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Água e nutrientes são vistos como factores abióticos de produção em qualquer ecossistema agrícola sendo a gestão primordial para a sua sustentabilidade.Uma eficiente gestão destes factores, permite não só ganhos sob o ponto de vista ambiental e económico, como também um controlo efectivo sobre a qualidade dos produtos que pode ter evidentes reflexos nos rendimentos das explorações. Estas preocupações estão também presentes em modos de produção de baixo input para culturas hortícolas e a utilização de substratos orgânicos alternativos é um requisito importante nestes sistemas.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DO ALGARVE
Faculdade de Ciências e Tecnologia
FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO ESPAÇO RURAL
GESTÃO AGRONÓMICA E ENERGÉTICA
EM DUAS ESPÉCIES DISTINTAS
Nelson Miguel Guerreiro Lourenço
Dissertação para a obtenção do grau de
Mestre em Gestão Sustentável dos Espaços Rurais
Janeiro de 2010
Ferramentas para a Gestão do Espaço Rural
Gestão Agronómica e Energética em duas espécies distintas
Capítulo 1 ______________________________________________________________________________________
Nelson Lourenço, Janeiro de 2010
Mestrado em Gestão Sustentável dos Espaços Rurais
II
Índice
Agradecimentos ………………………………………………………………………. X
Resumo ….……………………………………………………………………………. XI
Abstract ………………………………………………………………………………. XIII
Capítulo 1
1.1. Introdução ……...……………………………………………………………. 1
1.2. Objectivos ……………………………………………………………………. 5
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
2.1. Eficiência Energética ....................................................................................... 6
2.2. Mecanismos de multifuncionalidade rural ……………………………….... 8
2.3. Gestão sustentável do espaço rural ……………………………………….... 9
2.4. Alternativas agronómicas: Lactuca sativa e Thymus zygis …….………….. 11
2.5. Substratos orgânicos para a produção …………………………………….. 16
Capítulo 3 – Material e métodos
3.1. Modalidades em estudo e local do ensaio ………………………………….. 22
3.2. Substratos
3.2.1. Matéria orgânica e matéria mineral …...……………………………...... 22
3.2.2. Percentagem de humidade e matéria seca …………………………….... 23
3.2.3. Densidade real e densidade aparente seca …………………………….. 24
3.2.4. Espaço poroso total ................................................................................. 25
3.2.5. Relações ar-água ..................................................................................... 25
3.2.6. pH e condutividade eléctrica …………………………………………. 26
3.3. Material Vegetal: Lactuca sativa
3.3.1. Instalação da cultura …………………………………………………... 27
3.3.2. Produção ………………………………………………......................... 27
3.3.3. Eficiência do uso de água de rega …………………………………….. 28
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Gestão Agronómica e Energética em duas espécies distintas
Capítulo 1 ______________________________________________________________________________________
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Mestrado em Gestão Sustentável dos Espaços Rurais
III
3.3.4. Percentagem de variação de peso fresco entre as
duas campanhas …………………………………………………..……. 28
3.4. Material vegetal: Thymus zygis
3.4.1. Instalação da cultura …………………………………………………… 28
3.4.2. Parâmetros de crescimento
3.4.2.1. Comprimento ……………………………………………….…. 29
3.4.2.2. Diâmetro …………………………………………….…….…… 30
3.4.2.3. Volume radicular ………………………………………………. 30
3.4.3. Produção ……………………………………………………………….. 30
3.4.4. Eficiência do uso de água de rega ……………………………….….…. 30
3.4.5. Composição em óleos essenciais ………………………………………. 30
3.5. Análise Energética
3.5.1. Inputs energéticos ……………………………………………………… 31
3.5.2. Outputs energéticos ……………………………………………………. 33
3.5.3. Balanço energético …………………………………………………….. 33
3.5.4. Eficiência energética …………………………………………………... 34
3.6. Delineamento experimental e tratamento estatístico ……………………... 34
Capítulo 4 – Resultados
4.1. Substratos
4.1.1. Matéria orgânica e matéria mineral ………………................................. 35
4.1.2. Percentagem de humidade e matéria seca …………………………….. 36
4.1.3. Densidade real e densidade aparente seca ………………………….… 37
4.1.4. Espaço poroso total .................................................................................. 39
4.1.5. Relações ar-água ..................................................................................... 40
4.1.6. pH e condutividade eléctrica …………………………………………. 40
4.2. Material Vegetal: Lactuca sativa
4.2.1. Peso fresco e peso seco ………………………………………………... 41
4.2.2. Eficiência do uso de água de rega …………………………………….. 44
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Capítulo 1 ______________________________________________________________________________________
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IV
4.2.3. Percentagem de variação de peso fresco entre as
duas campanhas ………………………………………………….…..... 45
4.3. Material Vegetal: Thymus zygis
4.3.1. Peso fresco ……..……………………………………………………… 45
4.3.2. Eficiência do uso de água de rega ……………………………………… 47
4.3.3. Parâmetros de crescimento …………………………………………….. 48
4.3.4. Composição em óleos essenciais ………………………………………. 49
4.4. Análise Energética
4.4.1. Inputs energéticos ……………………………………………………… 52
4.4.2. Outputs energéticos ……………………………………………………. 56
4.4.3. Balanço energético …………………………………………………….. 56
4.4.4. Eficiência energética …………………………………………………… 57
Capítulo 5 – Discussão dos Resultados
5.1. Substratos ......................................................................................................... 58
5.2. Material Vegetal: Lactuca sativa .................................................................... 60
5.3. Material Vegetal: Thymus zygis ...................................................................... 62
5.4. Análise Energética …………………………………………………………... 65
Capítulo 6 – Conclusões …………………………………………………………...... 67
Capítulo 7 - Referências Bibliográficas ……………………………………………. 69
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V
Índice de Tabelas
TABELA 1 – Quantidades médias de húmus produzido anualmente
por algumas culturas …………………………………………….……. 10
TABELA 2 - Valores aproximados da produção total e percentagem
de sólidos totais dos excrementos produzidos por algumas
espécies pecuárias ……..……………………………………………... 11
TABELA 3 – Cultura de alface em Portugal …………………………........................ 12
TABELA 4 – Grupos de cultivares de alface ………………………………………… 12
TABELA 5 – Classificação botânica do tomilho comum ……………………………. 15
TABELA 6 – Características adequadas para um substrato ………………………….. 18
TABELA 7 – Densidades (kg m-3) em cada substrato …………...................………... 32
TABELA 8 – Valores médios, erro padrão (± EP) da percentagem de matéria
orgânica e matéria mineral para cada modalidade. …………..…......... 35
TABELA 9 – Valores médios (± EP) da percentagem de humidade (H)
e matéria seca (MS) para cada modalidade ………………………...... 36
TABELA 10 – Valores médios (± EP) da densidade real (dr) e densidade aparente
seca (dap) para cada modalidade …….................................................. 37
TABELA 11 – Valores médios (± EP) do espaço poroso total (EPT)
para cada modalidade ………............................................................... 39
TABELA 12 – Valores médios (± EP) da capacidade de arejamento (CA),
água facilmente utilizável (AFU), água de reserva (AR)
e água dificilmente utilizável (ADU) para cada modalidade .............. 40
TABELA 13 – Valores médios de pH (± EP) para cada modalidade antes da
transplantação (AT), após a primeira campanha de Lactuca sativa (A1),
após a segunda campanha de Lactuca sativa (A2) e após a campanha
de Thymus zygis (T1) (9 de Abril de 2009) ………………………...... 41
TABELA 14 – Valores médios de CE (mS cm-1) (± EP) para cada modalidade
antes da transplantação (AT), após a primeira campanha de Lactuca
sativa (A1), após a segunda campanha de Lactuca sativa (A2) e após a
campanha de Thymus zygis (T1) (9 de Abril de 2009) …………........ 41
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VI
TABELA 15 – Valores médios e totais de peso fresco (PF), peso seco (PS)
e peso total (PT) para cada modalidade (9 de Abril de 2009) …….. 42
TABELA 16 – Percentagem de variação de peso fresco entre as duas campanhas …. 45
TABELA 17 – Valores médios e totais de peso fresco para a parte aérea (PA),
parte radicular (PR) para cada modalidade (9 de Abril de 2009) …... 46
TABELA 18 – Valores médios de diâmetro máximo (dmáx), altura máxima (hmáx)
e volume radicular (VR) para cada modalidade …………………..... 48
TABELA 19 – Rendimento do óleo essencial (% v/m) ……………………………… 49
TABELA 20 – Composição do óleo em cada uma das modalidades ………………... 50
TABELA 21 – Grupos de componentes em cada uma das modalidades .......... ........... 51
TABELA 22 – Total de inputs energéticos (MJ) para a cultura de Lactuca sativa
(1.ª campanha) ………………………………………………………. 53
TABELA 23 – Total de inputs energéticos (MJ) para a cultura de Thymus zygis …… 54
TABELA 24 – Percentagem de inputs directos e indirectos em função do total
de inputs para as duas culturas ………………………………………. 54
TABELA 25 – Percentagem de inputs directos e indirectos em função do total
de inputs por modalidade (Lactuca sativa) ………………………….. 55
TABELA 26 – Percentagem de inputs directos e indirectos em função do total
de inputs por modalidade (Thymus zygis) …………………………… 55
TABELA 27 – Outputs para as duas culturas (MJ) ………………………………….. 56
TABELA 28 – Balanço energético nas duas culturas (MJ) ………………………….. 56
TABELA 29 – Eficiência energética por cultura por modalidade …………………… 57
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VII
Índice de Figuras
Figura 1 – Comparativo do consumo energético entre 1992 e 1999 para
o Oeste Europeu, CEE e Europa de Leste e Ásia Central.………………. 1
Figura 2 – Importação média de fertilizantes (kg ha-1) .……………………………... 2
Figura 3 – Consumo energético mundial no período 1860-1990 ……….................... 3
Figura 4 – Energia consumida em explorações agrícolas nos EUA para o ano
de 2002, total = 1,7x1024 BTU ................................................................... 4
Figura 5 – Paisagem rural ………………………………………………………….... 8
Figura 6 – Alface tipo “batavia” …………………………………………………...... 13
Figura 7 – Thymus vulgaris L. ……………………………………………………….. 15
Figura 8 – Vermicomposto …………………………………………………………... 20
Figura 9 – Aspecto de plântulas de Lactuca sativa para vasos de 2 L após
a transplantação ……….............................................................................. 27
Figura 10 – Plantas de Thymus zygis germinadas após 9 semanas (Nov. 2008) …….. 29
Figura 11 – Planta de Thymus zygis da modalidade O 100 após 13
semanas de germinação (Março de 2009) ……………………………… 29
Figura 12 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a percentagem
de matéria orgânica ……………............................................................... 35
Figura 13 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a percentagem
de matéria mineral ………….................................................................... 36
Figura 14 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a percentagem
de matéria seca ......................................................................................... 37
Figura 15 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a densidade real ........ 38
Figura 16 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a densidade
aparente seca .............................................................................................. 38
Figura 17 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e o
espaço poroso total ................................................................................... 39
Figura 18 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a produção de
Lactuca sativa (peso fresco) (1.ª campanha) ………………………….... 42
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VIII
Figura 19 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a produção de
Lactuca sativa (2.ª campanha). ………………………………………..... 43
Figura 20 – Plantas de Lactuca sativa produzidas por cada uma das modalidades
em estudo no final do ensaio (Maio de 2009) ........................................... 43
Figura 21 – Distribuição das eficiências do uso de água de rega
pelas modalidades (Lactuca sativa) …………………………………….. 44
Figura 22 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a parte aérea ……...... 46
Figura 23 – Plantas de Thymus zygis no final do ensaio (Abril de 2009) .…………… 47
Figura 24 – Distribuição das eficiências do uso de água de rega nas
modalidades (Thymus zygis) ……………………………………………. 48
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IX
Índice de Símbolos e Abreviaturas
BTU – British Thermal Unit
CDCTPV – Centro de Desenvolvimento de Ciências e Técnicas de Produção Vegetal
CEE – Comunidade Económica Europeia
CO2 – Dióxido de carbono
CTC – Capacidade de troca catiónica
dap – Densidade aparente
daps – Densidade aparente seca
dr – Densidade real
EECCA - Eastern Europe, Caucasus and Central Asia
ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais
EUA – Estados Unidos da América
g – Grama
GPL – Gases Parcialmente Liquefeitos
ha – Hectare
kg – Kilograma
kPa - Kilopascal
MJ - Megajoule
MM – Matéria mineral
MO – Matéria orgânica
OCDE – Organization
PAC – Política Agrícola Comum
ROB – Resíduos Orgânicos Biodegradáveis
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
t - Tonelada
V – Vermicomposto
UE – União Europeia
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X
Agradecimentos
Os meus mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que contribuíram de alguma forma
para a execução deste Projecto, pois sem eles, tudo se afiguraria mais difícil. Este trabalho
tem, em parte, um pouco de cada um deles.
Aos meus pais e irmãos, à Sónia, aos meus orientadores de Mestrado – o Prof. Doutor
Pedro José Correia e o Prof. Doutor Mário Reis pela sua sempre compreensão e
disponibilidade e também à Professora Maribela Pestana.
Um especial agradecimento à Ana pela sua constante amabilidade e a todos os
colaboradores do CDCTPV, em particular à Teresa Saavedra e à Florinda Gama por me
terem acolhido e demonstrado paciência e cordalidade.
Agradeço particularmente à empresa Dandlen & Vasques, Lda pelo fornecimento das
sementes de Thymus zygis.
Agradeço ainda à Luísa pela ajuda prestada no laboratório de solos.
Votos sinceros de sucesso pessoal e profissional para todos os que aqui mencionei, pedindo
desculpa aos que, por falha ou mero esquecimento, não mencionei.
Não um adeus, mas sim um até já.
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XI
Resumo
Água e nutrientes são vistos como factores abióticos de produção em qualquer
ecossistema agrícola sendo a gestão primordial para a sua sustentabilidade.
Uma eficiente gestão destes factores, permite não só ganhos sob o ponto de vista
ambiental e económico, como também um controlo efectivo sobre a qualidade dos
produtos que pode ter evidentes reflexos nos rendimentos das explorações. Estas
preocupações estão também presentes em modos de produção de baixo input para
culturas hortícolas e a utilização de substratos orgânicos alternativos é um requisito
importante nestes sistemas.
Embora existam muitos dados sobre a produtividade primária na agricultura biológica
vs convencional é particularmente interessante quantificar as diferenças entre os fluxos
energéticos dos dois sistemas.
