lopes galvÃo conclusão e bibliografia

11
[a que vace precisa saber sabre...] Tftulo Hist6ria da Educa<rao Eliane Marta Teixeira Lopes Ana Maria de Oliveira Ga/viio Colc9io [0 que voc~ precisa saber sobre...] Organizadores Paulo Ghiraldelli Jr. (Unesp, Marilia) e Nadja Hermann (UFRS) ConseUw Edirorial Alberto Tosi Rodrigues (UFES) , James Marshall (Auckland University), L. Henrique Araujo Dutra (UFSC), Michael Peters (Auckland University), Waldomiro Jose da Silva Filho (UFBA) Edicores Associados Caetano Emesto Plastino (USP), Marcus Vinicius Cunha (Unesp, Araraquara), Pedro Pagni (Unesp, Marilia), Silvio Gallo (Unicamp), Raquel Moraes (UnB), T.~rsoBonilha Mazotti (UFRJ), Sofia Srein(UFGO), Srella Accorinti (Argentina) Historia da Educa~ao RCliisao deprovas Daniel Seidl ProjelO gYlifico e diagrama,iio Maria Gabriela Delgado Capa Rodrigo Murtinho Eliane Marta Teixeira Lopes Ana Maria de Oliveira Galvao 2il edi~ao CIP-BRASIL. Cataloga,ao-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ 851h Lopes, Eliane Marta Teixeira Historia da Educa,ao IEliane Marta Teixeira Lopes, Ana Maria de Oliveira Galvao. - Rio de Janeiro: DP&A, 2005, 2. ed. . - (0 que voce precisa saber sobre) 14x21cm lZOp. Inclui bibliografia ISBN: 85-7490-346-9 ~ DP&A editor a. I. Educa,ao - Historia. \. Galvao, Ana Maria de Oliveira. II. Tftulo III. Serie. CDD 370.9 CDU 37(091)

Upload: vitor-dias

Post on 15-Dec-2015

13 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

edu

TRANSCRIPT

Page 1: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

[a que vace precisa saber sabre...]Tftulo

Hist6ria da Educa<rao

Eliane Marta Teixeira Lopes

Ana Maria de Oliveira Ga/viio

Colc9io

[0 que voc~ precisa saber sobre...]

Organizadores

Paulo Ghiraldelli Jr. (Unesp, Marilia) e Nadja Hermann (UFRS)

ConseUw Edirorial

Alberto Tosi Rodrigues (UFES) , James Marshall (Auckland University),

L. Henrique Araujo Dutra (UFSC), Michael Peters (Auckland University),

Waldomiro Jose da Silva Filho (UFBA)

Edicores Associados

Caetano Emesto Plastino (USP), Marcus Vinicius Cunha (Unesp, Araraquara),

Pedro Pagni (Unesp, Marilia), Silvio Gallo (Unicamp), Raquel Moraes (UnB),

T.~rsoBonilha Mazotti (UFRJ), Sofia Srein(UFGO), Srella Accorinti (Argentina)

Historia da Educa~ao

RCliisao deprovasDaniel Seidl

ProjelO gYlifico e diagrama,iio

Maria Gabriela Delgado

Capa

Rodrigo Murtinho

ElianeMarta Teixeira LopesAna Maria de Oliveira Galvao

2il edi~ao

CIP-BRASIL.Cataloga,ao-na-fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

851h

Lopes, Eliane Marta Teixeira

Historia da Educa,ao IEliane Marta Teixeira Lopes,Ana Maria de Oliveira

Galvao. - Rio de Janeiro: DP&A, 2005, 2. ed.

. - (0 que voce precisa saber sobre)14x21cm

lZOp.

Inclui bibliografiaISBN: 85-7490-346-9 ~

DP&Aeditor a.

I. Educa,ao - Historia. \. Galvao, Ana Maria de Oliveira. II. Tftulo III. Serie.

CDD370.9CDU 37(091)

Page 2: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

Aguisa de condusao

A LITERATURAE UMA DAS MANEIRASDE EXPRESSARa vida atraves da

linguagem, em prosa ou verso; de forma popular ou erudita;agradando a muitos ou a poucos. "Minha escola", 0 poema aseguir, talvez se refira a escola que freqiientou seu autor. Outros

escritores ja trataram desse tema: no Brasil e em outros pafsesdo mundo, na atualidade ou em seculos anteriores, a escola

vem sendo tematizada pel a literatura. Assim, certamente cabe

a pergunta: por que este poema e nao outro? Mas cabe a resposta:por que nao este? Fizemos um exerdcio de decriptar2 0 poema,

nao para que ele ficasse mais acessfvel, pois ele ja 0 e, alem dedelicado e bonito. Apenas esbo~amos este trabalho para que 0leitor e a leitora sintam-se convidados a conferir significados,

