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INSTITUTO BRASILEIRO DE ENSINO FACULDADE CRISTO REI DE CORNÉLIO PROCÓPIO - FACCREI
ROSANA ALVES GAMA SOUZA DA SILVA
POLÍTICAS PÚBLICAS CRIMINAIS E PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA
CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ2017
INSTITUTO BRASILEIRO DE ENSINO FACULDADE CRISTO REI DE CORNÉLIO PROCÓPIO - FACCREI
ROSANA ALVES GAMA SOUZA DA SILVA
POLÍTICAS PÚBLICAS CRIMINAIS E PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA
Artigo Científico redigido como exigência final para a obtenção do título de Especialista, decorrente da conclusão do curso de Pós-Graduação em Gestão em Serviços Sociais e Políticas Públicas.
CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ2017
POLÍTICAS PÚBLICAS CRIMINAIS E PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIARosana Alves Gama Souza da Silva1
RESUMO
Considerando que a criminalidade é crescente e o número de encarceramento é alarmante, é necessário perquirir as razões pelas quais a violência não diminuiu ao longo dos anos com as medidas estatais criadas. O “boom” criminal nos anos 70, principalmente em razão de organizações criminosas como o “PCC”, criou insegurança popular e, consequentemente, a pedido da sociedade, recrudescimento de sanções. O que iniciou neste período ganhou ainda mais força nos anos 90, com a tomada de medidas drásticas como a edição da lei dos crimes hediondos. No entanto, ainda que novos tipos penais tenham sido criados, as penas aumentadas e as condições para desencarceramento tenham sido dificultadas (como no caso dos já mencionados crimes hediondos e os a eles assemelhados), tais fatores não intimidaram os criminosos. Em verdade, cada vez mais mulheres e menores de idade têm se juntado a um grupo que antes era predominantemente masculino e adulto. Além disso, crimes cruéis continuam a ser praticados, independentemente da sanção abstratamente prevista, o que demonstra que o “custo-benefício” não é, como costumam pensar os adeptos de penas mais severas, um fator considerado pelos infratores. Neste tocante, o presente trabalho se propõe a estudar as políticas sociais e públicas atualmente vigentes que têm como escopo a redução de violência, de modo a compreender as possíveis razões para terem falhado e quais são os meios que detém o Estado para prevenir a violência, antes, durante e depois do crime perpetrado. Palavras-chave: Criminalidade. Políticas Públicas. Prevenção da violência.
Introdução
Conforme é possível observar, a sociedade contemporânea enfrenta novos
desafios, decorrentes, entre outros fatores, da globalização e da constante mudança
do homem a fim de adaptar-se ao que ocorre no mundo.
No entanto, embora muitas mudanças sejam desejadas e benéficas, como a
tecnologia e outros meios que facilitam a interação, a comunicação e a
compreensão entre os indivíduos, a sociedade hodierna lida com problemas que
decorrem do crescimento de população alienada politicamente, com fracas bases
educacionais e que reproduz com rapidez e sem pensamento crítico notícias, sejam
verdadeiras ou falsas, e opiniões, com ou sem embasamento.
Dentre as consequências do “mundo líquido” de Bauman, em que as
relações são rápidas e superficiais e a eterna vigilância é o preço que se paga pela 1 Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Campos (UNIFLU). Auditora interna do Instituto Federal Fluminense. Pós-graduada em Gestão Pública pelo Instituto Brasileiro de Educação. Pós-graduada em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Estácio de Sá (UNESA). Pós-graduanda em Gestão em Serviços Sociais e Políticas Públicas pelo Instituto Brasileiro de Educação. Pós-graduanda em Educação em Unidades Prisionais pela Universidade Cândido Mendes (UCAM) Mestranda em Direito (ênfase em Direitos Humanos) - Programa de pós-graduação stricto sensu da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). [email protected]
segurança, a violência é fator crescente na sociedade em que vivemos. Todavia -
seria possível perguntar- como a violência cresce se as punições nas últimas
décadas aumentaram?
De fato, as últimas décadas no Brasil são marcadas por leis que criaram
novos delitos e recrudesceram sanções.
Isto porque, em virtude das organizações criminosas que cresceram
vertiginosamente a partir dos anos 70, a criminalidade aumentou significativamente
e, por essa razão, a sociedade passou a clamar por medidas extremas, que
pusessem um fim ou ao menos fossem capazes de diminuir a prática de crimes,
prática que ganhou ainda mais força ao longo dos anos 90.
