fichamento- lições preliminares de direito

Upload: anaclarasuzart

Post on 06-Jul-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    1/14

    LIÇÕES PRELIMINARES DE

    DIREITO

    MIGUEL REALE

      Fichamento

    CAPÍTULO 1

    O Direito corresponde à exigência indeclinável e essencial de uma

    convivência ordenada, pois nenhuma sociedade poderia subsistir sem um

    mínimo de ordem, direção e solidariedade. egundo anti !omano, o

    direito " a #reali$ação de uma convivência ordenada%. Desta &orma, tal

    &en'meno não pode apenas ser descrito como um con(unto de normas

    obrigat)rias *ue garante a convivência social graças ao estabelecimento delimites à ação de cada um dos seus membros.

    + experiência (urídica decorre da relação entre os homens, sendo

    denominadas relaçes intersub(etivas, al"m disso, envolvem sempre dois

    ou mais su(eitos. “ubi societas, ibi jus” (onde está a sociedade está o

    direito). Dessa &orma, não " possível conceber *ual*uer sociedade ou

    atividade social alheia às normas (urídicas, nem tampouco, *ual*uer regra

     (urídica *ue não se re&ira à sociedade. O Direito ", portanto, um &ato ou

    &en'meno social, não existe senão na sociedade e não pode ser concebido

    &ora dela.

    O Direito abrange um con(unto de disciplinas (urídicas. -ste

    &en'meno dividese em duas grandes classes/ o Direito 0rivado e o Direito

    01blico. +s relaçes *ue se re&erem ao -stado e priori$am o interesse

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    2/14

    coletivo são chamadas relaçes p1blicas, ou Direito 01blico. +*uelas

    relaçes *ue não interessam de maneira direta ao estado, mas sim ao

    indivíduo en*uanto particular, essas são as relaçes de Direito 0rivado. O

    Direito 01blico se subdivide em vários outros ramos/ Direito

    2onstitucional, Direito +dministrativo, (á o 0rivado, dividese em Direito

    2ivil, Direito 2omercial.

    3 necessário para exercer uma atividade (urídica possuir a ra$ão de

    direito, ou se(a, o Direito ao delimitar o *ue " lícito ou ilícito, dá ra$ão aos

    limites estabelecidos. #ubi (us, ibi ratio% 4onde está o direito está a ra$ão5.

    O 2omportamento 6umano admite direta ou indiretamente a

     presença do &en'meno (urídico. O Direito " sob certo prisma, um manto

     protetor de organi$ação e de direção dos comportamentos sociais,

    assumindo &unção diretiva, dessa &orma tal &en'meno tutela

    comportamentos humanos. O Direito não " um &en'meno estático, visto

    *ue dia a dia se renova.

    +s 2iências 6umanas *ue se re&erem a &atos sociais, humanos ou

    hist)ricos, direcionamse a perseguição de um ob(etivo comum. endo

    assim, a 2iência 7urídica tamb"m tem um caráter teleol)gico 4&im comum5.

    2ada 2iência possui um vocabulário8linguagem correspondente. endo

    assim, isso tamb"m ocorre com a ciência do Direito.

      0ara o devido desenvolvimento dos estudos (urídicos, "imprescindível seguir um m"todo, via *ue nos leva a um conhecimento

    seguro e certo. O 9"todo " o caminho *ue deve ser percorrido para a

    a*uisição da verdade ou, por outras palavras, de um resultado exato ou

    rigorosamente veri&icado. 3 essencial atentarse para o &ato de *ue sem

    m"todo não há ciência.

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    3/14

    + :ntrodução ao -studo do Direito " um sistema de conhecimentos

    destinado a apresentar os elementos essenciais ao estudo do Direito, em

    termos de linguagem e m"todo, com uma visão preliminar das partes *ue o

    compem e da sua complementaridade, bem como da sua situação na

    cultura.

    CAPÍTULO 4

    +s normas "ticas não estão associadas apenas a um (uí$o de valor 

    sobre as açes e comportamentos humanos, na realidade estas culminam naescolha de uma diretri$ considerada obrigat)ria numa coletividade. Ou se(a,

    tais norma não colocamse de &orma apática, emitindo (ulgamentos, mas

     buscam tamb"m nortear as açes humanas. + imperatividade das normas

    "ticas não " resultado meramente de uma decisão arbitrária, visto *ue

    &undamentase na expressão de um complexo de valores assumidos pela

    sociedade. 0ra compreender melhor a experiência (urídica ou moral, "essencial ter ciência da característica da imperatividade do direito como de

    todas as normas "ticas. -ntretanto, " &undamental não conceber a

    imperatividade em termos antropom)r&icos, ou se(a, como se houvesse uma

    autoridade antropomor&i$ada a &im de exercer o poder.

