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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: O gênero causos em sala de aula: Uma proposta de leitura e produção escrita.

Autor Helena Stasiu Antonio

Escola de Atuação Colégio Estadual Padre José Orestes Preima

Município da escola Prudentópolis

Núcleo Regional de Educação Irati

Orientador Cristiane Malinoski Pianaro Ângelo

Instituição de Ensino Superior IES vinculada – Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO

Disciplina/Área (entrada no PDE)

Língua Portuguesa

Produção Didático-pedagógica Unidade Didático-Pedagógica

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade)

Professores de Língua Portuguesa e alunos de 5ª série

Localização Colégio Estadual Padre José Orestes Preima – Linha

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(identificar nome e endereço da escola de implementação)

Esperança

Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

Em nossa experiência docente, constatamos que os alunos têm demonstrado pouca criticidade e criativida-de no desenvolvimento das propostas de leitura e pro-dução de textos. Partindo-se disso, o projeto “O gêne-ro causos em sala de aula: uma proposta de leitura e produção escrita” busca trabalhar o gênero causos em uma 5ª série do Ensino Fundamental, a fim de desper-tar nos alunos o entusiasmo e prazer pela compreen-são e interpretação de textos, bem como pela produ-ção escrita, enquanto práticas indispensáveis para o ser humano efetivar a participação ativa e crítica em sociedade. Selecionamos o gênero causos, visto que esse gênero pode despertar a curiosidade, a imagina-ção e o interesse dos alunos em conhecer, investigar, ouvir, ler, produzir e compartilhar as histórias da cultu-ra popular.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras)

Concepção interacionista de linguagem, leitura, produ-ção escrita, gênero causos.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUEED PROGRAMA DE

DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

EQUIPE PEDAGÓGICA DO PDE

PRODUÇÃO DE UNIDADE DIDÁTICO– PEDAGÓGICA

“O GÊNERO CAUSOS EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE LEITURA E PRODUÇÃO ESCRITA”

HELENA STASIU ANTONIO

PDE LÍNGUA PORTUGUESA

PRUDENTÓPOLIS – PR

2011

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HELENA STASIU ANTONIO

“O GÊNERO CAUSOS EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE LEITURA E PRODUÇÃO ESCRITA”

Material didático elaborado como parte do

Programa de Desenvolvimento de

Educação – PDE

Orientadora: Profª. Cristiane Malinoski Pianaro AngeloIES vinculada: Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO

Irati/ Pr

PDE LÍNGUA PORTUGUESA

PRUDENTÓPOLIS

2011

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A) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Helena Stasiu Antonio

Área PDE: Língua Portuguesa

NRE: Irati

Professor Orientador IES: Cristiane Malinoski Pianaro Angelo

IES vinculada: UNICENTRO

Escola de Implementação: Colégio Estadual Padre José Orestes Preima - Ensino Fundamental e Médio

Público objeto de intervenção: 5ª série – Ensino Fundamental

B) TÍTULO

“O GÊNERO CAUSOS EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE LEITURA E PRODUÇÃO ESCRITA”

C) TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE: Estratégias de ensino e aprendiza-gem de leitura e produção escrita.

D) CONTEÚDO ESTRUTURANTE DCE’S: Discurso como prática social

E) CONTEÚDO BÁSICO: Gêneros discursivos

F) CONTEÚDO ESPECÍFICO: Causos

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Apresentação

Professor,

A presente unidade didática, intitulada “O gênero causos em sala de aula:

uma proposta de leitura e produção escrita” tem por objetivo apresentar alternativas

para o trabalho com o gênero causos nas aulas de Língua Portuguesa que possam

despertar nos educandos o entusiasmo e o prazer pela leitura e pela produção

escrita.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (2008), ao

destacarem que a escola deve promover o letramento do aluno, apresentam-nos a

perspectiva de que a leitura e a escrita são indispensáveis para a nossa atuação

social, haja vista que, por meio dessas práticas, adquirimos uma visão mais crítica

sobre o mundo e marcamos nossa voz na sociedade.

