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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: Cotas na universidade pública: dilemas e perspectivas

Autor Clarice Alves Geremias

Disciplina/Área (ingresso no PDE)

Pedagogia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Benedita Rosa Rezende – Av: Robert Koch, 377

Município da escola Londrina

Núcleo Regional de Educação Londrina

Professor Orientador Marleide Rodrigues da Silva Perrude

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar Sociologia

Resumo

O objetivo da presente produção pedagógica é fazer uma reflexão com os alunos do terceiro ano do ensino médio noturno sobre as políticas afirmativas para negros, em especial a política de cotas raciais enquanto ações que buscam diminuir a desigualdade racial entre brancos e negros e a identificação das cotas raciais como instrumento de acesso do negro ao ensino superior. Compreende-se que as cotas raciais podem viabilizar a ressignificação da forma de ingresso na universidade pública, possibilitando que parte dessa população tenha acesso ao ensino universitário. Esta produção didático pedagógica resulta de pesquisa bibliográfica sobre o sistema de cotas raciais, seus dilemas e suas perspectivas, problematiza os elementos históricos de discriminação para com a população negra e parda, fomenta discussões sobre desigualdades sociais e educacionais e identifica no atual contexto histórico as ações afirmativas como uma das possibilidades promissoras de inclusão do aluno negro a educação e ensino superior. Para consumar esses objetivos será utilizado enquanto metodologia de ensino debates, dinâmicas de grupos, trabalhos em grupo, aula expositiva, visita a universidades públicas, elaboração e utilização de um blog educativo.

Palavras-chave Ações afirmativas, cotas raciais, oportunidades educacionais.

Formato do Material Didático Caderno Temático

Público Alvo Alunos do terceiro ano do ensino médio noturno.

INTRODUÇÃO

Essa Produção Didático-Pedagógica trata-se de um caderno

temático para subsidiar uma intervenção pedagógica junto aos alunos do 3º ano do

Ensino Médio noturno do Colégio Estadual Benedita Rosa Rezende em Londrina no

Paraná. Tem como eixo norteador a problemática do sistema de cotas raciais como

forma de ingresso ao ensino superior para alunos negros e pardos na universidade

pública.

A intervenção será realizada num período de dois bimestres em

aulas semanais de cinquenta minutos1. Portanto, é um material escolar resultado de

um planejamento centrado no estudo sobre as questões raciais existentes no Brasil.

As discussões e as análises sobre o assunto acontecerão por meio de pesquisa

bibliográfica, análise de dados estatísticos, filmes, textos e elaboração de um blog.

Ressaltamos que esse material trata-se de uma elaboração teórica que toma um

formato prático, ou seja, subsidia o trabalho diretamente com os alunos.

Assim, tem como proposta investigar, conhecer e intervir junto aos

alunos do terceiro ano do ensino médio acerca de suas concepções sobre políticas

de ações afirmativas e promover momentos de reflexão para que possam

compreender a condição social em que se encontra grande parte da população

brasileira participante do sistema educacional que exclui alunos negros pobres e

brancos pobres.

Esse estudo ancora-se nos pressupostos da Lei 10639/2003

(BRASIL, 2003) e nas discussões referentes a cotas raciais, com o intuito de discutir

os impasses que envolvem e limitam o aluno da escola pública a ter um

entendimento positivo dessas políticas em suas vidas. Para sustentar o processo de

intervenção, levantam-se alguns questionamentos para problematizar e direcionar as

reflexões sobre o tema:

O que de fato os alunos entendem por ações afirmativas?

O que pensam sobre as cotas raciais?

As políticas de cotas são medidas reparadoras ou geram

mais discriminação ao aluno negro no interior das escolas?

1 Faremos o revezamento de disciplinas para que não haja perda do conteúdo que o professor esteja trabalhando no bimestre.

Conhecer as políticas de ações afirmativas compreendendo em

especial as políticas de cotas raciais como uma estratégia que visa à ampliação de

oportunidades para a população pobre e negra ingressar nas universidades

públicas, bem como problematizar essas políticas afirmativas para negros e pardos

no Brasil, como ações que buscam diminuir a desigualdade racial entre brancos e

negros e a identificação das cotas raciais enquanto instrumento de acesso do negro

ao ensino superior nas universidades públicas são objetivos a serem perseguidos no

processo de implementação pedagógica junto aos alunos.

Acreditamos que esse debate poderá ser um caminho para auxiliar

os alunos do ensino médio do 3º ano a enfrentarem as dificuldades da busca por um

curso superior em uma instituição pública, pois entendemos que a entrada do aluno

em um curso superior deveria ser um direito, ou seja, uma modalidade de ensino a

mais a fazer parte seu currículo. Entretanto, pelas condições históricas, o acesso à

universidade tem sido negado a muitos. Assim, essas discussões tornam-se

relevantes para o aluno, pois busca instrumentalizá-lo para que realize o que é dele

por direito.

