fisiologia iii 02 - fisiologia do sistema endócrino - med resumos (nov 2011)

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Arlindo Ugulino Netto – FISIOLOGIA III – MEDICINA P3 – 2008.2 1 MED RESUMOS 2011 NETTO, Arlindo Ugulino. FISIOLOGIA III FISIOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO (Professor Arnaldo Medeiros) O funcionamento do sistema endcrino baseado em um mecanismo de regulao hormonal totalmente voltado adaptao do corpo ao meio ambiente, onde quer que esteja o indivduo. Este sistema engloba estruturas anatmicas que, interagindo diretamente com o sistema nervoso, secretam produtos qumicos de funes reguladoras bastante precisas. O sistema nervoso pode fornecer ao sistema endcrino informaes sobre o meio externo, enquanto que o sistema endcrino regula a resposta interna do organismo a esta informao. Dessa forma, o sistema endcrino, em conjunto com o sistema nervoso, atua na coordenao e regulao das funes corporais. O sistema endcrino formado por glndulas secretoras de hormnios controlados por eixos hormonais. A ttulo de informao, eixo hormonal constitui a sequncia de sinais inter-relacionados at a ativao de uma glndula. HORMNIOS Os hormnios so substncias bioqumicas ativas que apresentam ritmos de secreo e quantidades fisiolgicas, com padro de secreo pulstil, diurno, cclico, dependente da presena de substncias circulantes. Eles operam obedecendo a sistemas de controle de retroalimentao (mecanismo de feed back) afetando apenas as clulas que apresentam os seus receptores especficos. So inativados pelo fgado, que os torna mais solveis para excreo renal. Os hormnios so liberados em resposta a alteraes no meio ambiente celular ou no intuito de manter regulada a concentrao de determinadas substncias ou outros hormnios. A sua secreo regulada por fatores qumicos humorais, hormonais ou neurais. TRANSPORTE HORMONAL Os hormnios so liberados no sistema circulatrio pelas glndulas endcrinas. Os hormônios hidrossolúveis circulam livres, na forma no-ligada protenas plasmticas. J os hormônios lipossolúveis circulam fundamentalmente ligados a uma protena plasmtica – proteína transportadora. Esta protena pode ser a albumina, mas quase sempre uma glicoprotena da classe das globulinas, especfica para a classe do hormnio: globulina transportadora de hormnios sexuais, globulina transportadora de testosterona. MECANISMO CELULAR DA AÇÃO HORMONAL O mecanismo de ao celular dos hormnios consiste, basicamente, em duas etapas: (1) reconhecimento por uma protena receptora (ou receptores hormonais, cuja conformao espacial deve ser compatvel com a estrutura conformacional do hormnio) localizada na membrana plasmtica ou no compartimento intracelular da clula alvo e, em seguida, (2) ativao ou inibio celular, a depender da natureza do hormnio. Dependendo da natureza do hormnio, temos os seguintes mecanismos de ao: Hormônios hidrofílicos: apresentam alto peso molecular e no atravessam a membrana plasmtica. Por este motivo, so chamados de primeiro mensageiro e participam de um mecanismo de transduo de sinal intracelular. Desta forma, estes hormnios produzem, no interior da clula, por meio de um evento bioqumico coordenado, molculas chamadas de segundo mensageiro que realizam uma grande amplificao do sinal inicial. Os principais segundos mensageiros so: monofosfato de adenosina cclico (AMPc), IP3, Clcio, Diacilglicerol (DAG). Hormônios hidrofóbicos: atravessam a membrana plasmtica e ligam-se aos receptores citoslicos ou nucleares. Estes hormnios apresentam baixa solubilidade em gua e so transportados no sangue por protenas plasmticas. Eles atravessam a membrana plasmtica e ligam-se aos receptores intracelulares. O complexo hormnio-receptor liga-se a sequncias especficas no DNA, chamadas de elementos responsivos aos hormônios que induzem uma modificao da expresso gnica, por ativarem/inibirem RNA polimerase e/ou a maquinaria celular de transcrio e traduo do DNA. Os hormnios esteroidais seguem este padro. EIXO HIPOTLAMO-HIPOFISRIO-GLANDULA ENDCRINA O eixo hipotálamo-hipofisário-glândula endócrina o principal eixo de regulao hormonal do organismo humano devido variedade de respostas fisiolgicas que controla. Este eixo composto por ncleos hipotalmicos produtores e secretores de hormnios que atuam na hipfise, levando a estimulao da liberao de hormnios que iram atuar nas diversas glndulas endcrinas distribudas no organismo.

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Fisiologia III 02 - Fisiologia Do Sistema Endócrino - Med Resumos (Nov 2011)

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  • Arlindo Ugulino Netto FISIOLOGIA III MEDICINA P3 2008.2

    1

    MED RESUMOS 2011NETTO, Arlindo Ugulino.FISIOLOGIA III

    FISIOLOGIA DO SISTEMA ENDCRINO(Professor Arnaldo Medeiros)

    O funcionamento do sistema endcrino baseado em um mecanismo de regulao hormonal totalmente voltado adaptao do corpo ao meio ambiente, onde quer que esteja o indivduo. Este sistema engloba estruturas anatmicas que, interagindo diretamente com o sistema nervoso, secretam produtos qumicos de funes reguladoras bastante precisas. O sistema nervoso pode fornecer ao sistema endcrino informaes sobre o meio externo, enquanto que o sistema endcrino regula a resposta interna do organismo a esta informao. Dessa forma, o sistema endcrino, em conjunto com o sistema nervoso, atua na coordenao e regulao das funes corporais.

    O sistema endcrino formado por glndulas secretoras de hormnios controlados por eixos hormonais. A ttulo de informao, eixo hormonal constitui a sequncia de sinais inter-relacionados at a ativao de uma glndula.

    HORMNIOSOs hormnios so substncias bioqumicas ativas que apresentam ritmos de secreo e quantidades

    fisiolgicas, com padro de secreo pulstil, diurno, cclico, dependente da presena de substncias circulantes. Elesoperam obedecendo a sistemas de controle de retroalimentao (mecanismo de feed back) afetando apenas as clulas que apresentam os seus receptores especficos. So inativados pelo fgado, que os torna mais solveis para excreo renal.

    Os hormnios so liberados em resposta a alteraes no meio ambiente celular ou no intuito de manter regulada a concentrao de determinadas substncias ou outros hormnios. A sua secreo regulada por fatores qumicos humorais, hormonais ou neurais.

    TRANSPORTE HORMONALOs hormnios so liberados no sistema circulatrio pelas glndulas endcrinas. Os hormnios hidrossolveis

    circulam livres, na forma no-ligada protenas plasmticas. J os hormnios lipossolveis circulam fundamentalmente ligados a uma protena plasmtica protena transportadora.

    Esta protena pode ser a albumina, mas quase sempre uma glicoprotena da classe das globulinas, especfica para a classe do hormnio: globulina transportadora de hormnios sexuais, globulina transportadora de testosterona.

    MECANISMO CELULAR DA AO HORMONALO mecanismo de ao celular dos hormnios consiste, basicamente, em duas etapas: (1) reconhecimento por

    uma protena receptora (ou receptores hormonais, cuja conformao espacial deve ser compatvel com a estrutura conformacional do hormnio) localizada na membrana plasmtica ou no compartimento intracelular da clula alvo e, em seguida, (2) ativao ou inibio celular, a depender da natureza do hormnio.

    Dependendo da natureza do hormnio, temos os seguintes mecanismos de ao: Hormnios hidroflicos: apresentam alto peso molecular e no atravessam a membrana plasmtica. Por este

    motivo, so chamados de primeiro mensageiro e participam de um mecanismo de transduo de sinal intracelular. Desta forma, estes hormnios produzem, no interior da clula, por meio de um evento bioqumico coordenado, molculas chamadas de segundo mensageiro que realizam uma grande amplificao do sinal inicial. Os principais segundos mensageiros so: monofosfato de adenosina cclico (AMPc), IP3, Clcio, Diacilglicerol (DAG).

    Hormnios hidrofbicos: atravessam a membrana plasmtica e ligam-se aos receptores citoslicos ou nucleares. Estes hormnios apresentam baixa solubilidade em gua e so transportados no sangue por protenas plasmticas. Eles atravessam a membrana plasmtica e ligam-se aos receptores intracelulares. O complexo hormnio-receptor liga-se a sequncias especficas no DNA, chamadas de elementos responsivos aos hormnios que induzem uma modificao da expresso gnica, por ativarem/inibirem RNA polimerase e/ou a maquinaria celular de transcrio e traduo do DNA. Os hormnios esteroidais seguem este padro.

    EIXO HIPOTLAMO-HIPOFISRIO-GLANDULA ENDCRINAO eixo hipotlamo-hipofisrio-glndula endcrina o principal eixo de regulao hormonal do organismo humano

    devido variedade de respostas fisiolgicas que controla. Este eixo composto por ncleos hipotalmicos produtores e secretores de hormnios que atuam na hipfise, levando a estimulao da liberao de hormnios que iram atuar nas diversas glndulas endcrinas distribudas no organismo.

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    HIPOTLAMO ENDCRINOO hipotlamo tem apenas conexes eferentes com

    a hipfise, sendo estas conexes geralmente associadas sntese e secreo de hormnios. O hipotlamo endcrino constitudo por ncleos de neurnios especializados em secretar hormnios peptdicos atravs dos tractos hipotlamo-hipofisrio e tbero-infundibular.

    Estes neurnios apresentam as mesmas propriedades eltricas das outras clulas nervosas, deflagrando potencial de ao gerado no corpo celular que trafega pelo axnio, induzindo a abertura de canais de clcio voltagem dependente e secreo de vesculas contendo os hormnios.

    As secrees hipotalmicas so hormnios estimuladores/inibidores da hipfise anterior (andenohipfise) ou hormnios que so armazenados na hipfise posterior (neurohipfise) para que, s depois, sejam secretados por esta glndula.

