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  • FICHA TÉCNICA

    TÍTULOA Lusitânia entre Romanos e Bárbaros

    COORDENAÇÃOJosé d’EncarnaçãoM. Conceição LopesPedro C. Carvalho

    CAPAJosé Luís Madeira

    DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃOJosé Luís Madeira

    EDIÇÃOInstituto de Arqueologia | Secção de Arqueologia

    Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e ArtesFaculdade de Letras | Universidade de Coimbra

    IMPRESSÃOSersilito, empresa gráfica, lda

    ISBN978-972-9004-31-5

    DEPÓSITO LEGAL

    TIRAGEM500 exemplares

  • In Memoriam

    VENTO E ARAGEM

    Essa, a sensação: o João chegou, parou uns momentos e… abalou!Se foi vento, por tudo abarcar e depressa, também foi aragem – na intensa

    vivência serena de cada momento.A realização desta mesa-redonda prova a sua tenacidade no cumprimento

    – difícil! – de um compromisso assumido.Honra ao mérito!Requiescat in pace!

    José d’Encarnação

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    NOTAS SOBRE AS PERDURAÇÕES ONOMÁSTICAS PRÉ-ROMANASNO OCIDENTE PENINSULAR

    Amílcar Guerra1

    Resumo

    No panorama onomástico do Ocidente peninsular destaca-se habitualmente o contraste entre os territórios meridionais e setentrionais. Constata-se facilmente esta situação, que talvez necessite de ser matizada, e atribui-se às diferenças no processo de romanização do território. A epigrafia põe em evidência essa discrepância entre o que acontece nesse domínio, em especial a persistência que a antroponímia evidencia em determinadas regiões. Importa, nesta perspectiva, reunir os elementos que permitem sustentar a ideia de uma perduração considerável das tradições onomásticas e compreender o seu alcance cronológico.

    1 Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, investigador da UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa.

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    1.

    É bem sabido que o processo de transformação das sociedades hispânicas decorrente da conquista romana acarretou, de uma forma geral, substanciais transformações no domínio das línguas locais. No caso do território do Ocidente peninsular conduziu, a breve prazo, à redução do seu uso e, progressivamente, ao seu desaparecimento.

    Este último termo, todavia, pode não se revelar exacto para classificar esta situação. Comprovadamente, cessa, de forma progressiva, o uso das línguas locais enquanto instrumentos de comunicação. Mas, sob certa perspectiva, essas realidades linguísticas perduram, uma vez que alguns dos elementos que as constituíam persistiram no léxico da realidade que as veio substituir, o latim hispânico. A sua persistência no tempo variou, no entanto, de caso para caso, de acordo com um conjunto complexo de circunstâncias.

    A diversidade regional que este fenómeno assumiu foi, por exemplo, posta em evidência por García y Bellido (1967, p. 10-24), o qual sublinhou, em particular, a discrepância entre a Bética e o Norte da Península no que a este domínio diz respeito. Enquanto que na primeira a implantação do latim foi bastante precoce, na segunda as línguas locais manter-se-iam activas por bastante tempo, em algumas regiões até ao início da Idade Média2. O processo, todavia, atinge muito mais precocemente os núcleos habitacionais mais importantes, onde se faz sentir um grande impulso da concessão do direito latino na transformação cultural e

    2 García y Bellido, 1967, p. 18, 28-29. Esta ideia concorda genericamente com uma cronologia do séc. V para uma plena latinização da Galécia, proposta por Díaz y Díaz (1983, p. 293). No entanto, essa datação pode ser demasiado avançada (Cfr. Beltrán, 2005, p. 96-98).

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    linguística dessas comunidades (García y Bellido, 1967, p. 20). Essas propostas de uma cronologia avançada têm em consideração a natureza conservadora de algumas áreas mais recônditas do Norte peninsular.

    A persistência dos elementos pertencentes às línguas pré-romanas depende, em boa parte, da sua natureza. Creio não constituir objecto de controvérsia o facto de a toponomástica se apresentar como o domínio em que a perduração de elementos dos falares pré-romanos se torna mais evidente. Esta vertente da língua, que integra fundamentalmente os nomes de lugares habitados e as restantes realidades geográficas – rios, montanhas, ilhas – tendencialmente fixos e imutáveis no tempo, perduram durante longos períodos. Pode, por isso, facilmente constatar-se que este é o domínio onomástico o mais marcado pela continuidade das designações. Para citar um exemplo, observe-se o que se passa com os maiores rios da Lusitânia – aqueles cujos nomes as fontes atestaram – Tejo, Mondego, Vouga e, nas suas fronteiras, Douro e Guadiana – todos eles etimologicamente relacionados com as suas actuais designações; ou, de forma mais evidente, na Galécia, onde o mesmo se pode constatar com os hidrónimos Leça, Lima, Neiva, Minho, Tambre, Navia, Tâmega.

    Nos nomes de aglomerados populacionais ou dos seus habitantes a situação é similar, embora circunstâncias concretas possam ter dado lugar à alteração dos antigos apelativos de alguns deles. No território do Noroeste, a mais conhecida excepção corresponde a Aquae Flaviae, nome cujo segundo elemento se liga inevitavelmente com a dinastia imperial que lhe concedeu um estatuto jurídico privilegiado. Mas mesmo a capital do conventus iuridicus, a que se atribui uma fundação romana, apresenta o sugestivo nome de Bracara. Esta circunstância é igualmente normal nos territórios meridionais, apesar de mais profundamente romanizados, onde alguns núcleos habitacionais e administrativos relevantes como Scallabis, Olisipo, Ossonoba, Ebora, Murtili, Balsa, Arandis ou Mirobriga, representam o fundo toponímico pré-romano. No entanto, é mais substancial o número dos lugares que marcam a presença romana a sua profunda acção no território: Pax Iulia, Augusta Emerita, Metellinum, Norba Caesarina, Portus Hannibalis são alguns dos exemplos mais conhecidos, a par dos nomes que se poderiam designar como “mistos”, de Caesarobriga e Augustobriga.