Nesse sentido, desenvolvemos um caderno pedagógico dividido em

cinco unidades didáticas que vão subsidiar a intervenção com os alunos:

Unidade temática I: Elaboração de um blog para postagens de

artigos e imagens sobre cultura africana;

Unidade temática II: Preconceito, discriminação, racismo e

desigualdade social;

Unidade temática III: Desigualdades sociais e desigualdades

educacionais;

Unidade temática IV: A desigualdade de oportunidades

educacionais e as ações afirmativas;

Unidade temática V: Palestra sobre cotas raciais, Prouni e

políticas afirmativas; conhecer a feira das profissões em

universidades públicas.

UNIDADE TEMÁTICA I - HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA

Introdução

Essa unidade didática tem como objetivo ampliar o conhecimento

que os alunos possuem sobre a cultura africana e afro-brasileira, bem como as

questões raciais. Os alunos participantes da intervenção postarão imagens,

entrevistas, reportagens e charges, que lembrem e fomentem as questões históricas

e culturais sobre o povo negro.

Esta unidade temática será desenvolvida ao longo do ano letivo de

2013, com pelo menos dez horas de duração, sendo três horas aula para a

aplicação do questionário e a elaboração do blog, as demais horas serão para

postagens e leitura sobre questões raciais.

Estratégias para desenvolvimento da unidade

Contato com os alunos para informá-los sobre a pesquisa a ser

desenvolvida, a forma de trabalho, a elaboração do blog e a aplicação de um

questionário simples para coletar informações que poderão ser úteis para reorientar

o processo de ensino-aprendizagem e a observação dos objetivos a serem

atingidos.

Elaboração do blog

O blog educativo é estratégia de ensino que potencializa a interação

social, a capacidade de comunicação, o desenvolvimento do pensamento aliado ao

prazer de aprender de forma autônoma e crítica. Sua construção coletiva oportuniza

o acompanhamento do que é pesquisado pelo aluno, ou seja, aquilo que é

significativo para ele naquele momento.

A palavra weblog é composta por web (tecido, teia, também usada

para designar o ambiente de internet) e log (diário de bordo). É um local onde se

posta o que é significativo para o momento, ficando à disposição de comentários

sobre o assunto postado e até mesmo a busca de conhecimento sobre determinado

assunto. Trata-se de um recurso didático-pedagógico de domínio público, onde as

pessoas poderão visualizar e inserir comentários sobre o conteúdo em discussão.

Inicialmente, verificarei se os alunos conhecem o que é um blog,

com finalidade educativa. Como a escola possui um laboratório de informática, ele

será utilizado para pesquisaremos os sites:

http://www.sobresites.com/blog/index.htm

http://www.escolabr.com/portal/modules/news/

Utilizaremos um endereço de e-mail para termos o login de acesso à

página https://www.blogger.com/start para criar uma identidade e um perfil. Ao

seguir os passos pedidos, efetuaremos o blog da turma, para a disponibilização de

artigos, fotos, vídeos, entre outros recursos, que poderemos utilizar para o

conhecimento da cultura africana e afro-brasileira.

Como a maioria dos alunos já conhece ou até já possui um blog e

talvez já saibam trabalhar com esse recurso pedagógico, poderá ser fácil elaborar

um blog com a identidade do grupo.

Em seguida, iniciaremos a disponibilização de material para consulta

e comentários, bem como a inserção do que é importante para os alunos e

professores sobre o tema de estudo “Cotas raciais: uma política de ação afirmativa e

a situação social do negro no Brasil”. A utilização do blog, como recurso didático

para estudos sobre as questões raciais, será no ano letivo de 2013, finalizando no

mês de dezembro ao término do ano letivo. Poderá ser retomado posteriormente

conforme o interesse dos alunos e professores do colégio. Referência para

aprofundar o tema de como elaborar um blog (RODRIGUES, 2011).

Questionário de respostas fechadas2

Outra atividade a ser feita no primeiro contato com os alunos será a

aplicação de um questionário simples de respostas fechadas, para conhecimento do

que eles sabem sobre as questões raciais e ações afirmativas. O questionário será

um recurso para direcionar a retomada das atividades propostas, caso seja

necessário.

2 Adaptado do Laboratório de Políticas Públicas/ UERJ. Desenvolvido por Núcleo Web - Cedecom

UFMG, e adaptado para estudos com o Ensino Médio de uma escola em Londrina, Paraná.

QUESTIONÁRIO

Olá, meu nome é Clarice, estou realizando um levantamento sobre a

questão racial no Ensino Médio na escola pública que você estuda, e gostaria da

sua contribuição. Não é necessário você se identificar. As respostas serão

assinaladas conforme o que você pensa sobre o sistema de cotas para negros na

universidade pública. Obrigada.

1- Você sabe o que são as cotas?

( ) sim ( ) não

Se sim, escreva o que sabe

___________________________________________________________________

Se não, diga o que gostaria de saber

___________________________________________________________________

2- As cotas fazem as pessoas parecerem desiguais?

( ) sim ( ) não

3- As cotas atrapalham ou ajudam os alunos a entrarem na Universidade?

( ) sim ( ) não

4- As cotas em nada ajudam, porque o verdadeiro problema é a péssima qualidade

do ensino público no país.