    Desta forma, podemos destacar os dois tractos que comunicam o hipotlamo endcrino e os dois lobos da hipfise da seguinte forma:

    Tracto tbero-infundibular: constitudo de fibras neurossecretoras que se originam em neurnios pequenos (parvicelulares) do ncleo arqueado e reas vizinhas do hipotlamo tuberal. Seus axnios convergem para a regio hipotalmica chamada de eminncia mediana e na haste infundibular, onde vrios hormnios so secretados diretamente no sistema porta-hipotlamo-hipofisrio. So hormnios secretados por esta via: GRH, TSH, ACTH, etc.

    Tracto hipotlamo-hipofisrio: formado por fibras que se originam nos grandes neurnios (magnocelulares) dos ncleos supra-ptico e paraventricular, e terminam na neuro-hipfise (hipfise posterior). As fibras deste tracto constituem os principais componentes estruturais da neuro-hipfise, sendo elas ricas em neuro-secreo. As clulas do ncleo supra-ptico produzem o hormnio anti-diurtico (ADH), enquanto que as clulas do ncleo paraventricular produzem a ocitocina.

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    Portanto, os neurnios hipotalmicos que se relacionam com a neuro-hipfise constituem o sistema magnocelular. Fazem parte deste sistema neurnios distribudos nos ncleos supra-pticos e paraventricular. Destes ncleos, partem axnios que se projetam pela haste hipofisria at o lobo posterior da hipfise onde os neuro-hormnios so armazenados e liberados para a circulao sistmica pela prpria hipfise.

    J os neurnios hipotalmicos que se relacionam com a adenohipfise constituem o sistema parvicelular ou tbero-infundibular. Fazem parte deste sistema neurnios difusamente distribudos nos ncleos arqueados do hipotlamo. Um sistema vascular especializado conecta a eminncia mediana adenohipfise o sistema porta hipotlamo-hipofisrio, onde os hormnios chegam em alta concentrao antes de entrarem na circulao sistmica mais diludos.

    OBS1: Note que, existem duas linhas de hormnios hipotalmicos: Hormnios produzidos pelo hipotlamo (GRH, TRH, etc.) que estimulam ou inibem a secreo de hormnios da

    adenohipfise (GH, TSH, ACTH, etc.) via sistema porta-hipotlamo-hipofisrio; Hormnios produzidos pelo hipotlamo, mas secretados pela neuro-hipfise (ADH e ocitocina).

    Os sistemas parvicelular e magnocelular esto sob influncia de vrias regies do SNC. As aferncias noradernrgicas originam-se principalmente do bulbo e ponte; as aferncias serotonrgicas originam-se principalmente do ncleo da rafe do mesencfalo, as aferncias colinrgicas originam-se do sistema lmbico pela vias crtico-hipotalmica da amgdala e do tlamo. A aferncia dopaminrgica origina-se do ncleo arqueado para a eminncia mediana, de modo que a dopamina exerce controle sobre a secreo dos hormnios adeno-hipofisrios.

    HORMNIOS HIPOTALMICOS Hormnio liberador de tirotrofina (TRH):

    o Funes: Estimular a secreo de TSH. A expresso dos seus receptores estimulada estrgenos e inibida por hormnios da tireide e corticides. A morfina inibe sua secreo.

    o Aes centrais: altera padro do sono; produz anorexia; libera noradrenalina e dopamina; aumenta presso arterial; ope-se a ao do etanol, fenobarbital, diazepam, clorpromazina sobre o tempo do sono e hipotermia.

    Hormnio liberador de gonadotrofinas (GnRH):o Funes: estimular a secreo de LH e FSH; a inibina inibe a liberao do FSH; a morfina inibe sua

    liberao.o Outras aes: mediador estimulante do impulso sexual.

    Hormnio liberador do hormnio do crescimento (GHRH ou GRH)o Funes: estimula a liberao do GH; as endorfinas, serotonina, e durante a fase do sono de ondas

    lentas estimulam a liberao de GRH; inibido pela somatostatina (hormnio inibidor da liberao do GH).

    Hormnio liberador da prolactina (PRH):o Funes: Estimula a liberao da prolactina; o TRH tambm um potente estimulador da prolactina aps

    suco mamria; os fatores de inibio da prolactina (PIF) inibem a secreo da prolactina.

    Hormnio liberador de corticotrofina (CRH):o Funes: Estimula a expresso do gene POMC; Leva a produo de ACTH, MSH, beta-endorfinas;

    estresse, hipovolemia e dor so potentes indutores de sua liberao via Ach, serotonina e NA; no terceiro tero do sono noturno, precedendo a viglia ocorre um pico de liberao; sua inibio ocorre pelos corticides.

    Ocitocina: hormnio produzido pelo hipotlamo, mas sendo armazenado e secretado pela hipfise posterior. Tem a funo de promover as contraes musculares uterinas durante o parto e a ejeo do leite durante a amamentao.

    Hormnio anti-diurtico (ADH) ou vasopressina: tambm produzido pelo hipotlamo, mas secretado pela neurohipfise, o ADH tem a funo de conservar a volemia (manter os lquidos do organismo) diminuindo a excreo de gua pelos rins (atua nas aquaporinas do tbulo contorcido distal, impedindo que a gua seja eliminada pelo ducto coletor), sendo secretado, principalmente, em resposta a traumas ou hipovolemia. Este hormnio chamado de vasopressina, pois aumenta a presso sangunea ao induzir uma vasoconstrio moderada sobre as arterolas do corpo. O lcool (do consumo de bebidas alcolicas) suprime a produo do ADH, aumentando a diurese.

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    HIPFISEA hipfise humana, pequena glndula endcrina conectada ao hipotlamo e situada no assoalho do III ventrculo

    enceflico, divide-se basicamente em duas pores: a hipfise anterior (adenohipfise) e a hipfise posterior(neurohipfise).

    Hipfise anterior.Histologicamente, as clulas da hipfise anterior organizam-se em cordes irregulares que recebem um intenso

    fluxo sanguneo. Ela pode ser dividida em relao a resposta de suas clulas a determinados corantes, e portanto em 03 reas distintas:

    Acidfilas (tirotrficas, gonadotrficas, corticotrficas): coram com eosina, Basfilas (somatotrficas, lactrotrficas): coram com eosina, hematoxilina Cromfoba: com baixa colorao citoplasmtica. As clulas cromfobas so clulas que apresentam alta

    secreo hormonal, sem grandes estoques de hormnios e pouca afinidade por corantes.

    Hormnio tireide estimulante ou tirotrofina (TSH): hormnio glicoproteco, formado por duas cadeias: alfa e beta.

    o Funo: Estimula a sntese e secreo dos hormnios tireoidianos Tiroxina (T4), Triiodotironina (T3); efeito trfico sobre a glndula da tireide;

    o A inibio da sntese feita pelos hormnios tireoidianos e o controle hipotalmico negativo.

    Gonadotrofinas (LH, FSH): Hormnio glicoproteco, formado por duas cadeias: alfa e betao FSH: Maturao folicular e ovulao, preparao da mama para lactao; Espermatognese,

    trofismo testicular e peniano.o LH: Ovulao, sntese do estradiol, e progesterona; Sntese de testosterona.o A inibio feita em feedback pelos hormnios gonadais.

    Hormnio do crescimento: um hormnio protico que atua primariamente estimulando a produo dos insulin growth factors (IGF-1), cujos receptores esto expressos em todos os tecidos.

    o Funes do IGF-1: proliferao celular e estmulo da sntese de colgeno em nvel da placa epifisria ssea Crescimento; Aumento da captao de aminocidos e sntese protica Metabolismo protico; Aumento da liplise Metabolismo dos lipdeos; Aumento do consumo de glicose no msculo cardaco, acmulo de glicognio nos msculos do diafragma, mas diminuio na captao de glicose pelo msculo esqueltico Metabolismo dos carboidratos.

    Prolactina: um hormnio protico que tem importante papel no processo de lactao, exercendo aes fundamentais na preparao e manuteno da glndula mamria para secreo do leite.

    o Funes: inibe a funo reprodutora por suprimir o GnRH; inibe o impulso sexual; sua secreo inibida pelo PIF.

    Hormnio adrenocorticotrfico (ACTH): derivado de um nico gene POMC.o Funes: estimula a sntese de cortisol pela adrenal; sua secreo controlada pelos corticides; o

    MSH leva a estimulao da sntese de melanina depositada nos folculos pilosos e na derme; as endorfinas tm papel analgsicos, portanto nos mecanismos de percepo dolorosa.

    Hipfise posterior.A hipfise posterior no produz hormnios, mas apenas armazena e secreta dois hormnios produzidos por

    ncleos hipotalmicos: o ADH e a Ocitocina. ADH: Produzido pelo N. supra-ptico, promove a reabsoro de gua pelos tbulos coletores renais. Ocitocina: contrao da musculatura do tero, ejeo do leite durante a lactao.

    CORRELAES CLNICASDoenas hipotalmicas: Leses nos ncleos paraventriculares, supra-ptico, e ventromedias podem levar ao pan-hipopituitarismo, diabetes insipidus central, obesidade hipotalmica. As doenas hipotalmicas podem ser congnitas, cromossomiais, neoplsicas.

    Distrbios congnitos do hipotlamo: So as sndromes da linha mediana tratos ptico e olfativo, fibras que ligam os dois hemisfrios cerebrais como o corpo caloso, o septo pelcido, comissura anterior. O mais comum : o lbio leporino.

    Sndrome de Prade-Willi: ocorre uma microdeleo do cromossomo 15. A doena caracterizada por: hipotonia muscular; hiperfagia hipotalmica; hipogonadismo hipoganadotrfico (criptorquidismo, micrfalo); alteraes crnio-faciais (dolicocefalia, olhos de amndoa); mos e ps pquenos, retardo mental; deficincia de GnRH, GH.

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    Sndrome de Kallman: h um distrbio gentico ligado ao X. A doena caracterizada por: anosmia ou hiposmia;hipogonadismo hipoganadotrfico; Indivduo com hbito eunuco: alta estatura, imberbe, microfalo, testculos prpuberais, voz fina; deficincia da protena que auxilia a migrao dos neurnios produtores de GnRH e dos neurnios do bulbo olfatrio.

