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FILEMON GALVÃO LOPES

A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

PELA VIA DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

( A COLISÃO DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR

DIANTE DA FALÊNCIA DO FORNECEDOR)

MESTRADO EM DIREITO

UNIFIEO - Centro Universitário FIE0

Osasco - 2004

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A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS PELA

VIA DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

( A COLISÃO DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR DIANTE

DA FALÊNCIA DO FORNECEDOR)

DissertaçHo apresentada à BANCA EXAMINADORA

do UNIFIEO - Centro Universitário FIEO, como

exigência final para obtençiío do título de Mestre em

Direito, tendo como área de concentração "PositivaçHo

e ConcretizaçBo Juridica dos Direitos Humanos",

dentro do projeto "Colisão e Controle dos Direitos

Fundamentais", inserido na linha de pesquisa

'LEfetivaçHo Jurisdicional dos Direitos Fundamentais",

sob a orientaçãio do Prof. Dr. Sérgio Seiji Shimura.

UNIFIEO - Centro universitário FIEO

Osasco - 2004

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BANCA EXAMINADORA

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Ao GRANDE GEÔMETRA por nos

conceder, dentre outras, a capacidade

intelectual.

A minha família, meu esteio.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Sérgio Seiji

Shimura, pelo proficuo magistério no

norteamento deste trabalho.

querida e estimada Prof" Dra. Anna Cândida da

Cunha Ferraz - Coordenadora do Curso de

Mestrado - pelo exemplo de dedicação e

competência no enfrentamento dos velhos e

novos desafios.

Aos dedicados professores Doutores do Curso de

Mestrado ein Direito do Centro universitário

FIEO, que luziram minha direção acadêmica.

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RESUMO

A Constituição Federal de 1988, prescreve no título dos direitos e

garantias fundamentais o dever do Estado em promover a defesa do consumidor;

bem como, atribui ao Poder Judiciário a tarefa da prestação jurisdicional. Diante

do universo de informações que descortinamos a cada instante, por ocasião da

veloz e feroz evolução do mundo organizado em mercados globalizados, surge

a velha questão sobre a eficácia dos mecanismos utilizados para solução dos

conflitos.

A questão da qualidade da prestação jurisdicional estatal, evidencia que

não basta apenas positivar o direito; é necessário torná-lo atingível. Esta é a

proposta do presente trabalho: estabelecer o liame entre o consumidor e o

fornecedor falido, no processo falimentar, utilizando o instrumento da

antecipação da tutela como elemento de efetivação do Direito Constitucional de

Acesso a Justiça, nas relaqões de consumo.

A partir da abordagem histórico-legal da antecipação da tutela, o instituto

da falência é examinado minuciosamente. No entanto, outra importante figura se

apresenta no estudo: o consumidor que, amparado pela Lei 8.078190, pode fazer

uso da antecipação da tutela para a garantia das obrigações de fazer elou não

fazer, em face do fornecedor de produtos e serviços em situação de falência.

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SOMMARIO

La Costituzione Federale de1 1988, prescrive sotto i1 titolo dei diritti e

garanzie fondamentali i1 dovere de110 Stato nel promovere la difesa de1

consumatore, inoltri attribuisce a1 Potere Giudiziario i1 compito della prestazione

giuridica.

D'avanti all'universo di informazioni che scargiamo ad ogni istante, in

ocasione della veloce e feroce evoluzione de1 mondo organizzato in mercati

globalizzati, sorge la vecchia questione sulla efficjenza dei meccanismi utilizzati

per la soluzione dei conflitti.

La questione della qualitá giuridiccionale de1 Stato, è stato distinto que

che non basta appena effetivare i1 diritto, é necessário tanderlo attingibile.

Questa è la proposizione de1 presente lavoro di stablire un legame tra i1

consumatore e i1 fallito un fallimentare, utilizando 10 strumento

della anticipazione della tutela come elemento de1 Diritto Costituzionale di

Accesso alla Giustizia, nei relazioni di consumo.

Partendo dall'abbordaggio storico legale della anticipazione della tutela,

l'instituto de1 fallimento e esaminato minuziosamente. Tuttavia, altra importante

figura si presenta nello studio: I1 consumatore amparato nella Legge 8.078/90,

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qui puó fare uso dell'anticipo della tutela per la garanzia di fare o non fare nei

confronti de1 fornitore di prodotti e servizi in situazione fallimentare.

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RESUMO ......................................................................................................................... VI

SOMMARIO ................................................................................................................. VI11

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

.................... 1 . A EFETIVIDADE DO PROCESSO COMO IDEAL DE JUSTIÇA 4

1.1 Sociedade e Justiça ...................................................................................... 4

1.2 A AEQUITAS no Direito Romano ........................................................ 11

1.3 O princípio constitucional do acesso a justiça no direito moderno .......... 19

2 A TUTELA ANTECIPADA ................................................................................ 28

2.2.1 Medidas antecipatorias antes da reforma processual ................... 39

......... 2.2.2 A tutela antecipada depois da reforma processual de 1994 42

2.2.3 Requisitos para a concessão ......................................................... 46

2.3 Procedimento ........................................................................................... 52

2.4 Efetivação ............................................................................................. 54

................................. 2.5 C ~ m e n t B " ~ ~ sobre os artigos 461 e 46 1 -A do CPC 56

3 . DO PROCESSO DE FAL~NCIA ........................................................................ 65

.......................................................................................... 3.1. Características 67

A . .......................................................... 3.1.1 Origem da palavra falencia 69

h . 3.1.3 Natureza jurídica da faiencia ........................................................ 73

........................................ 3.2 Considerações à legislação falimentar vigente 75

. . 3.2.1 Esboço histórico da falencia ....................................................... 79

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3.2.2 Elementos e requisitos da falência ............................................... 87

........................................................................ 3.2.3 Efeitos da falência 94

3.2.3.1 Efeitos relativos aos direitos dos credores ....................... 94

3.2.3.1 .A Formação da massa falida subjetiva ............... 95

3.2.3.1.B Suspensão das açôes singulares ..................... 95

3.2.3.1 .C Suspensão condicional da fluência de juros .... 96

. ............ 3.2.3.1 D Exigibilidade antecipada dos crkditos 96

................................. 3.2.3.1 .E Suspensiío da prescriçao 97

................................................... 3.2.3.2 Efeitos quanto ao falido 98

.............................. 3.2.3.2.A Quanto A pessoa do falido 98

.............................. 3.2.3.2.B Quanto aos bens do falido 99

....................... 3.2.3.2.C Quanto aos contràtos do falido 99

4 . DA RELAÇÃO DE CONSUMO E OS INTERESSES METAINDIVIDUAIS

N.4 FALÊNCIA ................................................................................................. 102

...................................... 4.1 A tutela dos interesses públicos e privados 109

..................................... 4.2 Legitimidade para agir no processo de falência 120

.................. 4.3 Repercussão e efeitos da falência nas relaçaes de consumo 132

............. 5 . A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NO PROCESSO DE FALÊNCIA 137

......................................... 5.1 Da incidência nas relaçôes com consumidor 144

............................................... 5.1.1 Momento da propositura da ação 148

................................................................................ 5.1.2 Legitimados 157

............................... 5.1.3 Desconsideração da Personalidade Jurídica 162

................................... 5.1.4 Comentários sobre o artigo 10 1 do CDC 166

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ANEXOS ................................................................................................. .. ................... 177

REFE&NCIAS BIBLIOGF~FICAS .......................................................................... 300

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O presente estudo tem por objetivo demonstrar que a preocupação com a

efetividade do processo não é resultante apenas da sociedade moderna, mas - ao

contrário - é muito antiga, tanto que se encontram no período clássico do

processo civil romano, dentre os meios complementares da tutela pretoriana, os

INTERDITOS, que consistiam em um procedimento mais ágil do que o

ordinário e destinavam-se a rapidamente oferecer proteção ao titular de um

direito lesado, sem exame pormenorizado das razões das partes.

A excessiva formalidade do processo ordinário levou, durante muito

tempo, ao tratamento nivelado das partes, independentemente da situação fática,

O que acarretava, muitas vezes, uma jurisdicional inócua.

Foi exatamente a consagração da efetividade do processo - como ideal de

justiça da sociedade - no sentido de obter-se uma tutela jurisdicional

efetiva e tempestiva -, que levou o legislador a inserir, na ordem processual,

tecnicas diferenciadas, com o escopo de evitar os danos decorrentes do tempo

excessivo de duração do processo, necessário para obtenção da proteção

jurisdicional.

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Assim é que, o caminho escolhido pelo legislador pátrio foi a

generalização da técnica interdital romana, já utilizada nas ações possessórias,

onde, em situações de emergência e mediante cognição sumária, o juiz concede

a tutela jurisdicional, reclamada pela parte, satisfazendo a pretensão posta em

juizo, antecipando os efeitos do provimento final, este sim concedido mediante

cognição exaurível, sem prejuízo a ampla defesa e ao contraditório, deixados

para momento posterior.

Portanto, a partir da reforma processual de 1.994, O legislador ordinário,

adaptando-se h exigências da sociedade, institui!, no artigo 273 do Código de

Processo Civil (Cpc), a antecipação dos efeitos da tutela pretendida, dentro da

tutela própria do processo de conhecimento, oferecendo, assim como no caso

dos interditos do processo formulário romano, de maneira celere, o exercício do

próprio direito afirmado pelo autor.

A proposta, então, limita-se a demonstrar a possibilidade da tutela

antecipada no processo de falência, adotada no procedimento interdital da época

clássica, seja pelas suas características - (a) urgência, concedida em situações de

evidente perjculum in mora; (b ) satisfatividade, antecipando-se os efeitos

materiais da tutela pretendida; (c) cognição sumária do juiz; (d) provisoriedade

da decisão; (e) executividade -, bem como pelo escopo comum : a celeridade e

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efetividade da prestação jurisdicional, tomando o processo um instrumento hábil

para a realização da justiça.

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1. A EFETIVIDADE DO PROCESSO COMO IDEAL DE JUSTIÇA

Sem uma normatização do comportamento humano, seria impossível a

vida em sociedade. No entanto, não basta apenas a norma de conduta, se as

regras jurídicas apresentadas não forem acompanhadas de obrigatoriedade na

sua observação.

Por esta razão, o Estado, além de elaborar as leis, institui meios de

imposição para seu cumprimento, bem como busca solucionar os litígios para

restabelecimento da paz entre os envolvidos.

Daí o Estado ter criado normas jurídicas que formam o direito processual,

que é uin ramo da ciência juridica, que trata do conjunto complexo das normas

reguladoras do exercício do Poder Jurisdicional.

1.1 Sociedade e Justiça

A justiça, como valor jurídico, sempre foi amplamente analisada;

no entanto, até hoje não se chegou a um conceito definitivo, nem a sua

delimitação.

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Ainda que existam alguns aspectos permanentes da justiça - tais

como igualdade e felicidade -, enquanto ordem social, a justiça sempre se

mostrou variável no tempo e no espaço, de acordo com a época e o contexto

cultural - algumas vezes fazendo referência, ou não, à ordem vigente.

Paulo Dourado de ~ u s m ã o ' explica com precisão a diferença entre

direito e justiça, demonstrando que não se confundem, mas se entrelaçam,

sendo, o direito, o veículo para que se possa alcançá-la:

"Já vimos que o direito é norma. executável coercitivamente,

enquanto justiça i um ideal ou melhor, uma exigência constante,

um valor, que pode ou não ser acolhido pelo legislador, apesar de

dever sê-lo. A diferença, portanto, que existe entre direito e justiça

é a mesma que ocorre entre ideal e realidade. A justiça não é

coercivel, enquanto o direito O é; a justiça é autônoma, pois não é

imposta à nossa consciência; brota nela como os demais ideais,

sendo, assim, ideal moral, enquanto o direito é heterônomo, por

termos a consciência de nos ser ele imposto pela sociedade ou pelo

poder público. A justiça é a meta a ser atingida pelo direito e, desta

forma, distingue-se deste como o "meio" da 'tJinalidade ".

I GUSMAO, Paulo Dourado de. Iníroduç%o ao Estudo do Direito, 14' ed. rev., Rio de Janeiro: Forense, 1990, p. 100-101.

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A filosofia do direito, por meio de seus dois grandes filósofos,

Platão e Aristóteles, tentou definir a justiça, colocando-a como cerne de seu

estudo.

AO comentar as idéias de Platão, Hans ~ e l s e n ' explica que o

filósofo defende a idéia de justo, identificando a justiça a felicidade, mas não

chega a responder $I, questão de maneira racional e definitiva.

Na obra de Carl J. ~riedrich', acerca da filosofia do direito,

encontra-se a análise do pensamento de Aristóteles que tentou definir 'justiça',

reservando-lhe todo um livro, em sua obra Ética a Nicômaco. Ali também

identifica a justiça com o justo -justo no sentido de igual -, desenvolvendo

uma teoria a respeito das acepções de 'igual', O que mais uma vez resultou em

um conceito subjetivo.

Não se vai enveredar aqui sobre essa questão que, até hoje, não foi

solucionada de maneira satisfatória, mas apenas demonstrar que a idéia de

justiça é mutável, relativa, de dificil delimitação e deve ser analisada não

isoladamente, mas dentro de um contexto histórico-social, uma vez que reflete

2 KELSEN. Hans. O que é justiça? A respeito da doutrina de ideias de Platao, 2%d., S%o Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 2 e ss. 3 FRIEDRICH, Carl .i.. Perspectiva Histbrica da Filosofia do Direito, Rio de Janeiro : Zahar Editores, 1965, p. 36 e ss.

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os anseios da sociedade em um dado momento que, repise-se, nem sempre são

atendidos pelo legislador.

Na obra de Nelson saldanha4, podemos encontrar :

que a justiça e todos os valores jurídicos são os elementos mais

variáveis entre todas as expressões do espírito. Cada grande época

ou formação cultural engloba uma variante, ou mais, da idéia de

justiça. c..) Querer justiça, sociologicamente, pode ser uma atitude

referida ou não a uma ordem vigente, que se repudia ou se alega.

Nas transformações que alcançam as ordens vigentes, o pleito por

normas justas está sempre presente, ele O esteve nas heresias

sociais da Idade Média, nos debates da Revoluçãoj?ancesa ou na

Revolução mexicana.

Assim é que o grande problema da justiça é exatamente a existência

de conflitos de interesses, situação que conduz a um julgamento de valores -

satisfazendo-se alguns interesses, a custa de outros - de caráter subjetivo, o que,

4 SALDANHA. Nelson. Sociologia do Direito, 4" ed., rev. e aum.. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. p. 135.

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sem dúvida, refletirá sempre, a sociedade a que se aplica, bem como um dado

momento histórico-cultural5.

Desta feita, pergunta-se: pode-se considerar injusta a pena de

~ a l i ã o ~ , constante do Antigo Testamento e aplicada por todas as civilizações na

antiguidade? Aquela pena previa "seja seu olho por olho, dente por dente, mão

por mão, pé por pé" ..., e na civilização atual não pode ser tida como justa, uma

vez que com a evolução da sociedade, ocorreu a modificação de seus sistemas,

dentre eles, o sistema jurídico, que encontrou na positivação de regras diversas

daquela, a solução dos seus conflitos.

Se até mesmo a justiça verdadeira, pregada por Jesus Cristo, que

adota o princípio do amor, é incompreensível para a razão humana (Mateus, cap.

5: 38 - 44), como é possível tentar conceituar o que é justiça e, mais, como

considerar se o que foi tido como justo num dado momento, é justo ou não?!

A esse respeito, Hans ~e l sen ' tenta definir o "indefinível" - O que

é Justiça?:

5 KELSEN, Hans. Discorre sobre a subjetividade desse julzo de valores. Op. cit., p. 5 e ss. 6 Antigo Testamento. Conforme Êxodo 2 1 :24; Levlticos. 24:20; DeuteronBmio 19:2 1 . 7 KELSEN. Hans. Op. cit., p. 1.

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Quando Jesus de Nazaré, no julgamento perante o pretor romano,

admitiu ser rei, disse ele: "Nasci e vim a este mundo para dar

testemunho da verdade". Ao que Pilatos perguntou: "O que é a

verdade ? " Cético, o romano obviamente não esperava resposta a

esta pergunta, e o Santo também não a deu. Dar testemunho da

verdade não era o essencial em sua missão como rei messiânico.

Ele nascera para dar testemunho da justiça, aquela justiça que Ele

desejava concretizar no reino de Deus. E, por essa justiça, morreu

na crw. Dessa forma, emerge da pergunta de Pilatos - o que é a

verdade ? - , através do sangue do crucijkado, uma outra questão,

bem mais veemente, a eterna questão da humanidade: o que é a

justiça? Nenhuma outra questão foi tão passionalmente discutida;

por nenhuma outra foram derramadas tantas lágrimas amargas,

tanto sangue precioso; sobre nenhuma outra, ainda, as mentes mais

ilustres - de Platão a Kant - meditaram tão profundamente. E, no

entanto, ela continua até hoje sem resposta. Talvez por se tratar de

uma dessas questões para as quais vale o resignado saber de que o

homem nunca encontrará uma resposta definitiva; deverá apenas

tentar perguntar melhor.

Na perspectiva apresentada por Kelsen, a inserção de princípios

legais na ordem jurídica, visando assegurar a efetividade do processo, representa

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um juízo de valor realizado pelo magistrado romano e pelo legislador moderno,

ao desempenharem seu papel pacificador8, acolhendo um ideal de justiça

buscado pela sociedade em um dado momento.

Incontestavelmente, a tarefa da ordem jurídica deve ser a de

harmonizar os interesses e conflitos que se manifestam na vida social, adotando,

como aduzem Cintra - Grinover - Dinamarco

... o critério do justo e do equitativo, de acordo com a convicção

prevalente em determinado momento e lugar9.

Para a plena realização da justiça, eliminados os conflitos de

interesses, é necessário assegurar a efetividade do processo, não apenas

mediante o acesso à justiça, mas a ordem jurídica justa.

Dentro desse quadro, o processo é, sem dúvida, não apenas um

instrumento a serviço do direito material, mas um instrumento a serviço da paz

8 KELSEN trata do direito como ordem jurídica e sua centralização pelo Estado como pacificador. Op. cit., p. 223 e ss. 9 CINTRA. Antbnio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Candido Rangel. Teoria geral do processo,. 15' ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 19.

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social, ou seja, é o caminho para uma ordem jurídica justa1? de acordo com os

valores sociais e políticos da nação.

Assim, como será demonstrado nos tópicos seguintes, a introdução

de certas medidas judiciais no ordenamento jurídico romano e moderno, tais

como a tutela antecipada - sumária e satisfativa -, tem como escopo assegurar a

utilidade do resultado final, como argumenta Kazuo ~atanabe":

... A cognição sumária constituiu uma técnica processual relevante

para a concepção de um processo que tenha plena e total aderência

a realidade sócio-jurídica a que se destina, cumprindo sua

primordial vocação que é a de servir de instrumento à efetiva

realização dos direitos.

A cognição sumária, dentro do devido processo legal, viabiliza a prestação

jurisdicional adequada a pretensão daquele que busca justiça.

1.2 A AEQUZTAS no Direito Romano

10 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, CAndido Rangel. Teoria p,eral do processo,. 15' ed., São Paulo: Malheiros, 1999, p. 41-42.

WATANABE, Kazuo. Da cognição no processo civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 110

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Na análise das fontes do direito romano, pode-se verificar que não

havia distinção expressa entre os conceitos de direito objetivo e subjetivo, como

feito pela doutrina moderna.

Assim é, que os romanos usavam o termo 'Jus' em ambos os

sentidos, sem proceder a qualquer separação entre a teoria e a prática, encarando

O direito mais pelo aspecto processual do que material. Tanto é, que não se dizia:

12 você tem um direito, mas, sim, você tem uma Actio .

Entretanto, existe nas fontes romanas uma definição da palavra jus,

dentre as muitas acepções em que era empregada - no sentido objetivo -,

considerada a mais famosa definição romana do conceito de Direito, dada pelo

jurisconsulto Celso, que exprime a essência do direito para os romanos:

JUS EST ARS BONZ ET AEQUZ.

"O direito é a arte do bom e da equidade".

Dentre as várias posições da doutrina a respeito do significado

dessa definição, que é c~ntroverso'~, podemos destacar a de ~ i o n d i ' ~ , que

entende que os romanos não se preocupavam em definir o direito por suas

I 2 BIONDI. Biondo. Istituzioni di dirino romano, p. 59 e ss. BIONDI afirma que para os romanos não havia distinção entre a teoria ri a prsitica, uma vez que o direito existia para satisfazer as necessidades da vida, fundado sempre na aequifas. I, RICCOBONO, Salvatore. Lineamenti delle storia delle fonti e de1 diritto romano, Milano: Giufi.? Editore, 1949. p. 122 e SS.

" BIONDI. Biondo. Op. cit., p. 60-61.

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características formais, mas sim pela sua própria substância: O Direito é a arte

do bom e do justo.

Portanto, para indicar o objeto e a essência do direito, os romanos

utilizavam-se do termo aequitas (aequi) - equidade - que não correspondia a

um conceito absoluto e imutável; muito pelo contrário, estava vinculado

diretamente ao momento social.

Assim assevera ~iondi ' ' , afirmando qye aequitas é a justiça do caso

concreto:

é pois entidade extremamente variável que impede o enrijecer do

direito em uma fórmula definitiva. A equidade tende a traduzir-se

no direito; nela se inspiram O legislador, os juristas ao

apresentarem sua doutrina, os magistrados na sua atividade.

Segundo ~ o n f a n t e ' ~ o termo aequitas significava, em princípio,

igualdade - principio informador do direito - que, muitas vezes, não

I 5 BIONI>I. Hiondo. Op. çit., p. 60-61. I6 BONFANTE, Pedm. Instituciones de derecho romano, 8 k d . , Madrid: Instituto Editorial Reus, 1925, p. 7-8.

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correspondia a norma jurídica, surgindo, então, a antítese entre jus e justum, ou

aequum (direito e justiça ou equidade, igualdade).

Cabe observar que a aequitas romana não guarda relação com o

vocábulo correspondente em português, inexistindo modemamente, um termo

exato que lhe corresponda".

Pode-se afirmar, no entanto, que a palavra romana aequitas,

objetivamente, identifica-se com os termos modernos - justiça e justo - no

sentido de ''justiça ideal", princípio supremo inspirador do direito universal".

Desta forma, o sentido de aequitas não foi sempre o mesmo,

variando de acordo com a concepção social de cada hpoca, como acentua

Moreira Alves:

no período clássico, tinha O citado sentido moderno de justiça, de

direito justo; no pós-clá~sico, tinha o sentido de benevolência,

caridade, ocasião em que os imperadores derrogavam leis e

princi)ios para, por exemplo, favorecer humildesi9. No período

clássico, portanto, a aequitas é considerada como expressão da

ratio naturalis - da razão natural -, passando a veículo através do

l i I'OIICHAT, Reynaldo. Curso elementar de direito romano, p. 127 e ss.. onde o autor discorre a respeito do sentido moderno de aequiias. I 8 PORCIIAT. Reynuldu. Op. cit.. p. 13 1 e ss. '" AI.VFS, Jiisd Carlos Mcrreira. I>lreito roiliano. u" cd.. Ri» de Jiineirn: I'oretisc. v. I. 1995. p. 78.

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qual se iniciou o abrandamento do rigorismo excessivo do ius

civile, tido até mesmo como fonte suprema do direito (Cícero,

Topica, 2, 23).

Desta feita, com base nesse princípio supremo, os romanos levavam

em conta, para a solução de cada caso, em concreto, não a aplicação pura e

simples do ius civile, mas sim, da aequitas, que era invocada, constantemente,

mesmo contra legem. (Cicero, Orat., 1.56.240).

Ao abordar o direito romano, Alfredo di Pietro descreve a

importância da aequitas para esse povo, na época clássica, afirmando que,

quando se apresentava um litígio, se a mera aplicação das leges ou

das regras rituais do ius civiíe levasse a uma solução "iníqua I'

(in-aequa), então o pretor corrigia O ius civile por aplicação da

20 aequitas .

Gaio (I., 4.30) traz notícia de que as ações da lei2', com o tempo,

passaram a ser odiadas, em razão do seu rigor excessivo, o mesmo podendo ser

20 DI PIETRO, Alfredo. Derecho privado romano, Buenos Aires: Ediciones Depalma, 1996, p. 40. 21 Ações da Lei era o tipo de processo extremamente formal, existente no período arcaico de Roma, caracterizado por gestos, palavras, ritiiais, com aspectos religiosos.

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dito com relação ao ius civile vetus (velho direito civil), superado e também

reprovado pela sociedade mais evoluída da época.

Foi, portanto, inspirado na aequitas clássica que os legisladores,

notadaniente os jurisconsultos e os magistrados romanos, livraram esse direito

escrito - considerado hediondo pela sociedade, como atesta referida passagem

de Gaio - de suas amarras, procurando aproximá-lo do bonum et aequum.

Assim é, que o pretor, com o fito de tentar minimizar as injustiças e

inconvenientes do jus scriptum e com base no seu poder de imperium, introduziu

novos ineios processuais, tais como a restitutio in integrum, a missio in

pr~ssessionem22 e, os interditos, onde, provisoriamente, proibia o exercício de

um direito fundado no ius civiie2j

Sem dúvida alguma, eram meios de tutela diferenciados, de

urgênciaz4, onde o pretor agia magis imperii quam iuri~dictionis~~, com o fito de

evitar graves e incontáveis inconvenientes provenientes do ius civile, já

inadequado aos reclamos da coletividade.

22 Eram outios meios complementares da tutela pretoriana que visavam. respectivamente: (a) repor as partes ao sfarus quo anterior. afastando os efeitos de atos ou negócios juridicos considerados vtílidos pelo ius civile; (b) autorizar a imissao na pnsse de bens de outra pessoa, sem conceder-lhe o dominio.

Os primeiros interditos emanados pelos pretores foram de natureza proibitória. 24 CUARINO, A. Nesse sentido, Storia de1 dirino romano, p. 300. 25 A respeito da natureza da ordem interdital, discute-se se administrativa ou se juridica, eis que fundada no poder de imperiam do pretor. o que nem sempre significava justiça.

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Contudo, foi a partir da introdução de um novo tipo de

procediinento - o processo formulárioz6 - que o pretor pode plenamente atender

aos anseios da sociedade - por urna ordem jurídica mais justa -, inclusive

desenvolvendo e multiplicando esses meios magis imperii quam iurisdictionis .

Por conseguinte, os pretores, invocando esse princípio inspirador do

direito e investidos da iurisdictio2' fiurisdição), deram origem ao chamado

"direito honorário"28 - que era um sistema de ações e não um sistema de direitos

- concedendo, ou não, urna actio ou uma exceptio (ação ou exceção).

Foi através dessa atuação dos pretores no processo e, repise-se,

inspirados na aequitas, que se procedeu à correção das injustiças do ius civile,

conforme se busca, no ideal ético que existe, em estado amorfo, na consciência

29 social, t! que tende a transformar-se em direito positivo .

Dentro desse quadro e com O objetivo de resolver as dificuldades na

aplicação do direito, o pretor passou a ampliar O campo de utilização da técnica

interdital, adotável nas mais diversas situações, quer se tratasse de interesse

público quer privado, sempre que fosse reclamada uma pronta intervenção

judicial, configurando-se como um procedimento mais rápido do que o comum,

26 ALVES, Jose Carlos Moreira. Op. cit.. p. 206-207. 21

28 VOLTERRA. Eduardo. Instituciones de derecho privado romano, Madrid: Editorial Civitas, 1991, p. 214-215. Assim denominado por derivar da atividade do magistrado investido de honores (cargos), cuja obra aperfeiçoou e

melhorou o direito posto, dando-lhe nova visfio. lq ALVES. J o d Carlos Moreira. Op. cit., p. 78.

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de cognição sumária, baseadò em juízo de verossimilhança e provisoriedade da

deci~ão'~.

Portanto, os interditos foram introduzidos e ampliados, com base

não apenas no poder de imperium do magistrado, mas inspirados na aequitas

romana da época clássica, com o objetivo de dirimir as dificuldades na aplicação

do direito, concedendo, rapidamente, a defesa de determinadas situações

particularmente urgentes, que não podiam sujeitar-se as delongas do

procediinento ordinário.

Desse modo, o pretor, procurando adequar o ordenamento jurídico

aos novos valores sociais da época clássica, criou um direito mais moderno e

eficiente do que o ius civile antigo que, a fim de se tomar efetivo, necessitava de

meios processuais adequados que permitissem a sua atuação.

Desta feita, foi a busca pela efetividade do processo, entendida

como o anseio em obter, mais rapidamente, a solução dos litígios em situações

que reclamavam uma pronta intervenção - ideal de justiça da sociedade romana

da época clássica - que levou a adequação do ius à aequitas3', criando e

'% ttritelu iiiitecipadu LL tutelu de urgencia que implica nlteraç8o no descnvolvimcnto procedimental I , BIONDI, Biondo. Op. cit., p. 61.

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estendendo a técnica interdita1 de antecipação da tutela, a toda e qualquer

situação que reclamasse urgência.

1.3 O Princípio Constitucional do acesso à justiça no Direito

Moderno

O direito processual, como ramo do direito público, tem muitos de

seus aspectos e institutos determinados pela Constituição Federal que o

configura, claramente, como um instrumento público de realização da justiça32.

A tutela constitucional do processo assegura, como princípios

fundamentais: por um lado o direito de acesso à justiça, e, de outro, o direito ao

devido processo legal - dueprocess of law.

O direito a efetividade do processo, também designado de direito de

acesso <i justiça, compreende o direito de provocar a atividade jurisdicional do

Estado, que deve garantir a efetiva e prática concretização da tutela pretendida,

de maneira rápida.

Albino Zavascki, com muita precisão, assim o resume:

" CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO. Op. cit., p. 80

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"O direito fundamental a efetividade do processo - que se

denomina também, genericamente, direito de acesso à justiça ou

direito à ordem juridica justa - compreende, em suma, não apenas

o direito de provocar a atuação do Estado mas, também e

principalmente, o de obter, em prazo adequado, uma decisão justa

e com potencial de atuar eJcazmente no plano dos fatosj3.

Portanto, o direito de acesso a justiça (art. S0 , XXXV, da CF), não

se refere, apenas e tão somente, ao direito de ir a juizo, mas A adequada tutela

jurisdicional, efetiva e tempestiva.

O direito à segurança jurídica, por seu turno, assegura que ninguém

será privado da liberdade ou de seus bens sem O devido processo legal, através

da cogniçâo plena, exauriente, mediante contraditório e ampla defesa, com os

meios e recursos a ela inerentes.

Ocorre que o legislador infraconstitucional, e já um pouco

tardiamente, reconheceu a importância da necessidade de um processo efetivo

para a atuaçâo das regras substanciais, que conceda as partes instrumentos

31 ZAVASCKI, Teori Albino. AntecipaçHo da tutela e colis8o de direitos fundamentais, in Ajuris, v. 22, n. 64, Madrid: Editorial Civitas, 1991, p. 399.

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hábeis para a realização de seu direito, de maneira mais célere, mas sem romper

O equilíbrio do sistema.

Sem sombra de dúvida, o fator tempo é o principal problema da

atualidade, especialmente no Brasil, o que leva, muitas vezes, a uma solução

inócua do litígio, deixando o Estado de cumprir sua missão apaziguadora,

trazendo apenas a injustiça.

Desta feita, a proibição da autotutela e a existência de um

mecanismo estatal de solução das controvérsias, leva a busca pela efetividade do

processo, notadamente, com relação ao tempo, através da introdução de

mecanismos adequados a atender a realidade jurídico-material.

Bedaque, muito bem coloca essa situação, afirmando que

ordenamento que não assegura a atuação das regras que

estabelece mediante sistema eficaz de tutela, destinado a garantir o

interesse de quem se encontra em situação de vantagem e não

obteve o reconhecimento voluntário de seu direito subjetivo, não

pode ser considerado jurídico3'.

34 BEDAQUE, Jose Robeno dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada: Tutelas sumarias e de urgência, Sâo Paulo: Malheiros Editores Ltda., 1998, p. 13.

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Foram essas preocupações que levaram o legislador ordinário a

inserir na ordem jurídica processual - artigo 273 do CPC - a técnica

generalizada da antecipação da tutela, mediante cognição sumária, dentro do

procediinento ordinário, após um prévio juízo de valor dos dois citados

interesses fundamentais em conflito: o direito à efetividade do processo e h

segurança jurídica, optando em "sacrz~car" O segundo, nas hipóteses de fundado

receio de dano irreparável ou de difícil reparação, sob risco de perecimento do

próprio direito - atendendo, sem duvida, a um ideal de justiça que prevalece

hoje na nossa sociedade -, proporcionando a antecipação provisória pelo

autor35.

portanto, o legislador, buscando concretizar e harmonizar esses

direitos fundamentais da ordem constitucional e refletindo a preocupação do

Estado em tentar solucionar os conflitos de interesses pelos meios mais

civilizados possíveis, substituindo a força pela justiça, estendeu ao processo de

conhecimento a possibilidade de utilização da técnica da tutela antecipada, já

aplicada em certos casos específicos, como nos juízos possessórios, nos

alimentos provisionais e mesmo em sede de Mandado de

35 ZAVASCKI, Teori Albino. Op. cit., p. 31. 36 Nesse sentido, examine-se o capitulo 2, sobre A tutela antecipada no direito brasileiro.

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Essa harmonização, segundo ~ a v a s c k i ~ ~ não se realiza eliminando

os direitos colidentes, mas, sim, através da outorga de medidas de caráter

provisório, que sejam aptas a superar as situações de risco de perecimento de

qualquer um desses direitos, em alguns casos de maneira especifica e, em

outros, de maneira genérica, como o fez O legislador nos artigos 798 e 273 do

CPC, possibilitando ao juiz, em situações de conflito entre efetividade e

segurança, conceder a cautela ou a antecipação da própria tutela pretendida,

dando-lhes condição de convivência simultânea.

A busca pela efetividade, que é um dos escopos do processo, faz

com que o legislador, algumas vezes, seja transigente com relação a outros

processos, mas sempre tendo como objetivo a persecução de uma ordem jurídica

justa, criando, para tal, novos instrumentos e técnicas processuais, como a

38 antecipação da tutela, aproximando cada vez mais o processo ao direito .

Desta feita, o sistema processual brasileiro finalmente afastou-se da

idéia da sua completa autonomia - apegado às amarras do procedimentalismo,

situação que O levava a submeter todas as situações às mesmas regras -,

dotando-se de técnicas diferenciadas que viessem a atender a necessidade de

31 ZAVASCKI, Teori Albino. Op. cit., p. 64 e ss. 38 BEDAQUE, Jose Roberto dos Santos. Direito e processo - onde o autor discorre a respeito da aproximaçtío entre direito material e processo.

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urgência em algumas situações, outrora inaplicáveis no âmbito do procedimento

comum de conhe~imento~~.

Nesse sentido, Marinoni afirma que,

se o processo é um instrumento ético, que não pode impor um dano

à parte que tem razão, benejkiando a parte que não a tem, é

inevitável que ele seja dotado de um mecanismo de antecipação da

tutela, que nada mais é do que uma técnica que permite a

distribuição racional do tempo40.

Continua, ainda, aduzindo que, mesmo aqueles que apontam os

riscos desse tipo de tutela, devem observar que

o risco é algo absolutamente inerente à necessidade de distribuição

do tempo processual e de construção de um processo mais justo e

isonômico4'.

Nunca é demais citar a célebre frase de chiovenda4*:

39 DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo, p. 270 e ss.; MOREIRA, José Carlos Barbosa. Efetividade do processo e técnica processual, Revista de Processo, v. 20, n. 77. 40 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela antecipatória, julgamento antecipado e execuçâo imediata da sentença, 3' ed. rev. e atual., S5o Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, p. 21. " Idem. p. 21-22. 42 CHI0VE:NDA. Dall azione nascente da1 contrato preliminare, no 3, p. 110, in Istituzioni di dinno processuale civile, v. 1 .

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de que o processo precisa ser apto a dar a quem tem um direito, na

medida do que for praticamente possível, tudo aquilo a que tem

direito e precisamente aquilo a que tem direito.

Assim assevera Ovidio Baptista, dispondo que:

"A maior novidade cientzjica, no campo do processo civil, passou a

ser, justamente, a busca de formas especiais de tutela jurisdicional

indicadas pelos processualistas, como espécies de "tutela

diferenciada", que outra coisa não é senão a redescoberta tardia

de que a todo o direito corresponde, ou deve corresponder, uma

ação (adequada) que efetivamente o "assegure", proclamando-se,

mais uma vez, a função eminentemente "instrumental" do

43 processo .

A busca de formas especiais, diz respeito as modalidades de ações

específicas que podem ser propostas, para que se alcance um resultado prático e

eficaz daquilo que está sendo pretendido no judiciário.

43 SILVA, Ovidio Araújo Baptista da. Curso de processo civil, v. 1 -Processo de conhecimento - 4kd., rev. e atual., São Paulo: R.T., v. 1, 1998, p. 116.

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Observa, a respeito, Thereza Alvim que:

Em face da moderna interpretação desse art. 75, do Código Civil,

combinado com o art. 5; inciso XKW da Constituição Federal,

pode-se a$rmar que o processo, como instrumento, deve oferecer o

caminho que assegure à parte individual ou coletiva, solução, o

mais possível aproximada, se não igual àquela que obteria, não

tivesse havido transgressão da norma legal. Essa tutela, em sendo o

processo efetivo, deve ser oferecida em breve espaço de tempo,

respeitando-se, porém, o princ@io do.~ontraditório~~.

Nesse tocante, cabe salientar que a técnica da antecipação da tutela,

introduzida pelo legislador no bojo do procedimento ordinário, não implica em

ofensa ELO princípio do contraditório, posto que a referida decisão, por fundar-se

na cognição sumária do magistrado, não é definitiva, garantindo-se ao réu ampla

defesa, com todos os meios a ela inerentes, mas em momento processual

posterior45, mantendo-se, repise-se, o equilíbrio do sistema.

O que levou o legislador à generalização da "tutela interditar'

foram os anseios de "Justiça" da sociedade moderna, adaptando-se, então, o

44 ALVIM, Thereza. A tutela específica do an. 461, do Código de Processo Civil, in Revista de Processo n. 80, p. 104. 45 Nesse sentido ver cap. 2, item 2.2.

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processo, para se alcançar uma rápida prestação jurisdicional, afastando-se o

dano decorrente do tempo da sua duração e garantindo-se a efetividade da ordem

jurídica.

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2. A TUTELA ANTECIPADA

Considerando que o Estado, ao proibir a "justiça de mão própria", tomou

para si o dever de prestar aos cidadãos uma tutela tempestiva, adequada e

efetiva, torna-se necessário que, em determinados conflitos de interesses, sejam

construidos e oferecidos instrumentos que atendam as peculiaridades das

diferentes situações de direito substancial.

Desde a invenção da máquina a vapor, o ser humano tem buscado

tecnologias que permitam o maior rendimento com o menor gasto de energia

possível, em todas as áreas da vida social, inclusive quanto a tutela dos direitos.

Daí a importância do desenvolvimento de procedimentos especiais para a

tutela real das v81.ias situações e da própria realização do direito do acesso à

justiça.

2.1 Conceito e Natureza Jurídica

Gramaticalmente, o vocábulo antecipar significa, em termos gerais,

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..,fazer ocorrer antes do tempo marcado, previsto ou oportuno:

46 precipitar .

Assim, a tutela antecipada tem por objeto, como depreende-se do

próprio significado da palavra, adiantar os efeitos da tutela que será concedida,

ao final, satisfazendo a própria pretensão do autor, ainda que provisoriamente,

com o escopo de combater os malefícios do tempo, protegendo o próprio direito

da parte.

No entanto, não é apenas uma alteração no iter procedimental, no

sentido de mera anterioridade cronológica, adiantando atos, como, por exemplo,

uma intimação realizada fora da ordem procedimental.

É uma técnica legislativa, utilizada com o objetivo delimitado na

norma, de antecipação de efeitos, ou seja, é necessário que o ato antecipatório se

identifique, pelo menos parcialmente, com aquele antecipado47.

46 FERREIRA, AurBlio Buarque de Holanda. MBdio dicionário AurBlio, p. 128. 41 TOMMASEO, Ferrucio. I provvedimenti d'urgenza, p. 13. Cabe destacar a distinçao entre liminar e antecipação de tutela, prevista no an. 273 do CPC, a saber: (a) liminar 6 provimento emitido no inicio do processo, ate mesmo inaudita altera pars, podendo ser de qualquer conteúdo; (b) antecipaçao de iuiela 6 uma alteração no iter procedimental, que pode ser feita sob a forma de liminar - ou n8o - e ainda, pode ser de natureza cautelar ou satisfativa, adiantando os efeitos finais da sentença, como B o caso da "tutela antecipada" prevista no an. 273 do CPC. Ver também FABR~CIO, Adroaldo Furtado. Breves notas sobre provimentos antecipatórios, cautelares e liminares, in AJURIS, p. 13.

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Por conseguinte, o fenômeno da antecipação - como técnica para

alcançar a efetividade do processo - não pode ser considerado como uma mera

antecipação de atos processuais, mas sim como a concessão de um provimento,

antecipando efeitos de outro provimento, que será dado em momento posterior,

ao fina^''^.

Em verdade, é um meio de resolver a lide, mediante cognição

sumaria, atribuindo, ou negando, o bem da vida ao autor, antecipando não

apenas os efeitos, mas o próprio conteúdo do juizo de mérito49.

Sob esse aspecto, podemos afirmar que existe uma correlação

direta entre antecipação e juízo de mérito, ou seja, entre tutela antecipada e

tutela dejnitiva, sendo a primeira uma verdadeira antecipação satisfativa do

objeto litigioso50, Com O objetivo de minimizar os prejuízos decorrentes da

demora na pronunciação da segunda, concedendo ao requerente a mesma

eficácia prática que teria, se o provimento definitivo fosse concedido com

presteza.

48 TOMMASEO, Ferrucio. Op. cit., p. 21-23. Tambem no direito romano a tutela antecipada se identificava com o eventual ato antecipado (eventual porque o julzo sucessivo era eventual, ou seja, só existia na hipótese de desobeditncia ou nKo acatamento do provimento emanado pelo pretor). 49 ARIETA, Giovanni. I provvedimenti d'urgenza, p. 66. 50 Idem. Arieta afirma que essa atuaç8o imediata do direito do recorrente, concedida mediante cogniç8o sumAria, fundada na verossimilhança das alegações trazidas em julzo, em verdade pode ser considerada como presumivel vitória (p. 65). Em razâo da previa valoraçào das provas aduzidas em juizo, fundada na probabilidade das alegações da parte, realmente a concesstío antecipada da tutela deixa entrever a grande possibilidade do requerente ser declarado vencedor na sentença definitiva.

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Difere, portanto; da tutela cautelar, que tem por fim garantir a

sobrevivência do objeto litigioso do processo, até final decisão, assegurando a

utilidade do processo principal51.

Apesar de arnbas terem, em comum, o escopo de assegurar a

eficácia da prestação jurisdicional - como espécie do gênero "'tutela de

52 urgência" - cada uma tem seu campo de atuação próprio e distinto .

Marinonis3 destaca essa diferença, não obstante ambas tenham de

ordinário o pressuposto do periculum in moraj4 aduzindo que a tutela

antecipada '..

tem por fim realizar antecipadamente a pretensão, não se

destinando, como a tutela cautelar, a assegurar uma pretensão e,

pois, a servir a um >recesso principal "55.

SI ASSIS, Araken de. Antecipação da tutela, in Revista da Esmape, v. 2. n. 4, p. 32-33, No mesmo sentido, SILVA, Ovidio Araújo Baptista da. Curso de processo civil, v. 3, P. 29-30. Ressalta que a tutela cautelar exerce a função de instrumento que assegura a realizaçõo dos direitos subjetivos. Assegura: porem na0 satisfi o direito asst.gurado. 52 O direito comparado, notadamente o direito italiano, reúne a tutela cautelar e a tutela antecipatbria como espécies do mesmo genero de tutela jurisdicional, ou seja, como cautelares, distinguindo-as em duas categorias - provimentos cautelares conservativos e antecipat6rios. Para a doutrina italiana a tutela cautelar pode servir tanto para assegurar o provimento final, como o pr6prio direito subjetivo do autor. Ver, por todos, TOMMASEO, Ferrucio e 4RIETA. Giovanni , Op. cit.. No direito brasileiro, THEODORO JUNIOR, Humbeno, adota a mesma osição, in O processo civil brasileiro no limiar do novo s6cul0, p. 91-95. P, MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela cautelar e tutela antecipatória, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1992, ri 58. CALAMANDREI, Piero. Introduzione allo studio sistematico dei provvedimenti cautelari, p. 18. Afirma que

o periculurn in mora não 6 o mesmo que justifica a tutela preventiva. Na tutela cautelar é o perigo de dano, em razão da demora, do provimento definitivo. ss PISANI, Andrea Proto. Lezioni di driritto processuaie civile, p. 658-659, onde discorre a respeito da instrumentalidade do procedimento cautelar.

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A tutela cautelar é, assim, concedida dentro de um processo

autônomo, cuja eficácia depende da propositura de ação ordinária, tida como

principal, proferida com base não apenas no periculum in mora, mas, também,

no fumus boni iuris - na aparência do direito. Com relação a sua eficácia, é

medida temporária, perdurando até o desaparecimento da situação perigosa56.

A tutela antecipatória, por sua vez, é medida provisória, visto que

seu provimento aspira tomar-se definitivo, OU seja, tem sua duração determinada

pela emanação de uma providência definitiva que a substitua; a tutela cautelar,

como dito acima, é essencialmente temporária, perdurando apenas enquanto

existir o risco de dano e tendo como termo final a decisão de mérito na ação

ordinária5'.

Quanto ao procedimento, a tutela antecipada não 6 concedida em

processo autonomo: é uma técnica processual, introduzida entre os poderes

gerais do juiz, concedida no bojo do processo principal, adequada à realidade de

direito material, também proferida em situações de emergência, não com fulcro

na mera "aparência do direito", mas, sim, baseada em juizo de verossimilhança

56 SILVA, Ovidio Araajo Baptista da. Op. cit.(v.3), p. 55-58. 57 ZAVASCKI, Teori Albino, dispõe que a tutela cautela dura apenas enquanto durar o estado de perigo, n8o sendo sucedido, nem substituido por nenhum outro, ao contrário da tutela antecipada que, tendo o mesmo conteúdo da tutela definitiva, a sentenqa, se procedente, vir8 substitul-Ia, transformando em definitivo o que até entao era provisório. (Medidas cautelares e medidas antecipatbrias: tbcnicas diferentes, funçEo constitucional semelhante, h Revista de Processo, v. 21, n. 82, p. 66).

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e probabilidade das alegações do autor, verificada mediante cognição sumária -

podendo, assim, ser considerada como uma tutela diferenciadas8.

Tutela diferen~iada~~, porque não é um tipo novo de procedimento

- a par do procedimento de conhecimento, execução e cautelar -, mas uma

tutela que se utiliza de técnica diferente das tradicionalmente adotadas, seja no

seu iter processual e finalidade, adequada a situação de direito material

envolvida - situação emergencial - seja também na sua forma e efeitos:

cognição sumária, provisoriedade e executoriedade6'.

Finalmente, a tutela antecipada tem nítida natureza interdital, ou

seja, são decisões de carater mandamental e executivas (lato sensu), posto que

não se limitam a uma mera condenação - contêm uma ordem do juiz, que deve

ser prontamente obedecida, e são executáveis no próprio processo em que foram

proferidas - independentemente da propositura de nova ação (exe~utória)~'.

É inquestionável que a não aplicação dessa dicotomia entre ação de

conhecimento e ação de execução, na concessão da tutela antecipada,

possibilitando a sua satisfação no mesmo processo em que se deu a cognição, é

18 ASSIS, Araken de. Op. cit., p. 34. BEDAQUE, Jod Robeno dos Santos. Op. cit., p. 112. 19 ARMELIN, Donaldo. Tutela jurisdicional diferenciada, in Revista de Processo, n. 65. 60 A respeifo das características gerais da tutela antecipada, ver capítulo 2, item 2.2. 61 WATANABE, Kazuo. Tutela antecipatória e tutela especifica das obrigações de fazer e nâo fazer, in AJURIS, v.23, n. 66. p. 160-169.

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de relevante importância para dirimir os malefícios do tempo, face a excessiva

duração do processo, adequando-o a realidade.

Em resumo, a tutela antecipada não é uma forma de processo

sumário: é uma tutela diferenciada, introduzida no bojo da ação de

conhecimento, de cognição sumária, provisória, executável nos moldes acima

expostos, dependendo do provimento postulado e concedido pelo magistrado.

Ovídio ~ a ~ t i s t a ~ ~ sintetiza, em breves palavras, o conceito e

características desse '~enômenoprocessuar':

decisões provisórias sobre a lide, tomadas com base num juko de

verossimilhança sobre a existência do direito, as quais, sendo

provisórias, não vinculam o juiz da sentença final, podendo ser por

este revogadas livremente.

2.2 Características e Requisitos

A tutela antecipada implica em uma alteração no caminho

procediinental, passando para um momento posterior o contraditório e a ampla

62 SILVA, Ovidio Araújo Baptista da. Op. cit., v. 3, p. 33.

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defesa, razão pela qual tem a sua aplicação em situações extremas, onde a

demora na prestação jurisdicional pode levar a uma solução iníqua.

Desta feita, por implicar em uma restrição, ainda que temporária,

ao direito a segurança jurídica, a antecipação provisória do bem da vida deve

somente ser concedida em situações de necessidade, para garantir a efetividade

do processo, conciliando, assim, esses dois princípios fundamentais.

É, portanto, uma tutela de urgência, a ser concedida na hipótese de

pericultlm in mora - fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação

- na prestação jurisdicional, em razão dos malefícios do tempo, adiantando os

efeitos práticos da decisão definitiva, desde que evidente o risco de frustração

final.

Ademais, como se pode constatar no item 2.1 retro, a tutela

antecipada tem caráter satisfativo - e não asseguratório, como ocorre na tutela

cautelar -, incidindo sobre o próprio direito discutido, atribuindo-o, total ou

parcialmente, ao autor.

Assim, o juiz se adianta, concedendo 2i parte provimento - antes de

completar a instrução e debate da causa - que seria dado somente a final, no

momento do julgamento de mérito, entrando no plano da atividade executiva,

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isto é, concedendo, em caráter liminar, a execução de alguma prestação que

haveria, normalmente, de ser realizada depois da sentença de mérito e já no

campo ria execução forçada63.

Saliente-se que essa antecipação do direito subjetivo do autor pode

se dar tanto em caráter positivo, permitindo ao autor verdadeira execução

provisória de seu direito, contra o réu e, também, em caráter negativo,

64 sujeitando este a vedações e proibições .

Como é peculiar as situações de urgência, a cognição adotada é a

sumária, ou seja, plena quanto a sua extensão e sumária quanto a

profundidade6', a salvaguarda da presteza necessária a garantir a

efetividtzde da tutela66, não se coadunando com a utilização de outra forma de

cognição, sob pena de se chegar ao mesmo resultado que se obteria com a tutela

definitiva, de cognição exaurível, apropriada à busca da segurança jurídica.

63 THEODORO JUNIOQ Humberto. Op. cit., p. 80-81. M Idem. p. 81-82,

WATANABE, K~ZUO. Op. cit., p. 83 e SS. A respeito das formas de cogniçgo o autor as coloca em dois planos distintos: horizontal, que se refere à extensa0 do conhecimento do juiz (que pode ser pleno ou parcial) e vertif, que se refere à profundidade (podendo ser exauriente ou sumiiria). 66 ZAVASCKI, Teori Albino. Op. cit., p. 32.

