fiscalidade p. 6 iva português é complexo e pouco...

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Novembro 2009 – Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1319, de 30.10.2009 Consultório p. 20 Novas regras nas contas anuais e consolidadas O IVA nacional apresenta um ce- nário esotérico. O que faz com que este seja um imposto complexo e pouco transparente. O regime e as taxas de IVA devem ser revistos, a bem do sistema como um todo. O grupo de trabalho sobre política fis- cal, que recentemente apresentou um amplo documento, não poupa críticas ao regime de IVA no nosso país. No entanto, não se fica pelas críticas, são avançadas soluções, esperando-se que o Governo tenha a capacidade de retirar as devidas ilações. Os especialistas chamam a aten- ção para a necessidade de adequar o IVA a uma nova realidade. Afinal, continua a vigorar uma legislação (transitória) que data do início dos anos noventa. Por sua vez, considera que a taxa deverá regressar aos 19%, nem que seja pela importância de uma equiparação ao país vizinho. Os fiscalistas tocam em pontos sensíveis. Aconselham a esperar pela decisão judicial relativamente ao ISV no valor tributável das operações sujeitas a IVA, mas são peremptórios quanto aos caminhos a seguir no âmbito das resti- tuições e dos reembolsos. Fiscalidade p. 6 Custos das empresas são agravados com novo Código Contributivo Em final de legislatura, foi aprovado o novo Código Contributivo. Um diplo- ma ambicioso, e não menos polémico, que codifica e sistematiza mais de 40 regulamentos, a par de um conjunto de medidas que pretende garantir a sus- tentabilidade do sistema previdencial da Segurança Social. Mas vai levantar controvérsia. É que uma análise atenta do documento leva a concluir que das novas regras vão decorrer custos para as empresas e mesmo para os próprios trabalhado- res. Esta a análise e a a conclusão a que chega o gabinete de advogados e fiscalistas PLMJ. Contabilidade p. 18 CNC foi autista na terminologia adoptada na normalização contabilística A tradução para Português das nor- mas internacionais de contabilidade criou sérias dificuldades que poderiam ter sido evitadas. Hernâni Carqueja não poupa críticas ao modo de actu- ação da Comissão de Normalização Contabilística em todo este processo. Tratando-se de mudanças estruturan- tes na área contabilística, a situação é grave e o modelo de informação perde visibilidade. Ora, a CNC “foi autista” e passou ao lado de estudos e pareceres que foram divulgados ao longo do tempo. Um erro que que ainda terá graves consequência, na óptica daquele revisor oficial de contas e analista financeiro. p. 4 Sectores p. 11 Construção conta com novos benefícios fiscais IVA português é complexo e pouco transparente A este propósito há condições para alterar o actual estado de coisas. Haverá que manter a política de redução dos prazos, a bem do tecido económico nacional e da imagem a transmitir pelo Estado aos agentes económicos, a par da dispensa da prestação de garantias por parte dos contribuintes para reaverem as quantias a que têm direito.

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09

Consultório p.20Novas regras nas contas anuaise consolidadas

O IVA nacional apresenta um ce-nário esotérico. O que faz com que este seja um imposto complexo e pouco transparente. O regime e as taxas de IVA devem ser revistos, a bem do sistema como um todo. O grupo de trabalho sobre política fis-cal, que recentemente apresentou um amplo documento, não poupa críticas ao regime de IVA no nosso país. No entanto, não se fica pelas críticas, são avançadas soluções, esperando-se que o Governo tenha a capacidade de retirar as devidas ilações.Os especialistas chamam a aten-ção para a necessidade de adequar o IVA a uma nova realidade. Afinal, continua a vigorar uma legislação (transitória) que data do início dos anos noventa. Por sua vez, considera que a taxa deverá regressar aos 19%, nem que seja pela importância de uma equiparação ao país vizinho. Os fiscalistas tocam em pontos sensíveis. Aconselham a esperar pela decisão judicial relativamente ao ISV no valor tributável das operações sujeitas a IVA, mas são peremptórios quanto aos caminhos a seguir no âmbito das resti-tuições e dos reembolsos.

Fiscalidade p.6Custos das empresassão agravados com novo Código Contributivo

Em final de legislatura, foi aprovado o novo Código Contributivo. Um diplo-ma ambicioso, e não menos polémico, que codifica e sistematiza mais de 40 regulamentos, a par de um conjunto de medidas que pretende garantir a sus-tentabilidade do sistema previdencial da Segurança Social.Mas vai levantar controvérsia. É que uma análise atenta do documento leva a concluir que das novas regras vão decorrer custos para as empresas e mesmo para os próprios trabalhado-res. Esta a análise e a a conclusão a que chega o gabinete de advogados e fiscalistas PLMJ.

Contabilidade p.18CNC foi autista na terminologia adoptada na normalização contabilística

A tradução para Português das nor-mas internacionais de contabilidade criou sérias dificuldades que poderiam ter sido evitadas. Hernâni Carqueja não poupa críticas ao modo de actu-ação da Comissão de Normalização Contabilística em todo este processo.Tratando-se de mudanças estruturan-tes na área contabilística, a situação é grave e o modelo de informação perde visibilidade. Ora, a CNC “foi autista” e passou ao lado de estudos e pareceres que foram divulgados ao longo do tempo. Um erro que que ainda terá graves consequência, na óptica daquele revisor oficial de contas e analista financeiro.

p.4

Sectores p.11Construção conta com novos benefícios fiscais

IVAportuguêsécomplexoepoucotransparente

A este propósito há condições para alterar o actual estado de coisas. Haverá que manter a política de redução dos prazos, a bem do tecido económico nacional e da imagem a transmitir pelo Estado aos agentes económicos, a par da dispensa da prestação de garantias por parte dos contribuintes para reaverem as quantias a que têm direito.

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N O V I D A D E

"O meu bem-haja ao autor do livro, meu amigo Joaquim Guimarães, pois "O meu bem-haja ao autor do livro, meu amigo Joaquim Guimarães, pois só a sua persistência, dedicação à causa e gosto pela profissão tornaram possível construir a presente obra que, não tenho dúvidas, para além do relato factual das situações passadas, constituirá a memória viva do futuro do que foi a profissão e o associativismo da contabilidade, de que ele tem sido um destacado obreiro, sabendo por experiência de vida que a memória dos homens é tradicionalmente curta para lembrar estes e outros feitos que ocorreram na nossa profissão".

in prefácio por António Domingues de Azevedo (Presidente da Direcção da CTOC).

A PROFISSÃO, AS ASSOCIAÇÕES E AS REVISTAS DE CONTABILIDADE EM PORTUGAL

AUTORESJoaquim Fernando da Cunha

Guimarães

FORMATOCapa dura/21 x 26 cm

PÁGINAS736

P.V.P.€ 36

ENCOMENDE JÁ

PEDIDOS PARA:

R. Gonçalo Cristóvão, 111, 6º esq.4049-037 PORTO

Tel. 223 399 400 • Fax 222 058 098E-mail: [email protected]

Nome

Morada

C. Postal Telefone

E-mail Nº Contribuinte

Solicito o envio de exemplar(es) do livro A Profissão, as Associações e as Revistas de Contabilidade em

Portugal.

Para o efeito envio cheque/vale nº , s/ o , no valor de A� ,

Debitem A� , , no meu cartão com o nº

Cód. Seg. emitido em nome de e válido até / / .

Solicito o envio à cobrança. (Acrescem A 4 para despesas de envio e cobrança).

ASSINATURA

(recortar ou fotocopiar)

“Um livro cuja referência vai perdurar e que certamente fará parte dos livros que os contabilistas vão considerar

essenciais nas suas bibliotecas.”

(Hernâni Carqueja)

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Sumário

Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 3

Guilherme Osswald

Contabilidade & EmpresasRua Gonçalo Cristóvão, 111 - 6º Esq.4049-037 PortoTel.: 223 399 400 • Fax: 222 058 098

Editorial

Guilherme Osswald

ActualidadeO IVA português é complexoe pouco transparente

FiscalidadeConcorrência fi scal não se fazpor via da baixa tributação

Trabalhadores dos impostosrejeitam propostas da tutela

Custos das empresas são agravadoscom novo Código Contributivo

SNC é uma mera evolução contabilística

SectoresSector da construção contacom novos benefícios fi scais

Informáticana ContabilidadeEmpresas têm de encarar riscos internos do acesso privilegiado à informação

Segurança precisa-se

OKI ajuda empresas a poupar até 40%

ContabilidadeTransposição de directivasintroduz alterações em sede de IVA

CNC foi autista na terminologia adoptada no Sistemade Normalização Contabilística

Consultório

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6

11

Um trabalho sério e isentoTrata-se de um documento que há muito fazia falta ao sistema fi scal nacional. Após um ano, o grupo para o estudo da política fi scal, com-petitividade, efi ciência e justiça do sistema fi scal apresentou o seu trabalho e os resultados podem ser considerados positivos, quer em termos de conteúdo, quer quanto aos conselhos que avança.Desde logo, consiste num trabalho de grande fôlego, isento e que se caracteriza por uma análise objectiva e de elevada qualidade. Resta esperar que os políticos levem agora em conta o que lá está e o docu-mento (de mais de 800 páginas) não seja metido na gaveta. De fácil leitura e elevada objectividade está acessível a qualquer cidadão comum, o que nem sempre é apanágio deste tipo de documentos. A escolha do grupo de trabalho parece ter sido o indicado, pelo que nesse aspecto há que louvar a tutela.O que se pretendeu foi, essencialmente, caracterizar todo o sistema fi scal português, compará-lo com o que se passa na UE, identifi car pontos fracos e apresentar soluções. Ou seja, não consiste em mais um mero diagnóstico, tão comum no nosso país. De facto, vai-se bas-tante mais longe, com a curiosidade que o processo foi transparente entre os próprios especialistas ligados ao processo. Nem sempre há concordância entre os membros do grupo, pelo que esse aspecto também é referido.Em termos de conteúdo, são várias as conclusões a que se pode che-gar. Destaque para a circunstância de existir um regime fi scal que é disperso, complexo e em que ainda é evidente a falta de transparên-cia. Também há críticas quanto ao relacionamento da administração fi scal com os contribuintes. O dedo é colocado na ferida. Não menos importante, há uma desadequação face aos regimes fi scais europeus em vigor, o que se traduz em graves consequências para a competi-tividade da nossa economia. Um aspecto para o qual é chamada especial atenção prende-se com a necessidade de simplifi cação. Aliás, o grupo de trabalho em causa chega ao ponto de adiantar que haverá que desenvolver novos códigos, o que é um sinal muito claro que muita coisa está errada no mundo da fi scalidade. Poderá até suscitar algumas críticas, mas é, sobretudo, um documento que abre a porta para uma nova mentalidade face às questões fi scais. O que, como é sabido, pode levar ainda muito tempo a ser interiorizado. Certo é que a equipa envolvida é jovem e tem uma perspectiva diferente do que deve ser a fi scalidade, gente que está no terreno e que tem a noção do que se passa de facto. É altura de ouvir os conselhos de uma nova geração de fi scalistas.

