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Ficha técnica

Título: Actas da II Mesa-Redonda. Artes Rupestres da Pré-história e da Proto-história. Estudo, Conservação e Musealização de Maciços Rochosos e Monumentos Funerários (Porto, Faculdade de Letras, 10, 11 e 12 de Novembro de 2011)

Coordenação: Maria de Jesus Sanches e Domingos Cruz

Design da capa: A. Fernando Barbosa

Maquetagem e paginação: Tiago Gil

Propriedade: Centro de Estudos Pré-históricos da Beira Alta. Apartado 50 — 3501-908 Viseu. [email protected]

Distribuição (edições em papel):

Livraria Sousa e Almeida, Rua da Fábrica, 40-42 — 4050-245 Porto. [email protected]

Portico Librerías, Munõz Seca, 6 — 50006 Zaragoza (Espanha). [email protected]

ISBN: 978-972-99352-7-5 | Suporte: electrónico | Formato: PDF

Ilustração da capa: “máscara” do Abrigo 15 A do Regato das Bouças, Serra de Passos (Mirandela)

Estudos Pré-históricos é uma publicação não periódica vocacionada para a divulgação de estudos e outros textos sobre o património arqueológico e a Pré-história do Centro de Portugal, em particular da região da Beira Interior. É seu objectivo contribuir para o conhecimento da ocupação pré-histórica do território, como também a divulgação e protecção do património arqueológico.

Este volume dos Estudos Pré-históricos foi publicado, em formato digital, em Dezembro de 2016

http://estudospre-historicos.weebly.com

© Autores e Centro de Estudos Pré-históricos da Beira Alta, 2016

CENTRO DE ESTUDOS PRÉ-HISTÓRICOS DA BEIRA ALTA

ESTUDOS PRÉ-HISTÓRICOS

VOL. XVIII

Actas da II Mesa-Redonda

Artes Rupestres da Pré-história e da Proto-história:

Estudo, Conservação e Musealização de Maciços Rochosos e Monumentos Funerários

Rock Arts of Prehistory and Protohistory:

Study, Heritage Conservation and Musealization of Rock Art Massifs and Funerary Megalithic Monuments

10, 11 e 12 de Novembro de 2011

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Maria de Jesus Sanches | Domingos Cruz

Coordenação / Editors

V I SEU

2013

ÍNDICE

Apresentação do volume

About this publication

Domingos J. Cruz e Maria de Jesus Sanches

Linhas programáticas da II Mesa Redonda “Artes Rupestres”

Programmatic orientations of the second Roundtable "Rock Arts"

Maria de Jesus Sanches e Domingos J. Cruz

Conservar: produzir passado

Heritage conservation: the past producing

Susana Jorge

Orientação das vertentes e conservação de arte rupestre: dados meteorológicos preliminares acerca do complexo de arte rupestre ao ar livre do Vale do Côa

Slope aspect and rock art conservation: preliminary meteorological data regarding the open-air Coa Valley rock art complex

António Pedro Batarda Fernandes

O Abrigo de Parada, um sítio de arte rupestre do Vale do Sabor (Alfândega da Fé, Bragança, Trás-os-Montes)

The Parada Rockshelter, a rock art site in the valley of Sabor (Alfândega da Fé, Bragança, Trás-os- -Montes)

Joana Castro Teixeira

Escarpas rochosas e pinturas na Serra de Passos/ Sta Comba (Nordeste de Portugal)

Rock Escarpments and its schematic paintings in Passos/Sta Comba Mountain (Northeast of Portugal)

Maria de Jesus Sanches, Pedro Rafael Morais, Joana Castro Teixeira

Fraga da Pena. Architecture of a granitic tor in the 3rd millennium BC

Fraga da Pena: arquitectura cosmológica de um maciço rochoso no final do 3º milénio AC

António Carlos Valera

O abrigo da Foz do rio Tua-Alijó (Trás-os-Montes, Portugal). Identificação e estudo preliminar

The Foz do Tua rockshelter (Alijó, Trás-os-Montes, Portugal). Archaeological identification and preliminary study

Joana Castro Teixeira, Joana Valdez, Maria de Jesus Sanches

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Conservação e valorização de monumentos megalíticos. Da inocência das soluções aos resultados efectivos

Conservation and heritage enhancement of megalithic monuments. From the solution's innocence to the real results

Luís Filipe Coutinho Gomes, João Miguel André Perpétuo, Joaquim Garcia

Patologia do granito: deteriorações, causas e curas

Granite pathology: deteriorations, causes and treatments

Arlindo Begonha

Resultados da primeira campanha de escavação na Anta dos Currais do Galhordas (Castelo de Vide — Centro-Leste de Portugal). Breve síntese

Results of the first season of excavation at Anta dos Currais do Galhordas (Castelo de Vide — Central Eastern Portugal) – An overview

Sérgio Monteiro-Rodrigues

O sítio e a Laje 1 do Castelinho (Cilhades, Felgar, Torre de Moncorvo). Contributos para o conhecimento da II Idade do Ferro em Trás-os-Montes oriental

The Castelinho archaeological site and its engraved slab number 1 (Cilhades, Felgar, Torre de Moncorvo). Contributions to the knowledge of the second Iron Age in Eastearn Trás-os-Montes.