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A cognição é dita sumária, porque superficial6', ou seja, funda-se

em juízo de probabilidade e verossimilhança das alegaçaes da parte, suficiente

para demonstrar a plausibilidade do direito afirmado em juízo.

A verossimilhança deve se fundar no juízo de convencimento em

torno de todo o quadro fático invocado pela parte que pretende a

antecipação68, principalmente com relação ao risco de dano e sua

irreparabilidade.

Apoia-se, então, em um juízo de probabilidade, analisando os

motivos favoráveis e os desfavoráveis: se os primeiros forem superiores aos

segundos, a probabilidade aumenta, podendo resultar no convencimento do

69 juízo para a concessão do provimento antecipado .

Em síntese, a ~robabilidade é aquela situação onde as afirmativas

preponderam sobre as negativas, sendo menos que a certeza, porém, mais do

que a vero~s imi lhan~a~~.

61 MARINONI, Luiz Guilherme. Consideraçaes acerca da tutela de cogniçilo sumhria, in Revista dos Tribunais, v. 81, p. 288-295. Em sentido contrhrio, o autor afirma ser a cogniç&o sumária fundada no juizo de probabilidade e a cogniç80 superticial fundada no juizo de verossimilhança, não as utilizando, como a maioria da doutrina, como expressòes sinônimas. 68

69 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Op. cit., p. 15. ALVIM, José Eduardo Carreira. A antecipaçilo da tutela na refonna processual, in RTJE, v. 19, n. 135, p. 18-

19 ... 10 DINAMARCO, Cândido Range]. A reforma do c6digo de processo civil, p. 145. Op. cit., p. 236-243.

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Exige-se, desta' feita, prova robusta que aproxime o juizo de

probabilidade do juízo de verdade7'. Assim, a tutela antecipada deve se apoiar

em prova preexistente (..) clara, evidente, portadora de grau de convencimento

tal que a seu respeito não se possa levantar dúvida razoável72.

Portanto, nesse tipo de cognição, o juiz deve exercer a sua

convicção de acordo com a natureza do caso concreto, levando-se em conta que

é instrumento para a realização de um direito e não para uma "declaração de

certeza "73.

Assim, procura-se alcançar a efetividade do processo, adequando a

tutela ai~tecipada às demais garantias processuais constitucionais, assegurando-

se paridade de armas entre as partes litigantes, que terão oportunidade de

realizar todas as provas que reputarem necessárias para provar os fatos alegados

em juízo, mas em momento posterior Aquele do procedimento ordinário, sem

gravaine ao direito subjetivo do autor, ameaçado de dano, compondo, assim, a

paz jurídica, ainda que provisoriamente.

Desta forma - sob pena de ferir-se a garantia constitucional do

devido processo legal, que também garante a ampla defesa e o contraditório - a

71 ZAVASCKI, Teon Albino. Op. cit., p. 76. 72 THEODORO JUNIOR, Humberto. Tutela antecipada, in Revista Jurídica, v. 45, n. 232, p. 14-15. " TOMMASEO. Ferruccio. Appunti di diria0 processuale civiie. p. 24-26; ALVIM, Josd Eduardo Carreira. Op. cit., p. 19-20.

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tutela antecipada não é definitiva, é provisória, perdurando até que lhe

sobreponha uma decisão definitiva, de cognição plena, que a confirme ou não74.

Em decorrência do seu caráter provisório, é, ainda, revogável, a

qualquer tempo, como ocorre com todas as liminares.

2.2.1 Medidas antecipatórias antes da Reforma Processual

Apesar de o sistema processual brasileiro ser de inspiração

romano-canônica, arraigado à separação entre a ação de cognição e a de

execução da sentença, a exigência da sociedade moderna sempre fez com que o

legislador, em alguns procedimentos, quebrasse esse padrão ordinário,

instituindo, com o fito de prestar efetividade ao processo, medidas liminares, de

caráter satisfativo, reunindo, em uma única fase, conhecimento e execução7'.

A técnica da tutela antecipada, herdada dos interditos

romanos, há muito vem sendo utilizada nas ações possessórias - dotadas de

medidas liminares de caráter satisfativo -, paulatinamente estendidas a algumas

l4 LARA, Betina Rizzato. Liminares no processo civil, p. 29-30. Na mesma linha, PISANI, Andrea Proto. Op. cit., p. 657-658, observando, porem, que, com relaç8o aos seus efeitos, nem sempre s80 provisórios; nâo os sendo, quando a sentença proferida, após cogniçâo plena, a confirma. 75 THEODORO JÚNIOR, Humberio. Op. cit., p. 36-37.

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agões especiais: mandado de segurança, mandado de injunção, habeas corpus,

habeas data, ação popular, ação civil pública, ações de depósito, ações

locatícias, ação de alimentos, etc..

Pode ainda ser encontrada a adoção da técnica da tutela

antecipatoria, em algumas medidas provisionais do art. 888 do CPC, tais como

nos alimentos provisionais, na entrega de bem pessoal do cônjuge, na interdição

ou demolição de prédio etc., não obstante estarem inseridas no capitulo

destinado ao "Procedimento Cautelar" e dele se servindo.

E, finalmente, vislumbra-se a sua aplicação nas medidas

cautelares inominadas, concedidas com base no poder geral de cautela do juiz

(art. 798) - instituído pelo legislador na reforma processual de 1.973, já com o

escopo de evitar a ineficácia da prestação jurisdicional, face o risco da demora-,

a que a doutrina denomina de "medidas cautelares satisfativas".

Sem dúvida que a utilização dessas "medidas cautelares", de

cunho satisfativo, sempre resultou em controvérsia, até porque o ordenamento

jurídico pátrio não previa um procedimento especifico a ser adotado nessas

situações, o que levou à aplicação errônea do procedimento previsto para as

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ca~telares'~. Desta feita, uma parte da doutrina aceitava a possibilidade da sua

utilizaçiio para antecipação provisória do bem da vida, como única forma de se

evitar um dano para a parte requerente.

Em sentido oposto, no entanto, alguns doutrinadores

defendiam a posição de que, na tutela cautelar, não existe o caráter de

antecipação, mesmo que provisória, tendo apenas como escopo, como se viu

acima, garantir a utilidade e eficácia do provimento final, a ser emitido no

processo principal, não aceitando a "desvirtuação" da sua natureza, de

preventiva para satisfativa.

Acompanhando essa divergência doutrinária, também a

jurisprudência oscilava a respeito, ora admitindo cautelares satisfativas, ora

rejeitando-as, mas, pouco a pouco, acompanhando a evolução natural, passou a

admiti-ias até mesmo em situações irreversíveis.

Diante desse quadro, antes da reforma da lei processual,

apesar de já existirem alguns procedimentos especiais onde, era utilizada a

técnica da tutela antecipada, estes eram a exceção dentro do ordenamento

jurídico brasileiro.

76 ZAVASCKI, Teori Albino. Op. cit., p. 54-55.

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A proliferação de ações especiais, com possibilidade de

concessão de liminares antecipatórias, bem como a utilização indiscriminada da

tutela cautelar fora do seu escopo preventivo, cada vez mais deixava i mostra a

necessidade premente de recuperar-se a funcionalidade do processo ordinhio,

de modo a assegurar a efetividade da prestação jurisdicional, munindo-o de

instrumentos aptos as diversas situações, sem a necessidade (como até então

vinha ocorrendo) das partes e do juiz, improvisarem soluções7'.

As ações cautelares e a tutela concedida de maneira

improvisada, acabaram por exigir a positivação do instituto da antecipação de

tutela adequado às reais necessidades.

2.2.2 A Tutela antecipada depois da Reforma Processual de

Acompanhando, assim, os anseios sociais pela efetividade do

processo e diante dos problemas ate então existentes pela degeneração da tutela

cautelar7', a partir da reforma processual, publicada em 13 de dezembro de

1.994 - Lei no 8.952 - foi introduzida, de forma genérica, a técnica da

antecipação da tutela, em qualquer ação de conhecimento, podendo ser

77 BEDAQUE, Josd Robeno dos Santos. Direito e processo. 2' ed., S5o Paulo: Malheiros, 1977, p. 117. 18 A generalizaçso da tutela antecipatória pbs um fim na discussâo a respeito da possibilidade, ou nâo, da utilizaç2io das cautelares na funç8o satisfativa; mas, como muito bem colocado por ZAVASCKI, Teori Albino, mudou o enfoque doutrinário para a preocupaçâo em distingui-las, uma vez que sujeitas a regimes diferentes. Revista de Processo. p. 56.

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concedida em toda e qualquer situação que reclame urgência, nos moldes

explicitados nos artigos 273 e 461, parágrafo terceiro, ambos do CPC, in verbis:

Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar,

total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no

pedido inicial, desde que, existindo prova inequivoca, se

convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparavel ou de difícil

reparação; ou

I1 -fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o

manifesto propósito protelatório do réu.

............................

Art. 461 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento de

obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a íutela

espec$ca da obrigação ou, se procedente o pedido,

determinará providências que assegurem o resultado prático

equivalente ao do adimplemento.

............................

,f 3" - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo

justijcado receio de ineficácia do provimento final, é licito

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ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante

justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá

ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão

fundamentada.

Finalmente, então, o legislador generalizou a técnica da

tutela antecipada, retomando ao sistema interdita1 romano da época clássica, no

qual o inagistrado não apenas declara O direito, mas, acima de tudo, toma as

medidas necessárias para a sua execução forçada, satisfazendo a pretensão do

autor, sem a necessidade de percorrer-se o árdup caminho do procedimento

comum ordinário e do conseqüente procedimento executivo autôn~mo'~, que

pressupõe a ação judicial.

Ovidio Baptista afirma que se trata,

ao lado da ação processual una e abstrata - de ações

especiais que longe de significarem desvios do padrão ritual

ordinário, equivalem a formas muito especiais de tutela

80 processual sumária .

79 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Op. cit., p. 37-38. 80 SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Op. cit. (v.[), p. 116,

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Inovou-se' não apenas com a "desordinari.zação'"'' do

processo, alterando-se o seu procedimento para agiliza-10, mas, acima de tudo,

eliminou-se, ressalte-se mais uma vez, a separação expressa entre ação de

conhecimento e actio iudicati, concedendo ao juiz poderes para utilizar de

expedientes executivos, de variado teor antes mesmo de encerrar o processo82,

numa única relação jurídica processual, assim como faziam os romanos no

procedimento interdital.

Assim é que, mais do que uma antecipação provisória dos

efeitos da tutela pretendida, encontramos a autorização de que, antes da

sentença de mérito, o juiz entre, desde logo, no campo da execução forçada,

impondo ao réu alguma proibição, ou permitindo ao autor executar,

83 provisoriamente, seu direito .

Em linhas gerais, pode-se concluir então, que a medida

urgente de antecipação da tutela, através da concessão de "liminares"

satisfativas, não é novidade no ordenamento processual: o que se fez foi

estendê-Ia a toda e qualquer situação que reclamasse urgência, deixando de ser

um privilégio processual, em razão da consciência da sociedade moderna de que

a justiça tardia não é justiça.

81 Expressão utilizada por SILVA, Ovidio A. Baptista; idem p. 92. Humberto Theodoro Júnior. Op. cit., p. 80.

83 Idem, p. 81-82.

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2.2.3 Requisitos para concessão

A antecipação da tutela, por ser uma inversão na trajetória

normal do procedimento ordinário, sacrificando-se o contraditório e a ampla

defesa, que serão realizados a posteriori, só é permitida pelo legislador em

situações excepcionais, para evitar a entrega de uma prestação jurisdicional

inócua.

Desta feita, ao contrário da tutela cautelar, onde bastam o

periculnm in mora e o fumus boni iuris para a sua concessão, na tutela

antecipada é necessário muito mais do que isso, não bastando a "mera

aparência do direito ", e sim: (a) requerimento da parte (art. 273, caput); (h) a

prova inequívoca do direito da parte e a verossimilhança de suas alegações (art.

273, caput); ( c ) O fundado receio de dano irreparavel ou de dificil reparação,

e/ou, na ocorrência de abuso de direito de defesa ou manifesto propósito

p r~ te l~ tór io do réu (art. 273, I e I1 do CPC); d) reversibilidade do provimento

antecipado (art. 273, 5 2" ).

Assim, em razão do fato de que na tutela antecipada há a

satisfação, total ou parcial, do pedido do autorg4, o juiz, para a sua concessão,

"4 1'HEODORO JUNIOR, Humberto. Op. cit., p. 85. Explica que os limites da tutela antecipada esmo vinculados diretamente ao principio da necessidade (ou seja, ser6 feita a inversão da ordem procedimental), caso seja preciso para a efetividade da tutela juridica naquelas situações e somente com refertncia hquele pedido que se encontrar sob o risco de dano.

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tem o campo de atuação mais limitado, concedendo-a somente a pedido da parte

interessada e se configurados os pressupostos constantes do artigo 273 do CPC.

Assim é que - como visto anteriormente, no capítulo 2, item

2.2 - nos procedimentos de cognição sumária, a tutela é concedida pelo juiz

com base no juízo de probabilidade e verossimilhança, deixando-se a

"indagação a fundo da verdade" para ser feita a posteriori, antes de se chegar a

providência definitiva. Nesses casos, atenua-se o rigor da regra de que a parte

deve provar em juízo os fatos alegados, dando-se uma provisória relevância

85 probatória inclusive & simples alegação da parte .

A prova inequívoca, exigida pelo legislador, equivale ao

juízo de probabilidade, que, conjugado com O requisito da verossimilhançaa6,

deve conferir aparência de verdade sobre O fato afirmado em juízo, cuja

valoração será feita pelo legislador, fundada nas máximas de experiênciaa7.

Esse é, também, o magistério de Carreira Alvim, que conclui

que a

85 CALAMANDREI, Piero. Direito processual civil, v.3, p. 292-299, observa que, n8o obstante a natureza humana não ser capaz de conseguir verdades absolutas, O julgador deverá realizar a mais profunda e controlada investigação possivel, para reduzir ao maximo a distância entre a verossimilhança e a verdade.

ver capitulo 2, acerca da exigência dos requisitos da probabilidade e verossimilhança das alegações do autor. 87 CALAMANDREI, Piero. Op. cit., p. 277 e ss.

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prova inequívoca deve ser considerada aquela que apresenta

um grau e convencimento tal, que, a seu respeito, não possa

ser levantada qualquer dúvida, ou, em outros termos, cuja

autenticidade ou veracidade seja prováve188.

É necessário, então, que os fatos oferecidos pelo autor sejam

corroborados pelos elementos de prova existentes nos autos, de modo que se

afigure não certo, mas altamente provável89.

Veja-se que, para a concessão da tutela antecipada do artigo

273 do CPC, 6 necesshrio muito mais do que a mera aparência do direito,

seguindo procedimento diverso daquele previsto para a concessão das medidas

cautelares: exige-se a verossimilhança das alegaçaes, ditada pela prova

inequívoca, a ser apurada mediante cognição sumária.

Observados os requisitos com relação a prova do fato

alegado "a tutela somente poderá ser concedida se existente o periculum in

mora" ou seja, na hipótese de ocorrência de dano iminente - ou que esteja se

'"LVIM. Jose E. Carreirn. Op. cit.. p. 24. v, MOREIICA, Jose Carlos Barbosa. A antecipaçfio da tutela jurisdicional na reforma do código de processo civil, in Revista de Processo, v. 21, n. 81, p. 204.

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produzindo ou até mesmo já ocorrido - desde que irreparável ou de difícil

reparação, que possa colocar em risco a efetividade da tutela jurisdicionalgO.

Esse primeiro requisito não é novidade no ordenamento

jurídico pátrio, traduzindo situação semelhante àquela prevista no artigo 798, do

mesmo diploma, aplicável as medidas cautelares.

Desta feita, o receio de dano, para ensejar a adoção de uma

medida de carater excepcional, deve ser fundado e irreparável, objetivamente

demonstrado mediante fatos e circunstâncias, e não apenas um mero temor

subjetivo da parte, ou seja: deve ser mais do que uma simples aparência - fumus

boni iuris -, deve ser verossimil.

Faculta-se, no entanto, a concessão da tutela antecipatória

fora dessa situação de urgência, fundada apenas no "abuso de direito de

defesa", o que denota a preocupação pulsante, com o fator tempo, cujas

resistências -injustificadas do réu - somente agravam a longa espera do autor

pela finalização do processo, muitas vezes, acentuando a desigualdade

econômica das partes litigantes.

MARINONI. L,uiz Guilherme. Op. cit., p. 110 e segs. O autor expõe o entendimento da doutrine acerca do dano de diflcil reparacão. qiiando (a) n8o pode ser individualizado ou quantificado: (b) se as condiqões ecoiibmicas do réu ntio pressupdem que ir& suportar o 6nus de um prejuízo eventualmente causado. A irreparabilidade, portanto. pode referir-se a um direito patrimonial e n&o patrimonial. A título de exemplificaç80, pode-se enquadrar a hipótese de atos suscetlveis de repetiçiio e, ainda, situwdes em que a tutela 6 concedida para evitar maiores prejulzos de um dano j8 produzido.

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Aqui, cabe novamente ressaltar que o due processo of law,

que garante as partes litigantes a ampla defesa e o contraditório, não deve servir

de meio para favorecer aquele que tiver maior resistência, notadamente

econômica, dentro do processo.

Por conseguinte, a figura do evidente abuso de direito de

defesa, como corolário para a concessão da tutela antecipada, veio para evitar

que o rku abuse desse seu direito, quando os fatos constitutivos do direito do

autor estão deixando a mostra a probabilidade de sair vitorioso,

restando, assim, injustas maiores delongas.

Pode-se, então, delinear o abuso do direito de defesa no seu

exercício, de forma leviana e maldosa, resistindo a pretensão do autor apenas

para embaraçar e procrastinar o processo, agindo de forma incoinpatível com o

princípio da probidade processual (art. 14, caput; do C P C ~ ' .

Sem dúvida, a figura do "abuso de direito de defesa" é de

dificil delimitação, devendo partir do pressuposto que a duração do processo

92 não pode prejudicar ao autor que tem razão .

9' THEODORO JUNIOR, Humberto. Op. cit., p. 59. 92 MARINONI, Luiz Guilherme. Op. cit., p. 117.

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Com relação a exigência da reparabilidade do provimento,

urge esclarecer que somente os seus efeitos 6 que podem ser irreversíveis, visto

que a decisão que antecipa os efeitos da tutela pretendida é sempre provisória93.

Portanto, é com relação as conseqüências fáticas do

provimento que o juiz deve se atentar, sob pena de, na tentativa de evitar-se um

dano irreparável ao autor, causar um dano ainda maior ao réu, notadamente nas

hipóteses em que o bem da vida seja infüngível e, portanto, a composição

pecuniária substitutiva jamais restabelecerá as partes ao status quo ante.

Para tanto, o juiz deverá verificar, comparativamente, o dano

que irá sofrer cada uma das partes litigantes com a concessão, ou não, da

medida, concedendo-a somente quando O prejuízo do autor puder ser,

qualitativa ou quantitativamente, maior do que o do réu, fazendo atuar, de forma

equilibrada, a garantia constitucional da efetividade do direito de ação e do

direito de defesa94.

Tratando-se de uma tutela urgente, fundada no princípio da

probabilidade, deve ser possível o sacr~$cio. uindu que deforma irreversivel, de

93

94 MOREIRA, Jose Carlos Barbosa. Op. cit., p. 204. PISANI, Andrea Proto. Op. cit., p. 670.

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um direito que pareça irnproiável, em beneJicio de outro quepareçaprováve195,

ponderando-se, ainda, os direitos e bens jurídicos envolvidos.

Esse é o entendimento de Ferrucio ~ o m m a s e o ~ ~ , afirmando

que a escolha do legislador foi evitar a ocorrência de um prejuízo irreparável em

um direito aparentemente provável, mesmo que a custo de causar um dano

irreversível a um direito que pareça improvável, ou seja: o direito provável

prevalece sobre o direito improváve~97.

2.3 Procedimento

Trata-se de um incidente no bojo do processo pendente, não se

formando processo algum98, podendo ser concedida a qualquer momento, desde

que preenchidos os requisitos legais.

E, assim, pleiteável através de simples petição, dentro da ação de

conhecimento, até mesmo na própria petição inicial, visto que a lei não fixou

um momento adequado para sua postulação, bastando que se afigurem os

95 MARINONI, Luiz Guilherme. Novidades sobre a tuteia antecipatbria, in Revista de Processo n. 69, p 106- 107. 96 TOMMASEO, Fenucio. Op. cit., p. 155. 97 ALVIM. Jose Eduardo Carreira. Op. cit., p. 30. Traz exemplo de situaçiío em que ocorre a irreversibilidade fhtica do provimento, mas que, sem dúvida, n8o pode justificar a denegaçgo da tutela. Tal ocorre na situaçho em $sue e necessaria autorizaqiío judicial para a ampuiaçho da perna de um paciente, para salvar-lhe a vida.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Op. cit., p. 150.

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requisitos constantes do artigo 273, da lei substantiva, para sua concessão, não

havendo que se falar, assim, em preclusão.

A lei permite a antecipação total ou parcial, isto é, pode

corresponder a toda pretensão de direito material do autor ou apenas a uma parte

- devendo sempre haver identidade entre esta e o pedido do autor, não podendo

ser deferida extra ou ultrapetita, ou seja, deve ser dada em função do conteúdo

possível da sentença de mérito -, de acordo com o princípio da ne~ess idade~~.

Portanto, a tutela antecipada tem como condição para sua

concessão, a demonstração da necessidade, ou seja, a comprovação da

existência de risco de dano ou abuso do direito de defesa, para justificar a

inversão do iter procedimental, não sendo ato discricionário do juiz.

Cabe salientar, mais uma vez, que a concessão da tutela é

condicionada ao requerimento do autor, não sendo possível a sua outorga ex

oficio (art. 273, caput).

Como toda decisão, a concessão, ou não, da tutela, deve ser

fundamentada, como preceitua o parágrafo primeiro do artigo 273 do CPC,

notadamente por tratar-se de um juízo sumário, sendo relevante que o juiz

w A respeito do princípio da necessidade, ver capitulo 2.

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aponte os elementos de convicção valorados e ponderados, para que o

provimento, de tão vital importância para a efetividade do processo, não fique a

mercê do mero arbítrio judicial.

O mesmo se aplica com relação a possibilidade de revogação ou

modificação da tutela barágrafo 4", artigo 273 do CPC) - passível de ocorrer a

qualquer tempo -, que também não pode ficar ao arbítrio do juiz, devendo ser,

da mesma forma, fundamentada.

Saliente-se, no entanto, que o ato de revogação ou modificação

depende de requerimento da parte, tal como ocorre com a sua concessão, e

desde que tenham ocorrido modificações nas circunstâncias que a

determinaram'OO.

A decisão que aprecia o pedido de tutela antecipatoria é

interlocutória, passível de impugnação por meio de recurso de agravo de

instrumento.

2.4 Efetivação

100 MOREIKA, Josb Carlos Barbosa. Op. clt., p. 210.

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Quanto a sua execução, no que couber, devem ser aplicadas as

normas referentes a execução provisória, uma vez que se trata de uma forma de

execução processual distinta, podendo ter natureza mandamental ou executiva,

cabendo ao juiz a determinação dos atos processuais necessários para o seu

cumprimento.

Nesse tocante, cabe destacar a observação de Ovídio ~ a ~ t i s t a ' " ,

quanto 6 inadequação da submissão da tutela antecipatoria ao regime das

execuções provisórias do art. 588 do CPC, ante a morosidade do processo

executivo, inaplicável para concretização de medidas de urgência concedidas no

processo de conhecimento.

Sem dúvida, a natureza interdita1 da medida em análise -

mandamental e executiva (lato sensu) -, não se coaduna com o regime das

execuções previsto no Código de Processo Civil, devendo realizar-se nos

mesmos moldes das liminares possessórias, auto-exequíveis, que se cumprem

imediatamente, através de ordem executiva emanada pelo próprio juiz que a

deferiu.

I", Sll.VA. Ovidio Araújo Baptista da. AntecipaçBo dc tutela e responsabilidade objetiva. i11 RT. v . 87. n. 748. p. 42.

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A decisão antecipatória perdura, ate final decisão, que poderá

mantê-la ou revogá-la. Sendo conferida, ou não, a tutela, o processo deve

prosseguir ate julgamento final de merito, mediante cognição plena e exaurível,

conforme preceitua o parágrafo SO, do artigo 273 do CPC, assegurando-se, desta

forma, a ampla defesa e o contraditório.

2.5 Considerações sobre os artigos 461 e 461-A do CPC

Com a reforma do Cbdigo de Processo Civil em 1994, a Lei no

8.952 trouxe nova redação ao 'caput' e acrescentou os parágrafos l0 ao S0 do

artigo 461, dispondo sobre mecanismos que assegurassem a efetividade do

cumprimento da sentença prolatada em primeiro grau. E ainda, com o advento

da Lei 10.444 de 2002, estes mecanismos foram melhor aperfeiçoados, com a

implementa~ão das astreintes, sendo alterada a redação do parágrafo 5 O e

acrescentado o parágrafo 6 O , 'in verbis ':

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da

obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela

especijica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará

providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do

adimplemento.

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$ 1. A obrigação somente se convertera em perdas e danos se o

autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção

do resultado prático correspondente.

$ 2. " A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da

multa (art. 287).

§ 3." Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo

justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz

conceder a tutela liminarmente ou mediante justijkação prévia,

citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada,

a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

$ 4." O juiz poderá, na hipbtese do paragrafo anterior ou na

sentença, impor multa diária ao réu, independentemente do pedido

do autor, se for suJiciente ou compatível com a obrigação, furando-

lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5." Para a efetivação da tutela especíJica ou a obtenção do

resultado prático equivalente, poderá o juiz, de o$cio ou a

requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a

imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,

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remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento

de atividade nociva, se necessário com requisição de força

policial.

$6." O juiz podera, de o$cio, modi$car o valor ou a periodicidade

da multa, caso verifique que se tornou insu$ciente ou excessiva.

A natureza jurídica da ação prevista no artigo 461, é condenatória

com carater inibitório, portanto, de conhecimento. Sua eficácia é executivo-

mandamental, uma vez que enseja a antecipação da tutela, isto é, autoriza a

emissão de mandado para a execução específica e provisória da tutela de mérito

ou de seus efeitos. O conteúdo anterior do artigo 461 foi transformado em

parágrafo único do artigo 460, pela mesma lei, abrindo-se uma "vaga" numérica

nos artigos do código, tendo possibilitado ao legislador a reforma do regramento

completo de um novo instituto, que é O da ação de conhecimento de execução

de obrigação de fazer ou não fazer. A execução específica da obrigação de fazer

ou não fazer, constante de sentença transitada em julgado ou de título executivo

extrajudicial, conforme o artigo 645 do CPC, deve seguir o rito estabelecido

pelos artigos 632 e seguintes, do mesmo código. O artigo 46 1 portanto, regula a

ação de conhecimento e não a de execução stricto sensu. O parágrafo 5.", que

fala na possibilidade de o juiz determinar, serve de parâmetro para a

antecipação da tutela, prevista no parágrafo 3.".

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A tutela inibitória é destinada a impedir, de forma imediata e

definitiva, a violação de um direito; a ação inibitória, positiva (obrigação de

fazer) ou negativa (obrigação de não fazer), ou, ainda, para a tutela das

obrigações de entrega de coisa, conforme o artigo 461-A, e preventiva e tem

eficácia mandamental. A sentença inibitória prescinde de posterior e sequencial

processo de execução para ser efetiva no mundo fático, pois seus efeitos são de

execução lato sensu, como diz Nelson Nery no prefácio ao livro de Spadoni,

Ação inibitória, p. 9. E forma de tutela preventiva (tutela cautelar, tutela

antecipada e tutela inibitória), mas com ela não se confunde. Seu objetivo é

"impedir, de forma direta e principal, a violação do próprio direito material da

parte. É providência judicial que veda, de forma definitiva, a prática de ato

contrário aos deveres estabelecidos pela ordem jurídica, ou ainda sua

continuação ou repetição" (Spadoni, Ação inibitória, n.1.2.3, pp. 29/30). A

inibitória tem por objetivo evitar que 0 ilícito corra, prossiga ou se repita,

segundo Marinoni na obra Tutela Inibitória, n. 3.5, p. 41.

O Código de Defesa do Consumidor, ao abordar as relações de

consumo, estabelece em seu artigo 84, que a execução da obrigação de fazer ou

não fazer, deve ser efetivada na forma específica, resolvendo em perdas e danos

se o credor assim o preferir ou, ainda, se impossível o seu cumprimento. Para as

relações de consumo, portanto, desde a entrada em vigor do CDC, em março de

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1991, o regime da execução da obrigação de fazer ou não fazer, é diferente do

que vinha previsto no Código Civil.

O adiantamento da tutela, ou a tutela específica, pode se dar por

força do parágrafo 3" do artigo 461, desde que seja relevante o fundamento da

demanda com a demonstração do fumus boni juris e haja justificado receio de

ineficácia do provimento final, caracterizando o periculum in mora. É

interessante notar que, para o adiantamento da tutela de mérito, na ação

condenatoria em obrigação de fazer ou não fazer, a lei exige menos do que para

a mesma providência na ação de conhecimento. É suficiente a mera

probabilidade, isto é, a relevância do fundamento da demanda, para a concessão

da tutela antecipatória da obrigação de fazer OU não fazer, ao passo que o artigo

273 do CpC, exige, para as demais antecipações de mérito: a) prova inequívoca;

b) O convencimento do juiz acerca da verossimilhança da alegação; c) ou o

periculum in mora (CPC 273 I ) ou O abuso do direito de defesa do réu (CPC

273 11).

A antecipação pode ser dada inaudita altera parte ou depois de

justificação prévia, caso o juiz a entenda necessária. A liminar dada sem a

ouvida da parte contrária deve ser concedida quando a citação do réu puder

tornar ineficaz a medida ou quando a urgência for de tal ordem que não pode

esperar a citação e resposta do réu. A concessão da medida sem a ouvida do réu

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não constitui ofensa, mas limitação imanente ao contraditório, que fica

postergado para momento futuro.

A imposição da multa, deverá ser determinada de oficio ou a

requerimento da parte. O valor deve ser significativamente alto, justamente

porque tem natureza inibitória. O juiz não deve ficar com receio de fixar o valor

em quantia alta, pensando no pagamento. O objetivo das astreintes não é

obrigar o réu a pagar o valor da multa, mas obrigá-lo a cumprir a obrigação na

forma específica. A multa é apenas inibitória. Deve ser alta para que o devedor

desista de seu intento de não cumprir a obrigação específica. Vale dizer, o

devedor deve sentir ser preferível cumprir a obrigação na forma específica a

pagar o alto valor da multa fixada pelo juiz.

Quanto a nova redação dada ao parágrafo 5 . O , deve-se destacar a

inclusão das expressões "a imposição de multa por tempo de atraso",

acrescentando as astreintes como medida de cumprimento da obrigação

imposta; "se necessário", estabelecendo a requisição de força policial como um

meio alternativo e não mais obrigatório, como no texto revogado, que era do

seguinte teor: "$5.' Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do

resultado prático equivalente, poderá O juiz, de ofício ou a requerimento,

determinar as medidas necessárias, tais como a busca e apreensão, remoção de

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pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além

de requisição de força policial".

Quanto a execução da medida concessiva da tutela antecipada, ou

seja execução stricto sensu da decisão antecipatória da tutela específica, esta

deve ser feita imediatamente, sem necessidade de prestação de caução. Caso

haja a eventual inversão no resultado da demanda, com o julgamento de

improcedência do pedido, os prejuízos advindos desta execução, serão

resolvidos em perdas e danos em desfavor do requerente da medida. O sentido

do vocábulo "determinar", constante do parágrafo comentado, não transforma a

ação condenatória aqui prevista em ação executiva. Trata-se de medida

destinada a conceder meios para o juiz efetivar a antecipação da tutela, prevista

no parágrafo 3'.

Na condenação em execução específica, a antecipação da tutela de

mérito se assemelha a tutela cautelar. A tutela antecipatória de mérito continua,

porém, a ser ontologicamente diferente da tutela cautelar, pois enquanto o

objetivo da tutela antecipatória é adiantar O bem da vida pretendido pelo autor

(pretensão de mérito), a finalidade precípua e primordial da medida cautelar é

assegurar o resultado útil do processo de conhecimento ou de execução. Há

coincidência apenas nos requisitos para a concessão de uma e de outra medida.

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A lei 10444 de 2002, além de aprimorar os meios de execução

contidos nas decisões das ações de obrigação, inovou, acrescentando o artigo

46 1 -A, que trata especificamente da obrigação de entrega de coisa, in verbis:

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao

conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da

obrigação.

$ 1." Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e

quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a

escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada,

no prazo fixado pelo juiz.

$ 2." Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-a em

favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse,

conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.

$ 3." Aplica-se A ação prevista neste artigo o disposto nos $9 1.' a 6." do

art. 461.

Na ação de conhecimento para entrega de coisa, a norma prevê

eficácia de execução lato sensu a decisão ou sentença proferida em ação de

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conhecimento em que se concede tutela especifica para entrega de coisa. Já no

que diz respeito a tutela inibitória para as obrigações de entrega de coisa, a

norma prevê a ação inibitória para tutelar as obrigações de entrega de coisa;

antes prevista apenas para as obrigações de fazer e não fazer (CPC 461).

Quanto a açâo de execução para entrega de coisa, caso o credor

possua titulo executivo extrajudicial do qual emerja comando para entrega de

coisa, deverá utilizar-se da ação de execução prevista no CPC 621 e seguintes.

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Para que se possa abordar o processo falimentar e sua repercussão no

mundo dos negócios, há que se considerar o princípio que rege a lei especifica

que irá direcionar a subordinação dos seus diversos artigos.

Na verdade, ainda que tal processo se valha dos diversos ramos do direito

- como, por exemplo, civil, comercial, administrativo, penal, processual -, a

falência tem princípios e diretrizes que lhe são específicos, formando um

sistema que a toma diferente de outros temas, dai a consideração acerca do

'direito fulimentur '.

AO se promover um processo de falência, faz-se necessário O título

executivo que apresenta, de início, a impontualidade no pagamento de uma

determinada obrigação, ensejando a insolvência do devedor.

NOS artigos 584 e 585 do Código de Processo Civil, pode-se encontrar a

relação de títulos que constituem toda e qualquer execução, portanto,

necessários e aplicáveis em situações relacionadas com o instituto da falência.

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De maneira geral entende-se que os títulos executivos podem ser judiciais

- sentenças condenatórias ou homologatórias, bem como as decisões delas

decorrentes - e ainda extrajudiciais - letra de câmbio, nota promissória,

duplicata, debênture, cheque, documento público ou particular, respeitados os

requisitos de sua validade.

Vale lembrar que o instituto da falência é decorrente de uma obrigação

positiva de fazer, sendo o pólo passivo ocupado pelo comerciante, que deve uma

prestação de causa civil ou comercial, com valor pecuniario.

Dentre inúmeros julgados dos nossos tribunais (RT, 552:239; 290:217;

325:298; 400:347), pode-se extrair o entendimento de que:

"A lei não exige que o credor seja comerciante. Mas, sendo ele

comerciante, impõe-se a condição de ter a firma inscrita, ou o

>,/O2 contrato arquivado no Registro do Comércio .

Assim, com exceção das sociedades civis e as sociedades civis em conta

de participação - que não possuem personalidade jurídica - todas as demais

estão sujeitas ao Decreto-Lei n. 766 1/45 - Lei de Falências.

III? ALMEIDA, Ainador Paes de. Curso de falência e concordata, 201 ed. rev. e atual. - São Paulo: Saraiva, 2002, p. 20.

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3.1 Características

Com a ocorrência da impontualidade, ainda assim há de se ressaltar

que o que vai determinar a caracterização da falência é a insolvência, ou seja,

como preleciona Miranda Valverde na obra de Amador Paes de Almeida,

"Juridicamente, a falência se caracteriza por atos ou fatos que

9,103 denotam, comumente, um desequilíbrio no patrimônio do devedor .

Esse é o entendimento contido no artigo 1" da Lei de Falências, in

verbis:

Art. 1 O Considera-se falido o comerciante que, sem relevante razão

de direito, não paga no vencimento obrigação liquida constante de

título que legitime ação executiva.

Também na mesma obra acima mencionada:

"O que interessa principalmente - diz J. C. Sampaio de Lacerda -

é a situação do patrimônio do devedor. Receia-se que o patrimônio

101 ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit.. p. 21

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em um dado dia seja impotente para solver seus encargos. Aliás, é

conveniente recordar-se que insolvência é o estado do patrimônio

de alguém pelo qual se revela incapaz de fazer fiente aos débitos

que o oneram.

Ora, é só pelo receio que isso se verifique ou pelo fato de já se ter

verificado tal que se organiza a falência. Sendo assim, tudo quanto

fiiz a lei ptrrtr curuçterizrir u est~r~/<i de ,/i~ICjncitr h u ~ e i ~ i - ~ e IICSSC'

principio. Foi esse, pelo menos, o intuito do legislador. Se a

,falência f' organizada porque num dado momento o patrimonio &

alguém é insuficiente para solver seus débitos, tudo quanto se faz

na lei para caracterizar o estado de ,falência. ,faz-se. partindo

>>I04 dessa idéia .

Quanto a impontualidade, tem-se que esta e entendida como

"... o não cumprimento de uma obrigação. Obrigação cumprida

irregularmente. Falta de pagamento de uma dívida na data do seu

vencimento ou no prazo ajustado. Falta de cumprimento de uma

..1»5 promessa ou compromisso .

1111 AL.MEIDA, Amador Paes de. Op. cit., mesma pigina. lu5 ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit., p. 22.

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3.1.1 Origem dapalavra Falência

Desde que o ser humano iniciou suas atividades mercantis, a

idéia de falência passou por diversas transformações.

Na Idade Media era considerada um delito, que permitia ao

credor imputar punições dos mais variados níveis ao falido - visto como

enganador, velhaco, fraudador - , a expressãoful2nciu "tinha, pois, um sentido

pejorativo, para significar falsear, faltar, ou, como diz Ercole Vidari (Diritto

çominerciale, Milano, 1886. v. 8, p. 1 17), "ingunure, muncure ullu yromessu,

alia paroia, alia fede, cadere ", ou seja, enganar, faltar com a palavra, com a

i. I O6 contianqa, cair, tombar, incorrer ein culpa, cometer uma falha .

Em sua obra 'Direito Falirnentar ', ensina Luiz Tzimlnik, que

" o verbo 'tfalir", do qual deriva a forma substantiva

' ~u lc jn~~iu" . encontra LI SIIU IJ~~XL'III no verbo lulino ,/ull~'re

$1110, is, felli, fulsum, fàllere), cujo significado i o de . i i1117

,Yi~lt~lr '. 'engunur

11,t. ALMEIUA. Ainudor Pies de. Op. çii., p. 12. 107 TZIRULNIK, Luiz. Direito falimentar, 5" ed. rev. e atual., com súmulas dos tribunais superiores. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999 p. 23.

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Pode-se também perceber que o vocábulo "quebra" (daí

quebra~lo, que significa pobre, arruinado, sem dinheiro), antigamente,

expressava o mesmo significado, estando presente no Código Comercial.

Já a expressão "bancarrota", via de regra aplicada em

situações de falência, ou quebra criminosa, estava relacionada com a prática de

quebra das bancas dos comerciantes devedores, por parte de seus credoresio8.

Nessa mesma direção, continua Amador Paes de Almeida:

"Modernamente, em que pese ressentir-se a falência de

aspecto negativo (o falido é sempre visto com reservas), vai o

instituto passando por grandes transformações, assumindo

pouco a pouco um sentido marcadamente econômico-social,

em que se sai o interesse público que objetiva, antes de tudo,

a sobrevivência da empresa, vista hoje como uma instituição

social" c..) "Pode-se dizer, sem receio de engano, estar a

falência hoje destinada a casos extremos, em franca

extinção, prevendo-se sua substituição por instrumentos mais

adequados i realidade social. o que poderá ocorrer até

108 TZIRULNIK, Luiz. Direito falimentar, 5' ed. rev. e atual., com súmulas dos tribunais superiores. Sgo Paulo: I l rv is ln dtw frihiiriiiir, 1999 p. 34-35.

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mesmo com o aperfeiçoamento da concordata

,,I09 suspensiva .

3.1.2 Conceito de Falência

A falência pode ser conceituada como um processo de

execução coletiva - verdadeiro litisconsórcio ativo necessário - contra o

devedor comerciante.

Sobre o conceito de falência, estão no trabalho de Amador

Paes de Almeida, as considerações a seguir expostas:

"A falência pode ser vista sob dois ângulos absolutamente

distintos:

a) econômico; b) jurídico.

Sob o primeiro prisma traduz um estado patrimonial,

patenteando, como assinala Walter T. Álvares (Direito

falimentar, v. 1, p. 30j, "um ,fenômeno econômico, um fato

patológico da economia creditícia ".

I"', ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit., p. 12-13.

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No sentido econômico, falência, como observa J.C.Sampaio

de Lacerda (Manual de direito falimentar, p. 1 I),

"é a condição daquele que, havendo recebido uma prestação

a crédito, não tenha à disposição, para a execução da

contraprestação, um valor suficiente, realizável, no momento

da contraprestação ". (.. .)

Do ponto de vista jurídico, falência é um processo de

execução coletiva contra o devedor comerciante.

"A falência é uma forma de execução, execução coietiva,

promovida contra o devedor comerciante (sujeito passivo)

responsável por obrigação mercantil (base do processo

? ! / / O inicial) ", diz Waldemar Ferreira .

Vale lembrar que na fase primitiva do direito romano, séculos

antes de Cristo, o devedor respondia pessoalmente por suas dívidas, chegando a

ficar por algum tempo em estado de servidão para com o seu credor ou, ainda,

I lu ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit., p. 14.

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podendo ser vendido como escravo ou mesmo ser morto tendo seu corpo

repartido entre os credores.

Em 428 a.C., o direito romano aboliu o sistema da execução

pessoal, passando a responsabilizar o devedor com a execução patrimonial,

comprometendo seus bens para quitação dessa dívida.

O que se entende por 'embrião' da falência (venditio

bonorurn) no direito romano, apenas na Idade Média teve seu desenvolvimento,

uma vez que a expansão do comércio marítimo e terrestre exigiu que normas

fossem disciplinadas em âmbito mundial.

Assim surgiu a falência, uma forma de execução coletiva

promovida contra o devedor comerciante; um processo de execução coletiva que

reúne todos os credores, por força da 'vis attractiva ' do juizo falimentar.

3.1.3 Natureza jurídica da falência

No ordenamento jurídico brasileiro, a falência foi sempre

considerada como um instituto eminentemente mercantil, como afirma

Waldemar Ferreira

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"que a falência é uma situação jurídica que decorre da

insolvência do comerciante, revelada essa ou pela

impontualidade no pagamento de obrigação líquida, ou por

outros atos inequívocos que denunciem manifesto

desequilíbrio econômico, patenteando situação financeira

,3111 ruinosa .

Na esteira dos ensinamentos de Amador Paes de Almeida,

tem-se que

"a falência é um instituto complexo para o qual convergem

regras de diferentes ramos do direito. Nela encontramos

preceitos de direito comercial, civil, administrativo,

processual e até mesmo penal, nos crimes falimentares. Essa

diversidade de elementos tem estabelecido controvérsia

doutrinaria acerca de sua natureza jurídica, situando-a

alguns como um instituto de direito objetivo (assim

considerado o conjunto de regras jurídicas que regem as

relações entre os homens), outros no âmbito do direito

111 ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit., p. 16.

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processual, considerando-a, respeitável parcela, um

9,112 procedimento administrativo ,

Ainda que a falência, no direito brasileiro, esteja situada no

campo do direito mercantil, a diversidade de regras e encaminhamentos dos

quais se vale, acaba por conferir a esse instituto uma natureza jurídica "sui

generis", que lhe confere indiscutível autonomia.

Desse modo, a falência revela preceitos de direito objetivo,

como 0s direitos e deveres do falido, direitos dos credores, obrigações do

síndico, bem como, demonstra claramente conter aspecto processual.

3.2 Considerações h Legislação Falirnentar Vigente

Nos ensinarnentos de Manoel Justino Bezerra Filho encontra-se:

"é necessário observar que a lei falimentar tem natureza tanto

adjetiva quanto substantiva. Embora se aplique o Código de

Processo Civil (vide art. 207, LFC), traz ela uma série de

determinações de natureza adjetiva, de caráter processual. Por

p~

112 ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit., p. 14.

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outro lado, traz também diversas normas de natureza substantiva,

de direito material. Trata-se assim de lei de natureza mista,

,,I13 adjetiva e substantiva ao mesmo tempo .

No sistema da lei falimentar vigente, percebe-se que o processo

falimentar é uma execução coletiva, uma vez que

"em linhas gerais, após o decreto de falência, arrecada-se tudo que

é de propriedade do falido, com o fito de transformar tais bens em

dinheiro na hasta publica, para que com o numerário arrecadado

sejam pagos os credores, na ordem e pela forma que a lei

, ) I 1 4 estabelece .

Sobre a legislação de falência, Rubens Requião, ao fazer uma

retrospectiva desse instituto no Direito Brasileiro, esclarece que

"Como colônia de Portugal naturalmente se aplicava no Brasil o

direito reinol, consubstanciado nas Ordenações do Reino. Assim, já

em 1521, as Ordenações Manoelinas regulavam também o

concurso de credores, que ocorria quando o patrimõnio do devedor

113 BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de falências comentada, 2" ed. rev, ampl. e atual. de acordo com o novo Código Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, P. 22. 114 Idem. p. 24.

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não bastava para solver todos os seus débitos .(...) As Ordenações

Filipinas, surgidas na Espanha em 1603 e aplicadas a Portugal,

também tiveram expressiva influência no Brasil. Nessa Ordenação

$cou delineado o direito falimentar.

Durante a vigência das Ordenações Filipinas diversos alvarás

foram expedidos, sobressaindo-se o editado pelo Marquês de

Pombal, no ano seguinte ao do terremoto de Lisboa. c..) Mas, o

Alvarú que constitui a nosso ver o ponto de partida para o estudo

da instituição falimentar no direito pátrio, regula não só a punição

penal do crime falimentar, mas também a falência culposa e a

inocente. c..) A confissão da quebra era a norma a seguir pelo

comerciante honesto porém infeliz em seus negócios.

c ..) A legislação sobre falência recebida de Portugal passou, como

se sabe, a vigorar no Brasil, após a Proclamação da

Independência, conforme determinou a Lei de 30 de outubro de

1823. Essa Lei mandou observar a Lei da Boa Razão, isto é, o

Alvura de 18 de agosto de 1769. segundo a qual deviam ser

aplicadas subsidiariamente hs colônias, as leis das nações

civilizadas. Deu-se por isso, larga preferência h aplicação do

Código Comercial napoleônico, de 1807. Disso decorreu a

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profunda influência do direito francês na evolução de nosso direito,

9,115 inclusive em matéria falimentar .

No período republicano, além da preocupação moralizante do novo

governo, demonstrou-se necessária a reelaboração e atualização da legislação

sobre falências. Ainda na Primeira República, foi promulgada a Lei n." 2.024 de

1908, cujo projeto fora elaborado por J.X. Carvalho de Mendonça, experiente

Devido ao período da grande depressão após a Primeira Guerra

Mundial, bem como com a instalação do Estado NOVO na década de 30, que

exigia o ajuste da legislação nacional i filosofia política de fortalecimento dos

poderes do Estado, foi viabilizada a reforma da lei falimentar, dentre outras, "

surgindo O Decreto-Lei n.' 7.661, de 21 de junho de 1945, de cujo projeto

116 participaram ilustres juristas da época

Com o advento da vigência do novo Código Civil em 2003, a

análise da lei falimentar deverá verificar algumas mudanças trazidas em seu

escopo, como por exemplo, a alteração da maioridade civil, que passou para 18

anos, as alterações dos prazos prescricionais de direitos e outras modificações.

115 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito falimentar, Sgo Paulo : Saraiva, 1998, p. 15-21 116 Idem, p. 23-24.

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Em sintonia com as alterações do Código Civil, encontra-se em

tramitação no Congresso Nacional, projeto de lei no 4.376193, destinada a

regular a recuperação e liquidação judicial de devedores pessoas fisicas e

jurídicas, da qual Manoel Justino Bezerra Filho tece suas considerações:

"Em seu art. I.Ojala em recuperação e liquidação judicial das

pessoas jurídicas e físicas, deixando de usar as expressões

concordata e falência. Estende-se a lei tanto a sociedade comercial

quanto ao comerciante individual; c..) O art. 37, ao estipular que a

recuperação judicial é o instrumento destinado a sanear situação

de crise da empresa, deixa explícito o interesse de preservação da

empresa, por seu valor social como fonte produtora, como fonte de

empregos, citando por último o interesse dos credores. (..I pelo

menos constata-se que a lei aponta no caminho mais produtivo da

recuperação da empresa em crise, tentando indicar caminhos e

99/17 fornecer instrumentospara tanto .

3.2.1 Esboço Histórico da Falência

117 BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Op. cit., p. 57-58.

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80

Ao abordar a falência e sua história, Luiz Tzirulnik, deixa

i ! claro que a pessoa do devedor era a única garantia do credor, e em não sendo

/ honrado o compromisso, a pessoa do devedor responderia com a própria vida

1 por aquele ato. Tanto é que ele lembra O texto n. 6 da Tábua 111 da Lei das XII

Tábuas, que previa o retalhamento do corpo do devedor quando houvesse

multiplicidade de credores:

"Tábua III - DE REBUS CREDITIS - DOS CRÉDITOS

VI. Disposição segundo a qual após o terceiro dia de

mercado dá ao credor não pago o poder de punir o devedor

com a morte ou de o vender ao estrangeiro além do Tibre.

Em se tratando de muitos credores exprime-se da seguinte

forma: Tertiis nundinis partis secanto; plus minusve

secuerint, ne fraude esto. Após o terceiro dia de mercado (a

terceira novena), que o repartam em pedaços; se o cortam

em pedaços maiores ou menores, não tem importância. ,,

Esse tipo de solução, porém, causa diversidade de opiniões

dentre os estudiosos do instituto da falência, porque para muitos autores essa lei

contrariava os costumes públicos e, portanto, nunca teria sido aplicada com tal

rigor. Outros entendem que era uma forma enfática de se exprimir, enquanto

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outros, entendem que se podeiria tanto dividir o valor apurado na venda do

devedor, como também seu próprio cadáver, uma vez que existem soluções

desse tipo nos costumes escandinavos.

Devido a impiedade e rigidez daquelas leis de execução, no

Império Romano passou a existir um "contrato chamado 'nexus', quando o

devedor que não pudesse saldar suas dívidas antes de ser iniciada a execução,

fazia um acordo com o seu credor, obrigando-se, voluntariamente, a prestar

serviços ao último, como forma de pagar a divida.

Esse sistema, no entanto, gerou abusos e distorções. Com o

passar do tempo chegou-se ao consenso de que não O devedor, mas sim os seus

bens deveriam responder por suas dividas. Assim, no ano de 428 a.C., passou a

vigorar a Lex Poetellia que determinou a proibição do encarceramento, a venda

como escravo e a morte do devedor.

No Direito de Justiniano, a lei de execuções experimentou

um novo e importante avanço, quando OS credores tinham em comum a posse

dos bens do devedor insolvente e o direito de vendê-los.