    Craniofaringeoma: um tumor pouco comum do SNC que se caracteriza por leso expansiva do crnio, causando um quadro de cefalia, vmitos e distrbios visuais. Alm disso, pode causar: diabetes insipidus; pan-hipopituitarismo; hiperprolactatemia; dficit de crescimento na infncia, hipogonadismo no adulto, hipotiroidismo, hipoadrenalismo. A caracterstica mais marcante a tendncia a calcificao e infiltraes de cristais de colesterol. A correo deve ser feita por cirurgia de resseco e/ou radioterapia.

    Adenoma hipofisrio: a causa mais comum de doena hipofisria.Tais neoplasias podem se comportar como secretantes (isto : produtores de GH, PRL, ACTH, TSH, LH e FSH) e no secretantes. A manifestao clnica causada pelo tumor depende do tamanho, do tipo histolgico e do hormnio que ele tende a secretar. Por exemplo: amenorria e galactorria nos adenomas produtores de PRL; nos tumores secretantes de GH termos gigantismo nas crianas e acromegalia nos adultos; Sndrome de Cushing nos tumores produtoresde ACTH; alteraes metablicas nos tumores produtores de TSH. O tumor pode causar ainda sintomas relacionados com efeito em massa: cefalia e defeitos de campo visual (hemianopsia bitemporal).

    Apoplexia hipofisria: definida como uma hemorragia da hipfise que evolui para necrose, levando ao pan-hipopituitarismo sbito. Os sinais so: forte cefalia, nuseas e vmitos, com queda do estado de conscincia, choque refratrio reposio volmica e hiponatremia grave. Pode ocorrer compresso de estruturas perihipofisrias (quiasma ptico, nervos cranianos). A principal causa o sangramento por macroadenomas com infarto tumoral.

    Hipopituitarismo: Deficincia de GH: causa nanismo hipofisrio. Nos adultos, assintomtica. Deficincia de LH/FSH ou GnRH: hipoganadismo hipogonadotrfico secundrio (hipfise), tercirio (hipotlamo). Crianas: puberdade tardia Mulheres: amenorria, atrofia mamria, dispaureunia, perda da libido, osteoporose Homens: reduo da massa muscular, perda da libido, reduo dos pelos corporais, fraqueza, osteoporose.

    Deficincia de TSH ou TRH: hipotireoidismo secundrio (hipfise), tercirio (hipotlamo). Semelhante ao hipotireoidismo primrio.

    Deficincia de ACTH ou CRH: insuficincia suprarrenal secundria (hipfise), terciria (hipotlamo). Anorexia, fraqueza, fadiga, hipotenso arterial, hipoglicemia, hiponatremia, nuseas, vmitos hipocortsolismo. No ocorre hiperpigmentao cutnea ACTH

    Diagnstico: TC ou RNM aumento da sela trcica (sela vazia) e/ou calcificaes supraselares. Testes de funo hipofisria: Teste da insulina obter glicemia e GH Teste do GnRH dosar LH, FSH, testosterona e estradiol Dosar TSH e T4 Dosagem do ACTH

    Prolactinoma: o tumor hipofisrio mais freqente com hiperprolactinemia. Manifestaes clnicas: em mulheres, amenorrea, galactoria, infertilidade, perda da libido; em homens, impotncia, infertilidade, hipogonadismo, galactorria.Diagnstico: dosagem da prolactina (150ng/ml), TC ou RNM. Para excluir hipotireoidismo, dosa-se TSH e T4.

    Acromegalia: os adenomas hipofisrios hipersecretores de GH correspondem a 10 15% dos adenomas hipofisrios. Na criana causa gigantismo; no adulto, acromegalia. Manifestaes clnicas: aumento da mandbula, nariz, lbios, macroglossia; aumento acrais; hiperhidrose, pele oleosa, aumento das pregas cutneas; hipertenso arterial, hipertrofia ventricular; Intolerncia a glicose.

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    TIREIDEA glndula tireide est localizada na poro superior da

    traquia, prximo do terceiro anel traqueal. A tireide constituda por dois lobos (direito e esquerdo) unidos por um istmo. Posteriormente aos lobos da glndula tireide, encontramos quatro glndulas paratireides: duas superiores (de localizao mais fixa) e duas inferiores (de localizao menos fixa). A glndula recebe essa denominao por sua semelhana a um escudo greco-romano.

    O suprimento arterial realizado pelas artrias tireideas superiores e inferiores. A drenagem venosa feita pelas veias tireideas superior, mdia e inferior. O nervo larngeo superior se relaciona com A. tireide superior e o nervo larngeo recorrente (responsvel por inervar a maioria dos msculos larngeos da fonao, o que explica a rouquido apresentada por pacientes com tireide aumentada) passa rente A. tireide inferior.

    As doenas da tiride afetam cerca de 750 milhes de pessoas em todo o mundo. A cirurgia da tireide procedimento mais realizado por cirurgies de cabea e pescoo.

    HISTOLOGIA DA TIREIDEDo ponto de vista histolgico, dizemos que a unidade funcional da tireide o folculo tireoidiano: clulas

    epiteliais cubides (epitlio folicular) que envolvem um lmen preenchido por um colide (constitudo por grande concentrao de tireoglobulina - TGB). Os folculos ativos so cilndricos e responsveis pela sntese dos hormnios tireoidianos.

    As clulas parafoliculares (clulas C) so clulas do folculo tireoidiano que no participam da produo da tireoglobulina, mas secretam calcitonina em resposta aos altos nveis de clcio ionizado no soro.

    OBS2: O colide, regio circundada pelo epitlio folicular da tireide, nada mais que uma ampla regio de armazenamento da grande glicoprotena tireoglobulina (TGB). Cada molcula de tireoglobulina tem aproximadamente 140 resduos de um nico aminocido: a tirosina. Este aminocido secretado pelas clulas foliculares adjacentes ao colide e armazenado neste colide. Este colide, portanto, funciona como um reservatrio de tireoglobulina.

    FISIOLOGIA DA TIREIDEA funo primria da tireide a produo e secreo dos hormnios tireoidianos. A produo dos hormnios

    tireoidianos pela glndula normal regulada pelo hormnio pituitrio TSH. A tiroxina (T4) o hormnio primrio liberado. T4 s convertido em T3 nos tecidos perifricos; A triiodotironina (T3) pelo menos 10 vezes mais biologicamente mais ativo.

    Esses hormnios tireoidianos so os nicos hormnios do corpo que utilizam o mineral iodo (I) que, como todo mineral, no produzido pelo nosso organismo. Portanto, deve ser ingerido junto a alimentos e, para que ele seja absorvido, alm de ter que se apresentar na forma de iodeto (I-), dependente da concentrao de cloreto (Cl-) na luz intestinal (e dependente do gradiente de sdio Na+ sanguneo para a produo da tireoglobulina). Por isso que o salde cozinha o alimento preferencial para o enriquecimento com iodo, uma vez que na dieta comum, no o iodo no se apresenta na forma de iodeto.

    A membrana basal da clula folicular, que est em contato direto com os capilares sanguneos (que inclusive, a glndula tireide uma das glndulas endcrinas mais irrigadas do corpo), apresenta uma protena transportadora de membrana do iodeto que o capta quando este circula pelo sangue. Acontece que este transportador tambm transporta sdio para a luz da clula folicular (sendo esta protena transportadora, portanto, responsvel por realizar uma simporte iodeto-sdio). Como a concentrao de sdio deve ser maior fora da clula, este Na+ que entrou (juntamente ao iodeto) na clula folicular deve ser lanado fora, funo esta desempenhada pela bomba Na+/K+ ATPase. Portanto, a absoro de iodo para a clula folicular totalmente dependente de Na+ e, mesmo que nesse primeiro processo no haja gasto de energia (por se tratar de um simporte ou co-transporte), diz-se que o transporte de iodo para a clula folicular ATP-dependente, pois a bomba de sdio-potssio dependente desse ATP para manter as concentraes plasmticas de Na+.

    J na membrana luminal da clula folicular (membrana voltada para o lmen), h a presena de outro complexo protico denominado peroxidase, responsvel por oxidar o iodeto (I-), transformando-o em iodo metlico (I0). s nesta forma oxidada (ou metlica) que o iodo pode ser incorporado aos resduos de tirosina.

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    A prpria peroxidase responsvel por introduzir o iodo metlico a molcula de tirosina, realizando uma reao denominada de organificao, ou seja, incorporao de um elemento inorgnico a uma molcula orgnica. Se a molcula de tirosina receber duas molculas de iodo, formar a diiodotirosina (DIT), mas se receber apenas uma molcula, formar a monoiodotirosina (MIT), que se acumularo no colide.

    OBS3: O Perclorato e o Tilcianato, utilizados para o tratamento de hipertireoidismo, bloqueiam a captao de iodo, diminuindo a produo de T3 e T4. Porm, essas drogas quase no so mais utilizadas na prtica mdica, sendo elas substitudas pelo Propiltiouracil (PTU) e Metimazol, que bloqueiam o complexo peroxidase, inibindo, portanto, a organificao da TGB, reduzindo a produo do T3 e T4.

    Quando dois DIT se acoplam, h a formao da tiroxina (T2+T2 = T4). Se um MIT se acopla a um DIT, h a formao da triiodotironina (T1+T2=T3). Acontece que o complexo peroxidase muito mais eficiente em formar DIT do que MIT, tanto que a relao fisiolgica de 20 molculas de DIT para 1 de MIT.

    Como vimos, o hormnio que regula a produo de T3 e T4 o TSH hipofisrio (produzido pela hipfise anterior sob estmulo do TSH hipotalmico), induzindo os seguintes fatores: o TSH aumenta a sntese de TGB; induz a diviso e o desenvolvimento das clulas foliculares (que de cubides, passam para um formato cilndrico, aumentando em volume e em nmero); aumenta a ao das peroxidades; aumenta a quantidade de transportadores de iodeto na membrana basal das clulas foliculares. Os hormnios T4 e T3 atuam como controle negativo (feedback) para liberao do TSH hipofisrio.

    O TRH atua na hipfise por meio de receptores especficos. Estes receptores, por meio do Ca2+ como segundo mensageiro, ativa a PKC, responsvel por ativar RNAm que levam a transcrio do TSH.