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4 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

Actualidade

IMPOSTOS

No âmbito do Direito comparado, o IVA nacional apresenta uma situação esotérica, o que faz com que seja um imposto complexo e pouco transparente. Por outro lado, o regime e os níveis de taxas de IVA devem ser revistos. Com a consolidação orçamental recomposta dos efeitos da crise, a taxa normal de IVA deverá regressar aos 19%, no sentido de uma equiparação ao que se passa no país vizinho. O grupo para o estudo da política fi scal, competitividade, efi ciência e justiça do sistema fi scal não poupa críticas ao actual regime de IVA em vigor em Portugal.

a regulação nacional do Iva está dispersa em cerca de um vintena de diplomas, o que faz do código uma manta de retalhos, pouco transparente e muito complexo. tudo porque o regime transitório de 1992 acabou por se cristalizar em regime defi nitivo. a estrutura interna manteve-se inalterada, sendo tempo de a adequar às novas circunstâncias.a mudança no sentido da consoli-dação e da codifi cação só aparen-temente é uma mudança formal, de acordo com aquele grupo de trabalho. “Para além de represen-tar um acréscimo de simplifi cação e de transparência – e consequen-temente um reforço das garantias dos contribuintes – poderá ainda contemplar múltiplos aspectos substanciais, incorporando novas soluções, dando particular atenção à jurisprudência nacional e comu-

nitária, bem como às decisões ad-ministrativas existentes, de forma a consagrar soluções tecnicamente viáveis, mas também mais justas, mais seguras e menos burocráti-cas.”Perante o cenário descrito, o refe-rido grupo não tem dúvidas quanto à solução mais indicada para resol-ver o impasse em que caiu o Iva nacional. recomenda a feitura de um Código, que integre o rItI e a principal legislação complementar avulsa. no entanto, são defi nidos alguns objectivos concretos.Desde logo, é aconselhada a revisão do regime e dos níveis de taxas de Iva. “Esta revisão justifi ca-se, essencialmente, por razões estru-turais – evitar distorções de concor-rência – e por razões conjunturais, tendo em conta a necessidade de incentivar certas actividades, de forma a ajudar a recuperação eco-nómica.” É proposta a manutenção da estrutura de taxas existente, com um alargamento da taxa re-duzida (Lista I) a alguns produtos constantes na taxa intermédia (Lista II) e uma simplifi cação desta última, reservada especialmente

para os produtos decorrentes da aplicação da taxa “parking”.

Regresso à taxa normal de 19%

a Lista I deveria abranger, gene-ricamente, as transmissões de pro-dutos próprios para a alimentação humana, independentemente da sua origem e estado. as bebidas alcoólicas seriam sempre excluídas da lista da taxa reduzida. Passaria a estar integrada nesta lista a gene-ralidade das operações tributáveis relativas a objectos de arte, tal como decorre da respectiva directiva. Deveria ainda incluir os trabalhos de reabilitação, transformação, re-novação, remodelação, restauro ou conservação efectuados em imóveis de habitação construídos há um determinado número de anos.Quanto à Lista II, englobaria os vinhos comuns, o petróleo e gasóleo coloridos e marcados, os aparelhos referentes a energias alternativas e os utensílios e alfaias agrícolas. a questão de saber se as prestações de serviços de alimentação e bebidas, incluindo as refeições prontas a con-sumir, deverá ser objecto de estudo

Grupo de trabalho sobre fi scalidade considera

O IVA português é complexoe pouco transparente

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 5

Actualidade

IMPOSTOS

específi co. “a experiência anterior de aplicação da taxa intermédia a este tipo de prestações aconselharia a que uma eventual redução da taxa de Iva fosse efectuada em termos temporários, com posterior avalia-ção dos resultados obtidos.” O grupo não se pronunciou sobre o actual nível de taxas praticado, mas deixou claro que “logo que a si-tuação de consolidação orçamental esteja recomposta dos efeitos da cri-se fi nanceira e económica que tem assolado o mundo, a taxa normal de Iva deveria regressar aos 19%, di-minuindo o desfasamento de taxas existente em relação à Espanha e, consequentemente, as repercussões negativas em sede de evasão e de tráfego comercial que a actual situ-ação comporta, nomeadamente no comércio transfronteiriço”.

ISV no valor tributáveldas operações sujeitas a IVA

Uma outra matéria desenvolvida pelo grupo de trabalho prende-se com o valor tributável. Duas questões, em particular, se levan-tam a este propósito. Uma é a da inclusão ou não do Imposto Sobre veículos (ISv) no valor tributável das operações sujeitas a Iva, facto que depende da qualificação da natureza e do regime jurídico da-quele imposto. a segunda tem a ver com as difi culdades que os serviços assumem de qualifi carem certas práticas da actividade empresarial (vales, cartões de pagamento) como descontos.no primeiro caso, “o Estado por-tuguês tem defendido não haver similitude entre o ISv e o imposto dinamarquês, pelo que a actual regulação do valor do CIva estaria em conformidade com a legislação”. O grupo de trabalho aconselha aguardar e analisar atentamente a decisão do processo de infracção que a Comissão instaurou contra Portugal.Quanto à segunda matéria em cau-sa, também se aguarda a apresen-tação de um proposta de directiva

por parte de Bruxe-las, onde se defina a exigibilidade das operações, o respecti-vo valor tributável e a natureza e o valor dos serviços prestados por intermediários nelas intervenientes. “Enquanto isso, os serviços de-verão procurar adequar as suas interpretações à jurisprudência comunitária.”O direito à dedução é tido como o “coração do Iva”, já que assegura o princípio da neutralidade do imposto. “O novo CIva deverá re-forçar o princípio da neutralidade do imposto, reduzindo o espaço das exclusões do direito à dedução em relação a despesas que tenham um carácter inequivocamente ligado ao exercício da profi ssão. São os casos do transporte e viagens de negócios do contribuinte, da promoção e participação em feiras, conferên-cias e actividades similares e do fi m da discriminação do direito à dedução da gasolina relativamente ao gasóleo.”

O problema das restituiçõese dos reembolsos

as restituições e os reembolsos cau-sam muitos problemas aos agentes económicos. Considera o grupo de trabalho que há condições para al-terar este estado de coisas. as pro-postas vão num duplo sentido. Por um lado, continuação da política de redução dos prazos de reembolsos e restituições, por outro, dispensa da prestação de garantias por parte dos contribuintes para reaverem as quantias a que têm direito. “a dis-pensa pela administração de garan-tia dos valores a reembolsar deve ser a regra. Uma vez que o acesso à banca não é fácil e o fi sco conhece o perfi l dos contribuintes.”Faz também notar que uma ques-tão com reflexos nos reembolsos é a da prática da administração proceder a liquidações adicionais quando há rectifi cação do crédito

de imposto, mesmo que esta rectifi cação não origine imposto a pagar. “Concorda-se com a proposta dos serviços se absterem de proceder a liquida-ções adicionais, base-adas em diminuições

de crédito de imposto, sempre que tais diminuições não infl uenciem o valor dos reembolsos já concedidos ou do Iva a entregar.”Um outro problema grave se colo-ca. Cerca de um terço do total dos contribuintes do Iva não atinge mais de dez mil euros de volume de negócios por ano. “a forma como este regime está estruturado, qua-se inalterada desde a criação do Iva, arrisca-se a ser uma fonte de alimentação do mercado paralelo e da fuga e evasão fi scais.” assim, é proposta a criação de um novo re-gime unifi cado para as PME – em articulação com o IrS e o IrC – e reduzir o espaço de aplicação do re-gime de isenção ao mínimo poderá ser uma boa base de trabalho para a resolução deste problema.”Um outro aspecto tem a ver com o “regime de exigibilidade de caixa” que é matéria em discussão no pla-no comunitário. Se a proposta de di-rectiva apresentada pela Comissão que consagra esta possibilidade vier a ser aprovada, os estados poderão adoptar o regime relativamente a PME. “Portugal não deveria invia-bilizar a aprovação desta proposta, desde que sejam salvaguardadas certas condições.”Por um lado, o regime deveria ser facultativo para as empresas, ape-nas se aplicando às PME que por ele optassem. Por outro lado, “é central conseguir que cada estado possa de-fi nir o seu próprio conceito de PME para este efeito. Uma defi nição de PME no plano europeu tenderia a colocar a maior parte do tecido em-presarial nacional dentro do novo regime, com consequências nefas-tas sobre o controlo da receita”.

Um terço do total dos contribuintesdo IVA não atinge mais de dez mil euros de volumede negócios por ano

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6 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

Fiscalidade

CONGRESSO

O sistema fi scal português deve ser potenciador das capacidades endógenas do país. É na criação de medidas que o Estado actual deve reencontrar a concorrência fi scal. Não com medidas fáceis, como o agravamento da tributação ou, inversamente, a propiciação da chamada baixa tributação. Estas as posições assumidas pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Carlos Lobo, durante a sessão de encerramento do III Congresso da Câmara dos Técnicos Ofi ciais de Contas. Foi um dos momentos mais altos da actividade da CTOC este ano, tendo contado com mais de cinco mil profi ssionais a assistirem aos trabalhos no Pavilhão Atlântico.

O governante assume que é possível potenciar mais a economia, por via de medi-

das fi scais adequadas. O secretário de Estado fez questão de dar os exemplos recentes do novo Código Fiscal do Investimento e do regime fi scal não habitual. O segundo, pela sua novidade, “vem possibilitar a atracção de novos contribuintes pela criação de uma relação jurídica mais simples, escorreita e transparente, evitando mais delongas com proces-sos burocráticos ou cálculo do crédito de imposto aplicável pelos acordos de eliminação da dupla tributação.”Apesar do optimismo manifestado, não deixou de lançar alguns avisos. Como é o caso da “destributarização” crescente, em que se tendem a ex-cluir o trabalho subordinado menos qualifi cado e a propriedade imobili-

Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais considera

Concorrência fi scal não se fazpor via da baixa tributação

ária, agravando os seus problemas de gestão e de utilização, quer no espaço rural, quer no espaço urbano. “Portugal tem de evitar políticas de curto prazo que, basicamente, assen-tam numa óptica de ciclo eleitoral, numa orientação pró-cíclica.”Por outro lado, considera que há que defi nir igualmente de forma clara fora do país a posição face à concorrência fi scal e não se limitar à submissão a regras formais, “exigindo sempre uma adaptação material e substancial dos regimes gerais ao seu caso concreto”. Carlos Lobo avançou com alguns exemplos de medidas tomadas no pas-sado recente neste âmbito. Desde logo, foi criado o sistema de taxa dual em sede de IrC. neste âmbito, assegura que a medida teve em vista, essencial-mente, “o desenvolvimento de uma política fi rme de apoio às PME”.

a Lei do OE estabeleceu a redução para metade da taxa de IrC inci-dente sobre a matéria colectável das sociedades até ao montante de 12 500 euros, mantendo-se a taxa de IrC de 25% para a tributação da matéria colectável superior ao primeiro escalão. “Esta medida be-nefi cia a totalidade dos contribuintes deste imposto, sendo que cerca de 80% são tributados, integralmente, à taxa de 12,5%, que se constituirá como a taxa geral de IrC aplicável em Portugal. não menos importante, reformou-se a fundo o IrC pela adopção do Siste-ma de normalização Contabilística, que substitui o antigo Plano Ofi cial de Contabilidade. Com a aprovação do SnC concretizou-se uma reforma estrutural. “Manteve-se a estreita ligação entre contabilidade e fi sca-lidade, que se afi gura como um ele-mento essencial para a minimização dos custos de contexto que impen-dem sobre os agentes económicos, procedendo-se apenas às alterações necessárias à adaptação do código às regras emergentes do novo enqua-dramento contabilístico, bem como à terminologia que dele decorre.”Para Carlos Lobo, é evidente que a crescente projecção de Portugal no cenário mundial obrigou a uma re-fl exão profunda sobre as orientações negociais nas relações económicas internacionais. Como tal, é fun-damental delinear uma estratégia fiscal global assente nos actuais paradigmas da competitividade. “Os instrumentos de política fi scal internacional do nosso país devem funcionar como factor de atracção da localização dos factores de pro-dução, da iniciativa empresarial e da capacidade produtiva no espaço nacional.”

TOC COM PAPEL ACTIVONA MUDANÇA

Considera o secretário de Estado que no novo contexto os TOC assumem responsabilidades acres-cidas. “A reforma levada a cabo só faz sentido desde que exista um efectivo reforço das competências dos órgãos aplicadores, como é o caso da futura Ordem dos técnicos ofi ciais de contas. Aproveitou-se para defi nir uma nova estrutura or-gânica da câmara, que se pretende transformar em ordem, de forma a torná-la mais ágil para responder aos desafi os com que se defronta esta associação pública de regula-ção profi ssional.”São criadas condições indispen-sáveis para promover a dinâmica e a confi ança nos negócios, que sai reforçada entre parceiros que se conhecem e se compreendem melhor. “Resta esperar que os diversos operadores que vivem as várias mudanças fi scais contribu-am activamente para o sucesso da sua implementação.”

