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1 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 17 WWW.fadtefi.com.br

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1 FILOSOFIA DA EDUCAO 17 WWW.fadtefi.com.br 2PhD.NILSON CARLOS DA CRUZ FILOSOFIA DA EDUCAO Edio 12 / 2013 FADTEFI FADTEFI FADTEFI FADTEFI Editora 3 A REPRODUO TOTAL OU PARCIAL S PERMITIDA MEDIANTE AUTORIZAO EXPRESSA DO AUTOR. Critrios: Capa: Nilson Carlos da Cruz Reviso Ortogrfica:Pelo Autor Copyright c Nilson Carlos da Cruz Ficha Catalogrfica: _______________________________________________________________ Cruz,Nilson Carlos da. Filosofia da Educao / Nilson Carlos da Cruz- Salto (SP):Editora Schoba,2009.362 p. ; 21,5 cm. ISBN978-85-62620-19-5 1.Educao (comentrios). I .Ttulo. _________________________________________________________________ Ficha Catalogrfica elaborada pela Faculdade de Teologia Filadlfia DCF 0017 Editora Fadtefi LTDA Rua Alcidia Castanha dos Santos,145-Potiguara-Itu-So Paulo-CEP 13.312-794 Fone:(11) 4022 3947 / www.editorafadtefi.com.br 4 Sumrio 1 Introduo Geral7 2 O que Educao 11 Lio 123 3 Filosofia Analtica e Filosofia da Educao 31 Lio 242 Lio 359 4 Detalhes Sobre a Filosofia Analtica 74 5 Conceitos e Aprendizagem 76 Lio 478 6 Educao para a Democracia 96 Lio 599 7 A filosofia da Educao no Dialogo Analtico108 8 As Universidades115 Lio 6117 9 Educao e a Sociedade132 Lio 7135 Lio 8149 Bibligrafia153 Prefcio 5 A todos os leitores desta obra, ofereo-a com todo prazer,dedicao e respeito,pois fruto de uma rdua pesquisa,tenho certeza de que ao ler este livro,o caro leitor no vai desperdiar seu tempo. Dediqueiumtempodaminhavidaparatrazeraopblicobrasileiroestetrabalho;e agradeo ao Eterno Deus que me ajudou nessa empreitada. Introduo 6 Estelivroestdivididoem8partesquesubentende-se8lies,comumtotalde50 exerccios cada lio. E suas respostas esto em negrito e itlico no decorrer de cada lio;e os exerccios contmduasalternativas;umacertaeumaerrada;para quemestaestudandocomo E-book, poder observar que suas lies esto disponveis; s preencher e enviar. 1 7Introduo Geral LIO 1 Surgiu nos sculos VII-VI a.C. nas cidades gregas situadas na sia Menor,e comea por ser uma interpretao dos mitos cosmognicos difundidos pelas religies do tempo. No apenas de mitos gregos, mas dos mitos de todas as religies que influenciavam a sia menor.Os mitos foram, segundo Plato e Aristteles, a matria inicial de reflexo dos filsofos. Eles tornaram-se num campo comum da religio e da filosofia, revelando que a pretensa separao entre esses dois modos do homem interpretar a realidade no to ntida como aparentemente se julga. Modernamenteadisciplina,ouareadeestudos,queenvolveainvestigao,a argumentao, a anlise, discusso, formao e reflexo das ideias sobre o mundo, o Homem e o ser.Originou-se da inquietude gerada pela curiosidade em compreender e questionarosvaloreseasinterpretaesaceitassobrearealidadedadaspelo senso comum e pela tradio. Asinterpretaescomumenteaceitaspelohomemconstitueminicialmenteo embasamentodetodooconhecimento.Essasinterpretaesforamadquiridas, enriquecidas e repassadas de gerao em gerao.Ocorreraminicialmenteatravsdaobservaodosfenmenosnaturaisesofreram influncia das relaes humanas estabelecidas at a formao da sociedade, isto em conformidadecomospadresdecomportamentosticosoumoraistidoscomo aceitveis em determinada poca por um determinado grupo ou determinada relao humana.ApartirdaFilosofiasurgeaCincia,poisoHomemreorganizaasinquietaesque assolamocampodasidiaseutiliza-sedeexperimentosparainteragircomasua prpriarealidade.Assimapartirdainquietao,ohomematravsdeinstrumentose procedimentos equaciona o campo das hipteses e exercita a razo. So organizados ospadresdepensamentosqueformulamasdiversasteoriasagregadasao conhecimento humano.Contudooconhecimentocientficoporsuaprprianaturezatorna-sesuscetvels descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observao e manipulao, o que em ltima anlise, implica tanto a ampliao quanto oquestionamentodetaisconhecimentos.Nestecontextoafilosofiasurgecomo"a me de todas as cincias". Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das caractersticas mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que pensamos: Mente (pensar), matria (oquesensibilizanoescomoquenteoufriosobreorealismo),razo(lgica), demonstraoeverdade.PensamentovemdapalavraEpistemologia"Episteme" significa "ter Cincia" "logia" significa Estudo. Didaticamente, a Filosofia divide-se em: Epistemologiaouteoriadoconhecimento:tratadanaturezacrena,dajustificaoe do conhecimento.tica: trata do certo e do errado, do bem e do mal.Filosofia da Arte ou Esttica: trata do belo.Lgica:tratadapreservaodaverdadeedosmodosdeseevitarainfernciae raciocnio invlidos.Metafsica ou ontologia: trata da realidade, do ser e do nada. Definies dos Filsofos sobre a Filosofia Em "Eutidemo" de Plato, o uso do saber em proveito do homem, o que implica, 1, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais vlido possvel, e, 2, o uso desse conhecimento em benefcio do homem. 8Para Ren Descartes, significa o estudo da sabedoria. Para Thomas Hobbes, o conhecimento causal e a utilizao desse em benefcio do homem. Para Immanuel Kant, cincia da relao do conhecimento finalidade essencial da razo humana, que a felicidade universal; portanto, a Filosofia relaciona tudo com a sabedoria, mas atravs da cincia. Para John Dewey, a crtica dos valores, das crenas, das instituies, dos costumes, das polticas, no que se refere seu alcance sobre os bens . Para Johann Gottlieb Fichte, a cincia da cincia em geral. Para Auguste Comte, a cincia universal que deve unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas cincias particulares. ParaBertrandRussell,adefiniode"filosofia"variarsegundoafilosofiaque adotada.Afilosofiaorigina-sedeumatentativaobstinadadeatingiroconhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum, padece de trs defeitos: convencido, incerto e, em si mesmo, contraditrio. H Trs Formas de se Conceber a Filosofia 1-Metafsica: a Filosofia o nico saber possvel, as demais cincias so parte dela. DominounaAntiguidadeeIdadeMdia.Suacaractersticaprincipalanegaode que qualquer investigao autnoma fora da Filosofia com validade, produzindo estas um saber imperfeito, provisrio. Um conhecimento filosofico ou no conhecimento. Dessemodo,onicosaberverdadeiroofilosfico,cabendosdemaiscinciaso trabalho braal de garimpar o material sobre o qual a Filosofia trabalhar, constituindo noumsaber,masumconjuntodeexpedientesprticos.Hegelafirmou:"umacoisa so o processo de origem e os trabalhos preparatrios de uma cincia e outra coisa a prpria cincia."2- Positivista: o conhecimento cabe s cincias, Filosofia cabe coordenar e unificar seusresultados.BaconatribuiFilosofiaopapeldecinciauniversalemedas outrascincias.TodooiluminismoparticipoudoconceitodeFilosofiacomo conhecimento cientfico.3- Crtica: a Filosofia juzo sobre a cincia e no conhecimento de objetos, sua tarefa verificar a validade do saber, determinando seus limites, condies e possibilidades efetivas.Segundoessaconcepo,aFilosofianoaumentaaquantidadedosaber, portanto, no pode ser chamada propriamente de "conhecimento". Definio da Filosofia e Metafilosofia Apalavra"filosofia"ganha,emdimensesespecficasdetempoeespao, concepesnovasediferentestornandodifcilsuaexatadefinio.Somuitasas discussessobresuadefinioeseuobjetoespecfico.Definirafilosofiarealizar uma tarefa metafilosfica.Em outras palavras, fazer uma filosofia da filosofia. Aqui se v que a melhor maneira deseabordarinicialmentea filosofia talveznosejadefinindo-a,pois taldefinio j exige alguma filosofia.Esse problema devia ser visto em toda sua seriedade.No h como se definir sem que se tenha alguma compreenso dada de definio, do mesmomodoquenohcomoresponderadequadamenteaumapergunta,seno partimosdeumacompreensodadadeperguntaeresposta.(Sobreafilosofiado perguntarverMartinHeidegger,Seretempo,Historicamente,afilosofia conhecida porserdifcildedefinir compreciso,noconseguindoa maioria (senotodas)das definies cobrir tudo aquilo a que se chama filosofia. Houtrosmodosdesechegaraumaconcepodafilosofia,mesmosemuma definio. falta de uma definio "definitiva", as introdues filosofia geralmente apostam em apresentarumalistadediscusseseproblemasfilosficos,eumalistadequestes 9que no so filosficas.Algumas questes filosficas incluem, por exemplo, "O que o conhecimento?","Serqueohomempodeterlivrearbtrio?","Paraqueservea cincia?"ou,atmesmo,"Oqueafilosofia?"(videmetafilosofia).Aformade responderaestasquestesno,porseulado,umaformacientfica,polticaou religiosa,nemmuitomenossetratadeumainvestigaosobreoqueamaioriadas pessoas pensa, ou do senso comum.Envolve,antes,oexamedosconceitosrelevantes,edassuasrelaescomoutros conceitos ou teorias. Omtododalistagemdediscusseseproblemasfilosficostemsualimitao:o limite, o prprio ser. Por si s, ele (o mtodo) no permite que se veja o que unifica os debates e as discusses. por isso, talvez, que os filsofos no costumam apelar a esse mtodo. Ao invs disso apresentam imagens da filosofia. Imagens da Filosofia Algunsfilsofosapresentaramafilosofiaatravsdequadros,ouimagens:Aprincipal caractersticaqueAristtelesvnumfilsofoqueelenoumespecialista.O sophs (o sbio, tomado aqui como sinnimo de filsofo), um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma cincia especfica.O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insacivel o faz investigar tanto osmistriosdokosmos(ouniverso)comoodaphysis(anatureza),comoasque dizem respeito ao homem e sociedade.Nofundo,ofilsofoumdesvelador,algumqueafastaovudaquiloqueesta encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posio original, agindocomoalgumqueencontraumaesttuajogadanofundodomarcobertade musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua real forma.Para Plato, a primeira atitude do filsofo admirar-se. A partir da admirao faz-se a reflexocrtica,oquemarcaafilosofiacomobuscadaverdade.Filosofardar sentido experincia.Segundo Whitehead, a filosofia ocidental uma nota de rodap obra de Plato.ParaWittgenstein,afilosofiaumaespciedeterapiaatravsdaqualosujeito, embaralhado pela metafsica, volta a utilizar as palavras no seu sentido emprico.ParaStrawson,afilosofiaumanlogodagramtica.Assimcomoagramticade umalnguanaturalexplicitaasregrasqueosfalantesseguemexplicitamente,a filosofia explicita os conceitos-chave que seguimos implicitamente .ParaRichardRorty,noespritodaposiodeWhitehead,afilosofiaocidentalum gnero literrio. Etimologia Apalavra"filosofia"(dogrego)resultadauniodeoutrasduaspalavras:"philia" (),quesignifica"amizade","amorfraterno"erespeitoentreosiguaise"sophia" (),quesignifica"sabedoria","conhecimento".De"sophia"decorreapalavra "sophos" (), que significa "sbio", "instrudo". Filosofiasignifica,portanto,amizadepelasabedoria,amorerespeitopelo saber.Assim, o "filsofo" seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber,desejasaber.AtradioatribuiaofilsofoPitgorasdeSamos(queviveuno sculo V antes de Cristo) a criao da palavra. Filosofiaindicaumestadodeesprito,odapessoaqueama,isto,desejao conhecimento, o estima, o procura e o respeita. Segundo alguns autores, a palavra philosopha no uma construo moderna a partir do grego, mas sim um emprstimo lngua grega ela