( ) sim ( ) não

5- As cotas prejudicam a aprendizagem dos alunos nas universidades, porque a

entrada de alunos negros é facilitada pelas cotas.

( ) sim ( ) não

6- A sociedade brasileira é contra as cotas.

( ) sim ( ) não

7- As cotas não podem incluir critérios como cor ou etnia, pois a mistura de raça

impossibilita distinguir quem é negro ou branco no país.

( ) sim ( ) não

8- As cotas favorecem os negros.

( ) sim ( ) não

9-As cotas discriminam os alunos brancos?

( ) sim ( ) não

10-As cotas vão fazer nossa sociedade racista.

( ) sim ( ) não

11-As cotas são inúteis porque o problema não é o entrar na universidade, mas o

aluno permanecer e terminar o curso.

( ) sim ( ) não

12-As cotas são prejudiciais para os próprios negros, colocando-os como

incompetentes, não merecedores do lugar que ocupam nas universidades.

( ) sim ( ) não

UNIDADE TEMÁTICA II - PRECONCEITO, RACISMO, DISCRIMINAÇÃO E

DESIGUALDADE SOCIAL

Introdução

Essa unidade didática terá como foco o racismo, o preconceito e a

discriminação como elementos que colaboram para a manutenção da população

negra nos patamares da pobreza.

Nesta unidade as atividades serão desenvolvidas em 3 aulas.

Objetivo

Fomentar o debate sobre preconceito, racismo, discriminação e

desigualdade social.

Estratégias para desenvolvimento da unidade

Filme com situações que envolvem preconceito, discriminação,

racismo e desigualdade social.

Exibição de filme

Assistir o filme Vista Minha Pele para sensibilização e posterior

debate sobre racismo, preconceito, discriminação e desigualdade social, enfocando

o negro na sociedade brasileira. (3 horas-aula).

O filme ajuda a esclarecer as divergências sociais e é um material

útil para a reflexão sobre racismo e preconceito em sala de aula. A intenção é

fomentar, com os alunos do 3º ano, o debate sobre as cotas raciais como uma

oportunidade que alunos negros e pardos possuem de ter acesso ao ensino

superior; envolver o tema preconceito e a discriminação ainda vividos pelos negros e

pardos como forma relevante de por em prática uma educação promotora de

cidadania.

Ao final dessa unidade de ensino os alunos refletirão sobre o que é

preconceito, racismo e discriminação.

Ficha Técnica do filme Vista a minha pele:

Caráter: vídeo ficcional educativo

Vídeo: curta-metragem

Duração: 45 minutos

Roteiro e direção: Joel Zito Araújo

Produção executiva: Lílian Sola Santiago

Direção de Produção: Daniel Sola Santiago

Produção: Casa de Criação

Patrocínio: CEET-Centro de Estudos das Relações de

Trabalho e Desigualdades

Resumo: O filme Vista minha pele, lançado em 2003 no

Brasil, sob a direção de Joel Zito Araújo, faz uma inversão

da estrutura da realidade social brasileira. Narra a história de

Maria, uma menina branca e pobre que estuda em um

colégio particular graças a bolsa de estudo que tem pelo fato

de sua mãe ser faxineira da escola. A maioria de seus

colegas, que são negros e ricos, hostiliza-a por sua cor e por

sua condição social, com exceção de sua amiga Luana, filha

de um diplomata, que por ter morado em países pobres,

possui uma visão mais abrangente da realidade. Maria quer

ser “Miss festa junina” da escola, mas isso requer um

esforço enorme, que vai desde a predominância da

supremacia racial negra até a resistência de seus pais, a

aversão dos colegas e a dificuldade de vender os bilhetes

para seus conhecidos, que em sua maioria eram pobres.

Maria tem em Luana uma forte aliada e as duas vão se

envolver em uma série de aventuras para alcançar seus

objetivos.

O filme pode ser acessado por meio do link:

<http://vids.myspace.com/index.cfm?fuseaction=vids.individual&VideoID=46707362>

.

Após o filme, algumas questões servirão de roteiro para a reflexão:

Verbalmente, em grupos menores, resuma o que significa

ser branco e negro no Brasil?

Qual a concepção de raça que temos?

Quais cenas o incomodaram? Por quê?

Qual a evidência de desigualdades relativas a diferenças

étnico-raciais no Colégio que você estuda?

Aponte algumas estratégias de combate a atitudes

preconceituosas e discriminatórias no espaço escolar?

Debates orais e dinâmicas de grupo

Objetivos: Discutir e posicionar-se diante das situações de preconceito e

discriminação, buscando identificar formas de enfrentar esse tipo de violência na

escola.

Questões para o debate: Qual situação que mais chamou a sua atenção? Por quê?

Quem daria uma resposta diferente das situações apresentadas? Qual? Por quê?

Tempo: Aproximadamente uma hora.

Metodologia: Dividir a turma em quatro grupos e informar que irão receber quatro

situações fictícias, mas que poderiam ter ocorrido em qualquer escola. Os alunos

deverão ler a situação e discutir o que poderiam fazer caso aquele episódio

acontecesse na escola onde estudam.