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 7

Fiscalidade

ST I

O Sindicato dos Trabalhadores do Impostos prepara-se para nova investida política junto da tutela. Depois de se ter chegado a um impasse, o STI continua a avisar que não está na disposição de aceitar as directivas do anterior Governo. Para os dirigentes sindicais, as negociações das carreiras especiais têm ainda um longo caminho a percorrer, a tabela remuneratória apresentada é tida como inaceitável e insiste-se que a questão do vínculo nem sequer é negociável, tendo em conta que é “tecnicamente inato às funções desempenhadas”.

Perante o actual cenário, é evidente que existem mui-tas discordâncias entre as

partes. O StI diz que as negocia-ções continuam em aberto, mas a realidade é que rejeita a maioria das propostas apresentadas pelo governo. Sobretudo no que respeita a aspectos tidos como centrais para os profi ssionais. Depois da polémica que envolveu o processo de avalia-ção, no âmbito do SIaDaP, adivi-nha-se um “confronto” prolongado entre o sindicato e o Ministério das Finanças.Um dos aspectos que mais contro-vérsia está a levantar tem a ver com o vínculo de nomeação defi nitiva. Considera o StI que a proposta apresentada não contém a afi rma-ção expressa da manutenção desse vínculo. O que é tanto mais estranho para os profi ssionais, na medida em que o Estado reconhece que “o vín-culo é tecnicamente inato às funções

Vínculos e carreiras especiais estão em causa

Trabalhadores dos impostos rejeitam propostas da tutela

desempenhadas”, bastando para tal percorrer os conteúdos funcionais propostos pelo Governo, adianta o StI. Outras situações estão a levantar a oposição do sindicato, o qual discorda da fórmula apresen-tada para a nomeação das chefi as tributárias e não aceita as médias do sistema de avaliação permanente, nem a nota mínima de 14.relativamente às remunerações, o StI diz que está contra os valores apresentados, “por se mostrarem claramente tímidos face a outros exemplos na administração públi-ca”. E defende que as transições devem ocorrer para a posição remu-neratória seguinte àquela em que cada profi ssional se encontra.Entretanto, não está prevista a transição do sistema em vigor de natureza qualitativa para o siste-ma quantitativo apresentado. O StI também continua a defender que os actuais chefes de divisão deverão ser considerados como possuindo o curso de gestão tri-butária. E, face ao fi m da carreira de chefia tributária, defende-se que este grupo de pessoal possa, para efeitos de progressão na sua categoria de origem, ter as mesmas condições previstas no estatuto de pessoal dirigente.

Criação do cargode chefi a inspectiva

Mas há ainda outras situações com as quais o sindicato não concorda. a estrutura sindical considera chegado o tempo de serem tomadas atitudes em defi nitivo, não sendo assim problemas prorrogados ou até agravados. Desde logo, está contra a nova regra da imobilida-de, consubstanciada na previsão da “inexistência de inconveniência para o serviço”. Por outro lado, o StI insiste na criação do cargo de chefi a inspectiva.Dois outros aspectos são criticados, o facto da prisão em fl agrante delito deixar de ser permitida aos traba-lhadores dos impostos e é defendido o reconhecimento da habilitação para o exercício de chefi a tributária a quem já a exerça há mais de cinco anos. Mais uma vez, o StI insiste na não aceitação do nonénio.admite o sindicato que houve algum esforço na obtenção de um acordo na revisão das carreiras especiais da DgCI, mas a realidade é que ainda há muitos pontos que impossibili-tam um acordo fi nal. Os dirigentes sindicais não fecham a porta a negociações, mas lamentam que motivos não inerentes a questões profi ssionais levem a que o governo não aceite as propostas, as quais assentam, de acordo com o sindicato, no bom senso, na justiça profi ssional e nas responsabilidades que recaem sobre os trabalhadores dos impostos. O reforço das receitas fi scais e o combate à fraude e à evasão fi scais são apontados como exemplo dos es-forços que têm sido feitos por parte destes profi ssionais.

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8 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

Fiscalidade

SEGURANÇA SOCIAL

O Governo, em fi nal de legislatura, aprovou o novo Código Contributivo. Um diploma ambicioso e polémico que codifi ca e sistematiza mais de 40 diplomas, a par de um conjunto de medidas que pretende garantir a sustentabilidade do sistema previdencial da Segurança Social. A análise do diploma, por parte do gabinete de advogados PLMJ, das áreas do Direito do Trabalho e Fiscal, conclui que, em muitos casos, haverá um agravamento dos custos com a Segurança Social por parte de empresas e até de trabalhadores.

Trata-se de um dos diplomas mais importantes emitidos em matéria de Segurança

Social. O diploma integra um con-junto de medidas inovadoras de cariz substantivo. O novo Código prevê também uma entrada fase-ada, com vista à adaptação das empresas às novas taxas e parcelas contributivas. Perante este cená-rio, importa notar algumas das medidas que mais infl uenciarão o mercado laboral e o próprio sistema da Segurança Social.Uma das novidades consiste no alargamento da base de incidên-cia. “Optou-se por harmonizar a base de incidência da taxa social única com os rendimentos sujei-tos a tributação em sede de IrS. aproxima-se a base de incidência da remuneração efectivamente recebida, o que pode ser vantajo-so em termos de prestações, mas aumenta o valor das contribuições por parte de empresas e trabalha-dores. Uma alteração que poderá

Custos das empresas são agravados com novo Código Contributivo

ter um peso signifi cativo nas contas das empresas, na medida em que alarga o leque de parcelas remune-ratórias relevantes para efeitos de contribuições à Segurança Social.O Código introduz várias altera-ções ao nível dos trabalhadores independentes. É eliminada a pos-sibilidade de escolha, isto é, o tra-balhador passa a ser enquadrado pela Segurança Social num escalão de rendimentos indexado ao índice de apoios sociais, com base na sua declaração de rendimentos. a se-gunda alteração é que passa a exis-tir um regime único de protecção, o qual coincide com o actual regime alargado. Por sua vez, as empresas que contratem serviços de traba-lhadores independentes passarão a pagar uma taxa social única de 5% sobre 70% de cada serviço prestado. “trata-se de um regime que veio penalizar fortemente as contri-buições para a Segurança Social dos trabalhadores independentes

e introduzir uma nova obrigação sobre as empresas.”

Polémica na adequaçãoda taxa social

O aspecto da reforma que, todavia, tem suscitado mais polémica con-siste na adequação da taxa social, de acordo com a modalidade de contrato de trabalho celebrado, de forma a promover políticas activas de emprego. O Código Contributivo manteve como princípio geral que o montante global da taxa social única será de 34,75%, sendo que 23,75% competem à entidade patronal e 11% ao trabalhador subordinado. no entanto, estes montantes podem ser modifi cados de acordo com várias situações, designadamente contratos por tempo indeterminado, contratos a termo/comissão de serviço, penali-zação dos regimes de acumulação e regimes discricionários.

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 9

Fiscalidade

SEGURANÇA SOCIAL

no caso dos contratos por tempo indeterminado, a parcela contri-butiva a cargo da entidade em-pregadora sofre uma penalização de 3%, caso o empregador opte por celebrar um contrato a termo re-solutivo ou um contrato por tempo indeterminado anterior à comissão ou sem que o trabalhador tenha acordado a sua permanência na empresa no fi nal da comissão. a penalização não se aplica nos casos em que o contrato a termo tenha sido celebrado para substituir um trabalhador com capacidade tem-porária para o trabalho de duração igual ou superior a 90 ou trabalha-dor em licença de parentalidade. “trata-se de uma penalização do recurso a formas precárias de uti-lização da força de trabalho.”O Código regula ainda a prestação simultânea de trabalho subordi-nado e de trabalho independente para a mesma empresa ou agru-pamento de empresas. a base de incidência contributiva destes trabalhadores corresponderá ao montante ilíquido e a taxa contri-butiva será idêntica à do trabalho subordinado. “trata-se de um regime fortemente penalizador do empregador e do trabalhador e visa regularizar esta prática ao criar incentivos para o seu enqua-dramento no regime dos trabalha-dores dependentes.”Finalmente, é atribuído ao governo o poder de reduzir ou suspender (transitoriamente) as taxas con-tributivas – por via de decreto-lei – com vista à promoção de políticas activas de emprego, como o aumen-to de postos de trabalho ou a inser-ção profi ssional de pessoas afasta-das do mercado de trabalho.

Regimes específi cosde Segurança Social

Um outro aspecto que importa re-levar tem a ver com o facto do Có-digo incluir no seu texto regimes específi cos de Segurança Social, tendo em conta as eventualidades protegidas e o sector de actividade

em causa. Há, por exemplo, regras específicas sobre trabalhadores que sejam membros de órgãos estatutários, trabalhadores de sectores economicamente débeis, entre outros.Finalmente, o novo código entra em vigor no próximo mês de Janeiro, mas o legislador prevê uma entra-da faseada, de modo a minimizar o seu impacto sobre as empresas. a realidade é que se trata de um diploma que vai ter uma grande infl uência no futuro das empresas e dos próprios trabalhadores. Os agentes económicos terão que estar muito atentos às novas disposições introduzidas pelo Código dos re-gimes Contributivos do Sistema Previdencial da Segurança Social.

Cada trabalhadorfi ca mais caro 5%

Perante este cenário, os fi scalis-tas rogério Fernandes Ferreira e Joana Lança admitem que “o alargamento da base de incidência contributiva traduz um acréscimo significativo de custos por cada trabalhador para a respectiva en-tidade empregadora”. Mais, estes custos não serão atenuados, mesmo que a empresa contrate por tempo indeterminado ou recorra a traba-lhadores portadores de defi ciência e benefi cie de uma redução da taxa contributiva.O resultado pode ter consequências negativas em termos empresariais e de competitividade. “tudo pesa-do, somados os incentivos e deduzi-dos os agravamentos, algumas das alterações previstas representam um entrave à efectiva emprega-bilidade, já que num horizonte de três anos cada trabalhador fi cará

mais caro em cerca de 5% para a entidade empregadora.O panorama não será dos mais optimistas, apesar dos incentivos de combate à precariedade e à segmentação no mercado do tra-balho. De facto, é estabelecido o princípio de a adequação da taxa contributiva das entidades empre-gadoras em função da modalidade do contrato de trabalho celebrado. “E como incentivo à contratação por tempo indeterminado, reduz a taxa contributiva da entidade empregadora para 22,75%, sendo que a taxa é agravada para 26,75% na contratação a termo”, de acordo com aqueles fi scalistas da PLMJ.Entretanto, na mesma linha, é incentivada a contratação de tra-balhadores com mais de 65 anos ou portadores de defi ciência. a taxa contributiva para os empregadores é reduzida para 17,3% e 11,9%, respectivamente. adicionalmente, é consagrado o regime de acumu-lação de trabalho, o qual visa a igualdade de tratamento do tra-balho dependente e independente, para efeitos de Segurança Social, nos casos em que o trabalhador desempenhe ambos. “a base de incidência passa a corresponder ao montante ilíquido do rendimen-to, sendo aplicada a mesma taxa contributiva que aos trabalhado-res dependentes. E faz-se recair sobre as empresas uma maior carga burocrática, introduzindo a obrigatoriedade de comunicação à Segurança Social do início da produção de efeitos do contrato de trabalho, do tipo de contrato e das datas de cessação, suspensão ou alteração do mesmo.”

O Código regula ainda a prestação simultânea de trabalho subordinado e de trabalho independente para a mesma empresaou agrupamento de empresas.

