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FISIOLOGIA DE SEMENTES INTRODUÇÃO
Julio Marcos FilhoTecnologia de Sementes
Depto. Produção Vegetal – USP/ESALQ
SEMENTE
- Desempenha importante função biológica(sobrevivência da espécie) + usos diretos eindiretos+ importância para a produtividadeagrícola
- Estrutura biológica complexa, contendo umaplanta em miniatura acompanhada porsubstâncias de reserva e protegida por umacobertura (tegumento e/ou partes do fruto)
SEMENTE
- Melhoramento genético + organização daprodução de sementes: requisitos básicospara a agricultura produtiva
- Importantíssimo: proteção da propriedadeintelectual
MEIO DE SOBREVIVÊNCIA PARA A ESPÉCIE
IMPORTÂNCIA DAS SEMENTES
Resistem a condições de ambiente, fatais àplanta-mãe e a materiais de propagação
Vida embrionária pode ser quase que completamentesuspensa e, posteriormente, reiniciada para novodesenvolvimento
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MEIO DE SOBREVIVÊNCIA PARA A ESPÉCIE
- Tolerância à dessecação (variável com a espécie)
- Dormênciadistribuição da germinação
no tempo
- Dispersão distribuição da germinação no espaço
GARANTIA DA CONTINUIDADE DA
SUCESSÃO DE GERAÇÕES
Sementes e plantas silvestres: alta capacidadede sobrevivência e longevidade
MEIO DE SOBREVIVÊNCIA PARA A ESPÉCIE
Quanto maior é o grau de domesticação, menoré a eficiência na preservação da espécie
Mecanismos de dispersão: asas, pelos, espinhos, rugosidades, mucilagem, homem, ...
MEIO DE SOBREVIVÊNCIA PARA A ESPÉCIE
Sementes apresentam grande diversidade deformas e de tamanhos
- Tamanhos médios, em geral- Árvores: 328 mg- Arbustos: 69 mg- Plantas herbáceas: 07 mg
O número de sementes produzidas pela plantageralmente tem relação inversa com o seutamanho
Semente de Coco-do-Mar (double coconut palm): pode atingir 25 kg
Tabaco: cerca de 16.000 sementes / g
Sementes apresentam grande diversidade deformas e de tamanhos
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MEIO DE SOBREVIVÊNCIA PARA A ESPÉCIE
Menores MaioresPlantas produzem maior númerode sementes
Plantas produzem número relativamentepequeno de sementes
Fácil dispersão pelo vento,disseminação ampla
Dispersão limitada, apenas comauxílio externo (homem, animais)
Germinam quando situadaspróximo à superfície do solo
Podem ser enterradas no solo egerminar sob maiores profundidades
Podem ser consumidas pororganismos no solo (insetos,pequenos animais)
Mais protegidas do ataque deorganismos predadores
Tamanho de sementes
ALIMENTOS E PRODUTOS ESSENCIAIS
- Sementes contribuem significativamente para a dieta humana,em proporções variáveis, de acordo com a região considerada
- Quinze dos vinte e cinco alimentos mais importantes deorigem animal e vegetal correspondem a culturas produtorasde grãos (sementes)
- Três (milho, arroz e trigo) dos dez produtos mais importantes, com base na quantidade disponível de alimentos, são cereais, representando aproximadamente 75% do suprimento mundial de alimentos.
Especificidade do armazenamento de carboidratos, lipídios e deproteínas em sementes resulta de série complexa deprocessos bioquímicos, iniciados com a captação de energialuminosa e fixação do carbono durante a fotossíntese.
A planta-mãe produz açúcares (especialmente sacarose) eaminoácidos utilizados para sintetizar moléculas maiselaboradas das substâncias de reserva das sementes, quepossibilitam o atendimento de inúmeras necessidadeshumanas.
ALIMENTOS E PRODUTOS ESSENCIAIS
Aproximadamente 90 % dos grãos produzidos no mundo: cereais, predominando trigo, milho e arroz que representam a base alimentar de inúmeros países.