Na mesma perspectiva, Soares (1998) argumenta que o letramento traz

consequências, sejam políticas, econômicas, culturais, etc., para indivíduos e grupos

que se apropriam da escrita, fazendo com que esta se torne integrante de suas

vidas, servindo-lhe como meio de interação com a sociedade. Portanto, cabe aqui

destacar que existe distinção entre uma pessoa alfabetizada e uma pessoa letrada.

Uma pessoa alfabetizada é aquela que conhece o código alfabético. Já a pessoa

letrada, não apenas conhece o código alfabético como também sabe utilizá-lo nos

mais variados contextos sociais por meio da leitura e escrita.

A respeito disso, Soares (1995, p.11) destaca:

O primeiro refere-se ao estado ou condição dos sujeitos de sociedades letradas que exercem efetivamente as práticas sociais de leitura e escrita e o segundo, alfabetização, restringe-se aos atos de codificação e decodificação do código.

Assim, a leitura como prática social não se restringe apenas aos domínios

sociolinguísticos, mas também às formas de inserção do sujeito na sociedade. Por

isso, ler vai muito além de decifrar códigos escritos, é preciso que o sujeito faça uso

competente da leitura e escrita enquanto letrado.

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No entanto, a experiência docente demonstra que as práticas de leitura não

vêm sendo desenvolvidas com eficácia em sala de aula, pois os alunos “lêem”, mas

não conseguem compreender e nem posicionar-se acerca do que leram. Nota-se,

portanto, que é necessário desenvolver um trabalho que venha ampliar as condições

de letramento de nossos alunos, de forma que eles se tornem capazes de explorar

de forma crítica e criativa as diversas formas do uso da linguagem nos mais variados

contextos sociais.

Do mesmo modo, no trabalho com a escrita, os alunos têm se mostrado

pouco afeitos à criticidade e à criatividade, demonstrando pouco ou nenhum

entusiasmo no momento de produzir textos. Diante disso, apontamos para a

necessidade de buscarmos caminhos que possam propiciar a formação de leitores e

produtores de textos competentes, ativos e criativos em sala de aula.

Para tanto, o gênero causos foi escolhido tendo em vista que esse gênero

pode despertar a curiosidade, a imaginação e o interesse dos alunos em conhecer,

investigar, ouvir, ler, produzir e compartilhar as histórias (causos) da cultura popular

local. O causo é caracterizado como um gênero que leva o interlocutor ao riso,

devido à forma como aborda os conteúdos, à pronúncia e à linguagem rural utilizada

pelo prosador, aliada ao seu jeito simples do homem sertanejo.

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O gênero causo: algumas definições

Neste trabalho, concebemos a linguagem como interação, logo, podemos

compreendê-la como sendo uma atividade coletiva, pois, de acordo com Bakhtin

(1997), em sua natureza sócio-histórica, ela possui uma ação direcionada para uma

finalidade específica, concretizada nas práticas sociais existentes, nos diversos

grupos sociais e distintos momentos da história.

Assim, pode-se dizer que a leitura e a escrita são necessárias a todo ser

humano, para que ele possa ser, pensar e agir de forma ativa, dinâmica e

construtiva diante do mundo que o cerca. Por isso, na formação do leitor, é

necessário considerar o processo de leitura desde cedo, mesmo quando a criança

ainda não consegue ler fluentemente.

Pode-se utilizar em sala de aula diferentes gêneros textuais para o trabalho

com a leitura, interpretação e produção de textos, sendo uma alternativa

interessante o trabalho com o gênero causo que é permeado de informações e traz

para a sala de aula um pouco da cultura das populações.

Nesse contexto, a caracterização da narrativa do gênero “causo” assemelha-

se ao conto pela simplicidade e concisão. Todavia, segundo Batista (2007, p. 122)

pode-se dizer que:

O causo pode ser caracterizado como uma narrativa oral curta, entremeada num diálogo, na qual o contador é personagem, se foi testemunha do ocorrido. Caso contrário, se ouviu alguém contar, os personagens são conhecidos e o contador se refere a quem contou. Se houver outras testemunhas, o contador as indica como prova da veracidade.

