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FILIAÇÃO SUMÁRIOS E PEÇAS PROCESSUAIS João Alves Procurador-Adjunto CEJ CURSO ESPECIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO Jurisdição Cível Abril de 2010

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FILIAÇÃO

SUMÁRIOS E PEÇAS PROCESSUAIS

João Alves Procurador-Adjunto

CEJ CURSO ESPECIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Jurisdição Cível Abril de 2010

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I- ÍNDICE

I- Índice..........................................................................................................................2 II- Íntrodução .................................................................................................................4

III- Averiguações oficiosas (síntese da tramitação) ......................................................5

A) Para investigação da maternidade ou paternidade ..........................................5

1- Parecer de viabilidade do Ministério Público ............................................8 2- Despacho do Juiz .....................................................................................10 3- Arquivamento. Notificação à mãe do menor ...........................................11 4- Acção. Averiguação oficiosa da maternidade...........................................12 5- Acção. Averiguação oficiosa de paternidade ............................................14

B) Para impugnação da paternidade presumida (síntese da tramitação) ............17

1- Acção oficiosa de impugnação da paternidade .........................................19

IV- Investigação da maternidade (síntese da tramitação) ............................................23

1- Acção. Investigação da maternidade (complexa)...........................................26 2- Acção. Investigação maternidade e impugnação de paternidade presumida .28 3- Acção. Investigação de maternidade (Habilitação inicial).............................31

V- Impugnação da maternidade (síntese da tramitação)..............................................34

1- Acção. Impugnação de maternidade ..............................................................35 2- Despacho de arquivamento (maioridade).......................................................37

VI- Investigação da paternidade (síntese da tramitação) .............................................38

1- Formulário de atendimento na Procuradoria..................................................40 2- Termo de perfilhação .....................................................................................42 3- Investigação paternidade. Inquérito a remeter à mãe do(a) menor ................43 4- Despacho de arquivamento. Falta de prova ...................................................46 5- Despacho de arquivamento. Afastamento presunção paternidade.................47 6- Despacho de arquivamento. Oposição da mãe da menor...............................48 7- Despacho de arquivamento. Perfilhação ........................................................49 8- Despacho de arquivamento. Morte do menor ................................................50 9- Acção. Investigação paternidade. Habilitação ...............................................51 10- Acção. Investigação de paternidade.............................................................54

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11- Acção. Investigação paternidade. Exames ADN .........................................57 12- Perguntas à mãe do menor ...........................................................................59 13- Perguntas ao indigitado pai ..........................................................................61 14- Perguntas às testemunhas.............................................................................62 15- Despacho. Competência territorial...............................................................63

VII- Impugnação da paternidade (síntese da tramitação) ............................................64

1- Formulário de atendimento na Procuradoria..................................................65 2- Inquérito a remeter à mãe do(a) menor ..........................................................67 3- Perguntas: mãe, pai, testemunhas ..................................................................69 4- Acção de impugnação de paternidade em representação do menor...............72 5- Despacho de arquivamento. Falta de prova ...................................................75 6- Despacho de arquivamento. Falta de prova ...................................................76 7- Despacho. Competência territorial.................................................................77

VIII- Impugnação de perfilhação (síntese da tramitação)............................................78

1- Perguntas: mãe, pai, perfilhante, testemunhas ...............................................79 2- Despacho. Impugnação perfilhação. Competência territorial ........................82 3- Despacho de arquivamento. Impugnação perfilhação. Falta de provas .........83 4- Acção de impugnação de perfilhação ............................................................84 5- Acção de impugnação de perfilhação ............................................................86

IX- Jurisprudência........................................................................................................88

X- Bibliografia ...........................................................................................................118

XI- Circulares da PGR...............................................................................................120

1- Circular 4/07. Dever de comunicação ao representado de decisões ............120 2- Circular 26/81. Averiguações oficiosas. Instrução atempada ......................122

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II- INTRODUÇÃO

A matéria respeitante à filiação integra o programa da área cível do 1º ciclo do curso especial do MP. Foi-lhe atribuída apenas (uma vez que, estatisticamente é a área cível com maior intervenção do MP) uma única sessão de 3 horas, à qual adicionei outra sessão de 3 horas, por manifesta necessidade pedagógica.

Trata-se de matéria que, embora vasta, não apresenta especial dificuldade, embora constate, na prática, prazos bastante longos na instrução dos PA. Perante este cenário, apenas restou “assumir” as consequências de ter aceitado o convite para ser formador do Curso Especial do Ministério Público e usar as férias da Páscoa para actualizar estes apontamentos, para funcionarem como apoio às sessões sobre filiação.

O presente trabalho resulta de uma actualização e ampliação do anterior caderno elaborado em 2007 (já desactualizado face à publicação da Lei 14/09 de 1/4, alterações ao CPC, Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais, Regulamento das Custas Processuais e à Jurisprudência entretanto publicada), que era disponibilizado aos Srs. Auditores de Justiça, e visa apenas sintetizar e exemplificar, no âmbito das funções do MP, grande parte das intervenções processuais.

Por evidentes razões ambientais e seguindo a prática europeia no âmbito da formação, estes apontamentos apenas são distribuídos em ficheiro informático, no caso, em formato PDF.

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III- AVERIGUAÇÕES OFICIOSAS

A) Para investigação da maternidade ou paternidade: - Características:

1- Acção intentada no interesse público.

2- Existência de processo prévio tutelar cível regulado na OTM (art. 202º a 207º do DL 314/78 de 27/10, visando obter despacho judicial sobre a suficiência de indícios da filiação biológica que funciona como condição de legitimidade do MP para a propositura de acção de estado.

3- A improcedência da acção oficiosa não obsta a que se intente nova acção de investigação, ainda que com os mesmos fundamentos (art. 1813º e 1868º C. Civil).

4- Posterior existência de acção comum declarativa.

5- A instrução do processo é secreta (art. 203º, nº 1 da OTM e 1812º e 1868º C. Civil).

6- É inadmissível a intervenção de advogados, excepto na fase de recurso (art. 203º, nº 2 OTM).

7- Recurso limitado a matéria de direito e ao MP (art. 206º OTM). - Quando tem lugar:

Sempre que a maternidade ou paternidade esteja omissa no assento de nascimento o funcionário tem o dever de enviar a tribunal certidão integral do registo de nascimento (art. 1808º, nº 1 e 1864º C. Civil).

- Casos de arquivamento:

1- Com a morte do menor (Ac. RP de 14/4/71, BMJ 205-108).

2- Se o pretenso pai perfilhar ou a mãe confirmar a maternidade (art. 207º OTM, 1808º, nº 3 e 1865º, nº 2 C. Civil) – remete-se o termo de perfilhação à Conservatória do Registo Civil.

3- Se a pretensa mãe e o perfilhante ou a mãe e o pretenso pai forem parentes ou afins na linha recta ou parentes no 2º grau da linha colateral (art. 1809º, al. a) e 1866º, al. a) C. Civil).

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4- Decurso de 2 anos (caducidade) após o nascimento do menor (art. 1809º, al. b) e 1866º, al. b) C. Civil). Excepção, o art. 1867º C. Civil (processo crime com prova de cópula).

5- Doação de espermatozóides, óvocitos e embriões, doadores não são progenitores (art. 10º, nº 2 da Lei 32/06 de 26/7).

6- Dador de sémen não pode ser havido como pai da criança que vier a nascer (art. 21º da Lei 32/06 de 26/7). 7- Com a adopção plena do menor (art. 1987º do C.Civil).

- Tribunal competente:

O da residência do menor à data da instauração do processo, sendo competentes os Tribunais de Família e Menores se a residência for na área da sua jurisdição, e os Tribunais de Comarca nos restantes casos (art. 146º j), 149º e 155º da OTM).

- Instrução:

1- É dirigida pelo Ministério Público.

2- São admissíveis todos os meios de prova legalmente admitidos.

3- Os depoimentos são obrigatoriamente reduzidos a escrito (art. 202º, nº 1 OTM).

- Tramitação: Envio pela Conservatória ao MP de assento de nascimento onde consta a maternidade/paternidade omissa.

⇓ (MP): Promovo que se registe e autue como AOM/AOP.

⇓ (Juiz): Ao MP para instrução.

⇓ - Inquirição dos progenitores indigitados (mãe/pai). - Inquirição de testemunhas. - Requisição de assentos de nascimento dos progenitores. - Outras diligências (Ex. fichas médicas, relatórios médicos, exames de ADN).

⇓ Parecer do MP sobre a viabilidade ou não da acção de investigação, com identificação da presumível mãe/pai.

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Despacho do Juiz:

A) Ordenando e efectuando novas diligências para uma melhor decisão (art. 205º, nº 2 OTM),

ou

B) Ordenando o arquivamento dos autos ou a remessa dos mesmos ao MP competente (tribunal do domicílio do Réu/Ré – (art. 85º CPC) se a considerar viável (art. 205º, nº 1 e 3 OTM, 1808º, nº 4 e 1865º, nº 5 C. Civil).

⇓ Recurso limitado a matéria de direito e ao MP (art. 206º OTM).

⇓ Divergência entre o MP e o Juiz:

- Se o Juiz ordenar o arquivamento, o MP não pode intentar acção oficiosa.

⇓ Solução:

A) Recurso do despacho do Juiz (art. 206º OTM). B) O MP junto do tribunal competente (domicílio do Réu) pode intentar a acção de investigação de maternidade ou paternidade em representação do menor.

Igual solução se:

- Já tiverem decorrido 2 anos após nascimento. - Quando a mãe e o pretenso pai forem parentes ou afins na linha recta ou parentes no segundo grau da linha colateral (cfr., Costa Pimenta, Filiação, 1986, pág. 147).

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1- Parecer de viabilidade do MP. Vista …../ …./…..

Os presentes autos de averiguação oficiosa de paternidade têm como objectivo a recolha de elementos de prova que viabilizem uma futura acção de investigação da paternidade, constituindo um pressuposto para a propositura dessa acção futura.

A fls. 3 dos presentes autos foi remetida pela Conservatória dos Registos Centrais certidão de nascimento de Tiana ……., apenas com maternidade estabelecida, para que se procedesse à averiguação oficiosa da paternidade, nos termos do disposto nos artigos l864.° do Código Civil e 98°do Código do Registo Civil.

Os tribunais de família e menores são competentes, em razão da matéria, para conhecer das acções de averiguação oficiosa de paternidade, nos termos do disposto nos artigos 1864.° e 1865.° do Código Civil (CC), artigo 82.°, n.° l, alínea j) da LOFTJ e 146.°, alínea j) e 202.°, ambos da OTM (neste sentido o Acórdão da RL de 5/7/2000, Conflito de Competência n.° 1935/00 e Guilherme de Oliveira, "Estabelecimento da Filiação", p. 92).

"A acção de averiguação oficiosa de paternidade é pois, um processo

administrativo que tem como único objectivo habilitar a formação de um juízo de

viabilidade de acção, não implicando qualquer presunção de paternidade, nem

constituindo sequer princípio de prova as declarações nele prestadas (...) ", (Acórdão STJ, de 16/10/1981, BMJ,309.°, p. 349).

Atendendo que mãe e filha, respectivamente Giselle …… e Tiana ……..residem em Durban, África do Sul, foi oficiado o Consulado de Portugal da área de residência da mãe da menor, a fim de serem tomadas declarações a esta.

A fls. 16 foram juntas as declarações prestadas por Giselle ….., que declarou que o pai da menor é José………….. cuja data de nascimento é 17 de Outubro de 1978 e que reside no Reino Unido. Que não viveu maritalmente com o pai da menor, mas manteve com ele uma relação de namoro nos 120 dias dos 300 que precederam o nascimento de Tiana. Que somente manteve relações sexuais com José ……..durante esse período.

Que este reconheceu publicamente ser o pai da menor, chegando a escrever-lhe um cartão de Natal.

Para além destas declarações indicou como testemunhas dos factos por si relatados os pais e a irmã do pretenso pai da sua filha, todos a viver no Reino Unido.

A fls. 43 e seguintes dos presentes autos, no Supremo Tribunal, Queen's Bench Dívision, Tribunal Real de Justiça, em Londres, foi ouvido José ………….., indicado por Giselle ………, como pretenso pai da menor.

Por este foi dito que conheceu Giselle …… em finais de 2001, em Inglaterra. Que manteve com ela relações sexuais desde a primeira noite em que a conheceu,

o que durou até Março de 2002. momento em que a Giselle foi viver para África do Sul. Admite poder ser o pai da menor e que já reconheceu tal facto, perante os seus

pais e perante outras pessoas, mas que nunca conheceu a menor. Mais declarou, que

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assinou o cartão de Natal que a sua mãe comprou e enviou à Giselle e à Tiana e que os seus pais estão convencidos que a menor é sua filha.

Que está disposto a realizar um teste de DNA. Finda a fase instrutória, cabe ao Ministério Público proferir parecer sobre a

viabilidade da respectiva acção, nos termos do disposto no artigo 204.° da O.T.M. O direito português prevê três formas de estabelecimento da paternidade: por

presunção a favor do marido de mulher casada, nos termos do disposto no artigo 1826.°, n° l do Código Civil, por perfilhação, nos termos do disposto nos artigos 1849.° e 1853.° do Código Civil e por reconhecimento judicial, nos termos do disposto nos artigos 1869.° e seguintes do Código Civil.

Cabe então o recurso ao artigo 1871.° do CC, que estabelece, nas suas várias alíneas, algumas situações que fazem funcionar a presunção de paternidade a favor do investigante.

No caso que ora se aprecia, quer a mãe da menor, quer o pretenso pai por esta indicado, reconhecem ter mantido relações sexuais entre finais de 2001 e, pelo menos, até Março de 2002, e a menor nasceu dia l de Dezembro de 2002.

A lei portuguesa, nos termos do disposto no artigo 1797° CC ficcionou nos primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento, o momento da concepção.

Donde, no caso que se aprecia tal momento situa-se entre Fevereiro e Abril de 2002, abrangendo o período em que a mãe da menor e o pretenso pai mantiveram relações sexuais.

Cabe desta forma, apelar ao disposto na alínea e) do n.° l do artigo 1871.° do CC, que presume a paternidade sempre que se prove que o pretenso pai teve relações sexuais com a mãe durante o período legal de concepção

Ao que acresce que, com a doutrina do acórdão de uniformização de jurisprudência do STJ de 27 de Junho de 1989, na falta de presunção legal de paternidade, basta que se prove que o filho nasceu de relações sexuais que a mãe teve com o pretenso pai, mesmo que não fique demonstrado que unicamente com ele manteve relações sexuais.

Ao estabelecer tais garantias a lei pretende em primeira linha a tutela do direito da criança ao conhecimento da sua ascendência e ao seu direito a ver estabelecida a paternidade, constituindo um dos aspectos mais relevantes dos direitos constitucionais o direito à identidade e á integridade moral e familiar completa.

Neste sentido veja-se o que se escreveu no acórdão do TC de 28/04/1988, CJ, II, p. 39: " (...) Sejam quais forem as circunstâncias do nascimento existe um direito

fundamental ao conhecimento e ao reconhecimento da paternidade: esta é uma

«referência» essencial da pessoa (...). " Donde, em face dos factos que ficaram expostos, das provas recolhidas e das disposições legais citadas, entende-se ter ficado demonstrada a paternidade que se investiga, desde logo por se ter apurado a identidade do pretenso pai, pugnando-se pela viabilidade da futura acção de investigação da paternidade.

Conclua os autos ao Mº Juiz, nos termos do artigo 205.° da O.T.M. O Procurador-Adjunto (processei e revi) …./…./….

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2- Despacho do Juiz. Conclusão …. / …. / ….. Tiana ……. só tem estabelecida no seu registo de nascimento a sua maternidade, pelo que a Conservatória dos Registos Centrais remeteu certidão de nascimento da menor para que se procedesse à respectiva averiguação oficiosa de paternidade. Das diligências efectuadas, nomeadamente audição da mãe da menor, Giselle …….., por esta foi declarado ser pai da Tiana …………… o senhor José …………., residente nos EUA. Ouvido este em declarações aceitou a possibilidade de ser pai da Tiana ……. Assim, concordando com o douto parecer do Exmº Procurador e exercendo um juízo de prognose quanto à viabilidade da acção de investigação da paternidade, concluo pela sua viabilidade e ao abrigo do disposto no art. 205 da OTM determino a remessa dos presentes autos ao MP junto do Tribunal ………………………. Notifique. Lisboa. …/…. / …..

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3- Arquivamento. Notificação à mãe do menor. Exmª Sra …………………………… Ofício nº ……… de …./…../….. ASSUNTO: Averiguação oficiosa do(a) menor ………………………………………… Deu entrada neste Tribunal de Família e Menores de …………………………., expediente proveniente da Conservatória ……………………. Foi ordenado o arquivamento de tal expediente porque …………….. (decorreram mais de dois anos sobre a data de nascimento do menor, insuficiência de prova). Assim, se o(a) menor não foi perfilhada pelo pai, a paternidade só poderá ser estabelecida através de acção judicial. Enquanto o(a) menor não perfizer 18 anos ou não for emancipado, tal acção poderá ser proposta ou pelo Ministério Público ou pela mãe (ou tutor). Após os 18 anos ou emancipação, o próprio poderá, igualmente, instaurar a acção de investigação de paternidade. Há todo o interesse em que a paternidade seja investigada o mais cedo possível. Assim, caso pretenda que a acção de investigação de paternidade seja proposta pelo Ministério Público deverá declará-lo, pessoalmente ou por escrito, dirigindo a carta para a seguinte morada: Procuradoria da República junto do Tribunal ……….. Rua …………………………….. Com os melhores cumprimentos Por ordem do Curador de Menores A Técnica de Justiça …………………………….

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4- Averiguação oficiosa da maternidade.

PA ......

Ex.mo Senhor Juiz de Direito ……………………………

O Ministério Público vem, de harmonia com as disposições conjugadas do art. 205º da O.T.M. e dos art. 1808º, 1810º e 1822º do C. Civil, propor acção declarativa ordinária de investigação de maternidade contra:

- ANA ..........., casada, nascida em 1 de Janeiro de 1965, em S. Sebastião da Pedreira, Lisboa, filha de ...... e ......... residente na Rua ......., 1200 LISBOA;

- CARLOS ......, casado, nascido em 6 de Fevereiro de 1961, em Santa Justa, Lisboa, filho de ....... e de ..... e residente na Rua .........., Olivais, Lisboa.

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

Ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. a) do DL 34/08 de 26/2, o MP está isento de custas.

1º Em 23 de Abril de 1989, nasceu ....................., tendo o respectivo assento de nascimento sido lavrado, em 12 de Outubro de 1990, na 11ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (Assento nº ......) - Doc. nº 1.

2º Tal assento de nascimento foi lavrado com base em declaração prestada por Maria ...................................,

3º E dele ficou a constar, inicialmente, que o registado era filho dos aqui Réus.

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4º Em 13 de Novembro de 1990, foi lavrado o averbamento nº 1 ao mesmo assento de nascimento, do seguinte teor: "A menção da maternidade, e consequentemente a da paternidade, ficam sem efeito, por

não ter sido possível fazer a notificação da mãe".

5º O menor ...................., todavia, foi dado à luz pela Ré Ana .............., em 23 de Abril de 1989, pelas 07.25 horas, na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em Lisboa - Doc. nº 2.

6º Os Réus contraíram casamento um com o outro em 20 de Dezembro de 1984, o qual ainda não foi dissolvido - Doc. nº 3.

7º Foi proferido despacho final de viabilidade no competente processo de averiguação oficiosa - Doc. nº 4.

Nestes termos, e nos mais de direito (designadamente os dos art. 1826º e 1835º do C. Civil), deve a presente acção ser julgada procedente, por provada, e, em consequência:

a) Reconhecer-se que o menor Rui .................. é filho da 1ª Ré;

b) Ordenar-se que seja lavrado averbamento ao assento de nascimento do mesmo menor, em ordem a dele ficarem a constar a maternidade por parte da 1ª Ré, a paternidade presumida por parte do 2º Réu, e as avoengas daí decorrentes.

Prova testemunhal: 1- Isabel .................., residente na Rua ......................................., Lisboa. 2- Laura......................., residente na Rua ..................................., Lisboa.

Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

* Junta: 4 documentos, duplicados e suporte digital. O Procurador-Adjunto

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5- Averiguação oficiosa de paternidade.

PA ......./….

Ex.mo Senhor

Juiz de Direito …………………………..

O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos art. 205º nº 1 da

Organização Tutelar de Menores e 1865º nº 5 do C. Civil, propor acção declarativa com

processo ordinário de investigação de paternidade contra:

- Rui Jorge ......................, solteiro, natural de Lisboa,

residente na Rua .........................................., lote ........., 8º

Dto, lado Sul, Lisboa.

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

Ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. a) do DL 34/08 de 26/2, o MP está isento de custas.

Em 6 de Fevereiro de 2002, nasceu, na freguesia de S. Sebastião, concelho de

Lisboa, a menor Valéria ...................., cujo assento de nascimento foi lavrado, em 25 de

Fevereiro de 2002, na ...ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, nele se omitindo a

paternidade e mencionando que a menor é filha de Magda ............................................ -

Doc. nº 1.

A menor, todavia, é filha do Réu.

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Na verdade, o Réu e a mãe da menor mantiveram desde Fevereiro de 2001 até

Julho de 2001 um relacionamento íntimo entre si,

No âmbito do relacionamento supra referido, mantiveram um com o outro, com

regularidade, relações sexuais de cópula completa.

Foi em consequência de tais relações sexuais que a menor foi gerada.

Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o

nascimento da menor, a mãe desta apenas com o Réu manteve relações sexuais.

Na verdade, a mãe da menor é pessoa de bom porte, não havendo notícia de que,

no período em causa, a mesma tenha acompanhado com qualquer outro homem.

Entre o Réu e a mãe da menor não existem relações de parentesco ou afinidade na

linha recta, nem de parentesco no segundo grau da linha colateral (Doc. nº 2 e 3).

Foi proferido despacho final de viabilidade no competente processo de

averiguação oficiosa (Doc. nº 4).

Nestes termos e nos mais de direito, deve a presente

acção ser julgada procedente, por provada, reconhecendo-se a

menor como filha do Réu e ordenando-se o averbamento de tal

paternidade ao assento de nascimento daquela.

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Testemunhas:

1ª - Magda .........................., mãe da menor, residente no

Beco ......................... nº 5, 3º Lisboa.

* Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

*

Junta: 4 documentos, duplicados e suporte digital. Protesta juntar duas certidões de

nascimento.

O Procurador-Adjunto

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B) Para impugnação da paternidade presumida (síntese da tramitação).

1- Pressupostos (art. 1841º C.Civil):

a) Apresentação de requerimento nesse sentido pelo pretenso pai biológico. b) Dentro do prazo de 60 dias a contar do registo da menção de paternidade

presumida. c) Existência de despacho de viabilidade.

2- Tramitação: Apresentação de requerimento nesse sentido pelo pretenso pai biológico.

⇓ (MP) Promovo que se registe e autue como impugnação oficiosa de paternidade.

⇓ (Juiz) Ao MP para instrução.

⇓ - Audição do progenitor declarado. - Audição da mãe do menor. - Audição do pretenso pai biológico. - Audição de testemunhas. - Requisição de assentos de nascimento, casamento, certidão da sentença que decretou o divórcio. - Outras diligências (Ex: exames de ADN).

⇓ Parecer do MP sobre a viabilidade ou não da acção de impugnação, com identificação do pai biológico.

⇓ Despacho do Juiz: A) Ordenando e efectuando novas diligências para uma melhor decisão (art. 205º, nº 2 OTM).

Ou B) Ordenando o arquivamento dos autos ou a remessa dos mesmos ao MP competente (tribunal do domicílio dos Réus, art. 85º, nº 1 e 87º, nº 1 CPC) se a considerar viável (art. 205º, nº 1 e 3 OTM e 1841º, nº 4 C.Civil).

⇓ Recurso limitado a matéria de direito, legitimidade do MP e do impugnante (art. 206º OTM).

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Divergência entre o MP e o Juiz:

- Se o Juiz ordenar o arquivamento, o MP não pode intentar acção oficiosa. Solução:

A) Recurso do despacho do Juiz (art. 206º OTM). B) O MP junto do tribunal competente (domicílio dos Réus) pode intentar a acção de impugnação de paternidade em representação do menor.

Igual solução se: Já tiver decorrido o prazo de 60 dias a contar do registo da menção de paternidade presumida.

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1- Acção oficiosa de impugnação da paternidade.

PA ......

Ex.mo Senhor

Juiz de Direito …………………….

O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos art. 205º nº 1 da

Organização Tutelar de Menores e 1841º do C. Civil, propor acção declarativa com pro-

cesso ordinário de impugnação de paternidade contra:

1º - Paulo ....................., casado, residente na Rua

.......................................nº 9, r/c, Carnaxide;

2º - Dina ..................., casada, residente na Calçada

................................................., 1300 Lisboa;

3º - João ................................, menor, residente na morada

da 2ª Ré.