Cereais e leguminosas prevalecem na dieta humana emregiões da Ásia e da África, mas esse valor situa-se emtorno de 30%, em países mais desenvolvidos, onde osgrãos são convertidos em carne, leite, ovos e vários outrosprodutos elsborados.
ALIMENTOS E PRODUTOS ESSENCIAIS
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PRODUTOS ESSENCIAIS
Matérias primas para a produção de vários artigos
essenciais ou materiais de multiplicação de plantas
importantes para a produção de
óleos comestíveis e industriais, roupas, bebidas,substâncias medicinais, madeira, papel, bioplástico,sabões, detergentes, vernizes, combustíveis,bijuterias e outros ornamentos, além de váriosoutros produtos
MULTIPLICAÇÃO DE PLANTAS
+ 350.000 espécies descritas
+ 250.000 multiplicadas por sementes
Semente centro das alterações planejadas pelos melhoristas
MELHORAMENTO DE PLANTAS
Semente mecanismo mais rápido e eficiente para difusão de novos cultivares
Conservação de germoplasmas: manutenção de genes para intercâmbio
Semente veículo dos avanços da genéticaProdução de milho (bu/acre) nos EUA, destacando-se os períodos dominados por cultivares de polinização aberta, híbridos duplos e híbridos simples (Crow, 1998).
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Evolução da utilização de sementes de milho no Brasil, em função do tipo de cultivar (Emygdio, 2015)
Início da Agricultura na região dos rios Tigre e Eufrates, aproximadamente 12.000 A.C.
MELHORAMENTO DE PLANTAS
Na época, descoberta de progenitores selvagens detrigo, cevada, linho, grão de bico, ervilha, lentilha,ervilhaca
Aproveitamento da água dos rios mediante a escavação de canais para irrigação
Formas selvagens (progenitores) das espécies quemais interessavam: domesticadas gradativamentepara atender as necessidades da humanidade
MELHORAMENTO DE PLANTAS
Centros de origem de espécies cultivadas:
- Arroz: Extremo Oriente ( 8 a 12.000 A.C.)
- Trigo: oriente médio (Irã, Iraque, Turquia: 8 a 12000 A.C.)
- Milho (Américas Central e dos Sul, 4 a 8.000 A.C.)
- Café (África Ocidental/Etiópia, ~ 4.000 A.C.)
- Algodão: Extremo Oriente – India, África Central ( 4 a
8.000 A.C.)
- Soja: China ( 4 a 8.000 A.C.)
MELHORAMENTO DE PLANTAS
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A SEMENTE COMO INSUMO AGRÍCOLA
Produtividades
Milho: 100 kg/ha, em 3.000 A.C.
Arroz: 1.000 kg/ha, em 800 D.C.
Trigo: 1.100 kg/ha, em 3.000 A.C.
ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DA DOMESTICAÇÃO:
- Perda da eficiência de mecanismos de dispersão (degrana, deiscência)
- Redução ou perda completa da dormência
- Redução do ciclo de várias espécies. Exemplo: arroz perene para anual
- Aumento no tamanho das inflorescências, das sementes, número de flores/planta
- Redução de exigências climáticas (Ex: fotoperíodo)
A SEMENTE COMO INSUMO AGRÍCOLA
ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DA DOMESTICAÇÃO:
- Aprimoramento dos métodos de melhoramento
- Redução da rusticidade
- Melhoria de inúmeras características de interesse
agronômico, da indústria e do consumidor
- Adaptação a regiões distantes do centro de origem
MELHORAMENTO DE PLANTAS
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56
7
Evolução da população mundial a partir de 1950 U.S. Census Bureau – www.census.gov (2013)
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A SEMENTE COMO INSUMO AGRÍCOLA
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A SEMENTE COMO INSUMO AGRÍCOLA
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL E NECESSIDADE DE APRIMORAR TECNOLOGIA DE
PRODUÇÃO
A SEMENTE COMO INSUMO AGRÍCOLA
DESAFIO:
AUMENTAR A PRODUÇÃO, PRESERVANDO RECURSOSNATURAIS, SEM ACRÉSCIMOS SIGNIFICATIVOS DO CUSTODE PRODUÇÃO.