De um modo geral, os dados indicam que os sistemas em modo de produção
orgânico são mais eficientes energeticamente, embora menos produtivos em termos
agronómicos. No entanto se se apostar na diversidade e multifuncionalidade de culturas
como o futuro para a ocupação do solo e do espaço rural valorizando-se os resíduos
orgânicos produzidos na própria exploração em particular nas zonas marginais, existe
um conhecimento de base que deve ser adquirido. Deste modo, foi de todo o interesse o
estudo para cada cultura entre o modo de produção convencional (substrato turfa) e o
modo de produção orgânico (substrato vermicomposto) em culturas cujo output final
seja completamente distinto, como por exemplo uma cultura hortícola e uma espécie
cultivada para a extracção de óleos.
Utilizou-se para o efeito a alface tipo “batavia” (Lactuca sativa) como cultura
hortícola e tomilho (Thymus zygis) como cultura energética com potencial para
extracção de óleos essenciais.
A análise da eficiência energética passa por fornecer os parâmetros necessários
para medir, interpretar e subsidiar medidas de apoio à gestão sustentável do espaço
rural, sendo de suma importância para a resolução da eficiência no aproveitamento da
energia num ecossistema agrícola numa perspectiva de produção de culturas eficientes.
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XII
Assim, a abordagem proposta nesta Dissertação poderá fornecer indicações sobre
as vantagens e desvantagens de cada uma dos binómios cultura/substrato, para uma
gestão e ocupação do solo no espaço rural após os resultados obtidos.
Palavras-chave: sustentabilidade; gestão energética; cultura eficiente; espaço rural.
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XIII
Abstract
Water and nutrients are seen as abiotic factors of production in any agricultural
ecosystem and its management vital for its sustainability. Efficient management of these
factors, it not only gains in terms of environmental and economic, but also effective
control over the quality of products that can have obvious impact on income from
farming. These concerns are also present in the organic production of horticultural crops
and the use of alternative organic substrates is an important requirement in these
systems.
Although there are many data on primary productivity in organic farming vs.
conventional production is particularly interesting to quantify the differences in energy
flows between the two systems. Overall, the data indicate that the systems in organic
farming is more energy efficient, but less productive in agronomic terms. However if
you bet on the diversity of cultures and the future for the occupation of land and the
countryside, appraising the organic waste produced on-farm, particularly in marginal
areas, there is a knowledge base that must be acquired.
Thus, it is of great interest to the study for each crop between the conventional
method of production (peat) and organic production (wormcompost) in cultures whose
final output is completely different, such as a vegetable crop and a species cultivated for
the extraction of oils. The energy management in agricultural ecosystems through the
balance between the entries, these are means, methods of fertilization and labor-human
as well as the outflow of energy such as biomass produced.
The analysis also allows energy to understand and estimate the energy values
entered in a system and identify the points of energy expenditure and the components
can be replaced by others of greater efficiency (Comitre, 1993).
The energy crisis makes it necessary to include the consumption of fossil fuels
and their derivatives.
This demand has become urgent, also in agriculture, for which there should be
that increases in productivity can no longer be supported by unlimited energy
availability.
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Capítulo 1 ______________________________________________________________________________________
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XIV
The analysis of energy efficiency is to provide the necessary parameters to
measure, interpret and support measures to support sustainable management of land,
being of great importance for the resolution of energy efficiency in an agricultural
ecosystem, therefore, the approach proposed in this work could provide information on
the advantages and disadvantages of each of the twin culture / substrate, a management
and occupation of land in rural areas in a view to efficient crop production.
Keywords: sustainability; energy management; efficient culture; rural areas.
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Capítulo 1 – Introdução
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- 15 -
Capítulo 1
1.1. Introdução
Para além de uma agricultura não competitiva, os espaços rurais em Portugal
confrontam-se hoje com problemas de despovoamento, processos de desertificação
e fogos florestais (Valadas de Lima, 1991).
O aumento de uso da energia consumida na agricultura em combinação com o
aumento dos custos de produção tem levado à necessidade de se obter sistemas
agro-pecuários mais eficientes na utilização de recursos não renováveis (Zentner et
al., 1984).
A matéria mineral para fertilização detém uma importante fracção do total de
energia utilizada na agricultura na forma de energia indirecta proveniente de
combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural, tendo registado, em milhões
de toneladas um aumento de 8% de 1992 para 1999 no Oeste Europeu (Figura 1).
Figura 1 – Comparativo do consumo energético entre 1992 e 1999 para o Oeste Europeu (WE),
Comunidade Económica Europeia (CEE), Europa de Leste e Ásia Central (EECCA) (Fonte:
http://www.usda.gov/wps/portal/usdahome).
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Capítulo 3 – Material e Métodos
______________________________________________________________________________________
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Mestrado em Gestão Sustentável dos Espaços Rurais
- 16 -
Torna-se assim determinante implementar medidas de optimização energética
procurando processos energeticamente eficientes e de baixo input energético
caminhando no sentido da sua transição para uma agricultura sustentável e, a partir
da integração das suas múltiplas funções económicas, sociais e ambientais, vir a
constituir uma importante contribuição para o desenvolvimento rural sustentável
(Valadas de Lima, 1991).
Até 1999, a Europa de Leste ocupava o primeiro lugar em matéria de
importação média de fertilizantes em kg ha-1 seguindo-se a Europa Central e
Ocidental (Figura 2).
Figura 2 – Importação média de fertilizantes na Europa de Leste, Europa Central e
Ocidental e EECCA (kg ha-1) (Fonte: http://www.usda.gov/wps/portal/usdahome).
A gestão energética num ecossistema agrícola passa pelo balanço entre
entradas (inputs), sejam estes meios, modos de fertilização e mão-de-obra humana
bem como as saídas (outputs), como a biomassa produzida, possibilitando ainda
compreender e fazer estimativas dos valores energéticos introduzido no
agrossistema (Comitre, 1993; Oliveira Júnior, 2005).
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Capítulo 1 – Introdução
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- 17 -
Contudo, a quantidade de energia necessária para a produção agrícola de
culturas tem sido superior ao obtido em valor energético dos produtos,
proporcionando assim uma baixa eficiência energética (Pimentel et al., 1990;
Gliessman, 2000).
As estimativas para o consumo energético mundial (incluindo o sector da
agricultura) apontam para um aumento constante (Figura 3).
Figura 3 – Consumo energético mundial no período 1860-1990 (Dorf, 1981).
A energia consumida na forma de inputs energéticos em explorações
agrícolas nos EUA para o ano de 2002 dependeu essencialmente das entradas em
matéria de fertilizantes (29%), diesel (27%) e electricidade (21%) totalizando para
o referente ano 1,7x1024 BTU (Miranowsky, 2001) (Figura 4).
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Capítulo 3 – Material e Métodos
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Figura 4 - Energia consumida em explorações agrícolas nos EUA para o ano de 2002, total =
1,7x1024 BTU. 1 BTU = 1 055,05585 J. (Miranowsky 2001).
Os inputs num agrossistema podem ser definidos como directos
(combustíveis, gás natural, electricidade, trabalho humano e água de rega) e
indirectos (fertilizantes, fitofarmacêuticos) (Miranowsky, 2002). Os adubos são
utilizados com o objectivo de incrementar e melhorar produções agrícolas sendo
considerados como um produto fertilizante (Santos, 1995).
A designação de adubos ainda se encontra associada à presença de nutrientes,
recebendo, no caso de adubos minerais (adubos de origem mineral ou obtidos
industrialmente por processos de síntese) a designação de elementares (Santos,
1995). Estes adubos, como a própria designação indica, possuem origem mineral
sendo obtidos industrialmente e considerados, em grande parte, os fertilizantes mais
responsáveis pela poluição do ambiente (Santos, 1995).
Substratos minerais foram inicialmente utilizados na produção de culturas
sendo gradualmente substituídos por outros de natureza orgânica com
características que satisfazem as exigências das plantas envasadas.
Infelizmente, verifica-se que certos substratos orgânicos são recursos finitos e
não renováveis, como é o caso da turfa, sendo cada vez mais as preocupações
ambientais com a sua extracção em grande escala.
Fertilizantes29%
Diesel27%
Electricidade21%
Gasolina8%
Pesticidas6%
GPL5%
Gás Natural
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Gestão Agronómica e Energética em duas espécies distintas
Capítulo 1 – Introdução
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Mestrado em Gestão Sustentável dos Espaços Rurais
- 19 -
Tem-se assistido a pressões no sentido de reduzir e cessar a exploração de
turfa prevendo-se a médio prazo uma redução da sua disponibilidade com
consequentes aumentos de custos.
O vermicomposto resulta da valorização da decomposição controlada da
fracção orgânica de resíduos – Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), resíduos agro-
florestais e lamas de ETAR através de minhocas, promovendo a formação de
substâncias húmicas (Aquino, 1994).
1.2. Objectivos
O objectivo geral da presente Dissertação é o de avaliar a produtividade, a
eficiência dos factores de produção e a eficiência energética em Lactuca sativa e
Thymus zygis, estabelecidos em dois tipos de substratos: um substrato orgânico
(vermicomposto) e um substrato comercial (mistura de turfa de crescimento).
Pretende-se também estudar a relação entre as propriedades físicas das diferentes
modalidades e a produção de biomassa em Lactuca sativa e a produção de óleos
essenciais em Thymus zygis. Espera-se que os resultados obtidos possam servir de
instrumento de apoio à gestão dos espaços rurais com base nos custos agronómicos
e energéticos envolvidos no processo de produção. Estas informações poderão
fundamentar decisões para a optimização e redução de custos energéticos e
ambientais.
A abordagem proposta poderá fornecer indicações sobre as vantagens e
desvantagens de cada uma dos binómios cultura/substrato e a eficiência energética
de factores de produção em estufa para uma gestão e ocupação do solo em espaços
rurais devolutos e marginais.
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Gestão Agronómica e Energética em duas espécies distintas
Capítulo 3 – Material e Métodos
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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
2.1. Eficiência Energética
A racionalização da utilização de energia tem sido considerada uma forma
eficiente e sustentável de forma a serem reduzidos inputs energéticos, ganhando-se
competitividade em termos de mercado (Serra et al., 1979). Os processos
frequentemente utilizados para obtenção de energia consideram o somatório de
inputs de origem directa e indirecta, inseridas num determinado bem ou serviço
(Serra et al., 1979).
A análise dos processos requer uma análise rigorosa de todos os bens e
formas de energia directa utilizados na fabricação de produtos. A avaliação da
energia total contida num determinado bem (a produção de culturas hortícolas ou
aromáticas por exemplo) só poderá ser realizada se ocorrer uma análise fraccionada
à análise de processos em certa etapa (Serra et al., 1979). A análise da eficiência
energética permite fornecer os parâmetros necessários para medir, interpretar e
subsidiar medidas de apoio à gestão sustentável do espaço rural, sendo de suma
importância para a resolução da eficiência no aproveitamento da energia num
ecossistema agrícola. Deste modo, os balanços energéticos são fundamentais para a
qualidade ambiental, visto que, um aumento do nível de consumos pode originar
em modo directo, maior número de emissões de gases de efeito estufa nos
processos produtivos (Doering III et al., 1977; Castanho Filho e Chabaribery, 1983;
Comitre, 1993; Campos, 2001).
Os inputs utilizados em produção vegetal representam custos energéticos.
Dependendo desses factores e das produções obtidas, a conversão da produção em
energia determinará a eficiência energética de um determinado sistema. As práticas
agrícolas apenas poderão atingir e cumprir os objectivos de sustentabilidade
ambiental apenas de forem cumpridos os princípios de sustentabilidade energética
(Souza et al., 2008)
As formas directas e indirectas de energia são necessárias para a produção
vegetal.
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Capítulo 1 – Introdução
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Assim sendo, a análise do coeficiente entre as entradas (inputs) e as saídas de
energia (outputs) é frequentemente utilizada de modo a se proceder à avaliação da
eficiência energética e dos respectivos impactes no ambiente dos sistemas
produtivos denominando-se de eficiência energética (Singh et al., 1997).
Avaliando quatro espécies de culturas hortícolas em modo de produção
convencional Ozkan et al., (2004) verificaram que os consumos energéticos foram
elevados neste tipo de sistema de produções, variando entre 19,2x103 MJ ha-1 em
pimentos até 32,2x103 MJ ha-1 em pepinos. Mesmo tendo-se obtido elevadas
produtividades (200 t ha-1 em tomate), as eficiências energéticas foram
relativamente baixas. A relação entre a quantidade de outputs e a quantidade de
inputs foi de 1,26 (tomate), 0,99 (pimento), 0,76 (pepino) e 0,61 (beringela).
Estudos realizados pelos mesmos autores determinaram eficiências
energéticas em modo de produção convencional de 2,15 para a batata, 2,41 para a
cebola e 4,80 para a cenoura sendo que os valores médios de eficiência energética
em modo de produção orgânico para culturas hortícolas se encontram em 5,31,
confirmando-se a maior eficiência energética deste sistema produtivo.
Estes resultados têm sido comprovados em muitos estudos realizados no qual
se comparam sistemas orgânicos de produção com sistemas convencionais de
produção (Mansvel et al., 1998; Waldon et al., 1998; Reganold et al., 2001; Poudel
et al., 2002), indicando um aproveitamento mais eficiente de recursos e energia e
directamente, uma taxa superior de conversão energética nos sistemas orgânicos de
produção de culturas hortícolas.
Trabalhando em culturas hortícolas, Gândara (1998) avaliou a eficiência
energética em modos de produção convencionais e orgânicos de produção de alface
e beterraba. As exigências energéticas mais elevadas no sistema convencional
foram representadas pela energia nos inputs de origem industrial (57 %), dos quais
os adubos minerais representaram cerca de 48 % ao passo que no sistema orgânico
o maior input foi obtido pelo trabalho humano (18 %) e pela adubação orgânica (75
%).
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2.2. Mecanismos de Multifuncionalidade Rural
O espaço rural (Figura 5) tem passado recentemente por um conjunto de
mudanças com significativo impacto sobre as suas funções e conteúdo social,
levando ao desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre o tema em vários países,
sobretudo nos países desenvolvidos, onde esse processo apresenta maior
importância (Marques, 2007).
Figura 5 - Paisagem rural (http://ipt.olhares.com/data/big/55/557599.jpg).