Com os seguintes fundamentos:

Da isenção de custas

Ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. a) do DL 34/08 de 26/2, o MP está isento de custas.

Em 6 de Abril de 2000, na freguesia de S.Francisco Xavier, Lisboa, nasceu João

................................, cujo assento de nascimento foi lavrado na 4ª Conservatória do

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Registo Civil de Lisboa, nele se mencionando que o Autor é filho de ambos os Réus -

Doc. nº 1.

Os Réus contraíram matrimónio um com o outro em 11 de Janeiro de 1990 -

matrimónio esse que ainda não se encontra dissolvido - Doc. nº 2.

Não foi, todavia, o 1º Réu quem gerou o João.

Na verdade, os Réus separaram-se definitivamente um do outro em Fevereiro de

1998,

Não tendo, a partir de então, mantido qualquer contacto um com o outro,

designadamente de natureza sexual.

A partir de Novembro de 1998, a 2ª Ré passou a viveu em comunhão de cama,

mesa e habitação com Fernando Manuel ............................,

Tendo sido em consequência das relações sexuais entre estes mantidas que João

......................... viria a ser gerado.

No círculo de amigos atribuem a paternidade a Fernando Manuel .................., o

qual igualmente se assume publicamente como pai biológico.

O 1º Réu não esteve presente, nem representado, no acto de registo de nascimento

de João ....... - Doc. nº 1,

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10º

E nunca o reconheceu como seu filho.

11º

No circulo de vizinhos e amigos só a Fernando Manuel .................., atribuem a

paternidade do menor.

12º

O menor apenas foi registado como filho do 1º Réu devido à presunção legal de

que são filhos do marido da mãe todos os que nascerem ou forem concebidos na

constância do seu casamento, enquanto tal presunção não for elidida (art. 1826 e 1835

C.Civil),

13º

Razão por que, em 29 de Agosto de 2000, foi lavrado o averbamento nº 1 ao

assento de nascimento do Autor, nele se mencionando a paternidade presumida

relativamente ao 1º Réu - Doc.nº1.

14º Correu termos nesta comarca os autos de averiguação oficiosa nº ......, a

requerimento de Fernando Manuel ..................,, que se declarou pai do menor, em que a

presente acção foi declarada viável – Doc nº 3.

Nestes termos, e nos mais de direito, deve a presente acção ser

julgada procedente, por provada, declarando-se que o

João.................. não é filho do 1º Réu, e ordenando-se, em conse-

quência, o correspondente averbamento ao assento de nascimento

do mesmo.

Prova:

Testemunhal:

1º -......................................................;

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2º -............................................................;

Para curador especial ao menor João ....................., propõe-se o seu avô materno,

António........................, residente ............................., cuja nomeação se requer.

** Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

Junta: 3 documentos, duplicados e suporte digital.

O Procurador-Adjunto

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IV- INVESTIGAÇÃO DA MATERNIDADE

1- Modos de estabelecimento da maternidade:

- Indicação da maternidade (art. 112º CRC). - Declaração de maternidade (art. 1803º C.Civil):

a) Assento autónomo (art. 125º CRC). b) Testamento (art. 114º CRC). c) Escritura pública (art. 114º CRC). d) Termo lavrado em juízo (art. 114º CRC).

- Reconhecimento judicial: a) Em acção oficiosa de investigação de maternidade. b) Em acção de investigação de maternidade.

2- Causas:

- O menor foi registado como abandonado (art. 107º CRC). - O nascimento foi declarado pelo perfilhante, que não identificou a mãe (art. 1851º

C.Civil). - Ficou sem efeito a declaração de maternidade (art. 1805º, nº 2 e 3 C.Civil).

3- Pressupostos:

- Nascimento do investigante. - Filiação materna omissa no registo, no momento em que a acção é intentada (art.

1815º C.Civil). - Inexistência de adopção plena relativamente ao filho (art. 1987º C.Civil).

4- Diligências:

- Inquirição da indigitada mãe. - Possível requisição de elementos clínicos (Ex: em caso de internamento, parto,

tratamento médico). - Inquirição de testemunhas (Ex: marido, namorado, vizinhos, familiares). - Possível sujeição a exames de ADN ou para determinar se existiu gravidez

recente. - Obtenção de documentos (Ex: cartas, fotos).

5- A maternidade presume-se (presunção elidível, art. 1816º, nº 3 C.Civil):

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- Se o filho houver sido reputado e tratado como filho pela pretensa mãe e também pelo público (art. 1816º, nº 2, al. a) C.Civil).

- Se existir carta ou outro escrito em que a pretensa mãe declare inequivocamente a sua maternidade (art. 1816º, nº 2, al. b) C.Civil).

6- A mulher que suportar gravidez de substituição de outrem é havida, para todos os efeitos legais, como a mãe da criança que vier a nascer (art. 8º, nº 3 da Lei 32/06 de 26/7).

7- Prazo para a propositura da acção (art. 1817º C.Civil):

- Durante a menoridade do investigante ou nos dez primeiros anos seguintes à sua maioridade ou emancipação (art. 1817º, nº 1 C.Civil).

- Excepções: art. 1817º, nº 2 e 3 C.Civil. 8- Legitimidade: Ao autor compete provar que o menor nasceu de parto da pretensa mãe, a menos que alegue factos que integrem uma das presunções e esta não seja elidida. Activa (art. 1814º e 1818º C.Civil):

- O filho. - O cônjuge do filho (não separado) e seus descendentes, se ele houver falecido

antes de terminar o prazo para a propositura da acção, podendo os mesmos prosseguir nela se o falecimento ocorreu durante a sua pendência (art. 1818º C.Civil).

- O marido da pretensa mãe, durante a menoridade do filho nascido ou concebido na constância do matrimónio (art. 1822º, nº 2 C.Civil).

- O MP em representação do filho menor.

Passiva (art. 1819º e 1822º C.Civil):

- A pretensa mãe. - Cônjuge sobrevivo (não separado) e, sucessivamente, descendentes, ascendentes,

irmãos, se a pretensa mãe faleceu, também os herdeiros ou legatários cujos direitos possam vir a ser atingidos (art. 1819º, nº 1 e 2 C.Civil).

- Marido/perfilhante: se se trata de filho nascido ou concebido na constância do matrimónio da pretensa mãe e, existindo perfilhação, contra o perfilhante.

9- Tribunal competente: Tribunal do domicílio dos Réus (art. 85º, nº 1 e 87º, nº 1 CPC).

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10- Existe possibilidade de na acção de investigação de maternidade se impugnar a presunção de paternidade do marido da mãe – acção complexa (art. 1823º e 1824º C.Civil).

11- O art. 1815º do C.Civil não admite o reconhecimento de maternidade em contrário da que conste do registo de nascimento. Assim, para obter declaração judicial de maternidade diferente da que conste no registo, terá de ser impugnada previamente a maternidade estabelecida, nos termos do art. 1807º C.Civil.

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1- Acção de investigação da maternidade (complexa). PA ........ Ex.mo Senhor

Juiz de Direito ………………………………. O Ministério Público, em representação do menor Luís ......................, vem, de harmonia com as disposições conjugadas dos art. 3º, nº1, al. a), 5º, nº 1, al. c) da Lei 47/86 e art. 1814º e seg. do C. Civil, propor acção declarativa ordinária contra:

- Sónia ........................., casada, filha de José .............................. e de Maria .............................., com última residência conhecida na Rua ............................................................... nº 10 2º 1050 Lisboa.

-Luís..............................., casado, filho de Adriano ............................. e de Laurinda ......................................, com última residência conhecida na Rua ................................................. nº 10 2º 1050 Lisboa. nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

O presente processo está isento de custas ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. l) do DL 34/08 de 26/2.

1º Em 1 de Setembro de 1996, nasceu Luís .............................., tendo o respectivo assento de nascimento sido lavrado, em 5 de Maio de 2000, na Conservatória do Registo Civil de Braga (Assento nº .......) - Doc. 1.

2º Tal assento de nascimento foi lavrado com base em sentença proferida pelo 4º Juízo Cível da Comarca de Lisboa em 4 de Fevereiro de 2000.

3º E dele ficou a constar, inicialmente, que o menor era filho da 1ª Ré.

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4º Em 18 de Julho de 2000, foi lavrado o averbamento nº 1 ao mesmo assento de nascimento, do seguinte teor: “ Fica sem efeito a menção de maternidade por não ser possível notificar a mãe...”

5º Todavia, o menor Luís ................. foi dado à luz pela Ré Sónia ................. em 1 de Setembro de 1996, pelas 20.50 horas no Hospital de São Marcos em Braga - Doc. 2.

6º Os Réus contraíram casamento um com o outro em 15 de Novembro de 1995, o qual ainda não foi dissolvido - Doc. 3.

7º Foi fruto das relações sexuais mantidas entre os RR que a Sónia ...................... viria a engravidar e a dar à luz o Autor.

8º Todos quanto conhecem o Autor e a 1ª Ré consideram que esta é a mãe daquele.

Nestes termos, e nos mais de direito, deve a presente acção ser julgada procedente, por provada, e, em consequência:

a) Reconhecer-se que o menor Luís ................. é filho da 1ª Ré;

b) Ordenar-se que seja lavrado averbamento ao assento de nascimento do mesmo menor, em ordem a dele ficarem a constar a maternidade por parte da 1ª Ré, a paternidade presumida por parte do 2º Réu, e as avoengas daí decorrentes.

* Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

Junta: 4 documentos, duplicados e suporte digital. O Procurador-Adjunto

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2- Acção de investigação da maternidade com impugnação de paternidade presumida. PA .........

Exmº Senhor Juiz de Direito ……………. O Ministério Público, vem, de harmonia com as disposições conjugadas dos art. 1814º, 1822º, nº1 e 1823º do Código Civil e 3º, nº1, al. a) e 5º, nº1, al. c) da Lei nº 47/86, de 15 de Outubro, propor em representação do menor José .................................., acção declarativa ordinária de investigação da maternidade com impugnação da paternidade presumida, contra:

1º- Ana ......................................, divorciada, residente na Rua ......................................nº ..........., 1º Esq., Quinta da Várzea, 2675 Olival de Bastos;

2º - Vitor ....................................., divorciado, residente na Rua ............................................................, nº7, 1º Esq., Lisboa;

3º - Mário ........................................, solteiro, residente na Quinta ....................................................., nº6, Prior Velho, Loures,

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

O presente processo está isento de custas ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. l) do DL 34/08 de 26/2.

A 21 de Dezembro de 1992, nasceu na Freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, o Autor José ........................, cujo assento de nascimento foi lavrado, sob o nº .............., a 24 de Novembro de 1994, na ........ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa , nele se mencionando que o Autor é filho da 1ª Ré, Ana ..................... e do marido desta, ora 2º Réu, Vitor ....................................( Doc. nº1).

2º Tal assento foi lavrado com base em declarações do pai do registado, Mário ......................................, ora 3º Réu (Doc. nº1).

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3º A 5 de Janeiro de 1995, foi lavrado o averbamento nº1 ao mesmo assento de nascimento, do seguinte teor (Doc. nº 1): “ A menção de maternidade declarada fica sem efeito”.

4º Por outro lado, em 3 de Julho de 1996, foi lavrado o averbamento nº2 ao referido assento de nascimento do Autor, com o seguinte teor (Doc. nº2): “ Como consequência do disposto no averbamento nº1, a menção da paternidade fica também sem efeito”.

5º A 6 de Julho de 1995, o ora 3º Réu perfilhou o menor, tendo tal facto sido objecto de registo (Doc. nº 3 e 4).

6º Ora, a 1ª Ré, Ana ........................... é, efectivamente a mãe do Autor, José ......................................., pois foi ela que o deu à luz no dia 21 de Dezembro de 1992, pelas 21h 05m, na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em Lisboa (Doc. nº 5).

7º Aliás, todas as pessoas que os conhecem sabem que o Autor é filho da 1ª Ré, e assim o consideram.

8º Por outro lado, a 1ª Ré, Ana ....................., embora tivesse casado com o ora 2º Réu, Vitor ........................., em 5 de Maio de 1988 (Doc. nº 6),

9º Separou-se deste em Abril de 1990, e a partir daí, não mais manteve com o 2º

Réu, qualquer contacto de natureza sexual,

10º Designadamente, nos primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do

Autor.

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11º Com efeito, a 1ª Ré, a partir de Maio de 1990, passou a viver em comunhão de cama, mesa e habitação com o ora 3º Réu, o perfilhante Mário .................,

12º Tendo sido em consequência das relações sexuais mantidas entre os 1º e 3º Réus,

que o Autor foi gerado.

13º Na verdade, todos quantos os conhecem consideram o Autor José .................................. como filho da 1ª Ré e do 3º Réu.

14º Aliás, o 2º Réu nem sequer conhece o Autor e nunca o tratou como filho.

Nestes termos deve a presente acção ser considerada procedente, por provada e, consequentemente:

1. Declara-se que o Autor José ............. é filho da 1ª Ré, Ana ........... (divorciada, nascida a 6 de Maio de 1971, natural de S. Sebastião da Pedreira, Lisboa, filha de Joaquim ...................... e de Maria ............................., residente na Rua .............., nº ......., 1 Esq., Quinta da Várzea, 2675 Olival de Basto)

2. Declarar-se afastada a paternidade presumida do 2º Réu, Vitor ..................................., ex-marido da mãe; e

3. Ordenar-se os consequentes averbamentos ao assento de nascimento do Autor.

Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo). Junta: 10 documentos, duplicados e suporte digital. O Procurador-Adjunto

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3- Investigação de maternidade (Habilitação inicial).

PA .......

Exmº Senhor Juiz de Direito ……………………………………….

O Ministério Público vem, de harmonia com as disposições conjugadas dos art. 1814º e segs. do Código Civil e art. 3º, nº1, al. a) e 5º, nº1, al. c) da Lei 47/86 propor, em representação do menor Miguel ......................., acção declarativa ordinária de investigação da maternidade, contra:

1º - Marco .................................., nascido a 6 de Outubro de 1982, em Lisboa, filho de Manuel .................... e de Isaura ............................, residente na Rua ..................................., Lote ......, 16-A, 1800 - Lisboa - representado pelo curador “ad litem” abaixo identificado;

2º - Fernando ..............................., nascido a 10 de Julho de 1980, em Lisboa, filho de Manuel ..................... e de Isaura ........................, residente na Rua ....................................., Lote ......., 1º esq., Sacavém;

3º - Francisco ..................................... nascido a 20 de Setembro de 1986, em Lisboa, filho de António ...................... e de Isaura .........................., residente na Rua ............................, Lote ........, 6º-A, Marvila, Lisboa - representado pelo curador “ad litem” abaixo identificado;

4º - Nádia ........................................, nascida a 3 de Agosto de 1992, em Lisboa, filha de António ............................ e de Isaura ............................., residente na Rua ......................, Lote ......., 6º-A, Marvila, Lisboa - representada pelo curador “ad litem” abaixo identificado;

5º - Sara ...................................................., nascida a 24 de Julho de 1989, em Lisboa, filha de António ..................... e de Isaura ................................, residente na Rua ...................................., Lote ......, 6º-A, Marvila, Lisboa - representada pelo curador “ad litem” abaixo identificado;

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Nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

O presente processo está isento de custas ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. l) do DL 34/08 de 26/2.

I - HABILITAÇÃO INICIAL

1º Isaura ............................., faleceu no dia 1 de Agosto de 1997, no estado civil de divorciada (Doc. nº1).

2º Deixou, como descendentes, no primeiro grau da linha recta, os 1º, 2º, 3º, 4º e 5º requeridos (Docs. nº 2, 3, 4, 5 e 6).

3º Os ora requeridos têm, assim, legitimidade passiva para a presente acção, na qualidade de descendentes da falecida (art. 1819º do Código Civil).

II - A ACÇÃO

4º O Autor Miguel ....................., nasceu no dia 15 de Abril de 1996, tendo o respectivo assento de nascimento sido lavrado, em 17 de Novembro de 1997, na ....ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (Assento nº ......), nele se mencionando que o Autor é filho de António ................... e da falecida Isaura ............................... (Doc. nº7).

5º Nesse mesmo dia 17 de Novembro de 1997, foi lavrado o averbamento nº1 ao aludido assento de nascimento, com o seguinte teor: “ A menção de maternidade fica sem efeito”.

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6º Todavia, o Autor foi dado à luz pela falecida Isaura ......................, no dia 15 de Abril de 1996, pelas 13 horas e 53 minutos, na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em Lisboa (Doc. nº 8).

7º Após o nascimento do Autor, a falecida Isaura ................., enquanto viveu, assumiu-se publicamente como mãe do mesmo, e, nessa qualidade, alimentou-o e velou pela sua segurança e saúde.

8º Aliás, todos quantos conhecem o Autor e conheciam Isaura ........................... consideram que esta é mãe daquele.

Nestes termos, deve a presente acção ser julgada procedente, por provada, e, em consequência:

a) Reconhecer-se o Autor como filho da falecida Isaura .................................... (divorciada, nascida a 5 de Maio de 1961, filha de António........................ e de Laís ....................., residente na Rua Dr. ............................., Lote ........, 6º-A, Lisboa);

b) Ordenar-se que seja lavrado o correspondente averbamento ao assento de nascimento do Autor.

***

Para curador “ad litem” do 1º requerido, indica-se o seu pai - Manuel ................................, residente na Rua ......................, Lote ........, 1º esq., Sacavém - cuja nomeação para tal cargo se requer. Para curador “ad litem” dos 3º, 4º e 5º requeridos, indica-se o seu pai - António ........................., residente na Rua ...................., Lote ...., 6º-A, Marvila, Lisboa - cuja nomeação para tal cargo se requer. Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo). Junta: 10 documentos, duplicados e suporte digital. O Procurador-Adjunto

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V- IMPUGNAÇÃO DA MATERNIDADE

- Se o estabelecimento da filiação materna ocorreu por sentença não é admissível a sua impugnação. - A maternidade estabelecida por consentimento não adoptivo validamente prestado não pode ser impugnada (Jorge Pinheiro, Direito da Família e das Sucessões, vol. II, AAFDL, 2005, pág. 104). - A maternidade estabelecida por declaração é impugnável a todo o tempo em juízo, se não for verdadeira (art. 1807º C.Civil); Legitimidade:

A) Activa; pessoa declarada como mãe, registado, qualquer outra pessoa que tiver interesse moral ou patrimonial na procedência da acção.

B) Passiva; mãe, filho e o presumido pai quando nela não figurem como autores (litisconsórcio necessário) – aplicação analógica do art. 1846º C.Civil).

- Invalidade da declaração de maternidade: Aplicação à declaração de maternidade das regras referentes aos negócios jurídicos (art. 295º C.Civil). Pode ser anulada a requerimento do declarante por coacção moral e erro que importe o estabelecimento de uma maternidade falsa. - Caducidade da declaração de maternidade: A declaração efectuada depois de intentada em juízo acção de investigação de maternidade contra pessoa diferente da pessoa indicada como mãe fica sem efeito se a acção for julgada procedente (aplicação analógica do art. 1863º C.Civil).

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1- Acção de impugnação de maternidade. PA ........

Ex.mo Senhor Juiz de Direito …………………… O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto no art. 1807º do Cód. Civil, propor acção ordinária de impugnação de maternidade contra: 1ª.-Teresa ................................................, casada, residente na Rua do ............................, Lote ................-3º Dtº, Laranjeiro, Almada; 2º.-Marcílio .............................................., casado, residente na Rua da ..........................................., nº .......-3º, em Lisboa; 3ª.- Nadina ..........................., solteira, maior, residente com o 2º Réu, nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

Ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. a) do DL 34/08 de 26/2, o MP está isento de custas.

1º Em 15 de Dezembro de 1968, nasceu a 3ª Ré, a qual foi registada, no Consulado-geral de Portugal em Paris, como filha da 1ª e do 2º Réus (Assento nº ..........., daquele Consulado, posteriormente integrado na Conservatória dos Registos Centrais, em 17 de Setembro de 1973, sob o nº .............) - Documento nº 1.

2º Tal assento de nascimento foi lavrado com base em declaração do 2º Réu - Documento nº 1.,

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3º A 1ª Ré e o 2º Réu casaram um com o outro em 5 de Setembro de 1970 - Documento nº 2.

4º A 1ª Ré, todavia, não foi quem deu à luz a 3ª Ré.

5º Na verdade, quem deu à luz a 3ª Ré, foi Maria ................., nascida em 12 de Junho de 1943, em Trinta, Guarda, filha de Joaquim ............ e de Maria ............., e residente em ....................., Rue Paris, ......................., em França,

6º Tendo o respectivo parto ocorrido em 15 de Dezembro de 1968, no Centro Hospitalar de Saint Germain en Laye - Documentos nºs 3 e 4.

7º Foi o facto de o 2º Réu, pai da 3ª Ré, ter vindo, mais tarde, a contrair matrimónio com a 1ª Ré, que levou o mesmo a declarar, no Consulado-Geral de Portugal em Paris, ser esta a mãe daquela. Nestes termos, e nos mais de direito, deve a presente acção ser julgada procedente, por provada, declarando-se que a lª Ré não é mãe da 3ª Ré, e ordenando-se, em consequência, que o assento de nascimento da 3ª Ré seja rectificado, no sentido de nele se averbar: A) Que a 3ª Ré não é filha da 1ª Ré. B) Que a 3ª Ré perde o apelido .............. Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo). Junta: 5 documentos, duplicados e suporte digital. O Procurador-Adjunto

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2- Despacho de arquivamento (maioridade).

PA ........

Os presentes autos tiveram início com base na participação de fls 2, segundo a qual as filhas da requerente: Maria ................ (nascida a 23/10/66 e Nelly .......................... (nascida a 11/10/67), foram registadas pelo pai omitindo a maternidade.

Nas diligências efectuadas apenas foi possível localizar o assento de nascimento de Maria .........................

Nas cópias dos assentos de nascimento lavrados em França a filiação está correctamente estabelecida.

A não menção da maternidade terá resultado do facto da mãe, na data dos nascimentos, ser casada e o pai não ser o marido.

Acontece que, sendo as filhas da requerente maiores de idade (cfr fls 9 e 10), o Ministério Público não tem legitimidade para interpor qualquer acção judicial em sua representação.

Poderá a requerente através da constituição de advogado intentar a acção prevista no art. 1824º C.Civil (estabelecimento da maternidade a pedido da mãe), acção esta não sujeita a prazo de caducidade (cfr., Guilherme Oliveira, Estabelecimento da Filiação, pág. 57).

Pelo exposto, determino o arquivamento do PA.

Notifique.

** Nota: As petições reportam-se a casos reais, em que apenas foram introduzidas actualizações decorrentes das alterações aos art. 150º, 152º e 467º do CPC e actual Regulamento de Custas, de forma a exemplificar este tipo de acções.

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VI- INVESTIGAÇÃO DA PATERNIDADE

1- Modos de estabelecimento da paternidade:

- Através da presunção de paternidade (art. 1796º, nº 2 C.Civil). - Perfilhação (art. 1849º C.Civil). - Reconhecimento judicial (art. 1869º e seg. C.Civil).

c) Em acção oficiosa de investigação de paternidade. d) Em acção de investigação de paternidade.

2- Pressupostos:

- Nascimento do investigante. - Reconhecimento prévio ou simultâneo da maternidade (art. 1869º C.Civil). - Filiação paterna omissa no registo no momento em que a acção é intentada (art.

1848º, nº 1 C.Civil). - Inexistência de adopção plena relativamente ao filho (art. 1987º C.Civil).

3- Diligências: - Inquirição da mãe do menor. - Inquirição do indigitado pai. - Possível requisição de elementos clínicos (Ex: tratamento médico por infertilidade

masculina). - Inquirição de testemunhas (Ex: marido de mulher casada, vizinhos, familiares). - Possível sujeição a exames de ADN. - Obtenção de documentos (Ex: cartas, fotos).

4- A paternidade presume-se (presunção elidível, art. 1871º, nº 2 C.Civil):

- A paternidade presume-se em relação ao marido da mãe (art. 1796º, nº 2 e 1826º, nº 1 C.Civil).

- Ser o filho reputado e tratado como tal pelo pai e reputado como filho também pelo público (art. 1871º, nº 1, al. a) C.Civil).

- Haver escrito do pai declarando inequivocamente a sua paternidade (art. 1871º, nº 1, al. b) C.Civil).

- Ter havido comunhão duradoura de vida em condições análogas às dos cônjuges ou concubinato duradouro entre a mãe e o pretenso pai durante o período legal da concepção (art. 1871º, nº1, al. c) C.Civil).

