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FICHA PARA CATÁLOGO
PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: Avaliação por Meio de Produção Coletiva
Autor Maria Inêz Geraldo
Escola de Atuação Escola Estadual Ribeiro de Campos – Ensino Fundamental
Município da escola Goioerê
Núcleo Regional de Educação Goioerê
Orientadora Rebeca Szczawlinska Mucenieks Ferreira
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá
Disciplina/Área (entrada no PDE) Gestão Escolar
Produção Didático-pedagógica Unidade Didática
Relação Interdisciplinar
Público Alvo Professores
Localização Escola Estadual Ribeiro de Campos
Rua José Geraldo de Souza, 778, Goioerê - PR
Apresentação: JUSTIFICATIVA: As produções coletivas são frequentemente utilizadas em sala de aula como forma de avaliação dos alunos e os resultados podem e devem ser importantes tanto para o conhecimento do aluno, como para o feedback do professor, todavia, os resultados nem sempre expressam a qualidade do grupo como um todo, mas apenas o esforço de alguns de seus integrantes.
O que está se propondo é que os professores utilizem métodos adequados de avaliação para atribuir notas diferentes para os diferentes níveis de esforços dos integrantes do grupo, tendo uma forma de conhecer, mesmo avaliando o resultado, o esforço desenvolvido por cada aluno dentro do trabalho de produção coletiva, através da observação e utilização de técnicas específicas.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Produção Coletiva; Avaliação; Trabalho em Grupo
AVALIAÇÃO POR MEIO DE PRODUÇÃO COLETIVA
1 – PLANO NORTEADOR
1.1 – TEMA: Avaliação por Meio de Produção Coletiva (trabalhos em grupo).
1.2 – JUSTIFICATIVA: As produções coletivas são frequentemente utilizadas em sala de
aula como forma de avaliação dos alunos e os resultados podem e devem ser importantes
tanto para o conhecimento do aluno, como para o feedback do professor, todavia, os
resultados nem sempre expressam a qualidade do grupo como um todo, mas apenas o esforço
de alguns de seus integrantes.
O que está se propondo é que os professores utilizem métodos adequados de avaliação para
atribuir notas diferentes para os diferentes níveis de esforços dos integrantes do grupo, tendo
uma forma de conhecer, mesmo avaliando o resultado, o esforço desenvolvido por cada aluno
dentro do trabalho de produção coletiva.
1.3 – PÚBLICO ALVO: Professores vinculados à Escola Estadual Ribeiro de Campos –
Ensino Fundamental.
1.4 – OBJETIVOS
1.4.1 – OBJETIVO GERAL: Aprofundar os conhecimentos referentes à avaliação,
principalmente no que se refere ao trabalho de produção coletiva, mostrando a sua
importância dentro do contexto do processo de avaliação e da construção do conhecimento
por parte do aluno.
1.4.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Conhecer os métodos de avaliação do trabalho em grupo.
- Analisar as possibilidades de avaliação dos diferentes níveis de participação nos
trabalhos de produção coletiva.
- Desmistificar a ideia de que nos trabalhos em grupo apenas alguns se esforçam e os
demais levam vantagem.
2 – PROCEDIMENTOS
2.1 – ATIVIDADES: Leitura da Unidade Didática, narrativas de experiências em avaliação
de trabalho de produção coletiva, experiência de avaliação com as fórmulas propostas na
Unidade Didática.
2.2 – RECURSOS – Unidade Didática, sala aula, equipamento multimídia.
2.3 – TEMPO – Esta proposta será desenvolvida no segundo semestre letivo de 2011 com 32
horas de duração.
2.4 – AVALIAÇÃO – Através da observação da participação nas atividades propostas e feed-
back final dos professores participantes.
3 – CONTEÚDOS DE ESTUDO
- Importância do Trabalho de Produção Coletiva no processo de ensino-aprendizagem.
- Formas de avaliação do processo de ensino-aprendizagem.
- Avaliação do Trabalho de Produção Coletiva.
- Propostas diferenciadas de avaliação do Trabalho de Produção Coletiva.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
MARIA INÊZ GERALDO
UNIDADE DIDÁTICA:
AVALIAÇÃO POR MEIO DE PRODUÇÃO COLETIVA
GOIOERÊ - PR
AGOSTO/2011
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
MARIA INÊZ GERALDO
UNIDADE DIDÁTICA:
AVALIAÇÃO POR MEIO DE PRODUÇÃO COLETIVA
Material Didático Pedagógico (Unidade Didática) para Intervenção Pedagógica na Escola, apresentado à Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Professor PDE, sob a responsabilidade da Universidade Estadual de Maringá, tendo como orientadora, a professora: Ms. Rebeca Szczawlinska Mucenieks Ferreira
GOIOERÊ - PR AGOSTO/2011
SUMÁRIO
1 AVALIAÇÃO POR MEIO DE PRODUÇÃO COLETIVA.......................................... 3
1.1 APRESENTAÇÃO............................................................................................................ 3
1.2 A AVALIAÇÃO ............................................................................................................... 4
2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................ 8
3 AVALIAÇÃO POR MEIO DA PRODUÇÃO COLETIVA........................................ 10
4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA MÉTODO ...................................... 18
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 20
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 22
1 AVALIAÇÃO POR MEIO DE PRODUÇÃO COLETIVA
1.1 APRESENTAÇÃO
“[...] a avaliação continua sendo um dos ingredientes de nossa prática profissional que
ainda coloca maiores dificuldades, dúvidas e contradições”
(COLL; MARTÍN. 1999, p. 198).
No dia-a-dia as pessoas estão a todo o momento fazendo avaliações e também sendo
avaliadas, estabelecendo processos de interação, mesmo que muitas vezes de forma não
perceptiva, ou inconscientemente. Todavia, existe um espaço onde esta avaliação é
determinante para o destino dos sujeitos: a escola. A avaliação escolar é mostrada de sua
forma mais simples através das notas que os alunos conseguem obter, no entanto, em um
sentido mais amplo, é necessário verificar o contexto em que estas notas foram aplicadas, ou,
ainda, a metodologia utilizada pelo professor para realizar a avaliação.