A OCDE, em 2000, definiu a multifuncionalidade da agricultura como “a
existência de múltiplos outputs mercantis e não mercantis que são conjuntamente
produzidos pela agricultura” (Laurent, 2000). A noção de multifuncionalidade
aponta para a diversificação económica da agricultura e dos territórios rurais,
baseada na valorização dos seus recursos materiais e imateriais. Os recursos
imateriais são constituídos, essencialmente, pelo ambiente rural, a paisagem
agrícola e o património cultural. Esses recursos são, hoje, alvo de uma crescente
procura pela sociedade, como sejam a produção agropecuária, a garantia da
qualidade dos alimentos, a manutenção do potencial produtivo do solo, a
conservação das características paisagísticas das regiões, a protecção ambiental no
meio rural, a manutenção de um tecido económico e social rural, a conservação do
capital cultural e a diversificação das actividades rurais (Laurent, 2000).
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No âmbito dos países desenvolvidos, a emergência do paradigma da
multifuncionalidade tem proporcionado um intenso debate que divide opiniões
acerca do papel da agricultura e do espaço rural como é exemplo a tentativa em
denominar as suas novas funções – sociais, culturais e ambientais, além das de
carácter económico e de abastecimento tradicionalmente atribuídas (Laurent e
Mouriaux, 1999; Laurent, 2000; Blanchemanche et al, 2000).
Uma das questões centrais que a problemática da multifuncionalidade
agrícola levanta, quando discutida do ponto de vista do desenvolvimento rural, é,
efectivamente, a da integração das explorações agrícolas numa estratégia coerente
de maximização dos recursos locais (Valadas de Lima, 1991).
2.3. Gestão Sustentável do Espaço Rural
Ainda que cada território possua, sem excepção, aptidões para um
determinado tipo de uso do solo, o espaço rural apresenta, cada vez mais, condições
para ocorrência de fenómenos de erosão e desertificação, potenciais causadores do
êxodo rural e outros problemas sociais e económicos. O desenvolvimento rural
sustentável implica a articulação entre as várias dimensões da sustentabilidade: a
sustentabilidade económica, social, ambiental e institucional e carece, numa
primeira fase, de apoio e incentivos por parte das políticas públicas. Estas, por sua
vez, devem ser pensadas no contexto de uma estratégia global de desenvolvimento
rural que contemple a agricultura (Valadas de Lima, 1991).
Os impactes da produção agrícola sobre o ambiente podem ser geridos e
controlados quer em regiões onde a agricultura intensiva tem sido determinante,
quer nas regiões onde se verifica um crescente processo de despovoamento e de
desertificação física. É neste contexto de evolução do sector agrícola que as
medidas agro-ambientais, provenientes da Reforma da PAC de 1992, são
introduzidas, em 1994, em Portugal.
Na procura em promover uma gestão sustentável do espaço rural, tem-se
vindo a questionar actualmente a utilização de fertilizantes de síntese –
agroquímicos, na produção de diversas culturas (Ehlers, 1996).
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A partir da constatação dos problemas resultantes da fertilização química e
mineral tem-se vindo a incentivar práticas agrícolas que promovam a produção de
culturas de qualidade sem contaminantes e promovam o desenvolvimento do meio
rural (Darolt, 2002). É o caso da produção de fertilizantes na própria exploração,
reciclando-se substratos e desenvolvendo-se culturas sustentáveis e eficientes em
termos de nutrição sendo até mais eficientes sobre o ponto de vista energético. Os
resíduos agrícolas são os resíduos gerados directa ou indirectamente em processos
produtivos da actividade agrícola como sejam os resíduos das culturas (Tabela 1),
os dejectos pecuários (Tabela 2) e os resíduos silvícolas.
A utilização de matéria orgânica como reserva e fornecedor de nutrientes para
as plantas possui aspectos positivos na qualidade das culturas e do solo uma vez
que a sua incorporação tem demonstrado ser uma prática viável no incremento da
fertilidade e produtividade, desencadeando efeitos globais no que respeita à
melhoria físico-química e biológica das plantas (Noronha, 2000).
Este facto contribui para o seu crescimento e desenvolvimento, aumentando a
capacidade de circulação e retenção de água e nutrientes, sendo em grande parte
responsável pelo aumento de capacidade de troca catiónica (Kiehl, 1985).
TABELA 1 – Quantidades médias de húmus produzido anualmente por algumas culturas.
Fonte: Moreno (1996).
Cultura Húmus produzido
por ano (kg ha-1)
Trigo (palha) 400
Trigo (raízes e restolho) 400 a 800
Raízes e restolho de outros cereais) 300 a 500
Milho (raízes e restolho) 400 a 800
Milho (raízes, restolho e canas) 700 a 1400
Beterraba (folhas e coroas) 450 a 900
Colza (raízes, palhas e silícuas) 1500 a 2600
Adubos verdes 40 kg t-1
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TABELA 2 – Valores aproximados da produção total e percentagem de sólidos totais dos
excrementos produzidos por algumas espécies pecuárias (Adaptado de USDA, 1992).
Espécies pecuárias Peso (kg)
Produção total de excrementos
(por 500 kg de peso vivo)
Sólidos totais
(% na matéria
fresca) Em kg dia-1 Em dm3 dia-1
Vaca leiteira 450 41,3 41,6 12,7
Bovino de engorda 450 30,2 31,5 11,6
Vitela 90 31,1 31,6 8,4
Leitão 15 33,3 36,6 9,2
Porco de engorda 30 31,6 32,6 9,2
Ovelha 45 20,0 18,9 25,0
Galinha poedeira 1,8 26,4 28,3 25,2
Frango 0,9 35,6 37,8 25,2
Peru 6,8 23,7 23,4 25,5
Cavalo 450 22,7 23,4 20,5
2.4. Alternativas Agronómicas: Lactuca sativa e Thymus zygis
A alface (Lactuca sativa) é uma das espécies do género Lactuca. Este género
é relativamente próximo do género Cichorium, ao qual pertencem a escarola e as
diversas formas hortícolas da chicória. É cultivada pelas suas folhas, normalmente
consumidas cruas em salada.
As suas folhas são constituídas essencialmente por água, fornecendo ainda
vitaminas, fibra e minerais à dieta do Homem.
Em Portugal, a alface é cultivada tanto em estufa como ao ar livre um pouco por
todo o país. As maiores áreas com cultivo de alface concentram-se perto dos
grandes centros populacionais junto ao litoral, nomeadamente Oeste, Entre-Douro-
e-Minho e Beira Litoral. Actualmente a produção nacional é cerca de 56 mil
toneladas numa área de 2500 ha (Tabela 3) (Almeida, 2006).
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TABELA 3 – Cultura de alface em Portugal (INE, 2004).
- 2001 2002 2003 2004
Superfície (ha) 2408 2536 2541 2515
Produção (t) 53887 57162 57287 56112
Produtividade (t ha-1) 21,8 22,5 22,5 22,3
Peso fresco por planta (g) a) 244,0 a)Dados duma cultura de alface em estufa em cultura de Outono-Inverno, na região de Entre-Douro-e-Minho.
Actualmente consideram-se grupos de cultivares (Tabela 4) onde se inclui a
designação da respectiva variedade botânica como é exemplo o tipo “batavia”
(Figura 6).
A alface é uma espécie anual de ciclo cultural relativamente curto. A duração
de cada ciclo cultural depende de vários factores, como sejam da cultivar, da região
e da época de produção. O ciclo cultural em estufa dura cerca de 6 a 8 semanas na
época de Primavera-Verão e 10 a 12 semanas na época de Inverno.
A alface batavia forma um repolho arredondado ou ovóide, de folhas crespas
ou margens sinuosas ou recortadas. Distinguem-se as batávicas europeias e as
batávias americanas (tipo iceberg) cujo repolho muito compacto se encontra
nitidamente separado das folhas externas (Tabela 4) (Almeida, 2006).
TABELA 4 – Grupos de cultivares de alface (Almeida, 2006)
Tipo de cultivares Variedade de L. sativa
Bola de manteiga var. capitata
Batávia var, capitata
Romana var. longifolia
Acéfala ou de corte var. acephala (sin. var. crispa)
De caule var. asparigina (sin. ar. augustana)
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Figura 6 – Alface tipo “batavia”
A produção de aromáticas apresenta-se como uma alternativa à produção de
hortícolas, contribuindo para o embelezamento paisagístico.
Estas plantas têm sido desde longa data utilizadas pelas populações locais
para variados fins, sendo os costumes e saberes tradicionais a elas associados
transmitidos de gerações em gerações até aos dias de hoje (Fernandes, 2000).
Actualmente, verifica-se que o saber popular sobre este assunto se tem
vindo a perder progressivamente, tendo o abandono do meio rural contribuído para
este fenómeno.
Pretende-se que o cultivo de plantas aromáticas e medicinais possa
constituir no futuro um complemento económico para algumas das zonas rurais
podendo, através de uma estratégia integrada conduzir à obtenção de receitas nesses
meios.
O género Thymus é taxonomicamente um género muito complexo tanto
química como morfologicamente. A variabilidade química dos óleos essenciais de
Thymus encontra-se documentado e de acordo com alguns autores, o polimorfismo
químico só pode ser determinado pela sua espécie e variedade, diversidade genética
relacionada com a heterogeneidade das condições ambientais (humidade, amplitude
térmica e tipo de solo) e estado de desenvolvimento do material vegetal, variação
sazonal e condições agronómicas (Morales, 2002; Sáez e Staha-Biskup, 2002;
Figueiredo et al., 2008); Horwath et al., 2008).
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A espécie Thymus zygis cresce espontaneamente na Península Ibérica
podendo ser encontradas três subespécies: Thymus zygis Loefl. ex. L. subsp. zygis,
Thymus zygis Loefl. ex. L. subsp. sylvestris e Thymus zygis subsp. gracilis. Boas
práticas de cultivo de Thymus zygis são necessárias para a obtenção de teores
suficientes de biomassa e produção de óleos essenciais com rendimento e
composição química adequados (Letchamo et al., 1994; Bravo et al., 1996, Guillén
e Cabo, 1996; Jeliazkova et al., 1999, Miguel et al., 2003; Mohamed e Abdu, 2004;
Tuncturk , 2008).
A espécie Thymus zygis. originária da bacia mediterrânea ocidental, é uma
planta aromática, pertencente à família Lamiaceae, cultivada na Europa,
especialmente na Hungria, Alemanha, Espanha e sul da França. No Brasil, é
conhecida popularmente por tomilho ou timo e já se encontra completamente
aclimatada (Pinto et al., 2001). Também é conhecida por outros nomes como: arca,
arçanha, poejo e segurelha, (Silva e Verona, 1997). Na Tabela 5 encontra-se a
classificação botânica do tomilho comum.
Uma das particularidades do género Thymus é a elevada variabilidade
química dos óleos produzidos.
As indústrias farmacêuticas e alimentares exploram os extractos e óleos
essenciais de Thymus vulgaris (Figura 7) graças à comprovada actividade
antioxidante. Além disso, o timol e o carvacrol são potentes bactericidas e
fungicidas, sendo reconhecidos cientificamente (Almeida, 2006).
Outros compostos fenólicos, como taninos e flavonóides também já foram
caracterizados e relacionam-se com as actividades antioxidantes, expectorantes,
digestivas e antinflamatórias associadas a esta planta (Shan, 2002).
O tomilho é uma cultura perene que, no que respeita às exigências edafo-
climáticas, necessita de uma estação de crescimento longa de modo a terem boa
produtividade e qualidade.
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Figura 7 – Thymus vulgaris L.
Prefere climas temperados a temperado-quentes e secos e locais que
proporcionem boa exposição solar. São tolerantes à geada, podendo sobreviver a
temperaturas inferiores a – 10 ºC. O excesso de humidade relativa do ar é
prejudicial à cultura (Morales, 2002).
TABELA 5 - Classificação botânica do tomilho comum (Almeida, 2006).
Família Lamiacea
Subfamília Nepetoideae
Tribo Mentheae
Género Thymus
Subgénero Thymus
Secção Thymus
Espécies Thymus zygis
Quanto ao solo, este deve ser bastante permeável e de textura média a
grosseira. A sua germinação pode ser retardada em solos argilosos ou em solos
demasiado húmidos.
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Se a cultura se destinar à extracção de óleos essenciais, procede-se à colheita
de ramos no início da floração. A produtividade de folhas secas, numa cultura de
sequeiro de Thymus varia entre os 700 e os 1500 kg ha-1. A produtividade dos óleos
essenciais na mesma espécie situa-se entre 30 a 40 L ha-1 (Morales, 2002).
2.5. Substratos orgânicos para a produção
O termo substrato aplica-se a qualquer material sólido, distinto do solo,
natural, de síntese ou residual, mineral ou orgânico, que colocado num contentor,
estreme ou em mistura, permite o desenvolvimento do sistema radicular,
desempenhando um papel de suporte da planta (Abad et al., 2004).
Quando se produzem plantas em recipientes (vasos, sacos de plástico,
contentores rígidos e outros) o desenvolvimento do seu sistema radicular,
contrariamente ao que sucede em espaço aberto é limitado pelo reduzido volume
que estes oferecem.
Tal facto, faz com que as exigências das plantas relativamente à capacidade
de retenção de água, arejamento e disponibilidade de nutrientes do substrato onde
se encontram sejam muito mais intensas do que aquelas que teriam quando
cultivadas em campo aberto, onde o volume de solo, teoricamente, é ilimitado.
Por este motivo novos materiais alternativos vem sido colocados nos
mercados, susceptíveis de substituir as turfas ou materiais afins em parte ou na
totalidade para a produção em estufa.
Por outro lado, na procura de uma exploração eficiente e sustentável dos
recursos naturais é importante utilizar inputs produzidos na própria exploração
(Ribeiro, 2006).
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Em substratos, as relações ar-água possuem grande importância:
Capacidade de arejamento (CA):
É definida como a proporção de volume do substrato que contem ar depois deste ter
sido saturado com água e deixado a drenar (Abad et al, 2004). As raízes requerem
oxigénio para manter a actividade metabólica e crescimento. Deste modo, o deficit
temporal de oxigénio pode reduzir o crescimento das raízes e da parte aérea (Abad
et al., 2004).
Os microrganismos, para a sua sobrevivência, também requerem oxigénio. Nos
substratos orgânicos, onde existe uma elevada população microbiana, as plantas
requerem o dobro do oxigénio que as cultivadas em substratos minerais (Abad et
al., 2004).
A distribuição do tamanho dos poros é um factor chave do estado hídrico e da
quantidade de oxigénio dos substratos devendo, 20 a 30 % do volume do substrato
ser compreendido pelos poros de maiores dimensões (Abad et al., 2004)
Água Facilmente Utilizável (AFU):
É calculada pela diferença entre o volume de água retida no substrato, depois de ter
sido saturado com água, e deixado drenar a 1 kPa, e o volume de água presente no
mesmo a 5 kPa. A 1 kPa obtêm-se um conteúdo mínimo de ar (De Boodt, et al.,
1974). Este parâmetro é outro dos factores bastante importantes no que se refere às
condições de humidade para permitir o crescimento vegetal. Os valores óptimos
estão compreendidos entre 20 e 30 % do espaço poroso total do substrato (Abad et
al., 2004).