- Ter havido sedução no período legal da concepção, sendo a mãe virgem e menor de 18 anos à data, ou se o consentimento dela foi conseguido através de promessa de casamento, abuso de confiança ou de autoridade (art. 1871º, nº1, al. d) C.Civil).

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- Quando se prove que o pretenso pai teve relações sexuais com a mãe durante o período legal de concepção (art. 1871º, nº1, al. e) C.Civil).

- Filho resultante de inseminação artificial é havido como filho do marido ou daquele que vive em união de facto com a mulher inseminada (art. 20º, nº 1, 2 e 3 da Lei 32/06).

- Filho nascido de inseminação post mortem em violação da proibição do art. 22º da Lei 32/06 é havido como filho do falecido (art. 23º, nº 1 da Lei 32/06). Excepção: art. 23º, nº 2 da Lei 32/06.

5- Prazo para a propositura da acção (art. 1817º e 1873º C.Civil):

- Durante a menoridade do investigante ou nos dez primeiros anos seguintes à sua maioridade ou emancipação (art. 1817º, nº 1 C.Civil).

- Excepções: Art. 1817º, nº 2 e 3 C.Civil. 6- Legitimidade (art. 1869º, 1873º,1818º e 1819º C.Civil):

Activa:

- O filho. - O cônjuge do filho (não separado) e seus descendentes, se ele houver falecido

antes de terminar o prazo para a propositura da acção, podendo os mesmos prosseguir nela se o falecimento ocorreu durante a sua pendência (art. 1818º C.Civil).

- O MP em representação do filho menor.

Passiva:

- O pretenso pai. - Cônjuge sobrevivo (não separado) e, sucessivamente, descendentes, ascendentes,

irmãos, se o pretenso pai faleceu, também os herdeiros ou legatários cujos direitos possam vir a ser atingidos (art. 1819º, nº 1 e 2 C.Civil).

7- Causa de pedir e ónus da prova do autor:

- Prova directa da filiação biológica através de exames de ADN ou outros métodos científicos (art. 1801º C.Civil).

- Prova indirecta através da demonstração da filiação biológica através do recurso às presunções legais de paternidade não ilididas (art. 350º e 1871º, nº 1 e 2 C.Civil), ou aos juízos de facto ou presunções judiciais (art. 349º e 351º C.Civil) – necessidade de utilizar os meios de prova admissíveis para provar os factos que servirão de base às presunções legais ou judiciais.

8- Tribunal competente: Tribunal do domicílio dos Réus (art. 85º, nº 1 e 87º, nº 1 CPC).

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1- Formulário para uso na Procuradoria (investigação de paternidade). Exmº Sr. Procurador da República (1)…………………………………………………………………………………………..……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Vem requerer a V. Exa se digne intentar acção de investigação da paternidade relativamente ao (à) menor: (2) ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Filho de: (3) ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Cujo pai é: (4) ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Junta os seguintes documentos: - Certidão de nascimento do(a) menor. - Certidão de nascimento da mãe do(a) menor. - Certidão de nascimento e óbito do indigitado pai e certidão(ões) de nascimento dos outros filhos que o falecido tenha deixado e que tenha a paternidade dele averbada nos assentos respectivos (em caso de falecimento do indigitado pai). Indica como testemunhas para prova do acima alegado (5): 1-………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

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2- ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… 2- ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Lisboa, ….. de ……………….. de 2……. O(A) REQUERENTE …………………………………………………….. (assinatura) (1) Indicar o nome completo, estado civil, profissão e morada do(a) requerente. (2) Indicar o nome completo, data de nascimento, naturalidade (freguesia/concelho), Conservatória onde se encontra registado o nascimento do(a) menor. (3) Indicar o nome completo e residência actual, estado civil da mãe do(a) menor, (4) Indicar o nome completo, estado civil, data de nascimento, naturalidade (freguesia/concelho) e residência actual do indigitado pai do(a) menor. (5) Indicar o nome completo, estado civil, data de nascimento e residência actual das pessoas a ouvir como testemunhas na acção de investigação de paternidade a intentar.

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2- Termo de perfilhação. Aos …… dias do mês de ….. do ano de …….., nesta

…………………………(Procuradoria, Juízo, Tribunal), onde se encontra o Exmo. ……………………………(Procurador, Juiz), Dr. ………………………, comigo, ………………………….(Técnica de Justiça Adjunta, Escrivão), …………….., compareceu o senhor...................................................................................................., no estado civil de …………….., de nacionalidade ………….., natural da freguesia de …………………………, concelho de ……………….., onde nasceu a …./…/…., filho de ………………………………………………………………….…..……………. e de ………………………………………………., portador do B.I. nº ………………, emitido pelo Arquivo de Identificação de …………………….. em …./…/…., com residência na Rua………………………………………….………………………, o qual declarou: ----------------------------------------------------------------------------------------------- • Reconhecer para todos os efeitos legais ser pai do(a) menor ……………………………………………….., nascido(a) a …./…./…. natural da freguesia de ………………………., concelho de ……………………., a que reporta o Assento de Nascimento nº …… do ano de …….. lavrado na Conservatória do Registo Civil de ………………. em …../…./…….. ---------------------------------------------------

• Filho(a) dele perfilhante e de …………………………………………………………. Este termo é lavrado nos termos do disposto no art. 1853º, al. d) do Código Civil, por força dos art. 126º e 130º do Código do Registo Civil, tendo-se dado conhecimento ao perfilhante de que poderá requerer na Conservatória detentora do assento de nascimento do menor a alteração do nome nos termos do disposto no art. 104º, nº 2, al. a) do Código de Registo Civil, do que disse ficar ciente e vai assinar. --------------------

_____________________________________________________________________

Para constar se lavrou o presente auto que depois de lido e achado conforme, vai ser assinado. -------------------------------------------------------------------------------------------- ____________________________________________________________ _______________________________________________________________

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3- Inquérito a remeter à mãe do(a) menor.

Inquérito

PA nº …………….. A) Pretende que o Ministério Público intente acção de investigação da paternidade do(a) seu/sua filho(a) menor? …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….... B) Qual a identidade completa do pai do(a) menor (nome completo, data de nascimento, estado civil, naturalidade, filiação e residência actual) e qual a conservatória ou organismo público em que se encontra lavrado o respectivo assento de nascimento? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… C) Quando e em que circunstâncias conheceu o pai do(a) menor? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… D) Que tipo de ligação teve com o mesmo, quando é que tal ligação se iniciou e, caso já tenha terminado, em que data aproximada findou (importa que a declarante clarifique com o maior pormenor possível, se se tratou de uma simples ligação esporádica, sem qualquer compromisso, ou se existiu relação de namoro publicamente assumida e durável, ou se chegou a existir vida marital entre ambos e em que período, bem como quaisquer outras circunstâncias relevantes para caracterizar tal ligação: ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

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E) Durante o período legal de concepção do(a) menor (nos primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do(a) menor a declarante apenas se relacionou sexualmente com o indigitado pai da criança? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… F) O indigitado pai, antes do(a) menor nascer assumiu-se perante as pessoas que o conheciam como autor da gravidez da declarante ou, pelo contrário, recusou-se a assumir tal autoria (neste caso, dizer quais as razões que o mesmo invocou para fundamentar tal recusa) ? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… G) Após o nascimento do(a) menor o indigitado pai de alguma forma o tratou ou tem vindo a tratar como seu filho (indicando, na afirmativa, tais formas de tratamento paterno – chama-lhe filho em público ou privado? Visita-o? Na afirmativa, com que regularidade? Recebe-o na respectiva residência? Contribui para as despesas com a sua alimentação? E, na afirmativa, com que quantitativo e periodicidade ou, sendo em géneros, de que forma? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… H) O indigitado pai pretende perfilhar voluntariamente o(a) menor ou recusa tal perfilhação? Se recusa, que razões alega para tal procedimento? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… I) Quais as testemunhas que a declarante pode indicar (nomes e moradas) para prova da matéria indicada nas alíneas B) a G) – deverá indicar pessoas que tivessem tido conhecimento directo do relacionamento que existiu entre a declarante e o indigitado pai, sobretudo na altura em que a declarante engravidou: caso não disponha de outras, poderá indicar familiares de ambos, como sejam, irmãos, primos, sobrinhos, cunhados etc: ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………........................................................................................................................................

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J) Tem alguma prova documental da sua ligação ao indigitado pai do(a) menor com relevância para a investigação desta, como sejam, cartas, fotografias ou quaisquer escritos: ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… L) Caso seja necessário está disposta a submeter-se a exames de ADN conjuntamente com o(a) menor? E a custeá-los? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… M) Caso o indigitado pai tenha falecido deverá indicar; - Data do óbito e conservatória onde o mesmo está registado: ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… - Se o falecido era casado, indicar a identidade e residência do cônjuge: ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… - Se o falecido deixou outros filhos já perfilhados, identificá-los completamente (nomes completos, datas de nascimento, naturalidade, filiação e residência) e indicar as conservatórias em que os mesmos estão registados): ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… - Se o falecido não deixou outros filhos perfilhados deverá indicar se os pais dele estão vivos e, na afirmativa, indicar a residência dos mesmos: ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Lisboa, ……….. de ………………….. de 2 ……. .................................................................. (assinatura)

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4- Despacho de arquivamento. Falta de prova. PA ........ Surgiram os presentes autos de uma certidão enviada pelo Tribunal de Família e Menores de Lisboa para efeito de eventual proposição pelo M. Público de acção de investigação de paternidade em representação do menor José Rodrigues. Com efeito, resulta que o menor nasceu na Bélgica a 27/12/93 e que foi registado como sendo filho de Maria ..................., encontrando-se a respectiva paternidade omissa. A mãe do menor indicou como pai do menor José .................... e indicou testemunhas (fls 55). Os depoimentos das testemunhas (fls 73,76, 77 e 78), até pelo tempo já decorrido, confirmam a existência de um relacionamento entre a mãe do menor e o indigitado pai, no entanto, são pouco precisos quanto a factos essenciais para integrar a causa de pedir da acção. Por outro lado, também resulta desses depoimentos que o indigitado pai nunca assumiu publicamente a paternidade.

Foram efectuadas diversas diligências com vista à localização do indigitado pai (fls 103, 98, 93 e 86), no entanto, não foi possível proceder à sua inquirição. A acção de investigação de paternidade pode ser proposta durante a menoridade do menor ou nos dez primeiros anos posteriores (art. 1873º ex vi art. 1817º C.Civil). Este prazo longo conjugado com os efeitos do caso julgado (art. 497º CPC ) impõem uma análise muito cuidada da prova existente para interpor a acção. Donde, tudo ponderado e não se afigurando úteis a realização de outras diligências, determino o arquivamento dos autos, sem prejuízo da sua ulterior reabertura, caso venha a ser facultada ao Ministério Público prova suficiente que viabilize a acção, ou venha a ser possível a realização dos exames ao ADN.

*** Notifique a mãe do menor.

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5- Despacho de arquivamento. Afastamento presunção paternidade. PA ........ Surgiram os presentes autos de uma certidão enviada pelo Tribunal de Família de Lisboa para efeito de eventual proposição pelo M.Público de acção de investigação de paternidade em representação do menor Sebastian ............................ Com efeito, resulta que o menor nasceu na Holanda a 16/6/99 e que foi registado como sendo filho de Isaura ........................, encontrando-se a respectiva paternidade omissa.

Em 4/4/02 foi proferida decisão pela CRC declarando que o menor não beneficiou da posse de estado, facto comunicado à mãe do menor (fls 41) em 18/9/02, com insistência em 6/1/03 (fls 44).

Acontece que, até ao momento o menor não foi perfilhado, não possuindo o MP quaisquer elementos nos autos que permitam sustentar uma acção de investigação. A acção de investigação de paternidade pode ser proposta durante a menoridade do menor ou nos dez primeiros anos posteriores (art. 1873º ex vi art. 1817º C.Civil). Este prazo longo conjugado com os efeitos do caso julgado (art. 497º CPC) impõem uma análise muito cuidada da prova existente para interpor a acção. Donde, tudo ponderado, não se justificando a pendência do PA a aguardar uma eventual perfilhação e não se afigurando úteis a realização de outras diligências, determino o arquivamento dos autos, sem prejuízo da sua ulterior reabertura, caso venha a ser facultada ao Ministério Público prova suficiente que viabilize a acção, ou venha a ser possível a realização dos exames ao ADN.

*** Notifique a mãe do menor.

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6- Despacho de arquivamento. Oposição da mãe da menor. PA ...... Para efeitos de eventual instauração de acção de investigação de paternidade pelo Ministério Público, em representação da menor Ana .........................., foi remetida a presente certidão pelo Tribunal de Almada. No decurso dos presentes autos foi remetida notificação à mãe da menor para que declarasse se pretendia ou não que o Ministério Público intentasse o referido procedimento em representação da menor Ana ................................... Porém, a mãe da referida menor declarou expressamente não pretender que o Ministério Público instaure a configurada acção (cfr., fls 83). Face ao exposto, e na medida em que a legal representante da menor manifestou inequívoca vontade de que não pretende que o Ministério Público intente a acção em representação daquela e uma vez que essa representação, como é sabido, não pode processar-se contra a vontade, ainda que imperfeitamente expressa, do seu representante legal (cfr., art. 3º, nº1, al. a) e 5º, nº1, al. c) e nº 3 da Lei nº 47/86, de 15/10), não existe fundamento para o prosseguimento dos autos. Assim, determino o arquivamento do PA.

Notifique a mãe da menor deste despacho. O Procurador-Adjunto

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7- Despacho de arquivamento. Perfilhação.

PA ..........

***

Surgiram os autos a requerimento de Ana ............., tendo em vista a eventual proposição de acção de investigação da paternidade em representação da menor Ana Rute ....................

A referida menor nasceu, no dia 14 de Agosto de 1990, em Caldas da Rainha, e foi registado sendo filha de Ana ..............., encontrando-se a respectiva paternidade omissa (cfr., fls. 11).

Todavia, no âmbito deste PA, o pai biológico da menor – António ..................... reconheceu-a como sua filha, tendo por isso, lavrado Termo de Perfilhação. Essa perfilhação já foi levada ao registo (cfr., fls.41).

Face ao exposto, uma vez que a paternidade da menor Ana Rute ............. já se encontra estabelecida, verifica-se que se mostra atingido o objectivo que havia determinado a instauração do processo.

Nessa conformidade, determino o arquivamento dos autos. *** Comunique à mãe do menor com cópia de fls. 41.

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8- Despacho de arquivamento. Morte do menor. PA …….. O presente PA teve origem em certidão remetida pelo Tribunal de ..... com vista a ser intentada acção de investigação de paternidade da menor Maria ……….. (falecida a seguir ao nascimento). No que respeita à acção oficiosa, o Estado não investiga porque desaparece o interesse público justificativo da sua preocupação no estabelecimento de uma filiação verdadeira (cfr., Neves Ribeiro, O Estado nos Tribunais, 1985, pág. 189). Ora, tratando-se de um caso de representação, em que, em abstracto, apenas estariam em causa o reconhecimento de direitos patrimoniais de eventuais herdeiros ou legatários atingidos com a procedência da acção, face ao teor das declarações da mãe da menor a fls ,,,,, importa considerar que traduzem uma oposição ao exercício de tal representação pelo Ministério Público. Pelo exposto, determino o arquivamento do PA. Notifique. O Procurador-Adjunto

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9- Investigação paternidade. Habilitação.

PA ...............

Ex.mo Senhor

Juiz de Direito …………………………..

O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos art. 3º, nº1, al. a) e

5º, nº1, al. c) da Lei nº 47/86 e art. 1869º do Código Civil, propor, em representação do

menor Adelino………….., acção declarativa com processo ordinário de investigação de

paternidade contra:

- Silvestre .................., residente no Bairro

............................ nº 4, nº 116, Lisboa.

- Maria ............................, residente no Bairro

........................... nº 4, nº 116, Lisboa.

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

O presente processo está isento de custas ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. l) do DL 34/08 de 26/2.

I – HABILITAÇÃO INICIAL

Adelino ....................................... faleceu no dia 11 de Novembro de 1991, no

estado civil de solteiro (Doc. nº1).

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Não deixou descendentes mas, deixou ascendentes, os ora requeridos (Doc. 1)

Os requeridos têm, assim, legitimidade passiva para a presente acção (art. 1819º,

aplicável ex vi do art. 1873º, ambos do Código Civil).

II – DA ACÇÃO

Em 21 de Maio de 1992, nasceu, na freguesia do Campo Grande, concelho de

Lisboa, o menor Adelino .........................., cujo assento de nascimento foi lavrado, em 7

de Agosto de 1995, na .........ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, nele se omitindo

a paternidade e mencionando que o menor é filho de Carla .......................... - Doc. 2.

O menor, todavia, é filho do falecido Adelino ......................................

Na verdade, Adelino ........................... e a mãe do menor mantiveram, desde finais

de 1990 até ao 2º mês de gravidez, um relacionamento íntimo entre si,

No âmbito do qual passaram a manter um com o outro, com regularidade,

relações sexuais de cópula completa.

Foi em consequência de tais relações sexuais que o menor foi gerado.

Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o

nascimento do menor, a mãe desta apenas com Adelino .................. manteve relações

sexuais.

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10º

Na verdade, a mãe da menor é pessoa de bom porte, não havendo notícia de que,

no período em causa, a mesma tenha acompanhado com qualquer outro homem.

Nestes termos e nos mais de direito, deve a

presente acção ser julgada procedente, por provada,

reconhecendo-se o menor como filho de Adelino ................. e

ordenando-se o averbamento de tal paternidade ao assento de

nascimento daquele.

Prova testemunhal:

1- Carla ................., mãe do menor, residente na Rua ......................., 1070 Lisboa.

2- Susana ......................................., residente na Rua ......................................., Lisboa.

** Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

Junta: 3 documentos, duplicados e suporte digital.

O Procurador-Adjunto

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10- Acção de investigação de paternidade.

PA …….

Ex.mo Senhor

Juiz de Direito ………………………….

O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos art. 3º, nº1, al. a),

5º, nº1, al.c) da Lei 47/86 de 15/10 e art. 1869º do Código Civil propor, em representação

do menor William ……………………, acção declarativa com processo ordinário de

investigação de paternidade contra:

Fernando …………., solteiro, maior, natural de Luanda,

com última residência na Rua ………….., zona 13, Bairro

Sambizanga, Luanda, Angola.

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

O presente processo está isento de custas ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. l) do DL 34/08 de 26/2.

Em 18 de Junho de 2002, nasceu na freguesia de Alvalade, Lisboa, o menor

William …….., cujo assento de nascimento foi lavrado, em 2 de Setembro de 2002, na 9ª

Conservatória do Registo Civil de Lisboa, nele se omitindo a paternidade e mencionando

que o menor é filho de Lassalette ………….. – (Doc. 2).

O menor, todavia, é filho do Réu.

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Na verdade, o Réu e a mãe do menor mantiveram um relacionamento íntimo entre

si,

No âmbito do relacionamento supra referido, mantiveram um com o outro, com

regularidade, relações sexuais de cópula completa, designadamente, desde final de

Agosto de 2001.

Foi em consequência de tais relações sexuais que o menor foi gerado.

Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o

nascimento do menor, a mãe deste apenas com o Réu manteve relações sexuais.

Na verdade, a mãe da menor é pessoa de bom porte, não havendo notícia de que,

no período em causa, a mesma tenha acompanhado com qualquer outro homem.

Em procuração outorgada no 1º Cartório Notarial da Comarca de Luanda o Réu

reconhece como seu filho o menor nascido em 18/6/02, em Lisboa, da sua relação com

Lassalette ………………….. (Doc. 2)

Nestes termos e nos mais de direito, deve a

presente acção ser julgada procedente, por provada,

reconhecendo-se o menor como filho do Réu e ordenando-se o

averbamento de tal paternidade ao assento de nascimento daquele.

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Testemunhas:

1ª - Lassalete ………., mãe do menor, residente na Av. dos EUA, nº 53, 8º Esq. Lisboa.

Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

Junta: 3 documentos, duplicados e suporte digital. O Procurador-Adjunto

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11- Acção. Investigação paternidade. Exames ADN.

PA ……….

Ex.mo Senhor

Juiz de Direito ………………………………….

O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos art. 3º, nº1, al. a), 5º, nº1,

al. c) da Lei 47/86 de 15/10 e art. 1869º do Código Civil propor, em representação da

menor Jessica ………………………., acção declarativa com processo ordinário de

investigação de paternidade contra:

António ……………, casado, com domicílio profissional

na Directoria da Polícia Judiciária de Lisboa, sita na Rua

Gomes Freire, nº 174, – Lisboa,

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

O presente processo está isento de custas ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. l) do DL 34/08 de 26/2.

Em 15 de Dezembro de 1997, nasceu, na freguesia de Castelo Branco, concelho

de Castelo Branco, a Autora Jessica ……….., cujo assento de nascimento foi lavrado, em

7 de Setembro de 1999, na Conservatória do Registo Civil de Castelo Branco, nele se

omitindo a paternidade e mencionando que a menor é filha de Márcia …………. - Doc.

nº 1.

A menor, é, todavia, filha do Réu.

Na verdade, o Réu e a mãe da menor mantiveram, entre Fevereiro e Abril de

1997, um relacionamento íntimo entre si,

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No âmbito do qual mantiveram um com o outro, com regularidade, relações

sexuais de cópula completa.

Foi em consequência de tais relações sexuais que a menor foi gerada.

Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o

nascimento da menor, a mãe desta apenas com o Réu manteve relações sexuais.

Na verdade, a mãe da menor é pessoa de bom porte, não havendo notícia de que,

no período em causa, a mesma tenha acompanhado com qualquer outro homem.

Tendo-se procedido, no Instituto de Medicina Legal de Coimbra, a exame aos

sangues da Autora, da mãe desta e do Réu, mediante o estudo dos Polimorfismos do

ADN, os senhores peritos concluíram que o Réu não pode ser excluído da paternidade da

Autora, sendo de 99,9999% tal probabilidade de paternidade, o que corresponde a

“paternidade praticamente provada” – Doc. nº2.

Nestes termos e nos mais de direito, deve a presente acção ser

julgada procedente, por provada, reconhecendo-se a Autora Jessica ………….

como filha do Réu e ordenando-se, em consequência, o averbamento de tal

paternidade ao assento de nascimento daquela.

Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

Junta: 4 documentos, duplicados legais e suporte digital

O Procurador-Adjunto

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12- Perguntas à mãe do menor.

1- Declarações à mãe do(a) menor em 30 dias (que serão deprecadas, caso a mesma resida fora da comarca, remetendo-se cópia da certidão de nascimento do(a) menor e do presente despacho), a fim de que esclareça:

a) Se pretende, ou se se opõe, a que o Ministério Público venha a intentar acção de investigação de paternidade em representação de seu(sua) filho(a) menor; b) Qual a identidade completa do pai do(a) menor (nome completo, data de nascimento, estado civil, naturalidade, filiação e residência actual) e qual a Conservatória ou organismo público em que se encontra lavrado o respectivo assento de nascimento; c) Quando e em que circunstâncias conheceu o pai do(a) menor; d) Que tipo de ligação teve com o mesmo, quando é que tal ligação se iniciou e, caso já tenha terminado, em que data aproximada findou (importa que a declarante clarifique, com o maior pormenor possível, se se tratou de uma simples ligação esporádica, sem qualquer compromisso, ou se existiu relação de namoro publicamente assumida e durável, ou se chegou a existir vida marital entre ambos e em que período, bem como quaisquer outras circunstâncias relevantes para caracterização de tal ligação); e) Se, durante o período legal de concepção do(a) menor (nos primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do(a) menor) a declarante apenas se relacionou sexualmente com o indigitado pai da criança; f) Se o indigitado pai, antes de o(a) menor nascer, se assumiu perante as pessoas que o conheciam como autor da gravidez da declarante, ou, pelo contrário, se recusou a assumir tal autoria e quais as razões que invocou para fundamentar tal recusa; g) Se, após o nascimento do(a) menor), o indigitado pai, de alguma forma, o tratou ou tem vindo a tratar como seu filho (indicando, na afirmativa, tais formas de tratamento paterno: Chama-lhe filho em público ou em privado? Visita-o e, na afirmativa, com que regularidade? Recebe-o na respectiva residência? Contribui para as despesas com a sua alimentação e, na afirmativa, com que quantitativo e periodicidade, ou, sendo em géneros, de que forma?),

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h) O indigitado pai pretende perfilhar voluntariamente o(a) menor, ou recusa tal perfilhação? Se a recusa, que razões alega para tanto? i) Quais as testemunhas que a declarante pode indicar (nomes e moradas) para prova da matéria indicada nas alíneas b) a g) supra? (Deverá indicar pessoas que tivessem tido conhecimento directo do relacionamento que existiu entre a declarante e o indigitado pai, sobretudo na altura em que a declarante engravidou; caso não disponha de outras, poderá indicar familiares de ambos, como seja irmãos, primos, sobrinhos, cunhados, etc.). Caso não possa indicar, desde já, as testemunhas, deverá informar qual o prazo de que precisa para apresentar o respectivo rol. j) Tem alguma prova documental da sua ligação ao indigitado pai do(a) menor, com relevância para a investigação da paternidade deste(a), como sejam cartas, fotografias, quaisquer escritos? Na afirmativa, deverá facultar cópia para junção ao processo; l) Caso seja necessário, está disposta a submeter-se a exames de ADN, conjuntamente com o(a) menor? E a custeá-los? m) Caso o indigitado pai do(a) menor tenha falecido, deverá indicar:

-Data do óbito e Conservatória em que está registado; -Se o falecido era casado, indicar a identidade e residência do cônjuge; -Se o falecido deixou outros filhos, já perfilhados, identificá-los completamente (nomes completos, datas de nascimento, naturalidade, filiação e residência) e indicar as Conservatórias em que estão registados; -Se o falecido não deixou outros filhos já perfilhados, deverá indicar se os pais dele são vivos e, na afirmativa, indicar a residência dos mesmos.

