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1- Relação entre convencer e persuadir.O conceito de persuadir, está relacionado com o convencer, no entanto, o
discurso persuasivo não obedece a critérios de transparência e reciprocidade. Isto é, tem como objetivo induzir ou levar os interlocutores a acreditar em alguma coisa ou a fazer alguma coisa. Trata-se do ato de manipular símbolos para provocar mudança nos comportamentos, daqueles que interpretam esses símbolos. Os três elementos principais da persuasão são:
A intenção consciente por parte do emissor para manipular o(s) recetor(s). Transmissão de uma determinada mensagem. Influência nas atitudes e comportamentos. Ex.: Discurso político e
publicitário.Deste modo, persuadir é o objetivo do discurso dirigido a um auditório
particular enquanto que o convencer é o objetivo do discurso dirigido a um auditório universal. Assim, persuade-se um auditório particular, tendo em conta a sua especialidade afetiva, valorativa, etc.; e convence-se um auditório universal a partir de argumentos racionais que são universalizáveis.
2- Relacionar Ethos, Pathos e Logos.No contexto da retórica, o Ethos refere-se ao caráter do orador, que se for
considerado uma pessoa íntegra, honesta e responsável, conquista mais facilmente a confiança do público. Quando o público pressupõe que o orador é uma pessoa leal, séria e credível, está mais predisposto a aceitar o que é dito. É uma técnica retórica que não tem obrigatoriamente a ver com a forma de ser real da pessoa.
O Pathos significa paixão, sofrimento, ser afetado. Na retórica, pathos refere-se às emoções despertadas no auditório, que constituem um elemento determinado na receção da mensagem. Dado que a reação do público é diferente conforme passa os estados de calma ou ira, alegria ou tristeza, amor ou ódio, piedade ou irritação, o orador deve desenvolver a técnica de despertar sentimentos.
Neste contexto, refere-se àquilo que é dito, ao discurso argumentativo, isto é, aos argumentos que o orador utiliza na defesa das suas opiniões. É esta a dimensão que Aristóteles mais desenvolve evidenciando as principais técnicas a ter em conta na retórica.
Estes tipos de provas tem todos o mesmo objetivo: Influenciar e convencer o ouvinte, por isso mesmo, podemos dizer que estão todas relacionadas.
8- Oposição Sofistas/Filósofos (Sócrates e Platão).A retórica, como arte de convencer e persuadir, tem as suas origens na
Antiguidade, devendo aos sofistas a sua proliferação. Professore itinerantes que se dedicavam ao ensino dos jovens cidadãos, os sofistas dominavam a arte de persuadir pela palavra. Eram dotados de habilidade linguística e de estilo eloquente e surpreendiam pela sua vasta sabedoria e pelos seus discursos expressivos. O seu
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ensino proporcionava aos cidadãos da Grécia antiga os meios e as técnicas necessários à inserção e participação na vida política.
Os sofistas dão conta que o uso da palavra, tendo em vista convencer e seduzir os ouvistes, é mais eficaz do que o conteúdo do próprio discurso. Por outro lado, o contacto com diferentes culturas faziam-nos acreditar e defender que a verdade dos discursos é a verdade que serve ao homem (concreto); é uma verdade relativa, feita medida das necessidades e circunstâncias de cada um. “O homem é a medida de todas as coisas” dizia o sofista Protágoras.
Ao afirmar o relativismo da verdade, os sofistas inauguraram uma longa batalha contra Sócrates, Platão e seus discípulos. Por oposição ou nome filósofo, amigo do saber, o termo sofista (que originariamente significa sábio) passa a estar associado ao falso saber, o sofista é aquele que detém uma sabedoria aparente, que faz uso do raciocínio falacioso.
Se, para o sofista, a retórica era arte de bem falar ou técnica de persuadir para ganhar dado auditório a favor de determinada opinião, para os filósofos como Sócrates e o seu discípulo Platão a argumentação só pode servir a busca da verdade. Uma boa argumentação é aquela que serve o filósofo na busca da verdade.
Com Aristóteles, a retórica torna-se um saber entre outros, uma disciplina que não faz uso do mesmo tipo de provas que as ciências teóricas, e que se ocupa do que verosímil. Ao distinguir os domínios das retóricas, da moral e da verdade, Aristóteles pôde libertar a retórica da m+a reputação que a ligava a sofistica. Come feito, pode-se fazer um bom ou mau uso da retórica, não é ela que é mora ou imoral, mas quem a utiliza.
Apenas no século XX, assiste-se à nova retórica, com o fundamento de uma nova racionalidade, isto é, passa a considerar-se a sua importância no pensamento e para o conhecimento.
Diferença entre Retórica sofística e Platão
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Sofística
Conhecimento Empírico, erróneo, enganador
Conhecimento racional, inato
Platão
Relativismo Gnosiológico e as suas consequências morais
Relativo às opiniões pessoais (doxa)
Meio para atingir fins de poder político e pessoal, não interessa a verdade ou falsidade do seu discurso.
Verdade universal, inata presente em cada um de nós
Remete para o saber, ciência (epistéme)
A verdade desvenda-se pelo uso da razão, através da dialética.
Não há contestabilidade, dar possibilidade ao outro de contestar, nem horizontabilidade, o orador não está ao mesmo nível do auditório.
A retórica digna do filósofo é uma retórica subordinada à Filosofia, demonstradora de uma verdade absoluta.
“ Convence os ignorantes mas não os sábios”
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Retórica e Democracia
A retórica só pode ser pensada a par da democracia e da liberdade de discussão. Ela só poliferou devido ao triunfo das instituições democráticas nas cidades-estado gregas. O novo regime político da Grécia pressupunha a igualdade dos cidadãos perante a lei e o direito de participarem na vida pública. A igualdade perante a lei e o livre uso da palavra fumentaram a cidadania. Tal como na Grécia Antiga, nos países democráticos a palavra (retórica) é o primeiro instrumento de defesa da liberdade e da igualddade dos direitos do cidadão.
Mas se por um lado a retórica através de palavras põe fim à violência física, por outro lado pode ser usada de forma menos correta e perigosa através da manipulação e da demagogia.