Nesse sentido, a avaliação não pode ser apenas psicométrica, ou seja, medir o que o
aluno aprendeu dentro daquilo que o professor se dispôs a ensinar em um determinado
período, classificando-o dentro dessa mensuração.
Tendo como pressuposto que a avaliação é essencial para a educação esta Unidade
Didática foi elaborada para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE –
desenvolvido como capacitação continuada para professores da rede pública de ensino
fundamental e médio do Estado do Paraná, através de parceria com a Universidade Estadual
de Maringá – UEM -, na área de Gestão Escolar. O material tem como objeto de estudo a
Avaliação por Meio da Produção Coletiva, os chamados trabalhos em grupo.
Pretende-se com este trabalho oferecer subsídios para o Projeto de Intervenção
Pedagógica que será desenvolvido no segundo semestre de 2011, por meio de grupos de
estudos, junto a profissionais da educação vinculados à Escola Estadual Ribeiro de Campos.
As produções coletivas são frequentemente utilizadas em sala de aula como forma de
avaliação dos alunos e os resultados podem e devem ser importantes tanto para o
conhecimento do aluno, como para o feedback do professor, todavia, os resultados nem
sempre expressam a qualidade do grupo como um todo, mas apenas o esforço de alguns de
seus integrantes.
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Através do processo de observação, é possível verificar que a maioria dos professores
encontra dificuldade para diagnosticar quais alunos deixaram de cooperar para o resultado de
um determinado trabalho, atribuindo notas iguais para diferentes níveis de esforços. Partindo
da hipótese que o professor não esteja preparado para diagnosticar o nível de envolvimento de
cada aluno na produção coletiva, infere-se que a avaliação tem a finalidade simples de atribuir
nota aos alunos e não de realmente avaliá-los.
As Diretrizes Curriculares Estaduais e a proposta de avaliação formativa
fundamentam-se na observação e no registro do desenvolvimento dos alunos, em seus
aspectos cognitivos, afetivos e relacionais, decorrentes das propostas de ensino. A avaliação é
contínua, diagnóstica e sistemática, sendo o eixo do processo de ensino-aprendizagem. Faz
parte da aula do professor e deve ser observada em cada situação de aprendizagem proposta
pelo mesmo e realizada pelo aluno, uma vez que permite rever todos os passos do
planejamento do processo de ensino-aprendizagem.
Dentro desta fundamentação, é importante salientar que a avaliação do trabalho de
produção coletiva não mede apenas o conhecimento assimilado pelos alunos, mas também a
sua socialização e capacidade de trabalhar de forma cooperativa, a socialização, entre outras,
que a tornam importante dentro de qualquer proposta pedagógica. Para tanto, é necessário que
o professor tenha como mensurar a contribuição do aluno no trabalho em grupo, a sua
participação nas discussões e como ele convive no grupo. Ele deve, ainda, verificar a
capacidade de criticar e de como o aluno recebe críticas, ou seja, a sua verdadeira cooperação
no resultado final apresentado, além do senso de responsabilidade de cada um.
1.2 A AVALIAÇÃO
Temos vários dilemas acerca da avaliação: qual o método mais adequado, como aliar
a avaliação ao ensino de qualidade, ao sucesso da escola e ao desenvolvimento do aluno?
Quem são os responsáveis pelo fracasso escolar: professor, aluno ou sociedade? Enfim, são
perguntas que ecoam dentro dos muros da escola e fora dela. Esse é um assunto que tem
muitas interrogações, que proporcionam uma reflexão sobre a própria postura do professor,
sua concepção de educação e seus valores.
Para muitos professores, a avaliação é uma rede de segurança, um acerto de contas e
não um momento onde o estudo e o crescimento cultural, social e pessoal do aluno e do
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professor estão em jogo. Há dúvidas se ela, a avaliação, é um produto ou um processo. Por
isso, é importante um aprofundamento sobre a avaliação e seus métodos.
Para Smole (2002), no cotidiano da maioria das escolas a avaliação ainda é refém de
uma concepção psicométrica da inteligência, isto é, a avaliação é encarada como a medida da
diferença entre o que o aluno produz e o que o professor ensinou durante certo período de
tempo. A busca por provas objetivas, a elaboração de testes de rendimento escolar, formas de
avaliações padronizadas, a classificação dos alunos em fortes, médios e fracos são práticas
claramente amparadas na orientação psicométrica, que continuam sendo empregadas até hoje.
Nas últimas décadas houve um grande avanço nas pesquisas sobre a avaliação escolar
e a qualidade do ensino brasileiro e hoje há uma grande produção teórica sobre o assunto,
todavia, como frisam Zanon e Althaus (2010), há um distanciamento grande entre as
concepções teóricas e o cotidiano escolar, o que se torna um desafio para os educadores, pois,
a didática teórica nem sempre se situa articulada com a didática prática, que transcorre no
interior das práticas pedagógicas (MARTINS, 1998).
Para discutir este assunto é imperativo que se façam algumas indagações básicas:
Como os professores organizam as propostas avaliativas na escola? Qual o embasamento
teórico que deve pautar uma proposta avaliativa? Todas as disciplinas do currículo escolar
devem ter a mesma fundamentação pedagógica no que diz respeito à avaliação?
Também é importante conhecer o embasamento legal da avaliação do sistema
educacional. O Artigo 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96
estabelece várias regras comuns para a organização da educação básica, nos níveis
fundamental e médio, sendo que seu inciso V expressa que:
A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais.
Como se vê, a avaliação deve ser contínua, isto é, sem interrupção, e assim sendo,
Méndez (2002) pondera que como tal ela deve ser processual, integrada ao currículo e, com
ele, na aprendizagem. Ele pondera que o processo de avaliação não é uma tarefa discreta,
descontínua ou isolada, tampouco é apêndice do ensino. O autor conclui que “toda atividade e
toda prática de avaliação educativa que não forme, que não eduque e da qual os sujeitos não
aprendam deve ser descartada” (Méndez 2002, p.17).