Água de Reserva (AR):
Define-se como a quantidade de água que se liberta num substrato, quando se passa
de 5 para 10 kPa. O seu valor óptimo está compreendido entre 4 e 10 % do volume
(Abad et al., 2004).
Água Dificilmente Utilizável (ADU):
Define-se como o volume de água retido a 10 kPa. Este foi o limite de tensão
encontrado experimentalmente para o cultivo de plantas em substrato (Abad et al.,
2004).
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Um substrato deverá apresentar as características expressas na Tabela 6.
TABELA 6 - Características adequadas para um substrato. Fonte: Abad et al., 2004.
Parâmetro Valor óptimo
Espaço poroso total > 85 % volume
Capacidade de arejamento 20 - 30% volume
Água facilmente utilizável 20 - 30% volume
Água de reserva 4 - 10 % volume
Água total 24 - 10% volume
Dimensão das partículas Textura média a grosseira 0,25 – 2,5
mm
dap (em estufa) < 0,4 g cm-3
Contracção de volume < 30%
CE – no extracto de saturação do substrato
(mS cm-1) 0,75 – 1,99
pH 5,2 – 6,3
C/N 20 – 40
Matéria orgânica total (%) > 80
Matéria mineral total (%) < 20
Nutrientes assimiláveis
Azoto total (ppm) N-NO3
- 100 - 199 ppm
N-NH4+ 0 – 20 ppm
Potássio Total (K+) (ppm) 150 – 249
Fósforo Total (P) (ppm) 6 – 10
Magnésio Total (Mg2+) (ppm) > 70
Cálcio Total (Ca2+) (ppm) > 200
Ferro (Fe) (ppm) 0,3 – 3,0
Manganês (Mn) (ppm) 0,02 – 3,0
Molibdénio (Mo) (ppm) 0,01 – 0,1
Zinco (Zn) (ppm) 0,3 – 3,0
Cobre (Cu) (ppm) 0,001 – 0,5
Boro (B) (ppm) 0,05 – 0,5
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Os substratos, para além de permitirem a germinação das plantas, devem ser
de fácil preparação e manejo, perturbando ao mínimo as raízes, de textura fina, com
estrutura estável e fluida, elevada capacidade de retenção de água, permitindo que a
humidade permaneça constante e baixo nível de salinidade. As características
físicas do substrato são de extrema importância, pois após a sementeira ou
plantação não é possível modificá-las, contrariamente ao que acontece com as
propriedades químicas que podem ser alteradas (Abad et al., 2004).
Os principais factores de natureza física que afectam o desenvolvimento das
plantas encontram-se associados às condições hídricas e de arejamento de
substratos condicionando estes a disponibilidade tanto de água como de ar,
afectando ainda as propriedades térmicas, a actividade biológica e a disponibilidade
de nutrientes para as plantas, devendo ser levados em conta factores como a elevada
porosidade, elevada capacidade de retenção de água, boa drenagem e bom
arejamento.
Com o aumento dos custos de adubação mineral, os resíduos orgânicos
produzidos na indústria, em espaço urbano ou em espaço rural passaram a ter
importância como materiais recicláveis, valorizáveis e utilizáveis com vista à
melhoria dos atributos do solo e aumento dos seus níveis de fertilidade (Tedesco et
al., 1999) assim como a sua utilização como substrato para produção de plantas.
Os substratos orgânicos constituem fonte de macro e micronutrientes,
podendo repor parte dos elementos extraídos do solo pela cultura (Ferreira et al.,
1993).
É reconhecida a importância e a necessidade da adubação orgânica em
produtos hortícolas visando compensar as perdas de nutrientes ocorridas durante o
seu cultivo (Kimoto, 1993). Bulluck et al. (2002) afirmam que os compostos
orgânicos usados como alternativa para o aumento da fertilidade do solo, podem
resultar em incremento da matéria orgânica e actividade biológica.
A adubação orgânica através da reciclagem de resíduos, possibilita maior
autonomia do produtor, apresentando grande efeito residual (Smith e Hadley, 1989;
Vidigal et al., 1995).
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Entende-se por matéria orgânica ou adubo orgânico como toda a matéria
proveniente de substâncias organizadas, de quaisquer resíduos de origem vegetal,
animal, urbano ou industrial, composto por carbono lábil, ou ainda qualquer
substância morta no solo proveniente de plantas, microrganismos e excreções de
origem animal (Primavesi, 1990).
Os adubos orgânicos são considerados fertilizantes de baixo teor em
nutrientes, contendo apenas dez ou vinte por cento dos nutrientes encontrados nos
fertilizantes químicos existentes. Contudo, quando devidamente mineralizados
melhoram as condições físicas, químicas e biológicas do solo (Jorge, 1983)
(Cardoso, 1992).
A vermicompostagem resulta do processo de degradação aeróbio de vários
substratos orgânicos – RSU, resíduos agro-florestais ou lamas de ETAR, utilizando
a minhoca Eisenia foetida como agente biológico e o produto obtido é o
vermicomposto (Figura 8).
Figura 8 – Vermicomposto (http://www.organicrosecare.org/images/worm_compost.jpg).
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O vermicomposto mineraliza-se lentamente, libertando gradualmente
nutrientes para as plantas, além de que as substâncias húmicas nele contidas actuam
na complexação dos iões Al3+ e Mn2+ diminuindo-se temporariamente a acção
tóxica destes elementos (Peixoto, 1988). É um produto que resulta da degradação
mesofílica de materiais orgânicos por meio da interacção entre minhocas e
microrganismos (Gopal et al., 2009).
Alguns autores afirmam que o vermicomposto apresenta algumas
características que, em conjugação com doses adequadas de materiais orgânicos e
inorgânicos resultaram no aumento dos teores de biomassa de produtos hortícolas
(Silva et al., 2008; Suthar, 2009).
O vermicomposto modifica ainda as propriedades químicas, físicas e
biológicas do solo, apresentando vantagens em relação a outros fertilizantes
orgânicos através do aumento da capacidade de troca de catiónica (Manna et al.,
1997), teores de nutrientes (Antoniolli et al., 1996), aumento do pH (Longo, 1995)
e diminuição da toxicidade provocada pelos iões Al3+ e Mn2+ devido à complexação
desses elementos (Elvira e Doube, 1996).
O vermicomposto é inodoro, leve, de coloração escura e uniforme, e
apresenta diferenças de propriedades quer químicas quer físicas em relação à
mistura de resíduos inicial devido ao seu maior grau de humificação (Antoniolli et
al., 1996).
Segundo alguns autores, o vermicomposto proporciona uma forte retenção de
nutrientes, bem como supressão do crescimento de fungos e nematódos, que
geralmente induziria maior germinação, crescimento e floração de plantas
ornamentais e crescimento e produção de hortícolas e frutícolas de melhor
qualidade (Arancon et al., 2004; Singh et al., 2008; Suthar, 2009)
O vermicomposto ainda apresenta reduzida expressão em termos de mercado
de substratos orgânicos apesar da sua produção em termos industriais e tradicionais
registar assinalável crescimento em função das dinâmicas ambientais actuais.
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Capítulo 3 – Material e Métodos
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Capítulo 3 – Material e Métodos
3.1. Modalidades em estudo e local do ensaio
O ensaio decorreu entre Fevereiro e Maio de 2009 no Horto do Campus de
Gambelas na Universidade do Algarve. As modalidades em estudo consistiram em
diferentes misturas de dois substratos: um substrato orgânico comercial (mistura de
turfas de crescimento) e um vermicomposto produzido através de estrume de ovino,
nas seguintes proporções: 100% de vermicomposto (modalidade V 100); 75% de
vermicomposto mais 25% de turfa (modalidade VO 75-25), 50% de vermicomposto
mais 50% de turfa (modalidade VO 50-50), 25% de vermicomposto mais 75% de
turfa (modalidade VO 25-75) e 100% de turfa (O 100). As cinco modalidades
foram repetidas para ambas as culturas: Lactuca sativa e Thymus zygis.
Os parâmetros determinados nos substratos das diferentes modalidades foram
os seguintes: matéria orgânica total (MO), matéria mineral (MM), percentagem de
humidade (H) e de matéria seca (MS), densidade aparente seca (daps) e densidade
real (dr), capacidade de arejamento (CA), água facilmente utilizável (AFU), água
dificilmente utilizável (ADU), água de reserva (AR), espaço poroso total (EPT), pH
e condutividade eléctrica (CE). Estes parâmetros foram determinados em três fases
distintas: antes da instalação das culturas (Novembro de 2008), após o transplante
(Março e Abril de 2009) e no final das culturas (Maio de 2009). Durante o período
do ensaio foi possível efectuar duas campanhas para a cultura da alface utilizando
os mesmos substratos.
3.2. Substratos
3.2.1. Matéria orgânica (MO) e matéria mineral (MM)
A percentagem de matéria mineral determinou-se através de gravimetria
indirecta (via seca) através de calcinação em mufla a 560 ºC durante 3 h. Os
cálculos foram determinados através das seguintes expressões:
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Capítulo 1 – Introdução
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(1)
(2)
Sendo:
a (g) = Peso do copo de porcelana depois de pré-calcinado:
b (g) = Somatório do peso inicial da amostra moída e do copo de porcelana
pré-calcinado;
c (g) = Somatório do peso final da amostra moída e do copo de porcelana pré-
calcinado.
3.2.2. Percentagem de humidade (H) e de matéria seca (MS)
Os teores de humidade e de matéria seca foram determinados através do
método proposto por Martinez (1992). Pesou-se uma quantidade de material
correspondente a aproximadamente 40 a 50 g de matéria seca e secou-se na
estufa a 105 ºC, até se atingir peso constante.
Os resultados foram determinados através das seguintes fórmulas:
(3)
MS = 100 – H (%) (4)
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Sendo:
A (g) = Peso do recipiente onde se colocou a amostra a secar
B (g) = Peso inicial da amostra
C (g) = Peso final da amostra
3.2.3. Densidade real (dr) e densidade aparente (dap)
Tratando-se de materiais essencialmente orgânicos, determinou-se a densidade
real a partir dos teores em matéria orgânica e de cinzas (matéria mineral)
obtidos por calcinação. Utilizou-se 1,50 para o valor de densidade real da
fracção orgânica e 2,65 para a fracção mineral (Martinez, 1992).
A densidade real foi calculada pela seguinte fórmula:
(5)
Sendo:
dr: densidade real
MO: percentagem de matéria orgânica do material (= 100 - % cinzas)
MM: percentagem de matéria mineral do material (= % de cinzas)
Para determinação da densidade aparente (dap) utilizou-se uma adaptação do
método de De Boodt et al. (1974), que consistiu em determinar directamente o
teor de humidade e o peso seco do material, utilizando-se dois cilindros de
alumínio sujeitos à tensão de 10 cm de coluna de água durante 48 horas.
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Separou-se posteriormente o material do cilindro inferior, sendo pesado e
colocado a secar a 105ºC.
Relacionando o volume do cilindro e o peso fresco do material do cilindro
obteve-se a densidade aparente “húmida” (daph). Com a relação entre o volume
do cilindro e o peso seco a 105 ºC obteve-se a densidade aparente “seca”
(daps).
3.2.4. Espaço poroso total (EPT)
Este parâmetro foi calculado a partir dos valores da densidade aparente,
referida ao material seco (daps), e da densidade real (dr), através da equação:
(6)
3.2.5. Relações ar – água
Nas relações ar - água determinou-se: a capacidade de arejamento (CA), a água
facilmente utilizável (AFU), a água de reserva (AR) e a água dificilmente
utilizável (ADU). Para determinação destes parâmetros seguiu-se o método de
De Boodt et al. (1974). Este método baseia-se na determinação do teor de água
retida pelo material, a tensões relevantes para os substratos, originados por uma
coluna de água, de altura regulável, até 10 kPa (aproximadamente 100 cm de
coluna de água), permitindo a determinação das seguintes características:
Capacidade de arejamento (CA):
Calculado pela diferença em percentagem de volume, entre o espaço poroso
total e o teor de água à tensão de 1 kPa.
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Água facilmente utilizável (AFU):
Calculado a partir da percentagem de volume de água libertada pelo substrato
quando a tensão aumenta de 1 para 5 kPa.
Água de reserva (AR):
Calculando a percentagem de volume de água libertada pelo substrato quando a
tensão aumenta de 5 para 10 kPa.
Água dificilmente utilizável (ADU):
Corresponde à percentagem em volume de água retida à tensão igual ou
superior a 10 kPa.
3.2.6. pH e condutividade eléctrica (CE)
Os valores de pH e condutividade eléctrica foram determinados em 3 datas
para cada uma das modalidades, no início do ensaio, no final da 1.ª campanha
de alface (56 dias após a transplantação) e no final da 2.ª campanha de alface
(47 dias após o transplante).
Para a determinação do pH preparou-se um extracto aquoso 1:2 (v/v), a partir
de 100 mL da amostra, medidos à pressão de 10 g cm-2, e 200 mL de água
destilada.
Agitou-se com uma vareta de vidro durante 20 minutos deixando-se repousar
durante uma hora, procedendo-se, sem agitar, à leitura do pH num
potenciómetro.
A condutividade eléctrica (CE) mediu-se, num condutivímetro através de uma
solução obtida do mesmo modo ou na mesma que a utilizada para
determinação do pH, após filtração com papel de filtro. Os valores foram
expressos e mScm-1.
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3.3. Material vegetal: Lactuca sativa
3.3.1. Instalação da cultura
Foi adquirida uma placa de sementeira com alfaces tipo “Batavia” com 3
semanas de germinação tendo sido posteriormente instaladas em cada uma das
modalidades num total de 50 vasos com 10 repetições por modalidade em
vasos de 2 L (Figura 9). Cada vaso foi regado manualmente e não foi aplicada
adubação mineral.
Este procedimento foi repetido para a 2.ª campanha da cultura. No inicio da
primeira e segunda campanha as plantas apresentavam um peso médio de 2,7 g
e 2,6 g respectivamente (n=3).
Figura 9 – Aspecto de plântulas de Lactuca sativa para vasos de 2 L após a transplantação.
3.3.2. Produção
Em cada modalidade, pesou-se a parte aérea de todas as plantas
individualmente. O somatório destes valores permitiu calcular o peso fresco
total da modalidade.
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3.3.3. Eficiência de uso da água de rega
A eficiência de uso de água de rega para cada uma das modalidades
determinou-se através do quociente entre o peso fresco total (g) e o volume
total de água de rega (m3) gasto no final de cada campanha. Os resultados
foram expressos em g peso fresco produzido por m3 de água aplicado.