Nesse contexto, podemos lembrar o crime perpetrado contra a filha da
famosa escritora de novelas Glória Perez e o quanto o caso, que assombrou o país,
foi responsável pela alteração da Lei de crimes hediondos (8.072/90, alterada em
1994), já que foi capaz de mobilizar a população e culminar, ainda que
indiretamente, na inclusão do homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos.
A ideia da lei e de suas posteriores alterações, imagina-se, era demonstrar a
ojeriza e o repúdio em relação a determinado delitos, como homicídio qualificado,
extorsão mediante sequestro e latrocínio. Tais crimes, por serem tão chocantes para
a população, deveriam, segundo o entendimento legislativo, ter condições especiais
de progressão da pena e, inicialmente, impossibilidade de concessão de fiança.
Além da referida lei, outras mudanças foram feitas recentemente na
legislação penal que comprovam que só aumente a sanha punitiva legislativa, a
exemplo da majoração das penas nos delitos que envolvem tráfico de drogas e da
criação de crimes ocorridos na investigação e na obtenção da prova (Lei
12.850/2013, que trata das organizações criminosas).
Todavia, o que se pode notar, pelo contínuo pedido de punição vindo da
sociedade, que deseja até mesmo a redução da maioridade penal, é que o aumento
das penas e a criação de obstáculos para o desencarceramento dos indivíduos não
tem sido suficiente para diminuir a prática de delitos. Estima-se, inclusive, que
atualmente no Estado de Pernambuco são cometidos dezesseis homicídios por dia.
E não para no campo abstrato o endurecimento das sanções. A repressão
tem sido cada vez maior pela força policial, a despeito das constantes reclamações
da sociedade em relação à impunidade.
Estampa o asseverado o fato de que o Brasil ocupava em 2014, segundo
dados fornecidos pelo Levantamento de Informações Penitenciárias (realizado pelo
Ministério da Justiça), o posto de país com a quarta maior população carcerária no
mundo, estando atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Rússia.
É possível notar, então, que embora tente o Estado, por duas frentes
diferentes (a saber, a força intelectual legislativa e a força bruta policial) proceder à
diminuição da prática dos delitos, tem falhado consideravelmente em sua missão de
utilizar o Direito Penal como ultima ratio no que tange à pacificação e o Direito
Processual Penal como instrumento de prevenção e ressocialização, e não apenas
de punição.
Necessário, portanto, pensar em toda a linha temporal que antecede a
prática dos delitos, bem como possíveis políticas públicas criminais, com o objetivo
de prevenção da violência.
Desenvolvimento
Em primeiro plano, necessário informar alguns dados carcerários para que
se possa, como se pretende, chegar à raiz do problema.
Segundo informações constantes no Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias de 2014, produzido pelo Ministério da Justiça, e em estudos do IBGE,
a população carcerária no Brasil aumentou 490% da década de 90 para a atual,
contando atualmente com mais de 622.000 presos.
Além disso, dessa população carcerária, 41% aguarda julgamento, ou seja,
grande parte dos cidadãos atualmente encarcerados, padecendo em péssimas
condições físicas e psicológicas, não está definitivamente condenada.
Agregando mais dados relevantes ao presente artigo, 93% da população
carcerária é masculina e o delito que mais encarcera atualmente é o tráfico de
drogas.
Se, de um lado, a população brasileira é composta por 53% de negros, 46%
de brancos e 1% de amarelos, a população carcerária se compõe por 67% de
negros, 32% de brancos e 1% de amarelos, o que torna possível inferir, como afirma
gráfico jornalístico consultado, que a proporção de negros nas prisões é 14 pontos
percentuais maior do que na população brasileira como um todo.
Seguindo a comparação população brasileira versus população carcerária, o
mesmo informe consultado mostra que, se na sociedade como um todo 28% não
têm o ensino fundamento completo (número que por si só já é alarmante), o
percentual é ainda mais aterrador quando se considera apenas os encarcerados, já
que sobre para 53%.
