fernão dos santos rodrigues

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Universidade do Minho Instituto de Educação Fernão dos Santos Rodrigues outubro de 2019 ANÁLISE DO PERFIL DE PROFESSORES QUE LECIONAM EM REGIME DE BIDOCÊNCIA A DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS NO 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO – UM CONTRIBUTO PARA A QUALIDADE DO ENSINO EM TIMOR-LESTE Fernão dos Santos Rodrigues ANÁLISE DO PERFIL DE PROFESSORES QUE LECIONAM EM REGIME DE BIDOCÊNCIA A DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS NO 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO – UM CONTRIBUTO PARA A QUALIDADE DO ENSINO EM TIMOR-LESTE UMinho|2019

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Page 1: Fernão dos Santos Rodrigues

Universidade do MinhoInstituto de Educação

Fernão dos Santos Rodrigues

outubro de 2019

ANÁLISE DO PERFIL DE PROFESSORES QUE LECIONAM EM REGIME DE BIDOCÊNCIAA DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS NO 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO – UM CONTRIBUTO PARA A QUALIDADE DO ENSINO EM TIMOR-LESTE

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Fernão dos Santos Rodrigues

outubro de 2019

ANÁLISE DO PERFIL DE PROFESSORES QUE LECIONAM EM REGIME DE BIDOCÊNCIAA DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS NO 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO – UM CONTRIBUTO PARA A QUALIDADE DO ENSINO EM TIMOR-LESTE

Trabalho efetuado sob a orientação daProfessora Doutora Isabel Carvalho Viana

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Ciências da Educação

Área de especialização em Desenvolvimento Curricular e Avaliação

Universidade do MinhoInstituto de Educação

Page 3: Fernão dos Santos Rodrigues

ii

DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras

e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos

conexos.

Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não

previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da

Universidade do Minho.

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição-SemDerivações CC BY-ND

https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/

Page 4: Fernão dos Santos Rodrigues

iii

AGRADECIMENTO

A construção e a realização desta investigação científica foram possíveis pelo apoio e

colaboração direta ou indireta de muitas pessoas. Portanto, dou o meu sincero agradecimento, e

a minha profunda gratidão, a todos que me apoiaram ao longo do curso e também durante a

elaboração deste trabalho:

• Ao Presidente do Instituto de Educação, Professor Doutor José Augusto Pacheco, por tudo

que me apoiou ao longo do curso.

• Ao Coordenador do Curso de Mestrado em Desenvolvimento Curricular e Avaliação, Prof.

Doutor José Carlos Morgado, tudo apoio, longo do curso.

• À minha Orientadora, Doutora Isabel Carvalho Viana, enorme obrigado pelo apoio e pela

disponibilidade para aceitar orientar e corrigir do presente trabalho.

• A todos os docentes que me ensinaram no curso de mestrado em Desenvolvimento

Curricular e Avaliação, imenso obrigado pelo vosso apoio ao longo do curso.

• À professora Luísa Martins e ao Dr. Paulo Martins, pelos carinhos e disponibilidades para

fazer revisões linguística do presente trabalho.

• Ao Governo Timorense pelo apoio à concretização deste mestrado.

• Aos diretores de escola e aos professores da disciplina de Ciências Físico-Naturais, Ensino

Básico do 3º ciclo, envolveram nesta investigação pela grande colaboração, sem eles não

poderia ser realizado.

• Aos meus colegas e amigos do curso de mestrado, muito obrigado pela partilha da

experiência ao longo do curso.

• Ao meu Avô Zeferino Alves (Query-Mau) falecido, em vossa memoria e histórias que me

contava quando eu era criança, dá-me muita força e espírito na concretização deste

percurso.

• Aos meus queridos Pais, Irmãos/s, e todas as famílias, uma vez que sem eles não consigo

conquistar mais um sonho.

• À minha mulher Marita Graciana Hornay, que sempre me apoiou na vontade e força para

a elaboração deste trabalho.

Enfim, muito obrigado a todos aqueles que apoiaram e contribuíram para a finalização deste

trabalho, quer com apoio moral ou material.

Page 5: Fernão dos Santos Rodrigues

iv

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que

não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de

informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.

Page 6: Fernão dos Santos Rodrigues

v

Resumo

ANÁLISE DO PERFIL DE PROFESSORES QUE LECIONAM EM REGIME DE BIDOCÊNCIA A DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS NO 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO – UM CONTRIBUTO PARA A QUALIDADE DO ENSINO EM TIMOR-LESTE

O presente trabalho pretende fazer a análise do perfil de professores de CFN na lecionação em regime de bidocência. Sabendo que o perfil de um professor é um elemento fulcral na autodeterminação da qualidade do ensino e da aprendizagem, o professor não é apenas um mero transmissor de conhecimentos académicos, mas também um formador de personalidades, que implica saberes específicos e competência pedagógica. O professor necessita de uma atualização constante e dinâmica através de formação, quer inicial ou contínua, para corresponder ao contexto da globalização atual. Portanto, sucesso ou insucesso escolar pode depender da atuação do professor na prática educativa.

Esta investigação surgiu para identificar o atual perfil do professor em regime de bidocência para que garanta ou comprometa a qualidade do ensino/aprendizagem na disciplina de Ciências Físico-Naturais do 3.º ciclo do ensino básico em Timor-Leste. Para o efeito, envolveram-se seis diretores da escola do 3º ciclo do ensino básico e também participaram dezasseis professores que lecionam CFN no 3ºo ciclo do ensino básico, situadas nas escolas do distrito de Dili, Timor-Leste. Foi realizada uma investigação perspetivada por uma abordagem qualitativa, com recurso a entrevistas semiestruturadas. Os resultados obtidos a partir dos diretores revelam que os professores da disciplina CFN ainda não têm perfil adequado para a ensinar, já que os professores não são especializados nestas áreas, mas nas áreas de Física e Química, quando de facto a disciplina referida se compõe por quatro domínios, ou seja, Física, Química, Biologia e Geologia; e também pela pouca formação direcionada para os professores. Entretanto, a maioria dos professores refere que eram obrigados a ensinar esta disciplina CFN, após a reforma curricular em 2011, uma vez que as disciplinas de Física e Biologia eram integradas na disciplina CFN, constituindo quatros domínios diferentes, como supramencionado. Para além disso, encontram muitas dificuldades na lecionação porque a escola carece de infraestruturas, tais como bibliotecas, laboratórios, materiais didáticos e laboratoriais e também a dificuldade no domínio e uso da língua portuguesa no ensino. A falta de recursos financeiros e de formação são os grandes entraves para a melhoria das condições de ensino da disciplina de CFN e da qualidade da aprendizagem.

Palavras-chaves: Bidocência, formação, infraestruturas, Perfil do professor, sucesso.

Page 7: Fernão dos Santos Rodrigues

vi

Abstract

PROFILE ANALYSIS OF TEACHERS THAT TEACH IN BIDOCENCY REGIME THE SUBJECT OF

PHYSICAL-NATURAL SCIENCES IN THE 3rd CICLE OF BASIC SCHOOL - A CONTRIBUTION TO

QUALITY OF EDUCATION IN EAST TIMOR

The present work intends to analyze the profile of CFN teachers when teaching in bidocence regime. Knowing that the profile of a teacher is a key element in the self-determination of the quality of teaching and learning, the teacher is not only a mere transmitter of academic knowledge, but also a personality trainer, which implies a content and pedagogical competence. The teacher needs constant and dynamic updating through training, either initial or continuous, to match the context of current globalization. Therefore, success or failure in school may depend on the teacher's performance in the educational field. This research came to identify the current profile of the bidocence regime teacher in order to guarantee or compromise the quality of teaching/learning in the Physical Sciences course of the 3rd cycle of basic education in Timor-Leste. To this end, six primary school teachers were involved and sixteen CFN primary school teachers from the Dili district of Timor-Leste also participated. A qualitative investigation was conducted through surveys and semi-structured interviews. The results obtained by the principals reveal that the CFN teachers do not yet have an adequate profile to teach it, since the teachers are not specialized in these areas, but in the areas of Physics and Chemistry, when in fact the referred discipline comprises four domains: Physics, Chemistry, Biology and Geology; and also by the little training directed at teachers. However, most teachers report that they were required to teach this CFN subject after the curriculum reform in 2011, as the Physical and Biology subject were integrated into the CFN subject, which constituted four different domains as mentioned above. In addition, they encounter many difficulties in teaching because the school lacks infrastructure, libraries, laboratories, didactic and laboratory materials and also the difficulty in mastering and using the Portuguese language in teaching. Lack of financial and training resources are major obstacles to improving teaching conditions of the CFN subject and the quality of learning.

Keyword: Bidocence, Infrastructures, Success, Teacher’s profile, Training.

Page 8: Fernão dos Santos Rodrigues

vii

ÍNDICE

DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS .............. ii

AGRADECIMENTO .................................................................................................................... iii

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ............................................................................................... iv

Resumo ..................................................................................................................................... v

Abstract .................................................................................................................................... vi

Lista de Abreviatura ................................................................................................................... x

Lista de Figuras ....................................................................................................................... xii

Lista de Gráficos ...................................................................................................................... xiii

Lista de Quadros ..................................................................................................................... xiv

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1

CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO .................................................................. 10

1.1 Contextualização da investigação ...................................................................................... 10

1.1.1 Sistema Educativo de Timor-Leste ............................................................................. 10

1.1.2 Processo de Recrutamento de Professores Timorenses .............................................. 23

1.2 Problema de Investigação ................................................................................................. 29

1.3 Objetivos .......................................................................................................................... 29

1.4 Importância da Investigação ............................................................................................. 30

1.5 Limitação de investigação ................................................................................................. 30

CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ........................................................................... 31

2. 1 Formação de Professores em Timor-Leste ........................................................................ 31

2.1.1 Formação Inicial de Professores ............................................................................... 34

2. 1 .2 Formação Contínua de Professores ......................................................................... 45

2. 2 Identidade do Professor ................................................................................................... 56

2. 3 Papel dos Professores no Ensino de Ciências ................................................................... 69

CAPÍTULO III – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ................................................................. 72

3.1 Natureza da investigação .................................................................................................. 72

Page 9: Fernão dos Santos Rodrigues

viii

3.2 Participantes do estudo .................................................................................................... 72

3.3 Características dos Participantes do estudo ...................................................................... 73

3.3.1 Características dos Diretores .................................................................................... 73

3.3.2 Características de Professores .................................................................................. 76

3.4 Instrumentos de Recolha de Dados ................................................................................... 80

3.4.1 Entrevista ................................................................................................................. 80

3. 4. 2 Elaboração e Validação ........................................................................................... 82

3.5 Processo de recolha de dados .......................................................................................... 82

3.6 Análise de Dados .............................................................................................................. 83

3.7 Questões éticas da investigação ........................................................................................ 84

CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 85

4.1 O processo de Recrutamento dos Professores que Lecionam, em Regime de Bidocência a

Disciplina Ciências Fisico-Naturais pelo Olhar dos Diretores da escola ..................................... 85

4.1.1 Entidades/organismos com Legitimidade legal para fazer o recrutamento ...................... 85

4.1.2 As competências exigidas aos candidatos ...................................................................... 87

4.1.3 O processo de seleção dos professores da disciplina CFN em regime de bidocência ....... 94

4.1.4 O perfil exigido para a lecionação da disciplina CFN em regime de bidocência ................ 96

4.1.5 O motivo da política do governo para a implementação de regime bidocência na lecionação

da disciplina CFN ................................................................................................................... 98

4.1.6 Condições de professores da disciplina CFN a lecionação em regime de bidocência ..... 100

4.1.7 Dispositivos de apoio para os professores da CFN ........................................................ 102

4.1.7.1 Período preparatório ............................................................................................ 102

4.1.7.2 Na função de carreira .......................................................................................... 103

4.2 Análise sobre o processo de profissionalização dos professores CFN na lecionação em regime

de bidocência ....................................................................................................................... 106

4. 2. 1 O processo de ingresso à carreira profissional ........................................................... 107

4.2. 2 Motivação para a docência ......................................................................................... 114

4.2. 2. 1 Para ser professor(a) ......................................................................................... 114

4.2.2.2 Para ser professor(a) de CFN ............................................................................... 116

4. 2. 3 O estatuto profissional ............................................................................................... 121

4. 2. 4 Dispositivos contributos à lecionação de bidocência a CFN ........................................ 123

4. 2. 5 Potencialidade e constrangimento da implementação de regime bidocência a CFN .... 131

Page 10: Fernão dos Santos Rodrigues

ix

4. 2. 5.1 Potencialidade ................................................................................................... 132

4. 2. 5.2 Constrangimento ............................................................................................... 133

4.2.6 Estratégias utilizadas na lecionação de bidocência ....................................................... 135

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS, IMPLICAÇÕES E RECOMENDAÇÕES DE INVESTIGAÇÃO

............................................................................................................................................ 136

5.1 Considerações finais ....................................................................................................... 136

5.2 Implicação ..................................................................................................................... 142

5.3 Recomendações ............................................................................................................. 147

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 149

APÊNDICES .......................................................................................................................... 161

Apêndice I – Guião entrevista para Diretores ......................................................................... 161

Apêndice: II– Guião entrevista para Professores .................................................................... 163

Apêndice III - Declaração de Pesquisa de Universidade .......................................................... 165

Apêndice IV – Carta de acompanhamento Gabinete Coordenador do apoio Estudante (GCAE) 166

Apêndice V - Declarações da Pesquisa de Escola ................................................................. 167

Apêndice VI – Termo de consentimento .............................................................................. 172

Apêndice VII - Grelha de análise das opiniões de diretores da escola do 3º ciclo do ensino básico

............................................................................................................................................ 173

Apêndice VIII - Grelha de análise das opiniões dos professores do 3º Ciclo do Ensino Básico . 174

Page 11: Fernão dos Santos Rodrigues

x

Lista de Abreviatura

APODETI – Associação Popular Democrática Timorense

CFN – Ciências Físico-Naturais

CRDTL – Constituição da República Democrática de Timor-Leste

D1...n – Diretor e números respetivos

DIT – Dili Institute of Technology

DNRH-ME – Direção Nacional de Recursos Humanos do Ministério da Educação.

v. g – Verbi gratia ETTA – East Timor Transitional Administration

FEAH – Faculdade da Educação Artes e Humanidade

FRETILIN – Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente

GPE – Global Partnership for Education

ICS – Instituto Superior Cristal

ICFP – Instituto Católico para a Formação de Professores

INFORDEPE – Instituto Nacional Formação de Docentes e Profissionais da Educação.

IOB – Instituto Of Business

JICA – Japan International Cooperation Agency

KOICA – Korean National Development Agency

KPG – Kursus Pendidikan Guru

ME – Ministério da Educação

MEJD – Ministério da Educação, Juventude e desporto

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

P1...n – Professor e números respetivos

PGSLTP – Pendidikan Guru Sekolah Lanjutan Pertama/Atas

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PEDN – Plano Estratégico de Desenvolvimento

PKG – Pemantapan Kerja Guru

PENE – Plano Estratégico nacional da Educação

RDTL – República Democrática de Timor-Leste

SDN – Sekolah Dasar Negeri

SMPK – Sekolah Menengah Pertama Katolik

SGO – Sekolah Guru Olah Raga

Page 12: Fernão dos Santos Rodrigues

xi

SESIM – Sentru Prátika Siénsia no Matemátika

SPG – Sekolah Pendidikan Guru

SPGK – Sekolah Pendidikan Guru Katolik

UDT – União Democrática Timorense

UNDIL – Universidade de Dili

UNDP – United Nations Development Programme

UNITAL – Universidade Oriental de Timor Lorosa’e

UNPAZ – Universidade da Paz

UNTL – Universidade Nacional de Timor Lorosa’e

UNTIM – Universitas TimorTimur ou universidade Timor-Timur

UNTAET – United Nations Transitional Administration in East Timor

UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

UNICEF – United Nations International Children's Emergency Fund

Page 13: Fernão dos Santos Rodrigues

xii

Lista de Figuras

Figura 1 – Organização do sistema Educativo no tempo Ocupação Indonésia .......................... 15

Figura 2 – Organização do sistema educativo timorense no período da independência ............... 20

Figura 3 – Mapa de Dili ..................................................................................................................... 73

Page 14: Fernão dos Santos Rodrigues

xiii

Lista de Gráficos

Gráfico 1 – Características do sexo dos diretores .................................................................... 74

Gráfico 2 – Características da idade dos diretores ................................................................... 74

Gráfico 3 – Características da idade dos diretores ................................................................... 75

Gráfico 4 – Características do nível académico dos diretores .................................................. 76

Gráfico 5 – Características do sexo dos professores ................................................................ 76

Gráfico 6 – Caracterísiticas da idade dos professores ............................................................... 77

Gráfico 7 – Características da experiência do serviço dos professores....................................... 78

Gráfico 8 – Características da experiência do serviço dos professores na lecionação CFN ......... 78

Gráfico 9 – Características do nível académico dos professores .............................................. 79

Gráfico 10 – Características da área de especialidade dos professores ................................... 80

Gráfico 11 – Número contratados dos professores por nível académico ................................... 93

Gráfico 12 – Processo selecionado para ser professor ...........................................................107

Gráfico 13 – Processo para ser professor da CFN .................................................................114

Gráfico 14 – Opiniões professores sobre a motivação para ser professor ...............................117

Gráfico 15 – Opiniões professores sobre a motivação para ser professor da CFN ..................122

Gráfico 16 – Opiniõe de professor sobres a sua participação de curso ...................................124

Gráfico 17 – Opinõe de professores relativamente à quantidade da participação de curso .....127

Page 15: Fernão dos Santos Rodrigues

xiv

Lista de Quadros

Quadro 1: Plano curricular do 3º ciclo do ensino básico ............................................................ 3

Quadro 2: Características do sexo dos diretores ....................................................................... 73

Quadro 3: Caraterísticas da idade dos Diretores ...................................................................... 74

Quadro 4: Experiência de serviço dos diretores ........................................................................ 75

Quadro 5: Caraterísticas do nível académico dos Diretores ...................................................... 75

Quadro 6: Caraterísticas do nível académico dos professores .................................................. 76

Quadro 7: Caraterísticas da Idade dos professores .................................................................. 77

Quadro 8: Caraterísticas da experiência do serviço dos professores ......................................... 77

Quadro 9: Caraterísticas da experiência dos professores na lecionação CFN ............................ 78

Quadro 10: Caraterísticas do nível académico dos professores ................................................. 79

Quadro 11: Caraterísticas da área de especialidade dos professores ....................................... 79

Quadro 12: Processo selecionado para ser professor da CFN ............................................... 107

Quadro 13: Opiniões dos professores sobre a motivação para ser professor ..........................114

Quadro 14: Opiniões de professores sobre a sua motivação para ser professor CFN ...............116

Quadro 15: Opiniões dos professores sobres o seu estatuto profissional .................................121

Quadro 16: Opiniões de professores sobre a sua participação de curso ..................................123

Quadro 17: Opiniões de professores relativamente a quantidade de participação de formação ......

127

Page 16: Fernão dos Santos Rodrigues

1

INTRODUÇÃO

A educação básica é uma aprendizagem comum e essencial na qual as crianças

desenvolvem as competências do contexto de cultura e conhecimento global. Nesta primeira

fase de aprendizagem, promovem-se as capacidades em trabalho individual, mas também de

trabalho conjunto. Deixa livre o aprender democrático para fomentar as suas atitudes ao

contexto de ambiente global. Porém, é preciso um professor que pode acompanhar e guiar o

seu processo aprendizagem.

Assim, como Pacheco (1995, p. 42) afirmou:

o ensino básico regula-se, entre outros, por três princípios fundamentais: universalidade, obrigatoriedade e sociabilidade. A universalidade procura assegurar a todos os cidadãos uma formação geral e a inserção num quadro de valores, atitudes e destrezas sociais. A obrigatoriedade faz parte de uma política social ao fazer com que os cidadãos tenham uma formação mínima, considerada indispensável para a sua valorização e enquadramento na sociedade. A sociabilidade porque a escola básica representa um Projeto de socialização do aluno em função de um currículo concreto, determinado por variáveis históricas, sociais, políticas, económicas, culturais, etc.

Para garantir a qualidade da vida social e económica do povo timorense, em 2008, o

governo, através do Concelho de Ministros, aprovou a Lei de Bases da Educação, nº

14/2008, que trata sobre o sistema educativo.

A liberdade e o direito dos cidadãos ao acesso do ensino básico são obrigatórios e

gratuitos, que está regulada na lei acima referida no artigo 11.º do ponto 1) e 6), “o ensino

básico é universal, obrigatório e gratuito e tem a duração de nove anos” e “a gratuitidade no

ensino básico abrange propinas, taxas e emolumentos relacionados com a matrícula,

frequência e certificação, podendo ainda os alunos dispor gratuitamente do uso de livros e

material escolar, bem como de transporte, alimentação e alojamento, quando necessários”.

Desta forma, o direito ao acesso do ensino básico é universal e obrigatório, com a duração

de nove anos de escolaridade.

Com a base neste normativo, o governo timorense, traçou um compromisso político

no Plano Estratégico Nacional da Educação- PENE (2011–2030, p.19), refere que,

O Ensino Básico é universal, obrigatório e gratuito. A reforma do Ensino Básico basear-se-á nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Aos seis anos de idade, todas as crianças terão acesso ao Ensino Básico. Depois de concluírem os nove anos de escolaridade, serão fluentes em ambas as línguas oficiais e terão aprendido o inglês como primeira língua estrangeira.

Neste sentido, ao longo do período acima referido, todos os cidadãos com a idade

etária de seis anos são obrigados ao acesso do ensino básico gratuito, durante nove anos de

Page 17: Fernão dos Santos Rodrigues

2

escolaridade. Começam a aprender a ciência, a fazer ou descobrir a ciência, saber viver com

os colegas e saber ser, isto é, começa a haver entre a aula teórica e prática uma ligação

complementar. Como também tem acesso à aprendizagem das linguais oficiais, português e

tétum, e a língua inglesa como língua estrangeira, de modo a serem fluentes.

No artigo 12º do n.º 2, a lei acima referida, define:

O ensino básico deve ser organizado de modo a promover o sucesso escolar e educativo de todos os alunos, a conclusão, por cada um deles, de uma escolaridade efetiva de nove anos e a fomentar neles o interesse por uma constante atualização de conhecimentos, valorizando um processo de informação e orientação educacionais em colaboração com os pais.

Neste cenário, é obrigatório as crianças frequentarem o ensino básico durante nove

anos, de modo a que desenvolvam o interesse por uma atualização de conhecimentos através

de um ensino organizado, valorizando uma orientação educacional, com os professores em

cooperação com os encarregados de educação.

No artigo 13º do n.º 1, da mesma lei supramencionada, a organização do ensino básico

em Timor-Leste tem três ciclos de aprendizagens:

O ensino básico compreende três ciclos, o primeiro de quatro anos, o segundo de dois anos e o terceiro de três anos, nos termos curriculares seguintes: a) No primeiro ciclo o ensino é globalizante e da responsabilidade de um professor único, sem prejuízo da coadjuvação deste em áreas especializadas; b) No segundo ciclo, o ensino organiza-se por áreas disciplinares de formação de base, podendo conter áreas não disciplinares, destinadas à articulação dos saberes, ao desenvolvimento de métodos de trabalho e de estudo e à obtenção de formações complementares, e desenvolve-se, predominantemente, em regime de um professor por área; c) No terceiro ciclo, o ensino organiza-se segundo um plano curricular unificado, que integre coerentemente áreas vocacionais diversificadas, podendo conter áreas não disciplinares, destinadas à articulação de saberes, ao desenvolvimento de métodos de trabalho e de estudo e à obtenção de formações complementares, proporcionando a aprendizagem de uma primeira língua estrangeira, e desenvolve-se em

regime de um professor por disciplina ou grupo de disciplinas.

Desta forma, o 1º ciclo composto de quatros anos de escolaridade, isto é, do primeiro

ano até ao quarto ano de escolaridade, no qual o ensino é universalizado e da

responsabilidade de um único professor, regime de monodocência. No 2º ciclo, consiste em

dois anos de escolaridade, os 5º e 6º anos de escolaridade. O ensino começa a organizar-se

por áreas disciplinares e com foco na articulação dos saberes, continuando a formação

complementar, e, predominante, em regime de um professor por área disciplinar. Enquanto,

no 3º ciclo, compõe-se por três anos de escolaridade, a partir do 7º ano até ao 9º de

escolaridade. Este nível de ensino organiza-se num currículo unificado, com integração das

áreas vocacionais e das áreas não disciplinares, e fomenta-se em regime de um professor

por disciplina ou grupo de disciplinas.

Page 18: Fernão dos Santos Rodrigues

3

Sendo que, no ensino básico do 3º ciclo, aparece a disciplina de Ciências Físico-

Naturais, integra a área de estudo nomeada “Área de Desenvolvimento Científico”, pois esta

disciplina consiste em quatros domínios diferentes: Física, Química, Biologia e Geologia. Tal

como Freitas (2009, apud Cardoso, 2012, p. 57) considera que, “(…) a área de Ciências

Físico-Naturais, assume um papel decisivo no desenvolvimento do mundo atual”. Esta

lecionação partilhada, sugere que o professor de física lecione os conteúdos ligados à

disciplina física e química, enquanto, o professor de biologia, leciona os conteúdos ligados à

disciplina de biologia e geologia.

A lecionação desta disciplina em todos os anos de escolaridades (7º, 8º e 9º ano) é

atribuído o tempo de 3 horas letivas por semana, como refere o quadro que se segue:

Quadro 1: Plano curricular do 3º ciclo do ensino básico, (Pacheco, et al. 2009, pp. 40-41)

Áreas (Disciplinas)

Anos de Escolaridade e horas letivas

7º 8º 9º Área de desenvolvimento linguístico

Tétum 3 3 3

Português 5 5 5

Inglês 3 3 3

Área de desenvolvimento científico

Matemática 5 5 5

Ciências Físico-Naturais 3 3 3

História e Geografia 3 3 3

Área de desenvolvimento pessoal e social

Educação Física 2 2 2

Educação Artística 2 2 2

Educação para a Cidadania e os Direitos Humanos 2 2 2

Educação Religiosa e Moral 2 2 2

Total de tempos letivos 30 30 30

Formações transdisciplinares: valorização do Tétum e Português, da educação para a paz, da utilização das tecnologias da informação e comunicação e da dimensão humana do trabalho; integração de Timor-Leste no espaço asiático.

No entanto, depois da implementação do novo currículo do 3º ciclo do ensino básico

do Timor-Leste, em 2011, alguns investigadores timorenses, que fizeram investigação sobre

a lecionação da disciplina Ciências Físico-Naturais para contribuir a qualidade do ensino de

ciências do país através do resultado de investigação.

Page 19: Fernão dos Santos Rodrigues

4

Soares (2011) realizou um estudo qualitativo sobre a lecionação das Ciências Físico-

Naturais, que envolveu um diretor geral, cinco diretores de escola e vinte professores de

Ciências Físico-Naturais. O resultado obtido através da entrevista semiestruturada, a maioria

dos entrevistados diziam que eles ainda não tinham condições para lecionar a disciplina

referida, isto é, dificuldades de infraestruturas, como laboratórios, bibliotecas e equipamentos

educativos, assim como recursos humanos.

Por outro lado, Cardoso (2012) realizou o mesmo estudo, que envolveu um diretor

geral, cinco diretores de escola e seis professores sobre a implementação da reforma

curricular no 3º ciclo do ensino básico no país estudado, relativamente à implementação da

nova disciplina de Ciências Físico-Naturais (CFN). Esta investigação foi sustentada em

entrevistas semiestruturadas sobre as suas conceções de implementação desta nova

disciplina, como resultado a maioria dos entrevistados referem que continuam a enfrentar

muitas dificuldades, tais como a falta de laboratórios e materiais laboratoriais na

implementação deste novo currículo, na lecionação da disciplina de Ciências Físico-Naturais

(CFN). Além disso, enfrentam enorme dificuldade na utilização da língua portuguesa no

processo de ensino aprendizagem.

Esta perspetiva da lecionação cria um grande desafio aos professores timorenses, uma

vez que alguns professores não têm formação neste domínio, têm, sobretudo, formação em

engenharia agrícola ou técnica. Para alcançar o objetivo da política do governo, no âmbito da

lecionação referida, é necessário um investimento sério na área de formação de professores,

em particular, na formação contínua, de forma capaz de melhorar o conhecimento dos

professores nas áreas do conhecimento científico e pedagógico. Sendo também necessário

recrutar mais professores qualificados nesta área de conhecimento para poder garantir a

qualidade da educação do país, enquanto corolário de um país desenvolvido.

Nesta circunstância, a qualidade do ensino e a aprendizagem depende da ação política

e apostas das políticas educativas do país, para assim poder haver exigências e competências

profissionais da parte dos docentes, que promovam a qualidade de educação e contributo ao

desenvolvimento do país. Sabendo que, o compromisso político do governo no Plano

Estratégico do Desenvolvimento (PED) (2011-2030, p. 18), a educação é vital no processo

de desenvolvimento do país. No compromisso referido, o governo reconheceu que a educação

e a formação são a chave do desenvolvimento e a vida do cidadão no país:

Page 20: Fernão dos Santos Rodrigues

5

A educação e a formação são as chaves para melhorar as oportunidades de vida do nosso povo para o ajudar a concretizar todo o seu potencial. São também vitais para o crescimento e desenvolvimento económico de Timor-Leste. A nossa visão é de que todas as crianças timorenses devem ir à escola e receber uma educação de qualidade que lhes dê os conhecimentos e as qualificações que lhes permitam virem a ter vidas saudáveis e produtivas, contribuindo de forma ativa para o desenvolvimento da Nação.

Para alcançar as metas deste compromisso político, o governo precisa de preparar e

qualificar bem os professores, através da formação inicial e contínua, no contexto do século

XXI, para garantir a melhoria e a qualidade do ensino e aprendizagem no contexto da reforma

curricular, já que o professore é o agente da mudança e da inovação no campo educacional,

como sublinham Flores e Flores (1998, p. 79) que “fomentar a inovação nas escolas, inovar

as práticas educativas e encontrar as respostas mais adequadas a cada contexto são aspetos

que pressupõem a consideração do professor como agente curricular”. Assim como reforça

Oliveira e Courela (2013, p. 114) “quando estão em causa inovações ao nível da sala de aula,

de práticas pedagógicas, envolvendo o currículo e a avaliação dos alunos, o papel dos

professores é fundamental”. Adiante nesta perspetiva, considera-se o docente como um

elemento fulcral na determinação da qualidade de produção recursos humanos para o

desenvolvimento.

Pacheco (2001, p. 164) sublinha que o sucesso dos processos de reforma e inovação

convergentes com a qualidade do ensino estão muito interligados com a responsabilidade do

professor, tal como refere: “a responsabilidade do professor é a chave do sucesso ou

insucesso de uma reforma e inovação”. Para favorecer o sucesso da mudança de educativa,

o professor tem que estar munido de conhecimentos e qualificações especializadas e

adequadas ao mundo atual, de forma a prestar um ensino de qualidade aos estudantes.

Por seu turno, Morgado (2000, p. 85), referindo-se às condições de sucesso das

reformas educativas, destaca o envolvimento de três atores principais, a comunidade local,

os professores e os pais e a comunidade internacional, o autor refere-o da seguinte forma: “o

sucesso das reformas educativas depende essencialmente do empenhamento e contributo

de três atores principais: a comunidade local, em particular, os órgãos diretivos das escolas,

os professores e os pais; autoridade oficial, e a própria comunidade internacional”.

O interesse deste estudo procura informação sobre o modo como o governo apoia os

professores que trabalham na área Ciências Físico-Naturais, de forma a garantir a qualidade

do ensino, com o propósito de atingir o compromisso político do governo, através do Ministério

da Educação, traçado no plano estratégico nacional da educação para o período de 2011-

Page 21: Fernão dos Santos Rodrigues

6

2030. Com base neste compromisso, o ministério da educação realizou o 3º Congresso

Nacional da Educação com a lema: “a Educação é o pilar da consolidação da Identidade e

do Desenvolvimento da Nação”. Do mesmo modo, o ministério também relembrou o

compromisso político-educativo no plano estratégico nacional da educação, afirmando o

seguinte: “(...) todas as crianças devem ir à escola e receber uma educação de qualidade

que lhes dê os conhecimentos e as qualificações que lhes permitam ter vidas saudáveis e

produtivas, contribuindo, de forma ativa, para o desenvolvimento da Nação”.

A formação dos professores pode traduzir-se na qualidade do ensino prestado nas

escolas, que contribui para o desenvolvimento do país, em todos os setores. A exigência da

globalização do mundo atual impõe a necessidade de mais competências nos professores

além das tradicionais, como por exemplo, os desafios tecnológicos, que só com uma boa

formação inicial e contínua se pode conseguir e assim contribuir para a melhoria do processo

de ensino-aprendizagem.

Como refere no Decreto-Lei N° 23/2010 sobre o Estatuto da Carreira Docente, no

artigo 4º, o governo consciente que a qualidade do sistema educativo é provável de contribuir

para o desenvolvimento pessoal, torna-se o progresso do desenvolvimento da nação, em

todos os setores, como económico, social e cultural:

A qualidade do sistema de educação e de ensino é pressuposto do desenvolvimento humano e do progresso económico, social e cultural de Timor-Leste. 2. A qualificação académica e contínua do Pessoal Docente constitui fator determinante para o bom desenvolvimento do sistema de educação e ensino e para sucesso escolar dos alunos. 3. Compete ao Ministério da Educação implementar as medidas necessárias ao cumprimento do princípio ora consagrado.

Este artigo relata-nos que, a qualificação académica do docente, é o maior contributo

para a qualidade do processo de ensino e aprendizagem para sucesso escolar dos alunos,

deste modo o poder político deve investir na capacitação dos docentes.

Desta forma, os professores têm um papel fundamental no desenvolvimento do país.

Segundo Freire (1987, apud Cunha, 2002, p 31) diz que o professor não apenas transformar

o conhecimento, mas também reflete sobre a sua própria prática, de modo reconstruir a suas

competências para que possa fomentar a qualidade da sua produção, que não reduzir:

O ato de conhecer o crescimento existente a uma mera transferência deste conhecimento. E o professor se torna o especialista em transferir conhecimento. Então, ele perde algumas das qualidades necessárias, indispensáveis requeridas na produção do conhecimento, assim como no conhecer e conhecimento existente. Algumas destas qualidades são, por exemplo, a ação, a reflexão crítica, a curiosidade, o questionamento exigente, a inquietação, a incerteza – todas estas virtudes indispensáveis ao sujeito cognoscente.

Page 22: Fernão dos Santos Rodrigues

7

De acordo com este autor, o professor não pode ser só transmissor do conhecimento,

portanto, precisa de disponibilizar uma formação para que os estudantes construam as suas

próprias competências, sejam competências científicas e humanas.

A globalização e presença de tecnologia implicam, no processo de ensino e

aprendizagem, um grande desafio para os professores, já que não devem apenas transmitir

o conhecimento, mas também precisam de competências a nível de pedagogia e tecnologia,

de saber lidar com as condições no contexto de sala de aula, tornando a aprendizagem mais

dinâmica, crítica e criativa. Como sublinha Viana (2013, p. 2), “os profissionais de educação

são confrontados com uma diversidade de desafios, entre os quais as tecnologias que

ocupam uma apologia complexa, gerando a necessidade de mudar a focagem individual para

a social/coletiva”. Adiante nesta perspetiva, os professores necessitam de competências

tanto ao nível do conhecimento, como da pedagogia, da capacidade de trabalhar em coletivo,

seja com os colegas professores ou com estudantes na sala de aula ou fora.

Assim, os professores precisam de apoio por parte do governo e das organizações

privadas, nacional ou internacional, no sentido de promover essas competências, como

afirmou Rodrigues (2012, apud Viana, 2013, p. 1) que:

Por acção dos governos, de movimentos políticos e pedagógicos, de peritos, de universidades, de organismos internacionais, como a OCDE e a UNESCO, vigoram hoje em quase todos os países os princípios da escolaridade obrigatória, em alguns casos por quatro anos (até aos 10 anos de escolaridade), em outros casos por nove ou dez anos e em outros ainda por 2 anos (ou seja, até aos 18 anos de idade) [12 anos de escolaridade é o que vigora em Portugal, o diploma foi promulgado em 2009. Efectiva-se a partir de 2012- 2013]. Em alguns países estes princípios vigoram há muito tempo, desde a segunda metade do século XX, tendo vindo a ser progressivamente actualizados objectivos de escolaridade mais longos. Em outros países, a ambição é mais recente. Porém todos partilham a convicção de que a escolaridade longa bem-sucedida é essencial para o acesso dos jovens a uma cidadania plena, bem como para garantir o futuro dos países.

Sendo assim, o desenvolvimento e futuro dos países pode estar garantido a partir do

aumento da escolaridade obrigatória. Timor-Leste tem ainda um caminho a percorrer, neste

sentido, pois os estudantes têm a obrigatoriedade dos nove anos de escolaridade.

Ainda, a competência dos professores não se dá somente através de formação, mas

também pelo contacto com outros colegas, através de trabalho colaborativo, o contacto com

outros sistemas educativos através de programas de Erasmus, intercâmbio educativo.

Portanto, os professores teriam mais modelos que seria uma mais-valia para a sua profissão.

Tal como argumentou Loughran (2009, p.18), “as tentativas dos formadores de professores

para questionarem as abordagens tradicionais da formação podem ser melhor documentadas

contribuindo para que o conhecimento que daí deriva acerca das formas mais significativas

Page 23: Fernão dos Santos Rodrigues

8

e apropriadas do processo de ensinar sobre o ensino possam estar disponíveis para outras

pessoas”.

Neste cenário, o professor deve ter a capacidade de interagir com os outros colegas

profissionais, no modo de construir a sua identidade profissional através do trabalho colegial.

De acordo com Loughran (2009, p. 17), os professores necessitam refletir sobre a sua ação

pedagógica para que possa contribuir o desenvolvimento profissional, através de um

autoestudo sobre a melhoria na sua prática profissional, capta a imaginação de muitos

formadores de professores:

Esta ideia de autoestudo captou a imaginação de muitos formadores de professores à medida que têm procurado investigar e compreender melhor a natureza complexa do ensino e da aprendizagem sobre o ensino de modo tornar-se mais informativa sobre a sua própria prática e, ao mesmo tempo, mais articulável e comunicativa para outros.

Neste cenário, os professores necessitam fazer a reflexão sobre a sua própria prática

profissional e resolver as suas dificuldades, através de formação, ou seja, com formadores

que podem promover mais competências para a qualidade da prática profissional.

Este estudo, essencialmente, pretende investigar o perfil de professores timorenses,

em regime de bidocência, adequado ao contexto de implementação da reforma curricular no

3º ciclo do ensino básico, ao nível da disciplina de Ciências Físico-Naturais. Embora designada

de disciplina, na realidade trata-se de uma área de conhecimento que inclui quatro disciplinas,

como já foi referido anteriormente.

Sabendo que o perfil de um professor desempenha um elemento importante nas

práticas pedagógicas e que terá efeito na qualidade do processo de ensino e aprendizagem,

tal como referiu Alonso (2007, p. 115):

O perfil do professor atual é o de um profissional apetrechado com os instrumentos teóricos, técnicos e práticos que lhe permitem desempenhar uma prática reflexiva, capaz de dar resposta à diversidade de exigência que é confrontada a escola de hoje e do futuro. A sua função central-estimular aprendizagem significativa nos alunos e o seu desenvolvimento integral enquanto indivíduos e cidadãos - função complexa, que exige o desenvolvimento de conhecimento, capacidades e atitudes a vários níveis, mas que exige, sobretudo, uma grande capacidade reflexiva, investigativa, criativa e participativa para se adaptar e intervir nos processos de mudança.

Ainda, esta autora apresenta quatro dimensões do perfil do professor, que podem

fomentar a qualidade do ensino e aprendizagem, esta designação são:

- Dimensão profissional, social e ética, que realça a vertente intelectual, cívica e deontológica das suas funções, enquanto profissional com um saber específico capaz de resolver a demanda social da escola enquanto instituição educativa; - Dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, que releva o conhecimento científico, técnico atitudinal necessário a uma gestão informada e participada do currículo, tendente à organização de ambientes que proporcionem experiência de ensino-aprendizagem de qualidade para todos

Page 24: Fernão dos Santos Rodrigues

9

os alunos; - Dimensão de participação na escola e da relação com a comunidade, que apela à dimensão colaborativa e organizacional da função docente participando de forma colegial na construção do projeto educativo/ curricular da escola, em parceria e interação a comunidade envolvente; -Dimensão do desenvolvimento profissional ao longo da vida, através de processos de investigação e reflexão individual e colaborativa, que permitem definir o seu projeto da formação pessoal e profissional (Alonso, 2007 pp. 116-117).

É de salientar que as propostas educativas governamentais em Timor-Leste estão

nesse sentido, mas possuem muita dificuldade no que concerne à sua implementação, devido

às frágeis e escassas infraestruturas e às difusas características dos recursos humanos, que

pensamos ser relevante no nosso estudo, enquanto contributo para a qualidade da Educação

em Timor-Leste.

Assim, tentamos analisar o processo da formação de professores timorenses a partir

do período de colónia portuguesa, Indonésia e na era da independência até ao presente.

Para tal, esta dissertação organiza-se em cinco capítulos, apresentados

posteriormente, a saber: o capítulo I, a problemática da investigação; capítulo II, o

enquadramento teórico; capítulo III, a metodologia de investigação; capítulo IV, apresentação

e discussão dos resultados e por último o capítulo V, considerações finais, implicação e

sugestão de investigação.

Page 25: Fernão dos Santos Rodrigues

10

CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

O presente capítulo apresenta a problemática inerente e levada a cabo pela

investigação realizada. Neste sentido, efetua também uma contextualização teórica da

investigação, razão da investigação, objetivo da investigação, importância da investigação e

por fim, a limitação da investigação.

1.1 Contextualização da investigação

Neste ponto, tentamos contextualizar a história da evolução do sistema educativo do

governo timorense e o processo de recrutamento de professores.

1.1.1 Sistema Educativo de Timor-Leste

A educação é um elemento fulcral do desenvolvimento das competências humanas

que contribui para o desenvolvimento de um país, em todos os setores.

De acordo com Fernandes (2006) a educação é um elemento principal para o

desenvolvimento das ciências e tecnologias de todos os países. Através da educação adquire-se

as competências das ciências e tecnologias que promovem a qualidade dos recursos humanos

em todas as áreas de uma sociedade. Como refere Viegas (2017, p, 16) “a educação desempenha

um papel muito importante no desenvolvimento económico, social e cultural do país”. Segundo

Freitas (2008) a educação timorense, por causa do seu passado e história política, passou por

quatro fases de mudanças educativas, nomeadamente a fase do colonialismo português, a fase

da invasão Indonésia, a fase do governo transitório e a fase pós-independência.

❖ Fase do colonialismo Português (1512 a 1975)

Neste período, a educação era muito limitada e, consequentemente, a maioria da

população não tinha oportunidade de acesso à educação. Até ao final da colonização

portuguesa, dados existentes atestam que cerca de 95% da população apresentava um índice

elevado de analfabetismo. Portanto, a educação estava acessível apenas para as elites, não

existia educação universal ou de massas, sendo a língua utilizada o português, como língua

do ensino e com o currículo ocidental (Freitas, 2008). Segundo Belo (2008), durante o

período do século XVI e XVII, a língua portuguesa começou a ser ensinada em Timor-Leste

pelos missionários dominicanos. Embora, nos finais do século XVI, abriu um seminário menor

Page 26: Fernão dos Santos Rodrigues

11

em Solar para ensinar os jovens a ler e a contar. Belo (2008) referiu ainda que, na segunda

metade do século XVIII, procedeu-se à criação do seminário no Enclave Oe-cusse, no tempo

do governo do Bispo de Frei António de Castro, entre 1738 a 1742, e um segundo seminário

foi aberto em Manatuto, em 1747.

Neste sentido, a igreja católica foi o agente principal do funcionamento da educação

do país designado território Timor-Português (Soares, 2011). Porém, não havia nenhum

documento escrito sobre o funcionamento e sobre os programas de estudo e nem referência

ao número de estudantes inscritos nos dois seminários acima referidos, tal como Belo (2008,

p. 1) salientou: “não dispomos de relatórios dos frades, sobre o funcionamento, o programa

de estudos, nem o número de alunos, e muito menos de sacerdotes formados, fruto daquelas

duas instituições”. Perante a situação procedeu-se de imediato à abertura de uma escola

católica com o principal objetivo de ensinar a doutrina católica ao povo timorense.

No século XIX, verificou-se uma diminuição dos missionários dominicanos, e

consequentemente ao processo do ensino naquela ilha (Timor-Portugal), basicamente o

ensino da língua portuguesa (Belo, 2008). O autor salientou ainda que nos anos de 1830, a

responsabilidade de gerir os estabelecimentos de ensino ficou a cargo de um padre

timorense, denominado de Jacob dos Reis e Cunha:

Entre os anos 1830 a 1856, o primeiro padre Timorense, Frei Gregório Maria Barreto, dirigia uma escola rudimentar nos reinos de Oe-Cusse, Ambeno e Díli. Em 1863, o governador Afonso de Castro fundou uma escola régia em Dilui, destinada aos filhos dos Chefes e de outros principais. A direção dessa escola foi entregue ao segundo padre Timorense, Jacob dos Reis e Cunha (Belo, 2008, p.3).

Em 1878, o Padre António Joaquim de Medeiros estabeleceu o programa da educação

aos jovens nos estabelecimentos de escolas rurais em Manatuto, Lacló, Lacluta, Samoro, Oe-

cusse, Maubara e Baucau (Belo, 2008).

Belo (2008, p. 3) salientou que, a partir dos anos 1935, o colonialismo português

decidiu estabelecer um sistema educativo no contexto da ilha colónia:

Ensino primário, agrícola, profissional às Missões Católicas, sob a superintendência do Governo da Colónia” (Portaria Oficial, n.º 14). Em 1936, fundou-se o Seminário Menor em Soibada, pelo padre Superior daquela Missão, Jaime Garcia Goulart. E em 1938, funda-se o primeiro liceu. Pode-se afirmar que em 1940, 4% dos Timorenses falavam o Português, isto é, os funcionários, os professores e os catequistas, os “liurais” e chefes, aqueles que tinham tirado a 3 ª e a 4ª classe em Díli e no Colégio de Soibada.

Deste modo, a educação da ilha colónia naquele momento focava-se fortemente no

ensino da língua portuguesa e da religião, para difundir a própria língua e a religião católica

Page 27: Fernão dos Santos Rodrigues

12

em todo o território naquela ilha, pois a maioria da população não falava português,

considerada a língua oficial da ilha Timor-Português.