3.3.4. Percentagem de variação de peso fresco (Pf) entre as duas campanhas
Para a determinação das percentagens de variação de peso fresco da 1.ª para a
2.ª campanha utilizou-se a seguinte fórmula:
Percentagem de variação = .ª .ª .ª
x 100 (7)
3.4. Cultura de Thymus zygis
3.4.1. Instalação da cultura
As sementes de Thymus zygis foram semeadas em placas de alvéolos,
utilizando um substrato de germinação Gramoflor ® (Figura 10).
75 dias após a germinação as plantas foram instaladas em cada uma das
modalidades, num total de 50 vasos com 10 repetições por modalidade em
vasos de 2 L.
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Figura 10 – Plantas de Thymus zygis germinadas após 9 semanas (Nov. 2008).
3.4.2. Parâmetros de crescimento 3.4.2.1.Comprimento
Determinou-se o comprimento da parte aérea (h máx) de todas as plantas
através da medição com régua graduada do maior caule existente (Figura
11).
Figura 11 – Planta de Thymus zygis da modalidade O 100 após 13 semanas de
germinação (Março de 2009).
Comprimento medido
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3.4.2.2.Diâmetro
Para ter uma noção mais exacta do crescimento da copa, determinou-se o
diâmetro da parte aérea (d máx) através da medição com rega graduada
dos 3 maiores diâmetros da copa de cada planta sendo medidos no topo
da copa paralelamente à superfície do vaso. Calculou-se o valor médio
das 3 medições.
3.4.2.3.Volume Radicular
Para a determinação do volume radicular introduziu-se a raiz de cada
planta numa proveta graduada contendo 15 mL de H2O destilada. O
volume radicular correspondeu à diferença entre o volume de água com a
raiz introduzida e o volume de água inicial (mL).
3.4.3. Produção
No final, todas as plantas foram removidas e pesadas individualmente, tendo sido
separadas a parte aérea da parte radicular. A produção total de cada modalidade
foi determinada através do somatório da parte aérea de todas as plantas.
3.4.4. Eficiência do uso de água de rega
A eficiência de uso de água de rega para cada uma das modalidades determinou-se
através do quociente entre o peso fresco total da parte aérea (g) e o volume total
de água de rega (m3). Os resultados foram expressos em g de peso fresco
produzido por L de água aplicado.
3.4.5. Composição em óleos essenciais
Os óleos essenciais foram isolados a partir da parte aérea total por hidrodestilação
e analisados por cromatografia gás-líquido no laboratório do CDCTPV.
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O rendimento dos óleos essenciais em cada modalidade determinou-se através do
quociente entre o volume de óleo médio produzido em cada modalidade e o peso
fresco em g.
3.5. Análise energética
A análise energética envolveu o estudo do balanço e da eficiência energética das
culturas de Lactuca sativa e Thymus zygis transformando os factores de produção e
a produtividade das culturas nos respectivos coeficientes energéticos. O balanço
energético incluiu as entradas (inputs) e saídas (outputs) de energia durante os
ensaios. Os inputs foram definidos como directos - trabalho humano, e indirectos –
água de rega, tratamento fitossanitário e nutrientes nos substratos (Miranowsky,
2002).
As saídas de energia foram definidas como outputs e foram constituídas pela
biomassa de alface produzida nas duas campanhas ou pelo volume de óleos
essenciais produzido por Thymus zygis.
O balanço energético foi efectuado através da diferença entre a energia produzida e
a consumida, em cada cultura por modalidade (Pereira dos Santos et al., 1999).
A eficiência energética foi calculada pelo quociente entre inputs e outputs, para
cada cultura e por modalidade.
3.5.1. Inputs energéticos a) Nutrientes nos substratos
Estimaram-se as quantidades de nutrientes presentes na fracção mineral de cada
substrato com base na sua densidade (kg m-3) (Tabela 7).
As quantidades de azoto (N) fósforo (P2O5) e potássio (K2O) por kg de
vermicomposto foram de: 20,0 g de N, 10,0 g de P2O5e 4,0 g de K2O; e para o
substrato orgânico e 3,5x10-4 g de N; 3,8x10-4 g de P2O5 e 4,8x10-4 g de K2O de
acordo com o fabricante.
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Através da densidade dos respectivos fertilizantes e do volume do vaso (2 L) e
das respectivas proporções, foi calculada a quantidade de N, P2O5 e K2O para
cada modalidade.
TABELA 7 – Densidades (kg m-3) em cada substrato.
Macronutriente Vermicomposto Turfa
Densidade (kg m-3) 600 500
Os inputs de nutrientes foram apenas contabilizados na 1.ª campanha de Lactuca
sativa e na campanha de Thymus zygis uma vez que não foi possível quantificar
a quantidade de nutrientes contida nas modalidades disponíveis para a 2.ª
campanha. Utilizaram-se os coeficientes energéticos estabelecidos por Singh et
al. (1997) para N (60,60 MJ kg-1), P2O5 (11,10 MJ kg-1) e K2O (6,70 MJ kg-1)
com vista à determinação do equivalente energético contido nas diferentes
modalidades.
b) Trabalho Humano
Durante a 1.ª campanha de alface foram gastas 3,4 horas em trabalho humano e
na 2.ª campanha 3,07 horas. Para a campanha de alface foi ainda contabilizado o
transporte das placas para o Horto. O número de horas de trabalho na cultura de
Thymus foi de 2,73 horas e incluiu o processo de germinação.
Determinou-se o número de horas de trabalho em cada modalidade através do
quociente entre o número de horas de trabalho em cada campanha e o número de
modalidades. Adoptou-se o coeficiente energético estabelecido por Singh et al.
(1997) para 1 hora de trabalho humano em energia, expressa em 1,96 MJ h-1.
c) Tratamento Fitossanitário
Foram aplicados 2,0 g L-1 de um fungicida preventivo na cultura da alface uma
única vez, para o total das 5 modalidades. Considerou-se o valor de 51,5 MJ kg-1
de substância activa (Melman et al., 1994, In Biewinga e Bijl, 1996).
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d) Água de rega
Durante a 1.ª campanha de Lactuca sativa foram gastos em todos os vasos 0,115
m3. Nos ensaios de Thymus zygis foram gastos 0,253 m3.
Por cada modalidade foram gastos 0,023 m3 de água de rega. Adoptou-se o
coeficiente energético estabelecido por Singh et al., 1997, em 0,63 MJ m-3 de
água de rega.
3.5.2. Outputs energéticos
Na Lactuca sativa foram utilizados os valores obtidos nas duas campanhas.
Utilizou-se o coeficiente de 75,6 kJ para 100 g de peso fresco (Almeida, 2006).
Em relação ao Thymus zygis foram utilizados os coeficientes estabelecidos por
Organic Partners, Milverton, Somerset, England TA4 1NF, (2007) em 1159,2
kJ por 100 mL de óleos extraídos.
3.5.3. Balanço energético
Determinou-se o balanço energético para as duas campanhas de Lactuca sativa
e para a campanha de Thymus zygis para todas as modalidades através da
diferença entre o somatório dos outputs e o somatório dos inputs (Klimeková e
Lehocká, 2005) de acordo com a seguinte expressão:
Balanço Energético = ∑ Energia Outputs - ∑ Inputs (8)
3.5.4. Eficiência energética
Determinou-se a eficiência energética para as duas campanhas de Lactuca
sativa e para a campanha de Thymus zygis para todas as modalidades através
do quociente entre o somatório dos inputs e o somatório dos outputs
(Klimeková e Lehocká, 2005) de acordo com a seguinte expressão:
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Eficiência Energética = ∑ ∑
(9)
3.6. Delineamento experimental e tratamento estatístico
Em ambas as culturas foram utilizadas 10 plantas (repetições) por modalidade num
total de 50 vasos em ensaio. Os vasos foram colocados em bancada elevada num
desenho experimental completamente casualisado.
Para os vários parâmetros estudados a comparação entre modalidades foi avaliada
com base numa análise de variância simples. A comparação das médias foi
efectuada pelo teste de Duncan para um nível de significância de 95%. Toda a
análise estatística foi efectuada com o programa SPSS v. 16.0.
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Capítulo 4 - Resultados
4.1. Substratos
4.1.1. Matéria Orgânica (MO) e Matéria Mineral (MM)
Obtiveram-se valores de percentagem de matéria orgânica mais elevados na
modalidade O 100 e mais reduzidos na modalidade V 100. Quanto à matéria
mineral, obtiveram-se valores mais elevados na modalidade V 100 e mais
reduzidos na modalidade O 100 (Tabela 8). As curvas de percentagem de
vermicomposto em função das percentagens de matéria orgânica e matéria
mineral são descritas por funções quadráticas (Figuras 12 e 13).
TABELA 8 – Valores médios, erro padrão (± EP) da percentagem de matéria orgânica e matéria mineral para cada modalidade. Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
Figura 12 - Relação entre a percentagem de vermicomposto e a percentagem de matéria
orgânica. *** Significativo para P<0,001.
y = 0,0065x2 - 1,2476x + 82,429(n=15, R² = 0,948***)
0
20
40
60
80
100
0 25 50 75 100
% M
O
Percentagem de vermicomposto
Modalidade MO (%) ± EP MM (%) ± EP V 100 20,0d ±0,0 80,0a ±0,0
VO 75-25 30,0c ±0,0 70,0b ±0,0 VO 50-50 37,0c ±3,3 63,0b ±3,3 VO 25-75 50,0b ±0,0 50,0c ±0,0
O 100 85,0a ±5,0 15,0d ±5,0
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Figura 13 - Relação entre a percentagem de vermicomposto e a percentagem de matéria
mineral. *** Significativo para P<0,001.
4.1.2. Percentagem de humidade (H) e matéria seca (MS)
As percentagens de humidade foram mais elevadas nas modalidades contendo
maiores percentagens de turfa. A curva da percentagem de vermicomposto em
função da percentagem de matéria seca é descrita pela Figura 14 verificando-se
que nas modalidades contendo mais vermicomposto a percentagem de matéria
seca foi mais elevada. Os valores mais elevados de matéria seca foram obtidos
na modalidade V 100 (Tabela 9).
TABELA 9 – Valores médios, erro padrão (± EP) da percentagem de humidade (H) e matéria seca (MS) para cada modalidade. Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
y = -0,0065x2 + 1,2476x + 17,571(n=15, R² = 0,948***)
0
20
40
60
80
100
0 25 50 75 100
% M
M
Percentagem de vermicomposto
Modalidade H (%) ± EP MS (%) ± EP V 100 38,5e ±0,4 61,5e ±0,4
VO 75-25 46,1d ±0,8 53,9d ±0,8 VO 50-50 52,1c ±0,2 47,9c ±0,2 VO 25-75 59,7b ±0,2 40,3b ±0,2
O 100 70,0a ±0,1 30,0a ±0,1
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Figura 14 – Relação entre a percentagem vermicomposto com a percentagem de matéria
seca. *** Significativo para p<0,001.
4.1.3. Densidade real (dr) e densidade aparente seca (daps)
Os valores de densidade real e densidade aparente seca foram
significativamente diferentes entre as modalidades (Tabela 10). Os valores
mais elevados de densidade real registaram-se na modalidade V100 e
observou-se um aumento progressivo daquele valor nas modalidades contendo
mais vermicomposto. Nas modalidades contendo percentagens crescentes de
turfa ocorreu o efeito inverso (Figuras 15 e 16).
TABELA 10 – Valores médios, erro padrão (± EP) da densidade real (dr) e densidade aparente seca (daps) para cada modalidade. Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
y = 0,306x + 31,40(n=15, R² = 0,994***)
0
20
40
60
80
0 25 50 75 100
% M
S
Percentagem de vermicomposto
Modalidade dr ± EP daps ± EP V 100 2,3a ±0,0 0,6a ±0,0
VO 75-25 2,1b ±0,0 0,4b ±0,0 VO 50-50 2,0c ±0,0 0,3c ±0,0 VO 25-75 1,9d ±0,0 0.2d ±0,0
O 100 1,6e ±0,0 0,1e ±0,0
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Figura 15 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a densidade real. ***
Significativo para p<0,001.
Figura 16 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a densidade aparente seca.
*** Significativo para p<0,001.
y = -5,0*10-5 x2 + 0,011x + 1,58(n=15, R² = 0,962***)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 25 50 75 100
dr
Percentagem de vermicomposto
y = 3,0*10-5x2 + 0,002x + 0,120(n=15, R² = 0,992***)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
0 25 50 75 100
dap s
Percentagem de vermicomposto
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4.1.4. Espaço poroso total (EPT)
Quanto aos valores de espaço poroso total, as modalidades V 100 e VO 75-25
apresentaram os mais reduzidos tendo a modalidade O 100 apresentado o valor
mais elevado (Tabela 11) e observou-se uma diminuição progressiva deste
valor nas modalidades contendo mais vermicomposto (Figura 17).
TABELA 11 – Valores médios, erro padrão (± EP) do espaço poroso total (EPT) para cada modalidade. Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
Figura 17 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e o espaço poroso total. *** Significativo para p<0,001.
y = -0,000x2 - 0,095x + 91,85(n=15, R² = 0,951***)
70
75
80
85
90
95
0 25 50 75 100
EPT
(%)
Percentagem de vermicomposto
Modalidade EPT ± EP V 100 73,7d ±0,3
VO 75-25 80,7c ±0,1 VO 50-50 86,5b ±0,2 VO 25-75 86,5b ±0,2
O 100 92,8a ±0,1
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4.1.4. Relações ar-água
Os valores mais baixos de capacidade de arejamento, água facilmente
utilizável, água de reserva e água dificilmente utilizável obtiveram-se
respectivamente nas modalidades VO 75-25, V 100, V 100 e VO 50-50.
A modalidade V 100 apresentou os valores mais reduzidos de água
dificilmente utilizável e água de reserva (Tabela 12). Os valores de capacidade
de arejamento foram reduzidos em VO 75-25 e VO 25-75.
TABELA 12 – Valores médios, erro padrão (± E.P.) da capacidade de arejamento (CA), água facilmente utilizável (AFU), água de reserva (AR) e água dificilmente utilizável (ADU) para cada modalidade. Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
4.1.5. pH e condutividade eléctrica (CE)
Aparentemente a percentagem de vermicomposto provocou um aumento de pH
em todas as modalidades (Tabela 13).
Quanto aos valores de condutividade eléctrica apenas se obteve relação antes
da transplantação onde a percentagem de vermicomposto provocou um
aumento de condutividade eléctrica em todas as modalidades e após a 2.ª
campanha de Lactuca sativa (Tabela 14) indicando um maior teor em
nutrientes.