    2.

    O panorama actual vai comprovando, naturalmente numa escala mesmo assim reduzida, a antiguidade de alguma toponímia moderna. Um dos exemplos mais recentes, e também um dos mais notáveis, envolveu a vizinha cidade de Viseu, cujo antigo nome se confirmou na inscrição de um excepcional monumento epigráfico (Fernandes; Carvalho; Figueira, 2009,

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    p. 144) em que os deuses locais se qualificam com o derivado toponímico Vissaieigobor. Embora a natureza pré-romana do topónimo tivesse sido admitida mesmo antes deste achado (Ribeiro, 1989, p. 137-139; Faria, 1989, p. 62; Coelho, 1991, p. 542; Vaz, 1997, p. 348; Guerra, 1999, p. 426-427; Alarcão, 2005, p. 125), só com este documento se confirmou essa suspeita (cfr. Fernandes; Carvalho; Figueira, 2009, p. 149-150).

    Esta continuidade dos nomes de lugar até à actualidade contrasta com o que se verifica no âmbito da antroponímia, diferença se explica pela duração das entidades que recebem essa designação. Por isso, enquanto as realidades da geografia física são por natureza (quase) imutáveis e tendencialmente perenes, a existência das pessoas é comparativamente muito circunscrita no tempo. Desta forma, os apelativos que se lhes atribuem encontram-se inexoravelmente sujeitos às mudanças culturais que marcam as sucessivas gerações.

    Por essa razão, no domínio da antroponímia a situação não é comparável com a dos topónimos. Ainda que se tenha presumido que alguns nomes actuais pudessem remontar a uma distante ascendência pré-romana, o seu número é bastante reduzido e mesmo as possíveis relações entre eles assumem sempre um carácter conjectural. Pode, pelo menos, apontar-se um exemplo, trazido à colação sempre que esta questão se coloca. Maria de Lourdes Albertos, geralmente bastante criteriosa nas suas considerações linguísticas, chegou a sugerir que um nome pré-romano, o de Paciaecus, poderia encontrar-se na origem de Pacheco (Albertos, 1966, p. 174-175), bastante difundido em algumas línguas hispânicas actuais. Estamos, todavia, perante casos excepcionais e, para além disso, como se disse, sempre problemáticos.

    O processo de transformação da onomástica no contexto do domínio romano foi, de uma forma geral, lento, ainda que o seu ritmo esteja sujeito a consideráveis oscilações, consoante as circunstâncias concretas em que ele se desenrola. São bem perceptíveis – por isso frequentemente assinaladas – as divergências entre as várias regiões da Península Ibérica no que respeita à conservação dos vestígios antroponímicos pré-romanos. A habitual dicotomia entre o Sul e o Norte, genericamente válida, assenta não apenas numa maior ou menor capacidade de adaptação às novas realidades culturais de cariz itálico, mas à cronologia da conquista da Hispânia e da integração das suas populações, um factor decisivo no caso vertente.

    Essa divergência foi assinalada e materializada em linhas que separavam, no que à distribuição da onomástica pessoal do Ocidente dizia respeito, duas áreas: uma em que eram abundantes os seus vestígios; outra em que estes eram ocasionais ou mesmo inexistentes. Segundo uma das primeiras e mais conhecidas propostas, o separador corresponderia ao traçado da moderna estrada entre Badajoz e Setúbal (Albertos 1983, 869; Tovar, 1985, p. 230).

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    O significado a atribuir a esta separação não se encontra devidamente esclarecido. Mas a circunstância de se assumir com frequência que pelo espaço a norte dessa linha se distribuiu o que se designa como a onomástica lusitano-galaica e de ela poder aproximar-se da que separa o território onde ocorrem as inscrições em língua “lusitana”, pode conduzir à ideia de que corresponderia ao limite meridional do mundo dos Lusitanos. Se tivermos em conta, por sua vez, que o registo geográfico de Ptolomeu (geog. 2.5.6) inclui Ebora entre as cidades desta mesma entidade e, ao contrário, Salacia e Pax Iulia integram o âmbito turdetano (geog. 2.5.2), poderiam colher-se alguns indicadores a favor de uma diferenciação cultural que passaria aproximadamente por essa área.

    A questão, contudo, é complexa e problemática. Reconhece-se, de facto, uma diferença considerável no que respeita ao número dos vestígios que se registam em cada uma das regiões, mas atribuí-la a parâmetros étnicos e culturais constitui uma ilação que não assenta em bases sólidas. A circunstância de a nossa principal e quase única fonte de informação residir na documentação epigráfica condiciona bastante os resultados. Desde logo por razões de ordem cronológica, que decorrem do facto de a epigrafia se desenvolver essencialmente em período imperial, sendo raras as inscrições que podem datar-se de fase anterior. Ora, para uma avaliação dos materiais linguísticos pré-romanos e da sua relação com o território e as realidades culturais, temos de considerar igualmente as diferenças no processo de romanização. Aceitando-se a sua precocidade nas regiões meridionais, é natural que no período augustano a tradição onomástica local estaria em vias de desaparecimento completo.

    3.

    Uma das principais questões que se coloca tem que ver precisamente com os dados de que dispomos para estabelecer as diferentes etapas da evolução onomástica.