Persuasão e manipulação dos dois usos da retórica
Persuadir ≠ Manipular
Torna-se eficaz quanto maior for a capacidade retórica-argumentativa do orador.
Objetivo: procurar a adesão, apelando a fatores recionais e emocionais.
Objetivo: procurar a adesão, apelando essencialmente a fatores emocionais desvalorizando intencionalmente (discurso baseado em falácias com intenção de confundir o Bom uso da retórica:
.predominância da logos;
.relação de igualdade:
.auditório crítico, ativo e consciênte.
Mau uso da retórica:
.todos os meios são legítimos para persuadir;
.predominância da pathos;
.relação de desigualdade;
.auditório crítico, passivo e inconsciênte.
Torna-se mais eficaz quanto maior for a passividade do auditório.
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Persuadir- levar alguém a aceitar ou a optar por determinada ação ou posição.
Finalidade: livre adesão do auditório.
Manipular- consiste em paralisar o juízo e tudo fazer para que o recetor abra ele próprio a sua porta mental a um conteúdo que de outro modo não aprovaria.
Finalidade: obriga o recetor a aderir a certa mensagem.
o Como enfrentar as estratégias manipuladoras?
.desenvolver o espírito crítico, o que implica:
Avaliar a consistência dos argumentos e questionar as crenças que se aceitam sem fundamento;
.atitude de observação atenta;
.domínio de competências retórico-argumentativas.
Retórica
Persuasão Manipulação
convencer iludir
retórica branca
retórica negra
.respeito pela liberdade de escolha e de pensamento;
.aceitamento depende do auditório.
.imposição da mensagem/tese;
.aceitamento depende do orador;
Deturpaçaocognitiva
Apelo aos afetos
Encontramos as armas contra a manipulação Visa enganar, iludir e
manipular
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3.2. Persusação e manipulação ou os dois usos da retórica
Um discurso retórico ou argumentativo tem como intenção influênciar aqueles a quem se dirige, levando-os a aderir ao ponto de vista que se considera melhor e a adotar o comportamento que se considera preferivel. As estratégias utlilizadas para atingir esse objetivo podem ser persuasiveis ou manipuladoras.
A persuação é o bom uso que se pode fazer da retorica. Na persuação ha um uso e uma predominância de principios éticos como o respeito pelo outro e o poder convincente da persuação advem daquiloque os argumentos expresão, neste caso os argumentos racionais, a uma predominância do LOGOS na persuação. Outra caracteristica da persuação é a relação de horizontalidade e contestabilidade entre o orador e o auditorio. Isto quer dizer que, o auditório tem o pder de contestar, de contrapor, ha uma relação de igualdade entre o orador e o auditório, o outro tem o acesso a palavra, tem o poder de criticar, é assim um auditório activio e consciente.
A percuação torna-se assim mais eficaz quanto maior for a capacidade retórica e argumentativa do orador.
A Manipulação é o mau uso da retórica. É sobertudo baseada em má fé pois todos os meios são legitimos para persuadir. Na manipulação ha uma predominância do PATHOS. O orador tenta manipular o auditório apelando aos seus desejos e as suas emoções. Entre o oradore o auditório naão se establece uma relação igual , existe sim uma relação de verticalidade, uma relação de desigualdade, uma relação de dominio do orador sobre o auditório. O orador propoem-se enganar intensional e voluntáriamente o auditório.
O Auditório é acritico, passivo e inconsciente, sem poder contextar e contrapor. A manipulação torna-se mais eficarz quanto maior for a passividade do auditório.
A retórioca não é uma tecnica manipuladora, quem manipula é a pessoa.
Modulo Iv
Unidade 1. Descrição e inerpretação da atividade cognoscitiva
1.1. Estrutura do ato de conhecer
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| Estrutura do ato de conhecer
-Conhecer é o ato que acontece quando um sujeito apreende um objeto.
-A função do sujeito é apreender o objeto e a do objeto é ser apreendida pelo sujeito.
-Sujeito e objeto têm de ser transcendentes e heterogéneos, ou seja, as suas origens são diferentes e nenhum deles pode ocupar o lugar do outro, para que se verifique a apreensão dos mesmos.
-A apreensão consiste na reprodução ou construção da imagem do objeto no sujeito.
-O sujeito é um agente no processo do conhecimento
-Ao tratar do ato de conhecer como uma relação entre um sujeito (cognoscente) e o objeto (cognoscível), a fenomenologia não pretende constituir-se como uma filosofia do conhecimento, mas como metodologia que descreve a estrutura essencial do conhecimento em geral e não uma análise ou interpretação de um modo específico e particular do conhecimento.
-O conhecer é descrever o real como ele é.
| Os elementos fundamentais do ato de conhecer: sujeito e objeto
Sujeito: quem conhece
Objeto: o cognoscível (representação do mundo)
CogniçãoCognoscitivo-Cognoscente (aquele que conhece o sujeito)-Cognoscível (objeto)
Notas:-É sujeito porque descobriu que depende do cognoscível-O ato de conhecer a cognição é a construção do sujeito-Se queremos construir o conhecimento, temos que ter algo em conta
| A relação sujeito/objeto no ato de conhecer.
-Este método chama-se fenomenologia
-No conhecimento encontram-se frente a frente a consciência e o objeto, o sujeito e o objeto.
-O dualismo sujeito objeto pertencem à essência do conhecimento.
-A relação entre os dois elementos é, ao mesmo tempo, uma correlação.
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-Uma vez que o conhecimento é uma determinação do sujeito pelo objeto, significa que o sujeito fica frente ao objeto.
-A função do sujeito consiste em apreender o objeto.
-O sujeito não pode captar as propriedades do objeto, senão fora de si mesmo, pois a oposição do sujeito e do objeto não desaparece na união que o ato de conhecimento estabelece entre eles.
-O objeto não é modificado pelo sujeito, mas sim o sujeito pelo objeto
-O objeto não se modifica mas o sujeito muda
-No sujeito nasce a consciência do objeto com o seu conteúdo, a imagem do objeto.
