivas, com solos arenosos e em altitudes acima de310m. Em Mirandiba foi encontrada em solos argilosos a pedregosos. Seus frutos são semelhantes, naforma e tamanho aos de Capparis yco, diferenciando, apenas, por ser glabro e esverdeado e com a polpamais clara. É conhecida popularmente como “icó banana” ou “icó branco”.

18.4. C  APPARIS  YCO  (Mart.) Eichler in  Mart., Fl. bras. 13(1): 272. 1865. Prancha 11, g. A. Arbustos,  2-5m alt., recobertos por indumento estrelado creme amarelado, que reveste

ramos, pecíolo, folhas, inorescências, sépalas, face externa das pétalas, disco, base dos estames,ginóforo e ovário. Folhas opostas, discolores, lâmina 9-23x3-8cm, coriácea, lanceolada a oval oblonga.Inorescência paniculada, bráctea 1, subtendendo cada botão oral, 0,8-1cm compr., linear-subulada.Flores sépalas 1-1,8x4-7mm, reexas, persistentes, amarelas; nectários orais 4, na base das sépalas,3-5x2-4mm, oblongóides; pétalas 1,5-2x0,5-0,7cm, sésseis, obovais-oblongas, amarelas, reexas noterço superior e eretas no restante simulando um tubo; estames 14-16, de tamanhos variados, dispostosno disco, anteras amarelas; ginóforo 3,5-5cm de compr.; ovário 3-5mm de compr., botuliforme, estigma

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

discóide. Fruto bacóide, 6-10x4,5-6cm,ovóide, amarelado; sementes 10-20, envolta em polpa amarela.

Material examinado:Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. Lucena 1454, et al.(UFP).Comentários: distribuição restrita ao Nordeste do Brasil, principalmente Bahia e Pernambuco,

na região semi-árida, às vezes, em “brejos de altitude”, em torno de 880m. Em Mirandiba foi encontradaem vegetação de caatinga hiperxeróla densa de solo arenoso. Floresce e frutica durante todo ano, e éconhecida popularmente, em Pernambuco como “icó preto” ou “icó de cavalo”.

18.5. C  LEOME  DIFFUSA Banks ex  DC., Prod. 1: 241. 1824. Prancha 11, g. G.Ervas, 25-50cm alt.; ramos armados, pubérulo-glandulares. Folha 3-5 foliolada; folíolo séssil,

lanceolado a elíptico, central 1,5-4,5x1,5-2cm, laterais 1-2,7x0,5-1cm. Inorescência em racemoterminal, pauciora; bráctea oval a lanceolata, 1-2,5cmx0,5-1,5cm, persistente, subséssil. Flor zigomorfa;

sépala subulada, linear a lanceolada, 3-5mm compr., verde, patente, decidua; pétala ungüiculada, unha ca.2mm compr.; lâmina oblanceolada, ca. 5x3mm, branca, glabras; disco globoso; estames 6, desiguais, 2 a2, glabros, antera oblonga, amarela; ginóforo ausente a 2mm compr.; ovário fusiforme, 6mm compr.,estigma séssil, discóide. Fruto cerácio fusiforme, agudo a acuminado em ambas as terminações, 0,8-3x0,3-0,5cm, glabro, liso, esverdeado; carpóforo até 1cm; semente piriforme, tricomas sobre pequenascristas transversais e uma das terminações alongada e unida à outra pelo arilo branco.

Material selecionado:  Fazenda Trocão, 16.IV.2007, K. Pinheiro et al. 215 (UFP).

Comentários: Cleome diffusa, com ampla distribuição, é restrita ao Brasil, da Paraíba, a SantaCatarina. É uma planta anual que ocorre em ambientes abertos e terrenos abandonados, tendo sidoencontrado em Mirandiba nas margens da estrada, em solos secos e arenosos. É próxima a Cleome aculeata, 

pelo porte semelhante e diferem pelo número de folíolos que nesta última, é apenas trifoliolada.

18.6. C  LEOME  GUIANENSIS   Aubl., Pl. Guian. 2: 675 1775. Prancha 11, g. I.Ervas eretas, 10-50cm alt., inermes, glabras. Folha séssil, alterna a pseudo-verticilada; folíolo

liforme a estreito-linear, 0,5-3,5x0,1cm. Flor  isolada, axilar; sépala desigual, lanceolada, estreito-eliptica, 2-4x0,6-1mm; pétala espatulada, obovada, 4-6x2-3mm, amarela, glabra; estames 8, desiguais,4 letes de 6-7mm compr., antera 0,8mm compr., 4 estames, aposados, lete 4-5mm compr., anterasestéreis, com a metade do tamanho das férteis, apóse globosa; ovário séssil, fusiforme; estigma difuso.Fruto cerácio cilíndrico toruloso, agudo em ambas as terminações, 2-2,5x0,2-0,3cm, glabro, estiletepersistente; semente obovóide, 1-2x1,3-1,6mm, tuberculada a fortemente transverso rugosa, com

protuberâncias semelhantes a espinhos, uma das terminações longa e pontiaguda.Material selecionado: Cacimba Nova, 3.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1192 (UFP ); Serra das Umburanas,

18.IV.2007. Y. Melo et al. 169 (UFP).

Comentários:  está distribuída desde o México passando por Cuba, Guianas, Colômbia, Venezuela até o Brasil, onde ocorre em todas as regiões exceto a Sul, em elevações de até 1600m, emambientes abertos, margens de estradas, pântanos e leitos secos de rio. Em Mirandiba foi encontradana caatinga arbustiva aberta densa de solo arenoso. Cleome guianensis  é próxima de Cleome tenuifolia  comfolhas semelhantes, diferindo pelas ores grandes e fruto ovalado e inado desta última.

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109- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 11.  Figura A. Capparis yco. Ramo florífero. B. Capparis flexuosa.  Fruto. C. Capparis

coccolobifolia. Fruto. D. Capparis jacobinae. Ramo florífero. E. Cleome spinosa. Ramo florífero. F. Cleome

rotundifolia. Ramo florífero. G. Cleome diffusa.  Ramo florífero. H. Cleome tenuifolia. Hábito. I. Cleome

guianensis. Hábito. J. Cleome lanceolata. Hábito.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

18.7. C  LEOME   LANCEOLATA (Mart. & Zucc.) H. H. Iltis, Brittonia 11: 149. 1959. Prancha

11, g. J.Ervas  eretas, 7-35cm alt. inermes, glabras. Folha  peciolada; estípula diminuta, triangular-

lanceolada; folha lanceolada, 2-3x1-1,5cm, glabra. Inorescência  em racemo terminal ou axilar;bráctea setácea, diminuta, caduca. Flor pendente; sépala subulada, lanceolada, elíptica, 2-3mm compr.;pétala espatulada, oboval, rômbica, ápice 4-6,5x2mm, amarela a alaranjada, glabra; estames 6, quatroletes 4-5mm compr., antera 0,8-1,2mm compr., dois aposados, lete 3-4mm compr., apóse cônica,disciforme; ovário séssil, cilíndrico, estilete persistente no fruto, estigma globoso. Fruto  ceráciofusiforme, longitudinalmente estriado, 1,6-4x0,1-0,4cm, glabro; semente coclear a orbicular, de 1-2mmdiâm., com tubérculos e rugosa transversalmente com saliências cônicas na testa, membrana afundadana abertura.

Material selecionado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007. L. L.Santos 255 et al (UFP).Comentários: ocorre na região Nordeste do Brasil, do Piauí a Bahia, em vegetação de caatinga,

ambientes abertos e solos variados. Em Mirandiba foi encontrada em caatinga herbácea-arbustiva. Éfacilmente reconhecida por seu pequeno porte, por suas folhas lanceoladas e suas ores amarelas,sendo muito próxima de Cleome guianensis, que difere principalmente pela forma das folhas e semente.

18.8. C  LEOME  ROTUNDIFOLIA (Mart. & Zucc.) Iltis, Brittonia, 11: 159. 1959. Prancha 11,g. F.

Ervas decumbentes, prostradas, 10-35cm alt., pubérulo-glandulares. Folha séssil ou subséssil;estípula diminuta; folha oval a suborbicular, 10-30x5-14mm,. Flor isolada na axila da folha; sépala ca.

1mm, pubérula na face externa; pétala unguiculada, unha delgada, oblanceolada, aguda a arredonda,amarela, 7-9x2-3mm; estames 8, de tamanhos diferentes, 4 letes 4-5mm compr., 4 lete aposados,3-4mm compr., apóse estreita, cônica a subsagitada, ca. 0,7m compr., antera 0,5-1,7mm compr.;ovário elíptico, pubescente, estilete persistente no fruto. Fruto cerácio séssil, oval, elíptico puberulo,reexo, 8-14x6-9mm. Semente de forma conduplicada comprimida, apresentando longos acúleos nasupercie ondulada, 3-4x2,5-3,5mm, e totalmente revestida de pequenos tricomas, e com uma dasterminações que se prolonga como um grande espinho.

Material selecionado: Fazenda Vertentes, 19.V.2007, M. C. Pessoa et al 153 (UFP); Estrada para Cacimba Nova,

31.III.2006. K. Pinheiro 103(UFP).

Comentários: possui distribuição restrita ao Nordeste do Brasil. É endêmica em vegetação

de caatinga, ocorrendo do Piauí a Bahia em elevações de 100 a 500m, em solos arenosos a pedregososEm Mirandiba foi encontrada em caatinga arbustiva densa; em solo arenoso. Cleome rotundifolia  é umaespécie facilmente reconhecida por ser a única espécie do gênero com folhas ovais.

18.9. C  LEOME  SPINOSA Jacq., Enum. Pl. Car.: 26. 1760. Prancha 11, g. E.Ervas a subarbustos, até 2,5m alt., ramos armados ou inermes, hirsutos, pubérulos, pilosos a

tomentoso-glandulares.Folha 5-7 folioladas; folíolo lanceolado a oblanceolado, central 5-12,5x0,5-3cm,laterais 1,5-6,5x0,5-1,6cm, pubérulo a piloso nas duas faces. Inorescência em corimbos terminais,0,2-1m compr. Flor hermafrodita, masculina e feminina na mesma inorescência, zigomorfa; bráctea

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111- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

simples, cordiforme a lanceolada; sépala linear a lanceolada, aguda a acuminada, 0,7-1cm compr, verde,

pubérula na face externa; pétala unguiculada, unha 0,9-2cm compr., lâmina 1,5-2x0,4-1cm, pubérula,branca a rosa pálido; disco globoso, obliquamente cônico; estames 6, iguais, glabros, lete 2-6cm compr.,lilás a vermelho escuro, antera 0,7-1cm; ginóforo 3,5-6cm compr.; ovário botuliforme; pubérulo, estigmaséssil. Fruto cerácio cilíndrico a fusiforme, 8-20x0,4cm, reexo, glabro a pubérulo; semente reniforme,ca. 2mm diâm., terminações abertas e algumas cristas transparentes no dorso.

Material selecionado: Vertentes, 07.II.2007, M. F. A. Lucena et al.1662 (UFP); Salinas, 08.X.2006. M. F. A.

Lucena et al. 1628 (UFP); Serra do Tigre, 08.II.2007, Y. Melo et al. 116 (UFP).

Comentários: esta espécie, de ampla distribuição na América, ocorre no Sudeste do México,Indias Ocidentais, passando pela Colombia, Costa Rica, Venezuela, Equador e Bolívia, entrando no Brasilonde ocorre de norte a sul, em elevações de até 1000m, ocorrendo em solos encharcados, próximos a

lagos em leitos secos de rio e margens de estradas. Em Mirandiba foi encontrada na caatinga arbustivaaberta sedimentar; de solo arenoso, alaranjado. Cleome spinosa  é altamente polimórca, apresentando

 variações morfológicas distintas. É próxima de C. hassleriana, da qual difere por esta ter pétalas roseasglabras e fruto curto e pubérulo

18.10. C  LEOME  TENUIFOLIA (Mart. & Zucc.) H. H. Iltis, Brittonia 11: 161. 1959. Prancha11, g. H.

Ervas eretas, 20-40cm alt.; ramo glabros, inermes. Folha séssil; liforme, 15-40x0,4-0,5mm.Flor isolada, axilar; sépala lanceolada, raro oblonga, 4-6x1,2-2mm; pétala espatulada, rombóide, oboval,10-14x4-5mm, branca a amarela; estames 6, 2 maiores, lete 6-9mm compr., 4 aposados com lete

5-7mm compr.; apóse obcônica a esférica; antera 2-2,3mm compr.; ovário séssil, elíptico; estilete0,5-1mm, liforme, persistente no fruto, estigma difuso. Fruto  cerácio, oval a arredondado, inado,9-15x8-10mm, ápice acuminado, base aguda, valva glabra; semente com ornamentação aculeada, 4,5-5x4-4,9mm, pubérula com os tricomas de base larga.

Material selecionado: Serra do Tigre, 03.X.2006. M. F. A. Lucena et al. 1616 (UFP).

Comentários: restrita a região Nordeste do Brasil, em vegetação de caatinga, ocorrendo nosestados de Pernambuco, Bahia e Piaui, em elevações de ca. de 500m, em terrenos arenosos e nos lugaresmais áridos. Cleome tenuifolia  recebeu este nome por causa de suas folhas liformes e delicadas. É muitosemelhante a C. guianensis  por ambas apresentarem folhas liformes, diferindo pelo formato do fruto.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

19. CHRYSOBALANACEAE Juliana Santos Silva & Eduardo Bezerra de Almeida Jr.

Subarbustos, arbustos, árvores ou lianas. Folhas alternas, simples, margem inteira; estípulascaducas ou persistentes; pecíolo freqüentemente com duas glândulas laterais.Inorescências racemosas,paniculadas ou cimosas; brácteas e bractéolas, glândulas, quando presente, sésseis ou estipitadas. Flores hermafroditas, actinomorfas ou zigomorfas, diclamídeas ou raramente monoclamídeas; cálice (4-)5-mero, dialissépalo ou gamossépalo, freqüentemente glandular; corola (4-)5-mera, dialipétala, brancaou púrpura, às vezes, ausente; estames (2-)5-numerosos, às vezes dispostos unilateralmente, letes

liformes, livres ou unidos entre si, anteras pequenas, rimosas, glabras ou pubescentes; disco nectaríferopresente; ovário súpero, geralmente unilocular com 2 óvulos, ou bilocular com um óvulo em cadalóculo; estilete ginobásico, liforme. Fruto drupa, seca ou carnosa; sementes 1-2 por lóculo, carnosas.

Chrysobalanaceae compreende 18 gêneros e cerca de 530 espécies distribuídas,predominantemente, nas regiões tropicais. No Brasil ocorrem sete gêneros e cerca de 250 espécies,a maioria na Amazônia. Tradicionalmente, as Chrysobalanaceae foram associadas às Rosaceae, mas apartir do século XX a maioria dos autores passou a considerar estas famílias distintas. Uma das espéciesde maior destaque em Chrysobalanaceae é o oiti ( Licania tomentosa (Benth.) Fritsch), árvores cultivadaem ruas e praças. Outras produzem frutos comestíveis ( Chrysobalanus icaco L.; Couepia bracteosa  Benth.;

Parinari excelsa  Sabine) ou, ainda, tem sua madeira utilizada na construção civil ( Licania spp. e Parinarispp. ). Os frutos de Couepia longipendula  Pilg. produzem óleo comestível bastante apreciado na regiãoamazônica. Na Flora de Mirandiba registrou-se a ocorrência de Licania rigida.

PRANCE, G. T. 1972. Chrysobalanaceae. Flora Neotropica, 9: 1-409.PRANCE, G. T. 2007. Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Chrysobalanaceae.

Rodriguésia, 58(3): 493-531.

19.1. LICANIA RIGIDA Benth., J. Bot. Hooker 2: 220. 1840. Prancha 12, g. A-D. Árvores, 6-12m alt., lenticeladas. Folhas coriáceas, glabrescente-puberulentas; 10,5-13,5x4,5-

7cm, elípticas, base obtusa, ápice obtuso-mucronulado, eucamptódroma; pecíolo 0,5-1,5cm compr.,puberulento, glândulas -2, sésseis; estípulas ausentes. Inorescência cimosa-paniculada, terminal;címulas 4-5 ores; raque tomentosa, tricomas acinzentados; brácteas e bractéolas 1,5-2mm compr., ovais,tomentosas, persistentes, eglandulares. Flores 2,8-3mm compr., cremes; pedicelo 0,5-1mm compr.,tomentoso; receptáculo campanulado, tomentoso; cálice gamosépalo, lobos 5, agudos, tomentosos;corola dialipétala, pétalas 5, elípticas, puberulentas; estames 10, agrupados, lete densamente velutino;ovário inserido na base do receptáculo, lanoso; estilete viloso. Fruto 2,5-3,5x0,8-1cm, seco, glabro.

Material examinado: Salinas, 4.X.2006, M. F .A. Lucena et al. 1623 (UFP, PEUFR, RB, MO).

Material adicional: PERNAMBUCO: Recife, Dois Irmãos, 1.III.1969, I. Pontual 992 (PEUFR).

Comentários: espécie comum em área de mata ciliar dos cursos de água temporários do

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113- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Semi-Árido nordestino. Caracteriza-se pelo porte arbóreo, inorescências cimosa-paniculadas, cálice

gamosépalo e pelos seus 10 estames. A oiticica, como é popularmente conhecida, tem grande importânciaeconômica e ecológica. O óleo secante extraído de suas sementes é atualmente empregado na indústriade tintas de automóveis, de impressoras, além de vernizes. Em Mirandiba, foram observados poucosindivíduos habitando áreas abertas de caatinga arbustiva, em solo arenoso.

20. COMBRETACEAE

 Maria Iracema Bezerra Loiola 

Ervas, arbustos, árvores e lianas, heliólas, xerólas a halótas. Folha simples, inteira, oposta,alterna, espiralada ou verticilada, peciolada, coriácea a cartácea, glabrescente a cinéreo-pubescente,com ou sem tricoma glandular ou escamoso. Inorescência axilar ou terminal, espiga, panícula ouracemo, com o mesmo padrão de tricoma da folha. Flores 4-5-meras; hipanto inferior aderente aoovário, hipanto superior em tubo curto ou alongado, de forma variável e terminando nos lobos docálice; estames 4-8, raro ausentes, exsertos ou inclusos; disco nectarífero geralmente na base do hipantosuperior; ovário ínfero, unilocular; 2-6 óvulos, apicais, com placentação pêndula. Fruto  geralmenteindeiscente, drupa ou sâmara com 2-5 alas papiráceas a coriáceas; semente 1, endosperma ausente.

Família com distribuição tropical e centros de diversidade na África e Ásia. Compreendecerca de 13 gêneros e 500 espécies, com ocorrência nos mangues, orestas úmidas e regiões semi-áridas. Tradicionalmente Combretaceae tem sido posicionada na ordem Myrtales e estudos molecularesrecentes têm apoiado essa classicação e a monolia da tribo Combreteae que inclui os gêneros

 Quisqualis e Combretum. As espécies de Combretaceae não se destacam pelo valor econômico e poucassão cultivadas como ornamentais. Algumas são referidas pelo seu emprego na medicina popular oupotencial farmacológico; já as sementes de Terminalia   cattapa   L. (castanhola ou chapéu-de-sol) sãoempregadas como alimento na Índia.

EXELL, A. W. 1953. The Combretum  species of the new world. Botanical Journal of theLinnean Society, 55(356): 130-141.

LOIOLA, M. I. B. & SALES, M. F. 1996. Estudos taxonômicos do gênero Combretum  Loe.(Combretaceae R. Br.) em Pernambuco – Brasil. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro,34(2): 173-190.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE COMBRETACEAE

1. Ramos, folhas e inorescências densamente revestidos por indumento

 viloso a seríceo, sendo raro o escamoso; ores 0,5-0,6cm,

hipanto superior raso-cupuliforme; pétalas obovado-espatuladas .................... Combretum hilarianum

1’. Ramos, folhas e inorescências densamente revestidos exclusivamente

por indumento escamoso; ores 3,5-3,8cm, hipanto superior

crateriforme; pétalas suborbiculares a orbiculare ............................... ..................Combretum lanceolatum

 20.1. C OMBRETUM  HILARIANUM  D. Dietr., Syn. Pl. 2: 1303. 1840. Prancha 12, g. E-J. Arbustos escandentes a  arvoretas, 2-3m alt.; ramos, folhas e inorescências densamente

revestidos por indumento viloso a seríceo, sendo raro o escamoso . Folhas 6-7,8cm compr., estreito-elípticas a lanceoladas, base obtusa, levemente obcordada, ápice agudo a caudado, face superior vilosaa serícea, face inferior densamente vilosa. Inorescência racemosa, densiora; eixo dos racemos 3,3-4,2cm compr. Flores 0,5-0,6cm compr.; hipanto inferior fusiforme, externamente tomentoso; hipantosuperior raso-cupuliforme; lobos do cálice deltóides; pétalas obovado-espatuladas, cremes; estames 8;disco nectarífero aneliforme, margem livre, densamente viloso.

Material examinado:  Estrada para o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 111 (UFP, UFRN);Serrotinho, 31.III.2006, M. F. Lucena et al. 1183 (UFP, UFRN); Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. Lucena et al. 1463 (UFP,

UFRN); Várzea do Tiro, 15.VII.2008, K. Pinheiro 904 (UFP); Chacal, 19.VII.2008, K. Pinheiro1066 (UFP)..

Comentários: espécie neotropical com distribuição restrita ao Brasil e Peru, ocorrendo emlocais com altitude variando entre 490-700m, desde capoeira de vegetação secundária a caatinga. Naárea de estudo foi encontrada em área de caatinga arbustiva densa e solo areno-argiloso. É facilmentereconhecida por apresentar indumento viloso a seríceo, além do escamoso, nos ramos e elementosorais, pelo hipanto raso-cupuliforme e pétalas obovado-espatuladas.

 20.2. C OMBRETUM   LANCEOLATUM  Pohl ex  Eichler in  Mart., Fl. bras. 14(2): 10. 1867. Prancha

12, g. L-Q. Arbustos escandentes, 4m alt.; ramos, folhas e inorescências densamente revestidos

exclusivamente por indumento escamoso de contorno irregular, brilhante, transparente a amarelados.Folhas 6,5-10,2cm compr., estreito-elíptica a elíptica, base aguda, ápice agudo a acuminado, cartáceas.Inorescência racemosa, densiora; eixo dos racemos 7,5-10,5cm compr.. Flores 3,4-4cm compr.;hipanto inferior tetrágono, densamente lepidoto na face externa; hipanto superior crateriforme,externamente lepidoto e internamente pubescente; lobos do cálice deltóides; pétalas suborbiculares aorbiculares; estames 8; disco nectarífero protuberante, envolvendo o estilete, com margem completamentelivre, velutino. Fruto 4-alado, vinho a purpúreo; alas subcoriáceas, secas, esparsamente lepidotas.

Material examinado: Salinas, Sítio do Sr. Zildécio, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1619 (UFPE, UFRN).

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Comentários: com distribuição exclusiva na América do Sul (Brasil e Paraguai), ocorrendo

na oresta Amazônica, cerrado e caatinga. Na área de estudo ocorre em caatinga arbustiva aberta comsolo arenoso de coloração amarronzada. Distingue-se pelas ores com hipanto superior crateriforme,pétalas suborbiculares a orbiculares, disco nectarífero protuberante e indumento escamoso transparentea amarelado. Seu interesse econômico se dá no campo da medicina popular, sendo suas cascasconsideradas adstringentes e ainda como planta ornamental.

Prancha 12. Figuras A-D. Licania rigida Benth. A. Ramo. B. Botão floral. C. Flor. D. Detalhe da flor. E-J.

Combretum hilarianum. E. Ramo florífero. F. Botão com bractéola. G. flor. H. Flor em vista

longitudinal. I. Pétalas em vista dorsal e frontal. J. Fruto. L-Q. Combretum lanceolatum. L. Ramo

florífero. M. Botão com bractéola. N. flor. O. Flor com vista longitudinal. P. Pétala em vista dorsal. Q.

Fruto.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 20.3. T HILOA GLAUCOCARPA (Mart.) Eichler in  Mart., Fl. bras. 49(10): 151. 1866.

Material examinado: Fazenda Tigre, 23.VII.2008, K. Pinheiro1180 (UFP); 23.VII.2008, K. Pinheiro 1200

(UFP). Comentários: espécie com distribuição sul-americana e ocorrência em áreas do semi-árido brasileiro. Em Mirandiba, foi encontrada em

apenas uma área de caatinga arbustiva de origem cristalino (solo litólico). Distingue-se pelo hábito arbustivo e as folhas opostas, membranáceas,

 glabras e subsésseis. As amostras da espécie foram coletadas em fase estéril e após a elaboração da monograa. As mesmas referem-se a parte da

dissertação de mestrado de K. Pinheiro em desenvolvimento na área.

21. COMMELINACEAE Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves 

Ervas eretas ou decumbentes, anuais, hermafroditas. Folha com bainha glabra ou pubescente;lâmina oval a elíptica, aguda, acuminada ou aguda a acuminada, equilateral a cuneada ou atenuada,simples, inteira, curtamente peciolada, glabra ou pelo menos ciliada ou ciliolada nas margens.Inorescência laxa ou congesta, inclusa ou exserta, subentendida por bráctea espatácea ou foliácea,pedunculada ou séssil; bráctea glabra ou pubescente. Flor zigomorfa ou actinomorfa, trímera, perfeita,díclina, diclamídea, diplostêmone; sépalas 3, alvas ou verdes, livres ou as duas ventrais unidas; pétalas

3, amarelas ou azuis, livres, a ventral reduzida ou não; estames 3 ou 6, lete glabro, antera oblíqua oudivergente, amarela, estaminódio presente ou ausente, quando presente 3, lete glabro; ovário súpero,trilocular, globoso ou oblongo; estilete curvado ou reto, simples, glabro; estigma lobado ou capitado.Fruto cápsula loculicida.

Família com distribuição ampla nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas de ambosos hemisférios. É formada por cerca de 650 espécies e 41 gêneros, que ocorrem nas mais distintascondições ecológicas. No Brasil estão registrados 13 gêneros e 61 espécies, sendo que para regiãoNordeste a diversidade da família está estimada em oito a nove gêneros e 19 a 24 espécies. A importânciaeconômica da família está principalmente relacionada ao uso ornamental de algumas espécies devido à

bela folhagem e ores que elas apresentam.

BARRETO, R. C. 2005. Commelinaceae. In: WANDERLEY, M. G. L.; SHEPHERD, G. J.;MELHEM, T. S. & GIULIETTI, A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. RiMa,São Paulo, 4: 195-210.

FADEN, R. B. 1991. The morphology and taxonomy of Aneilema  R. Brown (Commelinaceae).Smithsonian Contribution to Botany, 76: 1-187.

HUNT, D. R. 1994. Commelinaceae. In : DAVIDSE, G., SOUSA S., M ., CHATER, A.O. (eds.). Flora Mesoamericana. Disponível em: http://mobot.mobot.org/cgi-bin/search_ 

 vast?FLMANAME=42000348. Acessado em 22. XII. 2007.

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117- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

CHAVE

 PARA 

  AS

 ESPÉCIES

 DE

 COMMELINACEAE

1. Lâmina foliar 2,5-5x0,4-0,7cm; or actinomorfa, sem pétala reduzida,

estaminódio ausente  ..............................................................................................................Callisia filiformis 

1’. Lâmina foliar 7-13x1,5-4,5cm; or zigomorfa, pétala ventral reduzida, estaminódios presentes .......2

2. Lâmina foliar 3,5-4,5cm larg.; inorescência laxa subentendida por

bráctea foliácea ................................................................................................................. Aneilema brasiliensis 

2’. Lâmina foliar 1,5-3,8cm larg.; inorescência congesta subentendida por

bráctea espatácea Commelina obliqua 

 21.1. A NEILEMA BRASILIENSE  C. B. Clarke in  D.C., Monogr. Phan., 3: 225. 1881. Prancha13, g. A.

Ervas eretas, 30-50cm alt.Folha com bainha glabra; lâmina 7-13x3,5-4,5cm, oval a elíptica, agudaa acuminada, atenuada, inteira, peciolada, glabra na superfície e ciliolada nas margens. Inorescência laxa, exserta, subentendida por bráctea folhosa; bráctea 1cm compr., glabra. Flor zigomorfa; sépalas

 verdes, livres; pétalas livres, azuis, a ventral reduzida; estames 3, antera oblíqua, amarela; estaminódios3; ovário oblongo, estilete ca. 3mm, glabro, estigma capitado.

Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 169 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007,

P. Gomes et al. 291 (UFP).

Comentários: segundo Fadden (1991) este é o único representante do gênero na Américado Sul. Em Mirandiba foi encontrada no subosque de caatinga arbustiva densa, sobre solo pedregosoumedecido após as chuvas. É caracterizada pela inorescência laxa muito ramicada e com ramoslongos. Não há indício de que apresente uso econômico na região.

 21.2. C  ALLISIA FILIFORMIS  (M. Martens & Galeotti) D.R. Hunt, Kew Bull. 41: 410. 1986.Prancha 13, g. B.

Ervas  decumbentes, ca. 20cm alt. Folha  com bainha glabra ou pubescente; lâmina 2,5-

5x0,4-0,7cm, elíptica, aguda, atenuada, inteira, séssil, glabra na superfície e ciliada nas margens.Inorescência  laxa, exserta, subetendida por bráctea folhosa, pedunculada; bráctea 1mm compr.,glabra. Flor actinomorfa; sépalas alvas, livres; pétalas amarelas, livres, sem pétala reduzida; estames 6,antera divergente, amarela, estaminódio ausente; globoso, estilete 1mm, reto, estigma lobado.

Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, K. Pinheiro et al. 221 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,

 J. R. Maciel et al. 394 (UFP); Serra do Tigre, K. Pinheiro 148 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. L. Santos et al. 252

(UFP).

Comentários: ocorre do México ao Brasil. Esta espécie é muito freqüente no estrato herbáceoefêmero, sendo indiferente a áreas arenosas ou pedregosas, mas sempre preferindo os ambientes maisabertos. É caracterizada pelo pequeno porte e ores zigomorfas sem estaminódios e com estames de

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

anteras divergentes. Não apresenta indícios de uso econômico na região.

 21.3. C OMMELINA OBLIQUA  Vahl, Enum. Pl. 2: 172. 1805 [1806]. Prancha 13, g C.Ervas  eretas, 30-50cm alt. Folha com bainha pubescente; lâmina 7-13x1,5-3,8cm, oval a

elíptica, acuminada, aequilateral a cuneada, inteira, curtamente peciolada, glabra. Inorescência congesta, inclusa, subentendida por bráctea espatácea, pedunculada; bráctea 2cm compr., pubescente.Flor zigomorfa; sépalas alvas, duas ventrais unidas; pétalas azuis, a ventral reduzida; estames 3, anteraoblíqua, amarela, estaminódios 3; ovário globoso, estilete 8-9mm, curvado, estigma lobado.

Material examinado: Serrotinho, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 454 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro

192 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. Souza 32 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 39

(UFP).

Comentários: amplamente distribuída nos neotrópicos esta espécie é caracterizada, dentre asdemais aqui tratadas, pela inorescência congesta subetendida por uma bráctea espatácea e pelo estiletelongo e curvado. Foi encontrada unicamente no início do período chuvoso, em solo pedregoso earenoso úmidos, em áreas abertas ou fechadas. Não há indícios de que apresente algum uso econômicona região.

  Prancha 13. Figura  A.  Aneilema brasiliensis  Ramo florífero B. Callisia filiformis. Ramo florífero. C.

Commelina obliqua. Ramo florífero.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

22. CONVOLVULACEAE Maria Teresa Aureliano Buril-Vital 

Lianas, ervas ou subarbustos, eretas, prostradas, decumbentes ou estoloníferas, raroarborescentes, holoparasitas ( Cuscuta  ); latescentes.Folha alterna, simples a palmada, séssil a longipeciolada,linear, lanceolada, ovata, cordata, glabra a densamente pilosa, margem inteira a lobada; estípulasausentes. Inflorescência axilar, raro terminal, racemos simples, pauciflora, cimeiras umbeliformes oucapituliformes. Flor diclamídea, actinomorfa, gamopétala, pentâmera, infundibuliforme, campanulada,hipocrateriforme, limbo inteiro a profundamente lobado, lilás, azul, rósea, alva, creme, vermelha (raro),

nervura mesopétala evidente; sépalas 5, livres, ovatas, obtusas, lineares, lanceoladas, rotundas, iguais adesiguais, glabras a densamente pilosas; estames 5, epipétalos, alternos aos lobos da corola; estiletes 1-2,estigmas 2-4 capitados, lineares ou oval-planos; ovário súpero. Fruto cápsula 4-12 valvar.

Convolvulaceae tem distribuição cosmopolita incluindo ca. 2.000 espécies e 50 gêneros. NoBrasil estima-se que ocorram 300 espécies pertencentes a 18 gêneros, sendo Ipomoea , Merremia , Evolvulus  e

 Jacquemontia  os com maior número de representantes. Distribui-se em formações vegetacionais variadas,desde restingas, bordas de matas úmidas e campos abertos. Destaca-se como uma das famílias maisrepresentativas, em número de espécies, na caatinga com dez espécies citadas como endêmicas dessedomínio. Em Mirandiba, Ipomoea carnea  Jacq. (algodão-bravo), de porte arborescente, é cultivada como

ornamental, sendo uma espécie caracteristicamente invasora de pastos além de ser tóxica para o gado.

FALCÃO, J. I. A. Inéd. Considerações sobre a família Convolvulaceae - Rio de Janeiro. Tese de Doutorado. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 1945.

FALCÃO, J. I. A. 1971. Monografia do gênero  Evolvulus L. no Brasil (Convolvulaceae).Rodriguésia, 26(38): 1-90.

MEISSNER, C. F. 1887. Convolvulaceae. In : MARTIUS, C. Flora Brasiliensis, 7: 451.O’DONEEL, C. A. 1941. Revisión de las especies americanas de Merremia  (Convolvulaceae).

Lilloa, 6: 467-554.SIMÃO-BIANCHINI, R. Inéd. Ipomoea  L. (Convolvulaceae) no Sudeste do Brasil. Tese

de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 1998.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE CONVOLVULACEAE

1. Plantas parasitas ...............................................................................................................................................2

1’. Plantas não parasitas ........................................................................................................................................3

2. Sépalas cupulares, lobos agudos ......................................................................................... Cuscuta globosa 

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120

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

2’. Sépalas cupulares, lobos orbiculares ..........................................................................................Cuscuta sp.

3. Estiletes 2 ...........................................................................................................................................................4

3’. Estilete 1 ............................................................................................................................................................8

4. Ervas eretas ........................................................................................................................................................5

4’. Ervas decumbentes ou reptantes ..................................................................................................................6

5. Folhas ovadas .................................................................................................................... Evolvulus linoides 

5’. Folhas oblongas ................................................................................................................... Evolvulus filipes 

6. Folhas sésseis ................................................................................................................... Evolvulus barbatus 

6’. Folhas não sésseis ............................................................................................................................................77. Folhas ovadas ........................................................................................................................ Evolvulus tenuis 

7’. Folhas lanceoladas ....................................................................................................... Evolvulus saxifragus 

8. Estigmas alongados, cilíndricos ............................................................................... Jacquemontia confusa 

8’. Estigmas não cilíndricos .................................................................................................................................9

9. Estigmas oval-planos .....................................................................................................................................10

9’. Estigmas globosos, capitados ............................... ............................... ............................... ......................... 13

10. Florescências tipo racemo com 1-3 ores ............................... ............................... ............................... .. 11

10’. Florescências tipo cimeira contracta, muitas ores ........................... ............................... ..................... 12

11. Ervas pilosas, folhas lanosas ......................................................................... Jacquemontia evolvuloides 

11’. Ervas pilosa, folhas muricadas ............................... ............................... ............... Jacquemontia gracilis 

12. Sépalas interiores menores que as exteriores ........................... ....................... Jacquemontia multiflora 

12’. Sépalas interiores e exteriores do mesmo tamanho.................................... Jacquemontia grandiflora 

13. Caule e pecíolo alados ......................................................................................................Operculina alata 

13’. Caule e pecíolo não alados ............................ ............................... ............................... .............................. 14

14. Anteras retorcidas após a antese .............................. ............................... ............................... ................... 15

14’. Anteras não retorcidas após a antese ............................ ............................... .............................. .............. 16

15. Tricomas densos, dourados por toda a planta, muito densos no cálice ............... Merremia aegyptia 

15’. Tricomas esparsos, curtos por toda a planta ........................... ............................... .. Merremia cissoides 

16. Hábito arbustivo ereto ....................................................................................................... Ipomoea carnea 

16’. Hábito herbáceo ou subarbustivo decumbente, volúvel.............................................. ......................... 17

17. Ervas ou subarbustos reptantes ou decumbentes .............................. ............................... ..................... 18

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121- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

17’. Trepadeiras ...................................................................................................................................................19

18. Folhas reniformes ..........................................................................................................Ipomoea asarifolia 

18’. Folhas cordadas ............................. ............................... ............................... ................Ipomoea procurrens 

19. Genitália exserta ...........................................................................................................................................20

19’. Genitália inserta ..........................................................................................................................................22

20. Inorescência reduzidas a 1 ou 2 ores ....................................................................... Ipomoea coccinea 

20’. Inorescências tirsóides ou cimeiras truncadas ............................. ............................... ......................... 21

21. Sépalas exteriores menores que as interiores ............................. ............................... ...... Ipomoea tubata 

21’. Sépalas interiores e exteriores do mesmo tamanho................................................. Ipomoea marcellia 22. Folhas lobadas ............................ ............................... ............................... ............................... ..................... 23

22’. Folhas inteiras ............................ ............................... ............................... ............................... ..................... 27

23. Folhas levemente lobadas, séplas herbáceas .............................. ............................... ..............Ipomoea nil 

23’ Folhas profundamente lobadas, sépalas membranáceas a coriáceas .............................. ...................... 24

24. Folhas pilosas ................................................................................................................ Ipomoea blanchetii 

24’. Folhas glabras ............................ ............................... ............................... ............................... ..................... 25

25. Folhas apenas 3-lobadas em um indivíduo ........................... ............................... .... Ipomoea dichotoma 

25’. Folhas 3-5-7-lobadas em um indivíduo ........................... ............................... ............................... .......... 26

26. Sépalas externas ovata-lanceolada, internas ovais ............................ ............................ Ipomoea digitata 

26’ Sépalas iguais, lanceoladas .................................................................................................... Ipomoea rosea 

27. Sépalas pubescentes ............................... ............................... ............................... ............................... ......... 28

27’. Sépalas glabras ........................... ............................... ............................... ............................... ..................... 29

28. Sépala coriácea ..............................................................................................................Ipomoea subincana 

28’ Sépala membranáceas ............................. .............................. ............................... ............. Ipomoea discolor 

29. Sépalas exteriores menores que as interiores .............................. ............................... .Ipomoea bahiensis 

29’. Sépalas interiores do mesmo tamanho das exteriores .......................... ............................... .................. 30

30. Sépalas obtusas <0,5cm compr ..................................................................................Ipomoea brasiliana 

30’. Sépalas rotundatas >0,5cm compr ............................. ............................... ............Ipomoea macrophylla 

 22.1. C USCUTA GLOBOSA Ridl., J. Linn. Soc., Bot. 27: 48. 1890. Prancha 14, fig. C.Holoparasitas, caule delgado, volúvel, amarelado, glabro; látex hialino. Áfilas. Inflorescência

tirso, florescências parciais glomérulos com muitas flores. Flores muito pequenas, brancas; sépalas

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122

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

cupulares, ovais, agudas, glabrescentes, lobos do mesmo tamanho; corola pentâmera, base imbricada;

estames 5, anteras de deiscência longitudinal; estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsula globosa,4-valvar.

Material examinado: Serrotinho, 15.IV.2007, P. S. Gomes et al. 294 (UFP).

Comentários:  Cuscuta globosa é considerada uma espécie endêmica da caatinga comdistribuição restrita a poucos ambientes do Domínio. O gênero Cuscuta  é bastante confundido comCassyta   (Lauraceae), também holoparasita, mas podem ser diferenciados pelas anteras de deiscência

 valvar da última.

 22.2. C USCUTA  SP . Holoparasitas, caule filiforme, volúvel, amarelado, glabro; látexnão obsErvasdo.  Áfilas. Inflorescência  umbelado-paniculadas com muitas flores. Flores  muito

pequenas, brancas; cálice tubular, ápices arredondados, orbiculares, glabrescentes; corola pentâmera,hipocrateriforme; estames 5, anteras brancas de deiscência longitudinal, estilete 1, estigmas 2, capitados.Fruto cápsula globosa, 4-valvar.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 17.IV.2008, Y. Melo et al. 184 (UFP).

 22.3. E VOLVULUS  BARBATUS  Meisn. in Mart. Fl. bras. 7: 351. 1869.Ervas  reptantes, pilosas. Folhas  ovatas, agudas, margem inteira, densamente lanulosas,

membranáceas, lâmina 6-8x4-5mm, sésseis, internós muito curtos. Flores  isoladas, axilares, azuis;sépalas iguais entre si, linear, aguda, seríceas, ca. 3mm compr.; corola hipocrateriforme, glabra; estiletes2, cada um com 2 estigmas lineares e com o dobro do tamanho da corola; estames 5, mesma altura,alternos aos lobos da corola. Fruto cápsula 4-valvar.

Material examinado: Serrotinho, 09.II.2007, M. T. Vital et al. 79 (UFP, HUEFS); São Gonçalo, 11.VII.2008,

K. Pinheiro 807 (UFP).

Comentários: Ocorre preferencialmente em solos arenosos, sob outros pequenos arbustos.Caracteriza-se principalmente pelas folhas densamente lanulosas e pelos estigmas com o dobro dotamanho da corola.

 22.4. E VOLVULUS  FILIPES  Mart., Flora 24(2): 100. 1844.Subarbustos eretos, caule delgado, parcialmente piloso; látex ausente. Folhas oblongas, ápice

obtuso, base oblíqua, margem inteira, lanosas, tricomas curtos, lâmina 9-23x4-5mm; pecíolo 1mmcompr. Inflorescência racemos simples, 1-2 flores; pedúnculo 1,7-2,4cm compr. Flores  pequenas,azuis; sépalas ovais, base arredondada, ápice agudo, tricomas esparsos, 1-1,5mm compr.; corolainfundibuliforme, áreas mesopétalas alvas, glabras, ca. 3mm; estames 5, anteras brancas de deiscêncialongitudinal, estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsula globosa, 4-valvar.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 233 (UFP, IPA); Fazenda Tigre, 17.IV.2007,

 M. C. Pessoa et al. 121 (UFP, HUEFS); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 124 (UFP, IPA, HUEFS).

Comentários:  comum em áreas de clareiras ou antropizadas. Possui elevado potencialornamental.

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123- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 22.5. E VOLVULUS   LINOIDES  Moric., Pl. Nouv. Amer.:139. 1844.

Subarbustos eretos, caule delgado, piloso. Folhas simples, alternas, lanceoladas, base linear,margem inteira, revoluta, membranácea, glabras, lâmina 1,5-2x1-1,5cm, face abaxial densamente serícea,sésseis; brácteas lineares ca. 1cm compr. Inflorescência racemos axilares, 1-2 flores, pedúnculo 0,6-1cm compr. Flores  6-8mm compr., liláses; sépalas ovadas, agudas, ciliadas, iguais entre si; corolainfundibuliforme, profundamente lobada, glabra; estames 5, mesma altura, alternos aos lobos da corola;estilete 2, cada um com 2 estigmas lineares. Fruto cápsula 4x4mm.

Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 413 (UFP).Comentários:  Evolvulus linoides é bastante semelhante a E. linarioides , sendo bastante comum

na caatinga pernambucana, diferindo desta pelas folhas menores, de margem revoluta e fortementediscolores.

 22.6. E VOLVULUS  SAXIFRAGUS  Mart., Flora 24: 2. 1841.Ervas  decumbentes, glabras. Folhas  simples, alternas, lanceoladas, margem inteira,

membranácea, glabras, lâmina 3-6x2-2,5cm, subsésseis. Inflorescência  racemos axilares, 1-2 flores,pedúnculo 0,5-1,2cm compr. Flores 4-5mm compr., azuis; sépalas ovais, agudas, ciliadas, iguais entre si;corola infundibuliforme, glabra; estames 5, mesma altura, alternos aos lobos da corola; estilete 2, cadaum com 2 estigmas lineares. Fruto cápsula.

Material examinado: Serra do Tigre, 16.IV.2007, K. Pinheiro et al. 213 (UFP).

 22.7. E VOLVULUS  TENUIS  Mart. ex  Choisy., Convolv. Diss. Sec.: 156. 1837. Prancha 14, figD-E.Subarbustos  decumbentes, densamente pilosos nas regiões mais jovens. Folhas  alternas,

ovado-lanceoladas, base rotunda, ápice agudo, margem inteira, lanulosas, membranáceas, lâmina9-13x12-13mm; pecíolo 1-2mm compr. Inflorescência racemo com 1-3 flores, 3-4 brácteas lanceoladasna base do pedúnculo axial. Flores ca. 8mm compr., azuis; sépalas iguais entre si, lineares, pilosas, ca.4mm compr.; corola hipocrateriforme, pouco lobada, glabra; estames 5, alternos aos lobos da corola,do mesmo tamanho; estiletes 2, cada um com 2 estigmas lineares e com o dobro do tamanho da corola.Fruto cápsula, globosa.

Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 160 (UFP).

Comentários:  Evolvulus tenuis  é agrupada na seção Alsinoidei podendo ser confundida com E. pohlii . As duas podem ser separadas pelo número de flores por pedúnculo, tendo a última apenas uma.Entretanto, apesar de E. tenuis  ser encontrada com até 3 flores por pedúnculo, a situação mais comumé ter também apenas uma. Desta forma, um segundo caráter que diferencia as duas espécies é a formadas sépalas, lanceoladas em E. pohlii  e lineares em E. tenuis .

 22.8. I POMOEA  ASARIFOLIA Roem & Schult., Syst. Veg . 4: 251. 1819.Subarbustos, reptantes, glabros; látex alvo. Folhas alternas, reniformes, base cordada, ápice

obtuso, margem inteira, glabras ou pouco pilosas na face adaxial, lâmina 5-7,5x7,5-10cm; pecíolo 5-6cmcompr., glabro, liso; nectários em depressões.  Inflorescência cimeira dicasial, 3-7 flores, pedúnculo

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124

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

1,5-3cm compr. Flores grandes, róseas; sépalas externas ovais, subcoriáceas, rugosas, internas elípticas,

lisas, maiores duas vezes que as externas; corola infundibuliforme, 7,5-8cm compr., região mesopétalaglabra; estames 5, heterodínamos; estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsula, subglobosa, glabra.

Material examinado:  Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M.T. Vital et al. 103 (UFP, HUEFS); Fazenda Tigre,

03.X.2006, M.F.A. Lucena et al. 1615 (UFP, IPA, HUEFS); Serra do Tigre, 08.II.2007, Y. Melo et al. 114 (UFP).

Comentários:  conhecida popularmente como “salsa”, “salsa-brava”, “salsa-da-rua”,em Mirandiba ocorre principalmente próxima aos leitos dos riachos ou regiões alagadas. Pode serconfundida com I. pes-caprae  que se diferencia principalmente pelas sépalas quase iguais entre si emtamanho e forma.

 22.9. I POMOEA BAHIENSIS  Willd ex Roem & Schult. Syst. Veg. 4: 789. 1819.

Ervas volúveis, glabras; látex reduzido, hialino. Folhas alternas, ovais, base cordada, ápiceacuminado, margem inteira, glabrescentes, membranáceas; pecíolo 5-7cm compr., glabro; nectáriosem depressões perfuradas. Inflorescência tirso frondoso, inflorescências parciais cimeiras contractas,umbeliformes, 5-7. Flores vistosas, roxas, fauce vinácea; sépalas externas ovais, cartáceas, margem maisclara, glabras, sépalas internas oblongas, glabras, maiores que as externas; corola infundibuliforme, tuboca. 4,2-5cm compr.; estames 5, didínamos; estilete 1, ca. 1,5cm, estigmas 2, globosos. Fruto cápsulaovóide, glabra.

Material examinado: Serra do Tigr e, 17.IV.2007, E. Córdula et al. 234 (UFP); Fazenda Baixa Grande, 03.X.2006,

 M. F. A.Lucena et al. 1601 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro 160 (UFP).

Comentários: espécie muito comum na paisagem da caatinga, ocorrendo inclusive em áreas

antropizadas, como em Mirandiba. Ipomoea bahiensis  apresenta um grande polimorfismo foliar. Na áreade estudo ocorre ainda a variedade I. bahiensis   var. sagittifolia  que diferencia-se principalmente pelospecíolos mais curtos, as folhas sagitadas e inflorescência do tipo cimeira com poucas flores (3-5). Estasubespécie está mais amplamente distribuída na caatinga.

 22.10. I POMOEA BLANCHETII  Choisy. in DC., Prodr. 9: 387. 1845Lianas, caule anguloso, glabra; látex hialino. Folhas 3 a 5-lobadas, lobos obtusos, ápice agudo,

margem inteira, pilosas, 4-6cm compr.; pecíolo longo 5,5-6cm compr., liso, glabro. Inflorescênciacimeira 2-3 flores, pedúnculo 6-7mm compr. Flores roxas, ca. 4cm compr.; sépalas internas e externasiguais, ou levemente desiguais em tamanho, obtusas, coriáceas, margem lisa; corola campanulado-

infundibuliforme, glabra, fauce mais escura; estames 5, didínamos; estilete 1, estigmas 2, capitados.Fruto não observado.

Material examinado: Serra do Tigr e, 18.IV.2007, K. Pinheiro et al. 238 (UFP, HUEFS).

Comentários: dentre as espécies de Ipomoea com folhas lobadas ocorrentes em Mirandiba,I. blanchetii   é reconhecível principalmente pelas sépalas obtusas e iguais ou levemente desiguais emtamanho.

 22.11. I POMOEA BRASILIANA Meisn., Sp. Pl. 1: 159-162. 1753.Lianas, glabrescentes; látex alvo. Folhas  alternas, ovais, base cordada, ápice obtuso,

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125- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

margem inteira, face adaxial escura, vilosa, face abaxial alva, lanosa; pecíolo 4-4,2cm compr., lanoso.

Inflorescência tirso frondoso, inflorescências parciais dicásios com 1-3 flores; pedúnculo 5,1-5,6cmcompr. Flores vistosas, róseas com fauce roxa; sépalas externas ovado-oblongas, pouco maiores queas internas, glabras, subcoriáceas; corola infundibuliforme, glabra; estames 5, didínamos; estilete 1,estigmas 2, capitados. Fruto cápsula, globosa, glabra, sépalas persistentes, acrescentes

Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. S. Silva et al. 162 (UFP, IPA); Fazenda Tigre, 17.IV.2007,

L. G. R. Souza et al. 12 (UFP); Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, L. G. R.Souza et al. 06 (UFP).

Comentários: Ipomoea brasiliana  é considerada uma espécie endêmica da caatinga, com ampladistribuição no bioma. Dentre as espécies ocorrentes em Mirandiba, pode ser confundida com I.subincana (Choisy) Meisn. principalmente pelo hábito, mas as espécies podem ser diferenciadas pelapresença de tricomas densos nas sépalas da última.

 22.12. I POMOEA CARNEA  Jacq. ssp. FISTULOSA (Mart. ex  Choisy) D.F. Austin, Enum. Syst.Pl.: 13. 1760.

 Arbustos eretos, 1-2m alt., caule fistuloso, lanuloso; látex abundante, alvo. Folhas alternas,lanceoladas, base cordada a sagitada, ápice acuminado, margem inteira, faces abaxial e adaxial pubérulas,lâmina 11-13x3-6cm; pecíolo 3-4cm compr., lanuloso. Inflorescência  tirsos,  axilares ou terminais,inflorescências parciais cimeiras, dicasiais, corimbiformes, com até 16 flores; pedúnculo 7-8,2cm. Flores 7-7,5cm, róseas, tubo purpúreo; sépalas ovais, glabras, subcoriáceas; corola infundibuliforme, áreasmesopétalas pilosas; estames 5, didínamos; estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsulas ovóides,pilosas.

Material examinado: Fazenda Tigre, 03.X.2006, M. F. A.Lucena et al. 1725 (UFP, IPA, HUEFS); FazendaTigre, 17.IV.2007, M. T. Vital et al. 102 (UFP, IPA); Fazenda Tigre, 08.II.2007, M. T. Vital et al. 64 (UFP, IPA, HUEFS).

Comentários: em Mirandiba, I. carnea  é cultivada na Fazenda Tigre e conhecida localmentecomo “algodão-bravo”, é ainda conhecida como “mata-cabra” e “mata-pinto” por ser tóxica paraanimais em criadouro. É a única espécie de Convolvulaceae com porte de arvoreta presente na área deestudo. Deve-se salientar que esta espécie faz parte de um complexo composto por I. carnea ssp. carneae I. carnea ssp. fistulosa podendo ser diferenciadas pela forma da folha, ovais na primeira e lanceoladasna segunda.

 22.13. I POMOEA COCCINEA L., Sp. Pl. 1: 160. 1753.

Lianas, caule cilíndrico, glabro; látex hialino. Folhas  alternas, ovais, base cordada,ápice acuminado, margem inteira, glabras, lâmina 5,5-6x4-4,5cm; pecíolo glabro 4,5-5cm compr.Inflorescência cimeira, axilares, 1-3 flores; pedúnculo 8-9,6cm compr., glabro. Flores  vermelhas;sépalas rotundas, iguais entre si; corola hipocrateriforme, tubo longo e cilíndrico, estreito, 2,9-3,2cmcompr.; estames 5, mesma altura, exsertos; estilete 1, estigmas 2, capitados, exsertos. Fruto cápsulaglobosa; sementes esparsamente pilosas.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A.Lucena et al. 1449 (UFP, IPA).

Comentários: Ipomoea coccinea  é facilmente reconhecida no campo por suas flores vermelhaspequenas, de tubo longo e cilíndrico e androceu e gineceu exsertos.

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126

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 22.14. I POMOEA DICHOTOMA H.B.K., Nov. Gen. Sp. 3: 112. 1818.

Lianas, caule anguloso, estriado, glabro; látex ausente. Folhas alternas, trilobadas, lobo centralagudo, glabras, lâmina 8,5-11cm compr.; pecíolo mais longo que o pedicelo, glabro. Inflorescência tirso,frondoso, florescências parciais cimeiras corimbiformes multiflora, 3-7 flores; pedúnculo curto, 0,7-1cm compr., glabro. Flores sépalas ovais, base cuneada, ápice mucrunado, diferentes entre si, externasmenores, 0,8-1cm, internas pouco maiores, 1-1,2cm; corola infundibuliforme, rósea, 3,8-4,5cm compr.;estames 5, mesma altura; estilete 1, estigmas 2 capitados. Fruto cápsula globosa, glabra.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 288 (UFP).

Comentários: Ipomoea dichotoma   foi sinonimizada com Ipomoea ramosissima . O espécimeanalisado assemelha-se bastante à I. dichotoma  var. longiflora .

 22.15. I POMOEA DIGITATA L., Syst. Nat.: 924. 1759.Lianas, caule cillíndrico, piloso; látex alvo. Folhas  5-7 lobadas, lobos lanceolados, ápice

obtuso, glabras, ca. 4,5cm compr.; pecíolo ca. 3,5cm compr., viloso. Inflorescência tirso, compostopor cimeiras monocasiais axilares, por vezes flores isoladas; pedúnculo 1,5-2,2cm compr., viloso. Flores róseas, fauce alva; sépalas externas ovata-lanceolada, internas ovais; corola campanulada, 2-2,3cmcompr.; estames 5, heterodínamos; estilete 1, estigma 2 capitados. Fruto cápsula globosa, 4-valvar.

Material examinado: BR Serra Talhada-Salgueiro, 17.IV.2007, L. L.Santos et al. 239 (UFP).

 22.16. I POMOEA DISCOLOR  (Kunth) G. Don., Gen. Hist. 4: 270. 1838.

Lianas, pubescentes; látex alvo. Folhas alternas, ovais, base cordada, ápice obtuso, margeminteira, face adaxial muricada, escura, abaxial densamente vilosa, clara; pecíolo pubescente, 1,5-3,5cmcompr. Inflorescência tirso, composto por florescências unifloras axiais. Flores roxas; sépalas iguaisentre si, membranáceas, oblongo-lanceoladas, densamente vilosas; corola infundibuliforme, glabra;estames 5, heterodínamos; estilete 1, estigma 2, capitados. Fruto  cápsula globosa, esparsamente

 vilosa.Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A.Lucena et al. 1460 (UFP).

 22.17. I POMOEA  MACROPHYLLA Choisy. in DC., Prodr. 9: 374. 1845.Lianas, crassas, glabras; látex hialino. Folhas  alternas, ovais, base cordada, ápice agudo,

margem inteira, glabra ou esparsamente pilosa; pecíolo menor que o pedúnculo, ca. 2cm compr., glabro.Inflorescências cimeira, dicotômica, pauciflora; pedúnculo ca. 5cm. Flores vistosas, roxas; sépalasovais, ápice rotundo, coriáceas, glabras, interiores pouco menores; corola infundibuliforme, ca. 9cmcompr.; estames 5, heterodínamos; estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto não observado.

Material examinado: Fazenda Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 189 (UFP).

 22.18. I POMOEA  MARCELLIA Meisn., in Mart., Fl. bras. 7: 257. 1869.Lianas, densamente lanosas; látex escasso, hialino. Folhas alternas, ovais, base cordada, ápice

agudo, margem inteira, lâmina 10-10,5x9-9,7cm, densamente lanosa em ambas as faces; pecíolo 3,5-4cm compr. lanoso. Inflorescência tirso, truncado, inflorescências parciais cimeiras, monocasiais;

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127- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

pedúnculo longo, 24-32cm compr., densamente lanoso. Flores alvas; sépalas iguais entre si, obtusas,

densamente lanosas, membranáceas; corola infundibuliforme, tubo levemente anguloso, cilíndrico, 3,7-4,1cm; estames 5, mesma altura, exsertos; estilete 1, estigmas 2, capitados, exsertos. Fruto cápsula,ovóide, esparsamente pilosa.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1431 (UFP, IPA, HUEFS); Serra do

Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro 176 (UFP).

Comentários: Ipomoea marcellia  é uma espécie endêmica da Caatinga, inicialmente conhecidaapenas para Pernambuco, apresenta ampla distribuição no domínio. É reconhecida principalmente pelapresença de tricomas densos e alvos tanto nas folhas quanto nas f lores.

 22.19. I POMOEA  NIL (L.) Roth., Catal. Bot. 1: 36. 1797.

Lianas, caule cilíndrico, hirsuto, tricomas dourados. Folhas subtrilobadas, ovais, base cordada,ápice acuminado; pecíolo 6-8,5cm compr., hirsuto. Inflorescência tirso  frondoso, inflorescênciasparciais cimeiras umbeliformes, 1-3 flores; pedúnculo axilar 6,5-8cm compr. Flores azuis, fauce alva;sépalas externas lanceoladas, acuminadas, membranáceas, hirsutas, tricomas eretos, longos na base,sépalas internas iguais, lanceoladas, margem ciliada, glabrescentes; corola infundibuliforme, glabra,5-5,5cm compr.; estiletes 5, heterodínamos, estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto não observado.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 118 (UFP, IPA); Fazenda Baixa Grande,

19.IV.2007, M. T. Vital et al. 129 (UFP, IPA, HUEFS); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. T. Vital et al. 101 (UFP, IPA); Fazenda

Tigre, 17.IV.2007, L. G. R.Souza et al. 11 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 114 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006,

K. Pinheiro et al. 111 (UFP); Ser ra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1443 (UFP, IPA, HUEFS); Fazenda Tigre, 30.V.2006,

 E. Córdula et al. 53 (UFP).Comentários: popularmente conhecida como “campainha”, é encontrada principalmente em

áreas de capoeira ou de pasto e tem elevado potencial ornamental.

 22.20. I POMOEA PROCURRENS  Meisn. in  Mart., Fl. bras. 7: 254, tab. 93 (2). 1869.Ervas decumbentes, estoloníferas, caule levemente anguloso, volúvel, glabro; látex ausente.

Folhas alternas, oblongas, base subcordada, ápice agudo, margem inteira, glabras, lâmina 4-4,5x3,8-4cm; pecíolo 2-2,3cm compr., glabro. Inflorescência tirso, frondoso, florescências parciais cimeirasdicasiais truncadas; pedúnculo 4-4,3cm compr. Flores  roxas, 5,8-6,6cm compr.; sépalas externasoblongas, coriáceas, rugosas, menores, internas ovais, acuminadas; corola infundibuliforme, glabra;

estiletes 5, heterodínamos, estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsula, ovóide, glabro.Material examinado: Fazenda Tigre, 30.V.2006, E. Córdula et al. 52 (UFP, IPA, HUEFS).

 22.21. I POMOEA ROSEA Choisy. in  DC., Prodr. 9: 384. 1845.Lianas, caule cilíndrico a anguloso, volúvel, glabro. Folhas digitadas, 3-5 folíolos, folíolos

lanceolados, ápice agudo a acuminado, margem inteira, glabras, lâmina 4-4,6cm compr., muricadas;pecíolo glabro, 1,5-2,3cm compr. Inflorescência tirso, frondoso, florescências parciais cimeirasdicasiais bastante ramificadas; pedúnculo 3-3,5cm. Flores vináceas; sépalas iguais entre si, lanceoladas,ápice acuminado, glabras, membranáceas; corola campanulada, tubo estreito, 6-6,5cm compr.; estames

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

5, didínamos; estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto cápsula, ovóide, glabro.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 113 (UFP); Várzea do Tiro, 15.VII.2008, K.Pinheiro 914 (UFP).

 21.22. I POMOEA SUBINCANA Meisn., Prodr. 9: 325. Prancha 14, fig. F-G.Lianas, caule cilíndrico, lanoso, tricomas acizentados; látex hialino. Folhas  alternas, ovais,

base cordada, ápice agudo a acuminado, margem inteira, face abaxial densamente lanosa, tricomasacizentados, tricomas esparsos na face adaxial, lâmina7,9-9,5x7,6-7,8cm; pecíolo 2,9-4,1cm compr.,lanoso. Inflorescência tirso, frondoso, florescências parciais racemos, paucifloras, pedúnculolanoso 6-7cm compr. Flores grandes, roxas, fauce do tubo mais escura; sépalas externas ovais, basearredondada, ápice arredondado a agudo, densamente lanosas, tricomas acizentados, sépalas internas

iguais em forma, pouco maiores; corola subinfundibuliforme, 7-7,5cm compr.; estames 5, didínamos;estilete 1, estigmas 2, capitados. Fruto não observado.

Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 181 (UFP).

Comentários: citada anteriormente como muito confundida com I. brasiliana  diferencia-sepela presença de pêlos densos nas sépalas.

 22.23. I POMOEA TUBATA Nees, Flora 4: 301. 1821.Lianas, caule lenhoso na base, glabrescente; látex alvo. Folhas alternas, ovais, base cordada,

ápice subtruncado a agudo, face abaxial tomentosa, acinzentada, face adaxial escura, tricomas esparsos,lâmina 3,5-3,7x4,5-4,8cm; pecíolo glabrescente 3,5-4,1cm compr. Inflorescência  tirso, frondoso,inflorescências parciais cimeiras, pauciflora (3-5 flores); pedúnculo axilar curto, 1,7-1,9cm compr. Flores roxas, tubo cilíndrico e longo; sépalas externas menores, ovais, agudas, margem irregular, interioresmaiores, oblongas a obtusas, margem escariosa, glabrescentes; corola hipocrateriforme, lobada, pilosana região mesopétala; estames 5, mesma altura, exteriores ao tubo da corola; estilete 1, estigmas 2,capitados, exterior ao tubo da corola. Fruto cápsula, ovóide, 4-valvar.

Material examinado:  Alto dos Correios, 10.II.2007, M. T. Vital et al. 83 (UFP). Comentários:  conhecida popularmente como “campainha”, caracteriza-se pelo tubo

cilíndrico e longo.

 22.24. J  ACQUEMONTIA CONFUSA Meisn. in  Mart., Fl. bras. 7: 294. 1869. Prancha 14, fig A-B.Lianas, caule tomentoso. Folhas simples, alternas, ovatas, base subcordada, ápice agudo,

margem inteira, lâmina 4-6x2,5-4,5cm, membranácea, faces abaxial e adaxial tomentosas; pecíolo 1-2cmcompr., tomentoso. Inflorescência  cimeira, axilar, corimbiforme, pedúnculo muito curto 3-5mmcompr., multiflora. Flores pequenas, 1-1,2cm compr., alvas; sépalas iguais ou pouco desiguais entre si,2-3mm compr., ovais, obtusas, glabras; corola infundibuliforme, glabra; estames didínamos; estilete 1,estigmas 2, lineares, alongados. Fruto cápsula, globosa, 4-valvar, glabra, cálice persistente.

Material examinado:  Serra do Tigre, 13.II.2007, K. Pinheiro et al.177 (UFP, HUEFS); Várzea do Tiro,

15.VII.2008, K. Pinheiro 911 (UFP); Chacal, 18.VII.2008, K. Pinheiro 1017 (UFP).

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129- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Comentários: Jacquemontia confusa  é uma espécie muito próxima a Convolvulus nodiflorus  Desr.,

havendo uma grande dificuldade na delimitação desses dois táxons. Aparentemente a única diferençaestá no comprimento dos estigmas, cilíndricos em ambas, mais longos em C. nodiflorus . Entretanto,a variabilidade no comprimento dos lobos do estigma em  J. confusa  dá margem a várias dúvidas naidentificação dessa espécie.

 22.25. J  ACQUEMONTIA  EVOLVULOIDES  Meisn. in  Mart., Fl. bras. 7: 307. 1869. Prancha 14,fig. H.

Lianas, caule delgado, lanoso; látex ausente. Folhas ovais, base cordada, ápice acuminado,margem inteira, lanosas, lâmina 2,5-3,5x1,5-2,5cm; pecíolo 2-5mm compr., piloso. Inflorescência tirso,frondoso, florescências parciais racemos axilares, 2-3 flores; pedúnculo longo, axilar, 5-6,5cm compr.

Flores sépalas iguais entre si, lanceoladas, base arrendondada, ápice acuminado, lanosas, 2-3mm compr.;corola infundibuliforme, azul, 0,9-1cm compr., áreas mesopétalas glabras, claras; estames didínamos,alvos; estilete 1, estigmas 2, oval-planos. Fruto cápsula, globosa, 4-valvar, 2-locular.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 119 (UFP, IPA, HUEFS); Serra do Tigre,

30.III.2006, K. Pinheiro et al. 35 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 143 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F.

 A.Lucena et al. 1416 (UFP, IPA, HUEFS); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 134 (UFP)

Comentários: ocorre em áreas de savanas.

 22.26. J  ACQUEMONTIA GLAUCESCENS  Choisy, Mém. Soc. Phys. Genève 8(1): 64. 1838.Material examinado: Chacal, 18.VII.2008, K. Pinheiro1052 (UFP).

Comentários:espécie conhecida de apenas poucas coletas nos herbários locais. Em Mirandiba,foi encontrada em apenas uma área de caatinga arbustiva de origem sedimentar (areia quartzosas).Distingue-se das demais espécies do gênero no local pela pilosidade das folhas, o comprimento dassépalas e coloração das flores. A única amostra disponível da espécie foi coletada após a elaboração damonografia. A mesma refere-se a parte da dissertação de mestrado de K. Pinheiro em desenvolvimentona área.

 22.27. J  ACQUEMONTIA GRACILIS  Choisy., Mém. Soc. Phy. d’Hist Nat Gen 6: 476. 1833.Lianas, caule delgado, densamente lanoso; látex ausente. Folhas ovais, base subcordada, ápice

agudo, margem inteira, tricomas crespos, curtos, lâmina 2-2,5x1,3-1,7cm; pecíolo 0,5-1mm compr.,piloso. Inflorescência tirso politélico, frondoso, inflorescências parciais racemosas, axilares, 2-3flores, raro 1; pedúnculo longo, 4,5-5cm compr. Flores sépalas iguais em forma e tamanho, ovais, basesubcordada a arredondada, ápice acuminado, tricomas esparsos presentes apenas nas externas; corolainfundibuliforme lilás, áreas mesopétalas claras; estames de mesma altura, alvos; estilete 1, estigmas 2,oval-planos. Fruto cápsula, globosa, 8-valvar, amarronzada.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 159 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, K.

Pinheiro et al. 180 (UFP).

Comentários: comum em áreas sombreadas ou mais úmidas. Dentre as espécies de Jacquemontia  ocorrentes em Mirandiba, pode ser confundida com J. evolvuloides  devido ao tipo de inflorescência em

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130

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

racemos com poucas flores, entretanto podem ser diferenciadas pela distribuição dos tricomas nas

sépalas e pelo comprimento dos pecíolos.

 22.28. J  ACQUEMONTIA GRANDIFLORA Meisn. Bot. Jahrb. Syst. 57: 41. 1897.Lianas, caule cilíndrico, convoluto, lanuloso; látex hialino. Folhas  ovais a obovais, base

cordada, ápice apiculado, margem inteira, lanosas, tricomas curtos, densos, lâmina 6-6,9cm compr.;pecíolo piloso 1-1,5cm compr. Inflorescência tirso, frondoso, inflorescências parciais cimeiras,axilares, congestas, capituliformes, bracteoladas; pedúnculo muito longo, 10-11cm compr.; brácteaslanceoladas, base subcordadas, ápice acuminado, pilosas, tamanho variável. Flores sépalas lanceoladas,base subcordadas, ápice acuminado, externas e internas iguais em forma e tamanho, membranáceas,pilosas; corola infundibuliforme azul, área mesopétala larga, sem coloração diferenciada; estames de

mesma altura, alvos; estilete 1, estigmas 2, oval-planos. Fruto cápsula, globosa, 4-valvar, amarronzada.Material examinado: Serra do Tigr e, 31.V.2006, J. R. Maciel et al. 493 (UFP, HUEFS, RB, MO).

Comentários: inclusa na seção Cymosae, assim como  J. multiflora , caracterizada pelo tipo deinflorescência, podem ser diferenciadas principalmente pela forma das sépalas.

 22.29. J  ACQUEMONTIA  MULTIFLORA Hallier, Bot. Jahrb. Syst. 16: 543. 1893Lianas, caule cilíndrico, lanoso; látex ausente. Folhas ovais, base cordada, ápice agudo a

apiculado, margem inteira, ambas as faces lanosas, tricomas curtos, esbranquiçados, lâmina 5,5-6x4-4,5cm;pecíolo curto, piloso. Inorescência tirso, frondoso, inorescências parciais cimeiras umbeliformesdensas, bracteoladas, pedúnculo longo, axilar, 7-8cm compr. Flores sépalas ovais, acuminadas, margeminteira, tricomas esparsos, externas maiores; corola infundibuliforme, azul, área mesopétala alva, tubomuito curto, aberto; estames didínamos, alvos; estilete 1, estigmas 2, oval-planos, alvos. Fruto cápsula,globosa, 4-valvar.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 131 (UFP, IPA); Fazenda Troncão,

16.IV.2007, M. T. Vital et al. 99 (UFP, IPA); Sítio Malhada da Areia, 16.IV.2007, K. Mendes et al. 01 (UFP); Sítio Malhada da

 Areia, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 223 (UFP, IPA. HUEFS).

Comentários:  bastante comum principalmente sobre cercas e em áreas antropizadas.Geralmente forma populações fortemente adensadas e apresenta forte potencial ornamental. Conhecidapopularmente como “azulzinha”.

 22.30. M  ERREMIA  AEGYPTIA (L.) Urb., Symb. Antill. 4: 505. 1910. Prancha 14, g. I.Lianas, caule cilíndrico convoluto, piloso; látex leitoso. Folhas palmadas, 5-folioladas, folíolos

lanceoladaos, ápice agudo, margem lisa, densamente lanosos, tricomas longos, dourados, folíolosmaiores 4-4,5cm compr., folíolos menores 2-2,5cm compr.; pecíolo 3,3-3,6cm compr. Inorescência

tirso, frondoso, composto por cimeiras dicasiais, axilares, 5-7 ores; pedúnculo longo, 12-14,5cmcompr. Flores sépalas externas e internas homogêneas, lanceoladas, base subcordada, ápice agudo,densamente lanosa, tricomas muito longos 3-6mm compr., dourados, aglomerados na base das sépalas;corola campanulada, creme, 1,4-2,5cm compr., área mesopétala glabra; estames 5, didínamos, anterasalvas, retorcidas em forma de espiral após a antese, estilete 1, estigmas 2, alvos a róseos. Fruto cápsula,

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131- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

ovóide a elipsóide.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 157 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, C. E.L. Lourenço et al. 259 (UFP, IPA, HUEFS); Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 130 (UFP, IPA); Fazenda Tigre,

17.IV.2007, J. S. Silva et al. 171 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. S. Silva et al. 182 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. G.

R.Souza et al. 14 (UFP, IPA, HUEFS); Fazenda Tigre, 30.V.2006, E. Córdula 58 (UFP, IPA, HUEFS).

Comentários: bastante comum na região, principalmente em áreas mais antropizadas.

 22.31. M  ERREMIA CISSOIDES  Choisy, Bot. Jahrb. Syst. 16: 552. 1893.Lianas, caule cilíndrico, glabrescente; látex leitoso. Folhas  digitadas, 3-5 lobos, lobos

lanceolados, ápice agudo a acuminado, margem denteada, muricadas, raro pilosas, tricomas longos,esparsos, lâmina 1-2cm compr.; pecíolo 5-12mm compr., glabrescente. Inorescência racemo, axilar,

pedicelo 1-1,8cm compr. Flores sépalas externas e internas iguais em forma e tamanho, lanceoladas,base oval, ápice agudo a acuminado, glabras, raro pilosas, tricomas esparsos, 1,3-1,5cm compr.; corolainfundibuliforme, 2-2,5cm compr., creme, fauce vinácea, área mesopétala glabra, 3 nervuras; estames5, didínamos, anteras alvas, retorcidas em forma de espiral após a antese, estilete 1, estigmas 2, róseos.Fruto cápsula, elípsóide a ovóide.

Material examinado: Serr otinho, 09.II.2007, M. T. Vital et al. 81 (UFP, IPA, HUEFS).

Comentários: diferencia-se facilmente de M. aegyptia  pela ausência de tricomas dourados nocálice e pela fauce da corola vinácea.

 22.32. O PERCULINA  ALATA (Ham.) Urb., Symb. Antill. 3: 343. 1902. Prancha 14, g. J.Lianas, caule anguloso, glabro; látex alvo. Folhas digitadas, 5-folioladas, folíolos lanceolados,

ápice agudo, margem inteira, folíolos centrais 7-8cm compr., folíolos periféricos 4,5-5cm compr., glabras;pecíolo glabro 2,5-6,5cm compr. Inorescência racemo, axilar, 1-2 ores; pedúnculo alado, glabro,5,5-8,5cm compr. Flores brancas; sépalas externas e internas iguais; corola campanulada, estames 5,mesmo tamanho; estilete 1, estigmas 2, globosos. Fruto cápsula depresso-globosa.

Material examinado: Cajueiro, 31.V.2006, M. F. A.Lucena et al. 1487 (UFP, HUEFS, RB, MO).

Comentários: Operculina alata  é uma espécie comum na caatinga pernambucana. É facilmentereconhecida pelos pedicelos alados.

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132

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 14. Figuras. A-B.  Jacquemontia confusa. A. Hábito. B. Flor. C. Cuscuta globosa. Hábito. D-E.

Evolvulus tenuis. D. Flor. E. Detalhe do estigma. F-G. Ipomoea subincana. F. Flor. G. Detalhe dos

estames e estigma. H. Jacquemontia evolvuloides. Flor. I. Merremia aegyptia. Flor. J. Operculina alata.

Folha e fruto.

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133- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

23. CUCURBITACEAEDiogo Amorim de Araújo

Trepadeiras ou prostradas, herbáceas ou lenhosas, raramente arbustos ou arvoretas, monóicosou dióicos, anuais ou perenes. Caule freqüentemente 5-20-sulcado ou angular. Folhas  alternas,geralmente pecioladas, simples e inteiras a pinati ou palmatilobadas ou palmadas; gavinhas laterais,solitarias, simples ou até 5-ramicada, raramente ausentes; estipulas presentes. Inorescencias axilares;cimosa, racemosa, paniculada, capituliforme ou ores solitarias, unissexuais ou raramente bissexuais,actinomorfas; hipanto adnato ao ovário; limbo do cálice geralmente (4-)5(-7)-lobado, lobos imbricados;corolla gamopétala ou polipétala, as petalas ou lobos da corola (4-)5(-7), preoração valvar. Floresmasculinas  5 estames livres e alternipétalos ou coesos e reduzidos, extrorsos; pistilodio presenteou ausente; nectários presentes ou ausentes. Flores femininas estigma solitário, ovário (sub-)ínfero,raramente súpero, 3-5-carpelar, quando unilocular com placentação parietal, quando 3-locular complancentação axial, uni a pluriovuladas, estigmas 1-3, terminais, unidos ou raramente livres. Fruto baga,pericarpo rígido ou exível, às vezes seco, indeiscente, valvar ou porado; sementes freqüentementecompressas, às vezes aladas, endosperma ausente.

Família de distribuição tropical e subtropical com cerca de 120 gêneros e 850 espécies. NoBrasil ocorrem cerca de 30 gêneros e 200 espécies. A tradicional importância econômica da família érepresentada pelas várias espécies cultivadas em todo o país, tais como: Citrullus lanatus (melancia),Cucumis melo (melão) - espécies introduzidas; ou Sicana odorifera (cruá), Luffa cylindrica (bucha) - espéciesnativas.

KEARNS, D. M. 1998.  Cucurbitaceae. In: . STEYERMARK, J. A.; BERRY, P. E.; K. YATSKIEVYCH & B. K. HOLST (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Missouri BotanicalGarden Press, St. Louis 4: 431-461.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE CUCURBITACEAE

1. Tricomas delgados, frutos deiscentes, sementes vermelho vivo......................... Momordica charantia 

1’. Tricomas rígidos de base pustulada, frutos indeiscentes, sementes alvas .................Cucumis anguria 

 23.1. M OMORDICA CHARANTIA L., Sp. pl. 2: 1009. 1753.Trepadeiras,  herbáceas; caule cilindrico, 5-sulcado, pubescente, tricomas alvos. Folhas

inteiras, 5-7-lobadas, lobos oblongos a espatulados, ápices obtusos e mucronados, base cordada,margem com dentes obtusos a agudos, mucronados, membranáceas, face adaxial pubescente, faceabaxial pubescente ao menos nas nevuras; pecíolo 1-3cm compr., 5-sulcado; gavinhas simples; brácteas2, opostas, orbiculadas, membranaceas, no terço basal do pedúnculo. Flores masculinas solitárias,axilares, pedunculo delgado, ca. 4cm compr., pubescente; cálice esverdeado, 5-lobado, lobos de ápice

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

agudo, ca. 0,5cm compr., 5-7 nervuras proeminentes; corola amarela, 5-lobada, lobos oblongos, ca.

1cm compr., ápice obtuso, face externa pubescente; estames 3, livres, tecas exuosas, conadas. Floresfemininas solitárias, axilares; pendunculo delgado, ca. 9cm compr., pubescente, bráctea semelhanteaquelas das ores masculinas; cálice e corola similares às ores masculinas; ovário fusiforme, rostrado,pubescente, estiletes 3, conados, estigmas 3, 2-lobados. Fruto baga, laranja intenso, ovóide, rostrado,3-carpelar, 3-valvar, cada caperlo se enrola expondo as sementes; sementes numerosas, vermelho vivo,oblongas, compressas, testa rugulosa.

Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1627 (UFP); Sítio Chacau, 19.VI.2007, Y. Melo

et al. 221 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. S. Silva et al. 167 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. G. R. Souza 13 (UFP).

Comentários: planta originária da África, pode ser encontrada em quase todo o territóriodas Américas do Sul e Central. Possui importância tradicional como medicinal, ornamental, apícola,

forrageira e possui frutos comestíveis. Em algumas regiões os frutos são equivocadamente conhecidoscomo venenosos. Espécie também amplamente conhecida como planta invasora na agricultura por sermuito favorecida pelas condições de ambientes perturbados. Nome popular: “melão-de-são-caetano”.

 23.2. C UCUMIS   ANGURIA L., Sp. pl. 1011. 1753.Trepadeiras, herbáceas, caule híspido; tricomas alvos de base pustulada. Folhas inteiras, base

aguda, 3-5-lobadas, lobos de ápice obtuso, margem denteada, membranáceas; pecíolo ca. 5cm compr.,híspido. Flores masculinas fasciculadas, às vezes solitárias, curto-pendunculadas; cálice campanulado,esverdeado, subulado, híspido; corola campanulada, amarela, obovada, ápice agudo; estames glabros,apendice do conectivo dilatado, profundamente bilobado, pistilódio glandular. Flores femininas 

solitárias, na mesma axila das masculinas, pedúnculo ca. 8cm compr., cálice e corola similares aos dasmasculinas; ovário oblongo; híspido; estigmas agrupados formando uma cabeça esférica. Fruto baga,amarelo, elipsóide, ca. 4x3cm; espinhos esparsos, rígidos, porção apical as vezes delgada; sementesnumerosas, alvas , horizontais, oblongas, 0,5cm compr.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. G. R. Souza 15 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Recife, Jordão, 06.V.1979, A. A. Silva s/n (UFP-04946).

Comentários: popularmente conhecida como “maxixe”, esta espécie é amplamentecomercializada em razão de sua importância na culinária da região Nordeste. Advinda da Àfrica, foiintroduzida no Brasil pelos escravos e ocorre espontaneamente na ora local.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

24. C YPERACEAE Marccus Alves & Shirley Martins 

Ervas anuais ou perenes, cespitosas ou isoladas, por vezes rizomatosas. Escapo central oulateral, trígono a cilíndrico, escabro ou liso, álo ou folioso. Folhas geralmente com bainha fechada,lâminas liformes a lanceoladas, lâmina expandida a cilíndricas, às vezes rudimentares. Inorescência

terminal ou axilar, antelóide, capituliforme ou uniespicada, laxa ou congesta. Espiguetas subsésseis apediceladas, lanceolóides, ovóides, obovóides, elipsóides, por vezes lateralmente comprimidas, isoladasou agrupadas no ápice do eixo; antóide bissexuado, raro unissexuado; gluma coriácea a membranácea,

naviculada a cuculada, uni a plurinervada, ápice mútico a aristado, margem glabra a curto-ciliada; cerdasperiânticas por vezes presentes; estames 2-3; estilete 2-3do. Fruto aquênio, obovóide, elipsóide, ovóide,trígono a bicôncavo, irregularmente tuberculado a liso, ápice por vezes trilobulado, base acuneada, raroestipitada; estilopódio por vezes presente.

Família cosmopolita com elevada diversidade de gêneros e espécies nos trópicos (Goetghebeur1998). Segundo Alves et al. (2009), no Brasil estão registradas cerca de 700 espécies distribuídas em 42gêneros, das quais cerca de 200 ocorrem no semi-árido brasileiro (Alves 2006) e 110 no estado dePernambuco (Luceño et al . 1997). Atualmente são reconhecidas duas subfamílias (Simpson et al . 2007),das quais apenas Cyperoideae está representada em Mirandiba. Além das 14 espécies aqui apresentadas

foram encontradas outros representantes considerados ruderais. Estas espécies foram observadasprincipalmente na zona urbana e relacionadas a ambientes como praças e jardins. Por não terem sidolocalizadas em áreas de caatinga ou ao menos em remanescentes parcialmente antropizados, as mesmasforam excluídas deste tratamento. As medidas indicadas para os frutos, aqui tratado pelo tipo único dafamília (“aquênios”), incluem o estilopódio, quando estes estão presentes.

 ALVES, M. 2006. Cyperaceae. In : GIULIETTI, A. M. et al., (orgs.). Diversidade ecaracterização das Fanerógamas do semi-árido brasileiro. IMSEAR, Feira de Santana 1: 94-99.

 ALVES, M.; ARAÚJO, A. C.; PRATA, A. P.; VITTA, F.; HEFLER, S.; TREVISAN, R.; GIL, A.B.; MARTINS, S. & THOMAS, W. W. 2009. The Catalogue of Diversity of Cyperaceae in Brazil.

Rodriguésia.  ARAÚJO, A. C. & LONGHI-WAGNER, H. M. 1996. Levantamento taxonômico de CyperusL. subg. Anosporum (Ness) Clarke (Cyperaceae-Cypereae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta BotanicaBrasilica, 10: 153-192.

GIL, A. & BOVE, C. 2007. Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) no estado do Rio de Janeiro, Brasil.Biota Neotrópica, 7: 1-31.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

GOETGHEBEUR, P. 1998. Cyperaceae. In : K. KUBITZKI et al. (eds.). The families and

genera of vascular plant: IV. Flowering plants – monocotyledons. Springer-Verlag, Berlin. Pp.141-190.

LUCEÑO, M. & ALVES, M. 1997. Clave de los géneros de ciperáceas de Brasil y novedadestaxonómicas y corologicas en la família. Candollea, 52: 185-191.

LUCEÑO, M., ALVES, M. & MENDES, A. P. 1997. Catálogo orístico y claves deidenticación de las Cyperaceae de los estados de Paraíba y Pernambuco (Nordeste de Brasil). Analesdel Jardín Botánico de Madrid, 55:67-100.

PRATA, A. Bulbostylis  Kunth (Cyperaceae) no Brasil. Tese de Doutorado, Universidadede São Paulo, São Paulo, SP, 2004.

SIMPSON, D.; MUASYA, A.; ALVES, M.; BRUHL, J.; DHOOGE, S.; CHASE, M.; FURNESS,

C.; GHAMKHAR, K.; GOETGHEBEUR, P.; HODKINSON, T.; MARCHANT, A.; REZNICEK, A.; NIEWBORG, R.; ROALSON, E.; METS, E.; STARR, J.; THOMAS, W.; WILSON, K. & ZHANG,X. 2007. Phylogeny of Cyperaceae based on DNA sequence data – a new rbcL analysis. Aliso, 23: 72-83.

 TREVISAN, R. & BOLDRINI, I. I. 2008. O gênero Eleocharis  R. Br. (Cyperaceae) no RioGrande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 6(1): 7-67.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE C YPERACEAE

1. Inorescência reduzida a uma única espigueta terminal .............................................................................2

1’. Inorescência com duas ou mais espiguetas, agrupadas em inorescências variadas ..........................3

2. Escapo fortemente trígono, glumas coriáceas ........................... ............................ Eleocharis acutangula 

2’. Escapo cilíndrico a levemente elíptico, glumas membranáceas .......................... Eleocharis geniculata 

3. Aquênio bicôncavo na maturidade.................................................................................................................4

3’. Aquênio nitidamente trígono na maturidade ..............................................................................................6

4. Aquênio com estilopódio reto e não decurrente .............................................. Rhynchospora contracta 

4’. Aquênio sem estilopódio  ................................................................................................................................5

5. Espiga com eixo reto e fortemente contraído, reunindo uma espigueta elipsóide com brácteas

glumiformes .................................................................................................................. Lipocarpha micrantha 

5’. Espiga com eixo em zig-zag, distendido, reunindo diversas espiguetas lateralmente comprimida e

laxa .................................................................................................................................. Pycreus macrostachyos 

6. Espiguetas várias, fortemente agrupadas na extremidade dos ramos ............................. ..........................7

6’. Espiguetas 1-2, raro 3 na extremidade dos ramos ou distribuídas ao longo deste .............................. ..8

7. Glumas com ápice aristado e recurvado ...................................................................Cyperus uncinulatus 

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137- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

7’. Glumas com ápice acuminado a curtíssimo-mucronado, apículo reto, quando presente .......Cyperus

eragrostis 

8. Estilopódio umbonado  ....................................................................................................................................9

8’. Estilopódio ausente .............................. ............................... ............................... ............................... ........... 10

9. Aquênio minutamente punctado ........................... ............................... .................... Bulbostylis tenuifolia 

9’. Aquênio irregularmente tuberculado no terço superior ............................ ....Bulbostylis aff. loefgrenii 

10. Ráquila articulada, alada e espessado na base de cada antóide .................................Cyperus odoratus 

10’. Ráquila íntegra, liforme e sem espessamento na base de cada antóide ........................................... 11

11. Espigueta uniora ........................................................................................................ Cyperus aggregatus 11’. Espigueta multiora ........................... ............................... ............................... ............................... .......... 12

12. Margem da gluma não membranácea, estilete bído, aquênio 0,6-0,7mm compr. .................Pycreus

capillifolius 

12’. Margem da gluma membranácea e translúcida, estilete trído, aquênio 1,2-1,4mm compr ........... 13

13. Gluma com mácula lateral vinácea............................................................................ Cyperus sphacelatus 

13’. Gluma sem esta característica ................................................................................................Cyperus iria 

 24. 1. B ULBOSTYLIS   AFF . LOEFGRENII  (Boeck.) Prata & M.G. López, Kew Bull. 56(4): 1008.2001.

Ervas, 8-30cm alt., anuais, cespitosas, curtíssimo-rizomatosas; base paleácea. Escapo central,levemente trígono a cilíndrico, escabro, álo; bráctea tectriz glumiforme, ápice longo-ciliado, longo-aristada, por vezes superando a inorescência. Folhas 4-8x0,09-0,1cm, liformes, pardo-esverdeadas;ápice da bainha oblíquo, longo-ciliado. Inorescência terminal, antelóide, ramicada, laxa, eixosprimários 0-2,3cm compr. Espiguetas 0,5-0,7cm compr., subsésseis a pediceladas, ovóides a elipsóides,isoladas no ápice de cada eixo; antóide bissexuado; gluma 3,5-4x1,4-1,6mm, ovalada, naviculada,uninervada, pardo-vinácea; ápice acuminado, curto-apiculado; margem curto-ciliada; estames 3; estiletetrído. Fruto aquênio, 1,2-1,4x1-1,1mm, obovóide, trígono, ângulo ventral espessado, irregularmente

tuberculado no terço superior, pardo-escuro a nigrescente; base estipitada; estilopódio umbonado,diminuto, nigrescente.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. Maciel et al. 429 (UFP).

Comentários: segundo Prata (2004), B. loefgrenii   (Boeck.) Prata & M.G. López ocorre emáreas de cerrado do Brasil. Apesar da semelhança com o material aqui descrito, os aquênio apresentamornamentação levemente distinta. É possível que o material coletado trate-se de uma nova espécie paraciência ou ao menos, caso a identicação se conrme, amplie os limites de distribuição, sendo a suaprimeira citação para o semi-árido. Em Mirandiba, foi coletada em fendas sombreadas de aoramentosrochosos com solo arenoso e rico em materia orgânica.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 24.2. B ULBOSTYLIS  TENUIFOLIA (Rudge) J.F. Macbr., Field. Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 11: 5.

1931.Ervas, 10-35cm alt., anuais, cespitosas; base paleácea. Escapos laterais, levemente trígonos a

cilíndricos, liso, álo; bráctea tectriz glumiforme, longo-aristada, não superando a inorescência. Folhas 3-7x0,09-0,1cm, liformes, pardo-esverdeadas; ápice da bainha oblíquo, longo-ciliado. Inorescência

terminal, antelóide, ramicada, laxa, eixos primários 0-3,5cm compr. Espiguetas 0,4-2cm compr.,subsésseis a pediceladas, cilíndricas, isoladas no ápice de cada eixo; antóide bissexuado; gluma 1,6-1,8x0,1,3-1,6mm, ovalada, naviculada, uninervada, pardo-vinácea; ápice acuminado, mútico; margemmembranácea, por vezes curto-ciliada; estames 2; estilete bído. Fruto aquênio, 0,7-0,8x0,3-0,5mm,obovóide, trígono, ângulo abaxial espessado, minutamente punctado, pardo-escuro a nigrescente; baseestipitada; estilopódio umbonado, diminuto, nigrescente.

Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1046 (RB, UFP); estrada paraSerrotinho, 30.V.2006, J. Maciel et al. 385 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. Lucena et al. 1476 (UFP).

Comentários: segundo Prata (2004), a espécie está registrada no Brasil para os estados do Amazonas e Minas Gerais, sendo aqui pela primeira vez citada para região Nordeste. Em Mirandiba, aespécie é observada após o período chuvoso, ocorrendo no subosque de caatinga arbustiva densa emsolo de origem sedimentar.

 24.3. C YPERUS   AGGREGATUS  (Willd.) Endl., Cat. Horti Vindob. 1: 93. 1842.Ervas, 5-25cm alt., perenes, curto-rizomatosas; base bulbiforme, pardo-vinácea. Escapo 

central, trígono, liso, álo; bráctea tectriz foliácea, superando em muito a inorescência. Folhas 

6-14x,4-0,8cm, lâmina expandida, lineares, verdes. Inorescência terminal, capituliforme a por vezesantelóide, congesta, eixos primários 0-0,5cm compr. Espiguetas 3-4,5mm compr., sésseis, obovóide,reunidas em eixo de 2,5-3,5cm compr., congestas; antóide bissexuado, 1 por espigueta; bráctea estérilplurinervada; gluma  2,3-2,6x1,4-1,6mm, elíptica, naviculada, uninervada, pardo-esverdeada; ápiceacuminado; margens glabras; estames 3; estilete trído. Fruto  aquênio, 1,9-2x0,9-1mm, elípsóide alevemente obovóide, trígono, minutamente punctado, pardo-esverdeado a nigrescente, brilhoso; ápicecurtamente apiculado, base acuneada..

Material examinado: Fazenda São Gonçalo, 24.VII.2008, K. Pinheiro et al. 1306 (UFP).

Comentários: espécie amplamente distribuída no país (Luceño et al . 1997) podendo ocorrerem áreas antropizadas e bordas de mata. Em Mirandiba foi coletada entre rochas em ambiente

sombreado e nas margens de rios temporários. As amostras analisadas para a área de estudo apresentamos eixos onde as espiguetas estão inseridas mais curtos do que os usualmente encontrados nas amostrasprovenientes da região Nordeste.

 

 24.4. C YPERUS   ERAGROSTIS  Lam., Tab. Encl. 1: 146. 1791.Ervas, 60-120cm alt., perenes, curto-rizomatosas; base bulbiforme, vinácea a pardo-purpúrea.

Escapo central, trígono, liso, álo; bráctea tectriz foliácea, superando em muito a inorescência.. Folhas 10-55x0,3-0,5cm, lâmina expandida, lineares, verdes a pardo-esverdeadas. Inorescência terminal,antelóide, ramicada, eixos primários 0-4,5-(5,5)cm compr. Espiguetas 3-4,5mm compr., subsésseis,

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139- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

lanceoladas, lateralmente comprimidas, congestas; gluma 1,3-1,6x0,4-0,6mm, elíptica, naviculada,

uninervada, pardo-esverdeada a pardo-escura; ápice acuminado a curtíssimo-mucronado; margensglabras; estames 3; estilete trído. Fruto aquênio, 1,2-1,3x0,3-0,4mm, elípsóide, trígono, minutamentepunctado, pardo-escuro a nigrescente, brilhoso; ápice acuminado; base estipitada.

Material examinado: Cacimba Nova, 29.III.2006, S. Martins & M. Alves 191 (UFP); estrada de acesso à cidade,

24.VII.2008, A. Araújo et al. 1035 (UFP); Fazenda São Gonçalo, 24.VII.2008, K. Pinheiro et al. 1308 (UFP); Fazenda Tigre,

17.IV.2007, J. Maciel et al. 424 (UFP); Serra do Tigr e, 30.V.2006, J. Maciel et al. 379 (UFP); Várzea do Tiro, 1.V.2008, K. Pinheiro

et al. 483 (UFP) .

Comentários: espécie amplamente distribuída no país (Alves et al . 2009) e segundo Araújo &Longhi-Wagner (1996) podendo ocorrer em áreas antropizadas e em solos arenosos ou areno-argilosos.Em Mirandiba, foi coletada em áreas parcialmente antropizadas de caatinga arbórea com solo areno-

pedregoso. Apesar de estar sendo citada pela primeira vez para o estado de Pernambuco é possível queparte do material apontado por Luceño et al . (1997) como Cyperus surinamensis  Rottb. rera-se de fato aCyperus eragrostis  Lam. Ambas são facilmente confundidas e diferem por sutis caracteres morfológicos.Cyperus surinamensis  apresenta escapo fortemente escábro e estípete ausente na base do aquênio. EmCyperus eragrostis  no entanto, o escapo é glabro a levemente escabro na porção distal e a base do aquênitoapresneta um estipete diminuto. Até o momento, Cyperus surinamensis  Rottb. não foi registrado na áreade estudo, mas possivelmente ocorra, pois ambas ocorrem em simpatria em outros locais no estado.

 24.5. C YPERUS  IRIA L., Sp. pl.: 45. 1753.Ervas, 50-80cm alt., perenes, curto-rizomatosas; base vinácea. Escapo central, trígono, liso,

álo; bráctea tectriz foliácea, superando em muito a inorescência. Folhas 45-70x0,04-0,06cm, lâminaexpandida, lineares, pardo-esverdeadas. Inorescência terminal, antelóide, ramicada, parcialmentelaxa, eixos primários 0-6,5cm compr. Espiguetas 3-5mm compr., subsésseis, lanceoladas, lateralmentecomprimidas, congestas, pardo-esverdeda; gluma 1,2-1,4x0,4-0,6mm, elíptica, naviculada, plurinervada,pardacenta; ápice curto-mucronado, recurvado; margens membranáceas, hialinas; estames 2-3; estiletetrído. Fruto aquênio, 1,2-1,4x0,7-0,8mm, elípsóide, trígono, minutamente punctado, pardo-escuro anigrescente.

