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Fichamento Teoria Geral do Direito Civil Leis físicas: são fórmulas elaboradas pelo homem, para revelar, em síntese, o que a ciência descobriu de construtiva em tipos de fenômenos observados na natureza. (Goffredo Telles Júnior) Leis éticas: são fórmulas elaboradas pelo ser humano para ordenar seu comportamento. Religião: É a religação entre os seres humanos e Deus, entre a criatura e seu criador. Moral: É o conjunto de valores sociais vigentes num determinado grupo, não possuindo coerção, mas sim sanções internas (arrependimentos, remorso). Noções de Direito Etimologicamente “direito” vem do latim directum”. O direito deve ser uma linha direta. É uma palavra plurívoca: a) prerrogativa ou faculdade b) complexo de normas jurídicas, que regulam a vida do ser humano em sociedade, fixados pelo Estado, que as impõe mediante sanções. c) ciência d) Conceito de direito: é um conjunto de normas jurídicas que regulam a vida do ser humano em sociedade, estabelecendo pelo Estado, visando a paz e a segurança social. Direito objetivo: é o conjunto de normas jurídicas que, de modo obrigatório, regulam o comportamento humano, prescrevendo uma sanção em caso de violação Direito subjetivo: é a permissão dada pela norma jurídica para fazer ou não alguma coisa, para ter ou não alguma coisa, ou ainda a autorização para exigir, por meio de órgãos competentes do poder público ou processos legais, em caso de prejuízo por violação de norma, ou cumprimento da norma infringida, ou reparação de mal sofrido.

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Fichamento Teoria Geral do Direito Civil

Leis físicas: são fórmulas elaboradas pelo homem, para revelar, em síntese, o que a ciência descobriu de construtiva em tipos de fenômenos observados na natureza. (Goffredo Telles Júnior)

Leis éticas: são fórmulas elaboradas pelo ser humano para ordenar seu comportamento.

Religião: É a religação entre os seres humanos e Deus, entre a criatura e seu criador.

Moral: É o conjunto de valores sociais vigentes num determinado grupo, não possuindo coerção, mas sim sanções internas (arrependimentos, remorso).

Noções de DireitoEtimologicamente “direito” vem do latim “directum”. O direito deve

ser uma linha direta. É uma palavra plurívoca:a) prerrogativa ou faculdadeb) complexo de normas jurídicas, que regulam a vida do ser humano em sociedade, fixados pelo Estado, que as impõe mediante sanções.c) ciênciad) Conceito de direito: é um conjunto de normas jurídicas que regulam a vida do ser humano em sociedade, estabelecendo pelo Estado, visando a paz e a segurança social.

Direito objetivo: é o conjunto de normas jurídicas que, de modo obrigatório, regulam o comportamento humano, prescrevendo uma sanção em caso de violação

Direito subjetivo: é a permissão dada pela norma jurídica para fazer ou não alguma coisa, para ter ou não alguma coisa, ou ainda a autorização para exigir, por meio de órgãos competentes do poder público ou processos legais, em caso de prejuízo por violação de norma, ou cumprimento da norma infringida, ou reparação de mal sofrido.

Direito subjetivo diferente de facultas azendiFacultas azendi é a capacidade de agir de determinada forma,

porém nem toda faculdade humana é direito subjetivo. Para que seja direito subjetivo é necessário que a faculdade humana seja amparada pela lei, pelo direito objetivo.

Direito Positivo: conjunto de regras jurídicas que regulam as relações dos seres humanos em sociedade e que vigoram em determinado país. É obrigatório.

Direito Natural: é o ordenamento ideal que corresponde a uma justiça superior e suprema. Conjunto de normas éticas que fundamentam os princípios gerais para a elaboração do direito positivo. É nato ao ser humano.

Direito Público: protege interesses preponderantemente públicos e regula a relação jurídica ou subordinação.

Ramos do direito público: D. Constitucional, D. Administrativo, D. Penal, D. Tributário, D. Processual, D. Do Trabalho, D. Internacional Público e Privado.

Direito Privado: interesses privados, regula a relação jurídica de coordenação, de igual para igual.. Ramos: D. Civil, D. Comercial e Empresarial.

Direito Civil e o Código Civil

Direito Civil no Brasil antes do Código Civil de 19161500: direito canônico1521: ordenação manuelina1603: ordenações filipinas1769: Lei da Boa Razão de Pombal1823: Lei mantendo a vigência das leis portuguesas1824: Constituição imperialAnteprojetos do Código Civil por Teixeira de Freitas, Felício dos Santos e Coelho Rodrigues.

Código Civil de 1916Clóvis Bevilaqua é nomeado por Campos Salles para fazer o

anteprojeto em 1899.Em 1900 o projeto é remetido ao Congresso Nacional. Em 1902 é

aprovado na Câmara e remetido ao Senado. Em 1915 o projeto é aprovado pelas duas casas do Congresso Nacional.

Tem caráter individualista.

Código Civil de 2002Miguel Reale é nomeado coordenador do anteprojeto. A equipe é

composta por: Moreira Alves (Parte Geral); Agostinho de Arruda Alvim (Obrigações); Silvyo Marcondes (Direito da Empresa), Ebert Chamouns (Direito das Coisas), Clóvis do Couto e Silva (Direito da Família), Torquato Castro (D. Sucessão)ç.

Em 72 o anteprojeto é apresentado, em 75 o projeto é remetido ao Congresso Nacional. Em 84 é aprovado pela Câmara dos Deputados, em 97 pelo Senado, com emendas.

Em 2001 é publicado no Diário Oficial e em 2003 começa a vigência.

Índole do CC 2002: -Sociabilidade: social sobre individual-Eticidade: abandono do formalismo excessivo-Operabilidade: as leis devem ser funcionais

Há algumas distorções entre certas partes do Código: direito geral e direito da família.

Lei de Introdução ao Código CivilDecreto-lei nº 4.657, de 4/9/42

+Conceito: conjunto de normas que estabelecem princípios referentes a eficácia das regras jurídicas de direito público e privado. Conjunto de normas sobre normas.

+Funções:a) Regula a vigência e eficácia da norma jurídica, apresentando soluções ao conflito de normas no tempo e espaço.b) fornece regras de hermenêutica (interpretação)c) estabelece mecanismos de integração da norma.d) Garante a eficácia global, não amparando o erro de direito, mas dando certeza e estabilidade.

Vigência da norma jurídicaValidade formal ou técnico jurídica da lei.

“ Vacatio Legis” : é o intervalo entre a data de publicação da norma jurídica e a data de sua entrada em vigor.

Início de vigênciaa) Vigência progressiva: a norma entra em vigência em determinados lapsos de tempo.b) Vigência única ou simultânea: a norma jurídica entra em vigor em um só tempo em todo o país.c) Nova publicação do texto da norma jurídica

Cessação da VigênciaNorma com vigência temporária, CPMFNorma com vigência para o futuro, sem prazo determinado, CC 2002

RevogaçãoÉ a supressão total ou parcial da norma jurídica. Pode ser total

(ab revogação ou ad rogação) ou parcial (derrogação).

RepristinaçãoÉ a nova vigência de uma determinada lei revogada pela lei

revogada, resultando da revogação desta última por meio de uma terceira lei.

Efeitos da norma jurídicaNinguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a

conhecer.

Irretroatividade da lei A lei não retroage, não atingindo situações jurídicas já

constituídas, mantendo assim a paz e a segurança social.

Ato jurídico perfeito: é aquele que se consumou em conformidade com a lei vigente. Ex.: contrato de doação de 2003.

Direito adquirido: se incorporou de modo definitivo ao patrimônio de seu titular. Ex.: título de aposentadoria.

Coisa julgada: é a decisão judiciária da qual não caiba mais recursos.

Pessoa naturalCódigo Civil: artigos 1º ao 39º – Origem etimológica: Roma

Direito Romano: considerava-se “persona” o indivíduo que fosse livre e cidadão romano, que detivesse o poder familiar, o status.

Status

Pessoa no direito brasileiro: pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Abrange a pessoa natural e a pessoa jurídica.

Ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo um sinônimo de sujeito de direito.Sujeito de direito é aquele que possui dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, que tem o poder de intervir na produção da decisão judicial. Para Hans Kelsen o sujeito de direito não é uma pessoa, mas um grupamento, uma unidade personificada das normas jurídicas, de um complexo de normas, que lhe impõem deveres e lhe conferem direitos.

Pessoa natural: é o ser humano considerado sujeito de direitos e deveres da órbita civil.

Personalidade jurídica: é a qualidade do ente que se considera pessoa, que a possui desde o início até o fim de sua existência. Sua personalidade se inicia após o nascimento com vida, e se encerra com a morte.

Pessoa liga-se à personalidade, o que exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Toda pessoa, sendo esta natural ou jurídica, é dotada de personalidade.

A ideia de personalidade, conceito básico da ordem jurídica estendido a todos os homens, dando-lhes igualdade e liberdade, encontra-se conjunta com a ideia de capacidade, a qual consiste na aptidão da pessoa para adquirir direitos e contrair deveres exercendo por si ou por outrem os negócios jurídicos.