Tempo para discutir: 10 a 20 minutos e 5 minutos para apresentar suas

conclusões.

Sugestão: Escolher uma pessoa para ser relator. Esta tomará nota da discussão e

apresentará ao grupo as reflexões.

Ao término das apresentações, aprofundarei a discussão a partir das

questões do debate.

Situações para aprofundamento do debate com os alunos:

1. José é um executivo negro. Tem um currículo exemplar,

mas, ao se apresentar em uma empresa para uma

entrevista, ficou preocupado com a reação preconceituosa

das pessoas que lá trabalham, por isso resolveu não voltar

mais à empresa.

2. Maria e Luana são duas adolescentes negras e vêm

recebendo ataques preconceituosos, por causa da

exuberância de suas formas físicas, por alguns colegas de

classe. No intervalo, elas ficam isoladas. Uma das

professoras aconselhou que elas mudassem de escola, pois

assim talvez ficassem melhor.

3. Lucas tem dezesseis anos e é um garoto feliz, mas tem sido

alvo de piadas racistas de seu amigo Pedro, como: Negro

quando não suja na entrada, suja na saída; isso é coisa de

preto; a coisa está preta. Ultimamente, ele tem se sentido

mal e tem faltado à escola. A pedagoga ligou para sua casa

e chamou-o para conversar. Só que ele tem vergonha de

relatar que vem sofrendo essa violência. Como a escola

pode ajudar?

4. Ivonete é jovem, alta, magra, tem 15 anos, e desde os oito

anos faz curso para ser modelo. Em sua comunidade teve

um concurso para a escolha da garota comunidade e um

dos prêmios era a indicação para uma agência de modelos

profissionais. Ela não consegue entender o que aconteceu,

pois, embora tenha todos os critérios classificatórios a seu

favor, foi desclassificada. Não conseguiu nem o segundo

lugar. Observou que a escolhida está aquém em alguns

critérios. Ela se questiona sobre o que pode ter acontecido.

UNIDADE TEMÁTICA III - DESIGUALDADES SOCIAIS E DESIGUALDADES DE

OPORTUNIDADES EDUCACIONAIS

Introdução

Essa unidade didática tem como objetivo discutir sobre os elementos

que formalizam as desigualdades sociais e educacionais, usando os indicadores do

IBGE (2012a) como elementos de suporte para a discussão.

As atividades dessa unidade serão realizadas em uma aula de 50

minutos.

Objetivo

Pontuar alguns elementos que formalizam a desigualdade de

oportunidades educacionais no contexto escolar, interligando-os à desigualdade

social vivida secularmente pela população negra.

Estratégias para desenvolvimento da unidade

Aula expositiva com leitura dos dados e discussão sobre o conteúdo

dos textos.

Leitura e relato3

Organizar três grupos, a cada grupo será dado um dos textos para leitura.

Discutir o que os dados mostram; identificar mecanismos de desigualdades

produzidos na escola que colaboram na manutenção das desigualdades

sociais; e listar, no quadro, as possíveis causas da desigualdade social no

Brasil.

3 Atividade retirada de Abramowicz, Barbosa e Silvério (2006).

A escola tem sido apontada, em pesquisas com jovens negros, como espaço

de discriminação ou de omissão sobre questões que interessam a esse

segmento da população. Uma dessas questões são o racismo e seus efeitos

na sociedade brasileira. Outra poderia ser a história do povo negro brasileiro

ou a participação na história do Brasil. Você já realizou em suas aulas

atividades relacionadas a essas temáticas? Como foi? Após relatar oralmente

para o grupo, escreva de forma sucinta.

Texto 1 - SIS 2012: acesso de jovens pretos e pardos à universidade triplicou

em dez anos4

A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2012 mostra melhoria na educação,

na década 2001-2011. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, 83,7% frequentavam

a rede de ensino, em 2011, mas apenas 51,6% estavam na série adequada para a

idade. Já a proporção de jovens estudantes (18 a 24 anos) que cursavam o nível

superior cresceu de 27,0% para 51,3%, entre 2001-2011, sendo que, entre os

estudantes pretos ou pardos nessa faixa etária, a proporção cresceu de 10,2% para

35,8%.

Em relação ao trabalho, entre 2001 e 2011, a Síntese constatou um

crescimento da proporção de pessoas de 16 anos ou mais de idade ocupadas em

trabalhos formais (de 45,3% para 56,0%), embora se mantivessem na informalidade

44,2 milhões de pessoas, em 2011. No entanto, o rendimento das pessoas

ocupadas pretas ou pardas equivalia, em 2011, a 60% do rendimento dos brancos.

Os adolescentes de 15 a 17 anos apresentaram uma taxa de escolarização

de 83,7%, percentual um pouco maior se comparado a 2001 (81%). Porém, em

2011, apenas 51,6% desses jovens estavam na série adequada, resultado mais

favorável ao alcançado em 2001, onde somente 36,9% nesta faixa etária estavam

no ensino médio, o que revela ainda uma alta defasagem idade-série. O avanço na

taxa de frequência desses jovens ao ensino médio foi ainda mais significativo para

aqueles que pertencem às famílias com menores rendimentos (de 13,0%, em 2001,

para 36,8%, em 2011) e entre os pretos e pardos (de 24,4% para 45,3%).