A mesma prevalência entre os detentos também pode ser identificada nos
casos de HIV e tuberculose, já que, na primeira, os percentuais são de 20 pessoas a
cada 100 mil na população brasileira e de 1.216 a cada 100 mil na população
carcerária e, na segunda, os percentuais são de 24 pessoas infectadas a cada 100
mil na população brasileira e 941 a cada 100 mil entre os detentos.
Por derradeiro, em diversos Estados do Brasil, a média de estudo é de
apenas 1 preso estudante para cada 10. Quando se trata de trabalho, sobe para 2, a
cada dez, o número de presos estudantes.
A análise ora estampada faz perceber que há perfil carcerário que pode
facilmente ser traçado: o presidiário brasileiro é homem, negro, sem instrução, sem
oportunidades e mais suscetível a doenças em virtude das condições insalubres dos
presídios.
Não é por acaso, pensamos, que esse perfil retrata, na verdade, o menos
favorecido no Brasil: pobre, negro, sem renda, sem educação e sem chances, esses
que estão na base do sistema veem, com frequência, o crime como oportunidade
para mudar a sua realidade e de suas famílias.
Isto, por um lado, se dá porque, cabe lembrar, o capitalismo traz ideias já tão
arraigadas em nossa sociedade que quando se fala, por exemplo, em “padrão de
vida”, o que se quer dizer é padrão econômico.
Dinheiro é sinônimo não só de poder de compra, mas também de status, de
valor e não raro os menos favorecidos, que não receberam ensino de qualidade e,
por conseguinte, não obtiveram chances, não têm acesso aos mesmos produtos,
mesmas lojas, o que gera compreensível revolta, já que trabalham muito mais.
É como se os favorecidos tivessem dupla sorte: a uma, nasceram em
famílias de renda média, média-alta ou alta. Depois, em virtude de investimento
neles realizado, alçam melhores postos de trabalho que exigem menos horas
diárias, justificando o menor tempo de trabalho com maior quantidade de estudo.
Ocorre que os menos favorecidos (desde o nascimento com lares
desestruturados emocional e financeiramente) não tiveram ao menos a primeira
sorte, quanto dirá as oportunidades delas decorrentes.
Estão, do nascimento à morte (muitas vezes prematura), presos, se não em
penitenciárias, em transportes públicos lotados, em escolas depredadas, em filas
intermináveis, em moradias precárias, salvo se, com o esforço hercúleo,
conseguirem driblar todas as intempéries. E, mesmo assim, a luta não é garantia de
vitória nesses casos.
As desigualdades sociais são antigas e profundas e demonstram, em seu
imo, a necessidade de recuperar a dignidade e a autoestima dos menos favorecidos,
proporcionando-lhes condições dignas de existência, condições essas que
ultrapassam a renda e significam também oportunidades iguais nas escolas e nos
empregos.
Dito isto, parece claro que a busca por uma vida melhor diante da pobreza
extrema é, na maior parte das vezes, questão muito mais urgente e relevante aos
que adentram no mundo do crime que a má índole.
É importante, para que se entenda o crime e a função do Direito Penal,
estudar antes o criminoso. Não é possível, portanto, que sejam discutidas medidas
penais e processuais deixando de lado aquele que mais interessa nessa questão:
um cidadão desviado das normas de conduta estabelecidas e que, com seu
comportamento, põe em risco seus semelhantes.
Esse é o ponto, pensamos, que foge à compreensão da sociedade e muitas
vezes do Poder Judiciário: o preso é cidadão, tem garantias de cidadão e como tal
deve ser tratado. O olhar em relação a ele, em vez de crítico, deve ser clínico,
objetivando descobrir em qual ponto a sociedade (englobadas aqui a família e o
Estado) falhou com aquele indivíduo no sentido de lhe ensinar as normas e sua
utilidade.
A prisão deve, portanto, ser momento de reclusão, mas também de reflexão e
auxílio. É dever do Estado cuidar do desviante e, mais do que isso, deveria ser do
seu maior interesse fazê-lo com o maior zelo possível, tendo em mira que esse
indivíduo eventualmente retornará ao convívio social.
No entanto, embora severas as penas e em massa a encarceramento, a
reincidência é altíssimas nas unidades prisionais, haja vista que o preso sai menos
preparado do que entrou. Vejamos: o preso não estuda, não trabalha, está cerca de
outras pessoas com comportamentos desviantes, não possui local adequado às
suas necessidades mínimas de higiene, está separado de sua família e é, muitas
vezes, maltratado pelos agentes penitenciários.