    Por via regra, os repertórios onomásticos de que dispomos não se organizam de acordo com qualquer critério cronológico, opção que facilmente se compreende, uma vez que só um número muito reduzido de vestígios se pode situar no tempo com alguma precisão. A datação por elementos intrínsecos – através das referências aos cônsules, a presença de titulatura imperial e de personagens conhecidos ou outros critérios não representa mais do que uma ínfima parcela do universo das inscrições que chegaram até nós. Alguns epigrafistas, todavia, têm considerado, com frequência, que a integração temporal das inscrições se pode obter igualmente através da

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    paleografia ou mesmo da onomástica, especialmente quando esta reflecte uma determinada tradição local que se altera com o progresso da romanização. A validade a atribuir a estes últimos critérios não é consensual e, talvez por essa razão, os estudos sobre a onomástica não contemplaram, por via da regra, uma análise diacrónica dos materiais linguísticos. Isto mesmo se constata nas obras pioneiras de Palomar (1957), Untermann (1965) e Albertos (1966), onde só muito pontualmente este aspecto se toma em consideração. Analisando a obra do primeiro destes autores, Mitxelena (1959, p. 52) entrevia no recurso a indicadores de natureza cronológica, a possibilidade de retirarem alguns elementos que permitissem compreender o processo evolutivo das línguas pré-romanas da Hispânia. Apesar de se tratar de uma perspectiva teoricamente muito atraente, as circunstâncias concretas que envolvem a datação através da epigrafia limitam substancialmente as conclusões.

    Creio que esta ilação resulta com bastante clareza de um dos mais recentes ensaios sobre a antroponímia hispânica. Definindo apenas critérios de datação fiáveis (nos quais se incluem indicadores relativos à cronologia das unidades militares) aplica a ordenação cronológica a vários fenómenos Vallejo (2005, p. 721-727) aplica sonorização da velar na raiz tng-; fechamento de -e- em -ei- (p. ex. Arenus; Areinus); manutenção de -w- ou sua evolução para -b- (p. ex. na alternância Douiteina / Dobiteina); e no caso de -u- como resultado de -ug- (p. ex. Meduenus < Medugenus). Como consequência dos dados que se recolhem, em nenhum dos casos analisados se pode determinar, com clareza, uma cronologia para os fenómenos em análise, ficando antes a ideia de que, infelizmente, os indicadores fornecidos pela epigrafia não são muito esclarecedores. Contribuem, de qualquer modo, para consolidar a noção de que as formas onomásticas alternativas se registam em paralelo, sem uma diferenciação cronológica perceptível.

    Mas a questão da datação das inscrições pode revelar-se importante na análise das tradições onomásticas e em especial na da perduração da antroponímia pré-romana ao longo da presença romana.

    Na abordagem desta questão3 contamos desde logo com os elementos correspondentes a achados epigráficos em contexto arqueológico datável, circunstância rara, mas mesmo assim verificável. Um dos casos paradigmáticos regista-se no povoado de Mesas do Castelinho, onde se identificou uma placa de xisto com múltiplas inscrições, onde foi possível reconhecer algumas sequências essencialmente constituídas por antropónimos. Mas um dos aspectos mais relevantes deste bloco inscrito decorre do facto de ele se encontrar integrado num muro datável de uma

    3 Sobre ela v. mais recentemente Encarnação, 2010.

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    fase precoce do período imperial, propondo-se, por isso, que a sua gravação se tenha verificado, com bastante probabilidade, em finais do período republicano ou inícios do principado. A circunstância de nessa epígrafe se terem identificado três nomes pessoais, um deles isolado (Silvanus) e os outros em associação (Mantaius e Eburia) confere a este monumento um especial significado. Inserido numa região em que é bastante rara a onomástica indígena, ocorrem estes dois sugestivos exemplos bem documentados no Ocidente peninsular (Guerra; Fabião, 2010, p. 483-484).

    Este exemplo contribui para consolidar a ideia da existência nessa região de uma tradição onomástica (e, mais genericamente, linguística) similar à que se verifica no que se designa como a área lusitano-galaica, mas que deverá ter-se perdido, em grande parte pela natureza precoce das alterações culturais nos territórios meridionais. Encontra-se um sugestivo paralelo num outro monumento antigo, datado de fase augustana (em concreto de 5-4 a. C.) e proveniente de Alcácer do Sal (IRCP 184), que Vicanus Bouti f(ilius) consagra ao príncipe reinante. Para além de uma estrutura onomástica tipicamente hispânica, patente na identificação do dedicante, o patronímico Bouti remete de forma muito clara para uma realidade linguística muito característica do Ocidente, sendo especialmente abundante na Lusitânia setentrional (Untermann, 1965, p. 72-73, mapa n. 18; Atlas, p. 117-118; Vallejo, 2005, p. 216-222).

    Mas nesta fase a cidade de Salacia, associada geralmente a um contexto cultural diferente — Ptolomeu (geog. 2.5.2), por exemplo, integra-a na esfera turdetana — apresenta igualmente traços dessa tradição antroponímica lusitana, apenas perceptíveis no mais antigo documento epigráfico identificado nessa localidade tão cedo romanizada.

    Ponderadas estas circunstâncias e ainda que não tenhamos muito mais para invocar nesse mesmo sentido, poder-se-ia genericamente apontar o reinado de Augusto como um momento decisivo na alteração das tradições locais no sul de Portugal, razão pela qual são tão raros os exemplos de nomes pessoais não latinos identificados na documentação epigráfica dessa região.

    4.

    Os casos de inscrições datadas ajudam igualmente a perceber o mesmo processo nas regiões situadas a norte do Tejo, a que este contributo é especialmente dedicado. Embora subsista a ideia de que se verifica em período mais avançado, no entanto as incertezas e, em consequência, as divergências entre os investigadores caracterizam o panorama actual.

    Naturalmente, não constitui qualquer surpresa que alguns documentos

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    mais antigos, como a famosa inscrição que anuncia a oferta de um orarium aos Igeditanos4, datada de 16 a. C., identifiquem indivíduos cujos nomes pessoais são caracteristicamente indígenas (Lambrino, 1956, p. 21-26; Mantas, 1988, p. 422); nem mesmo que o famoso juramento do Aricienses, do ano 38 da nossa era, o primeiro do reinado de Calígula, torne patente que os magistrados desse oppidum se designem de acordo com a tradição local (Encarnação, 1984, p. 703-706; Encarnação, 2010, p. 177-178; Guerra, 2012, p. 83-86).