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13- Perguntas ao indigitado pai. 2- Declarações ao indigitado pai da menor, a fim de que o mesmo:

a) Declare se corresponde ou não à verdade o teor das declarações da mãe do(a) menor relativamente à ligação que alega ter existido entre ambos, e à paternidade que lhe imputa;

b) Declare se pretende, ou não, perfilhar voluntariamente o(a) menor e, na negativa, indique as razões da sua recusa;

c) Indique a sua identidade completa e a Conservatória ou organismo público onde se encontra lavrado o respectivo assento de nascimento;

d) Caso rejeite assumir a paternidade do(a) menor, indique testemunhas (nomes e moradas) que possam abalar a credibilidade das declarações prestadas pela mãe do(a) menor).

e) Caso seja necessário, está disposto a submeter-se a exames de ADN, conjuntamente com o(a) menor? E a custeá-los?

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14- Perguntas às testemunhas. 1- Inquirição das testemunhas indicadas a fls ....., quanto à seguinte matéria:

A) Quando e em que circunstâncias conheceu o indigitado pai do(a) menor;

B) Que tipo de ligação teve a mãe do menor com o mesmo, quando é que tal ligação se iniciou e, caso já tenha terminado, em que data aproximada findou (importa que a declarante clarifique, com o maior pormenor possível, se se tratou de uma simples ligação esporádica, sem qualquer compromisso, ou se existiu relação de namoro publicamente assumida e durável, ou se chegou a existir vida marital entre ambos e em que período, bem como quaisquer outras circunstâncias relevantes para caracterização de tal ligação);

C) Se, durante o período legal de concepção do(a) menor (nos primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do(a) menor) a declarante apenas se relacionou sexualmente com o indigitado pai da criança;

D) Se o indigitado pai, antes de o(a) menor nascer, se assumiu perante as pessoas que o conheciam como autor da gravidez da declarante, ou, pelo contrário, se recusou a assumir tal autoria e quais as razões que invocou para fundamentar tal recusa;

E) Se, após o nascimento do(a) menor), o indigitado pai, de alguma forma, o tratou ou tem vindo a tratar como seu filho (indicando, na afirmativa, tais formas de tratamento paterno: Chama-lhe filho em público ou em privado? Visita-o e, na afirmativa, com que regularidade? Recebe-o na respectiva residência? Contribui para as despesas com a sua alimentação e, na afirmativa, com que quantitativo e periodicidade, ou, sendo em géneros, de que forma?);

F) O indigitado pai pretende perfilhar voluntariamente o(a) menor, ou recusa tal perfilhação? Se a recusa, que razões alega para tanto.

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15- Despacho. Competência territorial.

PA ……..

Surgiram os presentes autos na sequência de remessa da AOP pelo

Tribunal de Família e Menores de Lisboa tendo em vista a eventual proposição, ao abrigo

do estatuído no art. 1865º, nº 5 do Código Civil de acção de investigação da paternidade.

Todavia, conforme decorre de fls 38 da AOP a morada de Lisboa é a da

casa dos pais do indigitado pai da menor. A fls 14 foi indicada nova morada, sendo que o

mesmo ai se desloca (cfr., informação policial a fls 29). Acresce que, a outra morada

constante dos autos (fls 11) também é da Costa da Caparica, consequentemente, indicia-

se que o Réu na acção a propor, reside na Costa da Caparica - Almada.

Assim sendo, e porque nos termos do estatuído no art. 85º, nº1, CPC, é o

Tribunal do domicílio do réu o territorialmente competente para a instauração da acção,

remeta o processo à Procuradoria da República junto dos Juízos Cíveis da Comarca de

Almada.

Informe a mãe da menor.

O Procurador-Adjunto

…………………………………………

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VII- IMPUGNAÇÃO DA PATERNIDADE - Não é admissível a impugnação de paternidade constituída por consentimento não adoptivo validamente prestado (art. 1839º, nº 3 C.Civil). - Espécies: A- Impugnação da paternidade de filho concebido na constância do casamento(art. 1839º) - Causa de pedir: o autor tem de alegar e provar factos dos quais se possa concluir uma manifesta improbabilidade de o marido da mãe ser o pai (art. 1839 nº 2 C. Civil). Ex: ausência no estrangeiro durante o período legal de concepção, impotência, gravidez já existente à data das relações. - Legitimidade activa: presumido pai, mãe ou filho (art.1839º, nº 1 C.Civil), no caso de morte ou ausência de presumido pai, mãe ou filho (cfr., art. 1844º, nº 1 e 1845º C.Civil) e M. Público (art. 1840º C.Civil). - Prazos: para a acção intentada pelo presumido pai, mãe ou filho (art. 1842º C.Civil), para a acção oficiosa (art. 1841º, nº 1 e 2 C.Civil) e no caso de morte ou ausência do presumido pai, mãe ou filho (art. 1844º, nº 2 e art. 1845º C.Civil). - Legitimidade passiva: mãe, filho e presumido pai quando não figurem como autores da acção de impugnação (litisconsórcio necessário, art. 1846º, nº 1 C.Civil). No caso de morte da mãe, do filho ou do presumido pai (cfr., art. 1844º C.Civil). B- Impugnação da paternidade de filho concebido antes do casamento (art. 1840º). - Causa de pedir: autor tem que alegar e provar que o nascimento do filho correu dentro dos 180 dias posteriores à celebração do casamento (através da junção de certidão de nascimento do menor e certidão de casamento). - Legitimidade activa: a mãe e o marido desta. - Legitimidade passiva: o filho e o cônjuge que não seja autor. C- Impugnação de paternidade em caso de inseminação artificial (art. 20º, nº 5 Lei 32/06). - Causa de pedir: o autor tem de alegar e provar que não houve consentimento ou que o filho não nasceu da inseminação para que o consentimento foi prestado. - Legitimidade activa: marido ou aquele com quem a mãe vivesse em união de facto. - Legitimidade passiva: mãe e filho.

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1- Formulário para uso na Procuradoria (impugnação de paternidade). Exmº Sr. Procurador da República (1) ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Vem requerer a V. Exa se digne intentar acção especial de impugnação de paternidade relativamente ao(à) menor: (2) ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… O (a) qual se encontra registado(a) como sendo filho(a) de:(3) ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Quando o seu verdadeiro pai é: (4) ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Junta os seguintes documentos: - Certidão de nascimento do(a) menor, - Certidão de casamento da mãe do(a) menor com a pessoa que consta no registo como pai deste(a). - Caso tenha existido divórcio, já decretado ou ainda em curso, entre a mãe do(a) menor e a pessoa que consta no registo como pai deste(a), informação sobre a identificação do processo.

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Para prova do acima alegado indica as seguintes testemunhas: 1- ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… 2- ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… 3- ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Lisboa, ……….. de ………………. de 2………. O (A) REQUERENTE ............................................................................... (assinatura) (1) Indicar o nome completo, estado civil, profissão e morada do(a) requerente, (2) Indicar o nome completo, data de nascimento, naturalidade (Freguesia/Concelho), conservatória onde se encontra registado o nascimento e residência actual do(a) menor relativamente ao qual se pretende impugnar a paternidade. (3) Indicar o nome completo e residência actual da pessoa que figura no registo como pai do(a) menor. (4) Indicar o nome completo, estado civil, data de nascimento, naturalidade (Freguesia/Concelho) e residência actual do verdadeiro pai do(a) menor. (5) Indicar o nome completo, estado civil, data de nascimento e residência actual das pessoas a ouvir como testemunhas na acção de impugnação de paternidade a intentar.

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2- Inquérito a remeter à mãe do(a) menor.

INQUÉRITO

Reg. nº ………..

A) Pretende que o Ministério público intente acção de impugnação de paternidade do(a)

seu/sua filho(a) menor ? ……………………….

B) Quando se casou com o pai registal do(a) menor e em que conservatória se encontra

registado o casamento ? ……………………………………………....................................

C) Qual a data de nascimento do(a) menor e qual a conservatória em que o mesmo se

encontra registado ? ………………………………………………………………………..

D) Após o casamento com o pai registal houve separação definitiva entre os cônjuges e,

na afirmativa, em que data (aproximadamente)? ………………………………………….

E) Houve ou há divórcio a correr termos entre os cônjuges? (na afirmativa, identificar o

processo e tribunal ou conservatória e referir se o divórcio é litigioso ou por mútuo

consentimento) ……………………………………………………………………………..

F) Identifique o verdadeiro pai do(a) menor e refira que tipo de relacionamento existiu

entre ambos: se passaram a viver juntos um com o outro, em comunhão de cama, mesa e

habitação, como se casados fossem e, na afirmativa, desde quando e até quando, caso tal

união já tenha cessado, caso apenas tenha havido um relacionamento íntimo entre ambos,

sem viverem juntos, deverá esclarecer quando se iniciou e terminou tal relacionamento.

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

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G) O pai verdadeiro do(a) menor tem tratado este(a) publicamente como seu filho(a) –

chamando-lhe filho(a), acarinhando-o(a), providenciando pelo seu sustento, saúde e

educação?

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

H) O seu marido tem tratado o(a) menor como seu filho?

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

I) Identifique testemunhas que possam ser inquiridas e que tenham conhecimento directo

de que o(a) menor não é filho(a) do seu marido:

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

………………………………………………………………………………………………

Assinatura

……………………………………………….

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3- Impugnação de paternidade - perguntas à mãe do menor, pai registal, pai biológico e testemunhas. PA …………. Proceda-se às diligências assinaladas:

1- Declarações à mãe do menor (se necessário por deprecada), a fim de a

mesma esclarecer: a) Se deseja que o Ministério Público intente acção de impugnação da paternidade em representação do menor.................................., por forma a que do respectivo assento de nascimento deixe de constar que o mesmo é filho de.............................................................; b) Se após o seu casamento com...................................................................., houve separação definitiva e, na afirmativa, em que data, aproximada; c) Se houve, ou há, divórcio a correr termos, identificando, se possível, o processo e o tribunal e esclarecendo se o divórcio é litigioso ou por mútuo consentimento; d) Indicar a data em que iniciou a sua relação com......................................... ..................., se viveram juntos como se de marido e mulher se tratasse e, na afirmativa, desde quando e até quando; e) Se .................................................................tratava os menores publicamente como seus verdadeiros filhos (chamando-os como tal, acarinhando-os e providenciando pelo seu sustento, saúde e educação); f) Se ...............................................reivindica ou repudia a paternidade dos menores; g) Se a generalidade das pessoas que os conhecem atribuem a paternidade dos menores a ..........................................................ou a............................................

h) Quando se casou com o pai registal do menor e em que Conservatória se encontra registado o casamento; i) Se está na disposição de submeter-se, a si e ao menor a exames de sangue e a custeá-los.

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2- Declarações a.............(pai registal), se necessário por deprecada, a fim de o mesmo esclarecer: a) Se está separado de facto de .......................................................................... e, na afirmativa, desde que data; b) Se houve, ou há, divórcio a correr termos, indicando, se possível, o processo e o tribunal e esclarecendo se o divórcio é litigioso ou por mútuo consentimento; c) Se tem conhecimento do nascimento do menor ............................................e do facto de este se encontrar registado como seu filho; d) Se reconhece o referido menor como seus filho ou, pelo contrário, se repudia tal paternidade; e) Se está disposto, caso se torne necessário, a submeter-se a exames de sangue e a custeá-los.

*** 3- Inquirição das testemunhas......................................................................(se necessário por deprecada), em 30 dias, a fim de esclarecerem: a) Desde quando conhecem a mãe do menor, há quanto tempo e em que circunstâncias a conheceram; b) Se têm conhecimento que a mesma é casada com ..............................................e se após esse casamento houve separação definitiva entre os cônjuges e, na afirmativa, em que data, aproximada; c) Se conhecem o menor..........................................................., se sabem quando o mesmo nasceu e quem é o pai dos mesmo; d) Que tipo de relacionamento a mãe do menor manteve com .................................., se estes viveram juntos como se de marido e mulher se tratasse e, na afirmativa, desde quando e até quando; na hipótese de aqueles não terem vivido em comum, deverão esclarecer que tipo de relação mantiveram e quando é que a mesma se iniciou e findou; e) Se ....................................................................tratava publicamente o referido menor como seu verdadeiro filho. f) Se .......................................................reivindica ou repudia a paternidade do menor.

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4- Inquirição de.................(pai biológico), se necessário por deprecada, a fim do mesmo esclarecer: a) Onde reside a mãe do menor;

b) O tipo de relacionamento que manteve ou mantém com a mãe do menor,

nomeadamente se viveram juntos em comunhão de cama, mesa e habitação e, na afirmativa, desde quando e até quando, caso não hajam vivido juntos, deverá esclarecer quando se iniciou e terminou a relação.

c) Se considera a menor como sua filha biológica;

d) Se, caso se mostre necessário, está disposto a submeter-se a exames de sangue

e a custeá-los;

e) Na hipótese de considerar o menor como seu verdadeiro filho, deverá desde logo, proceder-se à elaboração de termo de perfilhação.

****

Logo que disponha dos elementos necessários requisite certidão do assento de casamento de........................................................................................................................ O Procurador-Adjunto

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4- Acção de impugnação de paternidade em representação do menor.

PA …..

Ex.mo Senhor

Juiz de Direito ……………………………………

O Ministério Público vem, em representação de Leandro ……………, menor,

abaixo identificado, e ao abrigo do disposto nos artigos 1839º, nº 1 do C. Civil e 5º, nº 1,

alínea c) da Lei 47/86, propor acção declarativa ordinária de impugnação de paternidade

contra:

1º.- Mário …………., divorciado, residente em Green Street,

…………………., West Palm Beach, EUA.

2ª.- Lídia ……………., divorciada, residente na Rua

………………, Penha de França ,Lisboa.

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

O presente processo está isento de custas ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. l) do DL 34/08 de 26/2.

Em 9 de Abril de 2000, na freguesia de Penha de França, Lisboa, nasceu o Autor

– Leandro …………, cujo assento de nascimento foi lavrado na 9ª Conservatória do

Registo Civil de Lisboa em 6/4/01, nele constando como filho da 2ª Ré - Doc. nº 1.

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Posteriormente, em 19/7/01 foi lavrado averbamento no assento de nascimento da

menor, no qual se mencionou que o menor registado era também filho do ora 1º Réu –

Doc 1.

Os Réus contraíram matrimónio um com o outro em 10 de Agosto de 1987,

matrimónio esse que apenas foi dissolvido por sentença de divórcio proferida em 24 de

Agosto de 2001 que transitou em julgado em 7 de Setembro de 2001 - Doc. nº 2.

Não foi, todavia, o 1º Réu quem gerou o Autor.

Na verdade, os Réus separaram-se definitivamente um do outro em 1989,

Não tendo, a partir de então, mantido qualquer contacto um com o outro,

designadamente de natureza sexual.

Em 1995 2ª Ré passou a viveu em comunhão de cama, mesa e habitação com

António José ………………………….,

Tendo sido em consequência das relações sexuais entre estes mantidas que o

Autor viria a ser gerado.

Todos os que os conhecem atribuem a paternidade a António José ……………..,

o qual igualmente se assume publicamente como pai biológico do Autor, e nessa

qualidade o vem alimentando, educando e providenciando pela sua segurança e saúde.

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10º

O 1º Réu não esteve presente, nem representado, no acto de registo de nascimento

do Autor - Doc. nº 1,

Nestes termos, e nos mais de direito, deve a presente acção

ser julgada procedente, por provada, declarando-se que o Autor

não é filho do 1º Réu, e ordenando-se, em consequência, o

correspondente averbamento ao assento de nascimento do mesmo.

TESTEMUNHAS:

1- António José ………………., residente na Rua ……………., Penha de França

,Lisboa.

2- Ana Paula …………………, residente na Rua ……………., 2500 Caldas da

Rainha.

* Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

Junta: 2 documentos, duplicados e suporte digital.

O Procurador-Adjunto

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5- Impugnação de paternidade. Arquivamento. Falta de prova.

PA ……..

Surgiram os presentes autos da remessa de expediente por parte do Tribunal de Familia e Menores de Lisboa, tendo em vista a eventual propositura de acção de impugnação da paternidade em representação do menor Fábio ………….. O aludido menor nasceu no dia 6 de Agosto de 2001, em Torres Vedras e foi registado como sendo filho de Cristina Alves …………… e Mário Jorge ……………. Apesar da declaração da mãe do menor a fls 35 a verdade é que não apresentou qualquer prova de que Mário Jorge não é o pai biológico do menor, apesar de notificada para o efeito (fls 62). Quanto a Mário Jorge …………, não foi possível descobrir o seu paradeiro (cfr., fls 58, 59 e 61). Com efeito, foram realizadas todas as diligências que poderiam conduzir a um resultado útil tendo-se em vista a obtenção de prova quanto à paternidade do menor.

Acresce, que tais diligências foram realizadas há muito pouco tempo, pelo que não se afigura adequado nem útil, proceder-se agora à repetição dessas diligências já levadas a efeito. Assim, face aos expostos elementos fáctico-probatórios, forçoso é concluir que não se mostra viável a configurada acção de impugnação da paternidade. Com efeito, não resulta que, relativamente à paternidade do menor, existe desconformidade entre a verdade biológica e a verdade constante do registo. Pelo exposto, determino o arquivamento do PA.

***

Comunique à mãe do menor com cópia do presente despacho.

O Procurador-Adjunto

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6- Impugnação de paternidade. Arquivamento. Falta de prova.

PA ………..

Surgiram os presentes através do requerimento de Manuel ………, tendo em vista a eventual propositura de acção de impugnação da paternidade relativamente à menor Cláudia ………………………... A aludida menor nasceu no dia 20 de Abril de 1993, em Lisboa e foi registada como sendo filha de Maquisse Isabel ………….., cuja inquirição não foi possível por se encontrar em parte incerta de Angola (cfr., fls 20 e 34). As testemunhas indicadas pelo requerente (fls 15 a 19) confirmam a existência de uma relação de carácter amoroso entre ambos, interrompida por motivo de conflitos, versão confirmada pela mãe da menor. Porém, pese embora os depoimentos constantes dos autos, não é possível determinar que no período legal de concepção a mãe da menor apenas se relacionou sexualmente com o requerente (cfr., depoimentos a fls 15 e 35) e, face à posição da mãe da menor em recusar-se a ela e à menor a realizar testes ao ADN, entendo não existir prova suficiente para intentar a acção. Com efeito, foram realizadas todas as diligências que poderiam conduzir a um resultado útil tendo-se em vista a obtenção de prova quanto à paternidade da menor.

Acresce, que tais diligências foram realizadas há muito pouco tempo, pelo que não se afigura adequado nem útil, proceder-se agora à repetição dessas diligências já levadas a efeito. Assim, face aos expostos elementos fáctico-probatórios, forçoso é concluir que não se mostra viável a configurada acção de impugnação da paternidade.

Pelo exposto, determino o arquivamento do PA.

***

Notifique.

O Procurador-Adjunto

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7- Despacho. Competência territorial. PA …… Surgiram os presentes autos a requerimento de Paulo ……………, tendo em vista a eventual propositura de acção de impugnação da paternidade em representação da menor Daniela …………….. In casu, a configurada acção deverá ser intentada contra a mãe e o pai registral da menor (art. 1846º, nº1 C.Civil). Todavia, constata-se que a mãe da menor reside em Pataias, Alcobaça (cfr., fls.32) e que o pai registral reside em Colares, Sintra (cfr., fls. 14). Assim sendo, e de acordo com o estatuído nos art. 85º, nº1, e 87º, nº1, do CPC, remeta o processo à Procuradoria da República junto dos Juízos Cíveis da Comarca de Sintra, por ser esse um dos tribunais territorialmente competentes para a instauração da acção em apreço. Informe o requerente. O Procurador-Adjunto

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VIII- IMPUGNAÇÃO DE PERFILHAÇÃO

- À posteriori, a perfilhação que não corresponda à verdade é impugnável em juízo. - A impugnação da perfilhação não é admissível na hipótese de filiação por consentimento não adoptivo validamente prestado (Pinheiro, Jorge, Direito da Família e Sucessões, vol. II, pág. 109). - A perfilhação efectuada depois de intentada em juízo acção de investigação de paternidade contra pessoa diferente do perfilhante fica sem efeito se a acção for julgada procedente (art. 1863º C. Civil). - Prazo: a acção pode ser intentada a todo o tempo (art. 1859º C.Civil). - Legitimidade activa: o perfilhante, o perfilhado, o M. Público ou qualquer outra pessoa que tenha interesse moral ou patrimonial na procedência da acção de impugnação (art. 1859º, nº 2 C.Civil). - Legitimidade passiva: pessoas com legitimidade activa e que não figurem como autores (aplicação analógica do art. 1846º C.Civil). - Causa de pedir:

A) Em acção intentada pela mãe ou filho, basta a alegação de que o perfilhante não é o pai (impugnação por mera negação), excepto se o perfilhante demonstrar ser verosímil que coabitou com a mãe do perfilhado no período de concepção (art. 1859º nº 3 C.Civil).

B) Nos outros casos, o autor tem que alegar factos donde resulte que o perfilhante não é o pai biológico.

- Cumulação de pedidos: É admissível a cumulação entre o pedido de impugnação de perfilhação e o de investigação de paternidade (Ac. STJ de 16/3/2010, proc. 699/09-2 TBOAZ.S1). - Anulabilidade: A perfilhação é anulável por erro-vício, coacção moral ou incapacidade do perfilhante (art. 1860º e 1861º C.Civil).

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1- Impugnação de perfilhação. Perguntas à mãe do menor, perfilhante, pai biológico e testemunhas. PA …….

Convoque a mãe da menor, para declarações em ….. dias, a fim de a mesma esclarecer:

- Que tipo de ligação manteve com Moisés ……………., quando se

iniciou e terminou essa relação, se viveram em comunhão de cama,

mesa e habitação e, na afirmativa, em que período;

- Se nos primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento da

menor, manteve relações sexuais com Moisés ………;

- A razão pela qual Moisés …….. o perfilhou a menor;

- Se aquele se assume publicamente como pai da menor e a trata como

tal, ou se, pelo contrário, repudia tal paternidade;

- Que tipo de relação manteve com o Walter …………., quando se

iniciou e terminou tal relacionamento e se vivem ou viveram em

comunhão de cama, mesa e habitação;

- Se o Walter ………… trata a menor como sua verdadeira filha;

- Se está disposta a submeter-se, a si e à menor, a exames de sangue e

a custeá-los.

***

Convoque o perfilhante Moisés …….., para declarações, em ….. dias, a

fim de o mesmo esclarecer:

- O tipo de relacionamento que manteve com a mãe da menor,

nomeadamente, se viveram juntos em comunhão de cama, mesa e

habitação e, na afirmativa, desde quando e até quando; caso não hajam

vivido juntos, deverá esclarecer quando se iniciou e terminou tal

relação;

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- A razão pela qual perfilhou a menor;

- Se considera a menor como sua filha biológica;

- Se está disposto a submeter-se a exames de sangue e a custeá-los.

***

Convoque Walter ………… (pai biológico), para declarações em ….. dias, devendo o mesmo esclarecer:

- O tipo de relacionamento que manteve, ou mantém, com a mãe da

menor, nomeadamente, se viveram juntos em comunhão de cama, mesa e

habitação e, na afirmativa, desde quando e até quando; caso não hajam vivido

juntos, deverá esclarecer quando se iniciou e terminou tal relação;

- Se considera a menor como sua filha biológica e, na afirmativa, porque

razão;

- Se está disposto a perfilhar a menor (devendo, na afirmativa, lavrar-se

desde logo o respectivo Termo);

- Se esta disposto a submeter-se a exames de sangue e a custeá-los.

