físico-química ii - joinville.udesc.br · =475m/s o livre percurso ... número de colisões por...
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Modelo Cinético dos Gases
A única contribuição para a energia do gás vem das energias cinéticas das moléculas
3 Hipóteses
O gás é constituído por moléculas de massa 𝑚 em movimento aleatório incessante
O tamanho das moléculas é desprezível (os diâmetros moleculares são muito menores que a distância média percorrida pelas moléculas)
As moléculas só interagem quando em contato através de colisões elásticas, que não são frequentes
Colisão em que a energia cinética se conserva
Pressão (𝑝) e Volume (𝑉)
A partir do modelo cinético dos gases, a pressão e o volume de um gás estão relacionados com a velocidade média quadrática das moléculas (𝑐)
𝑐 = 𝑣21
2
𝑝𝑉 =1
3𝑛𝑀𝑐2
A pressão do gás é provocada pelas colisões elásticas das moléculas contra as paredes
𝑚𝑣𝑥
Antes da colisão
−𝑚𝑣𝑥
Depois da colisão
∆𝑝 = |2𝑚𝑣𝑥|
Calcula-se o número total de moléculas que atingem a parede num tempo ∆𝑡
∆𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑛𝑖∆𝑝𝑖
A velocidade com que ∆𝑝 varia no tempo ∆𝑡 depende da força com que as moléculas atingem a parede
𝐹 =𝑑𝑝
𝑑𝑡
As partículas que estão no volume dado por 𝑣𝑥∆𝑡𝐴 atingem a parede
𝑁 = 𝑣𝑥∆𝑡𝐴𝑛𝑁𝐴
𝑉
Mas apenas metade (em média) das moléculas movem-se em direção à parede
𝑁𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠õ𝑒𝑠 =1
2𝑣𝑥∆𝑡𝐴
𝑛𝑁𝐴
𝑉
Cálculo de ∆𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Somente as moléculas que estão à distancia 𝑣∆𝑡 podem atingir a parede no intervalo ∆𝑡
∆𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑁𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠õ𝑒𝑠 × ∆𝑝 = 𝑁𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠õ𝑒𝑠 × 2𝑚𝑣𝑥
∆𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =𝑛𝑁𝐴𝑣𝑥𝐴∆𝑡
2𝑉× 2𝑚𝑣𝑥 =
𝑛𝑀𝐴𝑣𝑥2∆𝑡
𝑉
∗ 𝑀 = 𝑚𝑁𝐴
Cálculo da pressão
A partir de ∆𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 calcula-se a força de colisão das partículas
Segunda Lei de Newton: 𝐹 =𝑑𝑝
𝑑𝑡
𝐹 =∆𝑝
∆𝑡=𝑛𝑀𝐴𝑣𝑥
2
𝑉
A pressão é dada por 𝑝 =𝐹
𝐴
𝑝 =𝑛𝑀𝑣𝑥
2
𝑉
Como nem todas as moléculas se deslocam com a mesma velocidade, utiliza-se o valor médio de 𝑣𝑥
2, simbolizado por 𝑣𝑥2
Velocidade média quadrática (𝑐)