atraves de associa~oes e de remissoes ao que nao esta no texto -situa~oes, palavras, informa~oes... - e, assim, fazer uma das

muitas leituras possfveis do ponto de vista da Historia, da Historiada Educa~ao. Ressaltamos que 0 que fizemos nao e nenhumtipo de pesquisa: e uma leitura, ja que para formarmos esses

links, essas liga~oes, muitas outras pessoas fizeram pesquisas em

muitas areas do conhecimento. Se tivessemos feito uma pesquisapropriamente dita, certamente muitas outras associa~oes teriam

sido feitas para que, depois, pudessemos escrever um novo textoe contar uma historia... Pesquisa, como procuramos deixar claro,se faz com fontes, e quantas mais houver, melhor.

2 De- + -cript(o)- + -ar = Traduzir ou decifrar mensagens cifradas, das quais nao setern a chave.

Page 3: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

98 HIsr6RIA DA EDUCA<;:AO

Minha escola

Ascenso Ferreira

A escola que eu freqiientava era cheia de grades como as pris6es.

Eo meu Mestre, carrancudo como urn dicionario;

Complicado como as Matematicas;

Inacessfvel como Os Lusfadas de Cam6es!

Asua porta eu estava sempre hesitante

De urn lado a vida... A minha adoravel vida de crian~a:

Pinh6es... Papagaios... Carreiras aosol...

Voos de trapezio a sombra da mangueira!

Saltos de ingazeira pra dentro do rio...

Jogos de castanhas...

- 0 meu engenho de barro de fazer me!!

Do outro lado, aquela tortura:'~s armas e os bar6es assinalados!"

- Quantas ora~6es?

- Qual e 0 maior rio da China?

- A2 + 2AB = quanto?

- Que e curvilfneo, convexo?

- Menino, venha dar sua Ii~ao de retorica!

- "Eu come~o, atenienses, invocando

a prote~ao dos deuses do Olimpo

para os destinos da Grecia!"

- Muito bem! Isto e do grande Demostenes!

- Agora a de frances:

- "Quand Ie christianisme avait apparu sur la terre..."- Basta.

- Hoje temos sabatina...

- 0 argumento e a bolo!

- Qual e a distancia da Terra ao Sol?

-I!!

A GUISA DE CONClUSAO99

- Nao sabe? Passe a mao a palmatoria!

- Bern, amanha quero isso de cor...

Felizmente, a boca da noite,

Eu tinha uma velha que me contava hist6rias...

Lindas hist6rias do reino da Mae-d'Agua...

Erne ensinava a tomar a ben~ao a lua nova

Page 4: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

Minha escola

Ascenso Ferreira I

A escola que eu freqiientava era cheia de grades como as pris6es.2

I FERREIRA, Ascenso (1895-1965). Nasceu em Palma res, zona da" mat a de

Pernambuco, regiao de engenhos de ac;ucar, onde viveu a infancia. "Por esse

tempo Ascenso nao era ainda, como e hoje, grande em tres dimensoes. Ate os

vinte e quatro anos foi tao magro que Ihe puseram apelido de 'tabica de

senhor de engenho'. Depois e que principiou a botar corpo. Meteu-se na

polftica e por causa dela teve de deixar a cidade natal. No Recife, onde sefixou, entrou a recitar nas ruas e em casa de amigos os seus primeiros versos,"

(Manuel Bandeira). De inicio parnasiano, ficou conhecido mesmo por seus

poemas modernistas, feitos mais para serem recitados em voz alta em seroes

coletivos - pnitica comum na epoca - do que para serem lidos solitaria esilenciosamente.O ritmo e marca fundamental de seus poemas mais conhecidos.

A arquitetura das escolas, freqiientemente, e associadaaquela das prisoes. Inspirados na arquitetUra deconventos, manicomios e seminarios, os colegiosreligiosos, antes do advento das escolas publicas, eramquase uma contin'oac;ao dos presidios, cercados degrades, com separac;oes por todos os lados, disciplinarigida, ordem meticulosamente observada. Por muitotempo, 0 internato, mesmo leigo, foi concebido como 0espac;o educativo por excelencia: nele as crianc;as seconservariam longe dos perigos da vida mundana, emurn local sistematicamente planejado para seremformadas. As escolas publicas mudam urn pouco essaconcepc;ao arquitetonica, mas a ideia de separac;ao domundo e lugar de tortura, porque separadas das coisasque as crianc;asamam, permanece. Permanece tambem aideia de que a escola, assim como os presidios, servempara corrigir e modelar as crianc;as. Quase todos osautores de romances, memorias, autobiografias quandovao se referir as suas escolas fazem comparac;oes com asprisoes. Muitos dizem que, no internato, tal como ocorreentre os presidiarios, ficavam riscando os dias, noscalendarios, que ainda restavam para que tcrminassemde cumprir a "sentenc;a".