Material examinado: estrada para Serrotinho, 30.V.2006, J. Maciel et al. 378 (UFP).

Comentários: espécie amplamente distribuída no país (Alves et al. 2009). Em Mirandiba foicoletada em áreas parcialmente antropizadas de caatinga arbórea com solo areno-pedregoso.

 24.6. C YPERUS  ODORATUS  L., Sp. pl.: 46. 1753.Ervas, 50-90cm alt., perenes, curto-rizomatosas; base bulbiforme, por vezes desfeita em

bras, vinácea, pardo-purpúrea a paleácea. Escapo central, trígono, liso, álo; bráctea tectriz foliácea,superando em muito a inorescência. Folhas 18-75x0,9-1,2cm, lâmina expandida, lineares, verdes apardo-esverdeadas. Inorescência terminal, antelóide, intensamente ramicada, laxa, eixos primários0-23-(27)cm compr. Espiguetas 1-1,2cm compr., subsésseis, cilíndricas, congestas, ráquila articulada,esponjosa, alada; gluma 2,8-3,2x0,7-0,9mm, elíptica, naviculada, plurinervada, pardo-esverdeada; ápiceacuminado; margens glabras; estames 3; estilete trído. Fruto aquênio, 1,7-1,9x0,4-0,5mm, elípsóide

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

a levemente cilíndrico, trígono, minutamente punctado, pardo-escuro a nigrescente; ápice acuminado;

base estipitada.Material examinado: Serra da Gia, 30.V.2006, J. Maciel et al. 382 (UFP); Serra do Tigre, 4.VII.2007, Y. Melo

et al. 274 (UFP).

Comentários: espécie amplamente distribuída no país (Alves et al. 2009) podendo ocorrerem áreas antropizadas e em solos arenosos ou areno-argilosos e em geral associada a corpos hídricos.Em Mirandiba foi coletada em áreas parcialmente antropizadas de caatinga arbórea com solo areno-pedregoso nas proximidades de riachos temporários.

 24.7. C YPERUS  SPHACELATUS  Rottb., Descr. Pl. Rar.: 21. 1772.Ervas, 20-45cm alt., perenes, curto-rizomatosas, cespitosas; base bulbiforme, pardo-

 vinácea. Escapo central, trígono, liso a levemente escabro, álo; bráctea tectriz foliácea, superandoem muito a inorescência. Folhas 8-16,5x0,09-0,3cm, lâmina expandida, lineares, pardo-esverdeadas.Inorescência terminal, antelóide, laxa, eixos primários 0-6-(9)cm compr.. Espiguetas 14-19mmcompr., subsésseis, lanceoladas, lateralmente comprimidas, laxas; antóide bissexuado; gluma 2,5-2,8x1,4-1,6mm, ovada, cuneiforme, plurinervada, esverdeada, com mácula vinácea lateral; ápice cuminado, reto;margens membranáceas, hialinas a verde-hialinas; estames 3; estilete trído. Fruto aquênio, 1,2-1,4x0,6-0,8mm, elipsóide, trígono, sulcado a levemente sulcado, liso, pardo a por vezes pardo-escuro.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17. IV. 2007, M. Pessoa et al. 120 (UFP); São Gonçalo 24. VII. 2008, K.

Pinheiro et al. 1307 (UFP); Ser ra das Umburanas, 18. IV. 2008, L. Souza et al. 25b (UFP).

Comentários: espécie amplamente distribuída no país, com registro em diversas regiões e

em geral associada a ambientes degradados (Luceño et al. 1997). Em Mirandiba, a espécie é abundantedurante o período chuvoso em ambientes degradados, porém também foi registrada na margem de

 vegetação arbustiva-arbórea.

 24.8. C YPERUS  UNCINULATUS  Schrad. ex Nees in Mart., Fl. bras. 2(1): 23. 1842.Ervas, 3-15cm alt., anuais, cespitosas; base bulbiforme, pardo-vinácea. Escapo  central,

levemente trígono, liso, álo; bráctea tectriz foliácea, superando em muito a inorescência. Folhas 7,5-12,0x0,09-0,15cm, lâmina expandida, lineares, pardo-esverdeadas. Inorescência terminal,capituliforme, congesta. Espiguetas 4-7,5mm compr., subsésseis, lanceoladas, lateralmentecomprimidas, laxas; antóide bissexuado; gluma 1,3-1,5x0,4-0,7mm, ovada, fortemente naviculada,

nervuras inconspícuas, esverdeada, pardo-escura a pardo-vinácea; ápice aristado, recurvado; margensmembranáceas, hialinas; estames 3; estilete trído. Fruto aquênio, 0,4-0,5x0,2mm, elípsóide, levementetrígono, levemente rugoso, pardo a por vezes pardo-escuro.

Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1042 (UFP); estrada para o

rio do Padre, 10.III.2008, E. Córdula et al. 358 (UFP); Cacimba Nova, 29.III.2006, S. Martins 190 & M. Alves (UFP); estrada para

 Areia Malhada, 16.IV.2007, L. Souza et al. 7 (UFP); estrada para Serrotinho, 30.V.2006, J. Maciel et al. 381 (UFP); Fazenda Troncão,

16.IV.2007, J. Maciel et al. 404 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. Maciel e t al. 402 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2008,

L. Souza et al. 25a (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 117 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro

& D. Araújo 172 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 262 (UFP).

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141- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Comentários: espécie amplamente distribuída no país e associada a áreas abertas e lajedos

(Alves et al . 2009) e comum na caatinga (Luceño et al . 1997). Em Mirandiba a espécie é abundantedurante o período chuvoso, ocorrendo nas margens de vegetação arbustiva-arbórea e em fendas delajedos.

 24.9. E  LEOCHARIS   ACUTANGULA (Roxb.) Schult., Mant. 2: 91. 1824.Ervas, 40-95cm alt., perenes, curto-rizomatosas, cespitosas; base pardo-vinácea. Escapo 

central, nitidamente trígono, tabiques transversais ausentes, liso, álo; bráctea tectriz ausente. Folhas delâminas reduzidas a apículo diminuto; bainha membranácea, vinácea na base, pardo-esverdeada no terçosuperior, ápice oblíquo, membranáceo-translúcido. Inorescência uniespicada. Espigueta 4,2-5,6cmcompr., séssil, cilíndrica, congesta; antóide bissexuado; gluma 5,2-6x2,9-3,1mm, elípticas, levemente

cuculada, plurinervada, coriácea, paleácea, faixa longitudinal central esverdeada, faixa transversal apical vinácea; ápice obtuso; margens membranáceas; estames 3; estilete trído; cerdas periânticas longo-escabras, não superando o aquênio. Fruto aquênio, 2-2,1x1,8-1,9mm, obovóide, bicôncavo, reticulado,faixas longitudinais proeminentes, cinza-nigrescente, brilhoso; estilopódio persistente, crasso, marrom-esverdeado.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. Silva et al. 177 (UFP).

Comentários:  espécie amplamente distribuída no país, com registro nas cinco regiões eocorrendo em ambientes alagados (Alves et al . 2009). Em Mirandiba, a espécie foi coletada em margensde açudes em solo areno-pedregoso.

 24.10. E  LEOCHARIS  GENICULATA (L.) Roem. & Schult., Syst. Veg. 2:150. 1817.Ervas, 10-35cm alt., perenes, curto-rizomatosas, cespitosas; base pardo-vinácea. Escapo 

central, cilíndrico a levemente elíptico, quando desidratado, tabiques transversais ausentes, liso,álo; bráctea tectriz ausente. Folhas com lâminas reduzidas a apículo diminuto,, esverdeado; bainharígida, esverdeada a vinácea na base, ápice obliquo a por vezes truncado, membranáceo-translúcido.Inorescência unispicada. Espigueta 3-5mm compr., séssil, globosa a elipsóide, congesta; antóidebissexuado; gluma 1,8-1,9x0,7-0,8mm, elípticas, levemente cuculada, uninervada, membranácea, base enervura esverdeada a translúcida, terço superior vináceo; ápice mútico; estames 3; estilete bído; cerdasperiânticas curto-escabras, não superando o aquênio. Fruto  aquênio, 0,9-1x0,4-0,5mm, obovóide,bicôncavo, por vezes plano em um dos lados, liso, nigrescente, brilhoso; estilopódio persistente, crasso,

marrom-esverdeado.Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1018 (UFP); Cacimba Nova,

29.III.2006, S. Martins & M. Alves 187 (UFP).

Comentários:  espécie amplamente distribuída no país, com registro nas cinco regiõese ocorrendo em ambientes sazonalmente alagados (Alves et al . 2009). Em geral apresenta ampla

 variabilidade na coloração, formato e comprimento das espiguetas (Luceño et al . 1997). Em Mirandibafoi coletada em áreas próximas a rios temporários e em margens de açudes em solo arenoso.

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142

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 24.11. LIPOCARPHA  MICRANTHA (Vahl) G. Tucker, J. Arnold Arbor. 68: 410. 1987.

Ervas, 5-20cm alt., anuais, cespitosas; base vinácea. Escapos laterais, cilíndricos a levementetrígonos, lisos, álo; bráctea tectriz liforme, única, superando em muito a inorescência. Folhas 0,8-1x0,01-0,04cm, lineares a liformes, esverdeadas. Inorescência  pseudo-lateral, capituliforme,congesta. Espiga 2-4, 3-5(6)mm compr., sésseis, elipsóides, congestas; antóide bissexuado; brácteaglumiforme 0,7-0,9x0,6-0,7mm, obovóide, levemente cuculada, apiculada, uninervada, base esverdeadaa translúcida, terço superior e por vezes margens vináceas; estames 2; estilete bído. Fruto aquênio,0,3-0,4x0,2-0,3mm, obovóide, levemente bicôncavo, diminutamente punctado, marrom-esverdeado.

Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1019 (UFP); Fazenda Troncão,

16.IV.2007, J. Maciel et al. 401 (RB, UFP). Ser ra da Gia, 30.V.2008, J. Maciel et al. 383 (RB, UFP).

Comentários: emLipocarpha , a espiga é uma reunião de espiguetas fortemente contraídas, sendo

estas protegidas por brácteas glumiformes, muitas vezes tratadas por “glumas”. Espécie amplamentedistribuída no país, com registro nas cinco regiões e ocorrendo em ambientes sazonalmente alagados(Luceño & Alves 1997). Em Mirandiba foi coletada em áreas próximas a rios temporários e açudes emsolo areno-pedregoso e solo arenoso.

 24.12. P YCREUS  CAPILLIFOLIUS  (A. Rich.) C.B. Clarke in  Th. Durand & Schinz, Consp. Fl. Afr. 5:535. 1894.

Ervas, 3-35cm alt., anuais a perenes, cespitosas, curto-rizomatosas; base por vezes bulbiforme,pardo-vinácea a pardo-purpúrea. Escapos  laterais, levemente trígonos, lisos, álos; bráctea tectrizliforme, superando em muito a inorescência. Folhas 3,5-20,5x0,09-0,2cm, lineares, pardo-esverdeadas.Inorescência terminal, antelóide, ramicada, parcialmente laxa, eixos primários 0-5,5(-7,5)cm compr.Espiguetas 7,5-26,5mm compr., subsésseis, lanceoladas, lateralmente comprimidas, congestas; antóidebissexuado; gluma 1,4-1,6x0,4-0,6mm, elíptica, naviculada, plurinErvasda, pardo-escura; ápice curto-mucronado, reto; estames 2-3; estilete bído. Fruto aquênio, 0,6-0,7x0,3-0,5mm, elipsóide a levementeobovóide, trígono, minutamente punctado, pardo-escuro nos vértices, pardo-claro na região intercostal;apículo diminuto, nigrescente.

Material examinado: estrada para Serrotinho, 30.V.2006, J. Maciel et al. 384 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,

 J. Maciel et al. 403 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, M. Vital et al. 93 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 261a

(UFP).

Comentários: o material estudado difere, em parte, da descrição apresentada por Kükenthal

(1956), especialmente com relação ao comprimento das espiguetas e formato do aquênio. A espécieé amplamente distribuída no país, com registro em diversas regiões e associada a áreas abertas e comsolos arenosos (Alves et al . 2009). Em Mirandiba, a espécie é registrada durante o período chuvoso,ocorrendo nas margens de vegetação arbustiva-arbórea e especialmente em fendas de lajedos ondeocorre deposição de sedimento.

 24.13. P YCREUS   MACROSTACHYOS  (Lam.) Raynal, Kew Bull. 23: 314. 1969.Ervas, 30-80cm alt., perenes, curto-rizomatosas; base por vezes bulbiforme, pardo-vinácea

a pardo-purpúrea. Escapo central, trígono, liso, raro levemente escabro, álo; bráctea tectriz foliácea,

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143- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

superando em muito a inorescência. Folhas  40-65x0,4-0,6cm, lâmina expandida, lineares, pardo-

esverdeadas; bainha membranácea, paleácea.Inorescênciaterminal, antelóide, ramicada, parcialmentelaxa, eixos primários 1-5,5(-6,5)cm compr.; prólo vináceo a purpúreo. Espiguetas 11-13mm compr.,subsésseis, lanceoladas, lateralmente comprimidas, laxas, eixo em zig-zag; antóide bissexuado; gluma1,8-2x1,7-1,8mm, elíptica a obovada, naviculada, plurinervada, pardo-escura; ápice curto-mucronadoa acuminado; margem membranácea, hialina; estames 3; estilete bído. Fruto aquênio, 0,6-0,7x0,3-0,5mm, obovóide, bicôncavo, liso, células isodiamétricas evidentes, nigrescente, brilhoso.

Material examinado: estrada para a cidade, 20.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1025 (UFP).

Comentários: apesar da espécie ter sido registrada em diversas regiões, pode ser consideradarara e pouco coletada no estado. Em geral está associada a áreas abertas, com solos arenosos esazonalmente alagada (Luceño et al . 1997). Em Mirandiba, a espécie foi registrada em área com algum

grau de antropização e nas proximidades de um açude.

 24.14. R HYNCHOSPORA CONTRACTA (Nees) Raynal, Adansonia 17: 277. 1978.Ervas, 15-60cm alt., perenes, curto-rizomatosas, cespitosas; base pardo-vinácea a paleácea.

Escapo  centra, trígono, liso; bráctea tectriz foliácea, em geral do comprimento do eixo primário.Folhas 7,5-40,5x0,2-0,4cm, lineares, esverdeadas. Inorescência terminal e axilares, paniculiforme,piramidal, laxa, eixos primários 0,6-1,5(-2,5)cm compr. Espiguetas 1,5-3,5mm compr., sésseis, ovóides,congestas; antóide bissexuado e unissexuado; gluma 1,3-1,4 x 0,7-0,9mm, elíptica a elíptica-obovada,cuneiforme, uninervada, paleácea a pardo-escura; ápice truncado a levemente acuminado; estames 2-3;estilete bído. Fruto aquênio, 0,9-1,1x0,6-0,7mm, obovóide, bicôncavo, base cuneada, transversalmente

rugoso, acinzentado a cinza-nigrescente; estilopódio contraído no ápice, não decurrente na base.Material examinado: estrada de acesso a cidade, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al. 1044 (RB, UFP); Fazenda

Trocão, 16.IV.2007, J. Maciel et al. 395 (RB, UFP); Serra da Gia, 30.V.2006, J. Maciel et al. 380 (NY, RB, UFP); Vertentes,

19.IV.2007, D. Araújo et al. 265 (UFP).

Comentários: espécie com registro em diversas regiões do país e em geral associada a áreasabertas e margem de mata com solo arenoso e sazonalmente alagados (Alves et al . 2009). Em Mirandiba,a espécie ocorre nas proximidades de açudes e rios temporários em solo arenoso ou em fendas delajedos com elevada concentração de matéria orgânica.

25. DIOSCOREAECEAE

Diogo Amorim de Araújo

Trepadeiras, herbáceas ou lenhosas. Freqüentemente com tubérculos ou bulbilhos. Folhas simples ou raro compostas, alternas, espiraladas, raramente opostas, palminérveas, frequentementecordadas. Inorescências racemosas geralmente tipo espiga. Flores  pouco vistosas, geralmente

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144

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

unissexuadas (plantas dióicas), actinomorfas, diclamídeas e homoclamíddeas, cálice e corola geralmente

unidos entre si; cálice e corola trímeros; estamos 6, livres ou unidos entre si, anteras rimosas; geralmentecom nectários septais ou disco nectarífero; gineceu gamocarpelar, ovário ínfero, trilocular ou unilocular,placentação axial ou parietal, lóculos bi a pluriovulados. Fruto cápsula geralmente alada, raramentesâmara ou baga; sementes comprimidas ou globosas; embrião diminuto, bem diferenciado, plúmulasubterminal; cotilédone achatado, amplo, endosperma abundante.

Família predominantemente pantropical e abundantes nas orestas tropicais. Incluem 5gêneros e cerca de 900 espécies, a grande maioria pertecente a Dioscorea . No Brasil, as Dioscoreaceaesomam cerca de 80 espécies em 3 gêneros: Dioscorea , Hyperocarpa , e Tacca . Sendo os dois últimosrepresentados por apenas uma espécie cada. Muitas espécies de Dioscorea são importantes espécies

alimentícias. Produzem rizomas conhecidos como “inhame” que são amplamente apreciados no Brasil,sobretudo na culinária da região Nordeste.

 TÉLLEZ, O. 1998. Dioscoreaceae. In : STEYEMARK, J. A., BERRY, P. E. & HOLST, B.K.(eds.). Flora of the Venezuelan Guayana, Missouri Botanical Garden, St. Louis, 4: 686-696.

 25.1. D IOSCOREA PANAMENSIS  Kunth in  Engl., Panzenr. 87: 109. 1924.Trepadeira, herbácea. Caule cilíndrico, dextrorso, pubescente, tuberoso. Folhas  3,4-6x1-

3,6cm, ovadas a ovado-lanceoladas, 7-nervadas, mucronadas, glândulas discóides dispersas na faceabaxial; pecíolo 0.5-1cm compr. Inorescência masculina racemo, 8-10cm compr., 1-3 ores por

címula;  6 estames, extrorsos, centrais, livres entre si, anteras rimosas, estaminódios ou pistilódiosausentes. Inorescência feminina não observada.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1198 (UFP).

Comentários: espécie conhecida até o momento apenas para a América Central e norte da América do Sul.

26. ERYTHROXYLACEAE

 Maria Iracema Bezerra Loiola & Jussara Maria de Oliveira Gomes 

 Árvores, arvorestas, arbustos ou subarbustos, glabros. Folhas simples, inteiras, alternas, raroopostas, estipuladas, pecioladas; estípula persistente ou caduca, estriada ou enérvea. Flores solitáriasou em fascículos axilares, pediceladas ou subsésseis, actinomorfas, heterostílicas; cálice persistente,sépalas 5, unidas na base; pétalas 5, livres, com apêndices; estames geralmente 10, letes unidos nabase formando um tubo curto, anteras ditecas, deiscência longitudinal; ovário 1, súpero, (2–) 3-locular,geralmente só um lóculo ovulífero, óvulo 1-2, pêndulo; estilete (2–) 3, livres ou soldados desde a base,

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145- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

estigma capitado, raramente subséssil. Fruto drupa, 1 semente, raro cápsula, 2–3 sementes, cálice e

letes persistentes na base do fruto; embrião reto, com ou sem endosperma.

Família predominantemente pantropical, com quatro gêneros e cerca 240 espécies, tendo comoprincipais centros de diversidade e endemismo o Brasil e a Venezuela. Nas Américas ocorre apenas ogênero  Erythroxylum P. Browne. A posição sistemática da família e suas anidades têm apresentadocontrovérsias e alguns autores a posicionaram na ordem Geraniales, enquanto outros em Linales.Estudos moleculares recentes evidenciaram a grande anidade entre Erythroxylaceae e Rhizophoraceaee sugeriram seu posicionamento na ordem Malpighiales. O gênero está bem representado no nordestebrasileiro, onde foram registradas 66 espécies, sendo 25 endêmicas.

LOIOLA, M. I. B.; AGRA, M. F.; BARACHO, G. S. & QUEIROZ, R. T. 2007. Flora daParaíba, Brasil: Erythroxylaceae Kunth. Acta Botanica Brasilica, 21(2): 473-487.

PLOWMAN, T. C. 1986. Four new species of Erythroxylum(Erythroxylaceae) from northeasternBrazil. Brittonia, 38(3): 189-200.

PLOWMAN, T. C. 1987. Ten new species of  Erythroxylum (Erythroxylaceae) from Bahia,Brazil. Fieldiana Botany, 19: 1–41.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE ERYTHROXYLACEAE

1. Estípulas estriadas; pecíolo 1,2-1,5mm.................................................................. Erythroxylum pungens 

1’. Estípulas enérveas; pecíolo 3-6 mm..............................................................................................................2

2. Folhas obovadas a oblongas, cartáceas; estípulas 3-4mm ............................... . Erythroxylum caatingae 

2’. Folhas elípticas, membranáceas; estípulas 2-3mm ............................... .......................... Erythroxylum sp

 26.1. E RYTHROXYLUM  CAATINGAE  Plowman, Fieldiana, Bot. 19: 5. 1987. Arbustos; ramos castanho-avermelhados, densamente lenticelados; estípulas 4-5mm compr.,

enérveas, triangulares, curtamente 2-setulosas; pecíolo 4-6mm compr.Folhas 3-5,7cm compr., oblongasa elípticas, cartáceas, ápice arredondado, retuso, base arredondada a cuneada; nervuras marcadamente

proeminentes na face adaxial e impressas na abaxial; fascículos com 1-3 ores na axila das folhas e/oucatalos; pedicelo 1-2mm compr. Flores 4-6mm compr.; lobos do cálice 1-1,5mm compr., triangulares;pétala 1,7-2mm compr., ovada; tubo estaminal 0,9-1,2mm compr., menor que os lobos do cálice; ovário1,4-1,5mm compr., obovóide.

Material examinado: Mirandiba, 30.V.2006, J. Oliveira et al. 38 (UFP, UFRN).

Comentários: espécie com  distribuição restrita ao Nordeste do Brasil em ambiente decaatinga, com ocorrência conrmada na Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.Na área de estudo foi registrada em caatinga arbustiva densa, em solo arenoso. Tem como característicaspeculiares as folhas pecioladas, com nervuras marcadamente proeminentes na face adaxial e as estípulasenérveas, 2-setulosas. É próxima de  Erythroxylum nummularia  Peyr., no entanto, este táxon apresenta

folhas subsésseis. Sem interesse econômico aparente.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 26.2. E RYTHROXYLUM  PUNGENS  O. E. Schulz in  Engl., Panzenr. 4 (134): 49. 1907. Arbustos; ramos freqüentemente enegrecidos, às vezes cinéreos ou amarronzados, densamente

lenticelados; estípulas 1,5-2mm, estriado-nErvasdas, triangulares, curtamente 3-setulosas; pecíolo 1,2-1,5mm compr. Folhas l,4-3,5cm compr., elípticas, cartáceas, ápice arredondado a retuso, base aguda;nervuras pouco evidentes em ambas as faces. Flores 4-5mm compr., pedicelo 9-12mm compr.; lobosdo cálice 1-1,4mm compr., triangulares; pétala 3,5-4mm compr., esbranquiçada, oboval; tubo estaminal1-1,2mm compr., menor que os lobos do cálice. Flores brevistilas: estames 4-4,5mm compr., anteras0,4-0,5mm compr., elípticas; estiletes 1,2-1,4mm compr., livres; ovário 1,5-2mm compr., obovóide.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 433 (UFP, UFRN); Serra das

Umburanas, Alto dos Correios, 10.II.2007, Y. Melo et al. 130 (MO, RB, UFP, UFRN).

Comentários: exclusiva do Nordeste do Brasil, com registro na Bahia, Ceará, Maranhão,Pernambuco e Piauí, ocorrendo preferencialmente na caatinga. Em Mirandiba foi encontradadesenvolvendo-se na caatinga arbustiva-arbórea densa, em aoramentos rochosos. Pode ser facilmentereconhecida pelos ramos geralmente enegrecidos, estípulas estriadas, curtamente 3-setulosas e orescom longos pedicelos. Possui anidades com  Erythroxylum buxus  Peyr., tendo esta última ocorrênciaregistrada apenas nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Sem interesse econômico aparente.

 26.3. E RYTHROXYLUM  SP 

 Arvoretas; ramos acinzentados a enegrecidos, estriados longitudinalmente, densamentelenticelados; estípulas 2-3mm compr., enérveas, triangulares, curtamente 3-setulosas; pecíolo 3-4mmcompr. Folhas 2,6-3,5cm compr., elípticas, membranáceas, ápice levemente arredondado, mucronulado,base cuneada. Flores não observadas.

Material examinado: Cacimba Nova, 09.II.2007, M. F. A. Lucena 1680 (RB, UFP, UFRN).

Comentários: esta espécie foi encontrada apenas vegetativamente, com quatro folhas jovens,o que dicultou sua identicação a nível especíco. Compartilha com E. caatingae as estípulas enérvease folhas pecioladas, no entanto, em  Erythroxylum sp as estípulas e folhas são menores. Sem interesseeconômico aparente.

27. EUPHORBIACEAE S.L. Maria de Fátima de Araújo Lucena & Marccus Alves 

Plantas monóicas ou dióicas. Árvores, arbustos, subarbustos, ervas, eretas, prostradas ou volúveis; geralmente latescentes, látex leitoso, colorido ou incolor presentes nas estrutras vegetativas ereprodutivas. Folhas alternas, opostas ou mais raramente verticiladas, simples ou compostas, inteirasou lobadas; glândulas foliares quando presentes, localizadas no pecíolo, na base ou ao longo da lâminafoliar; estípulas presentes ou ausentes, às vezes glandulígeras. Inorescência em cimeiras dicotômicas,

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147- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

espigas, racemos, panículas, capítulos e pseudanthos; brácteas presentes ou ausentes. Flores unissexuais

geralmente actinomorfas; pequenas ou raro vistosas, frequentemente pediceladas, cálice das oresestaminadas e pistiladas geralmente com 3-5 sépalas, livres, de preoração valvar ou mais raramenteimbricada, tamanhos iguais ou desiguais; cálice pistilado às vezes acrescente; corola de ambos os sexos3-6 pétalas, livres ou discretamente unidas, valvar ou imbricadas, diminutas ou ausentes, algumas vezescoloridas. Disco das ores estaminadas intraestaminal ou extraestaminal com 5-6 glândulas, livres(lobados) ou anulares, ou ausentes. Disco das ores pistiladas anular, inteiro ou lobado ou ausente.Estames 1-100, em geral 3-25; estames livres ou conados, anteras eretas ou exionadas no botão,introrsas ou extrosas, em geral 2-tecas, deiscência longitudinal; grãos de pólen geralmente tricolporados,tectados, inaperturados a politremados. Gineceu sincárpico de (1-)3(-25) carpelos fusionados; ováriosúpero com estiletes livres ou fusionados na base; estigmas inteiros, planos ou eretos, lobados ou

plumosos, laciniados ou multídos; óvulos 1-2 por lóculo, anátropos, inseridos abaixo do obturador,placentação axilar. Fruto frequentemente esquizocárpico, deiscência septicida, septicida-loculicida,abrindo-se em 3 valvas, irregular ou indeiscente, drupáceo, bacáco ou samaróide; sementes 1-2 porlóculo, testa carnosa ou esclericada, carúncula presente ou ausente, embrião reto ou curvo, cotilédonesplanos ou ou curvos.

Família com distribuição pantropical, principalmente nas regiões tropical e subtropical,nos continentes americano e africano, com exceção, para poucos gêneros extratropicais (Webster1987, 1994, Heywood 1993). Compreende cerca de 8000 espécies reunidas em aproximadamente300 gêneros. No Brasil, estima-se a ocorrência de 1100 espécies e 72 gêneros, habitando os mais

diferentes tipos vegetacionais (Barroso et al . 1991). A região Nordeste do Brasil pode ser consideradaum grande centro de diversidade da família, com 211 espécies e 45 gêneros listados por Cordeiro eCarneiro-Torres (2006), distribuídas, em sua grande maioria, nas áreas de Caatinga. Euphorbiaceaesensu lato, de acordo com Wurdack et al . (2005) e Kathriarachchi et al . (2006) está agora organizadanas famílias Euphorbiaceae, Phyllanthaceae, Picrodendraceae e Peraceae. Está sendo adotado aqui, otradicional sistema de classicação proposto por Webster (1994) Mirandiba contempla 47 espécies deEuphorbiaceae em diferentes sionomias de caatinga. Predomina o hábito arbustivo nas espécies locais.

 Algumas são utilizadas como medicinais e outras são empregadas, na região, para produção de lenhae cercas. As espécies consideradas como ruderais e/ou subespontâneas (  Astraea lobatum (L.) Klotzsch,Croton hirtus  L’ Her.,  Euphorbia heterophylla  Desf.,  Euphorbia  hirt a (L.) Millsp.,  Euphorbia hyssopifolia   (L.)

Small., Euphorbia prostrata 

 (Aiton) Small., Euphorbia thymifolia 

 (L.) Millsp., Euphorbia tirucalli 

 L. , Jatropha

 gossypifolia  L., Jatropha curcas  L., Phyllanthus niruri L., e Ricinus communis L.) na localidade não foram decritas,porém, estão contempladas na chave de identicação elaborada. Algumas espécies merecem destaquepor serem consideradas raras haja vista apresentarem poucas amostras nos acervos locais e coletasrestritas a algumas poucas localidades, como: Euphorbia chamaeclada Ule, Croton adamantinus  Baill., Crotonadenocalyx Baill., Croton  sp. nov. e Gymnanthes  sp. nov., as duas últimas aqui descritas e ilustradas.

CORDEIRO, I.; CARNEIRO-TORRES, D. S. 2006. Euphorbiaceae. In : BARBOSA, M. R.;SOTHERS, C.; MAYO, S.; GAMARRA, C. F. L.; MESQUITA, A. C. (Org.). Checklist das Plantas doNordeste Brasileiro: Angiospermas e Gymnospermas. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia,

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148

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

(1) 71-74.

GOVAERTS, R.; FRODIN, D.G. & RADCLIFFE-SMITH, A. 2000. World Checklist andBibliography of Euphorbiaceae (and Pandaceae) 4vs. Kew, Royal Botanical Gardens.

KATHRIARACHCHI, H.; SAMUEL, R.; HOFFMANN, P.; MLINAREC, J.; WURDACK, K. J.; RALIMANANA, H.; STUESSY, T. F.; CHASE, M. W. 2006. Phylogenetics of the tribe Phyllantheae(Phyllanthaceae; Euphorbiaceae Sensu Lato) based on nrITS and Plastid matK DNA sequence Data.

 American Journal of Botany, 93(4):637-655.KRUIJT, R. CH. 1996. A taxonomic monograph of Sapium Jacq., Anomostnchys (Baill.) Hurus.,

Duvigneaudin  J.Leonard and Sclevocroton Hochst. (Euphorbiaceae tribe Hippomaneae). BibliothecaBotânica. 

MELO, A.L. Estudos Taxonômicos sobre o gênero Cnidoscolus  Pohl (Crotonoideae-

Euphorbiaceae) no Estado de Pernambuco-Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade FederalRural de Pernambuco, Recife, PE. 2000.

RADCLIFFE-SMITH, A. 2001. Genera Euphorbiacearum. Royal Botanic Gardens, Kew1-455.

 WEBSTER, G.L. 1994. Systematics of the Euphorbiaceae . Annals of the Missouri BotanicalGarden. Califórnia, E.U.A. 81(1): 1-144.

ROGERS, J. & APPAN, S. G. 1973. Manihot -Manihotoides (Euphorbiaceae).Flora Neotropica.Monograph. 13: XX-XX.

SANTOS, V. J. Estudo Taxonômico da tribo Hippomaneae A. Juss. Ex Spach.(Euphorbiaceae Juss.) em Pernambuco. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de

Pernambuco, Recife, PE. 2000.SÁTIRO, L. N. & ROQUE, N. 2008. A Família Euphorbiaceae nas caatingas arenosas domédio rio São Francisco, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 22(1): 99-118.

SILVA, M. J. & SALES, M. F. 2004. O gênero Phyllanthus  L. (Phyllantheae - Euphorbiaceae Juss.) no bioma Caatinga do estado de Pernambuco – Brasil. Rodriguésia, 55 (84): 101-126.

 WEBSTER, G. L. 1999. Euphorbiaceae In : STEYERMARK, J. A.; BERRY, P. E.; YATSKIEVYCH, K. & HOLST, B. K. Flora of the Venezuelan Guayana, St.Louis: MissouriBotanical Garden Press, 1(5): 72-228.

 WURDACK, K. J.; HOFFMANN, P.; CHASE, M. W. 2005. Molecular phylogenetic analysisof uniovulate Euphorbiaceae (Euphorbiaceae sensu stricto) using plastid rbcl and trnl-f dna sequences.

 American Journal of Botany, 92(8): 1397–1420.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE EUPHORBIACEAE S.L.

1. Plantas trepadeiras ............................................................................................................................................2

1’ Plantas não trepadeiras ....................................................................................................................................3

2. Racemo axilar com tricomas glandulares e urticante .......................................................Tragia volubilis 

2’. Pseudanto protegido por 2 brácteas, foliáceas, verdes ............................. ......... Dalechampia scandens 

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149- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

3. Plantas cactiformes; cladódios cilíndricos ............................ ............................... ....... Euphorbia tirucalii 

3’. Plantas não cactiformes ..................................................................................................................................4

4. Racemos com ores pistiladas no ápice e ores estaminadas na base

do eixo oral; frutos espiculados ........................................................................................Ricinus communis 

4’. Racemos sem essa característica ou outro tipo de inorescência; frutos nunca espiculados ..............5

5. Ervas com ores distribuídas exclusivamente em ciátios ........................... ............................... .................6

5’. Ervas, subarbustos, arbustos ou arvoretas com ores distribuídas em

outros tipos de inorescência ............................... ............................... ............................... .............................. 13

6. Base da folha assimétrica .................................................................................................................................76’. Base da folha simétrica........................... ............................... ............................... ............................... ......... 11

7. Ciátios reunidos em glomérulos ........................................................................................ Euphorbia hirta 

7’. Ciátios solitários ou em grupos de 2-3 por axila foliar ..............................................................................8

8. Glândulas do ciátio, 4 dispostas de um mesmo lado do invólucro caliciforme .............................. ........9

8’. Glândulas do ciátio, 4 dispostas 2 a 2 em cada lado do invólucro caliciforme ................................... 10

9. Estípulas oval-laceradas; invólucro caliciforme infundibuliforme;

ovário piloso apenas ao longo das arestas ............................ ............................... .......... Euphorbia prostrata  

9’. Estípulas triangulares; invólucro caliciforme campanulado;

ovário tomentoso  ............................................................................................................ Euphorbia thymifolia 

10. Estípula-1, triangular; invólucro campanulado; apêndices glandulares

do ciátio iguais entre si; margem inteira (raro mbriada); ovário glabro ............. Euphorbia hyssopifolia 

10’. Estípulas-2, lineares; invólucro caliciforme urceolado; apêndices

glandulares desiguais entre si, margem sinuosa; ovário velutino ........................ Euphorbia chamaeclada  

11. Brácteas involucrais do ciátio sobrepostas; glândulas-4 por ciátio ........................ Euphorbia comosa 

11’. Brácteas involucrais do ciátio não sobrepostas; glândulas 1-2(3) por ciátio ............................ ....... .. 12

12. Glândulas-2, raro 3, pateliformes, sésseis; apêndice glandular oval ..................... Euphorbia insulana 

12’. Glândula-1, caliciforme, estipitada; apêndice glandular ausente .................. Euphorbia  heterophylla  

13. Plantas sem nectários extraorais ............................. ............................... ............................... .................. 14

13’. Plantas com nectários extraorais ............................ ............................... ............................... .................. 19

14. Estípulas foliáceas; ovário com tricomas lepidotos ............................. ................Croton blanchetianus 

14’. Estípulas não foliáceas; ovário sem tricomas lepidotos ........................... ............................... .............. 15

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150

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

15. Folhas com tricomas malpighiáceos; estames em 2 verticilos ........................... Ditaxis malpighiacea 

15’. Folhas sem tricomas malpighiáceos; estames em 1 verticilo ............................. ............................... .... 16

16. Margem foliar serreada; racemos espiciformes congestos;

estiletes formando coroa; sementes não estriadas ..........................................................Bernardia sidoides 

16’. Margem foliar inteira; ores solitárias ou reunidas em cimeiras ou glomérulos axilares; estiletes sem

essa característica; sementes estriadas ............................ ............................... .............................. .................... 17

17. Base da folha assimétrica ..............................................................................................Phyllanthus niruri 

17’ Base da folha simétrica ............................. ............................... ............................... ............................... ..... 18

18. Ramos lantóides; lobos do disco glandular estaminado orbiculares; estames concrescidos, rimasoblíquas ............................................................................................................................... Phyllanthus amarus 

18’. Ramos não lantóides; lobos do disco glandular estaminado elípticos;

estames livres, rimas transversais .............................. ............................... ..............Phyllanthus heteradenius 

19. Anteras vermiformes; ores pistiladas protegidas por bráctea foliácea ............................. ................. 20

19’. Anteras não vermiformes; ores pistiladas nunca protegidas por bráctea foliácea ......................... 21

20. Estípulas subuladas, não ciliadas, crasso-glandulígeras; sépalas das ores

pistiladas e ovário denso-glandulígeros ........................................................................ Acalypha  multicaulis 

20’. Estípulas lineares, ciliadas, membranáceo-glandulígeras;

sépalas das ores pistiladas e ovário não glandulígeros .................................................... Acalypha   poiretii 

21. Frutos com cornos; carúncula estipitada ........................................................ Microstachys corniculata 

21’. Frutos sem cornos; carúncula não estipitada .......................... ............................... ............................... . 22

22. Plantas com tricomas urticantes ............................... ............................... ............................... ................... 23

22’. Plantas sem tricomas urticantes .............................. ............................... ............................... ................... 27

23. Estames livres ...............................................................................................................................................24

23’. Estames concrescidos .............................. ............................... ............................... ............................... ..... 25

24. Estaminódios ausentes; perianto das ores pistiladas urceolado ..................... Cnidoscolus loefgrenii 

24’. Estaminódios-2; perianto das ores pistiladas hipocrateriforme ............................Cnidoscolus urens 

25. Folhas pinatilobadas a oblanceoladas; estames-10 (8),

dispostos em 2 verticilos. ..........................................................................................Cnidoscolus quercifolius 

25’. Folhas palmatilobadas; estames 15-20, dispostos em 4 verticilos ........................... ............................ 26

26. Ramos com tricomas aculeiformes; disco na base da coluna estaminal glabro; perianto das ores

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151- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

pistiladas campanulado; ovário oblongo .................................................................... Cnidoscolus bahianus  

26’. Ramos sem tricomas aculeiformes; disco na base dacoluna estaminal

 viloso; perianto das ores pistiladas oblanceolado; ovário piriforme ....................Cnidoscolus vitifolius  

27. Catálos protegendo os botões orais; ores pistiladas com 2-3 sépalas ................. Gymnanthes  sp.

27’. Plantas sem essas características .............................. ............................... ............................... ................... 28

28. Flores estaminadas e pistiladas diclamídeas; carúncula mbriada ........................... ............................ .29

28’. Flores estaminadas diclamídeas e pistiladas monoclamídeas

(exceto Croton adamantinus  ); carúncula não mbriada ............................... ............................... ..................... 32

29. Folhas inteiras; estípulas inconspícuas, estames não seriados ............................ ..... Jatropha  mutabilis 29’. Folhas tri a palmatilobadas; estípulas lacerato-glandulosas, estames bisseriados .............................. 30

30. Tricomas tectores apenas nas margens das folha .............................................. ..... Jatropha  mollissima 

30’. Tricomas glandulares presentes nas folhas, ramos e/ou ores .............................. ............................. 31

31. Folhas inconspicuamente lobadas; ores creme-amareladas ............................. ....... Jatropha ribifolia 

31’. Folhas profundo-lobadas; ores vináceo-avermelhadas .............................. ....... Jatropha gossypifolia 

32. Plantas latescentes; látex leitoso, leitoso-amarelado, ou incolor; estames eretos no botão .............. 33

32’ Plantas quando latescentes, látex não leitoso; estames exionados no botão .................................... 35

33. Folhas inteiras; 1 par de glândulas acropeciolar;

sementes com arilo vermelho........................................................................................ Sapium glandulosum

33’. Folhas palmatilobadas; glândulas acropeciolares ausentes; sementes sem essa característica ........ 34

34. Látex amarelo-leitoso; folhas não peltadas; estames-10

sobre excrescências globosas ............................... ............................... ........................... Manihot caerulescens 

34’. Látex incolor, folhas frequentemente peltadas; estames-10

entre os lobos do disco glandular .................................................................................... Manihot dichotoma 

35. Folhas lobadas .................................................................................................................... Astraea lobatum

35’. Folhas inteiras ..............................................................................................................................................36

36. Ramos dicotômicos .......................................................................................................Croton tetradenius 

36’.Ramos não dicotômicos ........................... ............................... ............................... ............................... ..... 37

37. Folhas, estípulas ou pecíolo com glândulas (basilaminares, acropeciolares,

marginais); ovário com tricomas simples ou estrelados não longo-estipitados, não ferrugíneos .......... 38

37’. Folhas, estípulas e pecíolo destituídos de glândulas; ovário com

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152

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

tricomas estrelados longo-estipitados ferrugíneos ............................. ............................Croton pedicellatus 

38. Ervas a subarbustos, não aromáticos ........................... ............................... ............................... .............. 39

38’. Arbustos aromáticos ou não .............................. .............................. ............................... .......................... 40

39. Ramos hirtos; folhas com base assimétrica; sépalas pistiladas desiguais entre si ...........Croton hirtus 

39’. Ramos por vezes hirtos; folhas com base simétrica;

sépalas pistiladas iguais entre si .........................................................................................Croton  glandulosus 

40. Estípulas laciniadas ou laceradas, glandulígeras ............................ ............................... ........................... 41

40’. Estípulas inteiras, glandulígeras ou não ............................. ............................... ............................... ........ 42

41. Estames - 30-40 .............................................................................................Croton laceratoglandulosus 41. Estames – 11 ..................................................................................................................Croton adenocalyx 

42. Folhas na face abaxial com glândulas estipitado-pateliformes nas reentrâncias das serras .............. 43

42’. Folhas sem essa característica ............................ ............................... ............................... ......................... 45

43. Estípulas inconspícuas; estreito-triangulares, glandulígeras ..................................... Croton grewioides 

43’.Estípulas conspícuas; lineares a lanceoladas não glandulígeras ............................... ............................. 44

44. Glândulas acropeciolares-2(4), estipitado-pateliformes; sépalas pistiladas reduplicadas;

pétalas nas ores pistiladas presentes; ovário oblongo; estiletes 3 (4) .....................Croton adamantinus 

44’. Glândulas acropeciolares-2, discóides, sésseis; sépalas pistiladas não reduplicadas;

pétalas nas ores pistiladas ausentes; ovário semi-lenticular; estiletes multídos .....Croton nepetifolius 

45. Estiletes multídos; sépalas das ores pistiladas reduplicadas ...............................Croton urticifolius 

45’. Estiletes bídos; sépalas das ores pistiladas não reduplicadas ............................. ............................. 46

46. Glândulas 2-4, conspícuas, circulares, basilaminares na face adaxial,

glândulas-2, pateliformes na face abaxial ................................................................ Croton rhamnifolioides 

46’. Glândulas 2(4), inconspícuas, ovóides basilaminares na face adaxial .. Croton heliotropiifolius 

 27.1. ACALYPHA  MULTICAULIS  Müll. Arg., Linnaea 34: 53. 1865.Subarbustos a arbustos, 0,4-2m alt.; ramos glabros; estípulas subuladas, 2-2,5mm compr.,

crasso-glandulígeras. Folhas  elípticas a ovais, 1,5-6,5cm, membranáceas, glabras a pilosas, denso-glandulígeras, base cuneada a atenuada, ápice agudo a acuminado, margem serreada, nervaçãoeucamptódroma. Inorescência racemos espiciformes; bráctea-1, largo-triangular a lanceolada. Floresestaminadas ca.10, <1mm compr.; bractéola-1, triangular; sépalas-4, ovais a ovadas, 1mm compr.,

 valvares; estames 6-10. Flores pistiladas 1-2 por bráctea, 1,5-2mm compr.; sésseis; bráctea-1, reniforme,margem denticulada-glandulígera; sépalas-3, oval-lanceoladas, <1mm compr., denso-glandulígeras,ovário subgloboso, 1x1mm diâm., denso-glandulígero. Fruto globoso,  2x2mm; sementes ovadas,

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153- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

1x1mm, testa marrom-escura, foveolada a punctada.

Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1477 (UFP); Fazenda Catolé, 04.X.2006, M. F. A.Lucena et al. 1626 (TEPB, P, RB, UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. L. Santos et al. 251 (UFP); M. T. Vital et

al. 123 (UFP).Comentários: espécie com ocorrência no Brasil e norte da Argentina (Govaerts et al . 2000),

endêmica do bioma Caatinga (Lucena & Alves inéd.). Levantamento realizado por Lucena & Alves(inéd.) indica sua ocorrência na maioria dos estados da região Nordeste, exceto para os estados doMaranhão, Rio Grande do Norte e Piauí. Compreende uma planta fortemente ramicada desde a basee com as folhas tipicamente lustrosas devido à produção de substância resinosa, com visitas regularesde formigas. É caracterizada pelas folhas ovais de base cuneada ricamente revestidas por tricomasglandulares sésseis, 1-2 ores pistiladas por bráctea e ovário denso-glandulígero. Em Mirandiba, está

associada a áreas de caatinga arbustiva ou arbórea, densa ou aberta, nas proximidades de riachostemporários com solos arenosos e pedregosos, sombreadas. Altitude de 380-520m. Nome popular:canela-de-ema, catinga-de-cheiro.

 27.2. B  ERNARDIA SIDOIDES  (Klotzsch) Müll. Arg., Linnaea 34: 177. 1865.Ervas eretas, monóicas, anuais, 10-20cm alt.; ramos hirsutos; estípulas lineares, 2-3mm compr.

Folhas  simples, inteiras, verticiladas, raro alternas; elípticas a ovais, 1-5 x 0,5-2cm, membranáceas,setosas, base cuneada a atenuada, ápice agudo a acuminado, margem serreada, nervação eucamptódroma.Inorescência racemos congestos axilares e terminais, paucioros. Bráctea-1, campanuliforme. Flores estaminadas 4-5, 2-3mm compr.; protegidas por bráctea campanuliforme; sépalas-3, ovais, 2mm compr.,

 valvares; estames-25. Flores pistiladas-3, 2-5mm compr.; bractéola-1, largo-triangulares, sépalas-4,ovais, 2mm compr.; ovário subgloboso, 1mm diâm., híspido-glandulígero, estiletes-3, laminares, bídos.Fruto trígono, 3-4mm, fortemente 3-arestado; sementes trígonas, 3x2mm, base truncada, testa marroma enegrecida, columela persistente.

Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, K. Pinheiro s/n (UFP 50486).

Comentários: referida para o norte da América do sul e Brasil (Govaerts et al . 2000). Nonordeste do Brasil, Lucena & Alves (inéd.) registram sua ocorrência para os estados de Alagoas,Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Reconhecida pelo porte herbáceo, folhas

 verticiladas, inorescência em racemos congestos, curtos, com poucas ores estaminadas e pistiladas;sementes trígonas. Em Mirandiba a espécie foi registrada habitando áreas com solos pedregosos e

sombreados. Nome popular: manda-pulão.

 27.3. C  NIDOSCOLUS  BAHIANUS  (Ule) Pax & K. Hoffm. in  Engl. & Prantl., Nat. Pazenfam.19c: 164. 1931.

 Arbustos a árvores monóicos, 2-15m alt.; látex leitoso; ramos glabros com tricomasaculeiformes de base alargada, canaliculados; estípulas inconspícuas, caducas, linear-triangulares, 1,5-2mm compr., internamente papilosas. Folhas palmatilobadas (3-5), ovais a reniformes, 1-3x0,5-1cm,cartáceas a membranáceas, pilosas, base auriculada, ápice acuminado a caudado, margem denteada-irregular, nErvasção actinódroma basal; glândulas papiliformes, basilaminares. Inorescência dicasial.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Flores estaminadas 5-10mm compr.; perianto hipocrateriforme a clavado, bractéola-1, oval-lanceolada;

sépalas liguliformes, 4-5mm compr., imbricadas, livres 1/2 da extensão; estames-20, concrescidos, verticilos-4, estaminódios-5, base da coluna estaminal glabra. Flores pistiladas 5-15mm compr.; periantocampanulado; bractéola-1, oval-lanceolada; sépalas-5, largo-oblongas, 5-15mm compr.; ovário oblongo,5x4mm, puberulento; estiletes multídos. Fruto elipsóide, 12x16mm; sementes oblongas, 8x6,5mm,testa marrom, maculada.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A.Lucena et al. 1200 (UFP); Cedro, 07.II.2007, M. F.

 A.Lucena et al. 1663 (UEC, CEPEC, RB, UFP); Fazenda Tigre, Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A.Lucena et al.1422 (UFP).

Comentários: distribuição no Nordeste (Bahia, Pernambuco e Piauí). Distingue-se pelasfolhas palmatilobadas, presença de tricomas aculeiformes esparsos nos ramos, estames dispostos em4 verticilos e base da coluna estaminal glabra. Coletada em áreas de caatinga com solos argilosos e

arenosos. Nome popular: cansanção, favela-de-galinha, favela-brava, favela-de-boi.

 27.4. C  NIDOSCOLUS   LOEFGRENII  (Pax & K. Hoffm.) Pax & K.Hoffm, Nat. Panzenfam.19c: 166. 1931.

 Arbustos monóicos, 1-3m alt.; látex leitoso; ramos pubescentes; estípulas lacerado-glandulosas,1,5-2mm compr. Folhas palmatilobadas (5), lobos elíptico-lanceolados a rômbicos, 2,5-11x4-11cm,membranáceos, pilosos, tricomas simples, urentes, esparsos, base auriculada, ápice acuminado a caudado,margem denteada-glandulígera, nervação actinódroma basal; glândulas papiliformes, basilaminares.Inorescência dicasial. Flores estaminadas 3-5mm compr.; perianto hipocrateriforme, pubescente,tricomas urentes no ápice do botão; sépalas-5, ovais, 4-5mm compr., imbricadas, livres no ápice; estames-

10, livres, 5 internos, 5 externos. Flores pistiladas 5-10mm compr.; perianto urceolado, bractéola-2,lanceoladas, papilosas; sépalas-5, largo-triangulares 5-7mm compr.; disco anelar, pubescente; ováriooblongo-ovóide, 5x4mm, hirsuto-puberulento; estiletes-3, multídos. Fruto oblongo-ovóide, 8x6mm,espinescente; sementes oblongo-elípticas, 7,5x3mm, testa marrom-escuro, maculada.

Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A.Lucena et al. 1618 (M, UFP); Vertentes, 02.X.2006, M. F.

 A.Lucena et al. 1589 (UFP); 07.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1659 (UFP).

Comentários: ocorre no Brasil em diversos estados das regiões Nordeste e Sudeste e na Argentina (Melo 2000). Freqüente segundo este autor, na zona das Caatingas, nas subzonas do Agrestee do Sertão. Espécie facilmente confundida com C .  urens   (L.) Arthur, diferenciando-se desta peloperianto das ores pistiladas urceolado e tricomas urentes no ápice do botão das ores estaminadas.

Encontrada em Mirandiba em áreas de caatinga com aoramentos rochosos, sobre solos de areiasquartzosas, ou em áreas com latossolos pedregosos. Populações esparsas. Nome popular: cansanção,urtiga, urtiga-branca

 27.5. C  NIDOSCOLUS  QUERCIFOLIUS  Pohl, Pl. bras. icon. Descr. 1: 62. 1827.Cnidoscolus phyllacanthus  (Müll.Arg.) Pax & K.Hoffm. in  H.G.A. Engler, Nat. Panzenfam. ed.

2, 19c: 165. 1931.

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155- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 Arbustos a árvores monóicos, 1,5-6m alt.; látex leitoso; ramos glabros a esparso urticantes,

stulosos; estípulas laciniadas, 2-3mm compr., glandulígeras. Folhas pinatilobadas a oblanceoladas3,5-12x2,5-14cm compr., cartáceas, glabras, tricomas urticantes concentrados nas nervuras, basecuneada, raro cordada, ápice acuminado, margem irregular denteada com tricomas esparsos; nervaçãobroquidódroma. Inorescência  dicasial; bráctea-1 triangular. Flores estaminadas 5-8mm compr.;perianto hipocrateriforme, glabro a pubescente, sépalas-5, obovais, 2,5-5mm compr., imbricadas, livresno ápice; estames- 10 (8), concrescidos; coluna estaminal vilosa na base, verticilos-2, estaminódios-5.Flores pistiladas 8-15mm compr.; perianto oblongo, sépalas-5, oblongas, 1,5-3,5mm compr.; discoglandular anelar; ovário oblongo-elíptico, 3x4mm, glabro; estiletes-3, eretos, multídos. Fruto oblongo15-20x20-25mm, híspido-urente; sementes oblongas, 10x8mm, testa acinzentada, maculada.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1193 (SP, UFP), Catolé, 04.X.2006, M.

F. A. Lucena et al. s/n (UFP); Vertentes, 07.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1661 (RB, SP, UFP).Comentários: espécie amplamente distribuída em todo Nordeste e na Caatinga (Melo

2000) formando, em algumas regiões, populações numerosas. A presença de folhas pinatilobadas,em geral, concentradas no ápice dos ramos, letes unidos em dois verticilos e ausência de glândulasno limbo auxiliam a identicação deste táxon. Foi registrada no município de Mirandiba, habitandopreferencialmente trechos de caatinga aberta sedimentares ou do cristalino, com árvores esparsas.Observou-se, que, mesmo no período de estiagem a espécie apresenta indivíduos com folhagens.Comum na área o uso da entrecasca por caprinos. Alguns indivíduos podem apresentar variação foliarquanto à profundidade dos lobos. Nomes populares: favela, favela verdadeira, faveleira, favela-de-galinha.

 27.6. C  NIDOSCOLUS  URENS  (L.) Arthur, Torreya 21: 11. 1921. Arbustos monóicos, 1-1,5m alt.; látex leitoso; ramos pilosos, tricomas urticantes e simples;

estípulas largo-triangulares, 1-2,5mm compr., face interna e margem glandulígeras.Folhaspalmatilobadas(5-7), lobos ovais a oblongas, 2,5-5x3,5-13cm, membranáceas, pilosas, tricomas simples, base cordada,ápice acuminado, margem denteada-glandulígera; nervação actinódroma basal, glândulas papiliformes,basilaminares. Inorescência  dicasial; brácteas estreito-triangulares. Flores estaminadas 7-11mmcompr.; perianto hipocrateriforme, escabroso-tomentoso, sépalas 5, ovais, raro elípticas, 3,5-6mmcompr., imbricadas, livres no ápice; estames-10(8), verticilos-2, externos livres a concrescidos na baseem coluna esparso-pilosa, raro vilosa, estames internos concrescidos, estaminódios-2, disco glandular,

5-lobado, glabro. Flores pistiladas 8-15mm compr.; perianto hipocrateriforme; sépalas-5, oblongas aliguliformes, 2,5-4mm compr.; receptáculo basal anelar-denteado persistente; ovário oblongo-elíptico,3x4mm diâm., tomentoso-seríceo; estiletes-3, multídos. Fruto globoso 10x10mm, híspido pubescente;sementes oblongas, 6x4mm, testa cinza-enegrecida, maculada.

Material examinado: Serra da Jia, 30.V.2006, M. F. A. Lucena 1485 (UFP).

Comentários: espécie de ampla distribuição no território brasileiro (Sátiro & Roque 2008),tendo sido registrada para todos os estados da região Nordeste por Lucena & Alves (inéd.). Asobservações de campo puderam conrmar a destacada plasticidade fenotípica da espécie já enfatizadapor Melo (2000) e Sátiro & Roque (2008). Tratada por estes últimos autores como planta invasoraem áreas de pastagens, beira de estradas e terrenos baldios. Difere de C . loefgrenii  pela disposição dos

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156

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

estames em dois verticilos e letes unidos na base da coluna estaminal vilosa e perianto pistilado

hipocrateriforme. Em Mirandiba foi coletada em áreas de caatinga parcialmenbte antropizada, em solosarenosos ou em frestas de rochas. Nome popular: cansanção, urtiga-branca.

 27.7. C  NIDOSCOLUS  VITIFOLIUS  (Mill.) Pohl, Pl. Bras. Icon. Descr. 1: 62. 1827. Arbustos  monóicos, 1-3m alt.; ramos glabros; estípulas triangulares, 2-3mm compr.,

glandulígeras. Folhas palmatilobadas (3-5); oblatas a reniformes, 4,5-12,5x5,5-18,5cm, cartáceas,pilosas, tricomas simples, base auriculada, ápice acuminado, margem denteada-glandulígera; nervaçãoactinódroma basal, glândulas papiliformes, acropeciolares.Inorescência dicasial; bráctea-1 largo-ovaisa triangulares, crassas. Flores estaminadas 5-10mm compr.; perianto clavado, sépalas-5, largo-ovadas,4-5mm compr., imbricadas, livres no ápice; estames-15-20, concrescidos, verticilos-4, estaminódios-5,

disco glandular, viloso. Flores pistiladas 8-15mm compr.; perianto oblanceolado, sépalas-5, ovadas,côncavas; ovário piriforme, 5x4mm, puberulento-hirsuto; estiletes-3, multídos. Fruto  ovóide apiriforme, 17x15mm; sementes ovóides, 8x7mm, testa creme, maculada.

Material examinado: Serrotinho, 09.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1678 (UFP); Serra das Umburanas, Alto dos

Correios, 10.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1688 (UFP).

Comentários: Referida para o Brasil, Bolívia e nordeste da Argentina (Govaerts et al. 2000).Lucena & Alves (inéd.) apresenta sua distribuição na região Nordeste, até o momento, para os seguintesestados: Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Piauí. As folhas cartáceas, botões oraisestaminados clavados, cinco estaminódios livres no ápice da coluna estaminal, estames com conectivobem evidenciado, disco glandular viloso na base dos estames e a ocorrência de 3 estiletes concrescidos

e adpressos, tornam C . vitifolius  distinguível das demais espécies congêneres na área estudada. Foramobservadas em Mirandiba, populações com indivíduos esparsos ocorrendo em latossolos pedregososou arenosos com maior freqüência em áreas de caatinga arbustiva densa com altitudes de 440-511m. Nalocaliddae de Serrotinho foi registrada coleta de látex do caule por abelhas do gênero Trigona .

 27.8. C ROTON   ADAMANTINUS  Müll. Arg. in  Mart., Fl. bras. 11(2): 115. 1873. Arbustos, 0,8-2m alt.; ramos pilosos, tricomas estrelados; estípulas-2, lineares a lanceoladas,

3-7mm compr. Folhas inteiras, cordiformes, ovais, raro lanceoladas, 2-10,5x1,5-7cm, cartáceas, pilosas,tricomas estrelados, base cordada, raro truncada, ápice acuminado a agudo, margem erosa, glândulasestipitado-pateliformes, interespaçadas entre as serras na face adaxial; nervação cladódroma, glândulas

2-4, estipitado-pateliformes, acropeciolares, face abaxial. Inorescência  racemos terminais. Floresestaminadas 3-3,5mm compr.; bractéola-1, linear; sépalas-5, ovais, 1-1,5mm compr., valvares; pétalas-5,ovais, 1-1,5mm compr.; estames-11. Flores pistiladas 5-8mm compr.; bractéola linear a triangular;sépalas 5-6, desiguais em tamanho e forma, crassas; 1-largo-oblonga, 4mm compr., 1-espatulada,4,5mm compr., 3-largo-elípticas, reduplicadas, 5mm compr., pétalas-5, setáceas, 2mm compr., ápiceglandulígero, tricomas esparso-estrelados; ovário oblongo, 3x4mm, denso-híspido; estiletes 3-4, livres,longo-interespaçados, suberetos. Fruto  oblongo a depresso-globoso, 9x8mm; sementes ovóides alargo-elípticas, 5x3mm, testa marrom escuro a enegrecida, brilhantes.

Material examinado:  Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1194 (WIS, UFP); Serra da Jia,

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157- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1493 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, K. Pinheiro et al. 236 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição restrita ao estado de Minas Gerais, de acordo comlevantamento efetuado por Govaerts et al . (2000). Recente levantamento realizado por Lucena & Alves(inéd.) vem ampliar essa ocorrência para diversos estados da região Nordeste do Brasil: Bahia, Ceará,Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte. Considerada espécie endêmica do bioma Caatingapor Lucena & Alves (inéd.) e seu reconhecimento é facilitado pelas margens irregularmente serreadascom glândulas estipitado-pateliformes na reentrância das serras, visualizadas apenas na face adaxial dasmesmas e 2-4 glândulas no ápice do pecíolo. A presença de pétalas nas ores pistiladas constitui outrocaráter importante para diferenciá-la. Em Mirandiba pode ser encontrada preferencialmente em áreasde caatinga arbustiva densa com areias quartzosas distrócas ou com aoramentos rochosos e altitudeaté 511m. Nome Popular: canelinha-da-areia, canela-de-urubu.

 27. 9. C ROTON   ADENOCALYX  Baill., Adansonia 4: 344. 1864. Arbustos, 2-2,80m alt.; ramos glabros; estípulas-2, laciniadas, 4-6mm compr., glandulígeras.

Folhas inteiras, alternas, subopostas próximo ao ápice, ovadas a ovais, 1-3x0,5-1cm, membranáceas,pilosas, tricomas estrelados, base cordada, raro arredondada, ápice acuminado, margem duplicato-serreada, glandulígera, glândulas cônicas, sésseis; nervação cladódroma. Inorescência  racemosterminais. Flores estaminadas 1-2,5mm compr.; bractéola-1, laciniada, glandulígera; sépalas-5, ovadas aelípticas, 2-2,5mm compr., valvares; pétalas-5, espatuladas a lanceoladas, 1-1,5mm compr.; estames-11.Flores pistiladas 6-10mm compr.; bractéola-1, laciniada, glandulígera; sépalas-5, oblongas, laciniadas,glandulígeras, 5mm compr., persistentes, glândulas translúcidas na face interna; disco glandular 5-lobado;

ovário depresso-globoso, 1,5mm diâm., tricomas estrelados; estiletes-3, trídos. Fruto depresso-globoso, 5x6mm; sementes elípticas, 3x2mm, testa marrom, rugosa.

Material examinado: Fazenda Tigre, 30.III.2006, M. F. A.Lucena et al. 1166 (CEPEC, EAC, IBGE, K, UFP);

Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1481 (RB, SP, UFP).

Comentários: levantamento realizado por Govaerts et al . (2000) registra esta espécie apenaspara a região Nordeste do Brasil, estado do Piauí. Mais recentemente Lucena & Alves (submetido)revelaram sua ocorrência para outros estados da região (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grandedo Norte, Sergipe). Os indivíduos são facilmente reconhecidos pelas estípulas e sépalas das orespistiladas laciniadas e glandulosas. As áreas de caatinga arbórea com solos arenosos ou de latossolospedregosos foram os ambientes de ocorrência da espécie, com expressivas populações. Alguns indivíduos

foram registrados próximos a margens de riachos temporários. Nome popular: marmeleiro-branco.

 27.10. C ROTON  BLANCHETIANUS  Baill., Adansonia 4: 301. 1864.Croton sonderianus  Müll.Arg. in  A.D.C., Prodr. 15(2): 557. 1866.

 Arbustos a arvoretas, 1-6m alt.; aromáticos; látex incolor a creme, ramos pilosos, tricomasestrelados; estípulas foliáceas, 0,5-2,5cm, auriculares a reniformes, raro setáceas. Folhas inteiras,5-15,5x3-10cm, membranáceas, raro cartáceas, ovais a orbiculares, largo-elípticas, raro cordiformes,membranáceas a cartáceas, pilosas, tricomas estrelados, base cordada, ápice acuminado, margem inteira;nervação broquidódroma. Inorescência racemos terminais. Flores estaminadas 2-5mm compr.;

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158

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

bractéolas 1-3, lineares; sépalas-5, largo-ovais a deltóides, crassas, 2-3mm compr., valvares; pétalas-5,

espatuladas a oblongas 1,5-4mm compr.; estames-15; disco glandular 5-lobado. Flores  pistiladas3,5-5mm compr.; bractéolas-3, triangulares; sépalas-5, ovais a orbiculares, 3-6mm compr, valvares,reduplicadas; ovário globoso, 2,5mm diâm., tricomas lepidotos, estiletes-3, concrescidos em colunacrassa, multídos. Fruto 4x5mm; sementes elípticas 4x5mm, testa enegrecida, lisa, brilhante.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, M. F. A.Lucena et al. 1172 (UFP); Estrada de acesso a

Carnaubeiras, 07.II.2007, M.T.Vital et al. 48 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, K. Pinheiro et al. 217 (UFP); Sítio Areia Malhada,

17.IV.2007, P. Gomes et al. 274 (M, UFP).

Comentários: espécie amplamente distribuída por todo o Nordeste, possivelmente restritaa Caatinga. Freqüentemente confundida com C . jacobinensis , que, além de não ocorrer no domínio dasCaatingas, se diferencia pelos tricomas simples no ovário e estiletes não colunares. Em Mirandiba

as comunidades rurais utilizam sua madeira para produção de lenha, utensílios e cercas, além de serpioneira em áreas de regeneração de caatinga. Sua ocorrência no município estende-se desde áreas decaatinga arbustiva aberta ou densa a caatingas com sionomia arbórea, em altitudes que variam entre495-550m, habitando sopé e topo de algumas serras. Nome popular: marmeleiro, marmeleiro-preto.

 27.11. C ROTON  GLANDULOSUS  L., Syst. Nat. ed. 10, 2: 1275. 1759.Ervas a subarbustos, 0,2-0,6m alt.; ramos pilosos, dicotômicos, tricomas estrelados; estípulas-2,

lineares, 1,5-2mm compr., glandulígeras. Folhas inteiras, ovais a elípticas, 1-3x0,5-1cm, membranáceas,pilosas, tricomas estrelados e simples, base cuneada, ápice acuminado, margem serreado-glandular;nervação craspedródroma, glândulas-2, estipitado-pateliformes, acropeciolares, glândulas 2-4,

obpiriformes, basilaminares. Inorescência racemos axilares e terminais. Flores estaminadas 2-3mmcompr.; bractéola-1, linear, glândulas 2-4, obpiriformes; sépalas-5, ovais, 1-1,5mm compr., valvares;pétalas-5, espatuladas, 1-1,5mm compr., vilosas; estames 6-8. Flores pistiladas 3,5-6mm compr.;bractéola-1, linear, glândulas 2-4, obpiriformes; sépalas 5-6, espatuladas, 2-2,5mm compr.; coléteresalternisépalos; ovário obovóide 3x2mm; estiletes-3, bídos. Fruto ovóide 4x5mm; sementes ovóides,3x2,5mm, testa creme, maculada.

Material examinado: Serrotinho, 29.III.2006, M. F. A.Lucena et al. 1157 (RB, SP, UFP).

Comentários: referida para os Estados Unidos e América Tropical (Govaerts et al . 2000). No Nordeste é listada por Lucena & Alves (submetido) para  Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco,Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe. Presente em diferentes tipos vegetacionais. Apresenta anidades

com Croton lundianus  (Didr.) Müll. Arg. e C. hirtus  L’Her. por compartilharem glândulas pateliformesacropeciolares, porém C. hirtus  apresenta indumento hirto nos ramos e em C. lundianus  as orespistiladas e estaminadas são distanciadas entre si. Em Mirandiba a espécie habita prerencialmenteáreas de caatinga sedimentar degradadas formando pequenas populações em altitude de 458m.

 27.12. C ROTON  GREWIOIDES  Baill., Adansonia 4: 365. 1864. Arbustos, 1-1,30m alt.; aromáticos; ramos pilosos, tricomas estrelados, dicotômicos; estípulas

inconspícuas, caducas, oblongas, raro lineares, glândulas translúcidas. Folhas inteiras, ovais a lanceoladas,1,3-5x0,8-2,7cm, membranáceas, pilosas, tricomas estrelados; base cordada, ápice acuminado, margem

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159- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

erosa a esparso-serreada, glândulas estipitado-pateliformes nas reentrâncias das serras, face abaxial;

nervação cladódroma; glândulas-2, acropeciolares, estipitado-pateliformes a subséssil-pateliformes, rarosubcilíndricas, face abaxial; glândulas translúcidas em ambas as faces. Inorescência racemos terminais.Flores estaminadas 1,5mm compr.; bractéola-3, triangulares; sépalas-5, ovais, 1mm compr., valvares;pétalas-5, espatuladas a obovadas, 1mm compr., internamente velutinas; estames-15. Flores pistiladas4-5mm compr.; bractéola-3, triangulares, ápice glandulígero; sépalas-5, lanceoladas, reduplicadas, 5mmcompr.; disco glandular 5-lobado, lobos intercalados por coléteres; ovário globoso, 3mm diâm., denso-estrelado, híspido; estilete-3, bídos. Fruto depresso-globoso, 4x5mm; sementes elípticas, 3x2,5mm,testa marrom escuro, rugosa.

Material examinado: Serrotinho, 9.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1675 (NY, MAC, MO, SP, UFP).

Comentários: espécie endêmica do Nordeste do Brasil (Govaerts et al . 2000) registrada por

Lucena & Alves (inéd.) para os estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande doNorte, Sergipe. Compreende planta arbustiva e aromática, caracterizada pela presença de duas glândulasacropeciolares, estipitado-pateliformes na face abaxial e glândulas do mesmo tipo nas reentrânciasdas serras, bractéolas glandulígeras e lobos do disco glandular das ores pistiladas com coléteres. Aalta densidade de tricomas nas folhas, diculta por vezes, a observação das estípulas e glândulas nasreentrâncias das serras, além do fenômeno de herbivoria sobre estas últimas. Diferentemente de outrosregistros, em Mirandiba a espécie foi coletada exclusivamente em caatinga de areia, arbustiva e densa.Nome Popular: mulatinha, canelinha-de-cheiro, caatinga-de-cheiro-verde, alecrim–de-caboclo, alecrim-de-vaqueiro.

 27.13. C ROTON  HELIOTROPIIFOLIUS  Kunth in  H.B.K., Nov. Gen. Sp. 2: 83. 1817.Croton rhamnifolius  Kunth in  H.B.K.. Gen. Sp. 2: 75. 1817, nom. illeg .

 Arbustos, 1-2m alt.; aromáticos; látex incolor a creme, ramos pilosos, tricomas estrelados,estípulas lanceoladas a subuladas, inconspícuas, glandulígeras. Folhas inteiras, ovais a lanceoladas,raro elípticas, 2,5-14x1-7cm, membranáceas a cartáceas, pilosas, tricomas estrelados, base cordada,obtusa a arredondada, ápice agudo a acuminado, margem discretamente serreada a denteada, rarointeira, glandulígera, nervação craspedódroma a broquidódroma; glândulas 2(4), inconspícuas,ovóides, basilaminares, na face adaxial.Inorescência racemos terminais.Flores estaminadas 2-4mmcompr., bractéolas-3, tamanhos desiguais, lanceoladas a triangulares; sépalas-5, ovais a elípticas, 1,5-2mm compr., valvares, glândulas translúcidas; pétalas-5, espatuladas a estreito-elípticas, 1,5-2mm

compr.; estames 15-20, disco glandular 5-lobado. Flores pistiladas 4-7mm compr.; bractéolas 1-3,lanceoladas a elípticas; sépalas-5, oblongas a lineares, 1-2,5mm compr., valvares, disco glandular5-lobado, lobos truncados às vezes intercalados por coléteres; ovário depresso-globoso, 2,5x2mm,denso-estrelado; estiletes-3, bídos. Fruto oblongo, 5x7mm; sementes elípticas a oblongas, 4x2mm,testa cinza.

Material examinado: Vertentes, 02.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1594 (UFP).

Comentários: espécie de ampla distribuição, com ocorrência nas Américas do Norte,Central e do Sul e nas Antilhas (Lucena & Sales inéd.). Também pode ser considerada amplamentedistribuída por todo semi-árido do nordeste brasileiro com raras e eventuais populações ocorrendoem Floresta Atlântica. Seu reconhecimento no campo é facilitado pelo aroma característico, com

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

ramos e folhas, os tricomas estrelados, e o látex incolor a avermelhado e abundante. Em Mirandiba

foi coletada apenas em caatingas sedimentares com sionomia abrbustiva densa em altitudes de 480-550m. Nomes Populares: velame, velame-de-nódoa. Uso regional como planta medicinal (Randau2001) e melífera.

 27.14. C ROTON   LACERATOGLANDULOSUS  Cordeiro & Caruzo, Bot. J. Linn. Soc. 158:493-498. 2008.

 Arbustos,  0,7-1,5m alt.; látex incolor, ramos pilosos, tricomas denso-estrelados; estípulaslaciniadas, 10-15mm compr., glandulígeras. Folhas inteiras, alternas, cordiformes a largo-elípticas, 8,5-19x5-11,5cm, cartáceas, pilosas, tricomas denso-estrelados e simples, base cordada, ápice cuspidadoa acuminado, margem dentado-glandulígera, glândulas estipitado-capitadas; nervação cladódroma;

glândulas 2-4, estipitadas a sésseis, basilaminares, acropeciolares. Inorescência racemos terminais.Flores estaminadas 2-4mm compr.; bractéola-1, pinatída, glandulígera; sépalas-5, ovais, 2-3mmcompr., valvares; pétalas- 5, obovadas, 2mm compr.; estames 30-40, receptáculo viloso. Flores pistiladas 3-5mm compr.; bractéola-1, semelhante às estaminadas; sépalas-5, ovais, reduplicadas, 3-5mmcompr., margem estipitado-glandulígeras; ovário depresso-globoso, 3x4mm, tricomas denso-estrelados,estiletes-3, multídos. Fruto depresso-globoso 10x10mm; sementes elípticas a ovóides 5x3mm, testacinza, rugosa.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 447 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição restrita até então ao estado do Ceará, sendo esteum novo registro para a região. Exclusiva de áreas de caatinga não impactadas e sobre aoramentos

rochosos. Foi coletada em hábitat sombreado, no interior de catinga arbórea, com altitude de 590m.Flores visitadas por abelhas. A espécie pode ser reconhecida pelas longas estípulas laciniadas de margemglandular e presença de glândulas nas brácteas, bractéolas, sépalas das ores pistiladas, margem e basedas folhas.

 27.15. C ROTON   NEPETIFOLIUS  Baill., Adansonia 4: 344. 1864. Arbustos, 0,8-2m alt;. ramos pilosos, tricomas estrelados e dendríticos; estípulas lineares a

lanceoladas, 4-8mm compr. Folhas inteiras, alternas; oval-lanceoladas a elípticas, raro obovadas 5-13x3-7,5cm, cartáceas, pilosas, tricomas estrelados, base cordada a truncada, ápice acuminado, margem erosa;glândulas estipitado-pateliformes nas reentrâncias das serras, face abaxial; nervação actinódroma basal;

glândulas 2 (4), acropeciolares discóides, sésseis de margem discreto-sinuosa, face abaxial. Brácteasausentes.Inorescência racemos terminais. Flores estaminadas 2-3mm compr.; bractéola-1, lanceoladaa oblonga; sépalas-5, ovais, 1-2mm compr., valvares; pétalas-5, obovadas a espatuladas, 2mm compr.,

 vilosa internamente; estames-11 (15). Flores pistiladas 7-8mm compr.; bractéola-1, triangular; sépalas-5,largo-elípticas, ápice cuculado, pilosas interna e externamente, tricomas estrelados, 3,5-4,5mm compr.;pétalas ausentes; ovário semi-lenticular de base truncada, 3-arestado, denso-hirsuto, 2x3mm; estiletesmultídos, depressos, pilosos, tricomas estrelados. Fruto oblongo, 6x5mm; sementes ovóides, 4x3mm,testa marrom, lisa.

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161- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena  et al . 1475 (UFP).

Comentários: espécie registrada no sul da Venezuela até o Brasil (Govaerts et al . 2000). NoNordeste é referida por Lucena & Alves (inéd.) para os estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco,Piauí e Rio Grande do Norte. Espécie próxima de C . adamantinus , diferenciando-se desta pelas glândulasacropeciolares, discóides e sésseis na face abaxial; sépalas pistiladas não reduplicadas de mesmotamanho; ausência de pétalas nas ores pistiladas e pelo ovário semi-lenticular denso-hisuto. A presençade tricomas dendríticos nos ramos também é outro bom caráter para diferenciá-la desta espécie. Habitaem Mirandiba, áreas de caatinga arbustivo-arbórea densa com solos exclusivamente arenosos e altitudede 511m. Nome popular: Canelinha de areia.

 

 27.16. C ROTON   PEDICELLATUS   Kunth, in   F.W.H.von Humboldt, A.J.A.Bonpland &

C.S.Kunth, Nov. Gen. Sp. 2: 75. 1817.Subarbustos, 40-45m alt;. ramos pilosos, tricomas estrelados; estípulas inconspícuas,

glandulígeras. Folhas inteiras, alternas, raro opostas; lanceoladas, estreito-elípticas, raro oblongas,1-3x0,5-1cm, membranáceas a cartáceas, pilosas, tricomas estrelados, base cuneada a obtusa, ápiceacuminado, margem inteira; nervação craspedródroma. Inorescência racemos axilares. Floresestaminadas 4-5mm compr.; bractéola-1, triangular; sépalas-5, ovais, 1-2mm compr., valvares;pétalas-5, lanceoladas, 2mm compr., velutina na face ventral; estames-11. Flores pistiladas 3,5-4mmcompr.; bractéola-1, triangular, sépalas-5, elípticas, 3mm compr., pétalas-5, lanceoladas a ensiformes,2mm compr.; ovário depresso-globoso, 3x3,5mm, tricomas estrelados, longo-estipitados, ferrugíneos;estiletes-3, bídos. Fruto globoso, 6x6mm; sementes elíptico-oblongas, 4x2,5mm, testa acinzentada,

foveolada.Material examinado: Serrotinho, M. F. A. Lucena et al. 1156, 29.III.2006 (UFP); Cacimba Nova, M. F. A.Lucena

et al.1203, 31.III.2006 (UFP).

Comentários: México e sul da América Tropical correspondem a distribuição deste táxonsegundo Govaerts et al . (2000). Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, são osestados da região Nordeste onde há registro dessa espécie (Lucena & Alves inéd.). Ocorre em áreas dedunas, caatinga, cerrado e campo rupestre, de acordo com levantamento de herbário realizado. O ováriorevestido por tricomas estrelados longo-estipitados de coloração creme a ferrugíneos produzindo umefeito lanoso à or, constitui importante caráter para o seu reconhecimento. Coletada em Mirandibasobre solos arenosos em áreas abertas e antropizadas.

 27.17. C ROTON  RHAMNIFOLIOIDES  Pax & K. Hoffm, Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 19:174. 1923.

 Arbustos, 1,5–2,80m alt.; aromáticos; látex incolor, ramos glabros, sulcados, descamantes;estípulas inconspícuas. Folhas  inteiras, alternas a subopostas, elípticas, 3,5-7,5x1,8-4cm, cartáceas,raro membranáceas, pilosas, tricomas estrelados, base obtusa a cordada, ápice acuminado, raroretuso, margem inteira, nErvasção eucamptódroma; glândulas 2-4, circulares, sésseis, basilaminaresna face adaxial, glândulas-2, pateliformes na face abaxial. Inorescência racemos terminais. Flores estaminadas 2-3mm compr.; sépalas-5 ovais, 2mm compr., valvares; bractéolas-3, tamanhos desiguais,

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162

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

lanceoladas a triangulares. Flores  pistiladas 5mm compr.; sépalas-5, lanceoladas, 3-5mm compr.,

 valvares, velutinas a tomentosas; pétalas-5, elíptico-oblongas, raro ovais, 2-5mm compr.; externamente velutinas, internamente vilosas na base; disco glandular 5-lobado; ovário globoso, 3mm diâm., denso-estrelado; estiletes-3, bídos, adpressos. Fruto globoso, 5,5x5,5mm, sementes elípticas, 5x3,5mm, testacinza-brilhante.

Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1486 (UFP).

Comentários: Govaerts et al . (2000) consideram esta espécie endêmica do Brasil com registroapenas para o estado da Bahia, mas levantamento realizado por Lucena & Alves (inéd.), revelou suaocorrência para outros estados: Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

 Táxon possivelmente restrito ao bioma caatinga. Morfologicamente semelhante a C . heliotropiifolius ,porém diferencia-se deste, pela presença de 2-4 glândulas pateliformes na base da lâmina foliar e

estiletes adpressos sobre o ovário. Ocorre em populações numerosas em áreas de caatinga com solosfortemente pedregosos. Nomes populares: caatinga-branca, marmeleiro-branco, quebra-faca, quebra-facão, catinga-porco. Planta medicinal (Randau 2001). Em Mirandiba a entrecasca é utilizada paratratamento de enxaquecas e ressacas.

 27.18. C ROTON  TETRADENIUS  Baill.,  Adansonia 4: 343. 1864.Croton pulegiodorum  Baill., Adansonia 4: 361. 1864.Croton tristis  Müll. Arg., Linnaea 34:140. 1865.Croton pulegioides  Müll. Arg. in   C.F.P. von Martius & auct. Suc. (eds.), Fl. Bras. 11(2): 259.1873.

Croton pulegiodorus   Müll. Arg. in  C.F.P. von Martius & auct. Suc. (eds.), Fl. Bras. 11(2): 259.1873. Arbustos, 1-1,30m alt.; aromáticos; ramos pilosos, estrelado-hirsutos, dicotômicos; estípulas

inconspícuas, estreito-tringulares a setáceas, glandulígeras no ápice. Folhas inteiras, alternas a opostas,raro subverticiladas, ovais a lanceoladas, 1,3-5x0,8-2,7cm, membranáceas, pilosas, tricomas estrelados,base arredondada a atenuada, ápice acuminado, margem irregularmente serrato-dentada glandulígeraa inteira, nervação actinódroma basal (trinérvia), eucamptódroma a partir do segundo par e nervuras;glândulas 2-4, acropeciolares, estipitado-pateliformes, caliciformes a cilíndricas.Inorescência racemosterminais. Flores estaminadas 1,5mm compr.; bractéolas-3, triangulares a setáceas; sépalas-5, ovais, 1mmcompr., valvares, pétalas-5, espatuladas a obovadas, 1mm compr., internamente velutinas; estames-15.

Flores pistiladas 4-5mm compr.; urceoladas; bractéolas-3, triangulares a setáceas, glandulígeras no ápice,sépalas-5, obovato-oblongas, reduplicadas, persistentes, 5mm compr.; denso-estreladas externamente einternamente até a porção mediana; disco glandular 5-lobado, lobos intercalados por coléteres; ováriodepresso-globoso, 3mm diâm., estrelado-híspido, estiletes-3, bídos. Fruto oblongo, 4x3mm; sementeslargo-elípticas, 2,5x2mm, testa marrom.

Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1492 (UFP).

Material adicional: PIAUÍ: São Raimundo Nonato, Clemente, 11.IV.1979, M. R. Del’Arco s/n (TEPB).

Comentários: espécie endêmica do Brasil, restrita aos estados da Bahia e Minas Gerais(Govaerts et al . 2000), agora com registro ampliado para outros estados da região Nordeste (Alagoas,Bahia, Paraíba, Pernabuco, Piauí, Rio Grande do Norte) por Lucena & Alves (submetido). Esses autores

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163- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

revelam ser esta espécie ser ocasional em caatinga e oresta atlântica, porém freqüente em brejos de

 Altitude. São plantas com folhas delicadas e ativo aroma amentolado; facilmente reconhecidas pelaramicação caulinar dicotômica e as folhas ovais a lanceoladas com duas a quatro glândulas estipitado-pateliformes, caliciformes ou cilíndricas no ápice do pecíolo. Espécimes analisados de C .  pulegioides  Müll. Arg. e C . pulegiodorus  Baill. apresentaram caracteres similares aos de C . tetradenius , incluindo estágiosintermediários entre os diferentes tipos de glândulas acropeciolares. Possivelmente, ambas podem setratar de uma única espécie. C . tetradenius , habita áreas de solos pedregosos em ambientes sombreadose úmidos de caatinga arbustivo-arbórea, em geral, à margem de riachos temporários. Nome popular:caatinga-de-bode, zabelê, velandinho; barba-de-bode.

 27.19. C ROTON  URTICIFOLIUS  Lam., Encycl. 2: 219. 1786.

 Arbustos, 1-1,50m alt.; látex incolor, ramos denso-estrelados; estípulas inconspícuas, <1mmcompr., lanceoladas a triangulares, glandulígeras. Folhas  inteiras, alternas, cordiformes, 1,5-6,5x0,9-4,5cm, cartáceas, pilosas, tricomas estrelados densos, base cordada, ápice agudo, margem serreado-glandulígera, glândulas cônicas, nervação cladódroma. Inorescência racemos congestos, terminais.Flores estaminadas 2-3mm compr.; bractéola-1, oblonga, pilosa, glandulígera na base; sépalas-5, ovais,2-3mm compr., valvares; pétalas-5, espatuladas, 1-2mm compr., margem ciliada. Flores pistiladas 4-6mmcompr.; urceoladas; bractéola semelhante às estaminadas; sépalas-5, reduplicadas, largo-oblongas,3-4mm compr., discretamente desiguais entre si, valvares, denso-estreladas; pétalas ausentes; discoglandular 5-lobado, lobos livres; ovário depresso-globoso, 1x2mm, denso-hirsuto; estiletes multídos,adpressos. Fruto não observado.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 150 (UFP).Comentários: ocorrência restrita a região leste do Brasil (Govaerts et al . 2000). Caracteriza-se

por apresentar folhas cordiformes, densamente revestidas por tricomas estrelados, estípulas e margemglandulígeras, ores pistiladas urceoladas, reduplicadas e estiletes multídos adpressos. Coletada emMirandiba sobre solos com aoramentos rochosos de caatinga arbórea aberta. Arbustos de aroma ecoloração característicos, sendo frequentemente suas ores visitadas por abelhas.

 27.20. D  ALECHAMPIA SCANDENS  L., Sp. pl.: 2: 1054. 1753.  Arbustos  escandentes; ramos hirsutos; estípulas lanceoladas, 2-8mm compr., estipelas

lanceoladas a oblongas, 2mm compr. Folhas 3-lobadas, 2,5-10,5x5-17,5cm membranáceas, pilosas,

base auriculada, ápice acuminado, raro cuspidado, margem inteira a esparso-serreada, nervaçãoactinódroma. Inorescência pseudantho, brácteas  involucrais-2, 3-lobadas, estípulas involucrais-4,lanceoladas. Flores estaminadas-10, 1,5-2mm compr.; sépalas-4, ovais-2, deltóides-2, 1,5mm compr.;invólucro estaminal-4, imbricado; estames 12-16, arborescentes. Flores pistiladas-3, 10mm compr.;brácteas-2, reniformes; glândulas resiníferas  lamelares; sépalas-7, pinatídas, glandulígeras, 5-7mmcompr.; ovário abaulado, 4x4mm, puberulento, estiletes-3. Fruto depresso-globoso, 8x8mm; sementesglobosas, 3x3mm, testa maculada, lisa.

Material examinado: Fazenda Tigre, Ser ra do Tigre, 03.III.2006, M. F. A.Lucena et al. 1167 (UFP);

Comentários: Trópicos e Subtrópicos (Webster 1990). Distribuição no Nordeste de acordo

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

com Lucena & Alves (inéd.): Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte

e Sergipe. Táxon com ocorrência em diferentes tipos vegetacionais. O hábito, as folhas 3-lobadas e opseudanto característico são aspectos que individualizam a espécie das demais encontradas nas áreas deestudo. Nomes Populares: tamiarana, coça-coça.

 27.21. D ITAXIS   MALPIGHIACEA (Ule) Pax & K. Hoffm. in  Engler, Panzenr., 147(4): 60.1912.

 Arbustos monóicos, 0,50-1,20m alt.; ramos glabrescentes a seríceos, quadrangulares; estípulasescamiformes, largo-triangulares, côncavas, 2mm compr. Folhas estreito-elípticas, raro obovadas aoblanceoladas, 2-4x0,6-1,5cm, faces abaxial e adaxial tomentosa, tricomas malpighiáceos e simples,

base atenuada, ápice acuminado, glandulígero, margem inteira, nervação trinérvia e eucamptódroma.Inorescência  racemos axilares; brácteas e bractéolas, escamiformes, largo-triangulares, cônicas2-3mm compr. Flores estaminadas 5-6mm compr.; sépalas-5, lanceoladas a ensiformes, raro oblongas,3-4mm compr., valvares; pétalas-5, espatuladas a obovadas, 2,5-3mm compr., disco glandular 5-lobado,lobos ovóides; estames-10, verticilos-2. Flores pistiladas 5-9mm compr.; sépalas-5, oval-lanceoladas,3-5mm compr., valvares; pétalas-5, estreito-elípticas, 3-3,5mm compr.; disco glandular 5-lobado; ovárioabaulado, 2x4mm compr., hirsuto, 3(4) carpelar; estiletes-3, bídos, eretos, conados; estigma alado-sinuoso. Fruto depresso-globoso, 5x6mm, fortemente 3-arestado; sementes largo-ovais, 2,5x2,5mm,testa preta, foveoladas.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 09.II.2007 M. F. A. Lucena et al. 1684 (UFP).

Comentários: espécie considerada endêmica do Brasil (Pernambuco e Piauí), tendo agorasua distribuição na região Nordeste, ampliada por Lucena & Alves (inéd.) para os estados de: Alagoas,Bahia, Paraíba. Compreende um arbustos monóico, delgado, de ramos quadrangulares, ovário hirsuto3-4 carpelos e sementes foveoladas. A ausência de tricomas estrelados é incluída por Webster (1994),como outro caráter diagnóstico do gênero, porém nos exemplares estudados é comum a presençaesparsa dos mesmos. Coletada em áreas de caatinga arbórea densa e hipoxeróla, entre 450-504m alt.em solos areno-argilosos, pedregosos e latossolos vermelhos. Nome popular: pau-de-mocó, carqueja.

 27.22. E UPHORBIA CHAMAECLADA Ule, Bot. Jahrb. Syst. 42: 224. 1908.Ervas suberetas a prostradas, anuais, monóicas; ramos tomentosos, raro vilosos; estípulas-2,

lineares, 1-1,5mm compr. Folhas oblongas, 0,8-1x0,3-0,5cm, glabras a pilosas, tricomas simples, baseassimétrica, ápice obtuso a agudo, margem inteira a discretamente serreada. Inorescência ciátios-3,axilares, 3mm compr; invólucro caliciforme urceolado, tomentoso-viloso, internamente viloso;glândulas-4, pateliformes a transversalmente elípticas, <1mm compr., opostas, apêndices glandulares-4,desiguais, oblato-truncados, margem sinuosa a tripartida. Flores estaminadas-5 por ciátio, 1mm compr.Flor pistilada-1, 1,5mm compr.; ovário globoso-oblongo, 1x2,5mm larg., velutino; estiletes 3, bídos,eretos. Fruto globoso, 1,5x1,5mm; sementes 1x0,5mm, testa marrom-avermelhada.

Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1497 (UFP).

Comentários: considerada endêmica da Bahia (Sátiro & Roque 2008). Trabalho desenvolvido

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165- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

por Lucena & Alves (inéd.) vem agora ampliar essa distribuição para os estados de Pernambuco e

Paraíba. O hábito subereto a prostrado, juntamente com a presença de três ciátios por axila das folhas,invólucro urceolado tomentoso-viloso com quatro glândulas desiguais e transversalmente elípticas,são caracteres que auxiliam na delimitação deste táxon. Em Mirandiba, habita preferencialmente áreasde caatinga com latossolos pedregosos ou litólicos formando por vezes, um pequeno tapete sobreo substrato. Ocasional em bordas de ambientes orestais ou ainda em solos rochosos de Cerrado(Carneiro-Torres 2001). Nome Popular: tapete.

 27.23. E UPHORBIA COMOSA Vell., Fl. Flum.: 202 (1829).Ervas eretas,  monóicas,  35-40cm alt.; ramos glabros; estípulas estreito-triangulares, 1mm

compr., glandulígeras. Folhas  elípticas a obovadas, 2,5-5x1-3,5cm, membranáceas, raro, cartáceas,

glabras, base atenuada, ápice cuspidado, margem inteira a crenada. Inorescência racemos de ciátiosaxilares, ciátios-3 por bráctea involucral; brácteas involucrais sésseis, sobrepostas; invólucro caliciformeinfundibuliforme, glabro, ápice franjado; glândulas-4, elípticas, apêndice glandular alado.  Flores estaminadas 20-25, 1,5mm compr. Flor pistilada 4-5mm compr.; ovário globoso-arestado, 3x3mm,puberulento, estiletes-3, bídos. Fruto elipsóide, 4-5x3mm; sementes elípticas, 3-4mm compr., testaesbranquiçada, carúncula amarela.

Material examinado: estrada de acesso ao Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, L. G. R. Souza et al. 05 (UFP,

 MAC).

Comentários: amplamente distribuída por toda América Tropical (Govaerts et al . 2000). Naregião Nordeste segundo Lucena & Alves (inéd.) é registrada para os estados de Alagoas, Bahia, Ceará,

Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. Ainda, de acordo com esses autores, no Piauíocorre apenas em área de Cerrado. Caracteriza-se pelas brácteas sobrepostas, verdes, envolvendo osciátios, que a torna com elevado potencial ornamental. Apesar de abundante em ambientes rupícolas,os indivíduos foram registrados em solos arenosos e argilosos na área de estudo.

 27.24. E UPHORBIA INSULANA  Vell., Fl. Flum.: 202. 1829.Ervas a subarbustos, monóicos, 0,3-1m alt.; latescente, ramos glabros a pubescentes; estípulas

elípticas a ovais, 2-3mm compr. Folhas simples, inteiras, opostas a verticiladas, oval-lanceoladas,2,5-13x1-7,8cm, membranácea, estrigosa, base cuneada, ápice acuminado a agudo, margem inteira,ciliada, nervação eucamptódroma a cladódroma. Inorescência racemos de ciátios terminais; brácteas

involucrais-3, sésseis, sobrepostas; invólucro caliciforme hipocrateriforme, esparso-pubescente no ápice,ápice franjado; glândula-2, raro 3, pateliformes, sésseis, apêndice glandular oval. Flores estaminadas 20-25, 1,5mm compr. Flor pistilada 2-3mm compr.; ovário depresso-globoso, 2x2mm, denso-estrigoso;estiletes-3, curtamente bipartidos. Fruto globoso, 3-4,5x3mm; sementes oblongas, 3-4mm compr., testamarrom, verrucosa.

Material examinado: Fazenda Tigre, 30.III.2006, M. F. A. Lucena 1178 (UFP); Serra da Jia, 30.V.2006, M. F.

 A. Lucena 1480 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena 1428 (UFP).

Comentários: América Tropical. Distribuição no Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba,Pernambuco, Sergipe). Comum em brejos de Altitude e áreas de caatinga com solos pedregosos e

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

sombreados segundo Lucena & Alves (inéd.) Distingue-se pelos ramos não suculentos e a ausência

das brácteas características de  Euphorbia   comosa . Em Mirandiba os indivíduos são ocasionais nãochegando a formar populações numerosas; foram coletados preferencialmente em áreas sombreadasde caatinga arbórea densa com solos pedregosos, no topo de serras ou próximo a margem de riachostemporários.

 27.25. G YMNANTHES  sp. nov. Arbustos  monóicos, 1,5-2,5m alt.; ramos puberulentos a glabros; catalos presentes;

estípulas-2, lineares, 1-2mm compr., glandulígeras na base. Folhas alternas, raro subopostas; elípticas,raro oblongas a obovais 1-3x0,5-1cm, membranáceas a cartáceas, pilosas, tricomas simples, base cordadaa oblíqua, ápice agudo, obtuso, raro acuminado, margem inteira, denticulada na porção mediana,

glandular; nervação eucamptódroma; face adaxial com par de glândulas circulares; catalos-2 por gemafoliar, rígidos. Inorescência tirsos sésseis. Flores estaminadas em cimeira, 1,5mm compr.; bráctea-1,oval a largo-obovada, raro reniforme, margem discretamente sinuosa, aclamídeas; estames-3, livres.Flores pistiladas 1-2, 1,5-3mm compr., bractéola-1, triangular, glândulas-4, inconspícuas, sésseis; sépalas2-3, largo-ovais a oblatas, <1 mm compr., margem sinuosa; ovário globoso, 2mm diâm., lanuginoso;estiletes-3, crassos, estigma-3. Fruto globoso, 5x5mm, pubescente; sementes ovóides, 3x2,5mm, testamarrom.

Material examinado: Serrotinho, 09.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1679 (UFP, M).