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Os teóricos da avaliação normalmente apresentam três funções da avaliação do
processo de ensino-aprendizagem: formativa somativa e diagnóstica.
O caráter formativo da avaliação, conforme Zanon e Althaus (2010), abrange o sentido
de que, ao avaliar, o professor deseja conhecer a qualidade, não somente do processo de
ensino aprendizagem dos seus alunos, mas fundamentalmente do processo de ensino
desenvolvido. Méndez (2002) também esclarece que é preciso aprender sobre e com a
avaliação, para que se possa estar a serviço do conhecimento e da aprendizagem e ainda
voltada aos interesses formativos aos quais devem servir, pressupondo que na educação a
avaliação se efetiva através da presença de dois sujeitos, o avaliado e o avaliador.
Resumindo, a avaliação é formativa quando se assume que avaliação é aprendizagem,
pois através dela é possível a aquisição de conhecimentos; quando o professor, ao avaliar aos
alunos, também avalia a própria ação didática; quando transcende a intenção de medir,
qualificar e examinar; e está vinculada a uma concepção de ensino que considera que
aprender se constitui um longo processo, através do qual o aluno reestrutura conhecimentos a
partir das atividades que lhe são propostas (BALLESTER, 2003).
Da mesma forma que a avaliação é importante para o aluno, destaca Nadal (2007), ela
também é útil ao professor que, por meio de várias e diferentes realimentações, orienta a
aprendizagem dos alunos de forma mais eficiente, tendo referências para escolher e aplicar as
melhores práticas pedagógicas.
A avaliação diagnóstica, que também é chamada de avaliação inicial, busca determinar
a situação de cada aluno antes do início do processo de ensino-aprendizagem, para que seja
possível ajustar-se às suas necessidades.
Méndez (2002), salienta que o diagnóstico é o momento de situar as necessidades e
interesses dos estudantes, para tornar possível ao professor a sequência didática de trabalho
mais adequada ao perfil dos alunos, identificado através de atividades e instrumentos
variados.
Para Zanon e Althaus (2010), a avaliação é diagnóstica quando oportuniza aos
estudantes a conscientização do seu ponto de partida em relação a novos conteúdos a serem
abordados; o professor apresenta para a classe instrumentos que favoreçam a coleta de dados
sobre necessidades e interesses dos alunos, como questionários entrevistas e pré-testes;
possibilita um mapeamento das histórias de vida dos alunos, bem como os conhecimentos e
estilos de aprendizagem; permite que o professor organize o trabalho pedagógico e que este
seja significativo para os alunos, ou seja, promove a aproximação do planejamento com as
reais necessidades dos alunos vinculados aos objetivos de aprendizagem.
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A função somativa é verificada longo do período pedagógico, para se verificar os
resultados que estão sendo alcançados em relação aos objetivos traçados inicialmente e
verificar quais são as necessidades socioeducativas dos educandos. Assim, a avaliação
somativa situa as aprendizagens dos alunos, apresentando o percurso desenvolvido pelo aluno
dentro do processo de ensino-aprendizagem.
Exemplificando, muitos estabelecimentos escolares adotam o sistema de notas
quantitativas sobre a aprendizagem dos alunos, estabelecidas em cima de atividades realizadas
por eles no transcorrer de um mês, bimestre ou semestre, buscando registrar os seus avanços.
Esses avanços também podem ser mensurados através de pareceres descritivos, que revelam
as aprendizagens dos alunos construídas ao longo do período avaliado, e que levam também
para uma reflexão sobre os conhecimentos e conceitos que o estudante ainda não adquiriu.
É importante salientar que o caráter somativo da avaliação estabelece a necessidade de
determinar o grau de domínio para os objetivos que foram previamente estabelecidos.
Sintetizando, é possível citar a reflexão de Méndez (2002):
Se fazermos da avaliação um exercício contínuo, não há razão para o fracasso, pois sempre chegamos a tempo para agir e intervir inteligentemente no momento oportuno, quando o sujeito necessita de nossa orientação e de nossa ajuda para evitar que qualquer falha detectada seja definitiva.
A avaliação, portanto, se constitui para todos os envolvidos como um inventário de um
processo intenso e complexo, onde os participantes do projeto pedagógico tomam consciência
de suas identidades, suas responsabilidades e avanços dentro do processo de ensino-
aprendizagem.
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2 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Quando o tema é avaliação, são inúmeros os modelos que se apresentam à disposição
dos professores dentro do contexto escolar, todavia, mais importante que a escolha que se faz
é a discussão sobre a finalidade da escolha (ZANON e ALTHAUS, 2010).
Os modelos de avaliação no processo de ensino-aprendizagem devem ser construídos
e adaptados em cada escola, todavia, Paes (2010) pondera que todos os instrumentos devem
ser construídos de forma a oferecer uma avaliação que seja diagnóstica do aluno; dos
processos de aprendizagem que o aluno está percorrendo; dos procedimentos e estratégias
apresentadas pelo professor; e dos resultados que estão sendo obtidos pelo aluno em classe e
na escola.
Méndez (2002) salienta que mais que o instrumento, importa o tipo de conhecimento
que se põe à prova, o tipo de perguntas que se formula, o tipo de qualidade (mental ou prática)
que se exige e as respostas que se espera obter conforme o conteúdo das perguntas ou
problemas que são formulados.
Ao compreender a prática da avaliação como um processo, ponderam Zanon e Althaus
(2010), não é possível conceber e valorizar a adoção de um único instrumento avaliativo,
priorizando uma só oportunidade em que o aluno revela sua aprendizagem. Oportunizar aos
alunos diversas possibilidades de serem avaliados implica assegurar a aprendizagem de uma
maneira mais consciente e fidedigna. Implica também em encarar a avaliação, teórica e
praticamente, como um verdadeiro processo.