    O TSH, portanto, liga-se ao seu receptor na membrana basal da clula folicular e, por transduo de sinal, aumenta os nveis de AMPc.Quando h a ligao do TSH com o seu receptor, este sofre umamudana conformacional que ativa a protena G que, por sua vez, ativa uma adenilato ciclase responsvel por converter ATP em AMPc. Esteativa a PKA que por diversos mecanismos induz:

    A sntese e ativao do transporte do iodeto A sntese da tireoglobulina (TGB) A sntese da tireoperoxidase A liberao dos hormnios T4/T3 Efeito trfico na glndula tireide: Hipertrofia e hiperplasia das

    clulas foliculares

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    OBS4: Eixo hipotlamo-hipfise-tireide: o TRH (hormnio liberador de tireotrofina) a liberao de TSH (hormnio estimulante da tireide), o qual estimula, por meio do AMPc, a produo de T4 e T3 (que agem no metabolismo basal corporal), sendo estes responsvel por inibir a hipfise (principalmente esta) e o hipotlamo de secretarem seus respectivos hormnios.OBS5: Distrbios da Tireide:

    Primrio: o distrbio em nvel da glndula tireide. No caso de hipertireoidismo primrio, por exemplo, encontramos concentraes plasmticas de T4 e T3

    elevadas, mas o TSH est em taxas menores que o nvel basal. No hipotireoidismo primrio, o T3 e T4 esto mais baixos que o normal, e o TSH nas alturas.

    Secundrio: o distrbio em nvel da hipfise. Um hipertireoidismo secundrio apresenta, alm de grandes concentraes plasmticas de T4 e T3, o

    TSH tambm encontra-se elevado. As principais causas de hipertireoidismo secundrio so os tumores de hipfise hipersecretores de TSH, que realizam uma secreo autnoma que no suprimida pelos nveis de T4 e T3.

    Um hipotireidosimo secundrio, associado geralmente a um hipopituitarismo (necrose hipofisria), no h produo de TSH, estando seus nveis baixos assim como o T3 e T4.

    Tercirio: o distrbio est relacionado ao hipotlamo.

    HORMNIOS TIREOIDIANOSComo vimos, a produo de T4 20 vezes maior que a

    de T3. Porm, este o hormnio tireoidiano biologicamente ativo e funcional, e oriundo, nos tecidos a partir do T4. Se fosse o contrrio, o ser humano viveria em quadros de hipertoxicose permanente (tempestade tireoidiana). De fato, isso no ocorre pois o T4, que produzido em propores bem maiores que o T3, s convertido neste em nvel tecidual perifrico.

    O TSH, ao se ligar ao seu receptor na clula folicular, induz a produo da tireoglobulina (TGB). Esta secretada por exocitose vesicular no lmen para formar o colide para ser armazenada. A peroxidase responsvel por realizar a iodinao dos resduos de tirosina da TGB.

    Na secreo dos hormnios, h o processo inverso ao armazenamento do colide: primeiramente, parte desse colide endocitada, forma-se uma vescula e funde-se com os lisossomos. As proteases dos lisossomos quebram as ligaes peptdicas da TGB, liberando DITs e MITs no citoplasma. Estesreagiro e produziro T4 e T3 (em uma proporo de 20:1). O T4, na realidade, um pr-hormnio que ser convertido, na regio tecidual, em T3.

    O T3 e T4 so hormnios hidrofbicos e no podem circular de maneira livre na corrente sangunea, sendo transportados por protenas globulinas especficas, como a TBG (tiroxin binding globulin). Aproximadamente 99,98% do T4 est ligado a 3 protenas sricas:

    A TBG ~ 75% A Pre-Albumina ligadora de tiroxina (TBPA) ~ 15 20% Albumina ~ 5 10% Apenas ~ 0,02% do T4 total o T4 livre Apenas ~ 0,4% do T3 total livre

    OBS6: Devemos reparar, porm que, embora a frao livre dos hormnios tireoidianos seja mnima, ela est em equilbrio com a frao ligada, de modo que sempre haver as duas fraes no plasma, mesmo que seja em quantidades desproporcionais um com relao a outra. Isto , toda vez que um hormnio tireoidiano livre captado para o tecido, um hormnio previamente ligado protena srica liberado para circular e interagir com os tecidos da mesma maneira, mantendo uma relao equilibrada.

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    METABOLISMO DO T3 E T4Como vimos, a tireide produz o

    hormnio T4 em maiores quantidades quando comparado ao hormnio biologicamente ativo T3. Porm, esse T4 transformado em T3 nos tecidos perifricos tireide. H uma perda de um iodo do anel externo do T4, resultando em T3 biologicamente ativo, por uma enzima denominada desionidase. Porm, se a desionidase retirar o iodo do anel interno do T4, haver a formao do T3 reverso (rT3), que por ser inativo, no tem funo biolgica.

    O iodo resultante dessa converso pode ser reutilizado ou excretado. A forma de eliminao dos hormnios da tireide na forma de T2.

    Existem trs desiodinases que catalisam a formao do hormnio bioativo e seu produto inativo: as D1 e D2geram T3 bioativo por retirarem um tomo de iodo do anel externo; a D3 gera o T3r, que inativo, por retirar o iodo do anel interno.

    OBS7: Um paciente pode ser considerado hipotireoideo s por apresentar uma hiperatividade da enzima D3, a qual produzir muito mais T3r. Este, por ser inativo, no realiza nenhuma funo comum dos hormnios tireoidianos, caracterizando o hipotireoidismo perifrico, porm, haver taxas de TRH e TSH normais e dos hormnios tireoidianos.

    MECANISMO DE AO DOS HORMNIOS TIREOIDIANOSOs hormnios T3 e T4 atuam como hormnios

    hidrofbicos, ligando-se a um receptor de membrana e estimulando este a gerar sinais que faam com que o ncleo da clula produza mais RNAm.

    Estes hormnios (em especial o T3) so responsveis por aumentar o metabolismo basal. Quando a clula estimulada pelo T3, que o hormnio bioativo, na realidade, ela induzida a aumentar seu metabolismo: duplica o nmero de mitocndrias, aumentam a expresso da Na+/K+ ATPase, estimulam a liplise e o catabolismo dos carboidratos, aumenta a expresso dos receptores 1 adrenrgicos (que realizam um efeito inotrpico e cronotrpico positivo). As aes dos hormnios tireoidianos, de um modo geral, so:

    Aumento do nmero de mitocndrias Aumento da expresso da Na+/K+ ATPase Aumento dos receptores beta-adrenrgicos no

    corao Aumento do metabolismo basal Aumento da liplise Aumento da captao de glicose pelos tecidos Aumento da protelise

    Com isso, conclui-se que defeitos do hormnio T3, tm-se um grave caso de subdesenvolvimento corporal. A carncia congnita de T3, faltando inclusive da vida fetal, cria um quadro chamado de cretinismo, em que h uma inadequada formao ssea, muscular e nervosa. Abortos de repetio podem ser causados, inclusive, por hipotireoidismo.

    AVALIAO LABORATORIAL DA TIREIDE Dosar TSH 0,5 5 Um/mL, sendo este o exame fundamental para avaliao da tireide. Dosar T4 livre 0,75 1,80 ng/dL Dosar T3 Total 70 190 ng/mL

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    CORRELAES CLNICASDe um modo fisiolgico, no que diz respeito funo endcrina da glndula, podemos classificar, de um modo

    geral, os distrbios da tireide como hipertireoidismo ou hipotireoidismo, a depender dos nveis dos hormnios T3 e T4: Hipertireoidismo: altos nveis de T3 e T4. Clinicamente, caracteriza-se por nervosismo, perda de peso,

    intolerncia ao calor, palpitaes, tremores, fraqueza, sudorese, inquietao, pele quente e mida, diarria, insnia, exolftalmia, mixedema pr-tibial, bcio.

    Hipotireoidismo: baixos nveis de T3 e T4. O paciente apresenta-se com as seguintes manifestaes clnicas: letargia, rouquido, perda auditiva, pele seca e espessa, constipao, intolerncia ao frio (pois no produz ATP), dificuldade de perda de peso, sonolncia, bradicardia, amenorria, perda da libido, disfuno ertil, bcio, etc.

    Podemos ainda classificar o tipo de distrbio tireoidiano, a depender do local onde est havendo a difuno: Primrio: o distrbio em nvel da glandula tireide.

    No caso de hipertireoidismo primrio, por exemplo, encontramos concentraes plasmticas de T4 e T3 elevadas, mas o TSH est em taxas menores que o nvel basal.

    No hipotireoidismo primrio, o T3 e T4 esto mais baixos que o normal, e o TSH elevados. Secundrio: o distrbio em nvel da hipfise.

    Um hipertireoidismo secundrio apresenta, alm de grandes concentraes plasmticas de T4 e T3, o TSH tambm encontra-se elevado. As principais causas de hipertireoidismo secundrio so os tumores de hipfise hipersecretores de TSH, que realizam uma secreo autnoma que no suprimida pelos nveis de T4 e T3.

    Um hipotireidosimo secundrio, associado geralmente a um hipopituitarismo, no h produo de TSH, estando seus nveis baixos assim como o T3 e T4.

    Tercirio: o distrbio afeta o hipotlamo e envolve o TRH. Subclnico: ocorre quando, mesmo diante de nveis normais de T4 livre, o TSH apresenta-se alterado. Desta

    forma, temos: Hipertireoidismo subclnico: embora os nveis de T4 livre estejam normais, os nveis de TSH esto altos. Hipotireoidismo subclnico: embora os nveis de T4 livre estejam normais, os nveis de TSH esto baixos.

    Hipotireoidismo: hipotiroidismo ou hipotireoidismo um estado doentio causado pela produo insuficiente de hormnio tiride. O exame fsico baseia-se nos seguintes sintomas e fases da doena:

    Doena branda/moderada: Letargia, rouquido, perda auditiva, pele seca e espessa, constipao, intolerncia ao frio (pois no produz ATP), dificuldade de perda de peso, sonolncia, bradicardia, amenorria, perda da libido, disfuno ertil

    Doena severa (Coma mixedematoso): Coma, hipotermia refratria, bradicardia, derrame pleural, distrbios eletrolticos, convulses.