4 Retirado de IBGE (2012b).

Frequência de jovens estudantes pretos e pardos nas universidades triplicou

em dez anos

A proporção de jovens estudantes de 18 a 24 anos que cursavam o nível

superior cresceu de 27,0%, em 2001, para 51,3%, em 2011. Observou-se uma

queda expressiva na proporção dos que ainda estavam no ensino fundamental,

passando de 21% em 2001 para 8,1% em 2011. Jovens estudantes pretos e pardos

aumentaram a frequência no ensino superior (de 10,2%, em 2001, para 35,8%, em

2011), porém, com um percentual muito aquém da proporção apresentada pelos

jovens brancos (de 39,6%, em 2001, para 65,7% em 2011).

Texto 2 - Taxas de analfabetismo de pretos e pardos são mais que o dobro da de brancos5

De 1999 a 2009, houve um crescimento da proporção das pessoas que se

declaravam pretas (de 5,4% para 6,9%) ou pardas (de 40% para 44,2%), que agora

em conjunto representam 51,1% da população. A situação de desigualdade por cor

ou raça, porém, persiste.

A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade era de

13,3% para a população de cor preta, de 13,4% para os pardos contra 5,9% dos

brancos. Outro indicador importante é o analfabetismo funcional (pessoas de 15

anos ou mais de idade com menos de quatro anos completos de estudo), que

5 Retirado de IBGE... (2010).

diminuiu de 29,4% em 1999 para 20,3% em 2009. Essa taxa, que para os brancos

era de 15%, continua alta para pretos (25,4%) e pardos (25,7%).

A população branca de 15 anos ou mais tinha, em média, 8,4 anos de

estudo em 2009, enquanto entre pretos e pardos, a média era 6,7 anos. Os

patamares são superiores aos de 1999 para todos os grupos, mas o nível atingido

tanto pelos pretos quanto pelos pardos ainda é inferior ao patamar de brancos em

1999 (7 anos de estudos).

Em 2009, 62,6% dos estudantes brancos de 18 a 24 anos cursavam o nível

superior (adequado à idade), contra 28,2% de pretos e 31,8% de pardos. Em 1999

eram 33,4% entre os brancos contra 7,5% entre os pretos e 8% entre os pardos. Em

relação à população de 25 anos ou mais com ensino superior concluído, houve

crescimento na proporção de pretos (2,3% em 1999 para 4,7% em 2009) e pardos

de (2,3% para 5,3%). No mesmo período, o percentual de brancos com diploma

passou de 9,8% para 15%.

Rendimento-hora de pretos e pardos é menor do que dos brancos

O rendimento de pretos ou pardos continua inferiores aos de brancos,

embora a diferença tenha diminuído nos últimos dez anos. O rendimento-hora de

pretos e de pardos representava respectivamente 47% e 49,6% do rendimento-hora

dos brancos em 1999, passando a 57,4% para cada um dos dois grupos em 2009.

Os percentuais de rendimentos-hora de pretos e pardos em relação ao dos brancos,

em 2009, eram, respectivamente, de 78,7% e 72,1% para a faixa até 4 anos de

estudo, de 78,4% e 73% para 5 a 8 anos, de 72,6% e 75,8% para 9 a 11 anos, e de

69,8% e 73,8% para 12 anos ou mais.

Comparando-se o Índice de Gini para o rendimento mensal familiar per

capita, verifica-se diminuição na desigualdade em proporção similar para brancos

(de 0,572 para 0,537), pretos (de 0,502 para 0,471) e pardos (de 0,531 para 0,497).

O índice vai de zero a um: quanto maior, mais desigual.

A desigualdade entre brancos, pretos e pardos se exprime também quando

se observa o número de pessoas por posição na ocupação. Entre as pessoas

ocupadas de 10 anos ou mais de idade, em 2009, eram empregadores 6,1% dos

brancos contra 1,7% dos pretos e 2,8% dos pardos. Ao mesmo tempo, pretos e

pardos eram, em maior proporção, empregados sem carteira (17,4% e 18,9%,

respectivamente, contra 13,8% de brancos) e a maior parte dos empregados

domésticos com carteira assinada (3,9% e 2,3% contra 1,9%) e sem carteira (8,3% e

6,8% contra 4,1%).

Texto 3

Segundo o censo escolar de 2007, a distorção idade-série de brancos é de

33,1% na 1ª série e 54,7% na 8ª série, enquanto a distorção idade-série de negros é

de 52,3% na 1ª série e 78,7 na 8ª série. Dentre os jovens brancos de 16 anos, 70%

haviam concluído o ensino fundamental obrigatório, enquanto negros, apenas 30%.

