fiscal das relaÇÕes de consumo - sgc.goias.gov.br · superintendência de proteção aos direitos...
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CURSO DE FORMAÇÃO
Maio/2018
MATERIAL DIDÁTICO
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO NOÇÕES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
INSTRUTOR
Abadio Souza e Silva
Concurso Público
FISCAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO
Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor
PROCON‐Goiás
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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
E
NOÇÕES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
DISCIPLINA: ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO E NOÇÕES DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
CARGA HORÁRIA: 4 horas
TIPO: Teórica
Professor
Abadio de Souza e Silva Especialista
1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O curso será ministrado em aulas teóricas (uso de multimídia) e a matéria será
contextualizada com a atual orientação jurisprudencial e legal. Possibilita-se também a
intervenção do aluno para eventuais esclarecimentos de dúvidas teóricas ou casos
práticos relacionados aos assuntos tratados.
2. BIBLIOGRAFIA
2.1 Básica
1. Sampaio, Luiz Augusto Paranhos. Processo Administrativo. 2º Ed.
Goiânia; AB, 2000.
2. Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 5ª Ed. São Paulo:
Saraiva, 2015.
3. Costa, Elisson Pereira da, COSTA, et al. Direito Administrativo. 6ª Ed.
São Paulo: Saraiva, 2014.
2.2 Complementar
1. Goiás. Constituição (1989). Constituição do Estado de Goiás. Diário Oficial
do Estado de Goiás, Goiás, 5 out. 1989. Disponível em:
http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/constiuição_1988.htm. Acesso em: 11 abr. 2017.
2. Goiás. Lei nº 10.460, de 22 de fevereiro de 1988. Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis do Estado de Goiás e de suas Autarquias. Diário Oficial do Estado de
Goiás, 29 fev. 1988. Disponível em
http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinarias/1988/lei_10460.htm. Acesso em
11 abr. 2017.
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3. Goias. Decreto nº 5.462 de 09 de agosto de 2011. Ver anexo do decreto.
Disponível em: http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/decretos/numerados/2001/
decreto_5462.htm. Acesso em 05 abr. 2018.
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Unidade I
1. Da Defesa do Consumidor conforme a Constituição do Estado de Goiás:
O Estado promoverá a defesa do consumidor, mediante:
I - Política de acesso ao consumo e de promoção de interesses e direitos dos
destinatários e usuários finais de bens e serviços;
II - Proibição de propaganda enganosa e fiscalização da qualidade, preços,
pesos e medidas de produtos e serviços colocados à venda;
III - Atendimento, aconselhamento, conciliação e encaminhamento do
consumidor por órgão de execução especializado;
IV - Estímulo ao associativismo mediante linhas de crédito específico e
tratamento tributário favorecido às cooperativas de consumo;
V - Política de educação e prevenção de danos ao consumidor;
VI - Instituição de núcleos de atendimento ao consumidor nos órgãos
encarregados da prestação de serviços à população.
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Unidade II
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
1. O que é ética1?
Ética, vem do grego ethos e significa caráter, comportamento. O estudo da
ética é centrado na sociedade e no comportamento humano. O estudo da ética não é só
explorado pela filosofia, mas diversos profissionais se dedicam a ela (sociólogos,
antropólogos, psicólogos, biólogos, médicos, jornalistas, economistas etc.)
principalmente pelo fato de cada área ter um código para delimitar as ações daquela
profissão.
Ética X Moral
Moral É um conjunto de regras coletivas que facilitam o convívio, é
mutuamente aceito e intrínseco ao homem social. Advém dos
costumes e hábitos recebidos. O fundamento é nas normas,
costumes, mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos.
Subjetivo.
Ética Define como o homem deve comportar-se diante do meio
social. Norteia a conduta/comportamento humano na
sociedade. Fundamenta-se pela razão, o modo de viver pelo
pensamento humano. Objetivo.
Deontologia Comportamento de alguns profissionais. É ramo da ética cujo
objeto do estudo são os fundamentos do dever e as normas
morais. (Teoria do Dever - Jeremy Bentham 1834). Regras
objetivas de um determinado contexto.
1 Disponível em: https://www.significados.com.br/etica/.
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Ética no serviço público significa que os profissionais devem seguir um padrão
de conduta que norteia a administração. São valores que acrescem a eficiência no
serviço público.
A ética está ligado aos princípios e deveres dos servidores públicos como
decoro, zelo, dignidade, eficácia e honra, além de outras qualidades do servidor, suas
obrigações que visam o bem estar da população, bem como as proibições e punições
derivadas do serviço irregular de suas funções, que relembram os princípios
fundamentais da administração pública (Artigo 37 da CF).
2. Princípios Gerais do Serviço Público2
A ética preocupa com aquilo que traga o maior bem-estar a todos.
A igualdade: as pessoas devem ser consideradas iguais. Os desiguais de
maneira desiguais.
A liberdade: você é livre para todos os atos, porém a preocupação da ética é
quando causa impacto na sociedade. Ex. fumar.
A fraternidade: relaciona com sentimento de responsabilidade mútua que
deve existir entre as pessoas. Dever de cooperação.
A honestidade e transparência: ser verdadeiro. Não agir de forma enganosa.
Os servidores deverão ser honestos no cumprimento de suas funções.
A justiça: Dar a cada um o que é seu de direito. Deve ser compatibilizada com
a clemência, que outro é outro valor ético. Essa é dar uma coisa boa ainda que não
mereça. Então a justiça deve ser equilibrada.
Com isso:
⇒ Os servidores públicos devem ser leais as suas Constituições, leis e
princípios éticos acima dos interesses privados;
⇒ Os servidores não poderão ter interesses financeiros que causem conflitos ao
desempenho de sua atividade;
⇒ Os servidores deverão usar de sigilo, não utilizando informações
governamentais para seu próprio interesse. Além disso, não poderão fazer promessas
não autorizadas que comprometam o governo;
⇒ Os servidores deverão ser honestos no cumprimento de suas funções;
2 Disponível em: http://codigo-de-etica.info/etica-do-servidor-publico.html. acessado em 02.04.18.
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⇒ Os servidores não poderão aceitar presente ou item de valor de qualquer
pessoa ou instituição em busca de benefícios, nem realizar atividades não reguladas ou
permitidas pelo órgão do servidor;
⇒ Os servidores não poderão usar seu cargo para ganhos privados;
⇒ Os servidores devem agir com imparcialidade e não devem dar tratamento
diferenciado a nenhuma organização individual ou privada;
⇒ Os servidores deverão proteger e conservar o patrimônio do Estado, não os
utilizando para fins não autorizados;
⇒ Os servidores deverão confessar fraudes, corrupção, desperdícios e abusos
as autoridades responsáveis.
⇒ Os servidores deverão de boa fé satisfazer suas obrigações de cidadãos,
incluindo obrigações financeiras;
⇒ Os servidores deverão apoiar todos os regulamentos e leis que asseguram
oportunidades iguais para todos;
⇒ Os servidores deverão evitar toda a ação que crie a aparência de que estão
violando as leis ou normas éticas.
3. Ética na Administração Pública
Importância:
O administrador exerce parcela do poder estatal;
O agente utiliza recursos da coletividade;
O administrador deve atender as necessidades da coletividade;
A ética é essencial para a legitimidade do sistema;
3.1. Disposições da CF
Art. 37 da CF: a pessoa pode agir conforme a lei e não ser ético;
Art. 1º da CF, III: Dignidade da pessoa humana;
Art. 3º da CF, I, II, III, IV;
Art. 5º da CF, I, II, VIII, LXXIII.