    O hipotireoidismo pode ser classificado nos seguintes tipos: Hipotireoidismo primrio: o acometimento se d na tireide ( TSH, T4/T3)

    o Doena de Hashimoto: Doena auto-imune que a principal causa de hipotireoidismo em nosso meio. Dosagem dos auto-anticorpos: anti-microssomal (Anti-TPO), anti-tireoglobulina encontram-se elevados na doena de Hashimoto.

    o Causas iatrognicas: cirurgias, tratamento inadequado de reposio hormonal, ablao com radioiodo, amiodarona, iodeto em excesso.

    Hipotireoidismo secundrio: o paciente apresenta hipopituitarismo ( TSH, T4/T3) Hipotireoidismo perifrico: Resistncia a T3. Causado por mutao no gene c-erb-A do cromossoma 17

    e 3, que codifica o receptor celular hormonal.

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    o Hipotireoidismo juvenil: Normalmente devido a um defeito da sntese dos hormnios da tireide devido a mutao do gene c-erb-A. Caracterizado por bcio, maturao retardada, aumento testicular/menarca precoce. Recuperao dos sintomas com tiroxina.

    Hipotireoidismo neonatal (congnito): carncia de hormnios tireoidianos na vida intra-uterina.o Cretinismo: Hipotireoidismo severo o neonato. Exame fsico: protuberncia abdominal, pele

    amarela, constipao, letargia, dificuldade de alimentao, retardo mental, fcies sindrmica. Endmica: Bcio presente. Anticorpo materno, ou medicao anti-tireoidiana. Espordica: agenesia da tireide.

    Tireotoxicose: Estado no qual os tecidos respondem quando expostos a um excesso de T4/T3. Exame fsico:nervosismo, perda de peso, intolerncia ao calor, palpitaes, tremores, fraqueza, sudorese, inquietao, pele quente e mida, diarria, insnia, exolftalmia, mixedema pr-tibial. Doena de Graves: doena auto-imune causada quando as IgG se voltam

    contra receptores do TSH. Pode ser estimulatrio (a grande maioria) ou inibitrio. Sinais clnicos: bcio geralmente presente; desenvolvimento da exolfalmia (devido presena de um edema retro-ocular por acmulo de mucopolissacardeos, o que gera uma extruso do globo ocular e uma compresso do nervo ptico); mixedema pr-tibial (edema com aspecto de casca de laranja); baqueteamento dos dedos (dilatao das extremidades digitais).Tratamento: medicamentoso (Iodeto; PTU, Metimazol, beta-bloqueadores), RAI(rdio-iodo ablao com Iodo-131) e cirurgia.

    Adenoma txico: Conhecida como Doena de Plummer, onde apresenta um nico ndulo tireoidiano hiperfuncionante que secreta quantidades suprafisiolgicas de T4/T3. Ocorre mutao somtica nos receptores TSH de um grupo de clulas foliculares, tornando-o mais biologicamente ativo. Diagnstico por cintilografia tireoidiana que mostra um ndulo quente (que capta muito istopo), usualmente maiores que 3 cm.

    Bcio Multinodular Txico: O BMT predomina em idosos, onde o paciente pode apresentar sinais de tireotoxicose. O bcio pode atingir grande dimenses que pode levar efeitos compressivos como disfagia, rouquido, dificuldade respiratria. Diagnstico pela cintilografia tireoidiana que apresenta mltiplos ndulos.

    Tempestade tireoidiana: Nveis excessivamente altos de hormnios da tireide. Normalmente precedida de estresse, infeco, cirurgia, RAI ablao, ingesto de amiodarona. Causa insuficincia cardaca, respiratria, coma e hipertermia.

    Tireoidite: Doenas tireoidianas caracterizadas pela infiltrao de leuccitos, fibrose da glndula ou ambas. So de dois tipos: Hashimoto: a forma mais comum de tireoidite e a principal causa de hipotireoidismo. uma tpica

    doena auto-imune, mas envolve uma susceptibilidade gentica com herana polignica. Quervain: O histrico do paciente relata intensa dor lgica associada aps relatos de doenas virais

    (caxumba, varola, rubola). Apresenta-se como hipertireodismo seguido de hipotireoidismo e por fim eutireoidismo cerca de 3 meses aps.

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    Cretinismo: O T3 fundamental para o desenvolvimento sseo e muscular. essencial tambm para o desenvolvimento normal do crebro e regula a sinaptognese, integrao neural, migrao celular e mielinizao. Cretinismo definido para todos os sintomas desenvolvidos por hipotireoidismo congnito ouneonatal no tratado. Durante o desenvolvimento do recm-nascido a ausncia da tiroxina, um dos hormniosda tireide, impede o amadurecimento cerebral normal. Na maior parte das vezes decorrncia de um defeito na formao da glndula, mas pode ser devido a uma deficincia enzimtica em um dos passos no processo desntese do hormnio. A incidncia da doena em torno de 1:3000 nascimentos. A identificao da doena se faz pelo teste do pezinho, processo de triagem neonatal, a partir de uma gota de sangue retirada do calcanhar da criana. No apresenta sinais nos primeiros meses de vida, o que torna o processo de triagem fundamental para a preveno de uma deficincia mental. Um recm-nascido sem glndula tireide pode ter aparncia e funo normais, isso porque foi suprido com certa quantidade de tiroxina pela me enquanto no tero. Contudo, algumas semanas aps o nascimento, se o caso no for descoberto e tratado com urgncia, este beb possivelmente comear a apresentar lentido nos movimentos, retardo do crescimento fsico e deficincia no desenvolvimento mental.

    ADRENAL (SUPRARENAL)A adrenal um a glndula localizada acima do plo superior dos rins (da a designao suprarenal), em situao

    retroperitoneal, sendo ela de extrema importncia para a vida humana. Encontram-se ao nvel da 12 vrtebra torcica, e so irrigadas pelas artrias supra-renais.

    HISTOLOGIA DA GLANDULA ADRENALCada glndula composta por duas regies histologicamente distintas, que recebem aferncias moduladoras do

    sistema nervoso: o crtex e a medula. Crtex da adrenal: parte externa da

    glndula que apresenta colorao amarelada devido grande quantidade de colesterol a encontrada. Ela responsvel por realizar a estereidognse (sntese dos hormnios esterides, tendo eles como precursor comum o colesterol). Os hormnio produzidos no crtex de adrenal recebem a designao de esterides. Tem origem embrionria na mesoderme. Subdivide-se em trs regies, devido diferena de aspecto histolgico:

    o Zona glomerulosa: produtora de aldosterona, desoxi-corticosterona (DOCA ou DOC) e corticosterona (Comp B).

    o Zona fasciculada: produtora de cortisol.

    o Zona reticulada: responsvel, princpalmente, pela produo dos estrgenos e andrgenos. Os principais produtos desta camada so: Estradiol, Testosterona, Androstenediona e DHEA.

    Medula da adrenal: poro mais interna da glndula de colorao vermelho escuro ou cinza. Deriva, embriologicamente, da crista neural (neuroectoderme) e funciona como neurnio ps-ganglionar do sistema nervoso simptico. Desta forma, a medula da adrenal recebe uma longa fibra pr-ganglionar (diferentemente das curtas fibras pr-ganglionares do restante do SN simptico) que faz com que suas clulas (clulas cromafins) secretem na corrente sangunea catecolaminas (na proporo de 20% de noradrenalina e 80% de adrenalina, e ainda, uma pequena quantidade de dopamina).

    OBS8: As gnadas tambm so responsveis pela produo de parte dos hormnios sexuais, uma vez que, nestas estruturas, esto presentes enzimas que participam da biossntese dos esterides. Desta forma, os testculos produzem testosterona e os ovrios, estradiol.

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    MECANISMO DE AO DO ACTHO ACTH, ao chegar s clulas da adrenal, liga-se a um receptor de membrana. Esta sofre uma mudana

    conformacional para ativar uma protena G, que ativa a adenilato ciclase, responsvel por produzir o AMPc que ativa uma protena quinase. Esta converte algumas protenas inativas para a sua fase ativa, sendo nesta fase, responsvel por liberar steres de colesterol armazenados que serviro para a sntese dos hormnios corticides.

    EIXO HIPOTLAMO-HIPFISE-ADRENALA partir de um estmulo neuronal, o sistema parvocelular secreta o hormnio liberador de corticotrofina (CRH), o

    qual chega a hipfise por meio do sistema porta. Nas clulas corticotrficas da adenohipfise, por meio do estmulo do CRH O hipotlamo, h a liberao do ACTH. Este hormnio estimula a secreo de hormnios pela adrenal. Os nveis plasmticos de cortisol so os responsveis por inibir a secreo de ACTH (ala curta) e de CRH (ala longa).

    BIOSSNTESE DOS HORMNIOS ESTERIDESOs hormnios corticides so aqueles esterides produzidos no crtex de adrenal. Cada regio do crtex

    responsvel por produzir corticide diferente, sendo todos eles oriundos de transformaes do colesterol. A sntese dos hormnios da adrenal mediada por inmeras enzimas importantes cuja deficincia pode gerar quadros sindrmicos especficos, como a hiperplasia adrenal congnita.

    Na zona glomerulosa (responsvel pela sntese da aldosterona), o colesterol sofre ao de uma primeira enzima denominada de desmolase, que o converte em um composto chamado de pregmenolona. Este sofre ao de um complexo enzimtico composto por duas enzimas conjugadas (complexo isomerase: 3--hidroxi-esteride-desidrogenase--5,4-isomerase) e convertido em progesterona (que j um hormnio sexual, fundamental durante o perodo da gravidez). A progesterona sofre ao de uma terceira enzima chamada de 21-hidroxilase que a transforma em um composto chamado de 11-desoxi-corticosterona. Esta sofre ao de uma quarta enzima, a 11-hidroxilase, convertendo-se em corticosterona que sofre ao, por sua vez, de uma quinta enzima, que na realidade um outro complexo enzimtico (complexo 18: 18-hidroxilase-18--hidroxi-esteride-desidrogenase, com atividade restrita na zona glomerulosa), transformando-se, finalmente, em aldosterona. O aldosterona responsvel por promover a reabsoro de sdio e excreo de potssio e hidrognio e sua secreo estimulada pela angiotensina II.