A velocidade total de uma molécula é dada pela soma das componentes das velocidades 𝑣𝑥, 𝑣𝑦 e 𝑣𝑧
𝑣2 = 𝑣𝑥2 + 𝑣𝑦
2 + 𝑣𝑧2
A média das velocidades de todas as moléculas é dada pela raiz quadrada da velocidade quadrática média
𝑐2 = 𝑣2 = 𝑣𝑥2 + 𝑣𝑦
2 + 𝑣𝑧2
Considerando que os 3 valores médios das componentes 𝑥, 𝑦 e 𝑧 são iguais:
𝑐2 = 3 𝑣𝑥2
𝑣𝑥2 =
𝑐2
3
𝑝 =𝑛𝑀𝑣𝑥
2
𝑉
𝑝𝑉 =1
3𝑛𝑀𝑐2
Lei de Boyle
𝑝𝑉 = constante
Lei de Boyle
Da Lei dos gases perfeitos: 𝑝𝑉 = 𝑛𝑅𝑇
𝑛𝑅𝑇 =1
3𝑛𝑀𝑐2
𝑐 =3𝑅𝑇
𝑀
12
A velocidade média das moléculas em um gás é diretamente proporcional à temperatura e inversamente proporcional à sua massa molar
Nos gases reais, as colisões entre as moléculas são inelásticas
Após uma colisão há redistribuição da energia cinética
Distribuição de velocidades: 𝑓 𝑣
Fração de moléculas com velocidades no intervalo 𝑣 + 𝑑𝑣
Dada pela Distribuição de Maxwell das velocidades
Distribuição de Maxwell
↑ 𝑇 ↑ 𝑓(𝑣)↑ 𝑀 ↓ 𝑓(𝑣)
Distribuição de Maxwell
Velocidade média ( 𝑐): produto de cada velocidade pela fração de moléculas em cada velocidade
𝑓 𝑣 = 𝐾𝑒−𝐸𝑘𝑘𝑇 = 𝐾𝑒−
𝑚𝑣2
2𝑘𝑇
Fazendo −∞+∞𝑓 𝑣 𝑑𝑣 = 1
𝑓 𝑣 = 4𝜋𝑀
2𝜋𝑅𝑇
32𝑣2𝑒−
𝑀𝑣2
2𝑅𝑇
𝑐 = −∞
+∞
𝑣𝑓 𝑣 𝑑𝑣 =8𝑅𝑇
𝜋𝑀
12
Velocidade mais provável (𝑐∗): máximo da função 𝑓 𝑣 ⇒𝑑𝑓 𝑣
𝑑𝑣= 0
𝑐∗ =2𝑅𝑇
𝑀
12
Ex. 20.1(b) –Atkins, vol2, 9ª Ed.
Considere átomos de He e Hg a 25 oC
Determine a razão entre as suas velocidades médias ( 𝑐)
𝑐 =8𝑅𝑇
𝜋𝑀
12
Determine a razão entre as suas energias cinéticas médias: 𝐸𝑘
𝑇 constante
𝑐𝐻𝑒 𝑐𝐻𝑔=
𝑘𝑀𝐻𝑒
12
𝑘𝑀𝐻𝑔
12
=𝑀𝐻𝑔
12
𝑀𝐻𝑒
12
=200,6
4,003
12
= 7,076
A velocidade do He é 7x maior que a do Hg
𝐸𝑘 =1
2𝑚𝑣2 𝑁𝐴 =
1
2𝑚𝑁𝐴 𝑣
2
𝐸𝑘 =1
2𝑀𝑐2 =
1
2𝑀
8𝑅𝑇
𝜋𝑀=8𝑅𝑇
2𝜋
𝐸𝑘 𝐻𝑒𝐸𝑘 𝐻𝑔
= 1
𝐸𝑘 depende apenas de 𝑇
≈3
2𝑅𝑇
Velocidade média com que uma molécula se aproxima de outra
Velocidade Relativa Média ( 𝑐𝑟𝑒𝑙)
Mais provável
𝑐𝑟𝑒𝑙 = 212 𝑐
Para moléculas de massas diferentes:
𝑐𝑟𝑒𝑙 =8𝑘𝑇
𝜋𝜇
12
𝜇 =𝑚𝐴𝑚𝐵𝑚𝐴 +𝑚𝐵
𝑘: constante de Boltzman
Frequência de Colisão
Uma colisão ocorre sempre que os centros de duas moléculas ficam à distância 𝑑 um do outro
𝑑: diâmetro de colisão, diâmetro da molécula
Não colide
Colide
𝜎 = π𝑑2
Caminho percorrido até a colisão: 𝜆 = 𝑐𝑟𝑒𝑙∆𝑡
O deslocamento de uma molécula até sua primeira colisão pode ser representado por um cilindro de volume 𝜎𝜆
Densidade de moléculas neste cilindro é: 𝑁
𝑉=
1
𝜎𝜆=
1