HÁ LIMITAÇÕES DE ESPAÇO E NECESSIDADE DECRIAR OU APRIMORAR MECANISMOS DE TOLERÂNCIAA CRESCENTES ESTRESSES AMBIENTAIS.
Brasil como produtor mundial (em 2012)
CulturaProdução (1000 t) Percentagem
Brasil/MundoMundo Brasil
Algodão 48.842 3.195 6,5
Arroz 722.760 13.477 1,9
Café 8.284 2.700 32,6
Feijão 23.250 3.435 14,8
Milho 883.460 55.660 6,3
Soja 260.916 74.815 28,7
Sorgo 54.198 1.931 3,6
Trigo 704.080 5.690 1,0
Total 2.705.790 160.903 6,0
F.A.O. (2013)
CulturaPosição no
Mundo(1.000 t))
Produtiv. Mundial (kg/ha)
Produtiv. Brasileira
(kg/ha)Algodão 5o (3,195) 1.516 3.597 (12o)Arroz 9o (13,47) 4.404 4.896 (29o)Café 1o (2,700) 791 1.257 (8o)Feijão 1o (3,435) 796 935 (61o)Milho 3o (55,66) 5.185 4.210 (55o)Soja 2o (74,81) 2.533 3.121 (3o)Sorgo 9o (1,931) 1.527 2.550 (31o)Trigo 21o (5,690) 3.195 2.661 (151o)
Produção e produtividade brasileira e mundial selecionadas de oito culturas de expressão econômica, em 2011. CONAB; FAO
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Área cultivada, produção total e produtividade de grãos no Brasil, período 1991/2009 .Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB/MAPA)
- Houve elevação consistente da produção nacional de grãos, sem variaçõesconsideráveis da área cultivada, refletindo o crescimento da produtividade e aeficiência da agricultura.
Área (milhões ha)
Produção (milhões t)
Produtividade (kg/ha)
Anos
Milh
ões
(t
ou
ha)
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
Algodão Arroz Feijão Milho Soja Trigo
Prod
utiv
idad
e (k
g/ha
)
Culturas
1991 a 1993
2002 a 2004
2008 a 2010
2012
Evolução da produtividade brasileira (kg/ha) de seis culturas de economicamenteimportantes, no período 1991/2012.
Fontes: Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB/MAPA); Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística
3,75
1,87
1,68
1,88
1,451,56
Produção / área = cultivar + técnica cultural + insumos
1 2
kg/ha kg/ha
I II
1 2
3000
4000
5000
3000
4000
5000
Genótipo AGenótipo BGenótipo C II - 25.000 plantas / ha
I - 50.000 plantas / ha
1: adubação NPK12: adubação NPK2
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Cultura 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011/12
Algodão 49 49 44 44 44 44 55
Arroz 43 43 45 40 47 42 51
Feijão 13 15 13 11 11 11 18
Milho 85 85 83 83 84 84 91
Soja 50 50 54 61 64 64 67
Trigo 71 71 66 72 72 72 71
Taxas de utilização de sementes selecionadas de algumasculturas de expressão econômica, no Brasil(ABRASEM)
Taxas de utilização de sementes de soja, safra 2007/08
Fonte: ABRASEM e CONAB (2008), adaptado por Pádua (2008)
França Neto, 2009
ESTADOPRODUÇÃO
(1000 t)PRODUTIVIDADE
(kg/ha)USO DE
SEMENTES (%)
Rio Grande do Sul 1.805 2.100 72
Paraná 2.540 1.955 70
Goiás 85 3.764 80
Mato Grosso --- --- ---
M. Grosso do Sul 73 1.713 70
São Paulo 126 2.070 70
BRASIL 5.026 2.070 72
Dados de produção total, produtividade e taxa de uso de sementesselecionadas de trigo nos principais estados produtores, em 2010Fontes: CONAB, ABRASEM
Produção/área e taxas de utilização de sementes de soja, safra 2009/10
Fonte: ABRASEM e CONAB. Baseado em Pádua (2008)
10
Milho 2011
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
RS PR GO MT MS SP SC
Pro
du
tivi
dad
e (k
g/h
a)
Estados
Produtividade
97%
91%
88%
87%
88% 85%82%
Uso de sementes
Comparação entre potencial fisiológico (G, TZ e EM) de sementes“próprias” e comerciais de soja, no depósito da semeadora(Villas Bôas e Peske, 2007)
Porcentagem (Frequência de Lotes)
Porc
enta
gem
(Ger
min
ação
, Via
bilid
ade
TZ 1
-5,
Vigo
r TZ
1-3
e Em