Como seria possível que esse indivíduo, separado da sociedade sem o
devido acompanhamento psicopedagógico a ela retorne apto a contribuir de algum
modo?
Essa, em verdade é uma das razões para que o percentual de reincidência,
ou seja, da reiteração de infrações criminais pelo mesmo indivíduo, seja alto, já que
se estima que um em cada quatro condenados reincide no crime. Ora, se um em
cada quatro pessoas que já foram encarceradas eventualmente volta a ser
encarceradas, a prisão não está cumprindo o seu propósito restaurador, mas tão-
somente o punitivo (que muitas vezes, diante das precárias condições, se torna
vingativo).
Por esse motivo, é importante estudar as políticas públicas criminais adotadas
pelo Estado para que se entenda a razão do fracasso e as que, de outro lado,
deveriam ser implementadas, haja vista seu potencial benéfico.
Em consulta ao sítio virtual do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
encontramos o Programa 2070 – Segurança Pública com Cidadania. O Programa
tem como macrodesafio promover a segurança e a integridade dos cidadãos e como
eixo o desenvolvimento social e erradicação da miséria.
Segundo consta no referido sítio, são cinco os seus objetivos, a saber:
“Aprimorar o combate à criminalidade, com ênfase em medidas de prevenção,
assistência, repressão e fortalecimento das ações integradas para superação do
tráfico de pessoas, drogas, armas, lavagem de dinheiro e corrupção, enfrentamento
de ilícitos característicos da região de fronteira e na intensificação da fiscalização do
fluxo migratório;
Induzir a formação, a capacitação e a valorização dos atores e profissionais
de segurança pública, desenvolvendo e fomentando ações voltadas para a
educação, melhoria das condições de trabalho e promoção dos direitos;
Propiciar a atuação de excelência dos órgãos de segurança pública da União,
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, assim como de outras instituições,
com ênfase no aprimoramento de suas estruturas físicas, organizacionais e modelos
de gestão, do desenvolvimento de sistemas de informação e bancos de dados, do
fortalecimento da atividade de inteligência e reestruturação e modernização do
sistema de produção da prova material;
Reestruturar e modernizar o sistema criminal e penitenciário, por meio da
garantia do cumprimento digno e seguro da pena, objetivando o retorno do cidadão
à sociedade, a redução da reiteração criminosa, a aplicação de medidas alternativas
à prisão e o combate ao crime organizado;
Implementar o Plano Nacional para a Segurança em Grandes Eventos,
dotando as Instituições de Segurança Pública dos recursos necessários para a
integração das ações e execução dos projetos;
Fortalecer a segurança viária e a educação para o trânsito, ampliando a
capacidade de policiamento, monitoramento e fiscalização nas rodovias federais e
integrando ações relacionadas à temática;
Ampliar a presença do Estado em territórios com elevados índices de
vulnerabilidade social e criminal, por meio de ações multissetoriais de segurança,
justiça e cidadania, combinando ações repressivas qualificadas e ações sociais de
segurança, para a superação da violência e redução dos crimes letais intencionais
contra a vida;
Implantar e garantir o funcionamento do Sistema Nacional de Registro de
Identificação Civil”.
Tendo como ano de referência 2010 e ano de acompanhamento 2012, o
Ministério da Justiça disponibiliza os resultados do Programa da seguinte forma:
Houve queda na taxa de homicídio em relação aos jovens de 15 a 29 anos e
aos jovens negros de 15 a 29 anos. No entanto, a taxa de homicídio em geral
aumentou. O déficit de vagas no sistema penitenciário, que era de 197.976 em 2010,
subiu para 240.503 em 2012 e a população carcerária, que era de 496.251 detentos
em 2010 passou para 549.577 em 2012.
Outro Programa que consta no sítio é o “Brasil Mais Seguro”.
Segundo consta, trata-se de “programa de redução da criminalidade violenta,
a ser implantado por meio do acordo de cooperação da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios com o objetivo de reduzir a impunidade, aumentar a sensação
de segurança da população e promover maior controle de armas.
Visa induzir e promover a atuação qualificada e eficiente dos órgãos de
Segurança Pública para redução dos índices de violência e criminalidade, por meio
da qualificação dos procedimentos investigativos, do fortalecimento do policiamento
ostensivo e de proximidade com a população e maior cooperação e articulação entre
as instituições de segurança pública, sistema prisional e o sistema de justiça criminal
(Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública).