Page 5: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

102HIST6RIA DA EDUCA~AO

Eo meu Mestre, Jcarrancudo como um dicionario;4

J No diciomlrio Aurelio vamos encontrar

varias acep\;oes para "mestre": homem

que ensina; professor; aquele que eperito ou versado numa ciencia ou arte;

homem superior e de muito saber;

artifice em rela\;ao aos seus oficiais;titulo dado a artista, cientista ou

escritor eminente, em sinal de respeito;

chefe de operarios; mestre-de-obras;diretor espiritUal; mentor, confessor;

aquele que tern 0 mestrado; capitao de

embarca\;ao; titulo dado aos compositores

mais famosos de musica religiosabizantina; Bras.N.E. Titulo dado a todoborn tocador,principalmente de sanfona;mestre de meninos; mestre-escola;mestre de primeiras letras.o feminino e mestra. 0 professor eraassim chamado: mestre-escola, mestredas primeiras letras. No Brasil, noperiodo colonial, no seculo XIXe mesmono inicio do seculo XX, quando eraainda pequena a existencia de espa\;osfom1ais de escolariza\;iio, era bastantefreqiiente a contrata~ao de urnprofessor,0 mestre-escola, por donos deengenhos ou fazendas, para ensinar aseus filhos no interior das propriedadesrurais. Ele era, ao mesmo tempo, 0mestre e a escola. A professora eramestra: "A gente chegava - Ben~a,Mestra",lembra Cora Coralina.

Havia uma ideia de que 0 dicionarioera para gente sabia e erudita, em geralconfundida com carrancuda, mal-humorada, emburrada - talvez peloemprego didatico e obrigat6rio nasescolas que 0 torna cada vez menosurn objeto de respostas a curiosidadesdas pr6prias pessoas. Em vez disso, 0dicionario e urn utensilio de trabalhoe e imensa a riqueza que a consultaentre os de varias especialidades podetrazer.

AGUISA DE CONCLusAo 103

I Complicadocomoas Matematicasj5

I lnac=fveI como0, L",raJa,deC'mO,,"

Uma disciplina, aparentemente como outra qualquer,a matematica e sempre 0 bicho-papao dos estudantes.Tambem os professores se convertem em bichos-papoes esao detestados pela maioria dos alunos.)a que alguns ateacham que e uma ma-tematica, afinal, por que tantadificuldade? Por que ao longo da hist6ria sustenta-se 0medo pelos calculos, pela aritmetica e a matematica? Naosera certamente por falta da inova~o em metodos e tecnicasde ensino, modifica~oes nos currfculos e gradescurriculares. Por que sera, entao?

6 Os LusEadase urnpoema epico de Luis de Cam6es e foipublicado em1572. Portugal, pais que colonizou terras de ultramar, foi chamadopelos romanos de Lusitania. Lusiada e uma referencia a mitologia,ao filho ou descendente de Baco - Luso - que teria povoado a

parte mais ocidental da Peninsula Iberica. A a\;ao do poema descrevea descoberta dos caminhos para india por Vasco da Gama.Em quase todas as escolas estudava-se muito cedo Os LusEadas,

que e urn poema de muita dificuldade, embora de muita beleza.

Na epoca a que se refere Ascenso Ferreira em seu poema, era

ainda relativamente pequena a produ\;ao de livros didaticos

brasileiros (que s6 se inicia sistematicamente na segunda metade

do seculo XIX) e a obra de Camoes era utilizada com esse fim,como atestam varias outras fontes. Temos em nossos acervos uma

edi~ao da obra Nooa edi~ao escalar brasileira F.T.D. Para usa dos

estudantes do cursa ginasial. da "Colec\;ao de livros classicos ET.D.",

da Livraria Francisco Alves, sem data, mas aproximadamente de

1930. Comparando com a edi\;ao completa ve-se que foram feitos

muitos cortes, sobretudo nas partes consideradas "picantes", por

aqueles que autorizaram a publica\;ao. ou seja, a Igreja Cat6lica.

Sem poder alongar-nos nesses comentarios, ha aqui urn manancial

quase inesgotavel para pesquisa em Hist6ria da Educa\;ao, nao s6em Portugal, mas tambem no Brasil.

Page 6: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

104 HIST6RIA DA EDUCAC;:AO

Asua porta eu estava sempre hesitante

De um lado a vida... A minha adonivel vida de erian<;a:Pinh6es... Papagaios... Carreiras ao sol...Voos de trapezio a sombra da mangueira!