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10 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

Fiscalidade

SNC

O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) não se trata de uma verdadeira “revolução”, mas de uma “evolução”. Joaquim da Cunha Guimarães não está de acordo com Carlos Lobo, que considera o novo regime “uma verdadeira revolução na ordem contabilística nacional”. Não será assim, porque o SNC é uma adaptação – e não uma adopção – das normas internacionais de contabilidade, as alterações ao CIRC são meramente cirúrgicas, as alterações à organização e funcionamento da Comissão de Normalização Contabilística são de pouca relevância e o novo Estatuto da Ordem dos TOC não pode ser considerado uma “nova regulamentação jurídica”.De facto, as alterações não serão muito signifi cativas.

A tal “revolução contabi-lística”, na óptica do go-verno, assenta em quatro

pilares, dos quais o SnC será o mais importante. Os restantes três pilares são complementares àquele, pelo que foram publicados por decretos-lei com numeração sequencial na mesma data. Ora, Joaquim da Cunha guimarães não está de acordo com a importância excessiva que tem sido dada ao sistema, sobretudo quanto à sua tripla natureza, designadamente contabilística (SnC), fi scal (alte-rações ao CIrC) e institucional (alteração da orgânica e do funcio-namento da CNC e o novo estatuto da OrOC).

“Em relação ao Código de IrC, ve-rifi ca-se que, de uma forma geral, existe uma maior aproximação do mesmo à contabilidade via SnC. Há uma maior aceitação das regras contabilísticas para efeitos do apu-ramento do lucro tributável em IrC, embora tal se verifi que em aspectos pontuais e cirúrgicos.” Joaquim da Cunha guimarães lembra que o próprio ministro teixeira dos San-tos esclareceu que essas alterações não iriam colocar em causa as recei-tas fi scais do IrC, “o que constitui uma referência expressa de que as diferenças entre a contabilidade e a fi scalidade continuarão a ser prati-camente inócuas.” tem razão o pro-fi ssional ao afi rmar que a principal ligação entre as duas áreas do saber em sede do CIrC se mantém, na medida em que continua a relevar a importância do resultado contabi-lístico como base para o apuramento do lucro tributável do IrC.

Expressão “revolução contabilística” é excessiva

Quanto à organização e ao funcio-

namento da Comissão de norma-lização Contabilística, destaque para a alteração da composição dos dois órgãos colegiais (comis-são executiva e conselho geral), que passam a ser constituídos por um número inferior de membros. Facto que se fi ca a dever, sobre-tudo, à exclusão das associações profi ssionais de contabilidade e fi scalidade, bem como à inclusão de disposições legais relativas à implementação de mecanismos de controlo de aplicação das normas (designado de “enforcement”), que têm subjacentes os corres-pondentes “ilícitos de mera orde-nação social”. Para Joaquim da Cunha guimarães, as alterações à organização e ao funcionamento da CnC são também de pouca relevância.Mas a expressão “revolução conta-bilística” é encarada como exces-siva por outra razão não menos importante. É que o SnC é uma adaptação e não uma adopção das nIC e das nIrF do IaSB, por for-ça regulamentar do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo à aplicação das normas interna-cionais de contabilidade. De notar que o actual modelo POC integra não só o próprio e respectivos diplomas que o alteraram, mas também as normas contabilísti-cas complementares constituídas por 29 directrizes contabilísticas e cinco interpretações técnicas. “Ora, 20 das 29 directrizes con-tabilísticas publicadas até à data já constituem adaptações das referidas nIC, pelo que, nesta perspectiva, o choque contabilís-tico das nIC no SnC foi como que amortecido pela publicação das directrizes contabilísticas.”

De acordo com Joaquim da Cunha Guimarães

SNC é uma mera evolução contabilística

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 11

COEFICIENTES DE LOCALIZAÇÃO DO IMI EM VIGORForam actualizados os coefi cientes de localização do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). Considera a AECOPS que se se levar em consideração o quadro de crise agravada que caracteriza a actividade da construção, nomeadamente no que respeita aos edifícios residenciais, a medida adoptada fi ca bastante aquém do que seria desejável.A medida entrou em vigor no início de Outubro. Decorre da aprovação de alterações ao zoneamento e foi determinada pelo período de instabilidade que atravessa o mercado imobiliário. Foi este facto, sobretudo,que motivou a modifi cação daquele que é um dos principais elementos na determinação do valor patrimonial tributário dos imóveis. Ora, a associação considera que a oportunidade foi perdida, na medida em que se poderia ter ido mais longe. Tudo indica que o mercado da habitação, em particular, vai continuar a ser afectado por taxas excessivamente elevadas.

Sectores

CONSTRUÇÃO

O Governo, ainda na anterior legislatura, decidiu atribuir incentivos fi scais às empresas de construção, através de dois mecanismos. Um prende-se com os incentivos fi scais para empresas de zonas economicamente desfavorecidas. O outro instrumento respeita ao alargamento dos benefícios fi scais à internacionalização. As associações do sector vêem com bons olhos estas medidas, ainda que as considerem insufi cientes para impulsionarem a actividade, num momento de sérias difi culdades.

O governo defi niu as áreas territoriais que, a partir deste ano, são conside-

radas regiões com problemas de interioridade e que, neste âmbito, podem benefi ciar de incentivos fiscais. assim, as empresas de construção que exerçam directamente e a título principal a sua actividade nessas localidades vão poder benefi ciar das medidas previstas no artigo 43º do Estatuto dos Benefícios Fiscais, explica a associação das Empresas de Construção e Obras Públicas (aECOPS).Destaque para a redução da taxa de IrC para 15%, no caso de entidades já existentes, ou para 10%, durante os cinco primeiros exercícios, se se tratar de instalação de novas enti-dades, e deduções diversas, desig-nadamente em relação a reintegra-ções e amortizações com despesas de investimento, encargos sociais obrigatórios e prejuízos fi scais. Do

AECOPS insiste que medidas são tímidas

Sector da construçãoconta com novos benefícios fi scais

lado dos particulares, é concedida a isenção de pagamento de IMI em determinadas situações. as zonas em causa foram identifi cadas com base na densidade populacional, nível de produção, de rendimento e de poder de compra.

Vantagens fi scaispara empresasde construçãono exterior

Entretanto, foram também alar-gados, a partir do próximo ano, os investimentos de valor igual ou superior a 250 mil euros efectuados – até 2020 – pelas construtoras

nacionais no estrangeiro. Ou seja, estas empresas poderão benefi ciar de incentivos fiscais em regime contratual.

De acordo com o novo diploma, no âmbito da aprovação do Código Fiscal do Investimento,

os projectos de investimento que tenham por objecto as activida-des de construção de edifícios, obras públicas e actividade de arquitectura e de engenharia

conexas com aquelas, podem benefi ciar, em determinadas con-dições, de um crédito de imposto correspondente a 10% das aplica-ções relacionadas com a criação de sucursais ou estabelecimentos estáveis no estrangeiro, aquisição de participações sociais ou criação de sociedades e campanhas pluria-nuais de promoção em mercados externos. Inclui ainda a presença em feiras, exposições e outras ma-nifestações similares de carácter internacional.

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12 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

A redução de custos e o usodas novas ferramentas de gestão

AGOST INHO COSTA

Análise

7ª Parte

«Obstáculos são aquelas coisas assusta-doras que você vê quando desvia os seus olhos da sua meta.»

Henry Ford

terminamos o último artigo, refe-rindo:“gestão não é matemática pura, nem é mera contabilidade. tais elementos poderão ser ferramentas auxilares no processo de gestão. Mas a compo-nente humana está presente em todo este processo.Da mesma forma, os programas para redução de custos, nem sempre atin-gem êxito, porque, invariavelmente, dependem do factor humano. Esta componente é muitas vezes esquecida. A falta de envolvimento duma equipa, na procura dum objectivo comum con-diciona, claramente, o alcance desse objectivo.”normalmente, as pessoas estão pre-ocupadas com o incremento dos seus negócios. Por tal razão, as questões de redução de custos aparecem mui-tas vezes como questões secundárias. Parece que tal facto não tem nada a ver com crescimento.na realidade, o importante é ter empresas mais efi cientes, capazes de criarem mais riqueza e não empresas que facturam mais, mas que vêem os resultados caírem e os desequilíbrios fi nanceiros agravarem-se.Estas questões não podem ocorrer em qualquer tipo de empresa, seja ela grande, pequena ou média.

Devemos, estrategicamente, ajus-tarmo-nos às mudanças necessárias para que o nosso negócio tenha longevidade e para que seja capaz de criar riqueza. Podemos aprender com Jack Welch.vejamos, então, como procedeu Jack Welch, ex-presidente da gE, após a redifinição das áreas estratégicas para a tornar mais efi ciente.Para Jack Welch, só os mais fortes sobrevivem. Os negócios fracos têm difi culdade em criar e em captar re-cursos, que lhes permitam competir. assim, quando assumiu a liderança da gE começou por identifi car e livrar-se dos negócios fracos. Procedeu a um reajustamento estratégico.após esta etapa, as suas preocupa-ções concentraram-se em reduzir as gorduras da gE e em torná-la mais ágil, capaz de se ajustar as rápidas mudanças. “Quando o ritmo de mudança dentro da empresa for ultrapassado pelo ritmo da mudança fora dela, o fi m está próximo.” – Jack WelchWelch sabia que não era sufi ciente estar nos negócios certos. Precisava eliminar gorduras, ser mais efi cien-te, ...reduiziu pessoal, aumentou a pro-dutividade, eliminou actividades desnecessárias, tornou a empresa mais efi ciente. tornou a gE mais competitiva. no fi nal dos oitenta, Welch já estava satisfeito com a reestruturação em-preendida e concentrou a atenção nos processos e nos empregados. Depois decidiu que a melhor forma ter empregados mais motivivados e com maior produtividade era dei-xá-los tomar em parte nas decisões da companhia. Por sua vez, queria construie equipas confi antes e en-tusiásticas.

O sistema “work-out”

“você não pode premiar as pessoas apenas com troféus. É necessário re-compensá-las na alma e na carteira.” – Jack Welch

A criação do sistema a que cha-mou “work-out”, destina-se a retirar o trabalho improdutivo para fora do sistema. O “work-out”, foi então a via para uma nova cultura. O work-out visava defi nir e imple-mentar a nova cultura de empresa que Welch esperava criar, de forma a encorajar os trabalhadores a ac-tuar com velocidade, simplicidade e autoconfi ança. Um lugar onde todos partilhassem ideias e aprendessem uns com os outros. Assim, os empregados e gestores par-ticipantes nos programas de “work- -out”, eram convidados a vestirem-se de forma informal, de modo a diluir as distinções. Os participantes represen-tavam os vários tipos de colaboradores da GE, desde gestores a assalariados e trabalhadores à hora. Contudo, existia sempre um facilitador para encorajar a audiência a falar de forma descontraída e aberta. O principal gestor abria a sessão, dis-cutindo as forças e fraquezas daquele negócio, em particular. O facilitador dividia então o grupo em grupos mais pequenos para uma sessão de traba-lho sobre a fraqueza a que o gestor tinha dado mais ênfase. Depois da aparição inicial, o «chefe» fi cava à parte. Só nas últimas horas o chefe voltava ao encontro para confrontar os empregados, ouvir as suas ideias e responder também de forma aberta, ás perguntas que lhe colocavam. O chefe só poderia dar três respos-tas: 1. Concordar com a implementação da proposta.2. Dizer não, ou ...3. Pedir mais informações para pos-terior tomada de decisão. normalmente, 80% das propostas recebiam respostas imediatas. Mas, se houvesse necessidade dum estudo adicional, o gestor daria uma resposta no prazo máximo dum mês. O início da implementação do progra-ma “work-out” foi lento, uma vez que no início, os diferentes níveis hierar-quicos, que separavam empregados e gestores, inibiam o diálogo.