Dentre as principais características, pode-se afirmar que os personagens

presentes geralmente são pessoas conhecidas do contador. Seres sobrenaturais

como lobisomens e assombrações podem ou não aparecer. Do mesmo modo,

exageros que levam o ouvinte a duvidar da veracidade do contado são facultativos.

Podem estar presentes elementos cômicos ou trágicos, a intenção do exemplo ou

simples divertimento.

Oliveira (2006, p.22) destaca:

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Os causos, enraizados no mundo mítico, transgridem a lógica do real, locando-se no tempo e lugar da pretensão temática as mais variadas possíveis: o velho forte, o caipira ingênuo e esperto, os homens zoomorfizados, os animais antromorfizados, a autoridade sem lei, o luto festivo, a mulher “machona”, etc.

Com essa lógica mítica, imaginária e de nuances diversas que compõem o

causo, é importante que os alunos tenham contato e conheçam essas produções

lingüísticas, ouvindo, lendo, produzindo, compartilhando as histórias produzidas.

Frente a essa perspectiva, LOPES-ROSSI (2002, p. 29) coloca que:

Para o aluno ser capaz de agir como um sujeito ativo na produção de textos, no sentido de perceber as condições de produção e de circulação dos gêneros e de saber utilizar os recursos expressivos possíveis e necessários a cada caso, é preciso que tenha sua competência comunicativa desenvolvida. Esta deve incluir, além de conhecimentos linguísticos referentes ao léxico e à estrutura da língua, também conhecimentos específicos a respeito dos diferentes gêneros discursivos.

É importante investigar o real conceito deste gênero, tendo em vista que

existem poucos estudos orientados a este tema, como também pelo fato de que o

gênero causo ainda é confundido com o gênero conto, no entanto, este último é

caracterizado por Cascudo (1978, p. 264), como uma ficção, podendo ter várias

classificações: contos de encantamento, contos de exemplo, contos de animais,

facécias, contos religiosos, contos etiológicos, do demônio logrado, contos de

adivinhação, de natureza denunciante, contos acumulativos e ciclo da morte.

Pontes (2006, p.20) coloca que:

Se se consideram os causos como mantenedores da cultura e dos costumes de uma comunidade e o contador um facilitador dessa ma-nutenção, saber como ele começou a contar causos, qual a influência de seus antepassados nessa questão, etc., são dados relevantes para se entender o gênero textual e sua importância dentro da organi-zação da família ou da comunidade. Acredito que o entendimento do local/espaço de onde esse contador fala, das crenças e das tradições que povoam seu imaginário, auxilia na análise das estratégias utiliza-das ao contar os causos, pois não considerar esses dados poderia provocar uma espécie de (des)contextualização, já que os seres hu-manos vivem em um meio natural e seu comportamento é influencia-do por esse meio.

Os contadores de causos, podem ser os mais variados, desde pessoas sim-

ples ou não, mas sempre são tidos como homens sábios pois trazem na memória as

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histórias de várias gerações, contam essas histórias de modo a valorizar as tradi-

ções e os valores culturais.

A cada causo contado existe uma troca de experiências que são passadas

de geração em geração e, desse modo, reelaboradas tanto por aqueles que as con-

tam quanto por quem as escutam, como forma de manter as tradições sócias e cul-

turais dos povos. Um exemplo disso, são os causos que envolvem o personagem

Pedro Malasartes.

Os causos na sala de aula

Professor,

Para o início das atividades, sugerimos uma “roda de conversa” com os alu-

nos sobre histórias ouvidas e passadas de geração em geração. Nessa conversa-

ção, podem ser trabalhadas algumas particularidades sobre o gênero: o que são,

como surgiram, quem produz, como se organizam. Para estimular a curiosidade dos

alunos, sugerimos apresentar um personagem bastante conhecido: Pedro Malasar-

tes, criado na cultura de Portugal e Espanha, aventureiro e esperto que engana os

ricos, avarentos e orgulhosos que usam explorar os pobres e fracos. Suas façanhas

despertam o interesse por serem engraçadas e usarem uma linguagem caipira.