Houve uma expansão da educação com o subsídio financiado pelo governo colonial

que construiu a escola básica e escola pré-secundária nos anos de 1952/1953, estas escolas

designadas de escolas femininas e escolas masculinas, dado na altura existir uma separação

de ambos os sexos. Os estudantes masculinos inscritos no ano letivo referido foram 3848

estudantes, constituídos pelos 3722 timorenses, 8 europeus e 92 estudantes mestiços.

Enquanto os estudantes femininos inscritos 821 (Belo, 2016). Verifica-se assim uma

discriminação entre rapazes e raparigas no acesso à educação. A escola feminina foi

reservada às irmãs canossianas e religiosas que tinham muito menos pessoal (Belo, 2016).

Neste sentido, durante o período colonial português, na ilha colónia não houve ensino

secundário e ensino superior, de acordo com Soares (2011). No decorrer da época do

colonialismo português, o número de escolas era muito reduzido para atender ao número de

habitantes do território da ilha, ou seja, faltavam na altura infraestruturas para acolher todos

os estudantes. No fim do período da colonização portuguesa, em Timor-Leste, existiam 47

escolas básicas e 2 escolas pré-secundárias que atenderam à população naquela ilha

colonial, ou seja, mais de 600.000 habitantes e apenas 14.000 crianças tiveram a

oportunidade de as frequentar (Pedersen & Arneberg, 1999). Durante o período da

colonização portuguesa, apenas por volta de 10% da população era considerada alfabetizada

(Nicolai, 2004, apud Soares, 2011).

Por outro lado, no relatório do desenvolvimento humano em Timor-Leste, pela

organização mundial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -PNUD

(2002), diz que durante o colonialismo português não se desenvolveu a educação e,

consequentemente, até no final da sua colonização, apenas produziu 5% de taxa de

alfabetismo do todo território em Timor-Leste.

❖ Fase da invasão Indonésia (1975 a 1999)

Após o 25 de abril de 1974, designado também por “Revolução dos Cravos” em

Portugal, onde se colocou fim ao regime da ditadura militar, liderado por António de Oliveira

Salazar. Com o fim deste regime deu-se o nascimento da democracia, que concedeu

liberdade absoluta para todas as colónias portuguesas, incluindo Timor-Leste, podendo este

escolher a sua independência ou então continuar a integrar Portugal. A escolha de Timor-

Page 28: Fernão dos Santos Rodrigues

13

Leste, em 1975, foi a independência, no entanto, a existência de vários partidos políticos com

princípios opostos, levou o povo timorense a viver uma guerra civil, sobre a definição do

destino do país naquele momento. Estes partidos foram a UDT - União Democrática

Timorense, que defendeu a independência após uma integração longa com Portugal;

FRETILIN - Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente, um partido de esquerda que

lutou pela independência de Timor-Leste, idealizando esta vitória num curto espaço de tempo;

enquanto, APODETI - Associação Popular Democrática Timorense, pretendia a integração

com a Indonésia.

A FRETILIN foi o partido com maior expressividade, principalmente no que diz respeito

às forças armadas, devido a esse facto ganhou a guerra supracitada e declarou a sua

independência unilateralmente, em 28 de novembro de 1975. Com essa instabilidade, a

Indonésia aproveitou e invadiu novamente o território de Timor-Leste com apoio dos Estados

Unidos da América, após duas semanas da declaração acima referida, no dia 7 de dezembro

de 1975, prolongando-se até 1999. Durante este período da invasão do governo indonésio,

Timor-Leste foi considerado como um governo das 27ª províncias da Indonésia, designado

como Timor-Timur.

Devido a essa condição, obrigatoriamente Timor-Leste adotou um novo sistema

educativo proveniente e equiparado ao sistema educativo instituído na Indonésia, como

referiu Belo (2016, p. 257), “(…) depois da declaração oficial da integração do território de

Timor-Leste na República da Indonésia, pela lei de julho de 1976, o governo provincial

intensificou o sistema de educação baseado nos programas indonésios”. Desde que a

Indonésia ocupou o território de Timor-Leste que a sua integração não se ficou apenas na

ocupação do território, propriamente dito, mas também na enorme vontade de desenvolver o

país. E ao desenvolvê-lo, a Indonésia tinha a plena consciência que a educação era um setor

essencial para o desenvolvimento da província Timor-Timur (Pedersen & Arneberg, 1999).

Deste modo, o governo indonésio estabeleceu a escola de massas, ou seja, “Educação

para todos cidadãos”, garantindo assim todos os direitos do cidadão ao acesso da educação

(Nicolai, 2004, apud Soares, 2011). Portanto, durante o período da ocupação da Indonésia

todos os cidadãos possuíram o mesmo direito para acesso à escola (Soares, 2011). Para

garantir a qualidade do ensino e aprendizagem na província Timor-Timur, como a qualidade

de outras províncias do país, o governo contratou vários professores fora da província Timor-

Timur, nomeadamente de Jawa, Jogja, Jakarta, Bali, Flores, Manado, etc… (Soares, 2012).

Page 29: Fernão dos Santos Rodrigues

14

Todavia, o governo indonésio reabriu as escolas para superar a dificuldade da vida

social e tentou diminuir o número de analfabetismo do povo timorense como anteriormente

mencionado, dado não terem existido um número razoável de escolas na era colonial

portuguesa. O sistema educativo do governo português abolido rapidamente e substituído

pelo sistema educativo do governo indonésio, onde este inseriu o currículo indonésio como o

currículo nacional e utilizou a língua indonésia como língua oficial e língua do ensino nas

escolas do território (Pedersen & Arneberg, 1999). Por outro lado, Belo (2008, p. 3) afirmou

que “o ensino da Língua Portuguesa foi banido e proibido em todo o território, com a exceção

feita ao Externato de São José”. Segundo o relatório do desenvolvimento humano em Timor-

Leste, “o estado proibiu a utilização da língua portuguesa nas escolas e exigiu que todos os

que tivessem de tratar de assuntos com a administração pública o fizessem em Indonésio”

(PNUD, 2002. p. 51).

No período de 1976 a 1982, reestabeleceu-se a escola do ensino básico, ou seja,

Sekolah Dasar Negeri (SDN), e escola pré-secundária ou Sekolah Lanjutan Tingkat Pertama e

a diocese de Dili, mantinha as escolas de todas as missões do tempo da colonização

portuguesa (Belo, 2016). De acordo com a lei da Indonésia, continuou-se a dar liberdade às

entidades privadas, como a igreja católica, ou seja, muitas outras empresas podiam criar

escolas, porém tinham que adaptar-se ao sistema educativo mencionado anteriormente. As

escolas privadas eram fundações, com apoio financeiro de 80 % do governo, enquanto que

os salários dos professores na escola pública eram pagos pelo governo na totalidade (Belo;

2016; Pedersen & Arneberg, 1999).

Nos anos de 1976 a 1977, decorreu uma guerra, conflito entre o invasor e FRETILIN

e, consequentemente, a atividade inerente à aprendizagem nas escolas públicas parou,

enquanto as escolas privadas na diocese de Díli continuaram a funcionar na normalidade,

nomeadamente as escolas primárias de Igreja ou Sekolah Dasar Katolik-SDK e as pré-

secundárias, Sekolah Menengah Pertama Katolik-SMPK (Belo, 2008).

Durante o período da colonização indonésia, a educação através dos estabelecimentos

do ensino primário, pré-secundário e secundário, aumentou o número de estudantes para

cerca de 130.000 em 1986 e, nos anos 90, expandiu-se o ensino pré-secundário e secundário

(Pedersen & Arneberg, 1999). A expansão da escola nesta época aconteceu em 1985, já que

o governo indonésio estabeleceu a escola primária em quase todas as aldeias do território da

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15

província Timor-Timur e conseguiu atingir 33 % dos jovens de 15 anos que acabaram o ensino

básico (Soares, 2012).

Para melhorar a vida social e económica do povo timorense em todo o território do

país, o governo aprovou uma lei sobre o Sistema Educativo Nacional da República Indonésia-

n.º 2/1989 do artigo 5, que garantiu o direito a todos os cidadãos à oportunidade de acesso

à educação. Para alcançar este compromisso político o governo definiu uma organização do

sistema educativo unificado para o território do país, como apresenta a figura 1 que se segue:

Figura 1: Organização do Sistema Educativo no tempo ocupação Indonésia (Pedersen & Arneberg, 1999)

Até ao final do período da invasão indonésia, em 1999, conseguiu-se construir 1029

escolas em todo o território, quer escolas privadas ou públicas, ao nível do ensino pré-escolar

até ao ensino superior. Foram constituídas 66 escolas para o ensino pré-escolar, uma para a

educação especial, 788 escolas primárias, 114 escolas pré-secundárias, 37 escolas do

ensino secundário, 17 escolas do ensino vocacional, uma universidade, um Politécnico, uma

escola vocacionada para a Agricultura, uma escola de Saúde, uma escola de Economia e um

Centro de Formação de Professores (Pedersen & Arneberg, 1999).

O número das escolas supramencionadas aumentou a taxa de alfabetismo, ficando

mais expressiva, aproximadamente de 10.000 passou para 225.685 estudantes. A escola

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16

pré-escolar tinha 2.168 estudantes, na escola especial 45 estudantes, no ensino primário

167.181 estudantes, no ensino pré-secundário 32.197 estudantes, no ensino secundário 14.

626 estudantes, no ensino vocacional 4.347 estudantes e no ensino superior 5.121

estudantes (Pedersen & Arneberg, 1999).

No fim da ocupação Indonésia, em 1999, o governo sustentava 10.693 professores

que ensinavam na escola timorense, na sua maioria de nacionalidade Indonésia. No ensino

pré-escolar, 183 professores, dos quais 153 professores eram indonésios e 30 professores

timorenses; na educação especial, 13 professores indonésios, não existindo professores

timorenses neste ensino em específico; no ensino primário, 6.672 professores, onde 1.500

professores eram indonésios e 5.172 professores timorenses; na escola pré-secundária,

1.963 professores, 1898 professores indonésios e 65 professores timorenses; no ensino

secundário, 1.059 professores, 972 professores indonésios e 87 professores timorenses; no

ensino vocacional existiram 478 professores, 423 professores indonésios e 55 professores

timorenses; no ensino superior existiram 325 professores que ensinavam na universidade,

no politécnico, escola economia, escola de saúde e centro formação de professores, no qual

198 professores indonésios e 127 professores timorenses (Pedersen & Arneberg, 1999).

Na verdade, apenas a escola primária teve maior expressividade de professores

timorenses, enquanto a pré-secundária até ao ensino superior foi dominado pelo corpo

docente oriundo da Indonésia. A qualidade do ensino aprendizagem foi muito frágil, pois a

maioria dos professores não tinha formação inicial e outros tinham apenas a 4ª classe do

tempo colonial português. Para além disso, foi visível a escassez de materiais didáticos, como

manuais escolares e outros recursos, para facilitar os professores na sua prática pedagógica

na sala de aula, tal como foi referido no relatório (PNUD, 2002, p. 51), que a educação do

país melhorou apenas no que concerne à quantidade e não pela qualidade:

O primeiro foi o de que o aumento quantitativo não foi acompanhado pela correspondente melhoria da qualidade. Na maioria das províncias da Indonésia, o ensino era de fraca qualidade: as escolas tinham falta de financiamento, de manuais escolares e de equipamento básico. Em Timor Leste, a situação era ainda pior - embora os efeitos disso nem sempre fossem evidentes já que as avaliações testavam os conhecimentos dos alunos numa pequena parte dos programas escolares, sendo as notas inflacionadas para melhorar as estatísticas oficiais.

Page 32: Fernão dos Santos Rodrigues

17

❖ Fase do governo transitório (1999 a 2002)

Esta terceira fase do sistema educativo foi uma fase marcada por um grande marco

na história do país, dado que o povo timorense decidiu a sua independência no dia 30 de

agosto de 1999, através do referendo, sob a observação da Organização das Nações Unidas,

maioritariamente (78,50%) escolheu a independência, enquanto 21,50% decidiu integrar a

República Indonésia. De tal forma que o país foi mergulhado numa crise política, em resultado

do referendo, que culminou na danificação de todos os edifícios públicos e privados pelo

governo militar da Indonésia, de cujo país os professores eram maioritariamente oriundos e

que, mediante a situação exposta, não tiveram escolha e deixaram o território de Timor-Leste

e voltaram ao seu país (PNUD, 2002; Viegas, 2017).

Perante esta situação crítica, o governo timorense desenvolveu estratégias com apoio

de entidades públicas e privadas, nacionais ou internacionais, para o início da reconstrução

e desenvolvimento do país, que se prolongou até ao presente.

Tal crise política obrigou o governo timorense a reconstruir o país, ainda que a falta de

recursos se tenha tornado num problema muito significativo. Neste contexto, o governo

timorense, sob a administração transitória da United Nations Transitional Administration in

East Timor (UNTAET), no período 1999 a 2002, fez um grande esforço para reconstruir e

desenvolver o território em todos os setores, incluindo o setor da educação, já que se trata

de uma área fundamental para a melhoria da vida social e económica da população. Para

alcançar este objetivo, o governo timorense concentrou os seus esforços no desenvolvimento

da educação, tomando para tal diversas medidas, com o apoio da Igreja Católica e de

organizações internacionais, nomeadamente com a revisão da organização do Sistema

Educativo e de uma reforma curricular (Pacheco et al., 2009).

O governo transitório reabriu as escolas em todo o território do país, recrutou novos

professores e substituiu o currículo da Indonésia por um currículo alternativo de acordo com

a nova nação (Pacheco et al., 2009, p 8). Os autores afirmam um movimento de reconstrução

assente nas seguintes finalidades estruturantes:

O movimento de reconstrução e reforma que, entretanto, se iniciou, procurava, essencialmente, cumprir três finalidades: (i) reabilitar e reabrir as escolas; (ii) recrutar novos professores; e (iii) substituir o currículo indonésio por um currículo mais significativo e mais consonante com os propósitos da nova Nação e com os desafios que mais recentemente se

têm colocado aos sistemas educativos, em geral.

Page 33: Fernão dos Santos Rodrigues

18

Neste período, o governo reconstruiu os edifícios públicos, incluindo as escolas do

ensino básico até ao ensino superior em todo o território do país. Os professores

voluntariamente ensinavam, sem formação nas áreas específicas, devido à escassez de

profissionais da educação, como refere Cabrita (2015, p. 14), “Os professores timorenses

retomaram funções, regressando aos estabelecimentos de ensino, mas a escassez de

recursos humanos era tal que houve necessidade de recrutar muitos professores voluntários,

muitos deles sem qualquer formação pois, na verdade, grande parte possuía apenas a

instrução primária”. Neste contexto, os professores precisaram de apoio, sendo necessário

ter uma formação de professores que garantisse a qualidade de ensino.

No período de governo transitório, o governo conseguiu construir 40 escolas do ensino

Pré-escolar, 700 escolas do ensino básico, 100 escolas do ensino secundário e 10 escolas

do ensino vocacional. A expansão ao ensino foi expressiva, 240.000 estudantes estavam

matriculados nas escolas, distribuídos por todos os níveis de ensino anteriormente referidos,

no entanto, as escolas apresentavam muita carência de recursos educativos, e até os

estudantes ficavam sentados no chão para a sua aprendizagem (Alvarez, 2002).

❖ Fase da pós-independência (2002 até ao presente)

Esta última fase começou após o país ter restaurado a sua independência, em 20 de

maio de 2002, até ao presente, existindo muitas crianças e jovens inscritos em todos os

níveis de ensino, desde o ensino Pré-escolar até ao Ensino Superior. Assim, para garantir o

direito de todos os cidadãos ao acesso à educação, o governo na primeira assembleia

constituinte, em 2002, garantiu melhorar o sistema educativo. Para isso, o governo

estabeleceu a escola obrigatória universal e gratuita para todos os cidadãos, que foi

consagrada na Constituição da República Democrática de Timor-Leste, artigo 59º (CRDTL,

2002), salientando esta base normativa, com a exigência de acesso ao campo de trabalho.

O governo implementou a educação básica e o pré-secundário para todos, como diz Freitas

(2008, p. 8), “(…) implementar a educação básica com qualidade (primária + pré-secundária)

para todos”.

No artigo 58, n.º 1 da Lei de Bases da Educação acima mencionada, o governo

implementou a escolaridade obrigatória com o propósito de diminuir a taxa de analfabetismo

do país, como “(…) o regime de nove anos de escolaridade obrigatória previsto na presente

Page 34: Fernão dos Santos Rodrigues

19

lei aplica-se aos alunos que se inscreverem no primeiro ano do primeiro ciclo do ensino básico

a partir do ano letivo de 2008-2009 em diante”.

No início do primeiro ano de independência, em 2002, o governo teve apoio financiado

por muitas entidades internacionais, como Banco Mundial e Equipa de Desenvolvimento e

Global Partnership for Education-GPE (Parceria Global para a Educação) e outros parceiros,

foram construídas milhares salas de aula e aprimorado o conhecimento dos professores,

também forneceram equipamentos educativos para melhorar o processo de aprendizagem.

Consequentemente, de 2002 até 2014, a taxa de matriculação aumentou expressivamente,

passando de 242.000 para 364.000 estudantes, assim como o número de professores

duplicou, abrangendo 12.000 professores. Enquanto ações nacionais de fornecimento de

materiais, as despesas para a educação, estatisticamente, cresceram 13% em 2004 para

25% em 2010 e permanece este patamar até 2015 (Patrinos & Ramos, 2015).

De acordo com a Lei de Bases da Educação nº 14/2008, anteriormente mencionada,

o sistema educacional de Timor-Leste consiste em três níveis de ensino, nomeadamente:

Ensino Básico (com nove anos de escolaridade obrigatória), Ensino Secundário (três anos de

escolaridade) e o Ensino Superior. Com esta base normativa o governo promoveu esta

organização do Sistema Educativo, para garantir o acesso ao ensino e a oportunidade de

garantir a todos os cidadãos habilitações para o mundo do trabalho, como apresentado na

figura seguinte:

Page 35: Fernão dos Santos Rodrigues

20

Figura 2- Organização do Sistema Educativo Timorense no período da independência (Freitas, 2008, p. 10)

A Organização do Sistema Educativo timorense estrutura-se em três níveis: i) o primeiro

nível de ensino, o ensino básico, que corresponde ao ensino primário e pré-secundário,

compreende nove anos de estudo e em regime obrigatório; ii) o segundo nível de ensino

corresponde ao ensino secundário e ao técnico profissional de 3 anos de duração, com

caráter facultativo e, por último, iii) o terceiro nível de ensino, inclui o ensino politécnico, o

bacharelato, a licenciatura, a pós-graduação, o mestrado e o doutoramento, também

facultativo.

Com o espírito da melhoria da educação do país, o governo desenvolveu políticas,

nomeadamente a aprovação da resolução nº. 3/2007 sobre a Política Nacional de Educação,

que garantia o direito do cidadão timorense ao ensino a todos os níveis, com qualidade, que

permitisse competir no mercado do trabalho.

A implementação desta política do governo aumentou a taxa de matrículas no ensino

básico e no ensino pré-secundário, assim como o número de professores, no entanto no

ensino técnico-profissional, os estudantes aumentaram e os professores diminuíram, o que

dificultou o processo de ensino/aprendizagem, como indicam os dados seguintes, inscritos

na resolução do governo nº. 3/2007:

Page 36: Fernão dos Santos Rodrigues

21

O número de professores na educação primária aumentou de 3.860 para 5.343, e verificou-se uma queda correspondente na relação aluno professor de 45:1 para 30:1. Ao nível da educação pré-secundária, o número de estudantes aumentou de 38.820 para 50.300 e o número de professores baixou de 1.606 para 1.506. Ao nível da secundária, o número de estudantes aumentou de 20.920 para 31.661 e o número de professores de 855 para 1.520. Ao nível do ensino técnico-profissional, o número de estudantes aumentou de 2.295 para 3.052 e o número de professores baixou de 203 para 117 (JORNAL da REPÚBLICA, 2007, p.1724).

O governo, no ensino primário, diminuiu o número de estudantes por turma, passando

de 45 para 30 estudantes, enquanto no ensino pré-secundário, pelo contrário, há um

aumento do número de estudantes e uma baixa de professores, que varia entre 50 alunos a

55 alunos por turma.

O crescimento da taxa de estudantes nas escolas aumentou e na sala de aula,

constituindo um enorme desafio ao professor na sua prática pedagógica. Ainda, para

ultrapassar as dificuldades, o governo precisa de aumentar os edifícios escolares e recrutar

mais professores, de forma a atender às necessidades dos estudantes nas escolas, no sentido

de melhorar a qualidade das suas aprendizagens.

Neste modo, o governo implementa escola de massas, que permite todas as crianças

e jovens ao acesso da educação. Esta política garante uma explosão de número de estudantes

na escola e necessita de professores qualificados para ensiná-los. Porém, “(…) o corpo

docente da escola de massas há grande diversidade de habilitações académicas (ensino

secundários, cursos não superiores sem grau bacharelato, licenciatura e mestrado) e de

habilitações profissionais (professores formados por modelos profissionais iniciais e

certificação profissional em serviço)” (Formosinho, 2009, p. 42).

Então, a implementação da escola obrigatória e universal às vezes, apenas é visível no

quantitativo e menos no qualitativo, já que o próprio professor não tem qualificação

académica. Como salienta o mesmo autor (2009, p 42): a diversidade grau qualificação no

ensino da escola massa é “um fator enriquecimento organizacional, pois traduz

desqualificação da formação do professor e nivelamento por baixo do perfil esperado da

função docente.”

Segundo dados estatísticos do Ministério da Educação, Juventude e Desporto-MEJD,

em 2017, o governo timorense através do Ministério da Educação conseguiu construir 1.789

escolas em todo o território do país, ao nível do ensino pré-escolar até ao secundário: 363

escolas do ensino pré-escolar, sendo 231 escolas públicas e 132 escolas privadas; 1278

escolas do Ensino Básico, 1093 são escolas públicas e 185 são escolas privadas; 98 do

Page 37: Fernão dos Santos Rodrigues

22

ensino Secundário Geral, 51 escolas públicas e 47 privadas; e 50 do ensino vocacional, 38

do ensino público e 12 do ensino privado (MEJD1, 2017).

Deste modo, e contabilizando no total o número das escolas acima mencionadas

podemos referir que nelas conseguiram ingressar 394.550 estudantes desde o ensino pré-

escolar até ao ensino secundário: 21.832 estudantes no ensino pré-escolar, dos quais 11.029

são do sexo masculino e 10.803 são do sexo feminino; no ensino básico contabilizam-se

310.785 estudantes, sendo 158.478 alunos e 152.307 alunas; e no ensino secundário

61.933 estudantes, dos quais 30.184 alunos e 31.749 alunas (MEJD, 2017). É possível

assim concluir que os estudantes do ensino Pré-Escolar e Ensino Básico são na maioria do

sexo masculino, enquanto que no Ensino Secundário são na maioria do sexo feminino.

Para atender ao número dos estudantes acima referidos nas escolas, o governo

recrutou 14.208 professores para os níveis de ensino supramencionados, dos quais 8.237

professores e 5.971 professoras, distribuídos da seguinte forma: 658 professores para ensino

Pré-Escolar, 11.238 professores para o ensino básico e 2.312 professores para ensino

secundário (MEJD, 2017).

Por outro lado, no Diário Notícias da Lusa2 (2017) o Primeiro-Ministro timorense do VI

Governo Constitucional, Rui Maria de Araújo, recordou no 3º Congresso Nacional da

Educação, que o número de escolas e de alunos em Timor-Leste duplicou nos últimos 15 anos,

após a restauração da sua independência: o número das escolas do nível pré-escolar ao

secundário cresceu de 93 escolas para 1.715, o número de alunos aumentou de 238.639

para 391.611 e o número de docentes aumentou de 6.541 para 13.948, no ensino superior

o número de estudantes cresceu de 23.460 em 2011 para 50.500 e o número de professores

aumentou de 948 para 2.100 em 2015, assim como, mais de 10.700 professores receberam

formação contínua.

O governo distribuiu 985.000 mesas e cadeiras e 957.000 manuais escolares e

materiais didáticos para todas as escolas ao nível de ensino pré-escolar até ao ensino

secundário de todo o território, no sentido de facilitar as práticas pedagógicas e dar qualidade

no processo de ensino e aprendizagem, garantindo a qualidade da educação em Timor-Leste.

1 Ministério da Educação Juventude e Desporto. Construir a nossa nação através de uma qualidade de educação. Disponível em: http://www.moe.gov.tl/?q=node/217. Acedido em 21/11/2018. 2 Diário de Notícias Lusa (2017). Número de escolas e de alunos em Timor-Leste quase duplicou nos últimos 15 anos – PM. Disponível em: https://www.dn.pt/lusa/interior/numero-de-escolas-e-de-alunos-em-timor-leste-quase-duplicou-nos-ultimos-15-anos---pm-8476453.html. Acedido em 21/11/2018.

Page 38: Fernão dos Santos Rodrigues

23

1.1.2 Processo de Recrutamento de Professores Timorenses

Em qualquer instituição, seja pública ou privada, os recursos humanos devem ser

qualificados para se conseguir ter qualidade de trabalho, de modo a alcançar os objetivos

institucionais. Para tal, é indispensável escolher os seus profissionais através de concurso

público, ou seja, proceder a um recrutamento com critérios rigorosos, conforme a necessidade

da instituição, uma vez que assim há a possibilidade de se selecionar os profissionais mais

qualificados, mais competentes. É, ainda, importante ter em conta o recrutamento dos

recursos humanos mais qualificados de acordo com a especialidade dos professores, para

que estes implementem os diversos programas ou disciplinas no contexto curricular.

Para imprimir qualidade à educação é obrigatório ter quadros mais qualificados, ter

profissionais com a melhor formação para que possam desenvolver conhecimento e

competências que lhes possibilitem responder às necessidades dos estudantes no processo

de aprendizagem. A reforçar esta perspetiva Delors (1996, p. 153) refere:

Para melhorar a qualidade da educação é preciso, antes de mais nada, melhorar o recrutamento, a formação, o estatuto social e as condições de trabalho dos professores, pois estes só poderão responder ao que deles se espera se possuírem os conhecimentos e as competências, as qualidades pessoais, as possibilidades profissionais e a motivação requeridas.

O crescimento da taxa de estudantes nas escolas, devido à escolaridade obrigatória,

requer que se recrutem mais professores para atender às necessidades da escola. Este

recrutamento significa maior financiamento no setor da educação, sendo que, as possíveis

insuficiências de investimento, pode comprometer o recrutamento de professores em número

necessário e em condições de responder às suas necessidades de formação. Esta ideia é

salientada por Delors (1996, p. 175), quando refere que “(…) o rápido aumento da população

escolar no mundo trouxe consigo um recrutamento em massa de professores. Este

recrutamento, muitas vezes, teve de fazer-se com recursos financeiros limitados e nem

sempre foi possível encontrar candidatos qualificados”.

Com base neste entendimento, parece-nos poder dizer que a política de

implementação da escola obrigatória e universal é desfavorável também no processo de

recrutamento de professores, uma vez que são necessários mais professores e não se exigem

critérios rigorosos na sua seleção. Deste modo, podemos dizer que, quanto mais elevado for

Page 39: Fernão dos Santos Rodrigues

24

o número de docentes necessários, menos exigência se coloca no seu processo de

recrutamento.

O aumento da escolaridade tem o propósito de melhorar a qualidade da educação,

mas nem sempre se alcança, pois, percebe-se que, cada vez mais, os professores não têm

condições para acompanharem, de forma adequada, o processo do ensino e aprendizagem.

Assim, refere Delors (1996, p. 53):

(...) o prolongamento da escolaridade, paradoxalmente, em vez de melhorar, agrava muitas vezes a situação dos jovens mais desfavorecidos socialmente e/ou em situação de insucesso escolar. Dividem os jovens em duas categorias, situação tanto mais grave quanto se prolonga pelo mundo do trabalho. Os não diplomados se apresentam aos recrutadores das empresas com uma desvantagem quase insuperável. Alguns deles, considerados pelas empresas sem capacidades para o emprego, ficam definitivamente excluídos do mundo do trabalho e privados de qualquer possibilidade de inserção social.

Neste cenário, é indispensável que o governo faça um grande investimento financeiro

para criar as condições necessárias e auxiliar os professores, de forma a que estes possam

elevar a qualidade da sua produção e possam preparar os jovens para melhor competir no

acesso ao mercado de trabalho.

O recrutamento de professores deve ser um caminho transparente e justo e capaz de

identificar os professores com qualificação e competência, de forma a garantir a qualidade do

ensino. Porém, nem sempre se consegue um bom recrutamento, uma vez que algumas

disciplinas estão integradas em diferentes domínios.

Conforme a formação especializada, de acordo com Formosinho (2009, p. 79):

(…) o recrutamento dos docentes para os cursos de formação de professores generalista, pressupondo que a formação deste não tem nenhuma especialidade (nem na componente dos conteúdos a ensinar, nem na componente pedagógica), colocamos natural(izada)mente a lecionação das diferentes disciplinas aos departamentos e grupos disciplinares já existentes.

Timor-Leste está a encaminhar este processo, que após reforma curricular, agrupa

todas as disciplinas das ciências naturais numa área de conhecimento, isto é, Ciências Físico-

Naturais, e também implementa o sistema educativo obrigatório e universal, conforme

mencionado na Introdução deste trabalho. Deste modo, é necessário preparar e qualificar os

professores para ensinar. Não houve recrutamento oficial para os professores porque o país

mergulhou numa crise, após a independência de Timor-Leste, ano 1999, tendo que reconstruir

os edifícios públicos e privados, sobretudo no setor da educação, basicamente, no período do

governo transitório, sendo as dificuldades no âmbito dos recursos humanos e financeiros.

Page 40: Fernão dos Santos Rodrigues

25

Conforme o regulamento, n.º 2000/3 do artigo n.º 1, sobre a Comissão do

Serviço Público da línea 2, da United Nations Transitional Administration in East Timor-

UNTAET, que a Comissão criou três pilares impotentes no atendimento público:

(a) Formula as políticas privadas e as linhas de orientação, incluindo as que estão relacionadas com o recrutamento, nomeações e promoções; salários, benefícios, pensões e outros termos de funcionalismo; procedimento e sanções disciplinares; e os direitos e os deveres dos funcionários públicos e outros funcionários dos agentes públicos, para serem incorporados num futuro estatuto do funcionário do serviço publico; (b) Pendendo o estabelecimento dos procedimentos judiciais para ouvir casos sobre trabalho e administração, a Comissão terá que ser arbitraria em tais disputas; (c) Uma vez que os serviços públicos de Timor Leste forem plenamente operacionadas, ela supervisionara a implementação dos procedimentos já em acordo, despachos administrativos e as linhas de orientação; promover um ambiente ético no serviço da administração; e controlar todo o arranjo dos departamentos e agentes públicos.

Este artigo afirma que foram criadas políticas específicas no âmbito dos requisitos de

recrutamento, nomeação e promoção dos salários, benefícios, pensões como o seu grau ou

escalão, com os procedimentos e sanções disciplinares que regulam e garantem os direitos e

os deveres do agente público, para serem admitidos ao estatuto de funcionário público.

Estabeleceu as regras que permitam, se for o caso relacionado ao trabalho de administração,

a comissão tem dever para intervir.

No artigo n.º 6, do mesmo regulamento, o administrador do Governo transitório deve

dar apoio financeiro e técnico, necessários à comissão para remunerar os funcionários

públicos e os membros da comissão, segundo o grau atribuído, na forma de gratificação, “(…)

o Administrador do Governo Transitório deve proporcionar apoios de fundo técnico

necessários para a Comissão. Os membros da Comissão devem receber remunerações em

forma de gratificação, num grau a ser estabelecido pelo Administrador do Governo

Transitório”. Sendo, para facilitar o processo da remuneração, o administrador do Governo

transitório estabeleceu o Gabinete Central de Pagamentos de Timor-Leste, definido no

Regulamento n.º 2000/6 da UNTAET. Porém, não havia nenhuns documentos inscritos

relativamente aos requisitos sobre recrutamento de professores e nem o número de

professores que foi recrutado na época referida.

Depois que terminou o governo transitório, em 2002, o país restaurou a sua

independência no dia 20 de maio de 2002, o I governo constitucional como a conformidade

do regulamento da UNTAET n.º 2000/3 do artigo supramencionado criou uma lei para a

definição do recrutamento público para todos cidadãos, conforme as necessidades públicas

que está estipulada na instrução da Lei nº 1/ GVM / MAI / 2003, que servem os

Page 41: Fernão dos Santos Rodrigues

26

“procedimentos a serem observados para os Concursos de Ingresso na Administração

Pública de Timor-Leste”.

No ponto 4, a lei referida, definiu três princípios gerais do concurso, a saber:

1. A abertura de concurso de ingresso é feita mediante autorização de cada Ministro de Tutela; 2. A Direção de Administração de cada Ministério é responsável pela realização de todo o processo do concurso, devendo prestar o apoio administrativo ao júri em todas as fases da realização dos concursos de ingresso, de acordo com a presente Instrução; 3. No processo de recrutamento, seleção, classificação ou graduação de candidatos, devem ser observados os seguintes princípios: a) Liberdade de candidatura no caso dos concursos de ingresso; b) Divulgação prévia de todos os atos relacionados com o concurso; c) Objetividade no método e critérios de avaliação; d) Garantia de condições e oportunidades iguais para todos os candidatos; e) Neutralidade na composição do Júri; f) Direito de recurso; g) Transparência.

Nesta perspetiva, cada Ministério possui a competência para fazer o recrutamento

conforme as necessidades e a Direção da Administração de cada Ministério tem a

responsabilidade pela realização do concurso e todo o seu processo, de acordo com a

presente instrução em vigor. No concurso, todos os cidadãos têm igualdade de oportunidades

e condições, direito ao recurso e transparência em todo o processo, segundo os princípios

em vigor.

Porém, efetivamente, o governo não criou um concurso público para os professores.

Sendo que, alguns professores continuam a ensinar voluntariamente na escola, durante três

a quatro anos, sem remuneração, só depois o diretor da escola aconselha o Ministério da

Educação para contratar conforme as necessidades da escola. Neste sentido, o Ministério da

Educação do I Governo até ao IV Governo Constitucional fez o concurso interno de ingresso

limitado, que fixou no ponto n.º 5, alínea 2c), na mesma, da qual apresentada os seguintes

tipos de concurso:

1. Os concursos classificam-se em: a) Concursos de ingresso; b) Concursos de promoção (sujeito a regulamento a aprovar). 2. Quanto à origem dos candidatos, o concurso de ingresso pode classificar-se em: a) Concurso de ingresso aberto- todos os cidadãos vinculados ou não aos órgãos da Função pública podem concorrer; b) Concurso interno de ingresso - quando seja aberto apenas a funcionários da administração pública. c) Concurso interno de ingresso limitado- quando seja aberto apenas para funcionários de um determinado Ministério.

Com o espírito e a vontade do governo para fomentar a qualidade e a eficiência dos

funcionários públicos, estabeleceu uma Direção Nacional da Função Pública, que está

consagrada no Decreto Lei n. º 34/2008, e que foi aprovado pelo concelho de Ministros.

No artigo n.º 11, a línea 1, que “(…) o processo de recrutamento para o concurso

público pode ser centralizado na Direção Nacional da Função Pública”. Deste modo, só a

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27

direção referida, é que possui a competência para fazer o recrutamento a todos funcionários

do território do país, salvo as instituições privadas.

Ainda, no presente Decreto Lei, no artigo 18, fixaram-se quatro normas de concurso

primordiais:

1. Nos concursos devem ser utilizados, com carácter eliminatório, os seguintes métodos: a) Provas de conhecimentos; b) Entrevista profissional de seleção; c) Avaliação curricular;

2. 2. Os concursos internos exigem ainda o uso da classificação de serviço resultante da avaliação de desempenho;

3. 3. Pode ainda ser utilizado, com carácter complementar, o exame médico de seleção; 4. 4. A ponderação entre os métodos deve constar do aviso de abertura.

Neste sentido, os concursos seguem 4 normas de seriação dos candidatos: a primeira

serve-se das provas de conhecimento, da entrevista profissional e da avaliação curricular para

métodos eliminatórios; a segunda norma, como concurso interno, serve-se da avaliação de

desempenho para a classificação do candidato; a terceira norma, com carácter

complementar, serve-se do exame médico e como quarta norma a ponderação entre os

métodos deve constar no aviso de abertura.

Portanto, com base nesta normativa, em 2008, o IV Governo Constitucional fez um

concurso público para a contratação dos professores do ensino Pré-Secundário e distribuiu

os mesmos docentes por todas as escolas do território, segundo as necessidades de cada

escola.

Mais tarde, no dia 15 de julho de 2009, o governo alterou a Direção Nacional da Função

Pública para “A Comissão da Função Pública”, de acordo com a Lei do n.º 7/2009. Esta

comissão como um “Órgão da administração Pública” tem plena competência de agir em

todas as entidades da administração direta ou indireta do estado, relativamente a todos os

funcionários abrangidos pelo estatuto da Função pública, de acordo como artigo n.º 2,

alínea a), na presente lei. Porém, depois desta comissão ser estabelecida pelo referido

decreto, os professores continuaram a ensinar em regime de voluntariado e não remunerado

nas escolas, até 2015.

No entanto, em 2010, o governo aprovou o Decreto Lei n.º 23/2010, que definiu o

estatuto de carreira docente.

No artigo 31º, acima referido, definiram-se as regras gerais de recrutamento dos novos

docentes que passa mediante o processo de recrutamento e da seleção (n.º 1 do artigo 31.º).

Sendo que este processo de recrutamento incumbe tudo na competência do Ministério da

Educação como definido no n.º 2 do mesmo artigo. E cabe ao Ministério determinar a marcha

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28

procedimental para o processo de recrutamento em regulamento próprio. Neste caso, pode

ser mediante um Diploma Ministerial.

O regime de concurso, o n.º 3 do artigo 31.º, manda aplicar os princípios norteadores

dos concursos na Administração Pública e adapta-se ao estatuto de carreira docente. Isto é,

os princípios gerais no processo de recrutamento da Função Pública são aplicáveis em

relação ao recrutamento dos docentes com devida adaptação.

É de realçar que a lei também determina quais são os requisitos gerais para que um

indivíduo possa concorrer. Estes requisitos são aqueles que estão elencados no n.º 4 do artigo

31.º do Estatuto enunciado. Assim, constitui os requisitos gerais, designadamente, que o

candidato possui as habilitações profissionais adequadas e exigidas para a docência ao nível

de ensino e grupo de recrutamento a que se candidata; não estar impedido pela qualquer

razão que seja para exercer a função pública; que tenha uma boa condição saúde física e

psíquica que deve ser comprovada por exemplo, mediante atestado médico e declaração de

compromisso; e por último, obtenha aprovação em prova de avaliação de conhecimentos e

competências. Sendo certo que, nos termos do diploma aqui enunciado, o exame para obter

aprovação de conhecimentos é objeto de Diploma Ministerial próprio.

Portanto, o recrutamento visa preencher a vaga existente de forma permanente.

Embora, há situações provisórias que o recrutamento desta natureza não é o caminho viável.

Refira-se às situações esporádicas ou situação que não perdura no tempo. Por exemplo, na

ausência temporária de um professor por razão de saúde.

Nestas situações, a lei admite nos termos do artigo 29.º do mesmo estatuto, o contrato

a termo certo. E, o Ministério da Educação tem a competência para celebrar este tipo de

contrato com o docente que não esteja integrado na carreira.

Para que celebre este contrato a termo certo, deve preencher imperativamente uma

das condições determinadas nos termos do n.º 2 do artigo citado. Primeiro, que esteja

perante uma necessidade não permanente no Estabelecimento de Educação e Ensino. Esta

necessidade não permanente se caracteriza numa situação esporádica e deve ser objeto de

avaliação autónoma e subjetiva. Isto é, desde que a situação em causa diz respeito a certas

disciplinas no estabelecimento de Educação e Ensino, além disso, que haja a impossibilidade

de preencher pelo docente dos Quadros de Pessoal. Segundo, que esteja perante uma

situação temporária resultante de ausência temporária de um determinado docente. Ausência

desta pode ser justificada pelas várias razões, v.g., licença de maternidade ou paternidade

Page 44: Fernão dos Santos Rodrigues

29

ou por motivo de saúde. Terceiro, desde que o contrato a termo certo é única condição para

atender o desenvolvimento de projetos não inseridos nas atividades normais dos serviços.

Ou, quando haja conveniência em confiar a técnicos especializados o ensino de disciplinas

tecnológicas, artísticas, vocacionais, linguísticas, de educação especial ou que constituam

inovação ou necessidades de coordenação curricular ou pedagógica. Refira-se, neste caso,

nos projetos ocasionais que ajudem o desenvolvimento de conhecimento dos alunos, tal como

a criação de atividade lúdica. Ora, na verdade a aplicação deste contrato não tem um caráter

provisório, mas é continuadamente renovado.

1.2 Problema de Investigação

Com base na problemática que acima procuramos destacar evidenciamos as seguintes

questões essenciais do estudo:

- De que forma o atual perfil do professor em regime de bidocência garante ou compromete

a qualidade do ensino/aprendizagem na disciplina de Ciências Físico-Naturais do 3.º ciclo do

ensino básico em Timor-Leste?

1.3 Objetivos

Com o propósito de explorar estas questões, identificamos os seguintes objetivos principais:

✓ Caracterizar o perfil dos professores que lecionam a disciplina de Ciências Físico-Naturais

do 3º ciclo do ensino básico

✓ Identificar as dificuldades que os professores enfrentam na implementação do

currículo vigente, no regime de bidocência, no âmbito das disciplinas de Ciências

Físico-Naturais do 3.º ciclo do ensino básico;

✓ Identificar as estratégias de ensino/aprendizagem utilizadas pelos professores que

lecionam a disciplina Ciências Físico-Naturais do 3.º ciclo do ensino básico, sabendo

que, esta disciplina, na realidade integra quatro disciplinas diferentes (Física,

Química, Biologia e Geologia);

✓ Analisar as perceções dos professores sobre a disciplina de Ciências Físico-Naturais

do 3.º ciclo do ensino básico, no âmbito do currículo vigente;

✓ Caracterizar vetores facilitadores do currículo vigente, capazes de promover a

qualidade do ensino/aprendizagem;

Page 45: Fernão dos Santos Rodrigues

30

✓ Propor um perfil de professor, em regime de bidocência, que garanta a qualidade do

ensino/aprendizagem na disciplina de Ciências Físico-Naturais do 3º ciclo do ensino

básico;

1.4 Importância da Investigação

A importância da investigação perfila-se pelo seguinte propósito:

✓ Dar contributo em termos de informação sobre as dificuldades dos professores na

lecionação da disciplina de Ciências Físico-Naturais do 3º ciclo do ensino básico;

✓ Identificar as perspetivas dos professores acerca de conteúdos apresentados na

disciplina de Ciências Físico-Naturais, dar informação sobre o assunto, de modo a

promover a melhoria do currículo do ensino básico do país;

✓ Identificar os vetores facilitadores, no contexto de novo currículo, de modo a contribuir

para a melhoria da qualidade de educação do país;

✓ Apresentar um perfil de professor adequado à lecionação em regime de bidocência,

da disciplina de Ciências Físico-Naturais do 3º ciclo do ensino básico;

1.5 Limitação de investigação

Esta investigação limita-se só analisar o perfil dos professores da disciplina Ciências

Físico-Naturais em regime de bidociência. Relativamente ao processo de recolhimento de

dados, já que esta investigação se realizou no início de ano letivo, que ocorreu em meados

de janeiro até à terceira semana de março de 2019. No adiante este processo, o investigador

conseguiu convencer seis escolas do 3º ciclo do ensino básico localizadas no município de

Díli, capital do país. Portanto, entrevistou-se apenas 6 diretores de escola e 16 professores

da disciplina Ciências Físico-Naturais sobre a sua lecionação em regime de bidocência.

Page 46: Fernão dos Santos Rodrigues

31

CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

No presente capítulo enquadramos os conceitos teóricos integrados com o tema deste

trabalho. Os referidos conceitos consistem em três dimensões que estão interligadas, as quais

passamos a apresentar: 2.1) Formação de Professores, a referida dimensão integra mais três

subtemas, tais como: 2.1.1 Formação Inicial; 2.1.2 Formação Contínua, 2.2) Identidade

profissional de professores e, por último, 2.3 Papel dos Professores.

2. 1 Formação de Professores em Timor-Leste

Antes mesmo de iniciarmos a discussão em torno da formação de professores torna-

se relevante, senão mesmo necessário, distinguir algumas conceções ligadas ao seu

processo, pois é preciso entender o conceito de cada componente. No dicionário da língua

portuguesa3, a palavra “formação é o ato ou modo de formar e construir algo”. Pela via da

formação, o indivíduo tem a possibilidade de adquirir conhecimentos, saberes e valores em

qualquer espaço, quer nas instituições ou nos ambientes em que vive.

A formação é “um ato de comunicação: as atividades de formação fazem parte mais

geralmente das atividades ou dos processos de transformação de indivíduos” (Barbier, 1985,

p. 12). O autor propõe quatro componentes específicas nesta atividade, a saber:

✓ Objeto: perfil de formação de partida, isto é, a distribuição do subconjunto de

capacidades e tendências em que se apoia, especificamente, o trabalho de

formação, tal como determinado, nomeadamente pelas experiências escolares

e itinerários de formação anteriores. A maior parte das vezes fala-se de nível;

✓ Meios: os meios de formação propriamente ditos, tais como são determinados

no quadro das instituições de formação (tempo de duração de formação,

características globais da atividade dos formadores e formandos, conjuntos

das fontes materiais, etc.);

✓ Relação de trabalho: as relações de formação, isto é, a distribuição específica

dos papéis e funções dos agentes concretos implicados no desenrolar das

atividades de formação (responsáveis de formação – formandos);

3 Dicionário língua portuguesa. Infopédia Dicionários. Porto Editora. Disponível em: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-

portuguesa/forma%C3%A7%C3%A3o. Acedido em 25/05/2019.

Page 47: Fernão dos Santos Rodrigues

32

✓ Resultado: os resultados de formação são descritos a partir do perfil de

formação de chegada ou em termos de resultados escolares, de mobilidade

no plano de formação do futuro escolar (Barbier, 1985, p.17).

Pela via da formação existe uma interação da transmissão dos conhecimentos ou

saberes que implica transformações das atitudes e da personalidade do indivíduo, tal como

refere Cunha (2015, p. 100) “(...) a formação um meio que promove a mudança e/ou

ajustamento, a transmissão de um saber, de um saber fazer e de um saber ser”.