-O objeto é sempre construído pelo sujeito, mas o sujeito está sempre em construção (atualização)
-O conhecimento depende do sujeito e não o contrário
O conhecimento realiza-se em três tempos:1-O sujeito sai de si2-Está fora de si3-Regressa a si
A fenomenologia é o estudo dos fenómenos, é a discrição dos fenómenos presentes à consciência. É pura discrição daquilo que aparece, pois apenas pretende descrever a estrutura essencial do conhecimento. Trata do ato de conhecer como uma relação entre o sujeito (cognoscente) e o objeto (cognoscível).
Para haver conhecimento tem de existir alguém que conheça (sujeito) e algo que possa ser conhecido (objeto). Esta dicotomia é essencial e sem ela não há conhecimento. Por isso, podemos dizer, que quando um sujeito se encontra perante um objeto, estabelece-se entre eles uma relação que se traduz no conhecimento.
Há no ato de conhecer uma transcendência, ou seja, para existir o conhecimento, o sujeito terá que apreender o objeto que lhe é transcendente. Isto significa que o sujeito e o objeto são originariamente separados um do outro. O objeto não faz nenhum esforço para ser apreendido; e há uma correlação pois o sujeito e o objeto formam uma dualidade que se traduz numa separação completa, na qual o sujeito é sempre sujeito e o objeto é sempre objeto, nunca se fundindo um no outro, pois se tal acontecesse deixavam de ser dois e não haveria conhecimento. Desta forma, estabelecem uma relação de correlação, isto é, uma relação em que o sujeito é sujeito em relação ao objeto e o objeto é objeto em relação ao sujeito; e uma irreversibilidade pois apesar de ser uma relação de correlação, não podemos dizer que esta relação é reversível, já que as funções e características que cada um tem não podem ser aplicadas ao outro. O papel do sujeito é qualitativamente diferente do papel do objeto.
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Argumentação, Verdade e Ser
O conceito de subjetividade no conhecimento
O elemento determinante no conhecimento é o sujeito, é ele que estuda o
conhecimento. O ser humano procura incessantemente a busca da verdade tendo a
perfeita noção que é esta é subjetiva, dado que se dá na consciência de cada
sujeito. Esta verdade subjetiva pode ser comprovada através da racionalidade
argumentativa, ou seja, da argumentação uma vez que esta visa a aceitação de
uma determinada ideia por um auditório.
A argumentação, a verdade e o ser formam uma trilogia dialética em aberto, é um
sistema em aberto. A argumentação só existe porque o ser humano é um ser
racional.
O ser relaciona-se com a verdade na medida em que o ser se assume como um
homem a caminho e “o caminho faz-se caminhando”. Deste modo, a verdade não
pode ser um conceito fechado porque o ser humano atinge verosimilhanças ao
longo do caminho. A argumentação relaciona-se com a verdade na medida em que
o discurso argumentativo tem como ponto de partida valorizar diferentes pontos de
vista e deste modo valoriza e aceita diferentes verdades.
O ser humano, sendo racional e reflexivo, é um ser a caminho da verdade porque
ele pretende conhecer a verdade daquilo que estuda. A verdade não é um ponto de
chegada, mas sim um ponto de partida porque chegando a uma conclusão que se
considera como verdadeira, podemos perceber que há uma verdade mais perfeita
que a anterior – é um ciclo virtuoso.
Existem dois modelos de racionalidade: o modelo clássico que defende a existência
de uma verdade absoluta e o modelo contemporâneo que apoia a existência de
verosimilhanças. Estes dois modelos são antagónicos. Assim sendo, consideramos
que há um conceito tradicional de verdade no conhecimento e um conceito
contemporâneo de verdade no conhecimento.
O conhecimento tradicional de verdade no conhecimento começa com Platão, na
antiguidade grega, e perdura até ao século XIX. É valorizado o conceito de verdade
absoluta, perfeita, que não é suscetível de se modificar. Logo, os conceitos de
verdade e de conhecimento são fechados. O modelo clássico da racionalidade
implica aceitar uma verdade absoluta e que sejamos rigorosos no caminho para
chegar até ela. Platão, no seu modelo de dualismo cosmológico defende que a
verdade é inatingível, é uma verdade utópica e então defende que a matemática é
o saber mais perfeito que o Homem possui. Porém, Aristóteles possuía uma visão
mais enquadrada da realidade, situada entre sofistas e filósofos, que defendia que a
verdade absoluta era atingível através de processos lógico – dedutivos, isto é,
através da via racional. Os sofistas foram visionários na sua época já que possuíam
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uma visão de verdade relativa, que contrariava as ideias até então vigentes. Para
os filósofos, a retórica sofistica era considerada a negação da própria Filosofia. Este
conceito de verdade absoluta foi-se mantendo o tempo porque já na Baixa Idade
Média, com Santo Agostinho (séc. IX) havia a cultura da razão iluminada de
natureza teológica e teocêntrica. Era uma época Neoplatónica, fortemente
influenciada por Platão. Considerava-se que a razão encaminhava o Homem para
luz e que por isso ele nunca poderá atingir a verdade. Na Idade Média havia uma
cultura de natureza eclesiástica, e por isso, defendiam uma verdade absoluta de
natureza dogmática. Na Alta Idade Média, com São Tomás de Aquino (século XII) é
uma época neoaristotélica (pós Aristóteles) e era defendido que o Homem através
da matemática poderia efetivamente chegar á verdade absoluta. No renascimento,
dá-se ao Homem o poder de conhecer e transformar, há uma valorização do
Homem em detrimento de Deus (teocentrismo). O Homem está assim preparado
para poder entrar na Idade Moderna.
A crise do modelo clássico da racionalidade dá-se no final do século XIX com o
apogeu do positivismo que acaba por distorcer o próprio modelo. A teoria da
relatividade de Einstein, a física quântica de Eisenberg e as geometrias não –
euclidianas puseram em causa conceitos até então inabaláveis e considerados
como absolutos. Por outro lado, o facto de diferentes filósofos chegarem a
conclusões muito diversas sobre um mesmo tema constitui razão suficiente para
rejeitar que estes processos não são demonstrativos, porque as verdades
demonstráveis sai universais e tal não acontece com as “verdades” que os filósofos
preconizam atingir. Surgiu assim um novo modelo de racionalidade, racionalidade
argumentativa, que pretende dar resposta a estes novos problemas levantados.
