fito2 - aula - feijoeiro [modo de compatibilidade] · 02/03/2017 1 doenças do feijoeiro:...

13
02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa Carvalho Mestre em Fitopatologia (UFLA) Doutor em Fitopatologia (UnB) F2v005 Introdução •Reino: Plantae •Ordem: Fabales •Família: Fabaceae •Subfamília: Faboideae •Gênero: Phaseolus •Espécie: Phaseolus vulgaris http://crrp.com.br/a-producao-de-feijao-teve-alta-de-8518-em-comparacao-com-o-mesmo-periodo-do-ano-passado/ Origem: América do Sul, mais precisamente no Peru; O cultivo dessa leguminosa é em todo o território nacional, no sistema solteiro ou consorciado com outras culturas; Ciclo de vida varia de, aproximadamente, 65 a 120 dias; As principais classes de feijões produzidos são comum cores, comum preto e caupi. http://www.mfrural.com.br/busca.aspx?palavras=feijao Brasil é o maior produtor dos países do Mercosul (3,5 milhões de toneladas/ano); Os maiores produtores no Brasil são: Paraná e Minas Gerais; No âmbito mundial é o 3º maior produtor, antecedido por Myanmar e a Índia. http://pt.slideshare.net/Aldemirfreire/brasil-levantamento-sistemtico-da-produo-agrcola-abril-2012 Considerações gerais Áreas não contaminadas: sementes certificadas Áreas contaminadas: cultivares resistentes Medidas menos eficientes ou onerosas Evasão: Fugas dirigidas ao patógeno e/ou ambiente favorável Erradicação: Eliminação do patógeno de uma área em que foi introduzido Proteção: Fungicidas protetores (medida cara) em conjunto 1. Doenças causadas por fungos da parte aérea Mancha angular Semente certificada, Tratamento da semente Pseudocercospora griseola Schwartz et al, 2005. Foto: D.D.C.Carvalho (2010).

Upload: hoangngoc

Post on 08-Nov-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

1

Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle

Fitopatologia Aplicada

Daniel Diego Costa Carvalho

Mestre em Fitopatologia (UFLA)

Doutor em Fitopatologia (UnB)

F2v005

Introdução

•Reino: Plantae

•Ordem: Fabales

•Família: Fabaceae

•Subfamília: Faboideae

•Gênero: Phaseolus

•Espécie: Phaseolus vulgaris

http://crrp.com.br/a-producao-de-feijao-teve-alta-de-8518-em-comparacao-com-o-mesmo-periodo-do-ano-passado/

�Origem: América do Sul, mais precisamente no Peru;

�O cultivo dessa leguminosa é em todo o território nacional,no sistema solteiro ou consorciado com outras culturas;

�Ciclo de vida varia de, aproximadamente, 65 a 120 dias;

�As principais classes defeijões produzidos sãocomum cores, comum pretoe caupi.

http://www.mfrural.com.br/busca.aspx?palavras=feijao

� Brasil é o maior produtor dos países do Mercosul (3,5milhões de toneladas/ano);

� Os maiores produtores no Brasil são: Paraná e MinasGerais;

� No âmbito mundial é o 3º maior produtor, antecedido porMyanmar e a Índia.

http://pt.slideshare.net/Aldemirfreire/brasil-levantamento-sistemtico-da-produo-agrcola-abril-2012

Considerações gerais

Áreas não contaminadas: sementes certificadas

Áreas contaminadas: cultivares resistentes

Medidas menos eficientes ou onerosas

Evasão: Fugas dirigidas ao patógeno e/ou ambiente favorávelErradicação: Eliminação do patógeno de uma área em que foi introduzidoProteção: Fungicidas protetores (medida cara)

em conjunto

1. Doenças causadas por fungos da parte aérea

Mancha angular

Semente certificada, Tratamento da semente

Pseudocercospora griseola

Schwartz et al, 2005.

Foto: D.D.C.Carvalho (2010).