mesma.Enquantoostermos""(philosophos)et""(philosophein) estodocumentadosjuntoaospr-SocrticosHerclito,Antfones,Grgiase 10Pitgoras,assimcomojuntoaoutrospensadorescomoTucdideouHerdoto,a ""(philosopha)devesuapaternidadeaPlatooqualdefatosetornou, aps Monique Dixsaut, um sinnimo de "" (filomatia). Tradies Filosficas Entre os povos que desenvolveram escritas fonticas ou ideogramticas, as principais tradies filosficas so a filosofia indiana, a filosofia chinesa e a filosofia ocidental. provvelquepovosquenodesenvolveramtaistiposdeescritatambmtivessem algumtipodetradiofilosfica.OantroplogoEduardoViveirosdeCastroaponta para o fato de encontrarmos pontos de vista perspectivistas entre os amerndios desde a Terra do Fogo at o Alasca, por exemplo. Pensamento Mtico e Pensamento Filosfico Histricaetradicionalmente,afilosofiaseiniciacomTalesdeMileto.Elefoio primeirodosfilsofospr-socrticosabuscaremexplicaesdetodasascoisas atravsde um princpio ou origem causal (arch) diferentemente do que os mitos antes mostravam. Ao apresentarem explicaes fundamentadas em princpios para o comportamento da natureza,ospr-socrticoschegaramaoquepodeserconsideradoumaimportante diferenaemrelaoaopensamentomtico.Nasexplicaesmticas,oexplicador to desconhecido quanto a coisa explicada. Por exemplo, se a causa de uma doena a ira divina, explicar a doena pela ira divina no nos ajuda muito a entender porque h doena. Depois dos Pr-Pocrticos Plato quem inicia esta nova linguagem, a filosofia como a conhecemos, a busca daessncia,aontologiadosconceitosuniversaisemdetrimentodoconhecimento vulgar e sensorial.Por muito tempo a Filosofia concebia tudo o que era conhecimento, bastaveravastaobradeAristteles,queabrangedesdeafsicaatatica.Ainda hoje difcil definir o objeto exato da filosofia. Seus objetos prprios so: Metafsica:Concerneosestudosdaquiloquenofsico(physis),doconhecimento do ser (ontologia), do que transcende o sensorial e tambm da teologia.Epistemologia:Estudodoconhecimento,teorizasobreaprpriacinciaedecomo seria possvel a apreenso deste conhecimento.tica:ParaAristteles,partedoconhecimentoprticojquenosmostrariacomo devemos viver e agir.Esttica:Abuscadobelo,suaconceituaoequestionamento.Oentendimentoda arte.Lgica: A busca da verdade, seu questionamento, a razo. 2 O Que Educao 11 A educao o desenvolvimento e o cultivo sistemtico das capacidades naturais, por meiodoensino,porexemplo,edaprtica.Incluitantooconhecimentoterico quanto a experincia prtica, no desenvolvimento de habilidades diversas.Emumsentidoformal,essapalavraindicaoensinocomoumsistema,servindode sinnimo da palavra pedagogia. No sentido bblico, porm, o processo da educao combina-se com os princpios espirituais que, segundo se espera, emprestam poder e significadoaosensinosquetranscendemosmeiosintelectuaisnormaiseosmeios humanos prticos. A revelao e a inspirao saem em ajuda da educao, pelo que tambm o Senhor Jesus Cristo o supremo exemplo que as pessoas bem-educadas deveriam seguir e tentar duplicar, tanto na natureza quanto na prtica. Omodernovocbulohebraicoparatreinarderiva-sedomandamentoqueaparece emProvrbios22:6equenossaversoportuguesatraduzpor:Ensinaacrianano caminho em que deve andar, e ainda quando for velho no se desviar dele. Outros termosrelacionadoseducaosoaquelesquedenotamasideiasdeinstruoe aprendizagem.Todososbonsprocessosdeeducaodispemdecompndiosadequados.No tocanteaoprocessodaeducaoespiritual,otextoprincipalaBblia,havendo outrasobrasquesuplementamoconhecimentoadquiridoatravsdaBblia,que forneceminstruoquantoatodasasvariedadesdeconhecimentoquepodemter algumaaplicaoespiritual.Mestressoprovidosparaajudarnoprocesso,afimde proverem exemplo e as instrues adequadas.Essesprofessoressodescritoscomosbios(verPro.13:14e15:17).Seusalunos eramchamados,antigamente,defilhos(VerICr.25:8ePro.2:1),porquantoa educao processa-se melhor quando os princpios espirituais da famlia divina esto sendo ensinados e seguidos. NoNovoTestamentoencontramosmenoaosrabinos(professores)eaos mestres (professores).No grego, esta ultima palavra didskalos, termo usado por cerca de cinqenta vezes nos evangelhos, mas aplicado de modo supremo a Jesus. Ele ensinava s multides (Mar. 2:13), nas sinagogas (1:21), ou ento, particularmente, aos seu discpulos (Mat. 5:1,2). Os discpulos (aprendizes) foram mencionados por mais de duzentas vezes nos evangelhos.Elelhesensinavadoutrina(nogrego,didache).PartedaGrandeComissoerao ministrio do ensino, conforme se v em Mat. 28:19,20. Educao Formal e Informal Aeducaoformaladquiridaatravsdoestudobemorganizado,usualmente administrado nas escolas. Esse ensino se fez por graus, havendo certo nmero de disciplinas referidas, dentro de um determinado nmero de anos. A educao informal aquelaadquiridamedianteoestudoprivado,oumedianteaexperinciadiria, incluindoaquiloqueseaprendeatravsdecomunicaes,livros,revistas,rdio, televiso, cinema, etc.Educaoonomedaquelacinciaouramodeestudosquetrata,histricae contemporaneamente, dos princpios e prticas do ensino e do aprendizado. A Educao em Relao ao Antigo Testamento Ossistemasprimitivosdeeducaosedesenvolveramjdesdeoterceiromilnio a.C..Hmanuaisdeensinoqueremontamat2.500a.C..NaantigaSumriahavia numerosas escolas para os escribas.As disciplinas ali ensinadas diziam respeito religio, s atividades nos palcios e aos negciosdoestado.Disciplinasespecficasincluamabotnica,azoologia,a 12geologia,ageografia,amatemtica,aslnguasevriasquestesrelacionadas cultura e religio.Umaescolacontavacomseuprofessoreseusalunos,quearamchamados, respectivamente,paiefilhos.Haviaumaeducaoprofissional,comonocasodos escribasedosoficiaisreligiososedogoverno.Nonvelelementar,alnguaerato importantequantoliteraturaereligio.Umaeducaosuperiorestavareservada aosoficiaisdogoverno,casasacerdotal,eacertosprofissionais,comoos mdicos. HparalelosaessetipodesistemaemvriasrefernciasdoAntigoTestamento, emboraasescolasformais(comoaquelasdosprofetas)pertenamaumtempo superior, j dentro da monarquia. Desde a poca de Samuel, por exemplo, vemos que esse profeta, desde menino, foi dedicado ao servio de Deus, tendo sido educado sob a superviso de Eli, o sacerdote.Assimsucedeu,emboraSamuelnopertencessecastasacerdotal.Alguns estudiosossupemqueescolasformais,quefuncionavamemtornodossanturios religiosos,foramumfenmenobemantigoemIsrael,comparalelosnoscostumes egpcios,deondetambmpodiamtersidoimportadas.Sejacomofor,haviauma classe de escribas em Israel, tal como no Egito.Personagens como Moiss, os juzes e os reis participavam do trabalho dos escribas, embora seja provvel que a maioria dos escribas proviesse da classe sacerdotal.Maisoumenosnapocadeexliobabilnico,aclassedosescribastomougrande impulso,tornando-seumaprofissobemdefinida,queincluaumalatafuno educativa,porquantomuitosdeleseramprofessores,enoapenascopistasde manuscritos.VerIISam.8:17;IICr.24:11;ICr.24:6;27:32;IICr.34:13eJer. 36:26 quanto a referncias Bblicas sobre esse tipo de atividade.Aclassesuperiordosoficiaisreligiosostambmenvolveu-seematividadespolticas, mas a erudio bblica passou para as mos de uma classe especial de escribas, de onde surgiram as grandes escolas rabnicas. Ver Esd. 7:6,11 e Nee. 8:4,9,13 quanto a evidnciassobreessaclassequevinhaemergindonapocadeles.Talcomona nticaSumria,nasescolasdosrabinoshaviaarelaodepaiefilhos,entreos professoreseaprendizes.VerPro.2:1.IssonosaliteraturadesabedoriadoAntigo Testamento,incluindoobrascomoProvrbios,Eclesiastes,SabedoriadeSalomo, etc. Platointeressava-sepelarealidadeltima,isto,ouniversal,eosseusdilogos demonstramqueelebuscavaumconhecimentocelestial.Porm,eletambm ensinavasobrepoltica,tica,matemtica,estticaeepistemologia,comodisciplinas importantes.Aristtelesfoiumcientista,equasetodososseusescritosrepresentavam investigaescientficas.Masaconvicoqueinspiravaaeducaojudaicaeraa convicodequeoDeusdosjudeuseraumDeusmoralenacional,que regulamentavatodooconhecimentoeacondutadeseupovo,conferindo-lhessuas instrues atravs de profetas e homens santos.Todaaeducaoentreosjudeus,portanto,baseava-sesobreprincpiosmoraise teolgicos. A educao tinha por intuito tornar os homens sbios na teoria e na prtica, promovendoaespiritualidadegeraldeles.Adimensoespiritual,porconseguinte, sempre ocupou o primeiro plano na educao judaica; e at mesmo em nossos dias, nas comunidades judaicas, esse o princpio normativo. A responsabilidade dos pais, portanto,erabastantegrande.Asescolasformais,excetuandoasmaisantigas,dos escribasedosprofetas,desenvolveram-seprimeiramenteemoutrasculturaseno entreosjudeus.Paradoxalmente,osjudeusvieramaadotaraquelainstituio helnica,aescola,comumaamplaaplicao,afimdeprotegerojudasmodas influncias gregas. O prprio Antigo Testamento um texto de conhecimentos religiosos, e isso desde o comeo.Seuslivrosforamaparecendogradualmente,comapassagemdevrios sculos, tendo inspirado toda a cultura judaica.13Tambmsabemosquemuitosoutroslivrosforampublicados,quenuncavierama fazerpartedocnonsagrado.Ointuitodaeducaojudaicanoeratecnolgicoe cientifico.NuncahouvenenhumAristtelesJudeu.Emmuitosaspectosculturais,a sociedade judaica era dbil. Tinha que fazer emprstimos na rea da arquitetura, por exemplo.AtmesmoofamosotemplodeJerusalmfoiedificadocomoaproveitamentode ideiasestrangeiras,ecomajudadeconstrutoresestrangeiros.Aestticaerafraca entre os judeus, porquanto temiam desobedecer ao mandamento acerca das imagens de escultura. No haviaqualquer investigao formal nos campos da matemtica, da biologia,daastronomia,etc.,conformeseviaemoutrasculturas,mormentena Babilnia.Afreligiosaabsorviapraticamentetodaaateno.Naturalmente,haviaumensino relacionadoshabilidadesbsicasdaagriculturaedocomrcio.Asdonzelas ensinavam habilidades domsticas, o que era feito pelas mes das famlias; e os pais eram responsveis pela educao dos meninos e rapazes. A leitura era ensinada por estar diretamente relacionada ao uso das Escrituras. De fato, o alfabeto, conforme oconhecemos,deorigemhebria.Nosabemosqualproporodopovojudeu sabia ler.Supe-sequeaproporoerapequena,equeapenashomensadquiriamessa habilidade,emboraocontedodoslivrosse tornasseconhecidode todosatravsdo ensino.Aliteraturanoerauniversal(Isa.29:11),emboraparecessegeneralizada durante o comeo do perodo monrquico. W.F. Albright supunha que a por volta do sculo X a.C., at mesmo aldees de Israel sabiam ler.TextoscomoosdeDeu.6:9;17:18,19;27:2-8;Jos.18:4,9;Ju.8:14eIsa.10:19 mostramqueacapacidadedelereraimportante,aomenosnaantigasociedade judaica. As inscries de Silo, as cartas de Laquis e os papiros Elefantinos mostram queaescritaeraumaprticageneralizadaentreasnaesqueestavamvinculadas geogrfica e racialmente a Israel.O trecho de I Mecabeus 1:56 mostra-nos que havia cpias da Tor e do Talmude nas casasenoapenasnasescolas,eissodemonstraque,poressetempo,deviater havido alta taxa de alfabetizao em Israel.J pudemos observar que a cultura hebria dizia respeito, essencialmente religio e s habilidades bsicas, e no cincia. O que importava era a histria da nao e sua herana (xo. 12:26,27; 13:7,8; Jos. 4:21 ss.).significativoodestaquequeoshebreustiveramcomohistoriadosdesdea antiguidade,especialmenteduranteeapsoperododamonarquia.Umaporo considerveldoAntigoTestamentoconsistenahistria.Oquetinhaimportncia supremaeramasordenanasdalei(Deu4:9,10;6:20),detalmodoquea espiritualidadeeosprincpiosticoserampontosbsicosnaeducaojudaica(Lev. 19:2 ss.).Nissoentra,necessariamente,aleicivileaorganizaodasociedadeesuas