- Se está disposto a submeter-se a exames de sangue e a custeá-los.

***

Convoque as testemunhas identificadas a fls……, para declarações em …… dias, a fim de as mesmas esclarecerem: - Desde quando conhecem a mãe da menor;

- Se conhecem a menor, sabem quando nasceu e quem é o pai da mesma;

- Indicar o tipo de relacionamento que existiu, ou existe, entre a mãe da

menor e Moisés ……….., se viveram juntos como se de marido e mulher

se tratasse e, na afirmativa, desde quando e até quando;

- Se aquele trata publicamente a menor como sua verdadeira filha;

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Indicar o tipo de relacionamento que existiu, ou existe, entre a mãe da

menor e Walter …….., esclarecendo a data em que tal relacionamento se

iniciou e, se for caso disso, terminou, se viveram juntos como se de marido

e mulher se tratasse e, na afirmativa, desde quando e até que data;

- Se Walter ……… se assume publicamente como pai da menor e a trata

como tal;

- Se Moisés ……….. trata a menor como sua verdadeira filha ou se, pelo contrário, repudia tal paternidade.

O Procurador-Adjunto

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2- Impugnação perfilhação. Competência territorial.

PA ………….

Surgiram os autos através de expediente remetido pela Procuradoria junto das Varas Criminais de Lisboa, tendo em vista a eventual proposição, ao abrigo do disposto no art. 1859º, nº 1 e 2 do Código Civil, de acção de impugnação de perfilhação relativamente à menor Daniela ………………, nascida a 22 de Março de 1994.

Nessa acção devem ser demandados, em litisconsórcio necessário, a mãe da menor, esta e o perfilhante, face ao disposto no art. 1846º, nº 1, C. Civil - cfr., Guilherme de Oliveira, Estabelecimento da Filiação, fls. 136.

Analisado o processo, verifica-se que: - A menor Daniela reside em Setúbal (fls 5 e 36)

- A mãe da menor, Nélia ………… reside em Angra do Heroísmo (fls

45)

- O pai, Francisco ……………, reside em Setúbal (fls 5)

Assim, de acordo com o art. 87º, nº 1 CPC os RR deverão ser demandados no Tribunal do domicílio do maior número – Setúbal.

Pelo exposto, remeta o processo à Procuradoria da República junto dos Juízos Cíveis da Comarca de Setúbal.

O Procurador-Adjunto

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3- Impugnação de perfilhação. Arquivamento. Falta de provas.

PA …….

Surgiram os presentes autos da remessa de expediente por parte do Tribunal de Loures tendo em vista a eventual proposição de acção de impugnação de perfilhação relativamente ao menor Pedro …………………. O aludido menor nasceu no dia 10 de Agosto de 1990, em Lisboa e foi registado como sendo filho de António Pedro ……………………. e Sandra Filomena ………………, cuja inquirição não foi possível (fls 95). Apesar da declaração da mãe do menor a fls 5 a verdade é que não apresentou qualquer prova de que António Pedro não é o pai biológico do menor, apesar de inquirida para o efeito (fls 30).

A acção pode ser proposta “a todo o tempo” (art. 1859º, nº 2 C. Civil), Assim, face aos expostos elementos de prova forçoso é concluir que não se mostra viável a configurada acção de impugnação de perfilhação.

Com efeito, não resulta, por ora, que relativamente à paternidade do menor, existe desconformidade entre a verdade biológica e a verdade constante do registo. Pelo exposto, determino o arquivamento do PA, sem prejuízo da sua posterior reabertura caso sejam trazidos aos autos novos elementos.

***

Comunique à mãe do menor com cópia do presente despacho.

O Procurador-Adjunto

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4- Acção de impugnação de perfilhação. PA ……… Exmº Senhor Juiz de Direito ……………………………….. O Ministério Público vem, de harmonia com o disposto no art. 1859º, nºs 1 e 2 do Código Civil, propor, acção declarativa de impugnação de perfilhação, com processo ordinário, contra:

1º- Mauro ……….., divorciado, maior, residente na Rua ………………., nº 12, 2º C, Lisboa. 2º- Ana …………………….., solteira, maior, residente na Rua ……………………………………, Lisboa.

3º- Bruna …………………………, menor, residente na Rua …………………………., Lisboa, representada pelo seu primo Alberto …………….., residente na Rua ………………., 1750 Lisboa, curador ad litem, cuja nomeação se requer.

nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

Ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. a) do DL 34/08 de 26/2, o MP está isento de custas.

1º A 3ª Ré nasceu no dia 2/6/2002, na freguesia de Campo Grande, concelho de Lisboa, tendo sido registada, a 28/6/2002, na 10ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, como filha dos ora 1º e 2º Réus - Doc. 1.

2º A paternidade aí consignada resultou de declaração voluntária prestada pelo 1º

Réu (art. 1853º, al. a), Código Civil).

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3º No entanto, tal perfilhação não corresponde à verdade biológica.

Com efeito, a 2ª Ré, não manteve com o 1º Réu um relacionamento sexual nos primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do menor, ora 3º Réu,

Assim, a gestação da menor não resultou do relacionamento sexual entre os ora 1º e 2ª Réus.

6º O 1º Réu reconheceu a 3ª Ré como sua filha por ter mantido uma relação de namoro com a 2ª Ré.

7º Acresce que, tendo-se procedido, no Instituto de Medicina Legal de Lisboa a exames sanguíneos à menor, mãe e Marco Paulo ……………………, os senhores peritos concluíram, através do estudo de ADN, que Marco Paulo ……………… tem uma probabilidade de paternidade de 99,99998% – Doc. 2.

Nestes termos, deve a presente acção ser julgada procedente, por provada, e em consequência, declarar-se que a 3ª Ré não é filha do 1º Réu - Mauro ……………. e ordenar-se a correspondente rectificação do assento de nascimento, com eliminação da paternidade, da avoenga paterna e do apelido.

Prova testemunhal:

- Maria de Lurdes …………………….., residente na Rua ……………………,

1750 Lisboa.

- Rosa Maria ……………………., residente na Rua ……………………., 1750

Lisboa.

-

Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

Junta: 2 documentos, duplicados e suporte digital. O Procurador- Adjunto

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5- Acção de impugnação de perfilhação. PA ……. Exmº Senhor Juiz de Direito …………………………………… O Ministério Público vem, de harmonia com o disposto no art. 1859º, nºs 1 e 2 do Código Civil, propor, acção declarativa de impugnação de perfilhação, com processo ordinário, contra:

1º- Mário ………………, solteiro, maior, residente na Rua ………………………………., Marvila, Lisboa. 2º- Maria …………………….., solteira, maior, residente na Rua …………………….., Marvila, Lisboa.

3º- Hugo ………………………., menor, residente na Rua ……………………………….., Marvila, Lisboa.

Nos termos e pelos fundamentos seguintes:

Da isenção de custas

Ao abrigo do art. 4º, nº 1, al. a) do DL 34/08 de 26/2, o MP está isento de custas.

O 3ª Réu nasceu no dia 17 de Outubro de 1999, na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, tendo sido registado, a 29 de Outubro de 1999, na 11ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, como filho dos ora 1º e 2º Réus - Doc. 1.

2º A paternidade aí consignada resultou de declaração voluntária prestada pelo 1º

Réu (art. 1853º, al. a), Código Civil).

3º No entanto, tal perfilhação não corresponde à verdade biológica.

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4º Com efeito, a 2ª Ré, manteve com o 1º Réu um relacionamento sexual nos

primeiros 120 dias dos 300 que precederam o nascimento do menor, ora 3º Réu, não sendo porém, em consequência de tal relacionamento que o menor foi gerado,

Assim, a gestação do menor Hugo ……… não resultou do relacionamento sexual entre os ora 1º e 2ª Réus.

6º O 1º Réu reconheceu o 3º Réu como seu filho por ter mantido uma relação de namoro com a 2ª Ré.

7º Acresce que, tendo-se procedido, no Instituto de Medicina Legal de Lisboa a exames sanguíneos aos três Réus, os senhores peritos concluíram, através do estudo de Polimorfismos de ADN, que o 1º Réu é excluído da paternidade do 3º Réu – Doc. 2.

Nestes termos, deve a presente acção ser julgada procedente, por provada, e em consequência, declarar-se que o 3ª Réu – Hugo …………., não é filho do 1º Réu – Mário …………… e ordenar-se a correspondente rectificação do assento de nascimento (nº ……….. da 11ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa), com eliminação da paternidade, da avoenga paterna e do apelido “Gonçalves”.

Para curador “ad litem” do 3º Réu indica-se Susana …………….., residente na morada da 2ª Ré – cuja nomeação para tal cargo se requer.

***

Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).

Junta: 2 documentos, duplicados e suporte digital. O Procurador-Adjunto

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IX- Jurisprudência EXAMES: A recusa do recorrente em submeter-se ao exame biológico, tendo em conta a alteração legislativa do artigo 519.º, n.º2, do CPC, obriga o recorrente a provar que a mãe da menor manteve com outrem, durante o período legal da concepção, relações de cópula completa, procurando assim afastar a exclusividade que lhe foi atribuída e alegada na petição inicial. (Ac. da Relação de Guimarães de 2/9/02, proc. 218/02-2, www.dgsi.pt/jtrg) 1- No confronto do interesse, simultaneamente público e particular, de determinação da paternidade de um indivíduo com o interesse, meramente particular do investigado, de não ser submetido a um acto médico de colheita de sangue, deve ser considerada não justificada a recusa do investigado em submeter-se a esse exame. 2- A admitir-se a legitimidade dessa recusa, e estando em causa um meio tão directo de prova do vínculo biológico da paternidade, não repugna a ideia de fazer funcionar aqui a regra da inversão do ónus da prova, nos termos do art.º 344.º n. 2 do C. Civil. (Ac. da Relação de Lisboa de 9/6/05, proc. 4159/2005-2 , www.dgsi.pt/jtrl) É legítima a notificação ao pretenso pai, em acção de investigação de paternidade, sob a cominação de multa, para comparecer no Instituto de Medicina Legal, para exame hematológico. (Ac. da Relação do Porto de 25/2/02, proc. 0151781,www.dgsi.pt/jtrp) Em acção de investigação da paternidade, é ilícita a recusa de submissão do investigado a exame hematológico, ficando ele sujeito às consequências previstas na lei em caso de recusa injustificada, mas o recusante não pode ser forçado a submissão ao exame, contra a sua vontade, designadamente através da sua comparência sob custódia. (Ac. da Relação do Porto de 1/6/00, proc. 0030683,www.dgsi.pt/jtrp) Em acção de investigação da paternidade, a recusa do pretenso pai em submeter-se a exame hematológico tem como consequência, além da aplicação de uma multa, a inversão do ónus da prova. (Ac. da Relação do Porto de 16/10/00, proc. 0050720,www.dgsi.pt/jtrp) 1. Se o indigitado progenitor - no processo de averiguação oficiosa de paternidade - foi devidamente notificado para comparecer, a fim de ser realizado o exame hematológico, e não compareceu, nem justificou a sua não comparência, deverá ficar incurso na sanção prevista no artigo 519.º, n.º 2, do Código de Processo Civil. 2. Não é legítimo que se ordene a emissão de mandados de condução sob custódia, a fim de que o indigitado progenitor compareça, no Instituto de Medicina Legal, com vista à realização de exame hematológico. (Ac. da Relação de Coimbra de 22/6/06, proc. 1543/05.5TBFIG-A.C1, www.dgsi.pt/jtrc)

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I-- Em acção de investigação de paternidade não pode alguém ser obrigado a submeter-se a exame que importe ofensa à integridade física, nomeadamente a exame hematológico, que pressupõe a aplicação de uma picada para colheita de sangue. II-- Porém, se no despacho o Sr. Juiz ordenou a notificação do Réu para “...comparecer no IML...sob custódia, se necessário, a fim de se submeter a colheita de amostras biológicas”, no qual, por conseguinte, em parte alguma, se impõe que as amostras biológicas a colher sejam constituídas por sangue, cuja colheita haja de implicar a aplicação de uma picada e, assim, uma ofensa à integridade física do Réu, ainda que não acentuadamente gravosa, o Réu tem de acatá-lo. III- Na verdade, esses exames podem ser realizados através da análise, por exemplo, da saliva ou de um simples cabelo, que não importa qualquer ofensa à integridade física, pelo que o despacho em crise não viola os artigos 519.º, n.º 3 do CPC e 25.º, n.º 1, da Constituição. (Ac. da Relação de Guimarães de 27/11/02, proc. 864/02-2, www.dgsi.pt/jtrg) Demonstrando cientificamente que o réu apresenta uma probabilidade de 99,997% de ser o pai do menor, é quanto basta para a procedência da acção, tornando-se dispensável a prova da exclusividade das relações sexuais no período legal de concepção perante o grau de certeza que é dado pelo exame hematológico realizado. (Ac. da Relação de Évora de 17/2/00, BMJ 494-407, no mesmo sentido, o Ac. da Relação de Évora de 1/6/00, BMJ 498-287) Só cabe ao autor, em acção de investigação de paternidade, a prova da exclusividade das relações sexuais no período legal da concepção, quando não for possível fazer a prova directa do vínculo biológico por outros meios, nomeadamente o exame serológico 2. Apesar de se considerar “praticamente provada” a paternidade quando o resultado dos exames sanguíneos assume valores superiores a 99,73%, não estão excluídos outros meios de prova 3. Num caso em que o exame serológico atinge os 99,99999% e não se prove qualquer facto que possa afastar tão elevado grau de probabilidade, a paternidade deve ser comprovada. (Ac. da Relação de Coimbra de 7/2/06, proc. 4028/05, www.dgsi.pt/jtrc) O estado actual da ciência laboratorial permite concluir directamente pela paternidade. II – Não sendo feita essa prova directa, a falta de exclusividade de relações com o investigado é facto que, nos termos do nº 2, do artigo 1871º do Código Civil, pode contribuir para a elisão da presunção estabelecida na al. e), do nº 1, do referido artigo. (Ac. da Relação de Coimbra de 30/3/04, proc. 215/04, www.dgsi.pt/jtrc) I - É legal o despacho do juiz que, em acção de investigação de paternidade, ordena a exumação do cadáver do pretenso pai, para recolha de sangue, a fim de apurar a compatibilidade com o resultado das análises ao ADN da investigante. II - A paternidade é um valor social eminente e o direito ao seu conhecimento e reconhecimento decorrem de vários princípios constitucionais, como a dignidade da

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pessoa humana, do direito à identidade pessoal e à integridade moral, devendo estes direitos prevalecer sobre eventuais sentimentos que possam ser afectados com a exumação do cadáver e subsequentes exames. (Ac. da Relação de Coimbra de 26/6/01, proc. 1085-2001, www.dgsi.pt/jtrc) Os exames hematológicos realizados no âmbito de um processo tutelar cível de averiguação oficiosa de paternidade, embora não possam ser valorados como prova pericial, podem, no entanto, ser considerados no âmbito de mera prova documental em acção de investigação de paternidade. (Ac. da Relação do Porto de 6/1/05, proc. 0436221,www.dgsi.pt/jtrp) Assistindo a qualquer das partes da acção de investigação da paternidade o direito a requerer o exame hematológico, não pode esse direito ser coarctado ao réu, com o fundamento de idêntico exame ter tido lugar na acção de impugnação da paternidade, nomeadamente quando nesta não interveio, como parte, o pretenso pai. (Ac. da Relação de Lisboa de 8/3/07, proc. 1355/2007-6,www.dgsi.pt/jtrl) Sem embargo do exercício do contraditório, é admissível a junção, numa acção de investigação de paternidade, de exame hematológico realizado no âmbito do precedente processo de averiguação oficiosa. Demonstrando tal exame a probabilidade de paternidade superior a 99,99%, tanto basta para que se considere provado que o nascimento do menor foi consequência de uma relação sexual existente entre a sua mãe e o réu, sem necessidade de se provar a exclusividade de relações sexuais no período legal de concepção. (Ac. da Relação de Lisboa de 11/2/03, proc. 9456/2002-7,www.dgsi.pt/jtrl) Permitindo hoje os exames hematológicos fazer a prova directa da paternidade biológica, tem de proceder-se a uma interpretação actualista do "Assento" nº 04/83 de 21 de Outubro, de tal modo que a acção de investigação de paternidade possa proceder, ainda que de prova testemunhal não decorra a exclusividade das relações de sexo entre a mãe do menor e o pretenso pai. (Ac. da Relação de Lisboa de 29/9/02, proc. 0091666,www.dgsi.pt/jtrl) I - Hoje em dia, face ao avanço da técnica, o exame hematológico deve ser considerado como "rainha das provas" não sendo correcto colocá-lo no mesmo plano da prova testemunhal. II - Tendo havido um exame realizado no I.M.L. no qual se concluiu que a menor era filha do Autor na probabilidade de 99,99% o Tribunal terá de concluir, forçosamente, que o Réu não é o pai da criança. (Ac. da Relação de Lisboa de 18/1/01, proc. 00103756,www.dgsi.pt/jtrl)

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3. O exercício do contraditório em relação às provas pré-constituídas, como é o caso do documento que consubstancia um exame hematológico, concretiza-se por via da facultação à parte a quem devam ser opostas da impugnação da sua admissão e da respectiva força probatória. 4. É legalmente admissível a utilização nas acções de investigação de paternidade de exames hematológicos realizados nos processos de averiguação oficiosa da sua viabilidade, a valorar livremente pelo tribunal em conjunto com os outros elementos probatórios. 5. Não obsta à referida utilização, não relevando o caso julgado formal envolvente da decisão da Relação no sentido da sua proibição em anterior acção de investigação oficiosa de paternidade intentada pelo Ministério Público no confronto do mesmo réu. (Ac. do STJ de 27/4/05, proc. 05B1238, www.dgsi.pt/jstj) I - Por se incluir no âmbito da matéria de facto não pode o Supremo sindicar a paternidade biológica fixada pelas instâncias. II - O Assento de 21/6/1983 deve ser interpretado restritivamente no sentido de que a exclusividade de relações sexuais entre o réu e a mãe do(a) menor durante o período legal de concepção deste(a) só é exigível quando não for possível fazer a prova directa do vínculo biológico, por meios laboratoriais. III - A fiabilidade decorrente do cada vez maior grau de segurança e de certeza científica dos exames laboratoriais sobrelevam a demais prova na busca pelo julgador, através da sua livre convicção, da chamada verdade judiciária. (Ac. do STJ de 15/3/05, proc. 04B4798, www.dgsi.pt/jstj) I- É legal o despacho do Juiz que, em acção de investigação de paternidade, ordena a exumação do cadáver do pretenso pai, para recolha de sangue, a fim de apurar a compatibilidade com o resultado das análises ao ADN da investigante. II- A paternidade é um valor social eminente e o direito ao seu conhecimento e reconhecimento decorrem de vários princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, do direito à identidade pessoal e à integridade moral, devendo estes direitos prevalecer sobre eventuais sentimentos que possam ser afectados com a exumação do cadáver e subsequentes exames. (Ac. da Relação de Coimbra de 26/6/01, proc. 1085-2001, www.dgsi.pt/jtrc) I - Tendo sido realizado um exame hematológico em sede de acção de averiguação oficiosa de paternidade, a instâncias do M.P., nada obsta a que o Réu, em sede de acção de investigação de paternidade venha a requerer exame pericial pelos serviços médico-legais. II - A realização de tal exame, no âmbito da acção de investigação é uma faculdade que a lei confere ao pretenso pai, a qual não poderá ser coarctado pela existência de um outro realizado em sede de acção de averiguação, uma vez que só com a realização deste outro exame tem o Réu a possibilidade de impugnar a exactidão do resultado a que naquele se chegou. III - Em termos estritamente processuais não se está perante um "segundo exame", uma

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vez que a realização deste pressupõe a existência de um outro realizado no mesmo processo a que não acontece no caso das acções de averiguação e de investigação, as quais constituem procedimentos diferentes. (Ac. da Relação de Lisboa de 14/5/02, proc. 0013521, www.dgsi.pt/jtrl) I. A convicção do julgador, essa, não será, em princípio, sindicável, salvo se se demonstrar que, na sua formação, se violaram regras de direito probatório ou se verificou a existência de qualquer erro de lógica ou desvio das regras da experiência comum). II. Os meios médico-científicos assumem grande relevância por poderem tornar certa, ou excluírem em definitivo, a paternidade averiguada. III. Não obstante, a não realização de tal exame, não obsta sempre à presunção de paternidade, nos termos do art.º 1871.º al. e) do C. Civil. IV. Tal justifica-se em casos de persistente dificuldade em que o pretenso pai compareça aos exames, como no caso dos autos em que: (i) por faltas sucessivas também dele, embora justificadas, os exames não tiveram lugar nas datas marcadas, associadas à circunstância de; (ii) este ter demorado cerca de cinco meses para apresentar a certidão de óbito do seu primitivo mandatário; (iii) tendo constituído novo Advogado apenas cerca de dois anos depois; (iv) num contexto de várias diligências goradas, com vista à sua notificação; (v) muito embora se tenha constatado que a morada do R. era a mesma que sempre constou dos autos. (Ac. da Relação de Lisboa de 22/9/09, proc. 4138/04.7TVLSB.L1-7, www.dgsi.pt/jtrl) 1. Extrai-se do artigo 1801º do Código Civil o princípio da liberdade de prova, pelo que, no âmbito do processo de investigação da filiação é, não só admissível, como até, sempre que possível, exigível, a realização de testes de ADN, podendo o juiz, ao abrigo do disposto no nº 3 do artigo 265º do CPC, ordenar, oficiosamente, a realização de testes de ADN, por virtude dos amplos poderes instrutórios do julgador, o que pode ser determinado até ao encerramento da produção de prova. 2. No caso específico dos processos de investigação de filiação, a colaboração exigível impõe que a parte – o pretenso pai – ou terceiros que apresentem com aquele uma afinidade genética, nomeadamente os pretensos avós do investigante, realizem os testes de ADN. 3. A restrição dos direitos dos visados, quer à liberdade, quer à integridade física, decorrente da realização de um teste de ADN, sempre se terá de considerar proporcionada e adequada ao fim que com a restrição desses direitos se visa obter, ou seja, um resultado judicial na acção de investigação de paternidade mais compatível com a realidade, sabendo, como se sabe, que no actual estado do conhecimento científico, o teste de ADN é a melhor prova e a mais segura para o estabelecimento da filiação fundada numa derivação genética, logo, mais conforme ao interesse superior da criança, por estar em causa o direito à sua identidade pessoal. (Ac. da Relação de Lisboa de 17/9/09, proc. 486/2002.L1-2, www.dgsi.pt/jtrl)

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A recusa da realização do exame por parte do investigando é livremente apreciada pelo tribunal e só opera a inversão do ónus probatório se for injustificada e tornar impossível a prova ao investigante. Assim, não tendo tal recusa efeito cominatório quanto aos factos submetidos a demonstração, não tem o tribunal de advertir o réu sobre as consequências da falta de colaboração, por tal ser rigorosamente redundante. (Ac. da Relação de Guimarães de 17/4/08, proc. 679/08-2, www.dgsi.pt/jtrg) PRESUNÇÕES DE PATERNIDADE: 5. Como resulta da redacção dada ao n.º 1, a) do artigo 1871.º do C. Civil, a posse de

estado integra dois elementos, ambos de aprimorada consistência e de intrincada análise: - a reputação e tratamento de filho exteriorizados pelo investigado e a reputação de seu filho tornada como certa pelas pessoas da localidade onde são conhecidos o investigante e o investigado. 6. Ficando provado que o investigado nunca recusou o tratamento de pai que a autora

lhe conferia quando a visitava no dia do pai, à luz das máximas da experiência vulgarizadas na comunidade tudo se passa como se o indigitado pai tivesse reconhecido esta manifestação de afecto filial, interiorizando-o e com ele se identificando. 7. É que, como resulta da regras da experiência comum, a grande mestra da vida, a pessoa a quem é dirigida a palavra “pai”, reagirá mal a esta atitude no caso de estar convencida de que isso é mero oportunismo e, consequentemente, não anuirá a este modo de tratamento, impedindo tal evento e até desfeiteando quem nesse chamamento prosseguir. (Ac. da Relação de Guimarães de 28/1/04, proc. 2287/03-1, www.dgsi.pt/jtrg) I – As testemunhas relatam factos e situações das quais se aperceberam sensorialmente, projectando a realidade por elas apercebida à percepção de terceiros. II – Os comportamentos das pessoas são em si mesmos significativos e abrem-se, por isso, à interpretação pelos outros, relativamente ao significado que encerram. III – Um comportamento persistente de recusa a exames médico-legais permite ao tribunal interpretá-lo à luz dos motivos de recusa invocados, o que se reconduz aos poderes do juiz relativos à valoração da prova, nos termos do artº 510º, nº 2, do CPC. IV – O alargamento, pela Lei nº 21/98, de 12/05, da presunção de paternidade consubstanciado no aditamento da al. e) ao nº 1 do artº 1871º do C. Civ., é de aplicar a todos os casos que hajam de ser julgados após a sua entrada em vigor, embora os factos respectivos tenham ocorrido anteriormente. V – Assim, justifica-se a aplicação da presunção constante da al.e) do nº 1 do artº 1871º do C. Civ., vigente desde 13/05/1998, às acções cujo elemento – integrante da presunção – traduzido na prova da existência de relações sexuais durante o período legal de concepção ocorreu – e se esgotou – no domínio da lei antiga. (Ac. da Relação de Coimbra de 12/12/06, proc. 562/2002.C1, www.dgsi.pt/jtrc)

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I – A paternidade real, nas acções de investigação, ou se determina por meios científicos, ou só pode ter-se por demonstrada pela exclusividade das relações sexuais havidas entre o investigado e a mãe do menor, durante o período legal da concepção. II – A demonstração indirecta da procriação biológica, através do recurso ao sistema das presunções judiciais, é a situação que se verifica nas acções em que não há lugar à realização de exames hematológicos ou outros, nem ocorre qualquer uma das situações de facto que servem de substracto às presunções legais de paternidade, incumbindo, então, ao autor a prova de que houve relações sexuais entre a mãe e o presumível progenitor, no período legal da concepção do filho, e de que tais relações foram exclusivas. III – Não sendo os factos integradores da causa de pedir, nas acções de reconhecimento judiciall da paternidade, por si sós, o verdadeiro facto constitutivo de que emerge a relação jurídica da filiação paterna, mas antes meros factos instrumentais ou indiciários do verdadeiro e próprio facto constitutivo de tal relação, em que se traduz a procriação biológica, é possível formular um quesito, directamente referente, à questão da procriação biológica. IV – Não pode ficar dependente da voluntária submissão do indigitado progenitor à realização de exame sanguíneo ou afim, a qualificação como conclusivo de um quesito respeitante à procriação biológica. V – Nos poderes cognitivos do Tribunal da Relação cabe o novo julgamento dos factos fixados em 1ª instância, ou a sua alteração, quer no sentido da ampliação, quer no da redução, pela via da modificação das respostas dadas aos quesitos, quer pela reapreciação de factos confessados, admitidos por acordo ou passíveis de serem retirados de documento novo superveniente. VI – A garantia do duplo grau de jurisdição, em caso algum pode subverter o princípio da livre apreciação da prova, de acordo com a prudente convicção do juiz, acerca de cada facto. (Ac. da Relação de Coimbra de 11/6/02, proc. 1616/02, www.dgsi.pt/jtrc) II - As presunções do art. 1871º nº 1 são dotadas de uma força probatória especial (face ao disposto no nº 2 do mesmo preceito), que não coincide com a força probatória normal das meras presunções judicias ou de facto nem se identifica com a força probatória típica das presunções legais. III - A nova presunção, prevista no art. 1871º e), se aplica às situações preexistentes. (Ac. da Relação do Porto de 12/5/05, proc. 0531201, www.dgsi.pt/jtrp) I - O Tribunal da Relação só deve alterar a matéria de facto, em que assenta a decisão recorrida, caso seja evidente a má apreciação e valoração feitas na 1ª instância, já que a reapreciação da prova (gravada) está limitada pela ausência de imediação e oralidade (directa), princípios da maior relevância na formulação do processo de convicção probatória. II - A posse de estado depende da verificação, cumulativa, dos requisitos: - reputação como filho pelo pretenso pai; tratamento como filho pelo indigitado pai e reputação como filho pelo público ("nomen", "tractatus" e "fama").