    ;oda norma enuncia algo *ue deve ser. Dessa &orma há em toda a

    regra um (uí$o de valor. 7uí$o " o ato mental pelo *ual atribuímos, com

    caráter de necessidade, certa *ualidade a um ser, a um ente. +ssim sendo, o

    legislador não se limita a descrever o &ato tal como ele ", mas baseandose

    na*uilo *ue ", determina *ue algo deva ser ( ! P, "o#o, de$e ser P), com

    a previsão de in1meras conse*uências, caso se veri&i*ue ação ou a omissão,

    a obediência à norma ou a sua violação.

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    4/14

    ;oda norma "tica expressa um (uí$o de valor, ao *ual se liga uma

    sanção, ou se(a, " uma &orma de garantir a re&erida conduta *ue em &unção

    de tal (uí$o pode ser permitida, proibida ou determinada. O &ato de ser 

    necessária a sanção para garantir determinada atitude, re&lete a

     possibilidade de uma norma não ser cumprida. endo assim, " perceptível

    *ue a norma anuncia algo de deva ser e não *ue tenha *ue ser. 0ode parecer 

     paradoxal, mas toda norma " &ormulada no pressuposto essencial da

    liberdade *ue tem o seu destinatário de obedecer ou não aos seus ditames,

    dessa &orma, as normas "ticas caracteri$amse pela possibilidade de sua

    violação.

    3 (ustamente a possibilidade conduta positiva ou negativa do

    destinatário das normas *ue explica o por*uê a violação de tais regras não

    atinge a sua validade. + norma, embora transgredida e por*ue transgredida,

    continua válida, &ixa, &ixando a responsabilidade do transgressor. O 9undo

    "tico " caracteri$ado pela relação entre a liberdade e o dever, tal mundo " o

    mundo do dever ser, distinto do mundo do ser, em *ue não há deveres há

    cumprir, mas sim, previses *ue têm *ue ser con&irmadas para continuarem

    sendo válidas. + norma "tica, dessa &orma, não estabelece apenas uma

    direção a ser seguida, ou se(a, não possui apenas &im diretivo, mas tamb"m

    estabelece *uais condutas são lícitas ou ilícitas.

    +s normas, na realidade, tradu$em uma previsão do comportamento

    normalmente esperado, tendo em vista os valores dominantes em uma

    sociedade. -ntretanto, tal conceito gen"rico não extingue da norma a

     possibilidade de ser complementada atrav"s de outras regras, a &im de

    alcançar situaçes especí&icas ou particulares.

    egundo 9ax cheler, toda e *ual*uer atividade humana, *uando

    intencionalmente direcionada à reali$ação de um valor, deve ser considerada conduta "tica. -ntretanto, o apego excessivo a alguns valores

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    5/14

    em detrimento de outros, podem condu$ir a aberraçes "ticas. 3 possível

    de&inir as esp"cies &undamentais de normas, a partir dos valores *ue têm

    sido considerados o bem visado pela ação.

    + valori$ação do valor do belo tem como conse*uência o

    aparecimento dos (uí$os est"ticos, das normas est"ticas, do 1til busca a

    reali$ação de bens econ'micos para a satis&ação das nossas necessidades

    vitais, sendo assim, desenvolvese a 2iência -con'mica e uma s"rie de

    atividades associadas à produção, circulação e distribuição das ri*ue$as. +

    valori$ação do santo gera o norteamento do homem na sociedade a partir 

    do divino, tal valor " cultivado pelas religies. 6á tamb"m a valori$ação do

    amor< do poder, " o valor determinante da política, *ue " a ciência da

    organi$ação do poder e a arte de reali$ar o bem social com o mínimo de

    su(eição. 6á uma "tica da política ou "tica do poder.