Berbaum (1993, p. 13) definiu as práticas de formação como ações de aprendizagem.

Ele definiu-a como “(…) o processo de construção e assimilação de uma nova resposta, isto

é, um processo de adequação do comportamento, seja ao meio, seja ao projeto perseguido

por cada interessante”. Perante esta situação, o professor é tido como o meio de transmissão

do conhecimento aos aprendizes que possa transformar os seus comportamentos e atitudes.

Tavares (1997, p. 67) define a formação como “(…) construção de conhecimento e

produção de saberes, interessam-nos, sobretudo, as conceções de natureza interativa,

colaborativa e mista que possibilita o desenvolvimento progressivo e equilibrado dos sujeitos

para a sua autonomia”. É uma aquisição de conhecimento numa ação de interação de meros

colegiais que pudesse facilitar o crescimento das atitudes para a sua emancipação.

Segundo García (1999, p. 19), “(…) a formação pode ser entendida como um processo

de desenvolvimento e de estruturação da pessoa que se realiza como o duplo efeito de uma

maturação interna e de possibilidade de aprendizagem, de experiências dos sujeitos”.

Entretanto, a formação é uma fase de capacitação de uma pessoa através da interação, dos

sujeitos mais experientes para o seu aprendiz.

Neste sentido, a formação como é um processo de aprimorar das competências, como

refere Farry (1983, apud García, 1999, p. 22), “(...) é um processo de desenvolvimento

individual destinado a adquirir ou aperfeiçoar a capacidade”.

Enquanto que a formação de professores é a construção de habilidades e

competências do docente, quer ao nível de conhecimento pedagógico ou até mesmo

tecnológico. A formação de professores, definida por Cunha (2015, p. 104), é “(…) o processo

pelo qual os futuros professores, ou professores em exercício, se preparam para a função de

docência”.

A formação de professores é a chave primordial para a deliberação da qualidade do

ensino e aprendizagem e um sério contributo para o desenvolvimento da vida social e

Page 48: Fernão dos Santos Rodrigues

33

humana. De acordo com Nóvoa (1997, p. 9), “(...) não há ensino de qualidade, nem formação

educativa, nem inovação educativa sem uma adequada formação de professores. Esta

afirmação é de uma banalidade a toda à prova. E, no entanto, vale a pena recordá-la (...)”.

Flores (2003, p. 138) argumentou que “(…) nenhuma reforma pode ter êxito contra ou

sem os professores, pois o seu compromisso e empenhamento são elementos cruciais para

o sucesso de qualquer iniciativa educacional”. Neste entendimento, o professor é a

autodeterminação do sucesso escolar, tal como Morgado (2005, p. 26) afirmou, “(…) o maior

ou menor sucesso educativo do estudante é frequentemente relacionado com a qualidade da

profissionalidade docente”. Neste sentido, a qualidade do docente implica o sucesso

educativo dos estudantes, para alcançá-lo é preciso investimento na formação de professores,

no sentido de fomentar as suas competências no contexto da mudança do mundo atual.

A formação de professores é um elemento fulcral na melhoria da qualidade de

educação, como refere Flores (2015, p. 192), “(…) uma formação de professores de

qualidade contribuirá para melhorar a qualidade do ensino e, consequentemente, a qualidade

das aprendizagens e dos resultados escolares dos alunos”

Ainda neste contexto, Nóvoa (1995, p. 26) define que “(…) a formação de professores

é, provavelmente, a área mais sensível das mudanças no setor educativo: aqui não se formam

apenas profissionais; aqui produz-se uma profissão”. Com base neste ponto de vista, por via

da formação, a possibilidade de mudança no sistema educativo será mais efetiva.

Para tornar a qualidade e eficácia do processo de ensino e aprendizagem, Elliott (1991,

apud Nóvoa, 1995, p. 26) apresenta seis modelos de formação de professores, tais como:

“(1) contexto ocupacional; (2) natureza do papel profissional; (3) competência profissional;

(4) saber profissional; (5) natureza da aprendizagem profissional; (6) currículo e pedagogia.

Portanto, as instituições formadoras devem assumir a responsabilidade, no sentido de

solucionar esta exigência.

Para Filho e Ghedin (2018, p. 4), “(…) a formação de professores é um fator de

fundamental importância para que o processo de ensino-aprendizagem tenha êxito e seja

eficaz, cabe a este profissional estar sempre atento para saber lidar com os avanços e as

mudanças que emergem na sociedade e na escola”. Assim, a formação de professores é

considerada como vertebral ao sucesso do ensino-aprendizagem. A formação pode fomentar

as aptidões dos docentes para que possam lidar com as transformações surgidas na

sociedade.

Page 49: Fernão dos Santos Rodrigues

34

A via pela qual é possível qualificar o pessoal docente realiza-se através de uma

formação adequada numa área específica, uma vez que o professor é o principal responsável

pelo sucesso da aprendizagem dos alunos. “A aquisição do saber docente baseada na prática,

refletindo teoricamente, por meio da partilha de experiências individuais ou coletivas é uma

via para mudança” (Simão, 2007, p. 95).

Rodrigues e Esteves (1993, p. 42) definiram que “(…) a formação do professor é uma

formação dupla, incluindo duas componentes: a preparação científica numa dada área do

saber, tradicionalmente referida como formação académica, e preparação profissional

durante muito tempo restringida à preparação pedagógica e didática”. Neste sentido, a

formação deve preparar os futuros professores para adquirirem o conhecimento específico

numa área de especialização e prepará-los para a técnica pedagógica e didática.

Therrien (2002, apud Simão 2007, p. 99) afirma que o saber abarca “(…) saberes

disciplinares curriculares, saberes de experiência profissional e os saberes da cultura e do

mundo vivido na prática social”. Neste sentido, o docente necessita do conhecimento

curricular, pedagógico e de ter capacidade para lidar com a cultura, na qual ele vive, isto é,

deve possuir a aptidão para integrar trabalhos coletivos, institucionais e organizacionais.

Entende que, a formação de professores tem a maior possibilidade de implicar na

mudança da vida em sociedade, que pode fomentar a qualidade do desenvolvimento do país,

quer os países desenvolvidos ou em desenvolvimento, como é o caso de Timor-Leste.

A formação de professores em Timor-Leste fica muito aquém das expectativas e é

muito reduzida devido às condições políticas coloniais como foi exposto no capítulo I. Porém,

esta mesma condição mereceu a atenção de todas as entidades, quer do próprio governo ou

até mesmo de entidades particulares, nomeadamente após a restauração da independência

de Timor-Leste.

Assim, nesta parte, serão abordadas duas temáticas a saber: Formação Inicial de

Professores e Formação Contínua de Professores que, conceptualmente, ambas estão

interligadas.

2.1.1 Formação Inicial de Professores

Na lei de bases da educação da RDTL, n.º 14/2008, do artigo 49, a formação inicial

é a primeira fase na aquisição das habilidades num ensino superior, que deve haver o

equilíbrio dos conhecimentos aos conteúdos específicos e conhecimentos pedagógicos que

Page 50: Fernão dos Santos Rodrigues

35

são essenciais e apropriados para o desempenho profissional, “(...) de nível superior, que

proporcione a informação, os métodos e as técnicas, científicos e pedagógicos, de base, bem

como a formação pessoal e social adequada ao exercício da função”.

A integração do espírito da lei acima citada, no n.º 3 do artigo 22 do Decreto da Lei n.º

23/2010 sobre o Estatuto da Carreira Docente, define-se a formação inicial em dois modos

distintos:

(…) através de cursos académicos acreditados do nível superior de Bacharelato ou Licenciatura, especificamente orientados para a via da educação e ensino. Por outro lado, através de formação inicial complementar integrada em currículos de cursos académicos acreditados do nível superior de Bacharelato ou Licenciatura que não são especificamente orientados para a via do ensino.

Para Formosinho (2009, p. 75), “(…) a necessidade de construir no ensino superior

uma comunidade académica vocacionada para a promoção de uma profissão de

desenvolvimento humano e para a construção de uma escola democrática, multicultural e

inclusiva comprometida comunitariamente e empenhada socialmente”. Nesta perspetiva, o

ensino superior é um elemento fulcral na preparação dos futuros professores, que irão

responder à necessidade das diversas características, atitudes e multiculturalidade na escola

de massas.

O aprofundamento de conhecimento é necessário para desenvolver um saber

específico em qualquer curso de ensino superior, ou universidade, numa área específica.

Assim, como reforça Formosinho (2009, p. 75), o “(…) aprofundamento do saber é uma

função constituinte do ensino superior”, que faz a “(…) construção de saber seguir cada vez

mais o molde de especialização monotemática. Quer isto dizer que o especialista é cada vez

mais aquele que sabe um só tema numa disciplina, mas também o que cada vez mais sabe

menos de outra disciplina”.

No entanto, a formação inicial é, formalmente e institucionalmente, construir as

competências profissionais para entrada no campo de trabalho, como refere Estrela (2002,

apud Mesquita, 2011, p. 45), que a formação inicial é o “(…) início, institucionalmente

enquadrado e formal, de um processo de preparação e desenvolvimento da pessoa, em

ordem ao desempenho e realização profissional numa escola ao serviço de uma sociedade

historicamente situada”.

Rusell e Martin (2014, p. 22) apresentam sete categorias fundamentais no curso de

formação de professores que possam tornar a aprendizagem numa “(…) aprendizagem

Page 51: Fernão dos Santos Rodrigues

36

produtiva” na sala de aula, referem: “1. carência do curso e das disciplinas; 2. rigor e

relevância; 3. cuidado e autenticidade; 4. apoio máximo na assunção de risco; 5. atribuir

significado à reflexão e servir de modelo à aprendizagem produtiva; 6. articulação entre teoria

e prática; 7. desenvolver a identidade e consolidar a aprendizagem profissional”.

Visto que na formação inicial de professores é necessário adquirir conhecimentos dos

conteúdos das disciplinas que sejam coerentes e que incorporem várias estratégias ligadas à

prática pedagógica para que possam contribuir para a profissão. E também deve preparar os

futuros professores para lidar e solucionar os desafios que vão enfrentar na sua carreira.

Conceder-lhes a capacitação de reflexão sobre a sua própria ação para que torne a sua

prática docente mais responsável e dinâmica. Possibilitar a atividade pedagógica ou estágio

pedagógico que possam interagir com os conhecimentos adquiridos no ensino superior com

a realidade do ambiente de trabalho, e aí poder construir a sua própria identidade, com o

apoio do professor acompanhante ou com os colegas profissionais.

No entanto, a formação de professores necessita da aquisição de conhecimento ao

nível da competência dos conteúdos das várias disciplinas que se alicerce a sua atividade

pedagógica nas escolas, como referem Rusell e Martin (2014, p. 25), “(…) um curso de

formação é frequentemente vivenciado como uma série de disciplinas independentes e

intercaladas com as experiências de estágio”.

Efetivamente, na formação inicial, os estudantes futuros professores têm de realizar

uma prática pedagógica no final das aulas teóricas, que possa reforçar a sua competência

pedagógica na articulação da teoria e prática, de acordo com Rodrigues (2015, p. 227), “(…)

a prática é um elemento chave da formação inicial de professores, mas o tempo dedicado a

este período também varia de Estado Membro para Estado Membro”.

Com a experiência, ao longo desta atividade, os estagiários contam com o apoio de

dois professores, um professor acompanhante da universidade e um outro professor

cooperante da escola onde se deslocam. No final da atividade, é obrigatório a entrega de um

relatório final da atividade à comissão organizadora do estágio pedagógico para avaliá-lo.

Como refere European Agency (2011, apud Rodrigues, 2015, p. 227), “(…) os alunos

estagiários beneficiam de um programa duplo: um tutor na escola que orienta a sua prática

pedagógica e um supervisor da instituição de ensino que estimula a reflexão sobre o processo

de aprendizagem na escola e por fim avalia esse aluno estagiário”.

Page 52: Fernão dos Santos Rodrigues

37

A mudança gerada pela globalização implica o profissionalismo docente, exige-se que

este tenha a aptidão em trabalhos coletivos, quer com colegas ou com os estudantes na sala

de aula, pode tornar um processo de aprendizagem mais dinâmico e de qualidade, como

referem Cadório e Simão (2011, p. 101), “(…) as grandes mudanças sociais e tecnológicas

exigem alterações na forma como se conceptualiza o papel de professor. O docente deve ser

investigador da sua prática e aprendente ao longo da sua vida”.

Flores e Simão (2009, p. 8) argumentam que “(…) a importância da formação e

desenvolvimento profissional de professores como um dos elementos determinantes das

mudanças em educação no sentido de elevar os padrões de ensino e de melhorar os

resultados dos alunos numa sociedade economicamente cada vez mais competitiva”.

Portanto, a formação e o desenvolvimento profissional de docentes são os elementos

primordiais para o sucesso de aprendizagem dos alunos, que pode emergir numa sociedade

mais competitiva no acesso do mercado do trabalho.

A resolução n.º 1 da Conferência Permanente dos Ministros da Educação Europeu

(European Council, 1987 apud Rodrigues & Esteves, 1993, pp. 40-41) confirmou quatros

princípios da formação inicial, a saber:

a. aquisição de capacidade humana e sociais necessárias na condução da aula,

no trabalho em equipa e relação com os pais;

b. prática pedagógica e conhecimento do sistema escolar e do seu

funcionamento;

c. domínio dos conteúdos disciplinares e da preparação didática;

d. reflexão sobre os valores e sua transmissão.

Perante estes princípios, os futuros professores têm que ter a capacidade na gestão

da aula, no trabalho em equipa e relação com os encarregados de educação, ter o

conhecimento do sistema educativo e seu funcionamento, ser conhecedor dos conteúdos

disciplinares e empreendedor de boas didáticas e ainda ter a aptidão necessária para a

reflexão da sua própria ação.

Continuando com a resolução acima mencionada, a formação inicial necessita de:

✓ “incluir formas de apoio e de orientação aos professores no início de carreira, no

sentido de lhes facilitar a transição do período de formação e do emprego

propriamente dito;

Page 53: Fernão dos Santos Rodrigues

38

✓ prepará-los para responder aos desafios que o trabalho futuro na escola lhes

colocará;

✓ dotá-los de meios que lhes permitam escolher os conhecimentos essenciais perante

a massa informativa disponível;

✓ incidir num mínimo de conhecimento relativo à “investigação pedagógica, à

informação e orientação, à educação intercultural, às novas tecnologias, ao ensino

especial, aos direitos do homem e da democracia, às dimensões europeia e mundial,

à educação relativa à saúde e à segurança” (Rodrigues & Esteves, 1993, pp. 40-41).

Esta perspetiva pretende apoiar os professores no início da sua carreira, de modo a

acompanhá-los na transição da sua formação até à entrada no campo de trabalho, na escola.

Assim como preparar os docentes para solucionar os desafios no local ou na escola, no qual

irão trabalhar. Fornecer os meios que lhes possibilitam lidar com as diversas características,

na multiculturalidade e com as tecnologias que encontrarão na sala de aula ou fora dela.

A globalização do mundo atual é um grande desafio para a formação de professores.

Neste sentido, o governo deve recriar um programa que seja compatível com a mudança, e

colmatar as carências nas escolas. Como afirma Morgado (2007, p. 42):

(...) as mudanças com que nos deparamos contribuíram para, de um modo geral, reforçar expetativas em torno da educação, tal facto não impediu de que, em idêntica medida, tais mudanças constituíssem uma fonte de dificuldades para as escolas e para os professores, que se veem a braços com a missão de dar resposta às necessidades de uma sociedade que rapidamente se tornou mais complexa e exigente.

Como salienta Flores (2015, p. 194), “(...) a formação de professores tem sido

encarada, de forma paradoxal, como a panaceia para melhorar a educação e, ao mesmo

tempo, tem sido objeto de críticas que remetem para aspetos ligados à sua eficácia e

relevância na preparação de professores de qualidade para as escolas do século XXI”.

As escolas superiores e os centros de formação têm papéis fundamentais na

construção e reconstrução dos futuros professores ou em exercício, que os preparem na

capacitação do conhecimento, seja conhecimento de saberes pedagógicos e conduzi-los para

o trabalho individual e colaborativo, para que possam lidar com os desafios de diversidades

culturais, características e mudanças da globalização que se enfrentam no processo

aprendizagem, como refere Nóvoa (1995, p. 18):

As instituições de formação ocupam um papel central na produção e reprodução do corpo de saberes e do sistema de normas da profissão docente, desempenhando um papel crucial na elaboração dos conhecimentos pedagógicos e de uma ideologia comum. Mais do que

Page 54: Fernão dos Santos Rodrigues

39

formar professores (a título individual), as escolas normais produzem a profissão docente (a título coletivo), contribuindo para a socialização dos seus membros e génese para uma cultura profissional.

No caso de Timor-Leste, a formação de professores fica muito aquém das expectativas

e é muito reduzida devido às condições políticas coloniais como foi anteriormente exposto no

capítulo I.

Quase nos primeiros quatro séculos do colonialismo português não havia nenhuma

formação para professores. Em 1924 o governo português começou a criar as escolas de

formação de professores e catequistas, e os que finalizaram os estudos nas escolas referidas,

uns exerceram e ficaram nessas mesmas escolas e outros foram colocados nas estações

missionárias, que eram consideradas agentes importantes no ensino da língua portuguesa

nas aldeias e sucos (Belo 2008). Porém, esta atividade de ensino foi encerrada, quando a

ilha de Timor-português foi invadida pelas tropas estrangeiras, nomeadamente pelas forças

australianas, holandesas e japonesas, na época da II Guerra Mundial.

Todavia, depois de terminar a guerra acima mencionada, o governo da colónia reabriu

a escola de professores no ano letivo de 1965/66. O ano letivo propriamente referido

transformou a escola de professores de catequistas para a escola de formação de professores

pela coordenação entre o Governador de Timor, Alberty Correia e D. Jaime Garcia, Bispo de

Díli (Guterres, 2011).

Neste cenário, durante o início da chegada do governo colónia à ilha de Timor- não

existia nenhuma escola ou instituição para formação de professores, como refere Duarte

(1987, apud Guterres, 2011, p. 29):

“(…) a 7 de agosto, foi pela primeira vez criada uma escola de habilitação de professores de posto-escolar em Timor, à qual foi dada o nome de Engenheiro Canto Resende, onde se formaram professores timorenses que tiveram a seu cargo a ministração do ensino nas escolas primárias espalhadas pelo território”.

A referida escola tinha como objetivo preparar os professores para lecionar no ensino

primário, tendo a mesma funcionado até ao final do período da colonização portuguesa. O

nível de formação propriamente dito, foi um nível mais superior do território da ilha Timor-

Português.

Portanto, ao longo do período da colonização, houve o sistema do ensino de formação

geral e profissional, como refere Magalhães (2013, apud Guterres, 2014, p. 14), “(...)o ensino

primário de quatro anos (4.ª classe); Ciclo preparatório de dois anos (1.º e 2.º ano); Ensino

Liceal de 7 anos; Ensino Técnico de 3 anos; Escola de Habilitação de Professores de 4 anos;

Page 55: Fernão dos Santos Rodrigues

40

Escola de Artes e Ofícios de 3 anos; Escola Agrícola de 3 anos; e Escola de Enfermagem de

3 anos”.

A maioria dos professores do ensino básico naquela época apenas tinha a qualificação

de 4ª classe e não tinham nenhum conhecimento específico numa área de especialidade,

uma vez que o ensino e aprendizagem focou-se na língua portuguesa e na religião católica.

Contudo, ao longo do período da invasão do governo Indonésio, a partir de 1975 até

1999, estabeleceram-se vários tipos de formação de professores a partir do nível do ensino

Pré-Escolar até ao ensino Secundário, no sentido de preparar os professores mais qualificados

para elevar a qualidade do ensino do território Timor-Leste, que foi nomeada Propinsi Timor-

Timur (língua Indonésia), que significa província Timor-Lorosa’e.

No início de 1979, o governo indonésio estabeleceu diversos tipos de formação de

professores na língua Indonésia, como: Sekolah Pendidikan Guru (SPG)- Escola Formação de

Professores; Sekolah Pendidikan Guru Katolik (SPGK)- Escola Formação de Professores

Católicos; Sekolah Guru Olah Raga (SGO)- Escola Formação de Professores da Educação

Física ou Desporto; Kursus Pendidikan Guru (KPG) Curso Formação de Professores; e mais

tarde, em 1984, abriu o PGSLTP-Pendidikan Guru Sekolah Lanjutan Pertama/Atas ou ensino

da formação de professores do ensino básico 3º ciclo e secundário (Guterres, 2011).

A SPG-Escola Formação de Professores foi a única instituição do governo que produzia

a qualificação de docentes para lecionarem no ensino pré-escolar e ensino primário, ou seja,

ensino da infância até ao 2º ciclo do ensino básico. Este nível do ensino equivalia ao ensino

secundário.

A SPGK- Escola Formação de Professores Católicos tem o mesmo nível de qualificação

e objetivo como a SPG, porém esta formação apenas prepara os professores para ensinar a

disciplina de religião católica. Sendo, a SGO uma escola de formação de professores que se

focou na área de formação ao nível da disciplina de educação física ou desporto.

No entanto, o (KPG) Curso Formação de Professores é uma instituição pública que

ofereceu o curso da língua indonésia para os professores que não tinham conhecimento na

referida língua, por exemplo na era do período da colónia portuguesa.

O PGSLTP- Ensino da Formação de Professores do ensino básico 3º ciclo e secundário

foi a única instituição pública que preparou os futuros professores ao nível do ensino básico

3º siclo ciclo e ensino secundário. Este nível de ensino era equivalente ao ensino superior

com o grau diploma II, ou seja, dois anos do ensino do SPG.

Page 56: Fernão dos Santos Rodrigues

41

Portanto, é possível referir que a política referente à construção do sistema de ensino

foi muito bem delineada, tendo proporcionado uma oportunidade aos graduados da formação

do ensino básico do 3º ciclo e ensino secundário.

No entanto, após dois anos do estabelecimento da formação da PGSLTP, em 1986 o

governo criou duas políticas alternativas para responder às necessidades dos 1º graduados

da referida formação. Uma das políticas foi construir o ensino básico do 3º ciclo e ensino

secundário, o que para os primeiros graduados possibilitou a entrada direta na transmissão

dos conhecimentos adquiridos. A outra política residiu na construção de uma única

universidade da meritória província, nomeada UNTIM-Universitas Timor-Timur ou

universidade Timor-Timur, atual Universidade Timor Lorosa’e-UNTL para servir os que

quiseram continuar para o ensino superior.

Esta universidade foi uma universidade privada, fundida pela iniciativa do governador

da província4 o Eng.º Mário Viegas Carrascalão. Constituída por quatro faculdades, a saber:

Faculdade de Agricultura, Política Social, Faculdade de Educação e de Economia e Gestão. A

existência da faculdade de educação residiu no facto de formar os futuros docentes para

ensinar no ensino básico 3º ciclo e ensino secundário.

Mais tarde, em 1989, o mesmo governador procedeu à construção de uma nova escola

superior, nomeada Escola Politécnica de Díli, atual escola politécnica de Hera. Mesmo assim,

ela começou a funcionar a partir de 1991, composta por três departamentos: departamento

de Mecânica, Engenharia Civil e Administração Empresarial.

Ora, todas as formações acima mencionadas têm a mesma oportunidade para o

acesso ensino superior, salvo KPG ou Curso de formação, pois apenas era um curso formal

que auxiliou os antigos professores com já referido.

Porém, a taxa dos estudantes timorenses ao acesso no ensino superior foi muito menor

do que dos filhos dos imigrantes indonésios, cujos locais eram dominantemente frequentados

por professores indonésios. Porém, infelizmente, todas as faculdades acima mencionadas

foram literalmente destruídas e arrasadas pelos militares indonésios, tal como já foi dito na

parte referente à contextualização situada no capítulo anterior.

Porém, esta mesma condição mereceu a atenção de todas as entidades, quer do

próprio governo ou até mesmo de entidades particulares, nomeadamente após a restauração

da independência de Timor-Leste.

4 Cf.: História da UNTL. Disponível em: http://www.untl.edu.tl/pt/universidade/historia. Acedido em 30/05/2019.

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42

Assim, o governo transitório de Timor independente reabriu o edifício da antiga

Universitas Timor-Timur, que foi criado pelo governo indonésio-UNTIM, renomeada

Universidade Nacional de Timor Lorosa’e-UNTL, em 2000, única universidade pública e, mais

tarde, algumas entidades timorenses tiveram a iniciativa, algumas instituições superiores de

privados que têm a faculdade de educação para formar o futuro professor, tais como:

Universidade Oriental de Timor Lorosa’e-UNITAL, Instituto Superior Cristal-ICS, Instituto

Católico para a formação de professores-ICFP. Enquanto, a Universidade da Paz- UNPAZ,

Instituto Of Business-IOB, Universidade de Dili-UNDIL, Dili Institute of technology-DIT e de um

outro ensino superior onde não existe o curso de Ciências da Educação.

A Universidade Nacional Timor Lorosa’e, através da Faculdade da Educação Artes e

Humanidade-FEAH, dá formação a futuros professores e fez a sua primeira graduação em

2004. Segundo a notícia do Sapo Estudante da UNTL (s/d)5, desde a 1ª graduação até 11ª

graduação, a faculdade acima referida formou 2812 graduados em nível bacharelato e

licenciatura para ensinar no ensino básico do 3º ciclo e ensino secundário. Foram graduados

de diversos departamentos, nomeadamente do departamento de Biologia, Formação de

Professor, Língua Inglesa, Língua Portuguesa, Língua Tétum, Matemática, Física, Química e

Educação Física ou Desporto.

O interesse de contribuir para o desenvolvimento do país através da elevação da

qualidade dos recursos humanos, levou cinco veteranos a fundarem uma universidade, a

Universidade Oriental de Timor Lorosa’e-UNITAL6, em 2002. Esta universidade é constituída

por sete faculdades, nomeadamente, a faculdade de Direito, Ciência Política, Ciências da

Educação, Engenharia, Agricultura, Economia, e Ciência Saúde.

A faculdade das Ciências da Educação tem quatro departamentos abrangentes, o

departamento da Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Matemática e Sociologia. O curso da

Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Matemática com o nível de bacharelato e licenciatura,

enquanto o curso de Sociologia apenas tem equivalência com o nível de licenciatura.

No Despacho do Ministério da Educação n.º 108/GM-MEC/XII/2017, o ministério

autorizou 641 graduados da UNITAL, do curso de bacharelato e de licenciatura à respetiva

faculdade. Relativamente, ao curso de Ciências de Educação saíram 181 graduados

distribuídos pelos departamentos acima mencionados.

5 UNTL (s/d). Sapo Estudante. disponível em:http://estudante.sapo.tl/artigos/artigo/untl-conta-com-mais-de-9000-gr-374703.html.

Acedido em 03/122018. 6 UNITAL. (s/d). Academic program. Disponível em: https://unitaldili.wordpress.com/academic-program/. Acedido em 07/12/18.

Page 58: Fernão dos Santos Rodrigues

43

Em 2001, a Fundação Cristal estabeleceu um instituto superior, nomeado o Instituto

Superior de Cristal-ICS7, que compõe duas faculdades, nomeadamente, faculdade de

educação e ciências da saúde. A faculdade de educação possui de seis cursos distintos, o

curso de ensino da Matemática, Física, Química, Língua Inglesa, Língua Portuguesa,

Sociologia e Psicologia.

Segundo o despacho do Ministério da Educação n.º 023 /GM-ME/XII/2016, o

ministério aprovou 419 graduados do Instituto Superior de Cristal, do curso de licenciatura

da faculdade de Ciências da Educação distribuídos pelos seis cursos referidos.

Em 2003, por iniciativa do Bispo Dom Basílio do Nascimento, criou-se o Instituto

Católico para a Formação Professores-ICFP8, no programa de qualificação de bacharelato,

que pertence à diocese de Baucau. O primeiro ano letivo teve 50 estudantes e fez a sua 1ª

graduação em 2006 e a 6ª graduação em 2012.

Segundo o Despacho do Ministério da Educação, n.º 179/GM-MEC/II/2018, aprovou

uma lista de 44 graduados do instituto referido.

Em conformidade da Lei Base de Educação n.º 14/2008 n.º 1 e 2 do artigo 48.º os

professores do ensino pré-escolar e ensino básico adquirem um conhecimento específico

num estabelecimento do ensino superior com o grau de bacharel, enquanto no ensino

secundário adquirem uma qualificação específica num estabelecimento do ensino superior

do país, que confere no grau de licenciatura:

Os educadores de infância e os professores do ensino básico adquirem a qualificação profissional através de curso superior, que conferem o grau de bacharel, organizados em estabelecimentos do ensino universitário ou equivalente. A qualificação profissional dos professores do ensino secundário adquire-se através de cursos superiores, que conferem o grau de licenciatura, organizados em estabelecimentos do ensino universitário.

Mediante o referido, exige-se que o professor do ensino pré-escolar ao ensino básico

adquira o conhecimento mínimo a nível de bacharel e ao nível do ensino secundário tem que

ter a qualificação mínima de licenciatura no estabelecimento de qualquer ensino superior do

país.

N.º 3 do artigo 21 da lei supracitada o grau correspondente ao bacharelato é obrigatório

a frequência de três anos, ou seja, seis semestres num ensino superior

7 ICS. https://www.isc-tl.com/about-us/. Acedido em 07/12/18

8 ICPF. (2012). Rede Marista Internacional de Instituições de educação Superior. Disponível em: http://www.champagnat.org/edu/index.php?a=4a&n=22. Acedido em 07/12/2018.

Page 59: Fernão dos Santos Rodrigues

44

Os dois primeiros anos da formação do curso de bacharel concentram-se em aulas

teóricas, na aquisição do conhecimento dos conteúdos das disciplinas. Em relação, ao

primeiro semestre do último ano todos os estudantes são distribuídos pelo ensino básico com

o intuito de aperfeiçoar e desenvolver a sua prática pedagógica ao longo do semestre.

Ora, durante esta atividade de prática pedagógica os estudantes contam com o apoio

de dois professores, um professor acompanhante da universidade e um outro professor

cooperante da escola onde se deslocam. No final desta atividade, os estagiários são obrigados

a entregarem o relatório do estágio à comissão organizadora do estágio pedagógico

devidamente assinado pelo diretor da escola, pelo respetivo professor cooperante e pelo

professor acompanhante. Para concluir a formação, os estagiários são obrigados a redigir

uma proposta científica e a apresentar a mesma perante um júri do concelho científico.

Enquanto o grau referente à licenciatura, é obrigatório frequentar mais um ano do nível

bacharelato ou oito semestres, definida pela mesma lei n.º 3 e 4 do artigo 23, “ (…) têm

acesso ao curso de licenciatura, os indivíduos que tenham concluído, com aproveitamento,

um curso de bacharelato; em casos excecionais, os cursos que conferem o grau de licenciado

podem ter a duração de mais um ou dois semestres”. Portanto, para acesso ao curso de

licenciatura, os que já tinham concluído o curso bacharelato.

A formação do curso de licenciatura foca-se essencialmente em aulas teóricas durante

os primeiros três anos. Todavia, algumas cadeiras são integradas nas aulas práticas, isto é,

no último semestre do segundo ano aprende-se a disciplina de estratégia do ensino. No

primeiro semestre do terceiro ano, o estudante que passa na disciplina referida, continua a

programar a disciplina de avaliação e continua também a programar a disciplina micro do

ensino no último semestre do terceiro ano.

No primeiro semestre do último ano, os estudantes que já passaram à disciplina de

micro do ensino são colocados de forma obrigatória no ensino básico e secundário para fazer

a sua prática pedagógica na escola ao longo do semestre. Durante a atividade de estágio na

escola os estudantes fazem exatamente como no curso bacharel, como foi dito anteriormente.

No último semestre do último ano os estudantes têm a obrigação de elaborar um

trabalho científico, designado de monografia e que os estudantes têm que defender perante

um júri, assim concluem o curso de licenciatura, formalizado por judicio a nível de faculdade

antes da graduação.

Page 60: Fernão dos Santos Rodrigues

45

2. 1 .2 Formação Contínua de Professores

Há vários trabalhos publicados na área de formação contínua de professores. Neste

entendimento, permitimos conhecer o (in)sucesso relativamente à prática profissional

docente no sistema educativo. Considerada como o coração do sistema educativo que implica

a qualidade do ensino, pois, é preciso uma atualização constante para os professores.

Para Cunha (2015, p 140) “(…) a formação contínua deve estar a servir de feedback

permanente à formação inicial, para não deixar de anquilosar em esquemas mais ou menos

rígido e perder o contato tanto como a realidade da escola, como com as necessidades dos

alunos”. Portanto, a formação contínua é uma interação eterna com a formação inicial que

conjuga a teoria e prática com o contexto real da sala de aula e necessidades dos alunos.

Day (2001, p. 17) afirma que “(…) os professores não podem ser formados

(passivamente). Eles formam-se (ativamente). É, portanto, vital que participem ativamente na

tomada de decisão sobre o sentido e os processos da sua própria aprendizagem”. Portanto,

os professores necessitam de uma atualização constante de competências ao longo da sua

carreira profissional.

Deste modo, o governo central e as autoridades escolares têm a plena

responsabilidade de apoiar e oferecer a formação ao longo da vida profissional dos

professores que implica a qualidade do ensino e contribui para o desenvolvimento do país,

somo salienta o mesmo autor “(...) planificar e apoiar o desenvolvimento profissional ao longo

de toda carreira é uma responsabilidade conjunta dos professores das escolas e do governo”

(Day, 2001, p. 17).

O mesmo autor salienta ainda que, a formação contínua “(...) tem como objetivo

proporcionar uma aprendizagem intensiva, durante um período limitado de tempo, e, apesar

de poder ser planeada em conjunto tem geralmente um líder nomeado cuja função consiste

em facilitar, mas também estimular uma aprendizagem forma ativa” (Day, 2001 p. 204).

Nesta lógica, a formação contínua é como uma formação complementar e intensiva no curto

prazo que seja planeado de modo a auxiliar os docentes e atualizar de forma permanente as

competências, quer a competência científica, quer a técnica pedagógica.

Para Santos (2015, p. 57) a formação contínua é “(…) uma das dimensões importantes

para a materialização de uma política global de educação que articule a formação inicial às

condições de trabalho, de salário e de carreira. Ou seja, deve ser entendida como uma

continuidade da formação profissional com vista à construção permanente do conhecimento

Page 61: Fernão dos Santos Rodrigues

46

e do desenvolvimento profissional”. Neste ponto de vista, é considerada como um elemento

primordial na concretização das metas educacionais que interage com a teoria e prática, mas

também as remunerações dos professores que possa contribuir para a sua carreira.

O crescimento da tecnologia no mundo da globalização atual torna-se uma grande

transformação no sistema educativo e conta com um enorme desafio aos professores no

processo de ensino e aprendizagem. Nesta condição, consideramos ser importante fomentar

as competências dos professores não apenas no ponto de vista dos conteúdos pedagógicos,

mas também no ponto de vista tecnológico, como acrescenta Morgado (2007, p.42), o

conhecimento de “(…) tecnologia e inovação assumem-se hoje como traves mestras dos

edifícios económico, social e cultura de qualquer país, o que por si só, obriga ao reforço da

capacidade humana e a uma forte aposta, numa educação de qualidade”.

Desta forma, é necessário investir na área da educação, basicamente na área de

formação de professores, de modo a promover as competências dos professores no contexto

das mudanças no progresso tecnológico e científico e assim superar as dificuldades

encaradas pelos profissionais de educação na sua prática, tal no diz Cunha (2015, p. 148),

“(…) o problema do progresso tecnológico e científico de crescimento económico, ideológico,

e de grande mobilidade de conduta exige adaptações à mudança, sendo natural que a

formação contínua continue a responder a esses mesmos problemas e progresso”.

Arroteia (1991, apud Cunha, 2015, p. 139) considera a formação contínua como “(...)

aquela que é recebida por formandos já profissionalizados, tendo por base a adaptação

contínua à mudança das suas qualificações profissionais e, por consequente, a sua promoção

profissional e social – fazer e ser”. Nessa ótica, a formação contínua é tida como uma ação

de aperfeiçoamento para tornar os professores mais qualificados para dar respostas às

transformações sociais e tecnológicas.

Habitualmente, a atividade profissional é conforme o programa nacional, as exigências

locais ou de escola, e os professores são somente atores da sua implementação, de acordo

com Day (2001, p. 207), “(…) os professores são vistos como meros agentes executores,

que agem de acordo com as exigências estatutárias dos seus empregadores”.

O autor reafirma ainda:

(…) os professores poderão realizar os objetivos educacionais, se tiverem uma formação adequada e, ao mesmo tempo se forem capazes de garantir e melhorar o seu contributo profissional através de empenhamento numa aprendizagem ao longo de toda a carreira. Nesta medida, torna-se fundamental promover o seu bem-estar e apoiar o seu

Page 62: Fernão dos Santos Rodrigues

47

desenvolvimento profissional se se quer melhorar os padrões do ensino e da aprendizagem e os resultados escolares dos alunos (Day, 2001, p.16).

Neste sentido, os professores como agentes executores, também poderão contribuir

mais e melhorar no ensino e aprendizagem, quanto melhor formação tiverem e melhor bem-

estar, com os salários ou remuneração adequados.

Necessariamente, o docente tem de fazer uma atualização constante da sua

competência para responder às carências dos alunos e desafios do novo sistema educativo.

O professor é visto como crucial no sistema educativo, cuja tarefa é dedicada ao processo de

ensino/aprendizagem, mas também para novas tarefas suplementares. Tem de preparar os

conteúdos para ensinar, usar a pedagogia adequada para superar os desafios enfrentados na

sala de aula nos tempos de hoje, como refere De Landsheere (1996, apud Silva, 2003, p.

106):

A tarefa dos professores está, portanto, bastante alargada, tantos pelos problemas comportamentais dos alunos, como pelas sessões educativas suplementares que se acumulam sobre os ombros dos professores. Ora, estes nunca foram suficientemente preparados para dar cumprimento a esta tarefa, que, em boa parte, são absolutamente novas. Estes aspetos da sua missão constituem os desafios suplementares que não podem

subestimar.

A qualidade do sistema educativo depende do seu agente de implementação,

basicamente os professores, que são os elementos primordiais da sua eficácia. Portanto,

torna-se imprescindível apoiá-los através de uma formação contínua ao longo da sua carreira.

Assim como refere García (1999, pp. 23), “(…) a formação de professores representa um

dos elementos fundamentais através dos quais a didática intervém e contribui para a melhoria

da qualidade do ensino”.

Deste modo, a formação contínua implica melhor resultado no processo de

aprendizagem, e o acompanhamento das dinâmicas de atividade na sala de aula. A este

respeito, Steadman et al. (1995, apud Day, 2001, p. 213), referem:

Os que financiam a formação contínua podem valorizar o caminho de uma ideia até à sala de aula através de uma sequência de momentos: consciencialização, aprendizagem, sentido de posse a aplicação. Por outro lado, o desejo prematuro de avaliar os resultados ao nível da sala de aula significa inevitavelmente que os estádios intermédios essenciais da formação serão considerados com um fracasso, o que não pode corresponder à verdade.

No projeto da Comissão da Reforma do Sistema Educativo de Portugal (CRSE, 1987,

apud Silva, 2003, p. 107) ficou bem consciente que:

Page 63: Fernão dos Santos Rodrigues

48

É reconhecido por todos que o professor é uma componente fulcral do sistema educativo. O ato educativo é, uma última instância, realizada pelo professor. A sua boa preparação profissional é, pois, essencial ao sucesso educativo. É indispensável melhorar a pertinência e a qualidade da formação inicial - de raiz e em serviço – dos professores.

Rodrigues e Esteves (1993, p.43) definiram a formação contínua da seguinte forma:

✓ “inclui todos os professores, mas na condição de estarem efetivamente em

desempenho de funções;

✓ inclui todas as formas de atividades de formação, mas apenas na condição da

sua finalidade, contribuir para o aperfeiçoamento profissional”.

Nesta perspetiva, considera a formação profissional um processo de aperfeiçoamento

das competências de professores de forma a exercerem o seu desempenho profissional,

dotando o processo de ensino/ aprendizagem de uma boa qualidade e eficácia. Porém,

normalmente realiza-a no final do ano letivo, ou seja, no período de férias trimestrais ou

semestrais.

A formação contínua é um dos elementos primordiais na elevação de qualidade da

ensino. Assim relata Marques (2004, p. 9) que “(…) a formação contínua dos professores é

uma condição essencial para a melhoria da qualidade do ensino”. O autor reafirma que “(…)

a atual formação contínua aparenta basear-se numa lógica de automatização das prestações

dos professores, colocando a pouca criatividade, ou capacidade de reinvenção planos ou

grelha de referências previamente preparados de como ensinar bem”.

Neste domínio, os professores atualizam as suas competências através da formação

contínua, possibilitando-lhes a progressão de carreira, segundo o quadro estabelecido.

Segundo Cró (1998, p. 77), a função de formação contínua tem dois polos: Por um

lado, “(…) perspetivas da prática em educação, que (...) corresponderia então a aquisição

destas teorias, à sua aplicação sob a forma de técnicas. A formação visaria transmitir estas

teorias. Por outro lado, perspetiva que a prática de ensino/educação seria composta de

representações de teorias pessoais, de tomada de decisão e do pôr em ação rotinas e

resolução de problemas”. Portanto, a formação autêntica visa construir as competências do

docente através da sua ação própria, de modo a tomar a decisão ou solucionar os seus pontos

fracos que fomenta a sua própria competência através de formação ou com colegas de

trabalho.

De acordo com Freitas (2014, p. 107), “(…) a formação contínua terá como

pressuposto a necessidade de reforçar a relevância da formação relacionada com os saberes

Page 64: Fernão dos Santos Rodrigues

49

próprios das disciplinas. A relevância da formação incidirá também no fato de as ações de

formação serem obrigatoriamente avaliadas pelos formandos”. Neste cenário, a formação

contínua deve ser oferecida ao contexto de formandos de cada especialidade, e a própria

formação deve ser avaliada pelos formandos, de forma a corresponder às suas necessidades.

A formação de professores viabiliza fortalecer as suas competências próprias através

de trabalho de reflexão da sua prática profissional, como salienta Little (1993, apud Freitas,

2014, p. 108), “(…) deve dar aos professores a possibilidade de questionarem as suas

próprias crenças e críticas institucionais”.

A formação contínua assume um papel importante na resolução das dificuldades dos

professores no exercício da sua função, de modo a capacitá-los de maior competência, que

contribuirá para melhor produtividade. Tal como refere Ferreira (2009, p 214), a “(…)

carência e inadequação dos trabalhadores às funções que realizam, esta lógica mobiliza o

discurso da importância e de necessidade da formação como condição de aquisição de

competências técnicas para a melhoria do desempenho individual e do aumento da

produtividade”.

A formação contínua é um procedimento adequado para aprimorar a qualificação

docente, como menciona Pacheco (1995, p 120), “(...) é um processo destinado a

aperfeiçoar o desenvolvimento profissional do professor, nas suas mais variadas vertentes e

dimensão”. O autor salienta ainda que, a formação contínua prende-se a duas ideias

fundamentais: uma de mudança para novos saberes diretamente relacionados com a prática

profissional; outra de atividade conducente a uma nova compreensão do fazer didático e do

contexto educativo”.

De acordo com Formosinho (2009, p. 226), a formação contínua ocupa os espaços

formais e o seu agente principal é o formador, quer externos quer internos:

Reside maioritariamente nas instituições da formação (escolas, centro de professores, universidades) nos agentes de formação (formadores peritos e formadores pares, formadores externos e internos), nas modalidades de formação (cursos, oficinas, seminário, supervisão, currículo de estudos, etc.) nos aspetos organizacionais (processo de decisão, acreditação das ações, financiamento, tempo e espaço da formação, etc.

No caso de Timor-Leste, ao longo do período da colonização portuguesa, não existia

formação contínua de professores, no entanto, no período da invasão do governo indonésio

havia uma vontade para elevar a qualidade dos professores. Deste modo, construi-se uma

instituição especializada para dar formação contínua aos professores desde a sua primeira

chegada à ilha de Timor. Esta instituição foi designada como KPG- Kursus Pendidikan Guru e

Page 65: Fernão dos Santos Rodrigues

50

facultava um curso de formação de professores, como já referido anteriormente. Este curso

destinou-se aos professores da época da colónia portuguesa no sentido de capacitá-los na

língua indonésia, uma vez que a língua indonésia passou a ser a língua oficial e também

língua do ensino em Timor-Leste.

Para alcançar as metas educacionais lançadas o governo indonésio cooperou com

algumas organizações internacionais como UNDP e UNESCO, criou-se um programa de

formação de professores (Pemantapan Kerja Guru-PKG, língua Indonésia), que tinha por

objetivo aprimorar o conhecimento dos professores do todo território do país, incluindo da

província Timor-Timur, esta formação focou-se na área de Ciências Naturais constituída por

três disciplinas, Ciência Física, Matemática e Biologia (Soares, 2011).

Ao longo da época do governo transitório não existiu formação contínua para os

professores (Alvarez, 2002).

Efetivamente, depois deste período, o governo implementou a escola obrigatória e

universal e, consequentemente a taxa de matrículas dos jovens aumentou, como já foi dito

no capitulo I. Porém, surge um grande desafio que foi o recrutamento de mais professores.

No entanto, havia carência de professores qualificados nas várias especialidades, uma vez

que o país saiu de um pós-conflito e deparou-se com insuficientes recursos humanos como

exposto na parte da contextualização.

Formosinho (1987, apud Silva, 2003, p.110) refere que “A escolaridade obrigatória

obriga o professor a defrontar-se com um problema – terá de ensinar muitos alunos que só

frequentam a escola porque a isso são obrigados pela lei ou pela pressão da família, isto é,

encontrará muitos alunos desmotivados e alienados”. Deste modo, a escola obrigatória cria

desafios para o trabalho pedagógico do professor na sala de aula, uma vez que tem alunos

que querem aprender e outros que são obrigados. Efetivamente, o governo timorense

também está a adotar o sistema de escolaridade obrigatório como exposto no capítulo I.

Esta condição chama a atenção de todas as entidades, principalmente do governo no

que toca ao investimento nesta área, podendo o mesmo aumentar as infraestruturas como

salas de aula, assim como disponibilizar uma formação constante de modo a fomentar as

competências dos professores, quer a nível de conteúdos da disciplina, quer a nível

pedagógico ou tecnológico para responder às necessidades dos estudantes e

consequentemente para a melhoria da qualidade do ensino.