Em seguida, pode-se apresentar aos alunos o texto: “Os porcos do compa-

dre”, de Pedro Bandeira, uma história que pode ser cantada ou contada, possuindo

ritmo e diversão. O professor pode fazer uma leitura expressiva, fazendo de conta

que é um contador de causos, pois esse é um texto de tradição popular oral, para

que todos possam se divertir.

Quem é Pedro Malasartes?

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É um personagem que surgiu na Península Ibérica. Em Portugal, é conheci-

do como Pedro Urdemales e, no Brasil, é um caipira chamado de Pedro Malasartes.

Uns dizem que ele é um menino e outros afirmam que é um adulto, mas to-

dos tem certeza que Pedro é arteiro, astuto e espertalhão, não esquenta lugar, tra-

balha um pouco no sítio, sai e vai para uma fazenda, logo já está na vila, sempre ar-

mando confusão. Detesta gente orgulhosa, desonesta e que explora os menos fa-

vorecidos.

No cinema, os causos de Pedro Malasartes foram transformados em diver-

sos filmes encenados por Mazzaropi, tratando de temas como preconceito, valoriza -

ção da família, educação, reforma agrária e outros bem atuais e que ainda hoje são

relevantes.

Os porcos do compadre

De outra feita,o MalasartesAprontou bela trapaça.

Foram os porcos do compadreQue causaram toda a graça.

Malasartes era compadrede um honesto sitiante,

a quem tinham enganadode uma forma humilhante.

Certa vez um fazendeiro,desonesto e pão-duro,

enganou o tal compadre,que ficou num grande apuro.(...)

(O texto na íntegra encontra-se no livro: BANDEIRA, Pedro. Malasaventuras: safadezas de Malasartes. Santos, SP: Moderna, 1942, p. 55-61)

O texto é de tradição popular oral. Para melhor compreendê-lo faça uma lei-

tura expressiva, fazendo de conta que você é um contador de causos e divirta-se

com os alunos.

Com o texto “Os porcos do compadre” (p.55-61), de Pedro Bandeira, o

professor poderá comentar sobre a sonoridade, o ritmo e a variação da linguagem

oral e escrita, já que o texto apresenta a forma caipira de expressão da oralidade.

Nessa oportunidade, recomendamos solicitar aos alunos que realizem uma

pesquisa sobre causos contados na sua família, passados de geração em geração:

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quem os conta, de que forma, em que momentos são contados e quais as

impressões mais importantes que retratam particularidades de sua cultura.

A partir de uma vasta investigação acerca desse gênero, torna-se

interessante trabalhar em sala de aula com a contação de histórias da tradição oral,

buscando fazer que o aluno entre em contato com as manifestações da cultura

popular e sinta-se motivado a conhecer os causos, um gênero que traz para a sala

de aula a cultura, histórias passadas de geração em geração.

A vivência desse gênero será propiciada aos mesmos da seguinte forma:

primeiramente leitura e audição das narrativas contadas pela professora, sob a

forma real e tradicional de transmitir cultura, passando depois, a abrir espaço para

que a turma sinta-se livre a contar aos demais colegas um causo que conheçam

e/ou ouviu-se contar.

Serão selecionados diversos causos, escritos e em vídeos,

utilizando personagens como Jeca Tatu ou Pedro Malasartes, para que os

alunos possam fazer a leitura e, depois, numa roda de conversa expor os

causos para os colegas, estimulando-os a também conhecê-los.

Sugestões para leituras e contação de história

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Fonte: Fotos do Arquivo Pessoal

Uma proposta de leitura do causo “Pedro Mala-

sartes e a sopa de pedra”

Este livro de Ana Maria Machado, nos apresenta diversas histórias populares com repertórios variados de tradição oral, contos de origem indígena ou africana. Com uma linguagem simples e de fácil compreensão, incluindo também algumas histórias de Pedro Malasartes que farão com que seus alunos se divirtam e descubram o prazer na leitura.

Este livro reúne cinco histórias maravilhosas de Pedro Malasartes, engenhosamente recontadas por Júlio Emílio Braz, nas quais o personagem principal usa de cinismo, astúcia e seu jeito arteiro e espertalhão para pregar as maiores peças:

*Uma lição no fazendeiro;*O Urubu adivinho;*Mais esperto impossível;*A panela mágica;*Ele é o cão.