4. CGE e Lei de Improbidade Administrativa
4.1. A Controladoria Geral do Estado de Goiás – CGE-GO – é o órgão
central do Sistema de Controle Interno e do Sistema de Correição do Poder Executivo
Estadual, integrante da estrutura do Governo do Estado de Goiás.
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Foi criada pela Lei 17.257 de 26 de janeiro de 2011, englobando também atividades de
Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas e Ouvidoria Geral do Estado.
Falar sobre ética implica conhecer o site da CGE de Goiás que cuida controle
interno da administração pública, principalmente dos seguintes quesitos:
Dar andamento às representações ou denúncias fundamentadas que receber,
relativas a lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público, velando por seu integral
deslinde.
Requisitar a instauração de sindicância, processo administrativo disciplinar,
tomada de contas especial e outros procedimentos, sempre que se constatar omissão da
autoridade competente e avocar aqueles já em curso em órgão ou entidade da
administração estadual, para corrigir-lhes o andamento, inclusive proferindo julgamento
e promovendo a aplicação da penalidade administrativa cabível, quando houver
necessidade à efetivação da correção.
4.2. Lei de Improbidade Administrativa (lei 8.429/92):
Regulamentação da CF art. 37:
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
respectivas ações de ressarcimento.
Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento
Ilícito;
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando
enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em
razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades.
Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário;
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Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades.
Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou
Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário.
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou
omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário
ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de
julho de 2003.
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os
Princípios da Administração Pública
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições.
5. Decreto nº 5.462/2001.
Neste decreto fala da Conduta da Alta Administração Pública Estadual, porém
alguns tópicos do anexo podem ser aproveitados a todos os servidores públicos.
Art. 1º.......
§ 1o A conduta da autoridade pública reger-se-á, especialmente, pelos
princípios da legalidade, impessoalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, probidade, publicidade, ampla defesa e do
contraditório, da segurança jurídica, do interesse público, eficácia, eficiência,
hierarquia, autotutela e continuidade.
I - a dignidade, o decoro, a eficácia e o zelo na preservação da honra e da
tradição dos serviços públicos;
II - a ética como fator permanente de decisão entre o legal e o ilegal, o justo e o
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, o honesto e o
desonesto;
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III - o bem comum como finalidade da administração pública, e o equilíbrio
entre a legalidade e a finalidade como indicador da moralidade do ato administrativo;
IV - a moralidade administrativa como elemento indissociável da aplicação do
Direito e de sua finalidade, erigindo-se, em conseqüência, como fator de legalidade;
V - a função pública como exercício profissional que se integra à vida particular,
de modo que o conceito funcional espelhe a conduta dentro e fora do exercício;
VI - a publicidade como requisito de eficácia e moralidade do ato administrativo,
consistindo o seu descumprimento em comportamento ético contrário ao bem comum;
VII - a verdade em oposição à mentira, ainda que contrária ao interesse da
Administração Pública, como fator de correção do erro e da opressão, bem assim de
aniquilamento da corrupção;
VIII - a cortesia, a boa vontade e o cuidado no atendimento ao contribuinte como
contrapartida ao pagamento de tributos;
IX - a deteriorização do patrimônio público, por descuido ou má vontade, como
ofença ao cidadão e a quem se esforçou por constituí-lo;
X - o respeito à hierarquia, ao servidor e ao cidadão como fator de harmonia e de
colaboração;
6. Fundamentos da conduta dos servidores públicos:
I - boa-fé;
II - honestidade;
III - fidelidade ao interesse público;
IV - impessoalidade;
V - dignidade e decoro no exercício da função;
VI - lealdade às instituições;
VII - cortesia;
VIII - transparência;
IX - eficiência;
X - presteza e tempestividade;
XI - respeito à hierarquia;
XII - assiduidade e pontualidade.
Isso nada mais é o que está mencionado no artigo 294 da Lei 10.460/88:
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Art. 294 - São deveres do funcionário:
I -assiduidade;
II - pontualidade;
III - discrição;
IV - urbanidade
V- lealdade às instituições constitucionais e administrativas a que servir;
VI - observância das normas legais e regulamentares;
VII - obediência às ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
VIII - zelo pela economia e conservação do material que lhe for confiado e
pelo desempenho dos encargos de que for incumbido;
IX - exposição, aos chefes, das dúvidas e dificuldades que encontrar no exame
dos documentos e papéis sujeitos ao seu estudo;
X - levar ao conhecimento de seu chefe imediato as irregularidades de que tiver
ciência, em razão de seu cargo, representando à autoridade superior, se aquele não levar
na devida conta a informação prestada;
XI - guardar sigilo sobre os assuntos de natureza confidencial;
XII - atender, com preterição de qualquer outro serviço:
a) as requisições para defesa da Fazenda;
b) a expedição das certidões requeridas para a defesa de direitos e
esclarecimentos de situações de que trata o inciso III do art. 282;
c) ao público em geral;
XIII - residir na localidade onde for lotado para exercer as atribuições inerentes
ao seu cargo, ou em localidade vizinha, se disto não resultar inconveniência para o
serviço público;
XIV - apresentar-se decentemente trajado ao serviço;
XV - trazer rigorosamente atualizados as leis, regulamentos, regimentos,
instruções e ordens de serviço, pertinentes às suas atribuições;
XVI - manter espírito de solidariedade, cooperação e lealdade para com os
colegas de serviço;
XVII - freqüentar cursos de treinamento, aperfeiçoamento e especialização
profissional legalmente instituídos.
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Unidade III
1. Fundamentos de Direito Administrativo e a Função Correicional
Os princípios da Supremacia do Interesse Público e da Indisponibilidade do
Interesse Público, apesar de implícitos no ordenamento jurídico, são tidos como pilares
do regime jurídico-administrativo. Isto se deve ao fato de que todos os demais
princípios da administração pública são desdobramentos desses dois princípios em
questão, cuja relevância é tanta que são conhecidos como supraprincípios da
administração pública.
Além destes chamados “supraprincípios”, os princípios administrativos
aparecem, seja de maneira implícita ou explícita, em diversas leis, das quais destacam-
se a Constituição Federal de 1988, no caput de seu art. 37, e a Lei nº 9.784/1999, que
discorre sobre os processos administrativos no âmbito federal, em seu art. 2º. Esta
última enumera os seguintes princípios: legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência. Já a CF/88 é mais restrita ao enumerar tais
princípios, explicitando apenas: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência, sendo este último acrescentado pela EC 19/1998.
É de suma importância destacar que os princípios constitucionais ora citados
são de observância obrigatória para todos os Poderes, quando estiverem no exercício de
funções administrativas, e para todos os entes federados (União, estados, Distrito
Federal e municípios), alcançando a Administração Direta e a Indireta.
2. Corregedoria – Órgão Disciplinar ou Correicional?
Desde a sua origem, a Correição foi criada para perfeita e adequada prestação
dos serviços públicos jurisdicionais. Ela surge no sentido de resguardar os servidores
públicos de possíveis erros, excessos, equívocos ou mesmo atos abusivos e arbitrários
praticados, tendo por escopo a correta administração do serviço público. Assim, para
sanar equívocos procedimentais contrários a tais conceitos e decorrentes da
interpretação e aplicação errôneas destes e de outros dispositivos legais é que resulta
indispensável à presença de uma Corregedoria atuante e isenta.