Page 2: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

2

Principais doenças foliares

Rotação de cultura; Cultivar resistente ; Fungicida

Pseudocercospora griseola Colletotrichum lindemuthianum

Agrios, 2005.

Uromyces appendiculatus

Schwartz et al, 2005.

http://www.cnpaf.embrapa.br

http://www.cnpaf.embrapa.br

Oídio(Erysiphe polygoni (Oidium sp.))

� Reino: Fungi,

� Divisão: Ascomycota,

� Subdivisão: Ascomycotina,

� Classe: Leotiomycetes,

� Ordem: Erysiphales,

� Família: Erysiphaceae.

http://nsfcrc-news.blogspot.com.br/2010/11/blog-post.html

� Forma assexual: Gênero Oidium,

� Fungo: produz micélio septado, hialino, ramificado, com hifasque penetram nas células epidérmicas e produzemhaustórios;

� Conidióforos: são curtos, com conídios cilíndricos a ovalados,unicelulares, hialinos, produzidos em cadeia, com 30-45 x 10-20 µm;

http://fitopatologia1.blogspot.com.br/2010/10/oidio-oidium-sp-incidente-em-folhas-de_27.html

� Cleistotécios: claro, torna-se marrom quando maduro emedindo 90-150 µm de diâmetro;

� Ascos: dimensões 50-75 x 26-40 µm, apresentam ascósporoshialinos, elípticos ou ovoides, medindo 20-30 x 10-12 µm.

� O fungo apresenta várias raças fisiológicas.

http://www.rivistadiagraria.org/articoli/anno-2007/loidio-della-vite/

� Os sintomas iniciam-se com pequenas manchas ligeiramentemais escuras na face adaxial da folha, que em seguida ficamcobertas por um crescimento branco e pulverulento,constituído por micélio e esporos do fungo.

http://www.jardimdasideias.com.br/1288-como_combater_o_oidio_nas_plantas

http://www.plantiodireto.com.br/?body=cont_int&id=841

� O patógeno pode atacar ramos e vagens, formando vagensmal formadas e menores;

� Quando o crescimento pulverulento do fungo é removido, otecido afetado apresenta coloração parda ou púrpura;

� A folha pode ser coberta pelo micélio branco, causandosenescência prematura.

Page 3: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

3

� Os conídios são facilmente disseminados pelo vento, chuvaou insetos;

� O fungo pode ser transmitido pela semente;

� Podem infectar a planta em qualquer fase dedesenvolvimento, mas dificilmente ocorre no final do ciclo dacultura;

� Incidências nas fases de florescimento e formação devagens necessitam de medidas de controle.

1- Controle químico: triforine, tiofanato metílico+chlorothalonil etebuconazole;

2- Rotação de culturas com espécies não hospedeiras: cereaise milho;

3- Não há variedades resistentes, devido aos inúmerospatótipos que o patógeno apresenta.

2. Doenças causadas por fungos do solo

Evitar a entrada: sementes certificadas + tratamento das sementes

Limpeza de máquinas

Cultivar resistentes

Fungicidas

Rotação de culturas!!!!!Foto: J.C.Machado (2009).

Mofo branco: Sclerotinia sclerotiorum

Plantio direto, controle biológico, emprego de cultivares com porte ereto

Lobo Júnior et al., 2009.

Agrios, 2005.

http://www.apsnet.org/edcenter/instcomm/TeachingNotes/Pages/ProductionOfApotheciaAndAscospores.aspx

Plantio Direto (Palhada):

Impede o contato da planta como solo contaminado

Impede que o apotécio alcance a superfície(ejeção de ascósporos)

Favorece microrganismos antagonistas

Tipo de palhada: substâncias tóxicas(Ex: Chenopodium quinoa)

Plantio convencional (aração):

dispersão

Page 4: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

4

Controle Biológico (Trichoderma sp.):

Solo úmidoTemperatura 25ºCSolo rico em matéria orgânica

Aplicação no terceiro trifólio: atingir os escleródios + sombra do dossel

Lobo Júnior et al., 2009. Carvalho et al., 2014.