Capacidade, por sua vez é a manifestação do poder de ação implícito no conceito de personalidade. É a condição ou pressuposto de todos

os direitos. Assim, para ser pessoa, basta que o homem exista, e para ser capaz o ser humano precisa preencher uma série de requisitos necessários para agir por si, como sujeito ativo ou passivo em uma relação jurídica.

Direitos da personalidadeO homem é sujeito ativo e passivo nas relações jurídicas, pois ele

assume obrigações e adquire direitos. Essas situações jurídicas, suscetíveis a apreciação econômica, denominam-se patrimônio, que é a projeção econômica da personalidade. Além dos direitos patrimoniais a pessoa tem direitos da personalidade.

A personalidade é o conjunto de caracteres próprios da pessoa. A personalidade não é um direito, sendo errado afirmar que o ser humano tem direito à personalidade. A personalidade apoia os direitos e deveres que dela irradiam, é o objeto do direito, o primeiro bem da pessoa, servindo-lhe de critério para aferir, adquirir e ordenar outros bens.

O direito objetivo autoriza a pessoa a defender a sua personalidade, defendendo os direitos subjetivos da própria pessoa, os direitos comuns da existência, pois são simples permissões dadas dadas pela norma jurídica para defender o que a natureza lhe deu.

Os direitos da personalidade são os direitos de defender: integridade física, a vida, os alimentos, o próprio corpo, o corpo alheio; a integridade intelectual, a liberdade de pensamento, liberdade de expressão, liberdade de autoria e integridade moral, honra, recato, segredo pessoal, doméstico e profissional.

Os direitos da personalidade destinam-se a resguardar a dignidade humana, mediante sanções aplicadas ao ofensor.

Capacidade de gozo ou de direito: é a aptidão para adquirir direitos e deveres na esfera civil, estando presente em toda pessoa natural, a partir do nascimento em vida, independentemente de sua idade, estado de saúde e grau de aculturação. Ex: uma criança de um mês de idade pode ser proprietária de um imóvel.

Capacidade de fato ou de direito: é a aptidão para a pessoa, por si própria, adquirir direitos e deveres na ceara civil, dependendo de sua idade, estado de saúde ou grau de aculturação. Depende do discernimento, prudência, juízo, tino, inteligência, e sob o prisma jurídico, a pessoa tem que distinguir lícito e ilícito, conveniente de prejudicial.

A capacidade jurídica da pessoa é limitada, pois uma pessoa pode ter um direito de gozo sem ter seu exercício por ser incapaz, logo, seu representante legal é que o exerce em seu nome.

Pessoas plenamente capazes: aquelas possuidoras de capacidade de fato e de exercício.

-maiores de 18 anos;-emancipados pelos pais ou por decisão judicial;-emancipados por colação de grau em curso superior;-emancipados pelo exercício de emprego público efetivo;

-emancipados pelo estabelecimento civil ou comercial;-emancipados pelo casamento

Incapacidade: restrição legal aos atos da vida civil. Capacidade é a regra, e incapacidade é a exceção.

Incapacidade é diferente de proibição legal de efetivar determinados negócios jurídicos. É o impedimento para certos atos jurídicos. Mesmo que o indivíduo tenha capacidade de gozo, pode estar impedido de praticar certo ato jurídico devido a sua posição em relação a certos bens. A competência para exercer uma atividade jurídica é é um pressuposto subjetivo - objetivo, enquanto a capacidade de gozo é um pressuposto subjetivo.

A incapacidade visa proteger os portadores de uma deficiência jurídica, graduando a forma de proteção que representará os absolutamente incapazes, enquanto que os relativamente incapazes têm a assistência da lei, podendo agir quando autorizados.

-Incapacidade absoluta: há proibição total do exercício do direito pelo incapaz, acarretando, em caso de desacato, a nulidade do ato. Seus direitos são representados por um curador ou tutor. São absolutamente incapazes:

-menores de 16 anos;-os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o

necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil. Ex: psicopatas, esquizofrênicos, imbecis, portadores de Alzheimer, portadores do mal de Parkinson, portadores de fraqueza mental senil, psicose tóxica, psicose autotóxica, psicose infectuosa;

-os que mesmo por causa transitória não puderem exprimir sua vontade. Ex: embriaguez habitual, uso eventual e excessivo de drogas químicas, surdos-mudos, ausentes declarados por sentença, que são aqueles que desapareceram do lar sem deixar um procurador ou representante, e dos quais não há notícia. Assim que esta pessoa reaparecer ela passa a administrar seus bens, logo, é uma característica da incapacidade relativa.

-Incapacidade relativaSão aqueles que possuem aptidão para exercício de atividades

civis desde que assistidos pelos seus representantes. Caso não sejam assistidos seus atos serão considerados nulos.

Por outro lado há atos que podem praticar, livremente, sem autorização. Eis que se diz que os relativamente incapazes ocupam uma zona intermediária entre a capacidade plena e a incapacidade total, uma vez que podem participar da vida política.

-maiores de 16 e menores de 18, pois sua pouca experiência e pouco desenvolvimento intelectual não possibilitam plena participação na vida civil. O menor que se encontra sob esta faixa etária não pode se valer da menoridade para se eximir da culpa de dolos. Se o menor se declarou maior ou se ocultou sua idade ele não pode voltar atrás e ação não será anulada. Pelo estatuto da criança e do adolescente, o relativamente incapaz responde pelos

prejuízos de maneira subsidiária ou excepcionalmente, como devedor principal na hipótese de ressarcimento de atos infracionais.

-os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental tenham o discernimento reduzido. Todos estes necessitam de um curador.

Os toxicômanos, mesmo após processo de interdição, continuam relativamente incapazes, pois os entorpecentes introduzidos no organismo levam a pessoa à ruína econômica e alteram a saúde mental. Para os dependentes químicos há dois tipos de interdição: limitada, na qual precisa-se de tutor com poderes menos extensos, e a plena na qual o curador tem poder total.

-excepcionais, sem desenvolvimento mental completo, abrangendo os fracos de mente, surdos-mudos sem educação apropriada, portadores de Síndrome de Down, comprovados e declarados em sentença de interdição.

-Os pródigos, aqueles que gastam seus bens desmesuradamente, que cometem gastos excessivos e anormais. Eles são privados de realizar atos que possam comprometer seu patrimõnio, não podendo sem a assistência do curador praticar atos administrativos. Isso porque a prodigalidade é um estado de alienação mental que pode dar-se por compulsão por jogos de azar (cibomania), compulsão por gastar descontroladamente com tudo que tiver vontade (oniomania) e compulsão por gastar com impulsos sexuais (imoralidade).

Quanto aos índios, devido a sua gradativa assimilação à civilização, sua capacidade é semelhante a de uma criança. Eles são relativamente incapazes, sujeitos ao regime tutelar até que adaptem à civilização do país. Essa determinação de incapacidade é mais uma proteção do que uma restrição. Os índios têm direito a posse de suas terras, reconhecimento pela CF/88, direito de ir e vir, de se defender.

Ressalta-se que a condenação criminal não acarreta incapacidade civil. Como pena poderá sofrer perda de função pública, do poder familiar, da tutela, da curatela, dos direitos políticos.

A proteção jurídica aos incapazes se faz por meio da representação ou assistência, em relação à pessoa ou a seu patrimônio, possibilitando o exercício de seus direitos. Normalmente os detentores de poder familiar, os pais são os tutores.

Se algum maior for interditado por incapacidade de exprimir sua vontade terá um curador. A curatela tem caráter público, pois tem apenas a função de evitar que o incapaz seja levado à miséria, tornando-se ônus para seus parentes. Seu pressuposto jurídico é uma decisão judicial, pois esta ação gera o capitis diminutio, pois o capaz passa a ser incapaz.

Começo da personalidade jurídica

A personalidade jurídica inicia-se com o nascimento com vida, mesmo que o nascituro venha a falecer instantes depois. O feto deve ter respiração e batimentos cardíacos, tendo sido ou não cortado o cordão umbilical.

Conceito de nascituro: é o ente humano concebido que de encontra com uma expectativa de aquisição de personalidade condicionada ao nascimento com vida.

Posição concepcionista: Docimasia hidrostática de Suleno: para saber se a criança nasceu com vida ou não , retiram-se seus pulmões, os quais são colocados em um recipiente com água. Se eles boiarem significa que a criança está viva, se eles afundarem a criança está morta.

Conquanto comece do nascimento com vida, a personalidade civil da pessoa é assegurada pelo CC, tendo esta direito à vida, à filiação, à integridade física, a alimentos, a uma adequada assistência pré-natal, à representação, à um curador se preciso, a ser contemplado por doação, a ser adotado, a ser reconhecido como filho, à investigação de paternidade etc.

O nascituro dentro do útero ou concebido in vitro já possuem carga genética diferenciada, ou seja, já possuem os direitos da personalidade, alcançando os direitos de propriedade e obrigação, ou seja, personalidade jurídica material, somente após o nascimento com vida.

Ex: um homem casado pelo regime de separação total de bens falece, deixando pais vivos e uma viúva grávida. Se o bebê nascer morto a herança vai para seus avós paternos, pois o bebê não tem personalidade jurídica. No direito brasileiro a ordem da vocação hereditária é: descendentes em concorrência com cônjuge sobrevivente, ascendentes em concorrência com consorte, cônjuge sobrevivente e colaterais até 4º grau e município, havendo a declaração de vacância da herança. Se o bebê nascer vivo e morrer logo em seguida a herança passa para ele e depois para sua mãe.