Melchior (1999) pondera que dentre os muitos instrumentos avaliativos o que se
destaca é a testagem, por ser a técnica mais conhecida e aplicada no processo pedagógico. A
testagem se caracteriza por “apresentar uma situação comum a todos que a ela submetem,
tanto em relação às instruções como no que se refere às regras e à valorização de cada
questão”.
Há algum tempo convencionou-se uma diferença entre testagem e prova, conforme
comenta Melchior (1999), e que ainda nos dias atuais são colocados em prática pelos
professores. Os testes seriam realizados com maior frequência, envolvendo uma quantidade
menor de conteúdo. Já as provas teriam uma abrangência maior de conteúdo, sendo realizadas
com uma frequência menor – bimestral, semestral, etc.. Todavia, esta distinção entre
nomenclaturas de testes e provas não encontram respaldo na bibliografia consultada.
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Entre os instrumentos presentes na técnica de testagem, é possível elencar algumas
modalidades mais utilizadas:
Prova Subjetiva: Conforme Masetto (2001), as provas subjetivas possuem
possibilidades e limites, como qualquer outro método, e como vantagens podem ser citadas o
fato de serem fáceis de serem organizadas, eliminando o fator adivinhação; permitem a
reflexão do aluno, bem como a organização de informações e opiniões; ajuda o aluno a
aprender a fazer síntese; não exige grande número de questões; e avalia a capacidade do aluno
em interpretar.
Prova Objetiva: São constituídas de um amplo repertório de perguntas ou itens com
respostas delimitadas que, conforme Salinas (2004) permite uma pontuação livre de
interpretações subjetivas, sendo que, conforme a resposta que se solicita ao aluno, é possível
distinguir diferentes tipos de perguntas, como: de verdadeiro e falso; de múltipla escolha; de
preenchimento de lacunas. Este tipo de prova fornece uma ampla amostra do conhecimento,
pois pode ser formada por numerosas questões; elimina traços pessoais do aluno; permite
julgamento rápido e objetivo porque cada item admite uma só resposta; é de elaboração difícil
e demorada. É preciso ter cuidado com a superficialidade da avaliação, pois em uma questão
de verdadeiro ou falso, por exemplo, existe a possibilidade de 50% de acerto casual.
Prova Oral: Este tipo de prova é utilizado em determinadas circunstâncias, sendo de
grande importância no ensino de línguas, para avaliar a pronúncia e fluência. Conforme
Zanon e Althaus (2010) ela também permite avaliar a capacidade reflexiva e crítica dos
alunos, fornece amostra reduzida do cabedal de conhecimentos do aluno; tem julgamento
subjetivo. Recomenda-se que este tipo de prova seja gravado ou tenha a presença de um
monitor e que seja providenciado um ambiente silencioso e calmo. O professor deve procurar
formular a todos os alunos perguntas relacionadas a todas as unidades relevantes do conteúdo,
e as perguntas devem ser elaboradas cuidadosamente, considerando-se o grau de dificuldade
em relação ao conteúdo que se constitui o objeto da avaliação. O valor das respostas deve ser
registrado simbolicamente, ou seja, através de convenções.
Prova Criativa: Este tipo de prova, de livro aberto, com consulta de fontes, segundo
Masetto (2001) ajuda o aluno a resolver um caso, a escolher as fontes adequadas para delas
retirar informações que lhe faltem. E os comentários escritos, resenhas, sínteses, relatórios,
sempre oferecem novas oportunidades para aprender. Neste tipo de prova, as questões devem
ser elaboradas de forma que não haja simplesmente a transcrição do material de consulta para
a prova; isso permite a seleção de questões que priorizem a reflexão, a elaboração de
conceitos e a interpretação do texto estudado, sendo, portanto, necessário que tenha conteúdo
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significativo para o processo de aprendizagem. A ideia de prova de consulta está associada ao
despreparo, à falta de estudo sobre o tema a ser explorado na prova, entretanto ela exige
preparo prévio dos alunos, isto é, o estudo do conteúdo a ser abordado na prova. Luckesi
(1994) pondera que ao se optar pela prova de consulta pode se dar um passo importante no
processo avaliativo. Ele entende que não há prejuízos com a permissão de se consultar a
prova, bastando “seguir alguns critérios mínimos, que fazem parte de qualquer avaliação
coerentemente adequada ao processo pedagógico como um todo”.
Produções individuais ou coletivas: Neste tipo de atividade, é necessário saber
distinguir o fato de os alunos trabalharem agrupados ou trabalharem de forma cooperativa,
este sim o fundamento do processo do trabalho de produção coletiva. Salinas (2004) destaca
que cabe ao professor a habilidade de propor a cada grupo de alunos um conjunto de
atividades que possam ser feitas pelos diferentes integrantes do grupo, em diferentes níveis de
complexidade e que, unidos, deem como resultado um trabalho que é o resultado de um
esforço compartilhado. Conforme Zanon e Althaus (2010), esta atividade requer definição
clara dos critérios para pesquisa do tema e ou conteúdo proposto, sendo necessária a
explicitação das fontes de consulta. O trabalho em grupo permite ao aluno a expressão de
compreensões e conceitos feitos por ele próprio, possibilitando ao professor verificar se a
atividade atingiu aos objetivos propostos e o grau de dificuldade que o conteúdo apresentou,
permitindo o acompanhamento das aprendizagens, avanços e dificuldades de cada aluno.
Este é o tema principal desta Unidade e haverá um aprofundamento do tema, mas é
importante salientar que as produções coletivas exigem definição de temas para estudo e
delimitações de papéis para cada componente do grupo de trabalho. Se não houver orientação
prévia, podem favorecer o trabalho de cópia, reprodução e, além disso, podem caracterizar o
trabalho de somente alguns integrantes do grupo (Zanon e Althaus, 2010).