Saltos de ingazeira pra dentro do rio...

Jogos de castanhas...- 0 meu engenho de barro de fazer meJ!1

Do outro lado, aquela tortura:'~s armas e os bar6es assinalados!"8

7 Nessa estrofe, 0 poeta se refere a varias brincadeiras comunsem seu tempo, caracterlsticas de sua vida de crianc;a.Algumas delas ainda podem ser encontradas entre n6s:o piao, que tambem era chamado de pinhao e que certamemese sofisticou no decorrer do tempo; 0 papagaio ou a pipa;a brincadeira nas arvores (mangueiras, ingazeiras ecertamente tantas outras); os banhos de rio; e 0 jogo decastanhas (os cajueiros eram comuns na regiao, certamenteem outro lugares nao se jogam(vam) castanhas, mas pedras,saquinhos com feij6es etc.). 0 pr6prio engenho onde,segundo outras fontes, os meninos gostavam de ficarouvindoas conversas dos mais velhos ou observando as engrenagensda maquina, tambem era considerado um lugar de lazer.As brincadeiras a que se refere Ascenso remetem aliberdade, a ausencia de comrole, ao corpo em movimento- 0 que certameme contrastava com 0 que vivia no outrolado da porta - a escola.

8 Este eo primeiro verso de Os Lusiadas. Informa nosso

livro didatico da decada de 1930 que bar6es nao significa

tItulo de nobreza e sim uma das grafias posslveis para

varoes. Outras observac;6es VaGsendo feitas para tomara literatura didatica.

AGUISA DE CONCLUSAO 105

- Quantas ora<;6es?9

- Qual e0 maior rio da China?

- A2 + 2AB = quanta?

- Que e eurvilfneo, eonvexo?IO

- Menino, venha dar sua li<;aode ret6riea!\1- "Eu eome<;o,atenienses, invoeando

a prote<;aodos deuses do Olimpo

para os destinos da Grecia!"- Muito bem! Isto e do grande Dem6stenes!

- Agora a de franees:

- "Quand Ie ehristianisme avait apparu sur la terre..."

- Basta.

o epico Os Lusiadas, como mostram diversas

fontes, era freqiientemente utilizado paraensinar os alunos a fazer analise sintarica.

Ea essa pratica que, provavelmente, 0 autor

esta se referindo no verso.

\0 Perguntas de geografia, algebra egeometria... Que mais deveriamperguntar? 0 que fazia parte doprograma? Coisas tao importantesquanto essas?

\I Esta palavra vem do grego - rhetorike, "a arte da ret6rica" - e passou pelolatim rhetorica. Quer dizer hoje eloqiiencia, orat6ria; no entanto sua trajet6ria

e longa: vem, como sua etimologia indica, das Sete Artes Liberais do currlculona Grecia Antiga, que passou depois para 0 currlculo romano. Dem6stenes

foi 0 mais ilustre dos oradores gregos: viveu entre 384-322 a.C. Durante

quinze anos, ele se bateu contra Felipe da Macedonia e contra 0 seu projetode dominar a Grecia. Sua eloqiiencia e sua ret6rica foram postas a servic;o

da polltica, na luta pela independencia de sua patria. Nao se era ret6rico e

tampouco se ensinava ret6rica com fins omamentais ou inuteis. No Brasil,a ret6rica, ate 0 seculo XIX, ocupava um lugar importante nos currlculosdas escolas secundarias.

Page 7: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

106 HIST6RIA DA EDUCAc;AO AGUISA DE CONCLUSAO107

1

- Hoje temos sabatina...'2

- 0 argumento e a bolo! 13

- Qual e a distancia da Terra ao Sol?-? !!

_ N1iosabelPasseamaoapalmat6ria!14 ~- Bern.,rn,nh.qu,,""'0dwn..." I

12Vem de sabato (sabado) e era, na escola, uma repeti~ao, no sabado, das

Ii~oes estudadas durante a semana. Ja os jesuftas utilizavam a sabatina

em suas praticas pedag6gicas. Ate meados do seculo xx, a sabatina (ou

o argumento, como tambem era chamada), que nao mais ocoma somenteaos sabados, mas em outros dias da semana, era uma pratica central na

vida escolar: atraves dela, que poderia ocorrer acompanhada de puni~oes

ffsicas para aqueles que nao acertavam as respostas, 0 professor "tomava

a Ii~ao" (mesmo no infcio do seculo XX, 0 metodo individual prevalecia

em muitas escolas -0 professor nao "dava aulas" - como ocorre no metodo

simultaneo - mas "tomava as 1i~6es" de cada aluno individualmente -mesmo que todos estivessem juntos) e avaliava a aprendizagem do aluno.