A racionalidade argumentativa pressupõe que é necessário fundamentar os próprios
princípios de que se parte. Este modelo também se pauta pela procura da busca da
verdade e o conhecimento do ser, mas implica uma diferente conceção de verdade:
não a considera absoluta e intemporal, percebe antes que ela depende das
condições em que o conhecimento é obtido.
Hoje em dia, a Filosofia não pode ignorar a argumentação e os processos retórico –
argumentativos. O discurso filosófico é argumentativo, mas nem toda a
argumentação é filosofia. Ao usar o discurso retórico – argumentativo, o filósofo
pretende dirigir-se ao auditório universal cuja adesão pretende suscitar para os
princípios e valores que ele filósofo considera válidos e desejáveis para todos os
seres humanos.
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Argumentação e o auditório
Aquele que argumenta, se quer ser bem-sucedido e conseguir a adesão do auditório às teses que defende, tem de ter em atenção três aspetos fundamentais:
o A sua própria pessoa enquanto orador – ethoso O conteúdo da mensagem – logos o O público a que se dirige – pathos
O ethos
Diz respeito ao caráter do orador, que se for íntegro, honesto e responsável conquista mais facilmente o público. Enquanto orador, deve possuir certas competências para ter sucesso como a capacidade de dialogar (tanto de comunicar como de ouvir), de optar, de pensar e de se comprometer, por isso, ser-se uma pessoa cuja opinião se atribui algum valor, é já uma boa qualidade.
Aspetos significativos do ethos:
o Credibilidade do oradoro Presença e imagem do oradoro Uso de retóricao Utilização do exórdioo Eloquência
O pathos
Define-se pela sensibilidade do auditório que é variável em função das características do mesmo. Visto que o objetivo do orador é persuadir, é preciso perceber, por mera intuição, o que move o auditório, a que é sensível, numa palavra como quebrar o gelo inicial. O orador tem de selecionar as estratégias adequadas para provocar nele as emoções e as paixões necessárias para suscitar a adesão e levá-lo a mudar de atitude e de comportamento. Claro que o orador serve-se de argumentos racionais mas não pode deixar de usar o se carisma e a sua habilidade oratória.
Tipos de auditório:
o Juízes e jurados de um tribunalo Participantes de um comícioo Membros de uma assembleia política o Elementos de uma comunidade específica o Um único interlocutor
O logos
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É a consideração pelo conteúdo do discurso por parte do orador, se este quer que a mensagem passe. Para isso tem de apresentar claramente a tese que vai defender, selecionar bem os argumentos que fundamentam a tese (argumentos que diminuam as hipóteses de refutação), apresentando os mais fortes no início e repetindo-os no fim; antecipar objeções à tese (para desvalorizar os contra-argumentos) e procurar recursos estilísticos (retórica).
Deve-se cumprir os seguintes conteúdos na elaboração do discurso:
o Apresentar as ideias de uma forma natural e organizadao Utilizar uma linguagem precisa, específica e concretao Evitar linguagem tendenciosao Usar termos consistenteso Limitar-se a um sentido para cada termoo Utilizar exemplos.
o O discurso argumentativo – principais tipos de argumentos e falácias informais
Retórica e Filosofia
Platão e Sócrates insurgiram-se contra a retórica sofistica e extremaram o antagonismo entre a procura da verdade, que seria próprio dos filósofos, e a defesa das simples opiniões, proposta pelos sofistas.
Para Platão a retórica sofistica não era mais que uma manipulação da palavra e dos argumentos, sem qualquer preocupação com a verdade, preocupando-se apenas com a adesão. Ele defende que para governar o país deve haver conhecimento filosófico e poder.
Os sofistas faziam um uso da retórica que não era pautado por um código ético, chegando a gabarem-se de que seriam capazes de defender uma dada tese e em seguida defender o seu oposto com argumentos igualmente fortes. Os filósofos podiam reprovar-lhes a sua falta de idoneidade moral e intelectual.
Contudo, foram os sofistas que contribuíram para uma nova educação centrada no domínio da linguagem e das práticas discursivas, permitindo deste modo a participação dos seus discípulos de maneira eficaz na vida coletiva da cidade.
A educação da juventude – modelos em confronto
IDEAL EDUCATIVO – MODELOS EM CONFRONTOSofistas Filósofos
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o Ideal de vida ativa.o Aquisição de competências para o
exercício da cidadaniao Valorização da palavra e do discurso
eloquente.o Valorização do prazer e do sucesso.
o Ideal de vida contemplativao Busca da verdade e da sabedoriao Valorização do conhecimentoo Valorização das virtudes, como a
temperança e a moderação.
Inicialmente, o objetivo da educação dos jovens focava-se no desenvolvimento harmonioso do corpo e do espirito. Contudo, este desenvolvimento do corpo não era mais do que uma preparação para as guerras, sendo igualmente desenvolvido a coragem e o sacrifício.
Com o decorrer dos seculos, outras competências foram exigidas. O domínio da cultura geral e das artes da linguagem e do discurso eram pontos fulcrais para a obtenção do poder.
Com isto os sofistas defendiam que os jovens deviam sentir-se motivados para a entrada na vida politica com o objetivo desta ser exercida pelos mesmos.
No entanto, os filósofos apresentam ideias contraditórias, defendendo então que os jovens deveriam partir em busca da sabedoria e da verdade. Era um ideal contemplativo. Platão, dizia também que para uma boa preparação para a ação, o conhecimento devia ser valorizado.
o Persuasão e manipulação – os dois usos da retórica
No discurso retorico-argumentativo está sempre presente a intenção de influenciar aqueles a quem se dirige, levando-o a aderir ao ponto de vista que se considera o melhor e a adotar o comportamento que se considera preferível. E para isso recorre-se a duas estratégias:
Persuasão – situação comunicacional que visa operar uma mudança no comportamento do outro. Aquele que persuade procura respeitar os legítimos direitos da pessoa. Envolve argumentos racionais e emocionais.