Dentre as crianças brancas de 8 a 9 anos na escola, encontramos uma taxa de

analfabetismo da ordem de 8%, enquanto dentre as negras essa taxa é de 16%. No

Ensino Médio em 2007, 62% dos jovens brancos de 15 a 17 anos frequentavam a

escola, enquanto que o percentual de negros era apenas 31%. Entre os jovens de

19 anos brancos a taxa de conclusão do ensino médio era de 55%, já os negros

apenas 33%. (PNAD/IBGE, 2007 apud BRASIL, 2009).

No Ensino Superior, segundo o IPA (apud BRASIL, 2009), da população de

25 anos, 12,6% detêm diploma de curso superior. De acordo com dados levantados

pelo Projeto de lei 235/200 (Estatuto da Igualdade Racial/PR)6, dentre os negros, a

taxa é de 3,9%. Em 2007, os dados coletados pelo censo do ensino superior

indicavam a frequencia de 19,9% de jovens entre 18 e 24 anos no ensino superior,

para negros, o percentual é de apenas 7%. Esses dados revelam que a

desigualdade educacional demonstra ser perversa, ainda nos dias de hoje

(PARANÁ, 2009).

Ao analisarmos os dados, verifica-se que, como Passos (2011) afirma,

meninos e meninas excluídos do e no processo de escolarização do sistema de

ensino público têm raça e cor, ajudam também a observar que a trajetória de

exclusão é cumulativa para a população negra. A autora afirma ainda que o acesso

e a permanência têm sido dificultados pela escola e contribui para que afro-

6 O Estatuto da Igualdade Racial/Pr, de autoria do professor e Deputado José Rodrigues Lemos,

conforme Art. 1° do projeto de Lei 235/2009 (PARANÁ, 2009), é destinado a definir os princípios e estabelecer as diretrizes para a elaboração e a execução, no Estado do Paraná, das políticas públicas para o combate à discriminação de origem racial e a superação das desigualdades sócio-econômicas que atingem a população negra, comunidades indígenas, povos tradicionais e outros segmentos étnicos historicamente discriminados social, política e economicamente.

descendentes se mantenham em desvantagens em todos os aspectos da vida

social: mercado de trabalho, saneamento, saúde, habitação, segurança,

alimentação, lazer, etc.

UNIDADE TEMÁTICA IV - A DESIGUALDADE DE OPORTUNIDADES

EDUCACIONAIS E AS AÇÕES AFIRMATIVAS

Introdução

Essa unidade didática tem como objetivo ampliar o conhecimento

que os alunos possuem sobre as ações afirmativas para a população negra e o

movimento a favor e contra as cotas raciais.

Esta unidade temática será desenvolvida em três aulas de 50

minutos.

Objetivo

Enumerar algumas modalidades de ações afirmativas realizadas

para que o aluno possa observar que a política de cotas raciais está inserida num

conjunto de ações propostas para a população negra.

Estratégias para desenvolvimento da unidade

Aula expositiva com leitura dos textos para dar subsídios aos alunos

na compreensão do que são as ações afirmativas.

Sugestão de leitura para subsidiar o trabalho do professor

A história brasileira evidencia que houve uma organização dos

negros, denominada de movimento social negro, desde a proclamação da república

para reivindicar melhorias para esse segmento social.

Domingues (2007, p. 120) exemplifica que esta luta:

Com a extinção da escravidão, em 1888, e a Proclamação da República, em 1889, a elite brasileira implementou políticas públicas alicerçadas nos postulados do “racismo científico e do darwinismo social e lançou o Brasil numa campanha nacional para substituir a população mestiça brasileira por uma população ‘branqueada’ e fortalecida por emigrantes europeus”. Os egressos do cativeiro e os afro-descendentes de um modo geral foram privados ou tiveram dificuldades de acesso ao emprego, à moradia, à educação, à saúde pública, à participação política, enfim, ao exercício pleno da cidadania. Ante tal situação, uma parte deles não permaneceu passiva. Pelo contrário, levou avante múltiplas formas de protesto, impulsionando os movimentos de mobilização racial (negra) no Brasil. Foram engendradas diversas organizações com base na identidade racial; elas procuravam projetar os homens de cor, como atores políticos no cenário urbano.

Este mecanismo político existe desde os primórdios da presença

negra no Brasil, conforme relata Santos (apud DOMINGUES, 2007, p. 102) sobre a

militância negra no país:

[...] todas as entidades, de qualquer natureza, e todas as ações, de qualquer tempo aí compreendidas, mesmo aquelas que visavam à autodefesa física e cultural do negro, fundadas e promovidas por pretos e negros [...], entidades religiosas como terreiros de candomblé, por exemplo, assistenciais como confrarias coloniais, recreativas como clubes negros, artísticas como os inúmeros grupos de dança, capoeira, teatro, poesia, culturais como os diversos centros de pesquisa e políticas como o movimento negro unificado; e ações de mobilização política, de protesto anti-discriminação, de aquilombamento, de rebeldia armada, de movimento artístico, literário e folclórico - toda essa complexa dinâmica, ostensiva ou encoberta, extemporânea ou cotidiana constitui movimento negro.

