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FLORA ARBÓREA DA FLORESTA ESTACIONAL BAIXO-MONTANA NO MUNiCíPIO DE SANTA MARIA, RS, BRASIL RESUMO Este trabalho visa fornecer informações sobre a composição florística e ecologia das árvores e arvoretas que compõem a Floresta Decidual Baixo-Montana, no município de Santa Maria, RS, Brasil. Durante um perí- odo de dois anos, foram amostradas 112 espécies pertencentes a 40 famílias botânicas, sendo que Myrtaceae, Leguminosae e Lauraceae apresentaram o maior número de espécies. Das 112 espécies coletadas, 23 foram classificadas como pioneiras, 42 como secun- dárias iniciais, 33 como secundárias tardias e 14 como espécies de sub-bosque, sendo que a maioria destas apresenta síndrome de dispersão zoocórica. Palavras-chave: Florística, floresta estacional, Santa Maria, RS. 1 INTRODUÇÃO A Floresta Decidual Baixo-Montana é apenas uma das unidades fitofisionômicas que compõem a Floresta Estacional da fralda da Serra Geral, que, conjuntamente com a Floresta Estacional do vale do rio Uruguai, com- põern praticamente a Floresta Estacional no Estado do Rio Grande do Sul. No município de Santa Maria, a Floresta Decidual Baixo-Montana está representada por um conjunto de fragmentos florestais de tamanhos e graus de perturba- ção muito variados, em conseqüência da ação antrópica num processo crescente de descaracterização desta floresta. O objetivo deste trabalho é fornecer informações sobre a composição florística e a ecologia das popula- ções de árvores e arvoretas que compõem a Floresta Decidual Baixo-Montana, gerando subsídios para a ela- boração de propostas de uso e conservação dos seus recursos genéticos. 2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Caracterização da área O município de Santa Maria localiza-se nas coor- denadas 53°45'W e 29°40'S, região da Depressão Cen- tral, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A tempera- (1) Instituto de Biociências, USP. M. TABARELLI1 ABSTRACT This paper aims to provide information aboutthe floristic composition and ecology of trees and small trees thatformthe stationalforest in the Santa Maria municipality, RS, Brazil. During two years, 112 species were founded, from 40 botanical families, where the biggest number of them belongs to Myrtaceae, Lauraceae and Leguminosae. From the 112 species, 23 were classified as pionner, 42 as early secondary, 33 as late secondary and 14 as understore ones. The most have zoocoric dispersal syndrome. Key words: Floristic, stational forest, Santa Maria, RS. tura média anual é de 19,2° C (MORENO, 1961), existin- do um período, formado pelos meses de novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março, onde a temperatu- ra média das médias é superior a 20°C e outro período, formado pelos meses de inverno onde a temperatura média das médias é inferior a 15° C (KLEIN, 1983). A precipitação média anual é de 1961 mm (MORE- NO, 1961), sendo que todos os meses do ano apresen- tam mais de 100 mm de chuva, não se constatando a ocorrência de déficit hídrico (KLEIN, 1983). O relevo da borda da Serra Geral, área "core" da floresta no município, é formado por um conjunto de patamares, fruto dos sucessivos derrames basálticos. Os solos são em sua maioria litólicos, ocorrendo também solos argilosos, eutróficos, não hidromórficos. 2.2 Análise da flora No período compreendido entre agosto/88 e agos- to/90 (24 meses), foram realizadas coletas mensais e concomitantemente a identificação de material botânico, percorrendo-se áreas cobertas pela floresta através de caminhamento aleatório. Parte deste material foi incor- porado ao SMDB-Herbário do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Santa Maria. A avaliação da estratégia de regeneração, modo de dispersão de sementes e distribuição geográfica das espécies, foi obtida através de observações de campo e revisão bibliográfica. Anais - 2 2 Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92 260

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  • FLORA ARBÓREA DA FLORESTA ESTACIONAL BAIXO-MONTANA NOMUNiCíPIO DE SANTA MARIA, RS, BRASIL

    RESUMO

    Este trabalho visa fornecer informações sobre acomposição florística e ecologia das árvores e arvoretasque compõem a Floresta Decidual Baixo-Montana, nomunicípio de Santa Maria, RS, Brasil. Durante um perí-odo de dois anos, foram amostradas 112 espéciespertencentes a 40 famílias botânicas, sendo queMyrtaceae, Leguminosae e Lauraceae apresentaram omaior número de espécies. Das 112 espécies coletadas,23 foram classificadas como pioneiras, 42 como secun-dárias iniciais, 33 como secundárias tardias e 14 comoespécies de sub-bosque, sendo que a maioria destasapresenta síndrome de dispersão zoocórica.