Page 66: Fernão dos Santos Rodrigues

51

No n.º 4 do artigo 49 da Lei de Bases da Educação supracitada, relata que “o Estado

pode apoiar a formação contínua dos docentes em exercício de funções nos estabelecimentos

de ensino particular e cooperativo que se integrem na rede de ofertas de educação e de

ensino de serviço público”. A entidade pública, o estado, tem a obrigação de fornecer a

formação contínua para os docentes que se integram na rede de educação de serviço público.

No entanto, no artigo 34, n.º 2 na mesma lei, define a estrutura de formação

profissional dos professores nos quatro tipos essenciais para crescer as competências dos

professores, a saber:

a) Iniciação profissional; b) Qualificação profissional) Aperfeiçoamento profissional; d)

Reconversão profissional.

Neste domínio, a formação profissional visa a maneira para (re) construir as

competências amplas que, não se focam apenas na sua área especifica, mas também

noutras competências ligadas ao processo da evolução do mundo atual. Habitualmente, a

carreira profissional constrói-se no momento em que, o indivíduo ingressa num ambiente

profissional, seja como estagiário ou como professor principiante, no qual vai obter uma

convivência com um novo clima extremamente diferente com a sua aula teórica, uma vez que

no ambiente de trabalho encontra a multiculturalidade.

Assim, o professor precisa de apoio, seja através de formação ou com outro docente

mais experiente no ambiente de trabalho de modo a aprimorar o seu conhecimento para que

possa lidar com as diversas características que enfrenta para tornar o processo de ensino

mais dinâmico implicando assim um resultado de aprendizagem dos alunos.

A formação contínua de professores definida n.º 1 do artigo 49.º acima mencionado,

é como uma formação complementar de atualização constante da formação inicial no

aperfeiçoamento das competências que possibilita a progressão na carreira docente:

Formação contínua, que complementa e atualiza a formação inicial, numa perspetiva de formação permanente, suficientemente diversificada, de modo a assegurar o complemento, aprofundamento e atualização de conhecimentos e de competências profissionais relevantes e a possibilitar a mobilidade e a progressão na carreira, assim como a requalificação na mesma carreira.

E também no n.º 1 da Lei n.º 23/2010, do artigo 23.º sobre o estatuto de carreira

docente, a formação contínua definida como um processo de “(…) atualização, o

aperfeiçoamento e a reconversão, diversificação e flexibilidade funcionais da actividades

profissional do pessoal docente, promovendo objetivos de desenvolvimento na carreira e de

mobilidade”.

Page 67: Fernão dos Santos Rodrigues

52

Para além de desenvolver as competências dos professores, a certificação desta

formação por objetivo de preencher os requisitos para a progressão na carreira ou ao acesso

de cargo de chefia, que está definido no n.º 3 do mesmo artigo citado, como: a) Avaliação de

desempenho; b) Progressão na carreira; c) Procedimentos de colocação de docentes; d)

Acesso a cargos de direção e chefia”.

Portanto, a formação contínua para docentes timorenses existe em duas dimensões,

por um lado é aprimorar as competências entre formação inicial e profissional, ou seja,

articular a teoria e a prática profissional. Por outro lado, é a formação intensiva para os

docentes obterem um certificado de proficiência de equivalente ao grau académico

Bacharelato ou Licenciatura para a progressão do regime de carreira exigida pelo decreto-lei

acima referido.

De facto, a maioria dos professores não estão de acordo com os requisitos exigidos

pelo n.º 1 e 2 do artigo 48.º do decreto-lei anteriormente exposto, uma vez que eles apenas

possuem como habilitações literárias o ensino secundário, mas exercem docência nas

escolas, como referido no capítulo VII sobre o regime Preparatório Especial, do artigo 77.º da

Lei n.º 23/2010 do estatuto de carreira docente:

Estabelecem os requisitos especiais de integração na carreira docente de todos os funcionários públicos, agentes da administração e professores contratados que exercem, à data de entrada em vigor do Estatuto, funções de docência nos Estabelecimentos de Educação e Ensino Pré-Escolar, Básico e Secundário e que não detêm as habilitações académicas definidas pela Lei de Bases da Educação como sendo necessárias para o exercício da docência.

Para esta exigência, o governo fornece a formação intensiva que se encontra definida

no artigo 78.º n.º.1 da lei n.º 14/2008: os professores supramencionados, “(…) estão sujeitos

a um programa de formação intensiva determinado pelo Ministério da Educação, destinado

à obtenção de certificação equivalente às habilitações académicas de Bacharelato ou

Licenciatura exigidas pela Lei de Bases da Educação”.

Porém, infelizmente, após a independência, desde 2002 até ao ano de 2010, não havia

nenhuma instituição oficial, seja privada ou pública para oferecer a formação contínua aos

professores. Sendo assim, em 2003 havia cooperação entre três instituições, constituídas

pela UNESCO, Ministério da Educação e UNTL que juntamente ofereceram uma formação

para os professores de Ciências Naturais/Física, Biologia e Química durante seis meses nos

primeiros três anos da independência. Esta formação focou-se essencialmente nos conteúdos

da disciplina referida (Soares, 2011).

Page 68: Fernão dos Santos Rodrigues

53

Mesmo assim, alguns professores continuaram sem a oportunidade para frequentarem

formação, isto porque, houve tantas dificuldades enfrentadas, tanto a própria instituição

formadora como a escola, que não tinham recursos suficientes, formadores e capacidade

financeira. Sabe-se que, foi consequência da reconstrução de todos os setores, depois da

crise política supracitado, capitulo I. Assim, como reforça Formosinho (2009, p. 48), na

escola de massas existia a diferente oportunidade na participação de formação contínua, “(…)

as diferentes oportunidades de formação, as diferentes vontades de se educar

permanentemente e o diverso aproveitamento da frequência de ações idênticas são outros

tantos fatores de diferenciação entre professores”.

Devido às dificuldades que o país enfrentou após a sua independência, como já referido

no capítulo I, os professores precisaram de muito investimento na área da formação, uma

vez que a maioria dos professores não tinham nenhuma formação para a docência, quer

formação académica, quer até mesmo conhecimento pedagógico. Tal como afirmam Cassiani

e Pereira (2011, apud Santos, 2015, pp. 32-33), naquele contexto “(...) cerca de 85% desses

professores não têm nenhum tipo de formação nos moldes académicos”.

Os professores continuaram a ter dificuldades na sua prática pedagógica nas escolas,

pois não havia condições ao nível de infraestruturas como, biblioteca, laboratório, internet e

escassos recursos educativos, como livros, manuais escolares para professores e alunos, e

também o guião para os professores fazerem a preparação dos conteúdos para a lecionação,

como na declaração do Diretor Geral do Ministério da Educação Timorense (Soares, 2011).

Em 2011, o investigador Teodoro Soares entrevistou o Diretor Geral do Ministério da

Educação Timorense, onde o próprio declarava que o ministério ainda não disponibilizava

nenhuma formação para os professores da disciplina de Ciências Físico Naturais,

relativamente aos conteúdos da disciplina referida, encontrando-se consciente que os

professores ainda não tinham condições para lecioná-la. Porém, acrescentava que o

Ministério ia disponibilizar um curso intensivo para todos os professores timorenses, ou seja,

para um total de nove mil até dez mil professores, relativamente à reforma curricular do

ensino básico, no ano letivo de 2011 (Soares, 2011).

Para solucionar esta situação o Diretor Geral salientou que o governo já tinha traçado

um plano para oferecer formação para os professores de ciências, capacitá-los na preparação

da lecionação da nova disciplina, assim no ano letivo de 2011 colocaram os professores em

Page 69: Fernão dos Santos Rodrigues

54

conformidade com a sua área especifica, basicamente na disciplina de Ciências Físico-

Naturais (Soares, 2011)

Para normalizar as dificuldades enfrentadas pelos professores na implementação do

novo currículo do ensino básico até ao ensino secundário, em, 2011, o governo através da

reunião do conselho de Ministros aprovou o Decreto lei n.º 4/2011, sobre o estatuto do

INFORDEPE- Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação.

No artigo 24, o decreto da lei referida define um gabinete especial para tratar dos

assuntos inerentes à formação contínua para os professores ou funcionários administrativos

de educação que estão a exercer o seu desempenho na escola, “(…) o gabinete de formação

profissional e contínua é o serviço responsável pela execução das políticas de formação de

pessoal docente em exercício de funções e de formação de profissionais da educação”.

Esta instituição é a única instituição pública que tutelada o Ministério de Educação,

tendo como objetivo fornecer a formação para todos os professores e profissionais da

educação, desde o ensino pré-escolar até ao ensino secundário, no sentido de elevar as

competências, quer ao nível do conhecimento dos conteúdos das disciplinas, pedagógico,

quer o conhecimento da língua oficial, basicamente a língua portuguesa considerada como

língua de ensino. Esta tarefa é da responsabilidade do gabinete de apoio à formação

profissional, que está no artigo 24 da mesma lei “(…) o gabinete de formação profissional e

contínua é o serviço responsável pela execução das políticas de formação de pessoal docente

em exercício de funções e de formação de profissionais da educação”.

No entanto, este gabinete tem a plena competência para disponibilizar a formação

contínua para todos os professores e pessoal administrativo da educação que estão em

funções.

Segundo o relatório do Ministério da Educação de 2013, sobre a avaliação da

implementação do programa de formação de professores, realizada pelo gabinete de

formação, a qual participaram 7124 professores do regime transitório com o objetivo de

capacitá-los para a ingressão à carreira profissional docente exigida pelo artigo 48 Decreto-lei

do n.º 14/2008, porém neste processo apenas 5233 professores conseguiram suceder ao

acesso do regime de carreira, enquanto 1891 foram reprovados (Santos, 2015).

Por outro lado, o relatório do mesmo gabinete, em 2012, desenvolveu um programa

de formação intensiva da metodologia do ensino, língua portuguesa e deontologia profissional

relativo às competências essenciais para o ingresso de regime da carreira docente. Nesta

Page 70: Fernão dos Santos Rodrigues

55

formação participaram cerca de 3300 professores que estão a exercer a sua função como

docentes em diferentes níveis de ensino do território do país (Santos, 2015).

Perante esta exigência, o gabinete acima mencionado, ofereceu o curso intensivo de

formação complementar aos professores, no sentido de ampliar o conhecimento de

conteúdos e da sua prática pedagógica para garantir a qualidade do ensino e aprendizagem

no país. Em, 2013, na conformidade do Despacho n.º 01/INFORDEPE/X/2013 do Ministério

da Educação, o instituto supramencionado, atribui o certificado do curso de formação

intensivo complementar a 1131 professores com idade igual ou superior a 50 anos. Enquanto

em 2014, o INFORDEPE, atribuiu o certificado do curso intensivo a 4102 professores,

segundo o despacho do Ministério da Educação, n.º 01/INFORDEPE/I/2014 como diz no

artigo n.º 79 da lei do Estatuto da Carreira do Docente, n.º 23/2010.

Por outro lado, Freitas (2014, pp. 152-153) relata que:

O INFODEPE, tem em funcionamento um programa nacional de requalificação de docentes, que pretende certificar com habilitação equivalente a Bacharelato ou Licenciatura todos os professores que exercem funções e que não tinham as qualificações académicas superiores mínimas exigidas na Lei de Bases da Educação, para o exercício da docência (trata-se de um universo de 8000 professores, de um total de cerca de 12.000 professores em exercício de funções). Pretende-se que este Programa Nacional esteja concluído até ao final de 2013 e que todos os docentes em exercício de funções obtenham as qualificações.

Para além do instituto supramencionado em 2016, o Ministério da Educação colaborou

com o SESIM9 (Center for the Study of Science and Mathematics) como o Centro da Prática

de Ciências e Matemática, que tutela a UNESCO e que teve o apoio do fundo capital Korean

National Development Agency (KOICA) com o objetivo de fornecer a formação contínua para

os professores de Ciências e Matemática do território nacional.

A formação focou-se na utilização de matérias simples na implementação da prática

de Ciências e Matemática relativamente às propostas das atividades laboratoriais abordadas

nos manuais escolares do ensino básico do 3º ciclo em todos os anos de escolaridade. O

SESIM conseguiu elaborar os guias e manuais de prática para todos os professores, porém a

elaboração dos documentos propriamente ditos então escritos em tétum e foram usados na

formação.

Entretanto, no ano acima referido, o SESIM conseguiu oferecer a formação para os

professores de Ciências Físico-Naturais e Matemática nos oito municípios diferentes, no qual

cada município teve duas vezes formação. Cada fase de formação durou de três dias até uma

9 CF.: SESIM (Center for the Study of Science and Mathematics). Disponível em: http://theease.org/read.php?bdid=1&page=2&msid=232&st=. Acedido em 03/06/2019.

Page 71: Fernão dos Santos Rodrigues

56

semana, das 8:00h às 17:00h. Os municípios abrangidos foram os seguintes: Ainaro,

Baucau, Viqueque, Díli, Lautem, Manatuto, Ermera e Suai.

A formação iniciou-se em junho de 2016, no município de Ainaro, na qual participaram

55 professores do 3º ciclo do ensino básico, da qual 30 professores eram de Ciências Físico-

Naturais e 25 professores de Matemática. Esta formação durou uma semana, das 8:00h às

17:00h. A formação foi encerrada no ano letivo de 2016 no posto administrativo de Covalima

do município do Suai.

2. 2 Identidade do Professor

Nesta parte, tentamos distinguir cada elemento dos conceitos abordados e a forma

como integrá-los. A identidade é um conceito polissémico, devido a esta definição, entende-

se identidade como um conjunto de características pessoais. No dicionário enciclopédia

livre10, a identidade é definida como “O conjunto de características próprias e exclusivas com

as quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns dos

outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes”. Assim, a

identidade é entendida como um ato de distinguir as diferentes características entres

indivíduos no ambiente social.

A identidade desenvolve-se através do processo de integração social que concebe o

“resultado simultaneamente estável e provisório, individual e coletivo, subjetivo e objetivo,

biográfico e estrutural por diversos processos de socialização que simultaneamente

constroem os indivíduos e definem as instituições” (Dubar, 1995 apud Lopes, 2001, 187).

Enquanto, no caso do vocábulo “profissional”, deixamos alguns vocábulos que o

interligam, isto é, a “profissionalidade, profissionalização e o profissionalismo”, que são

relacionados. Por isso, necessitamos de definir cada elemento e relacioná-los de uma forma

mais sucinta.

No entanto, o profissional é um conjunto de competências ou saberes numa dada

profissão. No dicionário enciclopédia livre11, o profissional é definido como “(…) aquele que

tem conhecimentos da sua profissão, ou especialista e a coloca ao serviço da sociedade”.

Portanto, o profissional está também ligado aos conhecimentos adquiridos específicos do

indivíduo que exerce uma profissão e está a atender às necessidades da sociedade.

10 Cf. Identidade: https://pt.wikipedia.org/wiki/Identidade. Acedido em 18/06/2019. 11 Cf. Profissional: https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalhador. Acedido em 18/06/2019.

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57

Roldão (2005, p. 108) define a profissionalidade como “(…) aquele conjunto de

atributos, socialmente construídos, que permitem distinguir uma profissão de outros muitos

tipos de actividades, igualmente relevantes e valiosas”. Assim como Júnior (2012, p. 4),

define a profissionalidade como o “(…) aperfeiçoamento docente na busca de um

desenvolvimento profissional e pessoal”. Nesta perspetiva, a profissionalidade é construída

individualmente pela sua autorreflexão, pela sua prática profissional ou juntos com outros

colegas profissionais, através de um trabalho colaborativo e também com os seus próprios

estudantes, na medida em que o indivíduo exerce a sua função num ambiente social ou

laboral.

O profissionalismo é composto por uma identidade constituída por habilidades,

responsabilidades, com ética no atendimento local, pelo qual exerce a sua função. E também

com o “(…) compromisso com o projeto político democrático, participação na construção

coletiva do projeto pedagógico, dedicação ao trabalho de ensinar a todos, domínio da matéria

e dos métodos de ensino, respeito à cultura dos alunos, assiduidade, preparação de aulas,

etc.” (Libâneo, 1998, apud Júnior, 2012, p. 4). Entendemos que o profissionalismo é um

comprometimento pessoal na integração de trabalho colegial na elaboração de um projeto

pedagógico e o aprimorar de forma responsável pela transmissão dos saberes e ter aptidão

para corresponder às diferentes características dos estudantes na sala de aula ou fora.

Por isso, a identidade profissional é um conjunto de características de uma pessoa na

sua vida quotidiana em relação com a sua profissão num ambiente em que desempenha a

sua função. No entanto, há relação mútua de diversas características, quer sejam diferentes,

quer seja semelhantes num ambiente social. Neste caso, discutirmos e relacionarmos o

conceito de identidade profissional de professores. Portanto, a identidade profissional do

professor é um conjunto de características do mesmo, na relação com os seus alunos como

transmissor de conhecimento e recetores, e também na interação com os colegas

profissionais ou com a sociedade não educativa, comunidade ou encarregados da educação.

De acordo com Figueiredo (2010, p. 163), “(...) o processo de construção de

identidades dos professores (...) é constituído por uma articulação de identidade "para si",

de identidade atribuída pelo outro, de relações entre o trabalho docente e a formação, de

relações pessoais-profissionais e de outras múltiplas dimensões”. Neste entendimento, a

identidade profissional do docente constrói-se por uma formação individual durante o seu

percurso académico e também no contacto com os colegas de profissão, trabalho

Page 73: Fernão dos Santos Rodrigues

58

colaborativo e envolvimento do projeto educativo que contribui para o seu crescimento

pessoal e institucional.

A identidade profissional do professor é construída gradualmente e de forma constante

ao longo da sua vida profissional, que fomenta as suas competências para encarar o clima

de ambiente de aprendizagem na sala de aula, como afirma Morgado (2011, pp.798-799),

“(…) a profissionalidade constrói-se de forma progressiva e contínua, baseia-se no

desenvolvimento de competências e da identidade profissional, inicia-se na profissionalização

e prolonga-se ao longo de toda a carreira”. A profissionalidade constrói-se no momento em

que o individuo começa a desempenhar a sua função no local de trabalho.

Assim, entendida a ampliação de competência profissional de professores depende do

seu empenhamento e das experiências na sua prática profissional, através do seu próprio

interior ou interação com os seus pares, que contribui para a sua identidade profissional, que

se constrói com colegas profissionais no ambiente trabalho, como afirma Lopes (2001, p

188):

(…) a identidade profissional é uma identidade social particular (entre outras identidades sociais da pessoa), particularidade que decorre do lugar das profissões e do trabalho no conjunto social e, mais especificamente, do lugar de uma certa profissão e de um certo trabalho na estrutura de identidade pessoal e no estilo de vida do ator.

Ainda com esta base de entendimento, Pimenta e Anastasiou (2002) sublinham que a

construção da identidade docente depende dos valores e atitudes de cada indivíduo, cada um

constrói a sua própria identidade através da própria trajetória, pode ser interior ou exterior.

Por interior, desenvolve-se pelo percurso académico ou da própria formação pessoal.

Enquanto, por exterior, se constrói através da interação com outros colegas profissionais, com

trabalho colaborativo, no ambiente de trabalho e que contribui para o seu crescimento

profissional.

Então, o professor desenvolve a sua identidade profissional pela sua reflexão crítica

sobre a sua prática, e que pode identificar o seu fracasso e sua potencialidade, na forma de

aprimorar o seu conhecimento, seja científico ou pedagógico, para a qualidade do ensino e

aprendizagem. Tal como refere Braga (2001, p. 22), o docente tem a possibilidade de

desenvolver a sua identidade profissional através de “(...) uma reflexão crítica sobre seu

trabalho profissional, como investigador na prática e abarca a dupla natureza de todo o

processo educativo: a intenção realidade, isto é, os princípios e a pratica pedagógica”. O

professor deve ter aptidão de refletir a sua própria ação profissional e tomar a decisão.

Page 74: Fernão dos Santos Rodrigues

59

A identidade profissional de docente constrói-se numa atividade prática profissional na

escola através de processo ensino e aprendizagem, como referem Rusell e Martin (2014, p.

25), “(…) a identidade profissional começa a formar-se à medida que o curso de formação se

aproxima do fim”, pois, ele começa a construir a sua própria profissão com apoio dos outros,

seja com os seus colegas mais experientes ou com os alunos.

Sabendo que, a construção de identidade profissional de professor é “(…) um processo

contínuo de formação e aprendizagem ao longo da carreira docente, circunscrevendo a

profissionalização à primeira etapa desse processo, isto é, ao período de formação inicial que

culmina na certificação do aluno/futuro professor e no reconhecimento da sua competência

para exercer a profissão” (Morgado, 2011, p. 796). Visto que, a atividade da

profissionalização do candidato do futuro professor na escola é um momento poderoso para

refletir a sua competência, na medida em que se articula a sua teoria e prática quando

desempenha a sua função como professor.

Na perspetiva do processo de desenvolvimento profissional dos candidatos dos futuros

professores, o autor salienta ainda que “(…) a profissionalização deve promover, em

simultâneo, a apropriação de uma dada cultura profissional por parte dos formandos e

favorecer a construção da sua identidade profissional, construção essa que irá prolongar-se

ao longo da sua vida profissional” (Morgado, pp 796-797). Portanto, no processo de

profissionalização, os formandos devem ter a oportunidade de fomentar a própria cultura

profissional e a sua identidade, apoiada por colegas no local de exercício que se colocam.

Assim, o processo de construção de identidade através da nossa própria prática

profissional, conforme a aptidão de identificar a produtividade da nossa ação precedente, no

que diz Nóvoa (1992, p. 17), “(…) o processo identitário passa também pela capacidade

exercemos com autonomia a nossa atividade, pelo sentimento de que controlamos o nosso

trabalho”.

Para Nóvoa (1995, p. 29) “(…) a produção de uma cultura profissional de professores

é um trabalho longo, realizado no interior e exterior da profissão que obriga intensas

interações e partilha. O novo profissionalismo docente tem de basear-se em regras éticas,

nomeadamente no que diz respeito à relação com os restantes atores educativos, na

prestação de serviço qualidade”. Pois, o desenvolvimento da cultura profissional de

professores dá-se através de trabalho colegial com outros profissionais no desempenho de

trabalho qualitativo e também eficaz.

Page 75: Fernão dos Santos Rodrigues

60

Nóvoa (1992, p. 16) apresenta o processo identitário dos professores, com “três AAA”,

como:

- A de Adesão, porque o professor implica sempre a adesão a princípios e valores a adaptação de projetos, um investimento positivo nas potencialidades das crenças e jovens; -A de Ação, porque também aqui, na escolha das melhores maneiras de agir, se jogam decisões do foro profissional e do foro pessoal. Todos sabemos que certas técnicas e métodos colam melhor com a nossa maneira de ser do que os outros. Todos sabemos que o sucesso ou insucesso de certas experiências marcam a nossa postura pedagógica, fazendo-nos sentir bem ou mal com esta ou com aquela maneira de trabalhar na sala de aula; -A de Autoconsciência, porque em última análise tudo se decide no processo de reflexão que o professor leva a cabo sobre a sua própria ação. É uma dimensão decisiva da profissão docente, na medida em que a mudança e inovação pedagógica então intimamente dependentes deste pensamento reflexivo.

Nesta lógica, a profissionalidade do docente deve ser construída na altura em que os

estudantes futuros professores ingressam na escola, na qual fazem a sua atividade de estágio

pedagógico, aí inicia-se a sua ação como professor, porém acompanhados pelos professores

mais experientes, seja na universidade, ou seja, professores cooperantes na escola em que

se coloca. No entanto, por esta atividade, ele próprio reflete a sua ação como professor ao

longo da sua prática pedagógica na escola. A imaginação da sua ação é um elemento fulcral

na construção da sua identidade como professor.

Palmer (1998, apud Day, 2004, p. 87) afirma que:

(…) quando não me conheço a mim mesmo, não posso conhecer os meus alunos, vê-los-ei através de um vidro escuro, na sombra da minha vida que não foi analisada e, não os posso ver claramente, não os posso ensinar bem. Quando não me conheço a mim mesmo, não posso conhecer a minha disciplina – não nos níveis profundos que estão alicerçados no significado pessoal.

Neste sentido, a identidade desenvolve-se através de autorreflexão pela sua prática

quotidiana sobre as suas dificuldades enquanto ligado ao resultado obtido pelos seus alunos

para reconstruir as suas competências de modo a aprimorar o seu ensino no próximo. No

que diz Day (2004, p. 157), “(…) os bons professores não se sentirão felizes por refletir de

uma forma crítica, examinado o seu próprio ensino e os contextos em que este ocorre, nem

se sentirão satisfeitos por planear unicamente a sua próxima aula baseando-se naquilo que

aprenderam na aula precedente”.

A construção da identidade de professores também é um elemento essencial no

contributo da sua profissão que implica o resultado de ensino e aprendizagem. Nias (1989,

apud Kelchtermans, 2009, p. 71) refere que:

o professor enquanto pessoa é preparado por muitos, dentro e fora da sua profissão, para ser o centro não apenas da sala de aula, mas também do processo educativo.

Page 76: Fernão dos Santos Rodrigues

61

Consequentemente, por implicação, interessa não só aos próprios professores, como também aos seus alunos, saber quem são e o que são. A sua auto-imagem é mais importante para eles enquanto profissionais do que no caso onde a pessoa pode facilmente ser separada do ofício.

Nesta perspetiva, o professor deve reconhecer o seu próprio fracasso e pontos fortes

através da reflexão da própria ação na sala de aula ou fora de aula, baseando-se no resultado

de aprendizagem do seu aluno. Por via da reflexão, constrói a sua identidade em si através

de formação ou pelo contacto com os professores mais experientes no local de trabalho,

como afirmam Sleegers e Kelchtermans (1999, apud Kelchtermans, 2009, p. 89), a “(...) ser

conceptualizadas como o resultado da interação entre as experiencias pessoais dos

professores e o ambiente social, cultural e institucional em que trabalham diariamente”.

Para que o professor progrida na sua prática profissional, o próprio deve fazer uma

reflexão pessoal ou individual ao longo da carreira, como Ball e Goodson (1985, apud

Kelchtermans, 2009, p. 71) argumentaram, “(…) o modo como os professores alcançam,

mantêm o desenvolvimento da sua identidade, o seu sentido de self, ao longo da carreira, e

de importância vital na compreensão das suas ações e os seus comprometimentos em

relação ao seu trabalho”.

Korthagen (2009, p. 18) afirma que “(…) o auto-estudo deve ultrapassar as reflexões

pessoais sobre a prática e deve começar a questionar os pressupostos teóricos e ilustrar o

rigor e o método sistemático na investigação das preocupações pedagógicas de modo a

melhorar o conhecimento sobre o ensino e sobre aprendizagem sobre o ensino”. Esta prática

reflexiva, o indivíduo deve refletir a sua prática profissional no sentido de aperfeiçoar o

conhecimento e reconstruir a própria identidade que eleva a qualidade do seu produto.

A identidade profissional começa a construir-se desde estudantes, futuros professores,

e que entram na universidade através da sua orientação e reflexão individual, pela sua

aprendizagem e com o acompanhamento de um professor universitário, de forma a orientar

o caminho do futuro de profissão enquanto professor. De acordo com Nóvoa (2017, p. 1121):

(…) tornar-se professor é transformar uma predisposição numa disposição pessoal. Precisamos de espaços e de tempos que permitam um trabalho de autoconhecimento, de autoconstrução. Precisamos de um acompanhamento, de uma reflexão sobre a profissão, desde o primeiro dia de aulas na universidade, que também ajudam a combater os fenómenos de evasão e, mais tarde, de desmoralização e de mal-estar dos professores.

No entanto, a identidade dos professores passa por uma reflexão à sua própria ação,

ocorrida no contexto de mudanças sociais de um carácter de introspeção constante e

cuidadosamente do seu trabalho profissional, de modo a reformular as suas estratégias que

Page 77: Fernão dos Santos Rodrigues

62

lidem e respondam às mudanças ocorridas na sociedade. Neste contexto, Barbosa (2017 p.

398) defende que:

(…) ser professor é construir e reconstruir maneiras de ser e estar na profissão num pano de fundo de expectativas sociais, de injunções institucionais e de ideias ou imaginários pessoais. Ser professor é interrogar-se permanentemente sobre o que significa ser professor aqui e agora, é delinear uma imagem quanto ao trabalho que se faz e importa fazer, é estar atento ao que se passa para não ser ultrapassado pelos acontecimentos, é reinventar o modo de ser e de agir quando a mudança se torna inevitável.

O mesmo autor sublinhou que quanto mais envolvimento da outra entidade no

processo de desenvolvimento profissional, maior é o contributo para a melhoria da própria

identidade profissional, cujo “(…) as interações educativas com os alunos, os pais, os

encarregados de educação e bem assim com os stakeholders da envolvência da escola que

participam desse processo de múltiplas dimensões, de múltiplas faces e de múltiplos rostos”

(Barbosa, 2017 p. 402).

Nóvoa (2017, p. 1121) defende que para se entrar na profissão de docente “é preciso

conhecer as motivações dos candidatos, o seu perfil, a sua predisposição para a profissão

docente. É preciso dar-lhes um primeiro conhecimento da profissão, verificar se têm as

condições e as disposições para serem professores”. Deste modo, ser professor deve-se ter

em conta a aptidão para essa profissão. É necessário ter a habilitação específica e pedagógica

que possa transmitir o conhecimento de forma a solucionar as exigências das mudanças no

campo educacional, basicamente no trabalho de docente.

O autor salienta ainda que “(...) aprender a ser professor impõe um trabalho metódico,

sistemático, de aprofundamento de três dimensões centrais, como:

✓ o desenvolvimento de uma vida cultural e científica própria;

✓ a dimensão ética, a construção de um ethos profissional;

✓ a compreensão de que um professor tem de se preparar para agir num ambiente de incerteza

e imprevisibilidade” (Nóvoa, 2017, pp. 1121-1122).

Na primeira dimensão, o professor enquanto pessoa, necessita formar ativamente o

que concerne o seu conhecimento científico e pedagógico, e deve ter um hábito de interação

mútua com os estudantes, de forma a identificar as dificuldades encaradas relativamente aos

conteúdos das disciplinas. Devem acima de tudo incentivar e estimular os seus alunos de

maneira a que procurem uma solução para os problemas que possam surgir.

Em relação, à segunda dimensão, o professor deve ter a ética profissional considerada

como um elemento principal na vida laboral. Enquanto profissional, ele deve criar e

Page 78: Fernão dos Santos Rodrigues

63

proporcionar um ambiente repleto de harmonia em contacto com as entidades interiores e

exteriores do ambiente escolar. Isto é, seja com os seus estudantes na medida do processo

de aprendizagem na sala de aula ou com colegas profissionais e encarregados de educação

ou os pais.

Relativamente à última dimensão, pode-se referir que o professor necessita de ter a

capacidade para atuar em condições indesejadas que aconteçam no ambiente da sala de

aula, devido às diversas características e multiculturalidade na sala de aula. O professor tem

um papel essencial quando exerce o seu desempenho na sala de aula, tem a plena

responsabilidade para tomar a decisão, no sentido de normalizar o clima da sala de aula.

Na escola democrática atual, o professor enquanto agente educativo compromete a

transformação social, política e económica, tendo necessidade de reformular o seu

profissionalismo ao contexto atual. Isto por que “(...) tem de participar ativa e criticamente no

seu contexto e transmitir aos futuros cidadãos valores e formas de comportamento

democrático, igualitário, respeitador da diversidade cultural e social e do meio ambiente”

(Imbernón, 2014, apud Barbosa, 2017, p. 420).

Nóvoa (2017, p. 1123) afirma que “(…) a profissão docente está a evoluir,

rapidamente, de uma matriz individual para uma matriz coletiva”, na passagem de uma

matriz para a outra o professor tem de ter a capacidade de interagir com outros colegas

profissionais, de forma a responder à exigência da mudança de globalização de mundo atual.

Neste contexto, “(...) as identidades construídas pelos professores trazem

multiplicidade de aspetos que se entrecruzam e se interpenetram, num processo permanente

desenvolvido em um dado contexto histórico-social” (Figueiredo, 2010, p.155). Neste sentido,

a construção da identidade dos professores é reciprocamente o processo de mudança de

globalização.

A educação, na era da globalização no mundo atual, exige um perfil de professores

mais adequado para que possam lidar com a transformação social sobretudo em relação à

multiculturalidade na sala de aula. Como refere Viana (2013, p. 3):

(…) requer perfis que possibilitem ir além da transmissão de cultura, explorando a práxis educativa/formativa, de forma a permitir transformação e emancipação dos cidadãos, de cada indivíduo aprendente, permitindo ir além receptor passivo de informação, depósito de conteúdos inertes e, antes, o promova criador/produtor crítico e criativo destes. Um mundo capaz de concorrer a um perfil mais capaz da inclusão e da coesão social, onde os Sistemas Educativos, a escola e outros contextos formativos se destacam pelo papel significativo no desenvolvimento de processos informativos, comunicacionais, de conhecimento como profissional.

Page 79: Fernão dos Santos Rodrigues

64

De acordo com Moreira (2010, apud Morgado, 2011, pp. 797-798), o professor

necessita desenvolver a melhor possível as suas competências científicas, não só “(…)

dominar apenas o conteúdo que ensina”, já que, para além “de conhecimentos didáticos, de

conhecimentos mais amplos sobre o processo educativo e o papel da escola no mundo de

hoje”. Isto é, deve ter uma relação que lhe permita integrar outros agentes educativos e a

sociedade, a ser conveniente para o processo de ensino e aprendizagem e lidar com as

diversas características e multiculturalidade na sala de aula.

Esta diversidade cultural é uma característica na escola democrática hoje em dia,

“exige-se que os professores conheçam os seus alunos. Exige-se que eles tenham estudado

as crianças com quem trabalham (recorrendo a diferentes processos simples de observação

e pesquisa) e que tenham, portanto, conseguido produzir o conhecimento sobre eles, sobre

caraterísticas grupais, socioculturais a até idiossincráticas eles possuem” (Cortesão, 2000,

p. 45). Por isso mesmo, os professores para além do seu conhecimento aos conteúdos,

requerem ter as suas habilidades sobre a parte pedagógica para que possam lidar com a

diversidade de conhecimentos que cada estudante possui.

Deste modo, os professores têm a maior responsabilidade na sala de aula e também

devem ter mais autonomia na elaboração e preparação do trabalho enquanto profissional e

desenvolver as suas competências com colegas profissionais de forma mais democrática,

pelo qual:

(...) o professor surge com responsabilidades mais amplas, para além da sala de aula, incluindo o contributo para a escola, para o sistema educativo, para a comunidade e para os alunos, bem como responsabilidades coletivas enquanto profissão, com vista à construção de uma sociedade mais justa e democrática através, por exemplo, da investigação, da inovação, etc. (Flores, 2014, p. 860).

O trabalho de autonomia do professor necessita da colaboração e auxílio com outros

grupos sociais no ambiente em que ele está a desempenhar a sua função, seja com colegas

de profissão ou com outra comunidade educativa incluindo os estudantes, de modo a

fomentar a sua capacidade de encarar a situação em que vive. Como afirma Barbosa (2015,

p. 1001):

(…) a autonomia muito depende do apoio do meio social em que estamos inseridos, quanto mais não seja porque carecemos da solidariedade desse meio para existirmos como sujeitos sociais de corpo inteiro, ou seja, como atores de um jogo a quem são dadas condições para nele participar com um mínimo de independência das esgotantes lutas pela sobrevivência, também depende, e não em menor grau, do reforço de nossas capacidades ou poderes de agir com determinação e independência de juízo.

Page 80: Fernão dos Santos Rodrigues

65

No entanto, as identidades profissionais constroem-se como introspeção sobre a

própria ação de trabalho profissional e também devem ter apoio através do contacto com os

seus alunos, ou seja, com os colegas professores no local de trabalho que têm a maior

possibilidade ao contributo para o seu crescimento seja pessoal e profissional:

(…) a imagem que têm de si próprios, os sentidos que atribuem ao seu trabalho e a si próprios enquanto professores e os significados que os outros lhes atribuem dependem de uma diversidade de fatores: da forma como se relacionam com seus alunos, da disciplina que ensinam, dos papéis que desempenham, dos contextos em que trabalham, do quadro social e cultural mais amplo em que o ensino se inscreve, da sua biografia, das oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento profissional no local de trabalho, do apoio etc. (Flores, 2014, 153).

Sabendo que a profissionalidade do professor surge sujeita de forma direta ao seu

desempenho, que conta com a “(…) qualidade da prática profissional, integridade do fazer

docente, desenvolvimento profissional e habilidades e competências; à constituição da

identidade docente; ao saber docente, à integridade da dimensão social e do pessoal do

docente; à sua responsabilidade individual e comunitária e compromisso ético e político”

(Gorzoni & Davis, 2017, p. 1399).

Assim, um bom professor tem que ter conhecimento pedagógico, didático, e dos

conteúdo das disciplinas, mas a deontologia profissional também é essencial na interação

com os estudantes ou com atores exteriores no sentido de agradar à sociedade.

No entanto, o bom professor não apenas restritamente domina os conteúdos ou a sua

especialidade, porém é muito mais do que isso, isto é o professor tem de ter a capacidade

pedagógica e definir um plano adequado ao contexto de sala de aula, tal como relata Carvalho

(2005, p. 24), “(…) a prioridade das competências docentes não tanto naquilo que os

professores sabem, mas sobretudo naquilo que eles conseguem fazer os alunos aprender”.

Entende-se o professor não apenas como mediador, mas também motivador e incentivador

dos seus alunos no sentido de acompanhá-los na sala de aula, seja no trabalho individual ou

em grupo.

Perante a exigência da transformação da vida social e económica na globalização do

mundo atual, o governo de Timor-Leste aprovou a Lei de Bases da Educação n.º 14/2008,

em 29 de outubro de 2008, baseado o artigo 59 da Constituição República democrática de

Timor-Leste (RDTL), que dá margem com o fundamento decisivo ao responder às

necessidades das sociedades no contexto da globalização atualmente. É também uma base

legal para organizar e orientar o desenvolvimento do Sistema Educativo do país. E, com esta

Page 81: Fernão dos Santos Rodrigues

66

base normativa, conseguiu reformar o sistema educativo do país em 2011, como foi dito no

capítulo anterior.

Para atingir as mestas da mudança do sistema educativo anteriormente citado, o

governo aprovou o Decreto-Lei n.º 22/2010 de 9 de dezembro, Lei Orgânica do Ministério da

Educação, que atribui a competência ao ministério referido definir um plano de formação

adequada para garantir a qualidade do ensino obrigatório e universal no ensino básico e

garantir a qualidade da formação do pessoal docente para que fomente a qualidade do

desenvolvimento social e económico do país cujo está consagrado no artigo 2º da lei citada.

No entanto, em 2010, aprovou o estatuto de carreira profissional de docentes

timorenses do Ensino Pré-Escolar até a Ensino Secundário estipulado no decreto da lei

número 23/2010, que foi aprovado pelo conselho dos Ministros no dia 9 de dezembro de

2010.

O ministério definiu diversas modalidades de formação como anteriormente foi

referido, no sentido de preparar os perfis de professores ou profissionais mais competentes

naquilo que diz respeito a contribuir para a qualidade da educação e para assegurar os

desafios de vida social e económica do país. Garantindo também que todos os cidadãos têm

a mesma oportunidade na obtenção de grau académico para o acesso na carreira docente e

na progressão de carreira. De acordo com artigo 8º da presente lei, “(…) todos têm direito à

igualdade de oportunidades na obtenção de qualificação académica, na formação, no

ingresso, acesso e progressão na carreira, sem discriminação de qualquer espécie,

designadamente de género, crença, raça ou orientação de qualquer espécie”.

Porém, a maior parte dos programas estipulados pela presente lei não estão

implementados até ao presente, uma vez que na realidade, até alguns professores ainda não

tem possibilidade para frequentar a formação contínua tanto pelo governo ou por entidades

privadas. E também existe uma grande discrepância entre os professores do sexo masculino

e os do sexo feminino no acesso à carreira docente.

A estrutura da carreira docente está definida n.º 2 do artigo 30 da presente lei e

encontra-se distribuída por três classes profissionais estruturadas, a saber:

a) Assistente;

b) Professor;

c) Professor Sénior

Page 82: Fernão dos Santos Rodrigues

67

A cada categoria são atribuídos escalões, como: o assistente deve desempenhar a

função dois anos e apenas constituída um escalão n.º 4 artigo citado. A segunda categoria é

atribuída por ingresso para obtenção da categoria de Professor, conferindo-se por via de

concurso para a ocupação de vaga n.º 6 no mesmo artigo. Em relação, à categoria de

Professor Sénior, além das funções de professor, correspondem funções diferenciadas pela

sua natureza, âmbito e grau de responsabilidade, designadamente um conteúdo funcional de

menor carga horária letiva e com direito de candidatura ao exercício de cargos de direção e

chefia no sistema educativo de administração e gestão escolar, n.º 7 do mesmo artigo.

No entanto, o processo de ingresso à carreira de docente está determinado nos termos do

artigo 34.º do Decreto-Lei, n.º 23 de 2010 de dezembro, que estabelece dois critérios cumulativos, a

ingressa na carreira de professor assistente no período provatório, por um lado, e a avaliação de

desempenho, por outro lado.

Quanto ao primeiro, o individuo deve, conforme vaga disponível, ingressar como professor

assistente no estabelecimento de educação ou de ensino relevante. Ou seja, deve preencher o

primeiro requisito constante no n.º 1 do artigo citado. O período provatório é de 2 anos.

No que refere ao segundo critério, é o critério de avaliação. Integra nesta avaliação, por um

lado, a avaliação do componente letivo e, por outro lado, a avaliação do componente não letivo.

No primeiro componente letivo, o professor assistente sujeito à avaliação para a verificação de

adequação ou não, aos critérios objetivos estipulados nos termos do n.º 2 do artigo 34 do Decreto-Lei

citado. Estes critérios objetivos são aqueles que estão determinados por força do artigo 50º da lei

base de educação aprovada por lei n.º 14/2008 desde logo. Quanto ao segundo componente, por

força do artigo 34.º, n. 4 do referido Decreto-Lei, a avaliação incide na frequência de ações de

formação, assistência a aulas e trabalhos e relatório individuais ou de grupo indicados pelo Orientador.

Portanto, é de realçar que o professor assistente não exerce a sua função a sós, por enquanto,

conforme o comando dado pelo n.º 3 do referido artigo, é acompanhado pelo um professor sénior

designado pelo conselho diretivo do respetivo nível ensino na realização do seu plano didático,

pedagógico e científico.

Em cada tipo de avaliação, o orientador desempenha uma função determinante. Esta função

se traduz na produção de relatório da avaliação própria do período probatório até ao momento. No

entanto, a avaliação no período provatório torna-se determinante ao professor assistente. Isto é,

através desta avaliação que o professor assistente tem ou o não, direito a prova de aferição de

Competências Obrigatórias para acesso à categoria profissional de Professor.

Ora, conforme o n.º 7 do artigo citado, se a classificação do professor assistente for igual ou

superior a “BOM”, terá direito à admissão da prova de aferição de Competências Obrigatórias para

Page 83: Fernão dos Santos Rodrigues

68

acesso à categoria profissional de professor. No entanto, se a classificação for “suficiente”, a lei

determina nos termos do n.º 8 do referido artigo que será facultado a oportunidade de repetir um ano

letivo de período probatório, no máximo por duas vezes, devendo desenvolver o projeto individual de

formação e a ação pedagógica que lhe forem indicados. Esta oportunidade é vista como segunda via

ou segunda oportunidade concedida ao candidato para aperfeiçoamento das competências exigidas

ao ingresso na carreira profissional de docente.

Ao longo desta segunda oportunidade, a lei determina por força do n.º 9 do artigo 34.º do

Decreto-Lei citado que se o professor assistente obtiver por uma vez a classificação de Insuficiente ou

por 3 vezes a classificação de Suficiente na avaliação de desempenho é automaticamente exonerado

do lugar de quadro em que se encontra provido, cessando funções por inadequação e estando

impedido de se candidatar novamente ao exercício da docência por um período mínimo de 2 anos.

Neste sentido, o resultado da avaliação deve ter uma classificação de “BOM” para aceder à

carreira profissional de docente. Caso contrário, será concedida uma única oportunidade para fazer

melhoria, se falhasse nesta oportunidade seria excluído no direito de se candidatar à carreira

profissional de docente por um período de dois. Estes dois anos é um período de impedimento para

o professor assistente exercer a docência, findo este período poderá retomar o processo no início.

Segundo o artigo acima referido, que respeita o ingresso na carreira docente, o

concurso para a entrada na carreira docente faz-se através da nomeação a assistente,

dependendo de vaga disponível e para um período provatório. Este período tem a duração de

2 anos letivos e pretende verificar a competência do profissional ao exercício da atividade,

sendo acompanhado no plano didático, pedagógico e científico por um professor experiente,

como orientador e designado pelo diretor do Conselho Diretivo. O assistente tem a

componente não letiva destinada à formação, a aulas assistidas, trabalhos e relatórios

indicados pelo orientador. Em cada fase do período provatório o orientador faz avaliação em

relatório. Ao Professor Orientador é atribuído um incentivo monetário a estabelecer por

Diploma Ministerial pelos sectores das Finanças e da Educação.

Contudo, apenas fica no papel, mas efetivamente ao longo do período da

independência, principalmente depois da reforma curricular o governo não implementou o

estipulado nesta lei. Sendo ainda que a maior parte dos programas estipulados da presente

lei não estão implementados até ao presente, uma vez que na realidade, até alguns

professores ainda não tem possibilidade para frequentar a formação contínua tanto pelo

governo ou entidades privadas.

Page 84: Fernão dos Santos Rodrigues

69

2. 3 Papel dos Professores no Ensino de Ciências

Antigamente, o processo de aprendizagem era centrado no professor e os estudantes

eram passivos. A função dos professores era estritamente a transmissão de conhecimento e

os estudantes como meros recetores. Sendo o papel do professor um elemento primordial

no processo da construção do carácter humano, contribuindo para a estabilidade social e

desenvolvimento de todos os setores vitais para o crescimento económico do país. Isto é, a

função de transmitir o conhecimento aos estudantes muda o pensamento, as mentalidades,

o caráter, assim como a distinção dos valores negativos e positivos.

De acordo com Fullan e Hargreaves (2001, p. 31), “(…) nos séculos passados os

professores passavam muito tempo no espaço da aula, sem estímulo exterior substancial que

reduzia empenhamento, a motivação e eficácia”. O trabalho do professor era muito

individualista, na sala de aula, isto é, apenas transmitia o conhecimento para os alunos, e

sem a interação dos colegas profissionais, impossibilitando o trabalho colaborativo.