3 AVALIAÇÃO POR MEIO DA PRODUÇÃO COLETIVA
As produções coletivas são frequentemente utilizadas em sala de aula como forma de
avaliação dos alunos e os resultados podem e devem ser importantes tanto para o
conhecimento do aluno, como para o feedback do professor, todavia, os resultados nem
sempre expressam a qualidade do grupo como um todo, mas apenas o esforço de alguns de
seus integrantes. Os professores normalmente têm dificuldade para diagnosticar quais os
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alunos que deixaram de cooperar para o resultado do trabalho, atribuindo notas iguais para
diferentes níveis de esforços.
Gomes (2001, p.5) salienta que:
Não é novidade a queixa dos professores quando o assunto é a avaliação do desempenho de seus alunos, quando a questão é avaliar o desempenho dos mesmos em trabalhos realizados em grupos [...] o problema chega a inibir essa prática tão importante na educação das crianças e jovens. Além das queixas corriqueiras quanto às dificuldades encontradas no processo ordinário de avaliação, quando se refere ao trabalho em grupo, acrescente, entre outros, as seguintes: “a participação dos alunos é muito diferente quando da realização do trabalho e não tem como avaliar essas diferenças”, ou “alguns alunos mais esforçados acabam realizando todo o trabalho e os mais folgados acabam também recebendo nota integral”; “os alunos mais preguiçosos acabam ficando com notas altas por conta dos alunos mais esforçados”; ou ainda, “não é justo, pois alunos com desempenhos diferentes acabem tirando notas iguais”.
O autor pondera que esses argumentos coletados em pesquisa junto a professores não
podem ser refutados, e condizem com a realidade, tendo em vista o sistema de avaliação
utilizado pelos professores, todavia ele pondera que o problema pode ser amenizado com o
uso de criatividade na avaliação.
Partindo da hipótese que o professor não esteja preparado para realizar o diagnóstico
do nível de envolvimento de cada aluno na produção coletiva, fatalmente ele irá incorrer
naquilo que já foi falado no início desta unidade, ou seja, irá atribuir notas aos alunos, em vez
de realmente avaliá-los.
O trabalho de produção coletiva não avalia apenas a quantidade de conteúdo
assimilada pelo aluno dentro do processo, mas também outros aspectos importantes dentro de
sua condição de estudante e cidadão em formação, como a capacidade de compartilhar
conhecimentos, trabalhar junto com outras pessoas, em forma cooperativa, entre outras, que o
tornam um instrumento importante dentro de qualquer proposta pedagógica, desde que,
logicamente, seja bem aplicado e avaliado. A avaliação deste trabalho deve levar em
consideração, ainda, a capacidade de criticar e de como esse aluno recebe críticas, ou seja, a
sua verdadeira participação no resultado final apresentado, além do senso de responsabilidade
de cada um.
Em outras palavras, o que está sendo proposto nesta Unidade Didática é que o
professor tenha uma forma de conhecer, mesmo avaliando o resultado, qual foi o desempenho
de cada aluno dentro do trabalho de produção coletiva.
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Conforme Gomes (2001), os conhecimentos resultam do trabalho, da atuação pessoal
do aluno, e da sua interação com os seus colegas, o meio social, as diversas fontes de
informação e com os professores, desenvolvendo, assim, um papel ativo e criativo no
processo de ensino-aprendizagem. O aluno chegará aos conhecimentos por si mesmo, depois
de realizar as necessárias operações mentais (lógicas, teóricas e experimentais), partindo da
organização sistêmica, das informações adquiridas na sala de aula, nos livros e demais fontes
de informação e pela sua própria experiência.
Segundo Amambahi (2010, p. 5),
Esse protagonismo do aluno somente será alcançado com a introdução de diferentes tipos de aula, diferenciadas entre si pelos níveis de assimilação que atingirem, onde predominem atividades onde os alunos trabalhem mais, exigindo deles um ensino independente, uma construção de respostas e soluções por meio de um conjunto de operações mentais, um intercâmbio de opiniões, uma cultura de debate, a leitura e utilização das fontes de informação e, o ordenamento e a apresentação de ideias resultantes do raciocínio lógico pessoal.
Com o trabalho em grupo se procura favorecer a ação dos alunos, o desenvolvimento
de suas habilidades intelectuais, elevação dos níveis de estudo em grupo e um maior
aproveitamento de suas experiências pessoais e do seu potencial criativo no relacionamento
com outras pessoas.
Um instrumento de avaliação tão importante como esse não pode ser excluído da
metodologia de avaliação de qualquer professor, e Amambahi (2010) salienta que somente é
preciso buscar alternativas válidas para o processo de avaliação do desempenho do aluno,
quando a atividade a ser avaliada é o trabalho em grupo.
Importante salientar a posição de Perrenoud (2000), que salienta que trabalhar em
equipe não consiste em fazer junto o que se poderia fazer separadamente, menos ainda “olhar
o líder ou o aluno mais hábil do grupo a fazer”. Para ele, a organização do trabalho em equipe
levanta problemas de gestão da classe, principalmente o da alternância entre as orientações e o
trabalho coletivo.
O trabalho produzido coletivamente possui três funções básicas, conforme Bonals
(2003): a de regulação das aprendizagens, com a organização dos alunos; a socialização dos
alunos, desenvolvendo a capacidade de compreender e aceitar a opinião do outro; e a função
potencializadora do equilíbrio emocional, que parte do princípio de que todas as pessoas se
realizam quando convivem em grupos.
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Desta forma, o trabalho em grupo se constitui em uma modalidade de ensino também
conhecida como “ensino socializado”. Ao optar por esta modalidade, o professor revela a
compreensão da sala de aula como um espaço social, onde são estabelecidas relações de
interação que podem favorecer a aprendizagem de cada aluno.
Logicamente que por se tratar de uma forma diferenciada de aquisição de
conhecimentos, a forma de avaliação também deverá ser diferenciada, a fim de que não se
cometam injustiças ou que se avalie o todo por uma parte ou vice-versa. É preciso ter em
mente que as turmas são heterogêneas e que cada aluno tem seu ritmo de aprendizagem e isso
deve ser levado em consideração ao se delimitar o nível de dificuldade das atividades que
serão realizadas, tendo como referência os conteúdos a serem trabalhados e os objetivos a
serem atingidos.