    Palavras-chave: Florística, floresta estacional, SantaMaria, RS.

    1 INTRODUÇÃO

    A Floresta Decidual Baixo-Montana é apenas umadas unidades fitofisionômicas que compõem a FlorestaEstacional da fralda da Serra Geral, que, conjuntamentecom a Floresta Estacional do vale do rio Uruguai, com-põern praticamente a Floresta Estacional no Estado doRio Grande do Sul.

    No município de Santa Maria, a Floresta DecidualBaixo-Montana está representada por um conjunto defragmentos florestais de tamanhos e graus de perturba-ção muito variados, em conseqüência da ação antrópicanum processo crescente de descaracterização destafloresta.

    O objetivo deste trabalho é fornecer informaçõessobre a composição florística e a ecologia das popula-ções de árvores e arvoretas que compõem a FlorestaDecidual Baixo-Montana, gerando subsídios para a ela-boração de propostas de uso e conservação dos seusrecursos genéticos.

    2 MATERIAL E MÉTODOS

    2.1 Caracterização da área

    O município de Santa Maria localiza-se nas coor-denadas 53°45'W e 29°40'S, região da Depressão Cen-tral, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A tempera-

    (1) Instituto de Biociências, USP.

    M. TABARELLI1

    ABSTRACT

    This paper aims to provide information aboutthefloristic composition and ecology of trees and small treesthatformthe stationalforest in the Santa Maria municipality,RS, Brazil. During two years, 112 species were founded,from 40 botanical families, where the biggest number ofthem belongs to Myrtaceae, Lauraceae and Leguminosae.From the 112 species, 23 were classified as pionner, 42as early secondary, 33 as late secondary and 14 asunderstore ones. The most have zoocoric dispersalsyndrome.

    Key words: Floristic, stational forest, Santa Maria, RS.

    tura média anual é de 19,2° C (MORENO, 1961), existin-do um período, formado pelos meses de novembro,dezembro, janeiro, fevereiro e março, onde a temperatu-ra média das médias é superior a 20°C e outro período,formado pelos meses de inverno onde a temperaturamédia das médias é inferior a 15° C (KLEIN, 1983).

    A precipitação média anual é de 1961 mm (MORE-NO, 1961), sendo que todos os meses do ano apresen-tam mais de 100 mm de chuva, não se constatando aocorrência de déficit hídrico (KLEIN, 1983).

    O relevo da borda da Serra Geral, área "core" dafloresta no município, é formado por um conjunto depatamares, fruto dos sucessivos derrames basálticos.Os solos são em sua maioria litólicos, ocorrendo tambémsolos argilosos, eutróficos, não hidromórficos.

    2.2 Análise da flora

    No período compreendido entre agosto/88 e agos-to/90 (24 meses), foram realizadas coletas mensais econcomitantemente a identificação de material botânico,percorrendo-se áreas cobertas pela floresta através decaminhamento aleatório. Parte deste material foi incor-porado ao SMDB-Herbário do Departamento de Biologiada Universidade Federal de Santa Maria.

    A avaliação da estratégia de regeneração, modo dedispersão de sementes e distribuição geográfica dasespécies, foi obtida através de observações de campo erevisão bibliográfica.

    Anais - 22 Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92 260

  • 3 RESULTADOS OBTIDOS

    TABELA 1- Nome científico, família botânica e distribuição geográfica das espécies encontradas

    Nome Científico Distribuição Geográficae

    Família Botânica F. Est. F.O.Mist. F.O.Den.

