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04/03/2017 1 Doenças da Cana de Açúcar: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa Carvalho Mestre em Fitopatologia (UFLA) Doutor em Fitopatologia (UnB) F2v003 Introdução Cana-de-açúcar: Saccharum officinarum L. Originária: Ásia Meridional (tropicais e subtropicais) – 19 a 32°C O Programa Nacional do Álcool (Pro-Álcool), lançado em 14 de novembro de 1975, deveria suprir o país de um combustível alternativo e menos poluente que os derivados do petróleo http://www.tudosobreplantas.com.br/a sp/plantas/ficha.asp?id_planta=37171 6 monóxido de carbono (CO), óxidos de enxofre (SO2), hidrocarbonetos A safra 2015/16 está estimada em 658,7 milhões de toneladas - O crescimento 3,8% em relação à safra anterior. A área plantada prevista deve ficar em 8.995,5 mil hectares, redução prevista de 0,1%, se comparada com a safra 2014/15. A produção de açúcar deve atingir 34,6 milhões de toneladas, 2,7% inferior à safra 2014/15. A produção de etanol total ultrapassa 29 bilhões de litros, aumento de 1,9%. CONAB, 2015 -Fornecimento de xarope para produção de realçadores de sabor (glutamato monossódico); - “Mel pobre” -Fornecimento de açúcar líquido invertido para a indústria de bebidas e de alimentos; -Açúcar Orgânico para o mercado internacional e interno; -Bagaço, resíduo da moagem da cana-de-açúcar, para forração e usado na co-geração de energia elétrica; -A torta de filtro (na adubação) - Cinzas residuais (agregado em concreto) -Bagaço hidrolizado para alimentação em confinamento bovino; - Fertiirrigação com vinhaça tratado; -Venda de credito de carbono. Lopes e Evangelista, 2010 Doenças 1 – Mosaico 2 – Amarelinho 3 – Escaldadura das folhas 4 – Raquitismo das soqueiras 5 – Estria vermelha 6 – Falsa Estria vermelha 7 – Ferrugem 8 – Carvão 9 – Mancha amarela 10 – Mancha ocular 11 – Podridão vermelha 12 – Podridão de Fusarium e Pokkah-Boeng 13 – Podridão abacaxi 14 – Podridões de raízes 15 - Nematóides 1 – Mosaico (Sugarcane mosaic vírus - SCMV) Família: Potyviridae Gênero: Potyvirus Varias estirpes foram encontradas para cada vírus Na cana-de-açúcar as estirpes A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L e M No Brasil - A, B e J

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04/03/2017

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Doenças da Cana de Açúcar: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle

Fitopatologia Aplicada

Daniel Diego Costa Carvalho

Mestre em Fitopatologia (UFLA)

Doutor em Fitopatologia (UnB)

F2v003

Introdução

Cana-de-açúcar: Saccharum officinarum L.

Originária: Ásia Meridional (tropicais e subtropicais) – 19 a 32°C

O Programa Nacional do Álcool (Pro-Álcool), lançado em 14 denovembro de 1975, deveria suprir o país de um combustívelalternativo e menos poluente que os derivados do petróleo

http://www.tudosobreplantas.com.br/asp/plantas/ficha.asp?id_planta=371716

monóxido de carbono (CO), óxidos de enxofre (SO2), hidrocarbonetos

A safra 2015/16 está estimada em 658,7 milhões de toneladas - O crescimento 3,8% em relação à safra anterior.

A área plantada prevista deve ficar em 8.995,5 mil hectares,redução prevista de 0,1%, se comparada com a safra 2014/15.

A produção de açúcar deve atingir 34,6 milhões de toneladas,2,7% inferior à safra 2014/15.

A produção de etanol total ultrapassa 29 bilhões de litros, aumentode 1,9%.