𝜎 𝑐𝑟𝑒𝑙∆𝑡
𝑁
𝑉=𝑝
𝑘𝑇=
1
𝜎 𝑐𝑟𝑒𝑙∆𝑡⇒ ∆𝑡 =
𝑘𝑇
𝜎 𝑐𝑟𝑒𝑙𝑝
Número de colisões efetuadas por uma molécula num determinado
tempo: 𝑧 =1
∆𝑡
Frequência de Colisão (𝑧)
𝑧 =𝜎 𝑐𝑟𝑒𝑙𝑝
𝑘𝑇
Para um volume constante:
𝑧 aumenta com a temperatura
𝑐𝑟𝑒𝑙 aumenta com a temperatura
Para temperatura constante
𝑧 é proporcional à pressão
Maior densidade de moléculas, as moléculas colidem mais rápido, mesmo tendo a mesma velocidade
Livre Caminho Médio (𝜆)
Distância que, em média, uma molécula percorre entre duas colisões sucessivas
𝜆 = 𝑐𝑟𝑒𝑙∆𝑡 = 𝑐𝑟𝑒𝑙𝑧
𝜆 =𝑘𝑇
𝜎𝑝
O aumento da pressão reduz o livre caminho médio
A volume constante, a pressão é proporcional à temperatura e 𝑇
𝑝
permanece constante, não havendo variação de 𝜆
A distância percorrida entre as colisões é determinada pelo número de moléculas num determinado volume, mas não por sua velocidade
A melhor bomba de vácuo de um laboratório pode garantir um vácuo de cerca de 1 nTorr. Admitindo que o ar seja constituído por moléculas de N2
com diâmetro de colisão de 395 pm e que a temperatura seja de 25 oC.Calcule:
Ex. 20.2(b) –Atkins, vol2, 9ª Ed.
𝑝 = 10−9Torr = 133,3 × 10−9Pa
𝑁2:𝑀 = 28,02g/mol = 28,02 × 10−3kg/mol
𝑑 = 395 × 10−12m
𝑇 = 298K
A velocidade média das moléculas
𝑐 =8𝑅𝑇
𝜋𝑀
12
=8(8,314)(298)
(3,141)(28,02 × 10−3)
12
= 475m/s
O livre percurso médio
𝜆 =𝑘𝑇
2𝜎𝑝𝜎 = 𝜋𝑑2
𝜆 =𝑘𝑇
2𝜋𝑑2𝑝=
1,381 × 10−23 (298)
2(3,141) 395 × 10−12 2(133,3 × 10−9)= 4,45 × 104m
44,5km*Provavelmente maior que as dimensões do recipiente
Ex. 20.2(b) –Atkins, vol2, 9ª Ed.
A melhor bomba de vácuo de um laboratório pode garantir um vácuo de cerca de 1 nTorr. Admitindo que o ar seja constituído por moléculas de N2
com diâmetro de colisão de 395 pm e que a temperatura seja de 25 oC.Calcule:
A frequência de colisão
𝑧 = 𝑐𝑟𝑒𝑙𝜆
𝜆 = 𝑐𝑟𝑒𝑙∆𝑡 = 𝑐𝑟𝑒𝑙𝑧
p/ moléculas iguais
𝑧 =2 𝑐
𝜆
𝑧 =2(475)
4,45 × 104= 1,51 × 10−2s−1 ou 54,3h−1
Fluxo de Colisão (𝑍𝑤)
Velocidade com que as moléculas atingem uma região de um gás
Número de colisões por área da região e por um intervalo de tempo
𝑍𝑤 =𝑝
2𝜋𝑚𝑘𝑇 1 2
𝑁𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠õ𝑒𝑠 =𝑁
𝑉𝐴∆𝑡 𝑣𝑓 𝑣 𝑑𝑣
𝑍𝑤 =𝑁
𝑉 𝑣𝑓 𝑣 𝑑𝑣
Uma superfície sólida, com 3,5 mm x 4,0 cm, está exposta ao He gasoso a 111 Pa e 1500 K. Quantas colisões os átomos de He fazem com esta superfície em 10 s?
