Filosofia do Tratamento Ortodôntico com Braquetes Autoligáveis Passivos

ROGÉRIO SCHMIDT ARMANDO

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70

264

332

Biomecânica com Braquetes Autoligados

Uso da Eficiência nos Braquetes Autoligados

Caso Clínicos

Gestão e Marketing de Excelência em Ortodontia Autoligada

Cap. 01

Cap. 02

Cap. 03

Cap. 04

Diagnósticos e Planejamentos

Introdução26

42

30 Benefícios do braquetes autoligados

Problemas dos braquetes autoligados e suas soluções

78 256

266

72 86Intervalo das consultas

Posicionamento e Colagem dos Acessórios

Prescrição e Protocolo

Controle na Finalização

A diferenciação na Ortodontia334

BENEFÍCIOS DOS BRAQUETES AUTOLIGADOS

32

01

CAP

Primeiramente, para podermos utilizar os

braquetes autoligados, vamos listar alguns

benefícios que este tipo de braquete apre-

senta e como podemos utilizá-los a nosso fa-

vor na mecânica ortodôntica.

Benefícios:

a. Menor força aplicada na mecânica de ni-

velamento e alinhamento;

b. Menor atrito na interface fio/ slot dos

braqutes;

c. Desenvolvimento pleno do arco;

d. Desenho do braquete.

A. Menor força aplicada na mecânica de ni-

velamento e alinhamento

O benefício de menor força pode ser visto em

vários trabalhos que mostram que o uso de

elástico para ligadura aumenta significativa-

mente a força no periodonto na fase de nive-

lamento, conforme podemos verificar neste

trabalho* (Figuras 01A-C e 02A-C).

Esse trabalho teve como objetivo, por meio

de análise fotoelástica, avaliar as diferenças

de força no periodonto durante as mecânicas

ortodônticas de intrusão e extrusão dentária

utilizando braquetes convencionais com liga-

duras elásticas para fixação do fio ortodônti-

co e braquetes autoligados, sendo ambos da

marca Easy Clip da fábrica Aditek.

Para executarmos os movimentos de intru-

são e extrusão foi utilizado um fio redondo de

NiTi de calibre 0,014”. A força aplicada com

estes arcos de nivelamento nos braquetes

autoligados com os clipes fechados e com os

mesmos braquetes com o clipe aberto e o uso

de ligadura elástica foi observada no modelo

fotoelástico com os seguintes resultados:

a. Que no momento da mecânica de intru-

são e extrusão, quando utilizamos os braque-

tes Easy clipe com os clipes abertos e mais li-

gadura elástica, houve um aumento de força

no modelo fotoelástico, conforme podemos

verificar nas Figuras 01A-C e 02A-C; a força

provocou no modelo uma maior rarefação de

luz nos caninos e nos dentes adjacentes che-

gando até os primeiros molares;

b. Já no modelo fotoelástico com braquetes

apenas com os clipes fechados, sem os elásti-

cos para ligaduras, foi observado nas Figuras

01 A-C e 02 A-C que a rarefação de luz ficou

mais concentrada nos caninos, o que mostra

que temos menor força nesta mecânica.

Assim podemos concluir que, devido à dimi-

nuição da força de atrito (Figura 03) e à folga

na interface dos slots dos braquetes, as for-

ças aplicadas no periodonto são menores,

conforme observamos no modelo fotoelásti-

co, mostrando que a diminuição de força na

mecânica ortodôntica com braquete autoli-

gado é um dos benefícios.

*Trabalho de monografia apresentado no curso de Especialização em Ortodontia pelo aluno Maurílio Francisco Cintra com o título “Análise comparativa das tensões periodontais devido às mecânicas intrusiva e extrusiva de braquetes autoligados e braquetes convencionais com ligadura elástica”, sob orientação do Prof. Rogério Schmidt Armando.

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A-C • Essa figura mostra três imagens, todas com braquetes autoligados da mesma marca: a primeira (A) sem arco de nivelamento; a segunda (B) com uso de 0,014” de NiTi sem elástico para ligadura e a terceira (C) com o mesmo arco com o uso de elástico para ligadura.

A-C • Essa figura mostra três imagens, todas com braquetes autoligados da mesma marca: a primeira (A) sem arco de nivelamento; a segunda (B) com o uso de fio 0,018” de NiTi sem elástico para ligadura e a terceira (C) com o mesmo arco e com o uso de elástico para ligadura.

Fio passando pelo slot do braquete passivamente.

01

01A

02A

01B 01C

02B 02C

02

03

03

34

01

CAP

Esta menor força aplicada nos dentes pro-move um maior conforto ao paciente em relação à dor ao movimento e, para o or-ganismo, uma melhor biocompatibilidade, promovendo menor dano às estruturas ós-seas e periodontais.

B. Menor atrito na interface fio/ slot dos braquetes

Outro benefício encontrado em vários estudos é o deslizamento. O deslizamento ocorre de-vido à diminuição no contato interface slot do braquete e fio de nivelamento, conforme po-demos observar na Figuras 04A-C. Para nós, ortodontistas, o mais importante é o grau de deslizamento e não o atrito propriamente dito pois o maior deslizamento promove melhor movimento e menos força na movimentação.