CONAB, 2015

-Fornecimento de xarope para produção de realçadores de sabor(glutamato monossódico); - “Mel pobre”

-Fornecimento de açúcar líquido invertido para a indústria debebidas e de alimentos;

-Açúcar Orgânico para o mercado internacional e interno;

-Bagaço, resíduo da moagem da cana-de-açúcar, para forração eusado na co-geração de energia elétrica;

-A torta de filtro (na adubação) - Cinzas residuais (agregado emconcreto)

-Bagaço hidrolizado para alimentação em confinamento bovino; -Fertiirrigação com vinhaça tratado;

-Venda de credito de carbono.Lopes e Evangelista, 2010

Doenças

1 – Mosaico2 – Amarelinho3 – Escaldadura das folhas4 – Raquitismo das soqueiras5 – Estria vermelha6 – Falsa Estria vermelha7 – Ferrugem8 – Carvão9 – Mancha amarela10 – Mancha ocular11 – Podridão vermelha12 – Podridão de Fusarium e Pokkah-Boeng13 – Podridão abacaxi14 – Podridões de raízes15 - Nematóides

1 – Mosaico(Sugarcane mosaic vírus - SCMV)

Família: PotyviridaeGênero: Potyvirus

Varias estirpes foram encontradas para cada vírus

Na cana-de-açúcar as estirpes A, B, C, D, E, F, G, H, I, J,K, L e M

No Brasil - A, B e J

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A. Micrografia eletrônica de transmissão de extrato foliar decana-de-açúcar infectada com mosaico mostrandopartículas virais alongadas e flexuosas,Barra de escala =200 nm; B. Micrografia eletrônica apresentando inclusõescilíndricas citoplasmáticas

Gonçalves et al., 2007

Canavial com sintomas do vírus do amarelecimento foliar.

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_80_22122006154841.html

Planta com sintoma do vírus do amarelecimento foliar.

Sintomatologia

Colmos de cana-de-açúcar podem apresentando sintomas de riscas e estriasdeprimidas que podem evoluir ate a necrose do tecido sub-epidérmico

http://www.ebah.com.br/content/ABAAABZTAAB/mosaico

Vasconcelos et al., 2009

Agrios, 2005

Epidemiologia

Os vírus possuem numerosos hospedeiros alternativos no grupo das gramíneas, tanto ervas daninhas como plantas cultivadas.

Agrios, 2005

Agrios, 2005

1. Adsorção; 2. Entrada; 3. Desnudamento; 4. Transcrição e tradução; 5. Replicação do genoma; 6. Montagem; e 7. Liberação

Medidas de controle do Mosaico:

1 - Uso de variedades resistentes

2 - Utilização de mudas sadias e eliminação de plantasdoentes

3 - Medidas de exclusão e quarentena

4 - A recuperação de materiais infectados pelo uso conjuntoda termoterapia e da cultura de meristema apical

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Variedades de cana-de-açúcar com relação à resistência àsdoenças:

93 variedades e clones apresentados41 são resistentes13 de resistência intermediária ou tolerância3 são suscetíveis 36 de reação não descrita

http://www.omegafertil.com.br/producao-de-cana-de-acucar-pode-ter-um-aumento-de-32/

http://www.banews.com.br/2015/04/os-beneficios-da-cana-de-acucar.html

2 – Amarelinho(Sugarcane yellow leaf vírus)

Família: LuteoviridaeGênero: Polerovirus

Pelos sintomas, período do ano e condições climáticas

“mal de outono” ou “declínio de outono”, anomaliaatribuída a fatores genéticos

Um vírus e fitoplasma, transmitido por cigarrinhas

A variedade SP71-616350% de perda

Sintomatologia

http://www.biologico.agricultura.sp.gov.br/artigos_ok.php?id_artigo=29#

Bordas dos talhões – soloscompactados

As nervuras foliares mostramintenso amarelecimento - faceabaxial

O limbo torna-se também amarelado e a nervura central,arroxeada

Plantas afetadas têm sistema radicular pequeno esuperficial

A doença não afeta o transporte de seiva bruta

Epidemiologia

http://www.agrobyte.com.br/index.php?pag=monitorar

Agrios, 2005

Medidas de controle do Amarelinho:

1 - Substituição de variedades que apresentam sintomas

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3 – Escaldadura das Folhas(Xanthomonas albilineans)

https://www.dreamstime.com/stock-illustration-e-coli-cell-gram-negative-bacterial-ribosomes-image47153955

0,25-0,3 x 0,6-1,0 µm

Crescimento lento

Forma colônias amarelas, brilhantes,convexas, de bordos lisos, viscosas

Gram negativa

Família: XanthomonadaceaeGênero: Xanthomonas

Sintomatologia

Sintoma latente

Sem manifestar sintomas externos

A identificação da doença exige,neste caso, a aplicação demétodos sorológicos ouisolamento do agente causal emmeio seletivoColmos maduros, observa-se,

ocasionalmente, descoloraçãovascular na região nodal queassemelha-se aos sintomas araquitismo da soqueira.Contreras et al., 2008.