Pode-se afirmar que, no Brasil, a atividade correicional não se confunde com a
atividade disciplinar. São funções distintas, porém com uma finalidade única: a
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eficiência do serviço público. Se a atividade correicional for desempenhada de forma
eficiente, a instauração de procedimentos disciplinares se torna quase improvável. Vale
dizer que a atividade correicional não é instrumento para intimidar os servidores
públicos, mas para aperfeiçoamento do serviço público.
A correição pode ainda ser classificada sob dois aspectos: geral (ou ordinária) e
parcial (ou extraordinária). A geral ou ordinária é atividade de fiscalização
desempenhada habitualmente pela corregedoria na área sob sua responsabilidade, em
decorrência de suas obrigações funcionais e sem motivo específico. A parcial ou
extraordinária é a fiscalização realizada pela corregedoria após tomar conhecimento de
fato particular, geralmente denunciado por pessoa interessada.
A atividade correicional permanente, ou seja, ordinária, tem por fim a
averiguação periódica da regularidade dos serviços públicos. Nela está contida também
a atribuição de expedir instruções para melhor regulamentar o funcionamento do serviço
interno ou externo prestado ao cidadão. Com isso, a Corregedoria mantém sob constante
inspeção as atividades públicas dos servidores do órgão a que é subordinado.
Observa-se que a atividade correicional no âmbito das Corregedoria da
Administração Pública dá-se na forma da inspeção, seja ela ordinária ou não, a que De
Plácido e Silva dá o seguinte conceito: “... derivado do latim inspectio (ação de olhar,
observação, verificação), entende-se, geralmente, a vigilância, direção e fiscalização,
mantidas ou promovidas a respeito de certas coisas, certos fatos ou certos negócios”.
A inspeção possui o sentido de direção e de fiscalização. Quando é tida como
direção, está se entende vigilante, para que tudo se processe segundo as regras ou
normas preestabelecidas. No sentido de fiscalização, se integra à observação a respeito
do que se deve inspecionar.
A inspeção pode ser permanente ou temporária, como pode ser determinada
para casos isolados. Assim, nesta última forma, indica-se no sentido de exame ou
sindicância, o que está conforme seu conceito, pois que, em regra, toda inspeção é
sindicante, porque possui a finalidade de observar e examinar.
A prática correicional recomenda que nas visitas as Unidades, o Corregedor
verifique a regularidade, a atualização dos registros e a correção no uso dos livros e
fichários utilizados pela repartição pública, os arquivos digitais e físicos, a
tempestividade dos atos que dependem de prazo, os processos, o ambiente de trabalho,
entre outras analises intrínsecas e extrínsecas que envolve o serviço público.
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Na constatação de alguma anormalidade, cumpre ao Corregedor apontá-la,
registrá-la e corrigi-la em ação pedagógica, mostrando e ensinando a forma correta de
agir, seja para o Chefe da Unidade, seja para os servidores da mesma. Não deve ser
escopo da correição constranger os servidores com observações depreciativas,
ameaçadoras ou que desmereçam o seu trabalho.
O estímulo a fazer o correto é a melhor forma de corrigir o ato do servidor que
pode estar na eminência de cometer uma irregularidade ou mesmo já ter cometido,
porém de forma que o dano ao erário ou ao cidadão seja de possível reparação,
buscando ainda conscientizar da necessidade de se manter a regularidade do processo. É
fundamental dialogar, orientado sobre porque razão se exige a prática de determinado
ato, qual a sua finalidade no processo, quais as possíveis repercussões de uma eventual
irregularidade, as consequências e os possíveis prejuízos ao erário e ao cidadão.
Ressaltamos o fato de que o Corregedor não poderá se escusar do seu poder-
dever de determinar a instauração de Sindicância, Processo Administrativo Disciplinar
ou outra medida administrativa quando se convencer da ocorrência de ilícito funcional,
civil ou administrativo, de desvio comportamental, de procedimento desidioso ou
contrário às normas regimentais ou estatutárias que regem o servidor, que, porventura,
constate nas correições.
A função corregedora deve prescindir de medidas coercitivas e punitivas
usadas normalmente em qualquer instituição pública, valendo-se da persuasão e da
sugestão, como meios excepcionais, que operam pela força da autoridade em
contraposição à autoridade da força.
Assim o Corregedor em seu papel correicional, mesmo sem poder intervir nas
relações discricionárias deve orientar, ensinar e conduzir os servidores sob a sua
jurisdição como um educador, ensinar, valendo-se, para isso, de procedimentos
pedagógicos e não apenas dos seus poderes hierárquico ou punitivo, devendo atuar
sempre no enfoque de um órgão de controle que se serve da sugestão e da persuasão, ao
invés da coerção e da restrição, ferramentas estas utilizadas em última instância.
O Corregedor deve expedir recomendações, no intuito de buscar a regularidade
e a uniformização dos serviços públicos, sempre observando a lei. Deve, ainda, utilizar-
se das correições ordinárias ou extraordinárias para averiguar a regularidade dos
serviços públicos no tocante à observância das normas procedimentais e da organização,
atento ao cumprimento dos prazos, formalidades e finalidade do órgão. Por fim, atuando
com o objetivo de correger, também chamado de emendar ou corrigir, o Corregedor
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opera como emendador, punindo através do devido processo legal o servidor
responsável pelo ato faltoso que tenha cometido.
3. Das Transgressões Disciplinares à Luz da Lei 10.460/88
Transgressão disciplinar pode ser definida como ato de natureza administrativa
contrário aos preceitos estabelecidos na Constituição Federal, Estadual e definidos no
Estatuto Funcional dos Servidores Públicos do Estado de Goiás. É a violação aos
preceitos éticos e aos princípios que atentem contra a Administração Pública.
Constitui transgressão disciplinar (ou falta disciplinar ou, ainda, infração
disciplinar) a violação, pelo servidor público, de um dever próprio de sua condição. A
doutrina mais especializada aponta cinco elementos para a sua composição: o material
(um ato ou omissão, ou uma série deles), o moral (a sua imputação a uma vontade
esclarecida e livre), o formal (a perturbação do funcionamento do serviço, ou afetação
imediata ou possível de sua), o legal (a necessidade de texto anterior para a
incriminação de certo fato) e o justo (a perpetração de um ato ou a verificação de um
fato, que não deve ter sido praticado ao abrigo da lei).
No tocante às transgressões disciplinares, aplica-se aos servidores do Estado de
Goiás a lei estadual nº 10.460, de 22 de fevereiro de 1988 (Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis do Estado de Goiás e de suas Autarquias). É nesta norma que estão
elencadas as faltas passíveis de punição, bem como as sanções equivalentes e a forma
com que serão aplicadas.
O rol de transgressões disciplinares aplicáveis aos servidores encontra-se
previsto nos artigos 303 e 304do referido estatuto, porém o 304 é aplicável apenas aos
servidores policiais civis e segurança prisional. Cada artigo subdivide-se em dezenas de
incisos, cada um contendo um comportamento que deve ser compreendido como
faltoso. Ao todo, os dois artigos elencam 107 incisos (são 55 no art. 303 e outros 42 no
artigo 304).