Mesmo quando, na sociedade brasileira (mas isso ocorre tambem em

outros pafses), a oralidade vai cedendo lugar as praticas de escrita (que

se tornam, senao centrais, legftimas no espa~o escolar) e parece anacronico

realizar "provas orais", a ideia da sabatina perrnanece nos questionarios

que por tanto tempo caracterizaram 0 ensino de algumas disciplinas,

como hist6ria, geografia etc. Figuradamente, sabatina tomou, alem do

sentido de questionario, 0 de discussao e debate. Na decada de 1960

havia um programa de TV que se chamava "Sabatinas Maizena". Hoje em

dia, esses programas tem 0 nome de "Quiz Show", sempre com 0 sentido

de competi~ao de conhecimento...

H A palmat6ria e uma pequena pe~a circular demadeira, com cinco oriffcios e um cabo, que serviapara bater nas palmas das maos. 0 sinonimo eruditomais pr6ximo ao latim e a outras Hnguas latinas eferula. Bastante utilizada pelos proprietarios deterras para castigar fisicamente os escravos, aprincipio foi prescrita - e algumas leis provinciais doseculo XIXno Brasilatestam isso- como instrumento

pedag6gico que servia para punir tanto os meninosque nao aprendessem a Ii~ao quanto os que fossemindisciplinados. Era 0 terror das crian~as e dealgumas ainda e, pois, embora desde meados doseculo XIX sua utiliza~ao nas escolas tenha passadoa ser criticada, desaconselhada (sobretudo pelos

higienistas, que abominavam os castigos ffsicos), emesmo proibida em alguns locais, sua "aplica~ao"ainda e uma pratica em escolas, internatos e abrigosque conservam a tortura como modo de educar.

13Como dissemos acima, algumas vezes a sabatina (ou 0 argumento)

era acompanhada de puni~6es ffsicas e a palmat6ria, de que falaremos

a seguir, era 0 instrumento mais utilizado para concretiza-Ias. Cada

uma das aplica~oes do instrumento nas maos das crian~as era

chamada de "bolo". As vezes 0 pr6prio professor se encarregava de

aplicar os bolos nos alunos que nao acertavam as questoes.

As vezes, delegava ao estudante que se safa bem na atividade a

tarefa de dar bolos nos colegas. Assim. quem acertasse as Ii~oes

recebia 0 "premio" de poder bater no colega.

15Acreditava-se que 0 cora~ao (do latimcor) era 0 motor

da aprendizagem e da mem6ria. Assim, aprender de

cor significa guardar na mem6ria, que se situava no

cora~ao. Dizer um poema de cor e dize-Io sem ler ondeesta escrito. Em sociedades, comunidades ou mesmo

entre grupos e indivfduos que se utilizam mais da

tradi~ao oral do que das praticas de escrita, acredita-

se que a verdadeira aprendizagem s6 ocorre quandose sabe de cor, ou seja, de mem6ria. No perfodo em

que estudou Ascenso, como mostram outras fontes,em que pesem as renova~oes nos metodos de ensino

apregoadas pelas vanguardas pedag6gicas da epoca, amem6ria constitufa a base do ensino. Para isso, alunos

e professores lan~avam mao de recursos mnemonicos,

freqiientes no cotidiano escolar, como a cantoria ou acantilena, muitas vezes acompanhadas de movimentos

do corpo (como 0 balan~ar das pernas).

Page 8: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

108HIST6RIA DA EDUCA~AO

Felizmente, a boca da noite,

Eu tinha uma velha que me contava historias...

Lindas historias do reino da Mae-d' Agua...E me ensinava a tomar a benc;ao a lua noval6

Bibliografia utilizada e sugestoes para leitura

160 poeta conclui 0 poema se referindo, assim como fizeram outros

escritores (como Manuel Bandeira, que deseja a presen<;a de

Rosa em Pasatgada), a esses personagens meio magicos para osolhos de hOje, bastante familiares naquele momento: os contadores

de historias. Representados em geral por velhos e velhas, e no

Brasil freqiientemente associados a transmissao oral (de gera<;aoem gera<;ao) de tradi<;6es indfgenas e africanas, esses homens e

mulheres fascinavam, seduziam, levavam para outros espa<;os,

para mundos nao conhecidos, meninos e meninas que, se de

urn lado viviam a repeti<;ao, 0 tedio, 0 corpo inerte,caracterfsticos da escola, de outro, podiam - aboca da noite _

experimentar a imagina<;ao, a criatividade, a poesia.