http://fitopatologiaifmt.blogspot.com.br/2016_03_01_archive.html

Sintoma crônico

Queima das folhashttp://www.shouragroup.com/f_sugarcane_e.htm

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfsmUAI/antonio-augusto-dos-s-sousa?part=4

Sintoma agudo

Variedade susceptíveis

http://www.cirad.fr/en/research-operations/research-results/2014/sugarcane-leaf-scald-variety-plays-a-decisive-role-in-contamination

Epidemiologia

A temperatura ótima para seu crescimento varia de250C a 280C

Presença de variações na virulência

http://pt.wikihow.com/Podar-Hibiscoshttp://www.pg1com.com/?author=26

http://agristar.com.br/topseed-garden/tradicional-hortalicas/milho-doce-azteca/552126//

Medidas de controle da Escaldadura das Folhas :

1 - Uso de variedades resistentes

2 - Tratamento térmico de mudas para limpeza parcial domaterial de propagação

3 - Preparo das áreas de viveiros

4 - Afastar o viveiro de canaviais doentes ou de plantashospedeiras da bactéria

5 - Obter, manter e multiplicar matrizes livres da bactéria emambiente totalmente isolado para controlar contaminação

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4 – Raquitismo das Soqueiras(Leifsonia xyli subsp. xyli )

Família: MicrobacteriaceaeGênero: Leifsonia

0,25-0,35 x 1-4 µm

É baciliforme, reta ou ligeiramentecurva, aeróbica, gram-positiva

Brumbley et al., 2006

As colônias são circulares com margens internas,convexas e não pigmentada (0,1-0,3 mm de diâmetro,após 15 dias de crescimento)

Iglesia et al., 2007

Sintomatologia

http://cincae.org/areas-de-investigacion/manejo-de-enfermedades/raquitismo-de-la-soca-rsd/

Não apresenta sintomas externos aparentes

Crescimento irregular

Espessura do colmo

Além de estresse hídrico, outros fatores podem agravar ossintomas da doença tais como:

compactação, presença de ervas daninhas, herbicidas.

Vaso com coloração alterada variando de alaranjado-claroa vermelho-escuro, podendo-se observar vírgulas e traçosou pontos localizados preferencialmente nas partes maisprofundas do colmo.

http://www.canaoeste.com.br/conteudo/doencas-da-cana

Epidemiologia

Instrumentos de corte como: podão, colhedoras eplantadoras

A bactéria pode permanecer infectiva em restos de toletese no solo por vários meses

A transmissão aumenta rapidamente de um ciclo paraoutro da cana

http://www.canaonline.com.br/conteudo/mpb-tende-a-fortalecer-os-fornecedores-de-cana.html#.V8nAifkrLIU

Medidas de controle da Raquitismo das soqueiras:

1 - Métodos de exclusão, utilizando mudas sadias para oplantio

2 - O uso de tratamento térmico e toletes e gemas2 horas a 50°C

3 - O uso de variedades resistentes

4 - A limpeza ou desinfecção dos instrumentos de corte

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5 – Estria vermelha(Acidovorax avenae)

Família: ComamonadaceaeGênero: Acidovorax

O talo bacteriano mede 0,6-0,8 x 1,5-1,9 µm, é gram-negativo e possuiflagelos polares

As colônias são circulares,translúcidas, de coloração branco-creme, convexas e baixas

https://www.pinterest.com/pin/472455817132035833/

Sintomatologia

http://www.canaoeste.com.br/conteudo/doencas-da-cana

Estrias finas e longas de 5 a 60 cmde comprimento

Podridão do topo da planta

Nas lesões novas é comum notar-sea exsudação de bactéria

Sintomas estendem-se para os meristemas apicais – causaa morte dos tecidos (podridão do topo)

Canaviais assim afetados exalam odor característico,perceptível a vários metros de distância

Epidemiologia

https://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-pingo-de-chuva-na-folha-image23828831

http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2016/08/frente-fria-chega-acompanhada-de-rajadas-de-vento-e-assusta-capixabas.html

Medidas de controle da Estria vermelha:

1 - O uso de variedades resistentes

2 - O cultivo de variedades suscetíveis pode ser feito apenasem solos mais fracos, sem excesso de nutrientes