Tem como objetivo “enfrentar o crime organizado, apoiar ações estruturantes
na área de perícia e investigação policial, para fortalecimento do arcabouço
probatório, implantar e fortalecer a polícia ostensiva e de proximidade, incluindo o
monitoramento e a ocupação de áreas onde são registrados os maiores índices de
crimes violentos nas unidades federadas, promover o controle de armas, com
iniciativas como a campanha de desarmamento e destruição de armas de fogo e
promover a articulação do Sistema de Justiça Criminal e de Segurança Pública”.
Destina-se aos órgãos de Segurança Pública dos Estados e do Distrito
Federal, profissionais de segurança pública (peritos, policiais civis e militares,
bombeiros militares e guardas municipais), Polícia Federal, Ministério Público e
Tribunais de Justiça.
Tem como pressuposto “adesão prévia da unidade federada. A adesão ao
Programa Brasil Mais Seguro será priorizada levando-se em conta, além do índice
criado para definição dos estados prioritários, outros fatores que influenciam na
tomada de decisões tais como: crescimento regional nas taxas de homicídios por
100.000 habitantes, tendência de crescimento vertiginoso no número de crimes
violentos letais intencionais nos últimos cinco anos em cada estado e o interesse do
estado em aderir a condicionalidades apresentadas pelo Governo Federal, incluindo
contrapartidas”.
Não há, em relação a esse Programa, apresentação de resultados, o que
significa que ainda não houve avaliação sobre sua repercussão ou que os dados
não foram inseridos, o que impede análise sobre a eficácia do mesmo.
Em relação às ações empreendidas, estas são de várias espécies, mas
focaremos na educação e no emprego, que acreditamos serem os níveis mais
básicos de integração do indivíduo na sociedade.
Na área de educação, o campo legislativo conta com a própria Constituição
da República Federativa do Brasil, que estabelece que a educação é direito de todos
e dever do Estado, e a Lei de Execução Penal (n.º 7.210/1984), que estabelece,
dentre outros dispositivos voltados para a assistência do encarcerado, a remição de
pena pelo estudo, ou seja, a redução de um dia de pena a cada doze horas de
frequências escolar (divididas, no mínimo, em três dias).
No campo normativo, é possível encontrar a Resolução do Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária nº 03/2009 que dispõe sobre as
Diretrizes Nacionais para a oferta de educação nos estabelecimentos penais, a
Resolução do Conselho Nacional de Educação nº 02/2010, que estabelece as
Diretrizes Nacionais para a oferta de Educação para Jovens e Adultos em Situação
de Privação de Liberdade nos Estabelecimentos Penais, editada pelo Conselho
Nacional de Educação.
Além dessas normas, há o Decreto nº 7.626/2011, que instituiu o Plano
Estratégico de Educação no Âmbito do Sistema Prisional (PEESP), definindo as
atribuições dos Ministérios da Educação e da Justiça para o financiamento das
ações e sistemas de ensino para efetivação da oferta educacional nos
estabelecimentos penais e a Recomendação CNJ nº 44/2013, que “dispõe sobre as
atividades educacionais complementares para fins de remição da pena pelo estudo
e estabelece critérios para a admissão pela leitura”.
As ações realizadas nessa área, consoante estabelece o Ministério da Justiça
e Segurança Pública, são gerais e específicas, compreendendo desde o ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio), o ENCCEJA (Exame Nacional de Certificação
de Competências de Jovens e Adultos), o EJA (Educação de Jovens e Adultos) e o
PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) até o
Projovem Urbano Prisional, que visa a elevação da escolaridade de jovens entre 18
e 29 anos privados de liberdade, o PBA (Programa Brasil Alfabetizado) e o
Programa Brasil Profissionalizado, que destina recursos para educação nas
unidades prisionais de regime fechado do país.
No entanto, ao verificarmos as estatísticas do PRONATEC no sistema
prisional, percebemos que a quantidade de vagas em pactuação entre as entidades
demandantes e ofertantes é de apenas 8.841. A pergunta que se faz é: como essa
quantidade de vagas atende demanda da quarta população prisional do mundo?