    Os valores do bem individual e do bem comum re&letem a

    necessidade *ue os homens possuem de alcançar com *ue lhes parece ser o

    #bem% ou a &elicidade. + 3tica pode ser vista sob dois prismas

    &undamentais, o primeiro *ue tange à reali$ação do indivíduo como pessoa.

    endo assim, a "tica nesse prisma se verticali$a na consciência individual,

    sendo denominada 9oral 43tica da sub(etividade, ou 3tica do bem da

     pessoa5. O segundo *ue se re&ere a análise da ação em &unção de suas

    relaçes intersub(etivas, implicando a existência de um bem social, *ue

    supera o valor do bem de *ual*uer um. Dessa &orma, a "tica assume duas

    expresses distintas/ a da 9oral ocial e a do Direito.

    -ntretanto, " essencial ressaltar *ue *uando os indivíduos respeitam

    se mutuamente, s) se reali$am *uando os outros tamb"m o &a$em. Dessa

    &orma, a 9oral, visando o bem da pessoa, visa implicitamente, ao bem

    social, o *ue se demonstra a unidade da vida "tica.

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    6/14

    CAPÍTULO %

    + 9oral e o Direito devem ser distinguidas, sem ser separadas.egundo a teoria do #mínimo "tico%, o Direito representa apenas o mínimo

    de 9oral declarado obrigat)rio para *ue a sociedade possa sobreviver. =ia

    de regra, a 9oral " cumprida espontaneamente, entretanto como as

    violaçes são inevitáveis, " essencial *ue se impeça com mais rigor e vigor 

    a transgressão dos dispositivos *ue a comunidade considerar indispensável

    à pa$ social.

    O Direito não " algo diverso da 9oral, mas uma parte dela, armada

    de garantias especí&icas. + teoria do #mínimo "tico% pode ser representada

    atrav"s de dois círculos concêntricos, o Direito " o círculo menor e a 9oral,

    o círculo maior. Dessa &orma, dentro da teoria do mínimo "tico, a máxima

    tornase verdadeira/ “tudo o &ue ! jur'dico ! ora", as ne tudo o &ue

    ! ora" ! jur'dico”. 3 importante ressaltar *ue &ora da moral existe o#imoral%, mas tamb"m existe apenas o #amoral%, ou o indi&erente à 9oral.

     >o entanto, existem no mundo (urídico, normas puramente t"cnicas,

    de utilidade social *ue não re&letem normas de ordem moral, assim como

    existem atos (uridicamente lícitos *ue não o são do ponto de vista moral.

    Dessa &orma, há um campo da 9oral *ue não se con&unde com o campo

     (urídico. Dessa &orma, a relação entre o Direito e a 9oral " representada

     por dois círculos secantes, distinguindo o campo do Direito *ue se não "

    imoral, " pelo menos amoral. + primeira representação dos círculos

    concêntricos corresponde à concepção ideal, (á a segunda corresponde à

    concepção real da relação entre o Direito e a 9oral.

    -xistem regras sociais cumpridas espontaneamente e outras *ue o

    homem s) cumpre em determinadas ocasies, por*ue são coagidos. +

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    7/14

    9oral " o mundo da conduta espont?nea. >ão " possível conceber o ato

    moral &orçado, &ruto da &orça ou coação. >ingu"m pode ser bom pela

    violência ou praticar o bem pela inter&erência de terceiros. + 9oral deve

    contar com a adesão dos indivíduos e " re&letida na máxima/ #o dever pelo

    dever%.

    endo incompatível com a violência, com a coação e mesmo com a

    &orça (uridicamente organi$ada. @m &ilho *ue paga a pensão alimentícia

    mensalmente por &orça do imperativo da sentença, s) praticará um ato

    moral *uando se convencer de *ue não está cumprindo uma obrigação, mas

     praticando um ato *ue o enri*uece espiritualmente.

    + 9oral " incoercível e o Direito " coercível. endo assim, a

    di&erença entre o Direito e a 9oral e a coercibilidade. 0ra 7hering, o Direito

    se redu$ a #norma A coação%. egundo 6ans Belsen, o Direito " a

    ordenação coercitiva da conduta humana. 7hering simboli$ava a atividade

     (urídica com uma espada e uma balança, o Direito não seria o e*uilíbrio da

     balança se não &osse garantido pela &orça da espada.