Registro de nascimento: Todo nascimento deve ser registrado, mesmo que a criança tenha nascido morta ou tenha morrido no parto. Os pais têm de 15 dias a três meses para registrar a criança. Se for natimorta o registro será feito no livro “C Auxiliar”; e caso a criança tenha morrido no parto serão feitos dois registros: um de nascimento e outro de óbito (hipótese do nascimento).

Término na personalidade jurídicaMorte natural ou real: CC art. 16º, 1ª parte, art. 37º (ausência).Morte presumida: art. 7º,§ I e II.Morte Justificada: Livro de Registro Público, art. 88º

Comoriência, artigo 8º: É a presunção legal de morte simultânea, se em caso de duas ou mais falecerem no mesmo evento, não se puder averiguar qual procedeu o outro na morte. Sua função é facilitar a distribuição da herança, pois como dito no exemplo citado acima, se o casal não possuía filhos e não havia se casado em regime de total separação dos bens, um cônjuge é beneficiário do outro, e em caso de morte do cônjuge a herança passa aos seus ascendentes. Ex: um casal morre, se a esposa falece primeiro, a herança passa para seu marido e posteriormente para seus sogros. No caso contrário se repete a situação. Logo, para evitar maiores transtornos, é feita a comoriência.

Registro de óbito: Registra-se no cartório de Registro Civil das pessoas naturais ao local do óbito.

É necessário o atestado médico e, em caso de falta deste, é necessária a presença de duas testemunhas. Não há sepultamento sem a certidão de registro de óbito. Os declarantes do óbito podem ser conhecidos e desconhecidos (art. 81º).

Ponto nº 5

Direitos da personalidadeSe iniciam com a vida, terminam com a morte. Doutrina

majoritária.CF, arts. 1º. III; 3º IV; 5º V e X.CC, arts. 2º a 21º.

Conceito: são direitos “considerados” essenciais a pessoa humana, que a doutrina moderna preconiza e disciplina, a fim de resguardar sua dignidade.

Natural – Nascituro: Seus direitos são resguardados desde sua concepção, porém o seu reconhecimento se aperfeiçoa com o nascimento com vida.

Características: originários, absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, indisponíveis, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis, expropriáveis, precomunicáveis, expatrimoniais.

São classificados em físicos, psíquicos e morais.

Direitos físicos da personalidade: direito ao corpo, às partes separadas, aos órgãos únicos e aos órgãos regeneráveis. Política de relações sexuais, transexualismo, barriga de aluguel, partes separadas e órgãos duplos ou regeneráveis, inseminação artificial. Direito à imagem, direito à voz, direito aos alimentos, direitos da personalidade post mortem.

Direitos psíquicos: direito à integridade psíquica, à liberdade, à intimidade, ao segredo. Direito ao pessoal, profissional, empresarial.

Direitos morais da personalidade:

Nome Sinal exterior pelo qual se designa a pessoa no seio da família e

da sociedade, se individualiza e se reconhece-a. Sua imutabilidade é reconhecida pelo Estado, salvo exceções expressamente admitidas

Prenome: é o nome próprio da pessoa. Pode ser simples (Ex.: João) ou Composto (ex.: João Felipe).

O nome pode, ainda, ter:

-Partículas “de”, “da”, “do”, “dos”;

-Agnome epitético, adicionado ao nome por terceiro para indicar alguma qualidade de seu portador, p. ex.: João, o grande;

-Pseudônimo, como ocorria com o poeta Fernando Pessoa;

-Codinome (apelido);

-Elementos secundários como duque, rei, cardeal, doutor, mestre;

-Hipocorístico: nome que se dá a uma pessoa para exprimir carinho. Ex: Emília – Mila

-Alcunha ou epíteto: designação dada a alguém por sua profissão, característica, aparência. Ex.: Pelé, Lula.

Sobrenome é o sinal que indica a procedência da pessoa, indicando sua filiação. Simples (Silva) ou composto (Santos Silva). Pode advir do apelido de família paterno, materno, ou de ambos. A aquisição de um sobrenome ocorre nos casos de casamento e adoção, sendo que no casamento essa aquisição é facultativa. Nos casos de separação judicial os cônjuges param de dividir o sobrenome assim que sai o divórcio. Nos casos de separação extrajudicial os cônjuges é que decidem se mantém ou não os nomes de casado.

A mulher solteira pode ficar com o sobrenome de um homem também solteiro se tiver um filho com ele, ou se a vida em comum já dure mais de cinco anos.

A alteração do nome somente é permitida quando expõe seu portador ao ridículo ou quando o nome expõe o portador a situação vexatória devido à duvida quanto ao sexo, houver erro gráfico evidente, causar embaraços no setor eleitoral, houver mudança de sexo. Esse último traz uma certa discussão, pois, nos casos de transexuais não é permitido alterar o sexo no registro civil, sendo que o documento da pessoa traz o termo “transexual” como sexo da portadora.

A jurisprudência entende que o prenome que deve constar no registro é aquele pelo qual a pessoa é conhecida, e não aquele que conta no registro, logo, o nome da pessoa pode ser alterado, após a sua maioridade, quando a mesma não é conhecida por seu nome em cartório, mas sim por outro nome.

Estado da Pessoa Natural O estado das pessoas é o seu modo particular de existir,

dividindo-se em individual, familiar e político.

-Individual ou físico: é a maneira de ser relativa à idade (maior ou menor), sexo (feminino ou masc.) e saúde mental e física

-Familiar: indica a situação na família: casado, solteiro, viúvo, separado, divorciado. No que diz respeito ao parentesco: mãe, pai, filho, irmão, primo.

-Político: é a qualidade jurídica que advém da posição da pessoa na sociedade política, caso em que é estrangeira, naturalizada ou nacional..

Logo, o estado da pessoa é a soma de suas qualificações, permitindo sua apresentação numa determinada situação jurídica.

Ponto 6 -Personalidade jurídica

Conceito de personalidade jurídica para M. H. D.O ser humano, para que possa atingir os seus fins e objetivos

une-se a outros homens formando grupamentos. Ante a necessidade de personalizar tais grupos, para que participem da vida jurídica com certa individualidade e em nome próprio, a própria norma de direito confere-lhes personalidade e capacidade jurídica, tornando-os sujeitos de direitos e obrigações.

Essa designação visa indicar como agem e vivem essas agremiações, acentuando o ambiente jurídico que possibilita sua existência como sujeitos de direitos.

Três são os seus requisitos: organização de pessoas ou de bens, liceidade de propósitos ou fins; e capacidade jurídica reconhecida por norma

Conceito de personalidade jurídica para o FujitaÉ a entidade composta de pessoas naturais ou de bens, com um

objetivo a atingir,em conformidade com seu ato constitutivo, sendo sujeito de direitos e deveres.

Não há denominação única para essa unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, tanto que são nomes: pessoas morais, pessoas coletivas, pessoas civis, pessoas místicas, fictícias, abstratas, intelectuais, de existência ideal, universais...

A denominação “pessoa jurídica” é anotada pelo CC no arts. 40 e seguintes.

Histórico – FujitaEm Roma não existe a idéia de pessoa jurídica no período do

direito arcaico pu pré-clássico. Entre 149 e 126 a.C.

Já no período clássico surge a idéia de que, ao lado do ser humano como pessoa física ou natural, existem certas e determinadas entidades abstratas que são, igualmente, detentoras do direito subjetivo. Reconhece-se a idéia da corporação.

Ainda no direito clássico surgem as corporações, chamadas de universitas, sodalitas, sodalicium, societas, ordo, collegium, corpus. Estes eram corporações, ou seja, associações de pessoas com um objetivo comum, tais como de fins religiosos, corporações de artes e ofícios, sociedades com fins esportivos e com fins lucrativos.

Natureza jurídicaSão várias as teorias que tentam justificar e esclarecer a

existência jurídica das pessoas jurídicas.

As teorias de negação fornecidas por J. Fujita não dão explicação da natureza das pessoas jurídicas, haja vista que não admitem o fenômeno da pernalização, tanto que não podem ser sujeitos de direito, entendendo que só as pessoas naturais podem ter essa qualidade. Entre eles, destacam-se Bolze e Ihering.

Teorias que admitem a personificação da pessoa jurídica:

Teoria da Ficção Legal, de Savigny. Entende se uma abstração a natureza da pessoa jurídica, não tendo existência real, resultante de uma criação artificial pela lei. Trata-se de pura ficção decorrente da lei. É contraditória, pois se a pessoa é ficção legal, também será o direito que dela provém, o que é inaceitável.

Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica , de Gierke e Zitelmann. Admite a existência real da pessoa jurídica com base na analogia dos seres humanos. Argumenta que, junto às pessoas naturais, que são organismos físicos, há organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que possuem existência e vontade próprias, que se distinguem das de seus componentes.