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III - Na investigação de paternidade, com base na posse de estado, incumbe ao réu, alegar e provar a caducidade da acção e ilidir as presunções do artigo 1871 n.1 do Código Civil. (Ac. da Relação do Porto de 19/2/04, proc. 0350455, www.dgsi.pt/jtrp) I- Demonstrando-se que a mãe do menor manteve relações sexuais com o Réu, durante o período legal de concepção, está provado o facto que serve de base à presunção prevista na alínea e) do n.1 do artigo 1871 do Código Civil. II - Para que a presunção legal seja afastada basta ao Réu provar factos concretos que suscitem ao tribunal "dúvidas sérias" sobre a paternidade do investigado. III - Não sendo feita essa prova a acção procede. (Ac. da Relação do Porto de 20/5/02, proc. 0250557, www.dgsi.pt/jtrp) I - O "concubinato duradouro", como presunção de paternidade, previsto na alínea c) do artigo 1871 n.1 do Código Civil, tem lugar no caso de um casal manter entre si relações sexuais de cópula, fora do casamento, com certa frequência, durante o período legal da concepção. II - O disposto na alínea e) do mesmo artigo 1871 n.1 é aplicável aos factos ocorridos antes da entrada em vigor da Lei n.21/98, de 12 de Maio. (Ac. da Relação do Porto de 31/1/02, proc. 0132045, www.dgsi.pt/jtrp) I - A posse de estado exige a verificação simultânea de três requisitos: reputação como filho pelo pretenso pai; tratamento como filho pelo mesmo; reputação como filho pelo público. II - Desconhecendo-se quais os actos praticados pelo investigado demonstrativos de um mínimo de assistência material, afectiva e moral prestados por aquele, não se satisfaz o segundo requisito apontado, não sendo suficiente a mera constatação de que o investigado se preocupou com a vida do autor. III - Tendo a acção sido proposta fora do prazo-regra estabelecido no artigo 1817 n.1 do Código Civil, cabe ao autor fazer a prova de que o tratamento como filho perdurou até à data em que se verificou o óbito do investigado. (Ac. da Relação do Porto de 6/12/01, proc. 0131660, www.dgsi.pt/jtrp) I - Na hipótese de ser o investigante tratado como filho pelo pretenso pai a acção pode ser intentada no prazo de um ano a contar da data em que cessou esse tratamento - n.4 do artigo 1817 do Código Civil. II - Aquela norma abrange a cessação voluntária de tratamento e a motivada por morte do investigado. III - Os prazos para propositura da acção de investigação são prazos de caducidade, pois o direito ao reconhecimento da paternidade deve ser exercido dentro de certo prazo, sendo aquela de conhecimento oficioso. IV - Recaí sobre o réu o ónus da prova do decurso do prazo de caducidade previsto no n.1 do artigo 1817 do Código Civil, e incumbe ao autor a prova das situações aludidas nos ns. 3 e 4, como excepções àquela regra.

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V - Embora o artigo 1817 não preveja directamente a hipótese de o pretenso pai sobreviver ao investigante, nada impede que o tratamento como filho pelo pretenso pai possa perdurar para além da morte daquele. Assiste, por isso, aos descendentes do investigante o direito de propor a acção invocando esse tratamento. (Ac. da Relação do Porto de 15/1/01, proc. 0051241, www.dgsi.pt/jtrp) Na acção de investigação de paternidade baseada em alguma das presunções enunciadas no artigo 1871º do Código Civil, o autor tem o ónus da prova dos factos correspondentes à presunção invocada, competindo ao réu, para afastar a presunção, produzir a prova de circunstâncias que enfraqueçam nitidamente a probabilidade exprimida pela presunção. (Ac. da Relação do Porto de 4/4/00, BMJ 496-308) I - Como é sabido, a posse de estado é integrada, cumulativamente, por três requisitos: a) - a reputação como filho pelo pretenso pai; b) - o tratamento como filho pelo pretenso pai e c) - a reputação como filho pelo público. II - Reputar alguém como filho é um elemento subjectivo, do foro íntimo; é estar-se convicto que outrem é seu filho. III - Tratar como filho é ter comportamentos e tomar atitudes que são características das naturais relações entre pais e filhos, e que se traduzem numa assistência económica, material e afectiva que os pais, por regra, costumam dispensar aos filhos. IV - Não sendo exigível que tais manifestações de afecto relativamente a um filho gerado "fora de um casamento" sejam absolutamente similares àquelas que são própria da paternidade legítima, seja, de um filho provindo de um casamento; torna-se imprescindível que se revele, inequivocamente, uma séria convicção da paternidade, porquanto o tratamento como filho pressupõe a reputação como filho. V - Provado que o investigado sempre assumiu essa paternidade, enviando dinheiro à mãe do Autor para o que fosse necessário; quis perfilhar o Autor, afirmando, quando a mãe deste teve um acidente, que caso esta falecesse, o filho seria dele e da esposa; em algumas ocasiões em que o investigado e o Autor estiveram juntos, quando este era criança, acariciava-o e brincava com ele; afirmou que tinha mandado construir uma casa para o seu herdeiro; nunca negou a paternidade até à sua morte e poucos dias antes de falecer afirmou que a casa que estava a construir era para o seu herdeiro, a reputação e o tratamento como filho está, assim, demonstrada. VI - A reputação pelo público significa, em suma, que a generalidade do círculo das pessoas conhecidas, ou mais conhecidas, que privavam com ambos, seja com o "pai" e com o "filho", reputem aquele pai deste. VII - É pelo carácter ambíguo, vago e abstracto destes conceitos que somos levados a concluir que "público" ou "generalidade das pessoas" será aqui a tradução de um pequeno grupo pouco significativo da sociedade em geral, antes se restringindo às relações familiares, de amizade ou de vizinhança que eram pertença de investigado e investigante. VIII - Tanto basta para se terem por suficientemente demonstrados os requisitos da reputação e do tratamento como filho, por parte do investigado, até à data da morte deste, a que acresce a reputação pelo público, dado que a generalidade das pessoas que

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conheciam a mãe do autor, o autor e o investigado falecido sempre consideraram o autor como filho de ambos e também que a acção foi proposta em prazo, porquanto deu entrada em juízo antes que tivesse decorrido um ano sobre a morte do investigado, improcedendo, portanto, a invocada caducidade do direito do autor. (Ac. do STJ de 15/11/05, proc. 05A2498, www.dgsi.pt/jstj) I - A norma constante da al. e) do n. 1 do art. 1781 CC, introduzida pela lei 21/98, aplica-se às situações pré-existentes - foi intenção facilitar a prova da paternidade biológica, limitada pela existência de sérias dúvidas (n. 2 do art. 1), considerada a exclusividade das relações sexuais imposta pelo assento de 1983, hoje como Acórdão uniformizado. II - Recusando o réu os exames hematológicos, inverteu-se o ónus da prova sobre essa exclusividade. (Ac. do STJ de 28/5/02, proc. 02A1633, www.dgsi.pt/jstj) I - O tratamento como filho, para os efeitos dos artºs 1873º e 1817º nº 4 do C.Civil, não pode ser visto em termos abstractos, de acordo com padrões de normalidade ou de frequência, dado que a complexidade das relações sociais e, ainda mais, das relações familiares, implica uma diversidade de comportamentos, que só em cada caso, atentas as circunstância concretas poderão ser apreciados, no sentido de se poder dizer que estamos, ou não, perante atitudes próprias da paternidade. II - Sendo o caso de filha fora da relação matrimonial, que residia no estrangeiro desde tenra idade, ou seja, em que os factores de afastamento afectivo e económico eram bastante relevantes, o envio, ainda que esparso de dinheiro, só pode ser interpretado como uma manifestação de interesse paternal. (Ac. do STJ de 18/12/03, proc. 03B3112, www.dgsi.pt/jstj) OBRIGAÇÃO DE ALIMENTOS: 1. O trânsito em julgado da sentença que julgue procedente o pedido de impugnação de paternidade, maternidade ou perfilhação faz cessar a obrigação de alimentos já que, desta maneira, o carecido perde o status de filho relativamente ao outrora obrigado; 2. Todavia, fica naturalmente excluída a possibilidade de o impugnante pedir a restituição das quantias entregues ao menor (ao progenitor com guarda, para custear as despesas com aquele) pois que a sentença produz efeitos ex nunc. (Ac. da Relação de Guimarães de 25/1/06, proc. 2498/05-2, www.dgsi.pt/jtrg) I - O início do cômputo da obrigação alimentícia, a que se reconduzem os artigos 2003 e segs. Do Código Civil, há-de fazer-se com referência à data do pedido inicial ou da citação (artigos 267.º do CPC e 805.º do Código Civil). II- Mas, tratando-se de alimentos provisórios a menores, interditos ou inabilitados, no caso peticionados na pendência da acção de investigação de paternidade, já serão eles devidos desde a data da propositura dessa acção principal, por força do artigo 1821.º do Código Civil.

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III—A obrigação de ambos os pais de prestarem alimentos aos filhos, por regra em prestações pecuniárias, não é perfeitamente igualitária, dessintonizada das realidades da vida; pelo contrário, tais deveres devem espelhar as possibilidades económicas relativas do pai e da mãe, contabilizados já os acréscimos de trabalho e cuidados que sobre esta recaem, e pelas necessidades concretas dos alimentandos. (Ac. da Relação de Guimarães de 10/7/02, proc. 372/02-2, www.dgsi.pt/jtrg) I- Deve ser julgada extinta a execução de alimentos devidos ao menor que foi proposta contra o progenitor uma vez transitada em julgado a acção de impugnação de paternidade presumida que declarou não ser o demandado o pai biológico do menor II- A referida acção de impugnação é uma acção de simples apreciação sob a forma negativa pois, proposta para se obter a declaração da inexistência de um facto, reconhece ou aprecia uma situação pré-existente, produzindo-se os efeitos da sentença ex tunc e não ex nunc, como sucede tratando-se de sentença proferida em acção constitutiva (artigo 4º/2, alínea a) do Código de Processo Civil). III- Não são, pois, exigíveis os alimentos fixados a favor do menor, ainda não pagos, vencidos em data anterior ao trânsito em julgado da sentença que julgou procedente a referida acção de impugnação de paternidade. (Ac. da Relação de Lisboa de 10/10/06, proc. 3484/2006-7,www.dgsi.pt/jtrl) APLICAÇÃO DA LEI PORTUGUESA: Os Tribunais portugueses são internacionalmente competentes para acção de investigação oficiosa de paternidade de menor nascida em Portugal, aqui registada e vivente, filha de mãe estrangeira e com o pretenso pai também residente no estrangeiro. (Ac. da Relação do Porto de 16/4/07, proc. 0751377,www.dgsi.pt/jtrp) I – O art. 22° do Código Civil afasta a aplicação da lei estrangeira sempre que dessa aplicação resulte uma intolerável ofensa da harmonia jurídico-material interna, ou uma contradição flagrante com os princípios fundamentais que informam a nossa ordem jurídica. II – Por força do disposto no art. 22º do C. Civil, deverão ser aplicadas, em derrogação ao princípio estabelecido no art. 56°, n° 2 do mesmo diploma, as normas do direito português e não as normas do direito estrangeiro, no que se refere à legitimidade para instaurar acção de impugnação ou de investigação de paternidade (menor, mãe, pai presumido, pai biológico). (Ac. da Relação de Évora de 24/5/07, proc. 2473/06-2, www.dgsi.pt/jtre) I – Antes de proposta uma acção de revisão e confirmação de sentença proferida em Angola, sobre o reconhecimento da paternidade do autor, que é de nacionalidade angolana e estando os actos relativos ao seu nascimento, como filho de pai incógnito, lavrados apenas em Angola, onde nasceu, não tinha ele interesse legítimo em fazer transcrever esses assentos no registo em Portugal, mesmo deles constando o registo da

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sua paternidade, por via da sentença revidenda, paternidade esta atribuída ao Requerido, de nacionalidade portuguesa e residente em Portugal. II – Só com a revisão dessa sentença, através do processo especial previsto nos artºs 1095º e sgs. do CPC, será viável produzir essa sentença efeitos em Portugal, designadamente a transcrição por assento dos correspondentes actos de registo praticados em Angola. III – O interesse legítimo da dita transcrição traduz-se no estabelecimento da respectiva filiação, envolvendo um cidadão português, estabelecimento que decorre de uma decisão judicial de um tribunal angolano, o que obriga o Requerente a solicitar a sua revisão para efeitos da sua inclusão no registo nacional – na Conservatória dos Registos Centrais. IV – Tem o Requerente legitimidade para a propositura da acção especial em causa, em ordem a ver reconhecida em Portugal a sua filiação, já averbada nos respectivos assentos em Angola. (Ac. da Relação de Coimbra de 19/12/06, proc. 3834/05.6YRCBR, www.dgsi.pt/jtrc) É de negar a revisão e confirmação de sentença estrangeira que julgou procedente acção de investigação de paternidade contra “ Herdeiros de José […]” considerando-se que não foi citado nenhum herdeiro nem sequer houve diligências no sentido de o (os) identificar, o que traduz violação do disposto no artigo 1096.º,alínea e) e 1101º do Código de Processo Civil (Ac. da Relação de Lisboa de 18/9/07, proc. 10353/2005-7,www.dgsi.pt/jtrl) PRAZOS: Declara a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, da norma constante do n.º 1 do artigo 1817.º do Código Civil, aplicável por força do artigo 1873.º do mesmo Código, na medida em que prevê, para a caducidade do direito de investigar a paternidade, um prazo de dois anos a partir da maioridade do investigante. (Ac. 23/06 do Tribunal Constitucional, DR I Série-A, nº 28 de 8/2/06, no mesmo sentido, o Ac. 486/04, DR II Série, n~35 de 18/2/05) I – O estabelecimento de prazos de caducidade em matéria de investigação ou impugnação de paternidade/maternidade, ofende o conteúdo essencial dos direitos fundamentais de identidade e integridade (que incluem o direito ao conhecimento da paternidade ou da maternidade), “et pour cause”, o disposto nos art. 18.º, 25.º e 26º n.º 1 da Constituição da República. II – Assim serão inconstitucionais as normas que impõem tais prazos e designadamente o art.º 1842º n.º 1 al. a) do CC. (Ac. da Relação de Évora de 22/6/06, proc. 528/06-3, www.dgsi.pt/jtre) I – A marcação, pelo Tribunal, de um exame pericial para determinação da filiação, através da realização de testes de ADN à mãe da autora, a si própria e às irmãs desta, traduz-se da determinação oficiosa desse exame e na necessidade da colaboração dessas pessoas, pelo que deve tal diligência ser considerada como uma decisão proferida no uso

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legal de um poder discricionário e, portanto, insusceptível de recurso – 679º do CPC. II – O C. Civ. De 1966, no seu artº 1854º, estabeleceu um sistema de prazos de caducidade para a propositura das acções de investigação da filiação, sistema esse que, com pequenas alterações e o aditamento de normas interpretativas, se mantém na redacção actual do artº 1817º C. Civ. III – O prazo-regra para instaurar estas acções de investigação da filiação passou, então, a ser de dois anos após o investigante ter atingido a maioridade e a emancipação, com excepção das situações em que existe um registo contrário, caso em que o prazo é de um ano após a remoção desse obstáculo; quando a acção se funda em escrito do progenitor reconhecendo a filiação, pode ser intentada nos seis meses posteriores à data em que o autor conheceu ou devia ter conhecido o conteúdo do escrito; se o investigante for tratado como filho pelo investigado, a acção pode ser proposta até um ano posterior à data da morte deste. IV – O Ac. Trib. Constitucional com o nº 23/2006, de 10/01 (publicado no D.R. nº 28.série I-A, de 8/02/2006), declarou a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, da norma constante do nº 1 do artº 1817º do C. Civ., na medida em que prevê, para a caducidade do direito de investigar a paternidade, um prazo de dois anos a partir da maioridade do investigante, por violação das disposições conjugadas dos artºs 16º, nº 1; 36º, nº 1; e 18º, nº 2, da C.R.P. V – Até nova intervenção do legislador nesta matéria, o filho poderá exercitar a todo o tempo, durante toda a sua vida, o seu direito a ver judicialmente reconhecida a sua filiação (dado que, com aquela declaração de inconstitucionalidade, deixou de existir qualquer prazo de caducidade para a propositura destas acções). (Ac. da Relação de Coimbra de 23/5/06, proc. 776/06, www.dgsi.pt/jtrc) 1. É inconstitucional o n.º 4 do artigo 1817.º do Código Civil, por violação do princípio da igualdade e não medida em que restringe a sua aplicação às situações em que o investigante é tratado como filho pelo pretenso pai, mesmo que esteja comprovada (ou quase comprovada) cientificamente. 2. Por isso o investigante pode propor a acção de investigação de paternidade após o falecimento do pretenso pai. (Ac. da Relação de Coimbra de 19/10/04, proc. 718/04, www.dgsi.pt/jtrc) I. O estabelecimento da filiação é um direito constitucional.- art. 26.º II. O Tribunal Constitucional já declarou com força obrigatória geral a inconstitucionalidade do art. 1817.º-1 para a propositura da acção de investigação com base na investigação biológica pura, referindo que a acção pode ser proposta a qualquer momento independentemente do prazo. III. Devem também considerar-se inconstitucionais os demais números do mesmo artigo, uma vez que no seu núcleo está precisamente o mesmo direito constitucional à identidade e dignidade pessoal, ao bom nome, reputação e à identidade genética, consagrados no art. 26.º da Constituição, cuja natureza é inalienável e imprescritível. IV. Assim, os n.ºs 4 e 5 do art. 1817.º do CC., que estabelecem prazos para a propositura da acção de investigação de paternidade/maternidade sob pena de caducidade baseados

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na posse de estado ou sua cessação, devem também eles considerar-se como inconstitucionais. V. Os Tribunais estão obrigados a recusar a aplicação de normas inconstitucionais.- art. 220.º da Constituição. VI. O investigado não pode ser obrigado a submeter-se a perícia científica (exames hematológicos ou a outros exames, mesmo não evasivos - como o do ADN (em cabelos, unhas, saliva ou suor) para determinação dos níveis de correspondência biológica com o investigante, mas a sua recusa em submeter-se aos exames que forem determinados será apreciada livremente pelo Tribunal. (Ac. do STJ de 25/10/07, proc. 07A2736, www.dgsi.pt/jstj) Ante a declaração de inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, da norma do n.º 1 do art. 1817º C. Civil "na medida em que prevê, para a caducidade do direito de investigar a paternidade, um prazo de dois anos a partir da maioridade do investigante" impõe-se, no termos do art. 204º da CRP, recusar a aplicação dos preceitos dos n.ºs 1 e 4 do C. Civil ao caso em que o autor não conseguiu demonstrar a posse de estado em que se apoiou, na medida em que, indirecta ou directamente, estabelecem o prazo de caducidade de dois anos para a caducidade do direito de investigar (Ac. do STJ de 14/12/06, proc. 06A2489, www.dgsi.pt/jstj) As decisões do Tribunal Constitucional que, de forma abstracta, declarem a inconstitucionalidade ou ilegalidade de uma norma têm força obrigatória geral, implicando a nulidade dessa norma e levando à repristinação das normas que ela haja, eventualmente, revogado (arts. 282°, n° l da Constituição e 66° LTC) Essas declarações de inconstitucionalidade reportam os seus efeitos à data de entrada em vigor da norma visada, acarretando a sua invalidação com efeitos ex tunc. Mas a retroactividade da declaração de inconstitucionalidade é logo afastada, pela própria constituição, nas situações de caso julgado. O próprio legislador erigiu como princípio fundamental, com assento na constituição, o respeito pela intangibilidade das decisões definitivamente decididas. As decisões ancoradas na norma que posteriormente veio a ser declarada inconstitucional não são afectadas por essa declaração, mantendo a sua consolidação jurídica. Uma vez definida definitivamente a relação jurídica controvertida tem ela de ser acatada, sem nova discussão, mantendo-se os efeitos produzidos à sombra da respectiva sentença, não obstante a retroactividade da declaração de inconstitucionalidade da norma fundamento da decisão. (Ac. do STJ de 11/12/08, proc. 08B3692, www.dgsi.pt/jstj) É inconstitucional a norma contida no art. 1817º nº 1 do CC, na recente redacção introduzida pela Lei nº 14/2009 de 1 de Abril, na medida em que é restritiva da possibilidade de investigar, a todo o tempo, a paternidade. (Ac. da Relação do Porto de 15/3/2010, proc. 123/08.8TBMDR.P1,www.dgsi.pt/jtrp)