São histórias que seus alunos não poderão deixar de ler e conhecer.

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PEDRO E A SOPA DE PEDRA

Um dia, Pedro Malasartes vinha pela estrada com fome e chegou a uma casa onde morava

uma velha muito pão-dura.

_Sou um pobre viajante faminto e cansado.Venho andando de muito longe, há três anos,

três meses, três semanas,três dias, três noites, três horas...

_Pare com isso e diga logo o que quer – interrompeu a mulher.

-- É que estou com fome. Será que a senhora podia me ajudar?

-- Não tem nada de comer nesta casa – foi logo dizendo a velha.

Ele olhou em volta, viu um curral cheio de vacas, um galinheiro cheio de galinha, umas

gaiolas cheias de coelhos, um chiqueiro cheio de porcos. E mais uma horta muito bem

cuidada, um pomar com árvores carregadinhas de frutas, um milharal viçoso, uma roça de

mandioca.

-- Não, a senhora entendeu mal. Eu não preciso de comida, não. Só queria uma panela

emprestada e um pouco d’água. Se a senhora me deixar usar seu fogão, eu já estou

satisfeito. Porque aqui no chão tem muita pedra, e isso me basta. Eu faço uma sopa de

pedra maravilhosa e nunca preciso de mais nada, já fico de barriga cheia.

Desse jeito, ela não tinha como negar. Então deixou. Meio de má vontade, mas deixou. Só

repetiu:

--Sopa de pedra??

O texto encontra-se no livro: MACHADO, Ana Maria. Histórias à Brasileira: Pedro Malasartes e outras. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2004.

Atividades de pré-leitura:

A leitura enquanto processo de interação, parte do pressuposto de que o

texto é passível de várias interpretações e que o professor tem a função de mediar

as informações dentro desse contexto, aliando a esfera social e as informações do

aluno e as informações do texto.

Para que esse processo de interação se estabeleça SILVA (2006, p.02)

menciona que:

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Uma das atividades a serem desenvolvidas para o resgate de infor-mações do mundo exterior do texto é o trabalho com a pré-leitura, que consiste em um recurso pelo qual o conhecimento prévio é trazi-do à tona para um choque com as novas informações, a fim de apri-morar e organizar o conhecimento para que a leitura a ser realizada não se torne uma atividade estática, de mera decodificação, mas sim um processo que se inicia na decodificação e que perpassa as outras etapas do processo de leitura.

Desse modo, antes de o aluno fazer a leitura propriamente dita, o professor

pode explicar de uma forma geral sobre o tema do texto de modo e chamar a aten-

ção para certos aspectos do texto, tais como: figuras, título, gênero textual, visando

a incentivar os alunos a falarem o que já sabem e participarem, buscando embasa-

mento nas situações da vida cotidiana.

O trabalho com a pré-leitura pode ser feito por meio de perguntas e respos-

tas, por meio de figuras ou slides, relacionados com o conteúdo que é apresentado

no texto, utilizando recursos tecnológicos que a escola possui, como a TV pen-drive

ou data-show.

Assim, antes da leitura do texto “Pedro Malasartes e a sopa de pedra”, suge-

re-se desenvolver as seguintes atividades:

O texto que leremos é uma história da tradição oral, retirado do livro:

Histórias à Brasileira - Pedro Malasartes e outras, de Ana Maria Machado. A

história tem Pedro Malasartes como personagem principal. O que sugere o

nome do personagem?

O causo “Pedro Malasartes e a sopa de pedra” conta uma aventura de Pedro

Malasartes, que certa vez vinha pela estrada com fome e chegou a uma casa

onde morava uma velha muito pão-dura. Pensando nas características do

personagem, o que é possível prever a respeito da história? O que você

gostaria de saber a respeito do causo?

Atividade após a leitura:

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Além do contexto que antecede a leitura, é importante que o professor valori-

ze as atividades pós-leitura, tendo em vista que essas atividades auxiliam os alunos

a analisar o que leram, além de oportunizar que recordem, resumam e parafraseiem

os trechos ou fatos mais importantes dos textos trabalhados em sala de aula.