Manipulação – é um ultrapassar de certos limites. Não há um uso da retórica mas sim um abuso dela. Ignora deliberadamente as razões e as estratégias que visam o conhecimento e aposta na sedução e sugestão. Esta atua de forma ardilosa, explorando habilmente as fraquezas das pessoas, tende a iludi-las e oculta muita informação.
PERSUASÃO MANIPULAÇÃO
o Visa operar uma mudança no comportamento
o Pretende levar em conta os legítimos interesses do outro
o Utiliza estratégias que visam o convencimento – ênfase das razões
o Visa operar uma mudança no comportamento
o Não manifesta o propósito de respeitar os interesses do outro
o Utiliza estratégias que têm por base a sedução e a sugestão – ênfase nas
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o O auditório adere livremente à tese do orador
paixões o A mensagem é imposta, não havendo
liberdade na adesão por parte do auditório à tese do orador
Como enfrentar estratégias manipuladoras
Desenvolver o espírito critico: avaliar a consistência dos argumentos; escrutinar as crenças que se aceitam sem fundamento racional, e uma atitude de observação atenta. Generalizar o conhecimento das práticas retóricas e o desenvolvimento das respetivas competências.
o Argumentação, verdade e ser
1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva
o Estrutura do ato de conhecer
Conhecer diz respeito à capacidade de o sujeito organizar os dados sobre um determinado objeto, de forma a conseguir pensá-lo ou produzir juízos acerca dele.
Análise fenomenológica do conhecimento
Fenomenologia – estudo descritivo dos fenómenos que aparecem à consciência do sujeito, possíveis de serem apreendidos por intermedio da representação. Esta caracteriza-se pela atividade intencional que o sujeito realiza em direção ao objeto com a finalidade de dele se apropriar. (Ato de conhecer)
Para haver conhecimento tem de existir uma correlação entre o sujeito (aquele que conhece) e o objeto (aquele que se deixa conhecer). Essa correlação é irreversível pois, os elementos que a constituem não são permutáveis (não se podem trocar). Não há conhecimento se não houver a dualidade sujeito-objeto. O objeto do conhecimento é sempre transcendente ao sujeito, mas a imagem ou representação é imanente, isto porque o objeto e o conceito do mesmo é sempre igual, o objeto não depende do sujeito, dai ser-lhe transcendente. Por outro lado, a imagem desse objeto varia de sujeito para sujeito, logo é-lhe imanente.
Tem de haver uma crença que seja verdadeira, que condiga com a realidade, e justificada, mas apenas isso não é suficiente, tem também de existir uma conexão entre esses três elementos.
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Conhecimento e crença
A crença é o fator subjetivo do conhecimento e, como tal, embora necessária não é suficiente para corresponder a conhecimento.
Conhecimento e verdade
O fato de as crenças serem verdadeiras também não corresponde necessariamente a conhecimento, pois podem ser verdadeiras por mero acaso, sem que haja justificação para a sua verdade.
Conhecimento e justificação
Três critérios para justificar as crenças:
o Verdade como correspondência (adequação de dizer à realidade) – implica a adequação entre aquilo que dizemos acerca das coisas e o que elas realmente são.
o Verdade como coerência (utilização de várias evidências conjugadas entre si) – aplica-se quando não é possível a verificação direta para provar que uma afirmação é verdadeira.
o Pratica como critério de verdade (utilização de proposições com resultados verificados) – permite decidir a verdade de uma proposição em função dos resultados, das consequências de que a sua aceitação se reveste.
Tipos de conhecimento:
o Saber fazero Saber queo Saber por contato
Afinal, o que é o conhecimento?
A palavra conhecimento deriva do latim cognotio, que significa captação conjunta
ou compreensão. Para haver conhecimento é necessário que ocorra a captação
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conjunta, isto é, a apreensão primária dos dois elementos que permitam que haja
conhecimento: o sujeito cognoscente e o objeto cognoscível (que é passível de ser
conhecido).
No processo de conhecimento há alteração do sujeito cognoscível apenas, mas
quando o objeto de conhecimento é o Homem ocorre alteração tanto do sujeito
como o objeto durante o processo de conhecimento.
O sujeito entendido como ser racional é valorizado neste processo, pois é ele que
tem a capacidade de compreender, percecionar ou pensar algo a partir de
elementos que lhe são fornecidos pelo meio que o envolve. Conhecer implica assim
a capacidade de um sujeito organizar dados sobre um determinado objeto,
pensando-o e inferindo, assim, juízos sobre ele. A formulação de juízos implica um
processo racional e reflexivo por parte do sujeito cognoscente que é o Homem. O
conhecimento assume extrema importância para o ser humano, pois este insere-se
num contexto científico – tecnológico e para usar os meios que tem ao seu dispor
necessita de conhecer.
A Filosofia preocupou-se também em conhecer os problemas do conhecimento, as
suas origens e o seu valor e limitações tendo por isso criado um ramo chamado
Gnosiologia que estuda o conhecimento em geral, interpretando-o.
O conhecimento implica sempre uma relação dialética entre o sujeito e o objeto e
pode ser entendido de duas formas: como um produto/resultado ou então como um
processo/ato.
O conhecimento entendido como produto/resultado remete-nos para o modelo
clássico da racionalidade em que os conteúdos da consciência que o sujeito
apreende são os conhecimentos que possui, sendo assim defendida a ideia de uma
verdade absoluta, intemporal. Por outro lado, o conhecimento visto como
processo/ato é , na realidade, um conjunto de produtos, ou seja, é uma verdade a
caminho, uma verosimilhança. Remete-se, deste modo, para um sistema em aberto
apoiado pelo novo modelo de racionalidade. Pode ser definido como a atividade
intelectual pela qual o sujeito apreende o que lhe é exterior.
O conhecimento só tem sentido útil, na atualidade, quando é visto como um
processo em vez de ser visto como um produto, já que a ideia de verdade absoluta
tornou-se obsoleta.
Podemos, então, considerar que existem três tipos de conhecimento que se inter-
relacionam com as diferentes dimensões da vida humana: conhecimento prático,
conhecimento por contacto e conhecimento proposicional.