agOStInHO COSta

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 13

eliminar etapas desnecessárias, realizar as etapas necessárias da melhor forma, ao menor custo, com o envolvimento de toda a equipa, rumo aos objectivos traçados.a rentabilidade disparou. Constatamos, pois, com um exemplo mundialmente conhecido (gE), que para se atingir os objectivos é neces-sário estar atento às mudanças do contexto, perceber o posicionamento do nosso negócio e sermos altamente efi cientes no mesmo. Ser muito efi -ciente num produto ou serviço que o mercado não quer não cria riqueza para a organização.Para sermos efi cientes no negócio, a primeira etapa deverá, pois, ser a ela-boração dum diagnóstico operacional para melhor conhecer os aspectos rela-cionados com os processos, a estrutura da organização, com os sistemas de informação e controlo.O conhecimento das etapas neces-sárias do processo, o eliminar dos aspectos que não acrescentam valor, o ser efi ciente nos processos relevan-tes, vai-nos demonstrar até que ponto estamos a ser efi cientes e o quanto podemos ainda melhorar.Por fi m, os sistemas de informação de gestão e os controlos podem fornecer as informações necessárias para acompanhar, entre outros factores, a evolução dos gastos e as oportuni-dades de redução de custos. as soluções para reduzir os custos passam pelo estabelecimento de metas claras e ambiciosas, informa-ção adequada de acompanhamento das accções definidas, equipas motivadas, melhoria continua dos processos, gestão rigorosa dos re-cursos, etc..não existem fórmulas milagrosas para reduzir custos. apenas um diagnóstico detalhado deverá revelar que actividades deverão ser mantidas e que deverão ser cortadas. Depois, estas últimas deverão ser objecto de estudo para se obter uma execução excelente, mais rápida e com melhor qualidade. Só empresas que adoptam uma pos-tura efectiva para evitarem gastos desnecessários e demonstram aos seus colaboradores como identifi cá--los, podem focar o seu crescimento e concentrar os seus esforços para conquistar mercado.

AGOST INHO COSTA

O conceito “work-out” foi-se desenvol-vendo, dando contributos fantásticos, reforçando o espírito de equipa, criando equipas de campeões. O processo seis Sigma. O seu principal objectivo é imple-mentar um vigoroso processo de, sistematicamente, eliminar defeitos e inefi ciências. “a qualidade é a nossa melhor garan-tia da fi delidade do cliente, a nossa mais forte defesa contra a competição estrangeira e o único caminho para o crescimento e para os lucros.” – Jack Welcha metodologia seis Sigma foi, original-mente, desenvolvida pela Motorola. O principal objectivo era proporcionar alto desempenho, confiabilidade e valor para o cliente. Foi inicialmente concebida para uma forma de medir defeitos e melhorar a qualidade glo-bal. O Seis Sigma é usado em muitas situações e em diferentes tipos de projectos. Este sistema foi depois adoptado por Jack Welch para a gE.O primeiro passo no processo de six-sigma é identifi car o processo ou projecto. Depois são defi nidas as ca-racterísticas essenciais para defi nir a qualidade do processo ou do pro-jecto. É então formada uma equipa por especialistas de six-sigma. Estes dividem o processo ou projecto em várias partes:1. Defi nir metas para melhorar o processo global;2. recolher dados relevantes sobre os processos actuais;3. verifi car os defeitos nos processos actuais;4. analisar as variáveis, as causas dos defeitos ;5. Melhorar o processo, determinan-do a variação máxima, aceitável para cada variável;6. Estabelecer um controlo de medi-ção das variáveis.a redução dos defeitos com esta me-todologia traduz-se numa melhoria da qualidade e numa diminuição signifi cativa de custos. assim, Welch depois de redefinir a sua estratégia com as áreas de negócios cruciais a desenvolver, preo-cupou-se com a melhoria da efi cência operacional de cada uma. Criou programas de aceleração de Mudanças: melhorar os processos, (Continua no próximo número)

Mas o que acontece em muitas ocasiões, nos tempos que cor-rem?

actualmente, com quebras de ac-tividade e grande pressão sobre os resultados, a pressão sobre os ges-tores é enorme. a competição global cria pressões tremendas aos gestores. a situação de crise generalizada agrava a situação. a pressão sobre a rentabilidade é então enorme. Como o nível de infl uência sobre os preços é reduzida e o lucro é uma questão de sobrevivência, os gestores viram-se para os custos.Então, ao verem quebras acentuadas na rentabilidade, os gestores, cortam, muitas vezes, custos indiscrimina-damente. tal situação assemelha-se com aquela em que a dona de casa deitou o bebé fora com a água do banho. Muitas empresas estão a cortar em custos necessários para assegurarem competências que são cruciais para o futura organização, pondo-a em causa. Isso é gerir de forma cega.Quem não conhece a situação: come-ça-se pelo luxo das viagens, depois corta-se na formação, poupa-se nos investimentos em novos projectos e na introdução de novas tecnolo-gias, depois passa-se aos recursos humanos e chega-se ao ponto de ser “necessário a assinatura de dois chefes” para se fazerem fotocópias.Estas medidas, tomadas de uma forma indiscriminada, podem ter algum efeito, mas só aparente e, na melhor das hipóteses, no curto prazo. Dão a impressão que se pode sair do sufoco, mas podem ser de-sastrosas a médio ou longo prazos.Um gestor que reduz despesas não signifi ca que tenha sido efi caz. gas-ta menos, mas não sabe se perdeu oportunidades e, sobretudo, se não reduziu recursos ou competências relevantes para o sucesso da organi-zação no futuro.

no próximo artigo, veremos como o conceito e a metodologia de gestão aBM - activity Based Management nos pode auxiliar.

Análise

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14 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

OPÇÕES

Informáticana Contabilidade

Empresas têm de encarar riscos internos do acesso privilegiado à informação

Novo estudo aborda os riscos do acesso interno privilegiado à informação – a potencial ameaça a que uma organização está exposta por meio de utilizadores internos que têm acesso a sistemas críticos e a informação confi dencial. Embora ciente de que os utilizadores criam riscos à segurança da informação dentro das próprias organizações, as ameaças externas ofuscam muitas vezes a importância das empresas se protegerem contra riscos internos.

Os problemas de segurança acidentais gerados pelo aces-so privilegiado a informação

por parte dos colaboradores internos das empresas acontecem cada vez com maior frequência e têm um potencial para um impacto mais negativo do que os ataques malicio-sos internos deliberados, de acordo com novos dados da IDC anunciados pela rSa, a Divisão de Segurança da EMC e patrocinadora deste novo estudo. Este “White Paper” mostra também um desalinhamento ao nível das preocupações com a se-gurança por parte da maioria dos gestores, mais concretamente dos CXO (Chief Experience Offi cer) das empresas, que dão normalmente maior prioridade à protecção con-tra ataques maliciosos internos do que à prevenção dos incidentes de segurança internos acidentais, mais frequentes e com maior potencial de danos.O documento da IDC aborda os ris-cos do acesso interno privilegiado à informação – a potencial ameaça a que uma organização está exposta por meio de utilizadores internos

que têm acesso a sistemas críticos e a informação confi dencial. Embora ciente de que os utilizadores criam riscos à segurança da informação dentro das próprias organizações, as ameaças externas ofuscam muitas vezes a importância de as empresas se protegerem contra riscos inter-nos. O novo estudo revela um desa-justamento das preocupações com a segurança por parte dos gestores das empresas, face ao maior número de falhas de segurança internas e às ameaças colocadas aos objecti-vos fi nanceiros das empresas pelas brechas acidentais de segurança, acesso inapropriado e uso indevido de informações por parte dos seus empregados.Entre a totalidade dos decisores tI que responderam ao inquérito da IDC, a maioria indicou não estar bem certa sobre os propósitos e as fontes dos riscos internos, referindo sentirem difi culdades para conse-guir quantifi car as potenciais con-sequências fi nanceiras e o impacto nos fl uxos de trabalho. De todas as organizações abordadas, 52% carac-terizou os incidentes com o acesso privilegiado a informações como predominantemente acidentais, apenas 19% acreditam que as amea-ças foram deliberadas, enquanto os restantes 26% defendem que resul-taram de uma combinação igual e 3% admitiram não ter certezas. no entanto, quando questionados sobre as suas principais ameaças, quase 82% dos executivos mostraram não terem certezas sobre se os inciden-tes ocorridos com pessoal contra-tado e trabalhadores temporários foram acidentais ou deliberados.“Os empregadores vêem a sua rela-ção com os empregados como uma questão de confi ança e reconhecem que os seus colaboradores são o seu maior activo” afi rmou em comuni-

cado Chris Christiansen, vice-pre-sidente para a área de produtos de segurança na IDC. “no entanto, a natureza ampla da infra-estrutura de uma organização, juntamente com uma base global de funcionários muitas vezes dispersa, bem como com uma lista complexa de utilizado-res internos que inclui empregados, consultores, parceiros e prestado-res de serviços, torna a gestão dos riscos internos o maior desafi o de segurança que os CXO enfrentam actualmente: seja o risco intencional ou não, ele está lá. É real.”Outros resultados importantes des-te estudo indicam o volume de peri-gos associados ao acesso privilegia-do a informações que as empresas estão a enfrentar. Em relação aos últimos 12 meses, 400 dos inquiri-dos admitiram a ocorrência de um total de 6.330 incidentes de perdas de informação acidentais, 5.907 ataques de Malware/Spyware a par-tir do interior da empresa e 5.831 incidentes criados pelos excessivos privilégios de acesso. no total, o número de incidentes indicados pelos inquiridos atingiu os 58.097 nos últimos 12 meses. Os resultados deste estudo mostram também que quase 40% das organizações têm planos para aumentarem os gastos com as iniciativas para reduzirem os riscos internos de segurança nos próximos 12 meses e que apenas 6% conta reduzir esses gastos. Estes resultados indicam que não existe uma solução única para enfrentar da melhor forma os riscos de segu-rança interna, mas sim uma neces-sidade de adoptar uma abordagem abrangente na gestão desses riscos, de modo a compreender melhor o perfi l de risco das empresas e o me-lhor lugar para colocar os sistemas de controlo.“a segurança é uma tarefa de

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 15

De certa forma,o mercado das TI funciona um pouco com o efeito designado “bola de neve”. Todos os dias nascem novas tecnologias e,logo, ameaças que têmde ser travadas.

OPÇÕES

Informáticana Contabilidade

todos e não apenas da equipa de segurança”, defendeu Christopher Young, vice-presidente Sénior da rSa, referindo que “os riscos internos estão a crescer e, para as empresas se manterem competiti-vas, os seus CXO têm que mudar a forma como defendem os seus negócios e alargar as prioridades de segurança para atender às

necessidades de protecção contra riscos intencionais e acidentais com acesso privilegiado à informa-ção. Os executivos têm que adoptar uma estratégia holística ,de modo a mitigarem os riscos internos, concentrando-se na protecção da informação crítica, face ao uso in-devido, abusos e perdas por parte dos utilizadores internos, seja de

forma acidental ou deliberada.”apesar de ser comum a crescente sofi sticação das violações de dados por parte de alguns impostores, o novo estudo destaca o facto da perda acidental de dados e da segurança da informação afectar a integridade operacional de uma organização em maior grau do que os ataques maliciosos intencionais.

Segurança precisa-seNos anos setenta, existiam empresas com salas que tinham o único objectivo de albergar um único computador, devido à sua dimensão. Nessa altura, o risco de este apanhar um vírus era ínfi mo. Hoje em dia, essa realidade parece-nos impensável e muito distante, tal foi a evolução que aconteceu no mercado das Tecnologia de Informação. Não só os computadores do séc. XXI cabem na palma da mão, como há tecnologias que emergem e se actualizam diariamente, exigindo que todo o tipo de empresas estejam atentas não só às novas soluções, como às ameaças que as acompanham.