COMO NOSREFERIMOSNA APRESENTAC;AO,ao escrevereste livroutilizamos textos escritos por outros(as) autores(as) e por nosmesmas, em outros momentos. lncluimos aqui as referenciasdesses artigos e livros sobre os quais nos baseamos ou a que nosreferimos, indicando-os, ao mesmo tempo, como sugest6es deleitura para quem quiser se aprofundar nos assuntos de quetratamos. Evidentemente, nao tivemos a pretensao de fazer umaindica<;ao exaustiva de textos sobre cada urn dos temasabordados, mas selecionamos alguns titulos, priorizando aquelesque estao disponiveisno Brasile que julgamosmais interessantes,seja porque ja sao considerados classicos, seja porque trazemabordagens inovadoras.

Historiografia, historia da educa~ao e fontes

BLOCH,Marc. IntrodUfoo a histfrria. Lisboa: Publicac;6es Europa-America, s.d.

BURKE,Peter. A Revolu~ao Francesa da Historiografia: a Esco/a dos Annales

(1929-1989). Sao Paulo: Unesp, 1991.

BURKE,Peter (arg.) A escrita da historia: novas perspectivas. Sao Paulo:Unesp, 1992.

CARDOSO,Ciro Flamarion, VAINFAS,Ronaldo (arg.) Dominios da historia:ensaiosde teoriae metodologia.Rio de Janeiro: Campus, 1997.

CARVALHO,Marta Maria Chagas de. A configurac;ao da historiografiaeducacional brasileira. In: FREITAS,Marcos Cezar (arg.) Historiografiabrasileiraem perspectiva,Sao Paulo: Comexto, 1998. p. 329-353.

CARVALHO,Marta Maria Chagas de e NUNES,Clarice. Historiografia daeducac;ao e fontes. Cademos ANPEd, n. 5, set. 1993, p. 7-64.

CERTEAU,Michel de. A escrita da historia. Rio de Janeiro: Forense-Universitaria, 1982.

Page 9: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

110HISTORIA DA EDUCA<;AO

CHARTIER,Roger. A historia cultural: entre praticas e representaqoes. Lisboa:Difel,s.d.

COMPERE,Marie-Madeleine. rHistoire de rEducation en Europe: essaicomparatif sur la faqon dont elles'ecrit. Paris: INRP/Peter Lang, 1995.

FARGE,Arlette. Le gout de l'archive.Paris: Seuil, 1989.

FARIAFILHo,Luciano Mendes de (org.) Educaqao,modemidade e civilizaqao:fontes e perspectivas de analise para a historia da educaqao oitocentista.Belo Horizonte: Autentica, 1998.

GALVAO,Ana Maria de Oliveira. Problematizando fontes em Hist6ria da

Educa~ao. Educaqiioe Realidade.Porto Alegre, v. 21, n. 2, jul.!dez. 1996,p. 99-118.

HARTOG,Fran~ois. 0 espelhode Herodoto: ensaios sobre a representaqaodooutro. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1999.

HUNT,Lynn (org.) A nova hist6riacultural.Sao Paulo: Martins Fontes, 1992.

LE GOFF, Jacques. Documento/monumento. In: Historia e memoria.Campinas: Editora da Unicamp, 1994, p. 535-549.

LOPES,Eliane Marta S. Teixeira. Perspectivashistoricasda educaqao.Sao Paulo:Atica, 1986.

. Uma contribui~ao da hist6ria para a hist6ria da educa~ao.Em Aberto. Brasilia, v. 9, n. 47, juI./set. 1990.

. Fontes documentais e categorias de analise para uma hist6riada educa~ao da mulher. Teoria e Educaqao. Porto Alegre, n. 6, 1992,p. 105-114.

. Hist6ria da Educa~ao e Literatura: algumas ideias e notas.Educaqaoem Revista, Belo Horizonte, n. 27, 1998, p. 35-46.

MONARCHA,Carlos (org.) Hist6riada educaqaobrasi/eira:formaqaodo campo.Ijui: Editora Unijui, 1999.

MOTA,Carlos Guilherme (org.) Febvre.Sao Paulo: Atica, 1992.

NUNES,Clarice. Ensino e historiografia da educa~ao: problematiza~ao deuma hip6tese. Revista Brasileirade Educaqao.Sao Paulo, n. I, jan./fev./mar./abr. 1996.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA E SUGESTOES PARA LEITURA 111

I

.Narrativa e hist6ria da educa~ao: algumas reflex6es. In: BOOM,Alberto Martinez, NAROOOWSKI,Mariano (compiladores). Escuela, historia

y poder:miradasdesdeAmerica Lntina.Buenos Aires: Ediciones NovedadesEducativas, 1996, p. 97 -120.

PESSANHA,Jose Americo Motta. 0 sono e a vigilia. In: NOVAES, Adauto

(org.) Tempo e historia.Sao Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 33-55.

SAVIANI,Demerval e LOMBARDI,Jose Claudinei (orgs.) Historia e Historia da

Educaqiio. Campinas: Autores Associados, 1998.