Entende-se que, através da organização de trabalhos em grupos e com a delimitação da
dificuldade da atividade, o professor considera o desenvolvimento de diferentes
procedimentos dos alunos e, da mesma forma, requer que sejam exploradas as potencialidades
individuais, os conhecimentos de cada integrante do grupo.
Neste tipo de atividade, o professor não pode perder de vista o controle do processo de
ensino-aprendizagem, sendo necessário que ele tenha a definição clara do trabalho dos alunos,
que faça registros e acompanhe o desenvolvimento das atividades.
Conforme Zanon e Althaus (2010), este tipo de avaliação requer uma definição clara
dos critérios para exploração e pesquisa do tema ou conteúdo proposto, sendo necessária a
explicitação das fontes de consulta. Ela salienta, ainda, que a avaliação através de produções
coletivas permite a expressão de compreensões, conceitos e elaborações feitas pelos alunos,
sendo possível verificar se foram atingidos os objetivos propostos, bem como o grau de
dificuldade que o conteúdo apresentou.
As produções coletivas, alerta Zanon e Althaus (2010), exigem definição de temas
para estudo e delimitação de papéis para cada componente do grupo de trabalho, para que não
haja o trabalho apenas de alguns componentes do grupo, em detrimento do trabalho
cooperativo, como é a proposta deste tipo de avaliação.
Uma das maneiras para evitar que haja este problema da participação de apenas alguns
integrantes do grupo, Zanon e Althaus (2010) recomenda que cada integrante faça uma
autoavaliação, explicitando suas contribuições e formas de participação no grupo e no
resultado final apresentado.
Este é o ponto principal do trabalho ora proposto, pois o que se vê na prática nas
escolas é que as avaliações através de produções coletivas ou trabalhos em grupo são
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caracterizadas pelo empenho de alguns, que “carregam” os demais, que apenas compartilham
os resultados e não pelo esforço produzido para a obtenção do resultado final.
A observação e o registro por parte do professor do empenho e desempenho dos
alunos em sala de aula é importante dentro de uma proposta onde a avaliação faz parte do
processo de aprendizagem, pois através dela torna-se possível a aquisição de conhecimentos.
Na obra “Avaliação Pedagógica: Função e Necessidade”, Melchior (1999, p. 76-77)
dedica um capítulo sobre a técnica de observação, ponderando que esta é, talvez,
A técnica mais adequada para apreciação dos aspectos do desenvolvimento que não podem ser aferidos através de provas ou outros instrumentos avaliativos. O registro das observações deve ser usado pelo professor no momento de fazer uma análise do desempenho do aluno. […] Na ausência de anotações, o professor poderá perder de vista quais os alunos que não estão conseguindo avançar, quais os que necessitam retomar determinados aspectos e, enfim, quem são os que podem prosseguir com tarefas mais avançadas.
A autora ensina que a função do registro não consiste em rotular os alunos, mas
verificar o conhecimento construído e identificar as novas intervenções necessárias. São
várias as possibilidades de instrumentos para o registro de observações, como a lista de
verificação, que é uma ficha contendo uma lista de desempenhos e um espaço para o registro
da ocorrência ou ausência da atitude observada.
Muitos professores utilizam também o método de se aplicar uma prova sobre o
conteúdo do trabalho realizado pelos alunos, como forma de avaliar a quantidade de
conhecimento assimilada por cada um deles e, de certa forma, também mensurar o grau de
participação na elaboração do trabalho.
Ficha de Avaliação: Outra possibilidade é a Ficha de Avaliação Cooperativa, que
objetiva a realização uma autoavaliação e coavaliação dos participantes de um grupo de
trabalho. Essa ficha permite a discussão sobre o envolvimento e participação de cada um dos
componentes do grupo, tendo como referência os critérios estabelecidos no início do
desenvolvimento da atividade em grupo.
Zanon e Althaus (2010, p. 91) sugere uma Ficha de Avaliação Cooperativa, que tem o
objetivo de orientar aos componentes do grupo para os aspectos que devem ser avaliados em
relação à participação de cada um dos membros do grupo:
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Aspectos avaliados Ana João Maria Carlos
1 - Contribuição ao trabalho do grupo B R O MB 2 – Participação ativa nas discussões O B O MB 3 – Respeito às ideias dos colegas B R O MB 4 – Participação na seleção de material e elaboração do painel
B R MB O
5 – Realização da coleta de dados na escola e a pesquisa bibliográfica
O R O O
6 – Exposição clara e objetiva do tema, explicitando os tópicos solicitados
O R O O
7 – Capacidade de criar com objetividade O R O O 8 – Capacidade de receber críticas O R O MB 9 – Frequência nas atividades (ação e dispersão) R O B R 10 – Conceito geral B R O MB Legenda dos conceitos: O – Ótimo, B – Bom, MB – Muito Bom, R – Regular, I – Insuficiente
Nesse contexto, faz-se necessário envolver os alunos na tomada de decisões nas
atividades propostas nos diferentes planos de ensino, em especial dentro do grupo em que o
trabalho será desenvolvido, além de levá-los a compreender melhor seus próprios processos
de aprendizagem e as razões das tarefas propostas. O professor levará em consideração a ficha
de avaliação do grupo para atribuir a nota final do trabalho, diferenciando a nota conforme o
grau de participação de cada um.
O número de itens a serem avaliados na ficha proposta é apenas uma sugestão,
podendo ser alterado, dependendo das circunstâncias em que o trabalho for realizado, todavia,
é importante que sempre contenha valoração sobre participação de cada membro nas
discussões; comprometimento com as tarefas assumidas; frequência, ou seja, se não se
ausentou durante os trabalhos; interesse na execução dos trabalhos; e participação na redação
final dos trabalhos.
O professor deve estar consciente de seu papel de organizador dos grupos e de delegar
atribuições, estabelecendo parâmetros que possam ser importantes para a verificação da
quantidade de aprendizado que foi assimilada.