Trichoderma harzianum (CEN287) colonizing common bean cv. ‘BRS Valente’ seedlings from seedspreviously contaminated with Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli (Fop 46): A. arrow shows hypocotylcolonized by the antagonist; B. cotyledons extensively colonized by the antagonist after its applicationon the seeds (Bars to figures 2A and 2B corresponding to 7.5 mm and 4.0 mm, respectively).

Carvalho et al., 2014.

Scanning electron micrographs showing interactions between Trichoderma harzianum (CEN287) andFusarium oxysporum f. sp. phaseoli (C-25-02): A. Arrow showing the pathogen encoiled by theantagonist; B. encoiling in greater detail; C, D. conidiogenous cell with conidia of Trichodermaemerging from hyphae of F. oxysporum.

Carvalho et al., 2014.

Agrios, 2005.

Lobo Júnior et al., 2009.

Emprego de cultivares com porte ereto

Page 5: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

5

Murcha de Fusarium(Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli)

� Classe: Ascomycota;

� Ordem: Hipocreales;

� Família: Hypocreaceae.

Lezcano et al., 2012

� Produz macroconídios: fusóides, ligeiramente curvos, commais de 2 septos, medindo 3-6 x 25-35 µm;

� Microconídios: elípticos e os clamidósporos hialinos,intercalares ou terminais, medindo 2-4 x 6-15 µm.

Lezcano et al., 2012

http

://w

ww

.agr

olin

k.co

m.b

r/ag

ricul

tura

/pro

blem

as/b

usc

a/am

arel

ecim

ento

-de-

fusa

rium

_281

8.ht

ml

� O fungo penetra pelo sistema radicular, causandodescoloração dos vasos;

� O principal sintoma reflexo é o amarelecimento progressivodas folhas, das inferiores para superiores.

� O crescimento do fungo no interior dos vasos pode dar aotecido vascular coloração pardo-avermelhada.

http://www.agrolink.com.br/agricultura/problemas/busca/amarelecimento-de-fusarium_2818.html

� Se a infecção é severa, a planta seca e morre, e sobcondições de alta umidade, desenvolvem-se sobre o cauleestruturas de coloração rosada, constituídas de micélio econídeos do patógeno.

� Temperaturas ao redor de 20 ºC favorecem a doença;

� O fungo é disseminado através de esporos aderidos àsuperfície da semente;

� Também pode ser por: água de irrigação, vento;

� O patógeno sobrevive no solo como saprófitas em restos deculturas;

1- Tratamento de sementes: benomyl+thiram;

2- Evitar a utilização de máquinas e implementos em áreasinfestadas;

3- Rotação de culturas com plantas não hospedeiras; Cultivaresresistentes: Rio Tibagi, IAPAR-20, Aporé, Negrito 897.

4- Queimar restos de culturas quando houver presença dopatógeno;

5- Controle Biológico com Trichoderma

Page 6: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

6

3. Doenças causadas por bactérias

Semente certificadaCultivares resistentes

Rotação de culturas!!

Curtobacterium flaccumfasciens pv. flaccumfasciensXanthomonas axonopodis pv. phaseoli

Schwartz et al, 2005.

Feijão

http://www.cnpaf.embrapa.br

Murcha de Curtobacterium(Curtobacterium flaccumfasciens pv. flaccumfasciens)

� Filo: Actinobacteria

� Classe: Actinobacteria

� Subclasse: Actinobacteride

� Ordem: Actinomycetales

� Subordem: Micrococcineae

� Família: Microbacteriaceae

� É caracterizada comobastonetes retos,ligeiramente curvos ou emforma de cunha e curtos (0,3a 0,6 x 1 a 3 μm), móvel porum ou mais flagelos polaresou subpolares, gram positiva,aeróbia obrigatória e nãoforma endósporo.

http

://w

ww

.sci

elo.

br/p

df/%

0D/f

b/v2

7n2/

9138

.pdf

� Murchas nos períodos mais quentes do dia;

� A murcha é devido a obstrução dos vasos do xilema devido adegradação de suas paredes, que se tornam escuras.