    ANACARDIACEAELithrae molleoides EnglerSchinus molle Linnaeus RS SP RS SPSchinus terebentifolius Raddi RS SP RS SP

    ANNONACEAERollinia rugulosa Schllecht. RS RS RS SPRollinia silvatica (St. Hill.) RS SP RS RS SP

    ARALlACEAEDidymopanax morototoni (Aubl) Decne. RS SP RS RS SP

    BIGNONIACEAEJacaranda puberula Chamo RS SP RS RS SPTabebuia avellanedae Lorentz. ex Griseb. RS SP RSTabebuia pulcherrima Sandwith RS SP RS SPTecoma stans (L.) Kunth. RS

    BORAGINACEAECordia ecalyculata Vell, RS SP RS RSCordia trichotoma (Vell.) Arrab. RS SP RS RSPatagonula americana L. RS SP RS RS

    CARICARACEAECarica quercifolia (St. Hil.) Helron RS SP RS

    C~LASTRACEAEMaytenus aquifolium Mart. RS

    COMBRETACEAETerminalia australis Mart. ex Reiz RS SP SP

    COMPOSITAEBaccharis dracunculifolia DC RS SP SPDazyphyllum spinecens (Less.) RS SP RS SPGochnatia polymorpha (Lessing) Cabrera RS SP RS SP

    EBENACEAEMaba inconstans (Jacq.) Griseb. RS SP

    ERYTHROXYLACEAEErythroxylum argentinum Schultz. RS RSErythroxylum deciduum St.Hil, RS SP RS RS

    EUPHORBIACEAEActinostemon concolor (Spreng.) Muell, Arg. RS SP RS SPAlchornea triplinervia (Spreng.) Muell, Arg. RS SP RS RS SPSapium glandulatum (Vel.) Pax. RS SP RS RS SPSebastiana brasiliensis Spreng. RS SP RS RS SPSebastiana klostzchiana (M.Arg.)M. Arg. RS SP RS RSSebastiana serra ta M. Argovensis RS SP continua

    Anais - 2Q Congresso Nacional sobre Essências Nativas . 29/3/92-3/4/92 261

  • TABELA 1 - Continuação

    Nome Científico Distribuição Geográficae

    Família Botânica F. Est. F.O.Mist. F.O.Den.

    FLACOU RTIACEAEBanara tomentosa Cios RS SP RSCasearia decandra Jacq. RS SP RS RS SPCasearia sy/vestris Swartz RS RS RS SP

    ICACINACEAECitronel/a panicu/ata (Mart.) Howard RS SP RS RS SP

    LAURACEAEAiouea sa/igna Meiss RS SP RS SPNectandra /anceo/ata Nees RS SP RS RS SPNectandra megapotamica Mez RS SP RS RS SPNectandra rigida Nees RS SP RS SPNectandra saligna Nees et Mart. RS SP RS SPOcotea indecora Schot. ex Meiss RS SP SPOcotea puberu/a Nees RS SP RS RS SPOcotea pu/che/a Mart. RS SP RS RS SP

    LEGUMINOSAEAcacia bonariensis Gillies RSA/bizia austrobrasilica Burk. RSA/bizia niopoides (Benth.)Burk. RSApu/eia /eiocarpa (Vog.) Macbr. RS SP RSBauhinia candidans Benth. RS RSCalliandra sel/oi (Spreng.) Macbr. RS SPCalliandra tweediei Benth. RS SP RSDa/bergia brasiliensis Vogo RS SP RS RS SPEntero/ubium contortisiliquum (Vell.) Morong. RS SP RSErythrina cristagalli L. f1S SP RS RSErythrina fa/cata Benth. RS SP RS RS/nga marginata Willd. RS SP RS SP/nga sessilis (Vell.) Mart. RS SP RS SP/nga uruguensis Hook. & Arm. RS SP RS SPMachaerium stipitatum Vogo RS SP RS RSMimosa bimucrunete (DC.) O.Kuntze RS SP RSMyrocarpus frondosus Fr. Allen. RS SP RS RSParapiptadenia rigida (Benth.) Brenam RS SP RS RS

    MELlACEAECabra/ea canjerana (Vell.) Mart. RS SP RS RS SPCedre/a fissilis (Vell.) RS SP RS RS SPTrichilia catigua A. Juss. RS SP SPTrichilia c/ausseni C. DC. RS SP RS SPTrichilia e/egans A. Juss. RS SP RS RS SP