    A questão mais complexa reside sim em determinar até que ponto esses nomes perduraram e, por isso, estes documentos de cronologia mais antiga tornam-se menos relevantes. Uma das epígrafes mais eloquentes, tendo em vista uma resposta à questão, corresponde ao notável documento designado como Pacto dos Zelas (CIL II 2633), firmado em Curunda e Astorga, mas celebrado entre membros da entidade que lhe dá o nome. A sua importância na avaliação dos processos de alteração onomástica reside no facto de esse documento reportar um pacto celebrado em momentos muito distintos, por entidades desse povo: um primitivo tratado, estabelecido entre os Desonci e os Tridiavi, foi renovado no ano de 27 d. C. e a ele se associaram, em 152, três indivíduos identificados como pertencentes a outras gentes dos mesmos Zelas, aos Avolgici, aos Orniaci e aos Visalici.5

    No primeiro momento, em pleno reinado de Tibério, os indivíduos pactuantes identificam-se deste modo: Araus Ablecaeni; Turaius Clouti; Docius Elaesi; Magilo Clouti; Bodecius Burrali; Elaesus Clutami; Abienum Pentili. Isto é, todos apresentam uma onomástica tipicamente indígena, que se manifesta em ambas as suas vertentes: na etimológica, uma vez que todos os nomes correspondem a apelativos tipicamente hispânicos; e no que se refere também à sua estrutura, correspondendo ao modelo local de nome único seguido de patronímico. Esta modalidade em que se omite o termo filius, geralmente abreviado é considerada precisamente a forma mais tradicional de identificação.

    Passados 125 anos, a realidade antroponímica alterou-se substancialmente, uma vez que se associam ao acto Sempronius Perpetuus, Antonius Arquius, Flavius Fronto, L(ucius) Domitius Silo e L(ucius) Flavius Severus. Não é apenas patente a presença de uma estrutura onomástica de dois ou três elementos, seguindo uma tradição romana, neste caso sem patronímico, como se impôs quase integralmente o nome de origem latina. Tal

    4 O documento suscitou múltiplas interpretações, nomeadamente Lambrino, 1956, p. 17-27, n. 4; Mantas, 1988, p. 421-423; Étienne, 1992, p. 355-362; Sá, 2007, p. 61, n. 54; Encarnação, 2007, p. 351-352; Guerra, 2010, p. 215-217; Encarnação, 2013, p. 126-127. 5 De entre a amplíssima bibliografia v. Tranoy, 1981, p. 109-110 e 380; González, 1986, p. 156-158; Redentor, 2002, p. 32-34; Silva, 2011, p. 18-19; 28-29.

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    facto é praticamente inevitável no que se refere aos praenomina e gentilícios, mas não no cognomen. Apesar disso, só um deles ostenta um apelativo de origem hispânica, Arquius.

    Constata-se, portanto, que em meados do séc. II d. C. se tinha registado já uma substancial mudança na denominação dos indivíduos, pondo-se praticamente termo aos hábitos tradicionais. Não se pode perder de vista, todavia, a natureza do acto celebrado e a função dos seus subscritores. Tratando-se de indivíduos que representam comunidades ou personalidades que o testemunham, terão de necessariamente corresponder a uma elite local, aspecto que pode justificar tão substancial alteração. Esta população dos núcleos urbanos e administrativos ou com especial peso social e político, ainda que de províncias remotas, encontra-se muito mais integrada na cultura romana que a dos habitats rurais. Por isso, aquilo que o Pacto dos Zelas parece revelar, ainda que possa servir de indicador, não pode generalizar-se a todo o território dessa civitas ou de outras dessa região.

    Aquilo que esse excepcional documento patenteia é compatível com uma ideia bastante difundida segundo a qual o séc. II corresponde a um período de substanciais alterações, com reflexos na onomástica, em especial na diminuição drástica das tradições locais.

    5.

    No entanto, se consideramos outros materiais epigráficos, esta visão terá ser matizada. Um dos primeiros monumentos que contribui para consolidar essa ideia foi descoberto na sequência das escavações do Cabeço do Crasto, S. Romão, Seia (Guerra, 1989). Nele se identifica uma personagem, Vegetus Talabari f(ilius), que se diz edil e erigiu o monumento no qual o bloco inscrito se integrava no ano de 217. A cronologia dos inícios do século III pareceu a José d’Encarnação6 uma razão suficiente para se ponderarem as suas consequências. Tratando-se de uma personagem integrada na política local, não deixava de ser surpreendente que os modelos onomásticos tradicionais ainda se usassem nessa altura. Por essa razão se sublinhou o perigo que constitui usar este critério isolado na datação das inscrições (Ferreira, 2000, p. 17-18).

    O sítio de onde provém a inscrição, situado nas faldas da Serra da Estrela, deve corresponder a um povoado secundário, provavelmente integrado no município dos Tapori, que deve identificar-se com o sítio da Bobadela,

    6 Encarnação, 1998, p. 66-67; mais recentemente em 2010, p. 180.

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    Oliveira do Hospital (Curado, 1988-1994, p. 215; Vaz, 1997, p. 321; Guerra, 1998, p. 628-630). Esta circunstância pode explicar o conservadorismo da antroponímia que essa personagem ostenta, mas a sua condição de edil, verosimilmente da referida entidade municipal, permite integrá-lo num contexto social relativamente elevado e, por isso, mais integrado na cultura de matriz itálica.

    É certo que um único caso não pode tomar-se como sustentação de teorias ou como indicadores cronológicos absolutos. Não pode, no entanto, perder-se de vista que as inscrições datadas com rigor, pela referência aos magistrados epónimos, constituem um registo excepcional. E ainda que este exemplo constitua, no panorama da epigrafia, uma circunstância rara, na realidade não se trata de uma ocorrência sem paralelo, como se verá.