A dos bens passava a um curator bonorum

nomeado pelo magistrado. A partir daí, o credor podia tornar pública a situac;ão,

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para divulgar a situação a outros credores, para que pudessem também recorrer.

Se a dívida não fosse saldada em até 30 dias, O curator alienava o patrimônio ao

melhor ofertante que passava a responder pelas obrigações assumidas pelo

devedor.

A Lex Julia criou um benefício que além de dar ao devedor a

possibilidade de evitar a execução pessoal, reservava a ele certa parte de seus

bens, de modo que fossem contempladas suas necessidades básicas para viver.

Foi no direito estatutario italiano em vigor nas cidades ao

norte da Itália, que o instituto da falência surgiu, com semelhança bastante

próxima As normas que ainda hoje são aplicadas"8.

Rubens Requião também aborda o mecanismo jurídico do

qual se delineia o instituto da falência.

"~esa~arecendo o devedor, pela fuga ou banimento, ocorria

o desapossamento de seus bens (missio in bona), que eram

custodiados pelo credor, para posterior venda (bonorum

venditio), sob as ordens e controle do magistrado.(. ..) Se O

decreto do pretor da missio in bona não vinha seguido da

118 TZIRULNIK, Luiz. Op. cit., p., 36.

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venditio, impunha-se a necessidade de o credor zelar e

administrar o patrimônio do devedor desapossado.

Por alguns estudiosos, a bonorum cessio seria o instituto do

direito romano do qual se originaria a concordata preventiva

nos tempos medievais. (. .)

Na Idade Média, a partir do século forma-se com base

no direito romano e no direito canônico, um direito comum.

Através dos usos e costumes, consagrados nas decisões dos

juizes consulares, constitui-se o direito comercial, de sentido

8,119 informal e cosmopolita .

O que se percebe é que a falência, enquanto instituto, custou

a se desprender de seus vínculos penalistas, para ser abordada sob a &ica

comercial.

Já nos tempos modernos, provavelmente devido às novas

idéias trazidas pela economia liberal, de cunho individualista e utilitarista -

ainda que a falência tenha sido objeto de intolerância e severidade expressas por

Napolea0 Bonaparte contra os comerciantes falidos -, percebe-se o predomínio

d o ;ispecto ecori6inico ri ievelrir os iiiteresscs dos crcdcircs, qiitindo clri leyislriq8o

-- --

1111 REQUIÁO, Rubens. Op. cit., p. 7-15.

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de 1832, sob a inspiração de ' idéias humanisticas e liberais. Sucederam-se

reformas legislativas no instituto da falência em muitos países.

O que se evidencia pela exposição de Rubens Requião, é que

a partir das Revoluções Industriais, o Estado procurou viabilizar alterações

legais, de modo a afastar do processo falimentar várias modalidades de

atividades econômicas e financeiras de seu interesse, passando a definir

procedimentos mais céleres, para que não se diluísse O patrimônio falido em

mãos pouco confiáveis.

E ainda destaca o autor:

"Na verdade, os institutos da falência e da concordata se

revelaram estreitos para atender aos vultosos interesses,

privados e públicos, envolvidos nas grandes empresas

modernas, que manipulam poderosos valores econômicos e

sociais. O conceito moderno de empresa, como atividade do

empresário destinada à produção OU circulação de bens ou

de serviços, fatalmente acarretaria a tomada de outras

posições no direito falimentar. Vivemos, assim, em pleno

terceiro estágio, no qual a falência passa a se preocupar com

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a permanência da empresa e não apenas com a sua

,9120 liquidação judicial .

Devido a essa nova ótica, profundas modificações legais

passaram a ser viabilizadas nas economias dos países industrializados, quanto ao

instituto falencial. Tanto na Europa ocidental, como na França e nos Estados

Unidos, onde se visa primordialmente ao interesse público, para que sejam

minimizados os efeitos de eventual instabilidade econômica provocada pela

falência de determinadas empresas, aplicam-se regras especificas apenas as

sociedades anônimas.

Desse modo, a diretoria perde a administração da empresa

insolvável, que passa a um "trustee", que equivale ao nosso síndico; este elabora

o plano de reorganização da empresa, o submete ao magistrado e aos credores e

acionistas, que deverão aprová-lo. Com a reorganização da sociedade, após a

execução do projeto, a empresa poderá requerer em juizo a sentença declaratória

do encerramento do processo.

No entanto, em não sendo O plano homologado, ou não

cumprido após a homologação, a "corporate reorganization" se transforma em

falência.

120 REQUIÃO, Rubens. Op. cit., p. 1 1-12.

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Na França, a legislação de 1967 também introduziu

profundas modificações, como pretende a Ordennance n.' 67.800.

Em sua obra, Rubens Requião se vale da lição exposta por

Konder Comparato:

"em primeiro lugar, seguindo a orientação do diploma

falimentar, a Ordenação francesa n.' 67.820, estende

também o novo instituto as pessoas jurídicas de direito

privado em geral, além dos comerciantes propriamente ditos.

Mas não indiscriminadamente a qualquer dessas pessoas, e

sim dquelas organizadas sob a forma de empresa, cujo

desaparecimento seria suscetível de causar uma grave

perturbação da economia nacional ou regional, e poderia ser

evitado em condições compativeis com o interesse dos

credores" (art. I . . "Para apreciar a situação do

devedor, o tribunal pode obter comunicação pela

administração pública, pelos organismos da Previdência

social, os estabelecimentos bancários e Jinanceiros...

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informações suscetíveis de lhe dar um conhecimento exato da

o 121 sifuação econômica ejinanceira do devedor" (art. 9) .

Quanto ao prazo de cumprimento do plano para o

soerguimento econômico-financeiro do devedor, estipulou-se o máximo de três

anos, sendo que o empresário assistido por curadores nomeados pelo tribunal,

será o responsável pela elaboração e execução do mencionado plano. Durante

todo o período o empresário é acompanhado e fiscalizado por um comissário

nomeado pelo tribunal.

3.2.2 Elementos e Requisitos da Falência

Ainda acerca do instituto da falência, existe doutrinadores

que divergem sobre a sua exata natureza; vale lembrar que a falência é um

estado de direito, que só existe após a proclamação da sentença que determina a

quebra da empresa.

Com base nesta consideração que ratifica a existência da

falência, apenas após provimento jurisdicional, podemos concluir que existem

três pressupostos do estado de falência na legislação brasileira, a saber:

121 REQUIAO, Rubem. Op. cit. p. 12-15, mencionando o Prof. Konder Comparato e seu artigo acerca da falência (Problemas jurídicos da macroempresa, no 39).

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i pressupost6material subjetivo: comercialidade do devedor;

i pressuposto material objetivo: insolvência;

i pressuposto formal: sentençaiz2.

Importante ressaltar que a falência em nosso país 6 limitada

ao devedor comerciante. Trata-se do sistema restritivo, adotado pelo Brasil,

enquanto país de cultura latina, diferentemente dos países germanos ou anglo-

saxões - onde a falência também abrange O devedor civil -, que se valem do

sistema ampIiativo, com aplicação mais ampla. Este sistema ampliativo, aliás,

foi estabelecido pelo Direito Romano, sem excludências, quando da sua

aplicação.

Ora, na medida em que o Direito brasileiro prevê que a

falência é restrita ao comerciante, há que se buscar O entendimento legal para a

definição de comerciante. Desse modo, nos artigos 3" e 4 O do Código

Comercial, encontra-se de maneira sucinta que comerciante é a pessoa que faz

da mercancia sua profissão habitual.

Na verdade a expressão 'comerciante' abrange tanto o

comerciante individual quanto as sociedades mercantis, sendo que a expressão

' I 2 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Lei de falências e concordatas comentada, 2" ed., São Paulo: Atlas, 2001, p. 24-25.

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'mercancia' sofreu inúmeras mo'dificações no decorrer do tempo, adequando-se

aos novos e variados tipos de comércio que surgiram.

Outro pressuposto a ser devidamente considerado é a

insolvência, que diz respeito a impotência patrimonial do devedor quanto a

possibilidade de satisfazer suas obrigações.

O credor precisará comprovar de forma clara e objetiva a

impontualidade do devedor e isso pode ser demonstrado através do protesto do

titulo, conforme ensinamento de Luiz Tzirulnik.

Para que a falência possa ser requerida, o critério mais

frequente de aferição da insolvência é o da impontualidade, que "resulta da

corijugação das seguintes condiçaes: falta de pnyuinenlo n o vcticiiiiento; sem

razão juridicamente escusável: de obrigação líquida; materializada em titulo

executivo; devidamente protestado".

Enfatiza Waldo Fazzio Junior:

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"se se considera falido o comerciante após a sentença

declaratória de falência; antes disso, O que se tem é apenas

>>I23 uma presunção de insolvência pela impontualidade .

No entanto, há que se levar em conta algumas características

inerentes ao mencionado titulo, conforme ensina de maneira inequívoca, Luiz ,124. 'l'zirulnik, ein sua obra 'Direito Falimentar .

"não é qualquer dívida que pode ucionur a jufSnciu, mas

apenas aquelas constantes de titulo que possa suscitar uma

ação executiva. Truta-se, portanto, de titutos executivos ".

Na verdade não é todo título de divida que pode fundamentar

um pedido de falência, mas apenas aquele que legitime a ação executiva e

decorra de obrigação líquida, conforme dispõe 0 artigo 1" da Lei Falimentar.

A respeito desse tipo de obrigação, Amador Paes de Almeída,

ensina que

122 FAZZIO J(INIOI<, waldo. idei de falências e concordatas comentada. 2' ed.. Sgo Paulo: Atlas, 2001. p. 26, 1 ' 1 . I'LII~III.NIK. Luir. Op. cit.. p. 41.

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"Liquido, do latim liquet, significa o que é manifesto, claro,

>.I25 certo, evidente , ou seja, quando não se tem dúvida acerca

do seu teor.

Desse modo, quaisquer dúvidas que possam surgir a respeito

do documento, que não se consegue esclarecer, tornam iliquida a dívida.

Para o Direito Romano, O titulo vem a ser a "causa dos

direitos ", e deverá ser "líquido, certo e exigiver', conforme expresso no 'caput'

do artigo 586 do Código de Processo Civil.

Amador Paes de Almeida, vale-se da lição de Washington de

Barros Monteiro, que ensina com manifesta clareza

"Considera-se líquida a obrigação certa quanto i! sua

existência, e determinada, quanto ao seu objeto. Nela se

acham especificadas, de modo expresso, qualidade,

quantidade e natureza do objeto devido. Obrigação que não

pode ser expressa por algarismo, ou uma cifra, que

,9126 necessita, em suma, de prévia apuração, não é líquida .

12,

126 ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit., P. 32. ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit.. P. 33.

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e também o apontamento jurisprudencial, na mesma obra

"Havendo duvidas sobre a responsabilidade pelo débito, no campo

falimentar, desloca-se para O credor O Ônus probatório. Não esclarecida

satisfatoriamente a situação, deverá a quebra ser denegada, remetendo-se as

partes as vias ordinárias". (Tribunal de Justiça de São Paulo, Agravo 186.963,

Boletim de Jurisprudência, 1970, página 721).

Outro aspecto a ser considerado é o que diz respeito 6

certeza, ou seja, a inexistência de controvérsia. Assim, título certo é aquele sobre

cuja existência não pode haver duvida. Quanto à exigibilidade, significa que

inexiste prazo, cláusula, ou condição a vencer.

Em síntese, o título que autoriza a execução, é

"0 que evidencia certeza, liquidez e exigibilidade, que

permitem que o credor lance mão de pronta e eficaz medida

para o cumprimento da obrigação a que o devedor seprestou

a cumprir'',

conforme nota n. 1 do art. 586 do Código de Processo Civil.

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princípios:

I

93

Cumpre ressaltar que o juizo da falência observa dois

1") indivisibilidade ou unidade - fixado no parágrafo 2 O do

artigo 7 O da Lei de Falências e Concordatas - LFC -, estabelecendo que o juizo

da falência é competente para todas as ações e reclamações sobre bens, negócios

e interesses da massa falida, para que os conflitos de pretensões possam ser

solucionados eficiente e ceieremente;

2") universalidade - presente no artigo 23 da LFC, que

detemina que "ao juízo da falência devem concorrer todos os credores do

devedor comum, comerciais ou civis, alegando e provando seus direitos".

Assim, a execução coletiva sobre O patrimônio do devedor, arrecadado pelo

juízo da falência, estabelece que a esse juízo devem acorrer e concorrer todos 0s

credores, sendo que o juizo decretatório absorve todos 0s procedimentos contra

o patrimônio pretendido pelos credores.

A esse respeito, vale lembrar a ressalva apresentada por

Waldo Fazzio Júnior, a saber:

princ@io~ do juizo falimentar não alcançam as ações em

curso antes da decretação da quebra, salvo se a citação é

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posterior a esta, conquanto O ajuizamento da ação tenha sido

anterior. Mesmo as ações aforadas durante o período de

concordata preventiva, ainda que no termo legal, não são

7,127 deslocadas para o juizo universal .

3.2.3 Efeitos da Falência

Sobre o tema "efeitos jurídicos", a LFC contempla os efeitos

produzidos pela sentença decretatória de falência em relação aos direitos dos

credores e ao falido, efeitos esses relativos aos bens, contratos, e até efeitos

pessoais.

3.2.3.1. Quanto aos efeitos relativos aos direitos dos

credores, pode-se encontrar seu registro nos artigos 23 a 33 da LFC, que

genericamente podem ser considerados: formação da massa falida subjetiva;

suspensão das ações individuais; suspensão condicionada da fluência dos juros;

exigibilidade antecipada dos créditos; suspensão da prescrição.

127 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Op. cit., p. 89-90.

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3.2.3.1.A. Formação da massa falida subjetiva - a

massa de credores (corpus creditorum), que nasce a partir da decretação da

quebra, concorrendo ao ativo do devedor, pelo montante dos seus créditos. Essa

massa de credores tem personalidade jurídica OU processual, atuando como

representante do falido (sub-rogando-se nos direitos dele) ou na posição de

terceiro, ocasião em que a massa defende seus próprios interesses, seja contra o

falido, seja contra outro interessado.

3.2.3.1.B. Suspensão das ações singulares - desde a

abertura até o encerramento do processo de quebra, sendo que o momento da

suspensão ocorre a partir da sentença decretatória. Ao final do processo de

falência, em havendo saldo remanescente, O credor poderá executa-lo.

Vale lembrar que o artigo 24 da LFC traz exceções

acerca da suspensão das ações. Desse modo, Prosseguem "com o síndico, que

representa a massa, ações e execuções por créditos não sujeitos a rateio

(reclamações trabalhistas, execuções fiscais), as ações que dizem respeito a

obrigações personaIíssimas e as que demandarem quantia ilíquida, coisa certa,

prestação ou abstenção de fato.

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Nestas se incluem as ressarcitórias, renovatórias de

locação, possessórias, reivindicatórias e mesmo as que versam sobre obrigação

,3128 de fazer ou não fazer .

3.2.3.1.C. Suspensão condicional da fluência de

juros - acerca deste dispositivo, há uma presunção legal - relativa - de que o

ativo é insuficiente para esse pagamento dos juros. Na verdade, a suspensão da

fluência de juros, depende da impossibilidade de pagamento pelo produto obtido

na realização do ativo. Assim, se O produto comportar, após o pagamento do

débito, serão pagos os juros pactuados e 0s juros legais (compensatórios ou

moratórias).

3.2.3.1.D. Exigibilidade antecipada dos créditos -

nos casos de insolvência ou falência do devedor, os débitos têm sua

exigibilidade antecipada, ou seja, O Código Comercial, em seu artigo 762, já

esclarece que a dívida considera-se vencida se o devedor falir e o Código Civil

em seu artigo 333, inciso I, dispõe que ao credor assistirá o direito de cobrar a

dívida antes de vencido o prazo pactuado, se for aberto concurso creditório.

128 FAZ210 J ~ N I O R , Waldo. Op. cit. p., 146.

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Na verdade o credor precisa observar as regras do

processo falimentar, eis que ele terá "direito ao rateio que lhe tocar na liquidação

do ativo do patrimônio do falido".

3.2.3.1.E. Suspensão da prescrição - sendo a

prescrição a perda de um direito de ação, que surge da inércia do credor em

fazer valer o seu direito, nos termos do art. 47 da LFC, deverá ficar 'suspenso'

o prazo de prescrição, ou seja a s~spensã0 faz Cessar temporariamente o curso da

prescrição, mas em sendo superada a causa suspensiva, retoma a prescrição o

seu curso natural, computando-se o tempo anteriormente transcorrido. Vale

ressaltar a "advertência de Carvalho de Mendonça, de que a suspensão da

prescrição durante a falência só ocorre

"quanto aos direitos e ações dos credores contra a

massa e o falido': não atingindo, obviamente, as

obrigações de terceiros para com a massa e O

falido"'29.

I29 ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit., p. 167.

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3.2.3.2. No que diz respeito ao falido, estão previstos efeitos:

quanto a sua pessoa; seus bens; seus contratos.

3.2.3.2.A. Quanto a pessoa do falido - o artigo

34 da LFC traz serias restrições a capacidade processual do falido, bem como à

sua liberdade de locomoção, quando da declaração da falência.

Waldo Fazzio Junior elenca os deveres que lhe são

imputados: a) assinar o termo de comparecimento, declarando os elementos

contidos no inciso I e suas alíneas, do artigo 34; b) depositar em cartório os

livros obrigatórios; c) comparecer pessoalmente, ou por procurador, a todos os

atos do processo; d) entregar ao síndico bens, livros e documentos, bem como

indicar 0s bens em poder de outrem; e) permanecer no foro da falência; f)

prestar as informações necessárias aos órgãos de administração da falência e aos

credores; g) auxiliar o síndico; h) examinar as declarações de crédito e a

prestação de contas do síndico; i) dar assistência ao balanço e ao exame dos

livros.

E ainda, os artigos 34 a 38 da LFC, disciplinam os

direitos do falido, a saber: a) fiscalizar a administração da massa; b) requerer

medidas acautelatórias dos bens arrecadados; c) intervir, como procurador, nas

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ações em que a massa for parte OU interessada; d) interpor OS recursos admitidos

em lei; e) requerer o que entender útil a defesa de seus direitosI3O.

3.2.3.2.B. Quanto aos bens do falido - Ensina

Amador Paes de Almeida acerca da perda da administração e disposição dos

bens do falido, sendo privado dessa administração e substituído pela figura do

síndico. Inclusive a Lei Falimentar prevê a hipótese de 'sequestro preliminar da

falêncja7, no artigo 12, parágrafo 34 quando O falido perde o direito de

administrar e dispor dos seus bens, antes mesmo da decretação da quebra.

O citado autor ensina também que a execução s,j

alcança bens disponíveis, não sendo abrangidos pela falência: a) os bens

inalienáveis por força de lei (artigos 100 e 1.71 1 do CC); b) 0s bens inalienáveis

por ato voluntário (artigo 1.911 do CC); c) 0s bens absolutamente

impenhoráveis (artigo 649 do CPC), segundo 0s artigos 39 e seguintes úteis da

LFC'~ ' .

3.2.3.2.C. Quanto aos contratos do falido - Vale

lembrar que inexiste no Código Civil brasileiro a formulaçiío definidora de

130

131 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Op. cit., p. 154-158, ALMEIDA, Amador Paes de. Op. cit., p. 178-182.

Page 114: FILEMON GALVÃO LOPES · filemon galvÃo lopes a efetivaÇÃo dos direitos fundamentais pela via da antecipaÇÃo da tutela ( a colisÃo dos direitos do consumidor diante da falÊncia

i contrato, que diz respeito ao mútuo consenso de duas ou mais pessoas sobre o

mesmo objeto (segundo conceituação do Direito Romano); apenas se tem claro

nos artigos 421 a 435 do CC que, via de regra, se explicita no contrato a

obrigação que diz respeito ao vínculo jurídico, pelo qual as pessoas se obrigam a

dar, fazer ou não fazer alguma coisa.

O contrato é um gerador de obrigações, que podem

ser unilaterais ou bilaterais, como exemplo, O contrato de compra e venda, em

que o vendedor se obriga a entregar alguma coisa ao outro contratante, que por

sua vez, se obriga a pagar o preço ajustado.

Assim, se o falido for credor nos contratos

unilaterais, a massa o substitui nos direitos creditórios; se o falido for o devedor,

o contrato vence com a decretação de quebra, restando ao credor habilitar seu

crédito no processo de falência. NO que diz respeito aos contratos bilaterais, o

artigo 43 da LFC disciplina a matéria, deixando ao síndico decidir acerca do

cumprimento ou não do que fora contratado.

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No ensinamento de Waldo Fazzio Júnior pode-se

encontrar o seguinte exemplo:

"se ofalido assumiu contratualmente a obrigação de

fabricar determinado bem, fendo recebido parte do

pagamento, antecipadamente, o inadimplemento

contratua1 decorrente da superveniência da quebra

confere ao contraente o poder de interpelar o síndico

e, na omissão ou silêncio deste, o direito a

indenização. A propósito do dispositivo sob exame,

resta claro que a falência não é caso fortuito ou

força maior impeditiva ou excludente da obrigação,

posto que evento mercantil perfeitamente

3.132 previsível .

I32 FAZZIO J'UNIOR, Waldo. Op. cit.. p. 161

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4. DA RELAÇÃO DE CONSUMO E OS INTERESSES

METAINDIVIDUAIS NA FALÊNCIA

De maneira geral, o processo de positivação do Direito no mundo, voltou-

se para 0s conflitos que envolviam indivíduos, isoladamente. Até porque a

própria Revolução Francesa, no final do Século XIX, enfatizou o valor do ser

humano e 0s seus direitos sob a bandeira da "Liberdade, Igualdade,

Fraternidade", é que se percebe no mundo ocidental especial ênfase aos direitos

individuais.

Evidentemente, após as Revoluções Industriais e as duas grandes guerras

mundiais, 0s problemas sociais passaram a demonstrar que a simples formulação

"pÚblico/privado", não contemplava as necessidades da coletividade.

Celso Antonio Pacheco Fiorillo assim esclarece:

"Não mais era possível solucionar litígios apegados velha

concepção de que cada indivíduo poderia ser proprietário de um

bem "

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"importante frisar que a reflexão sobre OS direitos que pairavam

acima dos interesses individuais - os direitos metaindividuais -

somente se fez presente com a existência dos conflitos de massa, o

que foi sensivelmente acentuado após a Segunda Guerra Mundial.

Com isso, somente passamos a considerar melhor os direitos

metaindividuais a partir da necessidade processual de compô-

,8133 10s .

0 autor ainda menciona que no direito brasileiro, desde 1.965 já havia a

defesa do direito metaindividual, por conta do procedimento trazido pela Lei n.

4.71 7, a Lei da Ação Popular. Na realidade, o conflito a ser discutido dizia

respeito a coletividade, mas

"esse autor popular não se caracterizava como um substituto

processual, na medida em que não defendia apenas direito de

>>I34 terceiro, mas próprio também .

NO que diz respeito a tutela dos interesses metaindividuais, a Lei n.

6.938181 - Política Nacional do Meio Ambiente - também representou

133 FIORILLO, Celso ~ ~ t ~ ~ i ~ Pacheco. Curso de direito ambienta1 brasileiro, . 3-d. ampi., S%O Paulo: saraiva, 2002, p. 4. I34

Idem, mesma página.

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indiscutível impulso, o que foi ampliado pela Lei n. 7.347185, que instituiu a

Ação Civil Pública.

Na verdade, em 1985, resolução da ONU já trazia expresso o

"direito de proteção à vida, saúde e segurança contra riscos

provocados por praticas no fornecimento de produtos e sewiços,

educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e

serviços, informação clara e adequada sobre os mesmos, proteção

contra a publicidade enganosa e abusiva, meios coercitivos ou

desleais, clausulas abusivas em contratos, principalmente de

adesão, modijkação de suas C~ÚUSU~US, prevenção e reparação de

danos, acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à

reparação dos danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e

,9135 difusos .

Pode-se observar que em atenção filosofia de proteção da sociedade, que

se tornou mais evidenciada no último período do século passado, após a

Constituição Federal de 1.988, nos temos dos artigos 5', inciso XXXII e o

inciso V do artigo 170 - Da ordem econômica .....p rincl;Dio da defesa do

consumidor - , foi promulgada a Lei no 8.078 de 1 1 de setembro de 1.990, que

'I' CUC Corneiitado. Op. cit.. P. 19.

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traz em seu bojo uma política nacional acerca das relações de consumo: o

Código de Defesa do Consumidor.

Nesse Código está disciplinado o tratamento a ser dispensado a figura do

consumidor, definido no seu artigo 2". Também são definidos os conceitos de

fornecedor, produto, serviço, componentes que fazem parte da relação de

consumo, in verbis

''Art. 2" - Consumidor é toda p e ~ ~ ~ a f l ~ i c OU jurídica que adquire

ou utiliza produto ou serviço como destinatario final.

Parágrafo único - Equipara-se a consumidor a coletividade de

pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas

relações de consumo.

Art. 3" - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou

privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes

desPersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,

montagem, criação, construção, transformação, importação,

exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou

prestação de serviços.

J 10 - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou

irnateria/.

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§ 2" - Serviço é qualquer atjvidade fornecida no mercado de

consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza

bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes

das relaqões de caráter trabalhista".

Os conceitos de 'comerciante' e de 'aro de comércio' sofreram sensível

evoluçâo no decorrer do tempo, para O que hoje é denominado de 'empresa' e

'dividade : Com isso, o CDC ensina a conceituação de

"atjvidade negocia1 como sendo a prática reiterada, de modo

organizado e unljcado, por um mesmo sujeito, visando a uma

finalidade econÔmica unitária e permanente ";

dessa ativjdade negocial surge a empresa, hoje entendida como nhcleo do

moderno Direito ~ o m e r c i a l ' ~ ~ .

~d~ pellegrini Grinover, quando expõe sobre a tutela jurisdicional dos

direitos e interesses do consumidor, de pronto já esclarece que se trata da 'defesa

do consumidorJ em seu mais amplo sentido e não apenas no que diz respeito à

assistência processual especificamente.

- 136

CDC. Op. cit., p. 470-471.

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Por isso, a preocupação do'legislador foi direcionada para a facilitação do

acesso a justiça pelo consumidor (seguramente a parte mais frágil numa relação

de consumo) não só no plano formal -que é o processo -, como também atraves

de novas técnicas que pudessem desobstruir o acesso pretendido, e ainda, sem

serem preteridas as garantias do "devido processo legal'"37.

Sob o tema da defesa do consumidor em juízo, encontramos nos artigos

81 a 84, as disposições sobre o acesso do consumidor em juízo, de forma

individual ou coletiva, in verbis:

"Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e

das vítimas poderá ser exercida em juizo individualmente, ou a

titulo coletivo.

Parágrafo único - A defesa coletiva será exercida quando se tratar

de:

I - interesses ou direitos ~ $ U S O S , assim entendidos, para efeitos

deste Código, 0s transindividuais, de natureza indivisível, de que

sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por

circunstâncias de fato;

11 - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos

deste código, 0s transindividuais de natureza indivisível de que

117 CDC. Op. cit., p. 719-720.

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seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si

ou com aparte contrária por uma relação jurídica base;

111 - interesses ou direitos individuais homogéneos, assim

entendidos os decorrentes de origem comum.

Art. 83 - Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este

Código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de

propiciar sua adequada e efetiva tutela.

Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento da

obrigação de fazer ou não fazer, O juiz concederá a tutela

especíJca da obrigação ou determinará providências que

assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

$ 1 0 - A conversão da obrigação em perdas e danos somente será

adnlissivel se por elas Optar O autor Ou Se impossível a tutela

espec$ca ou a obtenção do resultado prático correspondente.

$ 20 - A indenização por perdas e danos se fará sem prejuizo da

multa (art. 287, do CPC).

Q' 30 - Sendo relevante O fundamento da demanda e havendo

justificado receio de ine$cácia do provimento final, é licito ao juiz

conceder a tutela liminarmente ou apÓsjustificação prévia, citado

o réu.

j 40 - O juiz poderá, na hipótese do § 3" ou na sentença, impor

multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for

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suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável

para o cumprimento do preceito.

5 5 O - Para a tutela especSfica ou para a obtenção do resultado

prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas

necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e

pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva,

além de requisição de força policial".

Tratam os artigos acima mencionados da forma do acesso em juizo,

dos interesses e direitos dos consumidores e, também, das vítimas de danos.

Pode-se observar que o CDC, por ser tratado exclusivo de defesa dos direitos do

consumidor, não desamparou as vítimas de danos causados por defeitos de

produtos ou serviços, que poderão ingressar em juízo individualmente ou de

forma coletiva.

4.1 A Tutela dos interesses públicos e privados

Para que possamos abordar a proteção dos interesses públicos e

privados, tem-se na obra de Luiz Antonio Rizzatto unes'^* o necessário

138 NUNES. Antonio ~ i ~ ~ ~ ~ ~ , comentários ao Código de Defesa do Consumidor. Direito material - arts 1 0

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respaldo doutrinário para fundamentar O que hoje se compreende por tutela dos

interesses públicos e privados.

A principio, cabe esclarecer que num "Estado Democrático de

Direito", como se constitui nosso país, a lei máxima é a Constituição e as

normas dela decorrentes, obrigam pessoas físicas, jurídicas e o próprio Estado,

pela imperatividade de seus comandos.

Assim considerando, observamos que a legislação

infraconstitucionaI também precisará observar as normas e princípios que estão

presentes na lei fundamental do Estado.

A esse respeito, Luiz Antonio Rizzatto Nunes vale-se do

ensinamento de Canotilho, em sua obra "Direito constitucional", p. 141,

segundo o qual

"a sldperioridade hierárquica da Constituição revela-se em três

perspectivas:

"(1) as normas do direito constitucional constituem uma 'lex

superior' que recolhe O fundamento de validade em si própria

('autoprimazia normativa 9; (2) as normas de direito constitucional

'normas de normas' ('norma normarum 9, afirmando-se como

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fontes de produção'jurídica de outras normas (normas legais,

normas regulamentares, normas estatuthrias, etc.); (3) a

superioridade normativa das normas constitucionais implica o

principio da conformidade de todos OS aspectos dos poderes

,1139 políticos com a constituição .

Logo, não há como duvidar que as normas jurídicas mais

importantes encontram-se na Constituição. É ela que indica quem detém 0s

poderes estatais, quais são esses poderes, como devem ser exercidos e quais 0s

37140 direitos e garantias que as pessoas têm em relação a eles .

NO entanto, cabe lembrar que mesmo dentre as normas

constitucionais existem algumas mais relevantes porque contêm princi)ios, que

são as diretrizes do ordenamento jurídico, que afetam O sentido das normas e

princípios que estão presentes, no caso, no CDC, em sua parte material.

Explica o autor que na hipótese de um mandamento constitucional

contar com vários sentidos, sua interpretaçâo será feita em sintonia com o

princípio que lhe for mais próximo, porque uma interpretação que atrite com um

princípio constitucional não será entendida como jurídica.

1111

NIINI:S, L i i i ~ Anioriio Kirzattii. Op. cit.. P: 1-2, 110

N I I N I : ~ . I . i i i i ~ r i t o ~ i ~ Rizzatto. cornentbrios ao CDC, p. 2

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Pela sua condição de normas qualificadas, os princípios dão coesão

ao sistema jurídico, uma vez que eles guardam os valores fundamentais do

ordenamento jurídico, orientando e condicionando a aplicação de todas as

demais normas.

Rizzatto Nunes afirma que

pode-se, portanto, dizer que OS princlpios são "regras-mestras

dentro do sistema positivo", cabendo ao intérprete buscar

identificar as estruturas básicas, 0s fundamentos, os alicerces do

sistema em análi~e"'~', valendo-se da expressão de David Araújo e

Vjdal Serano Nunes Júnior, na obra "Curso de direito

constitucional".

A vista desse entendimento acerca da importância e proeminência

dos princípios constitucionais, "a figura do consumidor, em larga medida,

equipara-se 6 do cidadão", o que pressupbe que 0s direitos do cidadão

Salvaguardados pelos princípios e normas da Constituição, são também

extensivos figura do consumidor pessoa fisica14'.

141

142 NUNES, ~ u i z Antonio Rimtto. comentários ao CDC, p. 4. Idem, p. 5 .

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afetam o direito do consumidor e, ainda que O texto constitucional seja mais

novo comparativamente a legislação vigente, pelas regras inerentes ao ato

interpretativo, há que se considerar a noção de sistema juridico - uma espécie de

'tipo-ideal1, na expressão de Max Weber, um construído racional que seleciona

i as conexões causais, removendo o que há de alheio - onde as normas jurídicas

: são os seus elementos, e sua estrutura é formada pela hierarquia, coesão,

unidadeI4'.

Assim sendo, ainda que se apresente de maneira que possibilite a

compreensão do ordenamento jurídico, O sistema juridico náo é absolutamente

completo, uma vez que está sempre sendo aperfeiçoado pelo pensamento

jurídico como um todo - lembrando que esse pensamento é relativo, sofrendo

mudanças de acordo com o momento histórico e 0 Contexto social do Estado ao

qual o sistema juridico se refere.

A Constituição Federal, de início, declara ser o regime político

brasileiro republicano do tipo federalista, bem como O Estado brasileiro ser um

Estado Democrático de Direito. Em seu artigo 1" encontramos os seguintes

fundamentos:

143 NUNES, Luiz Antonio Rizzatio. Comentários a0 CDC, P. 6-7.

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i b) a cidadania;

i I 1 c) a dignidade da pessoa humana;

d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

e) o pluralismo político.

Além desses princípios fundamentais, vamos também encontra no

seu artigo 3", os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, a

saber:

1) construir uma sociedade livre, justa e solidária;

11) garantir o desenvolvimento nacional;

111) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais;

IV) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Observados os princípios e objetivos como ponto de partida para

uma análise jurídico-legal, há que se procura na legislação infraconstitucional a

harmonia de tais princípios, de modo que possam ser efetivados na aplicação da

lei ao caso concreto.

A Constituição Federal, promulgada em 1.988, traz no Título 11 -

Dos Direitos e Garantias ~undamentais -, inciso XXXII do artigo 5" : "o Estado

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1 I promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor", e ainda, no artigo 48 do i

I I ADCT :

"O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da

da Constituição, elaborará código de defesa do

consumidor".

Rizzatto Nunes, traz em seus ensinamentos:

"Diga-se, também, que o poder constituinte, ao elaborar o texto

magno, desde aquele instante tratou de deixar estabelecidos certos

grupos de pessoas e certos indivíduos que merecem a proteção

constitucional, isto é a Constituição Federal reconhece de plano a

hip~ssuficiência de certas pessoas, que devem, então, ser tratadas

pelo intérprete, pelo aplicador e pelo legislador i n f i ~ c o n s t i t u c i ~ ~ ~ /

de maneira difrenciada, visando a busca de uma igualdade

material. c..) Da mesma forma é de observar que a Constituição

reconhece a vulnerabilidade do consumidor (a qual está

expressamente declarada no inciso I do art. 4' do CDC -

'reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de

consumo^,(;.,) 0 texto constitucional refere-se a "defesa do

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consumidor", o que pressupõe que este necessita mesmo de

3.144 proteção .

i Ressalte-se que o fundamento da "dignidade da pessoa humana" I I

1 l

representa o princípio maior para que todos 0s direitos e garantias assegurados F L i as pessoas na Constituição Federal, possam vir a ser interpretados, o que vale

i dizer que a legislação infraconstitucional não poderá conflitar com esse

principio.

Além desse fundamento, há que se destacar a importância da

"liberdade" garantida na Constituição : tem sua garantia fundamental, quanto à

expressão, consciência, crença, manifestação do pensamento, dentre outras, bem

V como está assegurada como princípio da atividade econômica (artigo 170), o que

significa dizer que há liberdade de ação para o consumidor escolher e agir, bem

como para o fornecedor empreender, investir. Aqui, o sentido de liberdade da

8 pessoa consumidora é o da "ação livre", o que acontece quando a pessoa

consegue acionar o querer e O poder.

Entretanto, há situações de necessidade, quando a ação da pessoa

não será livre, o que, no entender de Rizzatto Nunes

144 NUNES, Luiz Antonio Riuatto. Op. cit., P . ~ ~ - ~ ~ .

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"O conceito é clássico: liberdade é o oposto da necessidade". c..)

Aplicado o conceito à realidade social, o que se tem é o fato de que

I o objetivo constitucional da construção de uma sociedade livre

i significa que sempre que a situação real for de necessidade o I !

I Estado pode e deve intervir para garantir a dignidade humana "Id5.

E ainda, continua Rizzatto Nunes em seu ensinamento:

"Guardemos em mente a garantia absoluta da "dignidade da

pessoa humana", depois dos "valores sociais do trabalho e da /ivre

iniciativa': da construção de "uma sociedade livre, justa e

solidária" e da promoção "do bem de todos, sem preconceitos de

origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de

discriminação1: e ainda, da igualdade de todos "perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza", Com a garantia da

"inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, à

,!I46 segurança e à propriedade .

O artigo 170 da Constituição Federal, ao abordar a ordem

econÔmica, o faz em harmonia com 0s demais princípios já mencionados.

Equivale dizer que, apesar da livre iniciativa estar no bojo do seu 'caput3, há

145

146 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Op. cit., P. I*. NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Op. cit., P. 52.

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limites a exploração do mercado (urna Sficção econômica' e também 'realidade

concreta' que pertence a sociedade, e em função dela é que se permite a

exploração), sendo asseguradas a livre concorrência e a defesa do consumidor.

Desse modo, o "legislador constituinte está dizendo que nenhuma

exploração poderá atingir os consumidores nos direitos a eles outorgados (que

8,147 estão regrados na Constituição e também nas normas infraconstitucionais) .

Em outras palavras, a decisão de entrar no mercado, desenvolver

um negócio, obter lucros, é livre e, por isso mesmo, nenhum risco, ainda que

seja parcial, pode ser repassado ao consumidor, quer seja através de cláusulas

c~ntra tuai~ , quer seja através de comportamentos reais ou ações concretas.

O Código de Defesa do Consumidor apresenta relações jurídicas

que são vinculadas ao processo de produção em massa (produção em série,

oferta de serviços de forma padronizada e unifome, com intenção de diminuir

Custos e ampliar a oferta),

que faz com que se deva privilegiar o coletivo e o difiso, bem

como se leve em consideração que as relações jurídicas são fmadas

de antemão e unilateralmente por uma das partes - o fornecedor -

1+7 NUNES, Luiz Antonio Riuuatto. Op. cif., p. 54.

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vinculando de uma só vez milhares de consumidores. Há um claro

,!I48 rompimento com o direito privado tradicional ,

Com efeito, a partir de 1 I de março de 1991, com a vigência da Lei

8.078190, as relações envolvendo consumidores e fornecedores ficaram adstritas

ao CDC, que

"é norma de ordem pública e de interesse social, geral e

principiológica, o que significa dizer que é prevalente sobre todas

as demais normas especiais anteriores que com ela colidirem. c.,) As regras básicas que just@cam essa firma de interpretar são, em

primeiro lugar, a preponderância dos princlpios, e, depois, a

estabelecida no $ I " do art. 2' da Lei de Introdução ao Código

Civil, que dispõe: "A lei p0~teriOr revoga a anterior quando

expressamente o declare, quando ela seja incompativel ou quando

regule inteiramente a matéria de que tratava a lei

A esse propósito, Ada Pellegrini Grinover, valendo-se do ensaio de

Mauro Cappelletti, constata a inexistência de categorias jurídicas substanciais

que dominem a fenomenologia de uma sociedade industrial, alertando para a

-

I48

149 NUNES, Luiz Antonio Riuatto, op. cit., P. 71. NUNES, Luiz Antonio Riuatto, Op cit., P. 72.

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"necessária reestruturação dos esquemas processuais cZ&icos,

para sua adaptação aos conflitos emergentes, próprios de uma

sociedade de massa de que 0s decorrentes das relações de consumo

>>I50 representam um ponto nodal .

4.2 Legitimidade para agir no processo de falência

Um aspecto relevante a ser comentado, diz respeito a natureza da

legitimação do interessado para atuar como parte no processo de falência.

Constituem as "condições da ação", a legitimatio ad causam, o interesse de

agir e a possibilidade jurídica do pedido, assim considerados na lição de J. E.

Carreira ~ l v i r n " ~ , os

"requisitos necessários ao exercício do direito de ação, sem o

dos quais, não se conjigura O direito de ação".

Denomina-se legitimação a coincidência entre a situação jurídica de

uma pessoa, tal como resulta da postulação formulada perante o órgão judicial, e

a situação legitimante, prevista na lei para a posição processual que a essa

I50

1st CDC Comentado. Op. cit., p. 721. ALVIM, J , E, carreira, ~ l ~ ~ ~ ~ t ~ ~ de Teoria Geral do Processo 6' ed. Rio de Janeiro : Forense, 1997, p. 123,

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i pessoa se atribui ou que ela mesma pretende assumir'52. De maneira geral, pode-

se dizer que estará legitimado a atuar em juízo apenas O titular do interesse

1 revelado na demanda.

Conforme Vicente Greco ~ i l h o " ~ ,

"a regra geral é a de que está autorizado a demandar quem for o

titular da relação jurídica".

Assim, pode-se entender que estão legitimados para o processo 0s

titulares dos interesses em conflito: a legitimação atiua incumbe ao titular do

interesse declarado na pretensão enquanto que a legitimação passiva caberá ao

titular que a ela se opõe. Encontra-se no artigo 3" do Código de Processo Civil:

'para propor ou contestar a U Ç ~ O 6 necessário ter interesse e

legitimidade".

Esta é a chamada legitimação ordinária: agir em nome próprio,

defendendo direito seu. Entretanto, há casos em que a pessoa, autorizada pela lei

1 5 * MOREIRA, José ~~~l~~ ~ ~ ~ b ~ ~ ~ , Apontamentos para um estudo sistemático da legitimaçso extraordinfiria,

RT 404:09. 153 GRECO FILHO vicente, ~ i ~ ~ i t ~ processual civil brasileiro. 14a ed. São Paulo : Saraiva, 1999, p. 77.

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de fonna excepcional, age em nome próprio para defender direito alheio. Assim

ensina Humberto Theodoro ~ ú n i o r ' ~ ~ ,

de par com a legitimação ordinária, ou seja, a que decorre da

posição ocupada pela parte como sujeito da lide, prevê o direito

processual, em casos excepcionais, a legitimação extraordinária

que consiste em permitir-se, em determinadas circunstâncias, que a

parte demande em nome próprio, mas na defesa de ieteressa alheio,

Ressalte-se, porém, a excepcionalidade desses casos que,

doutrinariamente, se denominam 'substituição processual :

NO artigo 6 O do Código de Processo Civil, está previsto sobre a

legitimução extraordinária, que "ninguém poderá pleitear em nome próprio,

direito alheio, sa[vo quando autorizado por lei"; é a 'substituição processual',

assim denominada por Chiovenda. Também vai se encontrar em Moacyr Amaral

Santos'55

"quem litiga como autor OU réu é O substituto processual, fá-lo em

nome próprio, na defesa de direito de outrem, que é o substituído"

IY T H ~ ~ [ > ~ ~ ~ J"~loR, ~ ~ ~ b ~ ~ ~ . Curso de direito processual civil. 24" ed., rev. e atual., Rio de Janeiro:

Forense, V. I , I 998, p. 57. 15s SANTOS, Moa,.yr ~ ~ ~ ~ ~ l , primeiras linhas de direito processual civil, 20-d. São Paulo : Saraiva, 1998,

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Para alguns estudiosos, a Iegitimação extraordinária pode se

apresentar de três modos: exclusiva, concorrente ou subsidiária.

Alexandre Freitas Câmara, em sua obra Lições de Direito

Processual Civil, ".I, p. 108, preleciona que é exclusiva quando apenas o

legitimado extraordinário pode os tu lar judicialmente, não sendo possível que o

legitimado ordinário o faça, como por exemplo, o marido defender os bens

dotais da mulher (art. 298,111, Código Civil),

concorrente, quando os legitimados ordinário e extraordinário,

isolada OU conjuntamente, podem demandar em juízo; 'em havendo postulação

conjunta, forma-se o litisconsórci~ facultativo.

Como exemplo, pode-se mencionar a ação de investigação de

paternidade, onde o titular da pretensão é 0 legitimado ordinário, sendo o

Ministério público, o legitimado extraordinário concorrente.

É subsidjárja, 0 legitimado ordinário é omisso, podendo o

legitimado ir a juizo- Pode ocorrer, por exemplo, quando 6

movida por acionista e a sociedade anônima não propõe em três meses a contar

da assembléia deliberativa, ação de responsabilidade do administrador pelos

prejuízos a ela causados (art. 159, 5 3'2 Lei 6.404/76).

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No entender de José Carlos Barbosa ore ira'^^.

a legitimação extraordinária pode ser autônoma, subordinada e

condicionada. Autônoma é a conj2rida a alguém para ingressar em

juizo com total ou parcial independência em relação ao legitimado

ordinário. Quando a lei reservar apenas ao legitimado

extraordinário a iniciativa de agir, é tida como exclusiva, enquanto

que é concorrente quando quaisquer desses dois legitimados podem

demandar. A classlfcuda COMO c o n c o r ~ ~ t e pode ser primária,

quando a lei conferir ao mesmo tempo legitimação extraordinária a

uma pessoa e ordinária a outra, OU subsidiária, quando a

legitimação extraordinária autônoma depender do não-exercicio do

direito de ação por parte do legitimado ordinário, para que ela

possa existir.

É tida como subordinada a kgitimação conferida a uma pessoa

para intervir, junto com O legitimado originário; é a assistência

simples ou litisconsorcial. Só existe em decorrência de outra

legitimação, ordj&ria ou extraordinária.

Para ocorrer a iegitimação condicionada, é necessário um ato do

legitimado ordinário, como nas hipóteses de denunciação da lide, onde a

156 MOREIRA, José Carlos Barbosa. OP. cit,

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legitimação do denunciado fica condicionada a ação, do autor ou do réu, de

denunciar.

i Para atuar como parte, é de entendimento geral que o Ministério

Público - instituição permanente e autonoma, essencial a função jurisdicional do

Estado, cujo objetivo é a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos

interesses sociais indisponíveis - na verdade, estará defendendo o interesse

publico, que se sobrepõe ao particular.

Assim, quando o Ministério Público propõe ação civil pública, age

como substituto processual da sociedade ou das pessoas que deveriam defender

seus interesses ordinariamente. É o Ministério Público atuando em nome

próprio, na defesa de interesse alheio.

N~ entanto, se o Ministério Público é O próprio Estado em ação,

pois foi por ele criado e dele recebe legitimação para a defesa do interesse

público, por que não se cogitar da possibilidade de ser ele efetivarnente um

legitimado ordinário?

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Encampam essa tese' alguns doutrinadores, como por exemplo,

i i Antônio Cláudio da Costa achado"', Ephraim de Campos ~ ú n i o r " ~ e Paulo I 1 Cezar Pinheiro !

Diz o primeiro, fazendo citação ao segundo:

Entendemos que o parquet, titular da ação civil pública, não tem a

qualidade de substituto processual nem de legitimado 5

extraordinário. Concordamos com Ephraim de Campos Jr., que

afirma: 'agindo por este interesse, o qual geralmente só tem esta

forma de apresentação, O Ministério Público não substitui ninguém,

mas apenas exprime O seu interesse. Ordinariamente, só o

Ministério PUblico pode atuar juridicamente pelo interesse co[etivo

da sociedade: De fato, existindo o parquet para apresentar o

interesse indisponível da sociedade (não o interesse coZetivo que

com este não se confunde) - estando aí a razão de seu particular

posicionament~ dentro da organização do Estado - não se jmtgica

cncará-/o como legitimado extraordinário. Pelo contrário, sua

legfiimação é ordinária porque no processo da ação civil pública o

137 M~~~~~~ AntGnio Claudia da Costa. A intervençâo do Ministerio Publico no processo civil brasileiro, p, I I 7 ~ .... 1 %

,5v (:AMI>(>s JI'INI(>H, tiplii.oim de. SubrtitulGll'~ ~roccsli lnl. P. 5 2 . CARNEIRO paulo cezar pinheiro, O Mlnirtc<rii~ I'ilhlicu lli> pri3cerati civil u lioitul., li. 2 3

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Ministério Público é' O Estado e atua para a realização do seu

próprio direito.

Afirma Paulo Cezar Pinheiro Carneiro:

O Ministério Público, como órgão agente no campo civel, promove

a ação civil pública, figurando, nessa qualidade, como parte

principal. Não se trata de substituição processual, pois a atuação

do MP se dará nessa hipótese, em nome próprio, defendendo

interesse público, latu sensu, do qual é titular como órgão do

Estado, da própria sociedade como um todo. POUCO importa que

existam, eventual e reflexamente, interesses patrimoniais de

pessoas ou grupos, vez que a intervenção do MP não tem por

$nalidade a defesa desses eventuais direitos patrimon ia js, mas

antes sua atuação se dá porque O legislador, naquele momento,

entendeu que aqueles direitos interessariam direlamente à própria

politicamente organizada, como verdadeiros direitos

sociais.

Observa-se forte tendência nesse sentido, como o Direito norte-

americano, no qual a legitimação para as Public actions' é considerada de

a natureza ordinária (conforme citação de rodapé feita por Rodolfo de Camargo

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a propósito de certo caso julgado pela Corte Suprema dos Estados Unidos da

América - n. 357, US, 1958).

I

I 1 Tal raciocínio serve tanto para a a ~ ã 0 civil, quanto para a penal, I

com a diferença de que nesse caso, a titularidade e exclusiva do Estado,

enquanto que na ação civil, concorre sempre com outros legitimados.

A nosso ver, o Ministério Público atua como legitimado ordinário,

defendendo posição jurídica própria, exercendo a função para a qual foi criado.

E 0 Estado em ação, zelando pelo interesse coietivo. Não é substituto, nem

I representante, mas age por direito próprio. Como afirma Rodolfo de Camargo

"basta que se interprete com a devida abertura e atualidade o art.

6" do CpC, e se poderá concluir que é ordinária a legitimação das

no9 art. 5' da citada Lei sobre os interesses

dijiusos " (Lei 7.34 7/85),

AO atuar como Órgão agente, não se tem o Parquet apenas como

promotor de medidas judiciais, como a ação civil publica e a ação direta de

''O MANCUSO, ~ ~ d ~ l f ~ de carnargo, Interesses difusos - conceito e legitimação para agir. p. 229-230

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inconstitucionalidade, mas também como executor de importantes providências

extrajudiciais, dentre elas o inquérito civil público e 0 termo de ajustamento de

conduta, de comprovada utilidade.

A experiência ministerial na defesa dos interesses coletivos revela

ser essa a via mais rápida e eficaz para a prevenção e reparação dos danos e

abusos.

Na tutela judicial de interesses metaindividuais, é o Ministério

Público legjtimado autônomo para a condução do processo. Tal legitima~ão é de

natureza ordinária, o que implica na coincidência entre a situação legitimante e a

situação deduzida em juizo (atua O Parque? em nome próprio, defendendo

direito seu).

Advém da própria Carta Magna, sendo vedada a lei ordinária

infraconstituciona~ limitar ou retirar suas atribuições. Aliás, o Ministério

PUblico, titular da ação penal, já recebera do legislador legitimidade para a

propositura de ações civis em hipóteses relacionadas a direitos difusos e

coletivos (Leis 6.938181 e 7.347/85).