Nesse âmbito, temo-nos de-parado com inúmeras situ-ações de entidades públicas

e privadas que se vêem prejudicadas devido a ataques de piratas ciber-néticos para roubo de informação, de injecção de vírus, entre outros. Quem não se lembra do caso di-vulgado no início deste ano sobre um rapaz de 18 anos que provocou um prejuízo de milhões de dólares na internet, por ter entrado ilicita-mente em mais de um milhão de computadores em todo o mundo? É inevitável o crescente impacto

das tI e da internet nas empresas e, hoje mais do que nunca, é inces-sante a procura para se ter uma rede segura dotada de ferramentas que protejam tanto os tradicionais fi cheiros do computador, como o website ou o mais actual facebook ou twitter da em-presa. neste senti-do, é fundamental que as empresas se aconselhem so-bre as soluções que melhor se adap-tam ao seu negócio e que entendam aquelas que são as suas necessidades reais. O número de trabalhadores, as ferramentas que utiliza, a forma como a rede está organizada, de quantos ser-vidores dispõe, o sector em que a empresa opera, etc. são factores determinantes para que uma em-presa especializada em soluções de segurança informática possa avaliar a empresa como um todo e defi nir a melhor solução. a Palo alto networks, por exemplo, é uma das empresas de tI que mais acompanha as mudanças do merca-do e que se adapta constantemente às necessidades empresariais, dispo-nibilizando soluções que consolidam várias componentes e ferramentas. O seu esforço em introduzir em Por-tugal as fi rewalls de nova geração traduziu-se num sucesso, visto que conseguem identifi car todo o tipo de

ameaças, incluindo as mais impen-sáveis, como através do Youtube. Já a activIdentity, por exemplo, tem as mais recentes soluções de autenticação e de credenciação, tendo como fi losofi a empresarial a análise de necessidades a priori e

a implementação à medida de cada cliente, garantindo o máximo de segu-rança.De certa forma, o mercado das tI funciona um pou-co com o efeito de-signado “bola de neve”. todos os dias nascem novas

tecnologias e, logo, ameaças que têm de ser travadas. Face a este cenário, as empresas especializadas em implementação de soluções em-presariais reagem imediatamente e reúnem todos os esforços para que as redes estejam seguras e, conse-quentemente, que os utilizadores fi nais – sejam eles quais forem – te-nham os seus dados confi denciais guardados a sete chaves. Mas este processo depressa termina, visto que os principais players do merca-do depressa lançam novos produtos e soluções e um novo ciclo começa. afi nal, se jovens de 18 anos têm a capacidade de entrar nas redes de empresas multinacionais, temos de nos adiantar e impedir que este tipo de situações se repita.

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16 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

Informáticana Contabilidade

SEGURANÇA

Através do Programa “Custo x Página”

OKI ajuda empresas a poupar até 40%Desde a implementaçãono mercado, em Junhode 2009, empresa garanteque Plano BUY&Print regista um crescimento mensalna ordem dos 20%.

A OKI, empresa especializada em soluções profissionais de impressão, anunciou os

resultados dos primeiros quatro meses de implementação do Pro-grama Custo por Página da marca, direccionado a pequenas e médias empresas e profi ssionais liberais, com cerca de 100 contratos assi-nados. “O Programa Custo x Página da OKI, destaca-se pelo Plano Buy&Print, através do qual o cliente só paga o que imprime, sem se preocupar com os consumíveis ou a assistência técnica do equipamento”. Com cerca de 100 contratos assinados desde Junho de 2009, a empresa explica que o plano é uma solução baseada em quatro conceitos chave: simpli-cidade, fl exibilidade, mensurabili-dade e liberdade do cliente para o seu core business.a sublinhar o sucesso desta solu-ção, está o mais recente contrato fechado com a empresa Unilabs. De acordo com o responsável Mar-co Pinto, It Support da Unilabs, “com o aumento do nosso parque de impressão, sentimos cada vez mais a necessidade de proceder à sua uniformização e gestão centra-lizada, de modo a conseguirmos um melhor controlo sobre custos e equi-pamentos instalados. recorremos à OKI para nos ajudar nessa tarefa e rapidamente obtivemos resultados visíveis, como o maior equilíbrio entre os custos e a produtividade, a gestão de custos ao nível do utili-zador/equipamento, mais tempo do pessoal de tI para outras tarefas e, consequentemente, utilizadores

fi nais mais satisfeitos, gestão e ma-nutenção centralizada do parque e, igualmente importante, a con-tribuição para a sustentabilidade da empresa.”O modelo de gestão Custo x Página apresenta muitas vanta-gens em relação a outros mais tradicionais para toda a cadeia de agentes envolvidos, defende a OKI. Por um lado, dizem, é uma ferramenta muito rentável que permite ao cliente controlar o seu orçamento de impressão. Por outro lado, permite ao canal de distribuição e revenda oferecer um serviço ajustado às necessi-dades dos clientes, o que reforça a sua fi delização, e uma fórmula de venda segura, rápida e sem riscos, baseada unicamente na utilização do equipamento. “O sucesso do nosso programa

Custo por Página excede as nossas expectativas, dado o período do ano em que foi lançado. Enche-nos de orgulho, não só pela forma como os clientes aderiram a esta fórmula inovadora, mas também pela forma como o nosso canal de distribuição o conseguiu adoptar”, adianta Carlos Sousa, director-ge-ral adjunto da OKI em Portugal. E acrescenta: “as condicionantes com que as empresas se depara-ram no último ano levaram-nas a uma mudança de atitude, que acreditamos permanecerá como uma te. a: a análise permanente de custos e a rentabilização má-xima dos investimentos para um real retorno dos mesmos e enfoque no seu core business.”

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 17

Contabilidade

LEGISLAÇÃO

A partir de Janeiro serão introduzidas alterações signifi cativas ao Código do IVA, ao regime de IVA nas Transacções Intracomunitárias (RITI) e à legislação complementar. Trata-se da transposição de directivas comunitárias e pretende-se estabelecer novas regras de localização das prestações de serviços, que tenham como destinatários contribuintes domiciliados noutro país da União Europeia. Por outro lado é aprovado o novo regime de reembolso do IVA dos sujeitos passivos estabelecidos noutro Estado-membro ou fora da Comunidade.

Um aspecto importante é que sempre que os prestadores de serviços não tenham

território nacional a sua sede, esta-belecimento estável ou domicílio – e o adquirente seja um contribuinte de Iva nacional – como regra o im-posto passará a ser (auto)liquidado em Portugal. Mas há situações que fi cam salvaguardadas, designada-mente operações relacionadas com bens imóveis, incluindo a prestação de serviços de alojamento, que serão tributadas no lugar onde se situa o imóvel.Outras excepções são os serviços de transporte de passageiros, no lugar onde se efectua o transporte em função das distâncias percorridas, serviços de alimentação e bebidas efectuadas a bordo de embarcações, aeronaves ou comboios durante um transporte de passageiros na Comunidade, no lugar de partida

do transporte, entre outros. Desta-que ainda para a locação de curta duração de meios de transporte, tributada em Iva no lugar onde o bem é colocado à disposição do destinatário.Quanto às prestações de serviços a particulares, mantém-se a regra geral já prevista da tributação no Estado-membro da sede, do esta-belecimento estável ou do domicílio do prestador, com as excepções dos serviços já referidos anteriormente e dos serviços de telecomunicações, radiodifusão e televisão e dos ser-viços prestados por via electrónica por contribuintes com sede, estabe-lecimento estável ou domicílio fora da Comunidade, que serão tributa-dos no lugar onde os destinatários têm o seu domicílio ou residência habituais.

Novo regimede reembolso do IVA

vai também entrar em vigor o novo regime de reembolso do Iva a contribuintes estabelecidos noutro Estado-membro ou fora da Comu-nidade. neste caso, “o novo regime visa um procedimento de reembolso

mais simplifi cado, através do re-curso aos meios electrónicos para efeitos de recepção e processamento dos novos pedidos, prevendo ainda a ampliação do prazo para apre-sentação dos pedidos (que passam a poder ser apresentados até ao dia 30 de Setembro do ano civil seguinte àquele em que o imposto se tornou exigível).Por outro lado, verifi ca-se a redu-ção do prazo de decisão para quatro meses, face aos seis actualmente previstos. Findo esse prazo de quatro meses sem que tenha sido proferida decisão, passam a consi-derar-se tacitamente indeferidos os pedidos de reembolso para efeitos de reclamação ou impugnação. Como as alterações entram em vigor em Janeiro, por exemplo, no que respeita aos pedidos de reembolso de Iva apresentados por contribuintes não estabeleci-dos em território nacional, até ao fi nal do próximo mês de Dezembro continuarão a aplicar-se as regras actualmente previstas.

Empresas terão que se adaptar a novos procedimentos

Transposição de directivasintroduz alterações em sede de IVA

PWC DIZ QUE “PACOTE DO IVA” IMPLICA NOVOS ENCARGOSA PricewaterhouseCoopers avisa que o “Pacote de IVA”, apesar de ter benefícios associados, é um mecanismo que representa encargos que não são de menos-prezar. Por um lado, impõe uma nova obrigação de declaração das prestações de serviços a contribuintes localizados noutros Estados-membros e aí sujeitas por via da nova regra geral de localização e antecipa prazos de entrega de de-clarações (nova Declaração Recapitulativa).Por outro lado, avança a consultora, obrigará a alterações substanciais nos sistemas informáticos ERP, quer em termos de criação de mais codifi cações para as novas obrigações declarativas, quer de fi cheiros xml para exportação de dados para o site da administração fi scal. Estas despesas ocorrem, ainda que a intenção da Comissão seja a de permitir a tributação no local onde ocorre o consumo sem agravamento dos encargos administrativos.

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18 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

Contabilidade

SNC

A tradução para Português das normas internacionais de contabilidade criou difi culdades que poderiam – e deveriam – ter sido evitadas. Tratando-se de mudanças estruturantes na área contabilística, a situação é grave e o modelo de informação perde visibilidade. A Comissão de Normalização Contabilística foi “autista e passou ao lado de estudos e pareceres que foram sendo divulgados”, lamenta Hernâni Carqueja, revisor ofi cial de contas e analista fi nanceiro.

A entrada em vigor do Siste-ma de normalização Con-tabilística aproxima-se

rapidamente, mas a realidade é que existe ainda muita indefi ni-ção e não faltam críticas à forma como o processo foi conduzido. Em trabalho publicado no “Jornal de Contabilidade”, Hernâni Carqueja junta-se às vozes que contestam o processo, especialmente no que respeita ao facto da terminologia adoptada não respeitar a tradição das normas portuguesas, nem contribuir para clarifi car a infor-mação, afi nal um dos principais objectivos do SnC.as culpas, em grande medida, são assacadas à CnC, já que não teve em conta os pareceres que foram sendo divulgados. refere a este propósito aquele profis-sional: “a redacção do SnC não reduziu, como seria de esperar, os

problemas da primeira tradução. Ignorando a carga histórica da ter-minologia contabilística nacional, agravou esses problemas. Ora, o desempenho da contabilidade como instituto social está muito condicionado pelas opções termi-nológicas. O uso de um termo que ignore a carga histórica que condi-ciona o seu signifi cado dá origem a difi culdades que podem, e devem, ser evitadas.”adianta Hernâni Carqueja que para as empresas sujeitas à nor-malização nacional, esta baseia-se num conjunto de normas que pretende resumir as normas internacionais. Cada resumo res-peita a uma, ou a várias, normas internacionais. O modelo aplicável às pequenas empresas baseia-se num resumo dos resumos. “Em-bora os resumos de algumas das normas, como resumos, possam ser qualifi cados como muito bons, a solução global é inadequada e complicada.”