    Nestas circunstâncias, este caso não deve ser visto unicamente como uma excepção e como tal inválida para contrariar a regra, mas pode constituir um indicador de que a perduração das tradições onomásticas locais se estende a este período e até mesmo a momentos mais tardios.

    Talvez possa ser ainda mais sugestivo um outro monumento, também ele de uma área relativamente próxima, verosimilmente de um município vizinho, que apresenta, como particularidades mais salientes, duas das que ocorrem na inscrição do Cabeço do Crasto: uma datação tardia, a par de uma personagem com onomástica local. Trata-se de uma notável inscrição rupestre, não isenta de problemas de leitura e interpretação, mas em que as peculiaridades acima referidas parecem incontestadas, que se identificou no lugar de Vilares, Trancoso, mais recentemente (Dias; Gaspar 2006, p. 278-279, anexo, n. 2; HEp 15, 2006, 509) interpretada como:

    Aedi (Iesu) / Domini / Caturo / Areini / ocupavit / locum l(atum) / p(edes) XXV act(um) / pr(idie) k(alendas) Iun(i)a(s) / T?H[.]OLO VIA[- - -] · co(n)s(ulibus) .

    Variantes: Rodríguez Colmenero, 1993, p. 34-36, n. 9 = HEp 5, 1030: co(n)s(ule) / (anagrama) Via(tore); Rodríguez Colmenero, 1997, p. 692-695 = HEp 7, 1185: co(n)s(ulibus) / (Anastasio) (?) O(rientis) Via[tore O(ccidentis)]

    A leitura do texto oferece apenas problemas pontuais que se resumem essencialmente a dois elementos da inscrição: ao fim da primeira linha e ao início da última. Rodríguez Colmenero interpretou esses pontos críticos como anagramas: o inicial correspondente a Iesus, o último equivalente a Anastasio.

    Manuela Alves Dias e Catarina Gaspar consideraram-nos como sequências textuais, respectivamente IH e THOLO, o primeiro por Iesu, o segundo como uma sequência, não identificada, relativa ao nome dos cônsules.

    Os problemas que o monumento coloca têm mais que ver com a

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    interpretação do que com a leitura da inscrição. Penso, com M. M. Alves Dias e C. Gaspar, que devem considerar-se signos os elementos problemáticos. Ambos são bastante similares, aparentam uma forma de H (estas autoras consideraram estar representados os nexos IH e TH, respectivamente), mas essa lição é de difícil interpretação. Cria-se antes a questão de saber a que cônsul(es) se reporta a epígrafe, para a qual não se propõe uma resposta satisfatória. Creio, assim, que nenhuma das soluções apresentadas até ao momento resolve de forma simples e clara o problema.

    Hesitei, perante as dificuldades e as incertezas em torno deste monumento se deveria aumentar a confusão com uma nova proposta7. Todavia, considerando que a conjugação de várias hipóteses nos permite uma aproximação à resolução de problemas deste tipo, julgo oportuno adicionar uma nova interpretação, admitindo o seu carácter conjectural e as suas inevitáveis debilidades.

    A hipótese de se referir o cônsul Viator, tal como tinha sugerido Rodríguez Colmenero (1993, p. 34-36), parece-me bastante viável, tendo em conta o carácter inequivocamente cristão do monumento, compatível com o início do séc. V e, naturalmente, com que se encontra gravado na inscrição. Parece igualmente claro que este nome é precedido da sequência OLO, por sua vez antecedida de um signo problemático. Uma possibilidade, que assentaria mais na compreensão global do texto do que no que se encontra grafado, é que o responsável pela gravação, neste contexto de utilização da cursiva, tenha desenhado um determinado caractere de uma forma menos canónica. Daria sentido ao texto, nesta circunstância, que esse signo correspondesse a um S8, correspondendo a sequência em discussão a SOLO. Esta mesma conjectura seria igualmente viável na primeira linha.

    Nesta perspectiva, resultaria o seguinte:

    Aedis(?) / Domini./ Caturo / Areini / ocupavit / locum l(atum) / p(edes) XXV. Act(um) / pr(idie) k(alendas) Iun(i)a(s) / solo Via[t(ore)?] co(n)s(ule)

    Desta forma me parece encontrar-se uma solução que, sem ser plenamente satisfatória, se revela a mais económica para os diferentes problemas que se colocam, a começar pela expressão inicial, uma vez que

    7 Agradeço a Fernando Patrício Curado, que divulgou junto de várias pessoas este monu-mento, o privilégio de ter acedido, há mais de 20 anos, antes mesmo de a epígrafe ter sido publicada pela primeira vez, à foto, da sua autoria, que tem acompanhado, por quanto sei, diversas publicações e na qual a epígrafe se revela pela aplicação do método bicromático. 8 Infelizmente, o que poderia ser uma potencial confirmação desta equivalência (a que corres-ponderia à letra final da inscrição) não permite resolver o problema, uma vez que a superfície da pedra se encontra alterada nesse ponto.

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    a forma de nominativo aedis se regista com frequência, a par de aedes e, ao contrário, não será fácil justificar uma forma aedi. É incontestavelmente inusual a indicação do carácter solitário do exercício consular de Viator, mas não creio que a hipótese de uma particularidade epigráfica deste tipo se deva excluir deste contexto.

    Ainda que se pusesse em dúvida a datação consular do ano de 495, a qual me parece bastante viável, o início da inscrição creio não deixar lugar a dúvida sobre a necessidade de inserir a epígrafe num contexto cultural cristão, necessariamente de período tardo-romano.

    No que respeita à onomástica do dedicante a sua correspondência aos modelos da identificação típica da região e origem local dos nomes constituem elementos inequívocos deste monumento.

    No panorama extraordinariamente escasso das inscrições desta região com datação consular, estes dois casos apontam para o prolongamento dos hábitos onomásticos até período bastante tardio, pelo menos em certos ambientes, como os pequenos povoados ou outros espaços rurais.