Comentários: até o momento espécie restrita aos estados da Bahia, Ceará, Pernmabuco,Piauí e Rio Grande do Norte. Os frutos são globosos, marrons, pubescentes e sem o aspecto tricoca

obsErvasdo na maioria dos representantes da família. Em Mirandiba foi observada apenas em áreas decaatinga arbustiva densa com solos arenosos e altitude de 500m.

 27.26. J  ATROPHA  MOLLISSIMA (Pohl) Baill.,  Adansonia 4: 268. 1864. Arbustos a arvoretas, monóicos, 1,50-4,5m alt.; ramos stulosos, pubescentes a puberulentos;

estípulas lacerato-glandulosas, 3-6mm compr. Folhas 5-lobadas; lobos oblongo-lanceolados, centrais2-10,8x4-17cm; laterais 1,2-6x1,2x5,5cm, membranáceos a cartáceos, base cordada a sagitada, ápicecirroso a acuminado, margem serreada-ciliada, tricomas tectores; nervação actinódroma basal; pecíolo4-13cm compr. Inorescência dicasial principais 10,5-21,5cm compr., pedúnculo 6,5-16,5cm compr.Flores estaminadas 7-10mm compr.; bractéola-1, lacerato-glandulosas, sépalas-5, margem levemente

erosa, 4mm compr., valvares; pétalas-5, oval-elípticas, 4mm compr.; estames-8, bisseriados. Flores pistiladas 8-10mm compr.; sépalas-5, oval-lanceoladas, 4-5mm compr., laciniado-glandulares; pétalas-5,obovadas, 4-5mm compr., ovário oval-elíptico, 6-arestado, 3mm diâm., glabro, estilete-3, bídos, alado-auriculares. Fruto oblongo-oval, 6-arestado, 2x2cm; sementes oval-elípticas, 10x8mm, testa maculada.

Material examinado: Serra das Umburanas, Alto dos Correios, 10.II.2006, M. F. A. Lucena et al. 1686 (UFP).

Comentários: distribuição exclusiva no Brasil e Venezuela (Govaerts et al . 2000). Amplamentedistribuída por toda região Nordeste do Brasil, em áreas de caatinga sedimentar ou do cristalino e mais

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167- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

raramente em regiões litorâneas (Gallindo 1985). Este mesmo autor descreve para Pernambuco três

 variedades: J . molissima  var. mollisima , J . molissima  var. velutina  Pax & Hoffm. e  J . molissima  var. subglabra  Mull.Arg., diferenciadas por caracteres orais e vegetativos. Nome Popular: pinhão-brabo.

 27.27. J  ATROPHA  MUTABILIS  (Pohl) Baill., Adansonia 14: 267. 1864. Arbustos,  monóicos,  1-1,60m alt.; ramos stulosos, semi-escandentes, pubescentes a

puberulentos, estriados; estípulas inconspíuas. Folhas simples, inteiras, verticiladas, sésseis a subsésseis;orbiculares a reniformes, 0,7-2,5x0,8–2,7cm compr., cartáceas, glabras a pilosas, base subcordada, ápicemucrunulado, margem sinuosa, nervação eucamptódroma. Inorescência dicasial principais 2-3cmcompr., curto-pedunculados, bráctea-1, oblonga, glandulígera na margem. Flores estaminadas 7-10mmcompr.; bractéolas 3, oblongas, 1 central, 3mm compr., 2 laterais, <1mm compr.; sépalas-5, oblongas

a ovadas, 3-5mm compr., valvares; ápice glandulígero, disco nectarífero 5-lobado, lobos liguliformes;pétalas 5, elíptico-côncavas, 5-8mm compr., glabras; estames-8. Flores pistiladas 10-15mm compr.;bractéola ausente; sépalas 5, ovais, 5mm compr., imbricadas, margem glandulígera; pétalas 5, obovadas,subcuculadas, 8-10mm compr., ovário depresso-globoso, 3x3,5mm diâm., glabro, estiletes-3, estigmaalado-auricular. Fruto oblongóide, 15x18mm, rugoso; sementes largo-elípticas, 12x12mm, testa creme-amarelada, maculada.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1202 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006,

 M. F. A. Lucena et al. 1458 (UFP); Serrotinho, 09.II.2007, M. F. A. Lucena et al. 1672 (UFP), 09.II.2007, M. T. Vital 66 (UFP).

Comentários: endêmica do Brasil, restrita aos estados da Bahia e Ceará. Lucena & Alves (inéd.),ampliam essa distribuição para outros estados da região (Alagoas, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do

Norte). De acordo com Gallindo (1985), habita exclusivamente áreas de caatinga sedimentar. Ocorreem simpatria com J . mollissima  e J. ribifolia em algumas das áreas visitadas. É facilmente reconhecida portratar-se de um arbustos ramoso e de folhas simples. As áreas de caatinga em Mirandiba onde a espéciefoi coletada compreendem áreas sedimentares com sionomia arbustiva aberta ou densa e altitudeentre 400-500m. Nome Popular: pinhão-manso. Usos medicinal e ornamental (Gallindo 1985).

 27.28. J  ATROPHA RIBIFOLIA ( Pohl.) Baill., Adansonia 4: 268.1864. Arbustos, monóicos, 0,9-1,20m alt.; ramos lenticelados, estriados, glabrescentes a puberulentos,

estípulas lacerato-glandulosas, 3-5mm compr., glabras a puberulentas. Folhas  inconspicuamentepalmatilobadas, 3-(5) lobos, alternas, raro opostas; lobos largo-ovais, centrais 1,5-7x2-6,5; laterais

1-3,5x1x3,5, membranáceas, pilosas, base cordada a truncada, ápice agudo a obtuso, raro acuminado,glanduloso, margem inteira com tricomas glandulares, nervação actinódroma basal. Inorescência dicasial principais 5-7cm compr., pedúnculo 3,5-4,5cm compr., bráctea-1, oval-lanceolada, lacerato-glandulosa. Flores estaminadas 5-7mm compr.; bractéola-1, lacerato-glandulosa; sépalas-5, ovadas,2mm compr., imbricadas; pétalas-5, largo-obovais a espatuladas, 3-4mm compr.; estames-8, bisseriados.Flores pistiladas 5-7mm compr.; bractéola semelhante às estaminadas, sépalas-5, ovadas, 3mm compr.,imbricadas, margem glandulígera; pétalas-5, largo-obovais a espatuladas, 5mm compr.; disco glandular5-lobado, lobos livres; ovário subgloboso, 2x1,5mm, glabro, estiletes-3, bídos, estigma 6, alado-subulados. Fruto 6-arestado, 1x1cm; sementes oblongas, 4x3mm, testa cinza, maculada.

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168

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1189 (UFP); Serrotinho, 31.III.2006, M.

F. A. Lucena et al. 1181 (UFP); Vertente, 07.02.2007, M. F. A. Lucena et al. 1660 (UFP).Comentários: endêmica do Nordeste brasileiro segundo Govaerts et al . (2000) com distribuição

nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe(Lucena & Alves inéd.). Espécie de fácil reconhecimento por suas ores creme-amareladas, pequenoporte e margens das folhas ciliadas e glandulares. Em Mirandiba coletada exclusivamente habitandoáreas de caatinga sedimentar arbustiva densa e aberta. Nome Popular: pinhão-rasteiro, pinhãozinho.

 27.29. M  ANIHOT  CAERULESCENS  Pohl, Pl. Bras. Icon. Descr. 1: 56. 1827. Arbustos a arvoretas,  monóicos,  2-7m alt., látex leitoso, amarelo; ramos puberulento-

canescentes com cicatrizes nodulares; estípulas inconspícuas. Folhas 3-5 lobadas; não peltadas, lobos

obovais, raro elípticos, centrais 1,3-5x0,8-2,7cm, laterais 3,5-7x1,5-5,5cm, cartáceas a coriáceas, glabras apuberulentas ao longo das nervuras, base auriculada a atenuada, ápice acuminado a aristado, raro cirroso,margem inteira, nervação actinódroma basal, lobular eucamptódroma. Inorescência racemos axilares.Flores estaminadas 10-18mm compr.; bractéola ausente; sépalas-5, elíptico-lanceoladas, estriadas, 10-15mm compr., imbricadas; estames-10, sobre excrescências globosas; anteras plano-achatadas. Flores pistiladas 10-13mm compr.; sépalas-5, elíptico-lanceoladas, 5-13mm compr.; disco glandular anelar,sinuoso; ovário ovóide, 6x5mm, glabro, crasso, rugoso; estigma anelar papiloso.Fruto elíptico, 2-2,5mm,com excrescências; sementes oval-elípticas, 10x9mm compr., testa marrom-maculada.

Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena 1482 (UFP).

Comentários: táxon exclusivo do Brasil e Paraguai (Govaerts et al . 2000). No nordeste do

Brasil registrado para os seguintes estados: Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí. Espéciereconhecida pelos lobos obovais, cartáceos com nervuras impressas, látex amarelo e estames com anterasplano-achatadas. Diferente de  M . dichotoma , os frutos são elípticos com excrescências e seis arestasproeminentes. Coletada em caatinga arbórea densa com solo pedregoso. Nome Popular: maniçoba,mandioca de veado.

 27.30. M  ANIHOT  DICHOTOMA Ule, Tropenpanzer 11: 863.1907. Arbustosa arvoretas, monóicos, 3,5-6,5m alt.; látex incolor; ramos glabros, estípulas lanceoladas

a oblongas, 3-8mm compr., margem serreada-ciliada. Folhas 3-5 lobadas, frequentemente peltadas;lobos elípticos a oblanceolados, raro pandurados, centrais 4,5-12x3-17,5cm, laterais 3,5-9,5x1,5x3,5cm,

membranáceas, raro cartáceas, glabras, vilosa-tomentosas nas nervuras, base hastada a auriculada,ápice caudado a cirroso, margem inteira, nervação actinódroma marginal, lobular eucamptódroma.Inorescência cimeiras axilares, 4-5cm compr.; bráctea ausente; bractéola 1-2mm compr., subuladaa oblonga. Flores  estaminadas 5-10mm compr., botão urceolado, sépalas-5, reduplicadas, largo-triangulares a lanceoladas, 5-10mm compr., valvares, disco glandular 10-lobado, estames 10, livres,inseridos entre os lobos do disco; estaminódios-5; anteras oblongas. Flores pistiladas 5-7mm compr.,botão globoso, sépalas-5, ovais a largo-elípticas, côncavas, subcuculadas, crassas, pétalas-10, elípticas,espatuladas a obovadas, 4-8mm compr., margem sinuosa a erosa, verticilos-2, 5 internas, 5 externas;gineceu não observado. Fruto globoso, 15x15mm, glabro, liso, quando jovem, muricado na maturidade;

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169- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

sementes largo-elípticas, 10x8,5mm compr., testa marrom, maculada.

Material examinado: Fazenda Tigre, 30.III.2006, M. F. A. Lucena et al . 1161 (UFP); Serrotinho, 31.III.2006, M.F. A.Lucena et al. 1180 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1423 (UFP); Fazenda Baixio Grande, 18.IV.2007,

 M. T. Vital et al. 128 (UFP).

Comentários: Rogers & Appan (1973) indicaram como restrita aos estados da Bahia ePernambuco, no entanto recente levantamento realizado nos herbários indicou sua ocorrência tambémpara outros estados da região Nordeste do Brasil (Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grandedo Norte, Sergipe). Diferencia-se de  M . g laziovii pela inorescência em racemos e ores estaminadasurceoladas. Apresenta heterolia marcante, com os lobos, algumas vezes, pandurados. Pétalas e sépalassão diferenciadas entre si, ao contrário do sugerido por Rogers & Appan (1973). Em Mirandibaapresentou ocorrência restrita ao interior de áreas de caatinga arbórea densa com latossolos vermelhos

pedregosos ou cascalhentos, com altitudes próximas de 530m.

 27.31. M ICROSTACHYS  CORNICULATA (Vahl) Griseb., Fl. Brit. W. I.: 49. 1864.Subarbustos, monóicos, 0,20-1m alt.; látex incolor; ramos hirsutos; estípulas inconspícuas.

Folhas inteiras, alternas, verde-avermelhadas; lâmina oval-lanceolda, 2,5-9,5x1-4cm, membranácea,pilosa, base cordada, ápice atenuado, margem minutamente serrilhada, glandulígera; nervaçãocladódroma. Inorescência  racemos espiciformes; 1-2 ores pistiladas na base; ores estaminadasem cimeiras; bráctea-1, oval a discóide, glandular, na base de cada címula. Flores estaminadas 5 porcimeira, ca. 2mm compr.; sépalas-3, ovais, 0,5mm compr., avermelhadas; estames-3, livres; bractéola–1,discóide, glandular. Flores  pistiladas 2-3mm compr.; sépalas-5; ovário elíptico a oblongo, 3x2mm,

12-corniculado sendo 4 cornos por lóculo; estiletes-3, recurvados. Fruto oblongo, 4x3mm; sementesoblongas, 3x2mm, testa preta, alveolada, carúncula estipitada.

Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al . 156 (UFP).

Comentários: táxon com ocorrência desde o México atéa América Tropical (Govaerts et al. 2000). Distribuição no Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande doNorte e Sergipe). Espécie facilmente reconhecida por suas folhas oval-lanceoladas de base cordada,com tonalidade verde-avermelhada e pelos frutos 12-corniculados, 4 por coca. O látex é hialino eescasso. Freqüentemente confundido com M . hispida , no entanto, esta espécie apresenta folhas elípticasa estreito-elípticas de base obtusa a arredondada e frutos com inúmeros cornículos, irregularmentedistribuídos. Coletada em área de caatinga arbustiva aberta com solo arenoso e 480m de altitude. Porém,

a espécie é comum também em áreas orestais, habitando bordas de matas. Ilustração em Esser (1999);Smith & Downs (1959) e Santos-Filho (2000).

 27.32 P HYLLANTHUS   AMARUS  Schumach. & Thonn., Kongl. Danske Vidensk. Selsk. Skr.4: 195. 1829.

Ervas a subarbustos, anuais, 15-30cm alt.; ramos glabros, lantóides; catálos triangularesa lanceolados; estípulas lanceoladas, ápice acuminado, margem inteira, 0,5-1,5mm compr. Folhasoblongas, 5,5-10x2,5-5cm, membranáceas, base arredondada, ápice obtuso, margem inteira a discreto

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

sinuosa, nervação broquidódroma.Inorescência cimeiras axilares bissexuais; brácteas lineares. Flores

estaminadas 5-8mm compr.; sépalas-5, oblongas, 1-1,5mm compr., valvares, margem hialina, faixa verdecentral, disco glandular 5-lobado, lobos orbiculares livres; estames-3, concrescidos, rimas oblíquas.Flores  pistiladas 6-11,5mm compr.; sépalas-5, oblongas a obovais, 2-3mm compr., valvares; discoglandular 5-lobado, livre; ovário globoso, 4mm diâm.; estiletes-3, bídos, eretos. Fruto depresso-globoso,5x5mm; sementes trígonas, 1x1,5mm, testa enegrecida, verruculosa, estriada longitudinalmente.

Material examinado: Serra da Jia, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1494 (UFP).

Comentários: de acordo com Silva & Sales (2004) a espécie é pantropical, ocorrendo nas Américas desde os Estados Unidos até a Argentina, incluindo Antilhas. Distribuição no Nordeste(Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Piauí), habitando diferentes tipos vegetacionais. Em Pernambucoé amplamente distribuída, em geral associada a ambientes perturbados, ocorrendo em canteiros de

jardins, margens de estradas e calçadas, além de ser invasora em áreas de cultivos (Silva & Sales 2004).Em Mirandiba foi coletada em vegetação de caatinga com latossolos pedregosos sob a sombra e namargem de riachos temporários. O padrão lantóide das folhas, lobos orbiculares do disco nectarífero,estames unidos, rimas das anteras oblíquas e estiletes eretos são bons caracteres que a diferencia de P .heteradenius. Facilmente confundida com P . niruri , diferenciando-se desta pela base simétrica da folha.Ilustração em Silva & Sales (2004).

 27.33. P HYLLANTHUS  HETERADENIUS  Müll. Arg. in  Mart., Fl. bras. 11(2): 63. 1873.Ervas,  anuais,  10-45cm alt.; ramos glabros, não lantóides; estípulas lanceoladas, ápice

caudado a apiculado, margem discreto-serreada, 0,5-1mm compr. Folhas largo-elípticas a ovais,

1-3x0,5-1cm, membranácea, base atenuada a arredondada, ápice arredondado a mucronulado, margeminteira a discreto sinuosa, nervação cladódroma. Inorescência cimeiras axilares unissexuais; brácteastriangulares. Flores estaminadas 9-10mm compr.; sépalas-5, obovais, 1-1,5mm compr., valvares,disco 5-lobado, lobos elípticos; estames-3, livres, rimas transversais. Flores pistiladas solitárias, 3,5-4mm compr.; sépalas-5, largo-ovais a obovais, 2-2,5mm compr., imbricadas; disco glandular 5-lobado,adnados na base; ovário oblato, 3,5x4mm; estiletes depressos. Fruto depresso-globoso, 5x5mm; semente1x1,5mm, testa enegrecida, verruculosa, estriada longitudinalmente.

Material examinado: Fazenda do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro 118 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F.

 A. Lucena et al. 1419 (UFP); Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1485 (UFP). Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R.

 Maciel et al. 434 (UFP).

Comentários: exclusiva do nordeste do Brasil, em vegetação de caatinga hiperxeróla ecerrado nos estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe (Wesbter 2002 apud  Silva &Sales 2004). Lucena & Alves (submetido) registram essa espécie também para o Rio Grande do Norte.Pode ser facilmente confundida com outras espécies do gênero nos ambientes de caatinga. Caracteriza-se pelos ramos não lantóides, o formato das estípulas e dos lobos do disco nectarífero. No municípiode Mirandiba a espécie foi registrada em áreas de caatinga arbórea densa com pequenas populações emambiente sombreado, na proximidade de riachos temporários em solos argilo-pedregosos e altitude de450-520m.

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171- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 27.34. S  APIUM  GLANDULOSUM  (L.) Morong, Ann. New York Acad. Sci. 7: 227.1893.

Sapium biglandulosum  (L.) Müll. Arg., Linnaea 32: 116. 1863.Sapium glandulatum (Vell.) Pax in  H.G.A. Engler, Panzenr. 5: 229. 1912, nom. illeg .Sapium montevidense  Klotzsch ex  Baill., Adansonia 5: 320. 1865.

 Arbustos a arvoretas, monóicos, 4-10m alt.; ramos glabros; estípulas-2, largo-triangulares adeltóides, 2mm compr., crassas, serreado-ciliares. Folhas inteiras, alternas a subopostas; glândulas-4,côncavas, acropeciolares-2, basilaminares-2; lâmina elíptica a oboval, 2,5-9,5x1-4cm, membranácea acartácea, glabras, base atenuada a cuneada, ápice obtuso a agudo, cuculado-inexo, margem serreada acrenulada; nervação eucamptódroma. Inorescência racemos espiciformes; bráctea deltóide, 1,5mmcompr., glabra; bractéolas-2, glandulares, discóides a elípticas. Flores estaminadas 3-5 por cimeira, ca.2mm compr.; sépalas-2, obovais, 1-1,5mm compr., imbricadas; pétalas ausentes; estames-2; bractéola–2,

glandulares, discóides. Flores pistiladas 2-3mm compr.; sépalas-3; ovário globoso, 3mm diâm.; estilete-1,colunar, crasso; estigmas-3, crassos, recurvados Fruto oblongóide a obovóide, 10x15mm; sementeselípticas, 7x5mm, testa creme, verruculosa.

Material examinado: Serra do Tigre, 18.IV.2007, K. Pinheiro 243 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A.

Lucena et al.1473 (UFP).

Comentários: amplamente distribuída do México a América Tropical (Govaerts et al . 2000).Distribuição no nordeste do Brasil (Lucena & Alves, inéd.): AL, BA, CE, SE, PB, PE, PI. Comum emorestas úmidas e decíduas (Burger & Huft 1995), brejos de altitude e cerrado (Santos 2000). Diferencia-se de S. argutum  (Müll. Arg.) Huber por apresentar 2-16 (11) pares de nervuras eucamptódromas; ovário3-locular e margem foliar com glândulas (Kruijt 1996, Santos 2000). Reconhecida ainda pelo par de

glândulas no pecíolo, ápice da folha inexo e abundante látex branco-leitoso. Coletada em Mirandiba emcaatinga arbórea arbustiva densa de areia e de latossolos avermelhados e caatinga de solos pedregosos.Nome popular: burra-leiteira. Indicada como medicinal (Santos 2000).

 27.35. T RAGIA VOLUBILIS  L., Sp. pl.: 2: 980. 1753.Trepadeiras, herbáceas, urticantes, ramos estrigoso-setosos; estípulas-2, oblongas a

ensiformes, raro lanceoladas, 2-3mm compr. Folhas oval-lanceoladas a cordadas, 4-10,5x1-4,5cm,membranáceas, pilosas, tricomas simples a glandulares, urentes, base truncada a discretamentecordada, ápice acuminado, margem denteado-serreada; nervação actinódroma basal. Inorescência racemos espiciformes axilares, não bifurcados; brácteas ausentes. Flores estaminadas 1,5-2mm compr.;

bractéola-1, oval; sépalas-3, elípticas, 1mm compr., valvares; pétalas ausentes; estames-3. Flor pistiladasolitária, 2mm compr., longo-pedicelada; bractéola-1, oval, sépalas-6, oval-lanceoladas, 1,5-2mm compr.;ovário depresso-globoso, 3-aristado; estiletes-3, crassos. Fruto depresso-globoso, 5x7mm; sementesglobosas, 3x3mm, testa amarela, verruculosa.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1186 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006,

 M. F. A. Lucena et al. 1468 (UFP); Fazenda Tigre, Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena 1418 (UFP).

Comentários: espécie ocorrente desde o sul do México até a America Tropical e África(Govaerts et al . 2000). No Nordeste, registrada para os estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco,Piauí e Rio Grande do Norte por Lucena & Alves (inéd.). A inorescência é um racemo espiciforme,não bifurcado, podendo ocorrer um eixo oral exclusivamente com ores pistiladas e outro estaminado,

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172

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

ou ainda ores pistiladas na base e estaminadas no ápice de um único eixo oral. Tricomas glandulares

e urentes, longo-estipitados nos ramos e inorescência é um caráter para o fácil reconhecimento daespécie. Comum em Mirandiba em áreas sombreadas de caatinga arbustiva aberta ou arbórea densa,sobre solos argilosos e pedregosos, em altitudes de 440-540m. Nome Popular: urtiguinha, cipó-urtiga.

28. GENTIANACEAE

 Aline Melo, Anderson Alves-Araújo, Marccus Alves 

Ervas  a subarbustos, raramente arbustos ou pequena árvores. Folhas  opostas, menosfreqüentemente verticiladas, raramente alternas, às vezes escamiformes, simples, margem inteira ouraramente dentada. Estípulas ausentes. Inorescência cimosa, raramente racemosa, às vezes reduzidaa uma única or. Flor vistosa, bissexuada, actinomorfa ou ligeiramente zigomorfa, diclamídea, cálice4-5(12)-mero, gamossépalo, corola 4-5(12)-mera, gamopétala, estames isostêmones, alternipétalos,epipétalos, anteras rimosas ou raramente poricidas; ovário súpero, bicarpelar, unilocular ou raramentebilocular, placentação parietal, raramente axial ou central-livre, pluriovulado, estilete único, estigmacapitado ou bilobado. Fruto cápsula ou raramente baga.

Família cosmopolita, porém, com distribuição concentrada nas regiões temperadas. Possui 87gêneros e aproximadamente 1650 espécies, dos quais 28 gêneros e 100 espécies são encontrados noBrasil. A família tem grande importância farmacológica, tendo seus extratos usados para combate àfebre, problemas gastrointestinais e inamações. Algumas espécies são utilizadas na horticultura, comoa Eustoma grandiorum (Raf.) Shinners e a Exacum afne Balf. f. ex Regel., e também como ornamentais,Gentiana L. (Struwe & Albert 2004). Schultesia  é pantropical, com cerca de 20 espécies ocorrentes noBrasil (Guimarães 2007). O gênero está presente nos cerrados e campos rupestres e caatinga.

CORDEIRO, I. & HOCH, A.M., 2005. Gentianaceae. In : WANDERLEY, M.G.L..;

SHEPHERD, G.J.; MELHEM, T.S. & GIULIETTI, A.M. (Eds.). Flora Fanerogâmica do Estado deSão Paulo. Hucitec, São Paulo, 4: 211-222.

GUIMARÃES, E.F.; SAAVEDRA, M.M. & COSTA, C.G. 2007. Frutos e sementes emSchultesia  Mart. e Xestaea  Griseb. (Gentianaceae). Acta Botânica Brasílica, 21(2): 309-323.

STRUWE, L. & ALBERT, V.A., 2004. Gentianaceae. In : SMITH, N.; MORI, S.A.;HENDERSON, A.; STEVENSON, D.Wm.; HEALD, S. V. Flowering plants of the neotropics.Princeton University press, Princeton and Oxford, 1: 166-168.

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173- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE GENTIANACEAE

1. Folhas oval-lanceoladas; ores amarelas ..................................................................Schultesia   guianensis 

1’. Folhas estreitamente lineares-oblongas; ores róseas .............................. ............... Schultesia   pohliana 

 28. 1. S CHULTESIA GUIANENSIS  (Aubl.) Malme var. guianensis ,  Ark. Bot. 3(12): 9. 1904.Prancha 15, g. A.Ervas, 7,5-10cm alt., anuais, eretas; caule tetragonal. Folhas 1,5-3,5x0,3-0,8cm, sésseis,

opostas, oval-lanceoladas, base arredondada a truncada, ápice agudo, margem inteira. Flores 2-2,3cmcompr., amarelas, solitárias, actinomorfas; cálice 4-lobado, lobos do cálice carinados, oblongos, ápice

agudo; corola 4-lobada, infundibuliforme, lobos da corola lanceolados, ápice levemente acuminado;estames 4, eretos, não-alados, exsertos; anteras 2-2,5x1mm, eretas, oblongas, rimosas; ovário unilocular;estigma bilobado.

Material examinado: Serra das Umburanas, 23.VI.2007, Y. Melo et al. 306 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição desde o México até o Paraguai. Schultesia   guianensis  se caracteriza pelas folhas oval-lanceoladas e ores amarelas. Em Mirandiba a espécie foi encontradahabitando solos pedregosos a margem de riachos temporários no período chuvoso. Não há relato deusos desta espécie pelas comunidades locais.

 28.2. S CHULTESIA POHLIANA Progel., Fl. bras. 6(1): 205, t. 56, f. 1. 1865.Prancha 14, g. B.Ervas, 8,5cm alt ., anuais, eretas; caule tetragonal. Folhas 1,5-3cmx0,1-0,25cm, sésseis, opostas,

estreitamente linear-oblonga, base estreitamente atenuada, ápice agudo, margem inteira. Flores 1,5cmde compr., róseas, solitárias, actinomorfas; cálice 4-lobado, lobos do cálice carinados, lanceolados, ápiceacuminado; corola 4-lobada, infundibuliforme, lobos da corola obovados, ápice obtuso; estames 4,eretos, não alados, exsertos; anteras 1-1,5x0,5mm, eretas, oblongas, rimosas; ovário unilocular; estigmabilobado.

Material examinado: Estrada para Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. S. Silva et al. 165 (UFP).

Comentários: espécie distribuída desde o Panamá até a Bolívia. Neste trabalho ela é citadapela primeira vez para o Nordeste do Brasil. Em Mirandiba foi observada ocorrendo em simpatria com

S. guianensis . Não há relato de usos desta espécie pelas comunidades locais.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

29. H YDROLEACEAE José Iranildo Miranda de Melo

Ervas perenes ou raramente anuais a arbustos, paludosos ou semi-aquáticos; ramos portandotricomas hirsuto-glandulares, espinhos axilares a sublaterais ausentes. Folhas alternas, simples, commargem denteada a inteira. Inorescência terminal ou axilar, esta algumas vezes cimosa a raramentereduzida a uma única or. Flores andróginas, actinomorfas, diclamídeas, pentâmeras; cálice pentâmero,gamossépalo; corola pentâmera, gamopétala, geralmente azul, púrpura ou raramente branca; androceuisostêmone, estames epipétalos, anteras rimosas; ovário súpero, bicarpelar, bilocular, placentação axial,

placentas bilobadas, numerosos óvulos por lóculo, óvulos pleurótropos; estiletes terminais, livres entre si;estigma levemente infundibuliforme ou capitado. Fruto cápsula, septicida, loculicida ou irregularmentedeiscente; sementes longitudinalmente aneliformes a ruminadas, numerosas.

Família com um gênero e onze espécies distribuídas nas regiões tropicais e temperadas, sendoos principais centros de diversidade as Américas do Sul (Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai, Colômbiae Venezuela), Central (Continental e Insular) e do Norte (Estados Unidos da América e México) e

 África Tropical. No Brasil, ocorrem duas espécies das quais Hydrolea spinosa L., é a mais amplamentedistribuída e encontrada em Mirandiba.

BENNET, A. G. 1871. Hydroleaceae. In:  MARTIUS, C. & EICHLER, A. W. (eds.). FloraBrasiliensis, 7(1): 392-397.DAVENPORT, L. J. 1988. A monograph of Hydrolea (Hydrophyllaceae). Rhodora, 90: 169-

208.FLASTER, B. & PEIXOTO, A. L. 1972. Hidroláceas. In:  REITZ, P. R. (ed.). Flora Ilustrada

Catarinense, Hidrof. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí, parte I, fasc. 12p.PANSARIN, E. R. & AMARAL, M. C. E. 2004. Hydrophyllaceae. In : WANDERLEY, M.

G. L.; SHEPHERD, G. J.; GIULIETTI, A. M. & MELHEM, T. S. (eds.). Flora Fanerogâmica doEstado de São Paulo. FAPESP/Rima, São Paulo, 3: 123-125.

 29.1. H YDROLEA SPINOSA L., Sp. pl. ed. 2, 1: 328. 1762. Prancha 15, g. C-E.Ervas, ca. 30cm alt.; ramos viscosos, hirsuto-glandulares, espinhos axilares, solitários. Folhas

alternas; lâmina 2,2-5,4x0,6-1,4cm, membranácea, elíptica a estreitamente-elíptica, ápice agudo,margem inteira, ciliada, base atenuada, hirsuta em ambas as faces, tricomas glandulares, venaçãobroquidódroma; pecíolo 0,2-0,4cm compr., cilíndrico, hirsuto. Inorescência até 2,4cm compr.,curtamente pedunculada. Flores até 1,5cm compr., pedicelo ca. 0,2mm compr.; cálice ca. 9mm compr.,obcampanulado, lacínios 7-8x1-1,5mm, lanceolados, hirsuto-glandulares externamente; corola 1-1,3cmcompr., rotáceo-campanulada, cerúlea, lobos ca. 0,5mm compr., suborbiculares; estames opositipétalos,exsertos, anteras 2,2-2,8mm compr., dorsixas, letes 1,2-1,4mm compr., arroxeados, dilatados na base;ovário ca. 3mm compr., ovóide, pluriovulado; estiletes 2, terminais, ca. 1 cm, arroxeados, hirsuto-

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175- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

glandulares na base; estigmas 2, capitados. Fruto não observado.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande,02. X.2006, M. Tschá 2020a (UFP).Comentários: distribui-se desde o México, incluindo Cuba e Trinidade, até o nordeste da

 América do Sul. Para o Brasil, foi registrada em todas as regiões. Em Mirandiba, foi coletada apenascom ores, em outubro. Hydrolea spinosa L. é espécie morfologicamente relacionada à H. elatior Schott,da qual é distinta, principalmente, pelos ramos amarronzados, geralmente espinescentes, viscosos,portando tricomas hirsuto-glandulares, também presentes no órgão reprodutivo (cálice, corola e fruto)e pela corola cérulea e cápsula ovóide.

30. H YDROCHARITACEAE

 Anderson Alves-Araújo & Jefferson Rodrigues Maciel 

Ervas aquáticas, dulcícolas, anuais, xas no substrato ou livres utuantes; caule simples ouramicado. Folhas sésseis, submersas, alternas ou freqüentemente verticiladas, regularmente distribuídasao longo do caule ou restritas ao ápice; estípula ausente. Inorescência simples, com or solitária.Flores uni ou bissexuadas, protegidas por espata séssil ou subsséssil, emergente acima da superfície daágua, sobre um rígido hipanto; sépalas 3, persistentes; pétalas 3, vistosas; estames 1-muitos, rudimentares

em ores femininas; ovário 3-carpelar, unilocular. Fruto cápsula, ovóide, deiscência irregular; sementes6-7, fusiformes.

Família formada por 17 gêneros e cerca de 80 espécies aquáticas dulcícolas ou marinhase com distribuição cosmopolita. Em Mirandiba foi registrada apenas a ocorrência de  Apalanthe

 granatensis  (Bonpl.) Planch. Hydrocharitaceae pode ser reconhecida pelo hábito tipicamente aquáticoe ores trímeras e raramente vistosas. Alguns gêneros como Apalanthe , Egeria  e  Elodea  são facilmentereconhecidos pelo hábito semelhante ao de algas, com folhas sésseis e caules tênues sem exsudadoleitoso. Não possui inuência signicativa na economia, porém algumas espécies de Egeria  e de Elodea  são cultivadas como ornamentais em aquários e tanques de jardins.

 AONA, L. Y. S. & AMARAL, M. C. E. 2002. Hydrocharitaceae. In : WANDERLEY, M. G.L.; SHEPHERD, G. J. & GIULIETTI, A. M. (eds.) Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo.HUCITEC, São Paulo, 2: 123-127.

COOK, C. D. K. 1998. Hydrocharitaceae. In : KUBITZKI, K.; HUBER, H.; RUDALL, P. J.; STEVENS, P. S. & STÜTZEL, T. (eds). The families and genera of vascular plants. Springer,Berlin, 4: 234-248.

COOK, C. D. K. 1985. A revision of the genus Apalanthe . Aquatic Botany, 21: 157-164. 

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176

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 30.1. APALANTHE  GRANATENSIS  (Bonpl.) Planch., Ann. Mag. Nat. Hist., ser. 2, 1: 87. 1848.Ervas  aquáticas, xas, emersas, caule ramicado. Folhas  9-12x0,9-1mm, alternas oufreqüentemente 4-verticiladas, lineares, planas, glabras, ápice agudo, margem inteira, escabra. Flor 2mmcompr., bissexuada, axilar, solitária, subentendida por uma espata de 5mm compr., séssil; sépalas 3,esverdeadas; pétalas 3, alvas; estames 3, 1mm compr., anteras 0,3mm compr., deiscência rimosa; ovário

 ínfero, sincárpico. Fruto ca. 6mm compr.Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 131 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição neotropical, sendo encontrada praticamente em todoo país. Muito comum em cursos de água-doce ou açudes, ambiente no qual foi coletada em Mirandiba.Gênero monotípico,  Apalanthe granatensis   é caracterizada pelas ores bissexuadas com três estames.

 Aparentemente não apresenta potencial econômico, entretanto, possui hábito semelhante ao de Egeria  e de Elodea , esses últimos utilizados como ornamentais em aquários e tanques de jardins.

31. IRIDACEAE

 Anderson Alves-Araújo & Jefferson Rodrigues Maciel 

Ervas perenes, rizomatosas, cormosas ou bulbosas.Folhas alterno-dísticas, simples, equitantes,glabras, paralelinérvea, tipicamente ensiforme. Inorescência cimosa ou reduzida a uma or. Flores epíginas, bissexuadas, actinomorfas ou zigomorfas, diclamídeas, homoclamídeas ou heteroclamídeas;tépalas 6 distribuídas em duas séries, às vezes discerníveis em sépalas 3 e pétalas 3, geralmente cálicee corola unidos na base; estames (2-) 3, freqüentemente unidos, alternissépalos, anteras rimosas ouraramente poricidas; ovário 3-carpelar, 3-locular, ínfero, gamocarpelar. Fruto cápsula.

Família cosmopolita com aproximadamente 70 gêneros e 1800 espécies. Para o semi-áridonordestino são citadas apenas Calydorea cf. gardneri Baker e Cipura paludosa Aubl. Entretanto, no presentetrabalho, foi encontrada Cypella gracilis  (Herb.) Klatt a qual constitui um raro registro na literatura (Klatt

1871). Goldblatt & Henrich (1987) tratam Cypella  como mais relacionado a Cipura  e difere do mesmopela presença de escapo ramicado e brácteas tectrizes menores do que as ores. Cypella , de acordocom Roitman & Castillo (2003), possui 20-25 espécies e está distribuído apenas na Argentina, Paraguai,Uruguai e Brasil.

KLATT, F. W. 1871. Irideae. In : MARTIUS, C.; EICHLER, A. G. & URBAN, I. (eds.). Florabrasiliensis, 3(1): 509-548.

GOLDBLATT, P. & HENRICH, J. E. 1987. Notes on Cipura  (Iridaceae) in South and Central America, and a new species from Venezuela. Annals of the Missouri Botanical Garden, 74(2): 333-340.

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177- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

ROITMAN, G. G. & CASTILLO, A. 2003. Novedades en el género Cypella   (Iridaceae).Boletim de la Sociedad Argentina de Botanica, 38: 337-339.

 31.1. C YPELLA GRACILIS  (Herb.) Klatt in  Mart., Fl. bras. 3: 521. 1871. Prancha 15, g. F.Ervas cormosas, sazonalmente dormentes; cormos 3-4cm compr.; catalos 4-5cm compr.,

marrons. Folhas  22-28cm compr., 1-3, eretas, plicadas, lanceoladas, glabras, membranáceas asubcoriáceas, inteiras, verdes, concolores. Inorescência ramicada, ores 2-3; pedúnculo 19-21cmcompr.; bráctea tectriz 23cm compr., verde. Flores  não vistas. Fruto  cápsula, obovóide, marrom,3-sulcado; sementes angulares, castanhas.

Material examinado:  Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro 174 & D. Araújo (UFP). Material adicional:

PERNAMBUCO: Arcoverde, Estação experimental, 21.VII.1971, Andrade-Lima 71-6407 (IPA); Buíque, Chapada de São José,21.VI.1975, Andrade-Lima 75-8120 (IPA).

Comentários: espécie de distribuição conhecida apenas para o estado do Rio de Janeiro, oqual foi citado no amplo trabalho da Flora brasiliensis (Klatt 1871). Embora não tenha sido constatadouso formal da espécie, percebe-se grande potencial ornamental. Pode ser distinta dentre as outrasespécies ocorrentes no Nordeste brasileiro por apresentar, principalmente, o escapo ramicado.

  Prancha 15. Figura A. Schultesia guianensis var. guianensis. Hábito. B. Schultesia pohliana. Hábito. C-

E. Hydrolea spinosa. C. Hábito. D. Flor. E. Flor aberta. F. Cypella gracilis. Hábito. 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

32. L AMIACEAE Juliana Silva dos Santos & Juliana Santos Silva 

Ervas  ou arbustos, raramente árvores, geralmente aromáticos; ramos comumentequadrangulares. Folhas opostas, verticiladas ou alternas, simples ou compostas, geralmente serreadas;estípulas ausentes. Inorescência cimosa, freqüentemente congesta. Flores  vistosas, hermafroditas,zigomorfas, diclamídeas; cálice pentâmero, gamossépalo, preoração geralmente imbricada; corolapentâmera, gamopétala, geralmente bilabiada, preoração imbricada; estames 2 ou 4, neste casodidínamos, epipétalos, anteras rimosas; ovário súpero, bicarpelar, bilocular ou tetralocular, geralmente

4-lobado e, neste caso, com estilete ginobásico; óvulos 2 por carpelo. Fruto geralmente núcula, bagaou esquizocarpo.

Laminaceae tem ampla distribuição geográca e compreende 7500 espécies incluídas em300 gêneros. A região mediterrânea destaca-se como principal centro de diversidade da família. NoBrasil ocorrem 26 gêneros e cerca de 350 espécies, geralmente em ambientes abertos. Muitas de suasespécies são importantes para extração de óleos essenciais, como a lavanda ( Lavandula angustifolia  Mill.),a alfavaca ( Ocimum basilicum  L.), o orégano ( Origanum vulgare  L.), o alecrim ( Rosmarinus ofcinalis  L.) e ahortelã (  Mentha spp.) tanto para uso cosmético, como condimentar ou medicinal. Outras são utilizadascomo ornamentais ( Salvia splendens   Sellow ex Wied-Neuw. e Solenostemon scutellarioides   (L.) Codd.) ou,

ainda, como medicinais ( Plectranthus barbatus Andrews, Melissa ofcinalis L. e Cunila microcephala  Benth.).Na Flora de Mirandiba, a família Lamiaceae está representada por três espécies.

 ALBUQUERQUE, U. P. 1997. Contribuição ao estudo das alfavacas do Brasil. RevistaBrasileira de Farmácia, 78(4): 74-78.

 ALBUQUERQUE, U.P. & ANDRADE, L. H. C. 1998. El gênero Ocimum  L. (Lamiaceae) enel Nordeste del Brasil. Anales Jardin Botanico de Madrid, 56(1):43-64.

 ALMEIDA, C.F. C.B.R & ALBUQUERQUE, U.P. 2002. Check-list of the family Lamiaceaein Pernambuco, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, 45 (3): 343-353.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE L AMIACEAE

1. Ervas; brácteas foliáceas; cálice bilabiado ............................ ............................. Ocimum campechianum

1’. Subarbustos; brácteas liformes; cálice campanulado ...............................................................................2

2. Inorescências paniculadas; ores pediceladas; lacínios do cálice agudos;

letes glabros; núcula com mucilagem  ..........................................................................Hypenia salzmannii 

2’. Inorescências capituliformes; ores sésseis; lacínios do cálice aristados;

letes vilosos; núcula sem mucilagem ............................ ............................... ...................... Hyptis suaveolens 

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179- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 16.  Figuras A-E. Hypenia salzmannii A. Ramo. B. Detalhe do tricomas. C. Flor. D. Cálice

frutífero. E. Fruto. Figuras F-M. Hyptis suaveolens. F. Ramo. G. Flor. H. Cálice e bráctea. I. Detalhe

dos tricomas nos lacínios. J. Detalhe dos tricomas da bráctea. L. Vista frontal do fruto. M. Vista

lateral do fruto. Figuras N-Q.  Ocimum campechianum. N. Ramo. O. Aspecto geral das flores. P.

Bráctea. Q. Fruto.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 32.1. H YPENIA SALZMANNII  (Benth.) H. Harley  , Bot. J. Linn. Soc. 98(2): 91.1988. 

Prancha 16, g. A-E.Subarbustos, 0,5-2m alt., aromático; tricomas uni a pluricelulares revestindo ramos, folhas,

pecíolos, corola e cálice. Caule ramos cilíndrico a subquadrangulares, intumescido na porção mediana dosentrenós, pubescentes a vilosos. Folhas opostas, simples; pecíolo 0,7-1,3cm compr., subquadrangular,arroxeados, viloso; lâmina 2,5-2,8x0,9-1,9cm, membranácea, oblonga, base cuneada, ápice agudo,margem crenada, nErvasção eucamptódroma. Inorescências paniculadas, axilares; brácteas 0,5-1mm,liformes, pubescentes. Flores lilases, pediceladas; cálice 4-6mm compr., campanulado, pubescente,lacínios 5, agudos; corola 6-8mm compr., bilabiada, pentalobada, pubescente, lobos arredondados;estames 4, didínamos, letes 1-1,5mm compr., glabros; ovário 1-1,5mm compr., estilete bído. Fruto núcula 2-3mm compr., preta, mucilagem leitosa quanto úmida.

Material examinado: Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo 266 (PEUFR, UFP).Material adicional: PERNAMBUCO, Buíque, Tribo Kapinawá, 16.X.2004, R. S. Pinho 28 (PEUFR).

Comentários: espécie típica das áreas de caatinga da região Nordeste do Brasil. Conhecida porbarrigudinha em alusão ao intumescimento de seu caule, caracteriza-se por apresentar ramos arroxeados,inorescências em panículas, ores pediceladas com cálice de lacínios agudos, letes glabros e frutocom mucilagem. A infusão e o chá de suas folhas são bastante utilizados no combate à resfriados eproblemas respiratórios.

 

 32.2. H YPTIS  SUAVEOLENS  (L.) Poit. , Ann. Mus. Natl. Hist. Nat. 7: 472. 1806.Prancha 16, Fig. F-M.

Subarbustos, 0,2-1,5m de alt., fortemente aromático. Tricomas uni a pluricelulares, às vezesglandulares, revestindo ramos, folhas, pecíolos, brácteas, pedicelos, cálice e corola. Folhas opostas,simples; pecíolo 0,7-4,3cm compr.; lâmina 6-7x3,2-4cm, membranácea, oval, base cordada, ápice agudo,margem crenada, nErvasção eucamptódroma. Inorescências pedunculadas, capituliformes, axilares;pedúnculo 5-6mm compr., subquadrangular, pubescente; brácteas 1-1,5mm, liformes, pubescentes.Flores sésseis, lilases; cálice 0,9-1cm compr., campanulado, pubescente, lacínios 5, aristados; corola 0,5-1cm compr., bilabiada, pentalobada, pubescente; estames 4, didínamos, letes 4-5mm compr.,  vilosos;ovário 1-1,2mm compr., estilete bído. Fruto núcula 3-4x1-1,2mm, negrescente, mucilagem ausente.

Material examinado: Fazenda Tigre, 30.V.2006, E. Córdula et al. 63 (UFP); Fazenda Tigre, 30.V.2006, M. F.

 A. Lucena et al. 1440 (UFP, PEUFR); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 286 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, Y. Melo

et al. 156 (UFP, PEUFR); Sítio Areia Molhada, 16.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 112 (UFP, PEUFR).Comentários: amplamente distribuída no continente Americano e Asiático. Em Pernambuco

ocorre em áreas de restinga e de caatinga, sendo considerada também planta ruderal. Caracteriza-se porapresentar inorescências capituliformes, ores sésseis, lacínios aristados, letes vilosos e núcula semmucilagem. Popularmente conhecida por alfazema-de-cabloco, alfavaca-brava ou bamburral é empreadana medicina popular, principalmente na região Nordeste. A infusão de suas ores é usada para aliviarcólicas menstruais, problemas digestivos e, também, para febres. Vários estudos já foram conduzidoscom esta espécie, tendo sido constatadas atividades anti-tumorais, hipotensoras, vasodilatadora eespasmogênica.

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181- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 32.3. O CIMUM  CAMPECHIANUM  Mill., Gard. Dict. (ed. 8): 5. 1768. Prancha 16, g. N-Q.

Ervas, 20-50cm de alt., aromática; tricomas uni a pluricelulares ou glandulares, revestindoramos, folhas, pecíolos, inorescências, pedicelos. Ramos divaricados, puberulentos a pubescentes.Folhas  opostas, simples; pecíolo 1,7-3cm compr., quadrangular, pubescente; lâmina 3,5-5x2-3cm, cartácea, oval, discolor, base atenuada, ápice agudo, margem crenada, revestida por glândulaspunctiformes, nErvasção eucamptódroma. Inorescências racemosas, terminais, verticilos 3 ores;brácteas 2-7mm, foliáceas, ovais, pubescentes. Flores pediceladas; cálice 7-8mm compr., bilabiado,ligeiramente deexo na antese, lábio superior decurrente sobre todo o tubo, lábio inferior tetralobado,lacinios lineares, puberulento a pubescentes; corola 4-5mm compr., bilabiada, pentalobada, lobosoblongos a arredondados, branca, internamente lilás, puberulenta a pubescente; estames 4, didínamos,letes 2-3mm compr., glabros; ovário 2-3mm compr., estilete bído. Núcula 1,5-2mm compr., marrom,

mucilagem leitosa quanto úmida.Material examinado: Fazenda Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 75 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007,

L. L. Santos et al. 223 (PEUFR, UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 406 (PEUFR, UFP).

Comentários: espécie exclusiva do continente Americano com ampla destribuição noterritório brasileiro. Alvafaca ou mangericão é elemento comum de ambientes abertos e ensolarados.Distingue-se por apresentar hábito herbáceo, glândulas punctiforme nas folhas, brácteas foliáceas ecálice bilobado. O chá de suas folhas é popularmente utilizado no combate a cálculo renal, aftas einamações na gargata, enquanto a infusão delas é empregada contra tonturas e vômitos. É aindabastante apreciada em saladas, massas, molhos e sopas.

33. LEGUMINOSAE

 Elisabeth Córdula, Luciano Paganucci de Queiroz & Marccus Alves 

Ervas, subarbustos, arbustos, árvores ou trepadeiras, armadas ou inermes. Folhas alternas,compostas, pulvinos, nectários extraflorais (nefs); estípulas por vezes transformadas em espinhos.Inflorescências racemosas, pauci a multifloras. Flores vistosas, diclamídeas, pentâmeras, bissexuadas,

actinomorfas ou zigomorfas, hipanto geralmente presente; cálice gamossépalo ou dialissépalo; corolagamopétala ou dialipétala, tubulosa ou papilionóide; androceu dialistêmone, monadelfo ou diadelfo,anteras uniformes ou dimórficas; ovário monômero, súpero, unilocular, placentação marginal. Fruto legume, por vezes folículo, legume bacóide, legume nucóide, legume samaróide, sâmara, criptossâmara,lomento ou craspédio.

Leguminosae apresenta 727 gêneros e cerca de 20.000 espécies, de distribuição cosmopolitae ampla variedade de formas de vida (Lewis et al. 2005). No Brasil ocorrem 200 gêneros nativos e1.500 espécies, estando entre as famílias mais representativas na maioria dos ecossistemas brasileiros(Souza & Lorenzi 2005). Na caatinga, ocorrem cerca de 70 gêneros e 300 espécies, o que representa

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

um terço da vegetação (Queiroz 2006). Em Mirandiba foram registradas 83 espécies de Leguminosae,

distribuídas em 42 gêneros. Apresenta grande potencial econômico, sendo utilizada como alimento,madeira de lei, ornamental e adubação verde devido a sua capacidade de fixação de nitrogênio pelasbactérias simbiontes de suas raízes (Sousa & Lorenzi 2005). A família compreende três subfamílias, queserão tratadas separadamente para melhor compreensão.

Caesalpinioideae está representada em Mirandiba por 24 espécies distribuídas em 7 gêneros.Senna  é o mais bem representado com 9 espécies, seguido de Chamaecrista  (7 spp.), Caesalpinia  (3 spp.),Bauhinia  (2 spp.) e os demais com uma espécie cada. São árvores, arbustos, subarbustos ou ervas comfolhas pinadas, raro bipinadas. Flores zigomorfas com prefloração imbricada carenal; 10 (ou 5) estamesdistintos, normalmente não superando a corola. Esta subfamília compreende 4 tribos e ca. 2.250espécies (Lewis et al. 2005).

Mimosoideae está representada em Mirandiba por 23 espécies distribuídas em 13 gêneros. Mimosa  é o gênero melhor representado (7 spp.), seguido por Senegalia  (3 spp.), Chloroleucon e Piptadenia(2 spp. cada). Os demais gêneros estão representados por apenas uma espécie. São árvores, arbustos,raramente ervas; folhas bipinadas, às vezes pinadas, folíolos freqüentemente numerosos e pequenos, enectários extraflorais (nef’s) geralmente presentes. As inflorescências são espigas ou glomérulos, comflores actinomorfas, pequenas e de 5-10 (ou muitos) estames coloridos e exsertos. Esta subfamíliacompreende quatro tribos e 3.270 espécies (Lewis et al. 2005). Nas descrições apresentadas, as medidasdas flores não incluem o comprimento dos filetes.

Papilionoideae está representada em Mirandiba por 36 espécies distribuídas em 22 gêneros. Ogênero Macroptilium  é o mais bem representado com 4 espécies, seguido de  Aeschynomene, Centrosema e 

Zornia  com 3 espécies, Crotalaria, Desmodium, Dioclea, Indigofera e Stylosanthes  com 2 espécies e os demaiscom uma espécie cada. São em geral ervas e trepadeiras, raramente árvores ou arbustos; as folhas sãopinadas, palmadas ou trifolioladas, raramente simples, nectários extraflorais (nef’s) ausentes. As floressão zigomorfas, a maioria papilionóide, com prefloração imbricada vexilar, carenas em geral planas, por

 vezes torcidas; geralmente com 10 estames diadelfos, às vezes monadelfos, raramente polistêmones,dialistêmones. Esta subfamília compreende 28 tribos 13.800 espécies (Lewis et al. 2007).

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FLORA  DE MIRANDIBA  -

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CHAVE PARA   AS SUBFAMÍLIAS DE LEGUMINOSAE

1. Folhas imparipinadas ou trifolioladas (paripinadas em Arachis  e Zornia  );

ores com preforação imbricada vexilar (papilionóides); estames conados,

diplostêmones (se livres, então polistêmones); sementes com hilo

mediano a sub-mediano, embrião papilionóide ............................. ............................... .........Papilionoideae1. Folhas paripinadas ou bipinadas; ores com preoração imbricada

carenal ou valvar; estames livres, isostêmones, diplostêmones

(se conados, então polistêmones); sementes com hilo apical a subapical, embrião reto ...........................2

2. Inorescências em glomérulos ou espigas; ores actinomorfas, preoração valvar ..... Mimosoideae

2. Inorescência em fascículos, racemos, pseudoracemos ou panículas;

ores zigomorfas, preoração imbricada carenal  .............................................................Caesalpinioideae

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE LEGUMINOSAE, SUBFAMÍLIA  C AESALPINIOIDEAE 

1. Folhas unifolioladas ..........................................................................................................................................2

1’. Folhas pinadas ou bipinadas ..........................................................................................................................3

2. Folhas inteiras, ápice emarginado; botões orais cilíndricos e estriados ...............Bauhinia acuruana 

2’. Folhas bilobadas, divididas até ¼ do seu comprimento; botões

orais claviformes e não estriados  ................................................................................ Bauhinia cheilantha 

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185- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

3. Plantas armadas; ramos fractiexos; folíolos vestigiais .............................. ........... Parkinsonia aculeata 

3’. Plantas inermes; ramos não fractiexos; folíolos desenvolvidos  .............................................................4

4. Flores sem hipanto ...........................................................................................................................................5

4’. Flores com hipanto .......................................................................................................................................19

5. Folhas com um par de folíolos; ores brancas.........................................................Hymenaea courbaril 

5’. Folhas com mais de um par de folíolos (exceto Ch. rotundifolia  var. rotundifolia  ); ores amarelas ........6

6. Bractéolas presentes; frutos com deiscência elástica, torcidos no sentido

do eixo após a deiscência ( Chamaecrista  ) .............................. ............................... ............................... .................7

6’. Bractéolas ausentes, fruto indeiscente ou deiscente, então comdeiscência passiva e fruto com valvas planas ( Senna  ) .......................... ............................... ........................... 13

7. Folhas com apenas um par de folíolos .......................... Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia 

7’. Folhas com mais de um par de folíolos ............................... ............................... ............................... ...........8

8. Folhas com dois pares de folíolos; nectários extraorais (nef ’s) ausentes; inorescência terminal.....9

8’. Folhas com mais de dois pares de folíolos; nectários

extraorais (nef ’s) presentes; inorescência axilar ou supra-axilar ............................... ............................. 10

9. Ervas prostradas; pecíolo ca. 2x o comprimento do folíolo;

pétalas 10-15mm compr. ........................... ............................... ............................... ...Chamaecrista amiciella 

9’. Arbustos; pecíolo não ultrapassando o comprimento do folíolo;

pétalas 15-18mm compr. ........................... ...............................Chamaecrista acosmifolia var. acosmifolia 

10. Folíolos até 9 pares, subfalcados; cálice não superando

a corola...................................................................................................... Chamaecrista pilosa  var. luxurians 

10’. Folíolos 10 pares ou mais, oblongo ou oblongo-lanceolados; cálice superando a corola ............... 11

11. Estípulas deltóides; ores solitárias, axilares;

estaminódios presentes  ........................................................................................... Chamaecrista calycioides 

11’. Estípulas lineares ou linear-lanceoladas; inorescência racemosa,

supra-axilar; estaminódios ausentes ........................... ............................... ............................... ........................ 12

12. Nefs calicióides; folíolos oblongo-lanceolados, 8-13mm compr.;

brácteas 5-6 espiraladas na base da inorescência ................................................ Chamaecrista duckeana 

12’. Nefs cilíndricos; folíolos oblongos, 17-20mm compr.; brácteas

espiraladas ausentes ..............................................................................Chamaecrista repens  var. multijuga 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

13. Nefs ausentes ...............................................................................................................................................14

13’. Nefs presentes, entre os folíolos ou no pedicelo .............................. ............................... ...................... 15

14. Brácteas obovadas, petalóides, amarelas; fruto legume,

plano compresso, com projeções aladas nas valvas ........................... ............................... .......... Senna alata 

14’. Brácteas linear-lanceoladas; fruto legume bacóide, quadrangular .......Senna spectabilis var. excelsa 

15. Dois pares de folíolos ............................. ............................... ............................... ............................... ....... 16

15’. Mais de dois pares de folíolos ........................... ............................... ............................... .......................... 17

16. Folíolos pilosos, com nervura deslocada e base fortemente

assimétrica; fruto 5–8cm compr ........................................................ Senna macranthera var. pudibunda 16’. Folíolos glabros, com nervura mediana e base simétrica;

fruto 15–20cm compr ......................................................................................Senna splendida var. gloriosa 

17. Nefs entre cada par de folíolos ............................... ............................... ............................... ..................... 18

17’. Nef (1) na base do pecíolo ou entre o primeiro par de folíolos ........................... .............................. 20

18. Ervas, 35-50cm alt.; folíolos densamente pilosos; inorescência 2-5 oras;

nectários extraorais no pedicelo  .............................................................................................Senna uniflora 

18’. Arbustos, 2-3m alt.; folíolos glabros; inorescência multiora;

nectários extraorais ausentes no pedicelo .......................................................................... Senna trachypus 

19. Nefs digitiformes, estipitados; três pares de folíolos obovados,

par distal 3,5–4,5cm ............................................................................................................... Senna obtusifolia 

19’. Nefs globosos, sésseis; 4–5 pares de folíolos elípticos a oval-lanceolados,

par distal 5–7cm compr....................................................................................................... Senna occidentalis 

20. Folhas pinadas; inorescência cimosa, 2–2,5cm compr.;

pétalas homomórcas; fruto legume samaróide  .............................................................. Poeppigia procera 

20’. Folhas bipinadas; inorescência paniculada, 5–8cm compr.;

pétala superior reexa; fruto legume ou legume bacóide ............................ ............................... ................. 21

21. Caule variegado; fruto legume bacóide, indeiscente .............................Caesalpinia ferrea var. ferrea 

21’. Caule concolor, fruto legume, deiscência elástica ............................ ............................... ....................... 22

22. Brácteas largamente ovais, ápice agudo, côncavas, 6–10x5–7mm ...................Caesalpinia bracteosa 

22’. Brácteas oval-lanceoladas, ápice acuminado,

planas, 2,0–2,5x1,0–1,5mm......................................................................................C aesalpinia gardneriana 

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187- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 33.1.1. B  AUHINIA  ACURUANA Moric., Pl. Nouv. Amer.: 77. 1840. Prancha 17, g. J-L.

 Arbustos; pubescentes, tricomas glandulares esparsos, nef ausente; estípulas deltóides, ca.3mm compr. Folhas unifolioladas, inteiras, ovadas, 7x4cm compr., base cordada, ápice emarginado,palmatinérveas. Inorescências pseudoracemos, terminais. Flores brancas, hipanto tubuloso; botõescilíndricos, estriados; cálice 5-laciniado; pétalas lanceoladas, unguladas, 4cm compr.; estames-10; ováriopiloso. Fruto legume, linear-oblongo, 17-20x1-1,5cm, pubescente.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, ., E. Córdula et al. 44 (HUEFS, UFP); Faz. Areia Malhada,

16.IV.2007, . fr., E. Córdula et al. 224 (UFP).

Comentários: No Brasil, distribui-se nos estados da Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, MinasGerais, Pernambuco e Piauí. Ocorre em solos pedregosos, arenosos ou argilosos, na orla de orestaestacional caducifólia, cerradão, caatinga, cerrado, carrasco, transição caatinga/cerrado, cerrado/oresta

estacional e nalmente nos campos gerais e campos rupestres (Vaz & Tozzi 2003). Em Mirandibaocorre em vegetação arbustiva densa, em solo arenoso e profundo. Em Pernambuco está registradapara Araripina, Buíque, Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Petrolina e Tacaratu. Difere de B. cheilantha  pelasfolhas inteiras.

 33.1.2. B  AUHINIA CHEILANTHA (Bong.) Steud., Nomencl. Bot. (ed.2) 1: 191. 1840. Prancha17, g. H-I.

 Arbustos; pubescentes, tricomas glandulares esparsos, nef ausente; estípulas lineares, 5-10mmcompr. Folhas unifolioladas, bilobadas, até ¼ partidas, eqüitativas, 6-10x6-10cm, base cordada, ápice

lobado, palmatinérveas. Inorescências pseudoracemos, terminais. Flores brancas, hipanto tubuloso;botões claviformes, não estriados; lacínios do cálice não se separando completamente na antese; pétalasobovais, unguladas, 3,5x2cm; estames-5; estaminódios-5, alternados;  ovário tomentoso, tricomasglandulares esparsos. Fruto legume, linear-oblongo, 8-10x1,5-1,7cm, velutino.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, ., E. Córdula et al. 08 (HUEFS, RB, UFP); Fazenda Troncão,

16. IV. 2007, ., J. Silva et al. 163 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, fr., E. Córdula et al. 252 (UFP).

Comentários:  conhecida popularmente como pata-de-vaca ou mororó. Ocorre no Brasil(Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte eSergipe), Bolívia e Paraguai, em caatinga arbórea ou arbustiva, oresta estacional, mata seca, mata decipó, oresta refúgio e capoeiras (Vaz & Tozzi 2003). Em Mirandiba ocorre em vegetação arbóreacom estrato arbustivo denso, de solos pedregosos e rasos derivados de cristalino. Em Pernambuco estáregistrada em Alagoinha, Caruaru, Floresta, Ibimirim, Mirandiba, Petrolina, Salgueiro, Serra Talhada,Sertânia e Triunfo. B. cheilantha  é facilmente reconhecida pelas suas folhas simples, bilobadas.

 33.1.3. C  AESALPINIA BRACTEOSA  Tul., Arch. Mus. Hist. Nat. 4: 141. 1844. Prancha 17, g. A-B.

 Árvores, 3-6m alt., caule concolor; tricomas glandulares pedunculados nos ramos e folhas;nefs ausentes. Folhas bipinadas; pinas 1-par, opostas; folíolos 4,5x2,5cm, elíptico-orbiculares, alternos,glabros, base levemente assimétrica, ápice emarginado. Inorescências em panículas terminais, 5-8cmcompr.; tricomas tectores e plumosos no eixo da inorescência; brácteas largamente ovais, ápice agudo,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

côncavas, 6-10x5-7mm. Flores amarelas, 2-2,5cm compr.; hipanto campanulado; pedicelo articulado;

sépalas sutilmente graduadas; pétalas elíptico-orbiculares, superior reexa, máculas vermelhas; estames-10; ovário tomentoso, curtamente estipitado. Fruto legume, falcado, 9-15x2-3cm, puberulento.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, ., E. Córdula et al. 19 (HUEFS, UFP); Faz. Areia Malhada,

31.V.2006, ., E. Córdula et al. 77 (UFP); Vertentes, 02.X.2006, fr., E. Córdula et al. 180 (HUEFS, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como catingueira ou catinga de porco. Caesalpiniabracteosa ocorre nos estados do Nordeste, do Maranhão até a Bahia e em Tocantins, Goiás e Mato Grosso,principalmente em formações secas como caatinga, cerrados, orestas estacionais e dunas litorâneas(Lewis 1998). Planta muito comum em Mirandiba, encontrada em todos os tipos de vegetação e solospercorridos durante o estudo. Em Pernambuco existem registros para Afrânio, Caruaru, Floresta,Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Santa Maria da Boa Vista e São José do Belmonte. Muito semelhante à

C. gardneriana , diferindo desta pelos folíolos e ores maiores, além das brácteas largamente ovais ecôncavas.

 33.1.4. C  AESALPINIA FERREA Mart. ex  Tul. var. ferrea , Arch. Mus. Hist. Nat. 4: 137. Prancha17, g. E-F.

 Árvores, 4-6m alt., caule variegado; nef ausente. Folhas bipinadas; pinas-3 pares, opostas;folíolos oblongos, 10-20mm compr., pilosos, cartáceos, base assimétrica, ápice truncado. Inorescência paniculada, terminal, 5-7cm compr. Flores amarelas; hipanto campanulado; cálice cupuliforme, glabro,lacínias irregulares; pétalas obovais, 10-15mm compr., superior reexa, máculas vermelhas; estames-10;anteras dorsixas, rimosas; ovário pubescente. Fruto  legume bacóide, oblanceolado, 7-10x3-3,5cm,

glabro.Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 10 (UFP); . fr., E. Córdula et al. 11

(UFP); Faz. Baixio Grande, 03.X.2006, fr., E. Córdula et al. 188 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como “pau-ferro” ou “jucá”. Caesalpinia ferrea  var. ferrea  é típica de Caatinga, sendo especialmente observada em margens de rios temporários e menosabundante em caatinga arbórea, ocorrendo em altitudes entre 300 e 750 m. Em Mirandiba é freqüenteem áreas de vegetação arbórea de solo pedregoso e raso derivado de cristalino. Em Pernambuco existemregistros para os municípios de Águas Belas, Alagoinha, Arcoverde, Custódia, Exu, Ibimirim, Ouricuri,Petrolina, Salgueiro, São José do Belmonte, Serra Talhada e Triunfo.

 33.1.5. C  AESALPINIA GARDNERIANA Benth. in Mart., Fl. bras. 15(2): 68. 1870. Prancha 17,g. C-D.

 Árvores, 3-6m alt., caule concolor; tricomas glandulares pedunculados nos ramos e folhas;nefs ausentes. Folhas bipinadas; pinas 2-pares, opostas; folíolos 1,5-3x1-1,5cm, elíptico-orbiculares,alternos. Inorescências em panículas terminais, 5-8cm compr.; tricomas tectores e plumosos noeixo da inorescência; brácteas oval-lanceoladas, ápice acuminado, planas, 2-2,5x1-1,5mm. Floresamarelas, ca. 2cm compr.; hipanto campanulado; pedicelo articulado; sépalas graduadas, superior 2xmaior do que as demais; pétalas oblongo-elípticas, superior reexa, máculas vermelhas; estames-10;ovário pubescente, tricomas glandulares esparsos, curtamente estipitado. Fruto legume, falcado, 7-9x2-

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189- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

2,5cm, puberulento.

Material examinado:  Serra das Umburanas, ., 18.IV.2007, E. Córdula et al. 253 (HUEFS, RB, UFP);23.VI.2007, fr., E. Córdula et al. 306 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários:  conhecida popularmente como catingueira. Caesalpinia gardneriana é umaespécie da depressão sertaneja setentrional, ocorrendo do estado do Piauí até o Rio Grande do Norte ePernambuco (Queiroz 2006). Em Pernambuco há registro para Betânia, Caruaru, Mirandiba, Parnamirime Venturosa. Rara na área de estudo, os indivíduos observados ocorrem na Serra das Umburanas sobresolo pedregoso e raso de embasamento cristalino em vegetação arbórea com estrato arbustivo denso.

 33.1.6. C HAMAECRISTA   ACOSMIFOLIA  (Mart. ex Benth.) H.S.Irwin & Barneby   var.acosmifolia , Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982. Prancha 18, g. A.

 Arbustos; estípulas linear-lanceoladas, 2mm compr.; tricomas víscido-setosos; nef ausente.Pecíolo 1,3-2,3cm compr., não ultrapassando o comprimento dos folíolos; folíolos-2 pares, distaiselípticos, 20-25mm compr., pubescentes. Inorescência  racemosa, terminal; bractéolas linear-lanceoladas, 2mm compr. Flores, sépalas lanceoladas, nervuras inconspícuas, 7-8mm compr.; pétalasamarelas, obovais, 15-18mm compr.; estames-7; ovário piloso, tricomas víscido-setosos. Fruto legume,oblongo, 3-3,5x0,8-1cm, glabro.

Material examinado: São José do Belmonte-Mirandiba, 25.V.1971, ., E. P. Heringer et al. 783 (PEUFR).

Material Adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, 22.V.1971, ., E. P. Heringer et al. 847 (PEUFR).

Comentário:  popularmente conhecida como rompe-gibão. Chamaecrista acosmifolia  var.acosmifolia ocorre em matas de galeria e cerrado no nordeste do Brasil (Irwin & Barneby 1978). Na

caatinga há registro para os estados da Bahia e do Piauí, em altitudes de 500-600 m. Planta coletadaem Mirandiba em 1971. Os registros de herbário datam das décadas de 50 a 70 em Pernambuco (Brejoda Madre de Deus, Garanhuns, São José do Belmonte e Serra Talhada) e Piauí. Existe apenas umacoleta recente (2006) em Arcoverde-PE. Todas foram identicadas erroneamente como Chamaecristadesertorum .

 33.1.7. C HAMAECRISTA  AMICIELLA  (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem.New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Prancha 18, g. B.

Ervas  prostradas; estípulas subuladas, 2-3mm compr.; tricomas víscido-setosos; nefausente. Pecíolo 2-3cm compr., ca. 2x o comprimento do folíolo; folíolos-2 pares, distais elípticos a

suborbiculares, 10-15mm compr., pubescentes. Inorescência racemosa, terminal; bractéolas lineares,2mm compr. Flores, sépalas lanceoladas, nervuras inconspícuas, 5-7mm compr.; pétalas amarelas,obovais, 10-15mm compr., cuculo oblíquo, listras vermelhas; estames-10; ovário piloso. Fruto legume,oblongo, 2-3,5x0,4-0,5cm, tricomas víscido-setosos.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, .fr., E. Córdula et al. 250 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários:  popularmente conhecida como mundubim-brabo. Endêmica da caatinga,Chamaecrista amiciella é conhecida apenas do sul do Ceará, oeste da Paraíba e norte da Bahia (Irwin &Barneby 1978). Em Mirandiba foi coletada sobre aoramentos graníticos, em solos rasos e pedregosos.Na caatinga de Pernambuco há registro em Buíque, Camocim de São Félix, Floresta, Inajá, Itacuruba,Mirandiba, Ouricuri, Parnamirim, Petrolina e Serra Talhada. Assemelha-se à Chamaecrista acosmifolia var.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

acosmifolia , podendo ser diferenciada pelo hábito e pelo comprimento do pecíolo e das pétalas.

 33.1.8. C HAMAECRISTA CALYCIOIDES  (DC. ex  Collad.) Greene, Pittonia 4:32. 1899. Prancha18, g. C-D.

Ervas decumbentes; estípulas deltóides, 5-7mm compr.; nef calicióide, estipitado, na porçãoterminal do pecíolo. Folíolos ca. 14 pares, oblongo-lanceolados, 8-12mm, glabrescentes. Flor solitária,axilar; bractéolas lanceoladas, 3mm; sépalas linear-lanceoladas, nervuras salientes, ca. 8mm compr.;pétalas amarelas, obovais, 5mm compr., cuculo oblíquo; estames-8; estaminódios-2; ovário tomentoso.Fruto legume, linear-oblongo, 2-3x0,3-0,4cm, piloso, pontuações nigrescentes.

Material examinado:  Sítio Chacal, 31.III.2006, .fr., E. Córdula et al. 28 (HUEFS, RB, UFP); Faz. Areia

 Malhada, 21.VI.2007, .fr., E. Córdula et al. 298 (UFP).

Comentários: Amplamente distribuída na América tropical, desde o Texas (E.U.A.) até a Argentina (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba ocorre em áreas degradadas e ao longo de estradas.Foi coletada em áreas de caatinga em Pernambuco (Ibimirim, Mirandiba e Serra Talhada) e Sergipe.

 33.1.9. C HAMAECRISTA DUCKEANA (P. Bezerra & Afr. Fern.) H.S.Irwin & Barneby, Mem.New York Bot. Gard. 35:861. 1982. Prancha 18, g. E-F.

Ervas eretas; estípulas linear-lanceoladas, estriadas, 12-15mm compr.; nef calicióide, estipitado,abaixo do 1° par de folíolos. Folíolos 15-20 pares, oblongo-lanceolados, 8-13mm compr., glabrescentes.Brácteas 5-6, espiraladas na base da inorescência, linear-lanceoladas, 5-8mm compr. Inorescência racemosa, supra-axilar; bractéolas linear-lanceoladas, 4-5mm compr. Flores, sépalas linear-lanceoladas,nervuras salientes, 7-12mm compr.; pétalas amarelas, obovadas, 5-10mm compr., cuculo oblíquo, listras

 vermelhas; estames-10; ovário piloso. Fruto legume, linear-oblongo, 5-6x0,4-0,5cm, glabrescente.Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, .fr., E. Córdula et al. 233 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como canafístula-brava. Chamaecrista duckeana   estárepresentada por apenas duas coletas no Ceará (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba ocorre emáreas inundáveis com solo pedregoso e raso. Registrada pela primeira vez para Pernambuco (Mirandibae Serra Talhada), além do Rio Grande do Norte, ampliando assim a distribuição da espécie.

 33.1.10. C HAMAECRISTA PILOSA (L.) Greene var. luxurians  (Benth.) H.S.Irwin & Barneby,

Mem. New York Bot. Gard. 35: 720. 1982. Prancha 18, g. G-H.Ervas decumbentes; estípulas lanceoladas, 10mm compr.; tricomas tectores, 7mm compr.e estrigosos, 3mm; nef calicióide, estipitado, no terço superior do pecíolo. Folíolos  ca. 9 pares,subfalcados, 15-17mm compr., glabros. Flores 1-2, axilares; bractéolas linear-lanceoladas, 5mm compr.;sépalas lanceoladas, nervuras inconspícuas, ca. 8mm compr.; pétalas amarelas, obovais, 10mm compr.,cuculo obliquo; estames-7; 2-3 estaminódios; ovário piloso. Fruto legume, linear-oblongo, 5x0,5cm,puberulento.

Material examinado: Serra do Tigr e, 30.V.2006, .fr., E. Córdula et al. 55 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários:  Endêmica do Brasil, distribui-se em Tocantins, Goiás, Maranhão, Ceará eBahia (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba ocorre em áreas alagáveis, de solo pedregoso e raso. Em

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191- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Pernambuco foi coletada em Arcoverde, Buíque, Mirandiba e Serra Talhada. É a primeira citação da

espécie para o estado de Pernambuco e para a caatinga.

33.1.11. Chamaecrista repens  (Vogel) H.S.Irwin & Barneby  var. multijuga  (Benth.) H.S.Irwin& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 745. 1982.

Ervas  eretas; estípulas lanceoladas, 8-10mm compr.; tricomas tectores e estrigosos; nefcilindrico, na porção mediana do pecíolo. Folíolos 12-16 pares, oblongos, 17-20mm compr., pilosos.Flores 1-2, supra-axilares; bractéolas lineares, 4-5mm compr.; sépalas lanceoladas, nervuras inconspícuas,ca. 1,5cm compr.; pétalas amarelas, espatuladas, 10-15mm compr., cuculo obliquo; estames-10; ováriotomentoso. Fruto legume, linear-oblongo, 3,5-5x0,3-0,5cm, puberulento.

Material Examinado: Sítio Chacal, 01. V. 2008, .fr., K. Pinheiro 479 (UFP).

Comentários: Ocorre no Nordeste do Brasil até Minas Gerais (Irwin & Barneby 1982). EmMirandiba ocorre em solos arenosos e bem drenados. Em Pernambuco ocorre em Arcoverde, Caruaru,Ibimirim, Parnamirim e Petrolina. Muito semelhante à Ch. duckeana , diferindo desta principalmente pelonef cilíndrico e pelo menor número de folíolos.

 33.1.12. C HAMAECRISTA ROTUNDIFOLIA (Pers.) Greene var. rotundifolia , Pittonia 4: 31.1899. Prancha 18, g. I.

Ervas prostradas; estípulas deltóides, 5-10mm compr.; nef ausente. Folíolos-1 par, oblongosa obovados, pubescentes na face abaxial, palmatinérveos. Flores 1-2, axilares; bractéolas linear-lanceoladas, 1-3mm compr.; sépalas oblongo-lanceoladas, nervuras inconspícuas, ca. 5mm compr.;

pétalas amarelas, oboval-oblongas, 5mm compr., homomórcas; estames 5; 1-3 estaminódios; ováriopiloso. Fruto legume, oblongo, 3x0,5cm, glabrescente.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, .fr., E. Córdula et al. 33 (HUEFS, UFP); Faz. Areia Malhada,

16.IV.2007, .fr., E. Córdula et al. 221 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, ., D. Araújo et al. 267 (UFP).

Comentários:  popularmente conhecida como pasto-rasteiro. Distribui-se amplamente noNeotrópico, desde a Flórida (E.U.A.) e México até a Argentina (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandibaocorre em áreas abertas e antropizadas, principalmente em beira de estradas. Em Pernambuco foicoletado em Alagoinha, Buíque, Mirandiba e Serra Talhada.

 33.1.13. H YMENAEA COURBARIL L., Sp. pl. 2: 1192. 1753.

 Árvores, 4-5m alt.; estípulas caducas; nef ausente. Folhas bifolioladas; folíolos oblongos, 6,5-7,5cm compr., glabros. Inorescência pseudoracemosa, terminal, 8-12cm de compr. Flores brancas,hipanto ausente; sépalas oblongas; pétalas elípticas, 1,5-2mm compr., homomórcas; estames-10;anteras dorsixas, rimosas; ovário glabro, estipitado. Fruto legume bacóide, cilíndrico, 10-15x3-5 cmcompr.; glabro.

Material examinado: Faz. Areia Malhada, 01.I.2008, ., E. Córdula 345 (HUEFS, UFP).

Material adicional: BAHIA: São Desitério, 05.X.2007, fr., M. Oliveira 3022 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como jatobá. Hymenaea courbaril apresenta uma ampladistribuição, ocorrendo do sul do México e Antilhas ao sudeste do Brasil (Lee & Langenheim 1975). Em

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192

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Mirandiba ocorre em solos arenosos e profundos. Em Pernambuco ocorre em Alagoinha, Buíque, Exu,

Igarassu, Recife, Serra Talhada, Tacaratu e Triunfo. É facilmente reconhecida pelas folhas bifolioladascombinadas com ores brancas, actinomorfas e fruto legume bacóide.

 33.1.14. P  ARKINSONIA  ACULEATA L., Sp. pl. 1: 375. 1753. Prancha 17, g. G. Arbustos a árvores, 1-3m alt.; fractiexo; armado com espinhos nodais, 1-maior, 2-menores;

nef ausente. Folhas bipinadas, pinas  1-2 pares, raque reduzida; folíolos vestigiais, oblongos, 4mmcompr. Inorescência racemosa, axilar. Flores amarelas; hipanto campanulado; cálice campanulado;pétalas obovais, ungüiculadas, 12mm compr., superior com máculas vermelhas; estames-10; anterasdorsixas, rimosas; ovário piloso. Fruto legume nucóide, moniliforme, 4-10cm compr., glabro.

Material examinado:  Fazenda Areia Malhada, 31.V.2006, . fr., E. Córdula et al. 90 (UFP); Faz. Salinas,

04.X.2006, . fr., E. Córdula et al. 191 (HUEFS, UFP); Sítio Chacal, 19.VI.2007, . fr., E. Córdula et al. 278 (RB, UFP).Comentários: popularmente conhecida como espinho-de-turco. Parkinsonia aculeata é uma

espécie ruderal amplamente distribuída nas regiões áridas dos Neotrópicos (Prado & Gibbs 1993). Naregião da caatinga ocorre principalmente sobre areias aluviais associadas a riachos temporários, emaltitudes entre 200 a 400m. Em Mirandiba ocorre em lagoas temporárias. Está amplamente distribuídaem Pernambuco, havendo registros para Águas Belas, Alagoinha, Araripina, Boa Vista, Brejo da Madrede Deus, Caruaru, Custódia, Floresta, Mirandiba, Ouricuri, Salgueiro, Serra Talhada, Serrita, Sertânia,

 Taquaritinga do Norte e Venturosa. Facilmente diferenciada pela copa laxa, o tronco fotossintetizantecom ramos fractiexos e armados. O espinho maior tem origem na raque foliar abortada e os doismenores nas estípulas. É muito utilizada como planta ornamental, sendo uma das razões da controvérsia

sobre a possível introdução no Brasil.

 33.1.15. P OEPPIGIA PROCERA C. Presl., Symb. Bot. 1:16. 1830. Prancha 17, g. M-N. Árvores, 3-5m alt.; estípulas deltóides, 15-20mm compr.; nef ausente. Folhas  pinadas;

folíolos oblongos, 13mm compr., glabrescentes. Inorescência cimosa, axilar ou terminal, 2-2,5cmcompr. Flores amarelas, hipanto campanulado; cálice campanulado; pétalas obovadas, 12mm compr.,homomórcas; estames-10; anteras dorsixas, rimosas; ovário glabro, estipitado. Fruto  legumesamaróide, 2-3,5cm, glabro.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 25 (UFP); 09.II.2007, . fr., E. Córdula et

al. 215 (HUEFS, RB, UFP); . fr., M. Vital et al. 67 (UFP).

Comentários: conhecida popularmente como lava-cabelo. Poeppigia procera é uma espécie compreferência pelas orestas estacionais da América Central e Brasil, mas também é encontrada no sulda Amazônia (Prado & Gibbs 1993). Na caatinga, esta planta ocorre do sul do Ceará e sudeste doPiauí até o centro sul da Bahia, principalmente em caatinga arbórea e sobre solos arenosos, argilososou pedregosos, em altitudes de 320 a 925m. Em Mirandiba distribui-se esparsamente na vegetaçãoarbustiva densa, de solo arenoso e profundo. Em Pernambuco está registrada para os municípios de

 Afrânio, Araripina, Buíque, Ibimirim, Inajá, Mirandiba e Petrolina. Esta espécie pode ser reconhecidapela inorescência mais curta do que a folha subjacente e imersa na folhagem e os frutos do tipolegume samaróide.

7/22/2019 Flora de Mirandiba

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193- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 33.1.16. S  ENNA  ALATA (L.) Roxb., Fl. Ind. 2: 349. 1832. Prancha 18, g. B’-C’.

 Arbustos; estípulas triangulares, base auriculada, 1,0-1,5cm compr.; nef ausente. Folhaspinadas; pecíolo com até 1cm compr.; folíolos 7-10 pares, obovados a oblongos, par distal 7,5-8x4,5-5cm. Inorescência  racemosa, axilar; brácteas obovadas, petalóides, amarelas, 1,8-2cm compr.,caducas. Flores amarelas,  hipanto ausente, bractéolas ausentes; pétalas obovais, 1,3-2cm compr.,subiguais; estames funcionais-2, estames estéreis-5, anteras basixas, poricidas, poros apicais; ováriopubescente. Fruto legume, plano-compresso, 14,0x1,5cm, expansões aladas na superfície das valvas,glabro; sementes 2-seriadas.

Material examinado: Serra do Tigre, 31.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 65 (UFP); . fr., E. Córdula et al. 71

(UFP); 03.X.2006, fr., E. Córdula et al. 183 (RB, UFP).

Comentários:  Popularmente conhecida como mata-pastão. Senna alata é uma espécie

amplamente distribuída na América tropical e cultivada em várias partes do mundo como ornamentalou medicinal, tornando-se espontânea em algumas regiões do sul dos Estados Unidos e nos trópicosda África, Ásia e Austrália (Irwin & Barneby 1982). Não existe registro nos acervos consultados decoletas na caatinga de Pernambuco. Em Mirandiba ocorre em áreas alagáveis e com algum grau deantropização. Facilmente reconhecida pelas brácteas petalóides, amarelas e pelos frutos com expansõesaladas na superfície das valvas.

 33.1.17. S  ENNA  MACRANTHERA  (Coll.) H.S.Irwin & Barneby   var.  pudibunda (Benth.)H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(1): 186. 1982. Prancha 18, g. J-L.

 Arbustos; nef digitiforme, estipitado, entre o 1º par de folíolos. Folhas pinadas; folíolos

2-pares, par distal elíptico a oblongo-elíptico, 3-3,5cm compr., pilosos, base fortemente assimétrica,nervura central deslocada 1:2. Inorescência  racemosa, terminal; brácteas elípticas, 3,5-5,5x0,5-0,8cm. Flores amarelas, hipanto ausente, bractéolas ausentes; sépalas espatuladas, graduadas; pétalassuborbiculares, 2-3cm compr., uma antero-lateral oblíqua, superior emarginada; estaminódios presentes,anteras basixas, poricidas, poros apicais; ovário piloso. Fruto legume bacóide, cilíndrico, 5-8cm, piloso;sementes 2-seriadas.

Material examinado: Vertentes, 02.X.2006, ., E. Córdula et al. 175 (UFP); 22.VI.2007, . fr., E. Córdula et al.

305 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas, 23.VI.2007, . fr., E. Córdula et al. 307 (UFP); Sipaúba, 10.VII.2008, K. Pinheiro 742

(UFP); Areia dos Lopes, 16.VII.2008, K. Pinheiro 930 (UFP); Fazenda Lucas, 22.VII.2008, K. Pinheiro 1151 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como são joão. Planta de caatinga, distribuindo-se

do Ceará à Bahia, em altitudes entre 400–850m, principalmente sobre solo arenoso. Em Mirandibaé comum em áreas degradadas e ao longo das estradas. Em Pernambuco há registros para Afrânio,

 Araripina, Arcoverde, Buíque, Custódia, Inajá, Mirandiba, Ouricuri, Parnamirim, São José do Belmonte,Serra Talhada, Sertânia, Triunfo. Assemelha-se com Senna splendida   var.  gloriosa , diferindo desta porapresentar folíolos pilosos, de base assimétrica devido ao deslocamento da nervura central, além docomprimento do fruto, que em S. macranthera  var. pudibunda, não ultrapassa 8 cm de compr.

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194

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 33.1.18. S  ENNA OBTUSIFOLIA (L.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(2):

508. 1982. Prancha 18, g. V-X.Ervas; nef digitiforme, estipitado, entre o 1º par de folíolos. Folhas pinadas; folíolos

3-pares, obovados, par distal 3,5-4,5cm, membranáceos. Inorescência  3-4 oras, axilar; brácteas linear-lanceoladas, 0,2-0,4cm compr. Flores amarelas,  hipanto ausente, bractéolas ausentes; sépalasheteromórcas, graduadas; pétalas obovadas, 1cm compr., subiguais, superior emarginada; estaminódiosausentes, anteras basixas, poricidas, poros apicais; ovário pubescente, sulcado. Fruto legume, alongado,curvo, 15-20x0,5cm, glabrescente.

Material examinado: Serra do Tigre, 3.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 20 (UFP); Faz. Troncão, 16.IV.2007, .,

Y. Melo et al. 139 (UFP); Faz. Areia Malhada, 16.IV.2007, . fr., E. Córdula et al. 222 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários:  popularmente conhecida como mata-pasto. Senna obtusifolia distribui-se

do México até a Argentina, mas também ocorre espontaneamente nos trópicos da África e Ásia. Éconsiderada uma planta invasora que cresce principalmente nas proximidades de áreas úmidas ouperiodicamente inundáveis (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandiba foi observada após as chuvas,em pastos e áreas degradadas. Em Pernambuco foi coletada em Alagoinha, Fernando de Noronha,Mirandiba, Ouricuri e Serra Talhada. É muito semelhante à Senna uniora , diferindo desta pelas folhasglabras e por apresentar apenas um nef entre oprimeiro par de folíolos.

 33.1.19. S  ENNA OCCIDENTALIS  (L.) Link, Handbuch 2:140. 1831. Prancha 18, g. O-P. Arbustos, nef globoso, subséssil, na extremidade proximal do pecíolo. Folhas pinadas;

folíolos 4-5 pares, elípticos a oval-lanceolados, par distal 5-7cm compr., membranáceos. Inorescência 

2-5 oras, axilar; pedicelo articulado; brácteas lanceoladas, 1,5-2cm. Flores amarelas, hipanto ausente,bractéolas ausentes; sépalas oblongas, equilongas; pétalas obovais, 1,5-1,8cm compr., sub-iguais;estaminódios presentes, anteras basixas, poricidas, poros apicais; ovário piloso. Fruto legume, linear-oblongo, 10-15x0,5-0,8cm, glabrescente.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 34 (UFP); Estrada de acesso à cidade,

19.VI.2007, fr., E. Córdula et al. 280 (UFP); Faz. Areia Malhada, 21.VI.2007, . fr., E. Córdula et al. 296 (HUEFS, UFP).

Comentários:Popularmente conhecida como fedegoso. Senna occidentalis é uma planta invasoraem praticamente toda a América tropical e subtropical assim como na África, Ásia e Austrália (Irwin &Barneby 1982). Observada na área após as chuvas e em áreas degradadas. Em Pernambuco foi coletadaem Araripina, Belém do São Francisco, Ibimirim, Mirandiba, Ouricuri, Parnamirim, Petrolândia, São

 José do Belmonte e Serra Talhada. É facilmente reconhecida por apresentar nectários extraorais sésseisna extremidade proximal do pecíolo.

 33.1.20. S  ENNA RIZZINI i H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 174-175.1982.

Material examinado: São Gonçalo, 11.VII.2008, K. Pinheiro 819 (UFP); Fazenda dos Lucas, 10.II.2009, K.

Pinheiro1285 (UFP); 10.II.2009, K. Pinheiro1285 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição restrita ao semi-árido brasileiro e conhecida de apenaspoucas coletas no estado da Bahia. Em Mirandiba, foi encontrada em apenas uma área de caatinga

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195- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

arbustiva de solo podzólico. Distingue-se pelo hábito arbustivo, os ramos enegrecidos, além dos folíolos

e frutos pubescentes a pilosos. As amostras da espécie foram coletadas em fase de fruticação e apósa elaboração da monograa. As mesmas referem-se a parte da dissertação de mestrado de K. Pinheiroem desenvolvimento na área.

 33.1.21. S  ENNA SPECTABILI s  (DC.) H.S.Irwin & Barneby var. excelsa (Schrad.) H.S.Irwin& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 604. 1982. Prancha 18, g. Q-R.

 Arvoretas; nef ausente. Folhas pinadas; folíolos 16-20 pares, oblongos, par distal 3,5-4x1,5-2cm. Inorescência paniculada, axilar; brácteas linear-lanceoladas, 4mm. Flores amarelas,  hipantoausente, bractéolas ausentes; sépalas heteromórcas, graduadas; pétalas obovais, 2,5-3,5cm, uma antero-lateral assimétrica, 4cm compr.; estaminódios presentes, anteras basixas, poricidas, poros apicais;

ovário glabro. Fruto legume bacóide, quadrangular, 23-27x1cm, glabro; sementes 2-seriadas.Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 21 (UFP); Sítio Chacal,

31.III.2006, ., E.Córdula et al. 46 (UFP); Vertentes, 07.II.2007, ., M. Vital et al. 57 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como canafístula. Senna spectabilis  var. excelsa  ocorreprincipalmente no nordeste do Brasil e no Brasil central (Irwin & Barneby 1982). Em Mirandibaapresenta-se bem distribuída em todos os tipos vegetacionais estudados. Em Pernambuco há registroem Alagoinha, Arcoverde, Belo Jardim, Bezerros, Buíque, Garanhuns, Mirandiba, Ouricuri, Pesqueira,Salgueiro e Serra Talhada. Reconhecida pela combinação de folhas sem nectários, pétala antero-lateralassimétrica e frutos legume bacóide, quadrangulares.

 33.1.22. S  ENNA  SPLENDIDA  (Vogel) H.S.Irwin & Barneby   var.  gloriosa   H.S.Irwin &Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:192. 1982. Prancha 18, g. Z-A’.

 Arbustos; nef digitiforme, estipitado, entre o 1º par de folíolos. Folhas pinadas; folíolos2-pares, par distal estreitamente elíptico, 5-9cm compr., glabros, base simétrica, nervura mediana,margem avermelhada. Inorescência racemosa, axilar; brácteas lanceoladas, ca. 7mm compr. Floresamarelas, hipanto ausente, bractéolas ausentes; sépalas elípticas, eqüilongas; pétalas obovadas, 3,5-4cmcompr., uma antero-lateral obliqua; estaminódios presentes, anteras basixas, poricidas, poros apicais; ovário pubescente. Fruto legume bacóide, cilíndrico, 15-20x0,5-1cm, glabro; sementes 2-seriadas.

Material examinado: Vertentes, 02.X.2006, ., E. Córdula et al. 270 (UFP); Sítio Chacal, 19.VI.2007, . fr., E.

Córdula et al. 271 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como canafístula-de-besouro.  Senna splendida  var. gloriosa ocorre no nordeste do Brasil, do Ceará e Rio Grande do Norte até o norte de Minas Gerais,geralmente em caatinga, cerrado ou orestas estacionais. Em Mirandiba é pouco freqüente, encontradaem áreas degradadas, de solo arenoso e profundo. Em Pernambuco existem registros para Alagoinha,

 Araripina, Buíque, Caruaru, Exu, Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Ouricuri, Petrolândia, Serra Talhada e Triunfo. Muito semelhante a Senna macranthera  var. pudibunda , diferindo desta por apresentar folíolosglabros e com base simétrica.

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196

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 17. Figuras A-B. Caesalpinia  gardneriana. A. Ramo fértil. B. Bráctea. C-D. Caesalpinia 

bracteosa. C. Bráctea. D. Ramo fértil. E-F. Caesalpinia  ferrea. E. Fruto. F. Ramo fértil. G. Parkinsonia 

aculeata. Ramo. H-I. Bauhinia cheilantha. H. Botão floral. I. Folha. J-L. Bauhinia acuruana. J. Botão

floral. L. Folha. M-N. Poeppigia  procera. M. Fruto. N. Ramo fértil. 

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197- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 18. Figura A. Chamaecrista acosmifolia var. acosmifolia. Folha. B. Chamaecrista amiciella.

Folha. C-D. Chamaecrista calycioides C. Flor. D. Folha. E-F. Chamaecrista duckeana. E. Folha. F. Flor. G-

H. Chamaecrista pilosa var. luxurians. G. Folha. H. Flor. I. Chamaecrista rotundifolia var. rotundifolia.

Folha. J-L. Senna macranthera var. pudibunda. J. Folha. L. Fruto. M-N. Senna trachypus. M. Fruto. N.

Folha. O-P. Senna  occidentalis. O. Folha. P. Fruto. Q-R. Senna  spectabilis. Q. Fruto. R. Bráctea. S-U.

Senna  uniflora.  S. Fruto. T. Flor. U. Folha. V-X. Senna  obtusifolia. V. Folha. X. Fruto. Z-A’. Senna 

splendida var. gloriosa. Z. Fruto. A’. Folha. B’-C’. Senna alata. B’. Bráctea. C’. Fruto.

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198

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 33.1.23. S  ENNA TRACHYPUS  (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:

509. 1982. Prancha 18, g. M-N. Arbustos, 2-3m alt.; puberulento, tricomas glandulares; nef digitiforme, estipitado, entre

cada par de folíolos. Folhas pinadas; folíolos 5-8 pares, oblongos, par distal 2-4cm compr., glabros.Inorescência  racemosa, multiora, axilar; bráctea não vista. Flores amarelas,  hipanto ausente,bractéolas ausentes; sépalas obovadas, 2-menores, 8mm compr., 3-maiores, 1,5cm compr.; pétalasobovadas, 2,5-3,0cm compr., uma antero-lateral sub-séssil e oblíqua; estaminódios ausentes, anterasbasixas, poricidas, poros apicais; ovário glabro. Fruto legume, plano-compresso, 7-12cm, glabro.

Material examinado: Fazenda Areia Malhada, 31.V2006, . fr., E. Córdula et al. 81 (UFP); Vertentes, 02.X.2006,

 . fr., E. Córdula et al. 172 (HUEFS, UFP); Sítio Chacal, 19.VI.2007, . fr., E. Córdula et al. 273 (RB, UFP); Chacal, 25.X.2008,

K. Pinheiro 1230 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como canafístula-miúda. Senna trachypus é uma plantade Caatinga comum nos limites da depressão sertaneja setentrional. Ocorre esporadicamente no biomacerrado, nos estados do Maranhão e Piauí e penetra no noroeste da Bahia em área de Caatinga arbórea.Muito comum nas áreas de solo arenoso e profundo de Mirandiba. Em Pernambuco foi pouco coletada,ocorrendo em Ibimirim, Mirandiba e Tacaratu. Reconhecida pelos ramos e pedúnculo com tricomasglandulares, responsáveis pelo forte aroma mentolado.

 33.1.24. Senna uniflora  (Mill.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:258.1982. Prancha 18. g. S-U.

Ervas, 35-50cm alt.; densamente pilosa; nef digitiforme, estipitado, entre cada par de folíolos.Folhas pinadas; folíolos 4-6 pares, oboval-oblongos, par distal 3,5-4,5cm compr., membranáceos,

densamente pilosos. Inorescência 2-5 oras, axilar; pedicelo articulado, nef digitiforme, estipitado,na base, brácteas linear-lanceoladas, 8mm compr. Flores amarelas, hipanto ausente, bractéolas ausentes;sépalas lanceoladas; pétalas obovais, 5mm compr.; estaminódios presentes, anteras basixas, poricidas,poros apicais; ovário tomentoso. Fruto legume nucóide 2-6x0,5cm, piloso.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 05 (UFP); 30.V.2006, . fr., K. Pinheiro

et al. 129 (UFP); 17.IV.2007, . fr., E. Córdula et al. 230 (RB, UFP).