    Na zona fasciculada (regio produtora de cortisol), o colesterol sofre ao do complexo desmolase, sendo tambm convertida em pregmenolona. Esta sofre ao do complexo isomerase e convertida em progesterona. Da, temos a diferena: s na regio fasciulada, h atividade da enzima 17-hidroxilase (com atividade restrita a zona fasciculada e zona reticulada), responsvel por hidroxilar a progesterona no carbono 17, produzindo a 17-hidroxi-progesterona. Esta, por sua vez, sofre ao da enzima 21-hidroxilase, formando um composto chamado 11-desoxi-cortisol, que sofre ao da enzima 11-hidroxilase e convertida finalmente no composto chamado de cortisol. O cortisol um glicocorticide ligado ao metabolismo dos carboidratos. Este cortisol inibe a secreo do ACTH.

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    Na zona reticulada (regio produtora de andrgenos, hormnios sexuais masculinizantes), o colesterol sofre ao do complexo desmolase, sendo tambm convertida em pregmenolona. Esta sofre ao do complexo isomerase e convertida em progesterona. Da, temos a diferena: s na regio fasciulada, h atividade da enzima 17-hidroxilase (com atividade restrita a zona fasciculada e zona reticulada), responsvel por hidroxilar a progesterona no carbono 17, produzindo a 17-hidroxi-progesterona. Porm, nesta zona, a 17-hidroxi-progesterona sofre ao da enzima 17-liase, formando androstenediona (que j um andrgeno, com ao semelhante a testosterona). Nesta zona, h a alta atividade da 17-hidroxilase, que converte a pregmenolona em 17-hidroxipregmenolona, que se sofrer ao do complexo 17-liase, haver a formao do dehidroepiandrosterona (DHEA), de extrema importncia agindo tambm como um andrgeno. Nos testculos, nas clulas de Leydig, a sntese at este ponto a mesma. Porm, neste local, h ao exclusiva de uma penltima enzima chamada de 17--hidroxi-esteroide-desidrogenase que converte androstenediona em testosterona, que responsvel por todas as caractersticas masculinizantes secundrias. No ovrio, a sntese exatamente a mesma, mas nesse local, a testosterona sofre ao da enzima aromatase, convertendo-se em estradiol ou estrona (estrgenos), sendo estes dois os principais estrgenos femininos.A testosterona, hormnio responsvel por todas as caractersticas masculinizantes secundrias (como o aumento da massa ssea e muscular, aumento da espessura das pregas vocais, aumento peniano, espermatognese, etc.), ela transformada perifericamente, nos homens, em estradiol, importante por estimular o impulso sexual pelo sexo oposto ao aromatizar o hipotlamo. A testosterona, alm de se transformar em estradiol, convertida pela enzima 5--redutase, transformando-se no mais potente andrgeno conhecido: diidro-testosterona.

    HORMNIOS ESTERIDESEm resumo, temos:

    Aldosterona: um hormnio esteride (da famlia dos mineralocorticides) sintetizado na zona glomerulosa do crtex das glndulas supra-renais. responsvel pela regulao do balano de sdio e potssio no sangue e, consequentemente, controla o volume vascular circulante (homeostase dos fluidos). Em resumo, suas principais funes so:

    Transporte ativo de sdio da clula tubular renal para o espao extracelular. Reabsoro passiva de sdio do filtrado urinrio. Secreo de ions de hidrognio para o filtrado urinrio, com consequente aumento do pH do sangue (alcalose). Aumento de reabsoro de gua, com consequente aumento da presso arterial e da volemia (volume de sangue

    circulante).O controle da produo de aldosterona estabelecido pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona (graas ao da angiotensina) que, quando ativado, responsvel por: diminuio da presso na artria renal aferente; diminuio de potssio; diminuio de sdio; estmulo nos nervos renais.

    Cortisol: um hormnio da famlia dos glicocorticides sintetizado na zona fasciculada da glndula adrenal. considerado a principal secreo da adrenal. Sua produo mediada pelo ACTH, produzido pelo lobo anterior da hipfise (adenohipfise), cuja sntese diminuda pela prpria ao em feedback do cortisol (por esta razo, doenas que cursam com sntese diminuda de cortisol apresentam altos nveis de ACTH e uma glndula adrenal aumentada). um hormnio essencial para a sobrevivncia humana, e suas principais funes so:

    Metabolismo da glicose (sua atuao no organismo antagnica insulina, porconseguinte sendo anloga do glucagon) e lipdios.

    Ao inotrpica no corao Diminui a formao e aumenta a reabsoro ssea Diminui sntese de colgeno Dbito cardaco, tono capilar, permeabilidade vascular Diminui filtrao glomerular Estimula a maturao fetal Antagoniza respostas imunolgicas e inflamatrias Inibe a secreo de ACTH

    Adrenalina (epinefrina): assim como a noradrenalina e a dopamina, a adrenalina uma catecolaminasecretada pela medula da glndula adrenal em resposta ao estmulo feito pelo sistema nervoso autonmico simptico (ativado em situaes de dor, estresse, frio, trauma, hipoglicemia, etc.). Alm da medula da adrenal, outros locais podem ser stio de sua sntese, tais como crebro e todas as terminaes adrenrgicas. Suas principais funes so:

    Vasodilatador arteriolar Aumento de dbito, contratilidade, frequncia cardiacas Liplise Inibio de insulina no pncreas Mecanismo de fuga.

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    Como todo hormnio hidrofbico (pois so derivados do colesterol), os esterides atravessam a membrana celular e agem com um receptor intracelular. Este receptor vai para o ncleo e induz uma transcrio gnica. Defeitos nos receptores desencadeiam uma falta de efeito dos hormnios. Isso acontece com indivduos geneticamente homens (pois apresentam XY) e nveis de testosterona normais, mas devido ao fato da carncia de receptores e a existncia da aromatase (que passar a degradar o excesso de testosterona em hormnios femininos como o estradiol e estrona), haver apenas a expresso de estrgenos, o que faz com que esses indivduos desenvolvam caractersticas fenotpicas feminilizantes: apresentam genitlia masculina pouco desenvolvida e ambgua, nunca tiveram a semenarca (primeira ejaculao), etc.

    OBS9: Indivduos que apresentam altos nveis de testosterona e grande atividade da 5--redutase, apresentam como consequncia altas taxas de diidro-testosterona, que bem mais potente que a testosterona. Em geral, esses indivduos apresentam hipertricose e quase sempre, desenvolvem calvcie. A droga Finasteride uma droga que inibe a 5--redutase, sendo importante no tratamento ou retardo da calvcie. Contudo, seu uso crnico tende a diminuir os nveis de diidro-testosterona e, consequentemente, diminuindo um pouco mais o libido.OBS10: A andrognese adrenal importante para o homem, mas muito mais importante para a mulher. Isso porque a capacidade do ovrio de produzir androstenediona e DEA baixa e, portanto, o ovrio est sempre necessitando de andrgenos adrenais para convert-los em estrona ou estradiol. Suponhamos, ento, que uma paciente do sexo feminino tenha deficincia da enzima 21-hidroxilase (responsvel por converter progesterona em 11-desoxi-corticosterona), teria uma dificuldade de produo de aldosterona (hipoaldosteronismo, apresentando hiponatremia e hipercalemia) e de cortisol (responsvel por aumentar a glicemia e inibir a ACTH), e a paciente apresentaria quadros de hipoglicemia. Apresentaria hipotenso, tontura, fraqueza e arritmia. Portanto, o bloqueio dessas duas vias faz com que haja desvio de substratos para a zona reticulada que responsvel pela produo de andrgenos, uma vez que o ACTH continua funcionando (pois o cortisol est baixo) e estimulando cada vez mais a produo da adrenal. Com isso, h uma hiperplasia congnita da adrenal, e esse excesso na produo de andrgenos, gera o desenvolvimento de uma genitlia ambgua (com hipertrofia clitoriana).OBS11: Modificao Ps-Traducional do gene POMC. Na hipfise, o gene que codifica o ACTH denominado de pro-opiomelanocortina (POMC). Quando ele traduzido, sofre uma modificao ps-traducional. Entre as protenas que este gene produz, esto o ACTH e o MSH (Hormnio Estimulador de Melancitos). Percebe-se, ento, o porqu que os pacientes com hipersecreo de ACTH apresentam hiperpigmentao da pele. Alm do ACTH e MSH, o POMC produz tambm endorfinas, que promovem sensaes de analgesia.

    GLICOCORTICIDES CORTISOLO fato da sntese da mineralocorticide aldosterona e do glicocorticide cortisol compartilharem das mesmas

    enzimas (na sua maioria), considera que cada um desses corticides realizam funes semelhantes e recprocas. Nas concentraes fisiolgicas os glicocorticides:

    Ajudam no controle da presso sangunea (estabilidade cardiovascular). O cortisol, como j foi dito, apresenta uma sntese muito semelhante da aldosterona. Com isso, ele passa ainda a apresentar funes endgenas semelhantes como a reabsoro de sdio nos rins. Percebe-se, ento, o porque que indivduos que fazem uso de corticides apresentam uma grande reteno hdrica.

    Controlam a glicemia (homeostase metablica), sendo ele hiperglicemiante, uma vez que aumenta a produo heptica de glicose (gliconeognese). Por esse fator, o excesso de corticides desencadeiam um excesso de glicose circulante, a qual vai ser estocada e causa ganho de peso ao indivduo.

    O controle da disposio corporal (manuteno da integridade das funes do SNC O controle da temperatura (resposta ao estresse)

    A secreo de cortisol se d de maneira cclica, tendo seu maior pico s 8 horas da manha, sendo este o perodo ideal para a coleta de avaliao da cortisolemia de um paciente. O menor pico de cortisol se d a noite (por volta da meia noite), estimulando a secreo de CRH e ACTH. Durante a madrugada, os nveis de ACTH e CRH vo aumentando concomitantemente ao de cortisol, o qual, ciclicamente, atinge seu pico s 8 horas.

    O transporte de cortisol no sangue se d pela globulina ligadora de corticosterides (CBG), uma glicoprotena cida com PM 52.000 produzida pelo fgado, pulmes, rins e testculos. Ela regula a liberao do cortisol para os tecidos. Desse modo, temos duas fraes de cortisol: uma frao livre (biologicamente ativa) e uma frao ligada que, estando em equilbrio, formam juntas o cortisol total plasmtico.