Recordar é lembrar os eventos e o clima da história ou da informação conti-

da no material lido. A função da memória no pensamento e na aprendizagem é

substancial, ou seja, recordamos coisas pensando em certos aspectos que fornecem

pistas para nossa memória. As pistas podem levar a uma recordação mais completa

das coisas (BRUINI, 2011, p.01).

Nas atividades de pós-leitura, pode-se enfocar alguns aspectos relacionados

ao contexto de produção (de que se gênero se trata, onde podemos encontrá-lo,

para que ele serve, quem normalmente o escreve, para quem), passando em segui-

da para a fase da compreensão do texto e finalmente, para a fase de interpretação.

Hila (2009, p.25) define a compreensão como a “capacidade de confrontar e enten-

der as informações do texto somadas às informações trazidas pelo leitor para a pro-

dução de uma nova informação”. Para essa fase, o professor pode elaborar ques-

tões acerca do gênero em estudo (estilo, estrutura composicional e tema), bem

como questões de inferenciação. A autora ainda define a interpretação como a fase

em que o leitor reflete sobre as informações trazidas pelo texto e as julga. Corres-

ponde a atividades em que o aluno precisa refletir sobre o tema a partir de suas ex-

periências de vida, aprecia a intencionalidade do texto e de faz apreciações valorati-

vas sobre ele.

Seguem algumas sugestões de questões norteadoras para o trabalho de

pós-leitura:

• Questões de compreensão:

Qual a função do causo que você leu?

Ana Maria Machado é a autora desse texto? Converse com seu professor a

respeito dessa questão.

Professor

Torna-se interessante explicar que o causo lido foi criado pela tradição

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oral. Desse modo, Ana Maria Machado não é a autora do texto: ela recon-tou a história, talvez modificando alguns trechos, fazendo acréscimos e cortes. Assim, “Pedro Malasartes e a sopa de pedra” é uma versão que permite que o causo não seja esquecido.

Pedro Malasartes, com seu jeito malandro, conseguiu enganar a velha

senhora. O que ele disse à velha que a convenceu de emprestar-lhe a

panela?

Quando a mulher permitiu ao Pedro cozinhar, qual foi verdadeira intenção

dela ao deixá-lo fazer a sopa de pedra?

Que sentido traz a expressão “pão-dura” que aparece no final do primeiro

parágrafo?

O texto possui a estrutura narrativa. Sobre essa estrutura, responda:

- Que tipo de narrador conta a história?

- Quem são os personagens do causo?. Caracterize-os a partir de suas falas,

de suas ações e das descrições presentes no texto.

- A história acontece numa data precisa? Justifique.

- Onde se passa a história? Há descrições desse lugar?

• Questões de interpretação:

A autora nos apresenta dois finais para o texto. Com o qual deles você se

identificou mais? Comente a sua escolha:

Nas histórias criadas, nos causos contados, em filmes ou em peças teatrais

aparecem personagens simples, engraçados, espertos, trapaceiros ou que

possuem outras características, mas que armam trapaças contra orgulhosos,

avarentos, ricos exploradores para poder tirar vantagem ou até mesmo se

vingar pelas malvadezas. Você acha isso correto? Concorda com tais

atitudes? Explique sua resposta:

Para você, Pedro Malasartes é um herói? Justifique se concorda ou não com

esta afirmação :

Como existem muitas injustiças e desrespeito para com os menos

favorecidos, o que seria necessário para tornar o mundo igualmente mais

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justo e com maior respeito a todas as pessoas? Faça uma lista com as suas

sugestões:

Produzindo causos na sala de aula

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Professor

Para o processo de produção escrita do gênero causos, inicialmente

os alunos serão solicitados a realizar uma pesquisa em casa com seus fa-

miliares, na biblioteca e no laboratório de informática para poder registrar

os causos. Os causos pesquisados pelos alunos serão escritos por

eles individualmente ou em duplas e apresentados aos colegas, de forma

mais agradável possível, proporcionando um momento de descontração,

como numa roda de contação de histórias e causos. Na sequência será

feita uma comparação entre os causos e os personagens que fazem parte

das histórias percebendo o tipo de linguagem e a sua forma de alteração

na escrita e na oralidade, já que estes textos farão parte de um Livro de

Causos da Turma. Através da discussão dos elementos utilizados na pro-

dução dos causos selecionados pelos alunos, eles poderão ampliar a sua

capacidade produtora, criadora e criativa, participando da reescrita dos

seus textos e também dos colegas, fazendo desta forma, a avaliação do

seu texto e identificando as modificações necessárias para torná-lo ade-

quado e compor a coletânea dos causos da turma. Quanto a forma de re-

produção, montagem, divulgação e elaboração do material, será a critério

da turma, juntamente com o professor. Para tornar mais divertida a finali-

zação das atividades, cada aluno ou dupla procurará ilustrar o seu texto,

dando um colorido especial à coletânea, tornando-o mais atraente e inte-

ressante aos leitores.

Planejamento de produção de texto (para os alunos)

Leia e reflita sobre cada um dos itens a seguir:

a) Intenção _ Qual será a finalidade do seu causo: divertir, emocio-

nar, relembrar, envolver...

b) Tipo de Leitor _ Pense no leitor ou ouvinte do seu causo, serão

adultos, crianças e jovens. Defina o qual será escolhido, já que o mesmo

fará parte de um livro e ficará na biblioteca do colégio.

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c) Linguagem _ Escolha um tipo de linguagem a ser utilizado levan-

do em conta o objetivo da produção do livro. A linguagem poderá ser em

prosa, mais formal ou informal com características regionais .

d) Assunto _ Poderá ser o tema mais variado, espanto, pavor, refe-

rente a cultura, folclore ou algum que você ache interessante.

e) Escrita _ Faça o registro do seu causo escolhido procurando es-

colher bem a forma de contar os fatos, pois o contador de causos encanta

pela combinação das palavras usadas.

f) Reescrita_ Agora releia o seu texto pronto, procurando corrigi-lo

de acordo com as dicas que o seu professor irá lhe dar para esta ativida-

de.

Sugestões de endereços para pesquisas sobre causos:

http://antigamenteehoje.blogspot.com/2008/09/aventuras-de-pedro-malasartes.html

http://http//victorian.fortunecity.com/postmodern/135/pedromala.htm

http://www.youtube.com/watch?v=MaGbFKS0mv8

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Fonte: Fotos de Arquivo pessoal

http://www.youtube.com/watch?v=QyF1zw1LlHU

Fonte: Fotos de arquivo pessoal

Palavras finais

A leitura é um instrumento muito importante para que o aluno adquira

conhecimentos para melhor compreender a realidade, sendo indispensável na vida

diária das pessoas.

Para trabalhar a leitura, é necessário descobrir e explorar o universo de

textos e histórias que as crianças gostam de ler, oferecer textos dos mais variados

gêneros. Dessa forma, é fundamental trabalhar a importância da leitura dentro do

contexto escolar ou social, apresentando a toda a comunidade escolar as

potencialidades para a descoberta de mundo e melhorar as relações sociais. Vale

lembrar que romper um paradigma onde a leitura é vista como apenas como

responsabilidade da Língua Portuguesa é um grande desafio e deve-se trabalhar

essa mudança de visão enfocando que a leitura está presente no nosso dia-a-dia e

perpassa todas as disciplinas escolares.

Na mesma linha de raciocínio, na visão de Antunes, é essencial que as

propostas de produção textual sejam aptas a “corresponder aquilo que, na verdade,

se escreve fora da escola – e, assim, sejam textos de gêneros que têm uma função

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social determinada, conforme as práticas vigentes na sociedade” (ANTUNES, 2003,

p. 62-63).

Pode-se utilizar em sala de aula diferentes gêneros textuais para o trabalho

com a leitura, interpretação e produção de textos, sendo uma alternativa

interessante o trabalho com o gênero causo que é permeado de informações e traz

para a sala de aula um pouco da cultura das populações.

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