� Folhas amarelecem e tronam-se castanhas, com aconsequência da murcha e morte da planta;

Fonte: Martins, 2012 Fonte: Filho, 2010

Fonte: Filho, 2010

Page 7: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

7

Fonte: Filho, 2010

� A principal forma de transmissão da bactéria ocorre atravésde sementes contaminadas, internamente ousuperficialmente;

� As sementes contaminadas internamente podem apresentarcoloração amarelada, laranja ou púrpura, como consequênciado crescimento bacteriano, e se tornarem enrugadas;

� A sobrevivência do patógeno nas sementes e no solo podeocorrer por dois anos ou por períodos mais longos, quando asemente é armazenada em condições ótimas;

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/feijao/arvore/CONTAG01_104_1311200215105.html

� A bactéria sobrevive por 25 anos em sementes infectadas eestocadas em temperatura ambiente;

� Desenvolve-se bem em temperaturas ótimas de 24 a 37 ºC;

� Em curtas distâncias é disseminada pela água da chuva e deirrigação;

� Chuvas de granizo favorece a infecção, pois a bactériapenetra através de ferimentos;

� O patógeno pode sobreviver a restos de culturas.

1- Cultivares resistentes;

2- Rotação de culturas;

3- Uso de sementes sadias;

4- Controle químico não é uma opção presente, pois não háprodutos registrados para a bactéria;

5- Após o surgimento na lavoura, o controle de bactérias emplantas infectadas é possível exclusivamente com a erradicaçãoda cultura;

6- Cuidado nos tratos culturais para não ferir as plantas.

Crestamento Bacteriano Comum (Xanthomonas campestris pv. phaseoli)

� Quando cultivada em meio nutriente-ágar contendo glicoseou sacarose:

�Forma colônias amarelas;�De bordos lisos;�Convexas;�Brilhantes;�Circulares.

� A bactéria é baciliforme, gram-negativa e possiu flagelo polar.

� Sintomas típicos da doença são visíveis em toda parte aéreada planta;

� Inicialmente são observadas manchas encharcadas nasfolhas, que aumentam de tamanho e progridem paranecróticas.

http://www.cnpaf.embrapa.br/noticias/2014inoticia_004a.php

Page 8: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

8

� No caule são observadas manchas alongadas e encharcadasque tornam-se avermelhadas;

� Nas vagens, as lesões variam de forma e tamanho.Inicialmente são circulares e encharcadas, tornando-senecróticas de cor avermelhada.

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/feijao/arvore/CONTAG01_104_1311200215105.html

http

://sl

idep

laye

r.com

.br/

slid

e/15

0383

1/

� As sementes podem apresentar descoloração no hilo,manchas amarelas no tegumento (sementes claras),enrugamento e mal formação. Em alguns casos, a infecçãona semente é assintomática.

http://www.apsnet.org/publications/imageresources/Pages/1-24.aspx

� A medida que as folhas desenvolvem-se, as cloroses dasnervuras transformam-se em pequenas manchasamareladas.

https://www.forestryimages.org/browse/detail.cfm?imgnum=5360383

� Em alguns casos, quando a infecção ocorre no nó das folhasprimárias, pode ocorrer quebra da planta nesta região,durante a fase reprodutiva, originando a podridão nodal oupescoço quebrado;

� Dependendo da suscetibilidade das variedades de feijoeiro,pode ocorrer o desenvolvimento de sintomas de murcha nasplantas, devido a colonização vascular;

� Planta oriundas de sementes infectadas apresentam danosno meristema apical, que ocasiona a morte da planta ouprodução de plantas raquíticas.