Filipe João C. Santos, Eulália Pinheiro, Fábio Rocha, Jose Sastre

Debates

Discussion

Resumos de comunicações apresentadas e não publicadas

Abstracts of unpublished communications

Guia da visita de estudo

Field trip guide

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Actas da II Mesa-Redonda«Artes Rupestres da Pré-história e da Proto-história»(Porto, Nov. 2011), Viseu, 2016, pp. 15-18

CONSERVAR: PRODUZIR PASSADO

HERITAGE CONSERVATION: THE PAST PRODUCING

Susana Oliveira Jorge**

* Arqueóloga. Professora Catedrática da FLUP (Ap.). Investigadora principal do CEAACP (antigo CEAUCP): [email protected]

ResumoReflecte-se neste texto sobre a natureza, as facetas e as múltiplas possibilidades do discurso patrimonial ao serviço da produção e divulgação do passado.

Palavras-chave: conservação, passado, real.

AbstractIn this paper we reflect on the nature, the facets and the multiple possibilities of the heritage discourses at the service of the production and disclosure of the past.

Keywords: heritage conservation, past, real/reality.

Em 2004, na mesa-redonda realizada aqui na FLUP, neste mesmo anfiteatro, com o tema “Conservar para quê?” eu afirmava que a conservação patrimonial, em particular a arqueológica, passava uma mensagem mistificadora: supostamente, a “conservação” preservaria o que restava da memória colectiva, das identidades passadas; a conservação, segundo a “bíblia patrimonial” salvar-nos-ia da eliminação de um passado em vias de extinção. A conservação através desta mensagem recorrente, passava por desejar e por conseguir estabelecer continuidade com o passado através da reactivação desse mesmo passado, plasmado em ruínas restauradas. Mas, nessa mesma mesa-redonda, e inspirada em Marc Guillaume, eu afirmava que esta vontade da “conservação patrimonial” em querer estabelecer uma ponte com o passado, escondia, dissimulava o objectivo moderno de decretar a própria morte do passado. “Conservar” fazia parte de um programa mais vasto de criação de uma ruptura com o passado, e de, através do “espectáculo patrimonial”, encenar paradoxalmente uma impossibilidade: a representação do passado, ou seja, simular a possibilidade de, através da conservação/ preservação/ musealização de ruínas e lugares arqueológicos, trazer à frente o “passado-acontecido”. Trazer à frente, por via do espectáculo patrimonial, mais ou menos assente num discurso chamativo, o passado acontecido ou um momento ou um flash desse mítico passado acontecido. “Conservar” era uma magnífica prática terapêutica da modernidade e da contemporaneidade. Na medida em que através da suposta revivificação do passado induzia, aos que a fruíam, uma enorme dimensão securizante: um monumento, um lugar arqueológico preservado, transformava-se num poderoso lugar de suspensão do tempo, um parêntesis de recolhimento na vida extensa de todos os dias, um lugar de reflexão sobre a natureza do humano com o tempo. Reflexão que ocorria em lugares fora de tempo, onde emergia um “tempo puro”, de que falava Marc Augé, um tempo sem história e que transfigurava estes sítios em lugares de excepcional e de reconfortante densidade. Mas, também em 2004, nessa mesa-redonda, onde se questionava o objectivo da conservação patrimonial eu afirmava que a mensagem da continuidade com o passado — mensagem estruturante do programa

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conservacionista — era totalmente mistificadora. Na verdade, a “conservação patrimonial” era um programa não de representação do passado, mas de produção de passado. Conservar, mostrar ruínas musealizadas equivalia a construir ruínas, construir lugares no presente, veiculados por um discurso ideológico (explícito ou implícito), fruto de negociações sociais e políticas operadas no presente, em função de necessidades do presente. O património arqueológico preservado era/é construído para colmatar faltas do presente e, nessa medida, era/é uma produção social do presente, gerida tenazmente, não apenas pelos arqueólogos, mas, sobretudo, pelos gestores do património.