Algumas condutas destacadas são bastante objetivas, como, por exemplo,
“abandonar, sem justa causa, o exercício de suas funções durante o período de 30
(trinta) dias consecutivos”. Outras, entretanto, exigem uma análise cuidadosa por parte
dos órgãos correicionais, visto que permitem uma interpretação amplificada, como é o
caso da infração disciplinar “trabalhar mal, intencionalmente ou por negligência”.
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Ao observar a existência de condutas definidas por meio de expressões
genéricas, como a famigerada “trabalhar mal”, notamos, como explica José Cretella
Júnior, que o legislador deseja dar margem de discricionariedade ao administrador para
que possa atingir pela repressão disciplinar, toda a infração aos deveres e obrigações do
funcionário, sejam quais forem (mesmo as que forem cometidas fora do serviço, quando
repercutirem sobre a honra e considerações do agente e sejam suscetíveis, pela
ressonância, de refletir-se no prestígio da função pública). Porém, continua o ilustre
professor, isso não indica que a ação administrativa se realize em caráter arbitrário ou
injurídico, pois a lei estabelece critérios dentro dos quais se graúda a responsabilidade
disciplinar, aferida, ainda, à luz de princípios gerais do direito.
A pena de repreensão, que será sempre aplicada por escrito e deverá constar do
assentamento individual do servidor, destina-se à punição de faltas de natureza leve. A
pena de suspensão, que não excederá a 90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta
grave ou de reincidência em qualquer das transgressões leves. Havendo conveniência
para o serviço, a pena de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50%
(cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, obrigando-se, neste caso,
o funcionário a permanecer no serviço.
A lei 10.460/88 prevê onze faltas passíveis de demissão (elencadas nos incisos
LIV a LXI e LXV do art. 303 e XLI e XLII do art. 304). Também será demitido o
servidor contumaz na prática de transgressões disciplinares puníveis com suspensão,
entendendo-se “contumácia” como a prática, no período de 5 (cinco) anos consecutivos,
contado da data da primeira transgressão, de 4 (quatro) ou mais transgressões
disciplinares pelas quais o servidor tenha sido efetivamente punido.
O estatuto reza ainda que será cassada a aposentadoria do funcionário quando
ficar provado que, ainda na atividade, houver praticado transgressão punível com
demissão; ou se aposentado ou colocado em disponibilidade, aceitar representação de
Estado estrangeiro, sem prévia autorização do Presidente da República.
4. Dos Deveres dos Servidores Públicos
I -assiduidade;
II - pontualidade;
III - discrição;
IV - urbanidade
V- lealdade às instituições constitucionais e administrativas a que servir;
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VI - observância das normas legais e regulamentares;
VII - obediência às ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
VIII - zelo pela economia e conservação do material que lhe for confiado e
pelo desempenho dos encargos de que for incumbido;
IX - exposição, aos chefes, das dúvidas e dificuldades que encontrar no exame
dos documentos e papéis sujeitos ao seu estudo;
X - levar ao conhecimento de seu chefe imediato as irregularidades de que tiver
ciência, em razão de seu cargo, representando à autoridade superior, se aquele não levar
na devida conta a informação prestada;
XI - guardar sigilo sobre os assuntos de natureza confidencial;
XII - atender, com preterição de qualquer outro serviço:
a) as requisições para defesa da Fazenda;
b) a expedição das certidões requeridas para a defesa de direitos e
esclarecimentos de situações de que trata o inciso III do art. 282;
c) ao público em geral;
XIII - residir na localidade onde for lotado para exercer as atribuições inerentes
ao seu cargo, ou em localidade vizinha, se disto não resultar inconveniência para o
serviço público;
XIV - apresentar-se decentemente trajado ao serviço;
XV - trazer rigorosamente atualizados as leis, regulamentos, regimentos,
instruções e ordens de serviço, pertinentes às suas atribuições;
XVI - manter espírito de solidariedade, cooperação e lealdade para com os
colegas de serviço;
XVII - freqüentar cursos de treinamento, aperfeiçoamento e especialização
profissional legalmente instituídos.
É dever do funcionário diligenciar para o seu constante aperfeiçoamento
profissional e cultural.
2. Das Responsabilidades
Pelo exercício irregular de suas atribuições, o funcionário responde civil, penal
e administrativamente.
A responsabilidade civil decorre de procedimento omissivo ou comissivo,
doloso ou culposo, que importe em prejuízo da Fazenda Pública Estadual ou de
terceiros.
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A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados ao
funcionário como tal.
A responsabilidade administrativa resulta da prática de qualquer uma das
transgressões ou proibições previstas no capítulo anterior.
As sanções civis, penais e disciplinares poderão acumular-se, sendo umas e
outras independentes entre si, bem assim as instâncias civil, penal e administrativa.
A absolvição criminal só afasta a responsabilidade civil ou administrativa se
negar a existência do fato ou afastar do acusado a respectiva autoria.
3. Das Penalidades
Art. 311 - São penas disciplinares:
I - repreensão;
II - suspensão;
III - multa;
IV - destituição de mandato;
IV - destituição de função por encargo de chefia;
V - demissão;
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
Quadro - resumo:
Transgressões Penalidades Prescrição
da ação
disciplinar
art. 322.
Incidência Incisos Natureza Tipo Incidência Rito
Art. 303 I a XI Grave Suspensão Art. 315 §
1º
Sumário
3 anos
XII a
XVIII
Leve Repreensão Art. 314 PÚ
XIX a
XLVIII
Grave Suspensão Art. 315 §
1º
XLIX Gravíssima Demissão Art. 317 Especial 6 anos
LIV a
LXI
Gravíssima
Demissão/cassação
de aposentadoria
ou disponibilidade
Art. 317
Ordinário
6 anos
LXII a
LXIV
Grave Suspensão Art. 315 §
1º
Sumário 3 anos
LXV Gravíssima Demissão/cassação
de aposentadoria
ou disponibilidade
Art. 317
Ordinário
6 anos
Art. 304 I a VIII Leve Repreensão Art. 314 PÚ Sumário 3 anos
IX a XL Grave Suspensão Art. 315 § 1º
XLI e
Gravíssima
Demissão/cassação
de aposentadoria
Art. 317
Ordinário
6 anos
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XLII ou disponibilidade
Art. 315 Art. 315 §
2º
Grave Suspensão Art. 315 §
2º
Sumario 3 anos
Nota 1: a pena de demissão também será aplicada no caso de contumácia de transgressão de suspensão nos termos do
art. 317 § 1º; Nota 2: cabe multa, cumulativa ou isoladamente com as sanções descritas (art. 311, § 1º); Nota 3: Art. 310 - A absolvição criminal só afasta a responsabilidade civil ou administrativa se negar a existência do fato ou afastar do acusado a respectiva autoria. Ver súmula 18 do STF; MS 20.814 STF; RESP 1.199.083-SP, RESP 1.012.647-RJ, MS 13.599-DF, Rcl 611-DF, todos do STJ; Nota 4: Art. 315 a pena de suspensão, que não excederá a 90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reincidência em qualquer das transgressões a que alude o art. 314; Nota 5: aplicação da pena segue: pena base (313) + agravantes (§ 1º) + atenuantes (§ 2º); Nota 6: pode converter a suspensão em multa na base de 50 % por dia de vencimento (art. 315 § 4º);
Nota 7: extingue a punibilidade no seguinte caso: prescrição da ação e óbito do servidor (art. 316). Conta-se da prática do ato e regula pela maior sanção em abstrato (322, § 1º). Aplica-se os prazos da lei penal no caso de infração disciplinar prevista como crime (art. 322, § 2º); Nota 8: interrupção do prazo com a instauração do processo administrativo (§ 3º e § 7º, I do art. 322). Suspensão do prazo (§ 4º e § 7º, II do art. 322); Nota 9: veda-se a exoneração de ofício ou aposentadoria voluntária quando o servidor estiver respondendo a processo administrativo (art.325); Nota 10: afastamento cautelar (art. 326).
4. Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar
A lei 13.800/2001, que regulamenta o processo administrativo comum na
esfera da Administração Pública do Estado de Goiás, é aplicável, no âmbito disciplinar,
quanto à forma, tempo, lugar, comunicação dos atos e prazos recursais. Também,
aplicam-se subsidiária e supletivamente ao processo administrativo disciplinar, os
princípios gerais de direito e as normas processuais penais.
Ao tomar conhecimento da prática de suposta transgressão disciplinar, a
Administração Pública age de ofício, ou seja, tem o dever de promover a apuração do
fato denunciado. Trata-se de um poder-dever o qual a autoridade é obrigada a exercitar.
Em outras palavras, na iniciativa privada o administrador frente a uma conduta irregular
de seu empregado, pode perdoar, mas na Administração Pública não há lugar para essa
liberalidade ante a falta cometida. Havendo omissão do administrador público, ele
poderá incorrer na prática de crime– prevaricação ou condescendência criminosa, a
depender do caso.
5.1. Princípios Norteadores da Sindicância e do PAD
a) Legalidade: O sindicante e o processante devem agir na forma e nos limites
da lei.
b) Moralidade: As providências tomadas nos procedimentos administrativos
devem obediência à ética, à honestidade, à boa-fé e à lealdade.
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a20
c) Impessoalidade: A autoridade sindicante ou processante deve manter uma
postura neutra nos casos em que atuam.
d) Publicidade: Os atos administrativos praticados nos procedimentos devem
ser amplamente divulgados e informados às partes.
e) Eficiência: O administrador deve buscar a utilização dos melhores meios
para atingir os melhores resultados.
f) Isonomia: Veda-se tratamento diferenciado a partes que estejam em uma
mesma situação.
g) Motivação: O administrador deve fundamentar por escrito o que o levou a
tomar determinada decisão.
h) Proporcionalidade: O administrador deve agir de forma razoável, sem
cometer excessos.
i) Ampla Defesa e Contraditório: Prevalece o entendimento de que este
princípio é aplicado somente no PAD (e não na sindicância, que possui características
inquisitoriais). Significa permitir ao servidor conhecer todo o teor da acusação que lhe é
feita e proporcionar a ele os meios necessários para se defender.
j) Formalismo Moderado: Nos procedimentos administrativos exige-se rigorosa
observância apenas das formalidades necessárias.
k) Verdade Material: É a busca da verdade real, que permite ao administrador a
produção de ofício de provas para a elucidação do fato.
l) Non bis in idem: O servidor não pode ser processado e punido duas vezes em
razão do mesmo fato.
5.2. VPI – Verificação de Procedência das Informações
Esse modelo foi criado com base no artigo 5º § 3º do CPP, com vista a uma
apuração preliminar sem que seja necessário a instauração de sindicância. Esse
expediente é utilizado em casos de denúncias aberrantes ou de conteúdo vago. Assim,
colhe-se a manifestação do denunciado e analisa-se arquiva ou instaura a sindicância.
Isso desde que verificado os indícios de autoria e materialidade.
5.3. Sindicância
5.3.1. Conceito
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a21
Sindicância é um procedimento, via de regra, preliminar, antecedente ao
processo administrativo disciplinar, instaurado para se investigar um fato noticiado com
repercussão, ao menos, na esfera administrativa disciplinar. Visa, portanto, investigar a
existência da autoria e materialidade noticiados e uma vez concluída, poderá ensejar a
instauração de processo administrativo disciplinar. Ver art. 327 § 2º.
5.3.2. Características
É instaurada por meio de portaria, com ou sem autoria conhecida, bastando que
haja a notícia da infração administrativa, não havendo a necessidade de publicação da
portaria inaugural no Diário Oficial do Estado. A sindicância tem por finalidade
investigar irregularidades funcionais. Está para o Processo Administrativo Disciplinar
assim como o inquérito policial está para o processo penal. Prima pela informalidade,
discricionariedade e sigilo necessários à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
Administração Pública.
Em tese, a sindicância pode ser dispensada, desde que a notícia do fato traga a
descrição da infração administrativa disciplinar, sua autoria, materialidade e
circunstâncias que envolvem o fato noticiado.
Nos termos do art. 327, § 3º da Lei 10.460/1988, a sindicância terá natureza
inquisitorial, ou seja, não há contraditório, assegurando-se no seu curso a informalidade,
a discricionariedade e o sigilo necessários à elucidação dos fatos ou exigidos pelo
interesse da Administração. Logo, o conhecimento da sindicância deve estender-se
apenas às pessoas envolvidas no fato investigado e, logicamente, às autoridades da
Administração Pública que necessitem dela conhecer.
5.3.3. Prazo
O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias, podendo
ser prorrogado por igual período, a critério da autoridade que determinou a abertura do
procedimento.
5.3.4. Valor Probatório e Nulidades
Parte dos estudiosos entende que a sindicância, tal qual o inquérito policial, por
tratar-se de procedimento inquisitorial, não tem valor probatório, vez que prova só
existe no processo após passar pelo crivo do contraditório e da ampla defesa sob o olhar
dos princípios gerais de direito.
Págin
a22
Por não ser um procedimento com formalidades rígidas, cujas provas deverão
ser confirmadas durante o processo, não há que se falar em nulidades. Todavia, o
sindicante deve obedecer as regras que orientam a coleta dos elementos probatórios –
cadeia de custódia, sob pena de tornar as provas inidôneas, suspeitas e
consequentemente imprestáveis sob o ponto de vista jurídico.
Em outras palavras, tudo deve ser devidamente documentado para não pairar
dúvidas quanto à origem da prova, sua coleta e conservação durante o caminho
percorrido da coleta até o debate jurídico orientado pelo contraditório e ampla defesa
durante o processo. Desse modo, o julgador terá a necessária segurança jurídica para
decidir o fato denunciado.
5.3.5. Diligências
As diligencias possíveis de serem realizadas em sede de sindicância, são
basicamente as mesmas realizadas durante um inquérito policial e há, inclusive,
previsão de solicitação de perícia (art. 331, §§ 16 e 17).
Vale dizer: a sindicância é procedimento administrativo que visa
precipuamente investigar infrações administrativas disciplinares e não infrações penais,
embora cópia da sindicância possa embasar a instauração de inquérito policial, sendo a
recíproca verdadeira.
5.3.6. Relatório
Concluídas as investigações, tendo sido coletadas provas acerca do fato
noticiado, o sindicante fará minucioso relatório, endereçado à autoridade do órgão
corregedor, expondo e comentando os elementos de convicção produzidos para, ao
final, sugerir a denúncia com vistas à instauração de processo administrativo disciplinar,
a realização de diligências ou o arquivamento da sindicância.