Portanto, os professores eram sós nas suas práticas pedagógicas, apenas pela sua

prática na sala de aula e com os seus alunos, como dizem os mesmos autores, “(…) a grande

maioria dos docentes, a principal fonte de feedback são suas aulas e seus alunos” (Fullan &

Hargreaves p. 73). Deste modo, os professores tinham a falta de relação com outros

professores, de modo a desenvolver a suas competências a nível conteúdos ou a nível da

pedagogia, para a melhoria da sua docência, o que implica a qualidade do seu ensino.

O trabalho individualista do docente é uma prática que lhe limita a interação com

colegas no ambiente laboral, pois com mais interação com outros colegas profissionais

obtém-se um valor mais rico no seu desempenho. Como argumenta Hargreaves (1998, p.

187), “(…) o isolamento da sala de aula oferece a muitos professores uma medida bem-vinda

de privacidade, uma proteção em relação a interferências exteriores, a qual é frequentemente

valorizada por eles”. O individualismo é considerado prática de uma ação não eficiente, ou

seja, ter um resultado negativo e não inovador, conforme Hargreaves (1998, p. 192), “(…) o

individualismo tem vindo a ser a associado a práticas más e fracas, a deficiências dos

professores e às coisas que necessitam de ser mudadas”.

De acordo com Rosenholtz (1989, apud Fullan &Hargreaves, 2001, p. 74), há

consequências fundamentais no ensino tradicional ou na prática individualista:

(…) devido ao isolamento no local de trabalho, os docentes e os diretores das escolas, na sua maioria, tornam-se tão estranhos uns para os outros, do ponto de vista profissional, que acabam por se negligenciar. É raro elogiarem, apoiarem, ou reconhecerem os esforços

Page 85: Fernão dos Santos Rodrigues

70

positivos desenvolvidos dos outros. Na verdade, as normas poderosas das autossuficiências podem, até, evocar reação adversas ao desempenho bem-sucedido de um professor.

Portanto, a prática individualista leva a um ambiente de pares estranho sob o ponto de

vista humano e profissional, sem ganhos de boas práticas de uns e outros, troca de

experiências e metodologias inovadoras. O trabalho colaborativo de professores é uma ação

indispensável para a melhoria da atividade docente, que pode resultar na qualidade da

educação.

Segundo Roldão (2005, p.115), “(…) a importância do professor como o distribuidor

de um saber restrito foi relevantíssima” à vida da sociedade. Neste caso, a autora sublinha

ainda que a “(…) função dos professores é que eles se constituem como indispensáveis

porque são – ou devem ser - os que fazem os outros (que hoje são todos os cidadãos)

aprender um saber que socialmente se considera que lhes é necessário”. Portanto, o

professor possui os saberes para os aprendizes, considerando-se o mediador de

conhecimentos que transforma as mentalidades e as caraterísticas de alguém que recebe.

Cadório e Simão (2011, pp. 105-106) definem “(…) a conceção do papel de

professores como transmissor de conhecimentos tem sido substituído nas últimas décadas,

por conceção de ensino enquanto tomada decisões em contexto”. Deste modo, possui uma

aptidão para tomar a decisão quando encontrem algumas situações relativamente à mudança

nas sociedades, basicamente na sala de aula. Deve preparar o seu próprio plano que possa

solucionar e lidar com as mudanças, sobretudo o processo de ensino e aprendizagem que

tem sido influenciado pela existência das tecnologias no sistema educativo.

Assim, considera-se o professor como elemento principal ou promotor na condução de

transformação no contexto escolar, no qual ele está inserido, tal como referem Leite e

Fernandes (2010, p. 199), “(…) aos professores tem vindo a ser atribuído um papel

determinante na construção da mudança educacional e curricular, quer se trate de inovações

planificadas pelo poder central, quer de propostas com carácter mais descentralizado ou que

emergem da periferia, neste caso das escolas e dos seus contextos”.

A função de professor é “instrutor e formador, transmitindo informações e valores

fundamentais e ajudando o jovem a adotar valores próprios e a desenvolver a capacidade de

tecer juízos críticos sobre as informações alternativas” (Rodrigues & Esteves, 1993, pp. 41-

42). Portanto, o professor é um meio de transmissão de saberes e valores que conduzem os

aprendizes na construção da sua aptidão mais criativa e crítica sobre as informações

captadas na sua aprendizagem.

Page 86: Fernão dos Santos Rodrigues

71

Segundo Barbosa (2017, p. 410), “(…) o professor, pode agora ser considerado um

profissional do empoderamento”, de modo que adquire e desenvolve as suas competências

para encarar os desafios da globalização no foco da sua especialidade que articula com a

exigência da tecnologia no sistema educativo para consolidar a capacidade dos alunos ao

contexto dessa mudança.

Portanto, com a existência da tecnologia no mundo global e atual, o professor é um

elemento primordial para fazer empenhar e incentivar os seus estudantes, que possam

acompanhar essa mudança e também os encaminha às atividades valorativas, conforme

Castells (2013, apud Barbosa, 2017, pp. 411-412), “(…) o poder é multidimensional e

organizado através de redes, programadas em cada domínio de atividade humana de acordo

com os interesses e valores dos atores com poder”. Por isso, o professor não apenas

transmite o conhecimento, mas mais do que isso, ele deve motivar e incentivar os seus alunos

como sendo o centro da aprendizagem.

Morgado (2007, p. 42) sublinha que “(…) os professores desempenham um papel

nuclear, uma vez que continuam a ver vistos como agentes efetivos da mudança, deles

dependendo, em larga medida, o sucesso educativo dos estudantes e a forma como

encaminharão o seu dia a dia, isto é, sua realização como pessoa e como profissional”. Neste

sentido, o professor é um elemento principal da mudança e determinante na aprendizagem

dos alunos.

Pimenta e Anastasiou (2002, p. 187) consideram que “(…) os professores como

sujeitos, agentes que interpretam as propostas, as ideias, e como tradutores de conteúdos,

como atores de projetos curriculares flexíveis”. Adiante nesta perspetiva, o professor como o

meio condutor de transmissão de saberes e também o autor de implantar o currículo.

Page 87: Fernão dos Santos Rodrigues

72

CAPÍTULO III – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Neste ponto, apresentamos a metodologia que enquadra o estudo que propomos,

dando destaque à natureza da investigação, aos participantes e contexto do estudo, aos

instrumentos de recolha de dados, à análise de dados e às questões da ética da investigação.

3.1 Natureza da investigação

Como já foi dito, o estudo focalizou-se no âmbito da análise, o perfil do professor em

regime de bidociência, particularmente no que refere à disciplina de Ciências Físico-Naturais

do 3º ciclo do ensino básico. Definimos um estudo enquadrado por uma abordagem

qualitativa, tipo estudo de caso, uma vez que responde melhor ao propósito da investigação.

A investigação qualitativa é considerada como um termo genérico constituído pelas diversas

estratégias de investigação que partilham determinadas características. Os dados recolhidos

por este processo são ricos em pormenores descritivos, relativamente às pessoas, aos locais

e conversas (Bogdan & Biklen, 1994).

Para tal, tendo em conta os objetivos da investigação do presente trabalho, optou-se pelo

inquérito por entrevista semiestruturada para recolha de dados.

3.2 Participantes do estudo

Considera-se que a “população ou universo é um conjunto total dos casos, sobre os

quais se pretende retirar a informações” (Hill & Hill, 2016, p.41). “A população alvo é definida

com a totalidade de elementos que estão em conformidade com as especificações

estabelecidas” (Vicente et al, 2001, p. 41). Neste cenário, o universo ou população desta

investigação consiste em diretores e os professores da disciplina Ciências Físico-Naturais do

3º ciclo do Ensino Básico de Timor-Leste. Porém, a análise detalhada do perfil de professores

da disciplina Ciências Físico-Naturais, em regime de bidocência, de todo território do país

pode ser muita densa e duradoura, portanto, foi definido um contexto e um grupo de

participantes para obter os dados adequados aos objetivos deste trabalho.

São participantes deste estudo os diretores de escola e professores da disciplina

Ciências Físico-Naturais do 3º ciclo do Ensino Básico. Assim, entrevistaram-se 6 diretores de

escola e 16 professores da disciplina Ciências Físico-Naturais de seis escolas no município

de Díli, a capital do país. Os entrevistados referidos lecionam em seis escolas diferentes, três

Page 88: Fernão dos Santos Rodrigues

73

escolas públicas e três escolas privadas, no município supramencionado.

Administrativamente, o município de Díli12 é dividido em seis postos administrativos,

nomeadamente posto administrativo de Ataúro, Cristo Rei, Dom Aleixo, Nain Feto, Metinaro

e Vera Cruz (Wikipédia, a enciclopédia livre), como indicado na Figura. 1, mapa de Dili, que

se seque:

Figura. 3 – Mapa de Dili

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sucos_Dili.png. Acedido em 07-04-2019.

3.3 Características dos Participantes do estudo

Apresentamos duas dimensões, por um lado, as caraterísticas dos diretores da escola

e, por outro lado, as caraterísticas dos professores CFN.

3.3.1 Características dos Diretores

✓ Dados biográficos dos Diretores

Características dos diretores relativamente ao Sexo,

Quadro 2 - Características do sexo de diretores

Sexo Frequência Número (N)

Masculino 4 6

Feminino 2

Total 6

12 Díli (Município). Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%ADli_(munic%C3%ADpio). Acedido

em 07/05/2019.

Page 89: Fernão dos Santos Rodrigues

74

Gráfico 1 - Características do sexo de diretores

Este gráfico reporta a maioria dos diretores envolvidos neste estudo como sendo do

sexo masculino, 4 elementos, e 2 do feminino.

Características dos diretores relativamente à idade,

Quadro 3- Características da idade de Diretores

Idade Frequência Número (N)

40 - 45 anos 3

6 46 - 50 anos 1

51- 55 anos 2

Total 6

Gráfico 2 - Características da idade de Diretores

Relativamente à idade dos diretores apresentada no gráfico 2, distinguimos três

categorias, nomeadamente a maioria está entre os 40 a 45 anos, corresponde a 3 diretores;

66,67%

33,33%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

Masculino Feminino

50,00%

16,67%

33,33%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

40 - 45 anos 46 - 50 anos 51- 55 anos

Page 90: Fernão dos Santos Rodrigues

75

a segunda categoria, situada entre os 51 e 55 anos, com 2 diretores, e, por último, a categoria

entre os 46 e 50 anos, apenas um diretor.

No âmbito do tempo de serviço, apuramos que:

Quadro 4 - Experiência de serviço

Experiência de trabalho Frequência Número (N)

0 - 5 anos 2

6 6-10 anos 2

11 - 15 anos 1

16 - 20 anos 1

Total 6

Gráfico 3- Características da experiência de serviço dos Diretores

Relativamente ao gráfico 3, os diretores com menos tempo de serviço têm maior

frequência como diretores, sendo 2 entre 0 a 5 anos e 2 entre os 6 a 10 anos. Os diretores

com mais experiência/tempo de serviço têm menor frequência, 1 diretor entre os 11 a 15

anos de serviço e 1 diretor com 16 a 20 anos de serviço.

Características dos Diretores relativamente ao nível Académico:

Quadro 5 - Características do nível académico dos Diretores

Nível de Académico Frequência Número (N)

Bacharelato 1

6 Licenciatura 2

Mestrado 3

Total 6

33,33% 33,33%

16,67% 16,67%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

Série1 Série2 Série3 Série4

Page 91: Fernão dos Santos Rodrigues

76

Gráfico 4- Características do nível académico dos Diretores

Comparativamente ao gráfico 4, a maioria dos diretores possuíam o grau académico

de mestrado, no qual três Diretores com mestrado, dois Diretores com licenciatura e um

diretor com grau de bacharelato.

3.3.2 Características de Professores

Para clarificar melhor, apresentou-se as caraterísticas dos professores envolveram

nesta investigação no quadro seguinte:

Quadro 6 - Caraterísticas do nível académico dos professores

Sexo Frequência Número (N)

Feminino 8

16 Masculino 8

Total 16

Gráfico 5- Características do sexo dos Professores

Relativamente ao gráfico 5, os professores da disciplina Ciências Físico-Naturais em

regime de bidocência que participaram nesta investigação, por coincidência, o número de

professores de género masculino é igual em género feminino (8).

16,67%

33,33%

50,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Bacharelato Licenciatura Mestrado

50,00% 50,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Feminino Masculino

Page 92: Fernão dos Santos Rodrigues

77

Quadro 7 – Características da Idade dos professores

Idades Frequência Número

20 a 25 anos 3

16

31 a 35 anos 4

36 a 40 anos 6

41 a 45 anos 2

46 a 50 anos 1

Total 16

Gráfico 6- Características da idade dos professores

O gráfico 6 indica que a maioria dos professores que participaram nesta investigação

têm idade compreendida entre 36 e 40 anos, existindo 6 professores. Entre 31 e 35 anos, 4

professores, 20 e 25 anos, 3 professores, 41 e 45 anos existem 2 professores e, entre 46 e

50 anos, apenas 1 professor.

Quadro 8 - Características da experiência do serviço dos professores

Experiência de Serviço Frequência Número (N)

0 a 3 anos 3

16

10 a 12 anos 4

13 a 15 anos 3

7 a 9 anos 2

acima de 15 4

Total Geral 16

18,75%

25,00%

37,50%

12,50%

6,25%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

20 a 25 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos 41 a 45 anos 46 a 50 anos

Page 93: Fernão dos Santos Rodrigues

78

Gráfico 7- Características da experiência do serviço dos professores

As características relativamente à experiência de serviço dos professores, indicado no

gráfico 7, reporta que quatro dos professores têm entre 10 a 12 anos de serviço e, acima de

15 anos, também se situam quatro professores. A experiência de serviço entre 0 a 3 anos e

13 a 15 anos foram iguais, ou seja, 3 professores cada. E, os professores com experiência

de serviço entre 7 a 9 anos, eram 2 professores. É de destacar que, três destes professores,

estiveram no processo de 3 anos de voluntariado, designados de três anos de experiência.

Quadro 9 - Características da experiência dos professores na lecionação CFN

Experiência de lecionar CFN Frequência Número (N)

0 a 3 anos 3

16 4 a 6 anos 0

7 a 9 anos 13

10 a 12 anos 0

Total 16

Gráfico 8- Características da experiência dos professores na lecionação CFN

18,75%

25,00%

18,75%

12,50%

25,00%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

0 a 3 anos 10 a 12 anos 13 a 15 anos 7 a 9 anos acima de 15

18,75%

0,00%

81,25%

0,00%0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

0 a 3 anos 4 a 6 anos 7 a 9 anos 10 a 12 anos

Page 94: Fernão dos Santos Rodrigues

79

A característica relativa à experiência na lecionação de CFN, apresentada no gráfico 8,

mostra que a maioria dos professores tinham experiência de 7 a 9 anos, 13 professores, e,

entre 0 a 3 anos, apenas três professores.

Quadro 10- Características do nível académico dos professores

Nível Académico Frequência Número (N)

Diploma dois 1

16 Bacharelato 7

Licenciatura 8

Total 16

Gráfico 9- características do nível académico dos professores

O gráfico 9 apresenta três níveis académicos, a saber: licenciados, 8 professores;

bacharelato, 7 professores e diploma dois, 1 professor. Portanto, a maioria dos professores

são licenciados.

Quadro 11 – Características da área de especialidade dos professores

Área de especialidade Frequência Número (N)

Agronomia 1

16

Agropecuário 1

Biologia 5

Construção Civil 1

Electro Técnica 1

Física 6

Politécnico 1

Total 16

6,25%

43,75%

50,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Diploma dois Bacharelato Licenciatura

Page 95: Fernão dos Santos Rodrigues

80

Gráfico 10- Características da área de especialidade dos professores

O gráfico 10 mostra que alguns professores não têm conhecimento pedagógico para

lecionar a disciplina CFN, uma vez que não se enquadram na área da Educação, mas sim

noutras áreas de especialidade, tais como: Agropecuário, 1 professor; Agronomia, 1

professor; Construção Civil, 1 professor; Electro Técnica, 1 professor; e politécnico, 1

professor. Porém, os professores maioritariamente, são da especialidade de educação,

nomeadamente: Física, 6 professores; Biologia, 5 professores. Os professores envolvidos

neste estudo são, na sua maioria, professores da Ciência Física.

3.4 Instrumentos de Recolha de Dados

Tendo em conta as questões e os objetivos formulados neste trabalho, optou-se pelo

inquérito por entrevista.

3.4.1 Entrevista

A entrevista é uma interação direta por conversação entre os indivíduos, ou grupo,

sobre um assunto. Na entrevista, o entrevistado expressa a sua opinião livremente, conforme

a situação em que vivia relativamente ao assunto (Bardin, 2009).

A entrevista é uma forma direta de recolher informações, através da linguagem do

próprio entrevistado, e admitindo que o entrevistador desenvolve e interpreta conforme os

assuntos, tal como referem Bogdan e Biklen (1994, p. 134), “(…) a entrevista é utilizada para

6,25% 6,25%

31,25%

6,25% 6,25%

37,50%

6,25%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

Agronomia Agropecuário Biologia Construção Civil

Eletro Técnica Físíca Politécnico

Page 96: Fernão dos Santos Rodrigues

81

recolher dados na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver uma

ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspetos do mundo”.

Ketele (1999, apud Sousa & Baptista, 2014, p. 79) afirmou que a “(…) entrevista é um

método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupo,

com várias pessoas cuidadosamente selecionadas, cujo grau de pertinência, validade e

fiabilidade é analisado na perspetiva dos objetivos de recolha de informações”. Assim, a

entrevista é uma forma de reunir informações a partir do registo verbal, acontece entre

indivíduos, ou grupos, com um critério específico.

Assim, no processo de entrevista, existe dois elementos com uma função reciproca,

isto é, um para resposta (entrevistado) e outro pergunta (entrevistador), como relatam Fowler

e Mangione (1990, apud Vicente et al, 2011, p130): -“a essência da conversação que se

estabelece consiste em perguntas e respostas; - os participantes no processo têm definidos

papéis mutuamente exclusivos: um coloca a questão (entrevistador) e o outro fornece as

respostas (entrevistado)”.

De acordo com Bardin (2009, p. 89), existe duas grandes técnicas de entrevista, a

entrevista diretiva e a semidiretiva. “Entrevista semidiretiva (também chamada com plano,

com guia, com grelha focalizadas, semiestruturadas), mais curta e mais fácil: seja qual for o

caso, devem ser registadas e integralmente transcritas (incluindo hesitações, risos, silêncios,

bem como estímulo do entrevistador)”. Portanto, ela precisa de um plano ou guia, feita com

um caminho que orienta a sua atividade, para que tenha uma entrevista interativa e dinâmica

e mantenha os assuntos.

Para tal, para conseguir as perceções dos professores quanto ao exercício da

bidocência na disciplina CFN, foi utilizada a técnica de entrevista semiestruturada aos

diretores de escolas e aos professores que possibilitaram obter as informações, de forma

aberta e livre, dos entrevistados anteriormente referidos, sobre as condições de perfil dos

professores que estão a lecionar a disciplina Ciências Físico-Naturais em regime de

bidocência.

Portanto, foi elaborado um guião adequado e validado que pode dar as informações

relativas aos objetivos da investigação, tal como referem Sousa e Baptista (2014, p. 80), a

entrevista semiestruturada é organizada com base num guião, com um conjunto de tópicos

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82

ou perguntas a abordar na entrevista. Por outro lado, Bogdan e Biklen (1994, p. 135)

afirmaram que, nas entrevistas semiestruturadas, se fica com a certeza de se obter dados

comparáveis entre os vários sujeitos, embora se perca a oportunidade de compreender como

é que os próprios sujeitos estruturam o tópico em questão.

3. 4. 2 Elaboração e Validação

Punch (1998, apud Coutinho, 2011, p. 105) apresentou três aspetos que pode expor

ao investigador na construção de um instrumento de recolha de dados, refere:

É sempre possível conceber os instrumentos originais de boa qualidade, mas isso requer um trabalho considerável. Se a variável é complexa e multidimensional é preciso muito tempo, trabalho e recursos para obtermos um instrumento válido e fiável; - se usarmos um instrumento já existente contribuímos para o conhecimento das suas propriedades e valor, sobretudo se se trata de uma variável central para o domínio do estudo em causa, em que muitos investigam e em que é importante comparar e confrontar resultados para se obterem instrumentos cada vez mais fiáveis e válidos; - usar um instrumento já existente mas cujos itens não se esgotam na variável em análise, não vale de todo apenas, devendo o investigador avançar para o desenvolvimento de um instrumento novo.

No caso do nosso estudo, elaborou-se um guião de entrevista que, posteriormente, foi

validado por um especialista da área da educação e com experiência e conhecimento do

contexto timorense e, durante a entrevista, o investigador, considerando o conhecimento da

língua portuguesa, ou não, interpelou uns inquiridos em tétum e, outros, em português. O

guião, de acordo com os objetivos deste trabalho, foi diferenciado para os diretores,

constituído por dezasseis questões principais e, para os professores, este constituído por vinte

questões principais, conforme apêndices I e II.

3.5 Processo de recolha de dados

Antes da recolha dos dados foi pedido ao Ministério de Ensino Superior Ciências e

Cultura, através da direção do Gabinete de Coordenação do Apoio ao Estudante,

autorização e pedido a elaboração de uma carta de acompanhamento, a anexar com a

declaração de investigação do Instituto de Educação da Universidade do Minho (ver anexos

III e IV), de forma a legitimar o processo de entrevistas que realizamos junto dos diretores e

dos professores. De seguida, pediu-se autorização aos diretores das respetivas escolas

autorização para efetuar a investigação e, ainda, foi pedido aos professores e aos diretores

que assinassem o termo de consentimento para gravar a entrevista e permitir o uso dos dados

recolhidos (ver apêndices V e VI)

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83

Os dados foram recolhidos entre a última semana de janeiro e meados de março de

2019. Todos os diretores e professores foram entrevistados no seu local de trabalho. A

entrevista de cada diretor teve a duração de uma hora, enquanto a dos professores de 45

minutos, uma vez que estes tinham um horário de serviço mais preenchido.

3.6 Análise de Dados

Como já referimos anteriormente, os dados foram recolhidos por entrevistas

semiestruturadas, a entrevista foi realizada nas duas línguas oficiais, tétum e língua

portuguesa, uma vez que muitos entrevistados têm ainda dificuldades na língua portuguesa.

A entrevista foi gravada em áudio, com o consentimento dos entrevistados.

Os dados recolhidos foram sujeitos à análise de conteúdo. A análise de conteúdo dá

visibilidade à voz dos participantes, pode ser registada sob diversas formas, reflete-se em

mensagens através dos documentos escritos e audiovisuais, como referem Quivy e

Campenhoudt (1998, p. 226), a “(…) análise de conteúdo incide sobre mensagens tão

variadas como obras literárias, artigo de jornais, documentos oficiais, programas audiovisuais,

declarações políticas, ata de reuniões ou relatórios de entrevistas pouco diretivas”. Assim,

como afirma Coutinho (2011, p. 193), “(…) a análise de conteúdo é uma técnica que consiste

em avaliar de forma sistemática um corpo de texto (ou material audiovisual), por forma a

desvendar e quantificar a ocorrência de palavras/frases/temas considerados chave que

possibilitem uma comparação posterior”.

De acordo com Bardin (2009, p. 44), a análise de conteúdo é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Portanto, a análise de conteúdo permite-nos analisar todas as informações obtidas,

como base para identificar os indicadores, através da descrição dos conteúdos, informações

recolhidas para definir um tema ou categoria.

Para tal, após descrever todas as mensagens obtidas pelos entrevistados, quer

diretores da escola ou professores da disciplina CFN, codificou-se e colocou-as no quadro,

conforme apêndice, VII e VIII, o que facilita categorizá-la, uma vez que os dados foram

analisados manualmente.

Page 99: Fernão dos Santos Rodrigues

84

3.7 Questões éticas da investigação

Neste ponto, como já se referiu no ponto 3.5, no presente capítulo, solicitou-se o

consentimento dos entrevistados, sendo importante clarificar que a partilha de informação

relativamente à prática pedagógica da disciplina CFN nas escolas e os dados recolhidos

seriam mantidos em anonimato. Para além disto, comprometemo-nos a garantir a liberdade

de expressão dos participantes do estudo sobre os assuntos relacionados à lecionação da

disciplina CFN nas escolas.

Page 100: Fernão dos Santos Rodrigues

85

CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No presente capítulo apresentamos os resultados de investigação que compõe duas

grandes temáticas. Uma, a análise das opiniões e perspetivas dos professores e dos diretores

da escola, do 3º ciclo do ensino básico, sobre o processo de recrutamento dos professores

da disciplina CFN e o seu acompanhamento, desde a entrada ao desenvolvimento da carreira

até ao presente. E a outra, a análise da profissionalização dos professores CFN na lecionação

em regime de bidocência.

4.1 O processo de Recrutamento dos Professores que Lecionam, em Regime de

Bidocência a Disciplina Ciências Fisico-Naturais pelo Olhar dos Diretores da

escola

Como foi referido no capítulo anterior e tendo em conta os objetivos da investigação,

entrevistaram-se os diretores de escolas por motivo de procurar e recolher as suas opiniões

e perspetivas, relativamente ao processo de recrutamento dos professores da disciplina CFN

e as suas condições na lecionação em regime de bidocência.

Portanto, foram recolhidas as opiniões dos diretores em sete subcategorias que estão

interligadas, nomeadamente as entidades/organismos com legitimidade legal para fazer o

recrutamento; as competências exigidas para aos candidatos; o estatuto de professores da

disciplina CFN em regime de bidocência; o perfil exigido para a lecionação da disciplina CFN

em regime de bidocência; o motivo da política do governo para a implementação de regime

bidocência na lecionação da disciplina CFN; as condições de professores da disciplina CFN a

lecionação em regime de bidocência e por último sobre dispositivos de apoio para os

professores da CFN.

4.1.1 Entidades/organismos com Legitimidade legal para fazer o recrutamento

Nesta parte, com o objetivo de identificar os assuntos relativamente ao processo de

recrutamento de professores CFN, em regime de bidocência. Quando se perguntou aos

diretores sobre a competência para fazer o recrutamento de professores, todos os

entrevistados responderam que, em geral, é a Função Pública e o Ministério da Educação

que possuem a competência para fazer o recrutamento para os professores. Portanto,

verificamos que três diretores (D1; D2; D3) disseram que na escola pública o recrutamento

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86

de professores é da plena competência da Função Pública e do Ministério da Educação. Como

na declaração do diretor (D1):

Só a Função Pública que tem competências legais para realizar o recrutamento para os professores e o diretor da escola pública apenas recomendar os professores voluntários ao Ministério da Educação para adquirirem a possibilidade de serem professores contratados ou permanentes.

Portanto, o processo de recrutamento é feito pelo Ministério da Educação, mas de

acordo com a necessidades de cada escola em que é o diretor a recomendar os respetivos

professores voluntários. Ainda que, na verdade, a escola tenha menos professores para

ensinar esta disciplina. Assim reforçada, no segundo outro diretor (D2), que refere:

O recrutamento de professores é da competência da Função Pública com o Ministério da Educação e o diretor da escola pública apenas faz uma proposta ou recomendação ao Ministério da Educação conforme a necessidade da escola e só tem poder para fazer a gestão da escola e proceder à distribuição das disciplinas para os professores conforme as

capacidades e possibilidades que cada um apresenta.

Neste cenário, o diretor da escola é uma fonte de informação para a Função Pública e

o Ministério da Educação, que possibilita a necessidade de abertura do concurso público para

os professores. Embora o diretor não faça o recrutamento, ele tem a competência de receber

o professor voluntário e depois recomendá-lo para ao Ministério Educação, para proceder ao

seu contrato ou permanente. Tal como afirmou o diretor (D1):

Só a Função Pública tem competência para fazer o recrutamento e o diretor apenas procede a uma recomendação dos professores voluntários na escola ao Ministério da Educação. Esta recomendação possibilita um docente de ser contratado ou permanente.

Três diretores da escola (D4; D5; D6), sobretudo os diretores da escola privada,

afirmaram que mesmo que o recrutamento seja da competência da Função Pública e do

Ministério de Educação, eles têm também a autonomia para fazer o recrutamento interno

para lecionar a disciplina CFN, quando as escolas tenham professores insuficientes nesta

área. Tendo os mesmos referido:

Em geral, a Função Pública é que possui competências para fazer o recrutamento. Mesmo assim, como a nossa escola é privada pois, no meu primeiro ano como diretor, no meu ver, a escola tinha menos professores para esta disciplina, assim, durante a minha atuação, faço um recrutamento interna para leciona-la. Assim, o número de professores desta área foi aumentando (D4).

Em geral, a Função Pública é que tem competência para fazer o recrutamento. (...) Portanto, como a minha escola é privada, eu faço o recrutamento interna para leciona-la uma vez que a escola menos de professores a nesta disciplina, porém a escola continua os recomendar ao Ministério da Educação para que possa atribuir-lhes a ser professores contratados ou permanentes (D5).

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87

Em geral, o recrutamento de professores é da inteira competência da Função Pública com o Ministério da Educação. Porém, como a minha escola é privada, eu faço o recrutamento aos estudantes finalistas da Universidade Nacional Timor-Lorosa’e que fazem as suas práticas pedagógicas na escola durante seis meses quando a escola tem essa mesma necessidade (D6).

Tendo como conclusão, neste cenário, a Função Pública é a entidade com plena

competência para fazer o recrutamento para os professores. O diretor da escola pública

possui competência para recomendar os professores que estão a lecionar voluntariamente

para o Ministério da Educação, só depois ministério atribui aos respetivos professores os

contratados ou permanentes. Enquanto, o Diretor da escola privada tem a autonomia para

fazê-lo, conforme as necessidades da escola, ele faz o concurso e seleção interna, de

estudantes finalistas da UNTL, e mais tarde a escola pode recomendá-los ao Ministério da

Educação para que possam a ser professores contratados ou permanentes do governo.

4.1.2 As competências exigidas aos candidatos

Quando perguntámos sobre o processo e os critérios exigidos no âmbito de

recrutamento dos professores da disciplina CFN, os diretores afirmaram que depois da saída

da colónia Indonésia em 1999 não havia nenhum recrutamento para os professores, tendo o

país encarado muitas dificuldades com os recursos humanos e também na capacidade de

financiamento.

Assim, os timorenses que tinham alguma formação literária, com vontade de ensinar

voluntariamente e de acordo com a necessidade da escola, podiam ser recrutados, embora

não tivessem a especialidade necessária. No período do governo transitório, o recrutamento,

continuou a ser feito e também não exigiu especialidade, nem se preocupou com a formação

académica, devido às condições acima mencionadas, especificamente o orçamento limitado.

Assim, verificamos as opiniões de cada entrevistado relacionado ao assunto, como diz

respeito o diretor (D1):

Após a saída do governo indonésio aquando da independência os timorenses com conhecimentos entraram na escola e ensinaram voluntariamente conforme as necessidades da escola, não existindo, contudo, nesta altura uma preocupação sobre a sua área de especialidade nem a sua habilitação literária. A título de exemplo podemos referir que o profissional com habilitações literárias ao nível da Engenharia pode ensinar as seguintes disciplinas: Ciência e Física, Química ou Matemática. No tempo do governo transitário, o governo através da UNTAET fez o recrutamento de professores, contudo existiu uma séria restrição neste recrutamento devido ao limitado orçamento.

Este diretor afirmou ainda que, depois de terminar o período do governo transitório, os

professores continuavam a ensinar voluntariamente na escola durante 4 a 5 anos, podendo

Page 103: Fernão dos Santos Rodrigues

88

depois serem recomendados pelo diretor da escola para o Ministério da Educação e após um

teste diagnóstico poderem ser recrutados a ser professores contratados ou permanentes.

Sendo os professores colocados nas escolas pelo Ministério da Educação, através da Direção

da Educação Municipal. Conforme na sua declaração:

(...) depois do primeiro e segundo governo constitucional, os professores continuaram a trabalhar voluntariamente nas escolas durante quatro até cinco anos, após este período a escola propõe ao Ministério da Educação e eles fazem um teste diagnóstico pela Função Pública para serem professores contratados ou permanentes. Após este processo são colocados nas escolas pelo Ministério da Educação através da Direção da Educação Municipal conforme as necessidades que cada escola apresenta (D1).

Portanto, após a reforma curricular de 2011, aparece a nova disciplina, nomeada CFN

que consiste em quatros domínios como exposto no primeiro capítulo do presente trabalho.

Portanto, dois professores com diferentes áreas de especialidade, um de física e outro de

biologia, para garantir o conhecimento mínimo para a lecionação da disciplina referida. No

entanto, desde 2013 até à data, o governo, embora tenha um plano de recrutamento, não

tem atribuído professores voluntários nas escolas. Como afirma o mesmo entrevistado:

Os professores que lecionam a disciplina de Ciências Físico-Naturais, em primeiro lugar dá-se especial atenção à sua habilitação literária e segundo à sua área específica. Portanto, os professores são colocados conforme a sua habilitação literária e área específica para que possam ter conhecimentos da matéria específica, sendo que os professores com formação na referida área podem lecionar. Porém, desde 2013 até ao presente, que o governo não atribui professores voluntários para as escolas, embora tenha um plano para fazer o recrutamento, infelizmente não o realiza (D1).

Uma diretora relatou a mesma situação após a colonização da Indonésia, em que não

houve recrutamento para os professores. Os professores davam aulas como voluntários

conforme as necessidades, sem que tivessem conhecimento na especialidade. Era feito o

recrutamento através da UNTAET, mas com limitações de ordem orçamental. A sua

afirmação:

(...) após a independência todos os professores Indonésios regressaram à sua terra. Portanto, os timorenses com conhecimentos entraram nas escolas e ensinaram voluntariamente conforme as necessidades escolares de cada estabelecimento de ensino, sem conhecimento numa área de especialidade, mas pode ensinar Ciência Física, Química ou Matemática, por exemplo. No tempo do governo transitário, o governo através da Untaet fez o recrutamento de professores, no entanto, com limitações devido ao orçamento baixo (D3).

Quando terminou o governo transitório deixou de ser feito o recrutamento. Esta

situação obrigou os professores a continuaram a ensinar em regime de voluntariado, do

mesmo modo como nos primeiros anos da independência, esta situação funcionou até 2013.

Desde 2014 até ao presente ano, o governo não aceita receber os professores voluntários na

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89

escola, porque fez ao plano de abertura de concurso público, mas não o realiza, até à data.

Como relatou o mesmo diretor (D3):

(...) os professores continuaram a trabalhar voluntariamente nas escolas durante quatro até cinco anos depois a escola propõe ao Ministério da Educação e eles fazem um teste diagnóstico pela Função Pública para serem professores contratados ou permanentes. Após este teste o Ministério da Educação coloca os professores nas escolas através da Direção da Educação Municipal sempre em conformidade com as necessidades que cada estabelecimento de ensino apresenta. Os professores que lecionam a disciplina de Ciências Físico-Naturais, avaliam conforme a sua área específica. Assim, os professores são colocados nas escolas conforme a sua área de especialização, transmitindo apenas a matéria específica da sua formação académica. Porém, durante os últimos cinco anos o governo deixou de colocar professores voluntários nos estabelecimentos de ensino, embora exista um plano de recrutamento de docentes, infelizmente este não se realiza.

Esta ideia é reforçada pelo diretor (D2) que, desde a independência de Timor-Leste,

em 1999, todos os timorenses que tinham algumas habilitações e que por sua vontade

quiseram ensinar, começaram a trabalhar de forma voluntária, numa consciência cívica e de

cidadania. Em 2001, a organização UNTAET (United Nations Transitional Administration in East

Timor), cooperou com o governo no recrutamento de professores, para que estes ficassem a

lecionar conforme as suas habilitações, ficando à responsabilidade do diretor de cada

estabelecimento de ensino. Tal como na sua afirmação:

Quando terminou a invasão do governo Indonésio em 1999, os intelectuais timorenses começaram a reabrir todas as escolas em todo território do país, em 2000. Naquele momento não houve o recrutamento de professores, mas cada professor teve consciência da necessidade que as escolas tinham de docentes, por isso, eles próprios começaram a trabalhar de forma voluntária. Em 2001, a organização Unicef cooperou com o governo transitório e realizou um processo de recrutamento de professores de forma a colocá-los nos estabelecimentos de ensino. Após a sua colocação são atribuídas aos docentes as disciplinas que de futuro iram lecionar conforme as suas habilitações, esta atribuição está a cargo do diretor escolar de cada estabelecimento de ensino (D2).

Após o período do governo transição, os professores continuaram a trabalhar da

mesma forma, que trabalharam em regime voluntário. Porém, a taxa de estudantes na escola

continua a crescer devido a implementação da escola gratuita e universal para todos os

cidadãos na idade escolar. Esta condição, devia fazer o recrutamento de mais professores

para poder acompanhar o crescimento da taxa de estudantes e fomentar a qualidade do

sistema educativo do país, assim como as metas traçadas na implementação da política

escola gratuita e universal para contribuir para o desenvolvimento. No entanto, o governo não

fez recrutamento de professores para lecionar, assim disse o mesmo diretor:

(...) após o período do governo transitório os professores continuaram a ensinar voluntariamente durante quatro ou cinco anos. Depois de este período a escola propõe ao Ministério da Educação e através de um teste diagnóstico pela Função Pública decide-se se

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90

será um professor contratado ou permanente. Após este processo o Ministério da Educação através da Direção Educação Municipal coloca os docentes em cada escola conforme as suas necessidades. Nos últimos cinco anos o governo não aceita receber nas escolas os professores voluntários. Segundo o decreto-lei da Educação, os professores do ensino Básico do 3º Ciclo mínimo têm que possuir o grau de bacharelato e licenciatura e na minha escola 95% dos professores possuem estes mesmos graus (D2).

Ainda na mesma situação, os outros três diretores (D4; D5; D6) afirmam que nos

primeiros sete anos da independência, todos os professores entraram no mesmo processo,

o trabalho voluntário, salvo os que foram recrutados no período do governo transição. Porém,

como as escolas deles são privadas, então elas têm a autonomia para fazer o recrutamento.

Assim, fazem o recrutamento interno para lecionar esta disciplina já que a escola necessitava

de professores. Portanto, verificamos nas suas afirmações que:

(...) temos estudantes finalistas da Universidade Nacional Timor Lorosa’e que fazem as suas práticas pedagógicas ou estágio pedagógico aqui na escola, pois, informamos para entregarem os documentos necessários como o currículo vitae com todo o percurso, por fim o diretor da escola avalia com os seus professores cooperantes durante a atividade supramencionada, porque o professor cooperante é como a fonte da informação. Apenas decidimos se o professor fica ou não mediante seu percurso (D4).

Portanto, o concurso referido apenas seleciona os estudantes finalistas que estão a

fazer a sua atividade prática pedagógica nessa escola, sendo os critérios para este concurso

apenas o seu Currículo Vitae e a observação da sua prestação ao longo da sua atividade do

estágio na escola. a escola pode decidir fazer ou não a contratação. Tal como afirmou uma

diretora:

(...) como a minha escola é privada, pede aos estudantes finalistas da Universidade Nacional de Timor-Lorosa’e que fazem a sua prática pedagógica ou estágio pedagógico durante seis meses na escola. Eles trabalham voluntariamente durante três meses, depois a escola decide fazer o contrato trimestral, ou seja, três meses, aí o diretor observa e avalia a sua prestação, depois decide proceder à contratação ou não (D5).

Na mesma situação, a diretora (D6) reforçou ainda que:

(...) como a minha escola é privada, eu faço o recrutamento aos estudantes finalistas da Universidade Nacional Timor-Lorosa’e que fazem as suas práticas pedagógicas na escola durante seis meses quando a escola tem essa mesma necessidade. Este recrutamento é um trabalho conjunto entre o diretor e os professores cooperantes durante a sua prática pedagógica na escola, uma vez que conhece muito bem as capacidades e prestações dos estagiários durante o seu acompanhamento. O processo de recrutamento inicia com o pedido por parte do diretor do currículo vitae, depois o diretor analisa-o e toma uma decisão acerca da sua situação profissional como docente.

Deste modo, o diretor da escola privada faz o recrutamento interno para os estudantes

finalistas da universidade, sobretudo da UNTL que fazem o estágio pedagógico na escola.

Este recrutamento é feito pelo diretor da escola e o professor cooperante ao longo do processo

da atividade prática pedagógica na escola, pois o professor cooperante é quem conhece as

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91

prestações de cada estagiário, quer a nível de conhecimentos ministrados ou das práticas

pedagógicas. Portanto, o recrutamento referido não tem a exigência de um nível académico

muito rigoroso, porque apenas recruta os estudantes finalistas da universidade.

Assim, considerando as informações disponibilizadas pelos diretores, notamos que o

recrutamento de professores da disciplina CFN não está sujeito a critérios rigorosos, tanto no

que se refere ao seu nível académico, quer à sua área específica de lecionação, uma vez que

os professores iniciaram a trabalhar em regime voluntário, por alguns períodos. Depois, findo

estes períodos, a escola propõe estes professores ao Ministério para realizar contrato,

sobretudo na escola pública. No caso da escola privada, o processo de seleção não se

preocupa com a habilitação literária dos candidatos, uma vez que os candidatos são

selecionados entre os estudantes estagiários, que fizeram a sua atividade de estágio

pedagógico na escola.

Portanto, a partir das opiniões dos diretores expostos, verificamos que durante o

período da independência, desde o 1º governo constitucional até ao presente governo não há

concurso público para recrutar os professores, embora o governo tenha um plano de

recrutamento, de forma informal. Sendo assim, o sistema de ensino e as escolas do território

estão com dificuldades na lecionação da disciplina CFN. Deve haver uma abertura de

concurso público para recrutar mais professores e garantir qualidade.

O ministro da educação timorense, António da Conceição (2017, p. 112)13, do VI

governo constitucional referiu no 3º congresso nacional de educação que “(…) durante os

primeiros anos pós-restauração da independência, o ministério da Educação recrutou muitos

professores sem habilitações para a docência, lecionando disciplina ou matérias para quais

não tinham recebido formação formal”.

Portanto, o recrutamento dos professores não obedeceu aos requisitos rigorosos para

a seleção dos candidatos, sem importar a sua competência a nível de conhecimentos

específicos e pedagógicos. Como destaca Silva (2015, p. 128):

Os atuais professores do ensino básico e secundário foram recrutados tendo como um dos requisitos principais o conhecimento da língua portuguesa, (...). Outros professores do ensino secundário são estudantes da Universitas Timor Timur (UNTIM) que iniciaram o estabelecimento massivo do ensino secundário após a ocupação da Indonésia, entre os anos de 2000 e 2001 Eles foram recrutados pelo United Nations Transitional Administration

13 ME. (2017). 3º Congresso Nacional da Educação. A educação é o pilar da consolidação da identidade e do desenvolvimento da nação. Dili: Ministério da Educação/VI Governo Constitucional.

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92

(UNTAET) e East Timor Transitional Administration (ETTA), em razão de seu comprometimento, mesmo sem formação pedagógica anterior.

Neste cenário, os professores antigos, tinham unicamente a 4ª classe do tempo

colonial português, avaliava-se apenas o seu conhecimento a nível da língua portuguesa, já

que o país declarou a língua portuguesa como língua oficial acompanhada com a língua

tétum. Enquanto que, outras candidaturas formadas no período da colonização da indonésia

apenas avaliava o seu comprometimento pessoal para ensinar conforme as necessidades das

escolas.

Segundo dados Estatísticas do Ministério da Educação14 (2018) relata que, o total dos

professores do ensino básico do todo o território são 22446 professores que estão a atender

as necessidades da escola desde no 1º ciclo até ao 3º ciclo do ensino básico. Entretanto, de

acordo com os dados da Direção Nacional de Recursos Humanos

do Ministério da Educação- DNRH_ME15 (2015), o total do número de professores do ensino

básico de todo o território que estavam no regime da carreira docente era 8429 professores,

dos quais 5220 masculinos e 3209 femininos. Baseando os mesmo dados, há muitos

professores, (14017), que ainda não estão ingresso à carreira de docente, regulada no

decreto da lei 23/2010 de 9 de dezembro.

Entretanto, 3944 professores contratados trabalhavam desde no nível ensino Pré-

Escola até ao Ensino Secundário e Técnico Vocacional, dos quias 351 no Pré-Escolar; 3014

no Ensino Básico; 462 no Ensino Secundário geral e 117 no Ensino Técnico Vocacional.

Portanto, dominavam dos pressores do ensino básico, estavam a esperar o ingresso pelo

regime da carreira docente, desempenhavam a função como professores contratados ou ex-

voluntários.

A escola massiva deve precisar mais educadores qualificados para servirem o

crescimento da taxa estudantes, mas cada vez não, e consequentemente não consegue

selecionar o pessoal qualificado, como reforça Formosinho (2009, 41) que “(...) não tinha

planificado tal aumento, foi necessário recorrer aos agentes qualificados, disponíveis-

bacharéis licenciados em qualquer ramo do saber- e depois mesmo não qualificados com

curso superior incompleto, com o ensino secundário completo ou mesmo incompleto”.

14 ME (2018). dados estatísticos da educação. disponível em: http://www.moe.gov.tl/?q=node/217. Acedido em 27-09-2019. 15 DNRH-ME (2015). Dados sobre professores/necessidades do sistema de ensino. UNTL.

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Neste cenário durante a implementação da política sobre a escola obrigatória e

universal para todos, desde nos primeiros anos da independência até presente, é visível há

maior crescimento dos alunos nas escolas, mas ainda falta de professor qualificados para

conduzirem e incentivarem os discentes a uma educação qualidade. Assim reforça

Formosinho (2009, p. 41) que “(...) aumento escolaridade obrigatória e a dinâmica social

aumentaram muito a população escolar, foi preciso, de um modo rápido e expedito, au

mentar equivalente o corpo docente”, mas também provadamente não selecionar os

professores qualificados, tal referem o mesmo autor “(...) de mais necessidade provocou um

abaixamento dos estandards de entrada na profissão (o que aumentou a amplitude de

motivação e capacidade dentro do corpo docente)”.

Para já o Timor-Leste está vivendo nesta situação, que os professores contratados

acima mencionados maioritariamente apenas tinham a habilitação de Ensino Secundário e

Técnico Vocacional, conforme mostra o gráfico 11, posteriormente.

Grafico11- N.º de Professores Contratados por Nível de Habilitações

Fonte: DNRH-ME (2015).