    Naturalmente, estas circunstâncias não se podem generalizar a toda a região ou ao conventus e muito menos à província, onde os ritmos das alterações na antroponímia são muito diversificados.

    Todavia, analisando outras realidades geográficas setentrionais, pode consolidar-se a ideia de que o fenómeno pode repetir-se com alguma frequência.

    6.

    No panorama das inscrições latinas não cristãs a que é possível atribuir uma cronologia segura, encontra-se um conspícuo grupo datado pela era hispânica, correspondendo os casos, por via da regra, a momentos que se compaginam com o âmbito cronológico das duas inscrições a que se aludiu.

    As epígrafes datadas pela era hispânica constituem um conjunto com algo mais do que quatro dezenas de inscrições, provenientes do Norte da Península Ibérica, especialmente das Astúrias e Cantábria, mas também um número significativo da província de Palência e com menor frequência de outros territórios setentrionais. Este grupo enquadra-se essencialmente entre os séculos III e V d. C., correspondendo, por isso, a documentação de fase tardo-romana.

    Embora se constate que a onomástica se encontra profundamente marcada pela cultura latina, é, todavia, possível captar o peso que a tradição ainda detém neste contexto geográfico e cronológico. De entre

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    os vestígios que conservam a antroponímia tipicamente local podem apontar-se os seguintes casos:

    QUADRO I – Onomástica indígena em inscrições datadas pela era consular hispânica

    era Nomes lugarCXV Bovecio Bode(ri?) Cangas de OnísCCCLXI Allaugana Aguilar de CampooCCCXXIIX Ter(entius) Bod(dus), Voccarecae Corau

    CCCCXXCII Dov(idaenus?, -iderus?) GamonedoCCCCLXXIV Dovidena Soto de CangasCCCXVI An[n?]a LlenínCCCLXXVII Reburinia Cangas de OnísCCCLXXXIII Doviden[ae] RuesgaCCCLXIIII Atta Orig(ena?), Acide Avane, Camaricum Ruesga

    Para além destes exemplos de perduração de elementos autóctones, mantém-se igualmente o hábito de identificar os indivíduos através da referência à sua entidade supra-familiar.

    Parece evidente que a parte setentrional da Hispânia, incluindo a sua vertente mais ocidental, se pode apresentar como uma das mais conservadoras no domínio onomástico, o que se patenteia nestes exemplos concretos.

    Não é fácil, contudo, determinar até que ponto estas tradições perduraram. De qualquer modo, no sentido de apurar o índice de preservação dos nomes pré-romanos em contexto pós-romano, pesquisaram-se os elementos pertencentes a esse fundo linguístico na epigrafia paleocristã da antiga província da Lusitânia. De entre um conjunto onomástico que abarca cerca de 170 nomes registados nos repertórios do território português (Dias; Gaspar, 2006) e de Mérida (Ramírez; Mateos, 2000), foi possível identificar apenas um9 que pode integrar-se com segurança nesse âmbito. Trata-se de Cantonus, que ocorre numa inscrição proveniente de Mérida (Ramírez; Mateos, 2000, p. 64-66, n. 27). Para além deste, regista-se, também na mesma cidade, um Bracarius (Ramírez; Mateos, 2000, p. 63-64, n. 26). Ainda que corresponda a um antropónimo etimologicamente ligado às línguas pré-romanas da Hispânia, não ocorre na epigrafia romana. Deve

    9 Não se consideram os dois que são atestados na problemática inscrição de Vilares, Trancoso comentada supra, substancialmente distinta das que constituem o conjunto classificado como paleocristão.

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    interpretar-se como uma formação tardia, derivada do muito conhecido topónimo Bracara.

    Naturalmente, a cristianização do Ocidente hispânico alterou profundamente a cultura local e esse processo de transformação teve igualmente reflexos nos nomes das pessoas. Compreende-se, por essa razão, a circunstância de só excepcionalmente se preservarem os vestígios correspondentes às línguas que vieram a ser suplantadas pelo latim. Será esta nova realidade que transformará de forma mais substancial a antroponímia e liquidará, com cariz praticamente definitivo, o pouco que restava da tradição pré-romana.

    Relativamente aos muito raros exemplos que se integravam nesse reduzido grupo, não havia, da parte dos seus portadores, qualquer consciência dessa pertença. Perdida a língua, perde-se também progressivamente a noção dos elementos que lhe pertencem, uma vez que ocorrem apenas fora desse contexto.

    7.

    Por fim, parece pertinente apresentar os resultados de um exercício similar, ainda que baseado já não em elementos datáveis com segurança, mas apenas com base em outros critérios, inevitavelmente menos fiáveis.

    Partindo de algumas considerações de Stylow (1995) sobre traços tardios de algumas epígrafes da região de Jáen, Abascal (2000-2001, p. 288) sugere que a conjugação da fórmula funerária de consagração aos deuses Manes com expressão de elogio fúnebre no superlativo apontaria, em território bético e no Levante espanhol, para uma cronologia do séc. III d. C., e para períodos posteriores em áreas setentrionais.

    Admitindo como viáveis estas ilações, procedeu-se a um levantamento das ocorrências da epigrafia da província romana da Lusitânia. Nos quase 200 casos em que se verificam simultaneamente estas duas condições, constata-se uma claríssima preferência pela onomástica romana, aspecto que se revela compatível com a sua atribuição genérica a um período correspondente ao séc. III ou a fase posterior.

    Apesar disso, foi possível recolher alguns casos pontuais de persistências de onomástica indígena10, cujo elenco se apresenta no quadro seguinte:

    10 A classificação de um nome dentro desta categoria encontra-se sujeita a alguma oscilação de critérios. Neste caso adoptámos como referência a obra de Vallejo (2005). Registe-se que um deles (Sacomius) constitui um hápax (Vallejo, 2005, p. 477).