Teoria da Realidade Técnica, de Saleilles, Geny, Michoud, Ferrara, Colin e Capitant. Afirma que a personificação dos grupos sociais é resultante da construção da técnica jurídica, que lhes dá a forma, admitindo que tenham capacidade jurídica própria. A personificação é conferida a grupos em que a lei reconhece vontade e finalidade próprias. A personificação é uma realidade técnica, não sendo uma criação da lei. Esta teoria é adotada pelo CC brasileiro.

Classificação das pessoas jurídicasPode se classificar a pessoa jurídica quanto à:

-Nacionalidade: a pessoa jurídica pode ser nacional ou estrangeira, tendo em vista sua articulação, subordinação a ordem jurídica que lhe conferiu personalidade, independentemente da nacionalidade dos membros que compõem o controle financeiro.

-Estrutura interna: a pessoa jurídica pode se apresentar sob a forma de uma corporação (universitas personarum), conjunto de pessoas que,

apenas coletivamente, goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. Ex.: associações e sociedade. Outrossim, a pessoa jurídica pode se apresentar sob acervo patrimonial (universitas bonorum), que é um conjunto de bens, acervo de patrimônio, destinado a um fim que lhe dá unidade. Ex.: fundações.

As associações e sociedades também têm um patrimônio, que representa um meio para a consecução dos fins perseguidos pelos sócios; mas nas fundações, o patrimônio é elemento primordial, juntamente com o objetivo a que se destina.

Associações distinguem-se de fundações pois, enquanto as primeiras têm órgãos dominantes e visam atingir fins internos e comuns aos sócios, as fundações, órgãos servientes, colimam fins externos e alheios, estabelecidos pelo fundador.

-Natureza: quanto às funções e capacidades, as pessoas jurídicas podem ser de direito público, interno ou externo, ou direito privado.

-Pessoa jurídica de direito público externo: são regulamentadas pelo direito internacional abrangendo nações estrangeiras, uniões aduaneiras (com função de facilitar o comércio) e organismos internacionais como a ONU.

-Pessoa jurídica de direito público interno: podem ser de administração direta ou administração indireta, sendo estes últimos órgãos descentralizados, criados por lei, com exercício de atividades de interesse público (autarquias, associações públicas, fundações públicas, agências reguladoras, agências executivas). As fundações públicas são dotadas de personalidade jurídica de direito privado, entretanto sua organização é de direito privado, sendo regidas pelo CC. Empresas públicas e sociedades de economia mista são dotadas de personalidade jurídica de direito privado, mas disciplinadas por normas administrativas tributárias e trabalhistas, e seu funcionamento pelas normas do CC de natureza cível ou empresarial

-Pessoa jurídica de direito privado: é aquela constituída para a realização de interesses de caráter particular, com ou sem fito econômico. Associações, fundações particulares, sociedades (simples e empresárias), organizações religiosas e partidos políticos.

Fundações particulares: universalidades de bens, personalizadas pela ordem jurídica em consideração a um fim estipulado pelo fundador, sendo este objetivo imutável. É um acervo de bens livres de ônus ou encargos que recebe da lei a capacidade jurídica para realizar as finalidades pretendidas pelo seu instituidos, desde que sejam morais, culturais, assistenciais e religiosas. Não tem fins econômicos nem fúteis. Sua constituição está prevista no CC, art. 62. Este artigo é meramente enumerativo e serve para excluir fins lucrativos. É a disposição de certos bens, inalienáveis, para determinados fins especiais colimados pelo fundador. Caso haja a necessidade de venda, essa deve ser autorizada pelo Magistrado, para que a

tutela aplique esses bens em fins semelhantes. É um patrimômio colocado a disposição de um fim especial, que deve ter sempre um alcance social.

Associações: conjunto de pessoas que se organizam para a consecução de fins não econômicos para elas. Não visa a interesses econômicos aos seus associados. Entre estes não existem direitos e obrigações recíprocos (CC, art. 53) É universitas personarum. Tem-se associação, portanto, quando não há um fim lucrativo ou intenção de dividir o lucro, embora tenha patrimônio formado por contribuição de seus membros para obtenção de fins culturais, educacionais, esportivos, religiosos, beneficientes, recreativos. Não deixa de ser associação se os membros realizarem negócios para aumentar o patrimônio, porém esse aumento não representa lucro para os associados.Os associados colocam em comum serviços, atividades, conhecimentos, em prol de um mesmo ideal, objetivando a consecução de determinado fim não econômico.O ato constitutivo da associação consiste em cláusulas vinculantes, ligando seus fundadores e os novos associados, fazendo todos se submeterem aos seus comandos. As cláusulas definirão como será formada a associação, como devem agir os associados, como alterar algo, gestão econômica e administrativa. Esse ato deve ser registrado em Cartório. Sindicatos e cooperativas entram como associações.

Sociedade: define-se pelo conjunto de pessoas que se organizam para a obtenção de fins econômicos para si mesmas, mediante a prática de atividades levadas a efeito pelo desempenho de determinadas profissões ou serviços técnicos, ou pelo exercício de atividade empresarial, sob as formas de sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade limitada ou sociedade anônima (por ações). +Sociedade simples: visa fim econômico que deve ser repartido entre os sócios, sendo alcançado pelo exercício de certas profissões ou pela prestação de serviços técnicos. Ex: uma sociedade de advogados, registrada na OAB e que serve de organização administrativa e financeira das relações internas entre seus sócios. A sociedade simples apresenta autonomia patrimonial e atua em nome próprio, ois sua existência não é ligada a dos sócios, de modo que os débitos destes não são da sociedade. + Sociedades empresárias: visam lucro mediante atividade mercantil, assumindo as formas de: sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples; sociedade em comandita por ações; sociedade limitada; sociedade anônima ou por ações. Para saber então se a sociedade é simples ou empresária basta analisar suas operações habituais: se forem atividades organizadas para a produção ou circulação de buns, próprias de empresário sujeito a registro, a sociedade será empresária. Será simples a sociedade que não exercer tais atividades.

Diferenças entre associações e fundações: ambas são um conjunto de bens e pessoas.

Nas associações existem interesses, fins e meios próprios, nque são exclusivos dos associados. Nas dfundações o interesse é do fundador, somente.

Nas associações os fins podem ser objeto de alteração pelos associados, enquanto nas fundações os fins são imutáveis, cabendo apenas aos administradores seu cumprimento.

Nas associações o patrimônio é constituído pelos bens adquiridos pelos associados, enquanto nas fundações o patrimônio é fornecido pelo fundador, um particular ou Estado.

Nas associações, os associados decidem livremente, enquanto nas fundações as deliberações são fixadas pelo instituidor.

Organizações religiosas: são grupos de pessoas, voltados a um fim não econômico dentro da seara religiosa. São confrarias ou irmandades, fábricas paroquiais, congregações, ordens monásticas, centro espíritas...A criação, organização e o funcionamento das mesmas é livre, cabendo ao Estado negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos.

Partidos Políticos: são entidades integradas por pessoas que desfrutam de pensamentos e idéias comuns, visando a conquistar o poder para consecução de um programa.Ex.: PMDB, PT, PP, PSDB, PTB, PDT, DEM, PR, PSB, PSC, PV e PCdoB.

Começo da existência da pessoa jurídicaa)Pessoa jurídica do direito público: tem seu início com fatos

históricos, criação constitucional, lei especial e tratados internacionais.

b) Pessoa jurídica de direito privado: há fases para sua constituição:

-1ª Fase: ato constitutivo, que é unilateral inter vivos ou causa mortis nas fundações, e bilateral ou plurilateral inter vivos nas associações e sociedades. Nesta fase temos os elementos: a) material, ou seja, atos de associação, fins a que se propõe e conjunto de bens; b) formal, deve ser por escrito, podendo ser público ou particular, com exceção das fundações que estão sujeitas ao requisito formal e específico, como nos casos em que há necessidade de autorização governamental.

-2ª Fase: requer Registro Público. Quanto às fundações, deve haver intervenção do MP no registro.

Entes não personalizadosSão aqueles desprovidos de personalidade jurídica por lhes

faltarem requisitos imprescindíveis à subjetivação, embora possa agir ativa ou passivamente. Constituem uma comunhão de interesses ou conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação (CPC, art. 12), tais como as

sociedades não personificadas, as firmas individuais, a massa falida, o condomínio, o espólio, as heranças jacente e vacante.

Família: por não haver interesse em lhe atribuir personalidade, devido ao fato de que suas atividades jurídicas, patrimoniais ou não, podem ser realizadas sem personalização jurídica.

Sociedades não personificadas (irregulares de fato): sociedade sem CNPJtêm capacidade de exercer certos direitos, como defesa em juízo e o de representação pelo administrador de seus bens. Assim que a sociedade cadastra seus atos constitutivos na Junta Comercial ou no Registro Civil das PJ, ela passará a ter personalidade jurídica e não haverá retroatividade em seus atos.

Firma Individual: entidade que, embora possua CNPJ não tem personalidade jurídica. O CNPJ desta entidade apenas serve para efeitos tributários.

Massa Falida: surge após a declaração de falência. É uma instituição, criada por lei, para exercer os direitos do falido e agir contra ele. É, pois, o acervo de bens do falido que é processualmente representado pelo administrador judicial. A massa falida não é sujeito de direito, não podendo ter direitos reais e nem contrair obirgações.