    Para impor o seu mecanismo de ao, o cortisol, ao entrar no ncleo, liga-se ao seu receptor especfico. Este passo desloca uma protena co-repressora que faz com que o RNA polimerase e a protena ativadora se associe ao DNA e produza RNAm para produzir protenas. Com isso, conclui-se que o efeito dos corticides um efeito mais demorado, porm mais efetivo e persistente.

    O cortisol o prottipo dos glicocorticides, tendo efeito direto no metabolismo dos carboidratos. Os efeitos metablicos dos glicocorticides so em geral opostos aos efeitos da insulina: enquanto que a insulina promove a captao de glicose pelo tecido muscular e adiposo (tecidos dependentes de insulina para a captao de glicose), os glicocorticides inibem a captao de glicose. O cortisol aumenta a captao heptica de glicose e diminui a sensibilidade insulina dos tecidos perifricos.

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    OBS12: Pacientes que apresentam sndrome de ovrio policstico (SOP) tendem a ter uma resistncia ao da insulina, pois os esterides da adrenal (que esto em altas concentraes), de uma maneira geral, inibem a captao de glicose pelos tecidos. Esses pacientes so tratados com Meformina, que uma droga que aumenta a captao de glicose pelos tecidos, diminuindo a resistncia insulina e, assim, a hiperinsulinemia.

    O cortisol tambm influencia no metabolismo das protenas. A insulina realiza anabolismo protico, causando aumento da sntese protica e diminuio da liberao de aminocidos. J o cortisol, por ser um hormnio hiperglicemiante, necessitar de aminocidos para a gliconeognese, realizando o catabolismo e degradao das protenas (inclusive as musculares) e aumento da liberao dos aminocidos. Esse fato explica a fraqueza muscular apresentada por indivduos com hipercortisolemia.

    Com relao ao metabolismo dos lipdios, o efeito cortislico tambm o contrrio da insulina. Esta, realiza o anabolismo e o aumento da sntese dos lipdeos, diminuio a liberao dos cidos graxos. J o cortisol realiza o catabolismo dos lipdios, aumento da liplise e aumento da liberao dos cidos graxos. O cortisol provoca uma redistribuio do tecido adiposo pelo cortisol. Indivduos com hipercortisolemia apresenta uma distribuio centrpeta da gordura corporal.

    O cortisol um agente extremamente antiinflamatrio. O cortisol inibe a resposta inflamatria, por inibir a produo de mediadores pr-inflamatrios, que so eles: os metablitos do cido aracdnico (prostaglandinas e leucotrienos); fator de ativao das plaquetas (PAF); fator de necrose tumoral (TNF); Interleucina 1 (IL-1); ativador de plasminognio; promove a estabilizao das membranas lisossomais e destruio dos eosinfilos. Um paciente com hiporcortisolemia tende a apresentar, mais facilmente, infeces oportunistas. Em geral, quando se faz uso de corticoideterapia, pode-se fazer uso associado de antibiticos. Em contrapartida, os corticides so extremamente indicados para o tratamento de asma crnica devido a sua ao destruidora de eosinfilos, diminuindo a descarga histamnica na asma.

    OBS13: Principais usos clnicos dos corticides: Os medicamentos antiinflamatrios esteroidais (corticides, corticosterides ou glicocorticides) so drogas que agem semelhantemente ao cortisol endgeno (glicocorticide). Estes medicamentos apresentam as mesmas funes que os medicamentos antiinflamatrios no-esteroidais (MAINEs) exercem, sendo adicionada a ao imunossupressora. Alguns exemplos so: Hidrocortisona, Dexametasona, Prednisolona, etc.

    Terapia de reposio: para suprir a carncia de hormnios na insuficincia adrenal. Ao anti-inflamatria: tratamento de doenas auto-imunes, processos inflamatrios granulomatosos,

    processos inflamatrios pulmonares (ASMA, por exemplo), etc. Imunossupresso: teis para diminuir a resposta imunolgica aps transplante de rgos ou em doenas auto-

    imunes. Supresso andrognica: em caso de sndromes masculinizantes.

    OBS14: No feto, o cortisol favorece a maturao do SNC, retina, pele, tracto gastrointestinal e, principalmente, o sistema pulmonar. O cortisol auxilia a difereniao da mucosa intestinal do fentipo fetal para o fentipo adulto, o que permite criana usar dissacardeos presentes no leite materno. No pulmo passa-se algo semelhante, a velocidade de desenvovimento alveolar e do epitlio respiratrio acentuada pelo cortisol; e, mais importante, nas ltimas semanas de gestao os glicocorticides aumentam a sntese de surfactante (sendo usados para induzir a maturidade pulmonar em recm-nascidos prematuros), sendo til a sua administrao at, aproximadamente, a 34 semana de gestao.

    MINERALOCORTICIDE ALDOSTERONAA aldosterona o prottipo dos

    mineralocorticides, sendo estimulada a sua secreo pela Angiotensina II. Seu mecanismo de ao primrio ocorre nos tbulos renais: a aldosterona aumenta a reabsoro de sdio e excreo de potssio e hidrognio. O efeito primrio o aumento da natremia e diminuio da calemia, e a gua segue o on sdio. Ela induz ainda a expresso aumentada da Na-K-ATPase, de canais de sdio e da sntese de ATP mitocondrial. Alm disso, a aldosterona aumenta a excreo de amnia.

    Tem como tecidos alvos: Rins, glndulas salivares e sudorparas, osso, trato GI, msculos. A aldosterona estimula ainda a proliferao de micitos cardacos. Pacientes que apresentam insuficincia cardaca congestiva tendem a evoluir uma hipertrofia ventricular esquerda. Quando o mesmo faz uso de frmacos inibidores de ECA (como o Captopril ou Enalapril), seus nveis de aldosterona tendem a cair juntamente aos de angiotensina II.

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    CORTICIDES: ESTRUTURA-FUNOAssim como vimos previamente na OBS13, os principais corticides do mercado so: Hidrocortisona (com

    estrutura similar ao cortisol endgeno, apresentando, portanto, potencia 1); Prednisolona (apresenta uma ligao dupla a mais que a anterior); Metil-prednisolona (apresenta um radical metil a mais que a anterior); Cortisona (apresenta uma molcula oxignio a mais que a anterior); Prednisona (com uma ligao dupla a mais que a anterior); e Dexametasona (apresenta flor adicionado a sua estrutura assim como mais um grupo metil), sendo esta cerca de 25 vezes mais potente que a hidrocortisona. A dexametasona tem seu efeito mineralocorticide totalmente abolido, sem ter funo nenhuma de reter sdio.

    Pacientes com deficincia de aldosterona so tratados com 9--fluorocortisone, pois este um potente corticide, mas com ao mineralocorticide, apresentando capacidade para reter sdio. Isso acontece porque adicionando um grupo flor na posio 9-, h um aumento da atividade mineralocorticide do corticide.

    OBS15: Potncia glicocorticide: Dexametasona > Prednisona > Cortisol

    EFEITOS COLATERAIS DA HIPERCORTESOLEMIAComo os corticides influenciam todo o metabolismo corporal, podem ocorrer alteraes em vrios nveis

    orgnicos, tais como: Metabolismo sseo. Os efeitos colaterais de uma hipercortesolemia, em longo prazo, no metabolismo sseo,

    so caracterizados por uma diminuio da atividade osteoblstica, aumento da atividade osteoclstica, diminuio da absoro do clcio intestinal e aumento da secreo do PTH. Isso gera, portanto, uma desmineralizao ssea, tornando o osso trabecular em osso poroso.

    Resistncia insulina. O uso crnico de glicocorticides produz uma resistncia perifrica insulina e induz o fgado a realizar gliconeognese, tudo no intuito de realizar uma hiperglicemia. A hipercortisolemia pode levar a um quadro de diabetes denominado de diabetes medicamentosa.

    Sistema nervoso central. A terapia crnica com corticides tem influncia extremamente importante no sistema nervo central. Pode ocorre morte ou atrofia neural, sendo as principais estruturas afetadas o hipocampo e os ncleos da base. Os sintomas neuropsiquitricos so: cognitivos (memria, aprendizado); humor (irritabilidade, depresso, ideao suicida, ideao paranica); sono (insnia).

    Aparelho gastrointestinal. A terapia crnica com corticides influencia tambm na funo gstrica. O uso prolongado de corticides pode induzir na funo gstrica: aumentando a secreo do HCl e diminuindo a produo de mucinas que fazem a proteo da mucosa gstrica. Conclui-se, ento, que o uso de corticides pode aumentar o risco de desenvolvimento de lceras gstricas (sendo este risco muito menor do que o causado pelos antiinflamatrios no-esteroidais).

    Insuficincia adrenal. Como complicao principal para o uso crnico de corticides exgenos, tem-se o bloqueio do eixo Hipotlamo-Hipfise-Adrenal. Isso faz com que a secreo de ACTH fique cada vez menor, diminuindo concomitantemente, a produo endgena de cortisol. Na maioria dos casos, a falta do estmulo pelo ACTH faz com que a glndula adrenal atrofie e esgote a produo de cortisol endgeno. Esse o motivo para o qual o fim de tratamentos com corticides no pode ser interrompido da uma hora para a outra: a posologia deve ser ajustada gradativamente at que a produo endgena de cortisol volte a ser regulada. Caso contrrio, o paciente entra em quadro de insuficincia adrenal.

    CORRELAES CLNICASInsuficincia Adrenal: quadro em que ocorre uma secreo inapropriadamente baixa de esterides da adrenal, apresentando: insuficincia de aldosterona, insuficincia de cortisol e insuficincia de esterides sexuais. A insuficincia adrenal pode ser classificada em primria (se afeta a glndula adrenal), secundria (se afeta a hipfise) e terciria (se ela afeta o hipotlamo).