Caso as provas coletadas durante as investigações apontem a autoria e a
materialidade da prática de infração administrativa, o sindicante manifestará pela
denúncia do sindicado, ou seja, pela instauração de processo administrativo disciplinar
para que nele o servidor seja processado sob o crivo do contraditório, da ampla defesa e
dos demais princípios que regem a matéria.
A sugestão de arquivamento ocorre nos casos de ausência de indícios
suficientes de autoria ou de materialidade do fato denunciada. Também podemos citar o
Págin
a23
caso de autoria atribuída a pessoa não mais ocupante de cargo público, quando cabe a
sugestão de arquivamento por ter ocorrido o rompimento do vínculo com o Estado.
Finalmente, pode também o sindicante sugerir novas diligências, julgadas
necessárias ao melhor esclarecimento do fato denunciado.
Com a apresentação do relatório a autoridade pode:
Receber a denúncia constante do relatório da sindicância e instaurar o
processo administrativo disciplinar;
Determinar que o mesmo ou outro sindicante realize novas diligências
julgadas necessárias ao melhor esclarecimento das irregularidades;
Concluir pelo arquivamento ou pela suspensão das atividades da
sindicância, podendo reativá-la a qualquer tempo.
5.4. PAD – Processo Administrativo Disciplinar
5.4.1. Conceito
Nos termos do art. 148 da Lei 8.112/1990 (Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis da União e de suas autarquias e fundações públicas), “processo
disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por
infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investido”. No entanto, o processo
administrativo disciplinar não visa somente apurar infrações disciplinares, mas,
também, dar oportunidade de defesa ao acusado.
O processo administrativo disciplinar é instaurado pelo corregedor do órgão
por intermédio de delegação de competência do Governador do Estado ou do Secretário
de Estado.
Impõe dois ritos procedimentais: ordinário (pena de demissão), especial (pena
de demissão) e o sumário (pena de suspensão e repreensão).
As penalidades impostas aos servidores são diversificadas e alguns tipos
administrativos são considerados abertos, pois qualquer anormalidade encontrada na
conduta do servidor público pode incidir em punição pela administração pública. O
legislador não se preocupou em analisar o elemento subjetivo (dolo ou culpa) ao
estabelecer a punição, mas em repreender quaisquer desvios que entende alheio à
conduta do agente perante a administração.
Págin
a24
Desse modo, para os tipos gravíssimos, em tese, fechados, alguns são
equiparados a infrações penais e podem levar à demissão do servidor a bem do serviço
público, enquanto que outros tipos, considerados intermediários de acordo com o grau
de envolvimento, podem ser punidos com pena de suspensão. Já as infrações mais leves
podem ser punidas com repreensão. De acordo com o Estatuto Funcional,
estabelecemos uma gradação das infrações administrativas em ordem decrescente:
Pena de DEMISSÃO (Art. 317 A pena de demissão será aplicada nos casos das
infrações previstas nos incisos XLIX, LIV a LXI e LXV do art. 303 e XLI e XLII do
art. 304, bem como nos casos de contumácia na prática de transgressões disciplinares
puníveis com suspensão).
Pena de SUPENSÃO3 (consideram-se faltas graves as arroladas nos incisos I a
XI, XIX a XLVIII, L a LIII e LXII a LXIV do art. 303 e IX a XL do art. 304 ou de
reincidência em qualquer das transgressões a que alude o art. 314).
Pena de REPREENSÃO (punição de faltas de natureza leve de acordo com a
previsão nos itens XII a XVIII do art. 303 e I a VIII do art. 304)
5.4.2. Comissão Processante
O processo administrativo disciplinar será conduzido por uma comissão
constituída de 3 (três) servidores estáveis - presidente, vice-presidente e secretário, de
comprovada capacidade funcional e reconhecida integridade moral.
5.4.3. Atribuição para Instaurar PAD
O processo tem início com a portaria que o instaurou, devendo ser publicado
extrato da mesma no Diário Oficial do Estado, em cujo preâmbulo deverá constar a
legislação pertinente, assim como o número do decreto de delegação de competência, se
for o caso. Deverá contem também a exposição da infração disciplinar, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado, a classificação do ilícito disciplinar, a
designação da comissão processante, assim como o rito que deverá seguir – sumário,
especial ou ordinário -, determinação de citação do acusado, intimação do sindicante ou
sua nomeação e o rol de testemunhas.
Preceitua o art. 328 da lei 10.460/88: “São competentes para determinar a
abertura de processo disciplinar, no âmbito de suas respectivas atribuições, as
autoridades a que se referem os itens I, II e III do art. 312 deste Estatuto”. Ou seja, o
3 Não excederá a 90 dias.
Págin
a25
Governador, Secretários de Estado e autoridades equivalentes, assim como os dirigentes
de autarquias (CEF, INSS, IPASGO) e fundações (FUNAI, IBGE).
5.4.4. Efeitos da Publicação da Portaria no Diário Oficial
A publicação da portaria instauradora do processo administrativo disciplinar
interrompe a contagem do prazo prescricional, que recomeça, a partir de então, o seu
curso pela metade, de forma a não diminuir o prazo original. Além disso, é vedada a
exoneração a pedido, bem como a concessão de aposentadoria voluntária, a funcionário
que esteja respondendo a processo administrativo disciplinar.
Publicada a portaria de instituição da comissão no Diário Oficial do Estado, a
mesma iniciará a instrução do processo administrativo disciplinar em no máximo 02
(dois) dias úteis.
5.4.5. Providências iniciais
A instrução do processo se dá com a portaria inaugural, devendo a comissão
lavrar a ata de instalação, providenciando a juntada dos seguintes documentos: portaria
que designou a comissão, publicação da portaria inaugural no Diário Oficial do Estado,
juntada da sindicância, se houver. Também deve-se solicitar a certidão de vida funcional
do acusado à seção de recursos humanos do órgão a que pertence e proceder à citação
do acusado para acompanhar o processo.
No Estado de Goiás, os órgãos correicionais ou são Gerências de Correições ou
Superintendências, nas quais encontram-se instaladas comissões permanentes de
processo administrativo disciplinar com atribuição para processo de rito sumário,
especial e ordinário, devendo o presidente zelar, a todo tempo, para que o ambiente
onde funciona a comissão ofereça condições adequadas para a realização dos trabalhos.
O presidente da comissão assinará todos os documentos pertinentes aos
trabalhos, tais como citações, intimações, editais, ofícios e outros. A maioria dos atos
praticados durante a sindicância será repetida na instrução do processo, como os
depoimentos das testemunhas e a oitiva do acusado.
5.4.6. Suspeição e Impedimento
Págin
a26
A suspeição ou impedimento, de acordo com a Lei Estatutária, encontra-se
previsto no artigo 330, § 1º e com a descrição das condutas consideradas impedidas ou
suspeitas no § 3º, da Lei 10.460/884.
O impedimento tem caráter objetivo, enquanto que a suspeição tem relação
com o subjetivismo, trata-se da parcialidade dos membros da comissão. No
impedimento há presunção absoluta (juris et de jure) de parcialidade em determinado
processo por ele analisado, enquanto na suspeição há apenas presunção relativa (juris
tantum).