    MORACEAECh/orophora tinctoria L. Gaud. RS SP RS SPFicus enormis (Martius ex Miguel) Miguel RS SP RS SPFicus organensis (Miq.) Miq. RS SP RSSorocea bomp/andii (Baillon) Burger Lanjow & Boer RS SP RS SP

    MYRSINACEAERapanea ferruginea (R.&P.) Mez RS SP RS RS SP

    continua

    Anais - 2Q Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92 262

  • TABELA 1- Continuação

    Nome Científicoe

    Família Botânica

    Distribuição Geográfica

    F. Est. F.O.Mist. F.O.Den.

    Rapanea umbellete (Mart. A. DC.) Mez RS SP RS SP

    MYRTACEAEBlepharoealyx salieifolia (H.B.K.) Berg.Britoa guazumaefolia (Camb.) Legr.Campomanesia xanthoearpa Berg.Eugenia involuerata DC.Eugenia rostrifolia Legr.Eugenia uniflora L.Myrcianthes pungens (Berg.)Psidium catlleianum Sabine

    RSRSRS SPRS SPRSRS SPRS SPRS

    RS

    RS SP

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    RS SP

    RS SP

    RSRS

    RS SP

    RS SPRS SPRS SP

    RS

    RS SPRS SPRS SPRS SP

    RS SPRS SPRS SP

    RSRSRSRS

    SPSP

    RS SPRS SPRS SPRS SPRS

    RSRS RS SP

    NYCTAGINACEAEPsonia ambigua Heimrl. RS SP

    PALMAESyagrus romansoffiana (Cham.) Glass. RS RS SP

    PHYTOLACACEAEPhyto/acca dioica L.Seguieria guaranitica Speg.

    RS RS

    POLYGONACEAERuprechtia laxiflora Meissn. RS

    RHAMNACEAESeutia buxifolia Reissek. RS

    ROSACEAEPrunus subcoriacea (Chod. et Hassl.) HoeneQuillaja brasiliensis Mart.

    RSRS

    RS

    RUBIACEAERandia armata (Sw.) DC. RS SP

    RUTACEAEHelietta longifoliata Britt.Zanthoxylum hiema/e St. Hil.Zanthoxylum rhoifolium Lamb.

    RSRSRS RS SP

    SALlCACEAESalix humboltidiana Willd. RS

    SAPINDACEAEAllophilus edulis (St. Hil.) Radlk.Allophilus guaraniticus Camb.Cupania vernalis Camb.Matayba eleagnoides Radlk.

    RS RS SPSP

    RS SPRS SP

    RSRS

    SAPOTACEAEChrysophyllum gonocarpum (Mart. ex Eichl.) EnglerChrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.Chrysophy/lum viride Mart. Eich. ex Miq.

    RS SPRS SPRS SP

    continua

    Anais - 2º Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92 263

  • TABELA 1 - Continuação

    Nome Científicoe

    Família Botânica

    Distribuição Geográfica

    F. Est. F.O.Mist. F.O.Den.

    Pouteria gardneriana (DC.) Radlk. RS SP SP

    SIMAROUBACEAEPicramia parvifolia Engler RS SP

    RS SPRS SP RS

    RS SP RS

    RS SP RS

    RS SP RS

    RS SP RS

    RS SPRS SP

    RS SPRS SP

    RS SP

    SOLANACEAEAcnistus breviflorus Sendth.Solanum erianthum D. Don.

    SPRS SP

    STYRACACEAEStyrax leprosus Hook. et Arn. RS

    SYMPLOCACEAESymplocus uniflora (Pohl.) Benth RS

    THYMELAEACEAEDaphnopsis racemosa Griseb. RS SP

    TILlACEAELuhea divaricata Mart. RS SP

    ULMACEAECeltis spinosa Spreng.Trema micrantha (L.) Blume RS SP

    URTICACEAEBohemeria caudata Sw.Urera bacifera Gaud.