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    QUADRO II – Inscrições da Lusitânia com D(is) M(anibus) + superlativo e em que se regista onomástica indígena.

    Referência Proveniência Texto

    CIL II 410 Viseu D(is) M(anibus) s(acrum) / Sunuae / Bocci f(iliae) / an(norum) XI / Amoena / matri pie/ntissimae / et Albin/ianus g/ener f(aciendum) c(uraverunt)

    AE 1960 188 Mileu, Guarda D(is) M(anibus) s(acrum) / Frontoni La/uri f(ilio) Taporo a/nnorum LXV Quin/ta Telci li(be)rta mari/to pientis(simo) p(onendum) c(uravit)

    CIL II 381 Conimbriga [D(is) M(anibus)] / Lobessae an(norum) LX / Aponia Iunia / matri pientissimae / f(aciendum) c(uravit) s(it) t(ibi) t(erra) l(evis)

    CIL II 392 Conimbriga D(is) M(anibus) / Valeri / Rufini / ann(orum) XXIII / Turanus / Primitivus / et Liberia / Stercusia / parentes fil(io) / piissimo / p(osuerunt)

    CIL II 385 Conimbriga D(is) M(anibus) / Maternae / Caenonis f(iliae) / ann(orum) XL / Maelia / Martialis / matri / piissimae / posuit

    CIL II 377 Conimbriga D(is) M(anibus) s(acrum) Heleni / an(norum) XXXIII Fes/tivae an(norum) X/VIII Augus/tina[e] an(norum) XV / Arquia He/lena mater / f(iliis) / p(ientissimis) f(aciendum) c(uravit)

    FE 34 V. N. Ourém D(is) M(anibus) s(acrum) / Fabricio Fro/ntoni an(norum) / XXVI Fabri/cius [G]allio / pater et Alb/ura mater / filio pient/issimo f(aciendum) c(uraverunt) / h(ic) s(itus) e(st) s(it) t(ibi) t(erra) l(evis)

    CIL II 353 Salir de Matos, C. da Rainha

    D(is) M(anibus) s(acrum) / Sulpiciae Col/lippone(n)si an(norum) / XXXV Callaecus / r(eipublicae) s(uae) l(ibertus) uxori / p(ientissimae) p(onendum) c(uravit)

    FE 293 Cadaval D(is) M(anibus) / Callaecioni / Lucreti Lupi ser(vo) an(norum) XXII[I] / Lucretius Callaecus / et Lucretia Maura / f(ilio) pientissimo f(aciendum) c(uraverunt)

    CIL II 313 Bucelas, Lisboa D(is) M(anibus) / L(uci) Iuli L(uci) f(ilii) Galer(ia) / Iusti aedilis / an(norum) XXVIII / L(ucius) Iulius Reburrus pate[r] / et Iulia Iusta mater / filio piis(s)imo

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    CIL II 5320 Talavera de la Reina

    D(is) M(anibus) s(acrum) / Gr(ani) Pateni / Quir(ina) Cae(sarobrigensis) / ex cas(tello) Ciseli / an(norum) LXV A[m]/bat(a) mar(ito) / pi(e)nt(issimo) de suo / p(osuit)

    HEp 6, 200 S. Lucía del Trampal, Alcuéscar

    D(is) M(anibus) s(acrum) / No(r)bana / Bovia an(norum) L/XXXVIII / [h(ic)] s(ita) e(st) s(it) t(ibi) t(erra) l(evis) / filius pi(e)n/tis(s)imus f(aciendum) / c(uravit)

    AE 1994, 864

    Badajoz D(is) M(anibus) s(acrum) / Marcia Tyche / ann(orum) L / h(ic) s(ita) e(st) s(it) t(ibi) t(erra) l(evis) / Marcius Laetinus et / [M]arcius Reburrus / [l]ib(erti) patrona(e) [p]iissim(ae) / f(aciendum) c(uraverunt)

    ERAE 326 Mérida D(is) M(anibus) s(acrum) / Marcia Tyche / ann(orum) L / h(ic) s(ita) e(st) s(it) t(ibi) t(erra) l(evis) / Marcius Laetinus et / [M]arcius Reburrus / [l]ib(erti) patronae piissim(ae) / f(aciendum) c(uraverunt)

    HEp 4 166 Mérida D(is) M(anibus) s(acrum) / Docquiricus Vita/lio ann(orum) LXV h(ic) s(itus) e(st) s(it) t(ibi) t(erra) l(evis) / Albania Sabina ma/rito obsequentissi/mo et amicis dulcis/simus cum quo vicsi(t) / ann(os) XXXVIII pinta(!) meus / anima optima (!)

    ERAE 367 Mérida D(is) M(anibus) s(acrum) / Sent(onio) Sacomio / ann(orum) VIIII Sen(tonia) / Lucrosa filio / pientissimo f(aciendum) c(uravit) / h(ic) s(itus) e(st) s(it) t(ibi) t(erra) l(evis)

    IRCP 115 Mértola D(is) M(anibus) s(acrum) / Tullio Dona/to Faus(t)ino filio / vixit ann(os) XVI / Tullius Vellicus et / Porcia Matern(a) filio / pientissimo / [p]osuerunt / h(ic) s(itus) e(st) s(it) t(ibi) t(erra) l(evis)

    CIL II 4 Faro D(is) M(anibus) s(acrum) / Caturicae Pri/mae coniugi piissimae / quae vixit ann(os) XXV / m(enses) VIII L(ucius) Calp(urnius) The/odorus marit(us)

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    Do universo referido, dezassete inscrições apresentam apenas uma ocorrência, em epígrafes que registam mais do que um antropónimo. Em duas circunstâncias, todavia, ocorrem dois nomes no mesmo monumento: num deles nome único e patronímico (precisamente no exemplo mais setentrional, de Viseu); no outro apelativos etimologicamente relacionados, identificando pai e filho, este de condição servil. Constata-se que é pouco significativo o número de indivíduos que se identifica segundo o modelo indígena, uma vez que o mesmo se verifica só em três casos: Sunuae Bocci f(iliae); Camala Maxumi f(ilia); Maternae Caenonis f(iliae). Ao contrário, revela-se significativa a ausência do patronímico, o que pode reflectir a tendência cada vez mais difundida para a omissão dos praenomina e nomina comum no mundo tardo-romano ou para a redução do nome pessoal ao cognomen, sem indicar a filiação. São sugestivos, a este nível, os exemplos de Callaecus, Ambata, Albura e Lobessa em especial pelo facto de não adicionarem o patronímico, o que contrasta com a sua indicação sistemática nas inscrições de cronologia mais precoce.