Modalidade CA ± EP AFU ± EP AR ± EP ADU ± EP
V 100 9,6bc ±0,0 20,9c ±2,4 2,0c ±0,3 44,5b ±1,9 VO 75-25 4,1d ±0,7 29,3b ±0,6 5,4ab ±1,4 41,9b ±0,5 VO 50-50 17,0a ±1,7 29,0b ±1,0 5,3ab ±0,2 35,3c ±0,5 VO 25-75 6,3cd ±1,7 36,6a ±2,9 6,0a ±0,8 42,6b ±2,1
O 100 12,3ab ±2,3 27,8b ±2,3 3,1bc ±2,3 49,6a ±2,6
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- 41 -
TABELA 13 – Valores médios de pH, erro padrão (± EP) para cada modalidade antes da transplantação (AT), após a primeira campanha de Lactuca sativa (A1), após a segunda campanha de Lactuca sativa (A2) e após a campanha de Thymus zygis (T1) (9 de Abril de 2009). Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
TABELA 14 – Valores médios de CE (mS cm-1), erro padrão (± EP) para cada modalidade antes da transplantação (AT), após a primeira campanha de Lactuca sativa (A1), após a segunda campanha de Lactuca sativa (A2) e após a campanha de Thymus zygis (T1) (9 de Abril de 2009). Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
4.2. Material Vegetal: Lactuca sativa
4.2.1. Peso fresco e peso seco
A natureza das modalidades influenciou a produtividade da cultura. Na
primeira campanha de Lactuca sativa não se verificaram diferenças
significativas entre as modalidades (Figura 18) e não se obteve correlação
significativa entre as percentagens de vermicomposto e os valores de peso
fresco (Tabela 15).
Modalidade AT ± EP A1 ± EP A2 ± EP T1 ± EP V 100 7,2a ±0,1 8,0a ±0,0 7,4a ±0,1 7,5a 0,0
VO 75-25 6,7b ±0,0 7,4b ±0,1 7,5a ±0,0 7,2a 0,1 VO 50-50 6,6c ±0,1 6,6c ±0,0 7,4a ±0,0 6,7b 0,2 VO 25-75 6,4d ±0,0 6,4d ±0,0 7,1b ±0,0 6,6b 0,2
O 100 6,1e ±0,0 5,5e ±0,0 6,7c ±0,1 6,7b 0,0
Modalidade AT ± EP A1 ± EP A2 ± EP T1 ± EP
V 100 2,3b ±0,1 0,3d ±0,1 0,7ab ±0,2 2,1a ±0,3 VO 75-25 2,5a ±0,1 0,6c ±0,0 0,8a ±0,1 1,8a ±0,2 VO 50-50 2,0c ±0,1 1,2a ±0,0 0,7a ±0,0 1,8a ±0,2 VO 25-75 1,6d ±0,1 0,9b ±0,0 0,3bc ±0,0 2,2a ±0,3
O 100 0,5e ±0,0 0,4d ±0,1 0,3c ±0,0 1,7a ±0,2
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Contrariamente, o aumento de percentagens de vermicomposto promoveu o
crescimento das plantas na 2.ª campanha (modalidades V 100 e VO 75-25) e
verificou-se uma relação positiva e significativa entre vermicomposto e os
valores de produção (Figura 19).
TABELA 15 – Valores médios e totais de peso fresco (g) (PF), erro padrão (EP), peso seco (g) (PS) e peso total (g) (PT) para cada modalidade (9 de Abril de 2009). Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
Figura 18 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a produção de Lactuca
sativa (peso fresco) (1.ª campanha). ns – não significativo.
y = 0,000x3 - 0,065x2 + 2,338x + 99,78(n=50, R² = 0,186ns)
0
40
80
120
160
0 25 50 75 100
Prod
ução
por
pla
nta
(g)
Percentagem de vermicomposto
1.ª Campanha
Modalidade 1.ª Campanha 2.ª Campanha
PF ± EP PS ± EP. PT PF ± EP PS ± EP PT
V 100 106,5ab ±7,8 6,18b ±0,4 1064,9 110,6a ±4,4 6,18b ±0,4 884,8
VO 75-25 82,5b ±6,2 6,11b ±0,2 825,2 129,9a ±10,4 6,11b ±0,2 1038,8
VO 50-50 112,8a ±9,1 7,81a ±0,5 1128,0 70,5b ±11,7 7,81a ±0,5 563,6
VO 25-75 119,7a ±8,8 9,19a ±0,2 1196,9 76,8b ±11,2 9,19a ±0,2 551,7
O 100 100,9ab ±8,4 9,17a ±0,8 1008,6 23,1c ±4,9 9,17a ±0,8 184,5
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Figura 19 – Relação entre a percentagem de vermicomposto e a produção de Lactuca
sativa (2.ª campanha). Significativo para p<0,001.
Figura 20 – Plantas de Lactuca sativa produzidas por cada uma das modalidades em estudo no final do ensaio (Maio de 2009).
y = -0,000x3 + 0,019x2 + 0,789x + 45,97(n=40, R² = 0,621***)
0
40
80
120
160
0 20 40 60 80 100
Prod
ução
por
pla
nta
(g)
Percentagem de vermicomposto2.ª Campanha
V100, VO 75-25, VO 50-50, VO 25-75, O100
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4.2.2.Eficiência do uso de água de rega
Na 1.ª campanha de Lactuca sativa foram gastos 2,29x10-2 m3 de água por
modalidade enquanto na 2.ª campanha foram gastos 4,43x10-2 m3 devido ao
aumento da temperatura média do ar e ao e consequente aumento da mesma no
interior da estufa.
A eficiência do uso de água de rega foi mais elevada durante a 1.ª campanha
sem a existência de relação entre a eficiência e as modalidades (Figura 21).
Na 2.ª campanha as modalidades contendo maiores percentagens de
vermicomposto foram mais eficientes – V100 e VO 75-25 (Figura 21).
Na 2.ª campanha em VO 75-25 foram gastos 0,01 m3 de água por cada 23,99 g
de biomassa produzidos. Nesta campanha as modalidades contendo
percentagens crescentes de turfa foram menos eficientes (Figura 20).
Figura 21 – Distribuição da eficiência do uso de água de rega pelas modalidades (Lactuca
sativa).
Os resultados da 2ª campanha indicam que o vermicomposto foi mais eficiente
na utilização da água de rega para a produção de biomassa, sem terem ocorrido
diferenças aparentes na 1.ª campanha.
0
10
20
30
40
50
60
V100 VO 75-25 VO 50-50 VO 25-75 O100
Efic
iênc
ia (g
/L)
Modalidade
1.ª Campanha 2.ª Campanha
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4.2.3. Percentagem de variação de peso fresco entre as duas campanhas
A maior variação entre as duas campanhas registou-se na modalidade O 100
com -53,9 %. Observaram-se acréscimos apenas na modalidade VO 75-25
tendo-se observado decréscimo de biomassa nas restantes modalidades (Tabela
16).
TABELA 16 – Percentagem de variação de peso fresco entre as duas campanhas.
Modalidade Variação entre as duas
campanhas (%)
V 100 -16,9 VO 75-25 25,9 VO 50-50 -50,0 VO 25-75 -53,9
O 100 -81,7
4.3. Material vegetal: Thymus zygis
4.3.1. Peso fresco
A natureza das modalidades influenciou a produtividade da cultura tendo o
vermicomposto reduzido a biomassa das plantas, e na modalidade V 100 toda a
cultura secou no final do ensaio (Tabela 17).
O crescimento das plantas de Thymus zygis foi mais evidente nas modalidades
contendo percentagens superiores de turfa. Assim sendo, os maiores valores de
biomassa na parte aérea foram obtidos nas modalidades VO 25-75 e O 100
considerando o peso total.
A relação entre a percentagem de vermicomposto e os valores de biomassa de
Thymus zygis é descrita pela curva da Figura 22.
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TABELA 17 – Valores médios e totais de peso fresco para a parte aérea (PA), parte radicular (PR) para cada modalidade (9 de Abril de 2009). Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
Modalidade PA (g) ± EP PT (g) PR (g) ± EP PT (g)
V 100 0,3c ±0,2 0,7 1,1b ±0,6 2,2
VO 75-25 3,0bc ±0,9 8,9 1,7b ±0,6 6,9
VO 50-50 2,2bc ±0,7 20,1 2,0b ±0,6 18,0
VO 25-75 5,0ab ±0,8 58,8 3,7ab ±0,5 37,3
O 100 9,2a ±1,8 73,6 6,4a ±1,8 51,2
Figura 22 - Relação entre a percentagem de vermicomposto e o peso da parte aérea. ***
Significativo para p<0,001.
y = 0,000x2 - 0,174x + 9,327(n=34, R² = 0,507***)
0
4
8
12
16
20
0 20 40 60 80 100
Part
e aé
rea
(g)
Percentagem de vermicomposto
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Figura 23 – Plantas de Thymus zygis no final do ensaio (Abril de 2009).
Os maiores valores de peso fresco quer da parte aérea quer da parte radicular
obtiveram-se na modalidade O 100.
4.3.2. Eficiência de uso da água de rega
Foram gastos 5,06x10-2 m3 em água por modalidade. A eficiência de uso de
água de rega foi mais elevada nas modalidades VO 25-75 e O100. Nesta
modalidade, por cada 10-3 m3 de água aplicada obtiveram-se 1,45 g de Thymus
zygis (Figura 23).
A eficiência mais reduzida registou-se na modalidade V 100 com apenas 0,01 g
de biomassa por cada 10-3 m3 de água de rega aplicado (Figura 23).
V100, VO 75-25, VO 50-50, VO 25-75, O100
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Figura 24 – Distribuição das eficiências do uso de água de rega nas modalidades (Thymus
zygis).
4.3.3.Parâmetros de crescimento
Os valores mais elevados de volume radicular verificaram-se na modalidade O
100. Em V 100 obteve-se apenas 0,2 m de volume radicular. As modalidades
contendo percentagens superiores de turfa obtiveram os valores mais elevados
de dmáx (O 100), hmáx (VO 25-75) e volume radicular (O 100) (Tabela 18).
TABELA 18 – Valores médios de diâmetro máximo (dmáx), altura máxima (hmáx) e volume radicular (VR) para cada modalidade. Médias com a mesma letra não apresentam diferenças significativas a p< 0,05.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
V 100 VO 75-25 VO 50-50 VO 25-75 O 100
Efic
iênc
ia (g
/L)
Modalidade
Modalidade dmáx. (cm) ± EP hmáx. (cm) ± EP VR ± EP
V 100 1,4c ±0,1 4,6c ±0,3 0,2b ±0,4
VO 75-25 5,7b ±1,1 6,8bc ±0,9 0,9b ±0,3
VO 50-50 6,2b ±0,7 6,9b ±0,8 0,7b ±0,2
VO 25-75 11,4a ±0,6 13,3a ±0,3 0,8b ±0,1
O 100 13,8a ±1,4 12,7a ±0,8 1,8ab ±2,8
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4.3.4. Composição em óleos essenciais
O rendimento em óleos obtido a partir das plantas na modalidade VO 50-50 foi
de apenas 0,2% (v/m), metade comparativamente às obtidas nas modalidades
VO 25-75 e O 100. O maior rendimento foi obtido na modalidade VO 25-75
com 0,47 % v/m (Tabela 19).
TABELA 19 – Rendimento do óleo essencial (% v/m).
A percentagem de vermicomposto nas modalidades também influenciou a
composição química dos óleos essenciais. Os componentes do óleo
identificados, representando 92,0 a 99,9% do teor total em óleos encontram-se
indicados na Tabela 20.
Os monoterpenos oxigenados predominaram em todas as amostras de óleo
(47,5-75,0%), seguidos imediatamente pelos monoterpenos hidrocarbonados
(23,3 a 40,0%).
Não se obteve rendimento na modalidade V 100 uma vez que a única planta
que não havia secado não possuía biomassa suficiente para a sua determinação.
Os grupos de componentes obtidos em cada uma das modalidades encontram-
se na Tabela 21.
Modalidade Rendimento % v/m V 100 -
VO 75-25 0,39 VO 50-50 0,22 VO 25-75 0,47
O 100 0,4
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TABELA 20 – Composição do óleo em cada uma das modalidades (t: traços).
Componente Modalidade
VO 75-25 VO 50-50 VO 25-75 O 100 α-Tuieno 1,7 1,7 0,8 1,0 α-Pineno 0,9 0,9 0,4 0,5 Canfeno 0,6 0,6 0,2 0,3 Sabineno 0,2 0,2 0,2 0,1 β-Pineno 0,3 0,3 t 0,2 Mirceno 2,6 2,4 1,4 1,7
α-Felandreneno 0,4 0,2 0,2 0,3 δ-3-Careno 0,1 0,1 0,1 0,1 α-Terpineno 2,7 2,1 1,7 2,0
p-Cimeno 11,2 16,2 5,2 6,4 β-Felandreneno 0,2 0,2 0,1 0,1
Limoneno 0,4 0,8 0,2 0,3 trans-β-Ocimeno 0,1 t 0,1 0,1
γ-Terpineno 18,2 14,2 12,6 14,9 trans- Hidrato de sabineno 1,0 0,7 0,3 0,6
Terpinoleno 0,1 0,1 0,1 0,2 Linalool 2,1 1,7 1,6 1,9 Borneol 1,2 0,9 1,2 1,2
Terpinen-4-ol 0,2 0,2 0,1 0,3 p-Cimen-8-ol 0,2 0,2 0,1 0,3 α-Terpineol 0,1 0,8 0,1 0,1
Carvona t 0,1 t 0,1 Éter metílico do carvacrol 0,2 0.2 0.1 0.1
Timol 50,4 40,3 65,0 61,4 Carvacrol 2,6 2,4 6,5 3,2
Acetato de timol 0,1 t t t trans-β-Cariofileno 1,0 2,1 0,6 1,3
α-Humuleno t 0,1 t 0,1 Germacreno-D t 0,1 t 0,1
Biciclogermacreno 0,1 0,3 0,1 0.2 β-Bisaboleno 0,2 0,6 0,1 0,2 Espatulenol 0,1 0,2 0,1 0,1
Globulol 0,1 0,2 0,1 0,1 α-Cadinol t 0,1 t t
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TABELA 21 – Grupos de componentes em cada uma das modalidades. (t – vestígios).