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de
Plân
tula
s)
TratamentosGermin. (%)
Envelh. acelerado (%)
TZ 1 - 3 (%)
Inic. 6 meses Inic. 6 meses Inic. 6 meses
Semente 89 90 92 90 95 87 Grão 1 84 75 75 57 74 58Grão 2 86 71 71 58 76 61 Grão 3 89 75 71 58 73 66 Grão 4 88 76 70 60 77 62
Germinação e vigor de sementes de soja obtidas sob condições que simularam a produção sob certificação e de “grãos salvos” (Tozzo e Peske, 2007)
Semente: material colhido com 16,3% de água, secado (38oC a 40oC) até atingir 12,5%de água, beneficiado e armazenado em depósito; Grão 1: material colhido com 14,7% deágua, submetido a pré-limpeza e armazenado em depósito; Grão 2: material colhidocom 14,7% de água, não beneficiado e armazenado em depósito; Grão 3: materialcolhido com 12,3% de água, submetido a pré-limpeza e armazenado em depósito; Grão4: material colhido com 12,3% de água, não beneficiado e armazenado em depósito
PRODUÇÃO DE SEMENTES É ATIVIDADE ESPECIALIZADA
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO E CUIDADOS PODEM SER MUITO DIFERENTES DOS
ADOTADOS EM CULTURAS PARA GRÃOS DE CONSUMO
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SEMENTE:
VEÍCULO DISSEMINADOR E
PRODUTO DA AGRICULTURA
A agricultura bem sucedida jamais
deixará de depender da utilização
de sementes de alta qualidade,
por maiores que sejam os avanços
da Biotecnologia.
À medida que se verifica o refinamento dosprogramas de melhoramento genético,cresce a demanda por sementes comatributos diferenciados de qualidade edesempenho de alta eficiência
A Biologia Molecular e a Biotecnologia sãoidentificados como símbolos da modernidade dapesquisa em Biologia Vegetal e como parâmetrosbalizadores do futuro da evolução do conhecimento, acurto e médio prazos.
A incorporação de novos avanços proporcionadospela pesquisa representa a base para o entendimentoe a integração de atividades que conduzem àprodução de sementes de alta qualidade e determina anecessidade da evolução da competência dosprofissionais ligados a essa área.
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O desenvolvimento de procedimentoseficientes para a produção, processa-mento e avaliação da qualidade dassementes somente pode ser concretizadoquando estiver apoiado em conhecimentosuficiente dos processos vitais dassementes, dos fatores que os afetam e desuas relações com o desempenho após asemeadura e durante o armazenamento
Sementes muito semelhantes, sob o pontode vista genético, exibem variações dedesempenho, em função da interação com oambiente (clima, práticas de manejo, fatoresbióticos), enquanto ainda ligadas à plantamatriz.
Isto determina comportamento variávelentre indivíduos, expresso por diferençasno potencial fisiológico, grau de dormência,nível de deterioração, ...
Estudo dos processos vitais das sementes,
com relação às suas funções e desempenho
(maturação, germinação, dormência, deteriora-
ção, vigor), sob ampla diversidade de
condições de ambiente (planta-mãe, solo,
processamento, armazém).
FISIOLOGIA DE SEMENTESAtividades do Fisiologista de Sementes
Trabalho conjunto com o melhorista (seleção de materiais)
Assessoramento da produção de sementes (técnicacultural – época de semeadura, população, região deprodução, fitossanidade, colheita, ...)
Assessoramento do beneficiamento (sequência de operações, separação de materiais com menor potencial fisiológico, orientação da classificação)
Assessoramento da secagem e armazenamento (escolha do método, temperatura de secagem, procedimentos, diferenças entre espécies, ...)