    + heteronomia " a validade ob(etiva e transpessoal das normas

     (urídicas, visto *ue estas se pem acima das pretenses dos su(eitos de uma

    relação, superandoas na estrutura de um *uerer irredutível ao *uerer dos

    destinatários. O &ato de o indivíduo estar em posição de Calheidade em

    relação às regras tamb"m de&ine tal conceito, visto *ue as regras são postas por terceiros e somos (uridicamente obrigados a cumprir. + 9oral "

    aut'noma e o Direito heter'nomo.

    egundo Del =ecchio, a 9oral distinguese do Direito pelo elemento

    da #bilateralidade%, #alteridade% ou #intersub(etividade% A #atributivo%. +

     bilateralidade atributiva ocorre *uando duas ou mais pessoas se relacionam

    segundo uma proporção ob(etiva *ue as autori$a a pretender ou &a$er 

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    8/14

    garantidamente algo. Onde não há proporção no pretender, no exigir ou no

    &a$er não há Direito. ;al conceito de bilateralidade implica *ue sem relação

    entre duas ou mais pessoas não há Direito, para *ue ha(a Direito "

    indispensável *ue a relação entre os su(eitos se(a ob(etiva, ou se(a,

    insuscetível de ser redu$ida unilateralmente, a *ual*uer um dos su(eitos da

    relação, bem como a proporção estabelecida deve resultar a atribuição

    garantida de uma pretensão ou ação, *ue podem se limitar aos su(eitos da

    relação ou estenderse a terceiros. 6á, por conseguinte, sempre proporção e

    atributividade.

    egundo ;homasius, o Direito s) deve cuidar da ação humana depois

    de exteriori$ado/ a 9oral, ao contrário, di$ respeito à*uilo *ue se processa

    no plano da consciência. + coação s) surge *uando a atividade do

    indivíduo se processa sobre os demais indivíduos a ponto de causarlhes

    dano. O Direito s) aprecia as açes en*uanto pro(etadas no plano social,

     por"m o (urista deve apreciar o mundo das intençes, visto *ue o &oro

    íntimo " de suma import?ncia na ciência (urídica. + exemplo da distinção

    entre os crimes dolosos e culposos no Direito 0enal.

    O Direito (amais cuida do homem isolado, em si e de per si, mas sim

    do homem en*uanto membro da comunidade, em suas relaçes

    #intersub(etivas%, at" mesmo *uando o *ue se *uer tutelar " a sub(etividade

    individual.

    +s regras sociais são seguidas por &orça do costume, de hábitos

    consagrados e devido à #convenção social%, tais regras ocupam uma

    situação intermediária entre Direito e 9oral, ningu"m pode ser coagido a

    seguilas como na 9oral, por"m para serem seguidas basta uma ade*uação

    exterior do ato à regra, sendo indispensável aderir ao conte1do, assim como

    o Direito, constituindose tamb"m como heter'nomas.

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    9/14

    CAPÍTULO

    ;odas as regras, independentes da sua nature$a, se(am religiosas,

    morais, (urídicas ou de eti*ueta são emanadas e &ormuladas pela sociedade

     para serem cumpridas. endo assim, todas elas implicam certa obediência e

    respeito, tais aspectos colocamse como essência da regra. Dessa &orma, "

    natural *ue as normas bus*uem uma &orma de se garantir para *ue não se

    resignem ao papel, colocandose apenas como expectativas ou promessas.;ais &ormas e garantias são denominadas sançes.

    +s sançes especí&icas de ordem moral tradu$emse prioritariamente

    no remorso, arrependimento *ue são resultados do exame de consciência,

    tais conse*uências são oriundas do con&lito estabelecido entre o ego e o

    alterego. -sta " considerada a sanção do &oro íntimo. -xiste tamb"m uma

    sanção extrínseca ou externa *ue se re&lete na sociedade externali$andose

     por meio do m"rito ou dem"rito concedido aos indivíduos a depender da

    conduta adotada.

    + sanção na 9oral obedece a dimensão individualsocial do homem,

    visto *ue opera tanto no plano da consciência *uanto no plano da chamada

    consciência coletiva. +s &ormas de sanção das regras morais encontramse

    di&usas no espaço social.