Em relação ao trabalho, observamos a existência do PROCAP (Programa de
Capacitação Profissional e Implantação de Oficinas Permanentes) criado em 2012
pelo Departamento Penitenciário, que chamamento público com o fito de repassar
recursos financeiros para as Secretarias Estaduais a cargo da Administração
Prisional.
O programa objetiva implantar oficinas em modalidades como construção
civil, padaria e panificação, corte e costura industrial, marcenaria, informática e, com
a implementação desses cursos, capacitações nessas áreas, como as de padeiro e
confeiteiro, assentador de piso/ceramista, pintor e eletricista predial e
ajudante/auxiliar na construção civil.
Todavia, ao olharmos a tabela disposta no Ministério da Justiça e Segurança
Pública em seu sítio virtual para o biênio 2012-2014, notamos que, dos mais de 622
mil presos que ocupam as cadeias do país, apenas 3.695 deles são beneficiários
deste Programa e algumas Unidades da Federação, como Rondônia e Pernambuco
nem mesmo foram beneficiadas em suas unidades prisionais com esses cursos.
Como é possível perceber, apesar da multiplicidade de ações referentes à
educação e trabalho do preso, a realidade faz perceber que a prática implementada
é distinta.
Considerações finais
Não há resposta fácil que resolva a criminalidade no país.
Em janeiro do presente ano, o Brasil foi assolado por conflitos entre facções
criminosas (que são forma de proteção para muitos presos) dentro dos presídios,
guerras essas que deixaram inúmeros mortos.
Apesar de estarrecidos pela brutalidade com que as mortes ocorreram,
muitos, entendendo ser a prisão panaceia, se sentiram perversamente satisfeitos
pela eliminação de indivíduos condenados.
Afinal de contas – manda o senso comum – “se não tivesse feito algo ruim,
não estaria preso”.
No entanto, sabemos como são falhas todas as redes do sistema, que
fazem com que o indivíduo seja empurrado, uma por uma para o abismo da
criminalidade e da prisão.
Apesar de aqui colacionados os dados fornecidos pelo Governo Federal, há
que se ressaltar a responsabilidade de cada Estado e de seus governantes pelas
barbáries praticadas nas unidades prisionais, já que responsáveis por 584.700 dos
mais de 622 mil presos.
Tais quais os hospícios, antigamente utilizados para punir qualquer
comportamento dito desviante ainda que ausente qualquer distúrbio, as cadeias da
modernidade encarceram muitas vezes por ser pobre, negro e parecer suspeito. Por
ser claramente usuário, mas a necessidade de encarceramento o toma por
traficante.
E mesmo quando são, de fato, condenados, os presos não têm recebido, a
despeito dos vários Programas criados, a devida atenção psicológica, assistencial,
educacional de que necessitam para que se ressocializem.
O método, dado o seu fracasso, já se provou equivocado e, conquanto não
haja, como já dissemos, resposta fácil ou mesmo rápida para o fim da violência, eis
aqui alguns pontos importantes:
Inicialmente, boa parte da atenção deve ser voltada à formação acadêmica
daqueles que atuam, direta ou indiretamente no sistema penal e prisional. Isso
porque durante a graduação os alunos, que posteriormente serão juízes,
promotores, defensores, advogados, agentes penitenciários, policiais, têm contato
tão-somente com a dogmática penal, ou seja, com as leis que regem o Direito Penal.
No entanto, como se sabe, os acusados são pessoas e, em sua
complexidade e história de vida distintas, não podem ser visto como objetos sobre
os quais recai a lei com toda a sua abstração.
Assim, de rigor o estudo integrado das Ciências Criminais, que abrangem,
além do Direito Penal dogmático, a Criminologia, a Vitimologia e a Penalogia,
ciências que buscam entender o criminoso, a vítima e a pena.
É ideal a integração porque o crime não é um fato isolado na sociedade. O
crime não é uma doença de um indivíduo. O crime é, pois, um sintoma de uma
doença na sociedade, devendo o criminoso ser tratado como indivíduo que deve ser
resgatado, recuperado, tratado, não execrado, como é de costume. Assim, a
preparação daqueles que vão lidar com presos, direta ou indiretamente, é essencial.
Além disso, impende, além de fortalecer os Programas já estabelecidos,
transferindo mais recursos e cuidando da sua implementação e fiscalização,
fortalecer os órgãos de Segurança Pública, a fim de que sejam os principais
motivadores da recuperação, e não os inimigos.