Sua atuação, porém, era tímida, dada a ausência de uma disciplina

mais específica, A Constituição Federal de 1988 veio a consagrar tal Iegitimação

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(artigo 129, inciso 1111, tomando-a plena e efetiva. Portanto, correto falar-se em

atribuição conferida pela Carta Magna.

Assim sendo, pode o membro do Ministério Público - quer da

União, quer dos Estados - com base no artigo 129 da Constituição Federal,

ajuizar açao civil pública, impetrar mandado de segurança e propor outras

medidas para a defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.

AO conceder legitimação ao Parquet para demandar, o legislador

reconhece sua capacidade postulatória. Todo membro do Ministério Público tem

capacidade para propor ação em juízo, sem, entretanto, Ser inscrito na Ordem

dos Advogados do Brasil, por vedação constitucional absoluta (artigo 128,

parágrafo 5", inciso 11, alínea "b", CF).

Quando a Constituição Federal confere legitimidade ao Parquet

para agir, atribui a cada membro da Instituição a possibilidade de propor

medidas judiciais. Dispõe que as funções ministeriais so podem ser exercidas

por integrantes da carreira (artigo 129, parágrafo 2'), que são obrigatoriamente

bacharéis em Direito.

Quer no processo civil, quer no criminal, atua O Ministério Público

com legitimação ordinária, defendendo, em nome próprio, direito seu. Do ponto

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de vista processual, quando o Promotor de Justiça ajuiza qualquer medida

constitucional ou legal, terá preenchido o requisito "capacidadepostulatória ".

Não cabe a ele a representação e a consultoria de entidades 1

públicas: qualquer finalidade prevista pela lei infraconstitucional, deverá

adequar-se às suas finalidades institucionais.

Com este novo perfil constitucional, O Ministério Público não tem

mais as funções procuratórias que exercia até 1988, como a substituiçâo

processual de ausentes citados fictamente.

Ante essa ação do Ministério Público - como Estado em ação -

garantindo o interesse público, seja ele social, individual indisponível, difuso ou

coletivo, pode-se afirmar que se trata de legitimado ordinário, defendendo

direito seu, em nome próprio.

É o condutor autonomo de todo O processo, tendo atribuição para

sua proposição sempre que haja risco ou dano a coletividade, zelando pela

indisponibilidade dos interesses sociais da sociedade. Somente a Constituiçào

Federa] poderá alterar ou retirar essa legitimação conferida.

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Enquanto órgão agente, o Ministério Público tem prazo em

quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (artigo 188, CPC). No mais,

cabem-lhe os mesmos poderes e Ônus que a todas as partes (artigo 81, CPC),

mas não está sujeito ao adiantamento de despesas processuais (artigo 19,

parágrafo 2 O , CPC), nem a condenação nestas (artigo 27, CPC) ou em honorários

advocatícios (artigo 20, CPC). Não pode o Ministério Público, através de seu

presentante, confessar (artigo 348, CPC), nem prestar depoimento pessoal

(artigo 342, CPC), nem dispor.

Quer atuando em feitos cíveis, quer em criminais, é o Ministério

Público essencial funqão jurisdicional do Estado. Não é sem razão que a Carta

Magna assim o recebe16'.

4.3 Repercussão e Efeitos da Falência nas Relaqões de Consumo

Importante destacar a ideologia da proteção contratual contida no

Código de Defesa do Consumidor - CDC -, cujo objeto é a relação de consumo,

assim entendida a relação jurídica existente entre fornecedor e consumidor,

tendo como fim a de produtos OU utilização de serviços pelo

consumidor.

1" FILHO Roldão de ~ ~ ~ ; t ~ ~ . O Ministdrio Público e o processo falimentar - visfio atual e novas

Perspectivas. p. 21-29 (item 2.6.1).

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O CDC não fala de "contrato de consumo", "ato de consumo':

' C negócio jurídico de consumo, mas de "relação de consumo ", termo que tem

sentido mais amplo do que aquelas expressões. As leis civis e comerciais são

aplicáveis às relações jurídicas de consumo, para integração de lacuna por

situação não prevista pelo Código, naquilo que não contrariar o sistema de

defesa do consumidor regulado pelo CDC.

Para Nelson Nery Junior

" O Código de Defesa do Consumidor, é lei principiológica. Não é

analítica, mas sintética. ... Todas as demais' leis que se destinarem,

de forma especijka, a regular determinado setor das relações de

consumo deverão submeter-se aos preceitos gerias da lei

prjncipiológica, que é o Código de Defesa do Con~umidor . '~~"

Essa concepção de relações de consumo tem visível compromisso

com a modernidade, de modo a fazer com que as constatações e previsões sobre

a chamada "morre do contrato" não se concretizem. O CDC admite todas as

formas de contratação, sendo válidos para as relações de consumo os aspectos

da teoria geral dos contratos relativos aos contratos escritos, verbais, por

correspondência, de adesão, dentre outros-

162 NERY J,jN,oR, Nelson. D~ proreçáo contratual. In ~0mentários ao c6digo brasileiro de defesa do

consiimidor. p. 444.

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No sistema do CDC, aregra não e a resolução em perdas e danos da

obrigação de fazer inadimplida, mas a execução específica, forçada da obrigação

de fazer, se o fornecedor não der cumprimento oferta.

Importante anotar que O regime de vinculaçâo da oferta ao futuro

contrato que vier a ser concluído, faz com que todas as características do

Produto ou serviço constantes da oferta devam, necessariamente, integrar o

Contrato, impondo ao fornecedor o dever de prestar de conformidade com sua

oferta, assim preconiza o CDC em seu artigo 35, in verbis:

"se o fbrnecedor de produtos OU serviços recusar o cumprimento 6

oferta, OU publicidade, O consumidor poderá,

e h sua escolha : 1- exigir O cumprimento forçado

da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;

11 - aceitar outro produto OU prestação de semiço equivalente; 111-

o contrato, com direito h restituição da quantia

eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e perdas e

danos ': O art. 84, j 19 do CDC reforça essa afirmação, quando

diz que "a da obrigação em perdas e danos somente

será se por elas optar o autor OU se impossível a tutela

especl~ca ou a do resultado prático correspondente".

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Vê-se, portanto, a superação do instituto da proposta contida no

Código Civil - cujo perfil ainda não atende à necessidade de tutela contratua1

mais efetiva do consumidor -, pela figura da oferta do CDC, com feição

moderna e adequada à realidade atual das relações de consumo.

Tanto isto é verdade que o legislador da reforma do CPC,

aproveitando a experiência do sistema do CDC, modificou O Direito Privado e o

Processual tradicionais, igualando-os ao regime do CDC. Com efeito, o artigo

461 do Código de Processo Civil, com a redação dada pela Lei no 8.952194, tem

Conteúdo praticamente idêntico ao do artigo 84 do CDC.

Assim, inadimplida a oferta do Direito Privado tradicional, sua

resolução não mais se dá por perdas e danos, mas de forma específica, como

ocorre no sistema do CDC.

portanto, hoje O regime do descumprimento da oferta (CDC) ou da

Proposta (CC) é O mesmo, ou seja, ambos OS descumprimentos ensejam

execução específica, sendo as perdas e danos utilizados somente

subsidiariamente, isto 6, diante da preferência do credor ou na impontualidade

do cumprimento da obrigação na forma especifica.

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Nos casos em que o fornecedor de produtos ou serviços venha a

falir, caberá ao síndico adimplir a obrigação perante o consumidor, como prevê

o artigo 43 da LFC, aparelhado pelos sistemas de proteção e defesa do

consumidor presentes no CDC.

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137

5. A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA NO PROCESSO DE FALÊNCIA

Tem a tutela antecipatoria a natureza jurídica mandamental, que se efetiva

mediante sua execução, entregando ao autor a própria pretensão deduzida em

juízo ou seus efeitos, como preconiza o artigo 273 do CPC.

É tutela satisfativa, uma vez que realiza o direito, no plano dos fatos,

dando ao requerente o bem por ele pretendido. E ainda, vale dizer que a tutela

antecipada tem como limite o pedido, OU seja, não se pode conceder mais do que

o autor obteria se vencedor na totalidade da pretensão que deduziu em juizo.

Não se trata de tutela cautelar porque objetiva conceder, de forma

antecipada, o próprio jurisdicional pleiteado OU seus efeitos.

Também não se trata de julgamento antecipado da lide, eis que O juiz antecipa 0s

efeitos da sentença de mérito, por meio de decisão interlocutória, provisória,

163 Prosseguindo-se no processo .

A Lei 8.952~94, trouxe significativa modificação ao artigo 273 do CPC,

transformando o texto do 'caput' em parágrafo único do artigo 272 do

CPC. Desta forma incluiu-se o nov0 instituto da 'antecipação da tutela5,

a todas as situações sujeitas a0 Processo cognitivo, o que significa

163 Código de Processo Civil Comentado. P.

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dizer que, em sendo '>reenchidos determinados requisitos, fossem antecipados

98/64 efeitos th tutela jurisdicional em qualquer procedimento .

Desse modo possibilitou-se a concessão de decisões antecipatorias do

provimento pleiteado, até mesmo liminamente, em todas as situações onde

fique demonstrada a necessidade de ser assegurada a utilidade da prestação

jurisdicional ou seja sugerida frente a intenção deliberada de adiamento por

parte do réu, inclusive no processo de falência.

A introdução da tutela antecipada no direito brasileiro, como medida

genérica, destinada a conferir maior praticidade à proteção jurisdicional final,

pretende amenizar O mal causado pela demora do processo, com essa solução

provisória, mas que antecipa OS efeitos.

A esse respeito, expõe Ovídio Baptista da Silva

"6 certamente a mais importante novidade introduzida em nosso

direito movimento das recentes reformas em nossa lei

,,I65 processual civil ,

164

161 BEDAQUE, Jose Roberto dos Santos. OP. cit., p., 292. são palavras de SILVA, ov{dio Araújo ~aptista da. "A antecipaçáo da tutela", P. 129, in BEDAQUE, josé

Robeno dos Santos. Op. cit., p. 293.

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e ainda a expressão talhada por Araken de Assis

"dentre as inovações do processo civil brasileiro, "a antecipação

da tutela representa a Iínica, realmente, a merecer a designação de

revolucionária".(..) A antecipação dos efeitos da sentença,

prevista no art. 273 do Código de Processo Civil, nada mais é do

que medida de urgência construída segundo a técnica cautelar,

,,I66 destinada a conferir e3cácia ao provimento final .

Nas considerações de José Roberto dos Santos Bedaque, encontra-se que a

liminar indica o provimento judicial deferido no inicio do procedimento, antes

mesmo da citação do réu. Assim, o reconhecimento de incompetência absoluta

de ofício, o indeferimento da inicial e a antecipação de efeitos 'inaudita altera

Parte' são exemplos de liminares.

A tutela antecipada não se confunde com liminar, ainda que a tutela

antecipada possa ser deferida prontamente, antes mesmo da citação.

Assim, a tutela cautelar pode Ser antecipada limiflarmente OU para

qualquer momento anterior 6 sentença; OU mesino ser concedida ao final do

Processo cautelar. iqa o que se destaca é O n?ornento processual onde o

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ato jurisdiciona] é podendo ser em caráter liminar ou não, tanto em

Processo cautelar como de conhecimento.

Para Adroaldo Furtado Fabrício, citado por Bedaque, a tutela antecipada

Se distingue da definitiva tão somente

')elas notas de provisoriedade e do adiantamento temporal em

relação ao momento ordinário da prestação jurisdiciona].

uma vez, pode-se dizer que a quesrão é apenas de momento

39/67 processual .

Fica evidenciado que, com a alteração introduzida pela Lei 10.444/02 ao

artigo 273 do cpc 3 a concessão da tutela antecipada não mais está restrita aos

casos anteriormente previstos, podendo ser requerida em qualquer hipótese

Sujeita ao procedimento comum ou especial, ou seja

"desde que compatível com a nalureza do direito e necessáriapara

assegurar a efetividade da tutela fia/, deve ser admitida em

situação. A interpretação do instituto deve levar em conta

sua finalidade de assegurar O resultado Útil do processo e o direito

167

, Conforme FABR~CIO, Adroaldo Furtado reves notas sobre proviinentos antecipat0rios. csutejares r

liminares, p. 20, idem, p. 295.

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material a ser preservado, sendo irrelevantes aspectos meramente

,2168 procedimentais .

Compartilhando do mesmo entendimento, José Roberto dos Santos

Bedaque amplia em sua explicação que

"a antecipação destinada a assegurar a efetividade do provimento

satisfativo, ainda que implique também satisfação, mas provisória,

tem carúter cautelar. Mesmo porque a antecipação é sempre de

efeitos materiais do provimento final, nunca de sua eficácia

juridka. Antecipam-se OS efeitos de um brovável direito a ser

29/69 reconhecido, não o próprio reconhecimento .

Fica evidenciado que para a concessão da antecipação o juizo de

Probabilidade é feito para se entregar desde logo o bem da vida ao autor, sendo

que a sentença que ainda inexiste, já produz efeitos Como se existisse.

A tutela antecipada implica satisfação do interesse material e muitas vezes

Se Confunde com o próprio final, Uma vez que tanto a tutela antecipada

quanto a cautelar têm como conseqüência a invasão da esfera jurídica do

demandado. M~~ em relação ao autor, o resultado seria diverso, pois

- 168 ,,, confomie MAR,NONI, Luiz Guilheme A antecipação da tutela, P. 127-128, idem, P. 296.

Idem. Tutela çautelar, p. 103-1 04; idem, P. 29%

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"a cautela não lhe acr'escenta de imediato nada ao ativo jurídico,

salvo a segurança; já o provimento antecipatório outorga-lhe o

desfrute imediato do bem ou direito. A cautela só dá ao autor

expectativa favorável da efitiva fruição do direito no futuro; a

antecipação o coloca desde logo em condições de fruir dele"170.

Em mais profunda análise que faz acerca do tema, José Roberto dos

Santos Bedaque ensina que

"toda antecipação significa sacrifcio de ost tu lados inerentes ao

devido processo legal, especialmente O contraditório e a ampla

defia. É a opção legislativa pelo valor efetividade, em detrimento

3 ,

da segurança do resultado.

Entende que as tutelas provisórias viabilizam a eliminação de possível

confronto entre dois direitos fundamentais integrantes do devido processo legal

- a segurança jurídica (na qual reside 0 'decurso de tempo') e a efetividade da

jurisdição171,

Vale destacar a da Lei de Incorporação no 4.591164 à falência

das empresas incorporadoras, exemplificada na obra de Hamilton Quirino

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Câmara172, onde, antes do caso Encol, não chegou a haver uma eficaz aplicação

da mencionada Lei nos processos de falência de incorporadores imobilifuios,

predominando, tão somente, os preceitos da LFC.

Afirma Hamilton Quirino Câmara que, de maneira geral, ao

Processo de falência dos incorporadores imobiliários, como o de qualquer

empresa, ou seja: primeiramente arrecadava-se OS haveres do falido, inclusive 0s

empreendimentos imobiliários (concluidos ou não).

Aos promitentes compradores OU donos de terreno (pemutantes) restava

apenas a via jurisdicional prevista nos artigos 76 a 79 da LFC, qual seja: pedido

de restituição ou embargos de terceiro. Pouco era aplicada a parte final do artigo

43, inciso I[ da Lei no 4.591/64, que prevê a não arrecadação de

empreendimentos cujos adquirente~ decidam prosseguir na conclusão das obras.

Ainda que os adquirentes sejam credores Com preferência, desde logo

ficou claro que 9 com a falência, seria impossivel a qualquer comprador restituir

valores de seLi investimento. observada a ordem de preferência contida na

atual LFC, que privilegia a ntes de todos, os créditos trabalhistas e fiscais.

%

172 C Â M ~ ~ ~ , Hamilton Quirino, ~ ~ l ê ~ ~ i a do incorporador imobilihrio. P. 26-27.

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Diante de tal deficiência e, tutelados pela nova ordem protecionista da Lei I !

! de Proteção e Defesa do Consumidor, face as variáveis do interminável i i procedimento falimentar, tomou-se indispensável e adequada a antecipação de

tutela, para que 0s pudessem prosseguir na conclusão das obras

. ., . civis dos respectivos empreendimentos imoblllarlos.

5.1 Da Incidência nas Relações com O Consumidor

Em seu inciso I, o artigo 273 do CPC prevê a hipótese de tutela

Jurisdicional, para assegurar o resultado Útil do Processo, sendo esta concedida,

se existir risco para a efetividade da proteção jurisdicional.

É a finalidade preventiva de evitar o risco de dano, que poderia vir

a Comprometer o próprio direito eventualmente reconhecido ao final; por essa , .

razão, a antecipagão deve ater-se ao que é essencialmente necessario para que o

dano seja evitado.

Esclarece José Roberto dos Santos Bedaque:

posribilidade de 0 autor usufiirprovisoriamenir dus @ros do

provimentofàn~ untes do momento procedimental prbprio deve-se

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ao perigo de que, se tiver de aguardar O final do processo, Jique

impossibilitado de fazê-lo. É exatamente esse elemento que

caracteriza a tutela cautelar. A situação do inciso I apresenta,

portanto, natureza cautelar, pois a antecipação destina-se a

assegurar o resultado prático do processo.(:..) além da

provisoriedade, a antecipação tem OS mesmos pressupostos da

caz(tg[a~'; perigo de dano e probabilidade da existência do

,9173 direito .

Prossegue ainda José Roberto dos Santos Bedaque, em nota de

rodapé n.174 > ao mencionar o trabalho de Arruda Alvim - "Tutela

antecipatóriaw- onde procura encontrar as diferenças entre o dano a ser evitado

pela caulelar e o dano a que se refere O artigo 273.

Em primeiro lugar, afirma existir várias maneiras de afastar o dano

mediante tutela cautelar (CPC, artigo 798). Já na hipótese prevista pelo artigo

273, só mediante antecipação. Mas entre as várias f0rmas cautelares para evitar

dano e assegurar a efetividade do ~rovimento, está exatamente a antecipação

Provisória das efeitos. ou seja, por esse raciocínio, a medida prevista pelo artigo

273 seria uma especie de cautelar.

111

B E D ~ ~ ~ ~ , Jose Roberto das Santos OP. cit., p. 323-324.

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O problema não está na conseqüência, mas na concepção mesma

de tutela cautelar. Também não vejo porque o dano ligado à

cautelar seja necessariamente causado pela parte contrária,

enquanto o outro não. O risco de dano, em qualquer hipótese,

decorre da impossibilid~de de a tutela definitiva ser prestada de

plano.

Pode decorrer de comportamento da outra parte, ou não. O

problema está relacionado ao tempo necessário para a entrega do

provimento deJinitivo e 0' necessidade da medida urgente, sendo

que pode ou não estar ligada ao comportamento do

,, 174 adversário

Prossegue com a análise do artigo 273 do CPC, em seu inciso 11,

cujo motivo da antecipação não está vinculado ao perigo concreto de dano, mas

aqui a situação descrita revela a existência de postura assemelhada a litigância

de má fé, que está regulada pelos artigos 16 a 18 do CPC. Busca-se agilizar o

resultado do processo, uma vez q ue o direito pleiteado pelo autor 6 bem

provável e verdadeiro, sendo que tal c~rcunstância é reforçada pela

inconsistência dos argumentos do réu em sua defesa.

174 ARRUD* ALVIM NETTO Jose ~~~~~l de. Tuteia anteciparória, p. 40-43, in BEDAQUE, José Roberto dos Op. cit., p. 324.

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Aqui ele se vale, novamente, "da ~0mpara~ã0 feita por Amda

Alvim com o migo 83, parágrafo 3" do CDC, para concluir que a

semelhança existe apenas com o inciso I do artigo 273 do CPC, ambos com

função idêntica no sistema".

Sustenta, todavia, com inteira razão, a aplicabilidade do inciso

11 as situações reguladas pelo CDC, porque:

"a) 0 sistema do CPC é subsidiário do CDC, b) o sistema do ~m é intencionalmente mais proterivo, e, de uma forma geral,

ejèjivamente o é; c) se o sistema do CPC avançou mais do que o

CDC é certo que o sistema daquele aplicar-se-4 a este, onde este

não avançou janto quanto aquele': Acrescentaria ainda, que o

i n ~ i ~ o IJ conjgura sanção imposta a0 comportamento temerário do

réu, Mais uma razão para aplicá-la a0 sistema do Código de

Defesa do Consumidor, construido deforma a beneficiar o autor,

parte tons jdemda hipo~suficiente""*~.

Cumpre destacar que a técnica da antecipação sumária e

provisória pode levar em conta outras circunstâncias diversas. Há que se

levar em consideração a situação de direito material e O quanto é

- 17s A R R U D ~ ALV,M NETTO José ~~~~~l de Tutela antecipatória, P. 40-43, in BEDAQUE, José Robeno dos

Op. cit., p. 324. p. 326:

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conveniente, ou não, o adiantamento dos efeitos da tutela final, até porque

O legislador pode entender que o autor não precisa aguardar o término do

processo para usufruir de seu provável direito.

5.1.1 Momento da Propositura da Ação

O deve reivindicar seus direitos perante a

autoridade jurisdicional, sempre que tiver seu direito violado pelo fornecedor de

Produtos ou serviços, independente de prévia notificação, observando os prazos

de Caducidade e prescricionais contidos no artigo 26 do CDC, in verbis

"Art. 26. 0 direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de

fácil constatação caduca em:

1 - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de semiço e

produto não duráveis;

11 - 90 dias, tratando-se de fornecimento de

,yemiço e produto duráveis.

§ 10 lajciU.-.ye a contagem do prazo decadencial a partir da

entrega efetiva do produto OU término da execução dos

serviços.

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JC 2" Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo

consumidor perante fornecedor de produtos e serviços até a

resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida

deforma inequivoca;

II - (Vetado.)

111 - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento,

$30 tratando-se de vício oculto, O prazo decadencial

no momento em que ficar evidenciado o defito':

O juizo falencial observa 0s princípios da indivisibilidade e

da universalidade, através dos quais é competente para todas as ações e

sobre bens, direitos, interesses e negócios da massa falida.