6 – Falsa Estria vermelha(Xanthomonas sp.)

http://www.4shared.com/allimages/78mbLuXi/penyakit_pohon.html?locale=pt-BR

Família: XanthomonadaceaeGênero: Xanthomonas

Meio DYGS

Colônias amarelas, brilhantes, circulares, convexas e viscosas

Falsa estria vermelha e da gomose –diferenças genômicas

http://www.cebitec.unibielefeld.de/grim/index.php/research/bacterial-research

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Sintomatologia

Estrias esbranquiçadas

Mesclas de vermelho e amarelo

1 mm de largura, pararelas as nervuras

Mantovani et al., 2006Mantovani et al., 2006

Estendendo do ápice para o meio da folha mais velha

Ocorre nas bordas em reboleiras e nos talhões

Epidemiologia

Pelo ar, infectada pelos estômatos

Não se conhece sua transmissão pelos toletes nem porinstrumentos

Épocas quentes e chuvosas

Ao contrário das estrias-vermelhas, esta doença ocorre emplantas

Adultas - oito meses de idade

Medidas de controle da Falsa estria vermelha:

1 - O uso de variedades resistentes

2 - Evitar plantio em condições de muita umidade e fertilidade

7 – Ferrugem(Puccinia melanocephala)

Família: PucciniaceaeGênero: Puccinia

4 a 5 poros germinativos equatoriais

Os teliósporos podem se formar isoladamente empústulas urediniais

Os teleósporos são capazes de germinar e produzirbasidiósporos, os quais não infectam folhas de cana-de-açúcar

P. melanocephala não é autoécio, e por tanto deve terhospedeiro alternativo

O patógeno produz urediniósporos (Fig.1C), marrom-escuros ovóides e elipsóidesdensamente equinulados (Fig. 1D).(Almeida, 2010)

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Ferrugem marrom (P. melanocephala) incidentesem folhas de cana-de-açúcar (S.officinallis). A.B. folha e planta de cana-de-açúcar(S. officinalis) apresentando lesões de formatoelíptico com halos vermelho-amarelados, C. epiderme rompida do tecidoapresentando pústulas incidentes no tecido (seta)(bar = 10 mm), D. urediniósporos apresentandodois poros germinativos equatoriais (seta), (bar =10,7 µm), E. urédia contendo urediniósporosimaturos e hialinos (barr = 500 μm), F. G. detalhesde urediniósporos em vários estados de maturação(barr = 500 μm), H. urediniósporos apresentandocor marrom canela a marrom escuro, semespessamento apical (barr = 10,7 µm), I.J.K. cortetransversal do mesófilo foliar.,i. célula urédiogênica.(Sousa Netto, 2011)

Sintomatologia

Acoloração de pústulas (Fig. 1A), na pagina inferior das folhasvariam de amareladas a marrom-escuro medem de 2 a 7mm decomprimento por 1mm de largura e mostram a formação de esporossubepidêmicos (Fig. 1B) com ruptura de epiderme para sualiberação. (Almeida, 2010)

Em variedades muito suscetíveis, as pústulas agrupam-se, formando placas de tecido necrosado. Plantasmuito atacadas têm crescimento retardado com folhasqueimadas e sem brilho.http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_79_22122006154841.html

Epidemiologia

A germinação dos uredósporos é favorecida pelapresença de água na superfície de folha e temperaturasmoderadas

Os esporos + 8 horas de água livre na superfície da folha

Temperatura ótima para a germinação - 20 e 25°C

A suscetibilidade do hospedeiro varia segundo o estádiode desenvolvimento, sendo maior entre 2 e 6 meses

Altos níveis de adubação nitrogenada podem aumentar aseveridade da doença

Medidas de controle da Ferrugem:

1 - O uso de variedades resistentes

2 - Controle químico com azoxistrobina (estrobilurina) +ciproconazol (triazol)

8 – Carvão(Ustilago scitaminea)

Família: UstilaginaceaeGênero: Ustilago

É parasita de tecido meristemático e penetra nos tecidosnão diferenciados, na base das escamas das gemas edas folhas novas

http://www.padil.gov.au/aus-smuts/pest/main/140233/29067#

Os teliósporos são unicelulares e dicarióticos

5,5 a 7,5µm de diâmetro, com pontuações na superfície.