Comentários:  popularmente conhecida como mata-pasto-cabeludo. Distribui-se em duasáreas principais: México a América Central e nordeste do Brasil até Goiás e Minas Gerais, sendoconsiderada como invasora em ambientes úmidos e áreas cultivadas, especialmente pastagens. EmMirandiba é comum em pastos e áreas degradadas. Na caatinga de Pernambuco há coletas em Brejo

da Madre de Deus, Mirandiba, Ouricuri e Parnamirim. É reconhecida pelo indumento e a presença denef nos pedicelos.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE LEGUMINOSAE, SUBFAMÍLIA  MIMOSOIDEAE 

1. Nectários extraorais (nef’s) ausentes ...........................................................................................................2

1’. Nectários extraorais (nef’s) presentes  ........................................................................................................9

2. Estames monadelfos, fruto legume.....................................................................Calliandra depauperata 

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199- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

2’. Estames livres; fruto craspédio (  Mimosa  ) ....................................................... ............................... ...............3

3. Arbustos; ores brancas  ..................................................................................................................................4

3’. Ervas eretas ou subarbustos com ramos escandentes; ores róseas .......................................................6

4. Folíolos com pontuações resinosas na face abaxial .............................. ...................... Mimosa tenuiflora 

4’. Folíolos sem pontuações resinosas ...............................................................................................................5

5. Pinas 5-7 pares, 2,5-3,5mm compr.; folíolos com nervura principal central, não ramicada; fruto

estipitado ................................................................................................................................... Mimosa arenosa 

5’. Pinas 2-4 pares, 5-6mm compr.; folíolos com nervura principal deslocada,

ramicada; fruto séssil ............................................................................................... Mimosa ophtalmocentra 6. Pinas 4-5 pares; ores em espigas, pentâmeras ........................... ............................... ........ Mimosa invisa 

6’. Pinas até 3 pares; ores em glomérulos, tetrâmeras ............................. ............................... .......................7

7. Pinas 3 pares; folíolos homomórcos; fruto craspédio, com valvas contínuas, não formando artículos

monospérmicos ................................................................................... Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa 

7’. Pinas 1 par; folíolos interno do par proximal atroado; fruto craspédio, rompendo em artículos

monospérmicos .....................................................................................................................................................8

8. Ervas eretas, ramos levemente fractiexos; um par de acúleos curvos, longos, dispostos nos nós;

folíolos elípticos, par distal 1,3-1,5x0,8-1cm compr ............................. . Mimosa modesta var. ursinoides 

8’. Subarbustos, ramos escandentes, acúleos curvos, curtos, dispostos longitudinalmente nos entrenós;

folíolos elípticos a subfalcados, par distal 3,5-5x1,5-2cm compr. ............................. ....... Mimosa sensitiva 

9. Flores dispostas em espigas............................... ............................... ............................... ............................. 10

9’. Flores dispostas em glomérulos ........................... ............................... ............................... ........................ 15

10. Flores polistêmones ............................. ............................... ............................... ............................... .......... 11

10’. Flores diplostêmones ............................... ............................... ............................... ............................... ..... 12

11. Folhas pinadas; folíolos oblongo-lanceolados, 80-110x30-40mm compr.;

ores 20-25mm compr.; fruto legume bacóide ................................................................................ Inga vera 

11’. Folhas bipinadas; folíolos oblongos, 6-8mm compr.; ores 4mm compr.;

fruto legume .....................................................................................................................Senegalia piauhiensis 

12. Flores vináceas; sementes aladas ....................................................................Parapiptadenia zehntneri 

12’. Flores branco-esverdeadas; sementes não aladas........................... ............................... ......................... 13

13. Plantas inermes; folíolos 10-15mm compr.; fruto moniliforme ............... Pityrocarpa moniliformis 

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200

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

13’. Plantas armadas; folíolos ca. 5 mm de compr.; fruto oblongo ............................... ............................. 14

14. Ramos com acúleos internodais; folhas com 7-10 pares de pinas ................... Piptadenia stipulacea 

14’. Ramos com pares de acúleos nodais; folhas com 2-4 pares de pinas ..... Piptadenia aff. viridiflora 

15. Glomérulos heteromórcos (com ores estéreis e férteis) ........................... ............................... ......... 16

15’. Glomérulos homomórcos (com todas as ores férteis) ............................ ............................... ......... 17

16. Estaminódios petalóides, amarelos; fruto folículo .........................................................Neptunia plena 

16’. Estaminódios liformes, brancos; fruto legume ..................................Desmanthus pernambucanus 

17. Flores diplostêmones; estames livres; fruto folículo ........................... ........ Anadenanthera colubrina 

17’. Flores polistêmones; estames monadelfos; fruto legume,legumebacóide ou legume nucóide ............................ ............................... ............................... ........................ 18

18. Plantas inermes; fruto legume bacóide, reniforme ............................ Enterolobium contortisiliquum

18’. Plantas armadas; fruto legume ou legume nucóide ............................ ............................... .................... 19

19. Acúleos internodais curvos; fruto reto........................... ............................... ............................... ............ 20

19’. Espinhos nodais retos, originados das estípulas; fruto curvo a espiralado ............................. ........... 21

20. Folhas com 4-6 pares de pinas; folíolos oblongos, 6-8x3-3,5mm compr.;

glomérulos dispostos em panículas terminais e axilares. ............................................Senegalia polyphylla 

20’. Folhas com 7-9 pares de pinas; folíolos lineares a subfalcados, 10x3mm compr.;

glomérulos dispostos em fascículos terminais. ............................... ............................... .... Senegalia riparia 

21. Folhas com 1 par de pinas; fruto legume; semente

com arilo vermelho ........................................................................................... Pithecellobium diversifolium

21’. Folhas com 3 ou mais pares de pinas, fruto legume nucóide; semente sem arilo ............................ 22

22. Folíolos oblongos, 8-12x3-5mm; or central diferenciada;fruto submoniliforme

(levemente constrito entre as sementes), espiralado .............................................Chloroleucon dumosum

22’. Folíolos lineares, 4,5-5x1,5-2mm; or central semelhante às demaisf 

;ruto não constrito entre as sementes, curvo ............................. ............................Chloroleucon foliolosum

 33.2.1. A NADENANTHERA COLUBRINA (Vell.) Brenan, Kew Bull. 10(2): 182. 1955. Prancha19, g. A.

 Árvores armadas, nef discóide, séssil, na porção mediana do pecíolo.Folhas, pinas ca. 20 pares;folíolos oblongos, 2,5-3,5mm compr. Inorescência  glomérulos  homomórcos,  2-5 fasciculados,

7/22/2019 Flora de Mirandiba

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201- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

axilares, subterminais; bractéolas espatuladas, pilosas, 1,5mm compr. Flores  brancas, pentâmeras,

infundibuliformes, 3mm compr.; estames-10 livres, antera com glândula apical caduca. Fruto folículo,20-25x2-3cm.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, fr., E. Córdula et al. 15 (UFP); Fazenda Salinas, 04.X.2006, .,

 E. Córdula et al. 195 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas, 10.II.2007, fr., K. Pinheiro et al. 210 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como angico. Espécie típica das orestas estacionaisda América do Sul, no Brasil ocorre no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste (Prado & Gibbs 1993). Às

 vezes cultivada, podendo ser encontrada em pastos, às margens de rios, em matas ciliares, em matassecas ou em montanhas até 2100m de altitude (Altschul 1964). Em Pernambuco foi coletada em brejosde altitude, nas matas secas do agreste até a caatinga em diversos municípios. Em Mirandiba é comumnas formações arbóreas das serras, de solo raso e pedregoso.  A. colubrina  destaca-se na vegetação por

ser árvores de grande porte, com frutos longos pendurados nos ramos.

 33.2.2. C  ALLIANDRA  DEPAUPERATA Benth., Trans. Linn. Soc. London 30(3): 546. 1875.Prancha 19 g. J.

 Arbustos inermes, fortemente tortuoso; estípula linear-lanceolada, 2mm; nef ausente.Folhas, pinas 1-2 pares; folíolos lineares, 1,5-3x0,5-1mm. Inorescência glomérulo homomórcos,2-fasciculados, 4-ores, axilares; bractéolas lanceoladas, 1mm compr. Flores esverdeadas, pentâmeras,tubulosas, 3mm compr.; estames-5, monadelfos, glândulas apicais nas anteras ausentes. Fruto legume,linear, 3,5-4x0,5-0,7cm.

Material examinado: Serra da Gia, 31.V.2006, E. Córdula et al. 89 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas,

04.X.2006, E. Córdula et al. 197 (UFP); Serra do Tigre, 18.IV.2007, K. Pinheiro et al. 248 (UFP).Material adicional: PERNAMBUCO: Petrolina, 19.IV.1971, fr., E. P. Heringer 166 (PEUFR); PI - São Raimundo

 Nonato, 05.XII.1971, ., Andrade-Lima 1205 (PEUFR).

Comentários:  popularmente conhecida como carqueja. Espécie endêmica da caatinga,muito comum em bancos arenosos de riachos temporários, estendendo-se do sudeste do Piauí atéo oeste de Pernambuco e norte da Bahia (Queiroz 2006). Ocorre na caatinga e transição caatinga-cerrado, principalmente no vale do Rio São Francisco, mas estendendo-se até o Ceará e no sopé daChapada Diamantina (Barneby 1998). Em Mirandiba é encontrada em áreas com vegetação arbórea-arbustiva densa em solos pedregosos rasos e aoramentos rochosos. Em Pernambuco há registro paraMirandiba, Orocó e Petrolina. Facilmente reconhecida pelos ramos tortuosos e rígidos, folhas arqueadas

e glomérulos 4-oros.

 33.2.3. C HLOROLEUCON   DUMOSUM   (Benth.) G. P. Lewis, Legumes Bahia: 165. 1987.Prancha 19, g. X-Z.

 Arbustos, ramos fractiexos; espinhos nodais retilíneos; nef discóide, séssil, no 1/3 inferiordo pecíolo. Folhas, pinas 3 pares; folíolos oblongos, 8-12x3-5 mm. Inorescência  gloméruloshomomórcos, 2-4 fasciculados, axilares; bractéolas lineares, 1mm. Flores  esverdeadas, pentâmeras,infundibuliformes, 4,5-5mm; polistêmones, monadelfos. Fruto  legume nucóide, submoniliforme,espiralado, 10-13m larg.

7/22/2019 Flora de Mirandiba

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202

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Material examinado: Serra do Tigr e, 18.IV.2007, K. Pinheiro et al. 249 (HUEFS, UFP).

Material adicional: BAHIA: Rui Barbosa, 14.XI.2004, . fr., L. P. Queiroz et al. 9803 (HUEFS).Comentários:  popularmente conhecida como espinheiro. Chloroleucon dumosum   ocorre

principalmente na Caatinga, do Ceará até Minas Gerais e em matas estacionais e restingas da Bahia,Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em Mirandiba foi coletada em caatinga arbórea com estrato arbustivodenso de solo pedregoso e raso. Diferencia-se de C. foliolosum  pelos folíolos maiores e os frutos menoresenrolados em espiral.

 33.2.4. C HLOROLEUCON  FOLIOLOSUM  (Benth.) G. P. Lewis, Legumes Bahia: 166. 1987.Prancha 19, g. S-V.

 Árvores; ramos fractiexos; espinhos nodais retilíneos; nef discóide, séssil, no 1/3 inferior do

pecíolo e na extremidade distal da raque foliar. Folhas, pinas 3-5 pares; folíolos lineares, 4,5-5x1,5-2mm.Inorescência glomérulos homomórcos, 1-3 fasciculados, axilares; or central com perianto maisdesenvolvido e tubo estaminal exserto. Flores brancas, pentâmeras, infundibuliforme, 7mm compr.;polistêmone, monadelfo, glândulas apicais nas anteras ausentes. Fruto legume nucóide, curvo, 7-10cmcompr.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, fr., M. F. A. Lucena et al. 1402 (UFP); Fazenda Baixio Grande,03.X.2006, fr., E. Córdula et al. 187 (HUEFS, RB, UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Cabo, 04.I.1978, ., M. Costa et al. 152 (IPA).

Comentários: popularmente conhecida como arapiraca. Distribui-se na caatinga e no chaco.Em Mirandiba ocorre nas formações arbóreas das serras, de solo pedregoso e raso. Em Pernambuco

foi coletada em Alagoinha, Águas Belas, Floresta e Inajá, além de Buíque e Mirandiba. Reconhecidapelos frutos em formato de ferradura. Diferencia-se de C. dumosum  principalmente pela or centraldiferenciada.

 33.2.5. D  ESMANTHUS   PERNAMBUCANUS   (L.) Thell., Fl. Adventice de Montpellier: 296.1912. Prancha 19, g. M.

 Arbustos eretos, inermes; estípula acicular, 5-7mm compr.; nef discóide, séssil, imediatamenteabaixo do primeiro par de pinas.Folhas, pinas 3-5 pares; folíolos lineares, 4-5x1,5-2mm. Inorescência glomérulos heteromórcos, axilares; ores estéreis na base, estaminódios liformes e brancos; oresmasculinas centrais; ores hermafroditas no ápice; bractéolas setosas, 2mm compr. Flores branco-

esverdeadas, tetrâmeras, tubulosas, 3,5-4mm compr., estames-8 livres. Fruto legume, linear, 4-7x0,4-0,5cm.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, fr., E. Córdula et al. 56 (HUEFS, UFP); fr., M. F. A. Lucena et

al. 1404 (UFP); 03.X.2006, fr., E. Córdula et al. 181 (UFP). Comentários: popularmente conhecida como jureminha. Planta de distribuição ampla,

do Caribe ao Uruguai, habitando principalmente beira de estradas, valas e pastos abandonados;também é comum na zona litorânea (Luckow 1993). Na caatinga está associada às áreas mais úmidase antropizadas. Em Mirandiba ocorre em solo pedregoso e raso, nas margens de lagos temporários ebeira de estradas. Planta pouco coletada na caatinga de Pernambuco. É facilmente reconhecida pelosglomérulos heteromórcos e pelos frutos lineares e plano-compressos.

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203- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 33.2.6. E  NTEROLOBIUM  CONTORTISILIQUUM  (Vell.) Morong, Ann. New York Acad. Sci.7: 102. 1893. Prancha 19, g. N.

 Árvores inermes; nef discóide, séssil, na porção mediana do pecíolo e entre os últimospares de pinas. Folhas, pinas 5-7 pares; folíolos falcados, 1,5-2cm compr. Inorescência gloméruloshomomórcos, 2-5 fasciculados, axilares; bractéolas lanceoladas, 3mm compr. Flores  brancas,pentâmeras, infundibuliformes, 13-15mm compr.; polistêmones, monadelfo,  tubo exserto. Fruto legume bacóide, reniforme, 5-10x3-6cm.

Material examinado: Vertentes, 02.X.2006, . fr., E. Córdula et al. 178 (UFP); Cacimba Nova, 19.VI.2007, fr.,

 E. Córdula et al. 276 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como orelha-de-macaco ou tamboril.  Enterolobium

contortisiliquum ocorre na América do Sul (Brasil, Argentina, Bolívia Paraguai e Uruguai) desde a Floresta Atlântica ao Cerrado (Mesquita 1990). No domínio das Caatingas esta associada às matas ciliares.Em Mirandiba ocorrem como árvores solitárias em vegetações arbustivas densas de solo arenoso eprofundo. Em Pernambuco foi coletada em Arcoverde, Mirandiba, Ouricuri e Pesqueira. Facilmentereconhecida pelos frutos indeiscentes, reniformes.

 33.2.7. I  NGA VERA  Willd., Sp. Pl. 4(2): 1010-1011. 1806. Árvores inermes; nef discóide, séssil, entre cada par de folíolos. Folhas, folíolos 4-5

pares; oblongo-lanceolados, 8-11x3-4cm compr.; ráquis foliar alada. Inorescência espigas axilares;bractéolas obcordadas, 2,5mm compr. Flores  brancas, pentâmeras, infundibuliformes, 20-25mmcompr.; polistêmones, conados até 1/3 do seu comprimento. Fruto  legume bacóide, quadrangular,8-15x1,5-2,5cm; canescente.

Material examinado: Salinas, 03.I.2008, ., E. Córdula et al. 340 (HUEFS, UFP).

Material adicional: ALAGOAS: São José da Lage, 29.IV.2004, fr., A. Lopes s/n (UFP 40603).

Comentários: popularmente conhecida como ingazeiro. Inga vera   é uma planta de ampladistribuição na América Central e na América do Sul, da Colômbia ao Uruguai, ocorrendo geralmenteem matas ciliares que cortam áreas sujeitas a climas estacionais, como é o caso do cerrado e da caatinga.Em Mirandiba ocorre em solos arenosos e bem drenados, sujeitos a inundações. Os registros de I. vera  em Pernambuco restringem-se apenas a áreas de mata atlântica, ocorrendo em Recife, São José da Lagee Sirinhaém. Diferencia-se das demais espécies de Mimosoideae principalmente pelas folhas pinadas,

com ráquis alada.

 33.2.8. M IMOSA  ARENOSA  (Willd.) Poir., Encycl. Suppl. 1(1): 66. 1810. Prancha 19, g.H-I.

 Arbustos, acúleos curvos, internodais; estípulas subuladas, 5mm compr.; nef ausente. Folhas,pinas 5-7 pares; folíolos lineares, 2,5-3,5x0,8-1mm, pontuações resinosas ausentes; nervura principalcentral, ramicações da nervura principal ausentes. Inorescência  espigas em pseudoracemos,

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204

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

terminais ou pareadas na axila das folhas distais; bractéola linear, pilosa, 1mm compr. Flores brancas,

tetrâmeras, 2-2,5mm compr.; corola campanulada, lacínias patentes; estames-8 livres. Fruto craspédio,linear, glabro, margens retas, estipitado, 4-6x0,5-0,8cm.

Material examinado:  Serra do Tigre, 30.III.2006, ., E. Córdula et al. 18 (HUEFS, UFP); Sítio Chacal,

31.III.2006, ., E. Córdula et al. 29 (HUEFS, UFP); Vertentes, 19.IV.2007, ., E. Córdula et al. 265 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como unha-de-gato.  Mimosa arenosa distribui-se noBrasil (matas secas) e na costa da Venezuela, em áreas baixas, geralmente inundadas sazonalmente ouformando moitas em beira de estradas, pastagens abandonadas e locais perturbados (Barneby 1991).Este comportamento é o mesmo na caatinga. Em Mirandiba é muito comum e está associada a cursosde água e beira de estradas. Em Pernambuco esta registrada para áreas de caatinga e brejos de altitudeem Buíque, Exu, Mirandiba, Ouricuri, Petrolina, Serra Talhada e Taquaritinga do Norte. Assemelha-se

a M. ophtalmocentra , diferindo desta principalmente pela nervação dos folíolos e pelo fruto estipitado.

 33.2.9. M IMOSA INVISA Mart. ex Coll., Herb. Pedem. 2: 255.1834.Subarbustos, ramos escandentes, angulosos, armado, acúleos curvos, curtos, longitudinalmente

dispostos nos entrenós; estípulas subuladas, 3mm compr.; nef ausente. Folhas, pinas 4-5 pares; folíoloslineares, 3-5x0,8-1mm. Inorescência espigas em racemos terminais; bractéola linear, 1mm. Flores róseas, pentâmeras, campanuladas, 1,5mm; estames-5 livres. Fruto craspédio, oblongo, piloso, margensaculeadas, curto estipitado, 4-6x0,5-0,8cm

Material Examinado: Fazenda Areia Malhada, 31.V.2006, ., E. Córdula et al. 83 (HUEFS, UFP); Vertentes,

07.II.2007, fr., E. Córdula et al. 204 (UFP); Sítio Chacal, 19.VI.2007, . fr., E. Córdula et al. 272 (HUEFS, RB, UFP). 

Comentários: popularmente conhecida como calumbí-miúdo.  Mimosa invisa é amplamentedistribuída na América do Sul, desde a Venezuela até o Paraguai. Cresce profusamente em áreasdegradadas especialmente naquelas próximas a cursos d’água. Em Mirandiba cresce ao longo deestradas e pastagens, nas áreas de solo arenoso e profundo. Planta com poucos registros de coleta emPernambuco. É facilmente diferenciada pelos estames róseos.

 33.2.10. M IMOSA  MODESTA Mart. var. ursinoides  (Harms) Barneby, Mem. New York Bot.Gard. 65: 767. 1991.

Ervas eretas, ramos levemente fractiexos; um par de acúleos curvos, curtos, dispostos nos nós;estípulas lanceoladas, 5-6mm; nef ausente.Folhas, pinas 1 par, articulada em cada jugo; folíolos elípticos,

par distal 1,3-1,5x0,8-1cm; foliólulo interno do par proximal atroado. Inorescência  gloméruloshomomórcos, axilares; bractéola linear, pilosa, 2,5mm. Flores róseas, tetrâmeras, infundibuliforme,2mm; estames-4 livres. Fruto craspédio, oblongo, setas rígidas na superfície, margens sinuosas, séssil,15-20x7-8mm.

Material examinado:  Faz. Areia Malhada, 09.III.2008, ., E. Córdula et al. 360 (UFP); Faz. São Gonçalo,

01.V.2008, ., fr., K. Pinheiro 563 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como mimosa-de-vereda. Esta planta está distribuídaprincipalmente na parte norte da Bahia, Pernambuco e sul do Piauí, ocorrendo principalmente emcaatinga aberta com solo arenoso. Em Mirandiba ocorre em solos arenosos e bem drenados, nas

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205- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

margens de estradas e pastagens. Em Pernambuco só há registro para Buíque. Esta espécie apresenta a

pina articulada em cada jugo, quando estimulada fecha não apenas os folíolos e as pinas, mas a ráquistambém se dobra sobre seu próprio eixo.

 33.2.11. M IMOSA OPHTHALMOCENTRA Mart. ex  Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 415.1875. Prancha 19, g. C’-D’.

 Arbustos, acúleos retos, internodais; estípulas subuladas, 5mm compr.; nef ausente. Folhas,pinas 2-4 pares; folíolos lineares, subfalcados, 5-6x1-1,5mm, pontuações resinosas ausentes; nervuraprincipal deslocada, com ramicações. Inorescência espigas 2-3, fasciculadas em pseudoracemos,terminais; bractéola subulada, 1mm compr. Flores  brancas, tetrâmeras, 2-2,5mm compr.; corolainfundibuliforme, lacínias encurvadas; estames-8 livres. Fruto  craspédio, linear-oblongo, glabro,

margens retas, séssil, 4-6x0,8-1cm.Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. Silva et al. 193 (HUEFS, UFP).

Material adicional: BAHIA: Bendengó, 23.II.2000, ., A. M. Giulietti et al. 1773 (HUEFS).

Comentários: popularmente conhecida como jurema-de-embira. Planta endêmica da caatinga(Cardoso & Queiroz 2007) ocorre em áreas baixas geralmente inundadas sazonalmente ou formandomoitas em ambientes antropizados (Barneby 1991). Ocorre tanto em caatinga arenosa quanto nadepressão sertaneja em bancos arenosos de rios sujeitos a inundações periódicas. Em Mirandiba foicoletada em área de vegetação arbórea com estrato arbustivo denso, em solos pedregosos e rasos. Nacaatinga de Pernambuco há registros para Arcoverde, Brejo da Madre de Deus, Mirandiba, Petrolina,Serra Talhada, Sertânia e Venturosa.

 33.2.12. M IMOSA QUADRIVALVIS  L. var. leptocarpa  (DC.) Barneby, Mem. New York Bot.Gard. 65: 298. 1991. Prancha 19, g. B.

Subarbustos, ramos escandentes, quadrangulares, acúleos curvos, curtos, dispostoslongitudinalmente nos entrenós; estípulas lineares, 4-5mm compr.; nef ausente. Folhas, pinas 3 pares;folíolos oblongos, 6-10mm compr. Inorescência  glomérulos homomórcos, 1-2 fasciculados,axilares, terminais; bractéola lanceolada, 1mm. Flores róseas, tetrâmeras, tubulosas, 1,5mm compr.;estames-4 livres. Fruto crapédio, linear, quadrangular, armado, acúleos retos, valvas contínuas, séssil,8-10x0,3-0,5cm.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, ., E. Córdula et al. 30, (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, E.

Córdula et al. 57 (UFP); Fazenda Areia Malhada, 16.IV.2007, ., D. Araújo et al. 207 (UFP).

Comentários:  popularmente conhecida como malícia.  Mimosa quadrivalvis  var. leptocarpadistribui-se na América tropical e subtropical, ocorrendo em campos arenosos, savanas, orestasabertas, além de ambientes antropizados (Barneby 1991, Queiroz in press  ). Em Mirandiba é comum emambientes perturbados. A espécie encontra-se pouco representada nos herbários locais para o biomacaatinga. Facilmente reconhecida pelo fruto craspédio com valvas contínuas e réplum quadrangular.

 33.2.13. M IMOSA SENSITIVA L., Sp. pl. 1: 518. 1753. Prancha 19, g. F-G.Subarbustos, ramos escandentes, quadrangulares, acúleos curvos, curtos, dispostos

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206

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

longitudinalmente nos entrenós; estípulas lanceoladas, tricomas aciculares nas margens, 5mm; nef

ausente. Folhas, pinas 1 par; folíolos elípticos a subfalcados, par distal 3,5-5x1,5-2cm; foliólulo internodo par proximal atroado. Inorescência  glomérulos homomórcos 1-3, fasciculados, axilares outerminais; bractéola linear, pilosa, 3mm. Flores róseas, tetrâmeras, tubulosa, 3mm; estames-4 livres.Fruto craspédio, oblongo, setas rígidas na superfície, margens sinuosas, séssil, 2-3x0,5-0,7cm.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, ., E. Córdula et al. 41 (HUEFS, UFP); Fazenda Areia Malhada,

31.V.2006, . fr., E. Córdula et al. 74 (RB, UFP); Vertentes, 02.X.2006, fr., E. Córdula et al. 173 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como lambe-beiço. Espécie amplamente distribuídano Nordeste do Brasil até o Pará e Mato Grosso do Sul e no planalto das Guinas e Venezuela (Barneby1991). Na caatinga,  M. sensitiva ocorre em ambientes antropizados, como observado em Mirandiba.Em Pernambuco foi coletada em Araripina, Buíque, Floresta e Mirandiba. Facilmente reconhecida por

apresentar apenas um par de pinas.

 33.2.14. M IMOSA TENUIFLORA (Willd.) Poir., Encycl. Suppl. 1(1): 82. 1810.Prancha 19, g.D-E.

 Arbustos, acúleos retos, internodais; estípulas triangulares, 2-3mm compr.; nef ausente.Folhas,pinas 3-5 pares; folíolos lineares, 4-5x1-1,5mm, pontuações resinosas na face abaxial. Inorescência espigas isoladas ou pareadas, axilares; bractéola linear-lanceolada, 1,5mm compr. Flores  brancas,tetrâmeras, campanuladas, 3mm compr.; estames-8 livres. Fruto craspédio, linear, pontuações resinosas,margens onduladas, estipitado, 3-5x0,5-0,7cm.

Material examinado:  Serra do Tigre, 30.III.2006, E. Córdula et al. 06 (UFP); Vertentes, 02.X.2006, fr., E.

Córdula et al. 179 (HUEFS, UFP); Ser ra das Umburanas, 10.II.2007, ., M. Vital et al. 87 (UFP).Comentários: popularmente conhecida como jurema-preta. Mimosa tenuiora é uma espécie

de áreas sujeitas a secas periódicas, distribuindo-se do México até o Brasil, principalmente na caatinga,mas também no cerrado, em aoramentos areníticos e áreas antropizadas (Barneby 1991). Na caatinga,é comum em vegetação arbustiva sobre solo arenoso e apresenta grande capacidade de colonizaçãode áreas degradadas. Em Mirandiba ocorre tanto em caatinga arbustiva de solo arenoso e profundoquanto em áreas degradadas de solo pedregoso e raso. Na caatinga de Pernambuco está registradapara Alagoinha, Altinho, Bezerros, Buíque, Floresta, Gravatá, Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Ouricuri,Pesqueira, Salgueiro e Serra Talhada. Facilmente reconhecida pelas pontuações resinosas nos folíolos.

 33.2.15. N  EPTUNIA PLENA  (L.) Benth., J. Bot. (Hook.) 4(31): 355. 1841. Prancha 19, g.P-Q.

 Arbustos prostrados, inermes; estípula oval, base hemicordada, 5-7mm; nef discóide, séssil,entre o primeiro par de pinas. Folhas, pinas 3 pares; folíolos oblongos, 5-7x1,5-2mm. Inorescência glomérulos heteromórcos, axilares; ores periféricas estéreis com estaminódios petalóides amarelos,centrais hermafroditas; bractéolas lanceoladas, 1,5mm compr. Flores amarelas, pentâmeras, tubulosas,4-4,5mm compr.; estames-10 livres. Fruto folículo, oblongo, 1,5-2,5x0,8-1cm.

Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, . fr., Y. Melo et al. 161 (UFP); 20.VI.2007, . fr., E. Córdula

et al. 288 (HUEFS, RB, UFP).

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207- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Comentários: popularmente conhecida como jureminha-d’água. Neptunia plena é uma espécie

distribuída no Neotrópico dos Estados Unidos até o nordeste do Brasil e na Índia. Geralmente ocorreno litoral, mas penetra para o interior ocorrendo como uma planta dos corpos d`água temporários. EmMirandiba ocorre nas margens de lago temporário, podendo car submersa durante a cheia. Trata-sedo primeiro registro para a caatinga do estado de Pernambuco. Pode ser reconhecida pelos glomérulosheteromórcos, estames amarelos e fruto folículo.

 33.2.16. P  ARAPIPTADENIA  ZEHNTNERI  (Harms) M.P.Lima & H.C.Lima, Rodriguésia 36(60):26. 1984. Prancha 19, g. C.

 Árvores inermes, nef discóide, séssil, na extremidade proximal do pecíolo. Folhas, pinas3-5 pares; folíolos oblongo-elípticos, 1-1,8x0,8-1cm. Inorescência espigas 2-3 fasciculadas, axilares;

bractéolas lanceoladas, 1mm. Flores vináceas, pentâmeras, campanuladas, 4-4,5mm compr., corolareexa, estames-10, soldados na base, ovário longo-estipitado, exserto. Fruto  legume, oblongo, 10-15x1,5-2cm; semente alada.

Material examinado:  Estrada para Vertentes, 07.II.2007, fr., E. Córdula et al. 203 (HUEFS, RB, UFP); Serra das

Umburanas, 10.II.2007, fr., K. Pinheiro et al. 62 (UFP); Ser ra do Tigre, 18.IV.2007, K. Pinheiro et al. 241 (UFP).

Material adicional: SERGIPE: Porto da Folha, 20.VII.2006, ., E. Córdula et al. 93 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como angico-monjolo. Planta endêmica da caatinga(Queiroz 2006), encontrada nas caatingas arbóreas ou orestas estacionais deciduais da Bahia,Pernambuco e Ceará (Lima & Lima 1984). Em Mirandiba é freqüente nas formações arbóreas como estrato arbustivo denso em solos pedregosos e rasos. Em Pernambuco há registros em Alagoinha,

Buíque, Inajá, Mirandiba, Ouricuri, Sertânia e Venturosa. Planta facilmente reconhecida pelas espigas vináceas e sementes aladas.

 33.2.17. P IPTADENIA STIPULACEA  (Benth.) Ducke, Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro 5:126.1930. Prancha 19, g. O.

 Arbustos, acúleos curvos, internodais; estípulas subuladas, 4 mm compr.; nef discóide, séssil,no 1/3 proximal do pecíolo. Folhas pinas 7-10 pares; folíolos lineares, ca. 5mm compr. Inorescência espigas isoladas e axilares ou paniculadas e terminais; bractéolas lineares, 0,5mm. Flores  branco-esverdeadas, pentâmeras, campanuladas, 2,5mm compr.; estames-10 livres, antera com glândula apicalcaduca; ovário branco, longo estipitado, exserto. Fruto legume, oblongo, valvas onduladas, 5-7x1,5-

2cm; sementes não aladas.Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 03 (UFP); Fazenda Salinas, 04.X.2006,

 fr., E. Córdula et al. 194 (HUEFS); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, ., E. Córdula et al. 257 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como jurema-branca. Planta endêmica da caatinga(Cardoso & Queiroz 2007). É comum em Mirandiba, ocorrendo desde caatinga arbórea à arbustivadensa, em solos arenosos e profundos ou pedregosos e rasos, presente também em áreas degradadas eem cursos de água. Em Pernambuco há registros para Arcoverde, Alagoinha, Buíque, Caruaru, Cupira,Ibimirim, Inajá, Mirandiba, Pesqueira, Salgueiro e Serra Talhada. Pode ser confundida com as espéciesde Mimosa  pelas ores branco-esverdeadas, mas apresenta nectário extraoral no pecíolo e o fruto é dotipo legume.

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208

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 33.2.18. P IPTADENIA  AFF . VIRIDIFLORA (Kunth) Benth., J. Bot. (Hook.) 4(31): 337. 1841.

 Árvores, pares de acúleos nodais; nef elíptico, séssil, na porção submediana do pecíolo.Folhas, pinas 2-4 pares; folíolos lineares, ca. 5mm compr. Inorescência espigas isoladas, axilares;bractéolas lineares, 0,5mm. Flores  branco-esverdeadas, pentâmeras, infundibuliformes, ca. 10mmcompr.; estames-10 livres, antera com glândula apical caduca; ovário branco, longo estipitado, exserto.Fruto legume, oblongo, valvas onduladas, 6-10x1,5-2cm; sementes não aladas.

Material examinado: Limoeiro, 03.I.2008, fr., E. Córdula et al. 330 (HUEFS, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como espinheiro. Piptadenia viridiora é uma espéciede caatinga e orestas secas que ocorre no nordeste do Brasil e na região noroeste da Argentina enorte do Paraguai. Em Mirandiba é comum em caatinga arbórea em solos pedregosos derivados deembasamento cristalino. Em Pernambuco há registro para Salgueiro e Santa Maria da Boa Vista. A

descrição da or neste estudo baseou-se na descrição original da espécie (Bentham 1841). Observou-se uma grande variabilidade morfológica nas folhas desta amostra com relação à Piptadenia viridiora ,podendo ser uma possível espécie nova.

 33.2.19. P ITHECELLOBIUM  DIVERSIFOLIUM  Benth., London J. Bot. 3: 201. 1844. Prancha19, g. E’-F’.

 Arvoretas, até 3m alt.; espinhos nodais retos; nef discóide, na extremidade proximal dopecíolo, entre cada par de pinas e na extremidade distal da raque de cada folíolo. Folhas, pinas 1par; folíolos obovais, par distal 2-2,5cm. Inorescência glomérulos homomórcos 2-5, fasciculados,axilares; bractéolas lanceoladas, 2mm compr. Flores brancas, pentâmeras, infundibuliformes, 7–8mm

compr.; polistêmones, monadelfos, tubo exserto. Fruto  legume, oblongo, curvo, 5–7cm compr.,sementes com arilo vermelho.

Material examinado: Fazenda Salinas, 04.X.2006, fr., E. Córdula et al. 196 (UFP); Serra das Umburanas,

10.II,2007, ., E. Córdula et al. 208 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários:  popularmente conhecida como carcarazeiro. Planta endêmica da caatinga(Cardoso & Queiroz 2007) e característica de caatinga arenosa de terrenos sedimentares e bancosarenosos de rios. Coletada em bancos arenosos às margens do rio Pajeú, em Mirandiba e com poucosregistros em Pernambuco (Floresta e Petrolina). Facilmente reconhecida pelas folhas e pelas sementescom arilo vermelho.

 33.2.20. P ITYROCARPA  MONILIFORMIS  (Benth.) Luckow & R.W. Jobson, Syst. Bot. 32(3):569-575. 2007. Prancha 19, g. A’-B’.

Piptadenia moniliformis Benth., J. Bot. (Hooker) 4: 339. 1841. Arvoretas,  inermes, nef elíptico, séssil, imediatamente abaixo do primeiro par de pinas e

na extremidade distal da raque foliar. Folhas, pinas 3-6 pares; folíolos oblongos, 10-15x5-10mm.Inorecência espigas pareadas, axilares, pêndulas; bractéolas subuladas, 0,5mm compr. Flores branco-esverdeadas, pentâmeras, campanuladas, 3mm, corola reexa; estames-10 livres, antera com glândula

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209- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

apical caduca;  ovário verde, longo-estipitado, exserto. Fruto  legume, moniliforme, 5-10x0,7-1cm;

sementes não aladas.Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 24 (HUEFS, RB, UFP); Fazenda Areia

 Malhada, 31.V.2006, fr., E. Córdula et al. 79 (UFP); Vertentes, 02.X.2006, fr., E. Córdula et al. 174 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como quipembe. Pityrocarpa moniliformis é uma espéciedo Nordeste do Brasil, ocorrendo disjunta em orestas secas da região de Sucre na Venezuela. Ocorreassociada a solos pobres e arenosos no semi-árido nordestino e a tabuleiros litorâneos. Em Mirandibaé comum em áreas de vegetação arbustiva densa em solo arenoso e profundo. Em Pernambuco háregistro para Buíque, Ibimirim, Mirandiba e Trindade. Reconhecida pelas espigas pêndulas, ovário

 verde, exserto, além do fruto moniliforme.

 33.2.21. S  ENEGALIA PIAUHIENSIS  (Benth.) A.Bocage & L.P.Queiroz, Neodiversity 1: 12.2006. Prancha 19, g. R.

 Acacia piauhiensis Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 523. 1875. Arbustos, inermes; nef discóide, séssil, no meio do pecíolo e na extremidade distal da raque

foliar. Folhas, pinas 4 pares; folíolos oblongos, 6-8mm compr. Inorescência espigas em racemosterminais. Flores amareladas, pentâmeras, tubulosas, 4mm; polistêmone, estames livres. Fruto legume,oblongo, 12-15x1-2cm.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, ., E. Córdula et al. 43 (HUEFS, RB, UFP); 9.II.2007, fr., E.

Córdula et al. 212 (UFP).

Comentários:  popularmente conhecida como jurema-de-caboclo. Planta endêmica da

região do semi-árido nordestino, encontrada em caatinga arbórea e em mata de cipó (Bocage 2005).Em Mirandiba ocorre esparsamente em vegetação arbustiva densa de solo arenoso e profundo. EmPernambuco há registros para Buíque, Caruaru, Mirandiba, Ouricuri, Petrolina, São José do Belmontee Triunfo. Facilmente reconhecida pelas espigas arqueadas e ores polistêmones.

 33.2.22. S  ENEGALIA POLYPHYLLA (DC.) Britton & Rose, Ann. New York Acad. Sci. 35(3):142. 1936.

 Árvores,  acúleos curvos, internodais; estípulas caducas; nef oblongo, séssil, na porçãomediana do pecíolo e na porção distal da ráquis. Folhas pinas 4-6 pares; folíolos oblongos, 6-8x3-3,5mm. Inorescência panícula de glomérulos homomórcos, terminais e axilares. Flores  brancas,

pentâmeras, tubulosas, 6-7mm compr.; polistêmones, estames soldados na base. Fruto  legume, reto,oblongo, valvas onduladas, 10-14x2-2,5cm.

Material examinado: Fazenda São Gonçalo, 09.III.2008, ., E. Córdula et al. 355 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como espinheiro-preto. Senegalia polyphylla ocorre doMéxico à Argentina em diversos tipos de ambientes; no Brasil, é mais associada a caatinga arbórea ematas ciliares em rios temporários, sobre solo argilo-arenoso. Em Mirandiba é comum em matas ciliaresde rios temporários. Em Pernambuco ocorre na caatinga de Araripina, Arcoverde, Buíque, Caruaru,Pesqueira, Santa Maria da Boa Vista, São José do Belmonte, Serra Talhada e Tacaratu. Semelhante a S.riparia , diferenciando-se principalmente pela inorescência paniculada e pelo maior número de pinas efolíolos.

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210

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 19. Figura A.  Anadenanthera colubrina. Fruto. B. Mimosa quadrivalvis var. leptocarpa.

Fruto. C. Parapiptadenia zehntneri . Semente. D-E. Mimosa tenuiflora. D. Folha. E. Fruto. F-G.

Mimosa sensitiva. F. Folha. G. Fruto. H-I. Mimosa arenosa.  H. Folha. I. Fruto. J. Calliandra

depauperata. Ramo fértil. L. Senegalia riparia. Fruto. M. Desmanthus pernambucanus. Fruto. N.

Enterolobium contortisiliquum. Fruto. O. Piptadenia stipulacea. Folha. P-Q. Neptunia plena. P. Flor

estéril. Q. Flor fértil. R. Senegalia piauhiensis. Flor. S-V. Chloroleucon foliolosum. S. Fruto. T. Folha.

U. Flor periférica. V. Flor central. X-Z. Chloroleucon dumosum. X. Fruto. Z. Folha. A’-B’. Pityrocarpa

moniliformis. A’. Folha. B’. Fruto. Mimosa ophthalmocentra.  C’. Folha. D’. Fruto.  E’-F’.

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211- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  33.2.23. S  ENEGALIA RIPARIA (Kunth) Britton & Rose, Ann. New York Acad. Sci. 35(3):

144. 1936. Prancha 19, g. L. Acacia riparia Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 276. 1824. Arbustos, armados, acúleos curvos, internodais; estípulas lineares, 3-4mm compr.; nef

discóide, séssil, no 1/3 proximal do pecíolo. Folhas pinas 7-9 pares; folíolos lineares a subfalcados,10x3mm. Inorescência  glomérulos  homomórcos, 3-4 fasciculados, terminais. Flores  brancas,pentâmeras, infundibuliformes, 7-7,5mm compr.; polistêmones,  estames livres.  Fruto  legume, reto,oblongo, valvas onduladas, 10-15x2-2,5cm.

Material examinado: Fazenda Salinas, 04.X2006, fr., E. Córdula et al. 190 (HUEFS, RB, UFP).

Material adicional: PIAUÍ: Padre Marcos, s.d., M. E. Alencar 208  (UFP) .Comentários:  popularmente conhecida como jurema. Distribui-se no Peru e no Brasil,

desde o Amazonas até São Paulo e no semi-árido dos estados da Bahia, Ceará, Piauí e Minas Gerais(Bocage 2005), sendo esta a primeira referência desta espécie para Pernambuco. Em Mirandiba ocorreem bancos arenosos às margens do rio Pajeú. Diferencia-se de S. piahuiensis  pelas inorescências emglomérulos e pelo fruto.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE LEGUMINOSAE, SUBFAMÍLIA  P APILIONOIDEAE

1. Flores pseudopapilionóides ou com apenas uma pétala; estames livres; fruto sâmara, criptossâmara

ou, se legume, apenas uma semente ...................................................................................................................2

1’. Flores papilionóides; estames conados; fruto lomento, legume nucóide, legume samaróide, folículo

ou, se legume, mais de uma semente .................................................................................................................4

2. Flores com 5 pétalas; fruto sâmara ................................................................... Luetzelburgia auriculata 

2’. Flores com 1 pétala (estandarte); fruto legume ou criptossâmara ...........................................................3

3. Arbustos; inorescências ramioras; ovário verde; fruto legume .............................Trischidium molle 

3’. Árvores; inorescênicas terminais; ovário vermelho, fruto criptossâmara ......... Amburana cearensis 

4. Plantas trepadeiras, herbáceas ou lenhosas ........................... ............................... ............................... ..........5

4’. Plantas não trepadeiras (ervas, arbustos e árvores) ............................. ............................... ..................... 145. Folhas pinadas, fruto lomento .............................. .........................Chaetocalyx scandens var. pubescens 

5’. Folhas trifolioladas, fruto legume ou legume nucóide ...............................................................................6

6. Trepadeiras lenhosas (lianas) ...........................................................................................................................7

6’. Trepadeiras herbáceas .....................................................................................................................................9

7. Flores ressupinadas, cálice bilabiado, anteras homomórcas; fruto legume ... Canavalia brasiliensis 

7’. Flores não ressupinadas, cálice 4-laciniado, anteras dimórcas; fruto legume nucóide ........................8

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212

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

8. Indumento canescente; inorescência terminal; estandarte suborbicular;

endocarpo aderido à semente; hilo circundando 1/2 da semente ........................... ... Dioclea grandiflora 

8’. Indumento híspido-ferrugíneo; inorescência axilar; estandarte oboval;endocarpo

individualizado (não aderido à semente); hilo circundando 2/3 da semente .................. Dioclea violacea 

9. Flores com carenas planas ............................................................................................................................10

9’. Flores com carenas torcidas ........................... ............................... ............................... ............................... 12

10. Inorescências bioras, ores ressupinadas, estandarte calcarado ............ Centrosema virginianum

10’. Inorescências multioras, ores não ressupinadas, estandarte não calcarado ................................ 11

11. Folíolos elípticos, homomórcos, distal 4-6x3-3,5cm, laterais menores; inorescência pseudoracemosa;or lilás, estandarte oval, glabro, 1cm compr  .......................................................................Galactia striata 

11’. Folíolo distal suborbicular, 3,5-4x3,5-4cm, laterais assimétricos e menores,

inorescência racemosa; or amarela, estandarte oboval, piloso, 7mm compr........Rhynchosia minima 

12. Estípulas deltóides; inorescência nodosa; cálice campanulado,

estandarte suborbicular, obtuso, carenas torcidas 270°...................... .......................... Vigna peduncularis 

12’. Estípulas lanceoladas; inorescência não nodosa; cálice cilíndrico,

estandarte oboval, emarginado, carenas torcidas 180° ............................ ............................... ...................... 13

13. Folíolo distal pandurado, conjunto de brácteas linear-lanceoladas na base e na extremidade distal do

pedúnculo ................................................................................................................ Macroptilium bracteatum

13’. Folíolo distal oval, sem o conjunto de brácteas ........................... ....................... Macroptilium gracile 

14. Folhas trifolioladas ......................................................................................................................................15

14’. Folhas pinadas .............................................................................................................................................24

15. Folhas trifolioladas digitadas (ráquis foliar ausente) ............................ ............................... .................... 16

15’. Folhas trifolioladas pinadas (ráquis foliar presente) ........................... ............................... .................... 17

16. Ramos seríceos, ferrugíneos; estípulas lineares, 5mm compr. pecíolo 1-2cm compr.;

folíolos elípticos, seríceos, ferrugíneos, papiráceos; coroa de brácteas

na inorescência ausente ............................................................................................... Crotalaria bahiaensis 

16’. Ramos pilosos, canescentes; estípulas subuladas, 3mm compr.

pecíolo 4-5mm compr.; folíolos obovados, glabros, membranáceos;

coroa de brácteas no ápice da inorescência ....................................................................Crotalaria incana 

17. Estípulas adnatas ao pecíolo; estipelas ausentes; androceu monadelfo, anteras dimórcas ............ 18

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213- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

17’. Estípulas livres; estipelas presentes; androceu diadelfo, anteras homomórcas ............................... 19

18. Folíolos estreitamente elípticos, glabrescentes; bráctea externa trifoliolada,

interna unifoliolada; fruto com rostro uncinado, 1,5-2mm ........................... ............... Stylosanthes scabra 

18’. Folíolos lanceolados, pubescentes; bráctea unifoliolada; fruto com rostro

enrolado, 0,5mm compr ............................ .............................. ............................... ........... Stylosanthes viscosa 

19. Planta armada; tricomas estrelados; fruto folículo ................................................... Erythrina velutina 

19’. Planta inerme; tricomas simples; fruto legume ou lomento ............................. ............................... .... 20

20. Fruto lomento ..............................................................................................................................................21

20’. Fruto legume ...............................................................................................................................................2221. Arbustos; estípulas ovadas; ores róseas ...............................................................Desmodium glabrum

21’. Ervas ereta; estípulas linear-lanceoladas; ores brancas ............................. .Desmodium procumbens 

22. Flores vermelhas ou vináceas, não ressupinadas; carenas torcidas 180° ........................... .................. 23

22’. Flores roxas, ressupinadas; carenas planas .............................. ......................... Centrosema pascuorum

23. Ramos pubérulos; conjunto de brácteas lineares na extremidade distal da inorescência; fruto

legume, linear 8-10cm compr., piloso ............................ ............................... ....... Macroptilium lathyroides 

23’. Ramos canescentes; conjunto de brácteas na inorescência ausente;

fruto legume, falcado, 1,5-2cm compr., canescente ............................ ........................ Macroptilium martii 

24. Árvores; inorescência paniculada; or roxa; fruto legume

samaróide..................................................................................................................  Lonchocarpus araripensis 

24’. Arbustos ou ervas; inorescência racemosa ou pseudoracemosa; fruto de outros tipos ................ 25

25. Folhas paripinadas, folíolos 1-2 pares ............................ ............................... ............................... ............. 26

25’. Folhas imparipinadas, folíolos-5 ou mais ........................... ............................... ............................... ....... 29

26. Um par de folíolos, seríceos ........................... ............................... .............................. ......... Zornia sericea  

26’. Dois pares de folíolos, pilosos a vilosos............................. ............................... ............................... ....... 27

27. Folhas pinadas; hipanto presente, cálice bilabiado; fruto legume

nucóide, geocárpico  .................................................................................................................. Arachis dardani 

27’. Folhas digitadas; hipanto ausente, cálice 5-laciniado; fruto lomento, aéreo ........................... ........... 28

28. Inorescência racemosa, espiciforme; brácteas peltadas, 7-9mm compr.;

fruto 3-6 artículos suborbiculares, istmo marginal, revestido com cerdas

plumosas, pontuações glandulares ausentes, 1-2 artículos exsertos da bráctea .......... Zornia brasiliensis 

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214

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

28’. Flores solitárias; brácteas não-peltadas, 4-5mm compr.; fruto 10-20 artículos

quadrangulares, istmo central, glabro, pontuações glandulares presentes,

7-17 artículos exsertos da bráctea ...................................................................................... Zornia myriadena 

29. Fruto legume ou folículo ............................................................................................................................30

29’. Fruto legume nucóide ou lomento .............................. ............................... ............................... .............. 33

30. Inorescência pseudoracemosa, terminal;

androceu monadelfo ............................ ............................... ............... Tephrosia purpurea subsp. purpurea 

30’. Inorescência racemosa, axilar; androceu diadelfo .......................... ............................... ...................... 31

31. Flores róseas, estandarte 5mm compr.; fruto folículo ......................................Indigofera suffruticosa 31’. Flores amarelas ou azuis, estandarte maior do que 2cm compr.; fruto legume ............................... . 32

32. Folíolos 35-41; ores amarelas, estandarte oboval, 2,5cm compr ....................... Sesbania exasperata 

32’. Folíolos-5; ores azuis, estandarte oblongo, 4-4,5cm compr ................. Centrosema rotundifolium

33. Ervas prostrada; até 10 pares de folíolos ............................... ............................... ............................... .... 34

33’. Ervas ereta e subarbustos; 15-35 pares de folíolos ............................... ............................... ................. 35

34. Folíolos 7-9; ores róseas, estandarte oboval, obtuso, ca. 5mm compr.;

estames diadelfos ........................................................................................................... Indigofera microcarpa 

34’. Folíolos 5-9 pares; ores amarelas, estandarte suborbicular, emarginado, 6-7mm;

estames poliadelfos ..................................................................................................... Aeschynomene viscidula 

35. Estípula peltada, lanceolada; 25-35 pares de folíolos; ores brancas,

cálice bilabiado. .............................. ............................... .............................. Aeschynomene evenia var. evenia 

35’. Estípula oval, longamente acuminada; 15-25 pares de folíolos;

ores amarelas, cálice 5-laciniado ............................................................................ Aeschynomene mollicula 

 33.3.1. A ESCHYNOMENE   EVENIA  Wright var. evenia,  Anales Acad. Ci. Med. Habana. 5: 334.1868. [1869]. Prancha 20, g. N.

Ervas eretas; ramos com tricomas víscido-setosos, esparsos; estípulas peltadas, lanceoladas,1,5-2,5cm compr. Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos 25-35 pares, alternos, oblongos, 8-12x2-3mm; glabros, cartáceos, base hemicordada, ápice mucronado. Inorescência  racemosa, 2-4 oras,axilar. Flores brancas; hipanto ausente; cálice tubuloso, bilabiado, lábio superior bído, lábio inferiortrído; estandarte oboval, obtuso, tricomas glandulares nas margens, 8 mm compr.; androceu monadelfo,anteras homomórcas. Fruto  lomento, 10-14 articulado, artículos quadrados, 3-3,5x3-3,5mm, sem

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215- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

istmo, pilosos, tricomas víscido-setosos; sementes reniformes, verdes.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 70 (UFP); 17.IV.2007,. fr, E. Córdula et al. 228 (UFP); 17.IV.2007, . fr., E. Córdula et al. 248 (RB, UFP).

Comentários: planta amplamente distribuída na América tropical e subtropical, comporta-se como invasora de áreas alteradas e alagáveis (Rudd 1955). Na caatinga, incluindo Mirandiba, suaocorrência também está relacionada à ambientes similares. Em Pernambuco há registro para Belo

 Jardim, Caruaru, Mirandiba e Ouricuri. Diferencia-se das demais espécies do gênero pelas estípulaspeltadas, pelas folhas com 25-35 pares de folíolos e pelo fruto sem istmo.

 33.3.2. A ESCHYNOMENE   MOLLICULA Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 532. 1824.Ervas eretas; ramos pilosos; estípulas ovais, longamente acuminadas, 10-12mm compr. Folhas 

pinadas, estipelas ausentes; folíolos 15-25 pares, alternos, linear-oblongos, 8-10x1,5-2 mm, pubescentes,cartáceos, base hemicordada, ápice mucronado. Inorescência racemosa, pauciora, axilar. Flores amarelas, hipanto ausente; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte oboval, obtuso, auriculado, 10-13mm compr., listras vermelhas; androceu monadelfo, anteras homomórcas. Fruto  lomento, 5-6articulado, artículos suborbiculares, 5x5mm, istmo marginal, pubescente; sementes reniformes, pretas.

Material examinado: Vertentes, 19.IV.2007, ., E. Córdula et al. 259 (HUEFS, UFP).

 Material Adicional: BAHIA: Ipecaetá, 14.VIII.1985, fr., L. R. Noblick et al. 4283 (HUEFS).

Comentários:  Aeschynomene mollicula   distribui-se na América do Sul: Brasil (Ceará, Piauí,Pernambuco e Bahia), Colômbia, Paraguai e Peru (Fernandes 1996). No Nordeste, ocorre principalmentecomo uma planta de borda de oresta estacional ou como colonizadora em locais alterados de caatinga

e orestas estacionais. Em Mirandiba ocorre em bancos de areia de rios temporários. Em Pernambucohá registros para Arcoverde, Brejo da Madre de Deus, Jati, Mirandiba, Ouricuri e Surubim.

 33.3.3. A ESCHYNOMENE  VISCIDULa  Michx., Fl. Bor. Amer. 2: 7475.1803. Prancha 20, g.L.

Ervas prostradas; ramos pilosos, tricomas víscido-setosos; estípulas lanceoladas, 4mm compr.Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos 5-9 pares, alternos, obovais, 7-12x4-7mm, pilosos, papiráceos,base assimétrica, ápice obtuso. Inorescência racemosa, pauciora, axilar. Flores amarelas; hipantoausente; cálice campanulado, 5-laciniado, lacínia superior bída; estandarte suborbicular, emarginado,piloso externamente, 6-7mm compr., listras ausentes; androceu poliadelfo, anteras homomórcas.

Fruto  lomento, 2-3 articulado, artículos suborbiculares, 5x5 mm, istmo marginal, piloso, tricomas víscido-setosos; sementes reniformes, verdes.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 32 (HUEFS, UFP); Areia Malhada,

16.IV.2007, . fr., E. Córdula et al. 219 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, . fr., E. Córdula et al. 262 (UFP).

Comentários:  Aeschynomene viscidula  distribui-se na América Central, Antilhas, Venezuela eNordeste do Brasil (Rudd 1955). Na caatinga ocorre em margens e leitos arenosos de rios temporários.Em Mirandiba é comum ao longo de estradas e cursos de água, em solos arenosos e profundos. EmPernambuco há registro para Cruzeiro do Nordeste, Mirandiba e Petrolina. Facilmente reconhecidapelo hábito prostrado e os tricomas víscido-setosos, combinado com folhas pinadas e fruto do tipo

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216

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

lomento. Caracteriza-se por apresentar as folhas com 5-9 pares de folíolos obovais e tricomas víscido-

setosos.

 33.3.4. A MBURANA CEARENSIS  (  Allemão) A. C. Sm., Trop. Woods 62: 30.1940. Prancha 20,g. F.

 Árvores; ritidoma escamiforme, em faixas contínuas; ramos pubérulos; estípulas não vistas.Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos 9-15 pares, alternos, elípticos, 3,5-4,5x1,5-2, 5cm, pubérulos,cartáceos, base truncada, ápice emarginado. Inorescência  paniculada, terminal. Flores  brancas;hipanto tubuloso; cálice tubuloso, truncado; pétala-1, estandarte suborbicular, auriculado, emarginado,piloso externamente, 1-1,3cm compr.; androceu polistêmone, dialistêmone, anteras homomórcas;ovário vermelho. Fruto criptosâmara, 5-7x1,5-2 cm, glabro; semente-1, oval, preta.

Material examinado: Serra do Tigre, 04.X.2006, fr., E. Córdula et al. 198 (HUEFS, UFP); Serra das Umburanas,

10.II.2007, fr., E. Córdula et al 209 (UFP); 23.VI.2007, ., E. Córdula et al 310 (RB, UFP).

Comentários:popularmente conhecida como imburana-de-cheiro. Amburana cearensis  distribui-se nas matas secas da América do Sul (Prado & Gibbs 1993). Na caatinga ocorre principalmente nasformas arbóreas, em diferentes tipos de solos. Em Mirandiba ocorre em vegetação arbórea sobre solopedregoso e raso. Uma grande população desta espécie foi localizada na Serra das Umburanas, distante30km da sede do município. Em Pernambuco ocorre em Alagoinha, Mirandiba, Ouricuri, Salgueiro,Santa Cruz do Capibaribe, Serra Talhada e Sertânia. Facilmente reconhecida pelo caule com ritidomadescamando-se em faixas contínuas, ores com apenas uma pétala (estandarte), ovário vermelho efruto criptosâmara. Esta espécie está na lista de espécies da ora brasileira ameaçadas de extinção

(www.biodiversitas.org.br).

 33.3.5. ARACHIS  DARDANI  Krapovickas & W. C. Gregory, Bonplandia 8: 76. 1994.Ervas  prostrada; ramos pilosos; estípulas lanceoladas, ca. 1cm. Folhas  pinadas, estipelas

ausentes; folíolos 2 pares, opostos, obovais, 1,5-2x1-1,5 cm, laterais menores, glabrescentes, papiráceos,base obtusa, ápice obtuso. Inorescência racemosa, 3-4 oras, axilar. Flores amarelas, listras roxas;dimórcas, hipanto cilíndrico até 2cm compr., pétalas fechadas, anormais; hipanto cilíndrico 2-7cmcompr., pétalas abertas, normais; cálice bilabiado, lábio inferior subfalcado; estandarte suborbicular,obtuso, 7-10mm compr.; androceu monadelfo, anteras homomórcas. Fruto  legume nucóide,geocárpico, 1-3 sementes.

Material adicional: PERNAMBUCO: São Lourenço da Mata, Tapera, 15.IV.1967, Gregory & Krapovicas 12946

(IPA); Salgueiro, Serra de São Gonçalo, 23.V.1971, Heringer et al. 865 (CEN, IPA, UB); CEARÁ: Jucás, 01.III.1972, ., Pickersgill

et al. 259 (CEN, CTES, IPA, US).

Comentários: popularmente conhecida como amendoim-bravo. Endêmica da caatinga(Queiroz 2002), Arachis dardani  foi coletada em Mirandiba em 20.IV.1981 por Valls et al. (Krapovickas& Gregory 1994), porém não localizada em campo no período deste estudo. Em Pernambuco háregistro para Mirandiba, Salgueiro, São Lourenço da Mata e Serra Talhada. São ervas estoloníferas,4-folioladas, com hipanto cilíndrico, longo e frutos geocárpicos. A descrição do androceu neste trabalhoé complementar a descrição original.

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217- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 33.3.6. C  ANAVALIA BRASILIENSIS  Mart. ex  Benth., Comm. Legum. Gen. 71. 1837.Lianas; ramos pubescentes; estípulas não vistas. Folhas  trifolioladas, estipeladas; folíolos

elípticos a ovais, uniformes, distal 10-16x6-12cm, pubescentes, cartáceos, base obtusa, ápice agudo.Inorescência pseudoracemosa, axilar. Flores liláses, ressupinadas; hipanto ausente; cálice cilíndrico,bilabiado, lábio superior tridentado; estandarte orbicular, emarginado, caloso, 3-3,5cm compr.; androceumonadelfo, anteras homomórcas. Fruto legume, linear-oblongo, projeção alar na margem posterior,12-16x2-2,5cm, pubescente; sementes elípticas, verdes.

Material examinado:  Serra do Tigre, 30.V.2006, ., E. Córdula et al. 59 (HUEFS, UFP); Baixio Grande,

30.X.2006, ., E. Córdula et al. 189 (UFP); Serra do Tigre, 19.VI.2007, . fr., E. Córdula et al. 290 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como fava-brava. Canavalia brasiliensis  distribui-se nos

Neotrópicos. No Brasil é amplamente distribuída nos estados do Nordeste, Mato Grosso, Paraná, Riode janeiro e Minas Gerais; ocorrendo naturalmente em dunas, ravinas, áreas inundáveis e em locaisperturbados (Sauer 1964). Em Mirandiba ocorre em margens de barragens, ao longo de estradas ecercas, preferencialmente em solo pedregoso e raso. Em Pernambuco há registro para Mirandiba eSalgueiro. Facilmente reconhecida pelas ores ressupinadas e frutos legumes com expansões alares nasmargens.

 33.3.7. C  ENTROSEMA PASCUORUM  Mart. ex  Benth., Com. Legum. Gen. 55. 1837. Prancha21, g. L.

Ervas eretas; ramos pubescentes; estípulas lanceoladas, ca. 5mm compr. Folhas trifolioladas,estipeladas; folíolos linear-lanceolados, uniformes, distal 5-9x0,5-0,8cm, glabrescentes, cartáceos, baseobtusa, ápice agudo. Inorescência  racemosa, 2-oras, axilar. Flores  roxas, ressupinadas; hipantoausente; bractéolas-2, lanceoladas, opostas na base do cálice, 4-5mm compr.; cálice campanulado,4-laciniado, lacínia superior bída, superando o tamanho das bractéolas; estandarte suborbicular,obtuso, calcarado, 1-1,5cm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto  legume, linear,5,5-6,5x0,3-0,5cm, pubérulo; sementes oblongas, pretas.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, ., C. Lourenço et al. 264 (UFP).

Material adicional: RIO GRANDE DO NORTE: Serra Negra do Norte, 17.IV.2002, fr., M. Loiola 622

(UFP).

Comentários: Centrosema pascuorum  distribui-se no Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia,

ocorrendo em campos e pastos (Fevereiro 1977). Em Mirandiba foi coletada ao longo de estrada,em solo pedregoso e raso. Em Pernambuco há registro para Arcoverde, Cabrobó, Cupira, Fernandode Noronha, Gravatá e Mirandiba. Diferencia-se de C. virginianum  pelos folíolos linear-lanceolados,5-9x0,5-0,8cm, estandarte (1-1,5cm compr.) e fruto (5,5-6,5cm compr.) mais curtos.

 33.3.8. C  ENTROSEMA ROTUNDIFOLIUM  Mart. ex  Benth., Comm. Legum. Gen. 55.1837.Ervas  prostradas; ramos pubescentes; estípulas lanceoladas, 5-6mm compr. Folhas 

imparipinadas, estipeladas; folíolos elípticos, uniformes, distal 3,5-4x1,8-2cm, puberulentos, cartáceos,base obtusa, mucronado. Inorescência  racemosa, 1-2 oras, axilar. Flores  azuis, ressupinadas;

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

hipanto campanulado; bractéolas-2, orbiculares, opostas na base do cálice, 5-7mm compr.; cálice

infundibuliforme, 5-laciniado, lacínias uniformes; estandarte oblongo, emarginado, curtamentecalcarado, 4-4,5cm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto legume, falcado, 8-10x0,8-1cm, pubérulo; sementes reniformes, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 09.III.2008, ., fr., E. Córdula et al. 362 (UFP).

Comentários: Centrosema rotundifolium é conhecida apenas do Nordeste do Brasil, ocorre emcaatinga, especialmente em áreas sujeitas a inundações periódicas sobre solo arenoso. Em Mirandibaocorre em bancos arenosos de riachos temporários. Esta é a primeira referência para Pernambuco. C.rotundifolium  é a única espécie do gênero na caatinga com cinco folíolos.

 33.3.9. C  ENTROSEMA VIRGINIANUM  (L.) Benth., Com. Legum. Gen. 56. 1837. Prancha 21,

g. N.Trepadeiras  herbáceas; ramos pubescentes; estípulas lanceoladas, 4mm compr. Folhas 

trifolioladas, estipeladas; folíolos elípticos a obovais, uniformes, distal 3,5-4x1,5-2,5cm; pubecentes naface adaxial, cartáceos, base obtusa, ápice agudo. Inorescência  racemosa, 2-oras, axilar. Flores lilases, ressupinadas; hipanto ausente; bractéolas-2, ovais, opostas na base do cálice, 7-8mm compr.;cálice campanulado, 4-laciniado, lacínia superior bída, ultrapassando o tamanho das bractéolas;estandarte suborbicular, obtuso, calcarado, 2,5cm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórcas.Fruto legume, linear, 8-12x0,4-0,6cm, pubérulo; sementes reniformes, pretas.

Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, ., E. Córdula et al. 69 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como feijão-do-mato. Amplamente distribuída nos

Neotrópicos, tornando-se naturalizada na África ocidental. No Brasil distribui-se nas regiões Nordeste,Sudeste e Sul, em restinga, cerrado, caatinga, praia, locais úmidos ou secos, sombreados ou não, em solosargilosos ou arenosos (Fevereiro 1977). Na caatinga ocorre em locais antropizados sobre diversos tiposde solo. Em Mirandiba foi coletada nas margens de barragens, na estação chuvosa. Em Pernambuco háregistro para Arcoverde, Cupira e Mirandiba. Facilmente reconhecida pelo hábito herbáceo escandentee ores com estandarte suborbicular, calcarado.

 33.3.10. C HAETOCALYX  SCANDENS  (L.) Urb. var. pubescens (DC.) Rudd, Contr. U. S. Natl.Herb. 32: 236. 1958. Prancha 20, g. S.

Trepadeiras herbáceas; ramos pilosos; estípulas lanceoladas, 5mm. Folhas pinadas, estipelas

ausentes; folíolos-5, opostos, elípticos, 2,5-3,5x1-1,5cm, pilosos, membranáceos, base obtusa, ápicemucronado. Inorescência racemosa, 2-4 oras, axilar. Flores amarelas; hipanto ausente; bractéola-1,linear, extremidade proximal do pedicelo, 4mm; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte orbicular,emarginado, 1,5-1,8cm compr., piloso externamente; androceu monadelfo, anteras homomórcas.Fruto lomento, 4-12 articulado, artículos cilíndricos, 8-10x2mm, sem istmo, pilosos; sementes lineares,marrons.

Material examinado: Sítio Chacal, 09.II.2007, . fr., M. T. Vital et al. 75 (UFP); 19.VI.2007, . fr., E. Córdula

et al. 274 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: Chaetocalyx scandens  var.  pubescens  distribui-se no leste do Brasil e na caatinga

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

membranáceos, base obtusa, ápice agudo. Inorescência  pseudoracemosa, axilar. Flores  rosadas;

hipanto ausente; bractéola-1, linear, base do pedicelo; cálice bilabiado, lábio superior bído, lábioinferior trído com lacínia central maior; estandarte oboval, obtuso, 3mm compr.; androceu diadelfo,anteras homomórcas. Fruto lomento, espiralado, 2-6 articulado, artículo distal maior, subreniforme,4-5x3-4mm, istmo central, pubescente; sementes reniformes, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 20.VI.2007, . fr., E. Córdula et al. 292 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como engorda-magro. Desmodium glabrum   éamplamente distribuída nos Neotrópicos, no Brasil distribui-se no Nordeste, Mato Grosso e MinasGerais, ocorrendo em campos, pastagens, mata ciliar e vegetação densa, sempre próxima a ambientesúmidos (Azevedo 1981). Em Mirandiba ocorre nas margens de lagoas temporárias. Em Pernambucohá registro para Alagoinha, Caruaru e Mirandiba. Diferencia-se de D. procumbens  pelo hábito arbustivo

e pelas ores róseas.

 33.3.14. D  ESMODIUM  PROCUMBENS  (Mill.) Hitchc., Annual Rep. Missouri Bot. Gard. 4:76. 1893. Prancha 20, g. B.

Ervas eretas; ramos pilosos, tricomas uncinados; estípulas linear-lanceoladas, 5-7mm. Folhas trifolioladas, estipeladas; folíolos ovais, uniformes, distal 3-3,5x1-1,5cm, laterais menores, membranáceos,pubescentes, base arredondada, ápice agudo. Inorescência pseudoracemosa, axilar. Flores brancas;hipanto ausente; bractéola-1, linear, na base do pedicelo, 1mm compr.; cálice bilabiado, lábio superiorbído, lábio inferior trído com lacínias equilongas; estandarte oboval, obtuso, 3mm compr.; androceudiadelfo, anteras homomórcas. Fruto lomento, espiralado, 3-5 articulado, artículos rombóides, 3-4mm

compr., istmo central, piloso; sementes reniformes, marrons.Material examinado: Serra do Tigr e, 31.V.2006, . fr., E. Córdula et al. 66 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: Desmodium procumbens  distribui-se na África, Américas, Polinésia e Malásia, noBrasil foi registrado nos Estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pará e Paraná, ocorrendo emterrenos perturbados, capoeiras, e matas de galeria (Azevedo 1981). Em Mirandiba ocorre nas margensde lagoa temporária. Este é o primeiro registro desta espécie para a caatinga, existindo registros paraPernambuco em Alagoinha e Fernando de Noronha. São ervas eretas, trifolioladas, com ores brancase lomentos espiralados.

 33.3.15. D IOCLEA GRANDIFLORA Mart. ex  Benth., Comm. Legum. Gen.: 68. 1837.

Prancha 20, g. R.Lianas; ramos pubescentes, canescentes; estípulas não vistas. Folhas trifolioladas, estipeladas;

folíolo distal elíptico a oboval, ca. 6cm compr., laterais assimétricos, pilosos, canescentes, cartáceos, basearredondada, ápice obtuso. Inorescência pseudoracemosa, nodosa, terminal. Flores liláses; hipantoausente; bractéolas-2, suborbiculares, opostas na base do cálice, 5mm compr.; cálice campanulado,4-laciniado, lacínia inferior oval, maior do que as demais, lacínia superior emarginada; estandartesuborbicular, emarginado, caloso, 2,5-3,5cm compr.; androceu monadelfo, anteras dimórcas. Fruto legume nucóide, oblongo, 10-20x4-6cm, piloso, canescente, endocarpo aderido à semente; sementesorbiculares, marrons, hilo linear, circundando ½ da semente.

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221- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, ., E. Córdula et al. 23 (HUEFS, RB, UFP); Ser ra das Umburanas,

10.II.2007, fr., E. Córdula et al. 267 (UFP).Comentários: popularmente conhecida como mucunã. Endêmica da caatinga (Cardoso &

Queiroz 2007), distribuindo-se em todo o semi-árido nordestino. Em Mirandiba é comum em solopedregoso e raso, e em aoramento rochoso. Em Pernambuco há registro para Alagoinha, Caruaru,Floresta, Inajá, Mirandiba, Ouricuri, Parnamirim, Petrolina, Pombos e Santa Maria da Boa Vista.Diferencia-se de D. violacea  pelo indumento canescente e pelo endocarpo aderido à semente.

 33.3.16. D IOCLEA VIOLACEA Mart. ex  Benth., Comm. Legum. Gen.: 69. 1837.Prancha 20, g. Q.Lianas; ramos pilosos, híspido-ferrugíneos; estípula peltada, 0,5-1cm compr. Folhas 

trifolioladas, estipeladas; folíolo distal elíptico a oval, 6-8x5-6cm, laterais assimétricos, pubescentes,ferrugíneos, cartáceos, base arredondada, ápice agudo. Inorescência  pseudoracemosa, nodosa,axilar. Flores roxas; hipanto ausente; bractéolas-2, orbiculares, oposta na base do cálice, 3mm compr.;cálice campanulado, 4-laciniado, lacínia inferior lanceolada, maior do que as demais, lacínia superioremarginada; estandarte oboval, emarginado, caloso, 2,5cm compr.; androceu monadelfo, anterasdimórcas. Fruto  legume nucóide, oblongo, 10-16x5-6cm, piloso, híspido-ferrugíneo, endocarpoindividualizado; sementes orbiculares, marrons, hilo linear circundando 2/3 da semente.

Material examinado:  Areia Malhada, 31.V.2006, . fr., E. Córdula et al. 85 (RB, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como cipó-mucunã. Distribui-se na Argentina,Paraguai e Brasil (Mendonça-Filho 1996). Na Caatinga, ocorre principalmente nas orestas estacionais

do Ceará até o norte de Minas Gerais. Em Mirandiba em vegetação arbustiva densa em solo arenoso eprofundo. Em Pernambuco há registro para Araripina, Brejo da Madre de Deus, Mirandiba e Pesqueira.São lianas robustas, com indumento híspido-ferrugíneo, inorescência lenhosa, nodosa, ores roxas esementes hilares.

 33.3.17. E RYTHRINA VELUTINA  Willd., Ges. Naturf. Freunde Berlin Neue Schriften 3: 426.1801. Prancha 21, g. E-F.

 Árvores; armadas, espinhos cônicos; tricomas estrelados, caducos; estípulas lanceoladas, 5mmcompr. Folhas trifolioladas, estipelas glandulares (nef); folíolo distal oval a subdeltóide, 5-6x6-8cm,laterais assimétricos, pilosos, cartáceos, base arredondada a truncada, ápice arredondado.Inorescência 

pseudoracemosa, terminal. Flores vermelhas; hipanto ausente; bractéolas-2, lanceoladas, opostas nabase do cálice, 1,5mm compr.; cálice espatáceo, lobos glandulares; estandarte elíptico, obtuso, ca. 5cmcompr., aproximadamente 3x maior do que as outras pétalas; androceu diadelfo, anteras homomórcas.Fruto folículo, cilíndrico, 6-10cm compr., tomentoso; sementes reniformes, vermelhas.

Material examinado: Serra das Umburanas, 04.X.2006, E. Córdula et al. 199 (HUEFS, UFP); Serra do Tigre,

17.IV.2007, E. Córdula et al. 249 (UFP); 06.VII.2007, ., Y. Melo 279 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como mulungu.  Erythrina velutina distribui-se nasorestas secas da América do Sul (Krukoff 1939). Na caatinga ocorre do Ceará até Minas Gerais.Em Mirandiba ocorre esparsamente na vegetação arbórea com estrato arbustivo denso, em solos

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

pedregosos e rasos. Em Pernambuco há registro para Alagoinha, Caruaru, Floresta, Mirandiba, Ouricuri

e Salgueiro. Facilmente reconhecida pelo hábito arbóreo com folhas trifolioladas, ores ornitólasde um vermelho vivo e sementes vermelhas.  Erythrina velutina   forma aurantiaca   (Ridley) Krukoff foiregistrada em Fernando de Noronha e no estado do Ceará; é similar à forma típica, mas apresentasementes pretas com uma banda vermelha ao redor do hilo, além de acúleos nos ramos, pecíolo enervura central (Krukoff 1939).

 33.3.18. G  ALACTIA STRIATA (Jacq.) Urb., Symb. Antill. 2:320. 1900.Trepadeiras herbáceas; ramos pilosos; estípulas lineares, 2,5mm compr. Folhas trifolioladas,

estipeladas; folíolos elípticos, uniformes, distal 4-6x3-3,5cm, laterais menores, pubescente, papiráceos,base obtusa, ápice agudo. Inorescência  pseudoracemosa, laxa, axilar. Flores  liláses; hipanto

ausente; bractéolas-2, lineares, opostas na base do cálice, 1,5mm compr.; cálice tubuloso, 5-laciniado,lacínias superiores fundidas; estandarte oboval, obtuso, ca. 1cm compr.; androceu diadelfo, anterashomomórcas. Fruto legume, falcado, 5-7x0,5-0,7cm, piloso; sementes reniformes, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, E. Córdula et al. 67 (HUEFS, UFP).

Material adicional: BAHIA: Dom Macedo Costa, 05.VII.1985, ., fr., L. R. Noblick 3985 (HUEFS, PEUFR).

Comentários: Galactia striata  distribui-se amplamente na América tropical, desde o Sudestedos Estados Unidos até a Argentina, crescendo nas bordas das matas, sobre arbustos ou árvorespequenas (Burkart 1971). Em Mirandiba ocorre na margem de lagoa temporária. Consiste primeiroregistro para Pernambuco.

 33.3.19. I  NDIGOFERA  MICROCARPA Desv., J. Bot. Agric. 3:79. 1814. Prancha 20, g. C.Ervas prostradas; ramos seríceos; estípulas subuladas, 1mm compr. Folhas pinadas, estipelas

ausentes; folíolos 7-9; obovais, 5-8x3-4mm, seríceos, pontuações resinosas presentes, papiráceos, baseatenuada, ápice mucronado.Inorescência racemosa, axilar. Flores róseas; hipanto ausente; bractéola-1,subulada, na base do pedicelo, 2-2,5mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte oboval,obtuso, piloso externamente, 5mm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto legumenucóide, oblongo, levemente constrito entre as sementes, 5-10x2mm, seríceo; sementes esféricas,

 verdes.Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, . fr., E. Córdula et al. 231(UFP); 20.VI.2007, . fr., E.

Córdula et al. 287 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: Indigofera microcarpa é amplamente distribuída na América tropical e subtropical,e na África, ocorrendo principalmente em áreas sujeitas a inundações periódicas sobre solo arenoso. EmMirandiba é comum nas margens de lagoas temporárias. Este é o primeiro registro para Pernambuco.Diferencia-se de I. suffruticosa  pelo hábito herbáceo prostrado e frutos indeiscentes.

 33.3.20. I  NDIGOFERA SUFFRUTICOSA Mill., Gard. Dict.: 2. 1768. Prancha 20, g. D. Arbustos; ramos seríceos; estípulas subuladas, 4-5mm compr. Folhas pinadas, estipeladas;

folíolos 9-11, estreitamente elípticos, 2,5-3x1-1,5cm, pilosos, membranáceos, base obtusa, ápicemucronado. Inorescência racemosa, axilar. Flores róseas; hipanto ausente; bractéola-1, linear, na

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223- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

base do pedicelo, 2mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado; estandarte suborbicular, obtuso,

piloso externamente, 5mm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto folículo, arqueado,1-1,5x2-3mm, pubescente; sementes quadrangulares, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, .fr., E. Córdula et al. 17 (HUEFS, UFP); 30.X.2006, fr., E.

Córdula et al. 182 (UFP); 17.IV.2007, .fr., E. Córdula et al. 225 (UFP).

Comentários: popularmente conhecida como anileira. Distribui-se na América tropical esubtropical, habitando áreas antropizadas (Eisinger 1987). I. suffruticosa possui ampla distribuição noBrasil (Moreira & Tozzi 1997). Em Mirandiba é comum ao longo de estradas. Em Pernambuco háregistro para Afrânio, Alagoinha, Caruaru, Gravatá e Mirandiba. Caracterizam-se pelo hábito arbustivo,as inorescências racemosas e eretas, as ores róseas e os frutos do tipo folículo.

 33.3.21. LONCHOCARPUS   ARARIPENSIS  Benth., J. Linn. Soc., Bot. 4: 96. 1860.Prancha 20, g. E.

 Árvores; ramos jovens pilosos; estípulas triangulares, 1mm compr. Folhas pinadas, estipelasausentes; folíolos 7-9, oblongo-elípticos, 4-6x2,5-3,5cm, pubescentes, cartáceos, base cuneada,ápice obtuso a emarginado. Inorescência paniculada, subterminal. Flores roxas; hipanto ausente;bractéolas-2, oblongas, opostas, 1mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado, lacínias largamentetriangulares; estandarte suborbicular, obtuso, auriculado, 10mm compr.; androceu diadelfo, anterashomomórcas.Fruto legume samaróide, elíptico, 4-7x1,5-2,5cm, glabro; sementes reniformes, marrons,maculadas.

Material examinado:  Areia Malhada, 31.V.2006, fr., E. Córdula 80 (UFP); Vertentes, 07.II.2007, fr., E. Córdula

et al. 205 (HUEFS, RB, UFP).Material adicional: PERNAMBUCO: Buíque, 06.XI.2002, ., A.V. Lopes et al. s.n. (UFP 33.266).

Comentários: popularmente conhecida como rabo-de-cavalo. Planta endêmica da caatinga(Cardoso & Queiroz 2007). Em Mirandiba ocorre esparsamente em áreas de vegetação arbustiva densa,em solo arenoso e profundo. Em Pernambuco foi coletada em Buíque, Ibimirim, Inajá e Mirandiba. Sãoárvores com inorescências paniculadas, pêndulas; ores roxas e frutos do tipo legumes samaróides.

 33.3.22. LUETZELBURGIA   AURICULATA  (Allemão) Ducke, Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlem 11(107): 584. 1932. Prancha 20, g. O.

 Árvores, ca. 4m alt.; ramos pilosos; estípulas triangulares, 2-3mm compr. Folhas pinadas,

estipelas ausentes; folíolos 5-9, ovais a elípticos, 3,5-5x2-3cm, glabros, cartáceos, base obtusa,ápice emarginado. Inorescência  paniculada, terminal. Flores  brancas com máculas róseas,pseudopapilionóides; hipanto campanulado; bractéola-1, lanceolada, 2mm compr.; cálice campanulado,5-laciniado, lacínias deltóides; estandarte espatulado, obtuso, margem franjada, piloso externamente1,5-1,7x0,7cm; androceu polistêmone, dialistêmone, anteras homomórcas. Fruto  sâmara, núcleoseminífero basal, 7,5-8x2-2,5cm, glabro; semente-1, sub-reniforme, marrom-clara.

Material examinado: V ertentes, 02.X.2006, ., E. Córdula et al. 176 (UFP); 07.II.2007, E. Córdula et al. 200

(UFP); Areia Malhada, 09.II.2007, fr., E. Córdula et al. 211 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: Popularmente conhecida como pau-mocó. Luetzelburgia auriculata   distribui-

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

se no Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba e Bahia. Comum em sopés de serra sobre solos pedregosos

ou arenosos no agreste, e raramente encontrada em outras áreas de caatinga e em transição com ocerrado (Lima 1982). É uma espécie endêmica do nordeste do Brasil, mais característica da ecorregiãoda depressão sertaneja setentrional, e em geral associada a solos arenosos. Em Mirandiba é comum nasáreas de vegetação arbustiva densa, sobre solo arenoso e profundo. Em Pernambuco é conhecida emBuíque, Mirandiba e Ouricuri. Facilmente reconhecida pelas ores brancas com máculas róseas e frutosdo tipo sâmara.

 33.3.23. M  ACROPTILIUM   BRACTEATUM   (Nees & Mart.) Maréchal & Baudet, Bull. Jard.Bot. Belg. 44(3-4): 443. 1974. Prancha 21, g. C.

Trepadeiras  herbáceas; ramos pilosos; estípulas lanceoladas, 5-7mm compr. Folhas 

trifolioladas, estipeladas; folíolo distal pandurado, distal 4-6x3-4cm, laterais assimétricos, pilosos,papiráceos, base arredondada, ápice agudo. Inorescência  pseudoracemosa, axilar, conjunto debrácteas linear-lanceoladas na base do pedúnculo e na extremidade distal, 1-2cm. Flores  vináceas;hipanto ausente; bractéolas-2, lineares, opostas, 3mm compr.; cálice cilíndrico, 5-laciniado, lacíniastriangulares; estandarte oboval, emarginado 1,5cm compr., alas expandidas, 2cm, carenas torcidas180°; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto legume, linear, 7-9x0,3-05cm, piloso; sementesreniformes, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, .fr., E. Córdula et al. 68 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários:  Macroptilium bracteatum   distribui-se no Brasil, Paraguai e Argentina, emambientes de restinga, mata úmida, caatinga e cerrado (Fevereiro 1987). Na caatinga é comum em

plantações abandonadas e margem de rios temporários, sobre solo arenoso. Em Mirandiba ocorre emáreas alagáveis. Na caatinga há registro em Pernambuco para Arcoverde, Gravatá, Mirandiba e Ouricuri.Separa-se das outras espécies de Macroptilium  pelo conjunto de brácteas na base da inorescência.

 33.3.24. M  ACROPTILIUM  GRACILE  (Poepp. ex  Benth.) Urban, Symb. Antill. 9(4): 457. 1928.Prancha 21, g. B.

Trepadeiras herbáceas; ramos pilosos; estípulas lanceoladas, 5mm compr. Folhas trifolioladas,estipeladas; folíolo distal oval, 3,5-4,5x2,8-4,2cm, laterais assimétricos e menores, pilosos, papiráceos,base arredondada, ápice agudo. Inorescência pseudoracemosa, axilar; conjunto de brácteas ausentes.Flores  vináceas; hipanto ausente; bractéolas-2, lineares, opostas, 2mm compr.; cálice cilíndrico,

5-laciniado, lacínias triangulares; estandarte oboval, emarginado, 1,3cm compr., alas expandidas, 2cm,carenas torcidas 180°; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto legume, linear, 5-7x0,2-0,3cm,piloso; sementes oblongas, marrons, marmoradas.

Material examinado: Serra do Tigre, 14.IV.2007, ., E. Córdula et al. 227 (UFP); 20.VI.2007, . fr., E. Córdula

et al. 286 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: Macroptilium gracile  distribui-se na América tropical, em áreas de restinga, mataúmida, campos, cerrado, e margens de rios, podendo ser invasora de culturas; no Brasil ocorre do Paráaté o Mato Grosso (Fevereiro 1987). Na caatinga ocorre em solos arenosos e leito de rio. Em Mirandibaocorre em pastagens e margem de barragens. Em Pernambuco há registro para Bom Nome, Buíque,Caruaru e Mirandiba.

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225- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 33.3.25. M  ACROPTILIUM   LATHYROIDES  (L.) Urban, Symb. Antill. 9(4): 457. 1928.

Ervas  eretas; ramos pubérulos; estípulas linear-lanceoladas, ca. 1cm compr. Folhas trifolioladas, estipeladas; folíolo distal oblongo, 4-5x2-3cm, laterais assimétricos, pilosos, papiráceos,base arredondada, ápice obtuso. Inorescência pseudoracemosa, axilar; conjunto de brácteas linearesna extremidade distal, 5-8mm. Flores vináceas; hipanto ausente; bractéolas-2, lineares, opostas, 4mmcompr.; cálice cilíndrico, 5-laciniado, lacínias triangulares; estandarte oboval, emarginado, 2cm compr.,alas expandidas, 2,5-3cm, carenas torcidas 180°; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto legume, linear, 8-10x0,2-0,3cm, piloso; sementes reniformes, pretas.

Material examinado:  Estrada p/ Cacimba Nova, 31.III.2006, ., E. Córdula et al. 39 (HUEFS, UFP).

Comentários:popularmente conhecida como feijão-de-rola. Macroptilium lathyroides  distribui-sena América tropical, em áreas de restinga, mata úmida, campos, cerrado, podendo ser ruderal e invasora

de culturas; no Brasil ocorre de Roraima até o Mato Grosso (Fevereiro 1987). Em Mirandiba ocorreem áreas antropizadas. Em Pernambuco há registro para Arcoverde, Gravatá e Mirandiba. Tambémapresenta conjunto de brácteas na extremidade distal da inorescência, assim como em M. bracteatum ,diferenciando-se desta por apresentar as brácteas restritas a extermidade distal do pedúnculo.

 33.3.26. M  ACROPTILIUM   MARTII  (Benth.) Maréchal & Baudet, Bull. Jard. Bot. Belg. 47(1/2):257. 1977. Prancha 21, g. A.

Ervas prostradas; ramos canescentes; estípulas lanceoladas, 5mm compr. Folhas trifolioladas,estipeladas; folíolo distal suborbicular, 3-4x3,5-4,5cm, laterais assimétricos, canescentes, papiráceos,base arredondada, ápice obtuso. Inorescência pseudoracemosa, axilar, tomentosa. Flores vermelhas;

hipanto ausente; bractéolas-2, lineares, opostas, 3,5mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado, lacíniaslineares, lacínia superior maior do que o tubo (5mm); estandarte orbicular, emarginado, 9mm compr.,alas espandidas, 1,5cm, carenas torcidas 180°; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto legume,falcado, 1,5-2x0,3-0,4cm, canescente; sementes oblongas, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, .fr., E. Córdula et al. 60 (HUEFS, RB, UFP); 20.VI.2007,

 .fr., E. Córdula et al. 285 (UFP).

Comentários:  Macroptilium martii   distribui-se no Brasil (região Nordeste) e Paraguai, nasrestingas e na caatinga, em solos arenosos (Fevereiro 1987). Em Mirandiba ocorre em simpatria com

 M. gracile , podendo ser confundida com a mesma. Em Pernambuco há registro para Bom Nome,Mirandiba, Petrolina, Serra Talhada e Sertânia. Facilmente reconhecida pelo indumento canescente em

toda a planta e os frutos falcados, mais curtos em relação aos frutos encontrados nas demais espéciesdo gênero.

 33.3.27. R HYNCHOSIA  MINIMA (L.) DC., Prodr. 2: 385. 1825. Prancha 21, g. M.Trepadeiras herbáceas; ramos pilosos, tricomas glandulares esparsos; estípulas lanceoladas,

3mm compr. Folhas  trifolioladas, estipeladas; folíolo distal suborbicular, 3,5-4x3,5-4cm, lateraisassimétricos e menores, face adaxial pilosa, pontuações glandulosas na face abaxial, membranáceos,base obtusa, ápice obtusa. Inorescência  racemosa, axilar. Flores  amarelas; hipanto ausente;bractéolas caducas; cálice cilíndrico, 5-laciniado, lacínias lanceoladas, inferior menor (2mm); estandarte

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

oboval, obtuso, piloso externamente, tricomas glandulares, 7mm compr.; androceu diadelfo, anteras

homomórcas. Fruto  legume, oblongo, 1,5-2,5x06-1cm, piloso, tricomas glandulares; sementesoblongas, pretas.

Material examinado:  Estrada p/ Cacimba Nova, 31.III.2006, .fr., E. Córdula et al. 36 (HUEFS, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como feijãozinho. Rhynchosia minima apresentadistribuição pantropical, ocorrendo em habitats antropizados (Grear 1978). Na caatinga é conhecidanas capoeiras e áreas de orestas estacionais, aparecendo após as chuvas. Em Mirandiba ocorre empastos. Há registro para Pernambuco em Caruaru, Fernando de Noronha, Mirandiba, São Benedito doSul e Serra Talhada. São trepadeiras com ores amarelas diminutas, fruto com tricomas glandulares esementes pretas.

 33.3.28. S  ESBANIA  EXASPERATA Kunth., Nov. Gen. Sp. 6: 534-535. 1823. [1824].Prancha 20, g. G.

 Arbustos; ramos glabros; estípulas lanceoladas, 3mm compr. Folhas  pinadas, estipelasausentes; folíolos 35-41, linear-oblongos, 1,5-2x0,5-0,8cm, glabro, papiráceos, base assimétrica,ápice mucronado. Inorescência racemosa, axilar. Flores amarelas; hipanto cilíndrico; bractéola-2,lanceoladas, opostas, 7mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado, lacínias triangulares; estandarteoboval, emarginado, caloso, 2,5cm compr.; androceu diadelfo, anteras homomórcas. Fruto legume,linear, 16-20x0,3-0,4cm, pubescente; sementes oblongas, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 20.VI.2007, .fr., E. Córdula et al. 291 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: Sesbania exasperata é amplamente distribuída na América do Sul e Antilhas,

ocorrendo principalmente em brejos temporários e margens de rios e lagos. Em Mirandiba ocorrenas margens de lagoas temporárias. Em Pernambuco não havia registro preciso de sua coleta, até sercoletada na área de estudo. São arbustos com folhas pinadas, inorescências pêndulas e frutos lineares,longos, 16-20cm compr.

 33.3.29. S TYLOSANTHES  SCABRA  Vogel, Linnaea 12:69-70. 1838. Prancha 20, g. H-I.Ervas eretas; ramos pilosos, tricomas víscido-setosos; estípulas-2, adnatas ao pelíolo, 1cm

compr. Folhas trifolioladas, estipelas ausentes; folíolos estreitamente elípticos, homomórcas, distal1-1,8x0,7-1cm, glabrescentes, tricomas víscido-setosos, cartáceos, base obtusa, ápice acuminado.Inorescência  racemosa, congesta, axilar; bráctea externa trifoliolada, interna unifoliolada. Flores 

amarelas; hipanto cilíndrico; bractéola não vista; cálice infundibuliforme, 4-laciniado, lacíniastriangulares; estandarte suborbicular, obtuso, 5mm compr.; androceu monadelfo, anteras dimórcas.Fruto  lomento, 1-2 articulado, artículos suborbiculares, 3x2mm, istmo marginal, pubescente, rostrouncinado, 1,5-2mm; sementes reniformes, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, .fr., E. Córdula et al. 246 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: Stylosanthes scabra  é largamente distribuído no Brasil, além da Argentina, Bolívia,Colômbia, Paraguai, Peru, EUA e Venezuela (Costa 2006). Na caatinga ocorre em áreas abertas sobresolos arenosos. Em Mirandiba foi coletada em áreas sazonalmente inundadas. Em Pernambuco foiregistrada para Alagoinha, Buíque e Mirandiba. Separa-se de S. viscosa  pelas brácteas trifolioladas e pelofruto, de dimensões maiores e rostro uncinado.

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227- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 33.3.30. S TYLOSANTHES  VISCOSA (L.) Sw., Prodr.: 108. 1788. Prancha 20. Fig. J.

Ervas decumbentes; ramos pubescentes, tricomas víscido-setosos; estípulas-2, adnadas aopelíolo, 0,7-1cm compr. Folhas trifolioladas, estipelas ausentes; folíolos lanceolados, uniformes, distal1,5-1,8x0,5-0,7cm, pubescentes, tricomas víscido-setosos, cartáceos, base obtusa, ápice mucronado.Inorescência racemosa, congesta, axilar; bráctea unifoliolada. Flores amarelas; hipanto cilíndrico;bractéola não vista; cálice infundibuliforme, 4-laciniado, lacínias triangulares; estandarte suborbicular,obtuso, 5mm compr.; androceu monadelfo, anteras dimórcas. Fruto  lomento, 1-2 articulado,geralmente 1-fértil, artículos suborbiculares, 2x1,5mm, istmo marginal, glabro, rostro enrolado, 0,5mm;sementes reniformes, marrons.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 47 (UFP); Areia Malhada, 16.IV.2007, .

 fr., L. G. Souza et al. 04 (HUEFS, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como alfafa-do-nordeste. Esta espécie caracteriza-se pela sua grande amplitude ecológica, ocorrendo desde o Estado de Santa Catarina no Brasil até oMéxico, e Antilhas, com notáveis níveis de tolerância à seca, à salinidade e uma grande variedade detipos de solo; no Brasil ocorre no litoral, caatinga e cerrado (Costa 2006). Na caatinga ocorre em solosarenosos, sobre rochas e em ambientes antropizados. Em Mirandiba é comum ao longo de estradase de cursos de água. Na caatinga de Pernambuco há registro para Alagoinha, Buíque, Cruzeiro doNordeste, Mirandiba e Petrolina. Reconhecida pelo aspecto pegajoso ao tato devido à presenca detricomas víscido-setosos e os frutos com rostro enrolado.

 33.3. 31. T  EPHROSIA PURPUREA (L.) Pers. subsp. purpurea , Syn. Pl. 2(2): 329. 1807.

Prancha 20, g. M. Arbustos; ramos pilosos; estípulas linear-lanceoladas, 5mm compr. Folhas pinadas, estipelas

ausentes; folíolos 7-11, espatulados, 2-2,5x0,7-1cm, pubescente, papiráceos, base cuneada, ápiceemarginado. Inorescência pseudoracemosa, terminal. Flores roxas; hipanto cilíndrico; bractéola-1,triangular, 1mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado, lacínias triangulares; estandarte suborbicular,emarginado, piloso externamente, 1cm compr.; androceu monadelfo, anteras homomórcas. Fruto legume, subfalcado, 3-3,5x0,4-0,5cm, piloso; sementes reniformes, verdes, marmoradas.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, .fr., E. Córdula et al. 37 (HUEFS, RB, UFP); Areia Malhada,

16.IV.2007, .fr., E. Córdula et al. 220 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, .fr., Y. Melo 140 (UFP).