    SPSP

    VERBENACEAEAloysia virgata (Ruiz et Pavon) Juss. RS SPCytharexylum montevidensis Chamo RSCytharexylum myrianthum Chamo RS SP RS SP

    (*) Dados de distribuição geográfica das espécies obtidos em REITZ et alii (1988) e MANTOVANI (comunicação oral)

    TABELA 2 ~Espécies encontradas, suas estratégias de regeneração e modo de dispersão de sementes

    Nome Científicoe

    Estratégia de Regeneração

    Modo de Dispersão

    Anemo. Auto. Zoo. Baro.

    PIONEIRASAcacia bonariensisAcnistus breviflorusAloysia vitgataBaccharis dracunculifoliaBauhinia candidansBohemeria caudataCalliandra sel/oiCalliandra tweedieiCeltis spinosa

    xx

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    x .continua

    Anais - 22 Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92 264

  • TABELA 2 - Continuação

    Nome Científicoe

    Estratégia de Regeneração

    Da/bergia variabilisDasyphy/um spinecensGochna tia po/ymorphaHelietta /ongifoliataMimosa bimucrunataPsidium catt/eianumSalix humbo/dtianaSapium g/andu/atumScutia buxifoliaSo/anum erianthumSyagrus romansoffianaTecoma stansTerminalia australisTrema micrantha

    SECUNDÁRIAS INICIAISAiouea salignaA/bizia austrobrasilicaA/bizia niopoidesA/chornea triplinerviaApu/eia /eiocarpaBritoa guazumaefoliaCampomanesia xanthocarpaCarica quercifoliaCasearia decandraCasearia sy/vestrisCordia eca/ycu/ataCordia trichotomaCytharexy/um montevidensisEnterolobium contortisiliquumErythrina cristagalliEugenia uniflora/nga marginata/nga sessilis/nga uruguensisLithraea molleoid~s':Luhea divaricataMachaerium stipitátumMyrocarpus frondosusOcotea puberu/aOcotea pu/cheiaParapiptadenia rigidaPatagonu/a americanaPhyto/acca dioicaPouteria gardnerianaPrunussubcoriaceaQuillaja brasiliensisRapanea ferrugineaRapanea umbellataSchinus molleSchinus terebentifoliusSebastiana brasiliensisSebastiana k/otzchianaSebastiana serrata

    Anais - 22 Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92

    Modo de Dispersão

    Anemo. Auto. Zoo. Baro.

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    continua

    265

  • TABELA 2 - Continuação

    Symp/ocus unífloraTabebuia ave/lanedaeTabebuia pu/cherrimaZanthoxy/um hyemaleZanthoxylum rhoyfolium

    SECUNDÁRIAS TARDIASBanara tomentosaBlepharocalix salicifoliusCabralea canjeranaCedrela fissilisChlorophora tinctoriaChrysophyllum gonocarpumChrysophy/lum marginatumChrysophyllum virideCupania vernelisCytharexylum myrianthumDidymopanax morototoniErythrina fa/cataErythroxylum americanumErythroxylum deciduumEugenia involucrataEugenia rostrifoliaFicus enormisFicus organensisJacaranda puberulaMaba inconstansMatayba eleagnoidesMyrcianthes pungensNectandra lanceolataNectandra megapotamicaNectandra rigidaNectandra salignaOcotea indecoraRollinia rugolosaRollinia si/vaticaRuprechtia laxifloraSeguieria guaraniticaStyrax leprosusVitex megapotamica

    SUB-BOSQUEActinostemom concolorAllophylus edulisAllophy/us guaraniticusCitrone/la paniculataDaphnopsis racemosaMa ytenus equiioliurnPicramia parvifoliaPisonia ambiguaRandia armataSorocea bomp/andiiTrichilia catiguaTrichilia clausseniTrichilia e/egansUrera bacifera

    Modo de Dispersão

    Anemo. Auto. Zoo. Baro.

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    Nome Científicoe

    Estratégia de Regeneração

    Anais - 22 Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92

  • 4 DiSCUSSÃO

    4.1 Aspectos florísticos

    No Estado do Rio Grande do Sul ocorrem trêsgrandes grupos de formações florestais que são a Flo-resta Ornbrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista e aFloresta Estacional, que cobre principalmente o vale dorio Uruguai e a fralda da Serra Geral. Com base nosresultados apresentados na TABELA 1, esta floresta nomunicípio de Santa Maria é composta por 112 espéciesde árvores e arvoretas pertencentes a 40 famílias botâ-nicas.