Na germinação a pro-basídia pode produzir basidiósporosou hifas invectivas, dependendo da temperatura

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Sintomatologia

http://agropedia.iitk.ac.in/content/smut-sugarcane

O chicote é umamodificação do meristemaapical do colmo, induzidopelo fungo com tamanhovariável

De alguns centímetros amais de um metro decomprimento

Coberto por uma película prateada que

Rompem-se, expõem uma massa de teliósporos pretos epulverulentos facilmente destacados pelo vento

a) deformidade apical. b) infecção floral (Sundar et al., 2012) c) spindle malformado d ) proliferação no colmo. (Sundar et al., 2012)

Epidemiologia

As hifas invectivas são dicarioticas e penetram no hospedeiro( 8 h)

Foram detectadas raças diferentes do patógeno emdiferentes zonas canavieiras do mundo

A transmissão é feita de forma aérea por disseminação apartir dos chicotes e por meio de plantios com plantasinfectadas

No Brasil o patógeno ocorre nos estados do Nordeste,Sudeste, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Acre

Medidas de controle do Carvão:

1 - O uso de variedades resistentes

2 - O uso de mudas sadias

3 - Fazer o tratamento térmico das mudas a 52°C por 30minutos ou 50 °C por 2 horas

4 - Para o controle químico - produto registrado que étriadimenol (triazol)

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9 – Mancha Amarela(Mycovellosiella koepkei Deighton)

Família: MycosphaerellaceaeGênero: Mycovellosiella

A forma sexuada não é conhecida

O fungo tem como sinônimo:Cercospora koepkei,

Cercosporidium koepkei ePseudocercospora miscanthi.

O micélio é liso, oliváceo e ramifica-se para formar até15 conidióforos

http://www.freshfromflorida.com/content/download/11295/144061/pp289.pdf

São simples, nãoramificados, comcicatriz de conídios

Os conídios sãofusiformes, com 2 a 3septos, havendo,porém, isolados com1 a 7 septos

O isolamento dofungo é difícil

Sintomatologia

http://pests.agridata.cn/showimg4.asp?DB=4&id=510

São visíveis nas folhas mais velhas

São pontos cloróticos que evoluempara manchas vermelho-amareladas, irregulares e detamanho variado

As manchas localizam-se em uma das faces das folhase na face oposta - manchas cloróticas de bordoslimitados e visíveis contra a luz.

A doença é muito grave, quando a planta floresce eperde a capacidade de produzir novas folhas. Havendodestruição destas folhas, não há síntese e acumulo deaçúcar no colmo

http://www.sugarresearch.com.au/icms_docs/165151_Yellow_spot_disease_IS13116.pdf

Epidemiologia

A doença predomina nazona litorânea chuvosa – Émaior nas regiões úmidas equentes

O patógeno pode serencontrado em paísescomo Brasil, China, Nepal,Papua Nova Guine, Áfricado Sul, Tanzânia,Venezuela

http://viajerobrasil.com/mapa-de-brasil-dividido-por-regiones-y-estados/

Medidas de controle da Macha Amarela:

1 - O uso de variedades resistentes

2 - Nas regiões tropicais úmidas, quentes e nubladas, onde acana-de-açúcar floresce no período de chuvas, só o cultivo

de variedades resistentes tem solucionado o problema

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10 – Mancha Ocular(Bipolaris sacchari)

Família: PleosporaceaeGênero: Bipolaris

São sinônimos: Cercosporasacchari, Helminthosporiumsacchari, H. ocellum e Drechslerasacchari

Em lesões maduras os conídios sãoproduzidos em conidióforos queemergem (isolados ou em grupos)

http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2016/02/boletim-tecnico-1-2015-mancha-ocular.html

D.células conidiogênicas(cc) conidióforos; E. conídio alongado, cilíndrico, conídio curvado pseudo septados, bar =7,3 μm; F. conídio fusiforme; bar = 9 μm.

http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2016/02/boletim-tecnico-1-2015-mancha-ocular.html

São longos, levemente coloridos, septados

Os conídios são longos, afilados, ligeiramente curvos, com 3a 10 septos

Sintomatologia

Mancha ocular da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) causadapor Bipolaris sacchari; A. sintomas na parte aérea da planta; B. sintoma na faceadaxial, manchas elípticas cobrindo quase que total superfície da folha.<http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2016/02/boletim-tecnico-1-2015-mancha-ocular.html>

