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Melhorar a capacitação da comunidade por meio de pesquisa participativa da pesca 1. Objetivo Político ou de gestão & Tema Neste trabalho, o enfoque dado a pesquisa participativa decorre de nova visão a partir de diferentes perspectivas, que inclui: governança interativa, a importância da aprendizagem de base local para a resiliência e aprendizagem colaborativa. 2. Enfoques chave Gestão comunitária Pesquisa Participativa Capital social Co-aprendizagem 3. Experiências que podem ser compartilhadas No que toca os aspectos que possam ser compartilhados, pode-se apontar que é importante se discutir de forma aberta com todos os atores os contextos institucionais e políticos da realidade existente, bem como entraves para que possam ser superados. Essa prática, se promovida, pode contribuir para melhorar as discussões relacionadas ao ambiente marinho e costeiro em níveis nacional e internacional. Além disso, as bibliografias não fazem uma reflexão aprofundada sobre o assunto, enquanto gestores e agências financiadoras preocupam- se em apenas aplicar as metodologias em seus projetos, não preocupando-se em haver trocas de aprendizado a partir da experiência dessas comunidades. 4. Visão geral do caso Este artigo expõe os resultados de um projeto que envolveu pesquisadores e pescadores na adaptação de abordagens em ciências sociais participativas com a finalidade de incluir as organizações de pescadores de base comunitária no processo de tomada de decisão. O trabalho foi realizado na região da Baía Fundy, na costa atlântica do Canadá entre os anos de 1999 e 2003. Depois de um período de reflexão sobre o que foi aprendido coletivamente a partir das experiências desse projeto, os pesquisadores convidaram os atores da comunidade para um workshop para discussão e apresentação dos resultados. Concluiu-se que a pesquisa participativa, utilizada para apoiar a gestão de base comunitária, pode ser um instrumento particularmente

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Ficha de Avaliaçao_aula 2

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Page 1: Ficha de Avaliaçao_aula 2

Melhorar a capacitação da comunidade por meio de pesquisa participativa da pesca

1. Objetivo Político ou de gestão & Tema

Neste trabalho, o enfoque dado a pesquisa participativa decorre de nova visão a partir de diferentes perspectivas, que inclui: governança interativa, a importância da aprendizagem de base local para a resiliência e aprendizagem colaborativa.

2. Enfoques chave

Gestão comunitária Pesquisa Participativa Capital social Co-aprendizagem

3. Experiências que podem ser compartilhadas

No que toca os aspectos que possam ser compartilhados, pode-se apontar que é importante se discutir de forma aberta com todos os atores os contextos institucionais e políticos da realidade existente, bem como entraves para que possam ser superados. Essa prática, se promovida, pode contribuir para melhorar as discussões relacionadas ao ambiente marinho e costeiro em níveis nacional e internacional.

Além disso, as bibliografias não fazem uma reflexão aprofundada sobre o assunto, enquanto gestores e agências financiadoras preocupam-se em apenas aplicar as metodologias em seus projetos, não preocupando-se em haver trocas de aprendizado a partir da experiência dessas comunidades.

4. Visão geral do caso

Este artigo expõe os resultados de um projeto que envolveu pesquisadores e pescadores na adaptação de abordagens em ciências sociais participativas com a finalidade de incluir as organizações de pescadores de base comunitária no processo de tomada de decisão. O trabalho foi realizado na região da Baía Fundy, na costa atlântica do Canadá entre os anos de 1999 e 2003. Depois de um período de reflexão sobre o que foi aprendido coletivamente a partir das experiências desse projeto, os pesquisadores convidaram os atores da comunidade para um workshop para discussão e apresentação dos resultados. Concluiu-se que a pesquisa participativa, utilizada para apoiar a gestão de base comunitária, pode ser um instrumento particularmente poderoso. No entanto, esse mecanismo deve ser utilizado no início do processo de gestão, de forma a diminuir os desequilíbrios de poder entre o Estado e as comunidades existentes e deve envolver o engajamento político significativo e capacitação através da co-aprendizagem. Esta avaliação da pesquisa participativa na pesca costeira também tem implicações significativas para o modo como pensamos em relação ao capital social e sobre como podemos desenvolver a gestão dos recursos sob bases comunitárias para um futuro sustentável.