Grupos de Componentes Modalidades VO 75-25 VO 50-50 VO 25-75 O 100
Monoterpenos não
oxigenados 39,7 t 23,3 28,2
Monoterpenos oxigenados 58,1 47,5 75,0 69,3 Sesquiterpenos não
oxigenados 1,3 3,3 0,8 1,9
Sesquiterpenos não
oxigenados 0,2 0,5 0,2 0,2
Outros 0,2 0,7 t 0,3
De referir que as plantas que cresceram nas modalidades VO 25-75 e O 100,
isto é, com ausência ou com reduzidas percentagens de vermicomposto,
apresentaram as percentagens mais elevadas de monoterpenos oxigenados e,
consequentemente, a menor percentagem de monoterpenos não oxigenados
(Tabela 21).
Os teores mais elevados dos monoterpenos oxigenados deveu-se à percentagem
mais elevada de timol, enquanto que os teores mais elevados dos monoterpenos
não oxigenados encontraram-se associados à percentagem particularmente
mais elevada de p-cimeno, precursor do timol.
Os monoterpenos oxigenados predominaram nos óleos extraídos das plantas
nas modalidades O 100 e VO 25-75, contrariamente ao que se verificou para os
monoterpenos não oxigenados (Tabela 21).
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4.4. Análise Energética
4.4.1. Inputs energéticos
a) Nutrientes nos substratos
O equivalente energético associado à fracção mineral dos substratos contido
em todas as modalidades em ensaio totalizou 41,478 MJ na primeira campanha
de Lactuca sativa bem como na cultura de Thymus zygis.
A modalidade V 100 registou o input energético mais elevado com 17,547 MJ
tendo a modalidade O 100 registado o valor mais reduzido com 0,140 MJ.
b) Trabalho Humano
Na 1.ª campanha de Lactuca sativa a energia por ensaio associada ao trabalho
humano contabilizou um total de 6,66 MJ referentes a 3,4 horas. A energia em
cada modalidade totalizou 1,332 MJ. Nesta campanha incluiu-se o transporte
da placa adquirida.
Na campanha de Thymus zygis registou-se um consumo de 5,35 MJ referentes
a 2,73 horas, onde se inclui o processo de sementeira. Por cada modalidade
foram contabilizados 0,546 MJ.
c) Tratamento Fitossanitário
Utilizando-se de 3 g de fungicida diluído num aplicador de 1,5 L possuindo o
valor energético de 1,54x10-4 MJ. Na 1.ª campanha de Lactuca sativa
verificou-se um consumo energético de 0,281 MJ.
A energia em cada modalidade totalizou 5,62x10-2 MJ. Na campanha de
Thymus zygis não se aportou energia associada ao tratamento fitossanitário uma
vez que não foi necessário efectuar.
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d) Água de rega
Na 1.ª campanha de Lactuca sativa registou-se o consumo total de 0,072 MJ
onde a energia em cada modalidade totalizou 1,44x10-2 MJ.
A campanha de Thymus zygis registou um consumo de 0,159 MJ onde a
energia em cada modalidade totalizou 3,18x10-2 MJ.
Os totais de inputs energéticos (MJ modalidade-1) para as duas culturas
encontram-se indicados nas Tabelas 22 e 23.
TABELA 22 – Total de inputs energéticos (MJ) para a cultura de Lactuca sativa (1.ª
campanha).
Inputs directos (MJ) Inputs indirectos (MJ)
Modalidade Água Trabalho Humano
Substratos
(NPK) Tratamento
Fitossanitário ∑
(MJ)
V 100 1,44x10-2 1,332 17,547 5,62x10-2 18,879
VO 75-25 1,44x10-2 1,332 12,401 5,62x10-2 13,733
VO 50-50 1,44x10-2 1,332 7,761 5,62x10-2 9,093
VO 25-75 1,44x10-2 1,332 3,628 5,62x10-2 4,960
O 100 1,44x10-2 1,332 0,140 5,62x10-2 1,472
Na cultura de Lactuca sativa a variação energética ocorreu nos substratos uma
vez que os nutrientes variaram em função das percentagens de vermicomposto
e de turfa nas modalidades (Tabela 22). Na cultura de Thymus zygis não se
obteve energia para o tratamento fitossanitário uma vez que não houve
aplicação de fungicida (Tabela 23).
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TABELA 23 – Total de inputs energéticos (MJ) para a cultura de Thymus zygis.
Inputs directos (MJ) Inputs indirectos (MJ)
Modalidade Água Trabalho
Humano
Substratos
(NPK)
Tratamento
Fitossanitário
∑
(MJ)
V 100 3,18x10-2 0,546 17,547 a) 18,093
VO 75-25 3,18x10-2 0,546 12,401 a) 12,947
VO 50-50 3,18x10-2 0,546 7,761 a) 8,307
VO 25-75 3,18x10-2 0,546 3,628 a) 4,174
O 100 3,18x10-2 0,546 0,140 a) 0,686
a) Não foi aplicado tratamento fitossanitário.
A percentagem de input energético foi superior quer nos inputs indirectos quer
na campanha de Lactuca sativa quer na campanha de Thymus zygis (Tabela
24).
TABELA 24 – Percentagem de inputs directos e indirectos em função do total de inputs
nas duas culturas.
Cultura Inputs
Directos (MJ)
Inputs
Indirectos
(MJ)
Inputs
directos
(%)
Inputs
indirectos
(%)
Lactuca sativa
(1.ª campanha) 6,66 41,758 12,47 93,87
Thymus zygis 2,73 41,447 6,13 87,53
Na cultura de Lactuca sativa nos inputs directos o trabalho humano registou a
maior percentagem obtendo-se na modalidade O 100 o valor mais elevado. Em
relação aos inputs indirectos os substratos registaram a maior percentagem
obtendo-se o valor mais elevado na modalidade V 100 (Tabela 25).
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TABELA 25 – Percentagem de inputs directos e indirectos em função do total de inputs
por modalidade (Lactuca sativa).
Modalidade
Percentagem de inputs
directos (%)
Percentagem de inputs
indirectos (%)
Água Trabalho
Humano
Substratos
(NPK)
Tratamento
Fitossanitário
V 100 0,08
0,10
0,16
0,29
0,93
7,03 92,60 0,30
VO 75-25 9,65 89,84 0,41
VO 50-50 15,54 84,69 0,61
VO 25-75 26,48 72,12 1,12
O 100 86,35 9,08 3,64
Na cultura de Thymus zygis nos inputs directos o trabalho humano registou
também a maior percentagem obtendo-se na modalidade O 100 o valor mais
elevado. Em relação aos inputs indirectos, e uma vez que não ocorreu
tratamento fitossanitário, os substratos também registaram a maior
percentagem obtendo-se o valor mais elevado na modalidade V 100 (Tabela
26).
TABELA 26 – Percentagem de inputs directos e indirectos em função do total de inputs
por modalidade (Thymus zygis).
Inputs directos Inputs indirectos
Modalidade Água Trabalho Humano
Substratos
(NPK) Tratamento
Fitossanitário
V 100 0,18 0,25 0,38 0,76 4,64
3,02 96,98 b)
VO 75-25 4,22 95,78 b)
VO 50-50 6,57 93,43 b)
VO 25-75 13,08 86,92 b)
O 100 17,59 20,41 b)
b) Não foi aplicado tratamento fitossanitário.
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4.4.2. Outputs energéticos
Na cultura de Lactuca sativa as produtividades em biomassa mais elevadas
foram obtidas nas modalidades V 100 e VO 75-25. A modalidade mais
produtiva de Lactuca sativa foi V 100 sendo a menos produtiva O 100 (Tabela
27).
Na cultura de Thymus zygis a modalidade mais produtiva foi O 100 e a menos
produtiva VO 75-25 (Tabela 27).
TABELA 27 – Outputs para as duas culturas (MJ).
Cultura Modalidade
V 100 VO 75-25 VO 50-50 VO 25-75 O 100
Lactuca sativa
(1.ª campanha) 1,174 1,479 1,279 1,321 0,902
Thymus zygis - 0,014 0,051 0,321 0,342
4.4.3. Balanço energético
Todos os balanços energéticos realizados para as duas culturas foram negativos
(Tabela 28). O balanço mais elevado em Lactuca sativa obteve-se na
modalidade O 100 com – 0,626 MJ o mesmo sucedendo na cultura de Thymus
zygis com - 0,344 MJ registando-se um défice entre as saídas e entradas de
energia do sistema.
TABELA 28 – Balanço energético nas duas culturas (MJ).
Cultura Modalidade
V 100 VO 75-25 VO 50-50 VO 25-75 O 100
Lactuca sativa
(1º campanha) -17,705 -11,468 -7,028 -2,853 -0,626
Thymus zygis -18,093 -12,933 -8,256 -3,853 -0,344
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4.4.4. Eficiência energética
A eficiência energética mais elevada foi obtida na modalidade O 100 ao passo
que a mais reduzida se obteve em V 100. Foram utilizados os valores médios
de água de rega na campanha de Lactuca sativa (Tabela 29).
TABELA 29 – Eficiência energética por cultura por modalidade.
Cultura Modalidade
V 100 VO 75-25 VO 50-50 VO 25-75 O 100
Lactuca sativa
(1º campanha) 0,062 0,108 0,141 0,266 0,613
Thymus zygis - 1,08x10-3 6,14x10-3 7,69x10-2 4,98x10-1
Na cultura de Thymus zygis não se obtiveram resultados na modalidade V 100
em virtude de não ter sido possível a extracção do óleo devido à reduzida
biomassa produzida. A eficiência energética mais elevada foi obtida com a
modalidade O 100 (Tabela 29).
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Capítulo 5 – Discussão dos Resultados
5.1. Substratos
Sempre que se pretenda utilizar substratos em estufa constituídos por
determinados materiais é importante a avaliação das suas propriedades físicas
(relacionadas com a retenção de água e o arejamento), químicas (relacionadas com a
nutrição vegetal) e biológicas (relacionadas com a decomposição, fauna microbiana e
estabilização dos materiais envolvidos) (Ribeiro et al., 2001).
As modalidades com maiores teores de de vermicomposto apresentaram as
menores percentagens em matéria orgânica e maiores em matéria mineral (Figuras 12 e
13) sendo de prever que tenha sofrido uma maior mineralização.
A aplicação de vermicomposto reduziu as percentagens de humidade aumentando
directamente as percentagens de matéria seca enquanto que o substrato turfa reteve
mais humidade e apresentou menos matéria seca (Tabela 9 e Figura 14). Estes
parâmetros encontram-se relacionados directamente com os valores de espaço poroso
total uma vez que as modalidades contendo maiores percentagens de vermicomposto
apresentaram menores valores deste parâmetro em comparação com as modalidades
contendo maiores percentagens de turfas de crescimento (Tabela 11 e Figura 17). Este
facto, permitiu, simultaneamente diferentes variações de retenção de água nas
modalidades, com influência na percentagem de humidade dos diferentes substratos
(Ribeiro et al., 2001).
Quanto aos valores de densidade real e densidade aparente seca estes também se
encontraram directamente relacionados com as diferentes misturas, tendo sido mais
elevados nas modalidades contendo mais vermicomposto (Tabela 10).
Ainda nas modalidades contendo mais vermicomposto, é de admitir que o menor
valor de espaço poroso total (Tabela 11) tenha feito com que, a partir de certos limites
se começassem a desenvolver fenómenos de capilaridade, passando estes também a
contribuir para a consequente compactação dos substratos (Ribeiro et al., 2001).
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Neste sentido, observou-se que as modalidades V 100 e VO 75-25 apresentaram
maiores níveis de compactação e directamente menores valores de espaço poroso total
sendo de admitir que tenham aumentado os fenómenos de asfixia radicular devido a
carências em oxigénio (Ribeiro et al., 2001).
É de admitir ainda que os processos de mineralização tenham sido mais elevados
no substrato vermicomposto e responsáveis pelas maiores percentagens em matéria
mineral deste substrato em comparação com a turfa, em resultado das maiores
populações de fauna microbiana: bactérias nitrificantes - Nitrossomas, responsáveis pela
oxidação de NH4+ a NO2
- e Nitrobacter, responsáveis pela transformação de NO2- a
NO3- este último extremamente móvel e facilmente disponível para as plantas.
Uma das razões para as que as produções de alface na modalidade VO 75-25
tenham aumentado da primeira para a segunda campanha poderá estar relacionado com
o facto de o vermicomposto proporcionar uma maior disponibilidade de nutrientes,
possuindo ainda acção supressiva do crescimento de fungos e nemátodos, que
geralmente induzindo maiores índices de crescimento e produção de hortícolas e frutas
de melhor qualidade (Arancon et al., 2004, Singh et al., 2008; Suthar, 2009).
Pensa-se que o maior conteúdo em substâncias húmicas presentes no
vermicomposto em conjugação com a maior disponibilidade em matéria mineral, fruto
da sua riqueza em fenilpropano e polifenóis que são resistentes à decomposição
microbiana (Kononova, 1966), tenha sido responsável pelo aumento de produções na
modalidade VO 75-25.
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5.2. Material Vegetal: Lactuca sativa
A aposta em modos de produção com substratos orgânicos em estufa provocou
aumentos de produtividade da primeira para a segunda campanha pela provável
mineralização dos substratos orgânicos – registadas pelas elevadas percentagens em
matéria mineral em modalidades contendo percentagens crescentes de vermicomposto,
sendo estas percentagens menores nas modalidades contendo turfa (Tabela 15). É de
prever que estas mesmas percentagens de matéria mineral tenham proporcionado por
sua vez, maiores quantidades em nutrientes assimiláveis pela cultura (Santos, 1995).
Contudo, as produções obtidas foram inferiores se comparadas com as obtidas
em tamanho médio num regime de estufa em solo. Neste aspecto, numa cultura de
Outono-Inverno, na região de Entre-Douro-e-Minho o peso fresco obtido por planta foi
de 244 g, (Almeida, 2006) sendo superior em comparação com o valor médio mais
elevado obtido na modalidade V 75-25 – 171,2 g de peso fresco (Tabela 15) facto
relacionado com as propriedades dos substratos.
Extrapolando-se os valores obtidos para t ha-1 obtiveram-se as maiores
produções de biomassa na modalidade VO 75-25 durante a 2.ª campanha com 5,2 t ha-1
tendo a menor produtividade sido registada na modalidade O 100 durante a 2.ª
campanha com 0,9 t ha-1. Os valores apresentados foram inferiores aos obtidos em
modo de produção convencional (Almeida, 2006).
Os baixos valores obtidos poderão estar relacionados com os baixos valores dos
parâmetros das relações ar-água – capacidade de arejamento e água de reserva,
características indicadoras da qualidade dos substratos utilizados bem como à sua
produção em vaso, em que o desenvolvimento do sistema radicular, ao contrário do que
acontece em solo, ter sido limitado em função do reduzido volume do recipiente
utilizado (Ribeiro, 2006) aumentando os fenómenos de compactação e consequente
asfixia radicular.