Sistema vem complicarainda mais

Perante este cenário, a apreciação é tida como negativa. Considera Hernâni Carqueja que, contraria-mente ao que tem sido publicitado, o modelo SnC para as empresas sujeitas à normalização nacional não simplifica, complica. não reduz custos, nem às entidades, nem aos profi ssionais, não con-tribui para a competitividade da economia e o SnC não inovou.“Face à tradição e aos interesses nacionais, considero que teria sido melhor alternativa desenvolver a

normalização num só documento, incluindo as normas especiais para pequenas empresas. as solu-ções técnicas e políticas nacionais, no imediato, traduzem-se em demasiada visibilidade das novi-dades terminológicas e do novo modelo de organização, baseado em resumos e num resumo de resumos para as pequenas empre-sas”, explica.Para justifi car estas posições, o rOC avança com alguns exem-plos. Entre as várias novidades, refere, aparece o termo “inventá-rios” com signifi cado contabilísti-co que não respeita a tradição das normas nacionais. acresce ainda que o uso contabilístico do termo britânico “inventories” não é pa-cífi co, mesmo entre os falantes do Inglês. “Sinto muito desconforto com a hipótese de ser solicitado a esclarecer ou a justifi car por que o equipamento, o dinheiro em caixa ou outro bem não são incluídos no valor contabilístico dos inventários.”Enfi m, Hernâni Carqueja espera que seja promovida a edição de um texto unitário que facilite o dia-a-dia profi ssional, secundarizando problemas de terminologia e for-ma, realçando outros problemas, como aqueles relacionados com ob-jectivos e conteúdo da informação. “E não são poucas – nem menos importantes – as outras mudanças introduzidas pelo novo modelo de informação contabilística. E care-cem, pelo menos, de divulgação e esclarecimento.”

Hernâni Carqueja lamenta

CNC foi autista na terminologia adoptada no Sistema

de Normalização Contabilística

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 19

Coluna do Técnico de Contas

NACIONALIZEM-ME!Acredito que haja leitores que possam pensar que

um dos meus passatempos favoritos é dizer mal de forma acrítica das mais diversas máquinas

burocráticas que nos rodeiam. Se dou essa ideia, peço desculpa, porém se mereço mais alguma atenção agra-deço que me a dispensem. Quero deixar bem claro que no mundo complexo e veloz

em que, nos movimentamos, as redes sociais de que bene-ficiamos na redistribuição, são fundamentais para depois nos assumirmos com a competi-tividade necessária ao micro desempenho que nos é exigido e de que dependemos, por um lado em termos materiais (rendimentos brutos menos os custos sociais e os custos de contexto) e, por outro, em termos éticos (reconhecimento familiar, social e profissio-nal).Este mundo da União Euro-peia funcionando com esta economia de mercado está felizmente, forrado de benefí-cios sociais, que se pensarmos

bem, só têm uma civilização no mundo do espaço-tempo, que lhe pode pedir meças, ficando mesmo assim a perder de vista: a romana. Basta ver as mais de treze vezes que subiu o PIB mundial do ano mil até ao ano dois mil, tendo a respectiva população crescido entre quinze a vinte vezes, entretanto; basta ver as quase nove vezes que o PIB mundial subiu de 1800 para cá, na base do ano mil, enquanto a população subiu entre doze a quinze vezes, para percebermos que se só o desenvolvimento permitiu estes ganhos, digamos para simplificar, expo-nenciais, foi esse mesmo desenvolvimento que propiciou as assimetrias mais arrepiantes. Quantas populações no século XIX foram arrancadas da pobreza dos campos para a miséria das cidades, sendo Manchester e Londres grandes pátrias disso mesmo. Quanta gente honesta nos campos se desenraizou nas cidades e resvalou para a trapaça, o roubo, o crime violento; porém, quanta dessa mesma gente foi para as fábricas e de forma honesta e corajosa enfrentou as dificuldades e foi procurando inverter esse mundo assimétrico, e violento, fosse em sindicatos, igrejas, ou noutros polos sociais.Porém, pois se por exemplo, de Weber a Foucault, há opiniões para todos os gostos, a burocracia reprodu-tora que o Estado cria – e não vou agora desenvolver quaisquer teorias sobre o Estado, reconhecendo sim, na burocracia um mero factor de coesão e coerção –, a partir de certo ponto gera uma inércia, a qual há que permanentemente combater.Entendamo-nos: países como Portugal poderão ter uma administração muito mais burocrática que outros mais desenvolvidos, apenas porque estes investem mais em áreas de tecnologia – de ID por exemplo, a qual “obriga” a desmantelar de forma mais veloz as burocracias que entretanto se vão instalando. Porque as burocracias instalam-se por todo o lado, a velocidade do seu desmantelamento é que varia com a educação e a instrução, o que, para nós portugueses, constitui, sem dúvida, grande handicap.Ora chegado aqui, é dever e direito de quem escreve apontar o que pensa estar mal, embora possa estar

ManUEL BEnavEntE rODrIgUES

[email protected]

bem para muita gente, sem ser apenas por agência de interesses.E sendo nós profissionais das contas, somos interlo-cutores privilegiados da burocracia e talvez por isso, exemplos de excessos não nos faltem no quotidiano. assim e assumindo uma vez mais a crítica ao que penso estar mal, pois vou virar-me para um despautério que penso só poder existir num país como o nosso, numa classe como a nossa e com uma instituição reguladora como a nossa. Em Setembro, técnicos oficiais de contas pelo país fora foram confrontados com notificações para pagar impostos, juros e multas de clientes e ex-clientes, assim, sem mais nem menos! Sabemos que o artigo 24º da Lei geral tributária está em vigor, mas desco-nhecíamos ser possível que a inconsciência, a cupidez, a incompetência ou o desprezo para com uma classe profissional fossem tão grandes! a aPECa – e bem – protestou junto do senhor Director geral dos Impostos. a CtOC – e bem – ameaçou de acção em tribunal a quem subscrevesse tais “notificações”. Segundo o jornal “Público”, respondeu a DgCI que tais situações foram, entretanto, já corrigidas. O lapso foi assumido pelos serviços de Finanças em questão, tendo sido dadas orientações às respectivas chefias para que essas situações pontuais sejam corrigidas e não se voltem a repetir.Mas tentemos ir um bocadinho mais longe e pergunte--mos: porquê? Porque diferentes serviços de finanças, cometem o mesmo lapso? Estranho, diferentes funcio-nários de chefia, assumirem o mesmo lapso pelo país fora. Por quê então?reconhecendo embora que a minha explicação possa ser apenas parcelar, atrevo-me a responder, embora a res-posta não seja das mais agradáveis: porque nós técnicos oficiais de contas somos desrespeitados no exercício da nossa profissão no quotidiano. E logo começamos por ser desrespeitados, por quem tem por obrigação primeira, nos respeitar: a CtOC – Câmara dos técnicos Oficiais de Contas. Ora se a CtOC desrespeita os técnicos ofi-ciais de contas, por que carga de água os organismos tributários não hão-de desrespeitá-los também? a CtOC desrespeita-nos quando nos compara a po-lícias. Senhores da CtOC, nós não somos polícias! a CtOC desrespeita-nos quando nos compara a guardas de uma prisão. Senhores da CtOC, nós não somos guardas de coisa nenhuma! a CtOC desrespeita-nos, quando ameaça publicamente com o cacete os membros que faltarem às suas obrigações; não nomeando quem são mistura os cumpridores – a esmagadora maioria – com os não cumpridores – a ínfima minoria. Senhores da CtOC: a classe dos técnicos oficiais de contas não é incumpridora! a CtOC exibe o seu ingénuo e saloio contentamento quando noticia dois mil ou três mil de-núncias de tOC a empresas. Senhores da CtOC, nós não somos denunciantes!Senhores da CtOC: percebam que os técnicos oficiais de contas são pessoas respeitáveis, cidadãos cumpridores e que se no seu meio há quem o não seja, são minorias inexpressivas, como noutras classes profissionais tam-bém acontece. E esses assuntos são para ser resolvidos portas adentro da Câmara, não em público por favor sejam urbanos e ponham os olhos na União Europeia, a que julgo ainda pertencermos.Quanto ao Estado, não fosse o pronto lapso assumido, iria solicitar com toda a urbanidade mas também com a máxima urgência, a minha nacionalização, isto é, es-taríamos todos muito mais à vontade, nós para sermos polícias e o Estado para nos levar presos.

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20 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

Consultório

“Consultório” é um espaço onde se procura dar resposta, de forma clara e sucinta, às questões jurídico-fi scais que mais frequente-mente são colocadas pelos nossos leitores. Assim, os leitores poderão colocar questões do foro jurídico-fi scal que, pelo seu interesse e oportunidade, queiram ver esclarecidas nesta rubrica, as quais deverão ser dirigidas à “Contabilidade & Empresas”.

Quais as novas regras nas contas anuais e con-solidadas?

O Decreto-Lei nº 185/2009, de 12.8, transpõe para o ordenamento jurídico português a Directiva nº 2006/46/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, relativa às contas anuais e às contas consolidadas, adoptando um conjunto de novas práticas no âmbito do direito das so-ciedades, bem como diversas medidas de simplifi cação do regime de fusões e cisões.O diploma em análise adopta ainda medidas de sim-plifi cação para as sociedades comerciais e civis sob a forma comercial, através da alteração de diversos diplomas legais, tais como, para além do CSC, o CrP, o CrC, o EBF, o regulamento Emolumentar dos registos e do notariado, o CIrE e o regulamento do registo de automóveis.Algumas destas medidas entraram em vigor dia 15 de Setembro, enquanto outras produzem efeitos a partir dos exercícios económicos que se iniciam em, ou após, 1.1.2010.a directiva comunitária agora transposta para a ordem jurídica interna tem por objectivo adoptar um conjunto de medidas destinadas a modernizar o direito das so-ciedades, a aumentar a comparabilidade da informação fi nanceira a nível comunitário e a reforçar as políticas do corporate governance das sociedade comerciais.O regime em causa visa garantir que a informação fi nanceira de uma sociedade possa reproduzir uma imagem autêntica e verdadeira da respectiva situa-ção económico-fi nanceira, permitindo, por exemplo, que o público tenha a exacta percepção do impacto de quaisquer operações, susceptíveis de expressar riscos ou benefícios relevantes na avaliação fi nanceira das sociedades. assim, no que respeita à transparência das transac-ções, o diploma legal em análise impõe a divulgação das operações que envolvam os principais dirigentes da sociedade, cônjuges de administradores, accionistas minoritários e outras partes relacionadas, desde que sejam relevantes e realizadas fora das condições nor-mais de mercado. Estão dispensadas de tal divulgação as sociedades que já publiquem informações relativas às operações com partes relacionadas, de acordo com as normas internacionais de contabilidade adoptadas pela União Europeia. a pretendida transparência estende-se, igualmente, às operações extrapatrimoniais, estabelecendo o di-ploma em análise a obrigação de divulgar a natureza, o objectivo comercial e o impacto fi nanceiro sobre a sociedade de tais operações, cuja contabilização ocorra fora do balanço. no que concerne à comparabilidade da informação fi -nanceira a nível comunitário, o regime agora aprovado vem permitir que a generalidade das empresas passe a utilizar com maior intensidade o critério de mensu-ração do justo valor, internacionalmente denominado por “fair-value”, o que terá como principal efeito o facto de muitas das rubricas do balanço passarem a ser expressas em valores de mercado. O diploma em análise vem ainda estabelecer que as

sociedades com valores mobiliários representativos de dívida admitidos à negociação em mercado regulamen-tado passem a incluir nos seus relatórios anuais infor-mação relativa às medidas de governação da sociedade. Um aspecto particularmente inovador reside no facto de a sociedade poder adoptar um código de governação distinto daquele que lhe é imposto pela lei nacional, devendo, neste caso, divulgar as práticas de governação que aplica, além das legalmente previstas. O referido Decreto-Lei, vem ainda adoptar medidas de simplifi cação e eliminação de actos no âmbito de operações de fusão e cisão, facilitando a reestruturação das empresas. E, de acordo com o governo, as inovações agora introduzidas tornam possível concluir os proces-sos de fusão entre empresas em apenas um mês. Esta redução de prazos resulta da execução, em si-multâneo, de todos os actos preliminares necessários à fusão ou à cisão:

- O registo do projecto de fusão;- a publicação do registo do projecto de fusão ou

cisão;- a publicação do aviso aos credores; ou- a convocatória da assembleia geral das sociedades,

a qual constitui também aviso aos credores. a partir daí corre o prazo de um mês para que os cre-dores se pronunciem, fi ndo o qual a fusão ou a cisão podem ser registadas. Com o registo do projecto de fusão ou cisão, a publi-cação do aviso aos credores passa a ser feita de forma ofi ciosa, automática e gratuita e, sempre que o projecto de fusão ou cisão tenha de ser apreciado pelos sócios das sociedades intervenientes, a convocatória ocorrerá em simultâneo com o registo do projecto de fusão ou cisão também gratuitamente.Por outro lado, são aprovadas medidas que tornam mais fácil e simples a realização de uma fusão ou de uma cisão.Permite-se a aplicação do regime simplifi cado de fusão por incorporação de sociedade detida a 90 por cento por outra, com garantia de que os sócios detentores de 10 por cento ou menos do capital social da sociedade incorporada, que tenham votado contra o projecto de fusão em assembleia convocada para o efeito, possam exonerar-se da sociedade. O regime simplifi cado de fusão passa a poder aplicar-se potencialmente a mais situações, benefi ciando mais empresas e trabalhadores, cujas viabilidade do projecto empresarial ou manutenção do posto de trabalho pos-sam depender da fusão.Serão também disponibilizados modelos electrónicos de projectos de fusão ou cisão. Estes modelos, uma vez preenchidos e assinados digitalmente pelos gerentes ou administradores das sociedades intervenientes, são enviados imediata e electronicamente aos serviços de registo, permitindo às empresas poupar em 50 por cento do valor cobrado ao balcão das conservatórias de registo comercial, através da utilização dos serviços de registo comercial online (http://www.portaldaempresa.pt).Quanto aos benefícios fi scais à reestruturação empre-sarial, estabelecem-se mecanismos mais efi cientes e

uais as novas regras nas contas anuais e con- sociedades com valores mobiliários representativos de dívida admitidos à negociação em mercado regulamen-

Consultório

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Contabilidade & Empresas - Novembro 2009 - 21

Consultório

mais ágeis para uma mais rápida decisão da administração fi scal quando, associado ao processo de fusão, exista um pedido relativo a estes. O envio do pedido de parecer prévio sobre a substância da operação de reorganiza-ção empresarial e a respectiva emissão pelo ministério da tutela da actividade da empresa deve ser apresentado por via electrónica. O parecer deve ser emitido no prazo máximo de 10 dias a contar do envio do pedido de parecer pelas empresas; se não for emitido nesse prazo, considera-se positivo nos termos apresentados pela empresa.Deixa de ser necessário solicitar e obter pareceres da autoridade da Concorrência e dos Institutos dos registos e notaria-do, I. P., para a concessão do benefício fi scal e para a dispensa das taxas de registo. Com a eliminação dos parece-res destas entidades, conseguem-se obter ganhos substanciais de tempo na decisão da administração fi scal em conceder benefícios fi scais às empresas que decidem desencadear uma operação de fusão ou cisão e eliminam-se actos administrativos que impunham encargos desproporcionados sobre o investimento e a criação de emprego.as empresas passam a poder solicitar a concessão dos benefícios fi scais à reestruturação empresarial no mo-mento do pedido de registo do projecto de fusão ou cisão, quando este seja promovido através da Internet. Esta medida permite que as empresas passem a realizar todas as formalidades num único momento e através de uma única via, sem necessidade de deslocações a diversos serviços públicos. Por último, são reduzidos os custos administrativos directos com os processos de fusão ou cisão. Por um lado, os registos comerciais associados aos actos dos processos de fusão e cisão são diminuídos e as pu-blicações que seja necessário efectuar passam a ser gratuitas. Por outro, a taxa desses registos passa a incluir os registos de prédios, veículos e navios que seja necessário realizar devido à operação de fusão ou cisão e que, assim, deixam de representar um custo suplementar.

Como é feito o reconhecimento de isenção para entidades de utilidade pública e IPSS?

as pessoas colectivas de utilidade pública e de soli-dariedade social estão, desde 2006, automaticamente isentas de IrC, sendo apenas necessário o pedido de reconhecimento de isenção.Embora as pessoas colectivas de utilidade pública e de solidariedade social estejam automaticamente isentas de IrC, não sendo necessário proceder a qualquer requerimento para tal reconhecimento as instruções administrativas que se encontravam em vigor ainda contemplavam tal obrigatoriedade.Deste modo, a administração fi scal veio esclarecer os seus serviços, através de um Ofi cio-Circulado (Ofi cio-Circulado nº 20140, de 4.8.2009 da Dir. de Serviços do IrC), que estes deverão comunicar àquelas entidades a não necessidade do pedido de reconhecimento de

Consultório

isenção, a fi m de evitar a instauração de processos inconsequentes.O mesmo ofício vem também esclarecer como é que as entidades de mera utilidade pública que prossigam fi ns científi cos ou culturais, de caridade, assistência, benefi cência, solidariedade social ou defesa do meio ambiente e que ainda não benefi ciam de reconhecimen-to automático devem proceder para instruir os seus pedidos de reconhecimento para isenção de IrC.assim, os pedidos de reconhecimento de isenção devem ser efectuados mediante requerimento dirigido ao Ministro das Finanças e acompanhados de:

- Documento comprovativo da natureza jurídica de pessoa colectiva;

- Cópia actualizada dos estatutos (fotocópia sim-ples);

- relatório de actividades e as contas dos dois últi-mos exercícios económicos;

- Mapa para instrução do processo; - Declaração da inexistência de qualquer interes-

se directo ou indirecto dos membros dos órgãos estatutários, por si ou por interposta pessoa, nos resultados da exploração das actividades econó-micas dessa entidade.

Os serviços de Finanças devem remeter os pedidos de reconhecimento da isenção directamente à Direcção de Serviços do IrC para efeitos da respectiva instrução e decisão. relativamente aos pedidos que não sejam acompanha-dos dos elementos de prova acima referidos, aquela remessa só deve ser efectuada após notifi cação do requerente para suprir as defi ciências existentes, com a menção de que os elementos em falta devem ser remetidos directamente àquela Direcção de Serviços, para a av.ª Eng.º Duarte Pacheco, 28 - 7º - 1099-013 Lisboa.O pedido de isenção deverá ser apresentado até ao limite do prazo para a entrega da declaração de ren-dimentos relativa ao período em que se verifi quem os pressupostos da atribuição da isenção, sem o que o di-reito à isenção só pode retroagir ao exercício cujo prazo de entrega da declaração de rendimentos termine em data posterior à da apresentação do pedido.

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22 - Contabilidade & Empresas - Novembro 2009

Breves

Estado regulariza dívidasno valor de 1,7 mil milhões

no âmbito do programa “Pagar a tempo e horas”, o Ministério das Finanças disponibiliza na Internet as listas das entidades públicas com indicadores dos prazos médios de pagamentos a fornecedores superiores a 90 dias. Os mecanismos de regularização das dívidas do Estado já envolveram pagamentos no valor de 1,7 mil milhões de euros.O número de entidades pú-blicas com prazos médios de pagamentos superiores diminuiu, no primeiro se-mestre, de 232 entidades (no fi nal de 2008) para 182 entidades (em Junho passa-do). O ministério destaca o bom desempenho revelado pelas empresas do sector empresarial do Estado – ex-

ceptuando a Saúde – em que apenas 2,4% das empresas têm um prazo médio superior a 90 dias. Quando os serviços da administração estatal revelam um prazo superior àquele número estão obriga-dos à divulgação de todas as suas dívidas certas, líquidas, exigíveis e vencidas há mais de 60 dias nas respectivas páginas electrónicas.Os referidos serviços e or-ganismos do Estado ficam impossibilitados de assumi-rem novos compromissos, a menos que tenham reduzido o prazo de pagamento, no mínimo, para aquele limiar ou se o membro do Governo da respectiva tutela, em situações excepcionais e de-vidamente justificadas, o autorizar.

Proposta quer limitar fraudena transacção de bens e serviços

Foi apresentada uma propos-ta de directiva do Conselho Europeu que altera a ante-rior referente à aplicação fa-cultativa e temporária de um sistema de auto-liquidação ao fornecimento ou prestação de certos bens e serviços que apresentam risco de fraude.O objectivo da presente pro-posta de directiva é permitir a aplicação temporária de um sistema de auto-liqui-dação, a fi m de combater a

fraude relacionada com a troca de licenças de emissão de gases com efeito estufa e a transacção de certos bens sensíveis à fraude. todavia, a aplicação deste sistema não deverá afectar os princí-pios fundamentais do siste-ma do Iva – designadamen-te o princípio do pagamento fraccionado – razão pela qual se restringirá a uma lista previamente defi nida de bens e serviços.

Livros

GOVERNAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR “Modelos de gestão e governação do ensino supe-rior – Uma perspectiva global” é um livro que surge na sequência de amplos debates sobre os sistemas de governo das instituições de ensino superior. Os modelos e os sistemas têm mudado ao longo dos últimos anos, sobretudo tendo em conta a nova realidade do ensino e do próprio mercado laboral.O livro reúne contribuições de individualidades e especialistas nacionais e estrangeiros, num contexto de profunda revisão dos paradigmas e dos modelos de gestão que regulam as ins-tituições de ensino superior. Os autores, Margarida Mano, Filipe almeida, Luís ramos, Maria Marques e Sílvia nolan partem do princípio que este é um debate importante, do qual nenhum intervenien-te pode ser excluído. a obra pode ser entendida como uma iniciativa agregadora de ideias e de experiências.Da responsabilidade editorial do grupo vida Eco-nómica, constitui um contributo para a construção e o aperfeiçoamento de soluções adequadas de gestão e de governação do ensino superior. a obra, com 304 páginas, está disponível por 16 euros.

A CONTABILIDADE EM PORTUGAL“a profissão, as associações e as revistas de contabilidade em Portugal” é o título do livro mais recente de Joaquim da Cunha guimarães. O livro compila diversos artigos sobre factos históricos da profi ssão de técnico ofi cial de contas, das asso-ciações e das revistas do sector, grande parte dos quais publicados em revistas e jornais nacionais.O facto do autor exercer cargos em diversos organismos ligados à profissão, como OrOC, CtOC, aPOtEC e aDCES, permite ao autor ter uma visão muito realista da realidade do sector e do movi-mento associativo na área da contabilidade. a obra está es-truturada em quatro capítulos, referentes à profi ssão, às asso-ciações, às revistas e aos temas técnicos. trata-se de mais uma edição da responsabilidade do grupo vida Económica. Com 736 páginas, está disponível por 36 euros.Joaquim da Cunha guimarães é mestre em Contabilidade e Auditoria pela Universidade do Minho e licenciado em gestão de Empresas pela mesma universidade. É revisor e técnico ofi cial de contas. residente em Braga, é administrador de uma empresa de revisores ofi ciais de contas naquela cidade.

Regulamentadas as transferências transfronteiras

as instituições de crédito e as sociedades fi nanceiras são obrigadas a comunica-rem a informação relativa a operações fi nanceiras. a comunicação deve ser feita por transmissão electrónica de dados e de acordo com a estrutura de modelo apro-vado pelo governo.trata-se de informação relacionada com as trans-ferências transfronteiras, que tenham como destina-tário entidade localizada

em país, território ou região com regime de tributação privilegiada mais favorá-vel. no âmbito da Lei geral tributária, foi aprovado o novo modelo de declaração desse tipo de transferên-cias. a referida declaração deve ser apresentada por transmissão electrónica de dados e utilizada para a comunicação de operações relativas a transferências efectuadas em 2009 e anos seguintes.

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