instituies.Mas no havia qualquer diviso clara entre a lei civil e a lei religiosa. As leis civis eram umaespecialidadedosromanos.Nasociedadejudaica,ajustiaeradefinidaem termos religiosos, sendo aplicada em todas as circunstncias da sociedade em geral.A justia social estava vinculada justia de Deus (Ams 2:6,7). O termo de Deus o comeodasboasideiasedasboaspraticas(Pro.9:10).Dentrodaliteraturade sabedoria, aparecem todas as formas de instrues especficas. Mas a base de tudo a retido (Pro. 1: 2-4).A arqueologia temmostrado que os hebreus eram habilidosos em atividades como a edificao,aminerao,ametalurgia,oentalheemmadeiraeempedra,etc. (xo.35:30ss.).Nohavia,contudo,escolasformaisparaensinaressasartes. Aprendia-setudonaescolaprtica,cadaqualcomeandocomumaprendiz.No havia escolas de msica, de arquitetura, de escultura, de pintura ou de artes em geral; 14masaIsrael,porcausadesuaconexocomareligio.Davidesenvolveuessa atividade de modo considervel quando era rei. Notemosqualquerinformao,nemnoAntigonemnoNovoTestamento,sobrea origem das sinagogas; e nem mesmo nos livros apcrifos temos essa informao. Os eruditos supem que, com uma instituio formal, a sinagoga desenvolveu-se durante o cativeiro babilnico.A palavra sinagoga encontra-se em Sal. 74:8, mas ali significa apenas assemblia, no havendo qualquer aluso instituio que recebeu este nome. A palavra aparece por cinqenta e seis vazes no Novo Testamento. Antes do exlio babilnico, o templo era o centro de todas as atividades religiosas.Quandootemplofoidestrudo,entoassinagogastornaram-seclulasdessas atividades bem como de aprendizado. possvel, contudo, que as sinagogas tenham surgidoantesmesmodoexliobabilnico,equeequeesteapenasconsolidoua importncia das mesmas. Seja como for, a sinagoga tornou-se um centro de todas as atividadesreligiosas,sociaisedeinstruo.Nasinagoganohaviaaltarenem sacrifcios.O estudo e a leitura da Tora, bem como a orao, tornaram-se as atividades centrais emali.AsinagogaeraocentrodogovernodeIsrael;elaproviaumaespciede sistemadeeducaodeadultoemmassa,ondeaToreraestudada sistematicamente,semanaapssemana.Todosquantosfreqentavamasinagoga tornavam-se estudantes da lei.Quandoopovojudeunomaiseracapazdeentenderohebraico,asexplicaes eram feitas em aramaico.Aprimeiraescoladeumjudeueraoseular.Osmestreseramospaiseosalunos eramosfilhos.Olarnuncaperdeuasuaimportnciacomoolugarprimriode aprendizado.Entreoscristos,osmrmonssoosquemaistmsalientadoesseaspectoda instruo.Entosurgiramasescolasdeprofetas,quedirigiramoprimeiroensino sistemticoeconstanteforadoslares.ElesencontravamemMoissasuagrande inspirao (Deu. 34:10; 18:15 ss.).Os profetas tornaram-se os mestres e instrutores de Israel de uma classe de homens eruditos,quesetornaramlderes.Pelapocadamonarquia,haviagruposou companhias de profetas, de tal modo que eles formaram uma classe distinta dentro da nao (I Sam. 10:5,10; 19:20).Os filhos dos profetas eram os discpulos das escolas que haviam sido formadas. Ver IReis19:16;IIReis2:3ss.Entosurgiramassinagogas;querepresentaramum passovitalnodesenvolvimentodasescolas,conformensasconhecemos. Entretanto,nenhumaescolaeraseparadadasinagogaenenhumsistemaescolar formal formou-se em Israel, seno j dentro do perodo helenista e isso por motivo de competio com as escolas gregas.A literatura rabnica informa-nos que um sistema escolar compulsrio foi criado pelos fariseus,nosculoIa.C..SabemosqueSimoBenShetach(75a.C.)ensinavas pessoas de maneira sistemtica e regular; mas o texto que ele usava era a Tor. Em Israelnohaviaeducaoliberal.Asescolaselementares,paraascrianas,no parecem ter surgido antes do sculo I d.C. Joseph Ben Gamala (Cerca de 65 d.C.) tentoufazeraeducaoelementartornar-secompulsriaeuniversal,comescolas onde as crianas entravam com seis ou sete anos de idade.AsescolaselementareseramchamadasCasaDosLivros,ocurrculocontinuava sendo,essencialmente,orientadosegundoaBblia.Todaequalquerreferncias cincias,emqualquerdesuasformas,erafeitademodointeiramenteincidental. Foram desenvolvidas escolas secundrias para os alunos mais promissores. A religio continuava sendo o centro de todas as atividades educacionais.AlmdaBbliaedaMishnah,foiinstitudoodebateteolgico.Asescolasque funcionavamdessemodoeramchamadasCasasdeEstudo.Finalmente,foram 15formadas academias autnticas, que eram reputadas lugares sagrados, e no apenas lugares de aprendizagem.OTalmuderesultoudasatividadesdessasescolasegrandeslderessesalientaram ento como Hilei, Shamai e Gamaliel. Paulo educou-se na escola de Gamaliel.Isso significa que, em Israel, havia trs instituies de ensino diferente: a sinagoga, as escolaselementareseasacademias,oucasasdeestudos.Asacademias funcionavamseparadasdassinagogas,emseusprpriosedifcios,outalvezna residncia do mestre principal.O lar era a unidade bsica da sociedade, bem como a primeira escola que um menino judeuconhecia.OAntigoTestamentoograndevalordadoscrianasegrande responsabilidadepesavasobreosombrosdospais,porquantoosfilhoseramtidos comodonosdeDeus(J5:25;Sal.127:3;128:3,4.VertambmGn.18:19eDeu. 11:19quantoimportnciadainstruodomstica).Ascrianaseramtreinadasem seus deveres; religiosos ou outros (I Sam. 16:11; II Reis 4:18). O treinamento artstico fazia parte da instruo recebida (Ju. 21:21; Lam. 5:14).As meninas eram ensinadas prendas domsticas, por suas mes (xo. 35:25; II Sam. 13:8). Os meninos aprendiam negcios e ofcios. As casas numerosas, como aquelas depessoasricas,estavamsujeitasaumainstruoglobal(Gn.18:19).Oelemento religioso sempre ocupava o primeiro plano (Deu. 6:4-9; Sal. 78:3-6; Pro. 4:3). Algumas poucasmulheres,segundotodasasaparncias,erambemeducadasechegarama tornar-se lderes (Ju. 4:4 ss., II Reis 22:14-20). Ouvifalarsobreumhomemqueconservouseusfilhosemcasa,afimdequeeles obtivessemumaboaeducao.Ainiciativapessoalsemprefoimuitoimportanteem Israel. Abraham Lincon era um advogado autodidata, que veio a tornar-se o presidente de umagrandenao.Algunsdosmaioresrabinoseramautoridadesqueexerciam algum ofcio comum, ao mesmo em que eram mestres religiosos na comunidade. H um certo tipo de educao quase impossvel de dominar sem mestres e sem escolas; masaeducaoreligiosapodedepender muito dosestudosindividuais,inteiramente parte de escolas.A moderna erudio bblica, entretanto, inclui estudos sobre disciplinas como idiomas antigos,ahistria,aliteratura,almdemuitascoisas,squaispoucostmacesso, exceto atravs de escolas e mestres formais. Os pais eram os primeiros tutores de seus filhos. Em tempos posteriores, os filhos da casareal(e,segundopodemossupor,dosriscos),tinhamtutoresespeciais.O Talmuderevela-nosacontnuaimportnciadospais,noensinodesuesfilhos,aos quaisensinavamalgumnegcioouofcio.Apsoexliobabilnico,osescribas profissionais vieram existncia.Eles eram os mestres na sinagoga, e isso era a essncia de suas atividades. Havia os sbios,masotermoparecenodistinguirumaclassedistintademestres.NoNovo Testamento h a meno aos sbios (no hebraico, hakam), aos escribas (no hebraico, sopher)eaosoficiais(nohebraico,hazzan).Todosesseserammestres, aparentementeemumaordemdescentedeautoridade.Nicodemos,entretanto,era um doutor da lei (no grego, nomodidskalos), o que parece tem sido um ttulo de muito prestgio.Os mestres,ordinariamente,no recebiam paga porseutrabalho,emborapareater havido alguma remunerao pelos servios prestados (ver Eclesistico 38:24 ss., onde otrabalhomanualaparececomoabaixodadignidadedeummestre,emboraisso pareadizerrespeitomaisaosescribasaristocrticos).Muitosrabinosimportantes exerciamalgumaprofissojuntamentecomsuasatividadescomomestreeessa profisso geralmente envolvia algum trabalho manual.OTalmudefornece-nosmuitasqualificaesparaosprofessores,emboraessas qualificaes fossem mais morais e espirituais e no tanto acadmicas. Um professor do sexo masculino tinha de ser casado, segundo a prtica judaica e as orientaes do Talmude. 16 A Educao Helnica OperodohelenistacomeoucomAlexandre,oGrandeeentrounoperodoGreco Romano,numtotaldecercadetrezentosanos.Corresponde,maisoumenos,ao perodo intertestamental. Foi nesse tempo que a lngua e cultura grega espalhou pelo mundo civilizado da poca. Ohelenistafoiumfenmenocultural,militar,religiosoepolticoe,naturalmente, influenciouojudasmoeocristianismo.Notocanteeducao,ossistemasdo helenista tinham suas razes nos sistemas de Esparta e de Atenas. Os dois sistemas eram radicalmente diferentes.EmEsparta,oindivduoerasubjugado,tornando-sesubservienteaoEstado.Em Atenas,aideiaeraomximodetreinamentoedesenvolvimentodoindivduo,de maneiratalquepudesseproduziromximo,embenefciodaculturageral.Esparta frisava o aspecto militar. Atenas enfatizava a filosofia, as artes e as cincias.Platofoiopioneironafilosofiadaeducao.Emsuaobra,Repblica,eleoferece muitosdetalhessobresuasideiaseducacionais.ScratesfoiomestredePlato,e tambm foi o supremo mestre da tica. Aristteles foi pupilo deste e tornou-se o maior cientista da poca. Ambos elaboraram teorias arrojadas sobre o conhecimento. Plato enfatizava o aspecto religioso e metafsico e Aristteles enfatizava o aspecto cientfico. Alexandre, o Grande foi aluno de Aristteles e tornou-se o instrumento na propagao daculturagregadetodosostipos,emtodoomundoconhecidodeseusdias.As filosofiasdePlatoeAristtelescontinuaramadominaropensamentodomundo civilizadopormuitossculos,juntamentecomoestoicismoeoepicurismo.Plato exerceuumaimensainflunciasobreopensamentoreligiosoeoneoplatonismofoi uma adaptao de suas ideias. Romafoiasupremalegisladoraantiga.Masafilosofiaeaculturapermaneceram gregasquantoasuanatureza.Osideaisgregosabordavamtodososaspectosdo homem:docorpo,damenteedoesprito.Foidesenvolvidaumanobrefilosofia acercadaalma,acompanhadaporprovasracionais.Issoultrapassouatudoquanto houvera no judasmo.Quantoaesseponto,afilosofiaeateologiadosgregoseramsuperioresssuas congneresnojudasmo.Naverdade,aalmaumaspectoimportantedenossa teologiacrist.Perguntaram,decertafeita,aAgostinho:Oquevocmaisdeseja saber?, ele respondeu: Deus e a alma! Veio nova pergunta admirada: Nada mais? Agostinhoentoafirmou:Nadamais!Quantoaessarea,pois,ohelenismomuito contribuiuparaopensamentodoshebreu,equalquerprocessodeeducaoest baseado,pelomenosemparte,naquiloqueconsideramosqueohomem.Seo homem um esprito eterno, ento a educao precisa levar isso em conta.As meninas eram educadas, quanto s prendas domsticas, no lar. Poucas mulheres erameducadasacademicamente,eamaioriadelascontinuavanoanalfabetismo. Somenteasaristocrataseasprostitutasmisturavam-selivrementenasociedade masculina da poca. Osrapazes,durantecercadecincoanoserameducadosemcasa.Haviaescolas elementaresparameninos,umavezqueatingissemosseisanosdeidade,onde continuavamatcercadequinzeanosdeidade.Essesanoseramdedicadosao aprendizadodehabilidadesfundamentaiscomoaleitura,aescritaeamatemtica. Entovinhaoginsio,pararapazesquetinhamentredezesseisedezoitoanosde idade.Nesse tempo, as disciplinas estudadas eram a educao fsica, a filosofia, as cincias, literatura e poltica. Esse tipo de educao, entretanto, limitava-se aos homens livres, com o intuito de torn-los cidados dignos e produtivos. Os rapazes entre os dezenove e os vinte anos, que fossem capazes, serviam s foras militares. Emmuitoslugares,oginsioequivaliaaoscolgiosdeartesliberais.Eram frequentados, principalmente, pelos filhos dos ricos e dos aristocratas. As cidades de 