O “passado acontecido” é uma mistificação premeditadamente encenada para chamar os visitantes ao centro do “espectáculo patrimonial” e, nessa arena, lhes comprar sonhos a troco de um bilhete de entrada. Assim, nessa mesa-redonda de 2004, eu apelava à necessidade dos arqueólogos reflectirem nos critérios de produção do passado, na responsabilidade de se preservar e divulgar lugares do passado. Porque, já que o “passado acontecido” não existe, como tal, já que o programa conservacionista pretende instaurar, induzir uma mistificação, cabe aos arqueólogos denunciar, primeiro, este programa, e em seguida, chamar a si a responsabilidade da totalidade do programa patrimonial: o que se conserva, para quem se conserva, porque se conserva? Ou, se quisermos ser mais claros: o que se produz, para quem se produz, porque se produz?

Durante 18 anos, entre 1989 e 2007, coordenei a escavação, o estudo e a musealização de um sítio pré-histórico no Alto Douro, o Castelo Velho de Freixo de Numão. Em 2007, o monumento restaurado/ musealizado, abriu ao público. Para além das ruínas conservadas, foi construído um pequeno centro interpretativo ao lado do monumento. Face a este lugar que eu conheço bem e que eu ajudei a construir, que obra foi ali produzida? E, sobretudo, que negociações estiveram por detrás da obra que foi ali construída e que hoje se chama o sítio pré-histórico de Castelo de Velho de Freixo de Numão? Apesar do restauro in situ do monumento e da existência de uma maquete no interior do centro interpretativo apontarem para a representação de um momento específico do III milénio A. C., a verdade é que, devido à conservação intencionalmente minimalista do sítio, o que sobressai, para quem visita o lugar, é uma não-representação: uma ruína limpa, quase encoberta, praticamente invisível. O que sobressai é uma construção despida, que não alimenta o imaginário sobre o passado específico do III/ II milénio A. C. Desse ponto de vista, a musealização in situ de Castelo Velho contraria a ideologia clássica conservacionista, que propõe a sobrevalorização das evidências, reposição de estruturas originais, por exemplo, para se atingir supostamente, uma perfeita inteligibilidade do passado. Ao contrariar a reposição das materialidades — na verdade, a conservação de Castelo Velho optou apenas por travar a ruína sem querer repor a volumetria original das arquitecturas — o projecto de musealização de Castelo Velho induziu a construção de um discurso que não se apoia intencionalmente, nem no plano do imaginário, nem no plano do simbólico. O discurso implícito em Castelo Velho é o discurso de uma falta: a ausência do próprio passado no sítio. Ou, se quisermos, o que sobressai é da ordem do indecidível, do inominável, do estranho, do que se chama o Real. Creio que este real feito de estranheza é sentido pelos visitantes de Castelo Velho, na medida em que eles não são confrontados com qualquer espectáculo patrimonial. Os visitantes são colocados sobre um miradouro que os remete para uma paisagem abstracta, algo atemporal, que se debruça sobre o vale do rio Côa, onde, no seu fundo, se localiza um outro lugar arqueológico musealizado, o Vale do Côa. Entre Castelo Velho e o Vale do Côa não existe apenas uma relação de proximidade e de intervisibilidade. Como veremos, existe muito mais em comum: em ambos os sítios emerge um discurso do invisível, um discurso não simbólico, que tem implicações na forma como os sítios problematizam o passado enquanto construção histórica.

A ruína musealizada de Castelo Velho (limpa e restaurada de forma minimalista) foge intencionalmente à qualificação simbólica que a colocaria como lugar de relação entre o humano e o tempo. A ruína de Castelo Velho, através do seu programa conservacionista minimal, suspende a construção simbólica do passado a que se reporta e, desta forma, suspende a sua própria morte. Porque a ausência de um discurso simbólico que qualifique e blinde a ruína in situ, torna-o num lugar aberto, permeável a uma qualquer qualificação simbólica subsequente. Ou seja, tal ausência torna o lugar numa obra aberta, numa obra talvez, disso não tenho dúvida nenhuma, desconfortavelmente aberta. Porque, não havendo qualificação

CONSERVAR: PRODUZIR PASSADO 17

simbólica expressa junto ao monumento, as pessoas são induzidas a sentirem o sítio de muitas maneiras, e provavelmente, de formas muito contraditórias. O discurso aberto ao Real em Castelo Velho é reforçado pela natureza do centro interpretativo onde houve uma negociação óbvia entre mim e os arquitectos. O centro interpretativo que lhe é contíguo, e que foi da autoria dos arquitectos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandes, consiste numa torre a cerca de 20 metros da ruína, torre essa também minimal que, pela sua localização, um pouco acima do nível do monumento, “olha” o sítio e a paisagem envolvente. Ou seja, reforça pela sua própria presença, o lugar como um miradouro. Trata-se dum miradouro de um miradouro, enfatizando as qualidades inqualificáveis do sítio. A torre é constituída por 3 andares: no primeiro existe uma maquete do monumento, no segundo existem uns painéis e no terceiro existe simplesmente um varandim sobre a paisagem onde o visitante é remetido para a leitura da mesma através de um painel de paisagem. Mas basicamente a torre é apenas um dispositivo que induz o olhar do visitante sobre a paisagem, desprovendo-o, por si só, de qualquer capacidade de leitura arqueológica do passado.