� A bactéria sobrevive de diferentes formas:

�Semente: 2 a 15 anos, interna ou externamente, semperder sua patogenicidade;

�Solo autoclavado umedecido: 10 dias;

�Solo autoclavado seco: 150 dias;

�Material vegetativo desidratado: 1,5 anos;

�Folhas de feijoeiro triturado: 6 anos – 4 ºC;

�De forma geral a bactéria sobrevive, por um período maislongo, em restos culturais superficiais.

http://www.apsnet.org/edcenter/intropp/lessons/prokaryotes/Pages/BacterialSpotPort.aspx

� Algumas ervas-daninhas são hospedeiras:

�Cravo-da-roça (Ambrosia artemisifolia)

�Onze horas (Portulaca oleraceae)

http://www.plantae.ca/Asteraceae/Ambrosia/artemisiifolia/443.html

http://www.florafinder.com/Species/Portulaca_oleracea.php

Page 9: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

9

� Disseminação:

�Sementes: transportam o patógeno a longas distâncias efontes primárias do patógeno;

�Água da chuva ou irrigação por aspersão: disseminadoressecundários;

�Alguns insetos, também, são disseminadores secundários:Mosca-branca.

� Temperaturas e umidades elevadas favorecem odesenvolvimento da doença: ±28 ºC

1- Emprego de sementes de boa qualidade sanitária (IAPAR 14, IAPAR 16, IAPAR 31 e Diamante Negro);

2- Incorporação de restos culturais infectados a uma profundidade de 15-20 cm;

4- Rotação de culturas com plantas não hospedeira da bactéria por um período mínimo de 1 ano;

5- Eliminação de ervas-daninhas;

6-Controle de insetos disseminadores da bactéria;

7-Controle químico dessa doença não é muito satisfatório.

Schwartz et al, 2005.

4. Doenças causadas por vírus

Mosaico Dourado do Feijoeiro(Bean golden mosaic virus – BGMV)

http://www.cnpaf.embrapa.br

� Gênero: Subgrupo III Geminivirus

� Família: Geminiviridae

� O vírus possui partículas pareadas isométricas, medindoaproximandamente 18-19 nm

� É limitado no floema, sendo visível apenas com o auxílio demicroscópio eletrônico.

Fonte: BONFIM, 2007

http://www.freshfromflorida.com/Divisions-Offices/Plant-Industry/Science/Florida-Plant-Viruses-and-Their-Inclusions/Material-and-Methods-for-the-Detection-of-Viral-Inclusions/Bean-golden-mosaic-virus-BGMV-Inclusions

Sintomatologia

http

s://p

hytu

sclu

b.co

m/d

etal

hes/

viru

s-do

-mos

aico

-do

urad

o-do

-fei

joei

ro/

� Quando a infecção ocorre no início do desenvolvimento daplanta, os primeiros trifólios aparecem encarquilhados oucurvados para baixo, seguindo de clareamento ou leveclorose das nervuras.

Page 10: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

10

Sintomatologia

https://3rlab.wordpress.com/2016/08/19/o-mosaico-dourado-no-feijoeiro/manolo_2/

� A medida que as folhas desenvolvem-se, as cloroses dasnervuras transformam-se em pequenas manchasamareladas.

https://www.forestryimages.org/browse/detail.cfm?imgnum=5360383

Sintomatologia

Fonte: Bonfim, 2007

� Geralmente, ocorre acompanhando com o mosaico:

� Perda de dominância apical;

� Brotamento de gemas auxiliares;

� Retardamento da senescência foliar

Isso ocorre devido a alterações no nível endógeno decitocininas.