17Atenas,TarsoeAlexandriacontavamcomverdadeirasuniversidades,asquais, naturalmente,erammaislimitadasemcurrculoquesuascongneresmodernas.A filosofiaearetricaeramalimuitoenfatizada,emboratambmfossemincludas cincias como a matemtica, a biologia, a zoologia, a medicina, etc..Livros como Eclesiastes e Eclesistico, ou seja, pertencentes literatura de sabedoria, refletem a sabedoria e o estilo literrio dos gregos.Aalma,finalmente,veioasermuitoimportantenopensamentojudaico,porqueos gregos (e as religies orientais) estavam propagando suas ideias, que influenciavam o judasmo.Osjudeusortodoxos,contudo,detestavamasabedoriagrega,efalavametermos cortantescontraqualquerpaiqueensinasseseusfilhosmodahelnica.Poroutra parte, os filsofos hebreus desenvolveram uma tentativa de reconciliao entre Plato eMoiss,comofoiocasodeFilo.Maimonides(jnaIdadeMdia)outroexemplo desseesforo;e,juntamentecomele,Aristtelesmuitotemadizersobretemas importantes.Afimdecombaterasescolaspagshelnicas,ojudasmoprecisouinstituirescolas similares, onde eram providos os grandes ideais judaicos. AculturahelnicaforaresponsvelpelaproduodeSeptuagintaeoutraliteratura em grego, que se revestiram de interesses para os judeus da disperso (que vide). Os livros apcrifos e pseudepgrafos vieram existncia e acrescentaram algo a tradio judaica de livros sagrados.IdeiaseelementosextradosdesseslivrosformaincorporadosaoNovoTestamento, mormente no que diz respeito tradio proftica e descrio do julgamento final.Escritores como Filo, de Alexandria ( Sculo I d.C.), exerceram grande influncia sobre ojudasmo:eelesmesmosforammuitoinfluenciadospelasidiashelnicas, especialmente pelo neoplatonismo. Josefo, o nico grande historiador judeu do sculo I d.C., era homem perfeitamente integrado na cultura helnica.Paulo,quenasceuemTarso(umdoscentrosdoestoicismoromano)aprovoue lanoumodemuitasidiasticaseteolgicasdosfilsofosesticosemsuas epstolas,emborasuaeducaoprincipalfosseumaeducaotradicionalmente judaica, porquanto educou-se aos ps de Gamaliel, que foi um notrio mestre fariseu.Paulo ensinou na escola de Tirano, em feso (Atos 19:9), que a nica referncia do Novo Testamento onde aparece a palavra grega skole.provvelquePaulotivessealgumaeducaohelnicaformal.Ehomenscomo Apolo(Atos 18:24,28), certamente, eram bemtreinados no sistema helnico. O prprio Paulo, ainda que em Atenas tivesse aplicado suas habilidades retricas ( Atos 17), de modo geral rejeitava a abordagem pag em seu ensino do cristianismo,conforme se v em I Cor. 1:17; 2:1-4,32 4:9,20. Era considerado um homem cru, de acordo com os padres do paganismo, quanto maneiradefalar(IICor.10:10e11:6).Precisamoslembrarquearetricafora desenvolvida como uma cincia e que os gregos eram oradores realmente excelentes. Para uma audincia grega, umrabino podia ser uma pessoa muito enfadonha.Paulo, como bom judeu que era,continuou a depender dos essenciaisda revelao nosassuntos que ensinava , e no se mostrava muito entusiasmado diante da auto-glorificao que a retrica podia trazer a um orador.Ele vangloriava-se em sua humildade (II Cor. 6:4-10; 10:9 12:13) Muitos pregadores denossapocacontinuamsendomaisatoreseretricosdoquemensageirosdo evangelho. O teatro continua exercendo forte influncia sobre a Igreja. Educao no Novo Testamento Jesus Poucainformaodispomossobreesseassunto,noqueconcerneaJesus,masos poucos informes que temos ajudam-nos a formar uma idia. Ele foi ensinado por sua me e aprendeu de Jos o ofcio de carpinteiro. Mui provavelmente, ele freqentou a 18escoladasinagogalocal,ondedeveteraprendidoaleituraeaescritaeondedeve ter-se ocupado em estudos religiosos.Entretanto, nunca freqentou qualquer escola rabnica, segundo lemos em Joo 7:15 Como sabe estas letras sem ter estudado? perguntavam.Apesardesuafaltadeeducaoformalsuperior,foicapazdedeixarperplexosaos mais augustos lderes judeus com a sua sabedoria, quando estava apenas com doze anos de idade(Luc.2:47). Naturalmente, quando falamos sobre Jesus, que foi maior de todos os mestres espirituais, no podemos nos limitar a comentrios sobre escolas.O seu ensino provinha do Pai, queO enviara( Joo 7:16) Existem coisas tais como a inspirao e a revelao que vo alm do que qualquer educao formal capaz de suprir.AsdeclaraesdeJesusmostramqueeletinhaumtotalconhecimentodas Escritura judaicas e de modos de interpretao, juntamente com grande variedade de idias, resultantes dessa atividade.Um grande mestre espiritual como foi Jesus, no pode ser avaliado, nem pelos nosso sistemasde educao e nem pelos nossomtodos cientficos.H um conhecimento por meio da razo da intuio e da revelao e esse conhecimento no depende de cursos acadmicos. Os Doze Apstolos Umavezmais,nossasinformaessoescassas,emborapossamosfazeralgumas observaesgerais.VistoqueAndr,Pedro,TiagoeJooforampescadores, supomosqueelesreceberameducaoformal,provavelmenteumaeducao parecidacomadeJesus.Levi(Mateus)eracobradordeimpostose,comohomem pblico que era, tinha alguma educao formal, incluindo aquela de estilo helenista. especialmente mencionado emAtos 4:13 que as pessoas admiravam-se de Pedro e Joo,porcausadeseussermesvigorosose deseuministriopoderoso,incluindo curas,porquantosabia-sequeeleseramhomensquenohaviamrecebidouma educao formal. E isso foi explicado com base no fato de que eles tinham estado com Jesus. Quem passara alguns anos em companhia do Mestre,nunca mais poderia ser um homem comum. Paulo AlgunsintrpretesduvidavamquePaulotivesserecebidoqualquereducao helenizada formal; mas sua habilidade no uso do grego mostra outra coisa.Paulo no adquiriu isso aos ps de Gamaliel,um fariseu, em cuja escola ele obtivera suaprincipaleducao(Atos22:3)Gamalieleraumdoutordalei,ummembrodo Sindrio.EssafoiaprincipalinflunciasobreavidareligiosaeintelectualdePaulo: mas precisamos lembrar que ele foi criado em Tarso; um centro da erudio estica ( Atos16:37:21:39;22:25ss).Semdvida,Paulosabiagrego(comoumalngua nativa), latim ( outra lngua nativa, pois fora criado falando diversos idiomas), alm do hebraico e do aramaico.AscartasencontradasentreomaterialdosManuscritosdoMarMorto,incluem algumasescritasemhebraicoenoapenasemaramaico.Podemossuporqueele dominava esses quatro idiomas.Pauloeradotadodeconsiderveishabilidadesdeestiloedeexpresso.Portanto,o EspritodoSenhorescolheu-oparadar-nosumalargaporodenossoNovo Testamento.E Lucas, um judeu grego bem educado, contribuiu ainda com maior volume de escritos neo-testamentrios,comsualongahistriadeLucas-Atos.Aqueles que depreciama educao,equenegligenciamedesprezamaatividadeintelectualeashabilidades humanas, deveriam dar ateno a esses fatos.AprpriaexistnciadoNovoTestamentooriginou-sedetaishabilidades, desenvolvidas por homens que no temiam adquirir erudio e exprimi-la. Festo interrompeuPaulo,quandoelesedefendia,dizendo:Estslouco,Paulo;asmuitas letras te fazem delirar (Atos 26:24). 19A narrativa de Lucas-Atos, quanto ao volume, representa uma porcentagem levemente maiorquealiteraturapaulina.Osestudiososconcordamquealinguagemusadapor Lucasdamaisaltaqualidade.Pordetrsdissohaviaumaboaeducao, provavelmente adquirida nas escolas helnicas.Lucas era de origem gentlica, visto que no era contato entre aqueles que pertenciam circunciso(Col.4:11,14).Lucaseramdico,conformevemosemCol.4:14.Isso significaqueelereceberaeducaoformalemalgumaescolapag.Eraumgrego bem educado.Osjudeuspoucovalordavammedicinaejamaisaensinaram.Masantima associao de Lucas com os judeus cristos parece sugerir que ele tambm recebeu algumainstruonasinagoga.Issotambmficasubentendidoemseubvio conhecimento da religio e das tradies judaicas.Eusbio revela-nos, em sua Histria , que Lucas era nativo da cidade de Antioquia, um centrodaerudiogrega.Nohprovaspordetrsdessadeclarao,masela suficienteparainformar-nosqueumprodutodasescolashelnicasfoiusadopelo Esprito Santo para fornecer-nos a mais volumosa poro do nosso Novo Testamento, o que um fato muito significativo, do ponto de vista da educao. Osurgimentodocristianismoneo-testamentrionocriouqualquernovosistema escolar.Muitoscristoshaviamrecebidoinstruesprpriasdojudasmoemuitos outrosreceberamumainstruotipicamentegrega.AIgrejacristprimitiva,porm, no promoveu qualquer novo sistema de educao.Sabemos,atravsdasafirmaesdeJuliano,oapstata,dosculoIVD.C.,queos cristos vieram a exercer uma grande influncia sobre as escolas pags ; e os cristos tinhamaesperanadeacabarcomasescolaspags,anulandoseupodersobreo sistema educacional. A Contribuio do Novo Testamento sobre a Educao Essacontribuiotomavaaformadeideaiseducacionaisenodesistemasde educao.Os ideais morais e espirituais dos judeus foram continuados, mas, em terras de maioria gentlica, isso tinha de conviver com o sistema judaico.Haviacristoseducadosemcentrospagos,masquelevavamconsigoosideais ensinadospeloslivrossagradosjudaico-cristos.ONovoTestamento,pois,trouxe novosideais.Ora,hhomensespirituaiscujavidapromovidapeloEsprito,coma ajuda de dons espirituais. A educao no mais podia ser mero meio de produzir bons cidados de Atenas, de Corinto, de Tarso ou de algum outro lugar.Antes,precisavapromoverobem-estareocarterdoscidadosdoreinocelestial. Existeumaverdadeiraeducaosuperior.VerEf.4:11-16.Oalvofinaldessa educaoconsisteemformar,nontimo,ohomemespiritual,segundoaimagemde cristo,ograndeIdeal,eassimimplantarnosremidosanaturezadivina(Col.2:10;II Ped.1:4; Rom. 8:29; II Cor.3:18).Um indivduo esperto e bem preparado pode nunca chegar posio do Homem Ideal. Outroidealdaeducaocristosupremoprincpiodoamor.Nobastaadquirir conhecimento.Defato,oconhecimentoincha(atohomemadiquirirdefatoo verdadeiroconhecimento;poisapsistoestesempreverquehpessoas conhecedorastantocomoele).Precisamosultrapassaroconhecimentoechegarao ideal do amor cristo (I Cor. 13). Nunca tenha medo do verdadeiro conhecimento. Essaamedidarealdaestaturaespiritualdeumhomem(IJoo4:7 ss.).Algum j dissequeningumverdadeiramenteeducadoenquantodesconheceaBblia.Esse um fato autntico. Porm, tambm verdade que nenhum homem realmente educadoamenosqueneleestejambemformadososprincpiosbblicos,incluindo, como um fator principal, o amor cristo, a prova mesma da espiritualidade. Aspectos Histricos 20Filsofos antigos, como Plato, incorporaram em seus escritos elementos da filosofia daeducao,emboraaindanocontassemcomumsistema.Atadcadade 1960,afilosofiadaeducao,comoumadisciplinaseparada,nohaviaconseguido ser uma disciplina importante na maioria das universidades. Eram ensinados assuntos como a histria das ideias educacionais, princpios de educao, e eram analisadas as ideias dos filsofos, desde Plato at Dewey. Agora, entretanto,muitasuniversidadesestoincluindoalgumcursoformalintitulado: Filosofia da Educao. reas da Filosofia Enfatizadas Nesse Estudo A filosofia da educao uma especializao dentro da prpria disciplina da filosofia, e,porconseguinte,comonatural,incorporaideiasprovenientesdevrioscampos especficos. Quatro ramos da filosofia so necessrios nesse estudo, a saber: 1.Atica.Aeducaoalgosuperficial,amenosquefaaalgoemfavorda moralidadeedaespiritualidadedoshomens.Ohomemnopodeviversomentede tecnologia. 2. A Filosofia Social. Essa filosofia preocupa-se em como a sociedade ou deveria se. Aeconomiaeapolticasoevocadasconstantemente,comotambmatica.A justiasocialumimportantetpicodediscusso.Tambmsoessenciaisos conceitos metafsicos bsicos. 