Seguindo esta linha, é importante também, como cita Amaral (In: VEIGA, 2006, p.
62), que o professor estabeleça os papéis de cada aluno dentro do trabalho por meio de
produção coletiva, sugerindo, resumidamente:
a) Coordenador: é o aluno que auxiliará a todos os integrantes do grupo para a
concretização das tarefas, buscará respostas para as questões propostas;
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b) Encarregado do material: este aluno será responsável por disponibilizar, organizar
e agrupar todos os materiais necessários para a execução das tarefas;
c) Auxiliar de coordenação: quando assume essa função, o aluno será o monitor do
grupo, verificando as tarefas que foram cumpridas e concluídas, e fará o registro
das atividades realizadas;
d) Reorganizador do ambiente: ao final do trabalho, este aluno deverá reunir todos os
materiais utilizados, reorganizar o espaço físico utilizado para a realização da
atividade em grupo;
e) Relator: sua responsabilidade é a de verbalizar as conclusões e experiências
vivenciadas pelo grupo no desenvolvimento do trabalho, quando isso for
requisitado. Poderá relatar as aprendizagens e descobertas do grupo, com relação
aos conhecimentos trabalhados. Também terá a incumbência de efetivar a
autoavaliação do grupo.
É importante salientar que dentro desta proposta o professor deve atribuir um
percentual da nota para o trabalho final apresentado e outra para a avaliação realizada pelos
alunos, ou seja, para a autoavaliação realizada pelo grupo, através da ficha de avaliação. Esta
nota da autoavaliação deverá ser distribuída pelos próprios alunos, de acordo com a
mensuração da participação de cada um dentro dos itens propostos para avaliação.
Seguindo o mesmo modelo, mas aprofundando no quesito de distribuição das notas,
Gomes (2001) propõe que o professor atribua uma nota ao trabalho do grupo e que os
próprios integrantes se incumbam de realizar a distribuição dessa nota entre os participantes.
O autor sugere que a nota não seja de alto valor, a fim de que não possa ser distribuída
igualitariamente entre os integrantes, satisfazendo a todos, o que resultaria em uma
acomodação, onde mesmo com prejuízo aos que mais trabalharam, todos se sairiam bem.
Com a nota menor, os alunos irão avaliar cuidadosamente a participação de cada um.
Nessa situação de avaliação, Gomes (2001, p. 5), pondera que:
É obvio que não estamos defendendo uma situação artificial, na qual o professor dá uma nota baixa apenas para forçar os alunos a refletirem melhor sobre o desempenho de cada um, pois se o trabalho realmente apresentar a qualidade almejada pelo professor, então, parabéns e nota alta para todos, isso é o que realmente esperamos que aconteça, mas nem tudo são flores quando se trata de avaliação. Podemos perceber a dupla natureza da avaliação pretendida, a auto-avaliação dos alunos no interior do grupo, e a hetero-avaliação feita pelo professor em relação ao produto apresentado pelos alunos ao final ou, mesmo durante o desenvolvimento do período didático avaliado.
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Dessa forma, a avaliação proposta é mista, com os alunos se atribuindo uma parcela da
nota através da autoavaliação do grupo e a nota atribuída pelo professor, através do produto
final, ou seja o trabalho apresentado pelos alunos.
Gomes (2001) exemplifica com um trabalho, onde o professor atribuiu 30 pontos, os
quais deverão ser distribuídos pelos alunos entre si, ou seja, a soma de cada item avaliado
deve ser igual a 30. A soma das notas de cada item, dividida pela quantidade de itens, será a
nota atribuída a cada participante do grupo:
FICHA DE AVALIAÇÃO DO TRABALHO DO GRUPO
Itens a Serem Avaliados Pelo Grupo
I – Participação nas discussões
II – Comprometimento com as tarefas assumidas
III – Frequência (não se afastou do grupo durante os trabalhos)
IV – Interesse na execução do trabalho
V – Participação na redação final do trabalho.
Grupo I II III IV V Total Nota
Alex 10 10 10 9 10 49/5 9,8
Fábio 7 6 6 5 8 32/5 6,4
Henri 3 4 4 6 6 23/5 4,6
Hamilton 5 5 5 5 6 26/5 5,2
Milton 5 5 5 5 0 20/5 4,0
Soma total 30 30 30 30 30 150/5 30
Na última coluna pode ser verificada a nota da autoavaliação realizada pelo grupo para
cada um dos seus integrantes. Gomes (2001) pondera que com este tipo de avaliação, os
próprios alunos estarão participando do processo avaliativo com mais seriedade, o que, por
certo, resultará em atenção e interesse crescente no transcorrer do ano letivo, quando forem
chamados a trabalharem em grupo.
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4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA MÉTODO
Naturalmente não há um método considerado perfeito para a avaliação do trabalho de
produção coletiva, sendo necessário que o professor, ao realizar a escolha do método, tenha
consciência das vantagens e desvantagens de cada um deles. A bibliografia consultada aponta
algumas vantagens e desvantagens das fórmulas de avaliação do trabalho em grupo.
a) A classificação igualitária, realizada unicamente pelo professor, onde todos os
membros do grupo recebem a mesma classificação é mais fácil de ser
implementada e não requer trabalho adicional e pode ser o método adequado se a
nota do trabalho em grupo constituir apenas uma pequena parte da classificação
total da disciplina. As responsabilidades do grupo são impostas, ou seja, o grupo
falha ou é bem sucedido em conjunto.
b) Por outro lado, a avaliação igualitária as contribuições individuais não refletem as
participações individuais na confecção do trabalho; os alunos mais fracos poderão
se beneficiar do trabalho dos alunos mais empenhados, que poderão ser
prejudicados e, por fim, este tipo de avaliação não motiva aos alunos.
c) O método de se aplicar uma prova para medir o conhecimento dos alunos que
realizaram o trabalho em grupo tem a vantagem de poder aumentar o interesse pelo
trabalho, sendo que os alunos poderão ficar mais motivados e querer saber mais
acerca do trabalho realizado pelos colegas do grupo.