A torre, ao enfatizar o discurso de suspensão de qualificação simbólica do monumento, reforça o discurso de suspensão de morte que a representação do passado daquele lugar, ao contrário, implicaria, através da reposição das arquitecturas, da explicitação de cronologias e das funcionalidades do sítio. Portanto, o discurso de Castelo Velho distancia-se assim do programa conservacionista clássico e propõe uma reflexão sobre a produção do passado através da construção de monumentos que escapam, in situ, à sua imediata catalogação interpretativa. Creio que o discurso de Castelo Velho se aproxima, a uma escala muito ampla de análise, do que se encontra disseminado no Parque do Vale do Côa. Ambos os sítios partilham um discurso do invisível, um discurso do inefável, um discurso do real. De facto, não sendo obrigatória a passagem pelo Museu do Côa antes da visita do Parque (como também não é obrigatória a visita de qualquer Museu nem do próprio centro interpretativo antes da visita da ruína de Castelo Velho), quem embarca numa visita guiada às gravuras paleolíticas do Côa fica submetido às explicações do guia. Pela própria natureza das gravuras o olhar do visitante sobre as mesmas está dependente do olhar e do discurso do guia. Como a maioria dos visitantes não tem conhecimento prévio sobre a natureza do sítio, e como o sítio, pela suas próprias características, é difícil de descodificar por um leigo, o Vale do Côa canaliza inevitavelmente um discurso de suspensão do simbólico e do imaginário para optar, por força das circunstâncias (escolhidas intencionalmente mas também aleatórias) por um discurso do secreto, do inqualificável, ou seja, do Real. O discurso interpretativo do Vale do Côa, tal como o discurso de Castelo Velho, veiculam uma impossibilidade (transitória ou não): veiculam a não representação patrimonial do passado, veiculam um passado não representável. Estes dois discursos foram construídos, em paralelo, sem intenção prévia de assim se assemelharem quanto à opção de fundo. Mas é interessante verificar que tais discursos tenham sido forjados a propósito de dois sítios musealizados que são vizinhos e que estão espacialmente interconectados.

É possível que muitos lugares arqueológicos musealizados actualmente, por deficiência da eficácia dos seus discursos, não cumpram o desiderato simbólico dos mesmos, e caiam num vazio explicativo que se assemelhe, num primeiro momento, à natureza do discurso do indecidível, do inominável, que emerge em Castelo Velho. Contudo, tal semelhança é apenas aparente. Cabe demonstrar aqui o que é intencional, ou não, num determinado discurso para determinar a sua natureza. Muitos dos discursos simbólicos fracassam por deficiência desses mesmos discursos. O vazio que se cria em torno dos monumentos resulta muitas vezes, tão só, de erros na passagem de informação sobre o chamado “passado acontecido”.

Para terminar gostaria de dizer que sei quanto é difícil para um historiador ou para um pré-historiador, portanto, para um arqueólogo, pôr em causa, na prática, o acesso a passados acontecidos, passados reconstruídos, passados representados, ou seja, rejeitar a possibilidade de passados imaginados. E quanto é difícil passar ao lado de discursos simbólicos, que são os discursos interpretativos que permitem este acesso. Os discursos simbólicos qualificam, determinam, definem, identificam. Identificam os objectos dos discursos, que são os sítios, e identificam os sujeitos dos discursos e a sua mundividência. Ou seja, criam identidade e, através dessa identidade, fornecem uma imensa segurança a quem constrói, assim, o passado. Abandonar intencionalmente a normatividade e a segurança de um discurso interpretativo, nem que seja momentaneamente, implica aterrar numa espécie de “deserto do real”, onde a fluidez e a

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incompletude são intencionalmente a fonte e o prazer da produção de passado. Passar do simbólico e do imaginário para o real, ao nível do discurso arqueológico dum lugar musealizado, pressupõe ousar pensar um vazio que não tem nome. E, no entanto, essa ousadia pode conter uma imensa promessa de futuro, se enquadrada por uma reflexão séria e sustentada sobre o que é fazer arqueologia hoje. Conservar é a abordagem política, por excelência, da produção de passado. Trata-se duma actividade central numa sociedade que presta culto ao esquecimento pela mão do totalitarismo patrimonial. Discutir a natureza, as faces e possibilidades ambivalentes desse totalitarismo, parece-me indispensável em pleno século XXI.

Porto, Novembro de 2011.