Estes três tipos de conhecimento possuem um ponto em comum – a relação
dialética que se estabelece entre o sujeito e o objeto. Tanto o conhecimento prático
como o conhecimento por contacto são assistemáticos e imediatos, distinguindo-se,
na medida em que o conhecimento prático prende-se com o experienciar, o saber -
fazer enquanto o conhecimento por contacto envolve o contacto direto com as
coisas, o experimentar. Devemos ter em atenção que experimentar é diferente de
experienciar. O conhecimento proposicional é sistemático, práxico (cariz teórico –
prático), preocupa-se com a causa das coisas, a raiz dos problemas diferenciando-
se assim dos outros tipos de conhecimento referenciados. Analisemos, assim, os
diferentes tipos de conhecimentos.
![Page 17: Filosofia.docx](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022042515/5486152cb47959190d8b5029/html5/thumbnails/17.jpg)
No conhecimento prático estabelece-se uma relação entre o sujeito e o objeto, tal
como em qualquer tipo de conhecimento. O objeto de conhecimento, neste caso, é
uma atividade e o conhecimento traduz-se numa competência prática para
desempenhar um qualquer tipo de tarefa, um saber – fazer.
No conhecimento por contacto, o objeto de conhecimento é um objeto concreto
(uma coisa, uma pessoa, um estado mental, um lugar). Pressupõe-se também que
haja uma relação imediata entre o sujeito e o objeto que se traduz numa relação de
familiaridade e contacto, que não pode ser simplesmente comunicada por exigir
que haja contacto para se conhecer. Um dos grandes críticos do conhecimento por
contacto é Bertrand Russell que defende acerrimamente que não podemos
conhecer realmente algo por contacto mas apenas podemos adquirir e apreender
sensações acerca desse algo. Deste modo, podemos afirmar que o conhecimento
por contacto nunca é conhecimento verdadeiro.
O conhecimento proposicional opera sobre um conjunto de realidades que se
traduzem em proposições (preferencialmente verdadeiras pois são estas que
estabelecem uma relação adequada entre o sujeito e o objeto, mas podem,
também, ser falsas). É um conhecimento práxico, e por isso, mais geral e teórico
que baseia na explicação de algo assente em proposições. Ao contrário do
conhecimento por contacto, este pode ser simplesmente comunicado pois traduz-se
num “saber – que”. Todo o conhecimento cientifico, filosófico, matemático, literário
baseia-se no “saber que é verdade que” e por isso coloca-se impreterivelmente a
questão : “será que o que aprendemos é realmente verdadeiro?”
O conhecimento é um fenómeno que se dá na consciência de cada sujeito
remetendo-o, por isso, para o nível da subjetividade. É o sujeito que assume o papel
determinante na atividade cognoscitiva pois é ele que pretende conhecer e assim, o
conhecimento é determinado pelas vivências do ser humano (é de cada um de nós,
é um processo individual).
Platão foi o primeiro a determinar a necessidade de justificação (deve ser entendida
como explicação racional) e não apenas da verdade para determinar a existência
de conhecimento. De acordo com a definição tradicional de conhecimento em
Platão só existia uma verdade que era absoluta e inatingível. Segundo o dualismo
cosmológico de Platão o mundo em que vivemos é uma realidade ilusória e por isso
é-nos impossível atingir a verdade absoluta em vida, sendo assim utópica. Na
minha opinião, esta ideia de Platão é obsoleta e constitui uma visão pouco lúcida da
realidade. Aristóteles, seu contemporâneo, tem uma visão na mesma de verdade
![Page 18: Filosofia.docx](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022042515/5486152cb47959190d8b5029/html5/thumbnails/18.jpg)
absoluta mas mesmo assim mais real. Defende que existe sim uma verdade
absoluta, mas que esta através de rigorosos processos lógico - dedutivos é
atingível. Resumidamente, para Aristóteles a verdade absoluta atinge-se através da
matemática (que é a ciência mais perfeita) e que esta pode ser atingida pelo
Homem. Baseando-nos no novo modelo de racionalidade, a verdade já não é vista
como absoluta e intemporal porque se percebe que a verdade depende das
condições sócio – histórico – culturais em que o Homem se o insere e que é útil
recorrer á argumentação (retórica) para determinar o que é verdade. A análise da
evolução do conceito de verdade insere-se neste contexto pois ela é condição
necessária para que haja conhecimento.
O conhecimento (episteme) para Platão envolve três condições fundamentais – uma
condição de crença/opinião (doxa), uma condição de verdade (aletheia) e uma
condição de justificação (logos). Deste modo, podemos dizer que o conhecimento
passa primeiro por uma condição de crença (que nos vem dos dados dos sentidos)
e depois tem que ser justificada para constitui uma verdade. As crenças falsas não
constituem conhecimento.
O conhecimento pressupõe uma conceção tripartida de natureza dialética que
constitui a Teoria Crença Verdadeira Justificada.
Todo o conhecimento envolve crença, ou seja, quando sabemos algo acreditamos
nesse algo logo conhecer pressupõe acreditar. Mas, atenção, crença corresponde a
convicção, opinião e não associada á fé religiosa. A crença é uma condição
necessária para o conhecimento pois sem crença não há conhecimento mas não é
uma condição suficiente já que não basta acreditarmos em algo para que possamos
falar em conhecimento. O ser humano pode acreditar em falsidades e assim não irá
constituir conhecimento. Deste modo, é-nos possivel inferir que saber e acreditar
são conceitos distintos que, no entanto, se complementam. Só as crenças
verdadeiras, na realidade, é que podem constituir conhecimento e por isso
afirmamos que o conhecimento é factivo. Dizer que o conhecimento é factivo
implica aceitar que não se podem conhecer falsidades (ou seja, crenças falsas não
constituem conhecimento) e que sem verdade não há conhecimento. Assim sendo,
a verdade é uma condição necessária para o conhecimento pois aquilo em que
acreditamos tende a ser verdadeiro. Mas será que ela é uma condiçao suficiente? A
verdade não constitui condição necessária para o conhecimento porque podemos
acreditar em coisas verdadeiras sem saber que são realmente verdadeiras. De
acordo com a definição tradicional de conhecimento de Platão a crença verdadeira
só é conhecimento quando devidamente suportada por uma explicação racional,
uma justificação. A verdade no conhecimento classifica-se de três formas: verdade
como correspondência, verdade como coerência e verdade como prática.