Numerosasmanchas necróticas,elípticas,inicialmente pardas,mais tarde marrom-avermelhadas

As lesões maisvelhas tornam-sealongadas, comcentro de cor palha

O tamanho das lesões varia de0,5 a 3 cm

Em variedades suscetíveis,podem aparecer longas estriasde 5 cm a 60 cm, inicialmenteamareladas que evoluem parapardo-avermelhadas

O ataque estende-se as folhasnovas do ponteiro, causando acompleta necrose dos tecidosimaturos – meristema apical

C. detalhe das lesões na face adaxial

http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2016/02/boletim-tecnico-1-2015-mancha-ocular.html

Epidemiologia

Se desenvolvem 10 a 25ºC

http://dentrodafisica.blogspot.com.br/2012/08/geada-hidrometeoro-e-formacao-de.html

http://diariodebiologia.com/2014/09/para-que-serve-o-vento/

Medidas de controle da Macha Ocular:

1 - O uso de variedades resistentes

2 - Evitar o plantio de variedades suscetíveis nas margens delagos, rios e baixadas, onde o ar frio e a neblina

3 - Aplicação exagerada de vinhoto podem favorecer adoença

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11 – Podridão Vermelha(Colletotrichum falcatum)

Família: PhyllachoraceaeGênero: Colletotrichum

Produz acérvulos sub-epidérmicos eruptivos com setas retas outortuosas, pardo-escuras, septadas, abundantes e facilmentevisíveis

http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2010/10/revisao-de-literatura-das-doencas-da_4183.html

Possui como fase teleomórficao ascomiceto pertencente aespécie Glomerellatucumanensis

Conidióforos são curtos,simples

Peritécios têm sido observadosnas lesões foliares velhas esenescentes onde é visível

E. células conidiogênicas, conídios e setas (Bar=40µ), F. massade conídios hialinos (Bar=88µ), G. conídio hialino, falcado,amerosseptado e não gutulado (Bar=9µ).

http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2010/10/revisao-de-literatura-das-doencas-da_4183.html

Sintomatologia

http://eplantdisease.blogspot.com.br/2013/10/sugarcane.html

O tamanho das lesões é variável

Folhas velhas pode atingir toda aextensão da nervura

Os sintomas podem ser confundidoscom deficiência de potássio

http://eplantdisease.blogspot.com.br/2013/10/sugarcane.html

http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2011/05/podridao-vermelha-colletotrichum.html

As bainhas das folhas de cor palhaficam com a superfície recoberta depontuações negras, quecorrespondem a frutificações do fungo

Tolete, causa a morte das gemas e redução na germinação. Noscolmos, o patógeno causa, internamente, uma podridãovermelha

http://eplantdisease.blogspot.com.br/2013/10/sugarcane.html

Epidemiologia

A disseminação do inoculo acontece pela ação dosventos, chuva, orvalho e água de irrigação

Tanto a disseminação quanto a severidade - condiçõesambientais

Após o plantio, os sintomas são mais severos emcondições de umidade excessiva do solo

Sobrevive por muitos anos no solo e nos restos culturaisna forma de clamidósporos

Medidas de controle da Podridão Vermelha:

1 - O uso de variedades resistentes

2 - Práticas culturais - a eliminação dos restos da cultura, boadrenagem do solo e boa procedência de mudas

3 - A utilização de fungicidas foliares não é recomendada,pois apresenta baixa eficiência

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12 – Podridão de Fusarium e Pokkah-Boeng (Gibberella fujikuroi e Gibberella subglutinans)

Família: NectriaceaeGênero: Gibberella

http://mold-pro.com/Article/Fusarium.htm

Correspondem na fase imperfeita, aFusarium moniliforme e Fusariumsubglutinans

Produz grande número demicroconídios

Poucos macroconídios

Raramente produz clamidósporos

https://www.researchgate.net/figure/259171002_fig1_Microscopic-aspect-of-Fusarium-subglutinans-after-7-days-of-growth-on-PDA-a-Phialides

Produz colônias e macroconídios similares a F. moniliforme

Os microconídios sãoproduzidos em falsas cabeças,em polifiálides ou fiálides

Podem ter microconídios com 2a 3 septos, mas nenhum produzclamidósporos em cultura

Sintomatologia

Estando o fungo no embrião dasemente

- mau desenvolvimento dosistema radicular;- perda de vigor;- podridão das raízes e colo