    -xistem indivíduos em *ue o &en'meno psí*uico do remorso "

    impossível, bem como não são nenhuma import?ncia à reação social. 3

    nesse momento *ue se torna necessário organi$ar as sançes. O &en'meno

     (urídico representa uma &orma de organi$ação da sanção. >a passagem da

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    10/14

    sanção di&usa para a sanção organi$ada " possível ver a passagem do

    mundo "tico para o mundo (urídico.

    +l"m das sançes morais e (urídicas correspondentes às regras

    morais e (urídicas respectivamente, há tamb"m as sançes religiosas, *ue

    são &undadas na crença e na &" e &undamentamse na esperança de uma vida

    ultraterrena , na *ual cada homem receberá a retribuição por sua conduta

    terrena. 3 essencial ressaltar *ue todas as normas possuem, em suma, sua

    &orma de sanção. + estrutura de uma regra (á abrange a sanção como um

    dos seus elementos constitutivos. + sanção (urídica " caracteri$ada por sua

     predeterminação e organi$ação, segundo o 2)digo 2ivil, no seu art. E/

    #todo direito corresponde a uma ação *ue o assegura%.

    O progresso da cultura humana propiciou a passagem gradual na

    solução dos con&litos do plano da &orça bruta para o plano da &orça (urídica.

    + vingança social evoluiu para a vingança privada, posteriormente para os

    duelos e somente a posteriori para a (ustiça.

    +s sançes, atualmente, tem, em geral, desenvolvido um caráter 

    distinto do intimidativo, buscando processos *ue possam garantir a

    aderência espont?nea dos obrigados, como os *ue propiciam incentivos e

    vantagens.

    O -stado det"m o monop)lio da coação e como ordenação do poder,

    disciplina as &ormas e os processos de execução coercitiva do Direito. +

    coação pode ocorrer por meio da penhora 4bens5 ou prisão 4liberdade5. +

    import?ncia de entidades supranacionais *ue dispem de recursos e&ica$es

     para lograr a obediência de seus preceitos cresce.

    O -stado " o detentor da coerção na 1ltima inst?ncia, entretanto, tal

    &ato não impede *ue outras instituiçes tamb"m o detenham. -xiste, por 

    exemplo, um Direito re&erente à :gre(a 2at)lica, o Direito 2an'nico *ue

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    11/14

    &ornece um complexo de normas suscetíveis de sanção organi$ada. Dessa

    &orma, " possível admitir a teoria da pluralidade das ordens (urídicas

     positivas como coerente. O -stado caracteri$ase por ser a instituição, cu(a

    a sanção possui caráter de universalidade.

    O -stado " uma instituição de *ue não se abdica. O -stado, com o

    seu Direito nos acompanha *uando se troca de país e at" mesmo ap)s a

    morte. -m nenhuma das entidades internas e internacionais " possível

    encontrar a universalidade da sanção. >um país são m1ltiplos os entes *ue

     possuem ordem (urídica pr)pria, por"m s) o -stado representa o

    ordenamento (urídico soberano.

    +o tentar dissolver o estado na sociedade, caímos no e*uívoco do

    anar*uismo *ue de tanto e prevenir contra o poder, acaba sendo vítima do

     poder an'nimo, tão condenável *uando o poder totalitário. ;al situação "

    apresentada no livro #+ revolução dos Gichos% de Heorge OrIell. +pesar 

    de não ser uma instituição abdicável, o estado não pode ser visto como um

    ente absoluto, superior aos indivíduos e à sociedade civil, visto *ue " em

    ra$ão destes *ue o -stado se constitui. O -stado " um meio e um &im.

    CAPÍTULO *

    De acordo com Belsen e outros autores, toda regra de direito cont"m

    a previsão gen"rica de um &ato, com a indicação de *ue toda ve$ *ue um

    comportamento contrariar a esse enunciado, deverá advir uma

    conse*uência, sendo assim esta corresponde sempre a uma sanção.

    -ntretanto, existem certas categorias de normas (urídicas, *ue di&erem

    da*uelas *ue visam orientar a conduta social 4acompanhadas de sançes5, a

    exemplo das destinadas aos )rgãos do -stado, a organi$ação, ou a &ixar 

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    12/14

    atribuiçes na ordem p1blica ou privada, tais normas não estão

    acompanhadas de sanção.

    O *ue e&etivamente caracteri$a uma norma (urídica " o &ato de ser 

    uma estrutura proposicional enunciativa 4seu conte1do pode ser veiculado

    mediante uma ou mais proposiçes entre si correlacionadas5 de uma &orma

    de organi$ação ou de conduta, *ue deve ser seguida de maneira ob(etiva e

    obrigat)ria.