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Atividades do Fisiologista de Sementes
Avaliação da eficiência de produtos químicos (fungicidas, inseticidas, dessecantes, biorreguladores ... )
Gerenciamento de programas de controle de qualidade (parâmetros e procedimentos)
Avaliação da conveniência e gerenciamento de tratamento de sementes: produtos e processos
A EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO
Primeiro contato homem / fisiologia de sementes: estabelecimento da Agricultura
Euforia x conseqüências imediatas
Cultura egípcia: sementes símbolo do recomeço, do retorno à vida após a morte
Evenari (1980, 1981)
- Teofrasto (IV A.C.): pai da Fisiologia de Sementes (381-287 A.C.)
- Estudos sobre transferência de matéria seca planta / semente
- Fatores que afetam a germinação- Coordenação de estudos sobre dormência, arma-
zenamento, pré-embebição para a germinação,relações maturação/germinação
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Evenari (1980, 1981)
- Longo período sem avanço documentado do conhecimento
- Documentação sistemática apenas após o século XVII
Problemas de comunicaçãoGuerrasPerdas de documentos valiososInfluência da IgrejaInfluência da Política
Evenari (1980, 1981)
- Longo período sem avanço documentado do conhecimento
- Século II A.C.: investigações de Plínio (“sucessor de Teofrasto”), Virgílio, Columella, Varro
Informações para basear aplicações práticas:Colheita, secagem, armazenamento, preservação da sanidade
- Pequena evolução pós-Teofrasto
- Século XIX: primeiras pesquisas sobre polinização,fertilização, embriogênese e formação doendosperma
- Sachs (1859/1862): Pai da moderna Fisiologia deSementes: pesquisas sobre as relações entretemperatura e germinação, temperaturas cardeais,acúmulo de matéria seca durante a maturação emobilização durante a germinação, período de latênciapós-maturidade e eventos bioquímicos característicosda germinação
- Nobbe (1860): início da Análise de Sementes eprimeiro livro sobre o assunto
Evenari (1980, 1981)
- De Vries (1877/1878): processo de germinação desementes de trevo; mobilização de reservasdurante a germinação
- Hansen (1894), Puriewich (1897): ação de enzimasna digestão de reservas durante a germinação
- Final do século XIX e início do XX: publicação devários artigos sobre germinação e desenvolvimentode plântulas, impermeabilidade do tegumento, efeitosde temperaturas alternadas, de promotores einibidores da germinação
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Evenari (1980, 1981)
- Flint e Mc Allister (1935 / 1937): relações entreradiações luminosas e germinação
- Borthwick e equipe (1952): fotorreversibilidade dofitocromo e influência da luz na germinação desementes de alface
- Revisões sobre deterioração de sementes:Crocker, em 1938 e 1948
Marco histórico em 1950: despertar da atenção para o vigor de sementes
Anos 1960 e 1970:- Vigor- Maturação- Germinação- Dormência
Bioquímica: ciência dirigida ao estudo das reações químicas em tecidos vivos
Genética: trata dos mecanismos de transmissão e expressão das características componentes do genoma
Biologia Molecular: estuda as interações DNA, RNA eproteínas, procurando associar conhecimentos dessas duasáreas, ao investigar mecanismos da replicação, transcrição etradução da mensagem genética.Permite melhor compreensão de várias atividades sobcontrole celular e molecular que governam a manifestação defunções vitais.
GENESUnidades básicas da herança genética. Carregam
as instruções fundamentais para gerenciar odesenvolvimento organizado de uma planta
A Fisiologia Vegetal e a Fisiologia de Sementesprocuram esclarecer como os produtos de um oumais genes se manifestam para expressar o padrãode desenvolvimento e como o ambiente afeta esseprocesso
Não é mais possível ignorar as relações Fisiologia de Sementes x Biologia Molecular
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GenômicaEstudo do genoma completo, envolvendo o
sequenciamento e mapeamento genético, além das
interações e expressões de genes
TranscriptômicaEstudo do da porção transcrita do genoma ou a análise
do conjunto de todo o RNAm transcrito, que pode ser
alterado com o tempo ou etapa do desenvolvimento.