Comentários: Tephrosia purpurea   subsp.  purpurea   apresenta distribuição pantropical, sendo

possivelmente introduzida na África, Américas e Austrália (Brummit 1968). Na Caatinga, ocorrecomo uma espécie invasora em áreas degradadas. Em Mirandiba é amplamente distribuída ao longo deestradas, pastos e áreas antropizadas em geral. Em Pernambuco, não há registros além de Mirandiba,provavelmente por falta de coletas.

 33.3.32. T RISCHIDIUM   MOLLE  (Benth.) H. E. Ireland, Kew Bull. 62(2): 336. 2007.Prancha 20, g. P.  Bocoa mollis (Benth.) R. S. Cowan, Proca. Biol. Soc. Wash. 87 (13): 123. 1974.

 Arbustos; ramos glabros; estípulas não vistas. Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos 9,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

lanceolados a ovais, 3-4x1,5-2cm, pubescente, cartáceos, base arredondada, ápice obtuso a emarginado.

Inorescência  racemosa, ramiora. Flores brancas; hipanto ausente; bractéola-1, largamente oval,1mm compr.; cálice 3-4 segmentado; pétala-1, estandarte orbicular, obtuso, 1,8-2cm compr.; androceupolistêmone, dialistêmone, anteras homomórcas; ovário verde. Fruto legume, elíptico, 1-1,5x0,8-1cm,glabro; semente-1, elíptica, vermelho escuro.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, fr., E. Córdula et al. 48 (UFP); 09.II.2007, .fr., E. Córdula et al.

214 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como brinquinho. Distribui-se na Bahia, Ceará,Minas Gerais e Pernambuco em solo arenoso (Ireland 2007), sendo endêmica da caatinga (Cardoso &Queiroz 2007). Em Mirandiba é comum em vegetação arbustiva densa em solo arenoso e profundo.Em Pernambuco há registro para Buíque, Ibimirim, Maniçobal e Mirandiba. São arbustos com

inorescências ramioras, ores com apenas uma pétala (estandarte) e ovário verde.

 33.3.33. V IGNA  PEDUNCULARIS   (Kunth.) Fawc. & Rendle, Fl. Jamaica 4(2): 68. 1920.Prancha 21, g. D.

Trepadeiras  herbácea; ramos glabrescentes; estípulas deltóides, 4-5mm compr. Folhas trifolioladas, estipeladas; folíolo distal deltóide, 9-10x7-8cm, laterais assimétricos e menores, glabros,membranáceos, base obtusa, ápice agudo. Inorescência  pseudoracemosa, nodosa, axilar. Flores liláses; hipanto ausente; bractéolas-2, ovais, opostas, 2,5-3mm compr.; cálice campanulado, 5-laciniado,lacínias triangulares; estandarte suborbicular, obtuso, 1,5cm compr., carenas torcidas 270°; androceudiadelfo, anteras homomórcas. Fruto  legume, linear, 10-12x0,5-0,7cm, pubescente; sementes

reniformes, marrons.Material examinado: Serra das Umburanas, 23.VI.2007, .fr., E. Córdula et al. 309 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: popularmente conhecida como feijão-do-mato. Distribui-se da AméricaCentral até o norte da Argentina; no Brasil encontra-se no Amazonas, Nordeste, Sudeste e CentroOeste (Maréchal et al. 1978). Na caatinga ocorre em manchas de orestas estacionais, matas ciliaresou ambientes antropizados. Em Mirandiba foi coletado em aoramento rochoso, após as chuvas. EmPernambuco há registro para Jaqueira, Fernando de Noronha e Mirandiba. Facilmente reconhecidapelas ores com carenas torcidas 270°.

 33.3.34. Z ORNIA BRASILIENSIS   Vogel, Linnaea 12: 62-63. 1838. Prancha 21, g. G.

Ervas  eretas; ramos vilosos; estípulas peltadas, 1,5cm compr. Folhas  pinadas, estipelasausentes; folíolos-4, digitados, espatulados, distais 2,5-3cm compr., laterais menores, pubescentes,pontuações glandulares, membranáceos, base atenuada, ápice mucronado. Inorescência racemosa,espiciforme, axilar; brácteas-2,

opostas, peltadas, lanceoladas, 7-9mm compr. Flores amarelas; hipanto ausente; bractéolasnão vistas; cálice campanulado, 4-laciniado, lacínia superior emarginada, inferior linear, margensmbriadas; estandarte orbicular, emarginado, 1cm compr.; androceu monadelfo, anteras dimórcas.Fruto lomento, 3-6 articulado, artículos suborbiculares, ca. 2mm, istmo marginal, revestido com cerdasplumosas, 1-2 artículos exsertos da bráctea; sementes reniformes, marrons.

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229- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Material examinado: Serra das Umburanas, 10.II.2007, .fr., E. Córdula et al. 207 (HUEFS, UFP); 18.IV.2007,

 .fr., E. Córdula et al. 251 (UFP); Vertentes, 22.VI.2007, .fr., E. Córdula et al. 304 (RB, UFP).Comentários: Zornia brasiliensis  é abundante no Nordeste do Brasil e Venezuela, em campos e

margens de rios (Mohlenbrock 1961). Em Mirandiba é muito comum em todos os tipos de ambientes visitados. Em Pernambuco há registro para Ibimirim, Mirandiba, Petrolândia e Triunfo. Assemelha-sea Z. myriadena , diferindo desta pelo hábito ereto, a inorescência racemosa espiciforme e os frutos 3-6articulados sem pontuações glandulares. Diferencia-se de Z. sericea  pelas folhas pinadas.

 33.3.35. Z ORNIA  MYRIADENA Benth. in Mart. Fl. bras. 15(14): 85. 1859.Ervas  prostradas; ramos pubescentes, pontuações glandulares; estípulas peltadas, 5mm

compr. Folhas pinadas, estipelas ausentes; folíolos-4, digitados, espatulados, distais 1,5-2x0,5-0,7cm

compr., laterais menores, glabrescentes, pontuações glandulares, membranáceos, base atenuada, ápiceemarginado. Flores solitárias, amarelas; hipanto ausente; brácteas-2, opostas, não-peltadas, lanceoladas,4-5mm compr.; bractéolas não vistas; cálice campanulado, 4-laciniado, lacínia superior emarginada,inferior linear, margens mbriadas; estandarte oboval, 9mm compr.; androceu monadelfo, anterasdimórcas. Fruto lomento, 10-20 articulado, artículos quadrangulares, 1,5-2mm, istmo central, glabro,pontuações glandulares, 7-17 artículos exsertos da bráctea; sementes quadrangulares, marrons.

Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, .fr., E. Córdula et al. 247 (HUEFS, RB, UFP).

Comentários: Zornia myriadena  é distribuída no nordeste do Brasil e Caribe, ocorrendo emsavanas e aoramentos rochosos (Mohlenbrock 1961). No Nordeste é encontrada em caatinga sobresolo arenoso e, comumente, como uma planta colonizadora em áreas degradadas. Em Mirandiba

ocorre em solos rasos e pedregosos, em áreas antropizadas. Em Pernambuco há registro para Buíque,Custódia, Mirandiba, Panelas e Serra Talhada. Caracteriza-se pelo hábito prostrado, as ores solitáriase os frutos com 7 a 17 artículos com pontuações glandulares.

 33.3.36. Z ORNIA SERICEA M ORIC ., Pl. Nouv. Amer.: 126-127. 1844. Prancha 21, g. J.Ervas  prostradas; ramos seríceos; estípulas peltadas, 2cm compr. Folhas  bifolioladas,

estipelas ausentes; folíolos estreitamente ovais, 3-4x1-2cm, seríceos, cartáceos, base assimétrica, ápicemucronado. Inorescência  racemosa, espiciforme, axilar; brácteas-2, opostas, peltadas, ovais, 1,5-2x0,6-0,8cm. Flores amarelas; hipanto ausente; bractéolas não vistas; cálice campanulado, 4-laciniado,lacínia superior emarginada, inferior linear, margens mbriadas; estandarte suborbicular, obtuso, 1,3cm

compr.; androceu monadelfo, anteras dimórcas.Fruto lomento, 3-6 articulado, artículos quadrangulares,3x3mm, istmo marginal, equinado, revestido com cerdas plumosas, artículos totalmente inclusos nabráctea; sementes reniformes, marrons.

Material examinado: Sítio Chacal, 31.III.2006, . fr., E. Córdula et al. 31 (HUEFS, RB, UFP); Areia Malhada,

21.VI.2007, . fr., E. Córdula et al. 300 (UFP).

Comentários:Zornia sericea  distribui-se no nordeste do Brasil e Venezuela (Mohlenbrock 1961).Na caatinga ocorre principalmente sobre solos arenosos, assim como em Mirandiba. Em Pernambucohá registro para Buíque, Mirandiba e Petrolina. Diferencia-se das demais espécies do gênero pelasfolhas bifolioladas.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 20. Figura A. Desmodium  glabrum. Ramo fértil. B. Desmodium  procumbens. Ramo fértil. C.

Indigofera microcarpa. Ramo fértil. D. Indigofera suffruticosa. Ramo fértil. E. Lonchocarpus araripensis.

Fruto. F. Amburana cearensis. Fruto aberto. G. Sesbania exasperata. Ramo fértil. H-I. Stylosanthes scabra. H.

Ramo. I. Fruto. J. Stylosanthes viscosa. Fruto. L. Aeschynomene viscidula. Ramo fértil. M. Tephrosia purpurea

subsp. purpurea. Ramo fértil. N. Aeschynomene evenia var. evenia. Folha. O. Luetzelburgia auriculata. Fruto.

P. Trischidium molle. Ramo fértil. Q. Dioclea violacea. Fruto aberto. Dioclea grandiflora. Fruto aberto. S.

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231- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 21. Figura A. Macroptilium martii . Ramo. B. Macroptilium gracile. Ramo fértil. C.

Macroptilium bracteatum. Ramo fértil. D. Vigna peduncularis. Ramo fértil. E-F. Erythrina velutina. E.

Folha. F. Flor. G.  Zornia brasiliensis. Ramo fértil. H. Crotalaria bahiensis. Ramo fértil. I. Crotalaria

incana. Ramo fértil. J.  Zornia sericea. Ramo fértil. L. Centrosema pascuorum. Ramo fértil. M.

Rhynchosia mínima. Ramo fértil. N. Centrosema virginanum. Ramo fértil.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

34. LIMNOCHARITACEAE Anderson Alves-Araújo & Jefferson Rodrigues Maciel 

Ervas  aquáticas, com mucilagem branco-leitosa, emersas, submersas ou utuantes. Folha peciolada; pecíolo pelo menos três vezes mais longo que o comprimento da lâmina, basal ou alterna,inteira, simples, elíptica a oval, ápice agudo a obtuso, base cordada, bainha presente. Inorescência terminal, ereta, umbela involucrada, poucas a muitas brácteas; bráctea elíptica a lanceolada; gemas

 vegetativas presentes em algumas espécies. Flores  pediceladas, hipógina, actinomorfa diclamídea,hermafroditas, díclinas, sépalas 3, persistentes, elípticas, obtusas a agudas; pétalas 3, amarelas, livres;

estames 6-muitos, livres, anteras 2-biloculares, basixas, rimosas; estaminódios presentes; gineceu 3a pluri-carpelar, apocárpico, estilete curto ou ausente, estigma linear. Fruto  folículo, adaxialmentedeiscente; sementes numerosas, glandular-pubescentes, costadas, em forma de U.

Limnocharitaceae consiste de três gêneros e oito espécies nativas das regiões tropicaise subtropicais de ambos os hemisférios. De acordo com Haynes & Holm-Nielsen (1992) no Brasilocorrem dois gêneros: Limnocharis  e Hydrocleys  e sete espécies. Os autores armam que o semi-árido donordeste do Brasil foi o provável centro de origem das espécies de Hydrocleys , gênero ao qual pertencea única espécie registrada em Mirandiba. A família se caracteriza por ser formada de espécies aquáticas,com ores amarelas e seiva leitosa. Embora não seja muito representativa do ponto de vista econômico,

Limnocharitaceae apresenta um bom potencial para uso ornamental de suas espécies.

HAYNES, R. R. & HOLM-NIELSEN, L. B. 1985. A generic treatment of Alismatideae in theNeotropics with special reference to Brazil. Acta Amazônica, Supl., 15: 153-193.

HAYNES, R. R. & HOLM-NIELSEN, L. B. 1992. The Limnocharitaceae. Flora Neotropica,56: 1-34.

 34. 1. H YDROCLEYS   MARTII  Seub., in Mart. Fl. bras. 3(1): 116. 1847. Prancha 22, g. A.Ervas  aquáticas, emersas, estoloníferas, perenes. Folhas  1,5-4,7x0,9-3,4cm, elípticas a

ovais, agudas a obtusas, inteiras, simples, base cordada, 5-9 nervada. Inorescências 1-muitas ores;

bráctea 1,5-3cm comp., elípticas a lanceoladas. Flores amarelas 1,7-3,2cm, hermafroditas, diclamídeas,hipóginas, dclínas; sépalas 3, persistentes, elípticas, obtusas a agudas; pétalas 3, livres; estames 12, livres;estaminódios numerosos; gineceu 4-carpelar, apocárpico. Fruto não observado.

Material examinado:  Serra do Tigre, 19.VI.2007, K. Pinheiro et al. 278 (UFP, MO); Serra das Umburanas,

23.VI.2007, Y. Melo et al. 308 (UFP).

Comentários: nativa da América do Sul foi coletada em açude e lagos temporários onde é

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

um dos elementos mais importantes dentre as macrótas aquáticas. Esta espécie pode ser caracterizada

por apresentar ores amarelas com numerosos estaminódios. Os materiais analisados em Mirandibadiscordam da descrição apresentada por Haynes & Holm-Nielsen (1992) quanto ao número de carpelos.Segundo os autores esta espécie apresenta 5-8 carpelos, porém foram encontrados apenas quatrocarpelos nas ores do material examinado. Aparentemente esta espécie não possui nenhuma importânciaeconômica e aplicação na região, mas seu potencial para uso ornamental dever ser considerado.

35. LOASACEAE

 José Iranildo Miranda de Melo

Ervas anuais ou perenes, eretas ou decumbentes, trepadeiras lenhosas ou não, Subarbustos,arbustos ou arvoretas, tricomas gloquideados, freqüentemente entremeados com tricomas setáceos,urticantes. Folhas simples, alternas ou opostas, inteiras, lobadas ou pinatissectas. Inorescências

dicásios ou tirsos terminais, ou raramente portando ores aparentemente solitárias (brácteas foliáceas).Flores bissexuadas, actinomorfas, protrândricas; cálice geralmente gamossépalo, com (4) 5 (-7) sépalas;corola geralmente dialipétala, com (4-) 5 (-7) pétalas, valvar ou imbricada, verde, alva, amarela, laranjaou vermelha; estames 10 a numerosos, opositipétalos, anteras biloculares, rimosas, estaminódiosfreqüentemente presentes, em uma única série ou em grupos epissépalos; ovário ínfero, raramentesemi-ínfero, turbinado ou fusiforme, 3-5-(-7)-carpelar, unilocular; estilete inteiro; estigma punctiforme

ou capitado. Fruto cápsula loculicida ou septicida, raro septífraga; sementes 1-numerosas, com distintosformatos, geralmente com testa reticuladas, às vezes aladas.

Loasaceae inclui ca. 15 gêneros e 292 espécies distribuídas nas Américas, um gênero com duasespécies na Ásia e África e um com três espécies na Polinésia. No Brasil são encontrados cinco gênerose aproximadamente 20 espécies, dispersas principalmente nas caatingas. Em Mirandiba, para estetratamento foi incluida apenas Aosa rupestris  (Hook.) Weigend. apesar da ocorrência de duas especiesna area.

PACHECO, A. M. F. 2002. Loasaceae. In :  WANDERLEY, M. G. L.; SHEPERD, G. J. &

GIULIETTI, A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Hucitec, São Paulo, 2:159-161.

 WEIGEND, M. 1997. Loasoideae in Eastern South American and Hispaniola: names, types anda key. Sendtnera, 4: 207-220.

 WEIGEND, M. 2004. The Loasaceae web page. Disponível no site: http:<//www.nybg.org/bsci/res/loas/>. Acesso em 14. Dez. 2007.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 35.1. AOSA RUPESTRIS  (Hook.) Weigend, Nasa Conq. S. Amer.: 218. 1997.

Prancha 22, g. B.Ervas, ca. 25cm alt.; tricomas gloquideados e glandulosos, entremeados por setáceos, urticantes,

nas partes vegetativas e reprodutivas.Folhas alternas; lâmina 3,6-7,6x2,2-6,3cm, membranácea, hastada,pinatissecta, lobos ovados a ovado-triangulares, denteados, ápice obtuso, margem ciliada, com tricomassetáceos, base levemente cordada; pecíolo 1,2-4,2cm; venação broquidódroma. Inorescência 3,5-3,8cm, terminal, panícula, laxa; pedúnculo 15-17,3cm, estriado. Flores 0,6-0,8cm, pedicelo 0,3-1cm;cálice ca. 5mm, turbinado, lacínios ca. 3,5x2mm, ovados, opostos às pétalas; corola ca. 7mm, pétalas0,6-0,7x1,5-2mm, ungüiculadas, cuculadas, alvas, porção inferior internamente amarela; escamasnectaríferas 1,5-2mm, involutas, vermelhas, portando 3 estaminódios cada; estames ca. 60 diferentesclasses de tamanho, unidos na base, anteras oblongas, ca. 1mm; ovário ca. 1mm, ínfero, turbinado;

estilete ca. 2,5mm; estigma capitado. Frutos não observados.Material examinado: Serra das Umburanas, 23.VI.2007, Y. Melo et al. 310 (UFP).

Comentários: ocorre apenas no Brasil, nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia(Weigend 2004), associada à vegetação do semi-árido, geralmente como rupícola. Na área de estudo,foi encontrada em fenofase de oração em junho em caatinga arbustiva. Aosa rupestris  é reconhecida,principalmente, pelo hábito herbáceo, associado aos tricomas gloquideados e glandulosos, entremeadospor setáceos, urticantes, nas partes vegetativas e reprodutivas, pelas folhas hastadas, pinatissectas ecorola alva com pétalas ungüiculadas, cuculadas.

 35.2. M  ENTZELIA  ASPERA L., Sp. Pl. 1: 516. 1753.

Material examinado: Fazenda Pau de Leite, 17.VII.2008, K. Pinheiro 997 (UFP).

Comentários: amplamente distribuída no continente americano, desde os Estadios Unidos a Argentina e associada a ambientes áridos e semi-áridos. Em Mirandiba, ocorre em caatinga arbustiva emsolo fortemente argiloso-pedregoso em geral crescendo entre pequenas ssuras em lajedos. Semelhantea Aosa rupestris  (Hook.) Weigend, são plantas com hábito herbáceo a subarbustico com folhas hastadase fortemente urticante devido a ocorrência de tricomas gloquideados e glandulosos em toda a extensãoda planta. No entanto, Mentzelia aspera  distingue-se pelas ores maiores. A única amostra da espécie foicoletada após a elaboração da monograa e refere-se a parte da dissertação de mestrado de K. Pinheiroem desenvolvimento na área.

36. LOGANIACEAE

 Aline Melo, Anderson Alves-Araújo & Marccus Alves 

Ervas, subarbustos, arbustos, árvores ou raramente liana. Folha  oposta ou verticilada,simples, inteira; estípulas presentes, às vezes interpeciolares. Inorescência terminal ou axilar, cimosa,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

freqüentemente escorpióide, às vezes reduzida a uma única or. Flor  bissexuada, actinomorfa ou

raramente zigomorfa, diclamídea; cálice 4-5-mero, diali ou gamossépalo; corola 4-5-mera, gamopétala,infundibuliforme a campanulada, lobos valvares a imbricados; estames alternipétalos, epipétalos,isostêmones; ovário súpero, 2-5 locular, placentação axial, geralmente pluriovulado; estilete terminalúnico. Fruto cápsula septicida, raramente loculicida ou circuncisa, baga ou drupa.

Família predominantemente pantropical, possuindo 13 gêneros e cerca de 400 espécies. Osneotrópicos representam um dos principais centros de diversidade da família, onde são encontrados cincogêneros (Struwe 2004). No Brasil a família é distribuída ao longo de todos os biomas, representada por 5gêneros e 100 espécies (Souza & Lorenzi 2005). O gênero Strychnos possui propriedades farmacológicas,com algumas espécies utilizadas no combate à febre, problemas gastro-intestinais, reumatismo, doenças

 venéreas e infecções pulmonares (Struwe 2004).

CHIAPPETA, A. A. 2002. A Família Loganiaceae no Estado de Pernambuco. In : TABARELLI,M. & SILVA, J. M .S. (eds.). Diagnóstico da biodiversidade de Pernambuco. Massangana, Recife,1: 281-294.

NURIT, K.; AGRA, M. F.; BASÍLIO, I. J. L. D. & BARACHO, G. S. 2005. Flora da Paraíba,Brasil: Loganiaceae. Acta Botânica Brasileira, 19(2): 407-416. 2005.

ZAPPI, D., 2005. Loganiaceae. In : WANDERLEY, M. G. L..; SHEPHERD, G. J.; MELHEM, T. S. & GIULIETTI, A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Hucitec, São Paulo,4: 261-271.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE LOGANIACEAE

1. Ervas até 15cm alt., nervação peninérvea, fruto cápsula loculicida .........................Spigelia anthelmia 

1’. Arbustos 1-2m alt., nervação acródroma, fruto baga ...........................................Strychnos rubiginosa 

 36.1. S PIGELIA  ANTHELMIA L., Sp. pl. 149. 1753. Prancha 22, g. C.Ervas até 15cm alt., anuais, eretas.Folhas 6-15x2-6cm, verticiladas, lanceoladas, membranáceas,

sésseis, peninérveas, margem inteira e ciliada, pareada, base atenuada, ápice acuminado. Inorescência 

8-14cm de compr., terminal. Flores  5-10mm compr.; cálice 5-mero, gamossépalo; corola 5-mera,gamopétala, infundibuliforme a campanulada; estames 5 inclusos,  anteras 0,5-1mm, lanceoladas,liformes; ovário globoso, glabro; estigma cônico, piloso na extremidade distal. Fruto  0,5x0,5cm,

 verdes, cápsula loculicida bipartida, muricada, estilete persistente; sementes marron-ferrugíneas.Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1438 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Campus da UFPE, 25.III.1985, M. Barbosa et al s.n. (UFP); Campus da

UFPE, 20. VIII.1 992, A. F. Lira et al s.n. (UFP); Mata de Camurujipe, 9.IX.1997, M. L.Guedes et al 5171 (UFP).

Comentários: é uma espécie neotropical com ampla distribuição na América Central, Caribee América do Sul. No Brasil pode ser encontrada no Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba,Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Goiás e São Paulo (Chiappeta 2002). Na caatinga ocorre em

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

substrato arenoso-argiloso. É amplamente utilizada como vermicida, o que justica seu nome vulgar:

lombrigueira.

 36. 2. S TRYCHNOS  RUBIGINOSA DC., Prodr. 9: 16. 1845. Prancha 22, g. D. Arbustos a arvoretas, 1-2m alt., pilosos. Folhas 1-3,5x1-2cm, opostas, ovadas a lanceoladas,

coriáceas, peciolada, nervação acródroma, margem inteira, base obtusa, ápice obtuso levemente atenuado,raro emarginado. Inorescência 2-8mm de comp., terminal, panícula. Flores 1-2mm compr.; cálice5-mero, gamossépalo, sépalas ovadas, ápice acuminado, margens pilosas; corola 5-mera, gamopétala,infundibuliforme; estames 5, anteras ovais; ovário bilocular, estigma liforme. Fruto 0,5-2x0,5-2cm,

Prancha 22. Figura A.  Hydrocleys martii . Hábito. B.  Aosa  rupestris. Hábito. C. Spigelia anthelmia.

Hábito. D. Strychnos rubiginosa. Hábito. 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

marrom, baga, globoso a elipsóide, glabro, unilocular; sementes-2, discóides, com testa lisa.

Material examinado: Fazenda Malhada da Areia, 9.II.2007, Y. Melo 123 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.V.2007, M. C. Pessoa 164 (UFP, JPB, RB, MO); Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, L. L. Santos 222 (UFP, JPB, RB, MO).

Comentários: esse gênero possui 200 espécies pantropicais, com cerca de 60 ocorrentes noBrasil e tendo a Amazônia como centro de diversidade neotropical do gênero. A espécie ocorre nosestados do Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina,Paraná, Minas Gerias e Mato Grosso e está distribuída pela caatinga, cerradão e mata atlântica (PR).Na caatinga, a espécie ocorre em área arbustiva aberta ou densa de substrato arenoso de origemsedimentar.

37. LORANTHACEAE

 Maria de Fátima de Araújo Lucena & Tiago Pontes Arruda 

Ervas ou arbustos, às vezes pequenas árvores, geralmente lianescentes, hemiparasitas sobrearbustos ou árvores, raramente parasitas de raízes; caules freqüentemente clorolados e um poucofrágeis quando jovens. Folhas pecioladas, opostas, raramente alternas ou verticiladas, simples, carnosaou coriácea, margem inteira; estípulas ausentes. Inorescência cimosa ou racemosa, espiciforme,

corimbo, umbela, axilares ou terminais. Flores actinomorfas, pediceladas ou sésseis, uni-bissexuais,pouco ou muito vistosas; cálice reduzido; corola 3-9-mera, geralmente tubular, dividindo-se em pétalasindividuais, livres ou unidas, preoração valvar; estames com número igual ao de pétalas, livres ouepipétalos, anteras rimosas; ovário ínfero, 3-4 carpelos, unilocular, mas também tetralocular, óvulospouco diferenciados e em número reduzido, sob a forma de massa homogênea, sem integumentopróprio, concrescida à parede do lóculo placentação ereta, estilete curto ou longo e delgado. Fruto bagaou drupa, raramente sâmara, com a camada interna do receptáculo gelatinosa e viscosa; sementes-1 porfruto, raramente três, com ou sem endosperma, embrião verde, cotilédones 2-6.

Loranthaceae possui distribuição predominantemente pantropical, incluindo cerca de 70

gêneros e 800-960 espécies (Duenas & Franco 2001, Souza & Lorenzi 2006). No Brasil, a famíliapossui cerca de 100 espécies e dez gêneros. Para a região Nordeste são registrados oito gêneros e 40espécies sendo os gêneros Phthirusa  Mart., Psittacanthus  Mart. e Strutanthus  Mart. os mais representadosna região em número de espécies (Stannard & Paula 2006). Nos atuais estudos logenéticos os gênerosde Viscaceae e Eremolepidaceae foram incluídos em Santalaceae. As espécies da família são conhecidascomo ervas-de-passarinho. As aves efetuam importante papel na dispersão dessas sementes sobre osramos das árvores, podem causar prejuízos signicativos. As espécies da família são as principais plantasde hemiparasitas das regiões tropicais e subtropicais (Duenas & Franco 2001). Em Mirandiba, a famíliaestá representada apenas por uma espécie: Psittacanthus dichrous  Mart.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

BURGER, W.; KRUIJT, J. 1983. Loranthaceae. In : BURGER, W. (ed.). Flora Costaricensis.

Fieldiana Botany. 40(13): 29-58.GIBSON, D. N. 1967. Loranthaceae. Flora do Peru. Fieldiana Botany, 40(13) 29-58.EICLHER, A. W. 1868. In : MARTIUS, C. Flora Brasiliensis, 5(2): 1-136.DUENAS, G. H. del C., FRANCO R. P. 2001. Sinopsis de las Loranthaceae de Colombia.

Caldasia, 23(1): 81-99.

 37.1. P SITTACANTHUS  DICHROUS  Mart., Flora 13: 108. 1830.Hemiparasitas de árvores, caule e ramos cremes a amarelo-esverdeados, glabros. Folhas 

simples, inteiras, sésseis, oposta-cruzadas, lâmina 12-25x8-12mm, coriácea, oval-oblonga, base cordada aauriculada, ápice obtuso a emarginado com mucro, margem inteira a discretamente sinuosa quando seca,

nervação cladódroma. Inorescência umbela, terminal. Flores bissexuais; cálice externo gamosépalo,anelar, semi-crasso, margem esparso-dentada, pubescente, 4,5x4mm; cálice interno gamosépalo, anelar,semi-crasso, margem esparso-dentada, pubescente, 5x4mm; corola adpressa, pétalas longo-lineares, 3,5-4x0,30cm compr., pubescentes; estames-6, heterodínamos, epipétalos até a porção mediana, 3,5-4cmcompr., anteras dorsixas, base sagitada, deiscência rimosa, letes livres, verticilos-3; ovário oblongóide,3-4mm compr.; estilete longo, estigma ovóide, glandulígero. Fruto não observado.

Material examinado: Estrada para Cacimba Nova, 31.III.2007, K. Pinheiro et al.102 (UFP).

Comentários: Psittacanthus  Mart. é um gênero americano com ocorrência no sul do Méxicoaté a Argentina (Burger & kruijt 1983). Segundo esses autores, o número de espécies é ainda imprecisodesde a última revisão elaborada por Eichler (1868) na Flora Brasiliensis. Diferencia-se dos demais

gêneros da família pelas sementes sem endosperma. P . dichrous Mart é frequentemente confundida comP . bicalyculatus  Mart., no entanto, diferencia-se desta pelas folhas não amplexicaules. Em Mirandiba,habita a copa de diversas espécies de árvores como o angico ou umbuzeiro. Apresenta ores vermelhas

 vistosas a alaranjadas. Coletada em área de caatinga arbustiva com altitude de 478m.

38. L YTHRACEAE S.L.Taciana Barbosa Cavalcanti 

Ervas, Subarbustos, arbustos, arvoretas ou árvores; ramos alternos ou opostos. Folhasoposto-cruzadas, raro alternas ou verticiladas, simples, inteiras, estípulas inconspícuas. Inorescências

racemosas ou cimosas. Flores freqüentemente bi-bracteoladas, bissexuadas, preoração valvar nocálice, períginas a epíginas, diclamídeas, raríssimo monoclamídeas, hererostílicas ou não, actinomorfas,raro zigomorfas; tubo oral persistente no fruto, raro caduco, às vezes calcarado, campanulado,infundibuliforme, urceolado ou tubuloso, epicálice geralmente presente; pétalas crespas, 4-16, livres;androceu haplostêmone, isostêmone ou polistêmone; nectário presente ou ausente ao redor do ovário,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

ou glândula presente ou ausente na base do ovário, gineceu 1-6-locular, estilete liforme, estigma

capitado, punctiforme ou bilobado, ovário súpero, raro ínfero, séssil ou estipitado, óvulos anátropos,placentação central livre, pseudo-central livre, basal ou axilar. Fruto cápsula, raro indeiscente, rarocarnoso; sementes 2-muitas, sem endosperma.

Lythraceae sensu lato  é composta por 32 gêneros e aproximadamente 600 espécies, comdistribuição pantropical e alguns representantes herbáceos de regiões temperadas. Ocupam habitatsdiversicados, incluindo áreas brejosas, cerrados, campos áridos e pedregosos e mais raramenteorestas tropicais. Nove gêneros ocorrem no Brasil, sendo Cuphea e Diplusodon os mais representativos.No Nordeste e no semi-árido ocorrem 51 (Cavalcanti 2006a) e 43 (Cavalcanti 2006b) espécies deLythraceae, respectivamente, 12 das quais ocorrem na Caatinga.

CAVALCANTI, T. B. 2006a. Lythraceae. In : GAMARRA-ROJAS, C. F. L.; MESQUITA, A.C.; MAYO, S.; SOTHERS, C.; BARBOSA, M. R. V.; DALCIN, E. (eds.) Checklist das Plantas doNordeste (Versão 1.5). http://www.cnip.org.br/bdpn/.

CAVALCANTI, T. B. 2006b. Lythraceae. In : GIULIETT, A. M.; CONCEIÇÃO, A. &QUEIRÓZ, A. (eds.). Diversidade e Caracterização das Fanerógamas do Semi-árido Brasileiro.Recife, Associação de Plantas do Nordeste 1: 144-145.

KOEHNE, E. 1877. Lythraceae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. W. (eds.) FloraBrasiliensis, 13(2): 185-370.

KOEHNE, E. 1903. Lythraceae. In : ENGLER, A. (ed.) Das Panzenreich. Leipzig, Wilhelm

Engelmann, 216(4): 1-326.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE L YTHRACEAE

1. Tubo oral com cálcar na base; ovário com glândula nectarífera dorsal

bem desenvolvida na base. Flores zigomorfas; anteras dorsixas ....................... Cuphea impatientifolia 

1’. Tubo oral sem cálcar na base; ovário sem glândula nectarífera.

Flores actinomorfas; anteras basixas  ...............................................................................................................2

2. Flores hexâmeras; tubo oral cilíndrico, mais longo que largo.Ovário 1-2- locular. Subarbustos terrestres. Frutos indeiscentes ........................... Pleurophora anomala 

2’. Flores tetrâmeras; tubo oral campanulado a globoso, tão longo quanto largo.

Ovário 3-4-locular. Ervas aquáticas ou terrestres anuais. Frutos deiscentes ...................Rotala ramosior 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 23. Figuras A-F. Cuphea impatientifolia. A, Hábito; B, parte da inflorescência; C, flor, sem as

pétalas, em vista lateral; D, pistilo com glândula na base; E, fruto; F, semente. G-I. Pleurophora

anomala. G, ramo florífero; H, flor em vista longitudinal-dorsal; I, pistilo. J-O. Rotala ramosior. J,

Hábito; K, folha, face adaxial; L, flor em vista longitudinal; M, pistilo; N, fruto marcescente; O, cápsula. 

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241- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 38.1. C UPHEA IMPATIENTIFOLIA  A. St.-Hil., Fl. Brasil. mer. 3: 113. 1833.

Prancha 23, g. A-F.Ervas, possivelmente  anuais, 10-50cm alt., eretas, ramos hirsutos, tricomas glandulares

longos, 2-2,5mm compr. e tectores curtos, 0,1-0,2mm compr. Folhas opostas, lâminas 3-7x2-4mm,membranáceas, pecioladas, broquidódromas, ovais, ápice obtuso a agudo, margem plana, baseabruptamente atenuada, tricomas esparsos, nervuras 7-9, inconspícuas; pecíolo 5-17mm compr.Inorescência racemos bracteosos, 3-10cm compr., terminais e axilares; brácteas 0,4-0,8x0,1-0,2mm,lineares, ciliadas. Flores alternas, pedicelo 1-3mm compr.; prolos ca. 0,5mm compr.; tubo oral ca.7x2mm, ca. 4mm larg. no fruto, tricomas glandulares longos, ca. 2mm compr., cálcar levemente deexo;pétalas lilases a arroxeadas, persistentes no fruto; ovário com glândula dorsal patente. Fruto cápsula com deiscência longitudinal-dorsal; sementes 2-3.

Material examinado: Pé da serra da Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, J. S. Silva et al. 197 (CEN, UFP);19.IV.2007, Y. Melo et al. 189 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1450 (UFP); 30.V.2006, K. Pinheiro et al.

115 (UFP); 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 183 (UFP).

Comentários: Bahia e Pernambuco (primeiro registro). Coletada até o presente apenas emáreas de caatinga. Na área de estudo, habita na caatinga arbustiva e arbórea densa, em solos arenosos eargilosos com aoramento rochoso.

 38.2. P  LEUROPHORA  ANOMALA  (A. St.-Hil.) Koehne, in  Mart. Fl. bras. 13(2): 307. 1877.Prancha 23, g. G-I.

Subarbustos, perenes, eretos, ramicados, 0,7-1m alt.; ramos pubescentes a hirtelos. Folhasopostas, lâminas 5-15x0,7-3mm, membranáceas, pecioladas, broquidódromas, estreito-elípticas,

pubescentes, ápice obtuso, margem plana a subrevoluta, curto-ciliada, base aguda, atenuada, nervuraslaterais 4-5; pecíolo 0,8-1,2mm compr. Inorescência racemos frondosos. Flores alternas, pedicelo0,5-1mm compr.; prolos ca. 0,4mm compr.; tubo oral ca. 3x1,5-2 mm, pubescente; pétalas róseas alilases, caducas no fruto; ovário sem glândula na base. Frutos indeiscentes; sementes numerosas.

Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 163 (CEN, UFP); Serra do Tigre,

30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1402 (CEN, UFP); 31.V.2006, K. Pinheiro 188 (UFP).

Comentários: ocorre nos estados de  Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e RioGrande do Norte. Coletada em áreas de caatinga e carrasco.

 38.3. R OTALA RAMOSIO r  (L.) Koehne in  Mart., Fl. bras. 13(2): 194. 1877.Prancha 23, g. J-O.Ervas, anuais, eretas, não ramicadas, 10-30cm alt.; glabras. Folhas 6-25x1,5-5cm opostas,

membranáceas, estreito-elípticas, base aguda, atenuada, uma nervura central evidente, as lateraisinconspícuas. Inorescência racemo espiciforme, frondoso. Flores sésseis a subsésseis, prolos ca.3mm compr., lineares, ápice agudo; tubo oral oblongo, globoso no fruto, 2,5-3mm compr., sépalas1-1,2mm compr.; epicálice ausente; pétalas 4, 1,5-3mm compr., arroxeadas, caducas no fruto; estames5, anteras basixas; ovário sem glândula na base. Fruto cápsula septicida, 3,5-4x3-3,1mm; sementesnumerosas.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.V.2007, M. C. Pessoa et al. 132 (CEN,UFP).

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242

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Comentários: América do Norte, América Central, América do Sul (Equador e Brasil). No

Brasil foi encontrada nos estados da Bahia, Pernambuco, Mato Grosso e Minas Gerais. Planta anual,coletada em caatinga arbóreo-arbustiva densa, sobre solo areno-argiloso, em nal de oração e comfrutos maduros.

 

39. M ALPIGHIACEAE

 A família Malpighiaceae é formada por cerca de 75 gêneros e 1300 espécies que se distribuemnas regiões tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios. No Brasil ocorrem aproximadamente 45gêneros e 300 espécies. Em Mirandiba foram registradas cinco espécies de cinco gêneros distintos ecoletadas principalmente em vegetação arbustiva e arbustiva-arbórea. Não são apresentadas descriçõesdos táxons envolvidos por não terem sido enviadas pelo colaborador convidado até o fechamentodo livro. Sendo assim os organizadores da Flora de Mirandiba se responsabilizaram pela chave deidenticação confeccionada, identicação e comentários das espécies.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIE DE M ALPIGHIACEAE

1. Arbustos ou arvoretas .....................................................................................................................................2

1’. Trepadeiras ........................................................................................................................................................3

2. Folhas elípticas com 3-5cm compr.; ores solitárias, axilares,

glândulas de óleo nas sépalas ausentes ....................................................................... Ptilochaeta  bahiensis 

2’. Folhas ovais a largo-elípticas com 5-12cm compr.; ores reunidas em

racemos axilares ou terminais, glândulas de óleo nas sépalas presentes .......... Byrsonima  coccolobifolia 

3. Ala do samarídeo dorsal .......................................................................................... Tetrapteris  mucronata 

3’. Ala do samarídeo lateral ..................................................................................................................................4

4. Samarídeo com quatro alas laterais ...................................................................Banisteriopsis   pubipetala 

4’. Samarídeo com duas alas laterais ............................... ............................... .............. Mascagnia   psilophylla 

 39.1. B  ANISTERIOPSIS  PUBIPETALA (A. Juss.) Cuatrec., Ciencia (Mexico) 23: 142. 1964. Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 68 (CEPEC, UFP); Cacimba Nova,

31.III.2006, K. Pinheiro et al. 93 (CEPEC, UFP).

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243- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Comentários: ocorre da Venezuela ao Paraguai, sendo encontrada em praticamente todo

o Brasil. Em Mirandiba, foi coletada em caatinga arbustiva densa, sobre solo pedregoso. Facilmentereconhecida pelo hábito escadente, ores amarelo-intenso e samarídeos com alas laterais.

 39.2. B YRSONIMA COCCOLOBIFOLIA H.B.K., Nov. Gen. Sp. 5: 148. 1821.Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 94 (CEPEC, UFP).

Comentários: separa-se das demais espécies aqui estudadas pelo hábito arbustivo, as folhaslargamente ovais a largo-elípticas e as ores agrupadas em racemos. Em Mirandiba foi coletada emcaatinga arbustiva sobre solo arenoso.

 39.3. M  ASCAGNIA PSILOPHYLLA (A. Juss.) Griseb. in Mart., Fl. bra. 3: 20. 1832.

Material examinado: Fazenda Pau de Leite, 17.VII.2008, K. Pinheiro 998 (CEPEC, UFP).Comentários:  Mascagnia psilophylla é uma trepadeira lenhosa pouco comum na região eapresenta duas alas laterais no samarídeo, o que a diferencia de Banisteriopsis pubipetala . Foi coletada emcaatinga arbustiva densa, sobre solo pedregoso.

 39.4. P TILOCHAETA BAHIENSIS   Turcz., Bull. Soc. Imp. Naturalistes Moscou 16: 52. 1843.Material examinado: Serra do Tigre, 09.II.2007, K. Pinheiro 207 (UFP).

Comentários: Ptilochaeta  bahiensis  é caracterizada por ser uma arvoreta com até 3m alt. e comores sem glândulas de óleo nas sépalas. Foi coletada em caatinga arbustiva-arbórea densa sobre solopedregoso.

 39.5. T  ETRAPTERYS   MUCRONATA Cav., Gen. Pl. 252. 1789.Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1421 (CEPEC, UFP).Comentários: separa-se das demais espécies aqui registradas pelo hábito escandente e presença

de quatro alas dorsais no samarídeo. Foi coletada em caatinga arbustiva densa, sobre solo pedregoso.

40. M ALVACEAE S.L.Bruno Sampaio Amorim, Janice G. Saunders, Ana Luiza Du Bocage Neta & Marccus Alves 

 Árvores, subarbustos ou ervas, eretos ou decumbentes; ramos verdes, marrons ou acinzentados,glabros a pilosos, tricomas simples ou estrelados, curtos ou alongados. Folhas simples ou compostas,inteiras ou digitadas, 5 folíolos sésseis a subsésseis, alternas dísticas ou espiraladas, elípticas, lineares,lanceoladas, ovadas, obovadas ou deltóides, mucronadas, apiculadas ou acuminadas, cordadas, sagitadas,deltadas, truncadas ou atenuadas, serreadas a denteadas, palminérveas; estípulas lineares ou lanceoladas,pilosas. Inorescências  umbeliformes, corimbosas, paniculadas, glomerosas ou ores solitárias,

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244

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

geminadas ou em tríades, axilares ou terminais. Flores com epicálice por vezes presente, com ou sem

brácteas basais, brácteas liformes a elípticas, pilosas; cálice 5-mero, piloso, campanulado com ápicetruncado ou não; corola 5-mera, caduca ou não, glabra ou com tricomas marginais no ápice, base ouabaxialmente; estames 10 a muitos, unidos ou não pela base, agrupados no ápice ou ao longo do tuboestaminal, pilosos ou glabros; tubo estaminal livre ou completamente adnado a nervura central da pétaladesde a base, glabro, integralmente piloso ou apenas na base; estiletes unidos ou não pela base, 1-10,glabros ou pilosos; estigmas capitados, linear-papilosos, penicilados, plumosos ou multídos. Frutocápsula ou esquizocarpo, 2 a 3-valvar, deiscência apical ou lateral, glabro ou piloso. Esquizocarpáceos:mericarpo glabro ou piloso, mútico, rostrado ou aristado, inado, lateralmente comprimido ou divididointernamente em duas cavidades com deiscência apical ou lateral. Cápsulas: loculicidas, membranácease/ou cartáceas, apicalmente ou inteiramente corniculadas ou sem cornículos, hirsutas apenas no ápice

ou com tricomas estrelados apenas nos septos; sementes reniformes, obovóides, subovóides, elipsóides,deltóides ou tetragonais, por vezes corniculadas, reticuladas ou não, glabras, verrucosas ou pilosas.

Malvaceae s.l. tem distribuição pantropical, podendo ocorrer também em zonas temperadas eum total de 250 gêneros e 4200 espécies (Souza & Lorenzi 2008). No Brasil ocorrem aproximadamente73 gêneros e 375 espécies (Barroso 1978), onde a região semi-árida possui 25 gêneros e 130 espécies;Pavonia  com 26 espécies, Helicteres  com 14, Sida  e Waltheria  com 13 cada consistem nos gêneros maisrepresentativos (França & Sobrinho 2006). Em Mirandiba, Malvaceae está representada por 12 gênerose 23 espécies, sendo Sida  o maior deles, com seis espécies.

BARACHO, G. S. Inéd. Taxonomia do gênero Sida  L. Seção Cordifoliae DC. Fryxell(Malvaceae) no Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE,1998.

BARRETO, R. C.; VIANA, A. M. B; CASTRO, A.C.R.; VINHAS, N.J. 2005. PlantasOrnamentais, Produtoras de Fibras e com Sementes Ornamentais In:  SAMPAIO, E.V.S.B.; PAREYN,F.G.C., FIGUEIRÔA, J.M.; SANTOS-JR, A.G. (eds.). Espécies da Flora Nordestina de ImportânciaEconômica Potencial. Associação Plantas do Nordeste. Recife.

BATISTA, V.S. Inéd.  A família Malvaceae sensu stricto  na microrregião do Vale doIpanema, Pernambuco. Monograa  de  graduação. Universidade Federal Rural de Pernambuco,Recife, PE, 2006.

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Estadual do Rio Doce, Minas Gerais. Rodriguesia, 52(81): 17-47.DÍAZ, A.C. 1970. Notas sobre espécies Peruanas de los generos  Malvastrum , Tarasa   y

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Boletim do Instituto de Botânica, 11(2): 161-235.FERNÁNDEZ, A.; GRANDE, J. 2007.  Contribución al estudio del género  Melochia L.

(Sterculiaceae) en Venezuela. Revista de la Faculdad de Agronomía (Universidad del Zulia) .

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245- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

24(1): 444-449.

FRYXELL, P.A. 1978. Neotropical segregates from Sida  L. (Malvaceae). Brittonia,  30(4):447-462.

FRYXELL, P.A. 1997. The American Genera of Malvaceae-II. Brittonia, 49(2): 204-269.FRYXELL, P.A. 2004. Malvaceae. In  Smith, N.; Mori S.A.; Henderson, A.; Stevenson, D.W.;

Heald, S. Flowering Plants of the Neotropics. Princeton University Press. 232-235.GOLDBERG, A. 1967. The genus  Melochia   L. Contributions from the U.S. National

Herbarium, 34(5): 191-363.GOLDBERG, A. 1979. A new species of  Melochia   from the Planalto of Bahia, Brazil.

Phytologia, 43(3): 287.KAPADIA, G.J.; PAUL, B.D.; SILVERTON, J.V.; FALES, H.M. & SOKOLOSKI, E.A.

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KRAPOVICKAS, A. 2003. Sida sección Distichifolia (Monteiro) Krapov. Comb. Nov., Stat.Nov. (Malvaceae-Malveae). Bonplandia, 12(1-4): 83-121.

SAUNDERS, J. G. 1995. Systematics and evolution of Waltheria   (Sterculiaceae-Hermannieae). Ph.D. Dissertation. The University of Texas, Austin. Available at PROQUEST, Ann

 Arbor, MI.SAUNDERS, J.G. 2007. Sterculiaceae of Paraguay. II. Waltheria . Bonplandia, 16(1-2): 143-

180. TSCHÁ, M. C; SALES, M.F; ESTEVES, G.L. 2002. Tiliaceae Juss. no estado de Pernambuco,

Brasil. Hoehnea, 29(1): 1-18. WOODSON-JR., R.E.J; SCHERY, R.W.; ROBYNS, A. 1965. Flora of Panama. Part VI.Family 115. Malvaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden, 52(4): 497-578.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE M ALVACEAE

1. Árvores ...............................................................................................................................................................2

1’. Ervas ou arbustos ............................................................................................................................................4

2. Folhas simples, base assimétrica; tubo estaminal ausente; ginóforo presente .......... Apeiba tibourbou 

2’. Folhas compostas, base simétrica; tubo estaminal presente; ginóforo ausente .............................. ........3

3. Tronco sem intumescência, com estrias longitudinais verdes; ramos e

tronco não aculeados; pétalas recobertas por tricomas em tufos ................Pseudobombax marginatum

3’. Tronco com intumescência, sem estrias longitudinais verdes; ramos e

tronco aculeados; pétalas vilosas ..............................................................................................Ceiba glaziovii 

4. Fruto cápsula .....................................................................................................................................................5

4’. Fruto esquizocárpico ............................. ............................... ............................... ............................... .......... 11

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

5. Flores aos pares .................................................................................................................................................6

5’. Inorescências em corimbo ou de outros tipos ............................. ............................... ..............................7

6. Ramos pilosos com tricomas simples formando uma linha longitudinal;

androceu diplo a polistêmone; cápsula 3-valvar, sementes deltóides ............................Corchorus argutus 

6’. Ramos pilosos com tricomas simples esparsos; androceu diplostêmone;

cápsula 2-valvar; sementes tetragonais ........................... ............................... ........................Corchorus hirtus 

7. Inorescência em corimbo; ores pediceladas; cálice do fruto com base circular; estiletes 5; fruto

5-carpelar ............................................................................................................................. Melochia tomentosa 

7’. Inorescência de outro tipo; ores sésseis; cálice do fruto com base aguda; estilete 1; fruto1-carpelar......................................................................................................................................................8

8. Ramos com tricomas simples..............................................................................Waltheria operculata 

8’. Ramos com tricomas estrelados……………………………….............…............……….................9

9. Folhas distais dísticas; indumento ferrugíneo, tricomas estrelados

pedicelados........................................................................................................... Waltheria brachypetala 

9’. Folhas distais espiraladas; indumento não ferrugíneo, tricomas estrelados sésseis..........................10

10. Folhas obovadas a elípticas; lâmina foliar com base cuneada a circular ou subcordada; ramos

canescentes; cápsula 2,4-2,5x2-3mm, mais larga do que longa; cápsula bivalvar, valvas completamente

livres; estigma penicilado.............................................................Waltheria rotundifolia 

10’. Folhas ovadas a elípticas; lamina foliar com base circular a cordada; ramos seríceos a hirsutos;

cápsula 2-3x1-1,6mm, mais longa do que larga; cápsula parcialmente loculicida, deiscência apical;

estigma plumoso..........................................................................................................Waltheria albicans 

11. Epicálice presente.............................................................................................................................12

11’. Epicálice ausente.............................................................................................................................14

12. Epicálice 12-14 bracteolado; número de estiletes igual ao dobro do número de

carpelos; partes livres dos estames ao longo do tubo estaminal; mericarpo mútico ou

3-rostrado........................................................................................................................ Pavonia cancellata 

12’. Epicálice 3-bracteolado; número de estiletes igual ao número de carpelos; partes livres dos estames

no ápice do tubo estaminal; mericarpo triaristado....................................................................13

13. Epicálice com bractéolas 2mm compr.; mericarpos 5; arista apical 0,2mm compr., arista dorsal

0,5mm compr.................................................................... Malvastrum tomentosum subsp. tomentosum

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247- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

13’. Epicálice com bractéolas 5mm compr.; mericarpos 12-14; arista apical 0,5mm compr., aristas dorsais

1mm compr................................................................................................. Malvastrum scabrum

14. Mericarpos inados ou basalmente constrictos formando duas cavidades.................................... ..15

14’. Mericarpos nunca constrictos nem formando duas cavidades ou inados......................................17

15. Inorescência paniculada; tubo estaminal piloso; mericarpos constrictos formando duas cavidades,

apiculado; semente glabra.........................................................................................Wissadula contracta 

15’. Flores solitárias; tubo estaminal glabro; mericarpo inado, mútico; semente pilosa................ .....16

16. Ramos densamente pilosos, revestidos por tricomas estrelados; cálice 4-5mm compr.; corola 6-8mm

compr.; mericarpos revestidos por tricomas simples............................... ...........Herissantia crispa 16’. Ramos pilosos, revestidos por tricomas simples, curtos ou alongados esparsos;

cálice 5-9mm compr.; corola 12-14mm compr.; mericarpos revestidos por tricomas

estrelados...................................................................................................................... Herissantia tiubae 

17. Pedicelo adnado a 3 ou mais bractéolas ............................. ............................... ............................... ........ 18

17’. Pedicelo nunca adnado a bractéolas............................................ ............................... .............................. 19

18. Pedicelo adnado à 3 bractéolas; partes livres dos estames no ápice do tubo

estaminal.............................................................................................................. Sidastrum micranthum

18’. Pedicelo adnado ao pecíolo de uma folha ou bráctea; partes livres dos estames ao longo do tubo

estaminal................................................................................................................................. Sida ciliaris 

19. Tubo estaminal revestido ao menos em parte por tricomas bipartidos............................. ................20

19’. Tubo estaminal glabro ou revestido apenas por tricomas estrelados e/ou simples.........................21

20. Folhas elípticas a ovadas; mericarpos 2mm compr., aristas 1mm compr......................Sida regnellii 

20’. Folhas lineares; mericarpos 6mm compr., aristas 3mm compr.....................................Sida linifolia 

21. Folhas alterno-espiraladas.................................................................................................................22

21’. Folhas alterno-dísticas.....................................................................................................................23

22. Mericarpo com deiscência apical................................................................................... Sida spinosa 

22’. Mericarpo com deiscência lateral.............................................................................. Sida glomerata 

23. Aristas do mericarpo 1-2mm compr........................................................................ Sida galheirensis 

23’. Aristas do mericarpo 3mm compr.............................................................................. Sida cordifolia 

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248

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

40.1. APEIBA TIBOURBOU  Aubl., Hist. Pl. Guiane 1: 538-541. 1775.

 Árvores, 5-20m alt., ramos glabros. Folhas 3,2-5x2,1-3cm, elípticas a ovadas, acuminadas,cordadas, assimétricas, denteadas; pecíolo 3-5mm compr., piloso, tricomas simples; estípulas 2-4mmcompr., lineares, pilosas. Inorescência  umbeliforme, terminal. Flores  com cálice 4mm compr.,piloso; corola caduca; androceu polistêmone, estames 4mm compr., unidos basalmente, base pilosa,tricomas simples; ginóforo presente, ovário esparsamente piloso; estilete 3mm compr., glabro; estigmacapitado, glabro. Fruto cápsula, 6x11mm, globosa, equinada, espinhos curtos, pilosos com tricomassimples, sementes 0,5x0,5mm, elipsóides, reticuladas, glabras.

Material examinado: Serra das Umburanas, 10.II.2007, Y. Melo et al. 131 (UFP).

Material adicional:  ALAGOAS: Divisa entr e Ibateguara e São José da Lage, 23.IV.2003, M. Oliveira & A. A.

Grilo 1362 (UFP).

Comentários:  Apeiba   apresenta distribuição neotropical, incluindo cerca de sete espéciespredominantemente arbóreas. Ocorre desde a região Amazônica até Minas Gerais e São Paulo (Lorenzi1998). Em Pernambuco são encontradas duas espécies (Tschá 2002), uma delas (  A. tibourbou  ) registradana área de estudo. Caracteriza-se morfologicamente por apresentar frutos com cerdas curtas e rígidase folhas com base assimétrica. A madeira de  Apeiba tibourbou  é empregada na confecção de jangadas(Lorenzi 1998), em uso como planta ornamental, na confecção de bras e na produção de mel (Santoset al. 2005).

40.2. C  EIBA GLAZIOVII  (Kuntze) K. Schum., Bot. Jahrb. 26(1): 343Comentários: espécie com distribuição restrita no nordeste do Brasil, tendo sido encontrada

nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Em Pernambuco ocorre na caatinga ou sobre serras,na vegetação de transição entre caatinga e oresta montana (Bocage & Sales 2002). Constituem boascaracterísticas diagnósticas para Ceiba glaziovii , o tronco com intumescência, sem estrias longitudinais

 verdes, os ramos e tronco aculeados, pétalas extremamente vilosas, a presença de 5 estames e cincoapêndices no tubo estaminal (Bocage & Sales 2002). Em Mirandiba, a espécie foi encontrada empequenas populações na fazenda Baixa Grande, em estado vegetativo. Para espécie foi realizado apenaso registro fotográco e encontra-se depositado no banco de imagens da Flora de Mirandiba.

40.3. C ORCHORUS   ARGUTUS  H.B.K., Nov. Gen. Sp. 5: 337-338. 1821 [1823].Subarbustos, ca. 40cm alt., ramos pilosos, tricomas simples, alinhados longitudinalmente.

Folhas 3,5-8,5x0,7-1,7cm compr., elípticas a lanceoladas, acuminadas, atenuadas a truncadas, serreadas;pecíolo 3-4mm compr., piloso; estípulas 2-3mm, lineares a lanceoladas, pilosas. Flores aos pares, axilaresou terminais; cálice 4mm compr., piloso, 3 brácteas 1mm compr. na base, pilosa, tricomas antrorsos;corola 5mm compr., glabra; androceu diplo a polistêmone, estames livres na base, 4mm compr.; ováriopiloso; estilete 1mm compr., glabro; estigma multído. Fruto cápsula, 2,5-5x0,2-0,3cm, elíptica, 3-valvar,deiscência apical-longitudinal, glabro; sementes 1,5-2x1mm, deltóides, reticuladas, glabras.

Material examinado: Fazenda Tigre, 30. V. 2006, M. F. A. Lucena et al. 1439a (UFP), Serra do Tigre, 31. V.

2006, J. R. Maciel et al. 492 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição na América do Sul. No Brasil ocorre em todas as

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249- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

regiões, com registro em Pernambuco para o município de Ouricuri (Tschá 2002). Apesar de confundida

com Corchorus hirtus, diferencia-se desta por apresentar ramos pilosos, com tricomas simples alinhadoslongitudinalmente, cápsula 3-valvar e sementes deltóides.

40.4. C ORCHORUS  HIRTUS  L., Sp. pl. 1: 747. 1762.Ervas, ca. 10-20cm alt., ramos pilosos, tricomas simples, esparsos. Folhas 1,5-2,8x0,7-1,8cm

compr., elípticas a ovado-lanceoladas, acuminadas, truncadas a assimétricas, serreadas; pecíolo 1-2mmcompr., piloso; estípulas 2-5mm compr., lineares, pilosas. Flores aos pares, axilares ou terminais; cálice4-5mm compr., piloso; corola 3-4mm compr., glabra; androceu diplostêmone, estames livres na base,4mm compr.; ovário 2mm compr., densamente piloso; estilete 2,5mm compr., glabro; estigma capitado.Fruto cápsula, 19-22x1-2mm, elíptica, 2-valvar, pilosa, tricomas simples; sementes 2x1mm, tetragonais,

reticuladas, glabras.Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L.L. Santos et al. 254 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006,

K. Pinheiro et al. 71 (UFP); idem, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 121 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição nas Américas Central e do Sul. No Brasil ocorreem todas as regiões, sendo em Pernambuco distribuída desde a zona da mata até a caatinga, subzonado sertão, ocorrendo principalmente em áreas de cultivo e terrenos baldios (Tschá 2002). Espéciemorfologicamente semelhante à Corchorus argutus  da qual se diferencia por possuir ramos pilosos, comtricomas simples e esparsos, cápsula 2-valvar e sementes tetragonais. Popularmente é utilizada naconfecção de bras (Barreto et al. 2005) e na produção de mel (Santos et al. 2005).

40.5. H  ERISSANTIA CRISPA (L.) Brizicky,  J. Arnold Arbor. 49(2): 279. 1968.Prancha 24, g. A.Subarbustos, eretos a decumbentes, ramos densamente pilosos, tricomas estrelados. Folhas 

2,7-6,6x2,4-4,5cm, inteiras, alterno-espiraladas, ovadas, acuminadas a mucronadas, cordadas a sagitadas,denteadas; pecíolo 3-3,6cm compr., piloso; estípulas 3-12mm compr., lineares, pilosas. Flores solitárias,axilares; epicálice ausente; cálice 4-5mm compr., piloso; corola 6-8mm compr., branca, glabra; estamesca. 30, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal 2mm compr., glabro;estiletes 10-14, 3mm compr.; estigmas capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos 10-14, 10-15x10-15mm, múticos, inados, pilosos, tricomas simples; sementes 2x2mm, marrons, reniformes, pilosas,tricomas simples.

Material examinado: Várzea do Tiro, 10.III.2008, B. S. Amorim et al. 256 (UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007,

Y. Melo et al. 133 (UFP); Vertentes, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 58 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006, E. Córdula et al. 86

(UFP).

Comentários: Herissantia crispa  tem distribuição pantropical (Fryxell 1997). É empregada naregião do semi-árido na produção de mel (Santos et al. 2005) e como forrageira (Batista et al. 2005).Espécie morfologicamente semelhante a H. tiubae por possuir mericarpo inado, separando-se destapela presença de tricomas estrelados nos ramos e tricomas simples nos mericarpos.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

40.6. H  ERISSANTIA TIUBAE  (K. Schum.) Brizicky, Bol. Soc. Portug. Ci. Nat. 5: 130. 1955.

Prancha 24, g. B.Subarbustos eretos, ramos pilosos, tricomas simples, curtos ou alongados esparsos. Folhas 

5-6,5x2-4,3cm, alterno-espiraladas, ovadas, acuminadas, sagitadas, denteadas; pecíolo 1,2-2cm compr.,piloso; estípulas 3-5mm compr., lineares, pilosas. Flores  solitárias, axilares; epicálice ausente; cálice5-9mm compr.; corola 12-14mm compr., pétalas brancas, amareladas na base; estames ca. 40, 2mmcompr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal 4 mm compr., glabro; estiletes 10-14,3mm compr., glabro; estigmas capitados, glabros. Fruto esquizocárpico, mericarpos 10-14, 19-20x18-23mm, múticos, inados, pilosos, tricomas estrelados; sementes 2x2mm, marrons, reniformes, pilosasdorsalmente, tricomas simples.

Material examinado:  Mirandiba, Fazenda Tigre, 12.III.2008, B. S. Amorim et al. 272 (UFP); Areia Malhada,

16.IV.2007, M C. Pessoa et al. 117 (MO, RB, SP, UFP), Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1407 (SP, UFP).Comentários: distribuição restrita à América tropical (Fryxell 1997). É empregada na região

do semi-árido na produção do mel (Santos et al. 2005) e como forragem para o gado (Batista et al. 2005).Espécie morfologicamente semelhante a H. crispa  por possuir mericarpo inado, separando-se destapor apresentar tricomas simples nos ramos e estrelados nos mericarpos.

40.7. M  ALVASTRUM  SCABRUM  (Cav.) A. Gray, U.S. Expl. Exped., Phan.: 147. 1854.Prancha 24, g. C.

Subarbustos  eretos, ramos marrons, pilosos, tricomas estrelados. Folhas  6,2-9,3x5-8cm,alterno-espiraladas, ovadas, mucronadas, truncadas a deltóides, denteadas; pecíolo 2,5-5,5cm compr.,

piloso; estípulas 2mm compr., lineares, pilosas. Inorescência corimbosa congesta, terminal e oressolitárias axilares; epicálice 3-bracteolado; bractéolas 5mm compr., liformes, pilosas; cálice 8mmcompr., piloso; corola 8mm compr., glabra; estames ca. 30, 2mm compr., partes livres no ápice dotubo estaminal; tubo estaminal 3mm compr., base pilosa; estiletes 12-14, 3mm compr., glabros; estigmacapitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos 12-14, tri-aristados, pilosos; arista apical-1, 0,5mm compr.,aristas dorsais-2, 1mm compr.; sementes 1x1,5mm, reniformes, marrons, glabras.

Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 389 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, K.

Pinheiro et al. 69b (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Caruaru, 25.V.2002, A. M. S. Reis et al. 129 (PEUFR).

Comentários: apresenta distribuição na América do Sul, abrangendo Peru, Argentina e

Brasil Stevens (2008). Malvastrum  A. Gray diferencia-se facilmente restante dos gêneros por apresentarepicálice tri-bracteolado e mericarpos triaristados. Malvastrum scabrum  se diferencia de M. tomentosum  pelainorescência e epicálice mais longos, pelos mericarpos, incluindo as aristas apical e dorsais maiores,além da maior densidade de tricomas na superfície dos mericarpos.

40.8. M  ALVASTRUM  TOMENTOSUM  (L.) S.R. Hill subsp. tomentosum, Brittonia 32: 466.1980. Prancha 24, g. D.

Subarbustos eretos, ramos marrons, pilosos, tricomas estrelados. Folhas  1-1,4x0,7-1cm, alternas, ovadas, acuminadas, atenuadas a truncadas, denteadas; pecíolo 4mm compr., piloso;

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251- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

estípulas 2-3mm compr., lineares, pilosas. Inorescência racemosa ou ores solitárias, terminais ou

axilares; epicálice 3-bracteolado; bractéolas 2mm compr., liformes, pilosas, tricomas simples; cálice3mm, densamente piloso; corola 3mm, glabra; estames 15, 1mm compr., partes livres no ápice dotubo estaminal; tubo estaminal 2mm compr., base pilosa, tricomas simples; estiletes 5, 2mm compr.,glabros; estigma capitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos (5) 10-14, 2x2mm, tri-aristados, superfíciedorsal densamente pilosa, arista apical-1, 0,2mm compr., aristas dorsais-2, 0,5mm compr., sementes1,5x1,5mm, reniforme,s glabras.

Material examinado: Serra do Tigre, 08.I.2007, Y. Melo et al. 91 (UFP).

Comentários: citada por S. Hill (com. pes.) para os estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco,Minas Gerais e Mato Grosso, além de registros em áreas secas na Venezuela. Diferencia-se de  M.scabrum  pela inorescências e epicálice menores, pelo tamanho reduzido dos mericarpos e das aristas

apical e dorsais, além dos tricomas menos densos na superfície dos mericarpos.

40.9. M  ELOCHIA TOMENTOSA L., Syst. Nat. 2: 1140. 1759.Subarbustos, ramos tomentosos, tricomas estrelados. Folhas  1,5-4,3x0,8-3cm, elípticas a

ovadas, apiculadas, circulares a cordadas, serreadas, tomentosas, canescentes; pecíolo 2-11mm compr.,piloso; estípulas 2-5mm compr., lanceoladas, hirsutas, tomentosas. Inorescência corimbo, axilar outerminal; brácteas 0,2-0,3mm compr., liformes a triangulares; cálice 5-10mm compr., piloso; corola10mm compr., lilás, glabra, adnada basalmente ao tubo estaminal por 2,8-5,4mm; estames 5, 7-12mmcompr. em ores brevistilas e 4-9mm compr. em longistilas; estiletes 5, 6-9mm compr. em oreslongistilas, unidos até o 1/3-1/2 da base, tomentosos basalmente, 3-5,6mm em ores brevistilas, unidos

a ½ da base, densamente tomentosos basalmente, tricomas estrelados; estigma linear, cerdas ca.0,5mmcompr. Fruto cápsula 6-10x6-10mm, tomentosa, tricomas estrelados ou bídos, estrelados nos septos,sementes 2-3x1-2mm, elipsóides, glabras.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, D. Araújo et al. 252 (UFP), Cacimba Nova, 31.III.2006,

K. Pinheiro et al. 83 (UFP).

Comentários: gênero de distribuição pantropical, com 55-60 espécies agrupadas em cincoseções (Fernández & Grande 2007), com 10 espécies no nordeste do Brasil (Barbosa 2006). Espécieconsiderada indicadora de ambientes savanícolas. Tem uso na medicina popular, na produção de mel ecomo forrageira (Sampaio 2005).

40.10. P  AVONIA CANCELLATA (L.) Cav., Diss. 3: 135. 1787. Prancha 24, g. E-F.Subarbustos decumbentes, ramos pilosos, tricomas simples e estrelados esparsos. Folhas 

2,7-3,8x2-4cm, alterno-dísticas, deltóides, acuminadas, sagitadas, denteadas; pecíolo 0,6-2,4cm compr.,piloso; estípulas 3mm compr., lineares, pilosas, tricomas simples. Flores solitárias, axilares e terminais;epicálice 13mm compr., piloso, tricomas simples, 12-14 bractéolas; cálice 9mm compr., piloso; corola22-24mm compr., pétalas amarelas, base púrpura, glabra; estames ca. 40, 1mm compr., partes livresao longo do tubo estaminal; tubo estaminal 9mm compr., glabro; estiletes 10, 4mm, glabros; estigmascapitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5, 5x5mm, tri-rostrados a múticos, reticulados, glabros;rostro 0,5cm, piloso, tricomas simples retrorsos; sementes  3x2mm, obovóides, vináceas, pilosas,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

tricomas simples.

Material examinado: Cipaúba, 13.III.2008, B. S. Amorim et al. 283 (SP, UFP); Areia Malhada, 21.VI.2007, Y. Melo et al. 230 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1465 (SP, UFP).

Comentários: espécie de distribuição neotropical, ocorrendo desde a América do Norteaté a América do Sul (Esteves 1998). No Brasil distribui-se em vários estados, associada a diferentesambientes como caatinga, cerrado e restinga (Esteves 1998). É utilizada na produção de mel (Santos etal. 2005). Diferencia-se das demais por apresentar epicálice com 12 a 14 bractéolas e pelo número deestigmas corresponderem ao dobro do número de carpelos.

40.11. P SEUDOBOMBAX   MARGINATUM  (A. St.-Hill.) A. Robyns, Bull. Jard. Bot. Brux. 33:73. 1963.

 Árvores, ca. 12m alt., tronco com ritidoma cinza, estrias longitudinais verdes.Folhas compostas,digitadas, 5 folíolos sésseis a subsésseis, 4,7-17,5x0,2-0,5cm, obovado-oblongos, arredondados ouacuminados , decurrentes, inteiros, membranáceos a cartáceos; pecíolo cilíndrico, intumescido nasextremidades, estriado longitudinalmente, glabro a pubescente. Flores  solitárias, geminadas ou emtríades, geralmente nas extremidades dos ramos; cálice campanulado com ápice truncado; pétalaslineares a oblongo-lineares, base glabra, ápice obtuso, recobertas por tricomas em tufos; estamesbrancos; tubo estaminal dividindo-se em 5 falanges, totalmente viloso ou apenas no terço inferior;estigma 5-lobado. Fruto cápsula 10,5-16cm compr., obovóide, 5-valvar, valvas 3-4cm larg.; sementes7-8x5-6mm, arredondas, tricomas longos refescentes.

Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 04.X.2006, Y. Melo et al. 102 (UFP).

Comentários: possui distribuição exclusiva na América do Sul. No Brasil, esta espécieapresenta-se distribuída nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Nesta última ocorre na caatinga,sobre serras e em vegetação de transição entre caatinga e oresta montana. Conhecida pelo nomepopular de Embiratanha. É facilmente reconhecida por ser pouco ramicada, pelas folhas compostas,pelas ores geralmente solitárias, brancas e pelos frutos obovóides. Pseudobombax marginatum é próximade P.  grandiorum  (Cav.) A. Robyns, diferindo pelos folíolos sésseis e pelo tubo estaminal dividindo-seem 5 feixes, enquanto esta tem os folíolos peciolulados e os estames livres a partir do tubo estaminal.

 A casca é utilizada, em forma de chá, para dores de coluna e como lambedor, para hérnia e dores nosrins como toterápico local.

40.12. S IDA CILIARIS  L., Syst. Nat. 2: 1145. 1759. Prancha 24, g. G.Subarbustos,  eretos,  ramos pilosos, tricomas estrelados. Folhas simples 0,8-2,1x0,5-1cm,

alterno-dísticas, elípticas, acuminadas, cordadas, inteiras na porção basal, serreadas na porção distal;pecíolo 0,4-0,6cm compr., piloso; estípulas 3mm compr., lineares, pilosas, tricomas simples. Flores solitárias, terminais; epicálice ausente, pedicelo adnado ao pecíolo de uma folha ou bráctea, 7mm compr.,piloso, tricomas simples; cálice 2mm compr., piloso; corola 4mm compr., pétalas roxas, glabras; estamesca. 8, 1mm compr., partes livres ao longo do tubo estaminal; tubo estaminal 2mm compr., glabro;estiletes 5, 2mm compr., glabros; estigmas capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5,  4x5mm,bi-aristados, rugosos dorsalmente, tricomas estrelados no ápice dos retículos, deiscência lateral, aristas

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

1mm, tricomas estrelados no ápice, sementes 2x2mm, reniformes, marrons, pilosas, tricomas simples.

Material examinado: Cipauba, 13.III.2008, B. S. Amorim et al. 281 (MO, RB, SI, SP, UFP); Fazenda Tigre,17.IV.2007, Y. Melo et al. 146 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Serra Talhada, 17.IV.1971, E. P. Heringer et al. 10 (PEUFR); PARAÍBA:

Gurinhém, 08.VII.1994, L. P. Félix et al. 6541 (PEUFR); Mamanguape, 22.V.1994, S. M. Rodrigues et al. 86 (PEUFR).

Comentários: o gênero apresenta distribuição pantropical, com poucas espécies ocorrendoem regiões temperadas (Fryxell 1997). Sida ciliaris  é uma espécie polimórca com distribuição desde osul dos Estados Unidos à Argentina e também no oeste das Antilhas (Woodson et al . 1965). É utilizadalocalmente na produção de mel (Santos et al. 2005) e como forrageira (Batista et al. 2005). Diferencia-sedas outras espécies do gênero pelo pedicelo adnado ao pecíolo de uma bráctea.

40.13. S IDA CORDIFOLIA L., Sp. pl. 2: 684. 1753. Prancha 24, g. H.Subarbustos, eretos, ramos densamente pilosos, tricomas estrelados curtos, simples esparsos.

Folhas 3-5,7x1,7-3,2cm, alterno-dísticas, ovadas a elípticas, mucronadas, truncadas a cordadas, serreadas;pecíolo 1,3-3,3cm compr., densamente piloso; estípulas 7-13mm compr., lineares, densamente pilosas.Inorescência em panícula ou ores solitárias, terminal ou axilar; epicálice ausente; cálice 6mm compr.,10-costado, densamente piloso; corola 7-9mm compr., glabro, pétalas amarelas, glabras; estames ca.30, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal 3mm compr., base pilosa,tricomas simples; estiletes 5, 3mm compr., glabros; estigmas capitados.Fruto esquizocárpico, mericarpos 8-12, 8x5mm, bi-aristados, reticulados, glabros, deiscência lateral; arista 3mm, pilosa, tricomas simplesretrorsos, sementes 2x2mm, reniformes, marrons, glabras.

Material examinado: Fazenda Pau de Leite, 10.III.2008, B. S. Amorim et al. 250 (UFP); Fazenda Vertentes,19.IV.2007, L. G. Souza et al. 48 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, E. Córdula et al. 62 (SP, UFP).

Comentários: encontrada em praticamente todos os estados brasileiros, sendo bemdistribuída no Nordeste (Baracho 1998). Tem importância na produção melífera (Santos et al. 2005) ecomo forrageira (Batista et al. 2005). Diferencia-se de Sida galheirensis  por apresentar maior densidadede tricomas nos ramos.

40.14. S IDA GALHEIRENSIS  Ulbr., Sp. Pl. 2: 683-686. 1753. Prancha 24, g. I.Subarbustos, eretos, ramos pilosos, tricomas estrelados. Folhas 2,4-4,1x1,1-2,6cm, alterno-

dísticas, elípticas a ovadas, acuminadas, cordadas a atenuadas, denteadas; pecíolo 9-15mm compr., piloso;

estípulas 5-12mm compr., lineares, pilosas. Inorescência corimbosa ou ores solitárias, axilares outerminais; epicálice ausente; cálice 6mm compr., 10-costado, piloso; corola 9-12mm compr., amarela,base arroxeada, glabra; estames ca. 30, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal, piloso; tuboestaminal 3mm, glabro; estiletes 5, 3mm, glabros; estigmas capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos10, 3x4mm, bi-aristados, reticulados, glabros, deiscência lateral; aristas 1-2mm, pilosas, tricomas simplese retrorsos, sementes 2x1mm, reniformes, marrons, glabras.

Material examinado: Várzea do Tiro, 10.III.2008, B. S. Amorim et al. 257 (UFP); Areia Malhada, 16.IV.2007,

P. Gomes et al. 271 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M.F.A. Lucena et al. 1455 (UFP).

Comentários: única espécie do gênero endêmica e amplamente distribuída no Nordeste do

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Brasil (Baracho 1998). É utilizada na produção melífera (Santos et al. 2005) e como forrageira (Batista

et al. 2005). Diferencia-se de Sida cordifolia  por apresentar menor densidade de tricomas nos ramos,,também pela morfologia do mericarpo e comprimento das aristas.

40.15. S IDA GLOMERATA Cav., Diss. 1: 18. 1785. Prancha 24, g. J.Subarbustos,  eretos, ramos verdes, densamente pilosos, tricomas estrelados. Folhas  6,5-

9,5x2,6-3,8cm, alterno-espiraladas, elípticas a lanceoladas, mucronadas, atenuadas a truncadas, denteadas;pecíolo 5-8mm compr., piloso; estípulas 5-7mm, lineares, pilosas, tricomas simples. Flores díclinas,axilares ou terminais; epicálice ausente; cálice 4-5mm compr., membranáceo, densamente piloso; corola5-6mm compr., glabra; estames ca. 30, 2mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tuboestaminal 2mm, base pilosa, tricomas estrelados; estiletes 5, 1mm, glabros, deiscência lateral; estigma

capitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5, 4x4mm, bi-aristados, pilosos; arista 1mm, em direçãoao carpóforo, pilosa, tricomas simples; sementes 1x1mm, reniformes, marrons, corniculadas, pilosas,tricomas simples.

Material examinado: Fazenda Tigre, 30.V.2006,  M. F. A. Lucena et al. 1439b (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Moreno, 06.XII.2004, M. H. Silva 32 (IPA); Tupanatinga, 13.IX.2000,

 J. R. Lemos 193 (IPA).

Comentários: espécie com distribuição restrita às Américas, das Antilhas ao Paraguai(Krapovickas 2003). No Brasil ocorre nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste.   Apresenta importânciana produção de mel (Santos et al . 2005). Diferencia-se das demais espécies do gênero pela lotaxiaalterno-espiralada, os tricomas estrelados na base do tubo estaminal, aristas dos mericarpos em direção

ao carpóforo e as sementes corniculadas.

40.16. S IDA  LINIFOLIA Cav., Diss. 1: 14. 1785. Prancha 24, g. L.Subarbustos, eretos, ramos esparsamente pilosos, tricomas estrelados. Folhas 3,0-4,7x0,3-

0,5cm, alterno-dísticas, lineares, acuminadas, atenuadas, sub-inteiras, serreadas apicalmente; pecíolo7-10mm compr.; estípulas 4-5mm compr., lineares, pilosas. Inorescência  corimbosa ou oressolitárias, axilares ou terminais; epicálice ausente; cálice 7mm compr., piloso; corola 11mm compr.,glabra; estames ca. 40, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal 3mm,piloso, tricomas bídos; estiletes 8, 2mm compr., glabros deiscência lateral; estigmas capitados. Fruto esquizocárpico, mericapos 8, 4x6mm, bi-aristados, reticulados, glabros; aristas 3mm compr., pilosas,

tricomas simples e retrorsos; sementes 2x1mm, reticuladas, pilosas, tricomas simples.Material examinado: Fazenda São Gonçalo, 09.III.2008, B. S. Amorim et al. 247 (MO, RB, SI, SP, UFP).

Material adicional:  PERNAMBUCO: Tamandaré, 27.V.2003, S. S. Lira 622 (PEUFR);Paulista, 27.IV.2003, A. Melquíades 194 (PEUFR); Buíque, 18.VIII.1995, K. Andrade 167 (PEUFR).

Comentários: amplamente distribuída na América e África tropical (Woodson et al . 1965),sendo um importante recurso na produção de mel (Santos et al.  2005) no semi-árido brasileiro.Diferencia-se das demais espécies congêneres por apresentar folhas lineares e tubo estaminal revestidoexclusivamente por tricomas bídos.

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255- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

40.17. S IDA REGNELLII  R.E. Fr., Sp. Pl. 2: 683-686. 1753. Prancha 24, g. M.

Subarbustos, eretos, ramos pilosos, tricomas estrelados e curtos, simples e alongados. Folhas 1,1-2,3x0,6-1,7cm, alterno-dísticas, elípticas a ovadas, mucronadas, cordadas, serreadas; pecíolo 2-7mmcompr., piloso; estípulas 3-4mm compr., lineares, pilosas. Inorescência panículada, corimbosa ouores solitárias, axilares ou terminais; epicálice ausente; cálice 6mm compr., piloso; corola 8mm compr.,amarela, glabra; estames ca. 40, 1mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal3mm, piloso, tricomas estrelados esparsos e bídos; estiletes 8, 2mm compr., glabros, deiscência lateral;estigmas enegrecidos, capitados. Fruto esquizocárpico, mericarpos 8, 2x2mm, bi-aristados, reticulados,glabros; aristas 1mm compr., pilosas, tricomas simples e retrorsos; sementes 2x1mm, reniformes,marrons, glabras.

Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1467 (SP, UFP).

Materiais adicional:  RIO GRANDE DO SUL: Estância Santa Tereza, 10.XI.1968, A. Krapovickas et al. 13789 (IPA); Estância Santa Tereza, 17.III.1950, B. Rambo SJ46360 (SPF); SãoLeopoldo, 21.V.1949, B. Rambo 41674 (SP); ARGENTINA: Corrientes, 15.I.1992, A. Krapovickas et al.43950 (SP).

Comentários: conhecida até então para a região Sul do Brasil (Baracho 1998), mas comcoletas também registradas para os estados do Paraná e Minas Gerais. Diferencia-se das demais espéciescongêneres pelo tamanho reduzido do mericarpo e das aristas e por apresentar tricomas estreladosesparsos e bídos ao longo do tubo estaminal.

40.18. S IDA SPINOSA L. Sp. Pl. 2: 683-684. 1753. Prancha 24, g. N.

Subarbustos, eretos, ramos verdes, esparsamente pilosos, tricomas estrelados. Folhas 1,1-1,9x0,6-0,8cm, alterno-espiraladas, elípticas, acuminadas, atenuadas, serreadas; pecíolo 5-12mm compr.,piloso tricomas estrelados; estípulas 2-4mm compr., lineares, pilosas, tricomas simples. Flores isoladas,axilares e terminais; epicálice ausente; cálice 6-7mm compr., membranáceo, densamente piloso,tricomas estrelados; corola 6mm compr., glabra; estames ca. 20, 1mm compr., partes livres no ápicedo tubo estaminal; tubo estaminal 2-3mm compr., piloso, tricomas simples; estiletes 10, 1mm compr.,glabros; estigma capitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5, 5x4mm, bi-aristados, reticulados, pilosoapicalmente, tricomas simples, deiscência apical; arista 1mm compr., pilosa, tricomas simples; sementes1x1,5mm, reniformes, glabras.

Material examinado: BRASIL. Pernambuco: Mirandiba, Fazenda dos Lucas, 22.VII.08, K. Pinheiro et al. 1167

(UFP); Fazenda Pau de Leite, 17.VII.08, K. Pinheiro et al. 965 (UFP); Fazenda Boa Esperança, 12.VII.08 K. Pinheiro et al. 843(UFP).

 Material adicional: PERNAMBUCO: Caruaru, Brejo dos Cavalos 20.X.96, G. S. Baracho et al . 196 (UFP); Serra

Talhada, 12.VII.96, Siqueira-Filho et al. 66 (UFP); Pesqueira, Serra do Ororobá, 22.08.95, Márcia Corr eia 321 (UFP).

Comentários: Espécie amplamente distribuída no Novo Mundo e com registro para Áfricado Sul. É usada como planta medicinal (Agra et al. 2005) e na produção de mel (Santos et al. 2005).Diferencia-se das outras espécies do gênero porá apresentar deiscência apical do mericarpo.

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256

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

40.19. S IDASTRUM   MICRANTHUM  (A. St.-Hil.) Fryxell, Brittonia 30(4): 452. 1978.

Prancha 24, g. O.Subarbustos, eretos, ramos densamente pilosos, tricomas estrelados. Folhas 1,9-6,5x1-4,8cm,

alternas, ovadas, mucronadas, levemente cordadas, serreadas; pecíolo 10-26mm compr., densamentepiloso; estípulas 2-9mm compr., lineares, pilosas. Inorescência paniculada ou em glomérulos, axilaresou terminais; epicálice ausente; pedicelo adnado a 3 bractéolas; cálice 4mm compr., membranáceo,densamente piloso; corola 5mm compr., rósea, glabra; estames ca. 15, 1mm compr., partes livres noápice do tubo estaminal; tubo estaminal 3mm, esparsamente piloso; estiletes 5, 1mm, glabro; estigmacapitado. Fruto esquizocárpico, mericarpos 5, 3x4mm, bi-aristados, lisos, revestidos por indumentomembranáceo, esparsamente piloso; aristas 1mm compr., pilosas; sementes 2x2mm, reniformes,marrons, glabras.

Material examinado: Várzea do Tiro, 10.III.2008, B. S. Amorim et al. 258 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007,L. L. Santos et al. 229 (MO, RB, SP, UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Caruaru, 13.VIII.1994, M. F. Sales 274 (PEUFR).

Comentários:gênero distribuído do México e Antilhas até a Argentina (Fryxell 1997). No Brasil,suas espécies distribuem-se nos estados da região Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, apresentando trêsespécies nesta última (Esteves 2006). Diferencia-se dos outros gêneros de Malvaceae por possuir oresdiminutas reunidas em inorescências glomerosas, paniculadas, racemiformes ou solitárias. Sidastrummicranthum  distribui-se na América do Sul, na Venezuela, Bolívia e no Brasil, sendo frequentementeencontrada nas regiões Nordeste e Sudeste. Distingui-se das demais espécies de Sidastrum  por apresentaros mericarpos revestidos por indumento membranáceo.

40.20. W  ALTHERIA  ALBICAN s  Turcz.  Bull. Soc. Imp. Naaturalistes Moscou 31(2): 214.1858. 

Subarbustos, ramos exuosos, ocreolados, seríceos, pilosos, tricomas estrelados e tricomasestipitado-glandulosos amarelos. Folhas  1,9-5,3x1,2-4,3cm compr., elípticas a ovadas, apiculadas,circulares a cordadas, denteadas; pecíolo 3-5-11-28mm compr., densamente tomentosas e seríceoadaxialmente, densamente velutina e seríceo abaxialmente; estípulas 6-7mm compr., linear-triangulares alanceoladas, pilosas. Inorescência glomerosa a paniculiforme, axilar ou terminal. Flores com brácteas5-6mm compr., lanceoladas, pilosas adaxialmente, tricomas simples; cálice 5mm compr., seríceo;corola 4-5mm compr., glabra, pétalas ungüiculadas 0,8-1,6mm compr., 1,5-4,5mm largura; estames 5,

tubo estaminal 1-1,5mm em ores brevistilas e 2-4mm em ores longistilas; estilete 0.7mm compr.,homostílico, seríceo, brácteas 0,4mm compr.; estigma plumoso, 0,5mm compr. em ores brevistilase 1mm em ores longistilas. Fruto  cápsula, 3x2mm, 1-locular, membranácea, densamente serícea,glândula séssil subapicalmente; sementes 2x1,5mm, obovóides, reticuladas, glabras.

Material examinado: Baixio Grande, 19.IV.2007, K. Mendes et al. 12 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, L.

L. Santos et al. 263 (UFP).

Comentários: gênero tropical e subtropical com cerca de 60 espécies, 53 delas americanas,tendo o Brasil como maior centro de endemismo (Saunders 2007). No nordeste do Brasil ocorrem 13espécies do gênero (Barbosa 2006). Em Pernambuco, ocorrem 8 espécies, destas, 4 são da ora local(Saunders 1995). Waltheria albicans  é habitualmente distílica no Brasil, mas também pode ocorrer como

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257- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

homostílica. Espécie comum em áreas de Caatinga é utilizada como indicadora desde tipo de vegetação,

menos frequentemente é encontrada nas transições Cerrado-Caatinga ou em Vegetações de Cerradocom algum grau de perturbação. As ores geralmente são polinizadas por abelhas e Lepidoptera emgeral. Inorescência com brácteas e cálice glandulares.

40.21. W  ALTHERIA BRACHYPETALA  Turcz., Bull. Soc. Imp. Naturalistes Moscou 31(1):215. 1858.

 Arbustos, ramos marrons, tomentosos, tricomas estrelados, levemente cobertos por tricomasestrelado-estiptados, ferrugíneos. Folhas distalmente dísticas, 3,8-6,5x1,5-2,2cm compr., lanceoladas,obtusas a acuminadas, circulares, denteadas; pecíolo 4-7mm compr., piloso; estípulas 3-4mm compr.,lanceoladas, levemente tomentosas, tricomas estrelados. Inorescência escorpióide, axial ou terminal;

bractéolas liformes; brácteas elípticas, obovadas ou ovadas, 5mm compr., levemente tomentosasabaxialmente, tomentosas adaxialmente; cálice 6mm compr., densamente tomentosos e hirsutos;corola 6mm compr., amarela, glabra; estames 5, tubo estaminal 1.8-2mm compr. nas ores brevistilase 2-3.5mm compr. nas ores longistilas, glabro; estilete 1-1.8mm compr., velutino em ores brevistilase 4-5.2 mm compr. e tomentoso em ores longistilas; estigma oblongo, plumoso, brácteas ca. 0.2 mmem ores brevistilas. Fruto cápsula, 3x2mm, 1-locular, parcialmente deiscente no ápice, verde, tricomasestrelados; sementes 2-2.5x1.5-1.8mm, obovóides, reticuladas, glabras.

Material examinado:  Areia Malhada, 20.VI.2007, Y. Melo et al. 300 (UFP); Serra do Tigre, 16.IV.2007, K.

 Mendes et al. 05 (UFP); Areia Malhada, 8.II.2007, Y. Melo et al. 124 (UFP);, Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 84

(UFP).

Comentários: espécie encontrada apenas na Caatinga, indicadora deste ambiente, raramenteencontrada também em orestas secundárias em solos rochosos ou arenosos. Anteriormente Waltheriabrachypetala Turcz era reconhecida como sinônimo ou confundida com W. ferruginea  A. St.-Hil. , queatualmente é considerada endêmica dos arredores de Grão Mogol, Minas Gerais (Saunders 1995) . Espécie distílica. Flores geralmente abrem durante apenas um dia inteiro. Waltheria brachypetala sediferencia de W. ferruginea pelas folhas de mesma cor e brácteas e cálice seríceos.

40.22. W  ALTHERIA OPERCULATA Rose, Contr. U.S. Natl. Herb. 5: 183. 1899.Ervas, ramos estrigosos, tricomas simples. Folhas  2,1-5,2x0,7-1,7cm compr., elípticas,

acuminadas, atenuadas, denteadas; pecíolo 6-10mm compr., piloso; estípulas 8-11x3-5mm, lanceoladas

a oblíquas, margens setosas a ciliadas. Inorescência glomerosa, terminal; brácteas 3-6x1-4mm compr.,elípticas, setosas ou ciliadas; cálice 5-6mm compr., setoso, tricomas simples marginais e estreladosagrupados nas nervuras; corola 4-5mm compr., aderida ao tubo estaminal até 1,4mm compr., glabra;estames 3,3mm compr., imbricados ao estilete, agrupados em tubo até 2mm compr., letes livres 1,1mmcompr.; estilete 1.1-1,5mm compr., glabro, tricomas simples e bídos na base; estigma 1.6x0.7mm,plumoso. Fruto cápsula, 3x1,5mm, 1-locular, deiscência apical, glabro subapicalmente, opérculo setosoou estrigoso, tricomas simples; sementes 2x1,4x1,1mm, sub-obovóide, lateralmente comprimidas, ápicebissulcado, divididas em 3-faces lateralmente, reticuladas, verrucosas, glabras.

Material examinado: Areia Malhada, 21.VI.2007, Y. Melo et al. 228 (UPF); Serra das Umburanas, 18.IV.2007,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 24.  Figura A. Herissantia crispa.  Mericarpo.  B.  Herissantia tiubae. Mericarpo. C.  Malvastrum

scabrum.  Mericarpo. D.  Malvastrum tomentosum subsp. tomentosum.  Mericarpo. E-F.  Pavonia

cancellata. E. Mericarpo. F. Mericarpo. G.  Sida ciliaris.  Mericarpo. H. Sida cordifolia. Mericarpo. I. Sida

galheirensis.  Mericarpo.  J.  Sida glomerata. Mericarpo. L. Sida linifolia.  Mericarpo.  M.  Sida regnellii. 

Mericarpo.  N. Sida spinosa. Mericarpo. O. Sidastrum micranthum.  Mericarpo.  P. Wissadula contracta. 

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259- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

L. L. Santos et al. 247 (UFP), Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J.R. Maciel et al. 398 (UFP); Serra do Tigre, 31.III.2006, K. Pinheiro et

al. 98b (UFP).Comentários: espécie amplamente encontrada na vegetação de Caatinga do Brasil (Saunders

1995). No Brasil, é confundida com duas espécies distílicas rizomatosas perenes: Waltheria bracteosa A.St.-Hil. & Naudin, prostrada, densamente entrelaçada, com pedúnculos eretos e W. macropoda Turcz ,ereta e com poucas brácteas.

40.23. W  ALTHERIA ROTUNDIFOLIA Schrank, Syll. Pl. Nov. 2: 65-66. 1828.Subarbustos a arbustos, ramos marrons, tomentosos, esparsamente hirsutos, tricomas

estrelados. Folhas 2,1-3,2x1,5-2,9cm compr., elípticas a obovadas, circulares, mucronadas a retusas,obtusas a atenuadas, denteadas, canescentes; pecíolo 5-10mm compr., velutino; estípulas 3-7mm compr.,

linear-triangulares, tomentosas, margem hirsuta. Inorescência glomerosa, axial ou terminal; brácteas3-8mm compr., triangulares a liformes, tomentosas a hirsutas, tricomas estrelados, tricomas curto-estipitados glandulares na face adaxial; cálice 4 mm compr., seríceo, hirsuto, tricomas estrelados, sépalasdensamente hirsutas adaxialmente; corola 3-5mm compr., ápice hirsuto, tricomas simples a estrelados;estames 5, tubo estaminal 2,2-2,7 compr. nas ores brevistilas e 1,2-3,1 nas ores longistilas; estilete0,7-1,3mm compr., glabro nas ores brevistilas e 3,9-5,3mm compr. e distalmente pubescente nas oreslongistilas, tricomas estrelados; estigma penicilado. Fruto  cápsula,  2x2mm, 1-locular, puberulenta,sementes 1,5-2,1x 1,1-1,6, deltóides, reticuladas, glabras.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 227 (UFP); Areia Malhada, 16.IV.2007, D.

 Araújo et al. 222 (UFP); Cacimba Nova, 31.III.2007, K. Pinheiro et al. 98a (UFP).

Comentários: espécie utilizada na produção de mel (Sampaio 2005). Espécie disjuntaentre as regiões semi-áridas no Brasil, ocorrendo quase exclusivamente na Caatinga e em vegetaçõessubarbustivas de regiões áridas do Texas, México e América Central. É frequentemente confundidatanto com Waltheria indica L., quando com W. americana L. 

40.24. W ISSADULA CONTRACTA (Link) R.E. Fr., Kongl. Svenska Vetensk. Handl. 43(4): 60.1908. Prancha 24, g. P.

Subarbustos eretos, ramos pilosos, tricomas estrelados. Folhas 8,5-9,5x5,3-7,8cm, alternas,elípticas, mucronadas, cordadas, inteiras; pecíolo 2,3-7cm, piloso; estípulas 3mm, lineares, pilosas.Inorescência paniculada, terminal ou axilar. Flor sem epicálice; cálice 2mm, piloso; corola 4mm

compr., glabra; estames ca. 20, 2mm compr., partes livres no ápice do tubo estaminal; tubo estaminal1mm compr., hialino, piloso, tricomas simples na base; estiletes 6, 2mm compr.; estigma capitado.Fruto cápsula mericarpos 10, constrictos, apiculados, cavidade superior deiscente, inferior indeiscente,esparsamente piloso, tricomas simples; sementes 2x2mm, reniformes, marrons, glabras.

Material examinado: Fazenda Tigre, 30. V. 2006, K. Pinheiro 141 et al. (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Caruaru, 21.VI.2002, A. M. S. Reis et al. 30 (PEUFR); Sertânia,

20.VI.2000, R. C. Barr eto 14 (IPA); Ouricurí, 01.IV.1971, E. P. Heringer et al. 489 (IPA).

Comentários: gênero largamente distribuído nos Neotrópicos, desde os Estados Unidos até a Argentina, estendendo-se também no velho mundo (Fryxell 1997). Nove espécies ocorrem no Nordeste

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

41. M ARSILEACEAE

 Augusto César Pessôa Santiago & Sergio Romero da Silva Xavier 

Plantas aquáticas ou anfíbias, perenes ou anuais, encontradas em locais encharcados ouperiodicamente inundados, enraizadas ou flutuantes, heterosporadas. Rizomasolenostélico, curto a longoreptante, geralmente delgado e ramificado, apresentando tricomas ou escamas. Frondes normalmentepequenas, 1-40cm compr., freqüentemente glabras na maturidade, monomórficas; vernação circinada;pecíolos longos; lâmina foliar ausente, bipinada ou quadripinada, nesse caso, pinas inteiras, às vezestriangulares, dispostas em cruz, glabras ou pilosas, venação dicotomizada, livre ou anastomosante,formando aréolas alongadas. Soros nascendo no interior de estruturas resistentes (esporocarpos).Esporocarpos reniformes, pequenos 2-5mm (maioria), pilosos ou glabros, 1-vários, sustentados por umaramificação na base do pecíolo ou em sua porção proximal, interior compartimentado, onde se alojamos soros. Esporângios sem anel; microsporângios contendo inúmeros micrósporos; macrosporângioscom apenas um grande macrósporo, coberto com mucilagem. Esporos triletes, aclorofilados.