    As famílias com maior número de espécies são:Leguminosae, Myrtaceae e Lauraceae. Estas três famí-lias são também as mais importantes nas outras forma-ções florestais do Estado. Myrtaceae, por exemplo,apresenta o maior número de espécies na FlorestaOmbrófila Densa, na Floresta Ombrófila Mista e naFloresta Estacional da fralda da Serra Geral (REITZ etalii, 1988).

    Entre os gêneros mais representativos estãoNectandra, Ocotea, Trichllle e Inga. Nectandra e Ocoteaconjuntamente com Eugenia, Myrcia e Marliera formamum grupo característico em quase todas florestas no RS.

    Analisando a descrição florística e fitofisionômicada Floresta Decidual Baixo-Montana na fralda da SerraGeral, feita por KLEIN (1983), pode-se afirmar que amesma no município de Santa Maria, é composta pelomesmo grupo de espécies que a caracterizam.

    Dentro deste grupo podemos citar: Apuleia leiocarpado estrato emergente; Cedrela fissilis, Cabraleacanjerana, Patagonula americana e Cordia trichotoma,do dossel; e Actinostemon concolor, Trichille catigua eTrichilia e/egans, do sub-bosque.

    Acacia bonariensis, Bohemeria cauda ta, Mimosabimucrunata, Albizia niopoides, Albizia austrobrasilica,Schinus moI/e, Baccharis dracunculifolia, Seguieriaguaranitica, Gochnatia polymorpha, Celtis spinosa, en-tre outras, não constam na flora da Floresta Estacionalda fralda da Serra Geral apresentada por KLEI N (1983).

    A similaridade florística que a Floresta DecidualBaixo-Montana, em Santa Maria, apresenta, quandocomparada com o restante da Floresta Estacional dafralda da Serra Geral, pode ser explicada pelo fato daprimeira ser uma unidade fitofisionômica da segunda.

    Há certa similaridade, também, com a FlorestaEstacional da bacia do rio Uruguai, o que reforça a idéiada Floresta Estacional da fralda da Serra Geral ser umadiluição pobre da floresta do rio Uruguai, enriquecidacom elementos da Floresta Ombrófila Densa e principal-mente da Floresta Ombrófila Mista (KLEI N, 1983 e 1984;RAMBO, 1951).

    Quanto à distribuição das espécies que compõema floresta estudada, pode-se dizer que a FlorestaEstacional da fralda da Serra Geral é uma síntese dasprincipais formações florestais do Estado e o limiteaustral, no território brasileiro, de uma flora de ampladistribuição geográfica e ecológica.

    4.2 Aspectos ecológicos

    Muitos autores têm agrupado as especies quecompõem a floresta tropical em grupos ecológicos combase na estratégia de regeneração que cada uma apre-senta.

    Para WHITMORE (1989), as espécies tropicaispertencem a dois grandes grupos ecológicos distintos,sendo um grupo formado pelas espécies intolerantes àsombra ("shade intolerants") e o outro formado pelasespécies tolerantes à sombra ("shade tolerants").

    São consideradas espécies intolerantes à sombra,aquelas que, por sua ecofisiologia, são incapazes de sedesenvolverem sob o dossel da floresta madura, neces-sitando desta forma da presença de clareiras ou fasessucessionais da floresta onde as condições de luz sejamadequadas ao seu desenvolvimento.

    Espécies tolerantes à sombra são aquelas capa-zes de se desenvolverem sob o dossel da floresta atéatingirem o estágio reprodutivo, onde necessitam condi-ções mais adequadas de luminosidade.

    BUDOWSKI (1965) apresentou um modelo em quea sucessão secundária é formada por um conjunto deestágios sucessionais distintos e as espécies, por suavez, são agrupadas em função da sua ocorrência emcada um destes estágios. Neste modelo, o processo deregeneração florestal inicia-se com o estágio pioneiro,passa pelos estágios denominados secundário inicial etardio até o estádio clímax.

    Espécies pioneiras, secundárias iniciais e tardias,são incapazes de se desenvolverem sobo dossel dafloresta madura, o que permite classificá-Ias como into-lerantes à sombra. Espécies de estratégia clímax sãocapazes de se desenvolverem à sombra até atingirem afase reprodutiva, podendo também serem chamadas detolerantes à sombra.