outro lado, o artigo 23 da LFC, determina que láo

juizo da falência devem concorrer todos os credores do

devedor comum, comerciais ou civis, alegando e provando

,>I76 seus direitos. H ,$ o princ@io da universalidade .

~~~l~~~~~ Waldo Fazzio Júnior que devem acorrer aojuízo da

falência, bem como nele concorrer, todos os credores, porque a execução

1

176 FAZ^^^ J ~ N I O R , Waldo. Op. cit., P. 89.

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coietiva incidirá sobre o patrimônio do devedor. Desse modo, o juizo

declaratorio chama para si todos os procedimentos contra o patrimônio, que

venham a pretender os credores.

"É a vis attractiva, qualidade primordial no juko de

3,177 falência ,

quando são atraídos todos OS bens do credor e seus créditos,

Para que se proceda à liquidação das obrigações do devedor, sem que se

desrespeite o princípio da paridade no tratamento dos créditos.

Ainda deixa claro Waldo Fazzio Júni0r que ações propostas

antes da decretação da quebra, não são abarcadas pelo juízo falimentar, a não ser

na hipótese da citação vier a ser posterior a essa quebra.

Também destaca que nem todas as ações iniciadas antes da

falência se suspendem, apesar do teor do 'caput' do artigo 24, Com exceyQes

previstas de prasseguimento com o síndico, abrangendo, inclusive, as ações que

dizem ,speito a obrigações personalíssimas e as que demandam quantia

iliguida, coisa > prestafãO OU abstenção de fato. Corno destaca O parágrafo 20

artigo 24 da LFC, in verbis:

1 177

F A ~ ~ ~ ~ JÚNIOR, weido. ~ p . cit., P. 90.

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"J 2" Não se compreendem nas disposições deste artigo, e

terão prosseguimento com o síndico, as ações e execuções

que, antes da falência, hajam iniciado:

I - os credores por títulos não sujeitos a rateio;

I1 - os que demandarem quantia ilíquida, coisa certa,

,.I78 proteção ou abstenção de fato .

Nestas estão incluídas as que versam sobre obrigação de fazer

OU não fazer. Também no mesmo diploma legal, já no seu artigo 44 que aborda

as relações contratuais, as regras que prevalecerão são descritas em seus incisos,

a saber:

"Art. 44. Nas relações contratuais, , a seguir mencionadas,

prevalecerão as seguintes regras:

111 - não havendo o falido entregue coisa móvel que vendera

a pestação e resolvendo O síndico não executar o contrato, a

massa restituirá ao comprador as prestações recebidas pelo

falido;

VI - na promessa de compra e venda de imóveis, ~ p l i c a r - ~ ~ - b

,>I79 legislação respectiva; (. . .) .

179 F A ~ ~ ~ ~ JÚNIOR, Waldo. Op. cit., p. 145. F @ ~ ~ ~ JÚNIOR, Waldo. Op. cit., p. 162.

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Este inciso 111 aborda a não-entrega de coisa móvel por parte

do falido, ocasião em que o síndico deverá restituir ao comprador as prestações

pagas - em não havendo o cumprimento do contrato -, sob pena de vir a ser

tipificado crime contra a economia popular.

Já no inciso VI, se a falência for do promitente vendedor, o

cumprimento do contrato será garantido pelo síndico; se for do comprador, após

a arrecadação e venda em hasta pública por parte do síndico, com reversão do

apurado i massa, sem prejuízo do pagamento das prestações vincendas, com 0s

direitos do adquirente levados i praça, conforme dispõe o inciso I11 do artigo 43

da Lei de Incorpora~ão, in verbis:

"em caso de falência do incorporador, pessoa física ou

jurídica, e não ser possível a maioria prosseguir na

construção das edijkações, 0s subscritores ou candidatos 6

aquisição de unidades serão credores privilegiados pelas

quantias que houverem pagos ao incorporador, respondendo

,)I80 subsi&jar iamente os bens pessoais deste .

> FA~z10 JÚNIOR, Waldo. Op. cit.. p. 164,

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Resta claro que o doutrinador brasileiro, ainda que se valha

da teoria da pluralidade de domicilio, especialmente apropriada para a busca de

solução envolvendo demandas individuais, adotou a unidade domiciliar para a

jurisdição da execução coletiva.

Assim, a unidade de domicílio determina a unidade do juizo,

0 que "assegura o reconhecimento da situação jurídica legal gerada pela

de falência"'8'.

O patrimônio é uma universalidade de direito, onde os bens

Constituem a garantia comum de todas as dividas e, ocorrendo a insolvência do

devedor, é imprescindível a concentração num único juizo - universal e

Indivisível - do concurso de credores.

Ainda acerca do artigo 44 da Lei Falimentar, importante

abordar as regras ali expressas, para determinados contratos, relativos

a : coisas vendidas e em trânsito; venda de coisas compostas; coisa móvel

a prestação venda com reserva de domínio; coisa vendida a termo;

Promessa de compra e venda de imóveis; contrato de locação comercia/;

Cootrato de conta corrente.

-.

F A z ~ 1 0 JÚNIOR, Waldo. Op. cit., p. 85.

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A mercadoria vendida pode ser entregue ao respectivo

comprador, transferindo-lhe a sua posse material - é a 'tradição real'.

Quando em lugar da coisa vendida se entrega outra coisa que

a represente e que possa, 'a posteriori', proporcionar sua posse material, temos o

que se chama de 'tradição simbólica'. Por exemplo, a aceitação da fatura, sem

Oposição imediata do comprador, representa uma tradição simbólica.

"A tradição simbólica, ainda que não envolva a efetiva

entrega de mercadoria, transmite a propriedade da coisa

não admitindo, por via de conseqüência, a sua

retenção pelo vendedor, salvo a ocorrência de falência do

comprador".

Desse modo, na ocorrência de falência do comprador, poderá

O Vendedor reter a coisa vendida, ainda que tenha havido a tradição simbólica

(fatura foi entregue, mas a mercadoria se encontra a caminho), se o Comprador

a tiver revendido antes do requerimento da quebra.

Se a revenda ocorreu após o requerimento da quebra, ou

foi viabilizada para fraudar credores, é licita a retenção pelo comprador.

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Na hipótese de coisas compostas, ou heterogêneas, a ação em

questão - por envolver manifesto interesses dos credores e da massa, há de ser

. i r182 Proposta perante o próprio juizo da falência .

J & na Iiipótese de vendas a prestação, de maneira geral, a

coisa é entregue ao comprador mediante sinal de pagamento, ou diante da

Priineira presluc;áo ou ainda, até sem clualqucr pagatncnto, apenas com a

assinatura do contrato e das cambiais.

Tais vendas, por envolverem a economia popular, incidindo

Sobre o patrimônio do povo, têm reflexos no bem-estar social, estando

protegidas pela Lei de Economia Popular no 1.521/5 1, que estabelece em seu

2 O , inciso X

Violar contrato de venda a prestações, fraudando sorteios

ou 'deixando de entregar a coisa vendida sem devolução das

prestações pagas ', ou descontar destas, nas vendas com

resewa de domínio, quando o contrato for rescindido por

do comprador, quantia maior do que à Correspondente

1 182

",MI<II>A. Aiiiador l>aes clc. Op. cit ... p. 19[).

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à depreciação do objeto. Pena - Detenção de seis meses a

7 , 183 dois anos e multa de dois mil a cinquenta mil cruzeiros .

Se sobrevier a falência do vendedor e este não houver

entregue a coisa vendida a prestação, ainda que o síndico venha a se manifestar

Pela não-execução do contrato de venda e compra, a massa deverá devolver ao

comprador, obrigatoriamente, as prestações já recebidas pelo falido.

Cabe ressaltar que os valores relativos a devolução das

Prestações pagas pelo comprador, são considerados 'dívidas da massa',

Conforme preceitua o artigo 124, parágrafo 2', inciso I1 da LFC, in verbis:

"J 2 O São dívidas da massa:.

I] - as obrigações resultantes de atos jurídicos válidos,

,,I81 praticados pelo síndico .

Na venda com reserva de domínio, apenas o cumprimento do

total pagamento da dívida, viabiliza para o comprador a propriedade da coisa.

'a hipótese de o (que tem a posse, uso e gozo da coisa) vir a falir e a

não conseguir prosseguir com a execução do Contrato, o vendedor poderá

1 183

lu 4 L M ~ ~ ~ ~ , Amador Paes de. Op. cit.., p. 190-19' Idem3 mesma pagina.

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requerer a 'restituição' da coisa que fora vendida e da qual ele conserva a

Propriedade, valendo-se do artigo 1 .o70 do CPC.

5.1.2 Legitimados

A execução falimentar é coletiva e para que se forme a

Comunhão dos credores, impõe-se que todos sejam atraídos pela 'vis attractiva9

do processo falimentar que é indivisível.

Desse modo, todos os credores concorrem a esse processo,

tenham 0, não seus títulos vencidos. A massa subjetiva, constituída

Unitariainente, passa a aluar co,,io uiiia unidudc, ussry~irutido i g ~ i r i l trutiiiiicnto

todos.

Ensina I,uiz Roldão de Freitas Gomes Filho:

"Por envolver interesses da massa e direitos individuais

homogéneos dos credores, estes tidos COfnO OS decorrentes de

o r j s m comum (art.81, parágrafo único, I11 do CDC),

ser o Ministério Público também legitima& a

promovê-la, É o posicionamento que melhor se aplica ao

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processo falimentar moderno, em consonância com O perfil

ministerial definido pela Carta de 1.988.

O prbprio legislador adota-o sem ressalvas: ao tratar, no

Projeto de Lei de Falências (art. 182, $ I " ) da ação

revocatória na liquidação judicial de microempresa e

empresa de pequeno porte, confere expressa legitimação

ativa ao Parquet para propô-la. E, no art. 137, concede-lhe

para requerer cautelar de sequestro dos bens

retirados do patrimônio do devedor que estejam em poder de

terceiros, como medida preparatória ou incidental da ação

revocatória.

Não agindo como parte, funcionará o Ministério público

obrigatoriamente como fiscal da lei

São legitimados passivos:

I ) todos os que figuraram no ato, ou que, por efeito dele,

foram pagos, ou beneJiciados;

2) 0s herdeiros OU legatários das pessoas acima

indicadas;

3) 0, terceiros adquirentes:

a) se tiverem conhecimento, ao se criar o direito, da

intenção do falido de prejudicar os credores;

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b) se o direito se originou de ato que não exija a prova

dujraude (art. 52, DL 7.661/45);

4) os herdeiros e legatários das pessoas indicadas no

número anterior.

Julgado procedente o pedido, os bens serão restituídos à

massa em espécie, COln todos OS ace~~órios. Não sendo

possível, dar-se-á indenização.

Tem ainda o Parquet a atribuição de zelar pela abertura e a

in,~?.rtrução do inquéritoJudicial, apbs a feitura do denominado

"1 Relatório " pelo sindico (art. 130, DL 7.661/45), desde

que haja indícios da prática de crime falimentar. Afinal,

compete-lhe promover, privativamente, a U Ç ~ O penal pública

(art. 129, I da CF/@). (. ..)

jm como no processo penal comum, pode 0 Parquet adjtá-

lu, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, inten>ir em

todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,

interpor recursos e, a todo o tempo, no caso de negligência

do querelante, retomar a ~ ~ 2 0 como Parte principal.

~ i ~ ~ ~ l i ~ ~ o curador de Massas os atos do falido no processo

podendo, caso de descumprimento das obrigações

impostas art. 34 do DL 7.661/45, requerer a decretação

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de sua prisão administrativa, por prazo não superior a

sessenta dias (art. 35, LF).(..)

A intervenção do Ministério Público, portanto, inicia-se na

fàse pré-falimentar, dada a presença de manifesto interesse

público. Deve ser intimado pessoalmente para todos os atas,

tendo legitimidade para recorrer das decisões proferidas no

9,185 processo .

Continua a discorrer acerca do Ministério Público como parte

no processo falimentar, insistindo que um unico membro do Ministério Público

tem atribuições no processo falimentar, atuando como fiscal da lei e também

Como pane, nas acões civil e ~ e n a i , uma vez que é de extrema relevância o

Interesse público em todos os seus setores.

Público a legitimaçio para propor ação de responsabilizapão do síndico e dos

Falitios, ,,clc)s ,7i.CiLiízos CilLISi3d<)~ A I ~ D S S I ~ , devido 21 1716 adininistraçiio OU por

l"a~ãO i Lei Falimentar (artigo 68, LFC).

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"na condição de guardião da ordem jurídica (art. 127, CF),

cabendo-lhe zelar pela igualdade de tratamento aos credores

na falência, é O Parquet legitimado a defender os

denominados direitos e . interesses metaindividuais. É o que

prevê a Carta Magna (art. 129, ~II',), observada pela Lei de

Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) e pelo Código de Defesa

do Consumidor (Lei 8.078190). A propósito, foi o inciso IV da

Lei 7.347/85, que Outorga proteção a "qualquer outro

interesse d$uso ou coletivo': acrescentado pela Lei

8,078/9(), em cumprimento à regra cons t i tuc i~nai ,~ '~~

Luiz Roldão de Freitas Gomes Junior se vale da interpretação

de Washington de Barros Monteiro, em Seu Curso de Direito Civil, volume I,

Página 7, para expor que

"direito subjetivo é todo poder da vontade dos particulares

r.ec(>nhecjdo o!, outorgado pelo ordenamento jurídico",

2- JúNIOR , uiz Roldão de Freitas O Ministirio Público e o Processo falimentar - visão atual e novas ~., , A

Pers~eCtivas, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003, P . ~ ~ - ~ ~ '

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Pode-se dizer que o direito é sempre tutelado pelo

ordenamento jurídico e o "interesse", quando jurídico, se apresenta como

'L nUc1e0"'~' do direito subjetivo.

Desse modo, o direito passou a tutelar também a coletividade,

daí surgindo 0s chamados "interesses difusos, coletivos e individuais

homogêneos ", cuja definição encontra-se no CDC, em seu artigo 81.

5-13 Desconsideração da Personalidade Juridica

A da segunda metade do século XX é que se começou a

Pensar na desçonsiderac;ão da jurídica, como fi~rma ciipaz de se

atingir a pessoa física do sócio responsável pela prática fraudulenta de atas

"gociais mercantis.

ocorreu devido a necessidade de se intervir nas práticas

ilicitas e abusivas de pessoas fisicas, que eruiii "iiiocenleinente" ubrigndus sob o

manto da pessoa jurídica, sem qu e tivessem de responder coin seu patriiilônio e

S U ~ pessoa, piUticuL{os E: CILW desrrspcitavoin u Ici.

+ *,, ,, Ilrofkssor CAKVAI.tI0 Fll.klO. Jose dos Santos. n ~ i obnl Idcrl1. I,. 50, nii,i;i 11- 6 I. .~,ci.iiiii iiiilir 1 Civil I'iibliçi, L~~~~~~~ jliris, 3" cdi@<I. pi\g. 27.

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Na verdade, o que se percebe é que há uma tendência cada

vez maior, no Direito, de se romper com essa "&ão conhecida como pessoa

jurídica - exacerbada, ultimamente, pela personiJicação das sociedades

unipessoais - sempre que for usada para- acobertar afraude B lei ou o abuso

das formas jurídicas.

Ao acolher em suas disposições OS postulados da disregard

doctrine, o Código de Defesa do Consumidor outra coisa não fez senão seguir

OS passos dessa tendência, rompendo com o esquema rígido da autonomia

,,I88 Patrimonial das sociedades personalizadas .

Com o surgimento dos mercados ficou cada vez mais

evidente que a facilidade que se dava, de um lado para a formação de pessoas

Jurídicas, tinha o preço da pemissibilidade, para que seus sócios delas se

Semissem, para a prática de todo tipo de fraude.

Com o advento do CDC, que em seu artigo 28 permite a

desc~nsideração - não só em caso de fraude, mas até na hipótese de má

administração -, passou-se a p rever expressamente a responsabilidade dos

quanto aos danos envolvidos, in verbis:

A D D E h ~ ~ ~ . Zelmo. Da qualidade de p redutos e serviços da prevenção e da reparação dos danos. in Código de

efesa do Consumidor. p. 2 10.

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"Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade

juridica da sociedade quando, em detrimento do consumjdor,

houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei,

fato ou ato ilícito OU violação dos estatutos ou contrato

social. A desconsideração também será efetivada quando

houver falência, estado de insolvência, encerramento ou

inatividade da pessoa jurídica provocados por má

administração.

J 1 o (Vetado.)

$ 2" AS sociedades integrantes dos grupos societários e as

sociedades controladas são subsidiariamente responsáveis

pelas obrigações decorrentes deste Código.

30 AS sociedades consorciadas são solidariamente

pelas obrigações decorrentes deste Código,

Q' 40As sociedades coligadas só responderão por culpa.

J 5" Também poderá ser desconsiderada a pessoa jt<rídica

se,pre que sua personalidade for, de alguma forma,

obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos

> 1

consumidores.

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São pressupostos inéditos que primam pelo ineditismo,

alguns institutos tais como a falência, insolvência, ou encerramento das

atividades das pessoas jurídicas, provocados por má administração.

O mencionado artigo 28, proporciona ampla proteção ao

Consumidor, assegurando-lhe acesso aos bens patrimoniais dos administradores,

Sempre que o direito subjetivo de crédito resultar em quaisquer das práticas

abusivas elencadas no dispositivo.

O texto legal introduz uma novidade, pois é a primeira vez

que o direito legislativo acolhe a teoria da desconsideração, sem levar em conta

a configuração da fraude ou abuso de direito.

O dispositivo pode ser aplicado pelo juiz se O fornecedor, em

razão de má administração, pura e simplesmente, mC~rrar suas atividades como

pessoa jurídica.

Neste comenta Fábio Ulhoa C o e l h ~ ' ~ ~ :

"Finalmente, não se deve esquecer das hkóteses em que a

desconsideração da autonomia da Pessoa jurídica prescinde

2-- 'OELHO, Fábio Ulhoa. ~esconsideraçao da p

ersonalidade juridica. Sã0 Paulo : RT, 1989, p. 63.

L

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da ocorrência da fraude ou de abuso de direito. Somente

diante do texto expresso da lei poderá o juiz ignorar a

autonomia da pessoa juridica, sem indagar da sua utilização

com fraude ou abuso de direito. ,!

5.1.4 Comentários sobre o artigo 101 do CDC

Acompanhando o aspecto inovador presente nas normas do

CDC, o legislador tratou, cuidadosamente, das questões contidas no Capítulo 111

- especificamente no artigo 10 1. Este artigo refere-se à proposição das

de responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços, sua competência

territorial, chamamento ao processo ao invés de denunciação da lide,

possibilidade de ação direta do segurador pelos consumidores e pelas vítimas de

e, ainda, proibição de denunciação da lide ao IRB - Instituto de

Resseguros do Brasil - avançando, desta forma, na temática reguladora do seu

procedimento não colidente ao preceituado no CPC e também na LFC, que

estabelece in verbis:

u~~~ 101 - Na ação de responsabilidade civil do fornecedor

de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos

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Capítulos I e II deste Titulo, serão observadas as seguintes

normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;

II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade

poderá chamar ao processo o segurador, vedada a

integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do

Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o

pedido, condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de

Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o

será intimado a informar a existência de seguro de

responsabilidade facultando-se, em caso afirmativo, o

ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o

segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de

Resseguros do Brasil e dispensado O litisconsórcio

,, obrigafbrio com este.

Desse artigo encontramos, resuinidamente, porém com "igor,

OS comentários de Kazuo ~a t anabe :

' l ~ s regras estabelecidas no artigo dizem respeito à ação de

responsabi[idade civil do fornecedor de produtos e serviços.

al;bs responsabilidade civil que tenha nexo com as refações

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de consumo, abrangendo todas as modalidades de

responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços,

seja p elo fato do produto OU serviço, seja por ato próprio ou

por ato de terceiro.

Aqui o inciso I deixa claro que a ação pode ser proposta no

domicílio do autor, o que significa o benefício ao

consumjdor; mas isso é uma opção. 0 autor poderá abrir

mão desse beneficio, para eleger a regra geral que é a do

domicílio do demandado (art. 94, CPC).

O fornecedor demandado poderá chamar ao processo seu

segurador para ampliar a legitimação passiva em favor do

consumidor, conforme o disposto nos arts. 77 a 80 do CPC.

Com a norma do art. 101 do CDC, O elenco do art. 77 do

Código de Processo Civil, é ampfiado para abranger o

segurador do fornecedor de produtos e sewiços, que passa a

assumir a de co-devedor perante O Consumidor,

Este chamamento ao processo amplia a garantia do

e ao mesmo tempo possibilita ao fornecedor

convocar desde logo, sem a necessidade de ação regressiva

autonoma, o segurador, Para responder pela cobertura

securitária prometida.

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Além disso, sendo declarado falido o fornecedor, deverá o

síndico informar sobre a existência ou não do seguro de

responsabilidade. Em caso a$rmativo, os consumidores e as

vitimas de danos poderão ajuizar ação de indenização

direturnente contra O segurador, cuja responsabil idadefi~~~á

>>I90 contida nos limites do valor do seguro contratado .

~ p o i t ~ l l i o se 1ùz o comcntario de 1 , i i i ~ Antonio Rizziiiio

Nunes, em sua obra "Curso de Direito do Consumidor". página 741, quando

"boidtc a s , l l i isf io 'io r,i.i>b~criiritic;~ iel~it ivn à pi~>r>osirlitl~ <li i iiçfíi, ser tio I c > c ~ ~ ~ dia

Ocorrência do dano ou no doinicílio do autor consulnidor OU autor vítima do

dano.

Nessa direção, constata-se que 0 Capítulo 111 do mesino

111 6 composto dos artigos 101 e 102, que cuidam das ações de

do fornecedor de produtos e serviços, entendendo-se tratar do

tipo de ação do Capítulo 11, posto que também se busca apurar a

mesma responsabilização. Na hipótese do Capitulo 11, a regulaçã0 diz respeito às

aÇões c<iIetivas, cnclLiui,~o no Capitulo 111, versa sobre as ações individuais.

2- Código de Defesa do Consumidor comentado OP.

cit., p. 826-828.

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Com interpretação sistemática O modelo adotado na

combinação dos artigos 93, inciso I e 101, inciso I, tem-se que dizer que o juizo

competente para apurar a responsabilidade do fornecedor pelos danos causados

na ação coletiva, quando o dano for de âmbito local, será O foro do lugar onde

Ocorreu ou onde deverá ocorrer o dano, ou ainda, no domicílio do autor.

Caso se tratar de ação individual O foro de competência será

0 do domicílio do autor, não obstando, porém a opção do autor pelo domicílio

do réu ou local do dano.

Na hipótese relacionada coin a falência do fornecedor, vai-se

exaurir a questao da competência, não em relação ao foro do juízo falencial, mas

em relação à condição de falido nas ações de responsabilidade deste, pela

de cobertura securitária de danos causados pelo fornecedor falido.

Coloca-se em questão a possibilidade do consumidor, ou

%ma de dano 7 utilizar-se de seu foro privilegiado para o ressarcimento de

danos causados pelo fornecedor falido, acionando diretamente o segurador e não

a falida.

com a primeira parte do inciso I1 do artigo

'O1, extraisse o entendiinento da P ossibilidade do consumidor ou vitima de

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dano, demandar em face do fornecedor falido ação indenizatória. Nessa

hipótese, o falido poderá utilizar-se do instituto do chamamento ao processo,

caso tenha contratado cobertura securitária para tais eventos, passando a

companhia seguradora a integrar a lide, com a ressalva da proibição da admissão

do contraditório pelo IRB.

Quanto i segunda parte do inciso 11 do artigo 101, verifica-se

que a condição de falido do fornecedor faculta a possibilidade de ajuizamento de

ação indenizatória, por parte do consumidor OU vitima de dano, diretamente à

Companhia seguradora, ressalvada a proibição da denunciação da lide ao IRB,

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Ao final deste trabalho, que teve por objetivo estudar as questões da

viabilização da aplicação do instituto da tutela antecipada, pode-se concluir que

desde ontem, como hoje, idênticos são os reclamos da sociedade no sentido de

Se buscar a efetividade do processo e a realização da justiça.

Mas este instituto, como valor jurídico, sempre se mostrou variável, de

acordo com a época e substrato social, algumas vezes referido, ou não, na

Ordem vigente mas, como regra, sempre teve-se que a segurança jurídica 6 o

"Odeio processual que serve à perfeição, fundado no procedimento ordinario,

de cognição e respeitando-se, assim, a ampla defesa e o

No entanto, que não basta somente a segurança jurídica, mas,

que o Estado, no de seu poder-dever de desempenhar

Papel pacificador - solucionando os conflitos sociais -, 0 faça de maneira

OU seja, entregando a P restagão jurisdicional pretendida em tempo hábil

de maneira a fornecer um útil e eficaz às Partes.

~~i esse imperativo social, representado pela aequijas do período clássico

"bano, que levou o pretor a criar e adotar uma técnica diferenciada - de

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antecipação da própria tutela pretendida pelo requerente - inserida no

procedimento interdita1 do processo formulário, para dirimir os efeitos

maléficos do tempo decorrente dos tramites da actio ordinaria.

Era, assim, uma tutela diferenciada, concedida pelo pretor, de imediato,

entregando ao autor o próprio bem da vida pretendido, mediante prévia

cognição, sumária e superficial, fundada em juízo de verossimilhan~a, em

situações que reclamassem urgência, solucionando provisoriamente o litígio, já

que a questão seria reexaminada pelo iudex, agora mediante cognição plena e

exaurível, cuja decisão seria definitiva.

Portanto, a solução encontrada por aquele pretor, Para preencher o hiato

entre a propositura da ação e a prolação da sentença, foi a inserção, a

Par do procedimento ordinário, de um procedimento diferente, tido como uma

Qctio extraordinaria, dotado de uma técnica diferenciada, tornando o processo

mais modemo e eficaz, retirando-lhe O excesso de formalismo e atendendo tanto

a exigência legal da segurança jurídica - posto que o comando interdita] era

Provisório - como aos anseias sociais por um processo que propiciasse 0s

resultados desejados pelas partes.

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Durante muito tempo, o legislador brasileiro resistiu as expectativas da

Sociedade por um processo mais efetivo, em razão do temor, justificável, de

Perder em segurança.

Finalmente, na reforma do Código de Processo Civil de 1.994, o

legislador ordinário abarcou os anseios sociais pela efetividade do processo e

acolheu - no artigo 273 - de forma irrestrita, a aplicação da técnica interdita]

romana, retirando-a das amarras que a limitavam, reconhecendo a função

Primordia] do processo: "instrumento para a realizaçfio da justiça".

Prevaleceram as demandas da sociedade por um processo efetivo,

tornando a processual mais próxima da realidade social,

Possibilitando , no bojo do procedimento ordinário, em situações de urgência ou

de abtiso de direito de dcfèsa, a concessáo de medida iinediata e provisória, de

antecipação da pr,jpria tutela pretendida pela parte, solucionando a angustiante

queslao do teinpo necessário à segurança jurídica, sem prejiiízo à

ampla defesa e ao postergados Para momento procedimental

diverso.

Com muito acedo, atribuiu-se ao juiz brasileiro, a função de conciliar os . .

direitos constitucionais fundamentais em conflito - direito a segurança jurídica

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e a efetividade do processo -, fazendo atuar, em situações de emergência e

dependendo do caso concreto, a técnica romana da tutela antecipada.

Assim, esperamos ter cumprido a missão a que nos propusemos, de

demonstrar que as n o m a s jurídicas não são criações abstratas; ao contrário,

refletem o momento histórico de um povo -quanto aos aspectos sócio-culturais

e econômicos - e, muitas vezes, mantêm-se no tempo, como no caso dos

interditos romanos - ainda que, inicialmente, de maneira limitada -, por

atenderem aos interesses e exigências das gerações que se seguiram.

Portanto, através desse trabalho. pudemos explicar não somente a origem,

mas também a razão da permanência da técnica interdita1 romana durante

S~culos, ulna vez que o grande móvel das instituições jurídicas modernas, bem

das instituições jurídicas antigas, sempre foi a preocupação pela urgência,

face As formas convencionais de tutela jurisdicional- muitas vezes insuficientes

e inadequadas -, que imp ediam o Estado de cumprir o seu dever constitucional

de tutelar o direito por ele criado.

corno vimos, o papel dos institutos jurídicos dá origem a novos

'egramentos, que captam o momento histórico, onde criam a realidade das

ara assim, buscar a compreensão de seu próprio tempo r e l a ~ ~ e s do homem p ,

Presente.

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O advento do CDC contemplou as relações modernas de forma a não

conflitar com a legislação existente, mas aquilatando a participação do homem,

OU coletividade de pessoas, que adquire OU utiliza produto ou serviço como

destinatário final.

Por se tratar de proteção e defesa do consumidor, o novo Código trouxe

inovações significativas e atuais, no que respeita as relações consumeristas e,

ainda, de maneira preventiva, procurou delinear O caminho a ser percorrido em

caso de falência do fornecedor, resguardando o consumidor OU vítima de dano,

que poderá ingressar juizo ante esse fornecedor falido ou mesino em face da

Companhia seguradora, para ter assegurado o seu direito ao bem ou serviço

Contratado.

Cabe destacar tainbErn que através da antecipação da tutela, o acesso à

Justiça e a segurança jurídica, enquanto direitos fundamentais, podem ser

efetivados, dirimindo-se as q uestõe~ que advenham da colisão dos direitos do

Cons~midor diante da falência do fornecedor.

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ANEXOS

DECRETO-LEI No 7.661 DE 21 DE JUNHO DE 1945 Lei de Falências

O Presidente da República , usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta:

Da caracterização e declaração da falência

SECÇÃO PRIMEIRA

Da caracterização da falência Art. l0 Considera-se falido o comerciante que, sem relevante razão de direito, não paga no vencimento obrigação líquida, constante de título que legitime a ação executiva.

8 1." Toma-se líquida, legitimando a falência, a obrigação provada por conta %traída dos livros comerciais e verificada, judicialmente, nas seguintes Condições:

I - a verificação será requerida pelo credor ao juiz competente para declarar falência do devedor (art, 70) e far-se-á nos livros de um ou de outro, por dois Peritos nomeados pelo juiz, expedindo-se precatoria quando 0s livros forem de 'redor domici]iado em comarca diversa;

- Se o credor requerer a da conta nos pr~prios livros, estes deverão achar-se revestidos das formalidades legais intrínsecas e extrínsecas e a conta

Comprovada nos têrmos do art. 23, n O 2, do Código Comercial; se nos livros do sera êste citado para, em dia e hora marcados, exibi-los em juizo, na

foma do disposto no art. 19, primeira alínea, do Código Comercial;

111 . a de exibiçgo ou a irregularidade dos livros provam mnira o devedor, salvo sL,:l dcstrLlição oLi perda ein virtude de f6rça maior;

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IV - os peritos apresentarão os laudos dentro de três dias e, julgado por sentença o exame, os respectivos autos serão entregues ao requerente, independentemente de traslado, não cabendo dessa sentença recurso algum;

V - as contas assim verificadas consideram-se vencidas desde a data da sentença que julgou o exame.

5 2" Ainda que líquidos, não legitimam O pedido de falência OS créditos que não se possam na mesma reclamar.

Art. 2" Caracteriza-se, tarnbkin, a falência, se o comerciante:

I - executado, não paga, não deposita a importância, OU não nomeia bens à Penhora, dentro do prazo legal;

11 - procede a liquidação precipitada, ou lança mão de meios ruinosos ou fraudulentos para realizar pagamentos;

111 - convoca credores e Ihes propõe dilação, remissão de créditos ou cessão de bens;

IV - realiza ou, por atas inequívocos, tenta realizar, com 0 fito de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócios simulado, ou alienação de parte ou da

do seu ativo a terceiro, credor ou não;

V - transfere a terceiro o seu estabelecimento sem O c0,nsentimento de todos os Credores, salvo se ficar com bens suficientes para solver O seu passivo;

VI - dá garantia real a algum credor sem ficar com bens livres e desembaraçados fquivalentes às suas dívidas, ou tenta essa prática, revelada a intenção por atos 'nequívocos;

- sem deixar representante para administrar 0 negócio, habilitado com recursos suficientes para pagar os credores; abandona o estabelecimento;

ou tenta ocultar-se, deixando hrtivamente o seu domicílio.

P arágrafo único. consideram-se pelas sociedades OS atos dessa %reza provenientes de seus diretores, gerentes ou liquidantes.

3" Pode ser declarada a falência:

I . do espólio do devedor comerciante;

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11 - do menor, com mais de dezoito anos, que mantém estabelecimento comercial, com economia própria;

111 - da mulher casada que, sem autorização do marido, exerce o comércio, por mais de seis meses, fora do lar conjugal;

IV - dos que, embora expressamente proibidos, exercem o comércio.

Art. 4" A falência não será declarada, se a pessoa contra quem fôr requerida, Provar:

I - falsidade do título da obrigação;

11 - prescrição;

- nulidade da obrigação ou do título respectivo;

- pagamento da dívida, embora depois do protesto do título, mas antes da requerida a falência;

V - requerimento de concordata preventiva anterior à citação;

VI - depósito judicial oportunamente feito;

v11 - cessação do do comércio há mais de dois anos, por documento

hábil do registro de o qual não prevalecerá contra a prova de exercício

Posterior ao ato registrado;

v I ~ ~ - qualquer motivo que extinga ou suspenda O cuinprimento da obrigação, OU exclua o devedor do processo da falência.

l o Se rcquerida com fundamento em protesto levado a efeito por terceiro, a fakiicia declarada, desde que o devcdoi provc c]ue podia ser oposta ao requerimento do autor do protesto qualquer das defesas dêste artigo.

20 Não declarada a falência da sociedade anônima depois de liquidado e O seu ativo, e do espólio depois de um ano da morte do devedor.

, 50 os sbcios solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações sociais não são atingidos pela falência da sociedade, mas ficam sujeitos aos demais etèitos jurídicos que a sentença declaratória produza ein relação à "ciedade falida. Aos mesinos sócios, na falta de disposição especial desta lei, Si0 extensivos todos os direitos e, sob as mesmas penas, todas as obrigações que

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cabem ao devedor ou falido.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se ao sócio de responsabilidade solidária que há menos de dois anos se tenha despedido da sociedade, no caso de não terem sido solvidas, até a data da declaração da falência, as obrigações sociais existentes ao tempo da retirada. Não prevalecera o preceito, se os redores tiverem consentido expressamente na retirada, feito novação, ou continuado a negociar com a sociedade, sob a mesma ou nova firma.

Art. 6 O A responsabilidade solidária dos diretores das sociedades anônimas e dos gerentes das sociedades por cotas de responsabilidade limitada, estabelecida nas respectivas leis; a dos sócios comanditarios (Código Comercial, art. 3 14), e a do Sócio oculto (Código Comercial, art. 305), ser50 apuradas, e tornar-se-ão efetivas, mediante processo ordinário, no juízo da falência, aplicando-se ao caso O disposto no art. 50, 9 1 O.

Parágrafo único. 0 juiz, a requerimento do síndico, pode ordenar o sequestro de bens que bastem para efetivar a responsabilidade.

S E ~ A ~ SEGUNDA

Da declaração judicial da falência

h. 7" É competente para declarar a falência 0juiz em cuja jurisdição o devedor tem o seu principal estabelecimento ou casa filial de outra situada fora do Brasil.

falência dos ambulantes e empresários de espetáculos

Piiblicos pode ser declarada pelo juiz do lugar onde sejam encontrados.

2o 0 juizo da falência é indivisível e competente para tôdas as ações e

reclamações sobre bens, interesses e negócios da massa falida, as quais serão Processadas na forma determinada nesta lei.

30 ~ ã o prevalecerá o disposto no parágrafo anterior para as ações, não reguladas nesta lei, em que a massa falida seja autora Ou litisconsorte.

4'2. 8" O comerciante que, sem relevante razão de direito, não pagar no vencimento obrigação líquida, deve, dentro de trinta dias, requerer ao juiz a declaração da falência, as causas desta e o estado dos seus negócios, e

ao requeririlento:

I - o balanço do ativo e com a indicação e a avaliação aproximada de

os bens, as dívidas ativas prescritas;

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11 - a relação nominal dos credores comerciais e civis, com a indicação do domicílio de cada um, importância e natureza dos respectivos créditos;

111 - o contrato social, ou, não havendo, a indicaqão de todos os sbcios, suas qualidades e domicílios, ou os estatutos em vigor, mesmo impressos, da sociedade anônima.

1" Tratando-se de sociedade em nome coletivo, de capital e indústria, em comandita simples, ou por cotas de responsabilidade limitada, o requerimento Pode ser assinado por todos os sócios, pelos que gerem a sociedade ou têm o direito de usar a firma, ou pelo liquidante. Os sócios que não assinem o requerimento, podem opor-se a declaração da falência e usar dos recursos admitidos nesta lei.

2' Tratando-se de sociedade por ações, O requerimento deve ser assinado pelos Seus representantes legais.

30 O devedor apresentará, com o requerimento, os seus livros obrigatórios, 0s Wais permanecerão em cartório para serem entregues ao síndico, logo após o compromisso dêste.

4' No seu despacho, o juiz mencionará a hora em que recebeu o requerimento e, no mesmo ato, assinará 0s têrmos de encerramento dos livros obrigatórios,

lavrados pelo escrivão.

h. 9. A falência pode também ser requerida:

I - pelo conjuge sobrevivente, pelos herdeiros do devedor ou pelo inventariante, "Os casos dos arts. 1" e 2", no I;

- pelo si>cio, ainda que comanditário, exibindo o contrato social, e pelo aci~nista da sociedade por ações, apresentando as suas ações;

'I1 - pelo credor, exibindo título do seu crédito, ainda que não vencido, Observadas, conforme o caso, as seg uintes condições:

a) Credor comerciante, com domicílio no Brasil, se provar ter firma inscrita, ou

Contrato ou estatutos no registro de comércio;

b, o credor com garantia real se a renunciar ou, querendo mantê-la, se provar que os bens náo para a solução do seu crédito; esta prova será feita por

pericial, na forna da lei processual, em processo preparatório anterior ao

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pedido de falência se êste se fundar no artigo 1°, ou no prazo do artigo 12 se o Pedido tiver por fundamento o art. 2';

c) o credor que não tiver domicílio no Brasil, se prestar caução às custas e ao Pagamento da indenização de que trata O art. 20.

Art. 10. 0 s títulos não sujeitos a protesto obrigatório devem ser protestados, para o fim da presente lei, nos cartórios de protesto de letras e títulos, onde haverá um livro especial para o seu registro.

1" O protesto pode ser interposto em qualquer tempo depois do vencimento da obrigação, e o respectivo instrumento, que será tirado dentro de três dias úteis, deve conter: a data, a transcrição, por extrato, do título com as principais declarações nêle inseridas, pela ordem respectiva; a certidão da intimação do devedor para pagar, a resposta dada OU a declaração da falta de resposta; a certidão de não haver sido encontrado, OU de ser desconhecido OU estar ausente o devedor, casos em que a intimação será feita por edital, afixado a porta do cartório e, quando publicado pela imprensa; assinatura do oficial do Protesto e, se possível, a do portador.

2" O livro de registro, de que cogita este artigo, pode ser examinado gratuitamente por qualquer pessoa, e dos seus assentos se darão as certidões que forem pedidas.

h. 11. Para requerer a falência do devedor com fimdamento no art. Ia, as Pessoas mencionadas no art. 9 O devem instruir o pedido com a prova da sua qWidade e com a certidão do protesto que caracteriza a impontualidade do

l0 Deferindo a petição, o juiz mandará citar o devedor para, dentro de vinte e quatro horas, apresentar defesa.

Feita a citação, será o apresentado ao escrivão, que certificará,

'mediatamente, a hora da sua entrada, de que Se conta o referido prazo. Se o não for encontrado, far-se-á a citação Por edita], com o prazo de três

dias Para a defesa.

F' '"do o prazo, ainda que a revelia do devedor, o escrivão o certificará e fará os

conclusos ao juiz para a sentença.

Citado, poderá o devedor, dentro do Prazo Para defesa, depositar a quantia 'o'.respondente ao crédito reclamado, Para discussão da sua legitimidade Ouimportância, elidindo a falência.

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Feito o depósito, a falência não pode ser declarada, e se fôr verificada a improcedência das alegações do devedor, O juiz ordenará, em favor do requerente da falência, o levantamento da quantia depositada, ou da que tiver reconhecido como legitimamente devida.

Da decisão do juiz cabe agravo de petição.

3" Ao devedor que alegue matéria relevante (art. 4O), o juiz pode conceder, a seu Pedido, o prazo de cinco dias para provar a sua defesa, com intima~ão do requerente. Findo êsse prazo, serão os autos conclusos, imediatamente, para sentença.

4" Tratando-se de sociedade em nome coletivo, de capital e indústria, em cOmandita simples, ou por cotas de responsabilidade limitada, pode qualquer Sócio opor-se declaração de falência, nos têt-1110~ do parágrafo anterior, se a Sociedade, por seu representante, não comparecer Para se defender ou se a falência tiver sido requerida por outro sócio-

Art. 12, Para a falência ser declarada nos casos do art. 2 O , O requerente especificará na petição 0s fatos que a caracterizam, juntando as provas que tiver e indicando as que ~retenda aduzir.

1" O devedor será citado para defender-se devendo apresentar em cartório, no Prazo de vinte e quatro horas, os seus embargos, instruindo-os com as provas que tiver e indicando outras que entenda necessárias a .fesa.

20 Se o devedor citado não comparecer, correrá 0 processo a revelia; se não for encontrado, o juiz nomeará curador que o defenda.

3" hão havendo provas a realizar, O juiz proferirá a sentença; se as houver o Juiz, recebendo os embargos, determinará as provas que devam Ser realizadas, e procederáa uma instrução sumária, dentro do prazo de cinco dias, decidindo em Seguida.

40 Durante o processo, o juiz, de ofício ou a requerimento do credor, poderá Ordenar o sequestro dos livros, correspondência e bens do devedor, e proibir qualquer alienação dêstes, publicando-se o despacho, . , . em edital, no órgão oficial. Os bens e livros ficarão sob a !guarda de deposltarlo nomeado pelo juiz, podendo a nomeação recair no próprio credor requerente.

5o 4, medidas previstas no anterior ce~.sarão por força da própria

Sentença que denegar a falência.

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Art. I 3, Para 0s fins dos artigos 11 e 12, a citação das sociedades far-se-á na pessoa dos seus representantes legais.

Art. 14. Praticadas as diligências ordenadas pela prresente lei, o juiz, no prazo de vinte e quatro horas, proferira a sentença, declarando ou não a falência.

Parágrafo único. A sentença que declarar a falência:

I - conterá o nome do devedor, o lugar do seu principal estabelecimento e o gênero de comércio; os nomes dos sócios solidários e OS seus domicílios; Osnomes dos que forem, a êsse tempo, diretores, gerentes ou liquidantes das Sociedades por ações ou por cotas de responsabilidade limitada;

11 - indicará a hora da declaração da falência, entendendo-se, em caso de Omissão, que se deu ao meio dia;

111 - fixará, se possivel, o temo legal da falência, designando a data em que se tenha caracterizado esse estado, sem poder retrotrai-10 por mais de sessenta dias, Contados do primeiro protesto por falta de pagamento, ou do despacho ao requerimento inicial da falência (arts. 8" e 12), ou da distribuição do pedido de Concordata preventiva;

- nomeará o síndico, conforme o disposto no art. 60 e seus parágrafos;

v - marcará o prazo (art. 80) para os credores apresentarem as declarações e justificativos dos seus créditos;

VI - providenciará as diligências convenientes ao interesse da massa, podendo Ordenar a prisão preventiva do falido OU dos representantes da sociedade falida Quando requerida com fundamento em Provas que demonstrem a prática dL Crime definido nesta lei.

Art. 15. O resumo da sentença declaratória da falência será, dentro de vinte e quatro horas, depois do recebimento dos autos em

I - afixado ii porta do do falido;

'I * remeiido, pelo escrivão, por p r o t o ~ ~ l o ou sob registro postal, com recibo de ao representante do Ministério Público, ao registro do comércio e à

Carnara Sindical dos Corretores.

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1" Êsse resumo referirá os elementos da sentença determinados no parágrafo Único do art. 14, podendo o escrivão usar, para êsse fim, de fórmulas impressas.

2" Dentro do prazo de três horas, o escrivão comunicará às estações telegráficas e postais que existirem no lugar, a falência do devedor e O nome do síndico, a quem deverá ser entregue a correspondência do falido.

3" No registro do comércio, em livro especial, serão lançados O nome do falido, 0 lugar do seu domicílio, o juízo e o cartório em que a falência se processa.

Art. 16. A sentença declaratoria da falência será, imediatamente, publicada por editai, providenciando O escrivão para que o seja no Órgão oficial, e o síndico, se a massa comportar, em outro jornal de grande circulação.

Parágrafo único. O certificará o cum~!+imento das diligências determinadas neste artigo e das do art. 15, incorrendo, no caso de falta ou negligência, na pena de suspensão por seis meses e de perda de todas as custas, além de responder pelos prejuizos que ocasi~nar.

Art. 17. Da sentença que declarar a falência, pode o devedor, o credor ou o terceiro prejudicado, agravar de instrumento.

único. Pendente o recurso, O síndico não pode vender os bens da massa, salvo no caso previsto pelo art. 73.

h. 18. A sentença que decretar a falência com fundamento no art. 1' pode ser embargada pelo devedor, 0s embargos em autos separados, com citação de quem requereu a falência, admitindo-se a assistência o síndico e qualquer credor.

I" O embargante apresentará OS embargos deduzidos em requerimento a n i ~ ~ l a d o , no prazo de dois dias contados daquele em que for publicado no órgão oficial o do art. 16, podendo o embargado contestá-los, em igual Prazo.

20 Decorrido o prazo para contestação, os autos serão conciusos ao juiz que deteminari as provas a serem produzidas e designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, a qual se realizará com observância do

no art. 95 e seus parágrafos.

30 Da decisão do juiz cabe agravo de petição.

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4" Os embargos não suspendem os efeitos da sentença declaratória da falência, nem interrompem as diligências e atos do processo.

5" Quando a falência fôr declarada por decisão de segunda instância, 0s embargos serão processados em primeira e remetidos, para julgamento, ao tribunal que a declarou.

h. 19. Cabe agravo de petição da sentença que não declarar a falência.

Parágrafo único. A sentença que não declarar a falência, não terá autoridade de coisa julgada.

h. 20. Quem por dolo requerer a falência de outrem, será condenado, na Sentença que denegar a falência, em primeira ou segunda instância, a indenizar ao devedor, liquidando-se na execução da sentença as perdas e danos. Sendo a falência requerida por mais de uma pessoa, serão solidàriamente responsáveis 0s

Parágrafo único. Por ação própria, pode O prejudicado reclamar a indenização, no caso de culpa ou abuso do requerente da falência denegada.

Art. 2 1. Reformada a sentença declaratória, será tudo restituído ao antigo estado, poréin, 0s direitos dos credores legítimamente pagos e dos terceiros

de boa fé.

Parágrafo único+ O resumo da sentença revocatória da falência será remetido As entidades e ailtoridadeç no art. 15, no 2 e parágrafo 2', e publicado na "rina do art. 16.

An. 2 2 ~2~ sendo fixar na sentença declaratoria O termo legal da falência, ou devendo ser ele retificado ein face de elementos obtidos Posteriorinente o juiz deve fixá-lo ou fazer a retificação até O oferecimento da

do síndico (art. 103).

Parágrafo único. J J ~ provimento que fixar OU retificar o têmno legal da falência, na sentença declaratória ou interlocutóriay podem OS interessados agravar de 'R~tr~mento.

'0s efeitos jurídicos da sentença declaratória da falência

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SEÇÃO PRIMEIRA

Dos efeitos quanto aos direitos dos credores

Art. 23. Ao juizo da falência devem concorrer todos os credores do devedor comum, comerciais ou civis, alegando e provando os seus direitos.

Parágrafo único. Não podem ser reclamados na falência:

I - as obrigações a título gratuito e as prestações alimentícias;

11 - as despesas que os credores individualmente fizerem para tomar parte na falência, salvo custas judiciais em litígio com a massa;

111 - as penas pecuniárias por infração das leis penais e administrativas.

4rt. 24. As ações ou execuções individuais dos credores, sobre direitos e interêsses relativos à massa falida, inclusive as dos credores particulares de Sócio solidário da sociedade falida, ficam suspensas, desde que seja declarada a falência até o seu encerramento.

1" Achando-se 0s bens já em praça, com dia definitivo para arrematação, fixado por editais, far-se-á esta, entrando o produto para a massa. Se, porem, os bens já tiverem sido arrematados ao tempo da declaração da falência, somente entrara para a massa a sobra, depois de pago o exeqüente.

§ 2" Não se compreendem nas disposições dêste artigo, e terão prosseguimento o síndico, as ações e execuções que, antes da falência, hajam iniciado:

I - 0s credores por títulos não sujeitos a rateio;

- os que demandarem quantia ilíquida, coisa certa, prestação OU abstenção de fato.

8 3" Aos credores referidos no no I1 fica assegurado 0 direito de pedir a reserva de que trata o a*. 130, e, uma vez tornado líquido O seu direito, serão, se for o

incluídos na falência, na classe que Ihes for própria.

Art. 25. A falência produz o antecipado de todas as dividas do falido e do sócio solid~rio da sociedade falida, com 0 abatimento dos juros legais, se Outra taxa não tiver sido estipulada.

lo 4 s debêntures são admitidas na falência pelo valor do $0 de emissão.

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2' Não têm vencimento antecipado as obrigações sujeitas a condição suspensiva, as quais, não obstante, entram na falência, sendo o pagamento diferido até que se verifique a condição.

3' As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas, se as obrigações nê[es se venceram em virtude da falência.

Art. 26. Contra a massa não correm juros, ainda que estipulados forem, se o ativo apurado não bastar para o pagamento do principal.

Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição OS juros das debêntures e dosréditos com garantia real, mas por êles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia.

Art. 27. 0 credor de obrigação solidária concorrerá pela totalidade do seu crédito as massas dos respectivos coobrigados falidos, até ser integralmente pago.

1' Os rateios distribuídos serão anotados no respectivo título pelos síndicos das massas, e o credor coinunicará às outras o que de alguma recebeu.

2" credor que, indevida e maliciosamente, receber alguma quantia dos coobrigados solventes ou das massas dos coobrigados falidos, fica obrigado a restituir em dobro, além de pagar perdas e danos.

h. 28. massas dos coobrigados falidos não têm ação regressiva umas contra as outras. Se, porém, o credor ficar integralmente pago por uma ou por diversas massas coobrigadas, as que houverem pago terão direito regressivo contra as demais, em proporção à parte que pagaram e àquela que cada uma tinha a seu Qrgo.

Parágrafo iinico, Se os dividendos que couberem ao credor em todas as massas COobrigadas, excederem da importância total do crédito, O excesso entrara para as massas na proporç~o acima referida. Se 0s coobrigados eram garantias uns dos outros, aquêle excesso pertencerá, conforme a ordem das obrigações, às massas dos coobrigados que tiverem o direito de ser garantidas.

4rt. 29. os co-devedores solventes e os fiadores do falido e do sócio solidário da falida pode,n apresentar-se na falência por tudo quanto houverem

Pago e também belo que mais tarde devam pagar, se o credor não pedir a sua "WMo na falência, observados, em qualquer caso, OS preceitos legais que regem as obrigações solidárias.

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Art. 30. Aos credores que tenham apresentado a declaração de crédito de que trata o art. 82, ficam garantidos os direitos seguintes, desde o momento da declaração da falência:

I - intervir, como assistentes, em quaisquer ações ou incidentes em que a massa Seja parte ou interessada;

11 - tiscalizar a administração da massa, requerer e promover no processo da falência o que for a bem dos interêsses dos credores e da execução da presente lei, sendo as despesas que fizerem indenizadas pela massa, se esta auferir vantagem;

111 - examinar, em qualquer tempo, 0s livros e papéis do falido e da administração da massa, independentemente de autorização do juiz.

4rt. 3 1. Os credores pedem constituir procurador para representá-los na falência, Sendo lícito a uma só pessoa ser procurador de diversos credores.

1" A procuração pode ser transmitida por tekgrama, telefonema ou radiograma, mediante minuta autêntica exibida a estação expedidora, que mencionara essa Clrc~nstância na transmissão.

20 O procurador fica habilitado a tornar parte em qualquer ato o u deliberação da massa, fazer declarações de crédito e receber ~ntima~ões independentemente de

Poderes especiais, A com cláusula ad judicja confere ao procurador

OS Poderes previstos na lei processual civil.

4n. 32. São considerados representantes dos credores na falência:

I 0s administradores, gerentes ou liquidantes das sociedades e prepostos com Poderes de administração geral;

Ir - os procuradores ad negotia 9 embora sem poderes especificados para falêIlcia;

'I1 - O eleito pela geral dos debenturistas;

I' - os representantes de incapazes e o inventariante.

4rt. 33. se não forem integralmente pagos pelos bens do falido e dos sócios de

solidária OS c redores terão, encerrada a falência, o direito de

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executar os devedores pelos saldos de seus créditos observado o disposto no art. 133.

SEÇÃO SEGUNDA

Dos efeitos quanto a pessoa do falido

Art. 34. A declaração da falência impõe ao falido as seguintes obrigações:

I - assinar nos autos, desde que tenha notícia da sentença declaratoria, termo de comparecimento, com a indicação do nome, nacionalidade, estado civil, ma e número da residência, devendo ainda declarar, para constar do dito termo:

a) as causas determinantes da falência, quando pelos credores requerida;

b) se tem firma inscrita, quando a inscreveu, exibindo a prova;

C) tratando-se de sociedade, os nomes e residências de todos os sócios, apresentando o contrato, se houver, bem como a declaração relativa a inscrição da firma, se fôr caso;

d) o nome do contador ou guarda-livr~~ encarregado da escrituração dos seus livros comerciais;

e) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando O seu objeto e o "Orne e endereço do mandatário;

f) quais os seus bens imóveis, e q ~ a i s 0s móveis, que não Se encontram no estabelecimento;

g) se faz parte de outras sociedades, exibindo, no caso afirmativo, o respectivo Contrato;

I1 - depositar em no ato de assinar 0 t êm0 de comparecimento, 0s seus livros obrigatbrios, a fim de serem entregues ao síndico, depois de encerrados Por têmos lavrados pelo e assinados pelo juiz;

111 - ausentar do lugar da falência, sem motivo justo e autorização do juiz, e sem deixar p r ~ c u r a d ~ r bastante, sob as penas cominadas na

lei; quando a para ausentar-se fÔr pedida sob alegação de moléstia 3 o juiz designará o médico para o respectivo exame;

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IV - comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, quando ocorrerem motivos justos e obtiver licença do juiz;

V - entregar sem demora todos os bens, livros, papéis e documentos ao síndico, indicando-lhe, para serem arrecadados, OS bens que porventura tenha em poder de terceiros:

VI - prestar, verbalmente ou por escrito, as informações reclamadas pelo juiz, síndico, representante do Ministério Público e credores, sobre circunstâncias e fatos que interessem a falência;

VI1 - auxiliar o com zêlo e lealdade;

VI11 - examinar as declarações de crédito apresentadas;

IX - assistir ao levantamento e a verificação do balanço e exame dos livros;

X - e x a i n a r e dar parecer sobre as contas do síndico.

h. 35. Faltando ao cumprimento de qualquer dos deveres que a presente lei ]he impõe, poderá o falido ser prêso por ordem do juiz, de ofício ou a requerimento do representante do Ministério Público, do síndico OU de qualquer credor.

Parágrafo único. A prisão não pode exceder de sessenta dias, e do despacho que a decretar cabe agravo de instrumento, que não suspende a execução da ordem.

h. 36. Além dos direitos que esta lei especialmente lhe confere, tem o falido os de fiscalizar a administração da massa, de requerer providências conservatórias dos bens arrecadados e for a bem dos seus direitos e interêsses, podendo intervir,

assistente, nos processos em que a massa seja parte OU interessada, e Interpor os recursos cabíveis.

Parágrafo único. Se, intimado ou avisado pela imprensa, não comparecer ou deixar de intervir em qualquer ato da falência, 0s atos ou diligências correrão à

não podendo em tempo algum sobre eles reclamar.

4n. 37. Ressalvados os direitos reconhecidos aos sócios solidariamente respons~veis pelas obrigações sociais, as sociedades falidas serão representadas

falência pelos seus diretores, administradores, gerentes ou liquidantes, os qUais ficarão sujeitos a todas as obrigações que a Presente lei impõe ao devedor O'f falido, serão Ouvidos nos casos em 9 ue a lei prescreve a audiência do falido, e 1ricorrerão na pena de nos têmos do a*. 35.

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Parágrafo único. Cabe ao inventariante, nos têrmos dêste artigo, a representação do espólio falido.

Art. 38. O falido que for diligente no cumprimento dos seus deveres, pode requerer ao juiz, se a massa comportar, que lhe arbitre módica remuneração, ouvidos o síndico e o representante de Ministério Público.

Parágrafo único. A requerimento do síndico OU de qualquer credor que alegue Causa justa, OU de ofício, o juiz pode suprimir a remuneração arbitrada, que, de qualquer modo, cessa com o início da liquidação.

SEÇÃO TERCEIRA

Dos efeitos quanto aos bens do falido

Art. 39. A falência compreende todos OS bens do devedor inclusive direitos e ações, tanto 0s existentes na época de sua declaração como os que forem adquiridos no curso do processo.

Parágrafo único. Declarada a falência do espÓli0 será SUSpenSO O processo do inventário, observando-se o disposto no parágrafo único do art. 37.

4rt. 40. Desde o momento da abertura da falência, OU da decretação do Sequestro, o devedor perde o direito de administrar 0s seus bens e dêles dispor.

1" Não pode o devedor, desde aquêie momento, Praticar qualquer ato que se 'efira direta ou indiretamente, aos bens, interesses, direitos e obrigações Compreendidos na falência, sob pena de nulidade, que 0 juiz pronunciará de Ofício, independentemente de prova de prejuízo.

2" Se, entretanto, antes da publicação da sentença declaratoria da falência ou do de sequestro, 0 devedor tiver pago no vencimento título a ordem por

"e aceito ou contra êle sacado, será válido 0 Pagamento, se 0 portador não Conhecia a falência ou o sequestro, e se, conforme a lei cambial, não puder mais exercer útilmente os seus direitos contra 0s coobrigados.

h. 4 1 . ~ã~ se compreendem na falência 0s bens absolutamente impenhoráveis.

Par+rafo finico, serão OS livros, máquinas, utensílios e i4strumentos necessários ou *teis ao exercício da profissão do falido, que não

de módico valor.

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Art. 42. A falência não atinge a administração dos bens dotais e dos particulares da mulher e dos filhos do devedor.

SECA0 QUARTA Dos efeitos quanto aos contratos do falido Art 43. OS contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser executados pelo síndico, se achar de conveniência para a massa.

Parágrafo único. O contraente pode interpelar O síndico, para que, dentro de cinco dias, declare se cumpre ou não o contrato. A declaração negativa ou o silêncio do síndico, findo &se prazo, dá ao contraente o direito a indenização, cujo valor apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografario.

Art. 44. Nas relações contratuais abaixo mencionadas, prevalecerão as seguintes regras:

1 - o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao falido e ainda eni trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido sem fraude, a vista das faturas e conhecimentos de transporte,

entregues ou remetidos pelo vendedor;

11 - se o falido vendeu coisas compostas e O síndico resolver não continuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da massa as coisas já recebidas, pedindo perdas e danos;

111 - não havendo o falido entregue coisa móvel que.vendera a prestações, e 'esolvendo o não executar o contrato, a massa restituirá ao comprador as

prestações recebidas pelo falido;

IV - a restituiç~o de coisa móvel comprada pelo falido, com reserva de domínio do vendedor, far-se-á, se o síndico resolver não continuar a execução do Contrato de com o disposto no art. 344 e seus parágrafos do Código do Processi Civil;

L> - tratando-se de coisas vendidas a têm03 que ttmham cotação em Bolsa ou mercado, e não se o contrato pela efetiva entrega daquelas e

Pagamento do preço, a diferença entre a cotação do dia do contrato e

a da época da liquidação;

\'I - na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação

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VI1 - se a locação do imóvel ocupado pelo estabelecimento do falido estiver sob O amparo do Decreto no 24.150, de 20 de abril de 1934, sòmente poderá ser decretado O despejo se O atrazo no Pagamento dos dWueres e ceder de dois meses e o síndico, intimado, não purgar a mora dentro de dez dias.

Art. 45. As contas correntes com o falido consideram-se encerradas no momento da declaração de falência, verificando-se orespectivo saldo.

Art. 46. Compensam-se as dívidas do falido vencidas até o dia da declaração da falência, provenha o vencimento da própria sentença declaratória ou da expiração do prazo estipulado.

Parágrafo único. Não se compensam:

I - 0s créditos constantes de título ao portador;

11 - os créditos transferidos depois de decretada a falência, salvo o caso de Sucessão por morte;

111 - os créditos, ainda que vencidos antes da falência, transferidos ao devedor do falido, em prejuízo da massa, quando já era conhecido o estado de falência, embora não judicialmente declarado.

h. 47. Durante o processo de falência fica suspenso o curso de prescrição relativa a obrigações de responsabilidade do falido.

4rt. 48. Se o falido fizer parte de alguma sociedade, como sócio solidário, COmanditário ou cotista para a massa falida entrarão sòmente 0s haveres que na

Ele possuir e forem apurados na forma estabelecida no contrato Se nada dispuser a respeito, a apuração far-se-ájudicialmente, salvo se, por lei

OU pelo contrato, a sociedade tiver de liquidar-se, caso em que os haveres do

falido, sòmente após o pag amento de todo O passivo da sociedade, entrarão para a massa.

Parágrafo único. N~~ casos de condomínio de que participe o falido, deduzir-se- ásdo quinhão a êste pertencente 0 4 ue for devido aos outros condÔminos em ''nude daquele estado.

4rt. 49. O mandato conferido pelo devedor, antes da falência, acêrca dos negócios que interessam a ,,,assa falida, continua em vigor até que seja revogado

pelo síndico, a 4 uem o mandatário deve prestar contas.

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Parágrafo único. Para o falido cessa O mandato OU comissão que houver recebido antes da falência, salvo OS que versem sobre a matéria estranha a comércio.

Art. 50. 0s adicionais e os sócios de responsabilidade limitada são obrigados a integralizar as ações ou cotas que subscreveram para O capital, não obstante quaisquer restrições, limitações ou condições estabelecidas, nos estatutos, ou no contrato da sociedade.

1' A ação para integralização pode ser proposta antes de vendidos os bens da Sociedade e apurado o ativo, sem necessidade de aprovar-se a insuficiência dêste Para o pagamento do passivo da falência.

2" aaçgo pode compreender todos OS devedores ou ser especial para cada devedor solvente.

Art. 5 1. Nas sociedades comerciais que não revestirem a forma anônima, nem a de comandita por ações, o sócio de responsabilidade limitada que dela se despedir, 0s fundos que conferira para o capital, fica responsável, até o valor dêsses fundos, pelas obrigações contraídas e perdas havidas até o momento da despedida, que será o arquivamento do respectivo instrumento no registro do comércio.

Parágrafo único. A responsabilidade estabelecida neste artigo cessa nos têmos do parágrafo único do art. sO, será apurado na forma do disposto no art. tjO.

S E ~ Ã ~ QUINTA

Da revogação de atas pelo devedor antes da falência

4rt. 52, ~ã~ produzem relativamente a massa, tenha ou não o contratante Conhecimento do estado e c o n ô m i ~ ~ do devedor, seja ou não intenção dêste kaudar Qedores:

I - O pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do tênno legal da falência, por qu alquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que Pelo desconto do próprio título;

I1 - o pagamento de dívidas ~encidas e exigíveis realizado dentro do temo legal da falência, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;

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111 - a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do têrmo legal da falência, tratando-se de dívida contraída antes dêsse têrmo; se 0s bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;

1V - a prática de atos a título gratuito, salvo os referentes a objetos de valor inferior a Cr$1.000,00 desde dois anos antes da declaração da falência;

V - a renúncia a herança ou a legado, ate dois anos antes da declaração da falência;

VI - a restituição antecipada do dote ou a sua entrega antes do prazo estipulado no contrato antenupcial;

VI1 - as inscrições de direitos reais, as transcrições de transferência de Propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis, realizadas após a decretação do sequestro ou a declaração da falência, a menos que tenha havido prenotação anterior; a falta de inscrição do ônus real dá ao credor o direito de concorrer a massa como quirografário, e a falta da transcrição dá ao adquirente ação para haver o preço até onde bastar o que se

na venda do imóvel;