Marsileaceae é subcosmopolita e representa um grupo monofilético, composto por ca. 75espécies, distribuídas em três gêneros (  Marsilea , Pilularia  e Regnellidium  ), todos ocorrendo nos neotrópicos.

 Apenas um gênero, Marsilea , foi registrado na área de estudo. Este gênero possui aproximadamente 50espécies e tem três centros de diversidade (México, África e Austrália). Dez espécies são registradas parao novo mundo e cinco ocorrem em território brasileiro, sendo uma considerada introduzida (  Marsileaminuta  ). No estado de Pernambuco são encontradas três espécies, M. deflexa  A. Braun, M. minuta  L. e

 M. polycarpa  Hook. & Grev., ocorrendo tanto em áreas de Floresta Atlântica quanto de Caatinga. Asespécies do gênero são comumente chamadas de trevo de quatro folhas.

 JOHNSON, D.M. 1986. Systematics of the New World Species of  Marsilea  (Marsileaceae).Systematic Botany Monographs, 11: 1-87.

 JOHNSON, D.M. 1995. Marsileaceae. In : MORAN, R.C. & RIBA, R. 1995. Psilotaceae aSalviniaceae. In:  DAVIDSE, G., SOUZA, S.M. & KNAPP, S. (eds.). Flora Mesoamericana. UniversidadNacional Autónoma de México, Ciudad de México, 1: 393-394.

MICKEL, J.T. & BEITEL, J.M. 1988. Pteridophyte flora of Oaxaca, Mexico. Memoirs ofthe New York Botanical Garden, 46: 1-568.

do Brasil (Esteves 2006). Distingue-se morfologicamente do restante dos gêneros de Malvaceae por

apresentar mericarpos constrictos, apiculados e divididos em duas cavidades. Wissadula contracta   temdistribuição desde a América do Norte e Central, a América do Sul, onde ocorre na Venezuela e no Brasil.No Brasil, a espécie ocorre nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco. Caracteriza-se por apresentar lâmina foliar cordiforme, inorescência racemosa e mericarpos apiculados.

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261- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 TRYON, R.M. & STOLZE, R.G. 1994. Pteridophyta of Peru – Part IV. Marsileaceae-

Isoetaceae. Fieldiana, Botany 34: 1-123.XAVIER, S.R.S. Inéd. Pteridófitas da Caatinga: Lista Anotada, Análise da Composição

Florística & Padrões de Distribuição Geográfica. Tese de Doutorado. Universidade Federal Ruralde Pernambuco, Recife, PE. 2007.

41.1. M  ARSILEA DEFLEXA  A. Braun, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss. Berlin 1863:421. 1864. Prancha 24, fig. A.

Ervas, aquáticas ou palustres. Rizoma delgado, enraizando-se nos nós e entrenós. Frondesaté ca. 4,5cm compr.; pecíolo longo, 1,5-3,0cm compr., flexível, cilíndrico e glabro; lâmina foliardividida em quatro pinas cuneadas; pinas 0,9-1,5cm compr., 0,8-1,5cm larg., glabras; frondes férteis

com 1-4 esporocarpos na ¼ porção basal do pecíolo. Esporocarpos obovados, 3,5-5,0mm compr.,retangulares ou quadrados na vista lateral, densamente coberto por tricomas claros e quando nus,revelam-se castanho escuros e com costelas laterais conspícuas, sem rafe ou dentes.

Material examinado: Serra das Umburanas, 23.VI.2007, Y. Melo et al. 309 (UFP).Comentários: o material fértil de M. deflexa , pode ser facilmente distinguido pelo esporocarpo

angular, relativamente grande e pelas costelas laterais conspícuas. Pode-se acrescentar ainda, ainserção destes na ¼ porção basal do pecíolo e a ausência de rafe ou dentes. Contudo, espécimesestéreis são praticamente indistintos das outras espécies da sua secção ( Clemys  ). Esta espécie podeapresentar diferenciação nas frondes quando em terra ou na água, neste último caso apresentandomaior comprimento da fronde, além disso, podem formar híbridos com  M. polycarpa . Marsilea deflexa  

esta distribuída no México, América Central e América do Sul. No Brasil, ocorre nas Regiões Norte eNordeste, estando presentes em áreas de Caatinga e também de Floresta Atlântica. Em Mirandiba aespécie foi coletada em área periodicamente alagada.

42. MENISPERMACEAE

 Niara Moura Porto

Trepadeirasherbáceas, às vezes arbustos, raramente árvores, dióicas, perenes. Folhas alternas,às vezes peltadas, simples, raramente triofolioladas; lâminas deltóides, ovais, oblongas, cordiformes ouorbiculares, margem inteira ou lobada, actinódromas, 3-11 nervadas, raramente peninérveas, pecíolocom ápice e/ou base alargados, estípulas ausentes. Inflorescências geralmente racemosas, paniculadasou fasciculadas, raro espiciformes, caulifloras ou axilares. Flores unissexuadas, mono ou diclamídeas;sépalas 3-12 ou mais, raramente 1, livres ou conatas, em 2 ou mais verticilos, imbricadas ou valvares;pétalas 1-6 ou ausentes, livres ou conatas, em geral imbricadas; estames 3-6 ou mais, raramente 2,livres ou concrescidos em sinandro, anteras rimosas, introrsas ou extrorsas; estaminódios presentes

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

ou ausentes; ovário apocárpico, carpelos 3, 6 ou mais, raramente 1, livres entre si, 2-ovulados, 1óvulo

abortivo, estigma terminal, inteiro ou lobado. Fruto drupa, oblongo-ovóide, obovóide, elipsóide oucomprimido, estipitado ou séssil, epicarpo lenhoso, coriáceo ou membranáceo, mesocarpo carnosoou fibroso, endocarpo lenhoso, externamente rugoso ou levemente tuberculado; semente com ou semendosperma; embrião reto ou curvo.

Menispermaceae está constituída de 75 gêneros e cerca de 500 espécies (Ortiz et al . 2007),ocorrem principalmente em florestas tropicais e subtropicais, algumas em climas temperados, sendoa Amazônia o maior centro de diversidade genética (Krukoff & Barneby 1970). A família é ricaemcompostos químicos e farmacológicos, especilamente de Chondodrendron , que são usadas na preparaçãode curare (Bisset 1988).

BARBOSA-FILHO, J.M.; AGRA, M.F. & THOMAS, G. 1997. Botanical, chemical andpharmacological investigation on Cissampelos   species from Paraíba (Brazil).  Journal  of   Brazilian 

 Association for the  Advancement of  Science, 49: 386-394.BISSET, N. G. 1988. Curare-botany, chemistry, and pharmacology.  Acta Amazônica,  18:

255-290.KRUKOFF, B. A. & BARNEBY, R. C. 1970. Suplementary notes on American Menispermaceae-

 VI. Memory New York Botanic Garden, 20: 1-70.ORTIZ, R. C.; KELLOGG, E. A. & WERFF, H. 2007. Molecular phylogeny of the moonseed

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Botany, 94(8): 1425-1438.RHODES, D. G. 1975. A revision of the genus Cissampelos . Phytolologia, 30: 415-485.

42.1. C ISSAMPELOS  SYMPODIALIS  Eichl., Flora 47(25): 392. 1864.Trepadeiras herbáceas, caule cilíndrico, indivisos, pubérulo, brilhante,com estrias longitudinais.

Folhas simples, pecioladas; lâmina 2,3-5,3x1,8-3,7cm, oval a deltóide, glabra, membranácea a subcoriácea,ápice obtuso a retuso, mucronulado, base cordada, margens inteiras, discolor, glauca na face adaxial,nervação do tipo actinódromo-broquidódromo, 10-12 nervuras; pecíolo reto, peltado, excêntrico, 0,8-1,5x0,1cm, cilíndrico, com ápice e base alargados e levemente curvados, pubérulo, tricomas simples.Inflorescência masculina não observada. Inflorescência feminina fasciculada, axilar, ca. 12-37cm;

4-6 flores por fascículo, pedúnculo seríceo; bráctea cordada, mucronulada, inseridas na base de cadafascículo. Flores  femininas diclamídeas; sépala 1, ca. 1,0x0,6mm, obovada, com tricomas na parteexterna; pétala 1, ca. 0,6x0,7mm, reniforme, com tricomas na parte externa; carpelo 1, piloso, estigma 3,lobado. Fruto drupa 4-5x3,7-4,5mm, oboval, comprimida lateralmente, epicarpo membranáceo, glabro,endocarpo levemente tuberculado.

Material examinado: Sítio Salinas, 03. I. 2008, E. Córdula et al. 341 (UFP).

Comentários: espécie endêmica do Brasil, registrada para os estados do Ceará, Alagoas e MinasGerais (Rhodes 1975). Ocorre freqüentemente em áreas de Mata Atlântica. Conhecida popularmentecomo “milona” e “orelha-de-onça”, suas folhas e raízes são empregadas na medicina popular contra

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263- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

afecções do aparelho respiratório, reumatismos e artrites. É bastante distinguível pelas superfíciesglabras e glaucas, florece nos meses de janeiro a abril e frutifica de outubro a dezembro.

43. MOLLUGINACEAE

Katarina Pinheiro & Marccus Alves 

Ervas anuais, glabras ou raramente pilosas. Folhas verticiladas, alternas, raramente opostas,

simples, estípulas ausentes, sésseis, margem inteira. Inflorescência terminal ou axilar, raramente comflor solitária. Flores bissexuadas, raramente unissexuais, actinomorfas, monoclamídeas, pediceladas;tépalas 5, raramente 4, livres, persistentes; estames 3-muitos, livres ou soldados na base; ovário súpero,globoso ou oblongo, óvulos pouco a muitos por loco, placentação axial, estiletes 3-5, livres. Frutosaquênio ou cápsula loculicida; sementes numerosas, reniformes.

Molluginaceae tem distribuição predominantemente pantropical, sendo representada por 13gêneros e aproximadamente 130. No Brasil ocorrem três gêneros e três espécies, sendo Mollugo verticilata  a mais comum ocupando diversos tipos de ambientes.

FURLAN, A. & MACHADO, P.A. 2002. Molluginaceae. In:  WANDERLEY, M.G.;SPHEPHERD, G.J.; GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, 2:187-188.

LU DEQUAN & HARTMANN, H.K. 2003. Molluginaceae. Flora da China, 5:437-439.

43.1. M OLLUGO  VERTICILLATA L., Sp. pl. 1: 89. 1753. Prancha 25, fig. B-D.Ervas anuais, terrestres, glabras. Folhas 0,8-1,7cm x 0,7-1,2cm, verticiladas, simples, sésseis,

lineares a espatuladas, ápice agudo, base atenuada, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência umbela,brácteas deltóides na base, inconspícuas, persistentes; pedicelos 0,5-1,2cm. Flores bissexuais, 5-meras;tépalas ca. 1-3mm compr., elípticas-oblongas, alvas; estames 3-5, unidos na base, filetes alargados na

base, 1-1,5 mm compr.; ovário súpero, globoso, 3-locular, 3-carpelar, estiletes 3, estigmas globosos 3,livres. Fruto cápsula septicida, , globoso, placentação axial; sementes castanhas, remiformes ca. 20,testa ornamentada.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.07, D. Araújo et al. 234 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.07, L. L. Santos

et al. 224 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.07, M. T. Vital et al. 114 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.07, P. Gomes et al. 285 (UFP).

Comentários: espécie ampla distribuição no Brasil e em Mirandiba, comum na maioriado ambientes com solo de origem sedimentar mas também presente em solo cristalino. Predominaambientes levemente antropizados e de caatinga aberta. Utilizada como forrageira por caprinos.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

44. MORINGACEAEKalinne Mendes & Marccus Alves 

 Árvores ou arbustos, frequentemente decíduos. Folhas alternas, compostas, 1-3(ou 4)-imparipenadas, glabras a puberulentas; pinas opostas, às vezes caducas; pecioladas. Inflorescênciasterminais e/ou axilares, racemosas. Flores  andróginas, diclamídeas, pentâmeras, geralmentezigomorfas, brancas, raramente vermelhas, com ou sem hipanto, nectários presentes; cálice dialissépalo,freqüentemente reflexo, prefloração quincuncial; corola dialipétala, freqüentemente reflexa, alternaao cálice, prefloração quincuncial; androceu isostêmone, estaminódios presentes, gineceu tricarpelar,

unilocular, ovário súpero, estipitado, carpelos pluriovulados e placentação pariental. Frutos simples,cápsulas, sementes aladas ou não.

Moringaceae é monogenérico (  Moringa  ) com apenas 13 espécies nativas nos trópicos do VelhoMundo que são desde árvores de grande porte a pequenos arbustos tuberosos (Olson, 2002). Merecedestaque também pelo seu valor econômico no tratamento de purificação da água sendo Moringa oleiferaLam. a espécies mais amplamente difundida, com usos também ornamentais, medicinais e alimentícios(Lorenzi et al.  2003; Chumark et al. 2008; McConnachie et al . 1996). No Brasil é encontrada comocultivada ou subespontânea por toda região nordeste e leste, nos arredores da cidade ou em parques(Lorenzi et al., 2003). Em Mirandiba, é encontrada como cultivada em espaços públicos ou privadose ocupando áreas de caatinga com alguma intervenção antrópica, especialmente devido ao como

purificador de água.

CHUMARK, P.; KHUNAWAT, P.; SANVARINDA, Y.; PHORCHIRASILP, S.; MORALES, N.P.; PHIVTHONG-UGAM, L.; RATANACHAMNONG, P.; SRISAWAT, S. & PONGRAPEEPORN,S. 2008. The in vitro and ex vivo antioxidant properties, hypolipidaemic and antiatherosclerotic activitiesof water extract of Moringa oleifera Lam. leaves. Journal of Ethnopharmacology, 116: 439–446.

OLSON, M.E., 2002. Combining data from DNA sequences and morphology for a phylogenyof Moringaceae (Brassicales). Systematic Botany, 27: 55–73.

44.1. Moringa oleifera Lam., Encycl. 1(2): 398. 1785.

 Árvores ca. 6m alt., ramos pilosos. Folha 22-25cm compr., recomposta, foliólolos 1-2,5x0,5-1cm, opostos, elípticos, pubescentes; pecíolo 13cm compr.; estipelas, ca. de 1mm, por vezes presentes,filiformes, ápice glândular. Inflorescência 20-30cm compr., axilar ou terminal, paniculada, multiflora;bractéolas 1-2mm. Flor 2cm compr., branca, odor adocicado; hipanto com depressão nectarífera, peçasflorais dos verticilos desiguais; cálice pubescente, reflexo; corola glabra, papilionácea, base da carenapilosa; estames-5, 6-11mm compr., epipetálos, filete piloso na base, anteras monotecas, estaminódios-5,0,4-0,7mm compr., episépalos, filete piloso na base; gineceu 1,5cm compr., ovário piloso, placentaçãopariental, estigma crateriforme. Fruto  cápsula, 35-38cm compr., 3-valvar, polispérmica; sementesaladas.

Material examinado: entorno da Prefeitura, 3.X.2006, Y. Melo et al. 103; 4. X. 2006, M. F. A.Lucena et al. 1630 (UFP, RB, MO).

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265- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Comentários: seus usos econômicos são diversos como a arborização de ruas, os frutos, folhas

e raízes comestíveis, as folhas com atividade antioxidante e redutora de colesterol, as sementes produtorasde óleo de alta qualidade e purificadoras de água (McConnachie et al . 1996, Lorenzi et al. 2003, Chumarket al. 2008;). Popularmente conhecida como lírio-branco e quiabo-de-quina. Amplamente utilizada pelacomunidade local na purificação de cisternas. Acredita-se que o uso da mesma em Mirandiba, tempropriciado a sua dispersão por áreas de caatinga com algum grau de antropização.

45. M YRTACEAE

 Marcos Sobral 

 Árvores  ou arbustos; tricomas, quando presentes, simples ou dibraquiados, unicelulares.Folhas opostas, inteiras, com glândulas translúcidas geralmente evidentes, contendo óleos voláteis.Inflorescências  terminais ou axilares, determinadas (dicasiais) ou indeterminadas, racemiformes,fasciculiformes, glomeruliformes ou paniculiformes, ocasionalmente flores solitárias e axilares. Flores bissexuadas, radiais, com tubo do cálice desenvolvido ou não; lobos do cálice 4-5 ou soldados, abrindo-se em lobos irregulares ou sob a forma de caliptra; pétalas 4-5, raro 1-2 ou ausentes; estames geralmentenumerosos (30 a 200), desenvolvendo-se centripetamente; carpelos 2-5, raro até 10, soldados; ovário

 ínfero; placentação central, ocasionalmente apresentando intrusão da placenta no lóculo; óvulos 2-20por lóculo, raro um único óvulo. Frutos uni- a multisseminados, carnosos, embriões com cotilédonesmenores que o hipocótilo, do tamanho do hipocótilo e dobrados sobre si mesmos ou com hipocótilo

 vestigial ou ausente, neste caso às vezes soldados; endosperma escasso ou ausente.

Myrtaceae é uma família pantropical com cerca de 133 gêneros e mais de 3800 espécies (Wilsonet al. 2001). No Brasil existem cerca de 20 gêneros, com aproximadamente 1000 espécies (Landrum &Kawasaki 1997). Em Mirandiba foram encontradas três espécies dos gêneros Eugênia e Campomanesia .

LANDRUM, L.R. & KAWASAKI, M.L. 1997. The genera of Myrtaceae in Brazil: an illustrated

synoptic treatment and identification keys. Brittonia, 49: 508-536. WILSON, P.G., O´BRIEN, M.M., GADEK, P.A. & QUINN, C.J. 2001. Myrtaceae revisited:

a reassessment of infrafamilial groups. American Journal of Botany, 88: 2013-2025.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE M YRTACEAE.

1. Ramos com folhas novas surgindo juntamente com as ores, essas axilares

e com bractéolas (pequenas brácteas localizadas na base da or) lineares,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

geralmente decíduas na antese; botões orais com os lobos do cálice ocultando

pelo menos parcialmente o globo das pétalas; lobos do cálice elípticos a oblongos,

4-5x2,5-4mm; frutos globosos, 20-30mm de diâmetro,

amarelos quando maduros ............................. ............................... ............................... ..... Eugenia dysenterica 

1’. Ramos com folhas adultas quando do surgimento das ores, essas

predominantemente ramioras (isto é, sobre partes dos ramos já

desprovidas de folhas) e com bractéolas triangulares ou ovadas, persistentes

após a antese; botões orais com os lobos do cálice ovados ou largamente

triangulares, até 1x1mm, com o globo das pétalas claramente visível sobre eles;frutos globosos ou elípticos, 10x5-7mm, vermelhos ou negros

quando maduros ................................................................................................................ Eugenia stictopetala 

45.1. C  AMPOMANESIA VIATORIS  Landrum, Brittonia 36(3): 242. 1984.Material examinado: Chacal, 11.II.2008, K. Pinheiro1319 (IPA, UFP); 18.VII.2008, K. Pinheiro 1029 (UFP);

19.VII.2008, K. Pinheiro 1063 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição restrita ao semi-árido brasileiro e conhecida deapenas poucas coletas no estado da Bahia. Em Mirandiba, foi encontrada em apenas uma área de

caatinga arbustiva de origem sedimentar. Distingue-se pelo hábito arbustivo, as gemas axilares e asfolhas opostas, membranáceas, peninérveas, curto pecioladas e aromáticas. As amostras da espécieforam coletadas em fase estéril e após a elaboração da monografia. As mesmas referem-se a parte dadissertação de mestrado de K. Pinheiro em desenvolvimento na área.

45.2. E UGENIA DYSENTERICA DC., Prodr. 3: 268. 1828. Arbustos  a árvores, 1-7m; ramos com folhas novas surgindo juntamente com as flores.

Folhas adultas com pecíolos 3-4x1-1,5mm larg. e lâminas elípticas ou ovado-elípticas, 60-70x35-50mm,concolores; nervura central plana ou ligeiramente saliente na face adaxial e saliente na abaxial; nervuraslaterais 7-8 pares, marcadamente salientes nas duas faces; nervura marginal até 3mm da margem.

Inflorescências racemiformes, com 2-4 flores axilares, continuando a crescer e gerando folhas normaisapós a floração; pedicelos 4-5x0,2mm, com coléteres lineares de até 0,5x0,1mm junto à inserção dasflores; bractéolas lineares, 4,5-7x0,5-0,7mm, decíduas após a antese; botões florais lanceolados ouobovados, 6-7x5mm, o ovário às vezes coberto por tricomas simples, brancos ou avermelhados, de até0,1mm; lobos do cálice elíptico-oblongos a lanceolados, 4-5x2,5-4mm, glabros ou com cílios claros deaté 0,1mm, no botão floral ocultando pelo menos parcialmente o globo das pétalas; pétalas obovadas,até 8x5-6mm; frutos globosos ou elípticos, amarelados quando maduros, 20-30mm de diâmetro.

Material examinado: estrada para Cacimba Nova, 09.I.2007, M. T. Vital et al. 69 (BHCB, UFP); Serrotinho,

09.II.2007, M. A. F. Lucena et al. 1676 (BHCB, UFP).

Material adicional: MINAS GERAIS: Belo Horizonte, M. Gomes 4319 (BHCB); Januária, J. Lombardi 2023

(BHCB).

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267- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Comentários: espécie brasileira relativamente freqüente nos cerrados da Bahia, Minas Gerais

e São Paulo, é ocasionalmente coletada em caatinga. Em Mirandiba foi observada em caatinga arbustiva.Somente material com flores e folhas jovens foi coletado em Mirandiba; a descrição das folhas adultase frutos foi baseada nas coletas adicionais citadas.

45.3. E UGENIA STICTOPETALA DC., Prodr. 3: 270. 1828. Arbustos a árvores, 3-5m. Folhas sempre adultas quando da antese, com pecíolos 3-4x0,8-1 e

lâminas elípticas ou elíptico-obovadas, 4,5-6,5x2,0-3,5cm, discolores, mais claras na face abaxial; nervuracentral levemente sulcada na face adaxial e saliente, mais clara que a superfície, na abaxial; nervuraslaterais 10-12 pares, evidentes a salientes nas duas faces; nervura marginal 1,2-2mm da margem, essaàs vezes levemente revoluta. Inflorescências umbeliformes, ramifloras ou ocasionalmente axilares,

com 1-4 flores; pedicelos 2-4x0,5-0,6mm, sem coléteres evidentes na inserção das flores; bractéolastriangulares ou ovadas, até 1x1mm, persistentes após a antese; botões florais globosos, o ovário glabro;lobos do cálice triangulares ou ovados, 1-1,5x1-1,5mm, glabros, sem cílios evidentes, nunca ocultadoo globo das pétalas; pétalas arredondadas ou obovadas, até 4x4mm; frutos globosos ou elípticos,

 vermelhos ou negros quando maduros, até 10x5-7 mm.Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital et al. 124 (BHCB, UFP); Serra das

Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 140 (BHCB, UFP). Material adicional: MINAS GERAIS: Grão Mogol, C. Vidal 215 (BHCB); PIAUÍ: Luiz Correia, F.S. Santos

Filho 834 (BHCB, PEUFR).

Comentários: ocorre desde a Guiana até o Espírito Santo. No município de Mirandiba, foi

coletada em caatinga arbórea.

46. N YCTAGINACEAE

Yanna Melo & Marccus Alves

Ervas, arbustos, árvores ou lianas; às vezes espinescentes; tricomas, quando presentes,glandulares e estipitados. Folhas simples, alternas, opostas ou sub-opostas; estípulas ausentes.Inflorescência cimosa, terminal. Flores bissexuadas ou unissexuadas; actinomorfas, lobo do periantoàs vezes irregular; monoclamídeas, cálice (3-)5(-8)-mero, gamossépalas, geralmente corolóide, basepersistente no fruto; isostêmone, raro oligostêmones ou polistêmones; antera rimosa; bráctea ou invólucrogeralmente presente; disco nectarífero geralmente presente; ovário súpero, unicarpelar, placentaçãobasal, unilovulado. Fruto aquênio; semente 1; perisperma abundante, endosperma ausente.

Nyctaginaceae apresenta distribuição pantropical sendo mais bem representada nos neotrópicosque nos paleotrópicos. A família constitui cerca de 30 gêneros e 400 espécies, no Brasil ocorrem 10

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

gêneros e aproximadamente 70 espécies. Em Mirandiba, a família é representada por apenas duas

espécies. Algumas espécies apresentam potencial ornamental especialmente as primaveras, ( Bougainvilleaspp. ) , devido a presença de brácteas vistosas.

DUKE, J.A. 1961. Flora of Panama. Part IV. Fascicle IV. Annals of the Missouri BotanicalGarden, 48(1): 1-106.

FURLAN, A. 1996.  A tribo Pisonieae Meisner (Nyctaginaceae) no Brasil.  Tese deDoutorado, USP.

SCHMIDT, J.A. 1872. Nyctaginaceae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A.G. Flora brasiliensis,14(2): 345-376.

46.1. B OERHAVIA DIFFUSA L., Sp. pl. 1:3. 1753. Prancha 25, fig. E.Ervas perenes; ramo cilíndrico, pubescente, decumbente a ascendente. Folhas simples,

opostas, pecioladas, pubescentes, orbiculares, ápice agudo, base eqüilátera; lâmina 1,0-3,0x2,5-6,5cm, membranácea, inteira. Inflorescência  paniculiforme, axilar. Flores  subsésseis; bissexuadas,monoclamídeas, cálice 2-2,6mm compr., infundibuliforme, corolóide, piloso, tricomas glandulares, parteinferior 1,2-1,3mm compr., verde, parte superior 0,8-1,3mm compr., púrpura; estames 2, conectadosà fauce, exsertos, anteras rimosas, filetes purpúreos; estigma capitado; ovário súpero, uniovulado,placentação central; invólucro 0,4-0,8x0,8-1,1mm, ovado, agudo, piloso, pêlos glandulares. Frutoaquênio, verde, piloso, tricomas glandulares, sementes 0,8-1,8x1,8-2,1mm, testa lisa.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 55 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006,

K. Pinheiro & M. Alves 64 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 144 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital et al. 118 (UFP).

Comentários: o centro de diversidade do gênero Boerhavia L. (introduzido no Brasil) é osudeste dos Estados Unidos. Boerhavia diffusa L. tem distribuição pantropical e é vulgarmente conhecidacomo pega-pinto e erva-tostão. Em Mirandiba, ocorre em áreas de caatinga arbustiva e arbóreo-arbustivadensa além de áreas antropizadas. A dispersão da espécie em ambiente de caatinga está possivlemnterelacionda acaprinocultura extensiva na área.

46.2. G UAPIRA  LAXA (Netto) Furlan, nom. nud.Material examinado:  Areia dos Lopes, 16.VII.2008, K. Pinheiro 962 (UFP); Serra do Tigre, 23.VII.2008, K.

Pinheiro 1205 (UFP).

Comentários: durante o presente trabalho, durante a idnetificão das amostras detectou-seque a presente espécie vem sendo identificada nos herbários locais e disponibilizada em cheklists comoGuapira lax a (Netto) Furlan. Porém, este nome não foi publicado pelo autor constando apenas emFurlan (1996). Em Mirandiba, ocorre em caatinga arbustiva e caatinga arbórea. Distingue-se pelo hábitoarbóreo e as folhas opostas, membranáceas, peninérveas e longo pecioladas. As amostras da espécieforam coletadas em fase estéril e após a elaboração da monografia desta família. As mesmas referem-sea parte da dissertação de mestrado de K. Pinheiro em desenvolvimento na área.

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269- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

47. N YMPHAEACEAE

Bruno Sampaio Amorim, Anderson Alves-Araújo & Marccus Alves 

Ervas  aquáticas, rizomatosas. Folhas  simples, alternas, flutuantes, emergentes, peltadas,arredondadas, denteadas, sagitadas, palmadas; pecíolo glabro. Flor solitária, diclamídea; cálice 4-mero,dialissépalo, glabro; corola 8-16-mera, dialipétala, glabra; pedicelo glabro; estames ca. 55, multisseriados,livres, externos petalóides, internos filiformes; ovário súpero, ca. 20-carpelar, tecido estigmático radialterminado por apêndices carpelares claviformes. Fruto cápsula, glabra; sementes numerosas, ariladas.

Nymphaeaceae é cosmopolita e compreende cerca de 6 gêneros e 55 espécies (Padgett &Les 2004). Nos Neotrópicos, são aproximadamente 3 gêneros e 21 espécies, sendo Nuphar  com umaespécie, Victoria  com 2 e  Nymphaea  com 18 (Padgett & Les 2004). No Brasil ocorrem 6 espécies de

Prancha 25. Figura A. Marsilea deflexa. Hábito. B-D. Mollugo verticilata. B. Hábito. C. Semente. D. Fruto.

E. Boerhavia diffusa. Hábito. F. Nymphaea ampla. Hábito.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 Nymphaea  e 2 de Victoria  (Barroso 1978), para o semi-árido são registradas duas espécies:  Nymphaeae

amazonum  Mert. & Zucc e N. ampla  (Salisb) DC. (França 2006).

FERES, F. & AMARAL, M. C. E. 2003. Nymphaeaceae. In : WANDERLEY, M. G.;SPHEPHERD, G. J.; GIULIETTI, A. M. & MELHEM, T. S. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estadode São Paulo. FAPESP/RIMA, São Paulo, SP, 3: 241-245.

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SCHLINDWEIN, C. P.; MARTINS, C. F.; CAMARGO, R. C. R.; FREITAS, B. M. & KIILL, L. H.P. 2005. Apícolas In:  SAMPAIO, E. V. S. B.; PAREYN, F. G. C., FIGUEIRÔA, J. M. & SANTOS-JR,

 A. G. (eds.). Espécies da Flora Nordestina de Importância Econômica Potencial. AssociaçãoPlantas do Nordeste, Recife, 1: 15-27.

47.1 N YMPHAEA  AMPLA (Salisb.) DC., Syst. Nat. 2: 54. 1821.Prancha 25, fig. F.Ervas aquática rizomatosa. Folhas 21-25x17,5-21,5cm, simples, alternas, flutuantes, peltadas,

arredondadas, denteadas, sagitadas, palmadas; pecíolo 70cm compr., glabro. Flor solitária; cálice 6,5-7cm compr., glabro; corola 5-6cm compr., glabra; pedicelo ca. 40cm compr., glabro; estames ca. 55,2,5cm compr., multisseriados, livres, externos petalóides, internos filiformes; ovário súpero, ca. 20-carpelar, tecido estigmático radial terminado por apêndices carpelares claviformes, 0,5cm compr. Fruto cápsula, 3x5cm, glabra; sementes 0,2x0,2cm, numerosas, ariladas.

Material examinado: estrada de acesso a zona urbana, 24.VII.2008, A. Alves-Araújo et al 1032 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Arcoverde, 11.VIII.1981, Grécia (IPA 15477); Pesqueira, 28.VII.1981,

D. A. Lima et al 91 (IPA); Olinda, 01.I.1838, Gardner 915 (IPA); Recife, Horto de Dois Irmãos, 04.IV.1986, D. Belo 03 (IPA).

Comentários: espécie exclusivamente aquática, apresenta-se fixa no substrato, mas as folhasdesenvolvem longos pecíolos mantendo a lâmina foliar flutuando na superfície da água (França &

Melo 2006). Muitas vezes chamada de lírio-d’água ou de vitória-régia forma grandes populações nestesambientes (França & Melo 2006), tem grande importância na produção apícola do semi-árido (Santos2005). Em Mirandiba, foram encontradas populações diversas nos açudes da região, florescendo aofinal da estação chuvosa.

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271- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

48. ONAGRACEAE  Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves 

Ervas  ou arbustos, anuais ou perenes, terrestres ou aquáticas, hermafroditas. Folhas alternas, linear a ovais, inteiras ou levemente crenadas, agudas ou acuminadas, aequilaterais, glabras oupubescentes. Flores solitárias, axilares, perfeitas, actinomorfas, diclamídeas, diclinas, bissexuais, iso oupolistêmone, prefloração valvar; sépala 4, livres, persitentes; pétala 4, livre; disco nectarífero presente;estame 4-8, livres; antera com deiscência rimosa; ovário ínfero, tetracarpelar, tetralocular, multiovulado,estigma 1; placentação axilar. Fruto cápsula; sementes numerosas, diminutas, com rafe evidente.

Onagraceae se distribui amplamente no mundo, porém é mais diversa no oeste dos EUA e

México e é formada por cerca de 650 espécies classificadas em 22 gêneros. No Brasil foram registrados45 espécies e cinco gêneros, dos quais destaca-se Ludwigia   L. As espécies deste gênero ocorremprincipalmente em solos encharcados e na caatinga sua ocorrência é comum em margens ou leitosde rios temporários. A importância econômica desta família é quase restrita a utilização ornamentalde representantes de Clarkia  Pursh, Oenothera  L. e Fuchsia  L., sendo que algumas espécies de Ludwigia  podem apresentar espécies invasoras de diversas culturas.

HOCH, P. C. 2007. Onagraceae. In : DAVIDSE, G, SOUSA, M., & KNAPP,S. (eds.). Flora Mesoamericana. Disponível: http://mobot.mobot.org/cgi-bin/searchpick?FLMANAME=42000200. acessado em 20. XI. 2007.

MICHELI, M. 1875. Onagraceae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.). FloraBrasiliensis, 13(2): 145-182.

ZARDINI, E. & RAVEN, P. H. 1992. A new section of Ludwigia  (Onagraceae) with a key tothe sections of the genus. Systematic Botany, 17: 481-485.

ZARDINI, E. M., BERRY, P. E. & HOCH, P. C. 2007. Onagraceae. In : STEVENS, W. D.,ULLOA, C. U., POOL, A. & MONTIEL, O. M. (eds.). Flora de Nicaragua. Disponível em: http://mobot.mobot.org/W3T/Search/Nicaragua/projsflnic.html. Acessado em 20. XI. 2007.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE ONAGRACEAE

1. Ervas; fruto 1,5-2cm compr., 4-nervado; semente obovada........................................ Ludwigia erecta 

1’. Arbustos; fruto 3-5cm compr., multi-nervado; semente hemisférica irregular... Ludwigia octovalvis 

48.1. LUDWIGIA  ERECTA (L.) Hara, J. Jap. Bot. 28(10): 292. 1953. Prancha 26, fig. A.Ervas  anuais, eretas, terrestres. Folhas  3-7x1-2,5cm, alternas, elípticas a ovais, inteiras,

acuminadas, aequilaterais, glabras. Flores solitárias, axilares, bissexuadas; sépalas 3-5mm compr., ovais,ápice agudo, margens ciliadas; pétalas amarelas; estames 4; ovário tetralocular, pluriovulado. Fruto cápsula, 1,5-2cm compr., deiscência irregular, pedicelado, 4-nervado, glabro; sementes plurisseriadas,livres no endocarpo, obovadas.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Material examinado: Fazenda Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1453 (UFP); Fazenda

 Troncão, 16.IV.2007, M. T. Vital et al. 95  (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoal et al. 159  (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 238 (UFP, MO); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, K.Pinheiro et al. 222  (UFP); Estrada para a Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. S. Silva et al. 159  (UFP).

Comentários: espécie com amplo espectro de ocorrência, desde o sudeste dos EUA até oParaguai. Assim como é característico no gênero, é encontrada ocorrendo em áreas sazonalmente alagadas,sendo observada na caatinga florando logo após as primeiras chuvas. Diferencia-se da outra espécieaqui tratada pelo comprimento dos frutos (1,5-2cm) e a presença de quatro nervuras pronunciadas,além da superfície glabra, entre outras características. Aparentemente não possui aplicação econômica,embora possa se tornar invasora de lavouras.

48.2. LUDWIGIA OCTOVALVIS  (Jacq.) P. H. Raven, Kew Bulletin 15: 476, 1962.Prancha 26, fig. B.

 Arbustos perenes, eretos, terrestres. Folhas 5-8x0,6-1cm, alternas, linear a elípticas, levementecrenadas, ápice agudo, aequilaterais, pubescentes. Flores solitárias, axilares, bissexuadas; sépalas 6-9mmcompr., ovais, ápice agudo, pubescentes; pétalas amarelas; estames 8; ovário tetralocular, pluriovulado.Fruto  cápsula, 3-5cm comp., deiscência irregular, séssil, multi-nervado, pubescente; sementesplurisseriadas, livres no endocarpo, hemisféricas, irregulares.

Material examinado: Serra do Tigre, 07.IV.2007, Y. Melo et al. 278 (UFP, MO); Serra das Umburanas, 23.VI.2007,

Y. Melo et al. 304 (UFP); Serra das Umburanas, 16.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 262 (UFP).

Comentários: encontrada em ambientes úmidos, com floração ao longo do período chuvoso.

É caracterizada pelos frutos maiores e com mais nervuras evidentes, além da pubescência. Não apresentapotencial econômico, mas pode se comportar como invasora de plantações.

49. ORCHIDACEAE

Gabriel de Melo Faria & Jefferson Rodrigues Maciel 

Ervas perenes, terrestres ou epífitas, rizomatosas ou caulescentes, com raízes suculentas ounão, algumas vezes trepadeiras com caule volúvel. Raiz com velame nas espécies epífitas a tuberosasnas terrestres. Pseudobulbos em geral simpodiais. Folhas geralmente coriáceas, membranáceas oucrassas, paralelinérveas, raramente curvinérveas. Inflorescência com flores isoladas, em panícula ouracemo, raro em espiga. Flor zigomorfa, diclamídea, trímera; prefloração imbricada; cálice gamo oudialissépalo, sépalas vestigiais ou vistosas; corola gamo ou dialipétala, pétalas vistosas, uma das pétalasmodificada em labelo, em geral envolvendo o ginostêmio; estame 1 unido aos estilete, raramente 2 ou3, antera rimosa, pólen agrupado em massa formando a polínia; gineceu gamocarpelar, ovário ínfero,estigmas 3. Fruto cápsula, polispérmico.

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273- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Orchidaceae está constituída por cerca de 700 gêneros e mais de 20.000 espécies e com ampladistricuição, excetuando-se os pólos e áreas desérticas. A família é amplamente conhecida pelo usoornamental. Em Mirandiba o único gênero registrado foi Vanilla Mill., o qual é formado por cerca de100 espécies, das quais aproximadamente 30 ocorrem no Brasil.

FRAGA, C. N. 2002. Notas taxômicas para espécies brasileiras de Vanilla  Mill. (Ochidaceae).Boletim de Biologia do Museu Mello Leitão (Nova Série), 13: 45-52.

ROLFE, R. A. 1896. A revision of the genus Vanilla . The Journal of the Linnean Society,Botany, 32: 439-478.

49.1. V  ANILLA PALMARUM  Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl., 436. 1840. Prancha 26, fig. C.Ervas epífitas a terrestres escandentes, perenes. Raiz adventícia, axilar, velame presente. 

Caule 0,4mm de larg., verde, cilíndrico, glabro.  Folhas 9,7x3,6cm, crassas, inteiras, lanceoladas aelípticas, inteiras, crassas, alternas, glabras, ápice acuminado, atenuado ou acuneado, paralelinérveas,9-nervadas. Inflorescência axilar, cima escorpióide, portando de seis a oito flores. Flores bissexuadas,3-4cm compr.; cálice esverdeado; corola amarelo esverdeada.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 453 (UFP, MO).Comentários: única espécie registrada para Mirandiba é conhecida apenas de uma coleta

em área de caatinga arbórea realizada no início da estação chuvosa. Pode ser caracterizada na flora deMirandiba pelo hábito epífítico, o caule esverdeado, volúvel e folhas paralelinérveas. Não há indícios

de que esta espécie tenha aplicação econômica na região, mas é provável que apresente potencial valorornamental.

50. OXALIDACEAE  Maria Carolina de Abreu & Margareth Ferreira de Sales 

 Árvores,arbustos ou mais comumente ervas; bulbosas, caulescentes eretas ou prostradas.Folhasalternas, subopostas, pseudoverticiladas, compostas trifolioladas ou multipinadas; estípulas presentes ouausentes. Inflorescências cimosas, 1-2-fidas, cimas ou umbeliformes, plurifloras ou unifloras. Flores 

 vistosas, actinomorfas, diclamídeas, pentâmeras; sépalas 5, unidas a raro livres, imbricadas, verdes ou vináceas; pétalas 5, livres na base, conadas na porção mediana, imbricadas, amarelas, róseas, roxas,liláses ou mais raramente, brancas; estames 10, unidos em dois ciclos de tamanhos distintos, os maioresalternipétalos, ligulados ou não, os curtos opositipétalos, anteras ovóideas, bitecas e rimosas; pistiloúnico, ovário súpero, geralmente pentalobado, carpelos 5, lóculos 5, óvulos pêndulos, estiletes 5, livres,terminais, estigmas curtamente bífidos, lobados ou captados. Fruto baga, pentalobada ou cápsula,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

membranácea, pentalobada, com cálice e estiletes persistentes, deiscência loculicida explosiva; sementes

com testa ornamentada.

Oxalidaceae compreende cerca de 900 espécies, alocadas em seis gêneros com distribuiçãotropical e subtropical. Oxalis  L. destaca-se como o mais representativo, com cerca de 800 espécies.Conhecidas popularmente como azedinhas possuem potencial ornamental ( Oxalis violacea  Vell. , O.triangularis A.St.-Hil. , O. bepleurifolia  A. St.-Hil.), medicinal ( Oxalis acetocella  L., O. amara  A. St.-Hil., O.bahiensis Prog., O. corniculata  L.) e alimentício ( O. tuberosa Mol.). No Brasil são cerca de 136 espéciesregistradas nos diversos tipos vegetacionais. No estado de Pernambuco foram citadas nove espécies dasquais Oxalis divaricata  e O. glaucescens  ocorrem em Mirandiba

 ABREU, M. C. Inéd. Sistemática do gênero Oxalis   L. (Oxalidaceae) no estado dePernambuco, Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Botânica-UniversideFederal Rural de Pernambuco. Recife, PE, 2007.

LOURTEIG, A. 1994. Oxalis  L. Subgênero Thamnoxys  (Endl.) Reiche emend. Lourt. Bradea, 7(1): 1-199.

LOURTEIG, A. 2000.• Oxalis  L. Subgéneros Monoxalis  (Small) Lourt., Oxalis  y Trifidus  Lourt. Bradea, 7(2): 202-629.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE OXALIDACEAE

1. Ervas ou raramente subarbustos delicados, eretos; cimeiras dicasiais,

multioras; cápsula globoso-elipsóide  ................................................................................ Oxalis divaricata 

1’. Ervas prostradas; cimeiras unicasiais, uni ou biora; cápsula globoso-achatada,

profundamente 5-angulosa ..................................................................................................Oxalis glaucescens 

 50.1. O  XALIS   DIVARICATA  Mart. ex   Zucc., Denkscr. Ak. Muench. Ser. 1. 9: 169. 1825.Prancha 26, fig. D-E.

Ervas ou raramente subarbustos delicados, 20-30cm alt., eretos, ramificados; ramos alternos,

híspidos, com alguns tricomas glandulares. Folhas  subopostas, opostas, ou pseudo-verticiladas,trifolioladas; pecíolo 0,6-1,5cm compr.; raque 2-4mm compr.; folíolo terminal estreitamente oval-oblongoou oboval, glabro a ligeiramente pubescente; folíolos laterais semelhantes ao terminal. Inflorescência cimeiras dicasiais, multifloras. Flores tristílicas; sépalas livres, oval-lanceoladas a ovais; pétalas 7–9mmcompr., amarelo-intensas; estames eretos; estiletes flores brevistilas, glabros; estiletes flores mesostilase longistilas pubescentes; ginóforo 0,2-0,8mm compr.; ovário obclavado, 5-anguloso, glabro, óvulos 3por lóculo, estigmas bilobados. Fruto cápsula 3-4,5x4-5mm, globoso-elipsóide; sementes 2 por lóculo,1-2x0,5-1mm, ovóides, marrons a alaranjadas.

Material examinado: Fazenda Tigre, 30.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1169 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006,

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275- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

K. Pinheiro et al. 120 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1414 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L.

L. Santos et al. 253 (UFP).Comentários: espécie restrita ao Brasil, com ocorrência nas regiões Nordeste (Bahia, Ceará,

Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Piauí), Centro- Oeste (Goiás) e Sudeste (Minas Gerais e Rio de Janeiro). Pode ser reconhecida pelo hábito herbáceo ou raramente subarbustivo delicado, pelos tricomasglandulares nos ramos, folíolos glabros a ligeiramente pubescentes e flores amarelas. Em Mirandiba foiencontrada em vegetação arbustivo-arbórea densa, em solo areno-argilo-pedregoso.

 50.2. O  XALIS  GLAUCESCENS  Norlind, Ark. Bot. 14(6): 15-16, 1915. Prancha 26, fig. F-G.Ervas  prostradas, 6-15cm alt.; ramos numerosos, partindo da porção proximal do caule,

alguns ascendentes, tomentosos. Folhas opostas a pseudoverticiladas, trifolioladas; pecíolo 1-1,8cm

compr.; raque 1–2mm; folíolos terminal e laterais acentuadamente obcordiforme a obcordado, pilosos.Inflorescência cimeiras unicasiais, uni ou biflora. Flores distílicas; sépalas livres, oval-elípticas; pétalas4,2–7mm compr.; amarelo-pálido; estames curtos glabros; longos pubescentes, ligulados; estiletespuberulentos, ginóforo 0,5-0,8mm compr.; ovário 0,5-0,7mm compr., globoso-piriforme, puberulento,óvulo 1 por lóculo; estigmas discóides. Fruto cápsula 4,5-6x3-5,5mm, globoso-achatada, profundamente5-angulosa, pubescente, sépalas persistentes, patentes; semente 1 por lóculo, 1,8-2x0,9-1mm, elipsóide,5-6 costada.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 230 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C.

Pessoa et al. 122 (PEUFR, UFP); Serra da Gia, 31.V.2006, J. R. Maciel 487 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M.

 Alves 58 (PEUFR, UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena 1434 (UFP).

Comentários: espécie exclusiva do Brasil, com ocorrência nas regiões Nordeste (Bahia,Ceará, Pernambuco e Piauí), em vegetação de Caatinga, Centro–Oeste (Mato Grosso) e Sudeste(Minas Gerais), em Cerrado. É facilmente reconhecida pelo hábito herbáceo prostrado, com ramospartindo da porção proximal do caule, e pela cápsula globoso-achatada, profundamente 5-angulosa,com sépalas persistentes e patentes. Em Mirandiba foi coletada em locais sombreados, em geral emáreas sedimentares.

51. P APAVERACEAE

Tiago Arruda Pontes & Maria de Fátima de Araújo Lucena 

Ervas anuais ou perenes, raramente arbustos ou árvores, geralmente com látex laranja, amareloou branco-leitoso; estípulas ausentes. Folhas simples, alternas a sub-opostas, inteiras a freqüentementelobadas e cortadas. Inflorescência axilar ou terminal, racemosa, paniculada ou, raro,flores solitárias.Flores bissexuadas, actinomorfas, diclamídeas; pétalas 4 ou 6, livres ou unidas na base, vistosas,prefloração imbricada; sépalas 2 ou 3, livres, caducas; polistêmones, estames livres ou conados, filetes

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

petalóides ou filiformes, anteras tetrasporangiadas, bitecas, rimosas; gineceu sincárpico, ovário súpero,

2-pluricarpelar, unilocular, 1-pluriovulados, placentação parietal, estilete curto-ausente, estigma fundido,usualmente discóide, persistente no fruto, em número igual ao número de carpelos; nectários ausentes.Frutos geralmente cápsula, poricida (deiscência basipétala ou acropétala) ou longitudinalmente deiscentepor valvas, às vezes explosiva; sementes numerosas, pequenas, freqüentemente ariladas, endospermaoleoso.

Papaveraceae apresenta cerca de 40 gêneros e 760 espécies, ocorrendo principalmente emregiões temperadas e tropicais do Hemisfério Norte (Campell 2004, Souza 2002). A família Fumariaceaeé considerada por alguns sistemas de classificação distinta de Papaveraceae, mas não tem sido encontradasustentação nos trabalhos filogenéticos recentes para tal distinção. Papaveraceae possui grande número

de plantas ornamentais, especialmente do gênero Papaver . No Brasil são cultivadas como ornamentais,principalmente no Sul. Muitas espécies são utilizadas como medicinais, porém sua maior importânciaeconômica vem do fato que Papaver somniferum L. é a base para a produção do ópio.

EICHLER, A. G. 1865. Papaveraceae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.) Florabrasiliensis, 13(1): 313-316.

SOUZA, J.P. et al. 2002. Papaveraceae. In : WANDERLEY, M. G. L., SHEPHERED, G. J. &GIULIETTI, A. M. (eds.). 2002. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, FAPESP e Hucitec,São Paulo, 2: 223.

 51.1. ARGEMONE   MEXICANA L., Sp. pl.: 508. 1753.Ervas, anuais, eretas, ca. 1m alt., ramos glabros, tricomas urticantes esparsos; látex amarelado;

estípulas ausentes. Folhas 5,5-8,5x2,5-5cm, simples, alternas, sésseis (subamplexicaules), cartáceas,pinatilobadas, freqüentemente pinatipartidas, ápice agudo terminando com acúleo, margem aculeada,face adaxial verde-escura, glabra com nervuras esbranquiçadas, face abaxial verde-claro, tricomas esparsossobre a nervura central. Flores isoladas, bissexuadas; sépalas 1,5-3x0,5-1,5cm, 3-meras, dialissépalas,semelhante às folhas, glaucas, com acúleos marginais; pétalas 3x1,5cm, 6-meras, dialipétalas, obovadas,amarelas, glabras; estames numerosos, livres, 9mm compr., anteras lineares, basifixas, deiscêncialongitudinal, conectivo rostrado; ovário súpero, elipsóide, 1,5x0,6cm, pentacarpelar, unilocular,pluriovulado, com acúleos, estilete ausente, estigma 5-lobado, carnoso. Fruto cápsula, poricida, elipsóide,

2,5-4x1-2cm, acúleos; sementes globosas, 1,5x1mm, ariladas, foveoladas, testa negra.Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1621(UFP). Material adicional: PERNAMBUCO: Alagoinha, 18.VI.1999, U. P. Albuquerque et al. 226 (UFP); Altinho,

31.X.1996, G. S. Baracho & J. A. Siqueira-Filho 295 (UFP).

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277- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 26. Figura  A. Ludwigia  erecta. Ramo com frutos. B. Ludwigia  octovalvis. Ramo com frutos. C.

Vanilla palmarum. Hábito. D-E. Oxalis divaricata D. Hábito. E. Flor. F-G. Oxalis glaucescens F. Hábito. G.

Flor.

Comentários:  Argemone é um dos três gêneros nativos de Papaveraceae da América tropical,

com oito espécies. Tem centro de diversidade na América do Norte, mas também ocorre no lesteda Índia e América do Sul.  Argemone mexicana  L. (cardo-santo) é uma espécie invasora de culturas,densamente espinhosa, reconhecida pelas folhas pinatilobadas, com cada lobo terminando em umacúleo, além da flor amarela de ovário oblongo e aculeado. O estigma é persistente no fruto. Plantaornamental e medicinal, utilizada como purgativa, calmante, sedativa, contra úlceras externas, quedade cabelo, problemas respiratórios e conjuntivite. Em Mirandiba, a espécie foi registrada em área decaatinga arbustiva aberta, solo sedimentar e próximo à margens de rio.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

52. P ASSIFLORACEAE

Diogo Amorim de Araújo

Trepadeiras  herbáceas ou lenhosas com gavinhas, arbustos, raramente árvores; estípulaspresentes. Folhas  alternas, simples, freqüentemente lobadas, raramente compostas, pecioladas,freqüentemente com nectários extraflorais no pecíolo e/ou limbo. Inflorescências, flores aos pares ouisoladas , axilares; brácteas 3, verticiladas ou alternas, algumas vezes caducas.Flores vistosas diclamídeas,pentâmeras, hermafroditas; hipanto presente; sépalas 5, pétalas 5, alternissépalas, filamentos da coronaem 1-8 séries; opérculo presente, raramente ausente; límen anular ou cupuliforme, membranáceo acrasso, situado na base do androginóforo; disco nectarífero próximo ao opérculo, às vezes ausente;androginóforo presente; estames 5, anteras dorsifixas, versáteis; ovário 1-locular, 3-4-carpelar; óvulosnumerosos, placentação parietal; estiletes 3-4; estigmas capitados, orbiculares ou reniformes. Frutosbacóides, raramente cápsulas deiscentes; sementes comprimidas dorsiventralmente, reticuladas,pontuadas ou transversalmente alveoladas, envolvidas por arilo mucilaginoso.

Passifloraceae é pantropical, mas predominantemente neotropical. Seus 20 gêneros somamcerca de 650 espécies que ocorrem nas Américas em sua maioria. No Brasil, ocorrem os quatro gênerosconhecidos para a América do Sul: Ancitrothyrsus Harms, Dilkea Mast. , Mitostemma Mast. e Passiflora L.,totalizando cerca de 120 espécies. Até o momento, apenas o gênero Passiflora  é conhecido para o estado

de Pernambuco, com 14 espécies, todas trepadeiras (Araújo, 2007). Uma vez que as florestas tropicaisúmidas formam o principal centro de diversidade da família, poucas espécies são conhecidas para osemi-árido brasileiro, incluindo Mirandiba.

 ARAÚJO, D.A. 2007.  Variabilidade morfológica em Passiflora foetida   L.: Quantas variedades existem em Pernambuco. Monografia de graduação. Universidade Federal de Pernambuco,Recife, PE.

CERVI, A.C. 1997. Passifloraceae do Brasil. Estudo do gênero Passiflora L., subgênero Passiflora.Fontqueria, 45:1-92.

KILLIP, E.P. 1938. The American Species of Passifloraceae. Field Museum of Natural

History Publication, Botanical Series, 19:1-613.NUNES, T.S. & Queiroz, L.P. 2006. Flora da Bahia: Passifloraceae. Sitientibus Série

Ciências Biológicas 6(3): 194-226.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE P ASSIFLORACEAE

1. Plantas glabras; folhas 5-lobadas ............................................................. Passiflora cincinnata 

1’.Plantas pilosas; folhas simples, inteiras a 3-lobadas .............................................................. 2

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279- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

2. Glândulas ausentes no pecíolo; brácteas pinatipartidas;

hipanto campanulado ........................................................................................Passiflora foetida 

2’. Glândulas 2, no pecíolo; brácteas inteiras; hipanto tubular ................ Passiflora luetzelburgii 

 52.1. P  ASSIFLORA CINCINNATA Mast., in  Gard., Chron. 37: 966. 1868. Prancha 27, fig. A-B.Trepadeiras herbáceas; caule cilíndrico, estriado, glabro. Folhas membranáceas, lâmina 4,3-

8x 1,5-4,5cm, glândulas 2, sésseis, discóides, no terço basal do pecíolo; (3-)5-lobadas, lobos oblongos,lobo central 5,5-11x2-4cm, lobos laterais 3,7-4x1,6-2cm, ápices mucronados. Brácteas persistentes,

 verticiladas, oval-lanceoladas, convexas, margem inteira, glândulas na base. Flores solitárias; 3,6-12cmdiâm.; hipanto curto-campanulado, 7 mm compr.; sépalas de face externa verde, face interna violácea,

corniculadas; pétalas violáceas, linear-lanceoladas; corona violácea, duas séries externas 3cm compr.,ápice fimbriado, com faixas róseas e alvas na região central, duas séries internas 0,5cm compr., sériesintermediárias, filamentos curtos azul-claro; opérculo 1cm compr., membranoso, margem filamentosa;límen 3mm compr., envolto no androginóforo; androginóforo reto; ovário globoso, glabro. Fruto bacóide, globoso, glabro, verde; sementes ovadas, reticuladas.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 450 (UFP); Vertentes, 18.IV.2007,

D. Araújo et al. 260. (UFP  ).Comentários: conhecida popularmente como “maracujá-de-mochila”, esta espécie é utilizada

para a produção de suco em escala local nas pequenas cidades do interior do Estado. Possui ampladistribuição geográfica, ocorrendo desde o Paraguai até a Venezuela, do leste do Brasil ao oeste da

Bolívia (Killip 1938). No Brasil é coletada entre os estados do Pará e São Paulo e ocorre do litoral aosertão do estado de Pernambuco.

 52.2. P  ASSIFLORA FOETIDA L., Sp. pl.: 959. 1753. Prancha 27, fig C-D.Trepadeiras herbáceas; caule cilíndrico, estriado, piloso a hirsuto, tricomas glandulares

 viscosos nos ramos, folhas, estípulas e brácteas. Folhas membranáceas; lâmina 4-6x5-13cm. 3-lobada,oboval, ápices agudos, base cordada, margem serreada ciliato-glandulosa, lobo central 2-3x1-2cm,lobo lateral 1-3x0,8-1cm. Brácteas persistentes, verticiladas, pinatissectas, tricomas glandulares namargem. Flores isoladas a pareadas; 3-6cm diâm.; hipanto curto-campanulado; sépalas de face externa

 verde, interna branca, oblongas, corniculadas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes; pétalas,

branco-arroxeadas, oblongas, ápice arredondado; corona 5 séries filamentosas, séries externas 0,5-1cm compr., brancos, com base vináceas a arroxeadas, séries internas ca. 2mm compr., vináceos aarroxeados; opérculo, membranoso, margem denteada, límen cupuliforme, não envolvendo a base doandroginóforo, membranoso, androginóforo reto; ovário globoso, glabro a hirsuto. Fruto bacóide,oblongo-elíptico, verde-amarelado; sementes oblongas reticuladas.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro et al. 37 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, D.

 Araújo et al. 245 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, D. Araújo et al. 255 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 268

(UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 108 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 319 (UFP); Serra do

Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1451 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, K. Pinheiro et al. 225 (UFP).

Comentários: possui frutos com polpa escassa, que inflam e ao serem pressionados estouram,

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280

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

daí o nome popular “maracujá-de-estralo”. É conhecida também como “maracujá-catinga” pois seus

tricomas glandulares secretam uma mucilagem de odor fétido. Largamente distribuída do sul da Américado Sul ao sul da América do Norte. No Brasil pode ser encontrada praticamente em todos os tipos

 vegetacionais. É considerada planta invasora de cultivos e relacionada a áreas perturbadas.

 52.3. P  ASSIFLORA  LUETZELBURGII   Harms, Repert. Spec. Nov. Regni Veg .  19: 32. 1923.Prancha 27, fig. E-F.

Trepadeiras  herbáceas; caule cilíndrico, liso, velutino, tricomas alvos. Folhas  cartáceas,glândulas 2 na porção basal do pecíolo, sésseis, amarronzadas; lâmina 3-5x1,5-4,5cm, 3-lobada (loboslaterais reduzidos) ou inteira, as vezes no mesmo indivíduo, oblonga a oval, base cordada, margemlevemente crenada, revoluta, face adaxial vilosa e abaxial tomentosa; ápice agudo. Brácteas caducas,

 verticiladas, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, corniculado, margem serreada. Flores isoladas; 3-4cmdiâm., eretas; hipanto tubular, levemente dilatado na base, vináceo com base esverdeada; sépalas vermelhas,oblongo-lanceoladas, aristadas, corniculadas, ápice arredondado, margem lisa, glândula ausente; pétalas

 vermelhas, oblongas, ápice agudo; corona filamentosa 2 séries, série externa, brancos com base roxa,série interna, roxa; opérculo ca. 3mm alt., membranoso, filiforme; límen anular, envolvendo a basedo androginóforo, membranoso, denticulado; disco nectarífero presente; androginóforo reto; ovárioelíptico, estipitado, 3-anguloso, glabro. Fruto bacóide, oblongo-elíptico, verde; sementes cordiformes,reticuladas.

Material examinado: Serra do Tigre, 29.III.2006, D. Araújo 77 (UFP); Estrada para Cacimba Nova, 09.II.2007,

 M. T. Vital et al. 65 (UFP).

Comentários: endêmica do semi-árido nordestino, conhecida apenas para os estados do Piauí,Pernambuco e Bahia. Suas plântulas possuem raízes até três vezes maiores que a parte aérea. Parte daplanta é caducifólia na estação seca, restando apenas aquelas da porção mais apical dos ramos.

53. PIPERACEAE

 Juliana Santos Silva & Maria Carolina Abreu 

Ervas, subarbustos, arbustos, ou pequenas árvores, terrestres ou epífitas. Folhas alternas,opostas ou verticiladas, estipuladas, simples, sésseis ou pecioladas. Inflorescência terminal, axilar ouoposta às folhas, espiga, umbela ou racemo. Flores aclamídeas, diminutas, bissexuadas ou unissexuadas;bractéolas pediceladas ou sésseis, geralmente peltadas; estames 2-6, livres ou adnatos às paredes doovário; anteras rimosas, unitecas ou bitecas; ovário súpero, séssil, geralmente imerso na raque, oupedicelado, unilocular, uniovulado; estilete presente ou ausente, 1-4 estigmas. Fruto baga ou drupa,séssil ou pedicelado; endosperma escasso, apresentando perisperma; embrião mínimo.

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281- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 27. Figuras A-B. Passiflora cincinnata. A. Hábito. B. Semente. C-D. Passiflora  foetida. C. Hábito.

D. Semente. E-F. Passiflora  luetzelburguii . E. Hábito. F. Semente. G-H. Peperomia pellucida G. Ramo. H.

Aspecto geral da espiga. I-J. Microtea tenuifolia. I. Hábito. J. Aquênio. L-M. Plumbago scandens. L. Hábito.

Piperaceae possui distribuição tropical, incluindo oito gêneros e aproximadamente 2000

espécies. No Brasil ocorrem cinco gêneros e cerca de 500 espécies, a grande maioria em formaçõesflorestais. Pertence a esta família a pimenta-do-reino ( Piper nigrum  L.), considerada mundialmente amais importante especiaria utilizada como condimento. Outras espécies destacam-se como medicinais( Pothomorphe umbellata  (L.) Miq.; Piper spp.) ou como ornamentais ( Peperomia  spp.). Do ponto de vistaecológico, as Piper atuam como plantas pioneiras e estão envolvidas em processos de regeneração emanutenção da diversidade. Ocorrem, principalmente, em áreas de borda de mata e no interior declareiras naturais ou causadas pelo homem. Em Mirandiba, a família Piperaceae está representada porPeperomia pellucida.

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282

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

GUIMARÃES, E. F., ICHASO, C. L. F. & COSTA, C. G. 1984. Peperomia. In:  Reitz P. R. Flora

Ilustrada Catarinense, Herbário Barbosa Rodrigues. Itajaí, SC.GUIMARÃES, E. F. 1988. Flora Fanerogâmica da Reserva do Parque Estadual das Fontes do

Ipiranga, São Paulo, Brasil. Piperaceae. Hoehnea, 15: 46-51.GUIMARÃES, E. F. & GIORDANO, L. C. S. 2004. Piperaceae do Nordeste brasileiro I:

estado do Ceará. Rodriguésia, 55(84): 21-46.

 53.1. P  EPEROMIA PELLUCIDA (L.) Kunth, Nov. gen. Sp. 1:64. 1815. Prancha 27, fig. G-H..Ervas, 20-30cm alt., terrestre, suculenta, com pontuações translúcidas; caule ereto, ramificado,

glabro. Folhas opostas, glabras; pecíolo 0,8-3,3cm; lâmina 1,9-3x1,9-3,5cm, membranácea, cordada,

base cordada, ápice agudo, nervação campilódroma. Inflorescência espiga, 1,5-4,6 cm, axilares; raqueglabra; pedúnculo 3-5mm; bractéolas 0,3-0,4mm, arredondado-peltadas; flores esparsamente dispostas;estames 2, laterais, adnatos às paredes do ovário; ovário 0,4-0,5mm, globoso, imerso numa depressãoda raque. Fruto drupa, 0,6-1x0,4-0,5mm, elipsóide, séssil, longitudinalmente estriado.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1429 (UFP, PEUFR).

Material adicional: PERNAMBUCO: São Lourenço da Mata, Estação ecológica do Tapacurá, 20.II.1977, I. Pontual

1518 (PEUFR).

Comentários: ocorre amplamente nas Américas. No Brasil distribui-se desde a Amazônia atéo Paraná em locais úmidos, principalmente, em paredões. Conhecida como erva-de-jaboti ou língua-de-sapo, caracteriza-se pelo porte herbáceo, folhas alternas, espigas axilares e drupa séssil, longitudinalmenteestriada. É popularmente usada no combate à tosse e à dor de garganta e no tratamento das doenças docoração, hipertensão e reumatismo, sendo ainda consumida como excelente salada. No município deMirandiba, a espécie ocorre com poucos indivíduos habitando áreas sombreadas de caatinga arbustiva,em solo arenoso.

54. PHYTOLACCACEAE Diogo Amorim de Araújo & Katarina Romênia Pinheiro Nascimento

Ervas, arbustos, árvores ou lianas, freqüentemente glabras; ramos cilíndricos ou angulosos,eretos ou decumbentes. Folhas alternas, raramente opostas, subopostas, rosuladas ou fasciculadas,simples; estípulas geralmente presentes, ou modificadas em acúleos; pecioladas a sésseis; inteiras.Inflorescência racemosa, paniculada, ou dicásio composto, terminal ou axilar. Flores bissexuadas ouunissexuadas por redução, actinomorfas; monoclamídeas, tépalas geralmente 4-5, livres ou raramenteconatas na base, frequentemente persistentes na frutificação; estames 3 a numerosos, geralmente

 variando em número dentro da mesma espécie, às vezes, inseridos em um disco anular hipógino, fileteslivres a conados na base; ovário súpero, raramente ínfero, carpelos 1-17, livres ou conatos, 1-loculares,

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283- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

1-ovulado, placentação central, óvulo ascendente; estiletes introrsos, geralmente terminais, quando

presente em número igual ao de carpelos, livres ou raramente conatos; estigma lateral ou terminal,alongado, capitado, cristado, decorrente ou penicelado. Fruto aquênio, baga, drupa ou sâmara; sementessubglobosas, globosas, obovóides, raramente alongadas, testa membranácea a crustácea, lisa, rugosa ouequinada.

Phytolaccaceae apresenta cerca de 20 gêneros e 65 espécies distribuídas principalmente nosneotrópicos. No Brasil ocorrem nove gêneros e cerca de 30 espécies (Udulutshc et al , 2007) em diferentesecossistemas. Em Mirandiba está represnetada apenas por Microtea tenuifolia  Moq.

UDULUTSCH, R. G; PINHEIRO, H. O.; TANNUS, J. L. S.; DIAS, P. & FURLAN, A.2007. Phytolaccaceae. In:  BITTRICH, V.; WANDERLEY, M. G. L. & SHEPHERD, G .J. (eds.) Flora

Fanerogâmica do Estado de São Paulo, Hucitec, São Paulo, 5: 237-246.RAEDER, K. 1961. Flora of Panama: Phytolaccaceae.  Annals of the Missouri Botanical

Garden, 55: 294-364.

 54.1. M ICROTEA TENUIFOLIA Moq. in  DC., Prodr. 13(2): 18. 1849. Prancha 27, fig I-J.Ervas, perenes; caule sulcado, glabro. Folhas alternas a subfasciculadas, subssésseis; lâmina

3-6x0,3-0,9cm, glabra, membranácea, espatulada, base aguda, ápice obtuso a agudo as vezes mucronado,margem inteira a crenulada; estípulas ausentes. Inflorescência racemo composto, laxifloro, terminala por vezes axiliar. Flores  pediceladas; bráctea linear-lanceoladas, ápice agudo, ca. 1mm compr.;pedicelo ca. 0,1cm compr.; tépalas 5, glabras, elípticas a ovadas, ápice agudo, nervura central fortemente

proeminente; estames 6-8, livres, filetes ca. 0,1cm compr.; ovário súpero, elipsóide, glabro; estiletes 2,terminais, livres, levemente involutos; estigmas 2, indiferenciados. Fruto aquênio, elipsóide a globóide,glabros, 1-1,5x0,8-1mm, superfície fortemente retículada, estilete persistente.

Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007,  J. R. Maciel et al. 393  (UFP); Estradapara o Sítio Malhada da Areia, 16.IV.2007, D. A. Araújo et al. 209  (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007,

 M. C. Pessoa et al. 157  (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 158 (UFP); Sítio AreiaMalhada, 20.IV.2007, Y. Melo et al. 225  (UFP).

Comentários: espécie também coletada nos estados da Bahia e Minas Gerais. Em Mirandibaocorre em áreas de caatinga arbustiva e ambientes parcialmente antropizados.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

55. PLUMBAGINACEAEKatarina Pinheiro & Marccus Alves 

Ervas, subarbustos a arbustos, eretos a escandentes, perenes, raro anuais, hermafroditas, glabros.Folhas simples, alternas, pecioladas ou amplexicaules, oblongas, ovais ou lanceoladas, membranáceasa coriáceas; estípulas ausentes. Inflorescência cimosa, cincínio, espiga, racemo ou panícula. Floresbissexuais, hipóginas, sésseis ou pediceladas, diclamídeas, pentâmeras, actinomorfas; sépalas conatas,livres no ápice, membranáceas ou escariosas, às vezes glandulosas, vistosas ou não, lobos-5; corolaconata, lobos livres-5, tubo longo e estreito; estames hipóginos, opostos aos lobos da corola, anteras

rimosas, bitecas; ovário súpero, 1-locular, 1-ovular, placentação basal, estiletes-5, livres ou conatos,estigmas-5, filiformes ou capitados. Fruto aquênio, raro cápsula, deiscência por opérculo, raro valvas;semente-1, embrião reto, endosperma amiláceo ou ausente.

Plumbaginaceae tem distribuição cosmopolita, com 10 gêneros e cerca de 400 espécies commaior diversidade na Ásia e Mediterrâneo e habitando preferencialmente locais semi-áridos, secos esalinos.. No Brasil ocorrem 2 gêneros, Plumbago L. e Limonium  Boiss, com uma espécie cada. Algunstáxons são importantes economicamente, sendo utilizados como medicamentos e ornamentais.

FARINACCIO, M. A. & NASCIMENTO, S. M. M.. 2005. Plumbaginaceae. In :  WANDERLEY,

M. G. L.; SHEPHERED, G. J.; MELHEM, T. S. & GIULIETTI, A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica doEstado de São Paulo, FAPESP/Hucitec, São Paulo, 4: 321-322.MOODSON, R.E. & SCHERY, R.W. 1970. Flora of Panama: Plumbaginaceae.  Annals of

the Missouri Botanical Garden, 57: 55-58. TSE-HSIANG, P. & KAMELIN, R.V. 1996. Plumbaginaceae. Flora da China, 15: 190-204.

 55.1. P  LUMBAGO  SCANDENS  L., Sp. pl. ed. 2: 215. 1762. Prancha 27, fig. M-L.Subarbustos,  0,5-1m, escandente. Folhas pecioladas a amplexicaules, alternas, glabras,

lâmina 2-3,5x0,8-2cm, lanceolada a oblongo-lanceolada, membranácea, ápice agudo a acuminado, basecuneada a atenuada, margem inteira, peninérvea, pecíolo 0,5cm compr. Inflorescência racemo, ereta;

brácteas lanceoladas 2 mm compr., pedicelo 1mm compr. Flores sésseis ou pediceladas, sépalas-5,conatas, tubo 1-8mm compr.,; corola, 5-mera, lobos 1-1,8cm compr., ovais, ápice truncado, estames-5,exsertos, 1-2cm compr., isodínamos; ovário súpero, 5-carpelar, 1-locular, 1-ovular, estilete terminal,indiviso, estigma terete, glanduloso. Fruto cápsula; sementes oblongas a ovais.

Material examinado: Brejo do Gama, 02.X.2006, Y. Melo et al. 81 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro

et al. 152 (UFP); Vertentes, 21.VI.2007, Y. Melo et al. 233 (UFP).

Comentários: distribui-se no sudeste da Flórida, Texas, Arizona; México, América Central,Oeste da Índia e América do Sul. No Brasil é encontrada em ambientes diversos, incluindo áreas decaatinga. Em Mirandiba foi coletada em subosque de caatinga arbóreo-arbustiva e caatinga arbustivaem regeneração.

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285- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

56. POACEAE Jefferson Rodrigues Maciel, Regina Célia de Oliveira & Maria Bernadete Costa-e-Silva 

Ervas, anuais ou perenes, cespitosas, decumbentes, estoloníferas, rizomatosas; colmo ereto,semi-prostrado ou prostrado. Folha alterna, dística; bainha foliar glabra, hirsuta ou pilosa; lígulamembranosa, membranoso-ciliada ou ciliada; lâmina foliar linear a lanceolada, glabra, pubescente,hirsuta ou pilosa em pelo menos uma das faces. Inflorescência em panícula, racemo, espiga ou laxaou contraída. Espiguetas  em um invólucro de cerdas macias ou espinescentes ou sem invólucro,1-multifloras; gluma inferior ausente, reduzida a uma escama ou presente, com ou sem nervura, mútica

a aristada, glabra ou pilosa; gluma superior presente, desenvolvida, com ou sem nervuras, mútica aaristada, glabra ou pilosa, com ou sem sulcos profundos entre as nervuras e estas portando espinhos;antécio inferior neutro, masculino, bissexuado ou reduzido ao lema inferior, membranoso ou coriáceo;antécio superior hermafrodita, masculino ou neutro, membranoso ou coriáceo. Flor aclamídea, lodículas2, raro ausentes; estames 3; ovário 2-3 carpelar, 1-locular, estigmas 2, plumosos. Fruto cariopse, rarocarnoso.

SMITH, L. B.; WASSHAUSEN, D. C.; KLEIN, R. M. 1981-1982. Gramíneas. In : REITZ,R. (ed.). Flora ilustrada Catarinensis. Imprensa Oficial do Estado de Santa Catarina, Itajaí, 1-3:1-1407.

CLAYTON, W. D. & RENVOIZE, S. A. 1986. Genera Graminum – Grasses of the World.Kew Bulletin Additional series XIII, London.

LONGHI-WAGNER, H. M. 2001. Poaceae. In : LONGHI-WAGNER, H. M.; BITTRICH, V.; WANDERLEY, M. G. L. & SHEPHERD, G. J. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de SãoPaulo. Hucitec, São Paulo, 1: 1-294.

POHL, R. W. 1980. Gramineae. In : BURGER, W. Flora Costaricensis. Fieldiana: Botany,New Series, 4: 1-608.

RENVOIZE, S. A. 1984. The grasses of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE POACEAE

1. Inflorescência com espiguetas unissexuais, ambas as glumas ausentes .... Luziola brasiliana 

1’. Inflorescência com espiguetas bissexuais, 1 ou 2 glumas presentes .................................... 2

2. Gluma superior com espinhos tuberculados ...........................................Tragus berteronianus 

2’. Gluma superior sem espinhos tuberculados ......................................................................... 3

3. Espigueta com 3-muitos antécios .......................................................................................... 4

3’. Espigueta com 1-2 antécios .................................................................................................13

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

4. Panículas com racemos unilaterais espiciformes ................................................................... 5

4’. Panícula típica ........................................................................................................................ 8

5. Inflorescência com racemos alternos .......................................................... Leptochloa scabra 

5’. Inflorescência com racemos verticilados .............................................................................. 6

6. Antécios aristados ....................................................................................... Enteropogon mollis 

6’. Antécios múticos .................................................................................................................... 7

7. Gluma superior mútica ..................................................................................... Eleusine indica 

7’. Gluma superior aristada .................................................................Dactyloctenium aegyptium

8. Pálea com cílios evidentes ..................................................................................................... 98’. Pálea sem cílios evidentes ....................................................................................................10

9. Panícula aberta, espigueta 1,3-2,1mm compr ................................................ Eragrostis tenella 

9’. Panícula contraída, espigueta 2-3mm compr ............................................... Eragrostis ciliaris 

10. Ervas estoloníferas; colmo prostado ....................................................... Eragrostis hypnoides 

10’. Ervas cespitosas; colmo ereto .............................................................................................11

11. Espigueta olivácea a verde-clara, 3-4mm larg ........................................ Eragrostis cilianensis 

11’. Espigueta verde ou avermelhada, 0,6-3mm larg .................................................................12

12. Lâmina foliar 3,7-9,0cm; espiguetas 5-10mm ...................................... Eragrostis maypurensis 

12’. Lâmina foliar 5,5-15,0cm; espiguetas 3,0-5,0 ................................................ Eragrostis pilosa 

13. Espigueta com invólucro......................................................................................................14

13.’ Espigueta sem invólucro .....................................................................................................17

14. Cerdas livres subentendendo a espigueta ...................................................Setaria parviflora 

14’. Cerdas concrescidas envolvendo a espigueta .....................................................................15

15. Invólucro envolvendo 4 espiguetas .............................................. Anthephora  hermaphrodita 

15.’ Invólucro envolvendo 1 ou 2 espiguetas ..............................................................................16

16. Cerdas macias ................................................................................................Cenchrus ciliaris 

16’. Cerdas espinescentes ..............................................................................Cenchrus echinathus 

17. Antécios com aristas .............................................................................................................18

17’. Antécios múticos ................................................................................................................ 22

18. Ápice do lema superior com três aristas ..............................................................................19

18’. Ápice do lema superior com uma arista inteira ou com arista tripartida .......................... 20

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287- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

19. Lema inferior piloso; aristas 4mm ........................................................Bouteloua aristidoides 

19’. Lema inferior glabro; aristas 7-8mm .................................................... Bouteloua americana 

20. Espigueta com 1 antécio; lema com arista apical tripartida.................. Aristida adscensionis 

20’. Espigueta com mais de 1 antécio; lema com arista inteira ................................................21

21. Lígula 1mm, ciliada; gluma superior aristulada........................................ Enteropogon mollis 

21’. Lígula 0,5mm, membranoso-ciliada; gluma superior mútica ........................ Chloris virgata 

22. Espigueta com 1-antécio ................................................................... Sporobolus pyramidatus 

22’. Espigueta com 2-antécios .................................................................................................. 23

23. Gluma inferior ausente ........................................................................................................ 2423’. Gluma inferior presente, desenvolvida ou rudimentar ...................................................... 27

24. Espigueta solitária ................................................................................... Axonopus capillaris 

24’. Espigueta aos pares ........................................................................................................... 25

25. Espigueta orbicular, antécio atro-purpúreo .................................Paspalum melanospermum

25’. Espigueta fimbriada ou escutada, antécio superior estramíneo ....................................... 26

26. Espigueta fimbriada ..............................................................................Paspalum fimbriatum

26’. Espigueta escutada ................................................................................. Paspalum scutatum

27. Gluma inferior reduzida a uma escama .............................................................................. 29

27’. Gluma inferior desenvolvida .............................................................................................. 28

28. Lígula ausente; gluma superior e inferior pilosa,

tricomas epinescentes ..................................................................................... Echinochloa colona 

28’. Lígula presente; gluma superior e inferior glabra ou pilosa,

tricomas não epinescentes .........................................................................................................31

29. Bainha foliar glabra ou pubescente na metade inferior; ramos 4-8 .................................... 30

29’. Bainha foliar hirsuta; ramos 2-3 ..................................................................... Digitaria nuda 

30. Bainha foliar glabra; espigueta 3-3,2x0,9-1mm ............................................ Digitaria ciliaris 

30’. Bainha pubescente na metade inferior;

espigueta 2-2,1x0,5-0,8mm ..........................................................................Digitaria horizontalis 

31. Gluma inferior e superior pilosa, tricomas longos e róseos .............................. Melinis repens 

31’. Gluma inferior e superior glabras, se pilosas sem tricomas longos e róseos ......................31

32. Antécio superior liso ou papiloso ........................................................................................ 34

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

32’. Antécio superior rugoso ..................................................................................................... 32

33. Espigueta 3-4mm compr ..................................................................................................... 33

33’. Espigueta 2,4-2,6mm compr ...........................................................................Urochloa fusca 

34. Lâmina foliar pubescente; espigueta 3,5-4mm compr .................................. Urochloa mollis 

34’. Lâmina foliar glabra; espigueta 3mm compr ....................................... Urochloa plantaginea 

35. Espigueta 2,5-3,2mm compr., oval ......................................................... Panicum caatingense 

35’. Espigueta 1-2,2mm compr., elíptica .................................................................................. 35

36. Inflorescência com ramos abertos; espigueta 1-1,1mm compr.................Panicum trichoides 

36’. Inflorescência com ramos adpressos; espigueta 2-2,2mm compr ......... Panicum venezuelae 

 56.1. A NTEPHORA HERMAPHRODITA (L.) Kuntze, Rev. gen. pl. 2: 759. 1891.Ervas anuais, cespitosas; colmo 70-90cm, ereto. Bainha foliar pilosa; lígula 2mm, membranosa;

lâmina foliar 6-13x0,5-0,7cm, linear-lanceolada, aguda, pilosa próximo à base e esparsamente pilosaou com tricomas só na nervura central no resto da superfície. Inflorescência panícula espiciforme,hermafrodita. Espiguetas agrupadas num invólucro de cerdas epinescentes, 3,5-4,5x2mm, 4 espiguetaspor agrupamento, mas só duas desenvolvidas com 2 antécios, acrópetas, oval, paleácea; gluma inferiorpresente, glabra; gluma superior mútica, glabra; antécio inferior reduzido ao lema, lema inferior glabroe sem aristas; antécio superior fértil, oval, agudo, estramíneo, coriáceo, liso lema superior com ápice

inteiro, não voltado para fora da espigueta.Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 405 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, J.

R. Maciel et al. 176 (UFP, MO); Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro et al. 191(UFP).

Comentários: nativa, ocorrendo desde o México até o nordeste do Brasil. Muito freqüentena caatinga, sendo encontrada principalmente nas áreas alteradas. É caracterizada pelo agrupamentode espiguetas em um invólucro de consistência dura. Não apresenta potencial forrageiro tampouco éutilizada na região.

 56.2. ARISTIDA  ADSCENSIONIS  L., Sp. pl.: 82. 1753.Ervas anuais, cespitosas; colmo 58-70cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula ca. 1mm, ciliada;

lâmina foliar 15-20x0,2-0,3cm, linear, aguda, glabra. Inflorescência panícula contraída, hermafrodita.Espiguetas  sem invólucro, 19-21x0,9-1mm, acrópetas, linear, solitária, 1 antécio, paleácea; glumainferior presente, glabra, 1-nervada, gluma superior mútica, glabra, 1-nervada; lema superior com aristatripartida no ápice, a central 11-16mm comp.; as laterais 8-12mm comp., ápice do lema não voltado parafora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, C. E. Lourenço et al. 260 (UFP, RB, MO); Serra da Gia,

30.V.2006, J. R. Maciel et al. 191 (UFP, RB, MO).

Comentários: pantropical, no Brasil é mais abundante na região Nordeste. É encontrada emsolos alterados ou arenosos. Essa é a única espécie de Aristida  registrada neste trabalho, mas são freqüentes

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289- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

em outras áreas de caatinga A. elliptica  (Nees) Kunth e A. setifolia  Kunth. Essas se diferenciam entre si

pela forma da panícula e pelo tamanho das aristas. Não há indicações de seu potencial forrageiro.

 56.3. A XONOPUS  CAPILLARIS  (Lam.) Chase, Proc. Biol. Soc. Wash. 24: 133. 1911.Ervas  anuais, cespitosas; colmo 23-41cm, ereto. Bainha  foliar  glabra; lígula 0,3-0,4mm,

membranoso-ciliada; lâmina foliar 2,5-7,0x0,2-0,5cm, lanceolada, aguda, glabra ou com cílios esparsos naporção inferior da margem. Inflorescência em racemos, digitada, laxa, hermafrodita. Espiguetas seminvólucro, 1,0-1,2x0,4-0,6mm, acrópeta, elíptica a linear-elíptica, aguda, solitária, 2 antécios, estramínea;gluma inferior ausente; gluma superior mútica, glabra ou pilosa sobre as nervuras, 2-4 nervadas; antécioinferior reduzido ao lema, lema inferior 2-4 nervados, glabro e sem aristas; antécio superior fértil1,1-1,2x0,3-0,5mm, elíptico, agudo, estramíneo, papiloso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema

não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.Material examinado: Areia Malhada, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 218 (UFP, RB, MO); Fazenda do Projeto Chico

Torres, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 186 (UFP, RB, MO).

Comentários: de ampla distribuição nos neotrópicos, ocorrendo em locais arenosos, sendomais freqüente na borda que no interior das matas da caatinga. Dentre as espécies encontradas na área,poderia ser confundida, com as espécies de Paspalum, das quais se diferencia, entre outros aspectos,pelas espiguetas solitárias.

 56.4. B OUTELOUA  AMERICANA (L.) Scribn., Proc. Acad. Nat. Sci. Philadelphia 43(2): 306-307. 1891.

Ervas anuais, cespitosas; colmo ca. 20cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,5mm, ciliada;lâmina foliar 3,5-6x0,2-0,3cm, linear, aguda, esparsamente pubescente na face adaxial. Inflorescência racemosa, contraída, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 9-11x1-2mm, basítona, solitárias, 2antécios, linear, paleácea; gluma inferior presente, glabra; gluma superior mútica, glabra, 1 nervada;antécio inferior desenvolvido, lema inferior glabro, sem aristas; antécio superior neutro, estramíneo,liso, lema superior com ápice tripartido, prolongando em aristas de 7-8mm, ápice do lema não voltadopara fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 147  (UFP).Comentários: nativa, com ampla distribuição nas Américas, mas no Brasil sua maior dispersão

fica no Nordeste. Aproxima-se de B. americana por aspectos do hábito e da inflorescência, mas pode ser

distinguida pelo comprimento das aristas e pela pilosidade do lema inferior. Além disso, essas espéciescompartilham boa palatabilidade, embora o potencial forrageiro seja baixo.

 56.5. B OUTELOUA  ARISTIDOIDES  (Kunth) Griseb., Fl. Brit. W. I.: 537. 1864.Ervas anuais, cespitosas; colmo ca. 20cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,5mm, ciliada;

lâmina foliar 3,6-5x0,1-0,3cm, linear, aguda, esparsamente lanada.Inflorescência em racemos, contraída,hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 5-7x1-1,5mm, basítona solitárias, 2 antécios, linear, paleácea;gluma inferior presente glabra; gluma superior mútica, glabra, 1 nervada; antécio inferior desenvolvido,lema inferior piloso, sem aristas; antécio superior neutro, estramíneo, liso, lema superior com ápice

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

tripartido, prolongando-se em aristas de 4mm, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea

sem cílios evidentes.Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 430 (UFP, MO); Serra do Tigre,

30.III.2006, J. R. Maciel et al. 134 (UFP).

Comentários: nativa, amplamente distribuída nas Américas. Espécie de fácil reconhecimentopor seu pequeno porte e inflorescências racemosas contraídas, aproximando-se de Bouteloua sp. poresses caracteres e se separando por apresentar as aristas do ápice tripartido com 4mm de comprimento.Seu potencial forrageiro é baixo embora seja palatável.

 56.6. C  ENCHRUS  CILIARIS  L., Mant. pl.: 302. 1771.Ervas  perenes, cespitosas; colmo 50-90cm, ereto. Bainha  foliar  glabra; lígula 1mm,

membranoso-ciliada; lâmina foliar 7-15x0,5-1cm, linear-lanceolada, aguda, pilosa em ambas as faces.Inflorescência panícula espiciforme, hermafrodita. Espiguetas envolvida por invólucro de cerdasmacias, ca. 4x1mm, 1 espigueta por invólucro, acrópeta, 2 antécios, oval, paleácea; gluma inferior presente,glabra; gluma superior mútica, glabra, 1-nervada; antécio inferior neutro, lema e pálea presentes, lemainferior glabro e sem aristas; antécio superior hermafrodita, estramíneo, liso, lema superior com ápiceinteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, J. R. Maciel et al. 152 (UFP); Serra do Tigre, Fazenda Tigre,

30.V.2006, J. R. Maciel et al. 181 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 270 (UFP).

Comentários: espécie introduzida para uso forrageiro. Normalmente é encontrada em pastosabandonados e áreas alteradas, mas eventualmente pode ser coletada na borda de matas. Diferencia-se

de Cenchrus echinatus  L. por apresentar cerdas macias.

 56.7. C  ENCHRUS   ECHINATUS  L., Sp. pl.: 1050. 1753.Ervas perenes, cespitosas; colmo 35cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 1mm, ciliada; lâmina

foliar 7-13,5x0,4-0,6cm, linear-lanceolada, aguda, pilosa só na face abaxial. Inflorescência panículaespiciforme, hermafrodita. Espigueta envolvida por invólucro de cerdas epinescentes, 5x1,2mm, 2espiguetas por invólucro, acrópeta, 2 antécios, oval, paleácea; gluma inferior presente, glabra; glumasuperior mútica, glabra; antécio inferior neutro, lema e pálea presentes, lema inferior glabro e semaristas; antécio superior hermafrodita, estramíneo, liso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lemanão voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Fazenda do Projeto Chico Torres, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 184 (UFP, RB).

Comentários: espécie de ampla distribuição, geralmente ocorrendo como ruderal. Suacaracterística distintiva de C. ciliaris é a presença de cerdas epinescentes que machucam ao toque. Éforrageira de qualidade nos estádios juvenis, mas na área não há indicação de seu uso.

 56.8. C HLORIS  VIRGATA Sw., Flora Indiae Occidentalis 1: 203. 1797.Ervas  anuais cespitosas; colmo 10-75cm, ereto. Bainha foliar  glabra; lígula 0,5mm,

membranoso-ciliada; lâmina foliar 2-20x0,2-1,2cm, lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência racemosa,ramos unilaterais, hermafrodita. Espiguetas  sem invólucro, 8-10mm, basítonas, com 2-3 antécios,

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291- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

solitárias, oboval, paleácea; gluma inferior presente, glabra; gluma superior gluma superior mútica,

glabra; antécio inferior hermafrodita, lema inferior, aristado, arista inteira, piloso próximo ao ápice;antécio superior neutro, paleáceo, liso, lema superior com ápice aristado, arista inteira, ápice do lemanão voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 279 (UFP, RB, MO); Serra do Tigre, 17.IV.2007,

 J. R. Maciel et al. 412 (UFP, RB, MO).

Comentários: amplamente distribuída nas Américas e nos trópicos do velho Mundo. NoBrasil ocorre em praticamente todo o país. Foi encontrada em áreas abertas e antropizadas. C. virgata  se diferencia das demais espécies aqui tratadas pela espigueta basítona com os antécios aristados. Éforrageira promissora, mas não foi constatado seu uso na região.

 56.9. D  ACTYLOCTENIUM   AEGYPTIUM  (L.) Willd., Enum. pl.: 1029. 1809.Ervas perenes, cespitosas; colmo 20-30cm, ereto, geniculado. Bainha  foliar  glabra; lígula

1mm, membranoso-ciliada; lâmina foliar 3-5,5x0,3-0,4cm, linear-lanceolada, aguda, pilosa na faceadaxial. Inflorescência  em racemos unilaterais espiciformes, hermafrodita. Espiguetas  seminvólucro, 4x3mm, basítona, 3-5 antécios, solitárias, ovais, estramínea; gluma inferior presente mútica,1-nErvasda, glabra; gluma superior, aristada, 1-nErvasda; antécios hermafroditas, lema glabro e semaristas, acuminado, curtamente ciliado sobre as nervuras, 3- nErvasdo; antécio apical neutro presenteou ausente ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Areia Malhada, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 217 (UFP); Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R.

 Maciel et al. 140 (UFP); Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 174 (UFP); Serrotinho, 30.V.2006, J. R. Maciel

et al. 196 (UFP).Comentários: nativa dos trópicos e regiões temperadas do Velho Mundo foi introduzida nas

 Américas. É encontrada como ruderal. A presença de espiguetas multifloras poderia confundi-la com Eleusine indica (L) Gaertn. ou com as espécies de Eragrostis , mas ao contrário destas em D. aegyptium  osracemos são digitados e a gluma superior é aristada.

 56.10. D IGITARIA CILIARIS  (Retz.) Koeler, Descr. gram.: 27. 1802.Ervas anuais, decumbentes; colmo 70-80cm. Bainha foliar glabra; lígula 1-2mm, membranosa;

lâmina foliar 10-15x0,3-0,6cm, lanceolada a linear-lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência  emracemos, ramos 4-8, espiciformes, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 3-3,2x0,9-1mm, 2 antécios,

acrópeta, pareada, oval, estramínea; gluma inferior reduzida a escama, glabra; gluma superior mútica,glabra, 3-nervada; antécio inferior reduzido ao lema, lema inferior glabro e sem aristas; antécio superiorcastanho, finamente papiloso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora daespigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 421 (UFP).

Comentários: pantropical, amplamente distribuída em todo o Brasil. Ocorre como invasora,ruderal ou em beira de estradas. Prefere solos arenosos, mas pode ser encontrada em solos alterados.Diferencia-se de Digitaria horizontalis   Willd. pela bainha glabra e espigueta de 3-3,2mm. Sobretudoquando jovem essa espécie é forrageira de elevada palatabilidade.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 56.11. D IGITARIA HORIZONTALIS   Willd., Hort. berol. 2: 92. 1809.

Ervas anuais, decumbentes; colmo 26-35cm. Bainha foliar pubescente, tricomas longos nametade inferior; lígula 0,5mm, membranosa; lâmina foliar 2-4x0,3-0,4cm, lanceolada, aguda, escabra.Inflorescência digitada, ramos 4-6, espiciformes, hermafrodita. Espiguetas 2-2,1x0,5-0,8mm, seminvólucro, 2-antécios, acrópeta, pareada, oval, estramínea; gluma inferior reduzida a escama, glabra;gluma superior mútica, glabra; antécio inferior reduzido ao lema; lema inferior glabro e sem aristas;antécio superior estramíneo, finamente papiloso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não

 voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 442 (UFP).

Comentários: ocorre nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, amplamente distribuídaem quase todo o Brasil. É encontrada como invasora, ruderal ou em beira de estradas, preferindo solos

alterados. Sua característica distintiva em relação a D. ciliaris  é a presença de longos tricomas na metadeinferior da bainha foliar e o menor comprimento da espigueta.

 56.12. D IGITARIA  NUDA Schumach., Beskr. Guin. Pl. 24. 1827.Ervas  anuais, decumbentes; colmo 30-60cm. Bainha Foliar hirsuta a glabra; lígula ca.

1mm., membranosa; lâmina foliar 6-15x0,3-0,6cm, linear a linear-lanceolada, aguda, puberulenta aglabrescente. Inflorescência em panícula, digitada, ramos 2-3, espiciformes. Espiguetas 3-3,2x0,8-1mm, sem invólucro, 2-antécios, acrópeta, pareada, oval, estramínea; gluma inferior reduzida a escama,glabra; gluma superior mútica, pubescente; antécio inferior reduzido ao lema, lema leve a densamenteciliada; antécio superior estramíneo, glabro, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado

para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes. Material examinado: Areias, Fazenda Areias, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 187 (UFP).

Comentários: espécie com ampla distribuição no Brasil. Encontrada em beira de estrada ecomo invasora em diversas plantações. Diferencia-se das demais espécies do gênero aqui tratadas pelaquantidade de ramos na inflorescência e pela bainha hirsuta.

 56.13. E CHINOCHLOA COLONA (L.) Link, Hort. berol. 2: 209.1833.Ervas anuais, cespitosas; colmo 28-35cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula ausente; lâmina

foliar 5-7x0,2-0,3cm, linear a lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência panícula contraída, hermafrodita.Espiguetas sem invólucro, 2-2,1x1,2-1,3mm, 2 antécios, acrópeta, oval, paleácea ou estramínea; glumainferior presente, pilosa; gluma superior mútica, pilosa, tricomas epinescentes, 9-nervada; antécio inferiorneutro, pálea presente, lema inferior glabro e sem aristas; antécio superior hermafrodita, estramíneo,liso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cíliosevidentes.

Material examinado: Caminho para a Serra da Gia, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 190 (UFP); Serra do Tigre,

17.IV.2007, L. G. Souza 19a (UFP).

Comentários: espécie cosmopolita, encontrada nas regiões tropicais e subtropicais de todoo mundo. Ocorre em áreas alteradas de solo muito úmido.  E. colona  se distingue das demais espéciespela presença de tricomas epinescentes na gluma superior. Forrageira valiosa, mas sem indicações deuso na região.

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293- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 56.14. E  LEUSINE  INDICA (L.) Gaertn., Fruct. sem. pl. 1: 8. 1788.Ervas anuais, cespitosas; colmo 25-30cm, ereto. Bainha foliar glabra ou com cílios longos e

esparsos; lígula 1mm, membranosa; lâmina foliar 7-10x0,3-0,4cm, linear, aguda, com tricomas longose esparsos na face adaxial. Inflorescência em racemos, ramos unilaterais espiciformes, hermafrodita.Espiguetas sem invólucro, 4,5-6x1,8-2mm, 6 antécios, basítona, solitárias, elíptica, estramínea; glumainferior presente, glabra; gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas, estramíneo, liso, lemainferior glabro e sem aristas, com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta,5-nervado; pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: estrada para Serrotinho, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 197 (UFP).