É da luta do movimento negro brasileiro que deriva a política de

ações afirmativas no âmbito educacional, construídas nos anos 80. Porém, somente

na primeira década de 2000 é que começam os debates em torno das questões

raciais no ensino. Domingues (2007, p. 115) descreve que:

Naquele período, o movimento negro passou a intervir amiúde no terreno educacional, com proposições fundadas em revisão dos conteúdos preconceituosos dos livros didáticos, na capacitação de professores para desenvolver uma pedagogia interétnica; na reavaliação do papel do negro na história do Brasil, e por fim, erigiu-se a bandeira da inclusão do ensino de história da África nos currículos escolares. Reivindica-se, igualmente, a emergência de uma literatura “negra” em detrimento à literatura de base eurocêntrica.

A implementação da Lei 10.639/2003, no ensino fundamental e

médio, revela a busca de correção para a discriminação racial brasileira nos espaços

escolares, sendo uma ação afirmativa. Segundo Rocha, Teixeira e Pereira (2008, p.

99):

A Lei 10639/2003 é o resultado, a consequência de um projeto de autoria dos Deputados Federais Esther Grossi (educadora) e Bem-Hur Ferreira (ativista do movimento negro), apresentado em 1999, e que, por sua vez, altera a LDB 9394/96 em seu artigo 26.

A lei foi sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 9

de janeiro de 2003, quatro anos depois de muita luta de educadores e ativistas do

Movimento Negro, como resposta ao compromisso, assumido em campanha, de

apoio às lutas da população negra, trazendo a público as políticas denominadas de

ações afirmativas.

A década de 2000 marca, portanto, a implantação de ações

afirmativas para negros e pardos. De acordo com Marçal, nessa década foram feitos

amplos debates, tanto por parte do Estado quanto da sociedade civil, para a

implantação das políticas de ação afirmativa. As reivindicações dessas políticas

decorrem da mudança de políticas sociais no âmbito internacional e de um histórico

protagonismo do Movimento Negro brasileiro. Para Marçal (2010, p. 58) as PAAs

podem ser definidas como:

Ação afirmativa, ação positiva ou política, discriminação positiva ou política compensatória são terminologias usadas para definir as ações (governamentais ou privadas) que visam oferecer um “tratamento diferenciado” a grupos e ou indivíduos que tenham sido historicamente discriminados e excluído socialmente. Política de ação afirmativa se caracteriza como política pública específica ou política preferencial, ou seja, uma ação publica do Estado em favor de grupos sociais específicos. Ação afirmativa representa na prática, um leque amplo de medidas governamentais tais como leis, incentivos governamentais e privados, reserva de vagas (cotas) no mercado de trabalho e na educação, concessão de bolsas e bonificação em cursos, dentre outras.

Para Faceira (2008) não há como pensar no tema democratização

do acesso ao ensino superior no Brasil sem colocar a questão das cotas raciais e as

ações afirmativas, pois estas estão inseridas na luta pelo combate às desigualdades

sociais. Portanto, essas ações afirmativas surgem como possibilidade de consolidar

políticas públicas de inclusão social.

Leitura de textos como forma de apresentação das ações afirmativas

Texto 17:

Para Maria do Socorro da Silva (2009), no Brasil, existem algumas

modalidades de ações afirmativas, divididas em três categorias: a primeira refere-se

a ações que visam compensar injustiças do passado, a segunda é a de prevenção

para evitar conflitos sociais futuros que se encontram hoje latentes, e a terceira a de

distribuir oportunidades.

Algumas modalidades de ação afirmativa:

Cotas ou reserva de vagas. Uma porcentagem do número de vagas é

reservada para o grupo que se deseja favorecer.

Implantação de bônus. Os pleiteantes recebem pontos para melhorar

sua nota na competição.

Preferências. Dar preferência aos pretendentes que cumpram alguma

meta de favorecimento às minorias.

Cursos pré-vestibulares. Cursos pré-vestibulares para negros e

carentes com intuito de ajudá-los a entrar nas universidades.

Bolsas. Conceder bolsas para que afro-descendentes custeiem os

estudos preparatórios ou estudos em instituições privadas (Prouni).

Indenizações. Reparações em dinheiro para grupos prejudicados

historicamente podem ser objeto de ações afirmativas.

No campo da educação, a Lei 10.639/03 instituiu a obrigatoriedade do

ensino de História da África e da Cultura afro-brasileira e alterou a Lei nº 9.394, de

20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da

temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.

Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar

acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e

particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o

estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura

negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a

7 Retirado de Brasil (2003).

contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e políticas pertinentes à

História do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão

ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de

Educação Artística e de Literatura e História Brasileira.

"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia

Nacional da Consciência Negra’."

Texto 2 - 8

Decreto 7.824/12: regulamenta cotas raciais nas universidades públicas

No final de agosto de 2012, a aprovação de uma lei polêmica alterou a forma

de ingresso nos cursos superiores das instituições de ensino federais. A chamada

Lei das Cotas (Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012) obriga as universidades,

institutos e centros federais a reservarem para candidatos cotistas metade das

vagas oferecidas anualmente em seus processos seletivos. Essa determinação deve

ser cumprida até 30 de agosto de 2016, mas já em 2013, as instituições têm que

separar 25% da reserva prevista, ou 12,5% do total de vagas para esses candidatos.