3. A Gnosiologia. simplesmente impossvel discutir a educao, sem a compreenso dateoriadoconhecimento.Almdoexamedossistemastradicionais,paraa educaoimportantelevarperguntascomo:quetiposdeconhecimentoso fundamentais para a educao? Como um currculo de estudos pode abranger melhor o conhecimento essencial? Em que consiste o conhecimento prtico e o conhecimento ideolgico? 4.AFilosofiadaMente.Oalunoumamente,peloqueprecisamossaberoque pensar acerca desse assunto. Naturalmente, ainda h outras disciplinas que servem de subsdios para a Filosofia da Educao,comoapoltica,areligio,ahistriaeamatemtica.Conformedizia Dewey,afilosofiadaeducaosimplesmenteafilosofiageral,aplicadaaos problemas educacionais. Algumas Teorias Educacionais Contemporneas 1.progressismoEssencialmente,essaafilosofiadaeducaocriadaporJohn Dewey,queafirmavaqueaeducaodeveserativa,relacionando-seaos interessesnaturaisdascrianas,devendoseguirmtodospragmticose experimentais,comvaloresrelativos.Issonosignificaqueaeducaodeveria abandonarosmateriaistradicionaisdaeducao,massignificaquedeveriaavanar para outras reas dignas.Deveramosconceberaeducaocomoaprpriaexperinciadavidaenoapenas como preparao acadmica para alguma carreira. A funo do professor deveria ser aconselhar e no dirigir; e o aluno deveria tomar uma parte mais ativa do processo de aprendizado e de experimentao.Aprpria escola deveria ser uma agncia cooperadora eno coerciva. A democracia umanecessidade fundamental nesse tipo de educao. 2.Perenialismo.Aquelessistemasquepromovemsupostosvaloresconstantese absolutos so chamados perenes.Bases para tanto so encontradas nas idias de Plato, Aristteles, Toms de Aquino, bemcomoemgrandeslivrosasobrasclssicasdopensamentohumano,oque, naturalmente,incluiaBblia.Supe-sequeanaturezahumanaseriaumaentidade constante,novacilante,equevalorestambmsejamperenes.Nessesistema,a 21razo parte importante, como a capacidade que o homem tem de realizarcoisas.A verdade considerada algo universal e permanente.Averdadenoseriaprodutodasexperinciashumanas.MortimerJ.Adler,da Universidade de Chicago, um defensor bem conhecido desse tipo de sistema, e foi o editor da obra Grandes Livros. 3.Essencialismo.Essesistemanoseopeaoprogressismo,massomentea determinadosaspectosdomesmo,Salientequehcertascoisasabsolutamente necessrias e bsicas, que um currculo de estudos precisa incluir, e tambm diz que algumas idias do progressismo so vlidas e valiosas.Ainiciativa,dentrodoprocessodeensino,pertenceriaaoprofessor,enoaos estudantes.DenadaadiantenegarousuavizaroelementodoTrabalhorduo,no aprendizado. Tal negao ou suavizao apenas engana o aluno, conferindo-lhe uma idia distorcida da educao e da vida. 4.Reconstrutivismo.Essesistemaosucessordoprogressismo,oupelomenos, assim afirmam os seus adeptos. O ponto central da educao seria a reconstruo da sociedade.Aeducaodeveriaterporalvonoapenasoaprendizadoporpartedo indivduo,mastambmdeveriapromover,demodoativo,areformasocial.Uma ordem social genuna deveria ser promovida como a melhor ordem possvel, visando o progressodoindivduoeaexpressodaliberdade,aessnciadeumhomem.Uma tica cientfica, ou as leis da conduta, deveriam governar o avano dessa filosofia.Umoutroobjetivoseriaamudanadamentalidadehumana,enoapenasuma mudana em seu sistema educacional. A cincia de todos os tipos torna-se importante dentrodessaquesto.Apoltica,ascinciassociaiseascinciasexatasdevem mostra-se igualmente ativas na reconstruo. Para esse sistema, a cincia um deus. Idias de Filsofos Especficos A maioria das filosofias contm idias a respeito da educao, mas certas idias so maisimportantesnoqueconcerneaodesenvolvimentodeumafilosofiada educao formal. 1. Plato. Ele edificou a sua Repblica ideal em torno de certo senso de sabedoria e deumateoriadoconhecimento.Aeducao,conformeelepensava,eranecessria par a concretizao desse estado ideal. 2. Comnio. Viveu no sculo XVII. Advogava um sistema de aprendizagem graduado e internacional,comalgunselementoscomuns,osquais,segundoelepensava, poderiamlevar maiorcompreenso entre os povos e , por conseguinte, harmonia e unio. 3.Rousseau.Elequeriaeliminarosfatoresartificiaiseimpraticveisdaeducao, lanando mo dos desejos naturais, empregando princpios que relacionam a causa e o enfeito na natureza e nos seres humanos vivos. 4.Pestalozzi.Paracadaindivduoaverdadedeveserbuscada,envolvendotantoaexperincia social quanto a experincia religiosa. 5.Froebel.Seriafunodoprofessorestimularaatividadevoluntaria,porpartedos alunos, o que a base de toda a pesquisa. 6.Herbart.Osalvosticos,incluindoaliberdadeinternaeabenevolnciadeveriam serumalvoimportantedaeducao.Novasidiasesuaaplicaoapropriadaaos indivduos e sociedade fazem parte central de sua teoria. 7.JohnDewey.Elerepresentaumpontoculminantenainquiriopelo desenvolvimento do indivduo, em uma sociedade democrtica, onde a liberdade algo indispensvel. O solucionamento dos problemas ocupa lugar de destaque, o que tentadomedianteasexperinciasguiadas,seguindo-semtodoscientficos. Finalidades fixas so eliminadas, e uma contnua experimentao encorajada como a essncia mesma da educao.AeducaonoconsistiriaapenasemPreparaoparaalgumacarreira.Nosistema de Dewey o futuro mais importante do que o passado. 22Educao Crist

Dentrodaeconomiajudaica,aeducaoera,essencialmente,umprodutodolar, envolvendooaprendizadodareligio,dealgumaprofissoeestavausualmente associada atividades agrcola.Quandosurgiramasarteseofcios,esseseramensinadosmedianteoaprendizado. Quandosurgiramasescolas,assinagogastornaram-seocentrodaerudio.No cristianismoprimitivo,asituaoeramuitoparecidacomisso,excetuandoquena, culturaromana,haviaescolasprofissionais,quenosomenteensinaramartese ofcios, e os cristos tinham acesso a esses meios.Uma vez que a Igreja deixou de ser perseguida, aps a converso de Constantino ao cristianismo, a Igreja comeou a ser a mestra do estado. Sucedeu, pois, que na idade Media, a educao tornou-se essencialmente uma funo da Igreja.Aps cerca de mil anosemqueessacondioprevaleceu,osecularismoenacionalismodebilitaramo poder da Igreja.A renascena e a Reforma protestante deram prosseguimento a esse processo, poca em que o estado comeou a recuperar o poder que havia perdido quando da queda doimprioRomanodoOcidente,e,umavezmais,tornou-seumaentidadeeducadora, independente da Igreja. A Cena Moderna Oscristoseosromanossempremantiveramoseusistemaescolar,euma porcentagemnomuitograndedeortodoxosecatlicosromanos,tem-seeducado dentrodosseusrespectivossistemasreligiosos,enonasescolaspublicas.Apesar dosgruposprotestantestambmsempreteremcontadocomsuasescolas,oseus sistemas educacionais nunca foram muito extensos. FILOSOFIA DA EDUCAO L1 1-No apenas de mitos gregos, mas dos mitos de todas as religies queA-influenciavam a sia menor 23B-influencavam a sia menor 2-Originou-se da inquietude gerada pela curiosidade em compreender eA-questionar os valores e as interpretaes aceitas sobre a realidade B-questonar os valores e as interpretaes aceitas sobre a realidade 3-Neste contexto a filosofia surge comoA-a me de todas as cincias B-a me de todas as cincas 4-Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das caractersticas mais gerais e A-abstratas do mundo e das categoras com que pensamos B-abstratas do mundo e das categorias com que pensamos 5-Para Immanuel Kant, cincia da relao do conhecimento finalidade essencial da A-razo humana, que a felicdade universal B-razo humana, que a felicidade universal 6-Para Bertrand Russell, a definio de "filosofia"A-variar segundo a filosofia que adotada B-variar segundo a filosofa que adotada 7-a Filosofia o nico saber possvel, asA-demais cincas so parte dela B-demais cincias so parte dela 8-o conhecimento cabe s cincias, Filosofia cabeA-coordenar e unificar seus resultados B-coordenar e unificar seus resutados 9-O mtodo da listagem de discusses e problemasA-filosficos tem sua limitao B-filosfcos tem sua limitao 10-A partir da admirao faz-se a reflexo crtica A-o que marca a filosofa como busca da verdade B-o que marca a filosofia como busca da verdade 11-ParaWittgenstein,afilosofiaumaespciedeterapiaatravsdaqualosujeito, embaralhado pela metafsica A-volta a utilizar as palavras no seu sentido emprico B-volta a utilzar as palavras no seu sentido emprico 12-Histrica e tradicionalmente, a filosofia seA-inicia com Tales de Mleto B-inicia com Tales de Mileto 13-Plato quem inicia esta nova linguagem A-a filosofia como a conhecemos B-a filosofa como a conhecemos 14-tica: Para Aristteles, parte do conhecimento prtico j que nosA-mostraria cmo devemos viver e agir B-mostraria como devemos viver e agir 2415-A educao o desenvolvimento e o cultivo sistemtico das capacidades naturais, A-por meio do ensno, por exemplo, e da prtica B-por meio do ensino, por exemplo, e da prtica 16-No Novo Testamento encontramos meno aosA-rabinos (professores) e aos mestres (professores) B-rabnos (professores) e aos mestres (professores) 17-A educao formal adquirida atravs do estudo bem organizado A-usualmente administrado nas escolas B-usualmente admnistrado nas escolas 18-A educao informal aquela adquirida mediante o estudo privado A-ou mediante a experincia diria B-ou medante a experincia diria 19-Uma educao superior estava reservada aos oficiais do governo, A-casa sacerdotal, e a certos profisionais, como os mdicos B-casa sacerdotal, e a certos profissionais, como os mdicos 20-Plato interessava-se pela realidade ltima, isto , o universal, e os seus dilogos A-demontram que ele buscava um conhecimento celestial B-demonstram que ele buscava um conhecimento celestial 21-O prprio Antigo Testamento um texto de conhecimentosA-religiosos, e isso desde o comeo B-religosos, e isso desde o comeo 22-Asdonzelasensinavamhabilidadesdomsticas,oqueerafeitopelasmesdas famlias A-e os pais eram responsveis pela educao dos meninos e rapazes B-e os pais eram responsveis pela educao dos mennos e rapazes 23-J pudemos observar que a cultura hebreia dizia respeito, essencialmenteA- religo e s habilidades bsicas, e no cincia B- religio e s habilidades bsicas, e no cincia 24-A arqueologia temmostrado que os hebreus eram habilidosos em atividades como a edificao A-a minerao, a metalurgia, o entahe em madeira e empedra B-a minerao, a metalurgia, o entalhe em madeira e empedra 25-A primeira escola de um judeuA-era o seu lar B-era o sau lar 26-As escolas elementares, para as crianas A-no parecem ter surgdo antes do sculo I d.C B-no parecem ter surgido antes do sculo I d.C 27-As academias funcionavam separadas das sinagogas, em seus prpriosA-edifcios, ou talvez na residncia do mestre principal B-edifcos, ou talvez na residncia do mestre principal 2528-Abraham Lincoln era um advogado autodidata, que veio aA-tornar-se o presidente de uma grande nao B-tornar-se o presdente de uma grande nao 29-O Talmude revela-nos a contnua importncia dos pais, no ensino de sues filhos,A-aos quais ensinavam algum negcio ou ofcio B-aos quais ensnavam algum negcio ou ofcio 30-O helenista foi um fenmeno cultural, militar, religioso e poltico e, naturalmente,A-influenciou o judamo e o cristianismo B-influenciou o judasmo e o cristianismo 31-Os ideais gregos abordavam todos os aspectos do homem:A-do corpo, da mente e do esprito B-do corpo, da mente e do esprto 32-Os rapazes, durante cerca de cinco anosA-eram educdos em casa B-eram educados em casa 