� A introdução e disseminação do vírus, é exclusivamente pelamosca branca (Bemisia tabaci Geen), vetora do vírus;

� Não é transmitido por semente;

� A alta incidência do vetor ocorre nos primeiros 15 dias, apósa germinação, favorecendo a disseminação da doença;

� O vírus pode sobreviver em diversas leguminosas,solanáceas, malváceas e em plantaçõesmais velhas de feijão.

http://www.esalq.usp.br/cprural/noticias/mostra/3651/feijao-resistente-ao-mosaico-dourado.html

� O inseto pode adquirir o vírus em poucos minutos, mas parahaver transmissão eficiente, é necessário um período maislongo;

� Após a obtenção do vírus, o inseto pode transmiti-lo durantealguns dias ou várias semanas;

� As fêmeas transmitem o vírus com maior eficiência;

� Temperatura > 28 ºC são favoráveis a ocorrências de altaspopulações de moscas brancas;

� Temperaturas > 25 ºC são favoráveis a multiplicação do vírus.

1- Cultivar Embrapa 5.1: resistente (Faria & Aragão, 2013)

2- Escolha de épocas de plantio (evitando coincidir o início dacultura com altas populações de moscas branca);

3- Plantios intercalares com outras culturas, que servem debarreiras para o vetor (milho, mandioca e sorgo);

4- Uso de inseticidas sistêmicos a partir do desenvolvimento daplanta.

Page 11: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

11

Mosaico Comum(Bean commom mosaic virus - BCMV )

http://www.dpvweb.net/dpv/showfig.php?dpvno=73&figno=03

� Gênero: Potyvirus

� Família: Potyviridae

� O virus possui partículas alongadas flexuosas , medindo 12-15 nm de diâmetro e 720-770 nm de comprimento

� O vírus possui grande variabilidade e suas estirpes sãoagrupadas em:

� a) estirpes que não induzem necrose em cultivareshipersensíveis portadores do gene 1;

� b) estirpes que induzem necrose em condições de altastemperaturas;

� c) estirpes que induzem necrose independente datemperatura.

� Mosaico foliar acompanhando as nervuras.

http://www.invasive.org/browse/detail.cfm?imgnum=5362090

http

://fit

opat

olog

iaifm

t.blo

gspo

t.com

.br/

2016

/02/

doe

ncas

-da-

cultu

ra-d

o-fe

ijoei

ro.h

tml

� Sintomas locais nas folhas em forma de anéis, pontuaçõesnecróticas e necrose nas nervuras.

� As lesões locais variam dependendo:

�Da estirpe do vírus;

�Grau de resistência da variedade;

� Idade;

�Condições do ambiente.

http

://w

ww

.inse

ctim

ages

.org

/bro

wse

/det

ail.c

fm?i

mg

num

=53

6399

8

� Necrose sistêmica caracterizada por necrose vascular, queevolui do ápice para a base da planta, descoloração do caulee necrose nas nervuras dos trifolíolos, seguida de morteapical e morte da planta.

Page 12: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

12

� O vírus é transmitido pela semente, que serve como fonte deinoculo inicial da doença;

� Os vírus podem sobreviver nas sementes por período de até30 anos;

� A porcentagem de transmissão pelas sementes varia de 3 a95% (depende da cultivar, estirpe do vírus e estágio daplanta);

� O inoculo pode ser transmitido de um planta a outra atravésde afídeos;

� Várias espécies de afídeos são vetores não-persistentes dovírus;

� O inseto pode adquirir o vírus em menos de um minuto etransmiti-lo imediatamente a uma planta;

� A capacidade de transmissão também é perdida rapidamente,geralmente após a primeira alimentação.

http://fitodisease.blogspot.com.br/2009/03/transmissao-de-virus-vegetais.html

1- Uso de cultivares resistentes;

2- No Brasil, o uso de cultivares com o gene 1 tem propiciado ocontrole eficiente da virose;

3- No caso de utilizar cultivares que não possuem o gene 1, ouso de sementes livres do vírus, associado ao uso deinseticidas para o controle dos pulgões, é uma alternativa decontrole eficiente.

