ficha hobsbawm era dos extremos 29 a 60
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Era dos ImpériosTRANSCRIPT
Ficha Hobsbawm Era dos Extremos 20-60
Fichamento de HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
pp.29 a 60.
Eric J. Hobsbawm propõe em seu texto, A Era da Guerra Total presente na referida obra, uma análise
do que representou a ocorrência de duas guerras mundiais, suas dinâmicas próprias e seus efeitos mais
diretos. Vislumbrar o que propriamente ocasionou os conflitos e quais mudanças estes conferiram ao
conceito de guerra igualmente fazem parte de seu intuito.
Primeiramente se registra no texto o entendimento de guerra até então. A premissa do imperialismo
influenciara em larga escala a compreensão do embate bélico como algo relativamente distante,
acompanhado de glória e rapidez. O fim do século XIX, como o autor comenta,ilustra de modo eficaz
esta percepção, no qual exércitos europeus possuíam uma superioridade colossal quando comparados
às poucas resistências de suas colônias, o que transformara os mais organizados adversários em alvos.
A primeira guerra mundial certamente introduzira uma conceituação consideravelmente distinta.
Iniciando-se pelo nível das forças de cada país, havendo ou não vantagem para um dos lados, esta
diferença poderia ser colocada no campo das particularidades. A capacidade de produção, mobilização
e ataque foram elevadas a estágios inéditos à humanidade, o que provavelmente tenha proporcionado a
nomeação de Grande guerra.
Somados a este aspecto, o alcance dos efeitos beligerantes figuravam como conseqüências diretas e
previsíveis, contudo chocantes. Os civis além de serem atingidos pelos subprodutos da guerra, como o
caos instaurado, passaram à classificação de alvos determinados. Talvez um dos processos mais
penosos da guerra tenha sido as estratégias montadas para se eliminar a população local com o corte
do fornecimento de alimentos. Este mecanismo mesmo sendo destacado como algo relativamente
inédito, não o era para os que idealizaram o conflito, afinal o aumento do poderio destrutivo de cada
nação equilibrou assustadoramente as disputas, logo os artifícios utilizados tinham de ser expandidos,
ainda que isso significasse matar civis de fome.
Deste modo, a Grande guerra introduziu um novo modus operandi; devastação, morte de civis como
parte de uma estratégia, acrescentando-se novas tecnologias bélicas e um ritmo implacável de sua
produção. Projetada para ser uma luta rápida, a guerra possuiu uma longa duração que levou nações e
soldados a todos os limites disponíveis. O fato de não se ter previsto um período extenso de conflito
conferiu a guerra de trincheiras a característica de guerra do esgotamento, psicológico, físico e
material.
O desfecho desta praticamente em nada pode ser considerado como um ponto final as tensões. As
transformações desencadeadas e as continuidades estabelecidas ditavam quase um tom profético ao
que viria a ser a segunda guerra mundial. Dentre as modificações políticas citadas pelo autor, destaca-
se o fortalecimento dos EUA, o qual desequilibrou a balança em favor dos aliados, evitando o que por
um momento pareceu possível tamanho o avanço alemão e o enfraquecimento de França e Inglaterra,
porém foram as continuidades que moldaram gradualmente o novo embate mundial.
As retaliações recheadas de revanchismo frente à Alemanha semearam o acirramento dos problemas
que culminaram com a primeira guerra mundial, somados a alguns agravantes. Os regimes totalitários
encontraram terreno fértil para a sua propagação em meio à miséria entre os outros frutos dos tratados
determinados pelos vencedores. Como Hobsbawm ressalta; a Grande guerra entre tantas
conseqüências, produziu tipos distintos de ex-combatentes, aqueles que desenvolveram total repúdio a
violência, tornando-se pacifistas e ferrenhos críticos da guerra e os que fomentaram um forte
sentimento de revanchismo, entre estes esta Adolf Hitler, o qual se apropria de um conjunto de
argumentações que estavam mais próximas do primeiro conflito do que qualquer nova situação
belicosa.
A segunda guerra mundial despontou como um acontecimento quase que anunciado com grande
antecedência entre sua declaração e o início dos primeiros tiros. A progressão alemã fora ainda mais
intensa, e até meados de 1942, como registra o autor discutido, beirava a condição de avalanche.
Provavelmente este avanço nazista pode ser melhor compreendido com o que afirma Hobsbawm. O
temor em se envolver em algo semelhante ao que fora a primeira guerra mundial enfraquecia qualquer
ímpeto mais intenso de intervenção francesa e principalmente inglesa. As feridas abertas pelas
numerosas baixas e pelo vultoso gasto empreendido estavam longe de cicatrizar, e em parte
contribuíram para o atraso o qual se visualizou da entrada das potências na guerra.
A linha traçada pelo autor neste capítulo abstém-se de pormenorizar este segundo conflito global.
Logo, comentando o raciocínio desenvolvido no texto, podemos concluir comentando as mutações
sofridas pelo cenário geopolítico pós-segunda guerra. Além da devastação do território europeu e a
conseqüente desarticulação econômica do continente, pode ser destacado a consolidação da agora
superpotência EUA, que posteriormente notaria o fortalecimento de uma rival socialista. Certamente
este fato reorganizou todo o contexto econômico e político mundial. Entretanto, a segunda guerra
igualmente implementou alterações das relações trabalhistas; o potencial de mobilização dos
trabalhadores fora ampliado e a introdução permanente do gênero feminino pode ser destacado como
sub-produtos os quais igualmente iriam modificar de modo decisivo as interações sociais, políticas e
econômicas.