33-Afimdecombaterasescolaspagshelnicas,ojudasmoprecisouinstituir escolasA-similares, onde eram providos os grandes ideais judaicos B-simlares, onde eram providos os grandes ideais judaicos 34-Paulo ensinou na escola de Tirano, emA-feso (Atos 19:8) B-feso (Atos 19:9) 35-As declaraes deJesus mostram que ele tinha um total A-conhecimento das Escritura judaicas e de modos de interpretao B-conhecmento das Escritura judaicas e de modos de interpretao 36-H um conhecimento por meio da razo da intuio e da revelao e esseA-conhecimento no depende de cursos acadmicos B-conhecmento no depende de cursos acadmicos 37-AlgunsintrpretesduvidavamquePaulotivesserecebidoqualquereducao helenizadaA-formal; mas sua habildade no uso do grego mostra outra coisa B-formal; mas sua habilidade no uso do grego mostra outra coisa 38-A prpria existncia do Novo Testamento originou-se de tais habilidades,A-desenvolvidas por homens que no temiam adquirr erudio e exprimi-la B-desenvolvidas por homens que no temiam adquirir erudio e exprimi-la 39-Os ideais morais e espirituais dos judeus foram continuados, mas, em terras deA-maioria gentlica, isso tinha de conviver com o sistema judaico B-maioria gentlca, isso tinha de conviver com o sistema judaico 40-Outro ideal da educao crist oA-supremo princpio do amor B-supremo princpo do amor 2641-Algum j disse que ningum verdadeiramenteA-educado enquanto desconhece a Bblia B-educado enquanto descohece a Bblia 42-Filsofosantigos,comoPlato,incorporaramemseusescritoselementosda filosofiaA-da educao, embora ainda no contassem com um sistema B-da educao, embora ainda no contasem com um sistema 43-Eram ensinados assuntos comoA-a histria das ideas educacionais B-a histria das ideias educacionais 44-O aluno uma mente, pelo que precisamos saber o queA-pensar acerca desse assunto B-pensar acerca dese assunto 45-John Dewey ,- que afirmava que a educao deve ser ativa A-relacionando-se aos interesses naturais das crianas B-relaconando-se aos interesses naturais das crianas 46-A verdade considerada algoA-universal e pemanente B-universal e permanente 47-Amaioriadasfilosofiascontmidiasarespeitodaeducao,mascertasidias so mais importantes no queA-concerne ao desenvolvimento de uma filosofia da educao formal B-concerne ao desenvolvmento de uma filosofia da educao formal 48-Rousseau. Ele queria eliminar os fatores artificiais eA-impratcveis da educao B-impraticveis da educao 49-John Dewey. Ele representa um ponto culminante naA-inquirio pelo desenvolvimento do indivduo B-inquiro pelo desenvolvimento do indivduo 50-Apesar dos grupos protestantes tambm sempre terem contado com suasA-escolas, os eus sistemas educacionais nunca foram muito extensos B-escolas, os eus sistemas educaconais nunca foram muito extensos LIO 2 Condies em Desintegrao 27Amaioriadaspessoasadmitequeascoisasrealmentemudaram,culturale moralmente, em relao ao que era, digamos, h trinta anos passados .Omundonuncafoibom,maspodetornar-sepiordoqueonormal.Influncias mundanas tm debilitado definidamente a Igreja, e no meramente corrompido os que no fazem parte dela.Tenhoouvidoaapreciao geralepenso que halgumaverdadenessaobservao de que na poca em surgiu o rock-and-roll, o que naturalmente, fez as drogas serem introduzidasnaculturageral,teveincioumdeclniomoralbemradical.Issotudo comeou na dcada de 1950.Essamsicacorruptausadadentrodosprpriostemplosevanglicos,emuitos jovenstm-setornadoviciadosemdrogas.Onmerodecandidatosaoministrio, comopastoresemissionrios,temdeclinadoradicalmente.Humapermissividade geral, acerca de muitas coisas, que no existia h trinta anos. Entrementes, no mundo, no havia dvidas de que o declnio se instalara para ficar. Esse declnio no somente moral,mastambmenvolveaqualidadedaeducaooferecidanasescolas pblicas.Temhavidoumcolapsoderespeitopelaautoridade,umdeclniogeneralizadona moral, uma permissividade nos colgios e universidades sobre a qual nem se sonharia htrintaanosatrs.Emboraogovernoaindadisponhademuitamaisdinheiropara manipular em prol da educaodo que os grupos eclesisticos, um grande nmero de estudantes com freqncia cancela qualquer garantia de educao de boa qualidade. Humacertaverdadenadeclaraofeitaporcertapessoaquedisse:Mantiveem casaosmeusfilhos,paracertificar-medeelesobteriamumaboaeducao.Eos filhosdessehomem,emboraeducadosemcasa,saram-semuitomelhordoque outros jovens, produtos da educao pblica. No entanto, a maioria das pessoas no dispe do tempo, dos meios, do equipamento edahabilidadeparaensinarseusfilhosemcasaenemasleisvigentesnamaioria dospases,permitetal prtica.Oidealocidentaldeumaeducaopopularderiva-se daconvicocristdequeasEscrituraspromovemobenefciodetodasas pessoas, e no meramente de uma elite ou dos poderosos e ricos. A Bblia tambm tem inspirado o estabelecimento de grande nmero de instituies de alta erudio.Assim,osprimeiroscolgioseuniversidadesestabelecidasnosEstadosUnidosda Amricatinhamopropsitocentraldetreinarministrosdoevangelho.Portanto,o desejodecriarescolascrists,separadasdosistemaeducacionalpblico,nofoi inspirado pelo esprito exclusivista, e, sim devido desintegrao moral e dos padres educacionais do sistema escolar pblico.Emmuitoslugares,professorescticosoumesmoateustmprocurado,solapar propositalmente os ensinos e ideais cristo, e esse um outro fator negativo que tem inspiradoumamultiplicaorealmentefenomenaldasescolaseinstituies educativas crists. H certas coisas que deveriam ser ditas aqui:a-Cada denominao e, de fato, em muitos casos, igrejas individuais, resolveram que terio suas prprias escolas, porquanto o esprito denominacionalista tem fragmentado osesforos.AfaltadeCooperaotemexcludoorecolhimentodefundos,detal modo que apenas algumas poucas escolas, realmente boas, tm sido erigidas.Oresultadodissoque,emmuitoslugares,nohdinheirosuficienteparaser investidonasescolas,havendopoucosprofessoresqualificados.Essasituaopode sertoleradaquandosetratadoprimeirograuescolar;mas,quandoosestudantes chegamidadedoginsioedocolgio,quandoaaltamatemticaequestes cientficasmaisprofundasentramemcena,tudooquerequerlaboratrios,etc.,a qualidade da educao baixa de maneira lamentvel.b-Oproblemadasaturao.Osestudantesquesoconstantementesujeitosauma atmosfera de igreja com freqncia ficam saturados.O missionrio que tm visitado as escolas crists, a fim de ali promoverem o conceito demisses,comfreqnciatemencontradoalunosvacinados,quejno 28correspondemaodesafiomissionrioumdessesmissionrios,apstertidouma dessas experincias em uma escola, disse-me pessoalmente que a nica maneira de justificaraexistnciadasescolascristsseriagarantirqueelasoferecessemuma educaomelhorqueaqueladadanasescolaspblicas.Issopodeenvolvercerto exagero, mas faz-nos pensar. Os relatrios feitos por pesquisadores do-nos entender que as prprias coisas que as escolascriststmaesperanadeevitaromundanismoeadegradaomoralno so evitadas pelas mesmas. Os estudante dessas escolas no so puros como de se esperar, e as crianas que ali estudam no so protegidas como seria de se esperar.c-A ausncia da pratica. fato bem conhecido que no boxe no basta treinar.Umbomboxeadorprecisadeexperincianoringue.Emoutraspalavras,precisater muitaslutas,defrontar-secomgrandevariedadedeoponentes,precisaaprender muitostruqueseaperfeioarassuashabilidades.Elejamaispoderfazerisso enquantoficarnaacademia.Porigualmodo,algunsobjetamsescolascristscom base no fato de que as crianas e os jovens das mesmas somente treinam, mas nunca enfrentamoadversriofrenteafrente.Emoutraspalavras,aescolacristteoriza muito, mas nunca pratica. bvioqueosgrandescristosempreforamaquelesquetreinaramnafrenteda batalhaespiritual.No louvamosasvirtudesenclausuradas.Criticamos oscatlicos por manterem os seus mosteiros, onde homens e mulheres so afastados do mundo realedeseusproblemas.Noseriamasescolascristsumaespciedemosteiro paracrianasejovens?Ateorizaopodesermantidaduranteosanosdocurso primrio e do ginsio.Mas,quandochegamosanosdauniversidade,osestudantesenfrentamgraves problemas.Ocurrculodasescolascristsseveramentelimitadas.Hmuitos assuntos, especialmente cientfico, que no so oferecidos nos currculos das escolas crists.Portanto,muitosjovensqueforamtreinadosemescolasprimriaseginsios cristos precisam energia para uma nova vida escolar, que lhes estranha e para qual esto despreparados.Portanto,elestmdeenfrentarumanovaguerraparaaqualnosepreparamat aquele momento.Ficamosimpressionadosdiantedasbiografiasdegrandesvultos evanglicos. Mas que estavam enfrentando o inimigo dia-a-dia, e a espiritualidade deles guiou-os e protegeu-os.Eles no se separam formando comunidades isoladas, onde ficamos constantemente protegidosdosataquesexternos.MeditemossobreaIgrejaprimitiva,nosdiasda perseguio movida pelo imprio romano.As perseguies e as provaes tornavam-nosvigorosos.Mas,aproteoexcessivafazascrianastornarem-se espiritualmente forte, ou meramente as afastam das mltiplas tentaes do mundo? Essas so as crticas merecidas pelas escolas crists. Compensa meditarmos a esse respeito. Apesar do Novo Testamento

Noexigiraseparaooutorgadapelasescolascrists,aindaassimdaentender queoscrentesprecisamenfrentarinmerosconflitos,enquantoestonomundo, embora encorajando-os a uma vida piedosa.Aquelesquepromovemosistemaescolarcristosupemqueessaexignciapossa sermelhoratendidaseascrianasforemprotegidasdasformascrassasda imortalidade que so to comuns no sistema moderno das escolas pblicas.Almdisso,tambmcomcertajustificao,elessalientamascondiesde desintegrao que h no sistema educacional de nossos dias, sobretudo no tocante ao aproveitamentoescolar.Pelomenosemalgunscasos,areivindicaodequeas escolascristseducammelhortem-semostradoveraz,diantedeexame.Nesses casos, difcil argumentar contra o funcionamento das escolas crists.29Seumaescolacristeducamesmoaosseusestudantes,e,semesmotempo, capazdeinstilaremseusalunosvaloresmoraiseespirituais,entoasuaexistncia deveserlouvada.Mas,talcomosedcomtodososproblemascomplexos,noh respostas simples para essas questes. Educago e Moralidade Apalavraeducaovemdeumapalavra que significacriar, nutrir. Araizlatina educare, criar. Moralidade uma palavra que vem de uma raiz latina que significa costume, medida, conduta.A prpria palavra sugere o pragmatismo e relativismo no campo da tica, visto que sua raizsignificacostume.Porm,nasmosdosautoresdoAntigoedoNovo Testamentoesubseqentemente,nateologiaanaticareligiosa,aideiano promovida.Bempelocontrrio,amoralidadebaseadanarevelaodesenvolve-secombasena ideia de que Deus que revela o que certo, e no o homem, que, por meio de sua experincia,venhaachegaraconclusesacercadessasquestes.Apalavratica (quevide)vemdotermogregoEthos,costumes,uso,hbito,maneiras. Portanto, essa palavra similar ao vocbulo latino mos, moris.Nocampodafilosofia,apalavraveioaindicarcondutaideal,semimportarnoque essa conduta consista, e sem importar os meios atravs dos quais essa conduta seja concretizada. O Antigo Exemplo Judaico. No judasmo no havia qualquer distino entre a educao e a moralidade. De fato, oprincipalelementoaserensinadoeraamoralidade.Ospaistinhama responsabilidade de ensinar princpios morais e corretos aos seus filhos, e o sistema religioso dava apoio a esse esforo. Ver Deu. 6:4-9; 11:13-21.Vriosmeioseramempregadosparalembraraspessoasdesuaresponsabilidade diantedospreceitosdalei.Sumriosdessespreceitoseramafixadossvergasdas portas das casas, ou postos