v111 - a venda, ou transferência de estabelecimento comercial ou industrial, feita Sem o consentiinento expresso ou O pagamento de todos os credores, a êsse tempo existentes, não tendo restado ao falido bens suficientes para solver o seu Passivo, salvo se, dentro de trinta dias, nenhuma oposiç,ão fizeram os credores g venda ou transferência que Ihes foi notificada; essa notificação será feita judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos.

Art. 5 3 , são também revogáveis, relativamente à massa os atos praticados com a intenção de prejudicar credores. provando-se a fraude do devedor e do terceiro que com êle contratar.

k. 54. Os bens devem ser restituidos massa em espkcie, com todos os acessórios, e, ngo sendo dar-se-á a indenização.

§ 1" A massa restituirá o que tiver sido prestado pelo contraente, salvo se do Contrato ou ato nno auferiu vantagem, Caso em que 0 contraente será admitido

credor quirografário.

§ 2" N~ caso de restituição, o credor reassumirá 0 seu anterior estado de direito e Panicipar,í dos rateios, se cluirografáriO.

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5 3" Fica salva aos terceiros de boa fé a ação de perdas e danos, a todo tempo

contra o falido.

Art. 5 5 . A iic;il» revocatória dcve ser proposta pclo síndico, i nns sç 0 i1ao for dentro dos trinta dias seguintes A data da publicaçao do aviso a que se refere o art. 1 14 e seu parágrafo, também poderá ser proposta por qualquer credor,

Parágrafo único. A açno pode ser proposta:

1 - contra todos 0s que figuraram no ato, OU que, por efeito dêle, foram pagos, garantidos ou beneficiados;

11 - contra 0s herdeiros ou legatarios das pessoas acima indicadas;

111 - contra os terceiros adquirentes:

a) se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, da intenção do falido de Prejudicar os credores;

b, se O direito se originou de ato mencionado no art. 52;

1V - contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas no número anterior.

4n. 56. A revocatória correrá perante 0 juiz da falência e terá curso Ordinário,

# 1 " A ação sòmente poderá ser proposta até U m ano, a contar da data da PubIicaqão do aviso a que se refere O ait. 1 14 e seu parágrafo.

5 2" A apelaçáo recebida no efeito devolutivo, no caso do art. 52, e em

ambos os efeitos, no caso do art. 53.

§ 3" O juiz pode, a do síndico, ordenar, como medida preventiva,

na forma Drocessual civil, o dos bens retirados do patrimônio do falido

e em poder de terceiros.

5 4" D~ despacho do juiz que indeferir o sequestro, cabe agravo de petição, e do

que O ordenar, agravo de instrumento-

A*. s7. ,, ineficácia do ato pode também ser oposta como defesa em ação ou

perdendo a massa o direito de propor a ação de que trata o artigo

anterior.

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Art. 58. A revogaqfio do ato pode ser decretada, embora para celebração dêle houvesse precedido sentença executória, OU fôsse conseqüência de transação ou de medida asseguratoria para garantia da dívida OU seu pagamento. Revogado o ato, ficará rescindida a sentença que O motivou.

Da administração da falência

DO sindico h. 59. A administração da falência é exercida por um sindico, sob a imediata direção e superintendência do juiz.

h. 60. O entre os maiores credores do falido, residentes OU domiciliados no foro da falência, de reconhecida idoneidade moral e financeira.

5 I " Não constando dos autos a relação dos credores, o juiz mandará intiinar pessoalIilente o devedor, se estiver presente, para apresentá-la em cartório dentro de duas horas, sob pena de prisão até trinta dias-

6 ztl ci.cdcircs. sLicessivnillentt: rioincados. niio uceiturein o cargo, o j~iiz, ~ i p ó ~

a terceira recusa, poderá nolnear Pessoa estranha, idGriea e de boa lhina, de

preferência comerciante.

i 30 Não pode servir de síndico:

I - o que tiver parentesco ou afinidade até O terceiro grau com o falido ou com os representantes da sociedade falida, ou dêles for amigo, inimigo ou dependente. 9

I1 .. o ces , ion~r io de créditos, que o fôr desde três meses antes de requerida a fal~ncia;

111 - que tenha cargo de síndico em outra falência, ou de comissário 7

4n concordata preventiva, foi destituído, ou deixar de prestar contas dentro dos prazos legais, ou havendo-as prestado. as teve julgadas más;

l V - O que ja houver sido nomeado P elo mesmo juiz síndico de outra falência há de um ano, sendo, em ambos os casos, pessoa estranha a falência;

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V - o que, há menos de seis meses, recusou igual cargo em falência de que era credor;

4' Até quarenta e oito horas após a publicação do aviso referido no art. 63, no 1, qualquer interessado pode reclamar contra a nomeação do síndico em desobediência a esta lei. O juiz, atendendo as alegações e provas, decidirá dentro de vinte e quatro horas, e do despacho cabe agravo de instrumento.

5" Se o síndico nomeado fôr pessoa jurídica, declarar-se-á no têrmo de que trata o art. 62 o nome de seu representante, que não poderá ser substituído sem licença do juiz.

Art. 61. A função de síndico é indelegável, podendo êle, entretanto, constituir advogado quando exigida a intervenção dêste em juízo.

Parágrafo único. A massa não responde por quaisquer honorários de advogados que funcionarem no processo da falência como procuradores do síndico.

SEÇÃO SEGUNDA

Dos deveres e atribuições do síndico

4rt. 62. O síndico, logo que nomeado, será intimado pessoalmente, pelo escrivão a assinar em cartório dentro de vinte e quatro horas, t ê m 0 de compromisso de bem e fielmente desepenhar O cargo e de assumir todas as 'esponsabi]idades inerentes 5i qualidade de administrada..

Parágrafo único. NO ato da assinatura dêsse temo, entregará, em cartório, a declaraFão de seu crédito, em uma só via, Com OS requisitos prescritos no art. 82. Se os títulos comprobatórios do crédito não estiverem em seu poder, dirá onde Se encontram, e junta-10s-á a declaração no prazo a que alude o art. 14, Parágrafo único, no V.

h. 63. Cumpre ao síndico, além de outros deveres que a presente lei lhe impõe:

I - dar a maior publicidade à sentença declaratoria da falência e avisar,

'mediatamente, pelo órgão oficial, O lugar e hora em que, diariamente, os credores terão a sua disposição os livros e papéis do falido e em que os 'nteressados serão atendidos;

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11 - receber a correspondência dirigida ao falido, abrí-Ia em presença dêste ou de pessoa por êle designada, fazendo entrega daquela que se não referir a assunto de interesse da massa;

111 - arrecadar os bens e livros do falido e tê-los sob a sua guarda, conforme se dispõe no titulo IV, fazendo as necessárias averiguações, inclusive quanto aos contratos de locação do falido, para os efeitos do art. 44, no VII, e dos Parágrafos do art. 1 16;

IV - recolher, em vinte e quatro horas, ao estabelecimento que for designado nos têmos do art. 209, as quantias pertencentes a massa, e movimentá-las na forma do parágrafo único do mesmo artigo;

V - designar, comunicando ao juiz, perito contador, para proceder ao exame da escrituração do falido, e ao qual caberá fornecer os extratos necessários à verificação dos créditos, bem como apresentar, em duas vias, o laudo do exame Procedido na contabilidade;

VI - chamar avaliadores, oficiais onde houver, Para avaliação dos bens, quando desta o síndico não possa desempenhar-se;

VI1 - escolher para os serviços de administração 0s auxiliares necessários, cujos Salários serão previamente ajustados, mediante aprovação do juiz, atendendo-se aos trabalhos e à importância da massa;

VI11 - fomecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos interessados Sòbre a falência e da massa, e dar extratos dos livros do falido,

Para prova, nas ou impugnações de crédito; 0s extratos merecerão fk, ficando salvo à parte prejudicada provar-lhes a inexatidão;

1X - exigir dos credores, e dos prepostos que serviram com o falido, quaisquer infOmações verbais ou por escrito; em caso de recusa, 0 juiz, a requerimento do Síndico, mandará vir a sua presença essas pessoas, sob Pena de desobediência, e as interrogará, tomando-se 0s depoimentos Por escrito;

- preparar a verificação e classificação dos créditos, pela foI+ma regulada no titulo VI;

XI - ~~~~~j~~~ ao juiz, para 0s fins do art. 200, Por petição levada a despacho nas vinte e quatro horas seguintes ao vencimento do prazo do artigo 14, Paragraf0 único, ,,O V, o inontante total dos créditos declarados;

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XII - apresentar em cartório, no prazo marcado no art. 103, a exposição ali referida:

XIII - representar ao juiz sobre a necessidade da venda de bens sujeitos a fácil deterioração ou de guarda dispendiosa;

XIV - praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dividas ativas e passar a respectiva quitação;

XV - remir penhores e objetos legalmente retidos, com autorização do juiz e em beneficio da massa;

XVI - representar a massa em juízo como autora, mesmo em processos penais, como ré ou como assistente, contratando, se necessário, advogado cujos honorários serão prèviamente ajustados e submetidos a aprovação do juiz;

XVII - requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para Completar e indenizar a massa ou em benefício da sua administração, dos interêsses dos credores e do cumprimento das disposições desta lei;

XVIII - transigir dividas e negócios da massa, ouvindo o falido, se Presente, c com licença do juiz;

XIX - aprexntar, depois da publicação do quadro geral de credores ( a ~ . 96 3 , 8 2') e do despacho que decidir o inquérito judicial (ad. 109 e $ 2'), e no prazo de cinco dias conlados da ocorrt.ncia qiie entre aqiielns ?e verificar por últiin0,

em que:

a) exporá 0s atas da da massa, justificando as medidas postas em Prática;

b, dará o valor do passivo e o do ativo, analizando a natureza dêste;

C) informará as ações em que a massa seja interessada, inclusive pedidos

de restituição e embargos de terceiro;

d) especificará 0s atas ~~sce t íve i s de revogação, indicando OS fundamentos legais respectivos;

XY - promover a efetjvação da garantia oferecida, no caso do parágrafo único

doa,. 181;

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XXI - apresentar, até o dia dez de cada mês seguinte ao vencido, sempre que haja recebimento ou pagamento, conta demonstrativa da administração que especifique com clareza a receita e a despesa; a conta, rubricada pelo juiz, será junta aos autos;

XXII - entregar ao seu substituto, ou ao devedor concordatário, todos os bens da massa em seu poder, livros e assentos da sua administração, sob pena de prisão até sessenta dias.

h. 64. Iniciada a liquidação (art. 114 e seu parágrafo unico), o síndico fica investido de plenos poderes para todos os atOS e operações necessárias a realização do ativo e ao pagamento do passivo da falência, conforme o disposto no título VIII.

h. 65. Se o síndico não assinar O termo de compromisso dentro de vinte e quatro horas após a sua intimação, não aceitar 0 cargo, renunciar, falecer, for declarado interdito, incorrer em falência OU pedir concordata preventiva, o juiz designará substituto.

Art. 66. 0 síndico seri destituído pelo juiz, de ofício, ou a requerimento do representante do Ministério Público OU de qualquer credor, no caso de exceder qualquer dos prazos que lhe são marcados nesta lei, de infringir quaisquer outros deveres que lhe incumbem ou de ter interêsses contrários aos da massa.

$ 1" O síndico e o representante do Ministério Público serão ouvidos antes do despacho do juiz, salvo a destituição tenha por,fundamento excesso de

Prazo pelo caso em que será decretada em face da simples verificação

do fato.

$ 2" Destituindo o síndico, o juiz nomeará 0 seu substituto, e do despacho que decretar a destituição, ou deixar de fazê-lo, cabe agravo de instnimento.

Art. 67. 0 tem direito a uma remuneração, que 0 juiz deve arbitrar, atendendo a sua diligência, ao trabalho e a responsabilidade da função e à importância da massa, mas sem ultrapassar de 6% até Cr$100.000,00; de 5%

de 4% sôbre O excedente até Sobre 0 excedente até ~ r $ 2 0 0 . 0 0 0 ~ ~ ~ , Cr$~OO.OOO,OO; de 3 % sobre o excedente até Cr$1.000.000,00; de 2% sobre o que exceder de Cr$1.000.000,00.

$ 1" A remuneração é calculada sôbre o produto dos bens ou valores da massa, 'endidos ou liquidados pelo síndico. Em relação aos bens que constituir em Objeto de garantia real, o síndico perceberá . , . comissão igual a que, em Conformidade com a lei for devida ao depositario nas execuções judiciais.

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9 2" No caso de concordata, a percentagem não pode exceder a metade das taxas estabelecidas neste artigo, e é calculada sòmente sobre a quantia a ser paga aos credores quirografários.

8 3" A remuneração será paga ao síndico depois de julgadas suas contas.

4" Não cabe remuneração alguma ao síndico nomeado contra as disposições desta lei, ou que haja renunciado OU sido destituído, ou cujas contas não tenham sido julgadas boas.

5' Do despacho que arbitrar a remuneração cabe agravo de instrumento, interposto pelo síndico, credores ou falido.

Art. 68. O síndico responde pelos prejuízos que Causar a massa, por sua má administração ou por infringir qualquer disposição da presente lei.

Parágrafo único. A do juiz, OU O julgamento das suas contas, não isentain o de responsabilidade civil e penal, quando não ignorar o

Prejuízo que do seu ato possa resultar para a massa OU quando infringir

disposição da lei.

Art. 69. O Sindico prestará contas da sua administração, quando renunciar o cargo, for substituído ou destituído, terminar a liquidação, ou tiver o devedor

Obtido concordata.

As contas, acompanhadas de documentos probatórios, serão prestadas em processo que se apensará, afinal, aos autos da falência.

2' 0 escrivia fara publicar aviso de que as contas se acham em cartório, durante

der dias disposiçgo do falido e dos interessados. que poderão impugná-las.

3' Decorrido o prazo do aviso, e realizadas as necesshrias diligèncins, hlgodas pelo juiz, ouvido o representante do Ministério Público, e, se houver

'rn~ugnação, o síndico.

O síndico será intimado a entrar, dentro de quarenta e oito horas, com qualquer alcance, sob pena de prisão até sessenta dias.

Na sentença que reconhecer O alcance, o juiz pode ordenar o sequestro de

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do síndico, para assegurar indenização da massa, prosseguindo a execução, na forma da lei.

7" Se o síndico não prestar contas dentro de dez dias após a sua destituição ou substituição, ou após a homologação da concordata, e de trinta dias após o termino da liquidação, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, deteminará a sua intimação pessoal para que as preste no prazo de cinco dias; decorrido o prazo sem serem prestadas, O juiz expedira contra O revel mandato de prisão até sessenta dias, ordenando que o seu substituto organize as contas, tendo em vista o que aquêle recebeu e O que, devidamente autorizado, despendeu.

Da arrecadação e parda dos bens, livros e documentos do falido Art. 70. O síndico promoverá, imediatamente após o seu C O ~ P ~ ~ ~ ~ S S O , a arrecadação dos livros, documentos e bens do falido, onde quer que estejam, requerendo para &se fim as providências judiciais necessárias.

5 1" A arrecadação far-se-á com assistência do representante do Ministério Público, convidado pelo síndico. Opondo-se o falido a diligência ou dificultando-a 3 o pedira ao juiz o auxílio de oficiais de justiça.

$ 2" O síndico levantará o inventário e estimará cada um dos objetos nêle Contemplados, ouvindo 0 falido, consultando faturas e documentos,

no parecer de avaliadores, se houver necessidade.

3" O inventário seri datado e assinado pelo síndico, pelo representante do Ministério Público e pelo falido, se presente, podendo êste apresentar, em Separado as observações e declarações que Julgar a bem dos Seus interêsse~; se O falido Eecusar a sua a.c,Wnatura, far-se-á constar do auto a recusa. 0 auto será entregue em até três dias após a arrecadação.

$ 4" os bens penhorados ou por outra forma apreendidos, salvo tratando-se de açã0 ou e,ecuç~o que a falência não suspenda, entrarão para a massa,

Cumprindo o juiz deprecar, a requerimento do síndico, as autoridades 'Ompetentes, a entrega dêles.

$ 5 0 N~ mesmo dia em que iniciar a arrecadação, o síndico apresentará os livros

'?igatórios do falido ao juiz, P ara o seu encerramento, caso êste já não tenha

"do feito nos têrmos dos artig os gO, 3", e 34" no 11.

6o Serão referidos no inventário:

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I - os livros obrigatórios e os auxiliares o u facultativos do falido, designando-se O estado em que se acham, número e denominação de cada um, páginas escrituradas, data do início da escrituração e do último lançamento, e se os livros obrigatórios estão revestidos das formalidades legais;

11 - dinheiro, papéis, documentos e demais bens do Iàlido;

I11 - os bens do falido em poder de terceiro, a titulo de guarda, depósito, penhor OU retenção;

IV - os bens indicados como ~ropriedade de terceiros ou reclamados por estes, mencionando-se esta circunstância.

8 7" Os bens referidos no parágrafo anterior serão individuados quanto possível. Em relação aos imóveis, o síndico, no prazo de quinze dias após a sua arrecadação, exibirá as certidões do registro de imóveis, extraídas posteriomente a declaração da falência, com todas as indicações que nele

constarem.

An. 71. ,j arrecadação dos bens particulares do sócio solidário será feita ao mesmo tempo que a dos bens da sociedade, levantando-se inventário especial de

cada uma das massas.

Art. 77. 0 s bens ficarão sob a guarda do síndico OU de pessoa por &te escolhida, sob a responsabilidade dêle, podendo 0 falido ser incumbido da

guarda de imóveis e mercadorias.

4i.1, 7 3 , 1 lavcnd0 os bens uriecadlidos iilg~iiis dc ficil dctcrior~i~iio o ~ i qLic

Se na0 possam guardar sem risco ou grande despesa, o sindico, ii-iediante petição

representará ao juiz sobre a necessidade da sua venda I

'ndividuando 0s bens a serem vendidos.

9: 1" Ouvidos o falido e o representante do Ministério I'úbliço, o juiz, se delkrir, h m e a r h leiloeiro e mandará que conste do alvari a discriminação dos bens,

8 2" 0 produto di, vetlda pelo leiloeiro, recolhido ao estabeleciinentc, designado para receber o dinheiro da massa (aa. 2091, juntando-se aos autos a Oota do leilão e a segunda via do recibo do banco.

&t 7 4 O falido pode requerer a continua~fio do seu negócio; ouvidos o síndico e o representante do ~ i ~ i ~ t é ~ i ~ público sôbre a conveniência do pedido, o juiz

Se deferir, nomeará, para g erí-lo, pessoa idônea, proposta pelo síndico.

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5 1" A continuação do negócio, salvo caso excepcional e a critério do juiz, sòmente pode ser deferida após término da arrecadação e juntada dos inventários aos autos da falência.

5 2" O gerente, cujo salário, como os dos demais prepostos, será contratado pelo síndico mediante aprovação do juiz, ficará sob a imediata fiscalização do síndico e lançará os assentos das operações em. livros especiais, por êste abertos, numerados e rubricados.

5 3" O gerente assinará, nos autos, têm0 de depositário dos bens da massa que lhe forem entregues, e de bem e fielmente cumprir OS seus deveres, prestando contas ao síndico.

§ 4" As compras e vendas serão a dinheiro de contado; em casos especiais, concordando o síndico e o representante do Ministério Público, o juiz poderá autorizar compras para pagamento no prazo de trinta dias. As vendas, salvo autorização do juiz, não poderão ser efetuadas por preço inferior ao constante da avaliação.

§ 5" O gerente recolherá, diariamente, ao estabelecimento designado para receber o dinheiro da massa (art. 209), as importâncias recebidas no dia anterior, e, no fim de cada semana, apresentará, para serem juntas aos autos, que se fomiarão em separado:

I - as relações das mercadorias adquiridas e vendidas e respectivos preços, Caracterizando os negócios que, na conformidade do parágrafo anterior, tiverem

Sido feitos a prazo;

'1 - a dernonstra<;zo das despesas gerais correspondentes a semana, inclusive e salário de propostos.

§ 6" O juiz, a requerimento do síndico OU dos credores, ouvido O representante do ~ i ~ i ~ ~ k ~ i ~ público, pode cassar a autorização para continuar o negócio do falido.

§ 7' Cessará a autorização se o falido não pedir concordata no prazo do art, 178, OU, se o tiver feito, quando julgado, em primeira instância, o seu pedido.

AR. 75, Se não forem bens Para serem arrecadados, ou se 0s

forem insuficientes para as despesas do Processo, O síndico levará, hediatamente, o fato ao conhecimento do juiz, que, ouvido O representante do hinistério público marcará por editais O prazo de dez dias para os interessados

o que f;ir a bem dos Seus direitos.

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4 l0 Um ou mais credores podem requerer O prosseguimento da falência, obrigando-se a entrar com a quantia necessária às despesas, a qual será considerada encargo da massa.

4 2" Se os credores nada requererem, o síndico, dentro do prazo de oito dias, promoverá a venda dos bens porventura arrecadados e apresentará o seu relatório, nos têmos e para os efeitos dos parágrafos 3", 4" e 5' do art. 200.

$ 3' Proferida a decisão (art. 200, $ SO), será a falência encerrada pelo juiz nos respectivos autos.

Do pedido de restituição e dos embargos de terceiro

Art 76. Pode ser pedida a restituição de coisa a arrecadada em poder do falido quando seja devida em virtude de direito real ou de contrato.

8 1" A restituição pode ser pedida, ainda que a coisa já tenha sido alienada pela massa.

§ 2' Também pode ser reclamada a restituição das coisas vendidas a crédito e entregues ao falido nos quinze dias anteriores ao requerimento da falência, se ainda não alienados pela massa.

h. 77. O pedido de restituição deve ser cumpridamente fundamentado e '"ividuará a coisa reclamada.

1" O juiz mandará autuar em separado o requerimento e documentos que o instruirem, e o falido e o síndico, no prazo de três dias para cada um, valendo como contestação a informação Ou parecer contrário do falido ou do Síndico.

2" O escrivão aos interessados, pelo Órgão oficial, que se acha em Cartório o pedido, sendo-lhes concedido o prazo de cinco dias para apresentarem Contestação.

§ 3" Havendo contestação e deferidas OU não as Provas Porventura requeridas, o juiz designará, dentro dos vinte dias seguintes, audisncia de instrução e Julgamento, que se realizará com observância do disposto no art. 95 e seus Parágrafos.

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5 4" Da sentença do juiz podem interpor agravo de petição O reclamante o falido, 0 síndico e qualquer credor, ainda que não contestante, contando-se o prazo da data da mesma sentença.

5 5" A sentença que negar a restituição, pode mandar incluir o reclamante na classificação que, como credor, por direito lhe caiba.

6" Não havendo contestação, o juiz, ouvido o representante do Ministério Público, e se nenhuma dúvida houver sobre O direito do reclamante, deteminará, em quarenta e oito horas, a expedição de mandado para a entrega da coisa reclamada.

8 7" As despesas da reclamação, quando não contestada, são pagas pelo reclamante e, se contestada, pelo vencido.

Art. 78. O pedido de suspende a disponibilidade da coisa, que seri restituída em espécie.

5 1" Se ela tiver sido subrogada por outra, será esta entregue pela massa.

4 2" Se nem a própria coisa nem a subrogada existirem ao tempo da restituição, haverá o reclamante o valor estimado, OU, no caso de venda de uma ou outra, o respectivo preço. O pedido de restituição não autoriza, em caso algum, a repetição de rateios distribuidos aos credores.

8 3' Quando diversos reclamantes houverem de ser satisfeitos em dinheiro e não bastante para o pagamento integral, far-se-á rateio entre Eles.

5 4" O reclamante à massa as despesas que a coisa reclamada ou o seu

produto tiverem ocasionado.

4rt. 79. Aquele que sofrer turbação OU esbulho na sua posse ou direito, por efeito da arrecadação ou do sequestro, poderá, se não preferir usar do pedido de restituição (art. 76), defender os seus bens por via de embargos de terceiro.

5 I 0 0 s embargos obedecerâo à forma estabelecida na lei processual civil.

§ 2' Da sentenpa que julgar OS embargos, cabe agravo de petição, que pode ser lUerpôsto pelo embargante, pelo falido, pelo síndico ou Por qualquer credor, ainda que não contestante.

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Da verificação e ciassificação dos créditos

SEÇÃO PRIMEIRA

Da verificação dos créditos

Art. 80. Na sentença declaratória da falência, O juiz marcará O prazo de dez dias, no mínimo, e de vinte, no máximo, conforme a importância da falência e 0s interêsses nela envolvidos, para os credores apresentarem as declarações e documentos justificativos dos seus créditos.

Art. 81. 0 síndico, logo que entrar no exercício do cargo, expedirá circulares aos credores que constarem da escrituração do falido, convidando-os a fazer a decIaração de que trata o art. 82, no prazo determinado pelo juiz.

1" As circulares, que podem ser impressas, conterão o texto do art. 82 e serão remetidas pelo sob registro, com recibo de volta. Os credores, conforme a distância em que se acharem, podem ser convidados por telegrama.

2" O síndico é responsável por quaisquer prejuízos causados aos credores pela demora ou negligência no cumprimento desta obrigação, e sòmente se justificará exibindo o do registro do correio, ou o recibo da estação telegráfica, que provem ter feito, oportunamente, 0 convite.

An. 82. Dentro do prazo marcado pelo juiz, 0s credores comerciais e civis do falido e, em se tratando de sociedade, 0s particulares d ~ s sócios solidariamente responsáveis, são a apresentar, em cartório, declarações por escrito, em duas vias com a firma reconhecida na primeira, que mencionem as suas residências o; as dos seus representantes ou procuradores no lugar da falência, a importância exata do crédito, a sua origem, a classificação que, por direito, lhes cabe, as garantias que Ihes tiverem sido dadas, e as respectivas datas, e que

minuciosamente, 0s bens e títulos do falido em seu poder, os Pagamentos recebidos por conta e 0 saldo definitivo na data da declaração da

observando-se O dispôsto no art. 25 .

lo primeira via da declaração, o credor juntará 0 título OU títulos do crédito em original, ou quaisquer documentos. Se OS títulos comprobatorios do créditA estiverem juntos a outro p recesso, poderão ser substituídos por certidòes de '"eira teor, extraídas dos respectivos

2" Diversos créditos do mesmo titular podem ser compreendidos numa de~~aração, especificando-se, porém cada um

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3' O representante dos debenturistas será dispensado da exibição de todos 0s títulos originais, quando fizer declaração coletiva do crédito.

4" O escrivão dará sempre recibo das declarações de crédito e documentos recebidos.

Art. 83. A medida que fôr recebendo as declarações de crédito, o escrivão entregará as segundas vias ao síndico e organizará, com as primeiras e documentos respectivos, os autos das declarações de crédito.

Art. 84. Ao receber a segunda via das declarações de crédito, O síndico exigirá do falido, ou, no caso do art. 34, no 111, de seu representante, informação por escrito sobre cada uma. A vista dessa infoImaçã0, e dos livros, papéis e assentos do falido, e de outras diligências que se efetuarem, 0 síndico consignará por escrito o seu parecer, fazendo-o acompanhar do estrato da conta do credor.

1 O A informação do falido e é parecer do síndico serão dados na segunda via de cada declaração, à qual serão juntos 0s extratos de contas e os documentos Oferecidos pelo falido e pelo síndico.

2" Quando a informação ou o parecer f ~ r e m contrários a legitimidade

importância ou do crédito, serão havidos como impugnação, para OS efeitos dos parágrafos 1" e 2' do art. 88, podendo O falido ou o síndico indicar outras provas que julgarem necessárias, Para demonstrar a verdade do alegado.

Art. 85. Na declaração de crédito do síndico, o falido dará a sua informação, por escrito, nos cii-ico dias seguintes ao da entrega eln cartório.

1% síndico apresentará, dentro do prazo do art. 14, parágrafo Único, no V, para Serem juntos aos autos das declarações de crédito, o extrato da sua conta nos livros do falido e os títulos comprobatorios do seu crédito que, porventura, não tenha exibido (art. 62, único).

2>as vinte e quatro horas seguintes ao vencimento do prazo do artigo 14 Parágrafo único, V, o síndico, em petições que contenha a relapão do; Credores que declararam os seus créditos, requererá a nomeação de dois &Ies Para que, até o fim do prazo do art. 87, examinem o seu crédito, dando parecer

Ynica via da respectiva declaração.

. 86. Nos cinco dias seguintes ao decurso prazo do art. 14, parágrafo único, V, o síndico entregará em cartório, Para serem juntos aos autos das

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declarações de crédito, as segundas vias, pareceres e documentos respectivos, acompanhados das seguintes relações:

1 - dos credores que declararam os seus créditos, dispostos na ordem determinada no art. 102 e seu parágrafo I", mencionando os seus domicílios, bem como o valor e a natureza dos créditos;

11 - dos credores que não fizeram a declaração do art. 82, mas constantes dos livros do falido, documentos atendíveis e Outras provas, mencionados na mesma ordem e com as mesmas indicações do no 1.

h. 87. Findo o prazo do artigo anterior, as declarações de crédito poderão ser impugnadas, dentro dos cinco dias seguintes, quanto i sua legitimidade, Importância ou classificação.

Parágrafo único. Têm qualidade para impugnar, todos os credores que declararam seu crédito e 0s sócios ou acionistas da sociedade falida.

Art. 88. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruida com Os documentos que tenha o impugnante, o qual indicará as outras provas Consideradas necessárias.

1' Cada impugnação será autuada em separado, com as duas vias da declaração e os documentos a ela relativos, para Esse fim desentranhados dos autos das declarações de crédito.

2' Terão uma só autuação as diversas impugnações ao mesmo crédito.

h. 89. para desistir da impugnação, 0 im~ugnante deverá Pagar as custas e despesas devidas. Não havendo outros impugnantes, 0 escrivão fará publicar, Por conta do desistente, aviso aos interessados, de que, no prazo de cinco dias 7

Poderão prosseguir na impugnação.

h. 90. Decorridos 0s cinco dias marcados no art. 87 0s credores impugnados terão o prazo de três dias para contestar a impugnação, juntando os documentos que tiverem e indicando outros meios de Prova que reputem necessários.

h. 91. Findo o prazo do artigo anterior, será imediatamente aberta vista ao 'epresentante do Ministério Público, dos autos das declarações do crédito e das impugnações para que, no prazo de cinco dias, dê O seu parecer.

h. 92. Voltando os autos, o escrivão OS fará imediatamente conciusos ao juiz , 4% no prazo de cinco dias:

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I - julgará os créditos não impugnados, e as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, O valor e a classificação;

I1 - proferirá, em cada uma das restantes impugnações, despacho em que:

a) designará audiência de verificação de crédito, a ser realizada dentro dos vinte dias seguintes, que não poderão ser ultrapassados, determinando, se houver necessidade, expediente extraordinário para a sua realização;

b) deferirá, ou não, as provas indicadas, determinando, de oficio, as que entender convenientes e nomeando perito, se for o caso.

Art. 93. Nomeado perito, os interessados, no prazo de três dias, poderão apresentar em cartório, seus quesitos.

Parágrafo único. 0 perito deverá apresentar o laudo, em cartório, até cinco dias antes da data marcada para a audiência.

An. 94. Quarenta e oito horas antes de cada audiência de verificação de crédito, O escrivão fará conclusos ao juiz OS autos da impugnação de crédito respectiva.

Art 95. A audiência de de crédito será iniciada pela realização das

Provas deteminadas, que obedecerão à seguinte ordem: depoimentos do impugnante e do impugnado, declarações do falido e inqi~irição de testemunhas.

1" Teminadas as provas, o juiz, dará a palavra, sucessivamente, ao impugnante,

ao impugnado e ao representante do Ministério Público, se presente, pelo prazo de dez minutos impromogáveis para cada um, e em seguida proferirá sentença.

2" A ausência de qualquer das partes ou dos seus procuradores, do falido, de testemunhas ou do representante do Ministério Público, não impedirá o juiz de proferir a sentença.

30 O escrivão lavrará, sob ditado do juiz, ata que contenha o resumo do ocorrido na audiência e a sentença, sendo OS depoimentos tomados em apartado.

4" A ata, assinada pelo juiz e pelo escrivão e, se Presentes, pelos procuradores e Pelo representante do Ministério Público, será junta aos autos da impugnaGão, acompanhada dos depoimentos, assinados pelo juiz, escrivão e depoentes.

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Art. 96. Na conformidade das decisões do juiz, O síndico imediatamente organizará o quadro geral dos credores admitidos a falência, mencionando as importâncias dos créditos e a sua classificação, na ordem estabelecida na art. 102 e seu parágrafo 1 O.

1" Os credores particulares de cada um dos sócios solidários serão incluídos no quadro, em seguida aos credores sociais, namesma ordem.

2" O quadro, assinado pelo juiz e pelo síndico, será junto aos autos da falência e publicado no órgão oficial dentro do prazo de cinco dias, contados da data da sentença que haja ultimado a verificação dos créditos.

Art. 97. Das decisões do juiz, na verificação dos créditos, cabe agravo de petição ao prejudicado, ao síndico, ao falido e a qualquer credor, ainda que não tenha sido impugnante.

1' O agravo, que não terá efeito suspensivo, pode ser interposto até cinco dias depois daquele em que fôr publicado O quadro geral dos credores, e será Processado nos autos da irnpugnação.

2' Se não for interposto recurso da decisão do juiz na impugnação de créditos, os respectivos autos serão apensad~s aos das declarações de crédito.

h, 98. O credor que se não habilitar no prazo determinado pelo juiz, pode declarar o seu por petição em que atenderá as exigências do artigo 82, instruindo-a com os documentos referidos no parágrafo L" do mesmo artigo.

1' 0 juiz deteminará a intimação pessoal do falido e do síndico, OS quais, com Observância do disposto no art. 84 e no prazo de três dias para cada um, se manifestarão o pedido, em seguida ao que 0 escrivã0 fará publicar aviso Para que 0s interessados apresentem, dentro do Prazo de dez dias, as imp~gnações que entenderem.

2" Decomido o prazo para impugnação dos interessados, 0 escrivão fará vista dos autos ao representante do Ministério Público, que, no Prazo de três dias, dará o

Seu parecer.

3" com parecer do representante do Ministério Público, OS autos serão conclusos ao juiz para 0s fins previstos no a*. 92, cabendo, da sentença que julgar o Crédito, recurso de agravo de ~etição, que não terá efeito suspensivo.

40 Os credores não têm direitos aos rateios anteriomente

distribuídos.

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Art. 99. O síndico ou qualquer credor admitido podem, at8 o encerramento da falência, pedir a outra classificação, ou simples retificação de

quaisquer créditos nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou de documentos ignorados na época do julgamento do crédito.

Parágrafo único. esse pedido obedecerá a o processo ordinário, cabendo da sentença o recurso de agravo de petição.

Art. 100. Os credores admitidos à falência, Por Sentença passada em julgado, Podem requerer a restituição dos documentos que instruiram a sua declaração de crédito, nos quais o escrivão certificará O desentranhamento, mencionando a classificação e o valor com que o crédito foi admitido.

Parágrafo único. Os documentos que houverem instruído declarações de crédito impugnadas, serão restituídos na forma prevista neste artigo, mas dêles ficará traslado; se a impugnação tiver versado matéria de falsidade julgada procedente, a restituição dos documentos somente se dará depois de julgada ou prescrita a aÇâo penal.

Art. 101. O juiz ou tribunal que, por fundamento de fraude, simulação ou falsidade excluir ou reduzir qualquer crédito, mandará, na mesma sentença, que o escrivão tire cópia das peças principais dos autos e da sua sentença ou acórdão a fim de ser, no prazo de dez dias, encaminhada ao representante do Ministério Público, para os fins penais.

SEÇÃO SEGUNDA

Da ~lassificação dos créditos

4rt. 102. Ressalvada a preferência credores por encargos ou dividas da

massa 124), a classificação dos créditos, na falência, obedece a seguinte

Ordem:

- créditos com direitos reais de garantia;

11 - créditos com privilégio especial sobre determinados bens;

- créditos com geral;

'v - créditos quirografirio~.

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§ 1 Preferem a todos os créditos admitidos à falência, a indenização por acidente do trabalho e os outros créditos que, por lei especial, gozarem essa prioridade.

2" Têm privilégio especial:

1 - os créditos a que o atribuírem as leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta lei;

I1 - os créditos por aluguer do prédio locado ao falido para seu estabelecimento comercial ou industrial, sobre o mobiliário respetivo;

I11 - 0s créditos a cujos titulares a lei confere o direito de retenção, sôbre a coisa retida; o credor goza, ainda, do direito de retenção sôbre OS bens móveis que se acharem em seu poder por consentimento do devedor, embora não esteja Vencida a dívida, sempre que haja conexidade entre esta e a coisa retida, presumindo-se que tal conexidade, entre comerciantes, resulta de suas relações de negócios.

3 7 è m privilégio geral:

I - créditos a que o atribuírem as leis civis e comerciais, salvo disposição contrárias desta lei;

11 - os créditos dos Institutos ou Caixas de Aposentadoria e Pensões, pelas Contrib~ii~ões que o falido dever;

111 - 0s créditos dos empregados, em conformidade com a decisão que for proferida na Justiça do Trabalho;

4' São quirografários os créditos que, Por esta lei, ou Por lei especial não entram nas classes I 11 e 111 dêste artigo, OS saldos dos créditos não cobertos pelo Produto dos i ens ao seu pagamento e 0 restante de indenização

devida aos empregados.

Do inquérito judicial

41-1. 103 N~~ vinte o quatro horas seguintes ao vencimento do dobro do prazo

marcado pelo juiz para os credores declararem os seus créditos (artigo 14

Parágrafo único, no V) o apresentará em cartório, em duas vias:

circunstanciada, na 4 ual, considerando as causas da falência, o

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procedimento do devedor, antes e depois da sentença declaratória, e outros elementos ponderáveis, especificará, se houver, OS atos que constituem crime falimentar, indicando os responsáveis e, em relação a cada um, os dispositivos penais aplicáveis.

1" Essa exposição, instruída com o laudo do perito encarregado do exame da escrituração do falido (art. 63, no V), e quaisquer documentos, concluirá, se for caso, pelo requerimento de inquérito, exames e diligência destinados a apuração de fatos ou circunstâncias que possam servir de fundamento a ação penal (Código de Processo Penal, art. 509).

5 2" AS primeiras vias da exposição e do laudo e OS documentos formarão 0s autos do inquérito judicial e as segundas vias serão juntas aos autos da falência.

Art. 104. NOS autos do inquérito judicial, os credores podem, dentro dos cinco dias seguintes ao da entrega da exposição do síndico, não só requerer o inquérito, caso o síndico o não tenha feito, mas ainda alegar e requerer o que entenderem conveniente a finalidade do inquérito pedido.

Art. 105. Findo o prazo do artigo anterior, 0s autos serão feitos, imediatamente, com vista ao representante do Ministério Público, para que, dentro de três dias, Opinando a do síndico, as alegações dos credores e os requerimentos que hajam apresentado, alegue e requeira o que for conveniente à finalidade do inquérito, ainda que êste não tenha sido requerido pelo síndico ou Por credor.

h. 106, N~~ cinco dias ~eguintes, poderá o falido contestar as arguições contidas nos autos do inquérito e requerer o que entender conveniente.

. 4 107, ~ ~ ~ ~ ~ ~ i d ~ o prazo do artigo anterior, 0s autos serão imediatamente renta e oito horas, deferirá ou não as provas Conclusos ao juiz, que, em

'equeridas, desig nando dia e hora para se realizarem as deferidas, dentro dos quinze dias seguintes, que não poderão ser ultrapassados, deteminando expediente Se necessário.

4rt. 108. se não houver provas a realizar ou realizadas as deferidas, 0s autos Serão imediatamente feitos com vista ao representante do Ministério Público,

dias pedirá a Sua apensação a0 processo da falência que, no prazo de cinco , Oferecerá denúncia contra o falido e outros responsáveis.

Parágrafo único. se o representante do Ministério Público não oferecer 0s autos permanecerão em cartório pelo prazo de três dias, durante os

quais o ou qualquer credor poderão oferecer queixa.

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Art. 109. Com a denúncia, ou, se esta não tiver sido oferecida, decorrido o prazo do parágrafo único do artigo anterior, haja ou não queixa, o escrivão fará, imediatamente, conclusão dos autos. O juiz, no prazo de cinco dias, se não tiver havido oferecimento de denúncia ou de queixa OU se não receber a que tiver sido oferecida, deteminará que os autos sejam apensados ao processo da falência.

5 1" Não tendo sido oferecida queixa, O juiz, se considerar improcedentes as razões invocadas pelo representante do Ministério Público para não oferecer denúncia, fará remessa dos autos do inquérito judicial ao procurador geral, nos tênnos e para 0s fins do art. 28 do Código de Processo Penal. A remessa será feita pelo escrivão, no prazo de quarenta e oito horas, e O procurador geral se manifestará no prazo de cinco dias, contados do recebimento dos autos.

i$ 2" Se receber a denúncia ou a queixa, 0 juiz, em despacho fundamentado, determinará a remessa imediata dos autos ao juízo criminal competente para prosseguimento da ação nos têrmos da lei ~rocessual penal.

$ 3" Antes da remessa dos autos ao juiz0 criminal, o escrivão extrairá do despacho cópia que juntará aos autos da falência.

Art. 110. Recebida a denúncia ou queixa por fato verificável mediante simples inspeção nos livros do falido, ou nos autos, e omitido na exposição do síndico, o juiz o destituirá por despacho proferido nos autos da falência.

Art. 1 1 1. O recebimento da denúncia ou da queixa o b s t ~ á , até senten~a penal definitiva, a concordata suspensiva da falência (art. 177).

Parágrafo único. Na falência das sociedades, produzirá O mesmo efeito o recebimento da denúncia ou da queixa Contra seus diretores, administradores, gerentes ou liquidantes.

h. 1 12. O recurso do despacho que não receber a denúncia ou a queixa, não Obstará ao pedido de concordata, desde que feito antes de seu provimento; e a Concordata, uma vez concedida na pendência do recurso, prevalecerá até Sentença condenatória definitiva.

AR. 1 13. A rejeição da denúncia ou da queixa, observado O disposto no art. 43, e Seu parágrafo único, do Código de processo Penal, não impede 0 exercicio da

penal (art. 1941, que r esta se refira aos mesmos fatos nela argüidos, quer a

dêstes distintos.

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Parágrafo único. O recebimento da denúncia ou da queixa, nesses casos, não obstará a concordata.

Da Liquidação

SEÇÃO PRIMEIRA

Da realização do ativo

Art. 114. Apresentado o relatório do síndico (art. 63, no XIX), se o falido não pedir concordata, dentro do prazo a que se refere 0 art. 178, ou se a que tiver pedido lhe for negado, o síndico, nas quarenta e oito horas seguintes, Comunicará aos interessados, por aviso publicado no órgão oficial, que iniciará a realização do ativo e o pagamento do passivo.

Parágrafo único. Se tiver recebida a denúncia ou queixa (art. 109, $ 201, o síndico, nas quarenta e oito horas seguintes a apresentação do relatório, Providenciará a mesma publicação.

AR. 115. Publicado o aviso referido no artigo anterior e seu parágrafo, os autos Serão conclusos ao juiz para marcar O prazo da liquidação, iniciando imediatamente o síndico a realização do ativo, com observância do que nesta lei se determina.

h. 1 16. A venda dos bens pode ser feita englobada ou separadamente.

5 1" Se o contrato de locação estiver protegido pelo Decreto no 24.150, de 20 de abril de 1934 o estabelecimento comercial ou industrial do falido será vencido " sua integriiade, incluindo-se na alienação a transferência do mesmo contrato.

§ 2" Verificada, entretanto, a inconveniência dessa forma de venda, o síndico Pode optar pela resolução do contrato e mandar vender separadamente os bens.

h. ] 17. os bens da massa serão vendidos em leilão público, anunciado com dez dias de antecedência, pelo menos, se se tratar de móveis, e com vinte dias, Se de imbveis, devendo estar a ele presente, sob Pena de nulidade, o

do Ministério Público.

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$ 1" O leiloeiro é da livre escolha do síndico, servindo, nos lugares onde não houver leiloeiro, o porteiro dos auditórios OU quem suas vêzes fizer. Quanto ao produto da venda, observar-se-á o disposto no parágrafo 2" do art. 73.

$ 2 O 0 mematante dará um sinal nunca inferior a vinte por cento; se não completar O preço, dentro em três dias, será a coisa levada a novo leilão, ficando obrigado a prestar a diferença porventura verificada e a pagar as despesas, além de perder o sinal que houver dado. O sindico terá, para cobrança, ação executiva, devendo instruir a petição inicial com a certidão do leiloeiro.

§ 3" A venda dos imóveis independe de outorga uxória.

5 4" A venda de valores negociáveis na Bôlsa será feita por corretor oficial.

Art. 118. Pode também o síndico preferir a venda por meio de propostas, desde que a anuncie no órgão oficial e em outro jornal de grande circulação, durante trinta dias, intervaladamente, chamando concorrentes.

1" AS propostas, encerradas em envelopes lacrados, devem ser entregues ao escrivão, mediante recibo, e abertas pelo juiz, no dia e hora designados nos anúncios, perante o síndico e os interessados que comparecerem, lavrando o escrivão o auto por todos assinado, e juntando as propostas aos autos

da falência.

2" O síndico, em vinte e quatro horas, apresentara ao juiz a sua informação sobre as propostas, indicando qual a melhor. Ojuiz, ouvindo, ein três dias, o falido e o representante do Ministério Público, decidirá, ordenando, se autorizar a venda, a expedição do respectivo alvará.

3' Os credores podem fazer as reclamações que entenderem, até o momento de Subirem os autos à conclusão do juiz.

4rt. 1 19. Os bens gravados com hipoteca serão levados a leilão na conformidade da lei processual civil, O credor, por despacho do juiz, sem prejuízo

do disposto nos a*. 821 e 822 do Código

1" Se o síndico, dentro de trinta dias, após a publicação do aviso a que se refere O a*. 114 e seu parágrafo, não notificar o credor hipotecário do dia e hora em q1ie se realizará a venda do imóvel hipotecado, poderá o credor propor a ação Competente e terá o direito de cobrar as multas que no Contrato tiverem sido estipuladas, para o caso de cobrança judicial.

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2" Se a venda do imóvel fôr urgente, como nos caso do art. 762, no I, do Código Civil, o credor, justificando os fatos alegados, poderá pedir ao juiz a venda imediata do imóvel hipotecado.

3" Serão também levados a leilão os bens dados em anticrese.

Art. 120. Os bens que constituirem objeto de direito de retenção serão vendidos também em leilão, sendo intimados os possuidores para entregá-los ao síndico.

1" Fica salvo ao síndico o direito de remir aquêles bens em benefício da massa, se achar da conveniência desta.

2" 0 s credores pignoratícios conservam O direito de mandar vender a coisa apenhada, se tal faculdade Ihes foi conferida, expressamente, no contrato, prestando contas ao síndico. Se, porém, não tiverem ficado com tal faculdade, poderão notificar o síndico para, dentro de oito dias, remir a coisa dada em penhor; se o síndico não achar de conveniência para a massa a remissão da coisa, deverá notificar o credor para que dela lhe faça entrega, na forma dêste artigo.

3' Se o síndico, dentro de dez dias, a contar da data do recebimento da coisa, não notificar o credor do dia e hora do leilão, poderá Propor contra a massa a ação competente, e terá o direito de cobrar as multas que, no contrato, tiverem Sido estipuladas para o caso de cobrança judicial.

Art. 121. O síndico não pode, sem ordem judicial, cobrar dividas com abatimento, ainda que as considere de difícil liquidação.

4n. 122. Credores que representem mais de um quarto do passivo habilitado, Podem requerer ao juiz a convocação de assembléia que delibere em têmos Precisos o modo de realização do ativo, desde que não contrários ao disposto na presente lei, e sem prejuízo dos atas já praticados pelo síndico na forma dos artigos anteriores, sustando-se o prosseguimento da liquidação ou o decurso de prazos até a deliberação final.

1" A convocação dos credores será feita Por edital, mandado publicar pelo Síndico, com a antecedência de oito dias, e do qual constarão lugar, dia e hora

2 O N~ assembléia, a que deve estar presente o síndico, 0 juiz presidirá os

trabalhos, cabendo-lhe vetar a s deliberações dos credores contrários às

disposivões desta lei.

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3" As deliberações serão tomadas por maioria calculada sobre a importância dos créditos dos credores presentes. No caso de empate, prevalecerá a decisão do grupo que reunir maior número de credores.

4' Nas deliberações relativas ao patrimônio social, sòinente tomarão parte 0s credores sociais; nas que se relacionarem com O patrimônio individual de cada sócio, concorrerão os respectivos credores particulares e os credores sociais.

5" Do ocorrido na assembléia, o escrivão lavrará ata que conterá o nome dos presentes e será assinada pelo juiz. Os credores assinarão lista de presença que, com a ata, será junta aos autos da falência.

Art. 123. Qualquer outra forma de liquidação do ativo pode ser autorizada por credores que representem dois terços dos créditos.

1" Podem ditos credores organizar sociedade para continuação do negócio do falido, ou autorizar o síndico a ceder o ativo a terceiro.

2" O ativo si>inente pode ser alienado, seja qual for a forma de liquidação aceita, por preços nunca inferiores aos da avaliação, feita nos têrmos do parágrafo 20 do

artigo 70.

3" A delibei.aç30 dos credores pode ser tomada em assetnbléia, que se realizary Com observância das disposic;des do artigo anterior. cxcelo a do parágrafo 30; Pode ainda ser reduzida a instrumento, público ou particular, caso em que seri Publicado para ciência dos credores que não assinaram o instrumento 3 os quais, no prazo de cinco dias. podem impugnar a deliberação da maioria.

4" A deliberação dos credores dependem de homologação do juiz e da decisão cabe agravo de instrumento, aplicando-se ao caso 0 dispôsto no parágrafo único do artigo I 7.

S0 Se a forma de liquidação adotada fôr de sociedade organizada pelos credores, O s dissidentes serão pagos, pela maioria, em dinheiro, na base do preço da avaliação dos bens deduzidas as importâncias correspondentes aos encargos e dividas da massa.

S E ~ Ã ~ SEGUNDA

' 0 Pagamento aos credores da massa

h. 124. os encargos e dividas da massa são Pagos com preferência sobre todos OS créditos admitidos à falência ressalvado 0 disposto no art. 125.

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8 1' São encargos da massa:

I - as custas judiciais do processo da falência, dos seus incidentes e das ações em que a massa fôr vencida;

11 - as quantias fornecidas a massa pelo síndico ou pelos credores;

I11 - as despesas com a arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, inclusive a comissão de síndico;

IV - as despesas com a moléstia e O entêrro do falido que morrer na indigência, 0 curso do processo;

\I' - os impostoç e contribuições públicas a cargo da massa e exigíveis durante a falência;

VI - as indenizações por acidente do trabalho que, no caso de continuação de negócio do falido, se tenha verificado nêsse período.

4 2" São dívidas da massa:

r - as custas pagas pelo credor que requereu a falência;

11 - as obrigações resultantes de atos jurídicos válidos, praticados pelo síndico. >

111 - as obrigações provenientes de enriquecimento indevido da massa.

$ 3 " Não bastando 0s bens da massa para 0 Pagamento de todos O s seus credores Serão pagos os encargos antes das dívidas, fazendo-se rateio, em cada classe, sè necessário.

SEÇÃO TERCEIRA

'0 pagamento aos credores da falência

h. 125. Vendidos os bens que constituam objeto de garantia real ou de Privilégio especial, e descontadas as custas e despesas da arrecadação,

',ito ou comissão do síndico, relativas aos mesmos administração, venda, depo bens os ,espectivos credores receberão imediatamente a importância dos seus

Créditos, até onde chegar o P reduto dos bens que asseguram o seu pagamento.

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5 1" O credor anticrético haverá, do produto da venda, O valor atual, a taxa de seis por cento ao ano, dos rendimentos que pudesse receber em compensação da dívida.

§ 2" Se não ficarem pagos do seu capital, e juros, êsses credores serão incluídos, pelo saldo do capital, entre os quirografários, independentemente de qualquer formalidade.

5 3" A dívida proveniente de salários do trabalhador agrícola será partes dos créditos hipotecários ou pignoratíci~s, pelo produto da colheita para qual houver aquele concorrido o seu trabalho.

4' O produto da venda dos bens que constituam objeto de hipoteca de penhor industrial, agrícola ou pecuário, a favor de credores que ainda o tenham declarado 0s seus créditos, será retido pela massa até regular habilitação do crédito. A quantia retida distribuir-se-á como rateio final da liquidação, se o Credor, intimado não declarar O seu crédito de dentro de dez dias.

h. 126. 0 s credores com privilégio geral serão pagos logo que haja dinheiro eni caixa.

Parágrafo único. Concorrendo credores privilegiados em igualdade de condições, serão pagos em rateio se O produto dos bens não chegar para todos.

4rt. 127. Pagos 0s credores O síndico pass~rá a satisfazer credores quirografários, distribuindo rateio todas as vêzes que o saldo em caixa bastar Para um dividendo de cinco por cento.

1" A distribuição seri comunicada por aviso publicado no Órgão oficial e, se a massa comportar, em outro joma! de grande circulação.

2" Os pagamentos serão nos respectivos títulos originai ou aqueles que

houverem servido para a dos créditos e dêle 0s credores passarão

recibo.

3" os rateios não reclamados dentro de sessenta dias depois da publicação do aviso serão depositados em nome e P or conta do credor, no estabelecimento designado para receber 0s dinheiros da massa (afl- 209).

. . Art. 128 ~~~~~~~~d~ na falência credores sociais e credores particulares dos Sócios so]jdários, observar-se-á 0 seguinte:

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1 - os credores da sociedade serão pagos pelo produto dos bens sociais;

I1 - havendo sobra, será rateada pelas diferentes massas particulares dos sócios de responsabilidade solidária, na razão proporcional dos seus respectivos quinhões no capital social, se outra coisa não tiver sido estipulada no contrato da sociedade;

111 - não chegando o produto dos bens sociais para pagamento dos credores sociais, êstes concorrerão, pelos saldos dos seus creditas, em cada uma as massas particulares dos sócios, nas quais entrarão em rateio com os respectivos credores particulares.

Parágrafo único. Pelos bens apurados nos têt1-110~ dos artigos 5', parágrafo único, e 5 1, serão pagos apenas os créditos anteriores à retirada dos sócios.

Art. 129. Se a massa comportar o pagamento do principal e dos juros, seri restituída ao falido a sobra que houver.

Art. 130. O juiz, a dos interessados, ordenará a reserva, em favor dêstes, até que sejam decididas as suas reclamações ou ações, das importâncias dos créditos por cuja preferência pugnarem, ou dos rateios que lhes possam caber.

Parágrafo único. Se o interessado a favor do qual foi ordenada a reserva, deixar correr 0s prazos processuais da reclamação ou ação, sem exercer o seu direito, se não preparar 0s autos dentro de três dias depois de esgotado o último prazo, Se protelar ou criar qualquer embaraço ao processo, o juiz, a requerimento do Síndico, considerará sem efeito a reserva.

A . 13 1. Teminada a liquidação e julgadas as contas do síndico (artigo 69) 3

nntara relatório final da falência, indicando o este, dentro de vinte dias, apres- valor do ativo e o do da sua realização, o valor do passivo dos

Pagamentos feitos aos credores, e demonstrará as responsabilidades com que Continuará o falido, declarando cada uma delas de Per si.

único. ~ i ~ d ~ o prazo sem a apresentação do relatório, O juiz, a requerimento de qualquer interessado, deteminará a intimação pessoal do

síndico para que o ap resente no prazo de . . , cinco dias; decorrido &te sem apresentação o juiz destituirá o síndico e atribuira ao representante do Ministério P(,blico a de organizar o relatório no Prazo marcado neste artigo.

h. 132. Apresentado o relatório f i n d deverá 0 juiz encerrar, por sentenças o Processo da-falência.

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1" Salvo caso de fôrça maior, devidamente provado, O processo da falência deverá estar encerrado dois anos depois do dia da declaração.

2" A sentença de encerramento será publicada por edita1 e dela caberá agravo de petição.

3" Encerrada a falência, os livros do falido serão entregues a êste, subsistindo, quanto à sua conservação e guarda, as obrigações decorrente das leis em vigor. Pendente, porém, ação penal por crime falimentar, Os livros ficarão em cartório até que passe em julgado a respectiva sentença.

Art. 133. É título hábil, para execução do saldo (art. 33), certidão de que conste a quantia por que foi admitido o credor e por que causa, quanto pagou a massa em rateio e quanto ficou o falido a dever-lhe na data do encerramento da falência.

Da cxtinção das obrigações

k. 134. A prescrição relativa às obrigações do falido recomeça a correr no dia em que passar em julgado a sentença de encerramento da falència.

k. 135. Extingue as obrigações do falido:

I - O pagamento, sendo permitida a novação dos créditos com garantia real;

11 - o rateio de mais de quarenta por cento, depois de realizado todo o ativo, Sendo facultado o depósito da quantia necessária Para atingir essa porcentagem, Se para tanto não bastou a integral liquidação da massa;

111 -. o decurso do prazo de cinco anos, contado a partir do encerramento da falência se o falido ou o sócio gerente da sociedade falida, não tiver sido condenado por crime falimentar;

h' . decurso do prazo de dez anos, contado a partir do encerramento da falência, o falido, ou o sócio gerente da sociedade falida, tiver sido condenado a pena de detenção por crime falimentar;

h. 136. verificada a prescrição ou extintas as obrigações, nos têmos dos artigos 134 e 135 o falido ou o sócio solidário da sociedade falida pode requerer que seja declaradk por sentença a extinção de tôdas as suas obrigações.

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Art. 137. O requerimento será autuado em separado, com os respectivos documentos, e publicado, por edital com O prazo de trinta dias, no órgão oficial e em outro jornal de grande circulação.

1" Dentro do prazo do edital, qualquer credor ou prejudicado pode opor-se ao pedido do falido.

2" Findo o prazo, o juiz, com audiência do falido, se tiver havido oposição, e com a do representante do Ministério Público, tendo, cada um, cinco dias para falar, proferirá, em igual prazo, a sentença.

3" Se o requerimento fôr anterior ao encerramento da falência (artigo 135, no I), o juiz, ao declarar extintas as obrigações, encerrará a falência.

4" Da sentença cabe agravo de petição.

5" Passada em julgado a decisão, os autos serão apensados aos da falência.

6" A sentença que declarar extintas as obrigações, será publicada por edital e Comunicada aos mesmos funcionários e entidades avisados da falência.

4 . 138. Com a sentença declaratória da extinção de suas obrigações, fica autorizado o falido a exercer o comércio, salvo Se tiver sido condenado ou estiver respondendo a processo por crime falimentar, caso em que se observará o disposto no art. 197.

Das concordatas

SEÇÃO PRIMEIRA

bisposições Gerais

. 139. A concordata é preventiva OU ~uspensiva, confomie fôr pedida em juizo antes ou depois da declaração da falência.

4 ~ . 140. Não pode impetrar concordata:

I - o devedor que deixou de arquivar, registrar, ou inscrever no registro do Comércio os documentos e livros indispensáveis ao exercício legal do comércio. 9

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I1 - o devedor que deixou de requerer a falência no prazo do art. 8O;

111 - o devedor condenado por crime faíimentar, furto, roubo, apropriação indébita, estelionato e outras fraudes, concorrência desleal, falsidade, peculato, contrabando, crime contra o privilégio de invenção ou marcas de indústria e comércio e crime contra a economia popular;

IV - o devedor que há menos de cinco anos houver impetrado igual favor ou não tiver cumprido concordata há mais tempo requerida.

AR. 141. 0 devedor que exerce individualmente o comércio é dispensado dos requisitos de ns. I e I1 do artigo antecedente, se o seu passivo quirografári~ for inferior a Cr$50.000,00.

Parágrafo único. Para o efeito do dispôsto neste artigo, considerar-se-á, no caso de concordata ~reventiva, o valor declarado pelo devedor na lista a que se refere O art. 159, parágrafo único, n." V, e, no caso de concordata suspensiva, o valor apurado no quadro geral dos credores.

Art. 142. No prazo do aviso do n O I1 do artigo 174, ou do edita1 do art. 181, os credores podem opor embargos ao pedido de concordata, por petição fundamentada, em que indicarão as provas que entendam necessárias.

Art. 143. São fundamentos de embargos a concordata:

I - sacrifício dos credores maior do que a liquidação na falência ou inipossibilidade evidente de ser cumprida a concordata, atendendo-se, em qualquer dos casos, entre outros elementos, i proporção entre o valor do ativo e a percentagem oferecida;

I1 - inexatidão do relatório, laudo O informações do síndico, OU do comissário, que facilite a concessão da concordata;

- qualquer ato de fraude ou de má fé que influa na formação da concordata.

Parágrafo único. ~ ~ ~ t ~ ~ d o - s e de concordata preventiva, constituirá fundamento Parii os cinbargos ocorr2ncia de falo que caracterize criine faliinentar.

qrt. 144. ~ ~ ~ ~ ~ ~ i d ~ o prazo sem apresentação de embargos, 0s autos serão

imediatamente conclus~s ao juiz, que proferirá sentença, concedendo a Concordata pedida.

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Parágrafo único. Havendo embargos, o devedor, nas quarenta e oito horas seguintes ao vencimento do prazo dos mesmos, pode apresentar contestação, indicando as provas do alegado.

Art. 145. Findo o prazo do parágrafo único do artigo anterior, os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que, em quarenta e oito horas, proferirá despacho, deferindo as provas que entender e designando, para julgamento dos embargos, audiência a ser realizada dentro dos dez dias seguintes, que não poderão ser ultrapassados, determinando, se houver necessidade, expediente extraordinário para a sua realização.

1' A audiência de julgamento dos embargos será realizada com observação do dispôsto no art. 95 e seus parágrafos, devendo a sentença observar o disposto no parágrafo único do art. 180, quando ojulgamento versar concordatas processada conjuntamente.

2.0 ~~~~~d~ um só embargante, a desistência dos embargos fica sujeita ao disposto no art. 89.

Art. 146. Da sentença que conceder OU não a concordata, OS embargantes ou o devedor podem interpor agravo de instrumento, contando-se O prazo da data da sentença.

h. 147. A concordata concedida obriga a todos 0s credores quirografários, comerciais ou admitidos ou não ao passivo, residentes no país ou fora

dele, ausentes ou embargantes.

1' Se o concordatário recusar 0 cumprimento da concordata a credor quirografári0 que se não habilitou, pode acionar 0 devedor, pela ação que

Couber ao seu título, para haver a importância total da Percentagem da Concordata.

2' 0 credor quirografário excluído, mas cujo crédito tenha sido reconhecido pelo C0ncordatário, pode exigir dêste o pagamento da Percentagem da concordata, depois de terem sido pagos todos os credores habilitados.

A*. 148 A concordata não novação, não desonera 0s coobrigados com o devedor' nem os fiadores dêste e os responshveis Por via de regresso.

4 ~ . 149. E~~~~~~~ a concordata não for Por sentença julga cumprida (art. 159,

O devedor não pode, sem prévia autorização do juiz, ouvido O representante do r .

Ministério pfiblico alienar ou onerar seus bens imovels ou outros sujeitos a Cláusulas da concordata; outrossim, sem o consentimento expresso de todos os

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credores admitidos e sujeitos aos efeitos da concordata, não lhe é permitido vender ou transferir o seu estabelecimento.

Parágrafo único. Os atos praticados pelo concordatário com violação dêste artigo, são ineficazes relativamente a massa, no caso de rescisão da concordata.

Art. 150. A concordata pode ser rescindida:

1 - pelo não pagamento das prestações nas épocas devidas OU inadimplemento de qualquer outra obrigação assumida pelo concordatário;

I1 - pelo pagamento antecipado feito a uns credores, com prejuízo de outros;

111 - pelo abandono do estabelecimento;

IV - pela venda de bens do ativo a preço vil;

V - pela negligência ou inação do concordatário na continuação do seu negócio;

VI - incontinência de vida OU despesas evidentemente supérfluas ou desordenadas do concordatário;

VI1 - pela condenação, por crime falimentar, do concordatario ou dos diretores, administradores, gerentes ou liquidantes da sociedade em concordata.

10 A falência ou a rescisão da concordata de sociedade em que houver sócio Solidário, importa a rescisão da concordata dêste com OS seus credores e Particulares.

2" falência do sócio solidário ou a rescisão da sua concordata importa a 'escisão da sociedade.

15 1. pode requerer a rescisão da concordata qualquer credor admitido e

Sujeito aos seus efeitos.

l 0 Intimado o devedor e, no prazo de vinte e quatro horas, contestado ou não o

Pedido, o juiz, se necessário, a instrução sumária no prazo de três

dias, proferirá a sentença.

2" Se o pedido se fundar no n o I do anterior, o concordatário pode iludi-lo

efetuando o pagamento ou cu rnprindo a obrigação; nos casos dos ns. I1 a VI e do

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parágrafo 2", pode evitar a rescisão depositando em juízo todas as prestações, vencidas e vincendas, e cumprindo as outras obrigações assumidas.

3O Na sentença que rescindir concordata preventiva, O juiz declarará a falência, observando o disposto no parágrafo 1" art. 162; na que rescindir concordata suspensiva, reabrirá falência, observando o disposto nos ns. V e VI do parágrafo Único do art. 14 e que o síndico reassuma suas funções.

Art. 152. Rescindida a concordata, a falência prosseguirá nos têrmos desta lei, mas a realização do ativo será iniciada logo após a avaliação dos bens, para o que o síndico providenciará a publicação do aviso referido no artigo 1 14.

Parágrafo único. Se a rescisão tiver sido de concordata suspensiva:

1 - o síndico promoverá novo processo de inquérito judicial, em conformidade com o disposto no título VII;

11 - na aplicação da Seção V do Título 11, a ineficácia dos a t 0 ~ a que se referem os ns. I e 11 do art. 52 será declarada quando praticados dentro dos três meses anteriores à sentença de rescisão.

Art. 153. 0 s credores anteriores à concordata, independentemente de nova declaração, à falência pela importância total dos créditos

verificados, deduzidas as cotas que tiverem recebido na concordata.

10 Se o concordatário houver pago a uns mais do que a outros, aquêles terão de restituir o excesso à massa, se esta não preferir complementar 0 pagamento aos outros, igualando todos.