Heranças jacente e vacante: a herança será jacente se, não havendo testamento, ou o falecido não tiver deixado descendente, ou se os herdeiros renunciarem a herança, a mesma fica sob a guarda de um curador, que representará a mesma processualmente. Serão declarados vacantes os bens da herança jacente se, praticadas todas as diligências legais e ultimado o inventário não aparecerem herdeiros. Caso se passem cinco anos após a abertura de sucessão e ninguém recorra, esses bens passarão para o Estado.

Espólio: conjunto de direitos e obrigações da massa patrimonial deixada pelo autor da herança, podendo compreender bens móveis, imóveis, títulos imobiliários, dívidas, direitos e ações, sendo representado por um inventariante, que o representará ariva e passivamente, em juízo ou fora dele. Nasce portanto a abertura do inventário e a nomeação do inventariante, que age até o momento da partilha de bens em juízo. Posteriormente à partilha dos bens, deixa de existir o espólio.

Condomínio: é a co-propriedade de um determinado bem, seja ele móvel ou imóvel, sendo igualmente, um ente despersonalizado, na medida que não há intenção dos proprietários em constituírem sociedade. É a propriedade comum de qualquer bem, a mesma coisa é de mais de uma pessoa.

Ponto nº 7 Domicílio

Domicílio

Conceito: é o lugar onde a pessoa estabelece sua residência em ânimo definitivo ou onde estabelece sua atividade profissional.

Residência ≠ habitação

Na habitação ou moradia tem-se uma uma mera relação de fato. É o local no qual a pessoa permanece sem intenção de ficar, como um hotel, estância climátca, casa de veraneio.

Residência é o local que a pessoa habita, com intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente.

Domicílio é um conceito jurídico, por ser o local inde a pessoa responde permanentemente, por seus negócios e atos jurídicos.

Elementos:

-objetivo: fixação da pessoa em dado lugar. Residência

-subjetivo: intenção de ali permanecer com ânimo definitivo. Fixação espacial permanente da pessoa.

Há os seguintes domicílios:

-domicílio plural, que ocorre quando a pessoa possui diversas residências;

-domicílio refente à profissão;

-domicílio da pessoa que não tenha residência habitual, como no caso de nômades, artistas de circo, entre outros. Nos casos em epígrafe, será considerado domicílio aquele em que a pessoa é encontrada. Será o domicílio aparente ou ocasional.

Classificação: São duas as espécies de domicílio:

1. Necessário ou legal:

Quando for determinado por lei, em razão da condição ou situação de certas pessoas. Assim, o recém-nascido adquire o domicílio de seus pais, bem o incapaz o de seu representante ou tutor. O itinerante do lugar onde for encontrado, o de cada cônjuge será o do casal, o servidor público será o lugar em que ele exerce sua função.

O domicílio será voluntário quando o servidor público exercer função temporária, não implicando em mudança domiciliar, permanecendo naquele que possuía anteriormente.

2. Voluntário:

É escolhido livremente, podendo ser

-geral: se fixado pela própria vontado do indivíduo, quando capaz;

-especial: se estabelecido conforme os interesses das partes em contrato, a fim de fixar a sede jurídica onde as obrigações contratuais serão cumpridas. Ex.: sede de uma empresa.

Perde-se o domicílio anterior pela mudança e por determinação de lei, na qual, em hipótese de domicílio legal, o domicílio antecedente sede lugar ao do preceito normativo, caso em que terá mudança domiciliar compulsória, imposta por lei. Por último, perde-se o domícilio por contrato quando há a eleição das partes. Trata-se do domicílio de eleição ou contratual, que faculta às partes contratantes especificar o domicílio onde se exercitem e cumprar os direitos e obrigações resultantes do contrato.

3. Domicílio de pessoas jurídicas

A pessoa jurídica, como ente abstrato que é não pode ter residência, pois este conceito é diverso ao conceito relacionado com pessoa natural. A pessoa jurídica tem uma sede, que é o centro de sua atividade dirigente.

3.1 Domicílio da pessoa jurídica de direito privado

A pessoa jurídica de direito privado tem um estabelecimento, e é necessário que este se prenda a determinado lugar, onde os interessados a procurem, onde os credores possam demandar o cumprimento das obrigações. Não se pode falar exatamente em domicílio da pessoa jurídica, então usa-se sede social, podendo esta ser livremente escolhida no contrato social da empresa e constar no registro público. A empresa pode possuir vários “domícílios”, no caso de possuir vários estabelecimentos.

3.1.1 Pessoa jurídica sediada no estrangeiro

A pessoa jurídica cuja adminsitração ou diretoria for sediada no estrangeiro terá como domicílio legal e obrigatório ol ugar do estabelecimento sito no Brasil, no tocando às obrigações aqui contraídas por qualquer agência sua.

4. Foro de eleição ou domicílio contratual

Foro de eleição ou domicílio contratual é o direito concedido ás partes de especificar o domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações resultantes do contrato. Esta especificação só pode provir de ajuste excrito, no qual as partes expressamente determinem o lugar de execução. Ambas as partes devem concordar quanto ao domicílio ou foro.

Ponto nº 8 Bens

Noções gerais

Coisas ≠ Bens

Coisas são tudo aquilo que existe na natureza, com exceção da pessoa natural, porém nem todas as coisas podem ser consideradas bens. Isso porque os bens são as coisas que constituem ou podem constituir o objeto de um direito. São as coisas que direta ou indiretamente, proporcionam uma apreciação de ordem econômica, resultante de sua utilidade e de sua limitação.

Assim, como coisas, podemos exemplificar o oxigênio presente na atmosfera, mas ele não é um bem.

Como bens teremos a casa, o dinheiro, uma plantação, direitos autorais, e até mesmo direitos da personalidade. Com efeito, mesmo levando em conta que o direito à honra traduz um valor moral, caso ocorra sua violação, o transgressor poderá ser condenado a indenizar uma determinada importância em favor da vítima.

Assim o bem é espécie do gênero coisa. Bem é a coisa que constitui ou pode constituir objeto de direito.

ConceitoSão coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que

podem servir de objeto em uma relação jurídica. Como bens só se consideram coisas existentes que proporcionam ao homem uma utilidade, sendo suscetíveis de apropriação, constituindo então seu patrimônio. Compreendem não só os bens corpóreos, como os incorpóreos também, como as criações intelectuais, prestações de dar, fazer e não fazer. Todos esses são objetos para as relações jurídicas.

Assim, o patrimônio é o complexo de relações jurídicas (reais ou obrigacionais) de uma pessoa, apreciáveis economicamente.

CaracteresPara que o bem seja objeto de uma relação jurídica ele deve ter

as seguintes características:- Idoneidade para satisfazer interesse econômico: excluindo-se então de bens os elementos morais da personalidade como vifa, honra, nome, liberdade, defesa, etc.- Gestão econômica autônoma: o bem deve possuir uma autonomia econômica, constituindo uma entidade econômica distinta.- Subordinação jurídica ao seu titular: só é bem jurídico aquele autônomo que pode ser subordinado ao domínio do homem

Classificação dos bens

A) Bens considerados em si mesmosa1) Bens corpóreos: são coisas que têm existência material,

como uma casa, um terreno. São o objeto do direito.

b1) Bens incorpóreos: não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas naturais ou jurídicas têm sobre as coisas, apresentando valor econômico como direitos reais, obrigacionais, autorais.

A2) Bens imóveis: são aqueles que não se pode transportar, sem destruição, de um lugar para outro.

B2) Bens móveis: são os que, sem deterioração na substância ou na forma, podem ser transportados de um lugar para outro. São suscetíveis a movimento próprio ou remoção por força alheia. Semoventes são os que se mexem por força própria (animais) e, no segundo, os móveis propriamente ditos.

A importância da distinção entre bens imóveis e móveis:

-Eles são adquiridas de formas diversas. Os bens imóveis só são adquiridos pelo registro do título, acessão, usucapião e direito hereditário; e os móveis pela tradição, usucapião, ocupação, achado de tesouro, comistão, adjunção.

-Os bens imóveis não podem ser alienados, hipotecados sem a anuência de ambos cônjuges (exceto na separação absoluta de bens), porém, nos bens móveis, qualquer um dos cônjuges poderá alienar o carro ou ações de uma S/A sem consultar o outro.

-O tempo para usucapião varia, sendo mais curto para os bens móveis.

Bens imóveis Espécies

1. Imóveis por sua natureza: abrange o solo e tudo o que se pode incorporar naturalmente, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. Enquanto as árvores não forem abatidas e o frutos não forem colhidos eles são bens imóveis. Após a retirada da árvore e dos frutos eles passam a ser bens móveis por antecipação. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo, em altura e profundidade. Quedas d’água são coisas distintas do solo em que se encontram, assim a propriedade da superfície não envolve a água e seu curso. Jazidas, minas e potenciais hidrelétricos pertencem à União. Para exploração pelo dono do terreno deve haver concessão estatal dada somente a brasileiros e, caso a exploração não seja dada a ele, o mesmo ganha uma porcentagem do lucro.