A podridão do colmo está sempreassociadas a injurias químicas efísicas

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-41582001000400004

Epidemiologia

O fungo não sobrevive por longos períodos no solo

Permanece latente nos tecidos vegetais, até que condiçõesadequadas

Em regiões quentes após a colheita de cana crua podefavorecer a infecção na base do colmo

http://www.sifaeg.com.br/xtimeline/inovacao-plantio-da-cana-de-acucar/

http://novojornal.jor.br/cotidiano/previsao-e-de-fim-de-semana-com-chuva-em-todo-o-rn-diz-emparn

http://diariodebiologia.com/2014/09/para-que-serve-o-vento/

Medidas de controle da Podridão de Fusarium e Pokkah-Boeng :

1 - O uso de variedades resistentes

2 - O tratamento dos toletes com fungicidas é eficiente para aeliminação dos esporos superficiais

3 - Tratamento térmico

13 – Podridão Abacaxi(Ceratocystis paradoxa)

Família: OphiostomataceaGênero: Ceratocystis

Encontrado na forma imperfeita Thielaviopsis paradoxa

Este produz dois tipos de esporos: microconídios emacroconídios

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Os primeiros são produzidos endogenamente nosconidióforos

São hialinos, pequenos, eretos e eliminados na formade bastonetes em cadeia

Nas hifas mais velhas >ramificações que produzemconidióforos curtos

Macroconídios - ovais, pardo-escuros, com volume 3 a 4vezes maior que o domicroconídios

Soytong et al., 2005

Sintomatologia

O fungo penetra na planta por cortes ou ferimentos

As mudas são cortadas em toletes por ocasião doplantio, oferecendo portanto a porta de entrada para ofungo

http://www.pmgca.ufscar.br/noticias/com-baixas-temperaturas-e-tempo-seco-aumenta-a-incidencia-da-podridao-abacaxi

A coloração dos tecidos vai-se alterando, passando para cinza,parda-escura e finalmente negra

Toletes infectados podem iniciar o desenvolvimento deraízes e gemas.

Têm seu crescimento retardado e inibido

Produzi plantas fracas que são dominadas pelo mato oupela competição com plantas vizinhas

Fermentação dos toletes que exalam um odor agradável ecaracterístico de essência de abacaxi

É mais acentuada nas fases iniciais

http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/128129/000848730.pdf?sequence=1

Epidemiologia

Alta umidade, em solos argilosos, encharcados e dedifícil drenagem

Temperaturas (o outono da Região Centro-Sul é a épocamais comum de aparecimento da doença)

http://www.canaonline.com.br/conteudo/com-baixas-temperaturas-e-tempo-seco-aumenta-a-incidencia-da-podridao-abacaxi.html#.V9RM9vkrLIU

Medidas de controle da Podridão Abacaxi:

1 - O retardamento da brotação das gemas

2 - Qualquer medida que estimule a brotação rápida dostoletes ou proteja as feridas

3 - Uso controle químico

4 - A escolha da época de plantio

14 – Podridões de Raízes(Pythium spp.)

Família PythiaceaeGênero: Pythium

Todas as plantas cultivadas podem ser atacadas - Plântula

P. acanticumP. afertile,P. apharmidermatum,P. arhenomanes,P. catenulatum,P. deliense,P. ultimun. https://www.plantmanagementnetwork.org/pub/php/research/200

4/pythium/

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Sintomatologia

http://www.agrolink.com.br/agricultura/problemas/busca/estiolamento_1711.html

As raízes novas apresentam extremidade avermelhada

As pontas das raízes ficam encharcadas e moles com ramificações logo acima da lesão

Apresentam falhas na germinação, baixo vigor, mauperfilhamento, crescimento irregular, enrolamento dasfolhas e são arrancadas com facilidade

Em ataques muito severos não ocorre a formação deraízes secundárias

http://www.ediblearoids.org/portals/0/taropest/lucidkey/taropest/media/Html/Fungi/Pythium/Pythium6.htm

Epidemiologia

O patógeno ocorre nas áreas do canavial sujeitos aoacumulo de água ou seja em solos argilosos sujeito aoencharcamento e nos períodos mais quentes e úmidos

No Brasil o Gênero é relatado nos estados do Nordeste ,Sul,Rio de Janeiro e São Paulo

Medidas de controle da Podridões de raízes

1 - O uso de variedade resistente

2 - A drenagem do solo diminui as condições favoráveis àdoença

15 – Nematoides (Meloidogyne incognita)

Meloidogyne incognita,Pratylenchus brachyurus e P. zeae, Tylenchorihynchus sp., Criconema sp., Trichodorus spp., Xiphinema sp.,Ditylenchus sp., Xiphidorus sp., Dolichodorus minor, Aphelenchus sp., Aphelenchoides sp., Helicotylenchus sp.