Neste cenário, era preciso oferecer a formação intensiva que podia ampliar as suas

competências específicas, de forma a obterem o certificado de equivalência a bacharelato ou

licenciatura, conforme a exigência da Lei Bases da Educação 14/2008, que os docentes do

ensino básico eram obrigados a ter qualificação mínima com grau bacharelato para garantir

o ingresso do regime de carreira docente que estava estipulado no Decreto-Lei n° 23/2010

1

527345

22

2929

120

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Mestrado Licenciatura Bacharelato/DIII DI + DII ESG + ESTV Pré-Secundário ou Inferior

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94

de 9 de dezembro, sobre o estatuto da carreira docente, definido no artigo nº. 34 do mesmo

decreto.

Embora, ainda existam muitos professores que estão a lecionar em regime de

voluntariado, sem renumeração, como relatam os dados do Ministério da Educação, em 2014

que com a amostra de “4.220 professores voluntários” (Silva 2015, p. 128). Apesar de

lecionarem sem renumeração, os docentes cumpriam o mesmo horário como os docentes

permanentes, uma vez que a escola tinha falta de professores.

Este problema estava identificado pelo Ministério da Educação através da direção

nacional de recursos humanos do mesmo ministério, DNRH-ME; que havia necessidade de

professores do ensino básico, com o total de 1464 professores. Esta necessidade era para

três disciplinas distintas, nomeadamente: matemática 366 professores: Ciências Fisico-

Naturais 732 professores e língua inglesa 366 professores. Portanto, a disciplina CFN tinha

carência de professores.

Por esta perspetiva, é indispensável recrutar o pessoal com habilitação bacharel o

licenciaturas com o número razoável e qualificados para solucionarem a necessidade da

escola, já que o professor não é meramente apenas transmitir o conhecimento, mas necessita

a capacidade para incentivar e conduzir seus atos de aprendizagem ao objetivo educacional.

Portanto, ele deve uma formação especializada para à docência, como refere Mesquita

(2011, p. 23) o docente é “um ser intelectual com formação científica e pedagógica,

consciente do seu papel na sociedade”.

Nesta ideia reforçada ainda Rico (1999, apud Mesquita, 2011, p. 23) que “o professor

é alguém com vocação profissional, que responde a um modelo de militância quase religiosa,

que com seu trabalho, desenvolvido com sentido austeridade responde a uma ética do

compromisso e entende o ensino como um serviço à comunidade”. Neste sentido, ser

professor é uma vocação de comprometimento e tem convicção para servir a sociedade,

basicamente sociedade educativa, estudantes.

4.1.3 O processo de seleção dos professores da disciplina CFN em regime de

bidocência

Para identificar este assunto, perguntámos a todos os diretores envolvidos neste

trabalho sobre o processo de seleção dos professores da disciplina CFN que estão a lecionar

Page 110: Fernão dos Santos Rodrigues

95

em regime de bidocência. Eles afirmaram que os professores entraram nos dois processos

distintos, alguns trabalhavam em regime voluntário e outros recrutados diretamente pelo

ministério. Portanto, verificamos a afirmação de cada diretor:

Na minha escola, (...) inicialmente, eles foram voluntários, mas neste memento são professores permanentes (D1).

Na minha escola, os professores que lecionam a disciplina de Ciências Físico-Naturais alguns são professores permanentes e outros são professores contratados, porém eles foram entrados no mesmo processo que através de regime voluntários (D3).

Um diretor referiu que na sua escola os professores entraram nos dois processos diferentes,

isto é, alguns professores iniciaram como voluntários e outros através do concurso, como

professores contratados ou permanentes. Na sua declaração referiu que:

Os professores de Ciências Físico-Naturais na minha escola todos estiveram envolvidos no mesmo processo, todos trabalharam de forma voluntaria e volvidos quatro e cinco anos tornaram-se funcionários contratados ou permanentes, porém há alguns professores cujo processo é realizado de forma diferente, ou seja, acabam o curso mais cedo devido ao teste que realizam. Estes docentes entram de forma direta nas escolas para lecionar as disciplinas atribuídas pelo diretor da escola. Atualmente, eles são professores contratados e permanentes (D2).

Os três diretores (D4; D5; D6) referiram que as suas escolas não têm professores

suficientes para lecionar esta área disciplinar, sendo assim as escolas como são privadas,

tomam outra alternativa que é o contrato de alguns professores para lecionar porque, mesmo

assim, no fundo eles vão ser professores contratados ou permanentes do governo quanto o

governo abrir concurso. Conforme referem nas suas respostas:

Na minha escola, (...) dois professores são funcionários públicos e outros são professores contratados da escola, pois até ao presente o governo ainda não fez o recrutamento (D4).

(...) alguns professores então contratados do governo já que eles foram compridos o requisito mínimo do Ministério e alguns estão contratados interna escolas logo a escola propõe a Ministério da educação para proceder o contrato ou permanente do governo (D5).

(...) os professores começam a ensinar voluntariamente durante três ou quatros meses depois a escola avalia-os novamente para contratá-los internamente na escola, dado que, a nossa escola é uma escola privada depois quando eles têm uma boa prestação a escola recomenda-os à fundação da escola para se tornarem funcionários permanentes da escola. Portanto, na minha escola alguns são professores permanentes e contratados do governo e alguns ainda estão contratados interna escola (D6).

Através das afirmações dos diretores supracitados, na escola pública, todos os

professores iniciaram a exercer a sua função como docentes em regime de voluntários, mas

atualmente são permanentes, poucos lecionam como professores contratados. Enquanto na

escola privada existem três categorias diferentes, nos quais alguns professores estão

contratados e permanentes do governo, porém alguns são professores contratados internos

Page 111: Fernão dos Santos Rodrigues

96

da escola estando à espera da oportunidade para serem professores contratados ou

permanentes do governo.

4.1.4 O perfil exigido para a lecionação da disciplina CFN em regime de

bidocência

Quanto perguntámos as opiniões dos diretores relativamente ao perfil de professor que

pode garantir a qualidade do ensino desta disciplina CFN, refiram que os professores devem

ter o grau mínimo de bacharelatos ou licenciatura nesta área de especialização. Portanto,

referem as suas argumentações:

(...) na minha opinião, para garantir a qualidade do ensino no âmbito da disciplina de Ciências Físico-Naturais em regime de bidociência, os professores para lecioná-la deviam possuir todos o grau de bacharelato ou licenciados na área referida, para já esta disciplina é mais complexa dado ser composta por quatros áreas de conhecimentos diferentes, a saber Ciência Física, Biologia, Química e Geologia (D3).

Neste sentido, a lecionação desta disciplina, os professores deviam ter o grau

bacharelato ou licenciatura nesta área especialidade, ou seja, deviam ser contratados quatros

professores das diferentes especialidades conforme a constituição desta disciplina. Assim

como nas respostas dos dois diretores (D2; D5). Eles afirmaram que:

Para ter o perfil adequado à lecionação em regime de bidociência na disciplina de Ciências Físico-Naturais deve-se colocar os professores que têm área especialidade desta disciplina, com o grau mínimo Bacharelato e licenciatura (D2).

O perfil mais adequado para lecionar esta disciplina, eles têm que ter bacharelato ou licenciatura nesta área de especialidade (D5).

No entanto, o diretor (D6) relata-nos que para tornar a qualidade do ensino nesta área,

os professores deviam ter o grau mínimo de bacharelato ou licenciatura, porém na verdade

não implementa, uma vez que falta de recursos humanos e de financiamento. Argumentou

na sua resposta:

O perfil mais adequado para lecionar a disciplina de Ciências Físico-Naturais deveria ser aquele em que o profissional apresente habilitações ao nível do bacharelato ou licenciatura nesta área de especialização, mas, infelizmente, não fazemos isto por causa da escassez de recursos humanos e também pela falta de fundos de orçamento para pagá-los.

O diretor (D4) argumentou que para garantir a qualidade do ensino e aprendizagem na

lecionação desta disciplina, os professores devem ter o grau de licenciatura de quaisquer

universidades do país. Como referiu na sua argumentação:

Para garantir a qualidade do ensino desta disciplina em regime de bidocência, o docente tem que ter o grau correspondente à licenciatura desta área de especialidade de qual for a universidade.

Page 112: Fernão dos Santos Rodrigues

97

Apenas um diretor disse no que concerne na lei da Educação, os professores do 3º

ciclo do ensino básico devem ter o grau mínimo de bacharelato ou licenciatura, porém na sua

escola todos os professores possuem o grau bacharelato e mestrado. Assim relata na sua

declaração:

Segundo a lei, os professores que lecionam a disciplina de Ciências Físico-Naturais têm que ter o nível académico de bacharelato ou licenciatura, mas em geral na minha escola, os professores que lecionam esta disciplina possuem bacharelato e mestrado. Deste modo, para lecionar esta disciplina os professores deviam possuir habilitações literárias ao nível da licenciatura (D1).

Assim, de acordo com a complexidade da integração dos domínios na disciplina

referida, o recrutamento de docentes nesta área de especialidade deve aumentar, com

professores de cada especialidade, conforme a constituição desta disciplina, para que possa

fomentar a qualidade do ensino e aprendizagem dos alunos. Para alcançar um ensino

qualidade necessita de professores qualificados para lidarem o ambiente e o clima

aprendizagem no contexto atual.

A profissão docente é uma profissão diferenciada e essencial para desenvolvimento

vida social e económica, uma vez que ela como uma fábrica de produção conhecimento

humana. Assim, esta profissão deve ter uma formação especializada, que exige várias

competências para conduzirem os estudantes num ambiente em que vivido. De acordo com

Atlet (s/d, apud Mesquita, 2011, p. 22) um professore profissional, pelo menos ter seis

elementos para define-lo, como:

- numa base conhecimento ligado ao agir profissional; - numa prática em situação complexa, adaptada, um trabalho interativo; - numa capacidade para dar conta desses saberes, saber-fazer, ser e dos seus atos; - numa autonomia e responsabilidade pessoal no exercício das suas competências; - numa adesão a representações e a normas coletivas constitutivas da identidade profissional; numa pertença a um grupo que desenvolve estratégia de promoção e de valorização

Nesta perspetiva, o professor exige de ter aptidão aos conteúdos numa área específica,

tem capacidade na interação, de forma trabalho em grupo ou colaborativo, saber-fazer ou

fazer a prática de ciências com seus alunos e tem competência exclusiva e plena

responsabilidade de agir competências.

Page 113: Fernão dos Santos Rodrigues

98

4.1.5 O motivo da política do governo para a implementação de regime

bidocência na lecionação da disciplina CFN

A política do governo que implementa a lecionação em regime de bidocência é uma

das formas para superar as dificuldades que as escolas enfrentam, como o insuficiente

número de professores nesta área e os conteúdos da disciplina que são básicos. Tal como

corrobora o diretor:

A implementação do regime de bidocência na disciplina de Ciências Físico-Naturais por dois motivos: um lado, porque a escola carece de professores e por outro lado, os conteúdos abordados nesta disciplina são muito básicos (D1).

A implementação desta política tem por causas o insuficiente número de professores

nas escolas e também considera os conteúdos abordados nesta disciplina são básicos, de

acordo com três dos entrevistados (D1; D2; D5; D6). Assim, verificamos a afirmação de cada

um deles, como relata o diretor

O governo implementou o regime de bidocência na disciplina de Ciências Físico-Naturais por duas razões em contexto do nosso país: uma foi porque o nível de conhecimentos do ensino básico pode apenas dar conhecimentos básicos, e a outra razão foi por causa do número insuficiente de professores(D2).

Consciente que a escola tem escasso número de professores nesta área então há

necessidade de recrutar mais professores para trabalhar nesta área que possa garantir a

condição mínima para elevar a qualidade do ensino e aprendizagem das Ciências. Na mesma

forma, salientou a diretora:

Na minha perspetiva, a implementação da lecionação em regime de bidocência da disciplina de Ciências Físico-Naturais possui algumas lacunas, nomeadamente no número reduzido de professores, assim como, por vezes nota-se que os conteúdos abordados são muito gerais e básicos (D5).

Esta afirmação é reforçada ainda pelo diretor:

(...) o governo implementa a bidociência nesta disciplina por duas razões possíveis, uma pelo número reduzido de recursos humanos e outra porque os conteúdos abordados da disciplina são mais básicos (D6).

Efetivamente, é escasso o número de professores nas escolas e, consequentemente,

algumas escolas não implementam o regime de bidocência na lecionação desta disciplina,

apenas um professor é responsável por lecioná-la. Perante esta condição, a escola decidiu

aumentar o número de professores, de forma a partilhar a lecionação, conforme os conteúdos

ligados à sua área específica na constituição da disciplina referida. Como relata o diretor:

Page 114: Fernão dos Santos Rodrigues

99

O governo implementou o regime de bidociência a esta disciplina porque as escolas têm falta de professores, sendo que em algumas delas apenas existe um professor a lecionar e a preparar a matéria e também a controlar os alunos na sala de aula, cuja lotação atinge os 48 a 50 estudantes. Desta forma, na minha escola decidimos que o quadro docente desta disciplina seria composto por mais de um professor a partilhar os conteúdos abordados no manual escolar da referida disciplina, assim, asseguramos a qualidade de ensino (D4).

Entretanto, uma diretora afirmou que a implementação do regime bidocência na

lecionação da disciplina CFN sucedeu conforme a gestão escolar, baseado na exigência das

necessidades da escola, como referiu:

A implementação da lecionação em regime de bidocência da disciplina de Ciências Físico-Naturais dá-se conforme a gestão da escola, ou seja, muitas vezes os docentes dão aulas de outra área do conhecimento. Neste caso, por exemplo, professores de Física podem dar aulas de Matemática ou vice-versa, sendo distribuídos segundo as necessidades de cada escola (D3).

Assim, conforme as informações apresentadas pelos entrevistados, verificamos que a

política do governo ao implementar o regime de bidocência na lecionação da disciplina CFN,

devido ao facto da carência de professores, uma alternativa destacada pelos mesmos, é a

possibilidade de lecionarem várias disciplinas, como por exemplo, Biologia, Geologia, Química

e Física, já que os conteúdos abordados entre elas são básicos. Portanto, é importante

considerar que a implementação deste regime se dá, especificamente, pela gestão escolar.

Ainda que, de facto, os professores continuam a enfrentar dificuldades, uma vez que

a disciplina CFN compõe quatros domínios diferentes que exigem quatro professores para

ensiná-la.

Ao perguntarmos sobre as facilidades e dificuldades enfrentadas pelos professores na

implementação do regime de bidocência referente à disciplina CFN, os diretores informaram

que têm muita vantagem em usar o regime de bidocência, pois dois professores podem

partilhar os conteúdos ligados à sua área de especialidade, que possibilita a criação de

condições mínimas para aprimorar a qualidade do ensino e da aprendizagem. Porém, outros

entrevistados destacaram algumas dificuldades que cada professor pode enfrentar, como por

exemplo, ser obrigado a ensinar dois domínios diferentes, ou então, durante o processo de

avaliação dos alunos desta disciplina, no teste final atribui-se uma nota única, sem que se

identifique os conhecimentos em cada domínio, tal como os diretores (D2; D3; D4; D5; D6)

postularam:

(...) tem a vantagem de dois professores partilharem os conteúdos ligados à sua área de especialização. No entanto, apresenta também uma desvantagem na sua avaliação, uma

Page 115: Fernão dos Santos Rodrigues

100

vez que é atribuída uma única nota para os estudantes, surgindo dificuldades em identificar os conhecimentos do estudante em cada conteúdo (D2).

(...) é que dois professores podem partilhar os conteúdos abordados no manual escolar da disciplina referida conforme a sua habilitação, mas também tem desvantagens, principalmente no seu processo de avaliação que no final apenas atribui uma nota única na caderneta escolar do estudante. Portanto, os docentes têm que fazer o somatório dos dois valores e dividir por dois para atribuir a respetiva nota (D3).

(...) dois professores partilharem os conteúdos conforme a sua área de especialização não tendo muito peso para trabalhar, porém também tem desvantagens, no final da avaliação os professores fazem o somatório do valor de cada estudante para no fim atribuíram um único valor na caderneta escolar (D4).

(...) tem a vantagem porque dois professores partilham os conteúdos ligados à sua própria especialidade. Porém, também há desvantagens na avaliação, devido à atribuição de uma nota única. Deste modo, os dois professores fazem o somatório de cada nota que cada estudante tem para depois a dividir por dois (D5).

(...) é o facto de dois professores poderem partilhar os conteúdos ligados à sua área de especialização. Assim, as forças são divididas e podem dispor de mais tempo para a preparação da matéria aos estudantes. Porém, também tem uma desvantagem que que se manifesta na avaliação, no final do teste é atribuída uma nota única. Portanto, torna-se muito difícil identificar as capacidades e conhecimentos dos estudantes à constituição da matéria da referida disciplina (D6).

Portanto, se por um lado há a vantagem de distribuir os conteúdos entre os professores

a fim de ministrar a disciplina em sala de aula; por outro lado há a desvantagem quando um

professor tem problemas de saúde e necessite de uma licença, então o outro professor é

obrigado a assumir responsabilidade para lecionar todos conteúdos, já que esta disciplina é

uma área complexa, conforme relatado por um dos entrevistados:

(...) é extremamente favorável, porque esta disciplina é complexa, sendo composta por quatro domínios diferentes. Portanto, os dois professores podem partilhar o ensino, conforme as suas habilidades. (...) desvantagem que reside no facto de quando um dos referidos professores, se depara com problemas de vária ordem como doença ou licença, por exemplo. Neste caso, o outro professor obrigatoriamente tem que ensinar a matéria toda, dado não poder abandonar os estudantes na sala de aula, pois a disciplina referida é de preparação para o exame nacional (D1).

Finalmente, identificamos que a implementação desta política do governo a lecionação

CFN tem a maior vantagem, mas, infelizmente, os professores continuam a enfrentar

dificuldades na sua avaliação final.

4.1.6 Condições de professores da disciplina CFN a lecionação em regime de

bidocência

No que diz respeito relativamente às condições dos professores que estão a lecionar a

disciplina CFN, ainda não têm as condições para lecionar. Isto, porque as escolas não têm

condições de infraestruturas e poucos materiais didáticos para apoiá-los na sua lecionação.

Page 116: Fernão dos Santos Rodrigues

101

Para além disso, a falta de formação dos professores, não facilita aperfeiçoar as

competências, tanto a nível de conhecimento pedagógico ou a nível língua, sobretudo a língua

portuguesa. Assim, dois dos diretores entrevistados (D1; D5) argumentaram:

Os professores que ensinam em regime de bidocência nesta disciplina nas escolas em todo o território do país ainda não tem condições para ensinar, uma vez que as escolas não possuem infraestruturas físicas para tal, como por exemplo: laboratórios, bibliotecas. Um outro problema subjacente a esta problemática é também a falta de formação dada aos professores para aumentar as suas capacidades e habilidades (D1).

Assim como afirmou diretor:

(...) os professores têm a condição para lecionar a disciplina referida, mas também enfrentam muitas dificuldades, sobretudo nas infraestruturas básicas da escola, como a falta de bibliotecas, laboratórios e materiais laboratoriais (D5).

Por outro lado, um diretor afirmou que os professores da sua escola têm a condição

para lecionar, porém precisam de formação, principalmente no domínio da língua portuguesa,

uma vez que é a língua oficial e língua de ensino que é consagrada na constituição da RDTL.

Na sua resposta referiu que:

(...) os professores que lecionam a referida disciplina na minha escola reúnem condições para tal, mas necessitam de apoio através de formação e preparar materiais práticos para um ensino e aprendizagem de maior qualidade. Para além, das Ciências, a Língua Portuguesa é um enorme desafio na área da educação, uma vez que é considerada como língua de ensino consagrada na Constituição da República Democrática de Timor-Leste. Portanto, todos os professores em todo o território apresentam dificuldades ao nível da Língua Portuguesa no ensino de Ciência (D2).

Assim como salientou uma diretora, no ponto de vista a nível de conhecimentos todos

professores têm a condição mínima para lecionar esta disciplina, pois eles lecionam de

acordo com a sua especialidade. Porém, a escola não tem ainda infraestruturas básicas,

como biblioteca, laboratório e materiais laboratoriais para realizar aulas práticas de ciências.

Na sua declaração menciona que:

(...) todos os professores têm a condição para ensinar a disciplina de Ciências Físico-Naturais, para já todos estão a trabalhar conforme as suas áreas de especialização. Porém, têm dificuldades na implementação das atividades laboratoriais, pois a escola não dispõe de laboratório (D3).

No entanto, um outro diretor argumentou que na sua escola os professores têm as

condições mínimas para ensinar esta disciplina, porque todos estão a seguir o currículo

nacional e o manual escolar da disciplina, refere que a escola tem o laboratório e biblioteca,

no entanto menciona que eles têm dificuldade em implementar atividades laboratoriais por

falta de materiais laboratoriais. Na sua opinião, ele refere:

Page 117: Fernão dos Santos Rodrigues

102

(...) têm as condições necessárias e precisas para lecionar esta disciplina, porque todos eles seguem o currículo nacional e o manual escolar da disciplina referida, tem muitas atividades práticas e a escola tem o laboratório para implementá-las, mas cada vez mais têm dificuldades de arranjar alguns materiais de laboratório, sendo que esta atividade também exige mais tempo. Desta forma, o Ministério da Educação através da Unesco disponibilizou a formação aos professores para implementar atividades na escola (D4).

Neste cenário, os professores têm o conhecimento suficiente para lecioná-la para já

eles são especialidades nesta área, mas, infelizmente, encarram grandes dificuldades na sala

de aula, ao passo que o número de estudantes de cada aula é tão elevado cuja a escola tem

menos de sala de aula. Para além disso, a escola não tem condições infraestruturas como,

biblioteca, laboratório e os materiais didáticos para facilitar a qualidade do ensino e

aprendizagem, como referiu diretor:

(...) os professores que estão lecionar possuem condições em termos de capacidades e conhecimentos da referida disciplina, porém têm muitas dificuldades na sua lecionação, devido ao facto do número de estudantes na sala de aula ser muito elevado e a escola não possuir infraestruturas como biblioteca, laboratório, manuais do alunos assim como para os professores e possuir materiais laboratoriais para implementar propostas de atividades práticas abordadas no manual dessa disciplina (D6).

Concluímos, portanto, que os professores não têm condições para ensinar com

qualidade a disciplina CFN, visto que as escolas têm escassas infraestruturas, como

bibliotecas, laboratórios, salas de aula e materiais didáticos/laboratoriais. Apesar disso, a

maioria dos entrevistados relatam que têm a condição que se refere aos conhecimentos para

lecionar esta disciplina, uma vez que os professores estão a lecionar conforme a sua

especialidade. Porém, precisam de mais formação, de modo a fomentar as competências a

nível pedagógico, língua portuguesa e tecnológico que garantem a qualidade do ensino e da

aprendizagem nesta área de conhecimento.

4.1.7 Dispositivos de apoio para os professores da CFN

Neste segmento, analisou-se as opiniões dos diretores entrevistados relativamente ao

mecanismo de apoio oferecida pelo governo aos professores da disciplina CFN, desde do

início da sua função como professor e ao longo da sua carreira, no qual apresentamos duas

dimensões posteriormente.

4.1.7.1 Período preparatório

Ao perguntar as opiniões dos diretores entrevistados sobre o processo da entrada na

escola de professores, todos os diretores (D1; D2; D3; D4; D5; D6) disseram que os

professores entraram diretamente na escola para lecionar de acordo com o horário e a

Page 118: Fernão dos Santos Rodrigues

103

disciplina que a escola lhes atribui e referem que o governo não disponibiliza nenhuma

formação para os docentes. Como verificamos as suas afirmações seguintes:

(...) eles diretamente recebem a disciplina e o horário do ensino, não existindo mais nenhuma formação para eles (D1).

(...) eles entraram direitamente lecionar a disciplinas que a escola lhes atribuiu e não há nenhuma formação antes de exerceram a sua função como docente (D2).

(...) entraram direitamente a escolas para lecionar a disciplina atribuída sem fornece-lhes nenhuma formação antes de iniciar a sua função como docente (D3).

Eles diretamente recebem a disciplina e horário do ensino conforme a necessidade da para exercer a sua função como o professor sem atribuídas nenhuma formação antes de começar a sua carreira profissional (D4)

profissionais diretamente e recebem a disciplina para ensinar na sala de aula conforme a carga horária que têm (D5).

(...) aquando da entrada dos professores na escola, tanto o Ministério da Educação como o próprio estabelecimento de ensino não disponibilizaram nenhuma formação. Porém, os professores começam a ensinar na sala de aula conforme o horário atribuído pela escola (D6).

Portanto, devido à dificuldade do capital, o governo não oferece a formação aos

professores recrutados, então todos os professores ingressam direitamente na escola para

assumir a sua função como docente, com o horário e as disciplinas atribuídas.

Sendo que, a qualidade dos professores tem o maior contributo para a qualidade de

ensino, por isso a formação preparatória antes de exercem a sua função como docente pode

prepará-los de modo aprimorar as suas competências, tanto a nível pedagógica ou

conhecimento.

4.1.7.2 Na função de carreira

Durante a carreira dos professores, a maioria dos diretores entrevistados manifestaram

que o governo através do Ministério da Educação oferece-lhes a formação de modo a

aprimorar as suas competências a nível pedagógico e de conhecimentos e também a nível

tecnológico. Como relatam as seguintes afirmações:

(...) o governo através de Ministério da Educação apoia-lhes a formação, de modo a fomentar as suas competências (D1).

Sim, o governo apoia os professores na capacitação do seu conhecimento (D2).

Normalmente, o Ministério da Educação apoia a formação aos docentes (D3).

Sim, o Ministério da educação oferece-lhes a formação (D4).

O governo apoia-lhes a formação.

Page 119: Fernão dos Santos Rodrigues

104

Entre os entrevistados, apenas um diretor disse que o governo não disponibiliza a

formação direitamente, mas através da ação colaborativa com outras instituições, pública ou

privada. Na sua afirmação refere:

(...) o Ministério da Educação não apoia diretamente os professores, mas através a cooperação com outras instituições seja publicas ou privadas disponibiliza-lhes a formação (D6).

Portanto, a formação referida disponibilizada pelo Ministério da Educação é através do

INFORDEPE e também a cooperação da UNESCO para cada área especifica, no entanto não

é suficiente porque nem todos os professores têm essa oportunidade, uma vez que há um

número disponibilizado, como reforça o diretor:

O Ministério da Educação através do Infordepe coopera com algumas organizações privadas como a Unesco que apoia a formação. Esta formação é para cada matéria específica, mas não para todos os professores. Deste modo, os professores participam nestas formações de acordo com o número disponibilizado pelo Infordepe ou pela Unesco, que participam em regime rotativo. Porém, a referida formação torna-se insuficiente no que diz respeito a colmatar dificuldades, dado que, por exemplo a disciplina de Ciências Físico-Naturais é composta por quatro domínios bem diferenciados (D1).

Como é evidente este tipo de formação ainda não é suficiente para formar os

professores nesta área, uma vez que é uma área complexa pela sua constituição em vários

domínios. Como argumentou o diretor (D3) “esta formação ainda não é suficiente, porque o

tempo da formação é de apenas uma semana para lecionar esta disciplina composta por

quatros disciplinas”.

Segundo que um dos diretores entrevistados relata que a formação para os

professores, principalmente os professores CFN não é suficiente porque esta área de

conhecimento necessita de mais aulas práticas, mais infraestruturas como bibliotecas,

laboratórios e materiais laboratoriais para que eles possam implementar as propostas de

atividades laboratórios abordadas nos manuais escolares desta disciplina. Na sua declaração

refere:

As formações que o governo lhes oferece através do Infordepe e Unesco em cada final de trimestre. Porém não é suficiente, pois a ciência precisa de mais prática. Para tal, o governo tem que criar condições para todos os professores, a saber bibliotecas, laboratórios, materiais didáticos e também criar acesso à internet a todas as escolas (D2).

Enquanto um diretor diz que a formação fornecida pela cooperação entre o Ministério

da Educação e o Infordepe é um programa anual de formação, nomeadamente o programa

Formar+. Focou-se na construção de competências dos professores a nível da língua

portuguesa e nas atividades laboratoriais. Na sua resposta refere que:

Page 120: Fernão dos Santos Rodrigues

105

O Ministério da Educação através do Infordepe oferece formação anual para os professores através do projeto intitulado “Formar+”. Nesta formação eleva-se a qualidade dos professores ao nível do conhecimento da Língua Portuguesa e também das Ciências, sobretudo nas atividades práticas laboratoriais para quem tem o balanço entre a aula prática e teórica (D4).

Ainda que, o mesmo diretor salienta ainda que esta formação prejudica o processo

ensino e aprendizagem na escola, menciona o cansaço dos professores, uma vez que têm a

formação na parte da manhã e têm que lecionar na parte da tarde. Sendo que, o tempo para

preparar as matérias para ensinar torna-se insuficiente. Como na sua afirmação:

(...) esta formação também tem um ponto negativo para com os professores, porque na parte da manhã eles vão ao curso e à tarde vêm ensinar, isto provoca neles muito cansaço e consequentemente, alguns professores não participam de forma ativa na formação (D4).

Perante esta situação, alguns professores não conseguem aproveitar o programa dessa

formação. Mesmo assim, um diretor considera que é suficiente, porém a formação devia

abranger a parte da pedagogia, pois a maioria dos professores ainda lecionam a pedagogia

tradicional, como que refere o mesmo entrevistado:

Considero a formação de professores suficiente e adequada, porém é necessário existir mais professores na parte pedagógica porque o processo do nosso ensino está muito atrasado ao nível de pedagogia dos professores (D4).

Neste cenário, é preciso investimento para a área de formação dos professores e

necessita de apoio das facilidades como bibliotecas físicas e online e também materiais

laboratoriais para que torne uma aprendizagem mais dinâmica e efetiva que contribua a

elevação da qualidade do sistema educativo.

Com a globalização, o processo de aprendizagem necessita de condições adequadas

para os professores devem acompanhar a evolução das ciências no mundo atual. A qualidade

do professor é a coluna vertebral para a qualidade de sistema educativo. O ensino e

aprendizagem das ciências não deve ser apenas teórico, mas também em atividades práticas

laboratoriais. Reforçando uma diretora entrevistada que argumentou sobre a formação

disponibilizada para os professores:

Esta formação por objetivo promove as competências dos professores na atividade prática com materiais simples ou locais. Considero esta formação suficiente e adequada, mas esta deve ser mais contínua basicamente na atividade prática, uma vez que a ciência não é só teórica, mas também prática (D5).

Assim, os professores são os elementos fundamentais, de modo a acompanhar e a

guiar os estudantes para conhecer e experienciar a ciência através de atividades práticas

laboratoriais. Portanto, os professores necessitam de apoios e mais formação com o propósito

de fomentar as suas competências nas atividades laboratoriais.

Page 121: Fernão dos Santos Rodrigues

106

Perante esta exigência, o governo precisa de fazer mais investimento nesta área.

Assim, o Ministério da Educação faz um grande esforço em ter apoio de algumas entidades

internacionais e nacionais, Infordepe, Unesco e Jica, que fornecem a formação para os

professores, de modo a aprimorar as suas competências a nível da língua portuguesa e a

nível de conhecimentos, fazendo a utilização de materiais simples e locais nas práticas

laboratoriais, como argumentou o diretor entrevistado:

No entanto, através do Infordepe e de algumas organizações internacionais, como a Unesco e Jica deu dá-lhes apoio através de formação promovendo assim as suas competências tanto ao nível da Língua Portuguesa e das Ciências, basicamente nas atividades práticas com a utilização de materiais simples ou locais (D6).

Ainda que, infelizmente, a formação referida tem limite dos números de participantes

de cada escola, talvez por falta de capacidade financeira para facilitá-la. Como o mesmo

diretor afirmou:

(...) formação apresenta limitações conforme o convite realizado à cada escola. Desta forma, a escola distribui os seus docentes mediante o número estipulado para a participação na referida formação. As formações que eles frequentam são suficientes, porque tem mais facilidade para elevar os seus conhecimentos, mas, infelizmente, quando voltam à escola às vezes não implementam, uma vez que a escola não tem facilidades como o acesso ao laboratório e a materiais laboratoriais (D6).

Portanto, no ponto de vista do programa de formação fornecida é suficiente para todos

os professores para lecionarem esta disciplina, principalmente nas atividades práticas no

momento de formação, mas, infelizmente, quando regressam à escola não implementam os

conhecimentos adquiridos, nem fazem as aulas práticas, uma vez que a escola não tem

condições de materiais, equipamentos e laboratórios.

4.2 Análise sobre o processo de profissionalização dos professores CFN na

lecionação em regime de bidocência

Neste segmento, tendo em conta os objetivos desta investigação, entrevistamos os

professores da disciplina CFN com o propósito de recolher as informações sobre as suas

profissionalizações relativamente à lecionação da disciplina CFN, em regime de bidocência.

Neste cenário, foram recolhidas as opiniões dos professores, dimensionadas em seis

categorias, abrangidas e que estão interligadas, a saber: o processo de ingresso à carreira de

profissional; a sua motivação para a docência; o estatuto profissional; opiniões dos

professores relativamente à sua formação contínua e sua implicação à lecionação CFNN;

Page 122: Fernão dos Santos Rodrigues

107

Potencialidades e constrangimentos da implementação de regime bidocência a CFN e por

fim os dispositivos contributos à lecionação de bidocência a CFN.

4. 2. 1 O processo de ingresso à carreira profissional

Nesta categoria, tentamos conhecer o processo de ingresso da carreira de professores

na disciplina CFN. Assim, perguntou-se aos respetivos professores, relativamente ao seu

processo de seleção e iniciação a lecionação da disciplina CFN e as respostas obtidas

categorizaram-se em dois processos distintos: começaram a trabalhar em regime de

voluntariado, e outro através de concurso público. Como mostra o quadro 14 e o gráfico 11:

Quadro 12- Processo selecionado para ser professor da CFN

Gráfico 12- Processo selecionado para ser professor da CFN

Conforme as respostas apresentadas pelos professores CFN como mostra o gráfico

12, indica que a maioria dos entrevistados declararam que começaram a exercer a sua função

como docente em regime voluntário, após a independência da RDTL, devido à insuficiência

de professores nas escolas e também, na altura, o governo não tinha capacidade financeira.

Enquanto, os restantes entrevistados relataram que foram selecionados por concurso público.

Como referem nas suas afirmações:

Após a independência de Timor-Leste ingressei numa escola juntamente com os meus colegas de profissão de forma voluntária. Portanto, sinto-me também como um fundador desta escola, sendo que neste momento sou professor contratado do Ministério da Educação. Estou sempre disponível para ensinar os estudantes conforme as possibilidades que a escola tem (P2).

81,25%

18,75%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Voluntáro Concurso Público

Processo de entrada Frequência Número (N)

Voluntário 13 16

Concurso Público 3

Total 16

Page 123: Fernão dos Santos Rodrigues

108

Neste cenário, o respetivo entrevistado, como fundador da escola, mostra grande

vontade de ensinar o melhor possível os alunos, conforme as condições da escola, mesmo

estando ainda a lecionar em regime de contratado pelo Ministério da Educação. Devido à

experiência e ao espírito do mesmo entrevistado, o governo deve atribui-lhe a categoria no

ingresso à carreira docente, estipulada na Lei do estatuto de carreira docente, citada

anteriormente.

Na mesma situação o mesmo professor referiu, que não tendo habilitações especificas,

teve vontade e voluntariou-se para o ensino, devido à crise política, depois da denunciação

do resultado da consulta popular em 1999, o país enfrentou diversas dificuldades em todos

os setores. Assim, decidiu ensinar de forma voluntária pois, consciente que a educação era

um setor que podia solucionar as dificuldades enfrentadas pelo país. Como relata na sua

declaração:

(...) altura, como consequência da crise política, Timor-Leste não possuía recursos humanos suficientes, então tive vontade em ir para uma escola e reativá-la com os meus colegas ensinando voluntariamente, porque considero que a educação é um setor que pode contribuir para o desenvolvimento do país. Portanto, tive espírito para ser professor naquele tempo, mesmo que não da minha especialidade (P13).

Também, uma professora, sabendo que não tinha habilitações para o ensino, mas por

causa da insuficiência de professores pediu à escola para lecionar voluntariamente e a escola

aceitou e atribuiu-lhe a disciplina matemática, no primeiro semestre, e no segundo semestre

lecionou a disciplina de física. Após a reforma curricular de 2011, a professora ensinou a

disciplina CFN até ao presente ano. Como, declara na sua resposta:

(...) devido a poucos recursos humanos sugeri à mesma aceitar a minha colocação para lecionar. Como sou formada em Engenharia então a escola atribui-me a disciplina de Matemática, mas apenas num semestre já no segundo semestre ensinei a disciplina de Física, ainda não tinha a disciplina de Ciências Físico-Naturais, existindo apenas a disciplina de Física separada da disciplina de Biologia. Depois da implementação do novo currículo, em 2011, comecei a ensinar a disciplina de Ciências Físico-Naturais até ao presente (P5).

Outra professora relatou a mesma situação, que começou a lecionar em regime de

voluntariado a disciplina ciência biologia após a sua atividade de estágio, em 2008, depois

na implementação do novo currículo em 2011, ensinou a disciplina CFN. Portanto, na sua

afirmação:

(...) em 2008, fiz o meu estágio pedagógico nesta escola durante seis meses e no ano seguinte ensinei voluntariamente a disciplina ciência biologia no currículo anterior e no currículo vigente ensino a disciplina CFN (P15).

Outra professora, a (P4) decidiu lecionar voluntariamente na escola, uma vez que

naquela altura havia dificuldade de emprego. Embora, ela não tivesse habilitações especificas,

Page 124: Fernão dos Santos Rodrigues

109

a escola recebeu-a devido à falta de professores. No currículo anterior antes de 2011, ensinou

apenas ciência bilogia, pois as disciplinas de ciências eram separadas. Após a reforma

curricular, em 2011, lecionou a disciplina CFN, em que todas as disciplinas de ciências eram

agrupadas, nomeadas CFN. Refere na sua afirmação:

Sinceramente, esta não é a minha área de especialidade, mas escolhia-a porque naquela altura, em 2005, não havia emprego. Mediante este facto vim pedir a esta escola para lecionar voluntariamente então aceitou-me, até porque não havia muitos recursos humanos

ao nível da docência (P4).

Também, reforçado pelos dois professores (P14; P7) devido à carência de professores

na escola, lecionaram duas disciplinas distintas, de forma voluntária. Como relataram nas

suas afirmações:

Quando fui professor em 2000, ensinei Matemática e Física voluntariamente nesta escola, pelo facto de existir reduzidos recursos humanos ao nível da docência (P14).

Eu ensino nesta escola desde 2002, lecionava voluntariamente porque naquela altura não havia recursos humanos suficientes ao nível da docência) (P7).

No primeiro ano da implementação do currículo vigente, ou seja, em 2011, o governo

implementou ainda o regime voluntário para na escola. Neste caso, os que tinham interesse,

iam pedir a possibilidade à escola para lecionarem de acordo com as necessidades. Como

diz o professor:

Fui professor voluntário da disciplina Ciências Físico-Naturais aqui na escola por a minha consciência e aceitou pela escola, em 2011 e atualmente como professor contratado do governo, mesmo que eu ensino na escola privada (P1).

Na mesma situação, um professor após fazer a sua prática pedagógica, no ano 2012

pediu à mesma escola para lecionar voluntariamente, pois a escola aceitou e oferece-lhe a

disciplina CFN, até à presente data.

Em 2011, ingressei nesta escola para fazer a minha prática pedagógica ou estágio pedagógico. E no ano letivo seguinte, 2012 pedi à escola para ensinar voluntariamente, cujo pedido foi aceite encontrando-me na mesma até ao presente (P8).

Segundo uma professora substituiu um professor que deixou a escola, então ensinou

voluntariamente a disciplina CFN. Assim, refere na sua declaração:

Quando era finalista universitária vim para esta escola substituir voluntariamente um outro

professor da disciplina CFN que saiu (P9).

Por outro lado, alguns professores referiram que quando concluíram o curso de ensino

superior em 2008, o Ministério da Educação fez abertura do concurso para os professores

no ano referido, então concorreram e foram selecionados. Conforme refere na sua resposta:

Page 125: Fernão dos Santos Rodrigues

110

Fui selecionado através de concurso publico pelo Ministério de Educação para ser professor no ensino básico do 3º ciclo, em 2008 quando eu acabei o meu bacharelato (P10).

Assim, os dois professores dos entrevistados (P3; P6) entraram através do concurso

público, porém no currículo anterior ensinaram a disciplina física que era separada de

biologia, não existindo a disciplina CFN. Depois da reforma curricular, estes professores

ensinam a disciplina CFN, até a data. Referem na sua resposta:

(...) quando eu acabei a minha licenciatura em 2008, o Ministério da Educação abriu um concurso de professores, portanto eu concorri para ser professora da disciplina de Física (P3).

Fui selecionado através de concurso publico pelo Ministério da Educação para ser professor da ciência física do ensino básico do 3º ciclo, em 2008. depois de reforma curricular, ensino a disciplina CFN (P6).

Outros três professores (P11; P12; P16) que lecionaram esta disciplina em regime

voluntariamente. Eles eram professores mais novos, exerceram a função como professores

nos últimos dois anos, ou seja, com a experiência no período preparatório, período de três

anos de experiência. Devido à carência de professores nas escolas então, após a sua atividade

prática pedagógica na escola, foram aceites para ensinar a disciplina CFN. Como referem

nas suas respostas:

Naquele tempo, eu fiz o meu estágio pedagógico nesta escola, em 2016, no entanto depois acabei-o. Na altura, a escola precisava de um professor de Física, então eu pedi para ensinar voluntariamente no seguinte ano letivo, mais precisamente em 2017 (P11).

Eu fiz o meu estágio pedagógico nesta escola, em 2017 e após o finalizar a escola tinha necessidade de um professor de Ciência Biologia, então eu pedi para ensinar voluntariamente no seguinte ano letivo, ou seja, em 2018 (P12). Fiz o meu estágio pedagógico nesta escola, em 2017, após terminá-lo a escola teve necessidade de um professor de Ciência Biologia, então eu pedi para ensinar voluntariamente no seguinte ano letivo, ou seja, em 2018 (P16)

Baseando as informações recolhidas sobre o processo de seleção dos professores da

disciplina CFN que estão a lecionar em regime de bidocência, não havia um concurso

específico para a docência nesta área.

Todavia, são professores dos períodos do governo transitório e do governo após período

transitório, que trabalharam de forma voluntária, salvo três professores que entraram através

do concurso público para seres professores de biologia e física no currículo anterior, realizado

pelo Ministério da Educação. Ora, ainda há alguns professores mais recentes que estão a

esperar oportunidade para serem professores contratados ou permanentes pelo governo,

Page 126: Fernão dos Santos Rodrigues

111

uma vez que estão a lecionar voluntariamente, com a experiência de lecionação no período

de três anos.

Devido à carência de professores e falta de emprego nos primeiros dos sete anos de

independência, alguns professores não tinham habilitações especificas, mas eles entraram

em regime de voluntariado, de modo responder às necessidades das escolas e também

esperavam a possibilidade da escola os recomendar ao Ministério da Educação e mais tarde,

proceder ao regime de contratados ou permanentes do Ministério da Educação.

Assim, quando o governo fez a reforma curricular em 2011, a disciplina ciência física

e biologia deixaram de existir separadas, e os professores passaram a ensinar a nova

disciplina, nomeada CFN que consiste em quatros domínios, a saber: ciência física, química,

biologia e geologia, embora no currículo anterior a ciência química e geologia não eram

ensinadas no Ensino Pré-Secundário, apenas ensinadas no ensino secundário.

Nesta mudança da lecionação, cada escola tem a competência para gerir de acordo

com a condição e necessidades de cada escola. Portanto, a lecionação desta disciplina de

forma facultativa, depende do número de professores de cada escola. Se a escola tiver mais

professores da disciplina de física e biologia no currículo anterior, deve implementar a

lecionação de bidocência ou vice-versa.

Quando perguntaram as opiniões dos professores da disciplina CFN sobre o motivo

pelo qual escolheram ser professores da disciplina CFN no 3º Ciclo do Ensino básico,

apresentaram diversas razões, nomeadamente:

i. Porque na altura pediram para ensinar este nível do ensino, mas não foi para

lecionar a disciplina CFN, mas depois da implementação do novo currículo,

foram obrigados a lecionar a disciplina CFN porque as disciplinas no currículo

anterior desapareceram, tais como: física e biologia;

ii. Porque não tiveram a oportunidade para lecionar no Ensino Secundário;

iii. Porque acharam que a disciplina do nível 3º ciclo do ensino básico era mais

fácil;

iv. Porque foram colocados pelo Ministério da Educação, após de selecionados

por concurso;

v. Porque foi a escola que lhes pediu para lecionar esta disciplina.

Assim, verificamos as respostas de cada entrevistado, no que refere na declaração do

professor:

Page 127: Fernão dos Santos Rodrigues

112

(...) no currículo anterior não existia disciplina CFN então lecionei a disciplina de Biologia até ao ano de 2010. Porém, depois da implementação do novo currículo em 2011, a matéria de Física e Biologia desapareceu e aparece o novo programa da disciplina de Ciências Físico-Naturais, que integra quatro áreas de conhecimentos diferentes, a saber: Física, Química. Bilogia e Geologia. Deste modo, continuo a lecionar a disciplina de Ciências Biologia partilhada com o professor de Física (P14).

Neste cenário, os professores foram obrigados a lecionar esta nova disciplina, depois

das disciplina física e biologia do currículo anterior desaparecidas. Portanto, para superar

essas dificuldades, lecionaram de forma partilhada, com o professor de física, assim como

com o professor de bilogia. Tal como salientou o professor:

(...) antes da reforma curricular no ensino básico do 3º ciclo, em 2011, ensinei a disciplina de Biologia, já que antes não existia ciências integradas como atualmente. (...) assim não tenho outra opção, tenho que ensinar mesmo esta disciplina, porém não se afasta muito da minha especialidade (P2).

Na mesma situação as opiniões de três professores (P4; P13; P15), referem nas suas

respostas:

A escola atribui-me a disciplina de Biologia do currículo anterior, (...). Atualmente, continuo a lecionar a mesma disciplina, no entanto, aquando da reforma curricular em 2011, a disciplina passou a designar-se de Ciências Físico-Naturais, agrupando em si as disciplinas de Biologia e Física (P4).

(...) tive vontade em ir para uma escola para ensiná-la como o professor de Física ou Matemática. No entanto, como na altura já existia um professor de Matemática eu fiquei a lecionar a disciplina de Física e depois da reforma curricular em 2011, ensinei a disciplina CFN até ao presente (P13).