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AVERIGUAÇÃO OFICIOSA: Os artigos 1865º e 1866º do Código Civil relativos à averiguação oficiosa de paternidade não são inconstitucionais. (Ac. da Relação do Porto de 26/2/04, proc. 0430485,www.dgsi.pt/jtrp) É de dois anos a contar da data do nascimento do menor o prazo para o M.º P.º instaurar acção de investigação de paternidade subsequente à respectiva averiguação oficiosa. (Ac. do STJ de 25/3/04, proc. 04A511 , www.dgsi.pt/jstj) Decorrido o prazo de dois (2) anos previsto no art. 1866º alínea b) do C.Civil a acção de averiguação oficiosa de paternidade deve ser arquivada entregando-se ao Mº Pº certidão para em "processo administrativo" recolher elementos para eventual propositura de acção de investigação de paternidade em representação do menor. (Ac. da Relação de Lisboa de 9/11/00, proc. 00100522, www.dgsi.pt/jtrl) I - Verificada a excepção peremptória de caducidade em acção de investigação oficiosa de paternidade, assiste ainda ao Ministério Publico, em representação do menor, o direito de intentar outra acção, esta de investigação de paternidade. II - Aquela está prevista nos arts. 1865 e segs. do C. Civil e caduca no prazo de dois anos a contar da data do nascimento do menor; esta é proposta pelo nº 10 durante a menoridade deste, sendo-lhe aplicável o regime dos arts. 1869º a 1873º daquele diploma legal. (Ac. da Relação de Lisboa de 12/7/02, proc. 0049858, www.dgsi.pt/jtrl) I - Se o direito de intentar uma acção de investigação oficiosa de paternidade ficar precludido por caducidade, nada obsta a que o Ministério Público, em representação do menor, intente uma outra acção. II - O Tribunal em face da verificação da excepção de caducidade deve ordenar o arquivamento dos autos e ordenar a passagem de certidão das peças do mesmo se tal lhe for solicitado pelo Ministério Público, com vista à instauração eventual daquela acção de investigação. (Ac. da Relação de Lisboa de 26/10/00, proc. 0070086, www.dgsi.pt/jtrl) I - A averiguação oficiosa de paternidade constitui processo tutelar (artº 146º al. m) do D.L. 314/78 de 27/10), de natureza administrativa, cuja tramitação se encontra prevista nos artºs 202º a 205º do mesmo diploma e destina-se unicamente a habilitar a formação de um juízo de viabilidade da acção de investigação a propor. II – A “acção” a que alude o artº 1866º do C.C. reporta-se à acção oficiosa de investigação de paternidade referida nos nºs 4. e 5 do artº 1865º do C.C. e não à averiguação oficiosa de paternidade que a precede. (Ac. da Relação de Évora de 29/4/04, proc. 892/04-3, www.dgsi.pt/jtre)

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I – A propositura de uma acção de investigação oficiosa de paternidade, tem de observar o prazo a que alude a alínea b), do art. 1866º, nº1, do CC, prazo este que não se pode confundir com o prazo referido no art. 1817º, nº1, do CC, o qual diz respeito à acção de investigação de paternidade comum; II – Se, no decurso da instrução dos autos de averiguação oficiosa, que precedem a propositura da acção de investigação oficiosa de paternidade, aquele prazo da citada alínea b), do art.1866º, for ultrapassado, esses autos de averiguação oficiosa devem ser arquivados, por força da extinção da respectiva instância, por impossibilidade superveniente de lide, nos termos do disposto no art.287º, alínea e), do CPC. (Ac. da Relação de Évora de 3/4/03, proc. 2924/02-3, www.dgsi.pt/jtre) I- A razão justificativa da derrogação da doutrina da força vinculativa especial do caso julgado material, consagrada pelo artigo 674º, do CPC, constante dos artigos 1813º e 1868º, do CC, consiste nas menores garantias de apuramento da verdade que oferece a acção instaurada pelo MP, em face da acção proposta ou prosseguida pelas pessoas que, normalmente, gozam de legitimidade para a sua propositura ou prosseguimento. II. Fundando-se as duas acções na mesma causa de pedir, isto é, na filiação biológica, tal não constituiria, por si só, obstáculo à propositura de nova acção de investigação de paternidade, mesmo a verificarem-se os demais pressupostos de que depende a existência do caso julgado, se o autor alicerçasse esta segunda acção, em distinta, mesmo que meramente complementar, causa de pedir, ou seja, em qualquer outra das presunções legais, para além da referida na alínea e), que constituem o nº1, do artigo 1871º, do CC. III. Assim sendo, não é a identidade do agente [MP] que convoca a identidade do interesse subjacente à sua intervenção, pois que, umas vezes, actua em nome próprio, na hipótese das acções oficiosas de investigação da paternidade, e, noutras, em representação legal dos menores, na hipótese das acções de investigação de paternidade, comum ou facultativa, mas antes a diversidade da sua actuação pessoal que reclama os distintos interesses que o caso concreto implica, quer de natureza pública do Estado, quer de natureza privada do menor. (Ac. da Relação de Coimbra de 21/11/06, proc. 106/06.2TBCBR.C1, www.dgsi.pt/jtrc) I - A averiguação oficiosa de paternidade é um processo administrativo que tem como único objectivo habilitar a formação de um juízo de viabilidade de acção a propor, não implicando presunção de paternidade, nem constituindo sequer princípio de prova as declarações nele prestadas. II - Embora o pretenso pai não seja no processo de averiguação oficiosa parte em sentido técnico-processual, já que não vê requerida contra si qualquer pretensão, é-o, no entanto em sentido material pois que ele próprio é o visado com a investigação, constituindo assim o seu objecto. III - A falta injustificada do pretenso pai a declarações para que foi convocado só tem como consequência ser a sua atitude apreciada livremente pelo tribunal para efeitos probatórios, sem ser caso de lhe aplicar o meio coercivo de condução sob custódia. (Ac. da Relação do Porto de 23/11/92, proc. 9250882,www.dgsi.pt/jtrp)

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Estando pendente um processo de averiguação oficiosa de paternidade, nos termos do art. 1865º do Cód. Civil, quando o menor em causa atinge os dois anos, deve a mesma acção ser arquivada, por ser inviabilizado a finalidade daquela que consiste na consequente e eventual propositura da acção de investigação de paternidade referida no nº 5 do citado art. 1865º. (Ac. da Relação de Lisboa de 30/11/00, proc. 0088272,www.dgsi.pt/jtrl)

RECURSO: I – O prazo de 5 anos indicado no trecho inicial do nº 2 do artº 772º CPC inicia-se com o trânsito em julgado da sentença cuja revisão se pretende, independentemente da natureza do fundamento do recurso de revisão, por referência às seis alíneas do artº 771º do CPC. II – O entendimento do Tribunal Constitucional expresso no Acórdão nº 209/2004, segundo o qual “o entendimento de que o prazo absolutamente peremptório de caducidade do recurso de revisão se traduz numa violação do princípio do contraditório, em que se integra a proibição de indefesa, ínsito nos artºs 2º e 20º da Constituição”, carece de recondução ao contexto situacional no qual foi concretamente formulado, isto é, apenas o da aplicação do prazo de caducidade de 5 anos previsto no artº 772º, nº 2, do CPC a um recurso de revisão emergente de uma acção oficiosa de investigação de paternidade que correra à revelia da pessoa que fora declarada pai do investigando, ou seja, do réu investigado, pretendendo este último, alegando a falta ou nulidade da respectiva citação para aquela acção, pedir a revisão da sentença (transitada) que o reconhecera como pai. III – Conforme o Tribunal Constitucional reconheceu posteriormente, no Acórdão nº 310/2005 (D.R. – Iª série, de 8/08/2005), o pronunciamento decisório constante do anterior Acórdão nº 209/2004, não tem sentido no quadro de uma acção que se refere exclusivamente a interesses de natureza patrimonial, casos estes em que a aplicação do prazo de 5 anos, enquanto limite absolutamente peremptório da possibilidade de interposição de recurso de revisão, não traduz ofensa a qualquer norma ou princípio dotado de estalão constitucional. (Ac. da Relação de Coimbra de 6/3/07, proc. 609-A/1998.C1, www.dgsi.pt/jtrc) É fundamento para um recurso de revisão de uma sentença de reconhecimento de paternidade um exame sanguíneo posteriormente realizado à menor, à mãe dela e a seu pretenso pai, quando no decurso da respectiva acção de investigação de paternidade, este último se recusou a realizar tal exame. Na verdade, se o requerente não pode ser o pai biológico da menor C………., como o realizado exame veio revelar, há que modificar a sentença revidenda, de molde a que a paternidade reconhecida por tal sentença desapareça do assento de nascimento da menor, a fim de permitir que ela própria ou quem a represente, enquanto for menor, ponha em marcha os mecanismos adequados para encontrar o seu verdadeiro pai biológico. (Ac. da Relação do Porto de 31/10/06, proc. 0625465,www.dgsi.pt/jtrp)

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I - Apenas tem legitimidade para recorrer a parte principal que tenha ficado vencida; se a parte dispositiva da sentença contiver decisões distintas é lícito ao recorrente restringir o recurso a qualquer delas; no caso de pluralidade de fundamentos da acção ou da defesa, o tribunal conhecerá do fundamento em que a parte vencedora decaiu, desde que esta o requeira, mesmo a título subsidiário, na respectiva alegação, prevenindo a necessidade da sua apreciação. II - Se em acção de investigação de paternidade, com base em posse de estado e na filiação biológica, foi julgada improcedente pelo primeiro fundamento e procedente pelo segundo, por sentença de que apelou o réu, sem a autora ter requerido a ampliação do âmbito do recurso, transitou aquele segmento decisório e, por isso, não poderia ser provido o recurso com fundamento em posse de estado. (Ac. do STJ de 7/6/05, proc. 05A983, www.dgsi.pt/jstj) LITIGÂNCIA MÁ FÉ: I- Em acção de investigação de paternidade, o recurso à prova científica não é obrigatório, podendo a prova do vínculo biológico ser efectuada indirectamente, através da permitida prova testemunhal. II- Tendo ficado provado que no momento da concepção do filho, a mãe só com o pretenso pai manteve relações de sexo, terá de concluir-se ser ele o pai biológico do menor. III - Integra a litigância de má fé a negação por alguém que é parte no processo de factos pessoais que se provaram. IV - Desta forma, tendo o réu alegado na sua contestação que mal conhecia a mãe do menor e tendo ficado provado que com ela namorou e manteve relações de sexo por vários meses, deve ser condenado por litigante de má fé. (Ac. da Relação de Coimbra de 5/7/00, proc. 312/2000, www.dgsi.pt/jtrc) Litiga de má fé, com negligência grave, o réu que, em acção de investigação de paternidade, alega não ter tido qualquer relacionamento, nomeadamente de natureza sexual, com a mãe da menor durante o período legal da concepção, violando o dever de probidade exigível a qualquer litigante. (Ac. da Relação do Porto de 15/4/02, proc. 0250359,www.dgsi.pt/jtrp) Justifica-se em acção de investigação de paternidade a condenação do réu como litigante de má fé em multa de 80 UC e em indemnização de € 5.000 considerando que houve da parte do réu uma conduta grave de falta de cooperação com a recusa persistente de se submeter a exames genéticos que o Tribunal ia sucessivamente designando, sem se coibir de requerer já em audiência a suspensão dos autos para se proceder ao referido exame ao qual veio novamente a faltar e alegando factos, não comprovados, que, de forma grave, implicam com direitos de personalidade da mãe da criança. (artigo 456.º do Código de Processo Civil). (Ac. da Relação de Lisboa de 2/10/07, proc. 7584/2007-7,www.dgsi.pt/jtrl)

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I – Em acção de investigação de paternidade são admitidos exames de sangue e outros cientificamente comprovados. II – Um exame pericial de ADN em que o resultado seja de 99,99998% de probabilidade de o investigado ser pai do menor, corresponde a paternidade “praticamente provada”. III – Se o réu, investigado, negar no processo ter tido relações sexuais com a mãe do menor, o que face àqueles resultados periciais se veio a revelar não corresponder à verdade, deduziu oposição cuja falta de fundamento não podia ignorar visto tratar-se de facto pessoal. III – Nestas circunstâncias, sujeitar-se à sanção cominada para a litigância de má fé, uma vez que violou o dever de probidade e lealdade processuais. (Ac. da Relação de Lisboa de 29/1/04, proc. 8522/2003-8, www.dgsi.pt/jtrl) DEPOIMENTO DA MÃE: I- Numa acção de investigação de paternidade as partes são o MP no exercício de um dever funcional público e o Réu. II - A mãe da menor não é parte e, ainda que o fosse, não estava impedida de depor, tendo que o fazer como parte, cingindo o seu depoimento a factos pessoais. (Ac. da Relação de Coimbra de 2/5/00, proc. 516/2000, www.dgsi.pt/jtrc) I - Em acção de investigação de paternidade, o Autor pode provar esta pela exclusividade das relações de sexo, mas falecendo essa prova, pode fazê-lo pela demonstração de que as relações sexuais havidas entre a mãe e o réu foram a causa da fecundação. II - É, por isso, de admitir um quesito com este último conteúdo. III - Neste tipo de acções a mãe do menor pode ser ouvida como declarante. IV - Tendo-o sido, não viola o princípio da igualdade das partes a não audição do réu. V - Tendo sido decidido, com trânsito em julgado, no despacho saneador, que não se verifica caso julgado emergente de anterior acção de investigação de paternidade intentada pelo Ministério Público contra o, também agora, réu, relativamente ao mesmo menor, é inócuo que em tal acção se tenha dado como provado que, durante o período legal da concepção, a mãe do menor copulou com vários homens e que na presente se tenha dado como provada a exclusividade de relacionamento sexual em tal período. (Ac. da Relação do Porto de 12/10/00, proc. 0030710,www.dgsi.pt/jtrp) DEPOIMENTO DO PAI: I - A audição do pretenso pai numa acção de paternidade deve efectuar-se como depoimento de parte, não se destinando, porém a obter a confissão, mas apenas a contribuir para o esclarecimento da verdade. II - Não se descaracteriza o fim do depoimento de parte, uma vez que, estando-se embora no domínio dos direitos indisponíveis, se o presumível pai admitir a paternidade, em qualquer momento pode voluntariamente perfilhar a autora. (Ac. da Relação do Porto de 20/6/06, proc. 0621872,www.dgsi.pt/jtrp)

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IMPUGNAÇÃO DE PATERNIDADE: I- Para a procedência da acção de impugnação de paternidade, não é imprescindível a prova da filiação biológica. II- Assim, na acção de impugnação de paternidade, os exames hematológicos e os outros métodos científicos a que se reporta o artº 1801º não assumem a mesma relevância que assumem nas acções de reconhecimento de paternidade referidas no artº 1847º (perfilhação e investigação) em que é essencial a prova do vínculo biológico. III- a conduta do réu da acção de impugnação de paternidade que falta injustificadamente ao exame hematológico, acarreta a inversão do ónus da prova nos termos do artº 344º, nº 2, caso a prova produzida nos autos se venha a revelar insuficiente para determinar a procedência da acção. (Ac. da Relação do Porto de 27/4/06, proc. 0631053, www.dgsi.pt/jtrp) O vínculo da filiação, constituído por sentença já transitada em julgado, não pode ser destruído através de uma acção de impugnação. (Ac. da Relação do Porto de 20/5/04, proc. 0431957, www.dgsi.pt/jtrp) 1. O respeito pela verdade biológica sugere a imprescritibilidade não só do direito de investigar como do de impugnar. 2. O “direito fundamental à identidade pessoal” e o “direito fundamental à integridade

pessoal” ganhando uma dimensão mais nítida, como, ainda, “o direito ao

desenvolvimento da personalidade”, leva, em si, a que não se coloquem desproporcionadas restrições aos direitos fundamentais consubstanciado na aludida identidade pessoal e ao desenvolvimento da personalidade, pelo que as razões que estiveram na origem da declaração da inconstitucionalidade do mencionado art. 1817º nº 1 do C.C. estão, outrossim para a disposição contida no art. 1842º nº 1 al. a) do mesmo Código. 3. Não pode atribuir-se o relevo antigo á ideia de insegurança prolongada, porque este prejuízo tem de ser confrontado com o mérito do interesse e do direito de impugnar a todo o tempo, ele próprio tributário da tutela dos direitos fundamentais à identidade e ao desenvolvimento da personalidade. 4. A valorização dos direitos fundamentais da pessoa, como o de saber quem é e de onde vem, na vertente da ascendência genética, e a inerente força redutora da verdade biológica fazem-na prevalecer sobre os prazos de caducidade para as acções de estabelecimento de filiação. 5. Assim, é de julgar como verificado o juízo de inconstitucionalidade a incidir sobre o art. 1842º nº 1 al. a) do C.Civil. (Ac. do STJ de 31/1/07, proc. 06A4303, www.dgsi.pt/jstj)

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Demonstrado, cientificamente, que quem - arrogando-se pai - perfilhou um menor está excluído da paternidade e que quem impugnou a perfilhação, tem 99,99% de probabilidade de ser ele o pai do menor, demonstrado está que a perfilhação "não corresponde à verdade" - artigo 1859 n.1 do Código Civil, sem necessidade de qualquer outra prova. (Ac. da Relação do Porto de 21/2/00, proc. 0050051, www.dgsi.pt/jtrp) I - Quando o legislador no art.º 82.º, n.º 1, al. j) da LOFTJ, atribui a competência aos Tribunais de Família para procederem à averiguação oficiosa de maternidade, de

paternidade ou para impugnação de paternidade presumida, está a reportar-se (no que ao caso ora importa) apenas à acção de viabilidade prévia prevista no art.º 1841.º do CC, em que será A. necessariamente o Ministério Público. II – A acção (como a presente) em que é pedida, por parte da alegada filha de presumido pai (presunção resultante daquela ter nascido na constância do matrimónio de sua mãe com o presumível pai) a declaração de que a mesma não é filha dele, é da competência dos Juízos de Competência Especializada Cível. III – Tal conclusão retira-se da interpretação que se terá de fazer da leitura do art.º 82.º, n.º 1, al. j) da LOFTJ, conjugada com a unidade do sistema jurídico, de que resulta que nas acções visando a impugnação da paternidade presumida, não cabendo na previsão de tal alínea j), nem noutra qualquer, serão necessariamente da competência dos juízos de competência especializada cível, por via da norma residual ínsita no art.º 94.º da LOFTJ. (Ac. da Relação de Lisboa de 22/3/07, proc. 9505/06-2, www.dgsi.pt/jtrl) 1. O Acórdão do TC nº 23/06, de 10.01, declarou inconstitucional, com força obrigatória geral, a norma do nº1 do art. 1817º do C. Civil, reconhecendo que o direito do filho ao apuramento da paternidade biológica é uma dimensão do “direito fundamental à identidade pessoal”. 2. Tratando-se de estabelecer a paternidade, invoca-se o direito à identidade, na vertente de se saber de onde se vem, ou de quem se vem, dos arts. 25º, nº1 e 26º, nº1, da Constituição, que não seria devidamente acautelado, se a acção que o concretiza estivesse sujeita ao dito prazo de caducidade. 3. Esta doutrina é aplicável às acções de impugnação da paternidade. 4. Deste modo, o prazo previsto no art. 1842º, nº1, alínea a), do C. Civil, mesmo na actual redacção (Lei nº 14/2009, de 1 de Abril), na medida em que é limitador da possibilidade de impugnação, a todo o tempo, pelo presumido progenitor, da sua paternidade, é inconstitucional. (Ac. do STJ de 7/7/09, proc. 1124/05.3TBLGS.S1, www.dgsi.pt/jstj) O artigo 1842º nº 1, c) do Código Civil é inconstitucional na medida em que é limitador da possibilidade de impugnação a todo o tempo, pelo presumido progenitor, da sua paternidade. (Ac. da Relação do Porto de 24/11/08, proc. 0856074, www.dgsi.pt/jtrp)

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I – No nosso ordenamento jurídico, no estabelecimento da paternidade, vigora a presunção pater is est quem nuptiae demonstrant, exigindo o casamento dos progenitores, o nascimento ou a concepção na constância do matrimónio, a maternidade da mulher e a paternidade do marido (artº 1826º, nº 1, C.Civ.). II – Paternidade presumida que constará obrigatoriamente do registo de nascimento do filho, salvo se a mãe ou o marido declararem que o pai não é o marido da mãe (artº 1835º, nº 1, C.Civ.). III – A paternidade pode, no entanto, ser afastada pelo marido da mãe, por esta, pelo filho ou pelo Ministério Público, provando-se que, em função das circunstâncias, a paternidade do marido da mãe é altamente improvável (artº 1839º C. Civ.). IV – Até à entrada em vigor da Lei nº 14/2009, de 1/04 (que alterou o prazo para três anos), o presumido pai estava legitimado a instaurar a acção de impugnação da paternidade dentro do prazo de dois anos contados desde a data em que teve conhecimento de circunstâncias de que possa concluir-se a sua não paternidade (artº 1842º, nº 1, al. a), C. Civ.). V – O Tribunal Constitucional já afastou a inconstitucionalidade da al. a) do artº 1842º do C. Civ. – Acórdãos nºs 473/07 e 589/07, de 28/11/2007. VI – Ao autor cabe alegar todas as circunstâncias reveladoras de que a paternidade do marido da mãe é improvável e aos demandados os factos que impeçam, modifiquem ou extingam essa pretensão, como seja a caducidade do direito do autor. (Ac. da Relação de Coimbra de 13/10/09, proc. 144/07.8TBFVN.C1, www.dgsi.pt/jtrp) O prazo de caducidade fixado na lei para os casos de impugnação de paternidade, com base no conhecimento superveniente de factos, por parte do pai registral, donde possa resultar a improbabilidade da sua paternidade biológica, é perfeitamente razoável e de modo algum restringe ou limita de forma arbitrária ou intolerável o exercício do direito ou sequer expectativas criadas pela declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral do Art.º 1817º n.º 1 do CC, constante do Ac. nº 23/2006 do TC e doutrina que lhe subjaz. (Ac. da Relação de Évora de 11/11/09, proc. 1520/08.4TBFIG.E1, www.dgsi.pt/jtre) IMPUGNAÇÃO DE PERFILHAÇÃO: I - A acção destinada a obter a declaração de que o réu não é filho de quem, em averbamento ao seu assento de nascimento, figura como pai-perfilhante, tendo apenas como fundamento a não existência da paternidade biológica, é acção declarativa de impugnação da perfilhação, sendo para o seu conhecimento, materialmente competente o tribunal comum. II - Sendo o pedido de declaração de que o réu não é filho do perfilhante e a causa de pedir a de que não existe relação de filiação biológica entre os dois, não só o pedido é perfeitamente inteligível, como não existe contradição entre a causa de pedir e o pedido, capazes de conduzirem à ineptidão da petição inicial.