A verdade como correspondência foi ilustrada pela primeira vez por Aristóteles e
implica a adequação entre a visualização das coisas e da sua verdadeira essência e
realidade e podem ser verificados através de factos empíricos comprováveis
através da experiência. A relação entre as proposições verdadeiras e as suas
condições de verdade traduz-se na correspondência. Porém, as condições de
verdade das proposições verdadeiras ilustram características objetivas do mundo. A
verdade como coerência aplica-se quando não é possível provar diretamente que
uma dada proposição é verdadeira. Assim sendo, utilizam-se raciocínios dedutivos
![Page 19: Filosofia.docx](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022042515/5486152cb47959190d8b5029/html5/thumbnails/19.jpg)
que partem de determinadas evidências combinadas com outras evidências
permitem chegar a uma conclusão. São usados raciocínios dedutivos porque são
estes que possuem validade lógica, uma vez que se as premissas forem
verdadeiras, a conclusão é impreterivelmente verdadeira.
O modo como é determinada a verdade é das premissas é um critério que a
verdade como correspondência deixa em aberto. Muitas vezes esta verdade é
estabelecida pelo critério da correspondência em vez do critério da verdade como
coerência. A verdade como coerência tem grande utilidade tanto na vida quotidiana
como nas ciências. A relação de verdade entre as proposições verdadeiras é a
coerência mas as condições de verdade das proposições verdadeiras são outras
proposições. A verdade como prática permite decidir a verdade de uma proposição
em função das consequências que a sua aceitação se reveste, isto é, a verdade
depende dos resultados, é prática que avaliza a verdade dos nossos juízos. Este
critério tem aplicabilidade no teste de hipóteses, porque muitas vezes a sua
aceitação depende das consequências que ela permite prever. A relação entre as
proposições verdadeiras e as suas condições de verdade traduz-se pela prática e as
condições de verdade são determinadas pela sua utilidade, o melhor resultado, o
sucesso.
Justificação das crenças : critérios de verdade
A
justificação é uma condição necessária para o conhecimento, mas a crença
somente justificada não é suficiente para termos conhecimento. Por vezes,
acreditamos em algo para o qual até possuímos uma justificação só que aquilo em
que acreditamos não é verdadeiro.
Uma condição necessária e suficiente para podermos afirmar que possuímos
conhecimento é a CRENÇA VERDADEIRA JUSTIFICADA. As condições de crença, de
verdade e de justificação são separadamente necessárias para o conhecimento, isto
é, se uma das condições não for cumprida e totalmente satisfeita não é
conhecimento. Do mesmo modo, se todas as condições forem satisfeitas
afirmaremos então que estamos presentes diante de um exemplo de conhecimento.
![Page 20: Filosofia.docx](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022042515/5486152cb47959190d8b5029/html5/thumbnails/20.jpg)
Edmund Gettier, epistemólogo e filósofo contemporâneo, através de contraexemplos( que colocaram o famoso problema de Gettier) demonstrou que as condições de crença, verdade e justificação eram necessárias mas não eram suficientes. Os seus contraexemplos mostram que podemos ter justificação para acreditar em algo verdadeiro sem que esse algo seja conhecimento. Então, de acordo com a visão de Edmund Gettier, a crença verdadeira e justificada não é suficiente para o conhecimento. Segundo Gettier, para existir conhecimento deve existir uma conexão adequada entre a justificação e a verdade da crença. Só esta justificação adequada e conexionada com a verdade da crença é aceitável, pois só esta elimina a interferência do fator “acaso” no estabelecimento da crença verdadeira. Concluímos então, que a análise platónica do conhecimento está incompleta.
Tipos de conhecimento
Saber-fazer: refere-se ao conhecimento de uma atividade, isto é, à capacidade, aptidão ou competência para realizar/efetuar alguma coisa.
Conhecimento por contacto: refere-se ao conhecimento direto de alguma realidade, seja de pessoas ou lugares.
Saber-que: refere-se ao conhecimento proposicional ou conhecimento de verdades.
Definição de conhecimento
![Page 21: Filosofia.docx](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022042515/5486152cb47959190d8b5029/html5/thumbnails/21.jpg)
O conhecimento é uma relação entre um sujeito e um objeto.A crença é uma condição necessária do conhecimento, pois o conhecimento é uma convicção do sujeito relativamente ao objeto. Mas a crenças podem ser falsas, o que se verifica em discussões, em que existem muitas opiniões diversas e inconpatíveis sustentadas por diferentes pessoas, algumas delas, por conseguinte devem estar erróneas. O verdadeiro e o falso de qualquer crença dependem de algo exterior à crença. Ora, uma crença falsa não corresponde a qualquer conhecimento, ainda que aquele que a possui julgue deter o conhecimento.
Como tal, a crença, embora sendo uma condição necessária para o conhecimento, não é uma condição suficiente. Para haver conhecimento, para além de ser necessário que o sujeito acredite em algo, como que essa crença seja verdadeira.
Mas conhecimento não se reduz à mera crença verdadeira, para ser conhecimento esta precisa de estar devidadmente justificada.
→ Teoria CVJ: 1º Crença (doxa): S acredita em P; 2º Verdade: P é verdadeira; 3º Justificação: S dispõe de justificação ou provas para acreditar que P. A justificação tem que vir da razão (episteme) e possível de explicar, só assim serão cognoscíveis. Nenhuma das 3 condições consideradas isoladamente é suficiente para que haja conhecimento. Esta teoria foi defendida por Sócrates.
→ Críticas à definição tradicional: Edmund Gettier revelou a possibilidade de termos uma crença verdadeira justificada e sem que tal crença equivalha a um efetivo conhecimento. Embora alguém tenha uma justificação razoável para acreditar que algo é verdadeiro, tal crença não é necessariamente conhecimento. Nestes casos, a relação da justificação com a crença verdadeira não é adequada, sendo a verdade da crença apenas o resultado de uma coincidência. Também pode acontecer inferir-se uma crença verdadeira de outra falsa.