(...) porque na altura ainda não existia a disciplina CFN. Portanto, a escola pediu-me para ensinar a disciplina Física voluntariamente no 3º ciclo do ensino básico no ano letivo seguinte, em 2009 e depois de reforma curricular, em 2011, eu ensinei a disciplina CFN até ao momento (P15)

Continua no mesmo panorama, alguns professores ensinaram neste nível de ensino,

já que foram colocados pelo Ministério da Educação através do concurso público para lecionar

a disciplina física e biologia no currículo anterior. Porém, devido ao desaparecimento das

duas disciplinas referidas anteriormente, após a reforma curricular então também foram

obrigados a lecionar a disciplina CFN. Assim, argumentaram nas suas declarações:

Não fui eu que escolhi ensinar a disciplina de Ciências Físico-Naturais no ensino básico 3º ciclo, fui colocada pelo Ministério da Educação depois de selecionada através de concurso. Porém, foi para professor física no currículo anterior, e não existia a disciplina CFN. Depois implementação currículo vigente, ensino a disciplina CFN, visto que a disciplina física anteriormente dito desaparecida (P3).

Porque o concurso foi apenas para o 3º ciclo do ensino básico, mas não foi para disciplina CFN, foi para professor da física e biologia, uma vez que não existia disciplina CFN no currículo anterior. Assim, após reforma curricular aparece esta nova disciplina e a disciplina física e biologia apareceram então ensino disciplina CFN atá a data (P6).

Page 128: Fernão dos Santos Rodrigues

113

(...) colocou-me nesta escola, mesmo sendo uma escola privada. Porém, ainda não tinha disciplina de Ciências Físico-Naturais, no 3º ciclo do ensino básico, mas houve sim a disciplina de Física que separada com a de Biologia. E depois da implementação do novo currículo em 2011 que eu ensinava a disciplina CFN até ao presente (P10).

No entanto, alguns professores lecionaram a disciplina CFN por não terem

oportunidade para lecionar no ensino secundário. Como referiu uma professora:

(...) porque não tenho possibilidade para ensinar no ensino secundário é muito difícil arranjar o emprego e acho que agora a situação ainda se mantém a mesma (P9).

Neste cenário, como também reforça outra professora, que estava à procura de

experiência e mais tarde espera lecionar no ensino secundário por vontade e coragem.

Portanto, ela relatou na sua afirmação:

(...) uma vez que eu fiz o meu estágio pedagógico nesta escola, uma parte pela procura da

experiência, mas tenho coragem para ensinar no ensino secundário (P16).

Entretanto, uma professora que escolheu lecionar a disciplina CFN, visto que a

disciplina referida era muito básica. Como referiu a professora (P5):

Escolhi ser professora da disciplina de Ciências Físico-Naturais no ensino básico do 3º ciclo (...) já que a disciplina para este nível do ensino é fácil para mim porque é das mais básicas (P5).

Por outro lado, alguns professores relataram a mesma situação, que ensinaram a

disciplina CFN no 3º ciclo do ensino básico, já que a escola tinha necessidade de professores

e os aceitou. Como nas suas respostas:

(...) porque foi esta escola que me aceitou para ensinar a referida disciplina (P1).

(...) porque naquele momento eu pedi a este estabelecimento de ensino para ensinar e a escola aceitou-me, profissão que mantenho até ao presente (P7).

“Escolhi esta disciplina para ensinar neste nível do ensino, mas infelizmente, foi-me atribuída pela escola a disciplina de desporto, após cinco anos a ensino a disciplina de Ciências Físico-

Naturais (P8).

Escolhi ser professor da disciplina de Ciências Físico-Naturais no 3º ciclo do ensino básico, pois após finalizar o meu estágio pedagógico em 2017, a escola tinha necessidade de um professor de Ciência Biologia, então eu pedi para ensinar voluntariamente no seguinte ano letivo, ou seja, em 2018 (P12).

Eu escolhi ser professor da disciplina de Ciências Físico-Naturais no 3º ciclo do ensino básico, uma vez que na altura, a escola precisava de um professor de Física, então eu pedi para ensinar voluntariamente no seguinte ano letivo, mais precisamente em 2017 (P11).

Page 129: Fernão dos Santos Rodrigues

114

Portanto, eles lecionaram a disciplina CFN neste nível do ensino, já que eles fizeram

as suas atividades pedagógicas na respetiva escola, então pediram e a escola aceitou-os para

ensinarem de forma voluntária.

Após lermos as informações de cada entrevistado, notamos que a maioria dos

professores não são recrutados para lecionar a disciplina CFN, mas para lecionar a disciplina

física e biologia do currículo anterior, e não a disciplina CFN, uma vez que não existia na

altura. Sendo que, depois da reforma curricular aparece a nova disciplina CFN que integra

quatro domínios, tais como: física, química, biologia e geologia. Perante esta situação, os

professores foram obrigados a lecionarem esta nova disciplina.

4.2. 2 Motivação para a docência

Relativamente à motivação para a docência, após a independência e as transformações

do sistema político educativo do país, recolheram-se as informações e tentamos destacar

duas subcategorias posteriormente, tais como: motivação para ser professor e para ser

professor da disciplina CFN no 3º ciclo no ensino básico.

4.2. 2. 1 Para ser professor(a)

Quando se perguntou sobre a motivação para a docência, os professores referiram

duas razões distintas que se apresentam no quadro 15 seguinte:

Quadro 13 – Opiniões dos professores sobre a motivação para ser professor

Motivação para a docência Frequência Número (N)

Vocação 3 16

Partilhar Conhecimentos 13

Total 16

18,75%

81,25%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Vocação Partilhar Conhecimento

Gráfico 13 - Opiniões dos professores sobre a motivação para ser professor

Page 130: Fernão dos Santos Rodrigues

115

Relativamente à pergunta sobre a motivação para a docência, e segundo as opiniões

apresentada no gráfico 12, notamos que a maioria dos professores entrevistados, 13

professores, referiram que escolheram a profissão de professores visto que queriam partilhar

o conhecimento com os estudantes e também com os colegas profissionais para que

acrescentem os seus conhecimentos, de forma a melhorar a qualidade da sua

profissionalidade. Enquanto, os restantes, 3 professores, escolheram ser professores por

vocação.

No processo do ensino e aprendizagem existe a reciprocidade de forma a partilhar o

conhecimento entre os pares e os estudantes, que promove o aprimorar as competências,

quer pessoais ou profissionais. Tal como postularam os professores (P4; P5; P6; P7; P8; P9;

P10; P11; P12; P13; P14; P15; P16):

O que me motivou a ser professora é porque na escola encontro-me sempre com as pessoas, e posso transmitir o meu conhecimento e partilhar a nossa experiência com outras pessoas, daí posso enriquecer o meu conhecimento com os estudantes e colegas professores (P3).

(...) quero partilhar o meu conhecimento com os estudantes e colegas professores, tendo eu própria possibilidade para aumentar o meu conhecimento com o apoio dos meus colegas professores e também dos estudantes (P4). O que me motiva para ser professora é o querer partilhar e transmitir o meu conhecimento, penso que ao ensinar também aprendo com os alunos ou os meus colegas professores (P5).

O que me motiva para ser professor, é o querer partilhar a minha experiência aos alunos sobre Ciências, posso transmitir o meu conhecimento, e ao ensinar eu aprendo com os alunos ou os meus colegas professores (P6).

O que me motiva para ser professor é facto de poder partilhar a minha experiência aos alunos sobre Ciências, posso transmitir o meu conhecimento. Deste modo, penso que através do ensino aprendo mais com os alunos ou até mesmo com os meus colegas professores (P7).

O que me motivou para ser professor é a minha vontade em partilhar o meu conhecimento e experiência aos estudantes e penso que daí posso aumentar o meu conhecimento com o apoio dos meus colegas (P8).

O que me motiva para ser professora, é o querer partilhar a minha experiência aos alunos sobre Ciências, posso transmitir o meu conhecimento, e ao ensinar eu aprendo com os alunos ou os meus colegas professores (P9).

O que me motiva para ser professora é o querer partilhar a minha experiência aos alunos sobre Ciências, posso transmitir o meu conhecimento, e ao ensinar eu aprendo com os alunos ou os meus colegas professores (P10).

O que mais me motivou para ser professora foi o querer partilhar o meu conhecimento adquirido na minha formação. Porque a Biologia é uma área mais ampla que estuda os seres vivos incluindo o ser humano (P12).

Page 131: Fernão dos Santos Rodrigues

116

Sinceramente, o meu background não é para professores como já fui referido, mas naquele momento não havia recursos para ensinar, portanto eu vim para partilhar o conhecimento com os estudantes até a data. Assim, posso aperfeiçoar a minha competência (P14).

A minha motivação para ser professora reside no facto de querer ajudar os outros que precisam de apoio, isto é, estudantes, daí posso enriquecer o meu conhecimento, como os estudantes ou com os meus colegas professores (P15).

O que mais me motivou para ser professora foi o querer partilhar o meu conhecimento adquirido na minha formação. Porque a Biologia é uma área mais ampla que estuda os seres vivos incluindo o ser humano (P16).

Portanto, na profissão de professor há constantes interações entre as pessoas e que

possibilitam a aquisição de mais conhecimento e competências para melhorar a docência no

ensino. Considera-se a profissão docente como um elemento principal do setor educativo que

contribui para o desenvolvimento do país. Assim, um professor declarou a sua grande

motivação para ser professor:

(...) é porque considero que a educação é um elemento essencial para o desenvolvimento, portanto, queria transmitir o meu conhecimento para as novas gerações para que no futuro eles pudessem contribuir para o desenvolvimento do país (P11).

Os professores entrevistados (P1; P2; P13) referiram que a profissão escolhida, ser

professor, foi a sua verdadeira vocação. Como, mencionaram nas suas afirmações seguintes:

Ser professor é a minha verdadeira vocação, desde pouca idade que sabia aquilo que queria ser e essencialmente aquilo que me faz feliz. (...) considero que o professor é uma fonte de conhecimento e ao mesmo tempo um transmissor do mesmo (P1).

No meu caso, a escolha da minha profissão surgiu de forma muito natural, pois ser professor é a minha verdadeira vocação (P2).

A profissão de professor surgiu de forma muito natural, sempre manifestei interesse por esta área, a qual considero como uma vocação (13)

4.2.2.2 Para ser professor(a) de CFN

Ao perguntar sobre a sua motivação para a lecionar disciplina Ciências Físico-Naturais

os professores, apresentaram três respostas, que são destacadas no quadro seguinte:

Quadro 14 – Opiniões de professores sobre a sua motivação para ser professor CFN

Motivação para a docência Frequência Número (N)

Área de Especialidade 5

16 Obrigados 7

Gosta de Contagem 4

Total 16

Page 132: Fernão dos Santos Rodrigues

117

Gráfico 14 - Opiniões de professores sobre a sua motivação para ser professor CFN

De acordo com as informações apresentadas no gráfico 13, sobre a motivação dos

professores na lecionação disciplina CFN, a maioria dos professores foram obrigados devido

ao desaparecimento da disciplina física e biologia do currículo anterior, os restantes

professores, com percentagem idêntica, ensinam-na porque é a sua área especialidade, e

outros professores referem gostar de contagem, principalmente contagem das fórmulas.

Os professores referem que se encontram em grande dificuldade para lecionar a

disciplina de CFN, visto que alguns professores não são desta área especifica de formação,

porém são obrigados a ensinar devido ao desaparecimento das disciplinas física e biologia do

currículo anterior, após da reforma curricular, tal como argumentaram:

(...) o que me motivou a ser professora da disciplina de Física no currículo anterior foi a minha formação desde o ensino secundário até ao ensino superior. Desde sempre nutri particular gosto pela matéria desta disciplina, tornando-se na minha especialidade. Porém, depois da implementação do novo currículo, em 2011, no ensino básico do 3º já não apareceu a disciplina de Física como a de Biologia, ficou tudo agrupado na disciplina de Ciências Físico-Naturais. Portanto, eu não tinha outra opção, mas continuo a ensinar esta nova disciplina (P3).

A motivação para ser professora para a disciplina Ciências Físico-Naturais, é difícil, mas sim depois de reforma curricular não tenho outra opção para essa nova disciplina que agrupa quatro disciplinas diferentes, a saber Física, química, biologia e geologia porque no currículo anterior ensinei a disciplina física. P8. Queria ensinar a disciplina de Ciências Físico-Naturais porque sou da especialidade de Física como acima mencionado (P7).

Para ser professor da disciplina Ciências Físico-Naturais não foi a minha escolha, já antes de reforma curricular no ensino básico do 3º ciclo, em 2011, eu ensinei disciplina biologia. E depois de reforma curricular, não existe disciplina física e biologia, mas agrupam tudo numa área de conhecimento, chamado disciplina Ciências Físico-Naturais, que agrupam quatros domínios diferentes, são: ciência física, química, biologia e geologia. Perante nesta situação, não tenho outra opção, tenho que ensinar mesmo esta disciplina, porém não afasta muito a minha especialidade (P2).

31,25%

43,75%

25,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

Área de Especialidade Obrigados Gosta de Contagem

Page 133: Fernão dos Santos Rodrigues

118

Depois de implementação novo currículo em 2011, a matéria Física e Biologia desaparecido e apareceu novo programa chamado disciplina Ciências Físico-Naturais, que integra quatro áreas de conhecimentos diferentes, a saber Física, Química. Bilogia e Geologia. neste cenário, não tenho outra opção então contino lecionar a disciplina ciências biologia partilhado com professor de física (P14).

As dificuldades são visíveis como relata um professor, não apenas têm dificuldades ao

nível de conhecimento referente à disciplina, mas também no uso da língua portuguesa, como

a língua do ensino no sistema educativo de Timor-Leste, refere na afirmação:

foi bem mais difícil, porém o currículo anterior não foi difícil porque todas as disciplinas estavam separadas, sendo que o idioma utilizado era a língua indonésia como língua de ensino. Porém, depois da reforma curricular e da implementação do novo currículo em 2011, sinto muitas dificuldades porque já não existe a disciplina de Ciência Física, mas sim a disciplina de Ciências Físico-Naturais, que integra quatro domínios diferentes, a Ciência Física, Química, Biologia e Geologia. Neste contexto, para além das dificuldades que sinto na explicitação da própria matéria, depara-me também com sérias dificuldades ao nível da Língua Portuguesa, dado que, no novo currículo ela é utilizada como língua de ensino (P13).

A este propósito é necessário um investimento sério para a formação de professores,

de forma a disponibilizar uma formação constante para superar as dificuldades na lecionação

desta disciplina, que possa elevar a qualidade do ensino e de aprendizagem dos alunos.

Outros entrevistados referiram que a maior motivação para ser professor CFN é devido

à sua formação no ensino secundário até ao ensino superior, o interesse pelos conteúdos, a

vontade para aprender ciências naturais, como referem nas suas declarações:

O que mais me motiva para ser professora da disciplina de Ciências Físico-Naturais foi a minha formação em ensino secundário, desde daí eu aprendi Ciências Naturais porque fui no programa de ciências naturais e também a minha formação inicial na agropecuária. Estudei também algumas cadeiras ligadas às Ciências Naturais (P4).

O que me motivou a tornar-me professor da disciplina de Ciências Físico-Naturais foi o facto de me interessar bastante por esta área em específico, principalmente a matéria relacionada com os planetas (P1).

Queria ensinar a disciplina Ciências Físico- Naturais porque sou especialidades de física(P8).

A minha motivação principal para ser professores da disciplina de Ciências Físico-Naturais é desde a minha formação no ensino secundário eu gostava muito de Ciências Naturais e também a minha formação inicial no ensino superior na área de especialidade de Física (P11).

O que mais me motivou para ser professora da disciplina CFN é porque a minha especialidade é biologia e a disciplina referida compões alguns conteúdos relativamente à biologia, portanto eu partilho com outro colega de professor física para leciona-la (P12).

O que me motiva para ser professora da disciplina Ciência Físico-Naturais, porque eu tenho habilitações para esta disciplina (P15).

O que mais me motivou para ser professora foi o querer partilhar o meu conhecimento adquirido na minha formação. Porque a Biologia é uma área mais ampla que estuda os seres vivos incluindo o ser humano (P16).

Page 134: Fernão dos Santos Rodrigues

119

Verificou-se que os professores não têm a especialidade na disciplina CFN, mas nas

áreas diferentes, tais como biologia e física que ensinam de forma partilhada, a constituição

da referente disciplina. A motivação referida foi o facto de gostarem das ciências exatas e a

contagem das fórmulas. Como relatam:

A minha motivação para ser professora da disciplina de Ciências Físico-Naturais é porque na minha formação eu gostava muito de ciências exatas, principalmente a contagem de fórmulas (P5).

A minha motivação para ser professora da disciplina de Ciências Físico-Naturais é porque na minha formação eu gostava muito de ciências exatas, principalmente a contagem de fórmulas (P6).

A minha motivação para ser professora da disciplina de Ciências Físico-Naturais é porque na minha formação eu gostava muito de ciências exatas, principalmente a contagem de fórmulas (P9).

A minha motivação para ser professora da disciplina de Ciências Físico-Naturais é porque na minha formação eu gostava muito de ciências exatas, principalmente a contagem de fórmulas (P10).

Em suma, os professores que estão a lecionar CFN em regime de bidocência, nenhum

tem a especialidade nesta área de conhecimento, mas nas especialidades de bilogia e física,

separadamente e alguns com outras habilitações, por exemplo engenharia ou na área da

agricultura.

Quando se perguntou aos professores sobre a formação e os fatores que contribuí para

a lecionação da disciplina CFN, a maioria dos professores respondeu que foi a sua formação

desde o ensino secundário até ao ensino superior e também as formações oferecidas pelo

governo e pelas organizações privadas. Como referiram nas respostas os professores (P1;

P5; P6; P7; P8; P9; P10; P11):

Os fatores de formação que contribuíram para a minha lecionação a Ciências Físico-Naturais foram os seguintes: desde o ensino secundário que frequentei esta área e decidi continuar até à minha formação superior e também porque tive a oportunidade de participar nas formações oferecidas pelo Infordepe e também pela Unesco através de Sesim (P1).

Os fatores que contribuíram para a minha formação é a minha formação desde o ensino secundário até ao ensino superior e também a formação não formal oferecida pelo governo ou organizações privadas (P5).

Os fatores que contribuíram para ensinar a disciplina referida é a minha formação desde o ensino secundário até ao ensino superior e também a formação não formal oferecida pelo governo ou organizações privadas (P6)

Os fatores que contribuíram para lecionar esta disciplina e a minha formação desde o ensino secundário até ao ensino superior e também a formação não formal oferecida pelo governo ou organizações privadas (P7).

Page 135: Fernão dos Santos Rodrigues

120

Os fatores que contribuíram para ensinar a disciplina referida são a minha formação anterior desde o ensino secundário até ao ensino superior e outra formação não formal que eu frequentava (P8).

Os fatores que contribuíram para a minha formação, como já tinha dito, a minha formação desde o ensino secundário até ao ensino superior e também a formação não formal oferecida pelo governo ou organizações privadas (P9).

Os fatores que contribuíram para a minha formação é a minha formação desde o ensino secundário até ao ensino superior e também a formação não formal oferecida pelo governo ou organizações privadas (P10).

Os fatores que contribui para a minha formação para esta lecionação é a minha formação desde no ensino Secundário até ao ensino superior, ou seja, a minha formação inicial e a formação não formal que eu frequentei (P11).

Na mesma situação, o professor (P2; P4) reforçaram ainda que a sua formação desde

ensino básico até ao ensino superior e também algumas formações não formais que

frequentavam contribuíram e ajudaram para a sua lecionação da disciplina CFN, relataram

nas suas afirmações:

Os fatores que contribuíram para a lecionar disciplina CFN é a minha formação, pois é a área que sigo desde o ensino básico até ao ensino superior, gosto mesmo desta matéria e também gosto da formação não formal oferecida pelo governo ou pelas organizações privadas (P2).

Os fatores que contribuíram para ensinar esta disciplina é porque fui no programa de ciências naturais no ensino secundário e também a minha formação inicial na agropecuária, estudei também algumas cadeiras ligadas às Ciências Naturais. Para além disso, frequentei também formações oferecidas pelo Ministério da Educação e algumas dadas pelas organizações privadas (P4).

A formação inicial de professores e a formação não formal oferecidas pelo Ministério da

Educação ou por organizações privadas, ou seja, a formação contínua foram o grande contributo

à lecionação desta disciplina, como salientou o professor:

Os fatores principais que contribuíram para a minha formação para ensinar esta disciplina é a minha formação inicial própria, e também algumas formações não formais oferecidas pelo Ministério da Educação ou por organizações privadas (P3).

Também, como salientaram os professores (P14; P15; P16):

Os fatores que mais contribuíram para a minha formação para ser professora da disciplina Ciência Físico-Naturais é a minha formação desde o ensino secundário até à universidade, já que daí comecei a estudar a disciplina Ciência Naturais e continuei a aprofundar no ensino superior (P15).

Os fatores que contribuíram para a minha formação para lecionar a disciplina de Ciências Físico-Naturais é a minha formação desde o ensino secundário até ao ensino superior (P14).

Os fatores que contribuíram para a minha formação para lecionar a disciplina de Ciências Físico-Naturais é a minha formação desde o ensino secundário até ao ensino superior (p16).

Page 136: Fernão dos Santos Rodrigues

121

Assim, são visíveis os fatores que contribuíram para a formação dos respetivos

professores entrevistados para lecionar a disciplina CFN, formação a partir do ensino básico

até ao ensino superior, ou seja, a formação inicial e também formações não formais

oferecidas pelo governo ou pelas organizações privadas. Outros professores referem que a

formação inicial foi o único fator que contribuiu para a sua lecionação, uma vez que eles

nunca frequentaram nenhuma formação pelo governo ou organização privada.

Ao perguntarmos as expetativas e vontade dos professores sobre a lecionação da

disciplina CFN futuramente, em regime de bidocência, todos os professores entrevistados

responderam que querem continuar a lecionar esta disciplina no mesmo regime, uma vez

que consideram a profissão de professor já a sua vocação, tal como dizia o professor:

Sim, quero continuar a ser professor e nunca penso deixar esta profissional, uma vez que é a minha verdadeira vocação (P2).

Na mesma situação um professore respondeu que vai continuar, porque é a sua

especialidade. Assim, corrobora na sua afirmação:

(...), quero continuar a lecionar esta disciplina porque é a minha área de especialidade”

(P12).

Concluindo, apesar de muitas dificuldades enfrentadas pelos professores na lecionação

da disciplina CFN, os mesmos revelam um grande espírito e vontade para continuar a lecionar

a mesma.

4. 2. 3 O estatuto profissional

Relativamente ao estatuto profissional dos professores, apontaram três regimes

distintos, tais como: professor permanente ou funcionário público, contratado e voluntário.

Como se apresenta no quadro 17 seguinte:

Quadro 15 – Opiniões dos professores sobres o seu estatuto profissional

Estatuto Profissional Frequência Número (N)

Professor permanente 6

16 Professor Contratado 7

Professor Voluntário 3

Total 16

Page 137: Fernão dos Santos Rodrigues

122

Gráfico 15 - Opiniões do professor relativamente ao seu estatuto profissional

A informação denotada no gráfico 15, relativamente ao estatuto profissional de

professores da disciplina CFN indica que sete professores são contratados pelo Ministério da

Educação. Como referem os professores (P1; P2; P4; P8; P9; P14), à semelhança da

resposta “a minha situação profissional neste momento é professora contratado do Ministério

de Educação” (P2); seis professores permanentes do Ministério da Educação. Assim, os

professores (P3; P5; P6; P7; P10; P13) denotaram na mesma resposta “Sou professora

permanente ou funcionária pública”.

Todavia, alguns professores ainda trabalham em regime voluntário nas escolas. Mesmo

assim, têm muita vontade de preparar a matéria segundo as capacidades e condições para

contribuir para o ensino e aprendizagem dos alunos da respetiva disciplina. Embora, encarem

muitas dificuldades na sala de aula, devido aos escassos recursos materiais e de

infraestruturas. Assim, referem nas suas respostas:

Sou professor voluntário, esforçando-me para preparar a matéria para os estudantes, porque o manual desta disciplina é muito complexo, por vezes alguns conteúdos não têm fórmula e exercício, porém têm trabalho ou questões para resolver (P11).

Sou professor voluntário e enfrento muita dificuldade na sala de aula com poucos materiais didáticas para me ajudar na lecionação desta disciplina (P12).

Tenho muita dificuldade na sala de aula quando enfrento alguns conteúdos que necessitam de demonstração para estudantes, mas às vezes nem sequer tenho materiais para fazê-la, mesmo voluntariamente, tenho muita vontade para fazer isso (P16).

37,50%

43,75%

18,75%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

Professor permanente Professor Contratado

Professor Voluntário

Page 138: Fernão dos Santos Rodrigues

123

Após lermos as declarações apresentadas pelos professores entrevistados,

denunciamos que a maioria dos professores estão a desejar o ingresso no regime da carreira

docente, uma vez que a carreira docente definida no n.º 2 do artigo n.º 30 do Decreto da Lei

nº 23/2010, que “a Carreira Docente desenvolve-se pelas categorias profissionais

hierarquizadas de: a) Assistente; b) Professor; c) Professor Sénior”. De acordo com este

normativo, apenas seis professores estão no regime da carreira de docente, os restantes, são

contratados ou voluntariados e fora do mesmo regime.

Portanto, os professores contratados estão num vínculo de contrato no termo certo,

semestral ou anual, que possa renová-lo ou até ao momento de desvinculo o contrato de

acordo com as necessidades do Ministério da Educação, já que apenas preenchem as

ausências de docentes na escola, regulada no n.º 2 do artigo n.º 29 da mesma lei. Enquanto,

os professores voluntários desejam a possibilidade e necessidade do Ministério da educação

para celebrar os seus contratados ou passem a ser permanentes, conforme a abertura do

concurso que irá estabelecer.

4. 2. 4 Dispositivos contributos à lecionação de bidocência a CFN

Nesta temática, tentamos obter as informações relativamente à formação contínua de

professores no âmbito de aprimorar a lecionação da disciplina CFN. Assim, apresentamos as

respostas dos professores da respetiva disciplina no quadro 18 em baixo:

Quadro 16 – Opiniões de professores sobre a sua participação de curso

Participação de Formação Frequência Número (N)

Sim 13

16 Não 3

Total 16

Page 139: Fernão dos Santos Rodrigues

124

Gráfico 16 - Opiniões de professores sobre a sua participação de curso

As informações recolhidas relativamente a formação contínua de professores que

denota no gráfico 16, identificamos que a maioria dos professores entrevistados (13)

frequentaram a formação contínua. Não obstante, alguns professores (3) nunca frequentam

nenhuma formação.

Assim, é visível que, há disparidade de professor ao acesso de formação contínua, de

forma ampliar sua competência que se implica o resultado sua produção, ou seja, melhoria

a sua qualidade do ensino e aprendizagem.

A formação focalizou-se na capacitação do conhecimento de professor a disciplina

CFN, basicamente na atividade prática laboratoriais e também ao conhecimento da língua

portuguesa. Assim, corroboraram nas sua respostas:

(...) participei em várias formações relativamente a utilização material locais ou simples na prática de Ciências, principalmente nas propostas atividade laboratoriais nos manuais escolares da disciplina referida em todo ano de escolaridade e também à língua portuguesa (P1).

(...) facultei várias formações sobre a língua portuguesa e prática de ciências, basicamente uso materiais locais ou simples na implementação atividade práticas laboratoriais das propostas atividades laboratoriais destacadas nos manuais escolares a respetiva disciplina (P2).

(...) eu frequentei muitas formações sobre as práticas laboratoriais a disciplina CFN e língua portuguesa (P3).

(...) eu frequentei várias formações sobre Ciências Físico-Naturais e sobre Língua Portuguesa (P4).

(...) formação focou-se na capacitação dos conhecimentos de professores na área de Língua Portuguesa e também na área de Ciências, sobretudo nas práticas laboratoriais com uso de materiais simples ou locais (P5).

81,25%

18,75%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Sim Não

Page 140: Fernão dos Santos Rodrigues

125

(...) formação focou-se na capacitação dos conhecimentos de professores na área de Língua Portuguesa e também na área de Ciências, sobretudo nas práticas laboratoriais com uso de materiais simples ou locais (P6).

(...) todas focadas focaram-se na capacitação dos conhecimentos de professores na área de Língua Portuguesa e também na área de Ciências, sobretudo nas práticas laboratoriais com uso de materiais simples ou locais que podemos implementar as propostas atividades laboratoriais abordados nos manuais escolares. Além, disso, também nos ofereceram manuais práticos (P7).

(...), formação focou-se na capacitação dos conhecimentos de professores na área de Língua Portuguesa e também na área de Ciências, sobretudo nas práticas laboratoriais com uso de materiais simples ou locais (P9).

(...), formação focou-se na capacitação dos conhecimentos de professores na área de Língua Portuguesa e também na área de Ciências, sobretudo nas práticas laboratoriais com uso de materiais simples ou locais (P10).

(...) frequentei muitas vezes a formação relativamente a implementação atividade laboratoriais no uso de materiais simples e língua portuguesa (P13)

(...), frequentei várias formações sobre a ciência, especialmente a atividade prática de laboratoriais com a utilização de matérias simples e também a língua portuguesa” (P14).

(...), frequentei várias formações sobre língua portuguesa e também ciências, basicamente nas implementações atividade prática com o uso materiais simples (P15).

Na mesma situação, uma professora reclamou que facultava uma formação oferecida

pelo governo através de projeto Formar+ sobre a língua portuguesa e a ciência física, porém

todos os conteúdos foram para a matéria do ensino secundário, não foi para o 3º Ciclo do

Ensino Básico. Como reclamou na sua resposta:

(...), frequentei uma formação, chamada Formar+, esta formação focalizou-se na área língua portuguesa e de Física, mas é para ensino secundário, mas o ensino básico do 3ºciclo ainda não (P11).

Embora, alguns professores ainda não tiveram oportunidade para participar a

formação, quer pelo governo ou organizações privadas. Sabendo que precisam a formação

para aperfeiçoar a sua aptidão, quer a nível de pedagógico ou de conhecimento para que

torna a qualidade do ensino e da aprendizagem. Como referiram nas suas afirmações:

Sinceramente, nunca frequentei nenhuma formação sobre a disciplina de Ciências Físico-Naturais (P12).

Sinceramente, nunca frequentei nenhuma formação sobre a disciplina de Ciências Físico-Naturais (P16).

Um professor relatou que não participou nenhuma formação sobre a disciplina CFN e

a língua portuguesa, já que nos primeiros cinco anos ensinou outra disciplina que é a

disciplina desporto e mais tarde em 2017 até a data mudava para lecionar a disciplina CFN.

Page 141: Fernão dos Santos Rodrigues

126

Ao longo da sua lecionação a disciplina CFN, quer o governo ou organizações privadas ainda

não lhe disponibiliza a formação. Portanto, referiu na sua declaração:

(...), nunca frequentei nenhuma formação nesta área porque como já tinha dito, ensinava outra área e nos últimos dois anos a minha lecionação ainda não tem formação pelo governo ou organização privada (P8).

Em síntese, a formação oferecida para os professores com a intenção de aperfeiçoar

o conhecimento dos professores na prática de ciência com a utilização de matérias simples

e eleva o seu à língua portuguesa que considera com a língua do ensino em todos os níveis

de ensino.

Possivelmente, quando eles voltam a escola continuam a enfrentar a dificuldade para

implementar a aula pratica, uma vez que de facto a escola não a coloca o horário. Além disso,

a taxa de estudantes a cada aula muito elevada e a maioria das escolas em todo território

ainda falta de laboratório e matérias laboratoriais. É evidente que, Timor-Leste está adota a

política do sistema educativo obrigatório universal e gratuito para todos os cidadãos e o

número estudante aumento de cada ano letivo, adiante nesta situação é indispensável um

investimento co uma verba orçamento suficiente para facilitar o processo de ensino e

aprendizagem, se não prejudica o trabalho de docente.

Para Formosinho (2009, p. 41) a escola de massa tem duas consequências para na

formação de docente: primeira “suscitou nas universidade nas reformas estrutural da

formação de professores, formulando modelos de formação profissional inicial de

professores, e por última, suscitou uma respostas conjuntural do estado: a facilitação do

estado do acesso à profissão, o a alargamento da de recrutamento e diminuição das

exigências de formação”.

Por esta ideia, a ação do governo na formação de professores ainda está andando

neste caminho, que alguns programas de formação não foram ligados à disciplina CFN do 3º

Ciclo do Ensino Básico, mas à ciência física do Ensino Secundário. E infelizmente alguns

professores ainda não frequentaram nenhuma formação.

Quando perguntaram sobre a quantidade de formação que participaram, responderam

várias respostas, como apresenta no quadro 19 se segue:

Page 142: Fernão dos Santos Rodrigues

127

Quadro 17 – opiniões de professores relativamente a quantidade de participação de formação

Quantidade de Formação Frequência Número (N)

Não perguntou 3

16

Uma Vez 1

Duas Vezes 1

Seis vezes 7

Oito vezes 2

Doze Vezes 2

Total 16

Gráfico 17 - opiniões de professores relativamente a quantidade de participação de formação

Baseando o resultado mostrando no gráfico 17, verificamos que a maioria dos

professores (7) facultaram seis vezes formação contínua com propósito aprimorar o seu

conhecimento para melhorar a lecionação da disciplina CFN para que eleva a qualidade do

ensino e aprendizagem; o número dos professores que participaram apenas uma vez e duas

vezes de formação foram iguais (1). Assim como os que frequentaram oito e doze vezes foram

iguais (2). Enquanto, 3 professores entrevistados não perguntaram, visto que ainda não

frequentaram nenhuma formação ao longo exercem a sua função.

Portanto, havia discrepância da participação de formação para os professores, por

causa de mais número professores da disciplina CFN na escola. Nesta forma, a escola

mandou-lhe rotativa para a participa-la, uma vez que havia limitação do número de

professores conforme o convite ou proposta pelo estabelecimento de formação devido a falta

18,75%

6,25% 6,25%

43,75%

12,50% 12,50%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

50,00%

Não perguntou Uma Vez Duas Vezes Seis vezes Oito vezes Doze Vezes

Page 143: Fernão dos Santos Rodrigues

128

de fundos financiamento. Como corrobora a resposta: “Na nossa escola frequentamos as

formações de forma rotativa, portanto participei duas vezes sobre Ciência e uma vez sobre

Língua Portuguesa” (P4).

Relativamente a duração do curso frequentada pelos professores cada fase de

formação tinha período de tempo diferentes, como: a formação fornecida pelo Infordepe com

a duração uma semana aos três meses; oferecida pela Jica durou duas semanas de cada

fase; e pelo Sesim uma semana de cada fase e todas as formações comportam oito horas

por dia. Assim, refere na sua resposta:

A formação facultada pelo infordepe, mais precisamente seis vezes primeira fase teve três meses, a segunda fase um mês e as outras todas uma semana, das 8:00h até 17h, oferecidas pelo Unesco através de Sesim cinco vezes, cada fase uma semana à mesma hora como mencionado anteriormente e Jica duas semanas a partir das 8:00h da manhã até às 17:00h da tarde (P14)

A formação fornecida pelo infordepe, foi seis vezes primeira fase teve três meses, a segunda fase um mês e as outras todas uma semana, das 8:00h até 17h, oferecidas pelo Unesco através de Sesim cinco vezes, cada fase uma semana à mesma hora como mencionado anteriormente e Jica duas semanas, oito horas por dia (P13).

Portanto, o infordepe tem o papel mais importante na formação do professor. forneceu

formação mais frequente e tem longa duração. Os professores declaram que a duração da

formação comporta um mínimo de três dias até uma semana e contemplam oito horas por

dia, conforme a capacidade do estabelecimento da formação. Como refere P15, a “(…)

formação teve a duração mínima de três dias até uma semana, cada fase de formação é

constituída por 8 horas por dia, das 8:00h até às 17:00h”.

Enquanto, alguma formação frequentada dois dias de cada semana e duas horas de

cada encontro, tal referiu o professor P11, “(…) duração de dois dias em cada semana e cada

encontro durou cerca de 2 horas”. Esta formação foi oferecida através de cooperação do

governo português e Timor-Leste no projeto de Formar+ que dá a capacitação dos professores

na área de conhecimento de ciência e conhecimento da língua portuguesa.

Quando se perguntou a entidades de oferecimento da formação frequentadas pelos

professores, disseram que as formações referidas foram disponibilizadas pelo governo

através de cooperação com as entidades nacionais e internacionais, a saber: Infordepe,

Unesco através de Sesim, Jica, e também com alguns países da CPLP, como Brasil e

Portugal, tal como afirmação do professor P2, “(...) estas formações são oferecidas pelo

Page 144: Fernão dos Santos Rodrigues

129

governo através do Infordepe e de algumas organizações mundiais como, Unesco através de

Sesim, Jica e também pelo governo do Brasil e Portugal”.

Neste cenário, o governo tem o grande espírito para elevar a qualidade dos professores

através de formação contínua, que se torna a qualidade da educação com eficiente e eficácia.

Sendo assim, os professores continuam a enfrentar dificuldade, já que o próprio Infordepe

ainda tem condição insuficiente, como destaca Carvalho (2015, p 145), “(...) falta de recursos

humanos (falta de formadores nacionais) e a falta de recursos materiais, como materiais

didáticos, laboratórios e equipamentos”.

O governo necessita investir ao referente instituto, de forma elevar a capacidade dos

formadores e também construir as infraestruturas com os materiais didáticos e equipamentos

suficientes para implicar o resultado da formação dos formandos, principalmente os

professores, uma vez que é único instituto público que servira a formação para todos os

funcionários do Ministério da Educação, quer docentes ou não docente.

Assim também é necessário definir um programa padronizado e adequado para os

contextos escolar de todo território para responder as necessidades dos professores, pois

cada vez mais os conteúdos de formação são repetidos de cada fase da formação e também

não está acordo com o nível do ensino, por exemplo, os programas de formação surgem para

favorecer os professores do ensino secundário, mas são oferecidos aos professores do ensino

básico, como exposto pelo professor P11. Assim, como refere Carvalho (2015, p 145), “O

INFORDEPE não tem ainda um programa de ação sistemática e organizada para a formação

contínua de professores”.

Neste cenário, a formação contínua de professores ainda não está garantida para

elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem, devida as dificuldades supracitadas que

enfrentadas pelos formadores de professores, quer na escola ou na instituição de formação

de professores. Esta condição é preciso de grande investimento e gestão adequada por parte

das entidades responsáveis pela educação, principalmente o Ministério da Educação, já que

a formação de professor é um pilar tão fulcral para a qualidade da educação.

Perrenoud (2000, p. 12) afirma que “(…) as instituições de formação inicial e contínua

precisam de referencial para orientar seus programas, e os inspetores servem-se deles para

Page 145: Fernão dos Santos Rodrigues

130

avaliar os professores em exercício e pedir-lhe contas”. Portanto, o fornecedor de formação,

quer inicial ou contínua são imprescindíveis adotar um programa apropriado para preparar

os estudantes de futuros professores com qualificados, acompanham e avaliam os

professores em exercem a função para que reconfiguram seus conhecimentos.

No 3º Congresso Nacional da Educação timorense em 2017, o Ministro da Educação

do VI governo constitucional, Senhor António da Conceição consciente que “(...) a gestão e

formação de professores, aspetos centrais e determinantes da qualidade do sistema de

ensino” (2017, p. 111). Portanto, é indispensável que permaneça uma formação contínua

para os professores, de forma a atualizar e ampliar as suas competências ao contexto de

globalização do mundo atual. Apesar das dificuldades enfrentadas pelos professores na

lecionação referente disciplina, o governo faz grande esforço, através de cooperação com

várias entidades, quer nacionais ou internacionais, como acima mencionadas para elevar a

qualidade dos professores através de formação contínua.

Relativamente às formações frequentadas pelos professores, pronunciam que a

formação foi boa e contribui bastante os seus conhecimentos das atividades práticas

laboratoriais e da língua portuguesa, mas ainda não suficiente, dado que o tempo de

formação foi insuficiente. Assim, todos os professores entrevistados referem a mesma coisa,

como na afirmação se segue:

(...) as formações são muito benéficas para nós docentes, porque nos ajuda bastante nas aulas práticas e também aumenta o nosso conhecimento acerca da Língua Portuguesa. No entanto, para além dos aspetos positivos enunciados existem também alguns contras, como por exemplo o seu tempo de duração ser muito limitado e insuficiente. Deste modo, seria necessário aumentar as horas de formação para aumentar as nossas competências científicas e pedagógicas (P1).

A formação foi boa e suficiente, mas é necessário continuar com mais formação porque a Ciência é precisa prática. Porém, voltámos para a escola e não podemos implementar o que aprendemos na formação porque a escola não tem materiais laboratoriais e até algumas escolas não têm laboratório (P15).

Assim, é necessário construir a infraestruturas, como bibliotecas e laboratórios

completando com os matérias didáticos e equipamentos laboratoriais para podem

implementar os conhecimentos adquiridos na escola, mas também apegam os

conhecimentos dos professores a nível de pedagógico e da língua portuguesa através de uma

formação constante, pois há muitos professores têm dificuldade da pedagógica e da língua

portuguesa.

Page 146: Fernão dos Santos Rodrigues

131

Obviamente a língua portuguesa um enorme desafio ao processo do ensino e da

aprendizagem. Todos os professores são obrigados para utilizar-se as linguais oficiais, quanto

a língua instrução de para ensino. Isto é, a língua portuguesa e acompanhado com a língua

tétum, uma vez que de facto todas as disciplinas e os textos são produzidos em língua

portuguesa.

Como a experiência, mais frequente utiliza-se a língua tétum no processo do ensino e

da aprendizagem do que língua portuguesa, dado que tinha muita dificuldade em língua

portuguesa. Assim, como declara o professor P7, “(...) em vez das dificuldades de ciência

também temos dificuldades em Língua Portuguesa para ensinar”. Portanto, os professores

têm grande dificuldade da língua portuguesa, na transmissão dos saberes na sala de aula.

Esta condição, dificulta o processo da aprendizagem dos alunos, principalmente no memento

do teste, já que os professores explicam em língua tétum, logo no teste, todos os pontos de

exame são produzidos em língua portuguesa e os estudantes são obrigados para responder

em língua portuguesa.

Em suma, a língua portuguesa um dos grandes fatores que prejudica a qualidade do

sistema do ensino. Deve estabelecer mais formação de língua portuguesa para os de

professores, de forma superar a dificuldades referida que implica a qualidade do ensino e

aprendizagem. De acordo com resultado do diagnóstico nacional da educação apresentado

pelo grupo de trabalho no 3º congresso nacional da educação:

E a exigência de mais horas para a língua portuguesa, a começar dos primeiros anos do Ensino Básico, começando com maior números de horas nos anos iniciais e ir diminuindo gradativamente com o avanço para anos maiores; o raciocínio é precisamente o de garantir um domínio antecipado da língua principal de instrução no processo educativo do cidadão, que vai ter um impacto direto no processo de aprendizagem ulterior(Araújo, 2017 p. 126).

Portanto, é necessário impõe mais carga horário para a língua portuguesa para que as

crianças a aprendem piramidalmente desde no Ensino Básico até ao Ensino Superior que se

torna o resultado do ensino e aprendizagem mais eficiente e eficácia.

4. 2. 5 Potencialidade e constrangimento da implementação de regime

bidocência a CFN

Neste ponto, perguntou aos professores entrevistados para pronunciar as facilidades e

dificuldades sentidas na lecionação disciplina CFN no regime de bidocência. Portanto,

Page 147: Fernão dos Santos Rodrigues

132

colocaram-se algumas potencialidades e alguns constrangimentos que se apresentam nas

duas temáticas seguintes:

4. 2. 5.1 Potencialidade

De acordo com a composição dos domínios a referente disciplina, pronunciam que a

implementação tal regime na sua lecionação é muito benéfico, visto que os conteúdos são

partilhados pelos dois professores que ensinam, cada professor ensina conforme a sua tarefa,

três horas de ensino, conforme a carga horária atribuída pelo currículo nacional. No entanto,

quando partilhada, cada professor dispõe de 3, o que representa uma carga horária de ensino

aumentada para seis horas. Assim refere o entrevistado:

(...) em regime de bidociência apresenta muitas vantagens porque as aulas são partilhadas por dois professores. Portanto, temos tempo suficiente para preparar as matérias aos estudantes, e a carga horária para a referida disciplina são de apenas três horas de ensino segundo o currículo nacional, porém quando partilhada por dois professores cada professor tem três horas de ensino de cada encontro, então na prática a disciplina de Ciências Físico-Naturais tem seis horas de ensino de cada encontro (P1).

A lecionação do regime referido uma forma de juntar a força para superar as

dificuldades relacionadas à composição dos domínios da respetiva disciplina, de cujo cada

professor vai responsável sua área especialidade e mais outro domínio ligado sua área

específica, professor de física leciona os conteúdos ligado à física e química, por exemplo.

Como afirmam os professores entrevistados (P2; P4; P5) “(...) a lecionação de Ciências Fisico-

Naturais em regime de bidocência tem vantagem o facto de ter dois professores que partilham

o ensino conforme a sua área de especialidade” (P5).

Nesta condição, desafia-os para aprenderem outro domínio para ensinar seus

estudantes, visto que um professor ia responsável dois domínios, tal como declara um

professor que:

(...) cada professor é responsável pelas duas materiais diferentes, a saber o professor de Física é responsável pelos conteúdos ligados à Física e Química e o professor de Biologia é responsável conteúdos ligados à Biologia e Geologia (P12).

Também um professor reforça que a implementação deste regime tem

a vantagem da lecionação da Ciências Físico-Naturais em regime de bidocência foca-se na composição da referida disciplina que engloba quatros matérias diferentes, portanto obriga-nos a aprender outros conhecimentos que não são a nossa especialidade. Por exemplo, a minha especialização é física, mas tenho que estudar mais química, assim como professora Biologia (P9).

Page 148: Fernão dos Santos Rodrigues

133

Porém, alguns professores são obrigados ensinar todo domínio da composição da

disciplina referida, devido a escola tem carência de professores. Como corroboram os

professores P6, P7, P8, na mesma declaração:

A vantagem da lecionação da Ciências Físico-Naturais em regime de bidocência foca-se na composição da referida disciplina que engloba quatros matérias diferentes, portanto obriga-nos a aprender outros conhecimentos que não são a nossa especialidade. Por exemplo, a minha especialização é Biologia, mas tenho que estudar Física, Química e Geologia para ensinar.

Portanto, a potencialidade da lecionação do regime de bidocência é visível que apenas

partilhar responsabilidades dos professores relacionados aos domínios integrados a disciplina

em si, de forma o preenchimento a insuficiência de professores na escola, não resulta a

eficiência do resultado do ensino e aprendizagem, porque os professores não lecionam de

acordo com a sua especialidade. Infelizmente, algumas escolas não implementam ensino

partilhada, regime bidocência, já que há insuficiências de professores nesta área. Portanto, é

indispensável recrutar mais professores nesta área.