Transcriptoma: fração do DNA que está sendo transcrita em RNAm num determinado momento.
ProteômicaEstudo completo das proteínas produzidas por uma célulaou organismo num determinado momento ou sob condiçãoespecífica (RNA-m é traduzido em proteínas)
MetabolômicaEstudo completo do conjunto de atividades metabólicas oude moléculas menores (metabólitos intermediários, produtossecundários, hormônios, etc) realizadas numa célula ouorganismo
QTLCaracteres definidos associados a regiões específicas dogenoma e que podem ser controlados por loci múltiplos.Marcadores moleculares têm permitido a identificação
precisa de QTL de caracteres muito importantes em plantas.
ProteômicaEstudo completo das proteínas produzidas por uma célulaou organismo num determinado momento ou sob condiçãoespecífica (RNA-m é traduzido em proteínas)
MetabolômicaEstudo completo do conjunto de atividades metabólicas oude moléculas menores (metabólitos intermediários, produtossecundários, hormônios, etc) realizadas numa célula ouorganismo
Estudos de genômica, transcriptômica, proteômica, metabolômica permitem, entre outros aspectos:
Identificar funções e interações de genes e proteínas
Associar genes a fenótipos pré-determinados
Determinar consequências fenotípicas de alterações em genes
Selecionar genes de interesse para programas de melhoramento e controlar sua expressão
É muito importante sequenciar e identificar a função de cada gene
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A combinação dos segmentos da tecnologia “ômica”com os conhecimentos de Genética e de Fisiologia devemconduzir à identificação de genes, proteínas, metabólitos edos respectivos mecanismos reguladores que controlam amanifestações dos diferentes componentes da qualidadedas sementes
Podem, também, constituir marcadores para caracterizarcomponentes da qualidade, utilizáveis para selecionar ferramentas para programas de melhoramento vegetal; monitorar programas de controle de qualidade; aprimorar a qualidade das sementes mediante modificações do genótipo.
EXPRESSÃO DE GENES
- Manifestação fenotípica de uma característica codificada por um ou mais
genes
- Importante: identificar genes reguladores de diferentes processos fisiológicos
EXPRESSÃO DE GENES - Exemplos: - etapas e peculiaridades do desenvolvimento
das sementes- mecanismo genético do controle do tamanho
da semente- controle da apomixia- controle da dormência: indução e superação- tolerância a estresses e à dessecação- manifestação do vigor- termotolerância e longevidade- otimização de tratamentos condicionadores
MICROARRANJOS
Técnica Experimental da Biologia Molecularque busca medir níveis de expressão transcritaem larga escala, ou seja, que permite o examesimultâneo da expressão de milhares de genes
É muito importante sequenciar e identificar afunção de cada gene
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Os progressos alcançados nas áreas de Bioquímica,Biologia Celular e Biofísica devem ser incorporadosaos estudos de Fisiologia, definindo a exigência daabordagem multidisciplinar e a interação decompetências para atingir objetivos comuns.
Exemplos: determinação da influência de novosgenes introduzidos nos cultivares sobre osprocessos fisiológicos das sementes; dodesempenho de sementes de cultivaresgeneticamente modificados.