VEYNE,Pau\. Como se escreve a hist6ria. 2" ed. Brasilia: UnB, 1992.

WARDE,Miriam Jorge. Contribui~6es da Hist6ria para a Educa~ao. Em Aberto.

Brasilia, Inep, v. 9, n. 47, jul.!set. 1990, p. 3-11.

Historia do ensino

ANDRADE,MarizaGuerra de. A educaqaoexilada:Co/egiodoCaraqa.BeloHorizonte: Autentica, 2000.

AZEVEOO,Fernando de. A cultura brasileira.6" ed. Rio de Janeiro: UFRJ;Brasilia: UnB, 1996.

BASTOS,Maria Helena Camara e FARIAFILHO,Luciano Mendes de. A escola

elementarno seculoXIX: 0 metodomonitorial/mutuo.Passo Fundo: Ediupf,1999.

BOTO,Carlota. A escola do homem novo: entre 0 Iluminismo e a RevoluqiioFrancesa.Sao Paulo: Unesp, 1996.

CAMBI,Franco. Hist6ria da pedagogia.Sao Paulo: Unesp, 1999.

CARVALHO,Marta Maria Chagas de. Molde nacional e forma civica:higiene,moral e trabalho no projeto da Associaqao Brasileirade Educaqao (1924-1931). Bragan~a Paulista, SP: Edusf, 1998.

FARIAFILHO,Luciano Mendes de. Dos pardieiros aos palacios: cultura escolar

e urbana em Belo Horizonte na Primeira Republica. Passo Fundo: Editorada Universidade de Passo Fundo, 2000.

GALVAO,Ana Maria de Oliveira. Amansando meninos: uma leitura do cotidiano

da escolaa partirdaobradeJoseLinsdoRego (1890-1920).Joao Pessoa:Editora da UFPB, 1998.

Page 10: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

112 HISTORIA DA EDUCAO;:AOBIBLIOGRAFIA UTilIZADA E SUGESTOES PARA LEITURA 113

GHIRALDELLIJR., Paulo. Historia da educa~ao. Sao Paulo: Cortez, 1990.

HORTA, Jose Silverio Bafa. 0 hino, 0 sermiio e a ordem do dia: a educa~ao noBrasil (1930- I 945). Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1994.

JAEGER,Werner. Paidea: a forma~ao do homem grego. Sao Paulo: MartinsFontes, 1979.

LOPES,Eliane Marta Teixeira. Origens da educa~ao publica. Sao Paulo: Loyola,1980.

CERTEAU,Michel de. Ler: uma opera~ao de cac;a.In: A inven~aodo cotidiano.

Petr6polis: Vozes, 1994, p. 259-273.

CHARTIER,Roger (arg.) Praticas da leitura. Sao Paulo: Estac;ao Liberdade,1996.

LOPES,Eliane Marta Teixeira; FARIAFlLHO,Luciano Mendes de; e VEIGA,Cynthia Greive (orgs.) 500 anos de educa~aono Brasil. Belo Horizonte:Autentica, 2000.

MANACORDA,Mario Alighiero. Historia da Educa~ao: da Antigiiidade aosnossosdias. Sao Paulo: Cortez, 1992.

MARROU,Henri-Irenee. Historia da Educa~ao na Antigiiidade. Sao Paulo:Herder, USp, 1969.

CHARTIER,Roger e CAVALLO,Guglielmo. Historiada leiturano mundo ocidental.Sao Paulo: Atica, 1999.

CHARTIER,Roger e MARTIN,Henri-Jean (org.) Histoire de l'editionfran~aise.Paris: Fayard, 1989-1991. 4v.

DARNTON,Robert. 0 grande massacredos gatos e outros ePisodiosda historiacultural francesa. Sao Paulo: Graal, 1986.

. 0 beijo de Lamourette: midia, cultura e revolu~ao. Sao Paulo:Companhia das Letras, 1990.

FARIAFILHO,Luciano Mendes de (org.) Modos de ler,formas de escrever:estudos de historia da leitura e da escrita no Brasil. Bela Horizonte:Autentica, 1998.

FEBVRE,Lucien, MARTIN,Henri-Jean. 0 aparecimentodo livro. Sao Paulo:Unesp, 1992.

HALLEWELL,Laurence. 0 livro no Brasil (sua historia). Sao Paulo: T. A.Queiroz: Edusp, 1985.

NUNES, Clarice. Anisio Teixeira: a poesia da a~ao. Bragan~a Paulista. SaoPaulo: Edusf, 2000.

RIBEIRO,Maria Luisa Santos. Historia da educa~ao brasileira (a organiza~aoescolar). Sao Paulo: Cortez, 1978.