4. 2. 5.2 Constrangimento

O ensino partilhado, regime de bidocência, na lecionação da disciplina CFN os

professores enfrentam grande dificuldades, quer a nível do conhecimento da ciência,

pedagógico e também a língua portuguesa, uma vez que não estavam a lecionar todos

domínios na constituição da disciplina referida. Para além a dificuldades aos conteúdos da

disciplina, tem a dificuldade da língua portuguesa no processo de ensino.

Assim todos os professores entrevistados, do P1 ao P16), relatam a mesma coisa que

a lecionação do regime bidocência a disciplina CFN:

tem desvantagens porque esta matéria é composta por quatros disciplinas, sendo que fica difícil transmitir aos nossos alunos os conteúdos que não têm ligação com a nossa especialidade, a título de exemplo posso referir que sou professora de Biologia mas tenho que ensinar também os conteúdos ligados à Geologia, assim como de Física.

Os professores P6, P7 e P8 relatam que “(…) a carga horária atribuída a essa disciplina

não é suficiente, porque são apenas três horas de ensino”, devido cada professores ensina

todo os domínios da constituição da referente disciplina, então ensinam de acordo

exatamente no currículo nacional, que era apenas três horas de ensino, embora os ostros

ensinam seis horas, uma vez que o ensino partilhado e cada um ensina três horas do ensino.

Page 149: Fernão dos Santos Rodrigues

134

Os professores P2, P3 e P15 salientam a mesma declaração, que em vez de

dificuldades aos conteúdos da disciplina, têm a dificuldades na sua avaliação. Como referem

na sua afirmação:

(...) desvantagens como na sua avaliação que no final do teste atribui nota única na caderneta escolar. Por isso, os pais não conseguem saber o desempenho dos seus filhos tanto a Física ou Biologia.

Relativamente à sua avaliação maioria dos professores disseram que cada um

elabora seus pontos exames acordo com os conteúdos ensinados, depois no final do teste

faz a media do somatório dos valores, uma vez que atribui a nota única na caderneta escolar.

Os professores P1, P2, P3, P4, P5, P9, P10, P11, P12, P13, P14, P15 e P16 referem a

mesma opinião, que no tempo de exame nós elaboramos os pontos de exame de cada

professor são dados de forma separada, mas no final os dois fazem uma somatória para

atribuir nota única na caderneta”. Porém, reclamam que a atribuição a nota única não é boa

porque “(...) dificulta o processo de autoavaliação por parte dos alunos e até os pais próprios

não identificam o desempenho do seu filho de cada domínio integrados da referida disciplina”.

Entretanto, os professores P6, P7 e P6 relatam que “cada um usa o seu próprio

critério, através de lista de presença, participação de aula, trabalho de casa e o teste final. A

atribuição de nota única é boa porque dividimos por turma”, já que cada um ensina a toda

disciplina. Sendo que, denunciam sobre a atribuição nota única, referem a mesma com

outros entrevistados supracitado, que “(...) os pais não conseguem saber o desempenho do

seu filho a cada composição desta disciplina”.

Em suma, identifica-se que têm a dificuldades quanto transmitido os conteúdos que

não são suas especialidades e na sua avaliação, e que atribui a nota única, mas pelo facto

ensinam por dois professores. Neste sentido, os alunos sós não conseguem o seu

desempenho, por exemplo o professore de biologia atribui-lhe nota oito e de física seis, logo

tem media final nota sete na caderneta escolar.

Para ultrapassar essa dificuldade, necessitam apoiá-los a formação contínua de

forma constantes ou regular. Hoje em dia, o professor necessita uma formação diferenciada,

deve ter o conhecimento a nível conteúdos, pedagógico, tecnologia e também tem a

capacidade de conhecer seus estudantes. Isto é, conhecer o ponto partida de cada estudante

através de avaliação diagnóstica para que os conduza a chegar ao objetivo do ensino e

aprendizagem.

Page 150: Fernão dos Santos Rodrigues

135

De acordo com Perrenoud (2000), o professor deve ter competência de pedagógica,

de trabalho colaborativo e tem competência no uso novos dispositivos educativos como,

computador, projetor, e outros aplicativos aprendizagens que pode conduzir o processo

aprendizagem mais dinâmica. O autor apresenta dez competências exigidas para os

professores que responda as necessidades e exigências da era globalização atual, tais como:

1- organizar e dirigir situações de aprendizagem; 2- administrar a progressão das aprendizagens; 3- conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; 4- envolver os alunos em sua aprendizagens e em seu trabalho; 5- trabalho em equipa; 6- participar da administração da escola; 6- informar e envolver os pais; 7- utilizar novas tecnologias; 9- enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; administrar a sua própria formação contínua (Perrenoud, 2000, p. 14)

4.2.6 Estratégias utilizadas na lecionação de bidocência

Quando se perguntou relativamente a estratégia utilizados pelos professores na

lecionação regime bidocência a disciplina CFN, os professores P1, P2, P3, P4, P5, P9, P10,

P11, P12, P13, P14, P15 e P16 a mesma afirmação que “(...) é dividir por capítulos os

conteúdos. Neste cenário, os conteúdos ligados à Ciência Física e Química, o professor de

Física tem que ensinar os que ligados à Ciência Biologia e Geologia”. Portanto, ensino dividido

por conteúdos, isto é, os conteúdos ligados física e química ensinado de professor física,

assim como ligados biologia e geologia lecionado pelo professor biologia.

Não obstante, os professores P6, P7 e P6 relatam que “(...) a minha escola só existe

três professores de Ciências, divididos por turma. No entanto, apenas um professor ensina

toda a composição dessa matéria. E daí, quando temos algumas dificuldades temos que

consultar outros professores”. Assim, devida a falta de professores na escola, dividem por

turma, cada professor responsável a toda disciplina.

Portanto, este regime de lecionação não é obrigado, mas conforme a número de

professores na escola. Isto é, se for insuficiência de professores nesta área, não implementa

ensino partilhado, mas divido por turma ou por ano de escolaridade, um professor ensina 7º

ano de escolaridade, 8º ano de escolaridade e um professor ensina 9º escolaridade, por

exemplo, assim vice-versa.

Page 151: Fernão dos Santos Rodrigues

136

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS, IMPLICAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

DE INVESTIGAÇÃO

Neste capítulo apresentamos as conclusões dos resultados da investigação

desenvolvida, através da análise de conteúdos dos dados obtidos por inquérito de entrevistas

semi-estruturadas. A análise foi feita tendo em conta os objetivos traçados e os quadros

teóricos destacados da própria investigação. Assim, relembra-se os mesmos objetivos em

segue:

✓ Caracterizar o perfil dos professores que lecionam a disciplina de Ciências Físico-

Naturais do 3º ciclo do ensino básico

✓ Identificar as dificuldades que os professores enfrentam na implementação do

currículo vigente, no regime de bidocência, no âmbito das disciplinas de Ciências

Físico-Naturais do 3.º ciclo do ensino básico;

✓ Identificar as estratégias de ensino/aprendizagem utilizadas pelos professores que

lecionam a disciplina Ciências Físico-Naturais do 3.º ciclo do ensino básico, sabendo

que, esta disciplina, na realidade integra quatro disciplinas diferentes (Física,

Química, Biologia e Geologia);

✓ Analisar as perceções dos professores sobre a disciplina de Ciências Físico-Naturais

do 3.º ciclo do ensino básico, no âmbito do currículo vigente;

✓ Caracterizar vetores facilitadores do currículo vigente, capazes de promover a

qualidade do ensino/aprendizagem;

✓ Propor um perfil de professor, em regime de bidocência, que garanta a qualidade do

ensino/aprendizagem na disciplina de Ciências Físico-Naturais do 3º ciclo do ensino

básico;

Para além das considerações finais, apresentamos a sua implicação e algumas

recomendações para a futura investigação e também para o Ministério da Educação, de forma

informativa, para tomar a decisão no âmbito de melhoria do processo de ensino e da

aprendizagem, basicamente, o ensino das ciências, CFN.

5.1 Considerações finais

Assim, tiramos as essenciais inferências e conclusões da investigação desde as

mensagens recolhidas pelos entrevistados, tanto aos diretores da escola ou aos professores

Page 152: Fernão dos Santos Rodrigues

137

da disciplina CFN, de modo a definir o perfil dos professores da disciplina CFN na lecionação

em regime de bidocência. Para podermos identificar o perfil dos professores nesta lecionação,

analisamos a partir do processo de recrutamento dos respetivos professores, no ponto de

vista dos diretores da escola e também do processo de profissionalização dos professores de

CFN, na lecionação em regime de bidocência.

O que referem os diretores da escola sobre a entidade legal para fazer o recrutamento

de professores é da competência exclusiva do Ministério da Educação e da Função Pública.

Sendo assim, de facto, a escola tinha carência de professores, e a entidade competente não

solucionava, então a escola tomava como alternativa receber professores voluntários para

lecionarem sem remuneração. Mais tarde, a escola recomenda-os ao Ministério da Educação

para procederem ao contrato ou a situação permanente, conforme a capacidade financeira

do ministério.

Portanto, os professores não são recrutados diretamente pelo Ministério da educação,

porém, através de candidatos recomendados de cada escola, conforme a necessidade da

escola. Sendo que, alguns professores, eram recrutados pelo UNTAET, no período de governo

transitório, e, mais tarde, em 2008, o Ministério da Educação celebrou contratos diretamente

com professores.

No entanto, a escola privada tem autonomia para celebrar o concurso. Então, a escola

faz o concurso interno para os professores estagiários, conforme as necessidades da escola,

no final todos os professores são recomendados para o Ministério da Educação, para proceder

ao contrato ou situação permanente, conforme a capacidade do referido ministério. Neste

contexto, o diretor da escola é o agente principal da seleção dos candidatos, professores.

Portanto, o Ministério da Educação é um órgão decisório ao recrutamento de professores

para todas as escolas do território, quer públicas ou privadas.

Relativamente às competências exigidas na seleção dos candidatos a professor de

CFN, os diretores referem que não se exigem critérios rigorosos, quer a nível académico ou

da especialidade, já que a maioria dos professores desta disciplina eram professores de

Biologia e Física, no currículo anterior, que eram as especialidades de habilitação para a

docência. Outros professores tinham especialidade em engenharia mecânica ou agronomia,

mais uma vez, na altura o país tinha carência de recursos humanos para esta área, desta

forma, estes professores foram lecionar. Portanto, após a reforma curricular em 2011,

Page 153: Fernão dos Santos Rodrigues

138

aparece esta nova disciplina, CFN, que integra ciência física, química, biologia e geologia,

então continuaram a lecioná-la até ao presente. Na escola privada, os diretores recrutavam

os estudantes finalistas da UNTL da FEAH, porque havia insuficiência de professores nesta

área.

Assim, verificamos que, o processo da seleção dos professores para a lecionação em

regime de bidocência na disciplina de CFN, se faz em dois processos diferentes: os

professores da ciência física e biologia, do currículo anterior, lecionam a disciplina em

bidocência e, os outros, são selecionados pela escola conforme as necessidades, sobretudo,

na escola privada. Portanto, ao não haver recrutamento oficial de professores para a

lecionação da disciplina CFN, e, em caso de não haver professores de química e geologia, os

professores de física e biologia ficam responsáveis por lecionar estas disciplinas.

Relativamente ao perfil de professor para esta lecionação, os diretores revelam que

deviam ser recrutados os professores com grau de qualificação, ou pelo menos bacharelato

ou licenciatura desta área de especialidade, para garantir a qualidade do ensino e da

aprendizagem, basicamente, o ensino de ciências, para que contribua para o

desenvolvimento do país.

No que diz respeito à implementação da lecionação de regime bidocência na disciplina

CFN, os diretores relatam que não devia ser obrigatório, mas conforme a gestão de cada

escola e decidido pelo diretor da escola. Isto é, depende do número de professores da escola,

se forem suficientes, implementa o regime bidocência ou partilhado pelos dois professores.

Porém, salientam que, a implantação desta lecionação, convém por duas razões, a saber:

uma é porque a escola tem menos professores para ensinar cada domínio da constituição da

disciplina referida e, outra, é porque acham que os conteúdos abordados de cada domínio

da disciplina CFN são básicos. Portanto, esta política é como uma alternativa para ultrapassar

a insuficiência de professores na escola.

Salientam ainda que, a lecionação neste regime tem muitas vantagens, uma vez que

permite que dois professores partilhem os conteúdos ligados à própria área da especialidade,

que pode minimizar o nível de dificuldades sentidas pelos professores e assim resulta em

melhor qualidade do ensino e da aprendizagem. Embora continuem a enfrentar muitas

dificuldades, já que um professor ensina dois domínios, isto é, o professor de física ensina o

domínio de física e de química e o professor de biologia é responsável pelo domínio de biologia

Page 154: Fernão dos Santos Rodrigues

139

e geologia. Este contexto de realização gera dificuldades na avaliação, uma vez que exige

atribuir uma nota única no final do teste, então não conseguem identificar a capacidade dos

alunos em cada domínio.

Relativamente às condições dos professores da CFN que lecionam em regime de

bidocência, os diretores reconhecem que ainda não têm condições para lecionar porque a

escola tem falta de infraestruturas básicas, como: salas de aula, biblioteca, laboratório,

equipamentos de laboratório e materiais didáticos; número de estudantes por turma elevado,

no mínimo 48 estudantes. Os professores não podem implementar práticas de ciência ou

lecionar aulas práticas. Algumas escolas têm biblioteca e laboratórios, mas falta-lhes livros e

equipamentos práticos. Salientam ainda que, uma das dificuldades sentidas pelos

professores é o uso da língua portuguesa no ensino e aprendizagem.

Os diretores referem que os dipositivos de apoio ou formação dos professores, antes

de ingressarem na profissão docente, não é disponibilizado, tanto pelo ministério como pela

escola. Os professores vão diretamente lecionar as disciplinas atribuídas pela escola,

conforme a necessidade da escola, sem essa formação.

Embora, após integrarem a profissão docente, o Ministério da Educação, através do

INFORDEPE e da cooperação com algumas entidades internacionais, como a UNESCO e a

JICA, oferecem a formação. A formação referida integra diversos programas: de ciências,

principalmente nas atividades práticas, pedagógico e a língua portuguesa, porém não é para

todos os professores da CFN, mas sim conforme o número disponibilizado pela instituição de

formação, visto que há insuficiência de formadores e também pouca capacidade financeira,

tendo os professores que frequentar rotativamente a formação. Portanto, os diretores

argumentam que este tipo de formação ainda não é suficiente para alargar o conhecimento

dos professores, uma vez que alguns professores não têm oportunidade para frequentar a

formação.

No cumprimento do objetivo geral da investigação envolveram-se os professores de

CFN. No que diz respeito à especialidade dos professores na lecionação da CFN em regime

bidocência, os professores surgem com três habilitações diferentes: engenharia agrícola,

engenharia civil e educação, que indicam a especialidade seguinte: Agropecuário, 1 professor;

agronomia, 1 professor; construção civil, 1 professor; electro técnicos, 1 professor; e

politécnico, 1 professor; Física, 6 professores; Biologia, 5 professores. Portanto,

Page 155: Fernão dos Santos Rodrigues

140

maioritariamente, são da área da educação, da física e biologia. Foram também três níveis

académicos diferentes, com Licenciatura, 8 professores; Bacharelato, 7 professor e Diploma

II, 1 professor.

Relativamente ao processo de ingresso à profissão docente a maioria dos professores

ingressaram através de trabalho voluntário, uma vez que naquela altura não havia concurso

de professores. Assim, entravam por vontade de lecionar e voluntariamente. Enquanto, os

restantes ingressavam através do concurso público pelo Ministério da Educação. Sete dos

professores que participaram no nosso estudo tinham estatuto de contratado; seis dos

professores tinham regime permanente; enquanto três professores estavam em regime de

voluntariado. Estes professores voluntários, normalmente, estão nesta condição entre dois a

três anos na escola.

A maioria dos professores escolheram a profissão professor visto que ambicionavam

partilhar o conhecimento e aumentar as suas competências com outras pessoas, tanto com

os estudantes como com os colegas, no ambiente de trabalho ou fora. E, alguns professores

decidiram ser professor porque era a sua verdadeira vocação. Enquanto, ser professor da

CFN, a maioria dos professores destacou que eram obrigados a lecioná-la, dado que depois

da reforma curricular, em 2011, todas as disciplinas de ciências foram agrupadas na

disciplina CFN e, desta forma, não tinham outra opção para lecionar. Embora, haja aqueles

que a ensinam porque é sua especialidade e gostam dos temas que abordam e da contagem

de fórmulas.

Assim, a maioria dos professores revelou que a sua formação, desde o ensino

secundário até ao ensino superior e a formação durante a sua carreira profissional, contribuiu

como um fator essencial para a lecionação da disciplina. No ensino secundário estudavam

ciências naturais e, no ensino superior, algumas disciplinas tinham ligação com as ciências

naturais. Os restantes referem que a sua formação no ensino secundário e inicial é o único

fator que os apoiou nesta lecionação, já que ainda não tinham oportunidade de frequentar a

formação oferecida pelas instituições, tanto públicas como privadas. Apesar das dificuldades

encaradas, todos os professores têm a plena vontade em continuar a lecionar esta disciplina

em regime de bidocência.

Relativamente às formações que frequentaram no âmbito da melhoria do ensino e

aprendizagem e para a lecionação em bidocência a disciplina CFN, é visível que apenas treze

Page 156: Fernão dos Santos Rodrigues

141

professores tiveram oportunidade para participar na formação, enquanto três professores não

tiveram essa formação. Portanto, argumentam que a formação foi boa, mas infelizmente,

quando voltam para a escola, não conseguem implementar os conhecimentos adquiridos,

devido à escola não ter as condições necessárias, laboratório e materiais laboratoriais e

didáticos, assim como também revelam falta de tempo para a implementar.

No que diz respeito à implementação do regime de bidocência da disciplina CFN, todos

os professores destacaram que, conforme a composição desta disciplina, a lecionação neste

regime é muito benéfica, uma vez que os incentiva a aprenderem os domínios que não são

da sua especialidade e os conteúdos são partilhados pelos dois professores. Porém,

pronunciam também enormes constrangimentos a nível de conhecimento, pedagógico e da

língua portuguesa, dado que ensinam os domínios que não são da sua especialidade e,

algumas escolas, têm insuficiência de professores nesta área, e, então, um professor ensina

todos os domínios constituídos nesta disciplina. O número de estudantes na sala de aula é

muito elevado e dificulta muito o acompanhamento, e também a carga horária distribuída

nesta disciplina não é suficiente porque são apenas três horas de ensino por semana.

A estratégia utilizada pelos professores na lecionação de regime de bidocência na CFN,

treze professores relatam que partilham conteúdos, isto é, o professor de física leciona os

conteúdos ligados à física e química e o professor de biologia ensina os conteúdos ligados à

biologia e geologia. Enquanto, três professores declaram que lecionam inteiramente as várias

disciplinas contidas na CFN, porque a escola apenas tem três professores da área.

Em suma, após análise, baseada na categorização destacada anteriormente, das

opiniões de diretores e professores envolvidos nesta investigação, consegue-se averiguar e

definir o perfil de professores da CFN na lecionação em regime de bidocência, para

contribuírem para o processo de ensino e aprendizagem, basicamente no ensino de ciências.

De acordo com o agrupamento da disciplina CFN, que compõe quatros domínios,

Física, Química, Biologia e Geologia, quando implementada em regime de bidocência,

averiguamos que o referido regime não é obrigatório, que depende da gestão de cada escola.

Isto é, quando a escola tem professores suficientes, implementa-o.

Assim, verificamos que os professores não têm perfil adequado para a lecionar, uma

vez que não têm habilitações nesta área específica, não existindo professor de Química e

Page 157: Fernão dos Santos Rodrigues

142

Geologia, mas apenas professor de Física e Biologia, dado que noutra especialidade, isto é,

de engenharia civil e agrícola. Portanto, os professores enfrentam dificuldades ao nível de

conhecimentos específicos, pedagógicos, tecnológicos e no domínio da língua portuguesa.

como refere Formosinho (2009, p. 113), para definir um perfil docente é importante avaliar

quatro dimensões, são elas: “dimensão intelectual; dimensão técnica; dimensão moral, e

dimensão relacional”. Portanto, o professor deve ter competência em conteúdos específicos,

conhecimento pedagógico e no âmbito do currículo, conhecimento de ética profissional ou

deontologia profissional e também a capacidade de interação com os outros, quer estudantes

ou colegas professores, no ambiente de trabalho, de forma a que possa contribuir para o seu

crescimento profissional.

No contexto de Timor-Leste é de destacar a falta de formação contínua para os

professores, a falta de gestão da formação contínua, quer pela instituição de formação ou da

escola, há grandes disparidades, por exemplo, alguns professores ainda não tiveram chance

para frequentá-la, pois há rotatividade de formação e só alguns professores conseguem. Há

carência de infraestruturas básicas na escola, como salas de aula, biblioteca, laboratório,

materiais didáticos e as materiais laboratoriais para facilitarem e conduzirem o processo de

ensino e aprendizagem da disciplina de CFN, para que possa dar qualidade de educação e

que possa alcançar as metas da política educativa traçadas no PENE 2011 para 2030.

5.2 Implicação

Este trabalho teve o propósito de poder constituir um contributo para o sistema

educativo em Timor-Leste. O interesse em procurar definir um perfil adequado para lecionar

a disciplina CFN, que é lecionada em regime de bidocência. Contudo, com esta investigação

apuramos que algumas escolas implementam o regime de monodocência. Deste modo, o

agrupamento desta disciplina CFN acaba a prejudicar muito o trabalho docente, quando um

professor leciona duas disciplinas diferentes e até ensina inteiramente as disciplinas

integradas da CFN. De acordo com Freire (2002, p. 36), “o professor que não leve a sério a

sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura da sua tarefa não tem

força moral para coordenar as atividades da sua classe”. A formação de professores implica

a competência profissional de professores e é essencial para conduzir a atividade de ensino

e aprendizagem na sala de aula, com mais dinâmica e eficiência.

Page 158: Fernão dos Santos Rodrigues

143

De acordo com o resultado desta investigação, claramente, há muitas necessidades

indispensáveis para superar as dificuldades da prática pedagógica na lecionação da CFN,

uma vez que os professores não apenas transmitem o conhecimento, mas precisam de ter a

competência pedagógica e tecnológica para incentivar os seus alunos na sala de aula, como

Freire (2002, p. 21) acrescenta, ainda, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

Para Formosinho (2009, p. 116) “(...) a profissão docente é uma ação de ensino e

uma ação de cuidados, devendo os professores ser conceptualizados como agentes do

desenvolvimento humano”. Neste cenário, o professor deve ter várias competências em

relação à globalização atual, para conduzir e lidar com as diversidades na sala de aula, precisa

de ter capacidade no uso de dispositivos tecnológicos na atividade do ensino e aprendizagem.

Perrenoud (1999, p. 57) apresenta quatro competências especificas para os

professores, para que possam superar a diversidade e atitudes na sala de aula, a saber:

• “administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma;

• abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto;

• fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de dificuldades;

• desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino

mútua”.

Consideramos que, para concretizar as mestas do plano estratégico Nacional da

educação 2011 a 2030 e o objetivo de reforma curricular, em particular, na lecionação da

disciplina CFN, é necessário apostar mais no setor da educação para que possa facilitar as

formações de professor, melhoria das condições de infraestruturas da escola e também

resolver o bem-estar dos professores com um salário digno e suficientes para a necessidade

da própria família.

De acordo com Delors (1998, pp. 159 - 161), elevar a qualidade e motivação dos

professores necessita de uma prioridade das políticas de todos os países, principalmente para

os países em desenvolvimento, incluindo Timor-Leste. Assim, o mesmo autor relata algumas

medidas necessárias para a tornarem autêntica, que implica a qualidade do sistema

educativo, de forma a que contribua para o desenvolvimento. Dimensões a destacar:

Page 159: Fernão dos Santos Rodrigues

144

i. Recrutamento, é necessário melhorar o sistema de recrutamento de professores, de

forma a obter os candidatos mais qualificados através de um processo seletivo com

os critérios ou requisitos mais exigentes e adequados ao contexto da sociedade atual.

ii. Formação inicial, deve instituir um vínculo de relação entre as instituições formadoras

iniciais, universidades ou ensino superior, principalmente a preparação dos futuros

professores para o ensino básico e secundário, e, assim, ao longo desse período de

formação, poderem fortalecer e fomentar as suas competências específicas em

saberes específicos, pedagógicos e tecnológicos no contexto das diversidades

culturais e características individuais, devido à escola de massas, para poderem lidar

com elas.

iii. Formação contínua, necessita desenvolver a formação contínua do professor, de

modo a aperfeiçoar e ampliar o seu conhecimento conforme o contexto da reforma

e inovação ocorridas na globalização atual, basicamente, no campo educacional.

iv. Professores com formação pedagógica é essencial, por isso mesmo,

indispensavelmente, é importante selecionar e criar um grupo de formação

pedagógica para contribuírem para a ampliação do conhecimento, para a mudança

das práticas pedagógicas ocorridas.

v. Controle é preciso uma inspeção frequente, não meramente para avaliar o

desempenho dos professores, mas deve permanecer na comunicação com os

professores, devido às mudanças de saberes específicos e pedagógicas, de forma a

refletir e fortalecê-los através de formação ou apoio dos meios materiais do ensino e

da aprendizagem.

vi. Gestão, necessita de estabelecer uma gestão adequada na procura de benfeitorizar

o estabelecimento de ensino, de forma a que libertem os professores dos trabalhos

administrativos ocorridos diariamente e que possa focar na preparação da sua

pedagogia, adequando-a ao contexto vivido, devendo alimentá-los com os recursos

educativos de forma constante.

vii. Participação de agentes exteriores à escola, a participação da sociedade, sobretudo

os encarregados escolares têm a maior influenciada através da ação por informações

sobre a situação do ensino e aprendizagem, no contributo para a melhoria de sistema

de ensino e aprendizagem.

Page 160: Fernão dos Santos Rodrigues

145

viii. Condições de trabalho é imprescindível que permaneça o empenho para segurar a

motivação dos professores, apoiá-los, no sentido de resolver o seu bem-estar com

uma renumeração digna e criar as condições, basicamente, para os que ensinam

nas áreas remotas, ou seja, afastada dos acessos públicos, podem oferecer

transportes e caserna ou residências.

ix. Meios de ensino é precisocriar condições e infraestruturas na escola, tais como

bibliotecas, manuais escolares e livros, e outros materiais didáticos, laboratórios com

material de laboratório, instalação internet e Wifi na escola, para poderem

acompanhar constantemente as evoluções das ciências no mundo atual, que possa

elevar a qualidade do ensino e aprendizagem.

Para tal, sugere-se ao Ministério da Educação timorense, e às instituições de formação de

professores inicial e contínua, o seguinte:

• Há necessidade de recrutar mais professores para a disciplina de Ciências Físico-

Naturais, do 3º ciclo do ensino Básico, com a especialidade conforme a constituição

da referida disciplina, isto é, um professor para cada um dos domínios, física,

química, biologia e geologia, para que cada professor ensine, como reforça o D2,

“(...) esta lecionação para o futuro é necessário aumentar o número de professores,

aumentar o tempo de preparação para a matéria”. Assim, sublinham ainda dois

diretores, D4 e D6, “deve-se essencialmente aumentar o número de professores,

assim como cada área de conhecimento devia possuir um professor responsável”.

• Se se quiser manter a implementação da lecionação atual, deveriam ser recrutados

os professores graduados, bacharelatos ou licenciados do curso da Formação de

Professores do Ensino Básico, Faculdade da Educação Artes e Humanidades da

UNTL, para lecioná-la, porque eles são habilitados nesta área.

• É necessário estabelecer um edital de concurso de professores com critérios ou

requisitos rigorosos e exigentes para poder selecionar os professores com melhor

qualificação para lecionarem esta disciplina de CFN.

• É necessário um maior investimento no setor da educação que possa resolver a falta

de condições das infraestruturas básicas das escolas, como mais salas de aula,

bibliotecas, laboratórios, materiais laboratoriais, materiais didáticos/manuais

escolares para todos os estudantes e professores, computadores com instalação de

internet, Wifi, nas escolas, que possa facilitar o ensino e aprendizagem e que garanta

Page 161: Fernão dos Santos Rodrigues

146

a sua qualidade. Assim, como sugeriram todos os diretores entrevistados, do D1 ao

D6, é necessário:

(...) proceder ao melhoramento das infraestruturas básicas da escola, como bibliotecas, laboratórios, manuais tanto para alunos como para os professores e também materiais laboratoriais para eles poderem implementar atividades práticas na escola para promover a qualidade do ensino e aprendizagem no futuro.

• A necessidade de rever o currículo do 3º ciclo do ensino básico, principalmente no

programa de ciências físico naturais, na carga horária atribuída que não é suficiente,

para que se possam fazer algumas atividades laboratoriais simples e outras

propostas nos manuais, e também nos conteúdos a lecionar porque as matérias são

muito extensas. Esta ideia é salientada pelo Diretor:

(...) poderia acrescentar mais alguns programas de atividades práticas no nosso currículo atual, dando a possibilidade de arranjar as matérias simples ou materiais locais em contexto do país. Isto porque, Timor possui vários materiais, como rochas e plantas que se podem usar na prática das Ciências e assim produzir mesmo alguns remédios para algumas doenças, uma vez que a ciência não fica apenas no conhecimento, mas antes demais deve-se por em prática na vida quotidiana (D2)

Ainda, nesta instância todos os professores sugerem que precisam de alterar os

conteúdos da disciplina referida, uma vez que os conteúdos são repetitivos, nomeadamente

o programa de 7º ano repete-se no 8º e no 9º ano. Como refere um professor: “poderia

também rever os conteúdos abordados nesta disciplina porque os conteúdos são repetidos

de cada ano de escolaridade, não há novos conteúdos do ano seguinte (16).” E os demais

professores também o referiram.

• É necessário fornecer mais formação específica e contínua, ao nível de

conhecimentos e no desempenho da língua portuguesa para todos os professores,

com um padrão do programa adequado ao contexto escolar e necessidades dos

docentes. Como sugeria um diretor (D1), “(...) é continuar a capacitar os professores

através da formação contínua”. Esta sugestão foi reforçada ainda por uma diretora

(D4), “(...) contratar peritos nacionais ou internacionais para capacitar os professores

de Ciências e Matemática na elevação da sua qualidade do ensino que pode

contribuir para o desenvolvimento do país no futuro”.

• É necessário estabelecer o curso de especialidade para a ciência geológica, para o

ensino, para poderem ensinar a ciência geológica no ensino básico e ensino

secundário, uma vez que, para já, não existe este curso em todos os ensinos

superiores do país, salvo o curso geologia técnica e engenharia.

Page 162: Fernão dos Santos Rodrigues

147

• É necessário resolver o bem-estar dos professores que agora estão a ensinar,

principalmente, os professores contratados e voluntários. Os professores são

profissionais de um setor fundamental para o desenvolvimento do país, pois é um

setor que contribui para a formação de crianças e jovens, que são o futuro. Por

conseguinte, os professores têm de ser motivados e recompensados pelo seu

trabalho, com um salário digno para que a sua motivação e bem-estar pessoal e

familiar se mantenha no dia a dia. Quanto à situação de contratados e voluntários é

uma situação precária e desmotivante, estes professores não se encontram no

estatuto da carreira docente, no decreto-lei nº 23/2010 e, por este motivo, são

professores com pouca estabilidade e motivação.

• É necessário implementar a autonomia e flexibilidade curricular no sistema educativo,

visando a promoção de melhores aprendizagens, assumindo a centralidade das

escolas, dos seus alunos e professores.

5.3 Recomendações

Esta investigação focou-se na análise do perfil do professor da disciplina CFN, na

lecionação em regime de bidocência, no 3º ciclo do Ensino Básico do país estudado, Timor-

Leste. Foi realizada nas escolas básicas situadas em Díli, capital do país e foram envolvidos

apenas os diretores das escolas e os professores da disciplina CFN. Portanto, dá margem

para os futuros investigadores para pesquisarem com mais profundidade nesta linha de

pesquisa, ou seja, no ensino das ciências, CFN, tanto no ensino básico como no ensino

secundário, de forma a informar o ministério da educação para atuar nas lacunas e

dificuldades enfrentadas nas escolas, sobretudo, no ensino das ciências.

Assim, propõe-se algumas recomendações para os futuros investigadores no âmbito

de melhoria da qualidade do ensino das ciências no sistema educativo timorense, como as

seguintes:

✓ implementar a mesma investigação que terá envoltos todos os quadros dos

professores da disciplina CFN, no território do país e também envolverá os órgãos

decisórios, como o Ministério da Educação, o diretor geral do currículo nacional e o

diretor geral dos recursos humanos da educação e assim poderá identificar todos os

assuntos gerais sentidos nas escolas e pelos professores;

Page 163: Fernão dos Santos Rodrigues

148

✓ realizar uma investigação semelhante para os professores de ciências: Física,

Biologia, Química e Geologia no ensino secundário para que possa articular os

conhecimentos do ensino básico e secundário, na área de ensino das ciências.

✓ realizar uma investigação vertical entre a disciplina CFN do 3º ciclo ensino Básico e

Ciência de Física, Química, Biologia e Geologia no Ensino Secundário;

✓ realizar uma investigação comparativa entre os manuais escolares da CFN do 3º ciclo

do ensino básico e as disciplinas de ciências no Ensino Secundário para identificar

os conhecimentos horizontais e verticais dos próprios manuais;

✓ realizar uma investigação nas instituições de formação de professores, quer na

formação inicial ou contínua, para se poder identificar a gestão dos programas

desenvolvidos e o apoio de materiais disponibilizados aos professores, que possa

contribuir para a capacitação dos seus graduados ou formandos;

✓ realizar uma investigação sobre a avaliação de desempenho dos professores por

forma ao ingresso no regime da carreira docente e à subida de escalão e,

consequentemente, a uma remuneração justa;

✓ realizar uma investigação na avaliação dos estudantes, de forma a valorizar o

desempenho dos alunos no dia a dia, implementando uma avaliação contínua.

Page 164: Fernão dos Santos Rodrigues

149

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os Concursos de Ingresso na Administração Pública de Timor-Leste. Ministério de

Administração Interna. Instrução nº 1/ GVM / MAI / 2003. Disponível em:

https://www.mof.gov.tl/wp-content/uploads/2010/07/instrucao_2003.doc. Acedido

em 17/05/2019.

RDTL. (2007). Resolução do Governo Nº. 3/2007. A Prova a Política Nacional de Educação.

Jornal da República. Série I, nº 6, pp. 1723-1741. Disponível em:

www.mj.gov.tl/jornal/public/docs/2007/serie_1/serie1_no6.pdf. Acedido em

18/07/2018.

RDTL. (2014). Despacho nº 01/Infordepe/I/2014. Certificação da conclusão dos Cursos de

Formação Complementar Intensiva. Jornal da República. Série II, N.° 14. Disponível em:

http://www.mj.gov.tl/jornal/public/docs/2014/serie_2/SERIE_II_NO_14.pdf.

Acedido em 07/12/18.

RDTL. (2017). Despacho Ministerial N.º 023 /GM-ME/XII/2016. Autoriza as listas de

graduação do Instituto Superior Cristal, relativas aos alunos que concluíram em 2016

os cursos licenciados. Jornal da República. Série II, N.° 13. Disponível em:

http://www.mj.gov.tl/jornal/public/docs/2017/serie_2/SERIE_II_NO_13.pdf.

Acedido em 07/12/18.

RDTL. (2018). Despacho N.º 179/GM-MEC/II/2018. Autoriza as listas de graduação o

Instituto Católica para a Formação Professores (ICFP) a conferir graus académicos aos

estudantes que concluíram em 2017 os cursos autorizados. Jornal da República: Série

II, N.° 8. Disponível em:

http://www.mj.gov.tl/jornal/public/docs/2018/serie_2/SERIE_II_NO_8_pmd.pdf.

Acedido em 07/12/2018.

RDTL. (2018). Despacho N.º 108/GM-MEC/XII/2017. Autoriza as listas de graduação a

Universidade Oriental Timor Loro Sa’e (UNITAL) a conferir graus académicos aos

estudantes que concluíram em 2017 os cursos autorizados. Jornal da República. Série

II, N.° 5. Disponível em:

http://www.mj.gov.tl/jornal/public/docs/2018/serie_2/SERIE_II_NO_5.pdf. Acedido

em 07/12/18.

Page 175: Fernão dos Santos Rodrigues

160

UNTAET (2000a). Regulamento n.º 2000/3. O Estabelecimento de uma Comissão do Serviço

Publico. Disponível em: http://mj.gov.tl/jornal/lawsTL/UNTAET-

Law/Regulations%20Portuguese/Reg2000-03por.pdf. Acedido em 16/05/2019.

UNTAET (2000b). Regulamento n.º 2000/6. O Estabelecimento de um Gabinete Central de

Pagamentos de Timor Leste. Disponível em: http://mj.gov.tl/jornal/lawsTL/UNTAET

Law/Regulations%20Portuguese/Reg2000-06por.pdf. Acedido em 16/05/2019.

Page 176: Fernão dos Santos Rodrigues

161

APÊNDICES

Apêndice I – Guião entrevista para Diretores

Guião de Entrevistas para Diretores da escola

sobre o processo de recrutamento dos professores

que lecionam em Regime de Bidocência da

disciplina Ciências Físico-Naturais do 3º Ciclo do

Ensino Básico, em Timor-Leste

Dimensão Perguntas DADOS BIOGRÁFICOS

1. Dados Pessoais

1.1 Sexo:

1.2 Idade:

2. Dados Profissionais

2.1 Qual é a sua habilitação literária?

2.2 Qual é a sua área de especialização? EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL 3. Há quanto tempo exerce o cargo do Diretor

4. Qual é a sua situação profissional?

5. Quem faz o recrutamento dos professores?

6. O Diretor Fez o recrutamento dos professores?

7. Como foi o processo de recrutamento dos professores que lecionam esta disciplina na escola? Em que nível foi recrutado?

Esta entrevista faz parte de um trabalho de investigação, na abrangência da

dissertação mestrado em Ciência Educação na área de especialização do

Desenvolvimento Curricular e Avaliação, da Universidade do Minho. Trata-se um

estudo mais amplo sobre a “análise do perfil de professores que lecionam em

regime de bidocência a disciplina Ciências Físico-Naturais do 3.ª ciclo do ensino

básico – um contributo para a qualidade do ensino em Timor-Leste” com o

propósito de identificar os critérios utilizados no processo de recrutamento de

professores para lecionar em regime de bidocência a disciplina Ciências Físico-

Naturais.

Garantimos anonimato e confidencialidade de todos os dados recolhidos. A

informação relacionada com a vossa prática profissional é de relevada importância e

um significativo contributo para a nossa investigação e para a qualidade do ensino e

aprendizagem, em particular, no âmbito das ciências.

Obrigado pela colaboração.

Page 177: Fernão dos Santos Rodrigues

162

PERCEÇÕES DO DIRETOR SOBRE A ESTRATÉGIA DO MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO PARA APOIAR OS PROFESSORES NA LECIONAÇÃO DA DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS EM REGIME DE BIDOCÊNCIA

8. Que tipo professores que aplica ao professor em regime de bidocência? Voluntário? contratado? ou permanente?

9. Como foi destes professores entraram na escola?

10. Na sua opinião, qual é o perfil adequado para garantir a qualidade do ensino em regime de bidocência?

11. Na sua opinião, os professores que estão a lecionar em regime de bidocência têm condições para ensinar esta disciplina? Sim, Não, Porquê?

12. Na sua opinião, quais considera serem as razões que levam o governo a implementar a lecionação desta disciplina em regime de bidocência?

13. Quais considera serem as vantagens e desvantagens da lecionação em regime de bidocência?

PERCEÇÕES DO DIRETOR SOBRE A ESTRATÉGIA DO MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO PARA APOIAR OS PROFESSORES NA LECIONAÇÃO DA DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS EM REGIME DE BIDOCÊNCIA

14. Na sua opinião, o governo apoia os professores que lecionam em regime de bidocência? Que tipo de apoio lhe é prestado

15. Que tipo de formação é que o governo lhes disponibiliza? Considera que é suficiente e adequada?

16. Como perspetiva a lecionação desta disciplina no futuro? O que manteria e o que alteraria? Porquê? Qual(ais) a(s) sugestão(ões) que gostaria de dar ao Ministério de Educação?

Page 178: Fernão dos Santos Rodrigues

163

Apêndice: II– Guião entrevista para Professores

Guião de Entrevista para Professores que Lecionam em Regime de Bidocência a Disciplina Ciências Físico-Naturais do 3º Ciclo do Ensino Básico, em Timor-Leste

Dimensão Perguntas

DADOS BIOGRÁFICOS

1. Dados Pessoais

1.1 Sexo:

1.2 Idade:

2. Dados Profissionais

2.1 Qual é a sua habilitação literária?

2.2 Qual é a sua área de especialização? 2.3 Como foi selecionado para ser professor(a) de

Ciências Físico-Naturais? 2.4 Por que é que escolhe ser professor(a) da disciplina

Ciências Físico-Naturais, no 3º Ciclo do Ensino Básico? MOTIVAÇÃO PROFISSIONAL 3 O que é que o(a) motivou a ser professor(a)?

4 O que é que o(a) motivou a ser professor(a) de Ciências Físico-Naturais?

5 Quais são os fatores da sua formação que contribuíram para lecionar a disciplina de Ciências Físico-Naturais?

6 Quer continuar a ser professor de Ciências Físico-Naturais, em regime de bidocência, no futuro? Porquê?

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

7 Há quantos anos exerce a função de professor(a)?

8 Há quantos anos leciona a disciplina de Ciências Físico-Naturais?

Este guião da entrevista faz parte de um trabalho de investigação, no âmbito

da dissertação de mestrado em Ciência Educação, na área de especialização em

Desenvolvimento Curricular e Avaliação, da Universidade do Minho. Trata-se de um

estudo mais amplo sobre a “análise do perfil de professores que lecionam em

regime de bidocência a disciplina ciências Físico-Naturais do 3º ciclo do ensino

básico – um contributo para a qualidade do ensino em Timor-Leste”, com o

propósito de conhecer o perfil e práticas de professores que lecionam em regime de

bidocência.

Garantimos anonimato e confidencialidade de todos os dados recolhidos. A

informação relacionada com a vossa prática profissional é de relevada importância e

um significativo contributo para a nossa investigação e para a qualidade do ensino e

aprendizagem, em particular, no âmbito das ciências.

Page 179: Fernão dos Santos Rodrigues

164

9 Qual o cargo que desempenha na escola?

10 Qual é a sua situação profissional?

11 Frequentou algum tipo de formação no âmbito da melhoria do ensino da disciplina de Ciências Físico-Naturais?

Sim Não

- Se respondeu não, passar para a pergunta seguinte.

- Se respondeu sim, continuar a responder.

12 Quantas formações fez?

13 Quantas horas tinha cada uma?

14 Quem ofereceu a formação?

15 Qual é a sua opinião sobre a formação que frequentou, foi suficiente para melhorar a sua prática pedagógica ou considera que precisa de mais formação? Porquê?

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA LECIONAÇÃO DA DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS EM REGIME DE BIDOCÊNCIA

16 Quais são as principais vantagens e desvantagens?

17 Quais são as principais desvantagens?

18 De que forma avalia o desempenho dos estudantes na disciplina Ciências Físico-Naturais?

18.1 Qual a sua opinião acerca da nota única?

18.2 Qual é a sua opinião sobre a forma como os estudantes percecionam a avaliação na disciplina Ciências Físico-Naturais, que integra quatro domínios diferentes?

19 Qual(ais) a(s) estratégia(s) que utiliza na lecionação em regime de bidocência?

20 Qual(ais) a(s) sugestão(ões) que gostaria de dar ao Ministério de Educação sobre a lecionação, em regime de bidocência, da disciplina Ciências Físico-Naturais?

Page 180: Fernão dos Santos Rodrigues

165

Apêndice III - Declaração de Pesquisa de Universidade

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166

Apêndice IV – Carta de acompanhamento Gabinete Coordenador do apoio

Estudante (GCAE)

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167

Apêndice V - Declarações da Pesquisa de Escola

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168

Page 184: Fernão dos Santos Rodrigues

169

Page 185: Fernão dos Santos Rodrigues

170

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171

Page 187: Fernão dos Santos Rodrigues

172

Apêndice VI – Termo de consentimento

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Apêndice VII - Grelha de análise das opiniões de diretores da escola do 3º ciclo do ensino básico

ANÁLISE DO PERFIL DE PROFESSORES QUE LECIONAM EM REGIME DE BIDOCÊNCIA A DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS NO 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO – UM CONTRIBUTO PARA A QUALIDADE DO ENSINO EM TIMOR-LESTE

Análise de conteúdo das entrevistas semiestruturadas a Diretores da Escola acerca de perfil dos professores da disciplina CFN na lecionação em regime de bidocência

Objetivo da investigação: Analisar as percepções e perspetivas dos diretores sobre os professores que lecionam CFN em regime de bidocência

Objetivo das entrevistas semiestruturadas: contribuir para a análise do perfil de professores de CFN na lecionação em regime de bidocência, a partir do seu processo de recrutamento, bem como identificar o apoio do governo aos professores ao longo do exercício da sua profissão

Tema

Dimensão

Sub-Dimensão

Indicadores

Unidade de registo Unidade de contexto

Frequência (N=6)

Inferências

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Apêndice VIII - Grelha de análise das opiniões dos professores do 3º Ciclo do Ensino Básico

ANÁLISE DO PERFIL DE PROFESSORES QUE LECIONAM EM REGIME DE BIDOCÊNCIA A DISCIPLINA CIÊNCIAS FÍSICO-NATURAIS NO 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO – UM CONTRIBUTO PARA A QUALIDADE DO ENSINO EM TIMOR-LESTE

Análise de conteúdo das entrevistas semiestruturadas a professores que lecionam a disciplina CFN em regime de bidocência

Objetivo da investigação: Analisar as perceções e perspetivas dos professores sobre a sua lecionação da disciplina CFN em regime de bidocência

Objetivo do inquérito por entrevistas semiestruturadas: Analisar o perfil de professores da disciplina CFN na lecionação em regime de bidocência, a partir do seu processo da iniciação de carreira profissional, bem como identificar o apoio do governo ao longo da sua carreira profissional

Tema Dimensão Sub-Dimensão Indicadores Unidade de registos Unidade de conte Frequência N = 16

Inferências