Comentários: pantropical com origem no Velho Mundo. Ocorre em áreas alteradas como

beira de estradas, plantações abandonadas, quintais e borda de matas. Os ramos verticilados unilateraise a espigueta multiflora com gluma superior mútica, diferenciam  E. indica de todas as demais espéciesaqui tratadas. Invasora em diversas culturas e forrageira com potencial no uso consorciado, mas emMirandiba não foi constatado qualquer uso.

 56.15. E  NTEROPOGON   MOLLIS  (Nees) Clayton, Kew Bull. 37: 419. 1982.Ervas anuais, cespitosas; colmo 53-70cm, ereto. Bainha  foliar glabra; lígula 1mm, ciliada;

lâmina foliar 8-14,5x0,2-0,4cm, linear a linear-lanceolada, aguda, pubescente em ambas as faces.Inflorescência em racemos, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 8-12,5mm, 2-antécios,solitárias, basítona, linear, paleácea; gluma inferior presente, aristulada, glabra; gluma superior aristulada,glabra; antécio inferior hermafrodita, lema inferior glabro e aristado, antécio superior neutro, paleáceo,lema superior com ápice aristado, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cíliosevidentes.

Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 135 (UFP, RB); Serra

da Gia, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 192 (UFP).

Comentários: ocorre na América Central, Equador e Brasil. Muito comum na caatinga,podendo ser encontrada em solos arenosos ou pedregosos, com mais freqüência nas bordas de matase áreas abertas. Caracterizada por apresentar 2 antécios aristados por espigueta e não possuir aristatripartida. Não há indicações de seu uso econômico.

 56.16. E RAGROSTIS  CILIANENSIS  (All.) Vignolo ex  Janch., Mitt. Naturwiss. Vereins. Univ. Wien 5: 110. 1907.

Ervas anuais, cespitosa; colmo 32-61cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 0,5-0,6(1,0)mm,ciliada; lâmina foliar 7,5-19,2x0,3-0,8cm, linear a linear-lanceolada, glabra, com glândulas na nervuracentral da superfície abaxial. Inflorescência em panícula, contraída a aberta, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 4,0-11,0x3,0-4,0mm, basítona, oval a lanceolada, 7-23 antécios, solitária, olivácea ou

 verde-clara; gluma inferior presente, glabra, gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas,lemas sem aristas, glabros, com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, páleasem cílios evidentes.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 201 (UFP).

Comentários: nativa da Europa, atualmente distribuída nas regiões tropicais e subtropicais doMundo. Coletada em áreas alteradas, afloramentos rochosos e bordas e interiores de mata. A coloraçãoe o aspecto inflado da espigueta caracterizam esta espécie, tornando-a distinta das demais. Seu potencialeconômico é desconhecido.

 56.17. E RAGROSTIS  CILIARIS  (L.) R. Br., Narr. Exped. Zaire: 478. 1818.Ervas anuais, cespitosa; colmo 19-60cm, ereto. Bainha foliar glabra na superfície e densamente

pilosa nas margens; lígula 0,3-0,5mm, pilosa; lâmina foliar 3,5-12,0x0,1-4,0cm, linear, aguda, glabra, semglândula. Inflorescência em panícula, contraída, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 2,0-3,0x1,5-2,0mm, basítona, elíptica, 8-12 antécios, solitárias, estramínea a vinácea; gluma inferior presente, glabra;

gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas, lema sem aristas, glabros, 3-nervados, com ápiceinteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea com cílios evidentes.

Material examinado: Fazenda Tigre, Ser ra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 107 (UFP, RB, MO).

Comentários: nativa dos trópicos e subtrópicos do Mundo e atualmente naturalizada nas Américas. Geralmente é encontrada como ruderal ou em áreas alteradas. Pode ser confundida com E. tenella  distiguindo-se, porém, pela panícula de ramos contraídos. Seu potencial forrageiro é baixo,mas por crescer em áreas pobres pode contribuir significativamente na fixação do solo e na falta demelhores pastagens pode se tornar uma boa opção.

 56.18. E RAGROSTIS  HYPNOIDES  (Lam.) B. S. P., Prelim. Cat. N. York Pl.: 69. 1888.Ervas  anuais, estoloníferas; colmos 3,5-30,0cm, prostrados. Bainha  foliar  glabra; lígula

ciliada, aprox. 0,5mm; lâmina foliar, 0,5-2,0x0,1-0,3mm, linear, aguda, glabra a esparsamente pilosana face adaxial, densamente pilosa face abaxial. Inflorescência em panícula, contraída, hermafrodita.Espiguetas sem invólucro, 7-15x0,1-0,2cm, 4-6 antécios, basítona, oval, solitárias, estramínea; glumainferior presente, glabra, gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas, lemas glabros e semaristas, 3-nervados, lemas com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, páleasem cílios evidentes.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. G. Souza 20 (UFP).

Comentários: ocorre desde o Canadá até a Argentina. Tem preferência por cursos d’águase ambientes relativamente úmidos. Caracteriza-se por ser estolonífera, com colmos prostrados, pelo

pequeno porte e por suas lâminas foliares muito pequenas.

 56.19. E RAGROSTIS   MAYPURENSIS  (Kunth) Steud., Syn. Pl. Glumac. 1: 276. 1854.Ervas anuais, cespitosas; colmo 15-32cm, ereto. Bainha foliar glabra, sem glândulas; lígula

0,3mm, ciliada, lâmina foliar 3,7-9,0x0,2-0,4cm, linear a lanceolada, aguda, esparsa a densamente pilosana superfície abaxial. Inflorescência em panícula, contraída a aberta, hermafrodita. Espiguetas seminvólucro, 0,5-1,0x0,1-0,3cm, basítona, 12-18 antécios, linear-oblonga, solitárias, estramínea; glumainferior presente, glabra; gluma superior mútica, glabra; antécios hermafroditas, lemas glabros e semaristas, 3-nervados, com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cíliosevidentes.

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295- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Material examinado: Fazenda Areias, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 183 (UFP).

Comentários: nativa dos Neotrópicos, no Brasil ocorre até São Paulo. Foi encontrada emsolos arenosos, na borda e no interior da mata. A coloração avermelhada da espigueta e o aspecto dainflorescência provocado pela curvatura dos lemas tornam esta espécie de fácil caracterização. Seupotencial forrageiro é mediano, mas na região não há indicações de seu uso.

 56.20. E RAGROSTIS  PILOSA (L.) P. Beauv., Essai. Agrost. 71. 162, 165. 1812.Ervas  anuais, cespitosas; colmo 30-60cm, ereto. Bainha  foliar  glabra; lígula 0,3-0,5mm,

ciliada; lâmina foliar 5,5-15,0x0,2-0,4cm, linear a linear-lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência empanícula, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 3,0-5,0x0,6-1,0mm, basítona, 4-10 antécios,estreitamente ovada, solitárias, esverdeada; gluma inferior presente, glabra, gluma superior mútica,

glabra; antécios hermafroditas, lemas glabros e sem aristas, 3-nervados, ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel et al. 143 (UFP).

Comentários: nativa das regiões temperadas do Velho Mundo e introduzida no Novo Mundo.Encontrada em áreas alteradas de solo arenoso ou rochoso. Dentre as espécies de  Eragrostis   aquiestudadas, E. pilosa  pode ser distinguida, além dos caracteres ressaltados na chave, pela panícula comramos longos e flexíveis. É invasora de lavouras e seu potencial forrageiro aparentemente é baixo.

 56.21. E RAGROSTIS  TENELLA (L.) P. Beauv. ex  Roem. & Schult., Syst. Veg. 2: 576. 1817. Eragrostis amabilis  (L.) Nees, Bot. Beechey Voy. 251. 1838.Ervas  anuais, cespitosas; colmo 15-37cm, ereto. Bainha  foliar  glabra; lígula 0,2-0,3mm,

pilosa; lâmina foliar 3,0-7,7x0,2-0,3cm, lanceolada a liner-lanceolada, aguda, glabra. Inflorescênciaem panícula, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 1,3-2,1x0,9-1,2mm, elíptica, 4-9 antécios,basítonas, solitárias, elípticas, esverdeada ou estramínea; gluma superior presente, mútica, glabra; glumainferior presente, mútica, glabra; antécios hermafroditas, lemas glabros, sem aristas, 3-nervados, comápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta; pálea com cílios evidentes.

Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, J. R. Maciel et al. 135 (UFP); Serra do Tigre, Fazenda Tigre,

30.V.2006, J. R. Maciel et al.180 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 271 (UFP).

Comentários: nativa do Velho Mundo. Vastamente distribuída no Brasil, esta espécienormalmente se comporta como ruderal. Foi coletada em áreas alteradas ou na borda de matas. Dentre

as espécies de  Eragrostis   se aproxima mais de  E. ciliaris   (L.) R. Br., de quem se separa por possuirespiguetas menores e panícula aberta. É invasora e não apresenta potencial forrageiro.

 56.22. L EPTOCHLOA SCABRA Nees, Agost. Bras. 435. 1829.Ervas  anuais, cespitosas; colmo 50-100cm, ereto. Bainha  foliar  glabra; lígula 4mm,

membranoso-ciliada; lâmina foliar 20-48x0,3-0,7cm, lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência panículatípica, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 3-4,2x0,8-1mm, basítona, 3-4 antécios, solitárias,elíptica, estramínea; gluma inferior presente, gluma inferior presente, mútica, glabra, gluma superiormútica, glabra uninervada; antécios hermafroditas, lemas glabros, múticos a curtamente mucronado,

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296

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

piloso nas nervuras dorsal e marginal, ápice não voltado para fora da espigueta, pálea pilosa nas margens

dorsal e marginal.Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel et al. 141 (UFP); Cacimba Nova, 30.III.2006, J.

R. Maciel et al. 142 (UFP).

Comentários: encontrada em solo arenoso e areno-argiloso muito úmido. Possui espiguetasmultifloras que a aproxima de D. aegyptium , E. indica e das espécies de Eragrostis , mas pode ser separadadesta última pelos ramos unilaterais e das duas primeiras pela inflorescência como panícula típica deramos alternos. Seu potencial forrageiro é desconhecido.

 56.23. LUZIOLA BRASILIANA Moric., Pl. Nouv. Amer.: 94. 1840.Ervas perenes, cespitosas; colmo 30-50cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula membranosa,

7-14mm; lâmina foliar linear 15-30x0,4-1cm, linear, aguda, glabra. Inflorescência  panícula, laxa,unissexual. Espiguetas  masculina sem invólucro, 5x2mm, basítona, 1 antécio, pareadas, elíptica,alva; glumas ausentes; pálea e lema membranosos, 7-9 nervados. Espiguetas feminina 1,8-2x0,9mm,basítona, 1 antécio, orbicular, estramínea; glumas ausentes; pálea e lema membranosos, 7-9 nnervados,lema com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado:  Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. S. Silva et al. 179 (UFP, RB); Serra das Umburanas,

18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 439 (UFP, RB, MO).

Comentários: nativa, ocorre na Venezuela e Brasil. Por ser aquática é encontrada em poçaspassageiras na época chuvosa na caatinga, embora seja pouco freqüente e relativamente difícil deencontrar. Completamente diferente das demais espécies tanto pelo habitat quanto pela inflorescência

unissexual, sendo a inflorescência masculina terminal e a feminina axilar na mesma planta. Seu potencialeconômico é desconhecido.

 56.24. M  ELINIS  REPENS  (Willd.) Zizka., Biblioth. Bot. 138: 55. 1988.Rhynchelytrum repens  (Willd.) C. E. Hubb., Bull. Misc. Inform.: 110. 1934.Ervas anuais, cespitosas; colmo 60-100cm, ereta. Bainha foliar glabra ou pubescente; lígula

1,5mm, ciliada; lâmina foliar 3-11x0,2-0,4cm, linear, aguda, glabra. Inflorescência em panícula, laxa acontraída, hermafrodita. Espiguetas invólucro, 7-9x3-4mm, acrópeta, pareadas, 2 antécios, oval, rósea;gluma inferior presente, pilosa; gluma superior 5-7 nervada, aristada, pilosa; antécio inferior masculino,pálea e lema presentes; lema inferior piloso e com aristas; antécio superior hermafrodita, castanho, liso,

lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cíliosevidentes.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 436 (UFP, RB).

Comentários: espécie pantropical com ampla distribuição no país. É encontrada em solospobres de áreas alteradas ou margeando estradas em densas populações. É facilmente caracterizadapor suas inflorescências rosadas e o potencial econômico está relacionado ao seu agressivo poder deinvasora.

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297- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 56.25. P  ANICUM  CAATINGENSE  Renv., Kew Bull. 37(2): 325. 1982.

Ervas anuais, cespitosas; colmo 30-50cm, ereto.Bainha foliar hirsuta; lígula 3mm, membranoso-ciliada; lâmina foliar 10-20x0,4-1cm, linear a linear-lanceolada, aguda, hirsuta. Inflorescência panícula,laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro 2,5-3,2x0,9-1mm, acrópeta, oval, pareadas, 2 antécios,estramínea; gluma inferior presente, 3-nervada, glabra; gluma superior 5-7-nervada, mutica, glabra;antécio inferior neutro, pálea e lema presentes; lema inferior glabro e sem aristas; antécio superiorhermafrodita, alvo a castanho, liso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para forada espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 440 (UFP); Fazenda Tigre,

17.IV.2007, L. G. Souza 19 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 408 (UFP).

Comentários: aparentemente é endêmica da caatinga, onde é encontrada em áreas abertas,

também sendo freqüente em lavouras como invasora. Essa espécie se caracteriza pelo aspecto dainflorescência e espigueta. Não é utilizada na região e seu potencial econômico é desconhecido.

 56.26. P  ANICUM  TRICHOIDES  Sw., Prodr. veg. Ind. Occ.: 24. 1788.Ervas anuais, cespitosas; colmo ca. 70cm, semi prostrado. Bainha foliar pilosa; lígula 1mm,

membranoso-ciliada; lâmina foliar 5-7x1,3-1,6cm, elíptico-lanceolada, glabra a esparsamente pilosa.Inflorescência em panícula, aberta, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 1-1,1x0,3mm, acrópeta,elípticas, 2 antécios, estramínea; gluma inferior, 3-nervada, glabra; gluma superior, 5-nervada, mútica,esparsamente pilosa; antécio inferior neutro, lema e pálea presentes; lema inferior glabro e sem aristas;antécio superior hermafrodita, oval, estramíneo, papiloso; lema superior com ápice inteiro, ápice do

lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al 173 (UFP); Serra do Tigre,

Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al 178 (UFP); Fazenda Areias, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 185 (UFP).

Comentários: nativa da América tropical. Foi encontrada no interior da mata com muitafreqüência e nas bordas de matas de áreas pedregosas e arenosas. A inflorescência em panícula abertae com formato piramidal a distingue das demais espécies de Panicum neste trabalho. Seu potencialforrageiro é desconhecido.

 56.27. P  ANICUM  VENEZUELAE  Hack., Oesterr. Bot. Zeitschr. 51: 368. 1901.Ervas  anuais, cespitosas; colmo 70cm, prostrado. Bainha  foliar  pilosa; lígula ca. 0,5mm,

membranosa; lâmina foliar 2,5-7x0,5-0,9cm, lanceolada, aguda, esparsamente pilosa em ambas as faces.Inflorescência panícula espiciforme, contraída, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 2-2,2x0,6-1mm, acrópeta, aguda, pareadas, 2 antécios, elíptica, estramínea; gluma inferior presente, 3-nervada,pilosa; gluma superior, 7-nervada, mútica, pilosa; antécio inferior neutro, lema e pálea presentes, antéciosuperior hermafrodita, mútico, alvo, liso; lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltadopara fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Serra do Tigre, Fazenda Tigre, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 177 (UFP).

Comentários: nativa da América Central e Brasil. Foi encontrada na sombra de mata, onde tinhauma freqüência alta. É fácil de caracterizar, pois sua inflorescência tipicamente contraída e suas pequenasespiguetas lhe conferem aspecto particular. Seu potencial forrageiro também é desconhecido.

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298

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

 56.28. P  ASPALUM  FIMBRIATUM  Kunth, Nov. Gen. Sp. 1: 93-94. 1815 [1816].

Ervas anuais, cespitosas; colmo 0,4-1m, ereto. Bainha foliar glabra a pilosa; lígula ca 2mm,membranosa; lâmina foliar 4,5-22x0,6-1,5cm, linear a lanceolada, aguda, pilosa em ambas as faces,tricomas tuberculados. Inflorescência panícula, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, (2)3-3,6x(2)2,9-4mm, acrópeta, oval, apiculada, pareada, 2 antécios, paleácea a vinácea; gluma inferiorausente; gluma superior, fimbriada, mútica, glabra; antécio inferior neutro, lema presente, pálea ausente;lema inferior glabro e sem aristas; antécio superior hermafrodita, estramíneo, liso, lema superior comápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado  Serra do Tigre, 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 410 (UFP, RB, MO); Cacimba Nova,

30.III.2006, J. R. Maciel 147 (UFP).

Comentários: nativa. Ocorre desde os EUA, Caribe até o Nordeste do Brasil. É muito

freqüente na caatinga, sendo uma das espécies típicas deste bioma. Sua espigueta fimbriada a tornamuito distinta das demais espécies de Paspalum . Seu potencial forrageiro é baixo.

 56.29. P  ASPALUM   MELANOSPERMUM  Desv. ex  Poir., Encycl., Suppl. 4: 315. 1816.Ervas anuais, cespitosas; colmo 30-60cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 1-3mm; lâmina

foliar 12-49x0,3-1,3cm, linear a linear-lanceolada, aguda, glabra ou pilosa próximo a margem ou naface adaxial. Inflorescência  panícula, ramos unilaterais espiciformes. Espiguetas  sem invólucro,1,9-2x1,7-2mm, acrópeta, suborbicular a orbicular, obtusa, pareadas, 2 antécios, atro-púrpurea; glumainferior ausente; gluma superior mútica, glabra; antécio inferior neutro, lema presente, pálea ausente;lema inferior glabro e sem aristas; antécio superior hermafrodita, atro-purpúreo, levemente papiloso.

lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cíliosevidentes.

Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel 400 (UFP, RB, MO); Fazenda Baixio Grande,

19.IV.2007, J. R. Maciel et al 448 (UFP, RB, MO); Serra do Tigre , 17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 409 (UFP, RB, MO); Serra das

Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel e t al. 426 (UFP, RB, MO).

Comentários: aparentemente endêmica do Nordeste do Brasil. É encontrada com bastantefreqüência logo após as primeiras chuvas ocorrendo na borda de matas em solos úmidos e pedregosos. Oantécio superior atro-purpúreo e a espigueta suborbicular a orbicular a distingue das demais espécies dogênero aqui tratadas. Embora não seja utilizada na região, pode representar uma forrageira potencial.

 56.30. P  ASPALUM  SCUTATUM  Nees ex  Trin., Gram. Panic.: 105. 1826.Ervas  anuais, cespitosas; colmo 26,5-39cm, ereto. Bainha foliar  pilosa; lígula 1-2mm,

membranosa; lâmina foliar 3-8x0,3-0,9cm, lanceolada, aguda, pilosa. Inflorescência em panícula, laxa,hermafrodita. Espiguetas  sem invólucro, 1,9-2,6x1,8-2,2mm, acrópeta, plano-convexa, pareada, 2antécios, escutada, alva ou vinácea; gluma inferior ausente, gluma superior 5-9 nervada, mútica, glabra;antécio inferior neutro, lema presente, pálea ausente; lema inferior glabro e sem aristas; antécio superiorhermafrodita, estramíneo, levemente papiloso. lema superior com ápice inteiro , ápice do lema não

 voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

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299- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Material examinado:  Areia Malhada, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 225 (UFP); Canhotinho, 30.III.2006, J. R.

 Maciel et al. 136 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 427 (UFP, RB, MO).Comentários: espécie endêmica da caatinga,é muito freqüente e típica deste bioma, sendo

encontrada em todo os tipos de solo, em borda e interiores de matas mais abertas. A forma da espiguetadesta espécie a torna facilmente reconhecida, inconfundível com as demais aqui tratadas.

 56.31. S  ETARIA PARVIFLORA (Poir.) Kerguélen, Lejeunia 120: 161. 1987.Ervas  anuais, cespitosas; colmo 20-30cm, ereto. Bainha foliar  glabra; lígula 1mm,

membranoso-ciliada; lâmina foliar 7-12x0,6-0,8cm, linear a lanceolada, aguda, pubescente na face adaxial.Inflorescência  panícula espiciforme, contraída, hermafrodita. Espiguetas  com invólucro de 7-9setas, 1,9-2x0,8-1mm, acrópeta, 2 antécios, pareadas, oval, paleácea; gluma inferior presente, 5-nervada,

glabra; gluma superior 5-nervada, mútica, glabra; antécio inferior neutro, pálea e lema presentes; lemainferior glabro e sem aristas; antécio superior hermafrodita, estramíneo, rugoso, lema superior comápice inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Areia Malhada, 30.V.2006, J. R. Maciel et al. 188 (UFP, RB, MO); Fazenda Baixio Grande,

19.IV.2007, J. R. Maciel et al 441 (UFP, RB, MO); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al . 264 (UFP).

Comentários: espécie nativa, pantropical. Foi encontrada em áreas alteradas de solo pobre ouna beira de estradas. É caracterizada pelas setas que subentendem a espigueta. Seu potencial forrageiroé mediano tendo maiores qualidades nas épocas mais tenras. Em Mirandiba não foi constatado seu uso.Na caatinga outras espécies deste gênero são relativamente freqüentes.

 56.32. S POROBOLUS  PYRAMIDATUS  (Lam.) Hitchc., U.S.D.A Misc. Publ. 243: 84. 1936.Ervas perenes, cespitosas; colmo ca. 70cm, ereto. Bainha foliar pilosa só no ápice; lígula

0,8-1mm, ciliada; lâmina foliar 9-10,5cmx0,3-0,4cm, linear, aguda, face abaxial esparsamente pilosa.Inflorescência panícula típica, laxa ou contraída, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 1,7-2x0,2-0,5mm, basípeta, solitárias, 1 antécio, oval, estramínea; gluma inferior presente, glabra; gluma superiormútica, glabra; antécio inferior hermafrodita, pálea e lema presentes; lema inferior glabro e sem aristas;antécio superior ausente.

Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel et al. 148 (UFP).

Comentários: nativa dos Neotrópicos possui ampla distribuição. Foi encontrada em solosarenosos ou pedregosos, em áreas abertas ou no interior da mata. Dentre as espécies aqui tratadas se

separa por apresentar espigueta uniflora com pálea e lemas membranosos. Seu potencial forrageiro édesconhecido.

 56.33. T RAGUS  BERTERONIANUS  Schult., Mant. Pl. 2: 205. 1824.Ervas  anuais, cespitosas; colmo (16)21-32cm, decumbente a ereto. Bainha foliar  glabra;

lígula 1mm, membranoso-ciliada; lâmina foliar 1,7-4,2x0,2-0,3cm, linear-lanceolada, aguda, glabra, comtricomas nas margens. Inflorescência panícula espiciforme, contraída, hermafrodita. Espiguetas seminvólucro, 2,5-3,0x1,0mm, basítona, 1 antécio, pareada, elíptica, paleácea; gluma inferior reduzida auma escama ou ausente, glabra; gluma superior 5-nervada, sulcada, mútica, com espinhos tuberculados;

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

antécio inferior hermafrodita, pálea e lema presentes, lema inferior glabro e sem aristas; lema com ápice

inteiro, ápice do lema não voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 390 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, J.

R. Maciel et al. 175 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 431 (UFP, RB).

Comentários: espécie pantropical. No Brasil ocorre na região Nordeste. Foi encontrada emáreas alteradas e abertas da caatinga. Os sulcos profundos, as nervuras proeminentes e os espinhostuberculados tornam esta espécie facilmente caracterizável. Seu potencial econômico é desconhecido.

 56.34. U ROCHLOA FUSCA (Sw.) B.F. Hansen & Wunderlin, Novon 11(3): 368. 2001.Ervas anuais, cespitosas; colmo 32-60cm, ereto. Bainha foliar glabra; lígula 1,5mm, ciliada;

lâmina foliar 9-20x0,8-1cm, linear-lanceolada, aguda, glabra. Inflorescência  panícula típica, laxa,

hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 2,4-2,6x1,4-1,6mm, acrópeta, 2 antécios, elíptica, pareadas,amarela; gluma inferior presente, 3-5 nervada, glabra; gluma superior 7-nervada, mútica, glabra; antécioinferior neutro, lema presente, pálea ausente; lema inferior glabro e sem aristas; antécio superiorhermafrodita, estramíneo, rugoso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para forada espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel 150 (UFP, RB).

Comentários: nativa de ampla distribuição, sendo encontrada desde os EUA até o Brasil. Foicoletada em áreas alteradas. Dentre as espécies aqui tratadas se caracteriza pela inflorescência piramidale pelo tamanho das espiguetas que é menor que as demais. Seu potencial forrageiro é bom, mas nãotem usos na região.

 56.35. U ROCHLOA  MOLLIS  (Sw.) Morrone & Zuloaga, Darwiniana 31: 85. 1992.Ervas anuais, cespitosas; colmo 28-45cm, ereto. Bainha foliar pubescente; lígula 1-1,5mm,

ciliada; lâmina foliar 3,8-10x0,7-1,5cm, lanceolada, aguda, pubescente. Inflorescência  panículatípica, laxa, hermafrodita. Espiguetas sem invólucro, 3,5-4x2-2,8mm, acrópeta, 2 antécios, pareada,elíptica, estramínea; gluma inferior presente, 5-nervada, pubescente; gluma superior 5-nervada, mútica,pubescente; antécio inferior neutro, lema presente, pálea ausente; lema inferior glabro e sem aristas;antécio superior hermafrodita, estramíneo, rugoso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não

 voltado para fora da espigueta, pálea sem cílios evidentes.Material examinado:  Areia Malhada, 16.IV.2007, D. Araújo et al. 224 (UFP, RB, MO); Cacimba Nova,

30.III.2006, J. R. Maciel et al. 145 (UFP, RB, MO); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, J. R. Maciel et al. 392 (UFP, RB, MO).

Comentários: nativa, ocorrendo desde o México até a Bolívia. Foi coletada em áreas alteradas,bordas de estrada e de mata. Diferencia-se das demais espécies do gênero aqui tratadas pelo tamanhodas espiguetas, que é a maior. Seu potencial forrageiro é bom, mas não foram observados usos destaespécie no município.

 56.36. U ROCHLOA PLANTAGINEA (Link) Webster, Syst. Bot. 13: 607. 1988.Ervas anuais, cespitosas; colmo 30-57cm, ereto. Bainha foliar  glabra; lígula ciliada 1mm;

lâmina foliar 9-15x0,7-1cm, linear-lanceolada, glabra, aguda. Inflorescência  panícula típica, laxahermafrodita. Espiguetas  sem invólucro, 3x1,3-1,5mm, acrópeta, 2 antécios, pareadas, elíptica,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

estramínea; gluma inferior presente, 3-5 nervada, glabra; gluma superior 7-nervada, mútica, pubescente;

antécio inferior neutro, pálea e lema presentes; lema inferior glabro e sem aristas; antécio superiorhermafrodita, estramíneo, rugoso, lema superior com ápice inteiro, ápice do lema não voltado para forada espigueta, pálea sem cílios evidentes.

Material examinado: Cacimba Nova, 30.III.2006, J. R. Maciel et al 151 (UFP, RB, MO).

Comentários: nativa, americana, ocorrendo desde os EUA até o Sul do Brasil. Dentre asespécies aqui tratadas se aproxima de U. fusca, mas pode ser facilmente reconhecida pelas espiguetasmaiores. Seu potencial forrageiro é bom, mas em Mirandiba a espécie não é utilizada.

57. POLYGALACEAE

 Juliana Santos Silva & Margareth Ferreira de Sales 

Ervas, subarbustos, arbustos, ou lianas. Folhas alternas, subopostas a verticiladas, simples;estípulas ausentes. Inflorescência terminal, axilar, extra-axilar ou opositifólia, racemo ou panícula, às

 vezes reduzida a uma única flor. Flores hermafroditas, subactinomorfas ou zigomorfas, diclamídeas;sépalas 5, em uma ou duas séries, nesse caso, com duas internas maiores e petalóides; corola dialipétalaou gamopátala, trímera ou raramente pentâmera, pétala inferior geralmente naviculada e unida ao

androceu; estames 8-10, epipétalos ou filetes unidos em bainha aberta, anteras basifixas, valvares ouporicidas; ovário súpero, (1-) 2 (-5) locular, placentação axial, lóculos uniovulados; estilete simples. Fruto drupa, cápsula, baga, sâmara ou núcula, deiscente ou indeiscente; sementes com ou sem endosperma,pilosas, pubérulas ou glabras.

Polygalaceae tem distribuição pantropical e compreende 19 gêneros e aproximadamente 1300espécies. Os continentes americano e africano destacam-se como importantes centros de diversidadeda família. Os gêneros Barnhartia , Bredemeyera, Diclidanthera, Monnina, Moutabea, Polygala e Securidaca  têmrepresentantes na flora brasileira e somam, aproximadamente, 240 espécies distribuídas em diferentesformações vegetacionais. Desses, apenas Polygala e Bredemeyera  possuem representantes em Mirandiba.

MARQUES, M.C.M. 1979. Revisão das espécies do gênero Polygala  L. (Polygalaceae) do estadodo Rio de Janeiro. Rodriguésia, 31(48): 69-339.

MARQUES, M.C.M. & GOMES, K. 2002. Polygalaceae. In : WANDERLEY, M.G.L.;SHEPHERD, G. & GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo,  2:229-259.

MARQUES, M.C.M. & PEIXOTO, A.L. 2007. Estudo taxonômico de Polygala   subgêneroLigustrina  (Chodat) Paiva (Polygalaceae). Rodriguésia, 58(1): 95-146.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE POLYGALACEAE

1. Plantas armadas .....................................................................................................................Bredemeyera sp.

1’ Plantas inermes ................................................................................................................................................2

2. Folhas 10,4-12,6mm compr., lineares; ores róseas; sépalas não ciliadas; carena cristada; estilete ereto

............................................................................................................................................... Polygala paniculata 

2’ Folhas 3-4,2mm compr., elípticas; ores lilases; sépalas ciliadas; carena com ápice simples; estilete

encurvado .................................................................................................................................Polygala violacea 

 57.1. B REDEMEYERA SP . Arvoretas, ca. 3m alt., com gemas espinescentes. Folhas simples, subopostas, peninérveas.

Inflorescência racemosa, terminal. Flores purpúreas, glabras; pedicelo ca. 1,5mm compr.,fortemente zigomorfas, pétala central cuculada, margem inteira.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 8.II.2007, M. F. Lucena et al. 1665 (UFP); M. T. Vital et al. 63

(UFP).

Comentários: planta com poucas coletas e de difícil reconhecimento, não tendo sido possívela identificação ao nível específico. Incluída pelos edtores na revisão final do texto.

 57.2. P OLYGALA PANICULATA L., Syst. nat. ed. 10. 2: 1154. 1759. Prancha 28, fig. A-E.Ervas, eretas, 15-40cm de alt. Folhas  alternas, glabrescentes; lâmina 10,4-12,6x0,8-1mm,

membranácea, linear, base arredondada, ápice mucronado, margem revoluta; pecíolo 0,5-0,7mm compr.Inflorescência racemosa, terminal; brácteas caducas. Flores róseas, glabrescentes; pedicelo ca. 1mmcompr., glabro; sépalas externas abaxiais 1-1,1mm compr., elípticas; adaxial 1,3-1,4mm compr., rômbica,ápice agudo a arrendondado, margem íntegra; sépalas internas 3,4-4mm compr., elípticas, curtamenteungüiculadas, ápice redondo; pétalas laterais 2,8-3mm compr., elípticas, ápice arrendondado; carenacristada; estames 8, filetes livres 0,1-0,2mm compr., antera poricida; ovário 0,4-1mm compr., elipsóide,estilete ereto, terminando em uma cavidade pré-estigmática cimpiforme, extremidade superior com

apêndice evidente. Fruto  cápsula  3-4x0,8-1mm, elipsóide; sementes 2-2,5mm compr., elipsóides,apendiculadas, pilosas.

Material examinado: Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 452 (UFP). Serra das Umburanas,

18.IV.2007, K. Mendes et al. 9 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. L. Santos et al. 246 (UFP).

Comentários: ocorre desde os Estados Unidos até a Argentina, incluindo Antilhas. No Brasilé referida para as regiões Norte, Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste nas matas de restinga e em áreasperturbadas. Vassourinha ou barba-de-são-pedro, como é popularmente conhecida, pode ser distinguidapelas folhas lineares, flores róseas, carena cristada e estilete ereto.  Tem um forte potencial econômico,principalmente para indústria farmacêutica, devido à presença de cumarinas, saponinas, salicilato demetila e de óleo essencial em suas raízes e folhas. É utilizada no tratamento da asma, bronquite crônica

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303- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

e, especialmente, em aplicações locais de seu extrato em torceduras, machucados ou reumatismo das

articulações.

 57.3. P OLYGALA VIOLACEA  Aubl. , Hist. Pl. Guiane 2: 735. 1775. Prancha 28, fig. F-J. Ervas, eretas, 1,8-30cm alt. Folhas alternas; pecíolo 1-2,5mm compr., velutino-viloso; lâmina

3-4,2x1,3-2,1mm, membranácea, elíptica, base aguda, ápice mucronulado, face abaxial velutina, adaxial velutino-pubescente.

Inflorescência  racemosa, terminal ou supra-axilar; brácteas 1-2mm compr., triangulares.Flores liláses; pedicelo 1,2-2mm compr., pubescente a glabro; sépalas externas duas, unidas, 2mmcompr., elípticas, ápice agudo, margem glanduloso-ciliada; sépalas internas 3-3,2mm compr.,orbiculares, curtamente ungüiculadas, ápice emarginado; pétalas laterais 2,8-4mm compr., obovadas,

ápice arredondado, vilosa na base, carena cuculada, ápice simples; estames 8, filetes livres, 1,5-2,5mmcompr., antera poricida; ovário 1-1,3mm compr., orbicular; estilete curvo, tufo de tricomas próximo aoestigma. Fruto cápsula 3,5-4x2,5-3mm, elipsóide; sementes 3-4mm compr., oblongas, apendiculadas,

 velutinas.Material examinado:  Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1472 (UFP); Fazenda Troncão,

16.IV.2007, M. T. Vital et al. 89 (UFP); Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro et al. 72 (UFP); Serra do Tigre, 31.V.2006, J. R.

 Maciel 489 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. S. Silva et al. 189 (UFP, PEUFR); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L.

L. Santos et al. 243b (UFP, PEUFR, MO); Serrotinho, 31.III.2006, M. F. A. Lucena et al. 1184 (UFP).

Comentários: espécie com distribuição na América do Sul (Brasil, Bolívia, Equador, Guianae Venezuela) e na América do Central (Cuba). No Nordeste, ocorre nos estados da Bahia, Ceará,

Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, principalmente, em áreas com algum grau de antropização.No município de Mirandiba, cresce em vegetação de caatinga arbustiva sobre solo areno-quartzosoprofundo. Distingue-se de Polygala paniculata  pelas suas folhas elipíticas, flores lilases, carena com ápicesimples e pelo estilete curvo com um tufo de tricomas próximo ao estigma. O chá de suas raízes ébastante utilizado no tratamento da tosse, diarréia e das hemorróidas.

58. POLYGONACEAE  Egênia de Melo

Ervas, arbustos, árvores ou trepadeiras lenhosas, caule articulado, com nós marcados,freqüentemente ocos. Folhas simples, alternas, membranáceas, cartáceas ou coriáceas, ócrea tubulosa,borda truncada, inteira, freqüentemente caduca, deixando cicatriz na base do pecíolo. Inflorescênciatirso ou diplotirso, racemiforme ou paniculiforme, ereta, multiflora, glabra ou pubescente. Flor pouco vistosa, monoclamídea ou diclamídea, trímera ou pentâmera, perianto tepalóide, bissexuadaou unissexuada por aborto, pedicelada ou subséssil; tépalas 3-6, livres ou soldadas na base, brancas,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 28. Figuras A-E. Polygala paniculata  A. Hábito. B. Flor. C. Fruto. D. Gineceu. E. Semente.

Figuras F-J. Polygala violacea. F. Ramo. G. Flor. H. Gineceu. I. Fruto. J. Semente

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305- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

esverdeadas ou vináceas, pétalas reduzidas ou vestigiais, estames 6-9, rara vezes mais, carpelos 2-3,ovário súpero, trígono-ovalado, unilocular, uniovulado, estiletes 2-3, livres ou unidos; estigmas capitadosou decorrentes. Fruto antocarpo, seco ou carnoso, indeiscente, cálice persistente na frutificação.

Polygonaceae apresenta 43 gêneros e 1100 espécies (Judd et al. 2002) de ampla distribuiçãogeográfica, em regiões tropicais e temperadas. No Brasil foram registrados nove gêneros com espéciesnativas ou espontâneas. Na região semi-árida ocorrem 29 espécies, sendo 18 de Coccoloba , seis dePolygonum , uma de Rumex , três de Ruprechtia  e uma de Triplaris .

CIALDELLA, A. M. & BRANDBYGE, J. 2001. Polygonaceae. In : SPICHIGER, R. &RAMELLA, L. (eds). Flora del Paraguay. Missouri Botanical Garden, Genebra, 33: 1-107.

MELO, E. & FRANÇA, F. 2006. A família Polygonaceae no semi-árido brasileiro. In :GIULIETTI, A. M.; CONCEIÇÃO, A. & QUEIROZ, L. P. (eds.). Diversidade e caracterização dasfanerógamas do semi-árido brasileiro. Recife: Associação Plantas do Nordeste. 1: 437-488.

 58.1. T RIPLARIS  GARDNERIANA Wedd, Ann. Sci. Nat. 13: 265. 1849.  Árvores, 4-15m alt.; ramos glabros, nós delineados, sem espessamento, entrenós fistulosos.

Folhas  9-14x3-5cm, lâmina elíptica a oval-lanceolada, ápice agudo, base arredondada às vezes,assimétrica, margem plana, raro ondulada, cartácea a subcoriácea, face adaxial glabra a esparsamentepubescente, nervação plana, face abaxial pubérula ou pubescente, nervação proeminente; ócreas

2-5cm compr., caducas; pecíolo 1-2cm compr., glabro ou esparsamente pubescente. Inflorescência diplotirsos, paniculiformes, densifloros 10-30cm compr., raque pubescente, pedicelos 2-3mm compr.,exclusos; brácteas 1-1,5mm compr., triangulares, densamente pubescentes; ocréolas 3-5mm compr.,campanuladas, membranáceas, glabras ou pubescentes. Flores 2-3,5mm compr., unissexuadas, periantounido na base, flor estaminada, hipanto tubuloso, estames 9, epitépalos, exclusos; flor pistilada 2-5mmcompr., hipanto tubuloso-campanulado, pétalas vestigiais, estiletes inclusos. Fruto 2-4,5cm compr.,pseudosâmara, cálice frutificado expandido, trialado, tubo do cálice envolvendo o pericarpo, glabroou pubescente, alas espatuladas, verde-amareladas ou vináceas; pericarpo trígono-ovalado, tricostado;pedicelos frutificados 3-5mm compr., não engrossado.

Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1622 (UFP, HUEFS).

Comentários: espécie de ampla distribuição na América do Sul, Argentina, Paraguai, Peru eBrasil, onde ocorre nos estados de Pernambuco, Ceará, Goiás, Maranhão, Alagoas, Bahia, Piauí, MatoGrosso, Minas Gerais e Paraná. Na Caatinga é freqüente em planícies inundáveis de rios temporáriose matas ciliares, em altitudes de 300-500 metros. Conhecida popularmente na região Nordestina como“pajeú”. Floresce e frutifica entre maio e setembro.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

59. PONTEDERIACEAEPolyhanna Gomes & Marccus Alves 

Ervas, anuais ou perenes, aquáticas flutuantes, livres ou fixas, emersas ou submersas. Folhassimples, alternas, cordadas à lineares, sésseis ou pecioladas. Inflorescências unifloras, espiciformes,paniculadas ou umbeliformes, 1-200 flores, terminais ou axilares, hipsófilo presente. Flores trímeras;zigomorfas ou actinomorfas, azuis, amarelas, brancas, róseas ou lilases; tépalas 6, soldadas na base;estames 3-6, epipétalos, heterostilia comum; ovário súpero, tricarpelar, placentação parietal ou basal,óvulos 1-muitos. Frutos cápsulas ou nucóides; sementes ovado-truncadas, testa lisa ou ornamentada.

Pontederiaceae possui 6-9 gêneros e 30-35 espécies, sendo representada no Brasil poraproximadamente 18 espécies pertencentes a 4 gêneros (Gomes 2000). Em Mirandiba, a família érepresentada por 4 espécies, distribuídas em 2 gêneros. De acordo com Barret (2004) e Castroviejo& Galán (2007) seus representantes possuem distribuição pantropical com centro de diversidade na

 América do Sul, especialmente no Brasil, sendo encontrados em variados ambientes de água doce,desde rios, lagos a ambientes temporariamente úmidos ou alagados.

CASTELLANOS, A. 1959. Las Pontederiaceae de Brasil. Arquivos do Jardim Botânico doRio de Janeiro, 16: 147-236.

CASTROVIEJO, S. & GALÁN, A. 2007. Pontederiaceae. In: CASTROVIEJO, S.; LUCEÑO,M.; GALÁN, A.; MEJÍAS, P. J.; CABEZAS, F. & MEDINA, L. (eds.). Flora Iberica: plantas vascularesde la Península Ibérica e Islas Baleares. Real Jardín Botánico, Madrid, 320-327.

GOMES, V.S. Inéd. Levantamento das Espécies de Pontederiaceae Kunth nativas doBrasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, 2000.

HORN, C. 1987. Pontederiaceae. In : SPINCHINGER, R. & BOCQUET, G. (eds.). Flora delParaguay. 10: 6-26.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE PONTEDERIACEAE

1. Inflorescência multiflora; androceu com 6 estames ............................................................... 21’.Inflorescência 1-2 f lor(es); androceu com 3 estames .............................................................. 32. Ervas aquáticas e flutuantes; pecíolo inflado; inflorescênciaespiciforme; flores sésseis ............................................................................ Eichhornia crassipes 

2’. Ervas aquáticas e fixas; pecíolo sem esta característica;inflorescência panícula; flores pediceladas ............................................... Eichhornia paniculata 

3.Inflorescência uniflora ...............................................................................Heteranthera limosa 

3’. Inflorescência biflora .......................................................................Heteranthera oblongifolia 

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307- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 59.1. E ICHHORNIA CRASSIPES  (Mart.) Solms. in  DC., Monogr. Phan. 4: 527. 1883. Prancha

29, fig. A.Ervas, aquáticas, flutuantes, ca. 13cm alt.. Folhas 2,5-5,5cm, oblongas, ápice obtuso, margem

inteira; pecíolo inflado.Inflorescência 12-12,5cm compr., espiciforme, flores 4-6. Flor séssil, zigomorfa;tépalas 6, pilosas, lilases a azuis, guia de néctar amarelo e roxo; estames 6, 3 maiores (7-10mm compr.)e 3 menores (5mm compr.), filete piloso; ovário glabro, estilete 24-25mm piloso, estigma capitado.

Material examinado: Distrito Salinas, 04.X.2006, Y. Melo et al. 101 (UFP); Rio Pajeú, 19.VI.2007, P. Gomes et

al. 304 (UFP, RB).

Comentários: espécie nativa do Brasil, encontrada desde o Pará ao Rio Grande do Sul;introduzida mundialmente nos trópicos e subtrópicos (Gomes 2000, Horn, 1987). É o único representanteda família com habito flutuante livre (Horn 1987). Apresenta reprodução vegetativa intensa, sendo bem

sucedida na colonização de ambientes aquáticos lênticos (Barret 2004) e eutrofizados (Castroviejo &Galán 2007). É utilizada como medicinal, ornamental, na alimentação de animais, na obtenção decelulose e remediador de ambientes aquáticos lênticos (Gomes 2000, Castroviejo & Galán 2007).Popularmente conhecida como aguapé, baronesa, muriru ou orelha de burro.

 

 59.2. E ICHHORNIA PANICULATA (Sprengel) Solms. in  DC. & C. DC., Monogr. Phan. 4: 530.1882. Prancha 29, fig. B-E.

Ervas, aquáticas, fixas, 29-47cm alt.. Folhas 11-12x4-6cm, cordadas, ápice obtuso, margensinteiras; pecíolo delgado, esponjoso. Inflorescência panícula, 7,5-13cm compr., flores 28-30. Florpedicelada, zigomorfa; tépalas 6, pilosas, roxas, guia de néctar roxo intenso; estames 6, 3 maiores (8mm

compr.), 3 menores (2mm compr.), filete piloso; ovario glabro, estilete 12mm compr., piloso, estigmacapitado.

Material adicional: PERNAMBUCO: Alagoinha, 29.VII.1995, M. Alves et al. 203-95 (UFP), IV. 1997, F. Melo

s/n° (UFP); Caruaru, VIII.1996, M. Alves et al. 5496 (UFP).

Comentários: espécie comum no Nordeste do Brasil ocorrendo em Alagoas, Bahia, Ceará,Paraíba e Pernambuco, com ocorrências disjuntas em outros países da América do Sul (Horn 1987).Ocorre preferencialmente em alagados temporários, formando populações isoladas (Gomes 2000).Conhecida popularmente como balsa, pavoã, baronesa ou aguapé. Populações da espécie foramobservadas no local de estudo, porém o material coletado encontra-se seriamente danificado.

 59.3. H  ETERANTHERA  LIMOSA  Willd., Ges. Naturf. Fr. Neue Schr. 3: 439. 1801. Prancha 29,fig. F-H.

Ervas, aquáticas, fixas, 5-12cm alt.. Folhas 3-10cm, oblongo-ovóides, ápice agudo a acuminado,margens inteiras; pecíolo delgado. Inflorescência 2,5-6,5cm compr ., uniflora. Flor séssil, zigomorfa;tépalas 6, glabras, lilases, guia de néctar amarelo; 3 estames, 1 maior (1,1mm compr.) e dois menores(5mm compr.), filete piloso; ovário glabro, estilete 10-13mm compr., glabro, estigma capitado.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, J. S. Silva et al. 178 (UFP), M. T. Vital et al. 116 (UFP); Serra

das Umburanas, 18.VI.2007, P. Gomes et al. 296 (UFP, RB), 23.VI.2007, Y. Melo et al. 307 (UFP, RB).

Comentários: espécie encontrada em todo continente americano (Horn 1987, Gomes 2000)amplamente distribuída no Brasil, desde Pará a Rio Grande do Sul (Gomes 2000). Suas folhas apresentam

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

elevada plasticidade fenotípica (Horn 1987, Gomes 2000). É bastante similar morfologicamente a H.

oblongifolia Mart, distinguindo desta pelo número de flores por inflorescência. O tamanho e a pilosidadedo estilete utilizado por Gomes (2000) como caráter para separá-las não se mostrou útil para delimitaçãodos espécimes ocorrentes na área de estudo. Ocorre em áreas temporariamente alagadas.

 59.4. H  ETERANTHERA OBLONGIFOLIA Mart. in  Roem. & Schult., Syst. Veg. 7: 1148. 1830.Prancha 29, fig. I- K.

Ervas, aquáticas, fixas, 2-11cm alt.. Folhas 4,5-17cm, oblongo-orbiculadas, ápice acuminado,margens inteiras. Inflorescência 2-5,5cm, bifloras. Flor 1, séssil, pedicelada; zigomorfa; tépalas 6,glabras, brancas, guia de néctar amarelo intenso; 3 estames, 1 maior (6mm compr.), 2 menores (4mmcompr.), filetes pilosos; ovário glabro, estilete 7-10mm compr., piloso estigma capitado.

Material examinado: açude nas proximidades da Fazenda Tigre, 17.VI.2007, D.A. Araújo et al. 237 (UFP, RB,

 MO), Fazenda Tigre, 17.VI.2007, L.G.R. Souza et al. 37 (UFP), 30.V.2006, K. Pinheiro et al. 151 (UFP, RB).

Comentários: espécie muito comum no Nordeste do Brasil, com distribuição ampla nosNeotrópicos (América do Sul e América Central) e áreas subtropicais adjacentes (Gomes 2000,Castroviejo & Galán 2007). Ocorre preferencialmente em ambientes aquáticos lênticos eutrofizados(Castroviejo & Galán 2007). Em Mirandiba é encontrada em alagados sazonais.

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309- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 29.  Figura A. Eichhornia crassipes. Ramo com folhas de pecíolos inflados. B-E. Eichhornia

 paniculata. B. Ramo com inflorescência jovem. C. Flor em vista frontal. D. Flor em vista lateral. E. Flor

em vista em corte transversal. F-H. Heteranthera limosa. F. Ramo com inflorescência uniflora

senescente. G. Flor em vista frontal. H. Gineceu com estigma capitado e estilete piloso. I-K.

Heteranthera oblongifolia. I. Ramo com inflorescência biflora senescente. J. Gineceu com estigma

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

60. PORTULACACEAE Alexa Araújo de Oliveira Paes Coelho

Ervas suculentas, raramente arbustos ou pequenas árvores, anuais ou perenes, ramos eretosa prostrados; tricomas axilares curtos a longos, esbranquiçados, raramente ausentes. Folhas simples,crassas, alternas a subopostas; sésseis a subsésseis; lineares, obovadas, espatuladas, lanceoladas, oblongo-lanceoladas até oblongo-lineares; base geralmente cuneada a subarredondada; ápice agudo, arredondadoa emarginado. Inflorescências  terminais. Flores  com cálice 2 (-5) sépalas, verdes, persistentes adecíduas, escariosas a herbáceas, livres ou unidas na base. Corola 2 (-5) pétalas. Androceu 1-numerosos

estames, livres ou raramente adnatos à corola. Gineceu sincárpico, 2-8 carpelos; ovário unilocular,multiovulado, placentação central livre ou basal; estiletes unidos na base, 3-10 ramos estigmáticos,papilosos. Fruto cápsula com deiscência transversal (pixídio) ou valvar; sementes reniformes, esculturalisa a papilosa, tuberculada ou caliculada.

Portulacaceae apresenta distribuição principalmente no Hemisfério Sul, nas regiões tropicais esubtropicais da África e Américas. Poucos gêneros são encontrados na Austrália, Ásia, Europa e Oceania.

 Apenas Portulaca é pantropical. A família inclui 30 gêneros e cerca de 500 espécies, sendo que no Brasilocorrem dois gêneros: Portulaca , com 13 espécies e Talinum , com apenas duas espécies (Coelho 2006).Ocorrem nos mais variados ambientes, sendo raras em interior de matas e muito comuns em caatinga.

Economicamente a família tem importância medicinal, na alimentação humana e principalmente comoornamental.

COELHO, A. A. de O. P. Inéd. Revisão Taxonômica das Portulaca  L. (Portulacaceae) doBrasil. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, BA, 2006.

LEGRAND, C.D. 1962. Las Especies Americanas de Portulaca.  Anales del Museo de HistoriaNatural de Montevideo, Uruguai, 7(3): 9-147.

ROHRBACH, P. 1872. Portulacaceae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.) FloraBrasiliensis, 14(2): 293-306.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE PORTULACACEAE

1. Ovário súpero; fruto cápsula loculicida; ervas eretas;

folhas sem tricomas axilares ............................................................................................Talinum triangulare 

1’. Ovário ínfero; fruto pixídio; ervas semi-prostradas a prostradas ou eretas;

folhas portando tricomas axilares .......................................................................................................................2

2. Sépalas com face abaxial carenada .................................................................................................................3

2’. Sépalas sem face abaxial carenada .................................................................................................................4

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311- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

3. Caule ereto a prostrado. Pétalas 8-15x4-8mm. Pixídio 2-4mm compr.,

com ala membranácea na margem da área de deiscência. Sementes

cinza a negras .................................................................................................................Portulaca umbraticola 

3’. Caule semi-prostrado a prostrado. Pétalas 2-4,5x1-1,5mm.

Pixídio 1-3mm compr., sem ala membranácea na margem

da área de deiscência. Sementes negras ....................................................................... Portucala halimoides 

4. Folhas lanceolado-espatuladas; pecíolo 1-3mm compr.

Fruto séssil; sementes 0,3-0,6mm compr., acinzentada a negra, lisa ....................... Portucala mucronata 

4’. Folhas lineares; subsséseis; pecíolo 0,3-0,6mm compr. Frutopedicelado; sementes 0,5-0,8mm compr., negra................................................................. Portulaca elatior 

60.1. P ORTULACA  ELATIOR  Mart. ex  Rohrb. In : Mart. Fl. bras. 14(2): 302. t.69. 1872.Prancha 30, fig. A-C.

Ervas, 20-80cm alt., caule ereto, ramificado desde a base. Folhas  cilindricas, pecíolo0,3-0,6mm compr.; tricomas axilares esbranquiçados a amarelados, esparsos a abundantes, nuncacobrindo as folhas; lâmina 10-25x0,5mm, lineares, ápices obtusos a agudos, glabras, folhas involucrais5-10. Inflorescência  3-8 flores, sem brácteas. Flores  amarelas; sépalas 4-6,5x1,5-2mm, glabras,obovadas, não carenadas; pétalas 5-7x2-3,5mm, obovadas; estames 10-15; estilete 1-3mm , 5-7 ramosestigmáticos. Fruto 2-4mm, deiscência transversal, pedicelo 1-1,5mm; sementes tuberculadas, 0,5-0,8mm, negras.

Material examinado:  Estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 88 (UFP, HUEFS); Serra

das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 437 (UFP, HUEFS); Estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al.

89 (UFP).

Comentários: ocorre desde as Antilhas até o Brasil, passando pela Venezuela e Colômbia.No Brasil ocorre em Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco,Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe. Portulaca elatior é caracterizada por apresentarhábito ereto, pouco comum em Portulaca, com caules variando entre 20 e 80cm de altura. O cauleé bastante ramificado desde a base, apresentando cor verde ou avermelhado, neste último caso

quando encontrado em ambientes semi-áridos. As folhas são lineares e pouco suculentas, com umpecíolo evidente de cerca de 2mm compr. e bem diferenciado pela cor castanha. Além disto, épossível observar uma nervura central saliente na face abaxial, da base do pecíolo até mais ou menoscerca de 4mm acima, porém nunca alcançando a porção mediana da lâmina foliar.

60.2. P ORTULACA HALIMOIDES  L. Sp. pl. (ed.2): 639. 1762. Prancha 30, fig. D-F.Ervas, 5-20 cm compr.; caule semi-prostrado a prostrado, ramificado desde a base. Folhas 

cilíndricas, pecíolo 0,3-0,8mm compr.; tricomas axilares presentes, abundantes, cobrindo as folhas;

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

lâminas 6-10x1-1,5mm, oblongas, ápice obtuso a arredondado, glabras; folhas involucrais 4-8.

Inflorescência 2-6 flores, sem brácteas. Flores brancas, amarelas ou rosa- claras; sépalas 2-3,5x1-3mm, glabras, subcartáceas, não carenadas; pétalas obovadas, 2-4,5x1-1,5mm.; estames 4-18; estilete1-3mm, 3-6 ramos estigmáticos. Fruto 1-3mm, deiscência transversal, pedicelo 1-1,5mm compr.;sementes tuberculadas, 0,3-0,5mm, negras, brilho metálico.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro 163 (UFP, HUEFS); Fazenda Tigre, 17.IV.2007,

L. L. Santos et al. 230 (UFP, HUEFS); Fazenda Baixo Grande, 19.IV.2007, Y. Melo et al. 191(UFP, HUEFS); Fazenda Tigre,

17.IV.2007, L. G. R. Souza 22 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. S. Silva 190 (UFP); Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. T.

Vital et al. 113 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, P. Gomes et al. 292 (UFP); Fazenda Vertentes, 18.IV.2007, M. C. Pessoa

et al. 151 (UFP).

Comentários: Portulaca halimoides  ocorre em todo o continente americano desde os Estados

Unidos até o Brasil, passando pela região Andina. No Brasil ocorre principalmente nos estados doNordeste e Sudeste e menos freqüentemente nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. É caracterizadapor possuir o caule bastante ramificado desde a base, principalmente em plantas que ocorrem emáreas de restinga ou próximo a áreas mais úmidas. A espécie é bem caracterizada pela presençade flores pediceladas e cápsula com pedicelo desenvolvido, característica muito rara no gênero.

 Além do pedicelo desenvolvido, a espécie é facilmente reconhecível por apresentar geralmente 4pétalas, entre 6-12 estames e pelo tamanho das sementes que geralmente atingem apenas 0,5mm decomprimento.

60.3. P ORTULACA  MUCRONATA Link., Enum. Hort. Berol.2: 2. 1822. Prancha 30, fig. G-I.

Ervas, 10-25cm alt., caule ereto, ramificado desde a base; raízes espessadas.Folhas cilindricas,pecíolos 1-3mm compr., tricomas axilares pouco abundantes sem cobrir as folhas, lâminas 15-20x0,5-10mm, planas, lanceolado-espatuladas, ápice agudo, glabras, folhas involucrais 4-8. Inflorescência 2-5 flores, sem brácteas. Flores amarelas; sépalas 4-8mm compr., glabras, obovais, não carenadas;pétalas 6-12x3mm, obovadas; estames 10-30; estilete 2-4mm compr., 5-7 ramos estigmáticos. Fruto 2-4mm, deiscência transversal, séssil; sementes 0,3-0,6mm compr., superfície com ornamentaçãoformada apenas por células esteluladas acinzentadas a negras, discreto brilho metálico.

Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, M. F. A. Lucena 1471 (UFP, HUEFS); Estrada paraCacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al . 86 (UFP, HUEFS); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 152 (UFP);Sítio Areia Malhada, 20.VI.2007, Y. Melo et al. 224 (UFP).

Comentários: Portulaca mucronata distribui-se na América do Sul, incluindo Venezuela,Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. No Brasil ocorre do Norte ao Sul, principalmente em locaisarenosos do interior ou em restingas. Geralmente é encontrada em borda de mata. É uma espécieque apresenta hábito ereto, com caules que podem alcançar 30 cm de altura, raízes espessadas ediscreta pilosidade na axila das folhas. Indivíduos coletados em ambientes semi-ruderais apresentamporte mais baixo e caule delgado. Outra característica importante da espécie é a superfície lisa dassementes.

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313- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

60.4. P ORTULACA UMBRATICOLA Kunth in  H.B.K., Nov. Gen. Sp. 6: 58. 1823.

Prancha 30, J-M.Ervas, anuais, 15-30cm alt.; caule ereto a prostrado, ramificado desde a base. Folhas com

pecíolos 1-2mm compr.; tricomas axilares bastante reduzidos e inconspícuos; lâminas 20-35x10-15mm, obovais a espatuladas, ápice arredondado a obtuso, algumas vezes chegando a agudo nasfolhas involucrais, glabras; folhas involucrais 2-4. Inflorescência 1-2 flores, brácteas 1-2mm compr.Flores brancas, amarelas ou púrpuras; sépalas ca. 5mm compr., glabras, dorso levemente carenado;pétalas 8-15x4-8mm, obovais; estames 20-40; estilete 2-6mm, 5-8 ramos estigmáticos, mesmacoloração das pétalas. Fruto 2-4mm compr, deiscência transversal, pedicelo ca. 0,5mm, parte basaldo pixídio com margem alada, membranácea 0,5-1mm compr.; sementes 0,5-0,8mm, tuberculadas,superfície externa com células esteluladas, cinzenta a negras.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 231 (UFP).Comentários: Portulaca umbraticola ocorre em quase todo o continente americano desde os

Estados Unidos até a Argentina, passando pelo México e Antilhas. Freqüentemente é encontrada emambientes ruderais, borda de caminho e como invasora de culturas. É uma espécie bem caracterizadapela presença de uma ala membranácea ao redor do fruto, que chega, algumas vezes, a cobrir oopérculo. A cor das pétalas pode variar desde amarelo, até branco, rosa, púrpura ou tons de alaranjado.Os estiletes e estigmas também podem variar de cor, de acordo com a cor das pétalas. Diferencia-sede P. oleracea pela morfologia do botão floral e do fruto e o tamanho maior das flores. 

60.5. T  ALINUM  TRIANGULARE  (Jacq.)Willd., Sp. pl. 2: 862. 1800. Prancha 30, fig. N-O.

Ervas, 15-60cm alt.; caule ereto, glabro, simples ou ramificado. Folhas  alternas ousubopostas, pecíolo 1-1,5mm compr., lâminas 20-100x20-40mm, obovais, ápices emarginados, basescuneadas. Inflorescência em cimeiras monocasiais, pedúnculo triangular 2-10cm compr., pediceloca. 1cm compr. Flores  róseas; sépalas 4-5x2-3mm, persistentes, obovais; pétalas 7-8x5-6mm;estames 20-40; estilete 1-2mm compr. Fruto  2-5mm compr. globoso, amarelo, freqüentementecom pontos avermelhados, deiscência valvar; sementes tuberculadas, superfície levemente estriada,0,8-1mm compr., marrom-escuras a negras.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. R. Souza 34 (UFP); Ser ra do Tigre, 30.III.2006,

K. Pinheiro et al. 65 (UFP).

Comentários: a espécie é muito variável quanto ao porte e as folhas. Em relação ao porte,

podem ocorrer plantas pequenas com ca. 15cm de altura ou plantas bem mais altas com ca. 80cm dealtura. As folhas são discolores e podem variar de tamanhos. Talinum triangulare é distinguível de T.

 paniculatum principalmente pelo pedúnculo cilíndrico, mas pode também ser diferenciada pela presençade pontuações avermelhadas na base do fruto e pela inflorescência que nesta espécie constitui umacimeira monocasial, enquanto que em T. paniculatum é uma cimeira dicasial. As folhas são utilizadas paraa alimentação humana. (Kissmann & Groth 1995).

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

  Prancha 30. Figuras A-C. Portulaca elatior . A. Hábito. B. Face abaxial da folha. C. fruto. D-F. Portulaca

halimoides. D. Hábito. E. Face abaxial da folha. F. Fruto. G-I. Portulaca mucronata. G. Hábito. H. Face

adaxial da folha. I. Futo. J-M. Portulaca umbraticola. J. Hábito. L. Face adaxial da folha. M. Fruto. N-O.

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315- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

61. PTERIDACEAE Augusto César Pessôa Santiago & Sergio Romero da Silva Xavier  

Plantas terrestres, rupícolas ou aquáticas, homosporadas. Rizomas curto a longo-rastejantes,eretos a decumbentes, com frondes espaçadas a fasciculadas, providos de escamas ou tricomas. Frondes pequenas a grandes, ca. 3,0cm-4,0m compr., monomórficas ou dimórficas; vernação circinada; lâminasfoliares simples e inteiras ou radiadas, pedadas, palmadas, ou variadamente pinadas; venação livre,parcial ou totalmente anastomosante, as aréolas com ou sem vênulas inclusas. Soros na superfícieabaxial dos segmentos, curtos ou alongados, ao longo das vênulas, na margem, usualmente sobre uma

comissura marginal ou os esporângios contínuos, acompanhando as vênulas anastomosadas, às vezestambém entre elas, deste modo formando soros, com ou sem paráfises; indúsios ausentes ou presentes,formados pela margem modificada introrsa. Esporângios com 2-3 fileiras de células no pedicelo, anel

 vertical ou raramente oblíquo. Esporos triletes, aclorofilados.

Pteridaceae é amplamente distribuída, com ca. 950 espécies e 50 gêneros, sendo 11exclusivos dos Neotrópicos. Pteridaceae engloba grande heterogeneidade morfológica, a qual constituidiversidade de grupos de gêneros, reunidos em tribos ou subfamílias, cujas relações taxonômicas sãocomplexas. Dois gêneros, Adiantum  L. e Doryopteris  J. Sm., são encontrados na área de estudo. Os doissão Pantropicais e ocorrem principalmente nos Neotrópicos. Adiantum   possui ca. 200 espécies e é

caracterizado pelos esporângios que ocorrerem sobre um indúsio retroflexo, pecíolos eretos, escuros elustrosos e pínulas dimidiadas. Doryopteris  possui ca. 30 espécies e é caracterizado pelas lâminas pedadas,pecíolos escuramente esclerotizados, soros submarginais contínuos e esporângios longo-pedicelados.

MICKEL, J. T. & BEITEL, J. M. 1988. Pteridophyte flora of Oaxaca, Mexico. Memoirs ofthe New York Botanical Garden, 46: 1-568.

MORAN, R. C. & RIBA, R. 1995. Psilotaceae a Salviniaceae. In:  DAVIDSE, G., SOUZA, S.M. & KNAPP, S. (eds.). Flora Mesoamericana. Universidad Nacional Autónoma de México, Ciudadde México, 1: 104-105.

SMITH, A. R. 1981. Pteridophytes. In : BREEDLOVE, D. E. (ed.). Flora of Chiapas.

California Academy of Sciences, San Francisco 2: 1-370.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE PTERIDACEAE

1. Lâmina foliar 1-pinada, soros contíguos na margem ............................... Adiantum deflectens 

1’. Lâmina foliar 2-4-pinatífida, soros contínuos na margem ......................Doryopteris concolor 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

61.1. ADIANTUM  DEFLECTENS  Mart., Icon. Pl. Crypt.: 94. 1834. Prancha 31, fig. A-B.

Ervas terrestres. Rizoma curto reptante a quase ereto. Frondes 9,0-13cm compr., pecíolo4,3-5,2cm compr., delgado e glabro, assim como a raque; lâmina foliar 1-pinada, linear a largamentelanceolada, ambas superfícies glabras e opacas; pinas atingido 1,4cm compr., cuneadas-flabeladas,pecioladas com articulação nítida no ápice do peciólulo expandido, glabras, as apicais semelhante aspinas laterais, segmentos estéreis serreados, segmentos férteis divididos em lobos; venação livre, visívelem ambas superfícies, terminando em dentes. Soros lineares a oblongos, retos a ligeiramente arqueados,

 vários por segmento, um por lobo; indúsio pouco desenvolvido.Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 135 (UFP).

Comentários:  esta espécie possui grande variedade morfológica, podendo apresentarreprodução vegetativa através das gemas na raque alongada, podendo ser caracterizada pelas pinas com

parte laminar articulada ao pecíolo.  Adiantum deflectens  pode ser confundida com A. lunulatum  (Roxb.)Burm, também presente na flora pernambucana, porém distingue-se pelas pinas flabeladas, articuladas,curto-pecioladas, pela venação terminando em dentes e pelos esporos de cor creme. O gênero Adiantum  é um dos mais representativos na flora pernambucana, com 19 espécies, sendo  A. deflectens  a únicaocorrente em ambiente de Caatinga, além das áreas de Floresta Atlântica. A espécie é amplamentedistribuída nos Neotrópicos e ocorre em todas as regiões brasileiras. Normalmente está associada aoambiente de barrancos, por vezes na presença de rochas, sob a sombra de outras espécies.

61.2. D ORYOPTERIS  CONCOLOR  ( Langsd. & Fisch.) Kuhn, Bot. Ost-Afrika 3(3): 19. 1879.Prancha 31, fig. C.

Ervas  terrestres. Rizoma curto, compacto, recoberto por escamas bicolores. Frondes até29,5cm compr.; pecíolos 3-18cm compr., cilíndricos, sulcados, com um feixe vascular em “v”, glabros,com escamas na base iguais, na forma, às do rizoma; lâmina foliar pedata, bipinatífida a quadripinatífidana base, glabra nas duas faces, cartáceas, sem gemas na base; venação livre, terminando em hidatóidesna face superior; margem das frondes férteis membranáceas, modificadas em um indúsio, sem venação.Soros marginais contínuos, às vezes interrompidos no enseio ou ápice; esporângios sobre as terminaçõesdas nervuras.

Material examinado: Serra do Tigre, 31.V.2006, J. R. Maciel 488 (UFP).

Comentários: esta espécie se caracteriza pela venação livre, pecíolo sulcado e glabro e pelamargem da fronde fértil modificada num indúsio. As frondes de D. concolor  podem ser consideradas

subdimórficas, mas são iguais em seu contorno, a diferença aparece nas dimensões (maiores nasfrondes férteis). A descrição acima corresponde a variação conjunta das frondes férteis e estéreis domaterial examinado. Esta espécie já foi inserida no gênero Cheilantes  Sw., mas suas características estãomais relacionadas como o gênero Doryopteris . Estudos recentes sobre a filogenia da família (Prado etal . 2007), indicam que estes dois gêneros são parafiléticos, mas D. concolor  está fortemente relacionadacom outras espécies da secção Doryopteris . Sua distribuição é pantropical e está presente em todas asregiões brasileiras. Em Pernambuco ocorre em áreas de Floresta Atlântica e Caatinga, onde é registradaem condições semelhantes a Adiantum deflectens , porém pode ser encontrada em afloramentos rochososmais expostos ao sol.

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317- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

62. R HAMNACEAERita Baltazar de Lima 

 Árvores, arbustos ou ervas perenes, inermes ou espinescentes. Folhas  simples, alternas,ovaladas, ápice agudo, obtuso ou arredondado, margem inteira a serreada, pubescente a glabra,nervuras impressas na face adaxial e proeminentes na face abaxial; estípulas laterais, precocementedecíduas. Inflorescência pauciflora umbeliforme ou multiflora em tirso congesto. Flores diclamídeas,pentâmeras, pediceladas; sépalas livres ou soldadas, prefloração valvar; pétalas livres, ungüiculadas,cuculadas ou conchiformes, prefloração aberta; estames 5; gineceu 2-3-carpelar, 2-3-locular, um óvulo

por lóculo. Frutos drupas ou esquizocarpos.

Rhamnaceae é cosmopolita com cerca de 55 gêneros e 900 espécies, ocorrendo praticamenteem todos os biomas brasileiros. A classificação mais recente da família reconhece nove tribos. Dessas,duas possuem representantes em Mirandiba, a saber, Gouanieae e Paliureae. Na Caatinga se destacam,entre a paisagem, duas espécies do gênero Ziziphus : Ziziphus cotinifolia  Reissek e Ziziphus joazeiro Mart.,a primeira registrada para Mirandiba. A importância econômica das espécies da família concentra-seprincipalmente no uso medicinal, forrageiro e para arborização e a marcenaria.

LIMA, R. B. Inéd. A família Rhamnaceae no Brasil, diversidade e taxonomia. Tese de

Doutorado. USP, São Paulo, SP, 2000.REISSEK, 1861. Rhamneae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds). Flora brasiliensis,11(1): 81-116.

RICHARDSON, J. E., FAY, M. F., CRONK, Q. C. B., BOWMAN, D. & CHASE, M. W. 2000. A phylogenetic analysis of Rhamnaceae using rbcL   and trnL-F  plastid DNA sequences.  American Journal of Botany, 87(9): 1309-1324.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE R HAMNACEAE

1. Ervas terrestres; folhas com margem inteira; inflorescências

 paucifloras umbeliformes; frutos esquizocarpos ....................................Crumenaria decumbens 

1’. Árvores; folhas com margem serreada; inflorescência

multiflora em tirsos; frutos drupas ................................................................ Ziziphus cotinifolia 

62.1. C RUMENARIA DECUMBENS  Mart., Nov. Gen. Sp. Pl. 2(1): 68. 1826.Ervas  decumbentes, 20-35cm alt.; ramos cilíndricos, estriados; estípulas 2-3x0,5-1mm,

lanceoladas. Folhas pecioladas; pecíolo 5-1mm compr.; lâmina 10-30x7-15mm, membranáceas, ovais,base cordada a obtusa, ápice agudo, margem inteira ou serreada na metade proximal, face adaxial glabra,

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318

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

face abaxial com tricomas ao longo das nervuras. Inflorescências axilares, umbeliformes, geralmente

1-3-flora. Flores monoclinas 2-3mm compr., pedicelo 0,4-0,7mm compr.; hipanto pubescente; lacíniosdo cálice 0,5-0,6x0,4-0,5mm; pétalas cuculadas, 0,4-0,6mm compr.; estames 0,3-0,5mm compr., anterasovais; ovário 3-carpelar, 3-locular, 3 estiletes, livres na metade distal. Flores díclinas estaminadas2-3mm compr., pedicelo 0,5-1,3mm compr., morfologicamente similares às flores monoclinas, excetoos pistilódios, livres no ápice. Frutos esquizocarpos obovados, alados, com tricomas papilosos, 5-6mmcompr., pedicelo 1-2,5mm compr.; mericarpos 4-4,5x3-3,5mm larg.; alas 0,3-0,4mm larg.; sementesobovais, castanhas, ca. 3x2mm.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 262a (UFP, JPB); Fazenda

Tigre, 17.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 127 (UFP, JPB, MO); Ser ra da Gia, 31.VI.2006, J. R. Maciel 487 (UFP, JPB); Serra do Tigre,

30.V.2006, K. Pinheiro 212 (UFP).

Comentários:  ocorre na Caatinga, comumente encontrada em áreas abertas com solosarenosos. Facilmente reconhecível, quando comparada às demais espécies do gênero, por apresentar asfolhas muito desenvolvidas para o padrão genérico. As demais espécies têm as folhas muito reduzidasou são subáfilas. Sem potencial econômico conhecido.

  Prancha 31. Figuras A-B. Adiantum deflectens.

A. Hábito. B. Pina. C. Dor o teris concolor .

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319- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

62.2. Z IZIPHUS  COTINIFOLIA Reiss. in Mart., Fl. bras. 11(1): 87. 1861. Árvores ou arbustos, 4-5m alt., espinescentes; ramos tortuosos, castanhos a acinzentados;espinhos quando jovens pubescentes, passando a glabros; estípulas  ovais, precocemente decíduas.Folhas com pecíolo 3-5mm compr.; lâmina 3-6x2,5-4cm, cartáceas, subarredondadas a ovaia, obtusaa aguda, raro subcordada ou assimétrica, ápice arredondado a obtuso ou agudo, às vezes emarginado,margem serreada, face adaxial pubescente a glabrescente, face abaxial velutina a pubescente ou pubérulaao longo das nervuras. Inflorescência tirsos axilares, congestos, velutinos a pubescentes, multifloras.Flores monoclinas 4-5mm compr., pedicelo 1,5-2,5mm compr.; sépalas 1,5x1-1,5mm, ápice caloso;pétalas conchiformes 1,3-1,5mm compr., unhas 0,8-1mm compr.; estames 1,5-1,7mm compr., anterasovais; disco nectarífero glabro, crasso; ovário glabro, passando a velutino após a fecundação, 2-carpelar,

2-locular, um óvulo por lóculo; estiletes livres e patentes na metade distal. Frutos drupas elipsóides,quando recém-formados velutinos, passando a pubérulos e lenticelados.Material examinado:  Estrada para o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, L. L. Santos et al. 218 (UFP); Serra

das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. R. Souza, 33 (UFP, JPB, MO); Serra do Tigre, 08.XI.2007, Y. Melo et al. 113 (UFP, JPB);

17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 422 (UFP,JPB); 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 56 (UFP); Sem especicação do local, 19.IV.2007,

L. G. R. Souza 44 (UFP).

Comentários: espécie endêmica da Caatinga. Muito semelhante a Z. joazeiro Mart., com aqual tem sido muito confundida, mas reconhecida pelo porte geralmente menor, folhas geralmentesubarredondadas, frutos imaturos com tricomas. Ziziphus joazeiro, geralmente forma copa maisexpandida, tem as folhas ovaladas e o fruto é glabro em todas as fases de desenvolvimento. Em algumasáreas as duas espécies ocorrem simpatridamente. Seu potencial econômico é o mesmo atribuído ao Z.

 joazeiro, sobretudo para o uso medicinal e forrageiro para o gado bovino e caprino.

63. R UBIACEAE

 Maria Regina de Vasconcellos Barbosa, Clara Emanuela Lima Lourenço,

 Maria do Céo Rodrigues Pessoa & Alena de Sousa Melo

 Árvores, arbustos, subarbustos ou ervas. Estípulas interpeciolares, inteiras ou fimbriadas,livres ou conadas formanda uma bainha. Folhas simples, opostas, sésseis ou pecioladas. Inflorescência cimosa, congesta ou não, terminal ou axilar, com ou sem brácteas involucrais, sésseis ou pedunculadas.Flores  andróginas ou unissexuadas, sésseis ou pediceladas, diclamídeas, actinomorfas; cálicecupuliforme, truncado ou 2-6 lobado, persistente ou caduco; corola com prefloração valvar ou imbricada,infundibuliforme ou hipocrateriforme, 4-6 lobada; estames 4-6, exsertos ou inclusos, alternos aos lobosda corola; anteras oblongas, dorsifixas ou basifixas, rimosas, sésseis ou não; ovário ínfero, 2-4 locular,uni ou pluriovulado; estilete inteiro, bilobado, bi ou tripartido; disco nectarífero inteiro ou bipartido.Frutos capsulares, esquizocárpicos, drupáceos ou bacáceos, deiscentes ou não.

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320

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Rubiaceae é uma das famílias mais diversas de Angiospermas, com cerca de 600 gêneros e 13

mil espécies e com ampla distribuição mundial, sendo os dois maiores centros de diversidade a AméricaCentral e a América do Sul. No Nordeste brasileiro há registro de 66 gêneros e 307 espécies, das quaiscerca de 53 espécies ocorrem no Bioma Caatinga, sendo porém, mais de 50% predominantemente deoutros tipos de vegetação que não a caatinga. Em Mirandiba foram reconhecidas 9 espécies, das quaisduas são consideradas endêmicas da caatinga, Guettarda  angelica  e Mitracarpus  longicalyx .

BACIGALUPO, N. M. & CABRAL, E. 1996. Infrageneric classification of Borreria (Rubiaceae-Spermacoceae) on the basis of American species. Opera Botanica Belgica 7: 297-308.

 ARGOVIENSIS, M. 1881. Rubiaceae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.) FloraBrasiliensis, 6(5): 1-486. .

SCHUMANN, K. 1888-89. Rubiaceae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.) FloraBrasiliensis, 6(6): 1-486.

SILVA, E. B. 1997. Estudos taxonômicos dos gêneros Staelia   e  Mitracarpus  (Spermacoceae, Rubiaceae) no Estado de Pernambuco, Brasil. Dissertação de Mestrado.Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE.

STEYERMARK, J. A. 1974. Rubiaceae. In : LASSER, T. (ed.). Flora de Venezuela. Caracas,Inst. Botánico. 9(1-3): 1-2070.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE R UBIACEAE

1. Árvores ou arbustos; estípulas livres, triangulares ou deltóides .............................................2

1’. Ervas eretas ou prostradas, ou ainda subarbustos; estípulas

formando uma bainha apicalmente briada ................................................................................ 4

2. Plantas dióicas, flores unissexuadas; folhas glabras .............................................Cordiera sp.

2’ Plantas monóicas, flores andróginas; folhas pilosas .............................................................. 3

3. Um só óvulo por lóculo; drupa globosa .....................................................Guettarda angelica 

3’ Muitos óvulos por lóculo; anfissarcídio bacóide ......................................... Tocoyena formosa 

4. Ovário trilocular, estilete trífido; esquizocarpos com trêsmericarpos ..................................................................................................Richardia grandiflora 

4’. Ovário bilocular, estilete bífido ou bilobado; esquizocarpos com dois mericarpos ou cápsulas

..................................................................................................................................................... 5

5. Cápsulas septicidas ou esquizocarpos, com mericarpos indeiscentes .................................. 6

5’. Cápsulas com deiscência circuncisa, transversal ou transverso-oblíqua .............................. 7

6. Cápsula septicida, mericarpos indeiscentes com lobos do cálice não

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321- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

 persistentes; sementes elípticas, lisas..........................................................Borreria  dasycephala 

6’. Esquizocarpo, mericarpos indeiscentes com lobos do cálice persistentes;

sementes obovais, plano-convexas, com estrias longitudinais .......................Diodella apiculata 

7. Cálice com dois lacínios iguais, frutos com deiscência

transverso-oblíqua .................................................................................................Staelia virgata 

7’ Cálice com quatro lacínios desiguais, dois a dois, frutos com

deiscência circuncisa .................................................................................................................. 8

8. Sementes na face dorsal com duas depressões semi-circulares

apicais ....................................................................................................... Mitracarpus longicalyx 8’ Sementes na face dorsal com depressão crucífera ................................ Mitracarpus scabrellus 

63.1. B ORRERIA DASYCEPHALA (Cham. & Schltdl.) Bacigalupo & E. L.Cabral, Op. Bot. Belg.7: 306. 1996.

Diodia  dasycephala  Cham. & Schltdl., Linnaea 3: 348. 1828.Ervas monóicas, eretas, até 25cm alt.; caule cilíndrico ou 4-anguloso, ramificado ou não, verde-

claro, piloso nos primeiros entrenós próximos à base, o restante pubérulo ou glabro; bainha estipular3-4mm compr., fimbriada, 6-7 lacínias, 2-3mm compr., glabra ou pubérula. Folhas opostas, subsésseis;lâmina 2-4,5x0,5–1,5cm, membranácea, lanceolada ou oblongo-lanceolada, base atenuada, ápice agudoa acuminado, margem serrilhada, glabras; nervuras secundárias 3-4 pares, impressas. Inflorescência glomérulos involucrados, terminais ou axilares, sésseis, multifloros; 2-4 brácteas, 1,1-2,5x0,2–0,5cm,foliáceas, lanceoladas, com acúleos ao longo da nervura central na face dorsal. Flores andróginas,sésseis; cálice cupuliforme, denticulado, 2-lobado lateralmente, lobos ca. 2mm compr., filiformes,pubérulos; hipanto ca. 2mm, pubérulo; corola valvar, infundibuliforme, alva, tubo ca. 2mm compr.,externamente glabro, internamente com anel de tricomas na porção mediana, lobos 4, ca. 1mm compr.,deltóides; estames 4, exsertos, inseridos junto à fauce, filetes ca. 0,75mm compr., anteras dorsifixas,ca. 1mm compr.; estilete ca. 3,5mm compr., exserto, estigma bilobado, disco bilobado glabro, ováriobilocular, uniovulado. Fruto capsular septicida, mericarpos indeiscentes; sementes elípticas, 2x0,75mm,lisas, castanhas.

Material examinado: Fazenda Areia Malhada, 20.VI.2007, Y. Melo et al. 301 (UFP); Fazenda Areias, 31.V.2006,

 E. Córdula et al. 88 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro & D. Araújo 31 (UFP).

Comentários: Borreria  dasycephala  ocorre do Equador até o norte da Argentina; no Brasil háreferências para Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, e no Nordeste para o Ceará Maranhão, Paraíbae Pernambuco. Caracteriza-se pelo cálice com 2 lacínios, estigma bilobado e fruto com mericarposindeiscentes. É facilmente confundida com B. verticillata , que também apresenta cálice com 2 lacínios,mas se diferencia pelo fruto, que nesta última é deiscente desde o ápice.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

63.2. C ORDIERA SP .

 Arbustos  dióicos, ca. 2m alt.; ramos cilíndricos, castanho-acinzentados, glabros; estípulaslivres, 1-1,5mm compr., triangulares, pubescentes. Folhas opostas; pecíolo 1mm compr.; lâmina 3-4x2-3cm, sub-coriácea, oblongo-lanceolada, base aguda a obtusa, ápice agudo a obtuso, margem inteira,glabra em ambas as faces; nervuras secundárias ca. 6 pares. Inflorescência cimas não involucradas,terminais, subsésseis, masculinas 1-3 flores. Flores masculinas  sésseis; cálice truncado, ca. 0,5mmcompr., glabro; hipanto ca. 1mm compr., cupuliforme, glabro; disco inteiro glabro. Flores pistiladas não obsErvasdas.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 145 (UFP, JPB, RB, MO).

Comentários:  Cordiera   é um gênero muito próximo de  Alibertia , no qual foi incluído pordiversos autores. Entretanto, os resultados de Persson (2000) suportam a sua separação. Cordiera

sp. diferencia-se das demais espécies de Rubiaceae encontradas em Mirandiba por apresentar floresunissexuadas.

63.3. D IODELLA  APICULATA (Willd. ex  Roem. & Schult.) Delprete, Fl. Illustr.Catar.,Rubiaceas 1: 169. 2004.

Spermacoce apiculata  Willd. ex  Roem. & Schult., Systema Vegetabilium 3: 531. 1818.Diodia  apiculata  (Willd. ex  Roem. & Schult. ) K. Schum., Bot. Jahrb. Syst. 10: 313. 1889.Ervas monóicas, eretas, 20-30cm alt.; caule e ramos angulosos, castanho-estriados, jovens

hirsutos; bainha estipular ca. 2mm compr., fimbriada, 7-12 lacínias, 5-10mm compr., hirsuta. Folhas opostas, sésseis; lâmina 2,5-3,5x0,3-0,6cm, cartácea, linear-lanceolada, base atenuada, ápice acuminado

ou mucronado, mucron ca. 5mm, margem ciliada, pubérula a escabra; nervuras secundárias 2-4pares, impressas. Inflorescência glomérulos não involucrados, axilares, sésseis, 1-2-(4) flores. Flores andróginas, sésseis; cálice 4-lobado, lobos 1,5-2mm compr., subulados, ciliados, pubérulos ou escabros;hipanto turbinado, 1,5-2mm compr., densamente piloso; corola valvar, infundibuliforme, lilás, tubo4-7mm compr., pubérulo externamente, internamente com anel de tricomas na base, lobos 4, ca.1,5mm compr., agudos, pilosos apicalmente no dorso; estames 4, exsertos, presos juntos à fauce dacorola, filetes 0,5mm compr., anteras dorsifixas ca. 1mm, estilete ca. 4 mm compr., glabro, estigmacapitado, bilobado, disco inteiro glabro, ovário bilocular, uniovulado. Fruto esquizocarpo, mericarposindeiscentes, lobos do cálice persistentes, 2,5-3x2-3,5mm, obovado, pubescente a híspido; sementes,1,5-2x1,2-1,5mm, obovais, plano-convexas, com estrias longitudinais.

Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C.Pessoa et al. 155 (UFP); L. G. R. Souza 42 (UFP);Serra do Tigre, 30.III.2006, K. Pinheiro & M. Alves 73 (UFP), 17.IV.2007, E. Córdula et al. 242 (UFP); M. T. Vital et al. 107

(UFP); J. R. Maciel et al. 416 (UFP, JPB, MO); M. C.Pessoa et al. 126 (UFP, JPB); M. C. Pessoa et al. 125 (UFP); Serra das

Umburanas, 18.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 263 (UFP, JPB).

Comentários: Diodia apiculata  tem ampla distribuição na região neotropical, do México até oParaguai. No Brasil ocorre em todas as regiões. Caracteriza-se por apresentar esquizocarpos obovados,com mericarpos indeiscentes.

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323- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

63.4. G UETTARDA  ANGELICA Mart. ex  Müll. Arg., Flora 58: 450. 1875.

 Arbustos monóicos, 2-2,5m alt.; ramos cilíndricos, castanhos ou ferrugíneos, lenticelados,glabros, hirsutos quando jovens; estípulas livres, 5-7mm compr., inteiras, triangulares, caudadas,externamente hirsutas. Folhas opostas; pecíolo 5-12mm compr., hirsuto; lâmina 6-9x2-4cm, papiráceaa cartácea, lanceolada, base aguda raro obtusa, ápice agudo, margem crenada, discolores, face superiorpubérula, face inferior serícea; 7-9 pares de nervuras secundárias. Inflorescência cimas dicotômicasaxilares não involucradas, pedunculadas, 7-9-(12)flores; pedúnculo hirsuto. Flores andróginas, sésseis;bractéola floral ca. 5mm, linear, hirsuta; cálice truncado, ca. 2mm compr., com 1 lobo ca. 0,5mm compr.,arredondado, velutino; hipanto ca. 1mm, globoso, velutino; corola imbricada, hipocrateriforme, alvo-amarelada, tubo 11-15mm compr., tomentoso externamente e glabro internamente, 5-6 lobos, 4-5mmcompr., oblongos, glabros; estames 5-6, inclusos, junto à fauce, anteras sésseis, dorsifixas, ca. 2,5mm

compr., apiculadas; estilete 9-10mm, incluso, pubérulo, estigma capitado, disco inteiro, piloso, ováriotetralocular, uniovulado, óvulos pêndulos. Fruto  drupa globosa, alva, imatura verde, vilosa; pirênio6x4mm, globoso.

Material examinado: S erra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital et al. 119 (UFP, JPB, MO); M. C. Pessoa

et al. 147 (UFP, JPB, RB, MO); M. C. Pessoa et al. 144 (UFP, JPB, RB, MO). Fazenda Tigre, 17.IV.2007, P. Gomes et al. 290 (UFP,

 JPB, RB, MO); Fazenda Troncão, 18.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 268 (UFP, JPB, RB, MO)

Comentários: Guettarda angelica   é comum na caatinga, ocorrendo na Depressão Sertanejanordestina do Ceará a Bahia onde é conhecida popularmente como Angélica. É facilmente reconhecidano campo pelas inflorescências em cimas dicotômicas e pelas drupas globosas.

63.5. M ITRACARPUS   LONGICALYX   E.B. Souza & M.F.Sales, Brittonia 53(4): 482. 2001(2002).

Ervas monóicas, eretas ou decumbentes, 15-20cm alt.; caule anguloso, ramificado ou não,castanho, hirsuto; bainha estipular 1-3mm compr., fimbriada, 7-9 lacínias lineares, hirsuta. Folhas opostas, sésseis; lâmina 1,8-3x0,4-0,8cm compr., papirácea ou cartácea, elíptica ou lanceolada, baseatenuada, ápice agudo, margem ciliada, escabras; 3-4 nervuras secundárias indistintas. Inflorescência glomérulos involucrados, terminais ou axilares, sésseis, multifloros; 4 brácteas 2-2,5x0,7-1,6cm, foliáceas,elípticas, hirsutas ou híspidas. Flores andróginas, sésseis, bractéolas laciniadas ca. 3mm compr.; cálice4-lobado, 2 maiores 3-4mm compr., vináceos no ápice, 2 menores 2-3mm, hialinos, paleáceos, margemciliada; hipanto turbinado 1-1,5mm; corola valvar, hipocrateriforme, alva, tubo 3-4mm, externamente

pubérulo ou glabrescente, internamente com anel de tricomas no terço inferior, lobos 4, 1-1,5mmcompr., triangulares, pubérulo-papilosos externamente, glabros internamente; estames 4, exsertos,presos juntos à fauce, anteras subsésseis, dorsifixas, ca. 1mm; estilete filiforme bífido, exserto, 3-5mmcompr., glabro, ramos 0,8-1mm compr., estigma papiloso, disco inteiro, glabro, ovário bilocular,uniovulado, óvulos basais. Fruto cápsula circuncisa, separando-se em duas partes, a apical caduca, como cálice persistente, 2x1mm, oblonga, glabra; sementes obovóides, 0,7-1x0,4-0,5mm, plano-convexas,face ventral com depressão em forma de X prolongando-se na face dorsal em duas depressões semi-circulares apicais.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.07, M. C. Pessoa et al. 149 (UFP, JPB, RB, MO); C. E. L.

Lourenço et al. 265 (UFP). Mirandiba, 18.IV.07, D. Araújo et al. 248 (UFP).

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Comentários: Mitracarpus longicalyx foi descrita como típica de caatingas com solos arenosos,

com ocorrência nos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí. Distingue-se das demais espécies deRubiaceae em Mirandiba, pelo tipo de fruto, e de  M. scabrellus , pelas sementes com depressões semi-circulares dorsais.

63.6. M ITRACARPUS  SCABRELLUS  Benth., J. Bot. 3: 238. 1841.Ervas  monóicas, eretas, 10-20cm alt.; caule tetrangular, verde, glabrescente ou pubérulo;

bainha estipular 1,5-2mm compr., fimbriada, 5-8 lacínias lineares, glabra ou hirsuta. Folhas opostas,sésseis; lâmina 2-3x0,5-0,7cm, membranácea ou cartácea, estreito lanceolada, base atenuada, ápiceagudo, margem esparso ciliada, glabrescente em ambas as faces, com pêlos longos ao longo da nervuraprincipal na face dorsal; nervuras secundárias inconspícuas. Inflorescência glomérulos involucrados,

terminais ou axilares, sésseis, multifloros; 2-4 brácteas desiguais, 2 maiores 1,5-3cm compr.e 2 menores6-8mm compr., foliáceas, linear-lanceoladas, glabrescentes. Flores andróginas, sésseis; bractéolas floraisfiliformes, laciniadas, 2mm compr.; cálice 4-lobado, 2 maiores 1,2-1,5mm compr., maculados na porçãocentral, 2 menores 0,8mm compr., hialinos, paleáceos, margem ciliada; hipanto turbinado; corola valvar,hipocrateriforme, alva, tubo 2-3mm compr., externamente glabrescente, internamente com um anelde pêlos no terço inferior, lobos 4, ápice agudo, pubérulo-papiloso externamente; estames exsertos,presos junto à fauce da corola, filetes 0,3-0,5mm compr., anteras dorsifixas, oblongas, ca. 1mm; estiletebífido, incluso ou exserto, 1,2-4mm compr., glabro, ramos 0,8mm, estigma pubérulo-papiloso, discointeiro glabro, ovário bilocular, uniovulado, óvulos basais. Fruto cápsula circuncisa globosa, separando-se em duas partes, a apical com o cálice persistente, caduca, 1,5x1mm, pubescente na porção opercular;

sementes obovóides, 0,5-0,7x0,3-0,4mm, plano-convexas, face ventral com depressão em forma de X,face dorsal com depressão crucífera.

Material examinado: Fazenda Troncão, 16.IV.07, Y. Melo et al. 136 (UFP, JPB); M. T. Vital etal. 90 (UFP, JPB); K. Pinheiro et al. 219 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.07, C. E. L. Lourenço et al. 266(UFP, JPB); próximo à Serra das Umburanas, 18.IV.07, L. L. Santos et al. 258 (UFP, JPB).

Comentários: Mitracarpus scabrellus  ocorre nas Guianas e no nordeste do Brasil nos estadosda Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Difere de M. longicalyx  pela depressão crucífera, na facedorsal da semente.

63.7. R ICHARDIA  GRANDIFLORA  (Cham. & Schltdl.) Steud., Nomencl. Bot. ed. 2: 459.

1841.Richardsonia grandiflora  Cham. & Schltdl., Linnaea 3: 351. 1828.Ervas  ou subarbustos prostrados, monóicos, 20-60cm alt.; ramos tetrágonos, flexuosos,

hirsutos; bainha estipular ca. 3mm, fimbriadas, 6-8 lacínios ciliados, hirsuta. Folhas opostas; pecíolo4-5mm compr., hirsuto; lâmina 2-5x0,5-2cm, membranácea, lanceolada, base atenuada, ápice agudo,margem inteira, escabra a híspida em ambas as faces; 2-3 pares de nervuras secundárias. Inflorescência glomérulos involucrados capituliformes, terminais, sésseis, multifloros; 4 brácteas, 1-2,5x0,5-1cm,foliáceas, ovadas, escabras a híspidas. Flores  andróginas, sésseis; bractéolas 2-3x1-2mm, lineares,glabras; cálice 6-lobado, lobos 6-7mm compr., acuminados, ciliados, híspidos ou escabros; hipanto

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325- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

1,5-2mm compr., papiloso; corola valvar, infundibuliforme, lilás, tubo 10-20mm compr., glabro

externamente, internamente com um anel de tricomas no terço inferior, lobos 6, ca. 5mm, triangulares,pilosos no ápice; estames 6, exsertos, presos junto à fauce, filetes ca. 1mm compr., anteras 1,5-2mmcompr.; estilete exserto, 10-20mm, trífido no ápice, glabro; estigma coleariforme; disco inteiro, glabro;ovário trilocular, uniovulado. Fruto esquizocarpo 1,2-1,5x1-1,2mm, obovóide ou oblongo, mericarposindeiscentes, muricado-papilosos na face dorsal; sementes 0,5-1mm compr., plano-convexas, semi-cilíndricas, sulcadas na face ventral.

Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, E. Córdula et al. 87 (UFP); Sítio Areia Malhada, 21.VI.2007,

Y. Melo et al. 229 (UFP); Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, M. C.Pessoa et al. 154 (UFP, JPB); L. G. R. Souza 41 (UFP); Estrada para

o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 116 (UFP, JPB); Fazenda Baixa Grande, 19.IV.2007, M. T. Vital et al. 133

(UFP, JPB); Ser ra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1436 (UFP).

Comentários: Richardia grandiflora  ocorre do Brasil até o nordeste da Argentina. No Brasil,é uma espécie freqüente em todas as regiões. Caracteriza-se por apresentar inflorescências capitadasterminais, com brácteas involucrais, corola hexâmera, ovário trilocular, estilete trífido e frutos separando-se em três mericarpos indeiscentes papilosos.