5.4.7. Prazo
Nos termos do art. 331, §§ 21 e 22, da Lei 10.460/1988, os prazos para
conclusão do processo administrativo disciplinar, contados da data da citação, são de 60
dias para processo de rito sumário (cuja prorrogação mais o prazo original não poderá
exceder 90 dias) e 120 dias em se tratando de processo de rito ordinário (cuja
prorrogação somada ao prazo original não poderá exceder 180 dias). Foi acrescido o
procedimento especial com previsão de termino em 30 dias, admitindo a prorrogação
cujo somatório não pode exceder a 45 dias.
Tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm entendido que a fixação do prazo
para conclusão dos trabalhos da comissão processante não é peremptório.
No Superior Tribunal de Justiça: “Esta Colenda Corte já firmou entendimento
no sentido de que a extrapolação do prazo para a conclusão do processo administrativo
disciplinar não consubstancia nulidade suscetível de invalidar o procedimento” (STJ,
Mandado de Segurança nº 7.962).
Vale lembrar que o processo de rito ordinário é aquele que trata de transgressão
disciplinar punível com pena de demissão, cassação de aposentadoria ou de
disponibilidade (art. 331, §1º) e o de rito sumário diz respeito às transgressões
disciplinares puníveis com pena de repreensão, suspensão, multa e destituição de
4 § 1
o A designação de funcionário para realizar procedimentos disciplinares constitui encargo de natureza obrigatória, exceto nos
casos de suspeição ou impedimento legalmente admitidos ou manifesta conveniência administrativa.
§ 3o É considerado suspeito ou impedido para atuar como sindicante ou processante o funcionário que:
I - seja amigo íntimo ou inimigo capital do indiciado ou acusado, ou seus parentes e afins até o terceiro grau;
II - seja parente ou mantenha relações de negócios com o indiciado ou acusado ou seu defensor;
III - tenha sofrido punição disciplinar, salvo se reabilitado;
IV - tenha sido condenado em processo criminal, salvo se reabilitado;
V - esteja respondendo a processo disciplinar ou criminal;
VI - participe como perito ou testemunha, restringindo-se essa suspeição ou impedimento ao processo em que atue nessa condição;
VII - esteja litigando judicial ou administrativamente com o acusado ou respectivo cônjuge ou companheiro;
VIII - tenha se manifestado anteriormente na causa que constitui objeto de apuração do processo disciplinar.
Págin
a27
mandato (art. 331, §2º). O procedimento de rito especial trata do acúmulo ilegal de
cargo.
5.4.8. Citação
É o ato que precede à instrução, por meio do qual o acusado é chamado para ter
vista dos autos e apresentar defesa prévia, sendo-lhe entregue uma cópia do
procedimento para conhecimento dos termos da denúncia que sobre si recai, garantindo-
lhe explicitamente e a todo tempo o direito ao contraditório, ampla defesa e
assegurando-lhe acompanhar o processo pessoalmente ou por meio de procurador
(defensor) legalmente constituído para esse fim.
"Pouco importa não haja a lei previsto a citação inicial: a garantia explícita do
contraditório na instrução envolve necessariamente a ciência ao acusado da instauração
do processo para que dela se possa valer" (STF: Min. Sepúlveda Pertence - MS-
21726.0-RJ, D.J. 11/03/94).
Como se vê, a citação não é singela notícia da acusação, mas oportunidade para
que o acusado venha exercitar seu direito à ampla defesa. Vez que ao acusado, em nome
de sua defesa, lhe é assegurado o direito de arrolar testemunhas, solicitar perícias e
outras diligências que entender cabíveis para promover sua defesa.
Achando-se o servidor em local ignorado, incerto ou inacessível, ou
verificando-se que o mesmo se oculta, a citação se fará por edital publicado uma vez no
Diário Oficial do Estado e em jornal de grande circulação na localidade do último
domicílio conhecido, para apresentar defesa.
5.4.9. Intimação
Tem por finalidade convocar o acusado para ser interrogado, assim como as
testemunhas para prestarem depoimento. Sob pena de nulidade do ato praticado, exige-
se que as intimações sejam feitas pessoalmente, utilizando-se a chamada intimação ficta
(editais) quando resultar provado, devidamente certificado nos autos, que o intimando
esteja em local incerto e não sabido.
5.4.10. Notificação
Trata-se de comunicação feita ao acusado, para dar-lhe ciência de atos praticados
ou a serem praticados, tais como a audiência de inquirição das testemunhas, despachos,
decisões tomadas pela comissão e outros.
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a28
5.4.11. Inquirição de Testemunhas
As testemunhas serão intimadas a depor pessoalmente, com antecedência
mínima de 2 (dois) dias da data marcada para a audiência (art. 331, § 12, da Lei
10.460/1988), devendo a segunda via, com o ciente da testemunha, ser anexado aos
autos. O acusado ou o sindicante (acusação) poderá desistir do depoimento de qualquer
das testemunhas por eles arroladas, ou deixar de arrolá-las, se considerarem suficientes
as provas que possam ser ou tenham sido produzidas.
Não sendo encontrada a testemunha arrolada ou se esta se recusar a ser
intimada, será concedido, no prazo fixado pelo presidente da comissão processante, à
acusação ou à defesa o direito a uma substituição. No caso de testemunha que não seja
servidor público, incumbe à parte que a arrolar o ônus de trazê-la à audiência de
inquirição, hipótese em que não se procederá à sua intimação (art. 331, § 10º, Lei
10.460/1988).
Quando for necessária a presença de pessoa não servidora pública, com a
finalidade de prestar informação relevante para a sindicância ou instrução processual,
analisadas a conveniência e oportunidade pela autoridade instauradora, poderá ser
concedida, por quem de direito, ajuda de custo em valor não superior ao da diária, com
a finalidade de indenizar eventuais despesas (art. 331, § 11, Lei 10.460/1988).
Ao final de cada depoimento, faculta-se ao defensor reinquirir as testemunhas
por intermédio do presidente da comissão. Se o acusado e seu defensor estiverem
devidamente intimados e não comparecer para a audiência de inquirição de
testemunhas, será nomeado defensor dativo para o acusado.
5.4.12. Interrogatório do Acusado
Trata-se de ato inquisitorial a ser realizado buscando a completa elucidação do
fato denunciado, dando ao acusado a possibilidade de apresentar esclarecimentos acerca
da infração que lhe está sendo imputada e de manifestar-se sobre as provas carreadas
para os autos. Tem início com a qualificação do acusado, informando-lhe do seu direito
de permanecer calado e de não responder às perguntas que lhe forem feitas.
Não sendo o acusado obrigado a responder às perguntas feitas pela comissão,
será constado na ata as perguntas não respondidas. Havendo mais de um acusado, serão
ouvidos separadamente, podendo os advogados de uns e de outros assistirem aos
interrogatórios, sendo-lhes vedado interferir nas perguntas e respostas dos acusados que
não representam.
Págin
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5.4.13. Prova Pericial
Caso a infração disciplinar deixe vestígios que necessitem de exames periciais
visando a constatação da materialidade, autenticidade ou autoria, deve a comissão
lançar mão da perícia técnica.
Também é possível arguir o incidente de insanidade mental do acusado.
Embora a lei 10.460/1988 não trate expressamente dessa matéria, prevê em seu art. 331,
§§ 17 e 18, a possibilidade da realização de perícias, de forma genérica. Assim,
subsidiária e supletivamente (art. 331, § 22), aplicam-se os arts. 149 a 154 do Código de
Processo Penal, que prevêem a realização de exame de insanidade mental do acusado.