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    Insuficincia adrenal primria (Doena de Addison): Doena descrita primeiramente por Thomas Addison (1793-1860). Na insuficincia primria, as adrenais so destrudas, e a aldosterona igualmente afetada.Como h uma produo carente de cortisol, o gene POMC ser transcrito exacerbadamente, produzindo, alm do ACTH, grandes quantidades de MSH (o que explica o escurecimento cutneo caracterstico da Doena de Addison). Em 80% dos casos de Doena de Addison, a etiologia se d por uma doena auto-imune, afetando todas as regies da adrenal. Entre outras causas, temos: infeces (tuberculose, citomegalovrus, fungos); vascular (hemorragia, trombose, arterite); metstases (em pacientes com cncer); adrenoleucodistrofia (em homens jovens).Os sinais e sintomas so: perda de peso, anorexia, desidratao (devido a presena de sdio nos tbulos renais), fraqueza muscular, hiperpigmentao da pele, hipotenso, etc. A falta de aldosterona (hipoaldosteronismo) leva a tontura pela hiponatremia, alm de causar hipotenso e hipercalemia.

    Insuficincia adrenal secundria e terciria: disfunes na hipfise (sem secreo de ACTH e de cortisol, com aumento do CRH) e no hipotlamo (sem secreo de nenhum dos hormnios), respectivamente. As principais causas so: doenas vasculares (necrose Ps-Parto, chamada de Sndrome de Sheehan); doenas infiltrativas (Sarcoidose, compresso tumoral); Ps-cirurgia ou radioterapia; Tratamento crnico com corticides. Os nveis de aldosterona esto normais por ser ela estimulada pela angiotensina II, diferentemente da insuficincia adrenal primria, na qual a aldosterona comprometida pois todo o crtex da adrenal comprometido. Sintomas: fadiga, indisposio moderada, fraqueza muscular proximal. Sinais: No ocorre hiperpigmentao, nem hipotenso postural.

    Adrenoleucodistrofia/Adrenomieloneuropatia: doena enzimtica ligada ao cromossomo X, afetando apenas homens. O paciente apresenta insuficincia adrenal na infncia, hipogonadismo hipergonadotrfico na puberdade, paraparesia, desmielinizao na vida adulta. A fisiopatologia est relacionada mutao na protena Adrenoleucodistrofia (ALPD). A funo desta ALD funcionar como uma protena ncora de transporte peroxisomal para Acil-CoA sintetase de cadeia muito longa. Verifica-se steres de colesterol com cidos graxos de cadeia longa. Tratamento: Reposio de cortisol; leo de Lorenzo (ajuda na reposio dos nveis sricos dos VLCFA mas sem benefcio clnico aps em mdia 3 anos livre da doena).

    Crise adrenal: a crise adrenal geralmente causada pela retirada de corticide exgeno abruptamente. O paciente apresenta hiperpigmentao, hiponatremia, hipercalemia, hipoglicemia, hipotenso resistente a catecolaminas. Se no tratada imediatamente, a crise adrenal pode levar o paciente a morte. Pode ser causada, por exemplo: por hemorragias (doena tromboemblica ou terapia anticoagulante); drogas que diminuem a produo de glicocorticides (cetoconazol, metirapone); drogas que aumentam a produo de GC (fenobarbital, rifomicina).

    Hiperplasia Adrenal Congnita (HAC): H um defeito gentico na sntese do cortisol e aldosterona, resultandoem insuficincia adrenal primria. As causas mais prevalentes da HAC deficincia da enzima 21-hidroxilase. Ocorre um aumento de CRH e ACHT. O ACHT aumentado estimula a adrenal e resulta no desvio de precurssores para sntese de outros hormnios. ACTH estimula o crescimento (hiperplasia) das adrenais.A 21-hidroxilase da zona fasciculada (converte 17-hidroxi-progesterona em 11-desoxi-cortisol) uma hidroxilase mais branda. Seu defeito causa uma HAC no-perdedora de sal (pois a produo de aldosterona estaria normal na zona glomerulosa). O paciente apresentaria quadros de hipoglicemia devido a carncia na produo do cortisol.A forma mais grave da doena ocorre quando a defeitos na enzima 21-hidroxilase das duas zonas mais externas do crtex da adrenal, fazendo com que o paciente tenha carncia tanto de cortisol quanto de aldosterona, desencadeando uma HAC perdedora de sal. O paciente apresenta uma desidratao severa. Como no h

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    converso de subprodutos para a produo do cortisol e aldosterona, h um desvio para a produo de andrgenos pela camada mais profunda. Isso repercute, para as mulheres, em um processo de masculinizao (pseudo-hermafroditismo), ocasionando cliteromegalia e hirsuitismo (presena de barba).

    Sndrome de Cushing: A sndrome de Cushing ou hipercortisolismo ou hiperadrenocorticismo uma desordem endcrina causada por nveis elvados de cortisol no sangue. O cortisol liberado pela glndula adrenal em resposta liberao de ACTH na glndula pituitria no crebro. Nveis altos de cortisol tambm podem ser induzidos pela administrao de drogas. A doena de Cushing muito parecida com a sndrome de Cushing, j que todas as manifestaes fisiolgicas so as mesmas. Ambas as doenas so caracterizas por nveis elevados de cortisol no sangue, mas a causa do cortisol elevado difere entre as doenas. A doena de Cushing se refere especificamente a um tumor na glndula pituitria que, por lanar grandes quantidades de ACTH, estimula uma secreo excessiva de cortisol na glndula adrenal. Foi descoberta pelo mdico americano Harvey Cushing (1869-1939) e descrita por ele em 1932. Sndrome de Cushing ACTH dependente: apresenta hipercortisolemia devido a grande produo de

    ACTH (em casos de tumor de hipfise hipersecretor de ACTH). Pode haver ainda hipercortisolismo de produo ectpica de ACTH ou CRH por um tumor (carcinide brnquico, Oat cell carcinoma, Feocromocitoma, CA medular de tireide). Se esse tumor ACTH dependente mas no da hipfise, ele no sofre regulao do eixo hipotlamo-hipofisrio. Nesses casos, ocorrer hiperpigmentao.

    Sndrome de Cushing ACTH independete (Cushing da Adrenal): tumores de glndula adrenal hipersecretores de cortisol, em que h nveis elevados de cortisol no sangue independentemente do ACTH. Geralmente se d de maneira unilateral, o que gera uma atrofia da adrenal do lado oposto ao local do tumor. Haver associao de excesso de andrgeno (hisurtismo, acne, menstruao irregular, calvcie).

    Manifestaes clnicas: Aumento do catabolismo protico (estrias, dficit de cicatrizao, desgaste e fraqueza muscular), produo aumentada de glicose (DM), redistribuio do tecido adiposo (obesidade centrpeta), fragilidade ssea (por uma atividade osteroclsticas, gerando osteoporose), sntese aumentada de catecolaminas (hipertenso), anti-inflamatria (infeces oportunsticas), inibio do eixo HPG (amenorria, impotncia), depresso e dificuldade na memria (comprometimento do sistema lmbico).Diagnsticos: H dois testes que podem ser feitos como diagnstico:

    Supresso com baixa dose de Dexametasona: d-se ao paciente baixas doses de dexametasona, um potente inibidor do eixo hipotlamo-hipofisrio. Baixa dose de dexametasona suprime a secreo de ACTH em pacientes normais ou com hipercortisolismo fisiolgico (Estresse). A baixa dose de dexametasona no suprime a secreo de ACTH em pacientes com Sndrome de Cushing ACTH dependente (adenoma hipofisrio ou produo ectpica de ACTH por tumores) e em pacientes com Sndrome de Cushing ACTH independente (tumores de adrenal).

    Supresso com alta dose de Dexametasona: Alta dose de dexametasona suprime a secreo de ACTH em pacientes com Sndrome de Cushing ACTH dependente (Adenoma hipofisrio). Isso ocorre pois, por ser to alta a taxa de dexametasona, o tumor inibido de secretar ACTH. Alta dose de Dexametasona no suprime a secreo de ACTH em pacientes com Sndrome de Cushing ACTH dependente (produo ectpica de ACTH por tumores), pois a dexametasona no capaz de suprimir a secreo de ACTH por tumores ectpicos.

    Hipoaldosteronismo: baixas taxas sanguneas de aldosterona, havendo pouca reabsoro de sdio com baixos ndices de natremia (ndices de sdio no sangue), ou seja, hiponatremia com hipercalemia (elevadas taxas de potssio), implicando pois, nos seguintes sintomas: disritmias cardacos (alteraes no ECG devido a altas concentraes de potssio), hipotenso (devido a baixas taxas de sdio sanguneo).

    OBS16: De um modo geral, temos: Hipoaldosteronismo Hipotenso, Hipercalemia e Hiponatremia Hipocortisolismo Fadiga, Hipotenso, Hipoglicemia Causas de hipercortisolismo: causas fisiolgicas (gravidez, estresse e exerccio excessivo); causas patolgicas

    (Sndrome de Cushing, Diabetes Melitus, Hipertireoidismo, Anorexia nervosa, Sndrome do pnico, Transtorno Obsessivo-compulsivo, Corticides exgeno).

    Deficincia de DHEAS no macho (fadiga, alterao do humor); nas fmeas (fadiga, alterao do humor, disfuno sexual).

    DIAGNSTICOS PARA DOENAS DA ADRENALDevem ser feitos teste de triagem:

    Dosar o cortisol s 08:00 h (5 25 g/dL) Se alto Hipercortisolemia Se muito baixo Diagnstico

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    Porm, mesmo sendo feito os testes de triagem, a maioria dos pacientes apresentam valores borderlines (sem muita especificidade). Faz-se, necessrio, portanto, o uso de testes especficos. Um dos mais utilizados teste de estimulao com ACTH, que consiste em aplicar doses de ACTH em pacientes com suspeita e observar resultados. Se o paciente for normal, o ACTH ser capaz de estimular a sntese de cortisol, aumentando a sua concentrao plasmtica. Caso contrrio, se no houver aumento do cortisol, o paciente acometido de insuficincia adrenal primria.

    O teste a tolerncia insulina pode ainda ser realizado. A insulina, ao estimular a hipoglicemia, estimula o eixo Hipotlamo-Hipfise-Adrenal para que o cortisol seja produzido e aumente a glicemia plasmtica. D-se ento insulina ao paciente e espera, aps a queda da glicemia do paciente, o aumento do cortisol e a diminuio do ACTH. Baixos nveis de cortisol aps a hipoglicemia, tem-se insuficincia primria.