Mas, quem tem direito a essas vagas? Pelo texto da lei, são considerados

cotistas todos os candidatos que cursaram, com aprovação, as três séries do ensino

médio em escolas públicas ou Educação de Jovens e Adultos (EJA) ou tenham

obtido certificado de conclusão do ensino médio pelo Exame Nacional do Ensino

Médio (Enem). Os estudantes com bolsa de estudo integral em colégios particulares

não são beneficiados pela lei.

Distribuição das vagas

A lei também define que, dentro do sistema de cotas, metade das vagas

deverá ser preenchida por estudantes com renda familiar mensal por pessoa igual

ou menor a 1,5 salário mínimo e a outra metade com renda maior que 1,5 salário

mínimo. Há, ainda, vagas reservadas para pretos, pardos e índios, entre as vagas

separadas pelo critério de renda.

8 Retirado de Lesme (2012).

A distribuição das vagas da cota racial será feita de acordo com a proporção

de índios, negros e pardos do Estado onde está situado o campus da universidade,

centro ou instituto federal, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). Isso significa, por exemplo, que um Estado com um número

maior de negros terá mais vagas destinadas a esse grupo racial. O único documento

necessário para comprovar a raça e a audodeclaração.

Exibição de documentário

Assistir o Documentário Raça Humana:

Documentário: Raça Humana, (Brasil, 2009, 42min.- Direção:

Dulce Queiroz - TV Câmara)

Sinopse Oficial: Durante três meses, a equipe que trabalhou no documentário acompanhou a rotina de uma das maiores universidades do país, a Universidade de Brasília-UnB, que de forma tão ousada quanto isolada adotou o sistema de reserva de vagas com recorte puramente racial. No documentário, alunos cotistas e não-cotistas, professores, movimentos organizados, partidos políticos e representantes da instituição falam abertamente sobre o “tabu” das cotas raciais, seja defendendo ou condenando o sistema. Ao mesmo tempo, o documentário mostra ações externas à universidade que permeiam ou influenciam a discussão, como a votação do Estatuto da Igualdade Racial, em tramitação no Congresso - também cercada de muita polêmica, protestos e impasses. Questões seculares e mal-resolvidas da história do Brasil vão ressurgindo, tendo como pano de fundo a discussão das cotas raciais. Ao refletir sobre a reserva de vagas para negros no ensino superior, os entrevistados revelam que a discussão vai muito além: envolve o papel das universidades brasileiras; as falhas do sistema educacional; a questão da meritocracia nos vestibulares; o racismo e, principalmente, o papel do negro na estrutura sócio-educativa do país. É nesse caldeirão de questões que o documentário Raça Humana mergulha e mostra que, para além das reações muitas vezes apaixonadas, raivosas ou até intolerantes, está em pauta no Brasil uma discussão histórica, que não pode ser desprezada. A situação vivida pela UnB é, ao mesmo tempo, peculiar e universal – uma amostra do Brasil contemporâneo, ainda cheio de preconceitos, mas também capaz de refletir sobre a sua história e reconstruí-la a partir de novos parâmetros (RAÇA..., 2009).

Sugestão para aprofundamento: Filme: O que é Movimento Negro?

Debates e posicionamento sobre as ações afirmativas, após

assistirem o filme Raça Humana, com a Técnica GV-GO:

1. Caracterização da técnica

Consiste na divisão da turma em dois subgrupos (GV = grupo de

verbalização; GO = grupo de observação). O primeiro grupo é o que irá discutir o

tema na primeira fase, e o segundo observa e se prepara para substituí-lo. Na

segunda fase, o primeiro grupo observa e o segundo discute.

2. Como usar a técnica

a. o coordenador propõe o problema e explica o qual o objetivo

que pretende com o grupo;

b. explica como se processará a discussão e fixa o tempo

disponível;

c. o grupo é dividido em dois;

d. um grupo formará um círculo interno (GV) e o outro um círculo

externo (GO);

e. apenas o GV debate o tema. O GO observa e anota;

f. após o tempo determinado, o coordenador manda fazer a

inversão, passando o grupo interno para o exterior e o exterior

para o interior;

g. após as discussões, o coordenador poderá apresentar uma

síntese do assunto debatido.

UNIDADE TEMÁTICA V - AÇÕES AFIRMATIVAS COMO OPORTUNIDADE DE

INGRESSO AO ENSINO SUPERIOR

Introdução

Essa unidade didática tem como objetivo propiciar situação em que o aluno possa

conhecer duas universidades públicas da cidade de Londrina e alguns cursos que se

realizam nessas instituições. Com a palestra. espera-se que eles possam refletir

sobre o conteúdo trabalhado.

Nesta unidade temática utilizaremos cinco aulas. Objetivo

Apresentar alguns cursos ofertados em universidades públicas (UEL

e UTFPR – Campus de Londrina) e refletir sobre os temas já estudados.

Estratégias para desenvolvimento da unidade

Palestra sobre cotas raciais, Prouni e políticas afirmativas;

Conhecer feira das profissões em universidades públicas.

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