Sintomatologia

Facilmente confundidos com deficiências minerais, baixafertilidade do solo, podridões de raízes e falta d’água

Desenvolvimento irregular amarelecimento, murcha,enfezamento de plantas, em geral distribuídas em reboleiras

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_54_711200516718.html

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http://www.agrolink.com.br/agricultura/problemas/busca/nematoide-das-galhas_523.html

Formação de galhas nas raízes com intumescimento nas extremidades (Meloidogyne)

http://www.nemabrasil.com/products-services

Observa-se ruptura da epiderme das raízes, números ferimentos e apodrecimento do córtex (Pratylenchus)

http://ec2-107-21-65-169.compute-1.amazonaws.com/content/ABAAAhAwMAB/apresentacao-fitonematoide

As raízes são encurtadas, grossas, tortuosas, necrosadas e comramificações laterais (Trichodorus)

http://www.pioneersementes.com.br/blog/89/manejo-de-nematoides-em-milho-tendo-em-vista-a-cultura-subsequente

Nota-se mau desenvolvimento das raízes (Helicotylenchus)

Epidemiologia

O ciclo de vida - aproximadamente quatro semanas,podendo prolongar-se sob condições de temperaturamais favoráveis

20° C ou 35° C

Condições de seca ou de encharcamento do soloafetam o desenvolvimento e a sobrevivência donematóide

http://www.apsnet.org/edcenter/intropp/lessons/Nematodes/Pages/RootknotNematodePort.aspx

Medidas de controle da Nematoides:

1 – O uso e variedades tolerantes

2 - Controle biológico

3 - Controle químico com nematicidas

4 - Praticas agronômicas e culturais que mantém os teoresde matéria orgânica elevados tendem a estimular a flora e afauna antagônica aos fitonematoides a atuar e controlar

Bibliografia citada e recomendada:

AGRIOS, G.N. Plant Pathology. (5a ed.). New York. Elsevier academicpress. 2005. 948p.

ALMEIDA, A.C.S. Revisão de literatura das doenças da cana-de-açúcar ( Shaccharum spp. L.), 2010. Disponível em:http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2010/10/revisao-de-literatura-das-doencas-da_4183.html

BRUMBLEY, S.M.; PETRASOVITS, L.A.; HERMANN, S.R.; YOUNG,A.J.; CROFT, B.J. Recent advances in the molecular biology of Leifsoniaxyli subsp. xyli, causal organism of ratoon stunting disease. AustralasianPlant Pathology, v.35, n.6, p.681-689, 2006.

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de cana-de-açúcarsafra 2015/16 . Brasília: Companhia Nacional de Abastecimento. v.2, n.3,p.01-65, 2015.

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CONTRERAS, N.; JUMÉNEZ, O.; BONILLA, M.; NASS, H. Identificacióny caracterización de Leifsonia xyli subsp. xyli como patógeno de la canãde azúcar (Saccharum sp.) em la región centro occidental de Venezuela.Bioagro, v.20, n.2, p.111-118, 2008.

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IGLESIA, A.; GONZÁLEZ, R.; MARTÍN, D.; DÍAZ, M.; ÁLVAREZ, E.Aislamiento e identificacación morfológia, bioquímica y molecular deLeifsonia xyli subsp. xyli en Cuba. Revista de Protección Vegetal . v.22,n.1, p.29-33, 2007.

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SOUSA NETTO, M. Ferrugem Marrom ( Puccicia melanocephala)incidente em folha de Cana-de-açucar ( Saccharum sp.), 2011.Disponível em: http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2011/05/ferrugem-marrom-puccicia-melanocephala.html

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Leitura Obrigatória:

TOKESHI, H.; RAGO, A. Doenças da Cana-de-Açúcar. In: AMORIM, L.;REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manualde Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. v.2, 5 ed. OuroFino: Agronômica Ceres, 2016, p.219-232.

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