    Para a análise das espécies encontradas na Flo-resta Decidual Baixo-Montana, no município de SantaMaria, foram adotadas as mesmas categorias propostaspor BUDOWSKI (1965), acrescentando-se a categoriade sub-bosque, visto que as outras categorias só con-templam as espécies de dossel.

    São consideradas pioneiras aquelas espécies que,para se desenvolver e reproduzir, precisam estar expos-tas a pleno sol. Como secundárias iniciais e tardias sãoclassificadas aquelas mais tolerantes ao sombreamento,quando comparadas às pioneiras, mas, também, inca-pazes de se desenvolver sob o dossel da floresta.

    As espécies de estratégia clímax e de sub-bosquedesenvolvem-se sob o dossel da floresta madura, sendoque somente as de sub-bosque completam seu ciclo vitalnessas condições. Estas cinco categorias propostas nãocontemplam a diversidade de estratégias de regenera-ção apresentadas pelas espécies que compõem a flores-ta, mas, sem dúvida, servem de base para a criação demodelos mais apurados.

    Muitas espécies apresentam uma grandeplasticidade de comportamento ocorrendo em váriosestágios sucessionais, formando o que poderia ser cha-

    Anais - 2Q Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92 267

  • mado de grupo ecológico de espécies indiferentes. Nes-te trabalho, optou-se por classificá-Ias em função do seucomportamento preferencial, em vez de utilizar estaoutra categoria.

    É importante salientar que o grau de tolerância aosombreamento, característica que determina a que gru-po cada espécie pertence, não é mensurado de formaobjetiva e sim de modo comparativo. Uma espécie seapresenta como secundária inicial ou tardia, por exem-plo, somente quando comparada com o conjunto dasespécies que compõe a floresta.

    Deste modo, a Floresta Decidual Baixo-Montanaem Santa Maria é formada por 23 espécies pioneiras, 42secundárias iniciais, 33 secundárias tardias e 14 espéci-es de sub-bosque. Espécies com estratégia de regene-ração do tipo cI ímax, conforme indicado por BU DOWSKI(1965), não foram encontradas.

    Existem poucos trabalhos com este enfoque paraas formações florestais brasileiras, contudo, parece queas florestas estacionais do Rio Grande do Sul, SantaCatarina, Paraná e São Paulo, ainda que desenvolvidas,possuem um número muito reduzido de espécies comestratégia clímax, o que as assemelha a um estágiosucessional das florestas equatoriais.

    Quanto ao modo de dispersão das espécies, há umpredomínio marcante da síndrome de zoocoria, princi-palmente entre aquelas consideradas secundárias tardi-as e de sub-bosque, o que reforça a idéia de que com oavanço da sucessão florestal passa a ocorrer um predo-mínio dos agentes bióticos sobre os agentes abióticos dedispersão.

    MATTHES (1980), trabalhando em florestaestacional no planalto paulista, encontrou 68% das espé-cies com síndrome de dispersão por animais. ROSSI(1987), estudando a flora de uma floresta estacional nomunicípio de São Paulo, também encontrou a maioriadas espécies com o mesmo tipo de síndrome. Todosestes dados parecem indicar uma tendência ao aumentoda importância da zoocoria em floresta estacional.

    5 CONCLUSÃO

    A Floresta Decidual Baixo-Montana no municípiode Santa Maria apresenta-se como uma síntese dasdemais formações florestais que ocorrem no RS, abran-gendo uma flora de ampla distribuição geográfica.

    Do ponto de vista ecológico, a maioria de suasespécies (56%), apresenta síndrome de dispersão poranimais, sendo que as espécies com síndrome deanemocoria e autocoria estão principalmente entre osgrupos das pioneiras e secundárias iniciais.

    Mesmo em estágios mais desenvolvidos, a flores-ta é composta principalmente por espécies secundáriastardias e de sub-bosque, não sendo observada nenhumaespécie com estratégia de regeneração do tipo clímax.

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    Anais - 22 Congresso Nacional sobre Essências Nativas - 29/3/92-3/4/92 268