dentro de caixinhas de couro (filactrias), postas em torno brao ou da testa. Quando vieram os exlios e a disperso, a sinagoga foi a instituio que se encarregou do ensino. A Continuao Crist AIgrejacristcomeoucomoumaespciedeextensodasinagoga,porm,no demorouaserumaentidadeessencialmentegentlica.Oscristos,emsua maioria,erameducadosnasescolaspags,emboralevassemconsigoosideais morais e espirituais do cristianismo. Quandocessaramasperseguiescontraocristianismo,emfacedaconversode Constantino,nocomeodosculoIVd.C.,aIgrejacomeouaagircomoumpoder poltico.DuranteaIdadeMdia,aigrejaeraproprietriadasescolas,eeramos eclesisticos que formavam os corpos docentes das universidades.Amoralidadecristeosensinosteolgicospredominavamnocurrculoensinado ali. O Processo de Secularizao ComosurgimentodascinciasedascondiesdaRenascena,oprocessode educaofoiradicalmentemodificado.Poucoapouco,arainhadascincias(a teologia)foisendodestronadapeloreidacincia;e,excetonocasodasescolas religiosas, essa a condio que prevalece nossos dias.30Diantedesseacontecimento,amoralidadepassouaseragrandematriaensinada para Igreja e pala religio, e os cristos, uma vez mais, comearam a levar escola a suamoralidadeeespiritualidade,paraenfrentaremasadversascondiesda imoralidade, do agnosticismo e do atesmo. AsInstituiesoficiaistornaram-secompetidorasdasescolasedasdenominaes religiosas.Egradualmenteaquelasinstituiesoficiaiscresceramemnmero.Alm disso,ocurrculoensinadonessasescolas,por causado florescimento dascincias, dos estudos das lnguas e do desenvolvimento das humanidades, foi ampliado em seu escopo.Seantesosclrigoshaviamservidocomomestresdascomunidades(porquemuitos deleseramprofessores,enoapenasldereseclesisticos),agoraprofessores profissionais, de muitas especializaes, passaram a assumir o controle nas escolas e universidades.Entrementes,arivalidadereligiosa,atmesmodentrode denominaesdomesmonome,debilitavaaqualidadedaeducaoreligiosa, principalmenteporfaltadedinheiroedeprofessorestreinadosemmuitasreasdo conhecimento humano.Omaterialempregadonoensinohaviaincludonarrativasbblicas,comensinos moraiseespirituais.Masessematerial foisubstitudoporumaliteraturasecular,e, geralmente, profana. medida que diminua a influncia da Igreja Catlica Romana, ia aumentando a influncia das cincias baseadas no atesmo.Muitos pases declaram-se abertamente da separao da Igreja do Estado, e o ensino dasquestesreligiosas,nasescolas,quandonofoieliminado,foibastante diminudo.Apercepo datica judaico-cristtemsidoumdosalvos maisqueridos dacivilizaoocidental.Entretanto,acinciaassumiu,atualmente,totalcontrole. Vistoqueomtodocientficodependedeexperincias,dostestesedoerro,quase sempreemmeioumasituaorelativista,naturalqueaticacientfica,assim desenvolvida, tambm seja relativista. Uma Colheita Inesperada Acinciavemjactando-sedeestarnosestgiosiniciaisdautopia.Porm,acincia tem abandonado as razes da civilizao crist. As guerras se vo tornando cada vez maiores e mais destruidoras; moral do indivduo est fraquejando horrivelmente; taxa de criminalidade sobe cada vez mais; a pobreza e a violncia vo-se generalizado; a profanao e a vulgaridade tm-se tornado parte integrante do entretenimento pblico; a cultura das drogas tem sido o ltimo insulto. Acinciatemconduzidoomundoagrandesofisticaotecnolgica,emboratenha deixadooespritohumanoreduzidoaumpigmeu.Aliberdadedeinquiriotem sido equiparada liberdade de toda a moralidade, e uma amarga colheita maligna tem sido colhida pelos homens. 313 Filosofia Analtica e Filosofia da Educao Emqueconsisteafilosofiadaeducao?Arespostaaestaperguntapodevariar, dependendodoqueseentendeporfilosofia(e,naturalmente,tambmdoquese entende por educao, mas a prpria conceituao de educao j envolve um certo filosofar sobre a educao).Aoleigopodeparecerincrvelquefilsofosprofissionaisnotenhamconseguido chegaraumacordoarespeitodoquesejaafilosofia,isto,acercadeseuprprio objetodeestudo,masestaapuraverdade.Aquestodanaturezaedatarefada filosofiaj,elaprpria,umproblemafilosfico,e,comotal,comportauma variedade de respostas.Amuitospodeparecerqueestaproliferaoderespostassejaindicativadoprprio fracassodafilosofia.Outrosvemnestasituaoagranderiquezadopensamento humano,que,paracadaproblemaquelheproposto,capazdeimaginaruma variedadedesolues,todaselas,emmaioroumenorgrau,razoveisedignasde considerao,etodaselascontribuindo,deumamaneiraoudeoutra,parauma compreensomaisamplaeprofundadosproblemascomquesedeparaoser humano.Concordamoscomestesltimos,esomosdaopiniodeque,emboramuitos problemasfilosficosmilenaresnotenham(ainda?)sidosolucionados,nossa compreensodeles,hoje,noidnticadosfilsofosqueosformularampela primeira vez, sendo muito mais profunda e ampla em virtude das vrias respostas que j lhes foram sugeridas.Istosignificaquehprogressonafilosofia,apesardeesteprogressonopoderser medidoquantitativamente,emrefernciaaonmerodeproblemassolucionados, podendo somente ser constatado atravs de uma viso qualitativa, que leva em conta o aprofundamento e a ampliao de nossa compreenso desses problemas. No cremos, portanto, ser imprprio oferecer uma tentativa de "definio" da filosofia, se se mantm em mente que esta sugesto de definio no feita dogmaticamente, como se fosse a nica possvel, ou mesmo a nica razovel.Outraspropostasdedefiniodafilosofiaexistemquesoplausveiserazoveis,e que,possivelmente,aoinvsdesecontraporemquelaquevamossugerir,como alternativas, justapem-se a ela como maneiras complementares de ver a filosofia. Filosofia Analtica Afilosofia,dopontodevistaploanaltico,aquelaatividadereflexiva,realizada, atravsdeanliseedecrtica,peloserpensante,noexamedosignificadoedos fundamentosdeconceitos,crenas,convicesepressuposiesbsicas,mantidos por ele prprio ou por outros seres pensantes.Essacaracterizaogeraldafilosofiadeixaentreverqueaatividadefilosficauma atividade reflexiva de segunda ordem. O que se quer dizer por isto? Quer-se dizer que afilosofiapressupeoutrostiposdeatividade,naverdadeoutrostiposdeatividade reflexiva,comoacincia,ahistria,areligio,apoltica,etc.,emesmoochamado senso comum.Por exemplo: o objeto de reflexo do cientista natural , em linhas gerais, a natureza; o do historiador a histria; e assim por diante. Essas atividades de reflexo so de primeira ordem: concentram-se em diferentes aspectos da realidade, ou do "ser".32Elaspartem,naturalmente,decertaspressuposies(porexemplo,dequeos fenmenosdomundonaturalestocausalmenterelacionados,dequepossvelter conhecimentodeeventosquenosomaisobjetosdenossapossvelpercepo, como o caso de eventos histricos, etc.), e resultam em certas crenas e convices (como,porexemplo,acercadanaturezadamatria,ouarespeitodeumacerta seqncia de eventos histricos).Ofilsofoanalticonorefletesobreasmesmascoisasquesoobjetodereflexo porpartedocientistanaturaledohistoriador;seofizesse,estariadeixandode serfilsofoepassandoasercientistanaturalouhistoriador(algo,porsinal, perfeitamente possvel).Elerefletesobreasreflexesdocientistanaturaledohistoriador,buscandotrazer tona(senecessriofor),elucidar,ecriticamenteexaminarosconceitoseas pressuposiesbsicasdestesltimos,procurando,noprocesso,entenderseus modos de argumentao e inferncia, etc. Em poucas palavras, a filosofia analtica reflexo (de um certo tipo) sobre a reflexo, o pensamento pensando sobre si prprio.Paradarumtommaiscontemporneoaessacaracterizao,poderamosdizerque, desde que a reflexo e o pensamento se expressam atravs de linguagem, atravs do discurso humano, em suas vrias manifestaes, a filosofia analtica discurso sobre odiscurso:ofilsoforeflete,nosobreanaturezaeahistria(paracontinuarcom nossos exemplos anteriores), mas sim sobre o que cientistas naturais e historiadores dizem acerca da natureza e da histria.Por isso que chamamos a atividade filosfica de uma atividade reflexiva de segunda ordem:elaseexercesobreoutrasatividadesreflexivas,queseconstituem,portanto, no objeto da filosofia. desnecessrio enfatizar que o prprio cientista natural (ou o historiador) pode refletir sobreaquiloqueestdizendoacercadanatureza(oudahistria).Quandoassim reflete,porm,estrealizandoatividadereflexivadesegundaordem,est,portanto, nessas ocasies, provavelmente, filosofando, e no fazendo cincia (ou histria). Parece desnecessrio, tambm, acrescentar que a filosofia no se preocupa somente comodiscursocientficoehistrico,comopoderiamsugerirnossosexemplos.O filsoforefletesobrequalquertipodereflexodeprimeiraordem:reflexomoral, reflexoreligiosa,reflexoartstica,etc.,etambmsobreasreflexesdosenso comum .Porisso,hmuitas"filosofiasde...":filosofiadacincia(quepodeseraindamais especializada,havendoafilosofiadascinciasnaturais,dascinciasbiolgicas,das cinciashumanas),filosofiadahistria,filosofiadareligio,filosofiadaarte,filosofia dodireito,eassimpordiante,incluindo-sea,naturalmente,tambmafilosofiada educao. necessrio, porm, ressaltar que nem toda atividade reflexiva de segunda ordem , necessariamente, filosfica. O socilogo, por exemplo, ou o psiclogo, pode refletir sobreaatividadedocientista,esobreelafazereresponderperguntasquesejam estritamente sociolgicas, ou psicolgicas, e no filosficas.Asociologiadacincianofazasmesmasperguntassobreaatividadedocientista quesofeitaspelafilosofiadacincia.Se,porm,houtrostiposdeatividade reflexiva de segunda ordem, alm da filosfica, o que que caracteriza as perguntas distintamente filosficas?A resposta j esta contida no que foi dito acima: a filosofia busca elucidar e examinar criticamenteosconceitos,asconvicesepressuposiesbsicas,osmodosde argumentaoeinferncia,etc.existentesdentrodeumadadareadeatividade intelectual. Assimsendo,umpsiclogopodefazervriostiposdeperguntaacercadaatividade cientfica:Comoque,dopontodevistapsicolgico,algumchegaadescobrirou formularumaleiouumateoria?Quaisosmecanismospsicolgicosqueesto 33envolvidosnacriatividadeeinventividadecientficas?acriatividadecientfica diferente, do ponto de vista psicolgico, da criatividade artstica?Damesmamaneira,umsocilogopodeperguntarsobrearelaoexistenteentre cinciaesociedade,acercadamedidaemqueteoriascientficassocondicionadas pelo meio-ambiente em que aparecem, a respeito do papel da cincia e do cientista na sociedade, etc.Asperguntasqueofilsofoquerefletesobreacinciafaz,porm,sodoseguinte tipo:Oqueseentendeporcincia?Quaissooscritriosdecientificidade?Oque diferenciateoriascientficasdeoutrostiposdeteoria(digamos,teoriasmetafsicase especulativas)?O que leva cientistas a considerar uma teoria melhor do que a outra, quando ambas se propem a explicar os mesmos fenmenos? Qual a relao entre teoria e observao? Existeverdadenacincia,ouapenasprobabilidade?Oalvodacinciaproduzir teoriasaltamenteprovveisoupoucoprovveis,masdealtopoderexplicativoe preditivo? Existe objetividade e racionalidade na cincia? Se no, por qu? Se sim, em que sentido e em que medida? E assim por diante. Pode-sever,imediatamente,quevirtualmentetodasessasperguntasfilosficas poderiamserresumidasnaseguintequesto:emquesentidoeemquemedidase podefalaremconhecimentocientfico?Essasperguntassotodasepistmicas (epistemeotermogregoquesetraduzpor"conhecimento"):buscamanalisare elucidaranoodeconhecimentocientficoeosconceitosepremissasque constituem os fundamentos desse conhecimento. Perguntassemelhantespodemserfeitasemrelaoaqualqueratividade intelectual.istoquefazcomqueaepistemologia,ateoriadoconhecimento,ou seja, aquela rea da filosofia que investiga a