ROMANELLI,Otafza de Oliveira. Historia da Educa~ao no Brasil (1930- 1973).

Petr6polis: Vozes, 1978.

SOUZA,Rosa Fatima de. Templos de civiliza~ao: a implanta~ao da escola primaria

graduada no Estado de Sao Paulo (1890- I 9 10). Sao Paulo: Unesp, 1998.

Historia do livro e da leitura

Historia das crianc;as e dos jovens

ARIES,Philippe. Historia social da crian~a e da familia. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 1981.

BECCHI,Egle, JULIA,Dominique (orgs.) Histoire de l'enfance en Occident.Paris: Seui\, 1998. 2v.

DELPRIORE,Mary (arg.) Historia das crian~asno Brasil. Sao Paulo: Contexto,1998.

ABREU,Marcia (arg.) Historia do livro e da leitura. Campinas: Mercado deLetras, ALB; Sao Paulo: Fapesp, 2000.

BATISTA,Antonio Augusto Gomes, GALVAo,Ana Maria de Oliveira (orgs.)Leitura:praticas,impressos,letramentos.Belo Horizonte: Autentica, 1999.

CATANI,Denice Barbara, BASTOS,Maria Helena Camara (orgs.) Educa~aoem revista: a imprensa periodica e a historia da educa~ao. Sao Paulo:Escrituras, 1997. p. 5-10.

FREITAS,Marcos Cezar de (org.) Historia social da infancia no Brasil. SaoPaulo: Cortez, 1997.

LEVI,Giovanni, SCHMm, Jean-Claude (orgs.) Historiadosjovens. Sao Paulo:Companhia das Letras, 1996. 2v.

Page 11: LOPES GALVÃO Conclusão e Bibliografia

114 HISTORIA DA EDUCA~AO

Historia das mulheres

DELPRIORE,Mary, BASSANEZI,Carla (orgs.) Hist6ria das mulheres no Brasil.Sao Paulo: Contexto, 1997.

DUBY,Georges e PERROT,Michelle. Hist6riadas mulheresno ocidente. Porto:Edic;5esAfrontamento, 1994.5 v.

LOPES,Eliane Marta Teixeira e ASSUN<;:AO,Maria Madalena Silva de.Professora. Presen~a Pedag6gica.Belo Horizonte, v. 3, jan./fev. 1997.

Conclusao

CAMOES,Luizde. Os Lusladas.Rio de Janeiro. Sao Paulo, BeloHorizonte:LivrariaFranciscoAlves.PauloAzevedo& C s.d.

CORALINA,Cora. Poemas dos becos de Goids e est6rias mais. 6" ed. Sao Paulo:

Global editora, 1984.

FERREIRA,Ascenso. Poemas de Ascenso Ferreira. Recife: Nordestal editora, 1995.

Dicionarios e enciclopedias - utensllios de trabalho

ALMOYNA,Julio Martinez. Dicionario Espanhol- Portugues. Porto: Porto Ed., 1951.

CHEVALIER,J. e GHEERBRANT,A. Dicionario de Simbolos. Rio de Janeiro: Jose

Olympio, 1988.

DicionarioAurelio Eletr6nico.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

FARIA,Ernesto. Dicionario Escolar Latino-Portugues. Brasil: Ministerio daEducac;ao e Cultura, 1956.

FONSECA,Pedro Jose da. DiccionarioPoTtuguez-Latino.9-'ed. Lisboa: Em Casada Viuva Bertrand & C', 1879.

NASCENItS, Antenot Dicianario de Sir0nirnos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

PARLAGRECO,Carlo. Dizionario Portoghese-Italiano-Portoghese. Milano:Vallardi,1954.

PICOCHE,Jacqueline. DictionnaireEtymologiquedu Fran~ais. Les Usuels duRobert. Paris, 1994.

SCHUMAHER,Schuma e VITALBRAZIL,Erico (orgs.) Diciondrio Mulheres doBrasil:de 1500 ate a atualidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.

I'I

I,

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA E SUGEST6ES PARA LEITURA115

SPITZERS.]., poCarlos. DicionarioAna16gicoda Ungua POTtugueza.Porto Alegre:Globo,1936.

Version electroniquedu Nouveau Petit Robert - Dictionnaire alphabetique etanalogique de la langue fran~aise - Le Petit Robert sur CD-ROM - @

Dictionnaires Le Robert, 1996.

Webster's EncyclopedicUnabridgedDictionary of the English Language.NovaYork/Avenel, Nova Jersei: Gramercy Books, 1989.

Encarta@ 96 Encyclopedia.@ Microsoft Corporation. 1993-1995.

DecouvertesEncyclopedie.Paris: Gallimard, Larousse, Liris Interactive. 1997.