2. Imóveis por acessão física artificial: inclui tudo o que o homem incorpora artificial e permanentemente ao solo, como a semente lançada a terra, os edifícios e construções, de modo que não possam ser retirados sem destruição, modificação, fratura ou dano. Acessão é aumento, justaposição, acréscimo ou aderência de uma coisa a outra. As casas pré-fabricadas de madeirs que podem ser relocadas sem prejuízo caracterizam o imóvel por acessão física artificial, pois no deslocamento deste não há intenção de destruição. Bens móveis como tijolos, canos, portas, madeira, etc também são considerados bens imóveis, pois se retirados causam alteração no imóvel.

3. Imóveis por acessão intelectual ou imóveis por destinação do proprietário: todas as coisas móveis que o proprietário do imóvel mantiver, duradoura e intencionalmente, empregadas em sua exploração industrial, aformoseamento e comodidade. São “pertenças”: tratores ou máquinas agrícolas, ornamentos, vasos, instalações, animais ou materiais empregados no cultivo da terra, geradores. Assim, um cortador de grama ou um trator são considerados bens imóveis por acessão intelectual. Caso uma fazenda seja locada, esses bens fazem parte da mesma e passam a ficar sob os cuidados do locatário.Para que haja essa acessão de coisa móvel para bem imóvel, o móvel deve pertencer ao dono do imóvel e se destinar a finalidade econômica da coisa principal ao seu uso, serviço ou adorno. Este bem não pode simplesmente servir aos interesses pessoais do proprietário. Esse estado de imobilidade pode ser facilmente revertido.

4. Imóveis por determinação legal: são direitos reais sobre imóveis (usofruto, uso, habitação, enfiteuse, superfície, hipoteca, servidão predial) e ações que os asseguram, como as reinvidicatórias, hipotecárias, negatórias de servidão, nulidade, rescisão de contratos e o direito a sucessão aberta; ainda que a herança seja formada apenas por bens móveis. Ter-se-á a abertura de sucessão no momento da morte do de cujus.

Bens móveis Categorias

1. Móveis por natureza: coisas corpóreas suscetíveis de movimento próprio ou remoção por força alheia sem alteração da substância ou destinação econômica. Animais, canetas, materais de construção antes de serem empregados em edifícios. Navios e aviões são transformados por lei em bens imóveis.

2. Móveis por antecipação: a vontade humana mobiliza bens imóveis em função da finalidade econômica. Ex.: árvores, frutos, pedras, metais que foram retirados do solo.

3. Móveis por determinação da lei: energias que tenham valor econômico, pois a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico equipara-se à coisa móvel (energia nuclear, elétrica, térmica, eólica); os direitos reais sobre objetos móveis (penhor, alienação fiduciária em garantia) e ações correspondentes; direitos pessoais de caráter patrimonial (direitos obrigacionais ou de crédito) e ações respectivas; e os direitos do autor, assim um escritor poderá ceder seus direitos autorais sem outorga uxória. A propriedade industrial também é coisa móvel, abrangendo os poderes de invenção e criação do indivíduo, assegurando ao autor as patentes.

Bens fungíveis

Podem ser substituídos por outros bens da mesma espécie, qualidade e quantidade. É própria dos bens móveis, sendo o resultado da comparação entre duas coisas equivalentes. Dinheiro é um bem fungível, por exemplo. Este conceito nasce da natureza do móvel. Será fungível a obrigação de fazer que consiste na prática de um fato ou serviço que pode ser realizado por outra pessoa

Bens infungíveisBens móveis que por sua qualidade individual têm valor especial,

não podendo serem substituídos sem que haja alteração de seu conteúdo, como o quadro de um pintor famoso. Se há a compra e venda de algo específico, esse algo é um bem infungível, sendo que o devedor não se libera da obrigação enquanto não der ao credor este mesmo bem. É própria dos bens imóveis. Será infungível a obrigação de fazer que requer uma atuação personalíssima do devedor.

Muitos bens fungíveis podem ser transformados em bens infungíveis.

A distinção entre bens fungíveis e infungíveis configura certos institutos jurídicos:

1) O mútuo é empréstimo de coisas fungíveis e o comodato de coisas infungíveis.

2) O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, se regulartá pelas normas relativas ao mútuo.

3) A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.

4) Se o devedor efetuar pagamento entregabndo ao credor bem fungível, que não poderia alienar, o verdadeiro dono não poderá reclamar a devolução se a coisa já foi consumida e se o credor provas sua boa fé.

5) O contrato de locação de coisas via o uso e gozo de coisa infungível.

Bens consumíveisSão os bens cujo uso importa destruição imediata da própria

substância, sendo também considerados à alienação. É o caso dos alimentos, do dinheiro, caso em que se tem a consuntibilidade, pois “as coisas que se consomem pelo uso caem para logo no domínio do usufrutário, ficando, porém, este obrigado a restituir, findo o usufruto, o equivalente”. A consuntibilidade, que pe a qualidade daquilo que é consumível, pode ser de fato (alimentos) ou de direito (dinheiro). quase usufruto, ou usufruto impróprio era um desvio da normalidade do instituto, que só pode recais sobre bens inconsumíveis.

Bens inconsumíveisSão aqueles que podem ser utilizados continuamente,

possibilitando que se retirem todas as suas utilidades sem atingir sua integridade. Uma roupa é inconsumível porque não se consome com um único uso, entretanto, nas lojas, quando colocada a venda é consumível, pois se pretende fazer com que ela desapareça. Neste caso temos a consuntibilidade jurídica.

Dessa forma, a consuntibilidade não decorre da natureza do bem, mas de sua destinação numa livraria, e uma fruta, quando emprestada para uma exposição se torna inconsumível, por ter que retornar inteira.

Bens divisíveisSão bens que podem ser fracionados em partes homogêneas e

distintas, sem alteração das qualidades essenciais do todo, sem desvalorização ou diminuição considerável do valor, e sem prejuízo do uso a que se destinam. Ex.: uma saca de café.

Bens indivisíveisAo inverso, estes bens não comportam fracionamento, ou se

fracionados perdem a possibilidade de prestar serviços.

Espécies:

1. Por natureza: não podem ser repartidos sem alteração da substância ou valor. P. ex.: um cavalo puro sangue não pode ser dividido, pois ele deixa de ser semovente. As partes de um terreno fracionado muitas vezes perdem o valor, pois se as partes forem muito pequenas elas perdem sua utilidade. É por isso que o imóvel rural não pode ser dividido em um quinhão menor do que o módulo rural.

2. Por determinação legal: a garantia é indivisível, pois, ainda que o devedor cumpra uma parte do débito, os bens gravados continuam onerados integralmente para garantir o saldo devedor. O direito a herança dos co-herdeiros é indivisível, quanto à posse e ao domínio, até se ultimar a partilha. As servidões prediais são indivisíveis, elas não poder se adquiridas ou perdidas. Subsistem, no caso de partilha em benefício de cada um dos quinhões do prédio dominante, e continuam a gravar cada um dos do prédio serviente.

3. Por vontade das partes: por exemplo, nas obrigações indivisíveis, pode-se, por ajuste, tornar indivisível um bem divisível, por determinado tempo ou não.

Bens singulares

São aqueles que, embora reunidos, se consideram per si, independentemente dos demais. São considerados em sua individualidade

Bens coletivosBens coletivos ou universais são constituídos por várias coisas

singulares, considerados um conjunto, formando um todo único que passa a ter individualidade própria, distinta da dos seus objetos componentes, que conservam sua autonomia funcional. Pode se apresentar como:

-universalidade de fato: conjunto de bens singulares, corpóreos e homogêneos ligados para a consecução de um fim Devem ser do mesmo dono. Os bens, apesar de integrados numa universalidade, ainda têm sua individualidade Biblioteca, rebanho, por exemplo.

-universalidade de direito: constituída por bens singulares corpóreos heterogêneos ou incorpóreos. Exemplo: o patrimônio, a massa falida, a herança ou o espólio. Embora o patrimônio e a herança não se constituam somente de bens materiais e de créditos, esses bens de unificam numa expressão econômica.

Patrimônio é o conjunto de relações jurídicas apreciáveis economicamente. Incluem-se no patrimônio a posse, os direitos reais, as obrigações e as ações correspondentes a tais direitos.

Os bens do espólio ou da herança formam um todo ideal, uma universalidade, mesmo que constem apenas direitos e obrigações. Assim sendo, a herança causa mortis é o patrimônio do falecido, ou seja, conjunto de deveres e direitos que se transmitem.

B) Bens reciprocamente consideradosDividem-se em:

Coisa Principal

Principal é o que existe sobre si, abstrata ou concretamente, exercendo sua função e finalidade independente de outra. P. ex. o solo

Coisa acessória

É aquela cuja existência supõe a existência da coisa principal. Sua existência jurídica necessita de outra coisa. P. ex. a casa que se coloca sobre o solo.

Apenas no caso da hipoteca uma coisa acessória domina a principal, pois a hipoteca é acessório em relação a dívida garantida, mas se sobrepõe a esta devido à importância desse direito real.

É importante a distinção entre coisa principal e coisa acessória pois: A coisa acessória, segue, logicamente, a coisa principal, sendo ambas de

mesma natureza. Ex.: se a obrigação principal é nula, a cláusula penal, que é acessória, também será nula. A coisa acessória pertence ao titular da principal. P. ex., a posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que ali estiverem. Quem compra uma casa, compra a árvore frutífera que há em seu quintal, juntamente com os frutos da mesma.