AT

AH SH*

Third order Critical Angle

04A

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A-C • Contato interface slot do braquete e do fio.

Canino superior do lado direto em infraversão e classe II de Angle.

Movimento autocinético do canino para posterior.

Finalização do tratamento com o canino em classe I e o molar em classe II de Angle.

05 06 07

04

05

06

07

O deslizamento na mecânica ortodôntica é muito importante não só para diminuir a força aplicada, mas também para come-çarmos a trabalhar com forças mais com-patíveis com as musculaturas peribucais; sendo assim, muitos movimentos ortodôn-ticos indesejáveis, como a vestibularização dos dentes anteriores em uma mecânica de nivelamento com caninos em infraversão

que em uma mecânica convencional, além de vestibularizar os dentes anteriores, o es-paço que deveria ser ocupado pelo canino pode permanecer presente mesmo com os caninos já em posição, conforme podemos observar no exemplo abaixo, que o desliza-mento facilitou a movimentação do canino para o espaço promovido pela exodontia do primeiro pré-molar (Figuras 05-07).

AT

AHSH*Third order

Critical Angle

AT

AHSH*

Third order Critical Angle

04B

04C

36

01

CAP

Para concluirmos, este movimento ocorre mais facilmente por causa do fenômeno chamado movimento autocinético anteroposterior, ex-plicado nas figuras abaixo (Figura 08A-C) uma vez que a força aplicada nos arcos não ultra-passa os 45g de força (Figura 09), assim não vencem a força dos lábios e os fios, juntamente com os dentes, tendem a ir para posterior.

É importante também salientar que se o objetivo for vestibularizar os dentes ante-riores, temos que promover modificações para podermos promover o movimento para vestibular; veremos isso no capítulo que fala de problemas e soluções nos bra-quetes autoligados.

C. Desenvolvimento pleno do arco

O desenvolvimento do arco é outro benefício que temos no tratamento ortodôntico com braquete autoligado que ajuda a desenvolver a arcada dentária no sentido laterolateral e anterior; este movimento é promovido pela vestibularização dos dentes posteriores. É im-portante lembrar que este desenvolvimento do arco não é uma expansão do osso palatino pois os casos que necessitam de desenvolvi-mento do palato precisam utilizar aparelhos específicos para esta função, como os disjun-tores palatinos (Figuras 10A-E). O desenvol-vimento do arco ocorrerá em todos os casos (Figuras 11A,B); portanto, nos casos em que os dentes caninos estiverem mais para vesti-bular, este desenvolvimento será maior.

08A

08B

A-C • Movimento autocinético, apinhamento inicial (A). Movimento distal dos caninos (B). Finalização do movimento (C).

08

08C

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Força média aplicada pelo lábio e pela língua nos incisivos.

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01

CAP

10

11A-E • Caso clínico com atresia óssea do arco superior e inferior. Início do tratamento (A). Disjunção do arco superior (B). Distração oste-ogênica mandibular (C). Foto frontal da oclusão após disjunções (D). Foto do arco dentário su-perior pós disjunção (E).

A,B • Desenvolvimento pleno do arco. Início, montagem do aparelho superior (A). Expansão do arco após o nivelamento (B).

10A 10B

10C 10D

10E 11A 11B

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A-D • Damon Q (Ormco) (A). Damon 3 (Ormco) (B). Smart Clip (3M Unitek) (C). Easy Clip (Adtek) (D).12

D. Desenho do braquete

Uma das reclamações dos pacientes são as lesões intrabucais. Esses machucados são decorrentes, muitas vezes, dos braquetes que enroscam na mucosa e causam grandes lesões; pensando nisso muitas fábricas cria-ram um desenho mais moderno, produzin-do braquetes mais arredondados, com perfil mais baixo e tamanho menor, para melhorar este problema e criar um braquete mais con-fortável ao paciente e melhorar a expectativa do mesmo (Figuras 12A-D e 13A-G).

Outro aspecto importante nos tratamentos atuais são os braquetes estéticos: hoje em dia, por temos mais pacientes adultos inician-do tratamentos ortodônticos, eles procuram melhorar a estética dental mas sem mostrar muito, evitando sorrisos metálicos. Sendo assim, existem vários tipos de produtos para esse público na indústria, com braquetes au-toligados de porcelana, policarbonato ou po-li-acrílico (Figuras 13D-G).

Mas é importante salientar que este benefício pode trazer alguns problemas devido ao ma-terial utilizado nesses tipos de braquetes: os braquetes estéticos muitas vezes são fabrica-dos em policarbonato, porcelana ou poli-acrí-lico; esse tipo de material é mais friável e pode quebrar, tornando o tratamento mais tenso. Para amenizar este problema muitas indús-trias colocam slot de metal para que, além de ter um deslizamento melhor do fio, impeça as fraturas, principalmente quando são executa-das mecânicas ortodônticas, como o torque.

12A

12B

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CAP

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13B

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A-G • Portia (3M – Abzil) (A). OrthoClip (Orthometric) (B). Tellus EX (Eurodonto) (C). Damon Clear (Ormco). (D). Damon 3 MX (Ormco) (E). Clarity SL (3M Unitek) (F). Armando (Ortho Affinity) (G).

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13D

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