    Verifica-se igualmente que, em quatro circunstâncias (Arquia, Caturica, Docquiricus e Turanus), a tradição onomástica local passou para os gentilícios e em dois deles (Caturica e Docquiricus) sob a forma de derivados de nomes bem conhecidos, Caturus / -a e Docquirus / -a.

    Registe-se, por fim, a vitalidade do antropónimo Reburrus, o mais amplamente atestado na epigrafia em geral e neste conjunto em particular, verificando-se mesmo que em um dos seus três registos corresponde ao cognome de um liberto, tendo, portanto, sido usado como nome servil.

    Como já se assinalou, com a generalização da língua latina rapidamente se perde a noção do enquadramento linguístico dos antropónimos e com ele qualquer relação entre a origem ou condição dos indivíduos e a natureza dos apelativos com que se identificam. Por isso, torna-se cada vez mais arbitrária a circunstância de a onomástica pessoal ser latina, grega ou indígena, o que implica que algumas das considerações de natureza cronológica e cultural tenham de ser relativizadas.

    Em suma, a questão das perdurações da onomástica pré-romana, no que especialmente diz respeito aos nomes pessoais, assenta num número de indícios bastante reduzido. Esta circunstância decorre do facto de, como regra, a atribuição de uma cronologia avançada às inscrições depender de elementos concretos que sustentem esse enquadramento temporal, uma vez que se assume como normal uma datação alto-imperial para a maioria das inscrições. Esta postura pode distorcer de forma substancial os resultados, aspecto para o qual este

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    contributo pretendeu chamar a atenção. Penso resultar claro, da análise de alguns elementos identificados

    em material epigráfico com datação consistentemente atribuída ao século III ou a momentos posteriores, que estes dados permitem sustentar a longevidade da tradição linguística pré-romana no âmbito da antroponímia.

    Creio, por outro lado, que estes resultados devem contribuir para se ponderar o recurso generalizado à onomástica pré-romana como critério cronológico para a integração de epígrafes na época alto-imperial. As grandes diferenças na evolução cultural das comunidades hispânicas impõem que se considerem de forma também diferenciada as áreas de proveniência e os contextos específicos de que provêm os monumentos. Alguns casos, necessariamente pontuais pela falta de materiais rigorosamente datados, chamam a atenção para o problema. E acima de todos eles o caso “extremo” da inscrição de Vilares que pode ser tomada como uma chamada de atenção para os cuidados a ter quando se lida com a epigrafia da região em que se celebra este colóquio. Chama particularmente a atenção uma identificação pessoal tão marcada pela tradição num contexto tão avançado e, para além do mais, já posterior à cristianização desta região. Ainda que estejamos perante textos claramente excepcionais, mesmo esta sua condição não pode evitar que se pondere bem o seu significado e alcance histórico.

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    Índice

    INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 7JOSÉ LUIS RAMÍREZ SÁDABA - Augusta Emerita entre romanos ebárbaros: testimonios epigráficos ................................................................................................ 9JOSÉ d’ENCARNAÇÃO - Formulários epigráficos .................................................................. 35AMÍLCAR GUERRA - Notas sobre as perdurações onomásticas pré-romanasno ocidente peninsular .................................................................................................................. 47MANUEL SALINAS DE FRÍAS - Un hito catastral de Constantino IIy algunos aspectos relativos a Lusitania durante el siglo IV ......................................... 71JOÃO L. DA INêS VAZ - Apontamentos de arquitectura e epigrafia paleocristãsda Lusitânia ....................................................................................................................... 89PEDRO GOMES BARBOSA - Os judeus e as leis visigodas ........................................... 113MAURICIO PASTOR MUÑOZ - El final de los Munera et Venationesen Lusitania ........................................................................................................................ 121JAVIER ANDREU PINTADO - Imagem imperial y ornamentación urbanaen Lusitania: a propósito de los pedestales imperiales tardoantigos ............................ 151JONATHAN EDMONDSON - The adminitration of Lusitania from the reformsof Dioclecian to c. 340 ........................................................................................................ 179SABINE LEFEBRE - Réception du pouvoir impérial en Lusitanie de Dioclétienà la fin de la dynastie constantinienne ............................................................................ 223ANDRÉ CARNEIRO - Mudança e continuidade no povoamento ruralno Alto Alentejo durante a Antiguidade Tardia ............................................................. 281

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    INêS VAZ PINTO, ANA P. MAGALHÃES, PATRÍCIA S. BRUN - Tróia naAntiguidade Tardia ....................................................................................................................... 309MARIA JOÃO CORREIA SANTOS - Mogueira: um espaço sagradona encruzilhada de dois mundos ..................................................................................... 335CATARINA TENTE, ADRIAAN DE MAN - O fim da Lusitânia: fragmentaçãoe emergência de poderes no território de Viseu .............................................................. 375PEDRO C: CARVALHO - O final do mundo romano: (des)continuidade e/ou(in)visibilidade do registo nas paisagens rurais do interior norte da Lusitânia .......... 397JOÃO L. DA INêS VAZ - À guisa de conclusão .............................................................. 437