Espécies de bens acessórios

Frutos: utilidades que a coisa produz periodicamente, cuja percepção mantém intacta a substância do bem que as gera. A inalterabilidade da substância e periodicidade dos são características fundamentais. Podem ser animais, industriais ou civis (aluguéis, rendas).

Quanto ao seu estado podem ser: pendentes (quando ligados a coisa que os produziu), percebidos (se já separados), estantes (armazenados em depósito para exposição ou venda), percepiendos (os que deveriam, mas não foram percebidos) e consumidos (já não mais existem).

Produtos: utilidades que se podem retirar da coisa, alterando sua substância, com diminuição da quantidade até o esgotamento, porque não se produzem periodicamente. Ex.: petróleo, pedras preciosas.Os frutos e produtos, mesmo não separados do bem principal, podem ser objeto de negócio jurídico.

Rendimentos: são os frutos cíveis, ou prestações periódicas, em dinheiro, decorrentes da concessão do uso ou gozo de um bem que uma pessoa concede a outra. Aluguel de uma casa, p. ex..

Benfeitorias: obras ou despesas que se fazem em móvel ou imóvel para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sem intervenção do proprietário, possuidor ou detentor, ou seja, advindos das acessões naturais (aluviões, avulsão) que são acrésicmos decirrentes de fatos eventuais e fortuitos, ou acessões artificiais (construção e plantação), que são obras que criam coisa nova que se adere ao principal.

Pertenças: é bem que se acresce, como acessório, à coisa principal, daí a ser rex annexa. É destinada de modo duradouro a facilitar ou conservar o uso ou prestar serviço. Está a serviço econômico de uma outra coisa. Apesar de acessória conserva sua autonomia, tendo apenas com a principal uma subordinação econômico-jurídica. São pertenças todos os bens móveis que o proprietário intencionalmente empregar na exploração industrial ou econômica do bem imóvel. Ex.:órgão de uma igreja. Não é alcançada pelo negócio jurídico que a envolver, a não ser que haja imposição legal. Conforme escrito no tópico ‘bens imóveis por acessão intelectual’.

Tipos de benfeitorias:

- Benfeitorias voluptuárias: são de mero deleite ou recreio, que não aumento o uso habitual da coisa, ainda que tornem mais agradável e que sejam de alto valor. Ex.: construção de uma piscina.

-Benfeitorias úteis: aumentam ou facilitam o uso da coisa, p. ex. a construção de uma garagem, instalação elétrica mais moderna.

-Benfeitorias necessárias: têm por fim conservar o bem ou evitar que ele se deteriore. Ex.: construção de novas vigas caso as antigas estivessem condenadas.

A relevância jurídica desta distinção se dá:

A pessoa que possui boa-fé tem o direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, terá o direito de levantá-las, quando o puder, sem o detrimento do bem.

A pessoa de má-fé tem direito apenas ao ressarcimento pelas benfeitorias necessárias, porém não possui direito de retenção pela importância à elas relativa. Ele também pode tentar levantar a verba pertinente às benfeitorias voluptuárias.

As benfeitorias podem ser compensadas com danos, obrigando apenas ao ressarcimento se à época ainda tiverem existência.

O reivindicante, na hipótese de ser obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, pode optar entre seu valor atual e o seu custo. Todavia, quanto ao possuidor de boa-fé, deverá o reivindicante indenizá-lo pelo valor atual.

Acessão é o aumento do volume ou do valor do objeto da propriedade devido a forças externas, fatos eventuais ou fortuitos. Por isso não é indenizável, pois para sua realização o possuidor ou dententor não concorreu com seu esforço. Somente o proprietário lucra com a acessão, sem compensação para quem quer que seja.

C) Bens considerados emrelaçao ao titular do domínio – Bens públicos e particulares

Bens públicosSão de domínio nacional, pertencendo à União, aos estados, aos

territórios ou aos municípios, e a outras pessoas jurídicas de direito público interno.

Espécies de bens públicos

-Bens de uso comum: podem ser utilizados sem restrição, gratuita ou onerosamente, por todos, sem necessidade de permissão. Estradas não perdem essa característica se for cobrado o pedágio, ou museus não deixam de ser públicos se são cobrados ingressos. O poder público pode, ainda, suspender seu uso.

-Bens públicos de uso especial: são utilizados pelo próprio poder público, constituindo-se por imóveis aplicados ao serviço ou estabelecimento de adminsitração federal. São os prédio, por exemplo, que possuem destinação especial, como um tribunal.

-Bens dominicais: compõem o patrimônio da União, dos estados ou dos municípios como objeto do direito pessoal ou real dessas pessoas do direito público interno. Ex.: fundações públicas, sociedades de economia mista e consórcios públicos. Abrangem bens móveis e imóveis.

Características dos bens públicos

-Inalienabilidade: desde que destinados ao uso comum do povo ou a fins administrativos, os bens públicos não podem ser vendidos, doados ou trocados. Essa inalienabilidade poderá ser revogada desde que seja mediante lei especial ou tenham os bens perdido sua função, utilidade ou necessidade. Os bens públicos dominicais poderão ser alienados como se fossem bens particulares, observando-se as exigências legais.

-Imprescritibilidade: das pretensões a elas relativas devida a sua inalienabilidade. Essas pretensões poderão ser prescritíveis para evitar especulação ou má distribuição de um bem necessário ao povo. Não pode ser adquirido por usucapião.

-Impenhorabilidade: já que são inalienáveis, são insuscetpiveis de serem dados em garantia.

Os imóveis nunca se encaixarão no padrão de coisas que não são públicas nem privadas. Os imóveis sempre serão ou do Estado, em caso de abandono, entre outros, ou de pessoa privada.

Bens particularesTodos os bens que possuem como proprietárias pessoas jurídicas

de direito privado.

D) Bens quanto à possibilidade de comercialização

Bens alienáveis: são os que podem ser transferidos ou apropriados, passando, gratuita ou onerosamente, de um patrimônio a outro, quer por sua natureza, quer por disposição legal.

Bens inalienáveis: não podem ser transferidos de uma acervo patrimonial a outro ou insuscetíveis de apropriação, incluindo ou inalienáveis por sua natureza (coisa de uso inexaurível e direitos da personalidade); legalmente inalienáveis (bens públicos, bens de fundação, bens de menores, lotes rurais inferiores ao módulo fixado, capital destinado a pagamento de alimentos à vítima de ato ilícito, bem de famíliam tombamento de móveis e

imóveis e terras ocupadas por índios); e os inalienáveis por vontade humana em razão da cláusula de inalienabilidade em doação ou testamento.

Ponto nº 9 Fatos jurídicos

Conceito de fato jurídico em sentido amploFato jurídico lato sensu é o elemento que dá origem aos direitos

subjetivos, impulsionando a criação da relação jurídica, concretizando as normas jurídicas. Do direito objetivo não surgem diretamente os direitos subjetivos. É necessária uma força de propulsão ou causa que é o fato jurídico.

São os acontecimentos naturais ou humanos, em razão das quais resultam efeitos constitutivos, conservativos, modificativos e extintivos de direitos e observativos.

Caio Mário da Silva pontua que dois fatores constituem o fato jurídico: um fato, qualquer eventualidade que atue sobre o direito subjetivo, e uma declaração da norma jurídica, que confere efeitos jurídicos àquele fato. A eventualidade aliada ao direito objetivo resulta no fato jurídico.

São acontecimentos em virtude dos quais as relações de direito nascem, se extinguem, se modificam e subsistem.

Classificação dos fatos jurídicos Fato natural: advém de fenômeno natural, sem intervenção

da vontade humana, que provoca efeito jurídico. Esse evento natural consiste no fato jurídico stricto sensu, que pode ser:

-Ordinário: morte, nascimento, maioridade, decurso do tempo, aluvião.

-Extraordinário: caso fortuito de força maior, p. ex. o desabamento de um prédio por fortes chuvas.

Esses acontecimentos provocam efeitos jurídicos, pois o nascimento de alguém acarreta a personalidade jurídica, tornando este ser portador de direitos e deveres

Fato humano: depende da vontade humana, abrangendo os atos lícitos e ilícitos. Podem ser:

- Voluntários: produzem efeitos desejados pelo agente. Dentro dos fatos jurídicos humanos voluntários temos o ato jurídico em sentido amplo, e dentro do ato jurídico em sentido amplo temos o:

-Ato jurídico em sentido estrito (stricto sensu), se objetiva a mera realização da vontade do agente (perdão, confissão, ocupação). Gera efeitos jurídicos previstos na lei enão pelas pessoas interessadas.-Negócio Jurídico (ato jurídico lato sensu), se procura criar normas para regular interesses das partes, harmonizando vontades que parecem antagônicas (testamento, contrato. Visa disciplinar a autonomia privada.

- Involuntários: fatos jurídicos que acarretam consequências jurídicas alheias a vontade do agente. Dentro dos fatos jurídicos humanos involuntários nasce o:Ato ilícito ou ato ilícito por culpa, que produz efeitos como sanções, pois violam um mandamento da norma (indenização por perdas e danos).