Biofísica: relações água/sementes
Análise de Imagens
Primeiras referências: Simak e Gustafson (1953)com análise de raios-X
Continuidade: anos 1980, com inclusão desse teste nas R.A.S. da ISTA
Recursos incluem raios X, tomografia computadorizada,análise digital de imagens, espectrofotometria, resso-nância magnética nuclear, fotoacústica de infravermelho,microcalorimetria, tecnologia laser, etc
Análise de Imagens
Principais formas de utilização
Identificação de sementesIdentificação de sintomas de distúrbiosDeterminação de características físicas de sementesRelações entre características físicas e desempenhoCaracterização de processos, como maturação, germinaçãoEstudos sobre estrutura e morfologia, incluindo identifica-
ção de anormalidades de sementesSensibilidade das sementes à dessecaçãoDetecção de injúrias durante a secagemAvaliação do potencial fisiológico
Pesquisa no Brasil
- Oliveira e França Neto (1998):Não há registros de publicações sobre sementesno Brasil, durante o século XIX
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Pesquisa no Brasil
- Primeiro artigo:Min. Agric. (1911) “Plantas e sementes: informa-ções práticas sobre a cultura do milho, cujo nome nasciencia é Zea mays”
- Primeira metade do século XX:Esforços individuais de poucos pesquisadores
- Meados dos anos 1960:Evolução com programas no exterior (Mississippi)
EVENTO ANO LOCAL Nº TRABALHOS
Seminários Brasileiros de Sementes
I SBS 1967 Viçosa, MG 21
II SBS 1968 Pelotas, RS 49
III SBS 1970 Recife, PE 47
IV SBS 1973 Fortaleza, CE 31
Subtotal -- -- 148
Relação dos Seminários e dos Congressos Brasileiros de Sementes ocorridos no Brasil entre 1967 e 2009
França Neto, 2009
Congressos Brasileiros de Sementes (ABRATES)I CBS 1979 Curitiba, PR 119II CBS 1981 Recife, PE 120III CBS 1983 Campinas, SP 154IV CBS 1985 Brasília, DF 214V CBS 1987 Gramado, RS 191VI CBS 1989 Brasília, DF 142VII CBS 1991 Campo Grande, MS 203VIII CBS 1993 Foz do Iguaçu, PR 286IX CBS 1995 Florianópolis, SC 368X CBS 1997 Foz do Iguaçu, PR 454XI CBS 1999 Foz do Iguaçu, PR 368XII CBS 2001 Curitiba, PR 558XII CBS 2003 Gramado, RS 816XIV CBS 2005 Foz do Iguaçu, PR 684XV CBS 2007 Foz do Iguaçu, PR 3161
XVI CBS 2009 Curitiba, PR 978XVII CBS 2011 Natal, RN 1.657XVIII CBS 2013 Florianópolis, SC 1.714
TOTAL -- -- 9.490
1. Inclui Simpósio da ISTA França Neto, 2009
Pesquisa no Brasil
- Participação brasileira em Congressos da ISTA, a partir de1992:
Argentina (1992) 12%
Dinamarca (1995) 12%
África do Sul (1998) 16%
França (2001) 25% (2)Hungria (2004) 22% (1)Foz do Iguaçú (2007) 42,8% (1o)Alemanha (2010) 31% (1o)Turquia (2013) 22,4% (1o)Estônia (2016) 18,0 % (1o)
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Pesquisa Internacional
- Temas predominantes, no momento:Germinação, Maturação, Vigor, CondicionamentoFisiológico, Recalcitrantes, Tolerância à Dessecação,Aplicações da Biologia Molecular, Análise de Imagens,Conservação de Recursos Genéticos, Mecanismos deExpressão Gênica, Controle Biológico de Patógenos,Relações entre Proteínas e Processos Biológicos,Produção de Sementes Orgânicas
- Espécies: grandes culturas e, em menor escala,hortaliças, forrageiras e florestais
Carência: floríferas, frutíferas, nativas, medicinais
AS INCORPORAÇÕES DE NOVOS
CONHECIMENTOS E DE TÉCNICAS
DESENVOLVIDAS PELA PESQUISA
(Biologia Molecular, Bioquímica, Biofísica)
ACENTUA A NECESSIDADE DA EVOLUÇÃO
DA EFICIÊNCIA DOS PROCEDIMENTOS
ADOTADOS NAS DIFERENTES ETAPAS DE
UM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SEMENTES
NECESSIDADE DO APRIMORAMENTO PERMANENTE
DA COMPETÊNCIA DOS PROFISSIONAIS DEDICADOS À PESQUISA E TECNOLOGIA DE
SEMENTES
CONSEQUÊNCIA:A pesquisa com sementes tem percorrido longo
caminho e têm ocorrido acúmulo muitosignificativo do conhecimento com o decorrer dotempo
CONCLUSÃO
Embora a pesquisa acadêmica seja fundamental, osestudos devem focalizar as necessidades daindústria de sementes, dos tecnologistas desementes e produtores rurais para assegurar que apesquisa continue dinâmica e possa contribuir paraa solução de problemas fundamentais.