A testagem do trabalho traz como desvantagens o fato de que os alunos poderão
ignorar o grupo e estudarem sozinhos para a prova; aumenta a quantidade de trabalho do
professor, que terá de elaborar a prova-teste; e o método poderá não ser eficiente, uma vez
que os alunos poderão ser capazes de responder à prova estudando pelo trabalho final, não
resultando o conhecimento fruto da produção do mesmo.
d) A avaliação do processo de confecção do trabalho em grupo através das fichas de
observação e registro por parte do professor depende de um monitoramento
contínuo dos alunos, para que se possa ter uma percepção da participação de cada
um. Os registros, embora demandem tempo, fornecem bastante informação que
pode ser utilizada no processo de avaliação. Como dito, a desvantagem do
processo é que requer tempo para a observação e depois para rever as fichas de
observação.
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e) A Ficha de Avaliação de Trabalho em Grupo é um processo fácil de implantar e a
avaliação dos colegas poderá motivar os alunos no sentido deles contribuírem mais
para o grupo.
Neste tipo de avaliação tem de se tomar cuidado para que ela não seja subjetiva, ou
seja, para que os alunos deem notas mais elevadas para os amigos ou companheiros com
maior afinidade e não aos que realmente trabalharam mais. O método também poderá dar
vazão a conflitos pessoais entre os membros do grupo e é preciso que se tenha c6ritérios
objetivos de avaliação, a fim de não dificultar esse trabalho por parte dos alunos.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As pesquisas evidenciam que o trabalho de produção coletiva é um dos melhores
instrumentos de avaliação do processo de ensino aprendizagem, por mensurar não apenas a
quantidade de conteúdo assimilada pelos alunos, mas também outros aspectos da formação do
estudante, como a sua capacidade de compartilhar conhecimentos e de trabalhar em conjunto
com outros companheiros, a sua capacidade de análise e de receber críticas e o senso de
responsabilidade de cada um.
Sendo assim, um instrumento de avaliação tão importante não pode deixar de ser
utilizado ou ser subutilizado por causa de dificuldades no processo de avaliação.
Os autores consultados são unânimes em ponderar que o processo de observação do
professor e a autoavaliação dos alunos são preponderantes para o sucesso deste tipo de
avaliação.
A autoavaliação deve ser realizada de forma que o grupo seja realmente crítico em
relação à atuação de seus integrantes para que eles sejam avaliados conforme a sua
participação e não através de companheirismo, com a simples divisão da nota entre os
participantes.
Esta autoavaliação, junto com a observação do professor e a análise do trabalho
apresentado, permitirá que o professor tenha uma perfeita noção da forma como o trabalho foi
elaborado e da real participação de cada integrante do grupo, tendo elementos sólidos para
distribuir notas.
Os modelos de ficha de avaliação apresentados nesta unidade didática são consistentes
para um bom processo de avaliação do trabalho de produção coletiva, todavia eles podem ser
adaptados para a situação de cada sala de aula trabalhada pelo professor.
Ao trabalhar com a produção coletiva, o professor deve perceber entre os métodos de
avaliação disponíveis e relacionados nesta unidade, qual o que melhor se encaixa dentro do
conteúdo e da turma que está sendo trabalhada.
Utilizando os métodos adequados, conforme observa Méndez (2001), o professor não
ficará com a impressão de que estará distribuindo notas iguais para esforços diferentes dentro
do grupo e nem terá a sensação de que alunos mais esforçados formam a nota para alunos que
não têm participação na elaboração do trabalho.
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Assim, com observação do professor e autoavaliação do aluno, será possível explorar
todas as possibilidades oferecidas pelo trabalho de produção em grupo como instrumento do
processo de ensino-aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
AMAMBAHI, K. A. S. O trabalho e grupo e a avaliação: enfrentando as dificuldades de avaliação do desempenho dos alunos. Disponível em: <http://reciclagemdeartigos.blogspot.com/2010/01/o-trabalho-em-grupo-e-avaliacao.html>. Acesso em: fev. 2011. BALLESTER, M. Avaliação como apoio à aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003. BONALS, J. O trabalho em pequenos grupos em sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2003. CRISTINA, K; SMOLE, S. Avaliação escolar. Disponível em: <http://www.salesianos.com.br/downloads/SubsidioRSE6.pdf>. Acesso em: 8 junho 2011. GOMES, J.A. O trabalho em grupo e a avaliação: enfrentando as dificuldades de avaliação do desempenho dos alunos, 2001. Disponível em <http://www.cereja.org.br/pdf/20050523_Trabalho.pdf>. Acesso em: 30 maio 2011. LUCKESI, C. C. Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo, Revista ANDE. São Paulo, Cortez, 1986. MARTINS, P. L. O. A didática e as contradições da prática. Campinas: Papirus, 1998. MASETTO, M. Atividades pedagógicas no cotidiano da sala de aula universitária: reflexões e sugestões práticas. In: CASTANHO, S; CASTANHO, M. E. (orgs). Temas e textos em metodologia do ensino superior. 2. ed. Campinas: Papirus, 2001. MELCHIOR, M. C. Avaliação pedagógica: função e necessidade. Porto Alegre: Artmed, 1999. MÉNDEZ, J. M. A. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002. NADAL, B. G. (Org). Práticas pedagógicas nos anos iniciais: concepção e ação. Ponta Grossa: UEPG, 2007. PAES, J. C. Potal do Professor, 2010. Disponível em <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal.html?idConteudo=272>. Acesso em: 8 jul. 2011. PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre, Artmed, 2000. SACRISTAN, J. G.; GÓMEZ, A. P. I. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed, 1998. SALINAS, D. Prova amanhã: entre a teoria e a realidade. Porto Alegre: Artmed, 2004. VEIGA, I. P. A. Técnicas de ensino: por que não? Campinas: Papirus, 2006. ZANON, D. P., ALTHAUS, M. T. M. Didática. Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2010.