Ponto nº 10 Ato Jurídico Stricto Sensu – Sentido estrito

Conceito Ato jurídico em sentido estrito é o fato jurídico que gera

consequências jurídicas previstas em lei e não pelas partes interessadas, não havendo regulamentação da parte privada. Surge como mero pressuposto de efeito jurídico, preordenado pela lei, sem função e natureza autorreguladora.

Diferença entre o ato jurídico em sentido estrito e o negócio jurídico

Embora pertençam ao gênero dos fatos jurídicos humanos lícitos voluntários há notórias diferenças a saber:

a) No ato jurídico stricto sensu está presente a voluntariedade do agente, enquanto no negócio jurídico está presente, além do evento e da vontade, o escopo prático que o sujeito pretende perseguir. O negócio jurídico é posterior à declaração da vontade.

Para a existência do ato jurídico stricto sensu, torna-se mister o que o agente deseje o ato, mas não se exige que ele deseje seu efeito. De outro lado, para que o negócio jurídico exista é imprescindível que o autor deseje o ato e seu efeito.

b) No ato jurídico stricto sensu prevalece somente a função que a ordem jurídica fixa para o próprio ato e o objetivo visado pelo agente ao cumprí-lo. Já no negócio jurídico tem-se em conta o objetivo almejado pela parte ou pelas partes interessadas, sendo certo que para esse objetivo o ordenamento jurídico promove a adaptação de seus efeitos.

Ou seja, no ato jurídico stricto sensu não é a vontade que define o efeito da declaração, mas a lei, que o faz de maneira direta e imperativa, independentemente da concordância do agente. No negócio jurídico a autonomia da vontade é exercida sem qualquer vinculação a qualquer anterior obrigação legal ou convencional. O autor seleciona os efeitos jurídicos que se

quer alcançar, e a lei, reconhecendo licitude ou ilicitude aprova ou não o efeito. A lei irá determinar se o ato livremente praticado terá o efeito almejado.

O negócio jurídico típico é o contrato, no qual as partes acordam que devem conduzir-se de determinado modo, uma em face da outra.

Classificação1) Atos materiais ou reais, consistem numa atuação da vontade

que lhes dá existência imediata, porque não possuem um destinatário. Trata-se de atos a que a ordem jurídica confere direitos invariáveis, de maneira que tais consequências estão restritas somente ao resultado da ação, produzindo-se independentemente da consciência que o agente tinha. Ex: o achado de um tesouro.

2) Participações: consistem em declarações para a ciência de intenções ou fatos, tendo por objetivo produzir um efeito psíquico. Têm necessariamente um destinatário, pois o sujeito pratica um ato para dar conhecimento a outrem de que tem certo propósito ou que ocorreu determinado ato. Ex.: intimação, interpelação, notificação.

Ponto nº 11 Negócio jurídico – Elementos essenciais e classificação

ConceitoFaz parte dos fatos jurídicos humanos lícitos voluntparios

Funda-se na autonomia privada, no poder de autorregulação dos interesses que contém a enunciação de um preceito. Norma concreta estabelecida pelas partes e que se subordina a algumas disposições comuns.

Para esta concepção não basta apenas a vontade do agente de comprar uma casa, p. ex., necessita-se de um contrato de sucessões. É necessário que o efeito visado pelo interessado esteja previsto na norma jurídica. A própria ordem jurídico-positiva permite a cada pessoa a prática de negócio jurídico, provocando seus efeitos. É essa a autonomia privada que garante aos sujeitos seus interesses particulares.

Elementos essenciais do negócio jurídicoa) Capacidade do agente

A capacidade jurídica do agente é indispensável, sendo os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes representados por seus interesses, sendo que os últimos asão capazes se realizar alguns negócios jurídicos, desde que assistidos.

Os atos realizados pelo absolutamente incapaz sem a representação são nulos, e os atos realizados pelo relativamente incapaz são anuláveis.

Vale relembrar acima o tópico que aborda a capacidade dentro da seara civil.

Os atos da pessoa jurídica serão feitos por meio de seus representantesm ns conformidade com o que estabelece o seu estatuto social ou o seu contrato social.

b) Objeto lícito, possível, determinado e determinável

-Objeto lícito: o objeto do negócio jurídico deve estar dentro da lei, não sendo contrário à ordem pública, aos costumes e à moral. Se ilícito for o objeto, nulo será o efeito jurídico.

-Objeto possível: o objeto deve ser possível física e juridicamente. Se o negócio implicar prestações impossíveis como a volta ao mundo em duas horas, a venda da herança de uma pessoa viva, será este nulo. A prestação deverá mesmo ser irrealizável, pois se ela for considerada relativa, ou seja, puder ser feita por outrem, ou se o objeto for determinável, não constitui obstáculo ao negócio jurídico.

-Objeto determinado: as partes devem escrever sobre qual objeto se trata, devem individualizá-lo, pois caso outra pessoa que não a devedora for efetivar o negócio, este não poderá ser invalidado.

-Objeto determinável: basta a indicação de gênero e quantidade, pois em caso de venda de coisa incerta, ela será determinada pela escolha; e na hipótese de venda alternativa, a indeterminação acabará com tal indicação.

c) Consentimento

A manifestação da vontade das partes deve indicar aprovação, ter boa-fé, não podendo conter vício de consentimento sob pena de nulidade.

O consentimento pode ser expresso (se declarado explicitamente de forma oral ou escrita, ou tácito (se resultar de um comportamento do agente que demonstre sua vontade), desde que não hajam especificações no contrato.

O consentimento tácito decorre, como dito acima, da conduta do agente, que demonstre sua autorização. A anuência é implícita, nesse sentido, o silêncio pode chegar a ser considerado um consentimento tácito, porém somente quando os casos ou circunstâncias autorizem e não seja necessária declaração expressa da vontade.

d) Forma prescrita ou Não Defesa da Lei

A regra geral para os negócios jurídicos é da não existência de uma forma, entretanto se a lei impuser uma forma (forma prescita), o seu não atendimento resultará na nulidade do negócio jurídico.

A forma pública é essencial para a validade dos negócios jurídicos que objetivem a constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre bens imóveis de valor superior a trinta salários mínimos. A escritura pública não será exigida se a lei dispuser em contrário.

A forma pública poderá ainda ser determinada por convenção entre as partes. A não obediência à forma estabelecida gera a nulidade do contrato.

Em suma percebe-se que a forma “não defesa em lei” significa forma não proibida pela lei. Logo, um negócio jurídico terá validade se a forma obedecida não for vedada pela norma jurídica.

Classificação do negócio jurídico

a) Quanto ao número de partes

-Negócio jurídico unilateral: é aquele que se efetiva com a declaração de vontade de uma única pessoa, sendo certo que, somente depois a outra pessoa vem se manifestar. Ex.: testamento, cujos efeitos jurídicos somente ocorrem após a morte do testador, desde que seu herdeiro ou legatário exteiorize a sua aceitação da herança ou do legado.

-Negócio Jurídico bilateral: é aquele levado a efeito pela declaração de vontade de duas partes, as quais adquirem, transmitem ou extinguem direitos e obrigações. Ex.: Contrato de compra e venda, onde se verificam a vontade do vendedor e do comprador; contrato de doação pura e simples: há as declarações de vontade do doador que quer transferir um bem ao donatário, que, por sua vez, deve manifestar vontade de aceitar tal doação.

-Negócio jurídico plurilateral: é aperfeiçoado pelas declarações de vontade de mais de duas partes, as quais adquirem, transmitem ou extinguem direitos e obrigações, podendo ou não traduzir uma convergência de interesses. Ex.: Contrato de sociedade, onde convergem os interesses de todos os acionistas ou sócios.

b) Quanto à onerosidade

-Negócio jurídico oneroso: é aquele que consiste em vantagens para ambas as partes. Se as vantagens forem equivalentes, o negócio jurídico será comutativo, como num contrato de compra e venda, no qual as duas partes ganham.

-Negócio jurídico gratuito: é aquele que consiste em vantagem somente para uma das partes, sem que lhe importe qualquer contraprestação. Ex.: Contrato de mútuo gratuito de dinheiro, em que o mutuário tem a vantagem de receber, por empréstimo,uma quantia de dinheiro sem pagar juros ao mutuante.

c) Quanto ao momento da produção de seus efeitos jurídicos

Inter vivos e causa mortis.Negócio jurídico inter vivos é aquele que produz efeitos jurídicos

em vida das pessoas interessadas. Ex.: depósito, permuta, curatela, tutea, casamento.

Negócio jurídico causa mortis é aquele que produz efeitos jurídicos após a morte do sujeito. Ex.: Testamento.

d) Quanto à formalidade

-Negócio jurídico formal ou solene: é aquele que, para a sua existência, exige uma determinada forma prevista em lei, como por exemplo o mandato, por instrumento público, para que uma pessoa possa representar um dos contraentes no casamento; escritura pública para a compra e venda de um imóvel, testamento.

-Negócio jurídico informal ou não-solene: não exige uma forma especial, como a locação de um imóvel, que poderá ser feita mediante instrumento particular ou público, ou até mesmo verbalmente.