5. Doenças causadas por nematóides

Meloidogyne sp. e Pratylenchus brachyurus

Evasão (Escape): Fugas dirigidas ao patógeno

Escolha da área geográfica

Escolha do local de plantio

Meloidogyne sp.

Schwartz et al, 2005.

Doenças causadas por nematóides

Rotação de culturas

Alqueive (pousio):

Ara – irriga – 14 dias – planta

Limpeza de máquinas

Cultivar resistente

Observar a linha de mantença!!!!

Page 13: Fito2 - Aula - Feijoeiro [Modo de Compatibilidade] · 02/03/2017 1 Doenças do Feijoeiro: etiologia, sintomatologia, epidemiologia e controle Fitopatologia Aplicada Daniel Diego Costa

02/03/2017

13

Bibliografia citada e recomendada:

AGRIOS, G.N. Plant Pathology. 5 ed. San Diego, Academic Press,2005, 948p.

BONFIM, K. Resistência ao Bean Golden Mosaic Virus mediada porRNA interferente em plantas de feijoeiro ( Phaseolus vulgaris).Brasília: Instituto de Biologia, Universidade de Brasília, Tese (Doutoradoem Biologia Molecular), 2007, 45p.

CARVALHO, D.D.C.; LOBO JUNIOR, M.; MARTINS, I.; INGLIS, P.W.;MELLO, S.C.M. Biological control of Fusarium oxysporum f. sp. phaseoliby Trichoderma harzianum and its use for common bean seed treatment.Tropical Plant Pathology , v.39, p.384-391, 2014.

FARIA, J.C.; ARAGÃO, F.J.L. Embrapa 5.1 - O feijoeiro geneticamentemodificado resistente ao mosaico dourado. Santo Antônio de Goiás:Embrapa Arroz e Feijão, Documentos 291, 2013, 48p.

FILHO, R.J.M. Etiologia, epidemiologia e fisologia de murcha deCurtobacterium . Brasília: Instituto de Ciências Biológicas, Universidadede Brasília, Tese (Doutorado em Fitopatologia), 2010, 107p.

LECZANO, J.C.; MARTÍNEZ, B.; ALONSO, O. Caracterización cultural ymorfológica e identificación de diez aislamientos de Fusariumprocedentes de semillas de Leucaena leucocephala cv. Perúalmacenadas. Pastos y Forrajes , v.35, n.2, p.187-196, 2012.

LOBO JUNIOR, M.; GERALDINE, A.M.; CARVALHO, D.D.C. Controlebiológico de patógenos habitantes do solo com Trichoderma spp.,na cultura do feijoeiro comum. Embrapa Arroz e Feijão, CircularTécnica, 85, 2009, 4p.

LOBO JUNIOR, M.; GERALDINE, A.M.; CARVALHO, D.D.C.; COBUCCI,T. Uso de cultivares de feijão comum com arquitetura ereta e cic loprecoce para escape do mofo branco ( Sclerotinia sclerotiorum).Embrapa Arroz e Feijão, Comunicado técnico, 182, 2009, 4p.

MARTINS, S.J. Controle da mancha-de-curtobacterium do feijoeirocom isolados de bactérias endosporogênicas. Lavras: UniversidadeFederal de Lavras, Dissertação (Mestrado em Fitopatologia), 2012, 55p.

SCHWARTZ, H.F.; STEADMAN, J.R.; HALL, R.; FOSTER, R.L.Compendium of bean diseases , 2nd ed. APS Press, St. Paul. 2005.

Leitura Obrigatória:

WENDLAND, A; MOREIRA, A.S.; BIANCHINI, A.; GIAMPAN, J.S.; LOBOJUNIOR, M. Doenças do feijoeiro. In: AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.;BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manual de Fitopatologia:Doenças das plantas cultivadas. v.2, 5 ed. Ouro Fino: AgronômicaCeres, 2016, p.383-396.

Este material é gratuito para download

Acesse: www.labfito.webnode.com