Ex. 20.9(b) –Atkins, vol2, 9ª Ed.
𝜎 = 0,0035 × 0,04 = 1,5 × 10−5m
𝐻𝑒:𝑀 = 4,0 × 10−3kg
𝑝 = 111Pa
𝑇 = 1500K
Cálculo do fluxo de colisão
𝑍𝑤 =𝑝𝑁𝐴
2𝜋𝑀𝑅𝑇12
=(111)(6,02 × 1023)
2(3,141)(4,0 × 10−3)(8,314)(1500)12
= 3,78 × 1024s−1m−2
Frequência de colisão por unidade de área
𝑍𝑤𝜎 = 3,78 × 1024 1,5 × 10−5 = 5,4 × 1019s−1
Número de colisões num determinado tempo
𝑍𝑤𝜎𝑡 = 5,4 × 1019 10 = 54 × 1019 ou 5,4 × 1020 colisões
Efusão
Saída de um gás de um recipiente através de um orifício
Lei de Graham: a velocidade de efusão é inversamente proporcional à raiz quadrada da massa molar
Velocidade de efusão = Velocidade de colisão numa área 𝐴0
𝑣𝑒𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 𝑍𝑤𝐴0 =𝑝𝐴0
2𝜋𝑚𝑘𝑇12
=𝑝𝐴0𝑁𝐴
2𝜋𝑀𝑅𝑇12
p/mol de moléculas
Método de Knudsen para determinação da pressão de vapor
Cálculo da pressão de vapor através da perda de massa numa câmara de efusão
Numa câmara de efusão mantida a 500 oC, introduz-se uma amostra de Cs(𝑇𝑓 = 29
𝑜C; 𝑇𝑣𝑎𝑝 = 686𝑜C). Quando se deixa o vapor efundir através de um
orifício com diâmetro de 0,50 mm durante 100 s, a perda de massa da câmara é de 385 mg. Calcule a pressão de vapor do Cs líquido a 500 oC.
A pressão de vapor é constante no interior da câmara, pois o metal líquido quente a mantém constante através da evaporação
A velocidade de efusão é constante e dada por 𝑣𝑒𝑓𝑢𝑠ã𝑜 = 𝑍𝑤𝐴0
A perda de massa (∆𝑚) no intervalo de tempo (∆𝑡) é dada por:
𝑣𝑒𝑓𝑢𝑠ã𝑜 =∆𝑚
∆𝑡= 𝑍𝑤𝐴0𝑚
𝑣𝑒𝑓𝑢𝑠ã𝑜 por no de moléculas
𝑣𝑒𝑓𝑢𝑠ã𝑜 por massa
Método de Knudsen para determinação da pressão de vapor
Cálculo da pressão de vapor através da perda de massa numa câmara de efusão
Numa câmara de efusão mantida a 500 oC, introduz-se uma amostra de Cs(𝑇𝑓 = 29
𝑜C; 𝑇𝑣𝑎𝑝 = 686𝑜C). Quando se deixa o vapor efundir através de um
orifício com diâmetro de 0,50 mm durante 100 s, a perda de massa da câmara é de 385 mg. Calcule a pressão de vapor do Cs líquido a 500 oC.
𝑣𝑒𝑓𝑢𝑠ã𝑜 =∆𝑚
∆𝑡= 𝑍𝑤𝐴0𝑚
𝑍𝑤 =∆𝑚
𝐴0𝑚∆𝑡𝑍𝑤 =
𝑝
2𝜋𝑚𝑘𝑇 1 2
𝑝 =2𝜋𝑅𝑇
𝑀
12 ∆𝑚
𝐴0∆𝑡
R.: 𝑝 = 8,7 kPa ou 65 torr