    + primeira distinção *ue se impem entre normas " a di&erenciação

    entre normas de conduta ou normas de organi$ação. +s normas de condutasão as *ue visam disciplinar o comportamento dos indivíduos, ou as

    atividades dos grupos e entidades sociais em geral, (á as normas de

    organi$ação ou instrumentais são as *ue visam à estrutura e &uncionamento

    dos )rgãos, ou a disciplina de processos t"cnicos de identi&icação e

    aplicação de normas 4sançes5, a &im de assegurar uma convivência

     (uridicamente ordenada.

    3 uma tendência natural considerar primárias as normas de conduta e

    secundárias as normas instrumentais, inobstante nem todos os autores

    coincidem em chamar de primárias ou secundárias as normas *ue preveem

    a conduta ou a *ue estabelecem as sançes. egundo 6ans Belsen, a norma

     primária seria a *ue enuncia a sanção 4instrumental5 e a secundária a *ue

    &ixa o *ue deve ou não ser &eito 4conduta5.

    +s normas (urídicas se(am estas re&erentes a conduta ou a &ormas de

    organi$ação e garantia das açes e comportamentos não são estáticas e

    isoladas, mas din?micas *ue se implicam e correlacionam.

    “e + !, C de$e ser” “e no C, P de$e ser”

    +- +ATO

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    13/14

    C- CO/0UC2A O3/T25A6A P/LO L/72LA6O8 

    P- A9:O PU2T25A

    CAPÍTULO 1;

    0ara *ue se(a obrigat)ria, uma norma (urídica deve satis&a$er a

    re*uisitos de validade. + validade de uma norma pode ser vista sob três

    aspectos/ validade &ormal 4vigência5, validade social 4e&icácia oue&etividade5, validade "tica 4&undamento5. =igência " a executoriedade de

    uma regra de direito, por ter preenchido re*uisitos essenciais à sua &eitura

    ou elaboração. ;ais re*uisitos re&eremse à legitimidade sub(etiva 4)rgão

    competente5 e legitimidade *uanto à mat"ria sobre *ue a legislação versa

    4ter o )rgão competência, ou se(a, se a mat"ria ob(eto da lei encontrase na

    competência do )rgão5. +l"m dos dois re*uisitos supracitados, existe umterceiro para *ue a lei tenha validade, *ue o poder se exerça tamb"m com

    obediência às exigências legais 4legitimidade do procedimento5. -sses três

    re*uisitos re&eridos supra propicia à lei a condição de vigente.

    -ntretanto, " essencial ressaltar *ue não basta apenas a validade

    t"cnico(urídica para *ue uma norma (urídica cumpra a sua &inalidade. >a

    realidade, há casos de normas (urídicas *ue por contrariarem as tendências

    e inclinaçes dominantes da coletividade, não são cumpridas de maneira

    obrigat)ria, possuindo validade &ormal, mas não e&icácia espont?nea no

    seio da comunidade. + e&icácia se re&ere à aplicação ou execução da norma

     (urídica. >ão há norma (urídica sem um mínimo se e&icácia.

    O Direito autêntico não " apenas declarado, mas reconhecido, vivido

     pela sociedade como algo *ue se incorpora e se integra na sua maneira de

  • 8/17/2019 Fichamento- Lições Preliminares de Direito

    14/14

    condu$irse. -xistem regras de direito *ue embora se(am reconhecidas pela

    sociedade em geral, têm e&icácia compuls)ria, visto *ue os tribunais apenas

     podem recusarse a aplicar uma lei se esta cair em desuso. + regra (urídica

    costumeira " algo de socialmente e&ica$, e como tal reconhecida, para

    depois ad*uirir validade &ormal. @ma regra costumeira perde validade,

    *uando ao decorrer do tempo, " privada de e&icácia social.

    ;oda regra (urídica al"m de e&icácia e validade deve ter um

    &undamento. O Direito visa à reali$ação de valores ou &ins essenciais ao

    homem e à coletividade. O &undamento " o valor ou &im ob(etivado pela

    regra de direito.

    A $i# nora, a e=icácia se re?orta ao =ato e o

    =undaento e@?ressa se?re a e@i#