Para esse fim, a bandeira da desmilitarização da polícia deve ser hasteada,
já que o militarismo em Polícia que cuida na população e não está em guerra,
brutaliza os seus servidores ao retirar direitos e ao estabelecer táticas cruéis e, no
fim, ignorantes ao lidar com os cidadãos.
Por derradeiro, acreditamos que o Brasil deve ser espelhar nos bons
exemplos, buscando experiências bem sucedidas e as adotando, a fim de obter
resultados ao menos semelhantes.
Os países europeus, por exemplo, são referências no que toca à gestão do
sistema carcerário. Suécia e Holanda fecharam presídios por falta de presos e a
Noruega foi capaz de reabilitar 80% dos seus presidiários, o que denota que há, sim,
caminho melhor a ser seguido.
Em entrevista realizada com Jan Roelof van der Spoel, vice-diretor da prisão
de segurança máxima de Norgerhaven, no norte da Holanda, pela BBC ele explica:
“Aqui na Holanda, nós olhamos para o indivíduo. Se alguém tem um problema com
drogas, tratamos o vício. Se é agressivo, providenciamos gestão da raiva. Se tem
dívidas, oferecemos consultoria de finanças. Tentamos remover o que realmente
causou seu crime. É claro que o detento ou a detenta precisam querer mudar, mas
nosso método tem sido bastante eficaz".
Além disso, ele afirma que os detentos podem andar "à vontade por áreas
comuns como biblioteca, departamento médico e cantina, e essa autonomia os
ajuda na readaptação à vida em liberdade”.
Na Noruega, por sua vez, detentos fazem suas refeições junto com o staff,
as celas possuem janela e televisão, biblioteca, ginásio de esportes e oficina de
trabalho. E não se trata, como muitos poderiam pensar, de estadia em “hotel”, já que
não bem mais caro que a liberdade. O que existe nesses casos é Estado que se
preocupa com a transformação de indivíduos que voltarão a compor a sociedade.
Em verdade, quando se escuta o discurso de rejeição do mínimo existencial
na prisão, em que alguns afirmam que determinados indivíduos prefeririam lá restar
encarcerados que em suas casas, o que se dessume é o quanto falta o mínimo
existencial em muitos lares brasileiros, uma vez que ninguém trocaria sua liberdade
pelo encarceramento se as condições de vida não fossem, de fato, tão ruins.
Países europeus à parte, há, entre nós exemplo a ser seguido, as APACS -
Associações de Proteção e Assistência ao Condenado.
Sendo 50 unidades espalhadas pelo Brasil, contam com funcionários e
voluntários, reduzem o custo por preso e têm taxa de recuperação de 95%.
Nessas associações, entendendo que perder a liberdade não significa
perder a dignidade e tendo em mente a justiça restaurativa, seus voluntários e
funcionários proporcionam ambiente amistoso e com senso de responsabilidade, já
que os presos são chamados pelos nomes, são responsáveis pela segurança e
limpeza do ambiente e têm como requisito básico para sua permanência o estudo e
o trabalho.
Ainda que as APACS não resolvam o grande problema carcerário no país,
já que é necessário extirpar a cultura do encarceramento tentando, sempre que
possível, o cumprimento de penas alternativas, tais Associações devem ser
promovidas por política públicas, porque é o engajamento da sociedade que resolve
não apenas a redução do custo do preso, mas a ausência de empatia que permeia a
sociedade e os seus ditos “cidadãos de bem”.
Concluímos, portanto, que concordamos com Darcy Ribeiro, que afirmou:
“se os governantes não construírem escolas, em vinte anos faltará dinheiro para
construir presídios”. Decerto, a educação é o caminho para a redução da
criminalidade.
Todavia, não podemos pensar apenas no futuro e esquecer aqueles que
foram abandonados duplamente pelo Estado, ou seja, durante toda a sua vida soltos
e durante todo o seu tempo presos.
O argumento de que o preso custa mais que o estudante deve motivar os
governantes a investir mais em educação, não menos nos já desfavorecidos presos.
Precisamos, portanto, “construir” escolas dentro dos presídios e também pontes que
liguem os presídios e a sociedade, a fim de que possamos fechar alguns deles.
REFERÊNCIAS
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