Assim sendo, em nenhuma das modalidades se obteve 20 a 30 % do volume do
substrato compreendido pelos poros de maiores dimensões (Abad et al., 2004) uma vez
que o valor mais elevado foi obtido na modalidade VO 50-50 com apenas 17 %.
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As raízes requerem oxigénio para manter a actividade metabólica e crescimento,
podendo o deficit temporal de oxigénio derivado aos baixos valores de capacidade de
arejamento ter reduzido o crescimento das raízes e da parte aérea fruto da provável
compactação dos substratos em vaso (Abad et al., 2004). Os baixos valores de biomassa
produzida em comparação com os padrões estabelecidos por Almeida (2006), são
comprovados ainda pela relação com os baixos valores de espaço poroso total
apresentados pelo substrato em comparação com os valores ideais (Abad et al, 2004).
Quanto aos valores de água de reserva, e uma vez que o seu valor óptimo se
encontra compreendido entre 4 e 10 % do volume (Abad et al., 2004) regista-se que
apenas nas modalidades V 100 e O 100 o valor óptimo não foi cumprido.
Outro factor a registar pretende-se com a baixa tolerância da Lactuca sativa à
salinidade (Almeida, 2006). Neste caso particular nas modalidades V 100 e VO 75-25, a
salinidade registada antes da transplantação poderá ter inibido ligeiramente o seu
crescimento durante a 1.ª campanha na modalidade VO 75-25 (Warncke e Krauskopf,
1983) face aos valores de salinidade apresentados (Tabela 15) e em comparação com os
valores limite estabelecidos por Abad et al, 2004.
Marchesini et al. (1988), observaram ainda que os incrementos de produtividade
proporcionados por adubos orgânicos, embora menos imediatos e visíveis do que os
obtidos com adubação mineral, apresentam maior duração, provavelmente pela
libertação mais progressiva de nutrientes e pelo estímulo do crescimento radicular. Os
mesmos autores concluíram ainda, que a utilização de substratos orgânicos não só
fornece à planta quantidades consideráveis de nutrientes, como contribui para manter a
fertilidade natural, o que envolve os ciclos biológicos dos nutrientes em solos
cultivados, prevenindo a sua perda de fertilidade.
Do ponto de vista agronómico, a modalidade indicada para produção hortícola –
Lactuca sativa foi VO 75-25 (Tabela 15) registando-se os únicos aumentos de
produções, ao passo que para produção de uma espécie aromática – Thymus zygis a
melhor modalidade foi VO 25-75 no qual se obteve maior rendimento em óleos (Tabela
19).
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5.3. Material Vegetal: Thymus zygis
A utilização de vermicomposto poderá ter sido um factor limitante para o
crescimento e desenvolvimento da cultura com o consequente declínio da produção e
rendimento em óleos essenciais (Tabelas 17 a 20). Nas modalidades contendo maiores
percentagens de vermicomposto poderão ter ocorrido problemas de má drenagem, maior
retenção de água em comparação com modalidades contendo turfa, originando asfixia
radicular. A natureza do vermicomposto, nomeadamente o tipo de mistura original de
resíduos poderá ter excedido as necessidades da cultura tornando-se eventualmente
fitotóxico.
O fraco desenvolvimento da cultura no vermicomposto poderá estar ainda
associado à compactação dos substratos fruto dos baixos valores de espaço poroso total
(Tabela 11).
No que diz respeito a plantas aromáticas, Anwuar et al. (2005) obtiveram um
maior crescimento da planta aromática manjericão francês, apenas quando foi aplicado
vermicomposto em combinação com fertilizantes inorgânicos. Estes resultados podem
estar relacionados com as espécies vegetais envolvidas bem como o tipo de processo de
tratamento dos resíduos assim como o tipo de matéria orgânica original (Atiyeh et al.,
2002)..
Poderá compreender-se ainda o facto das plantas de Thymus zygis terem secado ou
manifestado reduzida capacidade de crescimento e desenvolvimento na modalidade
vermicomposto uma vez que esta cultura pode apresentar reduzido desenvolvimento em
solos argilosos ou em solos demasiado húmidos (Almeida, 2006), facto comprovado
quando ocorre redução do espaço poroso total, o que diminui a circulação de água e
aumenta a sua retenção (Miner, 1994).
Os valores de espaço poroso total e densidade real poderão ter condicionado a
produção de biomassa e o rendimento dos óleos essenciais (v/m) (Tabelas 17 e 19),
facto também comprovado pelos menores valores em humidade obtidos para o
vermicomposto (Tabela 9). Os elevados valores de densidade real no substrato
vermicomposto quando comparados com os estabelecidos por Abad et al. (2004)
poderão ter inibido o crescimento da cultura.
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Neste aspecto, obtiveram-se menores rendimentos em óleos com modalidades
constituídas por vermicomposto (Tabela 17). Estas percentagens também influenciaram
em grande parte a composição química dos óleos (Tabela 20).
Quanto às propriedades químicas, os elevados valores de condutividade eléctrica
obtidos no vermicompostos antes da transplantação (Tabela 14) poderão também ter
inibido o crescimento da cultura e originado baixos teores de biomassa se comparados
também com os estabelecidos por Abad et al, (2004).
Outro aspecto a salientar prende-se ainda com a eventual segregação de
partículas de menores dimensões que se possam ter acumulado no fundo dos vasos
utilizados durante os ensaios, provocando o aparecimento de uma zona pouco
permeável e mal arejada podendo também ainda ter contribuído para a obtenção dos
baixos valores de biomassa de Thymus zygis (Ribeiro et al., 2001).
Os monoterpenos oxigenados, predominaram em todas as amostras de óleo (47,5-
75,0%), sendo seguidos pelos hidrocarbonetos não oxigenados (23,3-40,0%). No
entanto, as plantas que cresceram nas modalidades contendo VO 25-75 ou O 100
apresentaram os maiores valores de monoterpenos oxigenados e, consequentemente, os
menores valores de monoterpenos não oxigenados (Tabela 21). Estas variações poderão
também estar relacionadas com as propriedades físicas dos substratos.
O reduzido crescimento de plantas nas modalidades contendo vermicomposto
coincidiu com valores superiores de p-cimeno e inferiores de timol. Estes dados poderão
explicar, pelo menos em parte, os resultados de fraca produção de biomassa, sem
formação de novas folhas facto comprovado por ensaios de Johnson et al., (2004) no
qual se relatou a tendência para um fraco crescimento das plantas, pelas mais baixas
concentrações de timol detectadas em tais plantas.
Extrapolando os valores obtidos para t ha-1 obtiveram-se as maiores produções de
biomassa na modalidade VO 25-75 com 2,89x10-1 t ha-1 tendo a menor produtividade
sido registada na modalidade VO 75-25 com 3,0x10-3 t ha-1 ao passo que o maior
rendimento em óleos foi obtido na modalidade VO 25-75.
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Em ensaios com percentagens crescentes em vermicomposto com erva-cidreira
(Melissa ssp.) Sousa et al. (2003), obtiveram valores mais elevados de peso fresco e
peso seco em modalidades com percentagens de 20% de vermicomposto o que está de
acordo com o obtido na modalidade VO 25-75.
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5.4. Análise Energética
Na análise energética em produção orgânica em alface Souza et al. (2006)
obtiveram, no sistema orgânico, o input médio por ha de cultivo de 20,9x103 MJ, com
um output de 66,8x103 MJ revelando uma eficiência energética superior a 1, ao passo
que na produção convencional o input médio por ha foi de 21,4x103 MJ, com produção
de 56,1x103 MJ de output originando uma eficiência energética de 2,62 e um balanço
energético de 34,7x103 MJ.
Os valores obtidos pelos mesmos autores foram superiores aos obtidos nos
ensaios para a Lactuca sativa em todas as modalidades. Nesta cultura a maior eficiência
energética foi obtida na 1.ª campanha. Desta forma, para uma entrada no sistema de 1
MJ foram produzidos 0,135 MJ tendo sido a modalidade O 100, entre todas, a mais
eficiente sob o ponto de vista energético em comparação com as restantes.
Na mesma cultura os inputs de origem directa – água e trabalho humano,
representaram 0,93 e 86,35% do total de inputs na modalidade O 100 tendo
representado 0,08 e 7,03% na modalidade V 100. Estas diferenças encontram-se
relacionadas com os teores de nutrientes nos substratos tendo o vermicomposto
aumentado a percentagem de inputs indirectos – substratos e tratamento fitossanitário ao
passo que o aumento de inputs de origem directa se encontrou relacionado com o
aumento do teor de turfa.
O somatório de todos os inputs energéticos de origem indirecta – substratos e
tratamento fitossanitário, foram superiores aos inputs energéticos de origem directa –
água e trabalho humano, nas duas culturas.
Deste modo, e extrapolando os valores obtidos para t ha-1 em Lactuca sativa
obtiveram-se os maiores outputs energéticos na modalidade VO 25-75 na 1.ª campanha
com 3,56 MJ ha-1 tendo o menor output sido registado na modalidade O 100 durante a
2.ª campanha com 0,55 MJ ha-1.
Segundo Ozkan et al., (2004), as eficiências energéticas obtidas em tomate (1,26),
pimento (0,99), pepino 0,76 (pepino) e 0,61 (beringela) foram todas superiores à
máxima obtida em Lactuca sativa durante os ensaios (Tabela 29).
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É de prever ainda que a maior quantidade de nutrientes contida no vermicomposto
tenha sido responsável pelos elevados valores de inputs registados originando-se
directamente um maior consumo em nutrientes nas modalidades V 100 e VO 75-25 e
menor eficiência energética.
Em ambas as culturas e em todas as modalidades não se chegou a produzir 1 MJ
de energia na forma de outputs para 1 MJ de input (Tabela 29). As eficiências
energéticas obtidas para Lactuca sativa foram inferiores ao estabelecido por Ozkan et
al., (2004) para culturas hortícolas em quer para o modo de produção convencional quer
para o modo de produção orgânico.
Apesar de Mansvel et al., (1998); Waldon et al., (1998); Reganold et al., (2001) e
Poudel et al., (2002) terem indicado nos seus estudos um aproveitamento mais eficiente
de recursos e energia e directamente, uma taxa superior de conversão energética nos
sistemas orgânicos de produção de culturas hortícolas, os dados obtidos nos ensaios não
o veio confirmar, tendo a eficiência energética sido inferior em todas as modalidades
(Tabela 29).
Também segundo Gândara (1998), no qual a eficiência energética obtida em
modo de produção orgânico na cultura de alface revelou maior input obtido pelo
trabalho humano (18%) e pela adubação orgânica (75%) os resultados dos ensaios
indicaram um maior input nos nutrientes contidos nos substratos, 92% na modalidade V
100 e 9,08% na modalidade O 100 (Tabela 29).
Deste modo, entende-se que as propriedades físicas (capacidade de arejamento,
água de reserva, espaço poroso total e densidade aparente) e químicas (matéria orgânica,
matéria mineral e condutividade eléctrica) dos substratos tenham influenciado também
os balanços e rendimentos energéticos nas culturas de Lactuca sativa e Thymus zygis
uma vez que não se registaram incrementos de biomassa e óleos produzidos.
Poderia admitir-se que as maiores quantidades em matéria mineral registadas
(Tabela 8) pudessem originar maiores produções e aumentar a eficiência, mas tal não se
verificou, contrariamente ao obtido por diversos autores (Ozkan et al., 2004, Mansvel et
al., 1998; Waldon et al., 1998; Reganold et al., 2001 e Poudel et al., 2002) para culturas
hortícolas).
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Capítulo 6 – Conclusões
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Capítulo 6 – Conclusões
As propriedades físicas dos substratos desempenham um papel fundamental nos
resultados obtidos. Contudo, a tomada de decisões em relação ao substrato mais
eficiente e à utilização de áreas de produção no espaço rural deverá será levada em
função do tipo de cultura – hortícola ou aromática, uma vez que o seu crescimento
poderá ser influenciado pelas propriedades físicas e químicas dos substratos orgânicos
utilizados, relacionadas com o arejamento, disponibilidade hídrica e nutrientes.
Os dados obtidos permitiram concluir que a utilização de substratos orgânicos, no
caso particular vermicomposto, apresentou vantagens em termos de produtividades
obtidas na cultura hortícola Lactuca sativa, obtendo-se aumentos de produções sem
necessidade de adubação complementar na modalidade VO 75-25 tendo-se considerado
o melhor substrato para esta cultura hortícola. Contudo, estas produções foram
inferiores às obtidas em modos de produção convencional.
No que respeita à espécie aromática - Thymus zygis, os dados permitiram concluir
que a mistura de turfas de crescimento originou maiores produções de biomassa (O 100)
e de rendimento em óleos (VO 25-75) em comparação com o vermicomposto fruto
também das propriedades físicas e químicas dos substratos orgânicos utilizados tendo-se
considerado o melhor substrato para produção desta espécie aromática.
Do ponto de vista energético as propriedades dos substratos - nomeadamente o
vermicomposto, incrementaram a disponibilidade de nutrientes e directamente os inputs
a estes associados reduzindo as eficiências e respectivos balanços energéticos em ambas
as culturas tendo na cultura de Lactuca sativa sido inferior ao estabelecido em modos de
produção convencional e orgânico. Este facto foi ainda reforçado pela realização dos
ensaios em vaso, no qual se aumentou a concentração de nutrientes não se obtendo
ganhos acrescidos em biomassa.
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Gestão Agronómica e Energética em duas espécies distintas
Capítulo 6 - Conclusões
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Uma das questões centrais que a problemática da multifuncionalidade agrícola
levanta, quando discutida do ponto de vista do desenvolvimento rural, é, efectivamente,
a da integração das explorações agrícolas numa estratégia coerente de maximização dos
recursos locais;
A multifuncionalidade do espaço rural (hortícolas + aromáticas) poderá ser
promovida através da utilização de substratos e culturas adaptadas aos mesmos –
vermicomposto em Lactuca sativa e turfa em Thymus zygis;
O desenvolvimento rural sustentável implica a articulação entre as várias
dimensões da sustentabilidade - económica, social, ambiental. Deste modo, a utilização
de um mesmo substrato não se apresenta como alternativa viável face ao conceitos de
multifuncionalidade e desenvolvimento rural;
Face ao paradigma da multifuncionalidade, é de prever no futuro a quantificação
em termos económicos dos benefícios para o produtor para cada um dos binómios
cultura/substrato optimizando-se a articulação do conceito de desenvolvimento rural
sustentável.
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Capítulo 7 – Referências Bibliográficas
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