natureza, o escopo (ou a abrangncia) e os limites do conhecimento humano, em geral, seja de suma importncia no estudo da filosofia. Filosofia da Educao Masfalemosagoraemfilosofiadaeducao.Afilosofiaanalticadaeducao, seguindo a caracterizao apresentada nos pargrafos anteriores, no discorre sobre o fenmeno da educao, como tal, mas sim sobre o que tem sido dito acerca desse fenmeno (por exemplo, por socilogos da educao, psiclogos da educao, ou por qualquer pessoa que reflita sobre a educao).Norestaamenordvidadequeumadasprimeirasemaisimportantestarefasda filosofia da educao, a partir da caracterizao da tarefa da filosofia sugerida acima, aanliseeclarificaodoconceitode"educao".Fala-semuitoemeducao. "Educao direito de todos", "educao investimento", "a educao o caminho do desenvolvimento", etc.Masoquerealmenteseressaeducao,em quetantose fala?Serquetodosos quefalamsobreaeducaousamotermonomesmosentido,comidntico significado? Dificilmente. a educao transmisso de conhecimentos? a educao preparaoparaacidadaniademocrticaresponsvel?aeducaoo desenvolvimento das potencialidades do indivduo? a educao adestramento para o exerccio de uma profisso?Asvriasrespostas,emsuamaioriaconflitantes,dadasaessasperguntasso indicativasdaadoodeconceitosdeeducaodiferentes,muitasvezes incompatveis, por parte dos que se preocupam em responder a elas. Este fato, por si s, j aponta para a necessidade de uma reflexo sistemtica e profunda sobre o que seja a educao, isto , sobre o conceito de educao. Assimquesecomeaafazerisso,porm,percebe-sequeatarefadeclarificaoe elucidaodoconceitodeeducaoextremamentecomplexaedifcil.Elaenvolve nosoesclarecimentodasrelaesexistentesounoentreeducaoe 34conhecimento, educao e democracia, educao e as chamadas potencialidades do indivduo, educao e profissionalizao, etc.Envolve, tambm, o esclarecimento das relaes que porventura possam existir entre oprocessoeducacionaleoutrosprocessosque,primeiravista,parecemserseus parenteschegados:doutrinao,socializao,aculturao,treinamento, condicionamento, etc.Umaanlisequetenhaporobjetivooesclarecimentodosentidodessasnoes, dos critrios de sua aplicao, das suas implicaes, e da sua relao entre si e com outrosconceitoseducacionaistarefadafilosofiadaeducaoecondio necessria para a elucidao do conceito de educao. Mashaindaumaoutrafamliadeconceitosqueserelacionaestreitamentecoma educao: a dos conceitos de ensino e aprendizagem. Qual a relao existente entre educao e ensino, entre educao e aprendizagem, e entre ensino e aprendizagem? Faamosumalistadepossveisperguntasaseremfeitasacercadorelacionamento dessas noes:Pode haver educao sem que haja ensino?Pode haver educao sem que haja aprendizagem?Pode haver ensino sem que haja educao?Pode haver aprendizagem sem que haja educao?Pode haver aprendizagem sem que haja ensino?Pode haver ensino sem que haja aprendizagem? Tem se criticado muito uma viso da educao que coloca muita nfase no ensino (e, conseqentemente, no professor). O importante, afirma-se, no o ensino, e sim a aprendizagem.Osmaisexageradoschegamquaseaafirmar:"Morteaoensino!Vivaa aprendizagem!"Outrosfazemusodecertosslogansmeioobscuros:"Todaaprendizagemauto-aprendizagem".Incidentalmente,faz-semuitouso,emlivrosediscursossobrea educao, de slogans cujo sentido nem sempre muito claro. Um outro slogan muito usado, nesse contexto, o seguinte: "No h ensino sem aprendizagem".Parececlaroque,parapoderjulgarquantoverdadeoufalsidadedessas afirmaes,indispensvelqueosconceitosdeensinoeaprendizagemtenham sentidosclaroseespecficos;oque,infelizmente,noacontececommuita frequncia. necessrio, portanto, que o sentido desses conceitos seja esclarecido e quesuarelaocomoconceitodeeducaosejaelucidada,eafilosofiada educao pode ser de grande valia nessa tarefa. Paraterminaressaprimeiraparte,quetemporfinalidadecaracterizarafilosofiada educao,dentrodaperspectivamaisgeraldeumavisodafilosofiaquefoi explicitadanosprimeirospargrafos,deve-sefazermenodeumoutroconjuntode problemas relacionado, de alguma forma, com os j mencionados, mas que, por razo de espao, no ser explicitamente discutido: a questo da relao entre educao e valores.Esteproblematemvriosaspectos.Umdelesoseguinte:tarefadaeducao transmitirvalores?Muitosjobservaramque,sejaounotarefadaeducao transmitir valores, ela de fato os transmite, pelo menos de maneira implcita. Outros afirmamque,emborasejatarefadaeducaotransmitirvalores,aeducaomoral, comosvezeschamadaatransmissodevaloresatravsdaeducao,no tarefadaeducaoescolar,isto,daeducaoqueserealizanombitodeuma instituio chamada escola, e sim da educao que tem lugar no contexto da famlia, ou talvez, se for o caso, da igreja.Esta resposta levanta, em um contexto especfico, o problema mais amplo da relao entreeducaoeescola.Paramuitos,quandoalgumestfalandoemeducao est, automaticamente, falando em escolas, e vice-versa.35Masaeducaocertamentepareceseralgoquetranscendeoslimitesdaescola,e hojeemdiafala-semuitoem"educaosemescolas".Osproponentesdopontode vistaquemencionamosacimaacreditamquepelomenosumapartedaeducao, aquelaquedizrespeitotransmissodevalores,deveserlevadaaefeitoforada escola.Todosessesproblemas socomplexos,eemboraa filosofiadaeducaonotenha respostasprontasparaeles,elapodecontribuirmuitoparasuasoluosatisfatria, ajudandonaelucidaoeclarificaodosprincipaisconceitosenvolvidosnesse conjunto de problemas. Antesdepassarmosparaasegundapartedestetrabalho,duaspequenas observaes. A primeira um lembrete de que os problemas aqui mencionados como sendo do mbito da filosofia da educao de maneira alguma esgotam as questes a que um filsofo da educao, como tal, pode se dirigir, mesmo que ele seja partidrio da conceituao de filosofia e filosofia da educao aqui proposta.Humasriedeoutrosproblemas,aquenosefezreferncia,queesto, legitimamente,dentrodaprovnciadafilosofiadaeducaocomoaquiconceituada. No que foi esboado acima e no que ser discutido abaixo temos apenas uma amostra de como alguns conceitos educacionais podem ser analisados filosoficamente. Emsegundolugar,nosepodeesquecerqueacaracterizaodafilosofiada educao aqui apresentada uma caracterizao possvel, que sugerida a partir de umaconceituaoanalticadafilosofia,aqualno,demaneiraalguma,anica possvel.Muitosfilsofosdiscordamdaorientaosugeridaaquieapresentam, conseqentemente, uma viso diferente da natureza e tarefa da filosofia da educao.Em muitos dos casos a viso por eles sugerida apenas complementa (e no substitui) a apresentada no presente trabalho.Emoutroscasosbempossvelqueasconcepessejammutuamenteexclusivas. Nosltimospargrafossermencionadoopontodevistaacercadarelaoentrea filosofia da educao e a teoria da educao, segundo o qual muita coisa que foi e apresentadacomofilosofiadaeducaodevesercolocadanombitodateoriada educao.Contudo,apenasnocontextodediscussesacadmicasacercadoconceitode filosofia da educao que faz alguma diferena designar posies acerca da educao como pertencentes teoria, e no filosofia da educao. Emboraalgicatalvezpudesserecomendarquecomessemoscomoconceitode educao, quer nos parecer que, do ponto de vista didtico, seja mais recomendvel que a discusso desses conceitos educacionais bsicos seja iniciada pelos conceitos de ensino e aprendizagem, pois o leitor, provavelmente, estar mais familiarizado com eles do que com o mais difuso e abstrato conceito de educao. A Filosofia da Educao e os Conceitos de Ensino e Aprendizagem Comecemosnossadiscussodosconceitosdeensinoeaprendizagemfazendoa seguinte pergunta: pode haver ensino sem que haja aprendizagem? Pode Haver Ensino sem que Haja Aprendizagem? Suponhamos uma situao em que um professor universitrio apresente, em detalhes, os aspectos mais difceis e complicados da teoria da relatividade de Einstein a grupo de crianas de sete anos.Suponhamos que o professor em questo seja profundo conhecedor do assunto e faa umabrilhanteexposio,utilizandomeiosaudiovisuaisouquaisqueroutrosrecursos queadidticamodernapossarecomendar.Apesardetudoisso,ascrianasnada aprendem daquilo que ele apresentou.Podemos ns dizer que, embora as crianas nada tenham aprendido acerca da teoria da relatividade de Einstein, o professor esteve ensinando durante sua apresentao? Arespostaafirmativa,nestecasoclaramenteextremoeexagerado,parecepouco 36plausvel.Massuponhamosqueemumasuposio,agora,notoabsurdaquea audinciadesseprofessorfossecomposta,nodecrianasdeseteanos,masde universitriosnoltimoanodocursode fsica,equeoresultado fosse omesmo:os alunosnadaaprenderamacercadateoriadarelatividadedeEinsteinatravsda exposio.Podemosnsdizerque,emboraoprofessortivesseestadoaensinarateoriada relatividade,osalunosnoaaprenderam?Arespostaafirmativa,aqui,parecebem maisplausvel.Masqual,realmente,adiferenaentreaprimeiraeasegunda situao? Vamos colocar esta questo, por enquanto, entre parnteses, para analisar algumas respostas que tm sido dadas pergunta com que iniciamos este pargrafo: pode haver ensino sem que haja aprendizagem? Muitaspessoasdoumarespostanegativaaestapergunta,afirmandoquenoh ensino sem aprendizagem. Este um dos slogans que freqentemente aparecem na literatura educacional.Correndooriscodecaracterizaralgumasposiesaltamentecomplexasdeuma maneira um pouco simplista, poderamos dizer que, em relao s duas situaes que imaginamosnopargrafoanterior,osqueafirmamquenohensinosem aprendizagem podem se dividir em dois grupos: de um lado estariam os que afirmam que naquelas situaes no houve ensino, visto no ter havido aprendizagem.Dooutrolado,porm,estariamaquelesque,quandoconfrontadoscomsituaes desse tipo, levantam a seguinte questo: Ser que no houve mesmo aprendizagem? Aindasupondoqueosalunos,tantoemumcomonooutrocaso,nadatenham aprendido acerca da teoria da relatividade de Einstein, argumentam, ser que eles no aprenderam alguma coisa atravs da exposio do professor?Elespoderoteraprendido,porexemplo,nocasodascrianasdeseteanos,que, emboraoprofessorestivessefalandootempotodo,ningumestavaentendendo nada,queasaulascomaprofessoraregularsomuitomaisdivertidas,queoretro-projetor utilizado pelo professor um "negcio bacana", etc. Nocasodosuniversitrios,elespoderoteraprendidoqueoprofessordevia desconheceronveldaclasseparadarumaauladessas,queocursoqueeles fizeramnodevetersidomuitobom,senooscapacitouaentenderuma apresentao sobre a teoria da relatividade de Einstein, etc.Empoucaspalavras:osalunos,emumcomonooutrocaso,devemteraprendido algumacoisa,e,conseqentemente,houveensinonassituaesimaginadas,aeste argumento.A dificuldade com essa sugesto bvia: embora possa ter havido aprendizagem nas situaes imaginadas, o que os alunos aprenderam no foi aquilo que o professor lhes estava expondo!Poderiam,talvez,teraprendidoasmesmascoisas,seaexposiohouvessesido sobre a qumica de Lavoisier, ou sobre as peas de Sheakespeare, ou sobre a filosofia de Kant. Isto, por si s, j indica que algo no est muito certo e que h necessidade dequealgumascoisassejamesclarecidasecolocadasemseusdevidos lugares.Vamos, de uma maneira muito simples e elementar, tentar esclarecer alguns desses problemas. Seprestarmosatenoaalgomuitosimples,comoaregnciadoverboensinar, poderemos comear a esclarecer a situao.Quem ensina, ensina alguma coisa a algum.A situao de ensino uma situao que envolve trs componentes bsicos:1-algum que ensina (digamos, o professor ). 2-algum que ensinado (digamos, o aluno). 3-algo que o primeiro ensina ao se