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III - Tendo a autora sido declarada parte legítima no despacho saneador e não tendo o réu incluído o assim decidido no âmbito do recurso que interpôs para a Relação aquele despacho transitou no que respeita a tal matéria, não podendo esta ser reapreciada no Supremo Tribunal de Justiça. IV - Ainda que não tenha sido junta aos autos a certidão de óbito do perfilhante, este óbito tem de considerar-se provado na medida em que aos autos foi junta certidão do assento do seu casamento, constando de averbamento que ele faleceu em 22 de Outubro de 1988. V - A acção de impugnação de perfilhação pode ser intentada a qualquer tempo, não se lhe aplicando o dispositivo do n. 3 do artigo 1860 do Código Civil, que só à acção de anulação respeita. VI - O acórdão da Relação não padece da nulidade de excesso de pronúncia ao concluir pelo interesse moral da autora na procedência da acção, se, no seu recurso de apelação, o réu alegou tal falta de interesse. (Ac. do STJ de 9/5/95, proc. 086731, www.dgsi.pt/jstj) I - Numa acção ou de impugnação ou de anulação de perfilhação, a questão nuclear consiste em saber se o perfilhante é, ou não, o pai do perfilhado, e não tanto se o é outra pessoa determinada. II - Os exames científicos, mormente de carácter serológico e electroforético, em conjunto com outros meios de prova que possam ser produzidos, são ponderáveis, mas pressupõem que se enunciem os factos probandos. III - Outrossim, sendo certo que o erro a que se reporta o artigo 1860 do Código Civil de 1966 é erro sobre os motivos, tal adequa-se à hipótese de a perfilhação ter sido feita na convicção, do perfilhante, de que é o pai do perfilhado, se o não for. (Ac. do STJ de 9/1/96, proc. 087887, www.dgsi.pt/jstj) I- Só uma ausência absoluta de fundamentação, que não uma fundamentação escassa, deficiente ou mesmo medíocre, pode ser arvorada em causa geradora da nulidade da decisão. II - Constitui fundamento da acção de impugnação de perfilhação a falta de conformidade entre a paternidade declarada no registo e a paternidade biológica. III - A prova dessa desconformidade pode ser feita por qualquer meio, mesmo o testemunhal, sendo ainda de admitir os exames sanguíneos ou quaisquer outros meios cientificamente idóneos. IV - É apanágio exclusivo das instâncias - por traduzir mera questão de facto, a questão de saber se certa resposta se contém no âmbito de determinado quesito. V - A averiguação da filiação biológica integra também matéria de facto, como tal da exclusiva competência das instâncias. VI - O exame serológico não consubstancia "documento" dotado de força probatória plena, mas simples «meio de prova», sujeito, por isso, à livre apreciação do julgador. (Ac. do STJ de 18/4/02, proc. 02B737, www.dgsi.pt/jstj)

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O vínculo da filiação, constituído por sentença já transitada em julgado, não pode ser destruído através de uma acção de impugnação. (Ac. da Relação do Porto de 20/5/04, proc. 0431957, www.dgsi.pt/jtrp) A procedência da acção de impugnação de perfilhação, quando proposta por pessoa diversa do perfilhante, do perfilhado ou da mãe, depende da alegação e prova de factos de que resulte que a perfilhação não corresponde à verdade biológica e de que o autor tem um interesse moral ou patrimonial, certo, imediato e digno de tutela jurídica, nessa procedência. (Ac. da Relação do Porto de 21/1/03, proc. 0121074 , www.dgsi.pt/jtrp) I - A acção de impugnação de perfilhação deve ser proposta necessariamente contra a perfilhante, o filho perfilhado e a mãe deste. II - Não sendo o Réu perfilhante já casado com a mãe da perfilhada, compete ao Autor a prova de que aquele não é o pai da criança. III - Hoje em dia, face ao avanço da técnica, não é correcto, na apreciação probatória dos exames sanguíneos, colocá-los no mesmo plano da prova testemunhal, esta mais falível neste tipo de acções. IV - Neste caso, tendo o exame hematológico realizado no IMLL concluído com um grau de probabilidade de 99,99% que o Autor é o pai da menor perfilhada, ter-se-ia de concluir que o Réu não é o pai dela. (Ac. da Relação de Lisboa de 6/12/01, proc. 00103756,www.dgsi.pt/jtrl) O art. 1848.º, n.º 1, do CC não obsta à admissibilidade do pedido de reconhecimento judicial em contrário da filiação que consta do registo de nascimento desde que seja simultaneamente deduzido o pedido de impugnação de paternidade e de cancelamento do respectivo registo. (Ac. do STJ de 16/3/2010, proc. 699/09.2TBOAZ.S1, www.dgsi.pt/jstj) INVESTIGAÇÃO PATERNIDADE: Em acção de investigação de paternidade, quando o investigado, com a sua recusa de se submeter a exames, inviabiliza a prova directa da filiação biológica, deve, por aplicação do disposto no artº 344, n.2, do C.Civil, presumir-se a paternidade, passando a incumbir ao recusante o ónus de criar dúvidas sérias sobre ela. (Ac. da Relação do Porto de 25/11/04, proc. 0435913, www.dgsi.pt/jtrp, no mesmo sentido o Ac. da Relação do Porto de 15/1/04, proc. 0335337, www.dgsi.pt/jtrp) O falecimento de um Réu numa acção de investigação de paternidade não determina a suspensão da instância, mas antes a realização de diligências para se determinar a identificação das pessoas referidas no artigo 1819 do Código Civil. (Ac. da Relação do Porto de 3/5/01, proc. 0130560, www.dgsi.pt/jtrp)

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I - A jurisprudência fixada no assento do Supremo Tribunal de Justiça de 21 de Junho de 1983, não é aplicável quando ocorra prova directa do vínculo biológico da paternidade. II - A ausência de prova de exclusividade de relações sexuais entre a mãe do menor e o investigado, no período de concepção, não obsta à procedência da acção de investigação de paternidade sempre que haja prova directa do vínculo biológico de paternidade. III - Os exames hematológicos constituem meio de prova privilegiado, na investigação de paternidade, apesar de a sua força probatória ser fixada pelo tribunal. (Ac. da Relação do Porto de 1/7/02, proc. 0250516, www.dgsi.pt/jtrp) I - O Ministério Público tem legitimidade para propor acções de investigação de paternidade, em representação de menores, enquanto os respectivos representantes legais a ela se não opuserem, por requerimento no processo. II - Com efeito, a representação de menor, em acção de investigação de paternidade, pelo Ministério Público, resulta expressamente do artigo 17 n.1 do Código Civil, e dos artigos 3 n.1 alínea a) e 5 n.1 alínea c), ambos da Lei n.47/86, de 15 de Outubro, na redacção dada pela Lei n.60/98, de 27 de Agosto. (Ac. da Relação do Porto de 11/6/01, proc. 0150586, www.dgsi.pt/jtrp) Em acção de investigação de paternidade intentada pelo Ministério Público, que for julgada improcedente, a mãe do menor que se tiver constituído assistente tem legitimidade para recorrer da sentença, mesmo que o Ministério Público se conforme com a decisão. (Ac. da Relação do Porto de 13/3/01, proc. 0120212, www.dgsi.pt/jtrp) I - Se o direito de intentar uma acção de investigação oficiosa de paternidade ficar precludido por caducidade, nada obsta a que o Ministério Público, em representação do menor, intente uma outra acção. II - O Tribunal em face da verificação da excepção de caducidade deve ordenar o arquivamento dos autos e ordenar a passagem de certidão das peças do mesmo se tal lhe for solicitado pelo Ministério Público, com vista à instauração eventual daquela acção de investigação. (Ac. da Relação de Lisboa de 26/10/00, proc. 0070086,www.dgsi.pt/jtrl)

Inexiste identidade de sujeitos (art. 498º - 2 C.P.C.) quando em duas acção declarativas constitutivas de investigação de paternidade o Mº Pº intervêm sucessivamente com diversa qualidade jurídica - numa, por força do art. 10º - 2 e 205º da O.T.M. e 1865º e 1868º do C.Civil e no quadro do art. 5º - 1 - f) da Lei 47/86, de 15/10, prosseguindo oficiosamente, como parte, o interesse público constitucionalmente garantido (art. 26º CRP) segundo o qual a todos é assegurado o direito à sua identidade pessoal; noutra, em representação de menor que é parte legítima na acção nos termos do art. 1869º do C. Civil, representação essa cujos poderes decorrem dos arts. 3º - 1 - a) e 5º - 1 - c) da Lei 47/86, de 15/10. (Ac. da Relação de Lisboa de 5/7/00, proc. 0036312,www.dgsi.pt/jtrl)

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3. As normas do Regulamento nº 1347/2000, do Conselho, de 29 de Maio de 2000, apenas relativas à competência em matéria matrimonial e de regulação do poder paternal em relação aos filhos comuns do casal, não são aplicáveis à competência para a tramitação e julgamento de acções de investigação de paternidade. (Ac. do STJ de 25/11/04, proc. 04B3758, www.dgsi.pt/jstj) 1 – O acórdão do Tribunal Constitucional nº23/2006, de 10 de Janeiro de 2006, publicado no DR, I-A, de 8 de Fevereiro, que declara a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, do nº1 do art.1817º do CCivil (aplicável à investigação de paternidade por força do que dispõe o art.1873º), acentua claramente a ideia da imprescritibilidade das acções de reconhecimento de um estado pessoal, por um indeclinável respeito pelo direito fundamental à identidade pessoal, sem todavia a afirmar como um valor constitucional absoluto. 2 – A procura da identidade pessoal passa, para alguém com registo de paternidade, não apenas pela “eliminação” do pai que não é, mas também pelo reconhecimento do pai cujo seja. 3 – Assim, a propositura da acção de impugnação de perfilhação que constitua obstáculo inibitório à propositura da acção de investigação de paternidade dentro do prazo, que seja constitucionalmente admissível, para a propositura desta última, é impeditiva da caducidade da acção de investigação. 4 – Só transitada a decisão que declare o lugar vazio da paternidade, começará a correr o prazo assinado para a propositura da acção de investigação do pai cujo seja. 5 – Em concreto é constitucionalmente admissível o prazo previsto no art.1817º, nº4 do CCivil quando o investigante tem já, à data da propositura da acção, 49 anos e o investigado faleceu aos 75 anos de idade. 7 – Se o investigante sempre foi tratado como filho pelo investigado e como tal sempre foi reputado pelo público, não pode a ideia de uma pretensa “caça à fortuna” vingar como ofensiva dos bons costumes, e portanto integradora de abuso de direito, contra os herdeiros do investigado, seus irmãos e sobrinhos, porque essa é uma ideia reversível – a “fortuna” está a ser disputada, em pé de igualdade, por estes e por aquele. (Ac. do STJ de 3/7/08, proc. 07B3451, www.dgsi.pt/jstj) I) - O direito ao conhecimento da ascendência biológica, deve ser considerado um direito de personalidade e, como tal, possível de ser exercido em vida do pretenso progenitor e continuado se durante a acção morrer, correndo a acção contra os seus herdeiros, por se tratar de um direito personalíssimo, imprescritível, do filho investigante. II) – Esse direito a conhecer a paternidade, valor social e moral da maior relevância, que se inscreve no direito de personalidade é um direito inviolável e imprescritível. III) – Em nome da verdade, da justiça e de valores que merecem diferente tutela, deve prevalecer o direito à identidade pessoal sobre a “paz social” daquele a quem o mero decurso do tempo poderia assegurar impunidade, em detrimento de interesses dignos da maior protecção, como seja o de um filho poder investigar a sua paternidade, sobretudo, se visa, genuinamente, uma actuação que o Direito não censura, pelo modo como é exercida – art. 334º do Código Civil.

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IV) – O Acórdão do Tribunal Constitucional de 10.1.2006, publicado no D.R. de 8.2.2006, I série, págs. 1026 a 1034, decidiu sobre a inconstitucionalidade com força obrigatória geral do prazo de caducidade do nº1 do art. 1817º do Código Civil, aplicável por força do art. 1873º e, porque tal declaração implica a remoção da norma do ordenamento jurídico, não pode ela ser aplicada pelos Tribunais – art. 204º da Constituição da República. V) Tal declaração de inconstitucionalidade não impõe que o julgador aja com recurso ao art.10º, nº3, do Código Civil, tendo que criar norma consonante com o espírito do sistema, porquanto não estamos perante lacuna da lei. VI) – A referida declaração de inconstitucionalidade implica que não existe, actualmente, prazo de caducidade para a investigação de paternidade, não sendo aplicável o prazo de prescrição ordinária. (Ac. do STJ de 17/4/08, proc. 08A474, www.dgsi.pt/jstj) I - Para além do Estado, através do Ministério Público, nas situações previstas nos arts. 1865.° e 1867.° do Código Civil, e no âmbito do interesse público ao estabelecimento da filiação das pessoas, só ao filho é reconhecido o direito de investigar a sua maternidade (art. 1814.° do Código Civil) e a sua paternidade (art. 1869.° do Código Civil). II - A acção de investigação da paternidade a que aludem os arts. 1847.° e 1869.° do Código Civil só pode ser proposta pelo filho, único titular do direito a investigar. III - O pretenso pai não tem legitimidade activa para propor essa acção, nem tem interesse em agir na qualidade de demandante, porquanto, se está convencido da sua paternidade, pode reconhecê-la voluntariamente através da perfilhação. IV - Por falta de legitimidade activa e de interesse em agir, deve levar à absolvição dos réus da instância a acção em que o demandante, alegando ser o pai de um menor, que não é parte na acção, pede que o dito menor seja declarado seu filho. (Ac. da Relação do Porto de 8/9/09, proc. 701/07.2TBCHV.P1, www.dgsi.pt/jstj) Face à prova efectiva da paternidade, - O Réu manteve relações sexuais de cópula completa com a mãe da Autora. Quando esta saiu da casa de Adroia, por alturas de Setembro de 1947, já estava grávida. Essa gravidez, de que nasceu a Autora, resultou das relações de sexo mantidas entre o Réu e a mãe da Autora - nem sequer há que deitar mão das presunções legais do art. 1871° do CC, invocadas na petição inicial. (Ac. da Relação do Porto de 10/11/09, proc. 386/06.3TBCPV.P1, www.dgsi.pt/jstj) V - A posse de estado, como resulta das previsões dos artigos 1816º, nº 2, alínea a) e 1871º, nº 1, alínea a), ambos do Código Civil, decompõe-se em três elementos distintos - o nome, o tratamento e a fama. Existe nome quando o filho chama o pretenso pai como pai e este, por sua vez, chama ao investigante filho. O tratamento consiste no comportamento do pretenso pai que, visto exteriormente, cria uma aparência reveladora de laços de filiação biológica. A fama é a reputação de que goza o investigante, junto da generalidade das pessoas que o conhecem ou que sabem da sua existência, de que o seu pai é o investigado.

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VI - Não é suficiente para integrar a posse de estado, a prova de que o pretenso pai era conhecido pela alcunha de “cigano” e a autora era alcunhada de “ciganucha” pelas pessoas da localidade, a circunstância do pai do investigado oferecer à autora dinheiro para o casamento e o facto de, perto da sua morte, o investigado dizer a uma testemunha que era o pai da autora. V- O Ac do TC nº 23/2006 de 10/1 (DR 1ª Série-A de 8/2) declarou “ a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, da norma constante do nº1 do artigo 1817 do Código Civil, aplicável por força do artigo 1873 do mesmo Código, na medida em que prevê para a caducidade do direito de investigar a paternidade, um prazo de dois anos a partir da maioridade do investigante”. A declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral do nº 1, do artigo 1817º, do Código Civil, retroage os seus efeitos até ao início da vigência da norma constitucional que determina a invalidade da norma legal, devendo ser havida como uma alteração da legislação vigente em termos de permitir a investigação de paternidade a todo o tempo. VI – A Lei nº 14/2009 de 1 Abril alterou o nº1 do art.1817 do Código Civil, prevendo o prazo de dez anos posteriores à maioridade ou emancipação para a acção de investigação de maternidade, aplicável à investigação de paternidade ( art.1873 CC ). A lei, que entrou em vigor em 2 de Abril de 2009, aplica-se aos processo pendentes, por força do seu art.3º ( “ A presente lei aplica-se aos processos pendentes à data da sua entrada em vigor”). VII – O art.3º da Lei nº 14/2009 de 1 de Abril que determina a aplicação aos processos pendentes do prazo de caducidade de dez anos ( nº1 do art.1817 CC), não é materialmente inconstitucional por violação dos princípios constitucionais da confiança e da igualdade, quando a acção de investigação é proposta em 14/5/2004, antes da declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral pelo ac. do TC nº 23/2006 de 10/1. VIII – É que, nessa data, a autora não tinha qualquer razão plausível para confiar na insusceptibilidade da caducidade da acção de investigação de paternidade e a diversidade de regimes jurídicos que resulta para os cidadãos que instauraram acção antes e depois da declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral pelo ac. do TC nº 23/2006, deriva dos regimes jurídicos distintos que esses mesmos cidadãos tiveram em vista no momento da propositura da acção. (Ac. da Relação de Coimbra de 19/1/2010, proc. 495/04.3TBOBR.C1, www.dgsi.pt/jtrc) I - A declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral da norma constante do nº 1 do artigo 1817º do CC, aplicável ex vi do artigo 1873º do CC, constante do Acórdão nº 23/2006 do Tribunal Constitucional, foi generalizadamente interpretada, designadamente pela jurisprudência do STJ, como significando a imprescritibilidade do direito de investigar a paternidade, com o fim da sujeição deste a prazos; II – Esta circunstância conduziu ao intentar, subsequentemente à publicação do Acórdão contendo essa declaração (08/02/2006), de diversas acções de investigação de paternidades assentes na inexistência de qualquer prazo de caducidade;

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III – A posterior aplicação retroactiva às acções intentadas neste pressuposto do prazo de caducidade constante da redacção introduzida no artigo 1817º do CC, operada pela Lei nº 14/2009 e decorrente do artigo 3º desta (determinando a aplicação da nova redacção aos processos pendentes à data da entrada em vigor do Diploma) ofende ostensivamente as expectativas fundadamente criadas ao abrigo do entendimento referido em I; IV – Essa aplicação retroactiva viola, em tais situações, o princípio da confiança ínsito no princípio do Estado de direito democrático decorrente do artigo 2º da CRP, acarretando a inconstitucionalidade do artigo 3º da Lei nº 14/2009, quando aplicado a acções intentadas posteriormente à publicitação do Acórdão nº 23/2006 e anteriormente à entrada em vigor (02/04/2009) desta Lei; V – O chamado “direito à historicidade pessoal”, enquanto direito à investigação e estabelecimento do respectivo vínculo biológico (paternidade ou maternidade), constitui uma dimensão do direito à identidade pessoal previsto no artigo 26º, nº 1 da CRP; VI – O legislador ao referir-se expressamente, no artigo 1801º do CC, a métodos científicos comprovados de prova do vínculo de derivação biológica, acentua o valor e sublinha a preferência por um estabelecimento da filiação alicerçado na verdade biológica alcançada através destes métodos; VII – A intromissão no direito à incolumidade física de alguém (como compressão sobre um valor constitucionalmente relevante), representada pela sujeição aos testes em que se consubstanciam os métodos científicos de investigação da filiação (concretamente os testes de ADN), no confronto com o direito à investigação dessa filiação (na dimensão constitucional referida em V) apresentam-se como intromissões pouco significativas, que, numa lógica de ponderação dos direitos em confronto, deve ceder, com a consequente obrigação, para os sujeitos relevantes, de se submeterem a esses testes; VIII – Tal obrigação de sujeição pode, nos termos do artigo 519º do CPC, incidir sobre terceiros relativamente ao vínculo de filiação, designadamente sobre os filhos do investigado, no caso de decesso deste. (Ac. da Relação de Coimbra de 23/6/09, proc. 1000/06.2TBCNT.C1, www.dgsi.pt/jtrc)

CASO JULGADO: Tendo o Ministério Público proposto acção de investigação de paternidade, com fundamento na filiação biológica, que foi julgada improcedente, com trânsito em julgado, esta decisão constitui caso julgado em relação a outra acção, também de investigação de paternidade e com o mesmo fundamento, intentada posteriormente pelo pretenso filho (anteriormente representado) contra o mesmo investigado. (Ac. da Relação do Porto de 7/2/02, proc. 0230012, www.dgsi.pt/jtrp) I - A partir da Reforma do Processo Civil de 1995/96 foi revogado o artigo 2 do Código Civil, passando o Assento do Supremo Tribunal de Justiça de 1 de Fevereiro de 1963 a ter o valor que têm hoje os Acórdãos Uniformizadores de Jurisprudência, persuasivos para os outros Tribunais na medida em que "os seus fundamentos e a paridade das situações impuserem o acatamento da decisão uniformizada" (conforme Acórdão do

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Supremo Tribunal de Justiça de 3 de Maio de 2000, Colectânea de Jurisprudência 2000, Tomo II, página 44). II - A força do caso julgado constituído pelo despacho saneador (caso julgado formal) está limitado "às questões concretamente apreciadas" (artigo 510 n.3 do Código de Processo Civil). III - Tendo as Autoras cumulado uma acção de investigação de paternidade no que respeita ao invocado pai biológico e uma acção de impugnação de paternidade no que concerne ao então marido de sua mãe (por elas apelidado de pai registral), não estamos propriamente perante uma cumulação de pedidos substancialmente incompatíveis (artigo 193 n.2 alínea c), mas a verificação de uma excepção dilatória inominada, por falta do pressuposto de prévia acção de impugnação da paternidade constante do registo de nascimento das Autoras, ora recorrentes (artigos 510 n.1 alínea a), 493 n.2, 494 e 288 n.1 alínea e), todos do Código de Processo Civil). (Ac. da Relação do Porto de 9/5/02, proc. 0230452, www.dgsi.pt/jtrp) I – Não existe identidade de sujeitos para efeito de caso julgado, entre a posição do Ministério Público quando intenta uma acção oficiosa de investigação de paternidade e posteriormente outra em representação do menor. II – Actuando o Ministério Público em nome do representado e não em seu próprio nome, impossibilita que posteriormente o Autor intente nova acção, uma vez que é um sujeito idêntico juridicamente àquele. III – Daí a violação de caso julgado ao intentar nova acção. (Ac. do STJ de 19/6/07, proc. 07A1164, www.dgsi.pt/jstj)

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X- BIBLIOGRAFIA

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- Dicionário de Direito da Família e de Direito das Sucessões, Ferreira Pinto, F. B.,

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- Lições de Direito da Família e das Sucessões, Campos, Diogo Leite de, Almedina,

1999.

- “In vitro veritas?” – A procriação medicamente assistida na Constituição e na lei,

Duarte, Tiago, Almedina, 2003.

- Estabelecimento da Filiação, Prova Pericial, Evolução Jurisprudencial, Pinto, João

Fernando Ferreira Pinto, Maia Jurídica, nº 2, 2004, pág. 97-125.

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- Temas de direito da filiação: relatórios de curso de mestrado de 1992/93 (direito civil II) sob a coordenação de Miguel Teixeira de Sousa.- Lisboa : AAFDL, 1994. - O direito da filiação na jurisprudência recente, Oliveira, Guilherme de, Coimbra, 1980, separata do número especial do Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra - Estudos em homenagem ao Prof. Doutor José Joaquim Teixeira Ribeiro - 1980. - A reforma processual e as acções de filiação, Capelo, Maria José, Comemorações dos 35 anos do Código Civil e dos 25 anos da reforma de 1977, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Coimbra Editora, 2004, vol. I, pág. 743-761. - O ónus da prova nas acções de investigação da paternidade: prova directa e indirecta do vínculo de filiação, Rego, Carlos Lopes do, Comemorações dos 35 anos do Código Civil e dos 25 anos da reforma de 1977, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Coimbra Editora, 2004, vol. I, pág. 781-790.

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XI – CIRCULARES DA PGR 1- Circular 4/07 de 19/9/2007.

Assunto: Decisão de condenação do Estado Português de 14 de Novembro de 2006, proferida pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem por violação do direito ao acesso aos tribunais consagrado no art. 6.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

DESPACHO

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), no acórdão que proferiu em 14 de

Novembro de 2006 já definitivo, concluiu pela violação, por parte de Portugal, do direito

de acesso aos tribunais garantido pelo art.° 6.°, n.° 1, da Convenção Europeia dos

Direitos do Homem (CEDH), porque um cidadão se viu na impossibilidade material de

interpor recurso para harmonização da jurisprudência, em virtude da comunicação tardia

pelo Ministério Público, actuando na qualidade de seu representante, do acórdão

proferido nos autos em oposição de julgados com outro acórdão anterior.

Considerou o TEDH como fundamento da condenação do Estado Português que o art.°

6.° da CEDH impõe ao Estado a obrigação de zelar para que os cidadãos gozem do

acesso aos tribunais ali consagrado, junto de todas as instâncias previstas na jurisdição

nacional, e que "os actos e omissões dos representantes do Ministério Público, actuando

no exercício das suas funções, envolvem, sem dúvida, a responsabilidade do Estado'', o

que é válido também para os casos em que esta magistratura é chamada a representar um

simples particular, nos termos previstos na regulamentação nacional.

Considerou, assim, o TEDH que "as obrigações que incumbem ao Estado nos termos da

referida Convenção podem ser violadas por qualquer pessoa que exerça uma função

oficial que lhe foi confiada".

Tendo em vista evitar a repetição de situações semelhantes, determino, ao abrigo do

disposto no artigo 12°, n° 2, alínea b), do Estatuto do Ministério Público, que os

Senhores Magistrados e Agentes do Ministério Público:

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a) Nas acções em que intervenham como representantes ou no exercício

do patrocínio oficioso, de Autor ou Réu, providenciem pela comunicação

atempada ao seu representado ou patrocinado de decisão judicial de que

tenham sido notificados e a eles interesse;

1 A versão em português do acórdão está disponível no sítio do Gabinete de

Documentação e Direito Comparado: http://www.gddc.pt/direitos-humanos/portugal-

dh/acordaos/traducoes/trad07000201.pdt

b) Nos casos em que se conformem com a decisão, do facto informarão o

seu representado ou patrocinado, de modo a permitir-lhes que, em prazo e

no processo, pratiquem o acto que deixaram de praticar, por com a

decisão se terem conformado.

Lisboa, 19 de Setembro de 2007

O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Fernando José Matos Pinto Monteiro

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2- Circular 26/81 de 14/7/1981. Assunto: Averiguações oficiosas. Instrução atempada do processo.

TEXTO:

"Tendo chegado ao conhecimento desta Procuradoria-Geral da República que nem em todos os tribunais se faz uma atempada instrução dos processos de averiguações oficiosas, deixando decorrer o prazo de caducidade para a propositura da acção quase até final - só à última hora dando andamento à instrução - entende o Excelentíssimo Senhor Conselheiro Procurador-Geral da República ser de chamar para o facto a atenção dos Snrs. Magistrados do Ministério Público.

Além da protecção que merecem os interesses em jogo, uma instrução feita à última hora resulta, pela precipitação, fatalmente defeituosa, agudizando-se o problema, quando os referidos processos têm que ser remetidos a magistrados de outras comarcas, a quem compete a propositura da subsequente acção, e aos quais, muitas vezes, não são até enviados os documentos necessários ao acompanhamento da petição inicial.

Impõe-se que este assunto seja tido como especialmente recomendado.

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