5. Contexto e Objetivos

a) Contexto (local ou situação presente)

Mesmo que os pescadores do litoral canadense possuam algumas vias para a participação nas decisões de gestão, isso só existe em um grau limitado. No entanto, esse envolvimento, para a coleta de dados, faz-se necessário haver a disponibilidade por parte dos pescadores para contribuir com a pesquisa.

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O Departamento Federal de Pesca e Oceanos (DFO) fornece alguns recursos para apoiar este envolvimento em pesquisa e gestão. Porém, apesar do reconhecimento da necessidade de ''gerenciar os pescadores, bem como a pesca'', e da importância em ter a base social do conhecimento da ciência para alcançar este objetivo, o envolvimento dos pescadores em adquirir este conhecimento é um desafio, devido a aumentar a carga de requisição dos mesmos sem produzir benefícios claros.

b) Objetivos

Este artigo trata acerca dos esforços para superar a lacuna de limitação do grau de envolvimento comunitário através de pesquisa em ciências sociais participativas. Além disso, este trabalho analisa o processo de aprendizagem que houve durante um projeto de quatro anos (1999 – 2003) focado na revisão de abordagens de pesquisa participativa padrão, a fim de apoiar a gestão de base comunitária de pescadores da zona costeira canadense.

6. Implementação do Enfoque de GCI (p.e. gestão, ferramentas, recursos)

a) Gestão do Projeto

O projeto envolveu uma ampla gama de participantes, incluindo várias comunidades tradicionais, um número de organizações de pesca não tradicionais, três organizações sem fins lucrativos e quatro universidades. Os participantes das comunidades tradicionais foram a Acadia First Nation, a Bear River First Nation of Nova Scotia, e a Mi'kmaq Confederacy of Prince Edward Island, que optaram por trabalhar juntos em uma única atividade. As organizações de pesca incluídas foram a Halifax West Fishermen’s Association, a Bay of Fundy Inshore Fishermen’s Association (BFIFA), Guysborough County Inshore Fishermen’s Association in Nova Scotia, além do Fundy North Fishermen’s Association from New Brunswick. A pedido da Halifax West Fishermen’s Association, a Eastern Shore Fishermen’s Protective Association também foi convidada a participar. Um número de participantes trouxe organizações sem fins lucrativos para facilitar o trabalho como, por exemplo, o a BFIFA envolvida no Centro de Recursos Marinhos (CRM) e na Rede Saltwater da Baía de Fundy. Estas organizações provaram ter capacidade em fazer a mediação entre pescadores e cientistas. Finalmente, as quatro instituições acadêmicas envolvidas tiveram um representante nas discussões: Wiber (University of New Brunswick), Charles (Saint Mary’s University), Kearney (at that time with St. Francis Xavier University) e Berkes (University of Manitoba).

b) Ferramentas de GCI

A abordagem neste projeto teve o intuito de capacitar e apoiar os pescadores. Em primeiro lugar, a maior parte do orçamento de investigação foi dividido e, em seguida, alocado aos grupos participantes para realizar a pesquisa, sendo que a maioria do financiamento foi destinado diretamente aos mesmos. Em segundo lugar, foi pedido às organizações participantes para definir problemas de pesquisa que atendessem suas necessidades no intuito de definir uma agenda preliminar com as informações resultantes. Cada participante da comunidade traçou metas para várias (em um dos casos, vários participantes colaboraram em uma atividade). Houve algumas limitações impostas às metas colocadas devido às fontes de financiamento. Os projetos tinham de envolver uma questão de ciências sociais e os participantes tinham que estar dispostos a compartilhar suas descobertas com os outros. Terceiro, para melhorar a forma como a pesquisa é realizada, discutimos como e por que a ciência social não conseguiu atender às expectativas dos parceiros no passado. Através da exploração de métodos alternativos de pesquisa com os participantes, possibilitou o desenvolvimento das ferramentas de pesquisa e facilitou a formação de pessoal de investigação. Finalmente, foram desenvolvidos mecanismos para compartilhar os dados resultantes, de forma a trabalhar com os parceiros sobre a análise e a divulgação dos resultados. Os objetivos foram propostos em pequena escala exploratória, no entanto os participantes foram atraídos para temas oportunos e importantes que tendem a aumentar a escala da pesquisa.