63.8. S TAELIA VIRGATA (Link ex  Roem. & Schult.) K. Schum., in  Mart., Fl. bras. 6(6): 76.1888.

Spermacoce virgata  Link ex  Roem. & Schult., Syst. Veg. 3: 281. 1818.Ervas ou subarbustos monóicos, eretos ou prostrados, 20-50cm alt.; ramos cilíndricos ou

tetrágonos (jovens), estriados, amarelo-esverdeados, vilosos; bainha estipular 2,5-4mm, fimbriada, 5-8

lacínias glandulares, 1-4mm, pubérula a hirsuta. Folhas opostas cruzadas, sésseis; lâmina 2-4,6x0,3-1cm,membranácea, linear a estreitamente elíptica, base atenuada, ápice agudo, margem revoluta, glabras ouglabrescentes, estrigosa ou escabra nas nervuras; 2-3 pares de nervuras secundárias. Inflorescência glomérulos involucrados, axilares, sésseis, multifloros; brácteas 2, 2,0-4x0,3-0,5cm, foliáceas, linear-lanceoladas, escabras. Flores andróginas, sésseis; bractéolas 1-2mm, lineares, glabras; cálice 2-lobado,lobos subulados ca. 2mm compr., pubérulos; corola valvar, infundibuliforme, alva ou rosada, tubo4-6mm, pubérulo externamente, internamente com um anel de tricomas no terço inferior, 4 lobos,1-2mm, oval-triangulares, pubescentes no ápice; estames 4, exsertos, inseridos junto à fauce da corola,filete ca. 1mm, anteras 0,7-1mm compr.; hipanto turbinado, ca. 1mm compr., estrigoso ou viloso; estiletebífido, 5-8mm compr., glabro; estigma papiloso, disco inteiro, glabro, ovário bilocular, uniovulado.

Fruto cápsula com deiscência transverso-oblíqua, 1,1x1mm oblonga ou obovada, separando-se emduas porções independentes, coroadas pela sépala correspondente, escabra; sementes 1-1,2x0,5-0,7mm,plano-convexas, semi-cilíndricas, sulcadas ao redor do estrofíolo.

Material examinado:  Estrada para o Sítio Areia Malhada, 16. IV. 2007, M. C. Pessoa et al. 115 (UFP, JPB, RB,

 MO); D. Araújo et al 210 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al. 146 (UFP, JPB); Serra do Tigre, 31.V.2006,

 J. R. Maciel 490 (UFP, JPB).

Comentários: Staelia virgata  ocorre na Bolívia, Brasil, Argentina e Paraguai, sendo uma espéciede ampla distribuição no Brasil. Em Pernambuco ocorre desde o litoral até o sertão. Difere das demaisespécies que ocorrem em Mirandiba pelos frutos de deiscência transverso-oblíqua.

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326

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

63.9. T OCOYENA FORMOSA (Cham. & Schltdl.) K. Schum., in  Mart., Fl. bras. 6(6): 347.

1889Gardenia formosa  Cham. & Schltdl., Linnaea 4: 200. 1829.

 Arbustos ou arvoretas, monóicas, ca. 2m alt.; ramos cilíndricos, estriados, cinza, glabros,quando jovens castanhos, tomentosos; estípulas livres, 4-5mm compr., inteiras, deltóides, ápiceacuminado, externamente pubérulas, internamente com coléteres.Folhas opostas; pecíolo canaliculado,0,8-1,3cm compr., tomentoso; lâmina 9-15x5-7cm, cartácea, largamente lanceolada, raro lanceolado-obovada, base aguda, ápice agudo ou curto acuminado, margem inteira, face abaxial lanosa, face adaxial

 vilosa; 7-11 pares de nervuras secundárias. Inflorescência dicásios compostos, terminais, 3-7 flores;pedúnculo 1,5-4cm; bráctea deltóide, 1-3mm compr.. Flores andróginas, sésseis; bractéolas deltóides,1-2mm compr.; cálice campanulado, 1-2mm, denteado, dentes 5, ca. 1mm compr., pubérulo; hipanto

7-8mm compr., velutino; corola imbricada, contorta, hipocrateriforme, amarela, tubo ca. 10cm compr.,externamente velutino, internamente glabro, exceto na fauce, 5-lobada, lobos 2-3cm compr., obtusos,crassos, pubérulos externamente; estames exsertos, inseridos na fauce, anteras sésseis, dorsifixas, ca.1cm compr., curtamente apiculadas; estilete glabro, estigma bilamelar; ovário bilocular, pluriovulado,disco inteiro, glabro. Fruto anfissarcídio bacóide, 3,5-5,5x3-4,5cm, globoso ou subgloboso, pericarpofirme, estriado; sementes envolvidas por polpa carnosa, 0,8-1,2cm compr., planas, lisas.

Material examinado: Próximo a Ser ra das Umburanas, 18.IV.2007, P. Gomes et al. 297 (UFP, JPB, RB, MO).

Material adicional : PARAÍBA: São José dos Cordeiros, Fazenda Almas, 23.III.2003, I. B. Lima et al. 90 (JPB).

Comentários: Tocoyena formosa  tem distribuição neotropical, do Suriname ao Paraguai. NoBrasil, encontra-se em todas as regiões, em vários tipos de vegetação. Caracteriza-se por apresentar

folhas tomentosas e anfissarcídios bacóides globosos, rígidos.

64. S ALICACEAE

Tiago Arruda Pontes, Maria de Fátima Araújo Lucena, Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves 

 Arboretas ou arbustos. Folhas simples, alternas, dísticas, raramente opostas, inteiras,crenadas ou serreadas, geralmente com pontuações translúcidas; estípulas geralmente presentes,caducas ou persistentes. Inflorescência axilar ou terminal, cimosa ou racemosa. Flores vistosas oupequenas, bissexuadas ou unissexuadas (plantas dióicas), actinomorfas, diclamídeas, monoclamídeas ouaclamídeas, pedicelo freqüentemente articulado na base; pétalas 3-8, livres, prefloração imbricada ou

 valvar; sépalas 3-6, livres ou unidas, prefloração imbricada ou valvar; estames 1-numerosos, livres ouadnatos, anteras pequenas, elípticas-lineares, rimosas, raramente poricidas; disco nectarífero presente;ovário súpero, raramente ínfero, carpelo 2-9, unilocular, bi-pluriovulado, placentação parietal; estilete1-numerosos, livres ou unidos, às vezes ramificados, estigma pequeno a bastante grande, lobos 2-5;nectários geralmente presentes. Fruto cápsula, baga ou drupa.

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327- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

Salicaceae teve sua circunscrição ampliada incorporando vários gêneros anteriormenteinseridos em Flacourtiaceae. Dessa forma são reconhecidos cerca de 1.000 espécies classificadas em 55gêneros com ampla distribuição em ambos os hemisférios. A importância econômica da família estáprincipalmente associada a utilização ornamental de poucas espécies, além da utilização na medicinatradicional em algumas comunidades. Os gêneros registrados em Mirandiba possuem distribuíçãoneotropical.

EICHLER, A. W. 1871. Bixaceae. in : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.). FloraBrasiliensis, 13(1): 421-516.

ROBYNS, A. 1968. Family 128. Flacourtiaceae. in : WOODSON, R. E. & SCHERY, W. E.

(orgs.). Flora of Panama. Annals of the Missouri Botanical Garden, 55(2): 93-144.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE S ALICACEAE

1. Ramos finamente fissurados; folhas 2,2-4x1,3-2,0cm, ovado-oblongas,

6-10-nervadas; sépalas 5, 2,5-3,5mm compr.; estames 10 ................................ Laetia  americana 

1’. Ramos com lenticelas esparsamente distribuídas; folhas 5-8x3-6cm,

ovais, 5-7-nervadas; sépalas 3, 5-8mm compr.; estames numerosos .....................Prockia  crucis 

64.1. L AETIA  AMERICANA L., Syst. Nat., 10: 1074. 1759. Arbustos ou árvores, ca. 4-10m alt.; ramos finamente fissurados, glabros a pubescentes.

Folhas 2,2-4,0 x 1,3-2,0cm, alternas, cartáceas a subcoriáceas, ovado-oblongas, ápice curto-retusoa subacuminado, base obtuso-truncada a arredondada, glabra em ambas as faces; nervuras 6-10,campidódroma. Inflorescências axilares ou terminais, umbeliformes. Flores creme-esbranquiçadas,semi-hialinas, diminutas, bissexuais, actinomorfas, monoclamídeas; sépalas 5, 2,5-3,5mm compr, livres,menos na base, cimbiformes, ovado-oblongas, glabras na face interna e densamente pubescentes naexterna; diplostêmones, anteras rimosas, filetes alados, pubescentes, estaminódios em número igual aode estames; ovário súpero, pubescente, bilocular, biovulado, estilete com 1,5-2,0mm, estigma 3-lobado,

globoso. Fruto cápsula, ovóide a elipsóide; sementes 2.Material examinado: Baixa Grande, 08.II.2007, E. Córdula et al. 1668 (UFP).

Material examinado adicional: BAHIA: Campo Formoso Delno, 25.X.1971, F. B. Ramalho 45 (HST).

Comentários: o gênero Laetia ocorre na Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Paraguai eBrasil. A espécie Laetia americana L., espécie caducifólia, é conhecida localmente como “flor-de-vidro”devido suas sépalas semi-hialinas. Ocorre em Mirandiba em solo argilo-arenoso a pedregoso emCaatinga arbórea densa.

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328

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

64.2. P ROCKIA CRUCIS  P. Browne ex  L., Syst. Nat., 2: 1074. 1759.

 Arbustos, ca. 2,5-4m. Alt., ramos enegrecidos com lenticelas esparsamente distribuídas, glabros.Folhas 5-8x3-6cm, alternas, glabras, cartáceas, ovais, ápice acuminado, base levemente cordiforme,glabras em ambas as faces, margem cerrulada, 5-7 nervadas, nervuras saindo da base. Inflorescências terminal, racemosa. Flores  marrons, vistosas, bissexuais, actinomorfas, monoclamídeas; sépalas 3,5-8mm, livres, ovais, agudas, pubescentes; poliestêmones; antera rimosa, filete filiforme; ovário súpero,pubescente, 8-locular, pluriovulado, estilete 3-5mm compr., estigma 1, inteiro. Fruto drupa; sementesnumerosas.

Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, M. T. Vital et al. 120 (UFP, MO).

Comentários: espécie com ampla distribuição nas Américas, pode ser caracterizada pelasfolhas com margem, cerrulada e 5-7 nervuras saindo da base e pelos frutos drupáceos onde os estigmas

persistem. Foi encontrada em solos rochosos.

65. S ANTALACEAE

 Maria de Fátima de Araújo Lucena & Tiago Pontes Arruda 

Ervas, arbustos, subarbustos ou árvores; parasitas ou hemiparasitas de ramos ou raízes; ramosfrágeis, cilíndricos a angulosos, raramente espinescentes. Folhas opostas, alternas ou verticiladas,simples, coriáceas ou carnosas, sempre verdes, margens inteiras, às vezes escamiformes; estípulasausentes. Inflorescência cimosa ou racemosa, axilar, terminal, ou ambos, espigueta pedunculada, cadaraque com um ou mais internós férteis portando flores agrupadas em séries, inseridas em fóveas.Flores actinomorfas, monoclamídeas, unissexuais, raramente bissexuais, pouco vistosas, sésseis ouquase; perianto valvar no botão, cálice (2)3-4(5), dialissépalo ou gamossépalo, prefloração valvar;isostêmone, estames sésseis, epissépalos, anteras rimosas ou poricidas; ovário súpero ou ínfero, carpelos2-5, unilocular, estilete curto a ausente, estigma punctiforme, capitado; óvulos pouco diferenciados,formando uma massa homogênea, pauciovulados. Fruto baga, drupa ou núcula, liso ou verrucoso;semente-1(2), carúncula mucilaginosa.

Santalaceae é amplamente distribuída no mundo, com 50 gêneros e cerca de 1000 espécies. NoBrasil ocorrem nove gêneros e cerca de 80 espécies. Para a região Nordeste do Brasil são registrados24 táxons (Stannard & Reif de Paula 2006). Diversas espécies das famílias Santalaceae e Loranthaceaesão conhecidas popularmente como ervas de passarinhos, no entanto, em Santalaceae, tais espéciessão diferenciadas por possuírem inflorescência espiciforme e flores inseridas em fóveas Os recentestrabalhos de filogenia, sustentam a inclusão das famílias Viscaceae e Eremolepidaceae em Santalaceae(Souza & Lorenzi 2006).

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329- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

BURGER, W. & KRUIJT, J. 1983. Loranthaceae. In : W. BURGER (ed.). Flora Costaricensis.

Fieldiana Botany 40(13): 58, 29-58.KUIJT, J. 2003. Monograph of Phoradendron  (Viscaceae). Systematic Botany Monographs,

66: 1–643. WATSON, L. DALLWITZ, M. J. 1992. onwards.  The families of owering plants:

descriptions, illustrations, identication, and information retrieval. Version: 9th September 2008.Disponível em: http://delta-intkey.com. acessado em 30 de outubro de 2008.

65.1 P HORADENDRON   AFFINE  (Pohl ex  DC.) Engler & K.Krause, Nat. Paz. 166: 191.1935.

Hemiparasitas aéreas, inermes, dióicas; ramos angulosos, dicasiais, estriados, glabros. Folhas

inteiras, obovadas a elípticas, opostas, 2-4x1-1,5cm, membranáceas, glabras, ápice mucronado, baseatenuada. Brácteas e bractéolas anelares, crassas, persitentes, margens bidentadas. Inorescência espiga, axilar, (1-2), por axila, eixo oral composto de 2-4 conjuntos de espigas secundárias. Floresunissexuais, monoclamídeas.Flores masculinas na base das espigas e menores que as pistiladas, ca. 1mmdiâm.; cupuliformes, verruculosas, sépalas-3, deltóides, semi-crassas, pubescentes; estames-3, sésseis,ca. < 1mm compr., epissépalos, tecas transversas. Flores femininas na porção distal das espigas, ca.2mm diâm., cupuliformes, verruculosas, sépalas-3, 2-3mm compr., semelhantes às estaminadas; ováriosúpero, plano-achatado, obopiriforme mucilaginoso, estilete diminuto, estigma capitado, protuberante.Fruto não observado.

Material examinado:  Estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 82 (UFP); Serra das Umburanas,

10.II.2007, Y. Melo et al. 129 (UFP); 18.IV.2007, L. G. R. Souza 29 (UFP); Serra do Tigre, 02.X.2006, K. Pinheiro 199 (UFP);Serra do Tigre, 31.V.2006, K. Pinheiro 193 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, P. Gomes et al. 300 (UFP).

Comentários: Gênero exclusivamente neotropical com ca. 240 espécies (Kruijt, 2003);estendendo-se às zonas temperadas dos Estados Unidos a Argentina (Burger & Kruijt 1983). Diferencia-se de Dendrophthora  Eichler pela presença de anteras biloculares, ores sempre dispostas em leirasmúltiplas, longitudinais e regulares nos entrenós. Em Mirandiba, Phoradendron  afne habita a copa deárvores diversas. Foi registrada em áreas de caatinga arbustiva densa ou arbórea-arbustiva com altitudesproximas a 500msm. As ores apresentam coloração amarelo-alaranjada.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

66. S APINDACEAE  Marcondes Albuquerque de Oliveira 

Lianas, árvores, raro arbustos e ervas. Folhas alternas, 3-folioladas, bi ou triternadas, raropinadas ou simples, com ou sem estípulas. Inorescência, tirsos, corimbos ou panículas terminais ouaxilares, com gavinhas terminais. Flores em geral diminutas, actinomorfas ou ligeiramente zigomorfas,diclamídeas, dialipétalas, dialisépalas, tetrâmeras ou pentâmeras, com peças de tamanhos diferentes,branco-esverdeadas, unissexuais ou hermafroditas; estames geralmente 8, livres, e em geral dispostoem um único lado da or, anteras dorsixas ou basixas; ovário súpero, 3-locular, óvulos de 1-2 por

lóculo, estigma de 1-3, estilete terminal ou ginobásico, central ou excêntrico, geralmente 3-lobulado;disco glandular diversicado entre as pétalas e os estames. Fruto cápsula, drupa ou sâmara; sementesglobóides ou comprimidas, ariladas ou não.

Sapindaceae subordina cerca de 2.000 espécies, agrupadas em 150 gêneros dispersosespecialmente nas regiões tropicais, com poucas atingindo latitudes temperadas (Radlkofer 1900).No Brasil,possui cerca de 380 espécies em 22 gêneros, distribuídos principalmente em ecossistemasorestas. Destaca-se economicamente pelas espécies Paullinia cupana  Kunth (guaraná), Talisia esculenta  (A.St.-Hil) Radlk. (pitombeira), Sapindus saponaria  L. (sabonete), além de outras usadas na confecção decestos e balaios, dos gêneros Paullinia  e Serjania  (Braga 1960).

OLIVEIRA, M. & ZICKEL, C. S. 2000. A família Sapindaceae: taxonomia e distribuiçãono Estado de Pernambuco. In : M. TABARELLI & J. M. SILVA (Eds.). Diagnóstico da Biodiversidadede Pernambuco, Ed. Massangana, Recife, Pernambuco 1: 267-280.

RADLKOFER, L. 1892-1900. Sapindaceae. In : MARTIUS, C. Flora Brasiliensis, 13(3): 225-658, tab. 58-123.

REITZ, P. R. 1980. Sapindaceae. In : REITZ, P. R. Flora ilustrada catarinensis, CNPq/HBR, Itajaí, SC.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE S APINDACEAE

1. Plantas arbóreas; folhas trifolioladas ............................... ............................... .........Allophylus quercifolius

1’. Lianas com gavinhas, folhas tri-ternadas .....................................................................................................2

2.Flores em corimbos; fruto cápsula, inada ........................... ............................Cardiospermum corindum

2’. Flores em tirsos; fruto sâmara, alada .................................................................................Serjania glabrata

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331- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

66.1. A LLOPHYLUS  QUERCIFOLIUS  (Mart.) Radlk. Nat. Panz. 3(5): 312. 1895.

 Arvoreta, 4-5m alt.; caule principal cilíndrico, cinéreo, comumente lenticelado, tricomasseríceos e hialinos quando jovens. Folhas trifolioladas; pecíolo 1-4cm compr., folíolo central 2-7,7x1-3cm, base atenuada, ápice agudo, margem duplo-serrada à largamente denteada, revoluta; folíoloslaterais 1-3x0,7-1,5cm, adaxialmente tomentosos, abaxialmente lanosos, nErvasção eucamptódroma,membranáceos. Inorescência tirsos axilares, pedúnculo ca. 1,2cm compr., bracteado. Flor masculina pedicelo ca. 2mm compr.; sépalas 4, externas 2, 1,5-2mm compr., ovais ou obovais, membrano-coriáceas,internas 2, 1,2-1,5mm compr., ovais, côncavas, ambas indumentadas dorsalmente; pétalas 4, 1-1,5mmcompr., espatuladas, membranáceas, dorsalmente estrigosas; estames 6-7, 2-2,5mm compr., letes,indumentados, anteras menores 1mm, rimosas, dorsixas; or feminina ovário ca. 1mm diâm.; estilete1, estigma bído; disco nectarífero achatado ou ligeiramente ondulado. Fruto  drupa, 3-6x2,5mm,

ovóide, alaranjado a avermelhado quando maduros; sementes 1-4x2-3mm, ovóides a obovóides,adnadas basalmente.

Material examinado: Serra das Umburanas, Alto dos Correios, 10.II.2007, Y. Melo et al. 132 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Floresta, Res. Biol. Serra Negra, 08.III.1995, S. S. Lira 15 (PEUFR).

Comentários:  Allophylus   é tido como pantropical apresentando cerca de 200 espécies(Reitz 1980), das quais 25 são registradas no Brasil (Radlkofer 1900). Allophylus  quercifolius  está restritaa região Nordeste, sendo encontrada nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Sergipe e Pernambuco.Em Mirandiba foi encontrada crescendo em solos arenosos e próximos a aoramentos rochosos. Éfacilmente reconhecida pelo hábito arbóreo, folíolos de margem partida e tirsos diminutos. Conhecida

 vulgarmente pelos nomes de goiaba-brava (Pernambuco) e pau-de-vaqueiro (Sergipe).

66.2. C  ARDIOSPERMUM  CORINDUM  L., Sp. pl. ed. 2, (1): 526. 1762.Lianas; ramos de 5-7 sulcados, verdes a amarronzados,,tricomas híspidos; estípulas 2, ca. 1mm

compr., triangulares, extra-axilares. Folhas tri-ternadas, ráquis alado, pecíolo 2-2,5cm compr., cilíndrico;foliólulos séssil; folíolo central 2-6,5x1-2,5cm; folíolos inferiores 1,0-3,5x0,5-2,0cm, ovais a obovais;base atenuada e assimétrica, ápice acuminado a agudo, margem partida ou esparsadamente denteada,adaxialmente pubescente, abaxialmente denso-piloso, nervação eucamptódroma, membranáceos.Inorescência corimbos axilares, eixo 1-10cm compr., pedúnculo 2-3mm compr., brácteas e bractéolasca. 1mm compr., triangulares, basalmente indumentadas. Flores masculinas  sépalas  4, externas 2,menores que 2mm comp., obovais, subcoriáceas, internas ca. 4mm comp., obovais, membranáceas,

glabrescentes; pétalas 4, ca. 3mm compr., obovais, glabras, dois pares de escamas dimorfas conadasàs pétalas, membranáceas; estames 8, duas classes de alturas, maiores 3, ca. 3mm compr., menores 5,ca. 2mm compr., excêntricos, pilosos, alvos; anteras menores que 1mm. Flores femininas ovário ca.2mm diâm., estilete 1, ca. 1mm compr., plumosos; glândulas nectaríferas 2, dentiformes. Fruto cápsula,2-3,0x1,5-2cm, inada, globosa a esférica, cartácea, castanho-claro; cálice persistente, pubescentes; sementes 2-3mm diâm., cordiformes, situadas na parte central dos frutos, glabras, negrescentes.

Material examinado: Estrada para o Sítio Areia Malhada, 16.IV.2007, , K. Mendes et. al. 02 (UFP); Idem,

16.IV.2007, , D. Araújo et al. 212 (UFP); estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, , fr, K. Pinheiro & M. Alves 85 (UFP); Fazenda

Baixa Grande, 19.IV.2007, , fr, M .T. Vital et al. 134 (UFP); Serra da Gia, 31.V.2006, , fr, J. R. Maciel 491 (UFP); Fazenda

Vertentes, 19.IV.2007, , fr, L. L. Santos et al. 267 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, bt, E. Córdula et al .254 (UFP);

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Fazenda Troncão, 16.IV.2007, , fr, M. T.Vital et al. 98 (UFP).

Comentários: Cardiospermum  possui cerca 12 espécies em geral americanas (Reitz, 1980). NoBrasil Cardiospermum corindum  é comum em praticamente todas as regiões; estando associada à vegetaçãode baixa densidade e ambientes xéricos (Radlkofer 1900, Oliveira & Zickel 2002). Pode ser confundidacom Serjania glabrata , diferindo desta por apresentar os frutos cápsulas inadas com sementes internas,enquanto àquela apresenta frutos samaroídes de sementes externas. É vulgarmente conhecida pelos

 vernáculos: balãozinho, chocalhinho, cipó-de-vaqueiro e rama-de-vaqueiro (Pernambuco), cipó-chumbinho (Ceará e Bahia) e cheque-cheque (Bahia). As ores são visitadas por borboletas e abelhas.

66.3. S  ERJANIA GLABRATA Kunth., Nov. Gen. Sp. ed. 4(5): 110. 1821.Lianas; ramos cilíndricos, 8-sulcados, recobertos por tricomas estrigosos; verde-claros a

marrom-escuros, estrias vináceas. Folhas tri-ternadas, pecíolo ca. 2-6cm compr.; estípulas 2, triangulares;folíolos ovais a rômbicos, base atenuada à oblíqua, ápice acuminado, margem largamente serrada, folíolossuperiores 3-8x2-6cm, inferiores 2,5-6,5x1-3,5cm, seríceos, nervação eucamptódroma, membranáceos.Inorescência  tirsóide, axilar, pedúnculo 3,5-13,5cm comp., raque 3-7cm comp.; pedicelo 4-5mmcomp.; brácteas na base do pedicelo ca de 1mm comp., foliáceas. Flores hermafroditas, sépalas 5, sendo2 externas ovais, côncavas, ca. 4mm e 3 internas ovais, imbricadas, ca. 2mm, coriáceas, dorsalmentetomentosas; pétalas 4, oblogo-obovais, ungüiculadas, membranáceas, ca. 3-5m; dois pares de escamasdimorfas conadas às pétalas, estames 8, pilosos, atingindo alturas diferentes, maiores 5, ca. 5mm, menores3, ca. 3mm, anteras ca. 1mm comp., dorsixas; ovário ca. 3mm comp., tomentoso, estigma trído;disco nectarífero 4-lobado, abaixo dos estames. Fruto sâmara, 2,5x1,5-2,5cm, com três alas, papirácea,

glabros, com alguns tricomas próximos às sementes, esverdeados, cálice e estigma persistentes; semente globóide, ca. 5mm diâm., densamente pilosa.

Material examinado: Salinas, Sítio do Sr. Zildécio, 04.X.2006, Y. Melo et al. 99 (UFP); Serra do Tigre, 17.IV.2007,

 E. Córdula et al. 232 (UFP); 02.X.2006, K. Pinheiro et al. 200 (UFP); 08.II.2007, Y. Melo et al. 115 (UFP); Fazenda Tigre,

17.IV.2007, J. S. Silva et al. 175 (UFP); 17.IV.2007, C. E. Lourenço et al. 257 (UFP); Vertentes, 19.IV.2007, D. Araújo et al. 257

(UFP); Idem, 02.X.2006, M. F. A Lucena et al. 1590 (UFP); 19.IV.2007, L. G. R. Souza 43 (UFP); 07.II.2007, M. T. Vital et al.

56 (UFP).

Comentários:  Serjania   é um dos maiores de Sapindaceae com aproximadamente 250espécies, encontradas em diversos ecossistemas orestais dos trópicos. Serjania glabrata  apresenta ampladistribuição, ocorrendo em vários países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador,

Paraguai, Peru e Trindad e Tobago). No Brasil é encontrada em diversos estados brasileiros, nosmais diferentes tipos vegetacionais (Reitz 1980, Somner 1988, Oliveira & Zickel 2002). É facilmentereconhecida pelos frutos samarídeos trialados, sendo conhecida vulgarmente como: ariú, saia-de-ariú,mata-fome, timbó e folha de carne. Em Mirandiba ocorre geralmente ao longo das estradas em caatingaarbustiva aberta.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

67. S APOTACEAE Eduardo Bezerra de Almeida Jr.

 Árvores  ou arbustos, látex, em geral branco-leitoso; armada ou inerme. Folhas  alterno-espiraladas a mais raramente opostas, agrupadas no ápice dos ramos; simples, ovadas, elípticas,oblanceoladas; estípulas presentes ou não; tricomas, quando presentes, bi-ramicados (malpiguiáceos)agrupados ou simples. Inorescências geralmente, gloméruliformes, axilares, ramioras ou caulioras.Flores pequenas, pouco vistosas, diclamídeas, bissexuais; dialissépalas 6; gamopétalas 5-6; estames 6,unidos, estaminódios 6, alternipétalos; ovário súpero. Fruto baga; sementes com cicatriz esbranquiçada,

pronunciada..

Sapotaceae apresneta cerca de 450 espécies, alocadas em 11 gêneros com distribuição nasregiões Neotropicais. Habita preferencialmente ambiente de oresta úmida e regiões com baixa altitude,onde apresenta ampla diversidade de espécies. Possui grande importância econômica devido ao látex eos frutos utilizados na alimentação.

PENNINGTON, T.D. 1990. Sapotaceae. Flora Neotropica, 52: 94-171.REITZ, P.R. 1968. Sapotaceae. In : REITZ, P. R. Flora ilustrada catarinensis, CNPq/HBR,

Itajaí, SC.

67.1. S IDEROXYLON  OBTUSIFOLIUM  (Humb. ex  Roem. & Schult.) T. D. Penn., Syst. Veg. Fl.Peru 4: 802. 1819.

 Árvores, 6-12m alt., latescentes, espinescentes; ramos cilíndricos, tomentoso-glabros,ferrugíneos. Folhas opostas ou em fascículos opostos, tomentosas; pecíolo 3-5mm compr., puberulento;lâmina 2,8-3,5x1,7-2-3cm, elíptica, base aguda, ápice redondo, margem inteira, cartácea, às vezescoriácea, nervação broquidódroma. Inorescência cimosa, axilares, 4-6 ores. Flores 5-6mm compr.,esverdeadas, bissexuais; pedicelo 2-3mm compr., tomentoso; cálice dialissépalo, sépalas 6, 2-3mmcompr., dispostas em duas séries, tomentosas; corola 2mm compr., lobos 5, glabros; estames 5, letes1mm compr., estaminóides 5; ovário súpero, 1-2mm compr., globoso, velutino; estilete 4mm compr.

Fruto 8-15mm compr., elipsóide, glabro.Material examinado: Salinas, 04.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1617 (UFP, PEUFR, RB, MO).

Comentários: espécie conhecida pelos nomes de quixaba, quixaba-preta e rompe-gibão, comdistribuição na Venezuela, Equador e Peru. No Brasil, Sideroxylon obtusifolium é a única espécie registradasendo encontrada do nordeste do país até a região sul (Santa Catarina) e centro-oeste (Pantanal). Possuicomo caracteres de reconhecimento os espinhos nos ramos, as folhas pequenas, opostas e pilosas.

 A quixabeira é uma árvores de madeira dura cuja casca tem propriedades adstringentes, tonicantese antidiabéticas; as folhas e frutos são forrageiros, podem ser usados como alimento para o gado.Ocorre em áreas de caatinga, oresta decídua e nas orestas inundáveis do Pantanal. Em Mirandiba foiencontrada em área arbustiva sobre solos arenosos e em caatinga arbórea densa.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

68. SCHROPHULARIACEAE

Schrophulariaceae sofreu uma nova circunscrição com base em dados logenéticos. Nestesentido diversos gêneros que antes pertenciam a esta família foram transferidos para Plantaginaceae,inclusive os quatro gêneros registrados em Mirandiba. No entanto a circunscrição tradicional deSchrophulariaceae inclui 400 gêneros e cerca de 4.500 espécies, dos quais 32 gêneros e aproximadamente140 espécies ocorrem no Brasil. A maior parte das espécies ocorrem na caatinga, campo rupestree cerrado. Em Mirandiba foram registradas seis espécies distribuídas em quatro gêneros. Não sãoapresentadas descrições dos táxons envolvidos por não terem sido enviadas pelo colaborador convidado

até o fechamento do livro. Sendo assim os organizadores da Flora de Mirandiba se responsabilizarampela chave de identicação confeccionada, identicação e comentários das espécies.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE SCHROPHULARIACEAE

1. Flores maiores que 1cm compr., fortemente zigomorfas, vistosas ........................... ............................... .2

1’. Flores menores que 1cm compr., levemente zigomorfas, diminutas ............................. ..........................4

2. Folhas sésseis .....................................................................................................................................................3

2’. Folhas pecioladas ......................................................................................................... Angelonia   pubescens 3. Folhas lanceoladas ......................................................................................................... Angelonia  cornigera 

3’. Folhas ovadas a elípticas .......................................................................................... Angelonia  hookeriana 

4. Folha peciolada, 3-5 por nó .................................................................................................. Scoparia  dulcis 

4’. Folha séssil, amplexicaule, 2 por nó .......................... ............................... ............................... .................... 5

5. Folhas com tricomas articulados ............................................................................... Plantago tomentosa 

5’. Folhas sem tricomas articulados .......................................................................... Stemodia  durantifolia 

68.1. A NGELONIA CORNIGERA Hook., Bot. Mag. 67: 3848. 1841.Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 101 (ESA, UFP); Vertentes, 19.IV.2007, P.

Gomes et al. 302 (ESA, UFP).

Comentários:  Angelonia   cornigera se caracteriza por apresentar folhas sésseis e lanceoladas,aspectos que a separa das demais espécies de Angelonia registradas em Mirandiba. Angelonia cornigera  foicoletada em ambientes sazonalmente alagados e ocorrendo em populações com muitos indivíduos.Foram observadas constantes visitas de abelhas.

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335- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

68.2. A NGELONIA HOOKERIANA Gardn. ex  Benth., Prodr. 10: 251. 1846.

Material examinado: Fazenda Areias, 31.V.2006, E. Córdula et al. 82 (ESA, UFP).

Comentários: plantas subarbustivas a arbustivas e caracterizadas por apresentar folhas sésseis variando de ovadas a elípticas. Coletada em solo arenoso e úmido.

68.3. A NGELONIA PUBESCENS  Benth., Companion Bot. Mag. 2: 15. 1836.Material examinado: Serra da Jia, 31.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1484 (UFP); Serra do Tigre, 30.V.2006, K.

Pinheiro 194 (UFP), 17.IV.2007, E. Córdula et al. 237 (ESA, UFP).

Comentários: Angelonia   pubescens  apresenta folhas pecioladas, ovadas, com pubescência muitoacentuada. Foi coletada em caatinga arbustiva e caatinga arbustiva-arbórea densa, em solo úmido epedregoso. Plantas fortemente visitadas por espécies diversas de abelhas.

68.4. P  LANTAGO  TOMENTOSA Lam., Tabl. Encycl.: 340. 1791.Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M.F. Lucena et al. 1405 (UFP).

Comentários: é popularmente conhecida como “pé-de-bruxa” e utilizada como medicinalpela comunidade local. Pode ser reconhecida pelo hábito subarbustivo, as inorescências espiciformes eores brancas que lembram espécies de Stachytarpheta  (Verbenaceae), com as quais pode ser confundidaem campo. Foi encontrada em solos pedregosos de origem cristalina em subosque de caatinga arbustivo-arbórea.

68.5. S COPARIA DULCIS  L., Sp. pl. 1: 116. 1753.Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, K. Pinheiro 130 (UFP), Y. Melo et al. 106 (UFP),

D. Araújo et al. 228 (UFP); Vertentes, 02.X.2006, M. F. A. Lucena et al. 1591 (UFP), M.C. Pessoa et al. 162(UFP); Fazenda Troncão, 16.IV.2007, Y. Melo et al. 137 (UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, K. Mendeset al. 10 (UFP).

Comentários: conhecida localmente como “vassourinha” ou “vassourinha-de-terreiro”, écaracterizada por apresentar ores diminutas e folhas pecioladas agrupadas de 3-5 por nó. Foi encontradaem solos arenosos ou pedregosos, encharcados ou submetidos a inundações temporárias.

68.6. S TEMODIA DURANTIFOLIA Sw., Obs. Bot. 240. 1791.

Material examinado: Serra do Tigre, 08.II.2007, Y. Melo et al. 117 (UFP), 17.IV.2007, P. Gomes et al. 276

(UFP), 17.IV.2007, C. E. L. Lourenço et al. 255 (UFP), 17.04.2007, M. C. Pessoa et al. 130 (UFP), 17.IV.2007, J. S Silva et al. 169

(UFP); 17.IV.2007, M. T. Vital et al. 104 (UFP).

Comentários: apresenta ores diminutas lilases a roxas e folhas sésseis, amplexicaulesagrupadas em pares por nó. Foi encontrada em populações abundantes na margem de açudes e outroslocais sujeitos a inundações sazonais.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

69. SELAGINELLACEAE

Sérgio Romero da Silva Xavier & Augusto César Pessôa Santiago

Plantas  terrestres, rupestres ou raramente epítas, heterosporadas. Caule  monostélico,protostélico, poliprotostélico ou sifonostélico, às vezes esclericado, ramicado, prostrado, decumbente,às vezes ereto, freqüentemente com rizóforos nas ramicações do caule. Microlos simples, 0,5-10mmcompr., apresentando uma pequena lígula e com venação simples, isólas, arranjadas em espiral ouanisólas arranjadas em quatro leiras, duas de micrólas médias na superfície dorsal e duas de micrólaslaterais, com uma micróla axilar ventral em cada dicotomia do ramo. Esporângios localizados em

estróbilos no nal dos ramos terminais, curto pedicelados, simples, próximos ou na axila do esporolo;micrósporos e megásporos em esporângios separados, mas podendo ocorrer no mesmo estróbilo.Esporos aclorolados, triletes, tetraédricos-globosos ou quase esferoidais.

Selaginellaceae é composta por um único gênero,  Selaginella   P. Beauv., de distribuiçãocosmopolita com ca. 750 espécies, sendo a maioria distribuída na região tropical e mais de 30% destetotal são registradas para a América. No Brasil o trabalho de Alston et al . (1936) registra 46 espéciespara o país e apresenta uma chave para identicação das espécies. Em trabalho recente, Hirai & Prado(2000) realizaram a revisão do gênero para o estado de São Paulo, onde são citadas 14 espécies. Estudosrecentes indicam o registro de 10 espécies para o estado de Pernambuco, ocorrendo principalmente em

áreas de Floresta Atlântica. Muitas vezes os exemplares de Selaginellaceae são comercializados com onome de musgos, devido a sua aparência com o grupo.

 ALSTON, A. H. G. 1936. The Brazilian species of Selaginella . Repoertorium SpecierumNovarum Regni Vegetabilis, 40: 303-319.

 ALSTON, A. H. G., JERMY, A. C. & RANKIN, J. M. 1981. The genus Selaginella  in TropicalSouth America. Bulletim of the British Museum, Botany, 9(4):233-330.

FRAILE, M. E.; SOMERS, P. & MORAN, R. C. 1995. Selaginellaceae. In : MORAN, R. C. &RIBA, R. 1995. Psilotaceae a Salviniaceae. In:  DAVIDSE, G.; SOUZA, S.M. & KNAPP, S. (eds.). FloraMesoamericana. Universidad Nacional Autónoma de México, Ciudad de México, 1:22-42.

HIRAI, R.Y. & PRADO, J. 2000. Selaginellaceae Willk. no Estado de São Paulo. RevistaBrasileira de Botânica, 23(3): 313-339.

XAVIER, S.R.S. Inéd. Pteridótas da Caatinga: Lista Anotada, Análise da Composição

Florística & Padrões de Distribuição Geográca. Tese de Doutorado. Universidade Federal Ruralde Pernambuco, Recife, PE, 2007.

69.1. S  ELAGINELLA CONVOLUTA (Arn.) Spring, in Mart., Fl. bras. 1(2): 131. 1840. Prancha32, g. A-B.

Ervas  terrestres. Caule  ereto, curto, não articulado. Ramos  3,0-4,2mm larg. incluindo osmicrolos, formando uma roseta; rizóforos ventrais na base do caule. Microlos laterais 2,0-3,2x1,3-

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337- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

1,6mm, coriáceos, imbricados, verde-escuros dorsalmente, esbranquiçados ventralmente, pardos quando

 velhos, assimétricos, ovais, lado acroscópico arredondado, margens denteadas no ápice, curtamenteciliadas no lado acroscópico da base, borda esbranquiçada no lado acroscópico, ápice agudo. Microlo

axilar 1,9-2,5x0,9-1,5mm, assimétrico, oval, margens denteadas no ápice, curtamente ciliadas na base,esbranquiçadas, ápice agudo. Microlos dorsais 1,8-2,5x1,0-1,3mm, assimétricos, ovais, margensdenteadas no ápice, curtamente ciliadas na base, esbranquiçadas, ápice curto-aristado.  Esporolos monomórcos, em 4 leiras, carenados, acuminados, margens esbranquiçadas; megásporos brancos;micrósporos alaranjados.

Material examinado: Serra do Tigre, 30. V. 2006, M. F. A. Lucena et al. 1441 (UFP); Serra do Tigre, 30. III.

2006, K. Pinheiro & M. Alves 51 (UFP).

Comentários: Esta espécie distingue-se por apresentar as margens dos microlos laterais

com borda esbranquiçada no lado acroscópico, pelo hábito em roseta e pelos ramos enrolados quandosecos. Esta planta é vulgarmente chamada de mão fechada ou planta da ressurreição, além de Jericó.Na Região Nordeste a espécie é utilizada como diurético, afrodisíaco, anti-térmico e tônico, atravésdo chá de toda a planta e também, na forma de cataplasma, contra a caxumba Esta espécie é bemdistribuída na América do Sul, ocorrendo também no México e América Central. No Brasil é registradanas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, onde é amplamente distribuída nas áreas de Caatingae com apenas um registro para a Floresta Atlântica. É uma das poucas espécies de pteridótas queconsegue sobreviver em áreas abertas de Caatinga, diretamente no solo ou em áreas com pedregulhos.

70. SOLANACEAE 

 Maria de Fátima Agra 

Ervas, arbustos, trepadeiras ou árvores, raro epítas, glabras ou com vários tipos depubescência, inermes ou aculeadas, hermafroditas ou andromonóicas em algumas espécies de Solanum .Folhas alternas, ou aos pares, geminadas, simples, lobadas ou compostas, inteiras, denteadas; pecíolos

geralmente presentes, estípulas ausentes. Inorescências em cimeiras, agrupadas ou reduzidas auma or, terminais ou aparentemente axilares ou laterais, com ou sem brácteas ou bractéolas. Flores actinomorfas ou zigomorfas, geralmente 5-meras; cálice cupuliforme, tubuloso ou campanulado,lobado ou fendido, geralmente acrescente no fruto; corola simpétala, valvar, imbricada, rotácea,campanulada, tubular, infundibuliforme ou hipocrateriforme, geralmente lobada; estames insertos notubo, alternando com os lobos da corola, às vezes parcialmente fusionados, ou 1 ou mais reduzidos aestaminódios, anteras com deiscências poricidas ou longitudinais; pistilo-1, ovário com ou sem disconectarífero basal, geralmente bi-carpelar, uni a plurilocular, uni a pluriovular, estilete solitário. Fruto baga ou cápsula, geralmente polispérmico, raro aquênio; sementes com o embrião curvo ou quase reto,central, endosperma presente.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Solanaceae possui 98 gêneros e cerca de 2.720 espécies distribuídas em todos os continentes,principalmente na América tropical, um dos centros de diversidade e endemismo de vários gêneroscomo,  Aureliana , Brunfelsia, Capsicum, Petunia, Schwenckia, Vestia, entre outros, e de várias seções deSolanum . No Brasil, a família possui cerca de 32 gêneros e 500 espécies pertencentes às subfamílias:Cestroideae, Goetzeoideae, Juanolloideae e Solanoideae. Cinco gêneros (  Athenaea, Duckeodendron,Dyssochroma,  Metternichia  e Heteranthia  ) e cerca de 150 espécies são exclusivas da ora brasileira. Solanum  é o melhor representado, com cerca de 250 espécies, das quais aproximadamente 100 são endêmicas.Espécies da família são de importância econômica como alimento (“batatinha”, “tomate”, “berinjela”),fármacos (“atropina”, de Atropa beladona  ), e também ornamentais ( Brugmansia , Brunfelsia  e Petunia  ).

HUNZIKER, A. T. 2001. The genera of Solanaceae.  A. R. G. Gantner Verlag K.-G.,Rugell.

BARBOZA G. & BIANCHETTI, L. D. B. 2006. Three new species of Capsicum (Solanaceae)and a key to the wild species from Brazil. Systematic Botany, 30: 863-871.

OLMSTEAD, R. T. & BOHS, L. 2007. Summary of molecular systematic research inSolanaceae. In : SPOONER, D. M; BOHS, L.; GIOVANNONI, J., OLMSTEAD, R. G. & SHIBATA,D. (eds.). Solanaceae VI,  Acta Horticulturae, 745: 255-268.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE SOLANACEAE

1. Cálice frutífero com o bordo inteiro e apêndices lineares conspícuos,

acima de 5mm ................................................................................................................................Capsicum sp.

1’. Cálice frutífero 5-lobado, apêndices lineares ausentes ............................. .............................. ....................2

2. Corola tubulosa, o tubo maior que o cálice e o limbo; fruto cápsula ............................ ...........................3

2’. Corola rotáceo-estrelada ou campanulada, o tubo mais curto que

o cálice e o limbo; fruto baga ..............................................................................................................................4

3. Ervas com ramos delgados; folhas linear-oblongas, pilosas;

or inconspícua, solitárias, corola roxo-esverdeada, lóbulos entre os lacínios;cápsula globosa, menor que 5mm compr ................................................................Schwenckia americana 

3’. Arbustos robusto; folhas oval-elípticas, glabras, glaucas;

inorescências em cimeiras multioras, or conspícua, corola amarela,

lóbulos ausentes; cápsula urceolada, cerca de 10mm compr. .......................................... Nicotiana glauca 

4. Corola campanulada, amarela, máculas marrons a arroxeadas; anteras

com deiscência longitudinal; cálice frutífero acrescente, inado, envolvendo

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339- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

completamente o fruto ..........................................................................................................Physalis angulata 

4’. Corola rotáceo-estrelada, alva, lilás ou púrpura; anteras com deiscência

poricida; cálice frutífero não envolvendo completamente o fruto, nem inado .......................... ...............5

5. Arbustos aculeados, tomentoso-ferrugíneos, tricomas estrelados;

baga marrom, epicarpo glanduloso-viscoso ........................................................ Solanum rhytidoandrum

5’. Ervas ou arvoretas inermes, pubérulas ou glabrescentes, tricomas

simples; baga negra ou verde-amarelada, epicarpo glabro .............................................................................6

6. Ervas, até 0,6m alt.; corola alva, 5mm diâm.; anteras amarelas, conectivo

não ampliado; baga globosa, ca. 5mm diâm., negra .................................................Solanum americanum6’. Arvoretas, acima de 1,5m alt.; corola lilás a púrpura, acima de 2cm diâm.;

anteras lilases, conectivo ampliado; baga ovóide, ca. 1,5cm diâm.,

 verde-amarelada ............................... ............................... ............................... ........... Solanum ovum-fringillae 

70.1. C  APSICUM  SP . Arbustos ramicados, 1,5-2,5m alt., caule e ramos marrons, estriados. Folhas solitárias ou

geminadas, pubescentes, tricomas ramicados, lâmina membranácea, discolor, oval- lanceolada, 12-25x8-12mm, ápice agudo, base levemente obliqua ou arredondada, margem irregularmente crenulada,

pecíolo 3-7mm compr., levemente atenuado. Inorescências fasciculadas, 1-3-ora. Flores não vistas.Fruto globoso, 7-9mm diâm.; pedicelo frutífero ereto a levemente curvado, piloso, cálice frutíferoacrescente, bordo inteiro com 5-apêndices, 5-7mm compr., lineares. Sementes 3,8-4x2,8-3mm,piramidadas, marrons a negras.

Material examinado: Serra do Tigre, 18.IV.2007, K. Pinheiro 253 (JPB, UFP).

Comentários: Capsicum   L. é um gênero neotropical, com 20-25 espécies. O materialincompleto (sem ores) não permitiu sua identicação no nível especico. Entretanto, com base numaamostra fruticada, distingue-se das demais espécies pelo indumento piloso-pubescente com tricomasramicados, cálice frutífero com o bordo inteiro com cinco apêndices, lineares, que ultrapassam ofruto. Frutos em abril.

70.2. N ICOTIANA GLAUCA Graham, Edinburgh New Philos. J., 5:175.1828. Arbustos  eretos, 1,5-2m alt.; ramos cilíndricos, glabros, glaucos. Folhas  alternas, glaucas,

glabras; lâmina 2-4,5x2-3cm., subcrassa, inteira, elíptica a oval-elíptica, ápice agudo ou obtuso, basearredondada ou aguda; pecíolo 3-3,5cm compr., cilíndrico. Inorescências  em cimeiras laxas,4-multioras, bractéolas 1-2mm compr., lanceoladas a lineares.Flores 3-3,2cm compr.; cálice urceolado;corola tubulosa, amarela, 20-22x4-5mm; estames-5, inclusos, livres, letes liformes, anteras rimosas,elípticas, ca. 2mm, dorsixas; ovário oval-elíptico, glabro, estilete cilíndrico, ca. 27-29mm compr.,estigma bilobado. Fruto  cápsula, elipsóide, cálice acrescente, 10-12x5-6mm; sementes numerosas,

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

ovóides a subreniformes, ca. 1mm diâm., marrons.

Material examinado: Sítio do Senhor Zildécio, 04.X.2007, Y. Melo et al. 98 (JPB, UFP).Comentários: espécie com distribuição nas áreas quentes e secas da América tropical,

encontrada desde o sudeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina e Bolívia. Bastante comumna caatinga nordestina, onde é conhecida como “fumo-bravo” e usada na medicina popular. Distingue-se das demais espécies pelo seu porte arbustivo a arbóreo, folhas e ramos glabros, verde-acinzentados,glaucos, corola tubulosa, amarela. Flores e frutos em outubro.

70.3. P HYSALIS   ANGULATA L., Sp. pl. 1: 183. 1753.Ervas a subarbustos, 25-50cm alt., ramos cilíndricos, glabrescentes, tricomas simples diminutos.

Folhas alternas, lâmina 5-7x1,5-3,7cm, oval-elíptica a oval-oblonga, ápice agudo, base aguda ou oblíqua,

pilosa, tricomas simples, glandulares e eglandulares, margem irregularmente denteada, pecíolo 1,7-4cmcompr.. Flores solitárias; cálice campanulado, 4-6mm compr., 5-lobado, sépalas soldadas até a metade;corola rotáceo-campanulada, 8-10mm diâm. amarelo-pálida, tubo com máculas marrons, anteraselípticas, 2-2,2mm compr., letes glabros, 1,5-1,8mm., ovário globoso, 1-1,4mm diâm., glabro, estilete3,5-4mm compr., estigma capitado. Fruto baga, globosa, 1-1,5cm diâm., cálice acrescente, 3-3,5x1,5-2cm, inado, sementes 1,8-2mm diâm., discóides, subreniformes, beges.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. L. Santos et al. 232 (UFP); Fazenda Troncão,16.IV.2007, Y. Melo et al. 143 (JPB, UFP).

Comentários: espécie anual, com ampla distribuição nas regiões tropicais, ocorrendo desdeo sul da América do Norte (Estados Unidos e México), América Central e Caribe até a América do

Sul, sendo ainda cultivada na África, Madagascar, Ásia e Oceania. No Brasil pode ser encontrada emtodas as regiões, principalmente nos períodos chuvosos. No nordeste é conhecida como “camapu”ou “balãozinho” e empregada na medicina popular. Distingue-se das demais espécies pela corolacampanulada, amarela, frutos envolvidos pelo cálice acrescente, inado. Amostras oridas e fruticadasem abril.

70.4. S CHWENCKIA  AMERICANA L., Gen. Pl: 577. 1764.Ervas  eretas, 30-50cm alt., pilosas, tricomas simples, eglandulares e glandular-estipitados.

Folhas alternas, sésseis a subsésseis, lâmina oblonga a linear-lanceolada, 12–16x2-4mm, ápice agudo,base aguda. Inorescências  com brácteolas setáceas, linear-lanceoladas, 1-3mm compr., sésseis a

subsésseis, pilosas. Flores  inconspícuas, isoladas ou geminadas, cálice 2,5-2,6mm, tubuloso, corolatubulosa, violácea, 11,5-12x1-1,5mm, lóbulos intermediários, ovais, diminutos; estames-2, iguais, letesca. 5mm compr., anteras 1-1,5mm compr., estaminódios-3, ca. 4mm; ovário ovóide, estilete exserto,12-13mm compr., estigma subcapitado. Fruto capsular, globoso, 2,5-3mm; cálice acrescente, sementesnumerosas, diminutas, poliédricas, subnaviculares, marrons.

Material examinado: Fazenda Troncão, 16-17.IV.2007, J. R. Maciel et al. 396, 397 (JPB, UFP).Comentários: espécie com ampla distribuição, ocorrendo desde o Sul da América do Norte

até a Argentina e leste da África. No Brasil foi registrada para todos os Estados e regiões. Na área deestudo foi coletada em apenas uma área. Distingue-se das demais espécies pelo seu porte herbáceo,

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341- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

bastante delgado, ores inconspícuas com a corola tubulosa de cor arroxeada a marrom. Flores e frutos

em abril.

70.5. S OLANUM   AGARIUM  Sendtn. in  Mart., Fl. bras. 10:69. 1846.Material examinado: Barra da Cachoeira, 11.II.2008, K. Pinheiro 1328  (UFP).Comentários: espécie com distribuição restrita ao semi-árido brasileiro e conhecida de apenas

poucas coletas no estado da Bahia. Em Mirandiba, foi encontrada em apenas uma área de caatingaarbustiva comm solo bruno não cálcico e em área de drenagem de rio temporário. Distingue-se deSolanum rhytidoandrum  Sendtn. pelo hábito suarbustivo, os espinhos rígidos com até de 5mm compr. edourados, além das folhas longo pecioladas, membranáceas, com margem largo-denteada e frutos lisos.

 A única amostra disponível da espécie foi coletada a elaboração da monograa da família. A mesma

refere-se a parte da dissertação de mestrado de K. Pinheiro em desenvolvimento na área.

70.6. S OLANUM   AMERICANUM  Mill, Gard. Dict.: 5. 1768.Ervas a subarbustos, 50-60cm alt., inermes, glabrescentes, tricomas simples, esparsos. Folhas 

alternas, lâmina oval a oval-lanceolada, 35–70x20-30mm., ápice agudo a acuminado, base arredondada,atenuada, pecíolo 4-12mm, parciamente alado. Inorescências  monocasiais, paucioras. Flores hermafroditas, cálice campanulado, ca. 2mm compr., lobos deltóides, corola estrelada, 4-5mm diâm.,alva, anteras amarelas, ca. 1mm compr., oblongas, poros largos, às vezes abrindo lateralmente, letessoldados na base, ovário pubérulo, tricomas glandular-estipitados, estilete 2-2,3mm compr., estigmaclavado. Fruto  baga, globosa, 3-4mm, pendula, sucosa, negra na maturação; sementes numerosas,discóides, diminutas, >1mm diâmetro, beges.

Material examinado: Fazenda Tigre, 04.VII.2007, Y. Melo 277 (JPB, UFP).Comentários: espécie nativa, encontrada em todos os países de clima tropical e temperados,

mais quentes, onde foi introduzida da América do Sul. No Brasil é conhecida como “erva-moura”e usada como medicinal, encontra-se amplamente distribuída em todos os estados, habitandopreferencialmente lugares com solos humosos. Na área de estudo, a espécie está registrada de apenasuma coleta. Distingue-se das demais espécies, pelas ores alvas e frutos negros, ambos com ca de0,5mm de diâmetro. Flores e frutos em julho.

70.7. S OLANUM  OVUM -FRINGILLAE  (Dunal) Bohs, Taxon 44(4): 585. 1995.Cyphomandra ovum-fringillae  Dunal, in  DC., Prodr. 13(1): 394. 1852. Arvoretas, 2-3m alt., inermes; caule e ramos cilíndricos, carnosos, pilosos, tricomas simples,

esparsos. Folhas simples ou compostas, lâmina 35-65x22-35mm, cordiforme a oval-lanceolada, ápiceagudo a acuminado, base cordiforme. Inorescências em cimeiras simples, escorpióides, multioras.Flores hermafroditas, cálice urceolado-radiado, crasso, (membranáceo no material de herbário), densopuberulento; corola 2-2,5cm diâm., estrelada, lilás, roxa ou púrpura, anteras 5,5-6mm compr., oval-elípticas a elípticas, pubérulas, roxas, conectivos espessados, avermelhados, letes laminares, 0,8-1mm compr., lilases; ovário ovóide 2,2-2,5mm, glabro, estilete 6,5-7mm compr., estigma, ca. 1mmdiâm., capitado, truncado. Baga ovóide, 1,2-2x1-1,3cm diâm., glabra, verde a amarelo-claro; sementes

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342

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

numerosas, 1-2mm diâm., ovóides.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, Y. Melo et al. 186 (JPB, UFP).Material adicional: PARAÍBA: Maturéia, Pico do Jabre, 12.VII.1997, Agra et al. 4382 (JPB).Comentários: espécie exclusiva da ora brasileira, somente encontrada na região nordeste conhecida de coletas

na Bahia, Paraíba e Pernambuco. Distingue-se das demais espécies pela consistência carnosa dos ramos, ores com as

corolas e anteras lilases a arroxeadas, conectivo espessado, avermelhado, e o fruto ovóide, acima de 1cm. Frutos em abril.

70.8. S OLANUM  RHYTIDOANDRUM  Sendtn., Mart. Fl.Bras.10: 85.1846. Arbustos, 1-1,5m alt., caule e ramos culeados, tomentoso-ferrugíneos. Folhas  simples,

alternas, lâmina 5-10x3,5-5cm, elíptica a oval-elíptica, cartácea, discolor, face adaxial rugosa, ferrugínea,face abaxial velutina, amarelo-esbranquiçada, tricomas estrelados em ambas as faces, subinerme,

acúleos 1,5-3mm compr., pecíolo 8-13mm compr., parcialmente atenuado. Inorescências  emcimeiras ramicadas, multioras. Flores hermafroditas e estaminadas; cálice campanulado, 5-lobado;corola estrelada, alva, 2-2,5cm diâm., pétalas soldadas na base; anteras oblongo-lanceoladas, 9-10mmcompr., poricidas; ovário suborbicular, piloso, estilete 1,8-2cm compr., excedendo os estames nasores hermafroditas, reduzidos nas ores estaminadas, 4-5mm compr., pubérulo no ¼ basal. Fruto subgloboso, 1,5-2cm diâm., glanduloso-viscoso; sementes ovóides a reniformes.

Material examinado: São Gonçalo, 11.VII.2008, K. Pinheiro 826 (JPB, UFP); 24.VII.2008, K. Pinheiro 1311

(JPB, UFP); Vertentes, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 50 (JPB, UFP); 19.IV.2007, P. Gomes et al. 299 (JPB, UFP).

Comentários: espécie exclusiva da América do Sul encontrada no Brasil (Nordeste e Centro-Oeste), Bolívia e Paraguai, em áreas de domínio do semi-árido, 0-1.000m de altitude. Na área de estudo

foi encontrada em solo areno-argiloso, em altitudes acima de 400m. Distingue-se das demais espéciesda área, pela presença de acúleos nos ramos e folhas, indumento ferrugíneo com tricomas estrelados,fruto com o epicarpo glanduloso-viscoso. Flores em fevereiro e abril e frutos em abril.

71. TURNERACEAE

 Maria de Fátima Agra, Kiriaki Nurit-Silva, Rafael Costa-Silva & Géssica Gomes-Costa 

Ervas, arbustos, raramente árvores, eretos ou decumbentes, inermes, pilosos, tricomas simples(glandulares e eglandulares) e estrelados, hermafroditas. Folhas alternas, simples, inteiras, com ou semestipulas, crenadas ou denteadas, sésseis ou pecioladas, com ou sem nectários extraorais.Inorescências em monocásios, dicásios, capítulos, racemos ou ores solitárias; pedicelos freqüentemente providosde 2 prolos. Flores actinomorfas, homostílas ou heterostílas, sépalas 5, soldadas na base; pétalas 5,ungüiculadas ou liguladas, livres ou adnatas ao tubo do cálice, alvas a amarelas, raro vermelhas; cálicetubuloso ou campanulado; tubo oral com ou sem corona, 5 glândulas ou lobos entre a corona e oandroceu; estames 5, ante-sépalos, às vezes exsertos, letes livres ou adnatos ao cálice ou tubo oral,

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343- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

anteras rimosas, dorsixas ou basixas; ovário súpero ou levemente ínfero, tri-carpelar, unilocular,

estilete 3, liformes, coniventes ou divergentes, óvulos1-numerosos, anátropos, placentação parietal,raro basal. Fruto cápsula, 3-valvar, loculicida, cálice ás vezes persistente; sementes numerosas rarosolitárias, obovóides, retas ou curvas, testa crustácea, reticulada, proeminente, bege a marrom, embriãoreto, endosperma presente.

 Turneraceae possui 10 gêneros e cerca de 200 espécies, com centros de diversidade edistribuição na América e África, incluindo Madagascar. Quatro gêneros ( Loewia , Stapella , Streptopetalume Tricliceras  ) são exclusivos da África, Erblichia possui quatro espécies em Madagascar e apenas E. odorata  ocorre na América. Piriqueta , com cerca de 45 espécies, é predominantemente neotropical, apenas umaespécie ocorre na África. Turnera é o maior, com cerca de 120 espécies encontradas principalmente

nas Américas, apenas duas ocorrem na África, sendo o Brasil seu principal centro de diversidade eendemismo. Espécies de Turnera são usadas como ornamentais e medicinais, além de possuir espécies( T. subulata e  Erblichia odorata , T. diffusa  e T. ulmifolia  ) com atividades biológicas comprovadas, comodiurética, bactericida, afrodisíaca, antiinamatória e anti-ulcerogênica.

 ARBO, M. M. 1997. Estudios sistemáticos en Turnera   (Turneraceae). I. Series Salicifoliae yStenodictyae. Bonplandia 9(3-4): 151-208.

 ARBO M. M. 2000. Estudios sistemáticos en Turnera   (Turneraceae). II. Series  Annulares, Capitatae, Microphyllae y Papillifera e. Bonplandia 10: 1-82.

 ARBO M. M. 2005. Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae) III. Series  Anomalae y

Turnera . Bonplandia 14(3-4): 115-318.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE TURNERACEAE

1. Ervas eretas a decumbentes; nectários basais ausentes; ores homostílicas ............. Turnera pumilea 

1’. Ervas, subarbustos ou arbustos; nectários basais presentes; ores heterostílicas ...............................2

2. Inorescências em capítulos globosos; tricomas estrelados na face abaxial ..... Turnera blanchetiana  

 var. blanchetiana 

2’. Inorescências em capítulos laxos ou ores solitárias; folhas sem tricomasestrelados na face abaxial .....................................................................................................................................3

3. Folhas obovadas, ápice agudo; ores solitárias, corola alva com interior do

tubo roxo; prolo linear-lanceolado .................................................................................... Turnera subulata 

3’. Folhas elípticas, ápice acuminado; inorescências em capitulos laxos,

corola amarela; prolo subulado  ..................................................................................Turnera melochioides 

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344

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

71.1. T URNERA BLANCHETIANA Urb.  var. blanchetiana , Jahrb. Konigl. Bot. Gart.

Berlin 2: 130. 1883. Arbustos, 50-70cm alt.; caule e ramos pubescentes, tricomas glandulares e eglandulares.  

Folhas pecioladas,  pecíolo 7-12mm compr., lâmina 43-60x18-34mm, oval-elíptica, cartácea, baseobtusa ou truncada, ápice agudo, margem crenada a dentada, discolor, face adaxial pubescente, tricomassimples, face abaxial tomentosa, cinza-amarelado, tricomas simples e estrelados; nectários extraoraisna base da lâmina e no pecíolo, cupuliformes, 1-3mm diâm.. Inorescências em capítulos globosos;prolos-2, oblongos, acuminados, 3-5x1cm. Flores heterostílicas; cálice campanulado, 9-14cm compr.;corola amarela, pétalas 12-15mm compr., ápice truncado; letes 4-5mm compr., anteras 2x1mmcompr.; ovário 3-4mm compr., piloso, estiletes 3-3,5mm compr., pubescentes, estigmas penicelados.Fruto cápsula, ovóide, 8-9mm, piloso; sementes numerosas, 3-4x1,5, obovóides, paredes do retículo

pouco proeminentes.Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 07.II.2007, M. T. Vital et al. 60 (JPB, UFP). Material adicional PARAÍBA : Município de Maturéia, Pico do Jabre, M. F. Agra et al. 6037 (JPB).

Comentários:  espécie com duas variedades, T. blanchetiana   var. blanchetina e T. blanchetiana   var. subspicata Urb.), ambas restritas à América do Sul,  sendo T. blanchetiana  var. blanchetina exclusivada ora brasileira, com distribuição no Nordeste (Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco,Piauí e Rio Grande do Norte) e norte de Minas Gerais, ocorrendo em áreas montanhosas, em altitudesacima de 500m. A outra variedade, T. blanchetiana  var. subspicata, ocorrre emáreas de cerrado na Bolívia,Paraguay e Brasil (Mato Grosso. Em Mirandiba, a espécie foi encontrada em caatinga arbórea, a 590mde altitudes, habitando solo arenoso.

71.2. T URNERA  MELOCHIOIDES  Cambess., in  A. St.-Hil., Fl. Bras. Merid. 2: 219. 1830.Subarbustos a arbustos, eretos, 30-60cm alt.; seríceos, tricomas simples. Folhas subsésseis;

pecíolo 3-5mm compr., lâmina 55-70x9-15mm, elíptica, membranácea, ápice acuminado, base decurrente,margem dentada; nectários extraorais-2 na base da lâmina, opostos, discóides. Inorescências emcapítulos laxos, foliáceos, pilosos; pedúnculo totalmente adnato ao pecíolo ou parcialmente, 2-3mmcompr.; prolos subulados, 3-5x1mm. Flores heterostílicas, pedicelo 2-3mm compr., cálice campanulado,6-7mm compr., viloso externamente, lobos elíptico-lanceolados; corola amarelo-alaranjada, 20-23mmcompr.; letes 0,8-1mm compr., anteras 1,2-1,5mm compr., oval-oblongas; ovário elipsóide, ca. 1,8-2mm compr., hírsuto; estiletes liformes, 1-1,5mm compr., estigma agelado. Fruto cápsula, elipsóide,

5-6x1-1,5mm; sementes numerosas, obovado-oblonga, curvada,  paredes do retículo proeminentes,aréolas amplas.

Material examinado: Fazenda Vertentes, 19.IV.2007, L. G. R. Souza 46 (UFP, JPB). Material adicional:

PERNAMBUCO: Araripina, Serra da Rodagem, 07. VIII. 1986, V. C. Lima 363 (IPA).

Comentários: espécie exclusiva da América do Sul, encontrada na Bolívia e no Brasil (Bahia,Goiás, Mato Grosso, Pará, Pernambuco e Piauí), ocorrendo em áreas de caatinga e cerrado, geralmenteem aoramentos rochosos. Na área de estudo a espécie foi encontrada na caatinga arbustiva-arbóreadensa.

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345- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

71.3. T URNERA PUMILEA L. var.  pumilea , Syst. Nat.: 965. 1759.

Ervas anuais, eretas a decumbentes, 10–30cm alt., vilosas, tricomas simples, canescentes;estípulas ausentes. Folhas 15–20x7-12mm, ovais a obovadas, base cuneada, ápice agudo, margemserreada, nectários basais ausentes. Inorescências  em racemos capituliformes, vilosos, foliáceos,pedúnculo totalmente adnato ao pecíolo, prolos subulados, 6-8x1-1,1mm. Flores epilas, homostílicas,pedicelo totalmente adnato ao pecíolo; cálice 4–6mm compr., lobos lanceolados; corola amarela, maiore mais larga que o cálice; letes soldados basalmente ao tubo calicino, anteras 4-5mm compr.; ovárioglabro ou pubérulo; estiletes liformes, 3-4mm compr., glabros ou puberulentos; estigmas 1–1,5mmcompr., multipartidos, agelados. Fruto cápsula, epicarpo liso, glabro exceto no ápice; sementesobovado-oblongas, 1,5-2mm compr., paredes do retículo proeminentes, aréolas amplas.

Material examinado: Fazenda Tigre, 17.IV.2007, L. L. Santos et al . 226 (UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: entre Serra Talhada e Salgueiro, 10. V. 1991, E. P. Heringer 651 (IPA).Comentários: espécie neotropical com duas variedades, Turnera pumilea  var. pumilea  e T .pumilea  

 var. piauhiensis  Urb., esta última só conhecida do tipo. Turnera pumilea  var. pumilea  é uma planta anual,com distribuição neotropical, ocorrendo na América Central, Caribe e América do Sul. Na área deestudo a espécie foi coletada na caatinga arbórea–arbustiva densa, em solo cristalino.

71.4. T URNERA SUBULATA Sm., Cycl. 36: 2. 1817. Arbustos a subarbustos, eretos, pubescentes, tricomas eglandulares e glandulares; estípulas

mbriadas. Folhas pecioladas, pecíolo 6-8mm compr.; lâmina 2,5-3x1-1,3cm, oblonga, membranácea,base cuneada, ápice agudo a obtuso, margem serreada no 2/3 superior; nectários extraorais-2 na base

da lâmina, opostos, cupuliformes. Flores solitárias, epilas, heterostílicas, pedicelo adnato ao pecíolo,prolos linear-lanceolados, 10-12x1-2mm.; cálice campanulado, 18-26x9mm, piloso próximo à inserçãodas pétalas, lacínios acuminados; corola 26-28x14-18mm, pétalas alvo-amareladas com máculas roxasna base, obovadas; letes 8-10mm compr., anteras ca. 4mm compr.; ovário 3x3mm, ovóide, pubescente,estiletes 3-4mm compr.,  estigmas bídos, mbriados. Fruto  capsular  ovóide, 4-6x3-4mm, piloso;sementes numerosas, oblongas 2,8-3x1-1,5mm, paredes do retículo proeminentes, aréolas amplas.

Material examinado: Estrada para Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 87 (JPB, UFP).

Material adicional: PARAÍBA, João Pessoa, 05.XI.2008, G. Gomes-Costa 37 (JPB).

Comentários: espécie neotropical, com ampla distribuição na América tropical, ocorrendo na América Central e América do Sul, desde o Panamá até a Bolívia, habitando solos arenosos, pedregosos

e argilosos, desde o nível do mar, no Equador e Brasil, até 1400 m no Panamá e Colômbia. No nordestedo Brasil é conhecida popularmente como “Chanana” e empregada como medicinal para vários ns.Espécimes de T. subulata  têm sido erroneamente identicados em vários herbários brasileiros comoTurnera ulmifolia  L, uma espécie que não ocorre no Brasil. Na área de estudo, T. subulata  foi encontradaem caatinga arbustiva, a 470m de altitude.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

72. URTICACEAE

Kalinne Mendes & Marccus Alves 

Ervas, arbustos, árvores ou lianas, monóicas ou dióicas, raramente latescentes, por vezescom tricomas urticantes. Folhas alternas ou opostas, simples, geralmente estipuladas, margem inteiraou serreada; pecioladas. Inorescências terminais ou axilares, cimosas, freqüentemente espiciformes,ores congestas. Flores unissexuais, monoclamídeas, raro aclamídeas; masculinas actinomorfas, cálice2-6-mero, gamo ou dialissépalo, preoração valvar ou imbricada; estames 1-5, opositissépalos, livresentre si, anteras ovadas ou globosas, rimosas; femininas actinomorfas ou zigomorfas, cálice 2-5-mero,

gamo ou dialissépalo, gineceu súpero, bicarpelar, um dos carpelos extremante reduzido, placentaçãoereta. Frutos núcula ou drupa.

Urticaceae atualmente compreende 12 gêneros e cerca de 80 espécies ocorrentes no Brasil,sendo Cecropia  e Coussapoa  os gêneros com maior diversidade de espécies. Algumas espécies são cultivadascomo ornamentais e para usos toterápicos. Em Mirandiba foi registrada apenas uma espécie emambiente de Caatinga, além daquelas ornamentais e invasoras mais comuns, tais como Pilea microphylla  (L.) Liebm. (brilhantina) e Pilea involucrata  (Sims) Urb. (pílea).

FRIIS, I. 1989. A revision of Pilea  (Urticaceae) in Africa. Kew Bulletin, 44 (4): 557-600.

72.1. P ILEA HYALINA Fenzl., Nov. Gen. Sp. Pl.: 4-5. 1849.Ervas, ca. 40cm alt., caule e ramos crassos, hialinos. Folhas 1,5-7x1-4cm, simples, opostas,

ovadas, denteadas, face adaxial glabrescente a puberulenta, abaxial glabra, membranáceas; pecíolo1,2-7cm compr. Inorescência  tirsóide, 1,5-2,5cm compr., axilar, multiora; bráctea diminuta,caduca. Flores masculinas  1mm compr., actinomorfas, cálice 2-mero, gamossépalo, preoração

 valvar, isostêmones, opositissépalos, lete glabro, anteras rimosas. Flores femininas 0,3mm comp.,zigomorfas, cálice 3-mero, gamossépalo, preoração valvar; estigma penicilado, ovário glabro. Fruto aquênio, 0,5mm compr., base assimétrica, superfície verruculosa, pontuações castanho-escuras.

Material examinado: Serra do Tigre, 30.V.2006, M. F. A. Lucena et al. 1442 (UFP).

Comentários: Pilea   hyalina   apresneta cálice zigomorfo devido a maior largura da sépalamediana em relação às laterais que em tamanho assemlham-se à estaminódios). Segundo Friis (1989),são incialmente inexas e na maturidade reexas, forçando a ejeção do aquênio. Pilea  hyalina  ocorredesde a América Central até a Argentina, sendo encontrada em todo o Brasil. Em Mirandiba, foiobservada em subosque de caatinga arbórea densa em ambiente rochoso de origem cristalina.

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

73. V ERBENACEAE

 Verbenaceae e Laminaceae são famílias próximas e muitas vezes difíceis de serem reconhecidasem campo. A grande variabilidade morfológica da família diculta a identicação. Para o Brasil sãoestimados16 gêneros com cerca de 250 espécies, comuns em ambientes savanícolas, como caatingas,cerrados e campos rupestres. Em Mirandiba, foram contabilizadas sete espécies, sendo Lantana  L. ogênero mais representativo com três espécies.Priva bahiensis  DC. é bastante comum nas áreas antropizadase na zona urbana, não tendo sido por esta razão incluída na lista aqui apresnetada. Não são apresentadas

descrições dos táxons envolvidos por estas não terem sido enviadas pelo colaborador convidado até ofechamento do livro. Sendo assim os organizadores da Flora de Mirandiba se responsabilizaram pelachave de identicação confeccionada, identicação e comentários das espécies.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE V ERBENACEAE

1. Arvoretas; folhas com margem inteira; cálice persistente ..........................................Vitex gardneriana 

1’. Arbustos a subarbustos; folhas com margem serreada a denteada; cálice caduco ................................2

2. Folhas sésseis, amplexicaules; inorescências estrobiliformes.................................................. Lippia sp.

2’. Folhas pecioladas; inorescências umbeliformes a capituliformes ........................... ...............................3

3. Folhas com base atenuada ..................................................................................................Durantea repens 

3’. Folhas com base obtusa .................................................................................................................................4.

4. Inorescências axiliares com 2 a 3 ores ........................................................................... Lantana fucata 

4’. Inorescências terminais com mais de 3 ores  ..........................................................................................5

5. Folhas com 1-2cm compr., ores amarelas  ...................................................................... Lantana radula 

5’. Folhas com 3-6cm compr.; ores alaranjadas a liláses .............................. .................... Lantana camara 

 

73.1. D URANTA REPENS  L., Sp. Pl. 2: 637. 1753. Material examinado: Chacal, 11.II.2009, K. Pinheiro et al. 1307 (UFP).Comentários: amplamente distribuída e com forte plasticidade morfológica. Foi registrada

em Mirandiba em caatinga arbustiva em solos arenosos. Diferencia-se facilmente das demais espéciesda família coletadas no local pelas folhas espatuladas e com base atenuada.

73.2. L ANTANA CAMARA L., Sp. Pl. 2: 627. 1753.Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 97 (UFP); Várzea do Tiro, 10.II.2009, K.

Pinheiro 1270 (UFP).

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

Comentários: amplamente distribuída e ocorrendo em ambientes savanícolas no semi-árido

brasileiro. A grande variabilidade na forma, tamanho e pilosidade das folhas, assim como a coloração dasores dicultam a idneticação da espécie.Foi registrada em Mirandiba tanto em áreas com solo arenosoquanto com solo ariloso-pedregoso, porém sempre relacionada a vegetação de caatinga arbustiva.

73.3. L ANTANA FUCATA Lindl., Bot. Reg.: 10. 1824.Material examinado: Serra das Umburanas, 18.IV.2007, C. E. Lourenço et al. 270 (UFP, MO, RB).

Comentários: Com distribuição sul-americana, Lantana fucata Lindl. se caracteriza porapresentar os ramos longitudinalmente estriados e as folhas subsésseis, diminutas e pubescentes,aspectos que a separa das demais espécies de Lantana registradas em Mirandiba. As amostras foramcoletadas áreas de caatinga arbustiva sobre lajedos nas proximidades do rio Pajeú.

73.4. L ANTANA RADULA Sw., Prod.: 92. 1788.Material examinado: Fazenda Riachária, 06.I.2008, Y. Melo et al. 303 (CESJ, UFP).

Comentários: conhecida para regiões semi-áridas do Brazil e Bolívia. Em Mirandiba ocorreambiente de solo areno-pedregoso. Diferencia-se das demais espécies de Lantana  coletadas na áreapelas ores amarelo-pálidas a amarelo-esbranquiçadas, folhas diminutas e cálice retrorso.

73.5. LIPPIA SP ..Material examinado: Chacal, 18.VII.2008, K. Pinheiro 1047 (UFP).

Comentários: coletada em Mirandiba em caatinga arbustiva em solo de origem sedimentar (areiasquartzosas). Diferencia-se das demais espécies pela pelo aspecto estrobiliforme da inorescência.

73.6. V ITEX  GARDNERIANA Schauer in  DC, Prod. 11: 687-689. 1847.Material examinado: Fazenda Catolé, 04.X.2006, EM.F. Lucena et al. 1625 (CESJ, MO, RB, UFP).

Comentários: conhecida de poucas amostras e restrita a uma parte do semi-árido brasileiro epossivelmente endêmica da caatinga. Em Mirandiba ocorre em ambiente areno-pedregoso em caatingaarbustiva com poucos elementos arbóreos. Diferencia-se das demais espécies de Verbenaceae pelohábito arbustivo a arborescente com até 3rm alt., folhas coriáceas, por vezes discolores (especialmenteapós a herborização), ores lilases, cálice piloso e persistente e fruto com até 2cm compr.

74. V IOLACEAE

Bruno Sampaio Amorim & Marccus Alves 

Ervas eretas ou decumbentes, ramos pilosos, tricomas simples. Folhas elípticas a obovadas,acuminadas ou agudas, atenuadas, mbriadas ou inteiras, camptódromas; pecíolo piloso; estípulaslineares a lanceoladas, pilosas. Inorescências em racemo terminal ou ores solitárias, axilares ou

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349- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

terminais; cálice 5-mero, actinomorfo, piloso; corola 5-mera, zigomorfa, glabra ou pilosa, pétala

anterior 1, maior, ungüiculada, base dilatada, intermediárias 2, ungüiculadas ou lanceoladas, pétalasposteriores 2, lineares ou lanceoladas; estames 5, apêndices terminais presentes, uniformes ou não,estame anterior 1, calcarado ou não, estames intermediários 2, estames posteriores 2; estilete, pilosoou glabro; estigma capitado, glabro. Fruto cápsula, globosa ou elipsóide, reticulada, glabra; sementessubglobosas, reticuladas ou glabras.

 Violaceae consiste de 25 gêneros e 800 espécies de distribuição cosmopolita, onde no Brasilocorrem 14 gêneros e cerca de 70 espécies. No semi-árido brasileiro são encontradas 15 espéciesagrupadas em 4 gêneros, sendo Hybanthus  o gênero mais representativo, com 10 espécies, seguido de

 Anchietea , com 3 espécies e Hybanthopsis  e Noisettia  com uma espécie cada (Souza 2006). Em Mirandiba

foram registradas duas espécies do gênero Hybanthus , o qual compreende 150 espécies de distribuiçãopredominante tropical e subtropical, com sua maior diversidade nos neotrópicos (Souza & Souza2002). No Brasil, está representado por 25 espécies e representa o principal gênero extra-amazônico de

 Violaceae (Souza & Souza 2002a).

 AGRA, M.F.; BARACHO, G.S.; NURIT, K.; BASÍLIO, I.J.L.D.; COELHO, V.P.M.2007. Medicinal and poisonous diversity of the ora of “Cariri Paraibano”, Brazil.  Journal ofEthnopharmacology, 111: 383–395.

SOUZA, J.P. 2006. Violaceae. In : GIULIETTI, A. M.; CONCEIÇÃO, A.; QUEIROZ, L. P.(eds). Diversidade e Caracterização das Fanerógamas do semi-árido brasileiro. Instituto Milênio

do semi-árido. Ministério da Ciência e Tecnologia. 1: 226.SOUZA, J. P. & SOUZA, V. C. 2002a. A new combination in Hybanthus   (Violaceae) fromSouth América. Brittonia, 54(2): 92–93.

SOUZA, J. P. & SOUZA, V. C. 2002b. Violaceae. In : WANDERLEY, M. G.; SPHEPHERD,G. J.; GIULIETTI, A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo, 2: 353-363.

SOUZA, J. P. & SOUZA, V. C. 2003. A new species of Hybanthus (Violaceae) from north-eastern Brazil. Botanical Journal of the Linnean Society, 151: 503–506.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE V IOLACEAE

1. Ervas decumbentes; cálice com margens mbriadas; corola pilosa; pétalas

intermediárias ungüiculadas; pétalas posteriores lineares; estames não calcarados,

letes basalmente geniculados, apêndices estaminais assimétricos;

estilete glabro; fruto globoso ............................... ............................... ......................... Hybanthus calceolaria 

1’. Ervas eretas; cálice com margens inteiras; corola glabra; pétalas intermediárias

não unguiculadas; pétalas posteriores lanceoladas; estames calcarados, letes

subsésseis, apêndices estaminais simétricos; estilete piloso; fruto elipsóide ......... Hybanthus communis 

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F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

74.1. H YBANTHUS  CALCEOLARIA (L.) Oken, Allg. Naturgesch. 3(2): 1376. 1841. Prancha 32,

g. C-D. Ervas decumbentes, 20cm alt., ramos pilosos, tricomas simples. Folhas 1,5-2,5x0,8-1,2cm,

alterno-espiraladas, elípticas a obovadas, acuminadas, atenuadas, serreadas, camptódromas; pecíolo3-4mm compr., piloso; estípulas 3-4mm compr., lanceoladas, pilosas. Flores  solitárias, axilares outerminais; cálice 5-6mm compr., mbriado, piloso; corola 10-12mm compr., pilosa, pétala anterior1,5cm compr., ungüiculada, base dilatada, pétalas intermediárias 2, 0,7x0,3cm compr., ungüiculadas,pétalas posteriores 2, 0,3cm compr., lineares; estames 5, 2-3mm compr., estames não calcarados,estames anteriores 2, apêndice terminal 1mm compr., estames intermediários 2, apêndice terminal0,5mm compr., estame posterior 1, apêndice terminal 0,5mm compr., letes geniculados, apêndicesterminais assimétricos; estilete 6mm compr., piloso; estigma capitado, glabro. Fruto cápsula, 0,6x0,4cm,

elipsóide, pilosa; sementes 0,2x0,2 mm subglobosas,reticuladas, glabras.Material examinado: Cacimba Nova, 31.III.2006, K. Pinheiro et al. 90 (UFP).

Material adicional:  ALAGOAS: Piranhas, Fazenda Poço da Ingazeira, 27.IV.2005, D. Coelho 695 (UFP).

CEARÁ: Caucaia, 27.IV.2006, A. Alves-Araújo et al. 166 (UFP). PERNAMBUCO: Cabo de Santo Agostinho, Praia de Itapoama,

07.IV.2006, V.E.L. Lins et al. 16 (UFP). Vitória de Santo Antão, 11.VII.1961, S. Tavaves 653 (IPA).

Comentários: Hybanthus calceolaria  tem ampla distribuição no Brasil, ocorrendo praticamenteem todos os estados, exceto na região Sul, sendo bastante comum em dunas e restingas (Souza &Souza 2002b). Possui aplicação na medicina popular no tratamento de amebas, verminoses e tosses,sendo suas raízes utilizadas como emenagogo (Agra et al. 2007). Esta espécie diferencia-se de Hybanthuscommunis  pela corola pilosa, apêndices estaminais com comprimentos diferenciados, estilete piloso e

fruto elipsóide. 

74.2. H YBANTHUS   COMMUNIS   (A. St.-Hil.) Taub., Nat. Panzenfam. 6(119): 333. 1895.Prancha 32, g. E-F.

Ervas eretas, 30cm alt., ramos pilosos, tricomas simples. Folhas 4,5x6,5cm compr., alternas,espiraladas, elípticas, agudas, atenuadas, camptódromas; pecíolo 5-7mm compr., piloso; estípulas3-5mm, lineares, pilosas. Inorescências  em racemos terminais ou ores solitárias, axilares; cálice3-4mm compr., margens inteiras estas pilosas juntamente com a nervura central; corola glabra, pétalaanterior 8mm compr., ungüiculada, pétalas intermediárias 4mm compr., lanceoladas, pétalas posteriores3mm compr., lanceoladas; estames calcarados, 2-2,5mm compr., letes subsésseis, apêndices terminais

1mm compr., simétricos; estilete 3mm compr., piloso; estigma capitado. Fruto  cápsula, 0,5x0,4cm,globosa, glabra; sementes 0,2x0,2cm, subglobosas, reticuladas, glabras.Material examinado: Serra da Umburanas, 18.IV.2007, M. C. Pessoa et al 143 (UFP).

Material adicional:  ALAGOAS: Piranhas, 08.VII.2005, D. V. Braga et al. (IPA-73881); PERNAMBUCO:

Recife, Parque do IPA, 01.III.1936, Vasconcelos- Sobrinho s.n. (UFP-00049). RIO GRANDE DO SUL: Guaíba, Serra do Sudeste,

03.XII.1989, C. Schlindwein 363 (UFP). SERGIPE: Canindé do São Francisco, 09.VII.2005, D. V. Braga et al. (IPA-73871).

Comentários: ocorre na Venezuela, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai e no Brasil, nosestados de Mato Grosso, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de

 Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul (Souza & Souza 2002b). Hybanthus communis  diferencia-se de H. calceolaria  por não apresentar corola glabra, apêndices estaminais de mesmo comprimento,estilete glabro e fruto globoso.

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351- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

75. V ITACEAE

 Júlio Antonio Lombardi 

Lianas com gavinhas opostas às folhas, raramente subarbustos, arbustos, ou arvoretas; glabrosou pilosos, tricomas simples ou ramicados; ramos vegetativos de crescimento monopodial produzindoramos reprodutivos curtos. Folhas alternas, pecioladas, estipuladas, simples ou compostas, lobadasou não. Inorescências  compostas, cimosas ou racemosas, opostas às folhas ou raramente extra-axilares. Flores pediceladas ou mais raramente sésseis, actinomorfas, monóclinas ou funcionalmentedíclinas, hipogínicas; cálice (4-)5-mero, gamosépalo; corola (4-)5-mera, pétalas livres ou unidas no ápice,

 valvares, quase sempre caducas na antese ou logo após; estames 4(-5), livres entre si, opostos às pétalas,anteras (2-)4-esporangiadas, ditecas; quase sempre com disco nectarífero intraestaminal, anular, adnatoà parede do ovário em graus variados; ovário bicarpelar, bilocular, súpero; estilete central, estigmaobscuro, discóide, capitado ou raramente 4-lobado; óvulos dois em cada lóculo, ascendentes, anátropos.Fruto baga ou ansarco, uma a duas ou mais sementes.

 Vitaceae inclui 13 a 15 gêneros que ocorrem nas regiões tropicais, subtropicais e temperadasdo mundo. No Brasil, apenas o gênero Cissus  ocorre naturalmente com 44 espécies, principalmenteem áreas de mata, mas também presentes em campos, restingas e cerrado. Poucas espécies ocorremna região de caatinga, mas estas incluem espécies com notáveis adaptações aos ambientes xéricos,

como a presença de xilopódios e ramos renovados a cada estação em Cissus simsiana (aqui tratada) ouramos perenes e suculentos em C. decidua e C. bahiensis, das quais apenas a primeira registrada paraMirandiba.

LOMBARDI, J. A. 2000. Vitaceae - Gêneros Ampelocissus , Ampelopsis  eCissus .Flora Neotropica, 80: 1-251.

CHAVE PARA   AS ESPÉCIES DE V ITACEAE

1. Folhas simples, margem denticulada, secando escuras emembranáceas; ores verde-amareladas ............................. ............................... ..................... Cissus tinctoria 

1’. Folhas compostas, margem denticulada, denteada ou serreada, não secando

como acima; ores verde-amareladas ou vermelhas ........................... ............................... ..............................2

2. Folhas digitadas, margem serreada ou denteada, ores verde-amareladas....................Cissus simsiana 

2’. Folhas pinadas (comumente sem folhas quando oridas), margem

denticulada, ores vermelhas ou alaranjadas  ...........................................................................Cissus decidua 

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352

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

75.1. C ISSUS  DECIDUA Lombardi, Brittonia 48: 197. 1996.

Lianas, suculentas, tricomas malpiguiáceos. Folhas  bipinadas ou tripinadas, na oraçãogeralmente ausentes; lâminas 15,2-36x23-39,2cm; folíolos 9-11 pares, simples ou compostos, com 5-7foliólulos, elípticos, ovais, ou orbiculares, ápices agudos ou acuminados, margem denticulada, basescuneadas, esparso vilosos na face adaxial, esparso seríceos em ambas as faces, ou tomentosos emambas as faces, papiráceos. Inorescência umbeliforme, pedúnculos vermelhos, esparso tomentososou glabrescentes. Flores conoidais em botão; cálice vermelho, glabro; pétalas vermelhas ou alaranjadas,glabras; disco tubuliforme, vináceo, 4-lobado, lobos acrescentes no fruto. Fruto  baga, púrpura,piriforme, imatura com estilete róseo persistente.

Material examinado: estrada para o Br ejo do Grama, 1.X.2006, K. Pinheiro et al. 196 (HRCB, UFP).

Material adicional: PERNAMBUCO: Alagoinha, Fazenda Cajueiro Seco, 3.X.1995, L. Griz 43 (UFP).

Comentários: endêmica das caatingas arbustivo-arbóreas nos Estados de Alagoas, Bahia,Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Como conhecido popularmente como Cipó-d’água, Cipó-de-cobra, Cipó-de-fogo, Cipó-gordo, Cipó-mole ou Tripa-de-galinha, esta espécie é bastante comum nasua área de ocorrência e apresenta grande potencial ornamental, principalmente pelo seu crescimentorelativamente limitado e pelas belas ores vermelhas. Distingue-se prontamente das demais espéciespelos ramos muito suculento, folhas pinadas e ores vermelhas.

75.2. C ISSUS  SIMSIANA Schult. & Schult. f., Mant. 3: 246. 1827.Lianas; ramos com nós engrossados; tricomas não ramicados, não glandulares. Folhas 

digitadas, raramente algumas com folíolos conatos e trifolioladas ou mesmo simples trilobadas; lâminas

4,5-11,6x4,5-11,7 cm; folíolos (3-)5, elípticos ou obovados, ápice agudo, margem serreada ou denteada,base cuneada, glabros em ambas as faces, pubérulos na face adaxial, vilosos ou tomentosos na faceabaxial principalmente ao longo das nervuras, às vezes com domácias pilosas nas axilas das nervurassecundárias na face abaxial, herbáceos. Inorescência  umbeliforme, raro com ramos volúveis;pedúnculos verdes, tomentosos. Flores conoidais em botão; cálice verde-amarelado, glabro ou esparsopubérulo; pétalas verde-amareladas ou avermelhadas, glabras ou esparso pubérulas; disco discóide,esverdeado a rosado. Fruto baga, amarela a púrpura, esférica.

Material examinado: próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007, L. G. R. Souza 31 (HRCB, UFP); Fazenda

Baixa Grande, 19.IV.2007, J. R. Maciel et al. 446 (HRCB, UFP); Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. R. Maciel et al. 432 (HRCB,

UFP); próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007, D. Araújo et al. 253 (HRCB, UFP); próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007,

D. Araújo et al. 250 (HRCB, UFP); próximo a Serra das Umburanas, 18.IV.2007, J. S. Silva et al. 192 (HRCB, UFP); Serra do Tigre,31.V.2006, K. Pinheiro 190 (HRCB, UFP).

Comentários:  ocorre no Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina, em ampla variedade deambientes, em matas, campos, cerrados, e vegetação secundária. No Brasil só não ocorre na Amazônia,sendo bastante comum nas áreas de caatinga, freqüentemente coletada nos estudos orísticos doNordeste. Pode ser facilmente reconhecida pelos ramos com nós grossos e pelas folhas digitadas.

75.3. C ISSUS  TINCTORIA Mart. in  Spix & Martius, Reise Bras. 1: 368. 1823.Lianas, secas enegrecidas e frágeis; tricomas não ramicados ou raro alguns malpiguiáceos,

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353- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

não glandulares. Folhas simples, 3-5-lobadas ou não; lâminas 5,1-16,3x3-20,4cm, oblongas, triangulares,

ou elípticas, ápice acuminado, margem denticulada, base cordada, subcordada, truncada, ou cuneada,glabras ou pubérulas ao longo das nervuras principais na face adaxial, pubérulas na face abaxial,membranáceas ou papiráceas, comumente levemente buladas, secas membranáceas. Inorescência umbeliforme; pedúnculos verdes, pubérulos. Flores elipsoidais ou conoidais em botão; cálice verde-amarelado, glabro; pétalas verde-amareladas, glabras; disco côncavo, amarelo. Fruto  baga, púrpura,esférica.

Material examinado: Fazenda Baixio Grande, 19.IV.2007, Y. Melo et al. 185 (UFP); estrada próxima a Fazenda

Tigre, 17.IV.2007, D. Araújo et al. 243 (UFP).

Comentários: esta espécie apresenta variações morfológicas cujo padrão de ocorrênciacoincide com sua disjunção geográca, com populações no Norte-Nordeste e no Sudeste do Brasil.

No Norte e no Nordeste as folhas são relativamente menores, e os botões orais são elipsóides, emcontraste com marcadamente conoidais no Sudeste. Não existem, no entanto, diferenças sucientesentre as duas populações, quando secos espécimes de ambas possuem as características cor enegrecidae textura membranácea das folhas.

76. Z YGOPHYLLACEAE

 Jefferson Rodrigues Maciel & Marccus Alves 

Ervas perenes ou anuais, terrestres. Folhas opostas, compostas, estípulas presentes; folíolosovais a elípticos, acuminados, oblíquos, margem inteira, glabra na superfície adaxial e lanada na superfícieabaxial. Flores bissexuadas, díclinas, actinomorfas, diclamídeas, hipóginas, pentâmeras; pétalas livres;sépalas lanceoladas, agudas; estames livres, epipétalos; antera rimosa; ovário súpero, sincápico, carpelos10, lóculos 10, placentação axilar, 1 semente por lóculo. Fruto esquizocárpico; mericarpos 10.

Zygophyllaceae é amplamente distribuída nas regiões tropicais e temperadas, sendorepresentada por cerca de 240 espécies, classicadas em 24 gêneros. No Brasil estão registrados três

gêneros e cinco espécies (Porter 2004, Engler 1874). São encontradas principalmente nas regiões áridase semi-áridas de ambos os hemisférios. Muitas espécies desta família tem usos relatados na medicinapopular de diversos países, devido a presença de alcalóides ou resina de alguns gêneros arbóreos, tendoa última recentemente sido associada a atividade anti-oxidante e aplicada na conservação de alimentos.Melo (2006) registrou duas espécies para o semi-árido nordestino, estando uma delas registrada nestetrabalho: Kallstroemia tribuloides  (Mart.) Steud.

ENGLER, H. G. A. 1874. Zygophylleae. In : MARTIUS, C. & EICHLER, A. G. (eds.). FloraBrasiliensis, 12(2): 63-74.

MELO, E. 2006. Zygophyllaceae. In : GIULIETTI, A. M., CONCEIÇÃO, A. & QUEIROZ,

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354

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

FLORA  DE MIRANDIBA  -

L. P. (eds.). Diversidade e caracterização das fanerógamas do semi-árido brasileiro. Associação

Plantas do Nordeste, Recife, 1: 230.PORTER, D. M. 2004. Zygophyllaceae. In : SMITH, N.; MORI, S. A.; HENDERSON. A.;

STEVENSON, D. Wm. & HEALD, S. V. (eds). Flowering plants of the Neotropics, PrincentonUniversity Press, New York, 400-401.

76.1. K  ALLSTROEMIA TRIBULOIDES  (Mart.) Steud., Nomencl. Bot. 1: 844. 1840.Prancha 32, g. G.Ervas anuais, prostradas, ca. 70cm alt.. Folhas compostas; ráquis lanada; folíolos 10, 1-1,5x0,4-

0,6cm, ovais a elípticos, acuminados, oblíquos, glabros na face adaxial e lanados na abaxial, margeminteira,. Flor solitária, axilar; pétalas 5, 8mm compr., amarelas, obdeltóides, truncadas; sépalas 5, 7mm

compr., lanadas; estames 10, 4-5mm, inseridos na base da pétala, insertos; ovário anguloso; estigmalobado, estilete umbraculiforme, com porção distal dilatada. Fruto esquizocárpico; mericarpos 4mmcompr., indeiscentes, reticulados, unido no ápice pela porção distal dilatada do estilete.

Material examinado: Serra do Tigre, 17.IV.2007, Y. Melo et al. 151 (UFP).

Comentários: ocorrente na América do Sul tropical, sendo característica da caatinga ondehabita solos pedregosos. Caracteriza-se pelos ramos prostrados e frutos esquizocárpicos com 10mericarpos unidos no ápice pela porção distal do estilete umbraculiforme. Quando da separação dosmericarpos, a coluna central dilatada permanece. Este conjunto de caracteres permite a diferenciaçãode Tribulus terrestris  L., também registrada para a caatinga.

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355- FLORA  DE MIRANDIBA 

F AMÍLIAS MONOGRAFADAS

  Prancha 32. Figuras A-B. Selaginella convoluta. A. Hábito. B. Vista dorsal do ramo. C-D. Hybanthus

calceolaria. C. Androceu. D. Fruto. E-F. Hybanthus communis. E. Androceu. F. Fruto. G. Kallstroemia 

tribuloides. Ramo com fruto.

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