5.4.14. Diligências
Havendo necessidade, a comissão não pode limitar sua atuação apenas à
inquirição das testemunhas e interrogatório do acusado, devendo lançar-se na busca de
outros elementos de convicção para dirimir dúvidas sobre ponto relevante ou suprir falta
que prejudique o esclarecimento do fato denunciado.
A diligência de iniciativa da comissão será marcada pelo presidente, via
despacho, do qual constará as atividades a serem realizadas no ato, sendo o acusado e o
sindicante (acusação) notificados, com antecipação, da data e local em que há de
realizar-se, assim como a finalidade da mesma. As diligências solicitadas pelo acusado
serão indeferidas, mediante despacho fundamentado, se forem manifestamente ilícitas,
impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
5.4.15. Alegações Finais
Concluída a fase de inquirição das testemunhas e realizada as diligências
deferidas, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 3 (três) dias, se rito sumário, e de 5
(cinco) dias, se rito ordinário, para alegações finais da acusação e da defesa (art. 331, §
1º, IV, V, § 2º, IV, Lei 10.460/1988). No Especial as alegações é em 5 dias (§ 3º do art.
331).
5.4.16. Relatório Final
Apresentadas as alegações finais ou exaurido o prazo para esse fim, a comissão
processante elaborará relatório final, podendo, antes de concluí-lo, sanear eventuais
nulidades (despacho saneador), sendo admitida a realização de diligências para dirimir
dúvidas sobre ponto relevante ou suprir falta que prejudique o esclarecimento dos fatos.
Págin
a30
O relatório final constitui-se na mais esperada das peças produzidas pela
comissão, no qual deverá constar a exposição minuciosa de todos os acontecimentos,
coleta de provas e fatos ocorridos durante a instrução, concluindo, ao final, pela
absolvição ou pela aplicação de pena ao acusado, citando o dispositivo legal que prevê a
transgressão disciplinar praticada, assim como as circunstâncias agravantes e atenuantes
que envolvem o fato denunciado.
Após a juntada do relatório final aos autos, o processo será remetido à
autoridade instauradora para julgamento, quando, então, estarão encerrados os trabalhos
da comissão processante. No Estado de Goiás, pode ocorrer que a autoridade
instauradora do processo não seja a mesma que o julgará.
A comissão, quando não permanente, após elaborar o relatório final, se
dissolverá, mas os seus membros prestarão, a qualquer tempo, à autoridade competente,
os esclarecimentos que lhes forem solicitados a respeito do processo findo (art. 322, Lei
10.460/1988).
5.4.17. Julgamento
Ao receber o processo, a autoridade julgadora o julgará no prazo de 30 (trinta)
dias. Antes, porém, em cumprimento a determinação contida no art. 22, V, da Lei
Complementar Estadual 58/2006, remeterá os autos à Procuradoria Geral do Estado para
emissão de parecer quanto à sua legalidade.
Como durante o processo o acusado defende-se da imputação de um fato
determinado, a autoridade julgadora poderá adotar capitulação diversa da que lhe deu a
comissão processante, sem que isso implique cerceamento de defesa.
Quadro – resumo: No Estado de Goiás com a alteração da Lei 19.477/2016, temos
três ritos procedimentais:
Ordinário Quando se tratar de transgressões disciplinares puníveis com demissão, destituição de
mandato, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e multas a elas relativas, exceto
em caso de acúmulo ilegal de cargos, empregos ou funções públicas.
Sumário Nos demais casos, exceto no de acúmulo ilegal de cargos, empregos ou funções públicas.
Especial Quando se tratar de acúmulo ilegal de cargos, empregos ou funções públicas.
Págin
a31
1. Organograma do PAD – rito sumário: art. 331 § 2º e § 21, II (prazo de
60 dias) § 22 (até 90
dias).
P.A.D.S.
Instauração (portaria art. 327 2º).
Encaminhamento a CPAD art. 329/331.
Ata de instalação.
Oitiva de testemunhas da acusação e defesa – Art. 331 § 2º III e §§ 8º
a 11.
Defesa Prévia: 03 dias – Podendo arrolar 03 testemunhas, juntar documentos, solicitar perícias. Art. 331 §§ 17, 18 e 19.
Interrogatório do acusado. Art. 331 21º, I e II.
Citação do acusado e intimação do sindicante: art. 331 § 1º, ou por edital na forma do § 5º, no caso de ignorado, inacessível ou ocultação. Pode aplicar a revelia §§ 6º e 7º.
Relatório Final: Art. 331 § 2º V e § 20
Saneamento de Irregularidades: Art. 331 § 2º V.
Diligências Complementares: Alegações Finais: 03 dias (acusação e defesa). Art. 331 § 2º IV.
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2. Organograma do PAD – rito especial
Art. 331 § 3ª. Prazo de 30 dias prorrogáveis por 15 dias.
PAD – Especial: Acúmulo de Cargo.
Detectada a acumulação ilegal: Parecer da PGE.
Notificação do servidor para opção no prazo de 10 dias.
Instauração de PAD: Comissão 02 servidores e indicação de autoria e materialidade.
No caso de má-fé: Demissão, destituição ou cassação da aposentadoria ou disponibilidade.
Termo de indiciamento: 03 dias; Defesa escrita: 05 dias. Ainda pode optar por um dos cargos no prazo da defesa, sendo boa-fé.
Instrução sumária: indiciação, defesa e relatório e Julgamento (05 dias) autoridade, se tiver delegação ou Governador.
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2. Organograma do PAD – rito ordinário
Processo administrativo rito ordinário (demissão/cassação de aposentadoria ou
disponibilidade): art. 331 § 1º, § 21, III (prazo de 120 dias), § 21 (até 180 dias).
P.A.D.O.
Instauração (portaria art. 327 §1º).
Encaminhamento a CPAD art. 329/331.
Ata de instalação.
Oitiva de testemunhas da acusação e defesa – Art. 331 § 1º III e §§ 8º a 11.
Defesa Prévia: 03 dias – Podendo arrolar testemunhas, juntar documentos, solicitar perícias. Art. 331 § 17, 18 e 19.
Interrogatório do acusado. Art. 331 § 1º, I e II.
Citação do acusado e intimação do sindicante: art. 331 § 1º, ou por edital na forma do § 5º, no caso de ignorado, inacessível ou ocultação. Pode aplicar a revelia §§ 6º e 7º.
Relatório Final: Art. 331 § 1º V e § 20.
Saneamento de Irregularidades: Art. 331 § 1º V.
Diligências Complementares. Alegações Finais: 05 dias (acusação e defesa). Art. 331 § 1º IV.
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3. Organograma do PAD – Revisão
Arts. 338 a 345.
Revisão
Sem previsão de tempo. Exigem fatos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do requerente.
Segue apenso ao processo originário. Pedido à autoridade que impôs a pena.
Autoridade designará comissão especial, composta de 3 (três) membros.
Chefe do Poder Executivo: demissão, cassação de aposentadoria e disponibilidade.
Prazo de 60 dias, podendo haver prorrogação por 30 dias. Julgamento 40 dias. Mesma autoridade ou Superior.
Decisão: Manter a punição; desclassificar a infração ou julgar procedente a revisão, restabelecendo direitos.