1- Relação entre convencer e persuadir.O conceito de persuadir, está relacionado com o convencer, no entanto, o
discurso persuasivo não obedece a critérios de transparência e reciprocidade. Isto é, tem como objetivo induzir ou levar os interlocutores a acreditar em alguma coisa ou a fazer alguma coisa. Trata-se do ato de manipular símbolos para provocar mudança nos comportamentos, daqueles que interpretam esses símbolos. Os três elementos principais da persuasão são:
A intenção consciente por parte do emissor para manipular o(s) recetor(s). Transmissão de uma determinada mensagem. Influência nas atitudes e comportamentos. Ex.: Discurso político e
publicitário.Deste modo, persuadir é o objetivo do discurso dirigido a um auditório
particular enquanto que o convencer é o objetivo do discurso dirigido a um auditório
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universal. Assim, persuade-se um auditório particular, tendo em conta a sua especialidade afetiva, valorativa, etc.; e convence-se um auditório universal a partir de argumentos racionais que são universalizáveis.
2- Relacionar Ethos, Pathos e Logos.No contexto da retórica, o Ethos refere-se ao caráter do orador, que se for
considerado uma pessoa íntegra, honesta e responsável, conquista mais facilmente a confiança do público. Quando o público pressupõe que o orador é uma pessoa leal, séria e credível, está mais predisposto a aceitar o que é dito. É uma técnica retórica que não tem obrigatoriamente a ver com a forma de ser real da pessoa.
O Pathos significa paixão, sofrimento, ser afetado. Na retórica, pathos refere-se às emoções despertadas no auditório, que constituem um elemento determinado na receção da mensagem. Dado que a reação do público é diferente conforme passa os estados de calma ou ira, alegria ou tristeza, amor ou ódio, piedade ou irritação, o orador deve desenvolver a técnica de despertar sentimentos.
Neste contexto, refere-se àquilo que é dito, ao discurso argumentativo, isto é, aos argumentos que o orador utiliza na defesa das suas opiniões. É esta a dimensão que Aristóteles mais desenvolve evidenciando as principais técnicas a ter em conta na retórica.
Estes tipos de provas tem todos o mesmo objetivo: Influenciar e convencer o ouvinte, por isso mesmo, podemos dizer que estão todas relacionadas.
8- Oposição Sofistas/Filósofos (Sócrates e Platão).A retórica, como arte de convencer e persuadir, tem as suas origens na
Antiguidade, devendo aos sofistas a sua proliferação. Professore itinerantes que se dedicavam ao ensino dos jovens cidadãos, os sofistas dominavam a arte de persuadir pela palavra. Eram dotados de habilidade linguística e de estilo eloquente e surpreendiam pela sua vasta sabedoria e pelos seus discursos expressivos. O seu ensino proporcionava aos cidadãos da Grécia antiga os meios e as técnicas necessários à inserção e participação na vida política.
Os sofistas dão conta que o uso da palavra, tendo em vista convencer e seduzir os ouvistes, é mais eficaz do que o conteúdo do próprio discurso. Por outro lado, o contacto com diferentes culturas faziam-nos acreditar e defender que a verdade dos discursos é a verdade que serve ao homem (concreto); é uma verdade relativa, feita medida das necessidades e circunstâncias de cada um. “O homem é a medida de todas as coisas” dizia o sofista Protágoras.
Ao afirmar o relativismo da verdade, os sofistas inauguraram uma longa batalha contra Sócrates, Platão e seus discípulos. Por oposição ou nome filósofo, amigo do saber, o termo sofista (que originariamente significa sábio) passa a estar
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associado ao falso saber, o sofista é aquele que detém uma sabedoria aparente, que faz uso do raciocínio falacioso.
Se, para o sofista, a retórica era arte de bem falar ou técnica de persuadir para ganhar dado auditório a favor de determinada opinião, para os filósofos como Sócrates e o seu discípulo Platão a argumentação só pode servir a busca da verdade. Uma boa argumentação é aquela que serve o filósofo na busca da verdade.
Com Aristóteles, a retórica torna-se um saber entre outros, uma disciplina que não faz uso do mesmo tipo de provas que as ciências teóricas, e que se ocupa do que verosímil. Ao distinguir os domínios das retóricas, da moral e da verdade, Aristóteles pôde libertar a retórica da m+a reputação que a ligava a sofistica. Come feito, pode-se fazer um bom ou mau uso da retórica, não é ela que é mora ou imoral, mas quem a utiliza.
Apenas no século XX, assiste-se à nova retórica, com o fundamento de uma nova racionalidade, isto é, passa a considerar-se a sua importância no pensamento e para o conhecimento.
Anexos:Retórica - Pode entender-se por retórica a arte de argumentar, a arte de bem falar, cujo objetivo é persuadir e convencer um auditório a respeito de determinado assunto, levando-o a aceitar que uma certa tese ou opinião é preferível àquela que se lhe opõe.Argumentação – Argumentar é apresentar ideias pró ou contra uma determinada tese. Tem uma dimensão comunicativa e implica a existência de um orador que transmite uma determinada tese (conjunto de argumentos), e um auditório ou interlocutor que recebe essa mensagem, aderindo ou não a esses argumentos. O objetivo da argumentação é, portanto, convencer ou obter a adesão do auditório.
Demonstrar Argumentar (convencer)
Validade dos raciocínios (lógica formal) Linguagem natural
Linguagem formal (2+2=4) Auditórios particulares
Auditório Universal Verosímil ou plausível
Doxa (opinião)
Opinião Pública – A propaganda política que se pretende eficaz deve ir ao encontro ou responder às necessidades e preocupações manifestadas pela chamada opinião
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pública é o conjunto de pensamentos, conceitos e representações gerais dos cidadãos sobre as questões de interesse coletivo. A um primeiro nível, pode ser entendida como a voz da sociedade civil ou a expressão da vontade coletiva. Neste sentido, a opinião pública influencia a política e pode, inclusive, derrubar governos.