2" É lícito aos credores os te ri ores a concordata pôr à disposição dos credores anteriores a quantia necessária ao pagamento da Percentagem oferecida pelo devedor, para 0s excluir da falência.

30 A rescisão não libera as garantias, pessoais ou reais, que porventura,

assegurem o da concordata, mas Por estas somente se pagarão 0s

credores anteriores.

h. 154. Os ,-redores posteriores à concordata, esta não fÔr julgada Cumprida, estão sujeitos, para requerer a falência do concordatário, ao juizo da concordata, onde o pedido será Pr ocessad~ em apartado.

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Parágrafo único. Na decretação da falência, o juiz observará o disposto no parágrafo 3" do art. 15 1, e a sentença produzirá 0s mesmos efeitos da sentença de rescisão da concordata, apensando-se OS autos ao processo desta.

Art. 155. Pagos os credores, e cumpridas as outras obrigações assumidas pelo concordatário, deve êste requerer ao juiz seja julgada cumprida a concordata, instruindo o seu requerimento com as respectivas provas.

1" O juiz mandará tornar público o requerimento, por edital, no órgão oficial e em outro jornal de grande circulação, marcando O prazo de dez dias, para a reclamação dos interessados.

2" Findo o prazo, o juiz julgará cumprida OU não a concordata, depois de ouvir o devedor se alguma reclamação tiver sido formulada, e O representante do Ministério Público.

3" Da sentença podem agravar de petição 0s interessados que hajam reclamado, ou o concordatário.

4" A sentença que julgar cumprida a concordata declarará a extinção das responsabilidades do devedor e será publicada por edital.

5' A sentença que der por cumprida concordata suspensiva, encerrara a falência e será comunicada aos mesmos funcionários e entidades dela avisados.

SECÃO SEGUNDA

h concordata preventiva

Art. 156. O devedor pode evitar a declaração da falência, requerendo ao juiz que Seria competente para decretá-la, lhe seja concedida concordata preventiva.

1" O devedor, no seu pedido, deve oferecer aos credores quirografários, Saldo de seus créditos, o pagamento mínimo de:

I - 40%. se fôr à vista;

11 - 60%. se fhr a prazo, 0 qual n8o poded exceder de dois anos, devendo ser Pagos pelo tlois quintos 110 pri"l"ir0 ano.

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Art. 157. São representados no processo da concordata preventiva:

I - O espólio do devedor, pelo inventariante, devidamente autorizado pelos herdeiros;

11 - o devedor interdito, pelo seu curador;

111 - a sociedade anônima, pelos seus diretores, de acordo com a deliberação da assembléia dos acionistas;

IV - as demais sociedades, pelo sócio que tiver qualidade para obrigar a sociedade;

V - as sociedades em liquidação, pelo liquidante, devidamente autorizado.

Art. 158. ~ã~ ocorrendo os impedimentos enumerados no art. 140, cumpre ao devedor satisfazer as seguintes condiçaes:

1 - exercer regularmente o comdrcio h6 mais de dois anos;

I1 - possuir ativo cujo valor corresponda a mais de cinquenta por cento do seu passivo quirografkio; na apuração dêsse ativo, o valor dos bens que constituam objeto de garantia, será computado tão a somente pelo que exceder da importância dos créditos garantidos;

111 - não ser falido ou, se o foi, estarem declarsdas extintas as suas responsabilidades;

IV - não ter título protestado por falta de pagamento. . - . . .

h. 159. O devedor fundamentará a petlçao inicial explicando, minuciosamente , O seu estado econômico e as razões que justificam o pedido.

Parágrafo único. A petição ser8 instruída com 0s seguintes documentos:

I - prova de que não ocorre o impedimento do no I do art. 140;

'1 - prova do requisito exigido no no I do artigo anterior;

111 - o contrato social em vigor, em se tratando de sociedade;

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IV - O último balanço e o levantamento especialmente para instruir o pedido, inventário de todos os bens, relação das dívidas ativas e demonstração da conta de lucros e perdas;

V - lista nominativa de todos os credores, com 0 domicílio e a residência de cada um, e a natureza e importância dos respectivos créditos.

Art. 160. Com a petição inicial, o devedor apresentará os livros obrigatórios, que serão encerrados pelo escrivão, por têrmos assinados pelo juiz.

$ l 0 O escrivão certificará nos autos a formalidade de encerramento dos livros, os quais ficarão depositados em cartório para serem entregues ao devedor, se deferida a concordata.

$2" No mesmo ato, o devedor depositará em mãos do escrivão, mediante recibo, a quantia necessária para as custas e despesas até a publicação do edita1 a que se refere O no I do parágrafo 1 do artigo seguinte.

h. 16 1. Cumpridas as formalidades do artigo anterior, o escrivão fará, imediatamente, 0s autos conclusos ao juiz, que, se o pedido não estiver fornulado nos têmos da lei, ou não vier devidamente instruído, declarará , dentro de vinte e quatro horas, aberta a falência, observando o disposto no Parágrafo único do artigo 14.

f 1 O Estando em têmos o pedido, O juiz d ~ ~ ~ ~ i n a r á seja processado, proferindo . ' despacho em que:

1 - inandurá expedir edita1 de que constem 0 pedido do devedor e a íntegra do despacho, para que seja no órgão oficial e em outro jornal de grande

circulação;

11 - ordenlirá suspensiio de ações e execuções contra 0 devedor, por créditos Sujeitos aos efeitos da concordata;

111 . marcara 3 observado o disposto no artigo 80, prazo Para 0s credores sujeitos aos feitos dá concordata apresentarem as declarações e documentos justificativas dos seus crkditos;

Ib' - nomeará com observância do disposto no art. 60 e seus

Parágrafos;

v - marcará prazo para q o devedor torne efetiva a garantia porventura

Oferecida.

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Q: 2" Excluem-se da disposição do no 11 do parágrafo anterior as ações e execuções que não tiverem por objeto o cumprimento de obrigação liquida, cujos credores serão incluídos, se fôr O caso, na classe que Ihes fôr própria, uma vez tomado líquido o seu direito.

Art. 162. O juiz decretará a falência, dentro de vinte e quatro horas e, se, em qualquer momento do processo, houver pedido do devedor ou ficar provado:

I - existência de qualquer dos impedimentos enumerados n o art. 140;

11 - falta de qualquer das condições exigidas no art. 158;

111 - inexatid&o de qualquer dos documentos mencionados no parhgrafo único do art. 159;

1' Decretando a falência, o juiz proferira a sentença em que:

I - observará o disposto no art. 14, parágrafo único, no, I, 11, I11 e VI;

I1 - nomear o síndico o comissário, salvo se houver motivos para afastá-lo do cargo;

111 - marcará prazo (art. 80) para que apresentem as declarações e documentos justificativos dos seus créditos os credores anteriores ao pedido da concordata não sujeitos aos seus efeitos, os posteriores ao mesmo pedido e, em se tratando de sociedade, 0s credores particulares dos sócios solidárics;

- ordenará as diligências previstas nos artigos 15 e 16.

2' ~a decisão do juiz cabe agravo de instrumento.

Art. 163. O despacho que manda processar a concordata preventiva, detemina o Vencimento antecipado de todos os créditos sujeitos aos seus efeitos, cessando o

de juros.

h, 164. Compensar-se-ão as dividas vencidas nos têrmos prescritos no artigo 46 e seu parágrafo.

AR. 165. O pedido de concordata preventiva não resolve 0s contratos bilaterais 3

qlie continuam sujeitos às normas do direito comum.

Parágrafo único. As contas correntes consideram-se encerradas na data do despacho que manda processar a c0nc0rdata9 0 saldo; entretanto,

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tendo em vista a natureza do contrato, o juiz poderá autorizar o movimento da conta nos têrmos do artigo 167.

Art. 166. Ressalvadas as relações jurídicas decorrentes de contrato com o devedor, cabe na concordata preventiva pedido de restituição, com fundamento no art. 76, prevalecendo, para o caso do parágrafo 2", a data do requerimento da concordata.

Art. 167. Durante o processo da concordata preventivo, O devedor conservará a administração dos seus bens e continuará O seu negócio, sob fiscalização do comissário. Não poderá, entretanto, alienar imóveis OU constituir garantias reais, salvo evidente utilidade, reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o comissário.

Art. 168. O comissário, logo que nomeado, será intimado pessoalmente, pelo escrivão, para assinar em cartório, dentro de vinte e quatro horas, têrmo de bem e fielmente desempenhar os deveres que a presente lei lhe impõe. Ao assinar o têmo, em cartório a declaração do seu crédito, com observância do disposto no parágrafo único do art. 62.

Art. 169. Ao comissário incumbe:

1 - avisar, pelo órgão oficial, que se acha a disposição dos interessados, declarando o lugar e a hora em que será encontrado;

11 - expedir aos as circulares de que trata o parágrafo l0 do art. 81, e preparar a verificação dos créditos pela forma regulada na seção primeira do título VI;

111 - verificar a dos fatos mencionados nos ns. I, 11 e III do art. 162

requerendo a falência se fÔr 0 caso;

1V - fiscalizar o do devedor na administração do seus haveres

enquanto se processa a concordata;

V - examinar os livros e papéis do devedor, verificar O ativo e o passivo e Solicitar dos interessados as informações que entender úteis;

VI - designar perito contador, para OS trabalhos referidos no art. 63, no V e, se ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ i ~ , c-,amar avaliadores que o a~xiliem, Irdiante salários contratados de acordo com o devedor, os se não houver acordo, arbitrados pelo juiz;

-

Parecer sobre as mesmas;

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VI11 - verificar se o devedor praticou atos suscetíveis de revogação em caso de falência;

IX - promover a efetivação da garantia porventura oferecida pelo devedor, recebendo-a, quando necessário, em nome dos credores e com a assistência do representante do Ministério Público;

X - apresentar em cartório, até cinco dias após a publicação do quadro de credores, acompanhado do laudo do perito, relatório circunstanciado em que examinará:

a) o estado econÔmico do devedor, as razões com que tiver justificado o pedido a correspondência entre o ativo e o passivo para 0s efeitos da exigência contida no no 11 do art. 158, as garantias porventura oferecidas e as probabilidades que tem o devedor de cumprir a concordata;

b) o procedimento do devedor, antes e depois do pedido da concordata, e, se houver, 0s atas revogáveis em caso de falência e 0s que constituam crime falirnentar, indicando os responsáveis bem como, em relação a cada um, os dispositivos penais aplicáveis.

Art. 170. O comissário tem direito a uma remuneração, que o juiz deve arbitrar atendendo sua diligência, ao trabalho, à responsabilidade da função e 51 importância da concordata, calculando-a sobre 0 valor do pagamento prometido aos credores quirografári~s e sendo ela limitada a terça Parte das porcentagens Previstas no artigo 67.

1' Não cabe alguma ao c~missk io nomeado contra as disposições

desta lei, ou que haja OU sido destituído.

2" Do despacho que arbitrar a remuneração, cabe agravo de instrumento, que Poderá ser interposto pelo concordatário e pelo comissário.

3" N~~ casos em que o passe a exercer o cargo de síndico, perderá a

remuneração regulada neste artigo, cabendo-lhe a que 6 atribuída ao novo cargo.

AR. 171. O comissário será substituído ou destituído nos mesmos casos em que O síndico observando-se, respectivamente, o disposto nos arts. 65 e 66 e seus

Parágrafos.

4 , 172. O devedor que requerer concordata preventiva, deve consentir que os Seus credores, com a precisa, lhe examinem 0s livros e papéis e

extraiam 0s apontamentos e as cópias que entenderem.

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Parágrafo único. Os credores, por sua vez, são obrigados a fornecer ao juiz e ao comissário, ou a qualquer credor que o requeira, informações precisas e a exibir os documentos necessarios e os seus livros, na parte relativa aos negócios que tiverem com o devedor.

Art. 173. A verificação dos créditos será feita com observância do disposto na seção primeira do título VI.

Art. 174. Entregue o relatório do comissário (ad. 169, no X), o escrivão, dentro de vinte e quatro horas:

I - se o devedor não tiver exibido, até então, prova do pagamento dos impostos relativos a profissão, federais, estaduais e municipais, e das contribuições devidas ao Instituto ou Caixa de Aposentadoria e Pensões do ramo de indústria O u comércio a que pertencer, fará OS autos ~0nclusoS a0 juiz para que este, com observância do parágrafo 1 do art. 162 decrete a falência;

11 - se o devedor tiver aquela exigência, fará publicar no órgão oficial 3

aviso aos credores de que durante cinco dias poderão opor embargos à concordata (arts. 142 a 146).

A*. 175. O prazo para o cumprimento da concordata inicia-se na data da sentença que a conceder, devendo o concordatário, dentro dos trinta dias seguintes i mesma data e sob pena de declaração da falência, pagar as custas e despesas do processo, a devida ao comissário, e, se a concordata for a +ta, a porcentagem devida aos credores quirografkiios.

h. 176. Negando a concordata preventiva, 0 juiz declarará a falência do devedor, proferindo sentença em que observará 0 disposto no art. 162, parágrafo 1 O.

Parágrafo único. O síndico, logo após a arrecadação e avaliação dos bens promoverá a do aviso a que alude o 114, e, em seguida: procederá i realização do ativo e pagamento do passivo, na conformidade do titulo ressalvada em benefício do devedor a disposição do parágrafo único do artigo 182.

SEÇÃO TERCEIRA

ba concordata suspensiva

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Art, 177. O falido pode obter, observadas as disposiç6es dos artigos 1 1 I a 1 13, a suspensão da falência, requerendo ao juiz lhe seja concedida concordata Suspensiva.

Parágrafo único. O devedor, no seu pedido, deve oferecer aos credores quir~~rafários, por saldo de seus créditos, o pagamento mínimo de:

I - 35%, se fôr a vista;

I1 - 50%, se for a prazo, o qual não poderá exceder de dois anos, devendo ser pagos pelo menos dois quintos no primeiro ano.

Art. 178. 0 pedido de concordata ~USpensiva será feito dentro dos cinco dias seguintes ao do vencimento do prazo para a entrega, em cartório, do relatório do síndico (art. 63, no XIX).

Art. 179. O pedido de concordata de sociedade depende do consentimento:

I - de todos 0s sócios de responsabilidade solidária, nas sociedades em nome coletivo, e em comandita simples ou Por ações;

II - da unânimidade dos sócios, nas sociedades de capital e indústria e por cotas de responsabilidade limitada;

I11 - da assembléia dos acionistas da sociedade anÔnima, pela forma regulada na lei especial.

Art. 180. O pedido de concordata de sociedade em que haja sócio solidário que exerça individualmente o comdrcio, deve ser acompanhado do pedido de Concordata do sócio com os seus credores particulares. o qual está sujeito ds m ~ ~ i i i n s çondiçaes estabelecidas iio par&rafo itnico do art. 177.

Parágrafo único, AS concordatas serfio processadas e julgadas conjuntamente 3 e lienhuina concedida se delas tiver de ser negada.

Art. 18 1. Verificando que o pedido está formulado nos têrmos desta lei, o juiz

mandará publicá-lo por edita1 que O transcreva, intimando 0s credores de que durante cinco dias poderão opor embargos concordata (arts. 142 a 146).

Parágrafo único, Se o devedor tiver oferecido garantia Para assegurar o juiz, no despacho, marcará prazo para que a Cumprirncnto da concordata, .

mesma se efetive.

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Art. 182. Negada a concordata, O síndico providenciará a publicação do aviso a que se refere o art. 114, para iniciar a realização do ativo e pagamento do passivo.

Parágrafo único. O juiz, mediante requerimento fundamentado do devedor, ouvidos o e o representante do Ministério Público, pode permitir que, para a venda de determinados bens, se aguarde O julgamento do recurso a que se refere o art. 146.

Art. 183. Passada em julgado a sentença que conceder a concordata, os bens arrecadados serão entregues ao concordatário, que readquirirá direito i sua livre disposição, com as restrições estabelecidas no artigo 149; se a concordata for de sociedade em que haja sócio solidário não comerciante, êste receberá, ao mesmo tempo, 0s bens que lhe pertençam, readquirindo idêntico direito, sem outras restrições que as das cláusulas da concordata.

Parágrafo único. O prazo para o cumprimento da concordata inicia-se na data em que passar em julgado a mesma sentença, devendo O concordatário, dentro dos trinta dias seguintes a essa data e sob pena de reabertura da falência:

I - pagar 0s encargos e dividas da massa e 0s créditos com privilégio geral;

11 - exibir a prova das quitações referidas no no I do art. 174;

111 - pagar a percentagem devida aos credores quirografários, se a concordata for a vista.

Art. 184. Aos credores particulares de sócio solidário não comerciante de Sociedade em concordata, será passada, Para executarem 0 seu devedor, carta de sentença que contenha, além da íntegra da sentença declaratoria da falência ou do despacho que reconheceu 0 devedor como sócio solidário, indicação da quantia pela qual o credor foi admitido e por que causa e o teor da sentença que concedeu a concordata da sociedade.

Art. 185. O falido que não tenha pedido concordata na oportunidade referida no an. 178 pode fazê-lo a qualquer tempo, mas o seu pedido e respectivo processo não interrompem, de moda algum, a realização do ativo e o pagamento do Passivo.

00s crimes falimentares

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Art. 186. Será punido o devedor com detenção, de seis meses a três anos, quando concorrer com a falência algum dos seguintes fatos:

I - gastos pessoais, ou de família, manifestamente excessivos em relação ao seu cabedal;

I1 - despesas gerais do negócio ou da emprêsa injustificáveis, por sua natureza ou vulto, em relação ao capital, ao gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas;

111 - emprego de meios ruinosos para obter recursos e retardar a declaração da falência, como vendas, nos seis meses a ela anteriores, por menos do preço corrente, ou a sucessiva reforma de títulos de crédito;

IV - abuso de responsabilidade de mero favor;

V - prejuízos vultosos em operações arriscadas, inclusive jogos de Bolsa;

VI - inexistência dos livros obrigatórios ou sua escrituração atrasada, lacunosa, defeituosa ou confusa;

VI1 - falta de apresentação do balanço, dentro de sessenta dias após a data fixada para o seu encerramento, rubrica do juiz sob cuja jurisdição estiver o seu

estabelecimento principal.

Parágrafo único. Fica isento da pena nos casos dos ns. VI e VI1 dêste artigo, o devedor que a critério do juiz da falência, tiver instrução insuficiente e explorar

1

comércio exíguo.

4rt. 187. Seri punido com reclusão por um a quatro anos, o devedor que, com o fini de criar ou assegurar injusta vantagem para si ou Para outrem, praticar, antes ou depois da falência, algum ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores.

. 188. Será punido o devedor com a m~sma pena do artigo antecedente, quando com a falência concorrer algum dos seguintes

I - ~ i r n u l ~ ~ g ~ de capital para obtenção de maior crédito;

Ir - pagamento antecipado de uns credores em prejuízo de outros;

111 . desvio de bens inclusive pela compra em nome de terceira Pessoa, ainda

que cônjuge ou parente;

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IV - simulação de despesas, de dívidas ativas ou passivas e de perdas;

V - perdas avultadas em operações de puro acaso, como jogos de qualquer espécie:

VI - falsificação material, no todo ou em parte, da escrituração obrigatória ou não, ou alteração da escrituração verdadeira;

VI1 - omissão, na escrituração obrigatória OU não, de lançamento que dela devia constar, ou lançamento falso ou diverso do que nela devia ser feito;

VIII - destruição, inutilização ou supressão, total ou parcial, dos livros obrigatórios;

IX - ser o falido leiloeiro ou corretor.

Art. 189. Será punido com reclusão de um a três anos:

I - qualquer pessoa, inclusive o falido, que ocultar ou desviar bens da massa;

11 - quem quer que, por si ou interposta pessoa, ou por procurador, apresentar, na falência 0" na concordata preventiva, declarações ou reclamações falsas, ou juntar a elas títulos falsos ou simulados;

111 - o devedor que reconhecer como verdadeiros créditos falsos ou simulados;

IV - o síndico que der informações, pareceres ou extratos dos livres do falido inexatos ou falsos, ou que apresentar exposição ou relatórios contrários à verdade.

Art. 190. Será punido com detenqão, de um a dois anos, o juiz, O representante do Ministério Público, o síndico, O perito, 0 avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou 0 leiloeiro que, direta ou indiretamente, adquirir bens da massa, ou, em relação a Eles, entrar em alguma especulação de lucro.

Art. 191. Na falência das sociedades, 0s seus diretores, administradores, gerentes ou liquidantes são equiparados ao devedor ou falido, para todos os efeitos penais nesta lei.

Art. 192, Se o ato nesta lei constituir crime por si mesmo,

independentemente da declaração da falência, aplica-se a regra do a*. 51 , Parágrafo 1 O do Código penal.

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Art. 193. O juiz, de oficio ou a requerimento do representante do Ministbrio Público, do síndico ou de qualquer credor, pode decretar a prisão preventiva do falido e de outras pessoas sujeitas a penalidade estabelecida na presente lei.

Art. 194. A inobservância dos prazos estabelecidos no art. 108 e seu parágrafo único não acarreta decadência do direito de denúncia ou de queixa. O representante do Ministério Público, O síndico OU qualquer credor podem, após o despacho de que tratam o art. 109 e seu parágrafo zO, e na conformidade do que dispõem 0s artigos 24 e 62 do Código de Processo Penal, intentar ação penal por crime falimentar perante o juiz criminal da jurisdição onde tenha sido declarada a falência.

Art. 195. Constitui efeito da condenação por crime falimentar a interdição do exercicio do comdrcio.

Art. 196. A interdição toma-se efetiva logo que passe em julgado a sentença, mas O seu prazo começa a correr do dia em que termine a execução da pena privativa de liberdade.

Art. 197. A rehabilitação extingue a interdição do exercício do comércio, mas son~en tc pode ser concedida após o decurso de três o u de cinco anos, contados do dia em que termine a execução, respectivamente, das penas de detenção ou de reclusão 3 desde que o condenado prove estarem extintas por sentença as suas obrigações.

A*. 198. O requerimento de rehabilitação será dirigido.ao juiz da condenação acompanhado de certidão de sentença declaratoria da extinçã0 das obrigações (art. 136).

Parágrafo único. O juiz ouvirá o representante do Ministério Público e profeirá Sentença, da qual, se negar a rehabilitação, caberá recurso em sentido estrito.

1 gg. A prescriçgo extintiva da ~unibilidade de crime falimentar opera-se em

dois anos.

Parágrafo único. O prazo prescricional começa a correr da data em que transitar em julgado a sentenqa que eWerrar a falência que julgar cumprida a concordata.

Das disposições especiais

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Art. 200. A falência cujo passivo fÔr inferior a Cr$50.000,00 será processada sumariamente, na forma do disposto nos parágrafos seguintes.

$ 1 Verificando, pela comunicação do síndico a que se refere o artigo 63, no x, que o montante do passivo declarado pelos credores é inferior a quantia referida neste artigo, o juiz mandará que os autos lhe sejam conclusos e nêles proferirá despacho em que:

I - deteminará que a falência seja processada sumariamente, designando, dentro dos dez dias seguintes, dia e hora para a audiência de verificação e julgamento dos créditos;

11 - mandará que o síndico publique, imediatamente, no Órgão oficial, aviso aos credores que lhes dê ciência da sua determinação e designação.

5 2" Na audiência, o síndico apresentara as segundas vias das declarações de crédito, com o seu parecer e informação do falido, e O juiz, ouvindo os credores que tenham impugnações a fazer e 0s impugnados, proferirá sentença de julgamento dos créditos, da qual, nos cinco dias seguintes, poderá ser interposto agravo de instrumento.

$ 30 Nas quarenta e oito horas seguintes a audiência, O síndico apresentará em Cartório 9 em duas vias, relatório no qual exporá sucintamente a matéria contida nos artigos 103 e 63, no XIX.

9 40 A segunda via da será junta aos autos da falencia, e com a primeira

via e peças que o acompanhem, serão formados 0s autos do inquérito judicial 3

nos quais o falido, nas quarenta e oito horas seguintes, poderá apresentar a contestação que tiver; decorrido êsse prazo, 0s autos serão, imediatamente, feitos com vista ao representante do Ministdrio Público, que, no prazo de três

dias, sejam apensados ao processo da falência ou oferecera denúncia contra o falido e demais responsáveis.

$ 50 com a promoção do representante do Ministério Público, os autos serão ~ o n ~ l ~ ~ ~ ~ ao juir que, dentro de três dias, decidirá, observadas, no que forem aplicáveis, as disposições dos artigos 109 e

$ 60 ~ã~ tendo havido denúncia ou rejeitada a que tiver sido oferecida, o devedor 9 nas quarenta e oito horas seguintes à sentença, pode pedir concordata, à qual 0s credores podem opor-se, em igual Prazo, decidindo O juiz, em seguida.

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$ 7" Não pedida ou negada a concordata, ou recebida a denúncia, O síndico iniciará, imediatamente, a realização do ativo e pagamento do passivo, na forma do título VIII.

Art. 20 1 . A falência das emprêsas concessionárias de serviços públicos federais, estaduais e municipais, não interrompe êsses S ~ N ~ Ç O S , nem a construção das obras necessárias constantes dos respectivos contratos.

1" Se, entretanto, a parte das obras em construção não prejudicar o serviço regular na parte já construida e em funcionamento, o juiz, ouvida a autoridade administrativa competente, o síndico e OS representantes da emprêsa falida e atendendo aos contratos, aos recursos e ~antagens da massa e ao benefício publico, pode ordenar a suspensão de tais obras.

2" Declarada a falência de tais empresas, a entidade administrativa concedente será notificada para se fazer representar no processo e nomear o fiscal de que trata o parágrafo seguinte. A falta ou demora da nomeação do fiscal não prejudica o andamento do processo da falência.

3" 0 s serviços públicos e as obras prosseguirão sob a direção do síndico, junto ao qual haverá um fiscal nomeado pela entidade administrativa concedente. Esse fiscal seri ouvido sobre todos 0s atos do síndico relativos Aqueles serviços e obras, inclusive a sua organização provisória e nomeação do pessoal técnico, e examinar todos 0s livros, papéis, escrituração e contas da emprêsa falida e do e requerer o que for a bem dos interêsses a seu cargo. A autoridade administrativa concedente dará aoseu fiscal as devidas instruções para a observância dos contratos, e as divergências dêle com o síndico serão decididas pelo juiz.

4" Depende de da autoridade administrativa concedente a

transferência da e direitos que dela decorram.

Das disposições gerais

202, os pedidos de falência e os de ~ ~ ~ ~ o r d a t a preventiva estão sujeitos a

distribuição obrigatória, a ordem rigorosa da apresentação. esses pedidos serão entregues, imediatamente, pelo distribuidor ao escrivão a quem

houverem sido distribuídos.

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natureza, relativo ao mesmo devedor. A verificação de conta (artigo 1 O, $ 1 O) e a execução (art. 2 O , no 1) não previnem a jurisdição para conhecimento do pedido de falència contra o devedor.

6 2" As ações que devam ser propostas no juizo da falência, estão sujeitas distribuição por dependência, para o efeito do registro.

Art. 203. 0 s processos de falência e de concordata preventiva e dos seus incidentes preferem a todos OS outros na ordem dos feitos, em qualquer instância.

Art. 204. Todos 0s prazos marcados nesta lei são peremptórios e continuos, não se suspendendo em dias feriados e nas férias, e correm em cartório, salvo disposição em contrário, independentemente de publicação ou intimação.

Parágrafo único. 0 s prazos que devam ser contados das publicações referidas no artigo seguinte, correrão da data da sua primeira inserção no órgão oficial.

Art, 205. A publicação dos editais, avisos, anúncios e quadro geral dos credores seri feita por duas vêzes, no órgão oficial, da União ou dos Estados i n d' icará o juizo e o e será precedida das epígrafes "Falència de ...I1 ou "Concordata

l t Preventiva de ... .

10 O escrivão sempre, nos autos, a data da primeira publicação no

Órgão oficial. . ' 2" Nas comarcas que não sejam as das capitais dos Estados, ou Territórios, além da publicação deteminada neste artigo, 0s editaís, avisos, anúncios, e quadro geral dos credores serão afixados na sede do Juizo; se na comarca houver jornal diário, essas publicações nêle serão reproduzidaS.

3' Tratando-se de publicações que exijam larga divulgação, como a de venda dos bens da massa, o síndico pode, se a massa comportar, mandar reproduzi-las em outros jornais do lugar e de fora.

A*. 206. intimações serão feitas pessoalmente as partes ou ao seu representante legal ou procurador, por oficial de justiça ou pelo escrivão.

1" No &trito Federal e nas capitais dos Estados, ou Territórios, as intimaçaes Serão feitas pela só publicação dos atas no órgão oficial, salvo aquelas que, por preceito desta lei, devam ser feitas pessoalmentes

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2" Os Governos da União e dos Estados mandarão publicar, gratuitamente, nos respectivos órgãos oficiais, no dia seguinte ao da entrega dos originais, 0s despachos, intimações e notas de expediente dos cartórios.

Art. 207. O processo dos agravos de petição e de instrumento será o comum.

1" Em segunda instância, o relator terá O prazo de dez dias para o exame dos autos, e, na sessão do julgamento, a cada uma das partes será concedida a palavra pelo prazo do dez minutos.

2" 0 acórdão ~roferido em recurso de agravo de instrumento pode ser executado mediante certidão do julgado.

Art. 208. 0 s processos de falência e de concordata preventiva não podem parar por falta de preparo, o qual será feito oportunamente incorrendo os escrivãe~ que os tiverem parados por mais de vinte e quatro horas, em pena de suspensão, imposta mediante de qualquer interessado.

1" Somente as custas devidas pela massa, e depois de regularmente contadas nos autos pelo contador do juízo, podem ser Pagas pelo síndico. Entre aquelas custas se incluem as relativas às contestações e impugnações do síndico e do falido.

2' A massa não pagará custas a advogados dos credores e do falido.

3" O escrivão que exceder qualquer dos Prazos marcados nesta lei, perderá metade das custas vencidas até o prazo excedido, penalidade que, sem prejuízo de outras previstas em lei, será imposta pelo juiz, a requerimento de qualquer interessado.

An. 209. quantias pertencentes à massa devem ser recolhidas ao Banco do Brasil ou i Caixa ~ ~ ~ ~ ô m i c a Federal, suas agências ou filiais. Se no lugar não houver essas agências ou filiais, O juiz designará estabelecimento bancário de notória idoneidade, Onde não existir nenhum dêsses e ~ t a b e l e c i m e ~ t ~ ~ , os depósitos serão feitos em mãos do síndico.

Parágrafo único. quantias depositadas não podem ser retiradas senão por

meio de cheques nominativos, em que será mencionado O fim a que se destina a retirada, assinados pelo síndico e rubricados pelo juiz.

An. 210. O representante do ~ in i s té r io Público, além das atribuições expressas na presente lei será ouvido em toda ação Proposta pela massa OU contra esta Caber-lhe-á o 'dever, em qualquer fase do Processo, de requerer o que for

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necessário aos interêsses da justiça, tendo o direito em qualquer tempo de examinar todos os livros, papéis e atos relativos a falência.

Parágrafo único. Pelos atos que praticar, não lhe poderá ser atribuída comissão, ou porcentagem, por conta da massa.

Art. 21 1. 0 s exames e verificações periciais de que trata esta lei, devem ser feitos por contadores habilitados na forma da legislação em vigor. Onde não 0s houver, serão nomeadas pessoas de notória idoneidade, versadas na matéria.

Art. 2 12. Para a remuneração das pescas referidas neste artigo observar-se-á o seguinte:

I - o perito designado pelo síndico (art. 63, no V), perceberá, por todos 0s serviços que prestar, o salário que for arbitrado pelo juiz, até o máximo de Cr$1 .o00 , , 00. tratando-se de trabalho excepcional, O síndico poderá, se a massa comportar e o juiz autorizar, ajustar O salário do perito além daquêle máximo;

I1 - os peritos para a verificação de contas de que trata O art. 10,

parágrafo 1 O, o salário máximo de Cr$150,00 para cada um;

111 - o depositário de que trata o $ 4" do art. 12, perceberá a quarta parte das . , . taxas estipuladas no regimento de custas para 0s depositarios judiciais, e nada perceberá se tiver sido o requerente da falência ou a Pessoa sobre a qual tenha recaído a nomeação de síndico;

IV - o avaliador, oficial ou não, perceberá as custas na conformidade do estabelecido no respectivo regimento;

V - o leiloeiro não perceberá da massa, na venda dos bens desta, nenhuma Comissão, cabendo-lhe, apenas, a comissão que, na forma da lei, fôr devida pelo comprador.

A*. 2 13 os créditos em moeda estrangeira serão convertidos em moeda do país, câmbio do dia em que for declarada a falência ou mandada processar a

concordata preventiva, e pelo valor assim estabelecido serão considerados

Para todos os efeitos desta lei.

T~TULO XIV Das disposições transitórias

Art. 2 14. Esta lei entrará em vigor no dia 1 de novembro de 1945.

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Art. 2 15. Na sua aplicação será observado O disposto no art. 2" e seu parágrafo do Código Penal e no art. 6" da Lei de Introdução ao Código civil.

Art. 2 16. A falência já declarada e a concordata preventiva já requerida, ao entrar em vigor esta lei, obedecerão, quanto ao seu processo, à lei anterior.

Art. 2 17. Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 21 de junho do 1945,124" da Independência e 57" da República.

GETULIO VARGAS

Agamemnon Magalhães

Alexandre Marcondes Filho

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COMISSÃO DIRETORA, Substitutivo do Senado ao Projeto de Lei da Câmara no 71, de 2003 (PL no 4.376, de 1993, na Casa de origem), que "regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência de devedores pessoas físicas e jurídicas que exerçam atividade econômica regida pelas leis comerciais, e dá outras providências."

Substitua-se o Projeto pelo seguinte:

Regula a recuperação judicial, a falência e a recuperação extrajudicial do empresário e da sociedade empresária.

O Congresso Nacional decreta:

Capítulo I

Art. 1" Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a falência e a recuperação extrajudicial do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. h. 2" Esta Lei não se aplica a: I - empresa pública e sociedade de economia mista; 11 - instituição financeira pública OU privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar* sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Art. 3" E competente p ara homologar o plano de recuperação extrajudicial deferir a recuperação judicial OU decretar a falência 0 juizo do local do principai estabelecimento do devedor OU da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

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Art. 4 O O Ministério Público, por iniciativa própria ou mediante provocação, poderá intervir nos processos de recuperação judicial OU de falência quando constatado indício de crime, infração a lei ou ameaça de lesão ao interesse público.

Capítulo I1

DISPOSIÇ~ES COMUNS A RECUPERAÇÃO JUDICIAL E A FALÊNCIA

Seção I

Disposições Gerais

Art. 5" Não são exigiveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: I - as obrigações a título gratuito; 11 - as despesas que os credores fizerem para tomar Parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. Art. 6" A decretação da falência OU 0 deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

1" Teri prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. $ 20 É pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se rdere o art. 8", serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença. 5 3" O juiz competente para as ações referidas nos $4 l 0 e 2" poderá deteminar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez líquido o direito, será 0 crédito incluído na

classe própria. $ 4" Na recuperação judicial, a suspensão de que trata O caput em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado o

deferimento do processamento da recuperação, . . . restabelecendo-se, após o decurso do prazo o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuçGes, independentemente de pronunciamento judicial. § 5" Aplica-se o disposto no 5 2 O a recuperação judicial durante o período de suspensio de que trata 0 6 4'9 mas, após o fim da suspensão, as execuções

kabalhistas ser nomalmente concluidas, ainda que o crédito já esteja

inscrito no quadro-geral de credores.

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$ 6" Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra O devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial: I - pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; I1 - pelo devedor, imediatamente após a citação. $ 7" As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. § 8" A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor.

Seção I1

Da Verificação e da Habilitação de Créditos

Art. 7" A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. $ 1" Publicado o edita1 previsto no art. 52, 4 I", ou no parágrafo Único do art. 99, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. 5 2" 0 administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos a forma do caput e do 5 I", fará publicar edita1 contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias contado do fim do Prazo do 5 I", devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8" terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação. A*. 80 N~ prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no a*. 70 20 o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério

9

público podem apresentar ao juiz impugnação Contra a relação de credores 3

apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou de crédito relacionado. Parágrafo Unico, Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos arts. 13 a 1 5. 4n. 90 A habilitação de realizada pelo credor nos termos do art. 70, § 10 7

deverá conter: I - o nome o endereço do credor e 0 endereço em que receberá comunicação de

qualquer ato do processo; I1 - o valor do crédito, atualizad~ até a data da decretação da falência do pedido de recuperação judicial, Sua origem e classificação;

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111 - os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a ser produzidas; IV - a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento; V - a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo. Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7O, 8 1°, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias. $ 1" Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembléia-geral de credores. $ 2" Aplica-se o disposto no $ 1" ao Processo de falência, salvo se, na data da realização da assembléia-geral, já houver sido homologado O quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário. $ 3" Na falência, os créditos retardatários perderão O direito a rateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se Computando 0s acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação. $ 4" Na hipótese prevista no 8 3", o credor poderá requerer a reserva de valor para satisfação de seu crédito. $ 50 habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homo~ogaç~o do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15. $ 60 ~~ó~ a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, O procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juizo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral Para inclusão do respectivo crédito. Art. I 1, os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para Contestar a impugnação, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando OS documentos que tiverem e indicando outras provas que reputem Ilecessárias. Art. 12. Transcorrido o prazo do art. 1 170 devedor e 0 Comitê, se houver, serão intimados pelo juiz p se manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco)

dias. Parágrafo único. Findo o prazo a 4 ue se refere 0 CapUt, o administrador judicial Será intimado pelo juiz para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar a sua o laudo elaborado pelo profissional ou empresa

especializada se for o caso, e todas as infomaqões existentes nos livros fiscais e 9 r .

dcmliis ,jocLitnentos do devedor acerca do credito. constante Ou não da relação de credores, &j,jeto da i i n p u f P a ~ 8 ~ .

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Art. 13. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, 0 qual indicará as provas consideradas necessárias. Parágrafo único. Cada impugnação será autuada em separado, com 0s documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo crédito. Art. 14. Caso não haja impugnações, 0 juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante do edita1 de que trata o art. 7 O , § 2", dispensada a publicação de que trata o art. 18. Art. 15. Transcorridos os prazos previstos nos 11 e 12, os autos de impugnação serão conclusos ao juiz, que: I - deteminará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de créditos não impugnadas, no valor constante da relação referida no $ 2" do art. 7 O : 11 - julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas Partes, mencionando, de cada credito, o valor e a classificação; 111 - fixará, em cada uma das restantes impugnações, 0s aspectos controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes; IV - determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instnição e julgamento, se necessário. Art . 16 . O juiz deteminará, para fins de rateio, a reserva de valor para satisfação do crédito impugnado. Parágrafo único. Sendo parcial, a impugnação não impedirá o pagamento da Parte incontroversa. &. 17. Da decisão judicial sobre a impugnação caberá agravo. Parágrafo único. Recebido o agravo, o relator poderá conceder efeito suspensivo à decisão que reconhece o crédito ou determinar a inscrição ou modificação do seu valor ou classificação no q~adro-geral de credores, para fins de exercício de direito de voto em assembléia-geral. &, 18 O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro- geral de credores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores a que se refere o art. 709 § 20, e nas decisões proferidas nas impugnações

oferecidas. Parágrafo único. O quadro-geraly assinado pelo juiz e pelo administrador judicial mencionará a importância e a classificação de cada crédito na data do , requerimento da recup eração judicial OU da decretação da falência, seri juntado aos autos e no órgão oficial* no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data da sentença que houver julgado as impugnações. h 19 O administrador judicial, O Comitê, qualquer credor ou o representante

do Ministério público ate O encerramento da recuperação judicial ou da

falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no

Código de Processo Civil, pedir a exc1usão9 outra classificação ou a retificação

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de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores.

I " A ação prevista neste artigo será proposta exclus~~amente perante o juízo da recuperação judicial ou da falência OU, nas hipóteses previstas no art. 6O, $9 l0 e 2 O , perante o juízo que tenha originariamente reconhecido o crédito. 8 2 O Proposta a ação de que trata este arti!&, o pagamento ao titular do crédito por ela atingido somente poderá ser realizado mediante a prestação de caução no mesmo valor do crédito questionado. Art. 20. As habilitações dos credores particulares do sócio ilimitadamente responsável processar-se-ão de acordo com as disposições desta Seção.

Seção 111

DO Administrador Judicial e do Comitê de Credores

Art. 2 1. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica,

no termo de que trata o art. 33, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz. Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: I - na recuperação judicial e na falência: a) enviar comespondência aos credores constantes na relação de que trata o arta 51, 111, o art. 99, 111, ou 0 a*. 105, 11, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; C) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugna~ões de créditos; d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer

-

informações; e) elaborar a relação de credores de que trata 0 § 2' do art. 7'; f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18; g) requerer ao juiz convoca~ão da assembléia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; h) contratar, mediante judicial, profissionais ou empresas

especializadas para, quando necessario, auxiliá-lo no exercício de suas funções;

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i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; 11 - na recuperação judicial: a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação; c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor; d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o art. 63, 111; 111 - na falência: a) avisar, pelo órgão oficial, O lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os livros e documentos do falido; b) examinar a escrituração do devedor; c) relacionar 0s processos e assumir a representação judicial da massa falida; d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interesse da massa; e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado O disposto no art. 186; f ) arrecadar 0s bens e documentos do devedor e ehborar O auto de arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110; g) avaliar os bens arrecadados; h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; i) praticar 0s atas a realização do ativo e ao Pagamento dos credores; j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deteriorávei~ sujeitos a considerável desvaloriza~ãO ou de conservação arriscada dispendiosa, nos termos do art. 1 13; 1) praticar os atas de direitos e ações, diligenciar a cobrança

de dívidas e dar a respectiva quitação; m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, ou legalmente retidos; n) representar a massa falida em juizo, contratando, se necessário, advogado cujos honor~ ios serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de

Credores; 0) requerer todas as medidas e diligências que f0IW-n necessárias para o cumprimento desta ~ ~ i , a protegão da massa 011 a eficiência da administração.

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P) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até O décimo dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa; 9) entregar ao seu substituto todos OS bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade; r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo. $ 1" As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo juiz, que considerará a complexidade dos trabalhos a ser executados e 0s valores Praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. § 2" Na hipótese da alínea d do inciso I, se houver recusa, o juiz, a requerimento do administrador judicial, intimará aquelas pessoas para que compareçam a sede do juizo, sob pena de desobediência, oportunidade em que as interrogará na presença do administrador judicial, tomando seus depoimentos por escrito. 6 3" Na falência, o administrador judicial não poderá, sem autorização judicial, após ouvidos O Comitê e o devedor no prazo comum de 2 (dois) dias, transigir sobre obrigações e direitos da massa falida e conceder abatimento de dívidas, ainda que sejam consideradas de difícil recebimento. $ 4" Se o relatório de que trata a aiinea e do inciso 111 apontar responsabilidade penal de qualquer dos envolvidos, O Ministério Público será intimado para tomar conhecimento de seu teor. h. 23. 0 administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido, suas contas ou qualquer dos relatórios previstos nesta Lei será intimado pessoalmente a fazê-lo no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência. Parágrafo único. Decorrido o prazo do caput, 0 juiz destituirá 0 administrador judicial e nomeará substituto para elaborar relatórios OL organizar as contas, eXplicitando as responsabilidades de seu antecessor. h. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, a capacidade de pagamento do devedor, o

grau de complexidade do trabalho e 0s valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. 5 10 qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (,inco por cento) do valor devido aos credores submetidos A recuperação Judicial ou do de venda dos bens na $ 20 será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts.

I54 e 155. d

6 3" O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado salvo se sem rdevante razão ou for destituído de

Suas funÇces por iesidia, culpa, do10 OU descumprimento das obrigações fixadas

"esta ~~i hipóteses em que não terá direito a remuneração- . . $ 40 não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas Contas desaprovadas.

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Art. 25. Caberá ao devedor ou a massa falida arcar com as despesas relativas remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo. Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição: I -um representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes; I1 - um representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; I11 - um representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes. 4 I" A falta de indicação de representante por quaisquer das classes não prejudicará a constituição do Comitê, que poderá funcionar com número inferior ao previsto no caput. $ 2" O juiz determinará, mediante requerimento subscrito por credores que representem a maioria dos créditos de uma classe, independentemente da realização de assembléia: I - a nomeação do representante e dos suplentes da respectiva classe ainda não representada no Comitê; OU

I1 - a substituição do representante ou dos suplentes da respectiva classe. 5 3" Caberá aos próprios membros do Comitê indicar, entre eles, quem irá presidi-lo. Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras previstas nesta Lei: I - na recuperação judicial e na falência: a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; c) comunicar ao juiz caso detecte violação dos direitos OU prejuízo aos interesses dos credores; d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores; f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei; 11 - na recuperação judicial: a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua situação; b) fiscalizar a do plano de recuperação judicial; c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer 0 afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens diD ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.

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9; l0 As decisões do Comitê, tomadas por maioria, serão consignadas em livro de atas, rubricado pelo juízo, que ficará a disposição do administrador judicial, dos credores e do devedor. $ 2' Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do Comitê, o impasse será resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz. Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz, exercer suas atribuições. Art. 29. Os membros do Comitê não terão sua remuneração custeada pelo devedor ou pela massa falida, mas as despesas realizadas para a realização de ato previsto nesta Lei, se devidamente comprovadas e com a autorização do juiz, serão ressarcidas atendendo as disponibilidades de caixa. Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada. 9; l 0 Ficará também impedido de integrar 0 Comitê ou exercer a função de administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o terceiro grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente. 5 20 O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial OU dos membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei. 5 3" O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o requerimento do g 2". h. 31. O juiz, de oficio ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado, poderá determinar a destituição do administrador judicial ou de quaisquer dos membros do Comitê de Credores quando verificar desobediência aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo as atividades do devedor ou a terceiros. 5 10 NO ato de destituição, o juiz nomeará novo administrador judicial ou convocará 0s suplentes para recompor 0 Chmitê. 5 20 Na falência, o administrador judicial substituído prestará contas no prazo de 10 (dez) dias, nos termos dos $6 1" a 6" do art. 154. p,rt, 32. O judicial e 0s n~embros do Comitê responderão pelos prejuízos causados a massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da responsabilidade. A*. 33. O judicial e 0s n~embros do Comitê de Credores, logo que

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i-iorneudos, serão intimados pessoalmente para, em 48 (quarenta e oito) horas, assinar, na sede do juízo, o termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades a ele inerentes. Art. 34. Não assinado o termo de compromisso no prazo previsto no art. 33, o juiz nomeará outro administrador judicial.

Seção 1V

Da Assembléia-Geral de Credores

Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: I - na recuperação judicial:

a) aprovaçio, rejeiç3o ou modificaçilo do plano de recuperação judicial apresetitado pelo devedor; b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) a substituição do administrador judicial e a indicação do substituto; d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do $ 4" do art. 52; e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; f ) qualquer outra matkria que possa afetar os interesses dos credores; I1 - na falência: a) a substituição do administrador judicial e a indicação do substituto; b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; C ) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145; d) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores, Art. 36. A assembléia-geral de credores sera convocada pelo juiz por edita\ publicado no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá: I - local, data e hora da assembléia em primeira e em segunda convoca@o, não podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da primeira; I1 - a ordem do dia; 111 - local onde os credores poderão. se for o caso, obter cópia do plano de recuperação judicial a ser submetido i+ deliberação da assembléia. 5 10 Cópia do aviso de convocação da assembléia deverá ser afixada de fama ostensiva na sede e filiais do devedor.

20 Além dos casos expressamente previstos nesta Lei, credores que representem no mínimo 25% (vinte e cinco Por cento) do valor total dos créditos de uma determinada classe poderão requerer ao juiz a convocação de assembléia-geral. 5 3 O AS despesas com a convocação e a realização da assembléia-geral correm por conta do devedor ou da massa falida, salvo se convocada em virtude de requeriinento do Comitê de Credores ou na hipótese do 5 2'.

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Art. 37. A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará um secretário dentre os credores presentes. 9: l 0 Nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras em que haja incompatibilidade deste, a assembléia será presidida pelo credor presente que seja titular do maior crédito. § 2" A assembléia instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, computados pelo valor, e, em segunda convocação, com qualquer número. § 3" Para participar da assembléia, cada credor deverá assinar a lista de presenqa, que será encerrada no momento da instalação. 5 4" O credor poderá ser representado na assembléia-geral por mandatário OU

representante legal, desde que entregue ao administradorjudicial, até 24 (vinte e quatro) horas antes da data prevista no aviso de convocação, documento hábil que comprove seus poderes, ou a indicação das folhas dos autos do processo em que se encontre o documento. tj 5" OS sindicatos de trabalhadores poderão representar seus associados titulares de créditos derivados da legislação do trabalho OU decorrentes de acidente de trabalho que não comparecerem, pessoalmente ou por procurador, a assembléia. 5 6" Para exercer a prerrogativa prevista no 5 5" o sindicato deverá: I - apresentar ao administrador judicial, até 10 (dez) dias antes da assembléia, a relação dos associados que pretende representar, e o trabalhador que conste da relação de mais de um sindicato deverá esckrecer, até 24 (vinte e quatro) horas antes da assembléia, qual sindicato 0 representa, sob pena de não ser representado em assembléia por nenhum deles; e 11 - comunicar aos associados por carta que pretende exercer a pmogativa do 5 5'. 5 70 DO ocorrido na assembléia, lavrar-se-á ata que 'conterá o nome dos presentes e as assinaturas do presidente, do devedor e de 2 (dois) membros de cada uma das classes votantes, e que será entregue a0 juiz, juntamente com a lista de presença, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. ~ r t . 38. O voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, ressalvado, nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, O disposto no 9 2O do a*. 45. Parágrafo único. Na recuperação judicial, para fins exclusivos de votação em assembléia-geral, o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo câmbio da véspera da data de realização da assembléia. Art. 39, Terão direito a voto na assembléia-geral as pessoas arroladas no quadro- geral de credores ou, na sua falta, na relação de credores apresentada pelo administrador judicial na forma do arta 70, 5 2'9 ou, ainda, na falta desta, na relação apresentada pelo próprio devedor nos tennos dos arts. 5 1, 111 e IV, 99, 111, ou 105,11, em qualquer caso, das que estejam habilitadas na data da realização da assembléia Ou que tenham crédito admitidos OU alterados por decisão judicial, inclusive as que tellham obtido reserva de importâncias, observado o disposto nos $5 l0 e 2" do 1°.

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Q: 1" Não terão direito a voto e não serão considerados para fins de verificação do quorum de instalação e de deliberação os titulares de créditos excetuados na forma dos $8 3" e 4" do art. 49. $ 2" As deliberações da assembléia-geral não serão invalidadas em razão de posterior decisão judicial acerca da existência, quantificação ou classificação de créditos. $ 3" No caso de posterior invalidação de deliberação da assembléia, ficam resguardados os direitos de terceiros de boa-fé, respondendo os credores que aprovarem a deliberação pelos prejuízos comprovados causados por dolo ou culpa. Art. 40. Não será deferido provimento liminar, de caráter cautelar ou antecipatório dos efeitos da tutela para a suspensão ou adiamento da assembléia- geral de credores em razão de pendência de discussão acerca da existência, da quantificação ou da classificação de créditos. Art. 4 1. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: I - titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho; I1 -titulares de créditos com garantia real; 111 - titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados.

1" 0s titulares de créditos derivados da legislação do trabalho votam com a classe prevista no inciso I com O total de seu crédito, independentemente do valor. 5 2" 0 s titulares de créditos com garantia real votam com a classe prevista no inciso 11 até o limite do valor do bem gravado e com a classe prevista no inciso 111 pelo restante do valor de seu crédito. Art. 42. Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral, exceto nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos do art. 35, I, a, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de do ativo nos termos do ârt. 145. Art. 43. 0 s sócios do devedor, bem como as sociedades coligadas, controladoras, controladas ou as que tenham sócio ou acionista com participação superior a 10% (dez por cento) do capital social do devedor ou em que o devedor ou algum de seus sócios detenham participação superior a 10% (dez por cento) do capital social, poderão participar da assembléia-geral de credores, sem ter direito a voto e não serão considerados Para fins de verificação do quomm de instalação e de deliberação. Parágrafo único. O disposto neste artigo também se aplica ao cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, colateral até 0 segundo grau, ascendente ou descendente do devedor, de administrador, do sócio controlador, de membro dos

conselhos fiscal ou semelhantes da sociedade devedora e a sociedade em que quaisquer dessas pessoas exerçam essas f~nções.

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Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores, somente os respectivos membros poderão votar. Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores referidas no art. 4 1 deverão aprovar a proposta. 5 1 " Em cada uma das classes referidas nos incisos I1 e 111 do art. 41, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes a assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. fj 2" Na classe prevista no inciso 1 do art. 41, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. 5 3" O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito. Ar[. 46. A aprovação de forma alternativa de realização do ativo na falência, prevista no art. 145, dependerá do voto favorável de credores que representem dois terços dos créditos presentes a assembléia.

Capítulo I11

DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Seção I

Disposições Gerais

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo & atividade econômica. Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial 0 devedor que, no momento do pedido, exerça regulamente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I - não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as daí decorrentes; 11 - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 111 - não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a seção V deste capitulo. IV - ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada Por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.

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Parágrafo único. A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. Art. 49. Estão sujeitos a recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. 8 1" Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. 5 2" As obrigações anteriores a recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. 5 3" Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante O prazo de suspensão a que se refere o 5 4" do art. 6", a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. 5 40 N ~ O se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso 11 do art. 86. 5 5" Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de credito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias liquidadas O U ' vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas OU substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que trata o 6 4' do art. 6'. ~ r t . 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: I - concessão de prazos e condições especiais Para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; 11 - cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, OU cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; 1x1 - alteração do controle societário; IV - substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; V - concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação as matérias que o plano

especificar; VI - aumento de capital social;

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VI1 - trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados; VI11 - redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva; IX - dação em pagamento ou novação de dividas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro; X - constituição de sociedade de credores; XI - eiida parcial dos bens; XII - equalização de encargos financeiros relativos a dkbitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; XII1 - usufruto da empresa; XIV - administração compartilhada; XV - emissão de valores mobiliários; XVI - constituição de sociedade de propbsito específico para adjudicar, em pagamento dos crkditos, os ativos do devedor. Q: I" Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. Q: 2" Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperaçãojudicial.

Seção I1

Do Pedido e do processamento da Recuperaçâo Judicial

Art. 5 1. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: I - a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razdes da crise econôrni~~-financeira; I1 - as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação ~0cietária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 111 - a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classiticação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o

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regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; IV - a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; V - certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; VI - a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor: VI1 - os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; VI11 - certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial; IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.

l 0 Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão a disposição do juizo, do administrador judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado. 5 2" Com relação a exigência prevista no incis0 11 do caput, as microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica. 5 3" O juiz poderá determinar O depósito em cartório dos documentos a que se referem 0s $ 8 I e 2", ou de cópia destes. Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 5 1, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: I - nomeará o administrador judicial, observado O disposto no art. 21; 11 - determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, exceto Para contrata~ão com o Poder Público ou para recebimento de benefícios Ou incentivos fiscais OU crediticios, observando o disposto no art. 69; 111 - ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do arte fjO, 0s respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos $8 1°, 2" e 7" do art. 6" e as relativas a créditos excetuados na forma dos $$3" e 4" do a*. 49; IV - deteminará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob Pena de destituição de seus administradores; V - a intimação do Ministério Público e a comunicação par carta às Fazendas Públicas Federal e de todos 0s Estados e Municípios em que o devedor

tiver estabelecimento.

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1" O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que onterá: I - o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação judicial; I1 - a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação de cada crédito; 111 - a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 7", § 1 O, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55.

2" Deferido o processamento da recuperação judicial, os credores poderão, a qualquer tempo, requerer a convocação de assembléia-geral para a constituição do Comitê de Credores ou substituição de seus membros, observado o disposto no 4 2' do art. 36. $ 3" No caso do inciso I11 do caput, caberá ao devedor comunicar a suspensão aos juízos competentes. fj 4" O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembléia- geral de credores.

Seção I11

Do Plano de Recuperação Judicial

Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juizo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter: I - discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50, e seu resumo; 11 - demonstração de sua viabilidade econômica; e 111 - laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado OU empresa especializada. Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções, observado o art. 55. ~ r t . 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. Parágrafo único. O piano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários mínimos por trabalhador i dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperaçãojudicial.

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Seção IV

Do Procedimento de Recuperação Judicial

Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação de credores de que trata o $ 2 " do art. 7'. Parágrafo único. Caso, na data da publicação da relação de que trata o caput, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo único, contar-se-á da publicação deste o prazo para as objeções. Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação. $ 1" A data designada para a realização da assembléia-geral não excederá 150 (cento e cinquenta) dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial. 3 2" A assembléia-geral que aprovar o plano de recuperação judicial poderá indicar os membros do Comitê de Credores, na forma do art. 26, se já não estiver constituído. 4 3" O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembléia- geral, desde que haja expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores ausentes. tj 4" Rejeitado o plano de recuperação pela assembléia-geral de credores, o juiz decretará a falência do devedor. Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia-geral de credores ou decorrido O prazo previsto no art. 55 sem objeção de credores, o devedor em 5 (cinco) dias, certidões negativas de débitos tributários nos temos dos arts. 15 1, 205, 206 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). Parágrafo único. Decorrido O prazo sem a apresentação das certidões, o juiz decretará a falência. A*. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, 0 juiz concederá a recuperação judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do a*. 55 ou tenha sido aprovado pela assembléia-geral de credores na forma do art. 45.

1 0 O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação na f0IXIa do art. 45, desde que, na mesma assembléia, tenha obtido, de forma cumulativa: I - o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos 0s créditos presentes a assembléia, independentemente de classes; 11 - a aprovapão de duas das classes de credores nos termos do art. 45 ou, caso

somente duas classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos uma delas;

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111 - na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de wn terço dos credores, computados na forma dos $5 1" e 2" do art. 45. 5 2" A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1" se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que O

houver rejeitado. Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no (j l 0 do art. 50.

1" A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584,111, do Código de Processo Civil. (j 2" Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público. Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142. Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado O disposto no 9 1" do art. 14 1. Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58, O devedor permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial. jj 1" Durante o período estabelecido no caput, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência, nos termos do art. 73; (j 2" Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos 0s valores eventualmente pagos e ressalvados 0s atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial. A*. 62. o previsto no art. 61, no caso de descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor poderá requerer a específica ou a falência com base no arte 94. A*. 63. Cumpridas as obrigações vencidas no Prazo previsto no caput do art. 61, o juiz decretará por sentença 0 encerramento da recuperação judicial e determinará: I - o pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial, somente podendo efetuar a quitação dessas obrigações mediante prestação de contas, no prazo de 30 (trinta) dias, e aprovação do relatório previsto no inciso 111; 11 - a apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas; 111 - a apresentagão de relatório circunstanciado do administrador judicial, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, vemindo sobre a execução do plano de

recuperação pelo devedor; IV - a disso~ução do Comitê de Chedores e a exoneração do administrador judicial;

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V - a comunicação ao Registro Público de Empresas para as providências cabíveis. Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, salvo se qualquer deles: I - houver sido condenado em sentença penal transitada em julgado por crime cometido em recuperação judicial OU falência anteriores ou por crime contra O

patrimônio, a economia popular OU a ordem econômica previstos na legislação vigente; I1 - houver indícios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei; 111 - houver agido com dolo, simulação OU fraude contra os interesses de seus credores; IV - houver praticado qualquer das seguintes condutas: a) efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua situa$ão patrimonial; b) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao capital ou gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas; c) descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao seu funcionamento regular; d) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação de que trata o art. 51, 111, sem relevante razão de direito OU amparo de decisão judicial; V - negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador judicial ou pelos demais membros do Comitê; VI - tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação judicial. Parágrafo Unico. Verificada qualquer das hipóteses do caput, o juiz destituirá o administrador, que será substituído na forma prevista nos atos constitutivOs do devedor ou do plano de recuperação judicial. Art. 65. Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no afi. 64, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se-lhe, no que couber, todas as normas sobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador judicial. 9 1 0 O judicial exercerá as funções de gestor enquanto a assembléia-geral não deliberar sobre a escolha deste. 9 20 Na hipótese de o gestor indicado pela assembléia-geral de credores recusar ou estar impedido de aceitar O encargo Para gerir 0s negócios do devedor, o juiz convocará, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, contado da recusa ou da declaração do impedimento nos autos, nova assembléia-geral, aplicado o disposto no 4 1'.

66. a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo

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evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o Comitê, com exceção daqueles previamente relacionados no plano de recuperação judicial. Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fomecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados extraconcursais, em caso de decretação de falência, respeitada, na que couber, a ordem estabelecida no art. 83. Parágrafo único. Os créditos quirografários sujeitos a recuperação judicial pertencentes a fomecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação judicial terão privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, no limite do valor dos bens ou serviços fornecidos durante o período da recuperação. Art. 68. As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS poderão deferir, nos termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). Art. 69. Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor sujeito ao procedimento de recuperação judicial deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a expressão "em Recuperação Judicial". Parágrafo único. O juiz determinará ao Registro Público de Empresas a anotação da recuperação judicial no registro correspondente.

Seção V

DO Plano Especial de Recuperação Judicial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

Art. 70. Sem prejuízo do disposto no art. 50, as microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 5 1 . Parágrafo único. Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditoç habilitados na recuperação judicial. A*. 71. O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo previsto no art. 53 e limitar-se á as seguintes condições: 1 - abrangerá exclusivamente 0s créditos quirografhrios, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais e 0s previstos nos §§ 3" e 40 do 49; 11 - preverá parcelament~ em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% asa. (doze por cento ao ano); 111 - preverá o pagamento da primeira parcela no Prazo máximo de 180 (cento e

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oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial; IV - estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados. Parágrafo único. O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano. Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 opte pelo pedido de recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não será convocada assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei. Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções, nos termo; do &. 55, de credores titulares de mais da metade dos créditos descritos no inciso 1 do art. 71.

Capítulo IV

DA CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA

Art. 73. O juiz decretará a falência durante O processo de recuperação judicial: I - por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42; 11 - pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53; 111 - quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do $40 do art. 56; IV - se não forem apresentadas as certidões de que trata O art. 57; V - pela decisão que, por qualquer outro motivo, julgue improcedente o pedido de recuperação judicial; VI - por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do 1 do 61. Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou 11 do art. 94, ou por prática de ato previsto no art. 94,111. A*. 74. Na convolação da recuperação em falência, 0s atos de administração endividamento, oneração ou alienação praticados durante a recuperação judicia; presumem-se desde que realizados na forma desta Lei.

Capítulo V

Seção I

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Disposições Gerais

Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo. Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta Lei. Art. 78. 0 s pedidos de falência estão sujeitos a distribuição obrigatória, respeitada a ordem de apresentação. Parágrafo único. As ações que devam ser propostas no juízo da falência estão sujeitas a distribuição por dependência. ~ r t . 79. OS processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros na ordem dos feitos, em qualquer instância. A*. 80. Considerar-se-ão habilitados 0s créditos remanescentes da recuperação judicial, quando definitivamente incluídos no quadro-geral de credores, tendo prosseguimento as habilitações que estejam em curso. hrt. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação a sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem.

1 0 O disposto no caput aplica-se ao sócio que tenha se retirado voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há menos de 2 (dois) anos, quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas atk a data da decretação da falência.

20 AS sociedades falidas serão representadas na falência por seus administradores ou liquidantes, as 'luais terão 0s mesmos direitos e, sob as mesmas penas, ficarão sujeitos às obrigações que cabem ao falido. A*. 82. p, responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas respectivas leis, será apurada no próprio juizo da falência, independentemente da

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realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, observado o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil.

l0 Prescreverá em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência, a ação de responsabilização prevista no caput. § 2" O juiz poderá, de oficio, ou mediante requerimento das partes interessadas, ordenar a indisponibilidade de bens particulares dos réus, em quantidade compatível com o dano provocado, até O julgamento da ação de responsabilização.

Seção 11

Da Classificação dos Créditos

Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece i seguinte ordem: I - os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e 0s decorrentes de acidentes de trabalho; I1 - créditos com garantia real até O limite do valor do bem gravado; 111 - créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; IV - créditos com privilégio especial, a saber: a) os previstos no art. 964 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; b) os assim definidos em outras leis civis e Comerciais, salvo disposiqão contrária desta Lei; c) aqueles a cujos titulares a lei confira 0 direito de retençqo sobre a coisa dada em garantia; V - créditos com privilégio geral, a saber: a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 2002; b) os previstos no parágrafo único do art. 67; c) 0s assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; VI - créditos quirografários, a saber: a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; b) 0s saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento; c) 0s saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso 1;

- as multas contratuais e as penas ~ecuniárias Por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; V111 - créditos subordinados, a saber: a) 0s assim previstos em lei ou em contrato; b) os dos sócios e dos administradores sem vínculo empregaticio

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5 1" Para os fins do inciso 11, será considerado como valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. 5 2" Não são oponíveis a massa os valores decorrentes de direito de sócio ao recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade. 5 3" As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência. 5 4" Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83, na ordem a seguir, os relativos a: I - remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; 11 - quantias fornecidas a massa pelos credores; 111 - despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV - custas judiciais relativas as ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; V - obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83.

Seção III

Do Pedido de Restituição

Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. Art. 86. proceder-se-á a restituição em dinheiro: I - se a não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o requerente receberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o respectivo preço, em ambos 0s casos no valor atualizado; 11 - da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma do afi. 75, $ 5 30 e 40, da Lei no 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o prazo

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total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente; 111 - dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé na hipótese de revogação ou ineficácia do contrato, conforme disposto no art. 136. Parágrafo único. As restituições de que trata este artigo somente serão efetuadas após o pagamento previsto no art. 15 1. Art. 87. O pedido de restituição deverá ser fundamentado e descreverá a coisa reclamada. 4 1 O O juiz mandará autuar em separado O requerimento com os documentos que o instruírem e determinara a intimação do falido, do Comitê, dos credores e do administrador judicial para que, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, se manifestem, valendo como contestação a manifestação contrária a restituição. $ 2" Contestado O pedido e deferidas as provas porventura requeridas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento, se necessária. 5 3 O Não havendo provas a realizar, os autos serão conclusos para sentença. Art. 88. A sentença que reconhecer o direito do requerente determinará a entrega da coisa no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Parágrafo único. Caso não haja contestação, a massa não será condenada ao pagamento de honorários advocatícios. Art. 89. A sentença que negar a restituição, quando for O caso, incluirá o requerente no quadro-geral de credores, na classificação que lhe couber, na forma desta Lei. Art. 90. Da sentença que julgar o pedido de restituição caberá apelação sem efeito suspensivo. Parágrafo único. O autor do pedido de restituição que pretender receber o bem ou a quantia reclamada antes do trânsito em julgado da sentença prestará caução. ~ r t . 91. O pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado. Parágrafo único. Quando diversos requerentes houverem de ser satisfeitos em dinheiro e não existir saldo suficiente para O pagamento integral, far-se-á rateio proporcional entre eles. Art. 92. O requerente que tiver obtido êxito no seu pedido ressarcirá a massa falida ou a quem tiver suportado as despesas de conservação da coisa reclamada. A*. 93. NOS casos em que não couber pedido de restituição, fica resguardado o direito dos credores de propor embargos de terceiros, observada a legislação processual civil.

Seção IV

Do Procedimento para a Decretação da Falência

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

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I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse O

equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; I1 - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia a penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 111 - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: a) procede i liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f ) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar 0s credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. $ 1" Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I.

2" Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que nela não se possam reclamar. $ 30 Na hipótese do inciso I, o pedido de falência será instruído com os títulos executivos na forma do ~arágrafo único do art. gO, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislação especifica. $ 40 Na hipótese do inciso 11, O pedido de falência será instruído com certidão expedida pelo juizo em que se processa a execução. 5 50 Na hipótese do inciso 111, O pedido de falência descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas. Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial. A*. 96. A falência requerida com base no art. 94, 1, não será decretada se o requerido provar: I - falsidade de título; I1 - prescrição; 111 - nulidade de obrigação ou de título;

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IV - pagamento da divida; V - qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; VI - vicio em protesto ou em seu instrumento; VI1 - apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 5 1; VI11 - cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado. $ 1" Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. 5 2" As defesas previstas nos incisos I a VI do caput não obstam a decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante que supere o limite previsto naquele dispositivo. Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: I - o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107; II - o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; 111 - o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV - qualquer credor.

1" O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. 5 2" O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata O art. 101. Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação.no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e 11 do art. 94, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará 0 kvantatnent0 do valor pelo autor. Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: I - conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores; 11 - fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-10 por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do primeiro protesto por falta de Pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; 111 - ao falido que apresente, no Prazo máximo de 5 (cinco) dias, relaçáo nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e

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classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência; IV - explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no Q; l 0 do art. 7"; V - ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos $8 1' e 2" do art. 6'; VI - proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente a autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI; VI1 - determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei; VI11 - ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda a anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102; IX - nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do art. 22,111, sem prejuízo do disposto no art. 35,II, a; X - determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido; X1 - pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109; XII - determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia- geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência; XIII - ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta gs Fazendas Públicas Federal e de todos 0s Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edita1 contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de ~I-edores. k. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação. A*. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na sentença que julgar improcedente o pedido, a indenizar O devedor, apurando-se as perdas e danos em liquidação de sentença.

l 0 Havendo mais de 1 (um) autor do pedido de falência, serão solidariamente responsáveis aqueles que se conduziram na forma prevista no caput. 5 20 por ação própria, o terceiro prejudicado também pode reclamar indenizaçgo dos responsáveis.

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Seção V

Da Inabilitação Empresarial, dos Direitos e Deveres do Falido

Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no 4 1" do art. 181. Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda a respectiva anotação em seu registro. Art. 103. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor. Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo 0s recursos cabíveis. Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres: I - assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicação do nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio, devendo ainda declarar, para constar do dito termo: a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores; b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas controladores, diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto social e a prova do respectivo registro, bem como suas alterações; c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios; d) 0s mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço do mandatário; e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento; f ) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato; g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em andamento em que for autor OU réu; 11 - depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os seus livros obrigatórios, a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por termos assinados pelo juiz; 111 - não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas cominadas na lei; IV - comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, quando não for indispensável sua Presença; V - entregar, sem demora, todos 0s bens, livros, papéis e documentos ao administrador judicial, indicando-lhe, Para serem arrecadados, os bens que porventura tenha em poder de terceiros;

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VI - prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência; VI1 - auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza; VI11 - examinar as habilitações de credito apresentadas; IX - assistir ao levantamento, a verificação do balanço e ao exame dos livros; X - manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz; XI - apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores; XII - examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial. Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que esta Lei lhe impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por crime de desobediência.

Seção VI

Da Falência Requerida pelo Próprio Devedor

Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juizo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: I - demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde O último exercício social; d) relatório do fluxo de caixa; 11 - relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos; 111 - relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade; IV - prova da condição de empresário, Contrato social OU estatuto em vigor ou, se não houver, a indicação de todos 0s sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais; V - 0s livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei; VI - relação de seus administradores nos Últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos endereços, suas funções e participa~ã0 societaria. A*. 106. ~ ã o estando o pedido regularmente instruido, O juiz determinará que seja emendado.

107 A sentença que decretar a falência do devedor observará a forma do

art. 99.

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Parágrafo único. Decretada a falência, aplicam-se integralmente os dispositivos relativos à falência requerida pelas pessoas referidas nos incisos I1 a IV do art. 97.

Seção VI1

Da Arrecadação e da Custódia dos Bens

Art. 108. Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador judicial efetuará a arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos bens, separadamente ou em bloco, no local em que se encontrem, requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias.

l 0 Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido ou qualquer de seus representantes ser nomeado depositário dos bens. i j 2" O falido poderá acompanhar a arrecadação e a avaliação. Ç; 3" O produto dos bens penhorados ou por outra forma apreendidos entrará para a massa, cumprindo ao juiz deprecar, a requerimento do administrador judicial, as autoridades competentes, determinando sua entrega. § 4" Não serão arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis. Ç; 5" Ainda que haja avaliação em bloco, o bem objeto de garantia real será também avaliado separadamente, para os fins do $ 1" do art. 83. Art. 109. O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a execução da etapa de arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores. Art. 110. O auto de arrecadação, composto pelo inventario e pelo respectivo laudo de avaliação dos bens, será assinado pelo administrador judicial, pelo falido ou seus representantes e por outras pessoas que auxiliarem ou presenciarem o ato. 9; 10 ~ ã o sendo possível a avaliação dos bens no ato da arrecadação, o administrador judicial requererá ao juiz a concessão de prazo para apresentação do laudo de avaliação, que não poderá exceder 30 (trinta) dias, contados da apresentação do auto de arrecadação. i j 2" Serão referidos no inventário: I - os livros e os auxiliares ou facultativos do devedor, designando- se o estado em que se acham, número e denominação de cada um, páginas escrituradas, data do início da escrituração e do último lançamento, e se os livros obrigatórios estão das formalidades legais; 11 - dinheiro, papéis, títulos de crédito, documentos e outros bens da massa falida; 111 - os bens da massa falida em poder de terceiro, a título de guarda, depósito penhor ou retenção;

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IV - os bens indicados como propriedade de terceiros ou reclamados por estes, mencionando-se essa circunstância. § 3" Quando possível, os bens referidos no 8 2" serão individualizados. 4 4" Em relação aos bens imóveis, o administrador judicial, no prazo de 15 (quinze) dias após a sua arrecadação, exibirá as certidões de registro, extraidas posteriormente a decretação da falência, com todas as indicações que nele constarem. Art. 1 1 1. O juiz poderá autorizar os credores, de forma individual ou coletiva, em razão dos custos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de classificação e preferência entre eles, ouvido o Comitê. Art. 112. Os bens arrecadados poderão ser removidos, desde que haja necessidade de sua melhor guarda e conservação, hipótese em que permanecerão em depósito sob responsabilidade do administrador judicial, mediante compromisso. Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, mediante autorização judicial, ouvidos O Comitê e O falido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. Art. 114. 0 administrador judicial poderá alugar OU celebrar outro contrato referente aos bens da massa falida, com o objetivo de produzir renda para a massa falida, mediante autorização do Comitê.

10 O contrato disposto no caput não gera direito de preferência na compra e não pode importar disposição total OU parcial dos bens. $ 2" O bem objeto da contratação poderá ser alienado a qualquer tempo, independentemente do prazo contratado, rescindindo-se, sem direito a multa, o contrato realizado, salvo se houver anuência do adquirente.

Seção VI11

Dos Efeitos da Decretação da Falência sobre as Obrigações do Devedor

Art. 115. A decretação da falência sujeita todos OS credores, que somente poderão exercer os seus direitos sobre 0s bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na foI'Ina que esta Lei prescrever. Ar[. 1 16. A decretação da falência suspende: I - o exercício do direito de retenção sobre 0s bens sujeitos a arrecadação, os quais deverão ser entregues ao administrador judicial; 11 - o exercício do direito de retirada OU de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos sócios da sociedade falida. A*. 117. os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo judicial se 0 cumprimento reduzir ou evitar o

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aumento do passivo da massa falida, ou for necessário a manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.

1" O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 1 O (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato. § 2 O A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografário. Art. 118. O administrador judicial, mediante autorização do Comitê, poderá dar cumprimento a contrato unilateral se esse fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida, ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o pagamento da prestação pela qual está obrigada. Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras: I - o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, a vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor; 11 - se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não continuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr a disposição da massa falida as coisas já recebidas, pedindo perdas e danos; 111 - não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera ou contratara a prestações, e resolvendo O administrador judicial não executar o contrato, o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe própria; IV - o administrador judicial, ouvido 0 Comitê, restituirá a coisa móvel comprada pelo devedor com reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores pagos; V - tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou mercado, e não se executando 0 contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado; VI - na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação respectiva; v11 - a falência do locador não resolve O contrato de locação e, na falência do locatário, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato; v111 - caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito do sistema financeiro nacional, nos termos da legislação vigente, a parte não falida poder& considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em que

liquidado na forma estabelecida em regulamento, admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a ser apurado em favor do falido com créditos detidos pelo contratante;

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IX - os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação específica, obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer. Art. 120. O mandato conferido pelo devedor, antes da falência, para a realização de negócios, cessará seus efeitos com a decretação da falência, cabendo ao mandatário prestar contas de sua gestão.

1" O mandato conferido para representação judicial do devedor continua em vigor até que seja expressamente revogado pelo administrador judicial. 8 2" Para o falido, cessa o mandato ou comissão que houver recebido antes da falência, salvo os que versem sobre matéria estranha a atividade empresarial. Art. 12 1. As contas correntes com o devedor consideram-se encerradas no momento de decretação da falência, verificando-se o respectivo saldo, Art. 122. Compensam-se, com preferência sobre todos os demais credores, as dívidas do devedor vencidas até o dia da decretação da falência, provenha o vencimento da sentença de falência ou não, obedecidos os requisitos da legislação civil. Parágrafo único. Não se compensam: I - os créditos transferidos após a decretação da falência, salvo em caso de sucessão por fusão, incorporação, cisão ou morte; ou 11 - os créditos, ainda que vencidos anteriormente, transferidos quando já conhecido O estado de crise econômico-financeira do devedor ou cuja transferência se operou com fraude ou dolo. Art. 123. Se o falido fizer parte de alguma sociedade comò sócio ~omandi tá r i~ ou cotista, para a massa falida entrarão somente 0s haveres que na sociedade ele possuir e forem apurados na forma estabelecida no contrato OU estatuto social. $ 10 Se o contrato ou O estatuto social nada disciplinar a respeito, a apuração far- se-á judicialmente, salvo se, por lei, pelo contrato ou estatuto, a sociedade tiver de liquidar-se, caso em que os haveres do falido, somente após o pagamento de todo o passivo da sociedade, entrarão para a massa falida.

$ 20 casos de condomínio indivisível de que participe O falido, o bem será vendido e deduzir-se-á do valor arrecadado o que for devido aos demais condôminos, facultada a estes a compra da quota-parte do falido nos termos da melhor proposta obtida. A~-. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, Se O apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados. Parágrafo único. ~xcetuam-se desta disposição 0s juros das debêntures e dos créditos com !garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia.

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Art. 125. Na falência do espólio, ficará suspenso o processo de inventário, cabendo ao administrador judicial a realização de atos pendentes em relação aos direitos e obrigações da massa falida. Art. 126. Nas relações patrimoniais não reguladas expressamente nesta Lei, o juiz decidirá o caso atendendo a unidade, a universalidade do concurso e à igualdade de tratamento dos credores, observado o disposto no art. 75. Art. 127. O credor de coobrigados solidários cujas falências sejam decretadas tem O direito de concorrer, em cada uma delas, pela totalidade do seu crédito, até recebê-lo por inteiro, quando então comunicará ao juízo. 5 1" O disposto no caput não se aplica ao falido cujas obrigações tenham sido extintas por sentença, na forma do art. 159. 5 2" Se o credor ficar integralmente pago por uma ou por diversas massas coobrigadas, as que pagaram terão direito regressivo contra as demais, em proporção a parte que pagaram e aquela que cada uma tinha a seu cargo. L$ 3" Se a soma dos valores pagos ao credor em todas as massas coobrigadas exceder o total do crédito, o valor será devolvido às massas na proporção estabelecida no 5 2". $ 4" Se os coobrigados eram garantes uns dos outros, o excesso de que trata o 9 3" pertencerá, conforme a ordem das obrigações, as massas dos coobrigados que tiverem o direito de ser garantidas. ~ r t . 128. 0 s coobrigados solventes e os garantes do devedor ou dos sócios ilimitadamente responsáveis podem habilitar o crédito correspondente às quantias pagas ou devidas, se O credor não se habilitar no prazo legal.

Seção IX

Da Ineficácia e da Revogação de Atos Praticados antes da Falência

Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: I - o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio titulo; 11 - o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; 111 - a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada; IV - a prática de atas a titulo gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência:

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V - a renúncia a herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência; VI - a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e

documentos; V11 - os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo. Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. Art. 13 1. Nenhuin dos atos referidos nos incisos I a 111 e V1 do art. 129 que tenham sido previstos e realizados na forma defínida no plano de recuperaçgo

judicial será declarado ineficaz ou revogado. Art. 132. A ação revocatória, de que trata O art. 130, deverá ser proposta pelo udliiinistrudoi judicial, por qualquer credor o u pelo Ministdrio Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência.

Art. 133. A açiio revocatória pode ser promovida: I - contra todos os que figuraram no ato, ou que por efeito dele foram pagos, garantidos ou beneficiados; 11 - contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, da intenqão do devedor de prejudicar 0s credores; 111 - contra 0s herdeiros ou legatários das pessoas indicadas nos incisos I e 11. Arte 134. A ação revocatória correrá perante o juízo da falência e obedecerá ao procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil. ~ r t . 135. A sentença que julgar procedente a ação revocatória determinará o retomo dos bens massa falida em espécie, com todos 0s acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos das perdas e danos- Parágrafo único. Da sentença cabe apelação. ~ , - t , 136, Reconhecida a ineficácia OU julgada procedente a ação revocatbria, as partes retomarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao de~edor.

10 Na hipótese de securitização de créditos do devedor, não será declarada a ineficácia oLi revogado O ato de cessão em prejuízo dos direitos dos portadores de mobiliários emitidos pelo securitizador.

5 20 É garantido ao terceiro de boa-fé, a qualquer tempo, propor ação por perdas e danos contra o devedor o11 seus garantes.

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Art. 137. O juiz poderá, a requerimento do autor da ação revocatória, ordenar, como medida preventiva, na forma da lei processual civil, o sequestro dos bens retirados do patrimônio do devedor que estejam em poder de terceiros. Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base em decisão judicial, observado o disposto no art. 13 1. Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, ficará rescindida a sentença que o motivou.

Seção X

Da Realização do Ativo

Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência, será iniciada a realização do ativo. Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência: I - alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; I1 - alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; 111 - alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; IV - alienação dos bens individualmente considerados.

1" Se convier a realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem ser adotadas mais de uma forma de alienação. § 2" A realização do ativo terá início independentemente da formação do quadro-geral de credores. tj 3" A alienação da empresa terá por objeto 0 conjunto de determinados bens necessários a operação rentável da unidade de produção, que poderá compreender a transferência de contratos específicos. 8 4O Nas transmissões de bens alienados na forma deste artigo que dependam de . . . registro público, a este servirá Com0 título aqulsltlv0 suficiente o mandado judicial respectivo. Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: I - todos OS credores, observada a ordem de preferência definida no art. 83, sub- rogam-se no produto da realização do ativo; 11 -0 objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. 9 10 O disposto no inciso I1 não se aplica quando 0 arrematante for: I - da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; 11 - parente, em linha reta OU colateral até 0 quarto grau, consangüíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou

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I11 - identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão, 5 2" Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos mediante novos contratos de trabalho e o arrematante não responde por obrigações decorrentes do contrato anterior. Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo A orientação do Comitê, se houver, ordenará que se proceda a alienação do ativo em uma das seguintes modalidades: I - leilão, por lances orais; I1 - propostas fechadas; 111 - pregão. 5 1" A realização da alienação em quaisquer das modalidades de que trata este artigo será antecedida por publicação de anúncio em jornal de ampla circulação, com 15 (quinze) dias de antecedência, em se tratando de bens móveis, e com 30 (trinta) dias na alienação da empresa OU de bens imóveis, facultada a divulgação por outros meios que contribuam para o amplo conhecimento da venda. 5 2' A alienação dar-se-á pelo maior valor oferecido, ainda que seja inferior ao valor de avaliação. 5 3" No leilão por lances orais, aplicam-se, no que couber, as regras do Código de Processo Civil. 8 4" A alienação por propostas fechadas ocorrerá mediante a entrega, em cartório e sob recibo, de envelopes lacrados, a serem abertos pelo juiz, no dia, hora e local designados no edita], lavrando o escrivão o auto respectivo, assinado pelos presentes, e juntando as propostas aos autos da falência.

5" A venda por pregão constitui modalidade híbrida das anteriores, comportando duas fases: I - recebimento de propostas, na f ~ m a do 4 3"; 11 - leilão por lances orais, de que participarão somente aqueles que apresentarem propostas não inferiores a 90% (noventa por cento) da maior proposta ofertada, na forma do 5 2". § 6" A venda por pregão respeitará as seguintes regras: 1 - recebidas e abertas as propostas na forma do 4", O juiz ordenará a notificação dos ofertantes, cujas propostas atendam ao requisito de seu inciso 11, para comparecer ao leilão; 11 - o valor de abertura do leilão será O da proposta recebida do maior ofertante presente, considerando-se esse valor como lance, ao qual ele fica obrigado; 111 - caso não compareça ao leilão o ofertante da maior proposta e não seja dado lance igual ou superior ao valor por ele ofertado, fica obrigado a prestar a diferença constituindo a respectiva certidão do juízo título executivo para a cobrança dos valores pelo administrador judicial.

5 70 qualquer modalidade de alienação, 0 Ministério PUblico será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade- A*. 143. Em qualquer das modalidades de alienação referidas no art. 142 poderão ser apresentadas impugnações Por quaisquer credores, pelo devedor o;

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pelo do Ministério Público, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da arrematação, hipótese em que os autos serão conclusos ao juiz, que, no prazo de 5 (cinco) dias, decidirá sobre as impugnações e, julgando-as improcedentes, ordenará a entrega dos bens ao arrematante, respeitadas as condições estabelecidas no edital. Ari. 144. Havendo motivos justificados, O juiz poderá autorizar, mediante requerimento fundamentado do administrador judicial ou do Comitê, modalidades de alienação judicial diversas das previstas no art. 142. Art. 145. O juiz homologará qualquer outra modalidade de realização do ativo, desde que aprovada pela assembléia-geral de credores, inclusive com a constituição de sociedade de credores ou dos empregados do próprio devedor, com a participação, se necessária, dos atuais sócios ou de terceiros. C$ 1" Aplica-se i sociedade mencionada neste artigo o disposto no art. 141. tj 2" No caso de constituição de sociedade formada por empregados do próprio devedor, estes poderão utilizar créditos derivados da legislação do trabalho para a aquisição ou arrendamento da empresa. 5 3" Não sendo aprovada pela assembléia-geral a proposta alternativa para a realizaCão do ativo, caberá ao juiz decidir a forma que será adotada, levando em conta a manifestação do administrador judicial e do Comitê. Art. 146. Em qualquer modalidade de realização do ativo adotada, fica a massa falida dispensada da apresentação de certidões negativas. ~ r t . 147. As quantias recebidas a qualquer titulo serão imediatamente depositadas em conta remunerada de instituição financeira, atendidos 0s requisitos da lei ou das normas de organização judiciária. Art. 148. O administrador judicial fará constar do relatório de que trata o art. 22 Y

1x1, p, 0s valores eventualmente recebidos no mês vencido;explicitando a forma de distribuição dos recursos entre OS credores, observado o disposto no art. 149.

Seção XI

Do Pagamento aos Credores

Art. 149. Realizadas as restituições, pagos 0s créditos extraconcursais, na forma do art. 84, e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com a realização do ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à prevista no art. 83, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que determinam reserva de importâncias. g; l0 Havendo reserva de importâncias, 0s valores a ela relativos ficarão depositados até o julgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este finalmente no todo ou em Parte, 0s recursos depositados serão objet<l de rateio suplementar entre OS credores relllanescentes.

20 os credores que não procederem, no Prazo fixado pelo juiz, ao levantamento dos que Ihes couberam em rateio serão intimados a fazê-lo

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no prazo de 60 (sessenta) dias, após o qual os recursos serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes. Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável a administração da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no art. 99, XI, serão pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. Art. 15 1. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores a decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. Art. 152. 0 s credores restituirão em dobro as quantias recebidas, acrescidas dos juros legais, se ficar evidenciado dolo ou má-fé na constituição do crédito ou da garantia. Art. 153. Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido.

Seção XII

Do Encerramento da Falência e da Extinção das Obrigações do Falido

Art. 154. Concluída a realização de todo o ativo, e distribuído o produto entre 0s credores, o administrador judicial apresentará suas contas ao juiz no prazo de 30 (trinta) dias. rj 1 " As contas, acompanhadas dos documentos comprobatórios, serão prestadas em autos apartados que, ao final, serão apensados aos autos da falência. tj 2" O juiz ordenará a publicação de aviso de que as contas foram entregues e se encontram à disposição dos interessados, que poderão impugná-las no prazo de 1 O (dez) dias. 9 3" Decorrido o prazo do aviso e realizadas as diligências necessárias à apuração dos fatos, o juiz intimará o Ministério Público para manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias, fíndo o qual O administrador judicial será ouvido se houver impugnação ou parecer contrário do Ministério Público. &j 4" Cumpridas as providências previstas nos &j$ 2" e 3", 0 juiz julgará as contas por sentença. 4 50 A sentença que rejeitar as contas do administrador judicial fixará suas responsabilidades, poderá determinar a indisponibilidade ou o sequestro de bens e servirá como título executivo para indenização da massa. S; 6" Da sentença cabe apelação. Art. 155. Julgadas as contas do administrador judicial, ele apresentará o relatório final da falência no prazo de 10 (dez) dias, indicando o valor do ativo e o do

de sua reaiizaçiio, o valor do passivo e 0 dos pagamentos feitos aos credores, e especificará justilicadamente as responsabilidades com que

continuará o falido. k. 156. Apresentado o relatório final, O ~ U ~ Z encerrará a falência por sentença.

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Parágrafo único. A sentença de encerramento será publicada por edital e dela caberá apelação. Art. 157. O prazo prescricional relativo as obrigações do falido recomeça a correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento da falência. Art. 158. Extingue as obrigações do falido: I - o pagamento de todos os créditos; 11 - o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; I11 - o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV - o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei. Art. 159. Configurada qualquer das hipóteses do art. 158, o falido poderá requerer ao juizo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por sentença. $ 1" O requerimento será autuado em apartado com os respectivos documentos e publicado por edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação. $ 2" No prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação do edital, qualquer credor pode opor-se ao pedido do falido. $ 3" Findo o prazo, o juiz, em 5 (cinco) dias, proferirá sentença e, se o requerimento for anterior ao encerramento da falência, declarará extintas as obrigações na sentença de encerramento. 5 4" A sentença que declarar extintas as obrigações será comunicada a todas as pessoas e entidades informadas da decretação da falência. $5" Da sentença cabe apelação. Ij 6" Após o trânsito em julgado, os autos serão apensados aos da falência. Art. 160. Verificada a OU extintas as obrigações nos termos desta Lei, O sócio de responsabilidade ilimitada também poderá requerer que seja declarada por sentença a extinção de suas obrigações na falência.

Capitulo VI

DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Art. 161. O devedor que preencher 0s requisitos do art. 48 poderá propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. Ij 1" Não se aplica o disposto neste capítulo a titulares de créditos de natureza tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, assim como aqueles previstos nos arts. 49, $ 3", e 86,II, desta Lei.

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5 2" O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. 5 3' O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. 4 4" O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. 4 5" Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários. 5 6" A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, 111, do Código de Processo Civil. Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juizo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e O documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram. Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos OS credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de três quintos de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. 9: i" O piano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de créditos previstos no art. 83, 11, IV, V, VI e VIII, ou g n p o de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma vez homologado, obriga a todos os credores das espécies por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos constituídos até a data do pedido de homologação. 5 2" Não serão considerados para fins de apuração do percentual previsto no caput os créditos não incluídos no plano de recuperação extrajudicial, os quais não poderão ter seu valor ou condições originais de pagamento alteradas. tj 3" para fins exclusivos de apuração do percentual previsto no caput: I - o crédito em moeda estrangeira será convertido Para moeda nacional pelo câmbio da véspera da data de assinatura do plano; e 11 - não serão computados 0s créditos detidos pelas pessoas relacionadas no art. 43. $ 4" Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante a aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. 8 50 N~~ em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação extrajudicial.

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$ 6" Para a homologação do plano de que trata este artigo, além dos documentos previstos no caput do art. 162, o devedor deverá juntar: I - exposição da situação patrimonial do devedor; I1 - as demonstrações contabeis relativas ao último exercício social e as levantadas especialmente para instruir O pedido, na forma do inciso I1 do art. 5 1; e 111 - os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar OU

transigir, relação nominal completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, O regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente. Art. 164. Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial previsto nos arts. 162 e 163, O juiz ordenará a publicação de edita1 no órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, convocando todos os credores do devedor para apresentação de suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial, observado o $3". $ 1" No prazo do edital, deverá o devedor comprovar O envio de carta a todos 0s credores sujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, informando a distribuição do pedido, as condições do plano e prazo para impugna~ão. 5 2" Os credores terão prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do edita[, para impugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito. 13 3" Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores somente poderão alegar: I - não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do art. 163; I1 - prática de qualquer dos atos previstos no inciso 111 do art. 94 ou do art. 130, ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei; 111 - descumprimento de qualquer Outra exigência legal.

4" Sendo apresentada impugnação, será aberto Prazo de 5 (cinco) dias para que o devedor sobre ela se manifeste. 8 5" Decorrido o prazo do 4 4", os autos serão conclusos imediatamente ao juiz para apreciação de eventuais impugnações e decidirá, no prazo de 5 (cinco) dias, acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença se entender que não implica prática de atos previstos no art. 130 e que não há outras irregularidades que recomendem sua rejeição. 13 6" Havendo prova de simulação de créditos ou vício de representação dos credores que subscreverem o plano, a sua homologação será indeferida. Cj 7" Da sentença cabe apelação sem efeito suspensivo. 5 8" Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. A*. 165. O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua homologação judicial.

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$ 1" E licito, contudo, que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, desde que exclusivamente em relação a modificação do valor OU

da forma de pagamento dos credores signatários. 9: Z0 Na hipótese do 4 I", caso o plano seja posteriormente rejeitado pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o direito de exigir seus créditos nas condições originais, deduzidos os valores efetivamente pagos. Art. 166. Se o plano de recuperação extrajudicial homologado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado, no que couber, O disposto no art. 142. Art. 167. O disposto neste capítulo não implica impossibilidade de realização de outras modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores.

Capítulo VI1

DAS DISPOSIÇÕES PENAIS

Seção I

Dos Crimes em Espécie Fraude a credores

Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem. Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Aumento da pena 5 1' A pena aumenta-se de um sexto a um terço, se o agente: I - elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos; I1 - omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, ou altera escrituração ou balanço verdadeiros; 111 - destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em computador ou sistema informatizado; IV - simula a composição do capital social; V - destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração contábil obrigatórios. Contabilidade paralela 8 20 A pena é aumentada de um terço até metade se o devedor manteve ou movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. Concurso de pessoas 5 3" Nas mesmas penas incidem OS contadores, técnicos contábeis, auditores e outros ~rofissionais que, de qualquer modo* concorrerem para as condutas criminosas descritas neste artigo, na medida de sua culpabilidade.

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Redução ou substituição da pena $ 4' Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte, não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, poderá O juiz reduzir a pena de reclusão de um a dois terços ou substituí-ia pelas penas restritivas de direitos, pelas de perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços a comunidade ou a entidades públicas. Violação de sigilo empresarial Art. 169. Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou dados confidenciais sobre operações OU serviços, contribuindo para a condução do devedor a estado de inviabilidade econômica ou financeira: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Divulgação de informações falsas Art. 170. Divulgar o u propaiar, por qualquer lnei0, informação falsa sobre devedor em recuperação judicial, com 0 fim de levá-lo a falência ou de obter vantagem: Pena -reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Indução a erro Art. 171. Sonegar ou omitir informações ou prestar informações falsas no processo de falência, de recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial, com o fim de induzir a erro o juiz, O Ministério Público, os credores, a assembléia-geral de credores, o Comitê OU O administrador judicial: Pena -reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Favorecimento de credores Art. 172. Praticar, antes ou depois da sentença que decreta? a falência, conceder a recuperaqão judicial ou homologar plano de recuperação extrajudicial, ato de disposição ou oneração patrimonial ou gerador de obrigação, destinado a favorecer um ou mais credores em prejuízo dos demais: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o credor que, em conluio, possa beneficiar-se de ato previsto no caput. Desvio, ocultação ou apropriação de bens Art. 173. Apropriar-se, desviar ou ocultar bens Pertencentes ao devedor sob recuperaqão judicial ou a massa falida, inclusive Por meio da aquisição por interposta pessoa: Pena - reclusão, de 2 (dois') a 4 (quatro) anos, e multa. Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens Art. 174. Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa falida ou influir para que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Habilitação ilegal de crédito

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Art. 175. Apresentar, em falência, recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, relação de créditos, habilitação de créditos ou reclamação falsos, ou juntar a elas título falso ou simulado: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Exercício ilegal de atividade Art. 176. Exercer atividade para a qual foi inabilitado ou incapacitado por decisão judicial, nos termos desta Lei: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Violação de impedimento Art. 177. Adquirir o juiz, o representante do Ministério Público, o administrador judicial, o gestor judicial, o perito, O avaliador, O escrivão, o oficial de justiça ou o leiloeiro, por si ou por interposta pessoa, bens de massa falida ou de devedor em recuperação judicial, ou, em relação a estes, entrar em alguma especulação de lucro, quando tenham atuado nos respectivos processos: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Omissão dos documentos contábeis obrigatórios Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios: Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.

Seção I I

Disposições Comuns

Art. 179. Na falência, na recuperação judicial e na recuperação extrajudicial de sociedades, os seus sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de direito, bem como o administrador judicial, equiparam-se ao devedor ou falido para todos os efeitos penais dwmentes desta Lei, na medida de sua culpabilidade. Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 é condição objetiva de punibilidade das infi-ações penais descritas nesta Lei. Art. 18 1. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: I - a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; 11 - o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; 111 - a impossibilidade de gerir empresa por mandato OU por gestão de negócio. 5 1" 0 s efeitos de que trata este artigo não sã0 automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal.

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4 2' Transitada em julgado a sentença penal condenatória, sera notificado o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados. Art. 182. A prescrição dos crimes previstos nesta Lei reger-se-á pelas disposições do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), começando a correr do dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação do de recuperação extrajudicial. Parágrafo único. A decretação da falência do devedor interrompe a prescrição cuja contagem tenha iniciado com a concessão da recuperação judicial ou com a homologação do plano de recuperação extrajudicial.

Seção 111

Do Procedimento Penal

Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta Lei. Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, 4 1°, sem que o representante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado O prazo decadencial de 6 (seis) meses. Art. 185. Recebida a denúncia ou a queixa, observar-se-á 0Yit0 previsto nos arts. 531 a 540 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). Art. 186. No relatório previsto no art. 22, 111, e, o administrador judicial apresentará ao juiz da falência exposição circunstanciada, considerando as causas da falência, o procedimento do devedor, antes e depois da sentença, e outras informações detalhadas a respeito da conduta do devedor e de outros responsáveis, se houver, por atos que possam constituir crime relacionado com a recuperação judicial ou com a falência, OU outro delito conexo a estes. Parágrafo único. A exposição circunstanciada será instruída com laudo do contador encarregado do exame da escrituração do devedor. h. 187. Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, o Ministério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura de inquérito policial. 4 l0 O prazo para oferecimento da denúncia regula-se pelo art. 46 do Código de Processo Penal, salvo se o Ministério Público, estando O réu solto ou afiançado,

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decidir aguardar a apresentação da exposição circunstanciada de que trata o art. 186 desta Lei, devendo, em seguida, oferecer a denúncia em 15 (quinze) dias. 9 2" Em qualquer fase processual, surgindo indícios da prática dos crimes previstos nesta Lei, o juiz da falência ou da recuperação judicial ou da recuperação extrajudicial, cientificará o Ministério Público. Art. 188. Aplicam-se subsidiariamente as disposições do Código de Processo Penal, no que não forem incompatíveis com esta Lei.

Capítulo VI11

Art. 189. Aplica-se a Lei no 5.869, de 1 1 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei. Art. 190. Todas as vezes que esta Lei se referir a devedor ou falido, compreender-se-á que a disposição também se aplica aos sócios ilimitadamente responsáveis. Art. 191. Ressalvadas as disposições específicas desta Lei, as publicações ordenadas serão feitas preferencialmente na imprensa oficial e, se o devedor OU

a massa falida comportar, em jornal OU revista de circulação regional ou nacional, bem como em quaisquer outros periódicos que circulem em todo o país. Parágrafo único. AS publicações ordenadas nesta Lei conterão a epigrafe "recuperação judicial de", "recuperação extrajudicial de" OU "falência de". Art. 192. Esta Lei não se aplica aos processos de falência ou de concordata ajuizados anteriomente ao início de sua vigência, que Serão concluídos nos termos do Decreto-Lei no 7.661, de 21 de junho de 1945. 5 l 0 Fica vedada a concessão de concordata suspensiva nos processos de falência em curso, podendo ser promovida a alienação dos bens da massa falida assim que concluída sua arrecadação, independentemente da formação do quadro-geral de credores e da conclusão do inquérito judicial. 4 2" A existência de pedido de concordata anterior à vigência desta Lei não obsta o pedido de recuperação judicial pelo devedor que não houver descumprido obrigação no âmbito da concordata, vedado, contudo, o pedido baseado no plano especial de recuperação judicial para microem~resas e empresas de pequeno porte a que se refere a seção V do capitulo I11 desta Lei. 5 3" NO caso do 4 2 O , se deferido o processamento da recuperação judicial, o processo de concordata será extinto e OS créditos submetidos à concordata serão inscritos por seu valor original na recuperação judicial, deduzidas as parcelas pagas pelo concordatario. 5 40 Esta Lei aplica-se as falências decretadas em sua vigência resultantes de convo~ação de concordatas ou de pedidos de falência anteriores, às quais se

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aplica, até a decretação, o Decreto-Lei no 7.661, de 1945, observado, na decisão que decretar a falência, o disposto no art. 99 desta Lei. Art. 193. O disposto nesta Lei não afeta as obrigações assumidas no âmbito das câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira, que serão ultimadas e liquidadas pela câmara ou prestador de serviços, na forma de seus regulamentos. Art. 194. O produto da realização das garantias prestadas pelo participante das câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação financeira submetidos aos regimes de que trata esta Lei, assim como os títulos, valores mobiliários e quaisquer outros de seus ativos objetos de compensação ou liquidação, serão destinados a liquidação das obrigações assumidas no âmbito das câmaras ou prestadoras de serviços. Art. 195. A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implica extinção da concessão, na forma da lei. Art. 196. Os Registros Públicos de Empresas manterão banco de dados público e gratuito, disponível na rede mundial de computadores, contendo a relação de todos os devedores falidos ou em recuperação judicial. Parágrafo único. Os Registros Públicos de Empresas deverão promover a integração de seus bancos de dados em âmbito nacional. Art. 197. Enquanto não forem aprovadas as respectivas leis específicas, esta Lei aplica-se subsidiariamente, no que couber, aos regimes previstos no Decreto-Lei no 73, de 21 de novembro de 1966, na Lei no 6.024, de 13 de março de 1974, no Decreto-Lei no 2.321, de 25 de fevereiro de 1987, e na Lei no 9.514, de 20 de novembro de 1997. Art. 198. 0 s devedores proibidos de requerer concordata nos termos da legislação específica em vigor na data da publicação desta Lei ficam proibidos de requerer recuperação judicial ou extrajudicial nos termos desta Lei. Art. 199. Não se aplica o disposto no art. 198 as sociedades a que se refere o arte 187 da Lei 7.565, de 19 de dezembro de 1986. Parágrafo único. Na recuperação judicial e na falência das sociedades de que trata o caput, em nenhuma hipótese ficará suspenso o exercício de direitos derivados de contratos de arrendamento me~cantil de aeronaves ou de suas partes. Art. 200. Ressalvado o disposto no art. 192, ficam revogados o Decreto-Lei no 7.661, de 21 de junho de 1945, e os arts. 503 a 512 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 194 1 (Código de Processo Penal). A*. 201. Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação.

Senado Federal. em de julho de 2004

Senador José Sarney Presidente do Senado Federal

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