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A maioria dos projetos envolveu coleta de dados primários através de entrevistas in loco ou por telefone. Além disso, procurou-se construir a capacidade de gestão entre os membros pela realização de oficinas de informação sobre temas como o quão a ciência pode contribuir nas decisões políticas e as implicações fiscais de transferências inter-gerenciais para associações de pesca.

7. Custo e recursos

Não se aplica

8. Eficácia (p.e. se as metas/objetivos esperados foram atingidas)

Os objetivos da pesquisa foram atingidos. Comunidades que participaram do projeto continuaram o trabalho dos pesquisadores, mesmo depois do término do projeto.

9. Fatores de Sucesso e de Fracasso

O projeto em si foi um sucesso tendo em vista que as ações feitas durante o projeto continuaram até após o término da pesquisa. A comunidade contribuiu significativamente com a pesquisa, havendo a troca de informações e experiências entre os pesquisadores e a comunidade local, favorecendo a co-aprendizagem. O projeto ainda permitiu ligações horizontais em redes entre as comunidades, envolvendo-as ainda mais no projeto de pesquisa. Por fim, o aspecto positivo mais importante é que as comunidades continuaram os trabalhos dos pesquisadores, foram em busca de novos financiamentos e estão auxiliando a incentivar a pesquisa científica mais participativa.

Apesar de haver muitos pontos positivos na realização da pesquisa, também houve alguns fracassos. O primeiro deles foi acreditar que deveria haver apenas a capacitação das pessoas inseridas nas comunidades, não lembrando que a capacitação entre os acadêmicos e instituições também é importante. Apesar de haver pesquisadores no trabalho, a universidade não valoriza o esforço das comunidades e, ainda, se ocorrer de algum líder (comunitário ou governamental) se afastar do projeto, corre o risco de o projeto não continuar.

Outro fator que pode ser levado como fracasso é a consciência dos pesquisadores que seu projeto fará pouca diferença real para os problemas que foram identificados. A frustração também foi por parte da comunidade, pois a experiência dos líderes com as instituições não traziam resultados significativos. Muitos pescadores mais antigos comentaram estar cansados da luta com a burocracia.

10. Resultados Inesperados

Houve uma surpresa na dedicação das comunidades em fazer o projeto dar certo, foram estabelecidas ligações horizontais, atravessando as fronteiras e atingindo outras comunidades para a gestão das águas compartilhadas. Foi extremamente positivo a aceitação da comunidade, estimulando a presença de mais parceiros, mas isto gerou um desafio para gerir o tempo e os recursos do projeto, pois havia mais comunidades envolvidas do que originalmente previsto.

Outra situação inesperada foi a atitude de outras comunidades frente ao projeto que estava sendo realizado. Houve comunidades que não foram convidadas e se sentiram injustiçadas. Os pesquisadores por muitas vezes foram contatados por líderes de outras comunidades cobrando explicações de o porquê da escolha das comunidades envolvidas no projeto. Assim, o próprio ato de selecionar os parceiros da pesquisa foi visto como injusto e altamente político.

11. Preparado por

João Paulo Martins Marques

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12. Verificado por

Brenda da Silveira Wilke

13. Fontes de Informação

WIBER, M.; CHARLES, A.; KEARNEY, J.; BERKES, F. Enhancing community empowerment through participatory fisheries research. Marine Policy 33:172-179 (2009).