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Professor: Ilzver de Matos Oliveira Data: 14/08/2015
Disciplina: Direitos Humanos
Nome Completo: Fernanda Oliveira Santos
Turma: Teoria dos Direitos Humanos
Registro de dados bibliográfico:
SANTOS, Boaventura de Sousa. Porque é tão difícil construir uma teoria crítica?
Revista Críticas de Ciências Sociais, Coimbra, nº 54, p.197-215, jun. 1999.
Tema (qual a mensagem central do texto):
O presente artigo aborda a dificuldade em construir uma teoria crítica, isto é, uma teoria
compromissada com a problematização e a busca de alternativas para a realidade.
Assim, Boaventura situa o leitor na discussão da modernidade e da pós modernidade,
apresentando a teoria crítica construída na modernidade e os desafios enfrentados,
dentre os quais está a visão da sociedade como totalidade.
Segundo o autor, a teoria crítica moderna falha ao assumir essa postura totalizante, pois
não existe um princípio único de transformação, ou seja, o mundo é multicultural e não
está fechado numa única forma de opressão ou único modo de resistência.
Portanto, a crise enfrentada nos dias atuais é fruto da modernidade e de suas promessas
não cumpridas, não sendo possível superar essa situação com uma teoria fechada, mas
com uma teoria da tradução que possibilite o diálogo entre as distintas experiências.
O texto defende que a pós modernidade inquietante aponta um caminho possível para a
superação dessas dificuldades, posto que assume uma crítica ao modelo moderno e
propõe uma ação transformadora e multicultural, com críticas ao conhecimento
considerado válido na modernidade e a superação do universalismo como meio de
desconstruir os silêncios produzidos pelo discurso hegemônico.
Além disso, a teoria crítica pós moderna tem como foco a contextualização do
conhecimento e, consequentemente, com a criação do conhecimento- emancipação,
com a superação do conhecimento regulação.
Conteúdo fichado:
“A análise crítica do que existe assenta no pressuposto de que a existência não esgota as
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possibilidades da existência e que, portanto, há alternativas suscetíveis de superar o que
é criticável no que existe.”(p.197)
“O conhecimento totalizante é um conhecimento da ordem sobre o caos. O que
distingue neste domínio a sociologia funcionalista da sociologia crítica é o fato de a
primeira pretender a ordem da regulação social e a segunda pretender a ordem da
emancipação social.”(p.201)
“Na ausência de um princípio único, não é possível reunir todas as resistências e
agências sob a alçada de uma grande teoria comum. Mais do que de uma teoria comum,
do que necessitamos é de uma teoria de tradução que torne as diferentes lutas
mutuamente inteligíveis e permita aos atores coletivos conversarem sobre as opressões
a que resistem e as aspirações que os animam”(p.202-203)
“As promessas da modernidade, por não terem sido cumpridas, transformaram-se em
problemas para os quais parece não haver solução. Entretanto, as condições que
produziram a crise da teoria crítica moderna não se converteram ainda nas condições de
superação da crise.”(p.204)
“Necessitamos de um pensamento alternativo de alternativas.”(p.205)
“O silêncio é, pois, uma construção que se afirma como sintoma de um bloqueio, de
uma potencialidade que não pode ser desenvolvida.”(p.206)
“O conhecimento-emancipação não aspira a uma grande teoria, aspira sim a uma teoria
da tradução que sirva de suporte epistemológico às práticas emancipatórias, todas elas
finitas e incompletas e, por isso, apenas sustentáveis quando ligadas em rede.”(p.206-
207)
“A construção social da rebeldia e, portanto, de subjetividades inconformistas e capazes
de indignação é, ela própria, um processo social contextualizado.”(p.210)
“À teoria crítica compete, em vez de generalizar a partir dessas alternativas em busca
da Alternativa, torná-las conhecidas para além dos locais e criar, através da teoria da
tradução, intelegibilidades e cumplicidades recíprocas entre diferentes alternativas em
diferentes locais.” (p.213)
“A teoria é a consciência cartográfica do caminho que vai sendo percorrido pelas lutas
políticas, sociais e culturais que ela influencia tanto quanto é influenciada por
elas”(p.215)
Comentários:
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A discussão trazida por Boaventura é extremamente enriquecedora, pois, não se
limitando a responder a pergunta título do texto, apresenta alternativas para o
enfrentamento da dificuldade em construir uma teoria crítica.
O sociólogo assume como posição a pós modernidade “inquietante”, apresentando uma
visão aberta do mundo, isto é, não apresenta uma solução pronta e acabada, mas
campos de ação para a construção de uma teoria crítica que supere as dificuldades
enfrentadas, além de ter um compromisso com a problematização.
Entendo que o ponto crucial no texto é a compreensão do multiculturalismo, da
desconstrução das soluções fechadas e abertura para a troca horizontal de experiência,
rompendo com a lógica hegemônica.
A pós- modernidade apresentada destoa da visão normalmente mostrada, já que assume
a tarefa de criticar e problematizar o modelo posto, mostrando a importância da
constante problematização.